Jornal Evangélico Luterano | Ano 50 | Março 2019 | n o 825
IECLB
Uma vida de paz, shalom , é dádiva e bênção de Deus! Desejar a bênção de Deus para alguém é desejar a shalom que tanto necessitamos. É desejar que essa pessoa possa perceber o quanto Deus está presente na sua vida e o tanto que Ele já tem feito e ainda irá fazer ao longo dela.
Juventude Evangélica:
Escola: espelho da sociedade
Quando a paz nos envolver...
juventude missionária juventude protagonista
Fala com sabedoria e ensina com amor
O fruto da justiça será a paz!
Formação
Perspectiva
Diversidade
Jorev Luterano - Março 2019
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REDAÇÃO
Uma vida de paz, shalom, é dádiva e bênção de Deus! Qual é o espaço que concedemos a Deus? Quais são as aflições que enfrentamos para chegar a Deus e deixar Deus conduzir os nossos passos? O que nos afasta de Deus? Temos disposição para servir e adorar unicamente a Deus? São questões propostas pela Carta Pastoral da Presidência para o mês de março, que tem como Lema Bíblico o texto de 1Samuel 7.3, Dediquem-se completamente ao Senhor e adorem somente a ele. A passagem bíblica faz pensar sobre o nosso dia a dia, afirma a Carta: “Adoração é uma postura de vida. É atitude de testemunho no mundo. Adorar a Deus equivale a servir, atuar para aliviar a dor e transformar situações de sofrimento e injustiça. É ter abertura e disposição para se envolver com dons, recursos e tempo para anunciar o Evangelho e promover justiça, dignidade e vida”. Também faz parte da adoração e do serviço a Deus, atuar em situações de sofrimento, lá onde a vida dói. A Palavra de Deus nos desafia a servir e a adorar, destaca a Carta: “Um exemplo na IECLB é a visitação. Temos muitas lideranças engajadas na visitação a pessoas doentes, enlutadas, em sofrimento. A partir deste serviço de visitação, em grande parte realizado voluntariamente, transmitimos e vivenciamos o amor de Deus”. Nesse sentido, as reflexões oferecidas pela Editoria Fé Luterana nos falam a respeito do amor de Deus a partir da paz que Deus nos dá, que vai além da paz que o mundo oferece. É se saber pessoa cuidada e amparada pelas mãos do Criador desde o amanhecer de cada dia, animada e consolada pelo Santo Espírito de Deus nos momentos de dificuldade. O primeiro texto chama atenção que “A paz que Jesus quer nos deixar envolve a luta contra tudo que prejudica as pessoas e a vida em sociedade. Uma vida em paz é presente de Deus, bênção divina. Reconhecer a presença e a ação de Deus em nossas vidas pode nos trazer a verdadeira paz a serviço do seu Reino”. “Desejar a bênção de Deus para alguém é desejar a shalom que tanto necessitamos. É desejar que essa pessoa possa perceber o quanto Deus está presente na sua vida e o tanto que Ele já tem feito e ainda irá fazer ao longo dela”, esclarece o segundo texto. Quaresma... Tempo de reflexão, silêncio e preparação para a Páscoa... Boa leitura!
CAPA Para o povo judeu, shalom (paz) é um termo abrangente que significa felicidade, entendimento e bem-estar espiritual, físico, social, econômico e político das pessoas, das famílias ou grupos com quem elas se relacionam, das cidades em que moram, dos povos aos quais pertencem.
Jornal Evangélico Luterano | Ano 50 | Março 2019 | n o 825
IECLB
Uma vida de paz, shalom , é dádiva e bênção de Deus! Desejar a bênção de Deus para alguém é desejar a shalom que tanto necessitamos. É desejar que essa pessoa possa perceber o quanto Deus está presente na sua vida e o tanto que Ele já tem feito e ainda irá fazer ao longo dela.
SUMÁRIO 2
REDAÇÃO
CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE
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ENFOQUE
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PALAVRA
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PRESIDÊNCIA
6
FORMAÇÃO
7
CRIANÇA
Juventude Evangélica:
Escola: espelho da sociedade
juventude missionária juventude protagonista
Fala com sabedoria e ensina com amor
O fruto da justiça será a paz!
Formação
Perspectiva
Diversidade
Quando a paz nos envolver...
CARTA PASTORAL CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO HABILITAÇÃO AO MINISTÉRIO ESTUDANTES EM FORMAÇÃO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA TEMA DO ANO AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA JUVENTUDE O AMIGO DAS CRIANÇAS
8-9 UNIDADE
DEUS Misericordioso
10 11 12 13 14 15 16
FÉ LUTERANA
SHALOM!
PERSPECTIVA
SABEDORIA E AMOR FELIZES PARA SEMPRE!
MISSÃO
METAS MISSIONÁRIAS DA IECLB CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM
SÍNODOS
MISSÃO DE DEUS
GESTÃO
CONSELHO DA IGREJA GESTÃO ADMINISTRATIVA
DIVERSIDADE
QUANDO A PAZ NOS ENVOLVER...
ESTUDOS BÍBLICOS
PARA QUEM CLAMAMOS?
Que o Senhor, nosso Deus, esteja conosco. Que Ele nunca nos deixe nem nos abandone! 1Reis 8.57 EXPEDIENTE Pastora Presidente Pa. Sílvia Genz Secretário Geral P. Marcos Bechert Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.
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ENFOQUE
Carta Pastoral Dediquem-se completamente ao Senhor e adorem somente a Ele. 1Samuel 7.3
Presidência da IECLB O lema bíblico para o mês de março fala em adorar e servir. Ele surgiu em contexto de exortação. O povo de Israel havia adotado deuses diversos e Samuel exorta o povo a abandonar esses deuses criados por mente e obra humana. O povo deve se voltar a Deus de todo o coração e servir somente ao Senhor. Este também é o desafio e o alvo da nossa caminhada enquanto pessoas e comunidades cristãs. Samuel cresceu servindo a Deus e foi escolhido para liderar. Buscava praticar a vontade de Deus. Exercia liderança de modo digno e exemplar, por isso pode admoestar o povo com autoridade. Ao ser líder fiel a Deus, serviu e adorou, tornandose referência para o povo. Este também é o chamado para nós, individualmente e na condição de Comunidade Cristã. Adorar e servir são princípios para dar rumo à vida cristã. Lutero disse a este respeito: ‘Uma pessoa crente teme e honra a Deus em seu trabalho e se lembra do seu Mandamento, para que não faça injustiça a ninguém nem roube, engane ou defraude a ninguém. Essa atitude, sem
dúvida, faz da sua ação adicionalmente uma oração e um sacrifício de louvor’. O texto de Lutero indica que adorar não é uma ação estática nem esporádica. Também não é algo que fica somente entre a pessoa e Deus. Adoração é ação concreta e constante. Adoramos a Deus quando falamos sobre o seu amor e quando nos colocamos a serviço das pessoas em suas necessidades. Adoramos a Deus quando dedicamos tempo para a família, o que é um grande desafio nestes ‘tempos digitais’. Adoramos a Deus quando a prática da justiça se manifesta em nosso trabalho e em nosso dia a dia. Adoramos a Deus cada vez que agradecemos pelas bênçãos recebidas. Também faz parte da adoração e do serviço a Deus atuar em situações de sofrimento, lá onde a vida dói. Desejamos que a Palavra de Deus nos inspire e desafie a adorar e servir, sendo sal da terra e luz do mundo. Que a paz de Deus ilumine e sustente a nossa caminhada, especialmente neste tempo de Quaresma.
Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros! 1Pedro 4.10b
OFERTAS NACIONAIS 10 DE MARÇO 1o Domingo na Quaresma Fundo para Trabalho Diaconal/ Capelanias da Saúde Estar ao lado de pessoas em situação de sofrimento, injustiça, dor, doença exige preparo, sensibilidade e disponibilidade, que precisam ser aprendidos, exercitados e aperfeiçoados, o que é possibilitado por meio de cursos, seminários e materiais. As iniciativas diaconais nos Sínodos, nas Paróquias e nas Comunidades, no fortalecimento e na ampliação das Capelanias da Saúde na IECLB, contribuem para que pessoas sejam acompanhadas em momentos de dor e fragilidade e reforçam iniciativas que visam a transformar as realidades de injustiça e sofrimento. 31 DE MARÇO 4o Domingo na Quaresma Contribuição e Sustentabilidade da ADL
INDICADORES FINANCEIROS
UPM Março/2019
4,6020
Índice Fevereiro/2019
0,43 %
Acumulado 2019
0,75 %
A Associação Diacônica Luterana (ADL) promove formação complementar à educação regular com adolescentes e jovens, reforçando as áreas da ética, da cidadania, do desenvolvimento comunitário, das artes e do protagonismo juvenil. Em 2018, foram acolhidos 68 alunos de diversas Paróquias da IECLB, inclusive de Áreas Missionárias, que, na grande maioria, são filhos e filhas de agricultores familiares. A ADL é instrumento do amor de Deus nas realidades de injustiça e negação da dignidade humana. Graças a Ministros, Ministras, Presbíteros, Presbíteras e a todas as pessoas das Comunidades e das Paróquias da IECLB, especialmente ao poder do Espírito Santo, a ADL pode continuar a ser um sinal do Reino de Deus no mundo.
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PALAVRA MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO
Motivar, valorizar e qualificar
Ministros e Ministras
Pa. Ma. Ruth Musskopf Secretária do Ministério com Ordenação da IECLB A Secretaria do Ministério com Ordenação tem se ocupado em motivar, valorizar e qualificar Ministros e Ministras. Faz isso por meio do Programa de Acompanhamento a Ministros e Ministras, que tem apoio dos Sínodos e da Igreja da Baviera. Esse Programa visa ao crescimento e ao fortalecimento da IECLB. Para isso, propõe Seminários para Ministros e Ministras com temas que abordam a relação entre a vida e o trabalho. Em um espaço de tranquilidade e distanciamento, os Seminários são conduzidos para facilitar a reflexão sobre as experiências, a descoberta de recursos e a elaboração de novas perspectivas de entendimento e atuação. A partir dos Seminários Vocação e a busca por equilíbrio entre o pessoal e o profissional no Ministério e O que é necessário para o Ministério na IECLB, com alegria e em boas condições, proporciona-se um espaço de reflexão sobre a construção da identidade ministerial e a sua relação com a própria biografia. Período Probatório, MQF - Curso de Capacitação de Liderança e Curso Básico em Mentoria Ministerial são Seminários que focam na formação e na capacitação, bem como no exercício de liderança e na resolução de conflitos. Os Seminários Pré-aposentadoria - E agora, José? E agora, Maria?, Celebração de Jubileu de Ordenação, Após a Aposentadoria Ministerial e Meu tempo, minha vida e Ministério - falar e ouvir propiciam a troca de experiências, oferecendo elementos teóricos que ampliam o entendimento de fases específicas da vida. Nas próximas edições, contaremos um pouco sobre cada um dos Seminários.
HABILITAÇÃO AO MINISTÉRIO
Preparação para o Ministério Cat. Dra. Haidi Drebes | Secretária da Habilitação ao Ministério da IECLB Habilitação ao Ministério é o período de preparação para o ingresso e exercício do Ministério com Ordenação na IECLB. Este Programa é composto por várias fases: Exame de Admissão, Período Prático de Habilitação ao Ministério (PPHM), Exame Pró Ministério, Envio ao Primeiro Campo e Ordenação. A gestão deste Programa está sob a responsabilidade da Secretaria da Habilitação ao Ministério (SHM). A SHM tem como tarefa habilitar pessoas para pregar o Evangelho de Jesus Cristo no mundo, visando ao comprometimento dos futuros Ministros e das futuras Ministras com a Missão, a Visão, a Confessionalidade e as demais normativas da IECLB. Esta tarefa é exercida em parceria com Pastores e Pastoras Sinodais, Ministros, Ministras e lideranças de Comunidades da IECLB. Oficialmente, o processo inicia com a participação no Seminário de Preparação, que ocorre no semestre anterior à inscrição para o Exame de Admissão ao PPHM. É pré-requisito para a Habilitação ao Ministério ter formação em Teologia, cursada em um dos três Centros de Formação com os quais a IECLB tem convênio.
Para fazer a seleção, o acompanhamento e a avaliação de Candidatos e Candidatas, a SHM se orienta pelas Competências requeridas para o exercício do Ministério com Ordenação na IECLB. Após aprovação no Exame de Admissão, os Ministros Candidatos e as Ministras Candidatas realizam o PPHM em uma das Comunidades da IECLB. O PPHM tem a duração de 17 meses e o aprendizado se dá especialmente pela vivência prática da vida comunitária. Durante este período, Candidatos e Candidatas são acompanhados por Ministro ou Ministra que exerce a função de Mentoria. O PPHM tem como finalidade aprofundar os conhecimentos, desenvolver a autocrítica e estimular a mudança de comportamentos, tendo em vista a apropriação das Competências requeridas. O desenvolvimento de Competências tem como propósito uma ação mais efetiva e alinhada com as necessidades missionárias da IECLB, que estruturou este Período de modo a promover o aprimoramento de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para o bom exercício do Ministério junto a Comunidades e demais setores onde a Igreja está inserida.
Ó Senhor Deus, não há ninguém igual a ti. Tu és grande e o teu nome é poderoso. Jeremias 10.6 FORMAÇÃO DE ESTUDANTES
Acompanhamento a Estudantes de Teologia Cat. Ma. Débora Raquel Klesener Conrad | Secretária de Formação da IECLB O Acompanhamento a Estudantes de Teologia foi identificado na IECLB como uma das Prioridades de Gestão. Diante disso, foi estruturado um Programa cujo principal objetivo é contribuir no desenvolvimento e na qualificação de estudantes que se preparam para o ingresso no Ministério com Ordenação. O Programa promove atividades na área da formação e da convivência, da espiritualidade e da orientação para o desenvolvimento pessoal. Um dos princípios básicos do Programa é despertar em cada estudante a necessidade de bus-
car uma formação qualificada, integral e comprometida nas dimensões: acadêmica, pessoal, emocional, física e espiritual. No total, participam do Programa 168 estudantes, necessariamente matriculados e matriculadas em um dos três Centros de Formação conveniados com a Igreja: Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, Faculdade Luterana de Teologia (FLT), em São Bento do Sul/SC, e Faculdade de Teologia Evangélica (FATEV), em Curitiba/PR. As atividades realizadas oportunizam um contato mais próximo com estudantes durante o processo de formação. Este
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contato acontece em duas dimensões: institucional e pessoal. A dimensão institucional é oportunidade de apresentar os temas relevantes para a Igreja, a eclesiologia, e as políticas que orientam a sua caminhada. Na dimensão pessoal, é oportunidade de aproximação, promoção do diálogo, da acolhida, mas também de questionamento visando sempre a contribuir no desenvolvimento de cada estudante. Esta caminhada conjunta tem sido valiosa e significativa para o fortalecimento de vínculos institucionais e pessoais.
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PRESIDÊNCIA
Quaresma... Tempo de silêncio e reflexão Páscoa: Deus está conosco! Pa. Sílvia Genz | Pastora Presidente da IECLB
Quaresma... Tempo de silêncio e reflexão, tempo de lembrar que Jesus, o Filho de Deus, foi humilhado, caminhou o caminho da derrota, da morte na cruz, condenação da época para pessoas perigosas. Deus, para falar sobre si mesmo, tocar ainda mais as pessoas, tornou-se gente. A Palavra se fez carne. Deus, invisível como Deus, se torna visível como gente e vive entre as gentes, anunciando o Reino de Deus, mas muitas pessoas não o aceitaram nem o reconheceram. Grande tristeza! Hoje, nos preparamos para a Páscoa. Não sei qual é a sua situação, mas Páscoa é
dia de lembrar que a desesperança total foi vencida. Deus, em Cristo, vence a morte… para a nossa sorte! Os Evangelhos nos contam que, no Domingo de Páscoa, mulheres foram ao túmulo onde havia sido guardado o Salvador, um lugar fechado com pedra e vigiado por soldados. Elas foram com fé e esperança de dar um pouco do muito que experimentaram na presença de Jesus em suas vidas. Parecia a última possibilidade, mas foi o novo começo. Era o fim, sim, o fim do poder da morte nas mãos do poder do mundo. Felizmente, as mulheres não estavam
Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração. 2Coríntios 9.7 TEMA DO ANO
paralizadas no esforço absolutamente necessário de ir e anunciar: ele vive! Calar-se era concordar com os que mataram Jesus, mas anunciar a derrota sobre a morte cruel e injusta poderia significar a sua morte. Esse anúncio poderia ser entendido como voz raivosa em meio à multidão sem rumo. A fé e a esperança na nova vida estão acima dos medos e das ameaças que o mundo apresenta. Festejamos a Páscoa, pois confiamos que Deus está conosco. Está com as pessoas que andam de mãos dadas, as crianças brincando na bica d’água, o pobre que come o seu pão seco, a idosa que não tem com quem falar, a pessoa enfraquecida, doente, enlutada… Cremos, teimosamente, na Ressurreição dos corpos oprimidos... destruídos como foi o de Jesus na cruz. Cremos na expulsão final do medo, na vida eterna! Como não ter medo? Como viver em confiança? Arrepender-se dos pecados! Ter fé em Jesus Cristo! Agora, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1). A ressurreição de Cristo nos faz lembrar que as pessoas sepultadas, soterradas por lamas e escombros, não são avistadas por nós, mas, em Deus, são encontradas. Cremos na ressurreição. A passagem de 1Coríntios 15.19 nos diz: Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo.
AGENDA | MARÇO 1/3
Encontrão Regional Ivoti/RS Pa. Sílvia Genz
7-8/3
Assembleia Geral da Rede Sinodal Santa Cruz do Sul/RS Pa. Sílvia Genz
Convivência pela paz Desde 1976, Comunidades e instituições vinculadas à IECLB se unem em torno do Tema do Ano. Alguns Temas conduziram a reflexão e a ação da Igreja por dois anos. Em 2019, foi mantido o Tema 2018, mas sob a luz de um novo Lema: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a). O Tema e o Lema do Ano nos motivam a agir em regime de colaboração na construção de pontes de aproximação. A partir da fé, entendemos que o caminho não está na polarização, que divide, mas na busca conjunta para a convivência em favor da paz. Somos porta-vozes do Evangelho, que tem a paz como antítese à onda do ódio. Um dos objetivos do Tema é procurar formas de baixar essa onda, apontando
para a paz que recebemos de Deus e sinalizando o que se faz em favor da paz. A vontade de Deus se traduz na sua decisão de criar, preservar vida digna e salvar. Nessa decisão se manifesta o amor de Deus. Tudo passa. O amor fica. É esse amor que quer a paz. Paz é o alvo. Amor é o meio. Igreja, Economia, Política: diante das Ordens criadas pelo Pai, o Filho afiançou: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a).
8-10/3
19-22/3
22/3
28/3
29-30/3
Culto de Despedida P. Hirotaka Tokuhiro e visita à Comunidade São Paulo Centro São Paulo/SP Pa. Sílvia Genz Encontro da Presidência com Pastores e Pastoras Sinodais São Leopoldo/RS Presidência Instalação Diretor da ABEFI Novo Hamburgo/RS Pa. Sílvia Genz Conferência Ministerial do Sínodo Vale do Taquari Teutônia/RS Pa. Sílvia Genz Reunião do Conselho da Igreja Porto Alegre/RS Presidência
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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA
Quando a terra grita: Educação Cristã e Cuidado com a Criação Pastor Hans Alfred Trein | São Leopoldo/RS
Então, Deus disse: Por que você fez isso? Da terra, o sangue do seu irmão está gritando... Gênesis 4.10 O ser humano foi formado da terra, do solo fértil. Isso, escrito em hebraico, fica evidente ao se observar as palavras adam e adamah. Adam, o ser humano, é formado da adamah, a terra fértil, ao receber o sopro divino em suas narinas. Este vínculo inseparável entre ser humano e terra também foi conservado em várias línguas. Por exemplo, os humanos são feitos de húmus, segundo a língua latina. Assim, o ser humano é um pedaço de húmus contendo o sopro divino. Quando os seres humanos se distanciam ou se alienam da terra, como as multidões que vivem hoje nas cidades de todo o planeta, algo importante está se perdendo. É como se o vínculo sagrado entre ser humano e terra fosse destruído. Da mesma forma, matar uma pessoa significa machucar a terra. Matar pessoas significa ferir a
JUVENTUDE Missão da Igreja
terra. O húmus grita por causa da morte de Abel, no relato de Gênesis, e abre a sua boca para absorver o seu sangue. O húmus é tão sagrado como a vida humana. Ora, se levarmos adiante esse ensinamento milenar da humanidade, vamos descobrir que somente resgatando este vínculo sagrado é possível imaginar um futuro sustentável para o planeta Terra, por isso o relato bíblico da Criação conclui com a ordem para que os seres humanos cultivem e guardem o jardim. O primeiro relato (Gn 1.1-2.4a) conclui com a ordem de dominar e sujeitar a terra e os animais. Já o segundo relato (Gn 2.4b-25) fala em cultivar e guardar. Percebemos diferenças muito importantes entre os dois relatos. A terra é herança da humanidade, como também a luz do sol, o ar e a água. Se não trabalharmos contra a mercantilização da terra, daqui a pouco teremos que pagar pela água, pelo ar e pela luz do sol, que recebemos de graça das mãos do Criador. Todo pedaço de terra é sagrado para Deus. Junto com os animais e as plantas, somos pedaços de húmus, animados pelo sopro divino. Um pouco mais de reverência e humildade da nossa parte é um grande passo em direção a uma terra sustentável, para além da sua redução a mercadoria e objeto de comércio no mercado divinizado dos nossos dias. Texto também publicado no livro ‘Tecendo Vidas’ (2017)
Senhor, tu és bom e compassivo, abundante em benignidade para com os que te invocam. Salmo 86.5
Bárbara Luise Hiltel Venturini Vice-Coordenadora do Conaje Sínodo Paranapanema A juventude da IECLB, ainda no Congrenaje 2016, afirmou: ser Juventude Evangélica implica, necessariamente, ser uma juventude missionária. Essa constatação, construída coletivamente, com Delegados e Delegadas jovens dos Sínodos durante a Assembleia foi a resposta à pergunta Qual é o papel da Juventude na Missão da Igreja? Nesta declaração, temos claro que a Missão é de Deus e que a Igreja é instrumento do agir de Deus: o seu papel é dar testemunho de Jesus Cristo. Assim, olhando o agir e o testemunho das pessoas jovens da IECLB, podemos ver uma juventude apaixonada pela Missão da Igreja e, consequentemente, pela sua própria Igreja, por isso é uma juventude protagonista! O Conselho Nacional da Juventude Evangélica (Conaje) tem como Missão: vivenciar e propagar o Evangelho de Jesus Cristo, fortalecer o protagonismo da pessoa jovem, respeitando a sua diversidade, e promover a paz, a justiça e o amor na IECLB e no mundo. Assim, incentiva a Educação Cristã Contínua, a produção de materiais que auxiliem e promovam atividades com pessoas jovens e a formação de lideranças, além de propor diálogos para discussão de temas pertinentes e atuais. Também oportuniza espaços para que as pessoas jovens exerçam o seu protagonismo ao testemunhar o amor e a graça de Deus, em palavras e ações, contribuindo com a promoção de uma Teologia que concilie fé e vida, sempre pautada pelo respeito à diversidade cultural, ética e sexual. A juventude quer mais espaço para contribuir com ideias, vivências, experiências e busca isso porque se percebe em condições de acrescentar – e muito – à Missão da Igreja, a Igreja com a qual sonhamos: missionária, inclusiva, atrativa, jovem, viva, plural e atuante!
SOMOS A MELHOR FACULDADE DA REGIÃO SUL, COM IGC 5 NO INDICADOR DE QUALIDADE DO MEC!!!
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CRIANÇA
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UNIDADE
UNIDADE
Série Especial
Deixo com vocês a minha paz
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Tema 2019: Igreja - Economia - Política
Talvez a maior contribuição de Jesus para uma prática de paz nas diferentes dimensões dos relacionamentos humanos seja a sua insistência no perdão sem limites. Jesus disse para perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete.
O Tema do Ano já é uma tradição na na IECLB. A primeira edição foi em1976. Normalmente, o Tema é tratado pelo período de um ano. Alguns Temas conduziram a reflexão e a ação da Igreja por dois anos. Em 2019, mantemos o Tema do Ano de 2018, mas sob a luz de um novo Lema. Por quê? Em 2018, apresentamos os motivos da escolha de Igreja – Economia - Política como Tema. Segundo Lutero, estas são as três Ordens da Criação de Deus. Recordamos do Texto-base de 2018: Igreja (que ensina a Palavra de Deus), Economia (que organiza a produção e a distribuição justa dos meios de sustento da vida) e Política (que zela pela boa convivência humana) são os instrumentos que Deus usa para evidenciar quem Ele é e o que Ele quer. A concepção de Lutero interligou âmbitos que eram considerados desi-
Presidência da IECLB (Texto Motivador - parte 1/2) guais, separados e sobrepostos. Para o Reformador, Deus age mediante as três Ordens e todas as pessoas se colocam a serviço de Deus nas três Ordens. Esta é uma indicação importante para nós: cada pessoa é chamada a atuar com Deus nestes três âmbitos da vida. O ensino de Lutero sobre as três Ordens da Criação se refere a um estado ideal que não existe mais. A natureza humana foi corrompida pelo pecado e, com isso, também as Ordens da Criação estão corrompidas. Ainda assim, todas elas permanecem sob a promessa de Deus e continuam sendo os âmbitos nos quais Deus atua. O ser humano está inserido nas três Ordens da Criação. Mesmo que uma pessoa queira se retrair da dinâmica das Ordens, o que nelas acontece vai refletir em sua vida. Pela fé, apesar da nossa condição de pessoas pecadoras, atuamos nas três Ordens e por meio delas. A nossa ação pode ser compreendida como colaboração com Deus para o melhoramento do mundo. Isto também aponta a abrangência da fé cristã. Ela vai além do âmbito pessoal e do círculo da Comunidade. A pessoa cristã é, simultaneamente, cidadã. Em 2018, tivemos a oportunidade de compreender a concepção luterana das Ordens da Criação. Em 2019, queremos avançar, identificando e indicando ações para o melhoramento do mundo por meio das três Ordens. Na concepção luterana, o alvo da Economia e da Política [e de políticas] é
a promoção do bem-estar das pessoas. Em seu comentário ao Magnificat, Lutero diz ser necessário que ‘governantes se deixem governar pela graça e ajuda de Deus, para o bem do povo. A qualidade de vida do povo evidenciará se o governante é governado ou não pela graça de Deus. [...] O bem-estar de muita gente depende de um príncipe tão importante, quando ele é governado pela graça de Deus. Por outro lado, dele depende a desgraça de muitos, quando ele se volta para si próprio e não é governado pela graça’. Diante dessa visão e considerando o novo Lema, a tarefa de governantes e de pessoas cidadãs, particularmente do povo de Deus, é promover a paz e o bem-estar de todas as pessoas. Para isso, é preciso compreender o que é paz. É disto que trata o Lema. Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a). Jesus não define a paz nesta sua frase. Também em outras ocasiões em que fala sobre a paz, o Mestre nunca define o termo. A razão é que paz era um termo conhecido e, seguidamente, usado em saudações pessoais (p. ex.: Jo 20.19). Para o povo judeu, shalom – a palavra judaica para a paz – é um termo abrangente que pode ser resumido assim: é a felicidade, o mútuo entendimento e o bem-estar espiritual, físico, social, econômico e político das pessoas, das famílias ou grupos com quem elas se relacionam, das cidades em que moram, dos povos aos quais pertencem. Paz é, portanto, felicidade, saúde, bom entendimento e
bem-estar em todos os sentidos. Para a Bíblia, paz é uma dádiva de Deus, assim como o é também a bênção: O Senhor te abençoe e te guarde [...] e te dê a paz (Nm 6.24-26). Como judeu, Jesus tinha em mente esse sentido abrangente de paz quando disse em seu discurso de despedida que deixaria e daria o seu shalom a sua paz aos discípulos (Jo 14.27-31). Que a paz para Jesus pressupõe integridade e saúde física mostram-nos trechos como Marcos 5.34 e Lucas 8.48, em que Jesus cura uma mulher e, então, diz: Vai em paz. Também a palavra de Jesus sobre a vida abundante que ele veio para dar tem a ver com o restabelecimento da saúde das pessoas (Jo 10.10). Talvez a maior contribuição de Jesus para uma prática de paz nas diferentes dimensões dos relacionamentos humanos seja a sua insistência no perdão sem limites. Foi Jesus quem disse para perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete (Mt 18.22). O perdão traz a paz para relacionamentos tensos, difíceis e carregados de culpa (Lc 7.3650). Quando não há prática de perdão, o que sobressai são atitudes de discriminação ou de ódio. O Evangelho de João acentua justamente esse aspecto: o mundo ‘odeia’ quem não reza os seus credos nem se orienta pelas suas práticas (Jo 7.7, 15.18,23,25 e 17.14). A paz de Jesus incluía uma prática decidida de não violência e, em consequência, não armamentista. Ele pede para orar pelas pessoas que nos perseguem ou caluniam (Mt 5.44 e Lc 6.28), para não revidar mal com o mal (‘olho por olho, dente por dente’: Mt 5.38). Jesus se negou a apelar para os exércitos celestiais para livrá-lo da cruz (Mt 26.53). A sua entrada triunfal em Jerusalém não foi sobre um cavalo de guerra, mas sobre um jumentinho da paz, inspirado no texto de Zacarias 9.9-10. Ali diz que Deus vai destruir os carros, os cavalos e os arcos de guerra, para que seja anunciada a paz (cf. Os 2.20). Diante disso, precisamos perguntar se propostas como as de leis que possibilitam e promovem o porte de armas condizem com o espírito da paz divina. Também é necessário perguntar em que medida o fomento de uma indústria bélica no Brasil exporta paz ou matança, sangue e destruição.
É claro que ninguém seria tão ingênuo de achar que em um país como o Brasil, só por não existir guerra declarada, já exista paz. Os índices anuais de assassinatos no campo e nas cidades, de desemprego, de milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, do caos da segurança pública, da saúde, etc., dão testemunho que a ausência de
Sem paz, dificilmente haverá justiça. Sem justiça, certamente não haverá paz: o efeito da justiça será paz e o fruto da justiça será repouso e segurança para sempre. Daí resulta a importância da justiça social para a paz.
guerra é ainda insuficiente para caracterizar a nossa vida como estando em paz, por isso, no Antigo Testamento, a paz tem uma coirmã, denominada justiça (cf. Is 48.18). Sem paz, dificilmente haverá justiça. Sem justiça, certamente não haverá paz: o efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça será repouso e segurança para sempre (Is 32.17). Daí resulta a importância da justiça social para a paz. Enquanto não oferecermos a todas as pessoas as mesmas oportunidades e espaços iguais de formação e trabalho, estaremos contribuindo para a ma-
nifestação da marginalidade, do crime, das drogas e outros males. A justiça também falha quando não aplica as leis de forma igual para todas as pessoas, criando e mantendo privilégios para uma minoria. Quando há desequilíbrio da justiça, geralmente as pessoas pobres, negras, indígenas e migrantes são as mais prejudicadas. No Salmo 85.10-13, a paz tem mais uma coirmã: além da justiça, a verdade. ‘A graça e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar’. A verdade como segundo fundamento da paz tem uma importância decisiva para Jesus no Evangelho de João (p. ex., Jo 1.17, 4.24, 14.6, 17 e 17.17). O conhecimento da verdade tem função libertadora: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.32). No Brasil, a divulgação malévola de fake news, com o interesse de acobertamento da verdade, a transmissão de meias verdades e a omissão de outras tantas pelos grandes órgãos de imprensa torna o pouco de paz que temos ainda mais frágil e danoso, gerando desconfiança, desorientação e má informação. Por vezes, os que falam em paz o fazem somente da boca para fora. Jeremias 6.14 afirma que muitas pessoas, movidas pela ganância, não têm nenhuma vergonha de mentir descaradamente e de proclamar ‘Paz, paz’, quando não há paz. São aquelas pessoas que dizem ter o interesse de curar as feridas do povo, mas, na realidade, buscam o seu próprio interesse ou o interesse de uma minoria. A paz que querem é que o povo não se manifeste nem proteste diante de mentiras e injustiças. Nesses casos, as pessoas cristãs têm o compromisso ético da denúncia. Jesus também criticou as pazes falsas, que podem estar inclusive no seio das famílias, onde a discriminação das mulheres, a submissão doentia e o machismo impedem que as pessoas vivam e se desenvolvam em liberdade. É dentro desse espírito de denúncia que entendemos as palavras em Mateus 10.3436: Não pensem que eu vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e a sua mãe e entre a nora e a sua sogra.
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FÉ LUTERANA
Shalom: presente de Deus P. Eloir Carlos Ponath | Ministro na Paróquia Domingos Martins/ES Shalom é uma palavra de origem hebraica que tem no seu significado, de forma literal, a palavra paz. No contexto judaico, a palavra shalom é mais abrangente, significando, ao mesmo tempo, harmonia, integridade, prosperidade, bem-estar espiritual, físico, social, econômico e político. Shalom também é usada para significar tanto ‘olá’ quanto ‘adeus’, da mesma forma como, hoje, cumprimentamos as pessoas com ‘bom dia’, ‘boa tarde’ ou ‘boa noite’. Desejar ‘shalom’ a alguém implicava em uma bênção (2Sm 15.27) e não desejar ‘shalom’ implicava, portanto, no oposto, uma maldição (1Rs 2.6). O termo ‘shalom’ é usado frequentemente na língua hebraica. Diante do seu significado amplo e expressivo, ele aparece muitas vezes e em inúmeras passagens bíblicas para designar desde um cumprimento (Jz 19.20 e Jo 20.19), como um simples ‘bom dia’, até a intenção de saber se a pessoa está bem (Gn 29.6) ou, ainda, no desejo que tudo corra bem com a pessoa em determinada situação (Ex 4.18). É no sentido mais amplo, portanto, que devemos entender as palavras de Jesus no Lema da IECLB para 2019: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a). Jesus conhecia o termo no seu contexto e
sabia que paz (= shalom) tinha a ver com o bem-estar em sua totalidade. A paz que Jesus quer nos deixar envolve luta constante contra violência, individualismo, opressão, injustiça e tudo que prejudica as pessoas e, por consequência, a vida em sociedade. Em João 10.9-10, ele se coloca como a porta que nos conduz para uma ‘vida em abundância’, uma ‘vida completa’.
Reconhecer a presença e a ação de Deus em nossas vidas pode nos trazer a verdadeira paz (= shalom) a serviço do seu Reino. Assim, podemos dizer que a paz (= shalom) de Jesus é a preocupação com toda a vida das pessoas, em suas necessidades físicas, mentais, sociais e espirituais. Shalom tem a ver com tudo o que precisamos para uma vida feliz, tranquila e saudável, em harmonia com as pessoas, com Deus e com o meio ambiente, do qual necessitamos para o nosso sustento e a nossa saúde.
Uma vida em paz vem a ser, portanto, um presente de Deus, uma verdadeira bênção divina, pois abrange, de forma sublime, tudo o que necessitamos para um bemestar, uma ‘vida completa’ à luz do Evangelho. Reconhecer a presença e a ação de Deus em nossas vidas pode nos trazer a verdadeira paz a serviço do seu Reino. A paz (= shalom) se realiza quando a utopia nas palavras da canção do Pe. Zezinho se torna concreta: Quando o dia da paz renascer, quando o sol da esperança brilhar, eu vou cantar. Quando o povo nas ruas sorrir e a roseira de novo florir, eu vou cantar. Quando as cercas caírem no chão, quando as mesas se encherem de pão, eu vou cantar. Quando os muros que cercam os jardins, destruídos, então os jasmins vão perfumar! Vai ser tão bonito se ouvir a canção cantada de novo. Quando as armas da destruição, destruídas em cada nação, eu vou sonhar. Quando a voz da verdade se ouvir e a mentira não mais existir, será, enfim, tempo novo de eterna justiça, sem mais ódio, sem sangue ou cobiça, vai ser assim! Para refletir, leia o Salmo 4
Paz é dádiva e bênção de Deus Pa. Anelise Knüppe | Ministra na Paróquia Princípio da Esperança, em Rolim de Moura/RO A grande maioria das nossas celebrações é encerrada com um momento de bênção, em que são proferidas as palavras: O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz (Nm 6.24-27). Assim, levamos a bênção, a misericórdia e a paz de Deus para o nosso lar, para a nossa vida. Em 2019, na IECLB, nós queremos falar sobre uma palavra bem pequena, mas de um significado grandioso e essencial em nosso viver: paz. A paz que vem de Deus é bênção em nosso dia a dia, é dádiva para o nosso bem viver, é alegria em nosso servir. Temos vivido dias bem difíceis, não apenas em nosso país, mas também em tantos outros lugares do mundo. A violência nos cerca, a desesperança toma conta de nós, a nossa saúde está cada vez mais fragilizada, há tantas pessoas desempregadas, muita gente sofrendo. Todas essas e tantas outras situações nos tiram a paz, a tranquilidade, a serenidade. Se olhamos com atenção para o texto de Números, acima citado, que encerra as nossas celebrações, podemos
encontrar um Deus preocupado com o seu povo. Nessa palavra de bênção, temos um Deus que deseja o bem para as pessoas. O bem que Deus deseja é completo, em todos os sentidos. Nós, por vezes, relacionamos a bênção de Deus apenas ao bem-estar físico, social ou econômico. Ser abençoado por Deus é muito mais que ter boa saúde,
A paz do Senhor abrange o bem-estar como um todo. A paz que Deus nos dá vai além da paz que o mundo pode nos oferecer. bom emprego, carro novo, casa própria ou poupança. Estar e viver em paz consigo mesmo, com o próximo e com o próprio Deus é uma benção, é uma dádiva graciosa. A paz de Deus vai muito além da ausência de conflitos, brigas, desentendimentos ou guerras. A paz do Senhor abrange o bem-estar como um todo. A
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paz que Deus nos dá vai muito além da paz que o mundo pode nos oferecer. É se saber cuidado e amparado pelas mãos do Criador em cada instante, desde o amanhecer de cada dia, animado e consolado pelo Santo Espírito de Deus em todos os momentos de dificuldade. Existem alguns lugares ou regiões do Brasil onde as crianças aprendem, desde muito pequenas, um costume muito interessante: estender as mãozinhas e pedir a bênção às pessoas mais velhas, como forma de cumprimento. Prontamente, a pessoa a quem foi solicitada a bênção responde: Deus te abençoe! Desejar a bênção de Deus para alguém é desejar a shalom que tanto ansiamos e necessitamos. É desejar que essa pessoa possa perceber o quanto Deus está presente na sua vida e o tanto que Ele já tem feito e ainda irá fazer ao longo dela. Que Deus os abençoe e que a sua paz, que excede todo o nosso entendimento, esteja com cada um e cada uma de nós! Para refletir, leia Filipenses 4.6-7
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PERSPECTIVA
Sou uma bruxa! Só que não! Fala com sabedoria e ensina com amor (Pv 31.26) Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Concílio da Igreja Sou Professora há 36 anos. Nesses meus anos de Docência, enfrentei de tudo um pouco: algumas situações ruins, mas a maioria agradável. Entretanto, uma das coisas que mais me dava prazer (ops ... não posso falar essa palavra!) era poder levar textos para a sala de aula para que os meus alunos e as minhas alunas se apropriassem deles de modo mais reflexivo. Poesias, crônicas, romances, charges, enfim, gêneros diversos. Como Professora de Língua Portuguesa, preciso colocar os e as estudantes diante de textos que circulam e que materializam as situações vividas. No entanto, ultimamente tenho me sentido como no tempo da Inquisição. Estou com a sensação que, se levar certos textos para a sala de aula, serei queimada ‘no fogo eterno’. Como trabalhar o Realismo, o Naturalismo? Penso que terei que levar textos apenas sobre Romantismo... Tenho escutado tantas coisas relacionadas à profissão, a maioria delas infundadas, que não poderia deixar de expressar o meu descontentamento. Professores e Professoras viraram um ‘problema para a sociedade’. Se, antigamente, eram valorizados e valorizadas, atualmente estão sendo responsabilizados e responsabilizadas, na verdade, vigiados e vigiadas, em uma enorme falta de respeito. São inacreditáveis e inimagináveis os absurdos que estão sendo colocados na conta de Professores e Professoras, em uma total inversão de qual classe é, de fato, res-
ponsável pelos problemas na nossa sociedade ou, no mínimo, pelo agravamento deles. Nem preciso repetir essas falácias, pois elas estão na boca de muitas pessoas. Da negação de um dos maiores Educadores do país, como Paulo Freire (falam sem ter lido sequer uma obra dele), de um discurso ridículo sobre ideologia (como se fosse algo negativo e tivesse ‘lado’), de dizer que Professores e Professoras ‘estão ensinando’ crianças e jovens para um caminho errado e o absurdo dos famosos ‘kits’, que nunca vi em lugar algum. Ora, para quem serve esse discurso? O que ocorre em uma escola é o espelho da sociedade. Afinal, Professores e Professoras não inventam os alunos e as alunas. São os nossos filhos e as nossas filhas que estão no espaço educativo. O que dizer sobre aquela redação em que uma aluna desabafa que foi abusada no seio familiar? O Professor ensinou isso ou veio do ‘lar’? Será que não estão cobrando de Educadores e Educadoras aquilo que deveria ser discutido e trabalhado em casa? Tenham mais respeito por essa profissão. Ninguém que assume uma sala de aula quer sair por aí ‘ensinando cosas erradas’... Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine (Rm. 12.7). Professores e Professoras, continuem a ensinar com todo amor e com toda a dedicação que sempre fizeram!
O Senhor renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como Ele mesmo prometeu. Salmo 23.3
Felizes para sempre! As ‘histórias da carochinha’ que contamos por aí... P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS Muitos dos votos de um Feliz 2019 já foram frustrados. Só nos primeiros 11 dias do novo ano 33 mulheres foram assassinadas e 17 sobreviveram às tentativas de feminicídio. Além deste drama para mulheres e famílias, temos os impactos do rompimento da barragem de Brumadinho/MG, com, aproximadamente, 400 pessoas mortas. Como no caso do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria/RS, em 2013, e do rompimento da barragem em Mariana/ MG, em 2015, a história da impunidade e da infelicidade se repete. Concordo, a vida não é só tragédia! Há muitas situações que trazem felicidade e nós as conhecemos, por isso vamos falar a respeito dela, conforme um artigo da Folha de São Paulo, com o seguinte título (amenizado): As chances de constantemente escutarmos besteiras sobre felicidade são muito grandes. A matéria comenta descobertas de um Professor de Ciências Comportamentais na London School of Economics. Diz ele que as chances de nos basearmos em ideais falsos são grandes. Vamos, pois, a alguns exemplos. Riqueza é felicidade e pobreza traz infelicidade. O Professor Paul Dolan discorda destas afirmações. O desejo de ter sempre mais dinheiro não é garantia de felicidade. O desemprego, segundo ele, é uma chaga em nossas vidas. As pessoas desempregadas nunca se esquecerão deste drama, mesmo quando voltam a trabalhar. Imaginem, então, aqueles milhões de pessoas que já desistiram de procurar trabalho em nosso país!
Nolan descobriu que, quanto mais estuda, menos a pessoa será feliz. Milhões de pessoas querem ser Doutoras e um bom número alcança este sonho. Todavia, conhecemos muitos Doutores e muitas Doutoras que escondem os seus títulos para conseguir um trabalho em Universidades. Como fica o mundo das relações pessoais? O Professor afirma que pessoas solteiras, casadas e divorciadas ocupam o mesmo patamar de felicidade que as demais pessoas, mas as pessoas que nunca casaram são mais felizes que as divorciadas e separadas. Os homens tendem a ser mais felizes no casamento. Já as mulheres de meia-idade tendem a ser mais doentes física e psicologicamente que as solteiras da mesma faixa etária. Por fim, Dolan, que é casado e pai, diz que a felicidade não depende das histórias que contamos sobre ela. Elas podem ser falsas, porque, segundo o autor do artigo, contamos ‘histórias da carochinha’ para iludir as outras pessoas e a nós mesmos. Isto acontece entre nós? Podemos conversar sobre estas questões nos grupos da Comunidade? Sem pesquisa, arrisco uma intuição provocativa: viúvas que participaram da OASE tornaram-se mais felizes! De qualquer forma, a orientação de Paulo pode nos ajudar, conforme Rm 12.3: Eu peço que cada um não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém. Para mais informações, acesse o Portal Luteranos
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MISSÃO
Metas Missionárias da IECLB 2019-2024 P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão Ele [Paulo] anunciava o Reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus Cristo, falando com toda a coragem e liberdade (At 28.31). Estas são as últimas palavras do livro Atos dos Apóstolos. Elas descrevem o trabalho missionário do Apóstolo Paulo com otimismo, expectativa e esperança. Entretanto, há um detalhe: Paulo é um prisioneiro, está em arresto domiciliar, em Roma! (At 28.16.30). A pergunta que não quer calar: não é uma contradição falar em ‘liberdade’ e ‘ausência de impedimentos’ nessas circunstâncias? Na verdade, essa suposta contradição descreve a crua realidade das Comunidades Cristãs que se engajam na Missão de Deus. Quer dizer, dificilmente teremos as condições ideais para ‘propagar o Evangelho de Jesus Cristo’. Muitas vezes, haverá empecilhos para estimular a ‘vivência pessoal na família e na Comunidade’ desse Evangelho de Jesus Cristo. Nem sempre encontraremos o ca-
minho mais adequado para ‘promover a paz, a justiça e o amor na sociedade’. Em outras palavras: quem espera ter todas as condições para promover a Missão de Deus ficará eternamente esperando. Vale aqui, então, o conselho apostólico que diz: pregue a mensagem e insista em anunciála, seja no tempo certo ou não (2Tm 4.2). Esse é o espirito das Metas Missionárias da IECLB 2019-2024 aprovadas pelo XXXI Concílio da Igreja, realizado em outubro/2018, em Curitiba/PR. As Metas Missionárias são uma confissão que as Comunidades ainda não estão prontas. Elas refletem as nossas fraquezas e por isso indicam onde é necessário unir os nossos corações e as nossas forças para trabalhar com fé, esperança e amor. Ao mesmo tempo, as Metas Missionárias apontam as nossas fortalezas, que, com a graça de Deus, foram crescendo no exercício da fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, e que precisam ser aprofundadas, ampliadas e/ou reinventadas.
Para cada uma das cinco Metas Missionárias são indicadas áreas de prioridade e objetivos que podem ser implementados em nível nacional, sinodal e local. Cabe às diferentes instâncias da IECLB implementar as ações para o âmbito da sua abrangência. Desta forma, oportuniza-se a valorização dos contextos e da diversidade na articulação da Ação Missionária da IECLB. Espera-se que o resultado seja o fortalecimento de uma Igreja de Comunidades mais atrativas, inclusivas e missionarias. Nas próximas edições, refletiremos sobre cada uma das Metas Missionárias.
Metas Missionárias Meta 1
Igreja que valoriza o Sacerdócio Geral, capacita as pessoas e aprofunda a fé para o seu testemunho na Igreja e no mundo.
Meta 2
Igreja aberta, que proclama o Evangelho, contextualizado em favor de todas as pessoas e da Criação de Deus.
Meta 3
Igreja atraente e acolhedora, que reflete e inclui a diversidade em suas Comunidades.
Meta 4
Igreja comprometida com a justiça, a paz e a reconciliação que promove vida digna.
Meta 5
Igreja sinodal bem conduzida, democrática, transparente, conectada e sustentável.
Nordeste MG e Sul BA Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem
O Senhor conduza o vosso coração ao amor de Deus e à constância de Cristo. 2Tessalonicenses 3.5
O Projeto Missionário Nordeste MG e Sul BA, ligado à Comunidade de Linhares, no Sínodo Espírito Santo a Belém, junto à tríplice fronteira dos Estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, atende aos municípios de Nanuque, Serra dos Aimorés, Nova Viçosa/Mucuri, Teixeira de Freitas, Porto Seguro/Santa Cruz Cabrália, Itamaraju, Eunápolis e Itanhém. Iniciado em 2009, o Projeto objetiva consolidar os Pontos de Pregação e as Comunidades, a fim de alcançarem a sua autonomia administrativa e a autossustentabilidade financeira. Para tanto, a Ação Missionária tem entre as suas prioridades manter os Cultos e a formação de lideranças. Espera-se, dessa forma, garantir a presença e a visibilidade da IECLB, bem como a reunião das pessoas membros e a adesão das pessoas evangelizadas na região.
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SÍNODOS
Quem permanece no amor, permanece em Deus Balizas para a Missão P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão da IECLB
Deus torna-se definitivo para quem a Ele está vinculado. Deus é amor, diz o texto apostólico, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele (1Jo 4.16b). Assim, o amor é o fundamento da existência cristã. Entretanto, na palavra amor são penduradas as mais diferentes ideias, experiências e definições, por isso é saudável complementar o texto acima com outra palavra bíblica. A parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32) especifica que a prática do arrependimento e do perdão concretizam o amor. Nela temos, por um lado, o pai que persiste, que se recusa a abandonar o filho, mesmo que este lhe tenha ofendido. Ele não se deixa envolver pela amargura da ofensa, mas se nutre de um amor constante pelo filho amado. Por outro lado, o filho que, mesmo arrependido, não sabe como pedir perdão. Finalmente, é o amor que acolhe sem reservas, que outorga o perdão, que já tinha acontecido antes do encontro e do abraço. É por isso que nada há para cobrar ou censurar. Desta forma, pelo perdão e a reconciliação, foram criadas novas chances para dar continuidade a uma vida em paz.
O apóstolo Paulo escreve: Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação (2Co 5.18). A reconciliação, a mediação que busca pacificar, é apontada como uma das formas do amor. Esse impulso de unir duas partes em conflito surge do próprio Deus, que, em Cristo, busca reconciliar o ser humano nas suas mais diversas relações: com Deus, consigo mesmo, com o próximo e com a Criação. Não é por acaso que uma das bem-aventuranças diga: Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos (Mt 5.9). Outro texto que ajuda a entender a palavra amor é a parábola do rico e Lázaro (Lc 16. 20-31). Ela diz que o amor é muito mais que o fiel cumprimento do dever. O próprio Mestre Jesus apontava: Se vocês amam aqueles que os amam, que recompensa terão? Porque até os pecadores amam aqueles que os amam (Lc 6. 32). Na parábola, o rico possui uma vida que esgota toda a sua criatividade, devoção, fidelidade e compaixão no fiel cumprimento do dever, segundo as normas estabelecidas. Mesmo sendo uma pessoa rica, tem uma vida
empobrecida, que se satisfaz com as conquistas obtidas pelo cumprimento da norma. A história do homem rico e do mendigo Lázaro aponta para essa realidade. Este homem fez tudo segundo as normas da sua sociedade e nada além disso. Será exatamente essa atitude que condenará o resto da sua existência. O relato diz: você recebeu na sua vida todas as coisas boas, porém Lázaro só recebeu o que era mau (v. 25). Tendo tudo ao seu dispor, o homem rico fez o mínimo necessário para aliviar a vida do mendigo Lázaro. O fato é que a prática do amor vai além do simples cumprimento do dever. Amar implica doação daquilo que me pertence por direito – e isso envolve sacrifício e dedicação. Mais uma palavra bíblica sobre o amor: no Salmo 146, vemos que o amor de Deus não é imparcial. Para o salmista, esse amor se concretiza em fazer justiça às pessoas exploradas, dar comida às famintas, libertar as aprisionadas, dar visão as que estão cegas, endireitar as curvadas, amar as justas, proteger as estrangeiras, encorajar as viúvas e as órfãs e fazer fracassar o plano das pessoas que planejam maldades. Trata-se de um texto sobre as pessoas marginalizadas deste mundo e que são ajudadas por Deus. O Salmo diz que a desgraça do mundo comove Deus, que não é indiferente, que se solidariza com as pessoas em situações de fragilidade e vulnerabilidade. Para o salmista, o amor tem a ver com a misericórdia e a compaixão que mobilizam para o serviço. Em resumo, a Missão de Deus, da qual cada pessoa batizada faz parte, tem a ver com amar e amar, para a Comunidade Cristã, significa oportunizar o arrependimento e o perdão, promover a reconciliação, ir além do cumprimento do dever, servir, sob os impulsos da misericórdia e da compaixão, às pessoas em situação de vulnerabilidade. Eis as balizas para a Missão: uma vida orientada para o amor!
Cantarei de alegria quando tocar hinos a ti, cantarei com todas as minhas forças porque tu me salvaste. Salmo 71.23 Para mais informações, acesse o Portal Luteranos
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GESTÃO
CONSELHO DA IGREJA
Conselho da Igreja: funções e responsabilidades (parte 1/2) Anelize Marleni Berwig | Presidente do Conselho da Igreja Ser eleito pelo Sínodo para representar e atuar no Conselho da Igreja é uma honra e também pode ser considerado um privilégio. Esta tarefa também exige responsabilidade e dedicação. Afinal, toda atividade de liderança envolve trabalho, responsabilidades, preocupações e desafios. Este trabalho está no âmbito da graça de Deus, porque a graça de Deus nos alcança primeiro – é um chamado. Este nosso trabalho, no exercício da graça, não é um peso, mas uma resposta de fé à graça divina. Somos sabedores e sabedoras que, no desempenho das nossas atividades, podemos contar com o amparo que vem de Deus. No Novo Testamento, a Comunidade Cristã é chamada Igreja. Esta palavra vem do termo Grego eklesia, que significa assembleia, reunião, congregação, ou seja, ‘Igreja’ é mais que uma construção ou um templo. Em sentido amplo, Igreja é um grupo de pessoas – convocadas e reunidas pela Palavra de Deus (Ef 2.19-22), unidas pela mesma fé em Jesus Cristo (1Co 1-2) e impulsionadas a agir a serviço do Evangelho (1Pe 2.9-10). A história da Igreja nos mostra e ensina que a Igreja de Jesus Cristo precisa organizar-se e ter uma estrutura para cumprir a sua Missão no mundo e manter a fé. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) tem, hoje, uma estrutura chamada Sinodal. A palavra Sinodal ori-
gina-se do Grego syn-Hodos, que significa ‘ juntos no caminho’. O modelo sinodal não é centrado na Comunidade local ‘congregacionalismo’ (a Comunidade manda e não responde a ninguém) nem em uma estrutura hierárquica ‘episcopalismo’ (Bispo manda), tampouco na pessoa do Pastor ‘pentecostalismo’ (Pastor age conforme a sua própria vontade). Na estrutura Sinodal, as Comunidades estão vinculadas umas às outras, com base em uma identidade confessional e em um propósito comum. As Comunidades e as Paróquias caminham juntas, formando o Sínodo. A IECLB é formada por 18 Sínodos. Os Sínodos também caminham juntos, formando a Igreja Nacional. O Conselho da Igreja é composto por um, uma representante de cada Sínodo, eleito, eleita em Assembleia Sinodal, em alternância de Leigos, Leigas e Ministros, Ministras, com mandato de quatro anos, permitida uma reeleição. O Conselho da Igreja terá uma Diretoria, com Presidente, Vice-Presidente, 1º e 2º Secretários (1ª e 2ª Secretárias), com mandato de dois anos, podendo ser reeleitos, reeleitas.
Que Deus, que é quem dá paciência e coragem, ajude vocês a viverem bem uns com os outros, seguindo o exemplo de Cristo Jesus. Romanos 15.5 GESTÃO ADMINISTRATIVA
Sistema Público de Escrituração Digital - SPED Secretaria Geral da IECLB As pessoas que atuam na Gestão Administrativa, de modo geral, em algum momento já ouviram falar sobre o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). O SPED, instituído pelo Decreto 6.022/2007, moderniza a sistemática de cumprimento das obrigações acessórias entre o fisco (administrações tributárias e órgãos fiscalizadores) e as pessoas contribuintes (nós) e, atualmente, é composto por 13 módulos. Dentre esses módulos, destacamos o eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas) e a EFD-Reinf (Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais). O eSocial é o módulo por meio do qual repassamos as informações de Ministros e Ministras, pessoas colaboradoras com carteira assinada, prestadores e prestadoras de serviços remu-
nerados e remuneradas pelos distintos CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), seja Comunidade, Paróquia ou Sínodo. Em caso de pagamento de Notas Fiscais (NF), as informações são enviadas pelo módulo EFD-Reinf. As organizações do terceiro setor, incluindo as entidades religiosas, estão enquadradas no Grupo 3 do eSocial, cuja primeira fase de implementação iniciou em 10 de janeiro e terminará em 9 de abril. Para orientação das nossas Comunidades e Paróquias, é importante termos presente o cronograma do eSocial e da EFD-Reinf, referente ao Grupo 3: - 10/1 a 9/4/2019: envio do cadastro do empregador e tabelas - a partir de 10/4: envio dos dados das pessoas trabalhadoras, incluindo Ministros, Ministras e seus vínculos - a partir de 10/7: eventos da folha de pagamento, desde o dia 1º e início da
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vigência da EFD-Reinf - outubro: substituição da Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP) pela Guia de Recolhimento do FGTS-GRFGTS para recolhimento do FGTS mensal e Rescisório e início da vigência da DCTFWeb - julho/2020: eventos relacionados à Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Para alcançarmos maior êxito no envio dessas informações, é fundamental realizar esse trabalho em conjunto com o escritório de contabilidade. Antes de iniciar o SPED, Comunidades, Paróquias e Sínodos devem atualizar o nome do seu representante (da sua representante) legal (Presidente) junto à Receita Federal do Brasil, visto que é essa pessoa quem assina e envia as informações ou tem poderes para outorgar procuração para o escritório de contabilidade enviá-las.
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DIVERSIDADE
As pessoas pacificadoras serão chamadas filhas de Deus Quando a paz nos envolver... P. Olmiro Ribeiro Junior | Secretário da Ação Comunitária da IECLB
Jesus, ao despedir-se de seus amigos e suas amigas, lhes deixa a paz: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27), paz como presente de despedida, consolo e inspiração para o cuidado e a propagação desta paz, que almeja transformar a mentalidade e a realidade social, econômica e política. As nossas vidas e lidas clamam por paz, pois estamos envoltos em contextos e sistemas de violência. Infelizmente, a violência passa a ser vista com normalidade, porque, rotineiramente, somos confrontados com mortes, desastres e tragédias no trânsito, em agressões físicas e verbais, nas condições indignas e desumanas que afligem boa parte da população e na devastação e exploração
da natureza. Entrementes, quando a violência chega à nossa porta e à nossa vida, ela deixa de ser normal e cotidiana e se torna brutal! Jesus nos deixa o compromisso de cuidar e propagar a paz que transforma realidades, que cuida da natureza, que age com alteridade, justiça e amor. Assim, a superação da violência começa com a nossa indignação e a erradicação da concepção da violência como algo normal. Aquele que sofreu o horror da violência mediante a tortura e a cruz nos envia a sermos pacificadores: Bem-aventuradas as pessoas pacificadoras, porque serão chamadas filhas de Deus (Mt 5.9). Desta maneira, os conflitos são inerentes
à vida, mas a forma como lidamos com eles é uma escolha. Jesus destaca que o Evangelho é uma mensagem de superação da violência e nos ensinou que, para cuidar e propagar a paz, necessitamos viver uma cultura de paz, investindo na educação para a não violência, despertando a prática da paciência como ciência da paz, ou seja, o emprego e o desenvolvimento de conhecimentos, práticas, atitudes e hábitos que promovam uma vida em paz. Jesus nos ensinou e ensina a desenvolver a paciência, a cultura da paz, mediante: - o amor ao próximo e aos inimigos, gerando o entendimento: Amais seus inimigos e fazei o bem a quem os odeia (Lc 6.27s); - a diaconia, servindo as necessidades e promovendo solidariedade: O maior entre vocês... é o que serve (Lc 22.26s); - a partilha do bem, fomentando a comunhão: Não nos cansemos de fazer o bem (Gl 6.6s); - o perdão cotidianamente, possibilitando a reconciliação: Perdoem-se mutuamente. Perdoem como o Senhor lhes perdoou (Cl 3.13); - a não violência, propagando a paz como opção de vida: Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra (Lc 6.29); - a prática da justiça na construção de uma sociedade digna: O fruto da justiça será paz (Is 37.17). Na condição de Comunidades de Jesus Cristo, temos responsabilidades com a paz, fundamentalmente com as relações e a educação para paz.
PRONUNCIAMENTO
Vocês sabem que são o templo de Deus e que o Espírito de Deus vive em vocês.
Lançamentos 2 0 1 9
1Coríntios 3.16
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Igrejas Luteranas em favor da Paz Como Igrejas, temos um compromisso permanente de fidelidade ao Evangelho e entendemos ser nosso dever, à luz da santa vontade de Deus, conclamar os povos para a paz, a justiça e o respeito à dignidade de toda vida humana, criatura amada de Deus. São condenáveis todas as formas de violência, fruto do pecado humano, como regimes ditatoriais e ações de terrorismo.
Flor de Ipê Experiências, orações e bênçãos para consolo e fortalecimento de pessoas enlutadas
Conclamamos aos fiéis de nossas Igrejas e a todas as pessoas de fé em Cristo a se empenharem em iniciativas de paz e em processos de educação para uma paz duradoura. Orai sem cessar (1Ts 5.17).
Bordando memórias Histórias de mulheres do movimento da Reforma
Declaração Conjunta das Igrejas Luteranas (IECLB-IELB) em favor da Paz (2003)
Crianças estudam a Bíblia Encontros para Culto Infantil e Retiros – Livro de Ester
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Jorev Luterano - Março 2019
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ESTUDOS BÍBLICOS
Onde depositamos a nossa confiança?
Como e para quem clamamos? Pa. Paula Naegele | Ministra na Paróquia de Farroupilha/RS Dediquem-se completamente ao Senhor e adorem somente a ele (1Sm 7.3). O capítulo 7 do livro de 1Samuel trata sobre o arrependimento do povo de Israel e a intervenção de Deus. O povo havia se afastado de Deus e Samuel faz o papel de intermediário para o retorno de Israel ao Senhor. O povo reconhece os seus pecados e falhas. Deus levanta um juiz e o capacita para reconduzir o povo ao Senhor, deixando para trás falsos costumes e falsos deuses. Samuel serve a Deus como profeta, sacerdote e juiz. O capítulo ilustra duas funções exercidas pelo sacerdote e ambas apontam para o que podemos denominar ‘Sacerdote ideal’ – Jesus Cristo. No decorrer do texto, em especial nos versículos 8 e 9, Samuel oferece sacrifícios, clama, intercede a Deus pelo povo. Da mesma forma, a intercessão do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo por seu povo é feita com base em um ‘supremo’ sacrifício – a morte na cruz.
Lema do Mês
fiança, todos e todas nós podemos dizer, junto com Samuel: Até aqui nos ajudou o Senhor (1Sm 7.12). Deus caminhou ao lado do povo de Israel em meio a muitas provações e assim ao nosso lado também está. Será que confiamos que Deus é conosco? Será que permitimos que Deus caminhe conosco? No tempo de Samuel, o povo se desviou dos caminhos da fé, cultuou e depositou confiança em outras divindades, esquecendo de Deus, do seu amor e se perdeu. Talvez, as pessoas daquela época também buscassem caminhos e soluções rápidas. Vivemos em ‘tempos modernos’, marcados pela rapidez das informações. Os nossos smartphones e computadores facilitam a propagação de informações (verídicas ou não). É possível perceber a grande quantidade de ofertas e soluções milagrosas para relacionamentos, famílias e outras dimensões da vida. Em meio a tudo isso, muitas pessoas se perdem ou são iludidas. É necessário usarmos da nossa fé e do discernimento que ela nos dá para optarmos entre o bem e o mal, entre o caminho da confiança em Deus e o caminho fácil. Deus nem sempre responde imediatamente aos nossos pedidos e segundo o nosso anseio. Deus tem o seu tempo. Onde depositamos a nossa confiança? Como e para quem clamamos? Quando sofremos, perdemos pessoas queridas do nosso convívio, Deus se apresenta como consolador, que nos envolve no seu amor e na sua misericórdia. É Deus que nos tem protegido e sido auxílio em nossas tribulações. É sempre bom lembrar das palavras do apóstolo Paulo em 2Coríntios 12.9a: a minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco. Deus nos capacita e sustenta, não nos cobra nada, simplesmente espera que sejamos seus instrumentos nesta terra, semeando e vivenciando sinais do Seu Reino. Segundo Peter Strauch, em um tradicional e conhecido canto luterano ‘os que amam Deus serão iguais ao brilho do sol ao amanhecer’. A cada novo dia, temos uma oportunidade de servir, em palavras e ações. A palavra nos desafia a servir somente a Deus, propagando este ‘brilho’ da Boa Nova da Salvação para todas as pessoas. Que Deus nos acompanhe e nos dê discernimento nesta Missão!
Dediquem-se completamente ao Senhor e adorem somente a Ele. 1Samuel 7.3
Conforme 1Jo 2 1-2, ...é por meio do próprio Jesus Cristo que os nossos pecados são perdoados e não somente os nossos, mas também os pecados do mundo inteiro. A partir do sacrifício de Jesus Cristo, somos perdoados e perdoadas. Israel devia a sua liberdade à intercessão de Samuel, pois, por meio dela, houve a libertação do jugo filisteu. Nós, como pessoas cristãs, devemos tudo à intercessão e ao sofrimento de Cristo por nós na cruz. Somos pessoas libertas do pecado unicamente pela graça de Deus e pela sua misericórdia. O texto nos propõe uma belíssima reflexão em torno da nossa confiança em Deus. Afinal, o Senhor ouve o clamor de Samuel. É muito confortante saber que Deus é fiel em todas as suas promessas. Podemos confiar neste Deus que nunca deixará de responder as orações e intercessões dos seus filhos e das suas filhas. Em nosso dia a dia, também clamamos e Deus nos ouve. Jesus Cristo mesmo prometeu que sempre estaria com as pessoas que nele creem: Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28.20). Em humildade e con-
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Dinâmica Preparação: Organize o espaço com antecedência. Forme um círculo com as cadeiras, disponibilizando, se possível, hinários e Bíblias. No centro da roda, forme uma cruz com velas, uma para cada participante. Coloque, ainda, uma vela grande no centro desta cruz, que pode ser acesa no início do encontro, simbolizando a luz e a presença de Deus. Providencie pedras de diversos tamanhos, uma para cada participante. Estas devem ser estregues no início do encontro. Saudação: Dediquem-se completamente ao Senhor e adorem somente a Ele (1Sm 7.3) Canto: Livro de Canto da IECLB - 574 Oração Estudo, partilha e reflexão: leitura do texto em conjunto, parágrafo por parágrafo, incluindo o diálogo. O nosso desafio é propagar o amor de Deus e ser a mudança que esperamos para este mundo. Como podemos desempenhar este papel no meio em que vivemos? Como podemos ser Comunidade inclusiva, que oferece espaços confiáveis de conversa e partilha? Dinâmica: convide cada participante a refletir sobre as suas cargas, segurando simbolicamente a pedra em suas mãos. Lembrando a cada um e a cada uma que Deus, em sua graça, nos acolhe, indiferente do que carregamos em nossos pensamentos e corações. Ele nos convida a aliviar as cargas, a examinar a nossa vida e descobrir o que nos afasta de Deus. Deus nos convida a confiar e colocar em suas mãos tudo aquilo que muitas vezes não conseguimos resolver. Neste momento, cada pessoa, silenciosamente ou para o grupo, em uma palavra ou frase, pode expressar aquilo que lhe pesa, causa dor ou angustia. Após este tempo, cada pessoa é convidada a colocar a pedra no centro em troca da vela, que deve ser acesa na vela que está no centro da cruz. Esta vela simboliza a luz da fé em Deus, que nos dá discernimento, que nos motiva a confiar e partilhar os nossos medos, as nossas angústias e falhas e seguir no caminho que Deus tem para nós. Quando todas as pessoas estiverem com velas acesas, permita um tempo de silêncio e reflexão. Encerre com uma oração (nesta oração, podem ser incluídos motivos trazidos pelo grupo, pedidos, motivos de gratidão...). Avisos (se necessário) Benção e Envio