2007
© Editora Sinodal Caixa Postal 11 93001-970 São Leopoldo/RS Tel./Fax: (51) 3590 2366 www.editorasinodal.com.br editora@editorasinodal.com.br Elaborado pela Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Conselho redatorial: Anna Lange, Alba O. Seewald, Olga Kappel Roque, Edeltraud Fleischmann Nering, Isabela Miriam Buboltz e Helena Beatriz C. Fey Diretoria Nacional (2004-2008): Ani Cheila Kummer (Presidente), Gudrun Braun (Secretária), Dirce Schitkoski (Tesoureira) Coordenação editorial: Helga Schünemann Produção editorial: Editora Sinodal Produção gráfica: Editora Sinodal
ÍNDICE Apresentação .....................................................................................................5 Mensagem da presidência da IECLB ..............................................................6 JANEIRO .......................................................................................................... 10 Jesus e os excluídos (Marcos 2.17) ............................................................... 11 E houve luz (Gênesis 1.3-5) ............................................................................ 13 A busca pela vida saudável ........................................................................... 17 Receita: Bolo de limão .................................................................................... 19 FEVEREIRO ...................................................................................................... 20 Confio em ti! (Marcos 11.24) .......................................................................... 21 Andando dignamente na luz do dia (Romanos 13.11-14) .......................... 24 Doraci Julita Edinger – Uma mulher que decidiu servir a Deus com todas as conseqüências .......................................................................... 28 MARÇO ............................................................................................................. 32 A alegria que ninguém tira (João 16.22) ...................................................... 33 Andando como promotores da paz (Isaías 52.7) .......................................... 35 Princípios e valores que ajudam a superar conflitos .................................. 38 Trabalho manual: Coroa de Páscoa ............................................................... 41 ABRIL ................................................................................................................ 42 A razão da esperança (1 Pedro 3.15) ............................................................. 43 Fugindo da presença do Senhor (Jonas 1.1-3) ............................................. 44 A arte de pescar .............................................................................................. 47 MAIO ................................................................................................................. 51 Ora-ação (1 Coríntios 14.15) ........................................................................... 52 Andando pelo deserto (Êxodo 15.22-27) ....................................................... 53 Bênção – mulher – mãe .................................................................................. 56 JUNHO .............................................................................................................. 57 O cântico de Moisés (Êxodo 15.2) ................................................................. 58 Andar digno é andar no amor (Efésios 4.1-6) .............................................. 60 Centenário da OASE de Blumenau ............................................................... 63
JULHO .............................................................................................................. 66 A lição do bambu (Salmo 139.5) ................................................................... 67 Andando em amor (Efésios 5.1-2) ................................................................. 70 Centenário da OASE em Brusque ................................................................. 72 AGOSTO ........................................................................................................... 74 Resgate da humanidade (Salmo 127.3) ......................................................... 75 Sou batizada! (Efésios 5.8-17) ........................................................................ 77 Ser idoso e ser velho ....................................................................................... 80 SETEMBRO ...................................................................................................... 82 A corrente do bem (Jeremias 31.3) ............................................................... 83 Fome e sede por vida... como saciá-las? (Lucas 12.22-34) ......................... 85 Poema dedicado à OASE ................................................................................ 87 Jornal OASE em Foco ..................................................................................... 88 OUTUBRO ......................................................................................................... 89 Exultar de júbilo (Salmo 65.8) ........................................................................ 90 À procura de socorro (Marcos 5.21-24,35-43) ............................................... 91 Meu sonho ........................................................................................................ 95 NOVEMBRO ..................................................................................................... 96 Porque sou igual a ti! (Isaías 58.10) ............................................................... 97 Sem horizonte (Lucas 24.13-35) ..................................................................... 98 Jogral para Advento ...................................................................................... 102 Receita: Musse de morango rápido ............................................................. 105 DEZEMBRO .................................................................................................... 106 Consolo de mãe (Isaías 66.13) ...................................................................... 107 Doce é a luz (Eclesiastes 11.1-8) .................................................................. 109 Natal: Uma história diferente ...................................................................... 112
Apresentação Andando na luz de Deus Queridas leitoras, na Bíblia existem muitas passagens que falam da luz: Deus criou a luz e se fez luz. Ele é a luz em Jesus Cristo. Em noites de tempestade, quando falta luz, os raios iluminam o caminho; a cada raio, damos mais um passo. Você já passou por essa experiência? Eu sim! Jesus é o raio que inunda de luz nossa vida escura. Mas ele não é um lampejo apenas, mas pleno. Nada enche mais rapidamente um ambiente do que a luz. Como não encheria de luz nossa vida aquele que é a própria luz! Pode haver algo mais importante? O Roteiro da OASE está completando 54 anos e tem sido um farol de luz no seu trabalho. Esta edição tem a pretensão de ser mais um facho de luz a nos mostrar a direção e o alvo a perseguir. A luz não é sinuosa (não faz curvas), ela aponta com retidão o caminho certo. Você poderá, com certeza, na leitura e no uso deste livro, descobrir, como diz um velho adágio popular: “que sempre haverá uma luz no final do túnel”. O mais importante é andar na luz, que se vê claramente quando se tem Jesus no coração. É muito importante apresentar essa luz a nossos amigos, vizinhos... Andando na luz de Deus, passo a passo, a escuridão vai sumindo da vida e irá se descortinar para nós. E não pode haver nada mais precioso em nossa vida do que andar na luz de Deus. Descubra ainda mais no uso deste Roteiro da OASE. Bom trabalho na “luz de Deus”. Ani Cheila Fick Kummer Presidente da Associação Nacional da OASE
Mensagem da presidência Andai como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade. Efésios 5.8b,9 (Ler contexto: Efésios 4.25-5.21) O tema do Roteiro 2008 “Andando na luz de Deus” lembra-me da canção Caminhando pela luz de Deus (HPD 463). Certamente, esse canto alegre será ouvido com freqüência, em muitos grupos de mulheres, ao longo do ano. E faço votos que a alegria e a luz que ainda nos lembram do Natal predominem nas atividades comunitárias e irradiem para a vida pessoal das mulheres e para as famílias. Luz e trevas são símbolos importantes em todas as religiões, sendo que a luz simboliza o bem; e as trevas, o mal. Há algo dessa verdade inerente à consciência e à vivência humanas. Desde pequenos, temos medo da escuridão, queremos que a luz fique acesa e oramos para que o anjo da guarda, o próprio Deus, nos ampare. Não é mero acaso que Deus iniciou a obra da criação dizendo: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas (Gênesis 1.3-4). A luz emanada da palavra de Deus, portanto, veio a ser a condição principal para a existência da criação e da vida. Por isso Deus pode ser comparado com a luz que dissipa o medo existencial, p. ex., no Salmo 27.1: O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O conceito da luz de Deus e da luz da vida perpassa toda a Bíblia. Não só Deus, mas também sua palavra é comparada à luz, como nos lembra o versículo: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos (Salmo 119.105). Portanto a palavra de Deus é a luz que orienta a caminhada; o farol, a bússola para o barquinho da vida pessoal e para o barco da igreja. A luz de Deus é como o sol, que ilumina o mundo todo, tão rico e soberano, que brilha sobre justos e injustos. Poder-se-ia dizer que se trata da verdadeira energia solar. [Permitam-me este aparte para dar uma impressão da grande medida em que dependemos da energia solar. Devemos entendê-la como algo bem mais amplo que painéis coletores no telhado. Também o petró-
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leo e o carvão existem porque a luz e o calor do sol em eras pré-históricas fizeram crescer florestas que se fossilizaram em carvão ou das quais restam resinas, xisto betuminoso, petróleo, provindo daí tantos derivados petroquímicos do nosso dia-a-dia. As correntes marítimas e as marés de tremenda força, pensando bem, têm origem no aquecimento pelo sol. Desde a Antigüidade, exploram-se as correntes e o vento para a navegação, energias que se originam no fato de o sol aquecer partes do mar e da terra, fazendo o ar quente subir e atraindo massas de ar frio que passam a ocupar o espaço. Graças aos ventos e às correntes marítimas, migrantes humanos ocuparam outros continentes, o apóstolo Paulo pôde fazer viagens missionárias, as naus veleiras de Cabral e nossos antepassados aportaram nas costas do Brasil em veleiros. Moinhos de vento bombeiam água e moem grãos. E – grande novidade reinventada – hoje se aposta em “energia eólica” como fonte de energia limpa – vento que é produzido pelo calor do sol. Inclusive o biocombustível depende da energia solar, e as hidrelétricas só funcionam porque a água evaporada com o calor do sol volta à terra como chuva que nos reabastece.] Já o Antigo Testamento não limita a palavra de Deus e a luz ao povo de Israel, mas abre o horizonte, p. ex., quando os profetas falam do Salvador e dizem que ele será luz para os gentios, isto é, para todos os povos. Essa profecia cumpriu-se quando o próprio Deus veio para morar conosco em Jesus Cristo como a luz da vida (João 1). Quando o céu se abriu sobre o mundo das trevas e brilhou na noite escura sobre o campo dos pastores e sobre o presépio de Jesus, quando a luz veio acompanhada do louvor dos anjos que proclamaram Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra... (Lucas 2.14) – aí aconteceu o verdadeiro Natal-Luz, cumprindo a profecia da vinda de Deus conforme Isaías 9.2: O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Desde então, Deus está presente em Cristo, que diz: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida (João 8.12). Deus em Cristo é a boa-nova de Deus-conosco. Tendo sido aceitos e perdoados pela fé, por amor de Cristo, as trevas se vão dissipando e a verdadeira luz já brilha (1 João 2.8). É motivo de esperança. Não há mais por que ter medo do escuro e da violência. Porque Deus nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2.9). A transformação por esse evangelho é tão intensa, que Jesus pode
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até dizer: Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte, nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador (Mateus 5.14). Viver na luz que cai da face de Deus como graça e bênção sobre ti, sobre mim, sobre o mundo, é uma grande dádiva, que sempre importa receber, passar adiante, multiplicar por gestos e atitudes. Essa é a missão que Deus quer realizar para a salvação do mundo com nossa participação. Jesus não manda: Vocês devem ser, vocês têm obrigação de ser a luz do mundo. Ele fala no indicativo: Ouvindo minha palavra, crendo e confiando em mim, vocês têm a luz da vida, vida renovada e santificada para o bem. Por isso vocês são luz para o mundo, com todos os frutos e virtudes de que o mundo tem falta, ou seja: ter um lugar ao sol, viver reconciliado, em paz e justiça, com alegria e esperança. Não basta almejar um lugar ao sol só para sermos felizes entre nós na família ou no grupinho dos remidos. A luz do Deus todo-poderoso, seu amor e seu calor querem chegar mais longe: até a salvação do mundo e de todas as suas criaturas. Por isso a exortação: Andai como filhos da luz..., como pessoas que refletem algo desse sentido maior da luz para todos os recantos. Andar é algo dinâmico, não é ficar parado como uma vela queimando tranqüila, mas diz respeito a cada momento da vida, amparada pela luz e pelo amor que Deus derrama nos corações. Essa vida nova e plena em Cristo é uma realidade na fé, mas a fé não é um estado, e sim uma luta que pode ser bem difícil. Segundo a confissão bíblica e luterana, somos pessoas justas e pecadoras ao mesmo tempo, sempre tendo que lutar para viver na luz e separar-nos das trevas, assim como Deus quis na criação. As trevas ainda existem e podem causar medo. [Mas vai alta a noite e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz (Romanos 13.12)]. A luta ainda não terminou. Não basta só ser bonzinho. Ser luz para o mundo e promover o bem também significam apartar-se das trevas, combater o mal e a corrupção dentro de nós e ao redor de nós. Converter-se das trevas para a luz é um processo constante, motivo por que repetimos em cada Pai-Nosso: e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Importa ficar alerta a isso. E exemplos concretos de como viver andando na luz de Deus encontramos em Efésios 4.25-5.21. Com os olhos da fé já podemos perceber muitos sinais da luz de Deus: onde acontece reconciliação, onde reina paz, onde há alegria e
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esperança – e também num quadro simples como o projetado pelo lema bíblico da IECLB para 2008: ...velhinhos e velhinhas sentarão nas praças de Jerusalém e as praças ficarão cheias de meninos e meninas brincando (Zacarias 8.4-5). Praças são lugares públicos, portanto o que lá ocorre é visível. A imagem de pessoas idosas sentadas na praça e de crianças brincando nelas indica a tranqüilidade e a beleza do próprio reino de Deus. Nele podem conviver pessoas, famílias, comunidades e povos em harmonia, paz e comunhão. Ninguém dominará sobre ninguém, mas todas as pessoas conviverão em solidariedade. Ninguém precisará se esconder, mas todas as pessoas poderão “andar na luz de Deus”. E, assim, vai chegar o tempo quando já não haverá noite nem medo, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles (Apocalipse 22.5). Então estará cumprida a promessa de Isaías 60.19: Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória. Pastor Presidente Dr. Walter Altmann São Leopoldo/RS
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Arnilda Rück
J A N E I R O
Datas importantes 01 – Ano-Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres “Frauenhilfe”, em Berlim/Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philipp Jacob Spener, fundador do Pietismo (+5/2/1705) 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+4/9/1965) 28 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+20/12/1552)
JANEIRO Jesus Cristo diz: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores. Marcos 2.17
Meditação Jesus e os excluídos Esta é a resposta de Jesus à pergunta dos fariseus feita aos discípulos: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”. Os fariseus estavam insatisfeitos com o fato de que Jesus estava reunido com os cobradores de impostos e pessoas de má fama. Os doutores da lei sabiam muito bem o que convinha aos outros, porém para si mesmos omitiam, por exemplo, o amor ao próximo. Com esse questionamento, ouviram o que não quiseram ouvir: que eles, por se considerarem melhores, não precisavam de Jesus. Mas justamente os cobradores de impostos, que trabalhavam para os opressores e, provavelmente, embolsavam parte dos impostos, estão na mira de Jesus. Os outros – os diferentes, também precisam falar com Jesus. Jesus apenas disse ao Levi (ou Mateus): Venha comigo! Um convite inesperado, mas prontamente atendido. Levi nem pediu tempo para “fechar o caixa” ou dar alguma satisfação aos subordinados! Nada lhe era tão importante que seguir e ouvir Jesus. Quem sabe, há quanto tempo ele ansiava por uma aproximação com Jesus! E Jesus não foi sozinho; ele levou seus discípulos para essa entrevista! E desconfio que a conversa foi bem além do que ficou registrado. Provavelmente, falaram sobre o reino de Deus e o juízo eterno: como e quando será? Importante também foi o local que Jesus escolheu para um encontro com os coletores de impostos e seus amigos. Por ser um lugar de convívio de Levi, provavelmente a conversa teve efeitos favoráveis. Se Jesus os tivesse levado a uma sinagoga, o efeito poderia ter sido outro. Pela hospitalidade de Levi, notamos que ele estava muito feliz com esse encontro. Jesus dignou-se a um encontro com pessoas consideradas de má fama e
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usurpadoras – sim, ele fez justiça ao que veio: “para que todos tenham vida, e vida em abundância” (João 10.10). Rotulamos facilmente pessoas que agem diferente do que nós. Também as evitamos, assim como os fariseus faziam. Ficavam “de longe”, criticando. Não tinham coragem de perguntar diretamente a Jesus sobre o porquê do jantar, mas se dirigiram aos discípulos, esperando uma resposta ou algum motivo para discussão. Mas Jesus, que vê além e sabe tudo sobre cada pessoa, dá esta resposta direta: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”. Quem são os doentes? Em Lucas 18.9-14, temos a parábola de Jesus sobre dois homens que vão ao templo orar: um fariseu e um cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como outras pessoas. Agradeço-te, também, porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo que ganho”. O cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador”. E nós, cristãos do século XXI? Continuamos rotulando pessoas que são diferentes? Cavamos abismos e julgamos entre “crente e não-crente”? Ou aprendemos com Jesus, que disse ao cobrador de impostos, Zaqueu: “Desça depressa, pois hoje preciso ficar em tua casa!” E Jesus foi, como médico, também cuidar desse doente. Fazemos papel de médico que se interessa pelo bem-estar de seu doente ou simplesmente vamos visitar alguém para criticar e rotular, como faziam os fariseus? Esta é a lição que Jesus nos dá: ao invés de criticar, ir ao encontro, convidar, conversar e até jantar, se for o caso. Nós temos o privilégio de falar de Jesus, de sua ação salvífica que não exclui ninguém, ao contrário, como lemos em João 3.16-17: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo”. Nós temos o privilégio de falar com Jesus, em qualquer lugar ou hora, fazendo uso também da intercessão, por todos os que estão “longe” ou não procuram o convívio com Jesus, sejam eles da família ou da comunidade. Jesus foi diretamente falar com “os de má fama” – sigamos o seu exemplo! Íris Butzke Blumenau/SC
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Andando na luz de Deus E houve luz E disse Deus: haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã: o primeiro dia. Gênesis 1.3-5 O tema desta reflexão é simplesmente fantástico: a luz. É o primeiro ato do Criador. Antes de organizar o caos, é preciso ter luz. Em Jesus temos a reafirmação da luz, quando ele diz que é a luz do mundo (João 8.12). Hoje não conseguimos fazer nada quando falta a luz. A vida também fica confusa quando não conseguimos enxergar a luz de Cristo que indica o caminho. Vamos ler a história abaixo e depois fazer um pequeno cochicho. A menina acorda tremendo de seu sono por causa de um pesadelo. Ela está sozinha em seu quarto, que está completamente escuro. Um medo terrível a faz chorar. Ela não vê nada. A escuridão a confunde. Não consegue identificar a realidade: tudo está um caos. A criança chama pela mãe. Esta logo vem e abraça a filha. Com sua doce voz, sussura: “Mamãe está aqui, não precisa ter medo, tudo vai ficar bem”. O que a mãe está fazendo? Realmente tudo vai ficar bem? Ou ela está mentindo para sua filha? Quem já confortou uma criança assim ou quem já foi assim consolado sabe: Isso não é mentira. Quando consigo sentir que alguém está a meu lado, quando consigo ver ou sentir seu rosto; quando essa pessoa me diz: “Eu estou contigo, não precisa ter medo, tudo vai ficar bem”, aí eu sei: não é uma mentira. É esperança, que neste momento se torna realidade. A escuridão já não me desespera e o medo passou. Foi colocado um limite à escuridão. “E disse Deus”, nós ouvimos. “E disse Deus: Que haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz”.
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Na total insegurança se experimenta a luz que coloca ordem nas coisas, de forma que a escuridão é colocada no seu lugar; e que lhe tira seu poder. Perguntas para o cochicho: 1. Como são as coisas em casa quando falta luz? 2. Como são as coisas na nossa vida quando estamos confusos e tudo é assim como se estivesse faltando luz? 3. A palavra de Deus é bálsamo para nossa vida? Como? Na primeira página da Bíblia, temos uma afirmação de fé: reconhecemos, junto com a palavra bíblica, que Deus é Criador do mundo. Deus cria o mundo e organiza o caos, “cria uma estrutura bem-pensada, enchea de vida e fertilidade e nela coloca o ser humano como protetor e senhor”. O que é a luz? Luz é a ausência de trevas. A escuridão é terrível, porque ela impede que vejamos qualquer coisa. Na escuridão ficamos perdidos, não achamos nada, não podemos nos organizar. Assim a luz passa a ser uma referência que aponta o caminho certo ou a própria salvação alcançada em Deus, e a escuridão ou as trevas passam a ser a mesma coisa que caos e o próprio inferno. Trago alguns versículos bíblicos que apontam para a luz como uma referência positiva, que aponta para Deus e é para nós caminho da salvação. • O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? De quem me recearei? (Salmo 27.1) • Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem... (Salmo 43.3) • Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho. (Salmo 119.105) • O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz. (Isaías 9.2) Nosso Deus identifica-se com a luz. Os reis magos acham Jesus seguindo a grande estrela. E Jesus mesmo assume essa função, como podemos ver em João 8.12, onde ele diz: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. Por isso o uso da simbologia da luz – sobretudo a partir do uso das velas – é muito importante para a igreja cristã. O uso da vela não contém elementos mágicos. Seu uso é como os demais símbolos da fé cristã, como a cruz e o peixe. Ela não é simplesmente um enfeite, mas é luz que aponta para Jesus Cristo. Seu uso dentro das liturgias e dos cultos tem sua origem
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Friedrich Gierus
Somos desafiadas a superar a escuridão e a ser luz no mundo
nos primeiros três séculos da história da igreja. Naquele período, a fé cristã era perseguida pelo governo romano. As pessoas que acreditavam que Jesus era a luz do mundo tinham que se reunir em lugares escondidos e apertados. Muitas vezes, esses lugares eram buracos escuros cavados na terra, que receberam o nome de catacumbas. Esses lugares eram escuros, bem longe dos raios do sol. Na maioria das vezes, a comunidade encontrava-se à noite, para escapar das perseguições. E era necessário usar alguma iluminação, como tochas ou algo parecido. Quando a perseguição terminou, permaneceram as velas como símbolo de Jesus Cristo – luz do mundo. Vamos ler e ouvir uma história muito interessante sobre a luz que encontrei num Roteiro de OASE antigo, de autoria desconhecida: O saguão de luz – um conto que vem das Filipinas Um rei tinha dois filhos. Quando ficou velho, quis designar um deles para sucessor. Reuniu, então, os sábios do reino e chamou também seus filhos. Deu a cada um cinco moedas de prata e disse: “Vocês deverão usar essa quantia para encher o saguão do palácio até o anoitecer. O que vocês usarão para enchê-lo é assunto de vocês”. Os sábios mexeram a cabeça de um lado para o outro e disseram: “Essa é uma boa tarefa”. O filho mais velho saiu e chegou a uma plantação onde os trabalhadores estavam justamente moendo a cana-de-açúcar que haviam colhido. Havia bagaço de cana jogado por todos os lados. Ele pensou: “Eu poderia encher o saguão de meu pai com esse material sem serventia”. Ele fez um acordo com o supervisor dos trabalhadores, e eles transportaram todo o
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bagaço para o palácio até o fim da tarde. Quando o saguão estava cheio de bagaço, ele foi procurar o pai e disse: “Eu cumpri a tarefa. Não precisas mais esperar pelo meu irmão. Faze de mim teu sucessor”. O pai respondeu: “Ainda não é noite. Eu vou esperar”. Logo depois, chegou o filho mais moço e pediu que o bagaço de cana fosse retirado do saguão. Assim foi feito. Colocou, então, no meio do saguão, uma vela e a acendeu. A sua luz encheu até o último cantinho. O pai disse: “Tu serás meu sucessor. Teu irmão gastou cinco moedas de prata para encher o saguão com bagaço imprestável. Tu nem precisaste gastar uma única moeda de prata e o encheste com luz. Encheste o saguão com aquilo de que as pessoas mais precisam”. Essa luz de Deus enche também agora essa casa, a nossa vida. Cantemos juntos o hino do HPD 2 “Caminhamos pela luz de Deus”. Neste estudo já confessamos que Deus é o Criador, que organizou o caos, que criou também a luz; se hoje reconhecemos que Jesus é a luz do mundo e nos deixamos confortar por essa palavra assim como a criança se deixou confortar por sua mãe, falta ainda uma terceira parte em nossa reflexão sobre a luz: recebemos a incumbência de ser luz uns para os outros. Em Mateus 5.14-16, lemos: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”. Assim vemos que as velas são muito mais do que um belo enfeite. São símbolos da luz e têm um duplo sentido: primeiramente, representam Jesus Cristo – luz do mundo; em segundo lugar, chamam-nos para fazer brilhar essa luz no mundo, para onde fomos chamados para iluminar. Por incrível que pareça, isso não vai ser uma tarefa difícil. Precisamos apenas seguir o ensinamento que o evangelista Mateus nos dá: é não esconder nossos dons, capacidades e talentos com que Deus nos tem presenteado. Há coisa melhor a fazer do que isso? Acho que não. É maravilhoso caminhar em conjunto como grupo de OASE ou na comunidade. Podemos unir nossas luzes, nossos dons. Compartilhar um fardo é reparti-lo; então ele passa a ter apenas a metade do peso; compartilhar a alegria é multiplicá-la. Compartilhar a luz é dobrar sua luminosidade, sua força.
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Perguntas: 1. Até que ponto os problemas (a escuridão) chegam a atrapalhar nossa tarefa de ser luz do mundo? 2. O que podemos fazer para superar a escuridão e para que haja mais luz no mundo? Vamos olhar para a luz da vela enquanto oramos: Senhor, este estudo nos levou a afirmar mais uma vez a fé em ti como criador de todas as coisas e como organizador do caos. Tua palavra poderosa manifestou-se no início do mundo e cremos que ainda hoje continua se manifestando também a nós. Tua luz ilumina nossos passos e nossa vida. Já não precisamos ter medo, porque a escuridão foi colocada no seu lugar: em Jesus, ela foi vencida com a vitória sobre a morte. Somos gratos a ti por tudo o que fizeste. Aproveitamos ainda para pedir que, assim como essa vela ilumina nosso ambiente, continues a iluminar nossos caminhos. Pedimos também que nos ajudes a ser luz que ilumina o caminho das pessoas que vivem próximas de nós. Amém. Pastor Sinodal Marcos Bechert Teutônia/RS
Saúde A busca pela vida saudável A maioria de nós queixa-se de que a vida está muito corrida, que as coisas estão mais difíceis, que tudo está poluído, que estamos ficando doentes mais cedo e que nos entregamos ao ritmo desenfreado. Hoje as doenças como diabetes, hipertensão, alterações nos níveis de gordura no sangue, alergias a diversas substâncias, intolerância a vários alimentos aparecem com muito mais freqüência e mais cedo. Vários fatores interferem em nossas vidas, acelerando o aparecimento de algumas doenças. E o tempo? Será que não esquecemos de colocar nessa agenda frenética que vivemos hoje um horário para ler, caminhar, ver um filme, preparar e saborear um bom prato, cuidar de plantas e cultivar uma horta? É muito fácil manter uma horta. Há pessoas que cultivam seus vegetais em vasos,
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sacadas de apartamentos, em lugares onde nem se imagina ter um repolho, cenouras, brócolis, tempero verde e outros. Vamos conhecer algumas doenças que são mais comuns em adultos, apesar de que, em função da má alimentação, hoje esses problemas aparecem nas crianças e nos adolescentes com muita freqüência. Hipertensão: conhecida como pressão alta, está relacionada com a força que o coração tem que fazer para mandar o sangue para o corpo todo. De acordo com nossas atividades, sono, alimentação, estado emocional e outros, nossa pressão pode descer ou subir. Com o estresse, por exemplo, a pressão pode subir muito, mesmo que a pessoa não seja hipertensa. A hipertensão acontece quando a pressão sobe e se mantém elevada. Então não importa que tipo de atividade estamos realizando ou não, a pressão mantém-se alta. Um grande vilão para os hipertensos é o sal e, junto com ele, alimentos com conservantes à base de sódio (Na). O diabetes juvenil ou tipo I aparece na infância e início da adolescência. Requer o uso de insulina no tratamento contínuo. O diabetes adulto ou tipo II aparece na idade adulta e pode ser controlado apenas com alimentação e atividade física. Se isso não for possível, são utilizados medicamentos via oral e/ou insulina. O difícil para os diabéticos é abandonar os doces, que aumentam a taxa de glicose no sangue, muita quantidade de pães e tudo o que é feito com farinhas: massas, bolos, bolachas etc. Hipercolesterolemia ou colesterol alto, na maioria das vezes, pode ser controlado apenas com cuidados na alimentação. Em alguns casos é necessário o uso de medicação. Para manter o colesterol nos níveis adequados, é preciso evitar o consumo de gordura de origem animal e praticar exercícios. Triglicerídios aumentados também podem ser controlados com cuidados na alimentação quando os níveis estiverem pouco alterados e o paciente puder realizar atividade física. No caso de níveis muito acima do ideal, é necessário o uso de medicação juntamente com a dieta e os exercícios. Se observarmos as doenças acima, todas elas dependem de cuidados com a alimentação e necessitam de atividade física para a melhora ou cura. Então, o que estamos esperando para mudar alguma coisa em nossa rotina diária? Está na hora de pensarmos mais na hora de comprar o alimento. Vamos resistir aos anúncios enganosos sobre alimentação milagrosa. Vamos utilizar um pouco mais de tempo para preparar uma merenda para os filhos e para nós também. Vamos plantar um pouco, pois mexer na terra alivia tensão, e isso diminui a pressão. Seremos pessoas mais calmas, trataremos os outros com mais atenção, teremos mais paciência, conse-
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qüentemente os outros também sentirão a diferença. Vamos investir nos cuidados com a alimentação para nossos filhos serem adultos saudáveis e nós, idosos saudáveis. As quatro doenças citadas estão muito ligadas ao tipo de vida que levamos: ativa ou sedentária. Quanto mais nos exercitarmos, mais o nosso corpo se renova, nos deixando mais em forma e saudáveis. Muitas pessoas têm história dessas doenças na família, se cuidam com exercícios e boa alimentação e nunca apresentaram esses sintomas. Portanto podemos viver com saúde por muito tempo e ensinar outras pessoas a maneira correta de viver longe de postos de saúde e hospitais. Basta olhar para a natureza rica e perfeita que Deus nos deu e tirar dela o nosso sustento. Vamos sentir o sol, a brisa, a água dos rios e do mar, vamos tocar nas plantas e amar nossos semelhantes. Vamos viver com saúde. Vera Lucia Martins Rapach Tramandaí/RS
Receita Bolo de limão Ingredientes: 1 pacote de mistura para bolo pronto com sabor de limão, 4 ovos, 1 copo de iogurte natural, 1 copo de azeite, 1 caixa de gelatina de limão, 1 colher (de sopa) bem cheia de fermento em pó. Modo de fazer: Bater todos os ingredientes no liquidificador por 5 minutos. Assar por 30 a 40 minutos em forno preaquecido. Cobertura: 1 lata de leite condensado, suco de 2 limões galego. Bater no liquidificador ou a mão e derramar por cima do bolo frio. Enviada por Helga Schünemann Panambi/RS
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Arnilda Rück
F E V E R E I R O
Datas importantes 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+9/4/1945) 06 – Quarta-feira de Cinzas 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/4/1560) 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica Luterana, Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos Distritos e das Regiões, criação dos Sínodos
FEVEREIRO Jesus Cristo diz: Digo-vos que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. Marcos 11.24
Meditação Confio em ti! Lendo somente o versículo de Marcos 11.24: “Jesus Cristo diz: Digovos que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco”, muitos poderão pensar: Que bom, temos uma fórmula mágica para conseguir tudo o que queremos em nossas vidas. Os versículos que antecedem falam da fé e os que seguem falam do perdão. Em resumo, fé e amor habitam um coração crente e confiante que sabe perdoar. Essas palavras do nosso Senhor Jesus Cristo ensinam-nos a imensa importância da fé. Fé e oração, ambas têm a mesma importância. Tenham fé! A mesma fé que pode mover montes para o mar, tendo em mente as palavras de 1 Coríntios 13.2: “(...) ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”. A fé da qual Jesus fala no versículo 22 (“Tende fé em Deus”) significa mais do que usar a palavra “crê em Deus”. Nesse contexto, a palavra fé quer dizer que contamos com Deus em todas as situações de nossa vida, sem condições. A fé é a pedra angular em toda a nossa vida, inabalável, a ponto de poder transportar montanhas para o mar. Alguém poderia dizer que “hoje há máquinas que fazem o serviço de carregar montes para o mar”, mas não podemos banalizar essa palavra. Ela quer ser um exemplo do enorme poder da fé, a ponto de erguer pesos como montanhas. Esse versículo também se refere aos pesos que nós carregamos em nossos ombros. Pesos que quase nos esmagam. Conforme Lutero, a fé é um “desespero sem temor”, no qual todas as aflições humanas podem ser lançadas sobre aquele Deus que fez as montanhas, conforme o Salmo 90.2: “Antes que os montes nascessem, e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus”. E a oração, não tem a ver com coração e ação? Assim acontece com as dádivas de Deus. Elas também incluem tarefas para nós. Poder orar, e sem-
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pre aprender a orar certo, isto é importante! Muitas pessoas não oram, ou não oram mais, alegando que Deus não atendeu ou rejeitou suas orações. Muitas somente se lembram de Deus quando estão em dificuldades. Devemos dizer a essas pessoas que Deus não está à nossa disposição, como nosso empregado, para cumprir nossas ordens e satisfazer nossos desejos. Jesus disse: “Tudo o que pedires, orando, crede que o recebeis e tê-lo-eis”. E isto é verdade! Quando pedimos o que é bom e conforme a vontade de Deus, podemos ter certeza de que a nossa oração não há de ficar sem resposta. Em Tiago 1.6 lemos: “Peça-a (a sabedoria), porém com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento”. Orai, orai! Orar é o respirar profundo da nossa alma. A oração é a maior força do mundo e por meio dela podemos ter a relação mais profunda com Deus. Podemos falar com ele como os filhos falam com seus pais. Não precisamos ter medo de não orar certo. Já os discípulos pediram: “Senhor, ensina-nos a orar”. E o que Jesus ensinou a eles? Pai nosso que estás nos céus. Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Pois teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. O Pai-Nosso inclui tudo o que precisamos. Quando oramos e pedimos alguma coisa, segundo a vontade de Deus, ele nos ouve conforme sua promessa: “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15.7). Muitas vezes, há uma barreira entre Deus e nós. É a relação entre nós e o nosso próximo. No versículo 25, lemos: “(...) quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai”. Devemos nos lembrar de Mateus 6.12,15: “(...) perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (...) se, porém, não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. Muitas vezes, em nossas comunidades, em grupos de OASE, andamos desanimadas porque faltam participação, entusiasmo, um avivamento espiritual. Um pastor orou cinco meses por um despertar em sua comunidade. Nada adiantou. Um dia, Deus falou a ele: “Convida toda a comunidade para um culto no domingo à noite. Para a sua alegria, a igreja estava ocupada até o último lugar. Com toda a liberdade, ele falou para os presentes da sua preocupação e solicitou aos membros que pedissem, com ele, por um reavivamento na comunidade. Depois de um hino, houve um silêncio assustador. Cada um pensou: O que vai acontecer? Um presbítero levantou e se dirigiu ao pastor: “Pastor, eu acho que nada mudará na comunidade enquanto eu e o
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João vivermos em desentendimento”. Depois de falar, dirigiu-se ao banco onde João estava sentado e disse: “Você sabe que há cinco anos não nos falamos”. E, estendendo a mão, pediu perdão ao amigo. Ele voltou para seu lugar. Outro se levantou e foi ao encontro do pastor e disse: “Pastor, creio que nada mudará na comunidade enquanto eu continuar falando mal do senhor pelas costas e na sua frente me mostrar simpático. Perdoe-me”. Nesse instante, toda a igreja estava em movimento. Um pediu perdão ao outro e, que milagre, toda comunidade ganhou nova vida, amparada no milagre do perdão. Essa comunidade viveu literalmente o que Jesus ordenou: “(...) se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai”. Essa palavra lembra-nos também de Isaías: “Antes que chamem, eu responderei, estando eles ainda falando, eu os ouvirei”. Como é bom confiar a minha vida a este Deus que sempre me é fiel, que me segura, me ama, também quando erro e sou desobediente. Ele me dá o que necessito e muito mais. Ele nunca está errado. Nem sempre entendo os caminhos de Deus, mas sei que seus caminhos são bons. Eu pedi a Deus por força – ele me mostrou a fraqueza, para que eu pudesse ser humilde. Eu pedi ajuda para realizar grandes obras – ele me mostrou acanhamento, para que eu pudesse realizar boas obras. Eu pedi por riqueza para ser feliz – ele me mostrou a pobreza, para que eu pudesse ser prudente. Eu pedi por tudo deste mundo para aproveitar a vida – ele me deu a vida, para que eu pudesse ter uma vida digna. Eu não recebi nada do que pedi, mas tudo que sonhei. Contra mim mesmo, minhas orações foram ouvidas. Eu, entre todas as pessoas, sou um ser abençoado! Oração: Misericordioso Pai, deixa crescer a fé em nossa vida. Nós cremos, Senhor, em ti. Ajuda-nos a confiar em tua palavra. Amém. Senhor, porque me guarda a tua mão, confio em ti. Porque bem sei que teu querer é bom, confio em ti. Tu dás coragem, vences o temor; louvor a ti, por teu imenso amor! Se bem que meu caminho eu ignorar, confio em ti. Porque teus planos vais concretizar, confio em ti. Por me guiares, não preciso ver, nem mesmo sempre tudo entender. Amém. Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ
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Andando na luz de Deus Andando dignamente na luz do dia Reflexão baseada em Romanos 13.11-14 O texto na história da igreja É interessante observar como determinados textos estão ligados a personagens históricos. A Carta aos Romanos marcou, pelo menos, dois personagens. “O justo viverá por fé” de Romanos 1.17 é associado ao início da Reforma de Martim Lutero. E exatamente o texto de nossa reflexão marcou um homem chamado Agostinho. Vejam como essa palavra de Deus agiu em sua vida. Em torno do ano 350 da nossa era, numa pequena cidade no norte da África, Tagaste, nasceu um menino de nome Aurélius Augustinus, mais conhecido hoje como Santo Agostinho. Aos 17 anos, ele se mudou para Cartago, a grande metrópole, centro cultural, com sua famosa escola de oratória (a arte de bem falar). O jovem Aurélius apaixonou-se pelos clássicos da filosofia Platão e Aristóteles. Estudou oratória e lógica. Enfim, uma mente brilhante! Seu coração, contudo, andava muito inquieto. Lançou-se a uma vida sensual intensa, rodeado de mulheres e bebidas. Teve um filho com uma das companheiras. Mas sua busca continuava. A mãe de Agostinho, Mônica, era uma cristã convicta, que não se cansava de orar para que os rumos da vida de seu filho fossem mudados. Finalmente, suas orações foram ouvidas. Certo dia, Agostinho encontrava-se em seu jardim, debatendo-se com suas dúvidas. Abatido, entre lágrimas, ele se afastou de seu amigo Alípio, com o qual estudava. Ao se sentar sob uma figueira, ouviu a voz de uma criança, partindo da casa vizinha. Ela cantava uma cantiga infantil: “Tolle, lege; tolle, lege”; que quer dizer “Toma e lê. Toma e lê!”. Agostinho não teve dúvidas: entendeu que essa voz era o próprio Deus lhe transmitindo importante recado. “Ele quer que eu abra as Escrituras e leia a primeira palavra, que será uma ordem divina”, pensou consigo Agostinho. Então, retornou ao lugar onde deixara, junto ao amigo, o livro das cartas de Paulo. Silencioso e reverente, leu o primeiro trecho que lhe cai em vista. Era Romanos 13.11-14: “(...) já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em
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contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Estava dado o grande passo para que a história conhecesse um dos maiores defensores da fé cristã no contexto de sua época. Com muitos livros – como “Confissões” e “Cidade de Deus”, pelas suas pregações, pelos seus debates com intelectuais daquele tempo, pelas comunidades lideradas, pela ordem religiosa dos agostianos por ele fundada, Santo Agostinho foi considerado o primeiro homem moderno a influenciar o pensamento do mundo ocidental. Lembrando os Dez Mandamentos Antes do texto previsto para nossa reflexão, o apóstolo aborda os mandamentos (Romanos 13.8-10). Ele deixa claro que a prática do amor ao próximo é a concentração, é o supra-sumo de todos os mandamentos. Paulo reproduz as palavras de Jesus (Mateus 22.37-40), mas deixa fora, num primeiro momento, o amor a Deus acima de todas as coisas. Esse aspecto é recuperado quando pede: “revesti-vos do Senhor Jesus” (v. 14). Aqui está a solução para as ações praticadas nas trevas (v. 13). O tema deste Roteiro aponta para a ética cristã, ou seja, para o correto comportamento das pessoas cristãs no ambiente em que vivem. Ética está baseada em valores e convicções, naquilo em que acredito e do que não posso abrir mão. E as orientações da palavra de Deus são essenciais para quem acredita que o evangelho continua moldando o caráter, que é a base para o comportamento ético em nosso tempo. Nós estudamos os Dez Mandamentos no Ensino Confirmatório como ordens de Deus para um viver correto. Muitas vezes, foram (e são) ensinados como leis rígidas e proibições (veja os quatro “não” no v. 9). Como adolescentes, tínhamos resistência aos “não”, porque achávamos que eles tiravam nossa liberdade. É preciso lembrar que as orientações éticas dos mandamentos foram dadas a um povo libertado da escravidão do Egito, que entra na nova terra (Êxodo 20.2). Na terra de Canaã, Israel tem a oportunidade de viver em plena liberdade. Isso não quer dizer que não haja regras e limites. Estes estão aí justamente para preservar e garantir a verdadeira liberdade, e não para limitá-la ou destruí-la. O problema na interpretação dos mandamentos na atualidade é duplo: ou são totalmente ignorados e se praticam as obras das trevas sem escrúpulos, ou são transformados em leis que oprimem. O legalismo, junto com o moralismo, torna-se uma nova escravidão. Não é por acaso que Paulo adverte: “Para a liberdade foi que Cristo nos
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libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo a jugo de escravidão” (Gálatas 5.1). Orientação ética entre a indiferença e o legalismo Como, então, falar de ética cristã sem ser legalista? Duas fontes podem nos ajudar. Lutero ajuda-nos quando diz que o cristão com uma mão agarra a Deus e com a outra segura a mão do próximo necessitado e enfraquecido. Sendo assim, a pessoa cristã não pode se descuidar de segurar a mão de Deus para receber sua graça, seu amor, sua bondade. Se largar essa mão, sua ação será apenas caridade humanista sem motivação na fé em Deus. Também não pode largar a mão do próximo, senão praticará uma espiritualidade sem amor concreto. A segunda ajuda vem do nosso texto. Por duas vezes, fala-se em “revestir”, que é colocar um “revestimento” ou uma veste, uma roupa nova. No v. 12, o pedido é que a gente use a “armadura da luz”. Isso nos lembra a imagem da armadura descrita em Efésios 6.10-17. Já no v. 14, Paulo recomenda “revestir-se do Senhor Jesus”. Lembrei-me da brincadeira da máscara, que esconde o rosto da pessoa, dando-lhe outras feições. Jesus, porém, não quer ser um tipo de máscara que visto para esconder ou disfarçar quem realmente sou. “Revestir-se do Senhor Jesus” é assumir, em todo o meu ser, a identidade de Jesus, sem anular a minha própria. Na Bíblia na Linguagem de Hoje lemos: “tenham as qualidades que o Senhor Jesus tem”. Isso significa uma profunda transformação dos instintos e impulsos que cada ser humano tem. Na Bíblia, fala-se disso ao mencionar expressões como “ter um novo coração” (Ezequiel 18.31), nascer de novo (João 3.7), ser nova criatura (2 Coríntios 5.17). Os grandes impulsos humanos No passado recente, a psicanálise identificou os grandes impulsos humanos, que já foram apresentados por Paulo: – “orgias e bebedices” acontecem quando comida e bebida entram pela boca não mais para nutrir o organismo, mas para satisfazer uma fome e uma sede diferente, de origem emocional e/ou espiritual. Então podem surgir a anorexia das modelos ou a obesidade, que atormenta muitas mulheres e homens também. – “imoralidade sexual e depravação” são distorções da sexualidade sadia e equilibrada. A fidelidade conjugal precisa ser valorizada, haja vista a campanha contrária das novelas. Quem não é casado tem o recurso da sublimação, quando a energia sexual é canalizada para atividades como estudar, praticar esportes e trabalhar. 26 *** Roteiro da OASE 2008
– “contendas e ciúmes” são sinais do impulso da agressividade. Esta é positiva quando significa ter iniciativa e ir à luta. Já a agressão verbal ou física é um desvio da sadia agressividade, por utilizar a violência. Gostamos de usar roupa nova, não é mesmo? Sentimo-nos elegantes e rejuvenescidos! Em Colossenses 3.12-17, o apóstolo Paulo recomenda usar uma série de “camisetas”: a misericórdia, a humildade, a mansidão, o perdão, a paz, o louvor, o amor etc. Usando essa roupa tão bonita estaremos felizes a ponto de deixar de lado os “trapos” da desavença e da inveja, da indecência e da imoralidade, das farras e das bebedeiras. Mas não esqueça: essas “camisas” são usadas na comunhão de irmãos e irmãs! Você não usa roupa nova para ficar sozinho em casa! E, sobretudo, elas são expressão exterior (mão estendida ao próximo) da atitude interior de imitar Jesus (mão agarrada em Deus). Sendo assim, não precisamos gastar energias em combater as trevas dentro e fora de nós com nossas próprias forças. Cabenos, isto sim, deixar a luz de Deus brilhar intensamente! Alguns obstáculos que barram a luz, certamente, deverão ser retirados. Desejo que Deus abençoe você e seu grupo/comunidade nesse andar digno em plena luz do dia. Questões para facilitar o diálogo: 1. De que forma você aprendeu os Dez Mandamentos? O que acha da exposição do autor sobre os Dez Mandamentos? 2. Como ensinamos nossos filhos a lidar com a raiva ou outros impulsos que facilmente levam a agressões violentas? 3. Como seu grupo de OASE pode “revestir-se do Senhor Jesus” e vestir a camiseta das qualidades de Colossenses 3.12-17? Pastor Paulo Sérgio Einsfeld Panambi/RS
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Hulda Hertel
Testemunho Doraci Julita Edinger uma mulher que decidiu servir a Deus com todas as conseqüências Uma praça no Rio Grande do Sul tem o seu nome, o Fundo de Missão no Exterior, para o qual as comunidades da IECLB destinam uma oferta anual, tem o seu nome. A notícia de sua morte, no dia 21 de fevereiro de 2004, foi comentada pela TV Globo e saiu como manchete no Correio do Povo. Qual seria sua importância? O que foi tão extraordinário em sua vida? Desde pequena, Doraci foi uma menina muito tímida. Mas Deus a vocacionou para o serviço em sua seara. Foi isso que fez a grande diferença em sua vida. Quando Doraci se candidatou a uma vaga no Seminário BíblicoDiaconal da Casa Matriz de Diaconisas, em 1977, ela já havia completado 27 anos de idade. Já tinha alguma prática no trabalho comunitário. Durante vários anos, tinha ajudado no Culto Infantil e também assumira funções de liderança no grupo da Juventude Evangélica. No entanto, Deus quis que se preparasse para novos desafios. E Doraci obedeceu. Na sua carta de apresentação ao Seminário escreveu: “Quero aprender e servir a Cristo”. A OASE da comunidade de Canudos, onde a família morava, ajudou a pagar seus estudos, pois ela era a segunda filha mais velha de dez irmãos. Por ser de família pobre, sua infância e juventude foram bem difíceis. Mas isto foi bom, escreveu na sua autobiografia, porque assim aprendi a me colocar no lugar de outras pessoas que passam pelos mesmos problemas, e posso sentir a mesma dor que sentem. Durante os anos de estudo no Seminário, amadureceu dentro dela o desejo de ser irmã. Ao seu pedido de fazer parte da irmandade, a direção reagiu com alegria, mas também não deixou dúvida sobre o que isso significaria para ela. Pois assim escreveu na carta resposta: Muito mais do que em qualquer outra escolha ou decisão por determinada profissão, ser Irmã é uma exigência mais total, porque implica dedicação completa ao Senhor, ao próximo e à irmã.
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Doraci tinha decidido entregar-se de corpo e alma ao Senhor e à obra do seu Reino. Em 1980, ingressou na irmandade e, dez anos mais tarde, pediu por sua ordenação. Sua formação profissional foi cursar o Segundo Grau, depois o Auxiliar em Enfermagem. Trabalhou durante três anos no hospital na cidade de Não-Me-Toque/RS. Depois, aceitou o primeiro grande desafio de sua vida ministerial: trabalhar, sob responsabilidade própria, nas novas áreas de colonização da Rondônia. Em Ariquemes, a Irmã Gerda Nied havia fundado a “Escola para a Vida”. Em sua própria casa, havia acolhido adolescentes que, morando nas linhas distantes, não teriam tido a possibilidade de completar sua formação básica se não tivessem uma casa acolhedora na cidade. Foi nessa casa que Irmã Doraci foi morar, em 1986, depois que a Irmã Gerda teve que se mudar para outro lugar por causa das muitas malárias que contraíra. Naquela época, a região de Ariquemes era uma das mais infestadas por malária do País. Irmã Doraci não hesitou em ir para lá. Seu trabalho foi difícil, cansativo. Enfrentava, de Toyota, longos trechos de estrada pelo mato. Tentava ajudar as famílias dos agricultores em suas muitas situações de doença e solidão. Numa carta, conta que foi até a Transamazônica, voltando após dez dias. Foi a Ji-Paraná participar de uma conferência sobre malária e outras doenças tropicais. Organizou um seminário de saúde. E nem sempre sua linha de trabalho foi bem aceita pelas lideranças do lugar. Sete anos mais tarde, o enfoque do seu trabalho mudou muito, quando decidiu transferir seu campo de serviço para áreas indígenas. No interior de Lábrea, na Amazônia, conviveu durante alguns anos com uma tribo indígena ainda bem primitiva: os índios Kawahib. Ali sentiu muita solidão. Um dia, a IECLB recebeu a visita de dois pastores luteranos de Angola, que, após conhecerem a Casa Matriz de Diaconisas, voltaram ao seu país com o pedido insistente de que a igreja luterana no Brasil liberasse diaconisas para o trabalho naquele país africano de língua portuguesa. A Federação Luterana Mundial prometeu ajudar na concretização desse plano. Quando Irmã Doraci foi perguntada se ela se disporia a iniciar um trabalho diaconal em Angola, ela se dispôs. O projeto não foi implantado devido à guerra civil que começou em Angola, em 1997. Mas havia mais um país africano de língua portuguesa que também pedia por obreiros: Moçambique. Desde 1993, a IECLB tinha um contrato de parceria com a Igreja Evangélica Luterana em Moçambique, a IELM. Pastor Osmar Lessing foi o primeiro obreiro brasileiro a trabalhar nesse país. Ele edificou comunidades luteranas, principalmente no norte
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do país. Mas, terminado seu contrato, após três anos, voltou ao Brasil. Para substituí-lo, a IECLB pensou numa obreira diaconal. A diaconisa Doraci já sabia como enfrentar dificuldades. Mas Moçambique foi um desafio gigante. É um dos países mais pobres do mundo. A maioria da população não consegue pagar um tratamento médico e não existe um Sistema Único de Saúde (SUS), como no Brasil. O número de pessoas infectadas pelo vírus HIV é desolador. Outros flagelos são a malária, a hepatite B e a tuberculose, além de muitas outras doenças. As estradas e as condições de transporte são péssimas. Inicialmente, Irmã Doraci pegava, como as outras pessoas, o caminhão aberto para ir de Nampula, onde morava, para as comunidades, onde realizava seu trabalho. Mas isso só era possível onde tinha asfalto. Mais para o interior, ela ia de garupa numa bicicleta. Então os membros das comunidades no Brasil a presentearam com uma Toyota. Tudo bem agora? Que nada! Andar de carro nessas estradas era perigosíssimo. Às vezes, não se via estrada nenhuma, por causa do capim alto; outras vezes, a estrada era interrompida por um valo profundo, aberto pela chuva, e Doraci tinha que avaliar primeiro se o carro passaria sem bater na frente ou atrás. Nas cartas que Doraci escrevia às irmãs no Brasil, expressava algo do medo que sentia nessas e em outras situações. Mas também escrevia sobre palavras bíblicas que lhe davam força. Sozinha em casa, cantava em voz alta os hinos que sabia de cor. Sobretudo havia a certeza de que Deus a colocara naquele lugar e que a amparava. Também se lembrava que no Brasil havia pessoas que oravam por ela. E o povo moçambicano? Ele ainda estava muito marcado pelas guerras do passado. Somente em 1975 havia terminado a guerra de libertação do domínio português e já no ano seguinte havia começado a guerra civil entre o partido da direita e o da esquerda, que durou mais 16 anos. O povo estava agora sedento pelo evangelho do amor de Deus. E Doraci sabia que ele devia ser pregado em palavras, mas também em gestos. Sua preocupação era com a falta de alimentos e água potável. Levava sementes e mudas, incentivando a plantação, e ajudava a abrir poços. A falta de educação básica também era grande. O analfabetismo em Moçambique é muito grande, principalmente entre as mulheres. Muitas não entendem a língua oficial do país. Nas cidades, nem todas as crianças conseguem uma vaga na escola e, no interior, o ensino é dado debaixo das árvores. Doraci incentivou a construção de uma escola. Conseguiu a doação de material mais resistente do que barro e capim para o telhado e, em lugar de uma pedra, um quadro verde para o professor.
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Ruthild Brakemeier
O maior sonho de Doraci, porém, foi a construção de um posto de saúde na província de Moma. Pois ela tinha visto muitas mulheres gestantes e seus filhos morrerem por falta de assistência. Ela estava fazendo os encaminhamentos, quando foi assassinada. Até hoje não se sabe quem quis terminar com sua vida, nem por quê. PrecisaGestante chega de bicicleta ao posto de saúde mos deixar isso nas mãos de Deus. O que sabemos é que muitas pessoas são gratas pelo trabalho de Irmã Doraci durante quase seis anos. Tanto é que hoje existe, na província de Moma, uma clínica para gestantes que leva seu nome. Sabemos também que seu testemunho não foi em vão. O número de comunidades cresceu, inclusive mais do que nas outras regiões eclesiásticas da IELM, e a igreja está bem viva lá. É um sinal de que Deus abençoa um caminho de obediência. Durante o sepultamento de Irmã Doraci, em São Leopoldo, distribuímos pequenas cruzes de madeira, pois a cruz é um símbolo para a violência, mas também para o amor de Deus que vai até as últimas conseqüências. Louvamos a Deus pelo amor que dedicou a Doraci e, por intermédio dela, a muitas pessoas. Diaconisa Ruthild Brakemeier São Leopoldo/RS
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Arnilda Rück
M A R Ç O
Datas importantes 07 – Dia Mundial de Oração 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/SC 10 – 1557 – Primeiro culto evangélico no Brasil, Rio de Janeiro/RJ 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 16 – Domingo de Ramos 21 – Sexta-feira Santa 23 – Páscoa 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS
MARÇO Jesus Cristo diz: Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. João 16.22
Meditação A alegria que ninguém tira Esta é uma promessa que gostamos de ouvir: “Jesus Cristo diz: Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar” (João 16.22). A alegria modifica a vida, tornando-a mais leve, mais produtiva, mais comunicativa. Quando estamos alegres, aceitamos mais facilmente uma tarefa e a executamos com menos esforço. Quando estamos alegres, suportamos com mais facilidade o mau humor de outra ça n a pessoa. Quando estamos alegres, r e p a es arca d m temos mais condições de repartir, de acoé Alegria lher, de expressar sentimentos. Já no nascimento de Jesus houve uma promessa de alegria. O anjo anunciou aos pastores: “Eis que vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo”. Jesus fala de alegria em sua pregação: a alegria do pastor ao achar a ovelha perdida; a alegria da mulher que encontra a moeda perdida; a alegria do pai ao receber de volta o filho perdido; a alegria do homem ao encontrar o tesouro enquanto arava o campo. Pessoas curadas, que ouvem seu ensinamento, que experimentam seu poder se alegram. ic Friedr
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Diz-se do povo brasileiro que ele é um povo alegre. Há realmente motivos para alegria? Alegria é fruto de segurança, é a marca da esperança. Não é isso que se reflete nos noticiários e nas conversas do dia-a-dia. As estatísticas da violência e as projeções para o futuro são sombrias. Nossa vida pessoal também não é uma alegria sem fim. Tristeza faz parte de nossa existência. Cada uma de nós certamente já fez experiências tristes, angustiantes. Já acompanhou doença e morte de um ente querido, sofreu injustiça, acompanhou, com um sentimento de fraqueza e incapacidade de ajudar, alguém que parece passar por uma provação sem fim: longo período de desemprego, endividamento, conflitos familiares etc. “No mundo passais por aflições”, disse Jesus, “mas tende bom ânimo: eu venci o mundo”. Ou seja: Tenham coragem, confiem. A tristeza, as aflições não serão as vencedoras em suas vidas. Há alegria reservada para vocês. Jesus convida-nos a nos arriscar e a colocar nossa confiança nele. Essa será a base para uma alegria que ninguém poderá tirar. Ainda haverá conflitos, aflições, separações, desilusões, fracassos e tantas outras situações que tão bem conhecemos. Mas ele quer ser nosso norte no meio da turbulência, nosso apoio na fraqueza, porto firme na insegurança, presença no abandono, para que possamos enfrentar nossa vida com serenidade e gratidão. Poucos dias separam esse diálogo com os discípulos da prisão e morte de Jesus. Por três anos, Jesus esteve por perto para corrigir, animar e ensinar. Agora chega o momento da separação. Como os discípulos podem, antes da ressurreição, compreender que esse sofrimento e a vitória de Jesus serão a garantia para a própria alegria e vitória? Na conversa com seus discípulos, Jesus quer prepará-los para a nova realidade que vão viver. Ele não estará mais presente fisicamente, mas através do Consolador, do Espírito Santo. Ele não deixará seus discípulos órfãos – nem os doze, nem os outros que nos séculos seguintes ouviram sua palavra e confiaram nele. Que a alegria que vem de Cristo ilumine nossa vida, nossos relacionamentos e nos fortaleça nas tarefas muitas vezes difíceis e tediosas que enfrentamos diariamente. Oração: Senhor, tu conheces as dificuldades que enfrentamos. Tu sabes que, muitas vezes, o que fazemos e somos é muito diferente do que gostaríamos de ser e fazer. Ajudas-nos a crer na tua presença e concede-nos essa alegria que ninguém pode tirar de nós. Amém.
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Para compartilhar: 1. É realmente assim que a alegria faz esquecer o sofrimento? 2. Alegria que vem da confiança é contagiante, é inclusiva, é curativa... Tente encontrar outras formas de falar dessa alegria. 3. Alegres ou cheias de preocupações, terminem o estudo cantando: Andando com Cristo, andando todo o dia, andando com alegria... (HPD 1, 178). Anna Lange Curitiba/PR
Andando na luz de Deus Andando como promotores da paz Que formosos são sobre os montes, os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina! Isaías 52.7 Muitas vezes, no andar da minha vida pastoral, ouço: "Eu quero paz, mas não consigo ficar calada... já contei e deu aquela guerra..."; ou "Deu uma confusão tão grande quando falei...". Motivada por essas situações é que me sinto desafiada a refletir sobre o tema: promovendo a paz! 1. A boca que fala boas-novas... faz ouvir a paz! A boca que fala boas-novas é como instrumento afinado para tocar a melodia da paz... ela faz ouvir a paz! Como é agradável conviver com pessoas que falam das coisas boas. Essas pessoas conseguem, de forma sutil, promover um ambiente agradável e harmonioso. Você conhece alguém assim do seu grupo de OASE ou família?
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Ao contrário dessas, há pessoas que são desagradáveis na sua convivência: com uma só palavra podem causar desunião, preocupação, desconfiança e ódio. Elas sentem prazer em contar notícias ruins e expor a vida de outras pessoas de forma inconseqüente. Além de causar um ambiente conturbado à sua volta, causam intranqüilidade a si próprias. Você conhece alguém assim? Pergunto: Como é possível ser um/a promotor/a da paz se usamos apenas más notícias? Como podemos promover a paz se usamos palavras que mais parecem uma metralhadora de ofensas? Como podemos falar da paz no mundo se nossos próprios corações estão cheios de condenação e críticas destrutivas? Reclamamos de todos, mas não somos capazes de usar nossos pés e nossa boca para ir ao encontro do outro e para lhe dirigir palavras boas. 2. O texto bíblico de Isaías 52.7 O grande evangelho (boa notícia) do Segundo Isaías é a salvação: os exilados vão voltar da Babilônia. A oportunidade do povo reconstruir sua vida é motivo de alegria, é também sinal da misericórdia de Deus! Nessa situação, a palavra profética lembra que Deus é o Senhor da história! Trata-se de uma palavra que promete redenção, transmite uma mensagem de novos tempos por vir, em que a paz e a salvação são possíveis. Um texto em total movimento! Um texto rico em ação! Um texto que chama para o ânimo! Como é bom quando alguém fala coisas boas; isso tem um efeito enorme na promoção da paz! 3. "... os pés do que anuncia...": Um elogio para os pés! Para promover a paz é necessário usar os pés. A lembrança dos "pés" aponta para o exercício da peregrinação. Quem quer ser arauto da paz não pode ficar passivo. É importante observar que os profetas eram enérgicos defensores da paz e da justiça. A atividade é intensa para promover a paz. Somos arautos da paz porque seguimos e falamos do Príncipe da Paz (Isaías 9.1-7). Cristo pode promover a paz porque ele é o seu detentor. Na despedida dos discípulos, ele declarou: “Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou” (João 14.27). Cristo não estava oferecendo algo que ele não tinha. Ele possuía a paz, porque a conquistou pelo seu sacrifício na cruz. É a paz fruto do empenho divino em nosso favor. A paz verdadeira e permanente não se esgota na impressão dos sentimentos. Ela é resultado de uma tarefa, primeiramente, de Deus por nós; e, agora, em resposta a Deus, de uns para com os outros.
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Parece que, por vezes, sabemos somente falar o que é ruim, anunciar os erros, falar das derrotas. Desconfio que, se o nosso discurso mudasse para as boas coisas, para a esperança, a salvação, estaríamos mais animados e poderíamos falar com convicção que Deus está reinando. Mas somos tão pacatos e desanimadores, que realmente não permitimos ouvir a paz! Nós próprios nos condenamos quando falamos tão baixinho da boa-nova que ninguém consegue ouvir; isso se não estivermos parados esperando uma carona para não precisar andar com os próprios pés na busca de uma atitude de mudança, na busca pela paz. 4. Que contribuição podemos oferecer para que o mundo viva em paz? Na verdade, podemos mais do que imaginamos: a partir dos pequenos gestos, no lar, na igreja, no grupo da OASE, falando das boas coisas e indo ao encontro do outro, para consolar, animar, compreender, enfim, levar a paz, a salvação e dizer que Deus reina! Eu acredito que paz é um dos mais importantes benefícios e uma bênção especial que Deus nos deu. Lucas 1.79 diz que uma das coisas que Deus mandou Jesus fazer foi "guiar nossos pés para o caminho da paz". E você, nos dias de hoje: que tal usar seus formosos pés e sua boca para promover a paz? Lembre-se: as boas palavras são como tesouros e os bons gestos são inesquecíveis e agradáveis e, com certeza, constroem a paz no coração, na sua OASE e na sua família! 5. Dinâmica 1. Dividir o grupo em duplas. 2. Olhar e observar os pés da companheira e seus próprios pés. Como estão? Calejados? 3. Dialogar sobre: Onde os seus pés já andaram? Quantas vezes cada uma foi ao encontro de alguém para contar algo bom, algo inspirado pelo evangelho? 4. Dialogar sobre sua boca e refletir sobre o que mais "sai dela", se é algo animador ou desanimador! 5. Refletir se realmente a boca e os pés andam juntos na promoção da paz!
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6. A dupla pode desenhar a caricatura dos seus pés e da boca. Poderão usar tinta guache e depois escrever algo que possa contribuir na promoção da paz! Após a dinâmica, cada dupla poderá orar pela paz na vida e no mundo. No grande grupo, relatar as reflexões de cada dupla. Tirar proveito para a prática diária! Pastora Adriane Beatriz Dalferth Sossmeier Curitiba/PR
Pare e pense Princípios e valores que ajudam a superar conflitos Milhares de jovens no mundo inteiro vivem expostos a uma espécie de doutrinação que nega a existência de princípios e valores norteadores da existência humana e que prejudica os relacionamentos. Especialistas afirmam que o resultado disso é um fenômeno assustador que vem se espalhando e superlotando clínicas psicológicas, onde mais e mais pacientes vêm se queixando de um vazio interior, de uma extrema falta de significado na vida e, conseqüentemente, falta de objetivos. O teólogo John Stott ajuda a compreender essa realidade mostrando que a significância (significado para vida), a transcendência (espiritualidade) e a comunhão são elementos fundamentais para relacionamentos saudáveis na família, sociedade e igreja. Dar significado à vida é o valor cujos princípios estão ligados ao evangelho de Jesus Cristo, quando lança luz sobre os verdadeiros propósitos de nossa existência (Efésios 1.6,12,14). No mundo contemporâneo, porém, o que verificamos são tendências que, além de sufocar (quando não destrói) o senso de significância pessoal, fazem as pessoas perderem a convicção de que a vida tem algum sentido, depondo contra essa aspiração humana. Viktor E. Frankl, psiquiatra sobrevivente aos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, estudou com afinco essa carência humana, constatando que têm muito mais chances de superação de adversidades aqueles que têm uma causa para lutar, algo que lhes dê esperança e clareza dos objetivos que têm na vida. Isso lhes faz sentir valorizados, necessários, com uma missão a cumprir.
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Quando os seres humanos são desvalorizados, tudo o mais na sociedade se "estraga": as mulheres são humilhadas; os jovens e as crianças são desprezados; os enfermos são considerados um incômodo; os idosos, um fardo; o trabalhador é explorado; as minorias étnicas são discriminadas; os pobres são oprimidos e lhes é negada a justiça social; os dissidentes são brutalizados na prisão. Os conflitos são iminentes; não há liberdade, dignidade, prazer ou alegria. Quando os seres humanos são valorizados, porém, e à sua vida é dado um significado, tudo muda: homens e mulheres são respeitados; os enfermos são cuidados e os idosos passam a viver e morrer com dignidade. Os prisioneiros são reabilitados; minorias são protegidas e oprimidos são libertados. Os trabalhadores recebem salário digno. Por que isso? Porque as pessoas têm valor reconhecido, não são coisificadas, reduzidas ao valor do que podem ter ou fazer, mas valorizadas pelo que são: amadas por Deus, por aquele que deu seu Filho para que tivessem vida abundante! O que podemos dizer sobre o conflito de gerações sob o aspecto da crise de significância? É necessário despertar nas pessoas o sentido da vida, dizer-lhes que elas são importantes e amadas, valorizar seus sonhos, ajudá-las a descobrir seu verdadeiro significado. Isso só é possível por meio do agir de Deus: é com o amor dele que somos levadas a construir uma nova identidade pessoal! Outro valor é a espiritualidade saudável (transcendência). Podemos compreender a busca por transcendência na "epidemia" ou "pandemia" do abuso de drogas, nos excitantes brutais e nas emoções breves e grotescas, por exemplo. Essa realidade leva-nos a compreender também a proliferação dos cultos religiosos misturados às antigas crenças, os misticismos, as novas seitas e religiões, os ocultismos, os movimentos de nova era, que vão desde o panteísmo dualista até as formas mais bizarras e absurdas de especulações da fé. A natureza desses fatos revela um tipo de exploração espiritual sem precedentes, onde pessoas com pouco senso crítico são levadas a crer em propostas de "fé" das mais variadas (sem considerar as formas de exploração financeira e material vinculadas a esse tipo de fé). É uma religião alienante, especulativa, chamada por Karl Marx de ópio do povo. Isso, porém, ocorreu nas primeiras décadas do século XX. Hoje, o que vemos nas religiões neocontemporâneas é que muitos se cansaram de esperar pelo Reino, que demora, invertendo a "esperança" na crença de um "reino" daqui mesmo, e agora. É o que podemos chamar de "imediatismo da fé" – próprio do nosso tempo.
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Diante desse complexo fenômeno, assumimos uma atitude de inconformidade e crítica, mas também de compreensão, porque certamente entendemos, à luz das Escrituras, o que está se passando. Familiarizados com essa aspiração humana e seus (des)caminhos, entendemos o relato do apóstolo Paulo, em seu memorável discurso diante dos filósofos atenienses. Ele diz que homens e mulheres estão tateando à procura de Deus como cegos, apalpando à procura do Criador, que os deixa sem descanso até que eles encontrem repouso em Deus. Eles estão manifestando a busca por transcendência. Aqui está mais um conflito de gerações, a partir de um valor deteriorado: as práticas da fé. O que fazer? Firmar nossas convicções quanto à natureza da fé, isto é, "quem" e "o quê" devem ser referenciais para a construção do nosso posicionamento de fé de forma sadia. Estudar as Escrituras e contextualizar sua mensagem. A transcendência é uma necessidade real, mesmo que atualmente ela esteja sendo vivida por muitos de forma alienante; posicionamentos radicalizantes não ajudarão na superação de conflitos advindos dessa natureza. Antes, é necessário perguntar até que ponto nossos cultos e nossas práticas espirituais têm suprido essa necessidade nossa e dos nossos jovens. A busca por comunhão é outra necessidade real. A sociedade atual faz confusão com a transcendência, desqualifica a significância e também prejudica a comunhão, tanto na família como na igreja. Embora seja uma aspiração humana, o que se percebe é um individualismo acirrado. As pessoas acham extremamente difícil se relacionar umas com as outras. Assim, continuam perseguindo exatamente aquilo que foge de si – amor em um mundo sem amor. Sobre esse tema, o teólogo Dietrich Bonhoeffer escreveu: "Temos de aprender a olhar os homens menos de acordo com o que fazem e deixam de fazer, do que em atenção ao que sofrem. A única relação fecunda com os homens – e particularmente com os fracos – é a do amor, isto é, a vontade de viver em comunidade. Deus mesmo não desprezou o homem, ao contrário, por causa do homem, Deus se tornou homem". Em tempos de globalização, portanto, diante de todos os desafios com os quais somos confrontados todos os dias, faz sentido procurar caminhos de compreensão entre os que pensam a realidade presente, imbuídos de uma vontade que reclama para si o futuro. O estágio de desenvolvimento da sociedade contemporânea é de profunda ruptura com o passado, ou rompimento com o velho, sem ter uma consciência clara do novo, tampouco do que se quer para o futuro, isso, portanto, faz aumentar a responsabilidade da igreja e dos cristãos em dar
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sua contribuição para discernir e clarificar esse momento histórico à luz das Escrituras. Essa é uma tarefa difícil, especialmente pelo terreno fugidio em que inevitavelmente temos caminhado. Contudo, Bonhoeffer nos ensina que "o caos é o ambiente propício às novas práticas libertadoras". Sabemos que, para o enfrentamento dessas realidades, é necessário conjugar simplicidade e inteligência para subsistir às demandas dessa geração encurralada. Que o Senhor nos capacite para o enfrentamento dos conflitos, com serenidade, amor e nos dê firmeza nos princípios e valores do seu Reino. Profª Ms. Vera Lucia Rodrigues Curitiba/PR
Trabalho manual Coroa de Páscoa 1) Faça um círculo com um arame, mais um menos grosso. 2) Amarre ao redor, com um fio de nylon, feixes de chá de marcela ou de outras flores ou folhas secas. Escolha uma planta típica de sua região. 3) Encaixe um palito de fósforo preso a um fio de nylon na abertura da casca de ovo já pintada. 4) Pendure as cascas de ovos em alturas diferentes no círculo.
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Arnilda Rück
A B R I L
Datas importantes 07 – Dia Mundial da Saúde 9-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE, em Curitiba/PR 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero
ABRIL Estai sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós. 1 Pedro 3.15
Meditação A razão da esperança Estar sempre preparado não significa viver em estado de sítio, de prontidão ou alerta. Mas é, antes, viver naturalmente segundo o que se aprendeu no estudo do evangelho. É viver segundo a fé. É responder através de atitudes e comportamentos que são do seu caráter, da sua formação e personalidade. Essa esperança é fé. É a certeza da promessa de Deus, da presença de Deus em nossa vida e naquilo que fazemos. Não de forma ingênua pensar que tudo são flores e que, milagrosamente Deus "ajeita" tudo. Ter esperança é agir comprometidamente em relação aos outros e à natureza, pois disso haveremos de prestar contas. Quem nos pede razão da nossa esperança está buscando respostas para seu vazio existencial, para suas ansiedades. Ainda não experimentou uma relação de confiança e de graça com o seu Criador e por isso não pode entender por que pessoas vão à igreja, freqüentam cultos, reuniões e são felizes com isso, que considera tão pouco. Uma contradição é estar intimamente ligada a uma comunidade e simplesmente resmungar. Isso é dar razão àqueles que já não entendem a razão da nossa esperança e confundir a muitos. Em que seremos diferentes das pessoas que vivem se lamentando?! Estar preparado é descansar na certeza de que o Deus em que cremos e esperamos vela por nós, não desiste de nós e proverá sempre para nós. É bom que indaguem da esperança que há em nós. Não desperdicemos a oportunidade de falar das coisas que vimos e ouvimos e do que Deus tem feito em nossa vida (o grupo relata). É tempo oportuno de dar testemunho daquele que sempre age em nosso favor, que nos tirou da escuridão da ignorância e promove vida nova em nós, nos desviando de falsetas e nos
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indicando novos caminhos e jeitos onde podemos sempre encontrar outra possibilidade. Muitas pessoas pedirão a razão da esperança que há em nós e assim o ciclo se perpetua; e vamos contagiando e transformando realidades de descrença e sofrimento em realidades de reconstrução, de vidas transformadas em alegria e felicidade com renovada esperança. Se nos indagam é por que viram algo diferente em nós e esse diferencial é Jesus, que nos dignifica perante o Pai e nos leva a viver em novidade de vida, de modo que Deus pode e quer mudar suas vidas, aos olhos dos vacilantes. É a sede dessa mudança, talvez inconsciente ainda, que os leva a pedir a razão da esperança que há em nós. Estejamos sempre preparadas para responder que Deus é a indubitável razão da esperança que há em nós. Deixemos nos guiar por ele, atraídas por suas promessas de vida em abundância. Ani Cheila Kummer Dom Pedrito/RS
Andando na luz de Deus Fugindo da presença do Senhor Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim. Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do Senhor, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor. Jonas 1.1-3 Em todos os tempos e lugares, o ser humano é o mesmo. Ele tem necessidades básicas, como comer, beber e dormir. Para falar ou ouvir, precisa relacionar-se com alguém, que reage da mesma forma. O excelente filme "O Náufrago" retrata muito bem essa realidade de dependência na qual vivemos. Fatores culturais ou climáticos podem mudar, porém não alteram o curso normal da vida. Mas há algo muito maior que distingue o
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ser humano. Ele não pode dar vida a si mesmo. Ele tem um Criador que deu início ao projeto de vida e multiplicação de vida sobre a face da terra. Nas Sagradas Escrituras aprendemos que Deus, já no início, procurou ter no ser humano um parceiro para guardar toda a criação e para se comunicar com ele. Deixou regras muito claras. Mas o ser humano, querendo ser dono de si mesmo e viver segundo seus próprios critérios, caiu na desobediência. Ao degustar do fruto proibido, a relação entre Criador e criatura foi quebrada. Mesmo assim, Deus não se deu por vencido. Ele foi atrás de Adão e perguntou: "Onde estás?" (Gênesis 3.9). O mesmo procedimento Deus tomou quando Caim matou seu irmão Abel (Gênesis 4.9). No episódio do dilúvio e na construção da torre de Babel, Deus não se conformou com a atitude do ser humano. Deus quer que toda criatura leve em conta a sua vontade. Desta forma, a postura correta do ser humano é perguntar-se constantemente o que Deus quer e espera de cada um de nós. No texto em questão aqui, está em cena o personagem Jonas. Creio que todos nós, desde a mais tenra idade, ouvimos falar desse homem e ficamos intrigados sobre como ele pôde permanecer vivo no ventre de um grande peixe por três dias e três noites. Talvez vencidos pela incredulidade, tenhamos enquadrado essa história nos chamados "contos de fada". Mas esse relato encontra-se nas Sagradas Escrituras e dali não pode ser retirado ou anulado. O próprio Senhor Jesus referiu-se a esse episódio dizendo que, da mesma forma que Jonas, ele, JESUS, após sua morte, estaria por três dias e três noites no coração da terra (Mateus 12.40). Assim, duvidar do que aconteceu na vida de Jonas é o mesmo que duvidar da morte expiatória e da ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Vejamos o que está em jogo neste texto em três pontos: A – "Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai" – Jonas foi alvo da ação de Deus. Ele não deveria ser confundido com nenhum outro, por isso a menção de quem era filho. Deus tinha um propósito com a vida desse homem. Era alguém escolhido para uma missão bem específica. Esse chamado não foi um sonho em sua vida. Também não estava ao alcance dele dispensar ou anular o que Deus colocara em seu viver. B – A missão de Jonas não era nada agradável. Sua tarefa: "Ir à cidade de Nínive e chamar o povo ao arrependimento com confissão de culpa pelos seus atos". Proclamar o que soa de forma agradável aos ouvidos é fácil. Extremamente difícil é acusar alguém de procedimentos pecaminosos. Pense: "Se fosse comigo, também eu não tremeria nas bases?". C – Ao deixar o rumo da cidade de Nínive, Jonas fugiu da presença do Senhor. Optou pelo lado oposto, dirigindo-se para Társis. Jonas procu-
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rou libertar-se da missão recebida. Ele tentou um caminho mais fácil. Parecia até que os fatos estavam a seu favor, pois em Jope "encontrou um navio", e o dinheiro para a compra da passagem não era o problema. Assim, de forma bem consciente, Jonas decidiu andar para bem longe da presença do Senhor. Fugir de Deus é procurar fazer valer sua própria vontade. É viver emancipado do Pai e assim traçar seu próprio destino. Fugir de Deus é optar pela solidão e pela escuridão. É andar na direção da própria sombra. É afastar-se da LUZ. O que aconteceu com Jonas? Deus foi atrás dele. Deus não desistiu do seu intento, assim como não desistiu de Adão, de Caim e de todos os seres humanos. E nós, hoje, temos a consciência de que estamos fugindo da presença de Deus? A minha infância vivi em uma pequena vila do interior do Rio Grande do Sul. Aos domingos à tarde, junto com meus amigos, jogávamos futebol e, no mesmo horário, muitas vezes, acontecia o culto. A brincadeira de correr atrás da bola falava mais alto. Lá no gramado, à medida que ouvia o badalar do sino que anunciava o início do culto, meu conflito aumentava. Afinal, pensava eu, o jogo de futebol sempre é possível, mas o culto acontece somente uma vez por mês. A consciência pesava, porque eu tinha a convicção de que, com a escolha do futebol, naquele momento, eu deixava Deus de lado. No meu íntimo, era como se eu estivesse fugindo da presença de Deus. Neste mundo conturbado e com tantas opções, pessoas que declaram ser cristãs fogem da presença de Deus quando deixam de lado sua palavra bem como a comunhão com outros que estão na caminhada de fé. Clareza de propósitos é crucial para o viver de qualquer pessoa ou organização. Não é olhando para um templo ou contribuindo financeiramente que saberemos o que Deus deseja para nossa vida. Deus se revela pela palavra, nos chama e nos envia a cumprir sua vontade, sempre respeitando os dons que ele nos dá. Fugir ou esquivar-se do caminho proposto por Deus é uma opção que não produzirá paz e realização interior.
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Para reflexão A) Cultivamos em nós a certeza de que Deus tem nos chamado? Compartilhar. B) Temos, como grupo, fugido da missão recebida da parte de Deus? Ouvir testemunhos. C) Deus não desiste de nós. De que forma o Senhor tem nos resgatado? D) Jonas teve uma missão bem específica. Qual é a sua missão? Na família? No trabalho?... Sugestão: O grupo poderá selecionar três ou quatro depoimentos sobre a missão de cada pessoa e representá-los em um quadro (ou cartolina). Ao retornar, nos próximos encontros, falar e registrar as ações concretas que foram tomadas em favor da missão pessoal, sendo assim uma ajuda para não fugir da presença de Deus e para longe dos seus propósitos. Pastor Bruno Janssen Florianópolis/SC
Pare e pense A arte de pescar O texto do Evangelho de Mateus 4.18-22 conta-nos sobre um encontro surpreendente e transformador ao mesmo tempo. Ele não acontece no histórico e imponente templo de Jerusalém. Também não conta com a presença testemunhal da liderança religiosa. Ele ocorre junto ao mar da Galiléia. Foi ali que Jesus se encontrou com quatro pescadores. Dois deles estavam pescando, enquanto os outros dois consertavam redes. Jesus passava por ali e foi ao encontro daqueles homens que faziam da arte de pescar sua fonte de renda. Jesus encontrava-se caminhando junto ao mar. Isso significa que Jesus freqüentava os mais diferentes lugares da Palestina. Ele ia ao encontro das pessoas, conhecia sua realidade, convivia com elas e apresentava-lhes o evangelho. A palavra evangelho significa boa notícia. Pode também ser entendida como boa-nova. Mas qual é o conteúdo dessa boa notícia? O conteúdo da boa notícia recebe um nome: Jesus Cristo. Por meio de Cristo, Deus fala-nos de seu amor e salvação pela humanidade. Jesus é o evangelho, o conteúdo dessa boa notícia.
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Na narrativa, o evangelista Mateus informa-nos que Jesus viu/enxergou os irmãos Pedro e André, Tiago e João. Certamente essa não deve ter sido a primeira vez em que Jesus viu aqueles quatro pescadores, ou que esses o tenham visto. Deve ter havido muitas outras oportunidades em que eles já haviam conversado ou escutado Jesus. Pedro e André estavam pescando, enquanto Tiago e João estavam consertando redes. Jesus não desperdiçou a oportunidade de convidá-los para que, também eles, passassem a anunciar o evangelho. Assim como pescavam peixes, Pedro, André, Tiago e João foram convidados, a partir da experiência profissional, a fazer o mesmo, só que agora com pessoas. A experiência recolhida ao longo dos anos como pescador, pôde, a partir daquele momento, ser disponibilizada de uma outra maneira: a serviço do anúncio do evangelho. O que podemos aprender com a arte de pescar em relação ao anúncio do evangelho? O pescador necessita exercitar a paciência. Disso também nos lembra um adesivo afixado em muitos automóveis: Tá nervoso? Vai pescar! O pescador deve aprender a esperar pacientemente a chegada do peixe. Uma pessoa inquieta, intranqüila, terá grandes dificuldades em ser um bom pescador. O mesmo vale para os cristãos que testemunham sua fé em Cristo. É necessário paciência. Na pregação e no ensino do evangelho, os resultados não acontecem de forma imediata. É preciso aprender a esperar. O pescador necessita perseverar. Não há garantias de sucesso. Incerteza é o que predomina ao longo de uma pescaria. Por isso, não desanimemos frente a objetivos que não foram alcançados. Nesse sentido, o poema do pastor Lindolfo Weingärtner ilustra, de maneira magnífica, o exercício da perseverança: Prática da esperança Uma canoa à beira da laguna. Um velho pescador, os pés firmados na popa, lançando a tarrafa. Há meia hora que o estou observando. É um senhor tarrafeador: em círculo perfeito a rede cai sobre a água. Ele espera, enquanto a tarrafa afunda, até que suas bordas, pesadas de chumbo, tocam o fundo lamacento. Depois começa a puxar a corda, cauteloso,
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rzajc / Stockxpert
com mãos esperançosas, ansiosas, sentindo que há vida na rede, ou se vai ser outra esperança desfeita. A rede está vazia. Ele a sacode, prepara o próximo lance. Contei os arremessos: vinte e três vezes a tirou da água, vazia. Ele sabe: Há dias em que é preciso lançar a rede, contrariando as expectativas, Perseverança é qualidade do pescador contrariando o bom senso – vinte vezes, cinqüenta vezes, cem vezes – Porque é preciso lançar a rede, ensaiando esperança, praticando esperança – porque deixar de lançá-la seria o mesmo que desistir, e desistir seria igual a morrer Prática da esperança: Agradeço-te, velho pescador. Teu trabalho não foi em vão. Hoje eu necessitava desesperadamente que alguém me desse o recado que me acabas de dar. Eu o entendi. O pescador necessita de coragem. Os pescadores, quando partem rumo a uma pescaria, desconhecem o que poderão encontrar em alto-mar. Talvez se deparem com ventos fortes, ondas altas, calmaria ou outro perigo. Anunciar o evangelho não é tarefa fácil. A mensagem do evangelho não tem como finalidade agradar as pessoas. É um convite para mudança. É um chamado para o testemunho em palavras e ação visando ao bem do próximo sofredor. Também serve para o questionamento da ordem estabelecida, que gera sofrimento, dor e morte de quem foi criado à imagem e à semelhança de Deus. O pescador deve discernir o tempo apropriado para a pesca. Pescador experiente e sábio sabe que existem momentos não propícios à pesca. Calejado pela experiência da vida, não desperdiçará forças. Há ocasiões em que as pessoas acolherão a mensagem transformadora do evangelho com
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alegria e gratidão a Deus. Em outras, poderão resistir, desconsiderá-lo e até ignorar sua importância para a vida. Há momentos de anunciar e momentos de calar. O pescador deve ter a malha certa para o tamanho do peixe. Cada peixe só pode ser pescado com a malha compatível com seu tamanho. Na tarefa de anunciar o evangelho, faz bem quando nos aproximamos das pessoas. Nem todas serão atraídas pelo evangelho com um único tipo de pregação ou modelo de trabalho comunitário. Conhecer a realidade social, cultural e econômica das pessoas pode ser um importante aliado no anúncio do evangelho. O pescador deve reconhecer suas limitações. Sábio é o pescador que reconhece suas limitações na arte da pesca. Ele tem muito a aprender. Isso também vale para nós no anúncio do evangelho. Somos limitados. Aceitar essa verdade e acolhê-la humildemente em nossos corações libertam-nos para assumir o que verdadeiramente somos e não o que pensamos ou tentamos aparentar. Necessitamos da ajuda de outros na caminhada da fé e no testemunho do evangelho. O pescador deve manter-se oculto. Na pescaria, faz bem quando o pescador não aparece muito. A discrição é uma virtude. Se a presença do pescador fica muito à vista, sua sombra projetada espantará os peixes. No anúncio e na vivência do evangelho quem deve aparecer é o anunciado e não a pessoa que o anuncia, ou seja, Jesus Cristo, o Senhor, a quem cabem a honra e a glória pelos séculos dos séculos. O chamado continua. Assim como Jesus chamou Pedro e André, Tiago e João, junto ao mar da Galiléia, ainda hoje ele continua a chamar pessoas para segui-lo. Do mesmo modo que esses deixaram para trás as redes para seguir a Cristo e se tornar pescadores de pessoas, Deus continua chamando pessoas para que se tornem discípulos e discípulas. O chamado persiste. Conseguimos ouvi-lo? Pastor Homero Severo Pinto Porto Alegre/RS
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Arlete Schulz
Datas importantes 01 – Ascensão de Nosso Senhor Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da primeira comunidade da IECLB no Brasil, em Nova Friburgo/RJ 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial 11 – Domingo de Pentecostes Dia das Mães 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE
M A I O
MAIO Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente. 1 Coríntios 14.15
Meditação Ora-ação Orar... uma palavra tão simples, mas que guarda em si uma força imensa, um poder incrível e muita determinação. Sabemos que as pessoas oram, mas não como oram. Sua oração pode ser decorada, como as orações do Pai-Nosso, Credo Apostólico e outras, ou suas orações podem espontâneas, com sentimentos, com alma. Não basta sair de nossa boca uma ladainha inteira que estaremos salvos! Isso não é suficiente, pois a oração deve ser acompanhada por arrependimento e perdão. Após a oração, nossa alma deve estar em paz e tranqüila. Conta uma história que um pastor foi fazer uma visita a um membro de sua comunidade, pois sabia que ele estava de briga com seu vizinho. Na conversa com o membro, o pastor resolveu falar sobre o desentendimento com o vizinho. Este ficou muito furioso e falou ao pastor que a porta de sua casa estava aberta para ele, mas que não deveria comentar o desentendimento com o vizinho, pois ele jamais o perdoaria. Na hora de ir para casa, o pastor pediu para fazer uma oração e ele rezou assim: "Pai nosso, que estás no céu. Santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino. Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. E não nos deixes cair em tentação, mas livranos do mal. Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém". O pastor despediu-se e foi embora. O membro parou para pensar e percebeu que o pastor havia esquecido de rezar uma parte do Pai-Nosso. Correu atrás do pastor, que já se encontrava no portão, saindo de sua propriedade. O membro chamou-o e falou que ele havia esquecido uma parte da oração. E o pastor falou: – Como poderia rezar e pedir perdão se tu não queres perdoar teu vizinho?! Foi então que ele percebeu o quanto estava errado. Isso tudo tocou seu coração, despertou sua alma e veio o arrependimento. Foi aí que ele
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pediu ao pastor que o perdoasse e que faria o mesmo com seu vizinho. Então, juntos, eles oraram a oração por inteiro. Oração, uma palavra simples, mas com um poder incrível. Orar para poder ter ação. O poder da oração é tão grande que, quando realizada, você se sente protegida, amparada por Deus. Nenhum mal nos atinge, pois estamos protegidos por ele. Quando oramos com fé para pedir ajuda em nossos momentos de angústia, sofrimento, doença e aflição, Deus nos ampara, nos carrega no colo e nos protege; quando acreditamos com fé, até nossos males são curados; basta crer e acreditar que Deus tudo pode, que tudo é possível para aquele que nos fortalece. Ore, peça, busque a Deus. Ele vai responder a todas as suas orações. Talvez com respostas diferentes das que você espera, por isso, prepare seu espírito e sua mente. Sugestão: Realizar no grupo de OASE o "amigo-oculto" da oração. Inês Salete Szczuk Mundt Pato Bragado/PR
Andando na luz de Deus Andando pelo deserto Leitura dramatizada de Êxodo 15.22-27 LEITORA 1: v. 22 – Fez Moisés partir a Israel do mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur; caminharam três dias no deserto e não acharam água. v. 23 – Afinal, chegaram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara. v. 24 – E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: TODAS: v. 24 – Que havemos de beber? LEITORA 1: v. 25 – Então, Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou, e disse: LEITORA 2 (voz de Deus): v. 26 - Se ouvires atento à voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor, que te sara.
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LEITORA 1: v. 27 – Então chegou a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras; e se acamparam junto das águas. Destaques no texto O primeiro destaque é o deserto. Caminharam três dias pelo deserto (v. 22). O deserto não é lugar bom de estar; o sol, calor durante o dia, frio durante a noite, animais peçonhentos, privação de água e comida etc. O deserto é um lugar amargo, até a água é salobre. Mas foi preciso andar pelo deserto para chegar à Terra Prometida. Nossa imagem de deserto é heder / Stockxpert a falta de vida e lugar de tentação (Mateus 4). Porém, o deserto não precisa só ser negativo. Ele pode ser lugar de recolhimento, silêncio, descanso (Mateus 14.13; Marcos 6.31). Um segundo assunto que se destaca é que o andar pelo deserto provocou várias reações no povo. A Deserto pode ser lugar de silêncio e autoconhecimento reação mais presente foi a "murmuração" ou, conforme algumas versões, a reclamação (v. 24). A caminhada do povo está repleta de murmurações e reclamações. Já antes da passagem pelo mar Vermelho houve reclamação (leia Êxodo 14.11-12). O povo murmurou contra a sede (Números 20.2s.), contra a fome (Êxodo 16.2) e contra os perigos da guerra (Números 14.2s.). A murmuração e o querer voltar para a escravidão do Egito estavam bem presentes na caminhada. Por fim, um tema presente no texto é a presença de Deus e a devida confiança que nele precisa ser depositada. "Eu sou o Senhor, que te sara" (v. 26). Deus anda com o povo pelo deserto. Ele deixou seus estatutos, seus mandamentos, sinais de que está presente. Mas, diante da sede, parece que a confiança no Deus que os tirou com braço forte do Egito diminui. Dinâmica Trazer para o encontro folhas de algum chá amargo e balas. 1 – Dê uma folha de chá amargo para cada pessoa e peça que todas mastiguem.
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2 – Distribua as balas e peça que todas a comam. 3 – Converse: a) O que é mais gostoso? b) O que é mais saudável? c) Compare com a vida: BALAS = alegrias, bons momentos, saúde. São doces e bons de experimentar. d) Compare com a vida: CHÁ AMARGO = tristezas, sofrimentos. Problemas são amargos e não queremos experimentá-los. e) O que é mais saudável para nossa vida? Os momentos doces ou os amargos? Refletindo sobre nós – comentário Todos nós passamos por desertos, maiores ou menores; alguns são muito amargos. Não é possível fugir do deserto, isto é, as promessas de que a vida é só felicidade não são verdadeiras. Não acredite naqueles que dizem que o sofrimento e a doença não existem se tivermos uma disposição mental positiva. A sede na vida vem, a fome vem, a dor vem! Não acredite naqueles que dizem que, sendo filha de Deus, você não pode sofrer e que você deve requerer a bênção de Deus sobre sua vida. Não acredite naqueles que dizem que você sofre, passa pelo deserto, pois sua fé é pequena. Olhe para os desertos como oportunidades que Deus está dando para confiar nele acima de todas as coisas. Olhe para os milagres que ele já realizou. Quantas vezes ele te guiou em terras secas! Quantas vezes ele já matou sua sede! Quem ainda não reclamou da vida? Quantas queixas! Há quem só sabe se queixar! Quantas pessoas você conhece que murmuram? Facilmente caímos na murmuração; achamos que a vida está nos dando pouco e que Deus se descuidou de nós! Antes de tudo, Deus não se descuida de nós. Ele é presente e nele podemos colocar toda a esperança. Quando surge a reclamação na vida, quando surgem as perguntas: Por que a vida está me dando isso? Por que minha vida não é diferente? Não responda, nem tente responder, pois você empurra a culpa sobre o mundo e sobre os outros! Mude a pergunta: O que eu estou fazendo com a minha vida? O que eu estou fazendo para que minha vida seja diferente? As respostas dependem de mim e não dos outros! O povo de Israel era de "cabeça dura", pode-se dizer que eram teimosos. Veja o que diz o Salmo 78.10-22. Deus fez muito por eles, deu-lhes pão e água, sobrevivência no deserto, mas eles disseram: É verdade que Deus nos deu água, mas será que pode nos dar carne?! (v. 20). Tantas vezes
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achamos pouco o que Deus já faz por nós, pensamos que ele deveria fazer mais ainda! Reflita sobre isso. Faça a leitura do Salmo 40.1-11 em forma de oração. Pastor Afonso Adolfo Weimer Medianeira/PR
Dia das Mães Bênção - mulher - mãe Mulher! Uma bênção para o teu cotidiano! Deus, fonte da vida, abençoe o teu viver, keverett / Stockxpert em todas as estações da vida... Primavera... verão... outono... inverno... Na alegria... na festa... na tristeza... no luto... na saúde... na doença. Deus, fonte da vida, abençoe o teu viver, durante o dia... durante a noite... no brilho do sol... no cair da chuva... na escuridão das trevas... no iluminar das estrelas e da luz... Deus, fonte da vida, abençoe o teu viver, nas horas de trabalho... na produção... na criação... dando-te prazer e alegria naquilo que fazes. Deus, fonte da vida, abençoe o teu viver, no descanso... no lazer... para que sejam "curtidos" como graça da eternidade! Deus, fonte da vida, abençoe o teu viver, para que a tua vida seja plena, fonte de bênçãos, jorrando águas vivas sobre o chão que vieres a pisar. Amém. Pastora Claudete B. Ulrich Jaraguá do Sul/SC
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Friedrich Gierus
Datas importantes 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 10 – Dia do Pastor e da Pastora 11 – 1948 – Fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo
J U N H O
JUNHO O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação. Êxodo 15.2
Meditação O cântico de Moisés "E assim, o Senhor livrou Israel naquele dia das mãos dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel o grande poder que o Senhor exercitara contra os egípcios e o povo temeu ao Senhor e confiaram no Senhor e em Moisés, seu servo" (Êxodo 14.30-31). Foram muitos anos de sacrifícios e de esperanças desfeitas até que o povo de Israel chegou ao mar Vermelho e o atravessou a salvo, a caminho da Terra Prometida, livre da escravidão egípcia. Quando finalmente constataram que foram libertos e salvos pelo Deus de misericórdia, entoaram em uníssono, com Moisés, o cântico de louvor: "O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação" (Êxodo 15.2). Só então reconheceram, realmente, a imensurável graça, proteção e o amor de Deus e celebraram a intervenção divina ao derrotar aqueles que perseguiam o povo de Deus. Os fatos acima aconteceram por volta de 1290 a.C. Moisés fora educado como um príncipe egípcio, mas sempre soube ser hebreu. Observando os maus-tratos que sofria seu povo sob o jugo egípcio, um dia, num gesto impetuoso, matou um egípcio em defesa de um hebreu escravizado. Teve de fugir para não ser morto. Tinha então cerca de quarenta anos. Chegando à Mídia, foi acolhido por Jetro, mais tarde seu sogro. Pastoreou ovelhas por longos anos. Foi lá que Deus o buscou, fazendo de Moisés guia e libertador do seu povo escolhido, Israel. Moisés ouviu o chamado do Senhor, atendeu e obedeceu, capacitado por Deus para sua missão. O Senhor falou a Moisés, afirmando: "EU SOU" – uma forma verbal que expressa passado, presente e futuro ao mesmo tempo: YAHWEH (Javé), que indica a natureza imutável e eterna de Deus. Moisés obedeceu, confiante, assumindo sua tarefa. Era um homem de fé. Durante os quarenta anos no deserto, intercedeu pelo seu povo, tan-
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tas vezes rebelde, junto a Deus. Homem longânime, forte, superou as revoltas e a ingratidão do povo hebreu buscando a presença e ajuda de Deus, seu Deus, zeloso pela honra do seu santo nome. Assim Moisés atravessou o mar Vermelho, guiando o povo escolhido, firmado nas promessas de seu Deus, o Deus de Israel. E então, naquela imensidão do deserto, entoou o cântico que sintetiza o motivo real de sua vitória sobre os egípcios: "O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação" (Êxodo 15.2). A saída do Egito, para os israelitas, foi a prova da graça, da proteção e do amor de Deus. E continua o mesmo para nós, povo de Deus, hoje: uma prova perene, eterna, do amor, da graça e da proteção de Deus em nossa vida diária. Libertando-nos da escravidão dos medos, da insegurança e da falta de fé. O Senhor nos fortalece e nos salva diariamente. Deus nunca faz pouco caso do sofrimento de seu povo. Ele toma conhecimento misericordioso de nossa situação ao nos dirigirmos a ele em oração. A promessa de sua presença real é a resposta à fraqueza humana, quando nos oferece oportunidade de arrependimento e perdão. Obediência a Deus é essencial. Cada vez que rejeitamos parte da vontade divina para nossas vidas, mais difícil se torna para nós ter fé e entender o que Deus deseja de nós. A amargura e o sofrimento privam as pessoas do consolo das promessas de Deus. Esquecemos algo muito importante: que o impossível para a capacidade humana é a oportunidade para Deus intervir com seus planos de graciosa salvação. Quando Deus se compadece dos aflitos e promete auxílio, muitas vezes usa-nos para ser instrumentos em suas mãos divinas. Como? Orando como Moisés orou quando Deus o incumbiu de resgatar o povo israelita. Orando uns pelos outros, intercedendo pelos aflitos, provando por atitudes que Deus dirige nossas vidas. Que Deus é a nossa força, que nos ensina como agir. Não será tarefa como a de Moisés 3000 anos atrás, mas, por menor que seja, alcançará sua meta se movida por força divina. Moisés foi chamado por Deus também para tornar conhecida a vontade de Deus contida nos Dez Mandamentos, que vale não só para o povo hebreu de então, mas também para nós hoje, incumbidos da tarefa grandiosa de resgatar corações escravizados por desânimo, orgulho, desamor e impiedade, e por tantos outros "faraós modernos", não menos opressores e impiedosos, que nos mantêm sob seu jugo. O exemplo de Moisés permanece ainda hoje, século XXI. Sua fé, obediência e completa submissão à vontade do Senhor capacitaram-no dandolhe força para sua árdua missão. E o seu cântico de louvor o conservou
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firme, vencendo todas as dificuldades nos quarenta anos de peregrinação no deserto, rumo à Terra Prometida. Alcançou seu objetivo, com o Senhor a guiá-lo e fortalecê-lo. Qual é a Terra Prometida que o Senhor nos incumbiu de alcançar? Há muitas pessoas a libertar de alguma escravidão, que as oprime e impede de viver plenamente, para, por fim, chegar à Terra Prometida e cantar: "O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação" (Êxodo 15.2). Dagmar S. Triska Florianópolis/SC
Andando na luz de Deus Andar digno é andar no amor Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. Efésios 4.1-6 Vocação é chamado. Como igreja de Jesus Cristo, somos chamados a ser instrumentos, unidos a um corpo, que é o Corpo de Cristo, na tarefa de ser reconciliadores e reconciliadoras. Paulo, autor da Carta aos Efésios, encontra-se preso (4.1) e é da prisão que ele escreve orientações para a comunidade de crentes. A comunidade não se cria por si mesma, mas é fruto da ação do Espírito Santo. As pessoas da comunidade de Éfeso não vieram a ser cristãs por méritos próprios, mas, sim, por escolha e doação de Deus (1.4). Essa comunidade é formada por diversas pessoas, diferentes umas das outras, com convicções e anseios diferenciados, com desejos distintos. O anseio do autor é que essas pessoas encontrem a unidade em sua diversidade. Essa unidade dá-se pela ação do próprio Deus, porém ela precisa ser preservada. Como isso é possível? Paulo dá dicas e orientações.
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Em primeiro lugar, a unidade é preservada pelo modo de andar: com humildade e mansidão. Aprendemos a ser humildes através do exemplo do próprio Cristo (Filipenses 2.5-11). Esse sentimento que houve em Cristo deve ser copiado, assimilado em nossas atitudes, com mansidão, ou seja, uma índole ou um procedimento pacífico, com confiança e dependência na esperança que provém de Deus, com longanimidade, paciência, firmeza de ânimo, perseverança. Nem todas as pessoas pensam como nós. Precisamos aprender a ser mansos e a ter um grande ânimo em nosso dia-a-dia. Em segundo lugar, nosso andar deve visar ao suporte de nossos irmãos e irmãs na fé. Imagine uma viga que sustenta um teto ou uma parede. Pense na possibilidade daquela viga não sustentar o teto que nos abriga. O que aconteceria? Ele, com certeza, acaba caindo, pois não tem sustentação. Da mesma forma é o grupo que não se suporta, que não se sustenta, que não se abraça, que não anda unido. Ele não se mantém de pé, ao contrário, ele desaba. Suportar é amar! Esta é a ferramenta de Deus para nos manter firmes e unidos – o amor! Certa vez, perguntei a um amigo, que considero como irmão, se ele me amava. Ele me disse que sim. Então perguntei por quê? Ele respondeu: Porque decidi amar você independentemente do que você faz ou diz. Amar é aceitar. Amar também é se dedicar ao outro. Amar é mais do que sentimento, é decisão! O que nos atrapalha e corrói esse suporte amoroso é a inveja, a fofoca e as más intenções no grupo. Andemos de modo digno da nossa vocação, chamados para ser suporte de vidas! Em terceiro lugar, esse andar digno exige certo esforço para preservar a unidade. Nisso está um desafio para nossa comunidade e nossos grupos. Como e de que modo podemos preservar nossa unidade? Que esforços podem ser feitos para nos fazer crescer e vivenciar o amor, que é a chave para nosso convívio? Cada grupo deve avaliar, em seu contexto, meios de aperfeiçoar o amor. É preciso tornar-se um apaixonado no esforço de preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. A paz é o resultado de nossos esforços e do nosso amor. A paz mantém-nos unidos. O andar digno segundo a nossa vocação tem um fundamento. Este fundamento está em conhecer a "um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (4.5). Jesus Cristo é o nosso Senhor. Essa confissão alerta-nos de que nada, nem obras, nem poderes, é tão importante quanto Deus em Cristo. Nada é maior do que Jesus e seu amor por nós. Ele é único! Assim Jesus é o fundamento de nossa esperança. Essa ligação dá-se por meio da fé. Uma única fé. Não é uma fé morta ou falsa, mas uma fé que é entrega confiante. Não é como se colocássemos nossos anseios e desejos diante de um horóscopo ou diante de promessas vazias de cartas de tarô. Nossa fé baseia-se em Jesus
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Pastor Leandro e o grupo de OASE de Cosmópolis/SP
Cristo. Por isso também há somente um Batismo. O Batismo pode ser comparado ao selo do Espírito Santo, atestando nossa filiação com Deus. Batismo é o abraço de Deus dado a nós já no início de nossa caminhada de fé! Da mesma forma, há um só Deus e Pai. Aqui encontramos uma das formas usadas pelo autor para definir a ação de Deus – como um pai! Destaca-se a idéia de um cuidador, mantenedor, não de um juiz ou rei distante. A figura do pai remete-nos à proteção. Deus é nosso Pai; ele está acima todos, ele age por meio de todos e está em todos! Essa expressão mostra o domínio e a amplitude de Deus, que são eternos e completos. Ou seja, Deus não criou o mundo e depois o abandonou, ao contrário: ele está em nosso meio, guiando, criando, sustentando, amando! Quando olhamos para nossos grupos de OASE, o que vemos? Qual é a nossa situação? Há controvérsias, rixas, competições? Há desavenças causadas por inimizades e fofocas? Há falta de perdão? Há competição entre a OASE e os demais departamentos da comunidade? Se houver uma única resposta afirmativa, então é preciso trabalhar a unidade. As dificuldades e barreiras carecem de ações de amor, que geram humildade, calma, paciência, perseverança. Essas ações darão novo ânimo para nossos grupos e sentido de existência, como preservadoras da unidade e da paz. Andar de modo digno da nossa vocação é um andar fundamentado no amor! Que Deus nos ajude! Pastor Leandro Luis da Silva Cosmópolis/SP
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História Centenário da OASE de Blumenau Oito anos depois da fundação do primeiro grupo de senhoras evangélicas em Rio Claro/SP, no ano de 1899, cujo centenário foi comemorado pela Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE ) da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), formaram-se o segundo e o terceiro grupo no Brasil. Ambos os grupos são de comunidades do Sínodo do Vale do Itajaí, em Blumenau e em Brusque, Santa Catarina. No dia 2 de setembro, dia em que Blumenau comemora sua fundação, no ano de 1907, ano do cinqüentenário da comunidade evangélica, reuniram-se na casa pastoral quinze senhoras, atendendo convite da esposa do pastor, sra. Mildred Mummelthey. Ela tinha sido enfermeira da Cruz Vermelha da Inglaterra e foi a "Frau Pastor" que liderou em Blumenau a formação do grupo que se denominou "Evangelischer Frauenverein" – Sociedade Evangélica de Senhoras. Este nome é conservado até hoje e com este nome o grupo de senhoras existe há 100 anos em Blumenau, comemorando seu centenário em 2007. A motivação para sua formação veio de Mildred Mummelthey, que realizava cursos de formação de auxiliares de enfermagem junto ao hospital da cidade. Com sua experiência adquirida na Cruz Vermelha, ela tinha a sensibilidade para ver e compreender a situação social de muitas pessoas doentes e pobres e conhecimento necessário para preparar voluntários para a tarefa de prestar auxílio a doentes. Ela mesma preparou o documento que veio a ser o estatuto, após diálogo e aprovação das quinze senhoras presentes. Esse estatuto deixou bem claro, já no seu primeiro artigo, o que a Sociedade Evangélica de Senhoras pretendia: "[...] tem por objetivo cuidar de pobres e doentes". Essa preocupação social acompanhou a entidade ao longo de toda a sua história de cem anos. Essa entendeu muito depressa que não bastava o trabalho voluntário, era necessário contar com pessoas qualificadas para o serviço. Assim, estabeleceram-se contatos com a Alemanha e foram contratadas duas diaconisas com formação em enfermagem. Esse foi um ato de pioneirismo, foram as primeiras diaconisas que vieram ao Brasil. A necessidade de atender pobres e cuidar de doentes concretizou-se na precária situação de parturientes, mormente daquelas mulheres que viviam longe do centro da cidade. Era elevado o número de mulheres que faleciam no
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parto. Assim, vieram em seguida diaconisas parteiras formadas, que atendiam de casa em casa e de caso em caso onde eram solicitadas. Alugou-se uma casa para servir de moradia para as diaconisas e estas, muitas vezes, acolhiam nela mulheres que moravam muito longe, transformando a casa em maternidade, embora provisória e precária. No ano de 1920, uma das fundadoras, a associada Johanna Hering, doou um terreno situado no centro da cidade para nele ser edificada uma maternidade. Dois anos mais tarde, no dia 7 de setembro de 1922, quando se festejava o centenário da Independência do Brasil, foi lançada a pedra fundamental da maternidade que, em homenagem à doadora do terreno, recebeu o nome de Johannastift. No ano de 1923, essa primeira maternidade foi inaugurada e, em 1951, foi construída uma nova que recebeu o nome de Elsbeth Koehler. O prédio do Johannastift, que abriga hoje a Casa do Comércio, continua sendo propriedade da Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau. A primeira presidente desse grupo de senhoras foi a senhora Mildred Mummelthey, de 1907 a 1910. Ela foi sucedida por Elsbeth Koehler, que ocupara o cargo de secretária nos primeiros três anos e permaneceu na presidência até o ano de 1947, sendo sucedida por Irmgard Hafner, que dirigiu a entidade por dois anos. Em 1949, foi eleita Hertha Hildebrand, que foi reeleita sucessivamente até deixar a presidência em 1976. Desde então, a Sociedade Evangélica de Senhoras teve as seguintes presidentes: Ilse Hueskes, Briguitte Rosenbrock, Ruth Koschel, Marlene Odebrecht e, atualmente, Elise Stodieck. Tanto Elsbeth Koehler, que integrou a diretoria por quarenta anos, como sua filha Hertha Hildebrand, que presidiu a entidade por 27 anos, tinham personalidade marcante, sendo que a persistência, a dedicação, o amor e o carinho tanto pelas associadas que formavam a "Montagsgruppe" como pelos objetivos são características que marcaram época e que lhes trouxeram a admiração de toda a comunidade e de toda a cidade. Extraordinário foi que, desde o primeiro dia de sua existência, a Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau teve uma visão muito clara sobre seus objetivos. Se em 1907 o objetivo era "cuidar de pobres e doentes", este foi concretizado muito depressa quando se deu conta de que o grande problema das mortes de jovens mães nos partos clamava por uma solução. Foi por esse motivo que a entidade optou pela contratação de diaconisas da Alemanha que eram parteiras. Quando em 1974 foi firmado um contrato com o Hospital Santa Catarina, a administração da Maternidade Elsbeth Koehler foi assumida
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Arquivo
pelo hospital, que é propriedade da Comunidade Evangélica de Blumenau. Depois que o hospital fez as adequações necessárias, a maternidade foi transferida para as dependências físicas do hospital. A Sociedade Evangélica de Senhoras doou todos os utensílios da maternidade e do hospital infantil e suas associadas ajudaram a equipar os quartos com a roupa de cama e toalhas. Neste mesmo ano, foi tomada a decisão de trans"Johannastift" – a primeira maternidade de Blumenau formar o prédio da maternidade em ancionato. As associadas viajaram para diversas localidades, como Curitiba no Paraná, Braço do Trombudo e Pirabeiraba em Santa Catarina, São Leopoldo e Taquara no Rio Grande do Sul, para aprender como é o funcionamento desses lares que acolhiam – e ainda acolhem hoje – pessoas idosas. Com a decisão tomada, o prédio foi adaptado e no dia 27 de abril de 1982 pôde ser inaugurado o Lar Elsbeth Koehler. Em 1972, foi formado um novo grupo, que até hoje é conhecido como "Ala Jovem". As reuniões da "Montagsgruppe", o grupo das segundas-feiras, continuam também nos dias de hoje. A característica da "Ala Jovem", que se reúne nas quintas-feiras, é que suas reuniões são em português. Dividida nesses dois grupos, que se encontram regularmente de duas em duas semanas, um grupo na segunda-feira e o outro na quinta-feira, na sala de reuniões do Lar Elsbeth Koehler, a Sociedade Evangélica de Senhoras administra o ancionato. Um novo grupo está sendo formado por senhoras jovens, que se reúnem de duas em duas semanas à noite. Continua vivo o dinamismo das pioneiras que há 100 anos fundaram o primeiro grupo. Pastor em. Meinrad Piske Brusque/SC
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Friedrich Gierus
J U L H O
Datas importantes 01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/ Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa
JULHO Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Salmo 139.5
Meditação A lição do bambu Quando recebi o convite para falar sobre essas palavras do Salmo 139.5, que é tema do mês de julho, fiquei a pensar: a mão de Deus é tão poderosa, sua proteção é tão real, o amor que ele tem por nós é tão nítido, que muitas vezes não compreendo nossa ingratidão. A maior ingratidão são os nossos porquês, quando, em nossas aflições, indagamos Deus por que ele nos abandonou; por que ele permitiu que isso ou aquilo acontecesse conosco; por que as doenças, as guerras, a solidão, a morte? Na verdade, deveríamos agradecer por mais um dia de vida, por mais uma noite de descanso, pelos amigos, pelo alimento, pelo emprego, pelo lar, pela natureza. São muitas as coisas pelas quais temos que agradecer, mas preferimos reclamar e culpar Deus por tudo o que nos acontece. Na Bíblia, em João 16.33, nos é dito: "No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo". Pensando nos porquês, lembrei da criação de Deus. Primeiro Deus criou a terra, o mar, o céu e tudo o que neles existem. Depois de ver que tudo era bom, ele criou o ser humano. Como seu amor por nós é lindo, maravilhoso e perfeito, preparou tudo para receber sua maior criação. Na nossa criação, Deus tornou-se visível; o Criador deu um jeitinho de se reproduzir ao nos criar à sua imagem e semelhança. Em minha vida, passei por muitas aflições, as quais superei todas. Sabem como? Aprendi que devo pedir a Deus somente o que preciso e não o que eu quero e entregar nas mãos do Senhor para que ele faça a sua vontade. E o mais importante: aprendi a esperar. Enquanto esperava, tinha certeza que Deus estava me amparando e me guiando por caminhos seguros. Por mais que tenhamos dúvidas do amor de Deus para conosco, por mais que pequemos, por mais que nos sintamos sós, podemos confiar na
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promessa que ele nos fez: "Estarei com vocês todos os dias de suas vidas até o fim dos tempos". Ele cumpre o que promete. Aprendi quatro marcas importantes da graça de Deus, que quero compartilhar: a primeira é o exagero. O amor de Deus é exagerado. Tentem contar as estrelas do céu, as plantas, os milagres que acontecem em nossas vidas! A segunda marca é o silêncio. Uma flor, quando se abre, não faz barulho; o sol, quando se põe, não faz barulho; um milhão de árvores crescendo não fazem barulho; Deus faz tudo em silêncio. A terceira marca de Deus é ser de graça. Nós não precisamos pagar nada, não temos nenhum mérito. O amor de Deus é gratuito. A vida é graça, é dom, é presente. A quarta marca do amor de Deus é manifestar-se por meio de pequenos detalhes. Cada vez que o nosso coração bate é Deus que diz: "Eu te amo, eu te amo", ou "Eu acredito em você, eu acredito em você". Os problemas vão e vem, mas Deus sempre está ao nosso lado. Com essa confiança, eu desejo que o Senhor esteja sobre ti, a teu lado, atrás de ti, abaixo de ti, dentro de ti, ao redor de ti e sobre ti. Amém. Dinâmica Tire uma porção de bambu novo com raiz, mostre para as pessoas reunidas e faça a pergunta: O que o bambu nos ensina? Dê um tempo para cada pessoa falar. Anote o que é dito e compare com a lição do bambu. O bambu ensina-nos sete verdades: 1. A primeira é a mais importante: é a humildade diante dos problemas, das dificuldades. Eu não me curvo diante do problema e da dificuldade, mas diante daquele, o único, o princípio da paz, aquele que me chama, que é o Senhor. O bambu curva-se quando tem vento para não quebrar. Tenha a humildade de se curvar.
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2. A segunda verdade: o bambu cria raízes profundas. É muito difícil arrancar um bambu, pois o que ele tem para cima tem para baixo. Você precisa aprofundar a cada dia suas raízes em Deus e na oração. 3. Terceira verdade: você já viu um bambu sozinho? Apenas quando é novo, mas, antes de crescer, ele permite que nasçam outros a seu lado. Sabe que vai precisar deles. Eles estão sempre grudados uns nos outros tanto que, de longe, parecem como uma árvore. Precisamos aprender a nos trançar nos irmãos, a criar raízes na oração, nos sacramentos, na garra. Criar raízes é segurar firme; pode vir a enchente que não seremos levados, pois estamos firmes no chão. Você deve estar firme na Palavra, sólido em sua fé. 4. A quarta verdade que o bambu nos ensina é não criar galhos. Como tem a meta no alto e viver em moita-comunidade, o bambu não se permite criar galhos. Nós perdemos muito tempo na vida tentando proteger nossos galhos, coisas insignificantes às quais damos valor inestimável. Para ganhar é preciso perder tudo aquilo que nos impede de subir suavemente. 5. A quinta verdade é que o bambu é cheio de nós. Como ele é oco, sabe que se crescesse sem nós seria muito fraco. Os nós são os problemas e as dificuldades que superamos. Os nós são as pessoas que nos ajudam, aquelas que estão próximas e acabam sendo força nos momentos difíceis. Não devemos pedir a Deus que nos afaste dos problemas e sofrimentos. Eles serão nossos melhores professores se soubermos aprender com eles. Com o tempo, os problemas superados tornam-se nós firmes, resistentes, difíceis de ser quebrados, assim como as pessoas que souberam superar seus desafios e limites. 6. A sexta verdade é que o bambu é oco, vazio de si mesmo. Enquanto não nos esvaziarmos de tudo aquilo que nos preenche, que rouba nosso tempo, que tira nossa paz, não seremos felizes. Ser oco significa estar pronto para ser cheio do Espírito Santo. 7. Por fim, a sétima lição do bambu é crescer para o alto. Ele busca as coisas do alto. Essa é nossa meta. Celina Aparecida de Castro Simermann Colatina/ES
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Andando na luz de Deus Andando em amor Para começar, convido todas a pensar e conversar sobre duas perguntas: 1 – De que forma experimentamos o amor em nossa vida? 2 – De que forma manifestamos o nosso amor a Deus, a nós mesmos e ao nosso próximo? Após essa conversa, sugiro que se leia Efésios 5.1-2. As pessoas da comunidade de Éfeso estavam perdendo suas raízes cristãs. Novos valores, costumes e moral de vida, constantemente a elas apresentados, trouxeram propostas de mudanças e transformações sociais. É nessa situação que Paulo procura lembrar o que significa ser filhos queridos de Deus. No começo, o pedido feito de eles serem como Deus parece impossível. No entanto, quando consideramos que Deus se manifestou concretamente no amor de Jesus Cristo, o ser como Deus significa corresponder a esse amor revelado, agir de acordo com esse amor, saber-se aceito e viver a partir desse amor. A partir do Batismo, todos os batizados são chamados filhos de Deus, cristãos. Se essa denominação confere, isso se mostra na prática. A pessoa que segue as normas de Deus, amando, tendo misericórdia, perdoando, mostra que ela vive o seu Batismo. Toda ética parte de modelos e apela para modelos que devem ser seguidos e imitados. Para a ética cristã o modelo é Jesus Cristo. A pessoa que entende que toda a sua vida provém de Deus e que ela é amada e aceita por Deus através de Jesus Cristo vai agradecer a Deus vivendo concretamente o amor, a aceitação no dia-a-dia da sua vida, mostrando às pessoas que ela, para se realizar, não necessita explorar, nem ter inveja e ciúmes. Logo, andar em amor diz respeito à forma de viver a vida concretamente no contexto em que a pessoa vive, e se torna real quando a vida é promovida, quando há empenho pelo bem do outro. São atitudes nem sempre fáceis, às vezes, requerem abnegação, olhos abertos, coragem e até fantasia. Elisabeth Kübler-Ross, em seu livro "Os Segredos da Vida", relata a conversa de uma mãe sobre as dificuldades de relacionamento com seu filho, que era diferente dos demais jovens. A mãe não aceitava a forma do
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filho se vestir e tinha dificuldades com seus amigos. Todas as vezes que a mãe encontrava o filho, tinha algo a criticar. Aconteceu que essa mãe participou de um exercício sobre o final da vida durante um seminário. Nesse exercício, ela compreendeu que a vida é uma dádiva e que não a teremos para sempre. E também que não vamos ter para sempre aqueles que amamos. Em conseqüência, a mãe se perguntou: Se meu filho morresse amanhã, como eu me sentiria em relação à vida que proporcionei a ele? Essa reflexão ajudou para que a mãe descobrisse que ela deveria amar o filho do jeito que ele era, sem colocar condições. E assim também teve a felicidade de descobrir que seu filho era adorável, amável, carinhoso na sua forma de ser. As condições impostas ao amor (serás amado se corresponderes às minhas expectativas) são pesos em nossos relacionamentos e, por implicância, podemos perder o amor das pessoas que mais amamos. Simplesmente deixamos de amar e experimentar o amor porque estamos presos a preconceitos de amor. Faz muito bem descobrir que o amor se manifesta das mais diferentes formas e parte de todos os tipos de pessoas e situações. Não importa quem somos, o que fazemos, quanto ganhamos, quem conhecemos. Todos podem amar e ser amados. Cada pessoa tem a capacidade de abrir o coração ao amor que a cerca, de retribuir a esse amor e não deixar escapar esse grande presente. O amor está sempre presente na vida, em todas as experiências felizes e até mesmo nas tragédias. É o amor que confere aos nossos dias um profundo significado. Andar em amor consiste em estar presente e cuidar da outra pessoa mesmo sem saber seu nome, pois cada pessoa que encontramos encerra a possibilidade de nos trazer um grande amor e de estabelecer um magnífico relacionamento onde menos esperamos encontrá-lo. Somos convidados a abrir nosso coração e acolher o amor que estão nos oferecendo de múltiplas formas e a viver toda essa experiência de amor no dia-a-dia de nossa vida junto às pessoas que Deus coloca a nosso lado, não impondo condições, simplesmente amando e deixando nos amar. Pastora em. Rita Marta Panke Rio Pardinho, Santa Cruz do Sul/RS
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História Centenário da OASE em Brusque No mesmo ano em que foi fundado o "Evangelischer Frauenverein" em Blumenau (veja artigo no mês de junho), foi formado o terceiro grupo da OASE no Brasil. Foi em Brusque que surgiu o "Evangelischer Wohltätigkeitsverein", a Sociedade Evangélica Beneficente. Assim como em Blumenau, a iniciativa para a formação de um grupo de senhoras partiu da "Frau Pastor". No dia 6 de dezembro de 1907, a "Frau Pastor" Claire Lange reuniu um grupo de mulheres para dialogar sobre um problema social na comunidade de Brusque: a situação de mulheres idosas que não tinham quem as acolhesse. Seu esposo, o pastor Wilhelm Lange, anotou em seu diário o seguinte: "Principalmente por iniciativa de mamãe, formou-se em Brusque uma associação que denominou-se Evangelischer Wohltätigkeitsverein (Sociedade Evangélica Beneficente). Objetivo principal era cuidar de mulheres idosas solitárias da comunidade, que tantas vezes eram empurradas sem carinho de um lado para outro, como acontecia em Brusque, tornando-se católicas na instituição católica de Azambuja". Essa sensibilidade para com pessoas da sua comunidade e igreja, que quando alcançavam idade avançada não tinham alguém que olhasse por elas, fez com que se formasse a entidade e eleita uma diretoria. A comunidade cedeu uma área de terras em sua propriedade e, já no ano seguinte, foi comprada uma casa. Essa casa foi demolida e reconstruída no terreno que a comunidade tinha colocado à disposição. Assim, em 1909, as primeiras mulheres – entre 70 e 90 anos de idade – "encontraram abrigo e cuidados". A história desse ancionato, contudo, foi breve. No mesmo ano de 1909, o pastor Lange adoeceu e teve de deixar a Paróquia de Brusque, transferindo-se para Itajaí. Com a sua saída e, principalmente, com a saída de sua esposa Claire, essa casa de idosos não se manteve por muito tempo. Foi fechada, mas não foi encerrada a Sociedade Evangélica Beneficente. Esta continuou. Houve uma reorientação. Havia a expectativa de que o Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná, fundado em 1911, criasse um ancionato para toda a área sinodal. Até um terreno foi comprado para esse fim no centro de Blumenau. Mas o Sínodo decidiu ampliar esse projeto planejando construir um hospital, tendo como anexos ao prédio principal uma maternidade e um lar de idosos, além de uma casa para as diaconisas. O hospital foi construído e inaugurado em 1920, mas não havia mais energia nem dinheiro para a edificação dos anexos. Trata-se do Hospital Santa Catarina, em Blumenau.
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Meinrad Piske
Enquanto aguardavam o lar de idosos que o Sínodo deveria construir (o que aconteceu somente em 1942, em Braço do Trombudo), as senhoras que formavam a Sociedade Beneficente deram-se conta de que um outro grave problema estava ocorrendo em toda a colônia de Brusque: a falta de parDiretoria da Associação das Damas de Caridade teiras competentes. Muitas mães morriam ao dar à luz. A Sociedade solicitou a vinda de uma diaconisa da Alemanha. O pedido não pôde ser atendido porque a Primeira Guerra Mundial dificultou os contatos. Somente em 1926, a casa matriz de Wittenberg enviou uma diaconisa, a irmã Margarethe Spieweck, que, a exemplo do que acontecia em outros lugares, assistia na qualidade de parteira as parturientes em suas casas. Em 1937, foi construída a maternidade que, por 26 anos, foi a maternidade de Brusque. Era administrada e dirigida pela Sociedade Beneficente. Neste mesmo ano, o "Evangelischer Wohltätigkeitsverein" adotou o nome de Associação das Damas de Caridade, adaptando-se às leis rigorosas da nacionalização. Em 1957, foi iniciada a construção de um novo prédio para abrigar a maternidade, que foi inaugurada em julho de 1963. Essa maternidade foi ampliada mais tarde e transformada em "Hospital e Maternidade", sendo hoje administrado pela Associação Hospitalar. Em 1933, já tinha sido organizado o jardim de infância no porão do antigo centro evangélico. A administração desse jardim de infância fora assumida oficial e legalmente, em 1965, pela Associação das Damas de Caridade e, mais tarde, em 1º de agosto de 1998, transferida para a Fundação Educacional Evangélica de Brusque e, com isso, incorporada ao Colégio Cônsul Carlos Renaux. Em 1967, a Associação das Damas de Caridade dividiu-se em dois grupos. O grupo original, que se reúne às quintas-feiras, denominou-se "Caridade" (em suas reuniões predominava a língua alemã). O novo grupo, com reuniões às quartas-feiras, denominou-se "Esperança". Continuam a dedicação e o carinho ao hospital e maternidade, bem como ao jardim de infância, assim como também a assistência às famílias carentes. Pastor em. Meinrad Piske Brusque/SC
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Friedrich Gierus
A G O S T O
Datas importantes 05 – 1872 – *Osvaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/2/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – 1ª bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 10 – Dia dos Pais 15 – 1899 – 1º grupo de OASE em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência
AGOSTO Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Salmo 127.3
Meditação Resgate da humanidade "No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia (...), e o Espírito de Deus pairava sobre as águas" (Gênesis 1.2). Dia após dia, foi povoando a terra com animais de todas as espécies, embelezando-a com rios, mares, campos, jardins, florestas, rochedos, firmamento e estrelas. Entretanto, ao admirar sua obra, Deus achou-a incompleta e, num dia especial, criou o ser humano à sua imagem e semelhança e o abençoou. Viu Deus que tudo quanto fizera era bom. No sétimo dia, descansou. O ser humano já estava nos planos de Deus desde toda a eternidade. O ser humano é o ser supremo da Criação; é a obra-prima de seu Criador. Deus preparou o lugar onde deviam viver suas criaturas com carinho e esmero. Proveu para que nada lhes faltasse e tudo ao seu redor lhes trouxesse felicidade. Deus criou o ser humano para ser feliz. Entretanto, por causa de sua grande ambição, não satisfeito com tudo o que tinha, desobedeceu ao seu Criador. O resto da história todos conhecemos. Hoje somos todas vítimas de um ato inconseqüente praticado pelos nossos primeiros pais. O Senhor Deus lhes disse: "No suor do teu rosto comerás o pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás" (Gênesis 3.19). Com o passar do tempo, viu Deus que a maldade do ser humano tinha se multiplicado na face da terra e, então, se arrependeu de tê-lo feito (Gênesis 5.5). Era necessário haver o resgate da dignidade da humanidade e torná-la consciente de sua missão. Deus não criou o ser humano para ser um degradado, mas para ser feliz, viver com alegria, harmonia, dedicação, humildade, fraternidade, compreensão e com o espírito voltado para quem o criou. O ser humano está de passagem na terra e, enquanto aqui permanecer, tem a obrigação de deixar sua "marca" – a marca do cristão comprometido com a obra salvífica do Senhor. Deus é o doador e o sustentador da vida. Para ter a experiência de uma vida alegre, a criatura precisa, em primeiro lugar, ter confiança, estima e respeito por si mesma e ter a consciênAGOSTO *** 75
cia clara de que Deus a aceita como é. Assim é necessário aceitar o que tem de bom e procurar mudar aquilo que não lhe faz tão bem, lembrando que sempre poderá construir sua mudança através de pequenos sucessos, reconhecendo Deus como o doador da vida. Sendo criatura de Deus, feita à sua imagem e semelhança, responde à vida com sensibilidade, procurando agir com sabedoria em toda situação, sempre coerente com seus ensinamentos e em "ligação direta" com ele, que é a fonte da vida. Para experimentar uma vida alegre e plena, tendo aceito a dádiva da vida, deve aceitar a ajuda que os outros têm a lhe oferecer para tornar-se mais gente. Ser mais gente é colocar-se à disposição do outro, sem, entretanto, tirar-lhe sua liberdade e identidade. Viver plenamente significa proporcionar aos outros uma vida alegre e plena de realizações. Somos alvos de muitos questionamentos e, à medida que o tempo passa, essas mesmas perguntas recebem respostas diferentes, de acordo com o conhecimento mais profundo que vamos adquirindo no decorrer da vida. Quando iniciamos nossa caminhada de fé, no Batismo, cada um de nós recebe um bloco de mármore e as ferramentas necessárias para convertê-lo em escultura. Podemos arrastá-lo intato a vida toda, podemos reduzi-lo a cascalho ou dar-lhe uma forma gloriosa com a nossa "marca" exclusiva. Projetamos nossa vida mediante o poder de nossas escolhas. Sentimo-nos indefesos quando escolhemos a negligência, quando não desenhamos nossa vida com nossas próprias mãos. Deus criou o céu para todos, entretanto apenas alguns o buscam, porque o caminho é árduo e cheio de espinhos. Com o amadurecimento espiritual descobrimos que o que traz alegria à vida não é ser querido e admirado por outras pessoas, mas vem do fato de que nós mesmos podemos amar e admirar nosso próximo e viver na presença de Deus, cumprindo sua vontade. Uma vida fácil não nos ensina nada. O que vale é o aprendizado constante através da Palavra, fazendo-nos crescer em idade, sabedoria e graça diante de Deus e das pessoas. Para reflexão: 1 – Conversar informalmente sobre a obra da Criação. 2 – Refletir sobre a bondade de Deus preparando um paraíso para o ser humano. 3 – Se Deus tivesse criado você como uma pedra, que pedra gostaria de ser? Por quê? 4 – O que tenho feito para que meus filhos cresçam na fé? Alba Otília Smidt Seewald Tramandaí/RS
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Andando na luz de Deus Sou batizada! O tema proposto para reflexão, com base no texto maior da Carta aos Efésios, certamente, nos surpreende e até intranqüiliza: "Andai como filhos da luz" (Efésios 5.8) – Que desafio sério é esse! Nós nos conhecemos como pessoas, como grupos e como comunidades. Sabemos que nosso caminhar não tem sido sempre "iluminado". Com legítima boa vontade, aspiramos ser uma filha, um filho da luz. Damo-nos conta, porém, que poderíamos ter sido mais e melhor "da luz": na convivência, no assumir responsabilidades comuns, na solidariedade, nas atitudes de cuidado pelo outro, no testemunho, no serviço. Em verdade, sempre nos damos conta de que para viver como gente que pertence à luz se fará necessário compreender e assumir nosso "andar na luz" no dia-a-dia da vida. Mesmo em nossos grupos de OASE, experimentamos aqueles momentos de acomodação e apatia. No estudo e diálogo em grupos, provavelmente, já tivemos que admitir que não podemos dar conta de maneira satisfatória dos muitos desafios à nossa frente. Diante do desafio de andarmos como filhas da luz, sentimo-nos, muitas vezes, fracas, incapazes e pequenas. Em nossa vida de fé, como também na vivência da fé em nossos grupos e comunidades, temos que superar sempre nossas dúvidas e confessar nossas incertezas e nossa culpa. Diante desse imperativo ficamos devendo! Andar como filhos e filhas da luz implica um processo permanente de aprendizagem e vivência da fé. Cristo será tua luz! O que dá direção e conteúdo ao nosso "andar como filhos da luz"! Vale a pena olhar para o texto mais amplo da Carta aos Efésios. Destaca-se por sua ênfase em várias afirmações centrais da fé cristã. Assim, afirma-se que a vinda de Cristo constituiu-se no acontecimento central da fé cristã. "Mas Deus sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos aos nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos, e, juntamente com ele nos ressuscitou (...) Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vocês, é presente dado por Deus. A salvação não é resultado dos esforços de vocês mesmos e, por isso, ninguém deve se orgulhar" (Efésios 2.410). "(...) sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular" (Efésios 3.20). AGOSTO *** 77
Andar como filhos da luz não significa, conseqüentemente, que a gente é um iluminado por essa luz que é Cristo, que está longe e à distância. Em verdade, Cristo mesmo (que promessa incrível!) quer ser nossa luz. Os que andam como filhos da luz são como instrumentos vivos para a ação daquele que é o Senhor e Doador da vida. O reformador Martim Lutero refere-se a isso quando diz que "nós somos pequenos 'Cristos' para os outros". O apóstolo Paulo diz, naquela conhecida passagem da Segunda Carta aos Coríntios sobre o ministério da reconciliação dado a todos, que "Deus nos reconciliou consigo mesmo, por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação" (2 Coríntios 5.18). E o apóstolo arremata dizendo: "de sorte que somos embaixadores (embaixatrizes!) em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio". O Batismo Deus dignificando e enviando seus filhos para andar na luz O Batismo e seu significado são enfatizados de forma clara e repetida na Carta aos Efésios. O Batismo é compreendido, naqueles primórdios da cristandade, como "o grande dom de Deus", que faz de nós pessoas que pertencem a Cristo. O texto referido de Efésios traz um breve trecho de um hino de louvor (v. 12-14) que pertenceu à liturgia do Batismo nas primeiras comunidades cristãs. O Batismo é o sinal, o selo (Efésios 1.13 e 2.30) de nossa adoção de filhos. O Batismo incorpora-nos na "família de Deus" (Efésios 2.19). Pelo Batismo nascemos como novas criaturas "andantes na luz de Cristo". Porém, no Batismo nasce também uma nova visão de comunidade, na qual "não existem mais estrangeiros e peregrinos e todos são concidadãos" (Efésios 2.19). Urge preocuparmo-nos com o que está acontecendo em nossos dias com nossa prática sacramental celebrativa e com a vivência do Batismo. O que podemos fazer para recuperar algo tão essencial e fundamental para as nossas vidas e as vidas de nossas comunidades? O que podemos fazer nos nossos grupos de OASE para recuperar a importância e o sentido vivencial do Batismo? Consta que o Reformador, em situações especiais de abatimento, de consciência de culpa, quando tinha dúvidas, recorria ao que estava escrito na sua escrivaninha: "Sou batizado!". Essa lembrança trazia à memória também todos aqueles dons da graça de Deus que lhe haviam sido concedidos no Batismo.
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Uma dádiva preciosa para repartir A Carta aos Efésios é um testemunho vigoroso da ação de Deus em favor de seu povo, da sua igreja e de cada pessoa. O Batismo é testemunho, sinal visível da graça e do amor incondicionais de Deus em Cristo. Cada vez que lembramos o nosso Batismo, surpreendemo-nos com esse gesto amoroso de Deus em nosso favor. Por outro lado, a Carta aos Efésios é muito enfática no sentido de que essa dádiva recebida de Deus seja partilhada. Ela contém várias admoestações para os cristãos, como também para as comunidades e para a igreja, para "viverem responsavelmente a sua fé no mundo". Andai como filhos e filhas da luz é uma ordem, uma convocação para a ação. Andar na luz subentende, portanto, uma atitude de vida, uma maneira de viver, caracterizadas pela nova realidade de vida em Cristo, a luz no mundo. Um familiar muito próximo meu, gravemente enfermo e hospitalizado, recebeu a visita de um grupo de visitadoras, mulheres membros da OASE. Foram momentos de convívio fraterno, de sentir a presença da comunidade, de atenção e solidariedade, encerrados com uma oração de intercessão, com todos de mãos dadas. Presença solidária é um gesto concreto de um grupo, de pessoas, de uma comunidade que quer expressar sua pertença a Cristo. Bondade, justiça e verdade (Efésios 5.9) são outros "frutos da luz" mencionados na Carta aos Efésios. Sabendo-se responsável perante Deus, o autor da carta aos cristãos na cidade de Éfeso e regiões vizinhas menciona ainda outras orientações. São orientações que nascem da responsabilidade dos cristãos frente a Cristo e dizem respeito à relação com as outras pessoas: a vivência no matrimônio, as relações de pais e filhos e dos servos e senhores. Muitas dessas orientações são concernentes à realidade da época. Novas orientações decerto nascerão frente aos desafios da realidade hoje. O atual tema da IECLB, por exemplo, chama-nos para a proclamação e o exercício da reconciliação. O material para o tema do ano concretiza essa tarefa de proclamar a reconciliação em vários exemplos. A rigor, são exemplos que sempre valerão: desprendimento, promoção da dignidade humana, fortalecimento dos que estão à margem, compaixão, cuidado pela vida e pela criação, a busca por caminhos novos para a humanidade. Esses exemplos indicam para possibilidades de ação concreta, para aqueles que se deixam convocar para "andar na luz".
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Temos muitos outros exemplos na história e na vida dos grupos de OASE. Lembro, por exemplo, da atuação de um grupo da OASE que se constituiu um esteio da unidade e da fidelidade à IECLB em comunidades que viveram conflitos e tensões consideráveis. A OASE tem sido o grupo comunitário mais sensível para as pessoas que estão em necessidade e tem dado apoio efetivo a projetos que procuram resgatar a dignidade das pessoas. Os grupos da OASE melhor conseguiram traduzir a fé cristã em gestos de amor e solidariedade Essas palavras tão fundamentais da Carta aos Efésios, sobre a vida e o ser da igreja no mundo, representam uma importante motivação para nós hoje. Somos sua igreja e queremos assumir de fato o que já somos pelo Batismo. Os cristãos são pessoas livres que pensam e agem responsavelmente a partir de sua fé. Andai, pois, como filhos e filhas da luz! Pastor em. Huberto Kirchheim Lageado/RS
Pare e pense Ser idoso e ser velho Idosa é a pessoa que tem muita idade; velha é a pessoa que perdeu a jovialidade. A idade causa a degenerescência das células; a velhice causa a degenerescência do espírito. Por isso nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso. O mesmo acontece com as coisas: há coisas que são "idosas" (antigas) e há coisas que são velhas. Um vaso da Dinastia Ming (1368-1644) pode ser uma antigüidade, uma relíquia, que não tem preço; um outro, de apenas cinqüenta anos ou menos, pode ser um vaso velho, relegado ao depósito. Você é idoso quando pergunta se vale a pena; você é velho quando sem pensar responde que não. Você é idoso quando sonha; você é velho quando apenas dorme. Você é idoso quando ainda aprende; você é velho quando já nem ensina. Você é idoso quando pratica esportes ou, de alguma forma, se exercita; você é velho quando apenas descansa.
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Você é idoso quando ainda sente amor; você é velho quando só sente ciúme e é possessivo. Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida; você é velho quando todos os dias parecem o último de uma longa jornada. Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs; você é velho quando seu calendário só tem ontens. O idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência. Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro – e é no presente que os dois se encontram. O velho é aquele que tem carregado o peso dos anos; que, em vez de transmitir experiências às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele não existe ponte entre o passado e o presente, existe apenas um fosso que se separa do presente pelo apego ao passado. O idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina, pois, enquanto o idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso tem planos; o velho tem saudades. O idoso curte o que lhe resta da vida; o velho sofre o que o aproxima da morte. O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos; o velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade. O idoso leva a vida ativa, plena de projetos e esperanças. Para ele, o tempo passa rápido e a velhice nunca chega. O velho cochila no vazio de sua vidinha e suas horas se arrastam destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas, porque foram marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias, porque foram vincadas pela amargura. Em suma, idoso e velho, duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades diferentes no coração. Sou idoso, mas espero nunca ficar velho. Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS
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Friedrich Gierus
S E T E M B R O
Datas importantes 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – Primeiro grupo de OASE do Sul do Brasil, em Blumenau/SC 07 – 1922 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 21 – Dia da Árvore 21 a 30 – Semana Nacional da OASE 27 – Dia do Ancião 29 – Dia de São Miguel e Todos os Anjos
SETEMBRO Deus diz: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31.3
Meditação A corrente do bem Deus nos ama, nos protege e nos ajuda em todos os momentos de nossas vidas, às vezes, por meio de outras pessoas. Essa ajuda é tão constante, que já nem a notamos mais. Muitas vezes, nem agradecemos. Achamos normal que alguém nos abra a porta quando estamos carregados de pacotes; que alguém nos dê a mão quando estamos com dificuldades para subir algum degrau; que alguém nos ceda o lugar no ônibus lotado; que alguém... E nós? Ajudamos os outros? Sempre? Vamos refletir: – A quem prestamos algum favor hoje? Nesta semana? – Quem nos auxiliou hoje? Nesta semana? – Nós já agradecemos a Deus por colocar essas pessoas em nosso caminho naquele momento? – Retribuímos de alguma forma? Conheça a história de quem não esqueceu a ajuda que recebeu: “Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos viu que só lhe restava uma simples moeda de dez centavos e tinha fome. Decidiu que pediria comida na próxima casa. Porém, seus nervos o traíram quando uma jovem encantadora lhe abriu a porta. Em vez de comida, pediu um copo de água... Ela achou que o jovem parecia faminto e lhe deu um grande copo de leite. Ele bebeu devagar e depois perguntou: – Quanto lhe devo?
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– Não me deves nada – respondeu ela. E continuou: – Minha mãe sempre nos ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta caridosa. Ele disse: – Pois te agradeço de todo o coração. Quando Howard Kelly saiu daquela casa, não só se sentiu mais forte fisicamente, mas também sua fé em Deus e nas pessoas ficara mais forte. Anos depois, essa mulher ficou gravemente doente. Os médicos locais estavam confusos. Finalmente a enviaram à cidade grande, onde chamaram um especialista para estudar sua rara enfermidade. Chamaram o Dr. Howard Kelly. Quando este escutou o nome do povoado de onde ela viera, uma estranha luz encheu seus olhos. Vestido com seu jaleco de médico, foi ver a paciente. Reconheceu imediatamente aquela mulher. Determinou-se a fazer o melhor para salvar aquela vida. E passou a dedicar atenção especial àquela paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou a batalha. Então o Dr. Kelly pediu à administração do hospital que lhe enviasse a fatura total dos gastos da paciente. Ele a conferiu, depois escreveu algo e mandou entregá-la no quarto dela. Ao receber a conta, ela ficou com medo de abri-la, porque sabia que levaria o resto de sua vida para pagar todos os gastos hospitalares. Mas, finalmente, tomou coragem e abriu. Encontrou as seguintes palavras: Totalmente pago há muitos anos com um copo de leite. Dr. Howard Kelly. Lágrimas de alegria correram de seus olhos e seu coração feliz rezou assim: Graças, meu Deus, porque teu amor se manifestou nas mãos e nos corações humanos.” Nem sempre podemos retribuir um favor, mas, com certeza, sempre podemos ajudar alguém. Assim alguém nos ajuda, nós ajudamos outro alguém, que auxilia mais alguém... e está formada a "corrente do bem". É a corrente do amor eterno de Deus, que nos atrai e nos leva a praticar o amor ao próximo. Lembre-se sempre que Deus não precisa de nossa ajuda, mas ele permite que também nós possamos colaborar. Deixe-se usar por Deus e não deixe para amanhã o bem que pode fazer hoje. Isabela Miriam Buboltz Santa Cruz do Sul/RS
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Andando na luz de Deus Fome e sede por vida... como saciá-las? Todo mundo está com pressa... correndo atrás de alguma coisa... Com certeza, também você e eu não fugimos a essa regra! Afinal, atrás do que estamos correndo? Ah... atrás de tantas coisas. Como, por exemplo: – corremos atrás de um emprego; depois que o conseguimos, precisamos continuar correndo para que ninguém o tire de nós; – corremos atrás do amor da nossa vida; quando o encontramos, percebemos que precisamos continuar cuidando dele e realimentá-lo para não perdê-lo; – corremos atrás de dinheiro, sonhos, bens materiais, família etc. Mas, afinal, qual é a razão para toda essa correria? (Pare e converse um pouco sobre essa pergunta.) Creio que a razão última para toda essa correria é o desejo de ser feliz, de ter uma vida com mais dignidade. Pare e pense um pouco em sua vida, converse por um momento com quem está a seu lado e me diga: O que você precisa para ser feliz, para que sua vida tenha mais dignidade, para que você esteja numa "boa"? Eu sei que as respostas a essa pergunta são inúmeras e mudam conforme a pessoa e a necessidade. Arrisco-me a enumerar alguns dos ingredientes: Preciso de saúde, trabalho, família, casa, dinheiro, lazer, Deus... Ah... São tantas coisas e como é difícil conseguir reunir todos os "ingredientes" para fazer o "bolo da nossa felicidade". Por mais que nos esforcemos, parece que, ao invés de vida e felicidade, encontramos cada vez mais dor, sofrimento e morte. Exemplos: 1. Para conseguir juntar os "ingredientes" que julgamos necessários para fazer o "bolo da felicidade", trabalhamos cada vez mais, exigindo do nosso organismo muito mais do que ele pode suportar, e colhemos, ao invés de vida e felicidade, dor, doença, estresse, depressão e solidão. 2. Estamos famintos por vida. Na ânsia de "curtir a vida", quantas vidas se perdem? a) Quantas pessoas morrem em acidentes nas estradas nos feriadões, quando as pessoas se põem na estrada em busca de mais vida e felicidade... b) Quantas pessoas estragam sua vida ou até encontram
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a morte na tentativa de curtir os prazeres da vida ao máximo, fazendo uso de drogas, lícitas ou não... 3. Procuramos ser bons administradores do tempo que Deus nos dá e para tal nós trabalhamos não somente oito horas por dia, mas noite adentro e procuramos fazer "bicos" nos fins-de-semana para conseguir aproveitar cada instante e, quem sabe, engordar um pouco o nosso magro orçamento doméstico. Só que com isso não mais temos tempo para conversar com as pessoas que vivem à nossa volta e tampouco temos tempo para participar da vida de comunidade: ...afinal, pastor, você sabe que eu tenho tantos compromissos que eu preciso honrar e não vou ter tempo de ajudar nos trabalhos da comunidade e nem sei se vou conseguir participar do culto... E para Deus, ainda temos tempo? Nas minhas andanças pelas comunidades, tenho encontrado muitas pessoas que estão correndo atrás de um pouco mais de vida com dignidade, tanto nas cidades como também na roça. Afinal, o que é necessário para que essa vida com dignidade, com a qual nós tanto sonhamos, se torne realidade? (Se você dispor do cancioneiro O Povo Canta, o hino 158 vem bem a calhar: "Jesus Cristo, vida do mundo".) Ouçamos a palavra do Senhor, pois nosso Deus é o Deus da vida, que por meio de seu filho Jesus Cristo veio ao mundo para trazer vida e vida com dignidade para seus filhos e suas filhas. As Sagradas Escrituras lembram que o nosso Deus nos conhece, ele sabe da nossa fome e busca por vida; movido por seu amor, ele vem a nosso encontro por meio de sua palavra para nos guiar, como bom pastor, no caminho da vida. Aquietemos-nos e ouçamos sua palavra e deixemos que ela nos conduza. (Leitura do texto de Lucas 12.22-34: Sugiro que se faça a leitura em pequenos grupos e, após a leitura, se converse sobre: "Qual é o caminho que Jesus aponta e que leva à vida?".) Jesus Cristo lembra-nos que a vida não é feita de aparências nem depende do tamanho da minha barriga. Vida com paz, felicidade e dignidade somente alcançaremos se nos dispormos a segurar na mão de Deus e deixar que ele conduza nosso pensar e agir. Pare e pense: Qual é o lugar que a palavra e a vontade de Deus ocupam em sua vida? 86 *** Roteiro da OASE 2008
Por mais que nos esforcemos tentando fazer render cada segundo do dia, se não deixarmos Deus caminhar ao nosso lado e junto a ele buscarmos orientação e força para nossa vida a cada novo dia, nós vamos perceber que somos incapazes de sozinhos saciar nossa fome por vida e dignidade. Vá em paz e lembre-se: O Deus que a criou a conhece, ele sabe de suas necessidades e quer cuidar de você! Confie a sua vida nas mãos deste Deus amoroso, alimente-se da sua palavra e perceberá como a vida tem sentido e é maravilhosa. Bruno: Temos tempo para Não basta somente cantar o hino HPD 216: Deus? "Se as águas do mar da vida...", é necessário vivê-lo também a cada dia. A paz seja com você. Amém Pastor Bruno Ari Bublitz Restinga Seca/RS
Poema dedicado à OASE Comunhão é seu objetivo Quer no trabalho ou não, Seu lema é o motivo De louvor e adoração. De testemunho são formadas, Em momentos de decisão, Mulheres predestinadas, No lar, na igreja, à oração. Serviço é o que não falta Nas festas tradicionais, Seus dotes culinários exaltam Não há quem as rejeita jamais.
O que seria da igreja Se não houvesse a "OASE". Os homens com sua peleja Perder-se-iam em seus "OASIS". Formiguinhas incansáveis Que o Senhor nos deu, Abelhinhas de doce mel, Para vocês tiramos o chapéu. Enviado por Oscar Kappel Juiz de Fora/MG
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Jornal OASE em Foco – dez anos de vida "Frau Gudrun, ainda não recebi o nosso jornal, eu fui esquecida?" Assim perguntou a minha amiga de 93 anos. Com ansiedade ela espera o jornal, o qual lê com muita atenção. Só uma coisa ela lamenta: que a sua cidade natal se manifeste tão pouco. OASE em Foco, quem diria, este ano faz dez anos. Folheando os números, do primeiro até o atual, pensei: quanta riqueza, quantas conquistas, quantas bênçãos alcançamos durante esses dez anos! "Minha vida mudou na OASE", assim escreveu a primeira presidente do então Conselho Nacional da OASE, no primeiro número. Ela não está mais entre nós, mas suas amigas testemunharam: "Suas qualidades a fizeram chegar mais perto do coração daqueles que com ela conviveram!". OASE, dar e receber, colocar sinais! Com a fundação da Associação Nacional dos Grupos da OASE, que foi uma necessidade da nova legislação do nosso país, nada mudou no trabalho da OASE! Somos mais do que nunca OASE, que se coloca incondicionalmente a serviço da igreja, das comunidades, da sociedade, do próximo! Quantas vidas já mudaram no servir e no ser atendido! Somos OASE em Comunhão, Testemunho e Serviço. Um trabalho fundamentado na palavra de Deus. Por isso não falta a meditação no nosso jornal. Colocamos temas e o que mais focamos são os acontecimentos nos grupos dos sínodos e as fotografias. Já testemunhei a alegria de pessoas do Sul quando viram fotos de parentes e amigos lá do Mato Grosso, ou mais longe, e vice-versa! "Olha, minha mãe", exaltou uma participante com lágrimas nos olhos. Devemos compartilhar, nos fazer presentes, conhecidas, seja nos consultórios médicos, nas escolas, nos ancionatos etc. Já vivenciamos uma firma oferecendo seus serviços para uma instituição em dificuldades, da qual "ouviu falar" no jornal OASE em Foco. E hoje temos leitores em dez países, simpatizantes da OASE, para os quais enviamos regularmente o jornal. Se alguém não conhece OASE em Foco e quiser fazer uma assinatura, deve falar com a presidente do seu grupo ou do seu sínodo, porque queremos saber e aprender sempre mais umas das outras! Também por meio deste jornal queremos escrever a nossa história! Gudrun Braun Secretária da Associação da OASE
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Friedrich Gierus
Datas importantes 06 – 1930 – Fundação da OASE do Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do/a Professor/a 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma
O U T U B R O
OUTUBRO Os que vêm do Oriente e do Ocidente, tu os fazes exultar de júbilo. Salmo 65.8
Meditação Exultar de júbilo Quando começo a escrever sobre o versículo 8 do Salmo 65, tema deste mês: "Os que vêm do Oriente e do Ocidente, tu os fazes exultar de júbilo", o que mais chama minha atenção é "exultar de júbilo". Pego o dicionário para confirmar que exultar é ter grande alegria e júbilo significa alegria muito grande. Poderia, num primeiro momento, achar que é um exagero duas palavras com o mesmo sentido, então resolvo não pensar no dicionário dando explicações para as palavras, mas pensar e olhar como uma pessoa que acredita em Deus, que com o passar dos anos sempre tem aprendido mais e mais a se entregar e confiar nessas mãos. Tento me colocar naquele momento e tempo e percebo que realmente o sentimento era de exultar de júbilo, por tanto perdão, tantas maravilhas da criação, pelo reconhecimento de tantas graças recebidas. Descubro que poderia haver nesse texto não só duas palavras, mas muitas outras para expressar nossa alegria e, talvez, ainda assim, elas não fossem suficientes para exprimir a realidade de nossos sentimentos. Vemos que em todos os lados da terra há motivos de alegria. Alguém poderia perguntar: Onde ficam as tristezas? Recentemente tomamos conhecimento de que uma pessoa muita querida está com um nódulo na mama e que já tem ouvido perguntas, tais como: É isso que Deus quer? Ou: Como Deus deixa isso acontecer? Também vem à minha mente o desrespeito para com a criação divina, a natureza, os animais e as próprias pessoas. Nós sabemos que não é isso que Deus quer, mas diariamente temos amostras de descaso, de irresponsabilidade, de desamor. Não devemos nos esquecer que temos Deus a nosso lado, nos amparando, nos confortando e fortalecendo.
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Também podemos com alegria constatar que não somos esquecidos, que continuamos a ser amados, pois, a cada novo dia, vemos o nascer do sol, as cores das flores, o canto da passarinhada. Será que testemunhamos nossa alegria para os que estão à nossa volta? Como integrantes de grupos de OASE, temos demonstrado nossa imensa alegria de poder acolher outras pessoas, poder ouvir, abraçar, buscar soluções para ajudar a cuidar da natureza, de saber que Deus está conosco e assim poder exercitar o "servir com alegria" (Salmo 100.2). Se os que vêm de todos os lados da terra exultam de júbilo, nós mulheres da OASE realmente precisamos acrescentar mais palavras que expressam nossa alegria. Ao olharmos de norte a sul, de leste a oeste, essa imensidão que é o Brasil, quantos testemunhos. O Senhor tem nos fortalecido na caminhada. Não importam a distância, o clima, o dia, a hora ou o número de pessoas que se encontram, temos seguido em frente na certeza do amor do Senhor. Seguindo o exemplo de amor com que somos agraciados, podemos ser mulheres acolhedoras, prontas para ajudar, tolerantes e, acima de tudo, exultantes de júbilo por sermos filhas de Deus. Helena Beatriz Fey Novo Hamburgo/RS
Andando na luz de Deus À procura de socorro O ser humano é um ser especial e complexo. Especial porque, criado à imagem e semelhança de Deus, é um ser aberto e dotado de potencialidades, em permanente construção e desenvolvimento. Complexo porque, diferente dos outros animais, que nascem mais rústicos e prontos, o ser humano nasce frágil e inacabado, carente de cuidados e atenções especiais. Diversas e diferentes necessidades e carências (higiene, alimentação, abrigo, formação, trabalho, lazer, afeto etc.) versus permanente atenção e cuidados especiais irão marcar / caracterizar o desenvolvimento do ser humano durante todas as etapas da sua vida: nascimento, infância, puberdade, juventude, idade adulta e terceira idade.
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Após um período de total dependência de seus progenitores e demais familiares, gradativamente o ser humano vai aprendendo a suprir ele mesmo suas próprias necessidades, isto é, a dominar os instrumentos, a estabelecer as relações e a prover os recursos necessários para atender suas carências, para tomar conta de si mesmo. Contudo, apesar de seu constante e crescente domínio sobre o mundo natural e cultural e sua relativa autonomia frente ao outro, o ser humano permanece uma criatura frágil, diariamente exposta aos perigos e desafios da realidade sócio-histórica na qual ele está inserido. Por isso ele é e sempre será um ser carente de algo e/ou dependente de uma estrutura e de um grupo, não importam o nível de conhecimento que possua, a tecnologia que tenha à sua disposição, o poder que detenha ou as riquezas que conseguiu acumular. Assim, diante da doença que abrevia a perspectiva de vida, do acidente inesperado que corta de maneira abrupta a rotina da vida, da morte do ente querido que tira a alegria do afeto, da perda do emprego que impede a realização e o provimento do pão, da colheita perdida que provoca desolação e dívidas, do amor não-correspondido que despedaça a esperança, enfim, das situações difíceis e limítrofes impostas pela realidade da vida, só resta à criatura humana clamar por e procurar socorro. No seu clamor e busca por socorro, esse ser, que muitas vezes se acha onipotente – não precisa de nada nem de ninguém, tampouco de Deus –, é confrontado com uma dura realidade: a fragilidade e a limitação do ser, a efemeridade e a finitude da existência e da vida. O clamor e a procura por socorro, às vezes, podem tornar-se oportunidade ímpar na vida, podem vir a transformar a vida de uma pessoa, mudando completamente seu caminho e sua postura diante do outro, do mundo e de Deus. É o que podemos observar na história relatada em Marcos 5.21-24, 3543. Diante da dor e da angústia provocadas pela grave doença de sua filha, Jairo, um alto funcionário eclesiástico, vai até Jesus, um misto de pregadorcurandeiro andarilho, à procura de um último recurso de socorro (ação do sagrado): "Minha filhinha está à morte; vem impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá". Entre outros aspectos, o relato nos ensina que: A. A angústia, a solidão, a doença... e a morte atingem todos sem distinção, independentemente da sua situação / posição social, política, cultural ou religiosa. Em algum momento ou circunstância, todos carecem de socorro, de alguém que as socorra. Por outro lado, a vida também revela que quanto mais precária, indigna e injusta uma realidade social, maiores e mais elementares e diversas são / serão as necessidades das pessoas, o número de pessoas buscando socorro. 92 *** Roteiro da OASE 2008
B. Pedir socorro é / requer uma atitude de humildade: a capacidade de reconhecer sua limitação, sua impotência diante de determinada realidade, a necessidade de ser ajudado, da dependência do outro / de um grupo. Ninguém, por melhor ou mais capaz que seja, sabe tudo, entende tudo ou pode tudo. Por isso, ao contrário do que alguns pensam, caminhar em / com humildade não significa rebaixar-se, mas ter a dignidade de reconhecer aquilo que todos já sabem: sou um ser humano e, como tal, tenho limitações e fraquezas, dependente da compreensão e da ajuda do outro. C. Jesus não faz acepção de pessoas ou discriminação social. Aquele que vem a ele e nele busca socorro, este sempre é recebido, acolhido e socorrido. Toda atenção / ação de Jesus (Deus) têm como finalidade última libertar o outro dos grilhões que aprisionam sua existência, resgatar a dignidade / humanidade do seu ser, restabelecer sua comunhão com o Pai, recolocá-lo no caminho da vida... enfim, socorrer a ovelha perdida / desgarrada do rebanho. D. Diante de determinadas situações e / ou circunstâncias de necessidade, sempre aparecem aqueles que acham que não adianta fazer mais nada, que são / serão inúteis o envolvimento, a atenção, a prestação do socorro: "Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?". Porém, se a filha do outro realmente tivesse morrido, a necessidade de socorro deste teria cessado ou apenas mudado de ângulo e aprofundada? E. Depois da atenção / acolhida do outro e da sua dor, a primeira, talvez a maior, ação da prestação de socorro é alimentar e manter viva a fé e a esperança do outro diante dos sinais de caos e de morte que o cercam: "Não temas, crê somente". Pois, se essas morrerem, o outro não terá porque lutar ou caminhar e toda ação externa em prol desse (socorro) poderá se tornar inútil. Assim, na procura por socorro e / ou no encontro com aquele que busca por socorro, o indivíduo-cristão, a OASE e a igreja são desafiados: a) a não ter medo ou vergonha de pedir por socorro nos momentos de necessidade ou de fraqueza, pois, por um lado, somos falhos, finitos, pecadores e, portanto, para ser e existir, dependentes da complementaridade e do apoio do outro / do grupo ao qual pertencemos. Por outro lado, porque, se sou parte de um grupo / corpo, minha debilidade ou carência pode vir a comprometer a vitalidade, o desempenho ou mesmo a própria existência do grupo / corpo. b) a quebrar o círculo de indiferença, omissão e exclusão social diante da súplica do outro necessitado, acolhendo aquele que anda procurando por socorro e ver o que é possível fazer por ele. Não importa o tamanho do
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grupo ou da comunidade ou de suas condições administrativas e financeiras, sempre é / será possível fazer algo pelo outro: acolher a pessoa, escutar sua dor, aplacar sua fome e sede, orar com / por ele, fazer contatos para verificar possibilidades concretas de suprir ou bem encaminhar o suprimento da sua necessidade, procurar acompanhar sua caminhada (muitas vezes um calvário) na busca de resolução da sua carência. c) a lembrar que todas as pessoas podem prestar algum tipo pontual de socorro: comprar os remédios, acompanhar o doente no hospital, dar um ombro ao entristecido etc. Contudo, poucos oferecem, e esta é a principal atribuição da igreja cristã, a palavra de graça e de amor que, por estarem alicerçadas na misericórdia e na fidelidade de Deus, despertam e alimentam a fé e a esperança, revelam um Deus solidário, possibilitam a transformação do ser humano e das estruturas por ele criadas, oferecem o poder e a força do Espírito Santo, que orienta, sustenta e conforta a caminhada histórica do povo. d) a denunciar as lógicas de poder que geram a exploração do outro e de estruturas sociais injustas que aviltam a dignidade humana, criando carências desnecessárias e um exército de miseráveis desesperados em busca de socorro. Não basta acolher, orar, alimentar a esperança... dos excluídos / necessitados. Assim como Moisés fez com o povo judeu, é necessário mostrar o caminho da libertação, organizar a libertação, lutar pela libertação e pela construção de estruturas sociais mais justas, verdadeiras e fraternas. Somente desse modo diminuirá o número daqueles que andam à procura de socorro; e a nossa alegria poderá ser plena. Que o encontro da minha súplica por socorro com a súplica de socorro do outro gere em nós o espírito de solidariedade, de fraternidade, de indignação diante da exploração e de luta pela justiça. Que em nossa caminhada diária possamos experimentar o duplo sentimento do texto de Marcos: o de misericórdia e de alegria de Jesus em socorrer o necessitado, e o de gratidão e de alegria de Jairo, por encontrar alguém que o socorresse. Amém. Pastor João Luís Bolla Capelão Militar do Exército Brasília/DF
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Pare e Pense Meu sonho Um dia, sonhei que morri e, chegando no céu, fui recebido por um anjo que foi me mostrando o local. Entrei numa sala, onde havia muitos anjos trabalhando, abrindo envelopes. Perguntei ao anjo: – O que se faz aqui? Ele respondeu. – Aqui é o local onde recebemos os pedidos de todas as pessoas. Andamos mais um pouco e chegamos a uma outra sala. Então vi um número ainda maior de anjos trabalhando, rapidamente embalando cartas e selando envelopes. Novamente perguntei ao anjo: – E aqui, o que se faz? – Aqui é o departamento onde são processadas e enviadas as bênçãos aos que pediram. Caminhando mais um pouco, chegamos a uma sala onde havia apenas um anjo, triste, sentado sem fazer nada. Eu novamente perguntei ao anjo. – E aqui, por que é tão vazio? O que se faz aqui? – Aqui é a sala da tristeza, disse o anjo. – É a sala do agradecimento. São muitos os que pedem, mas poucos os que lembram de agradecer. Então perguntei ao anjo: – Como os pedidos chegam a Deus? Ele respondeu: – Através das orações. – E como sabemos quando recebemos uma bênção? O anjo, com a maior doçura, me disse: – Se você tem alimento para comer, água para beber, roupa para vestir, sapato para calçar, um teto sob o qual morar, não vive no meio de guerras, pode entrar em qualquer igreja sem medo de ser maltratado ou torturado, então você é uma pessoa abençoada por Deus! Autor desconhecido
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Arquivo pessoal
N O V E M B R O
Datas importantes 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/2/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+5/4/1925) 30 – 1º Domingo de Advento
NOVEMBRO Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas. Isaías 58.10
Meditação Porque sou igual a ti! Muitas vezes, fazemos bons planos: "Quando eu ficar mais velha, vou ajudar mais os outros, vou auxiliar em um ancionato, vou participar no voluntariado de um hospital, vou ler para um cego etc.". Transferimos para um futuro incerto, que pode nos reservar muitas surpresas, a oportunidade que temos hoje, agora mesmo, de fazer o bem, de praticar a solidariedade. Não notamos que é este, exatamente este, o momento em que devemos nos colocar à disposição de pessoas que estão machucadas, tristes, com dificuldades, esperando ajuda. É o momento de ousar "desperdiçar" amor, dedicação, perdão, alegria, tudo o que dá brilho e beleza a uma existência. Não podemos nos contentar em ficar comodamente instalados na semi-obscuridade dos horizontes. Devemos, isto sim, fartar o próximo com palavras de amor, justiça e esperança em Deus, dar o melhor de nós por e com amor. Ajudando meu irmão/minha irmã a carregar seu fardo, automaticamente não carrego minhas cargas sozinha. Experimento ajuda ajudando o próximo. Experimento clarear os cantos da vida do meu irmão, da minha irmã, e da minha vida quando, antes de mais nada, não espero algum retorno e recompensa, aceitando meu próximo como ele é, simplesmente porque é meu próximo. Mesmo não merecendo, Deus nos ama. Ele não dá a alguns e nega a outros. Seu amor é incondicional. Muitas vezes, infelizmente, gostamos de ajudar porque queremos ser pessoas bondosas. O próprio gesto de ajuda parece dizer: "Eu não gosto de ti. Só te ajudo porque eu sou uma pessoa bondosa". Gostamos demais de avaliar a fé do nosso próximo, de julgá-lo por suas atitudes, e esquecemos de avaliar a nossa própria. Talvez seja incômodo olhar para dentro de nós, porque sabemos estar muito longe do ideal cristão e temos medo do que
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iremos ver. Preferimos olhar para os outros, pois talvez estejam mais longe de Cristo do que nós. A caridade que Jesus nos ensina é bem diferente. Quando ajudamos alguém, deveríamos dizer: "Eu te ajudo porque também sou fraco, porque preciso tanto do auxílio de Deus e do próximo quanto tu precisas de mim neste instante. É por isso que te estendo minha mão: porque sou igual a ti". Assim seremos luz que brilha na escuridão. Não qualquer luz, mas a luz que provém do próprio Jesus, como lemos em João 8.12: "Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário, terá a luz da vida" – uma luz de esperança que não se apaga, que não se desgasta quando ilumina. Vamos ser a presença de Cristo no irmão, na irmã e ter a presença de Cristo em nós, quando dizemos: Eu sou os que dependem de mim. Eu sou os que confiam em mim. Eu sou os que eu amo. Arlete Schulz São José dos Pinhais/PR
Andando na luz de Deus Sem horizonte Acolhida: Jesus diz: Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim (João 14.1). Hino nº 453 Oração: Querido e amado Deus, em nossa vida passamos por muitos momentos difíceis, tu já os conheces, nem precisaríamos falá-los, mas queremos orar, ouve-nos: 1 – (Lembrar nossa situação pessoal... deixar as participantes orarem). Todas: Fica conosco, o dia se declina. 2 – (Trazer preocupações e interceder por outras pessoas, não-presentes, de nosso grupo ou familiares). Todas: Fica conosco, o dia se declina. 3 – Pedir pela comunidade local, igreja. Pedir pelas autoridades para que administrem para o bem, para a vida, cuidando especialmente dos "sem horizonte".
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Todas: Fica conosco, o dia se declina. Confiamos em tua presença e teu amor. Amém. Cantar o cânone: Fica conosco, ó Deus, Que o dia se declina E já vem chegando à noite Ler o texto de Lucas 24.13-35 Fazer a divisão de versículos para uma leitura dinâmica, escolhendo uma pessoa como narradora, outra como Jesus e outra como os discípulos a caminho. Isso também pode ser encenado durante a leitura. Dois discípulos: 18b, 19c até 24; 29b; 32b; 34b Jesus: 17b. 19a; 25b e 26. Para facilitar, os versículos de cada personagem poderiam ser marcados com lápis em sua Bíblia ou copiar o texto abaixo. Os discípulos no caminho de Emaús Narradora: Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que fica a mais ou menos 10 km de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, mas alguma coisa não deixou que eles o reconhecessem. Então Jesus perguntou: Jesus: O que é que vocês estão conversando pelo caminho? Narradora: Eles pararam, com um jeito triste, e um deles, chamado Cléopas, disse: Discípulos: Será que você é o único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá nesses últimos dias? Jesus: O que foi? Discípulos: O que aconteceu com Jesus de Nazaré! Este homem era profeta, diante de Deus e de todo o povo; ele era poderoso em atos e palavras. Os chefes dos sacerdotes e os nossos líderes entregaram-no para ser condenado à morte e o crucificaram. E a nossa esperança era que fosse ele que iria libertar o povo de Israel. Porém, já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram espantados, pois foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Voltaram dizendo que viram anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns do nosso grupo foram ao túmulo e viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus. NOVEMBRO *** 99
Narradora: Então Jesus lhes disse: Jesus: Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram. Pois era preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória. Narradora: E começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os profetas. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez como quem ia para mais longe. Mas eles insistiram com ele para que ficasse dizendo: Discípulos: Fique conosco, porque já é tarde, e a noite vem chegando. Narradora: Então Jesus entrou para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Então eles disseram um para o outro. Discípulos: Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas? Narradora: Eles se levantaram logo e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com os outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam: Discípulos: De fato, o Senhor foi ressuscitado e foi visto por Simão! Narradora: Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão. Algumas considerações gerais (Este conteúdo pode servir para o preparo da orientadora ou então para um comentário durante o estudo). Jesus morreu crucificado, ressuscitou, apareceu para as mulheres que foram ao túmulo, mas era impossível crer que isso fosse verdade. O medo dos seguidores de serem mortos era grande. Pois esta era a condenação: morte de cruz para quem não seguia o império. Esconder-se, fugir era mais seguro, era a saída (poderíamos lembrar de pessoas que hoje se afastam). Emaús era um lugar sem muito significado. Os discípulos caminhavam para um lugar qualquer, lugar comum, distante 10 km de Jerusalém. Os dois não faziam parte dos doze, agora só mais onze como diz o texto v. 33. Provavelmente, "os dois" representam o círculo maior, do qual fala em Lucas 24.9: "e os mais que estavam com ele".
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Mensagem Jesus, o ressurreto, acompanha os discípulos mesmo que não seja reconhecido. A conversa, a tristeza dos caminhantes chamam a atenção; a tristeza e o desânimo estão expressos na aparência física e corporal deles. Eles estavam com medo, decepcionados, abandonados, e os "seus olhos impedidos de reconhecer" Jesus, que caminhava com eles. A Bíblia, as Sagradas Escrituras, Jesus lhes relembrou. Eles ouviram. Chegaram até o local insignificante, Emaús, distante o suficiente para se esconder, longe do palco onde tudo acontecera: morte – ressurreição. Aí chega o momento em que concluem: fica conosco, porque é tarde, e o dia se declina. Quantas irmãs nossas e mesmo nós já chegamos a esse fim de caminho... e aprendemos com os discípulos a pedir: Fica conosco! É preciso ir até a mesa da ceia. Reconhecem o Mestre sob a sua palavra, quando de hóspede se torna em hospedeiro e "toma o pão, o abençoa, reparte e oferece aos discípulos". Os olhos abrem-se e os corações tardos, mas não demais, o reencontram e o reconhecem: é Jesus. Ele está vivo. Nesta hora, após a longa caminhada, são reanimados na fé, fortalecidos para voltar correndo a Jerusalém. Como missionários eles vão. O encontro missionário começa quando Jesus: 1) caminha com os discípulos; 2) compartilha a dor, mesmo que estão fugindo vai com eles, ao lado deles; 3) ouvindo-os, então, fala para eles; interpreta as Sagradas Escrituras; 4) compartilha uma compreensão teológica do ato salvífico de Deus na história; 5) é reconhecido no "partir do pão". Os discípulos, com os olhos abertos para a irrupção do reinado de Deus, transformados pelo encontro e celebrando a presença reconciliadora de Cristo, saem empoderados para compartilhar essa boa-nova com as pessoas. Pois tudo se inverte: o medo dá lugar para a alegria e o desejo de ir e anunciar: Jesus Cristo está vivo. A comunidade é chamada a acompanhar as pessoas na complexidade de seus contextos. A OASE pode, de modo semelhante aos discípulos, caminhar do lado de quem está sofrendo, visitando, orando e até ajudando concretamente com doações. E tudo para a honra e a glória de Deus. Experimentando um pouco: Formar duplas, caminhar juntas, se possível fora do ambiente de estudo, no pátio, e conversar sobre a vida ou outro assunto que lhes ocorrer. Lembrar que uma vez a gente fala e outra vez a gente ouve. Se alguém não puder caminhar, a dupla pode ficar sentada. Atenção para que não fique uma pessoa sem companhia, neste caso podese fazer um trio.
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Concluir a caminhada dizendo: Obrigado, Deus, porque tu não te cansas de caminhar conosco. Amém. Hinos: 214, 425, 458, 325, 60. No caminho de Emaús 1 – Eram dois os companheiros que seguiam pela estrada. Tinham pressa de chegar à aldeia de Emaús. EST: Emaús, Emaús, no caminho de Emaús. Emaús, Emaús, no caminho de Emaús. 2 – Veio alguém juntar-se aos dois que seguiam pela estrada. E agora eram três no caminho de Emaús. 3 – E chegando a Emaús bem na hora do jantar, o terceiro companheiro pão e vinho repartiu. 4 – Só então reconheceram quem com eles caminhava, só então compreenderam que Jesus ressuscitara. Pastora Silvia Beatrice Genz Chapecó/SC
Jogral para Advento Hino: HPD 1 – 305, 1 e 3 Líder: Sem alarde, em silêncio, chega o Advento. Aportando em nosso vai-vem barulhento. Vós, que dormis – despertai do torpor! Volta sempre Jesus: Recebei o Senhor! Grupo 1: Eis aí vem o Rei, justo e salvador. Líder: O Mestre chama. Ouves palpitar teu coração a arder em fé e amor? Ó dize – eis-me aqui, Jesus, a ti pertenço – envia-me, Senhor! As mãos vazias vês-me erguer. Mas tenho fé em teu poder! O tempo é breve. Vê, irmão, irmã, talvez a chance de servir que agora tens jamais há de voltar! Grupo 2: Aqui estou, meu Deus, já não me nego. Com toda a minha vida a ti me entrego. Só tu serás meu Deus e meu Senhor. Venceu a tua graça, ó Salvador! Hino: HPD 1 – 170, 1 e 2 Líder: Rei bendito, aqui estou, dedico-me a ti! Toma conta de mim, meu Senhor! Sei que, quanto a mim mesma, sou fraca e incapaz. Só em ti tenho eterno valor! Quando eu diminuir, tu, Senhor, crescerás. Dá que eu possa
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levar a tua cruz! De mim mesma me salva, meu Redentor – sê tu minha vida, Jesus! Grupo 1: Quero em ti viver, quero a ti servir. Totalmente entregue, quero a ti servir! Grupo 2: A quem entregaria a vida, senão ao Rei, que por amor se debatia em ânsia e dor? Hino: HPD 1 – 170, 3 Grupo 1: Os tempos vêm – os tempos vão; o mundo brilha, a florescer. Contudo, em nosso coração clama a saudade, a doer e arder. Grupo 2: Por que demoras, ó Senhor? Teu reino de justiça e amor, nós o aguardamos, sem cessar. Ó, não nos faças esperar! Grupo 1: Jesus Cristo diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo. Líder: Abrir a porta? Para festejarmos juntos este Natal? E como vou saber que é Jesus? Hoje é perigoso abrir a porta. Há muitos oferecendo soluções hoje. Hino: HPD 1 – 1, 1 e 5 Grupo 2: Jesus não engana. Ele simplesmente vem pela porta da frente. Desde a manjedoura até a cruz. Bate e espera pelo "entre". Grupo 1: Jesus bate! Espera! Líder: Jesus ainda bate e espera! Advento é uma época de espera, reflexão e preparação para o Natal! Procuramos a orientação de Deus para o que devemos fazer, para andar "em seus caminhos" e cumprir a sua vontade. Durante o Advento, paramos para refletir sobre os caminhos que trilhamos e percebemos como é fácil desviar dos caminhos de Deus. Jesus, o Príncipe da Paz, veio para nos guiar nos caminhos da paz de Deus. Hino: HPD 1 – 5, 1 e 2 Líder: Para ter a presença dele em nossa casa, é preciso abrir a porta da nossa vida todos os dias. Grupo 1: Preparai o caminho do Senhor. Eis que o Senhor Deus virá com poder. Líder: O profeta Isaías fala da promessa de Deus de que, quando o Messias chegar, o deserto se alegrará e florescerá; doentes serão curados e fontes de bênçãos jorrarão; uma estrada será construída para que as pessoas retornem a Deus. Durante o Advento, queremos sentir a energia do amor de Deus e deixar que ela toque nossa vida com seu poder transformador. Hino: HPD 1 – 5, 3
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Líder: Assim Jesus vem mais uma vez, vem para permanecer conosco. Acabar com a solidão, o medo do futuro. Onde ele é convidado a entrar, ele mesmo arruma a casa. Ele traz a luz, porque Ele é a Luz. Grupo 1: Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; Grupo 2: mas sobre ti aparece resplandecente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. Líder: Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Todos: As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu. Hino: HPD 1 – 5, 4 e 5 Líder: Durante o Advento, preparamo-nos para comemorar algo que já aconteceu: Jesus nasceu! Mas também para comemorar algo que continua acontecendo: Onde damos espaço para Jesus, acontecem coisas novas na vida de cada pessoa, na família, na sociedade, no mundo, em todas as dimensões da vida humana. Advento é ouvir a mensagem de Deus e sentir sua ação renovadora em nossa vida. Assim, Natal é o aniversário da criança que nasceu num curral, e é com essa simplicidade que ele quer ser celebrado e amado. Vamos devolver o Natal para Jesus. E ele nos presenteará com paz e proteção. Todos: Sim, queremos as nossas portas abrir! Grupo 1: Advento é tempo de celebração! O amor de Deus concretiza-se em Cristo Jesus, que veio a este mundo para que todas as pessoas tenham vida, e vida em abundância. Grupo 2: Advento é tempo de renovar a esperança de vida do meio da desesperança. Grupo 1: Advento é celebrar com Maria, a esperança e a alegria. Grupo 2: Advento é Deus vindo ao mundo em Jesus Cristo, a esperança do mundo. Ele nos convida para viver um momento novo. Vamos abrir o caminho. Todos: Vamos juntos abrir o caminho. Vamos ao encontro do Natal, do Deus Conosco! Hino: HPD 1 – 22, 1, 2, 7 e 8 Líder: Exultem os povos! Da altura dos céus já veio remir-nos o Filho de Deus. Os anjos em coros no reino da luz entoam hosanas a Cristo Jesus. A paz se proclama na terra também aos homens, seus filhos, a quem Deus quer bem.
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Exultem os povos! O dia raiou, que vem demonstrar-nos: Deus nos amou. Exultem os povos! Com Grande emoção adorem aquele que dá redenção. Exultem os povos! O nosso Jesus resgata os cativos, aos crentes dá luz. Exultem os povos! O reino da paz, por Deus manifesto, alegria nos traz. Exultem os povos! Dos céus têm perdão, nos trouxe Jesus a vera salvação. Os anjos em coro no reino da luz entoam hosanas a Cristo Jesus. A paz se proclama na terra também aos homens, seus filhos, a quem Deus quer bem. Hino: HPD 1 – 29, 1 a 3 ou HPD 1 – 20, 1 a 4 Enviado por Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ
Receita Musse de morango rápido Ingredientes: 1 lata de leite condensado, 1 lata de creme de leite sem soro, 2 copos de iogurte natural, 1 pacote (35g) de suco de morango (em pó). Modo de preparo: Bater todos os ingredientes no liquidificador e colocar para gelar. Enviada por Helena Beatriz Fey Novo Hamburgo/RS
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Helga Schünemann
D E Z E M B R O
Datas importantes 01 – Dia Internacional de Combate à AIDS 03 – Dia Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência 07 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 14 – 3º Domingo de Advento 21 – 4º Domingo de Advento 24 – Noite de Natal 25 – Natal 31 – Véspera de Ano Novo
DEZEMBRO Deus diz: Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei. Isaías 66.13
Meditação Consolo de mãe "Deus diz: Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei" (Isaías 66.13) – Este versículo nos faz pensar em dois tipos de amor: no amor maternal, aquele que a mãe dá ao filho, e no amor que nos é dado pelo Pai Celestial, que é maior e incondicional. Enquanto somos filhas, temos em nossa mãe o amor, a proteção e o conDeus nos abraça e consola como uma mãe solo. É tão natural recorrer à mãe quando estamos alegres ou quando estamos necessitando de um ombro amigo e consolo. Muitas vezes, a mãe não diz nada, apenas acaricia e consola. Mas está aí. Sentimo-nos seguras em seu colo. Quando somos mães, transmitimos aos filhos amor, carinho e proteção. Somos ombro amigo para os filhos em momentos de necessidades e angústias; somos um porto seguro para eles poderem ancorar e descansar de suas aflições. É importante para nossa formação como filhas e como mães que pratiquemos o amor, o consolo e a proteção, mas sem esquecer que o amor maior e o consolo vêm de Deus e é somente nele que conseguimos achar. Em Jeremias 31.3 diz: "De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso com benignidade te atraí". Se nos deixarmos atrair pelo amor de Deus, podemos facilmente amar nosso próximo. Podemos transmitir amor, paz e esperança às pessoas que cruzam nossos
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caminhos. Podemos ver coisas boas nas pessoas que estão à nossa volta e ser mais tolerantes com aquelas que nos aborrecem. Em Romanos 5.5 diz: "Ora a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado". O sentimento de amor de Deus para conosco motiva-nos a continuar nossas tarefas. Quem vive ao lado de Deus é renovado e fortalecido, tanto espiritual como fisicamente. Quem confia em Deus encontrará forças incansáveis. Levantará suas asas como águias alcançando o alvo e, ao baixar, poderá realizar um trabalho melhor na seara de Deus. Deus é o único que pode fazer essa mudança na pessoa, jogar fora tudo o que é velho e nos renovar em Cristo. Então, o ser novo, à imagem de Deus, pode viver e trabalhar em nós. Comecemos a experimentar uma nova relação com Jesus e ele mudará nossa forma de ver e pensar sobre as demais pessoas. Para vivermos em conformidade com os mandamentos, procuremos o amor e o consolo de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Em Hebreus 13.20-21 encontramos a seguinte bênção: "O Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém". Para reflexão: 1 – Quem tem sua mãe viva? 2 – Quem é mãe? Quantos filhos tem? 3 – Compartilhem alguns momentos de consolo que viveram. Oração: Deus todo-poderoso, nosso Pai celestial, agradecemos-te pelos bens materiais que recebemos de ti todos os dias. Pedimos-te ajuda para todas as mulheres que necessitam de amor, consolo e esperança. Dá a cada uma aquilo de que mais necessita; tu o sabes, Senhor. Colocamos cada mulher do grupo da OASE em tuas mãos e pedimos tua bênção. Põe, Senhor, tua mão sobre nós e nos deixes saber que te pertencemos, agora e na eternidade. Nós te agradecemos e pedimos em nome de Jesus Cristo. Amém. Ruth Thereza Baade Curitiba/PR
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Andando na luz de Deus Doce é a luz Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra. Estando as nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará. Quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará. Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas. Doce é a luz, e agradável aos olhos, ver o sol. Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. Tudo quanto sucede é vaidade. Eclesiastes 11.1-8 Tenho observado como as pessoas se preocupam com suas semeaduras, plantações e colheitas. Ficam ansiosas com o clima, se vai chover, ter sol, se não virá uma catástrofe como granizo, vento forte, geada ou seca. Muitas observam até a lua para fazer a semeadura. Tornam-se obcecadas e ansiosas pela observação de certos costumes e tradições. Lembro-me de uma situação bem interessante. Foi no ano de 2005. Nos primeiros meses do ano, em janeiro e fevereiro, houve estiagem, chovia pouco. Quando realizei um culto no interior, um dos membros falou: "Pastora! O que será de nós este ano? Conforme a previsão, irá chover somente em junho!". Eu respondi: "Mas não podemos desesperar! O amor de Deus é muito grande! Certamente ele não irá nos abandonar até junho". O milagre aconteceu, surpreendendo diante de todas as previsões humanas! Lembro até o dia: Foi no dia 13 de março; o céu se fechou e veio uma chuva abençoada durante todo o dia! Foi uma grande alegria para todos! O autor de Eclesiastes afirma no v. 4: "Quem somente observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará". O mais importante é confiar, plantar sem se preocupar demais com o que virá depois. É claro que não temos certeza absoluta se a semente vai germinar e nascer, se a planta vai produzir! Mas não podemos esquecer que o crescimento e a colheita não dependem apenas de nós, de nosso próprio esforço. Conforme o v. 5: "Deus faz todas as coisas!" Ele é o Senhor que cuida e
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protege! Isso se aplica também a outras situações de nossa vida! Por exemplo, no trabalho da OASE. Como mulheres cristãs, somos convidadas a semear o bem, a paz e o amor. O importante é semear! Realizar o trabalho em favor da igreja e do reino de Deus neste mundo. Às vezes, preocupamonos e perguntamos: Será que vale a pena? Será que vai trazer retorno? Lembro de uma música muito bonita que diz: "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!" Deus faz todas as coisas! Ele também pode transformar as nossas ações em bênçãos. É preciso confiar e agir sem medo, pois doce é o amor de Deus, a luz que dele provém. Doce é a luz! Voltando ao exemplo da semeadura, a primeira obra na criação foi a luz. Conforme Gênesis 1.3, Deus disse: "Haja luz, e houve luz!" Como é bom poder contar com a luz! Graças a ela, as plantas podem crescer, as frutas amadurecem e se tornam doces e saborosas. A luz é sinal de nova vida, de recomeço. Ela nos permite enxergar e discernir entre o certo e o errado e nos leva a ver o caminho por onde precisamos andar. Como é assustador andar num lugar escuro e desconhecido! Lembro-me que fui visitar uns parentes, conhecer uma casa nova! Era ao anoitecer, num ofuscar entre a claridade e a escuridão. Pisei em falso, não vendo um pequeno degrau, o que foi o suficiente para cair e me machucar! Assim também a nossa vida pode apresentar momentos de escuridão, incerteza e medo. Podemos sofrer quedas! Precisamos de uma luz bem forte para iluminar nossos passos, nossos pensamentos e nossas ações. Deus mostrou toda a sua luz e resplendor por meio de seu Filho Jesus. Ele mesmo disse: "Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas" (João 12.46). Ele foi e é uma luz para as pessoas desanimadas e perdidas. Ele quer iluminar e fortalecer também nossas vidas. Que possamos sentir a doçura e o bem-estar que provêm de Deus! O doce que nos faz bem, que nos acalenta, que nos traz novas energias. E como uma criança que se alegra com uma bala e um chocolate, possamos ser adoçados com o esplendor de nosso grande Deus. E a partir dessa grande luz, nós também podemos brilhar e adoçar a vida uns dos outros. Jesus nos faz o convite quando diz: "Vós sois a luz do mundo!" (Mateus 5.13). Que possamos semear sem desanimar, assim como diz o poema: Neste grande mundo, tu és um semeador. Não digas: o solo é áspero, o sol queima, chove freqüentemente, a semente não presta! Não é a tua missão julgar a terra, o tempo, as coisas. Tua missão é semear!
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As sementes são abundantes e germinam facilmente. Um pensamento, um gesto, um sorriso, uma promessa de alento, um aperto de mão, um conselho amigo, um pouco de água! Não semeies, porém, descuidadamente, como alguém que se desincumbe de uma obrigação, ou que cumpre uma simples tarefa! Semeia com amor, com interesse, com atenção, como quem encontra nisso o motivo de sua felicidade! E, ao semear, não penses: Quanto me darão? Quando será a colheita? Recorda que não semeias para enriquecer, aguardando o ganho multiplicado! Semeias porque não podes viver sem dar! És dono de ti mesmo e da vida quando trocas o teu pouco ou muito com o outro. Sem esperar recompensas: serás recompensado! Sem esperar riquezas: enriquecerás! Sem esperar colheita: teus bens se multiplicarão! Porque semeias num reino onde dar é receber, onde dar a vida é perdê-la, onde gastar servindo é crescer e transformar! Semeia sempre em todo terreno, em todo tempo e com muito carinho, a boa semente, como se estivesses semeando o próprio coração! Sai, semeador! Parte! Prepara! Levando contigo tudo o que tens e acolhendo o que o outro te dá! Aceita o desafio do Semeador que semeia o bem, a verdade, a sabedoria! Tu és um grande semeador! (Autor desconhecido) Pastora Neiva Maria Barg Palmitos/SC
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Natal Uma história diferente Depois que os pastores se retiraram, tudo silenciou ao redor do presépio. Foi quando o menino levantou a cabeça e olhou para a porta. Ali estava um rapaz, tímido e triste. – Chega mais perto, disse Jesus. – Por que estás com medo? – Eu não trouxe nenhum presente para ti, respondeu o rapaz. – Ó, mas eu gostaria que me desses três coisas, disse Jesus. – Mas eu nada tenho para te dar, respondeu o rapaz, encabulado. – Podes dar-me o desenho que fizeste hoje de manhã?, perguntou Jesus. – Ninguém gostou desse desenho, disse o menino com tristeza. – É por isso mesmo que eu o quero, disse a criança na manjedoura. – Quero que sempre me dês aquilo que os outros não gostam e também aquilo que tu mesmo não gostas em ti e o que te deixa frustrado, nervoso e triste. – É isso mesmo que queres, Jesus?, espanta-se o rapaz. – Como segundo presente, dá-me o teu prato. – Eu o quebrei hoje de manhã. – Sim, é por isso que eu o quero. Quero consertá-lo. Quero que sempre me tragas o que quebra em tua vida. – E como última coisa, quero a resposta que deste a teus pais quando te perguntaram se tu tinhas quebrado o prato. Aí o rapaz disse baixinho: – Eu menti. – Eu sei, respondeu Jesus. – Mas quero que tragas para mim o que está errado: tua maldade, tuas mentiras e tristezas, teus complexos e tua falta de confiança. Não precisas carregar tudo isso contigo. Quero te libertar. A partir de hoje, podes vir todo dia conversar comigo para aliviar o que te pesa. Hoje, meu aniversário, é um dia especial e o dia apropriado para fazer esse trato. Minha alegria para tua tristeza, minha vida plena para teu vazio, minha paz para tua ansiedade, minha verdade para tuas mentiras e meu amor para cada dia do novo ano que vai iniciar. – Obrigado, Jesus!, respondeu o rapaz. – Assim terei um ano novo e toda uma vida muito feliz. Adaptação de uma história do Zimbábue (África) Extraído de: Há um clima no ar, Editora Sinodal, São Leopoldo/RS
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