Jornal Evangélico Luterano Ano 46 nº 808 Agosto 2017

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Jornal Evangélico Luterano | Ano 46 | Agosto 2017 | n o 808

Somos pessoas livres para servir Livres pela graça e escravas pelo amor! Pela fé, somos livres para seguir a Jesus Cristo na busca por vida e salvação

Profissionalmente, o que me sustenta?

Nele vivemos e existimos!

Transformando vidas

Motivação é a mola mestra da ação!

Em esperança: agora são outros 500

Sou parte da Comunidade!

Gestão Ministerial

Presidência

Gratidão


Jorev Luterano - Agosto 2017

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REDAÇÃO

Somos pessoas livres para servir Livres pela graça e escravas pelo amor ‘É por nosso intermédio que Deus faz chegar a sua ajuda às pessoas. Cabe-nos colocar tudo o que recebemos a seu serviço, em obediência e em gratidão, a partir da fé, em favor das pessoas que sofrem, pois Assim como o fogo sempre produz calor e fumaça, também a fé sempre vem acompanhada de amor (Lutero), destaca o Documento Estações do Jubileu - Estação de Agosto/2017: Diaconia, emitido pela Presidência da IECLB. O Documento chama atenção para Diaconia como decorrente do amor irrestrito de Deus. Ele impulsiona a Comunidade e os seus membros a multiplicar gestos de amor, sem qualquer discriminação nem limites de natureza geográfica ou étnica. Deus é o agente da transformação, por isso a Diaconia anda de mãos dadas com a espiritualidade. ‘A tarefa diaconal não é exclusiva deste ou daquele grupo ou departamento’, esclarece o Documento. Toda Comunidade e os seus membros são chamados a se envolver na dimensão diaconal da Missão. Trata-se de investir na preservação da vida, de recuperar a dignidade de pessoas maltratadas e deixadas de lado, percebendo-as como filhas de Deus e não como objetos de caridade. Nesse sentido, o texto da Editoria Unidade, Série Especial Lutero - Reforma: 500 anos desta edição lembra que, segundo Lutero, a fé em Cristo nos torna pessoas livres de tudo, a ninguém sujeitas. Isso quer dizer que a verdadeira liberdade só pode ser alcançada na mais completa dependência de Deus. Mais: essa mesma fé opera outra transformação radical em nosso coração. Ela faz com que ele se torne um servo dedicado a tudo, a todos sujeito. A fé nos une a Cristo, aquele que a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo (Fp 2.7). Ela nos ajuda a dizer junto com Paulo: sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos (1Co 9.19). É o amor, mostrado por Cristo, que tira a pessoa do egoísmo e a coloca no caminho da liberdade responsável. Esta liberdade faz com que a pessoa cuide de si mesma, das outras pessoas e da Criação. Liberdade Cristã significa, em última análise, tornar-se livre de si mesmo e da sua vontade de ser o centro do mundo e a medida de todas as coisas. Somos livres, mas livres para servir, ou seja, livres para cuidar.

CAPA Para a liberdade foi que Cristo vos libertou (Gl 5.1). Fomos libertados e libertadas para servirmos de instrumentos para a libertação de outras pessoas. A verdadeira liberdade só pode ser alcançada na mais completa dependência de Deus.

Jornal Evangélico Luterano | Ano 46 | Agosto 2017 | n o 808

Somos pessoas livres para servir Livres pela graça e escravas pelo amor! Pela fé, somos livres para seguir a Jesus Cristo na busca por vida e salvação

SUMÁRIO 2

REDAÇÃO

CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE

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ENFOQUE

4

PALAVRA

5

PRESIDÊNCIA

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FORMAÇÃO

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DIVERSIDADE

Profissionalmente, o que me sustenta?

Nele vivemos e existimos!

Motivação é a mola mestra da ação!

Em esperança: agora são outros 500

Sou parte da Comunidade!

Gestão Ministerial

Presidência

Gratidão

Transformando vidas

JUBILEU DA REFORMA CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS GESTÃO MINISTERIAL COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS TEMA DO ANO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA RETROSPECTIVA AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA PROPOSTA METODOLÓGICA FACULDADES EST INCLUSÃO PRONUNCIAMENTO

8-9 UNIDADE

LUTERO - REFORMA: 500 ANOS

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15 16

FÉ LUTERANA

LIBERDADE RESPONSÁVEL

PERSPECTIVA

COMO NOS DEIXAMOS LEVAR PELA MÍDIA EDUCAÇÃO HOJE E HÁ 500 ANOS...

MISSÃO

PLANO DE AÇÃO MISSIONÁRIA DA IECLB PROJETOS MISSIONÁRIOS PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM

GRATIDÃO

FÉ, GRATIDÃO E COMPROMISSO PUBLICAÇÕES

GESTÃO

GESTÃO ADMINISTRATIVA DOCUMENTOS NORMATIVOS GUIA PARA O PRESBITÉRIO

SÍNODOS

ALEGRES, JUBILAI!

MEMÓRIA

CARTA A MARTIM LUTERO

A Cristo devemos esse dom de interceder e orar pelas outras pessoas em espírito. Martim Lutero EXPEDIENTE Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

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ENFOQUE

Jubileu da Reforma Dando seguimento ao projeto Estações do Jubileu da Reforma, a Presidência da IECLB convida a, neste mês de agosto, aprofundarmos a reflexão sobre o tema Diaconia, uma das dimensões da Missão, ao lado de Comunhão, Liturgia e Evangelização, conforme o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI). A Diaconia parte da Comunidade, que celebra a graça recebida e que, a partir dela, age para transformar relações injustas, que segregam, distanciam pessoas umas das outras e as afastam dos recursos que Deus disponibilizou a toda criatura. A nossa omissão diante das injustiças do cotidiano e das estruturas opressoras que se perpetuam dentro e fora do ambiente comunitário nos leva ao arrependimento. Somos desafiados e desafiadas a nos desacomodarmos e a percebermos a dor alheia decorrente de sistemas sociais, econômicos e políticos injustos. Somos chamados e chamadas a descruzarmos os braços, a sairmos do comodismo, para criarmos espaços comunitários que acolham quem sofre. A Presidência da IECLB conclama as Comunidades, os Ministros, as Ministras e as lideranças a ficarem atentas para as Estações do Jubileu, que ocorrerão até o final deste ano. A sexta Estação, neste mês de agosto, traz eventos importantes na sua agenda, como o

Reforma

Creio em Deus, mesmo que todas as pessoas me abandonem ou persigam.

Dia dos Pais, no segundo domingo do mês, dia 13, oportunidade para refletir sobre o dom da paternidade responsável, e a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, que ocorre entre os dias 21 e 27 e motiva a promover e a fortalecer ações em prol da inclusão, de modo que todas as pessoas se sintam acolhidas, cuidadas e incluídas na vida comunitária e também social. A celebração do Jubileu da Reforma nos lembra esclarecimentos de Lutero: tudo o que temos procede de Deus: o alimento, a vestimenta, a saúde, a família, os dons. Quando agimos, é Deus quem age. A graça divina é a origem da ação diaconal – as boas obras. Somos o meio da sua ação. Que, no ano do Jubileu, possamos recolocar a Diaconia no centro de nossa Ação Missionária, juntamente com as dimensões da Comunhão, da Liturgia e da Evangelização.

Martim Lutero

OFERTAS NACIONAIS 20 DE AGOSTO 11o Domingo após Pentecostes Trabalho com Mulheres e Coordenação de Gênero A Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias da IECLB foi implementada em 2008 para articular o diálogo e a proximidade entre os grupos de mulheres da IECLB, em especial a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) e o Fórum de Reflexão da Mulher Luterana (FRML). Além de dedicar atenção ao trabalho com mulheres, a IECLB busca promover justiça de gênero na Igreja e na Sociedade. Para isso, a Coordenação também dialoga com os grupos de homens, como a Legião Evangélica Luterana (LELUT), e casais, reúne e disponibiliza materiais, divulga conhecimento, promove reflexão e presta assessorias a Sínodos e Paróquias sobre assuntos relacionados à justiça de gênero.

Trechos do documento emitido pela Presidência da IECLB

100 95 75

25 5 0

INDICADORES FINANCEIROS

UPM Julho/2017 Índice Junho/2017 Acumulado 2017

4,3374 - 0,23 %

27 DE AGOSTO 12o Domingo após Pentecostes Trabalho junto às Pessoas com Deficiência O trabalho voltado à inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência nas Comunidades da IECLB tem por objetivo proporcionar aos Sínodos, às Paróquias e às Comunidades a oportunidade de realizar Seminários, Cursos e Oficinas sobre temas relacionados à inclusão, deficiência e acessibilidade. As ações incluem a elaboração de cartilhas, vídeos, etc., divulgados em formatos e tecnologias acessíveis. Também há possibilidade de apoiar pequenos projetos de acessibilidade arquitetônica, de modo que a nossa Igreja seja cada vez mais inclusiva e todas as pessoas tenham lugar.

1,18 %

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PALAVRA GESTÃO MINISTERIAL

Profissionalmente, o que me sustenta? P. Dr. Victor Linn | Pastor, Psicanalista e Coach Motivação é a mola mestra da ação, o impulso interno que provoca movimento e produz mudanças. É uma energia que, quando não impedida, desencadeia atividades e bem-estar. Motivos de ação são sempre múltiplos e variam de acordo com a personalidade, a estrutura motivacional e a história de cada pessoa. Portanto, não há um motivo único que valha para todas as pessoas. No entanto, há em todas as pessoas a necessidade e o desejo de produzir ou causar algo em que possam ser reconhecidas e reconhecer-se. Este ‘algo’ deve fazer sentido para as outras pessoas e dar sentido para a própria existência. Quando essa necessidade e esse desejo se aliam a nossos valores e aptidões, criamos objetivos e temos motivos para a nossa ação. Motivação surge e mantém-se no trabalho e na profissão quando esses aspectos pessoais podem ser articulados com as necessidades e exigências do Campo de Atividade. Assim, o trabalho torna-se uma experiência prazerosa de desenvolvimento e expressão da particularidade. Conscientizar-se dos próprios valores, das próprias aptidões e da própria história é entrar em contato com uma das fontes de força que sustenta as minhas posições, escolhas e práticas profissionais. Fazer a conexão desses aspectos com o que preciso sustentar profissionalmente frente a outras pessoas resulta em uma experiência mais profunda e verdadeira, que fortalece e anima. A maior e mais duradoura motivação é a que vem ‘de dentro’. Conhecê-la e destrinchar-se com ela em vista dos desafios que vêm ‘de fora‘ dá à experiência profissional maior sustentação e qualidade.

COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS

Flexibilidade: adaptação! Cat. Dra. Haidi Drebes | Secretária da Habilitação ao Ministério Psic. Leila Klin | Psicóloga Organizacional Afinal, o que é ser flexível? Todos e todas nós sabemos que é importante nos adaptarmos aos diferentes contextos, que devemos adotar posturas maleáveis para nos ajustarmos às situações e ideias tão diversificadas com que nos deparamos no dia a dia. Mesmo assim, frequentemente nos perguntamos por que mesmo precisamos ceder? Também nos confrontamos com o desconforto que muitas vezes isso gera, pois, quando defendemos o nosso ponto de vista, é porque temos convicção acerca dele. Então, por que abrir mão? Na IECLB, essa competência é definida como: Capacidade para adaptar-se a diferentes contextos e situações, sem perder de vista os resultados a serem alcançados e o comprometimento com a vocação e o exercício do Ministério. Para dar conta da competência Flexibilidade, é preciso investir no autoconhecimento e ter ciência das implicações da vocação e do exercício ministerial. Fazer uma leitura adequada do contexto, ter abertu-

ra para o diálogo, dispor-se a buscar alternativas e a negociar são características relevantes. Da mesma forma, é importante demonstrar receptividade ao novo, ter tolerância, perseverança e comprometimento. Todos esses requisitos apontam para uma direção: a compreensão das demandas das pessoas e do contexto onde elas se inserem. Podemos pressupor, a partir disso, que são as necessidades das outras pessoas e do ambiente como um todo que justificam o desenvolvimento dessa competência. A principal motivação para uma postura flexível deve ser, na verdade, qualificar-se para ir ao encontro daquilo que as pessoas precisam, de forma a garantir relações justas, saudáveis e equilibradas. Pessoas flexíveis não são aquelas que cedem nem as que se deixam influenciar. Antes disso, são aquelas que reconhecem as necessidades das pessoas com quem convivem e são capazes de ponderar e conciliar com as suas próprias necessidades.

TEMA DO ANO

Quem é ‘Nele’? Pa. Nádia Cristiane Engler Becker | Ministra na Paróquia de Iguiporã, em Marechal Cândido Rondon/PR O Lema Bíblico que acompanha o Tema para 2017 é: Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17.28a). Quem é ‘Nele’? O Apóstolo Paulo diz estas palavras na pregação, por meio da qual ele ‘apresenta’ Deus às pessoas de Atenas. Paulo percebeu que, apesar de existirem muitos altares e o povo ser religioso, Deus era desconhecido. De certo modo, é uma realidade idêntica à nossa. Aqui também existem muitas Igrejas e expressões religiosas. Isto, porém, ao invés de contribuir para que as pessoas conheçam a Deus, fomenta dúvidas sobre quem está com a verdade. Quem é ‘Nele’? Deus se dá a conhecer por meio da sua Palavra! Nela lemos que Deus não se interessa por ter um rosto conhecido, visto que ninguém jamais viu a Deus (Jo 1.18), nem por ter somente um nome famoso, tanto é que se identifica simplesmente como Eu sou (Ex 3.14). Deus prefere se apresentar por meio daquilo que faz. Ele começa fazendo aquilo que lhe é exclusivo: criando vida! Outra exclusividade de Deus é a capacidade de amar incondicionalmente. Em Jesus, Ele se tornou Emanuel: o Deus conosco que não está longe de nenhuma pessoa, como afirmou Paulo. Sendo onisciente, Deus conheceu a miséria humana afundada em pecado. Por amor, Jesus entregou a própria vida na cruz pelo perdão de toda pessoa que Nele confia. Pela morte e ressurreição de Jesus, Deus nos revelou outra característica sua: a onipotência. Deus tem poder sobre a vida e a morte, por isso salvação e vida eterna são a nossa esperança! Este Deus não precisa que façamos nada por Ele. No entanto, Ele deseja nos incluir na sua obra e se relacionar conosco. Para tanto, nos presenteia com o Santo Espírito, que nos anima a fé, concede dons, consola e santifica. Nele nunca estamos sós. Ele é onipresente e onde quer que estejamos, ouvimos a sua promessa: Eis que estou convosco todos os dias... Conhecer e apresentar este Deus em quem nós vivemos, nos movemos e existimos é motivo para alegres jubilar! Para mais informações, acesse o Portal Luteranos


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PRESIDÊNCIA

Em esperança: agora são outros 500 Nele vivemos, nos movemos e existimos! P. Dr. Nestor Friedrich | Pastor Presidente da IECLB

Segundo Lutero, ‘assim como [os hebreus] foram conduzidos pelo deserto, sempre ainda em esperança, visto que eles ainda não tinham tomado posse da terra de fato, do mesmo modo nós sempre ainda somos conduzidos nesse deserto em esperança’. Em outro momento, Lutero constata: ‘vejam, então, de que grandes misérias estamos repletos. Quem não sente isso está morto e, como eu disse, quem realmente o sente é por certo um dos discípulos que acorda Jesus e diz: Senhor, salva-nos! Perecemos!’(Mt 8.23-27). A celebração do Jubileu da Reforma

desafia a buscarmos respostas diante do absurdo que permeia o nosso dia a dia, pois Nele vivemos, nos movemos e existimos! (At 17.28a). Esse tem sido um grande desafio também para a IECLB. Por onde caminhar em esperança solidária? No Fórum Nacional de Missão, realizado no início do mês de junho deste ano, nos perguntamos Como dar conta da Missão que Deus confiou à IECLB? O momento que vivemos em nosso país, mas também em nosso mundo, é complexo! O mercado religioso é cínico! O povo (eleitorado) não assusta nem intimida os nossos políticos! O mercado ignora

Há algo muito vivo, atuante, efetivo e poderoso na fé, a ponto de não ser possível que ela cesse de praticar o bem. Martim Lutero

as pessoas humildes! Há uma fragilização da Democracia e isto é perigoso! Há, ainda, os ‘internautas proféticos’, que acreditam no poder mobilizador das massas e transformador da realidade por meio de cliques! O Sociólogo Zygmunt Bauman não falava em deserto, mas em ‘interregno’, ou seja: estamos ‘suspensos entre o não existe mais e o não existe ainda e, por isso, somos necessariamente instáveis – nada à nossa volta é fixo, sequer a direção da nossa viagem’. Como, no contexto da celebração do Jubileu da Reforma, dar conta dos atuais desafios, superar as polarizações? Como evitar os movimentos (atitudes e críticas) que apenas fragilizam e não ganham pessoas para a causa do Reino? Bauman aponta para um caminho fundamental: ‘O que estamos enfrentando é um trabalho que exige muito tempo e muito esforço. [...] Entre os veículos para a viagem ao longo da estrada, é o diálogo sério, com disposição favorável (informal, aberta, cooperativa), buscando a compreensão mútua e o benefício recíproco, que merece mais confiança. Esse tipo de diálogo não é tarefa fácil nem divertida. Ela exige determinação resoluta, contínua e imune aos sucessivos resultados negativos. Exige um sentido forte de propósito, grande arte, capacidade de admitir os próprios erros, além do dever árduo e doloroso de repará-los. Acima de tudo, serenidade, equilíbrio e paciência’.

AGENDA | AGOSTO 5/8

Assembleia Sinodal do Sínodo Centro-Sul Catarinense Aririú/SC P. Inácio Lemke

6/8

160 anos da Comunidade em Blumenau Centro Blumenau/SC P. Nestor Friedrich

RETROSPECTIVA

Comunidade solidária e acolhedora Deus nos criou como seres sociais. Mais: o Espírito Santo, por meio do Batismo, nos incorporou ao Corpo de Cristo (cf. 1Co 12). A sua vontade é que vivamos em comunhão, em Comunidade solidária e acolhedora, participativa e terapêutica. O Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) aposta em tal Comunidade. No desafio permanente de criar e recriar tal Comunidade e, por extensão, uma sociedade com bem-estar, é necessário relacionar evangelicamente a fé com a política. É necessário que nos conscientizemos

da nossa inserção social para que não vivamos e atuemos de maneira ingênua. Na Comunidade Cristã, devemos e podemos ter espaço para todos os membros, concedendo-nos uns aos outros o direito de opções partidárias específicas. Que o Espírito Santo nos liberte e nos capacite para o exercício dinâmico da responsabilidade cristã, para colocarmos sinais de reconciliação e esperança na sociedade. Manifesto Eleições (2002)

10/8

Conferência Ministerial Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí Rodeio/SC P. Nestor Friedrich

19/8

Assembleia Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos Novo Hamburgo/RS P. Nestor Friedrich

19-20/8

21-24/8

Assembleia Sinodal do Sínodo Rio Paraná Planalto/PR P. Inácio Lemke XVII Assembleia do CONIC Brasília/DF P. Nestor Friedrich P. Inácio Lemke

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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA

Amar e incluir: ações que perpassam a ECC Iliane Roeder | Mestranda em Educação Comunitária e Psicopedagoga na Secretaria de Educação de Rio Negrinho/SC Segundo o Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC), a Bíblia indica parâmetros e princípios éticos essenciais para a educação baseada no agir educativo de Deus. Esse agir tem na ação de Jesus o seu maior exemplo. A leitura de Marcos 10.46-52 nos ensina que Jesus ouviu o cego que clamava, o chamou e o escutou. Deu a ele uma oportunidade. Essa atitude causou estranheza aos discípulos – ela fica clara após a cura, pois as pessoas estavam acostumadas a ver o cego pedindo esmolas e viam isso com certa naturalidade. Mais que falar, Jesus praticou o amor. Este é o sentido de incluir, oportunizar, permitir que a pessoa com ou sem deficiência viva. Todos os Mandamentos convergem para a prática do amor. Então, por que temos que ainda falar e lutar tanto para que a inclusão aconteça de fato? Seria o ideal de uma perfeição? A propósito, o que se entende por ‘perfeito’?

António Gedeão (Poesias Completas, 1956-1967) nos diz que não há duas folhas iguais em toda a Criação ou nervura a menos ou célula a mais, não há, de certeza, duas folhas iguais. Há ser humano igual? Se somos filhos e filhas de Deus, se somos imagem e semelhança de Deus, logo somos todos perfeitos e todas perfeitas do jeito que somos. Diferença não é deficiência, mas, uma condição que o indivíduo apresenta de forma permanente ou momentânea. O diferente, por vezes, se torna ameaça, pois contraria aquilo que deferimos como ‘padrão’ e ‘normal’. Nesse sentido, a Psicóloga Ligia Assumpção Amaral explica que a deficiência gera estranheza, desorganiza, mobiliza, implica sair do esperado, provoca a hegemonia da dimensão emocional sobre a racional. Assim, a inclusão requer que ampliemos a nossa capacidade de entender e reconhecer a outra pessoa como tal e isso se dá a partir da abertura e da con-

vivência com pessoas diferentes de nós. Que tal abrir mais o nosso coração e a nossa mente para a inclusão? Que tal deixarmos que o amor prevaleça sobre os nossos preconceitos e costumes? Que tal deixarmos de nos preocupar com as diferenças e passarmos a nos ocupar com as potencialidades que cada ser apresenta? Somos pessoas únicas! Não podemos esquecer que somos seres humanos e cada um possui a sua especificidade e as suas limitações. Conviver com as diferenças é conviver conosco mesmo. Se praticarmos o amor em sua essência e plenitude, a inclusão acontecerá naturalmente, porque as pessoas veem as aparências, mas Deus vê o coração, conforme 1Sm 16.7b. Como Igreja Cristã, fundamentada no amor de Deus, temos toda a chance para desenvolver uma educação cristã que, de forma contínua, desafie a praticar o amor.

CRIANÇAS | PROPOSTA METODOLÓGICA

A Missão Material necessário Um exemplar da Revista O Amigo das Crianças nº70 para cada criança, bandeja de isopor limpa (pode ser usada), tintas guache, palito de churrasquinho, uma folha de papel ofício, tesoura sem ponta, pincéis ou rolinhos esponjados próprios para pinturas. Momento 1 Conte a história bíblica A Missão (página 3 da Revista). Depois, recorde a narração com a criança.

que faça desenhos sobre a cena da história que mais gostou, usando os palitos. Quanto mais profundo o sulco do desenho, melhor ficará o carimbo. Após o desenho pronto, é hora de passar a tinta com os pincéis ou rolinhos esponjados, na cor preferida, sobre a bandeja. Depois, para fazer o carimbo, é só pressionar a bandeja com tinta sobre a folha de papel ofício. Momento 3 Feito o carimbo, convide a criança para apresentar o desenho e a história para outras pessoas da família, levar para a escola ou algum encontro na Comunidade.

Momento 2 Dê para a criança uma bandeja de isopor e um palito de churrasquinho (cortar a ponta). Peça que corte as laterais da bandeja, deixando-a plana. Depois, peça

www.est.edu.br

VII Congresso da Rede Nos dias 30 de junho e 1º de julho de 2017, a Faculdades EST, em São Leopoldo/ RS, sediou o VII Congresso do Ensino Superior da Rede Sinodal de Educação, que contou com painéis, palestras, minicursos e visitações. O evento teve como Coordenador o Prof. Me. Verner Hoefelmann, que compôs a mesa de abertura do Congresso junta-

Sugestão extraída da Proposta Metodológica para uso da Revista O Amigo das Crianças, nº 70. Leia a Proposta Metodológica completa e saiba como assinar a Revista O Amigo das Crianças no Portal Luteranos

mente com o Reitor da Faculdades EST, Prof. P. Dr. Wilhelm Wachholz, o Diretor Executivo da Rede Sinodal, Prof. Ruben Werner Goldmeyer, o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, o Presidente do SINEPE/RS, Bruno Eizerik, e o Presidente da Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (ABIEE), Silvio Iung. A palestra de abertura, 500 anos de Reforma Luterana: desafios para o melhoramento da sociedade, foi proferida pelo Reitor da Faculdades EST. O Congresso, que aconteceu sob o tema Impactos da Reforma Luterana na educação e na sociedade e contou com cerca de cem participantes, teve como objetivo congregar as instituições que fazem parte da Rede Sinodal e promover o debate sobre os caminhos, as dificuldades e o futuro da educação.

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Cursos Técnicos A Escola Sinodal de Educação Profissional (ESEP), Escola Técnica da Faculdades EST, está com inscrições abertas para os Cursos Técnicos em Enfermagem, Instrumento Musical e Composição e Arranjo. A ESEP tem a tradição e a inovação como requisitos básicos para o desenvolvimento das competências necessárias para este novo milênio, com base na dignidade humana e em uma espiritualidade libertadora. “Qualificamos nossos estudantes no curto espaço de dois anos, que é o tempo de formação dos Técnicos para o mercado de trabalho”, afirma o Coordenador dos Cursos Técnicos em Música, Prof. Daniel Hunger. As matrículas são gratuitas e devem ser feitas pessoalmente na Secretaria Acadêmica da instituição. Outras informações podem ser obtidas pelo fone 51 2111.1400.


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DIVERSIDADE

Com - viver para a inclusão

Pessoas com deficiência continuam sendo pessoas! Sara Engel Voigt | estudante de Psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina*

O tema inclusão não é novidade e, principalmente na Internet, é cada vez mais comum, encontrar matérias que explicam o que é deficiência e como incluir pessoas com deficiência no dia a dia. No entanto, é a partir da convivência que se consegue compreender melhor necessidades, limitações, desejos, sonhos e vontades. Assim como pessoas sem deficiência são diferentes entre si, pessoas com deficiência também o são. Conviver com pessoas com deficiência é uma experiência única e vai ser experimentada de forma diferente e única. Nessa caminhada, a visão e a aprendizagem a respeito do tema inclusão se modificam positivamente.

O encontro com pessoas com deficiência ainda não é algo comum em muitas Comunidades da IECLB. A falta de convivência torna o processo de inclusão mais difícil. Está na hora de ir ao encontro das pessoas com deficiência. É necessário conhecê-las, entender as suas vontades e necessidades para, a partir daí, garantir meios para que possam participar ativamente na vida comunitária. Muitas vezes, julgamos as pessoas pelo que elas não conseguem fazer. Subestimamos a capacidade de pessoas com deficiência e decidimos o que devem fazer. Esquecemos que elas têm vontades e necessidades que devem ser respeitadas. Entretanto, é preciso ver o que a pessoa con-

segue fazer, quais habilidades ela desenvolveu. É preciso ter paciência e tempo para compreender cada pessoa, entender os gostos e as vontades, o que pode ser desenvolvido e onde a ajuda é necessária. A pessoa com deficiência deve ter direito à autonomia, de decidir, se precisa de ajuda ou se pode fazer sozinha. O mais importante: as pessoas com deficiência continuam sendo pessoas! Elas gostam de assistir televisão, passear, navegar na Internet. Ficam tristes e felizes, são crianças, adolescentes, pessoas adultas e idosas. Passam pelas mesmas fases da vida que as pessoas sem deficiência e nem sempre têm vontade de fazer tudo que é exigido. Ao conviver com pessoas com deficiência, aprendemos a dar valor a pequenas atitudes e avanços, mas também se aprende que é necessário impor limites e não aprovar atitudes que são incorretas só porque a pessoa tem uma deficiência. A educação é importante, assim como as metas para o desenvolvimento, sempre levando em consideração desejos, necessidades, capacidades e a fase de vida em que a pessoa está. Dou a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês (Ez 36.26a). É este o sentimento após conviver, conhecer e trabalhar com pessoas com deficiência. A visão muda e se ganha realmente um coração e um espírito novo. * Voluntária com crianças e adolescentes com deficiência no Evangelisches Johannesstift, em Berlim, na Alemanha

PRONUNCIAMENTO

Fé é uma confiança viva e inabalável na graça de Deus. Martim Lutero

Inclusão para a dignidade Reconhecemos o quanto ainda precisamos construir para que todas as pessoas tenham vida digna, no caso, sintamse plenamente incluídas. É por isso que convidamos as Comunidades a unirem-se nesta missão de sermos uma Igreja de todas as pessoas para todas as pessoas. Como Igreja Cristã, reafirmamos que a Igreja é uma Comunidade de pessoas com

dons diferentes e que se complementam. Incluir as pessoas com deficiência e envolver-se com elas, respeitando o lema nada sobre nós sem nós, não é mera opção para a Igreja de Cristo. É característica essencial do ser da Igreja. Carta Pastoral Inclusão da Pessoa com Deficiência Agosto/2011

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UNIDADE

UNIDADE

Série Especial

Lutero - Reforma: 500 anos

Liberdade Cristã

É na diversidade da vida que a Igreja caminha e aprende a ser família cristã, integrando em sua comunhão os mais diversos modelos de família que se formam e querem viver sob a Palavra e a orientação de Deus.

Liberdade Cristã Fomos criados e criadas para a liberdade, maior presente de Deus ao ser humano e maior sinal do quanto somos dignificados e dignificadas por Ele. Deus não criou o ser humano para ser seu escravo, mas para ser seu companheiro. Ele nos criou para uma relação de amor e confiança, por isso nos fez livres e não nos obriga a nada. Deus nos cria conforme a sua própria imagem e semelhança. Desde o início, Deus nos mostra os nossos limites, mas nunca nos obriga a permanecer dentro destes limites. Apenas nos adverte sobre as consequências negativas. Deus se oferece para ser o centro da nossa vida, mas não nos impede de nos tornarmos o nosso próprio centro. Ele nos respeita como a sua imagem e espera ser amado por nós em liberdade e espontaneidade.

pequenas ‘deusas’ tentando impor às outras pessoas a sua vontade! Isso pode dar certo? Esse é o motivo da advertência: Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 3.17). Foi o que aconteceu. Tornamos a vida nesse mundo extremamente perigosa. Não é para menos que a próxima história narrada pela Bíblia (Gn 4) é a do assassinato de Abel pelas mãos do seu irmão Caim.

P. Dr. Michael Kleine, Ministro na Paróquia de São Pedro do Sul/RS

O jardim da liberdade A história contada no segundo capítulo do livro de Gênesis nos fala sobre o plano de Deus para nós. Deus colocou o ser humano em um mundo que já estava pronto, cheio de vida e de recursos. O ser humano recebeu do Criador a mais alta honra e o mais alto posto entre os seres vivos: o de ser seu colaborador no cultivo e no cuidado do planeta (Gn 2.15). A primeira palavra de Deus ao ser humano é a garantia da sua liberdade: De toda árvore do jardim comerás livremente (v.16). Temos livre acesso a tudo o que precisamos para viver bem. O único limite da nossa liberdade está no centro do jardim: as árvores da vida e do conhecimento do bem e do mal. Estas duas árvores simbolizam o próprio Deus. Como Criador, Ele está no centro. Ele é a fonte da vida e de todo o bem. Enquanto o ser humano deixar Deus no centro da sua vida, confiando nele, esperando o bem somente dele e reconhecendo a sua infinita sabedoria, nada lhe faltará para se desenvolver em plena liberdade. O limite da nossa liberdade é reconhecermos que somos criaturas. Diz a Bíblia (Gn 3) que o ser humano não se contentou com a liberdade concedida por Deus. Teve dúvidas a respeito da bondade de Deus. Cobiçou algo que estava na esfera divina, teve apetite de saber mais do que precisava, quis ele próprio estar no centro da sua vida, quis ser mais que mera criatura, quis ser igual ao Criador (cf. Gn 3.5). Ao invés de confiar na boa vontade de Deus e de receber o

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bem das mãos dele, pensou que poderia decidir sozinho o que é o bem e o que é o mal. Decidiu ser independente de Deus, senhor da sua própria vida, assim como o filho pródigo, que pegou a ‘sua’ parte na herança e rejeitou a orientação, o amor e o cuidado do Pai (cf. Lc 15.11-32). Essa é a nossa história e esses somos nós. Criados para sermos livres, não aceitamos que toda a liberdade tem limites. Não aceitamos que esses limites existem justamente para proteger a nossa liberdade e que, quando ultrapassamos os limites, não nos tornamos mais livres. Pelo contrário, nos tornamos escravos e não conseguimos mais nos libertar sozinhos. Liberdade ilimitada? Apenas o Criador pode ser completamente livre e independente. Ele possui poder infinito, ou seja, o seu poder não é limitado pela existência de outros iguais a Ele, mas nós convivemos com outros seres iguais a nós. Aí a nossa liberdade e o nosso poder precisam ser limitados para o bem de todas as pessoas. Se cada pessoa quer ter a liberdade de decidir o que é o bem e o que é o mal, o que é certo e o que é errado, o conflito e o caos estão programados, pois cada uma decidirá que bom é somente aquilo que lhe beneficia. Assim, cada uma se torna o centro do mundo e a medida de todas as coisas. O resultado é o contrário do que se esperava: instala-se o mal no mundo criado por Deus, todas as pessoas querem ser como Deus e lutam umas contra as outras. Atualmente, temos 7 bilhões de pequenos ‘deuses’ e

Escravidão disfarçada de liberdade Criamos a ilusão que somos livres para fazer tanto o bem como o mal, mas o fato é que escolhemos o mal já no próprio instante em que tomamos em nossas mãos esta liberdade. Não há bem que não venha de Deus. Só podemos fazer o bem se deixarmos a vontade de Deus dirigir as nossas decisões. Quando pensamos que podemos ser independentes de Deus nas nossas decisões, já escolhemos o mal, por melhores que sejam as nossas intenções. Ao pensar que podemos escolher entre o bem e o mal, sem precisar ouvir a voz de Deus, terminamos nos tornando escravos e escravas de forças que não podemos controlar nem vencer. Ao não seguirmos a voz de Deus, seguimos os nossos instintos, que são totalmente egoístas, ou nos deixamos guiar pelo medo e pelas preocupações, pois somos ameaçados e ameaçadas por todos os lados. Baseamos o nosso valor pelos nossos feitos e pelas nossas realizações e nos tornamos dependentes da opinião alheia. Pessoas que se tornam independentes de Deus terminam se tornando escravas de si mesmas, de outras pessoas ou de coisas das quais esperam a felicidade. Passam a ser dirigidas pela pressão social, pelo sentimento de culpa, pela raiva ou pelo rancor, pelo desejo de sucesso, pela necessidade de aprovação, pela vontade de possuir coisas ou controlar pessoas ou inúmeras outras emoções e inclinações. O Apóstolo Paulo diz que nos tornamos escravos ‘da lei do pecado’: Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto... Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita

bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço (Rm 7.15,17-19). A libertação O Novo Testamento descreve a obra de Jesus Cristo como um ato de libertação. Ele próprio afirma: Se o filho [de

A liberdade só é completa quando ela nos liberta dos nossos próprios conceitos e das nossas próprias opiniões. Se Deus não nos impõe a sua vontade, quem somos nós para impor a nossa visão às outras pessoas?

Deus] vos libertar, verdadeiramente sereis livres (Jo 8.36). O Apóstolo Paulo constata: Para a liberdade foi que Cristo vos libertou (Gl 5.1). De quê? Martim Lutero especifica: fomos libertados e libertadas ‘de todos os pecados, da morte e do poder do diabo (Catecismo Menor), ou seja, daquilo que nos escraviza e dirige a nossa vida quando tentamos nos tornar independentes do nosso Criador. Ao sermos libertados ‘de todos os pecados’ nos tornamos livres do nosso passado. A nossa vida não é mais dirigida pela nossa origem familiar, social ou étnica. Também não somos mais determinados pela nossa formação, pelas nos-

sas conquistas ou pelos nossos fracassos nem por nossas opiniões. Libertação ‘da morte’ significa não ser dirigido, dirigida pela preocupação com a própria vida. A vida deixa de ser uma luta pela sobrevivência, em que as outras pessoas são vistas como concorrentes e ameaças. Somos libertados e libertadas ‘do poder do diabo’ quando deixamos de ser dirigidos e dirigidas pelos nossos instintos e interesses, pelas nossas necessidades e opinião das outras pessoas. Livres para servir Segundo Martim Lutero, a fé em Jesus Cristo nos torna pessoas ‘livres de tudo, a ninguém sujeitas’. Isso quer dizer que a verdadeira liberdade só pode ser alcançada na mais completa dependência de Deus. Mais: essa mesma fé opera outra transformação radical em nosso coração. Ela faz com que ele se torne ‘um servo dedicado a tudo, a todos sujeito’. A fé nos une a Jesus Cristo, aquele que a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo (Fp 2.7). Ela nos ajuda a dizer junto com Paulo: sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos (1Co 9.19). Liberdade, aos olhos da fé em Jesus Cristo, não significa fazer e dizer tudo o que se tem vontade. Somente Deus tem essa liberdade. Liberdade cristã significa, em última análise, tornar-se livre de si mesmo e da sua vontade de ser o centro do mundo e a medida de todas as coisas. Pela fé que opera em nós, somos livres para seguir a Jesus Cristo na busca por ‘vida e salvação’ (Lutero) para as outras pessoas. Fomos libertados e libertadas para servirmos de instrumentos para a libertação de outras pessoas, mas não se liberta ninguém tentando impor a nossa própria opinião, pois isso é um sinal de que caímos novamente na escravidão do nosso egoísmo. A liberdade só é completa quando ela nos liberta dos nossos próprios conceitos e das nossas próprias opiniões. Se Deus não nos impõe a sua vontade, quem somos nós para impor a nossa visão às outras pessoas? Deus nos conquista para o seu lado e para a liberdade demonstrando o valor que temos para Ele – apesar das nossas opiniões erradas. Nunca ajudaremos outras pessoas atacando a sua integridade e a sua honra. É possível e necessário discordar de ideias, mas sem ferir a liberdade e a dignidade daquelas pessoas de quem discordamos.

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FÉ LUTERANA

Redes Sociais: liberdade x responsabilidade P. Me. Wilhelm Sell | Ministro na Paróquia de Palhoça/SC Vivemos tempos de grande liberdade de expressão. É possível falar sobre muitos assuntos. Alguns são amenos. Outros geram debate e, por vezes, suscitam alteração nos ânimos. A tecnologia, por sua vez, oferece novas possibilidades de comunicação, com praticidade e conforto. Aplicativos facilitam a comunicação e Redes Sociais ampliam o âmbito da conversa. Aí o bixo pega! É fácil destruir laços de amizades ou criar inimizades pela maneira como são feitas as discussões. Nas Redes Sociais, não é nada difícil expressar o que pensa, julgar e… condenar! Como não vemos a face da outra pessoa, não há constrangimento... Enquanto pessoas cristãs, devemos nos perguntar: Como poderíamos lidar com as Redes Sociais? Qual é o limite da nossa liberdade? Em que medida as Escrituras e a perspectiva da nossa confessionalidade poderiam nos ajudar? Ao falarmos sobre liberdade, logo vem à mente o escrito de Lutero Da liberdade Cristã, que diz ‘Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos’. Inspirado nessa ideia de liberdade, o Pastor Dietrich Bonhoeffer pode nos ajudar.

Ele diz que, da mesma maneira como Cristo está por nós, também devemos estar a favor do outro. Não há vida de fé verdadeira se ela não me mover em direção ao próximo. Fé se desdobra no amor prático. Queremos a fé, mas difícil é vivermos a fé na prática do amor, confessemos! Isso porque somos seres contraditórios. Bonhoeffer, em seu livro Ética, explica que a realidade do

A minha forma de me comunicar nas Redes Sociais edifica? É feita na perspectiva da fé que me desafia a amar? Traz sinais de paz, esperança e salvação? pecado teve consequências diretas e decisivas na nossa forma de nos relacionarmos, o que influencia a nossa forma de comunicação. Para ele, com a realidade do pecado o ser humano se desconectou de si mesmo (vive em busca de autojustificação), do outro (relações por interesse), e de Deus (relação com Deus por meio de obras). Vivemos voltados a nós mesmos!

Deus, pela fé, que nos insere nas dádivas da obra de Cristo, pelo agir do Espírito Santo, por meio da sua Palavra, nos desafia a voltarmos ao projeto relacional que Deus instituiu em sua Criação. Isso significa viver a liberdade de expressão, mas sempre em responsabilidade e serviço de amor pela vida do outro, que é meu próximo. Em ‘temas quentes’, podemos agir de duas formas: (a) como pessoas que se importam e querem conversar ou (b) como pessoas que só querem descarregar as suas ‘verdades’, cheias de julgamentos e condenações. Jesus Cristo nos incita a ouvir, interrogar, conversar, contar histórias para explicar o ponto de vista que defendemos. Em perspectiva está o amor que Deus tem pela vida da outra pessoa como também tem pela minha. O desafio que permanece é o de praticarmos o discernimento nos perguntando: A minha forma de me comunicar sobre determinado assunto nas Redes Sociais edifica a vida das outras pessoas? É feita na perspectiva da fé que me desafia a amar? Traz sinais de paz, esperança e salvação? Que Deus nos dê sabedoria! Para refletir, leia 1Coríntios 9.19

Não dirás falso testemunho! P. Valdeci Foester | Ministro na Paróquia em Santa Maria de Jetibá/ES Li uma história de um jovem discípulo que, desapontado com seu mestre, levantou diversos falsos testemunhos contra ele, causando-lhe grandes problemas. Anos depois, ao saber que o velho mestre encontrava-se muito doente, quase à morte, este jovem, arrependido, foi até o mestre para lhe suplicar perdão, dizendo que faria qualquer coisa para consertar o seu erro. O velho mestre, gentilmente, disse que aceitaria o seu pedido de desculpas, mas solicitou uma última tarefa ao jovem discípulo, dizendo que ele deveria pegar um saco cheio de penas e soltá-las do topo do edifício mais alto da cidade. Quando isso foi feito, o jovem voltou ao mestre, que olhou para ele e disse: ‘Agora vá e recolha cada uma dessas penas e traga até mim’. O jovem exclamou: ‘Isso é impossível!’. Então, o velho mestre, como uma última lição, lhe disse: ‘Da mesma forma que é impossível recolher as penas, é impossível que uma palavra proferida seja recolhida’. Esta história ilustra bem a realidade de uma conversa inconveniente na família ou na Comunidade. Palavras que são proferidas sem pensar podem ser nocivas e abalar os relacionamentos. Deus se preocupa muito com as palavras que saem da nossa boca, por isso nos deu o Oitavo Manda-

mento: Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. O Catecismo Maior de Lutero, por exemplo, traz a seguinte explicação a respeito do Oitavo Mandamento: ‘Além do nosso próprio corpo, o nosso cônjuge e os bens materiais, possuímos um tesouro de que não podemos nos desfazer: a honra e a boa fama. Como seria possível viver em socie-

Ouvir bem, ser cauteloso ao falar e não se irar facilmente são atitudes para cumprir o Oitavo Mandamento e promover a paz na Comunidade e na sociedade. dade desonrado publicamente e sofrendo o desprezo de todos? Portanto, o desejo de Deus é que não tiremos do próximo a sua boa fama e a justiça’. No Catecismo Menor, a explicação que Martim Lutero dá sobre o oitavo mandamento é: ‘Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não enganar o nosso próximo com falsidade, trai-lo, caluniá-lo ou fazer acusação falsa contra

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ele, mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira’. Boatos, fofocas e conversas infrutíferas que visam a prejudicar a reputação do próximo são formas de quebrar o Oitavo Mandamento e desrespeitar a Palavra de Deus. A Escritura alerta: Irmãos, não faleis mal uns dos outros (Tg 4.11) e Não caluniem a ninguém, sejam pacíficos e amáveis e mostrem sempre verdadeira mansidão para com todas as pessoas (Tt 3.2). Temos a responsabilidade de pensar muito bem na hora de escolher as nossas palavras: Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem (Ef 4.29). Falar a verdade como um hábito e interpretar tudo da melhor maneira são sinais de que realmente Cristo nos salvou e o seu Espírito habita em nós, pois ele é a própria Verdade. Tiago recomenda que o cristão seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar (Tg 1.19). Ouvir bem, ser cauteloso ao falar e não se irar facilmente são três atitudes para se cumprir o Oitavo Mandamento e promover a paz na Comunidade e na sociedade. Para refletir, leia Tiago 3.1-12


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PERSPECTIVA

O quarto poder: como nos deixamos levar pela mídia Basta passar na televisão para ser verdade? Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Conselho da Igreja Em maio deste ano, grande parte do povo brasileiro começou a enxergar situações estarrecedoras. Até aquele momento, as pessoas pensavam que havia um partido político vilão na história da corrupção do país e os outros seriam inocentes. Quando começaram a ver aquilo que até então a mídia não mostrava, muitas ficaram indignadas, sentindo-se enganadas. Ora, as pessoas não viam, pois esse talvez fosse o interesse da grande mídia, afinal ela propõe e quase impõe o que as pessoas devem ver e, portanto, acreditar, pois detém uma importante ‘arma’: o modo como a população enxerga. É por isso que muitas pessoas terminam aceitando o que é mostrado como sendo verdade, não duvidam e não questionam, pois ainda vivemos a situação que ‘basta passar na televisão para ser verdade’. Jesus era visto como alguém com autoridade. As pessoas mais simples acreditavam nele, especialmente porque ele estava ao lado delas, ao lado das excluídas, daquelas que estavam à margem da sociedade. Cristo não estava ao lado de quem detinha o poder. Pelo contrário, Jesus as questionava. Ele não se subjugou! Ao contrário, confrontou verdades que eram repassadas ao povo como sendo imutáveis e serviam apenas aos ‘escolhidos’. Assim, precisamos aprender com Jesus! Faz-se necessário questionar e duvidar da mídia, porque esta esteve e está a serviço das pessoas poderosas, as que a finaciam, que ‘pagam a

conta’. Como Jesus enfrentaria, hoje, o chamado ‘Quarto Poder’? Vou tentar imaginar algumas atitudes do Mestre: 1) Levaria o povo a perceber que a mídia sempre esteve a serviço das pessoas ponderosas, que ela joga com as informações para fazer do povo massa de manobra e que, portanto, as pessoas deveriam duvidar do que ela expõe; 2) Questionaria o padrão de beleza e de vida que ela imprime à população, mostrando que todas as pessoas são filhas amadas por Deus, independente daquilo que se impõe como modelo a ser seguido; 3) Mostraria que o verdadeiro amor não está na tela da TV, mas se concretiza na diaconia, no amor ao próximo, no amor familiar, na presença física, no abraço fraterno, na conversa que acolhe e aproxima as pessoas; 4) Enfrentaria e expulsaria os mercadores, conforme fez no templo (Jo 2.13-22), pois, naquele local, o que ocorria legitimava um sistema que atendia às pessoas poderosas tanto econômica como ideologicamente. Hoje, essa história continua se repetindo com o apoio da mídia e, por isso, precisa ser questionada, enfrentada e combatida. Precisamos rever os nossos conceitos e escutar a voz da autoridade que vem de Jesus, daquele que veio para mostrar que há outra proposta de vida, que inclui todas as pessoas, que preconiza a justiça social, que duvida e questiona as verdades da aldeia midiática global que atende a uns poucos ‘escolhidos’.

Deus se oferece ricamente e nos estende a mão, pondo à disposição tudo o que necessitamos. Martim Lutero

Educação hoje e há 500 anos... Aprender ... brincando com Lutero P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS No momento em que se intensificam pelo Brasil e pelo nosso mundo ações diversas sobre os 500 anos da Reforma, cujo protagonista maior é Lutero, nos irmanamos com este movimento que levanta tantos temas atuais. Isto também aconteceu em São Leopoldo/RS recentemente e com espaços em rádio, televisão e imprensa local. No Salão da Prefeitura, foi lançado o programa dos festejos da Reforma. Assim, Martim Lutero é colocado em um justo lugar, por uma razão muito simples: quem conhece minimamente a sua obra, encontra uma variedade de temas da sua época e que continuam atuais sobre a economia, a educação pública, a política, etc. O Reformador era pouco polido e muito polêmico. Não fugia de debates em público. Afinal, nenhuma esfera da vida pessoal e pública está longe dos olhos de Deus. Como coube a mim saudar o encontro de Comunidades Luteranas, agentes do Governo Municipal, lideranças de Igrejas e da sociedade civil, enfatizei algumas teses ainda atuais sobre educação: - mesmo que houvesse a iminência de um ataque de tropas externas, Martim Lutero ainda assim disse que, se fosse dado um florim para a guerra, cem deveriam ser destinados à educação;

- também incentivou as municipalidades da época e a criarem, com dinheiro público, escola para crianças e para jovens. As meninas não deveriam ficar fora, como era o costume de então. Na mesma linha de engajamento na educação, Lutero deu valiosas orientações que foram ao encontro de jovens e crianças: - se a juventude gosta de dançar e pular, estando sempre à busca do prazer, isto não deveria ser impedido nas escolas, por isso sugeriu criar componentes curriculares para que jovens e crianças tivessem tais atividades lúdicas nas aulas; - ao lado dos estudos das línguas, de outras disciplinas e da História, deve haver espaços para o lazer e o prazer. Em outras palavras, o Reformador afirmou que se aprende brincando. A lei que estende para as crianças de quatro e cinco anos a frequência à escola tende a ignorar o valor das atividades lúdicas. Parece que estamos voltando ao tempo anterior ao de Lutero. Cabe, então, às pessoas luteranas, reformadoras de hoje, defender a ideia de 500 anos atrás... de que se aprende brincando. Isto vale para jovens que gostam de pular, dançar, à procura do prazer, como disse Lutero. Aliás, brincadeira é assunto sério! Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

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MISSÃO

Comunidades mais atrativas P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão A IECLB, segundo consta na sua Constituição, se entende como uma ‘Igreja de Comunidades’. Com base nisso, o Fórum Nacional de Missão, realizado de 1º a 4 de junho de 2017, na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, indagou por estratégias para Comunidades mais ‘atrativas, inclusivas e missionárias’. Em que consiste ser uma Comunidade atrativa? Esta pergunta nos leva a indagar pelo núcleo central de uma Comunidade de Fé. Uma Comunidade surge como resultado da proclamação do Evangelho, cujo tema central é o amor de Deus em Jesus Cristo. Essa Palavra sobre o amor de Deus não só dá origem à Comunidade, mas também molda a sua vida. Em outras palavras, todos os programas, todas as ati-

Projetos Missionários Secretaria de Missão Onde abrir um Projeto Missionário? O Mandamento Ide, fazei discípulos e discípulas (Mt 28. 19) inclui todo o mundo. Entretanto, o livro de Atos dos Apóstolos nos ensina que nem todo lugar é o mais adequado para dar inicio a uma Ação Missionária. A experiência do Apóstolo e Missionário Paulo e da sua equipe, nas suas três viagens missionárias, aponta para a necessidade de um olhar estratégico na escolha do local onde se há de dar inicio a um Projeto Missionário. A estratégia da propagação, por exemplo, leva a escolher cidades que são centros comerciais e/ou religiosos, lugares onde se encontram muitas pessoas e de diversos lugares. Também é necessário que o lugar apresente ‘portas abertas’ ou oportunidades para o Evangelho (At 13. 51). Isso significa que nem todo lugar é propício, o tempo todo, à proclamação do Evangelho e à criação de uma Comunidade. Não se trata de buscar justificativas para evadir responsabilidades, mas exatamente maximizar os recursos, porque a seara é grande (Lc 10.2).

vidades, todas as construções e todos os investimentos de uma Comunidade têm como finalidade viabilizar o testemunho do amor de Deus. Jesus se refere a isso quando diz: Eu lhes dou este novo Mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros. Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos (Jo 13.34-35). O amor é o fundamento e a marca distintiva da Comunidade Cristã. O amor é o grande atrativo da Comunidade Cristã. O testemunho do amor como hospitalidade que acolhe, veste, alimenta, cura, cuida e consola as pessoas mais frágeis da sociedade (viúvas, crianças órfãs e pessoas estrangeiras) foi o grande atrativo da primeira Comunidade Cristã em

Jerusalém (At 2.43-47 e 4.32-35). Essas manifestações de amor fizeram com que pessoas alheias à Comunidade a tivessem em grande estima, ao ponto de querer ingressar nela (At 2.47). Então, o desafio está posto: Comunidades mais atrativas pelo testemunho do amor de Deus em Cristo. A sua Comunidade é atrativa: Por quê? Para quê? Para quem?

Planejamento Missionário P. Altemir Labes | Secretário Adjunto para Missão e Diaconia Assumir a Missão - A partir do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI), a Ação Missionária da IECLB é constituída por quatro dimensões: Evangelização, Comunhão, Diaconia e Liturgia. Essas dimensões são perpassadas por três eixos transversais: Formação, Sustentabilidade e Comunicação. As instituições se definem pela sua Missão. Também uma Igreja tem a existência definida pela sua Missão. A Missão é o que identifica a Igreja, mostra onde ela se encontra e lhe dá o rumo e a motivação para a sua atuação. Com base no artigo 3º da Constituição, o PAMI fornece a seguinte formulação de Missão: A Missão da IECLB é propagar o Evan-

gelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal, na família e na Comunidade, promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo”. Se a Missão nos identifica, a Visão indica para onde vamos. A Visão está em consonância com a Missão e é formulada na perspectiva do olhar de fora (como as pessoas nos veem, como gostaríamos que nos vissem): Ser reconhecida como Igreja de Comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à Criação”.

Misericórdia - Missão - Vida abundante P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão Senhor, quando foi que o vimos com fome, com sede, VAI E VEM 2017 | ANO 10 como estrangeiro, sem roupa, doente ou na cadeia? Quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram (Mt 25.37-40). O meu coração bate pela missão! A prática das Obras de Misericórdia tornou essas pessoas abençoadas! Alguém afirmou ser a misericórdia o que move o coração de Deus, em forma de amor, bondade, justiça e paz. Neste ano, em que celebramos o Jubileu da Reforma Luterana, a Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem, na sua décima edição, nos lembra: Sem misericórdia, não há missão! Os Projetos Missionários Nacionais e Sinodais apoiados com recursos provenientes da Vai e Vem buscam concretizar a palavra de Jesus Cristo: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10.10b), o que acontece pela corrente: Misericórdia - Missão - Vida abundante. Que as nossa intenções e ações, feitas com a alegria que vem da gratidão, nos permita escutar do nosso Senhor: Vinde, benditos, benditas de meu Pai! (Mt 25.34). Amém! CAMPANHA NACIONAL DE OFERTAS PARA A MISSÃO

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GRATIDÃO

Fé, Gratidão e Compromisso Sou parte da Comunidade! Pa. Dra. Marceli Fritz Winkel | Ministra na Paróquia em Presidente Getúlio/SC

A participação em uma Comunidade é parte fundamental da vida cristã. É na Comunidade que aprendemos mais sobre a vontade de Deus, somos consolados, consoladas, fortalecidos e fortalecidas. É na comunidade que conhecemos os nossos dons, concedidos pelo Espirito Santo. Somos capacitados, capacitadas, animados e animadas para exercitá-los e servir ao nosso próximo. Durante a Reforma, Lutero enfatizou o Sacerdócio Geral de todas as Pessoas Crentes, baseando a sua afirmação em dois textos: Vós [...] sois [...] sacerdócio real (1Pe 2.9), e nos constituiu Reino, sacerdotes (Ap 1.6). O Sacerdócio Geral é tanto uma responsabilidade quanto um privilégio. A nossa unidade e igualdade em Cristo é demonstrada por nosso amor mútuo e nosso cuidado de umas pessoas pelas outras. Participamos da comunhão dos santos, isso implica que ninguém pode ser uma pessoa cristã sozinha (conforme Timothy George, em A Teologia dos Reformadores). Muito importante, no entanto, é saber

que não podemos nos acomodar simplesmente com a Comunidade já existente e com as pessoas que vão chegando por meio de amizades, casamentos e evangelizações. Precisamos lembrar do ide de Jesus (Mt 28.19) e ser uma Comunidade intencionalmente missional. Precisamos aprender a ir até as pessoas nesta sociedade e nessa cultura cada vez mais secularizada, em que muita gente tem vergonha de ir a uma Igreja ou foge de qualquer conversa sobre espiritualidade. Muitas vezes, até mesmo membros afastados da IECLB têm uma visão distorcida, em que a Igreja perdeu o sentido de ser. Então, a pergunta é: Como podemos alcançar pessoas completamente secularizadas ou sem interesse por Deus? Precisamos ter atitudes intencionais de nos relacionar e entrar na vida de pessoas que não são cristãs. Podemos começar na nossa vizinhança ou com pessoas das nossas relações diárias: no mercado, no posto de combustível, no trabalho ou na escola. O simples fato de você se interessar verdadeiramente pela

vida de uma pessoa, passando a vê-la como alvo do amor de Deus, fará toda diferença. Outra ideia é criar espaços neutros ou eventos nos quais pessoas cristãs e não cristãs possam interagir significativamente. Por que não pensar sobre isso em nossas Comunidades? A organização de fóruns ou conversas temáticas em um café, por exemplo, pode quebrar tabus, conquistando pessoas que, mais tarde, passarão a ser parte da Comunidade. As pessoas precisam se sentir aceitas e amadas, sem distinção. A partir do bom perfume de Cristo, exalado pelas pessoas cristãs (2Co 2.14 e 15), outras podem sentir o significado da vivência comunitária. Em meio a uma sociedade cada vez mais individualista, as pessoas sentirão a diferença quando se perceberem valorizadas e ajudadas em meio ao sofrimento e à solidão. Uma Comunidade que está sempre investindo em novos participantes é uma Comunidade em novidade de vida, na qual o tédio e as desavenças não têm lugar nem tempo. Será uma Comunidade que constantemente se atualiza em relação ao que tem para oferecer aos novos membros, tornando os Cultos e demais trabalhos mais atrativos. Isso tudo custa tempo, mas vale a pena! Uma Comunidade viva é formada por pessoas cristãs maduras, que discipulam outras, que mais tarde farão novas pessoas discípulas, sempre com vistas para fora dos muros da Igreja. Se não for assim, a Igreja pode passar a ser vista como um clube, no qual as pessoas são servidas, mas nunca, de fato, confrontadas com o Evangelho, sem, portanto, vivenciar a alegria de ser instrumento de Deus na transformação de vidas. Uma Comunidade atuante é relevante para o seu contexto. Assim, gostaria de concluir com uma frase do Pastor Dietrich Bonhoeffer: Igreja é apenas Igreja quando ela existe para os de fora.

Publicações | Compartilha Conforme o Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC), ‘Educação Cristã é um processo pessoal e comunitário de aprendizagem dos conteúdos da fé’. Na família, a Educação Cristã acontece no convívio diário dos seus membros, por exemplo, na oração antes das refeições. Na Comunidade, os conteúdos da fé cristã são oferecidos e vivenciados em diferentes espaços, que buscam atender necessidades, contextos e públicos específicos. Neste caso, o Ensino Confirmatório é um espaço importante para a Educação Cristã e tem como principal objetivo animar adolescentes para a escuta, o aprendizado, a experiência comunitária e o testemunho da fé cristã. Trecho do Compartilha - Ensino Confirmatório

Ter a Cristo é ter o cordeiro que carrega os nossos pecados e derrama o Espírito Santo para nos restaurar e consolar. Martim Lutero

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GESTÃO

Corpo IECLB | Gestão Administrativa Secretaria Geral da IECLB A Secretaria do Ministério com Ordenação (SMO) pauta as suas ações a partir do Planejamento realizado, em consonância com as decisões do Concílio e das regulamentações aprovadas pelo Conselho da Igreja. O XXIX Concílio, realizado em Rio Claro/SP, em 2014, confirmou o acompanhamento a Ministros e Ministras como uma das prioridades de gestão da Direção da Igreja para os próximos anos. Cabe à SMO zelar pela vida ministerial dos Ministros e das Ministras, controlar e manter os registros atualizados, prestar orientação sobre documentos normativos e regulamentações nos assuntos da Secretaria, acompanhar os Ministros e as Ministras, promover seminários e cursos de atualização e implementar esta prioridade de cuidado. A IECLB tem 1237 Ministros Ordenados e Ministras Ordenadas no seu quadro. Destes, 67 pertencem ao Ministério Catequético, 45 ao Ministério Missionário, 138 ao Ministério Diaconal e 987 ao Ministério Pastoral. Atualmente, 869 Ministros e Ministras estão em atividade, 240 em inatividade, 27 em afastamento, 69 em busca de Campo de Atividade Ministerial (CAM) e 32 com Certificado de Habilitação suspenso. O quadro de Ministros e Ministras em atividade é composto por 66% pessoas do sexo masculino e 34% do feminino. São objetivos da SMO: (a) Articulação - Cuidar, fortalecer e qualificar o Ministro e a Ministra para o exercício do Ministério com vistas à missão da IECLB, fortalecendo os seus laços de comunhão; (b) Capacitação - Cuidar, fortalecer e qualificar o Ministro e a Ministra para o exercício do Ministério com vistas à missão da IECLB, oferecendo possibilidade de formação para desenvolver os dons e as competências requeridas do Ministro e da Ministra para que realize bem a missão da IECLB; (c) Gestão - Cuidar, fortalecer e qualificar o Ministro e a Ministra para o exercício do Ministério com vistas à missão da IECLB, cuidando dos seus registros e oferecendo suporte documental; (d) Produção - Cuidar, fortalecer e qualificar o Ministro e a Ministra para o exercício do Ministério com vistas à missão da IECLB, com a ética requerida na realidade brasileira. Trecho do Relatório da Secretaria Geral ao XXX Concílio da Igreja/2016 Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

Guia para o Presbitério O Planejamento facilita a execução e a avaliação dos objetivos estabelecidos pela Comunidade. Além disso, desenvolve um Plano de Ação firmado na unidade, apesar da diversidade de ênfases, atividades e grupos. Um Planejamento ajuda-nos a caminhar firmemente na mesma direção. Ajuda-nos também a evitar o ativismo e a sobrecarga. A partir de um Planejamento Comunitário, trabalhamos em conjunto e delegamos tarefas. Com isso, cada membro do Corpo pode participar. O Planejamento dinamiza a ação das pessoas, das Comunidades e dos seus Ministérios, de modo a servir e contribuir para a Missão de Deus. Essa é a motivação para o Planejamento. O Planejamento não é realizado por uma pessoa. É processo comunitário. Pessoas, grupos e lideranças estão envolvidos nisso. Zelo e perseverança são fatores determinantes para que o Planejamento alcance os seus objetivos. O Planejamento não é algo que realizamos e depois arquivamos. Ele serve para dirigir e avaliar a caminhada que estamos tendo e nos ajudará a ver e rever estratégias.

Documentos Normativos Regulamentos são a expressão normativa dos compromissos firmados entre as representações nas diversas instâncias. A Constituição, o Regimento Interno, o documento Justiça e Ordem, o Estatuto do Ministério com Ordenação da IECLB e o Guia Nossa Fé-Nossa Vida são normas nacionais, eclesiasticamente válidas para todos e todas. Acima desses documentos está o Mandato de Deus, tendo como base a Bíblia e os Escritos Confessionais. Todos os demais documentos são elaborados a partir dos princípios constantes nesses documentos e a eles estão sujeitos eclesiasticamente. O Estatuto do Ministério com Ordenação, por exemplo, estabelece, entre outros, que cabe a todos os Ministérios, em comum acordo e com o apoio das instâncias responsáveis pelo Campo de Atividade Ministerial (CAM), as tarefas de: I. motivar, formar e capacitar os membros a desenvolverem os seus dons para o crescimento da Comunidade, o bem-estar integral do ser humano e a manifestação da voz evangélica na vida pública; II. orientar teologicamente os membros; III. empenhar-se no aconselhamento, na visitação e na reconciliação das pessoas; IV. ativar a consciência missionária, diaconal e ecumênica, bem como a responsabilidade pública da Comunidade; V. cooperar com iniciativas missionárias; VI. empenhar-se em fortalecer a união e a edificação da Comunidade; VII. buscar a integração dos Ministérios a partir do respeito recíproco, do trabalho teológico e do planejamento em conjunto.


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SÍNODOS

Sacerdócio Geral de todas as Pessoas Crentes A graça nos liberta e o amor nos compromete Pa. Ma. Tânia Cristina Weimer | Pastora Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho

Ele nos auxilia em todas as dificuldades para podermos ajudar os que têm as mesmas dificuldades que nós temos e nós damos aos outros a mesma ajuda que recebemos de Deus (2 Co 1.4). Sendo essa a promessa de Deus, nos fortalecemos na tarefa de auxiliar uns aos outros nas suas grandes e pequenas dificuldades. ‘Muitas pessoas pequenas, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra’. Esse provérbio africano, presente em nossa caminhada, tem lançado um olhar diferente e animador para dentro das nossas inúmeras frentes e ações, que se tornam necessárias e importantes para resgatar a dignidade dos nossos membros e das suas famílias. Na busca por uma Igreja de Comunidades mais atrativas, inclusivas e missionárias, o Sínodo Nordeste Gaúcho tem buscado suprir uma das suas demandas no que diz respeito à formação e à motivação de lideranças. Não é de hoje que, nas nossas Comunidades, ouvimos queixas referentes às dificuldades de

encontrar Presbíteros, pessoas dispostas a ajudar, seja no Presbitério ou nas demais atividades, desde o preparo de um almoço até a coordenação de um grupo. Assim surgiu a pergunta sobre as nossas maiores necessidades. Isso ao mesmo tempo em que preparávamos a temática para o Dia da Igreja 2017 no nosso Sínodo. Fomos descobrindo que era importante investir na formação de lideranças e buscar motivação para que os membros gostassem de se engajar na sua Comunidade. Essa foi a conversa que a Diretoria do Sínodo Nordeste Gaúcho desenvolveu no seu Retiro de 2016, em que fomos assessorados pelo P. Dr. Pedro Puentes, Secretário de Missão da IECLB. Na ocasião o P. Pedro nos ajudou em uma reflexão sobre a atual conjuntura e os desafios do nosso ser Igreja hoje. Fomos descrevendo as nossas preocupações e os nossos anseios, que foram traduzidos, à luz dos 500 anos da Reforma, na preocupação de resgatar o Sacerdócio Geral de todas as Pessoas Crentes. Esse foi um

Está diante de nós a tarefa da implantação do projeto de Educação Cristã Continua. Por ser um processo pessoal e comunitário de aprendizagem dos conteúdos da fé, a Educação Cristã acontece na família e na Comunidade. Por sua vez, reflete-se nas ações e atitudes do dia a dia, que é a vivência cristã no mundo. Daí resulta a importância desse assunto perpassar as nossas Coordenações Sinodais para que haja um conteúdo básico e cristão nas diferentes fases da vida. Percebemos a necessidade de melhor equipar os nossos membros para o testemunho da sua fé evangélica luterana, o que também deve acontecer por meio do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI). Para isso, diversos Seminários com Presbíteros, Presbíteras, Ministros e Ministras foram realizados, com o objetivo de capacitar para a realização do PAMI. Estar em contato com tantas pessoas faz com que sintamos a presença de Deus, que nos auxilia em nossas dificuldades para podermos ajudar outras pessoas com a mesma ajuda que recebemos de Deus.

tema importante desenvolvido por Lutero e que ocupou boa parte dos seus escritos: ‘Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos. Em outras palavras, Lutero disse que o cristão vive não em si mesmo, mas em Cristo e no próximo. De outro modo, ele não será um cristão. Redescobrir essa verdade, apontada por Lutero, junto com as nossas Comunidades foi um importante trabalho que desenvolvemos. Esta ação começou com um ciclo de palestras oferecido a cada início de ano, tendo como público-alvo Presbíteros, Presbíteras e lideranças, com o objetivo de oferecer oportunidades de formação. Assim chegamos à temática do nosso Dia da Igreja, realizado em 28 de maio deste ano: A graça nos liberta, o amor nos compromete. O Dia da Igreja nos absorve e envolve muito, mas o seu resultado, ainda que demande um alto investimento financeiro, nos proporciona um sentimento de pertença e revela o nosso orgulho em também poder afirmar que somos muitos. Assim, reunimos, em 2017, perto de 5 mil pessoas. Reconhecer nos rostos das pessoas presentes no evento as nossas Comunidades, o nosso jeito de ser e testemunhar que somos Igreja de Jesus Cristo nos dá consistência para anunciar o Evangelho com voz firme para dentro de uma sociedade que passa a nos respeitar e ver com olhos diferentes como uma Igreja que se mantém transparente, solidária e ética, em uma realidade que se mostra avessa à vontade de Deus. Igreja sempre em Reforma Formar e informar para a boa funcionalidade da estrutura mediante a visitação e a orientação da Comissão Sinodal de Administração e Finanças tem sido uma das frentes de trabalho na qual investimos e tentamos nos aprimorar. Em nossas visitas, buscamos ajudar na compreensão que somos um corpo e que a fragmentação impede o seu correto funcionamento e o seu natural crescimento. Entre essa busca está a preocupação com o recolhimento e o repasse fiel do dízimo. A Diretoria, juntamente com o Conselho Sinodal, tem incentivado que todas as Paróquias se engajem fortemente na Campanha Nacional de Ofertas para a Missão, a nossa Vai e Vem, Campanha de Missão da IECLB. Em algumas Paróquias, os resultados são alentadores. Já outras veem a Campanha como ‘mais uma atividade’ entre outras tantas. Ser Comunidade mais atrativa, inclusiva e missionária nunca é tarefa concluída. Cabe assumir e reassumir essa tarefa diariamente.

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MEMÓRIA

Carta do século XXI De: Martinus Torneirus - Para: Martinus Eleutherius P. em. Dr. Martin Dreher | Publicação original no Jorev Luterano nº 698 - agosto/2007 Meu caro Martim Lutero Faz tempo que venho lendo seus escritos. Em alguns, você fala como um Pastor. Olha, achei sensacional sua explicação do ‘Cântico de Maria’, também adorei ‘Da Liberdade Cristã’. Agora, tem outros escritos em que você pega pesado! No ‘Do Cativeiro Babilônico’, você desancou os papistas de uma maneira que não é nada fraterna! Que língua afiada. Também seus segundo e terceiro escritos na Guerra dos Camponeses, pela madrugada, não são flor que se cheire. Seu forte está na explicação da Bíblia e suas aulas devem ser muito movimentadas para a alegria do estudantado. Andei lendo as anotações de seus estudantes, publicadas por um livreiro de Basiléia. Não me apresentei. Sou cristão que mora na América do Sul, continente do qual você falou em duas oportunidades, dizendo que

mãos postas sobre os joelhos e relampejando pelos olhos, só pode botar medo nas pessoas que são, constantemente, fulminadas por ele. Obrigado por você, com a ajuda do Apóstolo Paulo e dos Evangelhos, haver verificado que Deus tem a cara do crucificado e que o ressurreto tem as marcas do crucificado. Foi por isso que Jesus terminou na cruz: nós, seres humanos, não conseguimos aceitar Deus como ele é. Deus é um Deus que aceita as pessoas – não o pecado – incondicionalmente, assim como nós não as conseguimos aceitar. Somos incapazes de amar os nossos inimigos, por isso a cruz e a ressurreição nos acusam e mostram, sem rodeios, como somos: pessoas pecadoras. Ao mesmo tempo, cruz e ressurreição nos dizem do amor incondicional de Deus por nós. Deus não deixou de nos amar e continua a nos amar. Cruz e ressurreição aconteceram por nossa causa e em favor de nós. Na cruz, está estampada toda a nossa maldade Quando você e toda a raiva que temos de Deus. No fundo, não descobriu a cenqueremos saber de Deus e muito gostaríamos de tralidade de Jesus, mudou também ‘ser como Deus’, por isso, acontece, de novo, que a direção do seu nos consideramos senhores das outras pessoas. olhar. Antes, você vivia olhando para aqui moram ‘selvagens’. Continuamos selcima, preocupado em como fazer a sua salvavagens, mas tem muita gente por aqui que ção, pensando que, com seu esforço, conseprocura seguir Jesus e se alegra com a redesguiria fazer Deus se agradar de você. Quando coberta do Evangelho do amor incondicional você descobriu que Deus já havia descido de Deus. Reaprendemos com você muitas até você, começou a ver também o mundo à coisas, das quais as principais são quatro, se sua volta como mundo amado por Deus. Só bem o entendo. Fico grato se me puder resem Jesus a gente aprende a olhar para onde ponder algumas dúvidas. Sua vasta corresDeus olha: para baixo. A vocação das pessoas pondência vai ter que apresentar pelo menos cristãs não está no céu, mas no mundo amauma carta dirigida ao meu continente. do por Deus. É aqui que podemos colocar os Entendo a firmeza com que você acensinais da esperança que vem de Jesus. tua a centralidade de Jesus para a fé, quando Aprendi que o Espírito Santo é quem abre afirma ‘somente Cristo ou Cristo somente’! os nossos olhos para podermos aceitar, conEntendi também como lhe é importante que fiadamente, este rosto de Deus voltado para conheçamos esse Jesus a partir da cruz e resnós. A fé que o Espírito Santo nos concede é surreição. Há algum tempo, mostraram-me confiança, certeza que Deus é assim como aquele Cristo que está preso na parede exterEle se mostrou para nós, em Jesus. ‘Somente na da Igreja da cidade de Wittenberg e que pela fé’ entendo o amor de Deus. Achei intelhe causava tanto terror. Fiquei com medo ressante você afirmar que o Espírito Santo de Deus, pois aquele Jesus, sentado sobre o não vem a nós de maneira diferente daquela arco-íris, com espada de dois gumes na boca, que Deus usou para vir a nós em Jesus.

Na América do Sul, temos forte influência de religiões parecidas com aquelas que o Apóstolo Paulo encontrou na Ásia Menor e em Corinto, na Grécia. Pensam que Deus só se revela a nós por meio de fenômenos extraordinários e quando experimentamos o êxtase, quando ficamos fora de nós. Para algumas dessas religiões, pecado não existe. A função da religião seria livrar dos ‘encostos’... pagando um bom dinheiro a Deus. Afinal, nada existe de graça! Será que, no Espírito Santo, Deus realmente age de maneira diferente daquela com que agiu em Jesus? Se eu o entendi direito, não. O Espírito Santo também se vale da ‘fraqueza’, do esvaziamento para se comunicar conosco. Ele usa a palavra ‘fraca’ de pregadores fracos, pessoas frágeis, como foram os primeiros seguidores de Jesus, para despertar a confiança, a fé, no Deus que estava presente em Jesus. Ele usa coisas frágeis para nos manter a fé: água, pão e vinho, oração, mútuo consolo de irmãos e irmãs. Na Bíblia, estão contidos os testemunhos dos Apóstolos sobre o amor de Deus em Jesus e de como é a vida que Deus quer na Comunidade, sinal do Reino de Deus. Foi por isso que você tanto acentuou a centralidade da Escritura e isso o levou a outra de suas afirmações categóricas: ‘somente a Escritura’. Também a Bíblia é veículo do Espírito, sinal da fraqueza de Deus. Deus se vale de um livro para chegar a nós. Deus teve a coragem de se expor a erros de leitura. Minha carta está ficando longa, mas ainda gostaria ver se entendi corretamente a sua quarta afirmação categórica: ‘somente a graça’. Na América do Sul, não se consegue nada de graça e a forma de oferecer produtos obedece ao critério das necessidades. Assim, algumas pessoas cristãs pensam que Igreja também deve ser Igreja de necessidades e, portanto, obedecer à lógica do ‘shopping center’. Parece-me que aqui há vários problemas. Se o entendi direito, o Evangelho anuncia que Deus nos aceita incondicionalmente e que nos dá gratuitamente. Será que vamos começar a pagar, novamente, pelo amor de Deus? Graça e paz ao Martinus Eleutherius! No amor de Cristo, Martinus Torneirus

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A COMEMORAÇÃO DOS �

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