CAPA (A SER CRIADA)
2 CARTA ABERTA 3 MOSAICO SINODAL 6 MEDITAÇÃO 7 NA MIRA
CARTA ABERTA
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SUMÁRIO
9 UP SÃO PAULO Região Metropolitana de SP Missão dos Marinheiros Vila Campo Grande / Diadema Paróquia Nipo-Brasileira Progr. Comunitário Reconciliação 18 UP CAMPINAS Ribeirão Preto ALVO / Rio Claro 24 NÚCLEO RIO DE JANEIRO Nova Friburgo 190 Anos Missão em Rio das Ostras Projeto Educar pela Paz 32 NÚCLEO MINAS GERAIS Assoc. Educ. Teófilo Otoni Leste de Minas e Sul da Bahia Inst. Martim Luterno em BH
EXPEDIENTE
PRESENÇA LUTERANA: Revista trimestral do Sínodo Sudeste da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB. Diretor: Luis Claudio Blank Coordenador: Guilherme Lieven Edição: Mythos Comunicação (47) 3340-8081 Diagramação: Clovis Horst Lindner Conselho Editorial: Rolf Schünemann, Geraldo Graf, Guilherme Lieven, Manfredo Leffler, Almiro Wilbert, Adelia Lemke Graf Endereço para correspondência: Sínodo Sudeste – IECLB Rua Barão de Itapetininga, 255 Cj. 510 01042-000, São Paulo-SP E-mail: sinodosudeste@luteranos.com.br Telefones: 11 3257 8418 – 11 3257 8162 (fax) COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Hermann Wille, Adelia Lemke Graf, Geraldo Graf, Guilherme Lieven, Wilhelm Nordmann. Adélcio Kronbauer, Elisabet Brehm, Francisco Rafael Soares dos Santos, Rosilene Schultz, Herbert Emil Knup, Pâmela Milbratz, Clóvis Hortz Lindner, Carlos Alberto Radinz, Luis Carlos Teixeira Mello, Luiz Carlos de Oliveira, Joice Aline Klein, Linton Carlos Fruhauf, Evandro Jair Meurer, Adelar Schunke
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presença luterana
PEDRAS VIVAS NA CONSTRUÇÃO DA PAZ
Guilherme Lieven é pastor sinodal do Sínodo Sudeste da IECLB
APRESENTAMOS NESTA EDIÇÃO ESPECIAL traços da presença da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB em cidades e regiões do Sudeste brasileiro. Conforme a Palavra de Deus, os cristãos são pedras vivas na construção de sinais de vida plena no mundo, luz do mundo e sal da terra. Cada membro de uma comunidade cristã é importante, tem nome, tem uma vida que ressuscita. No exercício da sua espiritualidade assume compromissos com a participação comunitária, testemunho, esperança e fé, com uma vida cidadã orientada pela graça e pelo amor incondicional de Deus. Anunciam o Evangelho e oram pela paz. Dezenas de comunidades da IECLB vivem a fé cristã no Sínodo Sudeste. Caminham juntas. Apoiam-se mutuamente no exercício da missão. Assumem um modelo eclesiológico participativo. Identificamse com a forma de culto, confessionalidade e objetivos da IECLB presente em todo o país. São ecumênicas e celebram com outras comunidades e igrejas cristãs a presença autônoma de Deus salvador, na história e nos contextos, em que chama para denunciar os poderes da escravidão, e anunciar a liberdade e o dom da vida. Essas comunidades têm uma história; algumas ainda carregam tradições. São vocacionadas para servir, acolher, amar, diaconar, e anunciar a paz; ser espaço para a comunhão com Deus, para a vivência da fé. Criar vias de interação com os outros, aprendendo da pluralidade, sem medo das diferenças e desafios da sociedade e da realidade, marcadas pela violência e injustiça, perdas e sofrimento. Pequenas pedras, vivas, que se organizam e assumem compromissos com a missão de Deus de construir esperança, sinais de justiça e de paz do novo céu e da nova terra, que virá, mas que hoje já está presente. Boa leitura! Ore pelos cristãos e comunidades cristãs do Sudeste brasileiro. guilherme.lieven@luteranos.com.br
MOSAICO SINODAL
assembleia sinodal
ENCONTRO DE MUITAS DECISÕES Importantes decisões foram tomadas sobre a presença, testemunho e missão da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB no sudeste brasileiro, nos dias 17 e 18 de maio, em Campinas (SP). A assembleia contou com a presença do pastor presidente Nestor Paulo Friedrich, que no culto de abertura pregou sobre o tema da IECLB “Vidas em Comunhão” e sobre o lema “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz vós tereis paz” (Jeremias 29. 7). Na sua exposição, o pastor Nestor destacou a importância de lideranças e ministros/as em nossa igreja. Falou do papel de protagonistas, “de plantadores de maçãs” (Lutero) que têm assumido e das coisas bonitas que têm acontecido na IECLB, graças ao desprendimento, voluntariado e amor. Na assembleia, com 90 representantes de comunidades e paróquias, recebeu destaque a homologação da criação da Comunidade de São Carlos, filiada à Paróquia de Rio Claro; a celebração do planejamento estratégico em nível de núcleos do Sínodo, que apresentou de forma corajosa os caminhos que o Sínodo deseja nos próximos anos; também as eleições e indicações de lideranças e ministros para cargos e funções específicas de direção no Sínodo e na IECLB. O pastor Geraldo Graf, da Comunidade em Belo Horizonte, foi eleito pastor sinodal para o exercício 2015 a 2018 e o pastor Ernani Röpke, da Paróquia Cantareira (SP), foi leito vice pastor sinodal.
O pastor Geraldo Graf (D), de Belo Horizonte, é o novo pastor sinodal. O pastor Ernani Röpke (E), de Cantareira, é o novo vice sinodal.
COMPROMISSO ECUMÊNICO
O ECUMENISMO, na dimensão contextual e global, evoca a participação das comunidades e igrejas na missão de Deus no mundo, a partir de desafios comuns: unidade, comunhão, dignidade, direitos, justiça, paz e salvação. As ações ecumênicas mediam e facilitam pessoas, comunidades e igrejas na participação na missão de Deus, em curso na realidade em transformação. A unidade das igrejas e suas comunidades no caminho ecumênico em constante construção tornam-se base comum na busca pela paz nas cidades e entre os povos, na defesa e na afirmação da vida digna e plena. Os participantes nas ações ecumênicas das comunidades e igrejas cristãs recebem o dom da unidade e oram todos os dias com as palavras “seja feita a tua vontade”. No evangelho de João, Jesus orou ao Pai para que todos os seus discípulos, seguidoras e seguidores sejam um para que o mundo creia (Jo 17:21). O ecumenismo está enraizado na fé em Jesus Cristo, por meio do qual todos e todas são batizados e, portanto, membros do único corpo de Cristo. Por isso, a prática ecumênica baseada no amor aprende do apóstolo Paulo: “Cristo é como um corpo, o qual tem muitas partes. E todas as partes, mesmo sendo muitas, formam um só corpo” (I Co 12.12s). No Sínodo Sudeste, membros das comunidades, ministros e ministras com ordenação participam dos Conselhos Regionais das Igrejas Cristãs (CONIC Regional), integram celebrações ecumênicas e testemunham que a IECLB, conforme o Art. 5º, parágrafo 2º da sua Constituição, é uma igreja ecumênica, que aceita o convite e o desafio da missão em unidade.
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MOSAICO SINODAL
pastoral carcerária
MANIFESTO DA PASTORAL CARCERÁRIA nos sinais do Reino de Deus inclui a proclamação do amor incondicional, diaconisa suas várias aplicações, cria preocupação com a justiça em geral, assim como com a justiça social e os direitos humanos”.
Na Igreja da Paz, Paróquia de Santo Amaro, foi apresentado o Manifesto da Pastoral Carcerária do Sínodo Sudeste: A missão da Pastoral Carcerária do Sínodo Sudeste - IECLB. Na introdução do Manifesto está escrito: “A visita às prisões, a realidade dos presos e dos carcereiros estão incluídas na mensagem do Evangelho: “Estive na prisão e fostes me ver.” Essa palavra de Jesus Cristo (Mateus 25:35) nos motiva. A nossa participação
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Após cinco anos de atuação ministerial na pastoral, o pastor Wolfgang anunciou o seu retorno à Alemanha. E em culto foram celebrados os passos dados, as ações de amor, de cuidado e de acompanhamento aos presos e seus familiares. Fez parte da celebração o lançamento do Manifesto, que conta a história da Pastoral Carcerária, relata sobre a dura e desumana realidade dos presos e das prisões, denuncia a indiferença da sociedade - protagonista da violência, desnuda dados e o terror daqueles e daquelas que não sabem e nem acreditam no recomeçar. O manifesto desafia a igreja, as luteranas e os luteranos, a continuarem a Pastoral Carcerária e a se comprometerem com a mensagem de esperança aos separados e penalizados. E anuncia que, através do pouco, muito pode ser feito pela dignidade e pela paz nos contextos onde impera a violência.
O SONHO NÃO REALIZADO Clovis Horst Lindner é pastor em Blumenau / SC
lÁ SE VÃO 51 ANOS desde que, diante de 250 mil pessoas em Washington, Martin Luther King Jr. pronunciou o célebre discurso “I have a dream”, em que anunciava ter avistado a terra prometida num país livre do racismo. A sua luta foi vitoriosa e a segregação racial foi abolida por lei nos EUA. A discriminação das pessoas pela cor de sua pela continua, em pleno século 21. Não só nas ridículas piadas de negros que se conta sem o menor constrangimento como forma de diversão numa roda de amigos, mas em atitudes reais, como gritar a palavra “Macaco” a um jogador afro-descendente durante um jogo de futebol. Milhões de pessoas no Brasil e no mundo são as mais pobres só por causa da cor de sua pele; recebem menos por seu trabalho só por causa da cor de sua pele; as cadeias estão lotadas de pessoas que sofrem todo o rigor da lei e até injustas condenações somente por causa da cor de sua pele. A própria Mama África, o continente miserável e esquecido pela humanidade rica, é vítima sistemática por causa da cor da pele da maioria de seus habitantes. Só por causa dessa pequena lista óbvia, a luta de Martin Luther King não terminou e o seu sonho não se realizou. Mesmo nos EUA a discriminação racial é uma realidade, apesar da lei. Aqui no Brasil, o país que foi construído em grande parte por mão-de-obra escrava, negra, africana, continua a existir uma vergonhosa realidade de discriminação e preconceito, apesar de nos vangloriarmos de ser uma nação em que não há racismo. Ele não está presente na Costituição e provoca indignação quando se manifesta publicamente. Mas o racismo, na vida real, está em cada esquina do nosso país, de modo tão escancarado que só não enxerga quem não quer. Também na nossa IECLB não basta ter documentos, como a Cart6a Pastoral já emitida em 1988 pelo então pastor presidente Gottfried Brakemeier, exortando contra a discriminação. “Não é correto reagir à diversidade da criação de Deus com agressão; menosprezo e marginalização. Resultam daí a escravidão, a dominação, a perseguição, portanto diferenças que Deus
não quer. Sua vontade é que na variedade das criaturas seja respeitada a igualdade e que haja fraternidade e cooperação”, dizia o texto. Numa segunda declaração em 1992, o pastor presidente Brakemeier voltava ao tema, desta vez de modo mais contundente e direto: “A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil convida suas Comunidades e instituições, suas Igrejas-irmãs e todos os segmentos da sociedade brasileira a combater as expressões racistas que há em suas próprias fileiras. Parceria fraternal entre raças, culturas e etnias também no Brasil permanece sendo um alvo a perseguir, a despeito dos inegáveis sucessos havidos no complexo processo de integração das diferenças”. Mais de duas décadas depois, vemos novamente o mesmo assunto na mídia. Ou seja, nada mudou, substancialmente. Ainda há muito por fazer. Nosso “antirracismo” de ocasião, que nos leva o cometer outros absurdos como incendiar a casa de uma gremista por ousar dizer o que vai no coração de muitos, não ajuda. Por tudo isso, o discurso de Martin Luther King deve ser lembrado sempre de novo, até que também entre nós a terra prometida possa ser vista.
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MEDITAÇÃO
ESPIRITUALIDADE, COMUNIDADE E COTIDIANO E o verbo se fez carne e habitou entre nós. (João 1.14) Guilherme Lieven é pastor sinodal do Sínodo Sudeste, em São Paulo / SP.
a espiritualidade, os modelos de organização das igrejas, os ritos e os conteúdos básicos da fé cristã do povo brasileiro contêm influências da história, das religiões dos povos que vieram da África, dos povos indígenas e das teologias das igrejas da Europa e dos Estados Unidos, também das tradições e das culturas destes. É de fácil percepção que a vida e a fé das pessoas cristãs estão associadas à realidade humana, ao contexto e ao ambiente social. Esta condição é positiva. O pior seria se o diálogo e a comunhão com Deus fossem construídos no vento. Jesus Cristo veio para mundo, amou o mundo, justamente para nele instaurar o seu reino, vencer a morte e dar a vida eterna no mundo e ao mundo. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito...”(João 3.16); “E o verbo se fez carne e habitou entre nós.” (João 1.14) O evangelho de Jesus Cristo não permite a flutuação da realidade. A presença de Deus no mundo e a interação dos seus fiéis com Ele acontecem, pelo poder do Espírito, mediadas pela historicidade e dinamicidade humanas. As influências da realidade humana, conjugadas com a presença autônoma de Deus no mundo são libertadoras. Mas, ao mesmo tempo, dificultam a leitura da revelação, da vontade e dos sinais do reino de Deus no quotidiano. Nem sempre essa simultaneidade facilita o anuncio da graça e do amor transformadores de Deus, fundamentados no evangelho de Jesus Cristo. Mesmo assim, o pior seria a fé em um deus totalmente abstrato. As pessoas ganham o Espírito Santo, a santificação, a fé, mas não o poder e controle total sobre Deus. Ao contrário, no quotidiano permanece em suas mãos e totalmente sob o seu cuidado e vontade. Na realidade histórica e humana, plural, imperfeita, desigual, injusta, violenta, manipulada e manipuladora acontece o processo de construção missionário de comunidades cristãs, espaços próprios para o exercício individual da fé e para a construção da comunhão com Deus, através de ritos, cultos, atos sagrados, ações de acolhi-
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mento e de ajuda. As comunidades recebem e anunciam a ação salvífica de Deus que, por graça e com autonomia, interage com amor na realidade, através das pessoas. Conforme a Palavra de Deus os cristãos e as suas comunidades são pedras vivas na construção de sinais de vida plena no mundo, luz para o mundo, sal para a terra. Cada membro de uma comunidade cristã é importante, tem um nome, tem uma vida que ressuscita. No exercício da sua espiritualidade, no quotidiano, assume compromissos com a vida, a justiça e a paz. Os cristãos, no exercício da vida cidadã, orientados pelo amor incondicional de Deus, mesmo tensionados e contraditados pelas ações e valores que articulam a injustiça e manipulam a vocação de todos e todas para a paz, através das comunidades de fé participam da missão de Deus de salvar a vida no mundo. A espiritualidade exercida no quotidiano necessita das comunidades cristãs, espaços e motivação para o exercício da fé, da comunhão com Deus e da participação nas ações transformadoras de Deus visíveis e invisíveis na realidade.
NA MIRA
NOTAS QUE COMPÕEM A MÚSICA URBANA
Pa. Pâmela Milbratz adaptado do seu relatório final do Período Prático na Comunidade em Belo Horizonte/ MG.
“a igreja desenvolve a sua missão num determinado contexto histórico e cultural. Ela é a porta-voz da boa notícia da salvação de Deus, em Cristo Jesus” (IECLB-PAMI 2008 a 2012). “O vento forte, seco e sujo em cantos de concreto parece música urbana. E a matilha de pessoas sujas no meio da rua é música urbana. E nos pontos de ônibus estão todos ali: música urbana. Os uniformes, os cartazes, os cinemas e os lares, nas favelas, coberturas, quase todos os lugares: Só há música urbana” (Música da banda de rock, Legião Urbana). Só há música urbana! O trecho da canção da banda Legião Urbana traz alguns acordes dessa “música” cada vez mais tocada neste país, que
tem assumido uma predominância urbana. Essa constatação é revelada quando nos deparamos com 83% da população brasileira vivendo em contexto urbano. A explosão demográfica no meio urbano é resultado do desejo e da busca das pessoas e das famílias por uma vida melhor. O contexto urbano apresenta-se como o local da realização de sonhos, do bem-estar, da diversão, do consumismo, da possibilidade de vivenciar experiências sem a preocupação com a opinião das outras pessoas, onde se pode extrapolar os limites sociais, tão comuns no campo e nas cidades pequenas. As vitrines coloridas, o acesso às inovações tecnológicas e a livre mobilidade encantam e aguçam o desejo e o imaginário das pessoas. Não obstante, quando as pessoas passam a viver no contexto urbano percebem que nem tudo são rosas. Na realidade, encontram mais espinhos do que rosas. Isso porque se deparam com “o vento forte, seco e sujo em cantos de concreto”. Elas têm diante dos seus olhos a
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enorme quantidade de edifícios, de apartamentos e de escritórios, que compactam muitas pessoas em espaços pequenos. Além da aglomeração gigantesca de pessoas no meio privado, há semelhante aglomeração de pessoas no meio público, ou seja, nas ruas, no trânsito, nos shoppings, nas praças, enfim, em todos os lugares da grande cidade. Essas enormes aglomerações resultam no aumento da poluição, da violência, da criminalidade, do tráfico de drogas, da miséria, da fome, da favelização e da degradação da vida. Nas grandes cidades, o abismo entre a riqueza e a extrema miséria é mais perceptível. Vemos todos os dias “a matilha de pessoas sujas no meio da rua”. Pelo fato do abismo social ser mais evidente, a ideia de mérito e de valor pelo que se tem é muito presente no imaginário e na prática do ser humano urbano. Percebe-se isso na forma ou na ausência da relação entre as pessoas de classes sociais diferentes, que gera a delimitação de espaços públicos, culturais, de consumo e de determinados bairros da cidade. Essa ideia de mérito e de valor também gera a valorização ou desvalorização de determinadas profissões e a busca incessante por bens de consumo. O contexto urbano também é marcado pelo espinho da desagregação, do anonimato e da solidão. Mesmo que a concentração urbana aproxime fisicamente as pessoas, a extensão territorial, a dificuldade na mobilidade, as relações pessoais e a construção de fortes laços afetivos. Além disso, o ritmo acelerado da grande cidade consome muita energia e, por isso, quase não sobram forças e motivação para a interação
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humana. Como forma de enfrentar essas dificuldades, o ser humano urbano busca meios tecnológicos de informação e de comunicação para estabelecer e para manter seus vínculos e o contato com o mundo exterior, passando a adaptar-se aos relacionamentos e contatos virtuais em detrimento à convivência presencial e comunitária. O contexto urbano também se caracteriza pela relativização de pensamentos e de conceitos, resultando num modo de viver e de pensar plural, no rompimento com as tradições, instituições e com rígidos conceitos. Essas características são solo fértil para a desregulação religiosa e para a desinstitucionalização da fé, que se caracteriza pela perda do sentido de pertença e, consequentemente, do compromisso com uma determinada expressão religiosa. O
cenário urbano está marcado pela autonomia das pessoas em interpretar e viver a religião, possibilitando o sincretismo e a reinvenção religiosa, onde cada pessoa elabora o seu sistema de crença, conforme o seu desejo e totalmente à revelia da instituição religiosa. Nessa nova vivência religiosa, o estilo emocional espetacular e mágico, a experiência íntima, a individualização e o apego aos produtos religiosos são critérios para a vida de fé: Uma fé que traga resultados e benefícios, que resolva e responda a seus problemas, anseios existenciais e cotidianos. As notas que formam a música urbana apresentam enormes desafios e peculiaridades, que podem ajudar a descobrir o jeito de ser e as oportunidades para realizar a missão de Deus como cristãos das comunidades da IECLB nesse contexto.
UP SÃO PAULO
A União Paroquial de São Paulo As comunidades, paróquias, grupos, setores comunitários e instituições sociodiaconais do Núcleo/ União Paroquial de São Paulo estão instaladas na Região Metropolitana de São Paulo, também conhecida como Grande São Paulo, a maior metrópole do Brasil com 39 municípios do estado de São Paulo em intenso processo de conurbação. Nesse contexto, oferece espaço para viver a fé cristã de forma comunitária e diaconal, promovendo o modo de vida cristão contextualizado, a partir da teologia da justificação pela fé e do amor incondicional de Deus. As comunidades e paróquias, instituições sociodiaconais, nos limites e potenciais dessa realidade urbana buscam desenvolver ações estratégica missionárias, comprometer-se com a sua missão e participar na missão de Deus. O Núcleo São Paulo / União Paroquial de hoje carrega os traços marcantes da busca, por décadas, pela contextualização da presença da IECLB na Região Metropolitana de São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista. Nesse processo destaca-se a pluralidade de práticas e propostas da vivência comunitária de fé, o atual perfil das ministras e ministros com ordenação, que atuam nas Comunidades e Paróquias, a criação de Instituições Sociodiaconais, o modelo de sustentabilidade, entre outros. Comunidades e Paróquias: : Paróquia do ABCD (sede em Santo André-SP), Paróquia Centro de São Paulo, Paróquia de Cantareira, Paróquia Leste (sede em Ferraz de Vasconcelos,SP), Paróquia de Guarulhos, Paróquia Vale do Paraíba (sede em São José dos Campos, SP), Paróquia de Santo Amaro, Paróquia Vila Campo Grande e Diadema e Paróquia de Santos. As 9 paróquias reúnem 10 Comunidades, 1 Área Missionária, 10 Pontos de Pregação e Instituições Sociodiaconais. Instituições Sociodiaconais: Centro Comunitário Casa Mateus (Mauá,SP), Centro Social Heliodor Hesse (Santo André,SP), Centro Social e Educacional Sal da Terra (Vila Campo Grande,São Paulo,SP), Centro Social Talita Cumi (Ferraz de Vasconcelos), Lar de Idosas OASE (Freguesia do Ó), Missão aos Marinheiros (Santos,SP), Programa Comunitário Reconciliação (Santo Amaro). Projeto Diaconal Comunitário: Moradores de Rua (Paróquia Centro, SP).
Região Metropolitana de SP: Área Missionária Carlos Alberto Radinz é pastor em São Paulo / SP
ATENDENDO SUA VOCAÇÃO MISSIONÁRIA desde os anos 2000, a Paróquia Centro de São Paulo iniciou atividade ministerial junto a famílias membro que residem nos municípios de Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra, os quais fazem parte da região metropolitana de São Paulo, e que se localizam ao longo da rodovia Régis Bittencourt. Já são 15 anos de trabalho comunitário regular na região. Os cultos são celebrados no Embu das Artes, numa pequena sala alugada, e marcam a presença luterana com seu jeito de ser igreja, através de sua pregação evangélica que dialoga com a vida, tendo como fundamento o próprio Cristo crucificado que por graça e fé se torna Deus vivo que dá vida e salvação. As principais atividades são a comunhão e o estudo/ formação da confessionalidade luterana. Os membros possuem um espaço comunitário muito limitado, utilizado para as celebrações e o culto infantil. A falta de estrutura molda a vida comunitária e as apostas se voltam para encontros nas casas de membros. Como somos Igreja Luterana na grande cidade, o sentimento de solidão que as pessoas vivenciam nas metrópoles e o consequente estresse do dia-a-dia é de alguma maneira transformado pela comunhão nos estudos bíblicos. O contexto no qual a comunidade está inserida, age sobre ela e a influencia, o que se apresenta como oportunidades e desafios. O maior deles é conciliar a vida dos membros com as atividades da comunidade.
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As famílias estão espalhadas pelos três municípios, os horários e os locais de trabalho são desencontrados, e há dificuldade de transporte. Isso impacta a vida das pessoas e a comunidade, levando as pessoas a cansaço e isolamento. Como resposta a isso iniciaram estudos nas casas em núcleos familiares. Isso tem feito a diferença. Antes, as pessoas mal se conheciam e voltavam para casa assim que terminasse o culto. Mas a partir da comunhão e da aproximação entre elas, surgiram grandes amizades. Outro desafio constatado nos estudos bíblicos foi a interferência que outras práticas teológicas por desconhecimento dos conteúdos da confessionalidade luterana. Por meio dos estudos e das pregações se evidencia o que é propriamente “nosso”, como luteranos; ou seja, a gratidão por sermos salvos pela graça de Deus presente na morte
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e ressurreição de Jesus Cristo por nós. Como resultado, os membros conseguem externar paz, confiança, humildade e alívio por não ter que prestar contas diante de um Deus inquisidor. O culto comunitário celebra este amor de Deus e é o culto que gera comunhão.
Como resposta ao isolamento da grande cidade, é a comunhão dos membros que produz sustentabilidade, pois a Comunidade Centro de São Paulo e a Área Missionária se enxergam como parceiras na mesma missão e dependentes uma da outra, constituindo as duas uma só Paróquia.
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Um porto de paz para os viajantes MISSÃO dos Marinheiros A DISCUSSÃO para estabelecimento de uma Missão Alemã aos Marinheiros no Porto de Santos remonta o ano de 1909. Sendo, Gustav Heidenreich, de Stuttgart na Alemanha, o primeiro pastor a ser designado para Santos, ele iniciou as atividades em 26 de Fevereiro de 1912. Em Março de 1916, foram firmados os Estatutos da Associação Alemã para Residência de Marinheiros. As verbas para o inicio e manutenção eram oriundas da Alemanha. Atualmente e no decorrer de toda existência da Missão aos Marinheiros o trabalho prestado sempre foi de suma importância para os marítimos, pois o trabalho nos navios é muito árduo. Os tripulantes enfrentam vários problemas e dificuldades, tais como: comunicação, exploração financeira, desligamento de familiares e amigos, confinamento, impossibilidade de lazer, esporte e contato social mais amplo. Atender e prestar assistência sem discriminação de raça, sexo, cor, nacionalidade ou religião. No navio percebemos que há discriminação, hierarquia e tratamento desigual e até desumano. Visita a bordo é uma oportuni-
dade de contatar os marítimos no seu local de trabalho e verificar suas dificuldades e necessidades, fornecer informações úteis sobre o porto, cidade, comércio e gastronomia local, oportunidade também de ter uma conversa amigável e fraterna. Muito importante devido à dificuldade de obter transporte na faixa portuária e dos altos custos dos táxis. A vida dos que trabalham nos navios requer um cuidado espiritual especial. O próprio Jesus Cristo acompanhava os discípulos em suas viagens de barco, ajudava-os e acalmava tempestades. Assim também a Missão aos Marinheiros procura auxiliar os marítimos e orientá-los através de aconselhamento pastoral, ofícios religiosos e sacramentos que podem ser realizados a bordo dos navios ou em terra. Ocorrem muitas situações nas quais os tripulantes necessitam de uma atenção especial, necessitam de alguém com quem possam conversar e obter orientação e consolo, principalmente em casos de falecimento de familiares, amigos, ou colegas de trabalho, mas também em situações
Muitos serviços aos marinheiros e um espaço de aconchego aos viajantes depois de dias e meses no mar é o que oferece a Missão de Marinheiros. Assistência, transporte e acompanhamento em terra estão entre eles.
de stress, depressão, solidão, isolamento, discriminação, conflitos a bordo, acidentes e doenças. O Porto de Santos é o maior da América Latina. Em 2013 atracaram no porto de Santos 5.257 navios, destes 2.465 foram visitados. 8.049 marítimos assinaram o livro de visita e foram atendidos na sede da Missão aos Marinheiros, porém estima-se que em torno de 40% dos marítimos não assina o livro. Nos hospitais Casa de Saúde e Beneficência Portuguesa foram atendidos 227 marítimos. São elaborados relatórios financeiros e apresentação de planilhas contábeis com todos as receitas e despesas. Toda contabilidade é verificada e analisada pela diretoria local, pelo contador da União Paroquial de São Paulo e pela DSM-Bremen. Também todas as notas e recibos ficam a disposição para verificação.
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Centro Social e Educacional Sal da Terra PARÓQUIA Vila Campo Grande / Diadema Wilhelm Nordmann é pastor em São Paulo / SP
O TRABALHO SOCIAL na Capela de Cristo, na Vila Campo Grande / São Paulo, começou no fim dos anos 70, quando um grupo de mulheres da comunidade de Santo Amaro (SP) passou a atender mulheres e crianças da favela próxima. A capela era o único cômodo naquela época, e tudo acontecia ali: cultos, reuniões e o atendimento do serviço social, na base do voluntariado. O grupo manteve suas atividades por 34 anos, até 2012. Havia muita carência, crianças com fome e com pouca roupa e as mulheres não tinham renda e formação. Como o tempo, o trabalho sociodiaconal cresceu, também a comunidade da Capela de Cristo. Nos anos 90, um vizinho colocou sua casa à venda, a comunidade conseguiu comprar e o espaço foi dobrado. Com a construção de diversas salas multiuso, as novas instalações deixaram claro que a comunidade apostava na sua vocação diaconal. Assim, em 1996 fundou-se o Centro Social e Educacional Sal da Terra,
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para servir a população da redondeza como obra diaconal. Em 1998, o Centro Social tornou-se entidade com CNPJ próprio. No final da década de 90, a realidade sócio econômica criava novas necessidades, de grande dificuldade de acesso a educação de qualidade. Como já havia professores de línguas na comunidade passou-se a oferecer cursos de língua, que existem até hoje, transmitindo conhecimento sólido e acessível a todos. Para ultrapassar o dogma da gratuidade existente no âmbito do trabalho social, desde o início cobrou-se taxas acessíveis pelos cursos, substanciais para o sucesso dos mesmos e a sustentabilidade do Centro Social. Os cursos – inglês, espanhol, alemão, violão e informática para adultos – custam um terço do valor, com alto nível de ensino e remuneração razoável aos profissionais. O serviço do Centro Social e Educacional Sal da Terra cresceram. Além desses cursos, são oferecidos gratuitamente alfabetização de
Instalações da Comunidade Vila Campo Grande.
Cursos de Línguas e de Informática.
adultos e o Programa de Trabalho Educativo, um curso preparativo para o trabalho, o primeiro emprego, voltado para jovens vindos de escola pública, que deve resultar na implantação do Programa de Aprendizagem. Há ainda espaço para um grupo da 3ª idade. A Oficina de Paramentos, fundada em 1992, produz paramentos e vestes litúrgicas oficialmente reconhecidos pela IECLB, que se baseia na filosofia do comércio justo, remunerando bem as bordadeiras. Participam das atividades ao todo 250 pessoas, acompanhadas por 20 profissionais e diversos voluntários. Entre os voluntários há vários membros da comunidade, que fazem diaconia e expressam seu compromisso de fé no Deus que cuida da vida para além das quatro paredes do templo. O Centro é um testemunho de fé da comunidade da Capela de Cristo.
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Luteranos japoneses: Alegria e desafio PARÓQUIA Nipo-Brasileira em São Paulo Luis Mello é pastor na Paróquia Nipo-Brasileira em São Paulo / SP
MONTANDO ORIGAMIS – Em São Paulo, duas comunidades luteranas de origem japonesa vivem a fé cristã motivadas pela vocação de propagar a esperança e a alegria da fé. Repleta de alegria, a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Nipo-Brasileira prepara-se para comemorar seu cinquentenário em 2015.
Cultos e reuniões
Atualmente, ela é formada pelas comunidades Luterana Japonesa na Liberdade (SP) e Sul Americana em Diadema (SP). A comunidade na Liberdade oferece aulas de dança e samba, de piano e flauta; promove intercâmbios de voluntários da Igreja Evangélica Luterana do Japão-JELC; realiza bazar duas vezes ao ano e
acolhe em suas dependências jovens que vêm do exterior, auxiliando-os na adaptação ao novo país que os acolhe. A comunidade Sul Americana de Diadema promove aulas de piano e flauta, visitação, grupo de mulheres da favela, acompanhamento aos Idosos e estudos bíblicos nas casas. A partir da imigração japonesa no Brasil, vieram também pessoas identificadas com a confissão luterana, trazendo a necessidade do atendimento pastoral dessas famílias. Respondendo ao chamado da cooperação e da partilha de fé e vida, a Japan Evangelical Lutheran Church- JELC e a ECLB se empenham em estreitar cada vez mais os laços de promover comunhão e diálogo. Deste espírito de cooperação e partilha nasceu a paróquia.
Templo da comunidade NipoBrasileira em São Paulo.
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presença luterana
UMA NOITE DE NATAL – A vida caminha por lugares que muitas vezes não estavam programados. A nossa história é feita por idas e vindas, aqui e acolá, norte e sul, oriente e ocidente. Temos alegria que comemoramos e compartilhamos; logo, desafios que nos ajudam a olhar para o futuro com esperança e alegria. A Comunidade Sul Americana foi fundada pelo pastor Tamokazu
Aoki, em 12 de agosto de 1934, mas foi fechada durante a segunda guerra mundial e reaberta na noite de Natal de 1948. A Comunidade Luterana Japonesa foi fundada pelo pastor Hiroshi Fijii em 1965. ALEGRIAS DA COMUNHÃO – “Estamos Alegres, pois grandes coisas fez o Senhor” (Salmo 126.3). Com este espírito celebramos os festejos
do cinquentenário da Paróquia, reafirmando a alegria em viver em comunidade e ser igreja na cidade. O legado de nossos antepassados serve para ver o nosso futuro com alegria e o desafio de propagar a esperança e a fé que nos foi doada, em primeiro lugar por Deus e, em seguida, por pessoas que se sentiram motivadas a ser instrumentos do evangelho reconciliador e alegre de Jesus Cristo. Neste contexto de luteranos japoneses em São Paulo, estes convidam e celebram a vida sob o olhar da fé, da esperança e da alegria de continuar falando da vida na comunidade. Assim, a Paróquia NipoBrasileira continua tecendo parte da história da Igreja de Jesus Cristo nos dias atuais e agradecendo ao bondoso Deus, aos homens e mulheres que dedicaram a sua vida para este legado de esperança e fé.
Culto na comunidade de Diadema.
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UP SÃO PAULO
Programa Comunitário da Reconciliação NINGUÉM ensina nada a ninguém, no entanto, só aprendemos juntos (Paulo Freire) Ms. Hermann Wille é pastor em São Paulo / SP
LIBERDADE E AUTONOMIA – A missão do Programa Comunitário é promover o desenvolvimento humano para a plena cidadania de crianças, jovens e adultos, através do desenvolvimento de atividades pedagógicas, oficinas culturais, oficinas de artes, cursos, palestras e cursos de geração de renda, para a comunidade, voltada para o resgate da dignidade e cidadania. A promoção da experiência comunitária é provida através da experiência cristã ecumênica, com ênfase na liberdade emancipação e autonomia, valores fundamentais da tradição protestante luterana. ECUMENISMO INSPIRADOR – O projeto da Reconciliação nasceu no início da década de 80, inspirado pela Pastoral Ecumênica do Menor, movimento ecumênico da época que contou com a presença inspiradora de Zilda Arns, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Luciano Mendes, Pastora Metodista Zeni Soares, Pastor
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presença luterana
Luterano Eugênio Foeringer, então pastor na Paróquia Centro, que já integrava uma equipe ecumênica de agentes de pastoral junto aos ‘Meninos e Meninas de Rua’, conforme denominação da época. A ação conjunta das Igrejas que ainda se alimentavam da resistência ativa ao regime militar, no rastro da redemocratização do País, passou a ensaiar iniciativas concretas junto às crianças excluídas. MOMENTO OPORTUNO – Através do Grupo de Mulheres, a Comunidade de Santo Amaro conseguiu entender este momento em função da Semana da Alegria, promovida para crianças no espaço da Igreja da Paz, ao partilhar esta experiência no período das férias numa escola pública na periferia da Zona Sul de São Paulo. A sensibilidade e experiência desse grupo da Comunidade fizeram com que fosse possível acolher o P. Eugênio e este promoveu as iniciativas que viabilizaram o Programa
Comunitário da Reconciliação. A valorização dos talentos locais, o profundo respeito à cultura local, aliado ao jeito cuidadoso de ser ao falar dos conteúdos e valores da fé cristã luterana, somado à visão e sinergismo do momento ecumênico, fizeram deste projeto algo coerente, sustentável e belo. COMUNIDADE CIDADÃ – Fica para a Igreja Luterana de São Paulo, Comunidade da Igreja da Paz, uma marca de grande valor: Ela não se ‘perdeu’ ao mergulhar na assustadora realidade de quem vive na periferia de uma megalópole. Os membros e simpatizantes da Igreja da Paz vivenciaram a experiência da Diaconia, da Educação Cristã, da Missão, enquanto testemunho consciente de uma Comunidade que se sabe Cidadã. Hoje, a Reconciliação mantém parcerias com a PMSP, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e Secretaria de Educação Infantil. Seus recursos
também são obtidos através de diversas fontes como: FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, PNAE – Programa Nacional Alimentação Escolar, Igreja Evangélica Luterana de São Paulo – Paróquia de Santo Amaro, Missão Global da ELCA, Fundação Luterana de Diaconia, Instituto C&A Desenvolvimento Social, Fundação Beneficente Heydenreich, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, KNH Brasil, Fundação Visconde de Porto Seguro, Instituto Alcoa, Sócios Contribuintes, Doadores Esporádicos, Círculo de Amigos no Exterior e Eventos Beneficentes.
Os conteúdos norteadores: cuidar e educar, diversidade e individualidade, resolução de problemas, proximidade com as práticas sociais reais, interação e integração, valorização dos conhecimentos prévios e ludicidade. CCA (Centro para Criança e Adolescente): atende 360 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos e mantém 15 crianças no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. O ano de 2013 iniciou com o intuito de fortalecer as ações pautadas nos Valores Humanos e nas Relações Interpessoais da equipe. As atividades pedagógicas continuam fundamentadas nos Parâmetros das Ações Sócio Educativas do CCA. Os Códigos da Modernidade do Século XXI de Bernardo Toro, os Quatro Pilares da Educação segundo a UNESCO, Direitos Humanos, Cultura de Paz e Jogos Cooperativos. No foco do desenvolvimento da comunicação e expressão verbal e corporal, escrita, por meio de projetos educativos com foco em vivência de valores no Incentivo à Leitura, Educação Ambiental, Jo-
gos e Brincadeiras, Arte e Cultura, Informática Educativa, Oficinas de Culinária, Musicalização – Coral, Teclado, Flauta e Canto; Capoeira e atendimentos básicos às necessidades escolares. Além disso, aconteceram dentro da entidade o programa de informática educativa e inclusão digital para as 375 crianças e adolescentes do CCA, um projeto Odontológico oferecido para todas as crianças e adolescentes. Momentos meditativos, reflexões sobre ética e valores cristãos ocorrem regularmente nas salas e encontros comunitários. Cantinho da Comunidade: Conta com 23 voluntários; o público alvo é composto por jovens e adultos a partir de 15 anos, membros da comunidade. Oferecemos cursos de culinária, informática, montagem e manutenção, manicure, cabeleireiro, caixinhas M, pintura em tecido, tricô, crochê, patch e aplique e costura básica. Também tivemos o apoio psicológico para a comunidade, com famílias atendidas pelo SASF, no Cantinho do Desabafo – autoajuda e iniciativas para geração de renda e Acupuntura.
PROGRAMAS E PROJETOS – Creche Cantinho da Criança: atendimento a 90 crianças de 2 e 3 anos e 11 meses, com cinco refeições diárias. O projeto pedagógico inclui atividades organizadas considerando as áreas de conhecimento de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
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UP CAMPINAS
A União Paroquial de CAMPINAS Luiz Carlos de Oliveira é pastor em Campinas / SP
A UNIÃO PAROQUIAL DA REGIÃO DE CAMPINAS abrange o interior do estado de São Paulo; região de muitas cidades, todas próximas às principais rodovias do estado: Anhanguera, Bandeirantes, D. Pedro I, Washington Luis; de grande densidade populacional, intenso pluralismo religioso, prosperidade econômica e contrastes sociais. As duas primeiras comunidades são Campinas e Rio Claro, fundadas no século 19, com a vinda de imigrantes europeus para a região. As atividades religiosas em Campinas remontam a 1862 e a comunidade foi fundada em 1869, que ganha personalidade jurídica no ano de 1893. Em Rio Claro, os primórdios remontam ao ano de 1863, com a fundação do cemitério evangélico, e torna-se comunidade a partir de 1883 com a construção do primeiro templo luterano no Estado de São Paulo. A União Paroquial Luterana da Região de Campinas–UPLRC estabeleceu-se ao longo dos anos. Iniciou em 1981, quando a Paróquia de Campinas, já com dois pastorados, decidiu transformar a comunidade de Monte Mor em Paróquia. Em 1983 a Paróquia de Rio Claro passou por um processo de descentralização e criou a Paróquia de Limeira (comunidades de Limeira e dos Pires). Na década de 1980 a American Lutheran Church decidiu encerrar suas atividades de missão no Brasil e doou todo seu patrimônio em Campinas, hoje o Lar Luterano Belém. Atualmente o Lar Luterano Belém é espaço para retiros, reuniões, encontros e seminários. Para preservar o espírito e a ação missionária das paróquias e da UPLRC, em 1997 criou-se o Fundo de Ação Missionária, fundamental para a criação das paróquias de Indaiatuba, Cosmópolis e Vale do Rio Atibaia/Valinhos. As paróquias de Limeira e Rio Claro criaram as áreas missionárias de Piracica-
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ba, Ribeirão Preto e São Carlos. Recentemente Ribeirão Preto e São Carlos também se tornaram comunidades. Na área diaconal dois trabalhos se destacam: a Associação Luterana ALVO em Rio Claro e o projeto Ágape em Valinhos. O Planejamento Estratégico Participativo da União Paroquial, concluído em agosto de 2013, está sendo uma ferramenta muito importante na vida das comunidades e paróquias. Em todos os anos realiza a sua Assembléia Ordinária, visando corresponder aos desafios que sua missão e estrutura exigem. Inúmeras atividades organizadas e executadas em nível de União Paroquial enriquecem a vida comunitária, o testemunho e a missão das comunidades da IECLB nesta região. Entre elas estão os encontros de integração e formação que visam fortalecer o envolvimento e ação das lideranças, como orientadoras/es de culto infantil; retiros de confirmandas/os; conselho de jovens (CONPAJE); encontros anuais de grupos de OASE, de corais, de formação de presbíteros e lideranças e de grupos de idosos; dia da igreja da UP e conferências de ministras/os. Há muitos desafios teológicos e pastorais que a UPLRC precisa enfrentar. A região tem realidade de diáspora e poucas cidades têm uma igreja luterana. Assim sendo, é urgente e necessário continuar investindo na criação de novos campos de missão. Há muitos luteranos que vivem nas cidades da região e não congregam em comunidades da IECLB, assim como há não luteranos que não congregam em qualquer igreja. É necessário fomentar e ampliar a presença e a participação evangélica luterana na região. Fazer-nos conhecidos como IECLB é um dos desafios que o Planejamento Estratégico Participativo colocou para a UPLRC. Outra tarefa importante é criar e fomentar atividades ecumênicas e comemorativas dos 500 anos da Reforma até 2017. Para viabilizar isso é necessário continuar investindo na realização de cursos e seminários de formação e capacitação de lideranças sobre missão integral. Até aqui Deus nos ajudou e confiamos que o mesmo continuará nos conduzindo nesta tarefa de sermos Igreja de Jesus Cristo nesta região.
Luteranos presentes em Ribeirão Preto ÁREA MISSIONÁRIA em Ribeirão Preto Joice Aline Klein é pastora na União Paroquial de Campinas / SP
CITUADA NO INTERIOR de São Paulo, Ribeirão Preto tem 158 anos de fundação e 650 mil habitantes. Conhecida como “Pequena Paris”, traz imensos desafios e perguntas para a IECLB: Como ser igreja, sem ser gueto? Como receber e acolher aqueles que possuem experiências religiosas tão diversas? Por outro lado, traz imensas alegrias, porque tais perguntas vão
sendo respondidas à medida que a comunidade caminha, descobrindo, acertando, se encontrando. A constituição da comunidade se deu graças ao apoio da Paróquia de Limeira, UP de Campinas. Sem isso, o projeto não teria alcançado tantas alegrias. Comemoramos e nos alegramos, mas continuamos certos de que muitos desafios ainda estão por vir nesta obra dedicada ao
anúncio e vivência do evangelho de Cristo. TRAÇOS HISTÓRICOS – A história da Área Missionária começou com a celebração da bênção matrimonial de Eidi e Silvio Gomes, em 1984. A noiva, luterana de Giruá/RS, e o noivo, metodista. A cerimônia foi realizada na centenária Igreja Metodista de Ribeirão Preto, pelo pastor luterano Renato Gerber, pároco em Limeira. A partir de então, o casal passou a frequentar esporadicamente os cultos em Limeira. Em 1986, outros luteranos vindos de comunidades da IECLB do sul do Brasil, procuraram a paróquia de Limeira. Durante certo período foram realizados, uma vez ao mês, cultos em salas cedidas pela Igreja Metodista. Em outubro de 1992, uma caravana formada por presbíteros das comunidades de Limeira e Pires esteve em Ribeirão Preto, preenchendo fichas de visitação, quando constatou que já havia 15 membros na cidade. Solicitaram da União Pa-
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UP CAMPINAS
roquial da Região de Campinas, que ajudasse a fundar a Área Missionária de Ribeirão Preto. No início, o pastor Antonio Carlos Behrens, Pároco em Limeira, viajava uma vez ao mês para realizar os cultos. Em 12 de abril de 1997, o ponto de pregação tornou-se oficialmente Área Missionária, aprovada pela Assembléia Geral Ordinária da UP de Campinas e referendado, nos dias 26 e 27 do mesmo mês, pelo 29° Concílio Distrital do então Distrito Eclesiástico de São Paulo. Oficialmente, as atividades iniciaram em 1º de Agosto de 1997, com a chegada do missionário em formação Renato Ebert. Em janeiro de 2003 realizou-se a compra de um terreno, substituído em 2010 por outro, onde hoje é a sede da comunidade: um salão de 150 m² e duas casas, uma alugada e outra usada como residência ministerial. Em novembro de 2011 os membros da Área Missionária, em assem-
bléia local, aprovaram o pedido de criação da comunidade, acolhido pela Paróquia de Limeira em janeiro de 2012. Em junho do mesmo ano a Comunidade em Ribeirão Preto foi criada pela XVI Assembleia Sinodal do Sínodo Sudeste. Em agosto de 2012 iniciaram estudos para a criação de projeto para assegurar a presença ministerial em Ribeirão Preto, que se concretizou em 2013 com a chegada da pastora Joice Aline Klein, instalada no terceiro Campo de Atividade Ministerial da Paróquia em Limeira/SP. A COMUNIDADE – A presença luterana vem se fortalecendo na região, e diversas atividades comunitárias acontecem no espaço utilizado para as celebrações dos cultos. O antigo prédio, que era oficina de carros, recebeu banheiros acessíveis, cozinha, sala para culto infantil, jardim e placa de identificação. A comunidade também tem identidade civil em Ribeirão Preto.
Um encontro do Culto Infantil, com a pastora e pais das crianças
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Mais de 25 pessoas participam nos cultos, que são realizados todos os fins de semana. Somos 38 famílias, espalhadas por diversas cidades da região de Ribeirão Preto. Nosso projeto segue na busca do crescimento, reencontrando outros luteranos que migraram para a grande região de Ribeirão Preto e acolhendo no seio da comunidade pessoas vindas de outras denominações religiosas. DIACONIA – A comunidade e a pastora também se envolvem em ações de apoio ao Lar Francisco de Assis, um hospital/lar que acolhe pessoas em situação de vulnerabilidade social, que passam por graves problemas de saúde e não conseguem receber o atendimento necessário em casa. Desde julho de 2013 a comunidade faz parte da Coordenação da Rede de Apoio Espiritual de Ribeirão Preto e Região, ligado ao Hospital das Clínicas da USP (Uni-
versidade de São Paulo), e outros hospitais da cidade. É um trabalho ecumênico, envolvendo mais de duas dezenas de denominações religiosas e um grupo de 400 voluntários. Neste trabalho de capelania hospitalar temos uma importante inserção nas atividades de um setor muito reconhecido na cidade de Ribeirão Preto. Nestes dois espaços além das visitas realizadas junto aos internados e seus acompanhantes, realizamos estudos e meditações com as equipes médicas. PASSOS DADOS – Durante os 25 anos de área missionária e agora como comunidade, nos alegramos com os passos dados. Um grande momento desta comunidade no ano de 2013 foi a hospedagem e realização do Dia da Igreja da UP de
Campinas. Ele serviu de impulso. Trouxe sentimento de pertença, novas perspectivas, incentivo e orgulho para cada um dos que estão em Ribeirão Preto. Já temos formado grupo de culto infantil com orientadoras, caminhamos para a formação do grupo de jovens, e um trabalho mais próximo da cidade de Franca, onde há uma presença luterana significativa, por ser uma região calçadista, que recebeu ao longo dos anos muitos migrantes, vindos da região de Novo Hamburgo e Sapiranga/RS. O planejamento estratégico indicou metas e objetivos claros para os próximos anos. Pretendemos continuar estimulando a participação na comunidade, desenvolver um projeto de música entre os jovens e
Receber o Dia da Igreja da UP de Campinas foi um incentivo e um orgulho para todos em Ribeirão Preto.
interessados, ampliar nossas redes em Ribeirão Preto e Franca, recuperar espaços de reflexão dentro da comunidade, melhorar o espaço de culto da comunidade, incentivar a participação nas atividades paroquiais e ecumênicas. Assim acreditamos que estaremos reforçando a importância do ser igreja comunitária, ativa e fraterna na cidade de Ribeirão Preto e região.
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UP CAMPINAS
Diaconia no Alvo em Rio Claro ALVO Associação Luterana em Rio Claro Linton Carlos Fruhauf é diácono em Rio Claro / SP
a associação luterana alvo é uma entidade diaconal voltada para crianças, adolescentes e famílias dos bairros Novo Wenzel, Bom Sucesso e Batovi, em Rio Claro/SP. Ela surgiu por iniciativas diaconais e sociais da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rio Claro da Paróquia em Rio Claro da IECLB. Atividades diaconais e sociais estavam sempre inseridas na mis-
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são da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rio Claro. As ações do grupo de mulheres, Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas - OASE, no ano de 1996, iniciou trabalhos sociodiaconais voltados para bairros Jardim Novo Wenzel e Bonsucesso. Alugaram espaços de garagens e salas para abrigarem as atividades com crianças desenvolvidas.
Com o passar do tempo a Comunidade reprogramou suas atividades e decidiu fazer uma campanha, na busca por recursos para aquisição de um terreno para construção do próprio espaço para as atividades sociodiaconais. Com a bênção do bom Deus, em 2004 iniciou a construção do espaço próprio, inaugurado em 2006. O novo espaço passou a hospedar vários projetos sociais voltados para os moradores dos bairros próximos. Depois de anos de atividades, gestadas por voluntários e lideranças da comunidade, verificou-se a necessidade de uma coordenação e gestão presente e integral. A Paróquia criou uma vaga ministerial e elegeu o diácono Linton Carlos Fruhauf para a função, que iniciou a coordenação
A sede da Alvo (abaixo) é o espaço em que ocorrem todas as atividades, sociodiaconais desenvolvidas na região dos bairros Novo Wenzel, Bom Sucesso e Batovi.
em 2012. Na mesma época cria-se e da posse ao Conselho no 1º Culto da Diaconia nas dependências do Projeto ALVO. O grupo gestor e o diácono Linton cuidam da gestão e coordenam as atividades fins da Associação Luterana ALVO, criada para abrigar e desenvolver trabalhos sociodiaconais na região dos bairros Novo Wenzel, Bom Sucesso e Batovi. A Associação Luterana ALVO conta com parcerias com a Prefeitura Municipal de Rio Claro, fundações e entidades sociais da cidade. Mensalmente se reúnem para fortalecer as parcerias e articular o trabalho conjunto, que incidem no cuidado, formação e transformação de pessoas em situação de necessidade e risco. Ao mesmo tempo, com cultos dominicais, visitação e estudos bíblicos a gestão da Associação Luterana Alvo assegura as características e missão da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rio Claro, multiplicando o lugar da proclamação da Palavra de Deus, da vivência comunitária de fé, imbricada com os programas e ações sociodiaconais. A avaliação e planejamento recentes propuseram aperfeiçoar a formação dos voluntários, ampliar o atendimento ao público alvo, realizar novos cursos em parceria com outras entidades sociais da cidade, fazer novas campanhas para a sustentação de todo trabalho desenvolvido na associação, motivar novos colaboradores e parceiros de recursos financeiros, visando fortalecer os objetivos e as ações. Somos Igreja que busca viver “viDas em comunhão”, para que a paz na cidade e sociedade, pela qual oramos seja a nossa paz.
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NÚCLEO RIO DE JANEIRO
IECLB NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO COM A NOVA ESTRUTURA SINODAL, surge o Núcleo Rio de Janeiro, para designar o conjunto de comunidades, paróquias e instituições da IECLB instaladas no Estado do Rio de Janeiro. Além das paróquias, comunidades e a Associação Creche Bom Samaritano da cidade do Rio de Janeiro, integram o Núcleo as comunidades de Nova Friburgo, Petrópolis e Resende, a Paróquia Esperança/Niterói com a Comunidade Norte Fluminense, o Projeto Educar pela Paz e o Centro Evangélico Luterano em Araras-CELAR. A Comunidade de Nova Friburgo foi a primeira comunidade da IECLB e do Rio de Janeiro a se constituir, em 3 de maio de 1824, a partir de um grupo de imigrantes europeus acompanhado pelo pastor luterano Friedrich Oswald Sauerbronn. A Comunidade em Petrópolis teve início em 29 de agosto de 1845. A sua história se confunde com a história da cidade de Petrópolis. Em 29 de junho de 1845 chegaram a Petrópolis os primeiros imigrantes evangélicos luteranos. A Comunidade de Resende, constituída formalmente em 1996, é fruto de um trabalho desenvolvido nos anos 1980, no Campo Missionário do Vale do Paraíba. Iniciou através de contatos, estudos bíblicos em casas de famílias luteranas e cultos na capela da Academia Militar das Agulhas Negras. O Campo de Atividade Ministerial foi criado em 2004. Na cidade do Rio de Janeiro a Paróquia Martin Luther foi a primeira a se constituir, em 25 de junho de 1826. A partir dela surgiram as outras comunidades e paróquias da cidade do Rio e em Niterói. Ainda no tempo em que a IECLB estava estruturada em regiões eclesiásticas, em 1977, as quatro paróquias da Região Metropolitana no Rio de Janeiro (Centro, Ipanema, Niterói e Missão Suburbana, depois denominada Norte) constituíram uma União Paroquial. A proposta foi de administrar e aglutinar a atuação pastoral em sua área de abrangência. Até 2006 a União Paroquial debateu, articulou e gestou a presença evangélica luterana da IECLB no Rio de Janeiro e Niterói. Também possibilitou a sustentação de comunidades/paróquias mais fracas.
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190 anos no Brasil A IMIGRAÇÃO ALEMÃ em Nova Friburgo Adélcio Kronbauer é pastor em Nova Friburgo / RJ
Culto comemorativo pelos 190 anos da imigração alemã no Brasil e pela fundação da comunidade de Nova Friburgo.
surgimento – A fundação da Comunidade Evangélica Luterana em Nova Friburgo/RJ se deu com a chegada de imigrantes de origem germânica, promovida por um projeto Imperial de Dom Pedro I. Isto ocorreu em 3 de maio de 1824. O processo migratório não foi sem conflitos de objetivos, interesses e necessidades. Os conflitos aconteceram porque no contrato de imigração não estava previsto eles ocuparem lotes de terras na Região Serrana do Rio de Janeiro e sim em um lugar no Sul da Bahia. Não lhes restando opções, após manifestações em contrário, se renderam ao poder imperial brasileiro e vieram fazer companhia aos suíços sobreviventes que já se faziam presentes na região desde 1819. O movimento migratório se deu também com grandes sofrimentos pessoais. As condições de viagem apresentavam aspectos nada favoráveis para a saúde das pessoas. Muitas ficaram debilitadas e morreram antes de poderem conhecer sua morada no
novo continente. O caso mais conhecido é o falecimento da esposa do pastor Sauerbronn, cujo óbito veio a ocorrer durante o nascimento de um de seus filhos, que também faleceu pouco tempo após haverem subido a serra. Este fato deu origem ao cemitério Jardim da paz, popularmente denominado de cemitério dos alemães. O grupo de imigrantes alemães trouxe uma novidade ao contexto religioso brasileiro. Até então ainda não havia uma comunidade cristã de confessionalidade protestante funcionando no Brasil com expressa autorização governamental. Neste projeto de imigração estava incluída a contratação de um pastor luterano. Este pastor assumiu manter a colônia alemã unida e com metas de que se desenvolvesse. A comunidade luterana é quem desempenhou este papel. A possibilidade de manifestar a espiritualidade através do idioma materno foi, pelo menos na primeira
geração destes imigrantes, um fator preponderante para se manterem com forças de vida. A comunidade luterana de cunho étnico germânico desempenhou um papel social bem definido: animar e consolar as pessoas através de uma mensagem de esperança, para que as pessoas não desfalecessem em meio às extremas adversidades encontradas. A comunidade étnica protestante também assumiu o papel de representar legalmente os interesses dos imigrantes diante das autoridades constituídas pelo império. Se lermos os documentos produzidos na época veremos que isto de fato ocorreu, sendo o pastor Sauerbronn o representante legal desta. Creio ser mister ressaltar que aos protestantes era proibido pregar sua doutrina eclesiástica para outras pessoas que não fossem os imigrantes. Também não era permitido celebrar casamentos ou batismos para pessoas que não fossem de berço protestante. Não eram autorizadas
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celebrações consideradas pomposas, mesmo fúnebres. A construção de um local de culto em forma de templo era vetada. Somente em 1858 que se construiu um templo, cuja obra se utilizou até 1952, quando foi inaugurado o novo templo. Estes aspectos legais envolvendo religiosidade e administração pública imperial trouxeram alguns aborrecimentos e entraves à vida das pessoas. Entre os suíços havia pessoas que confessavam o protestantismo, mas assinaram um documento de abjuração como condição de imigração. Com a chegada dos protestantes alemães, alguns se encorajaram a voltar à origem religiosa que no íntimo nunca haviam abandonado. Tais acontecimentos produziram ressentimentos e desconfianças entre as denominações religiosas da época. Tudo porque aos protestantes era
expressamente proibidos por lei de serem evangelizadores, o que se chamava de prosélitos. Quando o pastor Sauerbronn começou a perder suas forças físicas, o pastor Mayer assumiu a condução pastoral da comunidade, o que se oficializou após a morte do primeiro, em 1864. Pode-se dizer que, sob a liderança do pastor Meyer, a comunidade viveu dois momentos distintos: auge e decadência da prática do protestantismo de cunho luterano em Nova Friburgo na segunda metade do século XIX. Auge porque na medida em que descendentes de imigrantes, na busca de melhores condições de existência, passaram a se dedicar ao plantio do café, ao comércio, alguma profissão liberal ou mesmo outro ofício de prestação de serviço, o luteranismo
cresceu em influência na sociedade e não ficou restrito à região onde estavam localizados os lotes destinados originalmente aos mesmos. Neste período foi fundada a comunidade em São José do Ribeirão, que já não existe mais. No lugar há uma comunidade presbiteriana. Há indícios de que, no período de atuação do pastor Mayer, tenha sido adotado o português em várias ocasiões para celebrar. Isto é um forte indicativo de que os descendentes dos imigrantes passaram por um processo de aculturação e dispersão, especialmente durante as duas últimas décadas do século XIX. No entanto, o uso da língua portuguesa nos cultos não foi suficiente para evitar um quase desaparecimento da comunidade luterana no local. A comunidade vinha perdendo sua função social original, de manter uma colônia étnica unida. Vale lembrar que o pastor Mayer foi um cidadão bastante ativo na vida pública e administrativa de Nova Friburgo, chegando a ocupar a presidência da Câmara, que lhe dava simultaneamente a função de prefeito. No final da vida de Mayer, um de seus filhos conduziu atividades no seio da comunidade, mas não era oficialmente pastor. Este filho do pastor Mayer posteriormente se transferiu para a comunidade calvinista (Presbiteriana) que surgira em Nova Friburgo no final do século XIX. Com a morte do pastor Mayer encerra-se um ciclo histórico do luteranismo em Nova Friburgo.
As atuais instalações da comunidade luterana de Nova Friburgo, com destaque para o templo.
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decadência – Com a morte de Meyer, de 1905 a 1937 o povo luterano não contou com atendimento pastoral. O pastor Friedrich Ludwig Hoepffner, do Rio de Janeiro, fazia atendimento esporádico. Entre 1933 e 1937 o professor e missionário Friedrich Gustav Ernst Plögerdeve colaborou, por residir em Nova Friburgo, pois consta haver falecido no Município. Esta realidade fez com que a presença luterana em Nova Friburgo ficasse extremamente enfraquecida. As atividades no templo eram tão poucas, a ponto dele ter sido cedido aos presbiterianos na segunda década do século passado. A invisibilidade da existência de uma comunidade luterana entre os anos 1910 e 1917 em Nova Friburgo ficou evidenciada pela tentativa de se vender o terreno da mesma. Algumas pessoas reclamaram, afirmando que a comunidade ainda existia. Num
processo judicial, a causa foi dada como ganha para a comunidade Luterana, em 1917. ressurgimento – No início da segunda década do século XX aconteceram os primeiros passos que iriam mudar bastante a configuração social, política e econômica de Nova Friburgo. Isso traria de volta a presença mais incisiva do luteranismo no cenário cultural e religioso friburguense. Trata-se do processo de industrialização, tendo como uma das principais lideranças Julius Arp. Os investidores, diretores e um contingente considerável de pessoas envolvidas na construção e na condução das fábricas fundadas em Nova Friburgo ao longo das primeiras décadas do século XX eram de ascendência ou descendência alemã e luterana. Assim, o luteranismo se apresentou novamente na condição
de estar culturalmente abraçado com determinada etnia. A comunidade luterana mais uma vez assumiu o papel social de manter a coesão do grupo étnico. O nome da comunidade era Deutsche Evangelische Kirche (Igreja Evangélica alemã), mudado após a segunda Guerra Mundial, quando se aboliu o termo Deutsche, adotando Igreja Luterana de Nova Friburgo. Em 1937, aconteceu uma cisão no interior da comunidade alemã. A questão envolvia contradições entre os que defendiam e os que se opunham à ideologia nazista. Antes de o Brasil declarar guerra aos países alinhados com o Terceiro Reich de Hitller, eram permitidas manifestações públicas a favor desta forma de governo. Getúlio Vargas mantinha proximidade com o governo italiano, que por sua vez era aliado com o alemão e isto criava um clima favorável para propaganda pública. Mas em
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Nova Friburgo muitos alemães não tinham simpatia por um governo autoritário tipo o de Hitler. Estes deveriam ser mais defensores de um tipo de política governamental de cunho mais liberal. Esta cisão originou a ideia de convidar alguém para promover um diálogo no sentido de manter a união quanto aos objetivos maiores no contexto regional. Entrou em cena o pastor Schlupp. A missão mais imediata foi levada a cabo com êxito, mantendo-se a unidade. A comunidade de fé foi quem celebrou este elo. A comunidade luterana garantiu um lugar importante na história de Nova Friburgo e acompanhou espiritualmente um processo de desenvolvimento social, econômico, político e cultural. A comunidade tem como base pessoas de cultura germânica e continua adotando o idioma alemão para suas celebrações. Durante a Segunda Guerra Mundial, a comunidade foi vista com desconfiança, especialmente por parte do governo brasileiro quando declarou guerra aos países do Eixo. Pastor e muitos membros foram presos durante três meses. Os cultos foram proibidos. O templo foi alugado para a Igreja Metodista, então se organizando em Nova Friburgo. Durante dois anos se podia oficiar algum rito somente mediante autorização especial. Em meio a isso, a comunidade procurou exercer a solidariedade. Em 1938 enviou doações para o Chile em função de um terremoto que vitimou muitas pessoas. Também fez campanhas para arrecadar roupas e calçados para serem enviados para as vítimas que tiveram suas habitações
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destruídas pelos conflitos bélicos e vagavam pelas ruas durante o inverno congelante da Europa. PONTO ALTO – Terminada a Guerra em 1945, começou um novo período da história do luteranismo em Nova Friburgo. Com o desenvolvimento industrial mais vertiginoso o luteranismo se fortaleceu. Em 1952 foi inaugurado o templo atual, já que o antigo foi vendido aos metodistas. Nas décadas seguintes, a comunidade viveu o auge de todos os 190 anos de sua história. Auge no que diz respeito ao número de membros e influência na sociedade friburguense. As pessoas de confissão luterana deixaram marcas profundas na história de Nova Friburgo e na história de muitas pessoas, seja através das lideranças nas fábricas, da ação pastoral do pastor Schlupp ou mesmo de gestos simples das pessoas da comunidade. Ao longo da segunda metade do século XX, pessoas de tradição cultural não germânica começaram a ser acolhidas no seio da comunidade, mudando sensivelmente a configuração social. A comunidade dava os primeiros passos no sentido de superar sua condição etnicismo, como “igreja dos alemães”. Cultos e outras atividades começam a ser oficiados em português. atualidade – Quando o modelo industrial constituído em Nova Friburgo entrou em declínio, houve consequências para a comunidade luterana. Perdeu-se parte significativa de sua base social. Já não predominam os sobrenomes de origem germânica, fazendo com que a busca por celebrações com uso do idioma alemão é escassa. Há ainda um culto
mensal em alemão. Todas as demais atividades são em português. Vivemos um grande desafio. Somar-se a outras denominações religiosas a fim de construir um ambiente de paz e dignidade. Somar sem perder uma identidade própria, pois é na diversidade das identidades que podemos somar para construir. O luteranismo agora poderá e irá trabalhar para tornar-se conhecido por seus fundamentos, seus princípios, sempre orientados por uma criteriosa interpretação das sagradas escrituras. Para concretizar a presença luterana em Nova Friburgo, onde contamos com apenas um local de pregação, procuramos desenvolver um trabalho de organização de pequenos grupos que atuam em diversas áreas de interesse como, por exemplo, o Grupo de cultura e espiritualidade e o trabalho com voluntariado, coordenado pela equipe de Diaconia. A comunidade herdou um patrimônio histórico que é o cemitério. Precisa ser administrado com muito zelo, pois além de preservar a memória histórica da igreja e da vida social e cultural de Nova Friburgo, é, muitas vezes, a âncora de sustentabilidade da comunidade. Esta é a história breve e geral da presença luterana em Nova Friburgo e seus desafios atuais de acordo com a visão de alguém que está apenas há quatro anos vivendo neste contexto. O passo seguinte é conhecer melhor muitos detalhes desta presença, tendo como foco a história dos presbíteros(as) e outras lideranças, como organistas e pessoas que deixaram seu testemunho atuando em diversos serviços que a comunidade prestou e vivenciou.
NÚCLEO RIO DE JANEIRO
Missão em Rio das Ostras PROJETO MISSIONÁRIO Norte Fluminense Elisabet Brehm é pastora no Rio de Janeiro
O PROJETO construiu a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Norte Fluminense com sede na cidade de Rio das Ostras, RJ. A comunidade reúne membros, originários de diversas regiões e realidades brasileiras. No ano de 2009, o Projeto Missionário Norte Fluminense foi aprovado pela IECLB para desenvolver a
missão na região. Missão entendida como acolhimento, como re-união de quem, longe de sua terra natal, pode se re-conhecer como “de confissão luterana”. Um grande desafio, assumido por poucas pessoas, que têm a certeza de que a tarefa de viver comunidade é inspirada por Deus. Antes do Projeto Missionário Norte Fluminense surgir, nos anos 90, um
grupo de estudos bíblicos começou a se reunir na cidade de Macaé, iniciativa liderada pelo Sr. Almiro Wilbert. As atividades foram se expandindo além do Estudo Bíblico com a vinda do Pastor e depois da Pastora de Niterói uma vez por mês para realizar os Cultos e atividades comunitárias. Conforme foi crescendo o grupo, também cresceu o desejo de ter de uma Comunidade na região dos Lagos. Assim, no dia 21 de março de 2010, esse sonho foi concretizado com o envio do Pastor Francisco Rafael Soares dos Santos, pela IECLB. Desde então, o Projeto Missionário Norte Fluminense conta com um ministro com ordenação residindo em Rio das Ostras. Inicialmente, o projeto foi de atendimento às pessoas luteranas que residiam na área de Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Macaé. Em seguida, ampliou-se até Araruama, São Pedro da Aldeia, e mais ao norte, Campos dos Goytacazes.
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O objetivo que se tem atingido com o Projeto Missionário e a presença do pastor Francisco, é assegurar a presença pastoral e missionária da IECLB na região do Estado do Rio de Janeiro, denominada “NorteFluminense”, testemunhando o Evangelho sob a ótica da teologia luterana. O Projeto contempla uma proposta missionária para trabalho urbano, diaconal, com jovens não luteranos, e quer integrar esse trabalho com a formação de uma liderança jovem que interaja com a Comunidade. O atendimento a famílias luteranas é contínuo, aliado agora a uma atuação direta na periferia, com o Evangelho testemunhado sob o enfoque da não-violência, e vivência de atividades com jovens e seus familiares afrodescendentes. Os membros da Comunidade são originários de diversas regiões e realidades. Há inserção dessas pessoas em movimentos, em momentos e em eventos. O acompanhamento pastoral dá suporte para que o testemunho das pessoas possa ser mais visível, mais intenso. Isso tem trazido sempre mais pessoas, não só as que estão longe de suas comunidades, mas também as que querem buscar comunhão na igreja de Confissão Luterana. O custo de vida alto, a distância entre os vários lugares de atendimento e a falta de recursos, impedem a articulação do modelo eclesiológico da IECLB na região. O atendimento pastoral e a presença evangélica – de confissão luterana – fazem surgir maiores expectativas, ideias partilhadas a todo momento, buscando a missão e o envolvimento da pequena comunidade, já reunida
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tantas vezes, em comunhão, no testemunho da Palavra proclamada e na diaconia. O Sínodo Sudeste é, notadamente, o sínodo da IECLB que comporta mais comunidades em contexto urbano, em contexto de megalópoles. A experiência com jovens urbanos, em periferia, envolvidos com uma comunidade luterana, é para ser partilhada e discutida. A participação em atividades da IECLB em âmbito sinodal e nacional foi marcante e pode ser ainda mais experimentada. As características econômicas e o potencial missionário da região apontam na direção de uma comunidade autossustentável. Em 3 anos, houve aumento considerável em número de membros e de contribuição. Iniciamos com apenas três famílias contribuintes, hoje contamos com 13 contribuições fixas. Não é o suficiente ainda para nossa sustentabilidade independente. Conseguimos estabelecer maior vínculo com pessoas que assumiram cargos no presbitério. Assim, o trabalho que antes caía só na pessoa do pastor, pode ser assumido, responsavelmente, pelas pessoas da comunidade. Também conta muito a presença do pastor Emérito Zumir Penno que, residindo em Rio das Ostras, está engajado na Comunidade, coordenando o louvor e assumindo celebrações na ausência do Pastor Francisco. O Projeto Missionário Norte Fluminense, em 2013, como fruto de sua caminhada e organização, oficializou sua situação com a formação do Presbitério, possibilitando a estruturação e surgimento da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Norte Fluminense. Em
2013 foi definido o Estatuto da Comunidade, criado CNPJ próprio dando visibilidade jurídica à Comunidade e também a formação de um Conselho Paroquial com presbíteros da Comunidade Norte Fluminense e da Comunidade Esperança de Niterói, formando juntas a Paróquia Esperança. O Conselheiro Sinodal da Paróquia, senhor Eveli Emilio Bock e membro da Comunidade Norte Fluminense dá um testemunho, dizendo: “ O projeto Missionário Norte Fluminense trouxe para a nossa Comunidade o sentimento de valorização de nossa existência enquanto igreja na região dos Lagos. Hoje temos o nosso espaço de culto em uma sala alugada e continua havendo mobilidade de nossos membros em razão de transferências de cargos profissionais ou outros motivos, no entanto nos reconhecemos enquanto comunidade e igreja. Para o futuro temos de ser mais enfáticos no testemunho e no serviço para levar a missão de ser igreja mais além”.
NÚCLEO RIO DE JANEIRO
Cultura hip hop para semear paz PROJETO EDUCAR PELA PAZ em Rio das Ostras Francisco Rafael Soares dos Santos é pastor da IECLB no Rio de Janeiro
O educar pela paz iniciou suas atividades em 2010, com o apoio do Sínodo SUDESTE ao Projeto Missionário Norte Fluminense na cidade de Rio das Ostras, a partir do qual o P. Francisco Rafael Soares começou sua atuação em escolas e Comunidades. A ação do Projeto pela não violência incide na favela e nos bairros mais empobrecidos
de Rio das Ostras e na convivência familiar, onde as responsabilidades para educar são transferidas à Escola. O projeto tomou como ponto de partida a comunidade escolar, para entrar nas comunidades de Favelas, desenvolvendo atividades socioculturais, envolvendo a Cultura Urbana (hip hop) e ações sociais. Mediante essas ações, lançamos estratégias para que a Comunidade e as escolas sejam “zonas de paz”, de convergência para a superação do próprio contexto social desprovido de condições básicas para se viver com dignidade. Em dezembro de 2012, o Projeto Educar Pela Paz, concorreu ao Prêmio Anu, idealizado pela CUFA (Central Única das Favelas), que
Ações pela não violência. O projeto tomou como ponto de partida a comunidade escolar, para entrar nas comunidades de Favelas, desenvolvendo atividades socioculturais, envolvendo a Cultura Urbana (hip hop) e ações sociais.
tem como principal objetivo destacar ações de toda a natureza dentro de favelas de todos os estados brasileiros. Conseguimos resultados positivos na aceitação do projeto por parte dos moradores das Comunidades e das escolas em que o Projeto tem se apresentado. Desenvolvemos também a solidariedade, com a doação de roupas e alimentos. Nossa meta é a implantação de oficinas de dança de rua, grafite, escola de rima, xadrez, skate, reciclagem, entre outras, mantendo o objetivo principal da promoção da cultura da não violência. O que é o Projeto? O Projeto Educar Pela Paz consiste na elaboração de propostas socioeducativas a fim de promover uma reflexão a respeito da violência cotidiana. Dessa maneira, por meio de oficinas, palestras e ações sociais busca-se consolidar uma compreensão acerca da Cultura da Paz. Logo, a partir das experiências vivenciadas nas atividades do projeto, os participantes desenvolvem habilidades para o melhor convívio escolar, familiar e social, auxiliando na construção de relações humanas baseadas no diálogo. A temática da violência foi priorizada em virtude de sua expansão na sociedade atual e sua consequente banalização. Dessa forma, proporciona um novo olhar a respeito da vida. O Educar Pela Paz propõe uma resposta alternativa à violência, desestruturando o ciclo vicioso da mesma nas relações interpessoais. O projeto surgiu dentro da ação missionária de criar comunidade cristã no Norte Fluminense (Projeto Missionário Norte Fluminense - Sínodo SUDESTE /IECLB), com
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NÚCLEO MINAS GERAIS
recursos da Campanha Vai e Vem. A ação missionária reconheceu o trabalho ministerial do Pastor Francisco Rafael Soares dos Santos com o público jovem nas escolas e nas comunidades das favelas, na articulação e desenvolvimento de ações, em diálogo com a Cultura Urbana, visando à construção da Cultura da Paz, a educação pela paz. O Projeto também alcançou os jovens de comunidades da IECLB, através da participação do Educar Pela Paz no CONGRENAJE Congresso Nacional da Juventude Evangélica de 2012, em Pelotas, RS e no último, realizado no mês de Julho/2015, em Espigão D´Oeste, Rondônia. Sob enfoque do Evangelho de Jesus Cristo o hip hop é uma via contra a violência étnico-racial e social, que propõe uma intervenção na educação de jovens e adolescentes, com os valores e métodos da Não Violência, envolvendo jovens que sofrem repressão e a indiferença do poder público. Assim, por meio de oficinas artísticas e palestras motivacionais, o Projeto Educar Pela Paz inaugura, através de uma linguagem simples e articulada, não só a busca de uma possibilidade de superação pela arte, mas o estabelecimento e o desenvolvimento de uma metodologia pedagógica, contínua e adaptada, que conduz ao desenvolvimento da cultura pela paz. O Sínodo SUDESTE, com o apoio da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana no Norte Fluminense, busca sustentabilidade para o projeto Educar Pela Paz e assegurar a coordenação integral do projeto ao Pastor Francisco Rafael Soares dos Santos a partir de 2015.
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IECLB em terras mineiras o núcleo minas gerais é marcado por longas distâncias, que separam as comunidades umas das outras. A Comunidade em Teófilo Otoni dista 350 Km da Comunidade em Funil, 450 Km de Belo Horizonte e 600 Km da Comunidade de Juiz de Fora. Essas comunidades são as que estão geograficamente mais distantes da sede do Sínodo, em São Paulo. Entretanto, com quatro comunidades o Núcleo Minas Gerais é o segundo maior do Sínodo em número de membros. A Comunidade em Teófilo Otoni é a segunda maior comunidade do sínodo, com 3.050 membros. Teófilo Otoni – O primeiro culto foi celebrado no dia 29 de maio de 1862, com a chegada do pastor Johann Leonhardt Hollerbach. No dia 9 de junho daquele ano já era inaugurado o primeiro templo. Em 1868 foi inaugurado o segundo, na atual Praça Germânica, no centro da cidade. Hoje, a comunidade atende 19 pontos de pregação e a Área Missionária Nordeste de Minas e Sul da Bahia. Juiz de Fora – Os primeiros imigrantes evangélicos luteranos chegaram em Juiz de Fora em 12 de junho de 1858, motivados pela construção da Estrada União Indústria. A religião oficial da época era o catolicismo e outras manifestações cristãs eram proibidas. Mesmo assim, assimilando as perseguições, reuniamse em casa para a vivência da fé cristã. O primeiro Batismo aconteceu em 9 de novembro de 1862, data escolhida para celebrar a fundação da comunidade em Juiz de Fora. Em 30 de junho de 1885, Dom Pedro II assinou o termo de doação de um terreno para a construção de um templo, inaugurado em 10 de maio de 1886. Esse templo foi avariado pela explosão de um paiol de material bélico do exército, localizado próximo. Com a interdição da área, os cultos passaram a acontecer na Rua Dom Pedro II, onde foi posteriormente construído o novo templo. O atual templo co-
munidade foi inaugurado em 5 de abril de 1972. A comunidade conta ainda com a capela São Pedro, a capela do Borboleta e a capela da cidade Mar de Espanha. Belo Horizonte – A comunidade foi fundada em 25 de janeiro de 1933. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial as atividades foram interrompidas. A reedificação da comunidade no pós-guerra foi difícil. Em 27 de janeiro de 1946, com 50 famílias, a comunidade é reorganizada e por 14 anos usou o templo da 1ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. Somente em 16 de setembro de 1962 o atual templo, a Igreja da Paz, foi inaugurado. Funil – A Paróquia de Funil reúne uma maioria de pequenos agricultores dos municípios de Conceição de Ipanema, São José do Mantimento, Chalé e Manhuaçu, na Zona da Mata Mineira. Em 1918 chegaram as primeiras famílias luteranas, oriundas de Mar de Espanha (MG). A Comunidade em Funil foi fundada em 1922. A primeira capela foi construída em 1934, onde hoje é o cemitério da Paróquia. O atual templo da Comunidade no Córrego do Funil foi inaugurado em 19 de setembro de 1954. Hoje a paróquia conta também com o espaço de culto em São José do Mantimento, Conceição de Ipanema e Bananal. A Paróquia tem em torno de 150 batizados e uma vida comunitária intensa. A sua inserção em ações sócio-educacionais e ecumênicas também é relevante. Nos últimos anos, foi protagonista na fundação da Cooperativa NATSOL para viabilizar a comercialização de produtos da agricultura familiar, gerenciar e administrar a construção de pequena fábrica do açúcar mascavo e apoiar a construção da Escola Família Agrícola.
Uma profissão no Internato Rural ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL em Teófilo Otoni A ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL Evangélica Luterana-AEEL, conhecida como Internato Rural, é uma entidade filantrópica que atua em Teófilo Otoni há 51 anos. Voltada para jovens em situação de vulnerabilidade social, iniciou sua trajetória em 1963 através do pastor Walter Dörr e família. A casa queria acolher adolescentes e jovens do interior para alfabetizar, participar do ensino
confirmatório, receber tratamento médico e aprender técnicas agrícolas e domésticas. Ao perceber que o público socialmente vulnerável da região ia além dos jovens de berço luterano, diversos outros jovens foram acolhidos para cursar o ensino fundamental através do supletivo. Em 2005, o foco passa a ser formação profissional. A agora Escola Técnica Rural Luterana-ETRL ofere-
ce cursos técnicos em agropecuária, mecânica de tratores e informática, com possibilidade de cursar o ensino médio, na Escola Estadual. Os setores de produção da AEEL ajudam na manutenção e nos estágios para os cursos técnicos, com oficina mecânica de tratores, laticínio, confeitaria, horta, pomar, açougue e apicultura, além do posto de vendas do Internato Rural. Tudo dentro da Missão da AEEL, de “promover o bem estar de jovens e de suas famílias, fundamentando seu trabalho no apoio ao ensino formal e profissionalizante e no embasamento de suas vidas em valores cristão”. O Internato Rural é referência de qualidade dos cursos técnicos profissionalizantes, por oferecer moradia a alunos de outros municípios e por sua metodologia de trabalho ao longo de 51 anos. Tal reconhecimento vem pelo respeito ao meio ambiente, da produção e venda de alimentos orgânicos e a partir do engajamento nos Conselhos de Direito, colaborando na efetivação das políticas públicas. Os desafios da instituição são fortalecer a marca ETRL e adequar a escola para ampliar o atendido ao publico, desenvolver um projeto ambiental com sustentabilidade, que seja modelo na região, com energia solar, além de ampliar as receitas através da produção. O internato tem coordenação administrativa da catequista Rosilene Schulz, coordenação pedagógica de Iara Alcântara Pereira da Encarnação e coordenação de produção de Carlos Roberto Schutte. A diretoria da instituição está sob a presidência de Káthia Neiva Rodrigues da Costa.
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A AEEL tem certificado de Entidade Filantrópica e registro nos Conselhos de Direitos nas esferas municipal, estadual e federal. Seu estatuto estabelece que a diretoria deve ser de membros da IECLB em Teófilo Otoni. Desde 2011, tudo está sob a marca do planejamento estratégico, na busca por parcerias para um trabalho conjunto para melhorar, criar, recriar, solidificar e implementar sua atuação. Capacitação em diferentes áreas visa melhorias e maior desempenho. Na área escolar há parceria com o governo de Minas Gerais, através do programa Programa de Educação Profissionalizante. Para 2015, a AEEL oferecerá novos cursos profissionalizantes em parceria com o Pronatec. O Internato atende 447 pessoas de modo direto e cerca de 3.000
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pessoas de modo indireto entre 2010 e 2013. Neste ano foram atendidos 149 alunos, com 45 deles na moradia escolar. Também foram visitadas 18 famílias dos jovens da Moradia Escolar. Para dar conta deste serviço, há 44 colaboradores/as em tempo integral, quatro em tempo parcial e 24 professores. Uma equipe capacitada, compromissada, organizada e inovadora, oportunizando a muitas famílias da região, acesso à formação técnica e a orientação/encaminhamento de questões sociais. Diversos projetos pretendem melhorar as atividades, como um novo piso e incrementar o setor de peças da oficina, por exemplo. Na horta pretende-se concluir o projeto de hidroponia e aumentar a estufa, enquanto o posto de vendas pretende melhorar sua divulgação.
Melhorias na moradia escolar também estão nos planos. Na área de comunicação, a casa usa o Portal Luteranos, mas pretende produzir um vídeo institucional, criar um site para a instituição, atualizar o banco de dados e oferecer capacitação contínua na área da comunicação interna e externa. A AEEL participa nas reuniões municipais do Conselho Municipal da Assistência Social e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, além de manter contato com a Casa dos Conselhos do município de Teófilo Otoni. Afora isso, houve parcerias com instituições da Alemanha, com a Escola Estadual Waldemar Neves da Rocha e com o governo do Estado de Minas Gerais, através do Programa de Educação Profissionalizante (PEP).
NÚCLEO MINAS GERAIS
Leste de Minas e sul da Bahia também é IECLB COMUNIDADES no leste de Minas e sul da Bahia Ms. Evandro Jair Meurer é pastor da IECLB em Teixeira de Freitas / BA
“garantir a articulação e mobilização de membros da IECLB residentes na região Leste de Minas Gerais e Sul da Bahia. A partir dessa base, dar visibilidade à presença da IECLB na região e permitir o processo de construção de comunidades.” Assim está formulada a Missão que estamos abraçando como IECLB nesta região do Brasil. Vias de Comunhão que já oportunizaram muitas alegrias, mas que continuam a apresentar muitos desafios.
Serra dos Aimorés (MG), um dos locais de culto, está a 625 km da Capital (Belo Horizonte) e a 1.200 km da Sede do Sínodo Sudeste em São Paulo. A cidade com 8.500 habitantes faz divisa com a Bahia e tem um lindo e singelo templo que completará 55 anos em dezembro de 2014. Em Teixeira de Freitas (BA), a 100 km de Serra dos Aimorés, são celebrados cultos em um local cedido gratuitamente por um membro. Teixeira de Freitas, com mais de 145
mil habitantes, está a 380 Km de Vitória (ES) onde se localiza a sede do Sínodo Espírito Santo a Belém. Seguindo de Teixeira de Freitas para o norte da Bahia, a 250 km localiza-se o terceiro local de cultos, Coroa Vermelha, na cidade de Santa Cruz Cabrália, na divisa com Porto Seguro. De lá até Salvador, são mais 600 km. Historicamente, esta comunidade toda foi atendida pastoralmente pela Comunidade em Teófilo Otoni, distante 280 km; Teixeira de Freitas, Eunápolis, Porto Seguro e Cabrália pelo pastor residente em Linhares (ES), distante 470 Km da Costa do Descobrimento. Para essas cidades, migraram famílias luteranas de Teófilo Otoni, de cidades capixabas, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Acostumadas com as vias de comunhão em suas comunidades de origem esperavam alegres quando algum ministro ou ministra vinha celebrar culto, estudos bíblicos, sacramentos e ofícios com eles na diáspora. Em 2009 iniciou o Projeto Missionário Leste de Minas Gerais e Sul da Bahia, que desde então recebe apoio
Em Nanuque/MG, comunidade reunida para um passa-dia em família.
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Em Serra dos Aimorés/MG, depois de um culto.
financeiro do Fundo de Missão da IECLB. O primeiro pastor residente foi Charles Werlich, tendo atuado, a partir de Serra dos Aimorés, de 2009 a 2012. De março de 2012 a julho de 2013, sem a vinda de um novo pastor residente, ministros de Teófilo Otoni voltaram a prestar atendimento pastoral a área, causando mesmo assim uma descontinuidade da presença ministerial no projeto. Dificuldades e fragmentação do envolvimento dos membros aconteceram nesse período. Amenizado pela atividade ministerial do pastor emérito Erno Feidem, que por seis meses residiu em Teixeira de Freitas. Em março de 2014, o pastor Evandro Jair Meurer assumiu as atividades ministeriais do projeto. Cultos quinzenais, estudos bíblicos, visitas, reaproximação de membros afastados e a retomada do compromisso de todos os crentes estiveram no início das atividades. Está sendo construído o Plano de Ação Missionária (Planejamento Estratégico), no qual ficou definido como prioridades a retomada do programa de rádio em Serra dos Aimorés, a realização do 3º Passa-dia em família,
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a estruturação orgânica da Área Missionária com formação do conselho e a constituição das comunidades de Serra dos Aimorés e Teixeira de Freitas, além da renovação do compromisso financeiro de cada membro (Mordomia Cristã) e da realização de eventos beneficentes. No final do projeto, pretende-se entregar ao Sínodo Espírito Santo a Belém as comunidade em Teixeira de Freitas e Coroa Vermelha para garantir a consolidação da presença da IECLB na região e a criação de um novo campo de atividade ministerial. Para a área de Minas Gerais, criar também um novo Campo de Atividade Ministerial em Serra de Aimorés para atender a região leste do Estado.
Em Serra dos Aimorés o sonho é construir uma casa ministerial e em Teixeira de Freitas adquirir um terreno para um templo e espaço comunitário. Coroa Vermelha trabalha na direção de formação de uma Associação de Moradores e de edificação de Comunidade. Tais iniciativas giram em torno de presença em eventos ecumênicos com professores e alunos; o “Projeto Paz da Praça” que cuida de uma praça e reivindica melhorias. Os primeiros passos foram o lançamento de um concurso de fotografias da praça e a formação de uma coordenação do projeto. A “Caravana Luterana” vai até alguma comunidade para participar de um culto ou evento para intercâmbio e comunhão. O grupo foi a Teófilo Otoni, e Vila Pavão para visitar e celebrar. O “Cine Lutero”, aberto ao público em geral, exibe um filme e propõe um debate sobre o enredo do filme. Como eventos beneficentes planeja-se Moqueca de Peixe, Chá de Advento e Bingo Beneficente. Para essas 25 famílias espalhadas na tríplice fronteira MG/ BA/ES, os desafios são grandes, com vias de comunhão difíceis de trilhar. Mas na certeza da ajuda de Deus vamos alegres e unidos.
Pose para foto em Teixeira de Freitas, após o culto.
NÚCLEO MINAS GERAIS
Diaconia na capital mineira INSTITUIÇÃO Beneficente Martim Lutero a instituição Beneficente Martim Lutero (IBML) foi criada em 5 de agosto de 1990 para gerir as ações diaconais da Comunidade Luterana em Belo Horizonte. O Lar Luisa Griese foi inaugurado em 1993. No mesmo ano, foi implantada a creche Centro Cantinho Amigo. No Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte, o trabalho vem desde 1992, com oficinas de arte-educação e reforço escolar.
Em 1996 foi adquirido um barracão e foi criado o Centro de Integração Martinho, transferindo as atividades para dentro do Aglomerado da Serra. Neste espaço próprio, é possível ampliar e qualificar as ações, como o Coral de Flautas Tocando Pela, com adolescentes; o Centro Cantinho Amigo, de desenvolvimento integral das crianças e o Lar Luisa Griese. O espaço atendeu de 2008 a 2013 um total de 1.139 pessoas, a maioria de crianças e
adolescentes. Indiretamente, são atingidas 5.665 pessoas. A instituição tem 26 funcionários e tem parcerias com a Prefeitura de BH, de Ribeirão Neves e com a Kindernothilfe (KNH). A IBML está representada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Belo Horizonte. Tem também representação no Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA). Participa ainda da Comissão Operativa Local (COL) da rede de atendimento no aglomerado da Serra. No CMDCA-BH, a Instituição está na Comissão Central do Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares e coordenar a Comissão de Acompanhamento e Assessoria aos 9 Conselhos Tutelares da capital mineira. A IBML participou do grupo de trabalho que, junto com a Secretaria de Assistência Social e a Secretaria de Educação, resultou na transformação do programa de Socialização Infanto-juvenil, desenvolvido com
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Organizações parceiras Modalidade de parceria
Prefeitura de Belo Horizonte desde 1999 KNH Brasil desde 1999 Conselho Mun. Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) Belo Horizonte desde 2007 Conselho Est. dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) desde 2009 Prefeitura de Ribeirão das Neves desde 2001 Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e Segurança Alimentar (COMSEA) Ribeirão das Neves desde 2008 Comunidade de Schwaig (Alemanha) desde 1998 Gustav Adolf Werk (Alemanha) Desde a década de 80 (construção LLG e CCA) Martin Luther Verein (Alemanha) Desde a década de 80 (construção LLG e CCA) Mission Einewelt (Alemanha) desde 2007 Juventude Rural da Baviera desde 1990, com períodos de interrupção Fundação Luterana de Diaconia desde 2006
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a rede de ONGs do município, em política de educação integral, transferindo este programa da assistência para a educação, com financiamento do FUNDEB. Isto é um avanço, pois a educação integral implantada em áreas de alta vulnerabilidade passa a ser uma política de educação garantida com recursos federais e não apenas um programa assistencial. A inserção de representantes nos conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente em Belo Horizonte e Ribeirão das Neves foi um avanço na trajetória da IBML. Em Belo Horizonte, nos 15 anos de parceria com a prefeitura, foi construída uma relação de confiança e respeito. Também em Ribeirão das Neves e em São José da Lapa as unidades da IBML, respectivamente CCA e LLG, são referência. Mensalmente, a IBML presta contas junto à Prefeitura de Belo Horizonte dos recursos recebidos e investidos. A KNH Brasil (Kindernothilfe) exige relatórios de atividades e prestação de contas trimestralmente e uma auditoria anual. Os demais parceiros recebem as prestações de acordo com os editais e exigências dos convênios. Em assembleia anual com participação da comunidade, é apresentado balanço financeiro e relatório de atividades.
Investimento financeiro relativo ao período de 2011-2013 2011 2012 Convênios/projetos públicos municipais 072.963,00 072.800,00 Convênios/projetos públicos estaduais 030.047,00 Fundações nacionais 004.615,00 Recursos próprios: campanhas, eventos, doações, contribuições de associados 458.651,00 522.596,00 Cooperação internacional 242.633,00 260.135,00 Total 778.862,00 885.578,00
405.494,00 469.430,00 964.001,00
Recursos humanos Atendimento direto Manutenção Total
513.115,00 174.241,00 116.903,00 804.259,00
presença luterana
403.144,00 148.915,00 113.703,00 665.762,00
425.647,00 152.529,00 170.169,00 748.345,00
2013 079.077,00 010.000,00
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