Roteiro da OASE 2015 - Simplesmente... amar

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© Editora Sinodal, 2014 Rua Amadeo Rossi, 467 Caixa Postal 11 93001-970 – São Leopoldo/RS Tel./Fax (51) 3037-2366 editora@editorasinodal.com.br www.editorasinodal.com.br Elaborado pela Associação Nacional dos Grupos de OASE da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Diretoria Nacional: Rejane Beatriz Johann Hagemann (Presidente), Anelize Marleni Berwig (Vice-Presidente), Leda Müller Witter (Secretária), Elfi Roedel (Vice-Secretária), Lurdes Irene Gerhardt (Tesoureira), Teresinha Metzker (Vice-Tesoureira) Assessoria teológica: Diácona Telma Merinha Kramer e Pastora Márcia Helena Hülle Conselho redatorial: Olga Kappel Roque, Edeltraud Fleischmann Nering, Rejane Beatriz Johann Hagemann, Leda Witter, Lurdes Irene Gerhardt Coordenação editorial: Helga Schünemann Contato: helgaschunemann@yahoo.com.br Produção editorial e gráfica: Editora Sinodal Imagens da capa: Free Images: linder6580 e iprole ISSN 21755515


ÍNDICE Apresentação – Rejane Beatriz Johann Hagemann ........................................ 5 Palavra da Presidência da IECLB ................................................................... 7 JANEIRO Simplesmente... uma história (Gênesis 8.22) ................................................ 10 Ela será lembrada (Marcos 14.3-9) ............................................................... 12 Fé – esperança – amor (1 Coríntios 13.13) ................................................... 14 Fundação Luterana de Diaconia.................................................................... 16 FEVEREIRO Amar é... conviver, testemunhar e servir com alegria (Romanos 1.16) ........ 20 A fé que me transforma ................................................................................. 22 Um hino surge – Por tua mão me guia .......................................................... 24 MARÇO Deus vai cumprir seus planos em mim (Romanos 8.31) .............................. 28 Compromisso no relacionamento ................................................................. 29 Sobre o amor... a partir do DMO .................................................................. 32 Oração do cuidado ........................................................................................ 34 ABRIL A terra tremeu, os sepulcros se abriram (Mateus 27.54)............................... 36 Cuidado na família ........................................................................................ 38 Semana S anta ................................................................................................ 40 Jesus r essuscitou! .......................................................................................... 43 Artesanato: Coroa de Páscoa ........................................................................ 44 MAIO Você pode tudo? (Filipenses 4.13) ................................................................ 46 Fé e amor superam o medo ........................................................................... 48 Jogral: O avental ganha vida ......................................................................... 50 Oração da mãe............................................................................................... 53 Mãe é mãe ..................................................................................................... 54 JUNHO Receber a bênção (Gênesis 32.26) ................................................................ 56 Que prevaleça o amor ................................................................................... 58 Viver em comunidade ................................................................................... 60 Cuide de seu jardim secreto .......................................................................... 63


JULHO Tomar posição – Dizer sim ou não (Mateus 5.37) ........................................ 65 As possibilidades de amar ............................................................................. 67 Mulheres no Sínodo da Amazônia ................................................................ 70 Alfabeto do amigo......................................................................................... 73 AGOSTO Dar limites é ser prudente (Mateus 10.16) .................................................... 75 A arte de constituir família ............................................................................ 76 Grupo de OASE Catarina, Porto Velho/RO .................................................. 79 Ser pai ........................................................................................................... 81 SETEMBRO Tornar-se criança (Mateus 18.3) ................................................................... 84 Administrar para o bem comum ................................................................... 86 Comunidade e sinos que marcam a história religiosa no Brasil ................... 88 OUTUBRO O amor incondicional de Jó (Jó 2.10) ........................................................... 92 Motivar a participação .................................................................................. 94 Os benefícios da massagem .......................................................................... 96 Oração: Perdoa-me, Senhor .......................................................................... 98 Receitas: Escondidinho alemão e bolo de iogurte ........................................ 99 NOVEMBRO Fé fragilizada (Judas 22) ............................................................................. 101 Vivendo e crescendo com o tempo de luto ................................................. 103 Bênção a todas as mulheres: Não à violência ............................................. 105 Fábula de Esopo: Os viajantes e o urso ...................................................... 106 A origem da Coroa de Advento ................................................................... 106 DEZEMBRO Louvai com cânticos (Isaías 49.13) ............................................................ 109 O amor procede de Deus ............................................................................. 111 Jogral: Os males do mundo ......................................................................... 113 Alegria a utêntica ......................................................................................... 116 Impaciência vesus perseverança – o bambu japonês .................................. 117 Oração: Para o novo ano ............................................................................. 119 Artesanato: Estrelas de Natal ...................................................................... 120


Apresentação Simplesmente amar...

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mar... uma palavra simples e ao mesmo tempo tão complexa. Fala-se muito em amor hoje em dia: Te amo pra cá, te amo pra lá... Mas eu me pergunto: qual é a profundidade desse amor, desse amar. Até onde amamos? Amamos incondicionalmente? Ou é um amar de fachada? Essa me parece ser uma boa reflexão. Simplesmente amar... Bom exemplo de amor é o amor de Deus. É um amor incondicional, absoluto, amplo, em sua forma mais profunda. Um amor que não escolhe a quem amar e que ama sem reservas. Amor do qual nem mesmo a morte pode nos separar. O amor de Deus é um amor de doação. Ele nos ama de tal maneira, que deu o seu próprio filho na cruz para nos salvar (João Rejane Beatriz Johann Hagemann 3.16). O amor de Deus dura para sempre, é sofredor, é benigno; não é invejoso; não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, jamais acaba (1 Coríntios 13.4-8a). Um amor que se doa incondicionalmente. Devemos seguir o exemplo de Deus e amar. E Deus nos diz para amar a ele e para nos amar uns aos outros, não só as pessoas amigas ou a nós mesmas, mas a todas as pessoas sem distinção. Nesse sentido o amor de Deus é um amor que nos impulsiona a amar, a agir e a servir. Qualquer coisa menos que isso não é um amor baseado no ser amadas e amados por Deus e o qual deveríamos espelhar. Portanto o amor é o grande começo do nosso agir como pessoas cristãs que somos e deve ultrapassar barreiras. O amor incondicional, o amor “ágape” é a luz que ilumina nosso caminho. Amar é aceitar a outra


ROTEIRO DA OASE 2015

pessoa incondicionalmente como ela é, é ficar feliz com a simples presença desse alguém. A nossa beleza está na capacidade de amar e encontrar em nossa próxima, em nosso próximo a nossa continuidade, reconhecendo e sabendo que na vida estamos sempre precisando de alguém e sempre terá alguém precisando de nós. Simplesmente amar... é a base para quem quer servir. Não podemos ser Jesus, mas podemos imitá-lo. Felizes são as pessoas que conseguem seguir os ensinamentos de Jesus. O apóstolo Paulo nos diz: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes, o mais importante deve ser o amor” (1 Coríntios 13.13). Simplesmente ame... como amada é e como Cristo amou.

Rejane Beatriz Johann Hagemann Presidente da Associação Nacional dos Grupos de OASE

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Palavra da presidência da IECLB Igreja da Palavra

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m 2015, o tema do ano propõe que aprofundemos a questão da comunicação, que é componente tão central para a vida comunitária quanto o é para a vida em sociedade. Em razão disso, a IECLB definiu para 2015 o tema “Igreja da Palavra – chamad@s para comunicar”, iluminando-o com o lema, baseado em Lucas 24.17: “Sobre o que vocês estão conversando pelo caminho?” O lema que ilumina o tema de 2015 é uma pergunta de Jesus a dois caminhantes desolados por causa da crucificação do Nazareno: Sobre o que vocês estão conversando pelo caminho? (Lucas 24.17). Os desdobramentos dessa pergunta impressionam. O diálogo que a pergunta proporcionou aproximou pessoas aparentemente estranhas e afastadas entre si, criou o ambiente para que seres humanos pudessem externar sua desolação, sua dor e sua falta de perspectivas. A comunicação clara e relacionada às perguntas existenciais fez com que vias paralelas entre desconhecidos se cruzassem e os conduzissem à comunhão de mesa. Nesse momento houve revelação! O que parecia estranho e oculto ficou desvelado. Distâncias foram encurtadas. Criou-se comunhão de vidas. A chama da fé foi reacendida e reafirmada. Tamanha experiência precisou ser noticiada. Foi o que moveu os dois caminhantes a se colocar a caminho e procurar outras pessoas para comunicar a ressurreição de Jesus. O que significa, nos dias de hoje, ser Igreja da Palavra e sentir-se chamad@ a comunicar em uma realidade de inflação de informação, reforço do individualismo, enfraquecimento da noção de comunidade, relativização de valores e aumento de sinais de desesperança? Somos Igreja da Palavra, somos igreja que tem palavra. Somos Igreja da Palavra. Somos chamad@s para comunicar. Como Igreja da Palavra, somos desafiados e desafiadas a analisar o quanto e como comunicamos a mensagem do Cristo que está vivo e quer manter diálogo constante conosco por meio da pregação e dos sacramentos. Ser Igreja da Palavra, hoje, requer análise crítica das atitudes, dos conteúdos e dos valores comunicados para terceiros, além do nível da comunicação que ocorre internamente. Para comunicar a Palavra, importa que, a exemplo de Jesus, primeiro avaliemos o quanto caminhamos ao lado das pessoas, ouvindo-as, procurando compreender suas angústias e seus temores – e elas se expressam! Em setembro de 2003, por iniciativa da Secretaria Geral da IECLB, foi realizada uma pesquisa junto à Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE). Partindo da pergunta de Jesus: O que vocês estão conversando no caminho?


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(Lucas 24.13ss), o propósito da pesquisa foi verificar quais eram as questões que preocupavam e permeavam o dia a dia das mulheres que integravam, na época, as comunidades da IECLB. No seu diálogo, as mulheres expressam suas preocupações, seus medos e suas dúvidas. Vivemos em um mundo com muitas cobranças. O que será no futuro das comunidades nas pequenas cidades? Na nossa OASE, nós comentamos sobre o afastamento das pessoas da igreja. O que será da nossa família, com tanta violência, drogas e assaltos? A violência contra mulheres. Temos medo... Que Deus nunca nos abandone e não nos deixe faltar água nem o ar que respiramos. Como podemos colaborar para que nossos netos e bisnetos tenham água? As dúvidas, as preocupações e os medos expressos pelas mulheres entrevistadas são os mesmos que afligem toda a sociedade, são manifestados pelas mães e avós, mas também por estudiosos de variadas áreas das Ciências Sociais. Diante desse quadro, há uma tarefa inadiável e intransferível para a comunidade, a igreja como um todo e também para a OASE, a saber: ouvir as pessoas, compreender seus medos e temores e comunicar, com fundamento, que há motivo para esperança. O lema de 2015 é um convite insistente para criarmos formas e espaços para ouvir nossas comunidades, a nossa gente. É um impulso para que se escute. É uma declaração de que a igreja – enquanto comunidade – caminha com as pessoas e quer ouvir suas perguntas. Diante dessas perguntas justamente o tema de 2015 é categórico: a Igreja da Palavra tem o que comunicar, não ela, mas Deus, por meio da sua Palavra, pregada e celebrada na Ceia do Senhor. É essa comunicação que fará diferença para uma vida digna. Sentir-se parte dessa dinâmica é ser partícipe de uma comunicação que fortalece a vida, em comunidade, em comunhão. P. Dr. Nestor Paulo Friedrich Pastor Presidente da IECLB Porto Alegre/RS

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Grupo da OASE de Balsas, Maranhão

Datas importantes 01 – Ano-Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres (Frauenhilfe), em Berlim/Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo Papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philipp Jacob Spener, fundador do Pietismo (+ 05/02/1705) 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+ 04/09/1965) 16 – 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 28 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+ 20/12/1552)

Mesmo s e e u s oubesse qu e o m undo i ria ac abar am anhã, ainda assim eu plantaria a minha macieira hoje. Martim Lutero

J A N E I R O


ROTEIRO DA OASE 2015

JANEIRO Enquanto dur ar a t erra, não de ixará de hav er s ementeira e c eifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite. Gênesis 8.22

Meditação Simplesmente... uma história

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um jardim muito distante, várias flores se encontravam para perfumar o ambiente, mostrar sua beleza e conversar. Em uma de suas conversas, perceberam que o perfume deixado por elas alegrava os lugares por onde passavam e tiveram a ideia de continuar perfumando o mundo como é dito na palavra de Deus em 2 Coríntios 2.15: “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem”. Então começaram a trabalhar fortemente, levando seu perfume e amor a vários lugares, até que perceberam que o mundo é muito grande. Como continuar a alegrar os outros lugares distantes? Uma assembleia foi convocada e, por meio de muitas conversas, tiveram uma ideia: não precisamos ir até os lugares, basta dar um pouco das nossas sementes. Então se lembraram de outro jardim muito distante, onde a terra era fértil, com chuva no inverno e seca no verão. Estudando o lugar, perceberam que não seriam as sementes frágeis que iriam até lá, mas os bulbos, que são mais resistentes ao calor e à falta de umidade. Convocaram as palmas, os copos-de-leite, as amarílis, os lírios e outras, para ceder um pouco de si. E assim fizeram a entrega a um grupo de outras flores daquele jardim distante com a tarefa de semear/plantar. Surgindo assim mais flores, que poderiam perfumar com mais intensidade o lugar onde Deus havia colocado cada florzinha. Linda essa história! Melhor ainda é saber que essa história aconteceu. Sim, trata-se de mais uma das muitas histórias que acontecem em nossas OASE’s pelo Brasil. Os jardins mencionados na história são as OASE’s de Cosmópolis/SP e Balsas/MA, que tiveram essa interação em maio de 2011. 10


JANEIRO

Foi um dia significativo quando a presidente da OASE de Cosmópolis, depois de viajar, esteve conosco e compartilhamos o valor que cada “flor” da OASE tem perfumando o lugar onde está. Ao final, plantamos alguns bulbos como sinal de unidade, pois, mesmo distantes, os diversos grupos da OASE têm a mesma função dada por Deus de serem auxiliadores dele neste mundo. Simplesmente... mulheres que semeiam o bom perfume de Deus. Simplesmente... mulheres que com criatividade e com as mãos semeiam obras que auxiliam. Simplesmente... mulheres que amam. Um convite: Mulheres da OASE, continuem dando sementes, semeando em nossas comunidades, cidades, no Brasil e no mundo. Pastora Bárbara Kugel e Grupo de OASE Balsas/MA

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Ela será lembrada (Marcos 14.3-9) Dinâmica 1º momento: O grupo está sentado em círculo ou em torno da mesa. A dirigente passa uma caixa ou cesta, na qual se encontram objetos com certo valor de utilidade e pede que cada participante tire aquele que considera útil ou interessante. 2º momento: Em silêncio, cada qual é convidada a pensar sobre a importância do objeto e o que faria com o mesmo. 3º momento: A dirigente convida que cada pessoa compartilhe o valor e uso do seu objeto. 4º momento: Comentário da dirigente: Imaginem que o objeto que temos em nossas mãos seja um presente recebido e tentemos lembrar as nossas reações no momento de receber um presente. Temos diferentes reações frente ao objeto que nos é presenteado. Alguns consideram o valor monetário, se o mesmo foi caro, se foi gasto muito dinheiro na compra do mesmo; outros veem sua utilidade; e há aquelas pessoas que dizem: Não precisava, pois eu não fiz nada para merecê-lo. Temos dificuldade em nos deixar presentear gratuitamente. Achamos que um presente é por merecimento. O racional impede a pessoa de sentir todo amor e carinho que esse ato de presentear envolve. Essa atitude é uma desconsideração do gesto e de toda motivação da pessoa que presenteia. Pensemos em nós no momento em que estamos envolvidos na compra de um presente para uma pessoa pela qual temos um carinho especial, quanto afeto e quantos sentimentos são despertados em nós. Cada pessoa tem seu jeito de amar e de expressar seu afeto, porque somos diferentes umas das outras. Podemos observar, e isso se pode tomar como regra, que a pessoa por amor a alguém procura dar o melhor que ela tem. 5º momento: A dirigente convida a ler o texto de Marcos 14.3-9. 6º momento: A dirigente pergunta às participantes o que lhes chamou a atenção no texto e dá tempo para que cada uma possa expressar o que a tocou. 7º momento: A dirigente traz algumas informações sobre o texto: Jesus se encontra em Betânia, na casa de Simão, o leproso, para uma ceia da qual, conforme os costumes da terra, somente os homens participavam. 12


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E nesse cenário repentinamente aparece uma mulher carregando consigo um perfume importado, precioso e caro, para adquiri-lo gastou o salário de um ano de trabalho. A mulher inconveniente quebra o frasco e derrama o perfume sobre a cabeça de Jesus – uma atitude que demonstra o profundo apreço que ela sentia por Jesus – e provoca reações bem calculistas dos presentes. Com os argumentos apresentados, mostram que são completamente insensíveis ao que move essa mulher e ao seu gesto. Arrogam-se o direito de julgar o gesto de sacrifício de outra pessoa. Nada de compreender, só condenar. A hipótese levantada de vender o bálsamo e dar aos pobres aqui é mera teoria, pois para poder vender bálsamo é necessário tê-lo disponível. Esse texto nos mostra que é muito fácil fazer sugestões teóricas em relação à atitude de alguém. É um exemplo como muitas vezes o amor ao próximo traduzido pelas palavras e ações é carente e frágil, nada envolvente, apenas palavras sem grandes atitudes. Frente a isso Jesus tem uma reação enérgica. Ele profere uma ordem: “Deixem esta mulher em paz”, e faz uma pergunta: “Por que vocês a estão aborrecendo?” Concluindo, ele afirma: “Ela fez para mim uma coisa boa”. Essas palavras dão a entender que Jesus, em sua sensibilidade, percebe que essa mulher procurou demonstrar o que sentia e o quanto apreciava e honrava o mestre querido, o coração falava aqui. Uma atitude de doação incondicional, que não mede esforços, que não faz contas, que não espera recompensa é sem dúvida uma demonstração de gratidão e desejo de corresponder à grande misericórdia e amor que recebeu. As palavras do versículo 7: “os pobres sempre estarão com vocês”, muitas vezes, nos levam a justificar nossas atitudes em relação às pessoas necessitadas, porém precisamos considerar as demais palavras que seguem: “em qualquer ocasião que vocês quiserem, poderão ajudá-los. Mas eu não estarei sempre com vocês”. Elas evidenciam que a ajuda ao próximo tem a ver com a vontade de ajudar. Devemos considerar que o texto, ao mencionar a boa ação que a mulher fez a Jesus, também afirma que as pessoas podem fazer o bem aos pobres, desde que o queiram. Uma boa ação requer vontade do agente e o momento certo, tal qual foi a ação da mulher que antes da morte de Jesus foi preparar o seu corpo para o que ainda estava por acontecer. O que nos dá a entender é que, na prática das boas ações, importante discernir prioridades, escolher o que fazer para o momento e ocasião acertados. Não se pode fazer tudo a todos a um só tempo. As palavras do versículo 9 reforçam que o gesto da mulher é uma demonstração do verdadeiro discipulado. O texto desafia-nos a olhar e reavaliar hoje 13


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a nossa expressão de reconhecimento e amor a Jesus, se realmente colocamos a seu serviço as coisas preciosas que temos. 8º momento: Perguntas para a reflexão de cada participante: Como definimos o amor? Como experimentamos o amor? Como praticamos o amor? Quem são e serão os presenteados com a prática do nosso amor? 9º momento: Deixar que surjam manifestações espontâneas referentes às perguntas acima e procurar elaborar um plano de ação de amor ao próximo dentro das necessidades existentes. Pastora Rita Panke Santa Cruz do Sul/RS

Pare e pense Fé – esperança – amor (1 Coríntios 13.13) Outro dia, ele estava sentado com o mesmo livro, debaixo de uma árvore. Quando me viu, leu novamente: “Agora, porém, permanecem fé, esperança e amor. O maior destes três é o amor”. Indaguei-o: – Deve-se ao mesmo tempo crer, ter esperança e amar, ou pode-se também dispensar um desses três? Meu guru (mestre espiritual) negou espantado com as mãos. – Que vês lá?, perguntou. – Vejo uma bananeira. – Que vês mais? – Um grande cacho de banana amadurecido. – Que acontecerá com a bananeira? – Em breve essa planta viva há de morrer, pois ela traz frutos apenas uma vez. – Vê, continuou meu guru, essa bananeira tem frutos e raízes. Mas a vida já está marcada pela morte. Há pessoas que têm frutos de amor e raízes 14


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de fé, mas não têm esperança de vida. Pessoas que creem e amam, mas não têm esperança são como essa bananeira. Eu falei: – Meu guru reconhece que não se pode deixar de lado a esperança. Mas como é com a fé? Não basta se uma pessoa ama e tem esperança? – Que vês ali, ao lado do riacho?, perguntou ele. – Um coqueiro. – Que vês mais? – Alguns cocos. – Ontem estive sentado ao lado dessa árvore, contou agora meu guru. Vi térmitas (inseto roedor) que roíam nas raízes da árvore. Em breve a raiz estará carcomida e não mais conseguirá firmar a árvore. A esperançosa árvore cairá juntamente com os frutos. Uma pessoa que tem amor e esperança, mas não tem fé, em breve não terá mais amor nem esperança. – E que o senhor acha de uma pessoa que crê e tem esperança, mas não tem amor? – Que vês acima de nós? – Um mangue. – Essa árvore tem boas raízes, folhas grandes e viçosas, está cheia de esperança, mas não tem nenhum fruto sequer. É mais inaproveitável do que as outras duas árvores. Uma pessoa que crê e tem esperança, mas não tem amor é igual a essa árvore. Assim como esperamos de uma árvore que ela traga bons frutos, assim também esperamos bons frutos de uma pessoa. Quem não traz frutos é inútil. Quem, por exemplo, entra na floresta e lá fica a vida toda meditando é igual a uma árvore que não traz frutos. No caminho para casa, pedi a Deus que ele me desse forças para crer em Jesus, ter esperança, fé e amar meus concidadãos. Enviado por Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ Extraído de: GNANABARANAM, Johnson. Uma nova dança. São Leopoldo: Sinodal, l970. p. 54.

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Fundação Luterana de Diaconia

Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. O chamado de Jesus para o amor é uma ação diaconal transformadora. A Fundação Luterana de Diaconia atua a partir desse chamado. O mandamento do amor é, nas palavras e ações de Jesus, uma ação concreta que nos compromete inteiramente. Tem a ver com o pensar, o sentir e o agir. É uma forma de viver nossa humanidade com pensamentos, sentimentos e ações embasadas na solidariedade, no trabalho coletivo, nas lutas por justiça e igualdade, nos processos políticos que envolvem vidas e territórios alienados de direitos nas áreas da segurança, saúde, habitação, terra, assistência, cultura, educação, religião, economia, direitos ambientais. Diaconia é uma ação amorosa que nos mobiliza a refletir e a elaborar estratégias de transformação. Implica planejamento de ações de empoderamento, dignidade, protagonismo e comunhão entre pessoas, na superação das desigualdades. É também serviço, mas na concepção de agir de forma articulada e amorosa, desconstruindo concepções da lógica de “a pessoa que serve e aquela a quem se serve”. Em Marcos 10.43, Jesus afirma: “Não deve ser assim entre vocês”, declarando que opressões de quaisquer naturezas são contrárias à sua prática inclusiva e libertadora. A FLD foi criada em 17 de julho 2000 como um ato do Conselho da IECLB, comprometida com o chamado de Jesus e atuando como testemunho diaconal e público da IECLB na vida das comunidades, paróquias, sínodos e instituições e em cooperação com organizações da sociedade civil. Seu trabalho se dá através do apoio e execução de projetos em diferentes áreas: diaconia, direitos, justiça socioambiental, justiça econômica, emergências. Sua sede é em Porto Alegre, com abrangência e atuação nacional. A FLD também atua na defesa e promoção da diversidade das populações através do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) e do Conselho 16


JANEIRO

de Missão entre Povos Indígenas (Comin), seus parceiros estratégicos. Capa e Comin são duas importantes organizações porque atuam em dois cenários políticos de intenso conflito e retrocessos em direitos: a questão indigenista e a questão da agricultura familiar e ecológica. Além de apoiar projetos, a FLD desenvolve e executa iniciativas. Destacamos duas dessas, mobilizadoras do pensar, sentir e ser da diaconia: a Rede de Comércio Justo e Solidário (www.comerciojusto.com.br) e a exposição Nem tão Doce Lar (www.fld.com.br). A Rede de Comércio Justo e Solidário apoia e articula grupos e empreendimentos da economia solidária, nas áreas de artesanato, alimentação, confecção e serviços. São trabalhadoras e trabalhadores que sustentam sua família a partir de atividades inseridas na economia solidária, educando para o consumo consciente, a não exploração do trabalho infantil, o respeito ao meio ambiente, entre outros. A exposição Nem tão Doce Lar envolve uma metodologia de intervenção coletiva para a superação da violência familiar. Trata-se de uma mostra itinerante que possibilita a popularização da discussão e do enfrentamento da violência, FLD

“Nem tão Doce Lar” – iniciativa da FLD para denunciar a violência doméstica

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ao levar para o espaço público uma típica casa familiar, com informações e imagens que denunciam a violência sofrida por mulheres, crianças e jovens. É importante ter espaços para refletir e discutir sobre a violência doméstica em seu grupo. O texto abaixo pode ajudar! Um grave problema em nossa sociedade é a naturalização da violência. A recente pesquisa publicada em março de 2014, “Tolerância social à violência contra as mulheres”, realizada pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada da Presidência da República, revela que há um cenário de violência travestida de patriarcado, onde a casa é a casa do pai, do chefe, onde seus assuntos são de caráter privado. Por exemplo, a pesquisa apontou que 63% das pessoas entrevistadas concordaram que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”, e 89% concordaram que a “roupa suja deve ser lavada em casa”, e 82% que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Um dos grandes e talvez maiores desafios no enfrentamento à violência contra as mulheres e à injustiça de gênero tem relação direta com a percepção cultural brasileira de que essa violência é entendida como aceitável, está naturalizada como algo inerente à cultura da sociedade e à relação entre homens e mulheres, em que o agressor tem sua responsabilidade diminuída social e culturalmente e a mulher agredida é responsabilizada e culpada pela violência porque essa é justificada pela ideia de que a mulher “merece” sofrer violência porque seus papéis sociais de mãe, esposa, filha não são bem avaliados pelo homem, pelo sistema patriarcal. O contexto de desigualdade de gênero impõe a mulheres e homens um cenário de violência e de baixíssima qualidade de bem viver como seres humanos. Por motivação e convicção evangélica, a FLD executa e apoia projetos para que os direitos, os afetos e as liberdades de ser e bem viver possam ser realidade na vida de todas as pessoas, sem nenhuma discriminação. Queremos conhecer mais os vários e diferentes grupos de OASE no país e, numa grande comunhão diaconal transformadora, testemunhar o amor de Jesus Cristo em ações concretas. A FLD é amiga e irmã da OASE. Vamos “diaconar” juntas em vivências e projetos? Cibele Kuss Secretária Executiva da FLD Porto Alegre/RS 18


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Grupo da OASE de Tangará da Serra/MT

Datas importantes 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+9/4/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero sobre Mateus 11.28 16 – 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/4/1560) 18 – Quarta-Feira de Cinzas 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica (ADL), Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos Distritos e das Regiões, criação dos Sínodos

O amor é a única força que, partilhada e doada, não diminui, mas cresce. Albert Schweitzer

F E V E R E I R O


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FEVEREIRO Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Romanos 1.16

Meditação Amar é... conviver, testemunhar e servir com alegria

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Arquivo OASE

uem não gosta de atenção e carinho? Como é o nosso servir? Ainda temos tempo de olhar para as necessidades das outras pessoas ou andamos ocupadas demais com nossas tarefas e preocupações? Antes de dizer “não tenho tempo” ou “não tive tempo”, sempre me lembro das palavras do pastor Deolindo, que, certa vez, numa reunião da OASE, falou que deveríamos dizer “não tirei o tempo para...”. Não é uma decisão fácil, é preciso exercitar. É bem mais Beate Crista Driemeyer cômodo dizer “não deu tempo”, “deixa que fulana faça, ela leva mais jeito para isso” ou “ela tem mais tempo”... As desculpas são muitas. Atualmente fala-se muito em “ter” e se esquece do “ser”. Corremos atrás do tempo e do dinheiro para conseguir acompanhar as novidades e facilidades que são oferecidas diariamente através de propagandas nas ruas e nos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, nós nos isolamos cada vez mais na comodidade de nossas casas e esperamos que as outras pessoas venham até nós. Deus nos deu diferentes dons e nos desafia a viver a nossa vocação: “Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros” (1 Pedro 4.10). Como estamos usando os dons que Deus nos deu? 20


FEVEREIRO

Muitas vezes pensamos que precisamos fazer algo grandioso pelas outras pessoas, realizar grandes projetos. Mas são justamente os pequenos gestos que fazem a diferença. Nisso a moderna tecnologia até ajuda: lembrar o aniversário de alguém através de um telefonema, desejar melhoras a uma pessoa doente ou confortar uma enlutada. É claro que é muito mais gostoso e, com certeza mais gratificante, receber os parabéns e uma palavra de conforto pessoalmente, acompanhados de um abraço apertado e carinhoso. Transmitir ou levar uma palavra amiga a alguém doente ou triste, ouvir o desabafo, compartilhar as alegrias e as dores numa roda de chimarrão, acompanhar a irmã ao médico, dar uma carona para a reunião da 0ASE ou ao culto, tirar um tempo para ajudar a irmã doente nas tarefas de casa são gestos de amor, carinho e atenção que jamais serão esquecidos. Aqui gostaria de compartilhar uma experiência pessoal. Há muitos anos, quando meus filhos ainda eram crianças, fiquei doente e não tinha uma pessoa para auxiliar nas tarefas domésticas. Meu esposo estava trabalhando na fazenda (época de plantio ou colheita, não lembro) a 250 km de casa. Quando cheguei do hospital, três irmãs da OASE foram à minha casa e disseram: “Vai deitar, nós vamos cuidar de tudo para você”. E assim foi: limparam a casa, lavaram a roupa, fizeram comida, pão e bolo para as crianças e eu pude me recuperar melhor e mais rapidamente. Foi um gesto de amor e carinho que jamais vou esquecer. Para mim e muitas outras mulheres a OASE é um “lugar” onde vivenciamos comunhão, aprendemos a dar nosso testemunho e adquirimos forças para o servir. Em nossa última Assembleia Sinodal, no Sínodo Mato Grosso, uma pastora usou as seguintes palavras: “A OASE é o maior grupo terapêutico que existe”. Que Deus, em sua infinita bondade, permita que ela sempre continue sendo um grande grupo de COMUNHÃO, TESTEMUNHO E SERVIÇO. Dinâmica: A arte de conviver – palavras acolhedoras* Iniciar com um canto conhecido do grupo. Durante o canto, cada pessoa do grupo cumprimenta a pessoa ao seu lado com um aperto de mão, abraço, um carinho ou uma palavra acolhedora. Formar um círculo ao redor de panos coloridos colocados anteriormente. Sobre esses panos espalhar papéis com palavras acolhedoras, como: carinho, ajuda, solidariedade, amizade, companheirismo, afeto, apoio, coragem, confiança, esperança, ternura, alegria, luz, amor, respeito, partilha, brincadeira, sorriso, compromisso, sonhos, ânimo, vida, comunhão.

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Convidar cada pessoa para escolher uma palavra. Ao som de uma música (som ambiente), todas vão caminhando dizendo a palavra escolhida no ouvido das outras, fazendo isso carinhosamente com abraços, um afago ou aperto de mão. Formar novamente um círculo em que uma pessoa fica atrás da outra. Fazer uma massagem na nuca, nos ombros ou nas costas da pessoa que está parada na frente. Depois de algum tempo, virar para o outro lado e fazer uma massagem na outra pessoa. Reflexão: Às vezes, por causa da correria do dia a dia, ocorrem muitos desencontros entre as pessoas. Nessa correria, palavras afetuosas e gestos acolhedores são deixados de lado. Porém para construir uma vida feliz, para concretizar um mundo solidário e bom, as pessoas precisam umas das outras. Dizer uma palavra de afeto no ouvido das pessoas ou fazer uma massagem carinhosa é um grande passo para que isso aconteça. “É preciso que a mão que fere e que mata comece a acariciar e a construir; que a palavra que ataca e machuca estimule e incentive; e que o gesto que exclui e impede a partilha se transforme em sinal de acolhida e ternura.” (Jorge Johann) (*Adaptado de Dinâmicas para Ensino Religioso. São Leopoldo: Sinodal, 2008. p 79-80.)

Beate Crista Driemeyer Tangará da Serra/MT

A fé que me transforma “O que eu devo fazer para ser abençoado?” Quem de nós já não ouviu essa pergunta? Quem de nós já não a fez? Em si, é uma pergunta muito simples, curta e direta, que sempre vem acompanhada de anseios bem concretos, relacionados a conforto, segurança e bem-estar, como, por exemplo, um novo trabalho, um novo carro, uma casa nova, a melhor universidade para os filhos, passar num concurso público, ter a empresa e/ou a lavoura prosperando, a libertação da inveja ou de algum mal que potencialmente alguém nos tenha feito, a cura de uma doença, a reconquista de uma pessoa querida etc. 22


FEVEREIRO

Quando fazemos a pergunta “o que eu devo fazer para ser abençoado”, estamos interessados em alguma receita que seja capaz de tocar o coração de Deus e mover a sua mão cheia de bênçãos em nossa direção. As receitas religiosas mais conhecidas são: a) cumprir os Dez Mandamentos à risca; b) pagar promessas e firmar propósitos com Deus; c) o uso de fitinhas, colares e pedras para atrair proteção e sucesso; d) correntes e campanhas de oração pela internet ou em igrejas por um tempo determinado; e) revitalização de comidas e costumes do AT, como guardar o sábado e deixar de comer alguns alimentos; f) fidelidade e generosidade nas ofertas e dízimos; g) fazer caridade aos mais desabonados. O que a Bíblia diz sobre isso? Em Gálatas 2.16,20 nós lemos: “Sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé em Jesus Cristo e não por fazerem o que a lei manda [...] Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu a si mesmo por mim”. Aqui está dito claramente que não há como convencer, comover e conquistar Deus a fazer o que nós queremos. Deus não é um poder que possa ser manipulado por receitas religiosas que alguém tenha criado, ainda que criadas à luz da Bíblia. O Novo Testamento dá testemunho de que tudo o que deveria e poderia ser feito para Deus nos aceitar foi realizado por Jesus na cruz, que passa a viver em nós através da fé. E se Cristo vive em nós, Deus não nos rejeita. Mas que fé é essa? Resposta: fé é aquela experiência pessoal que é possível quando perdemos a ilusão de que controlamos alguma coisa nesta vida. Experimentamos fé assim quando dizemos: “Deus, eu não posso mais, eu não sei o que fazer, eu me rendo em teus braços, cuida de mim e seja feita a tua vontade”. Quando essa fé acontece em nossa vida, Jesus Cristo recebe tudo o que é meu (pecados, angústia, desilusão, tribulações...) e me dá tudo o que é seu (salvação, vida eterna, paz, amor...) por pura graça. Entretanto, quando Cristo vive em nós, é fato que nossa maneira de ver o mundo naturalmente muda. Paulo intercedeu pelos cristãos de Éfeso: “Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no coração de vocês. E oro para que vocês tenham raízes e alicerces no amor” (Efésios 3.17). Quando a fé é verdadeira, o amor a segue espontaneamente. Mas o amor que segue a fé vai além de um sentimento. É uma ação consciente de cuidado que se arrisca pelo próximo, ajudando-o em suas dificuldades quando tantos outros o abandonam. Lutero expressou isso de maneira muito concreta: “Em época de peste, nenhum vizinho pode se apartar do outro, pois, caso o fizesse, não haveria ninguém em seu lugar que cuidasse dos enfermos. Na situação avassaladora, urge 23


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conscientizar rigorosamente do dito de Cristo: ‘eu estive doente e não me visitastes’, esta palavra nos ata um ao outro a fim de que um não abandone o outro em suas dificuldades, mas o assista e ajude da mesma forma como ele queria que fosse ajudado”. Cabe salientar que essa não é somente uma recomendação de Lutero, mas algo que ele mesmo viveu, acolhendo e cuidando de pessoas vitimadas pela Peste Negra por ocasião de uma epidemia em Wittenberg. Um amor concreto envolve riscos. Portanto a fé que me transforma tem duas características: a) Liberta-me da necessidade de seguir leis e receitas religiosas para ser ouvido e aceito por Deus. b) Liberta-me da escravidão de viver para mim mesmo a ponto de eu empenhar tudo o que tenho e sou no apoio concreto ao meu próximo. Deus nos dê uma fé transformadora. Amém! Pastor Elisandro Rheinheimer Tangará da Serra/MT

Espiritualidade Um hino surge... Por tua mão me guia Meados do século 19. Diante da costa africana, o grande navio à vela, cargueiro e de passageiros ao mesmo tempo, singra pelas águas azuis do oceano. Vento a favor, a viagem segue rápida. Os golfinhos fazem suas bonitas evoluções acompanhando o movimento das águas. Uma jovem está ao sabor do vento, junto à guarda do navio. “Sou como um golfinho, meu coração salta de alegria”, pensa ela e sorri. Seus pensamentos avançam no tempo, mas também retrocedem. Logo alcança o seu objetivo. A faixa de palmeiras que há dias os acompanha de longe, lá mais adiante se estreita numa enseada. Ali deve ser o porto. “Alegria, muita alegria”, sim. “Minha alma jubilosa, não pode triste estar; vê sua luz radiosa e canta sem cessar. O sol resplandecente é Cristo, o meu Senhor, cantar alegremente me faz o meu fulgor.” Pois no cais espera seu noivo, e a longa espera terminará. 24


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Mas seus pensamentos também retrocedem, quando há um ano ela estava no porto de Bremen /Alemanha e na sua frente estava seu noivo. Ele embarcava para a África. Queria trabalhar como missionário. Como gostaria de ter embarcado também. Devemos nos transportar para aquela época – antes do surgimento dos aviões – a que distância ficava o campo da missão na África da Alemanha! Mas Julie teria que terminar o seu curso de enfermagem e, por outro lado, ele também queria preparar um ambiente para a sua acolhida no interior da África. E ela seria forte! Assim bravamente lutou contra a lágrima na despedida. De mãos dadas, não desprendiam os olhos um do outro! “Parece uma eternidade”, pensa a moça, enquanto segura no corrimão do navio. Mas hoje à noite essa eternidade findará e ela se abrigará em seus braços e se sentirá segura! À tardinha, o navio atraca no porto. Gritos, nomes chamados, grande festa para os passageiros! Cada passageiro é esperado por alguém e alegremente recebido, e quem não é esperado sabe o caminho e segue seu propósito. Só uma pessoa fica, indecisa, parada como que perdida. “Mas onde está o meu noivo?” Neste instante, um estranho se separa da multidão e se aproxima da moça. “Senhorita von Hausmann?” O homem está indeciso e não lhe estende a mão! O que é isso? Então lhe põe as duas mãos sobre os ombros e diz: “Srta. von Hausmann, seu noivo não pode vir – não virá, nunca mais – essas perigosas pestes. Ele está morto, há três dias o sepultamos”. “Não!” Ecoa um grito de desespero, e ela cai num profundo abismo, suas vistas se turvam e sua alma cai em escuridão. Julie von Hausmann não nos escreveu como suportou as horas seguintes, qual a forma que tomou sua dor nem a força da tempestade do sofrimento e luto que se abateu sobre ela. Mas naquela noite surgiu este hino, cujos versos mais tarde, nos meses, anos e século seguinte, se espalharam por toda a Alemanha. E desde que soube em que circunstâncias ele surgiu, quero pedir perdão à jovem autora por tê-lo achado sentimental. Hoje estou encantada com essa jovem cristã que soube transpor suas horas de tanta dor, em forma de prosa e verso, cujo conteúdo é uma petição fervorosa a Deus: “Por tua mão me guia, meu Salvador, agora e eternamente, por teu amor! Não quero andar no escuro sem tua luz: Eu quero andar contigo, Senhor Jesus!” Erika Haarhaus Traduzido de: Zum Weitergeben 7/96 Extraído de Roteiro da OASE 1998, p. 96-97

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Fonte: Hinos do Povo de Deus 1

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Arquivo OASE

Da esquerda para direita, Marilena Vidi, Lurdes Irene Gerhardt, Terezinha Metzger e Ilona K. Feuerschutte, no Encontro das Representantes Sinodais e da Diretoria Nacional da OASE, em Santa Maria de Jetibá/ES

Datas importantes 06 – Dia Mundial de Oração (DMO) 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/ SC 10 – 1557 – Primeiro culto evangélico no Brasil, Rio de Janeiro/RJ 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia da Pessoa com Deficiência Visual 19 – Dia da Escola 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS

O amigo ama sempre e na desgraça ele se torna um irmão. Provérbios 17.17

M A R Ç O


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MARÇO Se Deus é por nós, quem será contra nós? Romanos 8.31

Meditação Deus vai cumprir seus planos em mim

D

eus vai cumprir seus planos em mim; ele vai fazer o que lhe apraz. Assim começa o pequeno refrão de uma canção muito significativa para todos nós. Diante disso, o que Deus espera de nós? Qual é o nosso alvo, a nossa riqueza? Quem poderá vencer uma pessoa cristã se ela possuir a armadura que é Cristo? Pare e reflita um pouco. Deus espera que nos amemos umas às outras, que sejamos humildes assim como ele foi. Que tenhamos uma vida transparente, baseadas na fé única e no amor que tudo suporta. Deus espera que sejamos exemplo de família, exemplo de amiga e de pessoa cristã. Que valorizemos as pequenas maravilhas que conquistamos, os bons momentos, e que tenhamos paz em nosso coração. O nosso alvo deve ser uma vida voltada a servi-lo com nossos dons, a buscá-lo e a inseri-lo em nossos dias como base de todas as coisas. A riqueza que buscamos não deve estar em meio às riquezas que o mundo nos oferece. Devemos buscar primeiro os pertences do reino de Deus. Essa é a nossa verdadeira riqueza! Se Deus está do nosso lado, quem poderá nos vencer? Ninguém! Que carreguemos junto conosco, em nosso coração, a certeza de que Deus nos ama assim como somos, nos fortalece, nos edifica. Sem ele, nosso viver seria vazio, sem fundamentos. Confiemos plenamente que ele está conosco em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins. Sempre ensinando, nos acolhendo. Ele confia em você. Ele se importa com você. Que nós possamos confiar muito mais e nos importar também!

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MARÇO

Oração: Querido Deus, obrigada por depositar em nós a confiança de que podemos esperar em ti. Obrigada por nos ensinar quais são as verdadeiras riquezas que devemos possuir e nos ajuda a conservá-las. Obrigada por cada amigo e amiga, por nossa família, pelos momentos que nos fortalecem, pelo dom da vida. Obrigada por poder agradecer. Pedimos-te humildemente que nos guies pelo caminho do amor, da fé transparente, do cuidado para com o nosso irmão e irmã. Que não nos esqueçamos de que a base de tudo é o Senhor, que foi e ainda é por nós, a nosso favor. Torna-nos fortes para a luta da vida. Que nunca percamos o brilho que tua palavra irradia e que, com paz no coração, possamos ir e servir. Assim seja. Maria Felberg Braun Colatina/ES

Compromisso no relacionamento Quantos compromissos assumimos durante um dia, um mês, um ano? Quantos compromissos assumimos na vida? Arquivo pessoal

Dinâmica: (Material: meia folha A4 e uma caneta para cada pessoa.) 1. Entregue folha e caneta para cada pessoa. 2. Peça que cada pessoa faça uma lista dos grandes compromissos assumidos na vida. 3. Em seguida, conversem sobre o exercício. Pergunta norteadora: Quantos desses compromissos deixamos de honrar na caminhada? 4. Quais são os compromissos assu- Pastora Argéli K. Karsburg midos com Deus? (batismo, confirmação, casamento). 5. Após um breve bate-papo, o grupo é convidado a refletir sobre o que significa compromisso. 29


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Entendendo o significado da palavra compromisso Na caminhada da vida, vamos colecionando compromissos. Pais, mães, padrinhos e madrinhas assumem um compromisso em nosso batismo; nós assumimos um compromisso no dia da confirmação; as pessoas que se casam assumem um compromisso de cuidado uma para com a outra; assumimos um compromisso com nosso pai, mãe, irmãos, familiares e pessoas amigas. Mas, afinal, o que é compromisso? Segundo o dicionário Aurélio, compromisso significa: “Ato pelo qual litigantes se sujeitam a acatar a decisão de um terceiro; preferir um compromisso a um processo. Obrigação; promessa mais ou menos solene. Acordo”. A origem etimológica da palavra compromisso é muito interessante. É uma palavra que vem do latim “compromittere”: COM – junto / PRO – à frente / MITTERE – enviar. A origem da palavra deve-se ao fato de que as pessoas eram enviadas à frente para agir em nome de alguém, inicialmente em questões militares. No início, compromisso era a garantia de que ambas as partes iriam cumprir o combinado pelos enviados. A Bíblia conta-nos histórias de pessoas como nós. Essas pessoas também assumiram compromissos em suas vidas. Muitos personagens bíblicos assumiram um compromisso com Deus, como os profetas. Mas também temos as histórias de pessoas que assumem um compromisso entre si. Rute e Noemi, um compromisso de amizade e cuidado Leitura: Rute 1.6-18 Noemi fica viúva e perde seus dois filhos. Junto dela estão apenas suas noras. Cumprindo a tradição de seu tempo, Noemi pede que suas noras retornem para a casa de suas famílias, para que pudessem recomeçar suas vidas. As duas choram, ouvem Noemi novamente, e então uma delas, Orfã, se despede e volta para seu povo. Mas Rute entende que tem um compromisso com sua sogra e que não deve abandoná-la. Em Provérbios 17.17, lemos: “O amigo ama sempre, e na desgraça ele se torna um irmão”. Rute estende seu carinho e sua solidariedade para Noemi e decide que não a deixará. Com esse gesto, Rute assume um compromisso ainda maior com sua sogra e amiga Noemi e diz: “Não me proíbas de ir com a senhora, nem me peça para abandoná-la! Onde a senhora for, eu irei, e onde morar, eu também morarei. O seu povo será o meu povo, e o seu Deus será o meu Deus” (Rute 1.16).

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MARÇO

Imagino que Rute e Noemi tinham suas diferenças, assim como nós também temos com as pessoas com quem nos relacionamos. Por vezes, quebramos e machucamos nossos compromissos com outras pessoas, pois priorizamos o que nos separa e não o que nos une. Aprendemos de Rute e Noemi a priorizar o que nos une. Quando assumimos um compromisso com outras pessoas, é importante lembrar que algum tipo de conflito sempre haverá, mas é a valorização um do outro, a união, o cuidado, a solidariedade, o respeito, o carinho, o amor e a fé que tornarão possível honrar nossa palavra e não abandonar a outra pessoa, assim como Rute não abandonou Noemi. Desafio Material: Meia folha A4, uma caneta e um envelope para cada pessoa; cola, caixa de sapato encapada com papel de presente. 1. Pedir que cada pessoa escreva uma carta para si mesma firmando um compromisso. Esse compromisso pode ser firmado com Deus, consigo ou com outra pessoa. 2. Antes das pessoas iniciarem a atividade, pedir para ler em conjunto o texto de Eclesiastes 5.4-5. 3. Conforme cada pessoa terminar, pedir que coloque a folha dentro do envelope, escreva seu nome nele e o feche com a cola. 4. Colocar todas as cartas na caixa de sapato e lacrar. 5. Combinar com o grupo quando a caixa será aberta. Sugestão: abrir a caixa no final do ano ou quando completar um ano. 6. Na data prevista e combinada, a caixa será aberta e todas poderão ler sobre o compromisso assumido. 7. Após a leitura das cartas, abrir para uma conversa. 8. Perguntas norteadoras: Quem cumpriu? Quem não cumpriu? Quem abandonou? Foi fácil ou difícil? 9. Encerrar a conversa com o hino “Cuida bem” e uma oração. Pastora Argéli K. Karsburg Santa Maria de Jetibá/ES

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Dia Mundial de Oração Sobre o amor... A partir do DMO À primeira vista, parece simples e fácil escrever sobre o “amor”. Mas é preciso tomar cuidado para não bagatelizá-lo. Como acontece o amor dentro do DMO (Dia Mundial de Oração)? É algo muito bonito pelo exercício do respeito mútuo, exatamente por ser um movimento ecumênico que abarca todos os credos cristãos. Fazem parte a aceitação e o entendimento. A consciência do amor gera fraternidade. É o amor que mantém o mundo unido. O amor é dinâmico. Quando o amor triunfar, não haverá sofrimento, exclusão, esquecidos, fome, miséria, medo, desrespeito, tristeza... Poderíamos fazer uma lista sem fim das transformações operadas pelo amor. No DMO, assim como em outros grupos afins organizados, o amor acontece sempre que nos colocamos a serviço dos mais esquecidos e necessitados de toda ordem. Iluminadas pelo Evangelho e fortalecidas pelos exemplos de bondade e compaixão, seguimos em frente na observância do lema do DMO: Orar e Agir, reconhecendo que a oração e a ação são inseparáveis e que ambas têm incontestável influência no mundo. A prática do amor leva-nos a uma consciência de, antes de medir parâmetros, agir. Não de forma impensada, mas como quem se sabe amado por Deus e em resposta vai e faz. O amor nos leva para perto de Deus, já que ele é o próprio amor. O amor promove a paz. “A paz não é um estado primitivo paradisíaco, muito menos uma forma de convivência regulada pelo acordo. A paz é algo que não conhecemos, que apenas buscamos e imaginamos. A paz é um ideal” (Hermann Hesse). Por isso é tão difícil e extra nos um estado permanente de paz, pois o amor é fraco e insuficiente. Não basta desfiar um rosário de versículos bíblicos sobre o amor se o rosário de desculpas que impedem as ações for maior. São as pequenas atitudes do dia a dia no ambiente de trabalho, em casa, ou em qualquer lugar que nos encontramos, que atestam quem somos. Sempre que um grupo, por menor que seja, ajuda uma dona de casa doente em sua tarefa cotidiana, ministra reforço escolar às crianças em dificuldades, auxilia com medicamentos, socorre na reforma de moradia, em pós-catástrofes, incrementa o sistema de informática e 32


MARÇO

brinquedoteca em creches e escolas nas vilas... enfim, é o Evangelho tomando forma. Experimentem deixar-se desafiar para uma ação concreta e sentirão o gozo de não precisar pagar aluguel para usar o nome de cristão. Amor é desinstalação. É quebra de conceitos e preconceitos. Não podemos fechar os olhos, os ouvidos ou o coração para as pessoas que solicitam e precisam da nossa ajuda. Mas convidemos sempre Aquele que é o amor para nos acompanhar na jornada. Na Bíblia temos muitas passagens que falam do amor como Deus quer, mas é preciso tirá-lo das páginas da Bíblia para ações concretas e verdadeiras. “Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3.14). Não desanimemos nunca e oremos sempre uns pelos outros. Ani Cheila Kummer Presidente do DMO Brasil

Dia Mundial de Oração 2015 – Bahamas TEMA: Jesus disse: “Vocês entenderam o que eu fiz?” Preparado pelas mulheres do DMO de Bahamas

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ROTEIRO DA OASE 2015

Senhor, dá-me a tua mão e conduze a minha vida. Guia os meus passos para que eu caminhe seguro. Sob as asas da tua misericórdia sinto-me protegida. No colo da tua bondade encontro descanso verdadeiro. Em dias de medo e angústia, abriga-me em teu poder. Em momentos de ansiedade, faze cair sobre mim a tua paz. Ao sentir-me fragilizado, ajuda-me a ter esperança. Cuida de mim e dos meus amados. Cuida do meu destino. Quando a culpa me acusar, acolhe-me em tua graça. Absolve-me do pecado e faze-me renascer do teu perdão. Se eu cair, permita que eu caia em tuas mãos. Se eu permanecer caído, dá-me a tua companhia. Seja como for, cobre-me com o manto do teu amor. Graças pelo teu cuidado, graças pela salvação. E agora, dá-me a tua bênção, que tanto anseio. Amém. Pastor Dr. Rodolfo Gaede Neto São Leopoldo/RS 34


Arquivo OASE

A nova assessora teológica da OASE, a diácona Telma Merinha Kramer, com a presidente da OASE, Rejane Beatriz Johann Hagemann

Datas importantes 03 – Sexta-Feira Santa 05 – Páscoa 07 – Dia Mundial da Saúde 09-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE, em Curitiba/PR 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero

O amor reconforta como o sol depois da chuva. William Shakespeare

A B R I L


ROTEIRO DA OASE 2015

ABRIL Verdadeiramente este era Filho de Deus. Mateus 27.54

Meditação A terra tremeu, os sepulcros se abriram

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Arquivo OASE

uma tarde de sexta-feira, no alto do monte de Gólgota, três cruzes estavam erguidas, e na cruz do meio estava Jesus, o Filho de Deus – Jesus, o homem que espalhava palavras de ânimo, de cura, de libertação e em tudo que fazia honrava o Pai. Nas cruzes ao lado, homens maus, que roubavam e prejudicavam as pessoas, estavam condenados pela justiça. Já era a hora nona, três horas da tarde, e a terra estava envolvida em trevas. Jesus estava preso naquela cruz desde as nove horas da manhã e, neste momento, lançou seu clamor a Deus: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46). E ainda em Olga Kappel Roque alta voz disse: “Está consumado!” (João 19.30). Jesus entregou seu espírito a Deus e, naquele instante, rasgou-se o véu do santuário, partindo-se em duas partes. A terra tremeu, fenderam-se as rochas, sepulcros se abriram e muitos que dormiam o sono da morte ressuscitaram. Momentos fantásticos e sobrenaturais. Coisas que pessoa alguma é capaz de realizar. Estava ali presente o centurião romano, comandante militar que tinha sob suas ordens divisões de cem soldados. Eles guardavam aquele homem crucificado, Jesus. Eles não criam em Jesus, nem aceitaram seus ensinamentos. Mas no momento, no monte Gólgota, quando tudo aconteceu, ele observou como Jesus morreu e declarou: “Verdadeiramente este era Filho de Deus”. Ele reconheceu que Jesus era homem justo. 36


ABRIL

O homem que não deu atenção às palavras de Jesus, que fez parte daqueles que pregaram Jesus na cruz e zombaram dele, agora crê e declara que Jesus é o Filho de Deus. O véu do templo partido de alto a baixo, mostrando o acesso direto a Deus, a terra que treme, os sepulcros que se abrem e mortos são ressuscitados nos mostram ações muitas vezes estranhas para nós, mas são meios que Deus usa para despertar-nos e revelar-se a nós. Também devemos olhar com os olhos da fé, contemplar a Jesus, o Cristo, este Jesus crucificado e que sejamos contagiados pelo grande amor com o qual ele nos amou. Jesus, o Filho de Deus, deixou o seu lugar ao lado do Pai Celeste, nasceu pobre numa estrebaria, viveu ensinando, curando e abençoando as pessoas. Você já parou para pensar e meditar sobre isso? O centurião só compreendeu a mensagem de Jesus quando presenciou sua dor e sua atitude de submissão ao Pai. Naquela hora, o agir e o testemunho de Jesus falaram mais alto, e o centurião compreendeu quem era Jesus. A humildade e submissão ao Pai falaram profundamente ao coração do centurião e ele pode afirmar: “Verdadeiramente este era Filho de Deus”. O que aconteceu com o centurião também acontece conosco. Participamos da comunidade cristã anos e anos e nada acontece na nossa vida de fé. Sabemos que Jesus é o Filho de Deus, que ele veio ao mundo para nos salvar e que devemos viver seus ensinamentos no nosso dia a dia. Mas nós não damos o devido valor a esses ensinamentos. Também no nosso relacionamento experimentamos isto: conhecemos pessoas da comunidade, vizinhança, trabalho; somos cordiais, cumprimentamos e sabemos seu nome e nada mais. Não buscamos intimidade através do diálogo, conhecê-lo melhor. Quando nos deparamos com uma situação difícil e precisamos ajuda, eis que essa pessoa se aproxima e faz muito mais que podemos imaginar. E aí vem a exclamação: “Eu não sabia que esta pessoa era tão solidária”. Declaramos isso quando estamos em situação difícil, pois descobrimos e conhecemos quem é a pessoa ao nosso lado. Uma mãe enferma, muito bem tratada pelo seu filho, que cuidou dela com zelo, intimidade, presença e amor, declarou: “Nesse período realmente conheci melhor quem é meu filho”. Nós mulheres da OASE precisamos estar mais atentas para quem está ao nosso lado. Vamos descobrir e gozar da maravilha que é a comunhão e de ter ao nosso lado pessoas amigas e prestativas. Essa é a bênção de viver o amor que Deus coloca em nosso coração. 37


ROTEIRO DA OASE 2015

Que nossos olhos estejam atentos ao toque de Deus para não nos desviar do seu caminho. Que nossos lábios possam expressar o amor de Deus. Que nossas palavras sejam agradáveis ao nosso próximo. Que nossas mãos tocadas pela mão de Deus possam levar alento, força e paz. Que a bênção do Pai, Filho e Espírito Santo nos guarde e envie com esperança e alegria para aqueles que necessitam de nosso apoio e consideração. Para reflexão: Pare e pense nas pessoas em seu grupo de OASE, o que elas representam para você? Você tem sido apoio e ajuda para suas irmãs da OASE e da comunidade? Que atitude você precisa tomar para que isso seja possível? Olga Kappel Roque Juiz de Fora/MG

Cuidado na família O Deus da Vida sempre está junto de nós, então podemos chorar na presença dele, podemos confessar pecados e pedir perdão, podemos abrir nossa alma e derramar perante ele nossos sustos e medos, podemos pedir-lhe conselho e orientação, podemos segurar sua mão e nos colocar a caminho. A palavra de Deus ensina que os lares e as famílias são lugares fundamentais para a missão. Na primeira cristandade, era lugar de reunião, celebração e partilha. Na Bíblia, a família é encarada como uma oportunidade para o crescimento e o desenvolvimento saudável, tanto na esfera física como também na emocional, social e espiritual. Esse crescimento é previsto para esposa e marido, pais/mães e filhos/as, para crianças, pessoas adultas e idosas. Além disso, a Bíblia ensina que todas as pessoas carecem da graça de Deus. São aceitas e perdoadas gratuitamente pela dádiva do seu amor. Assim, portanto, indistinta38


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mente crianças, mulheres e homens são justificados pela fé, independente das obras da lei. A comunidade cristã tem tarefas que ultrapassam as fronteiras das famílias que a compõem. Por isso essas famílias são chamadas a vivenciar sua vocação cristã, colaborando com a comunidade na realização de sua missão no mundo. Mulheres são chamadas a dar testemunho de fé na OASE, viver a comunhão e servir ao próximo. Assim, tentamos cumprir essa missão dada por Deus, a partir do Batismo, para exercer o sacerdócio geral de todos os crentes, apoiar-se, ajudar-se e buscar o perdão. Quais são os propósitos em nossa família? Qual o alvo ou objetivo que precisamos alcançar? É importante termos consciência de tudo que já fizemos ou vivemos até aqui. Mais ainda: tendo a certeza de que nada foi em vão. Tudo tinha e tem um propósito ainda a ser alcançado independente do que já alcançamos. O maravilhoso é saber que somos escolhidas/os, que nos dispomos e temos a promessa de Deus da sua presença permanente e de que ele mesmo nos prepara dizendo: Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares (Josué 1.9). Tendo essa certeza, não é preciso temer qualquer obstáculo, seja inimigo, deserto ou medo, porque Deus é contigo. Importa permanecer na comunhão com Deus, com a família, com a comunidade, através de sua palavra. Não podemos confundir amor com paixão, prazer, boa sensação, alegria e outros sentimentos que são momentâneos. Pois cultivar o amor verdadeiro não é preciso necessariamente sentir. Mas sempre é preciso amar. Pense na mãe que atende o/a filho/a no meio da madrugada, no pai que sempre está ao lado da criança nos momentos difíceis. O amigo que não mede esforços para estar junto de quem ele gosta, a amiga que abre mão de algo especial para poder ajudar. Que tipo de “sentimentos bons” essas atitudes provocam? Até quando olhamos para Jesus Cristo, veremos que o momento em que ele mais nos amou foi quando tinha a cabeça traspassada por espinhos e com pregos queimando suas mãos. Precisamos lembrar que as pessoas precisam menos de “Eu te amo” e mais de atos de amor. Pequenos gestos, poucas palavras parecem pouca coisa, mas podem marcar profundamente nossos relacionamentos. Ficam para sempre na memória e na vida de alguém. E quem sabe impactar até mesmo gerações futuras. Deus nos deu a capacidade de amar as nossas filhas e filhos, nossa família. Muito mais que dar continuidade à raça humana, a família significa o compartilhar de um amor eterno de Deus por nós. Ele nos adotou por meio de Jesus Cristo. Amou-nos desde o princípio e se doou por seus filhos e filhas. 39


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De qualquer forma, permanece a lição: seja qual for a maneira pela qual Deus nos deu ou dará a oportunidade de sermos família, saiba que é uma chance de provarmos um amor sem medidas. Como um cheiro suave que nos leva a conhecer um pouco mais esse infinito amor que ele sente por nós. Você e eu podemos agradecer pela família, pelo suporte, carinho, amor, cuidado, até pelas crises, que nos ajudaram e ajudam a crescer. Isso é importante, mas é incompleto. Agradeçamos a Deus pela família, por nos ter dado amigas, por ter proporcionado trabalho; por ter criado a natureza, mostrado toda a beleza da vida, ter dado de presente a fé. Ele sustenta toda forma de vida, ama cada ser humano como coroa de sua criação. Você pode agradecer por muito, por tanto, por tudo. Principalmente, por ele fazer você ser quem você é. Pastor João Willig Carazinho/RS

Páscoa Semana Santa A Páscoa é a festa mais importante no calendário cristão. O amor ilimitado de Deus fez com que viesse a nós na frágil criança da manjedoura. Através de Jesus, ouvimos e vivenciamos o amor de Deus tornado gente. Após seu batismo, Jesus iniciou seu ministério público, pregando o reino de Deus, chamando ao arrependimento e a crer no evangelho (Marcos 1.15). Através de Jesus, o reino de Deus já está entre nós. Jesus demonstrou-o ao exercitar o amor: cura, ensinamento, reintegração ao convívio familiar, civil e religioso, milagres e sua autoentrega em nosso favor. O Domingo de Ramos abre a Semana Santa. Quinta, Sexta e Sábado da Paixão formam o Tríduo Pascal, que culmina no Domingo da Páscoa. A celebração de cada um desses dias revela uma faceta do amor de Deus revelado em Jesus Cristo! Quinta-Feira da Paixão Era Páscoa, festa da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. Jesus celebra a Páscoa com seus discípulos. Enquanto celebrava a ceia, Jesus lhe dá um novo significado: “Este é o meu corpo dado por vós”, “este é o meu 40


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sangue dado e derramado em favor de vós”. O amor sem limites torna-se palpável através daquele gesto sem precedentes. Até hoje, ao celebrarmos a Ceia do Senhor, experimentamos o amor que se autodoa a nós. A tradição procurou agregar o lava-pés à celebração da Quinta-Feira da Paixão. No lava-pés, Jesus traduz seu amor como serviço em prol do próximo, como aquele que se faz servo por amor, construindo uma nova sociedade, em que cada um serve a partir de seus dons, onde todos são valorizados, onde não existe discriminação entre raças, sexo, culturas, serviços. Hoje, somos desafiadas a vivenciar o amor que serve através de nossos gestos; por exemplo: respeito, solidariedade, falar bem dos outros, falar palavras edificantes, estender a mão a quem precisa, dar um sorriso, ofertar o ombro a quem chora, fazer uma visita a quem precisa, convidar para participar da OASE, oferecer carona para quem não tem como ir, ajudar com seus dons e talentos no grupo de OASE, na igreja ou em outro grupo. Quantos outros gestos você conhece e que podem traduzir o amor que serve? Sexta-Feira da Paixão Após celebrar a Páscoa, Jesus e os discípulos vão ao jardim Getsêmani para orar. Os discípulos estavam cansados demais para ficar acordados, em vigília. Jesus, um pouco mais afastado, ora a Deus, desabafando e suplicando. O amor nos leva à oração, a derramar toda a tristeza, a angústia e o medo. Jesus estava no jardim quando os guardas o prenderam, logo depois de Judas beijá-lo. Amar significa ser uma pessoa em quem se pode confiar. Beijos, abraços, apertos de mão devem expressar confiança, e não traição, como foi o beijo de Judas. Depois de preso e julgado, Jesus é condenado à morte de cruz. Seu amor por nós grita alto. Ele se entrega em nosso lugar. Que fez Jesus para merecer tão cruel sentença? Seu amor ilimitado incomodou muita gente, que nada queria saber do amor que serve, do amor que promove vida digna e plena. Jesus carrega sobre si o pecado de toda a humanidade, o meu e o teu. Enquanto carregava sua própria cruz, vem Simão, que é obrigado a carregar a cruz. Com esse gesto, Simão alivia a carga que pesava sobre os ombros de Jesus. Podemos ter a certeza de que Jesus sabe o peso que está sobre nossos ombros e nos ajuda. Amor é repartir as cargas. Quando você ajudou a carregar a cruz de alguém? Quem, na sua vida, já ajudou a carregar a sua cruz? Pregado na cruz, Jesus pede que Deus perdoe “essa gente que não sabe o que faz” (Lucas 23.34). Amar é perdoar. Através de Jesus somos reconciliados com Deus. 41


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Gritando sua dor, Jesus se entrega aos cuidados de Deus: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23.46). Podemos confiar-nos às mãos do Senhor, e a ele levar nosso grito, na certeza de que nos ouve e acolhe. Jesus morre. Não foi morte heroica. Foi morte sofrida. Ao morrer na cruz, Jesus leva sobre si toda a culpa. Sua morte inaugura um novo tempo. Junto a Jesus, permaneceram suas amigas. Amor é ficar junto também na dor. Depois de sepultado, as mulheres voltaram para casa, em sofrimento e luto. Permaneceram juntas aliviando mutuamente a dor. Por amor, ficamos ao lado de quem sofre, em silêncio ou cantando um hino de consolo e confiança, segurando a mão, enxugando as lágrimas. Sábado Santo – Vigília Pascal Após a morte e o sepultamento de Jesus, segue-se o sábado do silêncio e do vazio. Tudo tinha terminado. Jesus estava morto. A esperança silenciada e sepultada. E quando tudo parecia o fim, vem Deus e faz um novo começo. Ainda era noite. Ainda era morte. Mas o amor de Deus não tem limites. Nem mesmo a morte pode contra o amor de Deus. Simplesmente porque amor é fonte de vida. Jesus ressuscita! Na celebração da Vigília Pascal, reunimo-nos ao redor do fogo novo, recordando que Deus é o Criador que, por amor, se faz presente junto a seu povo. É no fogo novo que o círio pascal, que representa Cristo, a luz do mundo, é aceso. A partir de nosso Batismo, Cristo acendeu em nós a sua luz, chamando-nos a ser luz no mundo. O amor traz luz onde há trevas. Ao celebrarmos a Vigília Pascal, afirmamos que as trevas da morte são transformadas em luz da vida nova em Jesus Cristo, tudo por causa do amor ilimitado de Deus. Domingo da Páscoa – Ressurreição! Era madrugada, e as mulheres vão juntas ao túmulo para embalsamar Jesus. O amor estabelece vínculos. De repente, tudo muda. A pedra foi removida! A morte não pode prender o amor. O amor é mais forte e a vence. A partir de Jesus, nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida (Romanos 8.38s). Jesus ressuscitou! Ele vive! O domingo de Páscoa celebra a vitória do amor! A mensagem revolucionária da ressurreição não pode ficar guardada, aprisionada. O amor rompe em testemunho vivo. A Páscoa desafia-nos a anunciar que Jesus está vivo, que o amor venceu a morte e a violência. Como testemunhas, somos aquelas que colocam sinais de Páscoa, sinais do amor! 42


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Para os primeiros cristãos, cada domingo era uma pequena Páscoa semanal. A cada domingo, deixamo-nos envolver pela mensagem do amor que transforma a cruz de morte em ponte de vida, de ressurreição. Tornar o amor visível e palpável no dia a dia é desafio que nos chama à ação, ao testemunho, à comunhão e ao serviço. Porque o amor de Deus é simplesmente AMOR ILIMITADO! E porque Deus nos amou primeiro, também nós podemos amar. Pastora Ana Isa dos Reis Ijuí//RS

Jesus ressuscitou! Mulheres haviam comprado aromas para embalsamar o corpo de Jesus e, antes do nascer do sol, foram ao túmulo. Quando chegaram, viram a pedra removida e um jovem vestido inteiramente de branco, que lhes disse: – Não tenham medo. Vocês buscam a Jesus, o Nazareno que foi crucificado. Ressuscitou; não está mais aqui; vejam o lugar onde o tinham posto. Agora, pois, vão dizer aos outros discípulos e a Pedro que Jesus vai adiante de vocês no rumo da Galileia. Lá vocês irão vê-lo, como ele lhes prometeu. Jesus ressuscitou! Mulheres do povo o procuraram e não o encontraram. Ele já ia adiante no caminho para… Pois este mesmo Jesus que madrugou para a vida em plenitude no primeiro dia de Páscoa continua a preceder-nos no caminho. E ele vai ao encontro de pessoas desesperançadas e pobres. Vai ao encontro dos povos indígenas ameaçados em suas terras. Vai ao encontro de mulheres e homens que gritam por respeito, por dignidade, lugar, trabalho e vida. Vai ao encontro de cada criança que espera receber amor e respeito por sua fragilidade. Jesus ressuscitou! Os seus companheiros não acreditaram. Porém ele acreditou neles e os enviou a que saíssem mundo afora para anunciar que o reinado de Deus está próximo e cada um de nós é chamado a fazer parte dessa caminhada. Assim ele nos chama para uma nova vida. Ele não faz diferenças. Acolhe gente simples, sem riqueza ou formação acadêmica. Assim é o povo de Deus. É gente que aprendeu a escutar e a proclamar que o Filho ressuscitou e que desde agora a paz e a reconciliação irão superar a guerra e o ódio. Entre todos os povos e pessoas. 43


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Jesus ressuscitou! Com essa mensagem a fé cristã serve de ferramenta ao anúncio de que a vida tem sentido e que o Deus da Vida não deixou sua humanidade esquecida num sepulcro. Nossos nomes estão gravados na memória deste Deus. Nossos corpos são prenúncios de ressurreição. Nosso futuro está grávido da palavra esperança. Tudo mudou naquele dia. Façamos desta Páscoa um novo compromisso pelo resgate da vida de nossos irmãos e irmãs camponeses, indígenas, negros, mulheres, crianças, portadores de deficiência, toda essa gente que o amor de Deus faz levantar os olhos e a cabeça para seguir adiante! Aleluia, aleluia, aleluia! Extraído de: Celebrar Páscoa em família e comunidade. São Leopoldo: Sinodal, 2008. p. 26-27

Trabalho manual Coroa de Páscoa Que tal enfeitar a casa nesta época de Páscoa com uma coroa? Veja ao lado um exemplo de como fazer uma coroa simples e elegante, que pode ser pendurada na porta de entrada ou suspensa como elemento decorativo no tradicional almoço da Páscoa. Você vai precisar de uma coroa de galhos secos trançados (pode comprar pronta ou fazer mesmo), flores e folhas secas, cascas de ovos pintadas ou outros elementos alusivos à Páscoa, fitas para prender as cascas de ovos e um laço mais largo.

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Arquivo OASE

Encontro de formação em outubro de 2014, em Pimenta Bueno, Rondônia

Datas importantes 01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da 1ª Comunidade Evangélica do Brasil, Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 10 – Dia das Mães 11 – 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, na Europa 14 – Ascensão do Senhor 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE 24 – Pentecostes

A fé atua pelo amor. Gálatas 5.6

M A I O


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MAIO Tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4.13

Meditação Você pode tudo?

“T

udo” ou “nada” são palavras ouvidas diariamente e, quando mal interpretadas ou ditas fora do contexto, dão margem a discussões de cunho egoísta e superficial. Também com o texto de Filipenses isso tem acontecido, uma vez que a frase dita pelo apóstolo Paulo tem sido usada enfatizando-se o poder como elemento eficaz para se conseguir “tudo” o que se quer, ou seja, para satisfazer o ego, sem a preocupação com o contexto no qual a frase foi dita. Paulo não quis dizer “tudo” num sentido absoluto. O que ele afirmou foi que, em meio a todas as coisas que havia passado, ele necessitava do poder de Cristo para enfrentá-las, e que o povo filipense também poderia contar com essa força. Cristo supria suas necessidades e também poderá suprir as necessidades do povo. A ênfase está na presença de Cristo em toda e qualquer situação, seja ela de abundância ou de adversidade. Cristo os fará fortes o suficiente para lidar com cada situação, permanecendo fiéis a ele. Nos dias atuais, ouve-se muito a frase: “Tudo posso naquele que me fortalece” fora do seu contexto. Várias correntes religiosas, ou não, se apropriam dela para enfatizar a prosperidade, o sucesso, o “ter” em detrimento do “ser”. Você pode “ter” e “fazer” tudo o que você quiser, afinal você tem poder! São frases utilizadas para fortalecer o ego e não estão em nada baseadas na força do amor de Cristo pela sua criação. Cabe-nos estar alertas para o uso do texto dentro do contexto bíblico, e neste caso, o contexto e o texto querem expressar que Deus é suficiente para suprir nossas necessidades. O amor que dele vem é sublime, grandioso e eficaz para nos fortalecer em toda e qualquer situação. É preciso acreditar que Deus tem dado tudo o que você precisa para esse momento. Para isso é bom estar contente consigo mesma, com sua família, seu ambiente, seu trabalho, seu passado. É certo que Deus nos presenteou com inteligência, criatividade, habilidades, e com elas podemos realizar muitas coisas que beneficiam a nós mesmas e também as pessoas que nos cercam. 46


MAIO

O autoconhecimento é uma ferramenta eficaz para reconhecermos nossas potencialidades e nossas limitações. Importante é reconhecer que somos capazes de muitas ações, porém também temos fragilidades, que nos paralisam e nos fazer temer seguir a caminhada. Nesses momentos, apropriar-se da fala de Paulo aos filipenses: “tudo posso naquele que me fortalece” pode nos ajudar a ter força e coragem para seguir em frente apesar das limitações. Esse é o equilíbrio entre “aprendi a viver contente” (Filipenses 4.11) e “tudo posso naquele que me fortalece”. O mundo diz: Posso tudo! Paulo afirma: “Naquele que me fortalece!” Para reflexão:  O que acontece quando a frase “Tudo posso naquele que me fortalece” é usada isoladamente, fora do contexto bíblico?  Se “tudo posso naquele que me fortalece”, por que Deus permite que nem tudo saia como eu quero?  Você consegue distinguir entre o que precisa fazer e o que PENSA que precisa fazer?  Que sentimentos você tem quando entra em contato com o versículo de Filipenses 4.13?  Como se sente quando não consegue fazer TUDO o que precisa ou quer? Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC

"Eu tenho fé de que Deus me mostrará as respostas para todas as coisas. Muitas vezes sou eu que não vejo por deixar o medo ser maior que a minha fé. Mas tenho pedido a Deus todos os dias que ele limpe meus olhos de todo desânimo e desespero, para que eu possa ver pelos olhos da fé as maravilhas que Deus tem reservado para mim."

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Fé e amor superam o medo Arquivo pessoal

“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4.18). Sugestão: Para a reflexão, providenciar o desenho de uma porta, ou de uma casa com as portas trancadas, e o desenho de duas chaves, numa escrita a palavra “Fé” e na outra a palavra “Amor”. Temor. Medo. Pavor. Preocupação. Quem não tem? Temos medo de muitas coisas. Medo da doença. Medo da morte. Medo da violência. Medo de Deus. Medo do desemprego. Medo da solidão. Medo do futuro. Medo de que alguma coisa ruim possa acontecer conosco ou com as pessoas que amamos. Medo de não conseguirmos superar os desafios da vida. Pastora Vivian Raquel Gehrke O sentimento mais intenso e mais antigo que existe no ser humano é o medo. De acordo com a Bíblia, a primeira vez que alguém sentiu medo foi quando, em decorrência do pecado cometido por Adão e Eva, Deus perguntou a Adão: “Onde estás?” E Adão respondeu: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gênesis 3.9,10). Desde então vivemos numa realidade cheia de medo, porque o medo atingiu todos os seres humanos pela própria natureza humana. O Evangelho de João 20.19-23 conta que, no domingo da Páscoa, os discípulos de Jesus estavam trancados dentro de casa com muito medo, horrorizados com o fato de Jesus ter sido morto na cruz. Eles não haviam acreditado na mensagem da ressurreição. E, então, Jesus ressurreto aparece no meio deles, desejando-lhes “Paz seja convosco!” É a paz que acaba com o medo. A paz que traz segurança. Jesus, por amor aos seus discípulos, sopra sobre eles o Espírito Santo, pois ele não poderá mais ficar, fisicamente, no meio deles. Com a proteção do Espírito Santo, os discípulos são animados a seguir adiante levando a boa notícia da ressurreição. Assim como os discípulos, também nós estaríamos para sempre aprisionados pelo medo se Deus não tivesse aberto uma porta. Essa porta é Jesus Cristo.

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MAIO

Conta uma história que, certa vez, numa terra em guerra, havia um rei que causava espanto. Cada vez que fazia prisioneiros, não os matava, levava-os a uma sala, que tinha um grupo de arqueiros em um canto e uma imensa porta de ferro no outro, na qual havia gravadas figuras de caveiras. Nessa sala, ele os fazia ficar em círculo, e então dizia: – Vocês podem escolher morrer flechados por meus arqueiros, ou passar por aquela porta e ser trancados por mim lá. Todos os que por ali passaram, escolhiam ser mortos pelos arqueiros. Ao término da guerra, um soldado que por muito tempo servira o rei disse-lhe: – Senhor, posso lhe fazer uma pergunta? – Diga, soldado. – O que há atrás da assustadora porta? – Vá e veja! O soldado então a abre vagarosamente e percebe que, à medida que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente até que, totalmente aberta, nota que a porta leva a um caminho rumo à liberdade. O soldado, admirado, apenas olha seu rei, que diz: – Eu dava a eles a escolha, mas preferiram morrer a arriscar abrir essa porta. Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar? (Mostrar a casa de portas trancadas.) Quantas vezes perdemos oportunidades apenas por sentir medo de abrir a porta de nossos sonhos? Hoje, muitas pessoas ainda não vivem de forma plena por causa do medo: medo de não dar certo, medo do que os outros vão pensar... E, com isso, permanecem trancadas dentro dos seus “mundinhos”, paradas no tempo e mergulhadas em seus próprios problemas. Nós sabemos que o medo faz parte da essência do ser humano. Não é errado sentir medo. O problema é quando nos deixamos dominar pelo medo. Uma frase de Harry Emerson Fosdick diz: “O medo aprisiona, a fé liberta; o medo paralisa, a fé dá poder; o medo desanima, a fé encoraja; o medo debilita, a fé cura; o medo torna inútil, a fé torna útil”. Para nos libertarmos das portas trancadas que o medo traz, temos duas chaves essenciais: a fé e o amor. (Mostrar as chaves.) A fé em Deus é a proteção que temos contra o medo. O amor é o ataque. A pessoa que confia em Deus entrega seus medos ao Senhor, e Deus ajuda a vencê-los. Superados os medos, a pessoa em fé e confiança a Deus livremente viverá em gratidão a Deus, testemunhando o evangelho em palavras e ações. 49


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A pessoa que confia em Deus vive de maneira diferente. Ela não vive trancada em si mesma. Vive, isto sim, em liberdade. Vive em Cristo e em seu próximo. Vive em atitude de amor, de solidariedade, de humildade. Que assim possamos prosseguir: como pessoas que vivem para Deus através da fé e para o próximo através do amor. Crendo em Deus, buscando a orientação do seu Santo Espírito, vivendo o exemplo de amor deixado por Jesus Cristo – assim nossos medos podem ser superados e podemos sempre ter novas forças para viver em paz e segurança, pois Deus diz: “Não fiquem com medo, pois estou com vocês; não se apavorem, pois eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças e os ajudo; eu os protejo com a minha forte mão” (Isaías 41.10). Para refletir:  Quais são os medos que a aprisionam?  Onde as pessoas buscam proteção contra seus medos? E onde você busca?  Como comunidade cristã, o que podemos fazer para auxiliar as pessoas a se libertar de seus medos? Pastora Vivian Raquel Gehrke Riqueza/SC

Jogral O avental ganha vida (Para três participantes. Ideal para a celebração do Dia das Mães.) Maria está terminando de limpar a casa e seu avental está surrado e sujo. MARIA: Que coisa boa, já fiz toda a faxina. A gente limpa, limpa, e amanhã começa tudo de novo... Eu mereço um descanso, esperei tanto por este momento, vou cochilar só um pouquinho... (Senta-se numa cadeira.) (Campainha toca.) MARIA: Ah, claro, estava bom demais para ser verdade. Quem será a estas horas, deve ser a vizinha querendo açúcar... FERNANDA: Olá, Maria, tudo bem? MARIA: Tudo, e você? FERNANDA: Eu vou bem, sabe o que é... 50


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MARIA: Eu sei, sim, você quer um pouco de açúcar, porque quer fazer um bolo, porque você está com visita e está com pressa... É isso, não é? FERNANDA: Não, na verdade não. MARIA: (Maria falando para si mesma:) Ah, que pena, eu queria tirar uma soneca. FERNANDA: Sabe, eu vim lhe fazer um convite... MARIA: Um convite, que maravilha, então entre, entre. FERNANDA: Até que enfim... Vizinha... MARIA: Sente-se... FERNANDA: Amanhã à tarde haverá o “chá do avental” em minha igreja, é uma forma de homenagear as mães. Vamos, amiga? MARIA: Puxa vida, que legal, eu vou sim, na minha igreja a homenagem será no domingo; então dá, sim, para ir com você. FERNANDA: Que bom, irmã. Eu passo aqui para buscá-la. Ah... Precisa levar um avental, tá! E dinheiro para o cartão do chá. MARIA: Ah, tudo bem. Até amanhã então... Tchau. (Fernanda sai.) MARIA: Legal, acho que será bem divertido esse chá do avental... (Tira o avental e o pendura.)... Hiii, eu tenho que levar um avental, para que será? Tadinho deste aqui, sujo, feio, vou ter que ir com o outro. Imagine se eu vou levar este aqui, eu passaria vergonha... (Começa a bocejar e vai fechando os olhos.) AVENTAL: Ei! Psiu, acorda, mulher! MARIA: Ah, quem? AVENTAL: Vamos, acorda... Preciso ter uma conversa séria com você... MARIA: Ah, querido, me deixe tirar um cochilo, já vou fazer sua janta. AVENTAL: (Gritando.) Maria, acorda! MARIA: (Levando um susto.) Calma! Calma! Fale, meu bem, não precisa ficar nervoso. AVENTAL: Há, há, há, meu bem... Agora você me chama de meu bem! MARIA: Cadê você? AVENTAL: Hei, sou eu, seu “avental” que vos fala. MARIA: Meu avental, falando comigo? Eu cochilei, mas estou acordada agora, não pode ser. AVENTAL: Pode, sim, sou sim de pano e fio vivinho da Silva... É o seguinte: amanhã terá um chá do avental, não é? MARIA: Sim, e daí? AVENTAL: Como, e daí... Você vai ou não vai me levar? 51


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MARIA: Claro que não, você está sujo e velho, não serve para nada, não posso passar uma vergonha dessas. Levarei o meu novo, ele é branquinho e bordado à mão, lindo, lindo! AVENTAL: Tudo bem, pode levar, mas você é uma ingrata. Por tantos anos eu ajudei nesta casa... Fiz todos os almoços para seu marido e para as crianças... e os jantares? Você sabe quantos foram? (Entra uma música melancólica no fundo). Não, aposto que não, ajudei a limpar o seu lar todos esses dias... Até na igreja você me levava para ajudá-la a fazer as festas de lá, claro que era para ficar na cozinha lá atrás, nos fundos, e não para me desfilar como amanhã você vai fazer com o “branquinho”... Tudo bem, acho que meus dias estão no fim mesmo, ninguém me quer, ninguém me ama, acho que meu destino é o lixo, lá será meu novo lar... MARIA: Não, Avental. Me perdoe. AVENTAL: Não sei se você me merece! MARIA: Por favor, eu vou levá-lo amanhã comigo, meu companheiro de todos os suores, me perdoe. Volte para mim! AVENTAL: Você está quase me convencendo... MARIA: Ah, amigão, eu prometo dar banho em você uma vez por mês! AVENTAL: E as férias? MARIA: Férias? Como assim? Você já quer demais! AVENTAL: Eu vou para o lixo. MARIA: Não, não, férias, sim, lhe darei os sábados e domingos, tudo bem? AVENTAL: Ah, melhorou, tudo bem, e vê se usa aquele avental branquela então nesses dias. MARIA: Sim, senhor! AVENTAL: Amigos de novo? MARIA: Amigo, sim, ou melhor, companheiros, oh meu amigão. (E beija o avental.) AVENTAL: Ai, Ai... Não me lambe!... Vou passear amanhã... Oba, oba! MARIA: Vamos, sim, vou voltar ao meu cochilo, que você interrompeu. (Maria senta de novo e logo abre os olhos se espreguiçando.) MARIA: Como é bom um soninho... (Olha para o avental.) Que sonho maluco eu tive, e foi com você, sonhei que você falava... (Aproxima-se do avental.) Alô! Tem alguém aí?... Psiu! (Encostando o dedo.) Credo! Pareço uma boba, vamos à luta, aventalzinho querido... Hum, pensando bem, vou pegar o que tenho guardado, porque você, vou lavá-lo para ir comigo amanhã ao chá do avental.

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Reflexão: Como esse avental velho, muitas vezes olhamos assim para nossas MÃES. Elas vão ganhando mais idade, já trabalharam bastante por nós e não têm mais utilidade. Muitas vezes sentimos vergonha delas por causa da sua aparência. Filho/a, daqui a alguns anos você será um AVENTAL VELHO, e aí? Qual será o exemplo que você deu aos seus filhos? Esse será o tratamento deles para com vocês. Enviado por Olga Kappel Roque Juiz de Fora/MG

Oração da mãe Deus da Vida, mais do que nunca sei que não estou só. Sinto, junto a mim, milhares de corações, que num gesto de gratidão pulsam de amor por sua mãe. E eu sou mãe! O mistério que encerra essa palavra, tu sabes melhor do que eu. Ela significa doação, renúncia, sacrifício, mas também alegria, consolo, recompensa. Nas incertezas de minha alegria de mãe está escondido grande tesouro: meu filho. Quero agradecer-te hoje, meu Deus, pela coragem que me deste de enfrentar os riscos da maternidade. Pela alegria que senti ao contribuir contigo na transmissão da vida. A responsabilidade da mãe é imensa. Sei que devo zelar não só pelo corpo, mas também pelo espírito de meu filho. Senhor, do íntimo do meu ser, eu te peço por mim e por todas as mães. Dá-nos a coragem de ser fiéis à nossa missão no dia a dia, no sofrimento e na alegria, nas recompensas e nas decepções. Que saibamos ver em nossos filhos e filhas a tua presença. Possamos, então, dizer em todos os dias de nossa vida: “Apesar de tudo, vale a pena ser mãe”. Amém! Pastora Ester D. Wilke 53


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Pare e pense

À plena luz do dia, um latido estridente, agressivo de cachorros na rua. Geralmente só latem de noite. Corri para ver o que acontecia. Um bicho! Mas de longe não dava para reconhecer o que era. Dois cachorros brabíssimos tentam atacá-lo. Mas o que é afinal? Um gambá? Mas que protuberâncias são aquelas no corpo? Espantei os cães. Era mesmo uma fêmea de gambá com filhotes, já meio crescidos, agarrados ao pelo dela, assustadíssimos. Com toda essa carga, espremeu-se pelas grades do nosso portão e se refugiou num arbusto e logo adiante numa árvore, sempre de olho em mim, que estava só a um metro e meio de distância. Curiosa, fiquei observando os bichinhos. Logo um se soltou e desceu pelo tronco da árvore. Chegado ao chão, abriu a boca e soltou uns grunhidos, como se quisesse reclamar. Ou queria agradecer que eu os salvei dos cachorros? Não encontrando ali nada de especial nas folhas secas, além de mim, claro, voltou para a mãe. E eu, com almoço por fazer, abandonei a família de gambás. Não sei que fim levaram. Impressionou-me o comportamento da mãe: não soltava os filhotes, nem quando caçada, nem quando teve que se espremer pelo portão. Mas agora na árvore, entre as folhas secas, nada mais temia. Comparando conosco, os humanos, não é assim que carregamos os nossos filhotes? Enfrentamos perigos e as adversidades da vida. E quando um deles se solta dos nossos cuidados, da nossa proteção, temos que soltá-los, mesmo a contragosto. Que bom quando acham o caminho de volta. Muitos exemplos o mostram. Isso nos deixa feliz.

Elfriede Rakko Ehlert Curitiba/PR 54

http://itxaropenaetakemena.tumblr.com

Mãe é mãe


Arquivo OASE

Participantes da OASE de São Miguel do Guaporé/RO, num encontro de formação

Datas importantes 04 – Corpus Christi 1743 – 1ª Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 10 – Dia do Pastor/da Pastora 11 – 1948 – Fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo

Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje. Provérbio chinês

J U N H O


ROTEIRO DA OASE 2015

JUNHO Não te deixarei ir se me não abençoares. Gênesis 32.26

Meditação Receber a bênção

“N

ão te deixarei ir se me não abençoares” (Gênesis 32.26) – essa é uma das orações mais profundas feitas por um servo de Deus, chamado Jacó. Ele experimentou o toque transformador de Deus em meio à sua fuga, lutas e medo. Podemos ler a história de Jacó em Gênesis 27 a 33: Gênesis 27 – Como Jacó enganou seu irmão Esaú, recebendo sua primogenitura e a bênção do pai. Gênesis 28 – A fuga de Jacó com a ajuda de sua mãe Rebeca. Gênesis 29 e 30 – Como Jacó chegou à terra de seu tio Labão e como foi enganado pelo próprio tio. A história continua num enredo muito envolvente... Jacó recebe Lia como esposa ao invés de Raquel, trabalha mais sete anos por Raquel e é trapaceado diversas vezes por seu tio Labão. Mas chega o dia quando Jacó volta para sua terra natal e teme encontrar Esaú, a quem havia enganado. Fico imaginando o que Jacó sentia: medo, culpa e insegurança. Sua consciência lembrava-o de suas trapaças e sua fuga. A angústia consumia seu coração. No regresso para casa, ao encontro de Esaú, envia seus mensageiros com presentes para apaziguar o coração do irmão. Mas Deus conhece Jacó e prepara um encontro transformador. Em Gênesis 32.22 a 32, lemos sobre essa experiência. Que encontro! Jacó precisou ficar a sós com Deus para receber um tratamento, um toque, uma marca! Diz a palavra do Senhor que ele lutou a noite inteira com o próprio Deus. Prevalecendo, foi tocado na articulação da coxa, ficando manco. Foi nesse momento que o “varão” disse: “Deixa-me ir, pois já raiou o dia”. E Jacó, percebendo com quem estava lutando, clamou: “Não te deixarei ir se me não abençoares!” Ali, naquele momento, morreu o Jacó enganador e nasceu um novo homem, Israel, “Príncipe de Deus”. Ali foi curado de sua culpa, medos,

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angústias, e pode confessar: “Vi Deus face a face e a minha vida foi salva”. Naquele encontro, o Senhor o abençoou! Amadas irmãs! Assim como Jacó, também nós somos marcadas pelo pecado. Buscamos os nossos interesses e fugimos de Deus. Mas ele vem ao nosso encontro e nos deseja marcar, tocar, abençoar e nos chamar de “filhas”. Você já teve essa experiência em meio ao vazio, medo, culpa, sofrimento e angústia, deixando Deus tocar profundamente o seu coração? O Pai revela o seu amor incondicional manifesto em seu Filho Jesus, que deu a sua vida por mim e por você. Lemos em 1 Pedro 1.18 e 19 que fomos comprados por alto preço: o sangue de Jesus, “e não por meio de coisas corruptíveis como ouro e prata...”. Quando passamos por essa experiência do encontro transformador com Deus, a nossa oração será a mesma de Jacó: “Não te deixarei ir se me não abençoares”. Essa não é uma oração egoísta. Não! É uma oração feita pelo coração que anseia e reconhece que não pode caminhar sem a presença do Pai, que salva, abençoa, cuida, zela, supre as necessidades mais profundas da nossa alma. Ele vai à nossa frente, dando-nos a certeza de que tudo está sob controle. Depois de ser tocado por Deus, Jacó pode levantar-se e ir ao encontro de seu irmão Esaú, experimentando restauração e o perdão em meio ao choro e abraço do irmão (Gênesis 33.4). Queridas irmãs! Esta tem sido a oração, o clamor e anseio do meu coração: “a presença do Pai”. Esta é a bênção do Pai: a certeza de sua companhia em meio ao meu caminhar, que é feito de alegrias, sonhos, angústias, perdas e sofrimentos. Mas tudo isso envolvido com muita graça e misericórdia, derramadas do coração do Pai no meu coração. Vale a pena clamar assim como Jacó: “Não te deixarei ir se me não abençoares”. Você quer essa presença em sua vida?! Então ore e clame com ousadia. O Senhor Deus anseia em nos tocar profundamente e nos tornar “novas” mulheres. Irani Isete Wimmersberger Florianópolis/SC

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Que prevaleça o amor Arquivo pessoal

Para que prevaleça o amor é importante refletir sobre o amor. O que é amor? Quando se fala em amor, vem à mente a ideia do gostar da outra pessoa. Sem dúvida, se eu gosto, eu amo. É muito fácil a gente gostar e amar as pessoas que convivem conosco. O grande desafio é amar as pessoas que não são do nosso relacionamento diário. Em Mateus 24.12, Jesus nos fala que o amor pode esfriar através do aumento da iniquidade; quando a maldade se espalha, o amor desaparece. Será que isso é possível? Como pessoas cristãs, sabemos que isso pode acontecer, sim. No momento em que o amor não é mais partilhado e o perdão não é mais exercitado, o relacionamento pode esfriar Pastor Milton Schmidt e, aos poucos, acabar. O amor é um sentimento que nos aproxima de uma ou mais pessoas, que pode ser comparado à compaixão, à emoção, à afeição, à misericórdia e ao querer bem o próximo. Esse sentimento não pode ser apenas um sentimento relacionado aos nossos pais, aos nossos filhos e filhas, aos cônjuges e amigos. Mas esse sentimento, o amar, também precisa ser relacionado ao próximo. Mas aí nos vem a pergunta: Quem é o nosso próximo? Essa pergunta também foi feita a Jesus quando ele falou sobre amar a Deus em primeiro lugar e ao próximo como a si mesmo, conforme Lucas 10.29. A partir dessa pergunta, Jesus conta a parábola do bom samaritano (Lucas 10.30-37). Através dessa parábola, Jesus diz que o próximo é aquela pessoa que mais necessita de ajuda, é a pessoa que está mais longe da vida digna e justa (João 10.10). Na sociedade em que vivemos são muitas as pessoas que vivem distante da vida digna. Qual é o amor que prevalece diante do individualismo e da competição? Será um amor interesseiro ou o amor de misericórdia? Onde está o amor proposto por Jesus Cristo nos dias de hoje? Estamos vivendo em um tempo em que há contradições na vida humana. Se, por um lado, o ser humano é um ser que precisa se relacionar e ter comu58


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nhão com as outras pessoas e com Deus, por outro lado, o ser humano está se afastando dessa sua essência e está vivendo a sua vida de maneira isolada, como se não precisasse da outra pessoa e do próprio Deus. Nos dias atuais, a violência, a falta de paz e o ódio crescem muito nos lares e na sociedade. O que está acontecendo com o ser humano? Onde está o amor? Será que o amor não está “esfriando”? O ser humano ainda consegue vivenciar o amor a Deus em primeiro lugar e ao próximo como a si mesmo (Marcos 12.30-31)? O amor que precisa prevalecer está baseado no amor incondicional de Deus. A fonte do verdadeiro amor é o próprio Deus. Em 1 João 4.7-8 está escrito: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”. Em 1 coríntios 13 o apóstolo Paulo nos fala que o verdadeiro amor não tem ciúmes, não procura seus próprios interesses, não se alegra com a injustiça, mas procura a verdade. Segundo Paulo, o amor verdadeiro nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. Que prevaleça esse amor! Cada um de nós tem a tarefa de viver em comunhão e amor, para que o amor verdadeiro prevaleça. Por isso, animemo-nos a viver em comunhão e perdão. Que o amor a Deus em primeiro lugar e ao próximo como a nós mesmos possa ser constante em nosso viver. Que a fonte do amor verdadeiro, o nosso Deus, nos dê forças para agir em favor da vida digna. Que as atitudes humanas não sejam individualistas, mas de uma caminhada conjunta, pois se caminhar é preciso, caminharemos unidos. Juntos somos mais fortes para alimentar o verdadeiro amor neste mundo, que ainda é de Deus. Para que o amor prevaleça e se fortaleça são necessários o encontro, o caminhar e sentar junto, o ouvir e partilhar a palavra de Deus. Somente assim a maldade não se multiplicará e dará espaço à comunhão e ao verdadeiro amor. Diz a letra de uma canção: Pela força do amor, Deus permite comunhão. É motivo de alegria, de louvor e gratidão. Deus nos fez à sua imagem, pra viver de igual pra igual. Companheiro, companheira, nossa vida até o final. (HPD 2 – nº 479, estrofe 1) A OASE tem como tripé a comunhão, o testemunho e o serviço. Essas palavras resumem o testemunho das mulheres, que não só participam dos grupos de OASE, mas vivenciam OASE. Quando se fala em comunhão na OASE, fala-se em encontro que nos aproxima uns/umas dos/as outros/as e do próprio Deus para celebrar o amor. O testemunho das mulheres da OASE resume-se no anúncio e na prática do amor de Cristo, onde temos a tarefa de levar adiante o 59


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evangelho e a proposta cristã. O serviço da OASE não pode se resumir apenas no trabalho partilhado no próprio grupo ou na comunidade, mas precisa estar ancorado, principalmente, no servir de Cristo, no trabalho diaconal e no amor ao próximo. Que em todos os grupos de OASE, em nossa vida comunitária e pessoal “prevaleça o amor” cristão. Aeróbica do amor de Deus – para sentir e partilhar o amor de Deus: (Cada pessoa pode realizar esta tarefa dentro das suas limitações.) O amor de Deus é alto para nos proteger (esticam-se as mãos para o alto, ficando na ponta dos pés). O amor de Deus é profundo para nos sustentar (esticam-se as mãos até os pés sem dobrar os joelhos). O amor de Deus é grande para nos abraçar (abrem-se bem os braços – podendo abraçar quem está do lado). O amor de Deus me envolve para amar (abraçar-se a si mesmo). Pastor Milton Schmidt Cruzeiro do Sul/ RS

Dinâmica Viver em comunidade Materiais: 1 corrente de ferro; diversos materiais amarrados em forma de elos (círculos), quanto mais diferentes e diversificados melhor – elástico (resiliente), arame (duro), velcro (áspero), soft (macio), plástico (transparente), tecido com brilho (luminoso), tecido preto (não transparente), lã, fio de costura (frágil) etc.; lã vermelha; 1 cruz de madeira. Ler os textos bíblicos de Romanos 12.1-12 e Mateus 4.18-19, depois iniciar a dinâmica utilizando o texto abaixo e os materiais sugeridos, na ordem indicada pelo texto. Para refletirmos sobre os textos que lemos, vamos primeiramente explorar alguns materiais que coletamos. Primeiro: o que temos aqui? (mostrar a corrente e esperar a resposta). Para que serve? (Para amarrar, para prender.) Ok. De qual material é feito esta corrente? (De metal, de ferro.) Esse material é forte? (Sim, sem dúvida.) E o que torna esta corrente uma corrente e não uma 60


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corda? (São os elos entrelaçados.) Os elos são todos iguais, do mesmo tamanho, do mesmo metal, da mesma forma? (Sim.) Uma corrente é mais forte que cada elo sozinho? (Sim, sem dúvida. Inclusive, é essa configuração, em que cada elo é exatamente igual ao outro, que faz com que a corrente seja tão forte.) Podemos fazer uma analogia dessa corrente com a sociedade na qual vivemos: as pessoas se unem por elos e formam correntes, buscando prender o outro a seus objetivos pessoais e/ou profissionais, justamente para que juntas sejam mais fortes. Queremos que todos sejam iguais para não destoar e não dar divergência de opinião. Queremos que todos sejam fortes na busca de um mesmo objetivo. Precisamos estar unidos, que assim ninguém nos separa. Porém, será que amarrar, prender o outro é amar? Será que isso tem algo a ver com o que Paulo transmite aos romanos na carta que acabamos de ler? Vamos ler novamente o versículo 5 da Carta aos Romanos: “Assim também nós, embora sejamos muitos, somos um só corpo por estarmos unidos com Cristo. E por estarmos unidos uns com os outros como partes diferentes de um só corpo”. E o versículo 10: “Amem uns aos outros como o amor de irmãos em Cristo e se esforcem para tratar uns aos outros com respeito”. Para pensarmos sobre esses versículos trouxemos outros materiais. Cada um de vocês tem um elo na mão, formado pelos mais diversos materiais. Vamos falar um pouco sobre as qualidades desse material. (Cada participante fala sobre seu material.) Podemos afirmar que na comunidade nós também somos elos, mas não de uma corrente de ferro, todos iguais. Somos, sim, um diferente do outro: um é forte, decidido; o outro é frágil; outro ainda é transparente, não quer aparecer; outro é luminoso e quer aparecer; outro é extremamente resiliente, como o elástico – as pessoas puxam, esticam, mas não se rompe, sempre volta ao estado original; o seguinte é macio, agradável; o próximo é áspero; um é quente, o outro é liso; um é pequeninho, o outro é largo. Assim também é na comunidade: um tem o dom da música; o outro é criança; um tem depressão, outro é enrolado... Vamos concordar: esses elos, na nossa sociedade, pouco provavelmente iriam se unir e tornar-se uma corrente. Ficariam soltos, isolados, cada um por si... E aí vem Cristo, que nos aceita pelo batismo do jeito que somos: não pessoas perfeitas, que fazem tudo certinho, na hora exata, sem falhas, mas nos aceita do jeito que somos e da forma como fomos criados pelo Pai. E ao nos aceitar, dá-nos a possibilidade de aceitar o outro. E com seu sacrifício na cruz nos perdoa e nos une. Transforma-nos em comunidade. (Pedir aos participantes que unam os elos com pedaços de lã vermelha, formando uma rede. Colocar essa rede sobre a cruz, vide foto abaixo.) 61


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Vejam que agora não temos mais elos independentes, estamos ligados pela lã do cordeiro que deu o seu sangue por nós na cruz. Essas fitas de lã vermelha representam a cruz de Cristo nos ligando, transformando-nos em comunidade. Podemos viver a comunhão, porque Cristo nos aceitou. Podemos viver a solidariedade. Podemos orar. Orar por nós e pelos outros, estar juntos nos momentos difíceis da vida. Auxiliar os que necessitam. Podemos cantar juntos, hinos do HPD 1, do HPD 2 e também outros bem mais modernos. Aceitamos que a comunidade é uma grande família, que tem crianças pequenas, que choram no culto, crianças que riem e fazem barulho, jovens que precisam de espaço, pessoas casadas e solteiras, separadas, viúvas, novamente casadas, pessoas idosas, que precisam de paz e sossego. Então, ao nos ligarmos, ao vivermos a comunhão e a solidariedade, não somos corrente, e sim uma rede. Lembrando do texto de Mateus que lemos no início, somos como os discípulos de Jesus, que eram pescadores, pessoas sem instrução, que não sabiam nada além de pescar. Da mesma forma, agora nós também podemos pescar gente com nossa rede formada pelos elos de nossa comunidade a partir de Cristo. E isso é evangelizar! E toda vez que tivermos a tentação de querer ser corrente e não rede, que possamos recorrer ao amor de Cristo, aqui representado pela lã vermelha, para assim colocar em prática o amor ao próximo, vivendo em comunidade. Gudrun Piper Schmidt Curitiba/PR 62


JUNHO

Comportamento Cuide do seu jardim secreto Cada pessoa possui uma espécie de jardim secreto, que representa a beleza da sua alma. Nele, refletem-se as emoções e os sentimentos que têm o poder de alterar a sua estética. Quando notar que seu jardim interior está diminuindo a beleza e o brilho de outrora, faltando flores e sem exalar o perfume especial da vida... Isso indica que está na hora de você se cuidar para resgatar a essência da sua formosura. A renovação do seu jardim só vai acontecer quando você começar a se livrar das ervas daninhas conhecidas como ressentimento, desilusão e orgulho; quando replantar novas mudas de autoestima, perdão e altruísmo; quando regá-lo todos os dias com as águas da renovação e esperança. Sutilmente você perceberá a vida fluindo novamente, trazendo de volta a beleza e o brilho do seu jardim, fazendo dele um local propício e atrativo para os colibris e para as borboletas da felicidade.

Enviado por Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC 63


Arquivo OASE

Encontro de Formação 2014, em Rolim de Moura, Rondônia

Datas importantes

J U L H O

01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa

Quem ama a sinceridade e sabe falar bem terá a amizade do rei. Provérbios 22.11


JULHO

JULHO Seja a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno. Mateus 5.37

Meditação Tomar posição – Dizer sim ou não

S

Arquivo OASE im, sim – Não, não! Palavras duras ou palavras amáveis? Sim e não – palavras simples. Dependendo do tom com que são proferidas, tornam-se duras ou amáveis. O sim é resposta a uma pergunta e exprime consentimento, aprovação, concordância. O não aparece com mais frequência em nossa comunicação e manifesta uma recusa, negação ou repulsa. Olhe atentamente para alguns textos ou observe o falar de pessoas. O não aparece com mais frequência. Ouvimos e aprendemos a expressar essas duas palavras desde a mais tenra idade. Primeiro o fizemos através de sinais. Lembra Marlene S. R. Ahlert um bebê, balançando a cabeça para se comunicar e dizer não? É o gesto que traduz sua vontade e decisão ou então esperneia, grita para expressar seu querer. O não é o contrário do sim. Em várias situações o sim nem é preciso ser dito. Nos dias de hoje é mais comum as pessoas dizerem sim ou não? Ao se perguntar: Você gosta de passear? Ou: Você tem água para beber? Acredito que todos dirão gosto, tenho. Mas se a pergunta for: Você gosta de auxiliar pessoas carentes ou em dificuldade? As respostas provavelmente começam com um não ou não sei, não faz o meu estilo, não me sinto bem no contato com... e assim por diante. A resposta SIM e NÃO vai depender do que é proposto, se é algo que é do interesse e se agrada à pessoa. Observe as pessoas ao seu redor, você vai

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constatar que muitas ficaram egoístas, centradas em si mesmas, preocupadas apenas com o seu bem-estar e viver. E por outro lado, ficará feliz ao ver que há outras tantas pessoas prestativas, amorosas e auxiliadoras. Por que é assim? É assim porque todas as pessoas receberam o dom de amar. Deus deu também às pessoas o livre-arbítrio, a vontade livre, a decisão que depende apenas de cada qual. É a pessoa que escolhe dizer SIM ou NÃO para que o dom de amar o próximo desabroche, cresça e seja uma marca de sua personalidade. Você lembra do primeiro e do segundo mandamento? O primeiro mandamento (Marcos 12.30) na tradução de Ferreira Revista e Atualizada (RA) é assim: Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) diz assim: Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças. O segundo mandamento (Marcos 12.31), conforme a RA: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. E conforme a NTLH: Ame os outros como você ama a si mesmo. E o evangelista Marcos finaliza, dizendo: Não há outro mandamento mais importante do que esses dois. Os dois enunciados dos mandamentos dizem a mesma coisa, apenas com palavras diferentes. Os cristãos são batizados assim como Cristo foi batizado por João Batista. Mas Jesus era adulto e nós batizamos as crianças, sem perguntar se querem ou não seguir a Jesus e seus ensinamentos. Poderia uma criança responder? Os pais, ao batizar seus filhos, num gesto de amor, entregam-nos aos cuidados e os põem sob a bênção de Deus. Mas a criança tem o direito de escolha, não? É por isso que temos o Ensino Confirmatório e a Confirmação. Confirmação é a oportunidade de responder SIM ou NÃO. É a hora da sua decisão. O viver, permanecer fiel aos ensinamentos ou não é de responsabilidade de cada pessoa. Temos muitos exemplos e citações de acontecimentos na nossa vida diária e também na Bíblia que mostram a importância do SIM e do NÃO. “Talvez”, “pode ser” e outras tantas expressões que ficam no meio, sem uma posição afirmativa ou negativa, devem ficar longe daqueles que creem. Por quê? Simplesmente porque não levam a nada, não manifestam opinião ou ação, não promovem a vivência do amor. Tomar posição, ser ou não ser, dizer SIM ou NÃO agrada a Deus e a todo momento manifesta o amor ao próximo. O texto 66


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de 1 Coríntios 13.13 nos fala que o amor é o dom supremo e nos ensina como podemos e devemos amar. “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”. Dizemos SIM, SIM quando vivemos em COMUNHÃO com nossos irmãos e irmãs; damos TESTEMUNHO de nossa fé e prestamos SERVIÇO ao nosso próximo com e ao lado de nossas irmãs da OASE e de todas as outras igrejas cristãs. Dinâmica: Brincando com SIM e NÃO Escreva sim ou não nos espaços pontilhados. Depois confira em sua Bíblia, em Tiago 5.12, o que você acertou. Cf. RA: Acima de tudo, porém, meus irmãos, ......... jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso ......... .......... e o vosso .......... ........... para ......... cairdes em juízo. Cf. NTLH: Acima de tudo, meus irmãos, quando vocês prometerem alguma coisa, ........ jurem pelo céu, nem pela terra, nem por nada mais. Digam somente ......... quando for ........, e ........ quando for ..........., para que Deus ........... os condene. Marlene . . Ahlert S R Lajeado/RS

As possibilidades de amar “Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram” (Romanos 12.15). Que nossos olhos possam enxergar o colorido das pessoas. Que nossos passos suavizem o caminhar de quem resolve caminhar conosco. Eis aí uma possibilidade de amar... Quando eu era criança, lá pelos meus dez anos, lembro-me bem de uma coleção de figurinhas com o seguinte dizer: Amar é... perdoar. Amar é... abraçar. Amar é... dar a mão... E assim por diante! Amar, amor é uma palavra muito falada. Há poesias, canções, livros, filmes que se inspiram no amor. Na OASE e em nossas comunidades/igrejas, a palavra 67


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amor aparece com maior frequência. Mas será que nós refletimos a fundo sobre amar? Hoje a palavra amor é banalizada. Sai fácil de nossa boca: amorzinho (irônico)... Ah sim, eu também te amo (apressado); vou te mostrar meu amor (irritado)... Será que nosso falar está de acordo com esse sentimento tão nobre? O que é, por fim, amar? O texto do evangelista João 21.15s é oportuno para aprofundarmos nossa reflexão sobre o amor. Leitura do texto de João 21.15-19.

Nádia Mara Dal Castel de Oliveira

Amar é tomar conta umas das outras

Essa passagem bíblica de Jesus com seus discípulos acontece depois da Páscoa dos judeus e depois da ressurreição. Logo no verso anterior (João 21.14), a narrativa nos diz que é a terceira vez que Jesus aparece aos discípulos. Jesus estava jantando com eles e depois da refeição pergunta para Pedro se ele o ama! Vocês se lembram de Pedro? Pedro era discípulo fiel e amigo de Jesus. Mas Pedro era humano e frágil. Muitas vezes seu medo e sua arrogância falaram mais alto. Recusou que Jesus lavasse seus pés. Usou a violência com o soldado romano ao cortar sua orelha em defesa de Jesus. Seu medo foi maior quando negou Jesus três vezes. Sabem quem Pedro lembra? Pedro lembra muito a gente: seres humanos, mulheres da OASE. Somos fiéis ao nosso Senhor. Procuramos fazer tudo segundo sua vontade, mas também nos deixamos levar pela raiva, pela mágoa, pela violência verbal... Quantas vezes falamos mal das pessoas... Será que amor é só resposta ou nossa atitude também? Talvez por isso Jesus pergunta para Pedro três vezes se ele o ama! Ao fazer a pergunta mais de uma vez, Jesus chama a atenção de Pedro para o que ele está respondendo. É fácil dizer eu te amo. Mas Jesus aponta para as consequências de quem responde sim para seu amor. Amar significa “cuidar das ovelhas”: Simão, filho de João, você me ama? Sim, o Senhor sabe que eu o amo, Senhor! Então, tome conta das minhas ovelhas. Amar é um sentimento de respeito e obediência. Sentimento que se doa a outra pessoa. Que não espera recompensa. Que vai em direção à necessidade 68


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alheia. Que abraça e envolve. Amar é cuidar! Tome conta das minhas ovelhas, diz Jesus. Se amamos este Deus que nos cria e chama de filhos e filhas, então somos incumbidos de levar esse mesmo amor adiante. Amor não é coisa que se guarda para mofar ou apodrecer. Amor é para ser doado, espalhado. Antes de mais nada, amar é oportunidade. Oportunidade de viver o primeiro mandamento: amar a Deus! Depois, oportunidade de viver esse amor junto às pessoas, tomando conta umas das outras. Não é fácil, mas existem tantas possibilidades! Dinâmica: Recortar corações em papéis coloridos. Cada pessoa pode recortar o seu. Corações são diversos, assim como as formas de amar. Escrever nos corações recortados o que é amar. (O significado dessa palavra para cada pessoa). Exemplo: amar é sorrir. Juntar todos os corações no centro do espaço onde o grupo está reunido (numa mesa ou no chão). Uma pessoa é convidada a ler cada coração. A coordenadora faz a leitura de 1 Coríntios 13.4-8a. Na Primeira Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo escreve sobre o amor. Podemos tirar desses versos muitas possibilidades de amar. Olhem nos corações quantas possibilidades vocês escreveram de exercitar o amor. Deus nos amou incondicionalmente. É tão grande seu amor por nós, que não sabemos expressar nem entender esse amor. Mas fomos amados grandemente. Cada uma de nós, individualmente, é amada por Deus. E é ele quem nos convida a amar também. Podemos não ter sempre paciência. Mas podemos olhar para o amor de Deus e buscar a serenidade necessária. Podemos nem sempre agir sem ser egoístas. Mas podemos olhar para o amor de Deus e buscar a simplicidade de repartir. Nem sempre somos otimistas. Mas podemos olhar para o amor de Deus e buscar a esperança perdida em nós. Se olharmos para nosso umbigo, o amor é coisa difícil de sentir. É tarefa complicada de cumprir. Mas se olharmos para o agir de Deus, para sua cruz, que é vida, que são trevas vencidas, então amar será suave como um abraço. Gostoso como chocolate. Simples como dar uma flor a alguém que se ama... Ainda me lembro do meu filho, Tales, me entregando uma florzinha de inço que ele catou no meio das quiçaças lá de casa. Lembro-me da minha filha, Bárbara, escrevendo num papel todo amassado e com letra torta: Mãe, bom trabalho, 69


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beijos – e deixou dentro do meu lap top. Gestos que expressam amor. Tão simples, pena que desaprendemos de fazê-los. Crescemos achando que dizer é suficiente. Desaprendemos a viver o amor e dizer de outras formas. Vamos viver o amor! Vamos agir conforme escrevemos em nossos corações! Oração Tenro e amoroso Deus, que nosso coração expresse a ternura que vem de ti. Que nossas mãos acariciem as feridas. E que possamos, como mulheres, exalar o bom perfume de Cristo ao escolher viver o amor! Amém. Diácona Nádia Mara Dal Castel de Oliveira Joinville/SC

Histórias e experiências Mulheres no Sínodo da Amazônia Arquivo pessoal

Para falar sobre o trabalho das mulheres no Sínodo da Amazônia, convido você a primeiramente conhecer um pouco da história da igreja no norte. Hoje resido em Espigão do Oeste, Rondônia, desde o ano de 2011. É aqui nessa paróquia que se concentra a maior parte dos luteranos do sínodo com aproximadamente 42% dos membros. Segundo a última estatística, o sínodo tem 7850 pesPastora Cirlene Schönwald Dreissig soas batizadas em 82 comunidades e 49 pontos de pregação, distribuídos em cinco estados da Região Norte. É um número pequeno diante das distâncias e dos desafios que são encontrados. Desde o início da colonização, nos anos 1960 e 1970, muitas famílias vindas principalmente do Espírito Santo passaram por diversas dificuldades, inclusive a falta de comida. Homens e mulheres, jovens e crianças tiveram que trabalhar muito para vencer cada desafio. Junto com a mudança no pau de arara o povo trouxe consigo a sua fé. Assim como o povo de Deus nos tempos 70


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bíblicos passou por muitas provações, o povo daqui também passou por um processo parecido, e constantemente precisou buscar novas forças na sua igreja para superar os desafios da vida. Arquivo OASE Hoje as dificuldades são outras, variando de um município para outro. Não há mais tanta mata. Em seu lugar há café, pastagens e o gado de corte. Novas iniciativas estão surgindo como a piscicultura e o cultivo da soja. As estradas nem sempre são das melhores, mas o povo jamais perdeu sua fé! A IECLB continua presente e ativa. Assim também são as mulheres: muito ativas! Elas estão presentes nos presbitérios das comunidades e diretorias das paróquias. Elas assumem diverEncerramento de atividades do grupo de sos trabalhos nas comunidades, como mulheres da Comunidade Novo Alvorecer – orientadoras do ensino confirmatório e Paróquia de Espigão do Oeste/RO culto infantil. Há lideranças nos grupos de mulheres que assumem o estudo em grupo na ausência dos ministros. O mesmo acontece com os programas de rádio, cultos de leitura e na animação dos cultos e encontros com os dons musicais. O trabalho com as mulheres é sempre realizado com alegria pelas lideranças ou junto com o/a ministro/a religioso/a. É ali nesse espaço terapêutico espiritual que muitas mulheres fortalecem sua fé, renovam suas forças para enfrentar e resolver os problemas. É ali que são compartilhadas experiências de vida, fé e superação. No Sínodo da Amazônia há o Departamento Sinodal das Mulheres/ OASE, responsável principalmente pela formação das lideranças dos grupos que trabalham com as mulheres. Assim, uma vez por ano é realizado um encontro de formação para as lideranças dos grupos no sínodo. É nesses encontros de formação que elas aprendem a elaborar estudos, compartilham experiências, aprendem a fazer algum artesanato, e o mais importante: testemunham e fortalecem a fé no Deus Todo-Poderoso. É nos encontros de formação que fomentamos a valorização de todas as mulheres que participam do seu grupo, respeitando seus costumes, motivando-as a exercer e compartilhar seus dons, ajudando-as e acompanhando-as nas alegrias e nos momentos de fraqueza e dificuldades. E mais recentemente foi decidido que a cada três anos o departamento irá orga71


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nizar o Encontro Sinodal das Mulheres/OASE, para o qual todas as mulheres do sínodo são convidadas. Estar nesse sínodo e coordenar o Departamento de Mulheres/OASE é um trabalho gratificante. Cada vez mais percebo que as mulheres seguem as palavras bíblicas encontradas em 2 Coríntios 2.14b: “Como perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas”.

Para pensar O menino e a estrela-do-mar Era uma vez um escritor que morava numa praia tranquila, junto a uma colônia de pescadores. Todas as manhãs passeava à beira do mar para se inspirar, e de tarde ficava em casa, escrevendo. Um dia, ao caminhar pela praia, viu um vulto que parecia dançar. Quando chegou perto, reparou num jovem pegando as estrelas-do-mar que estavam na areia, uma por uma, e devolvendo-as ao oceano. – Por que você está fazendo isso?, perguntou o escritor. – Você não vê?, disse o jovem. – A maré está baixa e o sol está brilhando. Se ficarem aqui na areia, elas vão secar ao sol e morrer. – Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praia por este mundo afora e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pelas praias. Que diferença faz? Você atira umas poucas de volta ao oceano, a maioria vai perecer de qualquer forma... O jovem pegou uma estrela na areia, atirou-a de volta ao oceano, olhou para o escritor e disse: – Para esta, eu fiz diferença. Naquela noite, o escritor não conseguiu dormir, nem sequer conseguiu escrever. De manhãzinha, foi até a praia, juntou-se ao jovem e começaram a atirar estrelas-do-mar de volta ao oceano. (Autoria desconhecida) Para refletir: Com qual personagem nos identificamos: o menino, o escritor ou a estrela-do-mar? Quem do grupo é o mais importante? Como nos valorizamos e valorizamos o nosso semelhante? Pastora Cirlene Schönwald Dreissig Espigão do Oeste/RO 72


JULHO

Dia da amizade Alfabeto do amigo Amigo é aquele que... Aceita você como você é Bota fé em você Chama-o ao telefone só pra dizer “Oi” Dá-lhe amor incondicional Ensina-lhe o que sabe de bom Faz-lhe favores que os outros não fariam Grava na memória bons momentos passados com você Humor não lhe falta para fazer você rir Interpreta com bondade tudo o que você diz Jamais o julga, esteja você certo ou errado Livra-o da solidão Manda-lhe pensamentos de ternura e gratidão Nunca o abandona Oferece ajuda quando vê sua necessidade Perdoa e compreende suas falhas humanas Quer vê-lo sempre feliz Ri com você e chora quando você chora Sempre se faz presente nos momentos de aflição Toma suas dores e evita que o maltratem Um sorriso seu basta para fazê-lo feliz Vence o inimigo invencível junto com você Xinga e briga por você Zela, enfim, pela joia que você representa. Obrigado por ser meu amigo! “Amizade é um sentimento muito precioso, porque não se compra, não se pede, mas se conquista.” Enviado por Olga Kappel Roque Juiz de Fora/MG

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Arquivo OASE

Participantes do grupo de OASE de Três Coroas/RS

Datas importantes

A G O S T O

05 – 1872 – *Oswaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/2/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – 1ª bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 09 – Dia dos Pais 15 – 1899 – 1º grupo de OASE, em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência

Vocês pouco dão quando dão de suas posses. É quando dão de vocês próprios é que realmente dão. Kahlil Gibran


AGOSTO

AGOSTO Jesus Cristo diz: Sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Mateus 10.16

Meditação Dar limites é ser prudente

J

esus deu uma ordem aos discípulos: “Escutem! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Sejam prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”. Parece ser uma tarefa simples e tranquila, mas como quase tudo na vida, na prática é um pouco diferente. Por que será? Por que será que na vida muitas vezes nos faltam cautela, paciência, cuidado, simplicidade? Vivemos num mundo rodeado por lobos: violência, injustiça, arrogância, falta de limites, abuso de poder, individualismo, consumismo e assim segue a lista. Precisamos estar muito atentos e precavidos para sobreviver a esses “lobos” com dignidade e paz. Uma das tarefas mais importantes dos pais é dar limites a seus filhos. Ter cuidado para não incentivá-los a ser consumistas no futuro. Outro dia, observei uma cena em um supermercado: o filho de mais ou menos cinco anos estava acompanhando os pais que faziam compras. À medida que os pais colocavam os produtos no carrinho, a criança também foi escolhendo algumas guloseimas. Quando já havia colocado o terceiro item no carrinho, o pai chamou a atenção do filho e disse: “Filho, você pode escolher dois produtos e devolver o outro na prateleira”. Com certeza não foi uma conversa fácil, o filho relutou, mas acabou concordando. Então o pai agradeceu ao filho e o elogiou dizendo: “Muito bonito, filho! Eu gostei do que você fez!” Para esse pai talvez também não tenha sido fácil tomar essa atitude em um supermercado, rodeado por pessoas comprando e enchendo seus carrinhos. Esse pai teve duas atitudes louváveis: com muita tranquilidade e cautela, estabeleceu limites a seu filho, ensinando que é importante e necessário fazer escolhas, que na vida real não é exatamente como mostra a mídia, onde somos induzidos a ter tudo o que desejamos com tanta facilidade. Outro exemplo foi o do elogio. Quem não gosta de receber um elogio? O elogio é importante e necessário para o nosso ego, para acredi75


ROTEIRO DA OASE 2015

tarmos em nós mesmos. Na atitude desse pai ficou bem explícito o seu amor incondicional, que estipular limite faz parte da educação e que é tarefa dos pais. Essa cena no supermercado nos faz refletir sobre o texto acima, que tudo pode ser mais fácil e simples, se cumprirmos a ordem de Cristo: “Sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”. Reflexão: Quando e onde deixamos de ser prudentes? O texto fala da importância de dar limites aos filhos. E nós, será que sabemos nos limitar e nos controlar? Como mulheres da OASE, quais seriam as nossas escolhas mais prudentes? Ursula Loth Três Coroas/RS

A arte de constituir família Arquivo pessoal A família tem em suas mãos umas das mais sublimes possibilidades da humanidade, e uma das mais complexas. Creio que todos concordarão se eu disser que a família é um “prato” trabalhoso de preparar e, ao mesmo tempo, que ela também é produto daquilo com que se alimenta. A dieta com que se alimenta o coração e a alma da cada um de seus integrantes será a grande responsável pelas suas escolhas e pela qualidade de seus relacionamentos. Há muitas pessoas que ganharam notoriedade Pastora Eliana Lisandra Weber na sociedade e perderam seus filhos. Galgaram os degraus da fama e do sucesso e sofreram derrotas violentas dentro do lar. Há aqueles, porém, que jamais subiram ao pódio da fama, mas construíram famílias sólidas e edificaram relacionamentos saudáveis dentro do lar. Mas, então, o que poderia caracterizar o bom pai e a boa mãe? Não há nada mais importante para os seres humanos do que o amor de sua família. A

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AGOSTO

paternidade e maternidade são uma missão e um compromisso pessoal insubstituível. Filhos não deveriam nunca ficar em segundo plano. É ruim ser negligente como pai e mãe, mas bem pior é disfarçar essa negligência com tolerância para tudo e com contínuas recompensas. Bons pais não são aqueles que se preocupam para que nada falte aos filhos, mas são aqueles que não faltam como pais. Lembramos que com razão se diz que a responsabilidade dos pais não é preparar o caminho para os filhos, mas sim preparar os filhos para o caminho, promovendo e estimulando neles o desenvolvimento de suas qualidades. E nesse sentido a igreja será uma grande aliada e companheira de caminhada, porque ambas, família e igreja, desejam o mesmo: vidas em comunhão, vidas melhores em sua capacidade de ser e de amar. Para isso é fundamental que ela seja capaz de identificar os fenômenos presentes no lugar vivencial em que é chamada por Deus a ser família. Um dos fenômenos presentes e que nasce na família hoje é a solidão. Ela é hoje um problema que afeta adultos de todas as idades, e infelizmente está cada vez mais presente na idade adolescente e infantil. As causas para essa solidão podem ser muitas, por exemplo o individualismo devido à nova formatação que o mundo do trabalho trouxe aos adultos. Saímos cedo de nossas casas e voltamos tarde, o que afeta a convivência entre pais e filhos e o bem-estar de todos. E com a chegada da tecnologia ao lar, os membros da família, mesmo vivendo sob o mesmo teto, estão cada vez mais isolados e sozinhos. Pais e filhos não brincam mais juntos, filhos não brincam mais com seus vizinhos. Somente os pais podem tomar as medidas necessárias para mudar essa situação. Em primeiro lugar, esses precisam desconectar-se de seus aparelhos eletrônicos para fazer com que seus filhos façam o mesmo, e assim tenham momentos para conectar-se uns aos outros, como família. Olhares apressados não enxergam a essência, não enxergam o medo, a dúvida e a solidão! Uma casa resistente não pode ser construída de forma apressada e sem planejamento. Por mais que o mundo tenha mudado, nós seres humanos continuamos necessitando de companhia, compaixão, afeto e do amor de nossos semelhantes, que os aparelhos eletrônicos não podem dar. A convivência e comunhão podem ser antídotos eficazes para prevenir ou tratar a solidão. Uma das principais tarefas de um pai e de uma mãe na educação não é ensinar aos filhos tudo sobre o mundo em que vivem, mas procurar que esses compreendam qual é a sua missão nele. Nossos filhos precisam ter caráter no meio de uma geração onde a corrupção trafega desde as mais altas cortes até a casa mais humilde. Precisam 77


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aprender a ser verdadeiros no meio de uma geração que desaprendeu a ética e a honestidade. Precisam aprender a prática da justiça onde os escândalos de toda ordem são a principal atração dos meios de comunicação de massa. Precisam aprender a amar, mesmo num mundo marcado pelo ódio, pelo preconceito e pelas guerras. Construir o caráter dos nossos filhos é mais importante do que construir patrimônios e herança material. Nossos filhos precisam mais de ensino, de limites e sabedoria do que de fortunas. À família cabe também a missão de cuidar da vida espiritual dos filhos, pois os valores dos pais passam a ser os valores dos filhos também. Através deles, Deus nos coloca uma missão: ser exemplos para eles! Vemos que algumas famílias investem muito na formação intelectual e profissional dos filhos, mas, em regra, deixam-nos órfãos na área afetiva, comportamental e espiritual. Um bom antídoto que pode orientar os jovens em meio aos perigos do mundo é o amor de Deus e o amor de seus pais. Leia 1 Timóteo 5.8. A catequese inicia na família, sendo o pai e a mãe os primeiros sacerdotes e sacerdotisas do lar. Eles devem não apenas falar de Deus para os seus filhos, mas, principalmente, falar de seus filhos com Deus. Eles precisam constantemente apresentá-los aos cuidados de Jesus. Esses precisam interceder por eles e jamais abrir mão de vê-los como um grande canteiro, em que os valores do Reino estão sendo plantados. Por isso pais e mães precisam ser sensíveis, especialmente às necessidades emocionais dos filhos. Precisam reservar tempo para ouvi-los e construir pontes de amizade, a fim de que os filhos encontrem neles apoio, encorajamento e compreensão. E, sobretudo, para que ali encontrar um espaço sadio para partilhar seus sonhos, suas dúvidas, seus medos, vivenciar seus erros e derrotas. O lar precisa ser um lugar de refúgio, de acolhimento e de construção da paz. Pais que acolhem as lágrimas de seus filhos e contam sobre as suas desenvolvem pessoas compreensivas e misericordiosas. Num coração de um pai e de uma mãe, o amor deveria ter reflexos do amor de Deus. Os filhos e as filhas aprendem de seus pais e mães a forma de proceder na vida, tanto na motivação para fazer o bem, como na justificativa para fazer o mal. Os filhos e as filhas são o grande canteiro de Deus, que na sua diversidade e aptidões cuidarão do mundo e da sua gente. Portanto a educação é uma tarefa e uma dádiva que valem a pena, você não acha? Que Deus nos ajude! Amém. Pastora Eliana Lisandra Weber Cosmópolis/SP 78


AGOSTO

Histórias e experiências Grupo de OASE Catarina, Porto Velho/RO Arquivo OASE No começo, muitas mulheres da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil da Comunidade de Porto Velho, Rondônia, sonhavam com um grupo de OASE. O sonho sempre acabava ficando em segundo plano. Havia um sentimento negativo que dizia que não daria certo. Mas o sonho nunca morreu. Com a chegada do pastor Alan S. Schulz e de sua esposa Luciane, e muita Frutos do Norte – base para as geleias alegria e disposição para novos trabalhos feitas pelo grupo e desafios, reavivou-se o sonho e, finalmente, ele se tornou realidade. No dia 30 de outubro de 2010, na residência da Sra. Siegried Loeblein, o sonho virou realidade. Dona Siegried foi eleita presidente, juntamente com o restante da diretoria. Assim surgiu o grupo de OASE Catarina, o primeiro do Sínodo da Amazônia. Esse nome foi escolhido em razão da proximidade ao Dia da Reforma protestante e em homenagem à esposa de Martim Lutero, Catarina von Bora. Ela, além de esposa e braço direito de Lutero, era uma mulher de luta e garra, que esteve sempre ao lado do marido, auxiliando-o na tradução da Bíblia e sendo uma excelente administradora do lar e do campo, ajudava os necessitados, cuidava dos doentes, da família, e Lutero a valorizava muito. O Grupo de OASE começou com dez integrantes, que hoje se mantém. O grupo reúne-se duas vezes por mês. A primeira reunião, no primeiro sábado do mês, acontece nas dependências da igreja e a segunda, no terceiro sábado do mês, na casa de uma das participantes. Apesar de o grupo ser pequeno e das dificuldades que enfrenta aqui na Região Norte, não nos falta coragem para continuar a nossa caminhada. Aqui temos uma realidade um pouco diferente das outras regiões do país. Aqui tudo é distante, a dificuldade de locomoção é muito grande, mas a fé nos fortifica e nos anima para essa tão grandiosa jornada.

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ROTEIRO DA OASE 2015 Arquivo OASE

Em julho de 2012 chegou um novo pastor na nossa comunidade: o pastor Jorge Klein, e sua esposa Ilse, que já tem uma grande experiência com grupos de OASE. Entramos em uma nova fase: auxiliar no orçamento da comunidade. A fase da mão na massa, literalmente. Assim, passamos a confeccionar cucas, que são vendidas Aqui os homens também ralam pelas ruas da capital; fazemos geleias com os frutos do Norte e promovemos feijoadas. E, por fim, fizemos o primeiro Eisbein (prato alemão feito com joelho de porco) da capital Porto Velho. Foi muito gratificante. Arquivo OASE Estamos sempre dispostas a crescer, a nos renovar, a aprender, sem nunca deixar de ter esperança, pois sabemos que todo começo é difícil, mas não impossível para quem sonha. Hoje compartilhamos nossas experiências, alegrias, preocupações e somos chamadas a levar e levantar os sinais do reino de Deus no mundo onde vivemos, seja ele no Norte ou no Sul do Brasil.

Celebrando as aniversariantes

Objetivos do grupo de OASE Catarina Além dos objetivos propostos pela OASE nacional, nós ainda assumimos: 1° – Promover o diálogo e a troca de experiências entre as mulheres. 2° – Realizar visitações a pessoas enfermas e idosas, com o objetivo de apoiar e animar no evangelho. 3° – Colaborar com a manutenção e limpeza do templo da comunidade. 4° – Discutir e analisar as problemáticas existentes em nossa sociedade com o propósito de conscientização, bem como reavaliar a posição e a condição da mulher na sociedade. 5° – Preparar e elaborar atividades lúdicas com as mulheres. 6° – Apoiar o Instituto Beneficente Oficina Criativa, que pertence à comunidade. 80


AGOSTO

7° – Ensaiar músicas e cantos. 8° – Valorizar a mulher através de atividades corporais, saúde alternativa física e mental. 9° – Aprofundamento bíblico. Pastor Jorge Klein, Carla Loeblein Rios e Ilse G. Hagemann Klein Porto Velho/RO

Dia dos pais Ser pai Ser pai não é apenas gerar um novo ser, num momento de êxtase e prazer físico. Ser pai é compreender que aquela criaturinha foi chamada ao mundo por nós e que não lhe pedimos permissão para isso. Ser pai é vibrar diante de um bercinho, como se ali estivesse dormindo uma reedição do nosso próprio ser. Ser pai é sofrer em noites de insônia diante de cabecinhas queimando em febre. Ser pai é voltar para casa e sempre que possível trazer alguma coisa para alegrar os pequenos que esperam por nós. Ser pai é entender que o filho ou a filha é um resultado daquilo que somos, do modo como nos comportamos. Ser pai é ter os braços abertos para receber os filhos quando eles, assustados, correm para nós. Ser pai é jamais gritar com os frutos do nosso sangue e da nossa carne quando eles cometem algum erro. Ser pai é quase morrer de alegria quando pela primeira vez se ouve “pa, pa, pa, papá”. Ser pai é não bater nos filhos como se eles tivessem a obrigação de saber tudo ou possuir a nossa experiência de vida. Ser pai é não encher os bolsos dos filhos de dinheiro para que “eles não passem o que eu passei”. Ser pai é ensinar-lhes que a vida é muito difícil para aqueles que não aprenderam a ganhá-la com o suor do rosto. Ser pai não é apenas dar razão ao filho, contra tudo e contra todos, vendo apenas os defeitos dos outros. Ser pai é ter coragem de admitir que às vezes se erra no tratamento com os filhos e confessar isso para eles.

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Ser pai é ser para eles como um irmão mais velho, um amigo, um companheiro e um confidente, em quem eles podem depositar suas dúvidas e seus receios. Ser pai é ter sempre uma palavra de conselho para os filhos, sem recriminações ou cobranças, calçadas dos nossos próprios resvalos e tropeços. Ser pai é procurar, pelo exemplo de vida, mostrar a eles que o caminho para uma existência de honradez e honestidade é tapizado por pedras pontiagudas, cactos que nos ferem os pés, de muitas decepções e não menores amarguras. Ser pai é ser herói, ser guerreiro, ser filósofo, ser médico, ser palhaço, ser artista, ser humilde, ser valente e ser honrado. E ser, enfim, um homem na acepção da palavra. Arlindo Porto Extraído da Agenda 2008 do Sínodo Planalto Rio-Grandense, p. 22.

O pai que tem um filho correto e sábio ficará muito feliz e se orgulhará dele. Provérbios 23.24 .

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Nádia Mara Dal Castel de Oliveira

Grupo da OASE de Joinville/SC

Datas importantes 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – 1º Grupo de OASE do Sul do Brasil, Blumenau/SC 07 – 1922 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martinho Lutero, no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 20-27 – Semana Nacional da OASE 21 – Dia da Árvore 27 – Dia do Ancião 29 – Dia de São Miguel e Todos os Anjos

A esperança é a mãe da fé. C. A. Bartol

S E T E M B R O


ROTEIRO DA OASE 2015

SETEMBRO Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Mateus 18.3

Meditação Tornar-se criança

P

reparo do ambiente: Além dos utensílios costumeiros, coloquem sobre as mesas, ou no centro do círculo, figuras da infância, crianças, Jesus que abraça as crianças.

Saudação: Queremos nos saudar com um abraço. Introdução: A primavera, em setembro, anima! Além das plantas, com cores e perfumes, os animais agitam-se: pássaros gorjeiam, insetos zunem, diversas espécies preparam a reprodução. É tempo de alegria! É necessário olhar ao nosso redor... E Deus nos dá seu tempo. Olhemos para as pessoas que convivem conosco. Quais são os tempos de vida delas? Como vivem as pessoas da grande família de Deus? Há crianças? Como são elas? É apropriado olhar para Jesus, o Filho de Deus. Como será que Jesus agiu em relação às diversas fases da vida das pessoas de sua época? Sagrada Escritura: Mateus 18.1-5 Aprofundamento: a) A criança está no meio da roda, colocada ali por Jesus O Filho de Deus chama a atenção para as condições da criança e são essas que apontam o caminho da conversão. A natureza de uma criança é frágil: a saúde da criança corre risco maior em comparação com a de um adulto, pois o seu ser ainda está em crescimento. Além disso, a criança depende de um adulto para o seu desenvolvimento. Mesmo assim, adultos não dão importância à palavra de criança. (O assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, em Santa Rosa/RS, que já 84


SETEMBRO

havia buscado auxílio do Ministério Público, conforme Correio Braziliense, 16.04.2014.), revelou a estrutura frágil dos poderes públicos a quem cabe a defesa das crianças quando a família não dá conta disso. Onde estaria a esperança da criança em meio à roda, senão na promessa do reino de Deus? Ela, por si mesma, nada é e nada tem, nada possui. Se nós não nos colocarmos nessa mesma condição, isto é, de que tudo o que somos e temos são dádivas de Deus. Assim, podemos concluir que Jesus tinha convicção absoluta do que estava anunciando – O Deus que se revela na fraqueza! A dependência da criança do adulto é fato e assim deve ser a relação da humanidade com Deus criador. Deus colocou os seres humanos, com suas virtudes e pecados, como centrais em sua criação (Gênesis 1.28). b) Jesus ensina aos seus discípulos Os discípulos estavam aprendendo sobre o “ser maior” e o “ser menor” no reino dos céus. A entrada no reino dos céus carece de uma chave especial. E essa chave está condensada em nosso Senhor Jesus Cristo, que abriu as portas dos céus no passado para os discípulos e para nós no tempo atual. Isso marcou definitivamente a história da humanidade. Os discípulos precisam mudar seus conceitos sobre força, lei, esforços. A criança que obedece muitas vezes não questiona as ordens dadas. Jesus não está falando de obediência cega, mas de uma condição de confiança total que se converte em obediência a Deus. A obediência, portanto, está intimamente ligada à fé, que é graça. Portanto cabe aos discípulos de Jesus, os do passado e os de hoje, destituir-se de toda e qualquer ambição e projeção pessoal para perceber-se totalmente dependentes de Deus. É esta a mudança necessária: entregar-se totalmente a Cristo, confiar somente nele. c) Nosso agir hoje Nossa fé é para ser testemunhada. Nossas obras podem ser vistas, mas não para receber honrarias. O nosso serviço de amor a Deus e ao próximo deve se inspirar na simplicidade da criança que Jesus colocou em meio à roda dos discípulos. Sara Regina Hoppen Blumenau/SC

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ROTEIRO DA OASE 2015

Administrar para o bem comum Arquivope ssoal

A tarefa de administrar o bem comum é um desafio que implica a adoção e vivência de postura cristã e compromisso de fé em todas as ações do cotidiano de nossas vidas. O texto de 1 Pedro 4.10 convida-nos a exercer o dom que recebemos para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. As múltiplas formas da graça de Deus espraiam-se em nossa vida em todos os setores por onde transitamos e vivemos. Assim sendo, ao exercermos qualquer atividade, somos chamados a exercer Pastora licenciada Sisi Blind, atualmente os nossos dons para o serviço ao outro, à é prefeita de São Cristóvão do Sul/SC comunidade, ao exercício da cidadania. Administrar para o bem comum exige dos administradores amor, sabedoria, discernimento e definição de limites. Administrar o bem comum em amor é assumir o princípio de que este se desdobra em serviço, como fica visível na prática de Jesus. Ele viveu uma vida humana, despojando-se do seu poder para servir. Diferente da normalidade de prática das relações dos cidadãos, onde importam o sucesso e a competição, o serviço foi, é e continua sendo um aspecto fundamental da ação cristã. Fazer gestão pública, portanto, é tarefa muito especial. Enquanto prefeita de um pequeno município do estado de Santa Catarina, cabe-me a missão de administrar o bem comum com sabedoria, discernimento e especialmente com clara definição de limites. Como cristã, assumi essa incumbência de cidadã. É imprescindível amparar-se no conhecimento técnico e deixar-se orientar pela sabedoria divina. Com esse viés é possível construir uma governança atenta às necessidades das pessoas e das obrigatoriedades da gestão pública. Discernimento é fundamental para os gestores conduzirem essa tarefa, que exige também tecnicidade e equipe coesa. Gestor público tem uma árdua tarefa de aprender a dizer não. A imposição de limites é lição de prática primordial na condução da tarefa. 86


SETEMBRO

Saber definir os limites entre público e privado é obrigação primeira de quem assume a tarefa de administrar o bem comum. Carregamos uma herança histórica nesse quesito que não nos é favorável. Muitos entes não souberam delimitar e também não construíram as delimitações. Tanto quem faz a gestão como quem dela recebe ações devem ter claro que administrar o bem comum é dar garantias de que esse BEM deve ser de uso comum. Impõe-se, pois, uma tarefa imprescindível para a administração do bem comum. É preciso construir uma nova consciência pública. É saber gerenciar e coordenar as ações para que a gestão e a comunidade cresçam na consciência de que bem comum é sempre serviço para o outro. Essa consciência tem fundamentação na palavra de Deus. As primeiras comunidades cristãs tiveram essa consciência. O texto de 1 Pedro conclama-nos a usar nossos dons para administrar a graça de Deus. A graça de Deus é a lição maior de que toda a ação deve ir ao encontro do outro. Toda administração requer dons. Dom é graça de Deus. A graça de Deus pressupõe que a gente se coloque a serviço do bem comum. Eis aí um grande desafio da fé para nossa caminhada, especialmente para quem está a serviço da gestão pública. Para reflexão:  O que esta imagem sugere na prática da administração do bem comum?  Como vejo a administração pública do bem comum?  Onde participo da gestão pública do bem comum?  Que conselhos existem em minha cidade?  A pessoa cristã deve se inserir na ação da gestão pública?

Pastora licenciada Sisi Blind Prefeita de São Cristóvão do Sul/SC

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Histórias e experiências Comunidade e sinos que marcam a história religiosa no Brasil Arquivo pessoal

Os imigrantes alemães no Rio Grande do Sul, cuja primeira leva chegou a São Leopoldo em 25/07/1824, eram, na maioria, de religião evangélica luterana. A partir de 1829, muitas famílias de alemães e descendentes começaram a migrar para Santa Maria da Boca do Monte, onde, com coragem e operosidade, mesmo nos períodos difíceis, asseguraram o desenvolvimento da povoação. Em meados do século 19, os numerosos alemães e seus descendentes de Santa Maria haviam conquistado a hegemonia no comércio e na fabricação de produtos. Os alemães luteranos movimentavam-se, então, para se organizar em comunidade, e em 8 de abril de 1866 foi fundada a hoje Comunidade Pastor Reinoldo Glück Neumann Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria, na época denominada Deutsche Evangelische Gemeinde. No ano seguinte recebeu em doação um terreno sobre o qual foi construída a primeira casa de oração da comunidade, uma edificação que, de acordo com as leis da época, não tinha forma exterior de templo, ou seja, não tinha torre, sino e cruz. Isso era proibido pela Constituição do Império às religiões neocatólicas. Essa primeira capela foi inaugurada em dezembro de 1873. Entretanto, havendo igrejas não católicas com torre e sino em outras localidades, a comunidade resolveu construir a torre de seu templo em 1887 com o apoio da sociedade e das autoridades locais, que compareceram ao 88


SETEMBRO

lançamento da pedra fundamental em 1º de janeiro daquele ano. No ano anterior, tinham chegado cinco sinos, que a comunidade encomendara a uma fundição de Bochum, na Alemanha: três para a igreja de Santa Maria e dois para a capela filial do Pinhal, hoje Itaara. Em maio de 1887, os sinos soaram pela primeira vez, e o delegado de polícia ameaçou a comunidade com punições por violação do preceito constitucional, que incluíam multas e a demolição dos elementos que davam ao edifício o caráter arquitetônico de templo. A ameaça provocou grande reação, e uma petição para alterar a lei recebeu 7.893 assinaturas, em várias cidades, inclusive de muitas pessoas de religião católica. O projeto de lei que garantia a todas as religiões a plena liberdade de culto foi aprovado no Senado, mas não na Câmara dos Deputados. Mesmo assim, os membros da comunidade sentiram-se fortalecidos e inauguraram a torre com os sinos, que voltaram a badalar, sem mais ameaças, durante todo o dia 30 de outubro de 1887, véspera do Dia da Reforma. A liberdade de todos os cultos religiosos só foi legalizada, no país, após a proclamação da República, por um decreto de 7/01/1890, mas o dia 30 de outubro de 1887 assinalou a vitória da mobilização contra uma indevida e já descurada lei imperial. A torre e os sinos da igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria tornaram-se símbolos da liberdade de culto e da livre expressão da fé no Brasil inteiro. Hoje a comunidade trabalha em um projeto de restauro de seu templo, que, de acordo com dados do município de Santa Maria/RS, é a construção mais antiga ainda em pé. Esse templo, devido a todo o seu significado histórico, foi tombado como patrimônio histórico do município de Santa Maria em 2002. Pastor Reinoldo Glück Neumann Santa Maria/RS

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ROTEIRO DA OASE 2015 Helmut Staggemeier

Ehre sei Gott in der Hohe [Glória a Deus nas alturas] Frieden auf Erden [Paz na terra] Bochum – Den Menschen ein Wohlgefallen [Às pessoas de boa vontade]

Nos três sinos: Gegossen Anno 1885 Für die Evang. Gemeinde zu Sta Maria da Bocca do Monte Brasilien [Fundido no ano de 1885 para a Comunidade Evangélica em Santa Maria da Boca do Monte, Brasil] 90


Arquivo OASE

Ao centro, a coordenadora editorial do Roteiro da OASE, Helga Schünemann, ladeada por Nair Lory Klein Nyland (à esquerda) e Olga Kappel Roque (à direita)

Datas importantes 01 – Dia Nacional do Idoso 06 – 1930 – Fundação da OASE do Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do/a Professor/a 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma

Nossa vida não é o que conseguimos, mas aquilo que somos. Carmem M. Bies

O U T U B R O


ROTEIRO DA OASE 2015

OUTUBRO Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Jó 2.10

Meditação O amor incondicional de Jó

“E

m tudo isto não pecou Jó com os seus lábios” (Jó 2.10). Se refletirmos sobre tudo o que Jó sofreu, ele sempre foi grato a Deus, visto tudo o que teve, o teve graças a ele. Sempre se lembrou de adorar a Deus. Ele sofreu muito, mas jamais deixou de adorar a Deus. Foi tentado por Satanás com tumores malignos, desde a planta do pé até o alto da cabeça. Isso mostra o quanto Jó amava o Senhor. Ele o amava de forma incondicional. E nós, você e eu, o que aprendemos com Jó? Por meio de Jesus, podemos também transformar nosso pranto em júbilo, nossa dor em fonte de consolo e nossa tristeza em alegria. Jesus é aquele que enxuga nossas lágrimas e cura nossa dor. Podemos erguer-nos das profundezas da nossa angústia e, como Jó, adorar a Deus. Em Jesus, abriu-se para nós uma fonte inesgotável de alegria e louvor. Somente Deus pode dar sentido à vida. É na comunhão com Deus que experimentamos a verdadeira razão da nossa vida. Há momentos em que Deus parece estranho. Há momentos em que a fé parece lutar contra a esperança. No entanto, a fé de Jó dava-lhe plena certeza da presença de Deus, a maior expressão de amor. Mesmo no desespero, Deus pode acender uma candeia de esperança em nossos corações. É através de Jesus Cristo que Deus nos libertou das algemas do pecado. Por meio do sangue de Cristo, ele pode livrar-nos da morte eterna, dando segurança, vida e paz. Amar a Deus e amar o próximo é o caminho da felicidade. Ainda hoje, num mundo pluralista e exclusivista, precisamos saber que o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Portanto devemos amá-lo de todo o coração, com toda a nossa alma e com toda a nossa força. 92


OUTUBRO

Na verdade, tudo provém de Deus. A nossa salvação é obra exclusiva de Deus. Ele a planejou, a executou e a consumará. Não há felicidade na estrada da desobediência! Jó creu que era necessário andar segundo o conselho de Deus. Esse é o caminho seguro também para nós hoje. Precisamos compreender que nada possuímos que não tenhamos recebido, para alegremente devolver a Deus o melhor do que ele nos tem dado. O nosso Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Ele nunca muda. Ele fez, faz e fará maravilhas. O Deus de Jó, de nossos pais é o nosso Deus, é e será o Deus de nossos filhos por todas as gerações. Precisamos adorar a Deus e amar as pessoas. Assim, lembrar sempre de ser sábios e sábias, tementes a Deus, humilhando-nos sob a sua poderosa mão, e dobrar os joelhos, pois só a presença de Deus nos satisfaz. Jó sabia que seu sofrimento não era resultado do pecado. Deus nos protege do maligno e nos livra do mal. Ele estende suas asas sobre nós. É nosso amparo na saúde e na doença. Podemos olhar para ele, confiar nele e nele descansar. O sentido da vida é temer a Deus e fazer sua vontade. Só em Jesus encontramos abrigo para nosso coração e descanso para nossa alma. Pela fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, que nos ama incondicionalmente, também você e eu devemos nos amar mutuamente, simplesmente nos amar. Com certeza, teremos um mundo melhor. Que Deus esteja conosco em todos os momentos, em cada grupo de OASE da nossa IECLB, acompanhe-nos hoje e sempre, como reflexão nas reuniões e encontros, buscando animar e incentivar a prática do amor incondicional, amor sem medida, na vivência do dia a dia, na vida de cada um e cada uma, simplesmente amar. Proposta de dinâmica: 1. Dividir o grande grupo em três subgrupos. 2. Propor a leitura e comentários do texto de Jó, capítulo 2. a) Versículos 1 a 4 b) Versículos 5 a 8 c) Versículos 9 a 13 3. Compartilhar dos subgrupos com o grande grupo sobre o aprendizado de Jó. 93


ROTEIRO DA OASE 2015

4. Concluir com a leitura para o grande grupo da mensagem proposta anteriormente. Observação: Se o grande grupo desejar, poderá continuar o estudo de Jó, estudar suas perdas e como essas foram recuperadas. Nair Lory Klein Nyland São Leopoldo/RS

Motivar a participação Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. (1 Pedro 2.9) Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. (Isaías 6.8) Sabemos que o amor é o dom supremo (1 Coríntios 13.13). De acordo com Gálatas 5.22, o amor é um dos frutos do Espírito de Deus. Mas de que amor estamos falando? A pergunta é pertinente, pois existem três tipos de amor: Eros – está relacionado com o amor sexual. Descreve os sentimentos eróticos entre um homem e uma mulher. Filos – Descreve o amor entre pais e filhos e entre irmãos. É o amor fraternal, também a amizade, a camaradagem, o relacionamento fraterno. Agape – É o amor de Deus, que não conhece limitações. É o amor que se sacrifica, caracterizando-se pelo dar, preocupa-se com o bem-estar do outro. É amor desprendido, que não espera nada em troca. Ele não contabiliza as injustiças sofridas, mas perdoa as mágoas e ofensas. Não paga “a ninguém mal por mal”, “mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.17,21). 94


OUTUBRO

Falamos do amor que é definido pela palavra grega AGAPE, pois esse amor caracteriza Deus. Foi-me solicitado escrever sobre o tema “motivar para participar” e iniciei caracterizando o amor de Deus, porque no amor de Deus temos a motivação para participar, para servir: E se Deus não nos amasse? E se Deus não tivesse nos dado a vida? E se Deus não tivesse dado a terra para nosso sustento? E se Deus não nos perdoasse em Jesus? E se Deus não nos tivesse adotado como filhos/as? E se Deus não nos desse a salvação eterna? DEUS NOS DEU TUDO. Na comunidade, celebramos a fé nesse Deus que nos deu tudo. A partir da fé, sou chamado a ser um motivador para que outros venham se juntar a nós, celebrando a fé, com gratidão ao Deus da vida! Motivar alguém para participar na comunidade é falar desse amor de Deus. Motivar uma pessoa para servir na comunidade é despertar essa pessoa para a gratidão a Deus. A partir desse reconhecimento de que Deus me deu tudo, sou levado a servir a ele em gratidão. Deus nos pergunta, assim como perguntou a Isaías: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. Isaías respondeu: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Lembro também de Maria, mãe de Jesus. Após ouvir do anjo Gabriel que ela fora escolhida para ser mãe do Salvador, ela disse: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lucas 1.38). Lembro também de Lutero, que disse: “A fé não pergunta se é preciso fazer boas obras. Porque antes de perguntar, ela já as fez e está sempre fazendo. Quem, porém, não faz essas obras é uma pessoa sem fé, tateia e procura ao redor de si a fé e as boas obras, mas não sabe o que é fé nem o que são boas obras e, mesmo assim, faz muita conversa fiada a respeito”. Motivação não nos falta: Deus que nos deu tudo! Agora é colocar mãos à obra. Todo mundo – alguém – qualquer um – ninguém Havia um importante trabalho a ser feito e todo mundo tinha a certeza de que alguém o faria. Qualquer um poderia tê-lo feito, mas ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho de todo mundo. Todo mundo pensou que qualquer um poderia fazê-lo, mas ninguém imaginou que todo mundo 95


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deixasse de fazê-lo. Ao final, todo mundo culpou alguém quando ninguém fez o que qualquer um poderia ter feito. Por que ir à igreja? Um frequentador de igreja escreveu para o editor de um jornal e reclamou que não faz sentido ir à igreja todos os domingos: “Eu tenho ido à igreja por 30 anos e durante esse tempo eu ouvi umas 3.000 prédicas. Mas eu não consigo lembrar nenhuma delas sequer... Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e os pastores estão desperdiçando o tempo deles pregando!” Essa carta iniciou uma grande controvérsia na coluna “Cartas ao Editor”, para a alegria do editor chefe do jornal. Isso durou semanas, recebendo e publicando cartas sobre o assunto, até que a discussão se encerrou com uma pessoa que escreveu o seguinte argumento: “Eu estou casado já há 30 anos. Durante esse tempo, minha esposa deve ter cozinhado umas 32.000 refeições. Mas eu não consigo me lembrar do cardápio de nenhuma dessas 32.000 refeições. Mas de uma coisa eu sei... Todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu trabalho. Se minha esposa não tivesse me dado essas refeições, eu estaria hoje fisicamente morto. Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à igreja para alimentar minha fome espiritual, minha fé, eu estaria hoje morto espiritualmente”. Pastor Elton Pothin Petrópolis/RJ

Saúde Os benefícios da massagem Não tenho tempo para mim! Minha agenda está cheia... Preciso terminar o que comecei... Meus filhos e filhas chegam hoje de viagem... Preciso cuidar dos netos... O trabalho de casa está me estressando... Essas frases lhe soam conhecidas? Até parece você dizendo alguma delas? Ou você reserva um tempo para o cuidado com seu corpo como um todo? Em um mundo acelerado como o atual, percebe-se que os cuidados com a saúde vão sendo colocados em segundo plano. Cuida-se de muitas esferas na vida, porém o cuidado com o corpo na sua totalidade fica para bem depois. 96


OUTUBRO

Conheço pessoas que se empenharam em trabalhar a vida inteira para ter conforto, bens materiais, e quando conseguiram, o corpo estava tão debilitado, que não mais aproveitaram o conforto material tão zelosamente alcançado. O corpo não mais permitia usufruir dos bens conquistados. Precisava sim de afeto, cuidado, toque amoroso. Estudos recentes mostram que uma sessão de massagem já é capaz de provocar alterações biológicas no organismo. Na visão simplista, massagem tem utilidade apenas para problemas musculares. Contudo, o que os estudos têm demonstrado é que ela tem um potencial muito mais amplo de benefícios à saúde. Ela reduz a ansiedade e pode minimizar o humor depressivo. Por isso surgiram trabalhos clínicos demonstrando benefícios da massagem em insônia, depressão e ansiedade. Até em enfermidades psiquiátricas mais complicadas, como anorexia nervosa e transtorno obsessivo-compulsivo, existem resultados sugerindo um efeito significativo. A massagem também possui capacidade de reduzir a dor e tem sido indicada na dor crônica da fibromialgia, lombalgia, cervicalgia e enfermidades reumáticas. Juntando todas as ações da massagem citadas aqui, temos aí um excelente recurso para os casos de estresse. Seus benefícios alcançam qualquer faixa etária: desde o recém-nascido até o idoso. O toque em si já é terapêutico e, quando aplicado especificamente na massagem, aumenta ainda mais a eficácia, prolongando o bem-estar geral. Quando a pele é massageada, são produzidas estimulações nervosas que explicam a maior parte de suas ações. Parte desses estímulos, por uma ação reflexa direta na medula espinhal, causa redução do tônus muscular, o que gera um bem-estar com relaxamento. Esses mesmos estímulos vão causar um bloqueio na condução nervosa das fibras de dor, num mecanismo conhecido como “portão medular da dor”, e com isso há um alívio da sensação dolorosa. Os estímulos que chegam ao cérebro causam uma redução da reação de estresse, que se traduz por uma redução do cortisol (hormônio da suprarrenal) e uma elevação da serotonina no cérebro – o que dá sensação de calma e bem-estar. Com isso há redução de ansiedade e melhora da qualidade do sono. Foi decretada ainda uma melhora na imunidade de pacientes com câncer que receberam massagem, que pode ser explicada por uma redução do estresse causado por esse diagnóstico. Na medicina oriental, a massagem faz parte do cotidiano como tratamento preventivo e manutenção da saúde. Cuide bem de si, não espere o corpo gritar por socorro! Dê um presente para si mesma; procure um/a massoterapeuta de confiança e deixe-se cuidar. 97


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Seu corpo agradece e lhe retribuirá com bem-estar geral. Dê um toque especial à sua saúde! Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC Extraído da Agenda do Sínodo Norte Catarinense 2014, p. 64-65.

Oração Perdoa-me, Senhor! SENHOR, eu sou um vaso de barro, um cântaro tosco e quebradiço. Tu sabes, não sou vaso íntegro, sofri arranhões e rachaduras, quebrei minha borda, cheguei a vazar. A bem dizer, não passo de um caco. Mas tu, SENHOR, não me jogaste fora. Sempre estive vazio, voltaste a encher-me de água pura, do manancial da tua Palavra. Jamais foste mesquinho comigo, graças, Senhor! SENHOR, eu me aflijo pela água que vazou, que derramei, desajeitado. Teu manancial tem água em abundância. Aflijo-me, sim, por toda gota que ocultei, mesquinho, por toda gota que retive, interesseiro, por toda gota que reservei para mim, egoísta. Perdoa-me, SENHOR, ensina-me a ser magnânimo, assim como é magnânimo o teu coração divino. Pastor Lindolfo Weingärtner Extraído de: WEINGÄRTNER, Lindolfo. Sob o céu aberto. Curitiba: Encontro Publicações.

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OUTUBRO

Receitas Escondidinho alemão Ingredientes: 600 g de linguiça (de preferência linguiça nova), 2 cebolas picadas, 2 dentes de alho picados, 100 ml de molho de tomate, 50 g de requeijão tipo Catupiry ou outro, 1 colher (sopa) de salsinha picada, 1 colher (sopa) de cebolinha picada, 1 kg de batata já cozida com um pouco de sal, 150 ml de leite, 2 colheres (sopa) de manteiga, 200 g de queijo em lascas, pimenta-do-reino, noz moscada e sal a gosto. Modo de f azer: Refogue a linguiça, a cebola e o alho até dourar. Misture o molho de tomate e o requeijão. Cozinhe por alguns minutos. Distribua em uma forma grande. Em outra panela, prepare um purê de batata, com a manteiga, leite, salsinha, cebolinha e os temperos. Quando estiver pronto, coloque por cima da linguiça refogada. Cubra com o queijo e asse no forno a 180 °C por aproximadamente 15 a 20 minutos. Observação: Você pode substituir a linguiça por carne de galinha ou carne de gado.

Bolo de iogurte (Usar o próprio copo do iogurte como medida para os demais ingredientes.) Ingredientes: 4 ovos (separar a clara da gema), 2 copos de açúcar, 2 copos de farinha peneirada, 2 colheres (de sopa) de maisena peneirada, 1 colher (de sopa) de fermento químico peneirado, 1 copo de iogurte integral, ½ a 1 copo de azeite. Modo de fazer: Bater muito bem as claras de ovo com uma pitada de sal e um pouco de açúcar. Bater muito bem as gemas com o açúcar até dobrar de volume e acrescentar aos poucos a farinha, o iogurte, a maisena, o azeite e, no final, misturar levemente o fermento. Desligar a batedeira e com movimentos leves acrescentar a clara batida. De preferência, colocar a massa em uma forma com buraco no meio, untada e enfarinhada. Em forno pré-aquecido, assar por mais ou menos 45 minutos a 180 graus. Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS 99


Arquivo OASE

Da esquerda para a direita, as representantes sinodais da OASE Delci Adam, Elfi Roedel e Evanir Borchardt

N O V E M B R O

Datas importantes 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/2/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+5/4/1925) 29 – 1º Domingo de Advento

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Romanos 5.1


NOVEMBRO

NOVEMBRO Compadecei-vos de alguns que estão na dúvida. Judas 22

Meditação Fé fragilizada

N

os dias de hoje, somos muitas vezes influenciadas por opiniões, atitudes e muita informação que nos fazem pensar e repensar sobre o que realmente é certo. Quando amanhece e abrimos a janela para ver a luz do sol, ficamos felizes e agradecemos a Deus por mais um dia... Mas, muitas vezes, as coisas não parecem ser tão coloridas assim. Temos nossos dias cinzas, cheios de surpresas tristes, que nos abalam e mexem com nossos sentimentos. Momentos de dor, de decepção, de perda e muitos outros motivos nos deixam com dúvidas e também ocasionam desequilíbrio emocional. Nesses momentos, ouvimos: Tenha fé! Confie em Deus! Ele sabe o que faz! Frequentamos a igreja, a comunidade e, como mulheres da OASE, estamos sempre unidas e, por que não dizer, vivendo e compartilhando as alegrias e tristezas umas com as outras, motivando e apoiando para que a fé se fortaleça e a esperança seja renovada. Estamos falando sobre dúvidas. E em Judas 22 diz: “Compadecei-vos de alguns que estão na dúvida”. Lembrei-me de um fato e quero compartilhar com vocês. Fui convidada a assistir a uma apresentação de um coral, já em clima natalino. O coral iria se apresentar depois da celebração de um culto. Quando cheguei, o pastor, em sua prédica, falava sobre fé. Pensei, naquela hora, como é difícil encontrar respostas e comparar a fé com acontecimentos que vivemos na nossa vida. Fé para cada situação é única. É muito injusto e ingrato comparar nossa fé com a fé de outra pessoa. Mas o pastor, naquela ocasião, falava da fé com muita ênfase. Fiquei admirada com seu posicionamento ao pedir às pessoas que tinham muita fé que levantassem a mão. Muitas o fizeram. Depois perguntou novamente quem tinha pouca fé, e poucas pessoas levantaram suas mãos. Por último perguntou quem não tinha fé. Para minha surpresa, apenas uma pessoa levantou sua mão. Era uma moça com um bebê no colo. Fiquei emocionada e, ao mesmo tempo, pasma. Perguntava-me em silêncio o que 101


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será que levou aquela moça a perder a sua fé? O que aconteceu em sua vida? Alguma decepção? Talvez depressão? O pastor continuava sua prédica e transmitia palavras de ânimo e compreensão, pois somos seres humanos e estamos sempre sujeitos a fraquezas que abalam nossa fé e nosso bem-estar psicológico. Mas Deus é um Deus de misericórdia, um Deus que perdoa e devemos sempre voltar para o que é certo. Assim como aquela moça, que talvez naquele momento estivesse com sua fé abalada, mas com o coração pronto a receber uma cura, buscando conforto e, o mais importante, ela teve coragem de levantar sua mão e dividir com outras pessoas seu sofrimento. Todas nós passamos por dificuldades, que nos deixam desequilibradas e, muitas vezes, nossa fé fica fragilizada. Ficamos na dúvida. Temer a Deus é acreditar. Fé é um dom, que precisamos descobrir e desenvolver à medida que vamos amadurecendo. Na fragilidade da fé, pela realidade e pelo testemunho das pessoas é que devemos processar nossa fé, não nos desviar do caminho de Deus e continuar a progredir na fé que temos. Ao olhar para alguém que está fragilizado, devemos ter misericórdia. Como pessoas cristãs, estamos aqui, em nossa humildade, para servir e servir. Vamos orar no poder do Espírito Santo e no amor de Deus, sempre acreditando que nosso Senhor Jesus Cristo, na sua misericórdia, nos dará a vida eterna. Vera Lucia Bettega Küster Balneário de Piçarras/SC

João 16.33: Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

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NOVEMBRO

Vivendo e crescendo com o tempo de luto Em todo o universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor. (Romanos 8.39) O luto é um estado emocional acompanhado do sentimento de tristeza e pesar devido a perdas, de algo ou de alguém significativo. Começa com a perda da confortável situação inicial da vida individual, perda da infância, de uma parte do corpo ou da saúde, do vigor físico, da juventude, da beleza, da potência sexual, de uma pessoa amada, de um animal de estimação, perda do emprego, de um status político ou social. São inúmeras as perdas, concretas, subjetivas e relevantes no decorrer da vida humana. O estado de luto tem características individuais conforme a intensidade amorosa do vínculo com o que foi perdido. Sua elaboração dependerá de como foi desenvolvido e organizado o mundo emocional. Podendo ocorrer sentimentos de vazio, solidão, tristeza, desamparo, culpa, amor, ódio e perda temporária dos interesses e de qualquer ambição. Como lidar com o estado de luto? Permita-se viver com a sua dor, chore, fale quantas vezes for necessário de sua dor, escreva sobre o seu sofrimento, componha uma música falando de sua perda e pinte um quadro representando a dor da separação. Decorrido um tempo prolongado, permanecendo ainda imobilizada na dor lutuosa, procure ajuda de especialistas médicos ou psicólogos. Vale lembrar que depois de passar pela dor é possível gradativamente: recuperar a alegria, amadurecer emocionalmente, retraçar novos objetivos, reinvestir em novos objetos de afeto, aprender a conviver com o que não pode ser mudado. Assim você se tornará pai e mãe de si mesmo e adquirirá a capacidade de seguir adiante, apesar das cicatrizes. Dinâmica: A mancha Material: Uma folha de ofício com uma mancha pequena no centro (essa mancha poderá ser feita com borra de café), um travesseiro. Reúna o grupo em círculo e passe uma folha de ofício branca manchada. Uma pequena mancha no centro da folha. Pergunte ao grupo: O que você está vendo? É bem possível que o grupo ficará detido na mancha, tentando desven103


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dar do que se trata, de que pode ser essa mancha e o que pode significar. Deixe todas falarem. Ao final, converse com o grupo sobre possibilidades. Muitas vezes em nossa vida lidamos da mesma maneira com nossas dores, nossos problemas. Ficamos focados somente neles, não enxergamos a vida ao seu redor cheia de possibilidades. Tal qual aqui, ficamos focadas na mancha e nos esquecemos de toda a parte vazia do papel, que é uma grande possibilidade de vida, de recomeço. As nossas manchas são importantes, mas a vida que temos além dela é muito mais. Portanto pensemos nas possibilidades, no que posso ainda fazer, no que ainda sonho, no que ainda desejo. Num segundo momento, passe o travesseiro. O travesseiro nos lembra do sono tão importante e necessário e, às vezes, tão difícil quando estamos envoltos pelas “manchas”, pela tristeza, pelas dores. Elas nos tiram o sono e os sonhos... mas há esperanças, como dizia Paulo: Há esperança, essa é a certeza, mesmo diante da dor, diante do desespero, há esperanças, pois nada pode nos separar do amor de Deus que é nosso por meio de Cristo Jesus (cf. Romanos 8.35,38). Roma era uma comunidade formada por cristãos vindos da Palestina e da Síria e se tornou conhecida, pois no ano de 49 o imperador Cláudio expulsou os judeus e provavelmente também os cristãos que lá viviam. Paulo escreve para essa realidade de perseguição. Seus ouvintes estão envoltos em dificuldades. O momento é de sofrimento. Paulo, através da carta, ajuda-os a enxergar e reconhecer as possibilidades, a voltar a sonhar e crer na presença do amor de Deus. Segurem o travesseiro e pensem na vida, pensem em vocês. O que vocês ainda gostariam de fazer? Que sonho vocês querem realizar? Sonhar, desejar é necessário e extremamente importante. Esse exercício nos faz olhar para as possibilidades, para a parte vazia da folha, para a vida que ainda há por ser vivida e reconhecer que há esperanças e possibilidades de um novo começo a cada dia, pois Deus mesmo, em seu amor conosco, está em todos os momentos da nossa vida. Pastora Vera Regina Waskow Curitiba/PR

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NOVEMBRO

Espiritualidade Bênção a todas as mulheres: Não à violência Que a bênção de Deus venha sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que tenhamos a coragem das profetisas e dos profetas para denunciar todo tipo de violência, principalmente aquela escondida atrás das quatro paredes de nossas casas. Que a bênção de Deus venha sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que nós mulheres não nos calemos quando somos vítimas de violência, seja física, psicológica, moral, sexual... no trabalho, na rua, em casa, na igreja, em qualquer lugar. Que a bênção de Deus venha sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que possamos bem alto e forte dizer Não! contra tudo aquilo que destrói a vida em abundância. Que a bênção de Deus venha sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que já aqui e agora busquemos um mundo de paz e justiça. Que a bênção do Deus da vida venha sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que possamos consolar onde existem dor e sofrimento e consigamos apontar novos caminhos... onde for necessário mudar de direção. Que a bênção de Deus venha sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que possamos aprender de Jesus, o crucificado e ressurreto, que ensinou e vivenciou a sabedoria do AMOR, rejeitando qualquer tipo de violência. Que a bênção de Deus venha sobre nós mulheres (e também, crianças, jovens e homens) para que possamos crer que o Espírito Santo de Deus soprou sobre nós seu Espírito de liberdade e vida. Que as bênçãos de Deus venham sobre nós mulheres (e também crianças, jovens e homens) para que apresentemos nossos corpos como templos da morada viva de Deus e tenhamos coragem de transformar a realidade que nos cerca. Deus quer nos libertar do sofrimento, da violência e renovar toda a sua criação com justiça e paz. Que a vida toda seja uma bênção! Amém. Pastora Dra. Claudete Beise Ulrich Wunstorf/Alemanha Extraído da revista NOVOLHAR, ano 10, n. 48, p. 34.

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Pare e pense Os viajantes e o urso Um dia, dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro salvou-se escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não conseguiria vencer sozinho o urso, jogou-se ao chão e fingiu-se de morto. O urso aproximou-se dele e começou a cheirar sua orelha, mas convencido de que estava morto, foi embora. O amigo desceu da árvore e perguntou: – O que o urso estava cochichando em seu ouvido? – Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo. MORAL: A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade. Fábula de Esopo Extraído de Pequenas Histórias, Sábias Lições. São Leopoldo: Sinodal. p. 2.

Advento A origem da Coroa de Advento Hoje, na Alemanha, a Coroa de Advento está dentro de igrejas, escolas e residências particulares. É impossível se imaginar os festejos de Advento sem a coroa e suas quatro velas queimando durante os 24 dias. Pois andei pesquisando a respeito. A Coroa de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e meninos sem teto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos esse “filme”. As coisas não precisam ser sempre assim. Um pastor evangélico luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e por aqueles meninos sem “eira nem beira”. Mexe daqui, puxa dali, ele construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de crianças de rua. Naquela casa, o povo miúdo tinha espaço para dormir e fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas, costureiras e até jardineiros. A ideia 106


NOVEMBRO

era que, assim, não precisariam mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus próprios dinheiros com o suor do próprio rosto. Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O pastor visionário chamava-se Johann Hinrich Wichern (1808-1881). Todo ano, ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões que enfocavam esse tempo bonito que antecede o Natal. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no teto na “Casa”. No próximo domingo de Advento, colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas na referida roda. Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam na casa gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e mais a sala à medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “batizaram” aquele tempo de “meditação das velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro (sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da igreja luterana. Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo. Viva o Advento, esse tempo no qual nos preparamos para receber a visita que vem: JESUS CRISTO! Pastor Renato Luiz Becker Blumenau/SC 107


Arquivo OASE

Encontro da Diretoria Nacional e das representantes sinodais da OASE, em Santa Maria de Jetibá/ES, em 2014

D E Z E M B R O

Datas importantes 01 – Dia Internacional de combate à AIDS 03 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 06 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 14 – 3º Domingo de Advento 20 – 4º Domingo de Advento 24 – Véspera de Natal 25 – Natal 31 – Véspera de Ano-Novo

Nós aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas ainda não aprendemos a arte de viver como irmãos. Martin Luther King


DEZEMBRO

DEZEMBRO Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra, e vós, montes, rompei em cânticos, porque o Senhor consolou o seu povo e dos seus aflitos se compadeceu. Isaías 49.13

Meditação Louvai com cânticos

O

grupo se divide em subgrupos (3 ou 4, cf. número de participantes) e conversam sobre as seguintes perguntas: (Escolher uma relatora para relatar em plenário.) 1. O que é povo? Quando se fala em “povo” ou até “povão”? Você se sente “povo”? 2. O que significa “consolação”? Quando é necessário consolar? Qualquer pessoa pode? Como? 3. O que é “aflito/ aflição”? Como se manifesta? 4. Compaixão significa (marcar com x o correto): (...) deplorar; (...) suportar; (...) sofrer junto; (...) lastimar; (...) conformar-se. Em plenário, os grupos apresentam seus resultados. Os comentários deveriam fazer referência ao lema do mês. (Mostrar, se possível, uma foto da África ou do nordeste brasileiro, enfocando um período de seca. Em seguida, em contraste, uma foto com natureza viçosa e abundante. Abaixo, dois exemplos de fotos. Estas retratam a seca no Nordeste e a época de chuvas.) Tribuna do Ceará

Nilton de Brito Cavalcanti

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Uma pequena história. “Meus pais viveram durante 30 anos no Chaco paraguaio. Eu era bem menina, mas me lembro muito bem dos períodos sem chuva, que podiam durar cinco a seis meses. Minha mãe só observava as nuvens no céu. Ela as classificava: “nuvens secas” ou “essas aí podem trazer a bendita chuva”. Quando finalmente caía a chuva, em poucos dias se operava a transformação. Os galhos secos tinham folhas verdes, os botões viraram flores de um perfume intenso. Em uma situação assim podemos pensar quando meditamos sobre o lema do mês de Isaías 49.13: Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra, e vós, montes, rompei em cânticos, porque o Senhor consolou o seu povo e dos seus aflitos se compadeceu. O povo precisa de consolo em muitas situações. E os aflitos gemem por compaixão, como vocês comentaram nos grupos. Quando Deus se manifesta ao seu povo, ou seja, em nós, em nossa vida, ele nos liberta para o louvor e cântico intenso. Esses se espalham e fazem eco na natureza, estabelecem outra relação com ela. Quando estou cabisbaixa, nem noto o céu azul, a terra que nos alimenta, os montes com toda a sua beleza. Mas quando Deus vê toda a nossa aflição e nos consola, tudo se transforma e se torna jubiloso: “Montes, rompei em cânticos”. Romper exige força. Dezembro é época de Advento e Natal. Época em que quase se esquece do amor de Deus que se inclina a nós, ofuscado por tantos papais-noéis e todas as lendas que teceram em volta dessa figura. Voltemos ao texto: “Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra. E vós, montes, rompei em cânticos!” Por que tudo isso? “Porque o Senhor consolou o seu povo e dos aflitos se compadeceu.” Somos o seu povo e isso nos compromete não só a cantar com a natureza, mas também a compartilhar, a ter compaixão. Que tal, além de dar presentes aos nossos entes queridos, também estender o nosso amor como amor de Deus a outras pessoas que talvez necessitem muito da nossa solidariedade? Entoemos duas estrofes do conhecido cântico do HPD 1, nº 260, acrescentando, conforme a mesma melodia: Ajuda-nos, Deus, a sair dos conflitos. (3x) Ajuda-nos, Deus. (2x) Ajuda-nos, Deus, a viver em paz. (3x) Ajuda-nos, Deus. (2x)

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(O grupo todo, formando um círculo, anda e cada qual abraça alguém, desejando-lhe a paz, enquanto se canta.) Sugiro terminar o encontro com uma oração da coordenadora. Elfriede Ehlert Curitiba/PR

O amor procede de Deus Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. (1 João 4.7-8) Quantas vezes ouvimos, seja na TV, no cinema ou em outros lugares, alguém dizer: “Eu te amo!”. É uma bela frase, dita pelos apaixonados, pelos românticos. Realmente essa expressão é por demais conhecida. Mas será que amar é apenas isso? Será que amar é apenas expressar suas emoções num determinado momento ou amar é mais? O verdadeiro amor Um homem de idade já bem avançada veio à clínica onde trabalho para fazer um curativo na mão ferida. Estava apressado, dizendo-se atrasado para um compromisso. Enquanto o tratava, perguntei-lhe sobre qual o motivo da pressa. Ele me disse que precisava ir a um asilo de anciãos para, como sempre, tomar o café da manhã com sua esposa, que estava internada lá. Disse-me que ela já estava há algum tempo nesse lugar porque tinha Alzheimer bastante avançado. Enquanto acabava de fazer o curativo, perguntei-lhe se ela não se alarmaria pelo fato de ele estar chegando mais tarde. – Não, ele disse. – Ela já não sabe quem eu sou. Faz quase cinco anos que não me reconhece. Achei estranho e lhe perguntei: 111


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– Mas se ela já não sabe quem o senhor é, por que essa necessidade de estar com ela todas as manhãs? Ele sorriu e, dando-me uma palmadinha na mão, disse: – É. Ela não sabe quem eu sou, mas eu, contudo, sei muito bem quem é ela. Meus olhos lacrimejaram enquanto ele saía e eu pensei: Esse é o tipo de amor que eu quero para a minha vida. O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico. O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e... do que já não é.... Ações de amor O amor não se resume às palavras, mas está intimamente ligado com aquilo que a gente faz. O amor é extremamente prático. O apóstolo João nos diz que a pessoa que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Esse amor de que nos fala o apóstolo é o agape (uma das palavras em grego que traduzimos para amor), o amor incondicional. Eu amo mesmo que a pessoa nem consiga mais reconhecer quem eu sou! Como no exemplo acima. Eu amo mesmo que a pessoa me prejudique! Eu amo não porque a pessoa mereça o meu amor, mas porque o amor de Deus foi derramado em meu coração: “...o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5.5). Portanto, se eu não amo com esse amor agape é porque estou longe de Deus, é porque esse amor derramado já se escoou por algum canto da minha vida e o vazio revela a minha indiferença em relação às outras pessoas. Na verdade, a indiferença é a marca da ausência de Deus, da ausência do amor. Quando a dor do meu semelhante não me diz mais nada, é sinal de que eu estou muito distante do Senhor, que preciso urgentemente me aproximar dele para receber o amor que transforma, que estende a mão, que toca nos meus olhos para que eu veja não apenas o que me interessa, mas para que eu veja a situação do meu semelhante e faça algo de concreto por quem de mim necessita. O texto bíblico nos fala que a pessoa que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Muitas vezes ouvimos pessoas falarem de Deus em bom e alto som, mas as suas palavras não entram nos ouvidos do nosso coração, pois, como diz o ditado, os atos delas falam mais alto do que suas palavras. Gandhi nos diz: “Uma pitada de prática vale mais do que toneladas de pregações”. As ações nos revelam quem somos e o que temos dentro de nós. As palavras de Jesus, por mais profundas e belas, teriam caído no esquecimento se ele não tivesse demonstrado amor. 112


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Falemos de Deus com nossos lábios, testemunhemos a nossa fé, mas entendamos que as ações de amor são aquelas que realmente falam aos ouvidos do coração. Para refletir:  Você se importa realmente com a dor do seu semelhante, estendendo a mão para ajudar, ou sua indiferença tem mostrado o quão longe está de Deus?  Que ações de amor o meu grupo de OASE tem praticado? O que pode ser feito para que não fiquemos apenas no discurso? Pastor Telmo Noé Emerich Panambi/RS

Natal Jogral: Os males do mundo Participantes: 12 Material: lanternas, velas, máscaras ou rosto pintado Desenvolvimento: Os onze integrantes que representam os males posicionam-se em diferentes lugares do ambiente. Eles estão com uma máscara ou com o rosto pintado e no momento de sua fala acendem a lanterna em direção ao rosto, ficando ela posicionada abaixo do queixo. Ao terminar sua fala, a lanterna é desligada. O efeito será mais bonito se a apresentação ocorrer à noite e todos os integrantes estiverem com uma camiseta escura. Após todos falarem, entra o amor, sem máscara ou rosto pintado, carregando em suas mãos uma vela acesa. Todos os demais integrantes vão até ele e acendem, aos poucos, pequenas velas e saem juntos do palco. 1. A Guerra:

Eu sou a guerra! Adoro colher vidas humanas; uma só não basta, gosto de ver milhares de corpos espalhados e o sangue encharcando a terra. O fogo das armas me alegra, bombas explodindo são a minha felicidade e, quando vejo jovens soldados marchando em busca da

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morte, sinto-me realizada. Eu quero morte! Violência! Sangue! 2. A Fome:

Eu sou a fome... Sou aquela que ataca milhares de criancinhas e as leva à morte prematura; sou aquela que assola o Terceiro Mundo, os países pobres. Onde eu existo, os maltrapilhos mendigam pão e os humanos-ratos comem os restos dos lixos e moram debaixo de pontes; onde eu estou há choro e dor.

3. A Miséria:

Eu sou a miséria, a irmã gêmea da fome, e costumo levar as pessoas à loucura, à marginalidade e à miséria moral. Eu as deixo revoltadas e apáticas e lhes ensino o caminho mais fácil para roubar e matar. Eu lhes tiro a humanidade e em seu íntimo faço nascer feras que destroem.

4. A Fartura:

Eu sou a fartura. Não escuto os gemidos da fome e esbanjo em meu banquete. Meu domínio estende-se a poucas pessoas, e a essas todo ouro e brilhantes concedo. Aos outros, aqueles que habitam na miséria, desejo que se alimentem com os vermes da terra!

5. A Luxúria:

Eu sou a luxúria! Sou a mais bela dos prazeres e não tenho limites nem freios. Eu deixo as pessoas escravas de seus sentidos e desejos e faço com que percam a razão e a moral. Em meu reino nada é proibido; tudo é permitido em nome do prazer.

6. O Egoísmo:

Eu sou o egoísmo! Eu não suporto as palavras dividir ou doar; eu quero tudo para mim! Eu sou a importância máxima, meus desejos precisam ser satisfeitos; os outros que se danem! Se for preciso passar por cima de vocês (mostrar o público) para alcançar meus objetivos, eu passarei! “Os meios justificam o fim.”

7. A Inveja:

Eu sou a inveja! Tudo o que você tem eu também quero. Eu adoro ver as pessoas se darem mal, eu não

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suporto ver ninguém feliz, numa boa! Quando uma pessoa está na lama, aproveito e piso mais um pouco para ter certeza de que ela não se erguerá novamente; a desgraça alheia é um banquete para mim. 8. O Poder:

Eu sou o poder! Sou o rei, aquele que tudo pode e a quem tudo é devido! Ajoelhem-se, humanos, e rastejem diante de mim; eu sou aquele que oprime e que de sua palavra faz a lei. O destino dos humanos está nas minhas mãos, eu decido se eles viverão ou serão esmagados como animais (com a mão faz o gesto de esmagar). Eu faço a guerra ou a paz, eu faço a fome ou a fartura. Eu sou o rei e vocês são meus escravos!

9. A Injustiça:

Eu sou a injustiça! Minhas vítimas são os fracos, os pobres, os velhos, as crianças. Gosto de vê-los se debatendo em minhas teias, parecem pobres peixes presos no anzol… Eu sou insensível; quando sinto que a justiça está para vencer, então eu compro a verdade. Meu desejo é que a injustiça prolifere mais e mais!

10. A Corrupção:

Eu sou a corrupção! A arma que os poderosos usam para comprar seu poder e seus desejos. Meu lema é: “Todo ser humano tem seu preço”. Eu faço chantagem, negociatas, especulo e, acima de tudo, compro e vendo vidas ao meu bel-prazer. O meu reino é próspero e fértil; sejam bem-vindos todos aqueles que são ambiciosos e sem escrúpulos!

11. A Maldade:

Eu sou a maldade! Vivo na escuridão. Meus filhos são assassinos, estupradores, maníacos, psicopatas e toda espécie de escuridão que assola a terra. Os gemidos de dor são música para os meus ouvidos. Eu sou a forma mais baixa ao qual o coração humano se pode inclinar.

12. O Amor:

Eu sou o amor! Eu olho para os lados e só vejo escuridão, vejo o ser humano chorar de angústia pelos seus próprios males. Por onde passa, o ser humano 115


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deixa um caminho de desamor, desunião, destruição e não percebe que com isso faz mal a si mesmo e a seus semelhantes. Eu sou o amor, comigo caminham a bondade, a verdade, a justiça, a alegria, a luz, a esperança, sobre meus trilhos corre a paz; e o “mundo passará, mas eu não passarei”, pois resisti a todas as provas e escrevi minhas letras na cruz: “Eu sou a luz, o caminho, a verdade e a vida”. Convido todas as pessoas a acender a centelha de luz em seus corações para que o mundo seja mais bonito, mais alegre, para que a justiça, a bondade, a solidariedade, a fartura reinem comandados pelo amor de cada um de vocês. Acendam a chama que dorme em seus corações e sejam luz para a caminhada de todas as pessoas que com vocês andam. Para ensinar-lhes a amar foi que eu nasci, e para que não se esqueçam desta tarefa é que estou aqui. “Por isso amai-vos uns aos outros assim que eu vos amei”. (Entram no palco todos os personagens com as velas acesas, saindo logo juntos.) Extraído de: Celebrar Natal em família e comunidade. São Leopoldo: Sinodal, 2006. p. 24-26.

Alegria autêntica As cidades e as casas estão com aspecto de festa. Muitas luzes, brilhos e arranjos indicam que é Natal. Ninguém melhor do que o comércio para nos lembrar que estamos em dezembro. E o foco principal está no consumo. Aqui e ali, algumas tímidas mensagens de paz e amor. De fato, Natal é motivo para despertar a alegria nas pessoas. Essa alegria vem de longe e se transmite de geração em geração. Em muitas celebrações natalinas será ouvida a mesma boa-nova que foi anunciada aos pastores nos arredores de Belém na Judeia. Hoje, repete-se a boa-nova do nascimento do Salvador: Não temais: eis que vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lucas 2.10-11). 116


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Martim Lutero nos faz rir quando pergunta: “Será que Cristo veio por causa dos gansos, patos ou vacas? Você precisa ver como ele é. Se ele quisesse ajudar qualquer outra criatura, teria assumido a forma dessa criatura. Mas ele se tornou homem”. Sim, rimos de nervosos, porque sentimos uma pontada de crítica à nossa maneira de celebrar o Natal e tudo o que ele significa de sentido e valores para nossa vida. E Lutero continua incomodando com suas perguntas e testemunho: “Pois bem, e quem é você? Quem sou eu? Não somos todos pessoas humanas? É claro que sim. Portanto quem deve receber essa criancinha senão as pessoas? Os anjos não precisam dele, e foi por nossa causa que ele se tornou homem. Por isso é necessário que o recebamos com alegria, como o anjo diz em nosso versículo: ‘Hoje vos nasceu o Salvador’. Não é maravilhoso que um anjo venha do céu trazer-nos essa mensagem? Não é maravilhoso que, junto com ele, milhares de anjos, cheios de alegria, anunciam e desejam que nos alegremos também e recebamos essa graça com gratidão em nossos corações? Por isso devemos tomar essa palavra ‘vos’ e inscrevê-la com letras douradas em nossos corações e receber o nascimento desse Salvador com alegria”. Quando aceitamos que o Menino Jesus veio por nossa causa, então a alegria será maior do que a alegria dos presentes e ceias. E será uma alegria autêntica e duradoura e que nos fará olhar o mundo com os olhos da ternura de uma criança. Pastor João Artur Müller da Silva São Leopoldo/RS

Pare e pense Impaciência versus perseverança – o bambu japonês Não precisa ser um fazendeiro para saber que uma boa colheita exige uma boa semente, bom adubo e rega constante. Também é óbvio que aqueles que cultivam a terra não ficam impacientes com a semente plantada e gritam com toda a força: Cresça... Algo muito curioso acontece com o bambu japonês, que o torna impróprio para os impacientes: você planta a semente, coloca fertilizante e molha constantemente, mas durante os primeiros meses parece que não acontece nada. 117


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Na verdade, nada acontece com a semente durante os primeiros sete anos, a tal ponto que um cultivador inexperiente ficaria convencido de que ele adquiriu sementes inférteis. No entanto, durante o sétimo ano, em um período de apenas seis semanas, o bambu cresce mais de 30 metros! Será que levou apenas seis semanas para crescer? Não. A verdade é que demorou sete anos e seis semanas para se desenvolver. Durante os primeiros sete anos de aparente inatividade, esse bambu estava gerando um complexo sistema de raízes que lhe permitiria sustentar o crescimento que iria ter depois. Na vida cotidiana, muitas pessoas tentam encontrar soluções rápidas, triunfos apressados, sem compreender que o sucesso é o resultado do crescimento interno e que esse requer tempo. Talvez pela mesma impaciência, muitos daqueles que aspiram a resultados de curto prazo, de repente abandonam tudo justo quando estavam prestes a atingir a meta. É difícil convencer o impaciente que somente chegam a crescer aqueles que trabalham com perseverança e sabem esperar o momento certo. Da mesma forma, é necessário compreender que, em muitos casos, teremos que lidar com situações em que vamos acreditar que nada está acontecendo. E isso pode ser extremamente frustrante. Então, não devemos cruzar os braços e abandonar tudo só porque não estamos “vendo” o resultado esperado, mas devemos recordar o ciclo de amadurecimento do bambu japonês e aceitar que está acontecendo algo dentro de nós: estamos crescendo, amadurecendo. Aqueles que não desistem vão gradual e imperceptivelmente criando hábitos e o caráter que lhes permitirá sustentar o sucesso quando ele finalmente se concretizar. A vitória é um processo que leva tempo e dedicação. Um processo que requer aprendizagem de novos hábitos e nos obriga a descartar outros. Um processo que exige mudanças, ação e formidáveis doses de paciência. A semente da palavra de Deus pode parecer ter caído em terreno estéril ou rochoso. Será que devemos cruzar os braços quando, na verdade, a semente está se firmando na terra? Fazendo um balanço do ano que passou e planejando o novo ano, o que esse texto pode nos ensinar?

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Oração Para o novo ano

S

enhor Deus, tu és o dono do tempo e da eternidade, teu é o hoje e o amanhã, o passado e o futuro. No final deste ano, quero dar-te graças por tudo que recebi de ti.

Graças pela vida e pelo amor, pelas flores, pelo ar e o sol, pela alegria e a dor, por tudo que foi possível e pelo que não foi. Ofereço-te tudo que fiz no ano que passou, o trabalho que pude realizar e as coisas que passaram por minhas mãos e o que pude construir com elas. Apresento-te as pessoas que ao longo desses meses amei; as novas amizades e os amores antigos, aqueles mais próximos a mim e os que estão mais longe, os que me deram a mão e a queles a quem pude a judar, c om que m c ompartilhei a vi da, o t rabalho, a dor e a alegria. Mas, hoje, quero também te pedir perdão, Senhor. Perdão pelo tempo perdido, o dinheiro mal gasto, a palavra vã e o amor desperdiçado. Perdão pelas obras vazias e pelo trabalho de má qualidade, e perdão por viver sem entusiasmo. Por todos os meus esquecimentos, descuidos e silêncios novamente te peço perdão. Começa um novo ano, e diante de um novo calendário, apresento-te estes dias que só tu sabes se vou vivê-los. Hoje, peço para mim e para as pessoas que amo paz e alegria, força e sabedoria. Quero viver cada dia com otimismo e bondade, levando sempre um coração cheio de compreensão e paz. Fecha meus ouvidos para toda falsidade e os meus lábios para palavras mentirosas, egoístas, mordazes ou ofensivas. Abre, ao contrário, meu ser para tudo que é bom, que meu espírito se encha de bênçãos e as derrame durante o meu caminhar. Enche-me de bondade e alegria para que aqueles que vivem comigo ou se aproximem de mim encontrem em minha vida um pouco de ti. Dá-me um ano feliz e ensina-me a repartir felicidade. Amém. Fonte: Rede Latino-Americana de Liturgia CLAI

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Artesanato Estrelas de Natal Modo de fazer: – Colher o trigo maduro; limpar e ficar só com os talos. – Pode-se comprar o trigo ou talos em casas de artesanato ou floriculturas. – Colocar os talos de trigo por algumas horas na água; depois secar com pano e cortar ao meio. – Passar os talos cortados com ferro de passar roupa bem quente, até ficar seco. Se quiser escurecer os talos, passar por mais tempo o ferro até adquirir a cor desejada. – Depois, colocar os talos cortados e passados dentro de livros grandes e pesados para ficarem retos. – A seguir, fazer o trabalho artesanal de estrelas, cortando no formato e desenho que desejar, usando cola, fios prateados ou dourados, fitas coloridas e miçangas.

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