Roteiro da OASE 2006

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2005


© Editora Sinodal, 2005 Caixa Postal 11 93001-970 São Leopoldo/RS Tel./Fax: (51) 590 2366 E-mail: editora@editorasinodal.com.br Site: www.editorasinodal.com.br Elaborado pela Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Conselho redatorial: Anna Lange, Inês M. Emke, Wally Dummer, Marina Helena Grün, Helga Schünemann, Alba O. Seewald, Elfriede Gabel e Leda Witter. Diretoria Nacional (para o período 2004-2008): Ani Cheila Kummer (Presidente), Gudrun Braun (Secretária), Dirce Schitkoski (Tesoureira) Coordenação editorial: Íris Butzke Foto da capa: Uirá Müller da Silva Produção editorial: Editora Sinodal Produção gráfica: Editora Sinodal ISBN 85-233-0793-1


Índice Apresentação....................................................................................................5 Mensagem da Presidência (P. Dr. Walter Altmann).........................................6 JANEIRO.........................................................................................................8 Corpo malhado. E o espírito? (João 3.36)........................................................9 Cristãos entre a luz e as trevas no dia-a-dia...................................................11 Meu canto de esperança.................................................................................16 Receita: Mousse de chocolate........................................................................16 FEVEREIRO.................................................................................................17 Onde houver trevas, que eu leve a luz (Juízes 5.31)......................................18 Terra – flores e frutas.....................................................................................21 Jogos para grupos...........................................................................................23 MARÇO.........................................................................................................24 O credo de Marta (João 11.27).......................................................................25 Um berçário chamado água...........................................................................27 Quaresma.......................................................................................................31 Receita: Bolo especial de chocolate...............................................................34 ABRIL............................................................................................................35 O perdão de Deus (1 João 2.2).......................................................................36 Quem sou eu?.................................................................................................38 Voluntariado: por um mundo melhor.............................................................42 MAIO.............................................................................................................43 A fé atua pelo amor (Gálatas 3.26)...............................................................44 A excelência da criação (Salmo 19)...............................................................46 Que é musicoterapia?.....................................................................................50 Pessoas são músicas!......................................................................................52 JUNHO..........................................................................................................54 A possibilidade de quebrar barreiras (Gálatas 5.1)........................................55 Corpo – templo do Espírito Santo de Deus. Honra ou castigo?.....................57 A MARAVILHOSA

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Como prevenir a osteoporose.........................................................................60 Pentecostes.....................................................................................................62 JULHO...........................................................................................................63 Jesus convida. Nós convidamos? (João 6.37)................................................64 Deuses modernos (Salmo 95)........................................................................65 Envelhecer com saúde....................................................................................69 AGOSTO.......................................................................................................72 Vida é comunhão (João 10.10).......................................................................73 Boa pescaria! (Lucas 5.1-11).........................................................................75 Vínculos requerem tempo..............................................................................78 SETEMBRO..................................................................................................79 Governas o universo com misericórdia (Sabedoria 15.1)..............................80 O homem rico e louco (Lucas 12.16-21).......................................................83 Envelhecer ....................................................................................................86 Dança sênior...................................................................................................88 Sem tempo para Deus....................................................................................89 OUTUBRO....................................................................................................90 Dar graças a Deus é fácil ou difícil? (Salmo 65.9)........................................91 A transfiguração – um momento único (Mateus 17.1-8)...............................93 Como prevenir o câncer de mama.................................................................96 Receita: Pudim de queijo...............................................................................98 NOVEMBRO.................................................................................................99 A nova criação (Apocalipse 21.5)................................................................100 Eis que crio novos céus e nova terra (Isaías 65.17-25)................................101 Toma o teu leito e vai...................................................................................104 Onde é mais seguro?....................................................................................105 DEZEMBRO...............................................................................................106 A fonte da alegria (Isaías 12.3)....................................................................107 Salmo 100 – Um salmo de gratidão.............................................................108 Um milagre de Natal em meio ao Tsunami..................................................110 Trabalho Manual: Toalha simples, mas requintada...................................... 111

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APRESENTAÇÃO

Este será, com certeza, mais um ano abençoado, maravilhoso. E nós queremos estar, pelo menos, um pouco com vocês. Apresentamos-lhes este exemplar de boa leitura, meditações e estudos, fruto da dedicação de pessoas que se preocupam com você, que gosta de estar em sintonia com irmãs e irmãos na fé e com Deus. O Roteiro é um instrumento pelo qual podemos nos sentir unidos como irmãs e irmãos. E quando estamos envolvidos em uma ação comum, nos Ani Cheila Fick Kummer tornamos em bênção. Conforme o Salmo 133, assim como o orvalho do monte Hermon, na Palestina, a 2.800 m de altura, que desce até Sião, o Senhor promete bênção e vida para sempre. É uma bênção que escorre e liga toda a comunidade e os grupos entre si, contagiando-se mutuamente, frutificando e trazendo crescimento pessoal e grupal, onde cada um torna o mundo um pouco melhor, qual jardim perfumado onde se pode sentir aroma de confiança, solidariedade, apoio e muito amor. Com votos de bom trabalho, receba este instrumento de edificação. t Ani Cheila Fick Kummer Presidente do CNO s

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MENSAGEM DA PRESIDÊNCIA

As maravilhas de Deus são muito mais do que milagres As maravilhas de Deus são muito mais do que “milagres”. No mundo religioso de hoje há muitas igrejas que prometem “milagres” e afirmam que isso é bíblico. É certamente bíblico que Deus faz coisas maravilhosas e que Jesus, por seus atos e suas palavras, causou profunda admiração entre as pessoas que o ouviram ou presenciaram sua maravilhosa ação. Mas Jesus não foi um milagreiro que pretendia conquistar a adesão das demais pessoas por meio de milagres. Ao contrário, quando lhe pediam um sinal milagroso para provar sua autoridade, ele se negava. Há igrejas que prometem e programam milagres. Geralmente também cobram por essa ação. É uma forma moderna, meio religiosa e meio secular daquilo que Lutero experimentou com o tráfico de indulgências. Naquele tempo, Lutero experimentou no confessionário o drama das pessoas que haviam confiado muito dos seus poucos bens em troca da promessa de indulgência, de perdão dos pecados e, portanto, da anulação das penas que esses pecados iriam acarretar na eternidade ou no purgatório. Hoje também se prometem coisas espetaculares e, como vemos, muitas vezes se cobra por isso. É uma oferta religiosa e um apelo à crença das pessoas. Mas é também algo meio secular, porque não promete algo para o céu, para a eternidade. Promete algo muito concreto para esta vida: a cura, um emprego, a prosperidade. Em troca desses bens é solicitado um pagamento como sinal de “gratidão” ou como antecipação pelo bem a ser alcançado. Certa igreja, por exemplo, tem em frente ao seu templo um grande cartaz que anuncia: “Terças e quintas – exorcismo, expulsão de demônios; segundas, quartas e sextas – milagres em geral”! Ora, as maravilhas de Deus são algo bem diferente. “Maravilhas” são ações ou fatos bons que nos causam profunda admiração e suscitam sentimento de gratidão. São surpreendentes, nunca previsíveis. Jesus nunca teve um “programa” de curas e milagres. Nunca convocou o povo para uma sessão de expulsão de demônios. Nunca colocou condições para garantir os milagres. Sempre foram ações livres de Jesus. Eram ações baseadas exclusivamente em sua misericórdia e compaixão. As pessoas necessitadas que o procuravam não buscavam um “milagre” para então crer no caso de serem atendidas. Elas o procuravam em suas necessidades porque já criam nele. Muitas vezes, Jesus, ao atendê-las, dizia-lhes: “Tua fé te salvou”. A fé recebe a graça, assim como ocorre no Batismo. Também no Batismo Deus nos acolhe amorosamente. E essa dádiva graciosa, maravilhosa, deverá ser acolhida em fé, por toda nossa vida. A vida inteira transforma-se numa grandiosa recepção A MARAVILHOSA

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permanente e sempre renovada da graça batismal. Mesmo em nossos pecados e desvios, podemos nos achegar a Deus, com confiança, solicitar-lhe e receber perdão, reafirmar nossa vontade de segui-lo em nossa vida, reafirmar nosso compromisso que vem da dádiva recebida no Batismo. Assim, a ação maravilhosa de Jesus também não era uma intervenção de força externa, por assim dizer “extraterrestre”, mas era uma ação misericordiosa por dentro de nossa realidade. Oramos a Deus pedindo curas, mas pedimos junto que Deus dê sabedoria e dons a enfermeiras e enfermeiros, médicas e médicos e a quem mais cuida da saúde das pessoas enfermas. Pedimos também por um sistema de saúde que atenda de maneira ágil e eficaz a população, em especial a mais pobre. Não vemos nenhuma contradição entre orar e o exercício responsável e eficaz das aptidões humanas, dos conhecimentos científicos e dos recursos técnicos. Também esses são maravilhosa dádiva de Deus. Igualmente, pedimos que Deus nos assista em nossas necessidades, mas em todos os nossos pedidos imploramos confiantes que “se faça a sua vontade, não a nossa”. Muitas vezes, Deus atende às nossas orações de maneira diferente do que pedimos. Deus pode nos assistir das mais diferentes formas. Ele também nos concede forças para resistir e enfrentar as adversidades. Também nos conforta nas tribulações e na tristeza. Deus nos ampara quando não vemos caminho à frente. Não há dádivas mais “maravilhosas” do que estas: crer em Deus acima de todas as coisas; ter uma esperança que não falha jamais, porque está ancorada em Deus; saber-se confortado, amparado e orientado pelo Espírito Santo em todas as situações; sentir-se livre para servir o próximo, sem interesses próprios, sem esperar retribuição, mas apenas para atender ao próximo em suas necessidades. E, em tudo, dar glória a Deus. Uma última “maravilha”: Também nós, que experimentamos e recebemos as “maravilhas” de Deus em nossa vida, ficamos atentos para as situações em que somos confrontados com pessoas que sofrem ou padecem necessidade. Aí somos chamados a ações igualmente “maravilhosas”, a partir da compaixão. O bom samaritano deixou de lado seus planos pré-traçados e seus compromissos já assumidos quando viu aquela pessoa que gemia à beira do caminho porque tinha sido assaltada. Não considerou sequer o risco que ele mesmo poderia estar correndo. Apenas uma questão lhe ficou clara: precisava atender àquela pessoa que sofria. E o fez. Dedicadamente, generosamente. Que “maravilha”! Assim, também nós nos tornamos agentes das “maravilhas de Deus”. t Walter Altmann Pastor Presidente da IECLB s

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JANEIRO

Alba O. Seewald

D S T Q Q S S Jesus Cristo diz: Quem crê no Filho tem a vida eterna. 1 João 3.36 8

Datas importantes: 01 – Ano Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres que se chamou “Frauenhilfe”, em Berlim/Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philipp Jacob Spener, fundador do Pietismo (+5/2/1705) 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+4/9/1965) 20 – Dia do/a Farmacêutico/a 27 – Dia do/a Doente de Hanseníase (Lepra) 28 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+20/12/1552) 29 – Dia do/a Jornalista

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Anotações

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Meditação

Corpo malhado. E o espírito? Jesus Cristo diz: Quem crê no Filho tem a vida eterna. João 3.36 No início de março comecei a participar de um grupo de mulheres que fazem ginástica. Dentro do espírito tão em voga no momento de manter o corpo em movimento para preservar a saúde física e mental, resolvi também fazer a minha parte. Quando cheguei ao local da reunião pela primeira vez, a treinadora já estava esperando por nós. Eu fui a primeira a chegar. Apresentei-me a ela, que logo quis ter algumas informações sobre o que eu faço na vida. Lembro ter relatado alguns dos meus afazeres, mas dediquei tempo especial em detalhar o que eu fazia na OASE. Ela quis saber o que era essa tal de OASE. “É a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas”, detalhei, para complementar em seguida: “são grupos de mulheres em todo o Brasil que atuam nas comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil”. “O que essas mulheres fazem?”, ela se interessou. Relatei-lhe as muitas atividades dessas mulheres nos grupos, mas dei ênfase especial às programações em torno da nossa fé. “O que é fé?”, ela perguntou então. Achei a pergunta muito difícil de responder, mas a inspiração parece que veio logo. “Fé é aquilo que cremos. Como cristãos, nosso exemplo de fé é Jesus Cristo”, comecei a explicar. Ela fez um olhar de quem esperava mais detalhes e não me fiz de rogada: “Jesus foi enviado por Deus para nos mostrar o caminho, a luz que devemos seguir. Para nos certificar temos a Bíblia, na qual encontramos muitas passagens que falam de sua importância para a nossa vida. Nelas fica claro que ele é o caminho, a verdade e a vida”. Cada vez mais interessada, a treinadora nem se deu conta de que as outras mulheres do grupo já haviam chegado para a sua aula de ginástica. “Bom dia, meninas! Desculpem! Me dêem mais um minutinho, que a conversa está muito interessante”, disse ela às que também já se juntavam ao grupo para ouvir nossa conversa. A MARAVILHOSA

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Meio aturdida com o interesse que havia despertado naquelas mulheres, mencionei o texto de João 3.36, onde Jesus diz: “Quem crê no Filho tem a vida eterna”. Esta palavra motivou-me a mostrar que era muito importante para todas nós estarmos ali para cuidar da nossa saúde física e mental, mas que isso não bastava. Estávamos animadas com a convicção de estar cuidando como se deve do corpo que recebemos de Deus. Mas precisamos de cuidados ainda mais importantes. O ser humano precisa de algo mais do que um corpo bem-cuidado e treinado para ter uma vida saudável e feliz. Se o nosso espírito não for constantemente treinado e nossa fé exercitada todos os dias, de nada adianta todo cuidado com o corpo. “Por isso”, emendei, “eu participo das reuniões da OASE e não perco a oportunidade de, em contato com minhas irmãs na fé, exercitar meu espírito no temor do Senhor”. Nossa fé leva-nos a conhecer as maravilhas que Jesus Cristo fez e faz por nossa vida. Se deixamos de praticar a fé e de exercitar nosso espírito, perdemos a alegria de viver, a sensatez e, especialmente, o sentido da vida. Isso porque nós realmente só podemos dar verdadeiro sentido à nossa vida neste mundo quando a conduzimos a partir da perspectiva da vida eterna. As coisas passam muito rapidamente. A infância desaparece num piscar de olhos. A juventude é mais passageira ainda. Aí vem a vida adulta. E muitas pessoas passam os anos correndo atrás de coisas nem tão importantes assim, principalmente com o objetivo de não perder a aparência jovem. Enquanto malham, malham e malham, perdem a oportunidade de dar sentido verdadeiro ao que fazem, plantando sementes que permanecem para a eternidade. Malhar é bom e muito importante, porque precisamos cuidar também do nosso corpo. Mas isso não pode se tornar uma obsessão. O sentido da vida está na fé, que nos impulsiona para a comunhão, o testemunho e o serviço. t Elfriede Gabel Blumenau/SC s

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A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

Cristãos entre a luz e as trevas no dia-a-dia Eu estava a caminho da escola, de manhã bem cedo. Morávamos no interior, no sul da Alemanha. Toda manhã eu precisava fazer essa caminhada de quatro quilômetros, sempre em companhia dos colegas da minha classe. Mas naquela manhã eu estava sozinho. A minha mãe mandou-me resolver um assunto antes do início das aulas. Por isso ninguém me acompanhava. Estava ainda meio escuro. Aos poucos, o dia raiou, mas a cerração dificultou a visão. De repente, ouvi latidos de um cachorro bravo, não muito longe de mim. Medo tomou conta de mim. O que fazer? Em minha angústia pedi a Deus: Senhor, protejame!, colocando toda a minha ansiedade nessa oração. Continuei andando. De repente, o céu se abriu e o sol mandou alguns raios para a terra. Eu interpretei isso como atendimento ao meu pedido. Sim, eu tinha certeza: Deus tem visto minha angústia e mandou um sinal! Assim a minha fé interpretou o raiar do sol. Com essa convicção criei coragem e não dei mais importância ao latido do cachorro, que provavelmente caçou um coelho. Com a certeza de que Deus pessoalmente cuidava da minha segurança, continuei a minha caminhada e cheguei bem à escola. Íris Butzke

A escuridão impede a nossa ação plena, atrofia a nossa percepção e limita a nossa capacidade de movimento A MARAVILHOSA

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A escuridão é ameaçadora Faz parte da natureza do ser humano ter medo de tudo que não consegue identificar claramente e que foge do seu domínio. Seja um ruído na noite enquanto se está na cama sem conseguir dormir. Seja o movimento de algo não-identificado, pertinho, enquanto se caminha à noite. Seja uma doença nãoidentificada ou uma notícia de um acidente envolvendo um ente querido sem dar pormenores sobre a gravidade do ocorrido. Temos medo de fofocas. Temos medo da tempestade. Temos medo do futuro. Temos medo da morte. A expressão “andar às cegas” aponta para a insegurança que toma conta da pessoa ao ser exposta à incerteza na escuridão, também no sentido figurativo. Pois a escuridão (incerteza) impede a nossa ação plena, atrofia a nossa percepção e limita a nossa capacidade de movimento. Há pessoas que, por esse motivo, desesperam, perdem a vontade de prosseguir em sua jornada, se entregam ao desânimo... e a depressão aguarda-as de braços abertos. A luz é fonte de vida Mas não apenas as pessoas preferem a luz. Todos os seres vivos estão condicionados à luz e ao calor. Toda a vida do nosso planeta estaria condenada à morte sem a proximidade do sol, com seus raios que irradiam luz e calor. Desde os tempos remotos da existência da raça humana, o fogo é o centro da convivência e ponto de referência para a família. O fogo era a fonte de luz (tochas) e calor (fogueira), que favorecia a vida em comunhão. Na época em que foram escritos os primeiros capítulos da Bíblia já existiam conceitos bem formados sobre a luz e a escuridão e sua importância para a vida, respectivamente, seu caráter ameaçador que limita a vida humana tanto física como figurativamente. A partir da revelação de Deus a Moisés o povo de Israel já tinha formado um conceito sobre a natureza de Deus, sua infinitude e onipotência. Uma das características experimentadas e atribuídas a Deus era que ele é fonte da luz e, ao mesmo tempo, fonte da vida. Assim nos conta a história do primeiro encontro de Moisés com Deus (Êxodo 3.1 e seguintes): “Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo no meio duma sarça [...] e Deus, do meio da sarça, chamou Moisés [...]”. Nessa oportunidade, Deus encarregou Moisés de libertar o povo de Israel da escravidão no Egito, dando assim início à caminhada para a liberdade e para a vida. E quando Moisés voltou do monte Sinai, trazendo consigo as “duas tábuas do Testemunho” (os Dez Mandamentos), a “pele do seu rosto resplandecia, depois de haver Deus falado com ele” (Êxodo 34.29), sinal que teve contato direto com a fonte da luz. Baseado nas leis gravadas nas duas tábuas, Deus oferece ao povo de Israel a aliança para a vida. A MARAVILHOSA

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Luz e trevas em Gênesis Refletindo sobre o texto da criação da luz em Gênesis 1.1-8;14-18, precisamos ter em mente todos os pensamentos acima. Luz e trevas, a terra, os mares, as pessoas, as plantas e os animais, as estrelas – tudo foi considerado obra de Deus. Para dar expressão a essa convicção e dar testemunho dessa fé, o autor escreveu a história da criação do mundo. Sabendo que toda a vida depende da luz e do calor, imaginou que Deus deva ter criado em primeiro lugar a luz para limitar as trevas. No segundo dia, criou o espaço para que a vida pudesse desenvolver-se, limitando esse espaço para cima com o firmamento e para baixo com a terra. Também a água recebeu seu devido lugar acima do firmamento e ao redor da terra, que o autor imaginava como disco, e ao redor dela o mar. Ao observar o nascer do sol e da lua todas as manhãs e noites no mesmo lugar, imaginava que ambos eram luzeiros que receberam uma função específica. As estrelas ficaram sem tarefa específica. Tanto o sol como a lua receberam a incumbência de “governar o dia e a noite e fazer separação entre a luz e as trevas” (Gênesis 1.18). Notamos que o autor da história da criação do mundo não sabia que a terra é um planeta que gira ao redor do sol e este, junto com as demais estrelas, faz parte de milhões de estrelas e sistemas solares no espaço. Mesmo assim falamos hoje ainda do “nascer do sol” e/ou do “pôr do sol”. Talvez o autor do livro Gênesis não tenha tido o mesmo conhecimento científico como nós hoje e, portanto, estivesse errado na sua cosmovisão, mas o testemunho da sua fé continua válido até hoje: Deus é a fonte da luz. Em sua sabedoria e onipotência criou a vida, ou seja, o mundo (universo) e tudo que nele existe. Deus também cuida deste mundo encarregando os seres humanos da administração de sua criação na terra. Por isso equipou as pessoas com inteligência, sentimentos e uma noção fundamental de ética (criando-as à sua imagem). E sempre que o ser humano se afasta de Deus, da fonte de luz e da vida, ele se aproxima da escuridão e da morte. Luz e trevas no Novo Testamento Também o Novo Testamento dá testemunho da convicção de que Deus é luz. Isso é demonstrado simbolicamente na história da transfiguração de Jesus: “E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz” (Mateus 17.2). Jesus como Filho de Deus reflete o fulgor do seu Pai. Nesses termos pôde dizer: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8.12). Também os anjos, que representam Deus em momentos cruciais, A MARAVILHOSA

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refletem esse fulgor. No anúncio do nascimento de Jesus, “um anjo do Senhor desceu onde estavam (os pastores), e a glória do Senhor brilhou ao redor deles” (Lucas 2.9). O poder de Deus também é representado por um anjo no momento da ressurreição de Jesus. O evangelista Mateus escreveu que “era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve” (Mateus 28.3). Em contraposição estão os poderes das trevas. Na hora em que Jesus foi preso no jardim Getsêmani, ele disse aos que vieram prendê-lo: “Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas” (Lucas 22.53). Na Carta aos Colossenses, o apóstolo Paulo confessa: Deus “nos libertou do império das trevas” (Colossenses 1.13). O desafio de andar na luz Deus deixa a critério da pessoa andar na luz ou andar nas trevas. Jesus convida a segui-lo andando na luz. Quem vive na luz de Deus desenvolve critérios para a vida, enxerga tudo com mais clareza e é capacitado para ser luz também. Quem prefere a escuridão perde a noção do que está de acordo com a vontade de Deus. A escuridão não permite vermos com clareza as sujeiras da vida. Para explicar melhor conto um episódio que me ocorreu quando era pastor na comunidade: Fui de carro para uma comunidade no interior. Era noite. De repente, furou um pneu. Fui obrigado a trocá-lo à luz de lanterna. Atrasei-me para o estudo bíblico. A comunidade já estava reunida numa escola. A sala de reuniões recebia a luz de um foco muito fraco, mas claro o suficiente para ler a Bíblia e cantar hinos do hinário. Durante o estudo, os olhares das pessoas estavam fixados num ponto determinado da minha camisa branca. Isso me irritou um pouco, mas continuei com o estudo. No fim da noite, perguntei ao líder do grupo por que todos estavam olhando para o meu peito em vez de olhar para o meu rosto. “O senhor não percebeu ainda que tem uma grande mancha na sua camisa?” De fato, constatei que a minha camisa estava suja. Devo tê-la sujado durante a troca do pneu furado, na escuridão. Apliquemos esse exemplo para a vida do dia-a-dia: Quem segue Jesus anda na luz. A luz que ilumina o nosso caminho é a palavra de Deus. Portanto, andar na luz de Jesus é ler, ouvir e refletir sua palavra e fazer com que sua mensagem transpareça em nossas vidas, nas decisões diárias, na vida particular, profissional e pública. Quando o evangelho não for mais o parâmetro para as nossas decisões éticas, afastamo-nos da luz e entramos na esfera da escuridão, onde é mais fácil fazer um jogo sombrio, pois não enxergamos mais as manchas em nossa camisa branca. Por isso Jesus disse aos seus discípulos e a todos que crêem nele: “Vós sois a luz do mundo!” (Mateus 5.14). A MARAVILHOSA

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Assim como a lua reflete a luz do sol, clareando a escuridão da noite, o cristão reflete, na vida do dia-a-dia, a luz de Deus, sua justiça, seu perdão, sobretudo seu amor. Portanto, depende de nós cristãos se nossa sociedade sucumbe na corrupção, na injustiça, no ódio, na guerra, na mentira e na violência, ou se o amor, a justiça, o respeito mútuo, a verdade e a tolerância alimentam o convívio em paz e favorecem o bem-estar do povo. Em fevereiro, realiza-se a Assembléia Geral do Conselho Mundial de Igrejas, em Porto Alegre, sob o tema: Deus, em tua graça, transforma o mundo. Sim, Deus tem poder de transformar o mundo. Mas ele insiste que nós, seus filhos e suas filhas, sejamos os instrumentos de sua ação, os canalizadores do seu amor e os refletores de sua luz. Portanto, mulheres da OASE: Vós sois a luz do mundo! Sugestões para o trabalho no grupo: 1) Ensaio: Pedir a todas as participantes que olhem bem ao seu redor e mentalizem todas as instalações da sala de reuniões. Depois, três (ou mais) participantes voluntárias devem encontrar determinados objetos (porta de saída, vaso de flores na mesa do centro etc.) com os olhos vendados. Em seguida, as voluntárias compartilham sua experiência como “pessoas que andaram nas trevas”. 2) Por que na vida do dia-a-dia as pessoas preferem andar “nas trevas” a ser “luz do mundo”? 3) O que nós podemos fazer para que as pessoas gostem mais da luz do que das trevas? 4) O que nós devemos fazer para não nos tornar cúmplices das trevas? 5) Vale a pena ser um vaga-lume na escuridão do mundo? t P. em. Friedrich Gierus Blumenau/SC s

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Pare e pense

Meu canto de esperança Você pode falar de amor neste mundo de ódio. Pode impedir que a violência corrompa a pureza. Pode fazer com que a guerra transforme-se em paz. Você pode espalhar alegria onde existe tristeza.

Você pode cantar o amor, a pureza e a paz. Pode espalhar alegria e ser sol e ser luz. Pode contar para aqueles, sem força e sem fé, que há uma nova esperança em Cristo Jesus.

Você pode ser o sol no caminho onde a luz não existe. Pode tornar este mundo um mundo melhor. Pode levar esperança ao que luta sem fé. Você pode falar de Jesus e do seu grande amor.

Cante comigo, porque cantar não cansa. É tempo de amar e de repartir esperança. t Edith Esteves Moraes Fonte: Voz Missionária 02/04 s

RECEITA

Mousse de chocolate Rendimento: 8 porções Ingredientes: 3 colheres (sopa) de maisena; 3 colheres (sopa) de chocolate; 1 e ½ xícara (chá) de açúcar; 2 xícaras (chá) de leite; 1 colher (sopa) de aguardente; 1 xícara (chá) de margarina; frutas cristalizadas (ou em calda) para decorar.

leite. Leve ao fogo e mexa até ferver. Retire e acrescente o aguardente. A parte, bata a margarina com ½ xícara de açúcar até ficar cremosa, junte ao creme de chocolate, mexendo sempre. Coloque em taças. Decore com frutas cristalizadas. Sirva bem gelado. t Inês M.Emke Monte Mor/SP s

Modo de fazer: Dissolva a maisena, o chocolate e 1 xícara de açúcar no A MARAVILHOSA

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FEVEREIRO

Wilhelmine Kieckbusch

D S T Q Q S S Os que amam o Senhor brilham como o sol quando se levanta no seu esplendor. Juízes 5.31

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Datas importantes: 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+9/4/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/4/1560) 22 – 1956 – Fundação da Escola Bíblica de Lagoa Serra Pelada/ES 27 – 1854 – Fundação da Diaconia de Neuendettelsau/Alemanha 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos Distritos e das Regiões, criação dos Sínodos

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Meditação

Onde houver trevas, que eu leve a luz Os que amam o Senhor brilham como o sol quando se levanta no seu esplendor. Juízes 5.31

A luz do sol brilha automática e desinteressadamente. Brilhar faz parte do seu ser, de sua natureza. A luz do sol transforma o meio ambiente e os resultados são evidentes. Fazendo uma comparação com a nossa vida de fé, podemos afirmar que todas as pessoas cristãs são chamadas por Deus para iluminar o meio em que vivem com as forças que dá o Espírito Santo. Cada pessoa deve descobrir onde pode iluminar e produzir essa transformação em seu meio ambiente. Muitas vezes, sabemos o que temos que fazer, porém temos dificuldade de pôr mãos à obra, talvez por não saber por onde começar. Seremos sol que brilha se vivermos unidos ao nosso Senhor Jesus Cristo e dele recebermos a força necessária para realizar essa tarefa. A pessoa cristã não faz nada por si mesma; é Jesus que faz por meio dela. Brilharemos no mundo como a luz do sol porque Deus nos chamou para essa missão e é ele que proverá os meios necessários para que possamos realizá-la com eficácia. Pois nosso Deus nunca exige de nós alguma coisa antes de nos dar a sabedoria e os meios indispensáveis para realizá-la. Não é por nossas qualidades, forças, sabedoria, capacidade que a luz de Deus vai brilhar por meio de nós no mundo, mas unicamente pelo chamado e poder concedidos por ele; se não fosse assim, não poderíamos iluminar. A luz do sol é a força que torna possível a vida. Onde não há luz não há vida. Após alguns dias de chuva e de céu fechado, sentimo-nos aliviadas, alegres e felizes quando o sol reaparece. Nosso ânimo muda. A luz também serve de orientação. A falta dela dificulta encontrar o caminho certo. Quando chegamos a um lugar desconhecido à noite, dá um frio na barriga e produz em nós um certo medo: será que vou encontrar o lugar? Vou saber chegar até lá? A escuridão enche-nos de temor e angústia. A MARAVILHOSA

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Há pessoas que não gostam de sair à noite. A luz dá orientação e segurança para nossos passos. Outra propriedade da luz é que ela nos permite discernir. Com ela podemos apreciar a beleza da criação de Deus. Um dia iluminado impulsiona-nos a louvar a Deus. O cântico de Débora, que encontramos no livro dos Juízes 5.1-31, finaliza motivando os que crêem em Deus a brilharem como a luz do sol. Vivemos num mundo onde parece haver falta de luz! Vemos, ouvimos e sentimos na própria carne a violência urbana e doméstica, isto é, violência contra a mulher, as crianças e os idosos. Temos fome – a cada sete segundos morre uma criança de fome no mundo. Temos corrida armamentista – gastam-se perto de cem mil reais por segundo em armas. Temos guerra e guerrilhas em várias partes do mundo. A natureza é destruída diariamente! A nossa missão como pessoas cristãs no mundo é muito importante para que exista luz, segurança, orientação, paz, amor e vida verdadeira. Um mundo sem a luz de Deus transforma-se num caos. Portanto, é necessário que a luz divina ilumine nossas vidas, para que possamos iluminar o nosso mundo e dar passos firmes e seguros apesar de nossas limitações e fraquezas. Orientadas em Deus e vivendo de sua luz, podemos servir de luz para os que andam nas trevas. Se cada pessoa cristã for luz em sua comunidade, esta se transformará em uma comunidade atrativa, porque a luz atrai a atenção. Um recém-nascido já se orienta pela luz; as plantas se curvam procurando a luz. Nós, sem o percebermos, dirigimos nossos olhos em direção à luz quando estamos na escuridão. Da mesma maneira, as pessoas vão encaminhar-se até nossas comunidades, se houver luz brilhando nelas, se formos capazes de refletir a luz de Deus. Assim como uma cidade construída em cima de uma montanha não pode ficar oculta, assim uma vida de fé iluminada por Deus não passa despercebida, mas é vista de longe! Temos a responsabilidade de brilhar como o sol diante dos homens, das mulheres e crianças, para que eles também possam conhecer Deus e somar-se a nós na missão de iluminar o mundo. Uma vida de fé, cujo fundamento é Cristo, produz bons frutos, os quais podemos comparar com os raios de sol que, de forma automática e desprendida, ilumina e aquece nosso mundo. Que em nossas comunidades, as OASEs e os grupos de mulheres evangélicas continuem a brilhar como a luz do sol em todo o seu esplendor e com seu trabalho transformem as comunidades em comunidades terapêuticas, acolhedoras e aconchegantes. Um bom referencial para esse trabalho encontramos nas palavras de São Francisco de Assis: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz. A MARAVILHOSA

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Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz”. Dinâmica e reflexão: Material: Uma bacia com água, papel para dobradura de várias cores, cortado em forma de quadrados de 5 cm x 5 cm e canetas. Desenvolvimento: Formar um círculo, colocar uma mesa no centro e colocar em cima a bacia com água. Cada integrante recebe um papel e uma caneta, com a qual escreve seu nome e o lugar ou situação que pretende iluminar para transformar (família, vizinhança, trabalho etc.). Depois, dobram-se os papéis, unindo as pontas de cada lado no centro, de forma que a escrita fique oculta. Os papéis são colocados dentro da bacia com água, com as “abas” voltadas para cima. Eles irão se abrir e, à medida que se abrem, cada participante, autora da proposta, falará por que escolheu esse lugar de atuação e como pretende transformá-lo. Sugestão: Seria interessante na próxima reunião do grupo usar o tema: “Iluminar para transformar” e que cada participante falasse sobre sua experiência. t Raquel Sanginet Coordenadora do Grupo de Mulheres Evangélicas de Riveira/ROU s

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A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

Terra – flores e frutas Preparar o local de encontro com muitas flores e frutas, espalhando e ornamentando cada espaço de forma alegre e envolvente, despertando as participantes na chegada para se deixarem envolver pela música instrumental ou com sons de natureza. Uma das participantes recebe as demais, dando-lhes as boas-vindas e entregando-lhes alternadamente uma flor e uma fruta, assim cada uma receberá algo diferente. Colocar uma caixa com terra perto da porta. Leda Witter

Ao chegarem, vocês foram recebidas com alegria e simbologia. E de forma pessoal e especial vocês são parte deste cenário, no qual somos artistas de um grande espetáculo. Respirem profundamente e sintam o aroma que vem das flores e das frutas. É gostoso, não é mesmo? Admirem as cores das flores. Alguma diz algo especial para vocês? Faz lembrar um acontecimento importante que as tenha marcado profundamente? Talvez alguém tenha recebido um ramalhete do marido num momento especial (formatura, aniversário) ou tenha recebido um botão de rosa de uma amiga. Para que essas flores germinassem, foram necessários alguns elementos: terra, ar, água, entre outros. E a soma desses com o carinho, o cuidado e o amor de quem os criou proporciona hoje que o nosso encontro seja abençoado com a maravilhosa criação de Deus. “Deus pôs na parte seca o nome de ‘terra’ e nas águas que se haviam ajunA MARAVILHOSA

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Íris Butzke

tado ele pôs o nome de ‘mares’. E Deus viu que o que havia feito era bom” (Gênesis 1.10). Graças à bondade e misericórdia de Deus, desfrutamos do bom e do belo. As flores e os frutos enfeitam a mesa de nossa casa e inclusive o altar. As flores e os frutos enfeitam o pomar e o jardim, permitindo a quem passa desfrutar de sua beleza ímpar. Esse desfrutar pode ser apenas contemplativo, como também no gesto concreto de colher flores e frutos e ofertá-los a alguém, na alegria ou mesmo na dor. “Em seguida ele disse: Que a terra produza todo tipo de vegetais, isto é, plantas que dêem sementes e árvores que dêem frutas! E assim aconteceu” (Gênesis 1.11). Ao nos depararmos com a vontade de Deus, percebemos que nós mulheres somos também sementes lançadas na terra: crescemos, desenvolvemos e temos a tarefa de frutificar para novamente lançar sementes. Cada uma é importante. Cada uma tem seu valor, seus dons e talentos. Cada uma tem algo a oferecer. E ninguém é tão bom que não tenha nada para receber. “A terra produziu todo tipo de vegetais: plantas que dão sementes e árvores que dão frutas. E Deus viu que o que havia feito era bom” (Gênesis 1.12). Precisamos da terra para nosso corpo; de sol para receber energia, calor e luz; de água para irrigar a terra e alimentar nosso ser; de ar para criar o movimento na vida que pulsa e impulsiona para a maravilhosa criação de Deus. Levemos o símbolo que recebemos e continuemos nossa reflexão fora daqui. Que seja uma marca em nossa vida e que possamos confessar nossa fé no Deus que nos dá a terra para nela sermos flores e frutos. Ao sairmos, vamos pisar na caixa com terra, vamos ser audaciosas e sujar nossos calçados para levar pelo caminho a trilha que deixa marcas. Supliquemos: Deus, em tua graça, transforma... nosso pensar, nosso viver e nosso agir. t Pª Betina Cavallin Rosário do Sul/RS s A MARAVILHOSA

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JOGOS PARA GRUPOS

Pássaros no ar Instruções: 1) Grupo sentado em círculo. 2) Senha da dirigente: Cada vez que mencionar o nome de um pássaro, todas devem erguer a mão direita e fazê-la flutuar, imitando um pássaro em vôo. Se mencionar um grupo de pássaros, ambas as mãos deverão flutuar. Se mencionar um animal que não voa, deverão ficar imóveis, com as mãos sobre os joelhos. 3) Quem errar permanece no grupo, sem participar diretamente, mas colabora com a fiscalização. 4) Comentários. Exemplo: “Esta manhã levantei-me cedo. O dia estava magnífico. O sol da primavera animava toda a natureza e os pássaros (duas mãos) cantavam sem cessar. Ao abrir a janela do quarto, um pardal (mão direita), sem cerimônia, invadiu a casa, pondo o gato (mãos no joelho) em polvorosa. O papagaio (mão direita), que estava no jardim de inverno, irritou-se com a correria do gato (mãos nos joelhos) e pôs-se a berrar, assustando os canários (duas mãos), que tranqüilamente cantavam em suas gaiolas”.

Qualidades e manias Materiais: Papéis e canetas. Instruções: 1) Cada pessoa escreverá duas qualidades e duas manias num pedaço de papel, sem que as demais vejam. 2) A dirigente recolhe os papéis, mistura e redistribui, de modo que ninguém fique com o seu. 3) Cada participante deverá, por meio de mímica, representar tais características para que o grupo as descubra. Em seguida, tenta-se acertar o autor das mesmas, que explicará o porquê de tais escolhas. 4) Comentários. t Ronaldo Yodik Extraído de: 100 Jogos para grupos. Enviado por Helga Schünemann, Panambi/RS s A MARAVILHOSA

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MARÇO

Íris Butzke

D S T Q Q S S Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo. 5 6 7 João 11.27 12 13 14

1 2 3 4 8 9 10 11 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Datas importantes: 01 – Quarta-feira de Cinzas 03 – Dia Mundial de Oração 05 – 1831 – *Friedrich von Bodelschwingh, fundador de Bethel/Alemanha 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/SC 10 – 1557 – Primeiro culto evangélico no Brasil, Rio de Janeiro/RJ 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia das Pessoas com Deficiência Visual 19 – Dia da Escola 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS

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Anotações

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Meditação

O credo de Marta Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo. João 11.27 Quando nos confrontamos com uma afirmação tão segura e séria, devemos ver o contexto. Fazendo isso, descobrimos uma história que ouvimos desde os tempos do Culto Infantil: “A ressurreição de Lázaro”. Lembro-me de que era uma história triste e angustiante. Maria e Marta chorando e Lázaro, envolto em panos brancos, saindo da sepultura. Maria e Marta são muito conhecidas por nós. Não raras vezes, no trabalho da OASE, somos comparadas com elas e existem vários grupos com esse nome. Mas quem foi Lázaro? Irmão, um amigo, um morador de Betânia? Os pesquisadores não são unânimes nas respostas a essa pergunta. Da mesma forma que ele aparece, também desaparece dos relatos. Mas o importante é que Jesus ressuscitou Lázaro. Da morte para a vida, ou para a vida eterna?! O Evangelho de João transmite-nos com absoluta precisão que Cristo é o Filho de Deus. Ele significa vida nova e ressurreição para hoje e amanhã. Voltando ao nosso relato: Quando Jesus foi a Betânia, Lázaro estava sepulA MARAVILHOSA

tado há quatro dias. Os discípulos não quiseram ir com o mestre para Betânia porque temiam pela vida de Jesus. Mas para Jesus não havia impedimento. Para ele essa viagem seria uma oportunidade para demonstrar a sua força sobre a morte e revelar a magnitude de Deus. Maria e Marta receberam muitas visitas de condolências. Maria ficou sentada em casa para receber as pessoas. Marta, a dona, a senhora da casa, sentiu que todas as palavras das pessoas amigas não ajudaram a tirar a dor. Quando ouviu que Jesus estava se aproximando de Betânia, ela foi correndo ao encontro dele. Com certeza ela tinha guardado dentro dela um sentimento de rancor. “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. Uma certa resignação tomou conta dela. Nessa situação ela escuta as palavras que são o motivo, a “palavra-chave”, do nosso capítulo: EU SOU. Muitas vezes ouvimos, no decorrer dos séculos: “Eu sou”. Desses falsos profetas Jesus já falou em Marcos 13.6: “Muitos virão em meu nome, dizendo: CRIAÇÃO DE DEUS

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‘Eu sou’; e enganarão a muitos”. Jesus não falou somente: “Eu sou”. Ele continuou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”. O que significa essa afirmação? Apesar da morte que devemos sofrer, Jesus Cristo é a ressurreição e a vida, quem crê em Cristo viverá também quando morrer. Quem vive e crê nele nunca mais morrerá. Isso não significa que essa pessoa nunca morrerá fisicamente! Sim, morrerá como todas as outras pessoas. Muitas vezes passará por dor, sofrimento, angústia e provação, mas depois da morte será ressuscitada para uma vida com Cristo. Esta vida nem mesmo a morte poderá destruir. Jesus promete a nós que cremos nele, já hoje, mesmo sabendo que devemos morrer um dia, a vida eterna. A vida com ele. Esse milagre somente podemos entender pela fé e na esperança, porque Jesus o prometeu. Ele não pergunta se nós compreendemos isso ou se a nossa razão procura entender a sua palavra. Ele completa o seu depoimento com uma pergunta de apenas duas palavras: “Crês isto?”. Depois disso, Marta não pode responder diferente e com toda firmeza afirma: “Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”. Esta afirmação pode ser entendida como o credo de Marta, que tem três artigos: 1) Jesus é o Cristo, o Ungido, o Messias; 2)

é o Filho de Deus; e 3) é o Redentor prometido, que o mundo aguardava. E, no mais, Marta não ficou sozinha com sua descoberta, mas chamou Maria e, com isso, demonstrou seu afeto por ela. E nós? Qual seria a nossa resposta, caso Jesus perguntasse hoje, agora, neste momento: “Crês isto?”. Podemos responder: “Sim, eu estou convencido de que tu és o Cristo. Eu tenho plena fé que tu és o Messias, o Filho de Deus. Tu és aquele que estava para vir a este mundo”. Por meio da sua palavra Jesus quer nos ajudar, e diariamente podemos confessar isso. Mais ainda quando nós, desesperadamente, queremos solucionar sozinhos os altos e baixos da nossa vida. Cristo está conosco como ele prometeu. Ele nunca é o passado, pelo contrário, ele é o que vem ao nosso encontro. Ele ampara-nos e acompanha-nos passo a passo, seja na vida ou na morte. Por isso jamais seremos abandonados ou desamparados. Assim como Cristo se tornou, na Páscoa, o primeiro fruto (as primícias) da ressurreição, também nós temos a garantia da ressurreição. E já agora, em nossa fé, participamos dessa vida e realidade que se manifestarão em glória na vinda de Jesus Cristo para o juízo final. Dessa maneira “levamos sempre em nossos corpos mortais a morte de Jesus, para que também se veja a vida dele em nossos próprios corpos” (2 Coríntios 4.10). Cada uma de nós é confrontada pessoalmente com a pergunta de Jesus:

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“Crês isto?”. Pois na tua e na minha fé Cristo está presente, e assim ele permite que aqui e agora nós possamos viver a “ressurreição”. Porque assim ele proclama: “Quem vive e crê em mim nunca morrerá”. Maria e Marta são exemplos para nós no ouvir, testemunhar e levar adiante o testemunho da vida eterna. Queira Deus que nós, com convicção, possamos dar testemunho de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que nos dá a vida agora e na eternidade.

Oração: Senhor Jesus Cristo, tu és a ressurreição e a vida. Faz de nós mensageiras de tua ressurreição, envia-nos ao mundo como testemunhas de que tu vives e que nós vivemos em ti. Amém. Achei um firme ancoradouro, que dá sossego ao coração. Eis o meu único tesouro: Em Cristo eu tenho a salvação. Este tesouro há de ficar, mesmo que o mundo desabar. t Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ s

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Um berçário chamado água Disse Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes... E Deus os abençoou, dizendo: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares. Gênesis 1. 20 e 22 Dados sobre água De toda água existente no planeta, 97% são salgadas e ocupam mares e oceanos, 2% formam geleiras inacessíveis e apenas 1% é água doce, que encontramos nos lençóis subterrâneos, rios e lagos. Um sexto da população mundial não tem acesso à água.

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Molhando a boca Sugiro que antes de começar o encontro sejam distribuídos copos descartáveis com água potável para cada participante. Após a leitura dos dados sobre a água, é feito o convite para tomar uns bons goles de água. Pedir para tentar ver a cor da água, sentir o seu cheiro, seu sabor e sua temperatura. Breves comentários. CRIAÇÃO DE DEUS

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Ivani Dallacorte

Necessita-se da água para gerar e manter vida

Aprendendo sobre água a partir de Gênesis A narrativa da criação do mundo, encontrada em Gênesis 1 e 2, relatanos que toda a terra estava envolvida por água: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gênesis 1.2). Numa primeira impressão da leitura de Gênesis poderíamos comparar o começo da vida no mundo com a formação de uma nova vida no útero materno – vida envolvida por água. Poderíamos dizer que aqui encontramos o útero gerador da vida.

Mais adiante a narrativa da criação narra-nos o que foi criado no segundo e terceiro dias: “E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez. À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento de águas, Mares. E viu Deus que era bom” (Gênesis 1. 6 e 9). Feita essa separação da água e terra, o mundo apresenta-se da seguinte forma: três quartos do globo terrestre são cobertos de água, enquanto que apenas um quarto é terra seca. E lembramos mais uma vez que, do total das águas, 97% são salgadas, 2% formam geleiras inacessíveis e apenas 1% é água doce. Deus colocou uma variedade impressionante de vida sobre a terra , que pode ser vista a olho nu e através de um microscópio, tão variada que o salmista exclamou: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras!” (Salmo 104.24). Ao contemplarmos a vida aquática e marinha, ficamos maravilhados com o pulsar da criação que ali se encontra. São espécies de todos os tamanhos, cores e formas. Tão impressionante é a vida marinha que é nos mares que vive o maior mamífero do mundo: a baleia. Nos rios e mares encontramos uma enorme fonte de alimentos, vida portanto. Certas regiões têm no mar a maior fonte de sua alimentação.

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Sinal de alerta: pode faltar água na terra A partir de algumas experiências nada animadoras, principalmente nas últimas cinco décadas, acionou-se o sinal de alerta para o perigo em que se encontra a humanidade: morrer de sede pela crescente agressão do ser humano à natureza criada por Deus. Assusta-nos a agressividade com que são destruídas nossas florestas, a crescente poluição com produtos químicos e ácidos envenenando o lençol freático, de sorte que até a água do poço artesiano está sendo contaminada. A poluição com gases, resultado do crescente número de automóveis que queimam petróleo aliado a gases das indústrias, deixa o céu envenenado, de forma que em muitas partes do planeta conhecemos o fenômeno das chuvas ácidas, que envenenam florestas e plantações, gerando morte. Sem água não há vida. Esse sinal de alerta convoca-nos a cuidar da natureza como um ato de amor e gratidão ao Criador e um ato de preservação da vida em geral. A maioria de nós ainda conviveu com um poço em casa. Tirava-se a água fresquinha e cristalina com um balde ou então com a ajuda de uma bomba manual. Naquele tempo ninguém podia imaginar que algum dia nós pagaríamos pela água que consumimos. Hoje é mais do que natural recebermos água pelo serviço público de abastecimento: água tirada do rio (poA MARAVILHOSA

luído) ou do poço artesiano e tratada com cloro e, às vezes, também com flúor. Mas essa água não é mais tão boa como era anos atrás. Agora é moda comprarmos água mineral em galões, garrafas e copos descartáveis. Há trinta anos, provavelmente, iríamos dar boas risadas se alguém nos oferecesse água para comprar. Água boa para um mundo sedento A palavra de Deus declara-nos que o que Deus criou era bom. A água era boa. A terra era boa. O ser humano também era bom. Mas a desobediência da humanidade trouxe conseqüências desastrosas para ela própria e para toda a criação. Lugares que no passado nos faziam ter uma idéia do que poderia ser o paraíso, pela ação do ser humano, transformaram-se em desertos, lugares sem graça e sem vida. A terra necessita da água para gerar e manter vida, assim como o feto no útero materno necessita do líquido amniótico para manter-se vivo e poder se desenvolver. Também o espírito humano tem sede e busca incansavelmente pela água da vida. No Antigo Testamento, o profeta Jeremias exortou o povo de Israel e mostrou-lhes seu erro, motivo de infortúnios e desgraças: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas CRIAÇÃO DE DEUS

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vivas, e cavaram cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2.13). Sempre que o ser humano se separa de Deus (pecado) e busca seguir os seus próprios caminhos, afasta-se do manancial de águas vivas. No hinário da IECLB – Hinos do Povo de Deus 2, o hino 474 diz algo muito oportuno para nosso estudo sobre a água da vida (Sugiro que no encontro se cante este hino): /: Ontem ele foi, hoje ele é. Haja o que houver, sempre ele será:/ 1. A água que mata a minha sede, o pão que sacia a minha fome, a paz que domina e consome, tanta guerra aqui dentro de mim. Ontem ele foi, hoje ele é. Haja o que houver, sempre ele será. 2. A brisa que sopra no campo, a fonte que nasce na serra, sempre será sal da terra, a estrela de cada manhã. Ontem ele foi, hoje ele é. Haja o que houver, sempre ele será.

e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (João 7.37b-38). A partir do nosso Batismo, Deus colocou em nós o sinal da sua graça, da salvação que Jesus realizou por cada um de nós dois mil anos atrás. A comunhão com Jesus, a água da vida, mata nossa sede e nos torna canal de água viva para sedentos e sedentas deste mundo. Nosso testemunho, como membros da igreja cristã, mulheres engajadas nas ações da OASE em prol do reino de Deus, oferece-nos uma grande oportunidade para que a sede de muitas pessoas, mulheres principalmente, seja saciada. Nossos grupos de OASE também deverão ser semelhantes ao mar da Galiléia: abundante em peixes, fonte de vida. Precisamos pedir a Deus que nosso testemunho de fé em Jesus seja para as pessoas uma nascente de água cristalina, cuja fonte é Jesus.

Como discípulos de Jesus, todos deveríamos conhecer a palavra de Jesus que diz: “Quem tem sede, venha a mim

Para refletir:

1. Se estiverem com sede, tomem mais um gole da água de seu copo descartável. 2. Nosso grupo de OASE assemelha-se a uma fonte de água boa ou a um deserto? 3. Para onde poderíamos e deveríamos canalizar o testemunho de nossa fé? 4. Nossas famílias têm consciência do alto valor da água? 5. Cuidamos devidamente da natureza para não nos faltar a boa água? Oração: Obrigado, Senhor, nosso Deus e Pai, pela água que corre em nossos

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rios em direção ao oceano, berçário de também do nosso interior flua água tanta vida, pela água que bebemos e viva. Amém. que nos proporciona o gostoso banho Hino: Hinos do Povo de Deus diário. Louvamos a ti, Jesus, que és a 1 – 236. água da vida que mata nossa sede espiritual. Gratos te somos, ó Deus eterno, t P. Cláudio S. Schefer pelo lavar regenerador e renovador do Brusque/SC s Espírito Santo, que derramas sobre nós ricamente por meio de Jesus, nosso Salvador. Fortalece a nossa fé para que

pare e pense

Quaresma Leda Witter

Quaresma é tempo de vivência intensa de tradições e costumes. São freqüentes as dúvidas quanto à Quaresma e sua origem, a ponto de muitos questionarem sua validade nos dias atuais. Mesmo assim, é regra que a família cristã observe os costumes dessa época, repassando-os de geração em geração. Jejum, prática de caridade, abstinência, não cortar os cabelos, não ir a festas ou realizar festas, não comer carne, são apenas algumas das muitas Quaresma é tempo de oração e preparo para tradições que se multiplicam em nosso a nova vida que Cristo inaugura em sua cruz, meio. Esses costumes fossilizaram-se, morte e ressurreição e tradições fossilizadas escravizam e não têm sentido. Por isso nos perguntamos sobre o que é Quaresma e qual o sentido dessas tradições hoje. Origem da palavra O termo “quaresma” provém do latim “quadragésima” e significa “quarenta dias” ou, talvez mais apropriadamente, o “quadragésimo dia”. Outras línguas de origem latina expressam essa idéia como “carême” em francês, “quaresima” em italiano e “cuaresma” A MARAVILHOSA

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em espanhol. O termo latino, por sua vez, é a tradução do termo grego “tessarakoste” (= quadragésimo), com certa ligação com o termo “pentekoste”(pentecostes = quadragésimo), cuja celebração acontece no 50° dia após a Páscoa. Já os países anglo-saxões usam o termo “lent”, de origem teutônica. Origem do costume Muitos padres e historiadores, como Jerônimo (420 d.C.), Sócrates (433 d.C.) e Leão Magno (461 d.C.), creditaram aos apóstolos a instituição dos quarenta dias de jejum antes da Páscoa. Porém essa prática aconteceu de forma difusa até o período antes do Concílio de Nicéia (325 d.C.). Parece que a primeira menção à Quaresma, como período de jejum de 40 dias, pode ser encontrada nas Cartas Festais de Atanásio (331 d.C.) e depois, em 339 d.C., da pena do mesmo autor, ao se dirigir à comunidade de Alexandria, pedindo para que essa observe o costume dos 40 dias conforme praticado pela igreja de Roma e grande parte da Europa. Indubitavelmente, o período de tentação de Cristo no deserto, os 40 dias de Noé na arca, os 40 dias de Moisés sem comer e sem beber na montanha do Sinai para receber a lei, os 40 anos dos israelitas vagando no deserto e os 40 dias de Elias no deserto exerceram grande influência na determinação do tempo de duração da Quaresma. É ainda possível que o fato de Cristo ter permanecido por volta de quarenta horas no sepulcro tenha também sido levado em conta. Deserto, oração e jejum A origem bíblica da Quaresma inclui os elementos deserto, oração, reflexão e jejum. O deserto, geograficamente falando, é um lugar desabitado e árido, caracterizado por pouca vegetação e pela falta de água. É o lugar onde acontece o jejum, considerado como abandono e solidão exterior e interior para levar à união com Deus. Os textos bíblicos em que se fundamenta essa afirmação são os dos quarenta dias de Moisés sem comer e beber na montanha do Sinai para receber a lei ( Êxodo 24.12-18.34) e dos quarenta dias de Elias (1 Reis 19.3-8). Elias vive a dureza do deserto reconfortado pela comida e bebida misteriosas e volta ao seu caminho superando a decadência dos israelitas, que quebraram a aliança com Deus. Trata-se, em todos os casos, de homens marcados por uma visão de Deus no final do dito caminho. Essas narrações ajudam-nos a entender o sentido dos quarenta dias de Cristo no deserto, vividos como experiência da tentação e do encontro com o Pai, mas também como preparação para o seu ministério público.

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Para a Bíblia, o deserto é também uma época de oração intensa. É lugar de silêncio e reflexão. Muitas vezes, em nossa vida cotidiana, resistimos a esses espaços de silêncio e solidão porque temos medo de nos encontrar com o nosso interior e com Deus e descobrir que estamos distantes de seu projeto para conosco. Por isso o “deserto” requer a coragem dos humildes, dos que não têm medo de recomeçar. Juntamente com o deserto e com a oração, o jejum parece ser uma das práticas privilegiadas de todo o tempo quaresmal, que contribui para a revisão da vida e a busca sincera por Deus. Por isso, ao falarmos do deserto, também incluímos oração e jejum. Todos os que se retiraram ao deserto para se encontrar com Deus jejuaram. Os profetas Joel e Isaías indicam-nos o sentido dessa antiga prática: “Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Joel 2.12-13). “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Isaías 58.6-7). As palavras dos profetas ajudam-nos a compreender porque o jejum como abstinência de comida tem dado lugar à compreensão de uma renúncia a tudo aquilo que nos impede de realizar em nós o projeto de Deus, convidando-nos a transformá-lo em um gesto de solidariedade efetiva com os que passam fome (os que jejuam à força), trabalhando pela eliminação de toda injustiça na vida pessoal e social e pela libertação de toda opressão, exploração e corrupção. Seria mais fácil limitar-nos a “cumprir” o jejum de alimentos. Mas necessitamos descobrir nesse “jejum alternativo” um caminho para modificar nossa realidade aproximando-a de Deus. Talvez se trate de falar menos, de fazer menos gastos supérfluos, de perder menos tempo na frente do televisor para dedicar-se a alguém que necessita de nossa assistência etc. Por essa razão o jejum tem que estar unido à prática do bem. Se jejuarmos somente para sofrer ou demonstrar que somos fortes, estaremos desvirtuando sua verdadeira finalidade. Palavras finais Ao nos aproximarmos do sentido original da Quaresma, acordamos para o fato de que ela não perdeu seu espaço e sua importância na atualidade. Ao contrário, quanto mais atarefados estivermos, quanto mais informações e propostas A MARAVILHOSA

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o mundo consumista, assim como o mercado religioso, nos oferecerem, mais precisaremos silenciar, orar, nos abster momentaneamente dessas ofertas para nos aproximar de Deus e, em conseqüência, de nosso próximo. Quaresma é tempo de oração e preparo para participarmos da nova vida que Cristo inaugura em sua cruz, morte e ressurreição. É tempo de permitir que nossas palavras, pensamentos e ações sejam filtrados e purificados pelo amor de Cristo. É tempo de deixar falar mais forte a voz da fé, da esperança e do amor. t P. Célio Reni Seidel Irati/PR Extraído do Jornal Sinodal Paranapanema, março/abril 2004 s

RECEITA

Bolo especial de chocolate Ingredientes: Massa: 1 e ½ xícara de manteiga, 1 xícara de açúcar, 8 gemas, 150g de chocolate meio amargo, 1 xícara de farinha de trigo, 10 claras em neve. Cobertura: 1 xícara mais 2 colheres (sopa) de açúcar, 1 copo (americano) de leite, ¼ xícara de manteiga, 200g de chocolate ao leite picado.

te, junte aos poucos as claras batidas e a farinha peneirada à massa reservada e mexa delicadamente após cada adição até ficar homogênea. Despeje em uma forma untada e enfarinhada, de aro removível, e asse em forno médio. Reserve. Para a cobertura, junte os ingredientes em uma panela e leve ao fogo mexendo constantemente, até ficar um creme Modo de fazer: Bata a manteiga, o homogêneo e começar a engrossar. Esaçúcar e as gemas por 10 minutos na palhe sobre o bolo ainda quente e sirva. batedeira. Retire da batedeira e incorpore o chocolate derretido. Reserve. t Alba O. Seewald Bata as claras em neve. AlternadamenTramandaí/RS

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ABRIL

Íris Butzke

D S T Q Q S S Jesus Cristo é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. 1 João 2.2

Datas importantes:

1 5 6 7 8 2 3 4 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 30 26 27 28 23/ 24 25 29

Anotações

07 – Dia Mundial da Saúde 09 – Domingo de Ramos 14 – Sexta-feira Santa 16 – Páscoa 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero 27 – Dia da Empregada Doméstica 29 – Dia da Sogra 30 – Dia Nacional da Mulher

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MEDITAÇÃO

O perdão de Deus Jesus Cristo é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. 1 João 2.2 Não há na face da terra nenhum exemplo humano que se iguale ao que aconteceu na cruz de Gólgota quando Jesus Cristo tornou-se propiciação – ato ou feito de propiciar, tornar propício, favorável, fazer aparecer inesperadamente (dicionário Aurélio) – pelos nossos pecados: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.21). Nós somos reconciliados com Deus por meio de Cristo Jesus por pura graça, amor e misericórdia divinas: “Nós nos tornamos pessoas libertas de todos os pecados, da morte e do poder do diabo. Fez isso não com dinheiro, mas com seu santo e precioso sangue e sua inocente paixão e morte” (Catecismo Menor de Martim Lutero). Esse ato de redenção único e universal atinge toda a humanidade, toda a criação de Deus. Lemos em Deuteronômio 10.17 que Deus não faz acepção de pessoas. Somos irmãos na fé, independentemente de raça, cultura, costumes, e vivemos na “esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8.21). Esse ato de puro amor compromete-nos com muita alegria e gratidão a testemunhar a “boa nova do evangelho”, a criar pontes de comunhão e servir a Deus, principalmente nos mais pequeninos e excluídos da sociedade, rompendo sistemas excludentes, opressores. A partir da cruz somos libertos do nosso egoísmo para “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”, colocando sinais de justiça e vida nova e plena. Nesse sentido, rememorando o amor diaconal, lembramos a irmã Doraci Julita Edinger, que nos demonstrou o comprometimento cristão junto ao povo de Moçambique. Pedimos em oração: Deus, em tua graça, transforma o mundo. Faz-nos instrumentos da tua misericórdia e reconciliação. Amém.

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Dinâmica: Palavra que transforma Material: Uma bolinha de isopor, um giz, um vidrinho de remédio vazio, uma esponja e uma vasilha transparente com água. Desenvolvimento: Primeiro, explica-se que a água é a palavra de Deus e que o objeto somos nós. Coloca-se água na vasilha e alguém mergulha o isopor. Após ver e falar o que ocorre com o isopor, mergulhar o giz, retirálo e assim sucessivamente com o vidro de remédio e por último a esponja. Reflexão: 1) Como a palavra de Deus age na minha vida: a) Somos como o isopor, que não absorve nada e também não afunda ou aprofunda? b) Ou agimos como o giz, que guarda para si, sem partilhar com ninguém? c) Ou agimos como o vidrinho, que tem água só para passar aos outros e não guarda nada para si mesmo? d) Ou agimos como a esponja, que absorve bem a água e, mesmo espremendo, continua com água? 2) Qual objetos somos em casa, na vizinhança, no local de trabalho, no grupo de OASE, na comunidade, em nossa cidade?

t Íris Helena Pedrotti Cuiabá/MT s

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A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

Quem sou eu? Que é o homem, que dele te lembres e o filho do homem, que o visites? Salmo 8.4 Arquivo Dinâmica: No centro do grupo, coloque uma caixa enfeitada como se fosse um pacote contendo um presente. No fundo da caixa coloque um espelho e convide as participantes a olharem e admirarem o presente que se encontra na caixa, sem dizer o que viram. Depois, compartilhem no grupo: O que você viu no fundo da caixa? Você consegue admirar a si mesO ser humano é a obra-prima da criação de ma? Deus Consegue reconhecer e aceitar a si Quem sou eu? De onde vim? Para mesma como um presente? onde vou? Por que estou aqui? Qual o Quem sou eu? sentido da minha vida? Nossa vida neste Conta-se que certo dia o grande mundo tem algum propósito? Cedo ou filósofo Immanuel Kant estava fazen- tarde, todos nós fazemos perguntas do uma de suas caminhadas diárias como essas, procurando compreender tão concentrado em seus pensamen- nossa própria existência e o sentido tos que ele esbarrou numa mulher de nossa vida. Encontrar uma resposta derrubando todas as maçãs que ela satisfatória a essas perguntas é condição carregava num cesto. A mulher não indispensável para a auto-aceitação e reconheceu o famoso professor de uma vivência harmoniosa entre os seres Filosofia e perguntou irritada: “Quem humanos. Por isso queremos nos ocupar o senhor pensa que é?”. E Kant res- com este tema: Quem sou eu? pondeu: “Minha senhora, eu estava Trabalho em grupo com a poesia: pensando justamente sobre isso”.

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Quem sou eu? Quem sou eu? Seguidamente me dizem que deixo a minha cela sereno, alegre e firme qual dono que sai de seu castelo.

Quem sou eu? Este ou aquele? Sou hoje este e amanhã um outro? Sou ambos ao mesmo tempo? Diante das pessoas um hipócrita? E diante de mim mesmo um covarde queixoso e desprezível? Ou aquilo que ainda há em mim será como exército derrotado, que foge desordenado à vista da vitória já obtida?

Quem sou eu? Seguidamente me dizem que falo com os que me guardam livre, amável e com clareza como se fosse eu a mandar.

Quem sou eu? O solitário perguntar zomba de mim. Quem quer que eu seja, ó Deus, tu me conheces, sou teu.

Quem sou eu? Também me dizem que suporto os dias do infortúnio impassível, sorridente e altivo como alguém acostumado a vencer. Sou mesmo o que os outros dizem a meu respeito? Ou sou apenas o que sei a respeito de mim mesmo? Inquieto, saudoso, doente, como um pássaro na gaiola, respirando com dificuldade, como se me apertassem a garganta, faminto de cores, de flores, do canto dos pássaros, sedento de palavras boas, de proximidade humana, tremendo de ira por causa da arbitrariedade e ofensa mesquinha, irrequieto à espera de grandes coisas, em angústia impotente pela sorte de amigos distantes, cansado e vazio até para orar, para pensar, para criar, desanimado e pronto para me despedir de tudo? A MARAVILHOSA

Diálogo em duplas (10 minutos): 1) Em qual situação se encontrava o autor dessa poesia? 2) Que perguntas ele levanta sobre a existência humana? 3) A quais respostas ele chega? Compartilhar em plenário (10 minutos): Essa poesia foi escrita pelo teólogo e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), que se opôs ao nazismo e foi morto por causa disso em abril de 1945. A poesia foi escrita enquanto estava na prisão e levanta a questão que estamos abordando: Quem sou eu? Depois de refletir sobre as contradições entre o que os outros pensam sobre nós e o que nós realmente sentimos e somos, Bonhoeffer chega à conclusão que, “quem quer que ele seja”, Deus CRIAÇÃO DE DEUS

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o conhece e ele pertence a Deus. É escreve: “Creio que Deus me criou a mim e nesse sentido que o salmista também a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, responde a essa pergunta existencial. olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva”. A resposta do Salmo 8 Percebem a seqüência? Deus criou a mim! Ler juntas no grupo o Salmo 8. Quando percebo isso, então também recoConforme este salmo, o ser humano é nheço que ele criou todas as criaturas. Assim alguém muito especial. Por três razões: chegamos ao segundo ponto importante. a) Somos criaturas de Deus! b) Não estamos sozinhos no uniA pergunta do verso 4: “Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, verso! O ser humano é um ser relacional. Nós que o visites?” recebe sua resposta no verso nos relacionamos com o outro, igualmente 5: Somos especiais para Deus porque somos suas criaturas e somos amados por ele. É isso criado à imagem de Deus, e com o próprio que Jesus Cristo revelou por meio de sua vida Deus. Portanto, não fomos criados para viver em solidão, mas para nos relacionar com o e pregação! O ser humano não apenas é criado Criador e com as demais criaturas, o que por Deus, mas formado à sua imagem e inclui toda a natureza, da qual nós dependesemelhança, como diz em Gênesis 1.26. O mos. E como seres que se relacionam entre ser humano é a obra-prima da criação e é si, recebemos uma tarefa. inferior somente a Deus, como diz o verso 5 c) Somos mordomos de Deus! do nosso salmo. Vejam que o salmo começa e O ser humano é cooperador de Deus. termina afirmando: “Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Deus responsabiliza o ser humano por cuidar Pois expuseste nos céus a tua majestade” da manutenção do mundo. Tudo o que somos (v.1, 9). Esse “nosso” é uma palavra muito e temos pode/deve estar a serviço de Deus: importante. Mas não se trata de um pronome mãos, inteligência, dons, habilidades, bens, possessivo. Deus não é nosso assim como conhecimento etc. Vamos ler de novo o verso 6. Infelizfalamos de uma casa que é “nossa”. Trata-se mente o ser humano interpretou e seguiu de um pronome de relação, como “Pai nosso”. Aqui estamos diante de uma confissão ao pé da letra essa passagem e não leu de fé. Deus é nosso Deus porque nós somos mais o que está escrito em Gênesis 2.15: suas criaturas, formadas à sua imagem e “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem semelhança e amadas por ele. Só podemos e o colocou no jardim do Éden para o confessar a Deus como nosso criador quando cultivar e o guardar”. Deus colocou o ser humano neste munnos reconhecemos como suas criaturas. Lutero percebeu isso muito bem. Por do como um administrador, um zelador, um isso, na explicação do Credo Apostólico, ele capataz com a função de cultivar e guardar. A MARAVILHOSA

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Mas a humanidade entendeu a si mesma como a dona do mundo e por isso mata os animais, destrói as florestas, depreda, queima, envenena rios e mares e polui a atmosfera terrestre. O ser humano conseguiu fazer do jardim do Criador, onde tudo era muito bom, um lugar quase inabitável. Será que Deus falhou com o seu mordomo? Mas também essa passagem precisa ser vista através da janela que nos foi aberta por Cristo. É por meio de Cristo e para Cristo que fomos colocados como mordomos para cuidar da criação. Se o verdadeiro senhorio do ser humano se revela em Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir, então o mundo ainda tem esperança, os seres humanos podem ter esperança, a natureza e os animais podem ter esperança, a vida pode ter esperança!

o seu nome é magnífico contém dentro de si todos os demais artigos da fé. Esse salmo merece ser estudado repetidas vezes para aprendermos e ensinarmos uns aos outros que Deus é nosso Criador e nosso Deus, que nós somos suas criaturas, que o mundo criado pertence a Deus e foi colocado à nossa disposição para ser cultivado e guardado. Se nós não somos os donos do mundo e da natureza, então não podemos fazer com eles o que bem entendemos, mas somos convidados a nos relacionar com Deus, a amar todas as criaturas e a cuidar de toda a criação. t P. Germânio Bender Limeira/SP s

Conclusão Alguns anos atrás, o Salmo 8 foi lido de um púlpito muito alto, de onde foi ouvido por milhões de pessoas. O astronauta americano Edwin Aldrin, depois de pousar pela primeira vez no solo da lua, leu esse salmo a uma distância de aproximadamente 300 mil quilômetros da terra. A leitura foi transmitida por rádio e escutada em todos os cantos da terra. Esse salmo merece mesmo ser lido de um púlpito mais alto ainda. A mensagem de que Deus é o criador do céu e da terra e que

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pare e pense

Voluntariado: por um mundo melhor Percebe-se, nos últimos tempos, o crescente aumento das atividades voluntárias. Tanto que o ano de 2001 foi denominado o Ano Internacional do Voluntariado e o dia 26 de abril de o Dia Global do Voluntariado Jovem. Mas, afinal, que ações são essas que vêm mobilizando tanto o poder público como a sociedade civil? O que significa voluntariado? Voluntário quer dizer o que está em nosso poder realizar e que não é forçado, portanto espontâneo. Caracteriza-se por ser uma atividade não-remunerada. Dessa forma, não se pode pensar em atividades voluntárias “por obrigação”. Observa-se que o voluntariado vem sendo praticado em vários lugares, diferente de tempos atrás quando essa prática estava ligada a alguns grupos específicos. Apesar do voluntariado feminino ainda ser mais comum, percebemos que os homens também se iniciaram nessa tarefa, bem como jovens, crianças e pessoas da terceira idade, inseridos em vários segmentos da sociedade: hospitais, igrejas, creches, asilos, escolas, centros comunitários etc. Algumas organizações não-governamentais (ONGs) são criadas especificamente com esse objetivo. Convém ressaltar, porém, que além de querer ser voluntário, é importante analisar outras características da pessoa que irá dispor seus serviços à comunidade. A postura ética é fundamental. Não podemos pensar em lidar com pessoas e não respeitar seus sentimentos, desejos, segredos. Saber ouvir (temos dois ouvidos e uma boca) é fundamental. Como voluntários, necessitamos exercer a atitude de ouvinte muito mais do que de falante. E o principal: gostar de pessoas, do contato, do encontro, da relação que se estabelece entre os seres humanos. Por meio do voluntariado podemos contribuir para a transformação do mundo. t Christine Liz Moeller Gabel Psicóloga s Pessoas são músicas, você já percebeu? Elas entram na vida da gente e deixam sinais.

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MAIO

Alba O. Seewald

D S T Q Q S S

Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus. Gálatas 3.26

Datas importantes: 01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da primeira comunidade da IECLB, em Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 05 – Dia Nacional da Comunicação 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial 12 – Dia da Enfermagem 14 – Dia das Mães 15 – Dia do/a Assistente Social 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE 25 – Ascensão do Senhor Dia do/a Trabalhador/a Rural

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Anotações

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MEDITAÇÃO

A fé atua pelo amor Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus. Gálatas 3.26 No mês de maio lembramos de modo especial nossa condição de filhos: nossa dependência daqueles que nos educaram, o amor e o respeito que nos unem, a confiança que nos dá segurança e coragem para caminhar pela vida. Como é bom correr para a saia da mãe quando alguma coisa nos magoa ou aflige! Como sentimos falta daquele aconchego quando nossa mãe já não está conosco! O texto fala de uma relação de filhos com o Pai celestial maior e muito mais perfeita e confiável do que qualquer relação humana, mesmo aquela que temos ou tivemos com pai e mãe. Já o profeta Isaías anunciava em nome de Deus: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Isaías 49.15). Como uma pessoa chega a ser verdadeiramente filho ou filha de Deus? Esta pergunta estava trazendo problemas para as comunidades que se haviam formado pelo trabalho mis-

sionário do apóstolo Paulo. Depois de terem sido batizadas e terem vivido por muito tempo como igreja de Cristo, as comunidades foram confrontadas com um outro evangelho, que Paulo afirma não ser outro evangelho, mas pessoas que querem perturbar a comunidade (1.7). Segundo esse evangelho, para ser verdadeiramente filho de Deus é preciso cumprir a lei e seguir os ritos ensinados no Antigo Testamento. Toda a Carta aos Gálatas é um chamado para que os membros da igreja percebam que foi por meio de Cristo e não da lei que eles foram aceitos como filhos de Deus. A lei fascina, encanta, dá-nos a sensação de que, cumprindo-a, merecemos a recompensa de Deus e, neste caso, seremos considerados seus filhos. Será que podemos ver vestígios disso em nossos grupos e comunidades, por exemplo, quando nos julgamos melhores do que outros naquilo que fazemos ou defendemos na comunidade? Será que não perdemos às vezes a clareza do evangelho por conta de princípios que julgamos importante cumprir?

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Arquivo

No Batismo, Deus recebe-nos como seus filhos e suas filhas

O evangelho fala do amor de Deus revelado em Jesus. Nele Deus veio ao nosso encontro. Ele ama o mundo e se oferece para carregar nosso fracasso, nossa culpa, nossa falta de amor. Por meio de Jesus – não da lei – recebemos vida e somos feitos filhos e filhas de Deus (João 3.16): Deus amou... enviou seu filho... para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. O apóstolo Paulo lembra aos gálatas o seu Batismo. Naquele momento, diz ele, vocês foram revestidos de Cristo; Deus os recebeu como seus filhos. Importante a partir desse momento, tanto para quem procede do povo de Israel e desde pequeno procurava cumprir a lei como para aquele não-judeu que buscava sua salvação através de outros ritos, é que em Cristo tudo se fez novo: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gálatas 5.6). Nós também fomos batizadas e recebidas como filhas de Deus quando crianças pequenas, sem que nada pudéssemos fazer para merecer a misericórdia e o amor de Deus. Somos pessoas ricamente presenteadas pelo amor de Deus, por isso somos chamadas a usar nossos dons a serviço de Deus, confiando que ele nos fortalece e capacita e agindo com amor entre aqueles a quem Deus também ama. Assim seja. Para reflexão:

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* Qual a impressão mais forte que nossa ação no grupo transmite a uma pessoa recém-chegada: comprometimento com uma causa, sentimento de compreensão e respeito diante da palavra estudada, das tarefas a executar e dos membros do grupo, alegria? Ou: falta de objetivo, competitividade, cansaço, desânimo e desunião? Ou ambos? Que fazer a respeito? Lembrar que o amor ao próximo é conseqüência do amor que Deus demonstrou e demonstra por nós. * Que ajuda o grupo oferece a quem está confusa, triste, com raiva ou desanimada? Ou não há ninguém assim no grupo? * Em 1 Coríntios 13 encontram-se as conhecidas palavras do apóstolo Paulo sobre o amor. Que tal testar nosso grupo tomando como base essas diversas facetas do amor! Oração: Hinos do Povo de Deus 1 – 180, estrofes 6 e 7 Para cantar: Hinos do Povo de Deus 1 – 176: Deus, teu amor é qual paisagem bela Hinos do Povo de Deus 1 – 209: Deus sempre me ama t Anna Lange Curitiba/PR s

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A excelência da criação Deus criou os céus, a terra e tudo que neles se contém. Não há dúvida: só Deus podia realizar obra tão magnífica. Os capítulos 1 e 2 de Gênesis descrevem com detalhe a criação feita por Deus. Outros textos da Bíblia fazem menção ao fato de que Deus criou o mundo, os seres etc., como o Salmo 19. Olhando para a criação, somos estimulados a louvar a Deus que tudo criou. A observação do céu (espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros; firmamento) é um estímulo constante ao louvor ao Deus Criador. Outros salmos também nos convidam a dar louvor ao Deus Criador: 29, 93, 104, 136.5-9, 148. O Salmo 19 faz uma alusão especial ao sol. Penso ser importante algumas considerações sobre esse assunto, pois, nos dias atuais, não são poucas as pessoas que adoram o sol. Eu mesmo tenho visto pessoas em posição de adoração A MARAVILHOSA

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ao sol, seja no amanhecer ou no entardecer. Muitas pessoas não sabem onde centrar sua fé e nem para onde canalizar sua vontade de adoração. Algumas acabam adorando o sol, a lua, as estrelas. Não nos esqueçamos: somos responsáveis por anunciar a essas pessoas que elas deveriam adorar o Criador do sol. Adorar o Criador é muito diferente do que adorar a criatura. Os astros eram adorados como deuses nas religiões do Antigo Oriente, no entanto, no livro de Gênesis e também nos Salmos, eles são apresentados como seres criados por Deus, não como forças misteriosas que regem o destino das pessoas ou como objetos de culto. Em Deuteronômio 4.19 lemos: “Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, seja seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o Senhor, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus”. Também o Salmo 8.3-4 ajuda: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres?”. Folheando a Bíblia podemos ver que também o profeta Jeremias 31.35 tem uma palavra muito interessante sobre esse assunto: “Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome”. No Salmo 19, longe de adorar o sol, o salmista considera-o como um agente de Deus, como uma criatura de Deus. Certamente, o vasto alcance da luz e do calor do sol é um reflexo do poder e do conhecimento universal de Deus. Os versículos 7 a 10, de maneira bem especial, abordam o assunto da lei. Lembremos que o Antigo Testamento trata a lei dada por Deus com uma deferência toda especial. É interessante observar: enquanto a criação visível dá testemunho do poder e da divindade eterna de Deus, a revelação do próprio Deus é dada aos filhos de Israel na lei (Torá). O salmista fala sobre alguns aspectos interiores de Deus que são descritos na lei. “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma” (v. 7). Tiago 1.25 tem uma palavra muito interessante sobre esse assunto: “Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar”. Para o autor da Epístola de Tiago, parece seguro dizer que essa “lei perfeita” é a lei segundo ela foi moldada nas mãos de Jesus Cristo. Nesse versículo, a lei é vista como “perfeita”, segundo afirmava a opinião judaica sobre a lei mosaica. Isso era tanto mais evidente, porquanto Jesus Cristo a tomara em suas mãos. A lei fornece um “reflexo perfeito”. Nela cada pessoa se vê tal qual é; vê a Cristo tal qual ele é e diz: Quero ser como Cristo é. A MARAVILHOSA

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A segunda parte do v. 7 diz: “O testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices”. O testemunho, a proclamação muitas vezes repetida da vontade divina capacitam, habilitam, dão sabedoria às pessoas cuja mente está aberta e pronta para aprender. O apóstolo Paulo escreveu para Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3.14,15). O versículo 8 lembra que os preceitos do Senhor são regras definidas cujo cumprimento comunica uma consciência limpa; alegra o coração. A segunda parte do versículo diz que “o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos”. É uma luz orientadora para todas as pessoas que buscam o caminho da vida. Em Hebreus 11.13 lemos: “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra”. O temor (sentimento de reverência ou de respeito, medo) do Senhor (v. 9) baseia-se numa reverência especial a Deus. (Tenho a impressão que temos dificuldade em entender a palavra “temor”. Prefiro pensar em “reverência especial em relação a Deus”). É uma reverência livre de práticas degradantes. O autor desse Salmo, Davi, diz: “Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos”. De Deus vêm as ordenanças que governam a vida; são, pois, verdadeiras e justas. Todas essas qualidades tornam as revelações do Senhor mais desejáveis do que a riqueza e mais aprazíveis do que o mel. Um bom acréscimo pode ser colocado aqui com a palavra de 1 Pedro 2.1-3: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recémnascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso”. Os versículos 11 a 13 formam, por assim dizer, um novo bloco. Davi pede uma espécie de admoestação. Ora por um processo de purificação dos seus defeitos escondidos no caráter e na conduta. O apóstolo Paulo lembra os cristãos de Roma da importância de que haja admoestação entre os irmãos da mesma fé. Em Romanos 15.14 lemos: “E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”. Sobre purificação vale lembrar o que o autor de Hebreus 1.1-4 escreveu, pois encaixa bem no tema que está sendo estudado: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas A MARAVILHOSA

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as cousas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles”. O autor do Salmo 19 pede, no versículo 13, que Deus o livre da soberba. Davi sabia muito bem do perigo e das conseqüências do pecado da soberba. Soberba é orgulho excessivo, altivez, arrogância, presunção. A história da soberba, do orgulho, vem de longa data. Dentre os pecados é um dos mais antigos. Satanás, ou diabo, chamava-se “Lúcifer, o filho da aurora”. Juntamente com Miguel, ele deve ter sido um dos dois arcanjos criados por Deus. A maior catástrofe da história da criação foi a desobediência a Deus por parte de Lúcifer e a conseqüente queda de talvez um terço dos anjos que se juntaram a ele na sua maldade. Satanás, que caíra antes de tentar Adão e Eva, foi o agente e leva a maior culpa, porque não havia ninguém para tentá-lo quando pecou. Foi o primeiro a pecar. Lúcifer era o mais inteligente e o mais belo de todos os seres criados do céu. Era provavelmente o príncipe reinante no universo abaixo de Deus, contra quem ele se rebelou. Houve orgulho/soberba no meio dessa história. (Vale a pena ler os textos de Isaías 14.12-14, Ezequiel 28.12-17.) Lúcifer não estava satisfeito de estar subordinado ao seu Criador. Queria usurpar o trono de Deus. Exultava com o pensamento de ser o centro do poder. Queria ser adorado, não adorar. O pecado básico de Lúcifer, a rebelião, levou ao pecado do orgulho/soberba. Por baixo do orgulho/soberba de Lúcifer movia-se o pecado da cobiça. Ele queria o que não lhe pertencia! Davi está certo em pedir para ser guardado do pecado da soberba. Ele sabia que um pecado puxa outro... Em Provérbios 16.5 lemos: “O Eterno detesta todos os orgulhosos; eles não escaparão do castigo, de jeito nenhum”. Também podemos ler em Provérbios 29.23: “O orgulhoso acaba sendo humilhado, mas quem é humilde será respeitado”. Davi termina o Salmo 19 da seguinte maneira: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!”. Roguemos ao Senhor Deus para que ele nos dê lábios que dizem palavras boas e agradáveis. O contrário disso é algo triste na vida de uma pessoa. Em Provérbios 10.32 lemos: “Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos perversos, somente o mal”. Também em Provérbios 20.15 podemos ler: “Há ouro e abundância de pérolas, mas os lábios instruídos são jóia preciosa”. A MARAVILHOSA

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Palavra preciosa também encontramos em 1 Pedro 3.10: “Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente”. Bendito seja o Deus Criador, o Deus que se revelou plenamente em Jesus Cristo, o Deus que está presente na pessoa do Espírito Santo. Bendito seja Deus pela excelência da criação! t P. Edson Saes Ferreira Pastor Sinodal Sínodo Centro-Sul Catarinense s

pare e pense

Que é musicoterapia? Antes de responder a essa pergunta, feita tantas vezes por jovens, por pais preocupados e por músicos, precisamos entender o que é música. Existem numerosos livros de musicólogos que tentam explicar o que é esta arte estranha de produzir sons que têm seqüência melódica e rítmica, que achamos bonita. Mas, em vez de perguntar aos musicólogos, vamos abrir a Bíblia, pois ela é um dos primeiros documentos que falam dessa arte essencialmente humana. As pessoas da Bíblia nunca discutiram as origens da música; para elas a música é um dom divino dado a todas as pessoas. Um dom que os próprios anjos exercitavam louvando a Deus (Lucas 2.14). Conheciam uma série de instrumentos musicais (Salmo 150), sabiam que a música age na mente do ser humano (1 Samuel 16.16 e 23), cantavam para agradecer a Deus (Salmo 28.7) e criavam melodias e ritmos para memorizar feitos divinos ou humanos (Deuteronômio 31.19). Havia músicos profissionais, que estudavam música (1 Crônicas 25.1), eram pagos e tocavam a mando de Deus os seus trompetes (Números 10.2ss.). Os seus cultos e festas eram impregnados de música, mas a música era de adoração e louvor, sempre suave e não barulhenta (Números 10.7). A música, por vezes, podia ser guerreira, para dar coragem ao povo e afugentar o inimigo (Josué 6). E a música mal usada podia ser perigosa (Daniel 3.5ss.). Tudo isso era também do conhecimento de Jesus, que estava firmemente inserido no culto e na tradição judaicos, bem como de seus discípulos, que, assim nos conta Marcos 14.26, cantaram durante a última ceia. A MARAVILHOSA

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Com todo esse envolvimento musical dos israelitas, é importante ressaltar ainda que duas dimensões da música eram proibidas: a dimensão da magia (Daniel 3.5ss.) e a dimensão do hipnótico (Números 10.2ss.). Somente perante o inimigo ou no transporte da Arca da Aliança era permitido tocar trompetes a todo vapor, para assustar, criar respeito e comunicar que a Arca da Aliança estava a caminho, mas na congregação os instrumentos e o canto tinham que preservar o louvor, o agradecimento, a calma e a meditação. Mas nem todos os povos pensavam assim. Em quase todas as religiões do passado, e em muitas do presente, a música era e é considerada mágica; o xamã (feiticeiro) tinha que saber cantar, o curandeiro tinha que dançar, os monges tinham que fazer barulho para espantar os demônios. Isso nunca houve em Israel. Vejamos, então, mais uma vez: 1) A música é um dom divino, os próprios anjos a executam. 2) A música tem que ser bem executada. 3) A música age na mente das pessoas. 4) A música é agradecimento a Deus. 5) A música é um extraordinário recurso didático. 6) A música pode ser mal usada. 7) A música não é mágica nem hipnótica. 1. A música é um dom divino. Deus deu ao ser humano o dom de se expressar com a música, para que em seus momentos de alegria tivesse como louvar a Deus. Pois a alegria, assim o Velho Testamento, vem de Deus e Deus a aprova. 2. A música que louva a Deus tem que ser bem executada. É serviço de profissionais, porque Deus, com a sua criação maravilhosa, não gosta de algo malfeito. 3. A música bem feita e bem executada pode transformar pessoas, tanto aquelas que a executam como as que a ouvem. Da tristeza ao louvor, esta é a proposta bíblica. Há momentos, no entanto, como no Salmo 137, que a tristeza é tão grande que não dá para cantar. 4. A música é para todos. Todos que têm algo a agradecer devem cantar e louvar. Mas há pessoas que não têm ouvido, que não sabem cantar, nem ritmo têm. Que fazer? É por isso que Davi, ele mesmo um grande músico, instituiu músicos profissionais para ajudarem a comunidade a cantar. 5. A música é um extraordinário recurso didático, porque, ao mesmo tempo que você entoa uma canção, você entoa um texto e um ritmo que ajudam a memorizar. É o próprio Deus que exige que Moisés cante um hino para que o povo saiba o que é certo e errado e memorize isso de geração em geração.

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6 e 7. Existe música ruim quando mal usada por pessoas que querem aproveitar esse dom divino para a sua própria causa. O filósofo alemão Heidegger disse: “Música gera verdade”. Durante o curto tempo do nazismo, a música era usada para enlouquecer as massas. Ela tem essa força e esse poder e pode se tornar perigosa e hipnótica, fazendo com que pessoas racionais se transformem em marionetes. Infelizmente isso não aconteceu apenas na época do nazismo, mas acontece hoje em dia ainda. Por que nosso mundo é tão agressivo? Você já participou de uma festa Hip-Hop, com Rock Trash e Rap? O Rap, por exemplo, que muitas vezes tem textos importantes e bonitos, mas que são gritados a todo vapor, é uma agressão à mente e ao físico das pessoas que o escutam. Em dado momento, esse tipo de música começa a hipnotizar, porque o cérebro, não agüentando esse som, apaga a capacidade de audição e raciocínio, entrando num estado de torpor hipnótico. É mais ou menos isso que a Bíblia explica a respeito da música. Cabe agora uma pergunta: Será que a música de hoje, mesmo a cristã, está seguindo as regras estabelecidas há tanto tempo? Poder-se-ia dizer que essas regras já são muito antigas e não mais válidas para o mundo de hoje. Como pastor e músico acredito que os parâmetros da Bíblia quanto à música ainda não foram ultrapassados. Tudo o que a música é e pode ser está descrito na Bíblia, não há nenhuma outra novidade moderna. Isso vale tanto para a música acústica, com instrumentos que não são reforçados eletronicamente, como para os instrumentos eletrônicos. Os instrumentos eletrônicos de hoje são apenas um recurso a mais e cabem muito bem no Salmo 150, mas o seu uso deve estar condicionado às normas acima descritas. Tendo tudo isso em vista, vamos nos dedicar à questão, hoje tão moderna, da musicoterapia. Primeiramente, a musicoterapia não é tão jovem assim. O primeiro musicoterapeuta foi o jovem Davi, que com sua harpa acalmava o rei Saul. Os israelitas descobriram há muito tempo que a música tem o poder de deixar as pessoas bem, mas também tem o poder de destruir. Vejamos o que diz a Federação Mundial de Musicoterapia de si mesma: “Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidade físicas, mentais, sociais e cognitivas. A musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele ou ela alcance uma melhor organização intra A MARAVILHOSA

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e/ou interpessoal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, através da prevenção, reabilitação ou tratamento”. Em verdade, essas frases um tanto complicadas são um resumo do que a Bíblia afirma e do que dissemos antes. Será que a musicoterapia funciona? Funciona sim. É por essa razão que emergem tantas faculdades de musicoterapia, que estudam o ser humano e a sua psique, bem como a música e a maneira como age no ser humano. Não pretendemos listar aqui músicas que atuam desta ou daquela forma no ser humano. Nem a musicoterapia sabe isso muito bem, pois é um conhecimento ainda incipiente e que lentamente está começando a dar frutos. Importante, no nosso contexto, quando se fala com um musicoterapeuta, é saber até onde ele está comprometido com aquilo que a Bíblia diz e ensina a respeito da música. Isso você descobre em conversa com o profissional musicoterapeuta. Existem grandes profissionais nessa área que podem ajudar muito. Tenha, no entanto, sempre em mente que a Bíblia já colocou os parâmetros da musicoterapia e estes devem ser resguardados. Se não forem, corra, porque você tem um charlatão à sua frente. t P. Frank Graf Blumenau/SC s

Pessoas são músicas! Como a sonoridade do vento ao final da tarde. Como os ataques de guitarras e metais presentes em cada clarão da manhã. Olhe a pessoa que está ao seu lado e você vai descobrir, olhando fundo, que há uma melodia brilhando no disco do olhar. Procure escutar. Pessoas foram compostas para ser ouvidas, sentidas, compreendidas, interpretadas. Para tocar nossas vidas com a mesma força do instante em que foram criadas, A MARAVILHOSA

para tocar suas próprias vidas com toda essa magia de serem músicas e de poderem alçar todos os vôos, de poderem vibrar com todas as notas, de poderem cumprir, afinal, todo o sentido que a elas foi dado pelo compositor. Pessoas têm que fazer sucesso. Mesmo que não estejam nas paradas. Mesmo que não toquem nas rádios. José Oliva

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JUNHO

Alba O. Seewald

D S T Q Q S S Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5.1

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Datas importantes:

Anotações

04 – Pentecostes 1743 – Primeira Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 10 – Dia do Pastor e da Pastora 11 – 1948 – Fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de João Batista 25 – Ação de Graças pela Colheita 1530 – Confissão de Augsburgo 29 – Dia da/o Telefonista

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MEDITAÇÃO

A possibilidade de quebrar barreiras Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5.1 O povo da época de Jesus esperava um libertador que o livrasse do jugo do Império Romano. Também nós esperamos que alguém nos liberte da mediocridade, do consumismo desenfreado, dos modismos e da compreensão do tempo a que estamos submetidos na pós-modernidade. E esquecemos que o poder transformador está dentro de nós. Com suas palavras e ações, Jesus mostranos a possibilidade de quebrar barreiras em nossa própria vida, convidando-nos a ser mais fiéis a nós mesmos. Num mundo em que modelos de beleza, sucesso e poder são oferecidos todos os dias, ser fiel a si mesmo, pensar sobre o que se deseja realmente, é buscar a liberdade. Jesus teve o propósito bem claro de mostrar à humanidade outras possibilidades de vivência, que levassem em conta basicamente o aspecto divino do ser humano, sua eternidade. Para isso, quando falava na morte, apresentava-a não como um término, mas como uma continuidade. Se nossa vida tem sentido e se fundamenta em seus ensinaA MARAVILHOSA

mentos, certamente transcenderá os limites estreitos da existência individual. Se buscarmos desenvolver nossos talentos, contribuiremos de modo efetivo para a melhoria da humanidade, que anseia por liberdade. Jesus conhecia profundamente a alma humana, aceitando suas possibilidades e limitações. Quando afirmava que veio não para negar as velhas escrituras, mas para acrescentar-lhes um novo mandamento – o mandamento do amor, que ainda hoje estimula seus seguidores a mudanças –, mostrava a possibilidade constante de lapidação, de desenvolvimento, de aprimoramento. Mostrava que os processos de transformação não ocorrem isoladamente, mas dentro de uma teia de interações. Para Jesus, sabedoria significa conhecer-se, saber reconhecer suas próprias dificuldades, procurando superá-las. Jesus procura uma forma de relacionar-se guiada pela cooperação e pela solidariedade entre as pessoas, criando-lhes um espírito criativo, alegre, libertador, amoroso, que CRIAÇÃO DE DEUS

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transcende e ultrapassa os sofrimentos cotidianos e nos deixa leves e livres. Propõe que as relações das pessoas sejam baseadas não na competição e no individualismo, mas no amor, no respeito e no autodesenvolvimento. Procurava mostrar a seus discípulos que a busca por autoconhecimento e desenvolvimento é longa, apresentando dificuldades e sofrimentos. Portanto, se quisermos ser livres, é necessária uma atitude de persistência, de paciência com nós mesmos e de aceitação humilde de nossas dificuldades. Quando desistimos desse caminho, revelamos apenas orgulho, que não leva a nada. Paramos de crescer. Ao assumir-se como inteiramente humano, Jesus assume também o sofrimento frente à dor, aos flagelos, à tortura e à traição. No entanto, para mostrar ao ser humano a possibilidade de transcender, de mudar mantendo-se fiel a seus princípios, foi necessário passar pelo sofrimento na condição

de homem. Ele poderia ter feito um milagre e demonstrado seus poderes divinos, evitando tanto sofrimento. Entretanto, foi coerente até seu último limite com o propósito de mostrar ao ser humano seu potencial de mudança, de superação do sofrimento, da mediocridade e do individualismo egoísta. Portanto, sua trajetória de vida serve de estímulo a todos nós que buscamos aperfeiçoamento existencial e muitas vezes desistimos frente aos obstáculos. Que liberdade buscamos? A vida e obra de Jesus constituem um modelo de identificação para quem compreende a condição humana dentro de um processo de mudança – liberdade – marcado por muitas fraquezas e superações. Exige um trabalho contínuo, perseverante, apostando nas próprias possibilidades. Não é isso estar no reino de Deus e fugir do reino da escravidão? A escolha é sua!

Questione em seu grupo de trabalho: • Como podemos ser livres se somos escravos do pecado? • De que maneira podemos ter a certeza de que somos firmes na fé? • Como se explica a afirmativa: “Fomos chamados à liberdade?”. • Que liberdade Cristo nos propõe? t Alba Otilia Smidt Seewald Secretária do Dia Mundial de Oração Tramandaí/RS s

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A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

Corpo – templo do Espírito Santo de Deus. Honra ou castigo? Arquivo

Quando construímos uma casa, preocupamos-nos com sua estrutura básica para que suporte a massa, o cimento, os tijolos, enfim, a estrutura que virá sobre ela. Preocupamonos para que o material seja de boa qualidade, mesmo que não de primeira. Que enfrente ventos e tempestades, fortes chuvas e até granizo. Que suNosso corpo é templo do Espírito Santo. Precisa de porte, em última análise, tam- cuidados bém as pessoas e os móveis, suas histórias e dramas, suas vidas e contradições. A garagem de nossa casa, que tem apenas dois anos, foi feita com madeira de má qualidade e os cupins se apossaram dela. Os carros amanhecem cheios de madeira ruída. Lamentamos o ocorrido e a solução não é simples nem barata. Isso resume o motivo pelo qual a gente se deve preocupar com uma edificação sólida e de boa qualidade, tanto das nossas residências como de nossas vidas. O texto bíblico de 1 Coríntios 6.19-20 fala que nosso corpo é templo do Espírito Santo, local de sua morada. Enfim, sua casa. Sendo assim, não pode ser negligenciado ou tratado de forma relapsa. Precisa de vários cuidados. Se nós, ao construirmos a nossa casa, dermos atenção a muitos detalhes, desde a qualidade, os acabamentos até a pintura final, imagine tendo como hóspede o nosso Advogado junto ao Pai! Aliás, no texto de 1 Coríntios 6.19, o autor afirma que o nosso corpo é “santuário” do Espírito Santo, mais do que um lugar para morar, um lugar consagrado. A parte mais íntima do coração e da alma. O mesmo texto diz que fomos comprados por alto preço e que devemos glorificar a Deus no nosso corpo. Sendo assim, aqueles que dizem sim ao grande A MARAVILHOSA

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amor de Jesus por nós, que deu sua vida por nosso resgate (pagamento), devem, em contrapartida, responder com decisões e atitudes. Honrar a Deus no nosso corpo é cuidar dele de maneira especial e livre, não como carga ou imposição, não como castigo, mas com grande alegria no coração. Ouço tantas pessoas (muitas vezes senhoras) dizerem que estão cientes da importância dos exercícios físicos para melhorar a qualidade de vida, a disposição e o humor, mas que não podem freqüentar uma academia. Caminhar pelo bairro com disciplina e regularidade não custa nada. Fazer alongamentos na sala de nossa casa, quando não há um quintal, e alguns exercícios de respiração também não custam nada e trazem um enorme benefício ao nosso corpo. Se nos acostumarmos a fazê-lo com regularidade, sentiremos falta quando não o fizermos. Também vejo, com tristeza, grupos de dança sênior não seguirem em frente por falta de ânimo e disposição das pessoas a quem eles se dirigem. Que pena! Muitas vezes reclamamos que nosso corpo está doente, com dores chatas e sem razão de ser, e não nos damos conta de que ele está reclamando da falta de cuidado. As reclamações do nosso corpo podem se tornar cada vez maiores até virar grandes problemas cardíacos, atrofiamento muscular, osteoporose, excesso de peso e o velho mau humor e indisposição para a vida. As questões de saúde que citei podem acompanhar as pessoas por várias razões, inclusive as genéticas, mas poderão, em muitos casos, ser retardadas e atenuadas quando devidamente cuidadas. Pequenas atitudes e decisões indicarão se aceitamos como nosso hóspede o Espírito Santo de Deus. Os cuidados com nosso corpo, desde as caminhadas até a escolha dos alimentos mais apropriados, que incluam menos carne e mais frutas, legumes e saladas, dão mais trabalho, mas dão mais qualidade à nossa vida. O texto de 1 Pedro 2.9 diz que somos raça eleita (escolhidos de Deus); que somos exclusividade de Deus, a fim de proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a luz. É verdade que todos nós experimentamos trevas e sombras em nossas vidas. Sombra simboliza o desligamento, o estar afastado de Deus e da comunidade. Sombra simboliza aqueles que estão sem sentido para sua vida. Sombra indica aqueles que não dão lugar para Deus em sua vida e família. Aponta para aqueles que nada mais esperam da vida. É para esses que Jesus se dirige preferencialmente, para resgatá-los do mundo das trevas e inundá-los com sua luz. É por Jesus se dirigir a eles que podem ouvir uma boa-nova, chegar à luz, sair das trevas. Ou seja, trevas e luz estão se contrapondo, indicando que as duas não cabem no mesmo espaço. Uma anula a outra. Lá onde Jesus está, as trevas não têm mais lugar. A MARAVILHOSA

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Quais são as sombras da sua vida? Às vezes temos dificuldades de identificar essas sombras em nossa vida. Mesmo aquelas pessoas que expressam plena alegria na aparência podem, no seu íntimo, estar vivenciando outra coisa. Também essas podem estar nas trevas. Quem sabe também você em alguns momentos de sua vida já tenha sido atingida pelas trevas. E ao falar de trevas, podemos estar falando de pequenas coisas que às vezes têm o poder de lançar suas sombras sobre toda a nossa vida. O Espírito Santo de Deus poderá ajudá-la a vencer as sombras e trevas de sua vida e inundá-la com a verdadeira luz que vem de Cristo, o Senhor. É necessário que aceitemos ser hospedeiros deste Espírito de luz e que preparemos e cuidemos muito bem de sua casa, ou seja, nosso corpo, que é a imagem e a semelhança do Deus Criador. Para reflexão: 1. Que sentimentos provoca em nós o fato de sermos hospedeiros do Espírito Santo de Deus? 2. Que cuidados tomamos ao receber hóspedes queridos em nossa casa? 3. Jesus não foi recebido nas casas de Belém de Judá, tendo que nascer em um estábulo – fato lembrado e lamentado por toda a cristandade. E nós? Recebemos o Espírito Santo? 4. Que cuidados devemos tomar com nosso corpo – santuário do Espírito Santo – e por quê? 5. Quais são os benefícios de uma vida equilibrada e feliz? t Pª Vera Maria Immich Capelania Hospitalar – Hospital de Clínicas da UFPR Pastoral da Consolação da CELC-UP Curitiba/PR s

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SAÚDE

Como prevenir a osteoporose Íris Butzke

Quando a mulher se aproxima dos cinqüenta anos, a produção do hormônio estrogênio diminui e a ovulação é interrompida. Com isso, pára de menstruar. Algumas mulheres sentem dor de cabeça, dores pelo corpo, fadiga, ondas de calor, sudorese, secura vaginal, insônia, alteração do humor, também aumenta a incidência de doenças coronarianas. Nesse período, todas as mulheres sofrem perda A prática de atividades físicas é fundamental de massa óssea em decorrência da na prevenção da osteoporose queda dos níveis de estrogênio. Uma solução para esses casos é a reposição hormonal, que protege contra doenças coronarianas, reduz o risco de câncer de útero, constituindo-se num dos tratamentos mais utilizados para interromper a perda de massa óssea e prevenir contra a osteoporose na pós-menopausa. Há mulheres, no entanto, que não se adaptam à terapia de reposição hormonal, especialmente as que têm enxaqueca, diabetes ou asma. Além disso, a terapia de reposição hormonal não é recomendada às mulheres que tiveram câncer de mama. Para medir o nível de perda de massa óssea é necessário fazer o exame de densitometria óssea, geralmente solicitado pelo médico nesse período da vida da mulher. Para prevenir a osteoporose, a mulher tem que se cuidar desde a adolescência, pois a quantidade de massa óssea que consegue juntar nesse período fará com que tenha maior resistência contra fraturas no envelhecimento. Portanto, é fundamental que a jovem seja orientada para uma dieta rica em cálcio, bem como para a prática de atividades físicas regulares. O que você pode tentar cumprir, degrau por degrau, para ter uma vida melhor e mais saudável: 1. Aceite que a vida é um maravilhoso presente de Deus e merece ser vivida de forma intensa. Nos congressos médicos já se começa a reconhecer que o indivíduo que “tem alguma crença” vive melhor. A MARAVILHOSA

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2. Ame-se muito, cuide-se. Tenha prazer na sua própria companhia e os outros também terão. 3. Mude sua alimentação: menos gordura, açúcar, sal, carboidratos, carnes vermelhas, café, queijos amarelos e cremes e introduza grãos integrais, feijões, todo tipo de frutas e verduras livres de agrotóxicos, legumes, peixes, nozes e castanhas, azeite de oliva, sementes (abóbora, gergelim, girassol). 4. Submeta-se a exames periódicos e use suplementos vitamínicos quando necessário e indicado pelo médico. 5. Informe-se melhor sobre a necessidade ou não de reposição hormonal feminina. 6. Exercite-se. O exercício aeróbico é essencial para a boa oxigenação cerebral, para o fortalecimento de músculos e ossos, para ajudar a queima do colesterol e para trazer flexibilidade às articulações. Procure orientação e faça caminhadas diárias, natação, hidroginástica, musculação ou o que mais lhe agradar. Com essas medidas você estará prevenindo a osteoporose, diminuindo seu peso e, conseqüentemente, evitando várias doenças que estariam consumindo parte do seu salário em remédios. 7. Exercite seu cérebro. Aposentadoria não significa o deslocamento repetitivo entre a cama e a TV. Procure ler muito, decorar pequenos trechos, poesias ou versículos, fazer palavras cruzadas, jogar xadrez, jogo de memória. Agindo assim você estará espantando para longe o fantasma da senilidade e do Alzheimer. 8. Volte-se para seu marido e se doe em atenção, carinho, amizade, e procure manter uma boa vida sexual (é um ótimo elixir). 9. Aceite desafios novos e motivadores. Faça faculdade, pós-graduação, curso de línguas, de informática, de pintura, de artesanato ou retome projetos que ficaram engavetados. Muito me chamou a atenção o depoimento de Suzana, de 73 anos, que levantou a seguinte questão: “Considerando que posso viver até os 100 anos, se isso acontecer, o que vou fazer nos próximos 30? Vou experimentar situações novas, exercitar meus outros talentos”. E ela resolveu fazer mestrado em gerontologia! 10. Dentro de suas possibilidades, passeie, viaje, divirta-se, faça muitos amigos, doe-se aos outros, ria muito! 11. Leia o Salmo 90.10 e diga: “Senhor, esta é a oração de um salmista aflito, cansado e amargurado. Mas este não é o sentimento do meu coração. Não me permita viver só das lembranças do passado, mas me ajude a ter sonhos e a construir a cada dia um novo presente”. t Susana Dytz Fagundes Ginecologista Obstetra, Mestranda em Gerontologia s A MARAVILHOSA

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pare e pense

Pentecostes Afirmamos nossa fé num Deus que é Pai, Filho e Espírito. Cremos que o Espírito é a energia que revitaliza toda a comunidade. Sem o Espírito estamos sós, vazios. Sem o Espírito nos sentimos desanimados, tristes. Sem o Espírito nos sentimos mortos. Por isso, pedimos juntos: Senhor, sopra em nós teu Espírito de vida.

Por isso, pedimos juntos: Senhor, alegra-nos com o sopro do teu Espírito.

Cremos que o Espírito aponta caminhos para chegar à verdade e à vida em plenitude, à justiça e à paz. Cremos que o Espírito nos ensina a viver a solidariedade, a viver em harmonia, a perdoar e a receber perdão, Cremos que o Espírito concede graça, a ser parte de uma comunidade movimento, força; que se aceita, se respeita e cresce que o Espírito cria possibilidades, até alcançar a maturidade da fé. abre perspectivas; Por isso, pedimos juntos: que o Espírito motiva e lança desafios. Senhor, renova-nos com o poder do Confessamos que o Espírito impulsiona teu Espírito. ao testemunho e que uma comunidade que não proclama é uma comunidade Afirmamos que o Espírito concede que se esvaziou do Espírito de Deus. sonhos Por isso, pedimos juntos: e abre a mente para novos horizontes, Senhor, move-nos com a força do teu animando aqueles que o recebem Espírito. a viver na esperança de tempos melhores. Confessamos que sem o Espírito Por isso, pedimos juntos: não é possível a verdadeira alegria; Senhor, dá-nos sonhos do teu Espírito. que sem o Espírito não é possível sorrir, nem cantar; t Gerardo Oberdeman que sem o Espírito não é possível Fonte: www.clai.org.ec s proclamar as palavras de Jesus; que sem o Espírito não é possível viver na luz. A MARAVILHOSA

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JUlHO

Iris Butzke

D S T Q Q S S Jesus Cristo diz: O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. João 6.37

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Datas importantes: 01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS Dia dos Hospitais 02 – Dia dos Bombeiros 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 16 – Dia do/a Comerciante 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS Dia do/a Motorista Dia do/a Escritor/a 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa

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Anotações

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MEDITAÇÃO

Jesus convida. Nós convidamos? Jesus Cristo diz: O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. João 6.37 Havia sempre grandes multidões ao redor de Jesus. Algumas pessoas estavam ali por causa dos sinais e milagres que Jesus realizava; outras, especialmente os fariseus e os escribas, procuravam interrogá-lo e achar motivos para acusá-lo; outras ainda estavam ali para ter o alimento sem precisar trabalhar. Porém, algumas pessoas, creio que a minoria, procuravam estar com Jesus para aprender com ele, para desfrutar de sua companhia, sedentas por uma vida nova e por momentos de intimidade com o seu Mestre. E nós? Qual é nosso intuito ao fazermos parte daquelas pessoas que seguem o Mestre? O Senhor Jesus diz que aqueles que o seguem jamais serão lançados fora. Conseguimos imaginar o que significa “ser lançado fora”, não fazer parte do reino eterno, perder o alvo para o qual fomos criados, viver longe do Senhor e de tudo o que Jesus prometeu? No entanto, muitos ficarão fora, pois “muitos são chamados, poucos são

escolhidos” (Mateus 22.14). É preciso ter as vestes lavadas no sangue do Cordeiro de Deus, é preciso se achegar a ele com o coração quebrantado e aceitálo como único Senhor e Salvador de nossa vida. O profeta Jeremias 29.13 diz: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes com todo o vosso coração”. Nossa responsabilidade como mulheres cristãs, Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, é ter um envolvimento cada vez maior na sociedade e também na missão – anunciar o evangelho de Jesus a toda criatura –, levando “sinais do reino” lá onde há miséria, pecado e desilusão, tal como Jesus nos ensinou em Mateus 28.19: “Ide, portanto, fazei discípulos”. A pessoa que crê e confia em Jesus, liberta da escravidão do pecado, não olha para as dificuldades com desânimo; olha com esperança para o maravilhoso futuro que Deus reservou e preparou para seus filhos e suas filhas. Por isso vive o presente de forma despreocupada consigo mesmo, mas se empenhando para que outros sejam salvos. A todo momento estamos expostos

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a tentações e dúvidas e cercados de mentiras e enganos. Jesus, porém, é a porta de acesso que nos leva ao Pai eterno e amoroso. Os cristãos nem sempre têm uma vida fácil, pelo contrário, somos muitas vezes ofendidos, magoados e até discriminados. Nessas horas não devemos temer nem nos entristecer, apenas confiar, pois o Espírito Santo nos acompanhará, dirigirá e orientará. O versículo do nosso lema, João 6.37, consola-nos e anima. Contudo, para que isso aconteça é necessário obedecer – a obediência que brota do amor profundo e sincero ao Senhor Jesus e à sua palavra. Gostaria de fazer um desafio para

mim e para vocês: Quantas amigas, conhecidas apenas, vizinhas e parentes vivem uma vida sem perspectivas, sem ânimo e desiludidas? Será que pensamos em convidá-las para fazer parte do nosso grupo de OASE, sair de suas “quatro paredes” e ter uma vida voltada para o SERVIR, se envolver em tantas situações onde nós, como mulheres de OASE, estamos envolvidas? Convide, insista, não desanime, faça a sua parte, TESTEMUNHE o quanto você tem aprendido com o seu grupo e o quanto a COMUNHÃO tem valorizado a sua vida! t Inês Mengue Emke Monte Mor/SP s

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Deuses modernos 1º Momento: Em grupos de 4 a 5 mulheres, cada uma recebe uma folha de papel e uma canetinha. Peça para que cada uma faça um traçado de caminho. Neste caminho devem ser apontadas algumas marcas (lembranças importantes). Este é o caminho, a história de sua família. De onde vieram? Quais as profissões presentes? Fatos e datas que marcaram: nascimentos, batismos,

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infância, adolescência, namoros, casamentos, filhos e filhas. Depois que cada uma desenhou sua história familiar, peça para compartilhá-la no pequeno grupo. Observação: Em grupos menores de OASE, em que as mulheres não gostam de escrever ou desenhar, proponho que o mesmo trabalho seja feito oralmente, compartilhando momentos e lembranças marcantes.

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2° Momento: Enquanto elas compartilham em grupos pequenos, coloque no centro da sala alguns objetos e gravuras, tais como: panos coloridos, água, terra, fotocópias de notas de dinheiro, garrafa de cerveja, baralho de cartas, bola, gravura de pessoa doente e/ou faminta, adolescente grávida, paisagens lindas, foto de família, pessoas trabalhando, modelos fotográficos (masculino e feminino), carro, máquinas sofisticadas, eletrodomésticos caros etc. Peça para as mulheres caminharem por entre os objetos e pararem diante daquele que mais lhe sensibiliza naquele momento. Peça para que elas compartilhem o porquê da sua escolha. 3° Momento: Todas podem voltar aos seus lugares. De olhos fechados, escutam a leitura do Salmo 95.1-7.

Reflexão Venham todas, louvemos ao nosso Deus. Também nós cantamos, pois ele é o Deus vivo que criou o mundo e não o abandonou. Ele é Deus que cuida, que sustenta, que caminha conosco. Lembram o relato que fizeram da sua história familiar? Quem esteve dia a dia ao lado de sua família nesses anos todos? É o Deus que está acima de todos os deuses, que conhece todos os lugares e tudo que criou. Nós reconhecemos a presença de Deus quando falamos da nossa

história? O salmista fala de Deus como o soberano do universo, que criou o povo e fez uma aliança com ele. Muito mais do que criador distante, ele é Deus que se compadece, que ouve, que desce, que acompanha, orienta e protege, assim como o bom pastor faz com suas ovelhas. E como bom pastor ele quer conduzir suas ovelhas para um jeito de viver diferente do que os outros deuses estão a oferecer. Em todas as sociedades, em todos os tempos, o povo é confrontado com propostas e promessas que querem desviá-lo do caminho de Deus. Vamos refletir sobre os objetos e gravuras espalhados no chão. Aqui estão espalhados os deuses modernos. Os objetos e as gravuras lembram-nos os valores, os objetivos de vida de muitas pessoas, de muitas famílias e as conseqüências de uma sociedade que faz essas escolhas. Sem nos darmos conta, nossas necessidades físicas, psíquicas, emocionais e sociais fazem-nos optar por aquilo que nos é apresentado como o melhor, a saída, o caminho para... Este é o princípio que move nossa sociedade hoje: o que eu quero, o que eu sonho, o que eu preciso, o que me faz feliz. Só que as nossas respostas não são ouvidas. O que eu devo querer é o que “todos” querem; o que eu devo sonhar é o que “todos” sonham. E assim aqueles que dominam nosso modelo sociopolítico vão nos dizendo

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conflitos estouram em nossas casas, em nossa vida? Também nós caímos na tentação de questionar Deus e pensamos que não merecemos o que está acontecendo. Talvez seja oportuno e necessário nos perguntar: A que Deus estamos servindo e obedecendo? Aos deuses modernos, que exigem o bem-estar individual e o sucesso, a vitória pessoal, tão propagandeados pela teologia da prosperidade? Ou continuamos fiéis ao projeto do Deus de Israel, que nos enviou Jesus Cristo para mostrar que a misericórdia, a solidariedade, a busca conjunta por vida digna e paz, a inclusão e a valorização de todos e todas são caminhos para uma vida verdadeira, mas que não é isenta de sofrimentos, decepções, injustiças e perdas? Nossos sofrimentos, nossas perdas e decepções não são causados pela vontade de Deus, mas são frutos da ação humana que insiste em viver afastada de Deus, escrava da sedução dos deuses modernos. Queremos caminhar conduzidas e sustentadas pelo bom pastor? Então, examinemos bem os desejos que estão sendo colocados em nossas mentes e em nossos corações. Queremos que Deus sirva aos nossos interesses? Ou somos nós que somos batizadas e convocadas para servir ao seu projeto de vida para o mundo? Louvar a Deus e cantar com alegria à nossa rocha, ao nosso protetor e salvador, podemos fazer sempre. A MARAVILHOSA

o que querer, o que sonhar, por que trabalhar... Sem perceber, somos escravizadas por aquilo que os outros e a propaganda nos colocam como alvo e objetivo para a nossa felicidade. Cada um pensa que o sonho é só seu, o objetivo é só seu. Não percebemos que fazem de nós uma massa que amassam como bem querem. O Salmo 95 remete-nos ao texto de Êxodo 17.1-7. Vamos ouvi-lo [leitura do texto]. E agora, vamos ler o restante do Salmo 95, os versículos 8-11. Em meio à seca, à falta de água, o povo fica em dúvida: Será que Deus os tirou do Egito, da casa da servidão, para morrer no deserto? Não teria sido melhor ter ficado lá? Será que Deus não está acompanhando o povo para uma terra nova, uma vida nova, um modelo novo? Diante da dificuldade, da necessidade, o povo duvida, discute com Moisés e o faz usar o seu bastão para provar que Deus está com eles, fazendo jorrar água da rocha. Louvar a Deus e adorá-lo com alegria parece ser muito fácil quando tudo está bem, quando nossos sonhos e projetos de bem-estar e sucesso individuais e familiares vão de vento em popa. Mas como louvar a Deus e adorá-lo quando a planta não cresce, quando o povo precisa vender a terra, quando nossos filhos e filhas não conseguem emprego, quando ficamos endividados, quando a doença nos enfraquece, quando a violência e os CRIAÇÃO DE DEUS

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var e agradecer. Tu acompanhaste nossos familiares em sua trajetória de vida, assim como fizeste com o teu povo no passado. Não queremos duvidar do teu amor e da tua bondade, nem queremos por à prova a tua promessa. Mas temos sido tentadas a viver e sonhar conforme os valores e objetivos de nossa sociedade de consumo. Liberta-nos das amarras que nos prendem. Abre nossos olhos. Dispõe nossos corações e nossas mentes para compreendermos e agirmos conforme Jesus nos ensinou. Faz de nós um grupo de mulheres que age e ora em conjunto e que não procura os seus próprios interesses. Somos o teu povo. Tu nos fortaleces, sustentas e guias. Faz de nós testemunhas corajosas do teu projeto de vida para este mundo. Por Jesus Cristo, nosso Salvador, nós oramos, quando juntas e confiantes dizemos: Amém.

Também nos sofrimentos e nas dificuldades, especialmente quando eles são conseqüência da luta contra os poderes de morte, que ainda brilham em nosso mundo. Deus é Deus que ouve, que desce, que vem a nós em Jesus Cristo e caminha conosco na busca por transformação, por verdade, por inclusão e dignidade para todo o seu povo. Que juntas, em grupos de ação e oração, possamos compreender, amar e confiar sempre mais neste Deus que nos prometeu vida e salvação. Deixemo-nos guiar pela sua proposta e não duvidemos do seu cuidado e amor, da sua fidelidade e bondade.

Oração: (Proponho que as pessoas fiquem de mãos dadas ao redor dos objetos e gravuras espalhados pelo chão.) 1) Inicialmente, pedir que as mulheres manifestem motivos para agradecer a Deus. t Pª Anelise Abentroth 2) Depois, pedir que elas expressem Horizontina/RS s os seus pedidos de perdão. 3) Encerrar, orando: Querido Deus! Também nós estamos aqui para te lou-

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SAÚDE

Envelhecer com saúde

Wally Dummer

Sempre é tempo de buscar qualidade de vida

Quando comecei a clinicar, há 21 anos, a maioria dos casais planejava famílias com quatro filhos. Pouco tempo depois veio a onda da família com três filhos e agora muitos casais pensam em um único filho ou mesmo nenhum. Em contrapartida, vejo também o número de pacientes idosas crescendo cada vez mais, algumas apresentando saúde e motivação surpreendentes e outras, às vezes até mais jovens, em condições de vida lamentáveis. É notório que a população idosa tem crescido rapidamente e a população jovem não tem acompanhado a mesma curva de crescimento. Sabemos que isso resultará em desequilíbrios sérios. Em pouco tempo, países inteiros serão considerados velhos. Quem trabalhará A MARAVILHOSA

para arcar com tamanha conta? Sabemos que os casais jovens encontram muitas dificuldades para criar prole numerosa devido ao alto custo de vida e à ausência das mães, que precisam trabalhar o dia inteiro. Como amenizar esse impacto social? A medicina vem investindo incontáveis recursos na busca de soluções que possam minorar os efeitos do envelhecimento precoce na população e as suas conseqüentes seqüelas e encargos. Quando falamos em envelhecimento precoce não nos referimos apenas às rugas que teimam em vincar nossos rostos, nos cabelos brancos que podem ser facilmente tingidos ou a flacidez cruel de nossos músculos. O efeito mais devastador do envelhecimento CRIAÇÃO DE DEUS

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precoce acontece na alma da pessoa que, por inúmeras e peculiares razões, deixou de gostar de si mesma, perdeu a alegria de viver e o brilho no olhar e se deixou levar pelo caminho da amargura, do desamor e da desesperança. Esse abatimento vem como uma torrente sobre todo o corpo: mente, coração, músculos, cada célula; e essa pobre criatura se transforma num grande fardo para si e os seus. A vida deixa de ser bênção de Deus e prazer, tornando-se uma clausura. Até quando viver? Tenho participado de congressos sobre geriatria em que palestrantes afirmam que o nosso código genético está programado para um tempo de vida de no máximo 120 anos. Alguns citam até Gênesis 6.3b: “[...] e os seus dias serão 120 anos”. Não quero discutir com você os limites de idade. Quero refletir sobre por que estamos vivendo bem aquém desse tempo e em condições tão ruins. Também não quero defender as facilidades que a medicina estética hoje nos oferece, como aplicações de Botox, implantes, silicones e cirurgias plásticas, que podem corrigir qualquer imperfeição. Entretanto, se não houver tratamento do interior, trazendo de volta a alegria de viver, tudo isso será apenas uma triste fachada. Surgem termos novos no linguajar cotidiano. Existe agora a Sociedade Médica “Anti-Aging”, ou anti-envelhecimento. Isso pode ser um grande problema ou uma boa solução. Para

alguns povos orientais, envelhecer é uma nova etapa da vida em que as pessoas passam a ser até mais valorizadas e honradas pelo saber adquirido até ali. São alicerces e referência para a sua família. Para nós ocidentais, na maioria das vezes, o envelhecer é visto como castigo, perda, desprezo, atraso e outros tantos adjetivos depreciativos. Nossos jovens poucas vezes param para se aconselhar com seus idosos. Não há motivo para honra ou valorização, mas preocupação. Quem vai cuidar do avô ou da avó? Poderíamos iniciar uma longa discussão bíblico-filosófica para convencer os mais jovens de que estão sendo desumanos e equivocados. Mas não. Quero interagir com você, adulto jovem ou mais velho. Por que não pode ser você o agente a ser mudado? Envelhecer iremos todos, se vivermos para tal. Mas existe uma grande diferença entre velhice – perda normal da vitalidade decorrente do desgaste natural do corpo – e senectude – perda patológica e doentia da vitalidade. Existem especialistas para o adulto jovem e para o idoso. Com certeza você está familiarizado com o geriatra – médico que trata das doenças do idoso. Agora vai também ouvir falar do gerontólogo – médico que busca promover a saúde do idoso. Os dois trabalham em prol da agerasia, que significa envelhecimento saudável. Existem várias teorias que buscam explicar o envelhecimento. Uma de-

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las diz que os genes humanos estão precodificados para a idade específica da morte. A outra, conhecida como a teoria do dano, defende que o desgaste acumulativo imposto às nossas células é que determina a idade da morte. Um equilíbrio entre as duas teorias é o mais razoável: a vida não pode durar além do limite geneticamente programado, mas os efeitos de uma vida com danos celulares excessivos podem encurtá-la em muito. Esses danos celulares, principalmente após os 30 anos, aceleram o envelhecimento. É claro que eu sei que a nossa vida pertence tão-somente a Deus e que, quando é chegada a hora, ele faz a chamada, apesar de toda a tecnologia disponível. O problema é que, com o descaso, desleixo ou desamor, temos conseguido atrapalhar – e muito – esse belo projeto chamado “vida abundante” que ele tem para cada um de nós. A medicina genética tem chegado a descobertas espetaculares. Já podemos saber se carregamos genes que poderão se expressar em doenças como câncer, infarto, mal de Alzheimer, doença de Parkinson, demência senil, doenças auto-imunes e outras tantas. Mas e daí? Esse diagnóstico é definitivo e imutável? Não. Depende muito da nossa postura perante a vida. Estamos agredindo as células quando nos submetemos à alimentação com alto teor de gorduras, que não estão presentes somente nas frituras,

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mas também nos biscoitos e bolos que consumimos tanto. Expomo-nos à agressão quando ingerimos verduras e frutas, tão essenciais para o organismo, contaminadas por herbicidas e pesticidas. Da mesma forma, sofremos danos com a ingestão descuidada de sal, açúcar refinado, farinhas brancas, alimentos processados, enlatados e conservas. Não podemos esquecer a carne vermelha, tão rica em “mau colesterol” e que também pode estar contaminada por herbicidas que o animal ingeriu e que ficam impregnadas em sua gordura. Continuamos com a agressão quando nos expomos em horários impróprios aos raios ultravioletas, aos raios X e à poluição em geral. O acúmulo da agressão acontece quando nos orgulhamos de nunca ter praticado qualquer exercício físico na vida. Não, você pode dizer que isso é impossível, pois, pelo menos, os dedos das mãos são exercitados com muita freqüência nos controles remotos da TV, vídeo, DVD, som e outros mais. Ufa! Não quero massacrá-las ou deprimi-las. Quero chacoalhar você e dizer que ainda é tempo, sempre é tempo para reagir e virar o jogo. É hora de buscar qualidade de vida! t Susana Dytz Fagundes Ginecologista Obstetra, Mestranda em Gerontologia Extraído de Voz Missionária, junho 2005 s

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AGOSTO

Arquivo

D S T Q Q S S Jesus Cristo diz: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. João 10.10

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Datas importantes: 01 – Dia do Selo 1843 – Primeiro Selo Brasileiro 04 – 64 – Martírio de cristãos por Nero, em Roma 05 – 1872 – *Osvaldo Cruz, cientista, médicosanitarista (+11/2/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – 1ª bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 10 – 70 – Destruição de Jerusalém pelo Imperador Tito 11 – Dia do/a Estudante 13 – Dia do/a Encarcerado/a 14 – Dia dos Pais 15 – 1899 – 1º grupo de OASE em Rio Claro/ SP 21 a 28 – Semana Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência A MARAVILHOSA

Anotações

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MEDITAÇÃO

Vida é comunhão Jesus Cristo diz: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. João 10.10 Para escrever esta meditação, li e reli várias vezes o texto de João 10.1-18. Sempre que chegava no versículo 10, que é o lema do mês: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”, automaticamente fazia uma pausa. Sentia a necessidade de uma reflexão maior. Precisava entender melhor as palavras de Jesus sobre “vida em abundância”. Se simplesmente destacarmos o versículo do lema, sem a leitura do texto todo, podemos correr o risco de uma interpretação que nos afasta da verdadeira intenção de Jesus. Façamos, pois, uma reflexão sobre o texto todo de João 10.1-18. Jesus fala sobre ovelhas, rebanhos, bons e maus pastores. Menciona o perigo de ladrões e salteadores e adverte para os falsos pastores que, na hora do perigo, abandonam as suas ovelhas. Jesus também fala de seu rebanho, de suas ovelhas, aquelas que conhecem sua voz. Jesus fala tudo isso para seus discípulos e para nós hoje por meio da Bíblia. Ele usa uma linguagem simples e figurada para que todos possam compreender sua missão. Ele diz: “Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”; palavras com as quais já faz alusão ao seu sacrifício na cruz. Mais adiante, no versículo 16, Cristo faz uma nova alusão, agora profética: “Então haverá um rebanho e um pastor” e haverá “vida em abundância”. O que entendemos por “vida em abundância”? Vida! O que é vida? Para muitas pessoas vida significa apenas a expectativa de vida saudável e longa, de preferência sem preocupações, muitos prazeres, perspectivas favoráveis em todas as situações, destaques sociais. Em sua maioria, essas são pessoas egoístas. Porque essa não é a vida a qual Jesus se refere. Abundância! O que entendemos por abundância? De certa forma o conceito abundância está ligado à idéia de muito dinheiro, o máximo de conforto, fartura, fortuna, poder sem limites e, não raras vezes, ausência de escrúpulos! A MARAVILHOSA

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Será que são essas a vida e a abundância que Jesus quer para nós? Decididamente não! Jesus falou do bom pastor que ama e protege as suas ovelhas. A vida em abundância que Jesus promete é para todas as pessoas, também para aquelas ovelhas que ainda não se encontram no seu aprisco. Jesus vai ao encontro delas, pois foi essa a ordem que recebeu do Pai. Como nós podemos viver uma vida em abundância nos dias atuais, num mundo tão conturbado? Será que temos perspectivas para tal? Embora raras, acredito que sim; basta estarmos de olhos bem abertos para os pequenos gestos de amor no dia-a-dia. Cito uma experiência que me marcou muito: Como voluntária, participo de um grupo de visitadoras ao setor de geriatria de um hospital. Vivia lá uma senhora de voz áspera, muito séria, e de olhos azuis muito penetrantes. Sorria pouco, mas também não fazia reclamações ou críticas ao atendimento que recebia. Fazíamos as visitas em grupos de duas ou três voluntárias. No início a empatia parecia difícil. Aconteceu que, por motivo do impedimento de minhas colegas, fui forçada a fazer-lhe uma visita sozinha. Ela me conhecia de longa data, mesmo assim perguntou se eu era da OASE. Conversamos amigavelmente. Ao me despedir, ela tomou minhas mãos e beijou ambas. Comovida pelo gesto, acariciei-lhe o rosto, dei-lhe um beijo na testa, desejando muitas bênçãos de Deus. Foi o nosso último encontro. Dias depois ela faleceu. Naquele momento eu vivenciei o que significam as palavras do nosso lema do mês. A vida em abundância, a qual Jesus se refere, é a verdadeira comunhão com Deus e com o nosso próximo! Jesus, como o bom Pastor, chama-nos para o seu aprisco, onde, em convívio com nossos irmãos e irmãs, vivemos protegidos pelo Pai e teremos vida em abundância. t Helmgart Lewerenz Santa Cruz do Sul/RS s

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A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

Boa pescaria! Você já ouviu alguma história de pescador? Nessas histórias, os peixes, por via de regra, são muito grandes. Veja o caso que me contaram um dia: Havia um lago muito piscoso. O pescador que o freqüentava assiduamente sempre capturava alguns peixes, uns maiores, outros menores. Um dia, conseguiu fisgar um peixe muito grande, o maioral de todos, um peixe tão grande, que o anzol quebrou. Mas ele não se conformou e foi comprar um anzol novo e bem grande, o maior de todos. Depois de alguns dias, conseguiu fisgar o grandalhão outra vez. E dessa vez o anzol novo e grande resistiu aos corcoveios do bicho. O pescador, porém, lutava sem sucesso. Não conseguiu tirar o peixão da lagoa. Já cansado e quase desistindo, de repente viu o trem se aproximar, uma vez que a linha férrea passava bem próximo do lago. Ele correu e amarrou a linha de pesca no trem, para que assim o ajudasse a puxar o enorme peixe para fora do lago. Que nada! O trem também não deu conta de arrancar o bicho para fora do lago. Sabem o que aconteceu? O trem acabou arrastando o lago com o peixe e tudo. E por isso até hoje não se sabe ao certo de que tamanho era esse grande peixe. Mas que era enorme, isso era! (Acredite quem puder e quiser!) Causos de pescador à parte, vamos ao que interessa: a história da baita pescaria de Jesus. E não é que ela também é fantástica?! Vejamos: Em pleno dia, quando a hora não é propícia para boas e fartas pescarias, Jesus ordena a Pedro e seus companheiros que lancem suas redes em águas profundas. E “isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes e rompiam-se-lhes as redes. Então fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos a ponto de quase irem a pique” (vv. 6-7). Quer pescaria mais emocionante do que essa? Até parece história de pescador... (pena que não tinha nenhum trem por perto!). Certamente poderia ser uma dessas histórias de pescador, se não fosse a pescaria comandada por Jesus, no lago de Genesaré. A grande novidade está no que Jesus diz a Pedro, logo em seguida a essa pescaria espetacular: “Não temas: doravante serás pescador de homens” (v. 10). A pescaria de Jesus acontece em dois momentos que se complementam na vida da gente. Num primeiro momento, somos peixes a ser pescados por Jesus. A MARAVILHOSA

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Num segundo momento, Jesus chama-nos e envia com a missão da igreja: sejam pescadores de gente.  Compartilhem no grupo algumas experiências de conversão. Como foi que Jesus apanhou você em sua rede? Como foi que você veio a se tornar uma mulher cristã convicta? Palavra de Jesus e obediência Simão foi obediente à palavra do mestre. A pesca maravilhosa/o milagre foi conseqüência da obediência à palavra. Por isso vale para nós: Não devemos correr atrás dos milagres em si, mas buscar o autor dos milagres, Jesus Cristo. E jamais nos deixar confundir, pois o maior milagre de Jesus em nossas vidas é a fé, é ele nos fazer herdeiros da vida eterna! Pedro podia ter tomado a atitude de um rebelde. Podia ter comentado com seus companheiros: – O que esse carpinteiro entende de pescaria?! Pescaria é nosso ofício. Ele até parece estar querendo “ensinar o padre a rezar a missa”! Mas não! Pedro atendeu prontamente à palavra de Jesus. Para ele era uma palavra confiável. E a partir daí Jesus pôde desencadear na vida de Pedro o processo de uma grande transformação: de pescador de peixes para pescador de gente.  Para dialogar no grupo: Como você tem recebido e respondido à palavra de Jesus? Com rebeldia, com pouco caso, com “eu já sei tudo”? Em certa ocasião, durante os 30 anos de minha atuação pastoral, uma senhora me disse: “Pastor, ultimamente as suas prédicas não me dizem mais nada; elas são muito fracas”. Então perguntei a ela: “Com que espírito a senhora adentra o templo do Senhor no domingo de manhã? Com espírito de criticar, de achar defeitos? Ou com espírito de oração, que se coloca diante do Senhor e humildemente suplica: Fala, Senhor, ao meu coração durante esse culto. Não quero sair daqui vazia!”. Evidente que essa senhora me deve a resposta até hoje. Na verdade eu só perguntei para que ela pudesse pensar, meditar sobre o assunto. Não temas! Esta não é uma palavra mágica, mas fez Simão experimentar, sentir presente a misericórdia de Jesus. Ao pescador atingido pela palavra e arrependido, Jesus responde com misericórdia: “Não temas”, não desmaies, não desmorones. O caminho agora está aberto para Jesus edificar um discípulo na vida de Pedro. A MARAVILHOSA

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O arrependido não é rejeitado nem condenado. Ele é aceito e perdoado. E, na seqüência, esse Pedro perdoado é vocacionado, recebe o chamado para ser ministro da palavra: “De agora em diante você vai ser pescador de gente”. A missão Agora, de peixe a ser capturado pela rede da palavra de Jesus, Pedro passa a ser encarregado de pescar gente. Ele assume a missão da igreja: ser missionário. A missão de Jesus é a tarefa da igreja e, por extensão, da OASE. E o barco de Simão passa a ser o púlpito, e a rede dos pescadores vem a ser a palavra da salvação em Jesus Cristo. A pregação do evangelho é incumbência do Senhor a Pedro, a você, a nós. O mar é o mundo. Os peixes são as pessoas. Lançar e recolher as redes com os peixes é a função da pregação da palavra. Quem se habilita ao trabalho? Afinal, Jesus não nos capturou do rio ou do lago da vida para nos jogar num tanque de engorda! Você já escutou o chamado do Senhor para ser pescador de gente? O mundo está carente de receber o nosso trabalho, o nosso agir, o nosso “pescar gente”. Jesus quer abençoar você nessa tarefa assim como ele abençoou Pedro. É preciso ouvir a palavra do Senhor, confiar nela e colocar mãos à obra. O resto é com o Senhor da pescaria. Boa pescaria! Oração: Senhor, não nos deixes acomodadas, apenas contando histórias de pescador. Convoca-nos à obra, à maravilhosa pesca, que visa a trazer muita gente ao convívio do teu amor. Obrigado, Senhor, que colocaste em nossas mãos o equipamento, as redes de tua palavra. Senhor, que esta palavra, ouvida com humildade, faça o nosso coração arder pela causa do teu reino. Que possamos acolher no coração esta tua palavra para que ela nos impulsione a agir, a trabalhar por ti e pelo teu reino aqui e agora. Amém. Para meditar: Ou nós somos missionários ou somos campo de missão! t P. Zulmir Ernesto Penno Juiz de Fora/MS s

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pare e pense

Vínculos requerem tempo Um menino, com voz tímida e olhos cheios de admiração, pergunta ao pai, quando este retorna do trabalho: – Pai, quanto o senhor ganha por hora? O pai, num gesto severo, responde: – Escuta aqui, meu filho, isso nem a sua mãe sabe. Não amoles, estou cansado! Mas o filho insiste: – Mas, papai, por favor, diga, quanto o senhor ganha por hora? A reação do pai foi menos severa; ele respondeu: – Três reais por hora. – Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real? O pai, cheio de ira, tratando o filho com brutalidade, respondeu: – Então essa era a razão de querer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não me amoles mais! Quando o pai começou a pensar no que havia acontecido, sentiu-se culpado. Talvez, quem sabe, o filho precisasse comprar algo. Querendo aliviar sua consciência doída, foi até o quarto do menino e, em voz baixa, perguntou: – Filho, está dormindo? – Não, papai!, o garoto respondeu sonolento e choroso. – Olha, aqui está o dinheiro que me pediu. Um real. – Muito obrigado, papai!, disse o filho, levantando-se e retirando mais Arquivo dois reais de uma caixinha que estava sob a cama. – Agora já completei! Tenho três reais. Poderia me vender uma hora de seu tempo?

t Autor desconhecido s

É necessário tempo para fortalecer vínculos A MARAVILHOSA

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setembro

Evanir Borchardt

D S T Q Q S S Tu, nosso Deus, és bom e verdadeiro; paciente, governas o universo com misericórdia. Sabedoria 15.1 (Bíblia de Jerusalém)

Datas importantes:

1 2 6 7 8 9 3 4 5 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Anotações

01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – Primeiro grupo de OASE do Sul do Brasil, em Blumenau/SC 07 – 1922 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero no Brasil 13 – Dia do/a Agrônomo/a 20 – Dia da Escola Dominical 21 – Dia da Árvore 21 a 28 – Semana Nacional da OASE 25 – Dia do Trânsito 27 – Dia do/a Ancião/ã 29 – Dia de São Miguel e Todos os Anjos 30 – Dia da/o Secretária/o

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MEDITAÇÃO

Governas o universo com misericórdia Tu, nosso Deus, és bom e verdadeiro; paciente, governas o universo com misericórdia. Sabedoria 15.1 Sílvio Vince Esgalha

Era o dia primeiro de janeiro de 1998, próximo ao meio-dia. Dia com muito sol e ar limpo, sem fumaça. Havia chovido na noite anterior. A gente enxergava longe no horizonte. Estávamos voando de Brasília para Cuiabá. Menos da metade dos assentos do avião estavam lotados. Parecia que o piloto não tinha pressa. Presenteou todos nós com dois vôos panorâmicos. Passou pela cabeceira do Pantanal. Um lindo espetáculo de água, aves, diversos animais e ilhas de vegetação. É uma beleza fantástica. Saindo do Pantanal, avistamos montanhas, mirantes, cachoeiras e rochedos esculpidos pelo tempo e vento em Chapada dos Guimarães. Outro espetáculo emocionante. Vimos a casa de retiros de cima, bem de perto. Em meio a montes, ondula- Lagoa Azul (MS) – uma maravilha de Deus ções, abismos e esculturas, o avião foi deslizando. Era pura emoção e alegria! O passageiro que estava sentado ao meu lado disse: “Eu adoro Chapada, o lugar da energia, do sacrifício, das oferendas. Ponho-me de joelhos diante dessa beleza”. Conversamos sobre isso. Disse-lhe que essa beleza me faz lembrar do criador, que é Deus. Essa beleza toda nos faz cair de joelhos diante do Senhor, nosso Deus, porque são obras de sua mão maravilhosa. O colega respondeu: A MARAVILHOSA

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“É, vi uma frase escrita numa rocha, em Chapada, que diz: ‘Adore o criador e não a criatura’”. Às vezes, eu penso nisso. O avião aterrissou em Cuiabá, e nos despedimos. Você já visitou lugares bonitos, fantásticos, que o emocionaram? O que você sentiu? Como reagiu? Conte como foi! O contexto do versículo de Sabedoria fala sobre a adoração e o entusiasmo pelas obras humanas. Diz que a paixão que despertam traz uma esperança limitada e passageira. Não oferece verdadeiro consolo, nem felicidade, nem perdão, tampouco vida e salvação a quem nelas confia e as cultua. As belezas do Pantanal e da Chapada são obras da natureza. Elas não têm autonomia de poder de salvação, além daquele poder que o criador, Deus, lhes deu. Qualquer benefício que possam trazer aos seres vivos, e são muitos, sempre será entendido como obra de Deus. E somente a ele damos glória e louvor, como confessamos no primeiro artigo do Credo Apostólico: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra”. E como ele é bom! Deu-nos, inclusive, um vôo panorâmico e uma vista muito bonita de duas de suas maravilhosas obras. “Paciente, governas o universo com misericórdia” (Sabedoria 15.1b). Deus é paciente. Paciente é alguém que tem a virtude de suportar dores e sofrimentos e não retribui com a mesma moeda. Paciente é, por exemplo, uma mãe que foi abandonada por seu filho ingrato, mas espera e luta para que ele volte para casa. Deus é paciente. Sua paciência dá chance para todas as pessoas para fazer com que elas sejam sensibilizadas e cheguem ao arrependimento (Romanos 2.4). Pessoas sensatas não abandonam nem desprezam a paciência e a bondade, mas aproveitam a chance e colocam a sua vida em ordem com Deus e com o próximo. Uma das perguntas que sempre acompanhou a humanidade é: Quem é o manda-chuva? No exílio babilônico, essa pergunta foi fundamental na vida do povo. Os exilados haviam perdido praticamente tudo que possuíam, inclusive valores de vida e de fé. Achavam que iam ganhar sempre. Mas perderam a guerra – a terra, a cidade, as casas, o templo, a segurança, o seu próprio governo – para um povo que tinha outra religião. O anúncio profético de que Deus governa a vida e o universo trouxe alento, esperança e dignidade. Deus é o Senhor que governa, apesar de nós e de todas as forças que querem meter medo e paralisar a vida das pessoas. “[...] governas o universo com misericórdia”. O governo de Deus tem característica de misericórdia. Sabedoria diz ainda que: “Mesmo pecando somos teus, pois acatamos teu poder. Mas não pecaremos, sabendo que somos teus. Conhecer-te é a justiça perfeita” (Sabedoria 15.2-3a). No entanto, sabemos que pecamos. Pecamos em “palavras, pensamentos, ações e omissões”. Muitas A MARAVILHOSA

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vezes, a gente se dá conta, outras vezes, a gente nem nota os pecados que faz. É como escreve o Catecismo Menor em uso na IECLB, na quinta parte: “Diante de Deus devemos confessar que somos culpados de todos os pecados, também dos pecados dos quais não nos damos conta, como fazemos no Pai-Nosso”. Deus governa a vida humana com misericórdia. Foi necessário que Deus agisse misericordiosamente, pois “que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3b-4). A obra de Deus em Cristo foi e continua sendo obra misericordiosa que traz vida e salvação. Ao falarmos das maravilhas de Deus, lembramos suas obras bonitas que dão alegria e fazem com que a gente se sinta bem, como é o caso das paisagens da natureza. Contudo, obra decisiva é obra de Jesus Cristo. Em Jesus, nós conhecemos o coração de Deus. É um coração igual a um poço sem fundo de “misericórdia, bondade, verdade e paciência”. Nele, nossa vida ganha sentido pleno. Nele, nós não nos perdemos quando tudo vai bem. A partir dele, não desesperamos quando tudo dá errado na nossa vida. Nele, somos consolados, amparados, amados, carregados, sustentados. Por meio de nós, o Deus misericordioso quer tratar as feridas, as machucaduras, as dores e os tropeços de suas criaturas, porque ele “governa com misericórdia”. Para reflexão: • O que significa para você a expressão “Deus governa o universo com misericórdia”? Comente. • O grupo reage melhor ou pior ao saber da misericórdia de Deus? • O que você entende por “a obra mais maravilhosa de Deus é o sacrifício de Jesus”? • Como nós podemos viver concretamente as maravilhas de Deus em meio ao povo? t P. Teobaldo Witter Cuiabá/MT s

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REFLEXÃO

O homem rico e louco A maioria dos cristãos de classe média e alta simplesmente não acredita no que Jesus disse sobre o perigo mortal que representa a riqueza. Todos temos conhecimento das suas advertências de que ter bens é algo altamente perigoso – tão perigoso, na verdade, que inclusive é extremamente difícil para um rico ser cristão. “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Lucas 18.25). Que o sucesso financeiro é uma tentação para as pessoas, para que se esqueçam de Deus, já era um tema corrente no Antigo Testamento. Antes de entrar na terra prometida, Deus advertiu o povo de Israel do perigo das riquezas: “Guarda-te não te esqueças do Senhor, teu Deus [...] para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morando nelas; depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prata e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens, se eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor, teu Deus [...] Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas” (Deuteronômio 8.11-17). A abundância de recursos materiais pode facilmente nos levar a esquecer que Deus é a fonte de todo o bem. Preferimos confiar em nós mesmos e naquilo que temos a confiar no Todo-Poderoso. O dinheiro não nos tenta apenas a abandonar Deus. Guerra e negligência do pobre muitas vezes são conseqüências da gananciosa busca por riquezas. “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? [...] Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras” (Tiago 4.1-2). Mesmo uma rápida lida na história mundial confirma essa constatação. Em vez de criar mais compaixão para com os pobres, a riqueza muitas vezes endurece o coração daqueles que a possuem. As Escrituras estão cheias de exemplos de pessoas ricas que simplesmente não dão a mínima importância ao pobre deitado diante de suas portas (Lucas 16.19-31; Isaías 5.8-10; Amós 6.4-7; Tiago 5.1-5). O arcebispo de Recife, Dom Hélder Câmara, que dedicou sua vida ao empenho por justiça para os pobres, fez uma vigorosa colocação nesse sentido: “Eu costumava pensar, quando criança, que Cristo devia estar exagerando quando advertia dos perigos da riqueza. Hoje já entendo as coisas um A MARAVILHOSA

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Arquivo

pouco melhor. Sei como é difícil ser rico e continuar a ser humano. O dinheiro tem um jeito muito perigoso de colocar traves no olho de uma pessoa, de endurecer suas mãos, olhos, lábios e coração”. Riquezas são, definitivamente, algo perigoso, porque muitas vezes induzem à falta de preocupações pelos pobres, porque levam a contendas e guerras e, não por último, porque seduzem as pessoas a abandonarem Deus. A parábola de Jesus sobre o homem rico e louco retrata vividamente a natureza da “avareza e cobiça”: “E guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12.15). Sabendo que o homem estava obcecado pelas coisas materiais, conta-lhes a seguinte história sobre Riqueza pode causar indiferença um homem rico e louco: “O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lucas 12.16-21). Esse homem é um avarento típico. Tem uma voraz compulsão a adquirir mais e mais coisas, mesmo não necessitando delas. E o seu fenomenal sucesso em ajuntar sempre mais propriedades e bens leva-o à blasfema conclusão de que os bens poderiam satisfazer todas as suas necessidades. Sob a perspectiva de Deus, no entanto, pensar assim é uma grande loucura. Ele é um doido varrido. Não se pode ler essa parábola sem deixar de pensar em nossa sociedade moderna. Nós, adoidadamente, multiplicamos aparelhos sempre mais sofisticados, construções sempre maiores e mais amplas, meios de transporte mais rápidos, não porque tais coisas verdadeiramente enriquecem a nossa vida, mas porque somos levados por uma obsessão por ter sempre mais e mais. A avareza – luta por sempre mais bens materiais – tornou-se um dos vícios cardeais da civilização ocidental. O Novo Testamento tem muito a dizer sobre a avareza. Ela é o castigo divino pelo pecado do ser humano. Na sua essência, é idolatria. As Escrituras ensinam A MARAVILHOSA

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que pessoas gananciosas devem ser expulsas da igreja. É certo que nenhum avarento herdará o reino de Deus. No primeiro capítulo da Carta aos Romanos, Paulo observa que Deus às vezes pune o pecado deixando os pecadores experimentarem as sempre mais desastrosas conseqüências de sua contínua rebelião contra ele: “E por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza [...] homicídios, contendas [...]” (Romanos 1.28-29). A avareza é um dos pecados com que Deus pune a nossa rebelião. A parábola do rico louco mostra uma maneira como se concretiza essa punição. Uma vez que somos criados para ter comunhão com o Criador, não podemos obter uma realização genuína em bens materiais. Por isso corremos frenetica e desesperadamente em busca de sempre mais casas e celeiros. Eventualmente, chegamos a ponto de adorar de maneira idólatra os bens que possuímos. Como observa Paulo, a avareza, por fim, é franca idolatria (Efésios 5.5; Colossenses 3.5). Paulo deu, efetivamente, ordens aos coríntios para que executassem a disciplina da igreja contra pessoas avarentas (1 Coríntios 5.11). Os cristãos de hoje não se surpreendem nem um pouco com o fato de ter ele insistido com os coríntios para que excomungassem um membro da igreja que vivia com a mulher de seu pai (1 Coríntios 5.1-5). Mas fazemos pouco caso do fato de que Paulo passa daí a exortar (1 Coríntios 5.11) aos cristãos para que não se associem com o mesmo e não façam refeições junto com pessoas que se dizem cristãs, mas que são avarentas! Não somos nós avarentos quando ambicionamos um padrão de vida sempre mais elevado para nós mesmos, enquanto milhões de crianças morrem de fome a cada ano? Já não é hora de a igreja começar a aplicar sua disciplina naqueles que são culpados desse pecado? Não seria mais bíblico aplicar a disciplina da igreja a pessoas cuja cobiçosa ganância tem-nas levado ao “sucesso financeiro”, em vez de elegê-las para o presbitério? Tal atitude talvez seja o último meio que nos resta para transmitir a advertência bíblica de que pessoas avarentas não herdarão o reino de Deus: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus (1 Coríntios 6.9-10)”. A avareza é tão pecaminosa quanto a idolatria e o adultério. t Fonte: Cristãos ricos em tempos de fome, de Ronald J. Sider, Editora Sinodal, 1984 s

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Para reflexão:

♦ O que é avareza? O que é ganância? ♦ O que é disciplina da igreja? Não se associar com pessoas que não se

comportam como cristãs? ♦ Quando o amor por nossos bens se torna idolatria? ♦ Por que a riqueza pode endurecer o coração?

pare e pense

Envelhecer Envelhecer explodindo de vida, alimentando-se do prazer. Envelhecer com amigos, com vizinhos, sem se importar com a sombra do preconceito. Envelhecer na paz de Deus, envelhecer com fé. Fé, paciência que sustenta nossa vida e nos faz ter o espírito travesso, sapeca e feliz. Fé de um guerreiro e de um aprendiz... Envelhecer com paladar presente na boca, com lágrimas banhando o olhar, com um sorriso largo no rosto. Envelhecer enxergando-se na frente do espelho. Envelhecer é ganhar do tempo, o tempo exato para saber aproveitar, compartilhar, multiplicar. Envelhecer é fazer das verduras o prato do dia e do açúcar, festa de domingo. É comer pela manhã, exercitar o corpo à tarde e relaxar à noite. Saber ir ao mercadinho, ao encontro com os amigos, é ver novela, ler um bom livro, é estar perto do que temos direito. É ser livre e valorizar o sangue que transita nas veias, todos os dias, e controlar a oxidação dos tecidos. A MARAVILHOSA

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Envelhecer é trazer no peito a medalha dos filhos, netos e bisnetos. É dar colo, o ombro amigo, o abraço, o beijo na face de um mimo querido. O que são doenças? Elas dão em gente e não em pedras – assim falava a minha avó. Elas nunca escolhem o dia certo ou errado para chegar. Dizem que a doença é coisa de velho! Cuidado com essa crença! O controle da mente, a vontade de viver, a mão firme, mesmo frágil, a fé em Deus, são armas eficazes contra o vírus e nos livram do convênio e do posto de saúde. Envelhecer é cantar, dançar. É algo que anima, possui ritmo e melodia. É dar bombom aos netos. É brincar com a tecnologia. Estar velho, antigo, idoso – seja qual for o nome dado, importa pouco o rótulo. Importa muito mais os sinais de vida. Amigos e amigas, aproveitem! Envelheçamos sem preconceitos. Quero vê-los na casa dos 70, 80, 90 anos, com ou sem rugas, com ou sem cabelos brancos, mas repletos de histórias de alegrias e de paz. A vida não se aprende nas cartilhas, nem nas receitas. Deus nos deu de presente. Envelhecer exige, acima de tudo, aceitação, paciência e muita paixão. Conforme Isaías 46.4: “E, quando ficarem velhos, eu serei o mesmo Deus; cuidarei de vocês quando tiverem cabelos brancos. Eu os criei e os carregarei; eu os ajudarei e salvarei!”. t Pª Anelise L. Abentroth Horizontina/RS s

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SAÚDE

Dança sênior Depois de criar filhos, preocupar-se com netos, acompanhar o parceiro e cuidar da família, quem atinge a maturidade pode ter a sensação de missão cumprida. Mas é hora de usar a experiência, o talento e as habilidades para a realização pessoal. Muitas vezes fazemos bons planos: “Agora que estou na terceira idade vou pensar mais em mim, cuidar de minha saúde, ter mais qualidade de vida, pois sabemos que, com o avançar da idade, aumentam os riscos de doenças”. Transferimos para um futuro incerto, que pode nos reservar muitas surpresas, a oportunidade que temos agora, hoje mesmo, de fazer algo por nós e ter mais qualidade de vida, com menos doenças, tanto no corpo como na alma. Quem já ouviu falar em “dança sênior?”. Dança sênior é uma atividade física que usa a música e o ritmo como linguagem. São movimentos corporais suaves, com passos mais lentos e coreografia fácil de aprender. A prática da dança sênior e a memorização de suas coreografias proporcionam mais mobilidade das articulações, mais agilidade nos movimentos, estimulam a circulação sangüínea, melhoram a respiração, evitam o desgaste do reflexo mental e, principalmente, desenvolvem a vida em comunhão com os outros, com a partilha de vivências, lições de vida e contatos corporais, estimulando a pessoa idosa a sair do isolamento e aumentar sua auto-estima. A dança sênior produz efeitos preventivos e terapêuticos na vida da pessoa idosa e, com certeza, acrescenta mais vida aos anos. Aproveitem as dicas e vivam com qualidade! Eu louvo a Dança Eu louvo a dança, pois liberta o ser humano do peso das coisas – une o solitário à comunidade. Eu louvo a dança que tudo pede e tudo promove: saúde, mente clara e uma alma alada. Dança é transformação do espaço, do tempo e do ser humano, este constantemente em perigo de fragmentar-se, tornando-se somente cérebro, vontade ou sentimento. A dança, ao contrário, pede o ser humano total, ancorado no seu centro. Aquele não possuído pela cobiça de pessoas e coisas e pelo demônio do abandono no próprio eu. A MARAVILHOSA

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A dança pede a pessoa liberta, vibrando em equilíbrio com todas as forças. Eu louvo a dança. Ser humano, aprenda a dançar! Senão os anjos do céu não saberão o que fazer de você. (Aurelius Augustinus, 354-430) t Arlete Schulz São José dos Pinhais/PR s

Sem tempo para Deus

Deus tem tempo para ti! Aproveite o tempo, enquanto há.

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outubro

Íris Butzke

D S T Q Q S S Tu visitas a terra e a regas; tu a enri 1 queces copiosamente. 8 Salmo 65.9

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Datas importantes: 03 – Dia do/a Dentista 04 – Dia dos Animais 06 – 1930 – Fundação da OASE do Rio Grande do Sul 07 – Dia do/a Compositor/a 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do/a Professor/a 18 – Dia do/a Médico/a 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma

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Anotações

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MEDITAÇÃO

Dar graças a Deus é fácil ou difícil? Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente. Salmo 65.9 Dinâmica: Fácil ou difícil? 1. Dividir o grande grupo em quatro grupos: dois grupos trabalharão o tema “Fácil”, e dois, o tema “Difícil”. 2. Entregar para cada grupo: cartolina, jornais, revistas, tesouras, cola e pincel atômico. 3. Recortar do material recebido figuras em que aparecem situações sobre o tema facilidade ou dificuldade em agradecer e dar louvor, principalmente ligadas à natureza. 3. Colar na cartolina. 4. Voltar ao grande grupo, na qual um relator de cada grupo falará brevemente sobre o cartaz elaborado pelo grupo, o porquê do grupo ter escolhido as respectivas figuras. No momento em que refletimos sobre o Salmo 65.9, no qual o salmista fala do quanto devemos agradecer e dar graças pelas bênçãos alcançadas, lembramos que nós aqui do Sul estamos passando por uma grande calamidade. Não chove há três meses, estamos passando por uma grande seca. Com o calor intenso e vento, feijão, soja e milho foram perdidos e o gado está morrendo por falta de água e pastagem, o solo está seco e rachado. Vendo esse quadro e olhando o versículo, como acreditar no que está escrito, quando o que vemos e sentimos é tão diferente. Ligamos a televisão e vemos um Tsunami arrasando quilômetros e quilômetros de áreas habitadas, matando e destruindo tudo à sua frente e transformando a geografia. Terremotos, enchentes, ciclones, desmatamentos e queimadas estão cada vez mais presentes em nosso dia-a-dia. Como louvar e agradecer a Deus? Sabemos que sem água não há vida. A vida depende do amor, da paz, do discernimento com que tratamos qualquer criatura e a criação de Deus. Quando falamos em violência, lembramo-nos primeiramente do ser humano,

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Ivani Odebrecht

mas a natureza é tão ou mais violentada e agredida pelo próprio ser humano. Em Gênesis 1.27 e 28, Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, e criou homem e mulher, e deu-lhes a tarefa de administrar a criação. Deus deu-lhes o livre-arbítrio. O que fizemos? Precisamos ser co-responsáveis pela criação e cabe-nos, como cristãos, orientar e nos envolver em ações e movimentos que lutam contra o desmatamento, a poluição das águas, os agrotóxicos e tantos outros elementos causadores de morte das dádivas a nós confiadas por Deus. Apesar de toda a destruição causada, da má administração por parte da humanidade de sua dádiva, Deus não abandona e não deixa de regar e enriquecer copiosamente a terra. Enviou seu Filho, Jesus Cristo, que perdoou todos os nossos pecados, nos deu a salvação pela graça e assim podemos, arrependidos, dar graças por tudo que recebemos e louvar ao nosso Criador. Estamos trabalhando o tema da IECLB: “Deus, em tua graça, transforma o mundo”. Quando falamos de transformação do mundo é no sentido concreto e real. Mundo significa as relações humanas, a política, a natureza, as pessoas, a igreja... Inseridos neste contexto, nesta sociedade e principalmente nesta natureza, somos convocados para a transformação. Deus continua regando a terra com amor, bondade e misericórdia até os confins do mundo! t Marina Helena Grün Três Coroas/RS s Esta sequóia é uma maravilha da criação A MARAVILHOSA

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A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

A transfiguração – um momento único Momentos únicos A vida das pessoas, em geral, é composta por momentos agradáveis, alguns menos agradáveis e outros até bem difíceis. Isso também se percebe em um grupo de OASE. Dependendo das circunstâncias da vida, às vezes umas participantes estão mais alegres do que as outras. Também é verdade que há pessoas que vivem em situações de contínua dificuldade, por pobreza, doença, conflitos etc. Essas têm menos momentos agradáveis na vida. O Roteiro da OASE para este ano tem como título “A maravilhosa criação de Deus”. Isto lembra que Deus tem coisas bonitas e boas para colocar na vida das pessoas. Certamente já experimentamos momentos especiais em nossa vida, quando a gente gostaria que o tempo parasse. Por isso convidamos agora para que você procure lembrar algum momento desses em sua vida e, se você se sentir à vontade, compartilhá-lo com o grupo. Os altos montes As pessoas gostam de estar em lugares altos, possivelmente porque a vista é bonita e se enxerga longe. Em várias regiões, mosteiros e igrejas foram construídos em lugares altos. Essa prática está relacionada ao que a Bíblia descreve. Diversos acontecimentos marcantes na Bíblia acontecerem “no alto de um monte”. Os livros de Êxodo e Deuteronômio, por ex., descrevem os encontros que Moisés teve com Deus no alto do monte Sinai. Foi ali que ele recebeu os Dez Mandamentos. Já os vales são associados ao dia-a-dia da vida e às suas dificuldades. Assim, por ex., no Salmo 23: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. Em Mateus 17.1-8, Jesus levou três dos seus discípulos, Pedro, Tiago e João, a um monte alto. Aliás, esses três discípulos são mencionados juntos várias vezes nos evangelhos. É provável que tenham sido os mais chegados a Jesus. São os mesmos três que Jesus leva para perto de si na oração do Getsêmani, convidando-os repetidas vezes para vigiar e orar (Mateus 26.3646). Jesus leva esses três a um alto monte e ali eles têm uma experiência especial e única. A transfiguração Quando chegaram no alto do monte, a aparência de Jesus mudou, seu rosto e sua roupa ficaram claros como a luz. Os três discípulos viram Jesus conversando com Moisés e Elias. Interessante que um dos homens tenha sido justamente Moisés, aquele que recebera os A MARAVILHOSA

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mandamentos no alto do monte Sinai. Para o povo de Deus na época, Moisés era a lembrança de alguém que teve grande proximidade com Deus. Já Elias tinha sido um profeta cuja volta alguns aguardavam (Marcos 9.11-13). Talvez gostaríamos, mas não é o caso, de tentar entender os detalhes do que aconteceu naquele momento. Importante é perceber que os três discípulos tiveram uma sensação muito agradável, a tal ponto que Pedro, com o seu espírito de líder, propõe montar um acampamento naquele lugar. Pedro quer prolongar a experiência gostosa e única que estão tendo. No entanto, antes que Pedro terminasse as suas palavras, outro fato inusitado acontece: “Uma nuvem brilhante desceu sobre eles e dela veio uma voz que disse: – Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que ele diz!” (v. 5). O medo Ouvindo a voz que vinha da nuvem, os discípulos foram tomados pelo medo e caíram no chão. Nesta passagem bíblica, como em várias outras, vemos que o ser humano tem dificuldade em estar com Deus frente a frente. Moisés teve que tirar as sandálias para falar com Deus (Êxodo 3.2). O profeta Elias, mencionado neste texto, cobriu o rosto quando um dia Deus lhe falou por meio de um fogo (1 Reis 19.13). Também o apóstolo Paulo caiu no chão quando Jesus lhe falou por meio de uma luz que vinha do céu (Atos 9.3-5). O sentido do cair no chão não é o de que Deus queira humilhar as pessoas. Mas o sentido é de lembrar que Deus é o Criador e nós somos as criaturas, de que ele é santo e todo-poderoso e nós, pecadores e fracos. Diante dele, toda a nossa fragilidade fica exposta. Por outro lado, percebemos também aqui que a vontade de Deus é colocar pessoas de pé, restaurar-lhes a dignidade e fazer com que experimentem aconchego e paz. Tanto isso é assim que o próprio Jesus diz aos discípulos: “Levantem-se e não tenham medo!” (v. 7). Por quê?! Você que leu o texto bíblico e acompanhou este estudo até aqui deve estar se perguntando: Por que os discípulos Pedro, Tiago e João tiveram essa experiência extraordinária? E, de fato, essa é a pergunta fundamental. Jesus estava preparando os discípulos para uma longa e difícil jornada. Uma delas era a de passarem pela experiência do sofrimento e da morte do próprio Jesus. Vejam que no texto imediatamente anterior a este Jesus começou a falar do caminho da cruz (16.21-28). O mesmo assunto volta logo em seguida (17.22-23). Um segundo aspecto era o de que os discípulos teriam pela frente a tarefa de anunciar o plano de salvação de Deus. Teriam que estar preparados para sofrimento e perseguição. Dessa forma, a experiência do alto do monte era uma maneira dos discípulos firmarem a sua convicção de que Jesus era de fato o Filho de Deus e de que o caminho que tinham pela frente correspondia ao propósito de Deus. O que Pedro, Tiago e João viram e ouviram naquele monte marcou profundamente as suas vidas. Em momentos de angústia e dúvida A MARAVILHOSA

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certamente lembrariam que o poder e a presença de Deus eram maiores do que tudo. Isso fica claro quando, em sua segunda carta, Pedro relembra a experiência que tivera: “Nós mesmos ouvimos essa voz que veio do céu quando estávamos com o Senhor Jesus no monte santo”. E recomenda: “Vocês fazem bem em prestar atenção nessa mensagem. Porque ela é como uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a luz da manhã brilhe no coração de vocês” (2 Pedro 1.16-21). Pedacinho do céu Aos discípulos não foi permitido acampar no alto do monte. Foram fortalecidos na sua fé e convidados a descer. Podemos dizer que provaram um pouco do céu e da eternidade. E a sua tarefa foi anunciar ao mundo “as maravilhas de Deus”, sem esquecer que no mundo e no presente há aflições, tristeza e dor. Há também oposição àquilo que procede de Deus. Mas é exatamente este mundo que Deus quer iluminar, usando Pedro, Tiago, João e nós como seus instrumentos. Quando Deus nos concede experiências únicas, profundas e intensas da sua presença, de comunhão, de solidariedade, de paz e de regozijo, ele está nos preparando e fortalecendo para que o nosso testemunho seja vigoroso e corajoso. Ao mesmo tempo, Deus está alimentando nossa esperança, levando-nos a confiar em sua promessa e seu poder. Esses momentos gostosos e bonitos são pedacinhos do céu e pequenos sinais da eternidade.

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Para refletir: a) Em que momentos nós e o nosso grupo de OASE têm experimentado momentos de intensa comunhão com Deus? b) Qual a importância que outras pessoas têm para experimentarmos a presença de Deus em nossa vida? c) Pedro queria acampar no alto do monte porque era bom estar lá. Um grupo de OASE também pode sofrer essa tentação? d) De que modo o nosso grupo de OASE pode ser instrumento de Deus para dizer a outras pessoas: “Levantem-se e não tenham medo!”? t P. Nilo O. Christmann Toledo/PR s

SAÚDE

Como prevenir o câncer de mama Como examinar seus seios: Durante o banho – As mãos deslizam facilmente sobre a pele molhada. Com os dedos unidos, mova-os sobre cada parte dos seios. Use a mão direita para apalpar o seio esquerdo e a mão esquerda para o direito. Procure por saliências, caroços ou endurecimentos. Em frente ao espelho – Observe seus seios com os braços caídos. A seguir, levante os braços acima da cabeça. Procure alterações no contorno de cada seio, abaulamento, retração na pele ou alterações no mamilo. Então, coloque a palma das mãos na cintura e pressione firmemente para baixo, a fim de flexionar os músculos do tórax. Os seios esquerdo e direito não são exatamente iguais. A inspeção regular dos seios mostrará o que é normal para você e lhe dará confiança em seu exame. Deitada – Para examinar o seu seio direito, coloque uma almofada ou toalha dobrada sob o ombro direito. Ponha a mão direita sob a cabeça para melhor distinguir os seios sobre o tórax. Em seguida, com a mão esquerda, dedos unidos, pressione o seio suavemente e faça movimentos circulares, acompanhando o mostrador de um relógio, detendo-se em cada hora. Faça esse procedimento A MARAVILHOSA

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em três círculos concêntricos. Repita o processo no outro seio, invertendo as posições das mãos. Observe como a estrutura do seu seio se apresenta. Procure por endurecimentos e nódulos. Finalmente, aperte o mamilo de cada seio suavemente entre o polegar e o dedo indicador. Observe a saída de pus, sangue ou leite. Percebendo qualquer anormalidade, procure seu médico imediatamente. Um exame mensal – A maioria dos cânceres de mama são descobertos pelas próprias mulheres em primeiro lugar. Uma vez encontrado um câncer em fase inicial e prontamente tratado, existem excelentes chances de cura. Aprender como examinar seus seios apropriadamente pode ajudar a salvar sua vida. Use os três processos simples de auto-exame aqui ensinados. O momento ideal para o auto-exame – O exame deve ser feito mensalmente, uma semana após a menstruação. Neste período, os seios não estão flácidos nem inchados. Após a menopausa, faça o exame na primeira semana do mês. Fazendo o auto-exame de mama uma vez por mês e visitando seu médico de uma a duas vezes ao ano, você terá certeza de que nada há de errado com você. Como proceder ao encontrar alguma anormalidade – No caso de encontrar um endurecimento, nódulo ou espessamento ao examinar os seios, visite seu médico tão logo possível. Mesmo assim, não se alarme. A maioria dos endurecimentos ou mudanças não são câncer; contudo somente o seu médico poderá orientá-la corretamente. Ensine outras mulheres a prevenir o câncer de mama! A saúde é responsabilidade de todos nós! Dieta como prevenção Para auxiliar na prevenção da doença, a dieta deve ser saudável e balanceada. O que é possível fazer? Coma vegetais e frutas – Eles contêm betacaroteno, vitaminas C, E e selênio. Esses nutrientes são antioxidantes e protegem as células do corpo. Também ajudam a manter o sistema imune saudável e podem reduzir não só os riscos de câncer como também outras doenças. Aposte nos legumes e grãos integrais – Uma dieta rica em fibras e pobre em gorduras protege contra o câncer de cólon e intestino. As fibras ajudam a acelerar o trânsito do alimento no trato digestivo, evitando que substâncias nocivas à saúde permaneçam muito tempo em contato com as paredes do órgão. A dica é comer pelo menos duas porções de fruta, três de vegetais e três de cereais integrais por dia. A MARAVILHOSA

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Limite a gordura – Problemas do coração não são o único risco de uma dieta rica em gorduras. O câncer de mama, de cólon e de próstata também estão ligados a uma dieta rica em gordura, especialmente a animal. Tente comer alimentos pobres em gordura, especialmente a saturada. Mantenha-se ativa e em forma – Recentes pesquisas indicam que a obesidade está ligada ao câncer de mama, cólon, vesícula biliar e útero. A melhor forma de manter o peso é praticar atividade física e controlar a alimentação. Modere o consumo de álcool – Bebidas alcoólicas em excesso aumentam as chances de câncer de fígado. Assim como em outros problemas de saúde, moderação é a chave – não mais do que um drinque por dia para mulheres e dois para homens. t Enviado por Alba O. Seewald Tramandaí/RS Fonte: American Dietetic Association s

RECEITA

Pudim de queijo Rendimento: 8 porções Ingredientes: Pudim: 6 colheres (sopa) de margarina, 1 xícara (chá) de açúcar, 4 gemas, 2 xícaras (chá) de ricota, 1 xícara (chá) de leite, ½ xícara (chá) de passas sem sementes, raspas de 1 limão, 1 pitada de vanilina, 1 colher (sopa) de rum, 3 colheres (sopa) de maisena, 4 claras em neve Cobertura: 1 xícara (chá) de damascos cozidos, 1 xícara (chá) de açúcar, 1 colher (sopa) de maisena, 1 xícara (chá) de caldo de laranja

Modo de fazer: Pudim: Bata a margarina com o açúcar e as gemas até ficar bem cremosa. Acrescente a ricota, o leite, as passas, raspas do limão, vanilina, rum e maisena. Continue mexendo. Por último, junte as claras em neve, misturando delicadamente. Despeje em uma forma untada e forrada com açúcar peneirado. Leve ao forno, em banho-maria, por cerca de 1 hora ou até estar seco e dourado. Deixe esfriar e desenforme.

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t Enviado por Inês M. Emke Monte Mor/SP s

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NOVEmbro

Wilhelmine Kieckbusch

D S T Q Q S S Deus diz: Eis que faço novas todas as coisas. Apocalipse 21.5

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Anotações

Datas importantes: 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 05 – Dia da Cultura 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/2/1546) 13 – Dia do/a Pastor/a Aposentado/a 14 – Dia Nacional da Alfabetização 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+5/4/1925) 28 – Dia Nacional de Ação de Graças

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MEDITAÇÃO

A nova criação Deus diz: Eis que faço novas todas as coisas. Apocalipse 21.5 Quais perguntas, questionamentos e sentimentos brotam a partir de uma breve reflexão, seja individual ou coletiva, em torno da passagem de Apocalipse 21.5: “Deus diz: Eis que faço novas todas as coisas”? Algumas pessoas podem se perguntar: Quando Deus fará novas todas as coisas? Como serão todas essas coisas novas? Quem sabe outras serão tomadas por um sentimento de esperança. Se voltarmos nossos olhos novamente ao versículo, podemos perceber um Deus presente e ativo. Sim, um Deus que se compromete com sua criação na medida em que aponta um alvo para ela. O alvo que Deus aponta para nós é o seu reino: “Eis que faço novas todas as coisas”. Esta é a promessa dele para cada um de nós. A promessa de um novo tempo, quando conflitos e sofrimentos serão superados, esperanças serão concretizadas e lágrimas serão secadas. Quando Deus fará novas todas as coisas? Quando tal promessa se cumprirá? A promessa de um novo tempo já teve início. Foi na vinda, na paixão e na ressurreição de Jesus Cristo que

experimentamos pela primeira vez o sabor do reino de Deus. Um sabor que permanece há mais de dois milênios em meio à humanidade. Um sabor diluído e, por vezes, esquecido ao assistirmos a falta de paz, a sobra de fome, as vagas ao desemprego... Nesse sentido, ao exclamar que fará novas todas as coisas, Deus aponta para um “ainda não”, na medida em que o reino em absoluto ainda virá, ao mesmo tempo em que já o experimentamos na vinda de Cristo. As sementes do reino de Deus foram lançadas com a sua vinda. Sementes de amor incondicional, de fé, de esperança. Assim nós, como comunidade cristã, podemos esperar confiantes pelo reino, porque ele já está entre nós. Todavia, a espera não deve ser entendida como um cruzar de braços, como uma espera passiva e ansiosa pelo novo tempo, mas deve ser entendida como uma espera ativa, engajada e diaconal. Não podemos virar as costas para a realidade, por vezes cruel e assassina, que nos cerca, mas devemos estender nossos braços em direção à justiça e à paz. Jesus estendia seus braços ao

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próximo, porque ele “não veio para ser servido, mas para servir” (Mateus 20.28). Ele convidou e serviu todos à mesa. Assim nós, no século XXI, também somos convidados a participar da mesa do Senhor, e como sinal de gratidão temos oportunidade de servir nosso próximo.

Que bom que é viver na certeza de Apocalipse 21.5. Certeza essa que nos encoraja e traz esperança de ver “novas todas as coisas”. Que juntos possamos crer nas promessas de Deus e ser colaboradores diários daquele que transformará “espadas em relhas de arados, e suas lanças, em podadeiras” (Isaías 2.4).

Para reflexão:

1. O que significa a palavra evangelho? 2. Como o evangelho é novidade num mundo marcado pelo egoísmo e desespero? 3. Em que sentido o evangelho faz “ novas todas as coisas” neste mundo? 4. Isso vale também para as nossas vidas? Como o evangelho é novidade em nosso viver diário? t Miriam Siegle Hoepfner Blumenau/SC s

A M A R A V I L H OSA CRIAÇÃO DE DEU S

Eis que crio novos céus e nova terra Quero contar-lhes um fato notável que aconteceu numa aldeia perto de Florença há mais de 400 anos. Os habitantes da aldeia estavam cuidando de seus afazeres diários, uns em casa, outros na lavoura, quando ouviram o badalar do sino da igreja. Naquela época o sino badalava diversas vezes durante o dia, de maneira que as pessoas não se impressionaram. Mas aquele badalar era bastante melancólico, parecia anunciar que alguém havia falecido. As pessoas ficaram curiosas, saíram para a rua; juntaram-se crianças, jovens e idosos. Os que estavam na lavoura deixaram seus trabalhos e reuniram-se no pátio em frente à igreja. Queriam que alguém lhes dissesse por quem deveriam chorar. O sino parou de badalar, a porta da igreja se abriu e apareceu um camponês. A MARAVILHOSA

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– Ouvimos o sino tocar e gostaríamos de saber quem faleceu. O senhor pode nos informar sobre isso? – perguntou um senhor de idade. – Não foi uma pessoa que morreu – disse o camponês. – Eu toquei o sino para anunciar a morte da justiça. – A morte da justiça? – exclamaram muitos. – Que aconteceu? – perguntou uma senhora. O camponês começou a contar a sua história: – Um rico senhor que tenho como vizinho foi mudando a sua cerca para dentro de minha pequena propriedade. Fui conversar com ele, mas não adiantou nada. Reclamei, protestei, procurei a proteção da justiça. Tudo foi em vão. Cada vez a cerca ficava mais para dentro de minha propriedade. A exploração continua até hoje. Por isso, resolvi vir aqui tocar os sinos para anunciar a morte da justiça. Talvez o camponês pensara que seu gesto de exaltada indignação conseguiria comover as pessoas e fazer com que elas se solidarizassem com sua situação e procurassem ajudá-lo a resolver seu problema. Talvez até pensara que, se ele começasse a reclamar contra a injustiça, muitas outras pessoas se somariam à sua indignação e assim conseguiriam resolver esse e outros casos de injustiça que havia naquela aldeia e nas aldeias vizinhas. Não sei se o seu clamor sensibilizou as pessoas. O que vocês acham? Ajudem-me a dar um final para essa história. Se isso acontecesse hoje, vocês acham que as pessoas iriam se indignar e procurar ajudar a resolver o problema daquele camponês, ou cada um, depois de ouvir a história do camponês, iria voltar para casa, chateado por essas coisas estarem acontecendo, mas resignado, de cabeça baixa, abatido, dizendo que não há nada que se possa fazer. O que vocês acham que aconteceu naquela aldeia? [Permitir que o grupo tenha um tempo para dialogar. Depois de um tempo de diálogo, convidar o grupo a ler Isaías 65.17-25.] Este texto fala de uma nova realidade, de um outro mundo. Um outro mundo é possível para Deus. Ele mesmo se empenha por criar esse novo mundo. Mas esse mundo depende somente de Deus? Deus nos criou, criou a este mundo. Que as pessoas têm feito com a boa criação de Deus? Se esperarmos apenas que Deus crie um novo mundo, as pessoas vão estragar essa nova criação de Deus? [Permitir outros minutos para dialogar. Em seguida ler o texto que segue:]

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Prezadas irmãs, assim como aquele camponês reuniu as pessoas para contar seu problema, assim nós nos reunimos como um grupo, como uma comunidade. Deus nos orienta, anima, fortalece nossa fé por meio da comunhão, mas ele também nos quer dizer algo. Ele quer nos desafiar. Hoje ele nos desafiou por meio da nossa reflexão. Assim ele vai nos desafiar em coisas bem concretas de nossa vida. Vamos ainda ouvir o que diz o texto de Apocalipse 21, versículos 3 e 5: “Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: ‘Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão o seu povo; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou’. Aquele que estava assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’ E acrescentou: ‘Escreva isto, pois essas palavras são verdadeiras e dignas de confiança’”. Oração: Senhor, nosso Deus, tu criaste todos os seres, céus e terra e tudo que neles existe, enviaste-nos teu filho amado, nosso Senhor e Salvador, e também o teu Santo Espírito, o Espírito da verdade. Imploramos: olha por nós para que não nos desviemos da tua verdade e que tenhamos coragem para proclamar o teu evangelho e a tua glória incessantemente. Faz-nos tuas testemunhas. É o que te pedimos por Jesus Cristo, teu Filho, que contigo e com o Espírito Santo vive e reina, de eternidade a eternidade. Amém. t P. Nilton Giese Conselho Latino-Americano de Igrejas Quito/Equador s

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pare e pense

Toma o teu leito e vai... Dor e desconforto, como é difícil tê-los como companheiros na caminhada da vida! Durante algum tempo o desconforto físico me acompanhou nesses quase três anos de descoberta do câncer. O desconforto que experimentei até pouco tempo atrás não me impunha maior limitação física. Não me fazia perder a alegria e a disposição para fazer o que eu gostava e me dava prazer. Sim, houve episódios de dor, mas que foram resolvidos com analgésicos comuns. Mas desde o início deste ano tenho experimentado o que é ter uma dor crônica – uma nevralgia no trigêmeo. Esta é uma dor bastante forte, com a qual tive que conviver por alguns meses até que se acertasse a dosagem da medicação. Numa das vezes, foram duas semanas de dor forte que só aliviava quando eu ficava deitada sobre o lado direito. Nesse contexto nasceu esta minha conversa comigo mesma e com Jesus: Toma o teu leito e vai... Toma a tua maca e vai... Que inveja daquele paralítico! Inveja da palavra que disseste para ele, Jesus: Toma o teu leito e vai. Compadeceste-te dele. Intervieste e mudaste a sua situação, sua realidade. Por que não eu? Por que não a minha? Sim, lembro de tantos outros: a viúva de Naim, de Marta, Maria e Lázaro, do chefe da sinagoga que pede por sua filha, de coxos, cegos e tantos outros. Sinto-me só e abandonada. Dor e limitação física têm sido minhas companheiras. Já são duas semanas deitada apenas do lado direito, para que assim a dor alivie pelo menos um pouco. Onde estás, Jesus, que nada se move? Nada se modifica. Por que não interferes também na minha situação? Até quando Jesus? A noite foi novamente de dor. O dia amanhece. Haiko abre a janela do quarto. O sol! Um lindo dia de sol. Não! Ficar em casa de novo com esse sol lindo lá fora, não. Isso não! Deve haver um jeito. E se fôssemos até a rótula do bairro tomar sol, ler e conversar? Poderíamos

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ir de carro. Eu iria deitada no banco de trás. Levaríamos um colchonete e um travesseiro para que eu pudesse ficar deitada na grama da rótula. Boa idéia! Juntos, Haiko e eu havíamos achado uma saída. Que experiência deliciosa – curtir o ar livre, o sol e uma conversa, deitados na grama à sombra de uma árvore. Toma o teu leito e vai... Toma o teu colchonete e teu travesseiro e vai... Vai para a rótula, vai ao culto, vai à casa de amigos. Sim, sai de casa. Toma o teu leito e vai... Uma palavra também para mim hoje! t Denise S. Hense s

para RIR E pensar

Onde é mais seguro? (As estatísticas são dos Estados Unidos, mas o alerta serve para todos). * Evite andar de carro, pois os carros são responsáveis por 20% de todos os casos fatais. * Não fique em casa, pois 17% de todos os acidentes acontecem em casa. * Evite andar nas calçadas, pois 14% dos acidentes acontecem com pedestres. * Evite viajar de avião, trem ou navio, pois 16% de todos os acidentes envolvem esses meios de transporte. * Dos 33% restantes, 32% acontecem em hospitais. Evite, portanto, os hospitais. * Você certamente gostará de saber que somente 0,001% de todas as mortes acontecem em cultos na igreja e essas geralmente estão relacionadas a problemas de saúde já existentes. Por isso, a lógica diz que o lugar mais seguro para você a qualquer tempo é a igreja! * Estudo bíblico também é seguro. A percentagem do estudo bíblico é ainda menor! Por uma questão de segurança – freqüente o culto e leia a Bíblia. Isto poderá salvar sua vida! t Enviado por Anna Lange Curitiba/PR s

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DEZEMbro

Gertrudes Kreter

D S T Q Q S S Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação. Isaías 12.3

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Anotações

Datas importantes: 01 – Dia Internacional de Combate à AIDS 03 – Dia Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência 1º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 2º Domingo de Advento Dia da Bíblia 17 – 3º Domingo de Advento 23 – Dia do/a Vizinho/a 24 – 4º Domingo de Advento Véspera de Natal 25 – Natal 31 – Silvestre

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MEDITAÇÃO

A fonte da alegria Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação. Isaías 12.3 Quando falamos de alegria, a primeira lembrança que nos vem à mente são os momentos felizes que vivenciamos junto aos que nos cercam em determinados momentos da vida. Sorrisos, abraços, palavras de carinho, de conforto ou que expressam nosso amor e nossos sentimentos são, por sinal, a primeira manifestação desse nobre sentimento que perpassa nosso coração. A maior de todas as alegrias é, certamente, viver com intensidade cada dia com o amor de Deus, experimentando-o com a família, comunidade, grupo de OASE, parentes, com amigos e amigas. Assim como somos contagiados pela alegria que vem de Deus e que transforma nossa vida, da mesma maneira outras pessoas são tocadas pela alegria que nos é inspirada por Deus. O que a alegria nos proporciona? Como é possível ter essa paz, essa alegria consigo mesmo, com o próximo, com seu irmão? Estamos na época de preparação da maior alegria que nos é possível experimentar, que é a chegada do Messias. Seu nascimento é marcado

pela humildade de uma criança que vem a nós como um presente divino. Felicidade e alegria envolvem-nos por termos tal privilégio de ser presenteados com essa grande fonte de alegria que o nascimento do Messias nos traz. Jesus é a fonte de alegria, é a nossa fonte da água da salvação. Qual a proposta e quais os desafios de Jesus para a nossa época? A maneira de viver, de agir e de pensar de Jesus contagia ainda hoje a cada pessoa que nele busca a água da fonte da salvação; fonte esta que é perene. Jesus é a verdadeira fonte de alegria, e em seus jeitos podemos nos espelhar. Isso faz viver bem e em abundância, em saúde, paz, sabedoria, força e luta, mesmo em meio a tribulações. E é nesses momentos que, de corações necessitados, buscamos em Jesus a devolução da alegria, pois só assim nossas cargas ficam mais leves. Jesus tem sua fonte de alegria em Deus. Você imagina a alegria de Jesus ao fazer a vontade do Pai? Com certeza, ver o pai alegre contagia todos os filhos. Jesus irradiou alegria por onde passou. Uma alegria tão intensa que

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muitas outras pessoas puderam experimentar, a partir dos caminhos que levam ao Pai, cuja abertura foi Jesus que, em amor, efetuou. Como podemos alcançar a água da fonte da salvação? • deixando-nos amparar por Jesus; • buscando em seu nascimento a fonte que jorra para a vida eterna; • buscando essa fonte com alegria e paz no coração; • ensinando outras mulheres o caminho que leva a essa fonte.

Como OASE somos convidadas a moldar-nos aos jeitos de Jesus, sendo acolhedoras, dinâmicas, participativas e levando sempre conosco a alegria a ser partilhada com nossos irmãos e nossas irmãs em Cristo. Hino: Hinos do Povo de Deus 2 – 472 (Povos da terra, louvai ao Senhor) ou 373 (Hosana hey). Evanir Burzelaff Borchardt Pancas/ES

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Salmo 100 – Um salmo de gratidão Evanir Borchardt

O Salmo 100 é um salmo cheio de júbilo e gratidão. É um hino de louvor, por isso foi escolhido para ser o salmo diário da OASE. O salmista convidanos a celebrar a vida que pulsa dentro de nós. Mas parece que já não estamos mais acostumadas a isso, já Rendamos graças com hinos de louvor e gratidão nos despertamos preocupadas com os afazeres do dia-a-dia. A vida é agitada, com muitos problemas e preocupações. Os dias passam tão depressa, não há mais tempo para nada! Que sufoco! Sim, parece que os dias estão ficando mais curtos, mas, na verdade, somos nós que deixamos de ser crianças, que não têm noção das horas, nem dos dias; suas vidas estão embaladas pelos sonhos, onde o mundo ainda é um A MARAVILHOSA

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paraíso. Quando jovem, não temos noção de tempo. O tempo continua com as mesmas horas e as mesmas semanas e o ano continua tendo 365 dias. Nós não vemos as horas e os dias passarem porque estamos ocupadas. Que bom que é assim! Quando ficamos paradas por uma ou outra razão, as horas não passam e ficamos numa agonia... Motivos para celebrar com júbilo ao Senhor é o sangue que corre nas nossas veias, as narinas que deixam o ar entrar, as traquéias que levam o ar aos pulmões sem parar. Observem uma vez a respiração: quando inspiramos e expiramos, é como se o nosso corpo, onde a vida pulsa, dissesse: Senhor, obrigada. É uma prece de agradecimento que se apresenta como um cântico. Somos convidadas a servir com alegria. Saber dos afazeres logo pela manhã deveria ser motivo de agradecimento e não de reclamação. Nós somos chamadas por Deus para servir ao próximo. Não importa o que fazemos, seja no trabalho doméstico ou no trabalho intelectualizado, estamos servindo e podemos fazer disso um hino de louvor. Fomos chamadas para servir com alegria ali onde Deus achar que somos necessárias. E no final de um dia exaustivo, podemos apresentar-nos diante dele cansadas, mas com cânticos de alegria. Alguém poderia dizer: Agradecer porque estou “morta de cansada”? Digo sim, pior é não ter o que agradecer, ou não ter o que fazer, não servir para nada nem a ninguém. Por isso devemos agradecer e bendizer o nome de Deus, porque ele renova nossas forças todos os dias. O tempo que dedicamos para outras pessoas é um serviço importante, estar aí para o outro como Deus está sempre aí para nós. Deus faz-se presente ainda hoje na vida de todos nós, ainda hoje nos serve, nos presenteia com sua companhia, com orientação para a nossa vida, com o sopro do seu Espírito, que nos ajuda a realizar tantas coisas. Nós somos o seu rebanho, por isso a sua preocupação para conosco. Ele quer ser útil para o povo que ele escolheu. Por ele nos capacitar e nos dar a oportunidade de mostrar nosso trabalho, devemos lhe agradecer. Pois estaremos sendo o reflexo de Deus para os outros. Somos convidadas a chegar à sua presença da maneira que somos, sem precisar nos envergonhar, com as nossas vitórias e nossos fracassos e lhe render graças com hinos de louvor. Eu gosto de lembrar que na criação de Deus tudo tem sua utilidade, até o inço que parece que só serve para dar o trabalho de ser arrancado. Na nossa vida, às vezes, também tem inço que precisa ser arrancado. Esse inço lembra-nos que não somos perfeitas, puxa a nossa arrogância para baixo e mostra que devemos ser humildes. O inço na nossa vida lembra que diante de Deus todos somos iguais, cometemos erros, temos fracassos, podemos ser injustas com alguém. São muitos os inços, até pensamentos que nos envergonham devem ser arrancados. A MARAVILHOSA

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Diariamente somos confrontadas com a nossa maldade e com a bondade de Deus. No Salmo podemos ler: “Porque o Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre”. A bondade de Deus não tem limite: toda vez que caímos, ele nos ergue; toda vez que erramos, ele nos reconduz ao caminho; toda vez que fracassamos, temos uma nova chance. Martim Lutero disse na introdução ao Pai-Nosso que Deus quer nos atrair carinhosamente. É uma pena que nos atuais catecismos o carinho de Deus tenha caído fora. As pessoas ficaram muito racionais e por isso fica cada vez mais difícil entender e aceitar Deus. O carinho que Deus tem por suas filhas e seus filhos é ilimitado. O salmista conclui dizendo que a sua fidelidade dura de geração em geração. Não importa o número de gerações, a fidelidade de Deus permanecerá conosco até a consumação dos séculos – promessa do próprio Jesus Cristo. Este hino, que expressa a gratidão de uma pessoa por poder viver na presença de Deus, convida-nos a fazer o mesmo: colocar todas as nossas atividades, grandes e pequenas, como um carinhoso agradecimento a Deus pela bondade com que nos acolhe, pela misericórdia com que nos conduz e pela fidelidade de estar sempre presente. t Pª Suzani Elisabeth Wander Hepp Pomerode/SC s

pare e pense

Um milagre de Natal em meio ao Tsunami Todos nós acompanhamos como o terrível Tsunami destruiu a cidade de Meulaboh, na província de Aceh (Indonésia), a aponto de deixá-la no chão. E existe um testemunho extraordinário que queremos compartilhar. Na cidade de Meulaboh existem aproximadamente quatrocentos cristãos. No dia 25 de dezembro de 2004, eles queriam celebrar o Natal juntos.

Porém a população de Meulaboh, na maioria muçulmana, não permitiu que fosse celebrado o Natal naquela cidade. Recusando o pedido dos cristãos, disseram que, se quisessem festejar o Natal, que o fizessem na montanha. Como eles queriam mesmo realizar o culto de Natal, os quatrocentos cristãos, no dia 25 de dezembro, saíram da cidade e foram para a montanha. Ali eles passaram a noite.

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Como sabemos, no dia seguinte de manhã, dia 26 de dezembro, aconteceu o maremoto e o terrível Tsunami que destruiu Meulaboh e causou muitas mortes. A cidade de Meulaboh ficou ao nível do chão; milhares de pessoas morreram, enquanto o povo de Deus, que passou o Natal na montanha, ficou a salvo. A população sobrevivente de Meulaboh está dizendo: “Foi o Deus dos cristãos que nos puniu”.

Se os quatrocentos cristãos que moram em Meulaboh tivessem insistido em celebrar o Natal na sua cidade, teriam morrido também. Mas por causa de sua humildade de, sendo rejeitados, irem celebrar o Natal na montanha, eles foram salvos; e todos viram que foi por obra extraordinária de Deus. Vamos ajudar os irmãos em Aceh e continuemos a orar por eles, porque a mão de Deus está trabalhando lá. Fonte: Fala comunidade, Ano III, março 2005, Panambi/RS.

TRABALHO MANUAL

Toalha simples, mas requintada Em toalha branca, o bordado em um único tom de vermelho, seguindo a chave de números para a distribuição dos pontos. Usar dois fios de linha. 1. ponto cheio 2. pontos de haste Com galões dourados, ligue os enfeites ao centro, que pode ser quadrado ou redondo.

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Transfira para o tecido, usando papel-carbono, e borde com dois fios de linha, seguindo a chave de números para a distribuição dos pontos.

t Ruth Christmann Curitiba / PR s A MARAVILHOSA

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