Mulheres que fizeram diferença. Friedrich Gierus (Org.) 2009

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Mulheres QUE FIZERAM DIFERENÇA

Friedrich Gierus – ORGANIZADOR –


Mulheres QUE FIZERAM DIFERENÇA

As mulheres colocadas em evidência neste livro vieram antes de nós e fizeram história. Elas abriram caminhos para que, ainda hoje e por muito tempo, possamos segui-las e descobrir formas de cumprir com a ordem das Escrituras: amar, testemunhar e servir. Elas viveram, promovendo e construindo vidas. Ainda hoje, pelo compromisso de evitar o caos da humanidade, continuamos construindo e reconstruindo, pois em mãos frágeis, como as nossas, Deus deposita todo o mistério da Sua criação. Ele confia aos nossos cuidados a preservação da mesma e o bem-estar dos nossos irmãos e nossas irmãs, desde aqueles tempos. Ani Cheila Kummer Presidente da Associação Nacional dos Grupos da OASE


MULHERES QUE FIZERAM DIFERENÇA

P. em. Friedrich Gierus (Organizador)

ISBN 978-85-87524-58-4


Mulheres que fizeram diferença P. em. Friedrich Gierus (Org.) 1ª edição – agosto / 2009 2.300 exemplares

Capa Projeto gráfico e editoração eletrônica Revisão

Gráfica e Editora Otto Kuhr Foto capa: divulgação Gráfica e Editora Otto Kuhr Anamaria Kovács


Jesus Cristo diz: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei.” (João 13.34)



PREÂMBULO

Por ocasião de um seminário que a Oase realizou, em nível nacional, há três anos, apresentei a idéia de editar um livro com biografias de mulheres da Oase que se destacaram através do seu potencial de líderes, de guias espirituais e de exemplos na fé. Neste momento, pensei no versículo Hebreus 13.7: Lembrem-se dos seus primeiros líderes espirituais, que anunciaram a mensagem de Deus a vocês. Pensem como eles viveram e morreram e imitem a fé que tinham. Lembrar-se de alguém é um ato de carinho, de respeito, de admiração e de amor. E compilar um livro de biografias é uma forma de agradecer a Deus por ter colocado em nosso caminho pessoas tão queridas, sábias e dedicadas ao seu Reino. Lembrando-nos delas procuramos seguir o seu exemplo de fé imitar seu jeito de serem cristãs nas nossas decisões e no nosso testemunho, no dia-a-dia. A maioria das biografias colocadas à disposição, para serem incluídas neste livro, nem revelaram seus autores. Às vezes, os textos foram o resultado de um trabalho coletivo de um grupo de senhoras. Há biografias resumidas, sem enumerar pormenores sobre as referidas mulheres, em relação a sua pessoa ou sua atuação na Oase. As autoras apenas tiveram interesse de mencioná-las na relação das Mulheres que fizeram diferença. Recebemos, além das biografias, uma série de fotos. São fotos antigas e, muitas vezes, de qualidade não adequada à impressão gráfica, fato pelo qual as reproduções, na maioria dos casos, lamentavelmente não têm a qualidade desejada, sendo que algumas deixaram de ser publicadas por não apresentar condições de reprodução. Ainda assim, todas as biografias relacionadas neste livro, formam um lindo buquê de flores, de uma grande variedade de cores e tamanhos diferentes, para a glória de Deus e para a nossa edificação. 5


Publicamos as biografias em ordem alfabética e colocamos atrás do nome de cada pessoa, o nome do Sínodo onde a mesma viveu e atuou. Consta também, a relação dos sínodos de onde recebemos as respectivas biografias. Sob o item Contribuições diversas publicamos artigos que também nos foram enviados, a título de colaboração, para este livro. Nesta oportunidade, gostaria de agradecer pela colaboração da jornalista Anamaria Kovács que fez a revisão de todos os textos. Sou grato também a Sra. Gudrun Braun e toda a diretoria do Conselho Nacional da OASE, pelo apoio que recebi durante a compilação deste livro. Desejo que Mulheres que fizeram diferença seja uma lição em forma de biografias, que nos ajude a pensar nestas mulheres, “como elas viveram e morreram” e que as imitemos na “fé que tinham”. Blumenau, agosto de 2009 P. em. Friedrich Gierus

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PALAVRA

DA

PRESIDENTE

As mulheres colocadas em evidência neste livro vieram antes de nós e fizeram história. Elas abriram caminhos para que, ainda hoje e por muito tempo, possamos segui-las e descobrir formas de cumprir com a ordem das Escrituras: amar, testemunhar e servir. Elas viveram, promovendo e construindo vidas. Ainda hoje, pelo compromisso de evitar o caos da humanidade, continuamos construindo e reconstruindo, pois em mãos frágeis, como as nossas, Deus deposita todo o mistério da Sua criação. Ele confia aos nossos cuidados a preservação da mesma e o bem-estar dos nossos irmãos e nossas irmãs, desde aqueles tempos. Ani Cheila Kummer Presidente da Associação Nacional dos Grupos da OASE

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ADILIA BRAUN BETZEL Sínodo Espírito Santo a Belém

Adília Braun Betzel, nasceu no dia 12 de agosto de 1932, em Laranjal, Itaguaçu, ES. Batizada em 31 de outubro de 1932, fez confirmação no dia 25 de março de 1945. Casou-se em 10 de fevereiro de 1950 com Florêncio Carlos Ricardo Betzel, em Palmeira de Santa Joana, e desta união nasceram 3 filhos, Sigmar, Nélson e Erenilda. Depois de casada, foi membro da comunidade de Pontal, até maio de 1966, quando mudou-se para Itaguaçu, tornando-se membro da comunidade de Palmeira, até a fundação da comunidade de Itaguaçu. Sempre participou de maneira ativa da comunidade, acolhendo pessoas em casa (jovens e participantes da OASE). Continuou nas atividades da comunidade de Itaguaçu, tendo sido uma das fundadoras do grupo de OASE. Sempre ajudou nas festas e encontros. Foi ela quem doou o primeiro fogão da cozinha da OASE de Itaguaçu. Ficou muito feliz por ter participado da festa de 100 anos da OASE em Rio Claro, SP, em 1999. No final de 2002, começou a ter problemas de saúde, constatando tratar-se de um câncer no útero. Em abril de 2003, foi submetida a uma cirurgia, quando contraiu infecção hospitalar. Por este motivo teve que ficar hospitalizada mais de um mês. Voltou para casa, mas não se recuperou. Em meados de outubro, voltou a ser hospitalizada. Os médicos disseram que a doença havia se alastrado e ela veio a falecer no dia 05 de novembro de 2003. Assim, nossa irmã deixou filhos, netos, irmãos, demais parentes e as irmãs da OASE com muitas saudades. 9


ALMA BOSSE Sínodo Vale do Taquari

Alma nasceu em 02 de setembro de 1902 e faleceu no dia 26 de outubro de 1987. Era filha de Alexandre e Rosalina Fenterseifer e casada com Artur Bosse. Alma foi por 11 anos, presidente da OASE, da Comunidade de Corvo. Participou ativamente em Congressos e festas da OASE. Com muito orgulho desempenhava seu papel de presidente. Alma fazia trabalhos manuais. Bordou um paramento para a igreja. Fez muito crochê para as festas do Grupo de OASE. E sempre contribuiu preparando deliciosas cucas e tortas, apesar de ser uma pessoa muito comprometida com outros trabalhos. Alma cantou no Coral da comunidade por 60 anos. Ela sabia de todas as datas de aniversário das associadas da OASE e sempre dava uma lembrancinha para cada uma. Alma Bosse foi um grande exemplo de participação ativa para toda a comunidade.

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ALMA LOHMANN Sínodo Vale do Taquari

Alma Lohmann, nascida Neumann, nasceu no dia 08 de junho de 1919. Foi batizada no dia 03 de agosto e no dia 05 de abril de 1931 foi confirmada. Casou-se com Pedro Otto Lohmann no dia 13 de novembro de 1937. Veio a falecer aos 79 anos no dia 17 de junho de 1998. Durante a sua caminhada pela OASE, em Roca Sales, ela foi uma associada muito ativa e batalhadora, sempre colaborou com a limpeza da igreja. Foi eleita vice-presidente em 1961. Enquanto suas forças permitiram, ela participava das reuniões e fazia parte do coral.

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ALZIRA SAENGER BIEHL Sínodo Rio dos Sinos

Alzira Saenger Biehl foi ativa em quase todos os cargos da OASE de Sapiranga. Durante muitos anos participou da diretoria Regional da OASE, cujo pastor orientador era o P. Johannes Raspe. Sempre quando o pastor Raspe vinha a Sapiranga, hospedava-se na casa de Alzira e Ernesto W. Biehl. Também a senhora Dorothea Seydel, a primeira orientadora em tempo integral das OASEs, entre os anos de 1954-1970 era amiga e hóspede no lar de Alzira Biehl. Minha mãe, Alzira Saenger Biehl, inscreveu a mim e a minha irmã como membros da OASE, assim que completamos 15 anos. Durante muito tempo cantei no coral da OASE, regido pelo P. Karl Scheible. Componentes do coral eram isentos do pagamento da anuidade da OASE. O coral tinha o compromisso de cantar em casamentos de membros da OASE, bem como em caso de falecimento de parente próximo da cantora. Ethel Biehl

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AMÁLIA SPARRENBERGER Sínodo Nordeste Gaúcho

Amália Sparrenberger, mais conhecida por dona Amália, nasceu em 28 de junho de 1903, no município de Estrela. Seus pais chamavam-se Frederico e Maria Konrath. Casou-se com André Sparrenberger, enviuvando muito jovem. Desta união nasceram quatro filhos: Harri, Eulália, Leonida e Arno. Leonida casou-se com Rudi Alsiro Kirsch e ambos residem em Igrejinha até hoje. Após enviuvar, Amália foi para Porto Alegre e obteve o diploma de Parteira Prática Licenciada na Santa Casa de Misericórdia. Atuou na comunidade de Estrela e em meados de 1939 chegou a Igrejinha. Na atual casa da OASE, funcionava uma maternidade com aproximadamente seis leitos. Ali, Amália passou a atuar como parteira responsável, atendendo as famílias da comunidade de Igrejinha e arredores. Ela também morava na casa da OASE e por isso estava sempre disponível por 24 horas. Os partos eram efetuados tanto a domicilio quanto na própria maternidade da OASE. Amália também prestava serviços gerais de enfermagem para toda a comunidade. Possuindo um cavalo como meio de transporte, atendia aos chamados dos colonos nos mais diversos recantos do município. Nestas ocasiões colocava seus utensílios e

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medicamentos básicos, com rigorosa ordem e assepsia, num peçuelo - uma espécie de saco retangular, feito de um algodão grosso e branco, com dois compartimentos, um em cada extremidade do saco, onde eram colocados os instrumentos profissionais utilizados nos partos. Esta espécie de bolsa era mantida presa sobre o cavalo através da sela. Também levava sempre o seu uniforme, extremamente alvo e bem cuidado, que vestia antes de realizar um parto. Nos casos graves, Amália chamava um médico de Taquara e conforme o diagnóstico e a necessidade, eram tomadas as medidas adequadas para cada caso. Amália permaneceu em Igrejinha até 04 de fevereiro de 1946. Atuou como parteira também nas cidades de Três Coroas e Gramado, vindo a falecer no dia 23 de junho de 1982, aos 79 anos de idade. Até hoje, Amália é lembrada por todos que a conheceram como uma pessoa de grande experiência profissional, firme, honesta e solidária. Independentemente do horário, distância, tempo e condição financeira, nunca deixou de atender ao chamado de quem precisava de seus préstimos profissionais e de sua amizade. Este texto foi elaborado por Kátia Noack e Maruska Kirsch Viegas, netas de Amália Sparrenberger. Foram utilizados relatos e fotografias cedidos por sua filha Leonida Kirsch e por pessoas amigas que conheceram e conviveram com ela.

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AMALIA STRASSBURGER SAENGER Sínodo Rio dos Sinos

A OASE de Sapiranga (antigamente Frauenhilfe) foi fundada no dia 1º de agosto de 1913, pelo pastor Johann Rudolf Dietschi e sua esposa Lydia, juntamente com 13 senhoras, entre elas: Amalia Strassburger Saenger. Vovó Saenger, como era chamada pelos netos, era pessoa de muita fé e era muito hospitaleira, qualidades que sua filha, Alzira Saenger Biehl, herdou. A casa de vovó Saenger era frequentada pelos pastores recémvindos da Alemanha (como era antigamente). Tratava-os como filhos da casa, lembrando que tinha um filho estudando na Alemanha (pastor Rudolfo Saenger). Entre os pastores que frequentavam a casa de vovó Saenger, gostaria de nomear o pastor Wilhelm Pommer, conforme consta no livro "Memórias e trajetórias de um pastor imigrante no sul do Brasil" de autoria de Alessandro Mario Kerber. Amalia Strassburger Saenger foi presidente da OASE no ano de 1932, conforme o livro “Sereis minhas testemunhas”, de autoria de Lucio Fleck. As senhoras nomeadas no referido livro, Irmã Saenger e Otilia Saenger, eram noras de Amalia. Toda a família sempre foi muito ativa na OASE.

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AMANDA SCHNEIDER Sínodo Planalto Rio-Grandense

AMANDA SCHNEIDER, sempre presente para trabalhar na OASE. Como presidente, sua procupação maior era o café mensal, que deveria ser sempre muito bom, mesa posta com toalhas brancas de algodão engomadas. Sob a sua ordem é realizado um chá beneficiente para o Hospital de Caridade de Panambi. E os “LIEBESPÄCKCHEN”, que eram pacotes de alimentos para pessoas idosas, doentes, desamparadas, na época alemães vindos após as Guerras Mundiais, que a OASE, apoiou muito. “SERVI AO SENHOR COM ALEGRIA” conforme o Salmo 100.2 foi a sua meta.

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ANA SPENGLER Sínodo Centro Campanha Sul

Ana Spengler nasceu em 1909, quando não se identificava logo os sintomas da paralisia infantil. Aos três anos começou a perder os movimentos das pernas e a deslocar-se com a ajuda das mãos. De gênio afável, numa família numerosa e fiel à Igreja, em Santa Cruz do Sul, aprendeu a ler e escrever com a mãe e uma irmã. Estudou o Catecismo e foi confirmada aos 14 anos, em casa. O envolvimento da família com a comunidade incluiu Anchen, como era chamada. Ela ajudou a criar os sobrinhos e outras crianças. Com a ajuda de familiares que com ela moravam, em 1974 foi criado em sua casa um grupo de OASE. As atividades ali aumentaram e os participantes também, até que foi construída a igreja Bom Pastor no bairro universitário. Anchen descerrou a placa comemorativa. Com o tempo, Anchen participou de encontros de idosos, recitando versos e cantando. Usou cadeiras de rodas a partir de 1985 e viveu mais cinco anos. Ela é lembrada como pessoa em torno da qual nasceu a OASE e a comunidade Bom Pastor. Extraído do livro Retalhos no Tempo

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ANITA DELAVALD Sínodo Vale do Taquari

Anita Delavald nasceu em 26 de outubro de 1922 em Mato Leitão, RS. A família era grande, de onze filhos. Todos começaram a trabalhar cedo, os homens na roça e as mulheres nas lidas domésticas. Cozinhar, lavar, cuidar dos animais e da horta entre outros afazeres. E com Anita não foi diferente. Logo que casou com Alíbio Delavald, passou a morar em Cruzeiro do Sul. Eles tiveram cinco filhos, três homens e duas mulheres. Anita cuidava dos filhos, da casa, dos animais (porcos e vacas) e da “venda”, como eram chamados os mercadinhos na época. O trabalho era pesado e cansativo, mas ela nunca reclamava. Com o tempo, os filhos cresceram e passaram a ajudar. Além de todo o trabalho, ela ainda encontrava tempo para o crochê, a costura e as cucas caseiras que preparava muito bem. Era um dom especial, assim como a força nas horas difíceis. Só com muita força, esperança e fé foi possível superar os momentos tristes em sua vida. Um dos seus filhos veio a falecer aos 22 anos, com insuficiência renal. Outro filho sofreu um acidente de caminhão e ficou entre a vida e a morte durante um ano, num hospital de São Paulo. Como a comunicação era difícil, ficou sem notícias durante todo o tempo. Porém ela se ergueu. Pôde perceber a força de Deus. que ouviu as suas súplicas. Foi só aos 50 anos de vida que Anita, junto com outras mulheres, fundaram o Grupo de OASE de Boa Esperança. Inicialmente se reuniam na igreja, falavam sobre seus problemas, suas dúvidas, oravam, cantavam e refletiam sobre textos bíblicos. Durante muitos anos, Anita integrou a diretoria do grupo. Sempre participava ativamente dos trabalhos e dos encontros. Uma 18


de suas maiores alegrias era a OASE. Em 1990, Anita pôde ser amparada pelo Grupo de OASE quando veio a falecer o seu esposo. Viúva, já não via mais alegria nas pequenas coisas da vida, mas era na OASE que encontrava ânimo para continuar. Sua vida pode ser resumida em trabalho, família e OASE. Anita faleceu em 09 de julho de 1997. Foram 75 anos de exemplo, dedicação, esperança - Comunhão, Serviço e Testemunho. Para ser OASE, é preciso abrir o coração. Estender as mãos para dar. Foi assim que Anita participou do seu grupo. E foi este singelo gesto que deixou para a sua família: O amor pela OASE!

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ANNA MARIA GRETE THÖNNIGS Sínodo Planalto Rio-Grandense

Nascida em 05 de março de 1914, na cidade de Witten - Ruhr Alemanha, perdeu seu pai quando ainda era criança. Ela teve nove irmãos e por isso, precisou começar a trabalhar muito cedo para auxiliar no sustento da família. Em 1932, Grete formou-se na Faculdade de Pedagogia. Mais tarde, em 1934, sempre querendo aprender mais e poder auxiliar o próximo, graduou-se também na Faculdade de Enfermagem. A partir de então, passou a exercer a profissão de “assistente a menores”, a qual exerceu até o ano de 1940. Seu perfil sempre foi de uma batalhadora e brava mulher. Assim, alistou-se como voluntária para enfrentar uma das fases mais difíceis da Alemanha, ou melhor, do mundo, a Segunda Guerra Mundial. Assumiu no Exército a posição de oficial do Batalhão das Comunicações, atuando diretamente no front de 1940 a 1943. Depois desse período, passou a fazer parte da equipe de Enfermagem e Salvamento da Segunda Guerra Mundial, atuando de novo diretamente no campo de batalha. Foi nesse período conturbado da história mundial que se casou com seu noivo, Max Paul Thönnigs. e começou a escrever mais uma parte de sua história, agora construindo sua própria família. Logo após a guerra, quando tudo estava destruído, Grete, grávida de seu segundo filho e preocupada em conseguir um teto para a sua família (pois o inverno estava chegando com neve e frio de 20 graus negativos), ela própria em companhia de um ancião de 80 anos, reconstruiu uma casa, tendo como material para a edificação apenas os destroços dos prédios vizinhos. O seu marido não podia ajudá-la nesse projeto porque, para poder ter o direito de continuar os seus estudos de Engenharia e garantir o futuro da família, teve que ajudar a reconstruir o próprio prédio da Faculdade. Estudando e trabalhando para ganhar 20


o sustento de sua família, precisava ainda o Sr. Max trabalhar duas horas a mais (não só ele, como todo operário alemão no pós-guerra), de graça para o Governo, para auxiliar na reconstrução do país. Não restou alternativa para a Sra. Grete do que enfrentar a dura realidade e agir sozinha com a fibra que lhe era peculiar. Não bastando tudo o que já haviam passado, eis que surge a idéia de mudar completamente o rumo de suas vidas. Foram em busca de um país diferente, onde pudessem aplicar sua experiência, energia e força de vontade para ajudarem a construir o futuro desse país e, principalmente, de seus três filhos. Foi escolhida uma terra além-mar, o Brasil, para onde partiu, em março de 1954, o Sr. Max, deixando a sua esposa e seus filhos menores na Alemanha. Tomou o navio em busca de um futuro promissor. Naquela época, levava-se 30 dias para atravessar o oceano, desde a Europa até o Brasil e mais uma semana para ir de trem de São Paulo a Carazinho. Um ano mais tarde, dispondo de toda a sua fibra e força de vontade, Grete veio ao Brasil, sozinha com seus três filhos, para reencontrar-se com seu marido, que estava desenvolvendo um projeto, na então Máquinas Marek, de Carazinho. Quando chegou ao Brasil, a Sra. Grete não deixou por menos, montou uma pequena malharia, confeccionando roupas de linha e lã com modelos alemães. Durante os anos de 1955 a 1967, a malharia funcionou com sucesso, atendendo a toda a alta sociedade da região, que procurava por sua confecção. No ano de 1974, a Sra. Grete, observando a comunidade que integrava, constatou que muitas senhoras não participavam da mesma, por serem idosas e por não dominarem a língua portuguesa. Fundou então, em 08 de março, o Grupo Alemão da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, o qual floresceu rapidamente e trouxe vida para estas senhoras, integrando-as ao convívio da comunidade local. O grupo iniciou com 28 senhoras que se reuniam na residência da própria Grete. As reuniões, bimensais, iniciavam com estudo bíblico, cantos e 21


orações, sempre com muita alegria e prazer. Para cada reunião, uma senhora estava encarregada de realizá-la. Tratou logo de formar um coral sob a sua regência e, um detalhe, cantava-se muito. Também ensinava trabalhos manuais e artesanato que, depois de prontos, eram expostos e vendidos, cujo lucro revertia para entidades sociais no Brasil, como: construção da Casa Matriz de Diaconisas, aquisição de cortinas para o Lar da Igreja em Panambi e para AEEL - Associação Educacional Evangélica Luterana de Teófilo Otoni, entre outros. Com o passar do tempo, a participação das senhoras aumentou e a residência de Grete tornou-se pequena. Então as reuniões, orientadas inicialmente pelo pastor Osmar Armange, passaram a realizar-se numa sala da comunidade. Manter o grupo unido e não fazer distinção entre as senhoras, era sua característica. Incentivava muito a participação em Congressos. Realizava também excursões e participação em chás, sem custos para as senhoras. Quando alguém queria pagar dizia: “Das ist ein Geschenk von Vati” (Isto é um presente do pai, referindo-se ao seu marido). Assim as senhoras visitaram muitos locais, que talvez nunca teriam a oportunidade de visitar, como: Lar da Igreja em Panambi, Asilo Pella e Bethânia em Taquari, sede da IECLB em Porto Alegre, cidades de Gramado e Canela, jardim zoológico de Sapucaia e ruinas de São Miguel, RS, Foz do Iguaçu (por duas vezes), Usina hidrelétrica de Itaipu, PR e Paraguai, praia de Camboriú e águas termais de Piratuba, SC. E numa destas excursões, participaram em São Leopoldo, da formatura do pastor Erni Drehmer (atualmente pastor Sinodal) que na ocasião foi presenteado com um talar. O sentimento de amor ao próximo lhe era peculiar. Fazia muitas visitas a doentes e idosos e nunca ia de mãos vazias. Procurava saber do que as famílias mais necessitavam e levava-lhes doações, além de orar com as famílias, levando-lhes palavras de ânimo e esperança. Assim, passaram-se sete anos, nos quais este grupo esteve sob sua coordenação. Em 1980, foi formada a primeira diretoria para 22


o período de 1980 a 1983, que ficou assim constituída: Presidente: Anna Maria Grete Thönnigs, vice-presidente: Melina Franke, 1ª secretária: Sibilla Gisch, 2ª secretária: Danila Unrein, 1ª tesoureira: Elsa Fleith, 2ª tesoureira: Helga Zimmermann. Com a mesma garra e disposição, presidiu o grupo desde a fundação em 1974 até 1983. Naquele ano, aos 70 anos de idade, e com o mesmo espírito empreendedor de outrora, idealizou, junto com seu marido, uma maneira de ajudar a comunidade de Carazinho. Tendo como objetivo ajudar os operários de baixa renda, criou o Supermercado Oriental, colocando este estabelecimento no bairro onde residiam os operários, onde havia mais de 700 famílias nesta situação, não necessitando, portanto, deslocarem-se para fazerem suas compras. Comandou todas as etapas da constituição do estabelecimento, desde a escolha do local, compra do terreno, desenvolvimento do projeto, construção da obra, instalação, decoração e até as compras de mercadorias. Anna Maria Grete Thönnigs era uma mulher determinada, que tinha seus ideais definidos, que contribuía efetivamente com trabalhos missionários, tanto brasileiros quanto alemães, e que buscava cumprir o maior mandamento que Jesus Cristo deixou para aqueles que querem segui-lo, que é o de amar ao próximo como a si mesmo. Não hesitava em ajudar aqueles que a rodeavam e a fazer o que fosse possível para que o mundo se tornasse um lugar melhor para se viver. Anna Maria Grete Thönnigs faleceu em 31 de maio de 1994, com a idade de 80 anos. A semente lançada pela Sra. Grete frutificou e se perpetuou até os dias de hoje. O grupo da OASE Alemã ainda encontra-se em atividade e algumas senhoras, já idosas, lembram com carinho da sua atuação, relatando fatos relevantes. Por fim, como homenagem póstuma, expressam seu reconhecimento e gratidão, através desta biografia que permanecerá como registro de sua trajetória.

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AUGUSTA CAROLINA IDA KRIEGER RENAUX Sínodo Vale do Itajaí

Pediu-me a presidente da OASE de Brusque, Marli Klabunde, que descrevesse em poucas linhas para o jornal da entidade, algumas peculiaridades da personalidade e da atuação de Ida Renaux junto ao FRAUENVEREIN, palavra cheia de significado na vida de minha avó. Não só dela, mas de todas as suas contemporâneas da comunidade luterana de Brusque, pois, como escreveu Dona Erna Jönk Weingärtner na dedicatória que me fez da CRÔNICA DA FAMÍLIA JÖNK, ela o fazia como uma homenagem à amizade e respeito que havia entre nossos antepassados. E não há dúvida que esses traços eram cultivados nos encontros entre as mulheres imigrantes e suas descendentes conscientes de que do empenho delas dependia a construção dos alicerces de uma sociedade no Novo Mundo, constituídos pela família, pela Igreja e pela escola. Foi assim que na geração de Ida Renaux se continuou a obra das pioneiras Matilde Becker Lehman, Caroline Krieger, Selma Wagner Renaux, Anna Koehler, Anna Ulber e Luise von Czekus, tendo à frente a senhora Clara Lange, esposa do pastor Wilhelm Lange, as quais no dia 06 de dezembro de 1907 fundaram o WOHLTÄTIGKEITSVEREIN de Brusque. Esta entidade, em gerações sucessivas, tomou para si a função de cuidar dos idosos, das gestantes e da educação infantil a partir de sua matriz na comunidade evangélica luterana. Será seu o empenho de organizar e fazer chegar aos mais carentes que, como todos os imigrantes europeus, tinham vindo tentar a sorte na América, as doações colhidas nos empreendimentos econômicos, que aos poucos iam dando certo, responsabilizando-se diretamente pela sua contrapartida comunitária. Esse é o contexto da vida de Ida Renaux. Recolhendo informações “daqui e dali” e fazendo recuar nossas próprias lembranças, cor 24


roboradas pela minha irmã, Astrid Renaux, sua neta mais velha com quem tinha especial afinidade, tendo-lhe escolhido o nome de batismo, é dentro dele que tentamos reconstruir alguns traços de sua biografia: Começamos pelas MEMÓRIAS deixadas por seu filho Roland, que anotou ter sido Augusta Carolina Ida Krieger Renaux, filha de Guilherme Krieger, vindo da Alemanha ainda moço com mais alguns irmãos e de Carolina Jungblut, filha de imigrantes. O casal teve os seguintes filhos: Guilherme, Elza, Ida, Germano e Otto que, com exceção de Guilherme, atingiram todos, idades elevadas; Ida foi a que mais velha ficou, morrendo aos 87 anos em 24/12/1973. Ida Krieger casou-se com Otto Renaux e o casal teve dois filhos, Valdemar, o primogênito nascido em 30/08/ 1910 e falecido precocemente em 17/10/1919 e Roland Renaux, nascido em 25/10/1911 e falecido em 15/05/1991. Acrescentou, este último, as suas memórias, sobre o papel de suas antepassadas: “a respeito de minhas avós, ouvia falar que eram senhoras muito bondosas, sendo a avó Renaux, tratada de ‘a mãe dos pobres’; quanto à avó Krieger, além de boa mãe, era muito ativa, interessando-se pelos negócios do marido, sem dúvida, por ela muito apoiado nesse setor, tornando-se ele, em certa época, o comerciante mais bem sucedido do lugar.” Quanto às minhas próprias lembranças sobre minha avó, duas coisas marcadamente davam sentido à sua vida: servir de respaldo doméstico à carreira do marido - naquele tempo, a casa, cuidada pela mulher, era o cartão de visitas dos negócios - e Ida, quando tudo ainda era feito em casa, sabia tornar sua mesa insuperável, tendo como ponto alto o seu aniversário, dia 06 de junho, quando dias antes o aroma dos doces (as famosas tortas adaptadas da culinária alemã e as saborosas cucas, variantes locais e criativas dos Kuchen alemães) preenchiam toda a atmosfera e eram depois “testadas” e aprovadas pelos parentes e amigos, homens e mulheres, pois nessas datas, de acordo com as fotografias, os maridos vinham prestigiar as esposas, naquilo que constituía o ponto culminante de suas carreiras domésti

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cas. O segundo traço marcante em sua via era justamente a dedicação ao Frauenverein; era nele que a personalidade das senhoras daquele tempo podia desabrochar em estilo próprio ao tomarem elas, decisões em beneficio da comunidade. E aqui entram as lembranças de Erica Sievert e de sua filha Carla, a respeito de sua “Tande Ida”, de quem eram muito próximas, não apenas por passarem a residir na mesma rua, a João Bauer, mas, sobretudo, pelos ideais cultivados na ASSOCIAÇÃO DAS DAMAS DE CARIDADE, como veio a chamar-se posteriormente o FRAUENVEREIN. Lembra Carla que sua tia gostava muito de crianças e que, quando vinha buscar a sobrinha para “passadia” na sua então residência, junto à Fábrica Renaux, no antigo bairro Pomerânia, sobretudo nas datas festivas acima descritas, a pequena Carla, em casa da tia, viveu momentos inesquecíveis. Sobre o tema infância, comenta a mãe de Carla, Dona Erica, ter sido com especial carinho e doações que Ida Renaux se empenhou pela fundação do jardim de infância, que viria a chamar-se Bom Pastor e que funcionou nas dependências do Centro Evangélico mantido pela ASSOCIAÇÃO DAS DAMAS DE CARIDADE. É sobre os encontros das quintas-feiras, quando Ida costumava passar na casa da sobrinha para juntas irem ao Frauenverein, que Erica Sievert lembra da costura de aventais com tecido “da fábrica”, que então eram rebordados artisticamente pela tia, para depois serem sorteados nas festas da igreja luterana. Em troca, o Vorstand, o conselho da comunidade, recompensava seus membros mais antigos, com o que, segundo minhas memórias pessoais, comovia especialmente minha avó: nas madrugadas de domingo de Páscoa, o Posaunenchor, Coral de Trombones, tocava em frente às casas, celebrando a Ressurreição de Cristo! Mas, como bem lembrou Dona Erica, agraciada por memória privilegiada, em seus noventa e cinco anos de idade, como os tocadores tinham que levantar muito cedo, Dona Ida, passado o momento solene, fazia questão de que todos se refizessem no café Koehler, aguardados pelas “empadinhas” quentes e os doces do Sr. Alfredo e de Dona Olga. 26


Para além dessas vivências recolhidas na comunidade, convém destacar outra, que vem ressaltar a autoridade do pastor nos menores atos da vida do seu rebanho. Desta vez, quem conta é Helio Klahnn, membro do coral da igreja luterana e do quarteto Fonte Viva, uma vez que, logo após a cerimônia da sua Confirmação, ele passara a trabalhar na residência do casal Otto e Ida Renaux. Lembra Hélio de fato pitoresco em que um auxiliar recentemente contratado para ajudá-lo e ainda carente de “disciplina” foi surpreendido por Dona Ida em seu plantão de donade-casa. O fato se refere à vistoria dos marrecos assados guardados na geladeira, junto à lavanderia da residência, ocasião em que ela se deparou com a falta do precioso “recheio” dentro de um deles. Ora, a suspeita caiu de imediato sobre o recém-contratado, o qual, para confessar sua sedução frente à irresistível arte da cozinheira e achando-se em fase de frequentar a doutrina, só o fez diante da ameaça de “contar-se tudo ao pastor”. Associam-se as lembranças de Erica Sievert e de Helio Klahnn a respeito de Ida Renaux, nas demonstrações de interesse e de afeto que ela mostrava ter para com os seus conhecidos até o final da vida. Do que ela gostava de fato - relataram os dois que a acompanhavam nessas excursões para a “colônia”, era de visitar e tomar café na casa de suas antigas auxiliares e que agora praticavam as virtudes outrora aprendidas com a dona da casa, especialmente no que tange às receitas de cozinha (não estaria nessa prática, o gérmen autêntico do “café colonial” regional?). É Helio que, reverente e saudoso, encerra o tema das memórias, lembrando que um mês antes da morte de Dona Ida, ocorrida no Natal e às vésperas de suas núpcias com a jovem Zilma Silva, no dia 17 de novembro de 1973, ela ainda apareceu na casa dos Klahnn, no então “Cedrinho”, para trazer-lhe o presente de casamento - um jogo de jantar de porcelana Schmidt, cuidadosamente escolhido na Loja Renaux e ainda conservado, não sem antes certificar-se junto ao noivo: como é, os marrecos e gansos para a festa já estão no forno? Esses são os laços de amizade, de respeito e de valores em comum dentro dos quais crescemos em nossa comunidade, e nos 27


foi oferecida a oportunidade de relembrar nessas poucas linhas. Maria Luiza Renaux

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AUGUSTE LECKE Sínodo Vale do Taquari

Auguste Lecke nasceu em Kassel, em 11 de agosto de 1911. Casou-se em 10 de março de 1934, com GEORG LECKE, pastor evangélico luterano. O casal veio ao Brasil em 1934, enviado pela Igreja, atuando em São Pedro do Sul (RS), de 1934 a 1938; em Feliz (RS), de 1938 a 1955 e, na Paróquia de Teutônia Norte, no distrito de Teutônia, que na época pertencia ao município de Estrela (RS), permanecendo de 1955 a 1974. O casal foi abençoado com nove filhos, sendo que a menina mais velha veio a falecer após o nascimento. Na Paróquia de Teutônia Norte, com os filhos criados, Dª Auguste dedicou seu tempo na ajuda ao marido nos trabalhos das comunidades. Um dos grandes objetivos foi a fundação de grupos de OASE, como na Linha Frank, Linha Schmidt, Linha Clara, Linha Catarina e Linha Harmonia e o fortalecimento da OASE da Comunidade Paz, de Teutônia, que já existia. Estes grupos organizavam eventos (festas, chás, teatros, noites culturais, projeções de slides e de filmes) com objetivo de angariar fundos para auxiliar na construção de centros comunitários, aquisição de mobiliário próprio, louças, talheres, etc. A “menina dos olhos” desses grupos e das comunidades era o Asilo Pella Bethânia, ao qual se destinavam campanhas de roupas, calçados, material de higiene e brinquedos, todos os anos. Nos seus encontros mensais, as senhoras realizavam um estu

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do bíblico, entoavam hinos de louvor,, discutiam temas de interesse do grupo, bem como realizavam trabalhos manuais para vender em sua festa anual. Era a oportunidade das mulheres deixarem os seus afazeres em suas propriedades rurais para trocarem idéias e crescerem espiritualmente. Nessas atividades, muitas vezes, quem orientava, organizava e incentivava era a “Frau Pfarrer Lecke”, como era chamada. O canto coral também era muito apreciado e estimulado. O coral da OASE cantava em seus próprios eventos, nos cultos e, também nos eventos da comunidade, bem como nos enterros de seus membros. Na OASE de Teutônia, o coral era regido pelo próprio P. Lecke e a Dª Auguste cantava junto. A OASE de Teutônia, depois da construção da Casa da Comunidade, manteve durante muitos anos um Jardim de Infância. Aos sábados à tarde, com grande afluência, acontecia o Culto Infantil, um encontro que reunia as crianças da comunidade de Teutônia, luteranas ou não, o que rendia a Dª Auguste, o apelido de “Tante Pfarrer”, o que perdura até hoje, quando alguém menciona o seu nome. Auguste Lecke faleceu em 06 de dezembro de 1995, em Ivoti, onde residia desde 1978, sendo que representantes de todas as comunidades e OASEs lhe renderam uma última homenagem. “Tante Pfarrer” ou “Frau Pfarrer Lecke”, nosso sincero agradecimento pela sua grande dedicação e atuação neste tempo em que atuaste em nossos grupos de OASE, na Paróquia Teutônia Norte. Foste um exemplo de TESTEMUNHO, COMUNHÃO E SERVIÇO. Agradecemos a colaboração da filha Guisela Lecke, que nos auxiliou na escrita da biografia da Srª Auguste Lecke

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BEATE JOHANNA WILLE Sínodo Vale do Taquari

Beate Johanna Wille, nascida 26 de janeiro de 1932, em Blumenau, SC, era filha do Pastor Johannes Blümel. No tempo da 2ª Guerra Mundial, sua família sofreu perseguição, seu pai foi preso em Florianópolis. Assim, não recebiam mais apoio para a sua subsistência, e sua mãe encontrou grandes dificuldades em sustentar os seis filhos. A situação ficou muito difícil e Johanna foi morar com a família do Pastor Spellenberg, na Itoupava Central, SC. Hanna Spellenberg esposa do pastor Spellenberg, se dedicou muito a Johanna, ensinando-lhe todos os afazeres de casa, tocar harmônio, dirigir coral, trabalhar com Culto Infantil, OASE... Como deveria ser uma futura esposa de pastor. Assim que terminou a guerra, Johanna estudou e trabalhou um ano como auxiliar de enfermagem na Maternidade em Blumenau. 1947 - 1948: Proseminar em São Leopoldo, RS. 1949 - 1951: Voltou para Blumenau, Maternidade. 1951: Voltou para a Alemanha com seus pais. 1953 - 1954: Foi para o Seminário em Denkendorf, onde formavam Assistentes Comunitárias (Igreja de Würtemberg). 1955: Em Beilstein, casou-se com P. Herbert Wille e viajaram para o Brasil. No mesmo ano, substituem o pastor Hannemann em Marcelino Ramos, SC. 1956 - 58: Juntos assumem a Comunidade de Luzerna, em Joaçaba, SC. Johanna assume com muita dedicação o trabalho com grupos de OASEs em Luzerna. Ela acaba criando mais dois grupos de OASEs em Leãozinho e Vila Kennedi. 1958 - 68: Assumem a Comunidade de Ernestina. Também aí, Johanna fundou o grupo de Oase de São José da Glória e Santo

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Antônio. 1968 - 78: Assumindo a Paróquia de Ijuí, Johanna, com toda a sua perseverança, se dedica aos trabalhos da OASE, fundando os grupos de Linha IV Oeste, Chorão e Itaí. E agora também o grupo da 3ª Idade. 1978 - 81: Voltam para a Alemanha, Weyer, Igreja de Hessen, Nassau onde trabalhou muito com dois grupos de OASE. 1982 - 85: Voltando novamente para o Brasil, Ijuí, RS, assumem a conclusão do Asilo SABEVE e a administração deste lar. Visitou vários grupos de OASE tentando reconstruir, reconquistar a confiança das mulheres e outras pessoas para continuar se dedicando a este trabalho nobre. 1985 - 86: Assumem a paróquia de Conventos. Dedicou-se com muito carinho aos grupos de São Bento, Forquetinha e Conventos. Dirigiu cantos, lecionou Ensino Religioso nas escolas de Conventos e Forquetinha. Johanna e Herbert tiveram sete filhos. Em meio a crises, conflitos e dedicação para vencer as barreiras impostas pelo dia-a-dia, Johanna orava, expressava seu dom no serviço ao próximo e à família. Dela ficou o testemunho de servir com alegria, sem esperar algo em troca. Ela acreditava que servir não é perda, mas sim, ganho. Muito sábia em administrar o seu tempo, educação dos filhos, tempo para o esposo, afazeres na casa, OASE, paróquia, escola, amigas... Casa sempre aberta aos jovens, muito hospedeira. Johanna, ou simplesmente Hanna, sempre muito lembrada através de um cartão postal, fotos, mensagens escritas e deixadas num caderno de recordação, hoje as folhas estão amareladas pelo tempo, mas foram tantas as mulheres conquistadas por ela através do seu sorriso, do seu serviço, do seu olhar, do seu gesto de amizade. Ela foi importante para muitas pessoas. Ainda hoje é lembrada... no dia do seu aniversário ou em outra ocasião especial, flores são deixadas no seu túmulo, com lágrimas de saudade, recordações apenas... Hanna vive na lembrança das pessoas que a conheceram e amaram. Faleceu a 26 de maio de 1986, em Lajeado, RS. 32


BEATE SPIEWECK WEINGÄRTNER Sínodo Vale do Itajaí

No espaço de uma única geração, muita coisa mudou, dentro e fora da Igreja. Nesta, uma das mais marcantes foi a mudança no papel da esposa do pastor, em alemão a “Frau Pastor”, ou “Frau Pfarrer”. Essa mudança foi vivenciada profundamente por Beate Spieweck Weingärtner, nascida em 1941, em Breslau, Alemanha, e falecida prematuramente em Blumenau, em janeiro de 1988. Beate casou-se com o pastor Nelso Weingärtner, atualmente aposentado, e com ele teve quatro filhos: Ursula, Heidi, Roberto e Mônica. Cumpriu as obrigações tradicionais das esposas de pastores, como secretária da paróquia – registrando batismos, casamentos e atendendo a solicitações dos paroquianos – mas fazia muito mais do que isso. Enquanto o casal atuava em Timbó, SC, foi co-fundadora de nove grupos de OASE, entre 1966 e 1981. Naquela época, havia muita rivalidade entre os habitantes do lugar, e ela contribuiu decisivamente para unificar e conciliar as pessoas. Mas não ficou só nisso: ensaiava peças e jograis com grupos de senhoras, crianças e jovens, aos quais também ministrava ensino confirmatório quando o marido se encontrava impedido, visitava doentes e, utilizando seus conhecimentos musicais, organizava e dirigia corais com competência e, principalmente, amor. Na verdade, o amor ao próximo preenchia o seu coração de tal forma que ela conseguia conciliar todas essas atividades com

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suas obrigações domésticas, a atenção ao esposo e a educação de quatro filhos sapecas e inteligentes. A vida de Beate não foi das mais fáceis. Nascida durante a Segunda Guerra Mundial, mal se lembrava de seu pai, convocado como soldado e morto no campo de batalha por opor-se ao regime nazista. Ela, sua mãe e a pequena Hannelore, de três anos, foram obrigadas a fugir da cidade, juntamente com uma tia que morava lá. O restante da família morava no Brasil. Começou aí uma verdadeira epopéia: em suas memórias, anotadas uma semana antes de sua morte, para perpetuação desses fatos na família, Beate conta: “Arrumamos duas pequenas malas com roupas e documentos e abandonamos a casa, muito bem montada, e nos colocamos a pé na estrada. Tia Grete me empurrando num carrinho de mão e Hanni amarrada nas costas de minha mãe como uma mochila”. À sua volta, outros fugitivos civis, ruínas, Breslau queimando ao longe e a chuva de bombas americanas, enquanto o inverno mais frio da década castigava as pessoas. A fuga do grupo terminou em um grande barracão de refugiados, em Reutlingen, onde passaram a contar com a ajuda de uma organização americana, a UNRA, que repatriava estrangeiros e seus descendentes na Alemanha. Embora nascida lá, Beate era neta de imigrantes, e seus pais eram brasileiros. Somente em meados de 1947, a pequena família pôs os pés em território brasileiro e reencontrou os parentes, que moravam em Brusque. Foi lá que ela passou o restante da infância e a juventude, transformando-se numa bela jovem, tímida, retraída e muito estudiosa, e tornando-se professora. Foi também em Brusque que conheceu o futuro marido, com quem se casou e foi morar em Santa Isabel, depois em Timbó e finalmente em Blumenau. Durante todos os anos em que foi “Frau Pastor”, Beate compartilhou não só os deveres do esposo, mas também as confidências e os problemas da comunidade, principalmente das mulheres, que viam nela uma conselheira sábia e solidária.

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Muita coisa mudou desde então. Poucas esposas de obreiros da igreja ainda exercem esse papel, ocupadas com outras profissões ou sendo simplesmente donas-de-casa. A vida moderna proporcionou a elas oportunidades de se realizarem de maneira diferente, e as pessoas da comunidade preferem recorrer a psicólogos com seus problemas. A grande perda, para todos, com essa mudança, não foi só o falecimento de Beate, em particular, ou o desaparecimento da figura da “Frau” Pastor, mas o fim da solidariedade, do amor ao próximo, da confiança e da amizade que ela podia oferecer. Como amiga pessoal dela, pude testemunhar sua solidariedade durante as enchentes de 1983 e 1984, quando ela e o P. Weingärtner abriram sua casa para os flagelados. Minha mãe, eu e nosso cãozinho “Xereta”, e mais 17 pessoas ali nos abrigamos por quase 15 dias, da primeira vez. No ano seguinte, o drama se repetiu, e de novo buscamos refúgio na casa pastoral, onde encontramos não só um lugar para ficar, mas principalmente corações e braços abertos. Em outra ocasião, minha mãe encontrava-se de cama, com gripe e eu precisei deixá-la sozinha em casa, pois trabalhava fora. À tarde, quem apareceu com um raminho de flores do seu jardim? A “Frau Pastor”, que largou todos os seus afazeres para fazer um pouco de companhia à minha mãe. Estes pequenos gestos fizeram dela, antes de tudo, uma grande mulher e uma cristã exemplar. Anamaria Kovács

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BERTY JENSEN Sínodo Vale do Itajaí

Bertha Rosa Weber nasceu em Rüti, na Suíça, em 21 de janeiro de 1895. Era filha de Jacob Otto Weber e Bertha Sollberger. Teve um irmão, Hugo Otto Weber, nascido em 07 de outubro de 1897. No verão de 1913, a jovem, em companhia de amigos excursionistas, estava escalando os montes Glamerland, quando conheceu o brasileiro Rudolf Jensen, que se encontrava na Suíça, frequentando um curso técnico. A simpatia entre os dois jovens foi recíproca. Encontraram-se diversas vezes e com esses encontros, surgiu um grande amor. Porém, o jovem terminou seu curso e seu pai o chamou de volta para o Brasil. Antes de partir, noivaram, e ele retornou à sua terra natal deixando, na Suíça, uma noiva saudosa e a promessa de em breve chamá-la para o Brasil. Em 23 de março de 1915, Berty deixou sua casa paterna em Rüti, e viajou para Gênova, onde tomaria o navio italiano Príncipe Umberto, que se dirigia para a América do Sul. Ao chegar ao Rio de Janeiro, foi recebida no porto por um irmão do pai do noivo, Jens Jensen. Ela ficou na residência dos tios do noivo por duas semanas, esperando a partida do navio costeiro Orion, que a levou até o porto de Itajaí, aonde chegou no dia 06 de maio, após três dias de viagem. Lá estavam, à sua espera, o noivo, feliz por reencontrá-la, a mãe dele e duas irmãs menores, Caroline e Isa. 36


Na manhã seguinte embarcaram no navio Blumenau, eram nove horas da manhã e o dia estava claro e lindo. A noiva estava deslumbrada com a exuberante natureza que ladeava as margens do rio Itajaí-açu, que ela, entusiasmada, não se cansava de admirar. Chegando a Blumenau, estavam sendo aguardados pelos irmãos do noivo, Leopoldo, Guilherme, Frieda e Wanda, com o carro de mola da família e um carroção puxado por duas parelhas de cavalos, para transportar os dezenove baús com o enxoval da noiva. Esta viagem por via terrestre foi extremamente cansativa, pois após semanas seguidas de chuva, as estradas estavam em péssimas condições, o que atrasou a viagem, chegando eles ao destino final, já ao anoitecer. À sua espera na companhia Jensen estavam os amigos e curiosos, todos ansiosos para conhecer a corajosa jovem de vinte anos que através dos mares enfrentava uma longa e nervosa viagem para se encontrar com o amado noivo. A recepção foi calorosa, com muitos vivas e foguetes. Ela ficou hospedada na casa dos pais do noivo até a data do casamento. Com seu espírito alegre e comunicativo, Berty logo conquistou o coração de todos, familiares e amigos, o que a ajudou a aliviar a saudade dos pais, que ficaram tão distantes em sua querida pátria. O casamento civil foi realizado no cartório de Blumenau no dia 15 de setembro e o casamento religioso em 18 de setembro, na casa dos pais do noivo, Ida e Carlos Jensen, onde foi montado um altar enfeitado com flores e palmeiras. A prédica do Pastor após as orações e troca das alianças foi baseada em Rute I, versículos 16 e 17. Foi muito emocionante, e após a cerimônia todos se dirigiram ao salão onde começou a festa, às quinze horas, com um grande banquete seguido de danças e brincadeiras até o amanhecer. À meia-noite houve a dança da grinalda, uma tradição da época:

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os noivos sentavam-se em duas cadeiras no meio do salão, e os solteiros dançavam em volta do casal, cantando a música alemã “Wir windeu Dir den Jungfernkranz”. Ao término do canto, a cunhada mais velha, Wanda, tirava a coroa e o véu da cabeça da noiva. A seguir a dança continuava, mais uma volta, quando os noivos se levantavam e o noivo escolhia uma moça e a noiva um rapaz com quem dançavam juntos. Dizia a voz popular que o casal escolhido pelos noivos geralmente se casava. Em maio de 1916 foram residir na casa para eles construída. Em 19 de abril de 1917, nasceu-lhes o primogênito Arno, três anos mais tarde, chegou o segundo filho, Udo em 07 de novembro de 1920 e em 15 de novembro de 1923, nasceu o caçula Aldo. Passados alguns anos, a família mudou-se para Curitiba, onde começou a “Casa Blumenau”, que vendia principalmente produtos da Companhia Jensen. Em 1946, com os filhos já na universidade, estando o mais velho formado e trabalhando em Belém do Pará, o casal transferiu sua residência para Rio do Sul, onde Rudolf veio a falecer em 30 de novembro de 1954, após cirurgia de estômago. Foi sepultado no cemitério evangélico. Após o falecimento do esposo, Berty vendeu a casa e transferiuse para Camboriú de onde, em maio de 1955, viajou para a Suíça, onde ficou com a mãe até fevereiro de 1956. Após o seu regresso a Camboriú, dedicou-se ao trabalho comunitário da igreja, e em junho de 1956, fundou a OASE. Ministrava aulas de religião aos confirmandos, pois, como a comunidade era pequena, os ofícios eram atendidos pelo pastor de Brusque. Em dezembro de 1960, arregaçou as mangas e começou uma campanha em prol da construção de uma igreja. Foi bater à porta de seus amigos conhecidos e industriais de Blumenau e ninguém negou auxilio ao seu pedido. Esta igrejinha foi construída no prazo de sete semanas com a supervisão do Sr. Tesch. Ela foi 38


inaugurada no dia 22 de janeiro de 1961, pelo Praeses Stoer, pastor Lindolfo Weingärtner e mais três pastores. Era pequena para abrigar todas as pessoas que chegaram para a inauguração. Nos anos seguintes foram construídos, o salão comunitário e a casa de hóspedes, tudo feito com doações. Foi com este trabalho a que Berty doou sua energia e capacidade e, abençoada por Deus, que ela aliviou a grande saudade do seu coração. Viveu em Camboriú até os 84 anos de idade, quando foi viver em Joinvile na casa do filho Arno, onde ficou até os 86 anos, quando foi levada para o Rio de Janeiro, para a casa do filho Udo. Faleceu aos 89 anos, no dia 04 de abril de 1984, no Lar Humbold, onde estava internada. Foi enterrada no Rio de Janeiro. É uma figura que até hoje serve de exemplo para a sua família e todos que com ela tiveram a felicidade de conviver. Carmem Schneider Jensen

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BETTY ZISCHLER Sínodo Paranapanema

Quero apresentar-me e contar um pouco de minha vida, que dediquei a Deus e a sua igreja e espero que com isso, possa motivar outras pessoas a seguirem este caminho, pois uma vida dedicada a Deus, é uma vida plena e realizada. Nasci no dia 18 de abril de 1904, em Gunzenhausen, Mittelfranken, Alemanha. Fui batizada no dia 04 de maio de 1904, na igreja luterana que ficava ao lado da residência de meus pais, Leonhard Arnold e Margarethe Arnold da família Bach. Fui batizada com o nome de Babette Luise, mas, como naquela época não se observava com tanta meticulosidade os documentos, as pessoas assumiam e assinavam com o nome ou apelido com o qual eram conhecidas. Desta forma sempre fui chamada e assinei com o nome de Betty. Meus pais tinham uma loja de brinquedos e objetos para o lar, bem ao lado da igreja luterana e, como era costume da época, as filhas automaticamente se entrosaram na loja dos pais. Assim, eu e minhas irmãs ajudamos os pais desde a adolescência. Eu era a oitava da família, depois de mim, ainda nasceram dois irmãos. Meu pai, Leonhard, faleceu em fevereiro de 1928, num acidente, atropelado por um carro, quando estava andando de bicicleta. Minha mãe, Margarethe, foi acometida por um ataque cardíaco, ao saber da noticia do falecimento do marido e mor 40


reu no dia seguinte. Com a morte de meus pais, eu e mais duas irmãs assumimos as duas lojas que eles deixaram, uma em Gunzenhausen e outra em Ingolstadt. Como éramos muito comunicativas, em nossa casa, tínhamos muitos amigos que vinham nos fins de semana, para cantar e curtir a amizade. Entre estes apareceu também um estudante, de nome Hans Zischler, que estava se preparando para assumir um pastorado no Brasil. Chegamos a conhecer-nos em 1930. Ele morava com seus pais e irmãos em Laubenzedel, uma aldeia a 2 quilômetros de Gunzenhausen, e estudava em Neuendettelsau. Quando ele terminou os estudos e foi ordenado para o ministério, celebramos nosso casamento, no dia 11 de dezembro de 1932. Eu e minhas irmãs, além de visitarmos a igreja que ficava logo ao lado, participamos também das reuniões e estudos na “Hensoltshöhe”, uma instituição da “Gemeinschaft”, movimento renovador e independente da Igreja Evangélica. Meu marido, batizado com o nome de Johann Georg e, como aconteceu comigo, assumiu e passou a assinar-se Hans, da forma como era chamado pelos familiares, formou-se para ser missionário e escolheu o campo de trabalho no Brasil. Como viagem de lua de mel, embarcamos em 6 de janeiro de 1933, em Hamburgo, num navio em direção ao Brasil. Pisamos em terra brasileira no porto de Paranaguá, em fins de janeiro e de lá fomos de trem a Curitiba. O Sínodo Luterano de Santa Catarina e Paraná enviou-nos a Bom Jardim, um lugarejo no interior do Paraná. Nesta comunidade, vivemos dois anos e meio, atendendo a membros espalhados num raio de 500 quilômetros. O atendimento era feito a cavalo e nas visitas, meu marido ficava às vezes, de 3 a 4 semanas fora de casa. Neste período, eu visitava as famílias, reunia as crianças, ensinando-lhes histórias bíblicas e cantos espirituais, dedicando-me à juventude aos domingos. Além disso, convidava as senhoras esporadicamente em nossa

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casa, para diálogo, estudo da Palavra e aconselhamento. Nos primeiros tempos, enquanto podia, eu acompanhava meu marido nas visitas a cavalo, nas comunidades distantes e dispersas. Em 25 de março de 1934, nasceu nosso primeiro filho: Werner, num domingo de Ramos, enquanto meu marido celebrava o culto de confirmação na igreja ao lado. Em 11 de setembro de 1935, nasceu Hannelore, a segunda filha, assistida apenas por uma parteira. Ambos nasceram em Bom Jardim, em condições precárias. Em Rolândia, nasceu Inge, a segunda das filhas, que aos dois anos e meio veio a falecer, em São Paulo, durante uma cirurgia de difteria na laringe. Em Rolândia e proximidades não havia recursos disponíveis para tal cirurgia naquele tempo. No dia 27 de setembro de 1940, nasceu Doris, a terceira das filhas e no dia 5 de agosto de 1942, Roland, o quinto filho, e o segundo dos homens. Este último recebeu o nome em homenagem a sua cidade natal. Quando Hannelore tinha 5 meses e Werner 2 anos, nossa família foi transferida pelo Sínodo para Rolândia, no norte do Paraná. A mudança ocorreu em fevereiro de 1936. De Curitiba, o pastor Karl Frank acompanhou-nos na viagem de trem, por ter sido ele encarregado de celebrar a instalação na nova unidade. A Sociedade Colônia Roland, assumiu a responsabilidade da formação e manutenção da comunidade evangélica, formada com a nossa vinda. Quando chegamos a Rolândia, não havia moradia, como tinha sido prometido antes. Assim, nós tínhamos que nos hospedar num hotel por conta própria. Depois de uma semana, o proprietário da fazenda “Weseroda” arrumou um quarto com cozinha a 5 quilômetros da cidade. Como não havia móveis, foi espalhada palha de milho no chão, para servir de cama. Para fazer compras, era necessário enfrentar a distância de ida e volta a pé. Devido às más condições gerais, envolvendo clima, intempéries e outros fatores, toda a família foi acometida de diarréia. Finalmente, foi encontrada uma casa de 36 metros quadrados na cidade, para ser alugada. Era uma casa de madeira, sem janela 42


de vidros e sem forro. Quando, semanas mais tarde, vieram os móveis, que foram despachados por trem, alguns tinham de ser distribuídos na vizinhança, pois não havia espaço no pequeno cômodo. Uma grande preocupação era a situação de saúde dos familiares. Não havia onde conseguir verduras nem frutas; ainda bem que a uma distância de 200 metros iniciava a mata, onde se podiam colher palmitos. Membros da comunidade às vezes ajudavam, dando um cacho de bananas. Com o correr do tempo, foi construída uma casa pastoral de material, que era a primeira casa de alvenaria de Rolândia e foi construída com dinheiro que eu trouxera como herança, das propriedades de meus falecidos pais. O terreno tinha o tamanho de aproximadamente uma quadra que foi aproveitada por meu marido, que viera do meio rural, para a plantação de arvores frutíferas, verduras e criação de aves. Os cultos e programações da comunidade de Rolândia, a princípio, eram realizados na Escola Alemã, que estava anexa ao terreno doado pela Companhia de Terras Norte do Paraná à Comunidade Luterana, no qual fora construída a casa pastoral. Esta escola foi fechada na época da Segunda Guerra Mundial e transformada em escola pública. Assim, os cultos e todas outras programações comunitárias, eram realizados na casa pastoral, o que logicamente interferia na vida familiar, pois a casa não tinha sala separada para estas programações. Era regularmente um arrumar e desarrumar a sala! Além das lidas domésticas, eu auxiliava nas atividades da comunidade. Reunia as crianças para cultos dominicais, dirigia a reunião com jovens, fazia visitas e dava assistência espiritual, onde quer que houvesse necessidade. Quando as crianças cresceram, comecei a formar grupos de senhoras, que passei a atender, depois, com regularidade. Em Rolândia, o grupo foi iniciado no dia 18 de abril de 1950, em Cambe, no ano de 1954, em Apucarana no ano de 1955. Em Londrina, o grupo iniciou em 24 de março de 1954 e algumas 43


semanas mais tarde, em Heimtal. A partir de 1954, eu acompanhava meu marido, quando ele ministrava ensino confirmatório nas comunidades. Neste período, eu reunia as senhoras, em casas particulares, e ali cantava, apresentava palestras e as animava para uma vida feliz e realizada. Nem sempre as atividades corriam às mil maravilhas, houve momentos difíceis, quando surgia desânimo e diminuição do entusiasmo em relação ao trabalho com as senhoras. Mas, com oração e ajuda de Deus e novas motivações, foram encontrados pontos de apoio para o desenvolvimento e a continuidade desta atividade. Assim aconteceu, por exemplo, num retiro de senhoras em Jaraguá do Sul em 1953, quando eu, em companhia de Frau Voelz e Frau Radetzky, viajamos de avião a Curitiba e de lá por ônibus até Jaraguá do Sul. Naquela oportunidade, o grande encontro aconteceu com cerca de 100 senhoras. Este encontro foi muito proveitoso, proporcionando novo ânimo e confiança em Deus. Assim, reanimada, voltei para depois fundar os grupos de Cambe, Londrina, Apucarana e Heimtal. As reuniões tornaram-se regulares. Nestas reuniões, as senhoras vinham com alegria, para ouvirem a palavra de Deus, orar, cantar e receber autêntico alimento espiritual. Nas orações, eu sempre incluía uma petição em favor do trabalho das senhoras, para que fosse abençoado por Deus e frutificasse para a glória do Seu Reino. Com grande gratidão, constatei que a reunião das senhoras foram encontros abençoados e muitas vezes, após os momentos devocionais, as donas de casa, ofereciam um refrigério material, bem-vindo, acompanhado com bolachas. Naquele momento havia oportunidade para trocar idéias num ambiente alegre e descontraído, e como isto é necessário para estas mães e senhoras, após as atividades cotidianas e a canseira natural decorrente da rotina do dia-a-dia! Em relação às fofocas, que normalmente surgiam em encontros, eu dizia: “palha seca, não é malhada”, com isto, eu quis

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dizer que não se deve tecer críticas negativas sobre o próximo, mas demonstrar que nós, como senhoras cristãs, devemos ser “auxiliadoras”, portanto, dar um testemunho positivo dentro da família em primeiro lugar e também na comunidade. As reuniões das senhoras eram sempre bem elaboradas, eu as preparava por escrito e pesquisava em livros, que recebia da Alemanha, para transmitir um bom conteúdo. Eu usava muitas ilustrações e exemplos vivos, que despertavam a atenção das senhoras. A outra parte forte eram os cantos, eu sempre levava o violão e, com voz forte, incentivava as senhoras a cantar. Também procurava ensinar hinos novos, não conhecidos no hinário tradicional. As reuniões em Londrina eram feitas nas casas das participantes e também no hotel do casal Kletke. Este casal vendeu seu hotel e comprou um outro, em Paranavaí. Como a senhora Kletke ficara muito entusiasmada com as reuniões em Londrina, ela teve saudades, e sentiu falta deste apoio. Em Paranavaí não havia comunidade evangélica, assim os membros evangélicos se sentiram desamparados. O casal Kletke resolveu então convidar meu marido e eu, para irmos até lá, para darmos estudos bíblicos em seu hotel de dois em dois meses. Assim, nós nos deslocamos de Rolândia de ônibus, três vezes por semestre, a Paranavaí, a uma distância de 150 quilômetros. Quanto ao canto, assim como no culto infantil, eu sempre procurava algo novo e apropriado, assim procurei divulgar bastante um hino da “Frauenhilfe” que recebi da Alemanha e que se tornou muito conhecido no âmbito do Sínodo Luterano de Santa Catarina e Paraná, e que foi impresso sob número 267, no hinário “Hinos e Canções”, editado pela Obra Missionária de Leigos, em Canoinhas. Depois de 26 anos de atividade profícua no Norte do Paraná, meu marido foi convidado a assumir o trabalho pastoral em Joinville. O último culto em Rolândia foi celebrado em 17 de junho de 1962 e no dia 21 de junho, aconteceu a mudança para Joinville. 45


Naquele tempo, havia apenas duas paróquias em Joinville, uma no Centro, a Igreja da Paz, onde ele assumiu o trabalho juntamente com o pastor Gebhard Dauner e a outra, a Paróquia Cristo Bom Pastor, na rua Anita Garibaldi. Como o presidente do Sínodo, pastor Wüstner, havia voltado à Alemanha, meu marido, Hans Zischler, assumiu, além das atividades na Paróquia da Paz, a presidência do Sínodo. Já embalada pelo trabalho no Norte do Paraná, assumi vários grupos de senhoras em Joinville. Na casa paroquial, na rua Jaguaruna, convidei senhoras da sociedade para reuniões de canto, de oração e reflexão sobre a Palavra de Deus. As senhoras também foram motivadas a ajudarem pessoas carentes. Desta forma, foram distribuídas cestas básicas com alimentos e outros utensílios por ocasião das festas natalinas. Viajei neste tempo a Pomerode e ali consegui algumas caixas de louça, das porcelanas Schmidt, que foram anexadas às cestas. Além disto, foram distribuídas roupas doadas pelas malharias de Joinville. Na rua Tubarão, na igreja Martin Luther, que pertencia à Paróquia do Centro, eu me dediquei às senhoras que se reuniam regularmente desde o ano de 1962. Outro grupo se formou no ano de 1964, na rua XV de Novembro na residência da família Baggenstoss, era um grupo de senhoras muito ativas, que faziam muitos trabalhos manuais. Além deste grupo na casa paroquial e na rua XV de Novembro, eu reuni as senhoras na “Kreuzstrasse”, hoje, rua Rui Barbosa. Estas reuniões iniciaram no ano de 1965 e aconteciam na casa da família Federsen. Aquela região, que naquela época era zona rural, é atualmente o Distrito Industrial de Joinville. Estas reuniões eram bem frequentadas e as senhoras estavam muito abertas para receber as mensagens de amor transmitidas. O grupo reunia-se num rancho, anexo à cozinha; no outro lado da parede havia um estábulo. As vacas mugiam muito durante as reuniões, principalmente quando eram entoados os hinos. Então eu sempre dizia que elas se uniam às nossas vozes para louvar a 46


Deus. As sementes lançadas naquela casa foram crescendo, e se desenvolveram no atual grupo de OASE da Paróquia São Mateus. Mesmo quando o meu marido se aposentou em 1968, continuei formando um grupo de senhoras em nossa casa, na rua Chapecó; eram em torno de 10 a 12 senhoras da vizinhança, que vinham para cantar, orar e ouvir a Palavra de Deus. Ali elas passavam algumas horas de alegria e conforto espiritual. Assim, Betty Zischler foi ativa e deu seu testemunho de fé, onde quer que estivesse. No dia 11 de dezembro de 1982, o casal festejou suas bodas de Ouro, na igreja da Paz, em Joinville, juntamente com seus filhos, netos e amigos. No dia 18 de abril de 1988, ela comemorou também com todos os familiares reunidos, o seu 84º aniversário. Como de costume, cantamos os antigos e belos hinos de louvor e do folclore alemão. Oito dias mais tarde, dia 26 de abril, ela acompanhou seu marido, Hans, na distribuição de literatura e folhetos, que faziam com regularidade. Dentro do carro ela teve um enfarte e faleceu repentinamente. No dia seguinte, aconteceu sua despedida, na igreja Martin Luther, com a presença de muitas pessoas, para as quais havia transmitido seu testemunho e seu amor. O sepultamento aconteceu no Cemitério Municipal de Joinville, onde três anos mais tarde, foi sepultado, ao seu lado, seu marido Hans Zischler.

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BRUNHILDE MARIA WOLF WINKLER Sínodo Planalto Rio-Grandense

BRUNHILDE MARIA WOLF WINKLER, mulher que nos faz lembrar a história de Marta e Maria. Para ela o importante é ouvir o Mestre como Maria e fez. Aprendeu com os estudos bíblicos do Pastor Simon na OASE. Dedicou-se para levar através da Palavra de Deus, consolo, conforto para idosos, doentes e pessoas tristes. Para sair da ansiedade e do sofrimento, é só fazendo o que Maria fez, sentar aos pés de Jesus, aprendendo a ouvi-lo e a partir disto servi-lo. Dona Brunhilde sempre se manteve na presença de Jesus, o Mestre, com seu fiel Testemunho para sua família e porque não dizer, na sociedade Panambiense.

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BRUNILDA TESCHE MATZEMBACHER Sínodo Noroeste Riograndense

Existem pessoas que marcam nossas vidas com uma peculiaridade muito especial. Seja por terem a percepção da realidade que lhes é posta de forma diferente - em que conseguem ver sempre “uma luz no fim do túnel”, absorvendo tudo como um aprendizado e de forma positiva, e conseguindo encontrar solução para tudo -, seja pelo modo como agem diante de situações delicadas que surgem em nossas vidas. Brunilda Tesche Matzembacher, com certeza, foi uma dessas memoráveis pessoas: não só marcou - de forma muito distinta - a vida de todos os seus familiares e amigos, como soube se fazer lembrar - através de suas incessantes atividades desenvolvidas em benefício do próximo - por toda uma comunidade que até os dias hodiernos ainda lhe é muito grata. Em vários momentos de nossas vidas, deparamo-nos com situações inusitadas em que, em muitas delas, não conseguimos encontrar adequada solução. Dificuldades relacionadas com o convívio entre familiares, problemas de ordem financeira - tendo em vista até mesmo o problema socioeconômico pelo qual há muito tempo nosso país vem atravessando -, questões atinentes à inclusão social, política, dentre diversos outros fatores, que tornam a relação humana e o convívio em sociedade uma relação extremamente complexa. Pois soube a tão querida Brunilda abordar todas essas questões e trabalhar com elas com 49


muita combatividade, lealdade e, acima de tudo, muita sensibilidade, lutando pelos seus ideais - dentre eles o bem comum de forma efetiva. Soube, inclusive, representar os ideais da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas/OASE com muita altivez e serenidade, assumindo compromissos e desenvolvendo trabalhos sérios, com o escopo de tentar alcançar, de uma forma ou de outra, um mundo um pouco mais justo. Em sua vida particular, no convívio com sua família, conseguiu levar seus ensinamentos não somente pela palavra, mas sim pelos diversos exemplos dados, mostrando a todos o caminho a ser seguido. Sempre com muita fé, soube trilhar os caminhos de Deus, aceitando inclusive as adversidades que, lato sensu, tanto no pessoal quanto no trabalho, a vida lhe impôs. Mesmo acometida de uma grave doença - o câncer -, que lhe fez mudar muitos planos - alguns infelizmente não alcançados -, mesmo tendo sido submetida a diversos dissabores logicamente ocasionados pela doença, esforçou-se no sentido de continuar perseguindo a concretização das diversas obras das quais deu início, na labuta incessante em busca da consolidação da palavra de Deus. Com sabedoria e humildade, alcançou o respeito de todas as pessoas que estavam ao seu redor, da forma mais respeitável e certamente gratificante: pelas obras realizadas em prol de sua comunidade. Francis C. Matzenbacher e familiares

DEPOIMENTOS Exemplo de vida A Brunilda trabalhou comigo quando eu fui presidente pela primeira vez. Eu não era muito experiente com o Sínodo e sempre que precisei, ela esteve ao meu lado para ajudar. 50


Ela era tesoureira e me acompanhou sempre com muita humildade e carinho. Eu aprendi muito com ela, em tudo ela sempre estava pronta para ajudar a qualquer hora. O pensamento dela era para que sempre houvesse paz na OASE. Eu poderia citar muitas qualidades dela e hoje sinto que ela faz muita falta para a OASE. Eli Boeck

Lembranças que ficam Viemos morar em Três de Maio no ano de 1988 quando fui convidada a participar das reuniões da OASE, passando a integrar a diretoria logo nos primeiros meses. Foi aí que conheci a Dona Brunilda Matzembacher. Pessoa que dedicou parte de sua vida para a OASE, na qualidade de Presidenta Regional da OASE da Região III. Com a reestruturação da IECLB, as regiões foram extintas e, com isto, criou-se a OASE Sinodal, do Sínodo Noroeste Rio-Grandense, sendo ela eleita a primeira Presidente e, ao mesmo tempo, presidia o grupo local, na Comunidade São Paulo, de Três de Maio. Mesmo não sendo presidenta, sempre participava de algum cargo na diretoria. Com o seu carisma, motivou mulheres e as encaminhou para o trabalho da Pastoral da Saúde da Igreja Católica. Dona Brunilda foi um exemplo de vida. Já doente, mal podia caminhar. Ela se apoiava no meu braço e, bem devagar, íamos fazer visitas a pessoas doentes e idosas. Qualquer dúvida que aparecia na OASE, a Dona Brunilda era consultada. Mulher guerreira, amiga, companheira, deixou marcas por onde passou - principalmente aqui na OASE, deixou saudades, e que saudades. Helena Hirt Scholz

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Querida amiga O que eu tenho a dizer da nossa querida amiga e ex-companheira Brunilda é que para unir é preciso amar, é preciso conhecer o outro, é preciso ir ao seu encontro sem preconceito. E isto ela fazia muito bem. Estava sempre pronta para tudo e para todos. Não nos deixava desistir. Animava-nos e preenchia com sua fé, amor e sabedoria. Era como um anjo entre nós, talvez por isso que Deus a quisesse mais perto de si. Foi e nos deixou grata e doce saudade. Com certeza, ela se encontra na paz e na graça de Deus. Elcira A. H. Grenzel

Ensinou a ser persistente Foi no ano de 1983, em Mondaí, SC, durante um Congresso Regional da OASE, que conheci Brunilda Tesche Matzembacher. Nos anos seguintes, tive a oportunidade de trabalhar na Diretoria Regional da OASE, então R.E. III, com a Brunilda e demais companheiras. A Brunilda me ensinou a ser persistente, a acreditar na capacidade que Deus nos concede para ser batalhadora, enfim, a ser pedra viva na construção do Reino de Deus. Acredito, que muito ainda a Brunilda gostaria de ter feito em favor da OASE, fica porem, para todos nós e em especial para mim, o exemplo de uma mulher que levava na mais completa e absoluta seriedade, o comprometimento com a OASE e sua Igreja. Elmi Otilia Guillande

Sempre em prol dos direitos das mulheres Brunilda foi Presidente Regional da OASE - da Região Eclesiástica III, IECLB. Assumiu esse cargo em 1990. Ela bem sabia distribuir as tarefas as suas Coordenadoras Distritais, e essas, 52


então, repassavam a seus Distritos e assim por diante. Por que lembrei desse tempo? Porque naquela época exercia o cargo de Coordenadora Distrital da OASE - Região III. Assumi de 1988 a 1990 e fui reeleita até 1992. Quando se convive com pessoas compartilhando os mesmos objetivos por cargos assumidos, obtém-se uma relação mais próxima e, assim, recebia da Brunilda todos os avisos e encargos para que tudo se realizasse da maneira mais perfeita possível. De 1995 a 1998 Brunilda assumiu a Presidência da OASE da Comunidade Evangélica São Paulo de Três de Maio. Lembro de suas saudações de amor, companheirismo e fé. Em cada evento, voltava-se com assuntos relacionados à valorização da mulher. Em suas cartas, relatórios e apresentações nunca esquecia de agradecer e louvar a Deus pelo acompanhamento no trabalho. Sentia-se sempre fortalecida para, Em Comunhão, Testemunho e Serviço, fazer resgatar mais irmãs para dentro do grupo. Organizavam-se unidas nas visitas a Hospitais, Lar dos Idosos e membros acamados, batalhando sempre em prol dos direitos das mulheres. Suas atitudes eram elogiáveis e, dessa maneira, Brunilda contagiava a todas. Minha afinidade com Brunilda vem do meu tempo de adolescente, quando ela foi minha professora. Para constatar essa passagem, tenho em mãos o meu velho álbum de recordações. Daqueles que a gente passava de mão em mão para amigas, colegas, familiares... e nesse álbum cada qual deixava um soneto, uma poesia ou um pensamento. Ela me deixou lindas frases: “Sinceridade e bondade são virtudes que se prezam. Conserveas e serás feliz”. Passaram-se os anos e Brunilda adoeceu, vinha sofrendo com problemas de circulação, sentia-se cansada e com muita dificuldade de caminhar, porém permanecia firme na fé e na esperança de melhoras. Quando a visitava, sentia que ela interpretava a fragilidade da sua saúde. Suas mãos, que eram firmes e hábeis, ficaram trêmulas e seus pés já não agüentavam o peso do seu

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corpo. Não há necessidade de relembrarmos os dias difíceis de nossa irmã Brunilda, porém seus queridos familiares sabem do sofrimento e a acompanharam para muitos lugares para possíveis recursos médicos. Ela veio a falecer no dia 02 de junho de 1999. Há muitas perguntas, certamente muitas delas ficam nos posicionando sobre o jeito de ser de nossa irmã em Cristo, Brunilda. Era calma, meiga, honesta, sincera, preocupada com os problemas da nossa sociedade, entre muitos outros... porém, concluímos que sua fé a fazia assim. Ela nos deixou bons exemplos e dedicou sua vida a sua família e, com autenticidade, foi também uma discípula de Cristo, doando-se aos trabalhos da Comunidade, ao Servir, e uma obreira incansável da OASE. “NÃO PODEMOS DEIXAR DE FALAR DAS COISAS QUE VIMOS E OUVIMOS” (Atos 4. 20). Íris Schulz Wendland Três de Maio, RS

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CLARÍCIA PAULINA BUCHER GABLER Sínodo Espírito Santo a Belém

Como falar de Dona Clarícia? Quem a conheceu, reconhece perfeitamente a importância que ela teve nos trabalhos da igreja, na Grande Vitória e, principalmente, no que se refere à OASE. Como presidente do grupo de Vila Velha, coordenou o primeiro encontro do grupo de Campo Grande (Grande Vitória), no dia 15 de janeiro de 1975. Nesse dia, dona Clarícia falou dos objetivos que pautam um grupo de OASE, realçando sua responsabilidade no testemunho cristão pela ação e pela palavra. Foi ela também a responsável pela coordenação da primeira reunião da OASE de Jardim Limoeiro, Serra, que aconteceu no dia 23 de abril de 1978. Dona Clarícia buscou motivar as mulheres, baseando-se nos Salmos 100 e 127. Refletiu a respeito do “tempo que dedicamos a Deus” e ainda, “tudo posso naquele que me fortalece”. Até hoje, as mulheres reconhecem a importância que teve dona Clarícia na formação desses grupos. “A ela somos gratas, pelo apoio, motivação e dedicação.” Ela nasceu no dia 15 de agosto de 1930, casou-se com Bernardo Gabler e teve dois filhos e uma filha. Veio a falecer no dia 31 de janeiro de 1998. Ocupou os seguintes cargos na igreja: professora de culto infantil, presidente do grupo de OASE, coordenadora distrital da OASE, ocupou cargos na OASE Regional e na Diretoria da Comunidade de Vila Velha. 55


CLEMENTINE HARTEMINK Sínodo Planalto Rio-Grandense

CLEMENTINE HARTEMINK, filha de sócia fundadora desta OASE, trabalhou incansavelmente por muitos anos nesta comunidade. Muito lembradas são as Festas de Primavera, noitadas de teatro e canto desta OASE, onde a dona Clementina assumia com sua equipe a cozinha, trabalhando durante três dias incansavelmente. Começava-se com a matança de porco para fazer as linguiças, a matança de galinhas que posteriormente eram recheadas; fazia bolachas e bolos nos fornos a lenha. Num clima de muita união, bem cedo no dia da festa, iniciava no preparo da sopa, sobremesa, das saladas e dos assados. Parece-nos que as senhoras daquela época eram incansáveis, mas também sabemos que faziam todo o trabalho, buscando as suas forças aos pés de Cristo. Dona Clementina diz: “A OASE foi para mim um lugar de comunhão com as irmãs, como a Igreja e o coral; saí sempre fortalecida e sou grata a Deus por isto; ele me leva a fazer aos outros o que fez por mim”. São este os informes de sua nora dona Iolanda Hartemink e, vale lembrar que a nossa atual presidente da OASE, Katharine E. da Silva, é neta de dona Clementina.

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CONCÓRDIA SCHWAMBACH COSTA Sínodo Vale do Taquari

Concórdia Schwambach Costa, conhecida como “Tia Nêne”, nasceu a 8 de agosto de l912, em Estrela, filha de Reinhold e Luise Schwambach, ano em que foi também fundada a OASE desta cidade. Foi confirmada em 21 de março de l926 na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Estrela pelo então Pastor Ernst Dietschi, que também foi seu professor na escola primária. Desde cedo já despertou nela um forte desejo de participar no trabalho na comunidade. Assim sendo, logo após a confirmação já começou a cantar no Coro da Comunidade Evangélica para honra e louvor a Deus. Foi cantora assídua no Coral Misto como também no Coro da OASE até seus últimos anos de vida. Concórdia casou-se em 1933 com Carl Friedrich Costa, um dos sócios da Fábrica de Sabão e Sabonetes Costa. Deste matrimônio nasceram os filhos Rosemari, Gernot (falecido em 1978) e Hertha. Com o falecimento de seu marido, ela teve que enfrentar a vida trabalhando para sustentar os seus filhos até que estes crescessem e pudessem sustentar-se a si mesmos. Concórdia não se deixou abater com o luto e sempre encontrava disposição para trabalhar pelos seus, em casa ou na comunidade. Participava sempre das reuniões e dos estudos bíblicos da OASE que eram dirigidos pela Sra. Dietschi, esposa do Pastor, assim como tinha prazer em ajudar nos trabalhos manuais e outras atividades da OASE, que eram feitos para angariar fundos para a Igreja ou Comunidade. Gostava muito de teatro e participava nas peças teatrais que, na época, eram apresentadas em língua alemã na Sociedade Ginástica de Estrela pela OASE, para as pessoas que apreciavam esta arte. Tanto no Coro como no tea

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tro podia ser notada a sua alegria contagiante, que fez com que fosse muito admirada e estimada por todas as pessoas. A vida lhe ensinou que nunca se deve parar e, por gostar muito de crianças, foi especializar-se e fez um Curso para Jardineiras em Porto Alegre e assumiu como professora de Jardim de Infância, primeiramente na Comunidade Evangélica e depois no Colégio Martin Luther. Aposentou-se aos 60 anos, em l972, quando as colegas, direção do colégio e alunos lhe prestaram uma bela homenagem. Ela havia conquistado o coração dos pequeninos com seu carinho, por isto foi chamada de “Tia Nêne”, nome pelo qual foi chamada depois também pelos adultos. Além do seu trabalho na escola, foi voluntária no trabalho da Comunidade em diversos setores, dentre os quais podemos citar a animação dos cantos nos cultos onde ela tocava o órgão (na época era o harmônio). Incentivada pelo P. Wendt e dotada de talento musical, ela muito bem desempenhou sua função de organista até a sua velhice. Só parou quando a sua saúde não permitiu mais que ela tocasse. Na OASE participava ativamente e, já idosa, junto com o P. Antônio de Oliveira, formou o Grupo de 3ª Idade “Caminhando Juntos”. Sempre que podia, participava de Retiros da OASE, tanto em alemão como em português. Colocava-se ao lado dos mais necessitados e pequeninos, e tinha uma palavra de consolo e ânimo para todos. Firme nas promessas de Deus e com sua fé e oração, passou os seus últimos anos de vida com problemas de saúde, os quais não a abalaram. Chegou aos 86 anos, sempre rodeada por amigos e familiares. Faleceu em 10 de dezembro de l996.

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CONTRIBUIÇÕES DIVERSAS

SOMOS OASE – QUE OASE SOMOS? O que significa a sigla OASE? Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas! A palavra “Ordem” quer dizer: um grupo, que se reúne sob o mesmo objetivo. Este objetivo fica claro com a segunda palavra: “Auxiliadora”, que quer dizer: prestar auxílio mútuo. Este é o objetivo das Senhoras Evangélicas. Quando falamos de OASE, pensamos logo na Igreja - e a OASE, apesar de ser agora uma Associação, é um setor de trabalho da nossa Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Mas primeiramente, queremos falar um pouco da Igreja de Jesus Cristo. Em Mateus 16. 18, Jesus disse para Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Esta Igreja quer ser construída com pedras vivas, como nós lemos em 1 Pedro 2.4-5: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual”. Como a Igreja de Jesus Cristo é uma casa construída com pedras vivas, a OASE é uma casa, na qual os moradores com as mais diferentes mentalidades devem se sentir bem! Queremos agora construir a “casa” chamada OASE! Primeiro, precisamos do construtor! Não podemos imaginar a casa feita com “pedras vivas” sem o construtor Jesus Cristo! Ele dá os impulsos, Ele é a força para tudo que acontece: na prédica, na cura da alma, no serviço ao próximo e no ensino cristão. Ele coloca o fundamento, Ele faz os planos e Ele chama os colabo 59


radores, os pedreiros. Que grande privilégio, podermos ser os seus colaboradores! Mas precisamos cuidar de uma coisa. Não podemos simplesmente alterar os planos do construtor, senão a “Casa espiritual” corre o risco de se abalar. Afinal, o fundamento é o próprio construtor. Nele se fundamenta a nossa fé. E a nossa fé é alimentada pela palavra de Deus - a Bíblia. Paulo escreve: “Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Cor. 3.11). Agora que colocamos o fundamento, precisamos dos projetos para seguir a construção. Às vezes, precisamos alterar a construção ou fazer um anexo - quando for necessário, não podemos fazer isto sem um novo planejamento. Sabemos como é bom, de vez em quando, mudar, mas sempre devemos consultar o nosso construtor! O trabalho na OASE, hoje, em certos ramos é diferente do que há 110 anos, mas duas coisas ficaram: o construtor e o fundamento! Como construtores, concluímos a casa - a Igreja, a OASE. Só não podemos dizer: fizemos a nossa parte, agora queremos descansar. Muito pelo contrário! Esta nossa casa, a Igreja, a OASE, deve ser uma casa aberta a todos, onde sempre há movimento, onde a gente se reúne, escuta e estuda a palavra de Deus, e desenvolve os mais diversos dons, com os quais se quer servir. Desta “casa” saímos juntos, para cumprir as tarefas a nós confiadas, seja através de pequenas ou grandes obras. Desde quando existe a OASE? Pegando ao pé da letra, podemos constatar que a participação ativa da mulher acontece desde que existe a comunidade cristã. Apenas gostaria de lembrar de Lídia, que também foi chamada a primeira Missionária no chão europeu. Mas foi só no século XIX que as mulheres se organizaram nos moldes da OASE. O início da história da OASE no Brasil está ligado à sua história

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na Alemanha. Em 1888, por iniciativa da Imperatriz Augusta Victoria, foi fundada, na Alemanha, a Sociedade Auxiliadora da Igreja Evangélica, com a finalidade de prestar auxílio financeiro à Igreja. Desde o principio, mulheres estiveram engajadas neste auxilio, providenciando a instalação de diaconisas nas comunidades. Em 1899, formaram-se oficialmente as primeiras sociedades chamadas “Evangelische Frauenhilfe” - Auxílio de Mulheres Evangélicas. No mesmo ano, 1899, em Rio Claro, agora no Sínodo Sudeste, foi fundado o “Frauenverein” - Sociedade de Senhoras. Seu objetivo principal foi ajudar na criação de um fundo, para a construção de uma torre para a Igreja e na aquisição de sinos. Agora já estamos na pergunta: “Que OASE somos?” A OASE não quer ser como a torre da Igreja? Apontando como uma flecha de trânsito para cima, dizendo: para esta direção vai o teu caminho! À torre da igreja não cabe querer dominar. Ela deve, sim, testemunhar. Somos também nós testemunhas de Deus? Com esta pergunta, já chegamos aos objetivos da OASE: COMUNHÃO - TESTEMUNHO - SERVIÇO Em silêncio fazemos o nosso trabalho nas comunidades e fora dos muros da própria Igreja. Em 1928, um pastor escreveu: “Não é possível imaginar a vida da Igreja Evangélica sem a mulher”. E já em 1912, outro pastor, bem “progressista” disse: “Seria aconselhável confiar a mulheres certos cargos nas Diretorias das Comunidades”. Não queremos fazer agora estatística para saber quantas mulheres, inclusive mulheres da OASE, fazem parte nos mais diversos grêmios da nossa Igreja. Em 1937, o então Presidente do Sínodo Riograndense, confrontou os grupos de OASE com a grande tarefa de fundar e manter

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uma Irmandade Evangélica própria. Os grupos de OASE do Sínodo, depois de terem fundado a Casa Matriz, em 1939, não a abandonaram naqueles primeiros anos difíceis. A OASE, de fato, se identificou com a causa da diaconia. Num folheto do ano de 1945, lê-se: “Sínodo Riograndense - Irmandade Evangélica da Ordem Auxiliadora de Senhoras”. Outro pastor escreve: “Somos gratos pelo serviço realizado pelas Associações Femininas: ornamentação das igrejas, embelezamento do altar... bem como para as necessidades gerais da Igreja”. Não podemos, porém, permitir que a OASE seja chamada a tarefas que em si cabem à comunidade, por exemplo, pagar dívidas, sustentar escolas, etc. No decorrer dos anos, conquistamos alguns direitos dentro da Igreja. Fazemos parte dos Conselhos Paroquiais, dos Conselhos Sinodais e no Concílio Geral da IECLB. Realizamos seminários e congressos. Ajudamos no culto infantil, ensino confirmatório, visitação, etc. Temos intercâmbio com grupos do exterior e com instituições como CONIC, CLAI, MEIS, DMO (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, Conselho LatinoAmericano de Igrejas, Mulheres na Igreja e Sociedade, Dia Mundial de Oração), etc. No Dia Mundial de Oração a Vice-Presidente, a Secretária, a Tesoureira e Membro de Ligação são membros da Diretoria Nacional do DMO. As Presidentes Sinodais e a Presidente Nacional da OASE são Regionais natos do Dia Mundial de Oração. Muito importante para o nosso trabalho é o Roteiro da OASE, o qual nos acompanha há 55 anos e o Jornal “OASE em Foco”, por 10 anos. Por 22 anos celebramos a semana Nacional da OASE. Ajudamos na criação do Grupo de Apoio Nacional à Pessoa Portadora de Deficiência - PPD. Participamos nas Reuniões da Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias, da Obra Gustavo Adolfo e outros.

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Ajudamos financeiramente na Obra Gustavo Adolfo, na Literatura Evangelística, na Associação Diacônica Luterana e muitas outras instituições da IECLB e, naturalmente, da própria OASE. Gudrun Braun, Secretária do Conselho Nacional da OASE

KATHARINA VON BORA Katharina nasceu no dia 29 de janeiro de 1499, em Zülsdorf, filha de nobres empobrecidos.Ainda pequena, perdeu sua mãe e seu pai se casou de novo. Concluíram então que, para Katharina, seria melhor o convento. Passou sua juventude em dois conventos, onde a vida era de clausura, rotina e muitas regras, mas aprendeu a ler, escrever latim, conhecimentos sobre ervas e chás, que mais tarde aproveitou bastante, tanto na família quanto nos doentes da comunidade. Estava conformada que sua vida seria viver sempre em um convento. No entanto, um dia, alguns escritos do monge Martin Lutero, foram contrabandeados para dentro do convento. Junto com outras freiras, estudou-os a fundo. O que a tocou por demais, pois era a doutrina da justificação por graça e fé. O nosso Deus é bom e gracioso, seu amor por nós é incondicional e libertador. Katharina concluiu que não precisava viver enclausurada, mas livre, e até casar-se e formar uma família. Foi viver em Wittemberg, onde conheceu seu primeiro amor, que não deu certo, porque a família do noivo não permitiu que ele se casasse com uma ex-freira. Acabou casando-se com Lutero, pelo qual no início, não estava apaixonada, mas com o passar dos anos, se tornou seu grande amor. Com ele teve três filhas e 63


três filhos. Duas filhas faleceram ainda crianças. Tiveram onze filhos de criação. Foi uma grande administradora do lar, dos seus bens, do pensionato para estudantes, das terras para a produção de alimentos para os alunos carentes e mãe carinhosa. Participou ativamente do processo da reforma e das conversas teológicas, visitava membros da comunidade e pessoas doentes. Entrementes, numa noite quente de junho de 1527, esperando já o segundo filho, estava na sala bordando, tentando esconder este trabalho. Lutero estava cansado, fraco e abatido. Katharina anima-o e diz: “meu esposo é firme como um rochedo”. “Não, não, Katharina, muitas e muitas vezes me questiono, será que estou ensinando a verdade segundo a palavra divina? Muitas lutas, ataques e defesas cansam e desgastam”. Katharina ficou com pena de seu marido, pois percebia que as preocupações o deixavam abatido, e o surpreendeu, mostrando o seu bordado ainda incompleto. “Olhe – diz ela –, esta tapeçaria que estou bordando é para você!” Lutero pergunta: “O que significa esta rosa, Katharina?” “É o seu ensinamento que ponho em imagens, espero que isto lhe dê força e coragem. Veja este coração – o seu coração, o nosso coração – vermelho e flamejante. Está marcado por uma grande cruz preta, a cruz de Cristo, a cruz da provação que marca a nossa vida. Mas este coração está colocado sobre uma rosa, uma rosa branca e luminosa, como a paz e a alegria que Jesus nos dá pela fé. A rosa, o coração e a cruz estão num campo azul, imagem do céu, e em torno do conjunto, o círculo em fio de ouro, é a coroa que o próprio Deus colocará sobre as nossas cabeças, no momento em que nos acolher no paraíso. Este é o meu presente, é o nosso brasão”. Caras amigas, “Katharinas do Brasil”, vocês são muito parecidas com Katharina Von Bora, esposa de Lutero. Vocês são mulheres, mães, esposas e auxiliam a nossa igreja, como fez

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Katharina no século XVI. Que a doutrina por justificação da graça e fé, vos anime a continuar a caminhada. Helga Schünemann e Loni Schemmer

CASO DE POLÍCIA? Em agosto de 2008, a liderança da OASE, do Sínodo Centro-Sul Catarinense, dos Setores Litoral e Serra Mar, voltava da cidade de Rio do Sul, depois de participarem de um Seminário e Assembléia Anual da OASE. A rodovia era a BR 282. No acesso à localidade de Santa Isabel, município de Águas Mornas, o ônibus fretado deveria fazer uma parada, para o desembarque de duas senhoras. Porém, nesse trecho não havia acostamento e a estrada que desce a Serra, além de íngreme, é cheia de curvas. Para piorar a situação, a visibilidade era prejudicada pela chegada do anoitecer. O motorista, muito responsável, só conseguiu parar uns quinhentos metros abaixo do lugar desejado. Isso deixou aquelas senhoras inquietas. Mas, como nós mulheres sempre achamos maneiras de dar um jeitinho, uma delas tentou usar o celular para avisar a pessoa que esperava no acesso. Todas as tentativas fracassaram, pois, devido ao relevo muito acidentado da região há dificuldades na comunicação com o celular. Foi quando uma senhora, que estava no interior do ônibus, veio até a porta e disse: – Isso é caso de polícia! No mesmo instante, duas senhoras que estavam tentando encontrar outra solução, viram uma viatura policial subindo em direção contrária. Que alívio! As duas começaram a acenar pedindo ajuda. No mesmo instante os policiais pararam e foram informados do que se passava. Prontamente o jovem policial recebeu as saco

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las das senhoras e conduziu-as para a viatura, deixando-as, inclusive, diretamente em seus lares. Não foi caso de polícia. Foi providência do nosso SENHOR e SALVADOR JESUS CRISTO, a quem nós, mulheres da OASE, sempre queremos servir. Marilena Vidi

A MAIS LINDA DE TODAS AS HISTÓRIAS Meu nome é Erni. Em fevereiro de 2009 vou completar 49 anos de participação na OASE. Vivi muitas histórias. Mas a que vou contar, acho a mais linda de todas, que juntos vivenciamos em nosso grupo de OASE. Em Santa Isabel, lugar onde moro, havia dois irmãos, membros da Comunidade. Casaram com duas irmãs, de outra Comunidade. Elas eram de família grande e, na sua localidade não havia escolas. Também não havia escola nas comunidades vizinhas, por isso elas não tiveram oportunidade de frequentar aulas, para aprender a ler e escrever. Também não sabiam falar o português. Depois de casadas, cada casal teve muitos filhos, e nós já sabíamos que, com tal turma de filhos, era impossível para as mães participarem da OASE. Os anos passaram e, quando essas crianças estavam maiores e os mais velhos já podiam cuidar dos menores, fomos fazer nosso convite para que elas viessem participar da OASE. Foi uma luta e tanto! Os maridos não queriam deixá-las participar dos encontros, nem por nada. Eles diziam que “vai ser só para debochar de vocês, porque vocês não sabem ler, nem escrever e nem mesmo falam o português”. Tivemos que conversar muito para convencê-las. Dissemos que no grupo, nenhuma

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é mais que a outra. Que no grupo não tem fofoca, nem deboche. Continuamos a conversar com os maridos, até que eles concordaram e elas, também convencidas, vieram participar. A partir de então elas praticamente nunca faltaram nos encontros. Se acontecia a ausência delas, todas nós ficávamos preocupadas, pois sabíamos que algo incomum estava acontecendo. Mais tarde, o motivo era confirmado, pois, por força maior elas deixaram de comparecer. Antes de acontecer essa aproximação, através da OASE, elas, com suas famílias, quando vinham ao Culto Dominical, ficavam afastadas dos demais. Depois, logo se achegavam, conversavam e riam conosco. Nos tempos dos Congressos Regionais da OASE, certa vez, o local determinado era a cidade de Itajaí. Elas também foram convidadas a participar. Novamente os maridos não queriam que elas fossem. O argumento era: “elas vão se perder, pois nunca saíram deste pequeno lugar”. Outra vez tivemos que conversar muito e prometer que iríamos cuidar muito bem delas. Isso de fato aconteceu. Nesta viagem a Itajai, foi a primeira vez que elas viram o mar. Não se cansavam de olhar e admirar, e sempre de novo diziam: – De onde vem tanta água?! Sempre que recordamos disso, nos alegramos, pois foi assim que elas conheceram um mundo que não imaginavam que existisse. A partir deste Congresso, elas também não faltaram a nenhum outro mais. Nos encontros regulares da OASE, nós procurávamos explicar, com palavras simples, tudo o que era tratado. Assim elas podiam entender, cada vez mais e melhor. Outro incentivo que procuramos dar a elas era o espaço para cantar um hino em língua alemã: “Glaube einfach jeden Tag, glaube ob’s auch stürmen mag”. Em língua portuguesa tem por título “Creia sempre, sem cessar”. Certo dia uma delas disse: Já sei cantar todo esse hino, sozinha, em casa. Logo a outra acres

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centou: “Eu também”. Aos 63 anos, após grave enfermidade, uma delas veio a falecer. A outra continuou e encaminhou a nora para o grupo de OASE. Com avançada idade, também esta não veio mais, pois a caminhada que tinha que fazer era longa e passava de uma hora, e, além disso, a estrada era de forte subida. Para nós todas que ainda continuamos a jornada, a história com estas duas mulheres é inesquecível. Erni W. Bourdot

A HISTÓRIA QUE VALE SER GUARDADA Sínodo Centro Sul Catarinense O grupo Lídia foi fundado em 10 de junho de 1930. Passou a funcionar na localidade de Santa Isabel, município de Águas Mornas, SC. De lá, temos o seguinte testemunho: “Quero contar uma história, que é triste, mas também vale ser guardada em nossa memória”. As mulheres da nossa OASE sempre ajudaram e ajudam onde é necessário. Assim também aconteceu com uma família de três irmãos, que tinham problemas de saúde, ou melhor, eles eram pessoas especiais, com problemas neurológicos. Esta família era composta por duas mulheres e um homem. Eles viviam sozinhos, e só uma delas tinha condições de trabalhar e cuidar dos afazeres da casa. Eles tinham idade entre 48 e 55 anos. Certa manhã, a mulher que cuidava e organizava tudo, não levantou, e quando foram ver o motivo, ela estava morta. Os dois irmãos que ficaram passaram por grandes dificuldades, e muitos dias não tinham nem o que comer. Havia outro irmão, que 68


morava perto, mas que também não tinha muito para ajudar, pois tinha filhos pequenos e também estava doente. A nossa OASE os ajudou muito, com cestas básicas, etc. Sempre uma ou duas mulheres passavam lá e levavam alguma coisa para eles comerem. No Natal e na Páscoa era sempre alguma coisa especial. Em certa Páscoa, também fomos lá levando alimentos e outras coisas especiais, como balas, amendoins e chocolates. Quando foi entregue um pacote para o rapaz, ele o abriu e devorou tudo depressa, comeu os ovos com os amendoins, com casca e tudo e logo em seguida comeu um bolo. Depois disso, nós nos entreolhamos e as lágrimas corriam dos nossos olhos, pois isto era sentir fome de verdade. O que fazer?Resolvemos que isto não podia continuar assim. Fomos procurar o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que também era diácono da Igreja Católica, pois esta família também era católica. Conversamos sobre o problema desses dois irmãos e, juntos, lutamos e conseguimos que os dois ganhassem, cada um, meio salário mínimo, e assim conseguiram viver dignamente. O irmão que morava perto ajudou a cuidar deles. Essa história aconteceu há uns 35 anos, mas ficou em nossas lembranças. OASE Lídia - Santa Isabel

EU TE ABENÇOAREI – SÊ TU UMA BÊNÇÃO A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas - OASE comemora neste ano de 2009 os seus 110 anos de existência no Brasil. O início é contado a partir da fundação do grupo de Rio Claro, SP, em agosto de 1899. O nome era outro e outras eram

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também as condições de vida e da Igreja. Viviam-se os primeiros anos da República, com crescente liberdade de expressão e de culto. A língua usada na Igreja era o alemão e as comunidades tinham fortes vínculos com suas comunidades alemãs de origem que auxiliavam enviando pastores e ajuda financeira. Vendo a Igreja hoje, bem integrada à cultura do País e procurando desempenhar com responsabilidade sua missão no Brasil, mal nos damos conta dos grandes desafios vencidos nesses anos: do campo para a cidade, da língua dos antepassados à língua do País, da visão de Igreja de imigrantes para a compreensão de envolvimento, corresponsabilidade, missão, para citar apenas alguns. Como parte da Igreja a OASE também viveu essa transição. O amor à língua e aos costumes dos antepassados dificultou a abertura para pessoas de outras origens. Ainda na década de 60 era difícil para muitas aceitar o uso do português em seu grupo ou mesmo a formação de grupos em nossa língua. Conservadoras nesse ponto foram em outros aspectos, exemplos de dinamismo: promovendo o convívio, zelando pela transmissão da fé, celebrando datas especiais, esforçando-se para arrecadar fundos para atender dificuldades da própria comunidade, de instituições, e atentas para as necessidades ao seu redor. Os grupos tiveram desafios diversos e assumiram diferentes propostas de trabalho. Mas na base do serviço da OASE esteve sempre a compreensão de que Deus nos chama para compartilhar, testemunhar e servir. Pensando nessa caminhada da OASE me vieram à mente aquelas palavras de Deus ao chamar o patriarca Abrão: EU TE ABENÇOAREI - SÊ TU UMA BÊNÇÃO... Confiando nessa palavra de Deus ele teve a coragem de romper com o que lhe era conhecida e familiar e enfrentar o novo e estranho. Deus lhe fez uma promessa e lhe deu uma missão. A promessa: Deus estaria sempre presente em sua vida. Se olharmos a história da Abrão, veremos que nas vitórias e nos tropeços Deus não o abandonou. A missão: Abrão devia compartilhar com outros o que recebeu. A vida 70


de Abrão devia evidenciar para outros de onde lhe vinha orientação, coragem, força. Como na vida de Abrão não faltaram em nossos grupos momentos de dúvida, desânimo e indecisão. Mas o Senhor que nos chamou pelo nosso batismo sempre de novo nos sustenta e podemos dizer, cheias de gratidão, que muitas mulheres e homens, famílias, comunidades e instituições tem sido abençoadas através da ação dedicada de mulheres dos grupos de OASE. Comemorar 110 anos de caminhada é um presente de Deus. Alegrando-nos com aquilo que vimos realizado no passado cabenos procurar neste momento compreender qual a missão que Deus tem para nós agora e daqui para frente. Vamos pedir e confiar que sua bênção nos acompanhe que mulheres sejam chamadas e capacitadas para o trabalho nas comunidades, nas Associações Sinodais e Nacional e que a OASE continue a ser uma bênção dentro e fora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. Anna Lange

LÍDERES NO VALE DAS BORBOLETAS AZUIS Aos 10 de setembro de 1910, no belo “Vale das Borboletas Azuis”, foi fundada a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas de Panambi e oficializada no dia 7 de novembro do mesmo ano junto ao “Verband der Frauenhilfen in Deutschland”. Toda a nossa estrutura de Igreja estava vinculada diretamente à Alemanha de onde vinham os pastores. Desde a sua fundação até 1950, a presidência da OASE normalmente estava a cargo das esposas dos Pastores e somente na falta delas, por períodos curtos assumiam as líderes locais. Dentre estas líderes locais, vale destacar as atuações de Amanda

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Schneider, Brunhilde Maria Wolf Winkler, Clementine Hartemink, Elvine Koch e Elza Krafft, as quais têm alguns aspectos de suas biografias registrados nas páginas deste livro. A bem da verdade; todas se destacaram dando sempre muita ênfase nos estudos bíblicos semanais; com seus dons e virtudes que Deus lhes concedeu, se tornaram importantes para manter a obra do Senhor, na OASE e Comunidade. Umas foram comunhão, outras testemunho, todas serviço, cada qual com o seu jeito e dom. A OASE é um grande buquê de flores, onde existem cores e perfumes diferentes; onde todas têm oportunidade para deixar o bom perfume de Cristo. Helga Schuenmann Secretária da OASE Panambi, RS Sínodo Planalto Rio-Grandense

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DALILA WÖLFLE FENKER Sínodo Sul-Rio-Grandense

“Olhem para o céu e vejam as estrelas. Quem foi que as criou?” (Isaías 40.26). Como estrela que brilha é a lembrança que temos da irmã e amiga Dalila Wölfle Fenker, cujo testemunho de fé foi sempre uma marca visível em sua caminhada na Comunidade, em meio à família, à sociedade, às irmãs da OASE, enfim... Confiante no Deus Eterno, enfrentou as dificuldades causadas pela doença que a separou definitivamente do nosso convívio em 03 de agosto de 2004, causando imensa tristeza em todos e em cada uma de nós. Estimada por todos, não media esforços em ajudar nas atividades desenvolvidas, usando os dons recebidos de Deus, ornamentando os locais festivos com arranjos de flores, preparando gostosos doces, recepcionando, animando, participando de cargos na diretoria da OASE, lembrando detalhes... Jamais permitiu que o desânimo a impedisse de participar no grupo,e assim, cativou especialmente as irmãs da OASE que conviveram com ela, mantendo um lugar especial no coração de cada uma. Assim, olhamos com muito carinho e gratidão para os momentos de convívio, que pertencem ao passado, mas permanecem ainda hoje sendo lembrados, pelo exemplo deixado por ela. Dalila foi uma bênção. Assim foi e será sempre respeitada, valorizada e amada por nós. Paróquia da Paz Cerro Grande do Sul

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DILIA IRENE SPECK FERREIRA Sínodo Noroeste Riograndense

UMA LÍDER NA HISTÓRIA DA OASE EM GIRUÁ A OASE em Giruá foi fundada no dia 15 de Agosto de 1932. Estavam presentes 15 senhoras no dia da fundação. Naquela época, as atas eram escritas em língua alemã. O pastor que atendia a Comunidade neste período da fundação era Pastor Schtromann. Durante a Segunda Guerra Mundial, houve um período em que não foram realizadas reuniões, devido à pouca frequência dos membros. Para realizar as reuniões não havia um local específico, algumas vezes realizava-se na casa do Pastor, outras vezes na Igreja e, também no pátio nos fundos da Igreja. embaixo das árvores. Durante muito tempo, a OASE não teve um local fixo para as suas reuniões. Atualmente, a OASE possui sua própria sala, no Centro Evangélico, para a realização de seus encontros semanais, às quartas-feiras. Promoviam-se Chás, Cafés Coloniais, elaborava-se artesanato, trabalhos manuais, tudo para levantar fundos para serem aplicados na Comunidade. A primeira Diretoria foi composta pelas seguintes senhoras: Hulda Streppel - Presidente; Olschovchvki - Secretária e Dilia Irene Speck Ferreira - Tesoureira. Dilia teve uma participação destacada na OASE. Era muito dedicada, prestativa, destacando-se também como escritora. Entre suas contribuições à sociedade trabalhou também no Hospital São José, como atendente de Farmácia. Veio para Giruá em 1928, junto com seu marido Aládio Ferreira, sendo que este alguns anos depois tornou-se Prefeito do Município de Giruá. 74


O texto a seguir e as poesias foram retiradas do livro “Lições de Vida e de Amor” de Dilia Irene Speck, Gráfica Santo Ângelo, 1982, onde a autora escreve: O lançamento deste livro não é pelo valor em si, e sim, pelo que desejo que possa oferecer de amor, caridade e calor humano aos idosos, pois o lucro sobre a venda será em benefício do LAR DA VELHICE. A primeira poesia que escolhi tem o título 'As 4 estações da vida humana', é o que mais condiz com a finalidade do livro, também, a minha preferida, porque me fala muito de perto, tocando-me profundamente a alma, porque no mês de outubro, 1981, completarei 79 anos. Assim, estou vivendo a minha última estação da vida humana, da mesma forma como para todos os idosos que irão morar no Lar da Velhice, será a última estação. Com nossa contribuição de carinho e amor, daremos a eles dias felizes e noites de paz. O maior mandamento que Jesus nos recomendou é Amar ao próximo como a si mesmo! Quando praticamos o bem, transferimos um tesouro para o além. Foi sempre meu desejo continuar no lema que meu marido Aládio escolheu como meta: servir sempre, sem olhar a quem. AS 4 ESTAÇÕES DA VIDA HUMANA A juventude é como uma linda primavera. Um romance cheio de encantos, uma quimera. Intensamente vivida, cheia de alegria e amor. Tudo é novo e lindo, como o desabrochar de uma flor. Como as estações do ano, a vida vai mudando Chega o verão e a vegetação vai crescendo. Como a juventude, para a luta se preparando. Assumindo compromissos, sonhos concretizando. Vem depois o outono ainda cheio de promessa. 75


A atividade do dia-a-dia não cessa E após tanto lutar, vem o inverna para castigar. Não o frio da estação, que faz a vegetação parar. É o frio que vem com os anos, aos poucos congelando Os fracassos e ou sucessos que tantas marcas foi deixando. A face, está perdendo a cor rosada, aveludada, Manchando, murchando, cada vez mais enrugada. A voz que foi suave e sonora Está rouca e cada dia piora A visão que foi clara, agora turva e cansada A mente lúcida, agora retardada. Os passos certos, firmes e apressados, Hoje vacilantes, incertos, lentamente arrastados. Os cabelos lindos, redondos e abundantes Agora brancos, ralos e mal cuidados. O corpo que foi esbelto a desafiar. Agora curvado, cansado, sem poder trabalhar Somente duas cousas os anos não conseguiram mudar, Perder a Fé em Deus e deixar de amar. A VINDA PARA GIRUÁ Foi em março de 1928, encontramo-nos com o Sr. Luiz Rigon num hotel em São Gabriel, e nos entusiasmou para que viéssemos conhecer Giruá, que prometia um futuro promissor devido ao comércio de madeira, então Aládio e eu resolvemos conhecer Giruá, chegamos em Santo Ângelo, de trem para seguirmos de auto a Giruá. De Santo Ângelo a Giruá, Viajamos num Ford 28. A estrada tinha tanta curva. Parecia que constantemente, Seguíamos por um inacabado, nº 8. 76


O auto saltando sem parar. Sobre pedra e camalhões Jogando assim, todo corpo doía. E o motorista soltando palavrões. Apavorados volvíamos o olhar. Para o rastro de poeira vermelha, Que o vento tentava espalhar. Mesmo assim a poeira continuava. Ziguezagueando como uma serpente. Sempre nos acompanhando, Aos poucos nos cobrindo Até a respiração dificultando. E esta terra avermelhada, Pensamos: não pode produzir nada. E a quantidade de barba de bode. Parecia que fora plantada. Seria esta terra tão prometida Por tantos gaúchos preferida? Porque muito se assemelhava, Que um deserto nos aguardava. O silêncio foi interrompido Pela voz do motorista. Nos alertando como guia. Giruá! Já está a vista. Fomos parar então num hotel, Onde hoje o prédio da Prefeitura, Nossa recepção, foi toda atenção. Mas água para o banho, Tinha que ser muito poupada Pois vinha de um poço, De 30m, com manivela puxada. Os hóspedes jovens e alegres, Cada qual mais atencioso. Transformando nossa decepção, Num convívio muito gostoso. 77


Logo com tudo nos conformamos, Com a poeira nos acostumamos, E com a chuva a lama grudava Que o sapato, 1 Kg pesava. Logo lutamos por Igreja e Hospital Plano que foi enraizando E logo resolvemos iniciar. Comissões mistas organizando. Um grupo dramático, de amadores, Muitos teatros apresentamos. Os dois sargentos, a morte civil, E justos, aplausos mereceram. E começamos a notar, Tudo tornou-se familiar. Tristeza não mais existia, Tudo era alegria. Os bailes realizados em armazéns. Com escolha de rainhas. Desfiles de damas com trajes de gala. E prêmios, para as mais lindas. Os carnavais com carros alegóricos Cada bloco, apresentavam Rainhas e princesas Que apurado gosto demonstravam. Até um bloco de índios Cantando a canção Guarany Sucesso de Carlos Gomes. E não faltou: Cecy e Pery. Todos que aqui enraizaram, Unidos por Giruá lutaram Pois aprendemos a te amar, E o passado com saudades recordar. Infelizmente os fundadores desta comunidade. Quase todos moram na nova cidade. 78


Somos poucos os idosos para os lembrar. E juntos aos seus túmulos orar. BRUSCAS MUDANÇAS... Pela manhã, ao surgir um novo dia, E um céu azul, eu posso contemplar, Sinto a alma, vibrar de alegria. E peço a Deus, para me abençoar. Talvez bem logo este céu escurece, Com tempestades, prestes a desabar. Pois bem assim, na vida acontece. Que brusca mudança, nos pode açoitar. Como frágil barco, estamos navegando Jogados sempre, sem jamais parar. Por perigosas ondas, ameaçados, E só a Fé, poderá nos salvar. Estejamos sempre, preparados, Abastecidos, com muitas orações Que o tempo acalma, logo libertados, Resistiremos a novas tentações. E quando próximo, o fim desta viagem, Por mar sereno, iremos deslizar. Pois foi na Fé, que buscamos coragem. Para com Rei dos Reis, nos defrontar. CINQUENTENÁRIO DA COMUNIDADE EVANGÉLICA DA PAZ - 09/05/1979 Com fé, esperança e muita solenidade Orações e palavras, nas Teses da Cristandade. Há 50 anos foi lançada a Pedra Fundamental. Para a nova comunidade, data sem igual. 79


Igreja Evangélica da Paz, o nome escolhido. Com promessa, que seria por todo defendido. Começou a luta, lado a lado sem cessar Para a meta, com dignidade alcançar. A palavra de Deus há séculos semeada, E por sangue de muitos mártires regada. Também aqui, em pequenos canteiros germinou E nos corações dos membros, fertilmente enraizou. O inverso da Torre de Babel, onde os orgulhosos foram dispersados No distante Giruá, Cristãos sob a mesma bandeira, estão aliados. Além de nossos limites, adeptos se apresentaram. Ouvir a palavra de Deus, todos necessitavam. Como nos tempos remotos, os valentes Valdenses, Não cansaram em propalar a Fé Cristã Sentem-se sob benção, os membros giruaenses. Há 50 anos, unindo-se, confiando na oração. A grande fé, de Lutero como exemplo. Que o Evangelho de Jesus nos guiará As palavras dos Profetas, perpetuadas pelo tempo. Para a vida eterna, no além, nos levará.

Dilia Irene Speck faleceu aos 93 anos e 6 meses em Giruá, de causas naturais, no dia 28 de abril de 1996. Está sepultada no Cemitério Municipal de Giruá, no jazigo da família. Elaborado pela OASE de Giruá

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DOROTÉIA LOHMAN NIED Sínodo Centro-Sul Catarinense

Minha avó – uma grande mulher Dorotéia era o seu nome. De casa Lohman, de casamento Nied. Para mim a “GROSSMUTTER”. Para vizinhos e amigos simplesmente “MUTA”. Sua fala mansa, objetiva e detalhada, me encantava, principalmente ao relatar histórias verídicas de um passado de sofrimento, atrelado à vida de famílias de migrantes. Vovó morou na casa de meus pais por 24 anos. Enquanto eu era pequenina, dividíamos o quarto, no sótão. A escada tinha 14 degraus. Subir, passou a ser o seu maior problema. Descer, como ela dizia: “Es ist leichter” (é mais fácil). Aos 78 anos de idade, isso ficou impraticável e um novo quarto foi anexado à “nossa casa”. Vovó teve 11 filhos. Infelizmente meu avô, homem trabalhador e honesto, vivia escravizado pelo vício do álcool. Apesar de ter tido muitas oportunidades de tratamento, não conseguiu vencer a dependência, o que levou à separação do casal, após 28 anos de casamento. Foi com Vovó Dorotéia que ouvi falar, pela primeira vez, da OASE. A reunião mensal da Frauenhilfe, na pequena cidade de Palmitos, no oeste de Santa Catarina, acontecia em grande gala. Essa era a minha visão, pois o cuidado de vovó, para consigo mesma, naquele dia, era especial. Vestia sua melhor roupa, sapato e algum adorno no cabelo e nunca faltava aquele “lindo broche” em sua vestimenta, o distintivo da OASE. Ainda criança, influenciada por seu testemunho, retive uma profunda mensagem: “OASE é algo muito especial e importante. Quando crescer, também quero tomar parte.”

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Em seu leito de pesada enfermidade, aos 80 anos de idade, perguntei para minha avó: – E se o vovô quisesse voltar hoje, o que você diria? Ela, serenamente respondeu: “Meu amor por ele já não existe mais. Mas, por causa do AMOR DE DEUS pela minha vida, posso recebêlo!” Entendi que a COMUNHÃO, a ORAÇÃO oportunizada nos encontros da OASE capacitaram a minha avó ao genuíno perdão. Em JESUS CRISTO – O BOM PASTOR, que faz toda a diferença, Dorotéia, essa grande mulher, foi despedida em PAZ, aos 82 anos de idade. Elsa Eneli Müller Janssen, Presidente da Associação Sinodal dos grupos de OASE Sínodo Centro-Sul Catarinense

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DOROTHEA SCHÄFKE Sínodo Nordeste Gaúcho

Dorothea Martha Selma Schulz nasceu em 09 de janeiro de 1889 em Lübbenau, na Alemanha, como filha de Karl Wilhem Schulz e Elizabeth Brose Schulz. Desde cedo, sua preocupação com o próximo já a acompanhava. Durante a Primeira Guerra Mundial (19141918) ela foi enfermeira em diversos hospitais da Alemanha. Após este conturbado período, Dorothea casou-se com o pastor Hermann Schäfke, em Stralsund, em 08 de julho de 1919. O casal teve três filhos: Hans Joachim (nascido em 1920, em Alverdissen); Rose Marie (nascida em 1921, em Hannover) e Thea, nascida em 1925, já no Brasil. Hoje ainda contamos entre nós com a filha Rose Marie, responsável por grande parte das informações aqui contidas. A família Schäfke aceitou o desafio de assumir um pastorado no Brasil. Assim em 1923, o pastor Schäfke veio sozinho, para a localidade de Sobradinho, onde encontrou uma comunidade isolada e desorganizada. Teve vontade de retornar. No entanto, meio ano depois, chegou a esposa Dorothea com os filhos, no intuito de ajudar a organizar a comunidade de Sobradinho. O casal Schäfke se esmerou em organizar a vida comunitária através do pastorado e da educação. O casal organizou uma es 83


cola que atendia aos filhos dos colonos e que funcionava na própria casa pastoral. As crianças passavam a semana ali e só retornavam para suas casas nos fins de semana. Dorothea realmente ajudou a organizar a comunidade. Ela promovia atividades artísticas e culturais, como encontros de famílias, grupos de danças folclóricas, grupo de teatro e um coral da comunidade. Isto requeria muito esforço e persistência, já que a locomoção era feita a cavalo em picadas e estradas de terra. Como vemos, seu trabalho incluía a comunidade como um todo, já que o grupo da OASE somente foi fundado em 1934. Devido ao êxito em seu trabalho, o casal Schäfke foi convidado a assumir o pastorado em Taquara, em 1929. Ali, havia uma Escola Alemã, que funcionava na Casa da Sociedade Beneficente das Senhoras Evangélicas. O casal Schäfke assumiu esta escola. No entanto, a preocupação de Dorothea era com os pequenos da Comunidade Evangélica. Por isso, em 18 de outubro de 1931, ela fundou o "Kindergarten", na casa pastoral, com seis crianças. Mas a procura dos alunos foi crescendo e a casa pastoral ficou pequena. O Jardim de Infância foi transferido para a Casa da Sociedade Beneficente, hoje OASE. Dorothea sempre conciliava os valores educativos e religiosos com as práticas artísticas. Ela organizava espetáculos teatrais, que eram apresentados na Sociedade de Canto 05 de Maio. Eram muito esperados pela comunidade taquarense, já que eram muito bem montados e organizados. Dorothea também possuía habilidades na área da música. Organizou e dirigiu dois corais da Comunidade Evangélica: um misto e outro feminino. Dorothea não atuou apenas no âmbito da educação e das artes, mas era também uma grande aliada de seu marido no trabalho comunitário. Ela fazia visitas periódicas a enfermos e levava consigo as suas filhas. Com seu espírito de comunhão e liderança, buscou, junto com as senhoras e moças da OASE, fundos para a construção da nova igreja evangélica (Igreja da Paz), organizando o Nickelsammlung (coleta de moedas), em que vendiam flores de 84


casa em casa. A igreja foi construída em apenas 9 meses, em 1935. A prosperidade alcançada pela comunidade, liderada pelo casal Schäfke, foi abalada com a implantação do Estado Novo (19371945) por Getúlio Vargas e a eclosão da Segunda Guerra Mundial. A nacionalização imposta atingiu em cheio esta comunidade de origem germânica. Em 1939, a Escola Alemã, dirigida pelo pastor Schäfke, foi fechada e o Kindergarten, fundado por Dorothea, passou a chamar-se, Jardim Evangélico. Este ficou sob a responsabilidade da Sociedade Beneficente das Senhoras Evangélicas, pois já estava funcionando nesta casa, e aos cuidados da filha Rose Marie Schäfke, que falava português, enquanto Dorothea continuava liderando a OASE. Esta era a mantenedora do "Jardim" e continuava a propiciar o seu funcionamento, arrecadando fundos para o pagamento dos professores. Dorothea foi presidente da OASE local de 1929 a 1939. Teve que largar a presidência em 1939 devido às imposições de nacionalização, já que ela era alemã. Ainda assim, ela continuava muito ativa no grupo e na comunidade. No dia 03 de setembro de 1963, aos 74 anos, falece Dorothea. A comunidade evangélica e taquarense perde sua grande líder social e cultural. No ano seguinte, o Jardim Evangélico recebeu o nome de "Jardim de Infância Dorothea Schäfke", como uma maneira de homenagear seus incansáveis feitos e dedicação. A escola expandiu-se. O que Dorothea começou com apenas seis crianças na casa pastoral, hoje é o CSEMDS (Centro Sinodal de Ensino Médio Dorothea Schäfke), contando com mais de 600 alunos, da educação infantil ao ensino médio. A OASE, o CSEMDS e a Comunidade Evangélica de Taquara somente têm a agradecer e admirar a dedicação de Dorothea, pois seu legado está solidificado na comunidade taquarense. Para finalizar, transcrevo aqui uma poesia do poeta evangélico e taquarense Eldo Ivo Klain, publicado no livro: Dorothea Schäfke

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- 75 anos de Historias e Memórias, de Kate F. Rigo, 2007, página 51. DOROTHEA Dorothea...oh! Dorothea! Ouço sempre a tua voz, Que retumba em meus ouvidos E abastece os meus sentidos Qual perene manancial! Tantos anos transcorridos, Transmitindo o amor de Deus, Em jornadas positivas Em que as forças redivivas Da cultura são reais! São teus alunos teus filhos, Na altivez da razão, Na pureza da bondade Onde a chama da verdade Ilumina a educação! Somos hoje agradecidos Pelas bênçãos recebidas E por seres como um templo, De onde aprendemos o exemplo Mais belo de amor e luz! Texto escrito por Elaine Mirian Haag

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DOROTHEA SEYDEL Sínodo Rio dos Sinos

“Vi minha tarefa em dois sentidos. Ajudar cada integrante do grupo a viver com maior dignidade: ali onde Deus a colocou, ganhar forças para uma vida diária alegre. Ao mesmo tempo, era necessário conduzir cada grupinho do isolamento (às vezes da acomodação) à comunhão na Igreja. Nos anos 50 a consciência da dignidade própria da mulher ainda era muito menor do que é hoje.” Estas palavras de Dorothea Seydel, formuladas aos 85 anos de idade, se referem ao período de 1954 a 1970, em que foi orientadora em tempo integral da OASE. Foi contratada pelo Sínodo Riograndense, mas estendeu sua ação a outros estados, inclusive até o interior de Minas Gerais, Espírito Santo e Oeste do Paraná. Após tantos anos, ela não quis avaliar aquele período: “Hoje tudo é tão diferente. Fizemos o possível para enfrentar os desafios daquele tempo. Atualmente a Igreja está perante outras dificuldades e tarefas. Favelas já havia até demais na época. Mas lembro que foi dito numa reunião de senhoras: nossas comunidades não têm pobres. Isto queria dizer que as comunidades de fala alemã se ajudavam mutuamente. As necessidades das crianças de rua nos eram bastante desconhecidas na década de 50”. Frau Seydel nasceu em 15 de julho de 1913 em Chalottenburg, hoje bairro de Berlim. Tinha formação como professora de jardim de infância, assistente comunitária e assistência social na área de família. Foi casada por curto período com o pastor Seydel,

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morto na guerra, em 1943. Seu marido tinha participado no Seminário de Pregadores da Igreja Confessante, dirigido por Dietrich Bonhoeffer, teólogo que conspirou contra Hitler e foi executado por isso um pouco antes do final da Segunda Guerra. De 1938 a 1945, Dorothea trabalhou na assistência social pública em Berlim e depois chefiou a assistência social da Missão Interna da Igreja em 20 distritos da cidade, os quais estavam sob jurisdição dos russos, franceses, ingleses e norte-americanos. Contemporâneas do trabalho de Frau Seydel elogiam sua energia e seu engajamento, procurando os grupos mais afastados do interior e não apenas no sul. Nos seus textos deixa claro que seu objetivo era levar formalmente as filiadas à OASE a se transformarem em participantes convictas da vida comunitária. Retirado do livro Retalhos no tempo, página 46

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ELFRIEDE ZIEGLER Sínodo Sudeste

Quero contar um pouco da vida de Dona Elfriede Ziegler, nascida Schatz. Schatz, em alemão, significa tesouro, e ela foi um tesouro para a família, a OASE e a Comunidade. Temos muitas saudades dela, que foi um exemplo para nós. Dona Elfriede nasceu na Alemanha. Com vinte e dois anos veio para o Brasil, em visita a um irmão, que trabalhava na Mineração Eschwege. Ele trabalhava como engenheiro nesta mineração e residia num pequeno povoado, perto da empresa. Havia uma pequena escola neste povoado e um professor alemão, tendo o sobrenome Ziegler, que lecionava ali. Os dois se conheceram, se apaixonaram e se casaram, e Elfriede não voltou mais para a Alemanha. Apenas, às vezes, como visita. Mas sempre gostava de falar da casa dos pais e da época de sua infância. Ela teve duas filhas, Hannelore e Ursula, e quando Ursula completou dois anos, nasceu o filho Wolfgang. Wolfgang tinha apenas dois anos quando o pai faleceu e Dona Elfriede ficou viúva, tendo que lutar para sustentar a família. Ela ainda acolheu dois sobrinhos, quando a cunhada faleceu no parto, e ficou com estas crianças, até que o pai se casou de novo e foi buscar os filhos. Dona Elfriede trabalhou por muitos anos na Casa de Hóspedes da empresa Ferteco. Sempre participou da Comunidade Luterana e, quando se aposentou, veio morar em Belo Horizonte, onde entrou com toda a sua força, seu amor e sua dedicação na vida da Comunidade, e principalmente na OASE. Gostava de chegar com um bolo nas mãos, para as reuniões de quartas-feiras. 89


A filha Hannelore faleceu já há algum tempo e Ursula, tendo ficado viúva, veio a residir com a mãe, junto com seus dois filhos. Os filhos de Ursula cresceram e casaram, vivendo agora as suas vidas. Então as duas, mãe e filha, ficaram sempre juntas, participando de tudo. Viajaram para os congressos da OASE, pois elas gostavam de viajar e procuravam a Comunhão. Assim participaram da festa dos Cem Anos da OASE, em Rio Claro, SP. Dona Elfriede foi a mais idosa participante, com 95 anos, foi homenageada, recebeu um presente e curtiu tudo com bastante alegria. Dona Elfriede foi um exemplo para todos nós. Com muita atenção, ela participava ativamente nas reuniões e nos encontros, sempre dando a sua colaboração. Já tendo completado 100 anos, ela queria participar do encontro anual em Araras. As irmãs da OASE acharam arriscado demais ficar dois dias fora e programaram um evento para ela em Belo Horizonte. Todos os anos festejávamos o aniversário dela. As filhas, o filho ou um sobrinho, que reside em uma fazenda, faziam as festas. Os seus cem anos foram celebrados com uma grande festa, que reuniu amigos, membros da Comunidade, da OASE, com a presença da Presidente Sinodal da OASE. Um verdadeiro dia de louvor e gratidão a Deus. Ela tinha uma fé clara, e muitas vezes, ela falava da glória de Deus em sua vida. Gostava de cantar os hinos da infância: “Sabes quantas estrelinhas lá no firmamento estão?”, mas o que ela mais gostava de cantar, era o hino: “Por tua mão me guia, meu Salvador!”, este era o hino dela. Assim ela terminou sua vida, Deus a chamou, no dia 19 de outubro de 2006. Pouco antes, em 21 de setembro, ela festejou no círculo de seus amigos, cento e dois anos. Foi uma longa vida de Comunhão, testemunho e serviço. Pouco depois da mãe, a filha Ursula, também veio a falecer. Na época, ela era vice-presidente do grupo OASE de Belo Horizonte. Escrito por Lídia Fuchs

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ELLA DUPONT WALLAUER Sínodo Vale do Taquari

Ella Dupont Wallauer nasceu no dia 14 de março de 1913 na localidade de Linha Schmidt, hoje município de Westfália. Era filha de Carlos Nicolau Lauer Dupont e Leopoldina Dupont, nascida Wiethölter. Quando Ella estava com cinco anos de idade, seus pais mudaram-se para Paverama. Sua mãe foi uma das fundadoras da OASE de Paverama. Aos 20 anos, casou-se com Leopoldo Wallauer e finalmente seu nome pôde constar no livro, como membro da OASE. Desta união nasceram duas filhas, Edith e Elda. Ella tornou-se uma próspera comerciante, além de ser costureira. Foi um exemplo de mãe, esposa e mulher participativa ativamente na OASE e na comunidade. Na OASE, exerceu cargos na diretoria por vários anos. Com o dom de transmitir e dialogar com as irmãs da OASE, sempre era indicada para participar dos Congressos e Seminários. Às vezes, os encontros se realizavam em lugares bem distantes como Panambi, mas ela não media esforços e conciliava seu trabalho particular de comerciante e sua dedicação para com a OASE. Ella também tinha o dom de cantar e gostava muito. Desde a sua mocidade já cantava em corais e ao se tornar membro da OASE, também o Coral da OASE fez parte de sua caminhada. No dia 15 de outubro de 1978, Ella sofreu um acidente junto com o Grupo da OASE. O Grupo estava se dirigindo para a festa da OASE da Comunidade de Morro Azul, quando um acidente feriu várias mulheres, sendo o caso de Ella o mais grave. Levada às pressas ao Hospital onde recebeu os primeiros socorros em seguida, foi encaminhada para Porto Alegre. Ficou internada

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por 20 dias, na UTI, quando veio a falecer no dia 17 de novembro de 1978. Foi uma perda muito grande para a OASE e a Comunidade de Paverama, deixando a todos muito entristecidos. Pois não podiam mais contar com a presença dessa mulher importante e querida. Uma mulher que ajudava e auxiliava a todos. Com certeza seu lema foi: “SERVIR AO SENHOR COM ALEGRIA”

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ELLA HARZ Sínodo Centro Campanha Sul

Ella nasceu no dia 26 de novembro de 1981, na Picada Velha, Santa Cruz do Sul, RS. Sonhava ser enfermeira, por isso foi para a Alemanha, a fim de frequentar a Universidade de Wittenberg, onde se diplomou Diaconisa, com especialização como parteira, em 15 de outubro de 1922. Ao regressar da Alemanha, trabalhou em Blumenau, Florianópolis, Joinville, Rio de Janeiro, no Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, em Sinimbu, Hamburgo Velho e, em 1936, foi enviada para Agudo, durante a epidemia de tifo. A partir daí dedicou toda a sua vida à comunidade de Agudo, realizando mais de 1.000 partos, locomovendo-se até a parturiente a cavalo, de canoa, carroça ou mesmo a pé. Sendo Diaconisa, era amparada pela OASE e também membro ativo do grupo. Contam as senhoras que as parturientes que Schwester (Irmã) Ella atendia, também logo as inscrevia como membros da OASE. Ela mesma se encarregava da cobrança da anuidade da OASE, visitando as integrantes em suas casas ano após ano, para efetuar a cobrança, e aproveitava para animá-las a participarem do grupo. Sempre estava empenhada em arrecadar recursos com os quais a OASE auxiliava as pessoas com dificuldades financeiras. Nas suas horas de lazer, ocupava-se com a confecção de bonecos para o teatro de fantoches apresentado nas festas da OASE, divertindo as crianças, e o dinheiro arrecadado era destinado a uma família carente.

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Em 1978, após 42 anos de dedicação e com idade de 87 anos, foi para a Casa de Repouso das Diaconisas, em São Leopoldo, mas veio visitar Agudo várias vezes. Faleceu em 30 de agosto de 1988, alcançando 97 anos e, de acordo com sua vontade, foi sepultada, sob a Palavra de Deus “Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da Vida”, no cemitério da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Agudo.

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ELSBETH KOEHLER Sínodo Vale do Itajaí

Elsbeth nasceu em Blumenau, filha de Ferdinand Schrader e Auguste Hahn Schrader, em 2 de janeiro de 1877, como a irmã mais nova de Alwin Schrader. Casou-se com Arthur Koehler e juntos faziam os trabalhos domésticos, trabalhavam no jornal “Der Urwaldsbote” e em obras assistenciais. Em 2 de setembro de 1907, junto com mais 15 senhoras da sociedade blumenauense, Elsbeth fundou a Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau, Evangelischer Frauenverein. Durante 40 anos, foi sua presidente, e neste tempo construíram a maternidade “Johannastift”, e mais tarde, quando esta se tornou pequena, ela iniciou o projeto para angariar fundos, para a construção da nova e moderna maternidade, inaugurada em setembro de 1951, com o nome de “Elsbeth Koehler”. Em 1982, com a maternidade já transferida para o Hospital Santa Catarina, a Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau dava início ao “Ancionato Lar Elsbeth Koehler” adaptando o prédio da maternidade para tal. Além disso, Elsbeth foi durante anos presidente da sociedade das Senhoras Evangélicas de Santa Catarina e Paraná (Frauenhilfsverband), hoje OASE. Trabalhou em benefício da Igreja Luterana, do Hospital Santa 95


Catarina e do Asilo dos Velhos de Trombudo Central. Sua única filha, Hertha Hildebrand, seguiu os passos da mãe em obras assistenciais. Elsbeth, como filha de Blumenau, dedicou sua vida à cidade que amava. Faleceu em 2 de janeiro de 1949 e deixou seu nome gravado na história de Blumenau. Brigitte Fouquet Rosembrock, extraído do “Livro do Centenário”

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ELVINE KOCH Sínodo Planalto Rio-Grandense

ELVINE KOCH, a partir de 1950, ocupou por diversas vezes cargos de direção, tendo exercido a presidência por inúmeras gestões, o que, muitas vezes era sentido em casa pela sua constante ausência. Teve uma permanente preocuação com a cultura, exercendo influência para que seus filhos, amigos, vizinhos e filhos de membros se dedicassem à cultura no campo da música, principalmente coral e instrumental. Outra particularidade no trabalho da OASE era a organização para recepção de autoridades eclesiais, consulares e outras como a vinda do primeiro pastor da Alemanha no pós-guerra. Preocupada e esforçada para criar melhores condições nas dependências de prédios e salas. Tudo era supervisionado por ela: conjunto de talheres, toalhas, cardápio e tudo o mais, mesmo que isto a obrigasse a fazer encomenda de chucrute da cidade de Blumenau ou fazer doação de talheres ou outros objetos que tivesse em número insufieciente. Muitos anos se passaram e ainda foi possível encontrar na cozinha do Lar da Juventude objetos com sua marca. Outra característica sua era com jardins, flores e plantas. Como presidente da OASE, mandou trazer muda de ciprestes, para embelezar a entrada do cemitério da cidade, aquela alameda bonita. Com pensamento sempre positivo, alem de ser extremada mãe e dona de casa, participante ativa na Igreja, conseguiu por muitos anos, se dedicar paralelamente à atividade profissional, no ramo de transportes de cargas, empresa pioneira na região, em consequência das constantes viagens do marido e do filho. São este os informes de sua filha Carmem Dietrich, hoje atuando na OASE de Balneário Camboriú.

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ELVIRA SEBASTIANA KAPPEL Sínodo Sudeste

Elvira Sebastiana Kappel nasceu num lar católico, numa vilazinha simples e sem recursos em Chapéu d’Uvas, lugarejo da cidade interiorana de Minas Gerais, chamada de Paula Lima. Seus pais viviam cuidavam de fazendas e sua numerosa família não possuía recursos para o dia-a-dia. Quando Elvira tinha 14 anos, chegaram à cidade de Juiz de Fora, MG, e aos poucos foram se adaptando e construindo suas vidas, trabalhando em fábricas de tecidos e como empregadas domésticas. Sua mãe faleceu muito jovem, e Elvira assumiu seus três irmãos mais jovens. Casou-se aos 20 anos, com Oscar Kappel, homem simples, filho de família numerosa, descendente de alemães, e que frequentavam a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Juiz de Fora. O casamento foi simples e no salão da Comunidade, já que o templo, na rua General Gomes Carneiro estava fechado por causa de grandes rachaduras que sofreu, causadas pela explosão do paiol de pólvora do Exército, que ficava próximo. Desta união nasceram 7 filhos. Oscar sustentava a família com o oficio de alfaiate, e mais tarde, com o trabalho em fábricas de meias de nylon para senhoras. Elvira cuidava da casa e dos filhos, e ainda trabalhava em casa, costurando para ajudar nas despesas. Os filhos foram crescendo e ajudando pelo trabalho, e aí come 98


çou a melhorar a estrutura da vida da família. A comunidade foi importante também neste processo, e com a vivência da fé, e apoiada na comunhão dos irmãos, a família foi crescendo e aprendendo cada vez mais a amar ao Senhor Deus Criador do céu e da terra. Uma das grandes alegrias dela, foi a de saber que o filho mais velho, aos dezoito anos de idade, decidiu ir para a Escola Normal Evangélica, em Ivoti, RS, fazer o curso de catequese, para depois ingressar na faculdade de Teologia e ser pastor da IECLB. Também foi um tempo de muitas lágrimas, devido à distância e à separação. Neste momento, a Comunhão com as irmãs da OASE e o envolvimento no trabalho desta Ordem, muito ajudou a vencer e a superar as saudades. Foi despertada a se envolver com outras pessoas e se sentir útil, e neste envolvimento, viveu grande parte de sua vida. Amava a OASE e não faltava em suas atividades. Durante sua vida, Elvira enfrentou muitos problemas de saúde, mas não deixava se intimidar e ia para as reuniões, e dizia: não adianta ficar em casa, e curtir o meu mal, quando estou aqui, esqueço deles e me sinto bem! Testemunho disto, foi quando da comemoração dos Cem Anos da OASE em Rio Claro, SP, de que quis participar. Depois da viagem de Juiz de Fora a Rio Claro, cerca de 679 quilômetros, ela enfrentou o estádio lotado e toda a beleza, agitação e emoção do encontro, elevaram sua pressão sanguínea, e foi necessário levá-la ao ambulatório, para que ficasse em repouso, até normalizar a pressão. Sua última participação foi no Encontro de Encerramento das Atividades da OASE - Sínodo Sudeste, em Araras, RJ. Uma semana depois, foi internada e descobriu um câncer no pulmão. Os médicos a operaram e retiraram um pulmão, mas alguns meses depois, aos 81 anos, veio a falecer, por complicações de doença no cérebro.

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Deixou muitas saudades, mas ao mesmo tempo, grande alegria, pelo tempo que viveu e pelo belo testemunho de vida e de fé, e pela alegria que ela espalhava a todos com quem convivia. Fica o desafio para nós: viver a vida de fé e a comunhão com as irmãs, sendo bênçãos para os outros, e grandes benefícios para a nossa própria vida. O clima da OASE e da vida em comunidade eram tão fortes nesta família, que o esposo, Oscar Kappel, escreveu uma poesia para a OASE, que transcrevemos a seguir. Poema dedicado à OASE Oscar Kappel Comunhão é seu objetivo Quer no trabalho ou não, Seu lema é o motivo De louvor e adoração. De testemunho são formadas Em momento de decisão, Mulheres predestinadas No lar, na Igreja à Oração. Serviço é que não falta Nas festas tradicionais, Seus dotes culinários exalta Não há quem os rejeita jamais. O que seria da Igreja Se não houvesse a "OASE", Os homens com sua peleja Perderiam-se em seus "OASIS". Formiguinhas incansáveis Que o Senhor nos deu, Abelhinhas de doce mel Para vocês, tiramos o chapéu. 100


ELZA KRAFFT Sínodo Planalto Rio-Grandense

ELZA KRAFFT, uma senhora muito especial na OASE. Como presidente participava com alegria e entusiasmo; muito acolhedora e inteligente em suas posições de fé e trabalho. Com suas mãos habilidosas criava e embelezava o “Bazar de Natal”. Nos festejos dos 65 anos de OASE de Panambi, dona Elza fez uma retrospectiva histórica da OASE e se sensibilizou com as obras e os trabalhos das nossas fundadoras e demais lideranças, analisando sempre as condições da época.

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EMMA BATSCHKE SCHNEIDER Sínodo Noroeste Riograndense

Os filhos Romeu, Irene e Silda podem muito bem testemunhar que D. Emma, além do amor e dedicação pela família, tinha uma admirável paixão pela OASE e particularmente a do grupo de Horizontina, RS. Sempre tinha como primeira atenção, a família, mas quando acontecia algum evento da OASE, onde ela estivesse, ficava impaciente e programava-se para poder estar presente com as amigas, integrantes da OASE; às vezes, até deixava de ir a algum lugar para não perder os encontros. Ou, se não pudesse comparecer, na véspera ou no dia, lembrava e fazia comentários da programação que estava acontecendo. Dizia que era mais que um compromisso, era a oportunidade de estar com as senhoras integrantes da OASE, que eram suas mais fiéis amigas. O que realmente ela gostava, era de conviver e desfrutar do espírito de integração, com a exemplar simplicidade da OASE, de realizar-se em fazer o bem, pelos admiráveis propósitos que eram as motivações da OASE. Gostava de reunir-se com as amigas da OASE, para realizar os trabalhos manuais, pois assim, se sentia participante e útil junto com elas, como colaboração para os trabalhos da tenda da OASE, que eram vendidos, a preços muito modestos, angariando recursos para manter a entidade, para suas ações de caridade, como Dona Emma dizia, até permitir que estes ingressos também pudessem ajudar a aliviar as companheiras que tinham mais dificuldades para pagar as mensalidades. Quando podia, procurava acompanhar os grupos da OASE para 102


fazer visitas às amigas e seus familiares, especialmente em momentos mais difíceis de doença e ou de luto. Eram estes gestos dela e das companheiras da OASE, que nós, como filhos, sempre admirávamos.Tínhamos orgulho desta dedicação e da simplicidade das amigas da OASE. Para nós sempre foi um belo exemplo de convivência, de amizade e de doação às pessoas. Onde estivesse, sempre mantinha no peito, com muito orgulho, o tradicional distintivo da OASE. Ficamos felizes por poder contribuir com a história dos 110 anos da OASE, contando um pouco sobre a mesma na vida de nossa mãe Emma Schneider. Crescemos numa família muito ativa e participante de sua comunidade, pois para a mãe, depois da família, o segundo lugar era a sua igreja, especialmente o serviço através da OASE. Servindo à Igreja, ela tinha a certeza de que era o nosso caminho e compromisso para com o Bondoso Deus e seu Filho Jesus Cristo. Quando crianças, nós sentíamos alegria em acompanhar a mãe nos preparativos para as festas da comunidade onde a OASE sempre teve papel importante. Nossa mãe Emma sempre falava que participou por 25 anos da diretoria da OASE, mesmo que nos últimos anos, foi apenas conselheira. Pela sua experiência de OASE, isto teve grande importância para ela e para os demais membros. Emma Schneider e Melita Beck foram grandes companheiras e batalhadoras pela OASE, junto à comunidade e às OASES regionais. Durante anos, a OASE foi a mantenedora do jardim de infância, onde por muito tempo nossa mãe foi homenageada como a “Mãe do Jardim”. Até os dias de hoje, muitas pessoas lembram de quanto foi importante o trabalho dela na OASE, pois muitos aprenderam com ela. Para nós, seus filhos e familiares, deixou um grande testemunho da fé e trabalho, servindo ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Silda Schneider Sartor, Irene Schneider e Romeu Schneider 103


Um pouco sobre Emma Schneider... Conhecemos Dona Emma aos seus 70 anos. Muito se ouviu falar do seu trabalho na OASE, pelo seu próprio relato e também por muitas outras pessoas. Nós a conhecemos, já no seu tempo de viuvez, onde mantinha a unidade de sua família. Pessoa calma, generosa, sensível. Gostava de ver todos bem. Onde podia ajudar, “era só falar”, assim ela nos dizia. Com o trabalho da OASE, na Comunidade Dr. Martinho Lutero, surgiu o Grupo de Condolências. Dona Emma, era uma das poucas mulheres, que sabia dirigir automóvel, prontamente, ela e suas companheiras embarcavam e iam visitar todas as famílias enlutadas. Lembro com carinho, o testemunho de uma senhora, agricultora pobre, que ao perder o seu marido recebeu a visita do Grupo. Na primeira vez que nos encontramos, esta senhora me abraçou e disse: “Pastora, sabe quem foi me visitar em minha casa? A Dona Emma!” Seus olhos brilhavam e seus braços me abraçavam com força, tamanha a sua felicidade. Também o seu carinho e cuidado por todos os obreiros e obreiras que serviram nesta Comunidade, precisa ser mencionado. Eram telefonemas, palavras de carinho, pedidos gentis, convites e presentes. Para nós, em muitos momentos, ela esteve conosco, como gostaríamos de estar com nossas mães e avós que moram distantes. Dona Emma era conhecida, como uma pessoa muito boa, uma amiga, uma pessoa que apesar de possuir muitos bens, nunca mudou a sua maneira de ser com as pessoas. Se não estava presente em cada encontro da OASE, no Grupo dos Idosos da Comunidade e nos Cultos, era porque estava viajando para encontrar seus filhos, netos e bisnetos ou para tratamento de saúde. Podemos afirmar que ela era uma mulher que queria viver, viver para servir e ver todas as pessoas felizes. Pa. Anelise e P. Vilmar Abentroth

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ÉRIKA HAUCH BIENOW Sínodo Espírito Santo a Belém

Érika Hauch Bienow nasceu no Córrego Laranjeiras, norte do Rio Doce, município de Aimorés, MG, no dia 10 de setembro de 1938, sendo filha de Alberto Hauch e Augusta Hauch. Foi batizada no dia 13 de novembro de 1938 pelo pastor Emil Schmidt. E casou-se no dia 20 de abril de 1956, na Comunidade de Santo Antonio, com Frederico Bienow. Seu matrimônio foi abençoado com 4 filhas e 1 filho, que lhe deram 5 netos e 4 netas. Em 1971, começou a participar da OASE da Comunidade Evangélica de Baixo Guandu, Paróquia de Baixo Guandu, onde exerceu o cargo de tesoureira. Faleceu de modo repentino, no dia 29 de dezembro de 2003, em Baixo Guandu. O enterro foi realizado pelo pastor Geraldo Graf de Colatina, no cemitério Santo Antonio. Dona Érika deixou sua marca na OASE/Comunidade, sempre envolvida nos trabalhos sociais, ajudando a quem necessitava, visitando doentes, cozinhando para os encontros de confraternizações e festas da Comunidade. Ela não media esforços para ajudar nas festas, vinha a pé, bem cedo, carregando panelas, bacias, gravetos, para iniciar os trabalhos. Sempre estava disposta e animada, e deixava os outros animados também. “Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.” (Romanos 13.7)

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ERIKA STROTHMANN Sínodo Planalto Rio-Grandense

A primeira mulher que presidiu durante um longo período a OASE no antigo Sínodo Riograndense foi Erika Strothmann, casada com o pastor Leopold Strothmann. Ela foi presidente de 1937 a 1952, depois de Eva Borgards e Emma Wolf, as pioneiras. O mandato de Erika coincidiu com os anos difíceis da Segunda Guerra e com a criação e ampliação da Casa Matriz de Diaconisas, para as quais as senhoras fizeram várias campanhas. Quando foi eleita, escreveu uma saudação, conclamando as Frauenhilfen a “cerrar fileiras” e a “trabalhar fiel e silenciosamente”, na Igreja, para ajudar os necessitados. Lembrou o salmo 124: “Nosso auxilio está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra”. A partir de 1928 o casal, vindo da Alemanha, estivera por curtos períodos em Ibirubá, Coronel Barros, Santo Ângelo e mais longamente em Panambi (1933-1942). Nesta última localidade, encontrou emoldurada, na casa pastoral, uma mensagem da imperatriz alemã, Augusta Vitória, provavelmente enviada às sociedades auxiliadoras que se formaram a partir de 1910 no Brasil. Depois de atuar brevemente em Campo Bom e São Leopoldo (onde seu marido lecionou na Casa Matriz durante a Guerra), assumiram a comunidade de São Sebastião do Caí (1946-1952). Erika teve quatro filhos e mesmo assim viajou bastante pelas comunidades do Rio Grande do Sul em época de locomoção 106


difícil. Numa viagem que fez de Panambi a São Leopoldo, em 1939, foi de ônibus até Belisário e tomou o trem para Santa Maria. Lá embarcou no trem noturno para Porto Alegre, prosseguindo depois para São Leopoldo. Erika levou seu filho de colo e contou com a ajuda da filha mais velha, de nove anos. Nos anos quarenta, quando participava de retiros em distritos mais afastados, que dispunham de comunicação aérea, viajava ocasionalmente de avião. Além de visitar os grupos, organizar retiros e congressos, Erika publicava notícias e reflexões nas páginas de Der Bote für die Evangelische Frauenwelt in Brasilien (O Mensageiro para o Mundo da Mulher Evangélica no Brasil) e no jornal Riograndenser Sonntagsblatt (Folha Dominical do Sínodo Riograndense). Não está claro se ela se familiarizou com o idioma português. Nas comunidades em que esteve com a família liderava corais e grupos de crianças e jovens. Em 1952, a família viajou de férias para a Alemanha, onde se realizava em Hannover a Assembleia Geral da Federação Luterana Mundial. Erika representou as mulheres da OASE do Sínodo Riograndense nesse evento. O pastor Strothmann não pôde mais voltar ao Brasil por motivo de saúde e assim toda a família ficou na Alemanha. Ele faleceu em 1969, e Erika em 1998, aos 94 anos. Retirado do livro Retalhos no tempo, página 32

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ERNA HEIDRICH Sínodo Centro-Sul Catarinense

Erna Heidrich, nascida em 23 de fevereiro de 1945, em Taió, foi a quarta filha de Rudolf e Adete Glatz. Formada no magistério, era sempre estudiosa e 1ª da classe. Educação, sua meta, futuramente tornou-se destaque na sua militância política como vereadora e prefeita de Taió. Estudou e lecionou em escolas públicas de sua cidade. Nascida em família luterana, desde pequena participava no Culto Infantil, programações do Natal e Coral da Igreja. Sua mãe, Adete, era membro da OASE, de cujas reuniões, Erna desde pequena gostava de participar. Casou-se em 16 de julho de 1962, na IECLB de Taió e teve três filhos, em 1963, 1965 e em 1967, Adete Cristine. Começou na OASE em 1973, acompanhando a mãe, já adoentada. Erna usava quase sempre o distintivo da OASE, testemunhando sua fé e engajamento no SERVIR ao Senhor. A sua fidelidade em transmitir a mensagem da OASE, ela demonstrava em palavras e ações. Em 11 de março de 1975, foi eleita presidente da OASE de Taió. Envolvida como presidente da OASE, em obras sociais, já em 1977, manifestou seu lado de política, quando enviou correspondências a deputados estaduais, pedindo apoio financeiro a seus projetos. Conseguiu seus objetivos. Tanto é, que no lançamento da pedra fundamental do J.I. Bom Pastor teve a presença do governador e de um deputado. 108


Este seu lado de líder, trouxe-lhe o convite para concorrer à vereança em 1982. E foi eleita. Foi presidente da OASE de Taió por 14 anos, de 1975 a 1989. A OASE foi o ponto de partida para a carreira política de Erna; eleita vereadora em 1982, foi secretária da Câmara de Vereadores por duas vezes, reeleita duas vezes (a mais votada no município na segunda vez), foi escolhida como presidente da Câmara. Exerceu o cargo até 1994. OASE e vereança foram entrelaçados. Desde 1988, no programa de rádio Conversando Com Você, como locutora, transmitia mensagens diárias pela rádio local, encantando os ouvintes. Quando política, jamais revidou ofensas e difamações. Acreditava ser mais importante falar do trabalho que queria fazer pelo povo de Taió. Aceitou concorrer à prefeitura, incentivada pelas mulheres da cidade. Era presidente Regional da OASE RE II, eleita em outubro de 1995, quando foi eleita Prefeita de Taió, em 03 de outubro de 1996. Foi a primeira mulher eleita para a Prefeitura em Taió. De seu discurso de posse como prefeita, vale destacar: “A palavra de Deus é poderosa e viva. Ela ultrapassa fronteiras e nos ensina também que hoje, basta que tenhamos sensibilidade com as necessidades e os problemas das pessoas e a coragem de tomar iniciativas e decisões. E o milagre se renova a cada manhã: colocando as coisas nas mãos do Senhor, se multiplicam em bênçãos...”. Como primeira mulher prefeita na história do município de Taió, abriu espaço para o sexo feminino. Como administradora tinha metas definidas, grande capacidade de negociação, superando os muitos obstáculos em sua gestão com o apoio da Câmara de Vereadores. Seu trabalho a envolvia de 10 a 12 horas diárias. Em suas idas a Brasília, sempre foi muito bem atendida pelos ministros. Discreta elegância, sempre. 109


O dia-a-dia de Erna estava voltado aos direitos femininos. Marcante foi sua presença num evento comemorativo ao Dia Internacional da Mulher, quando palestrou para mais de 2.000 mulheres, animando-as ao crescimento pessoal. Tinha carinho especial e preocupação com as crianças carentes de Taió; criou programas especiais para sua formação integral. Priorizou a educação, criando a faculdade de Rio do Sul - Curso de Pedagogia e Ciências Contábeis. Adquiriu uma frota de seis ônibus escolares e deu atenção especial aos idosos. Presente no cenário político de Taió, SC e Brasília, exuberante, forte, sempre queria ganhar tempo. Tinha firmeza e persistência em suas articulações políticas. Nos Congressos da OASE, era convidada a palestrar sobre economia, administração, temas políticos e assuntos de fé. Em meio a seu mandato, aconteceu a doença em novembro de 1998: câncer, contra o qual lutou tão bravamente, quanto em sua administração como prefeita. Cirurgias, quimioterapia em Porto Alegre. Sua filha considerou que o enorme sofrimento de sua mãe foi uma provação de Deus para ver o tamanho de sua fé. Ela era uma mulher corajosa, lutadora e brilhante. Ficaram muitos sonhos por realizar, metas a cumprir. A doença, implacável, sempre forte! Erna se emocionava com as manifestações de carinho e empenho em orações, dos que a visitavam, durante sua enfermidade. Mesmo no hospital, em Porto Alegre, continuava a Prefeita Erna, envolvida com projetos e ações por Taió. Mas seu corpo fragilizado foi vencido. Lutou o bom combate, fortalecida pela sua fé inabalável. Foi uma grande líder, carismática, exemplo para gerações futuras de políticos. Para nós, mulheres da OASE, Erna Heidrich é o exemplo de mulher como Deus nos pensou, suave no diálogo, forte nas decisões. Delicada, mas persistente nas situações difíceis, corajosa, incansável. Vencedora! 110


Só não venceu a morte, porque se rendeu à vontade suprema de nosso Pai Celeste. Erna na OASE: 1975-1989 - Presidente da OASE de Taió. OASE RE II: Secretária, Vice-presidente, eleita presidente regional em 1995, XIV Congresso Regional OASE RE II em março de 1998, e último, Divisão em 4 OASES Sinodais. Erna na Política: 1982-1999 “Os melhores servos de Deus São aqueles que se Colocam a serviço do próximo... São os que têm mentes que Planejam, mãos que trabalham, Corações que amam... São os que produzem, Persistem, esperam... São os que servem, Compreendem, toleram, Respeitam seus semelhantes E todos aqueles que colaboram Com o progresso e contribuem, De alguma forma, para o bem Estar da família... São os que colaboram Com a obra do Criador.”

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ETHEL BIEHL Sínodo Rio dos Sinos

Fui solicitada por amigas da OASE Redentor de Sapiranga, Sínodo do Rio dos Sinos, RS, para escrever algo sobre a pessoa amiga que era Ethel. Para mim fica difícil colocar no papel o que Ethel significava e, também para as pessoas com quem convivia. A sua personalidade era contagiante em todos os setores em que se fazia presente. Simples, amável, sincera em sua fé no Criador e Salvador, deixava marcas e exemplos na OASE, na comunidade onde sempre agia com amor. O Senhor lhe concedeu 84 anos de vida, atuando onde era chamada. É difícil para tantos amigos que conviviam com sua presença, saber que Ethel deixa uma lacuna, mas a fé cristã que lhe era peculiar nos deixa saudade, assim como os muitos exemplos a seguir, como ativa na OASE. Nós, amigas de OASE, sempre estivemos dispostas a aprender mais com sua convicção ao falar, ao dar testemunho de sua fé. Éramos amigas de todas as horas, tantos nos encontros semanais, como nos cultos. O grupo todo sente sua falta, pois ao falar ela transmitia o que é pertencer a OASE. Mais uma vez deixo escrito em resumo o que significava para nós a sua fé, quando seguida conforme Jesus Cristo espera de nossa parte, porque Ethel, por onde passou, deixou cair semente fértil. Que agora o testemunho e o exemplo cresçam em amor sincero para que tenhamos dignidade em seguir seus passos. Ethel escreveu sobre a OASE, como sua mãe dona Alzira, deixou a ela o que significava ser ativa dentro de um grupo que se chama pertencer à OASE.

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Ethel, ficas em nossos coraçþes como amiga que sempre foste. Ethel nasceu em 14 de setembro de 1924 e faleceu em 18 de outubro de 2008. Nelcila Braun Ermel

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FELÍCIA EMMA HATZKY SCHÜTZ Sínodo Centro-Sul Catarinense

Felícia Emma Hatzky Schütz nasceu em Beusingsen, perto de Soest-Westfalia, na Alemanha, no dia 30 de maio de 1917. Era filha de Felix Hatzky e Emma Kichoff Hatzky, teve uma irmã, Margarida Hatzky e um irmão, Felix Hatzky. Veio para o Brasil com seus pais e seus irmãos em 1924. Estudou na Escola Pública de Palhoça, onde morava. Formou-se professora em 1934, sendo a primeira estrangeira a formar-se na Escola Normal Catarinense (hoje Faculdade de Educação), em Florianópolis. Lecionou por três anos e meio na Escola Complementar do Grupo Escolar Venceslau Bueno, em Palhoça, e durante seis meses, foi lente substituta de Pedagogia na Escola Normal Catarinense. Naturalizou-se em 08 de abril de 1939, pelo Decreto Lei 1202. Em 23 de julho de 1938, casou-se com Teófilo Jacó Schütz, em Taquaras, município de Rancho Queimado, onde foram morar. A casa da família Schütz, onde foi realizado o casamento, hoje é um Museu, aberto diariamente à visitação pública. Tiveram três filhos: Néri Schütz, Ruth Schütz (hoje Gebhardt) e Aldo Schütz. Felícia ficou viúva em 1971. Dona Felícia, como ficou conhecida, era membro ativo da comunidade de Taquaras, exerceu funções públicas e comunitárias: foi vereadora do município de Rancho Queimado (19761982), tendo sido por dois anos, Presidente da Câmara, e foi ainda a primeira presidente da Associação Comunitária do Distrito de Taquaras, e presidente da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Taquaras, durante oito anos. Participava da OASE, do grupo de idosos e na igreja. Durante muito tempo, tocava órgão para acompanhar os cultos, alem de coordenar o coral evangélico. Atualmente, o Centro Comunitário de Taquaras 114


tem o seu nome e o município instituiu a Medalha da Honra ao Mérito Felícia Schütz. Em 1996/1997, traduziu as memórias de sua mãe, que foram manuscritas em alemão gótico, em seis cadernos de 200 folhas cada, inicialmente impresso em 30 volumes que foram entregues à família na comemoração de seus 80 anos e mais tarde, originou o livro “Uma Mulher do Século Passado”, editado em 2000, pela Editora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), lançado na Assembleia Legislativa em Florianópolis. Mais tarde, em maio de 2002, também teve seu lançamento em Taquaras, com o apoio da Fundação Catarinense de Cultura, do Governo do Estado de Santa Catarina. O livro narra a trajetória de vida de sua mãe e sua família, na Alemanha e no Brasil, antes, durante e depois das duas grandes guerras mundiais. “Uma Mulher do Século Passado” é uma lição de vida, de força e perseverança, nos dando coragem para enfrentar as dificuldades que se apresentam ao longo da vida. Veio a falecer em 01 de dezembro de 2004, com 87 anos, em sua casa, em Taquaras, deixando dois filhos e duas filhas, noras e genro, sete netos, cinco netas, sete bisnetos e duas bisnetas. Um pouco da história Após concluir o curso primário em Palhoça, vó Felícia passou a cursar o Curso Normal em Florianópolis, indo e voltando todos os dias para as aulas de “jardineira”, um ônibus aberto, com bancos de madeira, que fazia o percurso na época. Nestes tempos, seu pai tinha um caminhão Ford, daqueles com rodas de raios de madeira, e transportava produtos da colônia e da serra para Palhoça e Florianópolis e, como sua filha mais velha, muitas vezes tinha que acompanhá-lo para vendê-los. Ajudava embalando os produtos, atendendo aos fregueses, cobrando ou fazendo o troco. Além disso, tinha que ajudar o pai a

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consertar seus caminhões, vindo a adquirir conhecimentos de mecânica, que mais tarde também lhe foram úteis. Foi a primeira mulher a ter uma carteira de motorista profissional em Santa Catarina, e habilitada como tal, dirigia, além de seu carro com placas de carro de aluguel, um Ford grená 1948 e, se necessário, também caminhões reboques, carregados até com 60 dúzias de madeira. Com o carro de aluguel, muitas vezes era chamada altas horas da noite, para levar alguma pessoa doente para o hospital, em Florianópolis. Manteve a categoria profissional na carteira, até sua última revalidação, quando já contava com mais de setenta anos de idade. Todas as construções determinadas pelo marido foram projetadas e construídas sob a supervisão dela, fazendo plantas, maquetes para melhor visualizar a disposição dos cômodos. Comprava os materiais utilizados, orientava os serviços de instalação hidráulica, elétrica ou o que fosse necessário. Inclusive num posto de gasolina. Por determinação de Teófilo, construiu a rede de água, que abastecia Taquaras, funcionou e ainda funciona, apesar da instalação da rede pública pela CASAN, Cia. de Águas e Saneamento do Estado. É dela, com o auxilio do pai, o projeto e construção da primeira rede elétrica de Taquaras, com aproximadamente dois quilômetros, cuja energia, durante o dia, acionava o beneficiamento de madeiras, e à noite, fornecia energia elétrica para as casas e iluminação pública, até que no Governo do Dr. Ivo da Silveira, chegou a energia gerada pela CELESC. Também era dela o comando das serrarias, inicialmente no município de Urupema, donde uma frota de dez caminhões reboque, trazia a madeira serrada para Itajaí, para venda e exportação. Posteriormente, vendidas as serrarias de Urupema, instalou-se uma serraria em Taquaras, para serrar os pinheiros de nossa propriedade, araucárias que vinham da Boa Vista. Funcionou ao lado de onde está, hoje, a Escola de Educação Básica

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Roberto Schütz, de Taquaras. Paralelamente à existência das serrarias, montou-se também um beneficiamento de madeiras, que durante muito tempo fabricou carrocerias para caminhões, portas, janelas e até caixões. A atividade do marido era negociar gado, tropeadas, engorda, e também esta atividade ela teve de compartilhar, visto que era ela que controlava as contas das compras, das vendas, dos valores vendidos a prazo ou à vista, dos pagamentos, transferências bancárias, na época, feitas por telegrama fonado, e não mais em código Morse, de Taquaras para Lages, São Joaquim, Campos Novos, Curitibanos, ou Vacaria e até Lagoa Vermelha. Era ela quem controlava os gastos, os pagamentos feitos aos tropeiros, os impostos a pagar, os registros de tudo o que acontecia e precisasse ser revisto um dia, fazia a contabilidade, mesmo tendo feito um curso de contabilidade à distância. Na época, tinham um automóvel Ford 1948, de cor grená, um vermelho escuro. Como ela descia toda quinta-feira, era conhecida, na estrada, como a mulher da limusine grená. A viagem levava de 3 a 4 horas, dependendo do tempo, visto que a estrada de chão, conforme a época do ano, ficava lisa com as curvas. Eram apenas 81 km, indo por Rancho Queimado, Morro do Cedro, Queçaba, ex-Teresópolis, Vargem Grande, Águas Mornas, Poço Fundo, Santo Amaro da Imperatriz. Se passasse pelo Rio dos Bugres, hoje Santa Izabel, levaria mais tempo, visto que, só o trecho de Rio dos Bugres tinha 348 curvas. Não bastassem todas as atividades, acima referenciadas, ainda encontrava tempo para fazer tricô, crochê, macramé, entalhar madeira, fazer pirogravuras, em tudo deixou um pouco de sua marca, até uma rede, do tipo daquelas do nordeste, só feitas com ponto de rede de pescador, com cordão bastante resistente, mas como ao deitar ela fechava muito, colocou duas travas de madeira, em cada extremidade para que ficasse bem aberta. Rede esta que hoje decora a sala da casa da praia, com conchas, estrelas do mar, búzios, caranguejos e outros cascos do mar. Tudo isso, sem contar as pessoas que ensinou a fazer estes tra 117


balhos manuais. Tocava piano e violino, e nos primeiros tempos de vida de casada, ainda costurava as roupas para os filhos e seus próprios vestidos e blusas. Na época em foi morar em Taquaras, não existia farmácia no local, posto de saúde ou qualquer meio de assistência médica, ou saúde pública, para proteger as pessoas, ou lhes dar assistência em caso de necessidade. Mais uma vez, era dona Felícia que fazia o que podia e como sabia, bancando a farmacêutica ou enfermeira. São muitas as histórias e lembranças desta pessoa que marcou a vida de sua família e sua comunidade. Quando já estava adoecida e só permanecia em casa, foram incontáveis as visitas que vieram vê-la e as pessoas que a ajudaram nesses dias, todos com carinho, atenção e respeito. Tatiana Schütz Ferreira, Néri Schütz, Aldo e Salete Schütz

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FELICITAS DROSTE Sínodo Rio dos Sinos

Escrever sobre a própria mãe é ao mesmo tempo, tarefa agradável e difícil. Corre-se o risco de pintar um quadro muito subjetivo, que tanto pode ter cores variadas e alegres, como pode ter cores escuras. Quando nós, a filha e os dois filhos de Felicitas Droste, nos lembramos de nossa mãe, as cores vivas sobressaem com força. Vinda de lar cristão, transmitiu a sua própria família valores éticos e morais marcados pela sua fé. Quando tinha 30 anos de idade, fundou com outras 9 mulheres, o grupo de OASE em Horizontina (1935), então ainda chamada de “Bello Horizonte”. Foi a sua primeira presidente. Ali, as mulheres se organizaram em OASE, antes da constituição da própria Comunidade Evangélica. As mulheres se tornaram uma força ativa na formação da Comunidade e tiveram participação ativa na sociedade local, especialmente na área da educação (escola) e da saúde (hospital). Nossa mãe sabia o que era viver sem médico e hospital. O túmulo de dois filhos pequenos está entre os primeiros do cemitério local. Felicitas Martha Natorp Droste nasceu em Candelária - RS, no dia 03 de dezembro de 1905. Quando seu pai faleceu em 1924, ela foi trabalhar numa malharia em Santa Cruz do Sul, RS. Em 1928, foi para Ijuí, onde trabalhou como balconista. Lá, casouse com Carlos Droste em 1930. No mesmo ano, o casal foi para Horizontina, que ainda se encontrava em processo de coloniza

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ção. Abriram uma casa comercial e trabalharam de sol a sol. Tiveram cinco filhos. Tempos muito difíceis. A água tinha que ser buscada em baldes, no braço, de uma fonte a 500 metros de distância. Não poucas vezes, chegava-se em casa com meio balde perdido ao bater em tocos ou troncos de árvores derrubadas para traçar as ruas de “Bello Horizonte”, depois “Villa Horizonte”. Na atual Horizontina, encontram-se anos de grande labor e muita dor de Felicitas e Carlos Droste. Tempo de lágrimas. Tempo de resistência. Tempo de fé e coragem. Para os filhos, é o chão de suas raízes e uma terra muito amada. Talvez porque o suor dos pais regou aquela terra e ali conseguiram crescer em comunidade e como comunidade. Quando os moradores são poucos e vivem isolados, eles se tornam uma grande família. A partilha do conhecimento e a solidariedade na alegria e na dor acontecem naturalmente. Dizer que a OASE e a Comunidade eram uma extensão do nosso lar, é dizer muito pouco. Folheando o “diário das lembranças”, percebe-se que tudo era uma grande unidade. Se a mãe não estava em casa, estava na OASE, na Comunidade. Durante bom tempo, inclusive, os cultos e batismos eram realizados no “armazém” da casa comercial dos Droste, entre sacos de feijão e latas de banha. Em 1949, nossos pais se mudaram para Ijuí. A OASE foi uma porta aberta para integrar-se com facilidade na Comunidade e cidade. Neste tempo, ela desenvolveu suas habilidades artísticas. Era muito criativa. Sabia ser independente em suas ações e decisões. O ser mulher a engrandecia, jamais a diminuiu. Foi coordenadora distrital da OASE durante muitos anos. Foi membro da diretoria da OASE do Sínodo Riograndense e, depois de 1968, da diretoria da III Região Eclesiástica, com sede em Panambi, RS. Executava suas tarefas, fossem elas menores ou maiores, com igual responsabilidade. Os seus últimos anos de vida (1983-1992), já viúva, Felicitas Droste passou em São Leopoldo. Mas também ali a sua cadeira na OASE não ficou vazia. A OASE foi, até o fim da vida, algo

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que fazia parte do seu “pão de cada dia”. Dentre os textos por ela apresentados em reuniões e encontros de OASE, os seguintes podem mostrar como ela entendia a OASE e o ser cristão. “A OASE existe, em primeiro lugar, para despertar a fé e para cuidar da fé.” “Mulheres que vivem de porta aberta para Jesus, são mulheres que sabem ouvir e querem servir.” Para quem diz que não sabe falar ou testemunhar, ela diz: “A tua simples presença pode ser uma forma de dar testemunho. Pois a presença de uma testemunha de Deus faz com que certas coisas sejam feitas, respectivamente, não sejam feitas. As pessoas sentem que Cristo está contigo”. Ao falar da minha mãe, mulher da OASE, falei de milhares de outras mulheres da OASE. E isso eu acho bonito. Ninguém é mais do que as outras. O engajamento dedicado de todas elas faz da OASE uma força indispensável na vida e missão das Comunidades e da própria IECLB. Rolf Droste

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GUILHERMINA HELL NINKE Sínodo Espírito Santo a Belém

Guilhermina Hell Ninke, nascida no dia 04 de novembro de 1927, em Palmeira de Santa Joana, foi batizada no dia 25 de dezembro de 1927 e casou-se com Guilherme Ninke no dia 29 de outubro de 1949. O casal não teve filhos. Dona Guilhermina foi uma pessoa muito ativa nos cultos e na OASE, em Itaguaçu, para onde se mudou. Gostava de ajudar na cozinha e no bazar. Um de seus prazeres era pintar panos de prato e muitos foram doados para a comunidade Sua profissão era costureira, mas sempre tirava tempo para ajudar nos trabalhos da igreja. Dava hospedagem quando havia encontros e era muito querida pelas participantes da OASE. Teve problemas de saúde que começaram com falta de ar, que foi se agravando, e veio a falecer no dia 2 de outubro de 2003.

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GUILHERMINA SAND LAGEMANN Sínodo Vale do Taquari

Ela nasceu no dia 23 de outubro de 1885, em Wessen Dorf, na cidade de Tecklenburg Westfalen, na Alemanha. Em 1888, veio ao Brasil juntamente com seus pais. Casou-se com Guilherme Lagemann. A OASE foi fundada em 14 de abril de 1930, sendo Guilhermina sua primeira presidente. A cada catorze dias havia o encontro da OASE na casa do Pastor na Linha Imhoff. Em 1950, quando a escola foi construída num terreno doado por ela e seu marido, os encontros da OASE passaram a ser lá. Ela nunca faltava aos encontros da OASE. Guilhermina lia muito a Bíblia. Quem orientava os encontros era o Pastor J. Striebel. Em 27 de maio de 1923 foi inaugurada a Igreja da Paz, a qual foi construída num terreno também doado por ela e seu marido. Assim, durante trinta anos o casal puxava o sino e mantinham a limpeza da igreja. Três vezes por ano, faziam uma faxina geral, tudo gratuitamente. Para enfeitar a igreja com flores, era ela que plantava e cuidava de um jardim. A cada catorze dias havia culto, ao qual não faltavam. Para os cultos com Santa Ceia, era ela quem fazia os pãezinhos sem açúcar já que naquela época não havia as hóstias. Estas somente vieram a ser usadas depois da Segunda Guerra Mundial. O terreno no qual está construída a Casa Paroquial foi vendido por sua família por um valor simbólico.

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O gosto pela OASE foi passado para as gerações futuras, as filhas, as noras, netas e bisnetas. Guilhermina faleceu em 27 de julho de 1966. Todas as terras foram doadas pela palavra. Agora, depois de 82 anos, os três bisnetos assinaram confirmando a doação das terras, para que pudessem ser encaminhadas as referidas escrituras.

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HEDWIG BORNHOLD BEHRENS Sínodo Norte Catarinense

Parteira durante 60 anos, Hedwig Bornhold Behrens deixou um exemplo à OASE de Caçador, SC. Dia ou noite, sol ou chuva, Hedwig montava cavalo ou burrico, o que lhe trouxessem, para encurtar o caminho até as parturientes. Dizia que não estava só, pois tinha o amparo de Deus. Esposa de Paulo Behrens, professor e auxiliar de pastor, Hedwig era mãe de doze filhos. Agradecia a Deus nunca ter presenciado um falecimento, apesar de não dispor de remédios. Médico, nos anos 30, só havia em Marcelino Ramos e Porto União, a uns 100 quilômetros de distância. Pelo seu trabalho, davam-lhe uma galinha, uns quilos de aipim ou batata ou um pedaço de carne. Ajudando os outros, não faltava alimento nem saúde à sua numerosa família. Sua neta achava que Hedwig sabia de cor todo o hinário, pois sempre cantava ao escolher arroz ou feijão. A OASE a lembra como pessoa que praticou comunhão, testemunho e serviço. “Oma”, como era chamada, viveu 94 anos. Retirado do livro Retalhos no tempo, página 114.

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HELENA COSWIG LEITZKE Sínodo Sul-Rio-Grandense

Vó Lena, como era conhecida, nasceu no dia 20 de fevereiro de 1913 em Arroio do Padre, e casou-se com Reinaldo A. A. Leitzke em 19 de outubro de 1935. Tiveram cinco filhos: Guilherme, Dorothea, Gerda, Ana Maria e uma filha adotiva, Elizabete Machedang (falecida). Vó Lena e Reinaldo Leitzke muito fizeram em nossa comunidade. Ela participou da primeira diretoria da OASE como tesoureira, e após, por seu mérito, foi eleita presidente por unanimidade. Muitas vezes esteve ausente da família para dedicarse à OASE e à comunidade. Preocupou-se com as instalações e foi buscar recursos junto aos membros, pelos quais era sempre bem recebida. Organizou as instalações, colocou venezianas, pintava e capinava de forma que às vezes era presidente e outras vezes mais parecia uma servente. Não tinha horário para trabalhar, era dedicação exclusiva e muitas vezes, recebia uma cestinha com lanches de uma vizinha, que ficava impressionada com sua dedicação. Arrumava lugar para todos sentarem nos cultos e quando ouvia criancinhas chorar, ela dizia aos seus pais: fiquem escutando o pastor, que eu vou cuidar dos pequeninos, pois eu venho sempre aos cultos. Conversava muito com os membros da comunidade, usava óculos para ler, mas quando saía apressada os esquecia e se visse uma pessoa que não cantava, ela tomava seus óculos e cantava muitíssimo. 126


Quando se aproximava o mês de outubro, ela ia de casa em casa pedindo ofertas para a festa de aniversário da nossa igreja e conseguia tudo, inclusive na ausência do membro, em sua casa ela deixava um recado, escrito com carvão, em pomerano: “Lena is hia wést”, “Lena esteve aqui!”. Mas as famílias sorriam, pois já sabiam do que se tratava. Ela participava do coral e do estudo bíblico da OASE. Gostava muito de ouvir o coral misto de nossa comunidade Martin Lutero, do qual eu, Gerda e minha irmã Ana Maria participávamos ativamente. Ela dizia então: devemos agradecer sempre este bom maestro e estas lindas vozes. Para tal, ela levantava-se durante os cultos e em voz alta fazia o agradecimento aos membros do coral, que ficavam radiantes. Vó Lena sempre cuidou e ajudou os doentes, parentes e amigos que dela precisavam. Um exemplo: uma senhora chamada dona Alma, quase vizinha, estava muito doente e não tinha quem dela cuidasse durante o dia, então minha mãe se prontificou e cuidou dessa senhora durante seis meses, isto é, por 180 dias, ela saía de manhã para o hospital e voltava ao entardecer, quando o filho chegava. Todos a estimavam de coração, pois ela trabalhou muito por nossa família e comunidade em geral. Muitas vezes, algumas confirmandas não podiam fazer um vestido branco, então ela comprava o tecido e nós costurávamos, e os pais ficavam muito agradecidos com a atitude da conhecida “Vó Lena”. Vó Lena foi uma semeadora da paz! Acalmava os ânimos e punha ordem no que tinha de ser feito, era muito querida pela família e pelos membros, e também era muito respeitada! Vó Lena faleceu no dia 2 de maio de 2008, com 95 anos, dois meses e dez dias. Gerda Leitzke Gotuzzo

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HELGA ZIRBES Sínodo Vale do Taquari

Helga nasceu em 19 de janeiro de 1932 e faleceu em 08 de setembro de 1997. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum porque Tu estás comigo” (Salmo 23.4). É baseado nesse versículo que a OASE de Poço das Antas se lembra com saudades e ao mesmo tempo com orgulho da senhora Helga Zirbes, sem exceção e com respeito a todas as outras senhoras que já nos deixaram bons exemplos. Só que com Helga foi diferente. Ela ingressou muito jovem na OASE. Morava longe da Igreja e do local onde se realizavam os encontros, uma vez por mês. Helga nunca reclamou. Não media esforços, estava sempre disposta a ajudar. Vinha caminhando quilômetros com várias sacolas trazendo saborosas cucas de laranja, feitas por ela para as festas anuais e os chás dos encontros mensais. Sempre se destacou na venda de números para os sorteios das festas, comprando diversos blocos, desembolsando seu próprio dinheiro. Eleita diversas vezes, sempre aceitando o cargo. Sabia liderar, era organizada e mantinha o grupo unido. Certo dia, notaram que Helga estava mudando. Cansada e triste, tentava esconder seu estado de desânimo e preocupação. E a doença se abateu sobre Helga. Eram exames e mais exames. Idas e vindas constantes aos hospitais. Mas a família cuidou com muito esmero da mãe, em especial as filhas. Em sua última internação, Helga pediu que a família e o Grupo de OASE viesse vê-la. Fraca e quase sem vida, apontou o dedo para as mulheres da diretoria do grupo e disse: “cuidem bem do grupo, eu gostaria de continuar, mas chegou a minha hora e eu preciso partir”. Horas depois, ela faleceu. Helga sempre será o exemplo a ser seguido por todas nós. 128


HELMA BRAKEMEIER Sínodo Nordeste Gaúcho

Numa viagem de trem a Cachoeira do Sul, Helma Radünz viu um jovem loiro no mesmo vagão e comentou com sua amiga: “Por este moço eu poderia me apaixonar, mas ele está com anel no dedo!” O jovem loiro era Heinrich Brakemeier, que viera da Alemanha em 1931, como recém-formado pastor luterano, a fim de trabalhar em comunidades no Brasil. Sua noiva ficara lá, para, eventualmente, seguilo mais tarde. Mostrou-se, porém, que ela não teve coragem de deixar sua casa paterna. E assim, o noivado foi desfeito. Esta é a primeira parte da história de casamento dos meus pais. Minha mãe era a filha mais nova de um casal de agricultores, descendentes de imigrantes da Pomerânia, que se tornaram arrozeiros na região da campanha rio-grandense. Quando os seis filhos precisaram de uma boa escola, mudaram-se para a cidade de Cachoeira do Sul. Ali havia uma escola evangélica de bom nível, pela influência do Pastor Dr. Hermann Dohms. Minha mãe frequentou esta escola e também passou um ano na Fundação Evangélica em Novo Hamburgo, sempre como aluna muito interessada em aprender. Meu pai gostou de hospedar-se na casa da família Radünz por ocasião do Concílio Geral do Sínodo Rio-grandense, em 1935. E, após intensa troca de cartas entre Heinrich e Helma, ambos sabiam que queriam unir-se em matrimônio.

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Ao casar, minha mãe assumiu conscientemente a função de “esposa de pastor”, que, na época, significava participar ativamente da vida da paróquia, ao lado da função de dona de casa e mãe da família. Quando, em maio de 1939, meu pai obteve a licença de visitar seus familiares na Alemanha, meu irmão Gottfried tinha completado 2 anos e eu, alguns meses de vida. Ninguém imaginava que a permanência da família na Alemanha, programada para cinco meses, iria prolongar-se até 1948. Isto se deu por causa da II Guerra Mundial, que iniciou em setembro daquele ano. O tempo de guerra foi muito sofrido para minha mãe. Após três anos de trabalho pastoral na aldeia de Ledde, Westfália, meu pai foi convocado para o exército alemão. Foi enviado para a Rússia. Naquele inverno de 1943, a temperatura na região dos combates chegou a 45 graus negativos. Em consequência, meu pai teve seus pés congelados. A aparente desgraça tornou-se uma bênção, porque assim pôde voltar à Alemanha, antes da capitulação do exército alemão, quando nenhum soldado voltou mais de lá. No entanto, após recuperar-se, o soldado Brakemeier foi enviado mais uma vez ao front, desta vez à França. Ali, já no fim da guerra, a sua companhia foi capturada e levada para um campo de prisioneiros de guerra na Inglaterra. Ali meu pai ficou preso durante dois anos. Nestes quatro anos de ausência do pai da família, minha mãe teve que ser muito forte. Sua mãe, que tinha viajado junto à Alemanha, sentia muita saudade dos filhos no Brasil e se desesperava com a situação de guerra. O número de filhos aumentara para quatro. Haviam nascido, na Alemanha, meus irmãos Reinhard e Hans-Heinrich. Não foi fácil educá-los num contexto de doutrinação contrária aos princípios cristãos. A luta pela sobrevivência em meio à escassez de alimentos e bombardeios era constante e, acima de tudo, estava a preocupação de que o pai pudesse não mais voltar ao seio familiar. Havia, porém, mais algo que pesava sobre os ombros de minha mãe: a responsabilidade pela comunidade de Ledde, na ausên 130


cia do seu pastor. Minha mãe foi corajosa e criativa no amparo aos membros. Organizou cultos, chamando pastores de paróquias vizinhas, ou leitores autorizados. Também reuniu os confirmandos, transmitindo-lhes os ensinamentos básicos da fé. Sobretudo fazia muitas visitas. Aproveitava aniversários e outros eventos para levar uma mensagem. Na época de Advento, visitava as pessoas idosas e doentes, levando consigo jovens, ou confirmandos, para cantar. Queria que as pessoas não se sentissem abandonadas por sua Igreja. Isto se tornou especialmente importante nos momentos de luto. Por isso, minha mãe assumiu a tarefa crucial de levar aos familiares de um soldado a notificação de seu falecimento nos campos de batalha. Avaliando posteriormente estas visitas, que foram crescendo nos últimos meses de guerra, disse que foi uma das tarefas mais difíceis que enfrentou em sua vida. O luto atingiu também a ela, quando faleceu, de diverticulite, o filho Reinhard, aos seis anos de idade. Depois que meu pai voltou da Inglaterra, começaram os preparativos para voltar ao Brasil. Ao chegar aqui com a família, meu pai assumiu uma paróquia de proporções gigantescas, considerando que tinha para sua locomoção apenas duas mulas. Da esposa do pastor as lideranças paroquiais exigiram que ela se ocupasse com a criação de animais e a plantação de produtos hortigranjeiros, a fim de poderem reduzir o salário do pastor. Estas circunstâncias consumiram as forças do casal e, por isso, após quatro anos, mudaram-se para outra paróquia. Aqui em Imigrante havia um jeep à disposição dos trabalhos comunitários. Durante os doze anos de permanência nesta paróquia, meu pai e minha mãe puderam abrir novas frentes de trabalho, como: grupo de jovens, de mulheres e de crianças. Este trabalho com crianças foi especialmente gratificante para ambos. As crianças se reuniam semanalmente em dois grupos, durante uma manhã inteira. Enquanto meu pai se ocupava com as crianças maiores, minha mãe ficava com os pequenos. Em 1964, a mudança foi para Picada Café. Ali havia um grupo

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de OASE bem ativo. De vez em quando, minha mãe assumia a liderança dos trabalhos nas reuniões, o que era muito apreciado pelas mulheres. Nesta época, minha mãe se tornara conhecida como boa líder no trabalho da OASE. Por isso foi eleita presidente da OASE do Sínodo Rio-grandense, no Congresso realizado em São Leopoldo, em 1966. Infelizmente, minha mãe já não estava com boa saúde. Em 1967 teve que ser operada de um câncer no estômago. Ela quis entregar seu cargo, mas os outros membros da Diretoria não aceitaram sua desistência. Assim continuou fazendo o que pôde no trabalho do Sínodo. Do próximo Congresso, realizado em julho de 1968 na cidade de Panambi, já não pôde participar em virtude de sua doença. Tratava-se do último Congresso da OASE do Sinodo Riograndense, que teve uma participação de aproximadamente 400 senhoras, representantes dos 290 grupos existentes no Rio Grande do Sul na época. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil estava se reestruturando em quatro Regiões Eclesiásticas. Os próximos Congressos de OASE já foram realizados nas respectivas Regiões e Elisabeth Fertsch assumiu a presidência em lugar de Helma Brakemeier, que faleceu em 8 de janeiro de1969. Minha mãe foi uma pessoa muito humilde. Isto se espelha na palavra bíblica que escolheu para ser refletida na hora do seu sepultamento: “Pela graça de Deus sou o que sou” (1 Coríntios 15.10). Durante os 56 anos que viveu, passou por muitas dificuldades, mas ela se sentia conduzida e amparada pela graça de Deus. Foi uma mulher que orava - pelos seus filhos, seu marido, sua paróquia, pessoas amigas, mas também por aquelas de difícil relacionamento. E penso poder acrescentar a segunda parte do versículo acima: “E a graça que Ele (me) deu não ficou sem resultados”. Ruthild Brakemeier

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HERMINE HARDT Sínodo Norte Catarinense

Como surgiu o grupo de OASE de Hermine Hardt, da Paróquia São Marcos? Aonde começou? Quem o dirigiu? De quem partiu a idéia? Estas e muitas outras perguntas nos são feitas! Este é o relato de Nelsina Bächtold (uma das fundadoras e filha de Hermine Hardt), respondendo a estas perguntas. No dia 5 de junho de 1966, estávamos saboreando um gostoso café com doces, no aniversário da senhora Carmen Steuernagel, a qual residia ao lado da Igreja Cristo Bom Pastor, na Rua Anita Garibaldi. Dona Hildegard Mathies contou que, em sua casa, reuniam-se semanalmente algumas senhoras para cantar. Mas, conforme ela, isto era pouco, pois deveria haver um devocional ou estudo bíblico. Mas quem poderia fazer isto? A resposta de Hildegard foi rápida: a Frau Hardt ou a Frau Kieper (minha tia), poderão dirigir esta reunião! Nesse momento, chegou o pastor Helmuth Burger, e Hildegard logo fez o comentário sobre o assunto com ele, que logo o aceitou. Após alguns dias, o pastor Helmuth apareceu na nossa casa, pedindo para a minha mãe assumir o compromisso, ao que ela, assustada retrucou; - Mas eu? O que vou fazer, como, o que ler? A sugestão do pastor Helmuth foi: - Pegue o devocionário (Andachts Kalender) e leia a meditação daquele dia! E assim, no dia 3 de julho de 1966, num domingo à tarde, nos reunimos ao redor da mesa na casa de Hildegard, que convidara mais algumas senhoras. As reuniões aconteciam sempre uma vez por mês, aos domingos à tarde e eram feitas em língua ale

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mã. O grupo foi crescendo e minha mãe, com a ajuda de Deus e iluminada pelo Espírito Santo, começou a preparar cada vez melhor os estudos bíblicos, pois Deus a usou para este trabalho e a capacitou. O espaço ao redor da mesa já não era suficiente e precisávamos de mais espaço, e assim passamos para a cozinha e mais tarde para o rancho, anexo a sua casa. O grupo já estava com mais de 40 senhoras. Dona Carola Keller, na época, era presidente Regional da OASE e nos deu grande incentivo e apoio. Naquelas tardes, o pastor Helmuth celebrava o culto na Estrada Guiger Nova, que fica mais adiante. Voltando do culto, parava sempre para visitar o novo grupo e nos dava muito apoio. Na época de Advento fazíamos a nossa festinha de encerramento e já faltavam lugares. Naquela época, infelizmente, é preciso lembrar do trágico falecimento do marido de Hildegard, o que para todos foi muito triste. Minha mãe começou a se preocupar, e dizia: - Como vai ser agora? Será que podemos continuar nos reunindo ali? Mas Hildegard, foi muito forte e manteve firme a sua opinião de continuarmos em sua casa com as reuniões, para o engrandecimento do Reino de Deus. No decorrer dos anos, foi formada uma comissão para decidir a formação de uma Paróquia. Começaram os planos e, como se diz: “a OASE é o coração da Paróquia”, assim também foi no trabalho em conjunto para construir as dependências de um salão para as atividades. Nesta época, o pastor Falk e sua esposa Dona Santinha já estavam designados para atender à Paróquia recém-formada (São Marcos). A OASE teve mais apoio e juntos trabalhamos com muito amor, alegria e dedicação. A OASE batalhou muito, tendo sempre conseguido meios para ajudar. Fazíamos muitas visitas a pessoas idosas e doentes. Tam

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bém com muita alegria festejávamos aniversários ou bodas, e sempre alegres fazíamos passeios e excursões. Nos encerramentos na época de Natal, encenávamos peças de teatro, jograis e muitos cantos, pois minha mãe e minha tia gostavam muito de cantar e tinham muita facilidade para aprender as melodias de novos hinos. Muitas outras senhoras tinham o dom especial para cantar. Passaram-se nove anos e meio e minha mãe já fazia planos para as comemorações dos 10 anos da atividade, em 1976. Mas infelizmente, Deus a chamou para si no dia 15 de janeiro de 1976, através de um infarto fulminante. Hermine Hardt nascera em 17 de julho de 1904. Mas sua missão estava cumprida, pois ela teve o privilegio de ver concluídas todas as obras, sendo por último a instalação dos sinos, os quais badalaram pela segunda vez, no dia do seu sepultamento. Mas nem tudo acabou, a semente estava lançada, germinou, cresceu e deu frutos. Pastor Falk e eu trabalhamos em conjunto, ainda, por alguns anos. Dona Santinha já iniciara um grupo em português, quando o pastor Falk decidiu deixar o seu trabalho aqui, para dedicar-se à Paróquia de Nova Friburgo, RJ. Achei que, para mim, também chegou o momento de dedicarme somente à Paróquia Cristo Bom Pastor, à qual sempre pertenci e ainda pertenço. Mas as senhoras não ficaram sozinhas, pois Deus nunca deixa os seus filhos e mandou obreiros para continuar a Sua obra. Hoje, o grupo conta com 30 senhoras e lembra, com gratidão, seus 40 anos de caminhada.

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HERTHA CLARA KOELLE Sínodo Sudeste

A noticia da fundação, na Alemanha, de uma organização de mulheres evangélicas, lida no Christenbote (Mensageiro Cristão) pelo pastor Theodor Kölle, levou a fundar um grupo de senhoras na comunidade de Rio Claro, SP, em 15 de agosto de 1899, mesmo ano em que a entidade foi criada na Alemanha. A coordenação deste trabalho, aos poucos, foi assumida pelas filhas do P. Kölle, Emma e Hertha. As mesmas informaram em entrevista publicada no Roteiro de Trabalho da OASE, de 1996, que, no início, “somente a diretoria da Associação se reunia com o pastor e esta passava as tarefas para as demais senhoras. Todas trabalhavam em sua própria casa e vendiam seus trabalhos de casa em casa”. Nestas atividades se destacou, de forma especial, a Dona Hertha. Ela nasceu em Rio Claro, em 19 de abril de 1907, como a 11ª, dentre 12 filhos do casal Theodor Kölle e Julie Zink Kölle. Cursou o ensino elementar, na Escola Alemã, fundada em 1883, por seu pai. Aperfeiçoou-se, em estudos particulares, em alemão, português e piano, formando-se ainda em taquigrafia. De 1928 a 1931, lecionou piano, aos alunos da escola de seu pai. De 1932 a 1934, trabalhou com taquigrafa na empresa Filó S/A, em Nova Friburgo, RJ. Em 1934, prestou exames e foi aprovada professora de Jardim de Infância, atividade que exerceu até 1936. Permaneceu na Alemanha entre 1936 e 1937, formando-se na Escola Superior de Artes, de Hildesheim. Em 1939, prestou exames e foi aprovada como professora do Ensino Primário, lecionando principalmente português, no curso de admissão, do então Instituto Koelle, até 1948. A partir de 1946, quando foi oficializado o curso ginasial da escola, e até 1964, foi professora de trabalhos manuais. Seu amor à música levou-a a estudar, entre 1958 e 1964, com o professor Wenceslau Raszl, do Conservatório Carlos Gomes, 136


de São Paulo. Lecionou acordeão a muitos alunos do Ginásio Koelle. A par de suas atividades como professora primária, de artesanato, de música e de orientação das meninas residentes no internato do Ginásio Koelle, Dona Hertha interessou-se pelas atividades esportivas da escola, sendo a responsável direta pela organização das equipes, do intercâmbio esportivo e, especialmente, a partir da construção da primeira piscina da escola, em 19391940, pelo ensino da natação. A partir de 1942, foi diretora geral de esportes do Koelle, treinando equipes e acompanhando os esportistas em todas as competições, campeonatos colegiais e Jogos Abertos do interior. Além de ter contribuído decisivamente para os grandes feitos da natação rio-clarense, tem seu nome ligado à introdução do basquete e do voleibol, em Rio Claro. Participou de vários cursos técnicos de aperfeiçoamento de natação, sendo o de maior destaque o ministrado pelo norte-americano Robert Kuapp. Em 1946, fundou o Clube de Natação do Ginásio Koelle, possibilitando aos nadadores rio-clarenses a participação nas competições oficiais da Federação Paulista de Natação, dirigindo as competições das cidades, que a ela pertenciam: Campinas, Limeira, Araras, Rio Claro, Piracicaba, São Carlos, Araraquara e Ribeirão Preto. Mesmo depois de aposentada, ainda continuou a ensinar os pequenos alunos da Pré-Escola do Colégio Koelle a nadar, podendo ser vista à beira da piscina, orientando as crianças, até 1987, quando completou 80 anos de idade. A cidade de Rio Claro prestou-lhe diversas homenagens, conferindo seu nome ao Conjunto Aquático Hertha Clara Koelle, situado entre o Ginásio de Esportes e o Estádio Augusto Schmidt Filho. No dia 31 de julho, aos 93 anos de idade, faleceu a professora Hertha Clara Koelle. 137


HILDA MÜLLER Sínodo Planalto Rio-Grandense

Uma breve biografia, apresentando depoimentos sobre a sua consagração ao serviço da Igreja, em favor próximo. “FRAU MÜLLER” marcou diversas gerações de crianças, jovens e de senhoras, de sua vizinhança e da sua “Comunidade de Fé”, na IECLB, em Panambi, RS, através do seu dedicado trabalho. ESTUDO E TRABALHO HILDA nasceu em 6 de fevereiro de 1924 em Neu-Württemberg, hoje Panambi, RS, filha de Alberto Radmann e Alzira Radmann nascida Schmidt. Estudou na Escola de Linha Ramada, dirigida pela professora Martha Becker. O início dos estudos foi no ano de 1930. Recebeu a oportunidade de fazer cinco anos de estudo, algo raro para moças, na época. A Escola ficava a seis quilômetros de casa. Normalmente era obrigada a ir a pé, quase sempre como castigo. Quando ia a cavalo, Hilda não aguentava e apostava corridas com outras crianças. O prejuízo era com a lousa e o lápis de pedra que apareciam quebrados. O pai possuía um abatedouro e um açougue. Hilda, bem cedo passou a ajudar o pai no serviço de carneação (gado, porcos, ovelhas e galinhas). Aprendeu a confeccionar salame e charque. Fora os dias de carneação, no horário vago da Escola, ela ajudava nos trabalhos da roça. Era para o plantio e a colheita de fumo, feijão, trigo, cevada, linhaça, aveia, arroz e amendoim. Apren 138


deu a fazer o trabalho de aração (arado puxado a boi) e o serviço de limpeza (arado puxado a cavalo). Hilda aprendeu a malhar feijão, trigo, cevada, linhaça e aveia (serviço feito normalmente com auxílio de cavalo, para trilhar os grãos). Aprendeu a preparar polvilho além de todos os serviços domésticos. Por isto, Alberto e Alzira elogiavam a filha, destacando as suas muitas prendas. CONFIRMAÇÃO A Confirmação foi no dia 22 de março de 1936, na Igreja Evangélica Luterana de Panambi. A professora enviou um cartão com mensagem, em língua alemã, para a aluna Hilda. No verso do cartão seguia o lema “Jesu, geh voran!” CASAMENTO Hilda casou em 1942 com Arthur Theodoro Müller, agricultor e pintor de paredes. A VIDA DE CASADA Na vida de casados, Hilda e Arthur tiveram um início marcado pelas dificuldades. Arthur recebera do pai apenas uma junta de bois e uma carroça, pois eram 21 os filhos de Ernesto Müller. Assim, Artur e Hilda arrendaram terras da Família Stanger, situadas na Linha Brasil, em Panambi - RS. Começaram plantando milho, feijão, amendoim, batata e mandioca. Naquela morada nasceram os três primeiros filhos: Armindo Laudário Müller (1942), Elio Eugenio Müller (1944) e Arry Rodolfo Müller (1947). Depois ainda nasceriam Dulce Müller (1951) e Waldemar Oscar Müller (1954) já na Zona Norte de Panambi. Hilda fazia questão de contar que o Velho Stanger, membro da Igreja Batista de Panambi, devotava uma especial atenção ao

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jovem casal. Ele não só havia dado a terra em arrendamento a preço baixíssimo como também vinha muitas vezes para ver se eles estavam passando bem. Hilda relatou um fato que a impressionara muito. Depois do nascimento do terceiro menino, o Velho Stanger apareceu, pedindo para ver de perto os três. Ele os olhou com emoção e então se ajoelhou para orar. Ao levantar-se solicitou algo inusitado. Pediu permissão para beijar os pés dos três meninos. Enquanto lhes beijava a sola dos pés dizia: “Que estes pézinhos sejam abençoados. Que eles realizem o plano de Deus por onde quer que andarem”. Falta apenas informar que estes meninos cresceram e buscaram a missão de Pastor. Foram ordenados para o exercício do Ministério Eclesiástico pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. MUDANÇA PARA A CIDADE No ano de 1950, a família de Arthur e Hilda Müller mudou-se para a cidade. Arthur construiu casa nova na Rua Palmeira, 811, na Zona Norte da cidade de Panambi. Ali nasceram Dulce Müller (1950) e Waldemar Oscar Müller (1953). O desejo do casal era o de oferecer uma boa formação educacional aos filhos. Todos, passo a passo, ingressaram no Colégio Evangélico de Panambi, de alto conceito em toda a região. A INTEGRAÇÃO NA COMUNIDADE No ano de 1953, o pastor Alfred Simon, através do programa de visitação aos membros, chegou à casa de Frau Hilda Müller. Reclamou da falta de frequência, de todos os integrantes da família, aos cultos. Em 1954, a esposa do pastor Simon, em companhia da esposa do escrivão Oscar Fetter, também veio incentivar a participação da vida na Comunidade. Trouxeram um convite pedindo para 140


que Hilda passasse a participar dos encontros das senhoras (OASE). Diante da insistência, Hilda foi, finalmente, para ver e para saber o que lá se fazia. Gostou muito. Ali, nas reuniões das senhoras, ela podia se encontrar com outras mães que, como ela, procuravam orientação e ajuda para as mais diferentes situações da vida pessoal e familiar. Umas aconselhavam as outras, naquilo que melhor conheciam ou sabiam. Hilda recordava com muito carinho de Clementina Hartemink (do Hotel Hartemink), de Elvine Koch (da Transportadora Koch), e de Mina Rahmeier (da Funilaria). Elas foram suas conselheiras. Elas é que ensinaram Hilda nos misteres espirituais, como a oração e a meditação, além de uma leitura regular da Palavra de Deus. Em 1958, Hilda foi eleita Secretária do Grupo de OASE - Centro. Passou a viajar, acompanhando o pastor Braun e esposa, com oportunidade de participar de Congressos Sinodais e dos eventos mais importantes da Igreja. No dia 08 de fevereiro de 1960, Hilda realizou um sonho. Conseguiu fundar um grupo de senhoras em sua residência, na Zona Norte da Cidade. O início foi com 17 mulheres. As reuniões ocorriam na sala de visitas de sua casa. O TRABALHO COM CRIANÇAS E JOVENS Hilda já participava do trabalho com crianças desde 1955, na igreja principal, do centro, ministrando Culto Infantil. Em 1961, Hilda estabeleceu um trabalho com crianças em sua própria casa, na Zona Norte. O trabalho cresceu. Assim, em 1968, foi erguido um templo nas proximidades, para abrigar todo esse trabalho com senhoras e crianças. Em 1968, Hilda fundou também um grupo de jovens. Todas as faixas etárias passaram a ser atendidas.

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HILDA VIU OS FRUTOS DE SEU TRABALHO No dia 19 de novembro de 1989 Hilda foi homenageada pelos 30 anos de serviço, prestados à Comunidade da Zona Norte da cidade de Panambi. Hilda emocionou-se muito, vendo crianças, jovens, senhoras, homens e tantos idosos, que a saudavam, com carinho. Ela disse então, em língua alemã: “Jesus, geht voran.. denn Er ist unser Herr und Heiland...” e chorou de alegria. Realmente, com alegria e satisfação, Hilda podia olhar para as diversas gerações de crianças e jovens que haviam passado por sua orientação espiritual, além do trabalho com o grupo de senhoras e da visitação a enfermos e na atenção aos idosos. Ela estava feliz, em poder constatar estes frutos do trabalho, na Igreja. Hilda faleceu no dia 2 de julho de 1993. Elio E. Müller

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HOLDINA KAMKE HELL Sínodo Espírito Santo a Belém

Holdina Kamke Hell, nascida em 12 de outubro de 1944, em Beira Rio, Comunidade e Paróquia de Palmeira de Santa Joana, Itaguaçu, ES, foi casada com Reinado Hell, cuja bênção matrimonial foi celebrada no dia 14 de fevereiro de 1969. Seu falecimento ocorreu em 06 de novembro de 1985. Holdina começou a participar da OASE do grupo Beira Rio, a partir de 11 de junho de 1984. O que a motivou a participar do grupo foi uma visita recebida, um mês antes, de duas componentes do grupo: a líder, Helga Lemke Petter e outra participante, Emilia Hell Raasch. O grupo tinha como objetivo visitar e orientar as pessoas em situação econômica e financeira difícil. Nessas visitas eram passadas orientações quanto à importância do plantio de uma horta e também questões relacionadas à higiene. Holdina foi uma participante ativa do grupo, neste curto tempo de convivência de um ano e cinco meses. Gostava muito de fazer bolo de cenoura, receita que aprendera na OASE. Mãe dedicada, teve 11 filhos, os quais criou com muito amor. Sua última participação na OASE foi no dia 12 de outubro de 1985, data do seu aniversário e dia em que o grupo comemorava o dia das crianças. Ela nos deixou um exemplo de dedicação, força e ânimo, na sua vida de fé.

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HULDA SCHERER JOHANSEN Sínodo Noroeste Riograndense

“Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus durante a minha vida” (Salmo 104.33). Este versículo sinaliza significativamente a motivação de uma vida norteada pela alegria, pela fé em Deus, pelo amor à Comunidade, principalmente à OASE, ao ensino, à música, à pátria e aos valores morais, éticos e culturais herdados de seus antepassados como “a tônica dominante.” Falamos da nossa avó Hulda Scherer Johansen, que nasceu em 28 de dezembro de 1892 em Rio Pardinho, Santa Cruz do Sul, RS. Filha de Karl Scherer e sua esposa Hulda nascida Lau. Aprendeu com sua mãe a falar e escrever corretamente o alemão. Assim, ela pôde mais tarde lecionar na escola alemã do Colégio Evangélico Augusto Pestana em Ijuí, RS onde chegou aos 15 anos de idade ,e posteriormente, ao longo de sua vida, em Santo Ângelo. Casou-se em 1915 com o dinamarquês Rolf Vigo Bjarke Johansen, contabilista e agrimensor. Foram morar na colônia Buriti, distrito de Santo Ângelo, hoje emancipada, participando com outros colonos da formação da gleba. Tiveram três filhos, Ellen, Karl Otto e Rolf Axel, deixando uma descendência de sete netos e 18 bisnetos. Em Buriti, lecionou na escola primária durante vários anos. Junto com um grupo de senhoras, foi iniciado o trabalho denominado Grupo de Auxílio de Senhoras Evangélicas, hoje OASE, em 1926, do qual foi dirigente. Era professora do ensino confirmatório,

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dirigia o coral da comunidade e um grupo de teatro local. Em 1938, mudou-se para Santo Ângelo, onde lecionou e foi diretora do Colégio Centenário da Comunidade local. A escola foi fechada por motivos políticos durante a Segunda Guerra Mundial. Hulda Scherer Johansen abriu então uma pensão, até alcançar idade para a sua aposentadoria, e paralelamente mantinha aulas particulares de alemão e cítara. Participava ativamente da comunidade, principalmente da OASE, tocando cítara, acompanhando as programações da comunidade e colocando seu dom musical a serviço dela. Fazia parte da Federação dos Centros Culturais 25 de Julho, distribuindo revistas e divulgando a literatura alemã não só em Santo Ângelo, mas também em Buriti. Em Santo Ângelo, na rádio local, organizava juntamente com alunos e netos um programa voltado para a cultura brasileira e alemã, em datas comemorativas. Certa ocasião fez uma apresentação conjunta com suas alunas e ex-alunas com nove cítaras no Cine Teatro Municipal, em Santo Ângelo, algo inédito no Brasil. Ela escrevia para o Brasil-Post, relatando viagens e fatos de sua vida social e religiosa, recebendo por ocasião de seus noventa anos um agradecimento por sua “importante e rica colaboração durante vários anos neste jornal.” Deixou como lembrança para os filhos e netos três discos gravados em 1956. Dois, juntamente com as alunas Edith Goelzer e a neta Íris Helena Pedrotti. Outro com violino, do Sr. Pery Bohrer. Ao mudar-me para Cascavel, PR, lembro-me das recomendações da vovó Hulda: “Não esqueça suas origens, mas aprenda e ensine aos seus alunos a história, tradições,costumes,valores do lugar que vai ser seu ganha-pão e continue participando da Igreja.” Ela era uma pessoa alegre, dinâmica,sempre atualizada e muito organizada. Nos anos 74/75 ligou-me perguntando se eu já havia comprado bermuda pra mim - foi nessa época que

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surgiu a bermuda - respondi que ainda estava pensando em aderir à nova moda. Ela respondeu que já havia pensado e comprado duas para usar na praia. Theo Kleine, em seu texto “Treue und Treue”, em homenagem aos 90 anos de Hulda S. Johansen escreve: “Seu espírito dinâmico,porém,que durante muitas décadas foi o motor de um viver sempre ativo e dedicado,nos faz estourar as correntes terrenas de espaço e tempo,para retrocedermos as melhores vivências de outrora,que a experiência humana pode revelar”. E por ocasião de uma visita, acompanhado de sua esposa, revela “pudemos vivenciar espantados com que alegria interior esta quase nonagenária senhora alisava seus dedos trêmulos,mas ainda ágeis sobre o tempo. Nisso brilhava de seu semblante um raio de calor interior,com o qual durante sua vida iluminava quem com ela cruzasse”. Faleceu junto à família em 1987, aos 94 anos, ouvindo a oração do Pai Nosso. As informações dessa biografia são lembranças de vivências familiares e comunitárias e do texto “Treue und Treue” de Theo Kleine, da Federação Dos Centros Culturais 25 de Julho, escrito em 1982, no Brasil-Post, em homenagem aos 90 anos de Hulda Scherer Johansen. A tradução do texto em alemão é de Paulo Hofmann. Íris Helena Pedrotti

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IDA SCHAFEL VIGKA Sínodo Espírito Santo a Belém

Ida Schafel Vigka nasceu em Afonso Cláudio, no dia 10 de julho de 1932. Foi batizada no dia 13 de agosto do mesmo ano e confirmada no dia 25 de março de 1945. Em 18 de setembro de 1953, em Serra Pelada, casou-se com Winnlin Vigka. Seu matrimônio foi abençoado com dois filhos. Em 1978, começou a participar da OASE na comunidade de Vala Jaó, Paróquia de Baixo Guandu. Por vários anos, foi tesoureira na comunidade de Baixo Guandu, onde fazia seus trabalhos sociais ajudando os necessitados, visitando doentes, cozinhando para encontros de confraternização e festas da comunidade. Veio a adoecer em 2002 e faleceu no dia 28 de agosto de 2003 em Baixo Guandu. O enterro foi realizado pelo pastor Udo Schenkel, no cemitério do Km 4 - Rio Guandu, deixando enlutados esposo, uma filha, um filho e quatro netos. Dona Ida deixou uma lição de esperança e amor à vida para o nosso grupo de OASE da comunidade de Baixo Guandu, Paróquia de Baixo Guandu. “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outro; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei” (Romanos 13.8).

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IRENA EMILIA KLÜSENER HENTSCHKE Sínodo Centro Campanha Sul

Irena nasceu em 29 de dezembro de 1907 em Agudo, RS. Casou-se com o cirurgião dentista Jacob Germano Hentschke em 17 de julho de 1920, na igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Agudo e seu matrimônio foi abençoado com um filho e uma filha. Desde criança, esteve ligada à vida comunitária, pois sua família era muito participativa, inclusive seu pai doou o terreno para a construção da igreja de Agudo. Após o casamento, com o marido trabalhando na área da saúde, percebeu mais claramente que havia famílias que precisavam ser ajudadas. Tudo isto a motivou a integrar o grupo da OASE de Agudo, pois era-lhe importante o estudo da Palavra de Deus e ali via uma possibilidade de auxiliar o próximo e assim, desde nova, participou ativamente da OASE. Viveu a difícil época em que o grupo teve que destruir os livros, distintivos e registros em língua alemã e também de realizar as suas reuniões, devido à perseguição e à proibição de se falar alemão, durante a Segunda Guerra Mundial. No final da Guerra havia desânimo, todos tinham vivido um período de tristeza, medo e sofrimento; era necessário reagir, era muito importante reativar o grupo da OASE, pois fazia falta a comunhão, o estudo bíblico e havia muitos a ajudar. Dona Irena, com muita fé e coragem, foi uma batalhadora para que o Grupo da OASE de Agudo reassumisse suas atividades e neste período difícil aceitou o desafio de ser presidente da OASE. Auxiliada pela Sra. Lilli Kegler (tesoureira), Alda Berger (secre 148


tária) e pelo pastor Richard Rudolf Brauer e sua esposa Klara, colocou mãos à obra, programando as festas da OASE, motivando as senhoras a auxiliarem nas Festas da Comunidade e se esmerando em convidar as senhoras para ingressarem nas reuniões. Inclusive várias reuniões eram realizadas em sua casa. Podemos testemunhar que, se hoje, em Agudo, nos reunimos com o grupo de OASE, é porque no passado Deus moveu o coração destas senhoras, dispondo-as para a comunhão, testemunho e serviço. Dona Irena veio a falecer no dia 13 de abril de 1983. O versículo bíblico da lembrança da Confirmação, e que foi o lema de sua vida, lemos no Evangelho de Mateus, 7.7: “Pedi e dar-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á”.

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IRENE TESSMANN TREPTOW Sínodo Sul-Rio-Grandense

Ao abrir uma gaveta, deparei com um rolo de estender massa. Então me lembrei dos quitutes de Irene (era dela esse rolo). Irene Tessmann Treptow fez uma caminhada de comunhão, testemunho e serviço na OASE. Na Comunidade Evangélica São João (Pelotas, RS), esse departamento tem revelado muitos nomes que contribuíram para o seu crescimento. Relatos da história desta OASE destacam quando se faziam os trabalhos em ambiente com pouca estrutura. O grupo iniciou os encontros na pequena garagem paroquial, onde eram servidos chá e café. Quanto à assistência social, também efetuavam arrecadação de roupas e alimentos. A companheira Irene, também passou por dias difíceis em sua vida. Devido à Segunda Guerra Mundial, a OASE, a exemplo de toda a comunidade de origem alemã, teve as suas atividades drasticamente paralisadas. Houve perseguição, destruição e além das perdas materiais, pouco sobrou dos documentos históricos. Com o uso obrigatório da língua portuguesa, a denominação Evangelische Frauenhilfe, foi traduzida para Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas. Devido à perseguição às pessoas de origem alemã, também Irene se viu forçada a fugir com seus filhos, em uma carroça em meio a um campo, mas o Senhor estava com eles e foram acolhidos 150


por amigos. Assim como a Comunidade São João, a residência e comércio de sua família foram apedrejados e saqueados. “Foi penoso ver farinha, chucrute (repolho fermentado) e outros alimentos esparramados pelo chão”, contava com muita tristeza. Era a mulher, mãe e líder, mas seguindo o exemplo das matriarcas, sentiu-se abalada, mas não vencida. Em 1947, a volta da paz! Não obstante os prejuízos e medos, vieram os anos de recuperação. O serviço da OASE foi reiniciado com rifas, trabalhos manuais, festas no bonito jardim da então presidente honorária e também na Sociedade Agrícola de Pelotas. Irene participou da reconstrução da igreja e acompanhou o novo badalar dos sinos. Entretanto, não pôde evitar o tanger lento do bronze, anunciando a morte de seu marido. Na gaveta das reminiscências, muitos fatos importantes: juventude, estudo bíblico, Mordomia (programa de trabalho comunitário da IECLB), visitas a doentes, grupo de casais (mesmo sendo viúva), e fundadora do Grupo da Amizade (idosos). Porém, aos 78 anos de idade, a enfermidade a procurou, perdendo a noção da realidade, foi acometida por esclerose progressiva. Todo o zelo da sua família cristã, não impediu que a doença a levasse ao estado terminal. Enfim, ficou no livro de atas e noutros registros, o nome de Irene Tessmann Treptow. Até hoje, ao simples toque em gavetas, flui o exemplo dessa mulher batalhadora e dona de uma fé que se estende às novas gerações.

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ÍRIS SEMLYANOS Sínodo Norte Catarinense

Íris Semlyanos nasceu em 11 de agosto de 1923, na Suíça. Logo após seu nascimento seus pais vieram para o Brasil, porém, quando Íris estava com 13 anos eclodiu a Segunda Guerra Mundial, e sua família acabou resolvendo voltar para a Alemanha, onde se estabeleceram na cidade de Berlim, onde mais tarde, Íris se formou em enfermagem. Quando alcançou a idade de 29 anos, em 1952, Íris Semlyanos retornou para o Brasil, onde poderia exercer suas atividades. Em 1969, com o apoio do pastor Hans Hermann Ziel e de senhoras cristãs, Íris idealizou e fundou o grupo de senhoras da OASE alemã Gerhild - onde também foi responsável pela formação de um grupo de orientação para mães - na Paróquia São Mateus, de Joinville (SC). Como enfermeira, utilizou seu aprendizado adquirido em Berlim, no grupo de senhoras da OASE, distribuindo medicamentos como, por exemplo: soro caseiro, vitaminas e antiparasitários, para as crianças desnutridas e pessoas carentes da comunidade em geral. É importante ressaltar que o grupo de senhoras da OASE fazia o apoio de forma financeira para que ela pudesse realizar seu trabalho de assistência e tratamento aos necessitados. Este trabalho se interrompeu apenas quando a prefeitura de Joinville passou a atender e distribuir os remédios, com orientação médica, através dos postos de saúde. Entretanto, Íris não desistiu de buscar novas opções de servir o próximo através dos trabalhos oferecidos pela assistência social: foi quando começou a distribuir mantimentos e roupas para os carentes da comunidade, trabalho que ainda hoje é realizado, na nossa paróquia. Íris Semlyanos dedicou seu trabalho à OASE durante 29 anos,

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vindo a falecer em 10 de outubro de 2003, na cidade de Joinville, alcançando a idade de 80 anos. A senhora Íris representou uma mulher muito importante e especial para o nosso grupo e ainda mais especial para o grupo da OASE em língua alemã. Devemos vê-la como um exemplo de esforço e perseverança, mostrando a cada uma de nós que podemos dar nosso melhor dentro do grupo da OASE, visando assim à satisfação e ao bem-estar do próximo, não apenas externamente, mas aqui mesmo entre nós, senhoras unidas em Cristo a OASE.

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IRMA NEUHAUS Sínodo Vale do Taquari

A irmã em Cristo, Irma Neuhaus, nascida em 25 de julho de 1905, no município de Teutônia, localidade de Linha Welp era filha de Pedro Leonhardt Sobrinho e de Adolfina Noll, casou-se em 17 de janeiro de 1927, em Estrela, com Adolfo Neuhaus. O casal foi abençoado com um filho, já falecido, e duas filhas. Sua profissão era trabalhadora rural. Dona Irma foi uma das fundadoras da OASE de Comunidade de Beija Flor. Ela e mais quatro mulheres haviam se dirigido ao P. Alberto Bantel, falecido no ano de 1941, após um culto realizado na Comunidade. Solicitaram ajuda para também fundarem um Grupo de OASE em sua Comunidade. Foi então, no dia 25 de julho de 1941, que as senhoras fundadoras, em número de 17, reuniram-se com o Pastor celebrando o primeiro encontro. A senhora Irma Neuhaus foi eleita a primeira presidente. Cabe salientar que a Dona Irma dedicou-se a este trabalho com persistência, garra e com a vontade de aumentar cada vez mais o número de irmãs do grupo. Ela foi presidente por mais gestões e dedicou muito do seu tempo à OASE através de trabalhos manuais, principalmente com “seus crochês”. Na época não havia um Grupo de Jovens na Comunidade, razão pela qual foram aceitas no grupo as moças solteiras – as “Fräulein” – da localidade. Uma ou outra também integrou o Coro da OASE. Dona Irma também participava ativamente no Coro das senho 154


ras e do Coro Misto, no qual seu esposo Adolfo também cantava, até quando suas forças o permitiram. Com orgulho festejamos 65 anos de abençoada caminhada do Grupo no dia 06 de agosto de 2006. A OASE de Beija Flor sente-se muito grata a todas as irmãs (também as que já descansam em paz) pelo tempo que dedicaram e ainda dedicam a este abençoado trabalho. Que Deus nos ilumine e nos guarde sempre.

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IRMGARD SPECKHAHN Sínodo Norte Catarinense

Uma mulher nascida na década de 20, mas sempre interessada no seu meio, ou seja, sempre atualizada. Mãe, esposa, amiga, tia, com atributos de uma grande batalhadora e trabalhadora, pois não media esforços para ajudar a melhorar a qualidade de vida de sua família, ajudando como podia ao seu esposo Norberto, para sempre melhorar a renda da família. Trabalhava em festas de casamento, confirmações e outros eventos, realizando desde o jantar completo, sobremesa e também os doces, cucas, bolos, com muito esmero e amor, pois ela amava cozinhar e fazer quitutes muito gostosos. Nas horas de folga, gostava de fazer crochê e bordar para seu lar, mas principalmente para a OASE. E foi em sua residência que aconteceram as primeiras reuniões da OASE, sendo a primeira em 22 de abril de 1971, onde se iniciou o grupo que recebeu o nome RUTE. Irmgard sempre gostava de participar das atividades que aconteciam no grupo e através dele, como as visitas a pessoas enfermas, idosas e também no intercâmbio com outros grupos. Ela gostava de estudar e ler a palavra de Deus e sempre dava exemplo através de suas atitudes, pois obedecia à vontade de Deus. Na OASE, liderava as atividades como festas na Igreja, cafés da OASE e outros eventos. Era ela quem calculava as quantidades que tinham que ser adquiridas de alimentos, para que não faltasse e nem houvesse muitas sobras. Também nisto ela era dedicada e fazia com muito amor seus trabalhos. Nestes eventos, sentia-se o amor com que ela se dedicava, pois normalmente ela era uma das últimas a ir embora, para ver se estava tudo em ordem e deixar tudo em seu devido lugar, junto com suas amigas, também batalhadoras do grupo RUTE. Erna Schattschneider 156


KLARA HERBRICH BRAUER Sínodo Centro Campanha Sul

Klara nasceu em 10 de setembro de 1905, na cidade de Kahlau, Kreis de Guhrau Schlesien, na Alemanha. Sendo a caçula de uma família de seis filhos, com pouca idade perdeu o convívio familiar, pois seu pai e os três irmãos mais velhos foram convocados para a Primeira Guerra Mundial e logo após sua mãe faleceu. Klara foi acolhida por uma família para trabalhar na sua casa de campo. Quando adolescente, foi para Berlim para continuar os estudos, e, nas horas de folga, trabalhava para seu sustento. Ali contraiu uma forte gripe e a recuperação foi longa e dolorosa, pois não havia penicilina e as enfermeiras que dela cuidaram eram indiferentes e brutais e assim ela prometeu a si mesma que “Se Deus me salvar desta gripe farei faculdade de enfermagem e sempre hei de tratar bem os meus doentes”. Em 1930, ingressou na Faculdade de Wittenberg e em 25 de março de 1935 se diplomou Diaconisa. No mesmo ano, com um Grupo de Diaconisas embarcou no Porto de Hamburgo, rumo ao Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 18 de julho de 1935. Dali, foi enviada para Florianópolis e logo após para o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, RS. No ano de 1936, alastrou-se, em Agudo, a epidemia de tifo e era necessário ter um maior número de pessoas qualificadas profissionalmente para ajudar a combater esta epidemia. Foi decidido convidar irmãs Diaconisas, e a OASE de Agudo se comprometeu a mobiliar os quartos para acolhê-las e auxiliar com os recursos financeiros a fim de suprir pequenas necessidades. E

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assim vieram as primeiras diaconisas: a Schwester Klara Herbrich (1937) e Schwester Ella Harz (1936). Sendo Diaconisas amparadas pela OASE, dona Klara logo se tornou membro e participava de todas as atividades do grupo, contribuindo com importantes informações sobre saúde e incentivando o auxilio e a visitação às famílias necessitadas, aos doentes e idosos e à escola. Em 25 de julho de 1944 casou-se com o pastor da Comunidade de Agudo, pastor Richard Rudolf Brauer, e o casal foi abençoado com duas filhas, e através delas, com duas netas e três netos. Dona Klara apoiou e acompanhou o pastor Brauer em todas as atividades da Comunidade, o que lhe dava uma ampla visão sobre a realidade das famílias. Através deste conhecimento, juntamente com a diretoria e demais membros da OASE, decidiam sobre as campanhas a serem abraçadas. Assim é vasto o histórico de realização da OASE, tanto no auxílio aos doentes, aos necessitados, como para o Internato Escolar, escola, hospital, mas também na construção e melhorias das instalações da comunidade a fim de motivar a participação dos membros nas celebrações da comunidade. No final da Segunda Guerra Mundial, dona Klara, juntamente com seu esposo, liderou uma grande campanha, engajando a comunidade e a OASE de Agudo no “Socorro à Europa Faminta”. As integrantes da OASE reuniam-se diariamente na Casa Pastoral, para ensacar as doações, para logo a seguir serem enviadas. A OASE de Agudo recebeu muitas cartas de agradecimento das pessoas que receberam estas doações na Alemanha, inclusive cartas de crianças que fizeram marcantes desenhos sobre as dádivas do povo de Agudo. As reuniões eram realizadas na Casa Pastoral e dona Klara se esmerava em preparar o local para torná-lo acolhedor. Ela também perseverava no convite, inclusive era bastante insistente, para que as mulheres participassem da OASE, enfatizando a importância do estudo da Palavra de Deus, da comunhão e da necessidade de ajudar o próximo. 158


Ao participar dos cultos, nos pontos de pregação, insistia na importância de as mulheres formarem novos grupos de OASE e assim, sob a coordenação do pastor Brauer e dona Klara, surgiram os grupos: OASE Rincão da Porta Pinhal em 4 de abril de 1960 (Paróquia Rincão da Porta Pinhal, na época atendida pelo pastor de Agudo), OASE Picada do Rio Sul em 21 de junho de 1965, comunidade de Agudo, OASE da Várzea do Agudo em 3 de julho de 1976, comunidade de Agudo. Dona Klara por várias vezes assumiu cargos na diretoria da OASE de Agudo, sendo que por duas vezes foi presidente do grupo. Por todo o seu empenho em prol do povo agudense, Klara Brauer, como também seu esposo, receberam o título de Cidadão Agudense, em 1977. Mesmo depois da aposentadoria de seu esposo, dona Klara continuou participando e se empenhando pela OASE. Durante os 60 anos que viveram em Agudo, trabalhou dedicadamente servindo ao Senhor com alegria. Dentre os muitos versículos bíblicos que sabia de cor, o que mais a fortalecia era o Salmo 103: “Bendizei, ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu Santo nome”, e os hinos de louvor “Castelo Forte é o Nosso Deus” e “Guia-nos Jesus” foram cantados por ela até o dia 29 de novembro de 1997, quando faleceu em Agudo, aos 92 anos de idade.

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LAURA MARIA SCHANN LOPES Sínodo Sul-Rio-Grandense

Filha de um fundador da comunidade, iniciou ainda criança a sua vida cristã. Suas atividades começaram, na idade adulta, na época em que foi fundada a OASE, em 4 de março de 1980, quando ela, juntamente com um grupo de mais ou menos dez mulheres, deu início a um trabalho intenso para o desenvolvimento da comunidade. Ajudou em festas, almoços, cafés com o objetivo de ampliar as obras da igreja, como a construção de um salão de festas, e para isso solicitava ajuda, indo pessoalmente de porta em porta, durante sete anos. Após este período, contraiu uma enfermidade que a deixou acamada por 10 anos, mas, de seu leito, acompanhou as atividades da OASE. O grupo fazia reuniões periodicamente em sua casa, levando-lhe conforto, força e apoio. Muitas vezes o grupo ia com essa intenção, mas eram elas que saíam consoladas. Durante este longo tempo, ela nunca culpou a Deus ou se queixou por estar na cama, tamanha era sua fé e confiança em Jesus Cristo, que nunca a abandonou. Serviu, assim, como um exemplo para as demais participantes da OASE. Escrito por sua filha Sônia

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LEONIDA SPELLMEIER Sínodo Vale do Taquari

Leonida foi uma pessoa que trabalhou pela Comunidade Evangélica de Roca Sales. Uma mulher que estava sempre por perto quando alguém precisava de ajuda. É assim que lembram hoje, familiares e amigos desta pessoa tão querida. Dos seus gestos, do seu olhar, da sua visão em relação aos preconceitos tão fortes naquela época. A primeira a chegar e a última a sair. Era assim em todas as festas e encontros nos quais participava. Participou ativamente do Coro Lyra, o que era um orgulho para ela. E quando os membros do Coro vieram visitá-la quando estava muito doente, soube reconhecer e agradecer de coração. Na OASE, foi presidente em várias gestões. Era uma mulher à frente do seu tempo. Quando um jovem conhecido esteve com AIDS, na época, sofrendo rejeição da sociedade, ela não mediu esforços para abrir os horizontes das pessoas em relação ao preconceito. “Num momento tão doloroso para uma família é necessário estar junto”, dizia ela, indo de casa em casa. Ainda hoje, os seus familiares ouvem manifestações de agradecimento de muitos a quem estendeu a mão. Sua profissão foi fotógrafa. Na época, uma profissão mal vista por se tratar de uma mulher. Leonida era chamada a qualquer hora do dia ou da noite para registrar fotos de acidentes de carro, saindo com policiais, todos homens. Mas ela o fazia com orgulho, e era o sustento da sua família. A sua sobrevivência. “Um dia, as pessoas entenderão” – acreditava ela. Quem a conheceu sempre se emociona ao lembrar de tanta coi

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sa boa. Por sua dedicação à Igreja, aos valores cristãos tão esquecidos hoje em dia. Porém seu exemplo de luta e amor ao próximo deixaram a sua marca. A família pensa em inserir algo no túmulo onde está enterrada, mas o respeito e a consideração que recebem das pessoas preenche muito mais a alma do que uma imagem qualquer. O reconhecimento da Comunidade Roca Salense.

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LEONITA PETRY HELLER Sínodo Vale do Taquari

A OASE da Comunidade Evangélica em Júlio de Castilhos, Roca Sales, foi fundada no dia 26 de junho de 1948 pelo Pastor Hoffmann e dona Vitória, com 18 membros. Entre elas, destacou-se Leonita Petry Heller, eleita tesoureira do grupo. Além de tesoureira, ela se dedicou de forma muito ativa nos encontros, com hinos, leituras bíblicas, trabalhos manuais e brincadeiras. Para as festas, Leontina era a doceira que preparava os bolos, cucas, bolachas, pão e demais guloseimas. Era sempre muito prestativa e tinha um dom muito especial de cultivar amizades. Ela sempre lembrava a necessidade de animar as pessoas. Leontina foi uma boa esposa e mãe. Teve quatro filhos e adotou uma filha. Nos últimos tempos, morava em Canoas, e um dia, voltando da padaria, acidentou-se, vindo a falecer alguns dias depois, aos 80 anos.

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LILLY KUNDE SCHÜNEMANN Sínodo Planalto Rio-Grandense

“Per aspera ad astra” – Por caminhos ásperos é que se chega aos astros. Na praça principal da cidade de Augusto Pestana, RS existe um monumento com esta inscrição latina. Quando eu era jovem e adolescente, ela sempre me intrigou e inquietou porque não sabia o seu sentido. Tempos depois, descobri o seu significado. Tenho a impressão de que ela traduz a trajetória da minha mãe, Lilly Kunde Schünemann. Sua vida foi marcada desde cedo por muitas dificuldades. Isso, no entanto, não a levou a se fechar em si mesma nem a impediu de assumir desde a sua juventude um compromisso sério e decidido com a vida comunitária. Ela procurava ver sempre o lado positivo e edificante das situações mais adversas. Na aspereza da vida e em meio aos reveses, nas frustrações e nas decepções, ela procurava tirar o melhor. O fel passava pela sua destilaria e, contrariando as leis da natureza, ela o transformava em mel. Lilly Kunde Schünemann nasceu em 14 de agosto de 1925 na localidade de Rincão Seco - Augusto Pestana, RS. Penúltima de uma família de dez filhos, Lilly estudou na Escola Evangélica Santíssima Trindade. Após a confirmação, participou da fundação do grupo da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade em 1940, graças ao incentivo de sua mãe, Matilde Luedtke Kunde. Já casada, acompanhou posteriormente de forma muito ativa os trabalhos da OASE na Comunidade de Rincão dos Müller. Secretariou todas as reuniões, dirigia 164


as meditações e se envolvia em todas as programações das mulheres da localidade. Ensaiava peças de Advento e de Natal com as crianças, jovens e adultos. Organizava festividades para os Dias das Mães, Dia do Colono (25 de Julho) e outras datas festivas. Reunia poesias, jograis e peças de teatro de fundo religioso, popular ou de entretenimento. Sua habilidade manual se fazia notar na costura, no crochê, no bordado e no tricô. Sua dedicação à leitura de jornais, revistas e livros não pode ser esquecida. Seu exemplo e incentivo nesta área levaram posteriormente seus filhos a ser vorazes devoradores de literatura. O seu soprano (e, às vezes, contralto!) foi ouvido por décadas nos diversos corais de que participou de forma muito animada e dedicada. Reproduzo a seguir um depoimento escrito por ela mesma. Uma vida de mulher Tive uma feliz infância. Depois da minha confirmação trabalhei dois anos em casa, ajudando na lavoura e nos serviços caseiros. Mas eu achava que eu devia aprender mais. Então eu fui morar na casa de minha irmã recém-casada para aprender costura. Também ajudava na loja, que meu cunhado havia instalado. Com o acúmulo de trabalho, deixamos a costura. Numa casa comercial na colônia, naquele tempo não tinha somente 8 horas de trabalho. De manhã eu fazia o serviço doméstico, então o atendimento da freguesia e de noite a contabilidade. Obtive toda a confiança do cunhado e assim soube realizar todos os negócios que se apresentaram. Então cheguei a conhecer um rapaz simples e bondoso. O desejo de um dia possuir um lar se manifestava. Ao pedido do cunhado, eu e meu noivo entramos de sócios. Casamos. Seis semanas depois do nosso casamento meu marido teve um acidente e teve 2 fraturas na perna. Ficamos 4 meses no hospital. Mais tarde, achando que não podia satisfazer (fisicamente) as exigências do trabalho comercial e como os sogros não podiam administrar seus bens rurais sozinhos, meu marido resolveu morar com eles. Um filho já tinha nascido. 165


O trabalho na lavoura eu não estranhei, mas sim o ambiente familiar, pois reinava o chamado “sistema patriarcal”, ao qual todos tinham que se submeter. Pensamentos próprios só podiam ser manifestados, se coincidissem com os pensamentos do patriarca. Nasceram mais dois filhos. Foram crescendo e os três dotados de inteligência. Meu marido e eu achamos bom que eles estudassem e se formassem em profissões liberais. Os mesmos também não tiveram interesse na agricultura. Adolescentes, apresenta-se o conflito entre gerações muito forte. E, além disso, após 24 anos de matrimônio, faleceu meu marido num acidente de trânsito. Senti que a minha vida estava transtornada. Como viúva, eu não estava mais em condições de corresponder ao compromisso assumido pelo meu marido, em administrar os bens dos sogros e cuidar deles, que estavam já com saúde precária. Com a morte do sogro desfez-se a sua propriedade e a sogra foi morar no lar de sua única filha. Assim, fui forçada a viver na cidade de Augusto Pestana e viver a minha vida de costureira para sobreviver e auxiliar meus filhos ainda dependentes. (Texto para um Seminário ou Congresso da OASE da RE III em 1977) As tragédias marcaram a sua vida, mas, apesar de tudo, ela nunca perdeu a alegria de viver. O sofrimento maior foi a perda de seu marido Hubert em um acidente de carro. Foram anos difíceis. Nas noites de insônia, ela tinha a seu lado um rádio e escutava a Voz dos Andes/Quito e a Rádio Transmundial. Nós, os filhos, estávamos distantes por causa dos estudos (colégio e faculdade) em Ijuí e em Porto Alegre. A distância dos filhos e a solidão da viuvez eram compensadas pela intensa relação com os seus clientes de costura e pelo seu envolvimento voluntário na vida da comunidade e da Igreja. Foi conselheira distrital da OASE do Distrito Eclesiástico Ijuí durante vários anos. Esta ati

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vidade teve um papel importante na superação da dor pela perda do marido no ano de 1972. Tive a possibilidade de conviver com minha mãe Lilly nas últimas semanas de sua vida. Foram dias agoniosos. Ao longo de vários meses um câncer corroeu suas energias de forma silenciosa e não isenta de dor. Em plena época da Paixão de 2004, Lilly teve a sua via dolorosa. No leito do hospital disse-me com voz fraca e balbuciante: “Algumas pessoas passam por um ‘Lebensleid’ (sofrimento por toda a vida). Outras sofrem somente uma parte da vida.” Ela comparava e se referia a sua vida e à vida de seu marido Hubert. De qualquer modo a dor e o sofrimento são um mistério na existência humana. A fé não nos imuniza contra eles. Os dias que passei com ela no hospital foram dias de meditação. Num certo dia anotei no meu diário os seguintes pensamentos: “A dor e o sofrimento continuam um grande enigma para o ser humano. Enigma maior, no entanto, é a origem da força que permite suportá-los e/ou superá-los”. “Com os olhos abertos vemos a aparência das pessoas. Com os olhos entreabertos vemos a beleza de sua essência. Visualizamos os brotos das sementes que ela semeou”. Por caminhos ásperos, Lilly encontrou a luz das estrelas. Com ela pude cantar no hospital, à luz de uma lua cheia, que entrava pela janela do quarto: “Der Mond ist aufgegangen, die goldnen Sternlein prangen am Himmel hell und klar” (Hino popular: A lua já despontou, as estrelinhas douradas brilham claras no céu). Muita emoção e alegria invadiram nossos corações. Ficam as lembranças de um testemunho afirmativo para todos nós. Ficam para nós, filhos e amigos/as, os frutos de uma vida de dedicação à família, à vizinhança e amigos e à comunidade. Recebemos inúmeros estímulos a partir de seu exemplo de vida. Ele cala fundo nos corações de todos que partilharam sua existência. Rolf Schünemann

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LISELOTTE ZANDER Sínodo Sudeste

Uma professora de pequena estatura e grande determinação começou a freqüentar as reuniões de senhoras ainda solteira, em 1932, quando era professora em Picada Hartz, hoje Nova Hartz, RS. Em 1936 lecionava na escola da paróquia Martin Luther, de Porto Alegre e frequentava a OASE como única solteira. Casou se em 1942 e foi morar no Rio de Janeiro. Tinha se tornado então a dona Liselotte Zander (nascida Rotermund), esposa do Pastor Friedrich Zander. Ela lembra que era época da Segunda Guerra e as mulheres intercediam pelos maridos alemães ou de origem alemã presos na Ilha Grande. De 1945 a 1954 participou do reerguimento da OASE em Três Passos,RS, pois assumiu a coordenação dos grupos, inclusive nas filiais, distantes seis quilômetros uma da outra. “Quantas vezes fiz este percurso a pé”, escreveu mais tarde. Foi membro da diretoria da OASE do Sínodo Riograndense de 1948 a 1954, quando se transferiu para São Paulo, onde não demorou a fazer parte da diretoria do grupo local. O principal trabalho de Liselotte Zander a partir de 1965 foi reunir os grupos dispersos do então Sínodo Evangélico Brasil Central (SEBC) para um trabalho integrado. Conseguiu a presença de 70 mulheres de 15 grupos num primeiro encontro em Santo Amaro, SP, em 1965. Em 1968 promoveu o primeiro congresso no SEBC, com presença de cem participantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Logo seu campo era a Região I, 168


para a qual organizou muitos eventos no Seminário de Pregadores em Araras, RJ. Programas e correspondências eram formulados em alemão e português. Ajudou a estruturar a OASE em nível nacional, na década de 70. Viajava muito de ônibus, inclusive para o Espírito Santo e Minas Gerais, por estradas ruins, até comunidades muito afastadas. Contava com bom humor as dificuldades que passava. Acostumou-se a dormir pouco. Quando deixou de presidir a OASE da Região I, em 1978, existiam ali 80 grupos. Liselotte lembrou Amós 5.4, quando entregou o cargo: “Assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei!” Mãe de três filhos e uma filha, orientada e apoiada pelo marido, sabia da responsabilidade de preparar-se bem desde as primeiras reuniões que coordenou: “É muito importante que as mulheres saiam de casa, e estas duas horas que passam na OASE devem trazer-lhes enriquecimento e comunhão”. Em 18 de janeiro de 2009, Liselotte faleceu em São Paulo. Extraído do livro Retalhos no Tempo

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LUIZA WELTEN KÖHLER Sínodo Espírito Santo a Belém

“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim, bendiga o seu santo nome”. Ao completar cem anos de idade, Luiza Welten Köhler disse estas palavras ao microfone, no pavilhão da comunidade de Domingos Martins, ES, onde festejou seu aniversário. Ela participou da OASE durante 60 anos, ficando na liderança durante 25 anos. Alegre e dinâmica, animou as mulheres a angariar recursos para o hospital local, Fasdomar. Elas doavam também dias de trabalho e assistência aos enfermos. Luiza, segundo suas próprias palavras, quis trabalhar para Deus e dar frutos através da OASE. As reuniões a motivaram a ser solidária, envolvendo mais pessoas para melhorar a vida dos carentes. Mesmo com a saúde debilitada, até os 102 anos repetia todas as manhãs: “Até aqui Deus está comigo e vai estar sempre”. Dizia às mulheres jovens: “A melhor maneira de agradecer a Deus é colocar seus dons a serviço da Seara do Senhor”. Luiza Köhler faleceu em 31 de outubro de 1997. Retirado do livro Retalhos no tempo, página 65.

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LYDIA BRAUN Sínodo Nordeste Gaúcho

Dona Lydia nasceu em Karlsruhe, Alemanha, em l9 de novembro de l894, como filha de Barbara e Christian Fleck. Em 3 de junho de l926 casou com o missionário Gustav Adolf Braun, formado em Basiléia, na Suíça. Em l927, o casal chegou a Nova Petrópolis, que era então um pequeno povoado, com a bonita Igreja Evangélica e casa pastoral, mas onde não havia auto, e os meios de transporte eram o lombo do cavalo, carroça ou de carona nos poucos caminhões que transportavam porcos, banha e outras mercadorias para São Sebastião do Caí ou Novo Hamburgo, em péssimas estradas. Já nas primeiras semanas, a senhora que ajudava na limpeza da casa perguntou a dona Lydia se ela ensinaria as moças a fazer trabalhos manuais e o que cobraria. – “Nada, eu me alegro se há interesse em aprender” – respondeu ela. Elas vieram, reunindose na cozinha da casa paroquial. Não tardou e o Pastor sugeriu cantar. – “Não sabemos...” Assim surgiu o coro feminino que já cantou no Dia da Reforma. Não tardou e também os homens aderiram, formando o coro misto, que se apresentou no culto de Natal de l927. Como o tempo para alcançar e atender as comunidades filiais de Sebastopol e Barros Pimentel era de 3 e 4 horas respectivamente em lombo de cavalo, o Pastor permanecia fora da sede

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por longo tempo, ainda mais quando se tratava de enterros, que podiam causar sua ausência por até 7 horas. Assim, dona Lydia assumia as ocorrências, dava o culto infantil e, quando necessário, também o ensino confirmatório. Foi aí que notou a grande dificuldade de confirmandos, muitos deles filhos de colonos que só iam uns dois anos na escola, porque tinham que ajudar os pais nos trabalhos da roça. Dona Lydia passou a dar aula de recuperação em alemão, como era o ensino na época, mas o número de interessados na aprendizagem desta língua aumentou. Como consequência, o casal passou a lecionar, de graça, primeiro na casa pastoral, depois na ex-marcenaria de Herrmann Deppe, agora já com professor formado. A OASE, que então se denominava Sociedade Cristã de Senhoras, auxiliava financeiramente na aquisição de móveis e material didático e naquela época desejava a vinda de uma Diaconisa da Alemanha. A Sociedade Escolar que se formara com o decorrer dos anos sentiu a necessidade de ter uma escola própria e a Comunidade Evangélica ofereceu parte do potreiro paroquial. Em l935, foram iniciados os trabalhos de construção do “Collegio Evangélico” que já tinha mais professores, liberando dona Lydia para angariar donativos em dinheiro, mercadorias, material de construção, horas de trabalhos gratuitos na obra, passando muitas horas diárias a cavalo – modalidade de alcançar Caxias ou Gramado – ou como caroneira em um caminhão com destino a São Sebastião do Caí e também Porto Alegre, onde já se havia formado um círculo de amigos cooperadores, graças às famílias Renner, Trein, Oderich e outras, originárias de São Sebastião do Caí. Para o sucesso desta primeira ação foi decisiva a companhia da senhora Matilde, esposa do sr. A. J. Renner e presidente da OASE de Navegantes, que em seu carro particular, dirigido por um de seus filhos, conseguiu uma vultosa importância em dinheiro, fato que animou a Comunidade Evangélica de Nova Petrópolis a prosseguir na obra. Com a realização de campanhas e festas e cooperação geral, o Collegio Evangélico foi inaugurado em 3 de março de l937, funcionando como internato e externato, e até instruindo para o Tiro de Guerra. Assim os filhos dos colonos, 172


em idade de prestar Serviço Militar, não mais precisavam servir na fronteira, onde eram aproveitados para a colocação de trilhos das vias férreas. Ficaram em Nova Petrópolis, e os exames finais eram realizados em São Sebastião do Caí. No Colégio, Dona Lydia ajudava o marido na administração e, na falta de pessoal, muitas vezes cozinhava e fazia pão para mais de 80 pessoas. Às vezes até dormia, no próprio prédio com três de seus filhos. Em agosto de l939, após l2 anos de serviços na Comunidade, o Pastor e com ele Dona Lydia, receberam suas primeiras férias na Alemanha, pois os seus 4 filhos, Siegfried, Adelheid Emma, Karl Gerhard e Dietrich Imanuel ainda não conheciam seus avós paternos e tios. Desde l938, o “Collegio Evangélico” tinha o professor Herbert Ullmann e esposa como administradores e o professor Oscar Mülbach. Infelizmente o “Collegio” foi destruído por um incêndio em 24 de setembro de l939. Hoje, o prédio, com a mesma estrutura de então, ainda impressiona e é sede da Câmara de Vereadores e outros Serviços Municipais de Nova Petrópolis. Devido à eclosão da Segunda Guerra Mundial, a família, que já estava em Rio Grande para embarcar, teve que retornar a São Leopoldo e a Direção do Sínodo encaminhou o Pastor até Vale do Sol, então distrito de Santa Cruz do Sul, onde permaneceu até dezembro de l946 e onde havia reuniões da OASE, que doou a Pia Batismal de mármore para a igreja, com produto de festas onde dona Lydia era exemplo com sua dedicação. Devido à proibição do uso da língua alemã, as reuniões não mais se realizaram, persistindo apenas um coral que cantava em português. Pastor Braun foi eleito de novo como Pastor de Nova Petrópolis pela Comunidade Evangélica a partir de l947, servindo até l963, quando se aposentou. Dona Lydia apesar de já estar com 53 anos de idade, se empenhou em campanhas de angariação, incentivando a OASE e membros da Comunidade a cooperarem, munidos de listas de contribuição e visitando o comércio e casas de família, explicando o objetivo e finalidade dos donativos pedidos. Assim foi possível auxiliar no Socorro à Europa Fa 173


minta, na aquisição do relógio da torre da Igreja Evangélica, na construção de Igreja Evangélica de São José do Caí, na construção de uma Escola Evangélica, ao lado da Igreja, onde hoje está o Pavilhão da Comunidade e Secretaria. A decisão de construir um Hospital em Nova Petrópolis era premente, mas representava um grande desafio para a OASE, como responsável e mantenedora e também para a Comunidade Evangélica. Em l955, foi lançada a pedra fundamental. Com a Bênção e ajuda de Deus, as senhoras, por meio de festas, rifas e campanhas, tiveram a grata satisfação de convidar a todos para a inauguração do primeiro Pavilhão do Hospital em 7 e 8 de agosto de l960. Após esta data, a OASE continuou batalhando para conseguir os meios financeiros para prosseguir na obra e concluí-la, o que realizou com a assistência dos outros pastores e diversas diretorias. Um fato acontecido na adolescência de dona Lydia, se refletiu na sua vida. O pai, mestre de obras, aos sábados sempre pagava os seus empregados, no que Lydia o ajudava. Chegado um sábado, não havia dinheiro e chovia torrencialmente. O pai então perguntou – “Lydia, tu achas que se pedirmos a Deus, Ele nos ajuda?” – “Não sei, foi sua resposta”. Pai e filha se ajoelharam pedindo ajuda a Deus nesta situação aflitiva. Não tardou e apareceram 2 homens que se apresentaram dizendo que estavam aproveitando o sábado chuvoso para solicitar a execução de uma obra urgente para o sr. Fleck, já para a próxima semana e que pagariam adiantado já neste dia. Pai e filha se entreolharam significativamente e Lydia se apressou em trocar as notas maiores por menores e assim fazer os envelopes com o valor correspondente a cada empregado... TUDO EU POSSO EM CRISTO QUE ME FORTALECE era o lema de Lydia. Em orações o casal se entregava diariamente a Deus para que abençoasse o seu trabalho, a família e Comunidade e que o trabalho contribuísse para o engrandecimento do Reino de Deus. A sua fé em Deus era inabalável, o que passava para a família, colaboradoras e foi mencionado também pelo Pastor Breno 174


Dietrich por ocasião do seu sepultamento em Nova Petrópolis em 3 de novembro de l985, com a idade de quase 9l anos. Esta fé em Deus também se expressava nas suas poesias em ocasiões especiais e também na apresentação de cantos e poesias feitas por crianças em homenagem ao Dia das Mães, que anualmente era festejado no feriado do dia da Ascensão de Cristo com um Café da OASE e também nas apresentações natalinas na Igreja, em alemão, quando este idioma ainda era o mais falado nos lares. O Jornal “A Ponte” em novembro de l985 escreveu: “O Município de Nova Petrópolis foi abalado com a notícia do falecimento da benemérita D. LYDIA BRAUN..., era esposa do Revmo. Pastor GUSTAV BRAUN e durante muitos anos exerceu um verdadeiro apostolado em toda a região colonial alemã...”. Reproduzo palavras proferidas pela secretária da OASE, dona Elizabeth Seibt, em 8 de agosto de l960, por ocasião da inauguração do Hospital Nova Petrópolis, construído e mantido pela OASE de Nova Petrópolis: “Como todas as grandes obras, também nosso Hospital teve os seus esteios. Em primeiro lugar, cito nossa veneranda Presidente, Sra. Lydia Braun, esposa do Revdo. Pastor Braun, que na campanha de auxílios, deu o melhor de si mesma e tornou-se figura popular. Não respeitando, sequer, as inclemências do tempo, levava seu caloroso apelo aos Estabelecimentos Bancários, ao Comércio, à Indústria da capital e dos municípios circunvizinhos. É indescritível com que alegria nos comunicava o êxito de suas maratonas... As doações estão registradas no Livro de Ouro, dedicado à posterioridade, mas acima de tudo, ficarão gravadas em nossos corações com o estilete da gratidão imorredoura. Todo o trabalho, todo o sacrifício da benemérita dona Lydia Braun, terão nesta obra, o reconhecimento das gerações futuras e, o que é mais importante, a recompensa de Deus”. Na página 10 do Jornal Luterano de novembro de 2007, há a reportagem da atual Presidente da OASE desde 2003, Dona Iria Kich que tem o apoio do Pastor Villimar e na Administração do

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Hospital, Dona Teresinha Padilha de Moura. Ela relata que hoje a maior concentração de trabalho de uma senhora na Presidência da OASE é na função do cargo de Presidente do Hospital e que o de Nova Petrópolis é um dos poucos filantrópicos ainda saudáveis no Estado, com superávits financeiros nos 3 últimos anos. Em 6 de abril de 2004 foi inaugurado o Lar de Idosos que fica no terceiro piso do Hospital Nova Petrópolis, com instalações adequadas, para pessoas de idade avançada e que recebeu o nome de Lydia Braun numa homenagem especial da OASE. Compilado pela filha Adelheid Lengler, baseado em documentos em suas mãos.

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LYRA RUTHNER Sínodo Vale do Taquari

No início do século passado, aos 11 de setembro de 1908, na então vila de São Sebastião do Caí nascia uma menina. Ela recebeu o nome de um suave instrumento musical, “LYRA”. Uma grande enchente arrasou a propriedade de sua família e fez com que a mesma deixasse a localidade, quando tinha apenas alguns dias. Foram residir perto de Porto Alegre, numa chácara, mais precisamente onde hoje se situa a cidade de Guaíba. Decorrido um curto espaço de tempo, outra mudança, desta vez para Lajeado. Aqui cresceu e viveu. Já desde pequena, demonstrava gosto em envolver-se com as pessoas que a rodeavam. No hotel dos pais, divertia os hóspedes cantando e dançando ou contando fatos e conversando. Com apenas treze anos, começou a trabalhar na pequena fábrica dos Schaan, enrolando balas e recebendo por produção. Muito jovem, conheceu Ernesto, com quem, ao completar 18 anos, se uniu em matrimônio. Com ele teve a bênção de compartilhar a vida por sessenta e oito anos. Foram anos de muito trabalho e doação, mas também de muita alegria e diversão. Provações e tempos difíceis não faltaram: sofrimento por perda de dois filhos recém-nascidos, por doenças... mas a fé, que move montanhas, foi geradora de força para transpor aqueles árduos tempos. O trabalho voluntário e participativo nas ações da sociedade lajeana, em especial os da comunidade e da escola de nossa Igreja, foram uma constante na vida do casal. Por mais de vinte e cinco anos, trabalharam na Festa da Alegria, promovida para 177


angariar fundos para a construção do atual Colégio Evangélico Alberto Torres, paralelamente a promoções, almoços e chás para a reforma e mais tarde construção da nova igreja. O esposo sempre contou com sua colaboração no envolvimento com o Centro Social Gustavo Adolfo, do qual foi presidente por mais de vinte anos. Entretanto, a mais significativa atuação foi junto à OASE. No primeiro livro de registro de membros da “Frauenhilfe” de Lajeado, hoje, Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, verifica-se, no ano de 1934, a inscrição e devida contribuição de “Frau” Ernst Ruthner, ao lado de outras mulheres também registradas em nome dos maridos. Em 1940 aparece Lyra Ruthner. Por alguns anos foi membro contribuinte. As filhas lembram que contava ter um dia recebido a visita do pastor, convidando-a para participar das reuniões e estudos bíblicos da OASE. Dizendo não ter tempo, devido a seus afazeres e trabalho, recebeu do pastor uma resposta convincente. Ir às reuniões é dar um tempo para si, para crescimento pessoal. Ninguém pode fazê-lo por você, somente você mesmo. Esta visita foi o início de participação e dedicação à OASE de Lajeado, RS, tendo sido zeladora de grupo, coordenadora de chás, coordenadora distrital e cargos na diretoria. Os cafés realizados em casa, depois nos pavilhões da festa da alegria, solicitar contribuição para o Livro de Ouro, os chás e bazares, as rifas e tantas outras atividades para angariar fundos tiveram por mais de sessenta anos a sua participação, assim como em visitas para convidar outras mulheres, outras OASEs com as dirigentes regionais, em Congressos. Durante os doze anos em que foi presidente da OASE, dentre outros trabalhos liderados, destaca-se o assumir e cumprir compromisso com a Sra. Augusta Peuser. Pessoa idosa sem família que a amparasse, recebeu da OASE atendimento e zelo que promoveram seu bem-estar, assistência médica e renda mensal em seus últimos anos de vida. Em troca doou, em usufruto, um terreno com um velho chalé para a OASE.

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A Comunhão, o Testemunho e o Serviço vivenciados foram retribuídos pelas irmãs em Cristo com o convite para apagar as velinhas dos aniversários da OASE de 70, 75, 80, 85 e 90 anos, por ser a presidente mais idosa viva. Talvez a maior alegria tenha sido participar, já com 91 anos, dos festejos pelos 100 ANOS da OASE em Rio Claro, São Paulo. As vinte e cinco horas de viagem, os mais de mil e quatrocentos quilômetros percorridos de ônibus foram enfrentados com disposição e alegria. De avião perderia o tempo de convívio com as amigas. Foi a segunda mulher mais idosa no evento. Por ocasião da festa de seus 90 anos o bisneto mais velho assim iniciou a saudação: “Querida Bisa, nós, a tua grande família, olhando para trás vemos que Deus escreveu no decorrer dos teus 90 anos, uma linda sinfonia de bênçãos” e continua citando a data de nascimentos e casamentos de suas duas filhas, cinco netos e onze bisnetos. Decorrida apenas uma semana de hospitalização, aos 3 de junho de 2005, Lyra Ruthner partiu desta vida, testemunhando o que diz o Salmo 92.14-15: “Na velhice darão ainda muitos frutos, serão cheios de seiva e verdor, para anunciar que o Senhor é reto”.

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MARGARETHE SCHLÜNZEN Sínodo Norte Catarinense

Margarethe Schlünzen nasceu no dia 13 de fevereiro de 1900, na Alemanha. Ela casou-se com o Pastor Ferdinand Schlünzen, então Präses do Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina e Paraná, em segundo casamento, no dia 16 de julho de 1937. Este matrimônio foi abençoado com dois filhos, Klaus e Ute. Ao lado do seu marido, desenvolveu muitas atividades, tanto na Comunidade Evangélica Luterana de Jaraguá do Sul como, de forma especial, no trabalho com as senhoras da OASE em nível sinodal, onde ocupou, por muitos anos, o cargo de presidenta. Ela marcou presença na maioria dos encontros sinodais de OASE. Não poucas vezes tomou a palavra, dando conselhos e orientando as mulheres nas suas funções de líderes. “Was wäre die Kirche ohne Frauenhilfe?” (O que seria a Igreja sem a OASE?) foi uma das frases que ela formulou para acentuar a importância das atividades das senhoras no, e através do seu grupo de OASE, em suas respectivas comunidades. Muitos artigos, que relataram os acontecimentos nestes encontros, têm a assinatura da Frau Präses Schlünzen e foram publicados no jornal sinodal CASTELO FORTE. A Senhora Edla Doge Laube, da Paróquia Evangélica Luterana de Rio Cerro, dá um testemunho comovente daquilo que Margarethe Schlünzen significava como líder em sua época, para ela e para as mulheres da OASE. Ela escreve: “Ingressei no grupo de OASE, no ano de 1964, a pedido de minha mãe. O grupo 180


era liderado por uma mulher muito especial, a qual eu sempre considerei uma mulher em que eu pude me espelhar, como também muitas outras que a conheceram. Foi uma mulher digna, honrada, corajosa, sabia liderar um grupo com muito amor e carinho, foi uma mulher de muita fé em Deus e deixou muita saudade para os que ficaram. Ela era a saudosa Frau Präses Margarethe Schlünzen”. Na Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas, nº 1 de 2005, a Sra. Margarethe Schlünzen é homenageada pela cidade de Jaraguá do Sul como a “mais querida marionetista, conhecida como ‘Moin-Moin’ (resposta das crianças de Jaraguá do Sul à saudação em alemão ‘guten Morgen, guten Morgen’)”. É relatado que “durante 20 anos, ‘Moin-Moin’ apresentou seu teatro de marionetes em escolas, creches, festividades, fazendo teatro de bonecos para todo o público. Seu trabalho artístico dava continuidade ao ‘Kasperle-Theater’, tradicional teatro de bonecos alemão, mantendo requintes de uma sonoplastia ao vivo, com gaita de boca, violino e flauta doce. Margarethe Schlünzen deixou para todos nós uma grande lição: a importância de fazer teatro para as crianças, e vê-las como pessoas sensíveis e inteligentes, e, para os adultos, porque muitos ainda encontram espaço para a ternura e a brincadeira festiva do teatro”. Sem dúvida, esta habilidade a Frau Präses também usou como instrumento para transmitir mensagens de amor, de alegria e de consolo nas reuniões de senhoras da OASE, por ocasião de muitos encontros. No livro “Presença e atuação da IECLB em Jaraguá do Sul” de João Klug e Pa. Claudete Beise Ulrich, lemos: “No dia 25 de agosto de 1973, faleceu a Sra. Margarethe Schlünzen, a qual tinha um sólido esteio da OASE e a quem a OASE, toda a Comunidade Evangélica Luterana e o povo de Jaraguá expressaram muita admiração e gratidão. Ao longo de sua trajetória e ativa inserção na vida da comunidade, sempre teve uma palavra de apoio e orientação a quem a procurava”.

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Em um artigo do Jornal “Castelo Forte”, ano XV, número 10, de 1961, lemos: “Relembrando todos estes fatos e realizações da OASE, todo o empenho, a dedicação e o amor desmedido e incondicional que norteou todas as suas atividades, podemos concluir: A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas de Jaraguá do Sul (OASE), com a colaboração da Comunidade Evangélica, do povo jaraguaense e das autoridades constituídas do Município, conseguiu e ainda está cumprindo a finalidade de sua fundação, ou seja: prestar assistência a parturientes, a doentes e pessoas menos favorecidas e necessitadas da Comunidade Evangélica como ao povo em geral”. “Tudo isto foi e é possível porque o Senhor da Vida quer que seus filhos e filhas coloquem sinais concretos do amor imerecido e incondicional de Deus neste mundo, revelado em seu Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso a OASE quer expressar a todos os orientadores espirituais Pastores, especialmente ao fundador P. Ferdinand Schlünzen, à esposa Margarethe e à senhorita Martha Schlünzen, seus sinceros agradecimentos. Igualmente às Diretorias da Comunidade Evangélica Luterana, ao círculo de Voluntárias e ao povo em geral”. Friedrich Gierus

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MARGARIDA WEINGÄRTNER Sínodo Norte Catarinense

A OASE Tabita, da Paróquia da Paz, foi fundada no dia 14 de março de 1972. Papel importante exerceu nesta fundação a Sra. Margarida Weingärtner, esposa do Pastor Lindolfo Weingärtner. Duas amigas, a Sra. Hiltrud Parucker e Valdete Wolf, foram certo dia conversar com a Sra. Margarida e lhe falaram da necessidade e do desejo de um grupo de OASE na Paróquia da Paz. Ela aceitou o desafio e dirigiu os encontros. Margarida era uma mulher determinada e comunicativa, com muitas idéias, muitos dons e sempre bem-humorada. Ensinou às participantes corte e costura, bordados, pintura em panos de prato, painéis com aplicação em feltro. Naquela época, o pastor estava muito doente. Margarida teve, então de assumir a liderança. E ela sabia fazer isto muito bem, pois tinha um jeito todo especial de lidar com as pessoas. Seu olhar franco, seu sorriso fácil e alegre, cativava as pessoas. Sua firmeza e determinação inspiravam confiança às participantes. Margarida sofria de um câncer que paulatinamente ia consumindo seu corpo. Não é fácil traçar o perfil de uma pessoa que foi tão importante para nós, quando lembramos da dor e do sofrimento que passou durante muitos anos, por causa da doença. A dignidade, a força, a fé e a resignação com que carregou durante anos sua enfermidade, sua cruz, sempre foi um exemplo para nós. Ela foi uma mulher, esposa, mãe, sogra e avó muito especial, e lembramos dela com carinho e saudades. Somos gratas a Deus por termos tido a oportunidade de tê-la conosco durante anos, aqui na Paróquia da Paz. Mesmo morando mais tarde, em Brusque, Margarida sempre nos recebia de uma maneira muito especial. Reencontrávamo-

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nos continuamente até que a doença se agravou e ela foi morar com o filho e com o esposo Lindolfo em Ituporanga, onde veio a falecer e aonde a vimos pela última vez. Temos confiança de reencontrá-la na eternidade. Margarida Weingärtner foi uma pessoa muito importante para a OASE Tabita da Paróquia da Paz em Joinville. Deolinda Voigt Ristow e Marta Döhler

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MARIA CAROLA KELLER Sínodo Norte Catarinense

No dia 12 de dezembro de 2006, chegou a notícia do falecimento de Maria Carola Keller, em Joinville, após longo período de doença, enfrentada com fé e coragem. Para todos nós que aprendemos a amá-la e respeitá-la como pessoa dedicada, vibrante e amiga que era, foi uma grande perda. Conheci Carola como tesoureira da OASE, no Sínodo Evangélico Luterano Unido, presidido na época pela Sra. Margarete Schluenzen, nos anos 60. Desde lá, além da liderança em sua cidade natal, ela foi se distinguindo na Região Eclesiástica, em longos e frutíferos anos de trabalho, como presidente da OASE Regional. Os grandes desafios na época eram a maior união nos grupos, a consciência da identidade luterana bilíngue, a crescente participação da mulher no mundo do trabalho. Foi o tempo de reativação dos retiros, dos encontros de liderança, realizados em todas as áreas da Região, compreendendo parte de Santa Catarina, Paraná e trechos do Sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Seu incentivo e apoio, sua confiança e carinho, sua capacidade de diálogo, abriram portas e facilitaram o caminho a percorrer. Foi o tempo do Boletim Informativo, com tiragem de 5000 cópias, mimeografadas, distribuídas a cada membro da OASE e o tempo de aproximar-se das OASE’s das outras regiões. Foi em Joinville, pela disponibilidade e empenho de Dona Ca

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rola, como representante da Região II, que se efetivou um desejo, há muito acalentado e até ensaiado: a realização de reuniões regulares de representantes de todas as OASE’s Regionais, para que pudéssemos trocar idéias e dividir preocupações e responsabilidades. Esse Conselho informal foi o ponto de encontro e o motivador para os passos que se seguiram: um Conselho Nacional e a estruturação da OASE Nacional. Este foi, em um breve resumo, o campo de trabalho de Dona Carola, ao qual deveriam ser acrescentadas, a representação da OASE Regional e do Conselho Nacional, o cuidado com os lares de retiros e tantas outras tarefas inerentes ao seu cargo. Olhamos com gratidão para o passado, reconhecendo o quanto ela fez e como Deus a conduziu em sua ação. Entre todas as qualidades de Dona Carola, algumas a fizeram chegar mais perto do coração daqueles que com ela conviveram em reuniões da diretoria, em retiros, congressos ou particularmente, ela sabia conquistar, pelo reconhecimento e estímulo, as pessoas com quem dividia as tarefas. Na objetividade do serviço, não esquecia o calor humano, foi solidária, foi amiga, foi um exemplo de fé posta em ação. Anna Lange

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MARIA FAULHABER Sínodo Planalto Rio-Grandense

O perfil biográfico de alguém enriquece com seus episódios a grande família da comunidade, e muitas grandes famílias e comunidades fazem a história de um povoado. Eis um breve perfil biográfico da trajetória de vida de uma mulher que não mediu esforços para oferecer tudo o que podia a seu povoado e lugar, desde a sua chegada ao Brasil até os últimos dias de sua vida, na colonização de Neu-Württemberg. Maria nasceu no dia 08 de setembro de 1867 na localidade de Württemberg, Alemanha, como filha de Emilia Widemann e Augusto von Reinhardt (general). Cursou o Seminário Pedagógico, formando-se como professora para moças. Pouco antes de partir para o Brasil, casou com o teólogo Karl Hermann Faulhaber, nascido em Triensbach, Alemanha, no outrora reinado de Württemberg, hoje unidade federativa de Baden-Württemberg, Alemanha. Dr. Hermann Meyer, diretor e empresário da colonização de NeuWürttemberg, hoje Panambi, convidou Hermann Faulhaber e sua esposa Maria, para servir e trabalhar na nova colonização, ele como pastor evangélico e ela como professora e demais atividades. Chegaram em 26 de novembro de 1902 e no dia 30 do mesmo mês, o seu marido oficiou o primeiro culto evangélico. Maria ensaiou uma peça teatral e um jogral, como apresentação, para migrantes e imigrantes, perdidos na floresta, no seu primeiro Natal nesta colônia. Uma das atividades prediletas de Maria era escrever textos para apresentações de Natal e outros eventos sociais. Alguns de seus escritos permanecem arquivados no Museu e Arquivo Histórico de Panambi. Não havia nenhuma escola neste lugar e região. Assim, a inici

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ativa coube ao casal, em 1903, com o inicio de escolarização na sua própria residência. Maria, em sua correspondência enviada para a Alemanha, fala da situação precária, pois, para ensinar matemática, foi necessário usar objetos do cotidiano da colônia, como sacos de batata, milho, trigo, cabeças de porco e galinha. No entanto, a professora declarou que encontrava realização pessoal nas aulas de música, pois sentia satisfação em vê-los cantar. Os alunos de tão longe que moravam da escola, cavalgavam até duas horas de vinda e de ida para poder frequentar a escola. Havia muitas faltas, eram obrigados a ajudar seus pais nos afazeres coloniais. A ajuda das crianças era para o pão de cada dia e considerado mais importante do que ficar em sala de aula. Feliz a Comunidade e OASE que conta para seus filhos e membros, a história de sua família e seu lugar. Em setembro de 1910, Maria, com demais mulheres do local, fundaram a sociedade auxiliadora local, provavelmente a segunda no Rio Grande do Sul. Era prioridade da “Frau Pfarrer” dirigir a “Frauenhilfe”. Dentro do espírito cristão, pela palavra e ação do servir, as senhoras desta OASE serviram a muitas famílias necessitadas desta comunidade, com roupas, remédios, dinheiro para a aquisição de alimentos básicos. Certa época, uma sanitarista esteve à disposição da comunidade pela OASE; em 1912, eclodiu uma epidemia de tifo neste povoado quando esta sanitarista muito fez, atendendo a outros velhos desamparados que muitas vezes não possuíam nenhum rendimento, por não existirem as aposentadorias. Por mais vezes contratou enfermeiras da Casa de Diaconisas, São Leopoldo, RS, para cuidar dos seus doentes e abandonados. No ano de 1918, houve a epidemia da gripe espanhola, onde a OASE se mostrou presente com ajuda humana e financeira. Conforme consta nos boletins da comunidade, muitas reuniões eram realizadas na residência de dona Maria, onde colocava três cômodos à disposição e recebia em torno de 70 a 80 mulheres. Nestas tardes de OASE, fazia-se uma devocional, tocavam-se

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instrumentos, liam-se atas, proclamavam-se poesias e arrecadava-se dinheiro para os mais necessitados da comunidade. Naturalmente no final de um encontro destes não podia faltar um gostoso bolo, feito pela própria anfitriã, dona Maria, uma boa e alegre amizade de comunhão cristã que mantinham nestas reuniões. Parece-nos que as mulheres daquela época eram incansáveis, mas também sabemos que iniciavam todo o trabalho aos pés de Jesus, nele buscavam forças e sabedoria para servir. Em alemão, “SERVIR”, significa “HILFE” e daí surgiu “FRAUENHILFE”, que traduzindo ao seu original significa, “Mulheres Servindo”. Vale lembrar que o casal Faulhaber trouxera da Alemanha um sino e um harmônio doado pelo GAW (Gustav Adolf Werk) e assim, Maria foi organista por muitos anos. Além de professora em tempo integral, ensaiava teatro, tendo na sua casa um lugar adequado para isto. Uma vez por semana, à noite, reunia alguns alunos na sua casa, em uma espécie de “Grupo de Leitura” de livros clássicos, de livros não adotados em sala de aula, para estudos, tudo feito à luz de lampião por muitos anos. Também dirigia grupos de moças que aprendiam a bordar e outras prendas domésticas. Era conselheira dos colonos, que vinham de longas distâncias para pedir orientação, retornando mais felizes e animados para suas casas. Na OASE, ajudava a todos, e o seu bom exemplo, fazia com que outras a auxiliassem. Nas várias vezes em que esteve na Alemanha, Maria dava conferências, falando do seu trabalho nesta colonização, conseguindo reunir recursos financeiros para a escola. Por todo este seu trabalho, nunca recebeu um único salário. Já viúva, o seu filho Walter, que foi estudar na Alemanha, pediu crédito num mercado local, para que sua mãe pudesse fazer as compras básicas da casa. As contas foram pagas quando Walter retornou. Sua atividade de luta para o desenvolvimento desta colônia também teve seus momentos muito difíceis. As consequências da

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crise econômica da I Guerra Mundial, as crises locais de secas e dividas com a colonização e outras questões políticas, geraram um desgaste psíquico e físico muito grande em seu marido, que levou o pastor Hermann Faulhaber a sucumbir inesperadamente. Deixou três filhos, Walter, Getrud e Maria. Diz um ditado que “O futuro se constrói contando a história. A história é a semente, a história é a lição”. Vale lembrar que o Sínodo Riograndense até então não possuía nenhuma casa de retiros, onde mulheres da OASE pudessem ser acolhidas para seminários, encontros, acolhimento e amparo. Com o mapa do Sínodo em mãos, traçaram duas linhas retas de norte a sul, de leste a oeste e concluíram que Panambi seria o local ideal. Em conversa com o Prefeito Walter Faulhaber, filho de Maria, este garantiu a doação do terreno, desde que a obra fosse iniciada logo, e em 1961 foi celebrado o culto de lançamento da pedra fundamental. Veio da Alemanha Dorothea Seydel, contratada pelo Sínodo Riograndense como a primeira orientadora em tempo integral da OASE. Dedicou-se à formação de lideranças, do roteiro da OASE somente em língua alemã, incentivou a comemoração do Dia Mundial da Oração, viajava muito além do seu Sínodo, e carregava na sua bagagem, livros de oração e muitos cartões. A espiritualidade era o centro de sua ação. O Lar da Igreja de Panambi era a sua “menina dos olhos”, foi lá que pôde morar e ajudar a mulher a entender melhor sua função sacerdotal, como mãe e educadora. Pretendia criar nas mulheres um sentimento maior de OASE/IGREJA, que ultrapassasse o grupo e a congregação local. Enfim, foi uma mulher empreendedora como Maria Faulhaber, que encarava os problemas sempre como novos desafios. Se algo desse errado, então, que ela crescia e se superava. Maria Faulhaber impulsionou as atividades religiosas, culturais, sociais, educacionais e assistenciais deste lugar, havendo aqui deixado impregnada a sua marca bem definida. Faleceu no ano de 1939. O objetivo deste livro é este: aprender com a mulher empreen 190


dedora do passado o “Servir”. Fé é uma grandeza a ser vivida e mostrada no nosso jeito de servir. Cristo nos liberta para servirmos e nos sensibiliza para servirmos aos outros. O ato de “servir” é uma consequência da fé. Devemos colocar nossas vidas a serviço de Deus, só assim o Senhor permanece em nós e podemos olhar com mais esperança para o futuro. “Servi ao Senhor com alegria”. Perfil biográfico escrito por Helga Schunemann, revisão do perfil biográfico P. Edgar Leschewitz

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MARIE BRABANDT ROTERMUND Sínodo Rio dos Sinos

Marie (nascida a 13 de julho de 1849, em Rotenburg), casou com seu primo Hermann Wilhelm Rotermund em 21 de setembro de 1874, em Rotenburg, em meio aos preparativos de viagem para o Brasil. Wilhelm e Marie foram sempre muito unidos durante toda a vida, mesmo nos momentos mais difíceis. No dia 6 de novembro de 1874, zarpava do porto de Hamburgo o navio que os conduziria para o Brasil. Além de todo o trabalho doméstico, a esposa Marie foi incansável colaboradora nos múltiplos afazeres do Dr. Rotermund. Por seu senso prático auxiliava na organização dos negócios, dirigia o coral da comunidade e mantinha a contabilidade atualizada. Nunca fora vontade do casal dedicar-se ao ramo gráfico e comercial, mas as circunstâncias os impeliram a fazê-lo. Comércio, impressora, redação do jornal, edição do mesmo, escola, pensionato e família ocupavam-lhes intensamente o tempo. O casal teve dez filhos, todos nascidos em São Leopoldo, tendo sete chegado à idade adulta. Dr. Rotermund escreve em suas memórias, que deu oportunidade a todos para estudarem na Alemanha, cada um de acordo com suas aptidões. Em 1911, Marie Brabandt Rotermund foi eleita a primeira presidente da Ordem Auxiliadora de Senhoras (OASE), exercendo mandato até 1918. Juntamente com outras mulheres da Comunidade trabalhou muito, angariando dinheiro para a construção da Igreja de Cristo em São Leopoldo (inaugurada em 1911) e 192


foi especialmente com o valor arrecadado que compraram os vitrais, que ainda hoje estão nela. Sabemos também, que sua preocupação se estendia às mulheres grávidas. O grupo juntava dinheiro (tostão a tostão) para pagar à parteira e na época do nascimento do bebê, algumas mulheres levavam parte de sua colheita, para alimentar essa família, até que a mãe se recuperasse. Também presenteavam o recém-nascido com roupinhas feitas pelo grupo. O Pastor Rotermund, visando aprimorar e reforçar o coral da comunidade, reuniu as crianças para horas de canto. Dessa iniciativa surgiu o “Lyra”, que teve mulheres e homens a integrálo, o que ocorreu por volta de 1877, época em que Marie o dirigiu.

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MARIE MARGARETHE BOSCO Sínodo Sudeste

Nasceu no dia 17 de maio de 1920, em Idar - Oberstein, Alemanha, filha de Maria Jerusalém Holl e Hermann Holl. Ainda pequena, com a idade de 5 anos, veio com seus pais e irmãos: Martha, Paul Hermann, Frieda, Helmuth, Karl, Fritz Hermann e Hermann para o Brasil. Chegaram em Minas Gerais, na cidade de Araçuaí. Lá, a família esperava trabalhar, e construir patrimônio. Porém, a realidade não foi tão fácil. Na verdade, foi bem diferente da promessa feita aos seus pais, e a família toda passou por privações. Mas Margarethe, além de ser a caçula da casa, era a queridinha de todos, não sentiu as dificuldades pelas quais a família passava. Já adolescente, fez sua confirmação na igreja Luterana de Teófilo Otoni, MG. Depois, seus pais mudaram para o Rio de Janeiro, onde conheceria seu futuro marido e viveria uma boa parte de sua vida. Casou-se com Paulo Combes Bosco, em 22 de janeiro de 1945. Esse matrimônio foi abençoado por três filhos, mas uma fatalidade a separou de um de seus filhos ainda bebê. Paulo Hermano e Marta Neli formavam sua linda família. Margarethe era habilidosa; em seu lar aspirava-se um clima de alegria e sossego. Já na OASE, ela foi grande incentivadora. Nada era demais: sol, chuva, tempo bom ou ruim. Sua alegria contagiava. Estava sempre pronta para ir aos mais diversos lugares representar sua OASE e junto com ela levava outras pessoas. Gostava de contar piadas e sempre era solicitada para atuar nas peças de teatro, que eram encenadas nos congressos e reuniões da OASE.

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Ajudou muito a sua comunidade, a Castelo Forte, na Praça Seca, RJ. Quando o templo estava em construção, dizia que não o veria terminado. Mas Deus lhe concedeu a alegria de vê-lo ser dedicado em 14 de dezembro de 2002, e descerrar a placa da dedicação junto com outros representantes da vida comunitária. Assim como aconteceu com ela, seus filhos, Martinha e Paulinho foram para os EUA tentar uma vida melhor. Isso a deixou menos alegre, pois qual é a mãe que quer ver seus filhos longe, não é? Mas eles a queriam lá, para cuidar dela. Em maio de 2004, mudou-se para os EUA, juntamente com sua irmã Frieda. Esta faleceu no mesmo ano, com mais de 90 anos. Já Margarethe faleceu em 2 de julho de 2005, em Riverhard, Nova York, com a idade de 85 anos, 2 meses e 3 dias. Seu corpo foi cremado lá. O sepultamente aconteceu no dia 16 de janeiro de 2007 no Parque Jardim da Saudade, Sulacap, RJ. Em nenhum momento seus cabelos bem branquinhos foram sinal de fragilidade. Pelo contrário, Margarethe foi exemplo de mulher batalhadora que amou muito a sua igreja e, principalmente sua OASE. Olga Kappel Roque.

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MEDA ÜBEL GERHARDT Sínodo Vale do Taquari

Meda Übel Gerhardt nasceu no dia 25 de novembro de 1911, em Linha Leopoldina - Estrela, hoje município de Colinas. Casou-se no dia 21 de janeiro de 1933 na Igreja Evangélica Paz, de Teutônia. O casal foi abençoado com um filho, Otávio Gerhardt, e uma filha, Iloni Gerhardt. Dona Meda e sua filha Iloni foram fundadoras do Grupo de OASE em Linha Wolf, fundado em setembro de 1969. Participava de todas as reuniões, festas, chás, visitas a doentes e pessoas enlutadas. Caminhava quatro quilômetros, para participar das reuniões que se realizavam em Linha Leopoldina, localidade vizinha, onde também havia senhoras associadas. Foi dona Meda quem confeccionou a Bandeira do Grupo de OASE, usada até hoje em festas e enterros. Mesmo com toda a sua dedicação e alegria em participar, nunca integrou a diretoria ou coral, pois acreditava não ter capacidade ou dom para o mesmo. Porém não media esforços para colaborar de outras formas com o seu Grupo. Sua filha, Iloni, foi coralista desde 1969. Integrou, também, a diretoria durante 20 anos, sempre apoiada pela mãe, dona Meda. Quando sua neta se casou em 1981, dona Meda logo a motivou a integrar o Grupo de OASE, pois dizia que precisavam de pessoas jovens para auxiliar e continuar o trabalho. E quando sua neta, integrante da diretoria, precisou ausentar-se, várias vezes, por três dias, para participar de congressos, dona Meda cuidava com muito amor dos bisnetos. 196


Desde a fundação do Grupo de OASE, dona Meda fez praticamente todos os trabalhos manuais, fazendo até 80 panos de prato por festa. Em 1996, dona Meda foi acometida por um derrame cerebral, que a deixou numa cadeira de rodas. Mesmo assim, continuou fazendo os trabalhos manuais para as festas e chás. Dona Meda faleceu em 17 de julho de 1998. Um dos seus últimos pedidos foi para que filha e neta continuassem participando na OASE, fazendo o que fosse possível para o Grupo continuar caminhando. “Pois eu sei como foi difícil o começo, mas valeu a pena”. OASE de Linha Wolf, Paróquia Evangélica de Corvo, Colinas

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MELITA DAHMER Sínodo Vale do Taquari

Melita Dahmer, nascida Kilpp, em 15 de fevereiro de 1921, foi casada com Ermindo Dahmer. Foi uma das fundadoras do Grupo da OASE de sua Comunidade. A fundação ocorreu em 14 de maio de 1953 na Comunidade Evangélica Sião de Linha Frank, município de Westfália, com a ajuda e apoio do Pastor Werner Wahlhäuser e sua esposa. Pouco tempo depois, com a chegada do Pastor Georg Lecke, e sua esposa Auguste na Paróquia, o Grupo fundou o Coro das Senhoras. Melita foi uma das primeiras cantoras e por muito tempo dedicou com amor o seu tempo no Coro. Melita se destacou por sua participação ativa nas reuniões mensais, nas visitas, nos diversos encontros na casa das associadas, nas festas organizadas pela OASE e outras entidades ligadas à Comunidade Evangélica Sião. Faleceu em 31 de dezembro de 2002, quando ainda estava confeccionando um trabalho manual de crochê para a OASE. Melita certamente deixou-nos um belo exemplo de vida e amor dentro da família e da Comunidade. Sua caminhada de dedicação e serviço à Comunidade e OASE servirá de exemplo a todos e a todas nós. Seu nome sempre é lembrado com saudades e carinho.

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MORENA ZIMMERMANN LESER Sínodo Nordeste Gaúcho

Morena Zimmermann Leser nasceu no dia 04 de abril de 1913 em Bom Retiro do Sul. Era filha de Eugenio Zimmermann e Paulina Fett Zimmermann. Casou-se com Carlos Harry Leser em 16 de maio de 1936, chegando a comemorar 64 anos de união matrimonial. O casal teve dois filhos: João Carlos Leser e Eliane Maria Leser Daudt e seis netos, Carlos Fernando, Fabio Luiz, Felipe Leser, Maria Giovana, Fabíola e Karina Leser Daudt; e três bisnetos: Carolina, Brenda e João Carlos Neto. Dona Morena foi presidente da OASE durante 17 anos, de novembro de 1962 a março de 1979 e consequentemente dirigiu também os destinos de nosso hospital Montenegro. Ao subirmos as escadarias que levam ao Hospital Montenegro, avistamos um bloco de pedra e nele está uma placa com os seguintes dizeres: VIVER PARA SERVIR, EIS A NOSSA MISSÃO. Estas são as palavras que caracterizam, de uma maneira muito real, a vida e o trabalho de dona Morena. Surge mais uma vez em nosso pensamento a imagem de sua singular personalidade e as virtudes que por ela eram cultivadas, tanto na família, na OASE, na comunidade evangélica, no HM e na comunidade montenegrina. Suas virtudes foram marcantes. Lembramos sua bondade, sua humildade e simplicidade. Admiramos esta sua natural inclinação de ajudar a outras pessoas em suas necessidades. Dona Morena foi uma dessas pessoas que despertava, através de seu sorriso, através de suas palavras, de um aperto de mão, de uma flor que passava a nossas mãos, uma amizade, uma simpatia natural em todos nós. Sim, marcante foi sua vida de fé e confiança que ela sempre manifestou com o seu esposo, seus filhos, netos e bisnetos. Nestes 17 anos que presidiu o HM, suas obras não tiveram manchetes, fluíram calmas e dóceis como as águas tranquilas 199


de uma fonte que percorre o leito, revigorando a terra. Na palavra construtiva, ergueu paredes e expôs a grandiosidade, o empreendimento que é o Hospital Montenegro, filho abençoado da sociedade OASE. Refletindo mais profundamente a sociedade mantenedora do Hospital, é um órgão feminino que propugna bem alto a posição de um grupo de mulheres abnegadas, operárias da ação cristã, em benefício da saúde e bem estar da comunidade. Dona Morena tinha o falar compassado e o coração explodindo de amor. Era uma mulher exemplo, corajosa e companheira. Que a população desta cidade ao admirar as obras do Hospital Montenegro, tenha o pensamento grato a Morena Leser, mulher simples, mas de excepcional capacidade de ação. Homenagens recebidas durante sua vida: Destaque do ano em Assistência Social pela Folha de Montenegro e CG Promoções em 04 de junho de 1977; Honra ao Mérito, como Mulher Destaque da Comunidade Montenegrina, pela EFICA em 25 de abril de 1980; Cartão de Prata, pelo comprometimento pelo próximo, pela EFICA, em 10 de outubro de 1984; Menção Honrosa, como participação relevante na comunidade pela EFICA, em 24 de novembro de 1986. Era madrinha da APAE, membro da EFICA desde sua inauguração, membro da OASE desde 1936. Todas as quartas feiras levava uma palavra de conforto aos pacientes do Hospital Montenegro, como visitadora. Era o ombro amigo nas horas tristes ou nas horas alegres da Schwester Emmy e das demais irmãs que serviam no HM.

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NORMA BERGER FORSCH Sínodo Centro Campanha Sul

Dona Norma nasceu no dia 11 de março de 1925, na Várzea do Agudo, Agudo, RS. Casou-se como o professor Alfonso Alberto Forsch, em 21 de setembro de 1945, na igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Agudo, passando então a residir na Picada do Rio, no mesmo município. Seu matrimônio foi abençoado com dois filhos. Assim como sua família, era assídua participante dos cultos e juntamente com seu esposo, se encarregava de deixar preparado o local para os cultos, o que levou a uma bonita amizade entre o casal com o pastor Richardt Rudolf Brauer e sua esposa Klara, que os visitavam constantemente; durante estas visitas, surgiu a idéia de fundar um grupo de OASE na Picada do Rio Sul. Dona Norma, que com suas amigas Leonora Schiefelbein e Adela Kopp, já participavam da OASE de Agudo e que cresceu ouvindo sua própria mãe falar de como era bom participar da OASE, logo se entusiasmou com a idéia. Após o culto, em que o pastor fez o convite, discutiu o assunto com as senhoras presentes e já marcaram o dia da primeira reunião. Em 21 de junho de 1965 aconteceu o primeiro encontro com as 13 integrantes fundadoras e Dona Norma foi eleita presidente do grupo, cargo que ocupou por 19 anos. Ela assumiu com muita garra esta atividade, que era um desafio por ser algo novo na localidade. Com o auxilio do pastor e o apoio das demais senhoras, foram se organizando e programando as atividades do grupo. No mês de setembro já realizaram a primeira festa do grupo e em 1º de dezembro a Festa de Advento. 201


Dona Norma, sempre que possível, representava a OASE em Encontros e Congressos, trazendo as informações necessárias para o grupo. Também fazia questão de atender aos convites recebidos de outros grupos da OASE. Com as demais integrantes, angariava fundos para auxiliar a Comunidade Escolar, o Asilo Pella Bethânia em Taquari, hospital, pessoas necessitadas. Também adquiriram um terreno e forneceram tijolos para a ampliação do Pavilhão da Sociedade Escolar, como também utensílios necessários para preparar as celebrações, pois neste Pavilhão, desde aquela época, até os dias de hoje, acontecem os cultos, velórios, reuniões e todas as promoções da OASE. Dona Norma, juntamente com a Sra. Hildegard Vogel, representou o seu grupo da OASE nos festejos dos 100 anos da OASE no Brasil, em Rio Claro, SP, em agosto de 1999. Relatou com alegria tudo o que vivenciou nesta viagem, dizendo ter sido um momento muito especial em sua vida. Ela veio a falecer no dia 21 de maio de 2005 aos 80 anos de idade. Foi sepultada na manhã do dia 22 de maio, quando o grupo celebrava os 40 anos de fundação.

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NORMA LAMB FRIES Sínodo Rio Paraná

Sou feliz, Senhor, porque estás sempre comigo e não me deixas faltar nada. A tua benção enche minha vida de alegria e sentido. Era assim a vida da Norma Lamb Fries, nascida em Piratuba, SC, no dia 08 de janeiro de 1931. Casou-se com Liceno Fries em Piratuba e tiveram 4 filhos: Lirio, Oliria, Lucilda e Ledi. Norma Lamb Fries mudou-se com a família para Palotina em 1964, participando logo da OASE fundada em 17 de novembro de 1963. Em março de 1967 foi eleita a sua segunda diretoria, da qual ela já fez parte. No dia 3 de abril de 1969, a Senhora Norma L. Fries é eleita a Presidente da OASE de Palotina, cargo que exerceu por três mandatos, até o ano de 1974. À frente da OASE fez um grande trabalho. Fazia-se uma festa sempre muito grande em novembro, comemorando o ano de fundação. O dinheiro obtido era totalmente doado à Igreja para a construção do templo. O pavilhão de festas foi inaugurado em julho de 1969. Em julho de 1967 o grupo começou a organizar um café, que nos anos seguintes foi melhorando cada vez mais, transformando-se em Café Colonial, tradição e parte do calendário cultural da cidade. Este evento cresceu tanto que foi assumido pela co

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munidade toda, com a participação da OASE. O que desejamos mencionar ainda da Senhora Norma L. Fries é que ela foi, juntamente com a Senhora Noeli D. Freitag Sendtko, fundadora do Jardim de Infância Gabriela Mistral, que iniciou suas atividades no dia 8 de abril de 1969, dentro da própria igreja. Em agosto daquele mesmo ano, passou a funcionar no novo Pavilhão Evangélico (como é chamado até hoje), inaugurado em julho, sendo na época presidente o Senhor Liceno Fries, que deu apoio à criação do educandário. A OASE, tendo como presidente a Senhora Norma L. Fries, foi a grande batalhadora para que tudo desse certo e assim, em 10 de outubro de 1971, foi lançada a pedra fundamental do Jardim de Infância Gabriela Mistral, de Palotina. Dona Norma sempre à frente, com os pais e diretoria da Igreja, realizaram o sonho da construção da Escola. A escola era muito boa e foi crescendo. Os pais queriam a continuidade dos filhos ali, e assim surgiu o Ensino Fundamental e depois o Ensino Médio. O espaço ficou pequeno, os pais dos alunos assumiram a Escola em outro espaço, e o prédio é hoje a Casa Pastoral. Mas Dona Norma, como ficou conhecida começou a trabalhar na Escola e quando o Colégio mudou de endereço ela foi junto, trabalhando ali durante mais de 30 anos. No ano em que ia se aposentar veio a falecer, em 28 de março de 2005, sempre muito amada por todos os alunos, deixando muitas saudades e as homenagens da OASE. Ainda em novembro de 2004 festejou os 41 anos da OASE de Palotina. Em 7 de novembro de 2004 recebeu as homenagens dos 35 anos do Colégio Gabriela Mistral, hoje um dos melhores de Palotina. Dona Norma foi uma grande mulher e um exemplo a ser lembrado na OASE, dedicada, lutadora, amiga, amada, lembrada sempre com carinho por todos que a conheceram.

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Depoimentos dos alunos no dia do seu enterro Para quem tem fé e para quem ama não há separação. Quem ama permanece para sempre. Hoje, enquanto nós choramos a sua despedida, num lugar especial há festas para recepcioná-la. Muitos anjos estão a sua espera, mas a Senhora será o nosso anjo, que continuará protegendo o nosso Colégio, os nossos educandos, os professores, os funcionários, o nosso ambiente, onde partilhamos tantos momentos felizes. A Senhora nos deixou muitas lições. Humilde, serena, aceitou a dor e o sofrimento. Todas as pessoas que vieram trazer seu adeus confirmam que os momentos felizes vividos com quem amamos traduzem a saudade de um amor que jamais termina.

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NORMA PATZLAFF KUHN Sínodo Sul-Rio-Grandense

Norma nasceu em 14 de novembro de 1942. Fez parte da fundação da OASE, preenchendo vários cargos. Muito dedicada ao seu grupo, era uma pessoa em quem todas nós devemos nos espelhar. Era muito determinada e acolhedora e através da fé conseguia alcançar os seus objetivos. Citamos como exemplo: trabalhos de bazar, visitas aos doentes, campanhas beneficentes e incentivadoras para a criação do grupo da terceira idade. A Sra. Norma faleceu no dia 05 de janeiro de 2002. Somos gratas a Deus, por termos tido a oportunidade de compartilhar de sua amizade e de fazer parte de sua vida.

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NORMA PAULINA SCHMIDT Sínodo Noroeste Riograndense

Norma, filha de Ernesto Guilherme Goelzer e Alvina Zander Goelzer, nascida em 18 de julho de 1925, em Ijuí, hoje município de Augusto Pestana, casouse em 27 de abril de 1946, com o Sr. Willi Belmiro Schmidt. Tiveram dois filhos, Flavio e Mario Schmidt, que lhes deram dois netos, Luciano e Débora Schmidt. Dona Norma foi membro da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Santo Ângelo, desde 26 de março de 1947, com uma atuação muito grande, como presidente da OASE, período de 1978/1981 (quatro anos) e 1984/1986 (três anos), tendo falecido em 16 de junho de 2000. Nestes 77 anos de existência do Grupo da OASE de Santo Ângelo, muitas senhoras se distinguiram, ofertando seus dons em beneficio da vida da Comunidade. Dentre estas, se destacou sobremaneira a Sra. Norma Paulina Schmidt, que atuou como presidente do grupo durante o período de 1978 a 1981. Foi um período de muitas realizações, pois Norma era uma pessoa muito dinâmica e ativa. Também no período foi criado o Segundo Pastorado na Comunidade de Santo Ângelo. Na sua gestão, comemorou-se o cinquentenário da OASE de Santo Ângelo, com uma vasta programação. Na ocasião, foram convidadas e homenageadas as Senhoras fundadoras da OASE, Paula Franke, Alzira Feldmann, Mina Rogowski, Helena de La Rue e Hilde Bolgenhagem. Nas festividades estiveram presentes, senhoras da Comunidade Sião, Metodista, Batista Brasileira, Batista Alemã e departamento fe

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minino da Sagrada Família e Catedral. Grupos de OASE de outras Comunidades da região se fizeram presentes também. Ao todo, compareceram cerca de 300 pessoas ao evento. Em julho de 1979, Santo Ângelo sediou o VI Congresso Regional da OASE, da então III Região Eclesiástica, com o comparecimento de 330 senhoras vindas de várias cidades do estado do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina. Estas senhoras foram recebidas e hospedadas nas casas de famílias da Comunidade. Em 1979, foi iniciada a construção do ginásio de esportes e a diretoria da OASE doou Cr$ 15.000,00 para auxiliar nesta obra. Na gestão 1980-1981, iniciou-se a construção da segunda casa pastoral, localizada no bairro Dytz. Foi também construída a Capela do bairro Aliança. Sob a presidência de Dona Norma, a OASE muito colaborou, realizando almoços, jantares, cujas rendas foram totalmente encaminhadas para estas construções. Norma bordava e tricotava maravilhosamente, e seus trabalhos davam ótima renda à OASE. Mas não foram somente trabalhos que se realizaram neste período, houve muitas orações de agradecimento a Deus, estudos bíblicos, cantos de hinos de louvor, visitas a hospitais e às pessoas idosas. Em outubro de 1980, as senhoras da OASE programaram uma excursão para Foz do Iguaçu, Sete Quedas e lago de Itaipu. Foi uma viagem de conhecimento e também de despedida, porque neste ano, as Sete Quedas foram inundadas, para dar lugar à Usina Hidroelétrica de Itaipu. O casal Schmidt eram torcedores do Grêmio, e em 1983, festejaram com amigos o título: Grêmio Campeão do Mundo. O casal pertencia ao grupo de cantores, Os Rouxinóis, que se reuniam no Centro Evangélico para cantar. Estes casais é que organizavam jantas e almoços, faziam parte do grupo: Victória e Hugo Bohrz, Nilva e Harry Streppel, Shirlei e Hélio Pause, Nilsa e Rubens Schneider, Araci e Rubi Schadeck, Norma e Arno Schdeck, Nadia e Henrique Kleinert, Noemia e Romaldo Korb,

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Eleonora e P. Elguido Pumpmacher, Loery e Tiradentes Jaeger, Flavia e P. Arnoldo Mädche, Suzana e P. Rui Bernard. Em 1984, Norma retorna à presidência da OASE, permanecendo neste cargo até o ano de 1986, também um período de muito trabalho. Uma promoção vultosa foi a que realizou para auxiliar na construção da SABEVE, no município de Ijuí, que é uma casa de repouso e assistência aos idosos da IECLB. A renda desta promoção, no total de Cr$ 501.000,00, foi totalmente doada para esta instituição. Em 1986, Norma agendou um encontro com o Prefeito, na época, Sr. Luiz Valdir Andrés, e a OASE participou da 2ª FENAMILHO, que resultou num grande sucesso. Desde então a OASE, juntamente com a Comunidade, se fazem presentes nas Feiras. Sob a gestão de Norma, ainda foram feitas doações para o Hospital São Pedro, de Porto Alegre, Hospital Santo Ângelo, Asilo Pella Bethânia, APAE Santo Ângelo, SABEVE, Lar da Velhice Isabel Oliveira Rodrigues, Lar Universina Carrera Machado, Lar Suzana Wesley e campanha Nordeste Urgente. Norma, além de presidir a OASE por diversas vezes, exerceu também função de tesoureira da OASE em várias ocasiões e foi vice-presidente da Comunidade, contribuindo assim com o seu saber e dinamismo para o engrandecimento da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas e a própria Comunidade Evangélica de Santo Ângelo. Nosso preito de gratidão ao seu trabalho. Loery Beatriz F. Jaeger, Nair Preissler e Norma Schdeck

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OLGA DOCKHORN BENDER Sínodo Noroeste Riograndense

Olga Dockhorn Bender nasceu dia 27 de novembro de 1911 em Monte Alverne, Santa Cruz do Sul, RS. Filha de João Frederico Dockhorn e de Elisabetha Gass Dockhorn, irmã de Alma, Ervin, Elvira, Otilo, Herta, Arthur, Wanda, Armando, Balduino, Ello e Osvino. Quando Olga tinha nove anos de idade, a família passou a residir em Barrinha, Três de Maio, RS, onde abriram comércio de venda de todos os artigos de que uma família necessitava (alimentos, roupas, material de trabalho, de limpeza...) compravam e vendiam os produtos que os agricultores produziam. Estudou somente em alemão. Os imigrantes construíram no local uma igreja e ao lado dela, uma escola. Até hoje está guardado um caderno de matemática com cálculos resolvidos com caneta tinteiro, uma verdadeira relíquia que a mãe guardou com carinho. Aos 15 anos de Olga, a sua mãe Elisabetha faleceu repentinamente, com 39 anos, deixando o filho mais novo, Osvino, com seis meses de idade. A Mãe Olga e as irmãs Alma, Herta e Wanda tomaram conta dos irmãos mais novos, levando-os aonde iam, dando-lhes o carinho de mãe e de irmãs afetuosas. Deus presenteou-a com vários dons, era uma pessoa determinada, costurava as roupas para os irmãos e irmãs e tinha muito bom gosto. As moças Dockhorn sempre andavam bem-vestidas, conforme a moda da época, porque a mãe primava por vêlas bem arrumadas e ela também. A mãe Olga ajudava o vovô João Frederico na loja, pois tinha tino comercial, era organizada, rápida de raciocínio, tornandose então o seu braço direito. 210


Casou-se com Alfredo Gustavo Bender, teve cinco filhos: Olivedi, Davi, Eri, Lourdi e Arlene Elisabete; estes deram-lhe nove netos: Brigite, Sandro, Luís Álvaro, Paulo César, Luiz Fernando, Luiz Gustavo, Luiz César, Sandreline e Elizandra; ganhou ainda nove bisnetos: Alan, Morgana, Eduarda, Daniel, Roberto, Vanessa, Vinícios, Gustavo, Luiza e Ananda. Após o casamento, foram residir em Inhacorá (hoje Espírito Santo, Alegria, RS), seguindo no ramo de comércio. Lá os cultos eram celebrados nas casas até a construção de uma igreja. Em 1954, foram residir em São José do Inhacorá, RS, onde compraram um açougue, no qual abatiam 10 cabeças de gado por final de semana e nas festas de final do ano, até 15 cabeças. Localidade de católicos, a família Bender era a única de Confissão Luterana, por isso tornaram-se membros da comunidade de Mato Queimado, Três de Maio, RS que ficava mais perto. Logo que lá chegaram, ocorreu uma festa da Igreja Católica. O pai Alfredo doou um boi inteiro para o churrasco e foi padrinho da pedra fundamental do Hospital das Irmãs Franciscanas. O padre na época falou durante a missa: “naquele protestante vocês podem comprar carne”. É preciso lembrar que naquela época havia uma rivalidade muito grande entre católicos e protestantes, resquícios das 95 teses fixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Quem diria! São José do Inhacorá, hoje município na quarta legislação, é feriado em 31 de outubro (assim como em Três de Maio). São novos tempos, é o ecumenismo presente nas comunidades. A minha irmã caçula, Arlene, nasceu quando morávamos lá e as irmãs franciscanas queriam que ela fosse batizada católica. A mãe e o pai eram bons leitores. Assinavam o jornal Evangélico (Jorev), o Correio do Povo, a revista “O Cruzeiro”, estavam sempre informados dos acontecimentos. Olga foi também uma militante política, tinha argumento, defendia suas idéias, era avançada para sua época. Possuía uma ótima memória, lem 211


brando sempre dos aniversários dos irmãos, sabia a história e os dados de toda a sua família. Era uma “máquina do tempo”, tanto que os parentes, quando tinham algumas dúvidas, recorriam a ela para saber sobre a descendência Dockhorn, e diziam: “Vamos perguntar à Olga, ela sabe”. A mãe tinha espírito desbravador, era aventureira, gostava de mudanças. Sempre ia em busca de oportunidades de mudar, gostava de novidades. Depois de São José do Inhacorá, moraram por um tempo em Horizontina e trocaram de atividade para serraria. Em 1960, mudaram de residência para Três de Maio, onde a atividade também era serraria. Desde aquela época residi, estudei, trabalhei, aposentei-me nesta cidade e hoje sirvo aonde Deus me chama. Em 1965, aventuraram-se e foram morar no oeste do Paraná. Primeiramente em Palatina, depois em Missal (o nome diz tudo, lugar de católicos), mais uma vez eram a única família Evangélica de Confissão Luterana. A mãe Olga era uma pessoa de fé e fiel à sua confessionalidade, procurou outras famílias da redondeza. O primeiro culto foi no pátio da sua casa e teve destaque no jornal evangélico da época (hoje Jorev) com notícia e foto registrando o acontecimento. A Arlene concluiu o ginásio em 1971 em Missal. Na época, lá não havia ensino médio, então, para buscar conhecimento, ela teria de ir para outra cidade.A mãe achou melhor ela ir morar comigo. Ficou um vazio, foi difícil e sofrido, houve muito choro de saudade, mas a mãe queria o melhor para sua filha temporona. A Arlene concluiu os estudos, armou a sua barraca, e tem o seu consultório em Três de Maio. Em 1972, mais uma vez, arrumaram a mudança e foram residir em Aparecidinha (hoje Itaipulândia, PR), onde Olga também fundou a comunidade e a OASE. A atividade da família continuava sendo serraria, as sobras das tábuas eram distribuídas de graça às pessoas carentes da redondeza, assim como mandioca, milho, melancia que o pai Alfredo 212


plantava e ajudava na alimentação dos mais necessitados. O local da televisão era como uma sala de cinema, compartilhada com as crianças pobres da vizinhança, amigos dos netos Luiz Fernando e Luiz César. Era um aparelho muito caro na época, poucos tinham condições de adquiri-lo. No final do ano de 2007, quando fomos visitar o irmão Eri, o cunhado da Amélia e os sobrinhos, assistimos ao Natal Dourado Iluminado de Itaipulândia, um verdadeiro show. Quando um rapaz bonito, bem vestido, nos abordou e disse: “Lembro da casa da Oma quando ia assistir programas na televisão e ganhava merenda”. Os netos chamavam a mãe de Oma. Itaipulândia tornou-se uma cidade de muitos encantos. A prefeitura “Tancredo Neves”, foi construída sobre as terras que eram da nossa família. As árvores que ornamentam os jardins foram plantadas por eles e conservadas com carinho. Tem uma rua em homenagem ao pai, com o nome Alfredo Bender. Como já escrevi antes, minha irmã Arlene e eu moramos em Três de Maio. A nossa mãe Olga era costureira, como relatei no início, e nós dávamos para a mãe as roupas que não usávamos mais e ela as transformava (customizava) para as crianças carentes. Nas férias, quando íamos visitá-los, encontrávamos nas ruas as nossas roupas vestindo as crianças e dizíamos: “Olhe, é parte da minha saia, é do meu vestido, é do meu casaco”; era diaconia, serviço de amor ao próximo que nossa mãe fazia. Em 1985, o nosso pai precisava de cuidados médicos, então acharam melhor voltar ao Rio Grande do Sul e vieram morar conosco (eu e minha irmã Arlene) em Três de Maio. Nosso pai acabou falecendo em 16 de setembro de 1987 e o irmão Dari em 31 de outubro de 1987, foram momentos de muita dor e tristeza. Em pouco tempo perdemos dois afetos. A mãe, em Três de Maio, participava na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana São Paulo e da OASE. Ela tinha um carinho muito especial e uma preocupação como se fossem suas filhas: a Ilse, a Jacinta, a Ivone, a Marli, a Joice, a médica Carmen Jussara e a Noila, quando esta vinha nos visitar 213


e ficava até a tardinha, quando a mãe dizia: “Levem-na de carro, é perigoso caminhar sozinha a esta hora”. Um dado pitoresco foi quando visitamos o primo Walter Bender. A mãe estava com 87 anos, e numa roda de pessoas perguntaram: “E o seu marido?” Ela respondeu: “Ele morreu novo”. “Mas com que idade?” “Com 80 anos”. No dia da sua morte, em 24 de julho de 2000, pela parte da tarde, recebeu a visita da OASE e às 18 horas faleceu. Foi uma morte encantada. Ela era muito ativa,inteligente, curiosa, com uma audição muito aguçada, eu sempre dizia: “mãe, a senhora tem umas voltas a mais nos ouvidos, quando a senhora morrer vou mandar abrir para ver”. O pai era alegre e gaiteiro, então brincávamos com a mãe dizendo que nosso pai tinha arrumado outra lá no céu. Na hora da morte, chamava a médica Jussara e dizia: “me salva!” Quando concluímos que a hora havia chegado, minha irmã Arlene e eu pegamos nas mãos dela e no mesmo momento o sino de nossa Igreja começou a tocar, com um som lindo como uma orquestra bem afinada, então eu disse: “Mãe, escute o sino, ele está tocando para a senhora, vai com Deus, nós estamos bem, fomos bem educadas e eu não vou mandar abrir seus ouvidos, era só brincadeira e o pai não arrumou outra lá no céu, ele está tocando gaita para recebê-la. Vá em paz.”. Então rezamos: “Ich bin klein, mein Herz ist rein. Soll niemand drin wohnen, als Jesus allein”. Com muito orgulho escrevi parte da história da minha mãe Olga, que admirava muito e com quem aprendi a dedicar-me aos serviços de diaconia, amar a IECLB e a OASE. Foi o seu exemplo e dedicação, que me moveram e que me transformaram numa pessoa ativa e engajada com a causa do Reino do Senhor. Lourdi Bender

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DEPOIMENTO DE IVONE À OLGA Viver é uma graça. Conviver no cotidiano com mulheres como minha mãe biológica Adelina e com minha mãe adotiva Dona Olga é uma bênção. Sou uma mulher feliz e agradeço a Deus esta oportunidade. Ambas foram mulheres fortes, espiritualizadas, sábias, caridosas, políticas, dedicadas à Igreja e ao bem comum. Acredito que minha identificação com Dona Olga me reportava a minha mãe. Tinha por ela um carinho filial, recebia dela o amor de mãe. E, assim nos adotamos, uma à outra. Recebia dela, além do amor, respeito pelas minhas idéias e convicções. Na luta em defesa da Escola Pública e gratuita em todos os níveis; na política partidária, comungávamos dos mesmos ideais. Mulher além do seu tempo, atualizada, culta, habilidosa nos afazeres do lar, viva nos negócios, cuidadosa com os(as) filhos(as), os(as) amigos(as) e familiares. Reavivar estas memórias me dá prazer e me remete à palavra MÃE. São só três letras, porém, não se consegue descrever sua grandiosidade, pois é o principal instrumento da continuidade das gerações humanas, capaz de gerar vida e ser co-participante da criação de Deus. Hoje, sou herdeira de tantas lembranças suas, como a sua cadeira, onde sentava e crochetava enquanto me contava histórias, muitas repetidas, mas sempre escutadas com o mesmo interesse. Tenho muito carinho e respeito pelos idosos. São fonte de sabedoria. Agradeço o presente de sua companhia, e por toda a sua passagem por esta vida, pelo bem que praticou e pelos exemplos aqui deixados. Que o bondoso Deus abençoe toda mãe-mulher que luta pela valorização da vida. Ivone Bado Streicher

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OLIRIA FEIX WILKE Sínodo Mato Grosso

Oliria Feix Wilke, natural de São Sebastião do Caí, estado do Rio Grande do Sul, nasceu em 20 de junho de 1917, filha de Carlos Feix e de Elza Saft Feix. Casou-se com o Sr. Gustavo Adolfo Wilke e tiveram sete filhos (seis meninos e uma menina), sendo que o mais novo, Roberto, nasceu na cidade de Porto dos Gaúchos (então Gleba Arinos); perdeu três filhos ainda na infância e um já adulto, de forma trágica. Oliria, seu marido e filhos, viveram em várias cidades do Rio Grande do Sul (Ijuí, São Sebastião do Caí, Cascata do Buricá, e outras, e, por último, em Porto Alegre) quando no ano de 1955, seu marido Gustavo, aventurou-se para o Mato Grosso, em companhia de seus dois filhos, dispondo-se a montar a primeira serraria (Pica-Pau), na Gleba Arinos. No ano seguinte, em 1956, numa caravana levando um total de seis famílias, com as respectivas mudanças, Oliria e a filha caçula, então com nove anos, foi ao encontro do marido, chegando a Porto dos Gaúchos, após uma viagem de 30 dias, em maio de 1956. A Comunidade Evangélica do “Sínodo Riograndense”, logo organizou-se, construindo uma igreja de madeira (arquitetada por Gustav Adolf Isernhagem e construída por Gustavo Adolfo Wilke, seus filhos e demais membros da Comunidade). Ato contínuo organizou-se a OASE, da qual Dona Oliria foi uma das fundadoras e na qual participou ativamente, com trabalhos manuais (especialmente crochê), cujos trabalhos eram vendidos em fes

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tas e eventos e a renda aplicada em utensílios e ou melhorias necessárias. Deixou de participar da OASE, quando, gradativamente, a visão, o caminhar (sofreu um início de derrame) e o peso dos anos lhe limitaram as atividades. Faleceu em 22 de junho de 2006, deixando boas recordações, lembranças e muitas saudades. Que Deus a guarde e acolha em sua infinita bondade.

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OLÍVIA SCHMIHT Sínodo Planalto Rio-Grandense

Dona Olívia nasceu no dia 20 de abril de 1900. Chegou a Ibirubá entre 1948 e 1950. Foi uma grande mulher. Era membro da OASE (Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas) de Ibirubá, sendo muito ativa nos trabalhos da instituição e da Igreja. As senhoras da OASE, reconhecendo o valor de dona Olívia, elegeram-na presidente da instituição, junto com sua vice-presidente, dona Hilda Fleck. Estas, com todas as demais senhoras da OASE, assumiram os preparativos das festas da comunidade. Elas sujeitavam-se a trabalhar num ambiente precário, uma casa simples de madeira, onde sequer havia água encanada. O forno para assar as cucas e doces ficava ao ar livre. Foi então que, junto com as senhoras da OASE e com todos os membros da comunidade Evangélica, dona Olívia teve a idéia de trabalhar para angariar dinheiro para a construção de um pavilhão grande, com instalação de água e luz, e com uma estrutura que possibilitasse um ambiente de trabalho adequado. Dona Olívia, com seu jeito meigo e muita determinação, que era uma de suas maiores virtudes, conseguiu contagiar sua equipe de senhoras. Assim, fizeram com muito sucesso almoços, jantares e chás mensais, sendo os lucros doados para a construção do pavilhão. Olívia Schmiht era hoteleira, e possuía grande conhecimento de fazer pratos bem elaborados, os quais sempre eram muito 218


elogiados. Por não existirem restaurantes na cidade naquela época, estas promoções eram muito bem aceitas e procuradas. Com sua vice-presidente, dona Hilda Fleck, que também tinha muito bom gosto, dona Olívia Schmiht formou uma dupla incrível, uma das melhores que Ibirubá já teve até hoje à frente da OASE. Naquela época foram realizados os mais bonitos trabalhos manuais de bordados e crochê. As demais integrantes da OASE aprenderam variados tipos de pontos, que até hoje são a base dos bordados e crochês. Outra herança de dona Olívia foi o ensinamento de que os materiais utilizados para os trabalhos manuais, como tecidos e linhas, deveriam ser de ótima qualidade sempre, para que as cores não desbotassem ou o material se estragasse com facilidade. Esse cuidado, segundo ela sempre frisava, era essencial, porque os produtos confeccionados levariam o nome da OASE, tendo, portanto, suma importância. Essa lição continua sendo seguida até hoje, e é uma das metas em tudo que a OASE faz. Como líder, Dona Olívia sempre dava o exemplo: era a primeira a chegar e a última a sair das reuniões. Era uma pessoa muito sorridente, e que sempre demonstrava seu agradecimento às senhoras colaboradoras da OASE. A construção do pavilhão, que hoje é conhecido como Lar Evangélico, ocorreu de 1961 a 1966. Depois disso, dona Olívia deixou a presidência da instituição, mas seu exemplo permanece com a OASE até hoje. Com a saúde já abalada, Olívia Schmiht e seu esposo foram levados pelas filhas para Passo Fundo, passando a residir com as mesmas. Dona Olívia faleceu em 24 de agosto de 1975 naquela cidade, deixando boas recordações para todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la. Irmgart Diehl Peukert

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OPHELIA FISCHER Sínodo Rio dos Sinos

Uma das pessoas que mais marcaram a trajetória da OASE no século XX foi nossa inesquecível irmã Ophelia Fischer. Ingressou na OASE aos 23 anos e por mais de 60 anos, com muita dedicação, boa vontade e desprendimento serviu em todos os setores da Paróquia Matriz, Porto Alegre, sobretudo na OASE. Do ano de 1946 até 1958, participou com mais quatro companheiras, entre elas, Alide Purper, amiga inseparável, da gestão de Luisa Sperb. Ophelia nunca aceitou a presidência, preferia ser “soldado raso” para atuar em todas as frentes. Ela bordava, fazia arranjos de Natal, pintava em tecidos e na calada da noite, enquanto os três filhos dormiam, costurava aventais. Em companhia do esposo, Ernani Fischer, confeccionava brindes para uma tenda de “Tudo premiado” que mantiveram por 10 anos nas quermesses, que outrora eram realizadas por todos os departamentos da Paróquia na sede da antiga Comunidade Evangélica, junto à igreja. Também atuava no grupo Arco Íris, onde organizava desfiles de moda. No grupo de visitadoras também se fazia presente, levando ânimo e conforto a doentes e idosos da Paróquia. Na organização de Chás, era especialista, desde as tortas, que fazia em casa, e os refrescos no verão, até a arrumação do salão. Naquela época não havia funcionários para auxiliar e muito menos salão na Paróquia. 220


Certa feita, num chá que seria realizado no Clube 25 de Julho, houve necessidade de transportarem a louça da Matriz até o clube. Para esta viagem contrataram uma carroça, puxada por um burro. Ao chegar ao destino, o pobre animal não venceu a subida e empacou. O carroceiro pediu socorro às mulheres para empurrarem a carroça ladeira acima. Apresentaram-se três abnegadas voluntárias, Ophelia, Alide e Ruth Gliesch. A tarefa ia muito bem até que, muito divertidas, começaram a rir da situação, com isto perdendo as forças. O carroceiro desesperado temia que a carroça despencasse ladeira abaixo. No final, entre risadas e gemidos, chegaram ao destino, sãos e salvos, elas, o burro e as louças. Noutra ocasião, a dupla Ophelia e Alide carregaram e limparam nada menos que 350 cadeiras, sozinhas, porque as outras encarregadas esqueceram de ir. No dia seguinte as duas estavam descadeiradas... Apesar de toda esta dedicação, ela nunca descuidou dos afazeres do lar, que fazia com muito boa vontade, cuidando de filhos, netos e bisnetos, além de uma irmã doente. A irmã Ophelia nos deixou em 19 de dezembro de 1992, com mais de 80 anos de idade. E para homenageá-la e para que jamais seja esquecida, a OASE solicitou que sua sala tivesse seu nome. Por ocasião do descerramento da placa da sala Ophelia Fischer, ela foi lembrada com estas palavras: “Cada um que passa em nossa vida é único e insubstituível. Passa, mas nunca nos deixa, leva um pouco de nós e deixa um pouco de si. Há os que deixam muito, como a amiga Ophelia, que, de cada passo de sua vida, fez uma vitória”. Foi um privilégio para a OASE e para todos nós termos tido uma amiga como Ophelia Fischer. A ela, nossa eterna gratidão.

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ROSA PROCHNOW ZIEBELL Sínodo Centro Campanha Sul

Rosa desabrochou em 20 de janeiro de 1906, em Cerro dos Prochnow, Agudo, RS. Casou-se na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Agudo, em 18 de julho de 1930 com o Sr. Helmuth Ziebell, com quem teve um filho e duas filhas. Desde jovem, integrou o Grupo da OASE de Agudo, vindo inclusive a assumir o cargo de presidente. Considerava o estudo da Palavra de Deus o ponto principal do encontro da OASE, era leitora do “Neukirchener Andachtsbuch”, do “Jahrweiser” e gostava de cantar os hinos do hinário alemão, muitos dos quais sabia de cor. Compartilhava com amigas e conhecidas os estudos realizados na OASE, testemunhando o quanto a palavra de Deus fortalecia o seu dia a dia e com seu entusiasmo convidava as senhoras a também participarem da OASE. Era muito perseverante no convite e também em motivar a pratica da leitura diária da Bíblia. Quando necessário, colocava a sua casa à disposição. Quando a idade avançada a impediu de participar das reuniões da OASE e dos cultos, se alegrava quando recebia a visita das amigas da OASE e juntas liam mensagens bíblicas e cantavam os conhecidos hinos. Dona Rosa faleceu em 27 de setembro de 2006 com a idade de 100 anos e 8 meses, confessando que: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará” (Salmo 23.1).

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SIRLEI FICK LEMOS Sínodo Sul-Rio-Grandense

Sirlei nasceu no dia 01 de maio de 1957. Foi uma das fundadoras da OASE, em março de 1991, e fez parte da diretoria. Era uma pessoa muito gentil e batalhadora junto à comunidade e, com sua coragem, enfrentava qualquer desafio. Partiu prematuramente, no dia 14 de fevereiro de 2000, deixando no grupo a sensação de grande vazio, mas seu exemplo de vida continua para ser seguido por todas nós.

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TARGINA FANNY ELISA ROMIG WITTIG Sínodo Norte Catarinense

Targina Fanny Elisa Romig Wittig nasceu no dia 15 de abril de 1910, na Estrada da Serra Joinville, km 19, Rio da Prata. Era a caçula entre seis irmãos; filha de Herman Romig e Luiza Voigt Romig, ambos nascidos em Pedreira, hoje Pirabeiraba. Fez o curso primário ali mesmo, queria muito ser professora, mas com a morte prematura de seu pai, quando ela tinha apenas 2 anos de idade, a situação da família não o permitiu. Realizou-se quando sua própria filha resolveu ser professora, cargo que ocupou por 32 anos em Rio Negro. Em 1922, sua mãe contraiu novo matrimônio, com Otto Voigt, seu primo, também viúvo e foram residir em Canoinhas - Santa Catarina. Ali veio a conhecer seu esposo, Wigand Wittig, que descia com a lancha o Rio Negro até São Mateus, levando produtos, principalmente erva-mate. Casaram-se em 10 de setembro de 1927 em Ouro Verde, atual Canoinhas, e vieram morar em Rio Negro, junto à família do esposo. Mais tarde, Wigand fez o curso de Odontologia em São Paulo, passando a exercer esta profissão. Ele faleceu com apenas 52 anos de idade, em maio de 1958. Em Rio Negro, Targina ajudava sua cunhada num bar que possuíam. Fez então o curso de corte e costura e veio a ser profissional, costurando para as pessoas da sociedade rio-negrense. Em 1935, sua cunhada, Hebertina Wittig Bueno, abriu um salão de 224


beleza, vindo a ser o primeiro do gênero a fazer ondulação permanente em Rio Negro e Mafra. Convidada a trabalhar com a cunhada, se empenhou neste novo trabalho com amor e dedicação. Por motivo de doença de sua cunhada, assumiu o salão até a sua aposentadoria, aos 60 anos. Mas não ficou assim por muito tempo, porque seu dinamismo e amor a este trabalho, pelo conhecimento e amizades que fez ao longo dos anos, continuou a trabalhar até a idade de 80 anos. Destacava-se pela sua elegância: sempre de saia, meia fina e salto alto, porém de uma humildade fora do comum, nunca negando ajuda e sempre espelhando o amor de Deus, por onde passava. Ela foi responsável pelo ensino e profissionalização de seis jovens, que com ela trabalharam. Targina participou do Clube de Ginástica, um Clube de Bolão “Bom Humor”. Também participou de um grupo de senhoras – em alemão –, um “Kränzchen”, onde amigas se reuniam para bordar e compartilhar suas vivências. Em 1993, recebeu homenagem no Clube Soroptimista Internacional como Mulher Destaque em Mulher ajudando Mulheres. Adotou três jovens, duas sobrinhas e uma conhecida, dandolhes instrução e profissão. Sua vida religiosa foi sempre de muita fé e participação na Comunidade Luterana, à qual pertencia por descendência e casamento. Começou a frequentar a OASE, quando foi fundado o Jardim de Infância da Comunidade, em 1932. Foi assídua frequentadora da “sua” OASE, como dizia. Gostava de participar na cozinha, onde fazia o gostoso café e auxiliava em almoços e jantares. Bordava, costurava, riscava todos os trabalhos e levava uma vida de oração; preocupava-se quando alguma senhora estava doente, gostava de fazer visitas. Quando seus olhos já não enxergavam bem, era necessário fazermos a leitura para ela, no devocionário e sempre em alemão, 225


isto era indispensável. Foi uma das fundadoras do Coral Luterano em 1943, e nele permaneceu até os 85 anos, quando o cansaço a obrigava a sentar. Targina Wittig faleceu em 15 de julho de 2002, com a idade de 92 anos e 3 meses, deixando uma grande lacuna na família, na Comunidade e na sociedade, pela sua alegria e disposição. Deixou uma filha, um genro, um filho, uma nora, seis netos e dez bisnetos.

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THEALINA TIGGEMANN Sínodo Vale do Taquari

Dona Thealina nasceu no dia 31 de outubro de 1914, na localidade de Linha Catarina, atual município de Teutônia. Era filha de Frederika Unnewehr e de Theobaldo Trennepohl. Faleceu no dia 30 de junho de 2001. Foi casada com Alberto Tiggemann por 63 anos, até ele a anteceder na morte. Tiveram dois filhos: Edgar e Ereno e uma filha, Sidemia. Morou em toda a sua vida na mesma propriedade, ou seja, como era a mais nova dos treze irmãos, ficou morando e trabalhando junto a seus pais. Perdeu o pai aos 18 anos, por isso teve que assumir o trabalho da lavoura ainda nova, sozinha, com a mãe doente. Em sua infância frequentou a escola Floriano Peixoto por alguns anos. Lia e falava bem a língua alemã, tendo sempre dificuldade na língua portuguesa. Mas nem por isso deixava de participar e aprender coisas novas. Ela enfrentava o mundo de queixo erguido. Desde jovem cantava em coro misto. Em 1965, foi fundada a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas de Linha Catarina, com o coro onde Theolina era sócia fundadora. Cantava sempre na primeira voz. Era muito dedicada e esforçada no canto coral. Foi a segunda presidente da OASE, permanecendo no cargo por sete anos consecutivos. Resolvia os problemas sempre com muita calma, sem criar intrigas ou brigas. Não faltava aos ensaios ou apresentações, somente em caso de doença. Era uma pessoa que tinha muita fé em Deus, por isso conseguia ser muito feliz em família e comunidade. Valorizava muito a OASE, participava de Congressos realizados em São Leopoldo e outros municípios vizinhos. Tentava melhorar a qualidade de vida guardando e seguindo muito os conselhos da “Frau” Lecke, esposa do pastor, que orientava as reuni

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ões mensais da OASE. A cada reunião, aprendia algo novo, que colocava em prática. Também lia muito, estava sempre atualizada. O “Jahreskalender” da nossa Igreja não faltava em suas leituras. Somente parou de frequentar o canto coral e a OASE quando suas forças não o permitiram mais. Passou seus últimos quatro anos em cadeira de rodas, mas sempre muito contente e de braços abertos para as visitas. Quando sozinha, contemplava muito a natureza. Valorizava as pequenas coisas que a deixavam satisfeita. Em família, era o elo de ligação e união até o último instante de sua vida. Em toda a sua vida praticava o amor ao próximo. Deixou para a família e comunidade um exemplo de vida, uma lição de muito amor, perdão, fé e esperança.

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TRAUDI LILI STRAHL KÖHLER Sínodo Centro Campanha Sul

Traudi nasceu em 02 de junho de 1950 em Formoso, Dona Francisca, RS. Casou-se com Ari Olívio Köhler também em Formoso e este matrimonio foi abençoado com duas filhas e um filho. Em 1979, mudou-se, juntamente com seu esposo e filhos para Agudo, RS. Poucos meses depois inauguraram o Bar e Armazém Köhler, passando então o casal a atuar como comerciantes. Era uma mulher muito batalhadora, dinâmica, cheia de vida, mesmo casada, mãe dedicada de três filhos, dona de casa, trabalhando junto com seu marido no estabelecimento comercial, estudando à noite para terminar o segundo grau, era um membro apaixonado da OASE, para a qual não poupava esforços, contando sempre com o apoio de seu esposo. O grupo da OASE Santos Reis foi fundado em 25 de junho de 1985, sendo Traudi um das fundadoras e membro da primeira Diretoria, ocupando o cargo de secretária no período de 1985 a 1989, e nos anos de 1990 a 1993 foi presidente, de 1994 a 1997, secretária e de 2000 a 2004, novamente presidente do grupo. Também ocupou o cargo de vice-coordenadora Paroquial da OASE em 1997 e 1998. Sempre foi muita ativa na OASE, não faltava às reuniões, participava dos Seminários de Formação, Dia da OASE, encontros, excursões, e representava seu grupo em congressos, festas, eventos, para os quais a OASE era convidada. Era perseverante no convidar amigas, vizinhas, conhecidas para

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ingressarem na OASE e se alguma senhora faltava às reuniões preocupava-se em visitá-la, a fim de animá-la para a comunhão do grupo. Motivava as senhoras da OASE a ensaiar teatros, danças, cantos, jograis, para serem apresentados na Festa Anual do Grupo, Advento, cultos, dia da OASE, etc. Também animava o grupo a auxiliar pessoas e famílias necessitadas, como a APAE, hospital, asilos, escola, organizava visitas a idosos, a pessoas enfermas, enfim, pessoas que por algum motivo não podiam sair de suas casas. Ocupava-se juntamente com as demais integrantes, em fazer trabalhos manuais, procurando sempre por novidades, para o grupo ter uma bonita Tenda de Trabalhos Manuais na sua festa anual, salientando que: “Esta é uma bonita maneira de louvar e agradecer a Deus por tudo que Ele nos dá e também uma maneira especial de angariar fundos para auxiliar o próximo”. Ela sempre tinha uma mensagem especial, tanto nas reuniões, como nas visitas que realizava. Traudi se fortalecia na leitura diária da Bíblia, do Castelo Forte, do Jornal Evangélico. Era perseverante na oração. Com sua família, era assídua participante dos cultos e muitas vezes assumia a tarefa de organizar o local do culto. Muitas passagens bíblicas lhe eram especiais, principalmente os Salmos de louvor e agradecimento. Os hinos de Natal lhe davam grande alegria, e o hino do coração, que a acompanhava, tanto em horas de alegria como de dificuldades, era o hino “Creia sempre sem cessar”, do HPD. Aos 54 anos, Traudi foi vencida pelo câncer e veio a falecer no dia 11 de setembro de 2004. Foi sepultada sob a Palavra de Deus, no cemitério Evangélico de Agudo, no dia 12 de setembro de 2004, dia da festa anual do grupo. Louvamos e agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com a Traudi, pelo seu testemunho de fé e lição de vida que ela nos deu, dizendo: “Bendize, ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios” (Salmo 103.1-2). 230


VILMA DAHMER Sínodo Vale do Taquari

Vilma Dahmer, nascida em 16 de maio de 1915, filha de Emílio e Lydia Dickel, foi casada com Arnildo Dahmer. O casal era membro da Comunidade Sião em Linha Frank-Schmidt. Em 1953, aos 38 anos, foi uma das fundadoras da OASE da Comunidade Sião, na época atendida pelo Pastor Werner Wahlheuser e esposa. Foi a primeira presidente do Grupo, cargo que exerceu durante 25 anos, com comemoração do Jubileu de Prata. Em 16 de fevereiro de 1956, juntamente com o Pastor Georg Lecke e sua esposa Auguste Lecke, fundou o Coro de Senhoras da OASE, do qual participou como cantora. Em 16 de junho de 1962, foi adquirido um harmônio, para acompanhar o Coro de Senhoras. Em seguida, adquiriu as louças da OASE. Era destaque nos trabalhos comunitários. Coordenava as reuniões da OASE, grupos de teatro, Bailes de Chita, Festa das Flores, e dos Aventais. Em 1967. doou o terreno para a construção do Lar da OASE, destinado para os ensaios do Coro de Senhoras. Colaborou na coordenação de trabalhos na construção, onde por exemplo, as mulheres se encarregaram de colocar os pregos no parquê. Este prédio atualmente pertence à Comunidade Evangélica em Linha Schmidt, Westfália. É o local para festas, reuniões, encontros, ensaios de corais... Em 1968, fundou o Jardim da Infância na Comunidade e coordenou a campanha de aquisição de mobiliário para o grupo de pré-escola, que atualmente funciona junto à Escola Fundamental. Faleceu em 11 de agosto de 1985, aos 70 anos, e deixou exemplos de dedicação à família e à comunidade.

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WALLY HEIDRICH Sínodo Centro-Sul Catarinense

Tia Walli, mulher de fibra, firme na fé, exemplo de tenacidade e calor humano, veio ao mundo em Blumenau, no dia 22 de novembro de 1906, como filha de Rudolpho e Theodora (Klein) Odebrecht. Cresceu em Rio do Sul, tendo estudado lá e em Blumenau. Em 12 de dezembro de 1929 casou-se com Herbert Heidrich, que veio a falecer em junho de 1941. De natureza empreendedora, Tia Walli dedicou sua vida e seus dons ao trabalho e à sua “Frauenhilfe”. Foi Presidente Regional da OASE durante muitos anos. Além de suas atribuições normais como presidente, Tia Walli marcou sua presença de modo muito especial: motivou as mulheres das OASEs da II Região a se unirem para construir seu próprio Lar de Retiros. O local escolhido foi Balneário Camboriú, com suas águas calmas e límpidas e, principalmente de fácil acesso, via Itajaí, até onde as senhoras chegavam de trem, vindas dos mais remotos lugares. Tia Walli idealizou e concretizou seu sonho: o Lar da OASE no Balneário Camboriú. E é ela quem relata a seguir como foi esta tarefa: “Em 1949, quando dona Elsbeth Koehler, a primeira presidente (da OASE da área do ex-sínodo evangélico) faleceu, sua filha, Sra. Hertha Hildebrand não pôde assumir o cargo deixado vago pela mãe. Foi então convocada uma eleição, que aconteceu na Sociedade Concórdia, em Rio do Sul. 232


Todas as mulheres de nossos grupos estavam firmes no trabalho, pois eram esperadas muitas hóspedes de lugares distantes. Felizmente tudo funcionou muito bem, mesmo sendo a primeira reunião deste tipo que organizamos. Quando chegou a hora da votação, fui indicada como candidata, entre outras. Certamente porque a maioria das mulheres da nossa vizinhança estava de acordo, fui eleita por aclamação, e dona Wally Wünsch de Blumenau, como vice-presidente. Foi um belo dia! A exemplo de dona Elsbeth Koehler, logo iniciei a realização de retiros. De manhã, bem cedinho, íamos até a Estação com o ‘Klingelwagen’ do Sr. Brattig. Quantas coisas precisávamos levar para o retiro! Travesseiros, cobertas, roupa de cama a mais (caso alguma das participantes tivesse esquecido de trazer a sua), toalhas de mesa, panos de prato e o indispensável ‘rancho’, pois Cabeçudas ficava muito distante. Precisávamos também, levar alguém para ajudar na cozinha. Tudo pronto, partíamos cedinho, de trem, para Itajaí, e de lá, de táxi até Cabeçudas (o que nem sempre havia), naturalmente com superlotação... Em Cabeçudas havia uma casa de férias para pastores que, fora da temporada, nos era cedida com muita gentileza; além disso, uma casa na vizinhança também precisava ser alugada, pois faltavam acomodações para todas, na casa dos pastores. As chaves eram providenciadas pela Sra.Wünsch, que até, às vezes, vinha também. Assim decorreram os primeiros três anos. O mar de Cabeçudas não era adequado para o banho de mar das senhoras, em sua maioria, de certa idade. Os estudos bíblicos estavam a cargo de pastores vindos de Itajaí e de Brusque, cantávamos muito e também bordávamos. Certa vez, o Sr. Kurt Schroeder, de Rio do Sul, ofereceu-nos sua espaçosa casa de veraneio no Balneário Camboriú para a realização do retiro, e, assim, o Balneário Camboriú ficou sendo nosso local predileto para retiros. O acesso era muito mais fácil: da estação de trem de Itajaí, partia um ônibus para Camboriú, e ali sempre havia táxis à espera. Um dentista muito simpático de 233


Itajaí, Sr. Adam, nos ofereceu sua casa de praia, também para a realização de retiros. Estes eram os mais frequentados, por mais ou menos 50 senhoras. Praeses Dietschi e esposa, de Blumenau, e a esposa do pastor Prinz, de São Bento do Sul, se encarregaram completamente, das acomodações e necessidades das participantes. Não havia refrigeradores como agora os há, e, assim, os mantimentos precisavam ser trazidos de longe. Quando penso, às vezes, naqueles tempos, pasmo em constatar do que somos capazes, enquanto jovens! Atualmente seria difícil encontrar quem se incumbisse de resolver situações tão delicadas e difíceis como eram antigamente. Resolvi nesta época adquirir uma propriedade em Balneário Camboriú, para a OASE. Depois de prolongadas negociações por intermediação do Sr. Jensen, a Sra. viúva Passold, de Blumenau, concordou em vender-nos sua pequena propriedade na praia de Camboriú, uma pequena casa mais um terreno vizinho. Entramos em acordo. Muitos grupos de senhoras estavam prontos a ajudar com o dinheiro. Mais tarde foi comprada outra casa. A preparação da escritura em Camboriú foi terrível, quando eles achavam que os papéis estavam todos em ordem para o registro, no Tabelionato de Itajaí nos diziam que estava errado. Depois de muito, muito tempo o pastor regional de Joinville, o pastor Ehlert, acertou tudo. Voltando: agora era preciso construir mais uma casa no terreno. A ‘peregrinação’ pelas madeireiras foi deflagrada. Quando estava tudo reunido, começou uma terrível época de chuvas, e rapidamente foi preciso cobrir as recém-levantadas paredes. Como faltava ainda madeira, compramos mais. Da estação de trem de Itajaí, o material chegava a Balneário Camboriú, em caminhão de carga. Muito complicado! O casal Jensen, de Camboriú, supervisionou a construção. Foi construída uma igrejinha, pela Comunidade Camboriú, numa parte vaga do terreno. Isto nos trouxe muitas complicações, pois a comunidade reivindicava todo o local da construção. Hoje é tudo nosso. O primeiro culto celebrado no Lar Balneário Camboriú foi ofici

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ado pelo pastor Lindolfo Weingärtner. Praeses Stoer sempre deume seu fiel apoio, e muitos retiros foram dirigidos por ele. Os retiros eram realizados regularmente em novembro e março, e diversos pastores dirigiram a parte espiritual, muitas vezes assessorados por suas esposas. Assim passaram os anos. A nova construção cresceu e dois confortáveis apartamentos vieram ampliar o espaço do Lar. Na temporada de verão, são alugados para cobrir despesas de conservação e administração. Em São Bento do Sul, um casal sem filhos, Sr. Wolfgang Amon, doou Vila Elsa, e a OASE responsabiliza-se pela manutenção, conservação e aumentos necessários. Vila Elsa serve às comunidades da 2ª Região, e em março, sempre há retiros para senhoras da OASE, em alemão e português”. Tia Walli, morava em Rio do Sul, em sua casa aconchegante, com suas orquídeas e violetas, com suas lembranças, bem vivas sempre, pois continuava como uma rocha firme para a OASE, que nela sempre encontrou apoio e respostas desejadas. Realmente, tia Walli querida, vale a pena viver para servir. Seu exemplo nos prova isto. A ampla casa onde morava dona Walli, foi doada à Comunidade Evangélica em Rio do Sul, que lá instalou a secretaria e demais departamentos.

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WALTRAUD ERICA REMBOLD Sínodo Uruguai

Waltraud, nascida em 19 de abril de 1955 em Cunha Porã, SC, era filha de Gerard e Erna Holcheber-ger, e casada com Alberto Rembold desde 1976, num casamento abençoado por duas filhas. Waltraud faleceu em sua residência, em Iraí, RS, no dia 21 de agosto de 2006, de infarto. Ela foi sepultada no dia seguinte, em emocionante celebração na igreja da comunidade, realizada pelo pastor sinodal Valdemar Witter, com auxílio do pároco local Adi Pfeifer. A celebração foi acompanhada por um grande grupo de amigos, familiares, representantes da diretoria sinodal da OASE e dos grupos de mulheres da paróquia. Waltraud era uma pessoa de fé, dedicada à família, à igreja e especialmente à OASE, da qual participou por mais de 20 anos, exercendo diversos cargos na comunidade, como coordenadora paroquial por duas vezes e como vice-coordenadora paroquial. Também foi vice-presidente sinodal e vice-tesoureira. Também foi presbítera ativa em sua comunidade e paróquia. Integrante ativa da OASE, representou o sínodo em encontros intersinodais. Preocupada com alimentação natural e saudável, preparava tudo com muita perfeição e carinho e sempre tinha algo diferente a oferecer nas reuniões, além de ensinar a fazer e passar receitas. Mãe e esposa dedicada, ela teve a alegria de assistir à formatura de suas duas filhas e vê-las encaminhadas profissionalmente. 236


Dedicava também carinho especial a Helma Pilz, integrante da OASE de Cunha Porã, responsável por seu ingresso na OASE. Com seu esposo, participou do Reencontro com o pastor Orlando Keil. O casal também participava do grupo da Melhor Idade de Iraí. Tinha por hábito matinal, enquanto tomava o chimarrão, de fazer sua devoção diária com leitura da Bíblia e de meditações. Uma de suas últimas atividades foi a participação num curso do setor de Formação do Sínodo Uruguai, no Centro Evangélico de Formação e Assessoria Pastoral e Popular (Cefapp), em Palmitos, sobre o tema “Vida no limiar da morte”, coordenado pelo Departamento de Diaconia. Solidarizamo-nos com a dor da família enlutada, confortando e animando-a na esperança da ressurreição e na força que vem de Cristo. Queremos sempre lembrar da Waltraud com carinho e saudades do seu jeito especial de ser, por seu amor e dedicação à família, à igreja e à nossa OASE, pelo exemplo de comunhão, testemunho e serviço que deixou. “Pois em ti está o manancial da vida: na tua luz vemos a luz” (Salmo 36.9). Maria Ignez Schneider

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WANDA TIMM HACKBART Sínodo Sul-Rio-Grandense

Wanda Timm Hackbart, nascida em 24 de novembro de 1931, na localidade de Colônia Triunfo, 7º distrito de Pelotas, veio para Canguçu com seus pais com 13 anos de idade. Filha de Alfredo Timm e Otília Muller Timm, casou-se com Lindolfo Hackbart no dia 19 de maio de 1951 em Canguçu, na residência de seus pais, rua Conrado Bento nº166. Teve dois filhos, Tailor e Gladis. Deixou três netas e três netos e um casal de bisnetos. Foi membro fundador da Comunidade Bom Pastor de Canguçu, participando durante quarenta e cinco anos da OASE como integrante do grupo e fundadora do mesmo. Nestes anos todos foi integrante do coral, por várias vezes participando do presbitério e, por fim, do grupo da terceira idade. Sempre fez do seu trabalho uma lição de vida e de amor. Com sua alegria contagiava a todos e transmitia carinho e atenção sempre. Mãe, a tua garra, vontade de viver e tua trajetória de vida cristã foi e sempre será um exemplo de vida para todos nós!

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ÍNDICE Preâmbulo ................................................................................5 Palavra da Presidente ...............................................................7 Adilia Braun Betzel ..................................................................9 Alma Bosse ............................................................................10 Alma Lohmann ......................................................................11 Alzira Saenger Biehl ...............................................................12 Amália Sparrenberger ............................................................13 Amalia Strassburger Saenger .................................................15 Amanda Schneider .................................................................16 Ana Spengler ..........................................................................17 Anita Delavald .......................................................................18 Anna Maria Grete Thönnigs ..................................................20 Augusta Carolina Ida Krieger Renaux ...................................24 Auguste Lecke ........................................................................29 Beate Johanna Wille ...............................................................31 Beate Spieweck Weingärtner .................................................33 Berty Jensen ...........................................................................36 Betty Zischler .........................................................................40 Brunhilde Maria Wolf Winkler .............................................. 48 Brunilda Tesche Matzembacher .............................................49 Clarícia Paulina Bucher Gabler .............................................. 55 Clementine Hartemink ..........................................................56 Concórdia Schwambach Costa ...............................................57 Contribuições Diversas ..........................................................59 Dalila Wölfle Fenker ..............................................................73 Dilia Irene Speck Ferreira ......................................................74 Dorotéia Lohman Nied ..........................................................81 Dorothea Schäfke ...................................................................83 Dorothea Seydel .....................................................................87 Elfriede Ziegler ......................................................................89 Ella Dupont Wallauer ............................................................91 Ella Harz ................................................................................93 Elsbeth Koehler......................................................................95

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Elvine Koch ............................................................................97 Elvira Sebastiana Kappel ........................................................98 Elza Krafft ............................................................................101 Emma Batschke Schneider ...................................................102 Érika Hauch Bienow ............................................................105 Erika Strothmann .................................................................106 Erna Heidrich .......................................................................108 Ethel Biehl ...........................................................................112 Felícia Emma Hatzky Schütz ...............................................114 Felicitas Droste ....................................................................119 Guilhermina Hell Ninke ......................................................122 Guilhermina Sand Lagemann ..............................................123 Hedwig Bornhold Behrens ...................................................125 Helena Coswig Leitzke ........................................................126 Helga Zirbes .........................................................................128 Helma Brakemeier ...............................................................129 Hermine Hardt .....................................................................133 Hertha Clara Koelle .............................................................136 Hilda Müller .........................................................................138 Holdina Kamke Hell ............................................................143 Hulda Scherer Johansen .......................................................144 Ida Schafel Vigka ..................................................................147 Irena Emilia Klüsener Hentschke ........................................148 Irene Tessmann Treptow ......................................................150 Íris Semlyanos ......................................................................152 Irma Neuhaus ......................................................................154 Irmgard Speckhahn ..............................................................156 Klara Herbrich Brauer ..........................................................157 Laura Maria Schann Lopes ...................................................160 Leonida Spellmeier ..............................................................161 Leonita Petry Heller .............................................................163 Lilly Kunde Schünemann .....................................................164 Liselotte Zander ...................................................................168 Luiza Welten Köhler ............................................................170 Lydia Braun ..........................................................................171 Lyra Ruthner ........................................................................177

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Margarethe Schlünzen .........................................................180 Margarida Weingärtner ........................................................183 Maria Carola Keller ..............................................................185 Maria Faulhaber ...................................................................187 Marie Brabandt Rotermund .................................................192 Marie Margarethe Bosco ......................................................194 Meda Übel Gerhardt ............................................................196 Melita Dahmer .....................................................................198 Morena Zimmermann Leser ................................................199 Norma Berger Forsch ...........................................................201 Norma Lamb Fries ...............................................................203 Norma Patzlaff Kuhn ...........................................................206 Norma Paulina Schmidt .......................................................207 Olga Dockhorn Bender ........................................................210 Oliria Feix Wilke ..................................................................216 Olívia Schmiht .....................................................................218 Ophelia Fischer ....................................................................220 Rosa Prochnow Ziebell ........................................................222 Sirlei Fick Lemos..................................................................223 Targina Fanny Elisa Romig Wittig ....................................... 224 Thealina Tiggemann ............................................................227 Traudi Lili Strahl Köhler ......................................................229 Vilma Dahmer ......................................................................231 Wally Heidrich .....................................................................232 Waltraud Erica Rembold ......................................................236 Wanda Timm Hackbart ........................................................238

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ÍNDICE

POR

SÍNODOS

Sínodo Centro Campanha Sul Ana Spengler ............................................................................... 17 Ella Harz ......................................................................................93 Irena Emilia Klüsener Hentschke .............................................. 148 Klara Herbrich Brauer ............................................................... 157 Norma Berger Forsch ................................................................ 201 Rosa Prochnow Ziebell .............................................................. 222 Traudi Lili Strahl Köhler ............................................................ 229

Sínodo Centro-Sul Catarinense Dorotéia Lohman Nied ................................................................ 81 Erna Heidrich ............................................................................ 108 Felícia Emma Hatzky Schütz ..................................................... 114 Wally Heidrich ........................................................................... 232

Sínodo Espírito Santo a Belém Adilia Braun Betzel ........................................................................9 Clarícia Paulina Bucher Gabler .................................................... 55 Érika Hauch Bienow .................................................................. 105 Guilhermina Hell Ninke ............................................................ 122 Holdina Kamke Hell .................................................................. 143 Ida Schafel Vigka ....................................................................... 147 Luiza Welten Köhler .................................................................. 170

Sínodo Mato Grosso Oliria Feix Wilke ........................................................................ 216

Sínodo Nordeste Gaúcho Amália Sparrenberger ..................................................................13 Dorothea Schäfke ......................................................................... 83 Helma Brakemeier ..................................................................... 129 Lydia Braun ................................................................................ 171 Morena Zimmermann Leser ...................................................... 199

Sínodo Noroeste Riograndense Brunilda Tesche Matzembacher ...................................................49 Dilia Irene Speck Ferreira ............................................................74 242


Emma Batschke Schneider ......................................................... 102 Hulda Scherer Johansen ............................................................ 144 Norma Paulina Schmidt ............................................................. 207 Olga Dockhorn Bender .............................................................. 210

Sínodo Norte Catarinense Hedwig Bornhold Behrens ......................................................... 125 Hermine Hardt .......................................................................... 133 Íris Semlyanos ........................................................................... 152 Irmgard Speckhahn .................................................................... 156 Margarethe Schlünzen ............................................................... 180 Margarida Weingärtner .............................................................. 183 Maria Carola Keller .................................................................... 185 Targina Fanny Elisa Romig Wittig ............................................. 224

Sínodo Paranapanema Betty Zischler ..............................................................................40

Sínodo Planalto Rio-Grandense Amanda Schneider .......................................................................16 Anna Maria Grete Thönnigs ........................................................20 Brunhilde Maria Wolf Winkler .................................................... 48 Clementine Hartemink ................................................................ 56 Elvine Koch .................................................................................. 97 Elza Krafft .................................................................................. 101 Erika Strothmann ...................................................................... 106 Hilda Müller .............................................................................. 138 Lilly Kunde Schünemann ........................................................... 164 Maria Faulhaber ......................................................................... 187 Olívia Schmiht ........................................................................... 218

Sínodo Rio dos Sinos Alzira Saenger Biehl ....................................................................12 Amalia Strassburger Saenger ....................................................... 15 Dorothea Seydel ..........................................................................87 Ethel Biehl ................................................................................. 112 Felicitas Droste .......................................................................... 119 Marie Brabandt Rotermund ....................................................... 192 Ophelia Fischer ......................................................................... 220

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Sínodo Rio Paraná Norma Lamb Fries ..................................................................... 203

Sínodo Sudeste Elfriede Ziegler ............................................................................ 89 Elvira Sebastiana Kappel ............................................................. 98 Hertha Clara Koelle ................................................................... 136 Liselotte Zander ........................................................................ 168 Marie Margarethe Bosco ............................................................ 194

Sínodo Sul-Rio-Grandense Dalila Wölfle Fenker ....................................................................73 Helena Coswig Leitzke .............................................................. 126 Irene Tessmann Treptow ............................................................ 150 Laura Maria Schann Lopes ........................................................ 160 Norma Patzlaff Kuhn ................................................................. 206 Sirlei Fick Lemos ....................................................................... 223 Wanda Timm Hackbart .............................................................. 238

Sínodo Uruguai Waltraud Erica Rembold ............................................................ 236

Sínodo Vale do Itajaí Augusta Carolina Ida Krieger Renaux ......................................... 24 Beate Spieweck Weingärtner ....................................................... 33 Berty Jensen .................................................................................36 Elsbeth Koehler ...........................................................................95

Sínodo Vale do Taquari Alma Bosse .................................................................................. 10 Alma Lohmann ............................................................................ 11 Anita Delavald .............................................................................18 Auguste Lecke .............................................................................29 Beate Johanna Wille .....................................................................31 Concórdia Schwambach Costa .....................................................57 Ella Dupont Wallauer ..................................................................91 Guilhermina Sand Lagemann .................................................... 123 Helga Zirbes .............................................................................. 128 Irma Neuhaus ............................................................................ 154 Leonida Spellmeier .................................................................... 161

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Leonita Petry Heller ................................................................... 163 Lyra Ruthner .............................................................................. 177 Meda Übel Gerhardt .................................................................. 196 Melita Dahmer ........................................................................... 198 Thealina Tiggemann .................................................................. 227 Vilma Dahmer ........................................................................... 231

Sínodos diversos Contribuições diversas ................................................................ 59

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Esta obra foi impressa em papel SULFITE 75 g para o miolo e em papel SUPREMO 250 g para a capa. O texto foi composto em fonte Bitstream Iowan Old Style BT, tamanho 11 para o corpo do texto e tamanho 18 para os tĂ­tulos.


OS OBJETIVOS DA OASE • Proporcionar um crescimento e fortalecimento da fé em Jesus Cristo. • Enfatizar o estudo da doutrina da nossa Igreja. • Proporcionar um ambiente de acolhimento mútuo. • Levar a mulher a valorizar-se a si mesma, aceitando-se como um ser feito a imagem e semelhança de Deus. • Apoiar a mulher, ajudando-a a encontrar soluções para seus problemas. • Incentivar o desenvolvimento dos dons pessoais. • Integrar a mulher na Igreja, acentuando a sua participação e capacidade de decisão. • Encorajar a mulher a testemunhar a sua fé. • Oferecer à mulher condições para perceber a realidade que a cerca e incentivá-la para uma ação responsável no presente, visando também as novas gerações. • Preparar a mulher para um trabalho diaconal.


No ano em que comemoramos os 110 anos da OASE, queremos entoar o hino que expressa as palavras do Salmo 100, o Salmo da OASE. 1. Ó terras, todas celebrai! Com júbilo ao Senhor cantai! Apresentai-vos com louvor, servi-lhe em alegria e amor!

3. Seu povo somos, sua grei! Deus, por seu Verbo, sua Lei, nos pastoreia sem cessar; jamais nos há de abandonar.

2. Lembrai-vos: O Senhor é Deus! Seu nome adoram terra e céus. Não és teu próprio criador, pois tudo deves ao Senhor.

4. Por suas portas, vinde, entrai; ações de graça lhe ofertai! Entrai com salmos de louvor no tempo santo do Senhor!

5. De geração em geração perdura sua compaixão. Seu santo nome bendizei; a vida em graças lhe rendei. HPD I – Hino 238

ISBN 978-85-87524-58-4

9 788587 524584


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