Jornal Evangélico Luterano - Ano 44 - Nº. 779 - Dezembro 2014

Page 1

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - ANO 44 - DEZEMBRO 2014 - Nº 779

Chamad@s

para comunicar

8

Ano Eclesiástico

12

Sacerdócio Geral

14

Gott-Held, Friede-Fürst


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

2

Editorial

Chamad@s para comunicar

M

antendo o propósito de capacitar os nossos membros para que tenham conhecimento e, portanto, condições de participar ativamente da vida e das decisões no âmbito da nossa Igreja, as edições de novembro e, agora, também de dezembro, nas Editorias Sustentabilidade, Comunicação, Formação, Tema do Ano e Vai e Vem, apresentam trechos do Guia para o Presbitério, uma publicação da IECLB - Série Educação Cristã Contínua que visa a oferecer base bíblica para homens e mulheres que se dispõem a integrar o Presbitério na sua Comunidade, atendendo o chamado de servir e participar da missão de Deus. Na Editoria Atualidade, conheça o Tema de 2015 da IECLB, Igreja da Palavra - chamad@s para comunicar, e o Lema que o acompanha, Então, Jesus perguntou: sobre o que vocês estão conversando pelo caminho?, com lançamento previsto para o primeiro Domingo de Advento, 30 de novembro de 2014. Na Editoria Presidência, O Verbo se fez carne e habitou entre nós - Feliz Natal

de Cristo! é o título da Mensagem, de autoria da Pa. Silvia Genz, Pastora 1ª Vice-Presidente da IECLB. Rumo às comemorações dos 500 anos da Reforma Luterana, que serão completados em 2017, o Jorev continua a série especial Lutero - Reforma: 500 anos, iniciada em 2012. Em 2014,

Nesta edição, o Jorev destaca o Guia para

os textos são escritos com enfoque na Liturgia e na Música, sob responsabilidade da Cat. Dra. Erli Mansk, Coordenadora de Liturgia da IECLB, e da Mus. Dra. Soraya Eberle, Coordenadora de Música da Igreja. Nesta edição, apresentamos o tema Ano Eclesiástico. Na Editoria Fé Luterana, de maneira a estimular a reflexão sobre a confessionalidade luterana e os ensinamentos da Bíblia, dois Ministros Pastores discorrem sobre Eventos salvíficos. Na Editoria Geral, leia sobre a caminhada permanente da Educação Cristã Contínua na IECLB. A proporcionalidade na contribuição ganhou destaque na Editoria Comportamento. Gott-Held, Friede-Fürst é o título da meditação da Editoria Deutsche Seite. Na Editoria Compartilhar, a Comunidade luterana partilha momentos significativos da vida cristã. Faz parte desta edição o encarte especial sobre o XXIX Concílio da Igreja, que, realizado a cada dois anos, este ano ocorreu no município de Rio Claro/SP, no Sínodo Sudeste, de 15 a 19 de outubro. Boa leitura e Feliz Natal!!!

o Presbitério e o encarte sobre o XXIX Concílio

Atendimento ao leitor Mariana Mattos Paim Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419

jorev@ieclb.org.br

Este espaço é seu! A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as matérias e as meditações é muito importante para que possamos oferecer um Jorev sempre melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando o seu contato!

Capa Parte do cartaz do Tema (Igreja da Palavra - chamad@s para comunicar) e do Lema (Então, Jesus perguntou: sobre o que vocês estão conversando pelo caminho? - Lucas 24.17) do Ano 2015 da IECLB. Leia matéria especial sobre o Tema e o Lema do Ano e conheça o cartaz completo na Editoria Atualidade, página 4.

Assinatura É com imenso prazer que continuo com a assinatura do Jorev Luterano! Desejo um bom trabalho a toda a equipe. Abraço fraterno, Márcia Wissmann Hanauer São Sebastião do Caí/RS

Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet Reg. Prof. 10925

Revisão Margret Reus

Espelho da nossa Igreja A chegada do Jorev é sempre muito aguardada! Quando chega, a leitura é imediata! Em nossa opinião, todos os assuntos são muito pertinentes, porque são um espelho da nossa Igreja. Informações sobre Comunidades, Paróquias e Sínodos são importantes, porque fazem um elo entre as mesmas instâncias por todo o País. Mensagens e meditações de Ministros nos invadem com sentimentos de fé e esperança em um mundo justo e irmanado. Esperamos poder continuar sempre recebendo o nosso jornal, o jornal da nossa Igreja, ‘recheado’ de boas notícias sobre os fatos que ocorrem dentro da IECLB. Saudações, Plinio da Silva Nova Petrópolis/RS

Administrativo Mariana Paim ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios

Rua Senhor dos Passos, 202/5º - 90.020-180 - Porto Alegre/RS

Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419 E-mail: jorev@ieclb.org.br

Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

w w w . l u t e r a n o s . c o m . b r Assinatura anual - 11 edições - R$ 30,00

• Doc bancário • Cheque cruzado e nominal à IECLB - Jorev Luterano Enviar o cheque via carta registrada para o nosso endereço • Depósito Identificado em nome da IECLB - Jornal Evangélico

Banco Bradesco - Ag. 0491-0 C/C 576.176-0 Banco do Brasil - Ag. 010-8 C/C 153.000-3 Banco Sicredi - Ag. 0116 C/C 8376-3 Escolha o banco da sua preferência e, após efetuar o depósito, envie o comprovante via fax.

Solicite a sua assinatura via Portal Luteranos


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Curtas

Igreja da Palavra CMI seleciona

lideranças para as Comissões Na reunião do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em julho passado, foi anunciada a comissão de liderança dos órgãos consultivos deste Conselho. Esses órgãos devem orientar o trabalho do CMI após a realização da 10ª Assembleia, realizada em Busan, na Coreia do Sul, em 2013, seguindo o chamado desta para uma ‘peregrinação de justiça e de paz’. O P. Dr. Rudolf von Sinner, Professor na Faculdades EST, vai liderar a Comissão em Formação Ecumênica como Moderador até a próxima Assembleia, prevista para 2020. Essa Comissão acompanha principalmente dois tipos de trabalho: o do Instituto Ecumênico em Bossey, na Suíça, onde acontecem cursos prolongados em nível de pós-graduação (Especialização, Mestrado e Doutorado, em colaboração com a Universidade de Genebra), além de cursos eventuais sobre temas específicos, e o Programa de Educação Teológica Ecu- P. Rudolf von Sinner e P. Valério Schaper mênica (ETE), que promointegram Comissões do CMI ve formação continuada de lideranças eclesiásticas em todas as regiões do mundo, criando redes de instituições teológicas ecumênicas e fomentando a qualificação de tais instituições. A Faculdades EST, criada em 1946 pela IECLB, é uma referência na América Latina para uma educação teológica ecumênica de alto nível. O P. Dr. Valério Schaper, também Professor na Faculdades EST, integra o CMI como membro da Comissão de Fé e Ordem. A Comissão de Fé e Ordem tem a sua origem nos movimentos que contribuíram para o nascimento do próprio CMI. Esta comissão prepara documentos e estudos de temas que interessam ao CMI e, ao mesmo tempo, tenta manter uma atividade autônoma, trazendo ao Conselho assuntos que ainda guardam certa carga de controvérsia e demandam aprofundamento do mandato ecumênico das Igrejas. A primeira reunião da Comissão de Formação Ecumênica está sendo planejada para março de 2015, no Instituto de Bossey. O Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, Rev. Dr. Olav Fykse Tveit, destacou a importância deste e outros órgãos para o trabalho do CMI e das 345 Igrejas-membro em todo o mundo. “Esses órgãos consultivos representam a visão ampla, a sabedoria profissional e o compromisso histórico das Igrejas e os movimentos das Igrejas”, disse. “As lideranças destas Comissões têm um papel crucial na comunhão das Igrejas. Que Deus os abençoe com criatividade e clareza”, acrescentou Tveit.

A IECLB é uma Igreja que caminha junto com o seu povo, procura ouvir atentamente e compreender o que ele tem a dizer. Ao mesmo tempo em que é uma Igreja que ouve, ela é uma Igreja que tem o que dizer. A IECLB é portadora da mensagem da salvação e da justificação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo. Ouvir para depois falar. Esta é a dinâmica! Em razão disso tudo, posto que a comunicação é componente central para a vida comunitária e na sociedade, a IECLB definiu para 2015 o Tema Igreja da Palavra - chamad@s para comunicar, iluminando-o com o Lema, baseado em Lucas 24.17: Então, Jesus perguntou: sobre o que vocês estão conversando pelo caminho? Para a divulgação do Tema do Ano, são produzidos materiais diversos, como cartaz, adesivo e pasta, além de recursos eletrônicos, como apresentação em Power Point. Entre os materiais que auxiliam o estudo do Tema, estão o texto motivacional da Presidência, o folheto evangelístico e, principalmente, o Guia de Estudos, que propõe reflexões e dinâmicas com o objetivo de fomentar o diálogo sobre ouvir e falar nos diferentes grupos existentes nas Comunidades e instituições da IECLB. A equipe elaboradora trabalhou a partir da ideia de que a Comunidade é ou pode ser acolhedora, uma instância onde as pessoas podem falar e ser ouvidas, nas suas alegrias, esperanças, tristezas e angústias. As dinâmicas apresentadas procuram proporcionar exercícios de escuta atenta e de fala responsável. Nem só falar, nem só ouvir. Ouvir e falar na medida certa, com equilíbrio e respeito. O Tema do Ano continua sendo uma das ações de maior abrangência na IECLB. A sua apropriação, o seu estudo e as ações que dele decorrem certamente ajudam a manter e a fortalecer a unidade da nossa Igreja. Que este Tema seja uma bênção na vida das pessoas por ele alcançadas. P. Dr. Mauro de Souza Secretário da Ação Comunitária

OFERTAS NACIONAIS 7 de dezembro 2º Domingo de Advento Divulgação da Bíblia e Publicações A Bíblia é fonte e norma de fé para as pessoas e para a Igreja, por isso devemos ler a Bíblia, também em família, nos lares, nos grupos de estudos bíblicos e em outras atividades comunitárias. Junto com a Bíblia, necessitamos de outras publicações que nos capacitem para o testemunho evangélico-luterano em nossos dias, como cadernos, livros e materiais da nossa IECLB. 14 de dezembro 3º Domingo de Advento Fundo de Apoio a Projetos de Movimentos e Pastorais Vinculados à IECLB Membros da IECLB, apoiados e acompanhados por Ministros e Ministras, têm se organizado em diferentes grupos de ação pastoral e movimentos. Assim, zelam por causas e convicções inspiradas no Evangelho e que contemplam diferentes facetas da vida cristã nos variados contextos no mundo em que vivemos. Tais grupos de ação pastoral e movimentos apoiam projetos específicos voltados para diferentes necessidades, como formação cristã contínua, publicações, seminários e cursos voltados para temas de cidadania, além de edificação de Comunidades. 25 de dezembro Natal Bolsas de Estudo para Estudantes da ADL Localizada em Serra Pelada/ES, a ADL atua como braço diaconal/social da IECLB e desempenha um importante trabalho de formação de lideranças diaconais, catequéticas e musicais junto às Paróquias e Comunidades da IECLB, principalmente no âmbito do Sínodo Espírito Santo a Belém. Em 22 de fevereiro deste ano, a ADL completou 57 anos de missão, oferecendo formação complementar embasada na prática da valorização humana, comunitária e artística.

INDICADORES FINANCEIROS UPM Novembro/2014 3,4475 Índice Outubro/2014

0,44%

Acumulado do ano

4,92%

3


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

4

Atualidade

O Tema do Ano da IECLB para 2015

Igreja da Palavra - chamad@s para comunicar

P. DR. ONEIDE BOBSIN Reitor da Faculdades EST

Vizinhas solidárias: outro Natal é possível

Ouço muita gente dizer que somos um povo individualista, que cada um pensa em si e que, no Natal, abrimos os corações para as pessoas empobrecidas como uma descarga de consciência. Mesmo isto podendo ser verdade, permito-me enxergar a vida de outra forma. Vejo muita gente vencendo o preconceito contra as pessoas empobrecidas, envolvendo-se com elas o ano todo. Algumas vizinhas e nós adotamos uma família muito sofrida. A mãe morreu recentemente. O pai cumpriu pena durante mais de uma década por assassinato. O filho mais novo cresceu com o pai na cadeia. O filho mais velho sofre de problemas psíquicos. Os três moram muito mal nos fundos de uma casa. Agora, o ex-preso cuida dos seus filhos, sendo pai e mãe. As vizinhas samaritanas convidaram Advogados para requerer uma pensão para o filho doente – e conseguiram um salário mínimo por mês. Do programa de saúde do Governo, ganham os remédios para o seu tratamento. Encaminharam o filho mais novo para um curso técnico, financiado pelo Governo Federal. Em breve, terá uma profissão. Também são ajudados por tios muito pobres. As vizinhas se envolvem com a família sofrida, vencendo os preconceitos de outros vizinhos por causa do passado do pai. Também pessoas do centro espírita estão presentes. Estamos, pois, diante de uma prática de amor que vai além do doar para despistar. Há um envolvimento pessoal, mas pouco dinheiro. Hoje, esta família faz parte de uma família maior – a vizinhança solidária. São vizinhas samaritanas que expressam o amor de Deus celebrado com a vinda de Jesus ao mundo. Sim, isto é o Natal de Jesus. Deus não enviou um presentinho para não se envolver conosco. Jesus não é Papai Noel. Ele se envolve conosco. Este amor não pergunta pelo nosso comportamento. Ah, aquele povinho lá na Terra nada merece! Só faz guerra, destrói a natureza, é violento no trânsito, etc. Que se dane! Pelo contrário, veio mesmo sabendo que nada temos para oferecer, a não ser as nossas muitas maldades. Já pensaram se Deus fosse preconceituoso como nós? Adote uma família neste Natal. Envolva-se com ela durante 2015 e seja feliz junto com outras pessoas bem diferentes de você. Afinal, Deus me demonstrou que a nenhum ser humano considerasse impuro e imundo, disse Pedro, conforme Atos dos Apóstolos 18.28.

Se Deus fosse preconceituoso como nós...

As salas do Centro de Retiros, junto com a capela da Casa Matriz, oferecem um espaço ideal para retiros, encontros e eventos. As instalações da hospedagem contam com quartos com banheiro, refeitório e local para estacionamento.

E

stamos no início de mais um ano litúrgico. Novamente, é Advento, época especial na caminhada de fé da Comunidade de Cristo. É tempo de conhecermos o Tema do Ano da IECLB, Tema que vai inspirar a nossa caminhada durante 2015. Um dos principais motivos de a IECLB promover, a cada ano, uma reflexão sobre um determinado Tema é o fortalecimento da unidade e da identidade da Igreja como um todo. Essa iniciativa, além de fortalecer os laços comunitários, também visa a motivar toda a família luterana para ser sal e luz no mundo. Os últimos Temas do Ano da IECLB vêm insistindo na importância da comunicação. Em 2012, Comunidade jovem - Igreja viva, por exemplo, apontou o quanto é necessário o diálogo franco e respeitoso entre as gerações. Em 2013, Ser, Participar, Testemunhar - Eu vivo comunidade indicou a importância da comunicação para que, como pessoas cristãs luteranas, saibamos transmitir, com clareza, a nossa convicção de fé e no que cremos, testemunhando, em palavra e ação, o que nos move na relação com Deus. Em 2014, refletimos que só é imaginável promovermos viDas em comunhão com diálogo e comunicação transparente, convincente, atualizada, contextualizada, possível de conectar com a linguagem das pessoas envolvidas. Este é um dos aspectos importantes presentes quando se fala no papel da Igreja no mundo de hoje, cada vez mais urbanizado. Em 2015, a IECLB convida e propõe para que avancemos mais um passo em direção a uma comunicação que, componente tão central para a vida comunitária quanto o é para a vida em sociedade, favoreça o ouvir atento e a compreensão, com profundidade, do que se passa no coração das pessoas. Inspirada na pergunta do Ressuscitado expressa em Lucas, capítulo 24, versículo 17: Sobre o que vocês estão conversando pelo caminho?, a proposta do Tema e do Lema de 2015 vai além e destaca, com ênfase, que a Igreja tem o que comunicar diante das perguntas existenciais da sociedade atual. Este Tema tem a ver com comunicação! Tem a ver com Comunidade! Tem a ver com a forma como nós nos relacionamos! Tem a

ser hospitaleira! Igreja da Palavra se inspira no Deus que revela o seu rosto no Cristo crucificado, que acolhe incondicionalmente! Cristo me assegura que eu, que você não caminha sozinho! A convicção da presença de Cristo é fundamental! Trata-se de uma experiência de fé! Mesmo ali, onde não percebemos a presença de Deus, Ele está presente. Igreja da Palavra é Igreja que se torna carne! O Tema da IECLB para 2015, Igreja da Palavra - chamad@s para comunicar, e o Lema que o acompanha, Então, Jesus perguntou: sobre o que vocês estão conversando pelo caminho? são um convite insistente para criarmos formas e espaços que possibilitem ouvir as nossas Comunidades, a nossa gente. São um impulso no sentido de que se escute. Tema e Lema são uma declaração de que a Igreja – enquanto Comunidade – caminha com as pessoas e quer ouvir as suas perguntas. Diante dessas perguntas, o Tema de 2015 é categórico: a Igreja da Palavra tem o que comunicar: a Palavra de Deus revelada na Sagrada Escritura. É essa comunicação que fará diferença para uma vida digna. Sentir-se parte dessa dinâmica é ser partícipe de uma comunicação que fortalece a vida, em Comunidade, em comunhão. Roguemos para que o Senhor da Igreja abençoe as reflexões e atividades que, como nos anos anteriores, serão desenvolvidas a partir dos impulsos do Tema do Ano, de sorte que, especialmente em relação à Sua Palavra, comuniquemos bem!

Em meio a abundante natureza, o ambiente tranquilo e acolhedor favorece a reflexão, a integração e o lazer. Dispomos de serviço de hospedagem, individual ou em grupos, ideal para realização de retiros, eventos ou para aqueles que desejam apenas hospedar-se aqui.

Av. Wilhelm Rotermund, 395 - Morro do Espelho - São Leopoldo Fone: (51) 3037-0037 | retiros@diaconisas.com.br | www.diaconisas.com.br

ver com o jeito do próprio Deus agir conosco! Tem a ver com o jeito de Deus se comunicar com os seus filhos e as suas filhas! O Evangelista João, no capítulo 1, versículo 14, aponta para esta dimensão da comunicação de Deus com o mundo: E o verbo (a Palavra de Deus) se fez carne, e habitou entre nós...! Nesta perspectiva, inspirado no jeito de Deus se comunicar, Igreja da Palavra é Igreja que comunica, Igreja que emociona, Igreja que é profética sem, contudo, perder a ternura, Igreja que humaniza, que é capaz de ouvir, perguntar, caminhar junto, acolher,

P. Dr. Nestor Friedrich Pastor Presidente da IECLB


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Presidência

O Verbo se fez carne e habitou entre nós

A

dvento é tempo de esperar e afirmar que o Reino de Deus, inaugurado em Cristo e prometido em sua plenitude, vem! O tempo de esperar é muito cruel, pois os perigos nos rondam e gostaríamos de já viver o novo tempo, por isso é momento de renovar forças, para, na esperança, viver na vontade de Deus, mesmo que nos seja oferecido o contrário. Quando uma mulher está grávida, a gente diz: ‘ela espera nenê’. Na gravidez aprendemos a esperar pela vida. Maria foi escolhida para esperar a promessa de Deus se cumprir. Hoje, podemos afirmar: E o Verbo se fez carne e (habitou entre nós) armou tenda entre nós (João 1.14). Advento é ouvir esta certeza: Deus veio morar conosco. Ele não construiu casarões nem templos enormes para

ser preso dentro deles nem por eles, mas, sim, uma morada entre as pessoas, como cantaram os anjos aos pastores no campo, convidando-os para se aproximarem de Jesus. Foi difícil entender que Deus viria de modo tão simples, quando tudo no mundo mostrava um Deus dominador. Ainda hoje, é difícil de entendermos. Advento é um tempo de gratidão, pois o grande amor de Deus revelado em Jesus Cristo torna-se concreto na vida da gente. Advento é tempo de saber que Deus tem planos para a transformação da vida, mesmo que para isso nos dê tarefas difíceis de cumprirmos, como fez com Maria. Será que ela era alguém especial, diferente? Não! Martim Lutero fala sobre Maria no seu livro Magnificat assim: Também em Nazaré na sua cidade natal

Representantes da IECLB na Ecumene

PA. SÍLVIA GENZ Pastora 1ª Vice-Presidente da IECLB

100 anos da Paróquia da Paz Um abraço dado de bom coração Dezembro

1/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Vale do Itajaí Brusque/SC P. Nestor Friedrich P. Inácio Lemke 4/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo da Amazônia Cacoal/RO P. Nestor Friedrich

6/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Mato Grosso Chapada dos Guimarães/MT P. Nestor Friedrich

Nos dias 13 e 14 de agosto de 2014, na Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo/RS, representantes da IECLB na Ecumene reuniram-se para o segundo encontro deste gênero, convocado e coordenado pela Presidência da Igreja, como um espaço importante para a partilha de experiências e o aprofundamento de questões relacionadas ao compromisso ecumênico da IECLB. Durante o evento, foram apresentados e debatidos princípios bíblicos, teológicos, confessionais e constitucionais que embasam o compromisso ecumênico da IECLB e fornecem diretrizes orientadoras para a representação ecumênica. Além disso, houve a oportunidade de conhecer o Instituto de Ética da Faculdades EST, sediado no Morro do Espelho, em São Leopoldo. A reflexão final foi no sentido de que as relações ecumênicas, por vezes, passam por turbulências, mas, olhadas no tempo, fazem parte da complexa trajetória de desconstrução de animosidades e divisões históricas dentro do cristianismo. O encontro de representantes, no entanto, reafirmou a necessidade da insistência e da persistência no caminho do ecumenismo.

ela não foi a filha do maioral dos governantes, mas a filha de uma pessoa pobre e normal; ninguém dava muito por ela nem davam bola para ela. Ela foi entre a sua vizinhança e filhas destes uma simples empregada que cuidava dos animais e da casa, sem dúvida não foi mais que hoje uma pobre empregada doméstica que tem que fazer o que lhe mandam na casa. Maria entendeu a tarefa e cantou do jeito de Deus em Lucas 1.46-56. Lembrando da ação de Deus, Lutero diz que, quando se descobre que Ele é um Deus que olha e ajuda aqueles que nada são, ali Ele se torna tão querido, que o coração transborda de tanta alegria, pula e salta de tanta benevolência, porque recebeu isto de Deus. Que a preparação para o Natal de Cristo faça isso com a gente! Bom tempo de Advento! Feliz Natal de Cristo!

......

Feliz Natal de Cristo!

7/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Nordeste Gaúcho Estância Velha/RS Pa. Silvia Genz Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Paranapanema Curitiba/PR P. Inácio Lemke 11/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Sul-Rio-Grandense Turuçu/RS P. Nestor Friedrich 13/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Sudeste Santo Amaro/SP P. Nestor Friedrich 14/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Planalto Rio-grandense Carazinho/RS Pa. Siliva Genz 20/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Centro-Sul Catarinense Florianópolis/SC P. Nestor Friedrich P. Inácio Lemke 21/12 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Noroeste Rio-Grandense Tuparendi/RS Pa. Silva Genz

Os sinos badalaram com grande intensidade no dia 21 de setembro de 2014 para comemorar o centenário da Paróquia da Paz, em Porto Alegre/RS. O templo estava repleto de pessoas para participar do culto celebrativo, oficiado pelo Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, pelo Pastor Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos, P. Me. Edson Streck, por Ministros locais, além de membros do Conselho Paroquial e do Coral da Paz. Durante o culto, foi descerrada a placa de inauguração da restauração do templo e realizado o lançamento do Livro do Centenário da Paz, de autoria de Jean Carlos Corrêa de Andrade. Após a celebração do culto, a Comunidade foi convidada a se reunir no pátio em um grande abraço à Igreja, entoando um cântico que dizia Um abraço dado de bom coração é como uma benção dada pelo irmão. Em seguida, todos se dirigiram no Ginásio da Paz, onde aconteceu um almoço festivo. Os ambientes da Igreja e o salão do almoço foram decorados para receber a Comunidade, que contou com a participação musical do Maestro Philomena. Uma geração agradece a Deus e abençoa a próxima para levar adiante a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo e ajudar a escrever a história de fé desta grande família da Paróquia da Paz.

Culto da Reforma da UP Brusque No domingo de 26 de outubro de 2014, a União Paroquial de Brusque/SC realizou um culto para celebrar o aniversário de 497 anos das 95 teses de Martim Lutero, comemorado no dia 31 de outubro. O evento aconteceu na quadra da Paróquia Bom Pastor de Brusque como preparativo das comemorações de aniversário de 500 anos da Reforma Luterana, que serão completados em 2017. O culto contou com a presença do P. Dr. Nestor Friedrich, Pastor Presidente da IECLB, que mencionou os 190 anos de presença luterana no Brasil: “Os primeiros luteranos, a partir da sua fé e da sua espiritualidade, tiveram que batalhar para conseguir o seu espaço nesse país”.

5


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

6

Sustentabilidade

Guia para o Presbitério - Fundamentação bíblica do Presbitério

Os textos bíblicos indicam que a função do Presbitério era supervisionar as atividades na Comunidade local e pastorear o rebanho O significado da palavra ‘Presbítero’ As palavras ‘Presbítero’ e ‘Presbitério’ têm origem na Bíblia. Literalmente, a palavra grega Presbítero significa ‘o mais velho’. Na Bíblia, o termo é usado em dois sentidos: (a) pessoa idosa, anciã e (b) líder de um grupo ou do povo. Os dois significados entrelaçam-se, porque, normalmente, eram as pessoas mais velhas que se tornavam líderes do povo. No Antigo Testamento, os anciãos tinham responsabilidades judiciais, políticas e militares. Eles também eram responsáveis pela observância das leis de Deus. O conselho de anciãos em Israel era o órgão máximo de decisões. Com o tempo, o termo ‘ancião’ passou a ser usado para falar em pessoas que exerciam funções de liderança, independente da idade. As primeiras Comunidades cristãs utilizavam a palavra Presbítero

para se referir às suas lideranças. Esse é o uso mais comum da palavra no Novo Testamento. Presbitério era o grupo de pessoas que cuidava dos membros, organizava e conduzia a Comunidade. Essas pessoas colaboravam com os apóstolos (At 15.22) e eram eleitas sob oração e jejum (At 14.23). Funções de Presbítero no Novo Testamento - Cuidar da doutrina: era responsável por questões de fé e doutrina. Em conjunto com os apóstolos, tomava decisões para toda a Igreja (At 15.1-6 e 16.4). - Pastorear o rebanho: cuidava da Comunidade, assim como o pastor cuida do seu rebanho. Procurava manter a unidade e evitar que seitas, ideologias e divisões afetassem a Comunidade (At 20.28-30 e 1Pe 5.2). - Pregar e ensinar: também assumia responsabilidade pela pregação e pelo ensino (1Tm 5.17).

Luterprev Responde

ajudando a planejar o seu futuro Você sabia que... ...a produção de alimentos orgânicos está crescendo no mundo inteiro? O cálculo é que, hoje, o mercado mundial de orgânicos supere os 50 bilhões de dólares por ano, com quase um milhão e meio de produtores. No Brasil, o maior mercado consumidor de orgânicos da América do Sul, são U$ 150 milhões anuais, com cerca de 50 mil produtores. ...que o Brasil é forte na produção orgânica de alguns produtos? Entre eles, açúcar, soja, café e óleos, quase todos para exportação. Segundo o Instituto Biodinâmico (IBD), uma das entidades que emitem certificados de que os alimentos foram efetivamente cultivados de forma orgânica, a estimativa é que o Brasil já tenha quase 1 milhão de hectares dedicados a esse tipo de produção.

Destes, 95% são de produtores de pequeno e médio porte, exceto o açúcar, que é fabricado apenas por usinas. ...que a procura por orgânicos já é maior do que a capacidade de produção? É por isso que os alimentos produzidos sem agrotóxicos, hormônios e adubos químicos chegam a custar três vezes mais que os convencionais, mas a tendência é que os preços caiam com o aumento de Agricultores investindo nesse tipo de produção. ...que, além de mais saudáveis, os orgânicos podem ser, no final das contas, mais econômicos? Porque costumam durar bem mais na geladeira, como é o caso da alface, por exemplo, que dura até sete dias. Além das vantagens nutricionais, costumam ser

- Visitar doentes: visitava pessoas doentes, fazia unção com óleo e orava pela cura (Tg 5.14-15). - Cuidar dos necessitados: o serviço aos necessitados é tarefa de toda a Igreja, mas especialmente o Presbitério é chamado a assumir a tarefa de socorrer os necessitados (At 11.29-30 e 20.35). - Estimular os dons: estimulava os membros para colocarem os seus dons a serviço da Comunidade (1Tm 4.14). Os textos bíblicos indicam que a função do Presbitério era supervisionar as atividades na Comunidade local e pastorear o rebanho. Naturalmente, esse trabalho era feito em comum acordo com os apóstolos. Embora o termo Presbítero seja usado apenas no masculino, é certo que também havia liderança feminina nas Comunidades cristãs (Rm 16.1-16). Conduta Sobre qualidades, virtudes e conduta dos Presbíteros, Tt 1.6-9 e 1Pe 5.2-3 dão indicações preciosas: - ser pessoa moralmente qualificada e socialmente respeitada; - ter maturidade para resistir à tentação do orgulho e do autoritarismo; - ter demonstrado na sua própria casa que possui virtudes para presidir uma Comunidade; - conhecer os fundamentos da fé cristã para discernir entre a sã e a falsa doutrina; - buscar o bem e a justiça; - servir de boa vontade como modelo para a Comunidade.

mais saborosos e afastam os riscos de contaminação com venenos e metais pesados. Além destas vantagens, a produção de orgânicos não agride o meio ambiente, já que a adubação é feita com compostos orgânicos e o desenvolvimento de uma cultura costuma ser planejado para preparar o solo para uma safra posterior. ...que é possível saber se o produto é realmente orgânico? Primeiro, verificando se o alimento traz o selo de alguma entidade certificadora, depois, avaliando o seu aspecto. É quase impossível encontrar frutas e legumes orgânicos grandes, muito desenvolvidos. Orgânicos costumam ser menores,

As primeiras Comunidades usavam a palavra Presbítero para se referir às suas lideranças

apresentar algumas imperfeições e, não raro, vir acompanhados de pequenos insetos ou de marcas de que eles estiveram lá. ...nas feiras, quando não há embalagens, também é possível certificar-se se a produção é orgânica? O vendedor, que, normalmente, é o próprio produtor, deve manter exposto o certificado que recebe do Ministério da Agricultura, onde são listados quais dos alimentos que comercializa são orgânicos. É importante conferir, porque o mesmo vendedor pode comercializar orgânicos e não orgânicos em um mesmo espaço.

Visite o site luterprev.com.br e faça também uma simulação para sua aposentadoria complementar e/ou para assistência financeira. No site, você encontra um link para encaminhar perguntas à coluna. Se preferir, envie-a diretamente para luterprev@ luterprev.com.br, com o assunto Jorev.


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Comunicação

No Presbitério, a colaboração espontânea é a que melhor representa uma resposta ao Evangelho

Guia para o Presbitério - Fundamentação bíblica do Presbitério Resumindo, podemos dizer que o membro do Presbitério leva uma vida exemplar nos diversos níveis: família, Comunidade e sociedade, porque o membro do Presbitério serve como modelo para a Comunidade, ou seja, a conduta de vida é fundamental. Perfeição é algo que todas as pessoas cristãs devem procurar (Mt 5.48), mas precisamos reconhecer que todos estão sujeitos a tentações e cometem pecados. O apóstolo Paulo falou assim sobre a dificuldade de viver uma vida ‘perfeita’: Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz (Rm 7.19s). Todos somos pecadores, inclusive Presbíteros e presbíteras, por isso necessitamos da justificação que vem de Deus por meio de Cristo. Aceitos pela misericórdia de Deus, procuramos andar de acordo com a sua vontade. Portanto, não se espera que os membros do Presbitério sejam perfeitos, mas que tenham coerência de vida a partir da justificação trazida por Cristo. É importante lembrar o que diz o texto de 1Pe 5.2: ninguém deve ser obrigado ou sentir-se forçado a desempenhar uma função na Comunidade. A colaboração espontânea é a que melhor representa uma resposta ao Evangelho. Da mesma forma, ninguém usa o seu cargo como forma de alcançar lugar de destaque. A motivação é o exemplo de Cristo, que colocou o servir como centro de sua atividade (Mc 10.45). Se a inspiração para

Ninguém deve ser obrigado ou sentir-se forçado a desempenhar uma função na Comunidade o trabalho estiver baseada em Jesus, tudo será feito em seu nome e o serviço será a marca do Presbitério. O Presbitério e a sua relação com o Ministério com Ordenação Na IECLB, muitas vezes, percebemos uma divisão de tarefas entre Presbitério e Ministério com Ordenação. Ao Presbítero, caberiam tarefas administrativas, enquanto Ministros e Ministras ocupam-se com questões espirituais. Tal divisão é equivocada. Do Presbitério não se espera apenas tarefas administrativas. Aos Presbíteros também cabe a tarefa de dinamizar e organizar a vida espiritual da Comunidade. O Presbitério estimula e organiza a presença viva de Jesus Cristo em nosso mundo por meio da Comunidade cristã local e faz isso junto com Ministros e Ministras – não abaixo nem acima, mas ao lado – em conjunto. Para que assim possa ser, cabe ao Ministério com Ordenação ‘moti-

var, formar e capacitar os membros a desenvolverem os seus dons’ (Estatuto do Ministério com Ordenação, EMO - Art. 11). Presbitério ou Diretoria? Em alguns lugares, costuma-se chamar o Presbitério de ‘Diretoria’. Esse termo é comum em sociedades culturais, clubes esportivos, empresas e outras organizações, mas há diferenças fundamentais entre um clube ou sociedade e uma Comunidade. No lugar de termos usados em sociedades, clubes ou empresas, o mais adequado é resgatar as palavras bíblicas e o sentido bíblico da liderança cristã, utilizando as palavras Presbitério e Presbítero, Presbítera. Naturalmente, há situações na Igreja em que ainda se usará Diretoria, como no caso da Diretoria da Paróquia ou do Sínodo, mas, mesmo nesses casos, não podemos esquecer que as pessoas que compõem essas diretorias são Presbíteros e Presbíteras.

7


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Unidade

8 Unidade

Lutero - Reforma: 500 anos O Ano da Igreja

Observando a natureza, enxergamos nela elementos interessantes de analogia com o Ano Eclesiástico. As mudanças, a cada estação, mostram a sua dinamicidade (frio e calor, chuva e sol, vento e tempestade, folhagens e flores). Ao mesmo tempo, ela se caracteriza por ritmos e repetições (noite e dia, vida e morte, lua cheia, nova, crescente e minguante). O Ano Eclesiástico, com os seus ciclos, as suas festas, os seus domingos, os seus símbolos, as suas cores e a sua liturgia, também se desenrola entre ritmo e repetição, assim como nos apresenta elementos dinâmicos. Podemos dizer que o Ano Eclesiástico, embora marcado pela repetição, é uma moldura por onde passam coisas novas, aspectos diferentes da vida de Jesus e do Reino de Deus por ele proclamado e vivido.

O Ano Eclesiástico

O Ano Eclesiástico (também conhecido como Ano litúrgico ou Ano da Igreja) é a forma como a Igreja estrutura o seu tempo, organiza as suas festas e os seus dias de culto. Assim como o calendário civil, que faz a sistematização do ano, com os seus dias, as semanas, os meses, os feriados e as festas, com o mesmo objetivo, na Igreja, estabeleceu-se um Calendário Eclesiástico ou litúrgico. A diferença deste em relação ao calendário civil é que o Ano da Igreja inicia no Primeiro Domingo de Advento, quatro semanas antes do Natal. Jesus Cristo é o centro da pregação do Evangelho e da fé cristã. É a sua vida, com as suas estações, que determina a organização do Calendário Eclesiástico. O seu nascimento marca o início do Ano da Igreja e assinala a primeira grande festa do nosso calendário, mas é a Páscoa a mais importante festa cristã, o núcleo em torno do qual giram todos os demais eventos. A Páscoa ilumina todas as demais festas do Ano Eclesiástico.

A centralidade do Ano Eclesiástico

Após a morte de Jesus, a Comunidade cristã se manteve unida por causa da fé na ressurreição do seu Senhor. Confiante que Jesus estava presente em seu meio pelo poder do Espírito Santo (Atos 2), ela perseverava na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações (Atos 2.42). Conforme lemos em Atos 20.7 e confirmamos em outros escritos dos primeiros séculos da história cristã, a reunião comunitária em torno da Palavra de Deus e do partir do pão acontecia no primeiro dia da semana, o Domingo. Na reunião semanal, a cada Domingo, a Comunidade cristã dava testemunho da sua fé no Cristo ressurreto. Cada Domingo era uma pequena Páscoa! Portanto, a primeira e mais importante festa da Comunidade cristã foi (e continua sendo) a Páscoa. Aos poucos, a Páscoa foi se tornando uma festa anual, ocasião em que a Comunidade cristã celebrava todos os fatos ocorridos em torno da morte e da ressurreição de Jesus: a sua subida para Jerusalém, a sua traição, a sua prisão, a sua condenação, a sua cruz, a sua morte e a sua ressurreição. A celebração de cada um desses acontecimentos redundou no surgimento da Semana Santa. Era importante para a Comunidade cristã preservar na sua memória todos os acontecimentos que envolviam a festa da Páscoa: a morte de Jesus na cruz e a sua ressurreição. Celebrar a ressurreição sem ter presente quem é o ressurreto é perder o significado da própria ressurreição. O ressurreto é o Cristo da cruz!

Outras festas

A partir da festa anual da Páscoa, se desenvolveram as demais grandes festas: Pentecostes e Ascensão, Epifania e Natal. A Comunidade cristã ampliou a sua busca pelo conhecimento da vida de Jesus e passou a refletir sobre cada acontecimento relacionado a ele e a celebrá-los. Em torno das suas principais festas, a Comunidade cristã agregou, ao longo dos anos, outros temas importantes da Igreja, como, por exemplo, a Trindade. Além disso, cada Igreja incorporou comemorações próprias, como o Dia da Reforma, na Igreja Luterana.

Os ciclos do Ano Eclesiástico

Considerando as festas centrais que celebram a vida de Jesus Cristo, o nascimento da Igreja cristã e as festas específicas de cada Igreja, o Ano Eclesiástico se divide em três grandes ciclos: a) Ciclo do Natal, b) Ciclo da Páscoa e c) Ciclo do Tempo Comum. Ciclo do Natal: Advento, Natal e Epifania. Ciclo da Páscoa: Quaresma, Semana Santa, Páscoa, Ascensão e Pentecostes. Ciclo do Tempo Comum: Domingos após Epifania, Trindade, Domingos após Pentecostes, Ações de Graças (Festa da Colheita), Reforma e Domingo da Eternidade ou Cristo Rei.

Importância do Ano Eclesiástico

O Ano Eclesiástico (ou litúrgico), com os seus ciclos e as suas festas, nos ajuda a refletir sobre vários aspectos: - por meio da repetição, a Igreja assegura que os grandes feitos de Deus realizados ao longo da história da salvação sejam mantidos e lembrados reiteradamente. - o Ano Eclesiástico, por meio da repetição, é uma ferramenta de formação cristã, pois ajuda a repassar a herança da fé para as novas gerações e a preservar a memória dos fatos históricos e eventos salvíficos fundamentais da nossa fé. - a celebração da Igreja cristã, a partir do seu núcleo (a Páscoa) e das suas principais festas, nos possibilita permanecer em sintonia com boa parte das Igrejas cristãs no mundo, ou seja, por meio do Ano Eclesiástico nós nos unimos a outras Igrejas para celebrar, na mesma época, os mesmos eventos da fé em Jesus Cristo. Assinalamos que o Ano Eclesiástico não é simples repetição ou mera lembrança do passado. Ao celebrarmos o Ano Eclesiástico, vivenciamos, hoje, o Evangelho vivo e a mesma salvação que Deus efetuou no passado. Celebrar é reatualizar, é tornar válido para as pessoas que participam da celebração, no preciso momento, aquilo que já aconteceu.

A diversidade do culto no Ano Eclesiástico

O nosso culto é permeado de cores e símbolos. Os ciclos e as festas do Ano Eclesiástico possuem cores e símbolos que ajudam a tornar mais comunicativa a mensagem do Evangelho. Os ciclos são caracterizados por uma cor principal. Tradicionalmente, as cores púrpura, cinza, preta e azul (em suas tonalidades escuras e claras) são usadas para os tempos litúrgicos de caráter penitencial e reflexivo, como a Quaresma e o Advento. O branco é usado para as festas cristológicas, como Natal e Páscoa, mas o amarelo e o dourado também são válidos para esta ocasião. O vermelho é reservado para as festas relacionadas ao Espírito Santo (Pentecostes, Ordenações, Dia da Igreja, Dia da Reforma). Já o verde, em tonalidades diversas, é usado para o ciclo do Tempo Comum. Essas cores são, em geral, utilizadas nos tecidos dos paramentos, mas também podem se expressar nas velas, nas flores e outros símbolos.

O que são os paramentos? Parte da ornamentação do templo, a casa de Deus, os paramentos são ricos em significados simbólicos e fazem parte da nossa linguagem tão diversificada. Os paramentos compreendem tanto os antepêndios (peças coloridas que pendem diante da mesa do altar, do púlpito, estante de leitura), quanto as vestes litúrgicas dos Ministros e das Ministras. A palavra ‘paramento’ deriva do Latim parare e significa preparar. Este significado remete para a função dos paramentos nos templos. Eles servem para preparar o ambiente do culto. Contudo, não são ‘peças decorativas’. Os paramentos são recursos visuais e simbólicos da Igreja, componentes importantes do nosso culto e contribuem para ele na medida em que ajudam a comunicar a mensagem do Evangelho. As cores correspondentes aos ciclos, às festas do Ano Eclesiástico, são as que definem as cores dos paramentos em cada culto. Pela cor dos paramentos sabemos a época do Ano litúrgico em que estamos. Os símbolos, por sua vez, remetem para algum aspecto significativo da Teologia do Ciclo Litúrgico, apontam para a mensagem do Evangelho do período específico.

Refletindo sobre o Ano Eclesiástico

O Ano Eclesiástico serve para organizar a vida de culto da Igreja e orientar a sua pregação. Ele ajuda a Igreja a não se desviar daquilo que lhe é decisivo e o mais importante - ao colocar a Páscoa como festa central, o Ano Eclesiástico preserva o fundamento da nossa pregação: o Cristo crucificado e ressurreto. Isto significa que é a partir desse núcleo que devemos olhar para todas as demais festas da Igreja. O Natal só tem sentido se enxergamos no menino da manjedoura o Cristo da cruz. Esse foi o caminho construído pela Comunidade cristã dos inícios. Ela olhou para trás, para a vida de Jesus, a partir do que ela experimentou na morte, na cruz e na ressurreição do seu Senhor.

O Ano Eclesiástico não é simples repetição ou mera lembrança do passado. Ao celebrarmos o Ano Eclesiástico, vivenciamos, hoje, o Evangelho vivo e a mesma salvação que Deus efetuou no passado. Celebrar é reatualizar, é tornar válido para as pessoas que participam da celebração, no preciso momento, aquilo que já aconteceu. Com base na experiência da cruz e da ressurreição, a Comunidade seguidora de Jesus foi em busca da história do seu mestre e, à luz dessa sua experiência, interpretou todas as passagens da vida de Jesus: nascimento, Batismo, milagres, pregação, toda a sua vida. A história do Natal está tão relacionada com a história da Páscoa que a Igreja, ao organizar o seu calendário, colocou um período semelhante antes da Páscoa e antes do Natal, a Quaresma e o Advento, respectivamente, com o objetivo de preparar a festa de Cristo, o crucificado e ressurreto e a criança da manjedoura: o Salvador do mundo, o príncipe da paz.

Cat. Dra. Erli Mansk, graduada em Teologia, com ênfase no Pastorado e em Educação Cristã, com Mestrado Profissionalizante em Liturgia e Doutorado em Teologia Prática (A ritualização das passagens da vida: desafios para a prática litúrgica da Igreja), todos pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, é Coordenadora de Liturgia da IECLB

9


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

10

Formação

Guia para o Presbitério - Servir pela graça de Deus Sacerdócio Geral (parte 2)

Presbitério que desempenha a sua tarefa com boa vontade, alegria e disposição para servir é bênção para a Comunidade

S

almo 8 - Deus inclui gente nos seus propósitos - Desde o princípio, Deus chamou pessoas para a realização dos seus propósitos. Deus valoriza as pessoas por igual. O que importa não é o registro feito pela história humana, mas aquele que está no coração de Deus. O Deus Criador, em sua soberania e poder, chamou e incluiu pessoas no passado e chama e inclui pessoas no presente para manifestar a sua vontade no mundo. Marcos 10.35-45 - Chamados por Jesus para servir - A partir de Jesus, as pessoas que Deus chama para a sua obra são identificadas como seguidoras ou discípulas. O grupo dos 12 discípulos é precursor das lideranças e dos Presbíteros da Comunidade cristã. Os discípulos são chamados à fé, experimentam intensamente a comunhão com Jesus, são ensinados e orientados. Acima de tudo, são desafiados a confiar em Deus e a servi-lo. Jesus não alimenta as suas ilusões humanas, mas prepara-os também para as dificuldades. No texto mencionado, dois discípulos, Tiago e João, arquitetam um plano para conseguir um lugar especial no Reino. Confundiram o Reino de Deus

com os reinos deste mundo. Jesus lhes ensina que, diferentemente do que ocorre na sociedade, no seguimento de Jesus se cresce para baixo: quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos (Mc 10.43-44). Jesus inverte a lógica humana e deixa claro que o exercício da autoridade e da liderança está relacionado à disposição em servir. A ênfase deixa de ser o poder para dar lugar à diaconia. 1Pedro 5.2 - Pastorear de boa vontade - O texto de 1Pe 5.1-4 traz conselhos apostólicos caracterizados pela clareza, pelo tom pastoral e pelo conhecimento de causa. Todas as atribuições conferidas aos Presbitérios em todos os níveis da Igreja cristã, previstas em estatutos e outros documentos normativos, decorrem do mesmo princípio – o zelo pelo rebanho. Na função de cuidar do rebanho há um pré-requisito básico: desempenhar a tarefa de boa vontade, com gosto, com alegria, com disposição para servir. Em outras palavras, ser Presbítero é atividade a ser desenvolvida de coração e com paixão. Efésios 2.1-10 - A fonte - A descrição feita em 2Pedro sobre o Presbitério levanta uma questão: de onde vêm a boa vontade, a alegria e a disposição para servir? Vêm de como percebemos a ação de Deus em nossas vidas. A confessionalidade luterana tem como um dos seus pilares a salvação por graça, recebida por meio da fé. No capítulo 2 da Carta aos Efésios, encontramos um resumo daquilo que Deus fez no passado e faz diariamente em nosso favor. Pecadores que somos, estamos em princípio sob o merecido castigo de Deus (v. 3). Foi dessa condição que, por puro amor e misericórdia, Deus nos resgatou e deu a salvação por meio de Cristo: Pela graça de Deus vocês são salvos (v. 5b). A vida cristã pode ser comparada com uma caixa d’água, que recebe em abundância da graça, do amor e da misericórdia e do perdão de Deus, por isso pode passar adiante aquilo que recebe. O mesmo vale para o Presbitério, com os seus integrantes, que cuidarão do rebanho a eles confiado da mesma forma que se sabem cuidados por Deus. Essa é a fonte da qual somos chamados a beber.

Secretaria da Ação Comunitária Acolher intercambistas - Em 2014, recebemos o pedido para hospedarmos um jovem intercambista da Suécia, Erik Nordlund, que ficou pouco mais de um mês conosco. Foi tempo de refletir sobre a importância dessa visita em nossa casa e Paróquia. Em primeiro lugar, sentimos insegurança, mas Erik mostrou que um jovem em intercâmbio vem de coração e peito abertos, preparado para aprender e integrar-se com a sua família hospedeira. Como fica o idioma? Talvez esse tenha sido o nosso maior desafio. Em todo o âmbito da Paróquia e da cidade, poucas pessoas falam Inglês. Superamos esse desafio no dia a dia.

No início, buscávamos mais o dicionário, mas, após uma semana, os dicionários ficaram de lado. Foi divertido romper a barreira da língua no cotidiano, no contato com as pessoas e famílias da Paróquia, escolas e demais atividades. Como parte da preparação para

recebermos o Erik, executamos um planejamento de atividades e visitas para várias pessoas e grupos de trabalho. Erik fez viagens culturais, abriu os braços para além do âmbito da Paróquia, estendeu horizontes para a realidade local e regional e participou do período eleitoral no Brasil. Nesse ponto, é preciso dizer: houve uma grande mobilização, envolvimento e generosidade de grupos e pessoas. Cada qual entregou um pouquinho de si para o Erik, mas também o Erik entregou muito de si para nós. Foi uma visita intensa, com muita troca de experiências e a descoberta de uma cultura diferente, tanto para Erik como para todas as pessoas que estiveram com ele.

Pa. Carla Grossmann Coronel Barros/RS


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Fé Luterana 11

Eventos salvíficos A importância da repetição dos eventos litúrgicos Entendemos liturgia como serviço divino, no sentido vertical e horizontal. Ele se expressa no culto, na diaconia, na vida comunitária, bem como no todo do Ano Litúrgico que também é denominado Ano Eclesiástico ou simplesmente Ano da Igreja. O Ano Litúrgico abarca os seguintes eventos e épocas: - Advento (tempo de espera e preparação); - Natal (nascimento de Jesus, encarnação de Deus); - Epifania (manifestação da glória do Deus encarnado em Cristo); - Quaresma (tempo em que acompanhamos Jesus no seu caminho para a morte na cruz); - Páscoa (a ressurreição de Jesus Cristo e as suas revelações até a sua ascensão); - Pentecostes (o Cristo ressurreto, assunto ao céu, torna-se presente pelo Espírito Santo que cria, mantém e conduz a sua Igreja à consumação e criará novos céus e nova terra nos quais habita justiça); - os domingos após Pentecostes, ou seja, o tempo comum do Ano Litúrgico, e os últimos três domingos do Ano Litúrgico, que tratam do fim dos tempos e da consumação dos séculos. O Ano Litúrgico, portanto, rememora e, simultaneamente, antecipa toda a história da salvação, ou seja, toda a história do Deus apaixonado por nós. Eis o mistério da anamnese, do ‘memorial’ que reatualiza e antecipa os eventos da salvação. Ela ‘re-presenta’ (torna presente) o nosso Deus Salvador e Libertador, que se manifestou no passado, que se manifestará no futuro e

que hoje se torna presente de forma concreta e palpável como no pão e no fruto da videira e na água batismal. Esse memorial do Ano Litúrgico nos alimenta na esperança que não morre, mas conduz para a vida eterna e, hoje, já nos anima para vivermos como testemunhas dos grandes feitos de Deus. É por isso que sentimos necessidade e vontade de relembrar, rememorar e antecipar essa história de amor (a exemplo de Maria, que guardava, ou seja, ‘ruminava’ as palavras do anjo da anunciação do Natal). Desse modo, celebramos anualmente, de maneira renovada e repetida, em cada novo contexto, as maravilhas que o nosso Deus libertador e salvador nos tem preparado, está preparando e ainda vai preparar – até o fim bem-aventurado. Repetição litúrgica do Ano da Igreja, portanto, não é chatice nem falta de criatividade (assim como também celebrar o Dia de Aniversário, de Batismo, de Casamento também não o são!). Muito pelo contrário, é o mistério da celebração da vida que Deus já deu aos seus no passado, está preparando para eles com vistas àquele dia no futuro e lhes permite reatualizar e antecipar, hoje, pela fé, na ‘comunhão dos santos’. O mistério da anamnese é reatualizar bem como antecipar o que Deus tem feito, vai fazer e está nos possibilitando experimentar pela fé, de forma renovada e criativa, como se a cada novo ano fosse a primeira vez. Para refletir, leia o Salmo 103.1-5

P. em. Günter Karl Fritz Wehrmann, formado no Missionsseminar em Hermannsburg, na Alemanha, atuou nas Paróquias gaúchas de Sapiranga e Canela, além da Paróquia de Pomerode/SC, foi Professor de Teologia Aplicada na EST, em São Leopoldo/RS, Assessor Teológico na Região IV, Assessor Teológico da Presidência da IECLB e Secretário das Relações com a América Latina na Obra Missionária Evangélica Luterana (OMEL), em Hermannsburg

Ano Eclesiástico como expressão ecumênica

P. Nelson Kilpp, Formado em Teologia pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, com Doutorado em Marburg, na Alemanha, exerceu o Ministério Pastoral em Chapecó/SC, foi docente na EST e fez intercâmbio em Kassel, na Alemanha. Atua como Pastor voluntário em Salvador/BA

Ao lado do ano civil, as Igrejas cristãs orientamse por um Ano Litúrgico ou Eclesiástico, que relembra acontecimentos em torno de Jesus e eventos importantes para a fé cristã. O Ano Litúrgico é muito antigo. Já na época dos apóstolos, celebrava-se o primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de Jesus, como o dia do Senhor (domingo). Nesse dia, as Comunidades se reuniam para lembrar os ensinamentos de Jesus e celebrar a Eucaristia. Em torno da Páscoa, surge, já no século IV, um ciclo festivo, que compreende as semanas antes e depois dessa que é a festa mais importante da cristandade. O período após a Páscoa, marcado pela alegria, lembra os 40 dias que o ressurreto passou na companhia dos discípulos antes de subir ao céu (Ascensão). O período encerra 50 dias após a Páscoa, com o Pentecostes, a festa do Espírito Santo. De modo análogo, os 40 dias antes da Páscoa (Quaresma) tornaram-se um período de preparação que culminava na Semana Santa. Mais tarde, estabeleceu-se o Ciclo do Natal, datado no solstício de Inverno do hemisfério Norte (25 de dezembro), quando o sol retoma de novo a sua força. O Natal é a confissão de que Jesus é a verdadeira luz, que vence as trevas da morte. O ciclo natalino compõe-se de uma época de preparação (Advento), que inicia com o quarto domingo antes do Natal, e de um período posterior, de 13 dias, que culmina no dia 6 de janeiro, o dia em que Jesus se manifesta ao mundo (Epifania), simbolizado pelos reis magos. Esse calendário, composto pelos dois ciclos mencionados e por um tempo comum não festivo entre os mesmos, é aceito por todas as Igrejas do Ocidente e quase todas do Oriente. Provavelmente, é o mais impor-

tante símbolo de unidade da cristandade mundial. As Igrejas do Ocidente também têm outro elemento em comum: um lecionário para os domingos e dias festivos de todo o ano litúrgico. Um lecionário é uma lista de textos bíblicos para leitura e pregação nos cultos e missas comunitárias. Após a renovação litúrgica na Igreja Católica, que introduziu um novo lecionário, as Igrejas protestantes de fala inglesa iniciaram um processo de adequação do lecionário católico às tradições protestantes, o que resultou no Lecionário Comum Revisado, de 1992, que encontrou acolhida em Igrejas do mundo inteiro, não somente nas de fala inglesa. Também as Igrejas protestantes históricas no Brasil adotaram, além de católicos e anglicanos, este Lecionário Comum. Dessa forma, as Igrejas dão testemunho público conjunto do Evangelho. Tanto as pessoas que visitam uma missa católica quanto as que vão a um culto protestante ouvirão, no mesmo domingo, o mesmo texto do Evangelho. A observância do Ano Litúrgico com os seus símbolos, as suas cores e os seus textos não só nos possibilita firmar uma identidade litúrgica, mas também perceber claramente que fazemos parte de uma comunhão maior. Isso é uma expressão concreta de que, em Cristo, todos somos um! Para refletir, leia o Salmo 100.1-5


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

12

Geral

Marilze Rodrigues, Professora de Educação Cristã na Faculdade Luterana de Teologia (FLT), em São Bento do Sul/SC

Educação cristã

vivendo, aprendendo e ensinando

Confessionalidade e Educação Cristã: sacerdócio geral de todas as pessoas que creem - Sacerdócio geral ou universal refere-se a todas as pessoas de um determinado universo que são sacerdotes, ou seja, oferecem sacrifícios. No Antigo Testamento, o sacerdote era o mediador entre Deus e as pessoas e ensinava que era preciso derramar o sangue de um inocente no lugar do pecador para que os seus pecados fossem perdoados. No Novo Testamento, Jesus Cristo foi o sacerdote que ofereceu o sacrifício definitivo. Foi, ao mesmo tempo, o perfeito sacrifício porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu para morrer por nós na cruz (Hebreus 7.27). A dívida pelos nossos pecados foi paga por ele, que abriu o caminho do sacerdócio geral. Podemos chegar à presença de Deus como pessoas redimidas, resgatadas, santificadas e chamadas a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1Pedro 2.5). Assim, todas as pessoas que creem em Cristo são tornadas sacerdotes diante de Deus, conforme 1Pedro 2.9: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de pro-

clamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Na Reforma Protestante, Lutero redescobriu o sacerdócio de todos os que creem e, em várias obras, ‘declara que todos os cristãos são ordenados sacerdotes’ (Dicionário Brasileiro de Teologia). Lutero defendeu que todas as pessoas que creem em Cristo têm o direito e o privilégio de serem sacerdotes, podem chegar diante de Deus e interceder umas pelas outras. Cada pessoa que exerce tal sacerdócio anuncia o Evangelho e testemunha o amor de Deus. Todos nós, membros da Igreja de Cristo, somos sacerdócio

real, representantes de Deus, para proclamar e viver a Boa Nova da salvação em Cristo onde vivemos (Nossa fé - Nossa vida). Todas as pessoas que creem em Jesus Cristo, a partir do chamado ao discipulado, são

Juventude Urbana Natan Ferreira Louzada

Projeto Educar Pela Paz

P. Francisco Santos

Orientador teológico do Conaje Comunidade Norte Fluminense/RJ

responsáveis pelo ensino e pela aprendizagem na fé. Pela graça de Deus e pela ação do Espírito Santo, pessoas cristãs de todas as idades ensinam e aprendem a viver o caminho na fé. A educação contínua na fé capacita todos os membros da Igreja à vivência missionária do seu sacerdócio cristão e possibilita que cada membro, ao longo da vida, leia e interprete a Bíblia para saber testemunhar a esperança que tem (1Pedro 3.15), visando à prática saudável da espiritualidade e da diaconia e ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, a edificação do corpo de Cristo (Efésios 4.12). Que Deus nos abençoe no cumprimento desta tarefa!

Campanha Vai e Vem 2014 - Resultado Atravessamos mais uma vez a barreira dos 900 mil reais em recursos para a missão! Isso é maravilhoso, motivo de gratidão imensa! A Vai e Vem é uma realidade e é fonte de muita alegria e satisfação! Damos graças a Deus e somos gratos a este imenso abraço que perpassa a IECLB e une mãos, vozes e corações a favor da causa do Evangelho. Em 2014, apoiamos 14 projetos nacionais além de mais de 50 projetos e iniciativas nos Sínodos! Agora, 2015 nos espera! Que sejamos iluminados e impulsionadas pelo Espírito do Senhor em nossas buscas e realizações! Feliz Natal e abençoado 2015! P. Mauro Schwalm Secretário de Missão

Sínodo

Recebido

% da meta Retorna ao Sínodo

Amazônia R$ 24.478,41 Brasil Central R$ 17.386,95 Centro-Campanha-Sul R$ 43.406,12 Centro-Sul Catarinense R$ 46.134,00 Espírito Santo a Belém R$ 98.305,53 Mato Grosso R$ 35.197,25 Nordeste Gaúcho R$ 60.230,77 Noroeste Riograndense R$ 30.083,07 Norte Catarinense R$ 85.971,52 Paranapanema R$ 45.930,48 Planalto Rio-grandense R$ 66.775,26 Rio dos Sinos R$ 44.647,75 Rio Paraná R$ 64.959,55 Sudeste R$ 44.110,61 Sul-Rio-Grandense R$ 28.398,75 Uruguai R$ 27.787,55 Vale do Itajaí R$ 93.192,79 Vale do Taquari R$ 35.000,00 Doações Individuais R$ 12.967,07 Total R$ 904.963,43 * Valores recebidos de 15.11.2013 a 9.11.2014

209 341 55 67 111 295 69 50 88 184 108 68 159 152 69 62 73 66

R$ 11.650,59 R$ 8.436,58 R$ 17.701,44 R$ 19.623,63 R$ 44.713,55 R$ 16.997,26 R$ 25.697,09 R$ 11.985,60 R$ 38.053,53 R$ 21.708,00 R$ 30.261,89 R$ 19.023,57 R$ 30.417,44 R$ 20.594,41 R$ 12.130,74 R$ 11.643,24 R$ 40.190,52 R$ 14.826,33

90

R$ 395.655,43

O Tema do Ano de 2014 da IECLB, viDas em comunhão, convidou a refletirmos sobre a vivência comunitária e a identidade luterana nos grandes centros urbanos e a consequente busca pela paz. Esse Tema tem tudo a ver com Juventude Urbana. A vida na cidade exige das pessoas jovens a superação de grandes desafios sociais até chegarem à vida adulta. O enfrentamento da realidade brasileira urbana não é fácil. A dinâmica dos grandes centros urbanos com a propagação de processos de exclusão e de extermínio de uma ‘juventude urbana pobre’ traduz esse processo de apartação social se refletindo em uma educação pública precária, na falta de horizontes profissionais e nas altas taxas de desemprego juvenil. Podemos acrescentar um item nessa lista: a violência. Segundo o Mapa da Violência 2013 - Homicídios e Juventude no Brasil, do Sociólogo Julio Waiselfisz, analisando os dados, podemos verificar o crescimento de vítimas de homicídios juvenis na última década, em grande parte jovens afrodescendentes. A comunhão, a busca por vida nesse emaranhado excludente urbano, para a grande maioria das pessoas jovens, se dará em movimentos urbanos em expansão, ligados a uma cultura musical (funk, rap, forró ou sertanejo), que promovem a sociabilidade, o sentimento de pertença a uma tribo, grupo, galera. O ponto de encontro passa a ser o baile, pois ali tem diversão. Porém, nesses lugares, muitas vezes, não se promove a vida, em função das pessoas jovens estarem expostas a drogas e violência. Aqui está o desafio para todos nós: compreender ‘essas novas linguagens’ e as dinâmicas trazidas por jovens marginalizados. Aqui entram a missão e o papel das nossas Comunidades luteranas no contexto urbano: ser ‘espaços’ de acolhimento, comunhão e preservação da vida para as pessoas jovens. Cada Comunidade deveria promover ações missionárias e diaconais para o trabalho urbano com jovens no testemunho da Palavra. Na esfera social, as Comunidades deveriam reivindicar políticas públicas voltadas para a juventude. Assim daremos passos de modo a encontrar novas saídas para uma inversão da realidade de exclusão e vulnerabilidade de grande parte da juventude brasileira.


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Comportamento 13

Os dilemas da contribuição proporcional

P. Dilmar Devantier, graduado em Letras pela Universidade Católica de Pelotas/RS e em Teologia pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, com Especialização em Psicopedagogia pela Univille, em Joinville/SC, e em Administração, Planejamento e Metodologia do Ensino Fundamental e Médio, pela Universidade Luterana Livre, em Curitiba/PR. Atua como Pastor na Paróquia de Aririú e Santo Amaro da Imperatriz, em Palhoça/SC

Armando guardou o carro, entrou abruptamente pela cozinha e terminou chutando um chinelo que estava no caminho. – Sou eu, querida. Cheguei! – Querido, o que foi?, logo perguntou Cárin, sua esposa. – Tivemos problemas na reunião! – Problemas no Presbitério? Que problemas? – Ah! Além dos problemas de sempre, mais este das contribuições. Lembra daquela família que era nossa vizinha lá no sítio? Estão morando já há mais de um ano a cinco quadras daqui, na outra rua. – Sei, querido. A esposa estava na última reunião da OASE. Conversei bastante com ela. – Pois é... vieram acertar as contas. O problema é que não conseguiram pagar as contribuições na outra Comunidade nem vão contribuir direito com a nossa. Como eles prometeram frequentar os cultos e participar dos estudos bíblicos na casa do Hugo, o Presbitério decidiu que primeiro contribuam com o que falta na outra Comunidade e depois o façam conosco. – O pessoal foi muito generoso e compreensivo. Qual é o problema nisso? – Não acho justo! Veja o nosso caso: somos daqueles que mais contribuem, tanto em valor como em participação e isso já há anos! Agora vem esse pessoal meio relaxado... – Querido, seria justo exigir deles o que nós fazemos? – Você não acha? – Ouça: a Beti, esposa do Osvino, esteve na OASE outro dia. Conversei bastante com ela. Eles passaram por maus momentos. Lembra do filho mais velho? Ele teve câncer... melanoma. Sofreu um ano inteirinho. Eles gastaram muito com

as coisas na Comunidade, já é um bom sinal. Se realmente participarem dos cultos e do grupo na casa do Hugo, vão começar a entender o quanto foram carregados por Deus em meio ao sofrimento e o quanto agora são ajudados e fortalecidos por Ele. Se o Presbitério agisse diferente, iria atrapalhar o trabalho de Deus no coração deles, não acha? – É, querida Cárin, mais uma vez você está certa. Temos muito a agradecer a Deus. Esquecemos disso quando A contribuição cristã é expressão do amor a Deus e ao próximo reparamos nos outros, o tratamento. Perderam quase tudo no medindo as suas contribuições pelo nosso meio desse temporal em sua família... e o julgamento. – Se eles querem voltar, vamos agir filho terminou falecendo. O que sobrou, venderam para comprar a casinha em que como o pai na parábola que Jesus contou: moram agora. Ainda bem que o Osvino é ele se alegrou e deu uma festa! – É verdade! Eu estava agindo como um bom pedreiro. Serviço não está faltando, mas agora precisam é de um apoio na o filho mais velho, ressentido e invejoso, fé, pois é isso que vai fazê-los levantar a cego para a bondade do Pai! – Então, Armando, vamos incluir o cabeça de novo. Eu animei a Beti a procurarem a Comunidade. Foi o que fizeram. Osvino e a Beti na nossa lista de orações! – É claro, querida e sábia esposa!! Agora, precisamos apoiá-los. O resto virá O diálogo acima, embora fictício, como consequência. – Continuo pensando que não é muito retrata cenas reais ocorridas algujusto. Tem outros que vão pensar a mesma mas vezes ao longo do meu Ministério Pastoral. Seguidamente, retorna coisa! – Armando, veja como nós fomos aben- a compreensão de mensalidade de çoados. Depois daquele período desempre- clube social/cultural com que a contrigado, você conseguiu um emprego em que buição é encarada em muitas Comuestá crescendo e ganhando bem. Com mais nidades da nossa Igreja. O problema o meu trabalho, estamos muito bem. Os principal é que dessa forma se desnossos filhos estão bem de saúde e bem na virtua aquilo que sempre foi o cerne escola. O trabalho da juventude mirim, da contribuição cristã: ela é expressão na Comunidade, está lhes ajudando a se do amor a Deus e ao próximo. Na reafirmarem na fé. Veja como estamos sendo lidade, ela também é uma graça de abençoados por Deus! Não deveríamos de- Deus (2Co 8.1) concedida aos cristãos, monstrar a nossa gratidão contribuindo e mesmo os mais pobres. Quando encarada por esse aspecto, fica totalmenservindo? te excluído o critério da quantidade, – É... até aí você tem razão! – Quanto ao Osvino e a Beti, eles pre- pois é a gratidão no coração que decisam de apoio e ajuda. Se querem acertar terminará isso.

Proporcionalidade: um princípio bíblico para a contribuição Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão (Lc 12.48). As palavras de Jesus expressam com clareza o princípio da proporcionalidade. Entretanto, com isso estamos na contramão do mercado e da nossa sociedade. Aí vale o princípio de ‘direitos e deveres’. Quem cumpre os seus deveres, adquire os seus direitos – e ponto! Aí tem quem merece e quem não merece. Muitas vezes, é com essa convicção que se participa da Comunidade. Desse jeito, conflitos não faltarão. Para entender melhor, a gente precisa se perguntar por que o cristão deve contribuir. Basicamente, há duas razões: todos foram ricamente agraciados por Deus (por exemplo: 1Co 12 e Mt 25.14-30) e todos são chamados a amar o próximo (Mt 22.37-39). Resumindo: amor e gratidão a Deus – amor ao próximo. Portanto, já não pode mais valer a concepção da contribuição como ‘conta a pagar’ ou dívida (tipo imposto

O quão grato você é a Deus?

de renda) ou, pior ainda, como ‘aplicação financeira’. É que aí graça e amor já foram desvirtuados! Gratidão e amor não se medem pela quantidade de esforço ou de dinheiro envolvido. Isso vemos na oferta da viúva pobre (Mc 12.42-44): embora a quantidade fosse mínima, Jesus afirma que ela ofertou mais que todos. A sua oferta tinha a ver com a sua dedicação e gratidão a Deus. É aí que entra a proporcionalidade. Em uma Comunidade, não são todos iguais: nem todos receberam os mesmos talentos e dons, nem todos têm o mesmo chamado, mas todos são chamados a contribuir. O quão grato você é a Deus? O quanto você ama o seu próximo? É disso que irá depender a sua contribuição!


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

14

Deutsche Seite

Gott-Held, Friede-Fürst Haben sie schon einmal einen Text aus der Bibel gesucht für eine Weihnachtskarte, oder für eine Feier in der Gemeinde? Wahrscheinlich haben Sie viele Texte gefunden, denn im Neuen Testament wird ausführlich die Geburt Jesu berichtet. Der Evangelist Lukas erzählt wie der Kaiser Augustus eine Volkszählung einberief und dadurch Maria und Josef nach Betlehem reisen mussten. Dort geschah es, dass Jesus geboren wurde, wie die Propheten des Alten Testamentes geweissagt hatten. Danach berichtet der Evangelist, wie die Hirten auf dem Felde die Nachricht erhielten durch die Botschaft der Engel, die da lautete: „Fürchtet euch nicht. Siehe, ich verkündige euch groβe Freude, die allem Volk widerfahren wird, denn euch ist heute der Heiland geboren, welcher ist Christus der Herr in der Stadt Davids“. Diese Botschaft kennen wir ja von Kindheit an, so auch den Gesang der Engel, der in der Liturgie unseres Gottesdienstes steht: „Ehre sei Gott in der Höhe und Frieden auf Erden, und den Menschen ein Wohlgefallen“. Sie werden beobachten , dass Matthäus die Geburt Jesu anders berichtet. Er hatte die Absicht, dem Volk Israel zu zeigen, dass Jesus der verheiβene Messias war, und so beginnt er mit einem Stammbaum, der die Abstammung Jesu von Abraham bis zu David genau beschreibt. Dann erklärt er den Namen Jesus, „der sein Volk retten wird aus seinen Sünden“. Und gibt die Erklärung des Namens Immanuel, welcher bedeutet: Gott ist mit uns. Diese Bezeichnung Immanuel ist eine Prophezeiung des Jesaja, die wir schon oft hörten in der Weihnachtszeit. Jesaja sagt: Siehe, eine Jungfrau ist schwanger und wird einen Sohn gebären, den wird sie Immanuel heiβen, das bedeutet Gott ist mit uns. Nun nannte ich einige Abschnitte aus dem Neuen Testament, die von der Geburt des Heilands sprechen, und die wir regelmäβig zur Weihnachtszeit hören oder auch schon auswendig kennen. Aber diese Geburt Jesu ist für uns Menschen so wichtig, dass schon die Propheten im Alten Testament dieses Ereignis angekündigt haben. Ich nenne zum Beispiel die Prophezeiung des Jesaja, der 733 Jahre vor Christus gelebt hat. Sie gehört auch zu den Weihnachtsbotschaften, die wir kennen: „Uns ist ein Kind geboren, ein Sohn ist uns gegeben und die Herrschaft ruht auf seiner Schulter und er heiβt: Wunder-Rat, Gott-Held, Ewig-Vater, Friede-Fürst“. Diese Verheiβung begleitete das Volk Israel von Generation zu Generation. Deshalb ist es nicht zu verwundern, dass das Volk damals von Jesus erwartete, dass er seine Macht gebrauchte um sein Volk von

Uns ist ein Kind geboren, ein Sohn ist uns gegeben und die Herrschaft ruht auf seiner Schulter und er heiβt: Wunder-Rat, Gott-Held, Ewig-Vater, Friede-Fürst. (Jesaja 9,5)

Pfarrer Werner Zischler d e r Gewalt der Römer zu befreien. So erwarten die Menschen auch heute den Christus, den Retter. Er ist und bleibt der Herr dieser Welt, aber in einer anderen Art und Weise - nicht mit Gewalt, sondern mit seinem Geist der Liebe. Für uns Christen ist diese Verheiβung so aktuell wie damals 700 Jahre vor Christus. Jesus ist als Licht in diese Welt gekommen, als Held, der der Macht des Bösen dessen Kraft genommen hat. Wir können es täglich spüren, wenn wir mit ihm in Verbindung bleiben im Gebet. Wollen wir einmal die Namen betrachten, die Jesaja dem Königssohn gab: „Er heiβt: Wunder-Rat“ - in einer anderen Übersetzung: weiser Ratgeber. Jesus tat Wunder und er gab weise Ratschläge wie wir sie zum Beispiel in den Seligpreisungen lesen können. Diese zeigen die Kraft, die in der Demut und im Glauben liegen. Und Wunder, die können wir täglich erleben, wir müssen nur Augen haben, um Gottes Wunder in der Natur und in unseren Leben zu sehen und zu bestaunen. Er heiβt: Gott-Held oder starker Gott. Diesen starken Gott können wir erleben in unserem Alltag, in unseren Anfechtungen, in den Krisenzeiten unseres Lebens. Er steht uns stets zur Seite. Er heiβt: Ewig-Vater. Wenn uns alles verloren geht, wenn wir ganz alleine sind und keinen Menschen haben, der uns hilft. Er steht uns bei und verlässt uns nicht. Er leitet und trägt uns mit liebenden Händen, denn er ist ein rechter Vater, der uns kennnt und uns liebt. Er heiβt: Friede-Fürst. Nichts braucht die Menschheit mehr als einen dauernden Frieden. Wo man hinsieht, wo Menschen leben und wohnen, ist Unruhe, Krieg, Hass, Verzweiflung. Wir alle sehnen uns nach Frieden und Ruhe. Bei ihm allein, bei unserem Heiland, bei unserem Retter können wir wahren Frieden finden, denn er ist unser Friedefürst. Er schenkt uns wahren Frieden, wenn wir getrost unser Leben in seine Hände legen und ihm vertrauen. Am Anfang stellte ich die Frage, ob Sie schon nach einem Bibeltext zu einer Weihnachtskarte oder einer Feier gesucht hatten. Hoffentlich haben Sie in diesem Abschnitt etwas gefunden. Ich wünsche Ihnen eine gute Feier und eine gesegnete Weihnacht. Gott sandte Jesus in diese Welt um uns, dich und mich, zu erfreuen und zu erlösen.


Jorev Luterano - Dezembro - 2014

Compartilhar 15 Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Bênção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento.

Entre em contato conosco!

Celebração Bodas de Ouro É com grande alegria que o filho Emilio Vili Dalmeyer e a família compartilham as Bodas de Ouro dos seus pais, completadas em 12 de setembro de 2014, o casal ANÉLIA E LIBERTO DALMEYER No dia 14 de setembro de 2014, realizou-se a celebração da Bênção, com o Pastor Varno Senger. Depois, todos foram recebidos para uma confraternização com familiares e amigos da família, no Restaurante Schüller, em Agudo/RS.

No dia 1º de setembro de 2014, completou 95 anos CELITA STEFFLER Por esta data, Celita recebeu o carinho e os parabéns de todos os seus familiares e amigos reunidos no Pavilhão da Comunidade Evangélica de Victor Graeff/RS. Mulher trabalhadora, vencedora de todos os desafios que a vida lhe deu, Celita é um exemplo de mulher, mãe, companheira e amiga. Que possamos ainda comemorar muitos aniversários juntos! São os votos dos seus dois filhos, das suas sete filhas, das suas duas noras, dos seus quatro genros, dos seus 14 netos e dos seus 13 bisnetos. Que Deus continue lhe abençoando!

A família sente-se abençoada por esta dádiva de vida!

Cadastro Prezados e prezadas assinantes do Jorev Luterano

Celebração IDA STAMM no dia 17 de julho de 2014, comemorou os seus 98 anos, ao lado da sua filha Neuza Wegner, do neto Jonas Wegner, da neta Giseli Castro, das bisnetas Aline Wegner, Deisy Wegner, Luana Castro e Marina Castro e do bisneto Ezequiel Wegner.

Pedimos que mantenham atualizados os seus dados cadastrais: endereço, telefone fixo e/ou celular, endereço eletrônico (e-mail) e, se possível, informem também a sua Comunidade, a sua Paróquia e o seu Sínodo. É muito importante manter o seu cadastro atualizado, para que possamos enviar o seu exemplar mensal do Jorev, o seu doc para pagamento anual da assinatura, além de mantê-lo informado sobre o lançamento de cada edição e promoções especiais. Enfim, manter os seus dados cadastrais regularizados é essencial para que o Jorev Luterano possa se comunicar com você! Então, pedimos que você mantenha contanto com a Mariana Paim pelo e-mail jorev@ieclb.org.br ou pelo telefone 51 3284.5400 e atualize as suas informações. Desde já, agradecemos! Equipe do Jorev Luterano

Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios

Rua Senhor dos Passos, 202/5º - 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419 E-mail: jorev@ieclb.org.br


GUIA PARA O Presbitério (2) Jesus não se colocava no centro para ser adorado, mas ia à procura das pessoas para servi-las. Ao servir, Jesus concretiza o amor de Deus, dirigido a todas as pessoas. Curar doentes, expulsar demônios, visitar e acolher pessoas, ser solidário com pobres e marginalizados, são alguns exemplos desse amor transformado em serviço. Entre servir e ser servido, a escolha recai normalmente na segunda opção e isso por uma questão lógica: Quem é o mais importante? É o que está sentado à mesa para comer ou é o que está servindo? Claro que é o que está sentado à mesa. Por essa lógica, servir não é interessante, mas Jesus mostra que pode ser diferente: entre vocês eu sou como aquele que serve (Lc 22.27). Ao servir, Jesus oferece um exemplo a ser seguido. O serviço está em oposição à busca por grandeza, honra e vantagens, mas, mesmo no círculo das pessoas que seguem Jesus, há uma tendência para buscar tais coisas. É o que nos contam dois textos bíblicos: Mc 9.33-37 e Mc 10.35-45. Nesses textos, percebemos discípulos seguindo a lógica da sociedade. Querem ser os maiores, porque os maiores são ‘servidos’ pelos menores. Querem sentar ao lado do trono de Jesus, porque acreditam que assim terão mais privilégios. A resposta de Jesus nos dois casos é: antes de tudo vem o servir! Se a grandeza do mundo está baseada em poder, riqueza ou fama, a grandeza sob o domínio de Deus está baseada na diaconia. Há uma inversão de valores: ser grande significa servir. Ser primeiro significa ser o último. A característica do Reino de Deus é o serviço. A liderança exercida de acordo com as regras do mundo facilmente leva ao autoritarismo e à opressão. Era isso que Jesus percebia nos governadores dos povos. Esses abusavam da sua autoridade para benefício próprio. Jesus insiste que um tipo diferente de liderança deve prevalecer entre os discípulos: entre vós não é assim! Não basta criticar e apontar o dedo para os outros – é preciso iniciar no próprio grupo. Na sua atividade, Jesus mostrou que a lógica da sociedade não é a mesma do Reino de Deus (Jo 13.5-15). As primeiras Comunidades cristãs não seguiram a lógica da sociedade. Elas procuraram seguir o exemplo de Jesus, buscando a igualdade en-

EXERCENDO A LIDERANÇA

tre as pessoas e colocando em prática o serviço ao próximo, dirigido também a pessoas não-cristãs. O exemplo de Jesus vale para toda a Igreja e especialmente para a liderança cristã. A liderança na Igreja está de acordo com o exemplo de Jesus ou não é liderança cristã. O que isso significa para nós, como Presbíteras e Presbíteros? Entre outras coisas, não usar o cargo para querer ‘aparecer’ ou levar vantagens. Postura de serviço e humildade é fundamental. Que outros valores e condutas você acrescentaria? Servir é ação comunitária, de todos. Quando isso ocorre, não há, de um lado, aqueles que servem e, de outro, aqueles que são servidos. Todos servem e, ao mesmo tempo, são servidos. O fundamento é a reciprocidade, mas a medida do servir e do ser servido não precisa ser igual. Também não é esperando algo em troca que praticamos o servir. Servimos porque é sinal de amor e porque Deus nos amou primeiro (1Jo 4.19). A Comunidade cristã, como toda organização humana, necessita de liderança, mas liderança não surge e não é exercida de qualquer maneira. Daí surgem perguntas fundamentais: Como escolher uma liderança? Como exercer boa liderança? A Igreja, em todas as instâncias, depara-se constantemente com essas perguntas. Ninguém nasce pronto ou sabendo ser líder. A sensibilidade no exercício da função ajuda a aperfeiçoar o dom. Somos também lembrados da conhecida frase: Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. As tarefas básicas da liderança consistem em: Planejar (analisar a situação e estabelecer metas), - Providenciar (prover os recursos necessários), - Decidir (preparar e tomar decisões para atingir as metas), - Executar (realizar as tarefas para alcançar os objetivos estabelecidos) e - Avaliar (analisar o desenrolar e o resultado). A Igreja sofre e é prejudicada quando as ações acontecem no improviso. Planejar é necessário para que a Igreja desempenhe a sua missão, por isso pensar em liderança não significa ater-se a nomes. Antes de procurar pessoas, importa refletir sobre propostas concretas de atuação. É fundamental que esse processo seja participativo e conduzido em oração e sob a orientação da palavra de Deus.

Aproveite 2014 e comece a viajar pela Europa

F LT Superior Sequencial de Complementação de Estudos

Pelo servir de Jesus, somos salvos: porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente (Mc 10.45). Atrás do verbo servir está a palavra grega diakonia, que significa serviço. Daí originou-se a nossa palavra diaconia, que não é qualquer serviço e também não é apenas um setor de atividade da Igreja. A diaconia é o serviço que nasce como resposta e dedicação ao Evangelho. Assim como o servir era elemento central da atividade de Jesus, a diaconia é a essência da Igreja. Diaconia é concretização do amor ao próximo. Ela busca comunhão, solidariedade, partilha, paz, justiça e a edificação da Comunidade


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.