Jornal Evangélico Luterano Ano 46 nº 803 Março 2017

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Jornal Evangélico Luterano | Ano 46 | Março 2017 | n o 803

Mulheres luteranas celebram 500 anos da Reforma Oportunidades e desafios Ocasião para refletir sobre a liderança e a participação feminina no Movimento da Reforma

Uma Rosa muito especial A cruz preta fere, mas não mata, dá-nos vida

Deixemos de lado as fronteiras Precisamos acolher as pessoas como são

Fé, gratidão e compromisso A contribuição seguindo o coração

Tema do Ano

Perspectiva

Gratidão


Jorev Luterano - Março 2017

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REDAÇÃO

Mulheres luteranas & 500 anos da Reforma É a Palavra de Deus que afirma a dignidade das mulheres. Ela testemunha o seu reconhecimento como filhas de Deus, criadas à sua imagem e semelhança (Gn 1.27) e acolhidas por Ele no Batismo (Gl 3.26-28). Esta afirmação, proclamada e vivida hoje, torna-se uma Boa Nova animadora e desafiadora. Este é um trecho do Documento Estações do Jubileu - Estação de Março/2017: Mulheres, emitido pela Presidência da IECLB, conclamando Comunidades, Ministros, Ministras e lideranças a ficarem atentas para as Estações do Jubileu, que ocorrerão até o final deste ano, com uma temática destacada a cada mês, convidando à reflexão em todas as instâncias da IECLB, bem como nas organizações identificadas. A primeira Estação do Jubileu acontece neste mês, março, que traz eventos importantes, como o Dia Mundial de Oração (dia 3), a Oferta Nacional para o Fundo de Trabalho com Vítimas de Violência Doméstica (dia 5), o Dia Internacional da Mulher (dia 8) e o Encontro Nacional Mulheres Luteranas Celebrando os 500 Anos da Reforma (realizado em Foz do Iguaçu/PR, entre os dias 17 e 19). Em especial, o Encontro Nacional Mulheres Luteranas Celebrando os 500 Anos da Reforma nasceu de uma iniciativa da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, que percebeu nas preparações de eventos para relembrar o papel de Lutero e as mudanças que as suas 95 Teses provocaram na história, a oportunidade para refletir sobre a liderança e a participação das mulheres desde o Movimento da Reforma até hoje. Com o apoio da Presidência da IECLB e a parceria da Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias (Secretaria da Ação Comunitária), Ministras, Fórum de Reflexão da Mulher Luterana e Juventude Evangélica, foi organizado o Encontro, com a meta ousada (e superada!) de reunir 2 mil mulheres, entre Ministras, lideranças e membros da IECLB, além de representantes de Igrejas parceiras da América Latina. Então, aproveitemos este momento especial para também celebrar a liderança e a participação de mulheres no Movimento da Reforma ontem e hoje. Vamos refletir sobre a presença, as oportunidades e os desafios enfrentados pelas mulheres na Igreja e na sociedade!

CAPA Arte inspirada no cartaz do Encontro Nacional Mulheres Luteranas Celebrando os 500 Anos da Reforma, realizado em Foz do Iguaçu/PR, entre os dias 17 e 19 de março de 2017, com a participação de mais de 2 mil mulheres.

Jornal Evangélico Luterano | Ano 46 | Março 2017 | n o 803

Mulheres luteranas celebram 500 anos da Reforma Oportunidades e desafios Ocasião para refletir sobre a liderança e a participação feminina no Movimento da Reforma

SUMÁRIO 2

REDAÇÃO

CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE

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ENFOQUE

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PALAVRA

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PRESIDÊNCIA

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FORMAÇÃO

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DIVERSIDADE

Uma Rosa muito especial A cruz preta fere, mas não mata, dá-nos vida

Deixemos de lado as fronteiras Precisamos acolher as pessoas como são

Fé, gratidão e compromisso A contribuição seguindo o coração

Tema do Ano

Perspectiva

Gratidão

JUBILEU DA REFORMA CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS GESTÃO MINISTERIAL COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS TEMA DO ANO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA RETROSPECTIVA AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA PROPOSTA METODOLÓGICA FACULDADES EST MULHERES PRONUNCIAMENTO

8-9 UNIDADE

LUTERO - REFORMA: 500 ANOS

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FÉ LUTERANA

CUIDADO COM A CRIAÇÃO

PERSPECTIVA

DEIXEMOS DE LADO AS FRONTEIRAS A IGREJA É UM HOSPITAL PARA PECADORES

MISSÃO

PLANO DE AÇÃO MISSIONÁRIA DA IECLB PROJETOS MISSIONÁRIOS PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM

GRATIDÃO

FÉ, GRATIDÃO E COMPROMISSO PUBLICAÇÕES

GESTÃO

GESTÃO ADMINISTRATIVA DOCUMENTOS NORMATIVOS GUIA PARA O PRESBITÉRIO

SÍNODOS

ALEGRES, JUBILAI!

MEDITAÇÃO

TEMA DO ANO 2017

Toda a vida das pessoas crentes não é outra coisa senão louvor e gratidão a Deus. Martim Lutero EXPEDIENTE Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

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ENFOQUE

Jubileu da Reforma Em 2017, jubilamos os 500 anos da Reforma! Trata-se de um ano especial para as Igrejas no Brasil e no mundo. Um sentimento de gratidão perpassa as Comunidades que formam a IECLB. Crianças, jovens, homens, mulheres e pessoas idosas experimentam em suas vidas a ação de Deus graças à redescoberta evangélica protagonizada por Martim Lutero. Esse sentimento de gratidão é acompanhado por um senso de responsabilidade. Em cada localidade em que nos encontramos, somos desafiados e desafiadas a (re)contextualizar e a (re)atualizar a mensagem da graça de Deus – em palavras e ações. Assim, a Presidência da IECLB conclama Comunidades, Ministros, Ministras e lideranças a ficarem atentas para as Estações do Jubileu, que ocorrerão até o final deste ano. A primeira Estação se dá no mês de março, que traz eventos importantes, como o Dia Mundial de Oração, a Oferta Nacional para o Fundo de Trabalho com Vítimas de Violência Doméstica, o Dia Internacional da Mulher e o Encontro Nacional Mulheres Luteranas Celebrando os 500 anos da Reforma, em Foz do Iguaçu/PR. É por isso que dedicamos a Estação de Março ao tema Mulheres, para lembrar e enaltecer o seu papel na vida da Igreja e na sociedade. Subsídios para trabalhar a temática podem ser encon-

INDICADORES FINANCEIROS

Reforma

trados no Portal Luteranos, na página oficial da IECLB no Facebook e no Jorev Luterano. Como Igreja de Jesus Cristo, temos um compromisso com a causa das mulheres na Igreja e na sociedade. Delas se espera um engajamento na quebra de costumes e a desconstrução de práticas discriminadoras, além de uma atuação contundente no fomento da cultura participativa. As Comunidades são igualmente chamadas para o desenvolvimento de ações efetivas no combate à violência contra as mulheres nos âmbitos doméstico e público. Ao adentrarmos em outros 500 anos, atentemos para o que o Espírito diz à sua Igreja. Ouçamos a sua voz também pela voz das mulheres. Então, que elas tenham, cada vez mais, voz ativa neste novo tempo que estamos, em conjunto, construindo! Trechos do documento emitido pela Presidência da IECLB

UPM Fevereiro/2017

4,2930

Índice Janeiro/2017

0,38 %

Acumulado 2017

0,38 %

A verdadeira pessoa cristã não vive na terra para si própria, mas para o próximo e lhe serve. Martim Lutero

OFERTAS NACIONAIS 5 DE MARÇO 1º Domingo na Quaresma Fundo para Trabalho com Vítimas de Violência Doméstica Apesar de ser crime e grave violação de direitos humanos, a violência contra as mulheres segue vitimando milhares de brasileiras. Ela é a principal causa de mortes e lesões em mulheres na idade entre 15 a 44 anos. Enfrentar a violência contra as mulheres é tarefa complexa, que exige vontade política dos poderes públicos, mas também a articulação das organizações sociais e das Igrejas. Nesse propósito, o Centro de Defesa e Proteção Social Lar Padilha, filial da Associação Beneficente Evangélica Floresta Imperial (ABEFI), em Taquara/RS, aceitou o desafio da Comunidade local e do poder público. Em 2015, além de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, passou a acolher mulheres vítimas de violência doméstica em situações de risco. 26 DE MARÇO 4º Domingo na Quaresma Auxílio para Formação Teológica Toda pessoa batizada é chamada a dar o seu testemunho cristão no mundo, exercendo, assim, o sacerdócio geral. No entanto, a Comunidade necessita de pessoas que sejam especialmente preparadas para anunciar o Evangelho, administrar os Sacramentos e despertar a fé, por isso a IECLB zela pela boa formação e preparação dos seus Ministros e das suas Ministras. Todas as instâncias da Igreja estão envolvidas e são responsáveis pelo processo de formação, mas a Comunidade tem uma tarefa especial e diferenciada neste processo, pois, no convívio comunitário, é que são despertadas vocações para a atuação ministerial.

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PALAVRA GESTÃO MINISTERIAL

Ministro e Ministra: qual é o seu papel? P. Dr. Victor Linn | Pastor, Psicanalista e Coach O papel profissional é diferente da função. Essa é definida de forma objetiva nos documentos da Igreja e vale da mesma forma para todas as situações, como, por exemplo, pregar o Evangelho e administrar os Sacramentos. O papel, ao contrário, não se define a priori nem por uma só pessoa. De um lado, está o profissional, com a sua história de vida, as suas convicções, habilidades e preferências. De outro, estão as demais pessoas e instituições implicadas no contexto ou relação. Cada lado tem expectativas diferentes sobre como o profissional realiza a sua função. Frequentemente, as pessoas envolvidas supõem que a sua expectativa seja partilhada por todas as demais, como se isso fosse óbvio. Ter que destrinchar-se com as diferenças pode ser o primeiro embate e desgosto profissional. Cada opinião vem embalada em uma carga de emoção com o desejo de que seja partilhada naturalmente. O consenso, porém, é raro. A necessidade de esclarecer, negociar e articular-se conduz ao reconhecimento da particularidade da contribuição e do sentido da atuação de cada profissional em relação ao contexto. Por que eu faço isso assim, aqui e agora? Nessa particularidade, expressa-se o papel profissional. Ele sempre será único e especifico, podendo ser revisto e reinventado. Embora seja um processo trabalhoso para todas as pessoas envolvidas, repensar ou redefinir a compreensão do nosso papel pode ser uma experiência de crescimento e maturidade que cria clareza e se reverte em satisfação pessoal e profissional.

COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS

Visão Sistêmica Cat. Dra. Haidi Drebes | Secretária da Habilitação ao Ministério Psic. Leila Klin | Psicóloga Organizacional O termo Visão Sistêmica vem da compreensão dos fatos a partir da lógica da teoria dos sistemas, que interpreta a realidade como um conjunto composto de diferentes partes que interagem entre si, de forma que qualquer alteração em uma das partes afeta outras. A Visão Sistêmica contribui para que possamos agir ajustadamente frente a diversas situações. Significa ter consciência da interdependência das partes que compõem o todo e clareza sobre a influência das nossas ações para o futuro. Na IECLB, definimos a competência Visão Sistêmica como: capacidade para perceber as interrelações e a interdependência entre a Igreja e a sociedade, visualizando tendências e ações capazes de influenciar o futuro. Não reconhecer essa interdependência gera comportamentos individualistas. Uma Comunidade na qual a Visão Sistêmica não é estimulada não analisa o reflexo das suas ações e do seu funcionamento na Igreja como um todo. Para evitar que isso aconteça, é importante desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes específicas, conforme consta no documento Competências reque-

ridas para o Exercício do Ministério com Ordenação na IECLB. Na Igreja, diversas ações exemplificam a aplicação bem-sucedida dessa competência, como o Plano Nacional de Ofertas e as atividades intersinodais. Da mesma forma, o Período Prático de Habilitação ao Ministério (PPHM), em essência, requer e exercita a Visão Sistêmica: pessoas de diferentes contextos engajam-se na formação de futuros Ministros e futuras Ministras. As Comunidades que acolhem uma pessoa para realizar o PPHM proporcionam o desenvolvimento de pessoas para que elas atuem no Ministério Ordenado em qualquer outra Comunidade da IECLB! Tais vivências favorecem que Ministros e Ministras possam evidenciar uma postura de respeito à estrutura da Igreja, sociedade e suas autoridades, posicionar-se como Ministro, Ministra da Igreja frente às situações que ocorrem no contexto em que convivem, façam a leitura crítica, sejam propositivos e propositivas diante de situações e consigam sensibilizar as pessoas, à luz do Evangelho, para reagir ajustadamente às demandas da realidade.

TEMA DO ANO

Uma Rosa muito especial P. em. Dr. Martin Norberto Dreher Em 8 de julho de 1530, quando se encontrava na Fortaleza Coburgo, Lutero escreveu a Lázaro Spengler, residente em Nürnberg, ambos na Alemanha, sobre o sinete que seria símbolo do seu pensamento teológico. No centro, haveria cruz preta sobre coração com ‘cor natural’, lembrando que a fé no crucificado nos torna pessoas bem-aventuradas. Tornamo-nos pessoas justas, crendo com o coração no crucificado. A cruz preta mortifica, fere, mas não mata, dá-nos vida. É por isso que cruz e coração devem ser colocados ‘dentro de uma rosa branca’, para indicar que a fé dá alegria, consolo, paz. Alegria, consolo e paz é o que nos dá uma rosa branca, pois a rosa branca traz a cor dos anjos. Ela nos lembra de alegria, consolo e paz diferentes da alegria, consolo e paz que o mundo dá, por isso não é vermelha. Cruz, coração e rosa branca estão depositados sobre ‘fundo da cor do céu’, pois a alegria no espírito e na fé ‘é o princípio da futura alegria celestial’. É esperança certa, mas ainda não manifesta. Em torno do fundo azul, há um ‘anel dourado’, pois a bem-aventurança concedida pela cruz não é passageira. Ela perdura eternamente. Não tem fim. É também a mais cara e a mais preciosa de todas as alegrias e de todos os bens, pois o ouro é ‘o mais nobre e precioso minério’. Ao final da carta, Lutero deseja que Cristo esteja com Lázaro Spengler ‘até aquela vida’. Nós também. Por quê? Vida cristã brota do fato de Deus haver entrado em nossa realidade, manifestando-se sob o contrário do que Ele é: em sofrimento, esvaziamento, escárnio, humildade, dor, morte. Deus completamente ao nosso lado, mas denunciando em seu corpo tudo o que provoca morte. Evidenciando que tudo o que padeceu não corresponde à sua vontade. Páscoa faz da cruz sinal de salvação e nos dá a esperança da fé em um mundo sem morte e dor. Ele ainda é esperança, mas certeza que perdura eternamente. É nossa alegria. Essa certeza nos deixa colocar sinais de esperança, por isso cantamos: Cristãos, alegres jubilai! Para mais informações, acesse o Portal Luteranos


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PRESIDÊNCIA

500 anos da Reforma Luterana! O que ainda temos a fazer? Pa. Sílvia Genz | Pastora 1a Vice-Presidente da IECLB

Iniciamos o ano do Jubileu, quando comemoramos os 500 anos da Reforma, tempo especial para avaliação da nossa caminhada como luteranos e luteranas no mundo, também tempo de planejar os próximos 500 anos! Os avanços que tivemos nestes últimos 500 anos são incontáveis, por isso podemos questionar: o que ainda temos a fazer? Neste sentimento de mudanças, transformações e avanços, muitas vezes ficamos em dúvida sobre o que, de fato, ainda é válido. Compartilho a situação que vivenciei em uma visita. A conversa com um idoso ‘afastado de tudo’ foi sobre as mudanças que ele

não aceita e causam discussão na família, pois os problemas dele são com a ‘tal modernidade’. Após um tempo, o idoso pergunta: ‘Como pode que excluíram os Dez Mandamentos da Igreja?’. O neto, ‘conhecedor das modernidades’, diz: ‘Vô, hoje, é tudo diferente. No Facebook, fica bem claro que podemos eliminar ‘quem’ e ‘o que’ a gente não quer e o senhor insiste com os Mandamentos de antigamente’. O vovô se apavora e diz: ‘O que ainda vai acontecer?’. Nós também podemos refletir sobre a pergunta do avô. Estamos cercados por novidades, avanços em todas as áreas. Mes-

A Palavra de Deus é a única luz na escuridão desta vida. É Palavra da vida, de consolo e de toda bem-aventurança. Martim Lutero

mo assim, parece que retrocedemos no que se refere à humanidade e à comunhão. Como Igreja, Comunidade, assumimos o compromisso da educação cristã para com as nossas pequenas crianças batizadas. Nesses momentos de dúvida sobre o que ainda é válido em nosso mundo, precisamos fortalecer essa tarefa a nós confiada. A Bíblia, os Mandamentos e, até mesmo, a Reforma realmente são muito ‘antigos’. Contudo, têm a essencial orientação para a nossa vida, nos mostrando a ação e a orientação de Deus em meio aos conflitos humanos que vivenciamos. Hoje, a realidade é diferente, mas o necessário para a vida ainda é o mesmo, pois o amor, tão falado neste velho livro, ainda move corações e faz paixões. Quando afirmamos que, agora, são ‘outros 500’ queremos mais ainda viver a vida como pessoas luteranas, dando a nossa contribuição para uma vida bem mais humana, de respeito e de valores cristãos antigos, mas tão necessários para os nossos dias atuais. Como IECLB, que façamos a nossa parte, que tenhamos coragem em defesa da vida. Tudo modificamos e transformamos a partir do que recebemos como presente de Deus. Quem cria do nada é Deus e nós temos à disposição as suas dádivas para o nosso bem viver. Como filhos e filhas de Deus, desejo que, nesses próximos 500 anos, tenhamos força para afirmar a nossa fé no Deus criador.

AGENDA | MARÇO 12/3

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RETROSPECTIVA

Dez Mandamentos Não há, nem pode haver, dúvida que a proclamação e o ensino dos Dez Mandamentos (Êxodo 20) são parte integrante e irrenunciável da prática da IECLB. Igualmente é sabido que Jesus Cristo resumiu todos os Mandamentos no duplo Mandamento do amor a Deus e ao próximo (Mateus 22.34-40). Da nossa confissão luterana, sabemos que o cumprimento da lei de Deus não se dá por nossas próprias forças, mas apenas a partir da graça de Deus. Assim, o cumprimento do Primeiro Mandamento,

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reconhecer que Deus está acima de todas as coisas, é a base para o cumprimento de todos os demais Mandamentos. É por isso que, em sua explicação dos Mandamentos, no Catecismo Menor, Lutero iniciou todos eles com ‘Devemos temer e amar a Deus, para que...’, ou seja, o pleno cumprimento dos Mandamentos se dá apenas no temor e amor a Deus, em fé, sob a orientação do Espírito Santo. Manifesto sobre o Dia Mundial de Luta contra a AIDS (2004)

50 anos de fundação da Comunidade de Joinville Joinville/SC P. Inácio Lemke Encontro da Presidência com Pastoras e Pastores Sinodais Foz do Iguaçu/PR Presidência Abertura do Encontro Nacional de Mulheres Luteranas Celebrando os 500 Anos da Reforma Foz do Iguaçu/PR Presidência

17-19/3

Encontro Nacional de Mulheres Luteranas Celebrando os 500 Anos da Reforma Foz do Iguaçu/PR Pa. Sílvia Genz

31/3-1/4

Reunião do Conselho da Igreja São Leopoldo/RS Presidência

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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA

Educação e gênero: superando preconceitos Profa. e Teól. Rosane Philippsen | Mestranda do Programa Gênero e Religião da EST e Representante do Sínodo Sudeste no CONECC Quando falamos em Educação Cristã, nos referimos a uma ordem de Jesus Cristo, conforme Mateus 28.18-20. Essa ordem também sustenta o Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC). É nossa missão como pessoas cristãs ensinar tudo o que foi ordenado por Jesus e é nele que encontramos exemplo para as relações entre as pessoas. O termo gênero nos ajuda a pensar essas relações e a olhar o quanto a construção das identidades das pessoas é resultado de relações, por vezes, injustas e desiguais, principalmente entre homens e mulheres. O conceito gênero surgiu da necessidade de um instrumento que mostrasse que muitas desigualdades e injustiças sofridas pelas mulheres eram – e são – decorrentes da falsa crença de que a biologia das mulheres as torna inferiores, menos capazes e, por-

tanto, merecedoras de menos direitos. Na Educação Cristã, podemos trabalhar em todas as fases da vida as relações humanas. Para isso, é preciso reconhecer que, como Igreja Cristã, ainda não conseguimos estabelecer plenamente relações de gênero iguais e justas. Esquecemos, muitas vezes, que Deus criou homem e mulher à sua imagem e semelhança e nos fixamos em um imaginário que culpabiliza somente a mulher pelas maldades do mundo. Ignoramos que, por meio da fé em Jesus Cristo, não existe mais diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres (Gl 3.28). Precisamos conhecer mais sobre este assunto, estudando-o não apenas com mulheres, mas também com homens, crianças, jovens, pessoas adultas e ido-

sas. A partir da Educação Cristã, podemos identificar, por exemplo, o quanto as mulheres foram silenciadas nos textos bíblicos, na história da Igreja e das Comunidades e o quanto a linguagem pode ser sexista e excludente. Materiais como a cartilha Estudos sobre Gênero os cadernos Criatitude: pela justiça de gênero e Justiça de Gênero e Diaconia Transformadora, disponíveis no Portal Luteranos e no site da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), respectivamente, podem ajudar nessa tarefa. À medida que identificamos, reconhecemos e buscamos relações e práticas que não mais oprimam, desqualifiquem, inferiorizem, violentem, discriminem e excluam as pessoas por causa das diferenças de gênero ou outra existente, estaremos cumprindo a tarefa que Jesus Cristo nos deu.

CRIANÇAS | PROPOSTA METODOLÓGICA

Vem chegando a Páscoa! Materiais necessários Um exemplar da revista O Amigo das Crianças nº 68 para cada criança, um vaso com girassóis (preferencialmente, naturais), forminhas de papel na cor amarela, massa para brigadeiro, chocolate granulado, palitos de dentes, papel ofício de diversas cores, cola e tesoura. Momento 1 Forme um círculo com as cadeiras e coloque o vaso com os girassóis no centro da roda. Depois, narre para as crianças a história das páginas 6 e 7.

Momento 3 Convide as crianças para fazer girassóis em forma de docinhos. Para isso, convide-as para fazerem os brigadeiros, passando-os pelo chocolate granulado. Depois, cada brigadeiro é colocado em uma forminha de doce na cor amarela. Peça que as crianças façam pequenos cartões em forma de bandeirinhas com os papéis coloridos. Depois, sobre eles, escrevam pequenas mensagens como Feliz Páscoa!, Jesus vive! ou Uma doce Páscoa!, colando-as no palito de dentes. Após os cartões prontos, introduzir a parte do palito no brigadeiro e escolher alguém para presentear.

Momento 2 Dialogue com as crianças sobre a narração e o significado do girassol como símbolo da Páscoa.

www.est.edu.br

Juventude mobilizada A Faculdades EST, em parceria com o Sínodo Rio dos Sinos, promoveu a Estação Jovem, curso de formação para líderes jovens das Comunidades do Sínodo. Durante uma semana, 22 jovens, sendo 13 meninas e 9 meninos, tiveram momentos de aprendizado e compartilhar de conhecimentos, com o objetivo de despertar,

Sugestão extraída da Proposta Metodológica para uso da Revista O Amigo das Crianças, nº 68. Leia a Proposta Metodológica completa e saiba como assinar a Revista O Amigo das Crianças no Portal Luteranos

motivar e capacitar o exercício da liderança nas Comunidades, despertando a vocação para o trabalho na Igreja. A recepção e o Culto de acolhida aconteceram no domingo, 29 de janeiro de 2017, no campus da Faculdades EST, em São Leopoldo/ RS, onde as pessoas participantes, vindas de diferentes cidades do Sínodo, como Alvorada, Campo Bom, Canoas, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Sapiranga, Sertão Santana, Vale Três Forquilhas e Viamão, ficaram hospedadas. O programa foi composto por aulas e oficinas, havendo tempo também para celebrações, meditações, partilhas, convivência e esportes. As atividades foram acompanhadas por Docentes ou Pesquisadores e Pesquisadoras da EST. Ministros e Ministras do Sínodo contribuíram nas celebrações e meditações.

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A Estação Jovem encerrou no domingo, 5 de fevereiro, após uma semana de engajamento e participação de todas as pessoas envolvidas. “A avaliação foi muito positiva, a turma participou ativa e intensamente das atividades”, ressaltou o P. Antonio Carlos Oliveira, responsável pela Pastoral da Faculdades EST. Já a Pa. Cleide Olsson Schneider, responsável pela organização de eventos do Sínodo Rio dos Sinos e que participou da coordenação do curso, ressaltou que muita animação perpassou nos dias de encontro e muita reflexão e espiritualidade marcaram a semana de atividades: “Que a próxima Estação chegue logo, para novos encontros e reencontros”. A expectativa é realizar novamente a Escola de Líderes Jovens no próximo ano.


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DIVERSIDADE

Por uma sociedade mais justa e mais humana Sejamos Igreja que segue o exemplo de Jesus Cristo Pa. Carmen Michel Siegle | Coordenadora de Gênero, Gerações e Etnias

Em 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher. Este é um mês em que boa parte dos programas, das atividades e das notícias envolve questões do universo feminino. Embora não seja assunto novo, a violência contra a mulher tem pautado a agenda de múltiplos espaços de reflexão, estudo e ação, em nível nacional e internacional. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a violência doméstica é a maior causa de mortes ou deficiências para meninas e mulheres entre 16 e 50 anos. No Brasil, 63% das mulheres já sofreram violência e 75% desses casos aconteceram no âmbito doméstico. De acordo com o Mapa da Violência 2015, o Brasil é

o quinto país no ranking em violência contra a mulher. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida e esse número se refere somente aos casos que são denunciados. Muitas dessas mulheres morrem, em sua maioria vítimas da violência praticada por seus próprios maridos, companheiros, namorados. Embora pareça assunto invisível e silencioso, a violência doméstica é crescente em todo o país. Especialmente por seu caráter privado – acontece dentro de casa – a tendência das pessoas é de não se envolver com o assunto. A vergonha, o medo, a ideia de que algo aconteceu para suscitar o ato de violência, as expectativas estereo-

tipadas sobre os papéis do homem e da mulher dentro da família, a reprodução de comportamentos violentos e sancionados culturalmente, a falta de informação e conhecimento de direitos são algumas barreiras a serem derrubadas quando o assunto é violência contra a mulher. Em 2006, com a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), o Brasil deu um passo significativo no enfrentamento à violência contra a mulher. Essa lei torna mais rigorosa as punições contra os agressores e dita meditas de proteção para a mulher que está em situação de violência. Certamente, um forte incentivo para que mulheres rompam o silêncio, que é o maior aliado da violência e da impunidade. Enfrentar a violência contra as mulheres não é uma tarefa fácil, porém é inadiável se queremos construir uma sociedade mais justa e mais humana. É uma tarefa que, sem dúvidas, exige vontade política dos poderes públicos, mas também posição e articulação dos diferentes serviços e das organizações, inclusive da Igreja. Se quisermos ser Igreja que segue o exemplo de Jesus Cristo, o assunto da violência contra a mulher precisa ser tratado em nossas reflexões, em nossos Cultos, em nossos grupos de estudo para que: (a) saia do âmbito doméstico e se misture com os assuntos da vida comunitária, (b) seja reconhecida como pecado, (c) rompa com o silêncio, responsabilizando e comprometendo homens e mulheres em atitudes que busquem a transformação da situação.

PRONUNCIAMENTO

Deus não se afasta de ninguém, pois está em toda a parte. Martim Lutero

Não existe mais diferença Nós professamos que, a partir da fé em Jesus Cristo, não existe mais diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres (Gl 3.28), por isso não nos é permitido silenciar diante das injustiças cometidas por causa das diferenças de gênero nem podemos nos dar por satisfeitos com os avanços que aconteceram, ainda que sejam motivo de celebração e gratidão.

Somos pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus. Por meio da fé em Jesus Cristo, nos tornamos filhas e filhos de Deus. Ele nos chama para servir com os nossos dons para o bem comum e o fortalecimento da novidade que o Evangelho traz ao mundo. Apresentação da cartilha Estudos sobre Gênero/2013

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UNIDADE

UNIDADE

Série Especial

Lutero - Reforma: 500 anos

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Responsabilidade com a Criação

Atribui-se a Lutero a frase Se o mundo acabasse amanhã, ainda hoje eu plantaria uma árvore, que indica duas dimensões importantes: a esperança em face da crise e a determinação da ação com perspectiva de longo alcance.

Atribui-se a Lutero a frase Se o mundo acabasse amanhã, ainda hoje eu plantaria uma árvore. Talvez a frase seja uma atribuição de autoria, como provavelmente de outras frases que podemos encontrar nas Tischreden (Anotações à mesa) feitas por seus discípulos nas rodas de conversa na casa do mestre. A frase indica duas dimensões importantes: a esperança em face da crise (fim do mundo) e a determinação da ação com perspectiva de longo alcance (plantar uma árvore). Nas duas dimensões se misturam elementos de ordem teológica e filosófica. A esperança constitui elemento fundamental da fé cristã. Está ligada ao núcleo do cristianismo. Com a ressurreição de Cristo, se celebra a consumação das primícias, que, em

P. Dr. Haroldo Reimer, Professor e Reitor da Universidade Estadual de Goiás fé que é esperança, se tornarão plenas na plenitude dos tempos. Com este núcleo, a fé cristã supera as propostas de realização que se limitam ao horizonte da história humana. O limiar aberto pela fé na ressurreição abre espaço para a esperança vivida na fé no horizonte da história – sempre com o olhar nas possibilidades que ainda não aconteceram, a ‘certeza das coisas que ainda não se veem’. Lutero foi um egrégio intérprete desta esperança já tecida nos textos sagrados e relidos no calor da intensidade dos tempos e dos desafios do seu tempo. Esperança e determinação na ação são dois elementos teológicos que deveriam, em si, ter a capacidade de levar as pessoas a se posicionar e a agir de forma mais eficaz para a preservação do ambiente, isto é, os lugares nos quais nós habitamos, o oikos, a casa. Um dos elementos que atrapalha esta recepção é a ideia de céu e a esperança de ser rapidamente arrebatado para fora da realidade em que se vive. Nesta linha de pensamento, que deita as suas raízes ao longo da história do cristianismo, vive-se uma dicotomia com a realidade histórica, com o ambiente. A realidade da vida, o mundo e a história passam a ser vistos em perspectiva negativa, projetando-se a esperan-

ça para o além, em uma rota de êxodo para fora da realidade em que se vive. Nesta perspectiva, a esperança pela ressurreição, que deveria abrir para a plenitude no horizonte da vida e da história, sem a sua negação ou marginalização, opera como força alienadora das demandas do respectivo tempo histórico. A ideia da criação do mundo por Deus, conforme está expresso nos textos iniciais da Bíblia e recepcionada, por exemplo, no Credo Apostólico, situa o ser humano como parte integrante deste universo criado. Ao ser humano, são atribuídas feições especiais, como a de ser imagem e semelhança do Deus criador. Este Deus criador, por sua vez, é apresentado como um Deus jardineiro, um zelador. Transformar este Deus cuidador do ambiente em um ser todo poderoso foi uma lamentável herança, especialmente a partir do momento em que o cristianismo se tornou religião do império romano e Deus passou a ser descrito e pregado como representação do imperador. Dificilmente um imperador cuidaria de algum ambiente da mesma forma que senhores capitalistas ou mesmo socialistas tendem a não ter cuidado com o ambiente. Resgatar e fomentar a noção de que o Deus criador é um Deus cuidador do ambiente

é um elemento teológico que pode, talvez, ir quebrando o monólito dessa imagem do Deus todo poderoso que foi sendo assentada ao longo do tempo. A noção de imagem e semelhança da pessoa com Deus deve ser traduzida não no binômio ‘dominar e sujeitar’, mas muito mais no ‘trabalhar e cuidar’ e também no exercício da misericórdia. O ‘jardim’ da Criação não é um parque turístico, mas o espaço de trabalho e realização das pessoas, algo que se dá também com muito suor. O trabalho sobre e na terra, porém, deve incluir os tempos de pausa, tanto para pessoas, animais quanto para a própria terra. A fé também deve dialogar com a ciência. Dos estudos da história natural podemos aprender que o ser humano tem uma presença de milhões de anos na face da Terra. De outras ciências, podemos aprender que o ser humano é um ser integrado ao conjunto do ambiente e que realiza constantes trocas com este ambiente. Há uma relação vital entre os dois. Como humanos, nós nos alimentamos da Terra, dos animais, do ambiente. Pela intensidade das formas de organização dos humanos, essa presença pode ser diferentemente dosada. A partir da revolução industrial e com o crescimento acelerado da população mundial, a presença humana organizada tem sido de muita intervenção no ambiente, de modo a, hoje, configurar um desequilíbrio crônico. A humanidade retira mais elementos do ambiente do que este consegue reproduzir dentro das suas bases de sustentabilidade. Essa intervenção desenfreada foi acelerada com a globalização capitalista e nem mesmo a alternativa socialista foi capaz de agregar qualidade à relação do homem com o ambiente, pois ambos os sistemas estão na mesma matriz industrial. O que precisa haver é uma mudança de paradigma para uma relação cada vez mais ecológica com o ambiente, que se expressa bastante em tendên-

cias como ‘economia verde’, superando perspectivas meramente antropocêntricas e caminhando para uma perspectiva mais ecológica ou holística. A fé sempre de novo é alimentada pelo ouvir da Palavra reinterpretada para o momento vital. A Bíblia apresenta um conjunto de tradições

Esperança e determinação são elementos teológicos que deveriam ter a capacidade de levar as pessoas a agir de forma mais eficaz para a preservação do ambiente, os lugares nos quais nós habitamos, o oikos, a casa.

de sabedoria que deveriam ser reforçadas na proclamação e na reinterpretação. A ética protestante é muito carregada pela grande estima ao trabalho. Contrabalançar o intenso trabalho com tempos de pausa é salutar para a existência e para o ambiente como um todo. A tradição bíblica indica que o shabat, o descanso, é o ponto de chegada da vida da Criação, assim como a ressurreição é o fundamento da esperança. O ritmo da Criação se dirige e se abre para o descanso em meio ao trabalho.

É importante lembrar que a presença do ser humano no ambiente/ Criação é de longa duração. A história natural traz este ensinamento e as análises sobre os impactos desta presença humana nos tempos modernos demandam cada vez mais a dimensão de cuidado e de responsabilidade. Teologicamente, ao ser humano foram dadas prerrogativas de domínio que derivam da própria capacidade reflexiva do ser humano. Quando o Salmo 8.7 afirma que fizeste-o domínio sobre as obras da tua mão, e sob seus pés tudo lhe puseste, isso deve ser traduzido para a tarefa da responsabilidade. Às pessoas compete a tarefa do cuidado com a Criação/ambiente, nos diversos níveis – macro, meso e micro. É importante cuidar do ambiente no espaço da casa, da rua, da cidade, mas incluindo gradativamente os empreendimentos econômicos e a forma de consumo e de destinação dos resíduos da atividade humana. A perspectiva de longa duração indicada na frase de Lutero ou atribuída a Lutero tem o seu fundamento na esperança por meio da fé, mas também do campo da reflexão éticofilosófica podemos aprender muito com as lições do Filósofo judeualemão Hans Jonas, que, na sua obra O princípio responsabilidade, assinala que, nos tempos modernos, o homem passou a ter uma relação de domínio com a natureza/Criação. Por meio do uso intenso de tecnologia, é capaz de subjugar toda a natureza, com efeitos de longo alcance. É por isso que as decisões éticas não podem mais simplesmente olhar a relação imediata, mas devem incluir as futuras gerações. Incluir as futuras gerações no arco reflexivo das ações é um movimento que demanda sabedoria e discernimento. Na tradição bíblica, essa perspectiva de longo alcance se expressa no aprendizado da sabedoria divina, que possibilita a bênção no sentido de você vá bem e viva tempo sobre a terra.

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FÉ LUTERANA

A quem pertence a Criação? P. Jerry Fischer | Ministro na Paróquia Cristo Bom Pastor de Joinville/SC A Bíblia nos diz que: No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1). Os relatos bíblicos sobre a Criação não só falam a respeito da obra de Deus no mundo, mas apresentam o mundo como sendo a Criação de Deus. O agir de Deus traz a existência, a própria história na dimensão temporal. A partir de uma visão linear do tempo, podemos dividir a história em passado, presente e futuro, por meio da qual é concedida aos seres humanos a possibilidade de agirem com e sobre a Criação. O agir do Criador sobre a sua Criação permite a ação do ser humano no presente, o qual interfere diretamente no futuro da estrutura ambiental do mundo. Neste sentido, a Igreja no mundo, a partir da ação de cada Comunidade cristã, não pode ‘terceirizar’ a sua atuação responsável em relação à questão ambiental. A natureza, parte de um sistema ao qual a humanidade está integrada, não pode ser vista como objeto, sobre o qual o homem e a mulher atuam para dali apenas extraírem os recursos que lhes interessam. Tanto o presente da Criação como também o futuro dos seres humanos dependem das atitudes responsáveis de

cada pessoa cristã e, consequentemente, do engajamento das nossas Comunidades de fé. O envolvimento das Comunidades nessa questão é mola propulsora dos seus membros em uma maior participação como cooperadores de Deus, na grande obra do cuidado com o mundo. Este é o fundamento de toda a Teologia da Criação, que se inspira na Palavra de

A Criação pertence a Deus, mas a tarefa de por ela zelar pertence a nós e essa precisa ser a motivação das nossas Comunidades. Deus, que procura expressar a sua espiritualidade, que não separa a adoração a Deus no Culto no templo do Culto a Deus no mundo em meio à Criação. Nas Comunidades da IECLB, é importante que estejamos empenhados em promover uma mudança de mentalidade, tanto dentro do círculo menor do rol de membros, como também buscando sem-

pre a inserção social mais ampla, em que as pessoas podem tomar consciência da importância de substituir a mentalidade ‘explorativa’ pela ‘retributiva’. A Criação precisa ser vista como um sujeito e não como um objeto, no qual, por meio do relacionamento, a Criação, como organismo vivo, certamente retribuirá a ação humana exercida sobre ela. A temática da preservação ambiental precisa estar na agenda da Comunidade cristã. Não é possível que aqueles a quem foi incumbida a tarefa de serem imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27) transfiram esta ocupação apenas para o Estado e para as organizações não governamentais. A Criação pertence a Deus. A tarefa de por ela zelar pertence a nós. Essa precisa ser a motivação das nossas Comunidades, para que possam cumprir a sua função de ser Imago Dei. Certamente, como Igreja, a nossa ação em defesa do meio ambiente e de toda a Criação terá muito mais sentido quando verdadeiramente nos conscientizarmos sobre a quem realmente a Criação pertence. Para refletir, leia Romanos 8.18-22

Cuidado com a Criação no lar Enga. Agrônoma Ingrid Margarete Giesel | Coordenadora do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) - Núcleo Erexim Existe uma preocupação muito grande com a natureza, com a nossa casa comum, o planeta Terra. Neste sentido, há muitas iniciativas, mas não menos importante é o cuidado com a Criação no lar. Arrumar o espaço onde moramos, transformando em um lugar agradável, aconchegante e colocando em prática pequenas ações que fazem diferença para viver melhor. O consumo consciente precisa ser incentivado e praticado, procurando buscar o equilíbrio entre a satisfação pessoal e a sustentabilidade. Uma dica básica é a doação de tudo aquilo que está atrapalhando o nosso dia a dia. Organizar a casa não é tarefa fácil, mas é possível, desentulhar armários, gavetas e dar um destino adequado a roupas, sapatos, livros, remédios, pilhas, lâmpadas, tintas, eletrônicos... Podemos também fazer uma composteira doméstica, reduzindo a quantidade de lixo orgânico e produzindo um ótimo adubo. É preciso pensar com carinho na alimentação, pois estamos consumindo muitos produtos químicos, presentes em hortaliças, frutas, carnes, água... sem contar os processados e industrializados, energéticos, refrigerantes, sal e açúcar refinados. Nos alimentos que consumimos, pode-

mos encontrar agrotóxicos, antibióticos, hormônios, corantes, acidulantes, conservantes, gorduras trans e adoçantes. É possível mudar alguns hábitos, investir na reeducação alimentar, mas é preciso querer! Um ato simples – beber água – é essencial para o nosso corpo. A água da torneira, proveniente das empresas de abastecimento, é própria para consumo.

Em tempos de Internet e muitas informações, precisamos cultivar o silêncio, o diálogo, o contato com o outro, para além destas modernidades. É preciso observar o cuidado na limpeza e desinfecção das caixas de água e cisternas, onde pode haver contaminação. Podemos também utilizar um filtro. Existem muitas opções no mercado, mas o conhecido filtro de barro, ainda dá conta do recado. Não precisamos de muitos produtos para realizar a limpeza da casa e das rou-

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pas: água e sabão são eficientes. Ainda podemos fazer alguns produtos caseiros, como sabão, amaciantes, sabonetes e alvejantes. O uso dos plásticos requer cuidados, uma série de estudos indica que os plásticos têm, em sua composição, substâncias que afetam a saúde, de seres humanos e de outros animais. A dica é diminuir o contato de alimentos com o plástico, armazenando a comida em recipientes de vidro. O consumo de energia também precisa ser repensado, pois, a cada dia, surgem novos aparelhos e o standby (modo em espera) pode fazer a diferença na conta de luz e no meio ambiente. Nestes tempos de Internet e muitas informações, precisamos cultivar o silêncio, o diálogo, o contato com o outro, para além destas modernidades. Então, pergunto: Como estamos cuidando dos nossos pensamentos, da nossa saúde mental? É preciso cuidar do nosso bem-estar em todos os sentidos: físico, mental e espiritual. Também aqui, menos é mais, pois são os pequenos gestos realizados por muitas pessoas que promovem grandes transformações. Para refletir, leia Provérbios 4.13


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PERSPECTIVA

Deixemos de lado as fronteiras... Levemos fios de esperança e de vida a quem quer que seja! Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Conselho da Igreja A peça publicitária sobre os Médicos sem Fronteiras mostra pessoas, especialmente crianças, que estão doentes, desnutridas, precisando de assistência médica. O que se vê ali nos remete a uma vida de privações de alimentos, de saneamento básico, de diversas formas de humanidade. Com certeza, todos nos emocionamos ao ver as imagens, deixando escapar lágrimas pelo rosto. Naquele espaço de ausência de vida digna, o acalanto chega por meio das mãos de Médicos e Médicas do mundo inteiro, que atravessam fronteiras, atuando com muito desprendimento e amor ao ser humano, se dedicando a levar fios de esperança e de vida a quem quer que seja, independente da doença, da cor, do credo, da origem. Enfim, transpõem barreiras que, em muitos casos, teríamos dificuldade de entender e enfrentar. Afinal, consideramos natural ter uma sociedade dividida, pois a nossa vida se construiu por meio da colonização do nosso saber, do nosso ser e do nosso crer. Acreditamos que há povos superiores a outros, que há pessoas para mandar e outras para obedecer – sem questionar, que as pessoas mais abastadas economicamente seriam consideradas melhores, que haveria povos com saberes considerados superiores aos de outros povos. A consequência dessa normalização de pensamento é a segregação, uma divisão que coloca as pessoas em lados opostos, indo na contramão da proposta de vida que Deus desejou e dese-

ja para os seus filhos e as suas filhas. Ora, se queremos pôr em prática o maior ensinamento que Jesus propagou, é necessário colocar em primeiro plano o amor (Jo 13.34). Daí a compreensão que não são os bens materiais nem conhecimentos específicos tampouco a cor da pele o que torna as pessoas superiores a outras (Mt 23.13). Ao nos preocuparmos com aquilo que não é fundamental na sociedade e na vida das pessoas, deixamos de viver uma vida com respeito, dignidade, tolerância e amor, entre tantos outros adjetivos que dignificam e humanizam! Isso nos impede de ir ao encontro das ‘gentes’ do nosso país. Se há vida humana, ali Deus quer estar presente, para transformar injustiça em justiça. É só nos lembrarmos das fronteiras que Jesus transpôs e da grandiosidade dos seus atos para compreendermos o que Ele deseja de cada um e de cada uma de nós (Jo 3.17, 4.9-10 e 7.49, além de Lc 15.2). Por extensão, Ele nos ensina e nos faz o convite: Sejamos todos ‘Médicos e Médicas sem Fronteiras’. Aceitemos o convite de Deus, deixemos de lado as fronteiras que nos impedem de ver e acolher as pessoas como elas são e tenhamos a coragem desses Médicos e dessas Médicas. Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver” (Mt 25.35-36).

Se cada pessoa servisse a seu próximo, o mundo inteiro estaria repleto de culto a Deus. Martim Lutero

Não adianta ‘lavar’, pois o ‘dinheiro sujo’ continua sujo A Igreja é um hospital para pecadores P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS Certa aula, estávamos falando sobre as maneiras como as Igrejas arrecadam dinheiro para os seus projetos. Intrigou-me o silêncio de um estudante. Ele era Policial Militar e pertencia a uma Igreja muito diferente da IECLB. No intervalo, ele veio falar comigo. Disse: ‘Sabe, Professor, não tive coragem de falar em classe o que estamos vivenciando em nossa Igreja, que se situa em um bairro muito pobre. Há muitos templos, muita miséria e os traficantes de drogas têm mais força que a Polícia. Alguns dos traficantes frequentam a nossa Igreja e o nosso Pastor não sabe lidar com a seguinte situação: os traficantes pedem oração para Deus os protegerem em seus trabalhos e contribuem com o dízimo’. De fato, uma situação complexa! Penso que traficantes, bandidos e outras pessoas criminosas podem participar de Cultos. Afinal, disse Lutero, a Igreja é um hospital para pecadores. Quem não lembra o que Jesus disse a um dos malfeitores que estava ao seu lado, na cruz, e que reconheceu a sua situação: Hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23.43). Sim, Igreja é lugar de bandido, traficante, corrupto, prostituta, gente má, etc... que quer se arrepender dos seus atos. Templo que não se abrir para essa situação não é templo evangélico, mas uma associação religiosa qualquer de gente que se sente ‘santa’. Certamente, tais ‘traficantes religiosos’, que dão o dízimo das

suas ações que pervertem a vida de muitos, estão querendo uma justificativa religiosa para continuar com os seus negócios fraudulentos. Em outras palavras, se aquela mensagem religiosa não muda a vida daqueles ‘traficantes generosos’, então aquele espaço virou um lugar de ‘lavagem de dinheiro’. Uma Igreja que segue os passos de Jesus jamais se torna uma lavandaria, seja do tráfico ou da corrupção, até porque Jesus colocou duas opções diante de nós: ou Deus ou o dinheiro, conforme o Sermão do Monte. A esta altura, imagino a sua curiosidade a respeito do fim da conversa com aquele jovem. Fui lacônico, já que ele era estudante de Teologia: ‘O seu Pastor e a sua Igreja devem mudar de Teologia. Se a sua Igreja continuar anunciando os favores de Deus em troca de dízimo, não há como não ser uma lavanderia de dinheiro, dinheiro esse que, mesmo ‘lavando’, não vai deixar de ser sujo’. Cabe ainda dizer que o referido estudante testemunhou em aula uma visita a um Culto da IECLB, bem como a sua admiração pela transparência com a qual se lida com dinheiro em nosso meio: a coleta é destinada – publicamente – para setores fora da Comunidade e tem lugar de destaque no Culto, o que parece ser raro em muitas instituições religiosas no Brasil. Assim, com a nossa transparência no trato com o dinheiro em público, nos tornamos um exemplo de democracia neste país. Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

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MISSÃO

Missão, identidade e mudança P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão Quando falamos sobre Missão, é comum colocar a comparação como critério de avaliação. Tudo bem se as comparações são para melhorar os nossos pontos fracos, não por inveja, mas pela excelência que o Evangelho merece. No entanto, às vezes, em uma sociedade dominada pela cobiça, não é fácil vencer a tentação de agir segundo a concorrência e a procura de vantagem. O antídoto está na gratidão, pois ela exige o nosso olhar para o que somos e o que temos. Apesar dos nossos erros e das nossas imprudências, temos, como Comunidade de Jesus Cristo, uma história bonita. O constante diálogo entre a nossa herança com os desafios do presente trouxe como resultado uma forma de ser e viver a fé cristã. A nossa identidade confessional, a nossa estrutura organizacional e os nos-

Os Projetos Missionários Secretaria de Missão A ata do Conselho da Igreja Luterana de Cianorte/PR, de agosto de 1956, registra o seguinte sobre o plano da Campanha de Evangelização: ‘Foi a cidade dividida em quatro zonas. Foram também os membros da Igreja divididos em quatro grupos que serão liderados pelos quatro oficiais do Conselho. [...] Os líderes terão que, com os seus auxiliares, visitar todas as casas da zona a seu cargo, distribuindo, nessa ocasião, um Evangelho de São João, um folheto sugestivo sobre a salvação do homem por Cristo e um convite mimeografado, para a série de conferências que será realizada no fim da campanha’. Após um tempo de glória e crises, além dos imóveis, restou, nos dias de hoje, um punhado de pessoas que persiste contra toda a desesperança. A partir da Palavra, o olhar da fé enxerga possibilidades! Essa é a essência de um Projeto Missionário. Deus abençoe quem nele e com ele se envolve!

sos programas estão longe de ser perfeitos, mas são fruto da nossa caminhada e não uma copia ou imitação de outra instituição. Na procura de uma imagem que reflita a nossa realidade, propomos a de Lazaro saindo do túmulo. Uma visão pouco agradável, pelas mortalhas e o andar meio tonto, porque nada sabe a respeito do que aconteceu de fato. Lázaro deve a sua existência plenamente ao chamado de Deus, que lhe diz: Vem fora. Ele vive o seu cotidiano tão somente da gratidão vinda pela misericórdia e pelo amor de Deus. O mesmo acontece com as Comunidades de Jesus Cristo. O que as define não é o que as pessoas membros construíram, mas unicamente o que Deus fala sobre elas. Mesmo assim, Deus nos chama a construir Comunidades onde a misericórdia e

o amor de Deus sejam visíveis e concretas. Então, o que queremos que mude? O que precisamos mudar para implementar essa mudança? O que precisamos fazer para concretizar essa mudança? Como saberemos que estamos a caminho? Como saberemos que as mudanças aconteceram? Que o Santo Espírito nos dê coragem para sermos uma Igreja de Comunidades Missionárias em constante Reforma. Amém.

Planejamento Missionário P. Altemir Labes | Secretário Adjunto para Missão e Diaconia A nossa paixão, como IECLB, é a Missão de Deus! Deus é o fundamento e o sujeito da Missão que Ele mesmo realiza, mas Deus inclui a Igreja neste movimento em prol da cura e da salvação do mundo. A Missão da Igreja é inserir-se na Missão divina e dispor-se a ser instrumento do agir de Deus. É claro que o testemunho requer não apenas discurso, mas existência, pessoa, exemplo. Uma testemunha convence não só pelo que diz, mas também pelo seu modo de viver e de agir. O Espírito Santo mantém a Igreja e conduz a Missão. Deixar-se conduzir pelo Espírito não significa deixar de planejar. Pe-

lo contrário, o Planejamento faz parte da ação missionária guiada pelo Espírito Santo. Planejamento é o processo de estabelecer objetivos e indicar o que deve ser feito para alcançá-los. Na IECLB, a paixão de anunciar o Evangelho se demonstra também no Planejamento da ação missionária. Para motivar, promover e articular o Planejamento da Missão em Comunidades, Paróquias, Sínodos e instituições, a IECLB elaborou o Plano de Ação Missionária da IECLB, o PAMI, instrumento para promover unidade, motivação e planejamento na Missão. O PAMI nos ajuda a qualificar a nossa ação missionária!

Campanha de Ofertas Vai e Vem P. Me. Cristiano Ritzmann | Coordenador da Vai e Vem no Sínodo Norte Catarinense O que é necessário para que uma Comunidade seja missionária? Quando pensamos em Missão na Igreja, logo imaginamos as nossas Comunidades enviando pessoas para outros continentes ou para lugares longínquos do Brasil, a fim de pregar a Palavra. Esta pode ser uma forma de fazer Missão, mas a Missão não se resume a isso. O Evangelho de João 6.1-15, no qual nos é testemunhada a multiplicação dos pães e dos peixes, pode nos impulsionar a um agir missionário nas nossas Comunidades. No relato do Evangelho, há uma preocupação em alimentar a multidão que seguia Jesus. Todavia, naquele momento, tudo que dispunham eram cinco pães e dois peixes nas mãos de um menino. Os discípulos têm dúvidas e não acreditam que cinco pães e dois peixinhos possam alimentar uma multidão de mais de cinco mil homens, além de mulheres e crianças, mas o menino não hesita em entregá-los a Jesus. Nas mãos de Jesus, o milagre acontece! A Missão é de Deus! Fazer parte da Vai e Vem é fazer parte da Missão, é não hesitar, é confiar que, nas mãos de Jesus, a nossa oferta será multiplicada e que multidões serão alimentadas com a Palavra de Deus, com o testemunho de Cristo Jesus. Toda vida é uma Missão! Com a Vai e Vem, toda Comunidade pode ser missionária!

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GRATIDÃO

Fé, Gratidão e Compromisso Cada um contribua segundo tiver proposto no coração P. em. Meinrad Piske

Aos poucos, surgiu a ideia de que a pessoa que fizesse uma determinada doação a Deus por intermédio da Igreja seria recompensada por Deus. A Igreja era depositária de boas obras, praticadas por santos e mártires e, acima de tudo, de Cristo, que ela administrava. Assim, uma Bula Papal de 1343, do Papa Clemente VI, diz: ‘Toda a humanidade pode ter sido salva com uma só gota de sangue de Cristo, mas tendo ele derramado tanto, e certamente não em vão, este excesso formou um interminável tesouro da Igreja, que foi aumentado pelos méritos dos santos e mártires. O Papa é o guardião deste tesouro e pode dispensar dele quanto quiser sem medo de acabar com ele’. Esta é a base das indulgências vendidas no século XVI e que foram a causa concreta da publicação das 95 Teses de Lutero, em 31 de outubro de 1517. Na ótica da contribuição financeira, podemos constatar que as 95 Teses provocaram uma verdadeira revolução. Duas teses são destaque: Tese 27 - Pregam doutrina humana os que afirmam que a alma salta do purgatório logo que o dinheiro retinir no fun-

do da caixa e Tese 62 – O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e graça de Deus. Também é verdade que a Reforma não nos orientou sobre diretrizes e balizas para a contribuição eclesiástica na Comunidade e na Igreja. Basicamente, prevaleceu a regra de que cabia ao governante pagar salários e recolher as taxas para a manutenção da Igreja. Com isto na bagagem, os imigrantes europeus evangélicos formaram as primeiras Comunidades no Brasil. Até a Proclamação da República, éramos uma ‘religião tolerada’, mas, mesmo assim, temos exemplos de subsídios do Império para a manutenção de Comunidades. Desde cedo, decidiu-se, via de regra, pelos seguintes métodos de arrecadação: a) espórtulas, o pagamento pela realização de ofícios e celebrações de Sacramentos, b) contribuição compulsória para cada família, cujo valor era decidido em Assembleia, c) festas e promoções especiais para a arrecadação de dinheiro, d) ofertas livres e espontâneas, como coletas. O que mais marcou a nossa história é a contribuição compulsória. A própria IECLB co-

laborou com este sistema. Até 1997, havia o sistema de pagamento de cotas, cujo valor era fixado pelo Concílio ou pelo Conselho Diretor. Algumas pessoas chamavam este sistema de contribuição de ‘Imposto Eclesiástico’. Depois de 1945, foi trazida ao Brasil a experiência americana da contribuição livre ou voluntária. Todo um programa de Mordomia Cristã foi difundido, mas interrompido em 1968. Por influências da própria história das Escrituras e de publicações recentes de diversas Igrejas, o dízimo foi e ainda é discutido nas Comunidades. Em 1978, o Conselho Diretor, atendendo resolução do Concílio daquele ano, estabeleceu a prioridade Contribuição proporcional pelo espaço de oito anos. Apesar da crise na arrecadação e na contribuição, detectada com alarde a partir do Concílio de 1984, somente em 1995 foi realizado um Seminário Nacional sobre Contribuição. Resultado concreto deste Seminário foi a decisão do Concílio de Toledo, em 1996, de introduzir o modelo do dízimo em substituição ao sistema de cotas, a partir de 1998. Tanto no Seminário de 1995 como nos estudos da Comissão que elaborou a proposta e ainda no Concílio de Toledo, havia plena consciência de estar dando apenas o primeiro passo na busca de uma solução para a questão da contribuição na IECLB. O passo seguinte, mais importante que o primeiro, deveria ser a atenção para a contribuição da pessoa para a sua Comunidade. O ideal é a contribuição absolutamente livre, tanto para a Comunidade como para o Sínodo e a IECLB. Este ideal é a admoestação do Apóstolo: Cada um contribua segundo tiver proposto no coração. Parte 2/2 da palestra proferida durante o Fórum Nacional Fé, Gratidão e Compromisso (junho/2005, em Rodeio12/SC)

Publicações | Palavração O movimento da Reforma foi um protesto contra a transformação do Evangelho em leis e interpretações manipuladas pela então Igreja de Roma. O pensamento de Lutero que mais afetou as autoridades da época foi que não há caminho para chegar a Deus que não por Cristo. Nem Papa nem Sacerdote nem Imperador conquista a salvação para ela – somente Cristo. Neste sentido, em 1530, os líderes protestantes escreveram a Confissão de Augsburgo, na qual colocaram os principais pensamentos de Lutero e que são parte da base da nossa identidade confessional. As quatro colunas luteranas que sustentam a nossa confessionalidade são: graça, fé, Cristo e Escritura. Trecho da Coleção Palavração - volume 3

Arrisco e coloco a minha confiança somente no único Deus, invisível e incompreensível, o que criou o céu e a terra. Martim Lutero

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GESTÃO

Corpo IECLB | Gestão Administrativa Secretaria Geral da IECLB Em 2015, a equipe da Presidência e da Secretaria Geral, sob a liderança do Pastor Presidente e da Secretária Geral, investiu significativo tempo na elaboração de um diagnóstico interno e na elaboração do Planejamento Participativo Continuado, que, em sua primeira fase, definiu: a) os objetivos gerais para a Gestão 2015 - 2018, com base nas principais atribuições da Presidência e da Secretaria Geral e b) os objetivos específicos com base nas principais áreas de atuação. Os quatro objetivos gerais para a Gestão 2015-2018, construídos de forma participativa, são: - alcançar maior articulação entre as pessoas e entre as iniciativas nacionais, sinodais, de organismos identificados e ecumênicos, para fortalecer a comunhão e assegurar a qualidade do testemunho público da Igreja em prol da paz, da justiça, do amor, da defesa da vida e da integridade da Criação; - expandir a oferta de formação e capacitação e assegurar uma educação comprometida com a reflexão teológica, pedagógica e missionária da IECLB para colaborar com o desenvolvimento de lideranças qualificadas e de uma cidadania crítico-participativa, na consolidação de uma Igreja e de uma sociedade inclusiva, solidária, equitativa, tolerante e ética; - qualificar a gestão, promovendo o alinhamento à missão, à visão e aos parâmetros de gestão da IECLB, estimulando o planejamento participativo continuado, garantindo a gestão eficiente e transparente dos recursos, aprimorando a gestão por processos, na defesa da descentralização, da representatividade, do protagonismo, da coerência entre palavra e ação, com vistas à sustentabilidade e ao incremento da ação missionária da IECLB. - incrementar a produção e consolidar o uso de subsídios sintonizados com a Teologia, a Pedagogia, os Planos e os Programas Nacionais da IECLB, orientada para desenvolver habilidades, reflexão, criatividade e inovação, para fortalecer a fé, a identidade confessional e institucional, além do exercício pleno do Ministério e do Sacerdócio Geral. Trecho do Relatório da Secretaria Geral ao XXX Concílio da Igreja/2016 Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

Guia para o Presbitério Todo membro, a partir da fé concedida por Deus, assume o chamado que lhe foi feito por ocasião do seu Batismo. Na Comunidade cristã, a responsabilidade com a Missão de Deus e com as atividades da Comunidade não mais recai apenas sobre o Ministro, a Ministra, os membros dos Presbitérios, esta ou aquela pessoa. Todos os membros são responsáveis. Ao mesmo tempo, ninguém da Comunidade cristã concentra tarefas em suas mãos. O Sacerdócio Geral busca recuperar o sentido bíblico de Igreja: igualdade, comprometimento e serviço. Dificilmente, uma Comunidade consegue vivenciar o Sacerdócio Geral em todas as suas consequências. O próprio Lutero percebeu essa questão. Mesmo assim, o sentido bíblico permanece válido. É ele o ponto no horizonte no qual a Comunidade fixa seu olhar. Na Igreja Luterana, todos somos Sacerdotes e Sacerdotisas, com vocação para servir. Não buscamos isso apenas porque Lutero defendeu essa proposta, mas porque o próprio Jesus quer Comunidades vivas, atuantes e missionárias.

Documentos Normativos Regulamentos são a expressão normativa dos compromissos firmados entre as representações nas diversas instâncias. A Constituição, o Regimento Interno, o documento Justiça e Ordem, o Estatuto do Ministério com Ordenação da IECLB e o Guia Nossa Fé-Nossa Vida são normas nacionais, eclesiasticamente válidas para todos. Acima desses documentos está o mandato de Deus, tendo como base a Bíblia e os Escritos Confessionais. Todos os demais documentos são elaborados a partir dos princípios constantes nesses documentos e a eles estão sujeitos eclesiasticamente. Também decisões conciliares são válidas para todas as instâncias da IECLB. Entre elas se encontram, por exemplo, as decisões dos Concílios de 1990 (Três de Maio/RS) e 2010 (Foz do Iguaçu/PR) sobre a remoção de barreiras arquitetônicas para oportunizar a acessibilidades de todas as pessoas. Os Concílios estabelecem para todas as Comunidades, as Paróquias, os Sínodos e as organizações identificadas o cumprimento das normas constantes na legislação brasileira (Lei 10098/2000) e na Norma Brasileira (NBR9050). O texto completo está disponível no Portal Luteranos. As decisões conciliares também determinam que, em eventos de grande alcance, tais como Dia da Igreja e Assembleia Sinodal, seja garantida a superação de tais barreiras, como um primeiro sinal visível da efetiva preocupação com a temática e que se avance continuamente neste aspecto também em outras áreas de ação da IECLB.


Jorev Luterano - Março 2017

SÍNODOS

A Missão de Deus é a nossa Paixão! Planejamento, monitoramento e avaliação! P. Dalcido Gaulke | Pastor Sinodal do Sínodo Brasil Central

O Sínodo Brasil Central decidiu dar ênfase ao Planejamento, ao Monitoramento e à Avaliação (PMA) em todas as Comunidades, em todas as Paróquias e em todos os Setores de Trabalho. Entre decidir e realizar, está a grande diferença! Podemos afirmar que o ano de 2016 foi muito importante na realização do PMA. A liberação da Diác. Débora Krauser para Assessoria às Comunidades e Coordenação do Planejamento no Sínodo foi e é decisivo para que Comunidades, Paróquias e Setores de Trabalho possam dar o passo importante do Planejamento. Para o Monitoramento, a Diretoria do Sínodo, a Assessora, o Pastor Sinodal e a Comissão de Avaliação estão realizando visitas contínuas às Comunidades. O desafio e convite inicial para o bom trabalho de Planejamento é Apaixonar-se pela Missão. O Planejamento pretende promover transformação nas Comunidades, qualificando a unidade e a ação missionária. O Planejamento se baseia nos eixos do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) e visa a

atuar de forma mais consciente. É reunir-se e fazer mais do que um calendário e isto somente é possível quando as Comunidades, as suas lideranças ‘assumem a Missão’, respondendo Por quê?, Para quê?, Para quem existe a Comunidade? Assim, constrói-se o diagnóstico, respondendo quais são os pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as oportunidades nos trabalhos. Procura-se definir ações para responder às necessidades de desenvolvimento da Comunidade. Conclusiva é a execução das atividades, considerando a definição, a informação e o monitoramento das ações. O Sínodo é parceiro das Comunidades em todo o processo de Planejamento, o que acontece por meio da realização do Planejamento, de relatórios, além de visitas e avaliações. O Planejamento Missionário é elemento fundamental para toda e qualquer ação no âmbito da Igreja. Trata-se de um trabalho de construção coletiva. Já disse o apóstolo Paulo: Nós somos companheiros de trabalho no serviço de Deus

Na família, tudo vai bem quando há amor, comunhão e alegria no relacionamento. Nas Comunidades, é semelhante, por isso as ações desenvolvidas na atual gestão buscam trabalhar o relacional visando à construção coletiva e à sedimentação de vínculos mais profundos em amor, comunhão, alegria e pertença à Comunidade, ao Sínodo e à IECLB. Muito nos alegra ouvir de Ministros e Ministras relatos sobre o prazer e a alegria de exercer o Ministério em Comunidades no Sínodo. Isso mostra que vínculos bem construídos superam as inúmeras dificuldades. Não há distância, isolamento nem dificuldade econômica que diminua a vontade de servir com alegria e com intencionalidade missionária no Brasil Central. Registramos a nossa gratidão a todas as pessoas que nos ajudaram com palavras de incentivo, orações e ofertas. Continuamos juntos e juntas, firmes e perseverantes, buscando uma história cada vez mais parecida com o vigor e a força das primeiras Comunidades cristãs.

(1Co 3.9). Para que o nosso trabalho tenha resultados que nos alegrem, animem e façam sentir realmente como companheiros e companheiras de Deus no serviço é que realizamos o Planejamento. Com alegria, constatamos que praticamente todas as Comunidades do nosso Sínodo iniciaram o processo de reflexão sobre o Planejamento. Em muitas delas, já temos o desafio do acompanhamento e do monitoramento. Esse enfoque no Planejamento traz consigo consequências positivas para as Comunidades e mudanças na dinâmica da atuação do Sínodo. A intencionalidade missionária é fundamental no desenvolvimento de todas as ações nas e das Comunidades. A Missão de Deus é a nossa Paixão. A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana que nasce como resultado do agir de Deus e assim se compreende também se conhece como parte do agir de Deus hoje. As pessoas que são membros dessa Comunidade, desse Corpo, passam a anunciar a fé com alegria, dando testemunho do agir de Deus. A descoberta da vida de fé, da vida comunitária, traz alegria de valor infinito à Comunidade e aos seus membros. Para melhor compreensão desta alegria, olhemos para o texto bíblico de Lucas 15.8ss, em que Jesus usa o exemplo de uma mulher que tem dez moedas de prata, perdeu uma e vai procurá-la. Ela acende uma lamparina, varre a casa e procura com muito cuidado até achá-la. Quando a encontra, convida as amigas e as vizinhas e diz: ‘Alegrem-se comigo porque achei a moeda perdida’. A busca, a procura e o compartilhamento da alegria são exemplos para o nosso agir missionário. Podemos afirmar que é fundamental a determinação na busca da vida de fé e, quem a encontrou, com alegria, compartilha com os próximos. Assim como a mulher se alegrou ao encontrar a moeda e compartilhou esta alegria com as amigas, de forma semelhante deveria ser a nossa atitude para compartilhar a alegria de ter encontrado a minha Igreja, a Comunidade IECLB. Somos pessoas que carecem de comunhão, amor e alegria. Não é diferente com os Ministros e Ministras no Sínodo Brasil Central. Assim também com as lideranças e os membros das Comunidades. Fundamental para o cuidado relacional é a conversa! Todo o agir da Comunidade, dos seus membros, deveria ser testemunho da alegria de viver a fé e, assim, desdobrar-se no viés missionário. Em nenhuma ação deveria faltar a intencionalidade missionária. No Sínodo Brasil Central, temos o firme propósito de crescer na Missão. Temos aí um grande desafio e caminho a percorrer.

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Jorev Luterano - Março 2017

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MEDITAÇÃO

Estudo do Tema do Ano - 2017 Seu Reino é nossa herança

Materiais Fitas ou tiras (barbante, lã, retalhos) de diferentes cores ou estampas (uma fita para cada participante).

Pa. Marli Lutz e P. Valdir Frank (in memoriam) | Caderno de Estudos do Tema do Ano 2017 A nossa reflexão se integra em uma caminhada de homens e mulheres que, há 500 anos, sentiram motivação para resistir, participar e se engajar em um movimento de transformação de uma realidade de opressão na Igreja e na sociedade. Este ano celebramos a herança dessa história de 500 anos. Porém, permanece a pergunta: como criar uma expressão de alegria e júbilo em meio a uma realidade de sofrimento de tanta gente? Queremos que a luz do Evangelho nos ilumine. Que possamos nos inspirar pela ação de uma mulher que Jesus toma como referência para falar sobre a proximidade do Reino de Deus, lembrando que Seu Reino é nossa herança. Lucas 15.8-10: esta parábola de Jesus é conhecida. Fala sobre uma mulher que perdeu uma das dez moedas que tinha. Era tu-

jou e organizou a busca com cuidado, pequenos gestos e movimentos pela sua casa. Ela acendeu a lamparina e começou a varrer. Finalmente, ela encontra a moeda. A alegria pelo achado é tanta que ela reúne as vizinhas, as amigas, uma pequena Comunidade. Esta alegria compartilhada é comparada com o júbilo diante dos anjos de Deus por uma pessoa que se arrepende. Nesses 500 anos, há muitas moedas perdidas nos cantos esquecidos. Há de se remover camadas sobrepostas de poeira e desencostar móveis pesados que as escondem. Muitas luzes já foram acesas para iluminar os cantos escondidos onde ficaram. Temos como exemplo a descoberta de contribuições de tantas mulheres, Pensadoras, Poetas, Teólogas participantes deste movimento da Reforma. Hoje, muitas janelas já estão sendo abertas para entrar ar novo na caSomos Igreja em movimento, sa e resgatá-las que não fica no lamento desse poder de ‘silenciamento’ pelo que não tem ou perdeu, que a própria hismas que se organiza para buscar tória de 500 anos e se alegra comunitariamente ao encontrar. traz consigo. Precisamos trazer esdo o que tinha. Nada é mencionado sobre tas contribuições para a nossa realidade, facomo ela conseguiu este dinheiro. Pelo conzendo esta releitura para estes outros 500! texto de outras parábolas e da realidade aAssim como a mulher desta parábola, tamgrária do tempo de Jesus, pode-se imaginar bém precisamos nos organizar com uma que ela tenha ganhado esse dinheiro como participação ativa na Comunidade e na sodiarista (Mt 20.1-16). Uma moeda de prata ciedade, para encontrar o que está ficando era o pagamento por um dia de serviço, o mípara trás. A Reforma precisa continuar aconnimo necessário para o pão de cada dia. As mutecendo também hoje, porque esta caractelheres, porém, recebiam menos ainda. Não rística de ser Igreja em movimento faz parte chegava à metade da diária dos homens. do nosso perfil, por isso é fundamental saA situação desta mulher reflete a realidaber o que precisa ser aprofundado e transde agrária de pobreza e dependência, chaformado. Temos como herança um legado mando especialmente atenção para a situaque não pode ficar nas sombras: a justificação de sofrimento das mulheres. Na maioria ção somente pela fé, a liberdade cristã comda população empobrecida e sem-terra, as prometida com o cuidado, o Ministério commulheres casadas ajudavam a complemenpartilhado, incluindo o Sacerdócio Geral de tar a renda da família como diaristas. As mutodas as pessoas que creem, o Ministério lheres sozinhas mal conseguiam sobreviver, assumido por mulheres, a participação no pois o que recebiam era muito pouco. movimento ecumênico e o ser Igreja contexMuito instrutiva é a atitude desta mulher. tualizada e comprometida com o Reino de Para encontrar a sua moeda perdida, planeDeus e a sua justiça.

Hino Resistência (HPD 443) Dinâmica - Cada participante recebe uma fita. - Convidar a caminhar pelo ambiente, trocando a fita com outra pessoa. Fazer essa troca várias vezes. - Formar grupos de acordo com as cores. Os grupos conversam (durante três minutos) sobre as perguntas que neste momento são colocadas: * Desde quando faço parte da IECLB? Do que eu gosto e o que faz com que eu me sinta bem na Comunidade? - Voltar a caminhar trocando as tiras e formando novos grupos para refletir sobre as próximas perguntas: * Do que sinto falta na Comunidade? O que gostaria de encontrar? - Voltar a caminhar trocando as tiras e formando novos grupos para refletir sobre a última pergunta: * Quais são os motivos de alegria e júbilo na minha Comunidade? - Retornar aos lugares e refletir sobre a dinâmica: * Que elementos importantes ela trouxe em relação à participação de cada qual na história e na vida da Comunidade (e da IECLB como um todo)? Bênção A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar, A bênção do Filho nascido de Maria, A bênção do Espírito Santo de Amor, Que cuida com carinho, qual mãe cuida da gente, Esteja sobre todos (todas) nós. Amém. Ref. bibliográfica: Schottroff, Luise. As parábolas de Jesus: uma nova hermenêutica. São Leopoldo: Sinodal, 2007

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A COMEMORAÇÃO DOS ��� ANOS DA REFORMA SERÁ INESQUECÍVEL

Aproveite esta oportunidade única e faça parte do �ubileu� Além de visitar todas as cidades alemãs que foram cenário da Reforma protagonizada por Lutero �Worms, Eisenach, Erfurt, Eisleben e Wittenberg�, você também vai passear pela República Tcheca, Áustria, Liechtenstein, Suíça, França, com destaque para regiões do sul da Alemanha: Baviera e Alpes Alemães, Floresta Negra e Vale do Rio Reno.

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