Jornal Evangélico Luterano | Ano 46 | Julho 2017 | n o 807
O legado da Reforma para a Educação Inclusiva e promotora da participação! Valorizando cada ser humano, preservando a sua individualidade e despertando para o compromisso
Afinal, que Igreja queremos ser?
Lutero - Reforma: 500 anos
Ofertado, mas também negado!
Igreja de Comunidades missionárias!
Presença e cuidado na enfermidade
Tão perto e, ainda assim, tão longe...
Diversidade
Unidade
Perspectiva
Jorev Luterano - Julho 2017
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REDAÇÃO
A Educação na Reforma Inclusiva e promotora da participação! A partir do amor gracioso e libertador de Deus, a educação baseada na confessionalidade luterana é inclusiva e promove a participação efetiva de todas as pessoas envolvidas no processo educativo, valoriza cada ser humano, preserva a sua individualidade e desperta para o compromisso cristão. Esta afirmação, que está no Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC), é, por exemplo, orientadora não somente para a Educação Cristã de crianças ou para o Ensino Confirmatório. Ela é diretriz para as demais atividades promovidas pela Comunidade, Paróquia, Sínodo, instâncias nacionais e organizações identificadas, como as escolas da Rede e os Centros de Formação de Ministros e Ministras. Assim explica o Documento Estações do Jubileu - Estação de Julho/2017: Educação, emitido pela Presidência da IECLB. O Documento destaca que a educação integra a ação missionária da IECLB desde a sua criação. Escolas foram construídas ao lado de templos e, em algumas situações, foram até precursoras, reunindo a Comunidade em Culto no ambiente escolar. Hoje, as escolas evangélicas estão reunidas na Rede Sinodal de Educação, mantendo o compromisso com a Confessionalidade Luterana e com a Educação Cristã. A Reforma chamou a atenção para o compromisso de cada pessoa cristã com relação à educação de filhos e filhas, além da responsabilidade dos governos locais de garantir uma educação de qualidade. Nesse sentido, o PECC nos lembra que Jesus estabelece a prática do Batismo e do ensino como parte do compromisso de fazer discípulos e discípulas. Disso decorre uma característica do ser Igreja de Jesus Cristo: o compromisso com a Educação Cristã. Para atender a esse compromisso, a Igreja promove diversas ações de educação na fé para as diferentes fases da vida, reafirmando a importância da Educação Cristã na missão da Igreja. ‘Empenhemo-nos na capacitação e na formação de crianças, adolescentes, jovens, pessoas adultas e idosas, sem discriminação, visando à consolidação de Comunidades cada vez mais atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à Criação’, finaliza o Documento.
CAPA A partir do amor gracioso e libertador de Deus, a educação baseada na confessionalidade luterana é inclusiva e promove a participação de todas as pessoas, valoriza cada ser humano, preserva a sua individualidade e desperta para o compromisso cristão.
Jornal Evangélico Luterano | Ano 46 | Julho 2017 | n o 807
O legado da Reforma para a Educação Inclusiva e promotora da participação! Valorizando cada ser humano, preservando a sua individualidade e despertando para o compromisso
SUMÁRIO 2
REDAÇÃO
CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE
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ENFOQUE
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PALAVRA
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PRESIDÊNCIA
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FORMAÇÃO
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DIVERSIDADE
Afinal, que Igreja queremos ser?
Lutero - Reforma: 500 anos
Igreja de Comunidades missionárias!
Presença e cuidado na enfermidade
Tão perto e, ainda assim, tão longe...
Diversidade
Unidade
Perspectiva
Ofertado, mas também negado!
JUBILEU DA REFORMA CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS GESTÃO MINISTERIAL COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS TEMA DO ANO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA RETROSPECTIVA AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA PROPOSTA METODOLÓGICA FACULDADES EST ETNIAS PRONUNCIAMENTO
8-9 UNIDADE
LUTERO - REFORMA: 500 ANOS
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15 16
FÉ LUTERANA
VISITAÇÃO
PERSPECTIVA
RECONHECIMENTO E AGRADECIMENTO Sonhos compartilhados e meios subtraídos
MISSÃO
PLANO DE AÇÃO MISSIONÁRIA DA IECLB PROJETOS MISSIONÁRIOS PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM
GRATIDÃO
FÉ, GRATIDÃO E COMPROMISSO PUBLICAÇÕES
GESTÃO
GESTÃO ADMINISTRATIVA DOCUMENTOS NORMATIVOS GUIA PARA O PRESBITÉRIO
SÍNODOS
ALEGRES, JUBILAI!
LITURGIA
CULTO CRISTÃO
Confio em Deus sempre e deixo tudo entregue à sua vontade divina. Martim Lutero EXPEDIENTE Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.
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ENFOQUE
Jubileu da Reforma Dando seguimento ao projeto Estações do Jubileu da Reforma, a Presidência da IECLB convida a, neste mês de julho, sintonizar com o conteúdo das diretrizes da IECLB referentes à Educação, que integra a ação missionária da IECLB desde a sua criação, gerando inclusive o Plano de Educação Cristã Contínua (PECC). Para integrar a IECLB, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana compromete-se com a missão de propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal, na família e na Comunidade, promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo. O reconhecimento está registrado no Estatuto da Comunidade, que assegura, entre outros, o compromisso específico de contribuir para uma formação evangélica da vida no âmbito familiar e público. Ministros e Ministras têm o mesmo foco na missão e a responsabilidade de dedicar-se à capacitação para a vivência do Sacerdócio Geral de todas as pessoas que creem, à formação de lideranças e à manifestação pública da Palavra de Deus na sociedade. Esta capacitação e formação são reforçadas no Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI), em que a formação é um dos três eixos transversais em todas as frentes missionárias da Igreja. Para embasar teológica e pedagogicamente esta formação, foi aprovado o Plano de Edu-
INDICADORES FINANCEIROS
Reforma
cação Cristã Contínua (PECC). Convido para relermos este importante documento. Ele é atual, fornece fundamentação bíblica, confessional e pedagógica para todas as ações de formação na IECLB e, por isso, merece toda a nossa atenção. O Jubileu nos lembra da importante contribuição na área da Educação feita pelas pessoas que lideraram o movimento da Reforma, especialmente Lutero, que inclusive providenciou os recursos básicos para a educação: a Bíblia traduzida e o Catecismo. A Reforma chamou a atenção para o compromisso de cada pessoa cristã com relação à educação de filhos e filhas, além da responsabilidade dos governos de garantir uma educação de qualidade, obrigatória, sem distinção de gênero e com Docentes bem preparados. O objetivo era formar cidadãos aptos e cidadãs aptas a, com liberdade, contribuir na consolidação de uma sociedade guiada pelos valores cristãos. Trechos do documento emitido pela Presidência da IECLB
UPM Junho/2017
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Índice Maio/2017
0,31 %
Acumulado 2017
1,42 %
Fé significa confiar e construir sobre a misericórdia de Deus. Martim Lutero
OFERTAS NACIONAIS 9 DE JULHO 5o Domingo após Pentecostes Projeto de Missão no Sínodo Mato Grosso A história da IECLB no Sínodo Mato Grosso está marcada pela solidariedade recebida de irmãos e irmãs de outras Comunidades da IECLB e do exterior. A necessidade de auxílio já foi maior. Aos poucos, as Comunidades vão se fortalecendo e aumentando a sua capacidade de caminhar com recursos próprios. Ainda assim, há Comunidades que precisam de ajuda. Entre as que dependem de auxílio estão a Comunidade Missionária de Santarém e a Paróquia Transamazônica. Em gratidão, proclamamos: Vejam como é grande o amor do Pai por nós! O seu amor é tão grande, que somos chamados de filhos de Deus (1Jo 3.1). 30 DE JULHO 8o Domingo após Pentecostes Missão com Literatura Evangelística Durante muito tempo, a nossa Igreja tinha a sua identidade garantida: Igreja de alemães. Tivemos que ‘reformar’ esta ideia e aprender a ser Igreja Missionária, por isso, em 1987, o Conselho Diretor da IECLB criou a Literatura Evangelística como um Setor de Missão: evangelização por meio da Palavra escrita. A Literatura Evangelística produz folhetos e cartões que são distribuídos junto a Ministros, Ministras, Comunidades, Sínodos, escolas, hospitais, presídios, lares de idosos, etc. Em 2016, foram distribuídos mais de 450 mil folhetos e cartões. Três fatores são importantes para a missão por meio de folhetos evangelísticos: recursos financeiros, pessoas dispostas a distribuir os folhetos e oração.
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PALAVRA GESTÃO MINISTERIAL
Manejo de situações e prevenção de conflitos P. Dr. Victor Linn | Pastor, Psicanalista e Coach Conflitos são danosos e resolvê-los é trabalhoso. O melhor a se fazer é preveni-los. Isso exige cuidado, empenho e, sobretudo, a consciência da própria implicação e da própria responsabilidade no manejo de situações difíceis. Mão na consciência! São sempre as outras pessoas as culpadas pelos conflitos ou será que existe alguma característica em mim que leva a outra pessoa a me ver e a definir o meu comportamento como merecedor de sanções? Será que me coloco sempre como vítima e sem condições de me defender ou será que tenho aversão ou preconceito inconsciente contra alguém? Em muitas situações, nos tornamos imunes à autocrítica e perdemos a capacidade de autopercepção. Nesse caso, ajuda muito termos uma pessoa de confiança com quem podemos tematizar os nossos hábitos e as nossas posturas geradoras de conflitos. A capacidade de questionar-se e o autoconhecimento são recursos que ajudam muito na prevenção de conflitos. Outro aspecto é saber-se corresponsável pela comunicação.Uma das principais causas de conflitos é a troca precária de informações e os consequentes mal-entendidos. Em qualquer contexto de interação humana, cabe, sobretudo, às lideranças, cuidar para que as informações fluam com clareza e os limites éticos e de estilo de comunicação sejam preservados. Isso favorece uma atmosfera que permita a manifestação e a troca sincera e aberta de opiniões e garante que as pessoas envolvidas no potencial conflito permanecem em contato. Quando não há mais contato e troca, o conflito ganha dimensões que o tornam irreversível.
COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS
Ecumene: casa comum Cat. Dra. Haidi Drebes | Secretária da Habilitação ao Ministério Teól. Dr. Carlos Bock | Assessor de Gestão Ecumenismo (Grego: oikoumene) é a compreensão que habitamos uma ‘casa comum’ (oikos). A casa comum, o planeta no qual vivemos, caracteriza-se pela diversidade de credos, etnias, classes sociais, etc. A diversidade e a pluralidade são valores legítimos. Contudo, a partir da fé cristã, promovemos a unidade de todas as coisas em Deus. O compromisso com a unidade inibe que a diversidade se transforme em oposição e fragmentação. Ecumene, portanto, é a defesa e promoção da unidade. Qual é a unidade que afirmamos e testemunhamos? A Ecumene afirma a unidade na diversidade. Sabemos que a fé se expressa de diversas formas, mas nos perguntamos pelo seu fundamento, ou seja, pelo que confere unidade. Para as pessoas cristãs, Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6). Tal verdade é constitutiva para a fé cristã. Este testemunho as Igrejas Cristãs têm em comum. Na Ecumene estamos firmes na fé em Cristo. Por outro lado, o nosso testemunho se dá de forma dialogal, em respeito às outras convicções de fé. Jesus Cristo intercedeu pela unidade das pessoas que viessem a crer nele (Jo 17.21). Fiel ao dese-
jo de Cristo, a Ecumene visa a promover a unidade. Para tanto, leva a sério as diferenças confessionais e busca por convergências teológicas e práticas entre as Igrejas. Para a IECLB, a competência Ecumene pressupõe conhecer a própria confessionalidade, os documentos normativos, bem como manifestações sobre diálogos ecumênicos e inter-religiosos. Adicionalmente, pressupõe conhecer as outras Igrejas Cristãs e religiões, além de promover o diálogo e a cooperação ecumênica no seu contexto de atuação. A partir da convicção que habitamos a ‘casa comum’, que vive sob o impacto das desigualdades e dos nossos modos de vida que ameaçam a Criação, temos o desafio de, junto com outras Igrejas e religiões, promover o amor às pessoas e o cuidado com a Criação. Esta convicção se expressa no compromisso diaconal, sobretudo com pessoas e grupos mais vulneráveis. A verdade de Deus, que é Cristo, é um modo de viver, cuja expressão maior é o amor. O amor se expressa também na capacidade de dialogar com outras Igrejas Cristãs e com as diferentes manifestações religiosas.
TEMA DO ANO
Agora são outros 500! P. Luiz Temóteo Schwanz | Ministro na Paróquia de Assis/SP É também expressão que usamos em nosso dia a dia. A partir da palavra ‘agora’, reflito sobre os próximos 500 anos com o auxílio de uma frase, de autoria desconhecida, que diz o seguinte: ‘o passado é história, o futuro é mistério, o agora é uma dádiva e por isso se chama presente’. O passado é história e celebramos o Deus revelado na história da humanidade, o Verbo que se fez gente em Cristo e nos redimiu na cruz. A Reforma Protestante também aconteceu em algum momento histórico. A Igreja em constante Reforma transcende presente e futuro. Por falar em futuro, o futuro é mistério, pois é expectativa. É olhar para além do horizonte nos caminhos da esperança e da reconciliação. Enquanto IECLB, esperamos uma Igreja ainda mais motivada pelo Evangelho libertador de Jesus Cristo, um Evangelho que busca transformação de corações, vidas, pessoas, para, por sua vez, transformar a realidade, a sociedade, a Igreja. Em vistas ao porvir, sonhamos com uma Igreja que transcenda os muros étnicos, se aculture cada vez mais em terras brasileiras. Sonhamos com uma Igreja que inclua todas as pessoas, motivadas pelo Evangelho acolhedor de Cristo Jesus. Sonhamos com uma Igreja que viva mais intensamente o Sacerdócio de todas as pessoas que creem, motivadas pelo santo Batismo. Antes dos outros 500, estamos no ‘agora’, o now. O agora é uma dádiva e por isso se chama presente. Poder viver os 500 anos da Reforma é uma dádiva, um presente de Deus e com esta graça nos movemos em nossa existência e vida. O agora é motivação para avaliar a nossa caminhada para os próximos 500 anos. Não estamos nesta ou naquela margem. Estamos no agora! O agora é ponto auge, pois de lá podemos olhar para trás e aprender com a história! O agora é o ápice, pois podemos olhar para frente e dar novos e mais ousados passos em nossa caminhada como pessoas cristãs: a ousadia da Palavra que desafia e não nos deixa acomodar... Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião (Ec 3.1). Para mais informações, acesse o Portal Luteranos
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PRESIDÊNCIA
Reconciliação: é o amor de Cristo que nos move Em tempos de conflito, queremos promover a paz! P. Inácio Lemke | Pastor 2o Vice-Presidente da IECLB
Alegres, jubilai! Quantas vezes já anunciamos e ouvimos esta frase neste ano em que comemoramos o Jubileu da Reforma?! Quantas graças recebemos e experimentamos da parte de Deus, que nos proporcionou viver neste tempo?! Sim, de Estação em Estação, chegamos à metade do Ano do Jubileu! Quanta gente envolvida nestas Estações e mais gente embarcando, convivendo, partilhando a alegria do Jubileu. Chegamos até aqui celebrando em grandes encontros. Em âmbito de Comunidades, Paróquias e Sínodos, vem acontecendo o
Dia da Igreja. Em todas as Assembleias Sinodais de 2017, é feita referência ao júbilo da Reforma. A unidade na Reforma se faz presente e aponta que é possível superar as diferenças. Homens e mulheres são desafiados e desafiadas ao diálogo para superar conflitos. Na IECLB, temos diversas Comissões de Diálogo entre Igrejas Cristãs e Diálogo Inter-religioso. Entre estas Comissões, está a Comissão Bilateral Católica-Luterana IECLB-ICAR. No Ano do Jubileu, esta Comissão sentiu-se motivada a traduzir e publicar em Língua Portuguesa o docu-
Ninguém deve fazer tudo o que tem direito. Cada qual deve olhar para o que é útil e o que é benéfico para o seu irmão, para a sua irmã. Martim Lutero RETROSPECTIVA
mento Do conflito à comunhão – Comemoração conjunta Católico-Luterana da Reforma em 2017. A mesma Comissão também se empenhou em diálogo com as instâncias das nossas Igrejas para a publicação do Cântico de Maria, conhecido como Magnificat, de Martim Lutero. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), responsável pelo material da Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) traz este ano a chamada Reconciliação: é o amor de Cristo que nos move (2Cor 5.14-20), em que o Apóstolo Paulo afirma que é a graça de Deus que nos reconcilia. A relação entre a graça e a reconciliação é motivada pela celebração dos 500 anos da Reforma, em 1517. Alegres, jubilai! Igreja sempre em Reforma: agora são outros 500... Este Tema nos aproxima. O diálogo constrói caminhos que levam do conflito à comunhão, à reconciliação, a desconstruir conceitos e preconceitos que dividem. Em tempos de conflito, queremos promover a paz. Como discípulos e discípulas de Cristo, confiando na oração e na ação do Espírito Santo, o único capaz de restituir a unidade da Igreja, vivenciemos a Reforma e não silenciemos diante de injustiças e agressões em relação à vida. Que o Deus da reconciliação em Jesus Cristo nos conduza, cada vez mais, para a unidade (Jo 17.22).
AGENDA | JULHO 13/7
Comissão de Designação e Envio Porto Alegre/RS P. Nestor Friedrich P. Inácio Lemke
21/7
Celebração Ecumênica Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil São Paulo/SP P. Nestor Friedrich
Pela unidade das pessoas cristãs A IECLB é uma Igreja fortemente engajada na busca da unidade das pessoas cristãs. Entende-se a si mesma como um membro do Corpo maior de Jesus Cristo, da ‘comunhão dos santos’, da Igreja universal. Não reivindica, por essa razão, nenhum monopólio da verdade nem exclusividade. Sabe-se irmanada com outras Igrejas Cristãs na busca do Reino de Deus e da sua justiça. O que a compromete é o Evangelho testemunhado na Sagrada Escritura. Comprometem-na também os Credos
da Igreja Antiga e a Confissão da Reforma Luterana, em que reconhece legítima articulação da fé apostólica. A IECLB procura ser autenticamente evangélica. Tem um dom a compartilhar e valores a defender, mas não nega a ação do Espírito Santo em outras Igrejas e denominações cristãs, estando com elas em permanente aprendizagem do discipulado. Posicionamento A Confissão Luterana na concorrência religiosa (1993)
25/7
28-29/7
32a Festa do Colono na Comunidade Linha General Neto São Vendelino/RS P. Nestor Friedrich Reunião do Conselho da Igreja São Leopoldo/RS P. Nestor Friedrich Pa. Sílvia Genz P. Inácio Lemke
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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA
Afeto e afetividade: ensino sobre fé na prática Profa. Berta Pufal Devantier | Professora da Rede Municipal (ACT), em Palhoça/SC Falar sobre afetividade há uns 40 anos e falar hoje nos leva a duas observações. A primeira: no passado, o ser humano carecia do mesmo afeto que na atualidade. A segunda: o meio em que vive o ser humano mudou nessas últimas décadas. Quando nascia uma criança, ela era da família toda, sendo educada pela mãe, pelo pai, irmãs e irmãos mais velhos, avós e até mesmo bisavós. Quando completava sete anos, era levada para a escola, onde permanecia com a Professora, o Professor por algumas horas. A criança era amada e aprendia a amar com várias pessoas da sua grande família. O tempo mudou e as famílias também, mas o ser humano continua com as mesmas necessidades básicas, dentre elas a afetividade. Na sociedade atual, os pais e as mães estão imersos e imersas em uma rotina de compromissos. Mal a criança completa três ou quatro meses, a mãe
precisa retornar ao trabalho. A tarefa de ensinar e cuidar e amar, desde bem cedo, é compartilhada com a escola e o tempo para o convívio familiar diminuiu. Esta é a criança que recebemos no final de semana na Igreja e que, muitas vezes, não conseguimos entender, pois não senta quietinha para ouvir a história que preparamos com tanto esmero! É que os tempos mudaram e a Igreja precisa adaptar-se à nova realidade familiar e social. Quando preparamos uma história ou uma dinâmica para o encontro com as crianças, precisamos levar em conta que o ser humano com o qual vamos lidar é inteiro, completo, que tem emoções, movimentos e uma vontade enorme de pertencer a um grupo. De acordo com a Educadora Marta Kohl de Oliveira, a criança ‘deve deixar de ser vista somente como ser pensante [...]. Ela deve ser concebida
como ser completo, o que vale dizer psicomotor, social e afetivo, mas também, ser em processo de constituição da pessoa’ (Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão). Para conhecer a criança que está diante de nós, podemos ampliar o contato de final de semana. Nesse sentido, os meios de comunicação da nossa época são instrumentos de grande valor. Cada vez mais crianças têm acesso a eles. Por exemplo, a mensagem de voz via WhatsApp! Tenho crianças das quais fui Professora com quem me comunico dessa forma! Transmitir afeto é mostrar interesse pela outra pessoa, procurando ouvir e ajudar nos seus conflitos diários. Perto ou longe, é possível dar voz à criança e valorizar os seus sentimentos e as suas percepções. Assim, a afetividade é o ensino sobre a fé na prática, partindo-se dos exemplos que o próprio Jesus Cristo nos deixou.
CRIANÇAS | PROPOSTA METODOLÓGICA
Vamos acolher? Material necessário Um exemplar da revista O Amigo das Crianças nº70 para cada criança e um globo terrestre ou mapa do mundo. Momento 1 Leia com as crianças o texto da seção Falando Nisso, página 8, da Revista O Amigo das Crianças nº70 , e pergunte se as crianças já ouviram falar ou conhecem alguma pessoa adulta ou uma criança refugiada. Nesse texto, é explicado o que é uma pessoa refugiada e os principais motivos que levam pessoas a saírem dos seus países em busca de refúgio. Depois, mostre, no globo terrestre ou no mapa do mundo, os países citados no texto.
www.est.edu.br
EST recebe caravana O feriado de Corpus Christi, 15 de junho de 2017, foi de agenda intensa no Campus da Faculdades EST, em São Leopoldo/ RS. Durante dois dias, estudantes de Santa Catarina, que integram o Sínodo Vale do Itajaí, estiveram na instituição e foram acolhidos pelos integrantes do Centro Acadêmico Dr. Ernesto Schlieper (Cades): Presidente Felipe Hobus Vollrath, Vice-Presidente Lohan Schulz
Momento 2 Use o palco e os dedoches das páginas 10 e 11 para criar histórias de acolhida. Peça para as crianças que pensem como acolheriam, por exemplo, uma criança vinda de outro país no seu grupo de amigos e amigas. Momento 3 Se quiser aprofundar mais o assunto, pesquise sobre entidades que recebem ajuda para pessoas refugiadas e veja como você e as crianças podem ajudar. Sugestão extraída da Proposta Metodológica para uso da Revista O Amigo das Crianças, nº 70. Leia a Proposta Metodológica completa e saiba como assinar a Revista O Amigo das Crianças no Portal Luteranos
Tesch, Tesoureiro Tiago Schroeder, Vice-Tesoureira Raquel Wieland, Secretária Taiana Wisch e Vice-Secretária Mayara Frees. Também as estudantes Mirian Bartz e Vanessa Hoelscher estiveram presentes na acolhida aos estudantes, com a responsabilidade de preparar a alimentação do grupo durante a visita. A caravana foi recepcionada a partir das 7h e a sequência foi de intensa programação, organizada pelo Cades. Conduzidos pelo Prof. P. Me. Osmar Witt, o grupo conheceu a Casa Matriz, a Sede do Sínodo Rio dos Sinos e os demais prédios da Faculdades EST. Na Biblioteca, o passeio foi conduzido por Alan Krahn, que apresentou ao grupo exemplares de Bíblias em Hebraico e Grego. À noite, a meditação foi realizada pela Pastoral da EST. Este ano, apenas a organizadora da viagem, a Profa. Katilene Willms Labes conhecia a Faculdades EST. Os estudantes
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ficaram surpresos com a infraestrutura e o ambiente verde. Na sexta-feira, os estudantes tiveram uma aula de Liturgia, com o Prof. P. Dr. Julio Cezar Adam, e também uma aula de Grego, com o estudante Jonathas Bitencourt. O encontro também teve momentos de diversão, como os jantares e os jogos nas quadras esportivas, em que os jovens puderam interagir com os estudantes de Teologia e saber um pouco mais sobre a rotina de quem realmente vive na instituição, uma vez que esses estudantes moram na EST enquanto cursam o Ensino Superior. A Faculdades EST está aberta a todas pessoas que desejam conhecer mais sobre a instituição e acolhe essas pessoas jovens – e, futuramente, estudantes – com o cuidado necessário para tranquilizar seus familiares, que, muitas vezes estão longe.
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DIVERSIDADE
Afinal, que Igreja queremos ser?
Igreja de Comunidades inclusivas e missionárias Pa. Carmen Michel Siegle | Coordenadora de Gênero, Gerações e Etnias
É possível que você já tenha ouvido falar na IECLB como sendo a Igreja dos alemães. Filha de casamento misto, de pele morena e cabelos cacheados, tive dificuldades para compreender essa expressão. Afinal, eu não era alemã e participava dessa Igreja. Ao perguntar para o pai e a mãe o porquê da ‘nossa Igreja’ ser conhecida assim, responderam-me: A ‘nossa Igreja’ vem da Alemanha. O meu avô paterno dizia que, para frequentar o Ensino Confirmatório, era necessário orar o Pai Nosso e recitar o Credo Apostólico em Língua Alemã. Fiquei receosa com essa informação, pois eu não falava e tampouco entendia esse idioma... Se eu não aprendesse, poderia, mesmo assim, ser parte dessa Igreja? Atenta ao nosso
diálogo e à tensão, a minha avó tratou de me acalmar, dizendo: ‘No nosso tempo, era assim, mas, agora, não é mais’. Mais tarde, já adulta, um jovem casal perguntou-me se era possível tornar-se membro e participar da Igreja Luterana. A dúvida surgiu por causa da cor da pele. Ambos eram negros e haviam ouvido de pessoas amigas que essa era uma ‘Igreja de alemães’. Os exemplos mostram o quanto a identificação comunitária com a cultura germânica marcou a história da formação das Comunidades da IECLB. Em boa medida, uma parcela significativa dos primeiros imigrantes vindos da Alemanha para o Brasil entendeu a Comunidade de fé como espaço de vivência
e transmissão da cultura germânica para as novas gerações. Em algumas Comunidades, a fé e a cultura germânica estiveram tão arraigadas que foi difícil dissociá-las. Especialmente a partir das duas Guerras Mundiais, esse modelo de Igreja entrou em crise. As transformações pelas quais passou o país exigiram das Comunidades a capacidade de mudar sem perder os referenciais característicos de uma Igreja de Confissão Luterana. Para responder aos desafios, teve início um processo de abrasileiramento das Comunidades. Na medida em que a Igreja foi se estruturando nacionalmente, vínculos com outras Comunidades étnicas de pessoas que professavam a fé evangélica luterana foram se formando (húngaros, japoneses, estonianos...). Não há como fazer frente aos desafios de hoje sem conhecer a caminhada. Daí a importância de olhar para a história para compreender o presente e vislumbrar o futuro. Hoje, a IECLB preserva muitas dessas marcas ao mesmo tempo que reconhece novos desafios para o anúncio e a vivência do Evangelho. O trabalho junto aos povos indígenas do Brasil, por meio do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin), o suporte ao Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) e, por meio dele, às Comunidades Quilombolas, e a criação da Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias são exemplos de iniciativas que a IECLB tem feito na tentativa de superar o estigma de ‘Igreja dos alemães’, de modo a ser reconhecida cada vez mais como uma Igreja de Comunidades atrativas, inclusivas e missionárias.
PRONUNCIAMENTO
Crer significa fixar o olhar continuamente em Cristo. Martim Lutero
Anúncio da esperança A essência da Igreja Cristã é ser missionária. Anunciar o Evangelho é a sua razão de ser. Considerar a Missão como o cerne da nossa existência como IECLB é reconhecer que toda a prática comunitária volta-se para levar o Evangelho até os confins da terra. Só faz sentido sermos Igreja Cristã se assumimos o dom de Deus como serviço evangelizador e solidário ao povo brasileiro, sem distinção de classe, etnia, gênero ou credo .
Deus nos chamou para ser Igreja no Brasil e para servir a este povo, compartilhando a fé em Cristo, que recebemos por graça, para vivermos em amor e solidariedade com as demais pessoas no caminho das quais somos enviados e enviadas como crentes e Comunidade Missionária que anuncia esperança. Plano de Ação Missionária da IECLB PAMI/2008-2012
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UNIDADE
UNIDADE
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O século XXI é marcado por um movimento de humanização hospitalar. Esse movimento significa devolver ao ser humano a condição de ser um só corpo e não mais só um corpo ou um corpo só.
Dame Cicely Saunders, Médica inglesa, dizia que ‘o sofrimento humano só é intolerável quando ninguém cuida. Maria Luiza Rückert, Pastora Emérita da IECLB, diz que ‘se o sofrimento é inevitável, podemos evitar que as pessoas sofram sozinhas’! M. S., paciente oncológico do Hospital de Câncer de Mato Grosso, ao ser perguntado sobre o que mais lhe angustiava, respondeu: ‘não tenho medo da doença nem medo da morte... Tenho medo de ter que lidar com essas duas coisas sozinho’. Em outras palavras, o ser humano é capaz de lidar com tudo aquilo que a vida lhe reserva, desde que possa contar com a presença amável de pessoas! Desde tempos remotos, as pessoas podiam contar com a presença e com o cuidado de alguém na enfermidade. Além de amor e apego entre os seres,
P. Deolindo Feltz, Capelão Hospitalar do Sínodo Mato Grosso e do Hospital de Câncer de Mato Grosso, em Cuiabá/MT
era uma questão de preservação da espécie. Tudo isso acontecia em uma perspectiva e em um contexto totalmente religioso. No Egito e na Índia, por exemplo, civilizações muito antigas, os templos religiosos eram os locais onde pessoas enfermas eram acolhidas e assistidas por Sacerdotes. Uma mistura de ervas e minerais seguida de oração e conselhos compunha a terapêutica necessária para a recuperação. Tudo era compreendido como ação divina em favor das pessoas. Na era cristã, o cuidado para com as pessoas enfermas veio a se tornar uma das principais tarefas das primeiras Comunidades. A motivação vinha da prática e dos ensinamentos de Jesus. A história conta que, em tempos de epidemias, os pagãos abandonavam as pessoas contaminadas. Muitos chegaram a deixar membros da própria família à beira da estrada para que ali morressem. Os cristãos, por sua vez, tiveram comportamento diferente. Aquelas pessoas que estavam bem cuidavam daquelas que estavam mal. O cuidado prestado era marcado pela atenção às necessidades físicas básicas e às necessidades de ordem espiritual. Havia alimentação, higiene, medicação, mas também oração, ensino e leitura bíblica. A perseguição à cristandade nos três primeiros séculos impediu a construção de qualquer tipo de abrigo coletivo para pessoas enfermas. Famílias as acolhiam
e cuidavam em sua própria casa. Muitas destas famílias foram infectadas e também perderam a sua vida cuidando de pessoas, mas, para elas, estava claro que perder a vida terrena obedecendo a Cristo significava ganhar a vida eterna. Essa era bem mais importante! Lutero, no século XVI, recomendou à sua Comunidade religiosa a prática do amor às pessoas necessitadas e oferecer sempre amparo às pessoas desprotegidas. Partindo da compreensão da Igreja como um Corpo, ele insistia que as partes mais fracas deste Corpo precisavam receber maior atenção. Quem se destaca nesta tarefa é a sua esposa, Catarina. Ela possuía habilidades no cuidado a pessoas doentes, preparava remédios caseiros e tinha uma pequena farmácia em casa. Atendia a sua família e quem quer que precisasse. A história conta que ela chegou a faltar Cultos conduzidos pelo esposo para atender pessoas idosas, doentes e enlutadas. Também acolheu e cuidou de pessoas doentes em sua própria casa. A Igreja Cristã, por meio de homens e mulheres, leigos, leigas e líderes, esteve presente em contexto de enfermidade por 18 séculos. Foram 1800 anos cuidando do corpo e da alma das pessoas. Cuidar de pessoas enfermas era prática divina realizada por pessoas religiosas – e prática religiosa desenvolvida por pessoas divinas.
Nos dois últimos séculos, especialmente, corpo e alma ‘foram separados’. Os avanços da Ciência e da Medicina, a importância da saúde e da força física humana para alimentar um sistema capitalista, a substituição dos cuidadores hospitalares religiosos por profissionais da saúde formados e ainda outros elementos separaram corpo e alma, ficando o corpo com a Medicina e a alma com a Igreja. O ser humano, que, por séculos, era um só corpo e várias partes, tornou-se um corpo só, desprovido de relacionamento, e só um corpo, puramente biológico. Este novo cenário hospitalar fracionou o ser humano e o seu cuidado, dando início a um processo de desumanização. No final do século XX, algumas vozes foram levantadas em favor de uma reaproximação entre as dimensões. Estava certo que, na enfermidade, tanto Medicina quanto Igreja têm espaço de atuação. Dame Cicely descreveu o sofrimento de um ser humano gravemente enfermo a partir de um conceito de ‘dor total’. Segundo Dame, a pessoa, quando enferma, não sofre apenas fisicamente, mas também emocional, social e espiritualmente. O dever cristão é reunir todas as habilidades possíveis para cuidar de todas essas dimensões. Ao mesmo tempo, Howard Clinebell, Pastor de Aconselhamento Pastoral, entendia que promover ‘vida em abundância’ a uma pessoa enferma requer o cuidado das dimensões física, psíquica, social, institucional, ecológica e espiritual. A voz que mais clama em favor da presença da Medicina e da Igreja na enfermidade é a dos próprios pacientes e familiares. Harold Koenig, Médico Psiquiatra, grande estudioso da relação entre espiritualidade e saúde, realizou uma pesquisa que apontou que 90% dos pacientes hospitalizados afirmam que as crenças e práticas religiosas são importantes para enfrentar e aceitar as doenças. Em uma pesquisa feita com familiares, 43% entendiam que a religião estava sendo muito importante para lidar com o estresse causado pela doença e 45% disseram se sentir mais próximos de Deus e da Comunidade. Nos últimos 20 anos, foram publicadas centenas de pesquisas apontando
para a relação possível e necessária entre Medicina e Espiritualidade, corpo e alma, hospital e Igreja. O século XXI é marcado por um movimento de humanização hospitalar. Esse movimento significa devolver ao ser humano a condição de ser um só corpo e não mais só um corpo ou um corpo só. Em pouco tempo, já é possível perceber
Reaproximar Medicina e Espiritualidade, corpo e alma, hospital e Igreja, passa pela reaproximação das pessoas. A humanidade precisa de Reforma. A Igreja que queremos ser investe no relacionamento entre pessoas.
estruturas e profissionais da saúde se curvando à espiritualidade, corpo e alma sendo cuidados em um mesmo leito, hospitais abrindo as suas portas para a Igreja. O cenário indica uma grande possibilidade de Medicina e Espiritualidade atuarem juntas, ocuparem um mesmo teto/templo e fazerem do exercício de ambas prática divina e um Culto a Deus. O tempo é de oportunidade! Algumas considerações: - Em toda a sua história, a IECLB sempre esteve presente na enfermidade, especialmente para os da família da fé. É uma Igreja atenta à voz daquelas pes-
soas que clamam pela sua presença. Inspirada na prática e nos ensinamentos de Jesus, ela permite que pessoas e famílias in firmus sintam o amor e o cuidado de Deus por elas. Grupos de visitação, OASE, visitas pastorais, Capelanias da Saúde, Pastorais da Saúde e ainda outras são apenas alguns exemplos: motivo para, alegres, jubilar! A Igreja que queremos ser cuida dos seus membros e não os deixa sozinhos. - Segundo o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI), ‘uma Comunidade missionária que serve é aquela que se aproxima das pessoas, que luta pela sua vida digna, não só na sua Comunidade, mas também no mundo... O seu serviço ultrapassa fronteiras’. Em se tratando de cuidado a in firmus ‘estrangeiros e desconhecidos’, bem como suas famílias, percebe-se certa timidez por parte das Comunidades da IECLB. O tempo é oportuno e ainda são poucas as iniciativas missionárias desinteressadas. Aqui precisamos de Reforma. A Igreja que queremos ser cuida para além dos muros. - Em tempos pós-modernos, também existem epidemias. O Sociólogo Zygmunt Bauman falava sobre uma modernidade líquida, na qual as relações eram frágeis, impermanentes e se desfaziam rapidamente. Vive-se um tempo em que pessoas foram substituídas por coisas e o cuidado para com o outro foi substituído pelo cuidado consigo mesmo. Pessoas estão caídas e machucadas à beira do caminho... A regra é dar a volta. Reaproximar Medicina e Espiritualidade, corpo e alma, hospital e Igreja, passa primeiro pela reaproximação das pessoas. Aqui a humanidade precisa de Reforma. A Igreja que queremos ser investe no relacionamento entre pessoas. - Os hospitais são, hoje, espaços nos quais pessoas e famílias vivem os seus momentos mais importantes: nascer, manter e morrer. A Igreja que quer participar destes momentos terá que ter em seu horizonte de atuação o contexto hospitalar. O acesso às pessoas em seus momentos mais importantes se dará pela recepção de um hospital. Aqui precisamos de Reforma. A Igreja que queremos ser ‘circula’ pelos hospitais.
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FÉ LUTERANA
O cuidado e a visitação a pessoas enfermas Pa. Ma. Ana Paula Genehr | Coordenadora Geral da Associação Beneficente Pella Bethânia, em Taquari/RS A visitação a pessoas enfermas é uma das maneiras da Comunidade Cristã ser solidária, demostrando o seu amor e o seu cuidado para com a pessoa próxima, podendo, assim, servir com alegria. Nesse sentido, a visitação pode ser expressa, conforme o Reformador Martim Lutero diz: por meio do ‘diálogo mútuo e da consolação entre irmãos e irmãs’. O diálogo é um dos requisitos para a visita. No entanto, é preciso estar disponível para as atitudes que envolvem o diálogo. O diálogo não significa somente falar e falar, mas também estar presente, em uma atitude amorosa e silenciosa. Na visita, muitas vezes o silêncio perpassa o encontro. O silêncio é um momento de aquietar-se na presença amorosa de Deus e permitir que o Espírito Santo de Deus se manifeste e conduza a visita de uma maneira, de fato, consoladora, gerando sempre esperança e paz. Em alguns casos, a pessoa enferma não necessita de muitas palavras, mas de uma pessoa que esteja junto com ela, neste momento de dor, sofrimento e incerteza, alguém que escute com o
coração, com um olhar misericordioso, um toque carinhoso. É importante ficarmos atentos e atentas para que a doença ou outros casos parecidos tomem conta da visita. A ênfase sempre será na pessoa, que é criada à imagem e semelhança de Deus, que, em algum período da sua vida, está doente. Neste caso,
A pessoa visitadora é representante da Comunidade que oferece comunhão, apoio, consolo, esperança e oração. a pessoa enferma sentirá que quem a visita está realmente interessada nela, ou seja, na sua vida e na sua história, podendo, assim, expressar os seus sentimentos. Na visita, é importante escutar com total atenção e com o coração, recordar a demanda da pessoa enferma, escutar a si mesma, evitar falar demais,
ter sensibilidade durante o diálogo, evitar julgamentos e preconceitos, estar realmente presente na visita e crer que somos instrumentos de Deus na visita e podemos ter a confiança que Jesus Cristo promete estar conosco, pois, quando as pessoas estão unidas para dialogar e se consolar mutuamente, Jesus Cristo está realmente presente. Em seu Ministério, Jesus Cristo esteve com muitas pessoas, da mesma forma que visitou Marta e Maria, Zaqueu e a sogra de Pedro, que estava doente. Jesus, ao encontrar as pessoas, curava, perdoava os pecados, ouvia, festejava, falava sobre o amor de Deus e estava ao lado das pessoas nos momentos de alegria e de tristeza. Já nas primeiras Comunidades Cristãs, em Tiago 1.27, vemos a importância de visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações. A visitação à pessoa enferma revela o cuidado da Comunidade Cristã, pois a pessoa visitadora é representante da Comunidade que oferece comunhão, apoio, consolo, esperança e oração. Para refletir, leia Mateus 25.36-40
Capelania Hospitalar: cuidado integral com o ser humano Diác. Cátia Patrícia Berner | Coordenadora de Formação e Diaconia no Sínodo Uruguai O que fazer quando nos deparamos com uma pessoa doente, que chora, que fica em silêncio, que está na UTI? Essas são perguntas frequentes de pessoas visitadoras e familiares que acompanham os seus entes queridos na ida e vinda dos hospitais. É importante dizer que não existem respostas prontas, cada caso é um caso e cada pessoa reage de maneira diferente diante das circunstâncias da vida. Para ajudar a pessoa doente e os seus familiares a enfrentar o contexto da enfermidade, existe o trabalho da Capelania Hospitalar, da Pastoral do Cuidado e tantos outros trabalhos junto às instituições hospitalares e às casas e abrigos. Este trabalho sugere-se que esteja integrado e vinculado ao trabalho de humanização que já existe na instituição, deve agregar aos resultados com toda equipe multidisciplinar do hospital e não pode ser algo que acontece desvinculado e competitivo aos demais trabalhos. No entendimento geral, hospital é lugar/abrigo para cuidar da saúde, onde as pessoas buscam refúgio e proteção no momento de doença e fragilidade. A proposta da Capelania Hospitalar é exercer este cuidado integral com o ser humano diante do sofrimento, além de ser apoio e
ajuda para a família que exerce também o papel de cuidado. Frágil e impotente diante da doença ou da morte, o ser humano geralmente busca, por meio da fé, refúgio e conforto para o seu momento de enfermidade. O trabalho de Capelania Hospitalar nas instituições de saúde traz o aspecto da humanização. Quando a pessoa se encontra enferma, ela busca meios possíveis
O trabalho de visitação envolve toda a essência do ser humano, que é a vida, por isso necessita ser realizado com amor, respeito e cuidado. de cura e bem-estar, saindo do ambiente frio e sombrio que muitas vezes a doença proporciona. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde não é apenas a ausência de doença, mas o bem-estar humano no aspecto físico, psíquico e social. Todos estes ângulos precisam ser analisados e considerados ao se fazer a visitação
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hospitalar, por isso a importância do planejamento e da organização do trabalho e da capacitação de visitadores e visitadoras. A Bíblia valoriza as pessoas doentes de forma especial, destacando a maneira de cuidado e visitação. O trabalho de visitação para pessoas enfermas tem destaque fundamental na prática de Jesus (Mt 25.36ss). Na atuação de Jesus, há referência para a visitação. Com o seu profundo amor e a sua misericórdia, Jesus vai ao encontro das pessoas desvalidas, oferecendo escuta, acolhimento e compreensão. Cristo ensinou que só é possível o amor a Deus se este amor se estende ao próximo (1Jo 4.20). O nosso servir e todas as nossas ações são frutos do amor de Deus em nós. Como repassar este amor às pessoas? O trabalho de visitação envolve toda a essência do ser humano, que é a vida, por isso necessita ser realizado com amor, respeito e cuidado, como entendemos o ensinamento de Jesus: Como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13.15). Motivados e motivadas pela prática e pelas as palavras do Mestre Jesus, somos chamados e chamadas a exercer o cuidado, estendendo o amor e a misericórdia que recebemos de Deus. Para refletir, leia Romanos 12. 3-8
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PERSPECTIVA
Reconhecimento e agradecimento: palavras que deveriam ser ditas e praticadas Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Conselho da Igreja Na edição anterior do Jorev Luterano, junho, escrevi sobre a dificuldade que temos em elogiar e a facilidade que temos em apontar os erros cometidos pelas pessoas. Naquele momento, tentei mostrar que essas atitudes estão presentes nos mais variados espaços de convivência humana, como em casa, no trabalho e na Igreja. Há um ditado popular que diz Um grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos. Nesse sentido, gostaria de falar um pouco sobre testemunhos que temos tido nestes espaços de convivência, especialmente na Igreja. Nesses casos, entendo que o testemunho de um Ministro, de uma Ministra se dá para além do momento do Culto, incluindo as relações de trabalho não ministerial. Quando se ouve pessoas relatando e questionando atitudes de algumas dessas pessoas mensageiras da Palavra de Deus, fico pensando ‘Por que tanta cobrança, tanto perfeccionismo, até desrespeito nas avaliações de trabalhos e comportamentos, quando o que se espera dessas pessoas ‘especiais’, Ministros e Ministras, pessoas vocacionadas pelo próprio Deus, é um comportamento diferenciado em relação ao que encontramos na sociedade em geral?’. Tento entender... Se a sociedade aponta o erro em vez de acolher e tentar, em conjunto, encontrar o caminho, pois ‘não ouviu a Palavra
de Deus’, estas pessoas ‘já ouviram’, ‘já propagaram e propagam’ a Palavra de Deus... Por que, então, muitas delas agem como se não tivessem escutado ou se o seu coração não tivesse sido tocado pela Boa Nova? Onde está a fraternidade? Onde está o olhar de irmão, de irmã em Cristo? Esperamos, nós, pessoas não ordenadas, leigas, pelo menos, um esforço no sentido de ter e demonstrar, por parte de Ministros e Ministras, mais compaixão, mais cuidado, mais solidariedade, mais compreensão com os erros e as fraquezas (afinal, até as pessoas vocacionadas erram!). Penso que a atitude cristã seria apoiar, na proposta do ‘reforço positivo’ e não pela técnica do resultado, mas, sim e principalmente, pela ação do amor!!! Daquele amor que é tão propagado, daquele amor que perdoa, daquele amor que reconhece que o ser humano é falho, que reconhece, na outra pessoa um ser igual a si próprio. Enfim, daquele amor que reconhece em cada pessoa um filho amado e uma filha amada de Deus. A proposta é: Vamos abraçar mais, mas abraçar ‘de verdade’? Assim, quem sabe, no futuro, não precisaremos mais usar a expressão ‘abraços fraternais’! Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas (Rm 10.15), mas que também praticam essas coisas boas...
Há algo muito vivo, atuante, efetivo e poderoso na fé, a ponto de não ser possível que ela cesse de praticar o bem. Martim Lutero
Sonhos compartilhados e meios de realização subtraídos Tão perto e, ainda assim, tão longe! P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS Tão perto e, ainda assim, tão longe! Esta é uma frase popular que pode explicar o comportamento dos seres humanos diante daquilo que é ofertado, mas subtraído. Pode nos ajudar a entender também os nossos desejos aguçados na sociedade capitalista de consumo e as suas possíveis frustrações. O ditado está associado a Tântalo, da Mitologia Grega. Tântalo serviu o seu filho Pélope como alimento no jantar dos deuses do Olimpo. Como castigo, Tântalo foi jogado em um lago com água até o peito. Quando se inclinava para matar a sede, as águas baixavam. Assim, vivia sedento dentro da água. Sob a sua cabeça, estavam belas frutas para saciar a fome, mas, quando se levantava para colhê-las, o vento levantava as árvores... eternamente. É compreensível, mas inaceitável, que não seja levantada como uma das causas da violência simbólica ou física a mercantilização dos desejos, especialmente dos jovens e das jovens da periferia. Já se tornou proverbial e banal a morte de alguém por causa de um tênis de marca. Em um trabalho em grupo com adolescentes pobres, a Orientadora perguntou o que queriam ser. Dois adolescentes responderam ‘ladrões’. Para eles, era o caminho para conseguir o que a sociedade ofertava, mas subtraia. Isto é, aguçava o desejo, mas não permitia a sua realização. Tão perto... tão longe. Em uma pesquisa científica sobre gravidez na adolescência, realizada entre meninas pobres, a pergunta do Médico pesquisa-
dor era: ‘Por que engravidaste tão cedo?’. Sem titubear, uma das meninas respondeu: ‘Quero deixar a minha marca no mundo. As meninas com mais recursos têm roupas de marca’. Em outras palavras, a menina precisa encontrar um sentido na vida – sem as marcas usadas por suas colegas e que lhe são subtraídas. Em contatos com as escolas da periferia de São Leopoldo/RS, percebe-se que se está perdendo uma parte dos jovens para as drogas e para o crime. Sabemos que, nestes contextos, a escola precisa resgatar vidas e ensinar e o faz com muito esforço, sendo um lugar de resgate de vidas, mas há uma parcela que nem a escola nem outras instituições alcançam. Isto pode ser fatal. Diante desta realidade, lembro um Teólogo que costumava analisar a realidade consumista, na qual se compra o que não é necessário: a nossa sociedade compartilha os sonhos, mas subtrai para a maioria os meios de realizá-los. A maioria lida razoavelmente bem com as sedes e as fomes de Tântalo produzidas por nossa sociedade, mas se há de perguntar: A educação escolarizada e as famílias não estão perdendo jovens e adolescentes para o tráfico e outras ofertas que os ‘tantaliza’? Tão longe... tão perto. Deus em Jesus tornou-se uma fonte sempre próxima, mesmo quando dele estamos longe. Como disse o profeta: Por acaso sou Deus apenas de perto e não Deus de longe? (Jr 23.23). Tântalo não conheceu este Deus que se dá de comer e beber na Ceia. Para mais informações, acesse o Portal Luteranos
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MISSÃO
Fórum Nacional de Missão Mensagem às Comunidades | Fórum Nacional de Missão da IECLB No ano do Jubileu da Reforma, tempo em que o Brasil vive uma profunda crise política, econômica, ética e social, reuniram-se, por mandato do XXX Concílio da Igreja e com o objetivo de refletir sobre a prática da Ação Missionária com vistas a estratégias de Missão para o futuro, de 1º a 4 de junho de 2017, nas dependências da Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, 101 pessoas no Fórum Nacional de Missão da IECLB, sob o tema Por uma Igreja de Comunidades mais atrativas, inclusivas e missionárias. Representantes dos 18 Sínodos, de organizações identificadas, da Direção e da Administração da IECLB tiveram como desafio pensar a Missão que Deus confiou à IECLB como mais uma estação do processo de qualificar a Ação Missionária, uma das prioridades eleitas pela Igreja. Participantes
Projetos Missionários Secretaria de Missão O apoio a Projetos tem por base a Missão da IECLB, que é Propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal, na família e na Comunidade e promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo, e está igualmente ancorado na Visão da IECLB, que é Ser reconhecida como igreja de comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à Criação. O Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) é o resultado de um esforço coletivo e participativo na IECLB e por isso um referencial importante também no processo de elaboração, execução, monitoramento e avaliação de Projetos. O objetivo geral do PAMI, de ampliar e consolidar a Ação Missionária da IECLB, articula-se em quatro objetivos específicos: Evangelização, Comunhão, Diaconia e Liturgia. Estes se relacionam com os eixos transversais da Educação Cristã Contínua, da Sustentabilidade e da Comunicação.
receberam impulsos a partir de palestras e relatos de experiências missionárias. A partir de um intenso trabalho em grupos, participantes do Fórum indicaram caminhos para ações missionárias nas quatro dimensões e nos três eixos transversais do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI): Evangelização, Comunhão, Liturgia, Diaconia, Formação (Educação Cristã e Formação Ministerial), Sustentabilidade e Comunicação. Nas suas reflexões, os grupos também levaram em conta temas transversais importantes na caminhada recente da IECLB, como inclusão e acessibilidade, justiça de gênero, protagonismo juvenil e justiça climática. Os resultados serão levados para as instâncias competentes (Presidência, Conselho da Igreja, Pastoras e Pastores Sinodais), que se ocuparão em verificar as
viabilidades das novas ênfases propostas e encaminhá-las, por meio de estudos, para o próximo Concílio, em 2018. O Fórum só foi possível pela graça e pela bondade de Deus, que chamou, conduziu e congregou as pessoas participantes. Deus é o nosso criador. Jesus Cristo é o nosso Senhor e Salvador. O Espírito Santo nos congrega e inspira. Somos Igreja sempre em Reforma: que venham os próximos 500 anos!
Planejamento Missionário P. Altemir Labes | Secretário Adjunto para Missão e Diaconia Apaixonar-se pela Missão - Tudo aquilo o que nós gostamos de fazer é feito com entusiasmo, com paixão. Também a nossa atuação como Igreja e na Igreja é movida pela paixão, pelo entusiasmo. A nossa paixão, como IECLB, é a Missão de Deus! Cada um e cada uma de nós, membros da IECLB, Comunidades, Paróquias e Sínodos, estamos diante de um convite e de um desafio muito especial: Vamos nos apaixonar por essa ideia? A Missão é de Deus! É Deus que vem ao mundo para nos salvar. É Ele quem nos procura, se torna gente como nós, vive em nosso meio, sofre na cruz, vence a morte. Deus é o fundamento e o sujeito da
Missão que Ele mesmo realiza. Pelo Batismo e pela fé, Deus nos inclui neste movimento em prol da cura e da salvação do mundo. O desafio da Igreja é inserir-se na Missão Divina e dispor-se a ser instrumento do agir de Deus. A Igreja, como Comunidade de Jesus Cristo, está encarregada de espalhar a notícia do Evangelho pelos quatro cantos do planeta, de testemunhar o que Deus fez, o que a Comunidade experimentou, viu e percebeu (1Jo 1.1-3). O testemunho não é apenas um discurso. Ele requer existência, pessoa, exemplo. A testemunha convence não só pelo que diz, mas também pelo modo de viver e de agir.
Motivação para a solidariedade Mensagem da Presidência | Campanha Nacional de Ofertas para a Missão 2017 Neste ano, comemoramos a Festa de Pentecostes em 4 de VAI E VEM 2017 | ANO 10 junho. Lembrar esta festa no ano de 2017 é motivo de muita alegria e gratidão. Festejar Pentecostes é festejar a Reforma ocorrida no século XVI como festa pentecostal. A ação do EsO meu coração bate pela missão! pírito transformador irrompeu há 500 anos e propiciou a redescoberta do Evangelho da graça e do amor de Deus. Para a IECLB, festejar Pentecostes também significa festejar a décima edição da Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem. Sob a ação do Espírito Santo, corações foram sensibilizados para ações de solidariedade, gestos de partilha em uma grande ação em favor da Missão de Deus. A Vai e Vem trouxe e traz novos impulsos e novas motivações para as Comunidades. A Vai e Vem despertou e desperta solidariedade no interior da Igreja. A Vai e Vem apoiou e apoia irmãos e irmãs carentes da Palavra e da vivência de comunhão. É tempo de agradecer e de renovar compromissos com a Missão de Deus. Participemos renovadamente da Vai e Vem 2017. Olhemos para as belezas e dádivas recebidas ao longo da nossa vida no terreno pessoal, no âmbito comunitário e na vida da Igreja. Trechos da Pregação do Pastor Presidente, P. Dr. Nestor Friedrich, no Culto de Encerramento do Fórum de Missão da IECLB CAMPANHA NACIONAL DE OFERTAS PARA A MISSÃO
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GRATIDÃO
Fé, Gratidão e Compromisso A Comunidade é a mão de Deus no mundo P. Elisandro Rheinheimer | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Mato Grosso e Ministro na Paróquia de Tangará da Serra/MT
O mundo à nossa volta é Boa Criação de Deus, belo e maravilhoso, mas é inegável que essa Boa Criação de Deus também está marcada pelo pecado da humanidade: sofrimento, miséria, doença, dor, morte, exploração, discriminação, corrupção, tragédias, catástrofes. Que Deus é esse que permite tais males a inocentes? Que Deus é esse que não defende os bons nem mesmo castiga os maus? Qual é a resposta de Deus? Ele nos abandonou? Deus não nos abandonou! Ele já respondeu. O problema é que nós sempre esperamos uma demonstração de grande poder, um passe de mágica. Entretanto, a resposta é simples: Deus enviou Jesus para a salvação do mundo (Jo 3.17) e Jesus enviou os seus seguidores ao mundo (Jo 17.18), pedindo ao Pai que os guardasse unidos (Jo 17.11). A resposta de Deus a um mundo em sofrimento é, portanto, a Comunidade das pessoas que seguem a Jesus Cristo, ou seja, a Comunidade Cristã é a mão de Deus no mundo. Ela é essa mão quando
assume viver a sua herança apostólica para além de si mesma, na força e na criatividade do Espírito Santo. São quatro as características, conforme Atos 2.42. A Comunidade é a mão de Deus no mundo quando ela persevera na doutrina dos apóstolos. A pregação da Comunidade deve ser coerente com o discurso das primeiras testemunhas. Isso acontece quando a Comunidade está empenhada em conhecer e pregar a Palavra de tal maneira que questione e oriente a vida, denuncie as trevas e anuncie a luz, desconstrua os esquemas da morte e construa novamente sobre a graça e a salvação que vêm de Jesus. É por meio dessa Palavra pregada que o Espírito Santo atua em um mundo que se decompõe – a Comunidade é sal da terra. É também por meio dessa Palavra que o Espirito Santo ilumina um mundo em trevas – a Comunidade é luz do mundo (Mt 5.13-16). A Comunidade é a mão de Deus no mundo quando ela persevera vivendo em amor cristão. A fé vem pelo ouvir da Pa-
lavra e, quando a fé é verdadeira, o amor a segue espontaneamente. O amor que segue a fé vai além de um sentimento: é diaconia que vive, sofre e atua, empenhando tempo, talentos e tesouros pela outra pessoa. Assim, o abraço que dou, o prato de comida que alcanço, o emprego que ajudo a arranjar, a admoestação e o consolo que levo, a oração com a qual carrego a pessoa, tudo passa a ser mão de Deus atuando. Por quê? Porque já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim (Gl16.20). A Comunidade é a mão de Deus no mundo quando ela persevera no partir do pão. O partir do pão é uma referência à Ceia do Senhor, alimento espiritual para todas aquelas pessoas que não têm mais forças, para aquelas que aceitam entregar a Cristo as suas frustrações, os seus pecados, as suas angústias, as suas tribulações e receber dele o perdão que traz consigo aceitação, amor, paz, harmonia, alegria, união, comunhão. Da comunhão com Cristo, resulta uma nova possibilidade de comunhão de umas pessoas com as outras e com toda a Criação. A Comunidade é a mão de Deus no mundo quando persevera nas orações. A oração é o meio encontrado pela Comunidade para agradecer, louvar e adorar a Deus, mas também é um meio de carregar a cruz, suportar as dores e atravessar os dias de sofrimento com dignidade. Enfim, a Comunidade Cristã é sinal histórico do Reino. Isto é: Deus se faz presente no mundo por meio da Comunidade das pessoas que chamou e que assumiram não viver mais para si mesmas, mas para Deus (2Co 5.15) e viver para Deus, é viver para a outra pessoa (1Jo 4.20). Essa é a vocação da Comunidade. Do contrário, ela perde a sua razão de existir e morre.
Publicações | IECLB A base de fé da IECLB é a Bíblia. A Bíblia também é o alicerce para a vida de cada membro da Igreja. Nela encontramos diretrizes para as nossas palavras e as nossas ações. Por esse motivo, buscamos e aprofundamos o conhecimento bíblico. A base doutrinária da IECLB é estabelecida pelos credos da Igreja Antiga, pela Confissão de Augsburgo e pelo Catecismo Menor de Lutero. A base de fé e a base doutrinária da Igreja Luterana podem ser resumidas em quatro princípios: Somente Cristo, Somente a Fé, Somente a Graça e Somente a Escritura. Esses princípios são considerados os pilares da Reforma Protestante. Trecho do livro Quem é a IECLB?
Onde existe fé, por meio da qual somos pessoas justificadas, ali também deve haver boa consciência. Martim Lutero
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GESTÃO
Corpo IECLB | Gestão Administrativa Secretaria Geral da IECLB A Secretaria da Habilitação ao Ministério tem como objetivo habilitar Candidatos e Candidatas para o ingresso no Ministério com Ordenação na IECLB. Integrada à Secretaria Geral, a tarefa específica que lhe cabe é realizada em parceria com Sínodos, Paróquias e Comunidades da IECLB. As ações foram organizadas considerando os objetivos específicos da Secretaria para este período, em alinhamento ao Planejamento Participativo Continuado 2015-2018 da Presidência e da Secretaria Geral. Na sua atuação, a Secretaria da Habilitação ao Ministério busca alinhar ações, pessoas e instâncias para fortalecer e qualificar o processo da Habilitação ao Ministério. A Secretaria da Habilitação ao Ministério também tem como objetivo capacitar pessoas e instâncias envolvidas no processo da habilitação para verificar e desenvolver as competências estabelecidas pela Igreja para o ingresso e o exercício do Ministério com Ordenação no âmbito da IECLB. Considerando que o Período da Habilitação ao Ministério é tempo de formação, também o gerenciamento dos processos passa a ter um caráter pedagógico. A partir das informações e das orientações recebidas, espera-se uma atitude corresponsável dos Candidatos e das Candidatas no cumprimento das exigências do processo. O Período Prático é momento para aprender com os processos, com a estrutura, com o funcionamento da Igreja e, como futuro Ministro e futura Ministra, localizar-se nela e compreender qual é o seu papel do ponto de vista institucional. Com o trabalho que resultou na implantação da avaliação de desempenho com foco em competências, está sendo possível qualificar o gerenciamento do processo da habilitação, tendo em vista o ingresso no Ministério com Ordenação. Na avalição das instâncias envolvidas, a nova metodologia de avaliação de desempenho com foco em competências agregou valor ao processo e representa um salto de qualidade para a Igreja. Trecho do Relatório da Secretaria Geral ao XXX Concílio da Igreja/2016 Para mais informações, acesse o Portal Luteranos
Guia para o Presbitério O modelo estrutural na IECLB estabelece que o Concílio tem a tarefa de definir normas e diretrizes para que a Igreja cumpra a sua missão, recebida por Deus. Os Sínodos planejam e dinamizam o trabalho eclesiástico na sua área, de acordo com as diretrizes do Concílio, do Conselho da Igreja e da Presidência. Por sua vez, a Paróquia coordena e conjuga as atividades das Comunidades da Paróquia de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Sínodo. A partir disso, verifica-se que, para que a estrutura da Igreja funcione bem, há necessidade de uma boa integração entre os seus quatro níveis: Comunidade, Paróquia, Sínodo e estrutura central da IECLB. A partir da estrutura da Igreja, são estabelecidos planos, objetivos e procedimentos. Cabe a todas as instâncias segui-los, mas é na Comunidade que esses planos se concretizam. Como isso acontece na Comunidade? Sob a condução do seu Presbitério, que deve ter clareza sobre qual é a sua atividade meio (administração/burocracia) e qual é a sua atividade fim (pregar a Palavra, fazer discípulos e discípulas e testemunhar o Evangelho).
Documentos Normativos Regulamentos são a expressão normativa dos compromissos firmados entre as representações nas diversas instâncias. A Constituição, o Regimento Interno, o documento Justiça e Ordem, o Estatuto do Ministério com Ordenação da IECLB e o Guia Nossa Fé-Nossa Vida são normas nacionais, eclesiasticamente válidas para todos e todas. Acima desses documentos está o Mandato de Deus, tendo como base a Bíblia e os Escritos Confessionais. Todos os demais documentos são elaborados a partir dos princípios constantes nesses documentos e a eles estão sujeitos eclesiasticamente. O Estatuto padrão de Comunidade, por exemplo, estabelece, entre outros, que, em obediência aos Mandamentos de Deus e na confiança da sua promessa, os membros são chamados a: I participar do Culto na Comunidade e atender ao convite para a Ceia do Senhor; II cuidar para que os seus filhos e as suas filhas sejam batizados e batizadas, educados e educadas na fé cristã, além de confirmados e confirmadas; III participar e comprometer-se com a educação cristã contínua na Igreja; IV zelar para que os cônjuges recebam a Bênção Matrimonial; V zelar para que os mortos sejam sepultados, segundo os preceitos eclesiásticos; VI contribuir financeiramente para assegurar a missão da Comunidade e das demais instâncias da Igreja; VII conduzir a sua vida de acordo com a responsabilidade que têm os membros da Igreja de Cristo, perante Deus, o seu próximo e a sociedade; VIII integrar-se no cumprimento zeloso das tarefas da Comunidade, cooperando com os seus dons em testemunho, serviço e comunhão.
Jorev Luterano - Julho 2017
SÍNODOS
Deus nos sustentou até aqui Alegrias, falhas e expectativas no Sínodo Mato Grosso P. Nilo Orlando Christmann | Pastor Sinodal do Sínodo Mato Grosso
O Prof. P. Dr. Martin Dreher, ao relatar a sua experiência pastoral em uma pequena Comunidade de São Leopoldo/RS, constata que um dos aspectos importantes para a Comunidade Cristã consiste em saber conviver com as suas próprias contradições. A afirmação parece contrastar com a própria pregação do Evangelho, que clama por coerência. A afirmação do P. Dreher, contudo, é profundamente evangélica (e luterana), se consideramos o princípio que somos simultaneamente pessoas justas e pecadoras. No ano do Jubileu, a IECLB escolheu Alegres, jubilai! Igreja sempre em Reforma: agora são outros 500 como Tema. Alegres, jubilai!, no cartaz, escrito em letras grandes e vermelhas parece um esforço para que, ao menos neste ano, a nossa alegria, a nossa gratidão e o nosso júbilo se sobreponham ao espírito mais crítico e contrito que normalmente nos caracteriza. Eis um grande desafio para todos e todas nós: termos olhos e coração para as coisas bonitas que acontecem entre nós, como expressão de alegria e gratidão.
Motivos para jubilar Deus nos sustentou até aqui - A IECLB tem uma história relativamente recente no Sínodo Mato Grosso (que abrange os Estados de Mato Grosso, parte de Goiás, Pará e Mato Grosso do Sul). A maioria das suas Comunidades tem 40 anos ou menos. Muitas pessoas que estiveram no início das Comunidades ainda estão conosco. A lembrança de como as coisas já foram faz brotar a gratidão pelo seu pertencimento à IECLB, pois, mesmo em contexto de migração, as pessoas mantiveram a sua confessionalidade, identidade e unidade. Alegra ter acesso à Palavra e nela sublinhar que a salvação é por graça e fé, com auxílio de Ministros e Ministras com bom preparo e boa formação teológica. O longe nem é tão longe assim - Uma das marcas dos nossos encontros é a alegria, tanto que as grandes distâncias, uma realidade no Sínodo, são vistas apenas como desafio à superação. Os Campos de Atividade Ministerial (CAM) foram surgindo e se consolidando, somando, hoje, 26, com En-
Para Lutero, a Igreja precisa estar em constante Reforma, perguntando-se pela razão da sua existência e pela fidelidade ao Evangelho. Olhar para história, reconhecer nela a presença de Deus e encontrar motivos de júbilo para o presente é exercício contínuo. As Comunidades perderiam se abrissem mão da alegria, da determinação, da identidade confessional, da generosidade, da participação das lideranças, da boa preparação e do ânimo dos seus Ministros e das suas Ministras. Para tanto, o programa de Educação Cristã Contínua deve ser aprofundado, oferecendo atividades para crianças, adolescentes, jovens, casais, famílias, singulares, pessoas adultas, idosas... Precisamos ser insistentes, persistentes e consistentes em investimento missionário-diaconal. Afirmar que agora são outros 500 requer reflexão contínua, preparo, ousadia e planejamento para crescermos em intencionalidade missionária. O contexto religioso atual fragiliza a fé cristã sob muitos aspectos, como a fragmentação e a ‘submissão’ de Deus aos desejos e às vontades das pessoas. O contexto nos desafia a substituir o ‘vinde’ pelo ‘ide’. Só assim seremos uma Igreja menos étnica e mais brasileira.
contros Interparoquiais, Setorais e Sinodais, a exemplo do que ocorre com a OASE e a JE. Comunhão e solidariedade - O ser humano carrega consigo a necessidade de conviver com outras pessoas. É semente plantada por Deus no coração das pessoas. A Comunidade é a expressão maior dessa comunhão entre as pessoas, na presença de Deus. Nesse sentido, a vida comunitária é muito valorizada. A Comunidade é lugar de aconchego, convívio e cuidado que se estende para outras Comunidades – também ultrapassa os muros das Comunidades, ainda que timidamente. Generosidade - O Sínodo e as suas Comunidades apenas existem porque, na origem, foram carregadas com recursos de outras Comunidades da IECLB e de Igrejas irmãs do exterior, pelos quais agradecemos! No decorrer dos anos, as pessoas e as Comunidades melhoraram as suas condições. Dos 26 CAMs, apenas cinco dependem de auxílio substancial, ou seja, no geral, o povo da IECLB no Sínodo Mato Grosso é generoso. A contribuição média por família é expressiva. A ideia de pagamento vai sendo substituída pela espontaneidade e pela gratidão, fruto do estudo da Palavra e da ação do Espírito Santo. O zelo, a seriedade e a transparência na administração dos recursos geram confiança! Lideranças qualificadas e comprometidas - Falar em dons é bíblico, um dos temas preferidos do Apóstolo Paulo. Para Lutero, o Sacerdócio é geral é de todas as pessoas que creem. Os dons estão nas Comunidades. Às vezes, apenas latentes. Quando afloram, com oportunidade e preparação, se transformam em grande bênção. Motivos para arrependimento Comunidades pouco missionárias - O nosso DNA ainda é bastante reservado quando se trata de convidar outras pessoas para congregar conosco. Ainda somos mais dados a zelar e cuidar da ‘nossa gente’. Com isso, falhamos no convite, na acolhida, na inclusão e no acompanhamento de pessoas que estão em nossa proximidade e sedentas do Evangelho. A ideia de ‘quem quiser vir, que venha’ ainda predomina sobre a disposição para ‘ir ao encontro das pessoas’. Comunidades pouco diaconais - Há muitos e belos gestos, pessoais e comunitários, no passado e também hoje. Contudo, carregamos o trabalho e o empreendedorismo como se fossem verdadeiros mandamentos. O que, por um lado, parecem valores positivos, por outro, nos tornam pouco sensíveis com culturas que sublinham outros valores. O amor ao próximo expresso em serviço concreto ao outro, não importando quem ele é, requer sensibilidade.
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Jorev Luterano - Julho 2017
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LITURGIA
Culto Cristão
Deus vem ao nosso encontro Cat. Dra. Erli Mansk | Coordenadora de Liturgia da IECLB Em qualquer sistema religioso, a comunicação entre as pessoas e Deus é um elemento importante. No âmbito da Comunidade Cristã, o principal lugar dessa comunicação é o Culto. Na linguagem religiosa, ‘culto é uma palavra de uso genérico. Ela tem a sua origem na palavra latina colere, que significa ‘cultivar’, um sentido extraído do contexto da Agricultura. Podemos estabelecer uma relação interessante entre a palavra ‘Culto’ e o seu significado etimológico ‘cultivar’. O Agricultor depende da terra e necessita ‘cultivar’ o campo. É por meio do ‘cultivo’ da terra que ele garante o alimento. A terra possui todo o potencial para gerar a vida e oferecer vida aos que nela trabalham. ‘Cultivar’, pois, é estabelecer uma relação entre Agricultor e terra. Algo semelhante acontece no Culto, pois Deus e as
receba algo, é necessário que não seja o ser humano quem deite a primeira pedra. Antes, Deus, sem qualquer solicitação e desejo do ser humano, tem que antecipar-se e fazer-lhe uma promessa. Esta Palavra de Deus é o fundamento, a rocha, sobre a qual são edificadas, posteriormente, todas as obras, palavras e pensamentos do ser humano’. Liturgicamente, a presença de Deus na reunião comunitária é confirmada sempre no início de cada Culto por meio do Voto Inicial ou Invocação (Em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo), ou da Saudação Apostólica (A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espirito sejam com vocês). No Culto, Deus vem ao nosso encontro, porque, como suas criaturas, Deus sabe da necessidade que temos de ouvir a sua voz, receber o seu perdão e o seu consolo, reafirmar a nossa esperanO Culto é o lugar do encontro com Deus, ça de vida e nutrir um espaço no qual identificamos respostas a nossa fé. para as nossas angústias e tensões cotidianas, Lutero defende que, no Culto, em que nos alimentamos, nos abastecemos acontece o puro e recarregamos as nossas energias. benefício de Deus em nosso favor. pessoas se encontram e estabelecem uma Na missa, diz o Reformador, ‘nós nada damos relação. Como seres humanos, necessitaa Cristo, apenas recebemos dele’. Este dar mos dessa relação com Deus para viver. exclusivo de Deus a nós acontece, sobretuNo dia a dia, nos deparamos com situado, nos Sacramentos, (Ceia e Batismo), mas ções que mostram a fragilidade e a finitude também a Pregação é uma dádiva divina. humana. Diante disso, o ser humano se vê O que nós realizamos no Culto é ‘um exerem busca de uma força superior. Não temos cício da fé’. Significa que nós nos dirigimos o controle do nosso destino. Sobretudo em a Deus em oração (confissão, agradecimensituações de vulnerabilidade, nos vemos to, louvor e intercessão), cantos de louvor e dependentes de Deus, que nos conhece, ofertamos às pessoas necessitadas. No Culsabe das nossas limitações e entende as to, Deus fala a nós por meio da sua santa Panossas necessidades. O Culto é um espaço lavra e dos Sacramentos e nós falamos com no qual a presença de Deus se faz atuante Deus por meio de oração e canto de louvor. na nossa vida. Essa certeza nos foi dada por No Culto, Deus congrega a ComunidaJesus, que prometeu estar com os seus disde, fortalece as pessoas e as envia renocípulos e as suas discípulas todos os dias até vadas para a vida diária. É a partir do Cula consumação dos séculos (Mt 28.20) e se to que a Igreja se dissemina no mundo fazer presente onde estiverem dois ou três e se mistura a ele, como levedura na reunidos em seu nome (Mt 18.20). massa. Qualquer atividade comunitária é Lutero, ao discorrer sobre o Culto, diz: ‘Parealmente justificável se surge a partir do ra que o ser humano lide com Deus e dele Culto e para ele retorna.
Do Culto sai o desafio para a tarefa da educação cristã, da diaconia, da liderança comunitária, da visitação e do engajamento social. É a fé que nos motiva para o serviço. É pelo Culto que pulsa a vida da Igreja. Se o Culto cessa, a Comunidade morre. Do Culto também sai o fortalecimento pessoal e familiar para enfrentarmos dores, angústias e crises existenciais. A Bênção e o Envio no final do Culto salientam este sair motivador e esperançoso para o mundo: Vão e sirvam com alegria! Como qualquer outro evento, o Culto tem início, meio e fim, tem forma e segue uma lógica. A isso damos o nome de Liturgia, ‘um conjunto de atos, palavras e formas, carregados de significado, expressos de certo jeito, em determinada sequência. Todo Culto tem uma liturgia que pode ser desenvolvida de diferentes formas, mas não há Culto sem liturgia. A liturgia é uma ferramenta colocada ao alcance da Comunidade de fé para que o Culto aconteça, estabelecendo a comunhão e o diálogo de Deus com as pessoas, bem como das pessoas com Deus e delas entre si. Como Igreja Luterana, entendemos que liturgia não é algo que se inventa a cada Culto nem segue a vontade de cada pessoa. Liturgia é herança, tem as suas raízes na história da Comunidade Cristã. É nesta história que a nossa liturgia está ancorada. Liturgia também é identidade, está relacionada à confessionalidade. Liturgia ajuda a dar rosto para uma Igreja, ajuda os irmãos e as irmãs que estão no Culto a se sentirem ‘em casa’. Seguir uma determinada liturgia no Culto não significa que cada Culto seja igual ou que a liturgia seja mera repetição. Eis aí um grande desafio: saber usar a liturgia, um legado das origens cristãs, como instrumento de um Culto que seja novo a cada domingo, significativo para cada pessoa que dele participa e contextualizado em cada Comunidade. Liturgia não é apenas tradição e identidade, é também renovação e criatividade. O importante é que, a cada Culto, a liturgia sirva como ferramenta a serviço de Deus e da Comunidade, para que o contato e a proximidade que buscamos com Deus, no Culto, possam, de fato, acontecer.
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