s n e v Jo pelo
Mundo
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Introdução Ver o que tem do outro lado do mar. Caminhar sobre a neve. Andar de avião. Comunicar-se em outra língua. Visitar um museu famoso. Todas ou algumas dessas possibilidades possivelmente estão na lista de coisas que a maioria das pessoas pretende fazer em vida. Mesmo que as tecnologias permitam fazer tudo isto de forma virtual, a experiência pessoal e física ainda é insubstituível. Participar de um intercâmbio no exterior é, ao mesmo tempo, privilégio e desafio. É privilégio porque, infelizmente, há poucas vagas e muitos requisitos. Quem consegue passar pela seleção se coloca à disposição para os desafios, que são muitos. Exemplos? Ter que adaptar-se a costumes, hábitos alimentares, gostos, cheiros, olhares, noção de tempo – tudo diferente. É preciso ser pessoa aberta para acolher tamanha diversidade. Sensibilidade e pensamento crítico são duas faces da mesma moeda – e são igualmente imprescindíveis. A pessoa que vai não é a mesma que volta. A isso damos o nome de crescimento. Os intercâmbios que a IECLB promove visam proporcionar à juventude a experiência de sentir-se parte de uma igreja universal, que tem jeitos e formas diferentes de ser e agir, mas que está firmemente engajada na missão de Deus e na transformação da realidade. Esta revista foi carinhosamente pensada e preparada para ser uma janela que se abre para as experiências adquiridas, para o compartilhar dos conhecimentos e para as possibilidades infinitas que se apresentam. Boa leitura! P. Dr. Mauro B. de Souza Secretário da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB
Expediente Jovens pelo mundo Revista sobre intercâmbios de jovens da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. Coordenadora da revista: Simone Engel Voigt Comissão editorial: Juliana Raquel Schroeder, Mariani Tauchert, Renato Valenga, Simone E. Voigt. Jornalista Responsável: Mariani Tauchert (N° 0006195/SC) Projeto Gráfico e Diagramação: Mariani Tauchert
Capa: Tiago Maier Labes Revisão Gramatical: Renato Valenga Revisão geral: Emilio Voigt - Núcleo de Produção e Assessoria da IECLB, Juliana Raquel Schroeder. Textos: Simone Engel Voigt, Renato Valenga, Juliana Raquel Schroeder, Mauro B. de Souza, Gerson Acker, Bruno Leandro Piske, Célia Lemke, Cátia Ücker e Vinícius Gilberto Iahn. Produção editorial: Secretaria da Ação Comunitária/ Coordenação do Trabalho com Jovens e Programas de intercâmbio.
Disponível em PDF no Portal Luteranos – www.luteranos.com.br
Acesso ao público © Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB - 2018 Rua Senhor dos Passos, 202 90020-180 Porto Alegre, RS Tel.: (51) 3284 5400 secretariageral@ieclb.org.br
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Sumário HISTÓRIA Conheça os diferentes programas de intercâmbio oferecidos pela Secretaria Geral da IECLB.
GALERIA Confira as fotos da galera do intercâmbio. Quem sabe você se anima aceitar o desfio também!
PALAVRA Onde intercâmbio de jovens e missão se encontram? Tem curiosidade? Então confira já!
AÇÃO Mergulhe nas histórias e vivências de jovens luteranos em outras realidades culturais.
OPINIÃO Diversos comentários relatando a experiência de vivenciar igreja em outro país.
CRÔNICA O que agregar no seu Curriculum Vitae? Um texto criativo e crítico que fará você refletir. Vale a pena ler!
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História
Yvonne Hugele
Intercâmbio: movimento e transformação
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ivenciar novas experiências e descobrir novas perspectivas. Conhecer e se relacionar com outras culturas. Perceber como pessoas vivem de forma diferente da nossa, seja em termos de alimentação, vestuário, tradições, ou maneira de pensar. Aprender ou aperfeiçoar outro idioma. Desenvolver potenciais e autonomia; apreender a lidar com desafios. Partilhar a fé e viver em comunidade; fortalecer as relações entre as igrejas parceiras da IECLB. Despertar interesse por assuntos globais e responsabilidade com a criação de Deus. Perceber que o mundo é muito maior e mais diversificado do que o ambiente no qual vivemos. Valorizar família, raízes, igreja e país... Tudo isso e muito mais são as possibilidades das pessoas jo-
vens que participam dos programas de intercâmbio da IECLB. Já há algum tempo a IECLB apoia e participa de programas de intercâmbio de jovens com Igrejas parceiras no exterior. O Programa de Voluntariado, por exemplo, iniciou nos anos 80, com jovens da Alemanha que vinham para o Brasil atuar voluntariamente por um ano em uma instituição diaconal na IECLB. O Programa Norte-Sul tem como objetivo acompanhar jovens que vêm da Alemanha para trabalhar voluntariamente por um ano em uma instituição diaconal ligada à IECLB. As organizações alemãs parceiras estão vinculadas ao programa “Weltwärts”, apoiado pelo governo alemão. Trabalhamos em conjunto com 5 organizações alemãs ligadas ao Weltwärts.
Em agosto de 2010 o Governo brasileiro havia suspendido a concessão de visto temporário para jovens da Alemanha que queriam vir ao Brasil pelo Programa de Voluntariado. Como resultado imediato, as pessoas jovens que viriam para o Brasil (cerca de trinta ao ano) passaram a ser enviadas para países vizinhos, como a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o Chile. Em novembro de 2017 recebemos a boa notícia: “Jovens da Alemanha podem, novamente, realizar voluntariado no Brasil.” E assim retomamos o Programa Norte-Sul. Através desse programa, pessoas jovens desenvolvem atividades voluntárias em centros sociais, Sínodos ou Comunidades da IECLB que têm o comprometimento diaconal de serviço social.
julho/2018 O Programa Sul – Norte, antes chamado “Programa Reverso”, iniciou em 2012 com 3 pessoas jovens. Hoje temos em média 6 pessoas voluntárias da IECLB que realizam trabalho voluntário de um ano na Alemanha. Essas pessoas atuam em instituições sociais (centros de educação infantil, lar de idosos e lar para pessoas com deficiência) ou comunidades eclesiais, de acordo com suas habilidades e competências. Programa de Intercâmbio “Jovens na Igreja Global” – A IECLB participa deste programa desde 2008. O programa é promovido pela Igreja da Suécia em parceria com as igrejas da Tanzânia, Filipinas, Costa Rica, África do Sul e Brasil. O intercâmbio divide-se em duas partes. Na primeira, quatro jovens da IECLB
convivem em comunidades e famílias na Suécia (março a maio). A segunda parte se dá com a vinda de quatro jovens da Suécia ao Brasil para conviver com famílias e comunidades da IECLB (setembro a novembro). Summer Camps ELCA (Igreja Evangélica Luterana nos Estados Unidos) – Este intercâmbio proporciona à pessoa selecionada passar três meses nos Estados Unidos, trabalhando voluntariamente em acampamentos de verão, ajudando a divulgar os ensinamentos de Jesus Cristo, compartilhando sua fé e convivendo com crianças, adolescentes, jovens e pessoas adultas de várias partes do mundo. Os programas de intercâmbio com jovens proporcionam significativas mudanças na vida da pes-
soa. Oferecem a oportunidade de ver o mundo a partir de outra perspectiva, promovem o autoconhecimento e a reflexão sobre os próprios valores e ideias. As comunidades e instituições que enviam e recebem pessoas jovens para o voluntariado desempenham um papel muito importante, assumindo os compromissos e os desafios do acompanhamento. A pessoa jovem também é protagonista nos programas de intercâmbio e deixa uma valiosa contribuição por onde passa.
Diácona Simone Engel Voigt Coordenadora do Trabalho com Jovens e Programas de Intercâmbio Secretaria da Ação Comunitária – Secretaria Geral IECLB Fotos da autora do texto
Seminário de voluntariado alemão no Brasil 2010/2011
Seminário de voluntariado no Brasil 2010/2011
Seminário de preparação intercambistas 2018-2019
Seminário de preparação intercambistas 2016-2017
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Galeria Fotos de arquivo do Programa de intercâmbio da IECLB
Intercambistas da Suécia e Brasil, em seminário de avaliação de 2015
Intercambistas da Suécia de 2011
Jovens que foram para Suécia em 2012
Intercambistas Brasil na Suécia em 2014
Intercambistas Suécia e Brasil 2017
julho/2018 Fotos de arquivo do Programa de intercâmbio da IECLB
Intercambistas 2018/2019
Intercambistas 2017/2018
Intercambistas 2016/2017
Reencontrando intercambistas,Timbó (SC) 2018
Intercambistas do Brasil que foram para Suécia 2010
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Palavra
Yvonne Hugele
O intercâmbio na missão da Igreja
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tema missão sempre esteve na pauta das reflexões e na agenda de trabalho da IECLB. Mostra disso foi a construção coletiva que deu origem ao Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI). O PAMI apresenta o fundamento teológico da ação missionária e fornece métodos práticos e consistentes. Mas onde intercâmbio de jovens e missão se encontram? O que têm a ver um com a outra? Muito simples. A missão é de Deus, que chama, vocaciona, prepara e empodera a Igreja para dela participar. Igreja é comunhão de pessoas batizadas e chamadas para irem fazendo seguidores e seguidoras (Mt 18-20). Pessoas jovens são parte integrante e fundamental da Igreja. Tudo o que diz respeito a jovens é de interesse da Igreja. Se a igreja discute missão e quer ampliar sua ação missionária, ela não pode prescindir da energia, da criatividade, da sabedoria – e, inclusive, das críticas – de sua juventude. Considerando que novos tempos requerem novas reflexões e meto-
dologias, pessoas jovens têm à sua frente a possibilidade de propor novos caminhos, novas dinâmicas, novos jeitos, novos formatos. Não sem ouvir e respeitar aquilo que somos, pois o caminho para chegar onde estamos também foi longo e difícil. Temas como democracia, gênero, direitos humanos, novas configurações familiares, bioética, etc., são temas que fazem parte do dia a dia das pessoas jovens. Aqui entra o papel fundamental do intercâmbio: a possibilidade de experimentar um contexto diferente. Como aquela realidade, aquela comunidade, aquela igreja, lida com os temas difíceis? Como ela inclui ou exclui pessoas? Como ela se articula para encarnar a obra salvífica de Deus, que começa já, aqui e agora? Quem já participou de intercâmbio sabe que um tempo vivido em outro país modifica o jeito de ver, de ouvir, de agir. Sair da zona de conforto, deparar-se com a necessidade de se comunicar em outra língua, aprender a degustar novos sabores, tudo isso implica em crescimento. E não trem preço que pa-
gue tamanha riqueza! As pessoas que participam de intercâmbio – e eu já participei de alguns – crescem. Crescem porque aprendem que o que realmente importa são as relações que criamos e mantemos. Crescem também porque passam a enxergar as coisas por outros ângulos. Crescem também porque passam a entender que Deus não é brasileiro. Deus é brasileiro, mas também é nigeriano, peruano, sueco, filipino, alemão, fijiano. Todas as reflexões e experiências promovidas a partir de intercâmbios são importantes para a missão da Igreja. À juventude é dada a oportunidade de ir e voltar com ainda mais gás e propostas na mochila. Queremos sim, ser uma igreja de comunidades missionárias, que sejam atrativas, inclusivas e relevantes. A juventude pode e deve dizer: IECLB, conte comigo! P. Dr. Mauro B. de Souza Secretário da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB
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Ação
Uma janela para novos horizontes com Deus e com as pessoas. Pude ter essa experiência durante um ano na Alemanha, na cidade de Celle. Durante esse ano, trabalhei com pessoas com deficiência. Levarei esta experiência pessoal e profissional
como grande ensinamento para sempre, pois me possibilitou, de forma profunda, o olhar da inclusão, do cuidado, do servir, do acolhimento. O intercâmbio permitiu ver pequenos detalhes da vida com mais amor.
O enriquecimento da bagagem Conhecer outros lugares deste mundo é indescritível. Em 2015, eu tive o prazer de ser uma das intercambistas da IECLB na Suécia, juntamente com mais três brasileiros. Durante os três meses de estadia na Suécia, adquiri um enriquecimento pessoal imenso. O mundo é tão grande e com uma diversidade cultural fascinante! De um povo reservado a um povo carinhoso, as pessoas na
Célia Lemke celialemke@gmail.com
Foto da autora do texto
Ao falar sobre intercâmbio podemos descrevê-lo com inúmeros adjetivos, como uma oportunidade de voar além da nossa realidade e busca de novos horizontes em todos os sentidos. Antes de realizá-lo, pode parecer um pouco confuso, pois o novo pode causar insegurança. Porém, com sua realização, pude ter certeza que foi uma das experiências mais incríveis que poderia ter na minha vida. Para mim, intercâmbio foi sinônimo de conhecimento sem fronteiras, sonho realizado. Além de possibilitar contato íntimo com minhas fragilidades, foi um período de desafios que promoveram autoconhecimento, contato diário com outra língua e cultura e, acima de tudo, uma experiência de fé e compromisso
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Suécia são muito receptivas e alegres. Elas enxergam em nós jovens intercambistas a esperança de encontrar ideias para experimentar em sua Igreja, através da alegria e da forma que enxergamos as coisas. A Igreja da Suécia está presente em diversos lugares do país, com muitos grupos e diferentes formas de trabalhos, alguns dos quais eu pude conhecer melhor. A Suécia, para além de ser um
Cátia Ücker catiaucker@gmail.com
país predominantemente luterano, possui belezas deslumbrantes. Tive a oportunidade de conhecer dois extremos: do frio intenso, muita neve e aurora boreal, até a maravilha das flores e praias em uma ilha medieval. A bagagem veio carregada de experiências, sonhos, alegrias e esperança. Gratidão pela oportunidade e por hoje poder enxergar a vida com mais alegria e amor.
Foto da autora do texto
“Então você andará seguro no seu caminho, e o seu pé não tropeçará.” Provérbios 3.23
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Ação
Autoconhecimento e descobertas nho é totalmente outro. É através do relacionamento com as pessoas que te recebem e da troca que você vivencia com elas que se aprende mais sobre quem somos. É incrível pensar como coisas que
Juliana Schroeder
Do medo à gratidão Fevereiro de 2017, chegou o dia esperado e sonhado de iniciar o intercâmbio na Alemanha. Frio intenso, duas semanas contínuas sem ver um único raio de sol. Neste momento comecei a me questionar se realmente era o que eu desejava, pois também era perceptível a frieza das pessoas. O início das atividades no local de trabalho, uma moradia de pessoas com deficiência, trouxe no-
podem ser consideradas pequenas e insignificantes, são essenciais para a transformação de uma pessoa. Quando a viagem acaba, são esses momentos simples de conversa e descoberta que transformam!
Foto do autor do texto
O intercâmbio pode resultar em várias reflexões e mudanças durante e após os meses de experiência. No tempo que vivenciei a comunidade na Igreja Sueca, pude olhar para quem eu era, o que eu representava para mim e também para as pessoas. Às vezes, no ritmo frenético e automático da vida contemporânea, vivemos de uma forma que pensamos e agimos sem refletir sobre a essência de quem verdadeiramente somos. Acredito que o meu intercâmbio foi rico em tantas maneiras, e posso dizer, com toda a certeza, que foram dias inesquecíveis de contato com Deus e comigo mesmo. Pode-se pensar que essa experiência de conhecimento pessoal acontece de forma solitária, mas o intercâmbio mostra que o cami-
Renato Valenga renatovalenga@gmail.com
j.raquelschroeder@gmail.com
vos questionamentos. Foi um dia de não apenas agradecer, mas de pedir em oração muita luz e ajuda para entender e realizar o voluntariado. Tudo me causava muito medo, lidar com pessoas que eu não compreendia, que não caminhavam e nem falavam. Aos poucos, os medos foram passando. As 11 pessoas com deficiência foram se tornando uma paixão diária, e a “rotina” não exis-
tia. Cada dia era uma nova descoberta e trazia mudanças. Estas mudanças não foram apenas nas atividades do intercâmbio, mas mudanças para a vida toda, principalmente no modo de pensar e de valores na vida. Hoje meu coração trasborda de amor e saudades por tudo que vivi durante esse um ano de voluntariado. Gratidão é o que resume tudo.
Foto da autora do texto
“Dou graças a Cristo Jesus, nosso Senhor, que me fortaleceu e me considerou fiel, designando-me para o ministério.” 1 Timóteo 1.12
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Um ano de voluntariado Em agosto de 2012 iniciei uma grande aventura e um sonho de infância: viver um ano na Alemanha. Isso foi possível através do programa de voluntariado da IECLB em parceria com a ELM (Evangelisch-lutherisches Missionswerk in Niedersachsen). Nesse tempo, exerci o voluntariado em uma grande instituição chamada Lobetalarbeit, na maravilhosa cidade de Celle. A instituição realiza projetos com pessoas com deficiência física, mental e também com pessoas idosas. Atuei na escola da instituição, destinada a crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência. Tive a oportunidade de acompanhar e ajudar oito adolescentes, auxiliando dois professores nas mais diversas tarefas diárias. O período de um ano que vivi na Alemanha significou um dos maiores aprendizados da minha vida. Che-
guei em um país com uma cultura diferente e uma língua que quase não sabia falar, e mesmo assim consegui seguir em frente. O início foi difícil, mas depois se tornou uma experiência incrível. Aprendi muito sobre mim mesmo e também a “me virar” sozinho. O mais incrível foi aprender sobre Deus, porque tive a certeza de que tudo o que eu estava vivendo era da vontade de Deus. Então as coisas fluíram muito melhor, e pude ver claramente as mãos de Deus em todos os detalhes. Foi isso que tornou esse ano tão especial. Outro privilégio foi poder participar de vários seminários que fazem parte do programa, em diferentes locais da Alemanha e até na Holanda. Nessas oportunidades, convivi com pessoas de diferentes culturas, aumentando minha bagagem cultural e círculos de relacionamentos.
Vinícius Gilberto Iahn viniiahn@hotmail.com
Tive a oportunidade de participar de vários grupos de jovens das igrejas de Celle, onde conheci pessoas incríveis, que se tornaram verdadeiras amigas e me ajudaram muito no tempo que estive lá. Com elas, pude aprender mais sobre a cultura do país. Ainda mantenho contato com algumas dessas pessoas. Outra experiência incrível foi a possibilidade de viajar e conhecer muitos lugares. Na minha concepção, o povo alemão é muito receptivo e educado. Posso dizer que esse período de voluntariado na Alemanha mudou minha vida. Vivi e aprendi coisas maravilhosas, que levarei para toda vida. Sou grato a Deus por tudo que vivi, pelas pessoas que conheci e por tudo que aprendi. Recomendo muito a todas as pessoas que estão pensando em experimentar algo assim.
Uma nova fase em minha vida Nestes primeiros meses já aprendi tantas coisas que fizeram mudar minha visão sobre muitos temas. Fiz muitas amizades, aprendi a dar importância para tantas coisas que
Bruno Leandro Piske facebook/bpiske1
antes não percebia o valor. Tenho a oportunidade de praticar e aprender o idioma alemão dia após dia e aproveitar a vida de uma forma mais intensa e divertida.
Foto do autor do texto
A oportunidade de realizar um intercâmbio é muito desafiadora e gratificante. Despedir-se da família e amigos para um período de um ano não é fácil, mas, ao mesmo tempo, a ansiedade de chegar logo no seu novo país ajuda a enfrentar essa etapa. Meu intercâmbio me levou até uma cidade da Alemanha chamada Rotenburg du Wüme. É uma cidade pequena, tranquila e incrivelmente linda, com bela natureza, parques e lagos. Trabalho numa escola com adolescentes com deficiência. Quando eu soube que este seria meu trabalho, imaginei que seria um desafio muito grande e difícil. Tudo mudou no momento em que conheci as pessoas: colegas de trabalho, alunas e alunos, pessoas incríveis e únicas.
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Opinião
Enquanto você viveu sua experiência em outro país, o que chamou a sua atenção?
“Na minha experiência com a Igreja do Norte da Alemanha (Nordkirche – ZMÖ) pude perceber o quanto as questões sociais e políticas são importantes para a Igreja. Existe preocupação e engajamento porque estas questões contribuem para a construção de uma sociedade mais justa, livre e solidária. Diante dos grandes desafios da atualidade, a Igreja não deve se omitir, e sim, ser voz ativa na promoção de uma cultura de paz e igualdade.”
Carlos Fraga Florianópolis/SC
“No meu voluntariado na Alemanha, tive o prazer de participar ativamente de ações Diaconais. Assim como no Brasil, a Diaconia está ligada ao servir, agir em amor ao próximo. O que chama a atenção é a magnitude e a quantidade de ações que a “Diakonie” (diaconia) desenvolve. São inúmeros projetos que contam com pessoas voluntárias e o apoio do governo, impactando diretamente na sociedade. Este é o caso da Instituição em que atuei, um lugar que trabalha com e para pessoas idosas, crianças, jovens, pessoas com deficiência e refugiadas.”
Sara Engel Voigt Florianópolis/SC
“A igreja na Alemanha aparenta ser muito conservadora e me pareceu não atrair pessoas. Por vezes, pensei que fosse uma empresa, algo totalmente diferente do que vivo no Brasil. Porém, quando se trata de ações sociais, percebe-se um amor muito grande pela África e apoio a vários projetos. Também pela América Latina há um grande carinho, mas o trabalho acontece com menos intensidade do que em relação à África.”
Suele Karine Harfliger Rucks Carlos Barbosa/RS
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“A Igreja Sueca realiza um trabalho árduo para não perder seus membros para o ateísmo. Por conta disso, se adequa à modernidade e está sempre buscando a inclusão de todas as pessoas. A igreja desenvolve diferentes projetos diaconais, por exemplo, com alcoólatras, pessoas necessitadas e imigrantes. Uma diferença que percebi é que a Igreja Sueca tem muitas pessoas que trabalham como funcionárias, como em uma empresa. Nós, por outro lado, possuímos muitas pessoas que trabalham de forma voluntária.”
Tatiane Gaulke Pomerode/SC
“Durante esse período, percebi diversas formas de participação. Em certos locais, as pessoas jovens apenas executavam papeis pré-elaborados por pessoas mais velhas. Em outros, vi muito espaço para protagonismo jovem, eventos pensados, organizados e realizados por e para jovens. Foi gratificante ver a atenção dada por todas esferas organizacionais da igreja para que jovens tivessem espaço, voz e se sentissem membros importantes e, principalmente, colaborativos da instituição.”
Martha Luíza Bergmann Dois Irmãos/RS
“A participação da juventude em geral na igreja é bem mais forte aqui do que na Alemanha. Quando eu frequentava um culto, via poucos jovens e a religião parecia ser um assunto do qual eles não gostavam muito de falar. Claro que havia exceções. Vi uma intensidade um pouco mais forte do servir ao próximo. Podem ser poucos, mas os que se dedicam a igreja, realmente se dedicam, com vários trabalhos diaconais, entre eles, o intercâmbio para outros países (questão que lá é muito forte). Acho realmente uma pena que cada vez menos jovens se interessam pela igreja. Em geral, lá eles possuem grandes oportunidades e grandes trabalhos diaconais.”
Jeferson Borchardt Massaranduba/SC “Os suecos têm um jeito diferente de lidar com a Igreja e política – me parece. Não é raro que a Igreja seja mais valorizada por um papel social que a ela foi delegado do que pela partilha de fé, uma relação absolutamente diferente da minha vivência. Independente de denominação, todos os meus amigos eram cristãos enquanto eu crescia. Ser confrontada com uma realidade tão diferente da minha foi extremamente valioso. Me abriu os olhos para a diversidade que eu ignorava no meu dia a dia.”
Débora Grenzel Santa Maria/RS
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Crônica P. Gerson Acker gersonacker@yahoo.com.br @gerson_acker
www.imagensgratis.blog.br
Curriculum Vitae
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esconheço entrevistas de emprego que perguntem aos seus candidatados e candidatas sobre suas experiências de vida. Indagam e esquadrinham tudo sobre a vida profissional e sobre as aptidões pessoais, que de longe representam o todo da vida de alguém. Aos que se apresentam ao mercado de trabalho, o currículo é fundamental, pois nele a pessoa pode agrupar informações pessoais sobre sua formação acadêmica, sua trajetória no mercado de trabalho, visando demonstrar suas qualificações. Dificilmente encontraremos alguém que fale de sua espiritualidade, das experiências de vida que sua fé proporciona ou dos sentimentos que rondam sua cabeça. Acreditem, não são só durante as oito (ou mais) horas de trabalho que se forma um ser humano qualificado, so-
bretudo para ser qualificado naquilo que chamamos de ser ‘ser humano’. Formatado para agradar a fonte empregadora, qualquer Curriculum Vitae está longe de demonstrar as competências de vida de uma pessoa. Penso que para ter uma boa experiência de vida, cada pessoa deveria poder experimentar, ao menos um dia de sua existência, as seguintes sete ocupações: 1. Ser gari, para limpar e recolher com as próprias mãos a imundície que o ser humano é capaz de produzir. Aprenderíamos a amar o Planeta. 2. Ser motorista de ambulância para saber que a tua proatividade pode ser decisiva para socorrer uma vida. Aprenderíamos a alteridade. 3. Ser professor em escola pública sem infraestrutura, para valorizar quem se doa para educar os filhos de outrem. Aprenderíamos a valorizar o conhecimento e a cultura.
4. Ser médica de plantão lotado, para sentir a angústia e a alegria de salvar uma vida. Aprenderíamos a cuidar das pessoas. 5. Ser atendente de telemarketing para lidar com a grosseria de quem está atrás da linha telefônica. Aprenderíamos a ouvir mais e melhor. 6. Ser agricultora, para plantar e colher debaixo de sol e chuva, o alimento que saciará a fome de muitos e muitas. Aprenderíamos a ser mais gratos pelo que é mais essencial à sobrevivência. 7. Ser coveiro para ver a cada pá de terra, que até o currículo mais brilhante termina debaixo do solo. Aprenderíamos a ser mais humildes. Eis aí competências que qualquer pessoa poderia e deveria agregar no seu Curriculum Vitae, bastasse aceitar o caráter desafiador do ser cristão e cristã - Aprenderíamos a ser “funcionários” e “funcionárias” melhores para um Mundo melhor.
IECLB
Nicolas
Jéferson
Laura Taysa Tatiane
Ricardo B.
Lívia
Roberto
Sibeli Tobias
Thaís
Agatha
Tatiana
Carlos
Marcelo
Reinaldo
Jefferson
Suele
Vinícius G.
Gustavo
Thomaz Eduardo
Gabriela
Pâmela
Laura
Daniel B.
Bruno
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Josué
Cátia
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Julia M.
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Intercâmbios
Carlos Elisa
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Ricardo W
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Guilherme
Renata
Veridiane
Tatiana
Matheus Q.
Gabriel
Tatiane
Alessandra
Débora
Luan
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