Jornal Evangélico Luterano - Ano 48 - nº 829 - Julho 2019

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Jornal Evangélico Luterano | Ano 48 | Julho 2019 | n o 829

Perdão sem limites... Como assim?! Quantas vezes Deus já lhe perdoou?

A cultura da paz é urgente:

Comunidade Cristã:

O exercício do que dizemos crer:

é base para uma sociedade pacífica!

Comunidade de pessoas perdoadas!

precisamos aprender a ouvir e escutar!

Unidade

Fé Luterana

Estudos Bíblicos


Jorev Luterano - Julho 2019

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REDAÇÃO

Perdão sem limites... Como assim?! ‘Percebemos uma dificuldade crescente de ouvir. Parece tão mais fácil falar, julgar e difamar. A intolerância e a raiva não permitem ouvir e dialogar sobre opiniões divergentes. O anonimato das Redes Sociais contribui para gerar um clima de desconfiança e hostilidade. É doloroso ver este movimento de ódio ganhando vulto na Igreja’, lamenta a Carta Pastoral da Presidência que traz a Mensagem da IECLB para o Lema de Julho: Cada pessoa esteja pronta para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva (Ti 1.19). Na IECLB, explica a Carta, ‘há lugar para todas as pessoas e para diferentes formas de pensar. As pessoas têm direito de defender as suas compreensões sobre a vida e o papel da Igreja, desde que alicerçadas na ética e no Evangelho de Jesus Cristo, o Senhor da Igreja. A possibilidade de compreensões diferentes não nos isenta da tarefa de discernir entre aquilo que é certo e errado, entre aquilo que é ou não conveniente’. O Documento ainda alerta que, nesta busca por discernimento, precisamos reconhecer que ninguém detém a verdade absoluta, a não ser Deus. Deus é a própria Verdade’. ‘O apóstolo Tiago admoesta a manter serenidade, a controlar a raiva e os prejulgamentos’, relembra a Carta Pastoral, que chama para a reflexão e a ação: ‘É um conselho bem oportuno em nossos tempos. A ira e o furor podem obscurecer a justiça e a graça de Deus, por isso clamamos pela mansidão, fruto do Espírito Santo. Como IECLB, queremos trilhar caminhos de compreensão, de respeito, de solidariedade. Vamos ouvir mais! Quando falarmos, que seja com amor e compaixão! É isto que permite o diálogo e a união. Dificilmente teremos posicionamentos iguais sobre todas as coisas, mas podemos conviver com quem pensa diferente, a partir do compromisso do amor’. Por fim a Carta conclama: ‘Que possamos dizer com convicção: Eu amo ao Senhor Deus de todo o meu coração e amo as pessoas assim como eu amo a mim mesma e a mim mesmo’. Ótima leitura!

CAPA

No Sermão do Monte, Cristo fala para uma multidão e afirma que felizes são as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos e suas filhas. Assim também nós somos chamados e chamadas a atuar na promoção da cultura de paz!

Jornal Evangélico Luterano | Ano 48 | Julho 2019 | n o 829

Perdão sem limites... Como assim?! Quantas vezes Deus já lhe perdoou?

SUMÁRIO 2

REDAÇÃO

CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE

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ENFOQUE

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PALAVRA

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PRESIDÊNCIA

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FORMAÇÃO

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CRIANÇA

A cultura da paz é urgente:

Comunidade Cristã:

é base para uma sociedade pacífica!

Comunidade de pessoas perdoadas!

precisamos aprender a ouvir e escutar!

Unidade

Fé Luterana

Estudos Bíblicos

O exercício do que dizemos crer:

CARTA PASTORAL CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO HABILITAÇÃO AO MINISTÉRIO ESTUDANTES EM FORMAÇÃO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA TEMA DO ANO AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA JUVENTUDE O AMIGO DAS CRIANÇAS

8-9 UNIDADE

PAZ NAS RELAÇÕES SOCIAIS

10 11 12 13 14 15 16

FÉ LUTERANA

PERDOAR - SEMPRE E SEM LIMITES!

PERSPECTIVA

QUALIDADES DA COMUNIDADE CRISTÃ CALOR SEM PRECONCEITO

MISSÃO

METAS MISSIONÁRIAS DA IECLB CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM

SÍNODOS

Igreja que serve, prega e vive!

GESTÃO

CONSELHO DA IGREJA GESTÃO ADMINISTRATIVA

DIVERSIDADE

EM CASA NA TERRA BRASILIS

ESTUDOS BÍBLICOS

PRECISAMOS APRENDER A ESCUTAR!

Procuremos sempre as coisas que trazem paz e nos ajudam a fortalecer uns aos outros na fé. Romanos 14.19 EXPEDIENTE Pastora Presidente Pa. Sílvia Genz Secretário Geral P. Marcos Bechert Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

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ENFOQUE

Carta Pastoral Cada pessoa esteja pronta para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva. Tiago 1.19

Presidência da IECLB Os nossos corações jubilam ao dizer que, por onde quer que andemos pela IECLB, enxergamos pessoas e Comunidades motivadas e engajadas na Missão de Deus. Isso nos orgulha, incentiva e fortalece. Agradecemos a todas as pessoas que trabalham na Seara do Senhor, colocando os seus dons, o seu tempo e os seus recursos à disposição. Nem tudo, no entanto, é harmonioso e saudável na IECLB. Também encontramos problemas e dificuldades, muitas delas geradas pela falta de diálogo e compreensão. Neste sentido, o lema bíblico de julho é oportuno para o assunto que vamos abordar nesta carta: a importância do ouvir. Causa preocupação o fato que estão ocorrendo ataques difamatórios contra membros, Ministras e Ministros. Pessoas estão se sentindo coagidas e constrangidas. Isto é grave e inadequado à vivência da fé. Nada justifica que alguém seja alvo de generalizações e difamações. No caso de Ministras e Ministros, coação e constrangimento prejudicam

INDICADORES FINANCEIROS

o exercício do Ministério, cuja função é anunciar o Evangelho de Jesus Cristo com tudo aquilo que ele implica. A busca por discernimento e a vivência comunitária são orientadas pelas instruções que Deus deu ao povo de Israel e que Jesus resumiu no Mandamento do amor a Deus e ao próximo (Mc 12.2831). Para cumprir com o Mandamento do amor, não podemos deixar o ódio se alastrar. Precisamos dar um basta na intolerância. Para isto, é necessário ouvir mais: cada pessoa seja rápida para ouvir, mas lenta para falar e ficar com raiva. A lentidão para falar pressupõe que devemos refletir se queremos, por meio das nossas palavras, edificar ou derrubar, animar ou reprimir, unir ou dividir. Precisamos da união para nos fortalecer. Uma Igreja fortalecida será mais capaz de evangelizar, promover formação na fé, vivenciar comunhão e ter sustentabilidade. Uma Igreja fortalecida é uma Igreja de Comunidades unidas, inclusivas, relevantes e missionárias – para a glória de Deus.

UPM Julho/2019

4,6695

Índice Junho/2019

0,01 %

Acumulado 2019

2,23 %

Tornai-vos, pois, praticantes da Palavra e não somente ouvintes. Tiago 1.22

OFERTAS NACIONAIS 14 DE JULHO 5o Domingo após Pentecostes Fundo para Trabalho com Jovens O compromisso da Juventude Evangélica é ser instrumento da Graça de Deus testemunhando a sua fé cristã, promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo. A Juventude Evangélica acredita que a caminhada é fortalecida quando pessoas se agregam à rede de sonhos e perspectivas construída pela e com a juventude. A Oferta de Gratidão para o Fundo para Trabalho com Jovens possibilita a articulação e o desenvolvimento de atividades com grupos de jovens na IECLB, os trabalhos do Conselho Nacional da Juventude Evangélica (Conaje), a preparação do Congresso Nacional da Juventude Evangélica (Congrenaje), a capacitação e a formação de lideranças, a elaboração de materiais, além dos diversos encontros e intercâmbios.

Resolução 095/2009 - O Conselho da Igreja da IECLB, no uso das suas atribuições e para fazer frente às decisões conciliares, determina que: - em todos os Cultos realizados nas Comunidades da IECLB ou durante eventos promovidos no âmbito da IECLB, será efetuado o levantamento de uma oferta entre os presentes, em ação de graça; - o Plano de Ofertas se aplica a todas as Comunidades, as Paróquias, os Sínodos, as instâncias centrais da IECLB e as entidades que atuam no seu âmbito; - as Ofertas Nacionais do Plano de Ofertas destinam-se para a Missão (na IECLB e fora dela), capacitação de lideranças, formação teológica e serviços que visem a fortalecer a unidade da IECLB e a sua confessionalidade.

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PALAVRA MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO

Capacitação para lidar com

dificuldades e crises

P. Marcos Jair Ebeling Pastor Sinodal do Sínodo Sudeste Pa. Ma. Tânia Cristina Weimer Pastora Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho Na semana dos dias 20 a 24 de maio deste ano, aconteceu o Seminário sobre Mentoria Ministerial para Pastores e Pastoras Sinodais ou os seus, as suas Vices, oferecido pelo Programa de Acompanhamento a Ministros e Ministras da IECLB. O Seminário visa a promover autocompreensão, além de capacitar para o diálogo e o apoio às questões de relacionamento ministerial e humano na Igreja. A preocupação da Igreja está em auxiliar Ministros e Ministras a lidar com dificuldades pessoais, familiares ou do Ministério e agir preventivamente antes que se tornem um problema. A partir desse Seminário, que terá mais duas etapas, também Pastores e Pastoras Sinodais são capacitados e capacitadas para ajudar Ministros e Ministras a reconhecer um bom trabalho, bem como ajudar a pessoa a encontrar o foco das suas crises, desafiando-a a pensar e elaborar a própria percepção sobre os seus problemas. No Seminário, conduzido pelo P. Dr. Victor Waldir Linn, foram abordadas algumas temáticas importantes, entre elas a abordagem sistêmica, o manejo de conflitos e a necessidade de propor feedback também no trabalho ministerial. A abordagem proporcionou, ainda, crescimento pessoal a partir de exercícios de reflexão individual e reflexões conjuntas. O Seminário instrumentaliza para diálogos mais profundos, capacitando para ações adequadas em situações de conflito frente às crises existenciais, sendo um auxílio para uma postura mais proativa diante das crises da vida.

HABILITAÇÃO AO MINISTÉRIO

PPHM: formação integral Candidatos e Candidatas em PPHM | 2018-2019 Ser um indivíduo não é uma escolha própria; é Cristo que faz daquele que foi chamado um indivíduo. P. Dietrich Bonhoeffer O P. Bonhoeffer coloca essa frase no contexto do Evangelho de Lucas 14.26, em que o Evangelista cita a explicação de Jesus sobre o discipulado: cada pessoa que se dispõe a seguir o Evangelho deve ser moldada pela cruz de Cristo. Ele usa isto para explicar a vocação, em clareza interna e em chamado externo, e a capacidade humana de aprendizado em meio a contextos nos quais Cristo envia discípulos e discípulas. Nesta realidade, iniciamos a caminhada do Período Prático de Habilitação ao Ministério Eclesiástico, no qual cada um, cada uma tem a oportunidade de refletir a respeito da sua vocação, da sua identidade e dos desafios do Ministério com Ordenação na IECLB. O PPHM é a oportunidade em que cada pessoa que se candidata ao Ministério com Ordenação pode experimentar ser moldada pela cruz de Cristo, pelo amor às pessoas, pela disposição em servir e pelo desenvolvimento de competências no processo de formação de Ministros e Ministras da IECLB.

Esse processo tem como objetivo contribuir para a formação integral, observando conhecimentos, habilidades e atitudes para o exercício do Ministério. Quando refletimos a partir do contexto citado pelo P. Bonhoeffer, pensamos nesta integralidade, neste encontro da vocação com a identidade, do confronto com as limitações e do conforto da paz que Cristo deixou para a humanidade. Precisamos buscar esta paz em no contexto das nossas vocações. Esta paz esteve presente em cada momento, permitindo que os diálogos, a Mentoria e os encontros de formação promovessem o crescimento pessoal e mútuo, além da motivação para anunciar a paz de Cristo a todas as pessoas. A partir do caminho trilhado até aqui, foi possível ter duas percepções muito importantes para a vida ministerial: um olhar para si, dentro da própria realidade e perspectiva, e também para a ação da Igreja como um todo, como uma breve análise e motivação para o exercício das nossas vocações. Rogamos a Deus que continue capacitando, moldando e motivando cada um e cada uma para o exercício do Ministério em toda a nossa IECLB!

Ó Senhor, tu somente és o Deus de todos os reinos da terra. Fizeste os céus e a terra. 2Reis 19.15 FORMAÇÃO DE ESTUDANTES

Desafios da formação teológica no contexto atual Pa. Profa. Dra. Marcia Blasi | Coordenadora do Bacharelado em Teologia da Faculdades EST P. Prof. Dr. Wilhelm Wachholz | Reitor da Faculdades EST A formação teológica acontece dentro de um determinado contexto social e eclesial. O que foi desafiante em 1950 talvez não o seja hoje. Muito do que, hoje, nos aflige nem era sonhado naquele tempo. Por outro lado, há questões que não mudam. A formação teológica precisa preparar Teólogas e Teólogos que possam atuar com ética, dedicação e coragem na pregação do Evangelho em um contexto cada vez mais diverso e plural. Religião e Teologia são assuntos comuns nos diálogos, nas Redes Sociais, na mídia em geral. Isso é bom, mas também é verdade que, a exemplo da época de Jesus e de Lutero, são ditas ‘verdades’, frutos de banalização, legalis-

mos, moralismos, frutos de uma Teologia distorcida praticada por ‘grupos piedosos’. Lutero combateu estes ‘grupos piedosos’, defendendo uma reforma teológica. O problema, segundo Lutero, era que a religião fora construída sobre uma Teologia distorcida. A Igreja havia construído uma religião fundada na Lei em detrimento do Evangelho. Tudo virou ‘Lei e Moral’. Tudo virou religião das obras, dos ‘bons costumes’, do mérito próprio. O resultado, segundo Lutero, era a autojustificação e salvação por méritos próprios. Neste contexto, era necessário afirmar a graça, o Evangelho. Hoje, séculos depois da Reforma, esse anúncio continua urgente e atual.

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Segundo Lutero, distinguir corretamente entre Lei e Evangelho é tarefa fundamental e critério para o labor teológico e bíblico, ainda válido no atual contexto religioso brasileiro. Preparar Teólogas e Teólogos para essa tarefa é um desafio constante. Em meio a discursos e promessas de autossalvação, anunciar a salvação pela graça de Deus é novidade de vida, é Evangelho que acolhe e compromete com o mundo ao nosso redor. Sempre houve desafios para a formação teológica e sempre haverá, mas há também muita alegria, muita descoberta, compromisso com o Evangelho e a vida digna e plena para todas as pessoas, com a graça de Deus.


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PRESIDÊNCIA

Sejamos pessoas hospitaleiras Participemos da história da salvação! P. Odair Braun | Pastor 1o Vice-Presidente da IECLB e Pastor Sinodal do Sínodo Paranapanema

A hospitalidade é experimentada quando se chega à casa de pessoas sendo recebido com um chimarrão, uma água fresca ou um café. Quando vamos ao Culto, Deus também acolhe amorosamente, pois podemos ouvir a Palavra, receber perdão e renovar a vitalidade por meio da Ceia. Gênesis 18.1-10 trata sobre a hospitalidade. É na hospitalidade que Abraão se torna o pai de nações. É na hospitalidade que ele acolhe Deus e lhe prepara comida e bebida, ao ponto de ouvir: voltarei a ti, daqui a um ano. Povo hospitaleiro é agradecido. Não seria, então, a hospitali-

dade a grande característica do povo de Deus? Para Abraão, era um valor como observamos na passagem ouvida. A visita vem caminhando sob o sol do meio dia. Ao se aproximar de Abraão, recebe hospitalidade por meio de calorosa acolhida e alimentos. Abraão oferece água, comida, descanso. Como um pai, uma mãe que recebe os seus filhos, as suas filhas, assim Abraão recebe aqueles forasteiros. Faz com que eles se sintam à vontade. Ele não faz perguntas, apenas convida e serve. A hospitalidade é movida pelo serviço ao pró-

Bom é o Senhor para aqueles que esperam por Ele. Lamentações 3.25

ximo. Quem serve também é servido. Quem serve, serve para participar na história de Deus com o seu povo. Abraão serve e é servido para servir na história da salvação. Os visitantes eram mensageiros de Deus. Eles anunciam o nascimento do filho esperado e prometido. A fé e a hospitalidade tornam-se características do povo cristão pela história de Abraão. Para fazer parte do povo de Deus, é preciso confiar na promessa de Deus, agir a partir dela, ser uma pessoa hospitaleira. A hospitalidade movida pela fé abre a porta da vida e da casa para as pessoas necessitadas, abandonadas, solitárias, marginalizadas e oprimidas. A hospitalidade não apenas recebe pessoas, mas nos torna participantes da história da salvação que está sendo escrita por Deus. A hospitalidade cristã não se restringe às relações pessoais e individuais. Outro âmbito em que ela deve ter a sua expressão é a Comunidade Cristã. Como ela se mostra nas nossas Comunidades? A hospitalidade de Deus desafia a continuar na busca da hospitalidade entre todas as pessoas cristãs, sem restrições, e que seja exemplo para o mundo. Peçamos a Deus que Ele não deixe apagar, em nossas Comunidades, a chama da hospitalidade, vivamente demonstrada por Abraão e que deve ser inspiradora.

AGENDA | JULHO 11/7

TEMA DO ANO

Inauguração de Escola da Rede Sinodal Horizontina/RS Pa. Sílvia Genz

Igreja da Palavra A Igreja Luterana se compreende como ‘Igreja da Palavra’. Podemos dizer que o Cristianismo é a religião da Palavra. Por sua Palavra, Deus criou o mundo, guiou o seu povo, manifestou a sua graça. A Comunidade Cristã tem em Jesus Cristo a própria encarnação da Palavra de Deus e a nossa tarefa primordial como Igreja é dar testemunho de Jesus Cristo, da Palavra de Deus. A nós cabe sermos cooperadoras e cooperadores do agir de Deus. Segundo Lutero, Deus age e realiza a sua missão por meio de três Ordens: a Igreja (que se alimenta da Palavra de Deus e a anuncia), a Economia (que cuida da organização e da distribuição justa dos meios de sustento da vida), e a Política (que ordena as relações de convivência e protege a vida). É a partir dessas Ordens

Jubileu de Ordenação Morro Redondo/RS Pa. Sílvia Genz

estabelecidas por Deus que a vida humana acontece. As três Ordens são instrumentos de Deus para promover vida em abundância para todas as pessoas (Jo 10.10). Deus nos chama para promover justiça e paz na Economia, na Política e na Igreja e nós promovemos justiça e paz também por meio da linguagem, das palavras. Paz na Missão (Caderno de Estudos TA2019)

13/7

14/7

19/7

25/7

Assembleia do Sínodo Centro-Campanha-Sul Arroio do Tigre/RS Pa. Sílvia Genz 60 anos da Comunidade Floresta Imperial Novo Hamburgo/RS Pa. Sílvia Genz 83 anos da Comunidade Martin Luther Porto Alegre/RS Pa. Sílvia Genz Seminário da Obra Gustavo Adolfo São Leopoldo/RS P. Mauro Souza

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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA

A valorização dos dons de cada pessoa Somos Sacerdócio real, representantes de Deus Profa. Marilze Wischral Rodrigues | Professora de Educação Cristã na FLT

A Igreja, Corpo de Cristo, é organismo vivo, formado na convivência das pessoas que se reconhecem filhos e filhas de Deus, a saber: a todos quantos o receberam, deulhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome (Jo 1.12). Esta convivência surge da concepção do Batismo que une as pessoas em um Corpo, em que se expressa a reconciliação com Deus em Jesus Cristo. Segundo Pedro Kalmbach, em Bautismo y educación (2005), ‘ao expressar a dignidade outorgada por Deus ao ser humano, o Batismo indica a necessidade e a dependência que este tem do atuar gratuito de Deus. Neste sentido, o ser humano é limitado, imperfeito e depende exclusivamente de Deus’. Justificados pela graça e herdeiros na esperança (cf. Tt 3.5-7), podemos testemunhar a nossa fé em pensamentos, palavras e atitudes, pois, conforme o Guia Nossa Fé - Nossa Vida, ‘todos nós, como membros da Igreja de Cristo, somos Sacerdócio real, representantes de Deus, encarregados por Ele mesmo, para proclamar e viver a Boa Nova da salvação em Cristo, no am-

biente em que vivemos’. Ao batizar, assumimos responsabilidade pela formação na fé, capacitando pessoas a viver o seu Batismo, viver em resposta ao presente de Deus, envolvendo todas as áreas e dimensões da vida de forma integral, e em todas as fases e circunstâncias da vida, continuamente. Na Igreja, Corpo de Cristo, cada pessoa é importante por aquilo que é diante de Deus e não pelo que tem, por participar na comunhão de pessoas que creem, no discipulado, no exercício de seu Sacerdócio e no testemunho do amor de Deus neste mundo. É o Espírito Santo que desenvolve nas pessoas os seus dons e as suas habilidades, recebidos de Deus mesmo, e que as prepara para viver no corpo vivo da Igreja (cf. Ef 4.11-12). Uma das Metas Missionárias da IECLB (2019-2014) é ser Igreja que valoriza o Sacerdócio Geral, capacita as pessoas e aprofunda a fé para seu testemunho na Igreja e no mundo. Na prática, muitas pessoas são surpreendidas quando se descobrem Sacerdotes e Sacerdotisas, como se fosse algo assombrosamente grande ou algo de que não somos dignos e dignas por não sermos Ministros Ordenados e Ministras Ordenadas. Urge promover esta descoberta para que todas as pessoas na IECLB vivam o seu Sacerdócio em cumprimento ao propósito de Deus para cada pessoa e para toda a Igreja.

Ó Deus, meu libertador, tu tens sido a minha ajuda. Não me deixes, não me abandones. Salmo 27.9 COM SEUS ESTUDOS S O A E D A ID U N DÊ CONTI ACULDADES EST F A D D A E S E Õ Ç AS ESPECIALIZA

JUVENTUDE O tema do Congrenaje é... Conselho Nacional da Juventude Evangélica Conaje

‘A Igreja é legal, mas não essencial’, disseram. Será? O que é essencial? O que a sociedade impõe como essencial? Qual é o critério para definir o essencial? As respostas a essas questões direcionam a vida. A partir de padrões sociais, podem existir várias possibilidades de respostas: smartphone da moda, aparência, rolê, Instagram... Em meio a tantas opções, questionamos o quão essencial é a Igreja na vida das pessoas. Essa questão conduz ao tema do 25º Congrenaje: Qual é tua essência?, que desafia a definirmos a essência da nossa fé. Em Efésios 5.2b, percebemos que a essência da nossa fé é Cristo, que, por amor, deu a vida por nós, como uma oferta de perfume agradável. Sentimos o amor de Cristo concretamente no Batismo, que confere uma nova identidade: filhos e filhas de Deus, parte da Igreja de Cristo. Enquanto pessoas batizadas, o nosso fundamento de vida é o Mandamento do Amor, por isso lembrar o Batismo é (re)afirmar o chamado de Deus, que escolhe e conduz cada pessoa a ir e dar frutos do seu amor no mundo. Então: qual é a tua essência? Vamos refletir e construir junt@s uma resposta? Para isso, convidamos você, o seu grupo de JE, amigas e amigos a participar conosco do 25º Congrenaje, em julho de 2020, em Domingos Martins/ES. A escolha e o chamado de Deus dão novo sentido à vida, despertando para outra resposta sobre a nossa essência. A Igreja é mais que legal: é essencial! Junto com o lema bíblico de Efésios 5.2b, essa vai ser a nossa reflexão no Congrenaje. Te esperamos lá!

GESTÃO DE OSCS E MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS URSOS CULTURA POP HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR E NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ENSINO RELIGIOSO BÍBLIA ACONSELHAMENTO PASTORAL

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CRIANÇA

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UNIDADE

UNIDADE

Série Especial

Deixo com vocês a minha paz

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Paz nas relações sociais

O Tema da IECLB para 2019 lembra que Deus nos criou como seres íntegros, participantes e cooperadores no cuidado da Criação, por isso louvamos e agradecemos a Deus e anunciamos a sua Palavra. Esta é a tarefa da Igreja!

Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a). Este é o Lema de 2019, que ilumina o Tema Igreja - Economia - Política. O versículo completo da palavra de Jesus é: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Que o coração de vocês não fique angustiado nem com medo (Jo 14.27). A cultura da paz é a base para uma sociedade pacífica e pacificadora (Mt 5.19). A violência, que conspira contra essa cultura, nos atinge em vários âmbitos da vida. Há violência em toda parte do mundo, mas por que existe aqui, no Brasil, um nível de violência tão mais alto em comparação a muitos outros países? A história do Brasil está relacionada com uma invasão em busca de riqueza e expansão territorial. A sua formação eco-

Caderno de Estudos Tema do Ano - 2019

nômica, social e política está fundada na escravidão. Primeiro, milhares de pessoas de diferentes povos indígenas, foram forçadas a abandonar as suas aldeias e comunidades para trabalhar nas fazendas dos senhores de terra portugueses. Depois, foi a vez de milhões pessoas de origem africana, que foram trazidas como mão de obra escrava para os mesmos senhores. Pesquisas indicam que, aproximadamente, 40% dessas pessoas jamais chegaram ao Brasil, pois morriam em virtude da cruel condição nos porões dos navios negreiros. A população negra brasileira majoritária é descendente desses ancestrais. A cada dia, cresce, entre as pessoas indígenas e afro-brasileiras, a consciência da sua história e do seu direito à cidadania plena. A violência, no Brasil, portanto, é estrutural e não apenas algo episódico. Ela se manifesta de muitas formas, sendo as mais conhecidas os crimes contra a vida. A violência racial atinge especialmente pessoas negras. É o que se chama racismo institucional. Um exemplo está no índice de homicídios no Brasil, que afeta especialmente pessoas jovens e negras. De acordo com o Atlas da Violência 2018, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios em 2016. Foram 33.590 assassinatos de jovens (15-29), sendo 94,6% do sexo masculino. Segundo o Atlas da Violência, ‘a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à

taxa de não negros (16,0% contra 40,2%). Em uma década, entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%. Cabe também comentar que a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à taxa de mulheres não negras’. Este grau de violência tem como pano de fundo uma sociedade desigual e socialmente injusta, que sonega educação, cultura e lazer para as camadas mais pobres da população. A maior parte da riqueza produzida no país é concentrada nas mãos de pouco mais de 5% da população brasileira. O salário mínimo, que, por certo período, teve aumento acima da inflação, mostra retração nos últimos anos. Esta perda atinge principalmente pessoas trabalhadoras sem grande qualificação e a imensa maioria de pessoas aposentadas. O desemprego atingiu mais de 14 milhões de pessoas em 2018 e não se vê perspectivas de reverter essa situação em curto prazo. O congelamento dos gastos do governo por 20 anos, retirando investimentos importantes da educação, da saúde, da atenção a crianças, pessoas idosas, pessoas com deficiência e setores vulneráveis só faz aumentar as preocupações e as desigualdades. Há também a violência contra as mulheres e a violência doméstica, que, na maior parte das vezes, é causada por parceiros ou ex-parceiros. Existem, ainda, as

várias formas de violência e exploração sexual de crianças e adolescentes, a pornografia infantil, a exploração de trabalho irregular e até a doação ilegal de órgãos. Constatam-se igualmente formas modernas de escravidão, que atingem pessoas pobres no meio rural e nas periferias das cidades. Povos tradicionais que trabalham de forma comunitária, tais como quilombolas e indígenas, infelizmente ainda são expulsos de suas terras. Este panorama é incompleto, mas aponta para a necessidade urgente de enfrentar as diferentes formas de violência, identificar causas e causadores e buscar novos formatos de relação social. Esta tarefa compete à sociedade civil, às autoridades e às comunidades de fé. Este é o clamor por cidadania que brota incessantemente dos grupos mais vulneráveis e empobrecidos. Sabemos que Jesus deu atenção para essas pessoas e as chamou de bem-aventuradas (Mt 5.110 e Lc 6.20-26). Seguindo os passos de Jesus, temos o desafio de promover uma cultura de paz com justiça. O Tema do Ano lembra que Deus nos criou como seres íntegros, participantes e cooperadores no cuidado da Criação, por isso louvamos e agradecemos a Deus e anunciamos a sua Palavra. Esta é a tarefa da Igreja. Da mesma forma, participamos na reprodução e manutenção da vida. Com isso, atuamos no âmbito da Economia. Ao nos organizarmos com leis e normas de convivência para estabelecer sociedades pacíficas que trabalham pelo bem comum, realizamos a nobre arte da Política. Para Lutero, todas as pessoas participam desses três âmbitos, que, na sua época, eram entendidos como Estamentos ou Ordens da Criação. Nenhum dos âmbitos da vida – Igreja – Economia - Política – é mais importante ou mais sagrado que o outro. Na história da humanidade, o lado pecaminoso, ganancioso, corrupto, perverso e odioso do ser humano tem causado desequilíbrio e desvirtuamento destes três âmbitos da vida. Pelo poder que o ser humano adquiriu com a tecnologia e pela rapidez da comunicação, parece que esse lado sombrio da humanidade está ganhando cada vez mais força e causando mais sofrimento.

O chamado de profetas e profetisas, assim como a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, conclamam a não nos deixarmos dominar por este poder destrutivo. A fé e a esperança que nascem do Espírito de Deus desafiam a transformar injustiça, ganância, corrupção e ódio, em justiça, solidariedade, amor e paz. A paz que Cristo nos dá é diferente da paz que

A fé e a esperança que nascem do Espírito de Deus desafiam a transformar injustiça, ganância, corrupção e ódio, em justiça, solidariedade, amor e paz. A paz que Cristo nos dá é diferente da paz que o mundo oferece.

o mundo oferece. A paz de Cristo se faz realidade quando solidariedade, cuidado, respeito, justiça e amor acontecem entre as diferentes pessoas, inclusive entre as inimigas. Mahatma Gandhi (18691948), grande pensador e ativista da resolução não violenta de conflitos na Índia e na África do Sul, admirador do cristianismo, disse o seguinte: ‘Para ver a face universal e toda penetrante do Espírito da Verdade é preciso ser capaz de amar até a pessoa mais ordinária, mais vulgar da criação como a si mesma. Uma pessoa que

aspira a isso não pode se arriscar a ficar fora de nenhum campo da vida. É por isso que minha devoção à Verdade tem me levado para dentro do campo da política e eu posso dizer sem nenhuma hesitação e ainda com toda humildade que aquelas pessoas que dizem que religião não tem nada a ver com política não conhecem o significado de religião. Amar uma pessoa inimiga não significa gostar dela ou concordar com as suas ações e atitudes. Significa, sim, respeitá-la e defendê-la como ser/pessoa também criada por Deus. Significa ouvi-la atentamente, tentar encontrar algum aspecto comum que possibilite o diálogo e a promoção da cultura da paz. A postura da não violência ativa precisa ser aprendida, pois não é algo que fazemos ao natural. Para isso, existem organizações e programas que trabalham com métodos e atividades que exercitam o respeito, a resolução não violenta de conflitos, a linguagem não violenta, a formação de comunidade de confiança. O Tema do Ano motiva a refletir sobre a nossa atuação e a maneira de nos relacionarmos com as demais pessoas e com toda a Criação de Deus. A sociedade atual é caracterizada por grande desigualdade, discriminação, desrespeito e violência. A atuação de Jesus Cristo desacomodou a sociedade daquele tempo. Ao percorrer vilas e cidades, ele se envolveu com diversas situações de marginalização. Diante delas, propôs mudanças de vida, de comportamento e de ações. As propostas de Jesus Cristo instigam, ainda hoje, à reflexão e à ação. Para 2019, a IECLB propõe o Tema Igreja – Economia - Política à luz do texto bíblico Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a). O Tema e o Lema convidam a unirmos as nossas vozes e as nossas ações em torno de propostas que transformam relações sem compromisso em amor fraternal e comprometido. No Sermão do Monte (Mt 5.1-10), Jesus Cristo fala para uma grande multidão. Ele afirma que felizes são as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos e suas filhas (v. 9). Assim também nós somos chamados e chamadas a atuar na promoção da cultura de paz.

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FÉ LUTERANA

Perdão sem limites, como assim? P. Jonas Zenkner Beier | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Brasil Central e Ministro na Comunidade em Uberlândia/MG Você já parou para pensar quantas vezes Deus já lhe perdoou? Talvez essa pergunta nem seja tão corriqueira, porém, se quisermos acolher a mensagem do Apóstolo Paulo (1Co 11.1) de sermos imitadores e imitadoras de Cristo, precisaremos refletir sobre o perdão sem limites de Deus e a sua incansável oferta de reconciliação, ofertada a mim e a você, para, então, imitarmos tal perdão em nossas vidas. Na qualidade de filhos queridos e filhas queridas de Deus (Ef 5.11), cabe-nos fazer a vontade do Pai e amar e perdoar, indistintamente, pelo fato de todas as pessoas serem também imagem e semelhança do Criador, afinal é assim que Ele procede conosco. A alegria de se sentir perdoado, perdoada, reconciliado e reconciliada com Deus a cada vez que erramos, reconhecemos o erro e pedimos pelo seu perdão é tão grande que transborda a paz em nossas vidas. Se a paz transborda, por que não estender à vida das pessoas à nossa volta? Essa proposta já foi feita pelo próprio Jesus, quando nos ensinou a oração do Pai Nosso: perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam (Mt 6.12), ou seja, o perdão

e a reconciliação ofertados por Deus só se completam quando assim os exercitamos em nossas relações, entre iguais. Lutero, ao falar sobre o quinto pedido do Pai Nosso, reforça o elo entre o perdão dado por Deus e o perdão exercitado em nossas relações e diz: ‘Jesus Cristo prometeu que tudo nos está perdoado, todavia sob a condição que

Você lembra quando foi a última vez que perdoou alguém? Também lembra da última vez que recebeu perdão de alguém? também perdoemos ao nosso próximo, pois, assim como diariamente cometemos muitas faltas contra Deus e Ele, não obstante, tudo perdoa por graça, assim também nós continuamente devemos perdoar ao nosso próximo que nos aflija dano, violência e injustiça ou proceda com maligna astúcia contra nós’ (Obras Selecionadas 7, p. 414).

Você lembra quando foi a última vez que perdoou alguém? Quando foi a última vez que você foi perdoado, perdoada? A sociedade em que vivemos é carente de atitudes de amor, como o perdão. A paz que o perdão pode dar não é a paz que o mundo dá, não. Essa paz que vem do exercício do perdão (perdoar e ser perdoado, perdoada), uma paz diferente daquela que o mundo dá (Jo 14.27), pois tem como fundamento a paz recebida (e compartilhada) de Jesus Cristo, que não é outra senão perdão e reconciliação. O exercício do perdão talvez não seja tão simples quanto pareça. De fato, não o é. Por outro lado, a vida sem o perdão talvez seja mais difícil ainda. Viver afastado de pessoas especiais por falta de perdão certamente faz o coração doer, por isso sugiro que pensemos na pergunta inicial desse texto, sobre quantas vezes Deus já lhe perdoou, e, conforme for a resposta, assim também a reproduza em seu cotidiano. Não julguem os outros e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros e Deus não condenará vocês. Perdoem os outros e Deus perdoará vocês (Lc 6.37). Para refletir, leia João 14.27

Por que perdoar? P. Valdecir Patzlaff | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Centro-Sul Catarinense e Ministro na Paróquia de Ituporanga/SC Não há dúvidas quanto aos benefícios do perdão. Em artigo na Revista Galileu (novembro/2014), o autor afirma que ‘Perdoar alivia estresse, reduz a pressão arterial e fortalece o sistema imunológico: todo mundo ganha ao fazer as pazes’. O artigo destaca que perdoar pode fazer você viver mais, reduz sentimentos e patologias que trazem prejuízos à saúde, como tensão, depressão ou raiva. Acrescenta ainda que perdoar protege a pessoas do estresse no longo prazo. É muito bom saber tudo isso, não é mesmo? A partir dessas descobertas da Medicina, podemos afirmar que todas as pessoas são beneficiadas quando perdoam. Certamente, mesmo quem não segue os princípios de Jesus poderia encontrar aí razões suficientes para perdoar. Como pessoas cristãs, contudo, precisamos ir além dessa percepção médica. As nossas razões para perdoar não estão calcadas somente nos benefícios à saúde física e emocional que o perdão favorece, mesmo que isso seja também importante. No perdão, existe uma manifestação do agir de Deus muito mais preciosa que a paz que podemos experimentar ou

promover na vida da outra pessoa. Aqui, precisamos resgatar a história da humanidade registrada na Bíblia. Sabemos que o ser humano, na sua rebelião diante de Deus, conforme lemos no livro de Gênesis, decidiu caminhar com as suas próprias pernas, agir por conta própria, desconectando-se do Criador. Esse pecado nos afasta de Deus, nos afasta das pesso-

Perdoamos não apenas pela nossa paz ou pela paz da outra pessoa, mas, acima de tudo, porque fomos perdoados e perdoadas. as e produz dor, sofrimento, mágoa, raiva e tantas outras mazelas. Em Mateus 18.23-35, Jesus nos deixa uma parábola sobre alguém que devia muito dinheiro ao seu senhor. Era uma soma impagável. No entanto, o senhor lhe perdoou essa dívida. Contudo, esse homem não perdoou uma dívida muito menor de um conhecido seu. Quando

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soube do acontecido, o senhor ficou muito zangado, porque aquele homem havia recebido perdão, mas não quis oferecer perdão. O nosso pecado diante de Deus é muito maior que o pecado ou as ofensas que pessoas podem cometer contra nós. Mesmo assim, em Cristo Jesus, Deus nos perdoa plenamente (1Jo 1.9). Foi o sacrifício de Cristo na cruz do calvário que nos proporcionou esse perdão, que nos concede saúde e paz, mas, acima de tudo, restaura a nossa relação com Deus. Esse perdão de Deus não apenas pode nos fazer viver mais, mas nos concede a vida eterna. Sendo assim, compreendemos que a nossa relação com Deus é restaurada por meio do perdão. Comunidade Cristã é Comunidade de pessoas perdoadas. Pessoas que experimentaram esse perdão são pessoas dispostas a perdoar. Paulo afirma que Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós (Cl 3.13b), por isso perdoamos não apenas pela nossa paz ou pela paz da outra pessoa, mas, acima de tudo, porque fomos perdoados e perdoadas. Para refletir, leia 1João 1.9


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PERSPECTIVA

A Marta e a Maria de todos nós! Qualidades necessárias em uma Comunidade Cristã Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Concílio da Igreja Tudo o que fizerem, seja em palavra seja em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai (Cl 3.17). Gosto muito do hino Aprendamos com Maria, em especial a primeira estrofe, que diz: Aprendamos com Maria a ouvir com devoção, ter de Marta a energia, pressa e dedicação. Acontece diaconia na ação com oração. Ser uma Marta Maria: que bonita vocação. Penso que ser Marta e Maria define o que se espera de uma pessoa cristã. Os estudos que tratam sobre essas duas personagens bíblicas enfatizam o papel de Maria em escutar Jesus e ficar com a melhor parte: Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada (Lc 10.42). Maria estava corretíssima, pois sabemos que Jesus veio para nos servir e ouvi-lo é receber o melhor dos ensinamentos para a nossa vida. Gostaria de lembrar o trabalho da Marta. A sua forma de agradar as pessoas era oferecer a sua mão. Assim foi com Jesus. Ela procurou se esmerar tanto para atendê-lo com o melhor que chegou a pedir que ele intercedesse junto a Maria para que a ajudasse. Marta cansou, começou a reclamar, mas continuava fazendo, porque esse era o modo que ela se doava às pessoas. O fato de Marta se dedicar a Jesus é porque havia sido tocada por Ele e o agir dela e o seu amor por Cristo revelavam-se no seu

trabalho. Não há motivo para considerar que esta seja uma ação menor. É importante lembrar que, quer seja em oração, quer seja em serviço, o tempo que dedicamos a Jesus sempre será bem empregado. Tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim, ponham-no em prática e o Deus da paz estará com vocês (Fl 4.9). Quanto a nós, o que somos? Marta? Maria? Ambas? Todas as vezes que vejo pessoas se colocando à disposição para o trabalho, colocando os seus dons a serviço do Senhor, entendo que ali estão Marta e Maria. Por mais que, muitas vezes, reclamem que sempre são os mesmos e que, em determinado momento, se cansam, o maior significado que observo é que, apesar de tudo, se dedicam à Igreja. É a sua maneira de pregar o Evangelho, doando-se em serviço. Dedicam-se à Igreja porque Jesus as serve com a sua Palavra e a pessoa se coloca à disposição para trabalhar. Sempre haverá, individualmente, pessoas que serão mais Martas ou mais Marias, mas também aquelas que trazem as duas na sua forma de viver a Igreja. Devemos agradecer por todas as maneiras que elas são representadas, pois ouvir o que o Senhor tem a nos dizer, como Maria, e ter a pressa e a energia, como Marta, são qualidades necessárias em uma Comunidade Cristã. Quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia (Mt 7.26).

Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 1Tessalonicenses 5.18

Até que enfim, alguém olhou para a gente! Calor sem preconceito P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS No primeiro domingo de julho, o frio intenso, com temperaturas abaixo de zero, convidava as pessoas a ficarem em suas casas, mas deixei o lar aconchegante, em São Leopoldo/RS, para ministrar uma palestra após o Culto no Encontro de Famílias da Comunidade no centro de Porto Alegre/RS. Para a minha surpresa, o templo tinha mais de 150 pessoas e quase a metade ficou para a palestra. Mesmo que os aparelhos não dessem conta de aquecer o ambiente, lá estavam pessoas de todas as idades sendo aquecidas pela Palavra e pela Comunhão em Comunidade. O clima frio da semana inspirou pessoas a buscarem, em um grande ginásio de esportes, espaço para a população de rua tomar uma sopa e dormir. Segundo a pregação calorosa daquele dia frio, também a nossa Comunidade ajudou a motivar o acolhimento do povo de rua para não congelar. A Comunidade demonstrou o seu calor decorrente da fé. Houve, entretanto, corações que estranharam algumas pessoas do povo de rua terem ido ao ginásio, tomado a sopa e voltado para o seu canto, ou seja, não terem ficado no ginásio. O Pregador enfatizou que o amor não impõe condições. Em nada diminuiu a manifestação do amor caloroso o fato de algumas pessoas de rua não terem aceitado o abrigo para dormir.

Um gesto de amor precisa estar aberto, inclusive, à ingratidão. Estamos amando e não fazendo uma troca, explicou o Pregador, citando a Parábola do Filho Pródigo. O envolvimento da Comunidade e de outras organizações para aquecer a noite do povo de rua da capital gaúcha mostra que o preconceito pode ser uma grande desculpa para não amar. Quem faz conta ou julgamentos a respeito das outras pessoas, especialmente das últimas, pode estar arranjando argumentos para não participar da festa da solidariedade. Esta ação com o povo de rua sofrido de Porto Alegre e de tantas outras cidades não resolverá o problema daquelas pessoas que fizeram da rua o seu lar. As pessoas que se envolveram nesta ação diaconal não são ingênuas a ponto de considerar tal gesto a solução para o drama dessas pessoas. Na verdade, elas não se deixaram tomar pela ideia que, ‘se não é para resolver tudo, então não há nada fazer’, uma grande desculpa para não se envolver. O assunto é mais complexo e exige mudanças na nossa sociedade, mas ela pode começar por um gesto assistencial. Como disse uma mulher de rua que se sentiu acolhida: ‘Até que enfim, alguém olhou para a gente’. Esse foi um olhar sem preconceito e que trará mais solidariedade nessa sociedade – de tanto ódio e tanta mentira – que se diz cristã. Será mesmo? Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

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MISSÃO

Metas Missionárias da IECLB 2019-2024 P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão da IECLB 2a Meta Missionária: Igreja aberta, que proclama o Evangelho contextualizado em favor de todas as pessoas e da Criação de Deus. Para concretizar esse anúncio do Evangelho contextualizado, viu-se necessário dar prioridade às áreas: a) Culto e Comunicação, b) Renovação e Fortalecimento da Evangelização e c) Novas Áreas de Missão. A rigor, essas áreas estão entrelaçadas, por isso não é possível optar por uma delas. Quanto às novas Áreas de Missão, foram destacadas duas ações. A primeira aponta para novas iniciativas missionárias e diaconais. A segunda incentiva à promoção de estratégias que possibilitem a presença em cidades acima de 200 mil habitantes. No fundo, trata-se de fortalecer o testemunho de Comunidades, Paróquias e Sínodos por meio da Ação Missionária caracterizada pela Evangelização e a Diaconia.

Este fortalecimento não pode ser fruto da improvisação, por isso foram colocados os seguintes objetivos: - ratificar o Planejamento Missionário Participativo, o Monitoramento e a Avaliação como essencial para o Fortalecimento Missionário; - fortalecer a formação para o exercício da Ação Missionária ousada, criativa e contextualizada em Comunidades, Paróquias e Sínodos; - viabilizar novas frentes de Ação Missionária e diaconal por meio de capelanias/ pastorais: saúde, escolar, universitária, carcerária, portuária, pessoa idosa, criança e adolescente, etc; - fortalecer a Rede de Diaconia; - proporcionar espaços de convivência e fortalecimento da fé que contemplem os anseios e valorizem as contribuições das pessoas idosas para a Igreja. Alguém poderia argumentar que não há nada novo. Respondemos dizendo que, em tempos críticos, é bom voltar ao

básico, ao essencial. O planejamento, a formação, a ousadia para novas frentes, a evangelização, a diaconia e a comunhão são o básico que nos conduz a analisar e repensar os nossos modos de ser e estar no mundo como Igreja de Confissão Luterana que anuncia o Evangelho. As Metas Missionárias, com as suas Áreas de Prioridades e os seus Objetivos, não são um ‘caderno de receitas’. Elas apontam para onde olhar e, segundo cada contexto, ver o que precisa ser feito. Desta forma, como IECLB, esperamos oferecer um testemunho evangélico em favor de todas as pessoas e da Criação de Deus.

Capelania da Saúde O acompanhamento pastoral de membros hospitalizados, bem como os familiares destes membros durante os processos do cuidado, faz parte do carregar as cargas de irmãos e irmãs de fé. Isto é o que está no centro da Capelania da Saúde, a presença da Igreja na situação de sofrimento. Hoje, na IECLB, há, aproximadamente, 15 Capelanias da Saúde, em várias cidades, distribuídas pelos Sínodos Brasil Central, Espírito Santo a Belém, Mato Grosso, Norte Catarinense, Paranapanema, Rio dos Sinos, Rio Paraná, Sudeste, Uruguai e Vale do Itajaí. Elas são sustentadas pelos próprios Sínodos e pelas próprias Paróquias ou com apoio da IECLB. Para fortalecer esta Área de Missão, foi criado um Curso de Especialização Lato Sensu em Aconselhamento Pastoral Hospitalar e uma pessoa de cada Sínodo está sendo subsidiada pela Igreja. A Capelania da Saúde é a Igreja presente em uma nova Área de Missão, com Ministros e Ministras, por meio da Palavra, prestando assistência espiritual a pacientes e familiares.

Campanha de Missão Vai e Vem Sidrolândia/MS | Sínodo Rio Paraná

Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos. João 8.31

Sidrolândia, município da região Centro-Oeste do Estado do Mato Grosso do Sul, tem mais de 45 mil habitantes. A Comunidade de Sidrolândia, fundada no dia 12 de março de 1988, atendida pela Paróquia de Campo Grande, vive, hoje, as consequências de um longo período de divisões, como a perda de grande parte dos membros, além das dificuldades relacionadas à autossustentabilidade. O objetivo do Projeto Missionário é buscar a reconstrução e o fortalecimento da Comunidade de Sidrolândia, que, atualmente, conta com, aproximadamente, 80 pessoas. Os trabalhos que desenvolvem a Ação Missionária são a intensificação do Culto, da vida comunitária e da evangelização, bem como da Educação Cristã, que visa a aprofundar a confessionalidade luterana. Pensa-se, desta forma, oferecer um fiel testemunho do ‘jeito luterano’ de expressar a fé no contexto do Mato Grosso do Sul.

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SÍNODOS

Igreja que serve, serve, Igreja que prega e vive! Ser Igreja no Sínodo Nordeste Gaúcho Pa. Ma. Tânia Cristina Weimer* | Pastora Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho

Igreja que serve, serve, Igreja que prega e vive, não serve a si mesma, mas é parceira do Deus Salvador!

HPD 417

A nossa Missão como Igreja e, consequentemente, como membros do Corpo de Cristo, é sair de nós mesmos e buscar as pessoas que se encontram descuidadas, afastadas e sem amparo para as suas dores e o seu forte sentimento de abandono. Pessoas precisam e buscam por orientação em algum lugar. Procuram ‘alguém’ que lhes possa proporcionar sentimento de pertença. Hoje, é mais comum falar sobre o cuidado consigo mesmo que a respeito da preocupação com o próximo. O diferencial está naquilo que nos motiva. Os papeis assumidos na vida de fé são os norteadores para uma visão mais ampla ou mais fechada para a Missão de Deus. Se é a gratidão que orienta a nossa vida, veremos que a nossa participa-

ção na Igreja não se reduz à cooperação nas atividades, mas ao verdadeiro engajamento: a doação integral à causa de Cristo. Veranópolis é um município localizado no nordeste do Rio Grande do Sul, na Serra gaúcha, a 125 km de Estância Velha, a Sede do Sínodo Nordeste Gaúcho. Conhecida como a capital brasileira da longevidade, a sua população é de, aproximadamente, 23 mil habitantes, conforme o censo IBGE de 2008. É a nossa Comunidade mais distante, com a participação de cerca de 86 pessoas. A Comunidade diminui ou cresce conforme as oportunidades de emprego na região. O município teve uma Comunidade forte, mas, sem acompanhamento pastoral adequado e constante a partir da década de 1960, migrou para a IELB e outras comunidades religiosas e a Comunidade foi extinta. Conta a história que havia presença da IECLB na região por volta de 1890, quando

a maioria dos imigrantes se radicou em Alfredo Chaves e redondezas. O primeiro Pastor foi o imigrante Carl Platzeck. Após a morte do P. Platzeck, a Comunidade não teve mais Pastor residente, passando a ser atendida por diversos Pastores itinerantes. Toda vez que visito essa Comunidade em seus Cultos ou almoços, encontro pessoas fiéis e engajadas nas atividades. Somos responsáveis pela proclamação da Palavra para essas famílias, que vêm de lugares e distantes por causa de emprego e sobrevivência das suas famílias. Somos responsáveis pela herança da fé, de uma Igreja viva e dinâmica que deixamos para as próximas gerações. Foi nessa realidade que se encontraram, há 20 anos, três famílias luteranas pertencentes à IECLB e que tinham o desejo de manterem-se firmes na fé que trouxeram da sua terra natal. Então, buscaram pela Paróquia mais próxima, em Farroupilha, e passaram a ser atendidas como Ponto de Pregação. O Ponto de Pregação passou a ser Campo Missionário do Sínodo Nordeste Gaúcho, mantido pelo Sínodo, via Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem, como Projeto Missionário. Após dois anos, a então Paróquia de Veranópolis mudou a sua situação! De Comunidade com funções Paroquiais, para Comunidade novamente, integrando a já formada Paróquia de Farroupilha. Como Igreja que serve, o nosso compromisso é manter a presença da IECLB, cuidando dessas pessoas, para que a Comunidade se sinta amparada e motivada a se comprometer cada vez mais com a sua Missão na Igreja e na sociedade: levar a todas as pessoas a Palavra de Deus. É preciso conscientizar, principalmente, pessoas jovens e adultas sobre a importância da sua participação para tornar esta Comunidade viva e atuante. *Colaborou a Pa. Paula Naegele, Ministra na Paróquia de Farroupilha/RS

Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. João 8.32

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GESTÃO

CONSELHO DA IGREJA

Nosso compromisso é o Evangelho (parte 3/6) Presidência do Conselho da Igreja 7. Nós confessamos que Deus fez tudo o que existe. Aos olhos de Deus, toda a Criação é muito boa (Gn 1.31). Deus nos deu habilidades, capacidade criativa e responsabilidades. Como imagem e semelhança de Deus, deveríamos cuidar da Criação da mesma forma que Deus cuidaria (Gn 1.27 e 2.15). O desmatamento, a poluição, o consumo excessivo e o uso desenfreado de agrotóxicos evidenciam justamente o contrário. A liberação de agrotóxicos, já proibidos em outros países, traz consequências nocivas para a saúde humana e para a vida de outros seres criados por Deus. Os crimes ambientais de Mariana/MG e Brumadinho/MG chocaram pela destruição e violência. Sustentamos que agências reguladoras e órgãos ambientais devem exercer fiscalização rigorosa, sem conivência com interesses econômicos. Reiteramos a necessidade urgente de reduzir emissões dos gases que causam o efeito estufa. Reivindicamos ações de saneamento para diminuir os efeitos do esgoto. Precisamos desenvolver, em nossas casas e em nossas Comunidades, ações de cuidado com o planeta. Se não agirmos, as gerações futuras sofrerão muito mais as consequências da nossa capacidade destrutiva e do descaso com o meio ambiente. 8. Entendemos que a função da Política é organizar a vida em sociedade e promover a justiça. A nossa democracia se fragiliza quando, em lugar do bem comum e da justiça social, prevalecem

interesses pessoais e de grupos econômicos. Há dificuldade em consolidar políticas públicas que garantam a universalização do acesso à educação e à saúde, assegurem o cuidado com o meio ambiente, o acesso a alimento saudável e o direito a uma aposentadoria digna. A prática da corrupção, que não é exclusividade da Política, impregna o sistema político. Não havendo punição adequada, a corrupção acaba sendo vista como prática que ‘vale a pena’. Pessoas desempregadas, trabalhadoras e empresárias, comprometidas com princípios éticos do bem comum, são as que mais sofrem com o desvirtuamento político. Percebemos que também o sistema judiciário precisa ser aprimorado e funcionar imparcialmente, de acordo com o direito e as normas constitucionais. Manifesto da IECLB: Nosso compromisso é o Evangelho, elaborado por incumbência do XXXI Concílio da Igreja, realizado em outubro de 2018, em Curitiba/PR, e aprovado, em março de 2019, na Reunião do Conselho da Igreja, após consulta aos Pastores e às Pastoras Sinodais, com subscrição da Presidência da IECLB. Continua na próxima edição...

Jesus Cristo diz: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14.6 GESTÃO ADMINISTRATIVA

Estatísticas como ferramenta para o Planejamento Missionário Secretaria Geral da IECLB A IECLB mantém a prática histórica de, a cada dois anos, fazer a coleta dos dados estatísticos junto às suas Paróquias e Comunidades. A coleta é feita com base no registro de dados do ano anterior. A coleta das Estatísticas 2019, por exemplo, tem por base os dados de 2018. Em 2019, o período de coleta teve início em 13 de maio e se estende até 31 de agosto. Para implementar as Estatísticas, a Igreja adota um formulário padrão para o preenchimento das Comunidades. Atualmente, a modalidade de preenchimento é via aplicativo. As Comunidades que têm um sistema de informação organizado e atualizado, que dialoga com o formulário padrão da IECLB, não têm dificuldades de preencher as informações. O benefício de ter um sistema de informações organizado e atualizado, em primeiro lugar, é da própria Comu-

nidade. Comunidades que dispõem de dados atualizados, em geral, avançam melhor na Gestão e no Planejamento Missionário. As Estatísticas ilustram bem o nosso modelo de Igreja. As Comunidades informam os dados, que são organizados por Sínodos. As informações organizadas por Sínodo ajudam a qualificar o Planejamento Missionário em âmbito sinodal, com base na análise dos dados comunitários. Cabe à Sede Nacional da Igreja, por sua vez, gerenciar o processo administrativo, consolidar e analisar os dados em âmbito nacional e disponibilizar relatórios comparativos para apreciação das lideranças sinodais e nacionais. Este ano, pelo segundo período consecutivo, a coleta dos dados será feita de forma digital, por meio de um aplicativo. As Comunidades acessam o aplicativo e registram os seus respectivos

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dados. Os Sínodos monitoram o preenchimento dos dados pelas Comunidades e a Sede da Igreja monitora o percentual de preenchimento por Sínodo. Encerrada a coleta, as informações são consolidadas automaticamente para o acesso e o conhecimento das partes interessadas. A coleta de dados em formato digital ajuda a qualificar a Gestão. As informações ficam disponíveis online e podem ser acessadas e conferidas a qualquer momento. Adicionalmente, a partir desta segunda coleta em formato digital, o aplicativo disponibiliza relatórios comparativos entre os diferentes períodos. Dessa forma, é possível analisar tendências. Assim, as Estatísticas podem e devem contribuir efetivamente para qualificar o Planejamento Missionário nos três níveis - Comunidades, Sínodos e Igreja Nacional.


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DIVERSIDADE

Imigrantes - Migrantes Processos migratórios: em casa na terra brasilis P. Luis Henrique Sievers | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Vale do Taquari e Ministro na Comunidade em Lajeado/RS

Em 2019, faz 195 anos que os imigrantes alemães aportaram em terras brasileiras. Vieram com tudo que lhes restava, inclusive Bíblias e Hinários. Tratava-se da necessidade de sobrevivência. Com fé, esperança e muito trabalho, reconstruíram as suas vidas. Esse esforço também fez com que as gerações seguintes se sentissem em casa na terra brasilis. Olhando para trás, há muito que agradecer a Deus, presença constante nessa jornada. Processos migratórios estão acontecendo em todo o mundo ainda hoje. Miséria, guerras, perseguições políticas e religiosas, bem como catástrofes naturais, continuam forçando as pessoas atingidas a procurarem condições mais dignas de vida, longe da sua terra

natal. São massas de pessoas que dependem de ajuda humanitária. A partir do terremoto de 2010, agravado por um tsunami, o Brasil ofereceu essa ajuda humanitária ao Haiti. Recentemente, a crise política e a fome no país vizinho têm feito com que venezuelanos procurem refúgio em terras brasileiras. Lajeado/RS, por exemplo, tem recebido haitianos, senegaleses e venezuelanos, entre outras nacionalidades. No passado, a cidade acolheu colonos, artesãos e comerciantes alemães. Os seus descendentes, hoje, estão diante do desafio de acolher e integrar novos imigrantes na região. Eles são desafiados a superar medos e preconceitos de estrangeiros que, com certeza, os seus antepassados

também enfrentaram. Afinal, abençoada e herdeira do Reino de Deus também é aquela pessoa que recebe o estrangeiro na sua casa, conforme Mateus 25.31ss. Os cristãos encontram na oração a Deus um instrumento de serviço no mundo. Não oram apenas por causas privadas, mas também intercedem por tribulações que atingem o próximo, cristão ou não. A vida pública é do interesse da fé cristã, por isso os fiéis pedem a Deus que oriente as ações das autoridades no cuidado para com todas as pessoas, ‘em particular às necessidades das pessoas mais vulneráveis’ (Mensagem Oração em Causa Pública - 2009). Fazemos bem pedindo a Deus pelos migrantes e refugiados. O desejo expresso em uma oração também deve servir de estímulo para o comportamento e as ações da pessoa crente. Uma regra beneditina exorta: ora et labora (ore e trabalhe). Desde o surgimento dos novos migrantes na cidade, a Comunidade em Lajeado também procurou formas possíveis de ajudar no acolhimento dessas pessoas, seja na aprendizagem da Língua Portuguesa, na oferta de cursos profissionalizantes, na tradução juramentada de documentos pessoais ou no acesso a móveis e utensílios domésticos, por meio do seu brechó. Filhos de imigrantes e alunos brasileiros estão tendo aulas de karatê, que promove a convivência, a solidariedade e o respeito. Parcerias com outras instituições, entidades e órgãos públicos que também prestam apoio aos imigrantes facilitam o trabalho e potencializam os esforços de acolhida e integração.

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A promessa de terra é tão antiga como a humanidade. Terra para morar, plantar, colher, trabalhar, folgar e dormir com sossego é símbolo de vida digna. Deus mesmo a imaginou assim quando plantou o Jardim do Éden. Nele colocou o ser humano com a tarefa de cultivar e guardar o belo jardim do Criador, mas alguns deixaram de ser capatazes de Deus e passaram a ser donos. Começaram a explorar os seus irmãos e irmãs, fazendo-os

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Terra: símbolo de vida digna trabalhar como escravos. A fome os obrigou a deixar as suas casas, se é que ainda tinham, e sua parentela em busca de condições mais dignas de vida. Renovamos a nossa gratidão ao bondoso Deus que carregou e sustentou os nossos antepassados e nos fez encontrar neste chão a nossa terra natal. Manifesto sobre os 175 anos de presença luterana no Brasil (1999)

A fé da criança

Educação e espiritualidade na infância Manfredo C. Wachs

Leia e partilhe saberes!

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ESTUDOS BÍBLICOS

Precisamos aprender urgentemente a escutar!

Dinâmica

Você faria um curso de ‘escutatória’?

Para esse momento, sugiro o preparo de três estações: 1. Silêncio com a Palavra, 2. Oração do Coração e 3. Mudança de Atitude. Monte cada uma delas com uma vela, uma cruz e uma planta. Além disso, na primeira estação, acrescente uma Bíblia. Na segunda, pedras e flores. Na terceira, pequenos pedaços de papel e caneta. Durante o tempo em que as pessoas estiverem percorrendo as estações, deixar tocar músicas instrumentais ou de Taizé (Youtube).

Pa. Bianca Daiane Ücker Weber | Pastoral Escolar na Escola Sinodal de Curitiba/PR Quando lemos esta Palavra Bíblica, podemos nos perguntar se Tiago sabia bem o que estava falando! Sim, pois seria muito mais fácil dizer ‘esteja pronto para falar e demore para ouvir’. Afinal, estamos sempre prontos e prontas para falar. Desde criança, somos motivados e desafiados para a ‘arte do bem falar’. Poucas vezes (ou quase nunca), somos desafiados para a ‘arte do bem ouvir/escutar’. Assim, a advertência de Tiago é muito desafiadora! É difícil escutar, é difícil refletir e é difícil não ficar com raiva de alguém que nos provocou. Vamos refletir em partes... Tiago diz: Esteja pronto para ouvir: esta ação requer ouvidos atentos e totalmente dispostos para a outra pessoa. Quantas vezes estamos ouvindo alguém e já lembramos de uma história que nós vivemos? Interrompemos a pessoa que fala com a nossa história e ela nem finaliza aquilo que começou. Já contamos como a nossa situação foi bem pior,

Lema do Mês

com o coração e com o corpo – exato, com o corpo, pois, muitas vezes, escutamos com os ouvidos, mas o corpo mostra claramente que não estamos dando a devida importância para a pessoa que fala. Precisamos treinar os nossos ouvidos, o nosso corpo e o nosso coração para ouvir a outra pessoa, sem preconceito ou julgamento. Demorar para falar: demorar para falar significa dedicar tempo para refletir. Hoje, tudo é instantâneo. Se enviarmos uma mensagem para alguém via aplicativo, saberemos se esta pessoa visualizou ou não. Se ela ‘demorar’ um minuto para responder, já entraremos ‘em cólicas’! Dia desses, escutei em uma rádio que precisamos passar por três etapas importantes na comunicação: receber uma mensagem/notícia, refletir sobre essa mensagem/notícia e, só depois disso, responder. O problema é que anulamos a segunda etapa – refletir. Recebemos a notícia e já respondemos / julgamos / condenamos. Não dedicamos tempo para a reflexão. Tiago alertou muito sabiamente: demore para falar, reflita antes de responder, avalie, analise. Demore para falar e, quando o fizer, que seja com amor, sabedoria, compreensão. Demore para ficar com raiva: Tiago alerta para o cuidado com as emoções. É importante saber identificar qual emoção estou vivendo e como lido com ela. Nas ultimas eleições no nosso país, vimos muitas famílias e até mesmo Comunidades se dividindo por causa de determinados posicionamentos ‘raivosos’, demonstrados em palavras duras e nada cristãs. Atitudes assim só causam divisão. Política é assunto sério, que deve ser dialogado olho no olho e não nas Redes Sociais, pois lá existe divisão, desamor... falta o ‘humano’. A raiva não é um bom sentimento para nos acompanhar na hora de falar, escrever. A raiva precisa ser acalmada! Eu gostaria de participar de um curso de ‘escutatória’, para aprender a ouvir a outra pessoa, a mim mesma, para aprender a ouvir a voz de Deus. No texto de Rubem Alves, ele também disse: ‘Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio’. Então, depois dessa reflexão, você faria um ‘Curso de Escutatória’?

Cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva. Tiago 1.19 como resolvemos, que isso já vai passar, não é nada... Não damos a devida importância para a angústia, o momento que a outra pessoa está vivendo. Ouvir com atenção é exercitar empatia. É se colocar no lugar da outra pessoa, sem ficar fazendo comparações, julgamentos. Estar pronto para ouvir é exercício cristão. Um jogador precisa treinar o seu corpo diariamente para realizar uma boa atuação no seu esporte. A pessoa cristã precisa treinar o seu ouvido diariamente para exercer aquilo que diz crer. O renomado Escritor mineiro Rubem Alves (1933-2014) fez um texto excelente e provocativo, intitulado A escutarória, em que ele diz: ‘Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil…’. Precisamos urgentemente aprender a escutar. Não só com os ouvidos, mas

Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

Saudação Que a graça e a paz do nosso Deus estejam com cada um e cada uma de nós! Canto Ouve nossa oração e atende a nossa súplica (2x). Reflexão Abordar o texto escrito. Vivência Neste momento, queremos refletir individualmente sobre como esta palavra nos impacta, em silêncio e sem pressa. 1. Silêncio com a Palavra Nesta estação, deixe visível o versículo de Tiago 1.19 (Cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva). O que esta Palavra diz para a sua vida? Reflita sobre ela. Silencie diante de Deus. 2. Oração do Coração Nesta estação, faça a sua oração. Entregue para Deus as suas preocupações, aflições. Pegue uma pedra para representar o seu ‘peso’. Ore e, em seguida, deposite a pedra diante da cruz, entregando a Deus todas as suas aflições. A vida também é feita de alegria! Pense nas coisas que enchem o teu coração de paz e alegria! Pegue uma flor e pense nas coisas que têm florescido na sua vida! Ore e agradeça a Deus, depositando esta flor diante da cruz, em gratidão. 3. Mudança de atitude Nesta estação, reflita sobre a sua forma de ouvir as pessoas. Você escuta mesmo, com o coração? É preciso treinar o ouvido? Como isto é possível? Escreva o que você precisa mudar. Como fará esta mudança? Oração final Faça um circulo, reúna os motivos de oração e finalize com o Pai Nosso. Benção Vão na paz de Deus e sirvam a Ele com os ouvidos bem atentos. Amém.


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