Roteiro da OASE 2014 - Ser humano é ser amoroso

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© Editora Sinodal, 2013 Rua Amadeo Rossi, 467 Caixa Postal 11 93001-970 São Leopoldo/RS Tel./Fax: (51) 3037-2366 editora@editorasinodal.com.br www.editorasinodal.com.br Elaborado pela Associação Nacional dos Grupos de OASE da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Diretoria Nacional: Elsa Eneli Müller Janssen (Presidente), Rejane B. Hagemann (Vice-Presidente), Wilhelmina Kieckbusch (Secretária), Olga K. Roque (Vice-Secretária), Teresinha Metzker (Tesoureira), Dirce Schitkoski (Vice-Tesoureira) Conselho redatorial: Anna Lange, Olga Kappel Roque, Edeltraud Fleischmann Nering, Gudrun Braun, Isabela Miriam Buboltz e Helena Beatriz C. Fey Coordenação editorial: Helga Schünemann Contato: helgaschunemann@yahoo.com.br Produção editorial e gráfica: Editora Sinodal Foto da capa: stock.xchng: Denise Docherty ISSN 21755515


ÍNDICE Apresentação – Elsa Eneli Müller Janssen ..................................................... 5 Palavra da Presidência da IECLB ................................................................... 7 JANEIRO Eu quero apenas ser amoroso (Salmo 143.9) ................................................ 10 Humanização da saúde .................................................................................. 13 60 anos de Roteiro da OASE – Um diamante no caminho ........................... 15 Bênção de início e fim de ano ....................................................................... 17 FEVEREIRO Língua afiada ou palavra de amor (Efésios 4.29) ......................................... 19 Resolução de conflitos exige mediação ........................................................ 21 Conversando com você – 25 anos: Frutificação ........................................... 23 MARÇO Ter amor, viver amor, distribuir amor (João 13.35) ...................................... 27 A educação faz a diferença ........................................................................... 30 Assistência integral: Hospital Moinhos de Vento e OASE ........................... 32 Dia Internacional da Mulher – Sem medo de ser mulher ............................. 34 ABRIL Tristes, mas sobretudo alegres (João 16.20) ................................................. 36 Mudanças na família ..................................................................................... 37 Páscoa: Teatro de Páscoa .............................................................................. 40 Decoração: Coelho de toalha ........................................................................ 42 Amar e perdoar ............................................................................................. 43 MAIO Unidade na diferença (Gálatas 3.28) ............................................................. 46 O que é essencial? ......................................................................................... 48 Dia das Mães – Oração pelas mães ............................................................... 51 Receita: Bolo de cenoura .............................................................................. 53 JUNHO O amor derrete corações de pedra (Gálatas 5.22-23a) .................................. 55 A copa da salvação ........................................................................................ 57


Pilates – para uma vida saudável .................................................................. 59 De que a fé é capaz ....................................................................................... 61 JULHO Caminhada (Salmo 73.23-24) ....................................................................... 63 Precisamos vencer ......................................................................................... 65 Rir faz bem à saúde ....................................................................................... 68 Casa e lar ....................................................................................................... 70 AGOSTO Talentos musicais a serviço de Deus (1 Crônicas 16.23) .............................. 72 Respeito ao idoso e à criança ........................................................................ 75 Deus viu que tudo que havia feito era muito bom ........................................ 78 Dia dos Pais – Gratidão ao pai ...................................................................... 80 SETEMBRO Seja forte, amiga! (1 Crônicas 22.13) ........................................................... 82 Jesus nos acompanha no sofrimento ............................................................. 83 A importância do abraço ............................................................................... 86 Deus está sempre perto ................................................................................. 88 OUTUBRO Enfrentar obstáculos traz crescimento (Eclesiástico 35.10 – Bíblia de Jerusalém) ................................................................................................ 90 Como ainda ser humano no mundo virtual ................................................... 93 Solidão e individualização na sociedade pós-moderna ................................. 95 Fábula do porco-espinho ............................................................................... 99 NOVEMBRO É muito fácil (Isaías 1.17) ........................................................................... 101 Mercantilização da vida .............................................................................. 103 Sexualidade feminina e afetividade ............................................................ 106 Advento – Redescobrindo o Advento ......................................................... 108 DEZEMBRO Esperança de uma vida nova (Isaías 35.1) .................................................. 112 Compromisso com a igualdade ................................................................... 114 Natal – Jogral: Como festejar o Natal ......................................................... 117 Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor ................................................. 119 Decoração: Árvore festiva para a mesa de Natal ........................................ 120


Apresentação Ser humano é ser amoroso

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stamos todos em festa! Chega a nossas mãos a edição de número 60 do Roteiro da OASE. Celebrar o tempo de seis décadas, tendo à disposição um precioso meio de propagação da Palavra santa, um canal de bênçãos, que aponta para a vida e redenção eterna, é motivo de júbilo e profunda gratidão a Deus! O título Ser humano é ser amoroso é muito bem-vindo. Lembra-nos da essência da Criação divina. Deus é amor, diz em 1 João 4.8b. Ao criar o ser humano – homem e mulher –, destacado entre todas as demais formas de vida, Deus deu-lhe a capacidade de amar. Não nos faltam excelentes exemplos bíblicos que demonstram a dimensão do amor manifesto Elsa E. M. Janssen em atitudes e ações entre pessoas, bem como na relação direta com a natureza, esse imensurável patrimônio que o meio ambiente representa para todos nós. O tema em reflexão, pois, tem tudo a haver com o processo de humanização. Então surge a pergunta: Humanizar – O que? Por quê? Para quê? Respostas a esses questionamentos encontramos certamente no conteúdo que os diferentes colaboradores e colaboradoras registraram nas meditações, nos estudos bíblicos, nos textos complementares etc. O homem é lobo do homem – essa afirmativa me marcou muito nos idos tempos da Escola Normal – Segundo Ciclo (década de 1960). Segundo registros, ela foi criada por Plauto (254-184) e, mais tarde, popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do século 17. A frase foi transcrita e destacada em um importante livro de Pedagogia, considerado na época do Curso de Magistério, um manual que continha ótimos princípios educacionais. Como é possível comparar o ser humano a um “animal irracional” de quem a gente tem medo? Influenciada por histórias infantis nas quais o lobo é apresentado como um animal mau, perigoso, traiçoeiro, que ataca sem esperar,


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tive dificuldade em concordar com a afirmativa, de cunho filosófico, social, relacional. Hoje, nem muito tempo depois, entendo a realidade da comparação. Vivemos cercados por progresso e inovações, porém sufocados em meio a angústias e medos. Ansiamos por uma saída, quando, ao nosso redor, triplicam os roubos, assassinatos, barbáries nas relações de amor e respeito em família, nas comunidades, na igreja. É gente que ataca gente, assemelhando-se a lobo faminto, que desconhece e ignora os limites da ética, da moral, fundamentais para o crescimento humano e o bom relacionamento interpessoal. O processo de mercantilização da vida é assustador! A ausência da manifestação do genuíno amor é duramente percebida. E o futuro, o que ele nos reserva? Dignas de destaque são as ações em tornar mais humana a condição de vida das pessoas na área da saúde, da educação, do esporte, do lazer, entre outros. O tema é pontuado em muitas iniciativas governamentais e não governamentais. Mas é do Criador do inimaginavelmente vasto universo que vem a esperança maior de uma possível solução. Deus promete amparo e socorro forte quando nos sobrevêm a insegurança e o temor. Essa é a boa notícia que não encontra fronteiras no hoje ou no amanhã. Basta buscar em Deus a luz, e, em sua poderosa mão, o abrigo. Mesmo trilhando caminhos desviados da sua origem, o ser humano ainda está no alcance do amor maior manifesto em Jesus Cristo na cruz de Gólgota. Jesus manteve a capacidade de amar. Ser amoroso é relacionar-se com outros de forma viva e eficaz. É edificar e dignificar a vida em meio a um mundo de morte e destruição. O presente manual aprofunda-se no tema e nas boas notícias. Desejamos um tempo abençoado de leitura e estudo, com ótimas e positivas consequências no processo de “humaniza-ação”, regadas de muito amor, em todas as áreas da vida. Agradecemos de forma especial a todas as pessoas que deixam sua marca ao colaborar com a sexagésima edição do Roteiro da OASE. Parabéns e muito obrigada! Elsa E. Müller Janssen Presidente da Associação Nacional dos Grupos de OASE

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Palavra da presidência da IECLB Vidas em comunhão: “ser humano é ser amoroso”

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tema do ano de 2014 convida-nos a olhar para a cidade! Olhar para a cidade – com todos os seus problemas e limitações – como um espaço em que a vida é possível, onde a vida em comunhão é possível, ou, como sugere o tema proposto pela OASE, onde “ser humano é ser amoroso”. O lema bíblico que acompanha o tema de 2014 é de Jeremias 29.7: “Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar; e orai por ela ao Senhor, porque, na sua paz, vós tereis paz (Jeremias 29.7). Será que ainda conseguimos e até mesmo acreditamos nesse ser humano capaz de amar e construir a paz? O antropólogo Roberto Damatta afirma que “o descumprimento das normas de convivência é um problema filosófico profundo no Brasil. Ninguém respeita porcaria nenhuma porque ser igual, aqui, é ser inferior”. O psicanalista Abraão Slavutzky diz que “há um excesso de estímulo ao individualismo na nossa sociedade. Cada um se vira como pode nessa selva, e muitas vezes se perdem a ética e o respeito”. Quantos respeitam as regras no trânsito, as filas, cedem o assento para um idoso, quantos jogam o lixo na rua, atendem celular durante o culto? E ai de quem ousar chamar a atenção desse irmão ou dessa irmã que age assim! Ele vira “bicho”! Mas ele não é humano? Acredito que resgatar nossa identidade como criaturas criadas por Deus é urgente. Quando olho para o que acontece em nossas cidades e no “mercado religioso”, lembro-me da tentação expressa em Gênesis 3.5: “comer do fruto” e “ser como Deus”. Penso que aí reside nossa tragédia. Na ânsia de ser grande, competimos, matamos, mercantilizamos, desrespeitamos, discriminamos, pensamos que somos eternos, nos desumanizamos. Esquecemos que não somos


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Deus! O próprio Deus, por amor a nós, vem ao nosso encontro em Jesus Cristo e nos ensina o caminho de volta, o sentimento que leva à humanidade: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana” (Filipenses 2.5-7). Cristo nos mostra o que é ser humano amoroso em toda a sua radicalidade. À luz do seu exemplo, aponto para valores que precisamos urgentemente resgatar como essenciais para a cidade enquanto espaço de bem-estar para todos: civilidade, paz, justiça, democracia, tolerância, liberdade, diversidade, presença, diaconia, ecumenismo, fé, vínculo, harmonia, gratidão, respeito, esperança, diálogo, partilha. Esses são valores próprios do Evangelho a serem resgatados e reforçados pela comunidade cristã em comunhão com a sociedade. O tema do ano de 2014 convida a perceber que as comunidades cristãs nas cidades, assim como os diversos grupos de trabalho nas comunidades, como a OASE, são formadas por pessoas de Deus que têm sede de sentido, de amor e de comunhão com ele e entre si. P. Dr. Nestor Paulo Friedrich Pastor Presidente da IECLB Porto Alegre/RS

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Datas importantes 01 – Ano Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres (Frauenhilfe), em Berlim/ Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo Papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philipp Jacob Spener, fundador do Pietismo (+ 05/02/1705) 16 – 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+ 04/09/1965) 16 – 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 28 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+ 20/12/1552)

J A N E I R O


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JANEIRO Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça, pois em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar, porque a ti elevo a minha alma. Salmo 143.9

Meditação Eu quero apenas ser amoroso

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Portal Luteranos

inâmica: No grupo reunido, oferece-se um pirulito a cada participante. A seguir, pede-se que todas estendam seus braços para frente e abram o pirulito. Convida-se então que tentem saboreá-lo, mas sem encolher os braços. É claro que isso não será possível. A partir dessa experiência, desenvolve-se uma conversa com o grupo. Se dessa forma elas não podiam sentir o sabor do pirulito, como fazer para saboreá-lo? Com os braços estendidos, a participante facilmente encontrará a boca de outra participante. Cada participante oferece seu pirulito Ilona Kretz Feuerschuet é presidente da OASE para outra pessoa e dessa forma Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí todas sentirão o doce sabor da palavra compartilhar. SER AMOROSO – esse é um dos conceitos-chave que serão trabalhados nas reflexões deste ano no Roteiro da OASE. Nos dias atuais parece estar um tanto em desuso... Ser amoroso parece estar sendo aplicado apenas às nossas relações mais próximas, como com os filhos, esposo e pais. Em alguns casos, nem mesmo esses recebem tratamento amoroso, e isso é muito triste! 10


JANEIRO

Há um ponto muito relevante a ser considerado inicialmente. Para sermos amorosos uns com os outros, antes temos que ter essa atitude para conosco mesmos. Só poderemos demonstrar nosso amor e cuidado para com os outros se formos conscientes da nossa condição amorosa, do nosso cuidado zeloso pela nossa vida e pelo que nos rodeia, para termos uma estrutura sólida onde nossos próximos poderão ser amparados e acolhidos. Devemos exercitar atitudes como a gentileza, a gratidão, o sorriso, a amizade primeiramente em nosso viver diário e, então, abastecidos, poderemos demonstrar nosso cuidado e carinho amoroso para com todos os que nos rodeiam. Todos os relacionamentos em nossa vida são oportunidades de crescimento, de aprendizado, de amadurecimento, de conhecimento, de cura. Através deles aprendemos como extrair da dádiva da vida a vida plena que Deus nos promete. Vida em abundância também remete aos nossos relacionamentos. O objetivo das meditações deste ano sobre o tema Ser humano é ser amoroso é refletir sobre como tratamos nosso compromisso com a vida, com a nossa própria vida e a dos nossos irmãos e irmãs. Num conceito mais claro e mais moderno, ser humano é a ação e o efeito de fomentar que as pessoas ajam de forma benéfica. Semear o bem, agir com dignidade e retidão, ser justo e praticar a justiça, amar sem medidas e condições, são valores cristãos que devem ser naturais e espontâneos para todo ser humano. Em deixar de vivenciar e praticar essas atitudes reside o início das dores do mundo. Nós cristãs não podemos jamais dizer que desconhecemos essa lei divina. Jesus nos ensinou que devemos agir em amor, cuidado e atenção. As campanhas de sensibilização social e informativos, promovidos geralmente por organizações não governamentais, pretendem exatamente a aceitação de grupos sociais minoritários que enfrentam dificuldades para alcançar uma integração com os demais e com o resto da sociedade. As comunidades cristãs devem sempre ser exemplares nesse sentido. Sabemos o que Deus espera de cada um de nós: que façamos o bem a todos. Portanto devemos cultivar esse nosso agir amoroso para com todos, com tudo... Aquilo que oferecemos ao mundo cresce em abundância em torno de nós. Quanto mais dermos, mais receberemos e mais enriquecida se tornará nossa vida! Como o salmista pede, peçamos nós a cada amanhecer: “Faze-me ouvir, pela manhã, a tua graça, pois em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar, porque a ti elevo a minha alma!” (Salmo 143.8).

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Para encerrar esta meditação poderá ser ouvida, cantada ou lida a seguinte música: Eu Quero Apenas (Roberto Carlos) Eu quero apenas olhar os campos. Eu quero apenas cantar meu canto. Eu só não quero cantar sozinho. Eu quero um coro de passarinhos. Quero levar o meu canto amigo, a qualquer amigo que precisar.

Eu quero crer na paz do futuro. Eu quero ter um quintal sem muro. Quero meu filho pisando firme, cantando alto, sorrindo livre. Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar.

Refrão: Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

(Refrão)

Eu quero apenas um vento forte, levar meu barco no rumo norte, e no caminho o que eu pescar, quero dividir quando lá chegar. Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar. (Refrão)

Eu quero amor decidindo a vida, sentir a força da mão amiga. O meu irmão com sorriso aberto, se ele chorar, quero estar por perto. Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar. (Refrão) Venha comigo olhar os campos, cante comigo também meu canto. Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos. Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar. Ilona Kretz Feuerschuet Balneário Camboriú/SC

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JANEIRO

Humanização da saúde Num primeiro momento, antes de discorrer um pouco sobre humanização, saúde e dignidade, a sugestão é que se faça a leitura do texto do Evangelho de Lucas 10.25-37. O texto é a conhecida parábola do bom samaritano. A ideia não é realizar um estudo sobre o texto, mas que seus ensinamentos sejam pano de fundo para a reflexão que segue. 1 – Tentando entender os termos O processo de humanização – “ato de humanizar”, “ato de tornar humano”– é algo um tanto recente. Faz pouco mais de dez anos que ele vem sendo item de pauta em diversos espaços de discussão. Mas é na área da saúde que o termo tem ganhado destaque. Um exemplo é a Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde – Humaniza SUS. Tendo em vista que é na área da saúde onde mais se fala de uma necessidade de humanização, caminhemos também por esses rumos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, ter saúde não é apenas estar sem doenças, mas experimentar um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Ou seja, ter uma vida saudável vai muito além da questão física apenas. Nesse contexto, dignidade é o ser humano ter acesso a esse completo estado de saúde, sem distinção de raça, credo, gênero, na qualidade de ser um ser único. E, por último, a humanização é um conjunto de ações, reações, atitudes, pensamentos, adotado por pessoas ou instituições, que permite ao ser humano experimentar esse estado de saúde completo na prática. Em outras palavras, humanizar é, através de gestos de cuidado, de solidariedade, de compaixão, de compreensão, de relacionamento, permitir ao ser humano ter uma vida em abundância. 2 – Humanização como desafio A Bíblia propõe um modo de vida saudável, digno e humanizado: “Consolai-vos uns aos outros” (1 Tessalonicenses 4.18); “levai as cargas uns dos outros” (Gálatas 6.2), “acolhei/aceitai-vos uns aos outros” (Romanos 15.7), “ame seu próximo como você ama a você mesmo” (Lucas 10.27), estive enfermo e fostes me visitar (Mateus 25.36). É uma boa proposta. No entanto, vivemos uma profunda crise de relacionamentos, e o modo de vida do momento é “cada 13


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um por si e Deus por todos”! O bom samaritano está desconectado e a regra agora é “dar a volta”. Lamentavelmente, de carona com os avanços da ciência, da medicina, da tecnologia veio o atraso no que diz respeito ao relacionamento entre as pessoas. Se ainda existe algum, é superficial, técnico, profissional, com duração mínima. Pessoas convivem diariamente umas com as outras, mas não se conhecem de verdade. Pessoas foram substituídas por coisas. Albert Einstein disse certa vez: “Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade... então o mundo terá uma geração de idiotas”. Já estamos lá? Humanizar, tratar com dignidade e atenção a saúde das pessoas não é tarefa simples num mundo onde o cuidado para com o outro foi substituído pelo cuidado consigo mesmo. No entanto, mesmo que a tendência do momento é “dar a volta”, humanizar é mais importante, é preciso, é urgente. O ser humano precisa entender que ser único não tem nada a ver com ser sozinho. 3 – Ajudando a humanizar “Quando me faltarem as forças, não me desampares [...]” (Salmo 71.9). Na Bíblia, essas palavras são parte de uma oração de uma pessoa idosa. Fora dela, a oração de milhares de pessoas hospitalizadas. Atualmente passam mais pessoas pelos hospitais que pelas igrejas. Estar hospitalizado significa ter que lidar com medo, preocupação, solidão, dor. E aí? Damos a volta ou nos aproximamos? Realizar visitas em hospitais, asilos, residências a pessoas sem forças é o mais nobre jeito de humanizar e tratar com atenção e dignidade a saúde completa das pessoas. Eis uma proposta interessante e possível para a OASE. Importa lembrar que por mais que alguém fale que ama a Deus, está presente a cada semana na igreja, tenha um monte de cargos e atividades, se isso não se transformar em atos de amor e compaixão para com o próximo, estaremos mais para levita e sacerdote do que para bom samaritano. 5 – Um grande exemplo de humanização e cuidado Havia num hospital uma enfermeira muito dedicada e com muitos pacientes para atender. Certa noite, enquanto ela estava num quarto fazendo os procedimentos num paciente idoso e em estado grave, viu um jovem entrando no quarto. Ela disse em voz alta ao paciente: Seu filho está aqui! Aquele paciente fez um esforço enorme para abrir os olhos. Depois de olhar o jovem, fechou os olhos novamente. O jovem segurou na mão envelhecida 14


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daquele doente e sentou-se ao lado da cama. Ele ficou ali a noite toda segurando na mão do enfermo e dizendo algumas palavras de conforto. Ao amanhecer, aquele paciente faleceu e partiu com uma expressão de paz no rosto. Logo que aconteceu, uma equipe de funcionários do hospital encheu o quarto para desligar as máquinas e remover as agulhas. A enfermeira se aproximou do jovem e começou a lhe dizer algumas palavras de conforto. Ele a interrompeu e perguntou: Quem era este homem? A enfermeira assustada com a pergunta responde: Eu achei que era o seu pai. Ele disse: Não! Este homem não era o meu pai. Eu nunca tinha visto este homem antes. Então, por que você não falou nada quando eu disse a ele que o filho dele estava aqui?, questionou a enfermeira. E o jovem respondeu: Eu não disse nada porque percebi que ele precisava de um filho naquele momento. Fiquei aqui porque senti que ele precisava de mim. Pastor Deolindo Feltz Capelão Hospitalar no Hospital de Câncer de Mato Grosso Cuiabá/MT

60 ANOS DE ROTEIRO DA OASE Um diamante no caminho Neste ano celebramos o 60º aniversário do Roteiro da OASE. Que data significativa! Quando um casal convive 60 anos, falamos de Bodas de Diamante. Geralmente a família se reúne para dar graças a Deus nessa ocasião especial. Numa caminhada tão longa, as pessoas amadurecem, uma lapida a outra. Já observaram que casais numa longa e harmoniosa vida em conjunto tem um semblante parecido? Assim também aconteceu no nosso trabalho: A OASE existia há 54 anos, mas queria algo mais, dar mais subsídio espiritual para as mulheres, pois nem sempre os pastores podiam participar das reuniões da OASE. Surgiu então o Roteiro da OASE, tímido, com 12 páginas. Ele se desenvolveu, adaptou-se e agora, aos 60 anos, o Roteiro e a OASE caminham juntos, de mãos dadas. Ele é o nosso fiel companheiro, crescemos juntos e um completa o outro. Ele é o 15


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diamante que nós achamos no meio da caminhada! Também para nós, motivo de agradecer a Deus. Refletindo um pouco mais, encontramos muitas semelhanças. O diamante é o símbolo da nobreza, e o Roteiro serve a uma causa nobre, baseada nas Sagradas Escrituras, fundamentado em Comunhão, Testemunho e Serviço! “Eu sei que permanece para sempre, O diamante é a peeu sei que jamais sucumbirá. dra mais dura entre as peDeus edifica isso em meu coração com diamantes. dras preciosas, por isso ele As pedras são as palavras, serve também para tornear outros metais. E nós, alguas palavras brilhantes e puras, mas vezes, não precisamos por meio das quais as situações mais frágeis ser “torneados”? Traduzinpodem se transformar em fortaleza.” do isso para a nossa vida, lembremos a palavra de Filipenses 3.12: “Não que eu tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição: mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”. O diamante é o símbolo da durabilidade, perseverança e sinceridade. O Roteiro, por meio das suas mensagens, procura dar uma forma para a nossa vida espiritual, uma vida de perseverança e sinceridade, com existência de 60 anos. Isso é um sinal de durabilidade. O diamante significa vida, luz, sol. O diamante é um emblema da pureza e da perfeição, de invencível poder espiritual, é a pedra do compromisso e da fidelidade também entre marido e mulher. No início, falamos das Bodas de Diamante e do “casamento” entre OASE e Roteiro. Assumimos o compromisso ao qual queremos ficar fiéis e seguir o símbolo da luz, do brilho, da fidelidade e da luz maior que é Jesus Cristo, que disse: “Vós sois a luz do mundo. Assim brilha também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.14-15). 16


JANEIRO

Não queremos escrever um histórico do Roteiro, pois esse se encontra no Roteiro de 2004, mas expressar a nossa alegria e o nosso agradecimento porque mais e mais pessoas escolheram esse fiel companheiro durante os últimos anos. Em 2003 foram vendidos 5.292 exemplares, e em 2013 passamos de 7.000 exemplares. Agradecemos também às colaboradoras e aos colaboradores, a todas as pessoas voluntárias por sua dedicação na elaboração dos textos. O Roteiro não é feito para um ano só. Como companheiro, ele pode nos acompanhar a vida toda! Alguns dias atrás, revi os meus Roteiros. Poderia ficar horas e horas lendo e relendo. Descobri quantos diamantes foram distribuídos durante os 60 anos de sua existência. Vi que os textos são atuais e podem ser usados hoje e amanhã. Esperamos que o Roteiro da OASE, esta pedra preciosa, brilhante e duradoura, nos acompanhe por toda a nossa existência, pois diamantes representam amor e fidelidade infinitos. Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ

Benção de início e fim de ano Senhor, abençoa o primeiro e o último dia, Abençoa as horas que me são concedidas. Que minhas mãos abençoem o que elas tocam. Que meus ouvidos abençoem o que eles ouvem. Que meus olhos abençoem o que veem. Bênção venha dos meus lábios. Que meu vizinho seja abençoado e ele também possa me abençoar. Senhor, não permita que me afaste dos teus olhos, de tuas mãos, dos teus ouvidos, do teu coração; neste dia e em todos os outros dias deste ano. AMÉM.

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Arquivo OASE

F E V E R E I R O

Datas importantes 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+9/4/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 16 – 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/4/1560) 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica Luterana, Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos Distritos e das Regiões, criação dos Sínodos


FEVEREIRO

FEVEREIRO Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. Efésios 4.29

Meditação Língua afiada ou palavra de amor?

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Arquivo pessoal

odos aqui têm língua? Sim, né? Ou o gato comeu a língua de alguém? Acredito que não! Nunca ouvi falar que de fato um gato tivesse comido a língua de alguém... isso seria terrível. Em Efésios 4.29, lemos: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”. Uma das coisas mais difíceis em nossos relacionamentos é dizer a verdade (aquilo que deve ser dito) em amor (a forma como deve ser dito o que precisa ser dito). Conta-se que um pastor recém-ordenado assumiu o pastorado de uma Chirlei Weber comunidade. Embora houvesse aprendido várias técnicas de pregação durante a faculdade, sua verdadeira “faculdade” estava começando, ou seja, a comunidade. Era trabalhando no dia a dia que ele aprenderia de fato a lida pastoral: pregar, visitar, aconselhar etc. Após algumas semanas, querendo saber como a comunidade estava reagindo às suas mensagens, perguntou a um irmão. A resposta foi: “Você prega errado, pois só lê o texto que escreveu; lê errado, pois tropeça nas palavras, e além de tudo o que você lê não tem importância alguma”. Um outro irmão, 19


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tentando remediar a situação, disse ao pastor: “Não se importe com o fulano. Ele não tem ideias próprias. Só repete o que todo mundo diz”. Qual dos dois disse a verdade em amor? Nenhum. O primeiro disse a verdade, mas foi rude. O segundo foi doce em suas palavras, mas estava bajulando, e sua bajulação tornou-se ainda mais corrosiva que as palavras daquele outro. Nós temos um pequeno membro em nosso corpo com o qual podemos fazer grandes coisas como abençoar, salvar, e até mesmo nos condenar. Um descuido com a língua e alguma coisa que dissermos pode salvar, assim como pode também destruir, mesmo que seja uma palavra pequena. Nessa lição aprendemos que devemos controlar nossa língua, que uma frase pode nos alegrar, como também pode acabar com o nosso dia. Aprendemos que precisamos controlar nossa língua segundo os ensinamentos da palavra de Deus, que da nossa boca só devem sair palavras agradáveis e que edificam as pessoas que as ouvem. Para aprofundar a questão do controle que devemos exercitar sobre o quê e como falamos, segue uma história: História das três peneiras (A pessoa que conta a história pode usar um avental, ter três peneiras à mão com as palavras VERDADE, BONDADE, NECESSIDADE fixadas no fundo.) A mãe estava na cozinha preparando um bolo. De repente sua filha chegou do colégio correndo e disse: “Mãe, mãe, você não sabe o que a Tati me contou sobre o Tonico”. Na mesma hora, com carinho, a mãe disse: “Filha, antes de me contar a novidade, vamos ver se ela passa pelo teste das três peneiras. A primeira é a peneira da verdade (Mostre a peneira com a palavra VERDADE). “Você tem certeza de que o que aconteceu com o Tonico é realmente verdade?” A menina coçou a cabeça e disse que não tinha muita certeza, mas que a Tati tinha. Então a mãe continuou: “Vamos para a segunda peneira: a bondade”. (Mostre a peneira com a palavra BONDADE.) “Você gostaria que falassem a mesma coisa de você?” Na mesma hora a menina disse um grande não, mas quis que a mãe terminasse e falasse sobre a última peneira. Ela disse: “A terceira peneira é a necessidade”. (Mostre a peneira com a palavra NECESSIDADE.) “Você precisa realmente contar para os outros sobre o que aconteceu com o Tonico?” Naquele momento a menina entendeu tudo e resolveu ir para o seu quarto e guardar seu material da escola. 20


FEVEREIRO

Essa história nos lembra de como somos afiados com nossa língua, como a nossa língua é capaz de ferir as pessoas. O grande motivo para que surjam as fofocas e as intrigas entre nós é porque pensamos sempre: “Eu não sou assim. Mas a fulana, sim”. Deus não fala para a fulana... Ele fala para nós, para você e para mim. Significa que eu não venho aqui na igreja nos cultos ou na OASE para ouvir o pastor e para saber o que a minha vizinha está fazendo de errado... Ou ainda, eu não leio a Bíblia para encontrar o veneno capaz de matar uma pessoa cristã só porque ela não foi perfeita. Da mesma boca que sai a maldade ou o veneno capaz de matar também podem sair palavras de agradecimento ao Senhor, transformando nossa língua em uma árvore de um só fruto: o amor! E o amor tudo suporta, o amor aceita o irmão, a irmã e nos faz crescer na fé... Vamos usar de forma correta a nossa língua... Somos convidadas a fazer como fez a profetisa Miriam e as outras mulheres que, após a passagem do mar Vermelho, reuniram-se e renderam louvores ao Senhor. Somos convidadas a fazer como fez Maria que, ao saber que o Senhor ressuscitou, foi contar a boa notícia para os discípulos. Que cada uma de nós se sinta desafiada a cuidar do que diz. E que Deus nos ajude para que possamos usar corretamente nossa língua e boca e assim possamos ser fonte de bênção neste mundo. Chirlei Weber Sinop/MT

Resolução de conflitos exige mediação Os conflitos são parte integrante da nossa vida. Eles existem – e em grande quantidade, diga-se de passagem. Não adianta querer escondê-los. Também dentro da igreja é assim, por isso é importante que olhemos para essa área da vida na igreja com o mesmo cuidado com que abordamos outros temas comunitários. Admitir a existência de conflitos não significa fazer apologia aos mesmos e fomentar relacionamentos conflituosos. Tanto negar quanto instigá-los não é recomendável, entre outras coisas, pelo simples fato de que atitudes assim não dão conta da dinâmica que envolve o nosso viver. No dia a dia da nossa vida, 21


ROTEIRO DA OASE 2014 www.ieclb-possmoser.com.br precisamos ouvir, falar, negociar, silenciar, esperar, contrapor, emitir juízos de valor. Talvez exista quem diga que conflito seja um tema de menor importância, tendo em vista tantos outros desafios e demandas que se colocam para a comunidade. Por muito tempo, a teologia e as demais ciências sociais deixaram de aprofundar temas relacionados ao cotidiano, em especial das inter-relações em que está inserida a questão do conflito. Porém uma análise mais pertinente mostra tratar-se da esfera na qual se desenrola boa parte do nosso existir. Portanto tratar sobre conflitos é abordar um tema central da nossa existência. Quando a igreja traz esse tema para Pastor Joaninho Borchardt é pastor reflexão, ela quer dar a devida importância sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém a essa área da vida comunitária, convidando para a reflexão e para a ação. A igreja o faz, contribuindo, a partir da Bíblia e da confessionalidade luterana. Ao lado de outros conhecimentos e saberes, a teologia tem importantes insumos a dar quando o assunto diz respeito aos relacionamentos humanos e, em especial, à mediação de conflitos. A palavra conflito se origina do latim conflictus e pode ser traduzida por “oposição de interesses, sentimentos, ideias, luta, disputa, desentendimento, briga, confusão, tumulto, desordem”. No contexto da igreja, os conflitos adquirem vários nuances e diversos desdobramentos, podendo advir de relações assimétricas de poder entre homens e mulheres, do pouco diálogo, da falta de transparência, da sobreposição de interesses pessoais aos coletivos, da fofoca, da desconfiança, do exigir e não contribuir, do criticar e não colaborar. Em regra, conflitos aparecem quando opiniões diferentes são confrontadas ou quando há desentendimentos entre casais, vizinhos, lideranças comunitárias e colegas. Muitas vezes, sozinhos, os envolvidos não conseguem chegar a um entendimento. É necessária a presença de uma terceira pessoa, imparcial, que fará o papel de mediadora. Essa facilitará a comunicação e a negociação entre os envolvidos e, se possível, o acordo e o entendimento.

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A teologia luterana apregoa e se alicerça na graça de Deus. A experiência da graça deve ser a marca do nosso viver. Devemos estar envoltos e orientados por ela também no que se refere aos conflitos que nos cabem gerenciar. A mediação de conflitos não é um tema novo. Existe muito conhecimento especializado a respeito, como, por exemplo, técnicas e outros procedimentos metodológicos. Eles têm a sua importância e devemos utilizá-los sempre que possível. O estado atual do desenvolvimento da sociedade exige de nós a capacidade de buscar acordos, de nos relacionar com respeito, de garantir a autonomia e a alteridade de cada pessoa, cultura, nação. Exige que saibamos reprovar o que não favorece o bem comum e o que não assegura a vida. Devemos lembrar sempre que de leis e técnicas o mundo está cheio. O que falta é alcançar o coração e a ética das pessoas, colocar em prática o que sabemos sobre a boa convivência. O apóstolo Paulo formulou muitas orientações para os primeiros cristãos. Um texto clássico é o de 1 Coríntios 12.12ss, com a já conhecida metáfora do corpo. Nele, o apóstolo orienta para a unidade e para a cooperação. Isso significa superar o nosso espírito individualista. Significa superar a necessidade que temos de ver defeitos nos outros, de desqualificá-los, de provocar intrigas. Viver em meio a conflitos não é o problema. O problema é não conseguir resolvê-los. O diálogo na mediação de conflitos Ninguém é perfeito. Todos nós temos virtudes e defeitos. Lutero nos adverte, dizendo que somos simultaneamente justos e pecadores. Não nos movemos apenas pela razão. Também não temos uma conduta orientada apenas pela decisão, pela objetividade, pela noção do que é certo e errado. Somos emotivos, sentimentais, sensíveis, inseguros e carentes. Todo ser vivo, de uma forma ou outra, se comunica. Ao ser humano Deus deu capacidade de dialogar para melhorar nossa possibilidade de nos relacionarmos. A nós foi dado o dom da palavra falada, escrita, corporal, artística. Esse é um recurso que temos à disposição para gerenciar conflitos. Se não for utilizado ou for utilizado de forma incorreta, servirá para provocar discordâncias. A carta de Tiago 3.5ss comenta sobre o problema da língua, chamando a atenção para o fato de que devemos ser cuidadosos com as palavras que proferimos. Palavras podem curar, animar, construir, mas também machucar e destruir. A exortação evangélica encontrada em Mateus 18.15 (Se o teu irmão pecar contra você, vá e mostre-lhe o seu erro, mas faça isso em particular, só entre vocês dois. Se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão), que instrui sobre como devemos tratar alguém com quem 23


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temos alguma dificuldade, é de grande valor. Quando temos algo para resolver com alguém, devemos procurar essa pessoa e dialogar a respeito, sempre na perspectiva de “ganhar o nosso irmão”, ou seja, de refazer a relação, de não romper o relacionamento. O diálogo é o grande instrumento que temos para resolver conflitos e para cultivar relacionamentos de respeito. Pastor Joaninho Borchardt Vitória/ES Extraído de: Jorev Luterano, dezembro 2012, n. 757.

CONVERSANDO COM VOCÊ – 25 ANOS Frutificação Arquivo OASE

O pé de maracujá vigorava em seu surgimento num pequeno canto de terra, onde costumávamos enterrar o lixo orgânico “produzido” em nosso lar. Ali, por conta própria, ele nasceu. Chamava a atenção, porque seu crescimento era rápido e logo foi tomando um espaço maior no meio de outras plantas. Encontrou suporte para suas ramificações no pé de laranja, que também havia surgido por Equipe do programa de rádio “Conversando com conta própria naquele lugar. A ex- você”, em Santa Catarina pectativa crescente girava em torno do aparecimento dos frutos. Pois maracujá é ótimo para fazer suco, sobremesa e outros quitutes. Pensei que esse seria um bom exemplo para ilustrar nossa caminhada sobre a face da terra. Em algum lugar, no tempo certo, surgimos, de repente. Vamos crescendo, tomando espaço. Traçamos nossa história de vida, entremeada com outras tantas. Estabelecemos as ramificações em família, na escola, no trabalho, na comunidade. Os relacionamentos se intensificam. Por vezes nos sobrepondo a outras vidas, por vezes dando sustentação a elas. 24


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Então é de se perguntar: Quem aguarda pelos frutos em nosso viver? Que frutos são esses? O processo de frutificação traz benefício para os que estão à nossa volta? Fazemos parte de um imenso jardim, no qual são encontrados inúmeros tipos de plantas. Deus deseja que produzamos frutos. A conhecida palavra da Sagrada Escritura de João 15.4-5 esclarece e orienta sobre a forma possível de se produzir bons frutos. A analogia que o texto apresenta é direta e sem meio-termo: A videira verdadeira é Jesus, que por meio do Espírito Santo estende vida produtiva a todos que nele permanecem. As plantas em um jardim podem ser lindas. Têm as folhas verdes, aparecem as flores, o perfume exala. Mas é o fruto que dá sustento e produz a semente para a reprodução. O fruto é a parte mais importante na vida de todos nós. O programa radiofônico Conversando com você, como um bom fruto, está sendo cultivado já faz 25 anos. O programa existe porque muitas plantas no jardim de Deus, conectadas com Jesus, colocam seus dons e talentos a serviço. Impossível enumerar todos os benefícios que ele tem proporcionado aos que se mantêm em constante sintonia. E isso é motivo de profunda alegria e gratidão. O processo de frutificação deve ser contínuo, permanente. Ainda que o aparecimento de ervas daninhas no jardim de nossa existência represente uma ameaça, permanecemos firmes, ligados à videira verdadeira, que nos leva a produzir bons frutos. Esses levam à eternidade. Pense nisso e viva feliz, frutificando de forma abençoada nos jardins de sua vida. Elsa Eneli Müller Janssen Presidente da Associação Nacional dos Grupos de OASE Florianópolis/SC Texto extraído do livro “Conversando com você”, 2012

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Arquivo OASE

M A R Ç O

Datas importantes 05 – Quarta-Feira de Cinzas 07 – Dia Mundial de Oração (DMO) 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/ SC 10 – 1557 – Primeiro culto evangélico no Brasil, Rio de Janeiro/RJ 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia da Pessoa com Deficiência Visual 19 – Dia da Escola 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS


MARÇO

MARÇO Jesus Cristo diz: Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos; se tiverdes amor uns aos outros. João 13.35

Meditação Ter amor, viver amor, distribuir amor

J

Arquivo OASE

esus Cristo diz: Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos; se tiverdes amor uns aos outros. (João 13.35) – Com essas palavras do novo mandamento Jesus prepara seus seguidores para sua despedida e ausência. Por meio de Moisés, Deus nos deu os dez mandamentos, para garantir uma boa convivência entre a humanidade. Pode surgir a pergunta: Para que mais um novo mandamento? Aconteceu durante o ensino confirmatório: Um famoso pregador estava conversando com as crianças quando um senhor simples e bem velhinho bateu na porta e entrou. Sentou-se no banco junto com as crianças. O pregador dirigiu-se ao Gudrun Braun visitante e perguntou: “Você sabe quantos mandamentos temos?” “Sim”, respondeu ele sem hesitar: “Onze!” Assustado o pregador deu um duro sermão ao visitante: “Você já ficou tão velho e vem me dizer que os mandamentos são onze, quando até as criancinhas sabem que são dez os mandamentos. Tenha vergonha perante essas crianças!” Sorridente o estranho respondeu: “O décimo primeiro mandamento é: Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros”. Afinal, o que significa esse novo mandamento, o mandamento do amor? Nele deveriam se fundamentar todos os outros mandamentos. Pois onde houver 27


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um amor sincero ao próximo, haverá um amor sincero a Deus. E onde houver um amor verdadeiro a Deus, haverá um amor verdadeiro ao próximo. Devemos fazer uma pequena retrospectiva para descobrir a razão desse novo mandamento. Nos versículos que antecedem, lemos sobre o lava-pés, texto muitas vezes usado na Quinta-Feira Santa e que visa à despedida de Jesus. Esse gesto, depois da Ceia, não demonstra fraqueza quando Jesus inverte o serviço. O mestre pegou o avental, a toalha e a bacia e lavou os pés dos discípulos. Com isso ele ensina: servir uns aos outros significa exercer diaconia. O avental, nós da OASE sabemos muito bem, é o símbolo do servir. Quantos aventais já foram usados na preparação dos almoços! Mas existem também aventais bem trabalhados, com rendas e bordados, para servir as refeições. Lembramos também das bandejas que os grupos centenários recebem. Não é simplesmente uma bandeja, mas um símbolo do nosso trabalho de servir e ser servido. Depois desse pequeno desvio, vamos voltar ao nosso texto. Todos nós conhecemos e cantamos com muito entusiasmo o hino “Glorificado”. No texto aparece, em dois versos, nada menos do que cinco vezes a palavra “glorificado”. Para nosso entendimento, glorificado tem a ver com alegria, sucesso, realização, louvor. Muito mais difícil, ou quase impossível, é dar glória em situações desfavoráveis. Muitas vezes perguntamos: Por que esta ou aquela pessoa precisa passar por tanto sofrimento, sendo uma pessoa com muita fé? É nesses momentos de sofrimento que somos desafiados a ter ainda mais fé em Deus, lembrando-nos dos grandes feitos d’Ele na nossa vida. Quando Jesus falou: “Agora foi glorificado o Filho do Homem”, ele já sabia da traição e quem era o traidor. Jesus previu o caminho do seu sofrimento quando falou: “Agora vos digo: para onde eu vou, vós não podeis ir”. Ele sabia do caminho para a cruz, e fez isso por amor, para a salvação da humanidade. Com certeza muitos conhecem a palavra: “Por meio do sofrimento vem a alegria”. Jesus viu, além da cruz e do sofrimento, a glória de Deus, por isso ele usou a palavra glorificado e nós, em gratidão, cantamos: “Glorioso dia já raiou, o mundo todo iluminou, pois triunfou o Redentor, vencendo noite, morte e dor. Aleluia”. Antes de acontecer tudo isso, porém, Jesus deu um legado para seus discípulos, chamando-os de “filhinhos”. Nessa palavra ele colocou todo o seu amor e carinho por eles, dizendo: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei, que também vós ameis uns aos outros”. Ter amor uns aos outros... Por isso devemos amar, em primeiro lugar, a Deus. Mas quando esse amor é fraco, menos amor ainda teremos ao próximo, e esse “desamor” causa toda a violência que vivemos diariamente. 28


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Ter amor, viver amor e distribuir amor. É por meio dessas nossas atitudes que os outros devem conhecer e sentir o amor de Deus. Um doente, no delírio da febre, só tinha um desejo: água. Mas por causa da sua doença, ele não podia tomar uma gota sequer de água. O mingau que foi oferecido, ele rejeitou. O colega do quarto perguntou se, em casa, ele tinha mulher e filhos. “Sim, e os amo muito: minha mulher, minha filha Rosa e meu filho Pedro”. O colega, sem cerimônia, pegou o prato, sentou na beira da cama e começou a servir, como as mães fazem com crianças pequenas: “Uma colher para tua esposa, uma para a Rosa e uma bem grande para o Pedro”. Assim o doente foi salvo. Mais tarde ele repetiu o gesto com outros doentes. Assim foi criada uma “correte de amor prático”. O autor do relato concluiu sua história com as palavras: “Tão simples é o maior dos mandamentos, o mandamento do amor”. Queremos colocar esse “novo mandamento” diariamente em prática, fundamentado na fé em Jesus Cristo, no amor a Deus, no amor mútuo e no serviço ao próximo. Assim o mundo saberá que somos filhas de Deus. Senhor, se tu me chamas, eu quero te ouvir. Se queres que eu te siga, respondo: “Eis-me aqui”. Os séculos passaram, não passou, porém, tua voz, que chama ainda hoje, que convida a te seguir. Há homens e mulheres que te amam mais que a si e dizem com firmeza: “Vê, Senhor, estou aqui”. HPD – vol. 2 – nº 413

Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ

Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios. Martin Luther King

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A educação faz a diferença Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. No que depender de vocês, façam todo o possível para viverem em paz com todas as pessoas. (Romanos 12.17-18) Os meios de comunicação modernos contribuem para que as notícias dos mais diferentes acontecimentos corram rapidamente o mundo. Há alguns anos, o que corria rápido era notícia ruim. E, em se falando nisso, o que mais se vê na maioria dos telejornais são notícias sobre acontecimentos e fatos desagradáveis. Fatos relatando situações de corrupção, violência, tragédias ambientais; crise na saúde pública também ocupa várias páginas nos jornais impressos. Quais as causas de tanta desgraça, violência, desrespeito à vida? Paga-se o mal com mal. Procura-se devolver na mesma moeda. Ninguém quer levar desaforo para casa. Mata-se por alguns trocados... A intolerância tomou conta. Fazendo uma rápida análise da realidade do trânsito nas estradas brasileiras, percebemos o quanto isso é verdadeiro: ofensas, palavrões, gestos obscenos, buzinas sendo acionadas de forma descontrolada... Motoristas fazendo manobras bruscas, dando “fechadas” no outro. A intolerância tomou conta. A legislação de trânsito cada vez mais rígida, multas cada vez mais onerosas aos bolsos dos infratores parecem não surtir o efeito desejado. O que há de errado? Por que não se respeita a vida do semelhante? Por que todas essas atitudes de intolerância? A sensação que vai ficando é que isso tudo que está acontecendo por aí é normal; faz parte da sociedade moderna! É o exemplo que estamos também repassando para as novas gerações. Mostra-nos isso a cena descrita por uma professora que teve que interferir na briga entre duas crianças. Contou ela que, entre lágrimas, uma das crianças disse: “A ‘fulana’ precisa me pedir desculpas!” Imediatamente a outra retrucou: “Eu não sei pedir desculpas. Eu só sei bater!” É lamentável, mas em geral apenas erguemos nossa bandeira de protesto quando somos atingidos diretamente por uma situação de intolerância. Como e onde a educação e a fé podem contribuir na transformação desse cenário? Em Romanos 12.17-18, o apóstolo Paulo se dirige aos cristãos da igreja de Roma, formada por judeus e pagãos convertidos. E segundo a teóloga me30


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xicana Elza Tamez, percebia-se na igreja claramente quatro grupos distintos conforme a observância da lei e de rituais do judaísmo. São eles: 1) os que exigiam a observância de toda a lei, incluindo a circuncisão; 2) os que não impunham a circuncisão, mas exigiam dos pagãos convertidos a prática de certas observâncias judaicas – a esse grupo pertencia Pedro e Tiago (e os cristãos de Jerusalém por seus laços estreitos); 3) os que não impunham a circuncisão nem a observância de leis alimentícias – entre eles estavam Paulo e Barnabé; 4) os que não impunham nem a circuncisão nem as observâncias alimentícias, tampouco se ligavam ao culto e às festas judaicas de significado permanente. Esses eram mais radicais do que Paulo em relação ao judaísmo. Portanto, apesar dos elogios que Paulo faz à igreja de Roma e à sua fé (1.8), a análise da extensa parte exortativa da carta (12-15.13) revela uma igreja longe de ser uma comunidade ideal devido às tensões entre a forte comunidade gentílico-cristã e a minoria judaico-cristã (14.1). E o que o apóstolo Paulo fez diante da situação conflituosa na igreja? Ele deu recomendações a respeito da conduta que um cristão deve ter a partir de sua fé: “Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. No que depender de vocês, façam todo o possível para viverem em paz com todas as pessoas”. Essas recomendações podem nos ajudar a reverter o quadro de intolerância que se percebe claramente na nossa realidade? Para dinamizar o encontro, sugiro introduzir o estudo com recortes de notícias publicadas em jornais ou revistas que apontem situações de intolerância, violência, na estrada e na vida. E para finalizar, igualmente se poderia apresentar recortes que apontam para aquilo que está sendo feito de concreto para reverter o quadro existente. Oração de São Francisco Senhor! Faça de mim um instrumento de tua paz. Senhor! Faça de mim um instrumento de teu amor. Onde há ódio, que eu leve o amor. Onde há ofensa, que eu leve o perdão. Onde há discórdia, que eu leve a união. Onde há dúvidas que eu leve a fé. Onde há erro, que eu leve a verdade. 31


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No desespero, que eu leve a esperança. Onde há tristeza, que eu leve a alegria. Onde há trevas, que eu leve a luz. Mestre! Faça que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado, pois é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna. Amém. Pastor Jair Nativo Scheer Quinot Estância Velha/RS

DIACONIA Assistência integral: Hospital Moinhos de Vento e OASE Desde que abriu suas portas, no dia 02 de outubro de 1927, sob a direção das diaconisas de confissão luterana, já se dizia que a Associação Hospitalar Moinhos de Vento (AHMV) – na época chamado de Hospital Alemão – prestava assistência e acolhimento a seus pacientes numa perspectiva integral. Assistência integral significa assistir o paciente em todas as suas necessidades: físicas, espirituais, sociais; assistir de forma holística, tentando enxergar todos os fatores que nos levam ao estado de bem-estar ou que podem influenciá-lo, assim como prestar um cuidado de qualidade. Assistir em sua essência nos faz lembrar Leonardo Boff, que diz: “Cuidado significa atitude de carinho, de dedicação, de solicitude, de atenção com o outro, assim como uma atitude de preocupação, de responsabilização, no qual há um envolvimento afetivo com o outro, além de este surgir quando a existência de alguém tiver importância para mim”.

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MARÇO

Devido ao vínculo histórico com a Casa Matriz de Diaconisas (CMD) e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), a AHMV preserva e zela pelos valores espirituais e pastorais, bem como procura cultivar e levar adiante, mediante uma assistência integral junto ao paciente, a tradição da Irmandade Luterana – outrora das Schwestern vindas da Alemanha – de cuidar/assistir o ser humano enfermo e internado, assim como os colaboradores e colaboradoras, de uma maneira integral. Nesse sentido, a equipe de clínica pastoral que atua na AHMV visa à prática do acolhimento incondicional, tendo em vista a espiritualidade de cada pessoa, o consolo pastoral diante do complexo processo de internação, bem como procura ir ao encontro de solicitações religiosas, ritos litúrgicos e atos sacramentais. Foram destacados aspectos fundamentais do Serviço Pastoral da AHMV e queremos também fazer uma reflexão sobre a OASE (Ordem das Senhoras Evangélicas da IECLB). A OASE, entre tantos outros trabalhos, tem na origem da sua história o acompanhamento e trabalhos específicos e efetivos junto aos hospitais ligados ou não à igreja. Ressaltamos que, desde os seus primórdios, a OASE tem prestado importante serviço aos hospitais com o auxílio de muitas mulheres que se preocupam e se ocupam em realizar visitas aos membros enfermos e impossibilitados de irem à igreja. Diante do sistema sociopolítico e econômico vigente, que faz com que as pessoas doentes muitas vezes não tenham, no hospital, um lençol ou uma roupa de cama limpa, a OASE recupera roupas de cama, conserta lençóis, confecciona enxovais para bebês e faz campanhas para a aquisição do material que falta. Campanhas são realizadas para a compra de cobertores, fraldas descartáveis, entre tantos outros materiais necessários para o bem-estar da pessoa enferma. É valioso saber que a OASE desenvolve seus trabalhos visando alcançar os objetivos com alegria, demonstrando fé e dando seu testemunho e serviço também aos hospitais que necessitam de auxílio, visando principalmente à preservação da dignidade humana. Assim pastoral e OASE trabalham para a construção do bem-estar, da valorização do ser humano e edificando o amor ao próximo. Diaconisas Tatiana Plautz Tevah e Marciana Ittner Porto Alegre/RS

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER Sem medo de ser mulher Deixe-me ser eu? Mulher de coragem e de muita fé em Jesus Cristo e Deus Pai. Mulher que busca a vida e não a morte. Mulher capaz de ver o “novo dia” que ela própria vai gerando. Nunca sentir medo de ser mulher. Cruz, sinal de esperança. Palavra, eis o alimento do cotidiano. Profetismo, eis a ação contínua. Não me preocupando com o conflito, os muros vão caindo, o novo horizonte vai despontando, a luz brilhando mais forte, a mãe-terra sorrindo para tudo. Deixe-me ser eu, mulher de muito ânimo, amor a dar a alguém. Para o trabalho, refazer o caminho, sentir paz comigo mesma, amar o próximo, e o mais importante: ter o coração puro para amar você. Sem medo de ser mulher, sempre tendo uma palavra a dizer, cuidar de si mesma, ter tempo para viver a vida. Sem medo de ser mulher, nós juntas, companheiras, irmãs, comungando a vida, a luta, celebrando as vitórias de cada uma de nós, com falhas, com mágoas, com choro, com alegrias e tristezas. Nunca esquecendo de amar, e sempre ter muita fé em Deus Pai, para nunca sentirmos medo de ser MULHER! Fonte: A criativa, julho/98

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Arquivo OASE

Datas importantes 7 – Dia Mundial da Saúde 9-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE, em Curitiba/PR 13 – Domingo de Ramos 17 – 1521 – Lutero em Worms 18 – Sexta-Feira Santa 19 – Dia dos Povos Indígenas 20 – Páscoa 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero

A B R I L


ROTEIRO DA OASE 2014

ABRIL A vossa tristeza se converterá em alegria. João 16.20

Meditação Tristes, mas sobretudo alegres

U

Arquivo OASE

fa, Brasil... É com tristeza que começo a escrever este texto. Escuto as vozes da inconformidade do povo brasileiro. O povo... eu existo, eu sou pessoa, eu quero participar. Por que inconformados? Parecia que tudo ia tão bem! O povo quer melhorias na saúde, nas escolas, no seu cotidiano, igualdade no tratamento e mais respeito com as leis; está cansado da total falta de diálogo e de informações por parte do governo; as instituições federais, estaduais e municipais não têm eficiência, falta competência e ge- Helga Schünemann é coordenadora editorial do Roteiro da OASE rência; as classes emergentes exigem mais. Multidões de pessoas de todas as classes sociais foram às ruas por se sentirem reprimidas e clamam por justiça. A tristeza e consternação da atual situação política brasileira deixa o povo lastimoso e sombrio, sem perspectivas de um futuro melhor. O evangelista João (16.20), autêntico judeu, preocupado e profundamente religioso, dá outro enfoque quando diz: “A vossa tristeza se converterá em alegria”. São duas realidades: de tristeza e de alegria, até muito próximas, em momentos diferentes. Como exemplo, a mulher que está para dar à luz: ela fica triste e com medo à medida que a hora se aproxima, mas se esquece da dor e da tristeza depois de dar à luz.

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ABRIL

Falar de tristeza e alegria numa mesma frase; é dessa dupla realidade que Jesus fala. Não vê-lo significa tristeza; vê-lo significa alegria. Tristeza dos discípulos quando Jesus foi colocado no sepulcro, mas alegria quando saiu da sepultura. Pouco depois de sua ascensão, estava entre eles na forma do Espírito Santo, enviado por seu Pai. Essa é a alegria que ninguém pode tirar. Como esta mensagem alcança a nós brasileiros hoje, escutando as vozes da inconformidade? Inconformidade às vezes significa um novo começo. Essa é a grande oportunidade que Deus concede a cada um à medida que assume o caminho da verdade e da justiça. Essa é a nossa contribuição para o país, onde a justiça e a paz crescerão, movido pela educação que traz a evolução. Lutero diz: “A grandeza e a prosperidade de uma nação não dependem da abundância de suas rendas, nem da resistência de suas fortalezas, nem da beleza de seus edifícios, mas reside no número de cidadãos que dominam o conhecimento das tecnologias e de homens de boa reputação, cultos, patriotas e tementes a Deus”. Oração: Vem, Espírito de Deus, vem nos motivar; dá-nos tua força, vem nos encorajar; nosso povo procura justiça, diálogo e verdade, para poder viver em liberdade; que a vida nova seja baseada no ardor; e que a nossa mente sempre tenha mais amor. Amém. Helga Schünemann Panambi/RS

Mudanças na família O ser humano é um ser social Todas e todos nós pertencemos a diversos e diferentes grupos sociais: a família, o grupo de OASE, a comunidade de fé, o grupo de amigas que se reúne para bordar, o grupo que torce pelo mesmo time, associações e assim por diante. Dificilmente encontramos alguém que viva isolado e que não tenha algum grupo de pertença. O ser humano é um ser social e sociável. Isso é um fato. Mas talvez nem sempre tenha sido assim. Ao longo da história da humanidade houve formas variadas de sobrevivência e organização humana. As relações do ser humano com o seu ambiente de vida mudaram no decorrer de 37


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sua existência. Possivelmente, em tempos primordiais e remotos, o ser humano tenha vivido de um modo mais isolado. Entretanto, a partir das necessidades de sobrevivência, buscou formas de agrupamento e resistência a adversidades de seu meio. Assim o ser humano foi se tornando um ser cada vez mais social, ou seja, que vive em sociedade – em associação com outros seres humanos. Diferentes tipos e formas de sociedade Diferentes tipos e formas de sociedade humana já existiram. No contexto bíblico, por exemplo, é falado da existência de tribos ou clãs. Trata-se de um modo próprio de organização social humana. Já em nosso tempo e contexto, dificilmente falamos em tribos ou clãs. Nossa referência básica de organização é a família – ou ainda é a família. A organização social em família, e com determinada forma de família, é própria de uma sociedade específica. Quer dizer, vivemos numa sociedade bem específica, que busca cultivar valores específicos, diferentes de outras sociedades em outros contextos culturais. Os valores observados na nossa sociedade levam aos tipos e formas de organização que conhecemos. Contudo, sabemos que essas formas de organização não são estáticas, mas dinâmicas. Ou seja, acontecem mudanças, ora mais intensas ora menos. As sociedades estão em mudança Em nosso meio, não é difícil encontrar pessoas que lamentam acerca do mundo atual, dizendo que “em outro tempo não era assim”. Com certeza, não era assim e nunca mais será assim como foi. A mudança de costumes, tradições, tipos e formas de organização social faz parte da dinâmica da humanidade. À medida que surgem novas necessidades, o ser humano vai se adaptando e formulando, conscientemente ou não, novos modos de ser e existir. As sociedades estão em mudança permanente e desde sempre tem sido assim, apesar de nossa impressão ser outra. Como vivemos o tempo atual, pensamos que é apenas o “nosso mundo” que está mudando tanto. É claro que atualmente há mudanças que parecem acontecer com uma velocidade maior. Mas certamente pequenas mudanças nas sociedades de outro tempo também tinham certo grau de resistência em sua assimilação. Pode-se dizer que o mundo muda, sempre mudou e sempre vai mudar. Isso é parte de sua própria dinâmica. As instituições sociais estão em permanente mudança Diante disso, é fundamental que haja consciência de que as instituições que fazem parte de uma sociedade também mudam. Algumas dessas institui38


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ções até deixam de existir. E isso não é necessariamente ruim. Isso significa que cumpriram um papel histórico e abriram espaço para uma nova forma de organização social se impor. De forma bem concreta, sabemos quantas mudanças têm ocorrido em instituições da sociedade em que estamos. Temos exemplos de clubes, de sociedades, de bandas, de grupos que existiram no tempo dos antepassados e agora estão mudados ou simplesmente nem existem mais. Mudanças semelhantes percebemos nas igrejas, em nossa igreja, como também em nossas famílias. Tanto a igreja como a família são instituições dessa sociedade em mudança permanente. As famílias têm se transformado Sentimos especialmente as mudanças na instituição social chamada família. Para muitas pessoas, a família – com papai, mamãe, filhos e filhas – é tida como a instituição mais natural de uma sociedade. É claro que essa forma de organização familiar vem de longa data. Por isso até parece ser uma instituição divina e que, portanto, não poderia nem deveria mudar. O que é fato constatável em qualquer dos contextos em que vivemos é que há mudanças variadas em curso no âmbito da família. A composição, o “comando”, a função e as tarefas projetadas como próprias à instituição social chamada família têm passado por transformações profundas. Isso tem a ver com questões positivas que nossa sociedade tem alcançado. Por exemplo, os direitos individuais e sociais têm sido ampliados. Tanto homens como mulheres têm acesso ao trabalho remunerado. Passou a ser dever do Estado possibilitar o pleno acesso de crianças a creches e escolas. Evidentemente que isso tem reflexo nas formas costumeiras e tradicionais em que a família existia e estava organizada. Por consequência isso também reflete na igreja e seus grupos. Mudanças em nossas próprias famílias Diante disso, podemos olhar para nossas próprias famílias e nos perguntar: Como percebemos essas mudanças em nossas próprias famílias? Quais atitudes tomamos em meio a mudanças? Quando se faz necessário ser voz profética, seja em meio à conformação seja em meio às mudanças?

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Como podemos compreender a palavra que diz: “É melhor comer um pedaço de pão seco, tendo paz de espírito, do que ter um banquete numa casa cheia de brigas” (Provérbios 17.1)? Como podemos compreender a palavra que diz: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele” (Romanos 12.2)? Pastora Elke Doehl Pastor Claudir Burmann Massaranduba/SC

PÁSCOA Teatro de Páscoa Cenário: O ambiente retrata a tumba vazia. Algumas pedras, uma árvore e um túmulo vazio. Várias mulheres, vestidas com túnicas e mantos da época, encontram-se sentadas e paradas ao redor do túmulo. São as mulheres que acompanharam Jesus em seu ministério. Algumas trazem nas mãos frascos com perfumes e óleos. Elas são, entre outras: Maria Madalena, Joana, Maria a mãe de Jesus e a mãe de Jacó. Todas estão muito tristes, algumas choram, se abraçam. A mãe de Jesus está mais afastada do grupo e cobre o rosto com as mãos. De repente, aparece uma mulher na cena vestida normalmente (Narradora) e, ao ver a tristeza daquelas mulheres, pergunta: NARRADORA: O que está acontecendo, mulheres de Jerusalém, por que vocês estão chorando? MÃE DE JACÓ: Como podes perguntar isso? Não sabes o que aconteceu? Não vês? Este é o túmulo de Jesus, que foi crucificado três dias atrás. NARRADORA: Sim, sim, eu conheço a história, mas o que está acontecendo agora? JOANA: Não estás vendo, mulher? O túmulo está vazio! Ele não está mais aí, o nosso Senhor, quem será que o levou? Onde estará? Onde estará? Já perguntamos a várias pessoas, mas ninguém sabe nos responder. 40


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MARIA MADALENA: E nós viemos com muita vontade para preparar seu corpo, como sempre foi nosso costume. Olha... trouxemos óleos, perfumes preciosos! Procuramos pela cidade inteira para encontrar as melhores espécies aromáticas, as mais raras! Tudo ainda pareceu pouco para nosso Senhor! MÃE DE JACÓ: É uma dor tão grande! Ele sofreu tanto na cruz! Seu rosto, seu corpo foi tão maltratado. Como gostaríamos de tê-lo aqui agora para honrá-lo como ele merece. Mas agora é tarde, ele já não está mais entre nós! NARRADORA: Bom, mas não se entristeçam tanto. Vocês não conhecem o final da história? Jesus ressuscitou no terceiro dia. Ele está vivo! Vocês não lembram que ele anunciou isso muitas vezes? VOZ DO ANJO: Por que vocês estão buscando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui, ele ressuscitou. Lembrem-se do que ele anunciou enquanto estava com vocês. Ele vai à frente de vocês para Galileia. MARIA, MÃE DE JESUS: (Levanta-se lentamente e põe seus braços sobre os ombros delas e lhes diz:) É verdade, é verdade! Talvez a dor nos anestesiou de tal maneira que esquecemos disto: Jesus está vivo! Glória a Deus, nosso Senhor! (As mulheres então começam a se dispersar em meio ao público e entra em cena uma mulher com um pequeno frasco quebrado e destampado nas mãos.) MARIA DE BETÂNIA: (Chega à frente e se ajoelha.) Oh, Senhor Jesus! Que grande privilégio eu tive de poder ungir-te em vida! Derramar o precioso óleo sobre teus pés e enxugá-los com meus cabelos. Ainda sinto em minhas mãos o aroma de nardo. Assim como eu o derramei em tua presença, assim quero hoje derramar minha vida diante de ti para seguir-te e servir-te como o fiz quando estive em tua presença. Minha alma está em paz e meu coração repousa em tranquilidade, pois pude adorar-te e honrar-te a tempo. NARRADORA: Quantas vezes foi tarde em nossa vida para servir ao Senhor e adorá-lo. Quantas vezes esperamos muito para obedecer-lhe e a oportunidade passou a nosso lado sem podermos aproveitá-la. Quantas vezes durante o nosso dia perdemos outras oportunidades quando deixamos para mais tarde a oração e a leitura da Palavra. Que o exemplo dessas mulheres nos faça lembrar sempre que HOJE é nossa oportunidade de servir, de viver em comunhão e de adorar. Não deixemos para depois. Pastora Vera Regina Waskow Extraído de: Celebrar Páscoa em família e comunidade. São Leopoldo: Sinodal, 2008. p. 70-71.

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DECORAÇÃO Coelho de toalha Material: Toalha, elástico, fita de cetim, olhos, carinha de coelho e cola branca ou cola quente (só um pouquinho). Obs.: Sugere-se usar toalha de rosto. Há dois jeitos de fazer o coelho: deixar na horizontal ou vertical. O jeito de confeccionar é o mesmo. Passo a passo:

Fig. 1 – Imagine uma linha passando na diagonal da toalha. Enrole as pontas até o meio. Fig. 2 – Dobre a toalha enrolada ao meio, aproximando as extremidades. Fig. 3 – Passe o elástico prendendo para fazer a cabeça e as orelhas. 42


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Fig. 4 – O coelhinho está pronto! Agora é só colar os olhos e fazer acabamento com a fita de cetim. Colocar um cartãozinho. Dentro do corpo do coelhinho um ovo de chocolate, bombom ou casquinha com amendoim doce. Por que toalha? Lembramos que Jesus pega a toalha e a bacia para lavar os pés dos seus discípulos (João 13.1-17). Seu ato de assumir um papel de servo demonstra humildade, entrega. Como a cruz é o símbolo da submissão, assim a toalha é o símbolo do serviço (diaconia). Usamos para enxugar, limpar, secar, cuidar de si próprio e do outro e presentear (coelho toalha). Diácona Telma Merinha Kramer Conventos, Lajeado/RS

PARE E PENSE Amar e perdoar O que é mais importante? Perdoar ou pedir perdão? Quem pede perdão mostra que ainda crê no amor. Quem perdoa mostra que ainda existe amor para quem crê. Mas não importa saber qual das coisas é mais. É sempre importante saber que perdoar é o modo mais sublime de crescer, e pedir perdão é o modo mais sublime de se levantar... O que é mais: amar ou ser amado? Amar significa tudo aquilo que todo mundo deve. Ser amado significa tudo aquilo que todo mundo deseja. Mas não importa qual das duas coisas é mais. E sempre importa saber que ninguém pode querer amar sem se esquecer. E ninguém pode querer ser amado sem se lembrar de todos... O que é mais: abrir a porta ou abrir o coração? Quem abre a porta mostra que vai receber alguém. Quem abre o coração não quer que ninguém fique de fora. Mas não importa saber qual das duas coisas é mais. 43


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E sempre importa saber que abrir a porta é o modo mais delicado de ser bom. E abrir o coração é o modo divino de amar... O que é mais: ir à lua ou ficar na terra? Quem vai à lua vê mais um tanto de tudo que Deus fez. Quem fica na terra vê mais um tanto que o ser humano pode. Mas não importa saber qual das duas coisas é mais. E sempre importa saber que quem vai à lua deve voltar à terra. E quem fica na terra deve ir aos outros... O que é mais: dar ou estender as mãos? Quem dá mostra que se despoja de alguma coisa. Quem estende as mãos mostra que quer alcançar alguém. Mas não importa saber qual das duas coisas é mais. Dar é um gesto de bondade. E estender as mãos é um gesto de bondade que sublima... O que é mais: levar rosas ou enxugar lágrimas? Quem leva rosas mostra que se lembrou de alguém na felicidade. Quem enxuga lágrimas mostra que não se esqueceu de alguém na infelicidade. Mas não importa saber qual das duas coisas é mais. E sempre importa saber que levar rosas é um gesto de amor que todo o mundo faz, e enxugar lágrimas é um gesto que só o amor faz a todo mundo! Letícia Thompson Extraído de: Voz Missionária 82 Enviado por Iris Butzke Blumenau/SC

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Datas importantes 01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da 1ª Comunidade Evangélica do Brasil, Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 11 – Dia das Mães 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, na Europa 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE 29 – Ascensão do Senhor

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MAIO Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo. Gálatas 3.28

Meditação Unidade na diferença

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Arquivo OASE

odos os povos disputam Jesus Cristo. Diferentes raças, etnias, culturas procuraram e procuram prender Jesus ao seu próprio jeito de viver. Para judeus, ele deveria ser só judeu. Para os gregos, ele deveria ser só grego. Para os capitalistas, ele deveria ser só capitalista. Para os socialistas, ele deveria ser só socialista. Para os pentecostais, ele deveria ser só pentecostal. Para os brancos, ele deveria ser só branco. Para os asiáticos, ele deveria ser só asiático. Para os negros, ele deveria ser só negro. No entanto, nenhuma cultura conseguiu prender Jesus. Está livre e liberta todas as pessoas que nele confiam. Jesus é filho de Deus, liberto e libertador. Ele está em todas as Leda Witter culturas. Incultura-se nas diferentes realidades, salva as pessoas e as conduz ao governo de Deus. Por um lado, nenhuma cultura prendeu Jesus. Por outro lado, Jesus amou e ama as pessoas ali onde elas se encontram, na sua própria cultura. Deus é comunhão. Deus é viver em comunidade. Para Deus não tem divisão nenhuma. Penso que uma das muitas dificuldades que temos nas nossas 46


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comunidades é que nós desejamos divisões. E nisso precisamos melhorar muito, para podermos viver comunhão sob o governo de Deus. Se perguntar no início de um culto: Quem de fato governa a vida das pessoas? As pessoas vão olhar com espanto. Não sei o que passou na cabeça de cada pessoa, mas, pelo seu jeito de olhar e sua expressão, estranharam que as fiz pensar sobre uma coisa que está tão clara e certa, ou seja, é Deus quem governa a vida das pessoas. Não tenho nenhuma dúvida de que é Deus quem está presente sempre na vida, quer seja ela boa ou ruim. Mas penso que as pessoas achavam que eu deveria dizer isso para elas, e não pedir que elas pensassem e me dissessem. No culto, a pessoas vão para ouvir o pastor ou a pastora dizer o que é certo e o que é errado. Então, será mesmo que as pessoas vivem no governo de Deus? Será mesmo? Será? O apóstolo Paulo estava certo de que a comunidade de Gálatas havia entendido tudo direitinho sobre a salvação por graça e fé. Que foram libertados pela ação de Jesus. Santificados no discipulado pela palavra e pelo Espírito Santo. Mas, apesar de muito ensino com amor, convivência e comunhão, percebeu que os gálatas ainda estavam presos à lei, às recompensas, às divisões de etnias, de sexo, cor, posição social. Gostariam que em sua comunidade as divisões fossem normais e naturais. E que cada um soubesse seu lugar na comunidade das separações. O apóstolo Paulo lhes interrogou: Por intermédio de quem vocês receberam o Espírito Santo? Foi pelas obras da lei ou pela pregação da fé? A palavra que está sendo pregada esclarece que é pela fé que receberam o Espírito. E todas as pessoas são filhos e filhas de Deus mediante a fé em Jesus Cristo. Dessa maneira todas são herdeiras da promessa de Deus. No Batismo em Cristo Jesus somos revestidos de Cristo. Agora, na nova vida em Cristo não há mais diferença. Portanto não pode mais haver diferença no corpo. O que vale não são as culturas, as etnias, as raças, as classes, a riqueza, os sexos ou a pobreza. O que dá valor às pessoas é o fato de todas serem revestidas de Cristo e herdeiras segundo a promessa. Voltemos à pergunta: Quem governa a nossa vida? É Deus. No entanto, muitas vezes agimos como se Deus não governasse a nossa vida. E organizamos grupos e comunidades separadas, divididas, competindo entre si. Devemos nos perguntar, com sinceridade e honestidade: O governo é de Deus, que nos une e cria comunhão, ou é de nossos preconceitos e competições, que nos dividem?

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Que bom. Podemos confiar em Deus, que nos une e nos reveste de comunhão. Não precisa haver separações e competições, porque todos somos um em Cristo Jesus. Convido para vivermos essa nova realidade do governo de Deus, sendo obedientes ao seu chamado de viver em comunhão. Leda e Teobaldo Witter Cuiabá/MT

O que é essencial? O que e de que forma festejamos? “Cantai ao Senhor, alegrem-se na presença de Deus” (Salmo 100). Essa é a motivação para juntar gente querida e comemorar momentos importantes da nossa vida. Ou deveria ser! Algo que é muito simples: acolher, festejar, alegrar-se, está sendo “profissionalizado” de tal maneira que parece ficar cada vez mais complicado e difícil. Atualmente é possível comemorar em grande estilo: com decorações lindas, cardápios caros, belas roupas. Até as motivações acabam sendo padronizadas. Chega-se a um patamar que faz pensar que se não é possível assim, não há como comemorar praticamente nada. Essa realidade alcança os aniversários, casamentos, batismos, confirmações, formaturas e até mesmo conquistas diárias. Por falta de condições financeiras para acompanhar o que a sociedade ou o meio impõe, muitas vezes se deixa de comemorar. E mais ainda, chegou-se ao extremo de que as comemorações vêm atreladas a “obrigações” ou “deveres”: – Já fui convidado por tal pessoa ou tal família e agora tenho a obrigação de fazer uma festa e convidá-los também. Ou: – Gostaria muito de ir à festa da família tal, então vou convidá-los para minha e então terão a obrigação de me convidar também! Pensando em tudo isso, percebo que situações que deveriam trazer grande alegria e comemoração têm trazido muitas tristezas e decepções. A parábola que Jesus conta em Lucas 14.7-12 (ler o texto) fala de humildade, de buscar alegrar-se com o que se tem. Não é questão de criticar ou desvalorizar quem pode realizar uma festa mais requintada. É refletir sobre a necessidade de ser assim para que haja comemoração. 48


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Lembro muitas histórias que ouvi de idosos contando das festas do seu tempo: debaixo dos galpões, das lonas ou de barracas de coqueiro, onde se dançava de levantar poeira e a alegria ia até o clarear do dia. Era festa que se tornava brincadeira saudável, para a família toda. Onde cada um ajudava a servir, a preparar, não precisava de garçom ou cerimonialista. Isso não é um saudosismo do tempo que passou, mas é um olhar para trás e ver que era possível ser feliz com bem menos do que se pressupõe nos dias atuais. Hoje se deixa de festejar coisas muito importantes porque não é possível fazer como se gostaria. Vejo pessoas que não casam ou batizam seus filhos porque não podem pagar uma festa. A festa é a bênção de Deus na nossa vida, é saber que podemos contar com ele todos os dias e que ele nos convida a enxergar as bem-aventuranças, sendo grato por elas. Comemorar é estar com amigos e amigas e gente querida, partilhando o que se tem, independente de ser um churrasco, um cardápio mais elaborado ou uma simples confraternização onde cada um traz um prato para repartir. O que precisa voltar a ocupar o centro das atenções é o motivo que nos reúne. O mesmo ainda vale para comemorações cristãs. Atualmente estamos tão preocupados em fazer uma bela ceia natalina, preparar um rodízio de peixe para a Sexta-Feira Santa ou aquele almoço de Páscoa e acabamos não encontrando tempo para ir à igreja louvar a Deus pelo seu feito em nosso benefício. Não deixe que os detalhes sejam mais importantes do que o motivo. Trago uma lenda, de autor desconhecido, para ajudar a refletir: Conta a lenda que certa mulher pobre com uma criança no colo, passando diante de uma caverna, escutou uma voz misteriosa que lá dentro lhe dizia: – Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não se esqueça do principal. Lembre-se, porém, de uma coisa: Depois que você sair, a porta se fechará para sempre. Portanto aproveite a oportunidade, mas não se esqueça do principal. A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas joias, pôs a criança no chão e começou a juntar, ansiosamente, tudo o que podia no seu avental. A voz misteriosa falou novamente: – Você só tem oito minutos.

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Esgotados os oito minutos, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas correu para fora da caverna e a porta se fechou. Lembrou-se, então, que a criança ficara lá e a porta estava fechada para sempre! A riqueza durou pouco e o desespero, para sempre. Ainda: Convidado por um governador inglês para uma festa, Mahatma Gandhi chegou com suas vestes habituais, mas os criados não o deixaram entrar. Ele retornou imediatamente para sua casa e enviou, por mensageiro, um pacote endereçado ao governador. O governador ligou para a casa dele e perguntou-lhe o significado do embrulho. O sábio Gandhi respondeu: “Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale, eu lhe envio o meu terno”. O convite de Jesus é que possamos perceber alegria na vida, comemorar sem pretensões ou ambições, mas acima de tudo alegrar-se com os convites recebidos, sem fazer deles motivo de orgulho ou exibicionismo. Exaltemos a palavra do Senhor que nos diz: “Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmo 106.1). Pastora Adriana Lorenz Cassen Ijuí/RS

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DIA DAS MÃES Oração pelas mães OBSERVAÇÃO: Esta oração pode ser lida como jogral. 1 – Senhor, oro em primeiro lugar, por minha mãe. Ela é vida que me gerou. Ela é guia de meus passos, é amparo desde que nasci, sempre foi guerreira incansável na ajuda da manutenção do lar. Ela me ensinou a te honrar e te respeitar. Ela é a mulher mais generosa que conheço. 2 – Oro pela mãe que é agricultora. Que além do trabalho da casa tem tantas atividades fora de seu lar. Mas ainda tira tempo para assumir tarefas na igreja, comunidade e OASE. Ela tem as mãos ásperas do trabalho pesado, mas seu coração é cheio de ternura, bondade e dedicação. 1 – Oro pela mãe idosa. Ela é chamada de Nona, Vó, Bisa, Oma e Vovó. Ela é um tesouro de fé, de lutas, de esperanças. É conselheira, confidente e amiga. 2 – Oro pela mãe adotiva. Pela adoção é uma mãe generosa. Ela nos ensina a servir e amar. 1 – Oro pela mãe sozinha, que teve a coragem de assumir a maternidade e dizer sim à vida em seu ventre. Ela é mãe e pai. 2 – Oro pela mãe abandonada. A mulher que foi abandonada pelo marido e assumiu o papel de pai e mãe. Lutando para sustentar e educar os filhos. 1 – Oro pela mãe que tem seu filho nos vícios. Que ela tenha fé e perseverança, que a oração seja seu maior consolo. Que encontre na família a ajuda necessária para vencer e ajudar seu filho. Seja sábia em buscar na ciência médica o tratamento adequado para ajudar seu filho. 2 – Oro pela mãe viúva. Muitas vezes luta, trabalha, ora, chora, quantas vezes solitária, mas sempre persistente no ensino dos filhos. 1 – Oro pela mãe professora, que gera nas escolas novos filhos e filhas e faz a experiência da maternidade cultural. 2 – Oro pela mãe catequista, missionária, diácona e pastora. São mães que cuidam dos filhos de outras mães. Usa-as como instrumento de bênção e reconciliação. 1 – Oro pela mãe que tem seu filho encarcerado. Dê a ela a sabedoria necessária para enfrentar a situação. Conforta seu coração dolorido e anima através do teu amor. 2 – Oro pelo pai que juntamente com a mulher cuida, educa, ora e ensina seus filhos de acordo com os valores cristãos. 51


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1 – Oro a ti, Senhor, porque o teu amor nos alcança a cada nova manhã. Consola e alegra, renova a fé e a esperança em nossos lares, tu tens o coração de pai e mãe: Deus disse: “Mas fui eu que ensinei o meu povo a andar: eu os segurei nos meus braços, porém eles não sabiam que era eu que cuidava deles. Com laços de amor e carinho, eu os trouxe para perto de mim; eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhes dei de comer” (Oseias 11.3-4). Pastora Jaqueline Michel Piazza Getúlio Vargas/RS Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor, pela mãe que você me deu... ...por todas as mães do mundo ...pelas mães brancas, de pele alvinha ...pelas pardas, morenas ou bem pretinhas ...pelas ricas e pelas pobrezinhas ...pelas mães titias, pelas mães vovós ...pelas madrastas mães ...pelas professoras mães ...pela mãe que embala ao colo o filho que não é seu ...pela saudade querida da mãe que já partiu ...pelo amor latente em todas as mulheres, que desperta ao sentir desabrochar em si uma nova vida ...pelo amor, maravilhoso amor que une mães e filhos. Eu lhe agradeço, senhor!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. Carlos Drummond de Andrade

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MAIO

RECEITA Bolo de cenoura Ingredientes da massa: 3 xícaras de cenoura ralada em ralo grosso (330g) 2 xícaras de farinha de trigo (250g) 2 xícaras de açúcar (400g) 2 colheres (de chá) de bicarbonato de sódio 1 colher (de chá) de fermento 1/2 colher (de chá) de sal 2 colheres (de chá) de canela em pó 4 ovos 1 xícara de óleo vegetal (azeite) 1 e 1/2 colher (de chá) de essência de baunilha 200g de abacaxi em calda (só o abacaxi, sem a calda), batido no liquidificador (creme) 1/4 xícara de nozes picadas (90g) Cobertura: 1 xícara de açúcar (200g) 1 pote de cream cheese, o melhor é o Philadelphia® 1/2 xícara de manteiga sem sal 1 colher (de chá) de essência de baunilha ou substituir por açúcar de baunilha 1 xícara de nozes picadas (ou a gosto) Modo de fazer: Massa: Misture as cenouras raladas, farinha, açúcar, fermento, bicarbonato, sal e canela. Acrescente os ovos, óleo, baunilha, abacaxi e as nozes picadas. Coloque numa forma untada e enfarinhada: a receita é grande e então a forma deve ser grande também. A massa é bem líquida mesmo. Asse em forno pré-aquecido por 30 a 40 minutos, ou até o palito sair seco. Deixe esfriar. Cobertura: Bata os ingredientes, menos as nozes, numa bacia e vá mexendo até ficar uma mistura macia ou uniforme. Espalhe no bolo já frio e salpique com as nozes. Helga Schünemann Panambi/RS 53


Arquivo OASE

J U N H O

Datas importantes 04 – 1743 – 1ª Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 08 – Pentecostes 10 – Dia do Pastor/da Pastora 11 – 1948 – Fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo


JUNHO

JUNHO O fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Gálatas 5.22-23a

Meditação O amor derrete corações de pedra

V

ocê sabia que a maneira como reagimos em cada situação é uma escolha? Cada um de nós tem atitudes que são desenvolvidas em nosso dia a dia. Por meio da palavra semeada o Espírito Santo age em nosso caráter, produzindo mudanças no jeito de ser e agir, fazendo surgir novas qualidades. Nós falamos sobre o amor, nós cantamos sobre isso. Buscamos e desejamos o amor. Deus nos diz para amar até os nossos inimigos. Como podemos amar alguém que não é amável conosco? O amor nos desafia, ele nos amedronta e nos abraça. Finalmente é só o amor de Deus que pode mudar e nos transformar em pessoas que amam até seus inimigos. Somente o amor pode especificamente ir de encontro às necessidades da nossa época terrível. O amor derrete os corações de pedra. A alegria toca a parte mais profunda desse coração. Nós precisamos de alegria e o nosso mundo precisa de pessoas salvas que evidenciam o fruto da alegria. Quando Jesus sofreu, sangrou, morreu e ressuscitou, ele nos deu as palavras mais libertadoras para o espírito da humanidade: “A paz esteja com vocês” (Lucas 24.36). Ele é o nosso Príncipe da Paz! Paz na solidão, paz na provisão, paz na tempestade, paz na espera, paz em meio às lágrimas. Uma pessoa que frequentemente vê as falhas dos outros, julgando-as, sofre emoções que arruínam a paz de sua mente. Primeiro precisamos ter a paz com Deus para experimentar a paz de Deus. Paciência é inspirada por misericórdia, que significa perseverar e permanecer, refere-se a uma qualidade de caráter. Benignidade, amabilidade e bondade são aspectos que se complementam no fruto do Espírito. Amabilidade é uma sensível preocupação com o outro, um 55


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desejo genuíno de tratar o outro gentilmente, assim como o Senhor nos trata. É a graça que permeia toda a natureza, acalma tudo o que possa ser áspero e rígido. Em outras palavras, amabilidade é um coração sensível e um espírito que estimula. Nós vivemos em um mundo repleto de pessoas que não conseguem fazer distinções. Elas competem entre si, elas temem que dando, perderão algo. Elas sentem que, se não lutarem por seus direitos, serão passadas para trás. Mansidão descreve-se como uma entrega completa à vontade de Deus em nossa vida. Não podemos compreender a mansidão sem olhar para seus importantes componentes: submissão, humildade, ser sensível e ter a capacidade de ensinar. A característica final é o domínio próprio. Qualquer homem ou mulher é um poderoso guerreiro se tiver domínio próprio. Somente através do domínio próprio desenvolvido pelo Espírito Santo é que podemos completar a promessa de Jesus: “E conhecerão a verdade e a verdade os libertará” (João 8.32). Que maravilhoso seria se salvação e domínio próprio fossem simultâneos, mas não são. A luta de pessoas cristãs por domínio próprio é contínua, mas – louve a Deus – ele faz isso acessível e possível. Você pode mudar sua atitude e comportamento, mas primeiro deve mudar seus pensamentos e palavras. E para isso você precisa da ajuda do Espírito de Deus. Para refletir: Sugestão: Reservar 15 minutos para diálogo em pequenos grupos. Depois, juntar os grupos e ouvir os testemunhos. Em que área você não está sendo pacificadora? Com quem você não exerce a paciência? Você se deixa ensinar, educar, instruir e dirigir? Como tem tido domínio próprio em sua vida?

Arnilda Rück Rio do Sul/SC

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JUNHO

A copa da salvação Eloy Teckemeier/Revista Novolhar Já que estamos numa grande euforia pelo fato do Brasil sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014, somos convidadas a brincar com jogos cooperativos. Proponho um velho jogo, talvez já conhecido por todas, que algumas pessoas chamam de “dança das cadeiras”. Sentem-se em círculo, com uma cadeira a menos do que o número de pessoas. Ao fundo, uma música estimula as pessoas a caminharem em volta das cadeiras. Quando a coordenadora parar a música, todas sentam. Quem não conseguiu lugar deverá ser excluída do grupo. Repitam a dinâmica até que somente uma participante consiga permanecer sentada na única cadeira restante. Temos assim a lógica da exclusão, Pastor Prof. Dr. Oneide Bobsin é reitor da Faculdades EST, em São como num reality show. Leopoldo/RS O mesmo jogo pode ser realizado com as regras da inclusão. Agora, em vez de excluir a pessoa que não conseguiu sentar, exclua uma cadeira toda vez que a música for interrompida. O jogo fica mais animado e permite muita proximidade. As pessoas precisam repartir espaços e sentar umas no colo das outras. A solidariedade, neste caso, toma o lugar da exclusão e reconstrói a lógica e a dinâmica da brincadeira.

Nem vitórias nem derrotas Em nossos campeonatos esportivos somente um time sagra-se campeão, embora muitos participem. Certamente a seleção brasileira de futebol está sonhando com mais um título mundial, já que fomos cinco vezes campeões. Nas Olimpíadas das Escolas Evangélicas e de nossos grupos de jovens também são seguidas as regras do futebol, profissional ou amador. Ao término do torneio, apenas um time ganha a medalha ou a taça. Isso significa dizer que, neste caso, temos apenas um vencedor e muitos perdedores. Mas no passado e em outras partes do mundo as práticas esportivas não terminavam em vitórias ou derrotas. Um estudioso dos povos antigos descobriu 57


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que a humanidade sempre praticou esportes. Conforme um pensador francês, os indígenas da Nova Guiné aprenderam a jogar futebol com os brancos, mas não disputavam as partidas com o intuito de vencer, e sim de empatar. Jogavam várias partidas até que os times alcançassem o mesmo número de vitórias. No final, não havia ganhador ou perdedor. O mesmo pensador menciona outro povo em que há uma partida entre o time dos vivos e o que representa o morto. Naquela última partida, o time do morto sempre vencia. Com isso a alma dele poderia partir em paz para o outro mundo, onde se tornaria um protetor dos vivos. Dessa forma a ameaça da morte é aplacada com o placar que consagra o time do morto. Para nós parece estranha a disputa de jogos nos quais não há vitoriosos e derrotados, pois essa é a lógica que impera em nossas disputas diárias travadas na nossa sociedade, tão bem representada pelo programa global de enorme audiência Big Brother Brasil. No BBB, milhões de pessoas votam para eliminar alguém do jogo. Lembro-me de que anos atrás houve uma campanha para ajudar uma moça que ficou tetraplégica por causa de uma bala perdida. Seus pais e amigos fizeram uma campanha para ajudá-la. Mais de 500 mil pessoas fizeram ligações, ao passo que o BBB daquele ano recebeu mais de 12 milhões. Essa é a regra do jogo. Essas são as regras de nossos campeonatos. Muita exclusão e pouca solidariedade. Graças à Graça divina, o jogo da salvação mais se parece com os jogos antigos. Vejamos o que nos diz o apóstolo Paulo. Medalhas sem mérito O apóstolo Paulo conhecia muito bem as lutas e os esportes de sua época. Tanto que não temeu utilizar-se deles para falar de salvação. Será que Paulo faria o mesmo hoje? Como usar o futebol como exemplo se as torcidas organizadas se matam entre si? Como usar o exemplo dos esforços de cada atleta para alcançar o primeiro lugar quando o vitorioso ganha milhões e outros quase nada? Conferi o salário de um jogador de futebol profissional. Um grupo de OASE deveria fazer um chá por mês durante doze anos para reunir o que ele ganha em um mês. Paulo usaria o exemplo do futebol se soubesse que grandes clubes influenciam resultados dos jogos com dinheiro? Paulo buscaria nos esportes exemplos se soubesse que o futebol profissional é um ninho de corrupção? O apóstolo se inspiraria num esporte que cria ídolos que desorientam os jovens com seus comportamentos pouco éticos? Certamente não. Hoje ele buscaria outros exemplos. Por quê? 58


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Paulo se compara a um atleta que não mede esforços para não ser desclassificado, porque ele pediu que outros corressem também. Ele corre, mas não concorre; corre com os outros (1 Coríntios 9.23-27). Ao contrário de nossos atletas, Paulo sabe que todos que correm podem alcançar o prêmio, mas não pelos seus esforços. Em Filipenses 3.12-16, ele nos mostra que o jogo da salvação é totalmente diferente. A gente só alcança a vitória porque já foi alcançado por Jesus Cristo. Jesus correu na frente e nos garantiu a consagração antecipada. Nosso esforço não produz a coroa imperecível; apenas motiva outros a correrem. A copa/taça A Copa do Mundo assemelha-se a um cálice, que lembra a comunhão na mesa de Jesus. Mas as semelhanças se limitam aos aspectos físicos. No mundial de futebol, todas as seleções concorrerão, mas só uma será campeã; na copa da salvação todos participam sem concorrer. A copa é para todos que buscam o perdão para viver a solidariedade. Nos estádios pelo Brasil afora haverá competição entre os povos, já na copa de Jesus há comunhão entre as pessoas. Cientes da diferença, poderemos torcer pela seleção, mas com moderação. Pastor Prof. Dr. Oneide Bobsin São Leopoldo/RS

SAÚDE Pilates – para uma vida saudável O método Pilates é um programa de condicionamento físico e consciência mental praticado desde o início do século passado na Alemanha. O alemão Joseph H. Pilates, considerado revolucionário para a época, o criou com base em uma série de técnicas ocidentais e orientais. Desenvolveu para seus exercícios alguns princípios obrigatórios para executá-los, fundamentando-os no centro corporal, mais conhecido nesse método como Power House. Com exercícios bastante motivacionais e desafiadores realizados individualmente ou em grupos pequenos, o indivíduo que segue esse método tem a possibilidade de alcançar a 59


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funcionalidade corporal natural de seu organismo, bem como outros benefícios que visam à qualidade de vida e ao desempenho humano. Benefícios Divulgação Estimula a circulação, melhora o condicionamento físico geral, a flexibilidade, a amplitude muscular e o alinhamento postural adequado. Além disso, promove melhoras nos níveis de consciência corporal e melhora a coordenação motora. Todos esses benefícios citados ajudam a prevenir e reduzir uma futura lesão, proporcionando inclusive alívio de dores crônicas, ou seja, o método Pilates é particularmente utilizado para reabilitação de problemas de coluna. Ele fortalece, alonga e equilibra toda a musculatura que envolve a coluna vertebral, alinhando e descomprimindo tensões na mesma, ajudando a aliviar pinçamentos e compressões de discos. Essa descompressão facilita e estimula a circulação na região com problemas. Esse trabalho de estabilização da pelve e coluna, também, como acréscimo, ajuda a preparar a reabilitação de fraqueza muscular com maior eficiência. Este método tem sido utilizado com sucesso em reabilitação de complicações de joelhos, ombros, panturrilhas, em casos de acidentes automobilísticos, poliomielites, apoplexia, de pós-cirurgias, pré e pós-parto. Outros benefícios do Pilates são: postura firme; aumento da capacidade de concentração e felicidade nos movimentos para atividades da vida diária; aumento de força, flexibilidade e alongamento, eliminando dores posturais; corpo moldado e mente saudável. Este método de condicionamento corporal promove harmonia e balanço muscular em todas as idades, sem contraindicações, condicionando e energizando seu corpo através dos exercícios. Enviado por Arnilda Rück Rio do Sul/SC

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PARE E PENSE De que a fé é capaz? Estes, pela fé, conquistaram reinos, praticaram a justiça, viram se realizarem as promessas. (Hebreus 11.33) A fé em Cristo não transforma minha comida simples em iguarias, mas ela me leva a compartilhar o pouco que tenho com os pobres. A fé em Cristo não transforma minha cabana simples num palacete de luxo, mas ela me ajuda a ser feliz em minha cabana. A fé em Cristo não circunda minha cabeça com nenhuma auréola, mas ela me ergue e me purifica cada vez que caio. A fé em Cristo não me garante uma vida de cem anos, mas ela me encoraja a viver uma vida que dia a dia se torna útil a outros. A fé em Cristo não me eleva agora ao lugar onde vivem os anjos, mas ela traz Cristo ao meu coração. A fé em Cristo não me faz ser orgulhoso por poder crer; antes me torna humilde para receber a sua graça. A fé em Cristo não me resguarda do morrer, mas ela me dá a certeza da ressurreição e a comunhão dos santos. Senhor Jesus, eu te agradeço por poder crer em ti. Minha fé depende de ti, do começo até o fim. Fortalece a minha fé, para que eu possa testemunhar o que ela cria em mim. Amém. Johnson Gnanabaranam Extraído de: Senhor, renova-me. São Leopoldo: Sinodal, 1993. p. 14.

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Arquivo OASE

J U L H O

Datas importantes 01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa


JULHO

JULHO Estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória. Salmo 73.23-24

Meditação Caminhada

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Arquivo OASE primeiro versículo do Salmo 73 mostra a declaração da bondade e ação de Deus para com os que são limpos de coração, os que buscam Deus em sua Palavra, através da comunhão com os irmãos na fé e com Deus através da oração. O versículo 2 declara a posição do salmista: “Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés”. O salmista trava a luta com ele mesmo sobre o sucesso dos arrogantes e perversos; sua saúde física, sua vida sem aflições e preocupações, sua blasfêmia contra Deus e contra as pessoas. Ele ainda pensa se Deus tem conheci- Olga Kappel Roque mento de tudo isso. No versículo 11b lemos: “Acaso há conhecimento do Altíssimo?”. O salmista olha à sua volta e vê muitos entre o povo de Deus que sofriam grandes perdas e fica indignado, sofrido, triste e luta para manter firme sua fé em Deus. Mas nesse momento consegue suprimir seus maus pensamentos e vê como a graça e a fé prevalecem. Vê que a tentação da inveja e do descontentamento é muito dolorosa. Reflete sobre sua comunhão com Deus e declara: “Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória” (Salmo 73.23-24).

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ROTEIRO DA OASE 2014 Arquivo OASE Ele sabia: Deus o segura pela mão direita e o dirige em sua caminhada. Como uma criança pequena segura na mão de seu pai e confia nele por onde quer que vá, não se preocupa em meio ao perigo e ainda é ensinada pelo pai quanto às situações de vida, assim precisa ser nosso relacionamento com Deus. E o estudo de sua Palavra nos ensina o caminho e decisões a tomar. Os cultos, estudos Como uma criança segura na mão de seu pai, assim bíblicos e os grupos de OASE precisa ser nosso relacionamento com Deus nos oferecem esse crescimento, ajudam-nos a nos tornar melhores no conhecimento da vontade de Deus. Em meio à tentação, devemos atribuir a nossa segurança e vitória não à nossa própria sabedoria, mas à presença de Deus, por graça, que nos renova e fortalece dia a dia. Quantas vezes vivemos situações idênticas à do salmista: inveja e amargura tomam conta de nós, pois irmãos e irmãs se dão bem na vida, pessoas conseguem as coisas com facilidade, umas trabalham muito e ganham pouco dinheiro, enquanto outras ganham dinheiro com facilidade. E será que isso também não acontece dentro de nossas famílias, comunidades, e também nos grupos de OASE? Devemos parar um pouco e refletir sobre isso, olhar para dentro do nosso coração e ter a coragem de trazer para fora e acertar nossos pensamentos. Não podemos deixar que raiva e amargura tomem conta de nós, pois estragam nossa capacidade de pensar e meditar. Através do pecado todos nós nos distanciamos de Deus. Se continuarmos no pecado e professarmos que somos de Cristo, a nossa condenação será agravada. Se nos aproximarmos e nos mantermos próximos de Deus pela fé e oração, não faltarão motivos para sermos gratos a Deus. Ele nos segura pela mão direita e seus conselhos nos guiam. Reflitamos e tomemos nossa decisão de caminhar segurando na mão de Deus através de seus ensinamentos. Ele tem bênçãos sobre bênçãos para os que o buscam e andam em seus caminhos.

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JULHO

Bênçãos na nossa vida aqui na terra e na eternidade. Uma vida para sempre com Deus. Como o caminho do salmista, muito bem expressa a poesia Nova caminhada de Oscar Kappel: Início de uma nova caminhada, Tão esperada é; Ninguém a encontra, Se não se dispuser.

Mas Ele não te abandona Na angústia ou na dor. Não despreza e não condena, Ele mostra seu grande amor.

Na estrada da vida, Um alvo você tem; Finda a tua lida, Na esperança do além.

Na estrada da vida, Tão esperada é; Deus é quem te guia, Enquanto tiveres fé. Olga Kappel Roque Juiz de Fora/MG

Precisamos vencer Jornal O Caminho

Você possivelmente já ouviu frases do tipo: “Quero vencer na vida”, “Você nasceu para vencer”, “Você em primeiro lugar”. Tais frases fazem parte do cotidiano, são ditas em rodas de conversa, destacadas em revistas e em programas de TV. Afinal, quem não gostaria de vencer na vida? Vencer é, inclusive, um preceito bíblico. O livro do Apocalipse usa em muitas ocasiões a palavra “vencedor” (Apocalipse 2.7,11,26; 3.5,12,21; 21.7). Portanto, segundo a Bíblia, Pastor Dr. Emilio Voigt é assessor de precisamos vencer! Mas antes de sair por formação no Sínodo Vale do Itajaí/SC aí tentando vencer tudo e todos, cabe-nos responder uma perguntinha: O que significa vencer? 65


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É muito comum o entendimento de que vencer é chegar em primeiro lugar e que toda vitória pressupõe uma derrota. Nessa compreensão, quando uma pessoa ganha, as outras perdem. Se há dez pessoas nadando, pedalando ou correndo, apenas uma ganhará. Se há dez equipes competindo, somente uma será campeã. Quem chega em segundo, terceiro ou quarto lugar, logo cairá no esquecimento. Lembrada será a pessoa ou a equipe que chegou em primeiro lugar. Esse tipo de pensamento há no mundo dos esportes, da política, dos negócios e até em igrejas. É interessante como a compreensão de vitória é determinada por padrões materiais e individualistas. Dizer que alguém “venceu na vida” normalmente significa dizer que a pessoa conseguiu uma boa formação, um bom emprego, uma vida confortável. E quem é pobre ou não estudou seria, então, uma pessoa derrotada? Infelizmente vivemos em um mundo que se orienta por padrões de posse, eficiência, produção e consumo. O valor de uma pessoa muitas vezes é determinado pelo que ela tem e pelo que é capaz de comprar. Assim, quanto mais a pessoa possui, mais vitoriosa ela é. Não interessam os meios, pois o importante é chegar lá e fazer parte do clube dos vitoriosos. Quando a Bíblia fala em vencer, não está se referindo à prosperidade material ou a uma competição na qual algumas pessoas se dão bem, enquanto outras são derrotadas. A vitória que precisamos buscar é de outra natureza. No caso do livro do Apocalipse, as comunidades cristãs serão vencedoras à medida que mantiverem o testemunho de Jesus Cristo e resistirem ao mal. O mal é a única coisa que precisa ser derrotada. Vitória na Bíblia é a vitória do bem, conforme diz o apóstolo Paulo: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.21). Vencer é chegar em primeiro lugar, ser o primeiro. Mas, para a Bíblia, ser o primeiro não tem a mesma conotação que a sociedade costuma dar. Em Mateus 20.26, lemos: “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo”. Essas palavras foram ditas por Jesus porque parecia haver uma disputa entre os discípulos para ver quem era o maior e qual deles seria o primeiro no reino de Deus. Ao tentar garantir um lugar privilegiado no reino de Deus, os discípulos estavam reproduzindo os valores da sociedade. Jesus propõe uma inversão de valores. Enquanto a vitória do mundo está baseada em honra e riqueza, a grandeza no reino de Deus está baseada no serviço. Enquanto as pessoas querem subir, Jesus propõe descer. Enquanto as pessoas procuram os primeiros lugares, Jesus diz para ocupar os últimos. Portanto o padrão que guia a vida das seguidoras e dos seguidores de Jesus é outro. Esse padrão é o amor que nos leva a servir: “Sede, antes, servos uns 66


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dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5.13s). Servir não é colocar interesses pessoais em primeiro lugar, mas procurar conquistar o bem-estar de todas as pessoas. Não significa desistir de buscar uma vida digna para si. Afinal, Deus quer que todas as pessoas tenham vida digna. Todavia, essa busca não será individualista. Ao servir, não olhamos as outras pessoas como concorrentes, mas como companheiras de caminhada. Servir é ação comunitária, de todas as pessoas. Quando isso ocorre, não há vencedoras e derrotadas, não há aquelas que servem de um lado e aquelas que são servidas de outro. Todas servem e ao mesmo tempo são servidas. É ilusão pensar dessa forma, já que o mundo se move por outros princípios? Jesus diz: “Entre vós não é assim”, ou seja, nós podemos fazer diferente. Somos chamadas a vencer o mal com o bem, buscando um mundo com mais justiça, igualdade e fraternidade. A ação de cada uma de nós fará a diferença! Para refletir:  Onde e como podemos praticar o servir?  Qual a minha meta (bem concreta!) para as próximas semanas em relação ao servir? Minha atitude faz diferença? Nos Alpes italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo de uvas e produção de vinho. Uma vez por ano ocorria uma grande festa. A tradição exigia que cada morador trouxesse uma garrafa de seu melhor vinho para colocar dentro de um grande barril. Um dos moradores pensou: “Por que deverei levar uma garrafa do meu mais puro vinho? Levarei uma cheia de água, pois no meio de tanto vinho, o meu não fará falta”. Assim pensou e assim fez. Durante a festa, todos se reuniram na praça, cada qual com sua caneca, para pegar uma porção daquele vinho, cuja fama se estendia além das fronteiras do país. Contudo, ao abrir a torneira do barril, um silêncio tomou conta da multidão. Daquele barril saiu apenas água. Mas como isso aconteceu? Na verdade, todos pensaram como aquele morador: “A ausência da minha parte não fará falta”. Pastor Dr. Emilio Voigt Blumenau/SC 67


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SAÚDE Rir faz bem à saúde Arquivo DMO

Um homem clinicamente desenganado – assim os médicos classificaram o caso do Dr. Norman Cousins, editor da famosa revista americana Saturday Review. Febre alta, dores intensas, semiparaplegia e perda quase total dos movimentos do pescoço e das costas. E o pior: o processo era irreversível, sem esperança. Não se deixando abater pelo diagnóstico médico, o Dr. Cousins decidiu fazer um tratamento por sua própria conta, desse no que desse. Seu programa diário consistia em assistir a filmes humorísticos e ler livros cômicos. Os efeitos dessa rotina aparentemente anticientífica não tardaram muito. Ele mesmo relata: “Fiz a feliz descoberta de que dez minutos de uma boa gargalhada tinham um efeito anestésico, e me davam ao menos duas horas de sono sem dor”. Contrariamente ao que os médicos pensavam, o Dr. Cousins recuperou plenamente a saúde. Embora o caso pareça ter parte com a ficção, a verdade é que o riso possui alto valor terapêutico, tanto para o espírito como para o corpo. Foram observados efeitos psicossomáticos positivos num estudo realizado pelo Dr. Wiliam Fry Jr. da Universidade de Stanford, na Califórnia/EUA. Em suas conclusões, o cientista afirmou que rir a bandeiras despregadas produz uma massagem perfeita no corpo, ativando o sangue e promovendo melhor absorção de oxigênio pelos tecidos. Outra constatação da pesquisa: Os espasmos cadenciados do diafragma auxiliam o tórax e os membros superiores; os músculos respiratórios se con68


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traem e distendem, ampliando a caixa em consequência da expansão pulmonar. Há ainda inegáveis benefícios às atividades cardíaca, digestiva, hepática etc. O Dr. Fry acha provável que o riso estimule a produção de endorfinas (analgésico natural produzido pelo cérebro), as quais combatem os sintomas dolorosos da artrite e reduzem a coceira causada por certas alergias. Acrescenta ele que o sistema imunológico pode ser fortalecido por meio da alegria, aumentando assim o nível de resistência às moléstias. Pensadores norte-americanos fizeram uma experiência com dois grupos de pessoas. Enquanto um deles assistia a filmes educativos, o outro presenciava uma comédia. Os componentes deste último apresentaram maior concentração salivar de IgA – um anticorpo que atua contra os germes causadores de infecções respiratórias. Adotar o otimismo É certo que a vida moderna não apresenta, muitas vezes, motivos para risos. Poluição ambiental, redução da camada protetora de ozônio, aumento de crimes e violência, desemprego, recessão e um infindável cortejo de males não estimulam em nada a alegria. Também em nada vai ajudar uma atitude pessimista, fúnebre e mal encarada. A psicóloga brasileira Áurea Roitmarf, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, diz que um enfoque otimista da realidade ajuda a solucionar os problemas, porque busca saídas e não se prende a lamentações inúteis. Tristezas não pagam dívidas. E mais: prejudicam a saúde e reduzem a motivação geral. Vai daí, gente, o melhor mesmo é rir a valer, mostrar a dentadura e não fazer caso das eventuais ruginhas nos olhos. Afinal de contas, felicidade não é loteria, mas um estado interior que não depende intrinsecamente das circunstâncias. Faça brotar sua alegria. Sorria sempre! Extraído de: Vida e Saúde, fevereiro de 1990 Enviado por Olga K. Roque Juiz de Fora/MG

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PARE E PENSE Casa e lar Casa é uma construção de cimento e tijolos. Lar é uma construção de valores e princípios. Casa é nosso abrigo das chuvas, do calor, do frio... Lar é o abrigo do medo, da dor e da solidão. Casa é o lugar onde as pessoas entram para dormir, usar o banheiro, comer. Onde temos pressa para sair e retardamos a hora de voltar. O lar é o lugar onde os membros da família anseiam por estar nele, onde refazem suas energias, alimentam-se de afeto e encontram conforto do acolhimento. É onde temos pressa de chegar e retardamos a hora de sair. Numa casa criamos e alimentamos problemas. O lar é o centro de resolução de problemas. Numa casa moram pessoas que mal se cumprimentam e se suportam. Num lar vivem companheiros que, mesmo na divergência, se apoiam e nas lutas se solidarizam. Numa casa desdenha-se dos nossos valores. No lar sonhamos juntos. Numa casa há azedume e destrato. Num lar sempre há lugar para a alegria. Numa casa nascem muitas lágrimas. Num lar plantam-se sorrisos. A casa é um nó que oprime, sufoca. O lar é um ninho que aconchega. Se você ainda mora em uma casa, eu convido a transformá-la, com urgência, em um LAR e que JESUS seja sempre o seu convidado especial. Fonte: Agenda OASE 2013, Sínodo Vale do Itajaí, p.18.

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Arquivo OASE

Datas importantes 05 – 1872 – *Oswaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/2/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – 1ª bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 10 – Dia dos Pais 15 – 1899 – 1º grupo de OASE em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência

A G O S T O


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AGOSTO Cantai ao Senhor, todas as terras; proclamai a sua salvação, dia após dia. 1 Crônicas 16.23

Meditação Talentos musicais a serviço de Deus

S

ugiro iniciar o encontro com uma oração e com um hino que fale de “cantar”. Depois, dialogar em duplas sobre estas questões:  Por que e para quem cantamos? Que importância o canto tem para nós? O que nos motiva a cantar? Vamos aprofundar e valorizar o canto a partir do versículo de 1 Crônicas 16.23. Davi era rei de Israel e, enquanto governava, chamou o povo para louvar a Deus. Nessa ocasião a Arca da Aliança do Senhor já estava em Jerusalém. (Arca era um altar onde se guardavam as tábuas dos Dez Mandamentos e outros objetos sagrados. Era um meio de comunicação entre Deus e seu povo.) Chama a atenção todo o ritual, desde o preparo do lugar, a purificação e santificação dos sacerdotes que iriam transportar a Arca, o uso de roupas especiais e instrumentos musicais (clarins, trombetas, címbalos, alaúdes e harpas). Naquele dia, o rei Davi encarregou, pela primeira vez, Asafe e seus irmãos de celebrarem com hinos ao Senhor. Ele os incentivou a render graças ao Senhor, invocar o seu nome, fazer conhecidos os seus feitos, cantar salmos, narrar todas as maravilhas e a buscar o Senhor, o seu poder e a sua presença. Conclamou seu povo: “Cantai ao Senhor, todas as terras; proclamai a sua salvação, dia após dia”. E como é a nossa realidade? Que importância damos para as coisas de Deus na nossa vida pessoal, familiar e comunitária? E em nossas famílias, o que cantamos, o que ensinamos aos nossos filhos e netos sobre os feitos de Deus? Será que o louvor fica restrito apenas aos cantos cantados nos cultos e encontros? Olhando a realidade, percebemos descrença e autossuficiência levando as pessoas a não perceber a ação e os feitos de Deus. Existe também abandono, carência afetiva, desamparo, doenças, desesperança, luto, dor e saudade. 72


AGOSTO

Podemos proclamar a salvação levando esperança e concretizando o amor de Deus através do canto? Que ações concretas podemos iniciar ou quem sabe retomar como grupo de OASE? Sugestões: Que tal passar uma tarde na OASE ensaiando hinos para crianças? Motivar as mulheres a cantar canções que elas conhecem. Percebemos que ocasiões para cantar não faltam. Tudo isso é muito bom, por isso louvamos e agradecemos a Deus por cada pessoa que se dispõe a servir o nosso Deus através de suas vozes e talentos musicais. Rogamos que mais pessoas sejam tocadas e despertadas a colocar seus dons a serviço do reino de Deus. Testemunho: Na comunidade onde sou membro, sonhávamos com um grupo de louvor para auxiliar nos cultos. Pessoas foram despertadas, dons descobertos e talentos aperfeiçoados, e assim surgiu o grupo de louvor Animados pela fé. Não guardaram, no entanto, esses dons para si. Com o tempo, para motivar o canto e, quem sabe, motivar a formação de outros grupos de louvor, passaram a participar também nos cultos das comunidades da paróquia, nas reuniões da Cruz Azul (grupo de apoio para recuperação de dependência química), no Congresso Sinodal da OASE, na reunião do Conselho Nacional da OASE (CNO), em bodas, retiros, entre outros. Depois surgiu o grupo de canto Celebrasom, da juventude, e o grupo de canto formado por adolescentes. Há muitos anos contamos também com o Coral Evangélico (de vozes) e com o Coral Ecumênico da 3ª Idade, que participa nos cultos em língua alemã. A OASE leva a mensagem cantada nos cultos de sepultamentos e também por ocasião das visitas feitas a idosos, doentes e enlutados. O grupo da diaconia, também conhecido como “Grupo de Apoio e Acompanhamento a Enlutados”, realiza uma pequena celebração durante o velório e nas visitas às famílias enlutadas, levando uma reflexão bíblica, orações e cantos. Na vida familiar temos experimentado algo maravilhoso. Vemos a pequena Livia, a netinha, sendo estimulada pelos pais a cantar e orar antes das refeições e antes de dormir, como também em outros momentos. Já na vida intrauterina e depois de nascida declaramos o amor de Deus e o nosso amor pela criança, acariciando, cantando e orando por ela. Percebemos em nossa vida quão importante e oportuno é “contar aos pequeninos os feitos de Deus e falar do seu amor por nós”. Isso traz muitas benções. 73


ROTEIRO DA OASE 2014 Arquivo pessoal

Ester H. Kraemer e sua netinha cantam louvores a Deus

Oração de louvor: Senhor Deus do Universo, meu Criador, venho à tua presença para louvar-te. Louvar tua bondade, tua misericórdia e teu perdão. Pois a cada manhã sinto teu cuidado e tua proteção. Louvar teu amor, pois sustentas desde o pequeno inseto até as mais distantes constelações com o mesmo carinho e atenção. Louvar tua fidelidade, pois sempre cumpres tua palavra e nunca nos abandonas, mesmo que eu venha a me esquecer de ti. Louvar tua onipresença, pois teus olhos me guiam e tua mão me protege em qualquer parte e a qualquer hora, não havendo nada que te impeça de estar comigo e me ajudar. Louvar-te, Senhor, por tantas demonstrações que tens dado do quanto me amas. Quero louvar-te pelo dom da vida, este maravilhoso presente que, como criança, vou abrindo a cada dia com alegria, para descobrir as surpresas, os milagres, as benções e as vitórias. Louvo a ti com meu coração e minha alma. Enquanto viver, não deixarei de louvar a este Deus maravilhoso que só me faz o bem.

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AGOSTO

Por tudo que me tens dado: família e bens. Por tudo que me tens prometido. Por tudo que ainda irás realizar em minha vida. Eu te louvo, Senhor. Amém. Ester H. Kraemer Nova Santa Rosa/PR

Respeito ao idoso e à criança Stock.xchng-Ned Horton Ao receber o convite para escrever sobre respeito ao idoso e à criança, confesso que fiquei muito apreensiva. Como escrever sobre etapas tão diferentes da vida? O que une etapas tão distantes? Aos poucos fui acomodando idosos e crianças em meu coração. Vieram-me imagens dóceis de avós contando histórias para seus netos e netas, e estes aprendendo com a sa- Criança educada na fé honra e cuida de pai e mãe na bedoria dos mais vividos. Mas velhice essas são cenas românticas que não são tão reais quanto gostaríamos que fossem. Os extremos da vida trazem muitos desafios.

Dinâmica: Desenhar uma estrada num papel pardo ou mesmo no chão. Traçar uma linha do tempo. Com algum sinal ou desenho marcar o nascimento e a morte. Colocar, se possível, objetos relacionados às etapas da vida. Não precisa necessariamente apenas sinalizar a infância e a velhice, as demais etapas também podem estar presentes.

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ROTEIRO DA OASE 2014

Momento de diálogo: Quais as semelhanças entre a infância e a velhice? Quais as diferenças entre a infância e a velhice? Quais as palavras, os sentimentos que caracterizam cada etapa da vida? (As respostas podem ser escritas na estrada). Cada etapa da vida tem sua beleza e seus encantos. A vida é presente de Deus do início ao fim. As transições da vida são normais e inevitáveis. Experimentando alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, vamos nos despedindo de cada etapa da vida, do nascer ao morrer. Os dois extremos da vida, a infância e a velhice, são as etapas mais frágeis, que mais necessitam de cuidado e proteção. Tanto que a infância e a velhice possuem estatutos. Em 1990 foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e em 2003 o Estatuto do Idoso, ambos com o intuito de proteger e garantir direitos das crianças e das pessoas idosas. Na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento, a velhice é vista como bênção, plenitude e cumprimento dos objetivos da vida (Gênesis 25.8; Jó 12.12; Salmo 92.14). A Bíblia acentua também o respeito aos idosos. Nos Dez Mandamentos encontramos a admoestação de honrar pai e mãe, e em 1 Timóteo 5.1-2 a orientação: “Não repreenda um homem mais velho, mas o aconselhe como se ele fosse o seu pai. Trate os homens mais jovens como irmãos, as mulheres idosas, como mães e as mulheres jovens, como irmãs, com toda a pureza. Cuide das viúvas que não tenham ninguém para ajudá-las. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, são eles que devem primeiro aprender a cumprir os seus deveres religiosos, cuidando da sua própria família. Assim eles pagarão o que receberam dos seus pais e avós, pois Deus gosta disso. A verdadeira viúva, aquela que não tem ninguém para cuidar dela, põe a sua esperança em Deus e ora, de dia e de noite, pedindo a ajuda dele”. A Bíblia também fala das crianças. Desde a primeira menção sobre os filhos na Bíblia, Deus deixa claro que eles são uma bênção. Após Deus criar o primeiro homem e mulher, Ele lhes deu a tarefa de crescer e multiplicar. Eva considerou o seu primeiro filho como uma bênção (Gênesis 4.1). E o aspecto que chama atenção é o cuidado com a educação das crianças. Em Provérbios 22.6 diz: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele”. Nessa orientação encontramos o elo entre o respeito da pessoa idosa e da criança. Criança educada no caminho da fé e do respeito consequentemente irá honrar e cuidar de pai e mãe na velhice. Para finalizar a reflexão, vejamos o seguinte desabafo: 76


AGOSTO

O dia em que este velho não for mais o mesmo, tenha paciência e me compreenda. Quando derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e lembra as horas que passei ensinando-o a fazer as mesmas coisas. Se quando conversar comigo, eu repetir as mesmas histórias, que sabe de sobra como terminam, não me interrompa e me escute. Quando você era pequeno, para que dormisse, tive que contar milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos. Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha. Compreenda que não tenho culpa disso, pois já não as posso controlar. Pense quantas vezes, pacientemente, troquei suas roupas para que estivesse sempre limpinho e cheiroso. Não me reprove se eu não quiser tomar banho, seja paciente comigo. Lembra-se dos momentos em que o persegui e os mil pretextos que inventava para convencê-lo a tomar banho. Quando me vir inútil e ignorante diante de novas tecnologias, que já não poderei entender, suplico-lhe que me dê todo o tempo que seja necessário, e que não me machuque com um sorriso sarcástico. Lembra que fui eu quem lhe ensinou tantas coisas. Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem como hoje o faz. Isso é resultado do meu esforço, da minha perseverança. Se em algum momento, quando conversarmos, eu me esquecer do que estávamos falando, tenha paciência e me ajude a lembrar. Talvez a única coisa importante para mim naquele momento seja o fato de tê-lo perto de mim, dando atenção a mim e não ao que falávamos. Se alguma vez eu não quiser comer, saiba insistir com carinho. Assim como fiz com você. Também compreenda que com o tempo não terei dentes fortes nem agilidade para engolir. E quando minhas pernas falharem por estar tão cansadas e eu já não conseguir mais me equilibrar… Com ternura, dê-me sua mão para me apoiar, como eu o fiz quando você começou a caminhar com suas perninhas tão frágeis. E se algum dia me ouvir dizer que não quero mais viver, não se aborreça comigo. Algum dia entenderá que isso não tem a ver com seu carinho ou com o quanto o amo. Compreenda que é difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo, e que é duro admitir que já não tenho mais o vigor para correr ao seu lado, ou para tomá-lo em meus braços como antes. Sempre quis o melhor para você e sempre me esforcei para que seu mundo fosse mais confortável, mais belo, mais florido. Não se sinta triste ou 77


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impotente por me ver assim. Não me olhe com cara de dó. Dê-me apenas seu coração, compreenda-me e me apoie como eu fiz quando começou a viver. Isso me dará forças e muita coragem. Da mesma maneira que o acompanhei no início da sua jornada, peço-lhe que me acompanhe para terminar a minha. Trate-me com amor e paciência, e eu lhe devolverei sorrisos e gratidão, com o imenso amor que sempre tive por você. Atenciosamente, seu Velho. (Autor desconhecido) A pessoa jovem de hoje será a pessoa obsoleta de amanhã. Valorizemos nossas pessoas idosas, pois essas possuem conhecimento suficiente para suprir dúvidas sobre o passado pouco conhecido por nós. A Bíblia mostra que a nossa responsabilidade para com as pessoas idosas vai além do cuidado com as necessidades materiais e se estende além do relacionamento filial; nós como igreja e sociedade temos muito que refletir sobre o tema. A família contemporânea tem se modificado muito nos últimos anos, cada vez menos a família nuclear tem condições de cuidar de seus idosos. Quem irá cuidar das nossas pessoas idosas? Pastora Sandra Helena Fanzlau Marechal Cândido Rondon/PR

PARE E PENSE Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom Nos dias de hoje, ainda sonhamos com o paraíso que Deus criou, com uma vida melhor na família, comunidade, e para o meio ambiente (natureza). Desde a minha infância sonho com um mundo equilibrado e harmonioso, o paraíso! Vamos refletir um pouco sobre isso? Será que ainda temos tempo e vontade para sonhar? Como podemos tornar realidade os nossos sonhos de um mundo melhor? Para conseguir alguma mudança precisamos de trabalho conjunto. Nesse sentido, quero compartilhar um exemplo de dinâmica que é utilizada nas escolas 78


AGOSTO

do Estado de Mato Grosso incentivando os envolvidos a realizar seus sonhos através da COM-VIDA: Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida. Essa comissão é constituída por um grupo organizado para pensar e propor ações sobre o meio ambiente e a qualidade de vida para e na escola, estimulando o protagonismo juvenil, social e intelectual na direção de uma escola sustentável. A equipe da Gerência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso (SEDUC/MT) atua junto aos professores, gestores e apoio nas escolas com o objetivo da construção de escolas sustentáveis, e a partir delas, sociedades sustentáveis. Nesse sentido realiza uma dinâmica de oficina para refletir sobre as experiências vivenciadas na e pela escola. Para estimular a participação de todos, utilizamos a “oficina do futuro”, com os seguintes passos: Árvore dos sonhos – Para a construção dessa árvore desenhamos uma árvore em papel cartão e distribuímos frutos entre os participantes. Cada qual escreve um sonho, relacionado à escola, no fruto. Esses frutos são colocados na árvore. Neste momento pode ser feito um comentário. Caminho das pedras – Cada participante escreve um problema sobre uma pedra de papel cartão para representar o caminho das pedras que impede a realização dos sonhos. Esse caminho pode ser construído ao lado da árvore dos sonhos. Também podem ser feitos comentários sobre essas pedras do caminho. Plano de ação – No final, elege-se um sonho entre os apresentados para traçar o plano de ação, ou um projeto, indicando o que vai ser feito, como, quem, quando e com que recursos. A partir do momento em que o sonho for alcançado, pode-se eleger outro sonho e traçar um novo plano de ação, e assim sucessivamente. A partir do plano de ação se elege uma comissão (COM-VIDA) que cuidará da execução do mesmo na escola. Portanto o objetivo geral da COM-VIDA é executar o plano de ação traçado em conjunto durante a oficina do futuro. Para que cada um tome conhecimento de sua participação, orienta-se a construção de um acordo de convivência, principalmente considerando o envolvimento de alunos. Como o grupo de OASE pode utilizar essa dinâmica? Será que ainda há tempo para sonhar e agir na construção de um mundo melhor? Acredito que é possível utilizar essa dinâmica da árvore dos sonhos, o caminho das pedras e o plano de ação para refletir sobre o meio ambiente e qualidade de vida, inicialmente familiar, do grupo e também da comunidade. Pensando e planejando na perspectiva de construir sustentabilidade. Marise Christmann Bióloga, Cuiabá/MT 79


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DIA DOS PAIS Gratidão ao pai Hoje é teu dia especial! De coração, quero agradecer-te por tudo que recebi das tuas mãos: Pelo carinho nas horas de dor. Pelo abraço no momento da solidão. Pelo perdão quando errei. Pelo encorajamento na hora do medo. Pela compreensão no momento da fraqueza. Pelo amor que me acompanhou em toda a minha vida.

Felipedan/RGB Stock Photos

PAI: Tu és meu melhor amigo, meu mestre, meu herói. Tiveste paciência comigo quando fiquei revoltado. Quando virei as costas em busca da minha independência, não desanimaste, mostrando-me o caminho da fé. Tu me ajudaste para eu me aceitar assim como sou. Abriste o meu horizonte para valorizar a família e os amigos. PAI: Tu também és filho. Eu sei – e tu sabes – o quanto nos precisamos mutuamente. Precisamos aprender um com o outro. Precisamos andar juntos e dialogar, conviver e perdoar. Eu sei que o amor é a base da comunhão. Por isso também quero ser teu amigo, quero ser tua força e tua proteção. ...nos dias da velhice. Extraído de: Agenda 2011, Sínodo Planalto Rio-Grandense, p. 22.

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Arquivo OASE

Datas importantes 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – 1º Grupo de OASE do Sul do Brasil, Blumenau/SC 07 – 1922 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martinho Lutero, no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos da OASE 16 a 23 – Semana Nacional da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 21 – Dia da Árvore 27 – Dia do Ancião 29 – Dia de São Miguel e Todos os Anjos

S E T E M B R O


ROTEIRO DA OASE 2014

SETEMBRO Sê forte e corajoso, não temas, não te desalentes. 1 Crônicas 22.13

Meditação Seja forte, amiga!

N

Débora Pedrotti Mansilla

os últimos tempos, ouvem-se muito estas palavras: “Seja forte, força, amiga, não desanime”, ditas especial e principalmente para nós mulheres. Por várias razões, temos obstáculos no caminho, decisões a tomar, doenças na família, filhos com problemas etc., e é muitas vezes nesses momentos que se ouve de alguém “coragem...”. Davi deu a Salomão, seu filho, a oportunidade e todo o material para o trabalho de edificar, com o aval de Deus. Mas para nós Deus deu a vida e disse: “Sê forte e corajoso, não temas, porque eu o Senhor teu Deus estarei contigo em qualquer lugar para onde fores”. Deus fala conosco diretamente. Sou voluntária na Rede Feminina de Combate ao Câncer, trabalho com as pacientes e ouço vários relatos de como cada uma enfrentou o tratamento a que foram submetidas, de onde e como tiraram forças para tudo isso. É um trabalho maravilhoso, onde a OASE é parceira, oferecendo o lanche para as pacientes. É uma troca de sentimentos de várias pessoas, entre homens e mulheres e crianças, com leucemia, onde sempre o sentimento maior é “Deus está comigo, ele me deu forças”. Sê forte e corajoso, é um sentimento e uma atitude que sem nosso Deus não conseguiríamos sentir nem fazer. Nós mulheres da OASE cremos nisso,

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SETEMBRO

sentimos e fazemos. Somos fortes e corajosas, amparadas umas nas outras, e Deus nos abraça a todas com seu grande amor. Gôndulla Müller Rio Negrinho/SC Oração: Assim diz o Senhor: Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás (Salmo 50.15). Vê, Senhor, eu sou um vaso vazio, que carece ser enchido. Enche-me, meu Senhor. Sou fraco na fé, fortalece-me. Sou frio no amor, aquece-me. Faze meu coração arder para que meu amor transborde, e assim envolva o meu próximo. Em minha carência só há pecado; em ti, Senhor, há plenitude de justiça. Por isso permaneço contigo. A ti não preciso dar. De ti posso receber. (Catecismo Menor de Martim Lutero)

Jesus nos acompanha no sofrimento Ai, como dói! Dói mais Que demais. Corrói! Ai, como dói! “Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido!” (v. 21,32). Essas foram as palavras que saíram das bocas de Marta e Maria... Palavras que expressam toda a sua tristeza, frustração e decepção... Imagino a expressão de seus rostos... De seus corpos... Pois, de tal forma foram ditas, que calaram fundo no coração do Mestre... Tão fundo, que o deixaram profundamente comovido, triste, aflito (v. 33). Não são estes os sentimentos: decepção, tristeza, frustração, aflição, que nos assolam, quando algo terrível nos acontece e nos perguntamos pela presença de Deus? Do porquê de seu silêncio, de sua ausência, de sua omissão? Do 83


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porquê de sua recusa em atender às nossas orações? Do porquê de seus ouvidos fechados aos nossos clamores? Do porquê de sua negação em vir em nosso socorro, em nossa ajuda? Do porquê de permitir que tal coisa nos acontecesse? Quem já não fez uma ou mais de uma dessas perguntas? E depois se envergonhou por sua “pouca fé”, “pouca confiança” em Deus? Talvez você tenha escutado essa “reprimenda” de uma pessoa mais “sensata”, mais “crédula”, mais “firme na fé”. Interessante é que, ao assim confrontarem Jesus, nem Marta nem Maria são por ele repreendidas. Jesus compreende e acolhe a dor daquelas duas mulheres que, além de perderem uma pessoa querida, o irmão Lázaro, enfrentariam dificuldades financeiras com a morte do irmão, porque a ajuda dele, no trabalho, fazia diferença, pois a vida era difícil. O irmão faria falta também, porque mulheres não eram respeitadas quando não tinham a companhia de um homem... E Jesus sofre... Sofre porque perdeu um amigo... Sofre pela situação de desespero e abandono que se encontram aquelas duas mulheres, suas amigas... E não as consola com palavras vazias. Também ele precisa de tempo para sentir o sofrimento, para sofrer, para lidar com suas dúvidas, com sua aflição, com sua dor... E vai chorar sua tristeza e frustração junto ao túmulo de Lázaro. Só não dói mais Porque mais ais Se fazem iguais Aos meus ais. Sim, Jesus chora! Chora, mesmo que a nenhum homem fosse permitido chorar. Chorar é sinal de fraqueza, de impotência. Jesus chora porque sofre. E não se envergonha de demonstrar seu sofrimento. Jesus chora por causa da situação das irmãs e não tem vergonha de mostrar sua empatia... Jesus chora porque perdeu um amigo... Chora porque sabe que não precisava ser assim: pessoas viverem completamente desamparadas com a morte de um ente querido. Jesus chora porque Deus se importa com o sofrimento das pessoas, com o nosso sofrimento... Sofre de forma tão profunda, tão empática, que, no momento da dor, não faz nada e faz tudo: coloca-se ao lado das irmãs. Coloca-se ao nosso lado e, sem dizer ou exigir nada, nos sustenta... Ouve nossa queixa, nosso lamento, nosso choro, nosso desabafo, nosso grito, nossa raiva... Acolhe tudo sem julgar... Acolhe e transforma em um gesto de amor: em um abraço. E chora, sofre conosco... Devagar, vai vencendo nossa resistência e vai à raiz 84


SETEMBRO

de nosso sofrimento e, lá, faz brotar vida... Não permite que permaneçamos no lamento... Quando tudo parece perdido... Quando a morte parece ter vencido... Jesus diz: “Venha para fora!” (v. 43). E Deus escuta. E uupaaa!!! Nos dá colo Nos consola. Só depois de sofrer o que se precisa sofrer... Só depois de se chorar o que se precisa chorar... Aí vem a ordem: venha para fora! Esse texto nos ensina muitas coisas: Deus nos dá o direito de expressar e sentir a nossa dor. Não é falta de fé sofrer, chorar, desesperar. Deus não é imune ao nosso sofrimento. Deus sofre e chora conosco. Deus não nos consola com palavras e atos vazios, nem nos exige força quando sabe que não a temos... Deus nos dá tempo para sofrer o que temos para sofrer e, enquanto sofremos, vai agindo. Vai à raiz do sofrimento e faz surgir da morte a vida! Crer nisso é respeitar o sofrimento e o tempo das pessoas sem exigir delas a força que não têm. É colocar-se ao lado delas em uma atitude acolhedora, respeitosa, empática e dar oportunidade que sintam sua dor e, ao seu tempo, consigam dar a volta por cima. É ser a presença de Deus junto a essas pessoas. Que Deus nos dê coragem e sabedoria para silenciar e respeitar a dor e o sofrimento da nossa irmã, do nosso irmão, dando a ela e a ele o tempo necessário. E que nossos braços se abram para ser o abraço de Deus. Pastora Rosangela Stange Porto Alegre/RS

O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem caráter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons. Martin Luther King 85


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iniciativa A importância do abraço Arquivo OASE Quem já não teve a felicidade de ser abraçado e de abraçar alguém? Abraçar é segurar alguém nos braços de uma maneira afetuosa, além do toque físico de poder acariciar as mãos. O abraço faz muito bem à vida. O abraço é uma manifestação de comunhão, amizade, alegria, reencontro, saudade e compaixão. O verdadeiro abraço é o que surge entre duas pessoas quando se encontram e não envolve nenhum interesse. O abraço lembra um sentimento sincero, onde o coração se expressa. Abraçar é um gesto de libertação, é estar pronto para receber alguém, demonstrar e expressar nossos sentimentos. A nossa postura física muda, coluna reta, os ombros encaixados, a cabeça erguida, o coração batendo de alegria. Os olhos brilham, a tristeza é esquecida, e a alegria toma conta de todo o nosso corpo. O abraço rejuvenesce o nosso espírito, traz ânimo, segurança, paz e restaura a alegria de viver! A terapia do abraço é praticar o abraço como forma de tratamento contra o estresse, depressão, desânimo, angústia e medo, para uma vida mais longa e saudável. O abraço é um excelente remédio, não tem nenhuma contraindicação. O abraço faz-nos sentir melhor conosco mesmo e com todas as pessoas com as quais interagimos. Você já abraçou alguém hoje? Abrace muito para ser feliz!

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SETEMBRO

Multiplicação de abraços Há uma ação internacionalmente intitulada Free Hugs (abraços grátis, em inglês) que tem como objetivo principal a difusão de gentilezas entre as pessoas. Nessa ação, pessoas munidas de plaquinhas oferecem abraços grátis às pessoas que passam em um determinado local. Na minha cidade, essa ação foi feita em um local muito movimentado, no sábado que antecede ao Dia das Mães. Faça o mesmo na sua cidade. Helga Schünemann Panambi/RS Quem ama a Deus acima de tudo tem paz! Quem crê em Deus não está só. Pode falar com Ele e sabe que é ouvido. É amparado e salvo. Quem crê em Deus está livre. Não precisa ser algo que não é, Mostrar o que não tem, Nem realizar o que não pode. Não precisa negar morte e fraqueza. Nas angústias não é abandonado. Quem crê em Deus pode viver. Quem vive com Deus encontra paz. Está reconciliado com seu destino, Com as outras pessoas e consigo mesmo. Quem é reconciliado pode reconciliar outras pessoas. Quem vive com Deus pode ser uma pessoa amorosa e pacificadora. Jörg Zink

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PARE E PENSE Deus está sempre perto Tenho visto o caminho em que anda meu povo, mas eu os curarei e os guiarei; eu os consolarei. Nos lábios dos que choram colocarei palavras de louvor. Isaías 57.18-19 Pegar uma criancinha no colo é fácil. Traz enorme alegria fazê-la rir fazendo cócegas na barriguinha com a ponta do dedo, contar-lhe uma história e mostrar-lhe a beleza de uma flor: Atchin! Muito mais difícil é ficar olhando, sem intervir, os primeiros passos vacilantes, o primeiro passeio de bicicleta só com duas rodas, a primeira tentativa de cortar o pão, o primeiro prego na parede. Ficamos apreensivos e gostaríamos mesmo é de ajudar para evitar o tombo, o corte no dedo ou o dedão amassado pelo martelo... Mas ficamos parados e esperamos para, se necessário, fazer um curativo no joelho, endireitar o prego torto, consolar e incentivar novas tentativas. Simplesmente ficar observando o caminho que a outra pessoa escolhe não é fácil, mas necessário. Pois, do contrário, a criança não se tornará independente nem livre. Deus permite-nos andar pelo caminho que escolhemos. Não é fácil para Deus. Por que outro motivo Jesus teria chorado sobre Jerusalém? Era a dor daquele que ama tendo que assistir como o outro segue seu rumo para a infelicidade. Mas por que Deus permite que as pessoas chorem, sofram, fiquem enlutadas, se machuquem, arrisquem a paz, ameacem a Criação, violentem a justiça? Ele deixa que sigamos o caminho que escolhemos. Fica por perto. Cuida de nós quando chega a hora de curar e consolar e de incentivar a encontrar um caminho melhor. Somente assim vivemos de forma responsável. Somente assim vivemos de forma independente. Somente assim somos livres. Somos livres, mas estamos ligados. Sofremos, mas somos consolados, assim como junto de um pai e de uma mãe amorosos. Dorothea Zager 88


Arquivo OASE

Datas importantes 01 – Dia Nacional do Idoso 06 – 1930 – Fundação da OASE do Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do/a Professor/a 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma

O U T U B R O


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OUTUBRO Glorifica o Senhor com generosidade, não regateies as tuas primícias. Eclesiástico 35.10 (Bíblia de Jerusalém)

Meditação Enfrentar obstáculos traz crescimento

C

erto dia, ao observar uma árvore, um homem percebeu um casulo que tinha uma pequena abertura recém-formada. Ele ficou ali observando a borboleta que iria nascer e notou que ela se esforçava bastante para romper o casulo. E assim ela ficou por várias horas, tentando fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. Então pareceu que ela parara de fazer qualquer progresso. Aparentava que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguia ir mais além. Assim, o homem decidiu ajudar a borboleta, pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. E a borboleta saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta, pois ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com o corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não percebeu era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura faziam com que o fluido do corpo da borboleta fosse para suas asas, de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo. Algumas vezes o esforço é justamente o que precisamos em nossas vidas. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar.

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OUTUBRO

Dinâmica: Atividade “o homem e a borboleta” Material necessário:  Mesa  Cadeiras  Xerox ampliado (ou desenho ampliado) das figuras 01 e 02

Pupa: Figura 01

Borboleta: Figura 02

 Papéis sulfite cortado em 8 partes iguais  Canetas hidrocor coloridas (preferencialmente de forma que as cores não se repitam, ou seja, uma cor para cada participante)  Fita crepe Etapas da atividade: a) Preparo do ambiente: Inicialmente, o facilitador da dinâmica irá fixar as figuras 01 e 02 em local visível, de tal forma que ambas possam ser alcançadas por uma pessoa em pé à sua frente. b) Início da atividade: Dá-se início ao encontro conforme dinâmica estabelecida por cada grupo: canto, oração etc. Distribui-se para cada participante uma caneta hidrocor e dois pedaços de papel sulfite. Concomitantemente com a distribuição dos materiais, orienta-se que os participantes NÃO escrevam seu nome nas folhas. Em seguida, pede-se que prestem atenção na mensagem que será lida. Lê-se a mensagem “O homem e a borboleta”. O facilitador da dinâmica pede que, em silêncio, todos os participantes pensem em um momento 91


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vivido em suas vidas semelhante à história da borboleta. Um momento com obstáculos ou dificuldades, porém que foi vencido. Pede-se que os participantes pensem, ainda em silêncio, qual o crescimento pessoal que aquela determinada experiência, em primeiro momento até dolorosa, trouxe para suas vidas. DAR EXEMPLO: Em um momento de grande dificuldade, quando meu marido estava doente, percebemos o quanto nossa família é unida e podemos contar com nossos amigos. Em seguida, o facilitador pede que os participantes da dinâmica escrevam as palavras-chave nos papéis. No primeiro papel a palavra-chave referente à dificuldade (ex: DOENÇA), e no segundo papel escrever a palavra-chave referente ao crescimento pessoal que aquela experiência trouxe (ex: UNIÃO). Após, em sentido horário, o facilitador dá a palavra para os participantes da dinâmica, sempre atento ao número de participantes e ao tempo disponível para finalizar a atividade. Pergunta-se se o participante gostaria de dividir sua experiência com o grupo, contando um pouco sobre as palavras-chave colocadas no papel. Em seguida, o facilitador disponibiliza para o participante dois rolinhos de fita crepe. Orienta-se que os participantes colem essa fita crepe no verso das palavras-chave e colem os papéis na seguinte ordem: dificuldade – pupa (figura 01), crescimento pessoal – borboleta (figura 02). Ao término do compartilhamento das experiências, o facilitador poderá novamente fazer a analogia de que não existe crescimento sem o enfrentamento de algumas situações consideradas “dolorosas”, assim como a borboleta não poderá voar caso não passe pelo longo e árduo processo de rompimento do seu casulo. Observação: Por “facilitador da dinâmica” entende-se orientador ou orientadora do grupo. Se o facilitador não quiser fazer a parte dos rolos da fita crepe e só fizer a primeira parte, que é escrever num papel a dificuldade e num outro papel o crescimento pessoal, já é válido; após dividir sua experiência com o grupo. Eleonora Hellmann Curitiba/PR

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OUTUBRO

Como ainda ser humano no mundo virtual A essência do ser humano é a comunicação. Foi pelo desejo de se comunicar com o outro, de estabelecer contato que se desenvolveram a linguagem e a escrita. A escrita pôs fim à pré-história e deu origem à história. O ser humano é por natureza um ser social, quer dizer, gosta de estar com outros, de conviver, de se relacionar. O ser humano passou a manipular a ciência e a tecnologia para buscar seu bem-estar. Criou máquinas para ter um suporte de conhecimento e poder, para facilitar sua vida cotidiana. A tecnologia é um conjunto de conhecimentos oriundos de diversas fontes científicas para a produção de bens e serviços, visando a um progresso para a sociedade. O avanço da tecnologia exprime o conhecimento, o saber que induz ao poder. Mas podemos observar que com o avanço tecnológico, com a modernidade das máquinas, o ser humano tornou-se cada vez mais escravo dessa tecnologia tão avançada. Com o avanço da tecnologia entramos em uma nova fase da história da humanidade. A fase do imediatismo, da liquidez, da superficialidade. E, consequentemente, da ansiedade, da depressão e da solidão. Um estudo da “Cyberpsychology, Behavior and Social Networking” descobriu que quanto mais tempo as pessoas passam na rede social, mais elas acham que seus amigos são felizes e, em consequência, se sentem mais tristes. No Brasil, oito milhões e meio de pessoas são viciadas em internet. Essas pessoas vão perdendo o contato com a realidade e entram em uma roda viva de ansiedade. A cobrança por postar novidade e por estar por dentro das novidades é muito alta. Além disso, o tempo que se gasta para se inteirar das novidades virtuais afasta do contato real e concreto com as pessoas do seu meio. Isso aumenta a solidão. O grande desafio é sabe lidar com o mundo virtual. Aproveitar suas potencialidades, mas não se tornar escravo dele. A internet acelera a comunicação? É claro. Ela possibilita acesso a muitas informações? Também. O celular possibilita contato? Sim. Mas até onde podemos aproveitar os benefícios sem comprometer a essência de comunicação, contato “olho no olho”? Como não se deixar enredar pela necessidade de “consumir novidades” e investir em aprofundar e ir mais além do que “aparenta ser”? Na relação do contato real e concreto nós não temos como fugir do envolvimento. No virtual só vemos 93


ROTEIRO DA OASE 2014

palavras, desenhos, fotos que mostram momentos alegres. No contato presente vemos as lágrimas, a dor que distorce as feições, as olheiras que denunciam a dificuldade de dormir e o sofrimento que pesa nos ombros. Não tem como “Sair”, desligar e esquecer. Provérbios 27.8-10 diz: “Uma pessoa longe de casa é como um pássaro longe do ninho. Assim como os perfumes alegram a vida, a amizade sincera dá ânimo para viver. Não abandone o seu amigo, nem o amigo do seu pai. Se você estiver em dificuldades, não peça ajuda ao seu irmão. Vale mais um vizinho perto do que um irmão longe”. O texto nos convida a investir nas pessoas que estão próximas de nós, a buscar o encontro com o vizinho do final da rua, ou com o amigo que mora no bairro vizinho. Muitas vezes sabemos e temos notícias de pessoas que estão em outro país, mas não sabemos da vizinha que sumiu porque está acamada. Queridas leitoras, desafio vocês a pensar, como grupo de OASE ou mulheres, quais são os espaços de convivência, de encontro, de contato real que podemos proporcionar às pessoas? Vamos aproveitar as possibilidades que se abrem neste mundo, mas não vamos perder a nossa essência maior – estar com o outro! Dinâmica: Minha rede social 1. Lista de nomes: No tempo de dois minutos, faça uma lista das pessoas importantes na sua vida. Escreva os nomes (ou os títulos, como mãe, filho, tio...) à medida que vai lembrando. Relacione somente as pessoas que estão vivas. 2. Levantamento de dados: Do número total de pessoas relacionadas na sua lista, discrimine: a) Número total de pessoas listadas: ( ) até 05 pessoas ( ) até 10 pessoas ( ) até 20 pessoas ( ) até 40 pessoas ( ) acima de 40 pessoas b) Número de pessoas por sexo: ( ) feminino ( ) masculino c) Número de pessoas por idade: ( ) crianças ( ) adolescentes ( ) jovens ( ) adultos ( ) terceira idade

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OUTUBRO

d) Número de pessoas por grupo social: ( ) Grupo da família (pai, mãe, irmão, irmã, avô, avó...) ( ) Grupo de amigos, vizinhos ( ) Grupo das relações do trabalho e da escola ( ) Grupo das relações com instituições: igreja, clube, médico, dentista, advogado e) Por local de moradia: ( ) na mesma moradia ( ) na vizinhança/bairro ( ) em outra cidade ( ) no mesmo Estado ( ) em outro Estado ( ) em outro país 3. Avaliando sua rede social: a) Como está sua rede social? Considere os números obtidos e os motivos de seus laços familiares, afetivos, vida religiosa, recreativa, econômica, profissional, liderança intelectual e espiritual. b) Onde vivem as pessoas de sua relação? Próximas ou longe? Como você poderá chorar no ombro de uma amiga que mora distante? Diácona Débora R. Krauser dos Santos Samambaia/DF (Dinâmica adaptada da Profª. Drª. Cláudia Diongo, da UFRGS, Porto Alegre/RS)

COMPORTAMENTO Solidão e individualização na sociedade pós-moderna Solidão é a síndrome do caramujo. Cada um na sua. Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa... Música antiga. Sentimento atual! Mas, contraditoriamente, este mundo está todo conectado por redes virtuais. O longe chegou perto. E o perto foi para onde? Estar informado ainda não significa perceber e sentir, e muito menos agir no aqui e agora para amenizar tantas solidões! Será que fomos pegos de surpresa e agora estamos realmente em perigo? A solidão agora é maior do que quando o outro lado do mundo era do outro lado do morro?

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ROTEIRO DA OASE 2014 Portal Luteranos O que mudou nesta idade pós-moderna? É assim que o tempo em que vivemos é definido – cujo início parece ter se dado após a Segunda Guerra Mundial – e para muitos hoje já está sendo definido pelo termo hipermodernidade. Repetindo: O que mudou nesta idade pós-moderna? Estamos à mercê de uma mídia estonteante e impessoal. São estímulos DEMAIS. Esses ameaçam especialmente crianças e jovens em formação. E presença, calor e amor temos de MENOS. O filósofo existencial Friedrich Nietzsche anunciou a morte de Deus. Rolaram as cabeças de todo tipo de autoridade: governantes desacreditados, educadores massacrados, religiosos corrompidos. A figura da autoridade ficou Psicóloga e psicoterapeuta “fora de moda”. Vivemos uma pós-modernidade Dorothea Wulfhorst que se caracteriza por uma perda progressiva de uma autoridade confiável em qualquer âmbito da vida. O autoritarismo e a repressão política, social, religiosa e familiar anteriores desencadearam um anseio por livre-arbítrio, liberdade e autonomia. Mas eis aonde chegamos – no outro extremo! Perdemos a esperança, ficamos confinados em nossos quadradinhos de concreto de casas e corações, desaprendemos a nos relacionar profundamente! Ficamos sós! De pouco adianta suspirar revoltado e triste: “Quero meu velho mundo de volta, quero os grandes líderes com força de espírito e integridade de volta, quero o clã familiar à minha volta, com direito a colo de vovó! E, por favor, devolvam-me a mim mesmo/a! Preciso novamente povoar meu mundo real, o virtual é frio demais...”. Esses dias, estava no Skype com meu netinho na Austrália, tentando tocar um dueto, ele no teclado no outro lado do mundo e eu aqui no Brasil com a flauta. Isso foi muito divertido. Mas de repente o Ricardo fez aquela carinha triste e disse: “Mas, vovó, eu não posso te abraçar. Tenho vontade de furar esta tela e voar até lá e te abraçar”. E não dá! Apesar de todas as tentativas para aproximar pessoas, culturas e povos, num processo de globalização em rede, assistimos ao crescimento da solidão e da individualização – palavra que não deve ser confundida com individuação, que é um processo do ser humano tornar-se um eu inconfundível e original, consciente de ser criado à imagem de Deus.

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OUTUBRO

Essa síndrome solitária do caramujo, do “cada um por si e Deus por todos” até pode parecer um refúgio contra o descrédito da autoridade ou um mecanismo de defesa contra rejeição que pressentimos, com ou sem razão. Mas como posso entender onde há mudez? Foge-se da solidão polindo-se a imagem estética muito mais que a ética. Mas o olhar da aparência é aparente, competitivo e frio. E chegando ao topo, lá estamos sozinhos, como diz o poeta Rainer Maria Rilke: abandonados/as na montanha do coração... Zygmut Baumann, pesquisador dos fenômenos da pós-modernidade, denominou essa incapacidade de comprometer-se, seja com uma pessoa ou uma causa, de “amor líquido”, vivenciado num universo marcado por laços fluidos, que se desagregam e desobedecem à lei da gravidade emocional de ficar juntos. O que provoca a “insustentável leveza do ser”, preconizada pelo escritor checo Milan Kundera. E isso faz lembrar-nos daquele julgamento escrito numa parede nos aposentos do rei Belsazar em Daniel 5.27: “Pesado foste, e achado muito leve”. Se a perda de reais valores está jogando a humanidade na solidão porque liquidamos nossa humanidade, temos que admitir e sentir a dor dessa ausência e dar passos de enfrentamento corajoso e amoroso. Virada de 180 graus! Pé ante pé, começando a caminhada com o primeiro passo. Nós carecemos de direção. Esquecemos tão facilmente desse manual de instruções de amor do nosso Deus. Imaginemos nós novamente levando a sério os Dez Mandamentos. Não precisaria de outro remédio! Nem tanto Prosecco, nem tanto Prozac... Fomos feitos como seres em relação, somos feitos para ficar! Precisamos de laços que nos sustentam e seguram. Somos feitos assim desde a nossa concepção, no aconchego do útero, no calor do seio materno, no abraço. A essência do ser humano não mudou. Ele busca laços, deseja interagir e precisa desesperadamente da vivência do afeto e aceitação. E do perdão que garante novos inícios onde colocamos pontos finais na solidão e na incapacidade de nos comunicar por palavras, na mudez. Cada coisa tem seu preço. Sabemos disso, apesar da tendência de sucatear ou até ignorar esse fato nessa crescente liquidez das relações entre nós HUMANOS! O fim da solidão tem o preço do comprometimento e da disposição de tornar-se morada para alguém. Morada que não seja barraca desmontável ou até descartável, mas construção sólida que abriga e onde somos abrigados! “A dor ensina a gemer” diziam já nossos antepassados. Gemer para receber ajuda, gemer para ser ouvido/a! Gemer junto com a humanidade carente de graça e paz! Colocar a mudança no lugar da queixa! Também megatendências 97


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como a individualização e o salve-se quem puder podem ser derrubadas do seu trono! Costumamos receber o tipo de convite pela internet de passar adiante alguma mensagem importante que alcançará muitas pessoas. Pode ser uma oração que aparece na tela no momento certo! Pode ser uma dica contra a depressão ou um abaixo-assinado para dar força para um projeto. Mas ainda é muito melhor VIVER essa corrente virtual na realidade – um pacto contra a solidão e o desespero que assola a humanidade! De alma e corpo PRESENTE! Numa visita em um ancionato, ouvi pela porta entreaberta a voz fininha e ansiosa de uma senhora idosa: “Entre, não sei quem você é, mas entre. Preciso conversar com alguém. E quero que me ajude a encontrar o número no celular para ligar para meu filho... Estou tão sozinha”. Se em nossa sociedade constantemente atuam forças centrífugas para nos separar uns dos outros – nós, e especialmente nós seguidores de Cristo – precisamos promover a força contrária – a força centrípeta! Unir, agregar, nos solidarizar, oferecer morada – resgatar nossa humanidade! Precisamos de solidariedade, aprendizagem e sobretudo da orientação de Deus para abandonar a concha solitária de nossos medos de rejeição e abandono. Deus também nos presenteou com tantos tentáculos para dissipar a solidão de irmãos e irmãs: o olhar carinhoso, o gesto solidário, a palavra consoladora e finalmente a ação voluntária e generosa! Já lhe aconteceu de ter permitido a alguém “despejar seu coração solitário” e no final, já com olhos brilhantes, a pessoa dizer: “Obrigado por esta grande ajuda!”? Fiz o quê? Tudo o que o coração mandou e o que Deus pede de seus seguidores. E para tanto Ele também nos habilita! Psicóloga e psicoterapeuta Dorothea Wulfhorst São Leopoldo/RS Extraído de: Anuário Evangélico 2013. Blumenau: Otto Kuhr. p. 130/2.

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PARE E PENSE Fábula do porco-espinho Durante a Era Glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente; mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam maior calor. Por isso decidiram afastarse uns dos outros e voltaram a m o r re r congelados. Então precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro; e assim sobreviveram. Moral da história: O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele em que cada um aprende a conviver com os defeitos do outro e consegue admirar suas qualidades.

Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS


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N O V E M B R O

Datas importantes 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/2/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+5/4/1925) 30 – 1º Domingo de Advento


NOVEMBRO

NOVEMBRO Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. Isaías 1.17

Meditação É muito fácil

N

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ada é mais fácil do que fazer o bem ao próximo. Você não concorda? Então vejamos: para fazer o bem a alguém não é preciso planejar muito, traçar metas, estratégias mirabolantes, na maioria das vezes não é preciso nem pensar muito. Basta ir lá e ajudar. Simples assim. Porque é isto que Deus espera de nós: que façamos o bem sem olhar a quem. Conto uma história: Enquanto preparava o almoço, pela janela da cozinha, a mãe observava o pequeno Roberto brincando alegremente no quintal da casa. Na varanda da casa ao lado, o vizinho, um senhor Isabela Miriam Buboltz já idoso, cuja esposa havia falecido recentemente, sentado em sua velha cadeira, olhava triste para o horizonte... Ao vê-lo chorar, o menino correu até ele e sentou-se simplesmente no seu colo. Quando mais tarde a mãe lhe perguntou o que havia dito ao vizinho, o menino respondeu: – Nada. Só ajudei a chorar. Assim, também no nosso dia a dia, por mais atarefadas que estejamos, sempre é possível reservar alguns minutos do nosso tempo para auxiliar alguém. Basta olhar ao redor: um familiar, um vizinho, um estranho, sempre haverá alguém a quem podemos ajudar. 101


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Há quem diga que nos dias de hoje não é tão fácil assim ajudar os outros sem correr riscos, muitas vezes de vida. Por exemplo: parar o carro à noite para ajudar ou dar carona a alguém na estrada é muito perigoso. Ao nos depararmos com uma situação assim, que consideramos perigosa, não precisamos parar, mas podemos ligar para autoridades do trânsito ou para alguém que possa ir até lá e ajudar essa pessoa. Auxiliar com alimentos, roupas e mesmo dinheiro entidades que acolhem e auxiliam crianças e idosos é importante, porém também é possível dedicar um pouco do nosso tempo a esses internos. O trabalho voluntário em uma dessas instituições faz tanto bem ao interno quanto para aquele que o realiza. É comum ouvirmos relatos comoventes e de como isso faz bem a elas, de pessoas que dedicam voluntariamente algumas horas por semana a brincar com as crianças ou a ouvir as estórias sempre repetidas de um idoso. Auxiliar nas campanhas de arrecadação de roupas, calçados, cobertores que antecedem os meses de inverno rigoroso no sul do nosso país também é fácil. Afinal, olhando bem, no seu guarda-roupa há peças que já não te servem mais, mas com certeza ainda podem aquecer alguém. Também é possível ajudar a arrecadar ou, depois, a separar e distribuir o que foi arrecadado. É só querer se engajar. Para refletir: No meu dia a dia, eu tenho feito o bem? Olhando ao meu redor, tenho ajudado a quem precisa? Para o grupo: Como grupo, o que temos feito para o próximo? Isabela Miriam Buboltz Santa Cruz do Sul/RS

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Mercantilização da vida Portal Luteranos “Vocês querem muitas coisas; mas como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las... Vocês pedem coisas a fim de usá-las para os seus próprios prazeres. Idólatras!” Há algum tempo, havia uma propaganda na TV que mostrava uma casa bonita com o anúncio: “Vende-se por 100 mil reais”. A seguir, mostrava uma menina com o dizer: “Vende-se por 10 reais”. A justiça brasileira tem barrado alguns processos de “barriga de aluguel”, pois percebe uma negociação puramente comercial daquela que vai “emprestar” seu ventre para gerar um Pastora Anelise Lengler Abentroth bebê para outro casal. Nas páginas policiais encontramos notícias que mostram pessoas perdendo a vida por causa de uma discussão banal em torno de R$ 7,00 numa conta de bar. Esses são apenas alguns casos que ilustram quanto vale a vida hoje. Vocês lembram outros exemplos? (Tempo para conversar.) De onde vem tanta violência e injustiça? É bom buscar as raízes e procurar compreender o que está acontecendo. O texto de Tiago 4.1-17 dá boas pistas para nossa reflexão. Vamos lê-lo! Para início de conversa, precisamos compreender o pensamento do povo para quem o texto foi escrito. Na sua concepção, a terra, o ar, a água e tudo o que existe é de Deus. Deus é o Senhor da vida. Portanto a vida é sagrada! Para aquelas pessoas seria muito difícil compreender nosso pensamento de que a terra tem cerca, tem título de posse e que se pode usar e abusar dela sem se preocupar com as futuras gerações e a sustentabilidade. Mas como se deram essas mudanças? Há uma estória que nos ajuda:

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Certa vez, dois meninos, de 11 e 13 anos, receberam de presente uma caixa de engraxar sapatos. Ambos iam ao centro da cidade para fazer o ofício e se revezavam no serviço. No início, o dinheiro que ganhavam era usado para comprar alimentos, que levavam para casa. Com o tempo, o mais velho foi se encarregando de chamar a freguesia e de comprar os mantimentos. O menor engraxava os sapatos. O empreendimento ia de vento em popa, até que o irmão mais novo questionou o mais velho: “Como você comprou uma camisa nova para você e não comprou uma para mim também?” O mais velho respondeu: “Eu sou o mais velho. Você engraxa e eu cuido do que ganhamos. Eu sou o dono da caixa!” Desse dia em diante nada mais foi como antes, nem a relação entre os irmãos. No sistema escravagista da época, ao homem livre pertencia não somente a terra, os bens, o rebanho, como também as pessoas: a mulher (ou várias), os filhos e filhas e os escravos. Eles se intitulavam como a coroa da criação. Um dos pecados frequentes e muito alertado era querer tomar o lugar de Deus. Como na estória anterior, o homem disse: “Eu sou o dono!”. Com o advento da sociedade moderna, com a propriedade privada, o domínio masculino transformou-se num sistema legal, de caráter individual, que, mais tarde, passou a ser expandido para as mulheres. Quanto mais tem, mais compra e acumula. Quanto mais acumula, mais poder tem. E quanto mais poder tem, mais compra e acumula, num círculo vicioso que não tem fim e que não cansa de explorar a terra e tudo o que existe, pois não há limites para a cobiça e a inveja. Ou você já ouviu alguém dizer que o que tem lhe é suficiente e que não quer ter mais? O que mais ouvimos são as queixas das pessoas que nunca estão satisfeitas. Com dinheiro, o ser humano passa a se ver como o centro do mundo e tudo passa a ter preço, também as pessoas. Tudo pode ser adquirido, comprado, ilimitadamente. Certa vez, ouvi alguém dizer: “Todos têm seu preço. O que muda é somente o valor”. Pensando dessa forma, vivemos num tempo onde a vida e o que vive não passam de mercadorias em função do prazer e da vontade de quem se sente dono. “Vocês querem muitas coisas; mas como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las... Vocês pedem coisas a fim de usá-las para os seus próprios prazeres. Idólatra!” (Tiago 4.2-5).

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Exemplo: Mostrem uma nota de R$ 100,00 às mulheres. Pergunte a elas quem vai querer. Agora, amasse essa nota. Pergunte novamente quem vai querer. Jogue a nota amassada no chão, pise sobre ela e pergunte novamente quem vai querer. Com certeza todas dirão que vão querer. Mas quando se faz isso com uma pessoa (que é maltratada, machucada, pisada), quem de nós está disposta a querê-la, cuidá-la, defendê-la? Nós seres humanos somos seres inacabados, limitados, imperfeitos. Somos criaturas e não o criador. Nossa loucura é querer viver longe do Criador e da sua proposta de vida e de salvação para o mundo, ao invés de nos realizarmos fazendo o que Cristo nos pediu. Deixamos que os apelos do egoísmo e da ambição tomem forma em nós e na sociedade neste sistema social, econômico e político que pode e precisa ser diferente. Pois é daí que surgem os conflitos, as competições e a violência que levam à morte, às vezes, de maneira tão banal. Este é o mundo que se absolutiza e se coloca no lugar de Deus (Mateus 6.24). Para humanizar-se é preciso que homens e mulheres reconheçam que Deus é o único que deve ser adorado e servido e que a sua ética é outra. Além dele, somos todos iguais em valor e dignidade, pois essa recebemos por sermos seus e suas, por causa do seu amor por este mundo. A vida e o que vive é o bem maior! Todos os nossos códigos de vida e atitudes precisam estar baseados nessa máxima. Não há vida que valha mais ou que valha menos. É vida e ponto! Precisa ser respeitada, cuidada, valorizada. Pois Tiago disse: “Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus (Tiago 4.4). Oração: Ó Deus, se a realidade nos dá a impressão de que a vida não vale nada, o teu chamado nos lembra de que somos especiais. Se o medo nos faz crer que não há como mudar o mundo, a cruz de Cristo aponta para o perdão que renova nossa vida. Se a frieza das nossas relações faz com que nos sintamos sozinhas, a tua força de vida, o teu Espírito nos reúne e nos acolhe nesta comunhão. Se aqui chegamos sem horizontes, a tua presença entre nós nos anima e fortalece na caminhada. Humaniza-nos, ó Deus da vida! Amém. Pastora Anelise Lengler Abentroth Santa Cruz do Sul/RS 105


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COMPORTAMENTO Sexualidade feminina e afetividade A sexualidade talvez seja o “espaço de encontro” humano mais falado e fadado ao uso abusivo dos meios de comunicação, e ao mesmo tempo o mais inexplorado espaço de possibilidades de crescimento e enriquecimento humano. Por sua vez, a feminilidade talvez seja a porção humana mais estereotipada e menos respeitada e compreendida na cultura humana. A partir dessa constatação, mesclem-se estes dois desconcertantes termos “sexualidade feminina” e surgirá um tema um tanto quanto controvertido. Conflitos e equívocos serão inevitáveis... tratar de feridas psicológicas, (des)encontros afetivos e muitas frustrações serão decorrentes. Outro risco ainda se faz presente, causando danos tanto ao ser quanto à humanidade, ou seja, a perigosa separação entre corpo e afetividade, afastando a sexualidade do terreno da amorosidade, exilando-a no território meramente físico e sensorial. A partir dessa breve introdução com o intuito de singela sensibilização, é possível adentrar no delicado e profundo universo da sexualidade feminina. Para essa jornada é preciso mergulhar nos tantos mistérios da alma, libertá-la e redescobri-la... não esquecendo que as prisões instalam-se primeiro na alma. Essas amarras humanas vão sendo tecidas ao longo dos anos, envolvendo o corpo como uma segunda pele, capazes infelizmente de impermeabilizar o toque, inviabilizando entregas, enclausurando o ser em suas próprias muralhas. São os sentimentos e as vivências psicológicas que envolvem a sexualidade, por isso desnudá-los permitirá o acesso ao mundo dos desejos, sejam físicos e/ou emocionais. A pele emocional humana, portanto, é formada pelas histórias que contaram as mães e avós sobre sua própria feminilidade. É no colo das muitas mães humanas que se inscreve o destino de gerações de mulheres, plenas ou tolhidas, libertas ou aprisionadas. Faz-se urgente, portanto, resgatar a “linhagem materna”, para compor a identidade feminina, desvendar como essas ancestrais psíquicas viveram sua própria sexualidade, seu corpo, suas possibilidades de acessar as emoções, enfim suas permissões interiores para viver. São as mães psíquicas que tecem as asas e definem a extensão dos voos de cada mulher e cabe a cada mulher desvencilhar-se, assumir seus voos, exercitar suas asas e explorar e desvendar seus espaços interiores para expandir seus horizontes exteriores. 106


NOVEMBRO

Conhecer as feridas femininas familiares e culturais, tatuadas na pele, no corpo e na alma, pode conduzir à cura. E essas feridas humanas e da humanidade sangram frente a abusos, assédios morais, rejeições, exclusões, segregações e humilhações. Feridas doem quando são tocadas, gerando carapaças que matam o corpo e que temem o toque. Feridas menores, talvez menos abusivas, também blindam o corpo, machucam e impossibilitam verdadeiros encontros corporais e afetivos. Nesse contexto de análise não se podem esquecer as feridas culturais, pois elas também enclausuram e são, numa escala maior, as histórias contadas a partir da história das mulheres de todos os tempos, suas lutas, frustrações e conquistas, inscritas na memória do mundo, atemporal e eterna. Inscritas na essência de toda e cada mulher contemporânea que traz na alma os traços das deusas pagãs, das heroínas cristãs, das vítimas historicamente oprimidas, das guerreiras e das mulheres incansavelmente em busca de sua totalidade humana. Logo, a feminilidade é sinônimo de riqueza, de multiplicidade emocional de retalhos de vivências pessoais e transpessoais, que coabitam com os fragmentos psicológicos de si mesmas, feito a menina que ainda sonha mesmo escondida e esquecida nas memórias do passado, com a adolescente que se rebelou ou que nunca ousou rebelar-se, da mulher que ansiou ou ainda anseia pelo encontro com o homem almejado que a tornaria completa, com a futura mãe que sonhou amar incondicionalmente, com a mulher que aspirou amadurecer e finalmente, ser feliz. A mulher traz em si tantos ideais femininos, aspirações de plenitude, frutos de todas essas congruências humanas, históricas e culturais. Para libertar o corpo e a alma feminina faz-se imprescindível acolher a menina, a adolescente, a mulher, a mãe, essas facetas fragilizadas da psique feminina individual, integrando-as e libertando-as junto com as “deusas”, as “mártires”, as “guerreiras”, enfim a psique cultural e por fim integrá-la à psique feminina ancestral, as mães e avós de ontem até alcançar as mães e avós do amanhã, as culturas do porvir, resgatando o feminino enquanto gênero, mas acima de tudo enquanto princípio feminino, capaz de colocar-se com dignidade, inteireza, igualdade e complementaridade com o princípio masculino, no sentido de construir uma vivência da sexualidade libertária para todos os seres humanos, recolocando-a num contexto de respeito, troca, amor, cumplicidade e real intimidade. Reconhecendo a necessidade do respeito humano e da justiça, não se pode esquecer que feridas igualmente foram impostas aos homens, enquanto

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gênero e princípio, que também deturparam, fragilizaram e corromperam sua sexualidade, afastando-os de si mesmos e de seus encontros afetivos. Resgatar, portanto, a sexualidade humana com plenitude, redimensionando o “espaço de encontro” humano, tecendo nas tramas da alma e da história um novo paradigma de amor, alicerçado na consciência humana, do “ser integral”. Psicóloga Polyana L. M. Tozati São Bento do Sul/SC

ADVENTO Redescobrindo o Advento Esta meditação pressupõe uma coroa de Advento ou outro arranjo natalino com as quatro velas. A coordenadora pode combinar previamente a leitura das quatro partes com quatro voluntárias. Estamos aqui reunidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Jesus Cristo diz: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Canto: HPD v. 1, hino n. 1, 1-4 Acender a 1ª vela Deus nos ensinará o que devemos fazer, e nós andaremos nos seus caminhos. As pessoas transformarão as suas espadas em arados e as suas lanças em foices. Nunca mais as nações farão guerra, nem se prepararão para batalhas. (Isaías 2.3-4) Advento é uma época de espera, reflexão e preparação para o Natal. Procuramos a orientação de Deus para o que devemos fazer, para andar “em seus caminhos” e cumprir sua vontade. A vontade de Deus é que os instrumentos da violência sejam transformados em instrumentos de vida – com arados e foices prepara-se a terra, para colocar a semente e depois colher o alimento. O respeito pela vida é o caminho da paz. 108


NOVEMBRO

Durante o Advento, paramos para refletir sobre os caminhos que trilhamos e perceber como é fácil desviar dos caminhos de Deus. Buscamos a orientação de Deus para nos transformar em instrumentos para dignificar a vida. Jesus, o Príncipe da Paz, veio para nos guiar nos caminhos da paz de Deus. Acender a 2ª vela A alegria e a felicidade os acompanharão, e não haverá mais tristeza nem choro. (Isaías 35.10) O profeta Isaías fala da promessa de Deus que, quando o Messias chegar, o deserto se alegrará e florescerá, doentes serão curados e fontes de bênção jorrarão; uma estrada será construída para que as pessoas retornem a Deus. Tudo isso acontecerá como numa reação em cadeia. E isso lembra reações atômicas: átomos colidem uns nos outros e liberam uma tremenda energia. Deus desencadeia uma reação semelhante com o envio de seu Filho ao mundo. A transformação da tristeza em alegria, do choro em felicidade vem com uma criança que carrega em si o germe da nova vida. A mensagem de Jesus em palavras e atos liberam uma energia transformadora que se espalha e envolve todos os aspectos da vida das pessoas de fé. Essa transformação resulta em alegria e gratidão por sermos filhos e filhas de Deus. Durante o Advento, queremos sentir a energia do amor de Deus e deixar que ela toque todos os aspectos de nossa vida com seu poder transformador. Acender a 3ª vela Os discípulos de João perguntaram a Jesus: O senhor é mesmo aquele que ia chegar ou devemos esperar outro? Jesus respondeu: Voltem e contem a João isso que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a boa nova do Evangelho é anunciada aos pobres. (Lucas 7.20,22) João quer saber se Jesus é o Messias – aquele que era prometido há muito tempo, o mais importante mensageiro de Deus. Jesus responde apontando para o que estava acontecendo: pessoas são curadas, estão recebendo nova vida e ouvindo a boa-nova de Deus. Sim, Jesus era o Messias prometido. O povo esperava o mensageiro mais importante de Deus, mas Jesus era mais que um mensageiro de Deus, era a própria mensagem de Deus encarnada. Durante o Advento, nós nos preparamos para comemorar algo que já aconteceu: Jesus nasceu! Mas também para comemorar algo que continua acontecendo: Onde damos espaço para Jesus acontecem coisas novas na vida de cada 109


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pessoa, na família, na sociedade, no mundo, em todas as dimensões da vida humana. Advento é ouvir a mensagem de Deus e sentir sua ação renovadora em nossa vida. Acender a 4ª vela Belém-Efrata, você é uma das menores cidades de Judá, mas do seu meio farei sair aquele que será o rei de Israel. O rei virá e será o pastor do seu povo, governando-o com a força que o Senhor lhe dará e em nome do glorioso Deus. O seu povo viverá em segurança, pois o seu poder alcançará o mundo todo. E ele trará a paz. (Miqueias 5.2,4-5) Durante o Advento, precisamos nos policiar para não ser dominados pela vaidade e pelo consumismo, lembrando que, muitas vezes, a falta de paz está relacionada com a ganância. A angústia causada pela ânsia de consumir resulta na desvalorização do evento salvífico e na supervalorização das coisas. Quando falamos: “Natal é tempo de dar e compartilhar” não nos referimos aos presentes do Papai Noel, mas à entrega que Jesus fez para nos salvar e mostrar o caminho que devemos seguir. Devemos sempre lembrar: Mais vale um gesto de carinho do que um saco cheio de presentes. Natal é o aniversário da criança que nasceu num curral... e é com esta simplicidade que ele quer ser celebrado e amado. Vamos devolver o Natal para Jesus. E ele nos presenteará com paz e proteção. Canto: HPD v. 1, hino n. 235 Pai-Nosso Bênção: Abençoa e guarda-nos conforme a tua bondade! Levanta, Senhor, o teu rosto sobre nós e nos dá a luz! Presenteia-nos com a tua paz todos os dias de nossa vida! Concede-nos o teu santo Espírito, que continuamente para Cristo nos conduz. Amém. Brunilde Arendt Tornquist São Leopoldo/RS 110


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Datas importantes 01 – Dia Internacional de combate à AIDS 03 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 07 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 14 – 3º Domingo de Advento 21 – 4º Domingo de Advento 24 – Véspera de Natal 25 – Natal 31 – Véspera de Ano-Novo

D E Z E M B R O


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DEZEMBRO O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso. Isaías 35.1

Meditação Esperança de uma vida nova Arquivo pessoal Há mais de 20 anos, tivemos uma ggrande seca no mês de dezembro no RS. Fomos passar o Natal tal com nossas filhas, genros e netos no interior de Agudo. A paisagem era desoladora. Tudo queimado pela seca. Mass sobressaíam os pinheiros, verdes e altaneiros. Com essa árvore comemoramos o Natal, pois mesmo seca, a, ela traz esperança – esperança de uma vida nova. a. Conta a história que o reformador dor Martim Lutero tomou um pinheiro como símbolo para comemorar o Natal com sua família. Na Europa, o Natal é comemorado no inverno e a neve cobre tudo. As folhas das árvores não resistem, mas o pinheiro continua verde e altivo. Lembrei-me dessas imagens quan-do comecei a meditar sobre o texto dee Isaías 35.1. A situação do povo era deses-peradora. Haviam deixado de viver como mo Deus lhes ordenara. O ser humano quis ser como Deus e acabou transformando Lançado o desafio: Neste Natal, use a vida numa luta pela sobrevivência. O pinheiros naturais, que simbolizam a vida ser humano carrega a culpa de ter corrompido a boa criação de Deus. Assim a rebeldia trouxe consequências bem concretas (lutas, sofrimento, dor, morte). No capítulo anterior lemos da indignação de Deus contra seu povo e descreve uma situação muito difícil, principalmente nos v. 11b a 15: “Estender-se-á sobre ela (a terra) o cordel da destruição e o prumo da ruína”. Mas já no v. 16 Isaías traz a esperança: “Buscai no livro do Senhor e lede”. Aí está o caminho e vem

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a promessa. No capítulo 35, o texto proclama a salvação como um processo de transformação de toda a realidade material. Deus intervém: promete que o deserto (sinal de destruição) e a terra se alegrarão e o ermo florescerá como o narciso. Que imagem maravilhosa! O que estava arrasado se recompõe e começa a renascer, a florescer. Na continuação da leitura do capítulo 35 teremos a visão daquilo que Deus promete através do nascimento de seu filho Jesus. É a visão que nos move quando comemoramos o Natal: a proposta de salvação de Deus para a humanidade, pois com a vinda do Messias estará sendo implantada uma nova proposta de justiça e direitos iguais. Jesus aponta o pecado e oferece a perspectiva de uma nova sociedade, onde as mulheres são reconhecidas, doença não é castigo, o perdão é possível, há cura para as doenças não somente para quem pode pagar, e as pessoas têm dignidade por serem assim como são. Jesus oferece sua vida para salvar a humanidade. Ele nos motiva a trabalhar pela transformação dos nossos relacionamentos pessoais (perdão), das relações sociais (justiça, respeito e igualdade) e as relações com o meio ambiente (cuidado e preservação). A salvação não está mais baseada no cumprimento das leis e normas, mas naquilo que Deus fez por nós, enviando o seu Filho, oferecendo o seu perdão e uma nova vida, gratuitamente, por pura graça e fé. É essa redescoberta de Lutero que nos motiva a propor mesmo em situações de luto que a vida é mais forte, pois podemos superar a tristeza, a dor e o abatimento, com o apoio e a comunhão de irmãos e irmãs. Podemos vencer o individualismo, o egoísmo e a indiferença, levando a esperança às pessoas, sendo solidárias nesta época natalina, não apenas com presentes e doces, mas sobretudo com a mão amiga, o abraço forte e as atitudes sinceras e corajosas que modificam a vida. Quero propor um desafio: Vamos comemorar o Advento e Natal com vida, isto é, com pinheiros naturais ou galhos verdes. Os pinheiros e enfeites artificiais podem ser lindos, mas eles não têm vida, não oferecem esperança. São mais fáceis de adquirir e guardar, como nossas atitudes, quando escolhemos sempre o que pouco exige de nós. Lembro ainda os Natais da minha infância, onde as luzes do pinheiro eram velas que o pai acendia antes de entrarmos na sala. Em nossa família tentamos ainda comemorar o Natal assim. Natal é vida. Vida que Jesus nos oferece! Vida que vence os tempos de desertos e as secas! Lilian Lengler Estrela/RS 113


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Compromisso com a igualdade O texto de João 8.1-11 fala sobre o encontro de Jesus com seus opositores e a mulher que foi pega em adultério. Jesus estava indo de manhã para o templo. Talvez fosse essa a sua primeira atividade naquele dia. As pessoas iam chegando e se acomodando para ouvir atentamente os seus ensinamentos. De repente, escribas e fariseus trouxeram uma mulher com a intenção de apedrejá-la. É interessante observar que somente a mulher fora trazida, não o homem. Este não sofria nenhuma punição. Porém a mulher adúltera era arrastada em praça pública, suas vestes rasgadas e sua pele sangrava esfolando-se na terra, constrangimento e humilhação se faziam presentes em sua face. Com os seios à mostra, era apedrejada sem piedade. Ninguém tinha ouvidos e olhos para a mulher que sangrava, agonizava e pedia compaixão. A cena, inesquecível, ficava gravada na mente e perturbava a alma para sempre. A mulher é jogada diante de Jesus. Pessoas cuspindo ódio diziam que ela fora pega em flagrante adultério. E perguntaram: Qual era a sentença que Jesus dava para essa pecadora? O que está por trás da pergunta dos escribas e fariseus? Essa atitude deles mostra que não estão preocupados com a mulher. Eles querem encontrar uma prova para acusar Jesus. Querem comprovar se de fato Jesus é amigo ou não de publicanos e pecadores. Porém Jesus se inclina, silencia e escreve na areia, optou por pensar antes de reagir. O silêncio inquietante de Jesus deixou os acusadores sem reação, acalmando-os da raiva, da tensão. Uma situação difícil. Se Jesus concordasse com a lei de Moisés, estaria condenando a mulher à morte. Também estaria se comprometendo com a lei romana, que proibia aos judeus a autoridade de executar alguém. Depois, se Jesus desculpasse a mulher, iria contra a lei religiosa. Jesus exige que a lei seja cumprida, mas por intermédio daquele que não tem pecado. Assim fica resguardada a lei de Moisés e é eliminado o legalismo dos escribas e fariseus. Jesus faz uma profunda interpretação da lei de Moisés de maneira que não há mais motivos para continuar a conversa. Jesus dá uma resposta sábia que desarma a todos. Olhando os fariseus nos olhos, disse: “Quem não tem pecado atire a primeira pedra!” O sentido dessas palavras é profundo. “Mudem a base do julgamento, tenham a coragem de ser transparentes em enxergar as suas falhas, erros e contradições.” Ficando eles assim acusados pela própria consciência (v. 9), largaram as pedras um por um, a começar pelos mais velhos até os últimos. 114


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Jesus olhou para a mulher e fez uma delicada pergunta: “Mulher, onde estão seus acusadores?” “Ninguém te condenou?” (v. 8). “Ninguém, Senhor”. A afirmação Senhor é sinal de que a mulher permanece onde fora colocada porque se sente comprometida e ligada a Jesus. É uma confissão de fé de quem se reconhece dependente deste que tem a palavra de libertação, justiça, vida: “Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”. Talvez ele fosse a única pessoa que tivesse condições de julgá-la, mas não o fez. A ordem “vai” possibilita à mulher um novo começo, uma nova caminhada. A ordem é: Refaça seus caminhos, revise sua história, cuide-se, mulher. Para Jesus, aquela mulher, ainda que desconhecida, pobre, esfolada, humilhada, rejeitada publicamente e adúltera, era muito importante, valiosa. Uma mulher que tinha sonhos, expectativas, lágrimas, golpes de ousadia, recuos, enfim, mulher. É confortante perceber que Jesus chamou a adúltera de mulher, deu-lhe o status mais nobre: o de um ser humano. Ele não perguntou com quantos homens ela dormira. Para Jesus a pessoa que erra é mais importante do que seus próprios erros. Jesus colocou a mulher em pé de igualdade com todos os demais, inclusive os acusadores. Pois todos estão na condição de pecado e necessitam da graça de Deus, que possibilita novo começo. Jesus a compreendeu e não a excluiu, mas a abraçou. Em outras palavras, Jesus disse: “De hoje em diante, sua vida me pertence, você pode ser minha discípula”. Jesus a despediu, mas ela não foi embora. E por quê? Por amá-lo, seguiu-o para sempre, inclusive até os pés da cruz, quando ele agonizava. Compromisso Praticando o ato de ver que o outro é um ser humano igual a você mesmo, fazer o exercício proposto: tratar a pessoa do jeito que você gostaria de ser tratado; dar atenção; lembrar que essa pessoa que está perante você ou ao seu lado é também uma pessoa que ri, que chora, que sofre, que se alegra, que respira. Ela pode estar precisando de você, precisa ser cativada e cuidada. Dinâmica (Ao som de uma música suave.) Caso o espaço físico permita, convide todas para caminhar, cada qual se movimentando em seu ritmo. Vá conduzindo essa caminhada. Respire fundo, movimente os braços para cima... Caminhar mais ligeiro... mais devagar... para trás... Aos poucos, sentir e caminhar no ritmo de outra pessoa. 115


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Depois de alguns minutos, dialogar e compartilhar sentimentos: Como é caminhar sozinha? O que muda na hora de caminhar com alguém? Quando você precisou muito que alguém caminhasse ao seu lado? Alguém não conseguiu ou teve grandes dificuldades para caminhar com outra pessoa? Como é o caminhar das duas pessoas: é o caminhar de uma, de outra, ou é um novo jeito de caminhar? E quando mais pessoas caminham juntas? Comentário final A diaconia não tem a responsabilidade de fazer tudo, mas tem a possibilidade de colocar um sinal: um sinal que mostra caminhos de esperança! Jesus valorizava em misericórdia e amor a participação das mulheres no exercício da diaconia. Uma pessoa se transforma quando é tratada com humanidade, e lembramos que Deus “tornou-se gente para humanizar”. A partir do texto de João 8.1-11, Jesus ensinou que podemos melhorar nossos relacionamentos, não esquecendo a necessidade do lazer, do agradecimento e reflexão. É importante fazer essa avaliação constante. E para que isso venha fazer parte do dia a dia, podemos buscar ajuda, sabedoria e entendimento na fonte viva, no Deus que se humanizou. Na prática, isso significa reservar alguns minutos durante o dia para refletir e meditar. Conforme 1 Pedro 2.9, através do nosso Batismo somos chamadas a exercer o sacerdócio geral. Pelo Batismo, que concede a presença e a ação do Espírito Santo, cada pessoa torna-se capaz e digna para anunciar o Evangelho e testemunhar o amor de Deus. Deus nos chama a servir na comunidade e no mundo. O serviço (diaconia) é uma característica central da igreja e do ser cristão (Marcos 9.33-37; 10.35-37). Como OASE, como comunidade cristã somos convidadas a anunciar o Evangelho em palavra e ação, demonstrando através da ação diaconal (Serviço) a nossa fé, a nossa Comunhão, o nosso Testemunho. Amém. Diácona Telma Merinha Kramer Conventos, Lajeado/RS

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NATAL Jogral: Como festejar o Natal 1 – Certa vez, um locutor de rádio, ao falar sobre o Natal, citou o pinheirinho, o Papai Noel, a luz das velas, os presentes – mas não citou uma única vez o nome de Jesus Cristo. 2 – Se perguntarmos aos nossos filhos ou a outras pessoas: O que é Natal? O que significa Natal? Que resposta receberemos? 3 – As crianças dirão: É o dia em que o Papai Noel nos traz presentes. Toda a sua alegria está nos presentes e no velhinho barbudo, e poucos se lembram do nascimento de Jesus. 4 – A balconista da grande loja de tecidos dirá: Uma grande luta é o Natal para mim. Quanto mais se aproxima a festa, tanto mais trabalho. Por que será que todo mundo só compra na última hora? E durante o Natal? Bem, quero dormir e descansar. 1 – O vizinho gordo dirá: Natal? Que há de especial nisso? Não me interessa muito. Minha esposa sempre prepara um bom assado. E, regado com um bom vinho, isso não é de se desprezar, não é mesmo? É, Natal é bem legal, pois vive-se bem por alguns dias... 2 – Uma pessoa solitária dirá: Nesses dias as velhas feridas novamente começam a doer. Então acendo as luzes do meu pinheirinho e passo a sonhar. E penso em dias passados, quando meu marido ainda vivia e os filhos eram menores. Choro enquanto as velas se apagam vagarosa e tristemente. 3 – O jovem operário dirá: Alguns dias sem trabalho. Três dias de descanso e prazer. E isso quero aproveitar! 4 – O estudante universitário dirá: Tomara que o velho me dê um carro esporte. No mais... que se vai esperar desse negócio antiquado que é o Natal? 1 – Um entre muitos: Que significa Natal? Nada. 2 – E como nós respondemos? Respondemos também como essas pessoas? Todas essas pessoas nada compreenderam do Natal. Exatamente: nada compreenderam do Natal. Ou respondemos de modo diferente? 3 – (Leitura de Lucas 2.1-11.) 4 – Ouvimos há pouco a história do Natal. Ela cita, quase no fim, alguns homens. De profissão eram pastores. Neles se notava que estavam muito felizes: “Voltaram cantando e louvando a Deus por tudo que tinha feito”. 117


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1 – Mas que ouviram e viram de especial? Por que tanta alegria? Haviam festejado Natal. E isso sem pinheirinho, sem peru assado, sem Papai Noel, sem presentes e sem velas. E apesar disso haviam festejado Natal, e... corretamente, pois tinham encontrado o Salvador. 2 – Podemos nós responder à pergunta sobre o que significa o Natal para nós assim: No Natal nasceu nosso Salvador? Sim? Então já saberemos festejar corretamente o Natal. 3 – Mas e o pinheirinho e o Papai Noel? Que fazer com eles? Não mais nos poderemos alegrar durante o Natal e teremos de festejá-lo sérios? Podemos e devemos nos alegrar, também com pinheirinho e o Papai Noel. É algo lindo alegrar-se e também alegrar outros. Não, nada temos contra isso. Mas se esquecemos a parte essencial, Deus tem muita coisa a objetar. Sim, mas qual é a parte essencial no Natal? O essencial é o presente de Deus: “Pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Usemos aqui uma ilustração de Billy Graham: “Certo dia ao passar pelo caminho que leva à minha moradia, pisei num pequeno formigueiro. Matei muitas formigas, feri outras tantas. Parei por um momento e pensei: gostaria de dizer a elas que não o fiz por gosto. Mas não podia fazê-lo, pois eu era muito grande e elas pequenas demais. Elas não compreenderam minhas palavras e eu não me podia fazer entender. Tal ocorre com Deus: Deus viu nossa miséria, nosso pecado, nossa desobediência e nosso sofrimento e disse: amo vocês e posso ajudá-los. Mas os homens não o entendiam, pois ele é o Todo-Poderoso e nós apenas míseras formiguinhas. Ele então se tornou um de nós em Cristo. Jesus Cristo foi Deus vivendo como homem entre nós. Assim pôde o Todo-Poderoso Deus falar a nós pequenos homens em Cristo”. 4 – Deus se tornou homem em Cristo para nossa salvação. Agora temos um Salvador. E isso não queremos esquecer ao festejar o Natal. Podemos festejar Natal como quisermos, mas só se aceitarmos, ávidos de salvação, o grande presente de Deus, é que festejamos o Natal corretamente. Autoria desconhecida Enviado por Anna Lange Curitiba/PR

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Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor! Desponta a luz da vida. Meu Salvador é o clarão de luz brilhante. Finda a noite, a escuridão se esquiva, e o Espírito da vitória sopra revigorante. Jesus Cristo afasta a aflição – ele é o pão da vida e nossa salvação. Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor! A este mundo dominado por culpa e desamor veio o Filho de Deus cheio de graça e bondade. Abriu mão de pompa e esplendor e aos seus mostrou o caminho da verdade. Fez isto por amor. A cruz testemunha: “Tu tens valor”. Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor! Quando penso no que ele fez pela humanidade, segundo a vontade e o plano do Pai, meu coração bate forte e me curvo em piedade. Vivemos porque Jesus vive! Ele é a fonte da vida, nele há redenção. A sua luz tudo ilumina e não há mais escuridão. Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor! O presépio me faz ver, extasiado, que devo seguir o caminho da humildade. A cruz revela o poder do Pai amado, que perdoa a culpa e cria a novidade. Que forte arrimo, quanta alegria! Sua mão é o meu guia. Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor! Senhor Jesus, em ti encontro a paz verdadeira. Tu és minha vida, minha felicidade, minha luz agora e derradeira. Meu Redentor, a ti sou consagrado. Anuncio, como mensageiro da palavra sagrada: Vem ao Senhor, experimenta sua bondade. Meu Salvador, somente tu és Rei e Senhor! 119


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DECORAÇÃO Árvore festiva para a mesa de Natal Ingredientes 1 cone de isopor Papel alumínio Palitos de dente 2 cachos de uvas brancas 2 cachos de uvas rosas 2 cachos de uvas pretas 400g de tâmaras 200g de passas de uva branca 200g de passas de uva preta 300g de morango 400g de damasco seco 300g de ameixa preta sem caroço 4 kiwis 1 melão orange

Divulgação/RBS TV

Modo de preparo A ideia é fazer uma árvore colorida para enfeitar a mesa das festas de fim de ano e que pode ser saboreada pelos convidados. A quantidade de frutas para fazer a árvore vai depender do tamanho do cone de isopor. Encape o cone de isopor com o papel alumínio. Lave as uvas e os morangos, corte os kiwis e o melão. Aproveite e faça, com o melão, um triângulo para o topo da árvore. Espete cada uma das frutas com os palitos e vá arrumando, uma a uma, no cone. Evite deixar furos, cuidando para que o papel alumínio não fique aparecendo. A árvore festiva é colorida e pode ser saboreada.

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