Jornal Evangélico Luterano - Ano 48 - nº 828 - Junho 2019

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Jornal Evangélico Luterano | Ano 48 | Junho 2019 | n o 828

Palavra é uma ponte onde o amor vai e vem! Campanha de Missão Vai e Vem 2019 As nossas palavras têm poder! O desafio é torná-las instrumentos do amor de Deus para a paz. Para que contribuem as minhas palavras e a Palavra que eu anuncio?

Ministério com Ordenação

Como não revidar o mal com mal?

Já é tempo de dizer ‘não’!

Vocação e equilíbrio pessoal e profissional

Olho por olho... e o mundo acabará cego!

Precisamos cuidar da Criação de Deus

Palavra

Fé Luterana

Diversidade


Jorev Luterano - Junho 2019

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REDAÇÃO

Palavra é uma ponte onde o amor vai e vem! ‘A Festa de Pentecostes lembra que a Igreja não nasceu por si nem vive por si e para si mesma. A Igreja é obra do Espírito de Deus. É criada e vive por meio do Espírito Santo. Ninguém maneja, compra, negocia ou dá o Espírito. O Espírito Santo é dado por Deus. Não podemos controlar a sua ação nem decidir quem o recebe. Também não cabe a nós dizer que tal pessoa tem e tal pessoa não tem o Espírito. Precisamos cuidar os julgamentos que fazemos. Muitas vezes, os nossos julgamentos ferem e excluem pessoas. Pela ação do Espírito, nós reconhecemos as nossas limitações e confessamos os nossos pecados. Não há distinção: todas as pessoas pecaram e carecem da glória de Deus. Todas as pessoas são justificadas pela graça de Deus (Rm 3.23s). Sabendo que recebemos o perdão de Deus, podemos ter um olhar mais generoso para as limitações e os pecados das outras pessoas’, alerta a Carta Pastoral da Presidência para Pentecostes. A ação do Espírito Santo nos leva a viver e a testemunhar a vontade de Deus. Uma das formas de testemunho é o apoio à Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem, lançada no Dia de Pentecostes. A Campanha 2019 aceita o desafio lançado pelo Tema e Lema da IECLB neste ano: o amor restabelece e promove verdade, justiça e paz. Nesse sentido, uma forma concreta de construir pontes para a paz são as nossas palavras. A chamada da Campanha destaca um trecho do refrão do hino 609 do Livro de Canto da IECLB: Palavra não foi feita para dividir ninguém, palavra é uma ponte onde o amor vai e vem, onde o amor vai e vem. ‘Essa atitude assinala para o uso que damos às nossas palavras. As palavras são como uma extensão das nossas mãos e o desafio é torná-las instrumentos do amor de Deus para a paz, por isso cabe a cada pessoa se perguntar: Para que contribuem as minhas palavras e a Palavra que eu anuncio? Para que contribuem as nossas ações?, questiona o Texto Motivador da Vai e Vem 2019, que destaca: ‘A nossa Missão como Igreja não é outra que nos inserirmos na Missão divina. A Vai e Vem motiva a sermos instrumentos do agir pacificador, salvador e santificador de Deus. Trabalhar pela paz significa ter empatia e compaixão com vistas à comunhão’. A Vai e Vem convida: vamos construir pontes – de amor – para a paz?

CAPA Arte do cartaz da Vai e Vem 2019, que, embalada pelos versos do hino 609 (LCI), afirma ‘Palavra não foi feita para dividir ninguém, palavra é uma ponte onde o amor vai e vem’. Participe da Campanha de Missão da IECLB!

SUMÁRIO 2

REDAÇÃO

CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE

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ENFOQUE

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PALAVRA

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PRESIDÊNCIA

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FORMAÇÃO

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CRIANÇA

CARTA PASTORAL CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO HABILITAÇÃO AO MINISTÉRIO ESTUDANTES EM FORMAÇÃO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA TEMA DO ANO AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA JUVENTUDE O AMIGO DAS CRIANÇAS

8-9 UNIDADE

A PRÁTICA DA NÃO VIOLÊNCIA

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FÉ LUTERANA

DESEJAR O BEM A QUEM NÃO ME QUER BEM?!

PERSPECTIVA

CONSEGUIMOS PRATICAR A NOSSA FÉ CRISTÃ? AS VERDADES ESTÃO ESCONDIDAS...

MISSÃO

METAS MISSIONÁRIAS DA IECLB CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM

SÍNODOS

PAZ, JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE

GESTÃO

CONSELHO DA IGREJA GESTÃO ADMINISTRATIVA

DIVERSIDADE

É TEMPO DE DIZER NÃO!

ESTUDOS BÍBLICOS

PALAVRAS, DOCES PALAVRAS...

Se cada pessoa servisse a seu próximo, o mundo inteiro estaria repleto de Culto a Deus. Martim Lutero EXPEDIENTE Pastora Presidente Pa. Sílvia Genz Secretário Geral P. Marcos Bechert Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

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ENFOQUE

Carta Pastoral Vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas. Atos 1.8

Presidência da IECLB Depois da ressurreição, Jesus se encontrou com discípulos e discípulas e lhes disse: vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas (At 1.8). No dia de Pentecostes se cumpriu a promessa: o Espírito Santo veio, animou para o testemunho e fez nascer a primeira Comunidade Cristã em Jerusalém. O Espírito é enviado e surge a Igreja, por isso a festa de Pentecostes é considerada o aniversário de nascimento da Igreja Cristã. O Espírito Santo atua desde a criação do mundo. No início, o Espírito de Deus se movia sobre as águas, diz o livro de Gênesis. O Espírito Santo animou pessoas para liderar o povo de Israel e proclamar a vontade de Deus. O Espírito de Deus falou pelos profetas e pelas profetisas, esteve presente em toda a vida de Jesus e continua agindo hoje, na nossa vida, na vida das Comunidades. Uma das obras do Espírito Santo é criar comunhão. O Espírito cria comunhão com Deus e comunhão entre

INDICADORES FINANCEIROS

pessoas. Pela ação do Espírito Santo, pessoas tão diferentes podem fazer parte do mesmo Corpo de Cristo. Com pessoas diferentes, podemos compartilhar os nossos diferentes dons, podemos aprender e experimentar novas maneiras de viver. Pela ação do Espírito Santo, nos dispomos a viver de acordo com a vontade de Deus. A vontade de Deus é um mundo reconciliado e pacífico. O mundo reconciliado de Deus é baseado na verdade, na justiça, na igualdade, no amor, na paz. A ação do Espírito Santo nos leva a viver e a testemunhar a vontade de Deus. Uma das formas de testemunho é o apoio à Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem, lançada justamente no Dia de Pentecostes. Que o Espírito Santo nos mova para agir segundo a vontade de Deus e nos motive, entre outras coisas, a apoiar a Campanha Vai e Vem! Vem Espírito e age sobre nós. Este é o nosso desejo neste tempo de Pentecostes!

UPM Junho/2019

4,6690

Índice Maio/2019

0,13 %

Acumulado 2019

2,22 %

A Bíblia é como uma erva, quanto mais se manuseia, mais perfume exala! Martim Lutero

OFERTAS NACIONAIS 9 DE JUNHO Domingo de Pentecostes Fundo de Missão no País P. Homero Severo Pinto O Fundo de Missão no País Pastor Homero Severo Pinto tem viabilizado atividades da IECLB na área da Missão, dentre as quais destacamos ações voltadas ao Planejamento Missionário em todos os âmbitos da Igreja. O Plano de Ação Missionária da IECLB oferece uma proposta de Roteiro para qualificar a Ação Missionária. Junto com a proposta de Roteiro, lançada no XXX Concílio da Igreja, teve início um processo de capacitação de lideranças com vistas a qualificar o Planejamento. Os recursos do Fundo de Missão servem para apoiar Seminários sobre o Planejamento Missionário em parceria com os Sínodos. 23 DE JUNHO 2º Domingo de Pentecostes Projeto de Missão no Sínodo Brasil Central As perguntas Como fortalecer as Comunidades para que tenham garantida a sua sustentabilidade? e De que maneira otimizar os seus recursos? acompanham o processo de Planejamento e Monitoramento do Sínodo Brasil Central desde 2012. A Oferta Nacional possibilitou investimento no desenvolvimento de Comunidades no norte do Tocantins e Sul do Pará, deu suporte para o trabalho na Comunidade de Bom Jesus/PI, entre outros projetos em nível sinodal. Para o fortalecimento das Comunidades, além do acompanhamento pastoral, é importante o acompanhamento e a capacitação das lideranças, razão dos Seminários e dos Encontros.

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PALAVRA MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO

Vocação e equilíbrio:

pessoal e profissional Pa. Ma. Ruth Musskopf Secretária do Ministério com Ordenação da IECLB Alívio e descanso foi o que Ministros e Ministras de 16 Sínodos da IECLB encontraram no Seminário Vocação e a busca por equilíbrio entre o pessoal e o profissional no Ministério, que aconteceu entre os dias 29 de abril e 3 de maio deste ano, em São Paulo/SP. Sob a assessoria do Pastor e Psicanalista Victor Linn, o grupo foi desafiado ao diálogo sincero e aberto, o que criou um ambiente de confiabilidade e respeito mútuo entres as pessoas participantes. Percebeu-se que as histórias de vida, no Ministério, assemelham-se muito, tanto nas alegrias quanto nas angústias e preocupações. Descobriu-se um tesouro lindo na vida de cada um, de cada uma: a paixão pela vocação e pela família. Constatou-se que essa condição, por vezes, causa o desequilíbrio entre o pessoal e o ministerial, mas que existem formas e técnicas para amenizar estas questões e, assim, vivenciar o Ministério com alegria e satisfação. A Secretaria do Ministério com Ordenação busca, nesses encontros, seminários e cursos, a proximidade e a integração com o corpo de Ministros e Ministras da IECLB, visando ao diálogo institucional mais amplo e possibilitando contemplar as necessidades pessoais e ministeriais das pessoas que exercem vocação e profissão na IECLB. Ações concretas foram estimuladas, dinâmicas pelo viés do coaching e da psicanálise, debates aprofundados e, principalmente, compartilhamento de questões que envolvem o serviço na Seara do Senhor. Nesse contexto de rápidas e intensas transformações, a capacitação conjunta permite o desenvolvimento humano e fortalece os caminhos da Missão de Deus.

HABILITAÇÃO AO MINISTÉRIO

O Período prático Pa. Camila Elisa Schütz Ministra na Paróquia do Planalto Central Catarinense, em Curitibanos/SC Após a aprovação no Exame de Admissão, os Candidatos e as Candidatas são designados e designadas para uma Paróquia da IECLB para realizar o Período Prático de Habilitação ao Ministério (PPHM). Durante os 17 meses do Período Prático, somos auxiliados e auxiliadas pela Mentoria e uma equipe de acompanhamento, sendo que, em meio a este tempo, ocorrem duas avaliações. Além destas avalições na Paróquia, ao final do PPHM, há o Exame Pró-Ministério, em que passamos, novamente, por uma Banca. O Período Prático de Habilitação ao Ministério é um tempo de formação integral, no qual aprendemos lições que transcendem a atuação do Ministério com Ordenação na IECLB e que permanecem por toda a nossa vida. Este período visa a fortalecer os nossos dons e, principalmente, trabalhar as nossas limitações. Instrumentos valiosos nesta caminhada são a Avaliação Psicológica e a Avaliação de Perfil Motivacional. Ambos detectam as nossas fragilidades e também os nossos talentos. Além da estrutura que recebemos da IECLB,

a Secretaria da Habilitação ao Ministério proporciona, ainda, dois Seminários para reflexão e estudos. Acompanhar a vida comunitária de perto e manter um diálogo aberto com a Mentoria são ótimas oportunidades para nos fortalecermos enquanto Candidatos e Candidatas ao Ministério com Ordenação. Neste tempo de PPHM, podemos tirar dúvidas e praticar as inúmeras aprendizagens que obtivemos no Bacharelado em Teologia. Após a formação teológica, o Exame de Admissão, a realização do PPHM e a aprovação no Exame Pró-Ministério, estamos aptos e aptas, finalmente, para receber a tão aguardada Ordenação ao Ministério. Todo este processo nos dá uma profunda base para a próxima e mais desafiadora etapa: a atuação como Ministros Ordenados e Ministras Ordenadas na IECLB. Nesse momento, aceitamos o envio para qualquer lugar deste nosso Brasil para sermos servos e servas do Trino Deus e instrumentos da sua Missão.

A Palavra bem pode existir sem a Igreja, mas a Igreja não existe sem a Palavra. Martim Lutero FORMAÇÃO DE ESTUDANTES

Autopercepção para o desenvolvimento pessoal Psic. Patricia Meinhart O Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia sempre teve como enfoque sensibilizar cada estudante a se conhecer e identificar suas potencialidades e limitações. O autoconhecimento pode parecer simples, mas exige disponibilidade emocional de olhar para si mesmo e para a sua história com menor julgamento e maior percepção das oportunidades que essa história possibilita. Somos relacionais e precisamos de outras pessoas e destas relações para nos constituirmos como pessoa e para continuarmos nos percebendo e desenvolvendo a consciência de quem somos e de quem queremos ser.

Como pensar autoconhecimento em um tempo com excesso de informações e estímulos externos, com acesso a qualquer informação em um piscar de olhos? Muitas ideias são absorvidas e conexões são feitas, mas é preciso aprofundar e avaliar a informação recebida. É importante refletir sobre os impactos das diversas informações e as grandes mudanças que elas geram em nós e nas outras pessoas. A geração Y, perfil geracional que ocupa os bancos das Faculdades, é formada por jovens que: só se mantém envolvidos em atividades que gostam, procuram realização pessoal, cresceram em uma era digital, em que valores

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vêm sendo questionados, buscam independência, não se identificam com hierarquias, porém trabalham bem com pares, comunicam-se de muitas maneiras, respeitam quem os respeita e veem todos com igualdade. Para os e as estudantes desta geração, precisamos levar a reflexão desta mudança de perfil e da consciência de diferentes abordagens comunitárias e sociais. Nesse contexto, das ofertas de informação e do perfil geracional, é um desafio estimular as pessoas jovens à autopercepção, considerando que a futura atuação ministerial e o papel de liderança requerem o desenvolvimento desta capacidade.


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PRESIDÊNCIA

Palavra não foi feita para dividir ninguém, palavra é uma ponte onde o amor vai e vem Pa. Sílvia Genz | Pastora Presidente da IECLB

O que você acha da ideia de colaborar com Deus? Será que Deus precisa da nossa colaboração? Sabemos que Deus é Deus e não necessita de nós para efetuar a sua vontade, mas Deus nos chama a ser instrumentos do seu agir. Como instrumentos de Deus, atuamos em trabalhos comunitários, paroquiais, sinodais e nacionais. Vai e Vem é a Campanha Nacional de Ofertas para a Missão na IECLB. Essa Campanha já existe há mais de dez anos e é um momento especial de falar sobre a Missão de Deus e como nós podemos nos envolver nela. Os recursos da Campanha permi-

tem apoiar diversos Projetos Missionários. A partir deles, pessoas de longe e de perto e que anseiam por vida comunitária são alcançadas pela Palavra de Deus. A Vai e Vem é desenvolvida a partir do Tema e do Lema do Ano. Em 2019, o Tema da IECLB é Igreja - Economia - Política. Lutero entendia que estes são os três âmbitos em que Deus atua e nos quais nós agimos como seus instrumentos. O Lema Bíblico é a palavra de Jesus: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27). A promoção da paz caminha de mãos dadas com as suas coirmãs: justiça, ver-

Quando Deus não está no barco, não se navega bem. Martim Lutero

AGENDA | JUNHO

TEMA DO ANO

Tudo passa, mas o amor fica! Vivemos tempos de polarização, de ‘quem não está comigo está contra mim’ e, até mesmo, tempos de ódio, que, em parte, provém do medo. Do que temos medo, esse medo que leva ao ‘ódio nosso de cada dia’? Deveríamos temer a falta de empatia, comunhão, compaixão e humanidade! Parece que o nosso medo vem da ameaça que ideias e modos diferentes causam ao nosso jeito de pensar e viver. O medo e o ódio levam ao rompimento das relações, inclusive familiares. Se as três Ordens da Criação existem para o louvor a Deus, a promoção e a organização da vida, como afirma Lutero, o caminho está na busca da convivência e da preservação da vida digna. O amor de Deus desperta a fé e motiva a estabelecermos pontes, em que pessoas

dade e amor. É por isso que as vias para a promoção da paz são o diálogo, a mediação e a reconciliação. Tudo passa. O amor fica. É esse amor que quer a paz. A paz é o alvo. O amor é o meio. A rigor, é o amor que sustenta a verdade, a justiça e a paz. A Campanha Vai e Vem abraça o desafio lançado pelo Tema do Ano: o amor restabelece e promove verdade, justiça e paz. Uma forma de construir pontes para a paz são as nossas palavras. Pensando nisto, a Campanha Vai e Vem destaca o refrão do hino 609 do Livro de Canto da IECLB: Palavra não foi feita para dividir ninguém, palavra é uma ponte onde o amor vai e vem. Com palavras, podemos curar ou ferir, unir ou dividir, construir ou destruir... As nossas palavras têm poder! Um desafio é torná-las instrumentos do amor de Deus para a paz, com ações concretas. Quem promove a paz com palavra e ação, segue os passos de Deus. Quem constrói pontes para a paz, imita o agir de Deus. Sob os impulsos do amor, a Campanha Vai e Vem convida a construir pontes para a paz a partir de reflexão, ações missionárias e ofertas. Com alegria e dedicação, pessoas e Comunidades são convidadas a apoiar a Campanha Vai e Vem. Que Deus continue a abençoar cada gesto e cada ação que brotam de um coração cheio do amor e da paz que Cristo nos dá. Amém!

convivem, acolhem e perdoam. Também pecam e erram, mas buscam acertar e reconciliar. Quem constrói pontes sabe que não carrega a ‘verdade absoluta’, exclusiva a Deus. A ponte nos remete ao amor. Tudo passa, nos mostram as águas, cujo reflexo remete à dinâmica das nossas atitudes: oferecemos amor e recebemos amor. Tudo passa, mas o amor fica! Mais: quando há comunhão, a Comunidade comemora!

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Assembleia do Sínodo Sul-Rio-Grandense Morro Redondo/RS Pa. Sílvia Genz

7/6

Encontro com representantes da Igreja na Baviera (ELKB) München/Alemanha Pa. Sílvia Genz

9/6

Dia da Igreja do Sínodo Planalto Rio-grandense Ajuricaba/RS P. Mauro Souza

10-11/6 16/6

Investidura da Bispa da Nordkirche Schwerin/Alemanha Pa. Sílvia Genz Dia da Igreja do Sínodo Sudeste Petrópolis/RJ P. Odair Braun

20-22/6

Assembleia do Sínodo Mato Grosso Chapada dos Guimarães/MT P. Mauro Souza

21-23/6

Assembleia do Sínodo Brasil Central Brasília/DF Pa. Sílvia Genz

23-25/6

Encontro com vítimas de Brumadinho Belo Horizonte/MG Pa. Sílvia Genz

28/6

8o Congresso de Professores do Ensino Superior da Rede Sinodal Joinville/SC Pa. Sílvia Genz

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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA

Ide e pregai, na Comunidade e fora dela! Ide e pregai o Evangelho! Profa. Elizabeth Flemming | Coordenadora de ECC no Sínodo Paranapanema

Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos (Ef 4.4-6). No trecho da carta aos Efésios, o apóstolo Paulo indica alguns elementos que nos fortalecem enquanto Comunidade Cristã: um só Corpo, um só Espírito, uma só Esperança, um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo. A vida em comunhão, pautada nestes elementos, fará da Comunidade um terreno fértil para uma Educação Cristã voltada à Missão de Deus nesse mundo e para a qual nos colocamos como servos e servas. Servos e servas prestam bons serviços se estiverem bem preparados e preparadas. O processo de formação e transformação da Educação Cristã pode ser concretizado em diferentes espaços de vivência e convivência que a Comunidade nos oferece, dentro e além dos seus muros. De que espaços estamos falando? Com destaque, do Culto Comunitário, coluna mestra da vida em comunhão, momento de

união, aprendizagem, meditação e recomeço. Além do Culto, toda a Comunidade tem grupos ou desenvolve ações que atendem a diferentes necessidades e públicos: crianças dão os primeiros passos na fé cristã quando se deixam envolver no Missão Criança e, de forma lúdica e alegre, ouvem a Palavra do Papai do céu. Se uma pessoa jovem sai de uma reunião ou de um retiro dizendo ‘Jesus é o cara’, mais que uma gíria, pode ser um testemunho. Se homens e mulheres, em um grupo de Estudo Bíblico, encontram alento para as suas preocupações, talvez tenham percebido um caminhar mais fácil, entregando-se, confiantes, a Jesus. Se a ‘terceira idade’, na vida comunitária, não tiver como única perspectiva o fim da vida, é sinal que a Missão de Deus é, sim, a nossa paixão e o seu amor dura para sempre! Cada Comunidade, ao realizar o Culto, ao reunir lideranças, ao pôr em prática as suas ações (grupos, retiros, encontros,...), precisa levar em conta o seu contexto e a sua realidade. Cabem, para todas, entretanto, alguns princípios para orientar toda a dinâmica educativa: 1) valorizar a experiência de vida das pessoas, 2) envolver todo o corpo, 3) despertar a capacidade criativa de cada pessoa, 4) humanizar a educação por meio da alegria, 5) dialogar com liberdade sobre dúvidas e perguntas, 6) servir ao próximo, com amor e empatia (PAMI).

Da fé, fluem o amor e a alegria no Senhor e, do amor, um ânimo alegre, solícito, livre para servir ao próximo. Martim Lutero COM SEUS ESTUDOS S O A E D A ID U N DÊ CONTI ACULDADES EST F A D D A E S E Õ Ç AS ESPECIALIZA

JUVENTUDE A ação do Espírito Santo Katiane Limper Coordenadora do Cosije Sínodo Mato Grosso

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. Apareceram, distribuídas entre eles, línguas de fogo e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espirito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (At 2.1- 4). Durante a época de Pentecostes, lembramos o surgimento da Igreja Cristã, quando o Espírito de Deus se manifestou sobre os discípulos em Jerusalém. O livro de Atos, em seu capítulo 2, mostra como o Espírito Santo capacitou os discípulos para testemunharem e vivenciarem a sua fé no Cristo ressuscitado. Por meio da ação do Espírito Santo, celebramos a vida e a fé, caminhando confiantes na graça de Deus, pois sabemos que Ele está guiando cada um dos nossos passos. Podemos encontrar sofrimentos pelo caminho, mas eles não devem ser fortes o suficiente para nos abalar, pois, se confiarmos em Deus acima de tudo e nos entregarmos em suas mãos, seremos guiados e guiadas por seu Espírito. Sendo pessoas guiadas pelo Espírito de Deus, agimos em favor de um mundo mais justo, fraterno e solidário, inconformadas com as injustiças e sempre instigadas a buscar vida plena e justa para todas as pessoas. Que, neste tempo de celebração da festa de Pentecostes, possamos nos motivar na caminhada cristã e seguir juntos e juntas em direção a um novo horizonte trilhado pelo Espírito de Deus, que é fonte de inspiração a cada passo.

GESTÃO DE OSCS E MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS URSOS CULTURA POP HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR E NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ENSINO RELIGIOSO BÍBLIA ACONSELHAMENTO PASTORAL

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CRIANÇA

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UNIDADE

UNIDADE

Série Especial

Deixo com vocês a minha paz

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A prática da não violência

Nesse mundo, em que a vingança e o ódio são normais, é anunciada a possibilidade de uma paz verdadeira. Essa alternativa não foi criada pelo ser humano, mas proclamada e exemplificada por Jesus Cristo.

Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: amai aos vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem (Mt 5.38 e 44). A inveja, o ódio, a vingança e a violência estão presentes no mundo desde o início da história da humanidade. Nos primeiros capítulos da Bíblia, encontramos a trágica história de Caim e Abel (Gn 4.1-10), a passagem um irmão que mata o próprio irmão por inveja. Assim, desde cedo, foi necessário estabelecer leis para que a convivência e a própria vida fossem preservadas. É a uma dessas leis que Jesus se refere nos versículos acima. Jesus cita a lei mais antiga que se tem conhecimento: ‘olho por olho e dente por dente’. Essa lei se conhece como Lei de Talião e pode ser descrita como ‘Lei da reciprocidade direta’, mencionada no Código de

Pastor Ismar Schiefelbein, Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém

Hamurabi, o código de leis mais antigo que se conhece (2285 a 2242 a.C). A expressão ‘olho por olho e dente por dente’ aparece na Lei mosaica, fundamentando o direito dos juízes de impor castigos que equivalham ao mal cometido (Ex 21.24, Lv 24.20 e Dt 19.21). Não só a lei judaica, mas também a grega e a romana, entre outras, mantinham este fundamento. Esta era uma lei básica. É importante salientar que ela nunca teve como propósito dar ao indivíduo, como pessoa particular, o direito de vingar-se pessoalmente. Sempre se tratou de uma norma destinada a guiar um juiz na avaliação da pena que deveria aplicar por qualquer ato violento ou injusto. Esta lei básica é contestada por Jesus (Eu, porém, vos digo...). Nos dias atuais, as palavras do Evangelho podem soar estranhas aos nossos ouvidos. No entanto, a recepção também não foi melhor quando Jesus as pronunciou. Jesus ensina que, para quem vive a partir dos preceitos de Deus, não é olho por olho nem dente por dente. A violência não deve ser respondida com vingança nem com ódio, mas com o amor, a humildade e a mansidão de Cristo. Jesus sempre nos ensinou a amar. Sabemos que o amor não exige reciprocidade. O autêntico amor dá de si sem esperar retorno. A proposta de Jesus, amar, é desafiadora para nós. Ela nos obriga a inverter tudo aquilo que consideramos como ‘natural’ e, por isso mesmo, correto. Se al-

guém é meu inimigo, então devo amá-lo? Como assim? Vivemos tempos em que esta proposta de Jesus se apresenta contrária a tudo que está sendo defendido como correto. Vemos proliferar o ódio e, como consequência deste, a violência. Como solução, propõe-se a liberação da posse de armas de fogo. Vemos nações poderosas propondo promover a paz por meio de guerras! Em nosso meio, cada vez mais se defende a realização da justiça com as próprias mãos. Essa proposta é questionada por Jesus. Mais do que isso, Jesus rejeita toda e qualquer atitude que atente contra a vida humana. Ele mesmo dá o exemplo, orando por aqueles que o pregaram na cruz (Lc 23.34). Quem se propõe a seguir a Jesus, tem que estar disposto a amar incondicionalmente e a orar por todas as pessoas. Amar até mesmo aos inimigos não é uma tarefa fácil. Ser cristão e cristã não é fácil. Jesus nunca disse que seria. Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Mt 16.24). Jesus propõe claramente a prática da não violência e, para os discípulos, deixou a paz. Portanto, fez questão de frisar: Não a paz que o mundo dá, que é baseada na violência e causa medo e aflição (Jo 14.27). Jesus vive no tempo da proclamada Pax Romana, uma série de medidas político-administrativas do Império Romano e que manteve as suas províncias domi-

nadas e garantiu o poder de Roma sobre suas conquistas. Essa ‘paz’ era mantida por um violento exército, que não hesitava em matar quem ousasse questionar a autoridade romana. Uma boa ilustração sobre o que foi a ‘pax romana’ nós encontramos na citação de Tácito: ‘[...] mais perigosos do que todos são os romanos [...]. Esses ladrões do mundo, depois de não mais existir nenhum país para ser devastado por eles, revolvem até o próprio mar [...]. Saquear, matar, roubar – isto é o que os romanos falsamente chamam de domínio e ali onde, através de guerra, criam um deserto, isto eles chamam de paz [...]. As casas são transformadas em ruínas, os jovens são recrutados para a construção de estradas. Mulheres, quando conseguem escapar das mãos dos inimigos, são violentadas por aqueles que se dizem amigos e hóspedes. Bens e propriedades transformam-se em impostos. A colheita anual dos campos torna-se tributo em forma de cereais. Sob espancamentos e insultos, nossos corpos e mãos são massacrados na construção de estradas através de florestas e pântanos’ (Economia no mundo bíblico: enfoques sociais, históricos e teológicos, de Ivone Reimer (Org.)/2006). Para dentro deste mundo, em que a vingança e o ódio são normais, é anunciada a possibilidade de uma paz verdadeira. Essa alternativa não foi criada pelo ser humano. Foi proclamada e exemplificada por Jesus Cristo. Quando foi insultado, não respondeu com insultos. Quando sofreu, não ameaçou, mas pôs a sua esperança em Deus, o justo Juiz (1Pe 2.23). Não é mais preciso revolver-se no círculo vicioso da violência e da morte. Jesus proporciona a possibilidade de vida verdadeira. Infelizmente, vemos a humanidade mergulhada em uma onda de ódio, de radicalismo e de rejeição ao bom senso. Às vezes, tenho a impressão que perdemos a nossa humanidade. Parece-me que a vida das pessoas não tem valor. Mata-se um semelhante porque ele torce para o time adversário, por exemplo. É preciso perguntar: Quando foi que esquecemos do Mandamento do amor? Muitas pessoas esquecem que o amor é incondicional. Assim, as pessoas inimigas ou malfeitoras não devem ser

amadas por merecer uma chance. Elas são amadas por causa da nossa relação com Deus. Por Deus ser nosso Pai, o nosso amor não está restrito a fronteiras por nós traçadas. O fator evangélico sobressai aqui, porque, no amor ilimitado, encontramos a verdadeira comunhão com Deus e, por conseguinte, a verdadeira paz.

O amor é incondicional e as pessoas inimigas ou malfeitoras não devem ser amadas por merecer uma chance, mas por causa da nossa relação com Deus. Por Deus ser nosso Pai, o nosso amor não está restrito às nossas fronteiras.

Cristo nos ensina a não ferir (Mt 26.5152), não julgar (Mt 7.2), não matar (Mt 5.21). Quem vive a fé em Jesus, acolhe, perdoa, se compadece, não retribui o mal com o mal, mas se empenha por uma cultura de paz. A fé cristã não me permite defender o uso de armas. Armas são feitas para matar e nós sabemos que o ladrão vem para roubar, matar e destruir, mas Jesus veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10.10). O Tema da IECLB para 2019 convida a viver e a promover a paz, mas como viver

em paz em um mundo tão conturbado e violento? Como viver em paz sabendo que o vizinho viciado possui várias armas e qualquer mal-entendido no estacionamento ou no elevador pode se tornar motivo para usá-las? Como viver em paz quando a violência está presente nos lares? Vemos a violência doméstica aumentar assustadoramente. O número de feminicídios tem batido recorde. Crianças são violentadas, alvos de maus-tratos todos os dias. Como viver em paz diante da ganância que mata sem compaixão? Famílias inteiras vivem a angústia de perder a vida e/ou tudo que conquistaram durante a vida com o rompimento de mais uma barragem de rejeitos de mineração. Neste contexto, é preciso lembrar que o princípio da não violência não nos induz à omissão, à covardia ou ao silêncio de quem consente com toda forma de violência. A fé não nos permite ficar indiferentes, mas nos conclama ao ‘Combate ao ódio e a tudo o que ele produz. Ódio é o mais feroz inimigo da paz. Jesus o considera equivalente ao homicídio consumado (Mt 5.21s). Quem prega ou dá razões para o ódio é potencialmente um assassino. Se ainda não procedeu à ação, certamente foi por falta de oportunidade’ (Fazer o bem faz bem: uma introdução à ética, de Gottfried Brakemeier/2019). A prática da não violência parte do princípio que o mal não se vence com o mal, mas na prática do bem e do permanente cultivo de valores, como dignidade humana, respeito a todas as criaturas, igualdade de direitos e justiça! Justiça não é vingança ou mera punição, tampouco ódio e morte. Justiça é o pão para todas as pessoas, a vida respeitada, a educação garantida, a saúde cuidada e a aposentadoria digna para as pessoas trabalhadoras. ‘No atual contexto brasileiro, o desafio permanece: em resposta ao amor de Deus, a IECLB afirma a sua Missão de promover a justiça, a paz e o amor, sem se conformar com as injustiças, exercendo voz profética. Afinal, é preciso que o mal do mundo não nos pareça normal’ (Mensagem do XXXI Concílio da IECLB). A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.

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FÉ LUTERANA

Não consigo orar pelas pessoas inimigas! P. Jorge Klein | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo da Amazônia e Ministro na Paróquia Caminho da Fé, em Alta Floresta D’Oeste/RO Não consigo orar pelas pessoas que me perseguem e caluniam. O que fazer? Eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês... (Mt 5.44). É drástico! Jesus nos desafia a fazer algo que abala a nossa natureza quando a regra é odiar os que nos fazem mal. Como vou amar e orar por alguém que só me causa sofrimento? O que fazer com alguém que me humilhou ou me usou ou me feriu ou feriu a minha família? Como amar, interceder a Deus por alguém que eu odeio do fundo do meu coração? Vivemos uma época de ódio e vingança: ‘Mexeu comigo, tem troco’, ‘Se eu não posso agora, Deus vai vingar lá no final, por isso perdoo mas não esqueço’. Jesus ensina o contrário: ‘Se bateram de um lado, ofereça o outro’, ‘Não só perdoe, mas ame’. Humanamente, não sei como fazer isso, mas sei que, no dia em que aprendermos a amar o nosso inimigo, mostraremos a glória de Deus. Jesus foi o exemplo. Na verdade, o espírito da ação de Cristo diz: A lei pune a culpa, a graça é o perdão de pecados e a fé é a salvação, por isso, lei, só a de Deus. Orar por alguém que amamos é fácil, mas orar por uma pessoa que nos faz sofrer é muito difícil. O bom é que temos

ajuda! A Oração do Cuidado, de autoria do P. Rodolfo Gaede Neto, é um excelente exemplo. Transcrevo algumas ideias... Em primeiro lugar, é o Senhor que está no comando. A nossa vida deve ser conduzida por Ele, assim como os nossos passos, que encontram lugar seguro e descanso verdadeiro no colo do Senhor. Neste colo também está o destino e o destino

Temos medos, culpas, pecados e anseios, mas também o cuidado de Deus, que nos acolhe em sua graça. nos reserva muitas surpresas: temos medos, culpas, pecados, anseios, reações as mais diversas, mas temos o cuidado de alguém que nos acolhe em sua graça. Quando temos presentes estes conceitos da bondade de Deus, a violência não encontra espaço. Amar o inimigo, a inimiga e orar por ele, por ela não será mais tão drástico.

Oração do Cuidado Senhor dá-me a Tua mão e conduze a minha vida. Guia os meus passos para que eu caminhe seguro. Sob as asas da Tua misericórdia sinto-me protegido. No colo da Tua bondade encontro descanso verdadeiro. Em dias de medo e angústia, abriga-me em Teu poder. Em momentos de ansiedade, faze cair sobre mim a Tua paz. Ao sentir-me fragilizado, ajuda-me a ter esperança. Cuida de mim e dos meus amados. Cuida do meu destino. Quando a culpa me acusar, acolhe-me em Tua graça. Absolve-me do pecado e faze-me renascer do Teu perdão. Se eu cair, permita que eu caia em Tuas mãos. Se eu permanecer caído, dá-me a Tua companhia. Seja como for, cobre-me com o manto do Teu amor. Graças, pelo Teu cuidado, graças pela salvação. Agora dá-me a bênção que tanto anseio. Amém. Para refletir, leia Mateus 5.44

Como não revidar o mal com mal? P. Lauri Jackson Lenz | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Mato Grosso e Ministro na Paróquia do Araguaia, em Jataí/GO O que você faz quando alguém grita com você? Quando alguém ofende você? Quando acontece algo no trânsito? Olho por olho e o mundo acabará cego! Em uma sociedade cada vez mais violenta, a pergunta que norteia esta reflexão é pertinente. Muitas vezes, as pessoas querem fazer justiça com as próprias mãos. A Lei do Talião, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé (Ex 21.24) se faz presente em muitos espaços. A perplexidade diante da impunidade e a sensação de injustiça causam indignação. Conquanto, cabe perguntar se a atitude da vingança está de acordo com a nossa fé e com os ensinamentos de Jesus Cristo. É urgente aprender a separar justiça de vingança. Para as pessoas cristãs, quando sentem o ódio tomar conta do coração, é necessário entender que Jesus ensina a dar a outra face. Ele ensina a misericórdia, o amor e o cuidado mesmo para com aquelas pessoas que causam o mal. Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, disse Jesus (Mt 5.38-44) Nesse sentido, as pessoas cris-

tãs são chamadas a ter atitudes que promovam a vida e a paz, a não se deixarem levar pelas ondas de ódio que insuflam as pessoas a pagarem tudo na mesma moeda, criando círculos viciosos de maldade. As atitudes de Jesus em situações em que é exposto à violência apontam a nova relação que Deus espera dos seres

Revidar o mal com o mal faz daquela pessoa que revidou tão má quanto aquela que teve a primeira atitude de maldade. humanos a partir da cruz. Palavras como Pai, perdoa, porque não sabem o que fazem (Lc 23.34) ou Guarda tua espada (Mt 26.52), que disse a Pedro quando este atacou um dos soldados que vieram para prendê-lo, não são palavras que querem promover a impunidade, mas chamar as pessoas que creem em Cristo a terem uma atitude diferente da-

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quela pessoa que agride e que promove o mal, afastando a tentação do revide. Na mesma direção aponta o Apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: Não paguem a ninguém o mal com o mal (Rm 12.17). Ele chama as pessoas que, de fato, creem em Jesus Cristo para uma mudança de postura em relação ao mundo. Evoca a fazer o bem para viver em paz com todas as pessoas, a não querer ocupar o lugar de Deus no julgamento. O mal se vence com o bem, com atitudes que promovem a vida, com atitude de cuidado, amor e bondade, atitudes que promovem a dignidade humana e que respeitam a Criação de Deus. Relações baseadas no perdão e na justiça que vêm de Deus promovem a paz, dão esperança e tiram das pessoas a sede pela retaliação, trazendo paz ao coração. Revidar o mal com o mal faz daquela pessoa que revidou tão má quanto aquela que teve a primeira atitude de maldade, por isso não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem (Rm12.21). Para refletir, leia Romanos 12.9-21


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PERSPECTIVA

Conseguimos praticar a nossa fé cristã? Somos ou não somos pessoas cristãs: sem meio termo! Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Concílio da Igreja Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus (Gl 3.28). Em maio, participei de uma Ciranda Ecumênica. Foi um encontro de parte da diversidade religiosa brasileira. Havia pajé indígena, representantes da religiosidade de matriz africana, denominações cristãs, espíritas, entre outras. Nesse espaço de fraternidade espiritual, somaram-se vozes em um único objetivo: pedir a bênção de Deus às pessoas e ao Brasil. A celebração iniciou-se com todos e todas de mãos dadas, dançando uma ciranda, em um embalo suave e cadenciado que lembrava o ritmo do coração e foi cantado assim: Vou construindo uma rede solidária/Que vive o sonho de uma vida melhor! / A rede cresce no sonho da liberdade / De unir nossas utopias, vidas, mãos e corações! / Essa ciranda não é minha só, ela é de todos nós, ela é de todos nós! / A utopia é que nos uniu, para viver e cantar o sonho em uma só voz. / Para esta ciranda, juntamos mãos com mãos / Unimos sonho e vida / Na força da ação. Envolvimento profundo! Em seguida, quem quisesse, externava o seu desejo: foram feitos pedidos por paz, saúde, educação, respeito, solidariedade, valorização da agricultura familiar, não à intolerância religiosa, busca do diálogo fraterno, moradia e alimento no prato de todo mundo.

Ao se pronunciar, uma das participantes disse que carregava tudo aquilo que a sociedade julga preconceituosamente: é negra, mulher, a sua religião é de matriz africana, é filha de mãe solteira e, na sua certidão de nascimento, está escrito ‘pai desconhecido’. Ela traz muitas dores imputadas por aqueles e aquelas que ainda não conseguiram ver em cada pessoa um filho amado e uma filha amada por Deus. Como se a pele, a religião e o gênero determinassem quem pode fazer parte da sociedade: as pessoas escolhidas! Escolhidas não por Deus, mas, sim, por uma soberba enorme daqueles que pensam que a cor da pele determina quem é melhor ou pior, por aqueles que acham que o homem é superior à mulher, por aqueles que não conseguem respeitar uma fé diferente da sua. Deus, em Jesus, escolheu justamente as pessoas excluídas: crianças, mulheres, estrangeiras, menosprezadas pela sociedade, empobrecidas. Quem estava à margem, Deus acolheu! Quanto a nós... Quais são os nossos posicionamentos em relação às dores que essa mulher carrega e está em muitas pessoas bem perto de nós? Temos julgado com mão forte ou conseguimos praticar aquilo que é determinante na nossa fé cristã? Somos ou não somos pessoas cristãs: não existe meio termo! Não existe aceitar tal situação em determinado momento ou espaço, pois, para Deus, não há acepção de pessoas (Rm 2.11).

Arrisco e coloco a minha confiança somente no único Deus, invisível e incompreensível, o que criou o céu e a terra. Martim Lutero

As verdades estão escondidas... Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS Como pessoas cristãs, não podemos nos guiar por paixões e ideologias, que nos impedem de chegar aos fatos. Refiro-me aos debates sobre a Previdência, tão importantes para as nossas vidas, pois afetam todas as pessoas. Analistas sérios nos informam que o gasto previdenciário vem crescendo muito nos últimos 20 anos. Neste ritmo, a situação será insustentável. Estamos vivendo mais, o que é bom. Logo, haverá um aumento grande de pessoas que dependerão da Previdência. A nossa Constituição diz que cabe ao Estado parte do financiamento da Previdência. Alemanha, Bélgica, Espanha, França e Portugal investem mais que os 22% da União no Brasil. Países de maioria luterana estão entre aqueles que investem 50% em Previdência. Suécia e Dinamarca são exemplos. Por que não imitá-los? Por que imitar os Estados Unidos? Também devem vir para os debates os desvios dos recursos da Previdência. Além disso, Governos e Congresso desoneraram setores, ou seja, isentaram de pagamentos de impostos. Mais: não se fala sobre os devedores da Previdência. São quase 500 bilhões de reais! Outra verdade que não é dita: os funcionários públicos e as funcionárias públicas que iniciaram depois de 2012 precisam pagar uma Previdência privada complementar se quiserem se aposentar com salários maiores que o piso nacional. Também as filhas solteiras de militares desde 2001 não recebem pensão.

Há, pois, um problema com os militares: contribuem com um percentual menor e recebem salários maiores. Sobre a aposentadoria rural também se falta com a verdade e grande parte dos nossos membros ainda se enquadra nas atividades do campo. De fato, parece justo se aposentar sem ter recolhido por algum tempo. São dez milhões de pessoas agricultoras com salário mínimo. Dada a sua contribuição para as nossas mesas, parece que tal investimento se justifica. É investimento e não déficit. Quanto ao regime de capitalização, não se fala que muitos países que o adotaram estão buscando outros caminhos ou... voltando atrás. É injusto só o trabalhador contribuir para a sua aposentadoria. O regime compartilhado é mais justo: trabalhador, Estado e empresa. Em relação à idade, vamos aos fatos: em muitas regiões do país, homens não vivem muito além dos 65 anos e mulheres além dos 62. Para estas pessoas, deveria haver um regime diferenciado. No bairro de classe média onde moramos, a expectativa de vida é 79 anos. Não longe dele, em bairros pobres, esta expectativa cai em 20 anos. Falta honestidade nos debates públicos, tanto por parte do Governo, de Políticos e grandes empresas de comunicação. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.32) foi o mote de campanha da chapa vencedora das eleições. Se faltar honestidade nos debates, o nome de Jesus foi tomado em vão, porque Ele é a verdade que liberta, também das mentiras políticas que o levaram para a cruz. Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

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MISSÃO

Metas Missionárias da IECLB 2019-2024 P. Dr. Mauro Souza | Pastor 2º Vice-Presidente da IECLB e Assessor para Missão Global e Ecumenismo 2a Meta Missionária: Igreja aberta, que proclama o Evangelho contextualizado em favor de todas as pessoas e da Criação de Deus. A segunda Meta Missionária vai direto a um ponto fundante da Igreja Cristã: a Pregação do Evangelho. Foi a Pregação da Boa Notícia da ressurreição de Jesus Cristo que deu origem àquilo que hoje chamamos Igreja. Pregar o Evangelho, portanto, não é opcional. Juntamente com a Administração dos Sacramentos, a Pregação faz parte do Mandato da Igreja: Ide, portanto, fazeis discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. Lembrem disso: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos. (Mt 28.19-20). A Comunidade é o local onde as pessoas de fé congregam. Para chegarem à fé – e se manterem na fé, é necessária a

Pregação: A fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus (Rm 10.16). O Evangelho pode ser resumido na Boa Notícia da vitória da vida sobre a morte. Cristo ressuscitou para nos dar vida digna. Esta mensagem continua atual, por isso a Meta Missionária aponta para a Pregação do Evangelho de forma contextualizada. A Pregação precisa levar em consideração: Onde estão as pessoas? O que elas fazem? Como vivem as suas vidas? Quais são os seus problemas? Quais são as suas dificuldades? Quais são as suas alegrias? Qual é o contexto social, político, religioso, econômico? É para dentro desse contexto, para essas pessoas que o Evangelho será anunciado. A segunda Meta Missionária não reduz o benefício da Pregação apenas às pessoas. Vai além e aponta para toda a Criação de Deus. Somos parte integrante da bela Criação e temos responsabilidades especiais no zelo e no cuidado para com ela. A IECLB almeja ser uma Igreja aberta

em vários sentidos: aberta para acolher as pessoas – sem distinção, aberta para as diferentes gerações, aberta para as diversas expressões teológicas e de piedade, aberta para as mudanças que o Espírito Santo cria e propõe, aberta em suas portas e em seus espaços, aberta para ouvir as dificuldades e os problemas das pessoas, aberta para trabalhar na busca de soluções, aberta para o diálogo ecumênico e inter-religioso. Para ser cumprida, a segunda Meta Missionária aponta para ações bem elaboradas na área da Evangelização, do Culto e da Comunicação.

Bibliolog e a Pregação do Evangelho A segunda Meta Missionária aponta para a Pregação do Evangelho de forma contextualizada. Essa Pregação se nutre do texto bíblico em diálogo com o contexto. Para o fortalecimento dessa Pregação, a IECLB e diversas instituições a ela vinculadas estão promovendo cursos sobre Bibliolog. Trata-se de um diálogo com a Bíblia, em que as pessoas assumem o papel de personagens mencionados no texto. Respondendo perguntas, as pessoas dão vida à letra do texto bíblico. Desta forma, se motiva a um diálogo entre a história bíblica e a biografia pessoal. A ideia é que o texto bíblico passe pela gente, tornando-se, assim, algo vivo e atual, e o que essa Palavra provoca seja dialogado entre irmãos e irmãs. A metodologia do Bibliolog recupera a centralidade da Bíblia, núcleo da Pregação do Evangelho, por isso pode ser desenvolvida em grupos de crianças, jovens, pessoas adultas e idosas, Ensino Confirmatório e em salas de aula, por meio do Ensino Religioso.

Campanha de Missão Vai e Vem Palavra é uma ponte onde o amor vai e vem

Assim como o fogo sempre produz calor e fumaça, também a fé sempre vem acompanhada do amor. Martim Lutero

Diz no Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) que Deus é o fundamento e o sujeito da Missão que Ele mesmo realiza por meio da sua obra criadora e mantenedora, redentora e santificadora (PAMI 2008-2012, p. 35). Esta perspectiva abrangente da Missão, na qual salvação e preservação da Criação caminham de mãos dadas, encontra-se atualizada no Tema da IECLB para 2018 e 2019: Igreja - Economia - Política. Atuamos nessas três Ordens da Criação e por meio delas, apesar da nossa condição de pessoas pecadoras. Pela fé, colaboramos com Deus para o melhoramento do mundo. A parceria na Missão de Deus motiva os nossos trabalhos comunitários, paroquiais, sinodais e nacionais. Também é o que sustenta a Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem! Assim, quem, pela fé, se engaja na Missão de Deus, está sob a sua bênção. Quem promove a paz, com palavra e ação, segue os passos de Deus. Quem constrói pontes para a paz imita o agir de Deus. Tudo isso sob os impulsos do amor. Baseado neste amor, o XXXI Concílio da Igreja, reunido em Curitiba/PR, aprovou as Metas, as Áreas e os Objetivos do Plano Missionário da IECLB para os anos 2019-2024. Estes indicativos para o fortalecimento da Ação Missionária nos âmbitos nacional, sinodal e local são um importante impulso para a promoção da paz.

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SÍNODOS

Missão no Sínodo Sul-Rio-Grandense: vivência comunitária, paz, justiça e solidariedade Pa. Roili Borchardt | Pastora Sinodal do Sínodo Sul-Rio-Grandense

Se o Senhor não edificar a casa em vão trabalham os que a edificam (Sl 127.1). Entendemos que, na vida de uma Comunidade, Paróquia, Sínodo e Igreja, bem como na vivência de uma pessoa cristã, o centro, aquilo que norteia a ação é a mensagem do Evangelho. Olhando para a vivência de Jesus, nos deparamos com a ordem dada por ele a seus seguidores e que continua atual nos nossos dias: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações (Mt 28.19). Compreendemos que o ide de Jesus desafia a olhar a realidade na qual a pessoa está inserida e, assim, anunciar e praticar os sinais do Reino de Deus. Nestes sinais, precisamos perceber as diversas dimensões que abrangem o ser humano e a bela e perfeita Criação de Deus. O ide, ou seja, o ‘fazer missão’ deve levar em conta as diversas dimensões do ser humano,

seja no aspecto espiritual, social, físico, psicológico, profissional... Como Sínodo Sul-Rio-Grandense, atuamos em prol da Missão, anunciando o Evangelho nas 20 Paróquias que abrangem 99 Comunidades, espalhadas por 27 municípios da região sul do Estado do Rio Grande do Sul. Compreendemos que somos chamados e chamadas a servir e testemunhar por meio de palavras e ações concretas. Atuamos junto a pessoas criadas a imagem e semelhança de Deus e que necessitam de cuidados, acompanhamentos... Como uma das suas prioridades para este ano, a Diretoria do Conselho Sinodal se propõe a ir ao encontro das Paróquias e Comunidades, seja participando de reuniões, celebrações ou outros eventos. Pensando ainda na Missão e no cuidado para com o ser humano, prioriza-

mos a visitação hospitalar, pois pessoas enfermas e fragilizadas precisam receber o acompanhamento e a presença de alguém que, em nome da Igreja, leve consolo, esperança e oração. Nem sempre temos respostas para as dores e os sofrimentos, mas a fé nos faz perceber, em todos os momentos da vida, a presença do bondoso Deus. Dos diversos encontros sinodais, destacamos o trabalho do Setor de Saúde e Alimentação. Neste ano, tivemos o 20º Dia da Saúde e Alimentação, com a participação de mais de 500 pessoas. Ao longo dos anos, este setor tem promovido encontros, reflexões e proporcionado vivências práticas que geram vida e vida com dignidade. Este setor tem estimulado a reflexão sobre temas que dizem respeito à saúde e ao bem-estar do ser humano, ao cuidado da Criação e à sustentabilidade do planeta. Fazer Missão é anunciar a vida com dignidade e justiça. Para isso, é necessário perceber as diversas dimensões que envolvem o bem-estar do ser humano. Precisamos perceber que, neste mundo, não somos eternos e eternas. Se não cuidarmos e preservamos a Criação, que futuro terão as gerações vindouras? Quando pensamos e falamos em Missão, temos que perceber que a Missão se dá na vivência do dia a dia, nos pequenos gestos e nas atitudes simples. Não precisamos de grandes investimentos ou muitos recursos para colocar em prática a possibilidade de termos Comunidades atrativas, acolhedoras e missionárias, tema que perpassa diversos encontros do Sínodo. Como Sínodo, atuamos e almejamos um mundo com mais paz, justiça e solidariedade e rogamos para que Deus fortaleça a caminhada comunitária e nos capacite com sabedoria e discernimento.

A Palavra de Deus é a única luz na escuridão desta vida. É Palavra de vida, consolo e toda bem-aventurança. Martim Lutero Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

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GESTÃO

CONSELHO DA IGREJA

Nosso compromisso é o Evangelho (parte 2/6) Presidência do Conselho da Igreja 4. O Evangelho tem consequências em todos os âmbitos da vida. Não é possível separar aquilo que é anunciado na Igreja daquilo que se vivencia no dia a dia: Ao SENHOR pertence a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam (Sl 24.1). Deus é o Criador de tudo e ocupa todos os espaços. É por isso que, na compreensão luterana, a Igreja, a Economia e a Política são consideradas Ordens da Criação de Deus. Deus efetiva a sua vontade por meio da Igreja, da Economia e da Política e cada pessoa é chamada a atuar com os dons dados por Deus nestes três âmbitos da vida. Dessa forma, a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária terá como efeito a promoção da paz, da justiça e do amor na sociedade. 5. No sentido bíblico, a paz não se caracteriza somente pela ausência de guerras e conflitos. Paz acontece quando há bem-estar espiritual, físico, social, político e econômico. Infelizmente, a sociedade brasileira não se destaca pela vivência dessa paz. Não há paz na Economia, não há paz na Política e não há efetivação constante da justiça. Parece que estamos na mesma situação descrita pelo profeta Isaías: Não conhecem o caminho da paz nem há justiça nos seus passos (Is 59.8). A partir do que se justifica esta percepção tão negativa? 6. A Economia deve garantir a produção e a distribui-

ção justa dos meios de conservação e preservação da vida. Entretanto, percebemos muita concentração de bens e renda, exploração de mão de obra, desequilíbrio nas relações, esgotamento e degradação dos bens naturais. A cada ano, aumenta o fosso que separa a parcela mais rica da parcela mais pobre da população. Um grupo seleto de pessoas bilionárias concentra a maior parte da riqueza nacional e global. A voz profética continua atual: Ai dos que ajuntam casas e mais casas, reúnem para si campos e mais campos, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra! (Is 5.8). Manifesto da IECLB: Nosso compromisso é o Evangelho, elaborado por incumbência do XXXI Concílio da Igreja, realizado em outubro de 2018, em Curitiba/PR, e aprovado, em março de 2019, na Reunião do Conselho da Igreja, após consulta aos Pastores e às Pastoras Sinodais, com subscrição da Presidência da IECLB. Continua na próxima edição...

Quisera não ter outro pensamento que este: a ressurreição aconteceu para mim! Martim Lutero GESTÃO ADMINISTRATIVA

A crescente relevância dos sistemas de gestão também na Igreja Secretaria Geral da IECLB Destacamos em artigos anteriores a importância das Comunidades manterem cadastro atualizado dos seus membros, condição fundamental para a elaboração do Planejamento Missionário. As Comunidades guardavam as suas informações de forma manual, por meio de fichários de membros e Livros de Registros, onde ficam documentados, por exemplo, os dados sobre os Cultos e os Ofícios Comunitários. Essa modalidade de registro manual e armazenamento físico das informações permanece vigente em muitas Comunidades. Contudo, gradualmente, essa modalidade passa a ser substituída por sistemas informatizados, ou seja, assim como em outros setores da sociedade, também nas Igrejas a qualificação da Gestão Organizacional e da Gestão Comunitária avança, de forma crescente, pela informatização das informações. No caso da IECLB, não há um software ou sistema de gestão que tenha sido ado-

tado ou desenvolvido de forma padronizada e que se aplique a todas as Comunidades. As Comunidades, individualmente, por decisão da sua liderança, contratam o sistema de gestão, que, na sua avaliação, oferece a melhor plataforma para o registro das suas informações e a melhor resposta para as suas demandas de gestão. O mercado brasileiro percebeu que esse segmento está em crescimento, por isso há um correspondente aumento na oferta de sistemas direcionado às Igrejas. Ocorre que os sistemas que o mercado oferece, na maior parte, adotam terminologia distinta da usada na IECLB. Eventualmente, há a possibilidade de parametrizar as informações e a terminologia a ser usada, mas, em geral, não é o que acontece. De outra parte, há que se registrar que o mercado também disponibiliza um sistema elaborado em conformidade com a nossa terminologia e parametrizado de forma a atender

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as demandas das nossas Comunidades. Em síntese, percebe-se um interesse crescente das nossas lideranças na busca por sistema informatizado, em cuja plataforma se registre os dados da vida comunitária, com vistas a qualificar a gestão e o relacionamento com os membros, e que adicionalmente disponibilize informações que auxiliem a tomada de decisão e o planejamento. De outra parte, o Plano de Metas Missionárias da IECLB, recentemente aprovado, inclui entre os objetivos a serem implementados até 2024, ‘simplificar e unificar os processos administrativos, visando ao fortalecimento institucional de Comunidades, Paróquias, Sínodos e da Sede Nacional’. Temos, portanto, o desafio de avançar na implementação de sistema que ajude a qualificar a gestão de cada uma das instâncias, e que fomente a simplificação e a unificação de processos administrativos entre as mesmas.


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DIVERSIDADE

Nós, pessoas cristãs, precisamos cuidar da Criação É tempo de dizer não! Cat. Maria Dirlane Witt | Coordenação de Educação Cristã da IECLB

No ano de 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data passou a ser comemorada todo dia 5 de junho. A escolha dessa data tem como objetivo principal chamar a atenção da população e das autoridades para os problemas ambientais e para a importância do cuidado e da preservação dos recursos naturais, que, mesmo com todas as evidências de um colapso ambiental, ainda são utilizados como se fossem fontes inesgotáveis. Hoje, já são mais de 40 anos que nos distanciam da decisão da ONU. Poderíamos apontar os avanços e os retrocessos no cam-

po ambiental, mas vamos nos ater a algo que tem sido uma das grandes preocupações de órgãos e pessoas comprometidas com o cuidado dos bens naturais: o uso indiscriminado de agrotóxicos. O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Grande parte dos produtos usados em solo brasileiro já está proibida em outros países e é considerada de alta toxidade. Os venenos são usados na produção de alimentos básicos para a população, como feijão, arroz, verduras e frutas. O risco não para por aí. O uso desenfreado e permitido de agrotóxicos tem chegado aos rios e córregos, contaminando a água. A morte de abelhas, as grandes responsáveis pela polinização, tem causado apreensão. Cientis-

tas afirmam que, em grande parte, o uso de agrotóxicos e a poluição do ar são os grandes vilões da nossa saúde. A nossa terra, a nossa água, o nosso ar, o nosso alimento estão doentes. A triste realidade demonstra que a contaminação tem como origem a ação humana. Na Bíblia, na narrativa mítica de Gênesis 1, lemos que Deus se alegrou com a sua obra e viu que tudo o que havia feito era muito bom. Por muito tempo, fez-se uma leitura do texto bíblico na perspectiva antropocêntrica, de domínio sobre a natureza. O exercício de dar-se conta que estamos integrados e integradas com o que nos cerca não pode mais esperar. Os agrotóxicos são uma parcela importante dessa mudança. Dizer não! Não, nós, pessoas cristãs, comprometidas com o Evangelho, não podemos aceitar que a Boa Criação de Deus seja atingida e dizimada em prol do lucro e do capital. Iniciemos incentivando as feiras orgânicas, a construção de hortas urbanas, os coletivos que trabalham com a economia solidária e a agricultura familiar, além do trabalho do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) e a relação que as pessoas indígenas desenvolvem com a natureza. Lembremos de exercer a nossa cidadania e exigir das autoridades políticas públicas que defendam a vida em toda a sua plenitude. Não percamos de vista a promessa de Jesus: Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10.10). Essa promessa é direção e impulso para a ação. Que Deus nos dê força para denunciar e anunciar e muita fé e coragem para colocar sinais do seu Reino de paz e justiça já agora.

PRONUNCIAMENTO

Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem o meu guia. Martim Lutero

Deus fez tudo o que existe Nós confessamos que Deus fez tudo o que existe. Aos olhos de Deus, toda a Criação é muito boa (Gn 1.31). Deus nos deu habilidades, capacidade criativa e responsabilidades. Como imagem e semelhança de Deus, deveríamos cuidar da Criação da mesma forma que Deus cuidaria (Gn 1.27 e 2.15). O desmatamento, a poluição, o consumo excessivo e o uso desenfreado de agrotóxicos evidenciam justamente o contrário. A

liberação de agrotóxicos já proibidos em outros países traz consequências nocivas. Precisamos desenvolver, em nossas casas e em nossas Comunidades, ações de cuidado com o planeta. Se não agirmos, as gerações futuras sofrerão muito mais as consequências da nossa capacidade destrutiva e do descaso com o meio ambiente. Manifesto do XXXI Concílio da Igreja (2018)

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Jorev Luterano - Junho 2019

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ESTUDOS BÍBLICOS

Com açúcar e com mel, até as pedras comem!

Dinâmica

Palavras, doces palavras...

Preparo pessoal e do ambiente Ao convidar as pessoas para participarem deste Estudo Bíblico, peça para quem puder levar um pequeno pote de mel. Tenha no ambiente pratinhos e colheres para que possam provar o mel. Algumas torradas também são bem-vindas. A pessoa que organiza o encontro deve levar junto um chá bem amargo (pode ser boldo) e copos para a degustação. No ambiente do encontro, dispor de Bíblias, hinários, flores e, se possível, uma pequena cruz. Ao iniciar o encontro, peça às pessoas participantes para que bebam o chá amargo. Seria bom dispor de uma pequena mesa ao centro. No final, convide cada pessoa a provar os vários tipos de mel. Mencionar que, assim como nenhum mel é igual ao outro, também nós somos diferentes, mas todos e todas nós podemos ser doces e marcantes na vida dos nossos irmãos e das nossas irmãs.

P. Renan Schlemper | Ministro na Paróquia dos Migrantes, em Cacoal/RO Há um provérbio que diz Com açúcar e com mel, até as pedras comem! O mel é um produto natural obtido a partir do néctar das flores. Costuma ser utilizado como um adoçante natural em vitaminas e chás e, com frequência, para amenizar os sintomas de garganta inflamada e resfriados. Algumas pesquisas indicam que ele tem função antioxidante, o que evita o envelhecimento celular. Esta riqueza da natureza é facilmente encontrada em todas as regiões do nosso país, mas será que todo mel é igual? Não! A sua cor, o seu sabor e a sua textura dependem de vários fatores. Pode ser de tonalidade mais escura ou clara, pode ser mais líquido ou cristalizado, mais adocicado ou agridoce. A verdade é que o mel está presente em várias receitas de bolos e doces muito apreciados. Assim é o mel: doce para o nosso paladar e, quando usado com moderação, bom para a saúde. O que as palavras bondosas têm a ver

Lema do Mês

serem eleitos, as palavras parecem perder a doçura... Será que são apenas autoridades que devem fazer bom uso da palavra e proferir palavras bondosas? Vivemos em uma realidade agitada e corrida. Neste mundo moderno, as pessoas parecem correr atrás do tempo, que insiste em escorrer entre nossos dedos. A palavra entrou em descrédito. Se, antes, as palavras bondosas estavam presentes no dia a dia na forma de bom dia, como vai, desculpe, por favor, obrigado, com licença, parabéns, entre outras, hoje as palavras encontradas são saia da frente que estou com pressa, não demore tanto, de novo essa situação, não fez mais que a obrigação, e por aí vai... Se você é motorista, observe o trânsito da sua cidade. Desligue o rádio. Dependendo da cidade, aconselho a não abrir as janelas. Preste atenção nas palavras quando parar em um semáforo ou em um acostamento. O trânsito é uma realidade que nos mostra o exemplo de como as palavras bondosas estão ausentes do vocabulário da maioria das pessoas. No entanto, a verdade é que não é somente no trânsito que elas não são mais encontradas. Também no trabalho, na família, na Comunidade, faltam palavras bondosas. Se, por um lado, as palavras bondosas são como o mel, que adoçam o paladar, por outro lado, as palavras maldosas poderiam se assemelhar ao fel (bile), que causa sabor amargo ao paladar. As palavras ditas pelas pessoas se assemelham mais ao mel ou ao fel? O vocabulário têm sido doce ou amargo? A nossa saúde psíquica, emocional e espiritual tem sido nutrida ou atacada pelas palavras que ouvimos e proferimos? O que você prefere: mel ou fel? Nós somos povo de Deus, chamados, chamadas, vocacionados e vocacionadas para servir a Ele e às pessoas. Que possamos ir ao encontro das pessoas neste mundo com palavras bondosas, que adocem o paladar e nutram o corpo. Você e eu temos a tarefa de anunciar e proclamar o amor e o cuidado de Deus pela sua Criação, pelos seus filhos e pelas suas filhas. Vamos, com muita alegria e gratidão, espalhar a doçura do mel – não a amargura do fel – neste mundo! Que Deus nos acompanhe e nos guarde nesta tarefa! Amém.

As palavras bondosas são como o mel: doces para o paladar e boas para a saúde. Provérbios 16.24

com o mel? O livro de Provérbios foi escrito por Salomão mais ou menos no décimo século antes do nascimento de Cristo e tem por finalidade conceder sabedoria aos seus leitores. Este livro do Antigo Testamento compõe o bloco dos livros sapienciais (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos). São livros da Bíblia que nos falam sobre as coisas da vida e como se pode aprender com a experiência de pessoas mais velhas, que já viveram muito antes de nós e enfrentaram situações semelhantes. Para o mês de junho, o lema é As palavras bondosas são como o mel: doces para o paladar e boas para saúde (Pv 16.24). Os provérbios deste capítulo são especialmente dirigidos aos reis e outros servidores. As autoridades são instituídas por Deus (cf. Rm 13.1). Deus as usa para o bem-estar daquelas pessoas que agem com justiça. Quando a gente lembra dos governantes em período eleitoral, recordamos que as suas palavras costumam ser muito ‘doces’. São promessas e mais promessas de solucionar problemas e dificuldades históricas. Infelizmente, após

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Saudação Boa noite! Como é bom podermos nos encontrar para estudar a Palavra do nosso Deus! Que bom que, em meio à correria do dia a dia, podemos separar um tempo para estarmos em comunhão com Deus e também uns com os outros. Acolher as pessoas visitantes. Agradecer ao anfitrião, à anfitriã a recepção na residência (se for o caso). Estamos reunidos aqui em nome de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. Canto Quando o povo se reúne (LCI 25) Oração inicial Querido e amado Deus! Graças e louvores nós te redemos por podermos nos reunir neste encontro. Concede o teu Espírito Santo para que ele nos ilumine e nos motive a aprender sempre mais de ti. Dá-nos tranquilidade e concentração para que estejamos aqui de corpo e mente. Amém. Estudo e reflexão Canto A lei do Senhor é perfeita (LCI 87) Perguntas para auxiliar o diálogo - Com que frequência uso o mel em minha vida? - Ele faz bem ou mal quando eu o uso? - Como seria se as pessoas usassem mais vezes palavras bondosas nos seus relacionamentos? - O que fazer quando palavras amargas como o fel aparecem? Canto final Em tuas mãos, ó Senhor (LCI 156) Oração final Benção e Envio


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