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© Editora Sinodal, 2012 Rua Amadeo Rossi, 467 Caixa Postal 11 93001-970 São Leopoldo/RS Tel./Fax: (51) 3037-2366 editora@editorasinodal.com.br www.editorasinodal.com.br Elaborado pela Associação Nacional dos Grupos de OASE da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Diretoria Nacional: Elsa Eneli Müller Janssen (Presidente), Rejane B. Hagemann (Vice-Presidente), Wilhelmina Kieckbusch (Secretária), Olga K. Roque (Vice-Secretária), Teresinha Metzker (Tesoureira), Dirce Schitkoski (Vice-Tesoureira) Conselho redatorial: Anna Lange, Olga Kappel Roque, Edeltraud Fleischmann Nering, Gudrun Braun, Isabela Miriam Buboltz e Helena Beatriz C. Fey Coordenação editorial: Helga Schünemann Contato: helgaschunemann@yahoo.com.br Produção editorial e gráfica: Editora Sinodal Foto da capa: stock.xchng: alicecm e asifthebes Fotos da abertura dos meses foram tiradas no Encontro Anual das Presidentes Sinodais da OASE, de 12 a 15 de março de 2012. ISSN 21755515
ÍNDICE Apresentação – Elsa Eneli Müller Janssen .......................................................... 5 Palavra da Presidência da IECLB – Ser, participar, testemunhar ......................... 7 JANEIRO Deus te dê a paz (Salmo 16.11)........................................................................... 10 Paz que só o silêncio traz (Marcos 4.35-41) ....................................................... 13 Reforma – Lutero e o luteranismo rumo aos 500 anos ....................................... 16 FEVEREIRO A luz em nós (Lucas 11.35) ................................................................................ 20 Da amargura à alegria: Espiritualidade nutrindo a resiliência (1 Samuel 1.9-18)................................................................................................ 23 CAPA: Agroecologia em defesa da vida ............................................................. 26 Dicas ecológicas.................................................................................................. 29 MARÇO Você já parou para refletir sobre vida e morte? (Lucas 20.38) ........................... 31 Pecado, culpa e perdão (João 8.1-11) ................................................................. 33 Páscoa: O presente de Páscoa ............................................................................. 36 Trabalho manual: Coroa de Páscoa com cascas de ovos .................................... 38 ABRIL Aceitar Jesus (Colossenses 2.6-7) ....................................................................... 40 O perigo do isolamento (Salmo 133) .................................................................. 42 Jogral: Mãos que amam ...................................................................................... 44 MAIO A paz na visão de uma mãe (Provérbios 31.8) .................................................... 47 Deus cuida de nós (1 Pedro 5.7) ......................................................................... 49 Dia das Mães: Conversando com as mães da Bíblia........................................... 51 Sugestões de presentes para o Dia das Mães ...................................................... 54 Conto: Fale com o coração ................................................................................. 55 JUNHO Aquietar-se para sentir os sinais da presença de Deus (Atos 14.17)................... 57 Queremos paz ou guerra? (Mateus 5.9) .............................................................. 59
A riqueza do intercâmbio .................................................................................... 61 Oração do cuidado .............................................................................................. 63 JULHO O que se aprende de pequeno, não se esquece (Atos 18.9-10) ........................... 65 Doce aconchego (Salmo 22) ............................................................................... 67 A lição dos gansos canadenses ............................................................................ 69 Exercícios de relaxamento e energização ........................................................... 71 AGOSTO Encontrar a Deus transforma (Salmo 30.11) ....................................................... 73 Fidelidade e lealdade (Lamentações 3.22-26 e Gálatas 6.9) ............................... 75 Dia dos Pais: O nó do afeto................................................................................. 77 Olhos e mãos de pais........................................................................................... 78 SETEMBRO Não vos entristeçais (Neemias 8.10) ................................................................... 80 Angústia – Libertação (Salmo 50.15) ................................................................. 82 Templo dos leprosos luteranos ............................................................................ 84 Receita: Bolo de nozes e maçãs .......................................................................... 86 OUTUBRO Silêncio, quietude, paz e sossego (Hebreus 13.16) ............................................. 88 A misericórdia de Deus (Romanos 12.1-2) ......................................................... 91 Uma bênção ........................................................................................................ 93 Abençoa, Senhor ................................................................................................. 94 Palavrões que matam dentro de casa .................................................................. 95 NOVEMBRO A semente da paz (Lucas 17.21) ......................................................................... 98 Perdas e recomeço (A história de Jó) ................................................................ 100 Minhas viagens, minhas andanças .................................................................... 102 Poesia: O que dá sentido à vida (Cora Coralina) .............................................. 104 DEZEMBRO Que vida desejamos (João 1.4) ......................................................................... 106 O agir de Deus é silêncio (Isaías 30.15) ........................................................... 108 Natal: Origem da canção “Noite Feliz” ............................................................ 110 Paráfrase natalina de 1 Coríntios 13 ................................................................. 111 Bênção franciscana ........................................................................................... 112
Apresentação Tempo de calar e sossegar a alma
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Arquivo pessoal
que é o tempo? Como já disse alguém, “o tempo é aquele enigma que a gente vive tentando entender e morre tentando explicar... é aquele andamento supervisionado das coisas... restando-nos como única proposta acompanhá-lo...”. O tema proposto neste Roteiro da OASE toma por base o Salmo 131.2: “Fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe”. Tire um tempo, leia, releia esse salmo no seu contexto. Vivemos numa época de muitas inquietações. Todos nós sofremos por alguma coisa. Experimentamos a dor, a dúvida, a Elsa E. M. Janssen insegurança. Buscamos respostas, que não são encontradas mediante difamação, traição, calúnia, doença, dificuldades financeiras, desemprego, que em algum momento podem nos atingir. Ficamos aflitos e todos nós, enfrentando problemas ou não, temos a necessidade da companhia, da valorização, do amor, de consolo e paz. Salmos é o livro de hinos e orações da Bíblia. Foram escritos em diferentes períodos e refletem a reação de algumas pessoas diante da autorrevelação de Deus. Através dos séculos, os Salmos têm sido uma fonte de inspiração, de ajuda, de louvor e gratidão diante dos desafios da vida. No salmo 131, Davi, seu autor, mesmo na condição de rei de Israel, admite seu anseio, sua angústia, seu medo e sua desconfiança. Sua busca é o sossego para a alma. Sabemos que DEUS criou o ser humano abrangendo três áreas intrinsecamente ligadas: o corpo, a alma e o espírito. Toda provação e sofrimento, quando nos sobrevêm, afetam as três dimensões da vida
Roteiro da OASE 2013
O salmista, no seu tempo, também experimentou a dor das lutas, contendas, divisões, aflições, culpas e fardos. Ainda assim, ele é presenteado com uma alma silenciada, aquietada, a exemplo de uma criança junto ao seio de sua mãe. Nós, mulheres, mães, avós, bisavós, muito bem sabemos a dimensão da verdade contida nessa ilustração. Após mamar, ou seja, já nutrida, a criança relaxa e se entrega totalmente aos braços de sua mãe. Amigos leitores e amigas leitoras! Temos dificuldades de entender a época em que estamos vivendo. Como diz a conhecida canção: “Há muitos muros entre os homens que entre grades vão se entreolhar...”. O medo que nos cerca nos priva da paz, causando preocupação e ansiedade. Então, qual é a fonte na qual podemos buscar o sustento capaz de apaziguar nossa vida em dias turbulentos e nebulosos? O salmista manifesta a razão pela qual seu coração silenciou e tranquilizou a sua alma: Ele espera no Senhor! (v. 3). A fonte de toda consolação é o nosso PAI, que está no céu, de onde disponibiliza todos os recursos para nos ajudar a viver com tranquilidade e descanso. Enviou JESUS CRISTO e nos presenteia com a orientação e comunhão do ESPÍRITO SANTO para acalentar e sossegar nossa alma. Agradecemos à coordenação editorial, ao conselho redatorial e a todos os colaboradores e colaboradoras que se empenharam na produção do Roteiro da OASE 2013, edição nº 59. Ele foi preparado com esmero e dedicação para nos orientar a viver como uma criança, que refugiada em DEUS encontra quietude para sua vida. Com especial carinho, nosso MUITO OBRIGADO. Elsa E. M. Janssen Presidente da Associação Nacional dos Grupos de OASE
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Palavra da presidência da IECLB Ser, participar, testemunhar Arquivo IECLB Neste ano, o tema da IECLB é “Ser, participar, testemunhar. Eu vivo comunidade”. O tema é iluminado pelo lema, um texto bíblico do Antigo Testamento: “Eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças, ajudo e protejo com a minha forte mão” (Isaías 41.10). Pois o tema e o lema apresentam-se como ótima oportunidade para refletir sobre o assunto que o Roteiro da OASE se propôs a abordar: Aquietar-se, tranquilizar-se, paz. Por quê? Como? Conhecemos o ritmo acelerado da vida moderna. Parece que cada novo dia exige mais tempo de nós. Impõe mais tarefas, ritmo mais rápido. Corremos cada vez mais. Cresce a sensação de chegarmos com atraso. Até parece ser contradição que pessoas aposentadas – de todas as profissões – digam: “Tá, acho que sim, mas vou consultar minha agenda”. Pastor Presidente Dr. Nestor Paulo Esse ritmo cada vez “mais doido” Friedrich não é bom para ninguém. Prejudica a saúde. Vai esfriando relações de amizade. Coloca-nos no isolamento. Aumenta o tal do estresse. Em termos de vida de fé, faz crescer a sensação de vazio. E isso é ruim, muito ruim. Eu, porém, acredito que pode ser diferente. Pode! Observemos que o primeiro verbo do tema deste ano é ser. Significa que, para Deus, eu sou; você é. Eu, você, cada ser humano tem dignidade e individualidade. Cada um de nós é, existe e está aí como criatura única. Como tal, é justificada por graça e fé, através de Jesus Cristo. Nessa condição, é pessoa livre para pensar e discernir. Portanto, neste ano, o tema ajuda a perguntar pela experiência de ser pessoa, pelo meu lugar na comunidade, pelo cuidado da comunidade para comigo, pela minha relação com Deus, que nos criou e que é nossa proteção e mão forte.
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É óbvio que esse lugar que Deus providenciou para cada pessoa no seio da comunidade cristã não tem um fim em si mesmo. Não é assim que agora eu tenho o direito de exigir que toda a comunidade “fique voltada para meu umbigo”. Daí seria individualismo doentio. O terceiro verbo do tema é testemunhar. Cada uma e cada um de nós é testemunha do Evangelho no mundo. Somos filhos e filhas de Deus, chamados para ser luz no mundo. Então, o que esse cuidado pelo indivíduo na comunidade aponta? Que comunidade cristã é espaço privilegiado para encontrar-se com Deus e, através dele, exercitar o ministério do cuidado mútuo. Comunidade cristã é, por excelência, espaço que acolhe pessoas, que permite a experiência de estar na companhia de Deus. Através de Deus e da força que ele concede, nós nos sentimos na companhia de pessoas que nos querem bem e que caminham conosco solidariamente. Desse modo, ao ser membro de uma comunidade cristã, sei que não estou sozinho. Pessoas de uma comunidade caminham comigo. Inversamente, eu posso caminhar com pessoas. E isso não acontece por mérito nosso. Isso nos é dado; dado por Deus. Ele é que nos reúne, está conosco e nos acompanha na jornada da vida. Alcança-nos sua forte mão e levanta-nos quando caímos. Aquele que disse “Eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças, ajudo e protejo com a minha forte mão” nos convida a que na oração individual e no colo da comunidade nos aquietemos e sintamos a sua paz. Pastor Presidente Dr. Nestor Paulo Friedrich Porto Alegre/RS
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Arquivo OASE
Datas importantes 01 – Ano-Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres “Frauenhilfe”, em Berlim/Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philipp Jacob Spener, fundador do Pietismo (+5/2/1705) 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+4/9/1965) 16 – 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 28 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+20/12/1552)
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JANEIRO Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Salmo 16.11
Meditação Deus te dê a paz
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o dicionário, encontramos a seguinte explicação: “na linguagem comum – paz abrange o estado de tranquilidade de pessoa, povo, nação, onde não há inimigos a temer/combater. Também exprime concórdia, sossego, cassação de hostilidades, silêncio, descanso, calma. A paz é simbolizada por várias expressões e seus significados, destacando-se entre outras: paz de Deus; ramo da paz; juiz de paz; bandeira da paz; beijo da paz; cachimbo da paz; pomba da paz”. Você está em paz consigo mesma? Com Deus? Com o próximo? Já sentiu alguma vez uma paz profunda, esteve calma, em silêncio? Eu sim. Moro em frente a uma fábrica de calçados e durante a semana não há paz (silêncio). São as máquinas barulhentas, o movimento dos caminhões carregando e descarregando, pessoas falando alto. Há ainda um colégio bem pertinho e cachorros da vizinhança alterados e latindo com todo esse movimento de pessoas.
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JANEIRO
No domingo tudo é diferente. Se me sento nos fundos da casa, escuto somente a criação de Deus: o trinar dos pássaros, ao longe um cantar de um galo, a brisa do vento a brincar com as folhas... Você já escutou alguma vez a chuva? Dá uma sensação de paz (parece um canto de ninar). Cresci em ambiente silencioso, de paz, no interior do Rio Grande do Sul – sem água encanada, sem luz elétrica, sem televisão, sem trator; sendo os únicos sons os da criação de Deus. Observe: P – perdão, paciência, parceria, piedade, proteção A – amor, amizade, alegria, afeição, abraço, apoio, abençoar Z – zelo, zeloso Comente em pequenos grupos o significado dessas palavras do acróstico. Elas estão relacionadas com PAZ? Referências bíblicas: João 16.33; Efésios 2.14-17; 2 Coríntios 13.11; Filipenses 4.7-9; Romanos 15.13 e 33. Relacione alguns textos com as palavras do acróstico. Conclusão Hoje, vivemos num mundo agitado, barulhento, estressante. Então, ter momentos de tranquilidade – paz – é muito importante. Se conseguirmos exercitar um pouco da paz que o mundo nos pode oferecer, quanto mais a paz que Deus nos dá. Pois em João 14.27a Jesus diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo”. Se tivermos paz com Jesus, só assim a teremos conosco mesmos e com o próximo. Aí teremos tempo para fazer ou receber uma visita, ter um ombro amigo, dar um sorriso, estender a mão ao necessitado... O Cristo ressurreto, quando aparecia aos discípulos, não dizia bom dia ou boa tarde, e sim “Paz seja convosco”. Muitas vezes desejamos essa paz à outra pessoa, mas esse desejo deve brotar do coração e não apenas em palavras. Miqueias fala do rei que trará a paz – shalom –, que é a paz ampla e irrestrita, que compreende a satisfação de todas as necessidades humanas. Em cada culto, somos enviados com o desejo que “Deus te dê a paz”. Abracemos essas palavras em nosso coração. Para encerrar, formaremos duplas (uma em frente à outra) para nos abençoar: 11
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– colocando as mãos em sinal de bênção sobre a cabeça da parceira, diremos: – Deus te abençoe; – colocando as mãos sobre os ombros da colega, diremos: – Deus te proteja; – e dando-lhe um abraço, diremos: – Deus te dê a paz (2 x). Obs.: Quem souber a melodia, cantando, é mais significativo. Ilse Frantz Estrela/RS
Deixo com vocês a minha paz; a minha paz lhes dou, não como o mundo costuma dar. Não se preocupem nem tenham medo. (João 14.27) Vivo num mundo sem paz, cheio de pequenos conflitos. Guerras entre os povos e brigas entre as pessoas. Por que tanta agressividade? Por que essa impaciência e falta de compreensão entre as pessoas? Somente tu, Jesus, tens a paz que o mundo precisa: a paz completa, envolvente, a paz que abraça e torna as pessoas capazes para um convívio mais justo e fraterno. Senhor, entra em meio aos meus conflitos com a tua paz. Dá-me tua paz e transforma-me em pacificador. (IECLB – Literatura Evangélica CO4-97)
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JANEIRO
Paz que só o silêncio traz Marcos 4.35-41
Existem muitas coisas, situações e pessoas que nos deixam inquietas. Que nos afligem e nos agitam a tal ponto, que nossos corpos sentem. Dores de cabeça, peito apertado ou nó no estômago são sintomas comuns da ansiedade, da inquietude. Mas não precisa ser assim... Convido para lermos o texto bíblico do Evangelho de Marcos 4.35-41. Jesus e seus discípulos estavam se recolhendo, à tardinha, de um dia provavelmente “cheio” de atividades. Nós mulheres, ao fim da tarde, estamos nos despedindo de um dia certamente cheio de compromissos e serviços, assim como os discípulos! Agora imaginem – repentinamente, vento e água começam a invadir nosso sossego, nossa paz! O que fazer?! O texto revela uma verdade: ventos e água estão presentes em nossa vida. E ventos trazem inquietação! E na maioria das vezes, não há como fugir deles, pois nosso barco está sempre à mercê de tempestades. A pergunta é: o que fazer quando a inquietude toma conta de mim? Estou certa, e cada vez me convenço mais, de que não existem receitas para as ventanias da vida. Mas também convicta de que Deus abre caminho. Que ele orienta através da sua Palavra. Olhando para o texto, Jesus conversa com o vento. É preciso entrar em contato com aquilo que me inquieta e me tira a paz. É preciso se deixar tocar pelo sentimento angustiante e se dar conta de que ele está aí. É preciso “conversar”, dialogar consigo mesma! Entrar em contato com você mesma é uma arte e de uma coragem imensa. Mais fácil é fugir ou negar que estamos inquietas ou aflitas! E Jesus disse ao vento: – Silêncio. Fique quieto! Silenciar! Eis uma possibilidade genuína que nos conduz à paz. Silenciar é uma virtude das mais simples. Ao mesmo tempo, das menos buscadas.
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Em nossos dias, o silêncio é visto como perda de tempo. Também é difícil encontrar silêncio. Logo somos tomadas pelo barulho das ruas, das pessoas ao nosso redor. E quantas vezes somos tomadas pelos ruídos internos. Por aqueles pensamentos que beliscam nossas mentes... “amanhã não posso esquecer de fazer isso, aquilo e ainda aquilo outro”... ou então: “como mesmo eu vou falar para ela?”. Silêncio! Fique quieta! Tem um provérbio que diz que enquanto a água de uma fonte estiver agitada, não há como enxergar direito o fundo. À medida que a água silenciar, veremos claramente e encontraremos o que buscamos. Então, quando as águas estiverem invadindo nosso barco, quando os ventos estiverem nos causando medo e pavor – vamos silenciar! Sinta a água a tocando e seu coração batendo! Chore, se for preciso. Mas silencie! Silenciar é também uma atitude passiva! Talvez por isso damos pouco valor a ela. E quase ninguém gosta “das coisas paradas” ou mornas. Silenciar é gesto de aceitação, de acolhimento. No silêncio não é você que irá realizar qualquer coisa. As coisas acontecem se você souber acolher o silêncio. Deus atua no silêncio de nossos corações. Ao orarmos, aprendemos a silenciar e deixar Deus agir. É Jesus quem acalmou o vento. É Deus quem transforma nossas inquietudes e nos devolve a paz que tanto ansiamos. Eu só preciso silenciar e deixar Deus ser Deus! Isso não serve só para nós, internamente, mas também para a outra pessoa. Veio-me à mente agora uma história que uma médica contou. Quando ela tinha oito anos, seu gatinho morreu. Seu pai e sua mãe tentaram acalmá-la. Diziam que seu gatinho agora estava com Deus e que um dia ela poderia vê-lo novamente. Mas nada do que seus pais falavam amenizava a dor que estava sentindo. Chegou a pedir que Deus o trouxesse de volta. Então, sentou-se no colo de sua avó. Sua avó lhe contou de como havia sido duro perder seu avô e que também rezara para que Deus o trouxesse de volta, mas isso não aconteceu. E a avó lhe deu um abraço longo e apertado. Foi então que ela conseguiu chorar. E depois, já se sentia melhor! O silêncio talvez seja a única coisa que eu posso levar à outra pessoa. Não aquele silêncio esmagador ou carregado de crítica. Mas aquele silêncio que é lugar de abrigo e aconchego. Aquele silêncio que abraça, que fica mudo, que aceita. 14
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Mais do que mil palavras, mesmo que de ternura e generosas, o abraço silencioso fala mais forte! Compartilho uma oração de bênção linda que me traz muita paz. A autora da oração é a pastora Vera C. Weissheimer. Mas antes... Dinâmica Convido também para unirmos nossas mãos. Sentir a mão que me acompanha, que também me toca. Que se une com a minha em oração. E vamos exercitar o SILENCIAR. Vamos sentir nossa respiração, nosso suspiro. Vamos procurar não pensar em nada. Esquecer as coisas que aprendemos. Vamos tentar esvaziar nossos potes e deixar que o silêncio tome conta do lugar em que estamos. Vamos deixar que o silêncio tome conta também de nós! (Permanecer alguns minutos em silêncio. Depois uma pessoa pode, suavemente, ler a oração abaixo). Que sopre sobre você a brisa leve, grávida de Deus. E que esta seja capaz de renovar você inteira. E que os aromas sagrados, que embriagam a vida, façam você acreditar que, apesar da alegria desfeita, da dor sentida, do sangue derramado, da cor descoloria, ainda é possível encontrar Deus; sem tantos nomes, sem tantos rótulos. Mas um Deus conosco! Amém. Diácona Nádia Mara Dal Castel de Oliveira Joinville/SC
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Reforma Lutero e luteranismo rumo aos 500 anos A aproximação do jubileu dos 500 anos da Reforma Protestante, a ser comemorada em 31 de outubro de 2017, deve ser de comemoração, mas também de perguntas: Afinal, por que e como comemorar esse jubileu da Reforma? Certamente não é suficiente responder que não podemos deixar a data “passar em branco”, afinal, somos luteranos e luteranas. Evidentemente não deveríamos negar nossas raízes confessionais. Contudo, ao falarmos de raízes, nos vem à mente a imagem de uma árvore. A árvore pode nos auxiliar a compreender a Reforma. Ela é um conjunto de folhas, galhos, tronco, frutos e, inclusive, raízes. Mas ela é ainda mais. Ela é também o passado e o futuro, além do presente. Ou seja, é sempre necessário considerar o seu passado, quando ainda árvore pequena e sua história de crescimento. Igualmente, ela é o futuro, as novas folhas, galhos e frutos que virão. A Reforma pode ser compreendida de forma semelhante. Não basta falarmos somente de Lutero ou da Reforma Protestante (raízes), mas também do luteranismo e das igrejas protestantes que se seguiram àquele evento (história) e os desafios futuros das igrejas (frutos). Então, perguntando pela Reforma desencadeada por Lutero, é preciso atualizar a mensagem reformatória de forma que faça sentido e seja mensagem verdadeiramente evangélica. Se assim não fosse, a comemoração do jubileu da Reforma ficaria reduzida a ufanismo, heroísmo e saudosismo. Então, qual a relevância de Lutero para hoje? Permito-me evocar o conceito central da teologia de Lutero para conectar a Reforma de 500 anos atrás com nossa atualidade. Trata-se do conceito de justificação por graça e fé. Lutero não inventou esse conceito, nem o entendeu desconectado da vida. Vejamos: Lutero, com o seu ataque ao sistema de vendas de indulgências, teve como objetivo o melhoramento do mundo e das relações humanas. Na época de Lutero, as cartas de indulgências eram anunciadas e vendidas como espécie de segurança e garantia da salvação celestial. Por que as pessoas acreditavam nessa mensagem? Precisamos considerar que, especialmente desde o século XIII e ainda à época de Lutero, a vida era muito frágil, especialmente pela ameaça da terrível “peste negra”. Domingo após domingo, as pessoas reunidas nos cultos eram lembradas dos que faleceram, muitas vezes prematuramente, durante a semana. Dessa forma, incutiam-se nelas o medo de que no próximo domingo 16
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o seu nome poderia estar sendo citado entre as pessoas mortas da semana. Isso gerava insegurança e dúvidas. Gerou-se, assim, uma cultura do “salve-se quem puder”. Cada pessoa buscava garantir sua salvação futura através da compra de cartas de indulgências. Lutero combateu o comércio das indulgências publicando suas 95 teses no ano de 1517, que colocariam a Europa em polvorosa. Em suas teses, Lutero afirmou que a salvação é dádiva absoluta e que não existe mérito humano nela. Se fizéssemos depender o mínimo que fosse de nós para que fôssemos salvos, chegaríamos a uma única certeza: a da condenação, pois não temos dignidade e méritos próprios em nós. Portanto, a salvação precisa vir de fora de nós (extra nos), precisa ser ofertada por Deus, em Jesus Cristo. Por esta razão, em suas pregações do público, apontava para a cruz de Cristo. Cristo é o centro da vida da comunidade.
Desta forma, Lutero inverteu completamente a compreensão da relação entre Deus e ser humano, mas também – e talvez, sobretudo! – entre as próprias pessoas. Antes, por meio das indulgências, gerou-se um individualismo em que cada pessoa se preocupava com sua própria salvação. Era uma relação egoísta com Deus. Através da redescoberta evangélica de que a salvação nos é dada gratuitamente pela fé, Lutero afirma que a fé liberta para servir o próximo. Neste sentido, Lutero usou um exemplo que evidencia também um pouco de seu espírito jocoso. Segundo ele, “uma vaca não vai para o céu por dar leite, mas é para isso que ela foi feita”. Da mesma forma, uma pessoa cristã não é salva porque tem méritos pelas boas obras que faz, mas ela faz boas obras porque é cristã e foi feita cristã (justificada) para fazer boas obras. A preocupação pela salvação não deveria ser direcionada para o céu, para fazer “obras para Deus”, mas para a terra, realizando “obras de amor para as pessoas”. Em outras palavras, não precisamos cuidar de nossa salvação, pois, crendo em Cristo, Deus mesmo cuida de nossa salvação, que é obra de sua graça. Portanto, despreocupados e livres, podemos nos envolver em prol da salvação do mundo, ou seja, para o melhoramento do mundo. 17
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A justificação por graça e fé parece-me trazer uma contribuição fundamental para a atualidade. De um lado, ela liberta da moderna preocupação gerada pelo sistema econômico. O sistema econômico fundamenta-se no princípio da autojustificação e da meritocracia. O lema é o desenvolvimento, o progresso, o acúmulo. Tudo isso, no entanto, tem um alto custo social, ecológico, militar etc. Coletivamente, verifica-se que os países aspiram integrar o “G 7”, o “G 20”, o “Primeiro Mundo”. Individualmente, cada pessoa quer tornar-se “rica”, bem-sucedida, vencedora. Em resumo, todos querem se autossalvar e, para isso, constantemente se autojustificam. Essa é a lei do mercado. O exacerbado apelo aos direitos individuais segue o mesmo paradigma, ainda que disfarçado, pois, em nome do “direito individual”, facilmente se provoca o perigo do colapso das relações sociais. Também neste caso, a autojustificação é fortemente evocada. Assim, a autojustificação anda de mãos dadas com o individualismo. Contrariamente, a justificação por graça e fé evocada por Lutero representa uma profunda libertação do “eu”, pois a preocupação pela salvação individual, que gera a exacerbada cultura individualista, cede lugar para a preocupação em favor do coletivo, da solidariedade, justiça social, ecologia etc. Por isso, comemoração, sim, mas também reflexões, questionamentos, inquietações, serviço. Isso precisa ser o jubileu dos 500 anos da Reforma. Afinal, somente podemos falar de Reforma se for como semper reformanda, como Reforma acontecendo sempre. Portanto, que desafios e inquietações colocam o imperativo por uma igreja da Reforma realmente evangélica hoje?
Arquivo IECLB
P. Dr. Wilhelm Wachholz São Leopoldo/RS
Ato de descerramento da placa de identificação da árvore plantada no Jardim de Lutero, no Morro do Espelho, São Leopoldo/RS, alusivo aos 500 anos da Reforma, com a presença da coordenadora Edeltraud Nering
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Arquivo OASE
Datas importantes 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+9/4/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 13 – Quarta-Feira de Cinzas 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 16 – 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/4/1560) 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica Luterana, Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos Distritos e das Regiões, criação dos Sínodos
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FEVEREIRO Repara que a luz que há em ti não sejam trevas. Lucas 11.35
Meditação A luz em nós
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lema do mês de fevereiro de Lucas 11.35: “Repara que a luz que há em ti não sejam trevas”, orienta-nos para que estejamos alertas sobre a luz que há em todos nós, que recebemos gratuitamente quando aceitamos Jesus Cristo em nossas vidas, e também quanto ao cuidado e à responsabilidade, para que possamos viver com a luz verdadeira e não andemos nas trevas. O texto deixa claro que Deus nos chama à responsabilidade e ao compromisso para que andemos na luz de forma tranquila, o que somente Jesus Cristo pode dar, e assim, com humildade, não deixemos de pedir diariamente para que Deus, na sua infinita graça, nos dê a sabedoria e nos envolva para testemunhar e vivenciar a nossa fé, mesmo que muitas vezes possamos sentir dificuldades de andar na luz, não nos desviando pelos caminhos da vida e transformando nosso viver em trevas. Podemos exemplificar a luz que deve brilhar em nós como a luz do sol de verão, não nos permitindo que nossas vidas se transformem em dias de inverno, com menos luz e, muitas vezes, tão sombrios, escuros e tristes. Da mesma forma, não sejamos apenas como as luzes de Natal, que ficam a iluminar e piscar de forma intensa apenas na época de festejos, por pouco tempo e de forma rotineira, mas que continuemos a irradiar luz no dia a dia durante os 365 dias do ano, com alegria, temor ao Senhor e amor. Deus chama cada uma de nós para o compromisso pessoal quando afirma no Salmo 18.28: “(...) o Senhor, meu Deus, derrama luz nas minhas trevas”. Portanto, gratuitamente Deus nos dá esse privilégio todos os dias. Muitas vezes, achamos difícil viver segundo a vontade do Senhor, pois sabemos que seguir o caminho da luz é obedecer regras e ordens, provavelmente até precisamos nos privar de algumas coisas. No entanto, podemos observar hoje que o mundo e as pessoas estão carentes de atitudes de caráter, de respeito 20
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e obediência a regras, ordens e mandamentos, humildade e principalmente muito amor. Também não precisamos nos deixar envolver com ofertas grandiosas de alegrias do mundo, pois sabemos que a verdadeira alegria e vitórias estão alicerçadas em pequenos gestos, atitudes e comunhão. Jesus é a luz do mundo: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8.12). E com a sua morte na cruz, assim cremos, podemos afirmar que somos libertos do poder das trevas, tirando-nos da escuridão. A verdadeira luz nos liberta das incertezas, dos medos, do desânimo, da falta de perspectivas da vida e do futuro. Se assim cremos, então podemos dizer com alegria e responsabilidade que somos luz e acreditar que há luz em nós. Assim devemos seguir nos arrependendo dos nossos erros, deixando de praticar o que desagrada a Deus, seguindo de acordo com seus ensinamentos. Fica-nos também a responsabilidade de irradiar essa luz para as pessoas próximas, seja dentro de casa, na família, como também no local de trabalho e no mundo em que vivemos. Temos a responsabilidade e necessidade de identificar e, portanto, seguir de acordo com os planos de Deus para viver na luz e não andar nas trevas. Deus nos dá a liberdade de escolha e nos orienta através da Palavra, e assumimos a responsabilidade quanto à escolha de andarmos segundo a sua vontade na verdadeira luz, alegres e agradecidos. O Prof. Damásio de Jesus é um dos maiores tratadistas do Direito Penal Brasileiro, com incontáveis publicações na área Processual. Em novembro de 2002, ele escreveu um texto sobre bordado, onde fala sobre sua mãe e, ao final do texto, escreveu e afirmou isto: Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo. É que estamos vendo o avesso da vida! Do outro lado, Deus está bordando... Assim, com alegria, hoje posso dizer: sou o que sou com a graça de Deus e agradecida por poder andar na sua luz.
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Para reflexão – dinâmica Semeando – lançando boas sementes – a luz verdadeira Participantes: 3 a 15 pessoas Tempo estimado: 30 minutos Modalidade: SEMEANDO LUZ ENTRE TREVAS = espinhos, pedras etc. Objetivo: Lançar boas sementes aos irmãos e irmãs, no significado da LUZ = CLAREZA. Material: – Três vasos, espinhos, pedras, flores e grãos de feijão. – Vendas para os olhos (podem ser lenços), ou então realizar em ambiente que possa ficar escuro totalmente (se for à noite, pode ser apagada a luz). Descrição: – Antes da execução da dinâmica, deve-se realizar a leitura do texto de Mateus 13.1-9. – Os espinhos (pequenos galhos de roseira ou araucária) e as pedras devem ser colocados nos vasos ou vidros transparentes previamente. – Explica-se aos participantes que será colocada uma venda em seus olhos. – Os participantes ficam sentados em volta dos vasos e lhes são entregues as sementes de feijão a serem plantadas nos vasos. – Nesta dinâmica, cada vaso representa um coração, enquanto que grãos de feijão representam as sementes descritas na leitura preliminar. – Cada participante, ao aceitar o desafio de semear, deve pensar em uma pessoa e o que deseja para ela. – Os vasos ou vidros transparentes devem estar colocados em um local visível a todos os integrantes. Então, cada integrante deve semear um vaso, que simboliza uma pessoa que deseja ajudar, devendo explicar o porquê de sua decisão. Pode-se definir que as pessoas citadas sejam outros integrantes do grupo ou qualquer pessoa. Além disso, se o tempo permitir, pode-se utilizar mais que uma semente por integrante. – Colocar as vendas e determinar o início da semeadura, sempre com o pensamento voltado para a pessoa que se escolheu para ajudar. – Após tirar as vendas ou acender a luz, são entregues as flores que são colocadas no vaso pelos mesmos participantes, sempre pensando da mesma forma na pessoa que escolheram anteriormente em pensamento. 22
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– Feita a semeadura do feijão e das flores, cada participante deve relatar sua experiência de forma rápida e sucinta. – Finalização da atividade pela pessoa que coordena, destacando a experiência e principalmente o relato das participantes de como é na vida... nas trevas... lançando sementes... andando na luz, vendo flores... mas nunca esquecendo a necessidade de semear para que se tenham frutos segundo a Palavra e a promessa da vitória para vida eterna. Marli Rahmeier Panambi/RS
Da amargura à alegria: Espiritualidade nutrindo a resiliência 1 Samuel 1.9-18 Ó Cristo, Salvador de toda vida, tu vens sempre a nós. Acolher-te na paz das noites, no silêncio dos dias, na beleza da criação, como nas horas dos grandes combates interiores, acolher-te é saber que estarás sempre conosco, em todas as situações. Ir. Roger, de Taizé A pergunta pelo sofrimento é uma pergunta fundamental. Ela não é privilégio de nossa era, é o que nos une com as primeiras testemunhas bíblicas. Na Bíblia, encontramos as mais diversas elaborações deste tema e o importante é observar que o sofrimento sempre é elaborado diante de Deus. Basta folhear o livro dos Salmos, quanto lamento! Quanta dor! Às vezes, até é difícil suportar a linguagem carregada que encontramos: “Por que nos rejeitas, ó Deus, para sempre?” (Salmo 74.1). Do mesmo modo, o texto de 1 Samuel 1.9-18 trata da dor de uma mulher, elaborada na presença de Deus. A dor que é derramada diante de Deus. Dor murmurada, que para Ana era tão pesada que nem mesmo podia ser pronunciada. Dor entranhada no coração, que ela desvela diante da única fonte de entendimento: o próprio Deus. 23
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Nosso texto, entretanto, não fica só na amargura. Os fios que conduzem o texto vão nos carregando junto com Ana para o momento de sua grande alegria, a promessa de um filho! O que nos chama a atenção nesse processo que vai da amargura para a alegria é a “oração teimosa” de Ana, a sua permanência diante de Deus. Certamente para nós não faltam exemplos de pessoas que passaram por maus bocados e se recuperaram. São pessoas que consideramos fortes, que nos causam admiração. Na linguagem da psicologia, são pessoas resilientes. A “resiliência” é uma interessante porta de entrada para analisar o texto de 1 Samuel 1.9-18. Nos últimos anos, a psicologia desenvolveu uma linha de pesquisa em torno da resiliência. Esse tema nos parece de suma importância para compreendermos a influência do sofrimento sobre nossa vida. Através dele vemos um viés que aponta para a “ressurreição”, ou seja, podemos enxergar no sofrimento uma oportunidade de crescimento. O que é resiliência? O termo resiliência é, na verdade, um termo emprestado da física e significa a propriedade que alguns corpos têm de voltar à forma original depois de serem submetidos a uma deformação elástica. Na psicologia, segundo Susana Rocca, em seu artigo “Resiliência: uma perspectiva de esperança na superação das adversidades”, publicado no livro da Editora Sinodal “Sofrimento, resiliência e fé: Implicações para as relações de cuidado”, de 2007, o termo denomina a “capacidade humana universal de lidar, de superar, aprender ou ser transformado com a adversidade inevitável da vida”. O início do emprego da palavra resiliência na psicologia se deu após o estudo realizado por pesquisadoras durante 32 anos na ilha de Kauai. A situação de pobreza era extrema nessa ilha, mesmo assim, uma parcela considerável de crianças acompanhadas pela pesquisa conseguiu superar as situações traumáticas vividas. Havia nelas uma força, uma espécie de invulnerabilidade que passou a ser chamada de resiliência. Conforme a análise de Susana Rocca: “As atitudes resilientes podem ser promovidas com o apoio de pessoas ou instituições (família, igreja, escola etc.), que se preocupam em motivar a ativação das capacidades de superação das dificuldades”. A resiliência é uma realidade dinâmica, ela não está aí para ser alcançada. Como realidade dinâmica, é construída, mas não é posse de ninguém. 24
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Tampouco podemos dizer que ela elimina os riscos. A resiliência encoraja a enfrentar a realidade de sofrimento e a sair fortalecido dela. Resiliência e espiritualidade A literatura sobre resiliência ainda não abordou exaustivamente sua relação com a espiritualidade. No entanto, um grande grupo de autores e autoras considera a vivência da espiritualidade um fator de proteção. Para elas, a participação numa igreja ajuda “tanto a assumir com aceitação as adversidades inevitáveis, como a lutar com esperança por uma transformação”. Diante de situações traumáticas, a busca de sentido revela-se como importante ferramenta para suportar e até superar o sofrimento. Na vivência da dor, buscando um novo sentido em Deus, as pessoas podem desenvolver o desejo de “um compromisso construtivo”. A vivência da fé dá-se na comunhão com outras pessoas, ou seja, na abertura para a outra pessoa que se encontra na mesma espera. Mas também na solidão, na introspecção e na abertura para o transcendente. Nessa inter-relação acontece a experiência do amor, que se revela como “uma razão para lutar e para continuar a vida, oferecendo um sentido para viver e superar-se”. A resiliência desafia-nos, faz-nos olhar para tantas pessoas que superaram momentos difíceis, quando parecia não haver mais saída. Ela nos coloca numa perspectiva de esperança. No texto bíblico que aqui temos como base, encontramos o exemplo da luta de Ana com a sua dor. Na fala de muitas pessoas, Deus é presença silenciosa e constante. É força e ânimo, é fonte de inesgotável vida, que insiste em jorrar mesmo em meio aos desertos áridos do sofrimento e da morte. A espiritualidade tem forte ênfase sobre a promoção de resiliência. Dessa forma as bases da fé incidirão sobre os processos de cura. O texto de 1 Samuel mostra-nos a importância de elaborar todos os nossos sentimentos diante de Deus. Deus acolhe toda a nossa vida. É, portanto, bastante estranho que em nossa devoção pessoal tenhamos deixado de lamentar diante de Deus as nossas cargas. É com Ana que aprendemos a permanecer diante de Deus em oração, e do meio da oração, da vivência de culto, experimentamos novidade de vida. Como espaços de cuidado, as igrejas são chamadas a pregar o Cristo sem maquiar suas chagas, sem exacerbar na violência, mas com o olhar firme para as Escrituras. Em todos os tempos e lugares, faz-se mister pregar a Vida de toda vida, que transborda mesmo no cálice amargo da morte, que se doa em favor da humanidade. 25
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Nessa Vida solidária, o Cristo, há um clamor pela prática de solidariedade para com as pessoas que padecem neste mundo. Um clamor para o testemunho comprometido com a vida. Nesse testemunho existe uma confiança fundamental, que supera todo sofrimento. Não precisamos temer, essa confiança nos leva a enfrentar o sofrimento e a celebrar também a alegria. Mestrando em Teologia Cláudio Böning Pastora Bianca Goede Giesch Campo Bom/RS
Bem-estar CAPA Agroecologia em defesa da vida Quando foi criado e onde atua O Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA) é uma organização não governamental (ONG) criada, em 1978, pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Possui cinco núcleos de atuação, localizados em Pelotas, Santa Cruz do Sul e Erechim, no Rio Grande do Sul, e Verê e Marechal Cândido Rondon, no Paraná. Seus principais parceiros estratégicos são o Serviço das Igrejas Evangélicas Alemãs para o Desenvolvimento (Evangelischer Entwicklungsdienst/EED), a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e a Instituição Sinodal de Assistência, Educação e Cultura (ISAEC). CAPA
O CAPA atua em prol da vida das pessoas e do meio ambiente
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Missão do CAPA O CAPA é um serviço da IECLB, fazendo parte do seu compromisso de igreja de Jesus Cristo que não se conforma com as injustiças sociais e a agressão à natureza. Coloca-se à disposição dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais para, em conjunto e com base nos princípios da agroecologia, do etnodesenvolvimento e da cooperação, desenvolver experiências de produção, agrotransformação e comercialização, de formação, capacitação e saúde comunitária, que sirvam de sinais de que o meio rural pode ser um espaço de vida saudável e de realização econômica e social para todos. Princípios O CAPA busca promover a cidadania, a agroecologia, a solidariedade, as parcerias, o empoderamento e a autonomia de todos os envolvidos. Para tanto, suas ações são baseadas em uma visão holística e integradora das diversas dimensões que promovem o bem-estar das pessoas: econômica, cultural, social, política, ambiental e espiritual. Valores humanísticos, como justiça, paz, amor, solidariedade e equidade, fundamentam sua abordagem. Objetivos institucionais e linhas de atuação A partir de sua missão, o CAPA tem os seguintes objetivos institucionais: a) Criar referências com os agricultores na área da produção, agroindustrialização e comercialização ecológica, contribuindo para um novo modelo de desenvolvimento, que viabilize a agricultura familiar e as comunidades tradicionais. b) Contribuir para o surgimento e fortalecimento de organizações próprias dos agricultores, como associações, cooperativas e redes, visando a fortalecer e empoderar o público beneficiário. c) Ampliar e fortalecer as relações solidárias entre agricultores e consumidores. d) Estabelecer parcerias no intuito de fortalecer as organizações da agricultura familiar, estimular as pessoas e as comunidades rurais na busca conjunta de soluções para seus problemas, através de ações cooperativas e solidárias. e) Apoiar e participar de movimentos, campanhas e ações em favor dos direitos humanos, da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável. f) Animar e capacitar o público beneficiado para participar na vida social e política, apoiando as lutas por políticas públicas e o exercício pleno da cidadania. 27
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g) Promover e difundir a proposta de uma agricultura voltada à produção de alimentos sadios e abundantes para o povo brasileiro, baseada no princípio da soberania alimentar. h) Valorizar a mulher, o jovem e o homem rural em termos de dignidade e importância, com ações que integrem as dimensões cultural, econômica, social, política, ambiental e espiritual. i) Proporcionar espaços de diálogo e ações conjuntas que valorizem a diversidade étnica e cultural da agricultura familiar. Composição e funcionamento Os núcleos possuem diretorias ou conselhos constituídos por representantes dos grupos beneficiados, lideranças da IECLB e as coordenações locais. Para desenvolver suas atividades e cumprir sua missão, o CAPA conta com equipes multidisciplinares compostas por profissionais das ciências agrárias, técnicos agropecuários, das ciências sociais e administração. Experiências mais significativas Ao longo do tempo, o CAPA adquiriu significativa experiência em: a) Trabalho com públicos diferenciados: agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas e comunidades indígenas. b) Uso de metodologias inclusivas e participativas. c) Atividades de formação e capacitação: cursos, seminários e oficinas com grupos, associações e cooperativas de agricultores/as familiares. d) Elaboração e desenvolvimento de projetos sociais e sustentáveis. e) Assessoria técnica e organizacional na produção ecológica diversificada. f) Apoio e assessoria a diversos processos e canais de comercialização. g) Uso da homeopatia na produção animal e vegetal. h) Assessoria na certificação participativa da produção agropecuária familiar. Como é mantido Os principais parceiros e apoiadores do CAPA: Do exterior, o principal parceiro e apoiador é o Serviço das Igrejas Evangélicas Alemãs para o Desenvolvimento (Evangelischer Entwicklungsdienst/ EED). A partir dos diversos núcleos e contextos de atuação, o CAPA mantém ainda parcerias, convênios e contratos com órgãos, entidades e organizações, 28
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principalmente com os ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento Social, com prefeituras, universidades e organizações, como a Itaipu Binacional. Endereços para contatos: consulte www.capa.org.br ou contate um dos seguintes e-mails: erexim@capa.org.br; pelotas@capa.org.br; rondon@ capa.org.br; santacruz@capa.org.br ou vere@capa.org.br. Vilmar V. Saar Mal. Cândido Rondon/PR Dicas ecológicas Uso do leite no controle de pragas e doenças Pode ser usado tanto o leite natural como o soro de leite. Modo de preparo e recomendações: Diluir 1 litro de leite em 3 a 10 litros de água. Pode ser usado logo após a diluição! Função: Controle de ácaros e ovos de diversas lagartas, atrativo para lesmas e no combate de várias doenças fúngicas e viróticas. Modo de uso: Pulverizar as plantas. Repetir depois de 10 dias para doenças e de 2 a 3 semanas quando aplicado contra insetos. No cultivo do tomate e do café: Modo de preparo: Misturar 2,5 litros de leite, 1,5 kg de cinza de madeira, 1,5 kg de esterco fresco de bovino e 1,5 kg de açúcar. Modo de uso: Aplicar no tomate a cada 10 dias e para café a cada 15 a 30 dias. Outros usos do leite: No controle do míldio: Misturar leite azedo com água e cinza de madeira. Como atrativo de lesmas: Distribuir no chão, ao redor das plantas, estopa ou saco de aniagem molhado com água e um pouco de leite. De manhã, virar a estopa ou saco utilizado e matar as lesmas que se juntaram embaixo. Como fungicida: pode ser utilizado nas culturas do pimentão, pepino, tomate e batata. Fonte: O Recado da Terra (Informativo do CAPA), Ano XVI, n. 36, janeiro de 2012.
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Arquivo OASE
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Datas importantes 01 – Dia Mundial de Oração 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/ SC 10 – 1557 – Primeiro culto evangélico no Brasil, no Rio de Janeiro/RJ 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia da Pessoa Deficiente Visual 19 – Dia da Escola 24 – Domingo de Ramos 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia, em São Leopoldo/RS 29 – Sexta-Feira Santa 31 – Páscoa
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MARÇO Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem. Lucas 20.38
Meditação Você já parou para refletir sobre vida e morte?
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morte é uma antiga companheira do ser humano, sendo que muitos de nós já ouvimos a frase: “A morte é a única certeza na vida”. Muitas pessoas deixam de perceber a sua extrema importância, sendo que dia a dia devemos observar a nossa própria vida e a vida das pessoas que nos cercam. A morte não é o fim, mas o começo de uma nova dimensão de vida – a vida eterna. Jesus demonstrou isso através de sua ressurreição dentre os mortos. A preciosidade da pessoa de Cristo é experimentada depois de sua morte e ressurreição. Ele é a revelação máxima de Deus e nos trouxe a graça e a verdade, para nossa salvação completa. Não há salvação sem a pessoa de Cristo e não há vida em nós se não crermos na morte e ressurreição de Jesus. Em meio a muitas dificuldades, tribulações, perdas, luto, Deus não nos abandona. Deus é um Deus de compaixão, um Deus presente. Ele caminha conosco, ao nosso lado. É difícil lidar com a tristeza do momento, com a saudade que vem depois, é então que precisamos buscar a paz, buscar o silêncio e, em oração, aquietar nosso coração e sentimento para alcançar a compreensão necessária para o momento. Deus se revela para nós como Deus dos vivos e não dos mortos. Estamos no tempo da Quaresma e Páscoa – período de reflexão, tempo de ouvir com melhor disposição o apelo que Deus faz para sermos mais generosos, mais fiéis ao compromisso de nosso Batismo, onde os cristãos se recolhem em oração para preparar o espírito para a acolhida do Cristo vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa. É também tempo de revisão de vida, de reconhecer com humildade e confiança onde estão nossas deficiências e buscar o perdão e a força de Deus. Somos convidados e convidadas a nos aquietar, buscar a compreensão entre a vida e a morte. Em geral, temos muita dificuldade em ficar quietos diante de Deus. Chegamos a ele com nossas petições, jogamos nele todos os nossos problemas, 31
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pedimos soluções, depois dizemos “Amém” e seguimos nossas vidas. Na prática, não entendemos que oração é uma conversa, um momento de comunhão mais íntimo com Deus, onde podemos buscar a compreensão para nossos sentimentos, melhorando como pessoa. O Evangelho é simples: é um aquietar-se e saber que Jesus é Deus presente em toda e qualquer situação. O Senhor nos ensina a descansar, a nos tranquilizar, a encontrar a paz, a viver na simplicidade de caminhar pela fé. A ressurreição pode acontecer em vida também, devemos ressuscitar o que há de bom dentro de nós, ressuscitar os mais nobres sentimentos que, às vezes, ficam esquecidos dentro do nosso coração. Meditação é sinônimo de reflexão, dar oportunidade para pensar sobre a vida! Neste contexto, lembramos tantas mulheres que, em silêncio, oram por seus filhos e filhas, por suas famílias que estão distantes, envoltos na luta diária deste mundo acelerado e conturbado. É no silêncio, no aquietar-se que elas colocam diante de Deus todas as suas angústias, preocupações e lamentos. No silêncio, podemos perceber o suave toque de Deus com maior intensidade. Aquietando nosso coração e mente, tomamos sábias decisões. Ouvimos sons que normalmente nem mais nos damos conta, como diz W. James: “O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra”. Assim, aproveitamos este momento de reflexão para fazer uma “reciclagem” em nós mesmos, para ressuscitar em nós aquilo que está esquecido, naquele cantinho mais profundo que está sendo abafado pelo barulho. Isso é algo que somente será alcançado no momento em que nos aquietarmos, silenciarmos. Momento em que podemos compreender melhor a vida, a morte e a vida eterna, e assim como Lutero afirmar: “Nossa vida é, antes de mais nada, viver em meio à morte, e mesmo assim, permanece em meio a esta, esperança para preservar a vida”. Para refletir: Quanto tempo você costuma silenciar e refletir? Você consegue silenciar e aquietar-se em oração? Em meio às tribulações e dificuldades, você consegue aquietar-se e confiar na resposta divina? Você já parou para refletir neste tempo de Quaresma? Adriana Tribéss Rahn Pomerode/SC 32
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Pecado, culpa e perdão João 8.1-11
Somos uma sociedade que sofre constantes transformações. Experimentamos significativas mudanças em vários aspectos da vida. Vivemos em um contexto onde quase tudo se torna relativo e questionável. Perderam-se valores. Logo, vem a pergunta: O que ainda é verdade, o que é certo ou errado? O que ainda é pecado? A partir da Bíblia (Gênesis 3), constatamos que a desobediência humana, o pecado, afetou toda a criação. Por causa do pecado, relacionamentos foram danificados (Gênesis 4). Por causa do pecado sofremos e fazemos pessoas sofrerem, nos decepcionamos e provocamos decepções. Essas experiências podem suscitar em nós diversas reações. Entre elas o sentimento de culpa e a necessidade do perdão. Todo ser humano, de certa forma, conhece e experimenta a culpa. Diante de uma reflexão, pode surgir a pergunta: Afinal, quem é que se torna culpado, diante de quem, por causa do quê? O conceito e o entendimento sobre culpa e pecado podem levar a pessoa a tomar diferentes atitudes para consigo mesma e para com outras pessoas. No sentido bíblico, a pessoa é culpada quando quebra a aliança com Deus, transgride a lei divina, e isso resulta em implicações próprias, bem como para o semelhante. A maneira como encaro minha culpa influenciará também no modo como reajo frente à culpa alheia. Existem diferentes reações diante da constatação da culpa. Podemos: Ignorar – contudo, ela permanecerá ali, bem presente. Esconder – mas não vai esquecer que ela existe. Empurrar sobre outras pessoas – mas sabe que ela é sua. Compartilhar – mas ela não deixará de existir. Enfeitar – mas sempre saberá sua verdadeira aparência. Autopromover – mas um dia a farsa poderá ser descoberta.
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Mas, então, o que podemos fazer realmente com a culpa e encontrar a devida paz, tão desejada? Algumas orientações: 1) Reconhecer a culpa (Atos 3.19) 2) Arrepender-se do pecado (Mateus 4.17) 3) Confessar a culpa (1 João 1.9) 4) Apropriar-se do perdão (Romanos 5.1,2) 5) Orar por transformação de vida (Efésios 2.10) Reconhecimento, arrependimento, confissão estão relacionados com mudança, com transformação. Significa começar uma nova vida. Nesse novo se anseia pelo perdão, que afeta nossas ações e reações. Quando reconhecemos que nossa culpa foi totalmente perdoada, então estaremos livres para liberar irmãos e irmãs de suas “pequenas” dívidas para conosco. Tudo começa com Deus e está diretamente relacionado à obra de Jesus Cristo. O perdão é graça e depende da obra expiatória de Cristo. Somente a partir de Cristo nos libertamos da culpa e ajudamos o próximo com a sua. Quem está em Cristo toma novas atitudes e segue em novidade de vida. No texto bíblico do Evangelho de João 8.1-11 lemos o relato que uma mulher foi flagrada em adultério e trazida pelos líderes religiosos diante de Jesus para que recebesse a devida punição. Na lei do Antigo Testamento (Levítico 20.10), a punição é a morte. Contudo, essa punição violaria a lei romana, a qual reserva a execução da pena de morte somente para as autoridades. O que aqui está em jogo é uma disputa, onde líderes religiosos (escribas e fariseus) queriam armar uma cilada para Jesus, forjando motivos para acusá-lo. Tentativa que não deu certo. Em nossa reflexão, queremos destacar que Jesus mostrou com muita sabedoria que todos os acusadores estavam desqualificados para aplicar uma sentença. Com poucas palavras, Jesus muda toda situação de condenação alheia em autocondenação: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (v. 7b). Jesus não proferiu um longo discurso a fim de expor para aquelas pessoas sua condição de pecadores. Não! Com poucas palavras, tudo foi dito. Ninguém teve a coragem de lançar uma única pedra. Cada pessoa olhou para si mesma e percebeu sua culpa, seu pecado. Foram acusadas pela própria consciência e se retiraram, uma a uma.
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Permaneceu apenas a mulher adúltera. Ela não fez uso da oportunidade de sair de “fininho”. Ela fica na presença de Jesus. Justamente ela que foi pega em flagrante pecado. Significa que ela ainda precisava ouvir uma palavra do Mestre. No maior silêncio, surgiu a fé, uma fé que se submete, que provoca transformação. Interessante, Jesus não faz investigações, não faz cobranças. Ele sabe que no coração daquela mulher tudo já havia acontecido. Na constatação de que ninguém a havia condenado, Jesus disse: “Nem eu tampouco te condeno” (v. 11). O único que era sem pecado e que poderia atirar pedra justamente não o faz. Jesus proclama uma sentença de liberdade: “Vai”. E na condição de Salvador apenas acrescenta uma advertência transformadora: “Vai e não peques mais” (v. 11). A salvação da morte de nada adiantaria se aquela mulher voltasse à vida anterior. Ela recebeu uma ordem divina para não pecar e a força para cumpri-la está em permanecer no Salvador. É de se esperar que seu estilo de vida tivesse mudado radicalmente, mas certamente ela não alcançou a perfeição. Aliás, ninguém consegue. Mesmo assim, somos completamente aceitos e amados por Deus. Em Cristo somos perdoados incondicionalmente e assegurados de que um dia alcançaremos a eternidade. Deus em Cristo nos ensina a olhar para nossa vida, a não julgar e apenas entregar tudo em suas mãos. Jesus Cristo remove toda a nossa culpa, concede paz e também nos declara a sentença de liberdade: Vai! Ele nos faz a mesma recomendação: “Vai e não peques mais”. Ou seja, espera mudança de vida. Que Deus nos ajude. 35
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Reflexão final (O encontro pode ser enriquecido com a contribuição de pessoas do grupo, que podem compartilhar experiências de vida relacionadas ao tema). Para ajudar: 1) Você vive ou já viveu o sentimento de culpa? 2) Você já teve a oportunidade de ajudar alguém que viveu nessa dificuldade? 3) Como podemos auxiliar pessoas para que a culpa seja depositada totalmente nas mãos consoladoras de Deus? Pedimos em oração: Deus, em tua graça, transforma e renova a nossa vida. Faze-nos instrumentos do teu amor. Amém! Pastor Mário Maass Pato Branco/PR
Páscoa O presente de Páscoa Eram nove horas da manhã de sábado. Sentado sobre sua caixa de engraxate, Beto esperava ansioso o primeiro cliente. Enquanto esperava, ficava observando os pés que desfilavam na calçada. De vez em quando, um ou outro par chamava sua atenção: – Este eu já engraxei – pensava ele. Havia pés de todos os tipos e tamanhos: pés chatos, pés de chinelo, pés de moleque, como os dele, pés descalços, pés com sandálias, e sapatos finíssimos, enfim, um festival de pés. De repente, Beto viu um par de sapatos conhecidos vindo em sua direção. Era o Sr. Juca, um velhinho aposentado que, há muito tempo, só engraxava os sapatos com ele. Seu Juca sentou numa cadeira improvisada e o menino começou a trabalhar. – Então, Beto, como você vai comemorar a Páscoa? – Comemorar o quê? Não entendo muito dessas festas, seu Juca. O que sei é que todo mundo sai correndo atrás de presentes e chocolates em forma de ovo e coelhinhos. Como não tenho dinheiro, nem ligo para essas coisas. 36
MARÇO
– Sabe, Beto, eu gostaria de dar presentes para meus filhos e netos, mas o dinheiro que recebo da aposentadoria é muito pouco. – Seu Juca, o Senhor sabe por que as pessoas comemoram Páscoa? O velhinho aproveitou a pergunta para contar a história da morte e ressurreição de Jesus e de como a Páscoa era comemorada quando seu Juca tinha a idade de Beto. – No meu tempo de menino, meus pais enchiam casquinhas de ovos com amendoim, depois os colocavam em uma cestinha, que era escondida no quintal. Na manhã do domingo de Páscoa, nós saíamos a procurar a cesta de Páscoa. Depois íamos à igreja para ouvir a história da ressurreição de Jesus. No fim do culto, as pessoas se abraçavam e desejavam feliz Páscoa umas às outras. – Que interessante, seu Juca. Quando é o dia da Páscoa? – Amanhã é o Domingo de Páscoa. Conforme nos conta a Bíblia, é o dia em que Jesus ressuscitou. – Jesus também esquece e abandona quem não tem dinheiro para comprar presentes? – perguntou Beto, meio decepcionado. Seu Juca olhou com carinho para o menino, passou a mão nos seus cabelos e disse: – Não, Betinho, é exatamente o contrário. Jesus sempre se colocou ao lado das pessoas esquecidas. – Então, se ele estivesse aqui, ele estaria do nosso lado? – perguntou o menino, mais animado. – De certa forma ele está, Beto. Ele está do nosso lado. Beto levantou-se do caixote, deu um abraço apertado em seu Juca e falou: – Então, seu Juca, feliz Páscoa e obrigado por me contar a história de Jesus. O Sr. Juca ficou emocionado com o abraço do garoto. Quando o velhinho quis pagar o serviço, o menino falou contente: – Não precisa pagar, seu Juca. É meu presente de Páscoa para o Senhor. O Sr. Juca saiu sorrindo. Beto guardou a graxa e as escovas e pensou faceiro: – Um dia ainda vou engraxar os sapatos de Jesus. Edson Ponick Extraído de: Celebrar Páscoa em família e comunidade, Editora Sinodal, 2008, p. 24-25.
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Roteiro da OASE 2013
Trabalho manual Coroa de Páscoa com cascas de ovos Material: Treze cascas de ovos de tamanhos diferentes, podendo ter, inclusive, alguns ovos de codorna (todas as cascas devem ter furos nas duas extremidades); tintas; pincéis; linha e meio metro de fita mimosa vermelha. Como fazer: Com as tintas e os pincéis, enfeite as casquinhas de ovos. Depois que a tinta estiver seca, passe um fio por doze cascas, unindo-as. Intercale os diferentes tamanhos das cascas e deixe uma sobra de linha em cada extremidade. Una as extremidades do fio de linha de tal forma que o enfeite se torne um círculo. Prenda a 13º casca com um fio para pendurá-la no centro do círculo. Use outro fio para pendurar o enfeite na parede (conforme figura). Faça o acabamento com um laço, usando a fita mimosa.
Extraído de Celebrar Páscoa em família e comunidade, Editora Sinodal, 2008, p. 78.
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Arquivo OASE
Datas importantes 07 – Dia Mundial da Saúde 9-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE, em Curitiba/PR 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero
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A B R I L
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ABRIL Como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Colossenses 2.6-7
Meditação Aceitar Jesus Para reflexão inicial: a) Você já aceitou Jesus? b) O que quer dizer “aceitar Jesus”? c) Existe apenas uma forma de vivenciar a fé em Jesus Cristo?
N
o tempo em que vivemos facilmente nos confrontamos com pessoas que colocam o questionamento acerca da “aceitação de Jesus”. E diante desse questionamento, muitas vezes, surge a sensação de constrangimento. Afinal, tão diretamente ainda não se havia pensado em relação à fé em Jesus Cristo. Assim, num primeiro momento, hesitamos em responder, até que, enfim, conseguimos elaborar uma resposta positiva. Não é assim? Dependendo do modo como o questionamento inicial é colocado, pode não expressar da melhor maneira nossa compreensão de fé a partir de nossa confissão evangélico-luterana. Ocorre que, antes de nossa resposta de aceitação a Jesus, cabe perceber que Jesus manifesta aceitação incondicional a nós. Ou seja, a partir do ponto de vista da fé, é fundamental compreender que a ação divina sempre antecede a ação ou resposta humana. Dessa maneira, a “aceitação de Jesus” por alguém somente se torna possível com a compreensão da aceitação anterior do próprio Deus em relação à pessoa. Essa aceitação de Deus em relação à pessoa é evidenciada e celebrada, por exemplo, através do Batismo de nossas crianças. Entretanto, há muitas palavras bíblicas que expressam esse profundo carinho divino por suas criaturas, no caso humanas. Lembremos apenas do Salmo 139.13: “Tu criaste cada parte do meu corpo; tu me formaste na barriga da minha mãe”. Isso expressa o cuidado divino, 40
ABRIL Arquivo OASE seu querer e sua aceitação por nós muito antes de termos consciência acerca de tudo isso. De toda maneira, ao haver consciência do amor divino revelado ao longo da história do povo de Deus, tendo em Jesus Cristo seu ponto maior, há que surgir a manifestação positiva da parte de quem crê. Essa resposta positiva, a vida unida com Cristo, por sua vez, necessita ser revelada na prática do amor, com ações de justiça, promovendo e transformando realidades numa vida melhor. “Aceitar Jesus” vai muito No Batismo, Deus nos aceita primeiro além de uma resposta de fé individual ou intimista, embora isso também possa fazer parte. Firmar raízes em Cristo, construir a vida sobre esse fundamento, necessita ser testemunhado no compromisso diário pela transformação de situações injustas, por mais que pareçam corretas. Esse testemunho pode ser pensado e praticado tendo em mente o mundo em sentido amplo, mas também e, principalmente, através de ações locais. São as ações locais no mundo mais próximo a nós que podem contagiar mais pessoas ao engajamento e ao fortalecimento na fé em Cristo. Enfim, por tudo isso que Deus faz por nós, por tudo que nós somos capacitadas a fazer, há muitos motivos para dar graças a nosso Deus. Com certeza, Deus espera de nós tudo isso e nos chama para essa aceitação e esse testemunho.
Para refletir novamente: a) Você já aceitou Jesus? b) O que quer dizer “aceitar Jesus”? Venilda Rode Massaranduba/SC
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Roteiro da OASE 2013
O perigo do isolamento Salmo 133 José Alencar Lhulhier Junior
Vivemos em um momento da história do mundo em que reina a correria: nas cidades e na zona rural. Queremos tudo mais rápido, pois hoje as coisas acontecem mais rápido. No passado, tinha-se o carro de boi e depois o ônibus; hoje, cada vez mais pessoas têm condições de viajar de avião e chegar mais rápido ao seu destino. No passado, era preciso aguardar dias ou semanas para receber notícias de Podemos nos isolar na zona rural... alguém por meio de uma carta. Hoje, é possível enviar e receber mensagens rapidamente através do computador ou do telefone celular. Se em nossa vida estamos correndo demais, precisamos “tirar o pé do acelerador”. Correr como prática desportiva traz muitos benefícios à saúde. Mas a correria do dia a dia pode nos fazer mal. Precisamos nos aquietar. Acontece que muitas pessoas têm usado isso como desculpa para se isolar dos outros. Isso também faz mal! Para relaxar um pouco, algumas José Alencar Lhulhier Junior pessoas aproveitam o tempo livre que têm para assistir à televisão. Acontece que assistir à televisão pode ser muito bom e trazer conhecimento. Mas quando isso se torna mais importante do que ter tempo com outras pessoas: Cuidado! Estamos em perigo! Tanto jovens como adultos têm descoberto na internet uma forma de se desligar do mundo à sua volta. ... e também nos arranha-céus das cidades
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ABRIL
Navegar na internet, pesquisar e fazer parte de redes sociais pode ser bom e reaproximar amigos que estão distantes. Mas quando isso se torna mais importante do que estar com outras pessoas: Cuidado! Estamos em perigo! No Salmo 133, o salmista afirma: “Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”. Certo dia, fiz uma tradução livre desse texto a partir do texto original em hebraico. Descobri que no original aparece a palavra jardim, que não aparece nas traduções que usamos em português. Ficou para mim a impressão de que o salmista tinha em mente a figura de pessoas sentadas em um jardim batendo um papo. Pergunto: temos tirado tempo para fazer isso com nossa família e amigos? O apóstolo Paulo, em 1 Tessalonicenses 4.9-12, chama a atenção dos cristãos de Tessalônica: “[...] deveis amar-vos uns aos outros”. Ele aponta para a importância de viver em amor fraternal. Amor que nos leva a viver como família de Deus: celebrando, aprendendo, vivendo e testemunhando o amor que vem de Deus. Você tem buscado viver assim? Na sua comunidade, no seu grupo de OASE, vocês têm vivido assim? Se a resposta for sim, você ou vocês estão no caminho certo. Porém pode ser melhor! O apóstolo Paulo afirma aos tessalonicenses: “E, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais” (1 Tessalonicenses 4.10). Cada vez mais as pessoas se isolam: tanto na pequena casa da roça como na imensidão de prédios de uma grande cidade. Temos aceitado o desafio que a palavra de Deus nos faz? Temos buscado viver o amor e a fraternidade de que o salmista e Paulo nos falam? Que possamos, individualmente e como grupos de OASE, vencer a desunião que reina no mundo em que vivemos. A OASE aqui de Juiz de Fora, às vezes, canta: “Entra na roda com a gente também. Você é muito importante: Vem!” Que possamos fazer esse convite a tantos irmãos e irmãs que estão afastados de nossas comunidades. Convidemos para participar de nossa comunidade aquelas pessoas que não têm onde congregar. Convidemos para participar de nosso grupo de OASE mulheres de dentro e de fora de nossa comunidade que ainda não fazem parte dessa comunhão. Que não nos isolemos quando formos convidados para momentos de comunhão com nossos irmãos e irmãs em Cristo. Estejamos abertos para viver em comunhão com o restante do povo de Deus. Que fortalecidos pelo Espírito Santo de Deus tenhamos o amor fraterno como nossa marca e testemunho. Pastor José Alencar Lhulhier Junior Juiz de Fora/MG 43
Roteiro da OASE 2013
Jogral Mãos que amam Hino: HPD 1, nº 166 (Dá- nos olhos claros que veem o irmão). 1 – Vivemos em pleno século da ciência e da tecnologia. Hoje, as máquinas realizam grande parte das atividades que, no passado, eram realizadas estritamente à mão. 2 – Mas assim mesmo, com todo o progresso existente, inúmeros trabalhos continuam sendo feitos com as nossas mãos. 3 – A casa onde habitamos... 4 – Os móveis que nos cercam... 2 – A roupa que vestimos... 3 – Os livros que lemos... 1 – As calçadas de nossas casas e ruas e o calçamento e o asfalto para os automóveis... 4 – Os alimentos que ingerimos e o televisor dentro de nossa casa. Todos: Tudo isso e muito mais se deve ao trabalho das mãos humanas. [Pequena pausa] 1 – Mãos humanas! ... Elas se prestam para tudo. Para construir ou para destruir. 2 – Para levar vida a outras vidas. 3 – E também para promover a morte. 1 – Você já refletiu sobre a beleza. 4 – Sobre a importância.
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Todos: E sobre o simbolismo eloquente de suas mãos?... [Pequena pausa] 2 – Mãos humanas: mãos que expressam amor. 3 – Mãos que expressam ódio. 4 – Mãos que afagam e acariciam. 1 – Mãos criadoras e outras que não fazem nada. 4 – Mãos que conduzem e mãos que desviam. 2 – Na mão da pessoa idosa, uma bengala amparando os passos. 3 – Nas mãos da criança, uma boneca de pano. 1 – Mãos laboriosas que lavam, semeiam, colhem e vendem. 2 – Mãos que alimentam nossas mesas. 4 – Mãos caridosas, nos hospitais, trocando curativos e trazendo remédios. Todos: Mãos humanas. Mãos com gestos, às vezes, tão contraditórios. [Pequena pausa] 2 – Mãos de carrasco, que maltratam, castigam, sem dó nem piedade.
ABRIL
1 – Mãos de mendigo, pedindo esmola de uma outra mão. 3 – Mãos de engraxate, lustrando sapatos e levando os trocados para casa. 4 – Mãos de artista, trabalhando madeira ou mármore, distribuindo tintas na tela, elaborando as palavras de um poema, de um livro ou de uma peça teatral. 1 – A mão do jardineiro plantando uma rosa. 3 – Mão que presenteia e mão que recebe. 2 – Mão que suplica e mão que reage num gesto de solidariedade.
4 – Mãos segurando o coração por causa de alguém que está partindo. Todos: Duas mãos entrelaçadas, externando o mistério de seu amor. [Pequena pausa]
Todos: Mãos pesadas de ódio. Mãos portadoras de esperança. [Pequena pausa]
1 – O filho do carpinteiro Jesus deu um exemplo profundo; permitiu que as suas mãos fossem pregadas na cruz para salvar todos nós. 2 – Enquanto houver mãos que oram, que trabalham e que se entrelaçam, falando de amor... 4 – A esperança brilhará nos horizontes da humanidade.
1 – As minhas e as suas mãos, meus amigos e minhas amigas. 2 – Mãos de cego que leem o alfabeto Braile. 3 – Mãos que se juntam para a oração ou para a linguagem silenciosa do amor. 4 – Mãos que esbofeteiam e mãos que semeiam benefícios. 1 – Mãos que se oferecem para ajudar um desconhecido. 2 – A mão do pai segurando a mão do filho no caminho para a escola. 3 – Mãos de uma pessoa amiga acenando.
4 – Mãos humanas. 2 – As minhas mãos e as suas mãos. 1 – Todo um destino de glória ou miséria escondido. 4 – Na criatividade. 2 – Na força e beleza. Todos: Das nossas mãos. [Pequena pausa]
Todos: NAS MÃOS QUE AMAM REPOUSA O DESTINO DO MUNDO! Hino: HPD 1, nº 184 (Vamos nós trabalhar, somos servos de Deus). Enviado por Clary Annita Vortmann Santa Rosa/RS
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Arquivo OASE
M A I O
Datas importantes 01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da 1ª Comunidade Evangélica do Brasil, Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, na Europa 09 – Ascensão 12 – Dia das Mães 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 19 – Pentecostes 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE
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MAIO Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Provérbios 31.8
Meditação A paz na visão de uma mãe
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ós mães sabemos que amar os filhos está sempre à frente e além de nossas possibilidades. Mesmo que não sejam filhos de sangue, temos o dever de amá-los e cuidá-los tal como Deus o faz com todos nós: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e de fato, somos filhos de Deus” (1 João 3.1). Há também o instinto que nos faz defendê-los com toda a nossa força e ampará-los quando se deparam com as dificuldades que a vida impõe desde muito cedo. Existem mães que sofrem caladas por conta de filhos que seguiram caminhos tortuosos, que se sentem impotentes perante diversas situações, porém nunca deixam de ofertar o melhor abraço, o maior conforto e amor imensurável aos seus. Como uma mãe não faz diferença entre filhos, assim também Deus nos ama e perdoa sempre. Por isso, por pior que seja a situação em que alguém tenha se colocado, sempre há a possibilidade de se arrepender, de voltar ao caminho certo... E essa volta, por mais difícil que seja, se torna menos árdua quando se sabe que existe alguém que ama incondicionalmente e que está disposto a batalhar junto, com o auxílio de Deus. Jesus Cristo diz: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.31-32), e “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). A verdadeira paz, na visão de uma mãe, se dá quando os filhos tomam seus rumos, voam livres, atingem seus objetivos de vida, mas têm prazer de voltar para casa. Tranquilidade maior é ter todos perto, unidos em comunhão e amor. Saber que o lar é um porto seguro onde se ancorar e buscar novas energias para seguir em frente. Definir mãe: SERENIDADE e INQUIETUDE, duas palavras opostas que se completam num ser tão cheio de bênçãos divinas. Sejamos mães, mesmo 47
Roteiro da OASE 2013
que não tenhamos filhos legítimos, e que possamos criar nesse laço de amor a verdadeira paz que buscamos em Deus. Que também tenhamos força para testemunhar seu Evangelho e fazer nossa parte para tornar o mundo mais fraterno. Quero compartilhar uma pequena história: Um anjo desceu à Terra para escolher a coisa mais linda, mais preciosa e mais pura para apresentar a Deus. Primeiro, desceu sobre um jardim e colheu as mais belas e perfumadas flores. Depois, voou para outro lugar, onde viu uma criança sorrindo. E colheu também aquele inocente sorriso infantil. Continuou viajando por outras partes do mundo, sempre procurando o que fosse mais belo e precioso. Já estava para voltar quando olhou através de uma janela e viu a mãe ninando seu filho. E resolveu levar para o céu também aquele gesto de mãe. Voou, voou e assim voltou com as lindas coisas que colhera na terra. Mas que surpresa! Verificou que as lindas e perfumadas flores haviam murchado... E o sorriso da criança perdera a bela inocência... Então, com todo o cuidado, pegou O AMOR DE MÃE... Estava intacto! Permanecera belo. O amor de mãe é perene, inabalável; tudo suporta, tudo supera. Mãe é a mão que conduz, o anjo que vela... Mãe é AMOR. Enquanto houver mães na terra, Deus estará abençoando o ser humano com a oportunidade de alcançar a meta da perfeição que lhe cabe. (Autoria desconhecida) Para reflexão: 1. Existem vários tipos de mães, com filhos legítimos ou de coração. Reflita sobre pessoas que fazem o papel de mães na sociedade, mesmo não sendo convencionalmente mães. 2. Como podemos utilizar esse amor que brota do peito de nós, mães, para defender os desamparados do mundo? 3. Como se sente uma mãe que tem o filho na prisão, ou viciado em entorpecentes? Como estender a mão a elas para que encontrem forças no seu amor e no amor de Deus a fim de ajudar os seus? 4. Como fazer brotar nos filhos que estão afastados da igreja o sentido da fé?
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MAIO
Oração: Senhor, eu te agradeço pela vida que pude gerar em meu ventre ou acalentar em meu coração. Ajuda-me a seguir firme na minha missão de mulher, de mãe. Faz com que todas as mães que se preocupam com seus filhos possam encontrar em ti consolo e força para vencer as tribulações. Seja meu guia, minha âncora. Eu não sou nada sem teu amor; ajuda-me a compartilhá-lo com os que estão à minha volta. Peço-te isso em nome de Jesus. Amém
Clarisse May Paraíso do Sul/RS
Deus cuida de nós 1 Pedro 5.7 Preocupação. Pré-ocupações. Quem não as tem? Muitas são as preocupações que temos no dia a dia de nossas vidas. Temos preocupações em relação à nossa família, pais em relação a seus filhos, filhos em relação a seus pais, preocupação em relação ao trabalho, ao lar... Por um ou outro motivo, podemos ficar preocupados e isso nos traz ansiedade. Diariamente as correrias do cotidiano nos consomem, e é muito bom, ao final do dia, chegar em casa, estar com a família, poder descansar e usufruir desse tempo de convívio familiar. Deixar as preocupações do dia para trás. No descanso, nós nos revigoramos para um novo dia de trabalho, com novas alegrias e esperanças. Em 1 Pedro 5.7, somos instruídos: “Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês”. Aprendemos que devemos entregar a Deus todas as nossas necessidades e preocupações, porque ele tem cuidado de nós. Jesus diz que não devemos andar ansiosos com nossas necessidades físicas, como roupa e comida. Jesus nos garante que Deus nosso Pai vai cuidar de nossas necessidades (Mateus 6.25-34). Ouvimos essa palavra de Pedro, mas nem sempre conseguimos entregar nossas preocupações a Deus nem dividir com alguém as nossas preocupações 49
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e as cargas que levamos. Com isso não permitimos que Deus cuide de nós. Às vezes, nós entregamos tudo nas mãos de Deus e depois pegamos de volta, porque “tá demorando demais” ou porque “eu preciso disso logo, será que Deus não tá vendo?”. Mas Deus sabe de tudo, sabe de cada coisa que precisamos e dos cuidados que necessitamos. E nós apenas temos que entregar tudo, descansar, esperar e confiar que Deus cuida de nós. Para aqueles que entregam as suas preocupações a Deus, descansam nele, confiam nele, Jesus promete: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11.28-30). Uma estória para reflexão: Tenho em minhas mãos duas caixas que Deus me deu para guardar. Ele disse: – Coloque todas as suas preocupações, dificuldades e tristezas na caixa preta e todas as suas alegrias na dourada. Eu entendi suas palavras, e nas duas caixas, guardei tanto minhas alegrias como minhas preocupações. Mas enquanto a caixa dourada ficava cada dia mais pesada, a preta era tão leve quanto antes. Curioso, abri a caixa preta, pois eu queria descobrir por que ela era tão leve, e vi, na base da caixa, um buraco, pelo qual minhas tristezas saíam. Mostrei o buraco a Deus: – Gostaria de saber onde minhas preocupações, tristezas, meus pesos podem estar! Ele sorriu gentilmente para mim: – Minha filha, elas estão aqui comigo! Perguntei: – Deus, por que me deu as caixas? Por que a dourada? E a preta com o buraco? – Minha filha, a caixa dourada é para você contar suas bênçãos, a preta é para você deixar ir embora as preocupações.
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MAIO
Para reflexão: Mostrar várias imagens de sobrecarregamentos. Por exemplo: caminhões sobrecarregados, carros sobrecarregados, pessoas carregando muito peso. Conversar sobre essas imagens. A seguir, convidar cada integrante a refletir sobre suas preocupações/ cargas e depois conversar entre as pessoas do grupo. Estão pesadas? Como me sinto? Consigo entregar essas preocupações a Deus? Consigo dividir a carga com meu próximo? Ajudo meu próximo a carregar a sua carga/preocupação? Para finalizar, entregar uma folha com o desenho abaixo para cada integrante e deixar um momento para uma reflexão individual. Depois, cada integrante preenche a imagem com as suas preocupações/cargas: “Entreguem a Deus todas as suas preocupações, pois ele cuida de vocês.” (1 Pedro 5.7)
“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” (Gálatas 6.2) Convidar todas para colocar suas preocupações nas mãos de Deus, sobre o altar, e descansar, confiar e esperar, porque Deus cuida de cada uma de nós. Pastora Ângela Ulrich Estrela/RS
Dia das mães Conversando com as mães da Bíblia “A educação começa no joelho da mãe. Cada palavra dita aos ouvidos dos filhos participa da formação do caráter”, disse o teólogo norte-americano Hosea Ballou. Conselhos e palavras de mãe ficam gravados nos corações de seus filhos e de suas filhas. Há aquelas mães que repetem inúmeras vezes seus conselhos; há outras que muito discretamente sugerem a seus filhos e filhas 51
Roteiro da OASE 2013
aquilo que compreendem ser o melhor para eles. Discreta ou intensamente, cada mãe tem seu jeito de aconselhá-los. No entanto, é importante dizer que, embora haja uma grande influência das mães sobre seus filhos e filhas, elas não são responsáveis pelas escolhas que eles fazem. Muitas mães sofrem, se culpam e se punem pelas escolhas de seus filhos e suas filhas. Tudo o que é dito e feito pelas mães é bom? Nem tudo. Como seres humanos, mães também são pecadoras e, portanto, também cometem erros. Na Bíblia, encontramos relatos que nos ajudam a refletir sobre aquilo que não é a vontade de Deus e por isso deve ser evitado. Atalia, mãe do rei Acazias, que lhe dava maus conselhos (2 Crônicas 22.3). Cuide com o que você fala. As mães devem refletir sobre seus conselhos. Se estiver em dúvida, ore. Converse com outras pessoas antes de falar. Por mais que não pareça, filhos e filhas levam muito em consideração o que é dito por quem os educa, por isso cuidado com palavrões e conversas inconvenientes. Palavras boas têm peso, e as ruins também. Não se culpe se você errar, mas permita corrigir-se. E lembre-se: apesar de seus conselhos, não tire a responsabilidade de seus filhos e suas filhas. Todos nós somos responsáveis pelas nossas escolhas. Não use sua filha ou seu filho como escudo. Não raramente pai e mãe entram em conflito, seja por razão nobre: a educação dos filhos; seja por razão ilegítima: a disputa pelo amor dos filhos. Temos na Bíblia uma mãe e um pai com comportamentos semelhantes (Gênesis 27). Rebeca e Isaque são exemplos de um casal que tem preferência por um dos filhos. Cada um deles demonstra preferência por um dos filhos. As consequências dessas atitudes levaram a brigas, disputas, desconfianças, mentiras e armações, que, por fim, culminaram na divisão da família: os descendentes de Esaú, “o favorito do papai”; e os descendentes de Jacó, “o favorito da mamãe”. As mães devem tomar cuidado para não preferir ou beneficiar um dos filhos ou uma das filhas, mesmo que um filho ou uma filha demonstre mais carinho e respeito do que o outro ou a outra. O cuidado deve ser ainda maior se houver filhos e filhas de casamentos diferentes. Em caso de separação, lembre-se: sua filha ou seu filho não tem culpa que sua relação não deu certo. Cada um de vocês continua sendo pai e mãe, mesmo que não sejam mais marido e mulher. A raiva, o desapontamento e a tristeza que você sente são coisas com as quais você mesma deve lidar. Influenciar seus filhos e filhas a pensar da mesma forma não ajudará em nada, pelo contrário, 52
MAIO
você só estará incutindo um desgosto desnecessário na vida deles. Filhos e filhas precisam de pai e mãe, mesmo que esses vivam separados. E pai e mãe devem trabalhar juntos para que essa relação seja a mais saudável possível. A Bíblia nos mostra mães que tropeçaram na educação de seus filhos e filhas, mas também nos traz exemplos que podem ser seguidos: A exemplo de Maria, uma mãe não deve viver preocupada. “Maria, porém, guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração” (Lucas 2.19). Mães se perguntam: o que será de meu filho/minha filha que está no meu ventre? O que será de meu filho/minha filha jovem em um mundo com tantas atrocidades? O que será da família de meu filho/minha filha agora que ele/ela perdeu o emprego? Perguntar-se é bom – significa estar consciente da realidade, estar preparada para o futuro e procurar soluções para os problemas. Perguntar, mas também confiar. Confiar em Deus, assim como confiou Maria. Quando Deus entregou Jesus aos cuidados de Maria, ela confiou. Mães não possuem todas as respostas e não têm como saber o futuro, por isso não devem viver preocupadas. Devem apostar em seus filhos e suas filhas, orar, refletir e lutar, mas não viver preocupadas. Nas necessidades, uma mãe deve confiar em Deus. Uma viúva que vivia na cidade de Sarepta preparava-se para comer sua última refeição com seu único filho e, depois, ambos morreriam de fome. Nesse momento, ela recebeu a visita do profeta Elias, que lhe pediu que dividisse a comida com ele, e assim Deus não deixaria que faltasse alimento. Embora tivesse apenas um pouco de farinha e de azeite, essa viúva confiou no que Elias disse e dividiu a comida com ele. Depois disso não faltou mais comida (1 Reis 17.8-16). Nas necessidades, Deus cuida de nós. Lutero assim já nos disse: “Devemos trabalhar como se tudo dependesse de nós; mas devemos orar como se tudo dependesse de Deus”. Feliz Dias das Mães. Que Deus abençoe e oriente cada mãe. Pastora Eli Deifeld Joinville/SC
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Sugestões de presentes para o Dia das Mães Presentes que não custam dinheiro, mas custam nosso amor (Apresentar de forma encenada) O presente de escutar Mas você realmente deve escutar. Nada de interromper, nada de sonhar acordado, nada de planejar sua resposta. Apenas escute com interesse, afeto e atenção. O presente do afeto Seja com abraços e beijos, tapinhas nas costas e aperto de mãos na hora certa. Deixe essas pequenas atitudes demonstrarem o amor que você tem por sua mãe. O presente da risada Recorte desenhos. Compartilhe artigos e histórias engraçadas. Seu presente vai dizer: “Eu adoro rir com você”. O presente de um bilhete Pode ser um simples “Obrigado pela ajuda” ou um soneto inteiro. Um bilhete, mesmo pequeno, manuscrito pode ser lembrado por toda a vida e pode mudar uma vida. Fale do seu amor e de sua gratidão por algo específico que ela fez ou simplesmente por ter-lhe dado a vida. O presente do elogio Um simples e sincero: “Você fica muito bem de vermelho”, “Você fez um excelente trabalho” ou “A comida estava maravilhosa” pode tornar o dia de alguém melhor. Imagine o impacto de ouvir isso do próprio filho ou filha. O presente de um favor Todo dia, saia da rotina e faça alguma coisa gentil. Telefone para perguntar como vai, passe por lá para deixar um pão quentinho ou cortar a grama. Ajude-a a entender aquela carta ou conserte aquela torneira que pinga sem parar. O presente da solidão Há momentos quando não queremos nada além de ficar sozinhos. Seja sensível a esses momentos e dê o presente da solidão, respeitando sua mãe como pessoa, sem, entretanto, deixar dúvidas quanto ao seu apoio incondicional. O presente da disposição alegre O caminho mais fácil para nos sentirmos bem é dizer uma palavra gentil a alguém, especialmente à nossa mãe! De fato, não é tão difícil assim dizer “Olá” ou “Muito obrigado”. 54
MAIO
O presente da fé renova Ore a Deus pela sua mãe e faça isso na presença dela também. Reparta com ela um trecho da Bíblia que traga uma mensagem de confiança e paz ao coração (Salmo 23, Romanos 8.31-39, Salmo 121). Filhos e filhas são bênçãos de Deus com todo o potencial necessário para abençoar seus pais. Aproveite este dia especial para deixar Deus usar o “seu presente” para tornar a vida de sua mãe mais alegre. Peça agora a ajuda dele para escolher pelo menos um dos presentes acima! Extraído da Agenda da OASE, Sínodo Planalto Rio-Grandense, 2007, p. 18.
Conto Fale com o coração Havia um cego que pedia esmolas numa rua qualquer da cidade. Todos os dias, um escritor passava por ele, de manhã e à noite. Em todas as ocasiões, deixava alguns trocados no chapéu. O cego segurava um cartaz com a seguinte frase: “Cego de nascimento, uma esmola, por favor”. Certa manhã, o escritor teve uma ideia: virou o letreiro do cego ao contrário e escreveu outra frase. Ao retornar, perguntou ao cego como havia sido o seu dia. O cego, muito contente, respondeu: “Até parece mentira, mas hoje foi extraordinário! Todos que passavam por mim deixavam alguma coisa. Afinal, o que é que você escreveu no meu letreiro?” O escritor tinha escrito uma frase breve, mas que mexia com todos os que passavam... A frase era: “Em breve chegará a primavera e eu não poderei vê-la”. A maioria das vezes não importa o que dizemos, mas como fazemos e dizemos. Por isso devemos tomar cuidado ao falar com as pessoas! Devemos falar com o coração! Assim seremos bem mais compreendidos... Essa é a magia da comunicação! Autoria desconhecida Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS
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Arquivo OASE
J U N H O
Datas importantes 04 – 1743 – 1ª Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 10 – Dia do Pastor/da Pastora 11 – 1948 – Fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo
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JUNHO Deus não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. Atos 14.17
Meditação Aquietar-se para sentir os sinais da presença de Deus
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Arquivo pessoal
ara obtermos um bom resultado nas colheitas, seja qual for a plantação, precisamos que tudo corra bem: o clima, o sol, a chuva, o calor, o frio e os ventos, tudo na medida certa. Isso é importante para que as pragas, a ferrugem e outros fatores não destruam as plantas antes de produzirem seus frutos. Deus sabe muito bem disso. Ione Faller Korte Depois da terra adubada, semeada, e enquanto o semeador descansa, Deus providencia que a semente germine e cresça. Para isso Deus envia chuvas e estações climáticas na medida certa. Pensando por esse lado, quando lemos o texto de Atos 14.8-18, entendemos que também a palavra de Deus levada como mensagem passa por situações semelhantes: a de semear e de colher. Paulo e Barnabé partem para sua primeira missão. Viajam por muitas cidades, são acolhidos e compreendidos por algumas pessoas, mal interpretados e tratados mal por outras. Mas eles vão adiante, movidos pelo Espírito Santo, anunciam o Evangelho, dão testemunho, e muitas pessoas se convertem ao Deus Vivo. Na cidade de Listra havia um homem “aleijado” (Atos 14.8), ou seja, deficiente físico. Paulo percebeu que aquele homem tinha fé e podia ser cura57
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do. Então disse em voz alta: “Levante-se! Fique de pé!” (Atos 14.10). O homem saltou e começou a andar. Por causa desse acontecimento o povo fez a maior confusão. Começaram a gritar: “Os deuses tomaram formas de homens e desceram até nós” (Atos 14.11). Foi muito difícil para os apóstolos explicarem que eles eram apenas seres humanos, não queriam nem podiam receber sacrifícios ou ser santificados. Mesmo assim, eles professaram sua fé e testemunharam que “Deus não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria” (Atos 14.17). Nos tempos atuais, mesmo em meio a tanto corre-corre da vida, Deus sempre se faz presente. Caso contrário, não seria possível viver. Ao acordarmos pela manhã, Deus já providenciou tudo o que precisamos. Quando vamos descansar, à noite, ele cuida de nós enquanto dormimos. Quando ficamos doentes, podemos confiar em Deus, pois é ele quem capacita os médicos e outros agentes de saúde que tratam de nós. Também fez crescer plantas medicinais sobre a terra de onde se extrai seiva para a fabricação dos remédios. Tudo isso é muito bom e é o testemunho puro e verdadeiro de Deus. Em tudo Deus se faz presente, mas é preciso aquietar nosso coração para sentirmos sua presença em nossa vida. Oração: Senhor, nosso Deus e Pai, nós te agradecemos por tudo o que tens feito por nós. Com carinho tu cuidas de cada um dos teus filhos e cada uma das tuas filhas. Obrigada por nos dar a alegria de viver. Queremos, Senhor, viver segundo a tua vontade e servir-te com os dons que nos deste. Queremos ser tuas testemunhas, levando a tua mensagem a todos os nossos irmãos e irmãs. Envia-nos o teu Santo Espírito e ilumina-nos para que possamos reconhecer tua presença entre nós. Perdoa-nos quando nós omitimos a verdade sobre ti. Ao nos dar estações frutíferas, Senhor, tu também estás nos dando o pão diário, demonstrando assim o grande amor que tens por nós. Em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém. Ione Faller Korte Cascavel/PR 58
JUNHO
Queremos paz ou guerra? Mateus 5.9
Para ninguém é novidade que vivemos momentos de crise mundial e nacional quanto à existência da verdadeira paz. Enquanto que no longínquo Oriente Médio forças se digladiam para impor o seu poderio mundial; enquanto que na Europa há uma crise na economia, aqui em nosso país vivemos igualmente um clima intenso de falta de paz devido a problemas de toda ordem, como a falta de assistência na saúde, a precariedade gritante na educação, a falta de segurança, o caos no trânsito, o desemprego, os problemas das aposentadorias, a falta de dinheiro e comida para milhões de pessoas, a corrupção, a desonestidade, as injustiças etc. Para onde nós caminhamos?... Essa é certamente uma pergunta que muitos de nós se fazem quando olhamos para a realidade existente, dentro da qual nos deparamos com destruição e morte em toda parte. Será que ainda há esperança?... Assim continuamos a perguntar. Com as palavras de Mateus 5.9: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”, que integra o sermão da montanha, Jesus aponta para duas tarefas de vital importância: a) Que auxiliemos, aconselhemos e encorajemos nossas autoridades constituídas a buscar o verdadeiro caminho da paz. b) Que nós mesmos nos empenhemos na busca da paz, andando pelos caminhos que promovem a verdadeira paz. A nossa participação não deve acontecer somente através da oração e de uma religiosidade teórica e por vezes apenas aparente, mas sim através de ações bem concretas. Trabalhar pela paz, como Jesus ordena em seu sermão, significa colaborar para que haja paz entre as pessoas. Pessoas que se disponham de fato a promover e viver a paz é um artigo bastante raro em nossos dias. A tendência entre os seres humanos está mais para a desunião do que para a união. De experiência sabemos como é difícil, por exemplo, reconciliar
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vizinhos ou pessoas da mesma comunidade que vivem um clima de rixas constantes. Igualmente sabemos que não é fácil reconciliar esposa e esposo quando a vida matrimonial está em perigo. De natureza todos nós somos pacificadores, mas quando não somos bem-sucedidos de imediato, surgem o cansaço e a desilusão. Logo, não queremos mais saber dos desentendimentos e das brigas dos outros. Com a cômoda ideia de que não conseguimos mudar nada, preferimos poupar nossos nervos e forças. O problema é de cada um, assim nós reagimos. Por isso mesmo nós próprios, através de nossas atitudes, permitimos que a morte, o ódio e a briga façam o seu jogo no nosso dia a dia. O nosso século sabe perfeitamente que o ódio e a guerra levam o mundo à destruição e à morte. As guerras não têm o seu início ali onde se emprega todo o poderio militar. As guerras são apenas a última fase de um processo que já está em andamento há muito tempo. E não nos enganemos: nós mesmos iniciamos ou preparamos o caminho das grandes catástrofes. Isso acontece onde criamos e promovemos situações de inimizade com outras pessoas. Acontece quando deixamos de cumprimentar alguém que talvez more na mesma rua, na nossa vizinhança ou até sob o mesmo teto. As dificuldades menores ou maiores no convívio entre as pessoas, como as grandes angústias, são guerras e revoluções que vão tomando um vulto cada vez maior. O mundo clama por pessoas que se disponham a trabalhar efetivamente pela paz. Deus conclama a todos nós para sermos pacificadores e em Jesus Cristo nos confia a tarefa de trabalharmos pela paz com todas as nossas forças. Jesus Cristo é o exemplo da paz. Ele cumpriu integralmente a vontade do Pai. A obra de Deus em Jesus Cristo é a paz. Em Jesus Cristo Deus fez as pazes com a humanidade. De rebeldes, Jesus faz filhos. Inimigos, ele converte em irmãos. Oração: Bondoso Deus e Pai, agradecemos-te por teres instalado a verdadeira paz em nosso mundo através de Jesus Cristo. Dá-nos forças e disposição para promover essa paz em palavras e ações, a exemplo do próprio Senhor Jesus Cristo, que não somente ensinou a paz, mas a vivenciou em toda a sua intensidade. Faze, assim, reinar a paz em nossos corações e entre as pessoas. Amém. Pastor emérito Albino João Vortmann Santa Rosa/RS 60
JUNHO
Pare e pense A riqueza do intercâmbio oasesinodalnoroesteriograndense.blogspot.com.br
Intercâmbio significa troca de ideias e de experiências, sendo que a sua prática é, por excelência, uma aprendizagem entre pessoas ou grupos de pessoas. Nas comunidades e paróquias e em outras instâncias da IECLB, com seus tantos departamentos, a prática do intercâmbio, no meu modo de ver, continua bastante modesta. O trabalho da OASE, no entanto, está dando passos importantes nessa ques- OASE Sinodal Noroeste Riograndense: Arte Mulher tão. Vejamos alguns exemplos. Na década de 1970/80, quando integrava a diretoria da OASE da então III Região Eclesiástica, com sede em Panambi, reuníamos regularmente lideranças dos distritos da Região para a troca de ideias e experiências a respeito de um trabalho que estava se intensificando cada vez mais, ou seja, um trabalho voltado para a família, com ênfase no trabalho com casais e com pessoas idosas. Esse trabalho, com certeza, foi uma sementinha, somada a tantas outras, que deu origem ao trabalho de casais reencontristas e das pessoas da terceira idade. Pena que a maioria dos grupos da terceira idade não tem vínculo com nossas comunidades e paróquias. Em nosso Sínodo Noroeste Riograndense, temos apenas dois dos tantos grupos que têm vínculo com a comunidade, chamando atenção que a maior parte de seus integrantes não pertence a outros grupos da terceira idade. No mais, os demais grupos promovem seus encontros destacando o conhecido “bailão”, com seus prós e contras. Em nosso Sínodo, temos o exemplo de um trabalho muito bonito de intercâmbio: Arte Mulher. Mulheres da OASE e outras, das mais diferentes paróquias, se reúnem regularmente para uma aprendizagem sobre trabalhos manuais, que são confeccionados nos próprios encontros ou trazidos prontos das comunidades e paróquias de origem das participantes. É, sem dúvida, uma aprendizagem muito enriquecedora. 61
Roteiro da OASE 2013
O intercâmbio mais praticado entre nossos grupos de OASE, falo aqui da realidade regional/sinodal, são as visitas dos grupos entre si por ocasião de eventos festivos. Exemplo: grupos aniversariantes são visitados tanto por grupos da própria paróquia como por grupos de paróquias vizinhas. De vez em quando ocorrem também visitas entre grupos bem distantes. Guardo bem vivo na lembrança um trabalho marcante e de caráter intercambial desenvolvido durante muitos anos, no final dos anos 1970 e na década de 1980, no antigo Distrito Eclesiástico Santa Rosa, Região III, onde, numa das paróquias, meu esposo (pastor Albino João Vortmann, hoje emérito) exerceu sua atividade pastoral durante mais de uma década. Anualmente realizava-se uma Semana de Evangelização nas comunidades do distrito, onde os pastores, trocando de paróquias, apresentavam suas palestras, de terças a sextas-feiras à noite, culminando com um culto no domingo de manhã. Os temas com seus subtemas eram previamente estabelecidos pelos pastores. Um dos temas, lembro bem, dizia respeito à paz: “Paz na família, na comunidade, no trabalho, na sociedade e na política”. Os temas eram muito enriquecedores para as comunidades, que participavam acaloradamente dos debates. Como dito no início, no geral nosso trabalho de intercâmbio ainda é bastante modesto. Há poucas iniciativas no sentido de comunidades, paróquias e outras instâncias estabelecerem, por exemplo, um “intercâmbio de cunho temático”, que priorize a discussão e a dinamização dos temas estabelecidos anualmente pela igreja, as Campanhas Vai e Vem, as campanhas de cunho social e político etc. A Campanha Vai e Vem, pelo menos em nosso sínodo, é bastante capenga. Um trabalho de intercâmbio poderia ter como alvo, inclusive, um melhor conhecimento, uma melhor valorização de nossa igreja e suas instituições. Tudo isso seria muito enriquecedor. Dispomos de bons materiais de divulgação e de reflexão, mas muita coisa, como se diz, fica apenas no papel e nas boas intenções. As iniciativas existentes são muito esporádicas e, por conseguinte, sem durabilidade. Temos mais facilidade de estabelecer “intercâmbios internacionais” do que entre nossas comunidades, paróquias e outras instâncias da IECLB. Esses intercâmbios, as conhecidas “parcerias”, com outros países têm um grande valor, a tal ponto que muitas vezes igrejas de outros países dizem que têm muito a aprender conosco. Por outro lado, no entanto, deveríamos priorizar “intercâmbios internos”. A nossa querida IECLB, com sua riquíssima estrutura, boa formação de obreiros/as, e com suas tantas boas lideranças, teria todas as condições de promover intercâmbios mais consistentes. 62
JUNHO
Meu desafio final é que a questão do intercâmbio receba uma atenção muito especial. Quem sabe a OASE, ao lado de tantas iniciativas, como as acima citadas e outras, invista para que isso possa ocorrer. Invista em tempo e dedicação e em suas mais diferentes formas criativas. O apóstolo Paulo faz a expressa recomendação: “Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita” (Gálatas 6.9). Clary Annita Vortmann Santa Rosa/RS
Oração do cuidado Senhor, dá-me a tua mão e conduze a minha vida. Guia os meus passos para que eu caminhe segura. Sob as asas da tua misericórdia sinto-me protegida. No colo da tua bondade encontro descanso verdadeiro. Em dia de medo e angústia, abriga-me em teu poder. Em momentos de ansiedade, faze cair sobre mim a tua paz. Ao sentir-me fragilizada, ajuda-me a ter esperança. Cuida de mim e dos meus amados. Cuida do meu destino. Quando a culpa me acusar, acolhe-me em tua graça. Absolve-me do pecado e faze-me renascer do teu perdão. Se eu cair, permita que eu caia em tuas mãos. Se eu permanecer caída, dá-me a tua companhia. Seja como for, cobre-me com o manto do teu amor. Graças, pelo teu cuidado, graças pela salvação. Agora, dá-me a bênção que tanto anseio. Amém. Pastor Dr. Rodolfo Gaede Neto São Leopoldo/RS Extraído da Agenda OASE do Sínodo Norte Catarinense, 2009.
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Arquivo OASE
J U L H O
Datas importantes 01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo Papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa
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JULHO Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo. Atos 18.9-10
Meditação O que se aprende de pequeno, não se esquece
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Arquivo pessoal
omos, por natureza, inquietas, agitadas e angustiadas. Já para nascer enfrentamos obstáculos, não lembramos como foi, mas sabemos que tanto o bebê como a mãe enfrentam dores. Quando os pulmões enchem de ar, doi, por isso o bebê chora. Depois, mãe e bebê se aquietam, se tranquilizam. E assim todo ser humano começa a enfrentar Gundela Wolschick Freitag a vida. Ninguém sabe o que vem pela frente, se saúde, doença, alegria e tristeza. Não somos livres desses itens. Os pais levam seus filhos ou filhas para o Batismo, isso quer dizer entregar nas mãos de Deus, nosso Criador. Enfim, começa uma história de vida. Sim, todo ser humano tem sua história, nenhuma é igual à outra, e umas são mais sofridas, outras menos. Pais e mães cristãos têm a preocupação e ocupação de dar uma boa educação para suas crianças, também espiritual; de cuidar para que não fiquem doentes, de ensinar o que é certo e errado, principalmente ensinar a palavra de Deus. Os antigos falavam: “O que se aprende de pequeno, não se esquece mais, fica para sempre”. E as crianças que não têm pais cristãos, o que acontece? Muitas vezes é difícil para os que têm, imagina para quem não tem. E assim vão crescendo, cada qual com seu jeito de ser, uns mais calmos, outros mais agitados. Quando criança, queremos crescer depressa, ficar grande, ser adolescente e depois adulto. Imaginamos só coisas boas. Quando adultos, descobrimos que 65
Roteiro da OASE 2013
na infância fomos mais felizes e despreocupados. Ser adulto é muito complicado. Volto a dizer, cada um tem sua história, mas chegará o dia em que devemos caminhar com os próprios pés, e aí? O que vem pela frente? Em Isaías 57.20-21, lemos: “ Porém os maus são como o mar agitado: as suas ondas não se acalmam e trazem lama e sujeira para a terra. Não há segurança para esses pecadores”. Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz. Em Marcos 4.38-40 diz: “Jesus estava dormindo na parte de trás do barco, com a cabeça numa almofada. Então os discípulos o acordaram e disseram: – Mestre! Nós vamos morrer! O senhor não se importa com isso? Então ele se levantou, falou duro com o vento e disse ao lago: – Silêncio! Fique quieto! O vento parou, e tudo ficou calmo. Aí ele perguntou: – Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” Não somos perfeitos, temos falhas, mesmo conhecendo a palavra de Deus. Em muitos momentos da nossa vida, enfrentamos coisas ruins, erramos, somos injustos com nosso próximo. As dificuldades aparecem, por exemplo problemas financeiros, doença, morte na família ou amigos, vícios de álcool, drogas etc. Em meio a essas tempestades que nos acompanham desde o início da vida, se não tiver fé em Deus todo-poderoso, como vamos “nos aquietar, tranquilizar, ter paz e quietude?” Sim, através do Senhor Jesus podemos alcançar esse objetivo. Quando eu era mais nova, tive minhas dificuldades, nada dava certo, reclamava, chorava muito, brigava com todo mundo. Lembro quando desabafava com minha mãe, e ela dizia: “Oh minha filha, não torne a vida mais difícil; com fé em Deus e quando nós queremos, nós podemos torná-la mais leve”. Até hoje levo essas palavras comigo, nas quais encontro força e ânimo, e assim procuro viver a vida com mais alegria. Como é bom poder falar do que aprendi, falar sem medo. Isso está nas nossas mãos, é aproveitar as oportunidades, lutar por isso, construir uma boa relação, com sabedoria, entendimento, humildade e paciência. Não conseguimos nada sozinhas, precisamos de ajuda, vamos procurá-la! Só assim podemos tornar nossa vida mais leve. Como mulheres, estamos aprendendo a perder a timidez e a falar sobre o que vivemos, o que pensamos. E isso porque sabemos que não estamos sozinhas. Então encontramos importância nos grupos de OASE, nos seminários, nos encontros, bem como no material que nos é oferecido. É tão bom ter certeza de que há pessoas que se ocupam com nosso bem-estar, que falam das coisas boas que existem e vêm do amor de Deus. É hora de rever nosso relacionamento com Deus: Aquietar-se e tranquilizar-se, sabendo que ele está conosco e quer que falemos dessa sua presença em nós. Com tudo o que foi relatado, 66
JULHO
revendo o texto de Atos 18.9-10: “Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo”, podemos concluir: A paz, a tranquilidade e a quietude vêm pelo contato íntimo com Deus, ao qual podemos falar tudo o que nos pesa, bem como nossas alegrias. Que a paz de Deus esteja contigo. Para refletir: 1. Formar grupos de três a cinco participantes. 2. Entregar papel e lápis a cada grupo, para fazer apontamentos, se necessário. 3. Estimular para que cada participante conte sua história, mas deixando claro que cada qual é livre para fazê-lo ou não. 4. Dar um tempo, depois reunir todos os grupos numa roda e compartilhar. 5. Orar o Pai-Nosso. 6. Cantar o hino 144, do HPD 1. Gundela Wolschick Freitag Presidente da OASE, Sínodo Brasil Central Cristalina/GO
Doce aconchego Salmo 22
Dinâmica: Colocar uma música de fundo suave, mas alegre. Se o grupo for maior, fazer dois círculos, um dentro do outro. O círculo de fora fecha os olhos e o círculo de dentro abraça as mulheres do círculo de fora, sem falar nada nem dizer quem está abraçando. Simplesmente abraçar de maneira gostosa. Abraço firme e longo, aconchegante. Depois trocar para a próxima até completar o círculo (ambas podem fechar os olhos e usufruir ao máximo o abraço dado e recebido/recebido e dado). Não há necessidade de palavra alguma. Se o grupo for menor, fazer um círculo e pedir que fechem os olhos. Escolher duas ou três mulheres que irão abraçar as demais. Segue a dinâmica conforme a explicação acima. 67
Roteiro da OASE 2013
Escrevo este texto numa noite fria e bem úmida de segunda-feira, na cidade de Pelotas/RS, a capital dos doces! E que também é conhecida por ser a segunda cidade mais úmida do mundo, só perdendo para a cidade britânica de Londres. Fogão a lenha aceso, chimarrão bem caprichado, café com leite bem quentinho... São, com certeza, boas companhias sempre! Como não me sentir aconchegada com tais companhias no invernão do sul do sul do Rio Grande do Sul? Acolhida, aconchegada... Salmo 22! Posso estar muito enganada, mas creio que todos nós, em algum momento, já tivemos essa sensação ou passamos realmente por esta situação: abandono. Mas creio também que muito, mas muito mesmo já fomos aconchegadas em nossa vida. Lendo o Salmo 22, vejo claramente as duas condições: abandono e aconchego! Esse é um salmo profético-messiânico, ou seja, aponta para a vinda do Messias e para sua obra reconciliadora entre nós humanos e Deus! Aponta para a vinda de Jesus Cristo e para sua obra salvadora. Sentimos o “abandono” do pecado, que nos afasta de Deus, mas também o “aconchego” do perdão, que nos reconcilia com ele. Aponta para a vinda e obra de Cristo, que por meio de sua morte e ressurreição nos reconcilia com Deus. Hoje nós vemos, com olhos maravilhados, essa profecia cumprida. Pessoalmente, eu não consigo pensar nisso e não me sentir aconchegada, acolhida, aceita, amada. Sim! Amada por aquele que me criou e que me faz sua filha por meio de Cristo! Que me acolhe, mesmo sendo eu pecadora! Que me ama. Que me tem em seus braços! Não há nada mais acolhedor, aconchegante e maravilhoso que o perdão! Sentir o abraço misericordioso do Pai, que me acolhe e aconchega em seus braços de amor, sendo eu pecadora. Mas ele sabe a necessidade que temos desse abraço aconchegante e acolhedor. Aconchegar-se a Deus é uma das delícias do nosso dia a dia! Usufruir do seu colo, do seu perdão, do relacionamento pessoal com ele... Podemos, sim, nos relacionar com ele. Abrir nosso coração, falar do que sentimos, pensamos, necessitamos! Ele quer participar de forma ativa da nossa vida, quer ser nossa companhia em nossa casa, no trabalho, nos afazeres e problemas diários. Chamá-lo para conversar. Sentar, abrir-lhe o coração e ouvir o que ele tem para mim. Aconchego que me faz ter a certeza de que estou sendo ouvida, compreendida e nunca rejeitada! 68
JULHO
Aconchego de braços que me abraçam e de um colo que me acolhe. Que me aceita como sou, mas que não me deixa como estou! Nosso Deus vem ao nosso encontro por meio de Cristo e se relaciona conosco. Que delícia é esse relacionamento! Muito mais saboroso e doce do que os doces de Pelotas, que são tudo de bom. E para ser experimentado, vivido diariamente, constantemente, abundantemente, com franqueza, com simplicidade e com liberdade. Não são simplesmente momentos estáticos, mas são “dinâmicos e contínuos”. É algo para hoje, para agora, para amanhã e depois! Sim, para sempre! Viver a delícia de saber-se amada, ouvida, acolhida no colo de Deus transforma nossa vida, nossa triste e fria realidade em uma realidade doce e aconchegante! Jesus é a promessa cumprida e real em nossa vida. É nosso colo, nosso consolo, nosso aconchego. Você tem se deixado acolher por ele? Ele ama você, muito! Ele tem grande alegria em ter você, acolhê-la e aconchegá-la. Tenha certeza disso. Desejo dias doces para você, na companhia aconchegante de Jesus. Pastora Mahira Aparecida Boettcher Pelotas/RS
Liderança A lição dos gansos canadenses Uma maravilhosa lição de vida pode ser obtida dos gansos selvagens canadenses que migram do hemisfério Norte para o Sul. Como arautos de mudanças, quando partem, é prenúncio de frio. Ao retornarem, é chegado o verão. Guiados pelo sol e pelo campo magnético da Terra, cumprem a rota mais curta e só estabelecem grandes curvas para evitar desertos e oceanos. 1º fato: Neste longo voo, a formação do bando é a de um triângulo, ou, a rigor, de um majestoso V, cujo vértice está voltado para frente. Nessa formação geométrica, cada pássaro da frente cria um vácuo para o de trás, rendendo ao grupo quase o dobro do aproveitamento com o mesmo esforço. 69
Roteiro da OASE 2013
Verdade: Da mesma forma, quando um grupo de pessoas compartilha do mesmo objetivo e de forma organizada, é mais leve a tarefa de cada um, e os resultados são extraordinários. Voando em formação V, o grupo inteiro consegue voar pelo menos 71% a mais do que se cada ave voasse isoladamente. 2º fato: Ao ganso da frente cabe a tarefa de dar direção ao bando. E quando ele cansa, alterna a posição de ponta com outro pássaro. É o líder. Em seu peito batem as rajadas do vento forte, os pingos da chuva castigam seus olhos. Mas é ele, o líder, que tem as asas fortalecidas, que melhor vislumbra o horizonte, que melhor contempla as belezas do sol nascente e do sol poente. Os problemas são como as rajadas de vento que nos fortalecem para enfrentar a vida com mais determinação. Verdade: Os líderes sacrificam muitas vezes a si próprios por uma causa relevante, cujo maior prêmio não é o triunfo, mas a imensa satisfação do dever cumprido. E se fracassarmos, “resta o conforto de que mais valem as lágrimas de não ter vencido do que a vergonha de não ter lutado”. 3º fato: Quando um dos gansos é ferido ou fica doente, dois deles saem da formação e lhe fazem companhia e dão proteção. Verdade: É a manifestação da solidariedade em se postar ao lado das pessoas em seus momentos difíceis. Quem não tem amor e amizade em seu coração, sofre da pior doença cardíaca. 4º fato: Na formação angular, os gansos que vêm atrás grasnam freneticamente para motivar os da frente. Verdade: Na convivência em grupo, não só é importante a nossa efetiva participação, mas também as palavras encorajadoras. Pessoas motivadas são mais felizes e produtivas. A ação organizada unida ao entusiasmo produz uma força insuperável. Conclusão: Terás uma rota segura por conta dos bons ensinamentos que te foram transmitidos por teu pai e tua mãe, por professores e professoras, bons amigos, boas amigas, por pastores e pastoras. São eles que revestiram a tua existência com carinho, dedicação e que, muitas vezes, sacrificam os próprios sonhos em favor dos teus. São eles que abrem as portas do teu futuro, iluminando o teu caminho com a luz mais brilhante que puderam encontrar: o estudo, os bons exemplos e as lições de vida. São eles que muitas vezes renunciam a tudo por ti, menos a ti. Educar tem raiz numa palavra latina belíssima: “ducere”, que significa conduzir, marchar à frente ou mostrar o caminho. Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS 70
JULHO
Bem-estar Exercícios de relaxamento e energização Estes exercícios de relaxamento e energização são ótimos para serem feitos antes de uma palestra, de estudos bíblicos, de um encontro sinodal, enfim, quando as pessoas se encontram cansadas ou esgotadas, depois de uma viagem, por exemplo. RELAXAMENTO Finalidade: Acalmar, relaxar. 1 – Primeiro, feche os olhos; inspire pelo nariz e expire pela boca. 2 – Vagarosamente, conte até cinco enquanto inspira, “1 e 2 e 3 e 4 e 5”; repita isso enquanto expira. (Ajuda a regular e abranda o ritmo respiratório. Assim que o ritmo respiratório se tornar calmo e sereno, avance para a próxima fase.) Músculos: Para ajudar a concentrar-se em como se sentem os músculos, devemos fazê-los por áreas. 1 – Começando pelos pés, concentre-se em como eles se sentem. Deixe-os relaxar, imagine que não os consegue mover por serem muito pesados. Sinta o peso e o conforto repetindo “pesado e confortável”. 2 – Fazer o mesmo com as pernas, as coxas, subindo para os quadris, barriga, costas, mãos, braços, pescoço e finalmente a face. ENERGIZAÇÃO Finalidade: Ativar a circulação e acalmar a respiração. 1 – Em pé, com os olhos fechados. 2 – Os braços na posição horizontal apontados para o centro do círculo. Com uma mão bate no braço com tapas rápidos e enérgicos, do ombro até as extremidades dos dedos, por todos os lados, e relaxa. 3 – Segue o mesmo exercício com o outro braço. 4 – Sobre a cabeça, bater as extremidades dos dedos relaxados. Relaxar. 5 – Repetir o mesmo exercício sobre o tórax, a barriga. Após cada movimento, relaxar. 6 – Depois em duplas, bater nas costas do companheiro. Relaxar. Enviado por Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC 71
Arquivo OASE
A G O S T O
Datas importantes 05 – 1872 – *Oswaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/2/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – 1ª bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 11 – Dia dos Pais 15 – 1899 – 1º grupo de OASE em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência
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AGOSTO
AGOSTO Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria. Salmo 30.11
Meditação Encontrar a Deus transforma
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choro convulsivo, as lágrimas escorrendo pelo rosto marcado pelas rugas, que o tempo e o sofrimento imprimiram, poderiam ser entendidos, por quem visse de fora, como um choro de dor. Mas não, era um choro de alívio, de quem se despede de uma vida que quer deixar para trás. Há pouco, Ismael contava para seu grupo uma experiência que lhe havia sido transformadora. Dizia o que significava para ele ter encontrado Jesus. Fez um retrospecto de suas escolhas anteriores e como elas haviam destruído sua vida. Falou que fora levado à igreja por uma pessoa de seu trabalho e que se impressionara muito com o que sentira quando chegou ao local. Mesmo impressionado, ficou alguns meses indo ao culto sem querer se comprometer, “mais como uma consideração ao amigo”. Contou que há muitos anos sofria de alcoolismo e a falta de controle sobre isso fez com que a esposa e os filhos o abandonassem. Desorientado, perdeu o emprego, contraiu dívidas e estava a ponto de ser despejado do quarto onde morava quando o filho da dona da pensão conseguiu um emprego na mesma metalúrgica em que trabalhava. “Eu quero este Deus para mim. Quero seguir o caminho que leva a ele. Aceito Jesus como meu Salvador”, foram as palavras que contou ao grupo ter proferido num culto, quando foi tomado por uma alegria e um contentamento nunca antes experimentados. “Foi uma sensação estranha, como se eu estivesse embriagado, só que sóbrio e consciente da alegria, das pessoas à minha volta e muito cheio de vontade de viver”. Ao longo da minha carreira de militar, enfermeira, palestrante, consultora de desenvolvimento pessoal e de equipes, com trajetória em trabalhos com grupos terapêuticos para mulheres, muitas vezes tive oportunidade e o privilégio de conviver com momentos de transformação de uma pessoa. Momentos 73
Roteiro da OASE 2013
que foram precedidos por um profundo desespero, pela dor e sofrimento, pelo mergulho na infinita dimensão da solidão humana. Assim como Ismael, também vivenciamos momentos de desorientação e abandono. Às vezes, em nosso caminho, pegamos algum atalho da natureza e nos distanciamos da graça de Deus. E o caminho da natureza é tentador. É muito fácil deixá-la manifestar-se. Ações do cotidiano em que predominam o egoísmo, a inveja, a competição, o rancor, a manipulação são exemplos de sua manifestação. Ao contrário, viver na graça convida a uma transformação. Transformação que só é possível quando dizemos sim à outra forma de viver e iniciamos um movimento de abandono de todos os apegos – tristeza, ressentimentos, frustrações, histórias de infelicidade – que impedem de viver a plenitude do amor de Deus. Experimentar o amor de Deus faz com que nos sintamos diferentes, reconhecidos, ou conhecidos de novo, pelo olhar, escuta e respeito de quem nos rodeia. Embora continuemos os mesmos, tudo fica diferente. É a vida vista da perspectiva amorosa de quem decide viver no caminho da graça de Deus. A experiência do amor de Deus nos deixa extremamente fortes para qualquer desafio do caminho. Essa experiência tem grande força e faz com que naturalmente a coragem floresça. Por isso, na quietude de nosso coração, podemos entregar tudo a Deus, abandonar os fatos que nos quebrantaram e ficar apenas com a experiência, podendo recomeçar, plena de graça. Não temos controle sobre o inesperado e o inevitável. Entretanto, se o coração estiver cheio da graça de Deus, o entusiasmo não nos abandonará e seguiremos adiante, certos de que quem ama a Deus e se deixa guiar por ele terá seu pranto convertido em folguedos e estará coberto de alegria. É dessa alegria que precisamos preencher nossa vida. É nessa fonte que precisamos nos abastecer. Para refletir: Após a leitura do texto, fique em silêncio por alguns minutos e, depois, reflita: 1) O que significa viver na “graça de Deus”? 2) O que impede de viver plenamente a graça de Deus? 3) O que é preciso fazer para viver plenamente na graça de Deus? 4) Pense em algum momento bem significativo, quando você sentiu a presença de Deus manifestar-se em sua vida. Compartilhe suas reflexões com seu grupo, se assim o desejar.
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AGOSTO
Hilda Dalla Valle Canoas/RS
Fidelidade e lealdade Lamentações 3.22-26 e Gálatas 6.9
Você é uma pessoa digna de confiança? Os outros podem contar com você? Você quer fazer parte de uma classe em extinção na geração atual? Se as respostas forem positivas, então você é uma pessoa fiel. Ou seja, uma pessoa íntegra e constante. Alguém em quem os outros podem confiar seja em situações favoráveis ou difíceis. Sua palavra é honrada nas pequenas coisas e nos empreendimentos gigantescos. Você é o tipo de pessoa que promete fazer uma coisa e o faz a tempo e hora, com presteza e exatidão. Você é tida como pessoa fiel? Se for, aqui vão algumas poucas palavras que podem ser usadas para descrevê-la como tal: digna de confiança, confiável, segura, responsável, leal, correta, constante. O caráter tranquilo e convincentemente diz: “Você pode contar comigo, custe o que custar!” Fidelidade. Não é estranho que uma coisa tão simples seja tão escassa? 75
Roteiro da OASE 2013
Hoje, nosso mingau de aveia fica pronto para ser comido em 60 segundos, nossas fotos podem ser reveladas em 60 minutos e nossas casas podem ser construídas em 60 dias. Vivemos numa cultura em que é costume conseguir o que se deseja quase instantaneamente. Não estamos mais acostumados a trabalhar pacientemente ou a esperar qualquer coisa, nem mesmo um hambúrguer. Conheço muitas pessoas que desejam ter mais responsabilidade e subir a escada do sucesso. Muitas delas, porém, querem saltar logo para o topo da escada e não subi-la degrau por degrau. Querem causar impressão por seu talento e sua capacidade de persuasão, e não por sua fidelidade, e aí se perdem ou são derrotadas. Alguma vez você já sentiu que, apesar de estar sendo fiel e obediente a Deus, por algum motivo ele não estava correspondendo? Tenho que admitir que foi exatamente assim que me senti por vários anos. Eu orava e tentava fazer o que, segundo eu cria, Deus queria que eu fizesse, mas os frutos dos meus esforços não correspondiam às minhas expectativas. Tudo era muito difícil, e os resultados insignificantes. Certo dia, expressei minha frustração para minha esposa Adriane, psicóloga. Ela sugeriu que eu escrevesse sobre a fidelidade de Deus para comigo nos últimos dez anos, especificamente as coisas fora do meu controle, que mostraram o trabalhar de Deus em minha vida. Quando minha lista atingiu dez itens, enxerguei nela um padrão claro. Nove entre os dez estavam ligados a pessoas e relacionamentos. A maior parte das vezes em que Deus trabalhou em meu favor, ele estava colocando pessoas em minha vida de forma inesperada. Ele me apresentou a novos amigos de maneiras incomuns, guiou-me a certas pessoas que me auxiliaram a resolver problemas e me cercou de outras que me encorajaram e me ensinaram no momento certo. Muitas vezes as nossas frustrações para com Deus estão relacionadas a preocupações materiais, coisas que a gente sabe ser de natureza temporária – tesouros na terra! O trabalhar de Deus envolve aquilo que é permanente, como pessoas, relacionamentos e verdade. A prioridade dele são pessoas; para ele, coisas materiais são secundárias. Sabemos que Deus provê todas as nossas necessidades, mas esperamos ser recompensados com opulência material. Daí nossa frustração. A extensa lista de pessoas maravilhosas na minha vida me deixa envergonhado por ter duvidado do amor de Deus e de sua fidelidade para comigo.
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AGOSTO
Ex.: Um escultor famoso passou vários anos esculpindo o rosto de Jesus num bloco de mármore. Quando havia terminado a obra, a face com tanta perfeição combinava as emoções de amor e tristeza, que os visitantes choravam ao contemplá-la. Mais tarde, pediram ao escultor que fizesse uma estátua da deusa Vênus. Ele se recusou. “Depois de por tanto tempo olhar a face de Jesus”, disse ele, “pensais que eu possa agora volver minha atenção para uma deusa pagã?” Lealdade é isso. Para refletir: 1. Você concorda com a ideia de que a fidelidade de Deus para conosco depende de nossa obediência a ele? 2. Alguma vez você já achou que Deus deveria recompensá-lo por suas ações, pelas coisas que você faz segundo os seus ensinamentos? 3. Se você fizesse uma relação das coisas positivas que ocorreram em sua vida sobre as quais você não tinha controle algum, como ela seria? Você acha que Deus merece o crédito por elas? Pastor Adelmo Oscar Strücker Rio do Sul/SC
Dia dos pais O nó do afeto Em uma reunião de pais numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos; pedia-lhes também que se fizessem presentes o máximo de tempo possível. Ela entendia que, embora a maioria dos pais e das mães daquela comunidade trabalhasse muito, deveriam achar um tempinho para se dedicar às crianças. A diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana, porque, quando ele saía para trabalhar, era muito cedo, e o filho ainda estava dormindo. Quando voltava do serviço, já era muito tarde, e o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava 77
Roteiro da OASE 2013
angustiado por não ter tempo para o filho. Assim, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles. A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola. A história emociona pela simplicidade. Como nós nos fazemos presentes na vida de quem amamos? Aquele pai encontrou a sua maneira, que era muito simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó no lençol, o que o pai estava dizendo. Gestos, olhares, sinais, beijos, afagos, tudo tem sentido se vem carregado de carinho verdadeiro. Vera C. Weissheimer Extraído do livro Escolhas, p. 31-32.
Olhos e mãos de pais Quem disse que por detrás daquela barba que nos arranha o rosto não tem um coração moleque querendo brincar? Quem disse que por detrás daquela voz grossa não tem um menino criativo querendo falar? Quem foi que falou que aquelas mãos grandes não sabem fazer carinho se o filho chorar? Quem foi que pensou que aqueles pés enormes não deslizam suaves na calada da noite para o sono do filho velar? Quem é que achou que no fundo do peito largo e viril não tem um coração de pudim, quando o filho amado, com um sorriso largo se põe a chamar? Quem foi que determinou que aquele coroa de cabelos brancos não sabe da vida para querer me ensinar? Pai, você me escolheu filho, eu te fiz exemplo! Feliz Dia dos Pais, meu Pai. Extraído da Agenda OASE 2010 do Sínodo Norte Catarinense.
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Datas importantes 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – 1º Grupo de OASE do Sul do Brasil, Blumenau/SC 07 – 1922 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martinho Lutero, no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos da OASE 16 a 23 – Semana Nacional da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 21 – Dia da Árvore 27 – Dia do Ancião 29 – Dia de São Miguel e Todos os Anjos
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S E T E M B R O
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SETEMBRO Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. Neemias 8.10
Meditação Não vos entristeçais
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Arquivo OASE
ue bom se pudéssemos comandar nossos sentimentos: “Agora quero estar alegre!”, e fico alegre. “Agora quero esquecer o mal que me fizeram”, e o perdão invade meu coração. “Agora quero acolher com carinho quem me procura”, e uma onda de benevolência toma conta de nós. Sabemos que não é assim que acontece. Quantas vezes tentamos agir “como se” estivéssemos alegres, mesmo quando sentimos o coração cansado, aflito ou preocupado! Mas essas tentativas decepcionam: não convencem quem nos vê e não produAnna Lange zem alegria em nós. Por outro lado, nós nos admiramos como o nosso estado de espírito muda a partir de algo que acontece ao nosso redor: a gracinha de um bebê, a festa do cachorro quando voltamos para casa, uma carta inesperada, algo novo que compramos com esforço... Vivenciamos um fato e algo dentro de nós se modifica. Como é bom sentir satisfação, alegria! Nosso versículo-tema faz parte de um texto bem interessante. A história é mais ou menos assim: O povo de Israel tinha voltado do exílio na Babilônia e precisava recomeçar a sua vida nas propriedades devastadas. Não faltaram inimigos para ameaçá-los, nem aproveitadores dentre os próprios concidadãos para explorá-los. Haviam construído, em mutirão, as muralhas ao redor de Jerusalém para garantir sua segurança. E, num grande culto, ouviram a palavra de Deus bem explicada para que todos a entendessem. E a consequência foi 80
SETEMBRO
que o povo chorava e pranteava. Será que as palavras apontavam para suas dificuldades, falhas, incapacidade na vida de cada qual? Será que é isso que a palavra de Deus faz em nós? O governador Neemias, os sacerdotes e os demais que ensinavam tiveram que anunciar algo mais importante: o dia consagrado ao culto não devia ser de tristeza e choro: “É dia consagrado a Deus, portanto: Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8.10). Segue algo que nos faz sorrir: Vão para casa, dizem os líderes, comam carne gordurosa (podemos traduzir: a carne mais saborosa) e bebam bebidas doces. “Repartam sua comida com quem nada tiver preparado e não fiquem tristes.” Que bom conselho! Se é verdade que não podemos criar alegria em nós, há duas coisas que nos podem ajudar: confiar em Deus que nos presenteia alegria e não nos isolar. Manter a comunhão, repartir com o outro o muito ou o pouco que temos, receber com gratidão o que o outro tem para oferecer. O texto diz que todos foram para casa e comeram e beberam alegremente porque haviam entendido o que os líderes tinham lido para eles. Será que nós também entendemos? Dinâmica: Reparta balas em copos plásticos de maneira que alguns copos tenham bem poucas balas e outros fiquem bem cheios. Em silêncio, cada participante recebe seu copo. Depois, incentive para aproveitar o que ganhou. Quais são as reações? Observe e comente. Para refletir: 1) O que nos alegra mais: acumular ou repartir? 2) Que bens temos para compartilhar, repartir? Anna Lange Curitiba/PR
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Angústia – Libertação Salmo 50.15 Angústia faz parte da vida dos filhos e filhas de Deus aqui na terra. Por isso Deus nos deu o seu número de telefone: 50 15, e nos dá a liberdade de ligar para ele sempre que estivermos angustiados. Deus anuncia: “Invoca-me no dia da angústia, eu te libertarei e tu me glorificarás”. No Salmo 50.15... esse é o telefone de Deus! Toda vez que nós usamos esse telefone e dialogamos com Deus sobre aquilo que nos angustia e está fazendo sofrer muito, ele nos fortalece, nos torna criativos e nos leva à ação. Há mais de 40 anos vivemos uma experiência marcante num de nossos grupos da OASE. Uma das integrantes do grupo perdera o marido em consequência de leucemia, que o levou para a sepultura em poucas semanas. Ela sofreu muito e ainda após três anos não conseguira libertar-se da angústia de seu luto. Sempre vestida de preto, ia quase que diariamente ao cemitério e lá chorava desesperadamente. Sempre vestida de preto, ela participava de todos os cultos e de todas as reuniões da OASE. Quando alguém a cumprimentava e queria conversar, ela chorava de dar dó. No grupo da OASE já ninguém queria mais sentar perto dela por causa de seu constante e desesperado choro. Certo dia, fiz no grupo um estudo bíblico sobre o texto de Lucas 9.57-62, onde aparece a palavra de Jesus: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus”. No final da reunião, quase todas as mulheres estavam contentes porque haviam entendido o texto estudado. Só a nossa irmã angustiada pelo luto chorou ainda mais que nas outras vezes, parecia que ela não entendera nada do que foi ensinado. Seguindo uma inspiração do momento, levei-a para a cozinha do salão e lhe ordenei: “Sra. XY, no próximo culto e na próxima reunião da OASE não quero mais ver a senhora vestida de preto. A senhora está ofendendo Deus, se apaixonou pela angústia de seu luto, vive pedindo que todos orem e invoquem Deus sobre a sua dor do luto, mas a senhora mesmo não faz nada. Deus conhece a senhora e a ama, mas parece que a senhora se enclausurou no luto com sua roupa preta e as constantes corridas ao cemitério. Está mais do que na hora de entender a palavra de ordem de Jesus, que também vale para a senhora: ‘Deixe os mortos 82
SETEMBRO
sepultar os mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus’. Isso significa, Sra. XY, solte o seu falecido esposo, ele não é mais seu, ele agora é de Deus e aguarda o dia da ressurreição dos mortos. A senhora crê na ressurreição e vida eterna?” Ela respondeu bem tímida: “Sim, eu creio”. Nesse momento lhe disse com muita firmeza: “Então faça o que pedi: desfaça-se dos vestidos pretos, não corra mais quase todos os dias ao cemitério, mas anuncie para as pessoas ao seu redor: ‘Eu creio na ressurreição e na vida eterna’, então estará cumprindo a palavra de Jesus: vá e anuncie o reino de Deus”. Muito pensativa, ela foi para casa. No domingo, ela veio ao culto com “roupa nova”... nada mais de preto. O mesmo aconteceu na próxima reunião do seu grupo de OASE. Poucas semanas depois ela era uma pessoa totalmente mudada. Alegre e cheia de fé, ela testemunhava que Deus a havia libertado do seu luto. Eu disse para todo o grupo que Deus certamente já a havia libertado há bastante tempo, mas ela não o notara. “Invoca-me no dia da angústia, eu te libertarei e tu me glorificarás.” No Salmo 50.15... esse é o telefone de Deus! Toda vez que nós usamos esse telefone e dialogamos com Deus sobre aquilo que nos está fazendo sofrer muito, ele nos fortalece, torna criativo e nos leva à ação. No Salmo 139.1-2, aprendemos que Deus nos conhece até o fundo do nosso ser, sabe o que sofremos, o que pensamos e também o que precisa mudar em nossa vida: “Senhor, tu me sondas e me conheces, sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos”. Já no Salmo 18.1-7, encontramos o bonito testemunho de alguém que experimentou a libertação de Deus, que conseguiu deixar para trás suas angústias, seus medos e suas inseguranças e pode confessar: “Eu te amo, ó Senhor, força minha. O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu Libertador”. Para dialogar com o grupo: 1) Vamos enumerar algumas angústias que nos fazem sofrer muito. 2) A angústia da pessoa cristã é igual a da não cristã? (Sim, não existe diferença, tudo que a pessoa não cristã sofre, a pessoa cristã também pode sofrer. A diferença está na libertação: a pessoa cristã tem o telefone de Deus e conta com Jesus Cristo ao seu lado.) 3) Alguém quer compartilhar alguma grande angústia que experimentou e como foi libertada?
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Oração: Liberta-nos, fiel Senhor, de culpa, angústia e amargor. Orienta-nos com tua mão e dá-nos tua proteção. Teu verbo queiras promover e nossa fé fortalecer. Ó guarda-nos de Satanás; na morte dá-nos tua paz. Amém. (Martin Möller em HPD 1, n. 149, 1 e 4). Pastor Nelso Weingärtner Timbó/SC
História Templo dos leprosos luteranos René Hass
Sessenta quilômetros ao sul de Porto Alegre, na região de Itapuã, próximo à Lagoa dos Patos, surgiu na década de 1940 uma vila autônoma, com regras de convívio próprias. Tinha escola, duas igrejas (católica e luterana), enfermaria, padaria, lavanderia, refeitório, cadeia, olaria, entre outras estruturas urbanas. Curiosamente, possuía duas áreas: a suja e a limpa. Na área suja viviam aproximadamente 700 pessoas portadoras de hanseníase. Quer dizer, leprosos. Na área limpa, residiam freiras franciscanas, médicos e funcionários do Hospital Colônia Itapuã. A vila parecia, na verdade, Templo luterano do Hospital Colônia Itapuã um campo de concentração para leprosos, discriminados pelo preconceito de uma sociedade desinformada. Em seu cotidiano, os hansenianos procuravam reproduzir aspectos da sociedade externa que os havia excluído. No final de década de 1950, já não era mais necessário o internamento compulsório, que foi abolido por lei em 1954. Isso levou a uma diminuição dos pacientes do leprosário. 84
SETEMBRO
Entretanto, muitas pessoas que saíram dali não foram mais aceitas em suas comunidades de origem e acabaram retornando. O maior problema social dos hansenianos era o estigma que carregavam por causa de sua doença. Assim, 60 anos após sua fundação, o Hospital Colônia Itapuã continuava sendo a casa de 75 leprosos, que passaram a dividir o espaço daquela cidade-fantasma com uma centena de pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro, transferidos para lá na década de 1970. Desde o princípio, também havia entre os internos do leprosário pessoas de origem luterana. Por volta de 1948, havia aproximadamente 100 luteranos, procedentes de várias comunidades do Sínodo Riograndense (conforme a Folha Dominical, edição de dezembro de 1948). Eles eram visitados regularmente pelos pastores de Porto Alegre (Gottschald, Schlieper, Vath). Os cultos e as celebrações da Santa Ceia eram oficiados no refeitório geral, local impróprio para isso. Nasceu então o sonho de ter um templo próprio. Aí entra a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) de Porto Alegre. Essa se empenhou especialmente para materializar aquele sonho. Rendimentos de suas festas ajudaram a concretizá-lo. Assim, em dezembro de 1948, foi inaugurado o templo luterano do Hospital Colônia Itapuã. Era um belo e original projeto do renomado arquiteto Theo Wiederspahn. No dia da inauguração, o presidente do Sínodo Riograndense, pastor Hermann Dohms, foi o primeiro a entrar no templo. Na prédica em seguida, o pastor Karl Eduard Gottschald enfatizou que “temos a obrigação de servir àqueles que querem cultivar e conservar sua fé na forma da herança evangélica”. Rolf Droste, pastor que atendeu Itapuã em 1957, lembra que entre 30 e 40 pessoas frequentavam os cultos naquele ano. Nas celebrações da Santa Ceia, cada participante usava seu próprio cálice. Não se faziam visitas aos membros. Não havia contato físico, tudo era muito frio, recorda. Essa frequência caiu para 11 pessoas na década de 1960, lembra o pastor Douglas Wehmuth. Em 1977, baixou para seis pessoas por culto – que era mensal. Douglas, que atendia o povo luterano de Itapuã desde 1983, lembra que já não se usava mais o templo, pois o telhado caíra e o piso desmoronara. Os cultos aconteciam numa enfermaria. Todos os que se declaravam luteranos estavam muito debilitados, sem condições de sair da cama. Douglas relembra que, em 1984, houve poucos cultos, pois todos os acamados haviam falecido. Restava apenas uma pessoa na Colônia Itapuã que se dizia luterana. Era homem; ele decidiu acompanhar sua esposa às missas na igreja católica. 85
Roteiro da OASE 2013
Terminou então o serviço luterano naquela comunidade, 36 anos após a inauguração do belo templo que hoje infelizmente está em ruínas. Apaga-se assim uma página singular de nossa história. Jornalista Rui Bender São Leopoldo/RS
Receita Bolo de nozes e maçãs Ingredientes: 2 ovos (separar a clara da gema); 2 xícaras de açúcar; 1/2 xícara de azeite; 1/2 xícara de leite morno; 2 xícaras de farinha de trigo peneirada; 2 xícaras de maçãs cruas picadas; 2 xícaras de nozes picadas; 1/2 xícara de uvas-passas; 1 colher (de chá) de bicarbonato (dissolver no leite) e 1 colher (chá) de fermento químico; 2 colheres (de chá) de canela moída; 1 pacote de açúcar de baunilha. Modo de fazer: Bater muito bem as claras em neve com uma pitada de sal e reservar. A seguir, bater as gemas com o açúcar e ir acrescentando aos poucos o leite, a farinha e o azeite. Desligar a batedeira e acrescentar a maçã picada, as nozes picadas, as uvas-passas, o bicarbonato e o fermento químico, a canela e o açúcar de baunilha. No final, acrescentar a clara batida. De preferência, colocar numa forma que tenha um buraco no meio ou forma retangular. A cobertura pode ser açúcar confeiteiro com suco de limão ou algumas colheres (de sopa) de um licor de sua preferência misturadas ao açúcar confeiteiro. Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS
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Arquivo OASE
Datas importantes 01 – Dia Nacional do Idoso 06 – 1930 – Fundação da OASE do Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do/a Professor/a 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma
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Roteiro da OASE 2013
OUTUBRO Não negligencieis a prática do bem e a mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz. Hebreus 13.16
Meditação Silêncio, quietude, paz e sossego Dinâmica inicial Para começar, cantar o hino da OASE: Jesus Cristo é Rei e Senhor. Depois, apresentar um cartaz com as palavras SILÊNCIO – QUIETUDE – PAZ –SOSSEGO. Convidar para um minuto de silêncio com os olhos fechados. Depois, pedir para que a metade do grupo caminhe em silêncio para a direita e a outra metade para a esquerda. No encontro, as participantes devem apenas olhar nos olhos daquela pessoa que está passando à sua frente. Após isso, todas voltam a seus lugares, ainda em silêncio. Em seguida, dar a palavra para quem quiser se manifestar sobre essa experiência. No lema deste mês, Hebreus 13.16: Não negligencieis a prática do bem e a mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz, o autor da epístola deixa bem claras três situações fundamentais: inicialmente cita a nossa relação com Deus através de louvor, depois cita a prática do bem com o próximo e a mútua cooperação com o nosso irmão e nossa irmã da comunidade, com os quais vivemos juntos e dividimos angústias e alegrias. As nossas angústias devem ser aquietadas, tranquilizadas para melhorar a vivência pessoal e em grupo. E as alegrias devem ser compartilhadas. O que realmente o versículo quer dizer a respeito da prática do bem? Praticar o bem com quem, onde e quando? Nosso tempo é marcado pelos meios de comunicação, pela mídia. Cada dia é mais difícil usufruir momentos de paz ou sossego. O processo humano de comunicar-se pela palavra proferida e pelo escutar compete com numerosos ruídos, sons agradáveis ou não.
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OUTUBRO Arquivo pessoal
Viver em comunidade é poder dividir angústias e alegrias
Novamente ouvimos e lemos manchetes nos meios de comunicação de pessoas inescrupulosas que colocaram fogo em moradores de rua. Que tipo de pessoas são essas? Que tipo de formação receberam? Certamente não cresceram num lar cristão. Talvez não tivessem uma orientação que resultasse no respeito ao próximo, que nós pessoas cristãs procuramos evidenciar no diálogo interpessoal. O diálogo só é autêntico quando é observada a relação entre falar e ouvir. Momentos de encontros dessa forma muitas vezes são esquecidos, até acontecem, mas frequentemente através de uma máquina de computação. Recuperar o espaço e o equilíbrio entre o silêncio do ouvir e o falar é difícil, mas não impossível. Momentos de reflexão ganham valor no diálogo com Deus e com as pessoas entre si. Vejamos, pois: Deus nos fala no silêncio. Se nossa fala quer engrandecer as maravilhas do Senhor, nem sempre achamos palavras apropriadas, então se abre um espaço para a contemplação-quietude e, nesse momento, encontram-se o humano e o divino. Em resposta, podemos sentir a necessidade de “anunciar o que vimos e ouvimos”. No encontro de duas pessoas, a conversa flui entre o falar e o escutar. Caso um desses elementos for excluído, a comunicação se deteriora, cria-se um clima de indiferença e insatisfação. Calados, permitimos ao outro expressar-se.
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Nós teremos oportunidade de agir concordando ou não. Esse espaço de escuta recíproca torna possível uma relação humana plena e feliz. É na quietude que podemos observar os gestos, a expressão no rosto, o olhar de aprovação ou desaprovação. O corpo todo mostra sinais de inquietação, de concordância ou de amor. A alegria, a preocupação, o sofrimento são melhor percebidos no silêncio. São mensagens silenciosas, importantes na comunicação febril de hoje em dia. A quietude nos dá elementos para discernir entre o que é importante e o que deve ser esquecido, entre o bem e o mal. Educar-se neste novo mundo da comunicação é aprender a avaliar o que se ouve ou o que se fala. Nem toda modernidade pode ser aceita. Quando a mídia nos oferece um verdadeiro espetáculo de novos produtos, não quer dizer que são bons e que servem à nossa forma de viver. Por si só não quer dizer que tudo é bom e verdadeiro. Neste contexto é preciso fazer escolhas. Existem comunicadores, verdadeiros artistas em envolver os ouvintes ou espectadores. Isso não quer dizer que tudo que expressam são verdades. Saber discernir entre os valores apresentados é uma verdadeira arte: aproveitar e deletar ou ficar com a inverdade. Oh! Como faz falta parar para aquietar-se, para poder fazer um juízo correto, “momentos de silêncio são ouro”, já se dizia no século passado. Cabe às pessoas de nossas comunidades criar ambientes propícios na igreja, salas de reuniões e dentro dos lares onde se pode exercitar a quietude; equilibrar o silêncio e a palavra, as imagens e os variados sons. Acessar redes sociais é uma forma comum de comunicação, aí se dão conselhos, sugestões, informações e respostas. Esse bombardeio de informações nem sempre atende ao que se procura. Podem essas informações extrapolar nossas necessidades e nos induzir a coisas das quais nem precisamos, ou que não acrescentam nada para uma vida melhor? Diferenciar o que é bom e o que é ruim só se consegue quando se medita no silêncio. Respostas positivas podem ser úteis na partilha da palavra de Deus nos grupos ou com amigos. Se nós estamos calmas, com paz interior, temos condições de praticar o bem. Ser cristão é olhar o irmão ou a irmã, estender a mão, se prontificar e ficar perto de quem necessita, para auxiliar, escutar, oferecer o ombro amigo para quem está passando por dificuldades. E a nossa relação com o meio ambiente, como está? Estamos realmente cuidando da criação de Deus? Todos nós temos consciência do que devemos
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fazer, mas infelizmente não o fizemos, e por que não? Deus com certeza não está satisfeito com a nossa negligência. Certo é que Deus se compraz com quem pratica o respeito à natureza e em especial ao ser humano. Amiga, encontre um momento de quietude para melhor “fazer o bem sem olhar a quem”, não se esquecendo de louvar nosso Criador. Para refletir: a) Formar duplas e expor a sua inquietude. b) Como você se tranquiliza? c) Como o grupo da OASE pode auxiliar pessoas inquietas? d) Como está a sua relação com Deus? E como pode ser melhorada? e) Cite três situações em que sua OASE pratica o bem? Ruth Schmidt e Hedda Scheinpflug Santa Maria/RS
A misericórdia de Deus Romanos 12.1-2
Cara irmã, antes de refletirmos sobre o texto de Romanos 12.1-2, convido para uma breve reflexão a partir das seguintes perguntas: 1) A tranquilidade faz parte de sua vida? 2) A paz está presente em sua vida, em sua casa? Prezada irmã em Cristo, no mundo em que vivemos, corremos atrás do tempo. O ativismo da vida moderna nos leva ao agito, ao corre-corre do dia a dia, tirando-nos a paz, a tranquilidade. O hino 377 em nosso HPD 2 diz: “A paz do Senhor, a paz do ressuscitado. A paz do Senhor a ti e a mim a todos alcançará”. A paz do Senhor nos alcança quando, como nos diz o texto de Romanos, buscamos pela misericórdia de Deus e nos tornamos templos vivos. Misericórdia de Deus que nos sustenta em momentos de inquietação. A misericórdia de Deus ofertada em sua Palavra e pelos sacramentos nos transforma e fortalece. 91
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A misericórdia de Deus transforma e continua transformando pessoas, reunindo irmãs e irmãos na fé e chamando para servirmos ao seu Reino, pois a misericórdia é instrumento de Deus que nos põe a serviço. A serviço de não nos conformarmos com o ativismo existente em nossa vida, bem como em nossa sociedade. Ativismo que nos afasta de Deus, tirando-nos a prioridade de buscar pela sua misericórdia. Como pessoas tementes a Deus não devemos aceitar e tampouco nos adaptar logo à realidade da modernidade e às exigências da sociedade. Como seus filhos e filhas, somos orientados pela misericórdia de Deus a buscar pela tranquilidade, pela paz, pelo sossego que tanto precisamos em nossa vida. Sim, carecemos desses momentos de paz e tranquilidade conosco mesmos, com Deus e com nosso próximo. O apóstolo Paulo também nos incentiva a “nos oferecermos completamente a Deus” (v. 1). Quando experimentamos a misericórdia de Deus, ele, em seu Filho Amado, volta-se inteiramente para nós. E se experimentamos essa misericórdia, podemos, sim, nos oferecer como sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço. Deus nos quer por inteiros, 24 horas por dia, e não apenas durante a celebração de um culto ou apenas no encontro da OASE, de um estudo bíblico. Deus quer nossa vida por inteiro. Pois Deus quer nos presentear com força e alegria para o seu servir. Nosso dia a dia deve estar voltado para Deus. Para que isso aconteça é necessário que retornemos a Deus, buscando assim a paz e a tranquilidade que Deus nos oferece em Cristo Jesus. Portanto devemos deixar para trás os caminhos errados, que nos afastam da “agradável e perfeita vontade de Deus” (v. 2b). Paulo também nos diz que Deus quer mudar nossa mente: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês” (v. 2a, na NTLH). Sim, transformar, mudar nosso jeito de ser e de pensar, porque não podemos encontrar Deus e a fé na modernidade deste mundo em que vivemos. A fé cristã não encontraremos, tampouco ela será alimentada no corre-corre de nossos dias, assim como também não encontraremos e não vivenciaremos a misericórdia de Deus. O que nos tem tirado a paz, a tranquilidade? Deus em sua infinita misericórdia quer nos transformar e nos ajudar a encontrar a paz. Ao encontrarmos a paz em nossa vida, podemos compartilhá-la com outras pessoas, para que essas sejam alcançadas pela misericórdia de Deus. Podemos crer e confiar no
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amor e no cuidado de Deus. Jesus, quando ainda estava com seus discípulos, disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (João 14.27a). Dinâmica final Convidar para que todas fiquem bem confortáveis (deitadas ou sentadas). Fechar os olhos e inspirar e logo após soltar o ar. Repetir esse exercício algumas vezes. Convidar para que cada uma se concentre de tal forma que venha a ouvir sua respiração, e convidar para que, em sua imaginação, Deus esteja presente, sentindo assim o toque suave da misericórdia de Deus. Cantar o hino 377 do HPD 2: “A paz do Senhor”. Pastora Lourdes Kophal Knecht Canarana/MT
Pare e pense Uma bênção “O que você quer ser quando crescer?” Provavelmente já fizemos essa pergunta a muitas crianças e tivemos que respondê-la muitas vezes quando éramos pequenos. E não é assim que a maioria das respostas gira em torno do aspecto profissional: “Eu quero ser médico, professor” e assim por diante? Li recentemente uma enquete feita com adolescentes sobre essa mesma pergunta. Uma das respostas, talvez a mais inesperada, mas a de maior conteúdo, veio de uma menina, que disse: “Eu quero ser uma bênção”. Isto é, eu quero que Deus me use para trazer benefício a outras pessoas. Vejo algumas coisas importantes nessa resposta e que deveriam servir de lição a todos nós, independente de nossa idade, cultura ou posição social. Primeiro: “Eu quero ser uma bênção” nos faz pensar em nossa origem. Nós somos criaturas de Deus e existimos por causa dele. Nossa vida é um presente de Deus e deve ser um presente para os outros. Segundo: “Eu quero ser uma bênção” nos faz pensar no verdadeiro sentido da vida. Não estamos aqui neste mundo apenas para satisfazer nossos próprios desejos e vontades. Vivemos cercados de gente que nos influencia e 93
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sobre quem também exercemos influência. Devemos ser uma boa influência para os outros, isto é, “uma bênção”. Terceiro: “Eu quero ser uma bênção” é uma forma sábia de encarar o futuro. Querer ter uma profissão, fazer planos, preparar-se para o futuro são coisas muito importantes, mas que de fato não garantem realização. Saber-se, porém, entregue nas mãos de Deus e disposto a se deixar usar por ele para o bem dos outros pode significar realização, pois se torna um estilo de vida. Em qualquer profissão, em qualquer lugar, cada um pode querer “ser uma bênção”. Tomara que essas lições que pudemos aprender do exemplo daquela menina nos acompanhem vida afora. Heitor Meurer Extraído de: Um olhar para o vale – 100 Mensagens de fé, esperança e amor – Osvino Toillier (Org.), Editora Sinodal, 1999, p. 14.
Abençoa, Senhor Abençoa, Senhor, esta casa e todos que aqui moram por pouco ou muito tempo. Abençoa, Senhor, nosso amor – que a mão que se estende não nos coloque algemas. Abençoa, Senhor, nossos sonhos e saudades – que eles não nos deixem cegos para a verdade da vida. Abençoa, Senhor, nossas fraquezas, para descobrirmos também aqui forças que nos sustentem. Abençoa, Senhor, nossa boa vontade – que ela não seja somente em favor próprio. Abençoa, Senhor, nossa paz, e que não sufoque em nós a inquietação do teu Espírito. Abençoa, Senhor, nossa morte, para que não fiquemos com medo de perder a vida diante dela. Mas ajuda-nos a aceitá-la em nosso coração como uma última ponte até Ti. Abençoa, Senhor, esta casa e todos os que aqui moram por muito ou pouco tempo. Vera C. Weissheimer Extraído do livro: Escolhas, p. 67.
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Família Palavrões que matam dentro de casa Qual foi a primeira palavra que você falou em sua casa hoje? Qual foi a primeira palavra que disse para seus filhos e filhas quando acordaram? Quando foram para a escola? Ou quando voltaram? Muitas coisas influenciam nossos filhos, dentre elas as palavras. Muitas crianças crescem ouvindo frases como: “Você é terrível”; “Você não faz nada direito”. Ou comparações: “Ela é uma preguiçosa, meu outro filho não é assim”. São frases duras e injustas que convencem a criança de que essa é a sua identidade, sua característica e seu jeito. E, quando cresce, o que lhe foi dito na infância já está interiorizado e influenciará todas as decisões e atitudes ao longo da vida. Palavras deixam marcas profundas, para o bem ou para o mal. “Palavrões” como as frases citadas, podem até mesmo destruir a vida daqueles que tanto amamos. Lembro-me de uma experiência pastoral que tive com uma jovem de 25 anos. Ela me procurou para falar de seus problemas. Estava com dificuldades de permanecer num emprego. Já havia sido demitida algumas vezes. Depois de muita conversa, descobrimos juntas que ela cresceu ouvindo de sua mãe frases como esta: “Você não faz nada direito”. Com 25 anos, ela já acreditava nisso o suficiente. Tanto que não conseguia permanecer num trabalho. Jacó, um homem que tem sua história testemunhada na Bíblia, nos ensina algo surpreendente sobre o que dizemos aos nossos filhos. Leia Gênesis 49 e veja que Jacó diz duras verdades para seus filhos, mas também destaca suas qualidades e habilidades. Jacó os estimula a aperfeiçoar o dom que percebe em cada um deles. Encoraja-os a buscar sobrevivência com seus dons para o trabalho. Ele não é um pai “cego”, que não enxerga os defeitos de seus filhos. Contudo, destaca suas qualidades positivas para prepará-los para o futuro. Se conferirmos o que acontece com eles, vamos ver que as palavras proferidas por Jacó se cumprem posteriormente. Também nossos filhos e filhas precisam ouvir palavras que os encoraje a lutar em todas as adversidades da vida. Que os faça acreditar que são importantes para a família, igreja e para o mundo. Um colega pastor compartilhou que, quando jovem, ao sair de casa para diversões, seu pai sempre dizia: “Meu filho, eu confio em você”. Essas palavras 95
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sempre faziam com que ele pensasse dez vezes antes de fazer algo errado. Seu pai, com suas palavras, o encorajou a ser alguém digno de confiança. Olhando para Jesus, vemos que ele “media e pesava” cada palavra proferida aos seus discípulos. Podemos imaginar a força que exerceu sobre Pedro, um homem tão fraco e tentado, a frase: “Tu és pedra”. Ou seja, tu és “rocha, fortaleza”. Quanto ânimo experimentou Zaqueu, que ouviu a frase de Jesus: “Também este é filho de Abraão”, ou seja, um homem de fé. Jesus encorajou os discípulos a serem “sal da terra”, “luz do mundo”, “cidade no monte”. Pessoas tão fracas e desprezadas pelo mundo receberam palavras que continuam encorajando muitos ainda hoje. Como está sua família? Quais são as palavras que ressoam no seu lar? Elas trazem bênção ou maldição? Você pode melhorar a vida da sua família proferindo palavras afirmativas, encorajadoras e de bênçãos para seus filhos. Também com seu cônjuge, palavras de afirmação e encorajamento podem reanimar um relacionamento conjugal. Como conseguir isso se somos pessoas tão fracas e caímos constantemente em tentações? Jesus Cristo, o Salvador, ofereceu-se a si mesmo para que tivéssemos nova vida. Hoje, ele atualiza a sua obra redentora para cada um e cada uma de nós através de seus meios de vida nova, de salvação. Corra para a misericórdia de Deus. Busque comunhão com ele por meio da Palavra pregada em sua comunidade, da Ceia do Senhor oferecida no altar e da absolvição dos pecados por meio de um irmão ou irmã. E ele fortalecerá e restaurará o ânimo para lutar pela sua família. Pastora Mara Cristina Weber Kehl São Martinho/SC
Você terá que aguentar as consequências de tudo o que disser. O que você diz pode salvar ou destruir uma vida; portanto, use bem as palavras e terá a recompensa. (Provérbios 18.20-21) As palavras bondosas são como o mel: doces para o paladar e boas para a saúde. (Provérbios 16.24)
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Datas importantes 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/2/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr.Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+5/4/1925)
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NOVEMBRO Lá está! O reino de Deus está dentro de vós. Lucas 17.21
Meditação A semente da paz
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Arquivo pessoal
nicio fazendo uma reflexão sobre estas palavras: paz, aquietar-se, tranquilizar-se. Paz com o próximo, paz consigo mesmo, paz com Deus, como? Em Lucas 17.21 diz: “Lá está! O reino de Deus está dentro de vós”. O evangelista Lucas escreve a partir da fé e para a fé; com isso dá um testemunho próprio de que Jesus é o Messias, que veio nos salvar, dentro do plano preparado por Deus. Tudo isso é possível se tenho paz com Deus, com o próximo e comigo mesma. Vocês já perceberam como pequenas coisas são importantes e podem transformar o mundo. Muitas vezes não Neli Ellwanger percebemos isso. Vejam o exemplo de um pequeno grão de arroz, tão pequeno, mas serve de alimento para um passarinho. Um grão de arroz quando plantado se transforma em muitos grãos; colhidos esses grãos de arroz, podem saciar a fome de muitos passarinhos e também de muitas pessoas. Outro exemplo: um vírus (que só se vê com microscópio) pode causar grandes danos a uma pessoa, como, por exemplo, o vírus do HIV, causador da AIDS. Quando penetra no corpo de uma pessoa, pode ser fatal, levar à morte. Já um pequeno comprimido pode fazer um grande efeito na cura de uma pessoa, por exemplo: um comprimido alivia a dor de cabeça, a dor no joelho, na coluna... 98
NOVEMBRO
Assim é a paz, uma pequena semente que Deus nos trouxe com o nascimento de Jesus Cristo. Quando Jesus nasceu, os anjos anunciaram: “Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre as pessoas a quem ele quer bem” (Lucas 2.14). Essa é a certeza de que o próprio Deus, em Jesus Cristo, quer a paz na humanidade. Por isso o anúncio veio para as pessoas mais pobres sobre a face da Terra. No começo Jesus era mais uma criança que nascia em condições miseráveis (no estábulo dos animais). Algo sem muita importância, mas na simplicidade e humildade dessa criança Deus estava plantando uma semente muito especial neste mundo: a PAZ. Lembrem-se, depois da ressurreição Jesus foi ao encontro dos seus discípulos, saudou-os com as palavras: “Paz seja convosco” (João 20.19). Não há nada mais maravilhoso na nossa vida do que viver em paz. A paz é como uma semente que Deus coloca no coração das pessoas. Mas sabemos que uma semente guardada em sacos ou em potes não germina, não produz frutos, mas quando plantada, produz muitos frutos. A paz quando praticada pode produzir grandes e bons frutos. Mas como vamos plantar a paz para colher bons frutos, que são a tranquilidade, a quietude, a segurança, o amor? Ela precisa ser plantada no meio em que vivemos. É preciso que em nossas famílias, em nosso bairro, em nossa cidade, na nossa comunidade, possamos experimentar a paz com atitudes de respeito, de justiça, de humildade e sobretudo de compreensão. Paz com o vizinho, com pessoas estranhas, na política, no mercado, no trabalho, no lazer, na conversa na esquina, nos encontros da OASE, na vida em comunidade, a cada momento. No entanto, observando o mundo em que vivemos, todos dizem que querem a paz, buscam e lutam pela paz, mas roubam, brigam, matam-se por interesses econômicos, há guerras, injustiças por toda parte. Isso não é paz. Paz é a certeza interior de viver os ensinamentos cristãos, viver o nosso Batismo no dia a dia de nossa vida, fazer parte na construção de um mundo melhor, mais justo, solidário e fraterno. Mudar nossa vida depende de nossa vontade, ter atitude... é uma questão de fé. Quando entregamos nossa vida nas mãos de Deus, estamos dispostos a fazer a sua vontade, e o resultado é um mundo melhor, onde os sinais de tranquilidade, paz e quietude florescem. Quando vivemos nossa vida voltada a Deus, isso traz reflexos tranquilizantes à nossa vida. Não existe outro meio de receber paz a não ser por meio da fé em Jesus Cristo, e essa paz que recebemos do nosso Salvador aponta também para a vida eterna. Como está a sua vida? Pense nisso...
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Roteiro da OASE 2013
Oração: Pai querido, nós aqui reunidas somos irmãs por Jesus Cristo. Confessamos-te que muitas vezes não vivemos conforme os teus ensinamentos. Perdoa-nos por isso e pedimos que, através do teu Espírito Santo, entres em nossos corações e faças de nós um instrumento de fé, paz e amor no meio em que vivemos. Amém. Neli Ellwanger Presidente da OASE Sínodo Rio Uruguai Cunha Porã/SC
Perdas e recomeço A história de Jó
Quando lemos e lembramos a história de Jó, normalmente o começo da sua vida é mais acentuado e lembrado. Suas perdas e como enfrentou essas perdas são o que mais recordamos, mas, também, houve um recomeço depois de longo tempo de luta e reflexão. A nossa vida é feita de perdas e recomeços. Não há pessoa que não tenha perdido e que não tenha também recomeçado algo na vida! Vamos olhar a história de Jó, suas perdas e seu recomeço! A vida de Jó certamente nos inspira a olhar para nossa vida! Não somos controladores do que possa nos acontecer, vivemos na contingência da humanidade, condicionados pela nossa situação de criaturas. Perdas de Jó Quais foram suas perdas? Como foi? Primeiro vamos ler no livro de Jó 1.13-22 e Jó 2.1-13. (Leia o texto bíblico na versão Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) e depois siga o estudo.) Podemos classificar as perdas dele em três grandes grupos: a) Perdeu filhas e filhos b) Perdeu bens c) Perdeu a saúde 100
NOVEMBRO
Jó reage de forma bastante incomum diante de suas perdas materiais e sentimentais. Veja só: com muita tristeza, claro, ajoelha-se e adora a Deus – louvando-o, pois ele deu e ele tirou. Diante da perda da saúde ele ouve a esposa pedir que amaldiçoe a Deus, mas ele reage dizendo que de Deus podemos aceitar também a desgraça! Seus amigos vieram consolá-lo; em silêncio, sentam ao lado dele e aquietam-se diante do sofrimento alheio! Vamos conversar sobre essas reações de Jó e pensar também em nós: a) Que perdas eu já tive? Classifique em materiais e/ou sentimentais! b) Quando eu perdi, como foi minha reação? Como Jó, dobrei meus joelhos e adorei louvando o meu Deus? Saiu louvor do meu coração e boca? c) Quando minhas amigas sofrem perdas, qual minha reação? Sento-me ao lado e aquieto-me ou tento justificar ou, ainda, reclamo das minhas dores e aumento o sofrimento? d) Pense e comente esta frase: “Deus não coloca peso sobre nossas costas para quebrá-las, mas para dobrar nossos joelhos!” Recomeço de Jó Como foi? Como ele recomeçou? Primeiro vamos ler Jó 42.7-16 e Jó 42.1-6. (Leia o texto bíblico na versão Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) e depois siga o estudo.) Podemos destacar alguns atos importantes do recomeço de Jó: 1) Jó reconheceu que nem tudo está em nosso controle e nem tudo precisa ser explicado ou justificado por Deus! Não compreendemos a razão de tudo! 2) Jó orou pelos que vieram consolá-lo, mas que se equivocaram nas palavras de consolo. Depois dessa oração de intercessão, Deus restabeleceu a vida de Jó. A oração pelos outros faz bem também a nós! 3) O recomeço de Jó foi na companhia da família e amigos, que tiveram uma dupla ação: primeiro, consolaram com palavras e, segundo, deram dinheiro e bens de forma concreta. Vamos conversar sobre esse recomeço de Jó e pensar também em nós: a) Diga alguns fatos ou situações que não estão sob nosso controle! Você consegue explicar a razão de tudo que lhe acontece? b) Você já experimentou orar pelas irmãs que vêm visitá-la nos momentos de sofrimento? Muitas vezes estamos voltadas só para nossa dor, e nossa oração só se volta para nós! É libertador orar pelos que me ajudam! c) Você costuma dizer: “Vai ficar tudo bem”? O que você faz para que tudo fique bem na vida da pessoa para a qual desejou isso? 101
Roteiro da OASE 2013
Dinâmica Para encerrar o momento de estudo, escreva as perdas que as irmãs relatam no grupo em uma folha ou desafie cada qual a escrever suas perdas e seus recomeços em uma folha. Façam um círculo de mãos dadas e coloque a folha (ou folhas) no centro. Façam uma oração usando as seguintes palavras de Jó: “Eu reconheço que para ti nada é impossível e que nenhum dos teus planos pode ser impedido. Tu me perguntaste como me atrevi a pôr em dúvida a tua sabedoria, visto que sou tão ignorante. É que falei de coisas que eu não compreendia, coisas que eram maravilhosas demais para mim e que eu não podia entender.” “Nasci nu, sem nada, e sem nada vou morrer. O Senhor deu, o Senhor tirou; louvado seja o nome do Senhor.” Amém. Pastor Afonso Adolfo Weimer Corbélia/PR
Pare e pense Minhas viagens, minhas andanças Mãe, você não vai viajar? Quando meus filhos eram menores e acontecia de eu passar algumas semanas em casa, era quase certo que um deles perguntava: “Mãe, você não vai viajar?” Sim, viagens e reuniões são dois componentes importantes do jeito de ser IECLB num país do tamanho do Brasil. Com gratidão, eu gosto de pensar que Deus desenhou um mapa estratégico dos caminhos pelos quais eu deveria passar para um aprendizado que hoje se mostra muito útil. Os diferentes lugares onde nós já moramos e as inúmeras viagens a trabalho me proporcionam uma boa 102
Arquivo pessoal
Diácona Ingrit Vogt, secretária-geral da IECLB
NOVEMBRO
visão da riqueza e da diversidade em que se dá nossa presença como igreja no Brasil. Não conheço nenhum outro lugar no mundo em que uma igreja tenha tantos coloridos e fale um mesmo idioma com tantos sotaques diferentes! Não só em minhas andanças – mas também em minhas andanças – isto se confirma: a maneira transparente com que a IECLB desenvolve a missão de Deus, com seriedade, respeito e compromisso, é muito bem-vinda. Não importa o lugar, se num templo centenário, numa cidade grande, numa sala emprestada, ou à sombra de uma mangueira, as pessoas querem encontrar na sua igreja o Evangelho testemunhado em palavra e ação, querem ver coerência entre o discurso e a prática no dia a dia, e querem sentir-se acolhidas, por exemplo, reconhecendo a sua igreja na liturgia do culto. Nossa presença nos mais diferentes contextos significa ações bem concretas para “além dos muros”, em inúmeras atividades e projetos diaconais que contribuem para mais justiça e vida mais digna para crianças, jovens, mulheres, pessoas idosas. A comunidade de Balsas/MA cantava com entusiasmo “Põe a semente na terra, não será em vão; não te preocupe a colheita, plantas para o irmão”! E, na repetição, “plantas para a irmã”. E fazíamos isto mesmo: sementes lançadas na terra bem preparada produziam alface, rúcula, pepino, coentro, que melhoravam a alimentação e ajudavam na subsistência das famílias. E sementes lançadas na terra fértil do coração geravam conscientização, participação, engajamento na comunidade e amor a Deus. Era sempre uma grata surpresa retornar para as comunidades no sertão depois de um período e ver com que criatividade as pessoas nos devolviam o que tinham aprendido. A presença da IECLB em tantos lugares é feita de muitos rostos. São pessoas que, agraciadas com o dom da fé e agradecidas pelas habilidades que lhe são presenteadas, sentem-se comprometidas com o projeto de sua igreja, engajam-se na edificação da comunidade e assim colocam sinais concretos do reino de Deus na comunidade local, na paróquia, na instância sinodal e na representação nas instâncias nacionais da igreja. Em todos esses espaços, é marcante a presença das mulheres, responsáveis pelo sucesso de muitas atividades. No decorrer dos anos, as mulheres tiveram que mostrar que eram capazes várias vezes, e conseguiram destaque em vários setores. Hoje um grande número de mulheres faz diferença no mercado de trabalho e concilia carreira profissional, vida doméstica e familiar, enfrentando enormes desafios todos os dias. Ser empreendedora é exatamente isto: é contribuir com o desenvolvimento da sua comunidade, da sua cidade, de sua igreja. A contribuição das mulheres sempre foi incontestável na IECLB, e isso se confirma em cada comunidade. 103
Roteiro da OASE 2013
Se as mulheres são maioria na igreja e são o grupo que mais participa de atividades, não podem continuar sendo o grupo com menor presença e atuação em posições de tomada de decisão. Essa é uma barreira a ser enfrentada e superada. A boa notícia é que temos todas as condições para que a representatividade entre homens e mulheres chegue a uma posição equilibrada. E já temos rostos femininos em todas as instâncias! Desde 2010, temos novamente mulheres que representam o sínodo no Conselho da Igreja e também estão integrando a diretoria. O Concílio de 2010 elegeu a pastora Silvia Genz para a segunda vice-presidência, tornando-a assim a primeira mulher eleita para essa função. Da mesma forma, o Conselho homologou, pela primeira vez, uma mulher para coordenar a secretaria-geral da igreja. Em 2012, celebramos os trinta anos de ordenação da primeira mulher ao ministério pastoral. Muitas igrejas, até mesmo algumas luteranas em outros países, até hoje não ordenam mulheres para o ministério! Temos uma caminhada bonita, da qual podemos nos orgulhar! Como mulheres, temos muitas oportunidades para dizer “sim” e servir à IECLB com nosso jeito de cuidar da missão que nos é confiada. Diácona Ingrit Vogt Secretária-Geral da IECLB Porto Alegre/RS
Poesia O que dá sentido à vida Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo; é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura. Cora Coralina 104
Arquivo OASE
Datas importantes 01 – 1º Domingo de Advento Dia Internacional de Combate à AIDS 03 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 08 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 15 – 3º Domingo de Advento 22 – 4º Domingo de Advento 24 – Véspera de Natal 25 – Natal 31 – Véspera de Ano-Novo
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Roteiro da OASE 2013
DEZEMBRO A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. João 1.4
Meditação Que vida desejamos
S
e perguntássemos quais adjetivos qualificam a sociedade atual e a vida das pessoas que movem essa coletividade, provavelmente os que apareceriam com mais intensidade seriam: consumista, intolerante, indiferente, injusta, entristecida, egoísta, solitária, atribulada, desprezada, preconceituosa, perdida, atormentada. Questionamos: Quais adjetivos qualificam nossa vida pessoal, familiar ou social? Onde estão nossos maiores desejos e preocupações? O que esperamos da sociedade? O que espero de mim? Já está incorporado no nosso imaginário que precisamos consumir cada vez mais; que é natural existir ricos e pobres; que se não tenho o que imagino ser o suficiente para manter a minha família, preciso me desdobrar em mais de um turno de trabalho; que o meu próximo é mais um e que ele cuide de si para conseguir seu espaço nesta sociedade consumista. E continuamos assim... na busca desenfreada pela solidão, pela insegurança, pelo medo de viver, pelo desespero, pela indiferença, pela injustiça, pela infelicidade, pela falta de paz. Mas podemos reconhecer que esta vida não é a que desejamos; que esta vida não é a que nosso Pai almeja para nós, e podemos tomar outra atitude. Olhemos para Jesus Cristo! Não há dúvidas de que a vida que estava no Verbo era a vida de Deus. Jesus nos é apresentado como o Verbo que é a personificação da palavra de Deus que ilumina as pessoas: “A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens” (João 1.4). Esta vida é luz para iluminar o caminho das criaturas humanas que não conheciam o Deus verdadeiro. Por isso continua o texto: “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (João 1.5). Nós ainda não compreendemos o que é ser justo, o que é viver plenamente, o que é vida em sociedade com justiça social, o que é ter alegria, o que é ter comunhão, o que é ser feliz.
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Que vida desejamos? Vamos olhar para a cruz? Vamos ver o que nosso Pai já fez por nós? Nosso irmão Cristo Jesus ofereceu um sacrifício pelo pecado do mundo e a grande e central explicação encontramos, como já vimos, em João 1.4: “A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens”. Embora saibamos que Jesus veio como luz do mundo, nós ainda optamos por viver nas trevas deste mundo e, depois, reclamamos desta sociedade. Esta sociedade é o que nós fazemos dela. Não é suficiente saber que Jesus veio ao mundo, precisamos recebê-lo e nele crer como Cristo cheio de graça e de verdade. Precisamos viver os seus ensinamentos, só assim podemos provocar o surgimento de uma nova sociedade, cheia de luz, amor, solidariedade, comunhão, alegria, calmaria, felicidade e paz. Hino: HPD 1, nº 144 – Na casa de Deus há paz. Atividade em grupo Materiais: Balões e tiras de papel. Desenvolvimento: Forma-se um círculo. Entrega-se um balão para cada participante com uma tira de papel dentro na qual está escrito um problema. Explicar que as palavras demonstram problemas que enfrentamos no nosso dia a dia. Na sequência, enchem-se os balões e todas as pessoas em pé começam a jogá-los ao alto e não podem deixar que caiam. A pessoa que coordena vai retirando aos poucos as pessoas do círculo, mas não retira os balões. As que ficam em pé no círculo continuam no jogo. Quando perceber que quem ficou no centro do círculo não está dando conta de segurar todos os balões, solicita para que todas voltem aos seus lugares com um dos balões. Lançar as perguntas: 1) Quem ficou no centro, o que sentiu quando percebeu que estava ficando sobrecarregada? 2) Quem saiu, o que sentiu vendo a situação das pessoas que tentavam segurar os balões? Após as explicações, enfatizar a importância de que quando estamos juntas, acompanhadas, temos apoio e nos sentimos fortalecidas para enfrentar os problemas (as trevas). Cristo e seus ensinamentos são a nossa melhor companhia. A seguir, a pessoa que coordena solicita que estourem os balões e peguem o papel dentro. Uma a uma lerão a sua palavra e o que ela traz de significado para ela.
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Dicas de palavras (feitas de acordo com o seu objetivo): intolerância, tristeza, desmotivação, egoísmo, solidão, desespero, vida atribulada, indiferença, desprezo, soberba, desmotivação, insegurança, medo de viver, injustiça social, dor, lamúria, perdição, melancolia, angústia, escuridão, inquietude, guerra, tormento, intranquilidade, consumismo. Emma M. Duncke Cintra Cuiabá/MT
O agir de Deus é silêncio Isaías 30.15
Silêncio (Nivaldo Joaquim) Psiu! Silêncio! Silenciar é muito importante e nos faz crescer. No silêncio surgem coisas que nossos olhos não conseguem ver. Escutar nos engrandece e aprendemos como melhor viver. Psiu! Silêncio! Quer falar com Deus? Silencie! Ele se revela mansamente. Escute seu íntimo, seu coração. É aí que ele fala com a gente. No nosso íntimo, na nossa essência. Ele enriquece nossa mente Psiu! Silêncio! Quando amamos de verdade, o silêncio fala mais do que um discurso. O amor fala por nós. Nosso abraço e carinho das angústias muda o curso. E no silêncio a gente acolhe, aconchega, acaricia quem está confuso. Psiu! Silêncio! Silenciar é preciso. Escute apenas o sim do vento. É Deus que fala e se revela neste momento. Abra seu coração, deixe-se acolher por ele. Psiu! Silêncio! 108
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Todas as grandes coisas são feitas de modo silencioso, humilde e simples: orar, arar a terra, construir casas, criar gado, até mesmo pensar – não se pode fazer nada disso quando se está cercado por raios e trovões. As coisas realmente grandes e verdadeiras são sempre simples e humildes. (Tolstoi) Novamente estamos em uma das épocas mais agitadas do ano: Advento e Natal. Por toda parte é correria, agitação, barulho. Pus-me a meditar sobre a noite do nascimento de Jesus e só vi calma, paz, silêncio. Não houve correria e barulho. Até parece que Deus torna simples as coisas necessárias e torna desnecessárias as coisas complicadas. Olhemos, por exemplo, o texto original do conhecido e tradicional hino de Natal: é “Noite Silenciosa” [Stille Nacht] e não “Noite Feliz”. Comente o sentido diferente dessa tradução! Será que a nossa maneira de comemorar não tem nada a ver com essa forma de entender o conteúdo do Natal? Preciso silenciar o meu EU para deixar Deus falar (Salmo 62.1ss). No silêncio está o poder. Por isso os sábios de todas as religiões procuram o silêncio (mosteiros – desertos – florestas). Os tuaregues africanos afirmam: Ninguém que foi ao deserto volta o mesmo. No silêncio ponho-me a conversar com Deus. Nem preciso falar. Ele sabe da minha vida. Posso tirar as minhas máscaras e abrir o meu coração. Parar um pouco com Deus e deixar que ele fale. O silêncio estará presente. E o silêncio da natureza, para ouvir, para sair de nós mesmos; ou, em outras palavras, ficar em silêncio, calar-se. É muito importante entender o que significa ter paz com Deus. Ouvir com oração e coração. Para orar não preciso de palavras. Pode-se orar também em silêncio. E saber ouvir é também uma especial forma de oração. O próprio Cristo afirma que se pode ganhar tudo e perder o essencial. Paremos um pouco para meditar: o que é importante para você? Alguém me enviou um calendário para o Natal e ali pude ler: “Sente-se à beira do amanhecer, o sol nascerá para você. Sente-se à beira da noite, as estrelas brilharão para você. Sente-se à beira do riacho, o rouxinol cantará para você. Sente-se à beira do silêncio, Deus falará com você”. Um teólogo alemão escreve: “O ser humano criou o barulho, pois a natureza não conhece barulho. Ela conhece ruídos, alguns até bastante estrondosos, como a chuva torrencial ou o trovão. Mas são momentâneos e em nada comparáveis com o barulho constante com o qual somos obrigados a conviver diariamente. O barulho foi inventado pelo ser humano. E isso porque ele é a 109
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única criatura que realmente sente medo. Os animais também têm medo, mas só em casos reais em que sua sobrevivência é ameaçada. O ser humano sente medo não apenas desse ou daquele perigo; mas sente um medo constante que o acompanha durante a vida”. Será possível vencer esse medo existencial que nos torna tão barulhentos? Só existe uma maneira: procurar o silêncio. Parar e silenciar é um bom remédio. Mas consegui-lo é algo muito difícil, pois quem ainda hoje quer parar e silenciar? A gente não olha mais para si, por causa do barulho. Disse um poeta barroco: Minha alma descansa nas mãos de Jesus (Deus). Bach ficou comovido com essas palavras e colocou notas nela. E ele conseguiu penetrar no mais íntimo desta confissão: Eu – o âmago da minha pessoa – estou abrigado em alguém diferente da realidade que me cerca. Não preciso ter medo com o que me assalta, pois a meu lado sempre está alguém que me segura e protege. Será necessário um grande sacrifício, mas valerá a pena e nos trará muitos benefícios. Não é à toa que a palavra ensina: “Se voltarem para mim e ficarem calmos, vocês serão salvos; fiquem tranquilos e confiem em mim” (Isaías 30.15). Procure colocar num papel como você imagina paz e silêncio. Eu, por exemplo, desenharia uma gaivota abrigada numa fresta da rocha num penhasco perto do mar e lá fora está rugindo a tempestade. E você? O salmista nos ensina (Salmo 4.8): “Em paz me deito e logo pego no sono, pois só tu me fazes viver em segurança”. Pastor em. Armindo L. Müller Santa Cruz do Sul/RS
Natal Origem da canção “Noite Feliz” Foi em 1818, na cidade austríaca de Oberndorf, que nasceu o hino de Natal mais entoado em todo o mundo. Por muito tempo, Joseph Mohr e seu amigo Franz Gruber, ambos cultores da música, sonhavam com o perfeito hino de Natal que, segundo eles, ainda não fora escrito. Na véspera do Natal de 1818, Mohr, em seu escritório, meditava. Lá fora o silêncio da noite e o cenário da neve cobrindo a natureza em derredor criavam
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uma atmosfera de paz e tranquilidade. Num momento de inspiração, escreveu o hino e na manhã seguinte levou-o ao amigo Franz Gruber, que exclamou: – Você achou o perfeito hino de Natal! Louvado seja Deus! Gruber não se deteve, começou logo a buscar a melodia que casasse com o espírito da letra. Naquela mesma véspera de Natal o hino foi entoado. Um quarteto feminino, numa vila próxima, começou a cantar “Noite Feliz” em seu repertório. Convidadas para cantar na Catedral de Leipzig, na Alemanha, “Noite Feliz” foi ouvido, pela primeira vez, numa grande cidade. Em 1854, o imperador Guilherme IV, ao ouvir o hino cantado pelo coro da Igreja em Berlim, ordenou que fosse cantado em todos os programas de Natal. E assim “Noite Feliz”, saindo da obscura vila de Oberndorf, chegou até nós. Wilson Castro Ferreira
Paráfrase natalina de 1 Coríntios 13 1 – Ainda que eu repetisse a história do Natal e cantasse seus belos hinos, se não tivesse amor, seria como um sino que só faz “badalação”. 2 – Ainda que recebesse muitos presentes e aparecesse o seu valor; ainda que entendesse o sentido do Natal em meio a dias incertos, mas não tivesse amor, isso de nada serviria. 3 – Ainda que eu distribuísse presentes uma vez por ano aos pobres, no Natal, mas não tivesse amor, isso de nada adiantaria. 4 – O amor, que veio ao mundo no Natal de Jesus, é paciente e bondoso; é justo e promove a paz. 5 – O amor, que veio ao mundo no Natal de Jesus, não busca seus interesses, não é invejoso e não se orgulha daquilo que é ou faz. Todos – Este amor maravilhoso, derramado sobre nós no Natal, nos capacita a tudo crer, tudo esperar e tudo suportar. 1 e 2 – O amor jamais acaba. 3 – Ainda que haja pinheirinhos de Natal, eles murcharão. 4 – Ainda que haja enfeites multicores, eles quebrarão. 5 – Ainda que haja algazarra alegre das crianças, ela passará.
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Todos – Porque essas coisas são apenas a manifestação terrena da alegria do Natal! Mas quando o Natal eterno vier, tudo o que é imperfeito e doloroso terá passado. 1 – Quando eu era criança, falava a respeito do Natal como criança. 2 – Mas quando cresci, livrei-me das minhas ideias fantasiosas sobre Natal. 3 – Porque agora vemos a beleza e entendemos o Natal em toda a sua profundidade. 4 – Agora conheço em parte o significado deste dia em que o céu e a terra se beijam. Mas, um dia, o entenderei por completo. Todos – Agora permanecem a fé, a esperança e o amor, esses três; mas o maior deles é o amor de Deus, que, mais uma vez, vem ao mundo neste Natal, para você e para mim. Autoria desconhecida Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS
Bênção franciscana Que Deus te abençoe com a inconformidade diante das respostas fáceis, das meias-verdades, das relações superficiais, para que sejas capaz de penetrar mais fundo em teu coração. Que Deus te abençoe com a ira diante da injustiça, da opressão e da exploração do povo, para que possas trabalhar pela justiça, a liberdade e a paz. Que Deus te abençoe com lágrimas para vertê-las pelas pessoas que sofrem dor, desprezo, fome e guerra, para que sejas capaz de estender tua mão e reconfortá-las, e converter sua dor em alegria. E que Deus te abençoe com suficiente loucura para crer que tu podes fazer a diferença neste mundo, que tu podes fazer aquilo que os outros dizem que é impossível. 112