Jornal Evangélico Luterano - Ano 43 - nº 778 - Novembro 2014

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Jorev Luterano - Novembro - 2014

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Editorial

Testemunho da fé

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s edições de setembro e outubro deste ano tiveram as Editorias Sustentabilidade, Comunicação, Formação, Tema do Ano e Vai e Vem dedicadas aos principais assuntos relacionados ao XXIX Concílio da Igreja, que, realizado a cada dois anos, em 2014 ocorreu no município de Rio Claro/SP, de 15 a 19 de outubro. Mantendo o propósito de capacitar os nossos membros para que tenham conhecimento e, portanto, condições de participar ativamente da vida comunitária e das decisões no âmbito da nossa Igreja, as edições de novembro e dezembro, nas Editorias Sustentabilidade, Comunicação, Formação, Tema do Ano e Vai e Vem, vão apresentar trechos do livro Guia para o Presbitério, uma publicação da IECLB - Série Educação Cristã Contínua, que visa a oferecer base bíblica para homens e mulheres que se dispõem a integrar o Presbitério na sua Comunidade, atendendo o chamado de servir e participar da missão de Deus. Na Editoria Atualidade, conheça melhor o trabalho realizado pela Asso-

ciação Beneficente Pella Bethânia, em Taquari/RS, há 122 anos cuidando de viDas em comunhão. Na Editoria Presidência, Eleições 2014 - O exercício da fé cidadã é o título da Mensagem, de autoria do P. Nestor Friedrich, Pastor Presidente da IECLB. Rumo às comemorações dos 500 anos da Reforma Luterana, que serão completados em 2017, o Jorev continua a série especial Lutero - Reforma:

Nesta edição, o Jorev destaca o

500 anos, iniciada em 2012. Em 2014, os textos são escritos com enfoque na Liturgia e na Música, sob responsabilidade da Cat. Dra. Erli Mansk, Coordenadora de Liturgia da IECLB, e da Mus. Dra. Soraya Eberle, Coordenadora de Música da Igreja. Nesta edição, apresentamos o tema Hinos: sobre pérolas e tesouros. Na Editoria Fé Luterana, de maneira a estimular a reflexão sobre a confessionalidade luterana e os ensinamentos da Bíblia, dois Ministros Pastores discorrem sobre A relação dos hinos com a fé. Na Editoria Geral, leia sobre a caminhada permanente da Educação Cristã Contínua na IECLB. As razões da contribuição ganharam destaque na Editoria Comportamento. Ich vertraue und sage: Ja! é o título da meditação da Editoria Deutsche Seite. Na Editoria Compartilhar, a Comunidade luterana partilha momentos significativos da vida cristã. Na próxima edição, dezembro, o Jorev vai oferecer um encarte especial sobre o XXIX Concílio da Igreja. Aguarde! Boa leitura!

Guia para o Presbitério, uma publicação da IECLB - Série Educação Cristã Contínua

Atendimento ao leitor Mariana Mattos Paim Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419

jorev@ieclb.org.br

Este espaço é seu! A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as matérias e as meditações é muito importante para que possamos oferecer um Jorev sempre melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando o seu contato!

Capa Imagem do trigo, que ilustrou a capa do ‘Guia para o Presbitério’, pois esta edição traz vários trechos desta publicação da Igreja, que faz parte da Série Educação Cristã Contínua. Leia matéria especial sobre orientações para Presbíteros nas Editorias Sustentabilidade, Comunicação, Formação, Tema do Ano e Vai e Vem.

Sugestões Gostaria de compartilhar algumas sugestões para o Jorev: publicar realizações missionárias, trabalhos ou inaugurações e conquistas obtidas pelo esforço e incentivo dos Presbitérios das Comunidades ou das Diretorias das Paróquias, visando ao engajamento de todos os membros. Também seria interessante contar, em breves relatos, a biografia de Martim Lutero e a sua obra reformatória.

Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet Reg. Prof. 10925

Revisão Margret Reus Administrativo Mariana Paim ISSN 2179-4898

Abraço! P. em. Gustavo Adolfo Schünemann Campinas/SP

Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios

Veículo fundamental

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A última edição do Jorev está muito boa. O Jornal Evangélico é um veículo de comunicação fundamental na nossa Igreja. Ele deve ser lido e estudado pelas Comunidades. Além disso, as ideias, as propostas e os artigos veiculados devem ser colocados em prática e, quando necessário, adaptados a cada caso, pois se trata de um trabalho coletivo que atualiza e eleva constantemente a nossa Igreja. Parabéns a todos! Que o Senhor os abençoe sempre! Pedro Patzlaff Santa Maria/RS

Rua Senhor dos Passos, 202/5º - 90.020-180 - Porto Alegre/RS

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Curtas

Esperança II Congresso Internacional da Faculdades EST

Durante uma semana, várias conferências, mesas temáticas, oficinas e palestras ocuparam os espaços da Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, durante o II Congresso Internacional da instituição de ensino. Para o Coordenador do evento, Prof. Dr. Júlio Adam, o II Congresso foi um sucesso, com mais de 400 participantes. O P. Prof. Dr. Oneide Bobsin, Reitor da Faculdades EST, afirmou que o II Congresso Internacional revela a alma da EST e o encontro dela consigo mesma: “Mostramos que somos capazes de nos superarmos juntos com tantas vozes distintas, distantes, convergentes e divergentes. Como a fé, a religião não se deixa transformar em objeto”. Foram registrados mais de 400 participantes A conferência de ano II Congresso Internacional da EST bertura do II Congresso aconteceu na noite de 8 de setembro, no Colégio Sinodal, em São Leopoldo. Cerca de 280 pessoas prestigiaram a fala do Prof. Dr. Leonildo Silveira Campos sobre o tema Igrejas cristãs brasileiras e cultura midiática: omissões, tensões e oportunidades. No dia seguinte, foi realizada, pela Profa. Dra. Elisabeth Gerle, a conferência De Gutenberg para Google: Eros como uma força criativa, desafiante na sociedade. Elisabeth Gerle é Professora de Ética na Universidade de Uppsala, Eticista no Departamento de Pesquisa da Igreja da Suécia. No dia 10 de setembro, o P. Prof. Dr. Valério Schaper falou sobre Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. Religião, direito e mídia. Na manhã de 11 de setembro foi a vez de Frei Betto falar sobre o tema Comunicação imagética e a quebra da historicidade. Na manhã do dia 12 de setembro foi realizada, pela Profa. Ma. Christine Atchison, do Canadá, a conferência Religião, Cultura Popular e os Mitos da Secularidade Histórica e Política. À noite, aconteceu a cerimônia de outorga do Título de Doutora Honoris Causa à Teóloga e Filósofa Ivone Gebara. Por motivos de saúde, ela não esteve presente ao evento. No texto de agradecimento enviado pela homenageada, ela destacou que esse é um título coletivo. “Se não fosse a luta de tantas mulheres por seus direitos e por fazer Teologia desde a sua realidade não teríamos chegado onde chegamos”, enfatizou Ivone. A recomendação do título foi uma iniciativa do Núcleo de Pesquisa de Gênero da Faculdades EST (NPG-EST). Durante o Congresso, foi realizado o II Simpósio de Música e Cidadania, organizado pela Profa. Dra. Laura Franch Schmidt da Silva (EST) e pela Profa. Dra. Luciana Prass (UFRGS). Foram ministradas as Mesas Temáticas Metáfora musical em Musicoterapia, Música popular nas Graduações e Música na formação do Educador Musical e do Musicoterapeuta.

Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo (Rm 15.13). Esperança é a marca da Igreja cristã. Como fruto da fé no amor gracioso de Deus, revelado a nós em Jesus Cristo, a esperança cristã vislumbra caminhos e possibilidades. Ela não combina com acomodação, tampouco com conformismo diante das injustiças e dos sofrimentos que o mundo apresenta. Esperança cristã põe a Igreja em movimento, desafiando-a para um testemunho de fé que se torna ativo no amor. Deus tem nos movido a um envolvimento cada vez maior com a cidade onde estamos inseridos. Como ser relevante para as pessoas que nos cercam? Não é possível orar pela paz da cidade (Jr 29.7) sem ouvi-la, conhecer as suas virtudes e desgraças, sentir as suas dores e envolver-se com ela. Neste sentido, compartilho uma experiência da Comunidade da Trindade, a Oficina do Brinquedo. É um Ministério que se propõe a criar vínculos com pessoas por meio da arrecadação de brinquedos que seriam descartados. Nesta ação, envolvemos adolescentes, jovens, adultos e idosos nas oficinas de restauração. As pessoas aprendem princípios como respeito, organização, trabalho conjunto e a contracultura cristã, que evita o desperdício. Também proporcionamos um alegre espaço de viDas em comunhão. Temos a grata experiência de levar alegria e semear esperança em ambientes nos quais crianças carentes recebem brinquedos restaurados como se fossem novos. Dias atrás, vivenciamos uma situação assim, quando entregamos brinquedos na Aldeia Indígena do Morro dos Cavalos, em Palhoça/SC. São a nossa fé e a nossa esperança tornando-se visíveis no amor, na fé e na esperança de Igreja que ora e age pela paz da cidade! P. Rui Petry Comunidade da Trindade Sínodo Centro-Sul-Catarinense

OFERTAS NACIONAIS 9 de novembro 22º Domingo após Pentecostes Missão entre os Povos Indígenas A nossa IECLB tem uma missão especial entre e junto aos povos indígenas e, há mais de 30 anos, encarregou o Conselho de Missão entre Indígenas (Comin) dessa missão especial. Na Amazônia e no Sul, o Comin apoia os povos indígenas nas suas necessidades de educação, saúde, geração de renda e autonomia, respeitando as diferenças étnicas e culturais e valorizando os conhecimentos indígenas milenares. Nessa fronteira missionária, recebe muitos impulsos e reflexões, que compartilha para dentro da própria Igreja, sobre como construir um mundo mais justo e sustentável para todos os seres vivos. Deus quer que todas as pessoas tenham vida em abundância. Isso inclui viver com suficiência, sentir-se reconhecida em sua dignidade de criatura de Deus, sentir-se valorizada na sua contribuição étnica e cultural. Em um mundo em desordem e insustentável, não se pode deixar de investir, e muito, em sustentabilidade e diversidade. 30 de novembro 1º Domingo de Advento Apoio às Comunidades Necessitadas e Novas – OGA A Obra Gustavo Adolfo (OGA) é uma obra de muitas mãos e que consegue ajudar as Comunidades que precisam de apoio para a construção da sua Igreja, do seu Centro Comunitário ou para o trabalho diaconal e missionário. A OGA só consegue prestar essa ajuda porque ela recebe ajuda. As ofertas no culto são uma forma de agradecer a Deus por tudo o que Dele recebemos, contribuindo com a OGA para que ela possa continuar a prestar essa ajuda.

INDICADORES FINANCEIROS UPM Outubro/2014

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Índice Setembro/2014 0,38% Acumulado do ano

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Atualidade

Associação Beneficente Pella Bethânia Há 122 anos cuidando de ‘viDas em comunhão’

P. DR. ONEIDE BOBSIN Reitor da Faculdades EST

A força dos fracos

a formação de uma boa equipe As eleições passaram, mas outras virão em breve. Refiro-me ao período de escolha de lideranças para os diversos grupos das nossas Comunidades e Paróquias. Diferente das eleições de políticos para os diversos cargos bem remunerados, na nossa base eclesial pouca gente se dispõe a exercer liderança. Expor-se em um cargo assusta muita gente, além de dar muito trabalho, mas estas razões não esgotam o problema. Suspeito que há outra razão para a falta de disposição em ocupar um cargo de serviço nas Comunidades: a liderança precisar ser forte e estudada. Discordo disto há muito tempo e tenho um exemplo como motivação. Perguntei para uma pessoa em quem ela votaria para um determinado cargo na Igreja. De pronto, o colega disse: ‘vou escolher o mais fraco dos candidatos’. Pedi explicação e o colega afirmou que a pessoa humilde e sem muitas habilidades vai formar uma equipe de trabalho para compensar as suas fraquezas. Ao contrário, o que pensa que sabe e pode tudo, centrará todas as demandas e decisões em si mesmo. Neste formato, se o futuro líder não entende de finanças, vai buscar para Tesoureiro (um dos cargos mais delicados) alguém que tenha conhecimento na área de Contabilidade, por exemplo. Caso seja tímido, vai se apoiar em uma pessoa que lecione ou esteja acostumada a falar em público e assim por diante. Não é desculpa para se colocar à disposição o fato de se reconhecer uma pessoa com poucos dotes em várias áreas. Muito pelo contrário, é esta sabedoria das fraquezas que permite a formação de uma boa equipe, com liderança partilhada. O que não pode faltar é humildade e motivação nascidas da fé. O edificador das primeiras Comunidades cristãs já havia descoberto que os dons se articulam em parceria, formando um só corpo. O apóstolo Paulo foi mais longe ao dizer que os membros do corpo que parecem mais fracos são os mais necessários. Além disso, aos que parecem menos dignos, a estes damos muito mais honra (1Cor 12.12-31). Como a todos foi dado beber do mesmo Espírito, as diferenças e as fraquezas não impedem o exercício da liderança. Nisto, a Comunidade se distingue de outras organizações.

A Comunidade se distingue de outras organizações

As salas do Centro de Retiros, junto com a capela da Casa Matriz, oferecem um espaço ideal para retiros, encontros e eventos. As instalações da hospedagem contam com quartos com banheiro, refeitório e local para estacionamento.

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Associação Beneficente Pella Bethânia, em seu primeiro estatuto denominada Evangelischer Hülfsverein - Sociedade Evangélica de Amparo, é a mais antiga instituição de longa permanência (asilo) da IECLB. Pella Bethânia, como é chamada hoje, foi criada por um grupo de pessoas da IECLB, em 19 de novembro de 1892, quando o Pastor Michael Haetinger e a sua família viajaram, em um navio a vapor, de Porto Alegre/RS, pelo Rio Taquari, e se instalaram na Em torno de oito mil pessoas já foram cuidadas por Pella Bethânia antiga casa da Fazenda Barros, em Taquari/RS. tais. Pella Bethânia atende 67 municípios do A proposta de criar uma instituição como Rio Grande do Sul e dois municípios de Santa Pella Bethânia surgiu no V Concílio do Sí- Catarina, em função do atendimento de uma nodo Riograndense, em maio de 1891, apre- equipe qualificada e multidisciplinar de prosentada pelo Pastor Pechmann, mas foi re- fissionais. A Catequista Joni Roloff Schneider, Dijeitada devido à falta de verbas para iniciar este trabalho. Os objetivos apresentados por retora Geral da Associação Beneficente Pella Pechmann estavam baseados em: ser uma Bethânia, afirma que não há lares filantróIgreja diaconal, que presta serviço ao pró- picos para atender esse perfil de públiximo, dar amparo para Pastores e esposas co. Existem clínicas, mas com custo alto ou de Pastores, devido à idade ou doença, pois, hospitais, que prestam um tratamento temcomo a maioria tinha vindo da Alemanha, porário: “Apesar da Reforma Psiquiátrica não receberia aposentadoria em país es- estar combatendo a institucionalização, a trangeiro, e dar proteção e cuidado para as prática ainda está bem distante. A situação pessoas órfãs que viviam entre os alemães é contraditória, pois, enquanto alguns Promotores Públicos e Juízes combatem a insimigrados. A ideia prosperou quando, em uma Con- titucionalização, outros simplesmente encaferência Pastoral, realizada em agosto de minham essas pessoas para as instituições 1892, um grupo de Pastores decidiu pela por ordem judicial, sem se preocupar com compra da Fazenda Barros, à margem do rio ‘quem paga a conta’! Em muitos casos, não Taquari. Depois que esta ex-casa da família há alternativas, visto que já não existe mais Canabarro, que eram os donos da Fazenda família ou porque o paciente sofreu maus Barros, não tinha mais lugar para abrigar tratos. Então, a continuidade de lares como todas as pessoas, foi construído o Lar Pella Pella Bethânia é uma realidade”. “Com orgulho, Pella Bethânia pode diII, com cem vagas. O prédio da ex-Escola Superior de Agronomia, situada em terras zer que está dando uma grande contribuiao lado da então sociedade evangélica, ção no cuidado de vidas, viDas em comufoi transformado em lar. Por muitos anos, nhão, vidas estas que passaram por vias nada a instituição era chamada de Asilos Pella e felizes, mas que encontraram civilidade, Bethânia, compreendendo-se como duas paz, justiça, cuidado, respeito, esperança, instituições: Pella como orfanato e Bethânia partilha e humanidade neste lar, que vai perseverar, pois acredita que pode fazer a como ancionato. Em torno de oito mil pessoas já foram diferença na realidade brasileira. No encuidadas por Pella Bethânia, entre crianças, tanto, precisa de ajuda de muitos para adolescentes, jovens, adultos e idosos, com manter-se financeiramente. A campanha e sem deficiência, sem distinção de raça, cre- e os esforços nesse sentido são diários, por do ou sexo. Atualmente, Pella Bethânia está isso pedimos que, quem puder, nos ajude sendo mais procurada por famílias e muni- com doações para manter esse trabalho. cípios para atender casos de pessoas jovens Acesse www.pellabethania.com.br, conhee adultas com deficiências, inclusive para o ça mais detalhadamente as ações realizacuidado de pessoas com transtornos mentais. das e escolha a melhor forma para contriNo momento, 80% dos 171 residentes são buir para a continuidade da Associação Pella pessoas com deficiência ou transtornos men- Bethânia”, convida a Cat. Joni Schneider.

Em meio a abundante natureza, o ambiente tranquilo e acolhedor favorece a reflexão, a integração e o lazer. Dispomos de serviço de hospedagem, individual ou em grupos, ideal para realização de retiros, eventos ou para aqueles que desejam apenas hospedar-se aqui.

Av. Wilhelm Rotermund, 395 - Morro do Espelho - São Leopoldo Fone: (51) 3037-0037 | retiros@diaconisas.com.br | www.diaconisas.com.br


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Presidência

Eleições 2014

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povo brasileiro experimenta um período democrático duradouro. Ao longo de várias décadas, ele vem tendo a oportunidade para se manifestar e expressar a sua opinião nas eleições de pessoas para funções nos níveis municipal, estadual e federal. A consolidação de uma rotina eleitoral, sinal de amadurecimento da democracia, também desperta certa frustração com o sistema político brasileiro. O descrédito para com a classe política e a fragilidade dos processos decisórios fazem crescer a vontade de maior participação cidadã nas decisões que envolvem projetos, investimentos e gestões públicas. Surge a consciência de que democracia é mais do que o simples exercício do voto a cada dois ou quatro anos. Emerge a

perspectiva de que cidadania diz respeito à participação e ao envolvimento político no cotidiano da vida. A IECLB está envolvida com o processo político brasileiro. Ao longo das três últimas décadas, emitiu cartas pastorais, posicionamentos e declarações sobre temas da realidade brasileira. Com toda clareza, a Igreja evita separar fé e política, ainda que as distinga. Com muita convicção, ela afirma a dignidade da vocação política e a reconhece como um chamado a serviço do povo com vistas à promoção da justiça, da paz e da fraternidade. A partir da Teologia luterana, entende-se que Deus tem o Estado como instrumento de ação no mundo. Deus coloca a seu serviço governos e instituições, independente da sua orientação religiosa. Mesmo que ao longo do

Pentecostes no Dia da Igreja

P. NESTOR FRIEDRICH Pastor Presidente da IECLB

Um templo para a nossa fé, uma casa para toda a gente! Novembro 9/11 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Centro-Campanha-Sul Sinimbu/RS Pa. Silvia Genz 10/11 Colóquio da Presidência com Candidatos ao Ministério com Ordenação Porto Alegre/RS P. Nestor Friedrich P. Carlos Möller Pa. Silvia Genz

Para o Sínodo Rio Paraná, o Domingo de Pentecostes, 8 de junho de 2014, foi de festa! Um grande número de membros de muitas Comunidades reuniu-se no Parque de Eventos em Marechal Cândido Rondon /PR para participar do III Dia da Igreja. Desde cedo, o grupo de louvor da Comunidade Martin Luther animou o evento. Na manhã, houve culto. O tema É tempo de celebrar foi desenvolvido pela Pa. Sisi Blind, que falou sobre a importância das celebrações na nossa vida. Celebramos nascimento, Batismo, Confirmação, aniversário, Natal, Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Ano-Novo... No Domingo de Pentecostes, celebramos o cumprimento da promessa de Jesus: Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador para que fique convosco para sempre (Jo 14.16). A Pastora 2ª Vice-Presidente da IECLB, Pa. Silvia Genz, presente no evento, enalteceu o empenho de toda a organização para comemorar o aniversário da Igreja: Pentecostes. A Pa. Silvia ainda agradeceu, em nome da IECLB, a todo povo luterano reunido pelo seu testemunho de fé. O III Dia da Igreja encerrou com a celebração da Ceia do Senhor e todos puderam retornar aos seus lares gratos pela comunhão de fé que este dia lhes proporcionou.

tempo tenha havido mudança nas estruturas políticas e na sua representação, o Estado torna-se insubstituível. A sua superação dar-se-á somente quando a lei estiver inscrita no coração das pessoas (Ez 36.26s) e quando Deus habitar em meio ao seu povo (Ap 21.3s). No ano em que a IECLB celebra seus 190 anos de história e tem como Tema viDas em comunhão, o processo eleitoral torna-se uma oportunidade para fortalecer vias que promovam a paz da cidade. Exercitemos, pois, a cidadania que brota da fé! Participemos da vida política como resposta à vocação de Deus! Oremos a Deus para que a civilidade, a paz, a justiça, a harmonia, a liberdade e a democracia se tornem realidade pelos vínculos baseados no respeito, no diálogo, na gratidão, na partilha e na diaconia!

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O exercício da fé cidadã

16/11 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Brasil Central Luís Eduardo Magalhães/BA P. Nestor Friedrich 21/11 Investidura da Presidência da IECLB Lindolfo Collor/RS P. Nestor Friedrich Pa. Silvia Genz P. Inácio Lemke 21-22/11 Reunião do Conselho da Igreja São Leopoldo/RS P. Nestor Friedrich P. Carlos Möller Pa. Silvia Genz 23/11 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Vale do Taquari Estrela/RS P. Nestor Friedrich 27/11 Reunião da Comissão de Designação e Envio Porto Alegre/RS P. Nestor Friedrich P. Carlos Möller 30/11 Investidura de Pastores Sinodal e Vice-Sinodal Sínodo Norte Catarinense Jaraguá do Sul/SC P. Nestor Friedrich

No dia 13 de julho de 2014, entre sorrisos de gratidão e lágrimas de alegria, foi realizado o culto de dedicação do templo da Comunidade em São Luís/MA. Com a presença do Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, e do Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém, P. Joaninho Borchardt, a banda tocou Deus está aqui. Durante o culto, foram lembrados pessoas, grupos, Comunidades e instituições responsáveis por tornar esse sonho realidade. Na sua pregação, o P. Nestor comparou o templo a um ninho que acolhe toda a gente. “Um templo para a nossa fé e uma casa para toda a nossa gente. Esse era o desejo do ser Igreja em São Luís e expressa a alegria de poder servir a Deus com gratidão e responsabilidade para com o Evangelho”, comemorou a Pa. Franciele Sander, Ministra local. Na Santa Ceia, o pão passou de mão em mão, sendo partido e entregue para todas as pessoas como prova concreta do amor de Deus por todos nós. Entre as pessoas presentes ficou a alegria de celebrar este momento e a certeza de que não estão sós na tarefa de ser Igreja missionária em São Luís, testemunhando o Evangelho de Jesus Cristo.

160 anos da Comunidade em Taquara A história da Comunidade em Taquara/RS, no Sínodo Nordeste Gaúcho, se funde com o início da colonização da Colônia do Mundo Novo, em 1846, com a divisão de um feudo em lotes. O atendimento espiritual era feito por Pastores de São Leopoldo/RS e redondezas. Entre 1872 e 1874, foi construída a primeira Igreja em Taquara (Friedenskirche - Igreja da Paz), sem torre nem sinos, proibidos aos não católicos durante o Império. Em 1935, foi inaugurado o novo templo, em estilo neogótico alemão, um dos cartões postais da cidade. Em 26 de julho de 2014, a Fundação da Comunidade foi comemorada na Igreja da Paz com a participação da Comunidade, Ministros locais, do Pastor Sinodal Altemir Labes e do Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich.

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Sustentabilidade

Guia para o Presbitério - O lugar do Presbitério no corpo de Cristo

Comunidade é a presença viva de Cristo na sociedade, chamada para o testemunho e o serviço

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o Novo Testamento, a Comunidade cristã é chamada de Igreja, palavra que provém do termo grego ekklesia, que significa assembleia, reunião, congregação. Portanto, Igreja é mais que uma construção ou um templo. Em sentido amplo, Igreja é um grupo de pessoas (a) convocadas e reunidas pela Palavra de Deus (Ef 2.19-22), (b) unidas pela mesma fé em Cristo (1Co 1.2), (c) impulsionadas a agir a serviço do Evangelho (1Pe 2.9-10). Para facilitar a compreensão do que seja a Comunidade, o apóstolo Paulo compara a Comunidade cristã ao corpo humano (1Co 12.12-31 e Rm 12.3-8): A comunidade forma uma unidade Os diferentes membros do corpo humano formam uma unidade. Assim também acontece com a Comunidade. Isso significa que: - a Comunidade cristã é um grupo de pessoas unidas em torno da mesma fé (no Deus Criador, Salvador e

Consolador) e do mesmo objetivo (vivenciar e testemunhar o Evangelho); - a Comunidade é o corpo de Cristo. Paulo chega a essa imagem a partir da Santa Ceia (1Co 11.23-26), pois o pão distribuído na Ceia é o corpo de Cristo. O Batismo faz-nos pertencer ao corpo de Cristo (1Co 12.13); - nas cartas aos Colossenses e aos Efésios, Paulo apresenta Jesus Cristo como cabeça da Igreja (Cl 2.18-19 e Ef 4.15-16). Isso significa que é Cristo que mantém o corpo unido e é ele quem guia a Comunidade cristã. Na Comunidade, há espaço para a diversidade A figura do corpo humano, com as suas mais diversas partes, simboliza os diferentes tipos de pessoas que fazem parte de uma Comunidade. Isso significa que: - em uma Comunidade cristã, todas as pessoas são iguais em importância;

Luterprev Responde

ajudando a planejar o seu futuro Você sabia que... ...2014 deve terminar com 7 bilhões de linhas de celulares em uso no mundo? Isso significa uma linha de celular para cada habitante do planeta, segundo a União Internacional de Telecomunicações, que integra a Organização das Nações Unidas (ONU). A estimativa é que 3 bilhões usarão a Internet, sendo 2,3 bilhões por banda larga. No Brasil, os celulares são 168 milhões e o mercado vem crescendo a uma taxa que varia de 15% a 25% ao ano. Em contrapartida, o número de linhas de telefone fixo tende a diminuir cada vez mais. Até o final deste ano, o cálculo é de que serão 100 milhões a menos do que em 2009. ...até 80% dos componentes dos aparelhos celulares podem ser reciclados? Em vez de engavetar aparelhos velhos

e sem uso, melhor é encaminhá-los à reciclagem. A maioria dos fabricantes costuma manter serviços de recolhimento em suas próprias lojas. Em torno de 80% de cada aparelho pode ser reciclado, com a extração principalmente de alumínio, ouro, cobre e plástico. Destes, só o plástico é processado no Brasil. O resto é vendido para empresas europeias e norteamericanas que têm tecnologia para recuperar os metais. ...40 milhões de celulares são descartados por ano no Brasil? Considerando que cada milhão de aparelhos gera cerca de 70 toneladas de lixo, o resultado é alarmante, principalmente porque só 2% desse total são encaminhados à reciclagem. Se descartado no lixo comum, celulares podem causar sérios danos ao meio ambiente:

- cada pessoa tem um dom especial recebido de Deus, que lhe permite dar a sua contribuição específica para o bem da Comunidade e o seu testemunho no mundo; - todos os dons são necessários e cada dom é dado com o objetivo de servir ao próximo e ao crescimento da Comunidade (1Co 12.7); - exercer um determinado dom não torna alguém mais importante do que outras pessoas; - a Comunidade está aí para o serviço aos outros. Dom não é status, mas serviço. Dimensões da comunidade missionária A Igreja e a sua missão têm a sua origem no amor de Deus. Deus se movimenta para preservar e redimir a sua Criação, para reconciliar as pessoas e permitir que experimentem sinais do seu Reino. Deus inclui a Igreja nesse movimento em prol da cura e salvação do mundo. Segundo o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI), as dimensões de uma Igreja missionária são: - Evangelização: é o testemunho missionário da fé; - Comunhão: a vida em Comunidade procura criar espaços de convivência, aceitação e valorização das pessoas; - Diaconia: ouvir, acolher, visitar, orar por alguém, buscar vida digna para todas as pessoas são expressões de serviço, diaconia; - Liturgia: a Comunidade reúnese para o culto e outras ocasiões para celebrar o amor de Deus e receber os Sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor.

por exemplo, uma só bateria é capaz de contaminar até 600 mil litros de água. ...que o uso do celular à noite pode trazer problemas à saúde e ao bemestar? Entre os problemas, estão atrapalhar o sono, principalmente se o aparelho for usado antes de dormir, porque a luz da tela afeta a produção de melatonina, substância que avisa ao organismo que é hora de iniciar o sono. ...quem passa muito tempo ‘vidrado’ na tela de aparelhos eletrônicos pode estar pondo em risco sua visão? Oftalmologistas britânicos advertem

A Comunidade cristã existe para ser o corpo de Cristo atuante neste mundo

que a luz violeta que brilha na tela não só de smartphones, mas também de tablets, computadores e aparelhos de televisão pode provocar sérios danos de longo prazo à visão. Quando em excesso, essa luz pode trazer risco de degeneração macular, uma das principais causas de cegueira. ...que os smartphones podem ser úteis na prevenção de doenças? Médicos de um hospital em Massachusetts, nos Estados Unidos, elaboraram um pequeno aparelho de ressonância ligado a um smartphone, com uma agulha, que é capaz de identificar a presença de câncer.

Visite o site luterprev.com.br e faça também uma simulação para sua aposentadoria complementar e/ou para assistência financeira. No site, você encontra um link para encaminhar perguntas à coluna. Se preferir, envie-a diretamente para luterprev@luterprev.com.br, com o assunto Jorev.


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Comunicação

Os dons são diferentes, mas todos têm o mesmo valor e colaboram para a honra e a glória do Senhor

Guia para o Presbitério - O lugar do Presbitério no corpo de Cristo O significado de ‘sacerdócio geral’ Lutero tinha certeza que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os seres humanos. O Reformador também estava convencido de que todas as pessoas, por meio do Batismo e da fé, são chamadas ao sacerdócio geral de todas as pessoas que creem – uma concretização da Igreja como corpo, em que cada membro participa e serve com o seu dom. A igualdade que o sacerdócio geral promove também responsabiliza. Todo membro, a partir da fé concedida por Deus, assume o chamado que lhe foi feito por ocasião do seu Batismo. Na Comunidade cristã, a responsabilidade com a missão de Deus e com as atividades da Comunidade não mais recai apenas sobre o Ministro, a Ministra, os membros dos Presbitérios, esta ou aquela pessoa. Todos os membros são responsáveis. Sacerdócio geral e educação cristã Quanto maior o número de pessoas engajadas, tanto mais os trabalhos da Comunidade são ampliados. Para que isso funcione, são necessárias a conscientização e a capacitação por meio da Educação Cristã Contínua. Os membros precisam ser capacitados para conhecer e testemunhar a sua fé na Comunidade e na sociedade. Lutero sonhava com Comunidades capazes de discernir e julgar doutrinas. Para discernir e julgar doutrinas, é necessário conhecimento sólido sobre os conteúdos da fé e da confessionalidade luterana. A IECLB tem como característi-

O sacerdócio geral busca recuperar o sentido bíblico de Igreja, baseada em igualdade, comprometimento e serviço ca a preocupação com a formação e a capacitação dos seus membros para a vivência da fé. O Plano de Educação Cristã Contínua (PECC) quer ajudar a articular e a promover ações de educação cristã apresentando fundamentação teológica e pedagógica, indicando áreas temáticas para a definição dos conteúdos da fé cristã, apontando para formas de atuação e identificando atribuições. Sacerdócio geral e Ministérios específicos O sacerdócio geral não exclui a necessidade de ter pessoas qualificadas e encarregadas de serviços específicos na Comunidade. A Igreja também precisa de ‘serviços estruturados’, o assim chamado ‘Ministério com Ordenação’. No caso da IECLB, esse Ministério está subdividido em quatro ênfases: pastoral, missionária, catequética e diaconal.

Uma Comunidade também pode chamar e responsabilizar pessoas, em nome de Deus e da Igreja, para determinados serviços em nível local. A Comunidade chama, promove a qualificação das pessoas e as envia publicamente, durante uma celebração de culto, para o serviço. Ministério compartilhado Todos os Ministérios se justificam na medida em que possibilitam uma Comunidade mais acolhedora, solidária, terapêutica, participativa, aberta e missionária. Sacerdócio geral e Ministérios específicos existem para servir na Comunidade, no corpo de Cristo. Sacerdócio geral e Ministérios específicos são chamados à cooperação fraterna ao ‘Ministério compartilhado’. Cada pessoa, com seu dom e o seu Ministério específicos, colabora com a outra para a honra e a glória do Senhor da Igreja.

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Unidade

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Lutero - Reforma: 500 anos Hinos: sobre pérolas e tesouros

O que um hino pode falar para a nossa fé? É uma instigante pergunta colocada como ponto de partida para este artigo. Ao lado desta, poderíamos acrescentar outra: O que um hino pode falar sobre a nossa fé? Conta-se que, nos dias da Reforma, as ideias do Monge de Wittenberg, Lutero, teriam chegado também à Igreja da cidade de Lemgo. Na Prefeitura, espalhou-se uma inquietação, pois havia boatos na cidade de que aquilo que se fazia agora na Igreja necessitava de atenção, que estavam sendo inseridas práticas diferentes e desconhecidas. As ideias de Lutero poderiam tomar grande vulto, por isso era necessária atenção aos fatos. Precisavam ser tomadas atitudes! No entanto, para tal, deveria ser planejada uma estratégia. O Prefeito precisava saber com certeza em que pé as coisas estavam e mandou à Igreja um funcionário, que deveria observar tudo e fazer um relatório. Depois de algum tempo, o funcionário voltou. ‘Então?’ – perguntou o Prefeito. ‘Senhor, eles já estão todos cantando!’ – teria dito o funcionário. O Prefeito comentou laconicamente: ‘Tarde demais. Está tudo perdido!’. Se é real ou apenas simbólica tal história, não o sabemos, mas dela retiramos algo essencial para a nossa vida como Igreja de confissão luterana. Esse Prefeito e o seu funcionário sabiam algo importante sobre a Reforma: cantar os hinos significava compreender, entender, absorver. Significava fazer parte! Cantar hinos é, desde o princípio, uma atividade evangélica! A Reforma é também um movimento musical. Lutero compreende que, nos tempos da Reforma, ‘Deus tem pregado o Evangelho também por meio da Música’, por isso ele dedica atenção pessoal ao assunto.

Em Romanos 10.17, está escrito que a fé vem pelo ouvir e o movimento da fé evangélico-luterana está firmemente ancorado na oralidade. O Evangelho é, assim, um evento sonoro. Aquilo que imprimimos em livros e papel é apenas um lembrete, uma ajuda para os nossos cérebros, para a nossa memória, já que não conseguimos reter completamente a Bíblia. A Palavra se torna viva quando ela soa! O ouvir tem um significado muito importante para a fé, que Lutero captou muito bem, quando chega a afirmar, nas suas exposições sobre o Gênesis, que ‘os milagres que se apresentam aos nossos olhos são muito menores do que aqueles que apreendemos com os nossos ouvidos’. Lutero se refere à música como dádiva e criação de Deus, para o louvor da Sua glória, mas esse é somente um lado. Como o próprio Lutero menciona, temos aí um caminho de duas mãos, pois, com a mesma música, que é instrumento para a glória de Deus, as pessoas são conduzidas, aperfeiçoadas e fortalecidas na sua fé. Os hinos transportam a mensagem evangélica, são meio do Evangelho. Deus vem em sua Palavra, para tanto, pode fazer uso da voz de qualquer pessoa! O objetivo era que a Palavra de Deus estivesse entre as pessoas – também em forma de música. Para serem efetivos, os hinos precisavam ser (re)escritos em Alemão, que o povo poderia entender. Ele convidou mestres de renome e com reputação para compor, como Ludwig Senfl, e tinha no seu círculo próximo Johann Walter, o primeiro Chantre (Mestre de Coro) luterano, e Georg Rhau, maior Editor de música da Reforma. Com eles, trocava ideias sobre música e sempre de novo convocava a ‘habilidade’ de tais pessoas para colocar-se a serviço da propagação da Palavra. Lutero não somente encomendou material de outros compositores, mas ele mesmo se pôs à tarefa de compor novos hinos e revisar antigos hinos legados pela tradição, corrigindo-os onde necessário. O seu interesse era que a música fosse compreensível. Então, o conteúdo textual precisava ser simples. Ao mesmo tempo, o vocabulário tinha que ser genuíno e apropriado, leve e fluente, como deve decorrer da graça, por isso também alegre. As notas deveriam estar em harmonia com o texto e ambos deveriam expressar a mesma ideia. Lutero mostra mais de uma vez a diferença entre a música composta por obrigação e devedora da lei e a música fluente, que provém da graça de Deus. É por isso que os seus hinos são caracterizados por simplicidade e força. Neles se expressa a alegria da justificação, que era o coração que batia na sua Teologia. Mais que tudo, no entanto, Lutero tinha extraordinária habilidade com as palavras: pensamentos profundos em palavras bem claras. Ele não deixou dúvidas quanto ao que quis dizer, usando a palavra certa no lugar certo.

Mesmo que a Palavra que soa seja realmente o Evangelho, como já dito, nós necessitamos da Palavra escrita para ajudar a nossa memória a não perder tesouros. Entre 1524, data do primeiro hinário, e a morte de Lutero, em 1546, estima-se que mais de cem hinários foram impressos e produzidos na Alemanha. Isso demonstra a importância dos hinos para a Reforma. Convido você a fazer um exercício: procure o hinário Hinos do Povo de Deus 1 e o abra no hino de número 155, Cristãos, alegres, jubilai. Em tal hino, Lutero escreve a respeito da graça e da ação de Deus na sua vida. Em melodia e texto, está expresso o espírito de Lutero, de proclamação da obra de Deus na vida humana. Na missa alemã, há a prescrição de cantá-lo entre a pregação e a confissão de fé. Diante da pergunta sobre um apanhado geral daquilo que Lutero crê, chega-se a este hino. Leia atentamente tal hino e, se possível, cante-o! Uma definição de culto, bastante conhecida, foi formulada por Lutero para a dedicação da Igreja de Torgau. O seu desejo é que naquele prédio não aconteça outra coisa, ‘além de que o nosso querido Deus pessoalmente converse conosco por meio da sua Santa Palavra e nós, em contrapartida, conversemos com Ele em oração e cantos de louvor’. Superficialmente, poderíamos supor, a partir de tal definição, que Ministros e Ministras reservam para si a tarefa de dizer a Palavra de Deus e a Comunidade, junto com Musicistas, responde, entre outros modos, pelo canto. Quando observamos os hinos que cantamos, nos damos conta de que os cantos estão em ambos os lados da comunicação litúrgica. Temos muitos hinos que expressam gratidão, louvor, súplica ou clamor. Quando os cantamos, estamos realizando exatamente tais ações. Da mesma forma, hinos não são somente a palavra daqueles que as proferem, respondendo a Deus. São também a Palavraoutra, que, paradoxalmente, nos nossos próprios lábios, nos sobrevém de fora de nós. Ali, o próprio Deus nos fala. ‘Ao Filho disse o Pai no céu: o tempo está chegado; à terra desce, ó Filho meu e salva o condenado! Liberta-o de pecado e dor, morrendo, sê-lhe o Redentor: que tenha nova vida’. Quem canta tais versos não é simplesmente ele mesmo, mas é mais. Na sonoridade da voz humana, o próprio Deus fala! Observe: nas últimas estrofes

do hino Cristãos, alegres, jubilai, quem fala é Cristo! Quais outros hinos do hinário apresentam a mesma característica? A título de sugestão, indicamos a primeira estrofe do hino 151, Não quero, diz-nos o Senhor, e o hino 177, Segui-me, diz Cristo. A via dupla da música, expressa por Lutero, também é corroborada pelo Compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). Para ele, a música servia para glória de Deus e recreação do temperamento. Música Sacra é música para a alma, Palavra, pregação e faz o papel profético e de cura d’almas, por isso, mais uma vez, torna-se necessário o devido cuidado com o repertório escolhido. Quando a Comunidade cantar, ouça e reflita sobre o que se canta: podemos afirmar que o que temos ouvido contemporaneamente é sempre o Evangelho? O que cantamos tem um importante papel na identidade confessional. Ali se ‘prendem’ e ‘dependuram’ conceitos muito centrais à fé evangélico-luterana. Ali está uma grande parte da herança. Como saber para onde queremos ir se desconhecemos de onde viemos? Por outro lado, o canto comunitário desejado por Lutero fala à nossa fé na medida em que nos esvazia da nossa autossuficiência e nos coloca em Comunidade, interdependentes, soando juntos e juntas. A música, que, originalmente, estava aí para congregar a Comunidade, muitas vezes, hoje, serve para diferenciá-la e dividi-la... Os hinos que cantamos não são nossa propriedade pessoal – nem dos Compositores. São um legado de fé, contam a história da nossa fé e nos colocam ao lado de cristãos que neles encontraram, em outros tempos, força, consolo e a própria Palavra. Para concluir e ilustrar, trazemos palavras de Lutero, encontradas no Tratado sobre as últimas palavras de Davi: ‘Santo Ambrósio compôs muitos hinos da Igreja. Eles são chamados Hinos da Igreja porque a Igreja os aceitou e os canta simplesmente como se a Igreja os tivesse escrito e como se eles fossem os cantos da Igreja, por isso não é costume dizer: ‘Assim canta Ambrósio, Gregório, Prudêncio, Sedúlio’, mas ‘assim canta a Igreja Cristã’, porque estes são os cantos da Igreja, que Ambrósio, Sedúlio, etc., cantam com a Igreja e a Igreja com eles. Quando eles morrem, a Igreja sobrevive a eles e prossegue cantando as suas canções’.

Em Romanos 10.17, está escrito que a fé vem pelo ouvir e o movimento da fé evangélico-luterana está firmemente ancorado na oralidade. O Evangelho é, assim, um evento sonoro. Aquilo que imprimimos em livros e papel é apenas um lembrete, uma ajuda para os nossos cérebros, para a nossa memória, já que não conseguimos reter completamente a Bíblia. A Palavra se torna viva quando ela soa!

Mus. Dra. Soraya Heinrich Eberle, Bacharel em Regência Coral pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Mestre e Doutora em Teologia pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, é Professora na Faculdades EST e no Colégio Pastor Dohms, em Porto Alegre/RS, e Coordenadora de Música da IECLB

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Formação

Guia para o Presbitério - Servir pela graça de Deus Sacerdócio Geral (parte 1)

Aquilo que há de mais precioso na nossa vida terá o nosso empenho, o nosso tempo, os nossos recursos, a nossa entrega, enfim, será a nossa paixão

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tuar no Presbitério pode ser considerado um privilégio, mas também um fardo. Afinal, toda atividade de liderança envolve trabalho, responsabilidades, preocupações, desafios. No entanto, a graça de Deus nos alcança primeiro e o exercício de um cargo não representa um peso, mas uma resposta de fé à graça divina. No desempenho das nossas atividades, podemos contar com o amparo que vem de Deus. Onde está o teu coração, ali está o teu Deus. Esta frase do Reformador Martim Lutero está em sintonia com uma afirmação feita por Jesus Cristo no Evangelho de Mateus: Pois, onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês (Mt 6.21). Dizendo de modo bem simplificado: aquilo que há de mais precioso na nossa vida terá o nosso empenho, o nosso tempo, os nossos recursos, a nossa entrega, enfim, será a nossa paixão. No exercício da liderança em Comunidades, Paróquias, Sínodos e em outras instâncias da IECLB, a motivação e a forma de assumir a ta-

refa determinam, em boa medida, o resultado que virá pela frente, independente da área em que se está trabalhando. Muitas Comunidades já tiveram a oportunidade de ver Presbíteros atuantes, alegres e unidos, que cativam e envolvem a Comunidade nos desafios que têm diante de si. Muitos já tiveram a experiência de ver que, neste caso, as grandes dificuldades ficam pequenas. Avanços quase impensáveis tornam-se realidade. Tal Presbitério é uma bênção. Por outro lado, muitos membros e Ministros já viram Presbíteros sendo escolhidos de última hora e sem que houvesse clareza sobre o que é servir. São situações em que, primeiro, ouvem-se afirmações como: ‘não posso’, ‘não tenho tempo’ e, depois, o famoso: ‘já que não tem outro, então eu assumo!’. Quando a escolha do Presbitério se dá por esse caminho, muitas vezes o que vem pela frente é um tempo difícil para a Comunidade. É interessante observar que tanto uma quanto a outra possibilidade ocorrem em Comunidades maiores e menores e independe do grau de estudo das pessoas. Importa, portanto, perguntar pelas razões disso. Entender as causas ajuda na busca pela formação de Presbitérios e líderes mais entusiasmados, preparados e competentes. Em qualquer atividade na qual estejamos envolvidos, a pergunta pelos princípios é essencial. Não é diferente quando se trata da função de Presbítero ou Presbítera. Não é demais lembrar que muitas lideranças das Comunidades também exercem funções em associações, clubes de serviço e outras entidades. Normalmente, essas experiências são positivas e contribuem para a formação de lideranças. Outras vezes, os princípios que norteiam essas entidades não são os mesmos da Comunidade cristã, ainda que possa haver pontos em comum. O fundamento que sustenta a caminhada de um Presbitério é a Palavra de Deus, conforme afirma a Constituição da IECLB. É na Escritura que buscamos orientação para a vida e também para compreender a função do Presbitério.

Secretaria da Ação Comunitária A Nem tão doce lar (NTDL) é uma exposição itinerante que nasceu a partir de uma mostra internacional chamada Rua das Rosas (Rosenstraβe), idealizada pela Antropóloga alemã Una Hombrecher, com apoio da agência Pão para o Mundo (PPM). Essa exposição foi montada pela primeira vez no Brasil em fevereiro de 2006, durante a realização da 9ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em Porto Alegre/RS. A exposição, em sua versão brasileira, recebeu o nome de Nem tão doce lar (NTDL), fazendo alusão àquele quadro, muito comum em lares brasileiros, onde consta a frase Lar doce lar. A mostra consiste na réplica de uma casa, com cenários (cômodos/ peças) que remetem ao ambiente

doméstico, onde são colocados vestígios/pistas que ajudam os visitantes a identificarem sinais sutis da violência. A NTDL, enquanto metodologia diaconal transformadora, propõe a denúncia da violência, chamando a atenção para um assunto que precisa ser discutido e superado em todos os espaços da sociedade, inclusive nas Igrejas. Além disso, quer ser um espaço de sensibilização da população frente a essa temática. As tarjetas espalhadas por toda a casa trazem informações, estatísticas e dados sobre a violência nas suas diversas formas. Neste espaço, algumas pessoas atuam como acolhedoras e auxiliam os visitantes. A oficina de capacitação de acolhedores é mi-

nistrada pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD). O conteúdo programático da oficina aborda: conceituação de violência, violência social, tipos de violência doméstica, vulnerabilidades, relação entre violência doméstica e exploração sexual, violência e relações de gênero, violência religiosa, lei 11.340/2006 - Maria da Penha, apresentação de documentários e filmes para vídeo, além de debate e interação entre o grupo. Cabe à FLD fornecer um manual de montagem da casa com a lista de móveis e utensílios para a composição dos cenários, a realização da oficina de acolhedores e assessoramento de todo o processo de montagem da exposição. Confira as modalidades de montagem da exposição disponíveis no site da FLD: http://fld.com.br/index. php/fld/nemtaodocelar/

Rogério Oliveira de Aguiar Assessor Técnico na Fundação Luterana de Diaconia (FLD)


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Fé Luterana 11

A relação dos hinos com a fé O que um hino pode falar para a nossa fé ? A função, a importância e a razão de ser dos hinos da nossa Igreja são a mesma, assim como a função, a importância e a razão de ser da Palavra de Deus, pois os hinos ilustram e transmitem a mensagem bíblica. Eles são como uma ponte entre as Escrituras Sagradas e a nossa fé. Qual é a importância da Palavra bíblica? Veja o que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos (10.17): a fé vem pela pregação e a pregação pela Palavra de Jesus Cristo. Por que razão o evangelista João escreveu o seu livro, que chamamos de ‘Evangelho segundo João’? Estes (relatos) foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (João 20.31). Este é o primeiro e principal objetivo da Palavra de Deus: mostrar quem é Jesus Cristo e ajudar a crer nele. Em segundo lugar, vem o crescimento na fé. Convém lembrar um pensamento do apóstolo Pedro, o qual acentua: Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação (1Pedro 2.2). O apóstolo Paulo diz isto com outras palavras: Esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo (Filipenses 3.13-14). Não menos importante é o que a Palavra bíblica pode fazer para que a nossa vida se torne uma vida cristã com santificação. Note o que o apóstolo Paulo recomendou a seu jovem amigo Timóteo: Permanece naquilo que aprendeste... (2Timóteo 3.14-17). Com isso, abre-se um grande e variado leque de auxílios e expressões de fé que a Bíblia nos pres-

ta, como, por exemplo, leis, mandamentos, recomendações, ordens, testemunhos, declarações, confissões, lamentações, informações históricas, também louvor, adoração, gratidão, exaltação, hinos, poesias. Todas as ‘utilidades’ ali relacionadas valem igualmente para os nossos hinos. Se um hino não se enquadra nessa regra, então não merece constar no hinário da Igreja. Lutero acentuou isso no Prefácio ao hinário de 1524, escrevendo: São Paulo lembra disso em 1Coríntios 14.15 e aos Colossenses (3.16-17). Ele ordena que louvem a Deus de todo o coração com salmos e hinos e cânticos espirituais, a fim de que assim a Palavra de Deus e a doutrina cristã sejam de várias maneiras divulgadas e praticadas, por isso, para fazer o início e dar um impulso àqueles que o sabem fazer bem melhor, eu, juntamente com poucos outros, reuni alguns cânticos espirituais, a fim de divulgar e tornar conhecido o santo evangelho, o qual agora pela graça de Deus foi redescoberto, para que também entre nós cresça o louvor, assim como Moisés entoou no cântico dele (Êxodo 15.1-21), e que Cristo seja nosso louvor e cântico e não soubéssemos nem cantássemos ou falássemos nada mais importante do que Jesus Cristo, nosso Salvador, como Paulo diz em 1Coríntios 2.2. A função, a importância e a razão dos hinos de Lutero e dos seus colaboradores foi facilitar a aceitação da Palavra de Deus pelas pessoas. Convém lembrar que grande número dos habitantes da época não sabia ler, mas, por meio dos hinos, as pessoas conheceram a mensagem bíblica.

P. em. Leonhard Friedrich Creutzberg, formado pela Faculdade de Teologia de São Leopoldo/RS, atuou nas Paróquias em Lajes/SC, Blumenau-Garcia/SC, Assis/SP e Joinville/SC

Para refletir, leia 2Timóteo 3.14-17

O jeito de fazer música na IECLB

P. em. Oziel Campos de Oliveira Junior, estudou no Luther Theological Seminary, em St. Paul, nos Estados Unidos, na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, e na Theologische Hochschule, em Wuppertal, na Alemanha, exerceu o Ministério Pastoral em Juiz de Fora/MG, Funil/MG, Novo Hamburgo/RS, St. Mark Lutheran Church (EUA), Missão Zero II, Araçatuba/SP, Lages/SC e Palhoça/SC. É autor de várias canções (duas delas constam no HPD 1 e nove no HPD 2)

Quando a minha filha tinha oito anos de idade, ela cantava e dançava usando um vidro de perfume vazio como microfone. Um dia, admirado, comentei: ‘Karina, acho que você vai ser uma boa Cantora!’. Ela se sentiu muito importante. Em seguida, completei: ‘você deveria ser uma Cantora para Jesus’. Sem entender nada, ela perguntou o que significava isso. Respondi: ‘a gente pode cantar para o mundo ou para Jesus. Quando a gente canta para o mundo, dá entrevistas, aparece nas revistas e na televisão, é fotografado e ganha muito dinheiro. Quando a gente canta para Jesus, a gente faz muitas coisas desse tipo, só que quase ninguém dá atenção, a gente não ganha muito dinheiro e todo mundo começa a falar somente de Jesus’. A Karina me olhou muito triste e respondeu: ‘Eu quero ser Cantora para o mundo’. O jeito de fazer música na IECLB sempre foi e ainda deve continuar a ser o ‘jeito teológico’, o jeito de Lutero: música que fala sobre vida, morte e ressurreição de Cristo. O ‘jeito teológico luterano’ é apontar para o significado da cruz, que na cruz Jesus morreu pelos nossos pecados, que ali, ao morrer e ao ressuscitar, Jesus nos reconcilia com o seu Pai. É uma maneira de cantarolar o que Deus fez a nosso favor, porque nos ama. É falar, escancaradamente, no seu amor, na sua graça, no seu abraço e no seu convite. Muitas vezes, percebemos a compreensão superficial do que é música evangélica cristã, usada como se fosse sino, para convocar as pessoas, preencher lacunas. Isso deveria ser considerado um descaso por qualquer Músico ou Comunidade luterana. Da mesma forma, poesia, métrica, melodia, rima e outros aspectos da música, se bem-feitos, causam prazer e alegria, mas esse não é critério do que signifi-

ca boa música evangélica luterana. Aquilo que fala no que Deus fez e faz por nós, é Evangelho: Ele nos ama, envia Jesus, nos procura como uma ovelha perdida, perdoa os nossos pecados, nos justifica, presenteia com a fé, abraça, torna filhos e filhas. Aquilo que fala no que nós fazemos para Deus pode até ter aparência de Evangelho, mas é apenas religião: as nossas orações, as promessas, o querer agradar a Deus por meio das obras, etc. Na IECLB, a música tem como propósito reunir o povo de Deus e ajudá-lo na gratidão e no louvor. É a expressão do Corpo de Cristo, do sacerdócio de todos os crentes. A música na IECLB tem a função de falar naquele que nos amou por meio de Cristo para que anunciemos as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pedro 2.9). Façamos muita música na IECLB! No entanto, estas músicas devem ter conteúdo bíblico-teológico, devem falar sobre a ação de Deus a nosso favor, devem nos chamar ao arrependimento, ao louvor, ao serviço e à comunhão. Depois do que expus, espero que não estejam decepcionados, como ficou a minha filha Karina, ao entender que a música evangélica luterana deve ser feita para a honra e a glória de Deus. Naturalmente, a música também tem como função ‘alegrar o coração daqueles que o servem com alegria’. Para refletir, leia 1Pedro 2.9


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Geral

Educação cristã

vivendo, aprendendo e ensinando

Educação Cristã e Liberdade Cristã - Como herança da Reforma, a liberdade continua sendo um dos grandes estandartes para nós, luteranos, mas isto não significa que somos independentes. A liberdade precisa de Educação Cristã Contínua. No vivenciar da liberdade, vamos descobrindo e redescobrindo mais essências dela, pois, para a pessoa cristã, ‘liberdade é de e para’. Vinculando: a ideia do cercado era para manter o cãozinho por perto, evitar brigas e atritos com outros cães, com vizinhos e também previa a segurança do animal. No entanto, pela quinta vez, o cãozinho fez um buraco sob a tela, saiu do cercado, correu pela vizinhança, fez reconhecimento do terreno no entorno, voltou ao cercado para beber água e, cansado, deitou-se em frente ao buraco do lado de fora. O menino ficou irritado e desgostoso pelo fato de o cão sempre fugir. Estava decidido a fazer um reforço de pedra sob a tela. Na manhã seguinte, o menino percebeu que o animal havia passado a noite toda deitado naquele buraco e, sem mostrar medo, entrou para se alimentar e voltou a se deitar

em frente ao buraco. Assim o fazia todos os dias. O menino percebeu que o cão não tinha o desejo de fugir, mas de estar livre, por isso buscava preservar a sua passagem para essa liberdade. Então, na casinha do cão, o menino abriu mais uma passagem no lado oposto e colocou-a diante do buraco no lado externo. Ali foi colocada a casa, com passagem direta para dentro e para fora. O cão passou a viver mansamente no seu cercado e descansava na casinha com duas passagens. O menino chamou isto de ‘ponte da liberdade’. O aprendizado que temos da doutrina luterana é uma

‘ponte da liberdade’ que nos faz livres para construirmos espaços, meios para preservar e, ao mesmo tempo, nos dá responsabilidade para viver essa liberdade. A família, o lar, a

P. Itto Alberto Sträher, atua na Paróquia de Boa Vista, interior de São Lourenço do Sul/RS, e representa a ECC do Sínodo Sul-Rio-Grandense

Respeito à diversidade Katilene Willms Labes

Sínodo Vale do Itajaí

educação, a escola, a Comunidade, a Igreja, a vizinhança, a sociedade, a fé e as esperanças são espaços que podem favorecer para se chegar à ‘ponte da liberdade’. A forma como vamos usufruir, compartilhar e repassar vai determinando a intensidade de vivenciá-la. Ao vivenciar a liberdade, seremos agentes transformadores, pois vamos percebendo gradativamente a corresponsabilidade que temos na concretização do Reino de Deus anunciado por Cristo Jesus. A esperança adiada faz o coração ficar doente, mas o desejo realizado enche o coração de vida (Provérbios 13.12).

Campanha Vai e Vem - o cuidado! O resultado da última Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem ficou muito próximo do objetivo inicial: um milhão para a missão. A expectativa de que essa marca seja alcançada é grande e motivo de muita alegria. No entanto, maior motivo de alegria e gratidão é a percepção de que o crescimento do montante de contribuições para a Vai e Vem, ano após ano, é consequência do fortalecimento do compromisso e da paixão pela missão de Deus. A Vai e Vem visa à missão e esta só se faz com pessoas. Nesse sentido, o Sínodo Rio Paraná têm priorizado o cuidado e capacitação dos seus membros. Todos os anos, a parcela dos recursos da Campanha de Missão que fica no Sínodo é destinada a um projeto missionário no âmbito do próprio Sínodo.

Neste ano, as nossas ações focam, com carinho, a Comunidade de Sidrolândia/MS, uma Comunidade com fortes características missionárias e que busca fortalecer a sua confessionalidade luterana, e também a disponibilização do Curso Básico de Teologia no Sínodo, que tem reunido um número significativo de lideranças. Que possamos continuar contribuindo, cada um conforme o Evangelho lhe falar ao coração, para propiciar o cuidado daqueles que estão com necessidade e que carecem de aporte financeiro. Rogamos para que Deus abençoe os doadores e as dádivas na edificação do Reino. Danieli Weirich Secretária Executiva Sínodo Rio Paraná

No Brasil, falar em diversidade pode ser algo simples se analisarmos a quantidade de material para estudo que possuímos à nossa disposição. Afinal, somos o país das imigrações, recebendo a cultura europeia, oriental e latino-americana. Somos o país da cultura afro-brasileira, trazida pelos escravos. Somos o país das mais de 200 etnias e línguas indígenas. Por outro lado, toda essa diversidade cultural nos torna um país dividido, onde a busca pelo certo e pelo errado está à frente da busca pelos pontos comuns. Se levarmos em consideração os pontos comuns, veremos que temos muitos anseios e necessidades sociais que precisam ser alcançadas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Muito além das nossas origens étnicas, somos cidadãos e cidadãs de uma mesma nação e com interesses semelhantes. Respeitar a outra pessoa naquilo que a faz diferente de mim é também uma atitude de respeito para comigo mesmo, uma vez que eu também sou o outro ‘diferente’ para alguém. Se, nas minhas necessidades particulares, eu preciso do respeito da outra pessoa, como posso negar isso quando a outra pessoa está na minha posição? Como posso ser indiferente àquilo que me causaria dor se eu estivesse naquela situação? A indiferença talvez seja a maior adversária do respeito, pois ela faz desaparecer a minha capacidade de colocar-me no lugar daquela pessoa que foi educada diferente de mim, que teve acesso a outras possibilidades, que crê naquilo que eu não aprendi a crer. Respeitar o que é diferente de mim não significa ser como a outra pessoa, não significa anular-me e esquecer as minhas raízes. Ao contrário disso, é conseguir caminhar de forma sábia, para que a outra pessoa se sinta parte da minha vida e eu, parte da vida dela. É conseguir ver nos atos dela um pouco do que eu me tornei ao longo de uma caminhada de igualdades, semelhanças, diferenças e dignidade. Para encontrar material de reflexão e trabalhos em grupo sobre o tema Criatitude: tolerância e diversidade, acesse, no Portal Luteranos: http://www.luteranos.com.br/textos/ congrenaje/criatitude-tolerancia-ediversidade


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Comportamento 13

Contribuir, ofertar... Por quê?

P. Irineu Valmor Wolf, 41 anos de exercício do Ministério na IECLB como Pastor Auxiliar, habilitado pelo Curso Teológico Complementar da Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, serviu nas Paróquias de São João/PR, Canela/RS, Indaial/SC e Blumenau/SC. Atua como Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí

Com a oferta das primícias por Abel (Gn 4), como na entrega do dízimo por Abraão (Dt 26), celebrando as dádivas dos céus, sustento dos servidores do templo e a sobrevivência dos pobres, revela-se uma ética do cuidado pela vida em sua integridade, recebida de Deus. Sendo Deus o criador e sustentador de tudo e todos, ninguém deveria ficar privado das bênçãos dos céus. Em nossa vivência e prática comunitárias, três dimensões continuam muito presentes: a obrigação (lei), a compensação (resultado) e a gratidão! Ainda que tenhamos dificuldades com a lei, ela é necessária, visto que a nossa natureza egoísta foge do compromisso. Precisamos ser lembramos sempre de novo: somos parte do corpo que nos abriga e obriga a assumirmos a parte que nos cabe. A mesma pessoa que diz ‘Eu não quero compromisso com ninguém’ espera que todos tenham compromisso com ela. Desafiada a fazer uma oferta pelo tempo ausente, já que agora pretende estar mais presente, reage de maneira egoísta e descomprometida, afirmando: ‘Depois de batizar o meu último filho, não fiz nenhum uso da Comunidade. Nem templo nem salão nem do Pastor eu precisei’. Isso não revela abuso? No mínimo, ingratidão! Alguns precisam da lei e do seu rigor para não esquecerem o seu compromisso de amor. O sonho de Deus de um mundo, uma cidade e uma sociedade justas, em paz e comunhão, se firma na gratuidade, mas que espera resposta – a contribuição das partes, que é indispensável e intransferível. Muitos se firmam na intenção do resultado, conforme a expressão ‘toma lá, da cá’, lembrando Ml 3.10: Trazei os dízimos e provai-me nisso, se não vou abrir as janelas do céu e derramar sobre vós bênção sem medida! Em tudo o que fazem, buscam o resultado pes-

‘Não por constrangidos, mas segundo proposto no coração’ (2Cor 9)

soal. Assim pensam, vivem e se relacionam: ‘Tudo o que eu fizer, Deus vai me dar em dobro’. Matemática interessante, não acham?! Não é de se admirar que encontre tantos adeptos e praticantes na nossa Igreja. Algumas Comunidades de tradição luterana ainda praticam a contribuição compulsória, insistindo com o imposto eclesiástico. Na divisão igualitária, além de se cometer injustiça contra os menos abonados, provocase a ira das pessoas que veem no servir da Igreja mera prestação de serviços. É a ideia fixa de pagar alguém que me serve. Tentou-se amenizar a obrigatoriedade do pagamento por serviços prestados com uma contribuição proporcional, o que também dificultou o entendimento e a prática da oferta de coração como proposta pelo apóstolo Paulo em 2Cor 9: Não por constrangidos, mas segundo proposto no coração. O que é proporcional? Proporcional ao que se

ganha ou ao que se consome? Um tem R$ 900,00 e outro R$ 9.000,00 para o seu consumo e ambos contribuíram proporcionalmente com o dízimo. Ainda que cálculos e valores façam parte da vida no dia a dia, a oferta e/ou a contribuição na Comunidade vão além de um cálculo matemático, envolvendo coração, exigindo razão e se expressando em gratidão por tudo que já se recebeu. É a reconciliação da pessoa consigo mesma, com os seus semelhantes e com Deus. É a afirmação de que somos um todo, em tudo e com todos. O próprio Jesus (Mt 5) relacionou oferta dada com vida reconciliada. Valorizou especialmente a oferta da viúva pobre (Mc 12), que deu tudo o que era seu. Deus pede doação pessoal e integral. Assim, a contribuição se constitui em um dever, sim, não para merecer, mas por tudo receber. Também os que se doam por inteiro, sem medir, sendo fiéis no ofertar e disciplinados, amorosos, justos e generosos no contribuir, não precisam nem podem negar as bênçãos de Deus. O perigo está em não acreditar na gratuidade e apostar tudo na suposta possibilidade de poder assegurar garantias pessoais. Então, por que ofertamos, contribuímos? Por gratidão a Deus, Senhor da terra e dos céus, de quem tudo recebemos, por acreditarmos nas bênçãos dos céus, em solidariedade aos irmãos necessitados e aos que se dedicam à causa de Deus, pela gratuidade vivida todos os dias e pela certeza de que Deus a todos justifica, dignifica e capacita a vivermos como irmãos. Expressamos a nossa gratidão com as ofertas. Não o fazemos por interesse, longe disso. Antes, o assumimos como sagrado compromisso! Confiamos e esperamos pelas bênçãos do céus, pela oferta de salvação em Cristo, prometida aos filhos de Deus!

Quem partilha com os outros o que tem, que faça isso com generosidade! Estamos acostumados a relacionar contribuição com dinheiro, valores materiais. Ainda que façam parte e não possam ser negligenciados na nossa prática comunitária, contribuir resulta e integra os dons espirituais. O apóstolo Paulo recomenda, em Romanos 12.8: O que contribui, o faça com liberalidade! Reconhecendo a grande variedade e a natureza prática dos dons, inclui o dom de contribuir, ‘de repartir com os outros o que tem, com generosidade’. Em muitas Comunidades, existem pessoas que se dedicam de ‘corpo e alma’ à causa comum, não só com as ofertas e as contribuições em dinheiro, mas com a sua disposição e a sua alegria em servir nos diferentes setores. As suas atitudes e o seu agir são expressão de gratidão por tudo que já receberam como bênçãos dos céus e da solidariedade, do carinho e do cuidado dos irmãos. Esta postura só é possível para quem se reconhece parte de um mesmo corpo, em que as partes contribuem em favor do bem-estar do todo. A expressão de vida dos

As partes do corpo contribuem em favor do bem-estar do todo

que se dizem discípulos de Jesus precisa ser movida pela gratidão, pela misericórdia, de maneira autêntica e de boa vontade. Existem muitas ofertas de ensino a distância, aprendizado a distância, confissão e absolvição, serviço e socorro, atendimento e amor a distância. Ainda que muito seja possível, mesmo distantes, o nosso contribuir em Comunidade é mais eficaz e eficiente em um processo ‘presencial’! A presença de cada um é fundamental. Além disso, a participação e a partilha são indispensáveis e intransferíveis. Se o corpo está bem como parte viva deste corpo, também estaremos, por isso: Quem partilha com os outros o que tem, que faça isso com generosidade!


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Ich vertraue und sage: Ja! Diesmal möchte ich eine kleine Geschichte weitergeben, die mir zu einer sehr wertvollen Erkenntnis verholfen hat. Hoffentlich kann diese Kurzerzählung auch Ihr weiteres Leben bereichern: Einem Bauern lief eines Tages sein einziges Pferd davon und kam nicht mehr zurück. Da hatten die Nachbarn Mitleid mit dem Bauern und sagten: „Du Ärmster! Dein einziges Pferd ist weggelaufen: welch ein Unglück!“ Der Bauer antwortete: „Wer sagt denn dass dies ein Unglück ist?“ Und tatsächlich kehrte nach einigen Tagen das Pferd zurück – und brachte ein Wildpferd mit. Da sagten die Nachbarn: „Erst läuft dir das einzige Pferd davon – und dann bringt es noch ein zweites mit! Was hast du bloß für ein Glück!“ Der Bauer schüttelte den Kopf: „Wer weiß, ob das Glück bedeutet?“ Das Wildpferd wurde von seinem ältesten Sohn eingeritten; dabei stürzte er und brach sich ein Bein. Die Nachbarn eilten herbei und sagten: „Welch ein Unglück!“ Der Bauer gab zur Antwort: „ Wer will wissen, ob das ein Unglück ist?“ Kurz darauf kamen die Soldaten des Königs ins Dorf und zogen alle jungen Männer zum Kriegsdienst ein. Den ältesten Sohn des Bauern ließen sie zurück – mit seinem gebrochenen Bein. Da riefen die Nachbarn: „Was für ein Glück! Dein Sohn wurde nicht eingezogen!“ Der Bauer: „Wer sagt denn, dass dies ein Glück ist?“ Endlos könnte man dieses Märchen weitererzählen. Adalbert Ludwig Balling ergänzt es wie folgt: „Glück oder Unglück – wer kann das schon unterscheiden? Oft erfahren wir erst im Nachhinein, dass vermeintliches Glück gar keines war und dass ein offensichtliches Unglück am Ende Glück bedeuten kann. So sollten wir nicht zu schnell urteilen, was „schlecht“ im Leben läuft. Manchmal entdecken wir, dass besonders die schweren Zeiten des Lebens im Nachhinein ein großes Geschenk waren.“ Vor allem dürfen wir als Christen fest daran glauben, dass wir nicht allein sind. Auch im Unglück ist Gott bei und mit uns. Auch nach dem Tod werden wir bei Ihm sein, denn Jesus hat den Tod besiegt und lebt. Wenn Jesus Christus lebt, dann muss man Ihn auch erleben können. Dann muss es den Christen möglich sein, mit neuer Hoffnung und neuer Kraft diese Welt, hier und jetzt, verändern. Wir können Neues entwickeln, mit Blick auf Gottes herrliche Zukunft, von der es heißt: „…und Gott wird abwischen alle Tränen von ihren Augen, und der Tod wird nicht mehr sein, noch Leid noch Geschrei noch Schmerz wird mehr sein; denn das alles ist vergangen. Und der auf dem Stuhl saß, sprach: Siehe, ich mache alles neu!“ (Offenbarung des Johannes, Kapitel 21, Verse 4 und 5a). Auch ein Gedicht von Wolfgang Borchert erzählt uns

„Wer unter dem Schirm des Höchsten sitzt und unter dem Schatten des Allmächtigen bleibt, der spricht zu dem Herrn: Meine Zuversicht und meine Burg, mein Gott, auf den ich hoffe!“ (Psalm 91,1-2)

Pfarrer Jaime Jung v o n Zuversicht: „ W a s morgen ist, auch wenn es Sorge ist, ich sage: JA. So wie die Blume still im Regen abends spricht, weil sie im neuen Licht auch wieder blühen will: Was morgen ist, auch wenn es Sorge ist, ich sage: JA.“ Ach, wenn ich das nur immer so könnte… Ja sagen! Ja zum Heute. Ja zum Morgen. Ja zu mir. Ja zu Gestern. Ja zum Leben. Ja zur Liebe. Einfach Ja. Nur mit Gottes Hilfe kann ich Ja sagen, egal was kommt. Es ist eine tiefe Zuversicht, die dieses JA so groß macht. Der Theologe Pascale KäserHuber schreibt dazu: „Ich glaube, dass Vertrauen der Boden ist, aus dem Zuversicht wachsen kann. Gottvertrauen!“ Viele biblische Bilder und Texte erzählen davon: Vom Vertrauen, aus dem Zuversicht wachsen kann. Der Beter des 91. Psalms spricht Gott an als: mein sicherer Ort und meine Burg, mein Gott, auf den ich vertraue. Und Timotheus schreibt in seinem Brief: Ich weiß, an wen ich glaube. Solches Vertrauen, solches Gottvertrauen, dürfen wir weitergeben. Die Bibel ist voll von weiteren Vertrauensgeschichten. Daher brauchen wir immer Gottes Wort als Trost und Ermutigung, denn sie zeigt uns, wohin unsere Reise geht, in guten und in schlechten Zeiten. Der Dichter Jörg Zink schreibt dazu folgende Verse: Es gibt Menschen, die die Bibel nicht brauchen. Ich gehöre nicht zu ihnen. Ich habe die Bibel nötig. Ich brauche sie, um zu verstehen, woher ich komme. Ich brauche sie, um in dieser Welt einen festen Boden unter den Füßen und einen Halt zu haben. Ich brauche sie, um zu wissen, dass einer über mir ist und mir etwas zu sagen hat. Ich brauche sie, weil ich gemerkt habe, dass wir Menschen in den entscheidenden Augenblicken füreinander keinen Trost haben und dass auch mein eigenes Herz nur dort Trost findet. Ich brauche sie, um zu wissen, wohin die Reise mit mir gehen soll.


Jorev Luterano - Novembro - 2014

Compartilhar 15 Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Bênção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento.

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Bodas de Diamante Em 31 de julho de 2014, comemorou 60 anos de casados, o casal MARTA SCHÖNHOLZER DUNCK e AUGUSTO DUNCK Parentes e amigos se reuniram no dia 19 de julho para a festa das Bodas de Diamante do casal Dunck. A celebração foi oficiada pela Pastora Gisela Zimmermann e pelo Pastor Teobaldo Witter, tendo como base os Salmos 23.1 e 119.105. Em especial, a Pastora destacou o versículo: Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua casa. A Comunidade prestou homenagem com os hinos: Graças dou por esta vida, Em nada ponho a minha fé e Por tua mão me guia. Cada família convidada foi presenteada com o livro Diamantes, comemorativo dos 60 anos de casamento de Marta e Augusto, livro esse que foi feito a muitas mãos e traz as lembranças do tempo da infância, juventude e maturidade vivido pela família. Após a cerimônia religiosa, cerca de 400 convidados foram recepcionados no Centro de Tradições Gaúchas. O evento teve homenagens que alegraram e emocionaram o casal. Marta é filha dos saudosos Germano Schönholzer e Maria Zimmer Schönholzer e Augusto é filho dos saudosos Ernesto Dunck e Ema Trapp Dunck.

Bênção Matrimonial No último dia 26 de julho, às 19 horas, assumiram o compromisso da Bênção Matrimonial o jovem casal MAITÊ MICHEL PIAZZA e DANIEL WILLIG O versículo tema escolhido pelos jovens foi: O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba (1Co 13.7-8a). O culto de Bênção Matrimonial foi oficiado em família pelo Pastor Leonhard Creuzberg, avô do noivo, pela Pastora Jaqueline Michel Piazza, mãe da noiva, e pelo Pastor João Willig, pai do noivo. As músicas escolhidas pelos noivos foram entoadas pelos violinistas Debora Henz e José Francisco Serpa Henz e a oração do Pai Nosso foi cantada pelos Padrinhos Sara e Siegmar Klitzke. O pai da noiva preparou uma surpresa, entoando no violino, com a sua Professora, Débora, a canção Can’t help falling in love. O poema que acompanha o jovem casal é: Se o primeiro e o último pensamento do seu dia forem essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça, Deus te mandou um presente divino – o amor (Carlos Drummond de Andrade). Desejamos que o Senhor guie a nova família que se forma em todos os momentos, renovando a fé, a esperança, o perdão e o amor. Dos seus pais e familiares

Homenagem A Academia Rio-Grandense de Letras indicou HEINO WILLY KUDE membro da Comunidade Evangélica de Porto Alegre/RS para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura 2014. Em sessão devidamente conduzida da Academia Rio-Grandense de Letras, foi votada a proposta do nome de Heino Willy Kude para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura. Informa-se que a Academia de Estocolmo, na Suécia, a quem cabe a atribuição do Prêmio, sempre convida outras Academias e Departamentos de Letras e instituições com autores a apresentar candidatos. Ato feliz este na nossa Academia maior do Estado, que tem no ativo grandes nomes que figuram nas vertentes maiores. O caso Édipo, de Heino Willy Kude, foi a obra decisiva para a proposta ao Prêmio Nobel de Literatura.

Bodas de Ouro Aos 14 dias do mês de março de 1964, às 17 horas, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Palmitos/SC, nós, IRMGARD ZINGLER (para muitos, Irma Maria) e ADELIR JACOB UEBEL afirmamos diante de Deus, familiares e amigos o compromisso de amor e fidelidade. Em 2014, no dia 12 de julho, às 19 horas, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Água Boa/MT, reafirmamos diante de Deus, filhos (Martin e Andréas), filha (Margid), noras (Valéria e Ana Paula), genro (Lisson), netas (Cibele, Fabíola, Letícia, Ana Luíza e Helena), neto (Filipe), familiares e amigos este amor e fidelidade. Que sejamos lembrados não só pelas Bodas de Ouro ou pelos anos dispensados um ao outro, mas pela intensidade do amor que nos uniu e um amor que superou de tudo e se mantém firme há décadas. A comemoração das Bodas de Ouro nos fez refletir e sentir a necessidade de compartilhar detalhes e informações desta maravilhosa e divina caminhada que tivemos como casal e família ao longo dos 50 anos de matrimônio, por isso lançamos o livro Desistir jamais, que, com textos e imagens, retrata os acontecimentos mais marcantes nas nossas vidas.

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Rua Senhor dos Passos, 202/5º - 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419 E-mail: jorev@ieclb.org.br


GUIA PARA O Presbitério (1) Se é verdade que a Comunidade necessita de liderança, também é verdade que o acúmulo de tarefas é nocivo. Tanto a Comunidade quanto a liderança são prejudicadas, por isso há diferentes atribuições. Cada membro do Presbitério assume determinada atividade e os demais membros da Comunidade também podem e devem assumir responsabilidades. A boa liderança não é aquela que acumula, mas que sabe repartir e delegar tarefas. Será que encontraremos pessoas dispostas e capazes? Essa é a pergunta que geralmente surge antes da troca de Presbitério ou diante da necessidade de delegar tarefas. É preciso procurar, olhar em volta. Esse foi o conselho de Jetro (Ex 18.19-23). Na maioria das vezes, não basta apenas olhar e procurar. Pessoas precisam ser incentivadas e motivadas. Também é necessário confiar na providência divina, no Espírito de Deus, que toca e anima pessoas. Jetro propôs a Moisés que escolhesse pessoas para ajudá-lo e indicou as qualidades necessárias: Você deve escolher alguns homens capazes [...] homens que temam a Deus, que mereçam confiança e que sejam honestos em tudo (v. 21). O que significam essas qualidades? - ‘Homens capazes’: indica que liderança requer capacidade. Boa vontade apenas não basta, mas é preciso estar consciente que nenhuma pessoa é capaz de tudo. Em algumas questões somos mais aptos, em outras, menos. Também é certo que capacidade pode ser adquirida, desde que haja disposição para aprender e crescer. - ‘Que temam a Deus’: uma Comunidade cristã não é empresa. Não basta competência: é necessário o temor a Deus. Temer a Deus significa ter fé. Antes de ser líder do povo de Israel, Moisés considerava-se incapaz para a tarefa, mas ele confiou em Deus. Teve fé! Membros do Presbitério são pessoas tementes a Deus, por isso não seguem impulsos e interesses pessoais, mas colocam a sua atividade sob a orientação de Deus. - ‘Que mereçam confiança’: confiança no trabalho do Presbitério é fundamental. Confiança significa que pessoas podem expor angústias e problemas, sabendo que serão tratadas com muito cuidado e sigilo. Pessoas confiáveis também são

EXERCENDO A LIDERANÇA

pessoas cientes das suas responsabilidades, que assumem aquilo que podem fazer e procuram realizar aquilo a que se propuseram. - ‘Que sejam honestos em tudo’: qualquer atividade precisa ser pautada na honestidade. Isso se aplica ainda mais à atividade do Presbitério. As relações no Presbitério e na Comunidade precisam ser honestas. Patrimônio, contribuições e ofertas são administradas com retidão e destinadas aos seus fins específicos. Moisés ouviu a crítica e reconheceu que o conselho de Jetro era a solução mais apropriada. Nem todas as críticas que ouvimos em nossas Comunidades são construtivas. Às vezes, elas não têm causa legítima e não indicam alternativas, mas isso não deve servir de desculpa para evitar qualquer avaliação da nossa ação. É fundamental manter abertura para críticas, conselhos e novas ideias. Moisés repartiu e delegou tarefas. Da mesma forma, uma pessoa sozinha não precisa ocupar-se com todos os assuntos no Presbitério ou na Comunidade. Por causa do acúmulo de funções e tarefas, muitas lideranças chegam ao fim do mandato estressadas, desanimadas e até desiludidas com a Igreja. Além de trazer cansaço, a centralização pode levar ao autoritarismo. Infelizmente, também em Comunidades cristãs a liderança corre o risco de ser autoritária, de não se deixar questionar e de impor à Comunidade convicções nem sempre evangélicas. Compartilhando atribuições, não apenas aliviamos o próprio fardo, mas também damos a outras pessoas a possibilidade de desenvolverem os seus dons. Ao partilhar funções, também crescemos, pois aprendemos com as outras pessoas. Liderança compartilhada inspira-se na imagem do corpo. Cada membro é importante e tem uma função. O líder tem a função especial de conduzir e orientar, mas ele faz parte do corpo como os outros membros e por isso é igual a todos. Presbíteras e Presbíteros assumem uma responsabilidade especial em termos administrativos e espirituais. Nesse sentido, e apenas nesse, diferenciam-se dos demais membros.

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A Comunidade cristã é como um corpo. Todas as pessoas são chamadas a servir e são responsáveis pela Comunidade. Mesmo assim, é preciso que pessoas assumam tarefas específicas e funções de lideranças. A Bíblia está repleta de passagens que falam sobre a atividade de liderança. José, Moisés, Josué, Débora, Davi, Salomão, Jeremias, Jesus, Pedro, Paulo exerceram liderança. Olhando a história dessas e tantas outras personagens bíblicas, percebemos que disposição para servir, integridade, honestidade, compaixão, fé, humildade, justiça e bondade são atributos da boa liderança. Na leitura de Ex 18.13-26, não é difícil perceber a importância da organização e da liderança. Qualquer grupo necessita desses dois elementos. Também uma Comunidade cristã!


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