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© Editora Sinodal, 2015 Rua Amadeo Rossi, 467 Caixa Postal 11 93001-970 – São Leopoldo/RS Tel. (51) 3037-2366 editora@editorasinodal.com.br www.editorasinodal.com.br Elaborado pela Associação Nacional dos Grupos de OASE da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) Diretoria Nacional: Rejane Beatriz Johann Hagemann (Presidente), Anelize Marleni Berwig (Vice-Presidente), Leda Müller Witter (Secretária), Elfi Roedel (Vice-Secretária), Lurdes Irene Gerhardt (Tesoureira), Teresinha Metzker (Vice-Tesooureira) Assessoria teológica: Diácona Telma Merinha Krammer e Pastora Márcia Helena Hülle Conselho redatorial; Olga Kappel Roque, Edeltraud F. Nering, Rejane Beatriz Johann Hagemann, Leda Müller Witter, Lurdes Irene Gerhardt Coordenação editorial: Helga Schünemann Contato: helgaschunemann@yahoo.com.br Produção editorial e gráfica: Editora Sinodal ISSN 21755515
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ÍNDICE Apresentação – Rejane Beatriz Johann Hagemann ........................................ 5 Palavra da Presidência da IECLB ................................................................... 7 JANEIRO A vida é uma caixa de surpresas (2 Timóteo 1.7) ......................................... 10 “A moça tecelã” – Uma fonte de inspiração ................................................. 12 Minha viagem ao Quênia... uma história marcante ...................................... 15 FEVEREIRO Aprender a “soltar as pedras” (Marcos 11.25) .............................................. 20 Tecendo o ministério ..................................................................................... 22 Tragédia da boate Kiss – desabafo de um pai ............................................... 27 A história da águia ........................................................................................ 29 MARÇO Histórias entrelaçadas (João 15.9) ................................................................ 31 Tecendo a superação ..................................................................................... 33 Celebração de Páscoa: Abraço cheio de vida ................................................ 36 Osterbaum – Árvore de Páscoa..................................................................... 37 ABRIL Gratidão pelo caminho e caminhantes! (1 Pedro 2.9) ................................... 41 Tecendo o voluntariado ................................................................................. 43 Migração com fé, amor e clamor! ................................................................. 45 MAIO Sempre lindas (1 Coríntios 6.19) .................................................................. 49 Tecendo a maternidade.................................................................................. 52 Dia das Mães: Poetizando ............................................................................. 54 Poesia: Pentecostes ....................................................................................... 56 JUNHO Meu amparo, meu consolo (Êxodo 15.2) ...................................................... 58 Tecendo múltiplas escolhas........................................................................... 60 Pare e pense: O frio interior .......................................................................... 63 Peça teatral: Que tens nas mãos? .................................................................. 64
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JULHO O amor e a misericórdia de Deus (Êxodo 33.19) ......................................... 68 Tecendo a minha história na política............................................................. 69 Trabalho social com moradores de rua em São Paulo .................................. 72 AGOSTO Deixar Deus salgar nossa vida (Marcos 9.50) .............................................. 77 Tecendo a educação ...................................................................................... 78 Mulheres rendeiras ........................................................................................ 81 Dia dos Pais................................................................................................... 84 SETEMBRO Com amor eterno te atraí (Jeremias 31.3) ..................................................... 86 Tecendo a saúde: A tua fé te salvou .............................................................. 88 Katharina von Bora – Uma mulher forte e decidida ..................................... 90 OUTUBRO Retirar os véus (2 Coríntios 3.17) ................................................................. 95 Tecendo a aceitação ...................................................................................... 97 Katharina von Bora – A atriz principal ......................................................... 99 Dinâmica: Expressando cuidado pelas mãos .............................................. 102 NOVEMBRO Uma luz no Turvo (2 Pedro 1.19) ............................................................... 104 Tecendo o caminho da roça......................................................................... 105 A importância da respiração........................................................................ 109 Advento: Tempo de transformação ............................................................. 111 DEZEMBRO A vida nas profundezas (Salmo 130.6) ....................................................... 113 Tecendo o recomeço.................................................................................... 114 Celebração de Natal .................................................................................... 116 Oração para o ano novo .............................................................................. 119 Artesanato: Agulheiro ................................................................................. 120
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Apresentação Tecendo e contando histórias
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ontar uma história é um ato de amor... é doar-se um pouco e receber muito em troca. Contar histórias é a mais antiga das artes. É um meio muito eficiente de transmitir uma ideia, de levar novos conhecimentos e ensinamentos. É um meio de resgatar a memória. Jesus era mestre na arte de contar histórias. Suas histórias são modelos de simplicidade. Seu jeito simples de falar prendia a atenção até mesmo daquelas pessoas que não estavam dispostas ou eram indiferentes para o amor. Jesus cativava com seu método de ensinar: “Jesus usava parábolas para dizer tudo isso ao Rejane B. J. Hagemann povo. Ele não dizia nada a eles sem ser por meio de parábolas” (Mateus 13.34). É interessante notar a estratégia que Jesus usava para transmitir seus ensinamentos mais profundos e complexos com o objetivo de eternizar suas lições. Suas histórias atravessam o tempo, dão sentido à nossa vida; o alvo é o nosso coração. Ainda que o mundo se transforme a tal ponto de não existir mais moinhos, talentos, semeadores, príncipes e princesas, ainda assim as histórias, as parábolas de Jesus vão continuar existindo e serão contadas. “Jesus usou parábolas para ensinar muitas coisas. Ele disse: – Escutem! Certo homem saiu para semear. Quando estava espalhando as sementes, algumas caíram na beira do caminho, e os passarinhos comeram tudo. Outra parte das sementes caiu num lugar onde havia muitas pedras e pouca terra. As sementes brotaram logo porque a terra não era funda. Mas, quando o sol apareceu, queimou as plantas, e elas secaram porque não tinham raízes. Outras sementes caíram no meio de espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas.
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Mas as sementes que caíram em terra boa produziram na base de cem, de sessenta e de trinta grãos por um” (Mateus 13.3-8). É através do prazer e das emoções que as histórias contadas nos proporcionam que a simbologia implícita nas tramas e personagens vai agir no nosso inconsciente. Muitos são os motivos para se contar histórias. Nós somos feitos de tudo o que vivemos e ouvimos, das nossas experiências boas e ruins, das experiências de outras pessoas que vivem conosco e perto de nós e por quem temos ou não afeição. Por vezes, nós nos emocionamos, toca-nos o coração ouvir as histórias de vida narradas pelas outras pessoas. Até chegamos muitas vezes a nos envolver, a sair do nosso “eu” para nos colocar no lugar de outra pessoa, o que nos possibilita imaginar e sentir como ela se sente. Contar histórias é abrir caminho às memórias esquecidas, pois as mesmas nos falam das diferentes situações da vida, do relacionamento das pessoas, entre si e com a sociedade, com a natureza, com Deus, com a família e com o mundo do trabalho. A maneira como esses contos e histórias nos marcaram pode estar nas entrelinhas da nossa vida, pois ainda nem éramos nascidos e nossos pais já embalavam nosso sono, nossa vida com histórias e canções. À medida que vamos crescendo, as histórias tornam-se nossas amigas e companheiras inseparáveis... Afinal, trata-se do tecer a história da nossa vida. A sua história faz parte da nossa história. Ou seja, durante a nossa vida vamos recolhendo diversas narrativas e construindo uma grande colcha de retalhos, que faz bem, que agasalha nossa alma. A partir deste Roteiro da OASE, mais uma trama será construída por nós, por mim e por você, e juntas formaremos mais uma história a ser contada... Rejane Beatriz Johann Hagemann Presidente da Associação Nacional dos Grupos de OASE Estrela/RS
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Palavra da presidência da IECLB Tecendo e contando histórias
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Arquivo OASE
uem conta estórias e histórias para crianças sabe o quanto elas pedem para contar de novo. Conta de novo aquela...! Quantas vezes nós, pessoas adultas, nos encontramos numa roda de amizade e recordamos e recontamos fatos passados!? Contar, recontar, recordar – fatos e estórias – é parte da nossa existência. Dá força para o cotidiano. Inspira. Ajuda a reencontrar um rumo perdido. Não é, pois, mero acaso que a Bíblia contenha textos como este: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim de sua vida, imitai a fé que tiveram” P. Dr. Nestor P. Friedrich, pastor presidente da (Hebreus 13.7). Quem não tem memória não IECLB tem história! O que seria de nós, pessoas cristãs, se a memória das experiências com Deus não tivessem sido contadas e passadas de geração em geração até o momento de serem escritas? Relatos como a libertação da escravidão no Egito e os próprios Salmos não fariam parte da nossa espiritualidade. E se ninguém tivesse contado adiante – e depois escrito – o evento maravilhoso da ressurreição de Jesus Cristo? Conhecendo essas memórias, podemos afirmar que, sem elas, teríamos perdido conteúdos importantes e fundamentais para a nossa fé. Em 2017, as igrejas protestantes celebrarão os 500 anos da Reforma. Várias atividades estão acontecendo para marcar a Década de Lutero. Muitos textos estão sendo escritos. Também mulheres estão se ocupando com essa temática. Estão resgatando a memória e a história de mulheres que, como Katharina von Bora, Elisabeth von Rochlitz, Brigitta Wallner, Argula von Grumbach, Wibrandis Rosenblatt e Olympia Morata desempenharam papel fundamental no
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movimento de Lutero e dos demais reformadores. São histórias que desvelam e revelam a presença e o protagonismo de mulheres tanto no movimento da Reforma quanto na elaboração da sua teologia. Em 2014, a IECLB lançou a campanha Em comunhão com as viDas das mulheres. Seu objetivo é resgatar e registrar vidas, histórias, feitos, ensinamentos de mulheres que fizeram e fazem a história da igreja junto com homens, colocando seus dons e suas habilidades a serviço do Evangelho. A campanha reúne histórias de vida de mulheres e grupos de mulheres da IECLB para dar visibilidade a suas formas de viver e participar na igreja e na sociedade, no passado e na atualidade, valorizando seu papel e seu testemunho nesses espaços (http://www.luteranos.com.br/organizacao/campanha-em-comunhao-com-as-vidas-das-mulheres). Em comunhão com as viDas das mulheres visa resgatar as histórias de mulheres luteranas de diferentes gerações que atuaram e atuam como lideranças, ministras, organizadoras, coordenadoras e participantes de grupos e atividades, profissões e tipos de trabalho. Quando resgatamos as histórias de vida das mulheres luteranas, a história de nossas avós, mães, tias, irmãs, filhas e vizinhas, registramos o conhecimento e a experiência dessas mulheres e o que elas têm a nos ensinar. Damos voz a quem, em muitas situações e por um longo tempo, não teve voz ou foi proibida de manifestar sua voz. Lembrar-se das testemunhas do Evangelho que nos antecederam e imitar a fé de quem se ancorou na palavra de Deus – esse é um convite especial, sobretudo no caminho que nos está levando ao Jubileu da Reforma, a ser comemorado em 2017. O movimento da Reforma desmascarou mitos, desnudou medos criados e impostos, revelou – comunicou – Deus que se faz presente, que já nos deu as condições para viver em comunhão e encontrar a paz, a sua paz. Isso é o que comunica o Evangelho. Isso é o Evangelho! Cada história que fala disso ajuda a delinear nossos passos e nosso testemunho – pessoal e comunitário – hoje e amanhã. P. Dr. Nestor Paulo Friedrich Pastor Presidente da IECLB Porto Alegre/RS
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Arquivo pessoal
Ani Cheila Kummer (centro), representando a OASE num encontro no Quênia em 1999
Datas importantes 01 – Ano-Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres (Frauenhilfe), em Berlim/Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo Papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philipp Jacob Spener, fundador do Pietismo (+ 05/02/1705) 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+ 04/09/1965) 16 – 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 17 – 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg/Alemanha 29 – 1499 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+20/12/1552)
Salvação de graça – pela fé, por Cristo tão somente. Martim Lutero Janeiro
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J A N E I R O
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JANEIRO
O Espírito que Deus nos deu não nos torna medrosos; pelo contrário, o Espírito nos enche de poder e de amor e nos torna prudentes. 2 Timóteo 1.7
Meditação A vida é uma caixa de surpresas Arquivo pessoal
Dinâmica: Em uma caixa de presente, colocar vários bilhetes com mensagens ou ilustrações, como, por exemplo, flor, Bíblia, vela, visita de alguém muito especial, morte de um ente querido, doença etc. A caixa vai passando de mão em mão no grupo e cada pessoa tira um papel (sem escolher), lê ou mostra para o grupo e diz o que aquela palavra ou imagem diz para ela naquele momento da sua vida.
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lema do mês de janeiro deste ano nos diz: “O Espírito que Deus nos deu não nos torna medrosos; pelo contrário, o Rosani E. R. Blauth, presidente Espírito nos enche de poder e de amor e nos torna da Associação Nacional dos prudentes” (2 Timóteo 1.7). Paulo escreve essa Grupos de OASE do Sínodo carta quando está preso em Nordeste Gaúcho Arquivo pessoal Roma. Ele estava preparando Timóteo, seu companheiro, para dar continuidade ao seu trabalho. Paulo enfrenta tudo com muita fé e coragem. Suas recordações eram tantas, que ele podia ver sua vida na mente como um filme. E sua expectativa futura era vista a partir da sua fé, uma fé tão viva que o fazia ter esperança e certeza. Em suas palavras quanto ao passado, nenhuma amargura, nenhum peso, nenhum rancor podem ser detectados. E olhando para o futuro, nenhuma sombra de dúvida ou de medo pode ser vista. Isso fica claro nesse versículo de 2 Timóteo 1.7. Pª Leonira Pagung, Ao escrever, a certeza do perdão divino sobre seus orientadora dos Grupos erros e pecados fazia Paulo sentir-se tranquilo e sem culpa de OASE do Sínodo Nordeste Gaúcho
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JANEIRO
no presente. E a confiança na fidelidade de Deus fazia com que ele encarasse o futuro sem qualquer receio. A vida sempre nos reserva acontecimentos, às vezes muito bons e às vezes nem tão bons assim, inclusive podemos passar por situações muito difíceis, nunca esperadas, como vimos na dinâmica inicial. Como você encara a sua vida diante de alegrias ou de dificuldades? Quando surge uma situação de dificuldade, uma doença grave por exemplo, há duas atitudes que podemos tomar: nos entregamos e não reagimos ou enfrentamos o problema de frente, com fé, ousadia, amor e dedicação. Saber que se tem um câncer tira o chão da gente... O apóstolo Paulo não tinha câncer, mas estava na prisão e durante toda a sua vida, também na atual situação, tomou a decisão de encarar tudo com a cabeça erguida, com fé e confiança em Deus. Ou seja, se temos amor, também teremos coragem, fé. Elementos mais que suficientes para ter força, poder e moderação. Para reagir numa situação de doença grave ou outra dificuldade, precisamos buscar forças em nosso Deus todo-poderoso e buscar ajuda especializada. Até os médicos afirmam que o resultado do tratamento depende de como encaramos a situação: se enfrentamos tudo com muita fé, os resultados são bem mais positivos. Pois mesmo tendo toda a ciência e tecnologia a serviço da pessoa, se ela se entrega e não luta pela vida, pelo restabelecimento de sua saúde, os resultados não são tão promissores. A mesma coisa também acontece em outras situações. Se buscarmos Jesus Cristo, o nosso salvador, com toda a convicção e fé, podemos perceber que ele é muito poderoso. Às vezes, precisamos passar por dificuldades para experimentar o poder e o amor de Deus. Em nossos relacionamentos, em cada atitude que tomamos, devemos nos lembrar de que espírito de covardia só traz problemas maiores, não se resolve nada fugindo da situação-problema, e que enfrentar tudo com serenidade, fé, coragem, amor e moderação nos dá poder, que buscamos na palavra de Deus. Paulo tem um grande amigo que ele chama de “meu querido filho na fé” (2 Timóteo 1.2) e com ele divide alegrias e tristeza. Existe um companheirismo, um cuidado todo especial entre os dois. Que esse seja também o nosso jeito de ser. Pois, como diz o provérbio sueco: “Alegria compartilhada é alegria em dobro. Tristeza compartilhada é tristeza pela metade”. Que estas palavras do apóstolo Paulo sejam sempre a sua, a minha, a nossa fé: “Que a graça, a misericórdia e a paz de Deus, o Pai, e de Cristo Jesus, o nosso Senhor, estejam com você!” (2 Timóteo 1.2b). Amém. Rosani Elisabete Rothmann Blauth Pa. Leonira Pagung 11
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“A moça tecelã” Uma fonte de inspiração As narrativas dos contos de fada, das lendas, das muitas histórias vão passando de geração em geração. Jesus narrava histórias para aproximar-se das pessoas. Se não fossem as histórias, como saberíamos os muitos acontecimentos que nos rodeiam? Como buscaríamos referências de vida? Onde encontraríamos dados importantes para a continuidade de nossa própria história? As narrativas nos aproximam daquilo que desconhecemos, criam um novo processo, nos abrem caminhos para construirmos nossa própria história. Interessante observar que grandes contadoras de histórias sempre foram mulheres. Nossas avós e mães contavam-nos histórias, muitas delas relatos bíblicos sobre mulheres. Ainda hoje mulheres reunidas bordam, costuram, com suas linhas, coloridas histórias que precisam e devem ser registradas e que servem como inspiração. E é a partir de uma história, mais precisamente de um belíssimo conto, que é muito utilizado em escolas, palestras, nos trabalhos em oficinas de arteterapia, que vem a inspiração para a elaboração do Roteiro da OASE 2016. Trata-se do conto “A moça tecelã” de Marina Colasanti, escritora de livros, contos, crônicas, poemas e histórias infantis, que propicia uma reflexão profunda sobre o tecer a própria história, sobre aprender a desfazer alguns pontos, e escolher outra cor se preciso for! Tecendo, a moça conta a sua história A moça tecelã acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se no tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
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Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado. Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta. Nem precisa abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida. Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade. E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. – Uma casa melhor é necessária – disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer. Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. – Para que ter casa, se podemos ter palácio? – perguntou. Sem querer resposta, imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, pátios e escadas, salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira. Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre. 13
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– É para que ninguém saiba do tapete – disse ele. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: – Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos! Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxo. Os cofres, de moedas; as salas, de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo. Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear. Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se via na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu. Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte. Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC Bênção: Deus te toque tanto na chegada como na partida. Deus te guarde tanto no trabalho como no descanso. Deus te anime tanto em tua atividade como em teus sonhos. Deus te proteja tanto enquanto dormes como quando estás acordado. Deus te abençoe tanto na vida como na morte. Amém.
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Compartilhando experiências Minha viagem ao Quênia... uma história marcante O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo. (Lucas 4.18,19) Era outubro de 1998. Tocou o telefone... era a Gudrun Braun, na época presidente da Diretoria Nacional da OASE, com a oferta para que eu representasse as mulheres do Brasil, via OASE, no Quênia/África, no terceiro seminário internacional para tratar da questão da valorização e desenvolvimento da mulher, seus espaços e direitos, a ser realizado em 06 a 27 de maio de 1999, promovido pela Missionswerk da Baviera/Alemanha, sob o título “Proclamar o Jubileu”. Aceitei o convite, e foi inesquecível. Eram três os temas norteadores do seminário: dívida externa: enfocando o perdão da dívida externa, questões da terra e escravização; circuncisão: a mutilação genital feminina; gênero e desenvolvimento: o que compete ao homem e quais os espaços da mulher. Estiveram reunidas mulheres de doze países: Tanzânia, Congo, Libéria, Filipinas, Alemanha, El Salvador, Singapura, Papua Nova Guiné, Hungria, Moçambique, Quênia e Brasil. Do Brasil também participou a catequista Sara Hoppen, representando o Fórum da Mulher Luterana. A língua oficial do Quênia é o suaíli, mas do encontro foi o inglês, que eles aprendem simultaneamente nas escolas, junto com o masai. O povo africano é alegre, apesar da miséria em que vive. Cantam, dançam e usam muito colorido. Dividem-se em clãs e tribos. E cada tribo tem sua própria tradição e cultura, mas, em regra, o homem tem todo poder e direito. À mulher cabem deveres e obrigações. O queniano sofre influência da colonização inglesa. Foi sempre um povo muito oprimido e se habituou à resignação. Conforme depoimentos, “nos últimos 68 anos, os países africanos têm tido governos que não trabalham pelo povo, mas que o escraviza”. Não tem uma política econômica que favoreça a população pobre. Em torno de 12,5 milhões de pessoas vivem em absoluta pobreza. 15
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A coleta de lixo era muito precária. Não há lugar em que não haja moscas, e muitas. Isso é horrível! E as pessoas não se importam que venham à boca, aos olhos, enfim... Nos primeiros oito dias, ficamos em Nairobi, capital do Quênia, com uma população de três milhões de habitantes. Depois nós nos dividimos em duplas para visitar diferentes comunidades. Regina, de El Salvador, e eu fomos a Mashuro, e nos hospedamos numa tribo Masai (povo nativo). Isso foi desumano. O transporte foi um atentado. Quando chegamos ao povoado, caminhamos mais duas horas por uma trilha pelo mato à noite. Sorte ter levado uma lanterna a pilha e grande (foi-nos recomendado). A “casa” deu um pânico quando nos mandaram entrar. Fizeram um longo discurso de boas-vindas, de como estavam felizes em nos hospedar. Espetacularmente atenciosos e hospitaleiros. Nossa “cama”... Acho que ninguém em perfeita sanidade mental dormiria num lugar assim. Era um tramado de galhos coberto com hastes, folhas e flores e, por cima, um couro de vaca. Regina disse: “Solo no nos quedamos enfermas porque Dios es poderoso”. A janela era um pequeno buraco na parede de leiva (tamanho de um punho), fechado com bucha de papel. A cobertura era de capim e cinza do fogão, que era de chão, e a fumaça ardia os olhos. (Dizem que fumaça imuniza.) No dia seguinte, caminhamos por longas quatro horas pelo meio do mato para visitar os membros da comunidade e orar pelos enfermos, em suas casas (doenças como andrax, malária, AIDS... E com muita fumaça). Houve a cerimônia oficial da visita, com canto, dança e pronunciamentos. As esposas são compradas por certo número de vacas. A mais cara, porque era bem jovem e o pai dela muito pobre, valeu dez vacas. O normal é uma ou duas. O homem pode ter quantas mulheres quiser, mas a mulher só pode ter um homem. Se ela se recusar a aceitá-lo, será apedrejada até morrer. Permanecemos ali por três longos dias. O que nos sustentou foi a certeza de que Deus nos carregava em seus braços amorosos. Os Masai têm sua própria cultura, de nativo. Depois nos juntamos todas em Mailindi, após andar de van, trem e ônibus (cada transporte era uma aventura: motorista alcoolizado e lotação até no capô). Toda discussão sobre a dívida externa aconteceu por causa da aplicação do Ano do Jubileu: o Ano do Perdão (confira em Levítico 25.8ss). Os países pobres dependem desse dinheiro, por isso não podem negar a dívida externa, mas não têm como pagar. O pensamento era transformar o valor da dívida externa em projetos de educação e saúde. A Tanzânia é um exemplo: “Ou pagamos 16
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a dívida externa ou comemos”. Durante essa exposição houve muito choro e desespero: “Amar de verdade um ao outro, essa é a solução, o grande desafio. Isso é proclamar o jubileu”. Referente à circuncisão feminina, não souberam explicar a origem. Muitas mulheres africanas ligaram esse rito com libertação de maus espíritos. É praticada só em algumas tribos: Masais, Cogos, em países acima da Linha do Equador é mais frequente. É uma prática bárbara e horrível. Sem medicação e sem anestesia. Praticada pela avó e/ou uma tia, com lâmina, faca ou uma pedra afiada, retira-se o clitóris ou o órgão todo. Nesse último caso, depois a relação é anal. A menina é circuncidada entre os nove e 14 anos. É uma castração física e psicológica. Quando questionadas, as tribos reagem: “Como vocês podem opinar sobre as nossas tradições?” As igrejas precisam trocar experiências entre as lideranças para confrontar e condenar tal prática e providenciar alternativas de ritual significativas entre as mulheres para torná-las aceitas na comunidade. No tocante à discussão sobre gênero e desenvolvimento (muitas coisas nos são bem familiares), o pai é responsável pela manutenção da família e educa só o filho homem, porque a moça casa, sai de casa e não traz nenhum retorno. Na Bíblia, temos muitas histórias de mulheres. Também vemos que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Olhou para sua criação e achou muito bom. Pouco depois, viu que não era bom o homem viver só. Colocou Adão a dormir e tirou-lhe bom material: costela/forte, do lado. Não 17
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tirou da mão/ordens. Quando o homem acordou, uau, uma mulher! Recebeu-a de seu próprio material. Ela tem um lugar especial na criação de Deus, foi sua última criação. Muitas mulheres não têm tempo para desempenhar certos papéis de grande produção devido ao seu envolvimento nas questões da casa e filhos. No entanto, é uma producente ajuda para que o homem possa produzir o sustento da família. Em algumas tribos, o homem dá liberdade à sua esposa, porém declara-se seu protetor. É uma liberdade vigiada, como numa rigorosa jaula. Para “protegê-la”, ele dita as regras, e ela por gratidão faz-lhe todas as vontades e obedece às suas ordens. Atrás da máscara carismática esconde-se uma pessoa dominadora. Ex.: a mulher trabalha fora e o homem recebe seu salário. Não dá para entender a diferença de gênero no desenvolvimento, no trabalho, se Deus nos fez todos iguais. O objetivo de Deus é que homem e mulher olhem para o que é prático e necessário. É preciso reavaliar os critérios: competência ou gênero? Essa discussão ainda vai longe. Podem-se perceber frágeis sinais de mudança, mas é muito lento. Apesar disso, é preciso arriscar. Precisamos definir os papéis. O Senhor veio para todos. Tivemos várias oportunidades para dirigir devocionais e o fizemos com ricas dinâmicas. Também nas horas livres introduzimos todas as brincadeiras que conhecemos. E como gostavam! E achavam que nossa “euforia” vinha do chimarrão (que Sara e eu levamos). Como eu fazia parte da comissão do culto de encerramento, propus um grande desafio: ao invés de quatro horas, realizar o culto em uma hora e meia, e funcionou. O último ato do encontro foi “uma viagem para a lua”. Quem conhece a brincadeira pode imaginar o que foi isso. Desse encontro de 21 dias resultou a elaboração de um documento assinado pelos doze países e encaminhado aos governos dos países africanos, apresentando o pedido de perdão da dívida externa ou sua substituição por projetos de educação e saúde; a substituição da circuncisão feminina por um ritual menos agressivo e um olhar atento sobre as questões de gênero: igualdade de direitos e deveres. De todas as minhas viagens e experiências, a África será sempre um capítulo especial em minha vida. Está gravado em meu coração como marca com ferro quente. Ani Cheila Kummer Dom Pedrito/RS 18
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Encontro Nacional da OASE, em Porto Alegre/RS, setembro de 2014
Datas importantes 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+9/4/1945) 10 – Quarta-Feira de Cinzas 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero sobre Mateus 11.28 16 – 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/04/1560) 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica (ADL), Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos Distritos e das Regiões, criação dos Sínodos
Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Cora Coralina
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Quando estiverem orando, perdoem os que os ofenderam, para que o Pai de vocês, que está no céu, perdoe as ofensas de vocês. Marcos 11.25
Meditação Aprender a “soltar as pedras”
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Arquivo OASE
embro-me de um acontecimento familiar. Meu primogênito e o caçula sempre tiveram uma pequena divergência. O caçula gostava de pegar os brinquedos do irmão, que sempre foi muito determinado e cuidadoso para com os seus pertences. Brigavam, ficavam magoados um com o outro. Num domingo, fomos a um culto celebrativo de instalação. Ao retornarmos para casa, o caçula, então com quatro anos de idade, disse que não iria mais brigar com o irmão, porque o pastor havia dito que quem não perdoasse o irmão não poderia amar Jesus. Esse fato me marcou e me fez repensar: pode-se viver perto Wilhelmina Kieckbusch de Deus e ao mesmo tempo magoado com um irmão? Principalmente quando ouço alguém dizer: eu perdoei, mas não esqueço. Sabemos que nem sempre é fácil pedir perdão. Nem sempre é fácil perdoar. E muitas vezes temos dificuldade e não conseguimos perdoar a nós mesmos. Como sofremos, fazemos pessoas sofrerem, provocamos decepções e nos tornamos pessoas amargas. A ligação de fé com Deus acontece somente quando estiver restabelecido o laço de amor com o próximo: perdoem os que os ofenderam, para que o Pai de vocês, que está no céu, perdoe as ofensas de vocês. A partir do momento que reconhecemos e perdoamos, passamos a ser perdoados por Deus em Jesus Cristo.
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Vamos fazer um pequeno exercício: com uma pedra em uma das mãos, vamos tentar fazer tricô ou crochê, bater palmas, tocar um instrumento musical. Como é difícil. Que tal soltar a pedra e praticar o perdão! As pedras atrapalham, incomodam. Vamos aliviar nosso coração atormentado, magoado. Precisamos aprender a “soltar as pedras”. Arrependimento e confissão estão relacionados com humildade, mudança, transformação. Significa começar a viver uma nova vida. Todos nós estamos sujeitos a falhar, a cometer erros. Temos dificuldades em admitir erros. Normalmente colocamos a culpa nos outros, no próximo, na sociedade, no governo, inclusive em Deus. A prática do perdão não é fácil. Por nossa força, dificilmente, conseguimos perdoar ou pedir perdão. Perdoar é ação de Deus em nossa vida. Manter uma vida de oração é obra de Cristo por meio do Espírito Santo. A oração nos aproxima de Deus: Quando estiverem orando, perdoem os que os ofenderam, para que o Pai de vocês, que está no céu, perdoe as ofensas de vocês. Através da comunhão com o nosso Deus é que somos capazes de fazer boas escolhas e tomar as decisões corretas. Como igreja de Jesus Cristo, temos o privilégio de conversar com Deus sobre nossa vida, através da oração. Cultivemos o perdão, a vida, a amizade, a harmonia, o amor, a convivência, a gratidão, assim seremos cada vez mais filhas e filhos, irmãs e irmãos, e nossa vida será mais feliz. Para reflexão: Como podemos contribuir para que o perdão aconteça com mais frequência em nosso meio? Como podemos praticar melhor o perdão em nosso grupo de OASE ou comunidade? Desafiar o grupo para compartilhar histórias de vidas transformadas pelo perdão. Wilhelmina Kieckbusch Blumenau/SC
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Tecendo o ministério Partes da minha vida Sou Sílvia Beatrice Genz, nascida no dia 19 de novembro de 1956 em Linha Nova, interior de Santa Cruz do Sul/RS. Filha de Leonildo Genz e de Norma Maurer Genz (ambos em memória). Iniciei a alfabetização em casa em língua alemã, e aos sete anos fui para uma escola comunitária, a única do local, e concluí os cinco anos que a escola oferecia. Desejava continuar os estudos, mas havia dificuldade, pois esses deveriam ser realizados na cidade de Santa Cruz do Sul, longe da família. Em 1972, com o auxílio de bolsas de estudo, voltei para a sala de aula no Colégio Mauá em Santa Cruz do Sul/RS. Isso implicou uma rotina diária de viagens pela estrada de chão, saindo de manhã às 7 horas e voltando às 17 horas, muitas vezes sem almoço, por falta de recursos financeiros. Em 1976 iniciei o segundo grau no extinto Instituto Pré-Teológico (IPT) em São Leopoldo/RS, com o firme propósito de preparar-me para ser pastora. Com o incentivo e a ajuda do pastor Damerow, da Alemanha, que disse lá já haver pastoras, criei coragem. Em 1979 iniciei os estudos na Faculdade de Teologia, onde aproveitei também a oportunidade, além do estudo de teologia, para aprofundar os estudos em latim, alemão e música; e cantei no Coral do Morro. Em março de 2015 completei 31 anos de ministério, de trabalho em comunidades. Sou muito agradecida por esse tempo de trabalho, fortalecida por Deus. Sou mãe da Alvine, mestre em pedagogia-educação infantil, da Tamar, doutoranda em educação musical, e da Joana, estudante de medicina. Comecei com paixão e com temor e tremor o servir na comunidade, sabendo que não era fácil e que a igreja tem trabalhos de norte a sul neste país. Fiz meu estágio na Rondônia, hoje Sínodo Amazônia, exerci o pastorado em Palmitos/SC durante oito anos. Fui pastora vice-distrital no Distrito Uruguai. Depois assumi o pastorado na Paróquia Marques de Souza/RS, durante nove anos e sete meses. Juntamente com o pastorado, também exerci a função de pastora vice-sinodal do Sínodo Vale do Taquari. Depois, trabalhei como pastora na paróquia de Erval Seco/RS, partilhando o tempo na paróquia com a coordenação de formação no Sínodo Uruguai. Fui pastora por seis anos na Paróquia de Chapecó/SC, quando também fui pastora vice-sinodal do Sínodo Uruguai. 22
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Quando o meu casamento se desfez, continuei na paróquia de Chapecó/ SC. Atualmente sou pastora na Paróquia Picada 48 Baixa, em Lindolfo Collor/RS, num templo histórico de 165 anos, numa comunidade iniciada em 1827 pelos imigrantes alemães. Ao longo desse tempo nas paróquias, meu trabalho sempre se voltou à edificação de comunidade, à formação de lideranças, à elaboração de material para as pessoas das comunidades, animação de comunidade, trabalhando os conflitos existentes, anunciando a boa nova do Evangelho, engajada nas lutas contra as injustiças para com os pobres, homens, mulheres, jovens, idosos e crianças. Sempre busco trabalhar os conflitos promovendo um ambiente pacífico para uma boa convivência, sem deixar de Pª Sílvia Beatrice Genz, 1ª Vice-Presidenser profética, anunciando a justiça de Deus. te da IECLB Na comunidade, sempre tive como meta a participação de crianças, casais, homens, mulheres e jovens nas atividades da comunidade visando à formação de lideranças e comunidades vivas, atuantes. Minha postura tem sido de assumir meu papel como líder espiritual, sem, no entanto, deixar de ser simples e compreensiva, especialmente com as ovelhas mais enfraquecidas. Trabalhei em comunidades com dificuldades, inclusive financeiras, onde a proposta da oferta de gratidão fez a diferença, unida à valorização de cada pessoa, desde as mais pequenas até as mais idosas, como parte essencial de um corpo que forma a comunidade, a IECLB. Precisamos pensar igreja como corpo, não é possível ser IECLB sem se preocupar com as pequenas comunidades bem do sul e do extremo norte do Brasil, de todos os lugares. Pois, se machucarmos o dedinho do pé, todo o nosso corpo sofre, alertando para auxiliar na cura; se um membro sofre, todos somos envolvidos e chamados para o mutirão e devemos zelar por isso. Ano passado, após quatro anos na presidência da IECLB, quando me comunicaram das indicações em alguns sínodos para presidente, 1ª vice, 2ª vice, refleti, avaliei: Devo continuar? Aceitar, deixar o nome para concorrer? 23
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Ou ficar somente com meu trabalho em comunidade? Fortalecida em Deus, senti que ele tem serviços diversos para mim e entre eles o de colocar-me à disposição do chamado de exercer serviço na presidência. Lembrei-me de minhas avós, que cuidaram dos maridos doentes durante 16 anos, da minha mãe, que parecia frágil, mas na hora da dificuldade a enfrentava, bem como de muitas mulheres da OASE, que relatavam sobre sua viuvez, com uma casa cheia de filhos e filhas pequenas e venceram... A palavra de Deus em Juízes 4 e 5 fez-me perceber que não estarei sozinha. Baraque pediu para Débora: “Se fores comigo, irei”; e juntos foram (Juízes 4.8). Avaliei que não estarei sozinha, sei que a IECLB não é carregada por uma ou algumas, mas por muitas pessoas, que se colocam nas mãos de Deus para o servir, também na direção da IECLB, e que é o próprio Deus que nos carrega. Em respeito às indicações, coloquei meu nome à disposição do Concílio da Igreja, que votou, sabendo que todos os candidatos indicados certamente podiam assumir essa tarefa. Como pastora, fui confrontada, em muitos momentos, com situações adversas e difíceis. Aprendi a ter paciência e a ser perseverante. A divina sabedoria – Espírito Santo me aquietou muitas e muitas vezes em minhas orações, porque a força da fé naquele que me ensinou a servir me acompanha e me sustenta. Disse aos conciliares, com temor e tremor, que a IECLB pode contar com uma pastora na sua direção nacional. Por isso coloquei-me à disposição para a apreciação do Concílio da Igreja no dia 17 de outubro como candidata para concorrer a 1ª e a 2ª vice-presidente. No dia 18 de outubro, o Concílio da Igreja votou. Sentia-me no compromisso, no chamado de continuar com disposição e deixar meu nome para apreciação, como pastora mulher e pastora de 30 anos de atuação em comunidade, em trabalho de paróquia. Há quatro anos, fui eleita como 2ª vice-presidente, sou grata por essa confiança dada a mim. Em 2014, fui conduzida a 1ª vice-presidente da IECLB. Durante esse período e agora continuo trabalhando em paróquia, podendo contribuir com a experiência da comunidade. Senti-me carregada e apoiada por muitas irmãs e irmãos em Cristo Ainda nesse período, no dia 07 de agosto 2014, na Casa Matriz de Diaconisas, fui acolhida como irmã na Irmandade Evangélica Luterana. Ingressei na irmandade em busca de mais convivência, partilha de sabedoria, conhecimento, comunhão e oração com mulheres que serviram muito em comunidades
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e ainda servem nesta nossa igreja e em comunidades. Com um compromisso maior, sou pastora-irmã. Nesse tempo como vice-presidente, já tive contato com muitas pessoas em diversas comunidades, ouvi questionamentos, sugestões que encaminhei, e sei que nem todos puderam ser realizados. Esses contatos e visitas que fiz a sínodos, paróquias e comunidades me fizeram perceber a importância da minha experiência de vida como pastora de comunidade para entender as preocupações, conhecer anseios e expectativas dos membros, ouvir as lideranças e auxiliar no que fosse possível com o aprendizado que adquiri na vida e no trabalho em comunidade. E, assim, principalmente, ouvir as pessoas, também as que muitas vezes não têm voz e oportunidade de se expressar. Sei que não sou eu nem alguns poucos que solucionam as dificuldades, mas sim a IECLB toda. Acredito ser de extrema importância, como representante da IECLB, ser elo com as pessoas membros das comunidades, lideranças, bem como ministros e ministras, pastores e pastoras sinodais, que muitas vezes se sentem sozinhos com problemas e precisam da presença da presidência. Não posso deixar de dizer que, nos encontros que participei pela Presidência, fui muito bem recebida por todos, e notei o prazer das pessoas em poder contar das alegrias e também suas reclamações e sugestões. Mas preciso reconhecer que senti da parte de mulheres das comunidades, da OASE, do Fórum da Mulher Luterana e das ministras, das jovens uma empolgação muito grande para o servir com gratidão na IECLB. Como já disse, no meu servir todos são convidados e chamados a participar, não faço diferença. Tive oportunidade de aprender muito. Quero continuar a colocar meu aprendizado e minha experiência em formação e em trabalho em comunidade a serviço, investindo na formação de membros e lideranças, e também na continuidade da formação para a prática no pastorado e na vida da comunidade. Entendo que o sínodo, as paróquias e comunidades devem dar ênfase na formação contínua, evangelização contínua, missão contínua e igualmente diaconia contínua (que é solidariedade e vivência do amor continuamente com pessoas enfraquecidas). Também quero estar ao lado do trabalho com mulheres na IECLB. É muito importante, como igreja, apoiarmos os diversos grupos de mulheres: OASE, Fórum da Mulher Luterana, irmandades, jovens... Pois esses são espaços muito importantes para a valorização da mulher como parte essencial do corpo da IECLB. Sem deixar, como sempre fiz, de trabalhar com crianças, jovens, homens, mulheres, idosos... 25
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Quero registrar um momento que me emocionou e percebi como devemos ser voz firme contra a violência. A OASE do Sínodo Centro-Campanha-Sul fez uma manifestação pública contra a violência sofrida por mulheres, na praça, em Venâncio Aires/RS, onde caminhamos em protesto e falei em nome da IECLB, contrária a toda e qualquer violência. Com o meu servir contribuo para a IECLB dentro das minhas possibilidades. Busco viver o que prego, não exijo das outras pessoas o que eu mesma tenho dificuldades de viver. Compreendo que a vontade de Deus, os ensinamentos de Jesus Cristo são muito simples, mas nós (também eu) não os vivemos sempre, pecando quando queremos que a nossa vontade prevaleça. Na caminhada! Você deixa marcas por onde passa e aprende com as marcas deixadas por outras pessoas e a convivência com elas. Quero registrar algumas, entre muitas mudanças que me vêm à mente dessa minha caminhada em comunidade, principalmente no início há 31 anos: – Na igreja, para o culto, sentavam-se mulheres de um lado, homens do outro. – Nas assembleias da comunidade, nunca participavam mulheres. – Nos cursos de visitação deveriam vir só mulheres. – Muitas mulheres não podiam participar da OASE; os maridos não permitiam, pois a OASE representava um espaço ameaçador. – A mulher agricultora não tinha aposentadoria, o homem tinha meio salário. – Poucas mulheres dirigiam. – Crianças não eram contadas no número de participantes do culto, até eram convidadas a sair na hora da Santa Ceia. – Pessoas com deficiência ficavam escondidas em casa. – Mulheres não podiam falar da violência sofrida em casa; elas tinham um machucado no rosto e diziam que foi a vaca que bateu. Para nós, pastoras, não era só entrar numa profissão até ali exercida só por homens, era preciso eliminar barreiras no sistema da igreja e na sociedade como mulheres e homens. O que você lembra desse tempo? Ou, o que algum familiar lhe falou? Converse sobre isso. O que, na sua opinião, ainda deve mudar em relação à igualdade de reconhecimento, na igreja e na sociedade?
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Irmãs e irmãos, já temos o que celebrar, mas ainda é necessário todos se unirem e caminharem lado a lado, todos e todas, para juntos experimentarmos já um pouco do que Deus nos quer presentear: o seu Reino de justiça, de vida. Peço a Deus que me ajude e envie, como a mulher samaritana de João 4 (muitos samaritanos creram em Jesus porque a mulher tinha dito, Jo 4.39), que a OASE possa continuar deixando suas marcas junto às pessoas, e que possamos ir com temor e tremor, assim como as mulheres no domingo de Páscoa (Mateus 28) foram anunciar: Jesus vive e quer vida, que seu Espírito Santo nos fortaleça. Em Cristo. Pª Silvia Beatrice Genz 1ª Vice-Presidente da IECLB Lindolfo Collor/RS
Tragédia da boate Kiss – desabafo de um pai Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Gálatas 6.2 Dia 27/01/13, às 5h30min, tocou o telefone em nossa casa. Fui atender e, do outro lado da linha, alguém, que eu não conhecia, informava que havia ocorrido um incêndio na boate Kiss e que o nosso filho Matheus estava ferido e hospitalizado em Santa Maria. Imediatamente, saímos de Santa Cruz, minha esposa e eu, na certeza de que o Matheus estaria bem, pois sempre tinha tido muito cuidado consigo e com os outros. Naquele momento, não sabíamos da gravidade da tragédia. No hospital em Santa Maria, por volta de 8 horas, soubemos que o estado de saúde de nosso filho era grave. A partir desse momento, nossa única esperança era de que as equipes médicas e a ajuda de Deus pudessem reverter o quadro. Removido ao HPS, em Porto Alegre, o nosso Matheus, apesar de todos os esforços da equipe médica, não resistiu à gravidade das queimaduras e à intoxicação pulmonar e veio a falecer no dia 31/01. Deus nos concedeu quatro dias para elaborar e compreender que o Matheus não mais ficaria conosco, chamando-o para junto de si. Ficamos sem chão. A única chama que não se apagou foi a nossa fé, que saiu fortalecida por uma multidão de pessoas que choraram a nossa dor, que oraram e nos trouxeram consolo. 27
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Abraçados pelos amigos e amigas da comunidade santa-cruzense, do Colégio Mauá, da comunidade evangélica e dos professores e colegas da Universidade Federal de Santa Maria, onde o Matheus estudava, sentimos que não estávamos sozinhos e que a cruz da dor que carregávamos era suportável, porque muitos ajudaram a carregá-la. A força das orações e dos abraços nos animaram a erguer a cabeça e seguir em frente. Em nossos dias de luto, ficamos sabendo que o Matheus perdeu a sua vida por ajudar as pessoas que pediam socorro na boate. Estando do lado de fora, são e salvo, não hesitou em ajudar e salvar vidas, assim como outros jovens o fizeram. Fica assim Matheus Raschen – vítima da tragédia da o seu belo exemplo de não medir esforços boate Kiss para estender ajuda aos nossos irmãos em necessidade. Essas lições ele aprendeu em nosso lar, na escola e nas equipes de basquete nas quais atuou, chegando a capitão da seleção gaúcha juvenil. Assim como o Matheus ajudou, também nós fomos e estamos sendo ajudados por uma comunidade de fé que nos abraçou, amparou e orou para nos fortalecer. Hoje, lutamos para que tal tragédia não se repita e que sejam tomadas medidas preventivas. Não podemos concordar com a negligência que foi a responsável pela tragédia que vitimou 242 jovens e deixou centenas de sobreviventes com sequelas e traumas que ficarão para sempre. Matheus viveu intensamente os seus 20 anos e somos gratos pelo filho dedicado e amoroso que foi e sabemos que ele sempre estará conosco. Somos muito gratos pelo carinho, amparo e consolo que recebemos nessa dura jornada de nossa vida. Pedimos que todos nós sejamos protetores da vida e que os locais em nossas comunidades sejam assegurados e protegidos para que incêndios não se verifiquem ou, se ocorrerem, haja dispositivos de combate e saídas de emergência. 28
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Para nós, as palavras de Paulo aos gálatas fizeram e fazem sentido, porque experimentamos o amor de Deus, manifestado por muitos irmãos e irmãs. Desejamos que o bondoso Deus abençoe a todos e todas. Prof. Nestor Raschen Diretor do Colégio Mauá Santa Cruz do Sul/RS
Pare e pense A história da águia A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos. Mas para chegar a essa idade, ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Aos quarenta anos, ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas, das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva, apontando contra o peito. As asas estão envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é muito difícil. Então a águia só tem duas alternativas: morrer ou enfrentar um doloroso processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o famoso vôo de renovação, para viver então mais trinta anos. Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um voo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos que nos causam dor. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que a renovação nos faz. Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo. (2 Coríntios 5.17) Enviado por Helga Schüneman Panambi/RS 29
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Adriana Tribess Rahn
7º Festival de Páscoa (Osterfest), em Pomerode/SC
Datas importantes
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04 – Dia Mundial de Oração (DMO) 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/ SC 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia da Pessoa com Deficiência Visual 19 – Dia da Escola 20 – Domingo de Ramos 24 – Quinta-Feira Santa 25 – Sexta-Feira Santa 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS 27 – Páscoa
A inteligência e o caráter são os verdadeiros objetivos da educação. Martin Luther King Março
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MARÇO
MARÇO
Jesus Cristo diz: Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês. João 15.9
Meditação Histórias entrelaçadas
U
Carla Grossmann
m grupo de crianças, adolescentes, mulheres adultas e idosas estava reunido no salão comunitário. Vieram decididas: havia muito material velho na sala do Culto Infantil e da OASE, e a sacristia, então, quanto lixo acumulado! Uma parte do grupo se reuniu na cozinha para preparar uma gostosa galinhada para ser saboreada depois da empreitada. Foram horas de trabalho. Todos os A memórias ternamente tecidas somam-se palavras-tecidos de sonhos lugares vasculhados, e tudo foi colocado no chão, no centro do salão. As pessoas se reuniram ao redor do monte de aparentes tralhas para decidir o que seria queimado. Uma criança pegou um tecido bordado com franjas muito bonito, bastante envelhecido: “Que lindo, mãe”, disse a criança. “O que é isso?” Uma senhora idosa segurou o tecido com emoção e falou: “Este foi nosso primeiro paramento de Natal. Fomos minha avó, minha mãe e eu que fizemos juntas. Vendemos ovos para comprar o tecido, e as linhas foram doadas pela OASE da comunidade vizinha. “Nossa, isso vai ser queimado?” Uma senhora encontrou um pano lindamente bordado com pontos antigos, com flores, pássaros e arabescos, e o versículo de João 11.25: “Eu sou a ressurreição e a vida”. Desgastado em alguns pontos, mas estava lá. Vários objetos foram sendo redescobertos: paramentos antigos, toalhas de altar, um lindo panô cheio de mãozinhas carimbadas de crianças, de um encontro paroquial de crianças, e tantas outras lembranças. Histórias foram entrelaçadas. As pessoas sentaram ao redor dos objetos, pegando ora um, ora outro, e assim foram tecendo e entrelaçando as memórias da comunidade. 31
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As pessoas sentaram em círculo, sem pressa de se livrar de tudo, e começaram a fazer uma tecelagem de histórias. Não com linhas e pontos, mas com palavras, memórias. Junto a essas memórias ternamente tecidas, foram somando-se palavras-tecidos de sonhos: “Que tal se a gente fizesse algo parecido?” Foi um dia diferente, celebrado com galinhada e histórias tecidas, feitas de lindos fios imaginários da memória, entrelaçados com outras cores novas, de sonhos e planos feitos de futuro. Muito dos materiais foi ressignificado. Foi usado nos altares, em panôs nas paredes do templo e das salas do Culto Infantil e da OASE, recuperados com carinho. Mas uma nova tecelagem estava sendo confeccionada: O PRESENTE, com ideias, trabalhos, atitudes especiais. Ao tecer histórias do passado e combiná-las com os sonhos para o presente e futuro, o próprio Cristo se fez presente a cada momento, dizendo: “Permanecei no meu amor”. Queridas irmãs, lembrar-se do passado com gratidão pelas pioneiras, também pedindo perdão pelos erros passados, pode nos ajudar a continuar tecendo as tramas da vida, a fim de que o desenho do Reino de Deus permaneça vivo e em movimento em cada pessoa que faz parte de nossa história e de nosso presente. Dinâmica: Sugiro, como momento de vivência, que cada mulher receba uma tira de tecido colorido (pode ser uma doação das costureiras, ou algo comprado em um balaio de descontos, tecidos coloridos e diferentes uns dos outros). Com essas tiras, vamos fazer um pequeno quadrado (ou quadrados) tecido, usando a técnica que seja próxima da realidade de vocês (tecelagem, crochê, macramê). Podemos fazer em pequenos grupos ou todas juntas. Esses quadrados podem ser colados em uma cartolina, onde vocês podem deixar escritos seus sonhos diaconais, seus planos, seus agradecimentos e seu louvor a Deus, que afinal é quem realizou e continua realizando essa bela tecelagem na vida de cada uma, de seus grupos e de suas comunidades. Paz e Bem! Oração: Deus, continua tecendo nossas vidas com os fios preciosos do teu amor por nós e pelo próximo e pela próxima. Mantém-nos unidas no teu amor. Amém! Pª Carla Grossmann Coronel Barros/RS 32
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Tecendo a superação Este é um pequeno relato do que faz a Associação Pandorga, em São Leopoldo/RS. De 1985 a 1990, estive com minha família em Genebra/Suíça, onde estudei Educação Especial e fiz três estágios, cada um de meio ano, em instituições para crianças e adolescentes com autismo grave. Naquele tempo ainda não se falava de autismo aqui no Brasil e tanto pediatras como neurologistas diziam que não havia autistas na região! Por que eles diziam isso? Porque ainda não sabiam diagnosticar o autismo e todos eram tidos como pessoas com deficiência intelectual. Fiquei sem ação, pois eu tinha aprendido que existem pessoas com autismo no mundo inteiro, independente de raça, cor, situação financeira. O que fazer? Então resolvi aceitar o convite da Irmã Hildegard Hertel de trabalhar no Departamento de Diaconia, o qual ela coordenava. Em 1990-1991 foi feito o primeiro levantamento dentro da IECLB das pessoas com alguma deficiência, sob a coordenação da irmã. Foi elaborado um questionário para saber se havia, quantos havia e como viviam as pessoas que faziam parte das nossas comunidades. Esse questionário foi enviado para todas as comunidades, aos cuidados da OASE. E nossas mulheres trabalharam! Foi um mutirão maravilhoso! Muita gente se deu conta de quantas pessoas, escondidas nas suas casas estavam sendo esArquivo Associação Pandorga quecidas pela igreja, pois elas não tinham presença física. Após essa ação comunitária, em julho de 1992 foi criado o Departamento para Pessoas com Deficiência (PPD), onde trabalhei até junho de 1995. E agora começa a história da Pandorga! Eu havia viajado muito pelo Departamento e sempre tinha a ideia que se devia criar um espaço para pessoas com autismo, as quais eu via durante as minhas andanças Algumas pessoas com autismo são muito carinhosas, ao contrário do que sempre se ouve. Aqui vemos o pelas comunidades da IECLB. En- Douglas, 10 anos, da Pandorga Criança, com sua tão, em outubro de 1995, comecei mãe Salete na parte inferior da minha casa a 33
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“Escola da Pandorga”, para aquelas crianças que eram tão diferentes que também numa APAE não davam certo. A Escola da Pandorga começou atendendo duas crianças, o Luciano e a Gabriela. Hoje, atendemos diariamente, de segunda a sexta-feira, 40 crianças e jovens com autismo grave. Grave significa que essas pessoas não conseguem se comunicar através de pa- Uma espiada na aula de artes, na Casa da Pandorga lavras, muitas usam fraldas, mesmo adultas, e não conseguem participar regularmente de um agrupamento maior de pessoas, isto é, escolas, empresas etc. Através de pesquisas realizadas recentemente, sabemos que cerca de 80% das pessoas com autismo têm, além do autismo, ainda uma outra “comorbidade” associada. Isto é, uma pessoa com autismo pode ter, além do seu autismo, uma psicose, uma deficiência intelectual, síndrome de Down, epilepsia, alterações de sono ou da alimentação etc. Devido à ampla variedade de sua apresentação clínica, o quadro, às vezes, demora a ser identificado pelo médico. O autismo, no entanto, caracteriza-se por três desvios básicos: 1) na comunicação (linguagem verbal e não verbal), 2) na interação social e 3) no comportamento (atividades e interesses restritos, estereotipados e repetitivos). Até hoje ainda não existem exames que detectam o autismo, portanto o diagnóstico é baseado na observação do comportamento da pessoa. O autismo tem muitos graus, desde muito leve até muito grave. Hoje, crianças com autismo leve conseguem participar de uma sala de aula para crianças típicas quando a escola tem algum entendimento sobre como lidar com a pessoa com autismo. O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas se modificam, outros aparecem e depois desaparecem, outros se amenizam, mas continuam presentes. A pessoa com autismo tem uma expectativa de longevidade comum, como qualquer outra pessoa. Por enquanto ainda não existe uma medicação específica para autismo. Temos, isto sim, medicações que aliviam os sintomas das comorbidades, que, geralmente, acompanham o autismo.
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A Pandorga, que começou há 20 anos numa parte da minha própria casa, conforme já relatei, hoje é proprietária de duas casas em São Leopoldo/RS, construídas com verba do exterior. A Pandorga Criança, situada no bairro Jardim América, atende, de segunda a sexta-feira, 12 crianças com autismo grave, na idade de três a 13 anos. Duas delas, além disso, são cegas e uma é totalmente surda. Das 12 crianças, nove usam fralda. Elas são atendidas por quatro educadoras formadas ou em formação na área da Pedagogia. A Casa da Pandorga, situada no bairro Rio Branco, atende 28 adolescentes e jovens adultos nas idades de 14 a 35 anos. Na parte da manhã, atendemos um grupo de 12, e na parte da tarde, um grupo de 16 pessoas com autismo grave. Assim como na Pandorga Criança, também nessa casa temos, para cada três atendidos, uma educadora. Assim como na Pandorga Criança, também nessa casa diversos adultos usam fralda. Para ambas as casas temos um plano de atividades bem definido, o que dá segurança e previsibilidade para a pessoa com autismo do que vai acontecer. A rotina e a previsibilidade são fundamentais para a pessoa com autismo. Qualquer mudança provoca angústia e um estresse enorme. Além do atendimento diário e regular nas duas casas, prestamos assessoria a familiares das pessoas por nós atendidas, além de orientação a pessoas de fora, entidades de ensino e prefeituras. Temos também nosso setor de formação, que desde 2008 oferece cursos em diversas áreas, sempre relacionados com autismo. Assim tivemos um curso de atualização no Programa Teacch, que é uma forma de ensinar a pessoa com autismo. Tivemos uma professora que trabalha em São Paulo e na Suécia com alfabetização de crianças com necessidades especiais e histórias sociais. A seguir, uma professora especializada da Austrália ensinou movimento e dança para crianças e jovens com autismo. Mais tarde, tivemos um curso sobre integração sensorial e autismo com um professor de Minas Gerais. Esses são alguns dos temas do ano que passou. Os cursos da Pandorga são muito procurados, especialmente por professores da rede regular de ensino que recebem alunos com autismo, mas não recebem a capacitação necessária para saber lidar com essas pessoas tão especiais. Gostamos de receber visitas, mas é bom dar uma ligada antes para combinar dia e hora da visita. Sejam todas e todos bem-vindos! Heide Kirst Coordenadora Geral da Associação M. Pandorga São Leopoldo/RS 35
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Celebração de Páscoa Abraço cheio de vida Preparação do ambiente: Construa uma gruta com cadeiras, panos ou papelão, conforme as possibilidades do local. A gruta deve ser grande, de tal forma que as pessoas possam entrar e circular dentro dela. Em último caso, deixe uma sala para representar a gruta e realize a celebração do lado de fora. Dentro da gruta, que deve estar com menos luz que a parte externa, coloque sinais de morte e destruição: panos velhos, fotos de pessoas sofrendo, armas de brinquedo ou palavras como fome, miséria, ganância. O grupo se reúne fora da gruta. Convide as pessoas para cantar uma canção de Páscoa. Faça uma oração, lembrando-se de agradecer a Deus pelo seu amor e por ter ressuscitado Jesus. Peça para alguém ler o texto bíblico de João 20.1-18. Olhando para dentro do túmulo, Maria fica de costas para a vida, que acontece do lado de fora. Ao virar-se, pela primeira vez, ela não reconhece Jesus, que a chama de mulher. Quando Jesus a chama pelo nome – Maria –, ela se vira novamente e então vê Jesus, vê o Senhor, reconhece seu Mestre e o abraça. Para onde nós olhamos? Para os lugares onde a morte deixou seus sinais, dentro de grutas escuras e frias? Quais são os sinais de morte do nosso tempo? O que temos dentro das grutas hoje? Convide as pessoas para que expressem sinais de morte com desenhos, palavras, objetos e coloque-os dentro da gruta também. Jesus nos convida a virar-nos para fora. A vida nos chama pelo nome e está pronta para nos abraçar. Convide cada pessoa a entrar na gruta e olhar os sinais de morte dentro dela. Enquanto uma pessoa está lá dentro, convide outra para que vá até a entrada da gruta, chamando quem está lá dentro pelo nome. Ao saírem, as duas pessoas se abraçam, e quem chamou diz uma palavra de ânimo e esperança para quem saiu. A pessoa que saiu fica próximo à entrada da gruta. Ela irá receber a próxima que sair. Todas as pessoas que saem vão formando uma fila, uma ao lado da outra, e recebendo com um abraço quem sai da gruta. Segue-se assim até que todas as pessoas foram chamadas pelo nome para receber um abraço cheio de vida.
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No fim, todas as pessoas formam um círculo virado para fora. De mãos dadas ou abraçadas, olhando para frente, dizem em conjunto: Cristo ressuscitou; a vida venceu a morte. Catequista Edson Ponick Fonte: Amigo das Crianças, ano 67, n. 10, 2004
Osterbaum – Árvore de Páscoa Arquivo pessoal
Páscoa é tempo de renovação. Páscoa é vida, ressurreição, esperança e alegria. A vida se renova a cada Páscoa: “Porque eu vivo, vós também vivereis” (João 14.19). A montagem da árvore de Páscoa – der Osterbaum, é um costume que nasceu na Alemanha, na antiga Germânia, e que hoje é conhecido e praticado em vários países. Na Alemanha, as famílias já se preparam para a Páscoa com muita antecedência. Como lá a Páscoa ainda é no inverno, onde ainda não há o brilho do sol, as famílias aprendem e cultivam que o sol deve ser trazido para dentro de suas casas. E as famílias fazem isso através da pintura dos ovos, através Adriana Tribess Rahn do colorido das tintas e dos brilhos das purpurinas. Os ovos já são preparados com muita antecedência para aquecer os meses de frio. E é justamente no final do inverno que, na Alemanha, são encontradas as árvores desprovidas de suas folhas nos jardins das casas, que parece que estão sem vida, mas que na realidade apenas estão passando por um momento de renovação, pois em breve aquelas mesmas árvores irão novamente florescer e embelezar os jardins das casas durante o verão. É o sinal da renovação da vida. O ovo da Páscoa é o maior símbolo do renascimento, que representa a fertilidade. Desde o século 12, na Alemanha, tem-se o costume de cozinhar o ovo e pintar de todas as cores para ser utilizado na decoração. E esses ovos podem ser pendurados em árvores, que ainda estão secas. Os ovos dão nova vida para as árvores secas, que é o Osterbaum. Enfeitar a árvore de Páscoa é uma tradição bastante antiga e carregada de simbologia. A árvore de Páscoa – Osterbaum representa o sentido cristão da 37
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Páscoa, ou seja, o despertar para uma nova vida, na ressureição de Jesus Cristo. Ela é montada com um galho seco, que simboliza a frieza e morte do sepulcro de Jesus Cristo. No momento de tristeza, encontramos a alegria de comemorar a vida. Nos galhos são colocadas cascas de ovos coloridas. Os ovos simbolizam a nossa vida. Ele simboliza que há vida dentro dele e dali ela brota, dentro do ovo está a vida nova, que surge para a luz do sol. As diferentes cores e enfeites retratam a alegria por essa nova vida. Cada cor também tem um significado. O vermelho representa o sangue de Cristo, o verde a esperança, o amarelo a luz, o branco a paz. Conforme a tradição, as famílias colocam o galho seco em suas casas na Quinta-Feira da Paixão, sem adereços, o que representa Jesus Cristo morto na cruz. E no Domingo de Páscoa, pela manhã, quando ocorre a ressurreição, os galhos são enfeitados com as cascas de ovos coloridas. Na cidade de Pomerode/SC, conhecida como a cidade mais alemã do Brasil, em 2015 aconteceu a 7ª edição da Osterfest – Festival de Páscoa, que pode ser resumido como um evento que encanta, diverte e resgata antigas tradições. A população local enfeita o comércio, jardins e suas casas com árvores Arquivo pessoal
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de Páscoa. Nesse ano foi montada a árvore de Páscoa com mais de 80.000 casquinhas. A árvore de Páscoa foi montada com auxílio de voluntários. Durante o evento, há diversas atrações como a Ostermarkt – Feira de Páscoa, concurso de pintura em casca de ovos, passeio ciclístico com bicicletas decoradas, entre outras atividades. Para manter a tradição, a população traz casquinhas de ovos para o evento, elas são utilizadas nas oficinas de pintura de casquinhas. Também conhecida por sua forte religiosidade, Pomerode mantém a celebração ao modo dos costumes germânicos com ampla programação nas igrejas. Que tal você montar a sua árvore de Páscoa – Osterbaum?! É bem fácil, segue os passos abaixo. 1 – Semanas antes da Páscoa, reserve cascas de ovos; faça apenas um furo pequeno pelo qual sai o ovo. Lave-as e deixe-as secar de cabeça (furo) para baixo. 2 – Pinte as cascas com tinta plástica ou outra tinta. Podem ser usadas também cascas de plástico. 3 – Recorte tiras finas e também pequenos círculos de papel branco ou outro material: tampe o furo colando por cima os círculos e das fitas faça alças que também serão coladas na parte superior dos ovos. 4 – Na Sexta-Feira Santa, coloque em um vaso um galho totalmente seco, sem nenhuma folha, deixando-o exposto em local visível na casa, e no Domingo de Páscoa, ao levantar, ornamente-o pendurando os ovos. Ou você também pode montar sua árvore no jardim de sua casa. 5 – A árvore de Páscoa pode ser retirada a partir do segundo domingo após a Páscoa. A Páscoa é uma data muito especial, simboliza esperança e renovação. Que Deus possa nos abençoar nesta Páscoa e que a luz de Cristo brilhe todos os dias para inspirar nossas vidas. Que esta seja uma Páscoa cheia de bênçãos, com muita fé, esperança e amor. Adriana Tribess Rahn Pomerode/SC Inspirados nesse belo exemplo, grupos de OASE, comunidades, escolas, grupos de juventude são desafiados a tomar a iniciativa e resgatar uma tradição tão significativa para a cristandade.
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Arquivo IECLB
IECLB nas novas áreas de colonização – Lucas do Rio Verde/MT
Datas importantes
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07 – Dia Mundial da Saúde 09-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE, em Curitiba/PR 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero
Pouca coisa é necessária para transformar uma vida: amor no coração e um sorriso nos lábios.
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Vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. 1 Pedro 2.9
Meditação Gratidão pelo caminho e caminhantes!
O
meu caminho de fé é partilhado por muitas pessoas que foram e são presenças e exemplos essenciais e marcantes para que eu viva e testemunhe o evangelho de Jesus Cristo e o sacerdócio real de todos os crentes. Entre eles, os irmãos e as irmãs da comunidade da IECLB de Cuiabá/MT, meu pai, minha família, ministros e ministras. Porém a pessoa que foi meu maior exemplo e literalmente segurou a minha mão a percorrer comigo o caminho da fé foi a minha mãe Iris Helena Pedrotti. Minha mãe, por sua vez, foi conduzida em especial por sua avó materna, Hulda Scherer Jonhansen (in memoriam), que teve a sua história registrada no livro Mulheres que fizeram a diferença, lançado pela OASE em 2009. É importante ter gratidão pelas pessoas que nos ensinaram a andar, que pegaram na nossa mão, que nos alimentaram na Palavra de Deus, ou que por meio do exemplo nos ensinaram a vivenciar a nossa fé em nossa caminhada na igreja. Acompanhei a atuação da minha mãe na igreja com mais entendimento na Comunidade Evangélica Luterana de Cuiabá e junto a líderes de Culto Infantil. Exerceu também funções no presbitério da comunidade e na diretoria da Paróquia de Cuiabá. No Sínodo do Mato Grosso, atuou como vice-presidente da OASE Sinodal. Na instância nacional, foi membro do Conselho Diretor da IECLB por dois anos; vice-presidente do Concílio da IECLB por duas gestões e presidente do Concílio da Igreja. Ensinamos pelo exemplo, assim o testemunho da minha mãe foi fundamental, pois na vivência diária observei-a na sua dedicação à igreja, no testemunho diário do amor de Deus, na sua atuação como profissional da educação básica do Mato Grosso e ainda como mãe, tentando nos educar de forma justa a mim e minhas três irmãs. Na Comunidade de Cuiabá, outra pessoa importante para a minha caminhada foi Ema Marta Dunck Cintra. Além de admirar sua atuação e 41
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sua dedicação à igreja, ela por diversas vezes percorreu comigo o caminho, pegando-me pela mão e lembrando-me por meio de gestos concretos como é importante celebrar e fortalecer nossa fé por meio da vida comunitária. Ema também exerceu importantes funções na igreja. Ela, ainda que não saiba, por inúmeras vezes foi meu esteio nos momentos de tristeza e desânimo, restaurando e fortalecendo em mim a vontade de testemunhar de fato o sacerdócio geral de todos os crentes. Penso que Deus colocou no meu caminho muitos anjos, minha mãe e a Ema são alguns desses, mas há muitos outros. Sou grata a Deus pelas pessoas com as quais caminho na construção do reino de Deus. Às vezes, quando reclamo que faço muitas coisas e me sobra pouco tempo, lembro-me do exemplo delas, que sempre acharam tempo para tudo, com especial atenção para a IECLB, não pela obrigação em fazê-lo, e sim em gratidão pelas bênçãos recebidas. Assim quero homenagear e agradecer a todas as mulheres da minha comunidade, que por meio dos seus diferentes e importantes dons fazem a diferença e são exemplos de mulheres de fé na IECLB, em seus lares e na vida cotidiana. Vivenciamos juntas a nossa fé em comunhão nos momentos de tristeza e desânimo, mas também na renovação da esperança no amor de Deus para com suas filhas e filhos. Imitar as pessoas que são meus exemplos professando a fé em Cristo Jesus é para mim motivo de gratidão a Deus, pois, como lemos no texto de Hebreus 13.7: “Lembrem dos seus primeiros líderes espirituais, que anunciaram a mensagem de Deus a vocês. Pensem como eles viveram e morreram e imitem a fé que eles tinham”. Dinâmica para trabalho em grupo: A dinâmica começa com a produção de pés. As participantes desenham o contorno dos pés em papéis coloridos, depois recortam e constroem um caminho com pelo menos cinco passos. Após essa construção, primeiramente sozinha, cada participante deve trilhar o caminho e refletir sobre sua caminhada de fé, orientando-se nas seguintes perguntas: 1º passo – Quem me conduziu inicialmente para vivenciar e conhecer o Evangelho de Jesus Cristo? 2º passo – Quem me ensinou a andar por esse caminho? (na família e na comunidade) 3º passo – Quem me deu pão e água (alimento) para que eu tivesse forças para trilhar o caminho? (na família e na comunidade) 4º passo – Quem eu auxilio na caminhada da construção do Reino de Deus? (na família e na comunidade). 42
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Após os quatro primeiros passos, cada participante fala com o grupo sobre sua reflexão e conta, em breves palavras, a história das pessoas que são ou foram fundamentais em sua caminhada de fé. Canto: HPD 2 – Hino 237 5º passo – Gratidão: Oração de agradecimento pelas pessoas que nos acompanham. Profª Drª Débora E. Pedrotti Mansilla Rondonópolis/MT
Tecendo o voluntariado Voluntariado é o que se faz por vontade própria, adere, serve, com capricho, com amor, alegria no coração! É assim que me sinto nesse abençoado trabalho voluntário que faço na OASE em todos os lugares e situações! Em Timbó/SC, a OASE tem um hospital e maternidade há 78 anos, que começou com o trabalho da esposa do pastor e senhoras voluntárias, que ajudavam a cuidar das pessoas enfermas e auxiliavam as famílias no nascimento das crianças. A demanda cada vez maior de pessoas buscando cuidados trouxe a necessidade de buscar auxílio de pessoas com conhecimento na área da saúde. Vieram então para o Brasil as senhoras voluntárias conhecidas como “Schwester” (irmãs). Elas foram pessoas de valor inestimável para toda a comunidade e região, cultivando profundos laços de amizade e estima nas famílias, não apenas como parceiras, mas também por serem perseverantes na oração, dando o seu testemunho de fé e amor a Jesus Cristo! Em 1968 iniciou a construção do hospital anexo à maternidade que já existia. Veio então a necessidade da contratação do primeiro médico, Dr. Romariz Wolmer Jacques, que está conosco até hoje prestando seus relevantes serviços à comunidade. Nesse mesmo ano também cheguei a Timbó/SC, encontrei emprego e continuei meus estudos, e logo senti que poderia participar nessa preciosa e bela caminhada da OASE. De família católica praticante, tio padre, tias freiras, foi através do casamento que ingressei na Igreja Evangélica de Confissão Luterana. Nessa época a senhora Beate Weingärtner, esposa do então pastor Nelso Weingärtner, convidou-me para trabalhar com o culto infantil, e esse convite mexeu comigo. Nas minhas incertezas, dúvidas, temores, lembrei-me das palavras do meu avô materno ao contar-lhe sobre a minha decisão de casar na igreja luterana. Disse ele: “Filha, eu estou velho e cansado, mas você é jovem e tem 43
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uma vida pela frente; porém não te esqueças de Deus e dos ensinamentos que até aqui recebeste!” (Salmo 37.5). “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará.” Nessa caminhada na igreja pude colocar meus dons a serviço de Deus e do próximo de várias maneiras: participando do coral, culto infantil, grupos de meditação, visitas, grupos de OASE e família. Muitas amizades surgiram e cresceram. Para manter o Hospital e Maternidade OASE de portas abertas, quando vários hospitais de cidades vizinhas estão fechados, muito trabalho vem sendo realizado. Campanhas de alimentos, contribuição na conta de energia elétrica, venda de cucas, cafés, trabalhos maTeresinha Metzker nuais, bazar de roupas etc. Muitas vezes essa caminhada é árdua, e há tempos de remover pedras do caminho. Essa também foi função das senhoras da OASE, para administrar essa casa, porém sempre tivemos o apoio de todas as senhoras dos grupos da OASE, empresários, médicos, funcionários, clubes de serviços, enfim toda a comunidade. Esses sempre tiveram um olhar especial para o hospital e acreditam na nossa honestidade e transparência de contas e trabalhos prestados. Ao longo dessa caminhada, entendo que o voluntariado é um trabalho geralmente silencioso, que muitos não veem, mas que sua realização faz a diferença em muitos momentos. Organizar um ambiente com toalhas, flores e cadeiras, preparar o alimento para um grupo de trabalho, abrir uma porta, lavar, limpar, coletar, entregar, separar, organizar, podem parecer ações sem muita importância, mas com certeza, se não forem realizadas com afinco, objetividade e muito amor, vários acontecimentos ao longo de nossa história não teriam passado de um sonho, sem a prática necessária. Exercer o voluntariado é enxergar onde posso colocar dons a serviço do próximo, demanda ação e doação. Ao longo dessa jornada já pude dar um pouco de mim, mas com certeza recebi muito mais de Deus em amizade, carinho e amor de todos que encontrei. Há 47 anos, no dia do nosso casamento, recebemos o versículo bíblico de João 14.6 que diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém pode chegar ao Pai senão por mim”. Durante todos esses anos, esse versículo tem me acompanhado, e procuro sempre Deus através da oração, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele não nos abandona e novamente aponta um caminho a seguir.
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Sinto-me uma pessoa abençoada, porque recebi de Deus muitas dádivas e porque, através de minhas ações e com o auxílio dos que fazem parte de minha história, família, amigos, grupos e pessoas que passam por minha vida, muito ainda posso fazer com alegria no coração e muita disposição. Teresinha Metzker Timbó/SC
Compartilhando experiências Migração com fé, amor e clamor! Nasci em Ubiritama/RS, mas passei minha infância e juventude em Santo Ângelo/RS, onde participava da comunidade e em retiros na Casa de Retiros em Itaí, sempre buscando uma melhor formação cristã. Após um retiro em 1972, parti para estudar em Londrina/PR, na Escola Bíblica do IEL – Instituto Evangélico Luterano, cujo diretor na época era o pastor Jaime Hougen. Ali conheci meu esposo Ronald Celso Schwebel (natural de Palmeira/PR), que na ocasião cursava o 3º ano do referido curso. Ele, depois, foi trabalhar na Paróquia de Ponta Grossa/PR como assistente paroquial, auxiliando em todos os trabalhos naquela paróquia, sob a orientação do pároco pastor Peter Mathiasen. Terminei meu curso em 1974, casamos, moramos um ano em Ponta Grossa/PR, voltamos para Londrina/PR, trabalhamos na Escola Bíblica por dois anos e meio. Depois mudamos para Campinas/SP e, antes de vir ao Mato Grosso, moramos em Pérola Independente, em Palotina/PR. Em todas essas localidades, sempre atuamos nas comunidades como leigos. Meu esposo realizava cultos e eu trabalhava com as crianças no ensino confirmatório e, às vezes, liderava a OASE. Lucas do Rio Verde/MT, a 360 km da capital Cuiabá, nasceu, cresceu e continua avançando através da migração de pessoas de todas as regiões do Brasil. Esse município surgiu através de um projeto do INCRA (Reforma Agrária). Sem a produção, muitas famílias abandonaram o projeto, vendendo os 200 hectares que ganharam do INCRA, algumas venderam por uma cesta básica ou por uma passagem de retorno às suas raízes. Vindas de Ronda Alta/ RS, 242 famílias foram contempladas pelo projeto. Hoje, pelas estatísticas, não há nem cinco famílias desses beneficiados. Meu esposo e meu sogro vieram para comprar terras. Assim viemos parar aqui, com três filhos pequenos (sete, cinco e três anos de idade) há 30 anos, quando só existia a rodovia BR 163 (Cuiabá-Santarém), ainda sendo asfalta45
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Desafios das novas áreas de colonização Arquivo pessoal
da, e algumas casinhas na pequena vila na beira do Rio Verde, mas era um grande sonho dos primeiros habitantes. Terra de cerrado, cujo manejo de terra era desconhecido, não produzia praticamente nada do que se plantava no Sul do país. Hoje são terras altamente produtivas. As dificuldades foram muitas. A escola para os filhos era precária, então a assumi até mudar para a cidade. Desde 1984, com uma pequena área de 200 hectares, fora da área do projeto, a 65 km da sede, ficamos na zona rural até 1989 e então nos mudamos para a cidade, que nessa época já se tornara município. No primeiro ano, meu esposo caiu do telhado de um barracão. Desacordado, arrastei-o para o carro e o levei a Sinop/MT, a 200 km. Eu não conhecia nada. Foi aí que me lembrei de um casal membro da igreja (amigos do Sul) que havia acabado de chegar. Gentilmente ela ficou com as crianças e ele me acompanhou. Jamais esquecerei esses irmãos! Ainda sou grata a Deus por essa providência. O hospital não nos atendeu porque, na pressa, não levei documentos nem dinheiro. Tudo tinha que ser resolvido em Diamantino, a 240 km. Numa ocasião, meu esposo voltava de ônibus e fui aguardá-lo a 9 km de casa. Passei, da meia-noite até o clarear do dia, na beira da estrada com as crianças no carro, lugar perigoso. Durante todo esse tempo, escutava a HCJB, e a Palavra de Deus me fortalecia e encorajava: o Senhor estava conosco. Passavam muitos carros, caminhões, mas nada de ônibus. Resolvi voltar, e quando o sol já ia alto, ele chegou a pé em casa. Logo que saí, o ônibus passou, havia quebrado no caminho. Isso aconteceu porque simplesmente não havia como se comunicar. Em outra ocasião, meu marido foi a Diamantino de carro. Na volta, estouraram dois pneus. Ele chegou em casa rodando só sobre os aros das rodas. Certa vez, eu dava carona a uma pessoa com deficiência e seu filho, e uma 46
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roda dianteira do carro se desprendeu do carro e foi deslizando, parando em um barranco. A mão poderosa de Deus nos cuidou: só danos materiais. Em outro momento, o volante ficou solto em minhas mãos. Enfrentamos essas e muitas outras situações, mas o Senhor nos cercava com seus anjos, pois sempre dependemos dele. Não podemos deixar de falar e testemunhar desse Deus que tem sido nosso refúgio e fortaleza, bem presente nas tribulações. Nas primeiras semanas em Mato Grosso, em setembro de 1984, realizou-se o primeiro culto em uma pequena capela construída pelos primeiros luteranos aqui chegados, que até aquela ocasião realizavam os cultos em residências, atendidos pelo pastor da Paróquia de Sinop, a 140 km. Logo comecei a dar Escola Dominical, em um bosque, à sombra das árvores, enquanto era celebrado o culto. Desmembrados da Paróquia de Sinop, as comunidades de Sorriso, Lucas e Nova Mutum formaram a Paróquia de Lucas; isso há 15 anos. Ela ficou um tempo sem pastor e nós atendíamos as comunidades de Sorriso, pontos de pregação Boa Esperança, Santo Antônio do Rio Bonito e Nova Ubiratâ. Em um fim de semana, viajávamos mais de 500 km para esses trabalhos. Ronald realizava os cultos e eu assumia os trabalhos de Escola Dominical. Lucas também tinha dois pontos de pregação além da sede. A Comunidade de Nova Mutum também tinha um ponto de pregação distante, que hoje é o município de Santa Rita de Trivelato. Havia também a colaboração de outros pregadores leigos. Esporadicamente vinha um pastor suprir essas lacunas. E com o passar do tempo, Sorriso, Nova Mutum e Lucas se tornaram paróquias independentes, todas dentro do Sínodo Mato Grosso. Além de outras dificuldades, as distâncias para esses trabalhos sempre foram desafiadoras, principalmente nos primeiros anos, com estradas de chão. Acidentes nessas estradas eram muito comuns. Desde o desmembramento da Paróquia de Sinop, sete pastores atuaram na Paróquia de Lucas. Tivemos muitos trabalhos evangelísticos; alguns missionários comprometidos voltavam sempre para cuidar do seu rebanho. Escola Bíblica, Jumirim, Retiros de Jovens, Encontro de Mulheres, Encontro de Homens, Encontro de Famílias – sempre trazendo renovação aos cansados e desanimados. Meu esposo desde então tem participado no Conselho Sinodal de Mato Grosso. Deus ouviu nosso clamor e nos guiou por esses caminhos áridos alicerçando cada vez mais nossa fé e dependência nele. Odete Nelda Henning Schwebel Lucas do Rio Verde/MT
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Culto de instalação da Pª Márcia H. Hülle como assessora teológica da OASE, em Rodeio 12/SC, março de 2015
Datas importantes
M A I O
01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da 1ª Comunidade Evangélica do Brasil, Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 05 – Ascensão do Senhor 08 – Dia das Mães Dia da Cruz Vermelha Internacional 11 – 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, na Europa 15 – Pentecostes 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE 26 – Corpus Christi
Maior do que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado. Maio
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MAIO
MAIO
Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus. 1 Coríntios 6.19
Meditação Sempre lindas
P
reparação do encontro: Levar vários produtos de beleza (perfume, maquiagem, esmalte), uma roupa, um sapato, um colar... Preparar os textos bíblicos antecipadamente, copiar ou imprimir os versículos para serem lidos por diferentes mulheres durante a dinâmica do encontro. Saudação: Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus. Oração: Querido Deus! Obrigada por teres nos dado a vida e o corpo que temos. Obrigada por que desde o Batismo, o teu Santo Espírito habita em nós. Obrigada por teres nos acolhido como tuas filhas! Saber que pertencemos a ti enche-nos de paz. Ajuda-nos a enxergar e estimar a beleza que vai além das aparências. Ajuda-nos a ser belas aos teus olhos! Amém. Diálogo: 1. Qual a parte do seu corpo que mais gosta? Por quê? 2. Quem quer ser/estar bonita? 3. O que usamos para nos embelezar? (Mostrar e comentar os itens trazidos: cremes, perfumes, maquiagem, brilho, batom, esmalte, roupa/ calçados...). Refletir: A beleza exterior é muito valorizada em nossa sociedade. Querer ser belo é inerente ao ser humano. Hoje quero convidá-las a fazer um tratamento de beleza à moda bíblica. Uma beleza que não diminui com a chegada da idade. Ao contrário, ela tende a se aperfeiçoar e nos tornar sempre mais belas. Estão interessadas? Então, iniciemos nosso tratamento de beleza! 49
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1. O primeiro passo é a LIMPEZA INTERIOR (ler Provérbios 4.20-27). Queridas amigas! O texto recomenda que cuidemos do que guardamos no coração, por que dele procedem as fontes da vida. Dele é necessário retirar toda amargura, frustração, mágoa e rancor. Jesus adverte que o mal vem de dentro do coração (ler Marcos 7.14-23). Por isso faz-se necessário pedir que o Espírito Santo faça uma limpeza profunda em nosso interior e remova tudo que possa comprometer nossa real beleza. 2. JOVENS PARA SEMPRE: Feita a limpeza interior, tratemos de cuidar para não envelhecer! Certamente vocês conhecem pessoas de idade avançada, mas que têm alma jovem. E o contrário também: pessoas de pouca idade, mas que não se permitem abrir a mente, renovar seus conceitos, aprender coisas novas. A mente exerce um grande poder sobre nós. Paulo fala em transformação pela renovação da mente (ler Romanos 12.2). Renovar a mente faz mais efeito que as operações plásticas que concertam ou pioram apenas o que é exterior. Mantém-nos jovem encher a mente de pensamentos positivos (ler Filipenses 4.8) e preenchê-la com a Palavra de Deus (ler Colossenses 3.16). Aí se encontra o verdadeiro segredo da eterna juventude! 3. Muito importante é o uso do ÓLEO PRECIOSO para hidratar nossos relacionamentos (ler Salmo 133). Esse é o óleo da união, do amor, do perdão, da paz. Óleo que lubrifica os relacionamentos, fluindo como ingrediente para uma convivência saudável. Ele é essencial para a nossa beleza. Para entender sua importância, basta que a gente reflita sobre como fica a nossa feição quando estamos brigadas, magoadas com alguém... 4. O BATOM que mais embeleza nossos lábios é o louvor (ler Salmo 34.1). O salmista recomenda usar esse batom sempre. Evitar palavras ferinas, negativas ou hábitos da murmuração. Enfeitar os lábios com palavras positivas, de conforto e de encorajamento que animam pessoas abatidas e glorifiquem a Deus (ler Salmo 19.14). 5. BRILHO – O tempo que passamos com Deus dá brilho à vida. Que o diga Moisés (ler Êxodo 34.29)! Uma frase atribuída a Michel Quoist ensina o segredo da verdadeira beleza: Para ser bela, para um minuto diante do espelho, cinco minutos diante da sua alma e quinze minutos diante de Deus.
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MAIO
6. A MAQUIAGEM que mais embeleza a face é a alegria (ler Provérbios 15.13). 7. Ter mãos bonitas também é muito especial. Por isso é necessário o uso de CREME PARA AS MÃOS (ler Provérbios 31.20). A Bíblia ensina que a beleza, que o adorno das mãos está no servir ao próximo. Mãos bonitas são mãos que trabalham, que constroem, que ajudam, que se estendem a todo tempo em favor de quem necessita. 8. Em geral, nós mulheres gostamos muito de CALÇADOS. Porém a beleza dos pés não está nos calçados, mas nos caminhos que eles trilham (ler Provérbios 4.26-27). Pés bonitos andam por caminhos direitos (ler Isaías 52.7). Pés formosos são pés que se põem a caminho para levar a boa notícia da salvação. 9. TRAJE: Qual é a nossa roupa preferida? (Ler Efésios 6.14-15.) O apóstolo Paulo recomenda que nos vistamos com a verdade e a justiça. De nada adiantam roupas novas e finas se debaixo delas se escondem mentiras e injustiças. 10. PERFUME: Mais cheiroso que Natura e Boticário é o bom perfume de Cristo (ler 2 Coríntios 2.14-15). É diferente das outras essências cujos frascos precisam ser bem lacrados para não exalar o aroma. Neste o “vaso de alabastro” (a nossa casca grossa) tem que ser quebrado para perfumar o ambiente. 11. Pronto! Já estamos prontas! Falta apenas uma orientação de ETIQUETA SOCIAL sobre como nos comportar diante de outras pessoas (ler 1 Co 13.45). O AMOR é regra básica de toda boa convivência. Sem ele nada tem valor. E com ele é possível nos apresentarmos com nobreza em qualquer ambiente. Amadas irmãs! Nosso corpo é templo do Espírito Santo! Cada parte dele foi moldada com amor pelo nosso Criador. Cuidar bem do nosso corpo é nossa responsabilidade. Porém, como mulheres cristãs, sabemos que a beleza do ser humano vai além das aparências. Que saibamos valorizar aquilo que faz de nós pessoas realmente cheias da beleza que não se acaba com o passar dos anos. Estudemos a Palavra com gosto, deixemos o Espírito Santo agir em nós e sejamos cada dia mais belas! Amém. Pª Nádia Cristiane Engler Becker Marechal Cândido Rondon/PR Adaptação de um folheto intitulado “Mulher Cristã”.
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Tecendo a maternidade Os filhos são um presente do Senhor; eles são uma verdadeira bênção. Salmo 127.3 Arquivo pessoal
Durante muitos anos sonhei em ser mãe. Mas, como casei com 35 anos, achava que isso não seria mais possível. Meu marido sempre foi apaixonado por crianças e queria muito ser pai. Como não conseguia engravidar, procurei ajuda médica e logo veio a boa notícia: eu estava grávida. Mas, com oito semanas, tive um aborto espontâneo. Sofremos, lamentamos e eu chorei muito. Mas não desistimos. Continuei o tratamento e cinco meses depois veio a segunda gravidez. Porém perdi meu bebê com seis semanas. Nos dois casos houve a fecundação, mas os fetos não se desenvolveram. Por esse motivo, vieram os abortos. Naquela ocasião parecia que o sonho havia acabado. Afinal, eu já estava com 40 anos. O ginecologista que me acompanhou pediu uma série de exames, nos quais ficou constatado que não havia problemas genéticos. Aquilo nos animou a tentar mais uma vez. Logo veio a terceira gestação e com ela muito medo de sofrer mais uma vez. O primeiro ultrassom, com sete semanas, foi um momento de ansiedade. Logo perguntei para a médica: – O coração está batendo? Então ela nos deixou ouvir o coraçãozinho do nosso bebê, batendo forte e rápido. Não é possível descrever a emoção. Ali, pela primeira vez, vi meu marido chorar. Depois de quatro meses, o medo voltou a nos fazer companhia. A placenta não subiu e minha gestação passou a ser de risco. Poderia vir sangramento e aborto a qualquer momento. Mas havia um exército de irmãos na fé orando por nós. Por isso o sangramento só ocorreu com 36 semanas, o que o médico considerou um milagre. Fiquei duas semanas de repouso. E com 38 semanas, finalmente chegou a hora de Estela, nossa menininha, nascer. Sabíamos que o parto seria difícil, devido à placenta prévia. Por isso Alencar (meu marido) não pode ficar ao meu lado no momento do parto. Mas ficou do outro lado da parede assistindo tudo pelo monitor de TV. Só que o parto foi mais difícil do que o esperado. Quando, finalmente, o médico conseguiu tirar a Estela, ela já estava morta (os médicos chamam isso de parada cardiorrespi52
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MAIO Arquivo pessoal
ratória). Então a colocaram em cima da maca ao meu lado. Quando olhei e vi que ela não respirava, senti a dor mais intensa da minha vida. Quase insuportável, chorei muito. Mas não fiquei desesperada. Eu, Alencar e Estela éramos carregados em oração. O Deus no qual cremos é o Deus da vida. Por isso, enquanto a pediatra e a equipe de enfermeiros tentavam reanimar a Estela, clamei uma infinidade de vezes: Senhor, deixa minha menininha respirar. Foi então que olhei bem para ela e falei assim com Deus: Senhor, os médicos estão fazendo o seu melhor. Mas tu és o doador da vida. De nada adianta o que eles estão fazendo se tu não devolveres a vida para minha filha. Se for da tua vontade que ela viva, ela viverá. Eu nem tinha terminado a frase e a Estela deu o primeiro gemido, depois outro, e mais outro. Até que, enfim, abriu o berreiro. Foi o choro mais lindo que já ouvi. Então meu choro, que era de tristeza e angústia, se transformou em choro de alegria num piscar de olhos. A pediatra não a trouxe para perto de mim, pois ela estava gelada e precisava ser aquecida. Eles a levaram da sala de parto para a incubadora, mas eu sabia que a partir daquele momento o pai não tiraria mais os olhos dela. Enfim, Deus nos deu a Estela com vida e sem nenhuma sequela. Ela não precisou de UTI e em dez minutos estava completamente reestabelecida. A pediatra não cansava de dizer que tinha sido milagre e que nunca tinha presenciado um caso assim. Eu e Alencar testemunhamos que de fato foi milagre. Pois nós cremos e confiamos no Deus da vida. Naquela mesma noite, trouxeram a Estela para o quarto, e ela passou a noite conosco. Os pais corujas não pregaram os olhos. Ficamos olhando para ela e agradecendo a Deus a noite toda. Seremos sempre gratos a todos que oraram por nós. Concluo afirmando que a experiência da maternidade me ensinou que podemos confiar em Deus em todos os momentos. Ele faz milagres onde existem joelhos dobrados em oração. Depois de viver tudo isso, já em casa, eu e meu marido oramos segurando a Estela nos braços: Deus amado, a Estela é tua, nós a consagramos a ti. Obrigado por nos deixares cuidar dela. Ajuda-nos a cumprir bem nossa tarefa. E obrigada pelo milagre da vida de nossa filhinha. Escrevo meu testemunho em espírito de oração. Clamando a Deus que use o que aconteceu comigo para fortalecer a fé daquelas que lerem essa mensagem. Para animar aquelas que estão esperando um milagre de Deus, para ter um filho. Continuem orando e buscando a Deus, porque para ele nada é difícil demais. Miss. Silvia Weingärtner Lhulhier Taió/SC 53
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Dia das mães Poetizando Maio chegou, trazendo, junto com ele, o desafio de prepararmos algo especial para o Dia das Mães. A proposta a seguir convida mães, filhos e filhas para serem autores de uma poesia que pode continuar ao longo do ano, cada vez que sentirem vontade de escrever ou dizer algo especial um para o outro ou uma para a outra. Esta dinâmica pode ser realizada em sua casa ou ser incluída em uma homenagem ou celebração na escola ou na igreja. Material: 1. Um aparelho de Cd (opcional) 2. Um Cd com música suave instrumental (opcional) 3. Um bloco de cartas 4. Duas canetas 1. Ao som de uma música suave, leia para a sua mãe esta poesia de Carlos Drumond de Andrade: DESEJOS Desejo a você Fruto do mato Cheiro de jardim Namoro no portão Domingo sem chuva Segunda sem mau humor Sábado com seu amor Filme do Carlitos Chope com amigos Crônica de Rubem Braga Viver sem inimigos Filme antigo na TV Ter uma pessoa especial E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico Frango caipira em pensão do interior Ouvir uma palavra amável Ter uma surpresa agradável Ver a Banda passar Noite de lua cheia Rever uma velha amizade Ter fé em Deus Não ter que ouvir a palavra não Nem nunca, nem jamais e adeus Rir como criança Ouvir canto de passarinho Sarar de resfriado Escrever um poema de amor
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MAIO
Que nunca será rasgado Formar um par ideal Tomar banho de cachoeira Pegar um bronzeado legal Aprender uma nova canção Esperar alguém na estação Queijo com goiabada Por do sol na roça Uma festa Um violão Uma seresta
Recordar um amor antigo Ter um ombro sempre amigo Bater palmas de alegria Uma tarde amena Calçar um velho chinelo Sentar numa velha poltrona Tocar violão para alguém Ouvir a chuva no telhado Vinho branco Bolero de Ravel E muito carinho meu.
2. Após a leitura, inspirados e inspiradas na poesia acima, mãe, filho ou filha criam uma poesia própria. Começam pensando sobre o que desejam um para o outro ou uma para a outra e escrevam esses desejos no bloco de cartas. Não é preciso que façam um texto muito longo, como o de Drumond, mas é importante que algumas linhas sejam escritas e que cada linha seja identificada, ou seja, uma pessoa começa a primeira frase, escrevendo: Desejo a você, mãe..., e quando for a vez da mãe escrever, ela começa: Desejo a você, filho(a)... 3. A ideia é que a poesia comece no Dia das Mães e continue sendo escrita ao longo do ano. Para isso é importante escolher um lugar, sempre à mão, onde o bloco possa ficar para que palavras carinhosas possam virar poesia. Cat. Maria Dirlane Witt São Leopoldo/RS Fonte: Amigo das Crianças, Ano 67, n. 14, 2014
Bênção: Deus te dê para cada tempestade um arco-íris, para cada lágrima um sorriso, para cada preocupação uma perspectiva. Deus te dê uma ajuda em cada dificuldade e uma resposta para cada oração. E assim te abençoe o Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
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Poesia Pentecostes Somos testemunhas do teu poder, da tua sensibilidade e do teu amor. Caminhamos até o fim do mundo pregando o Evangelho. Somos comunidade do caminho, do compromisso e da solidariedade. Teu fogo como chama viva, se espalha, nos compromete, nos faz comunidade. Teu Santo Espírito está sobre nós. O Emanuel bendito nos consagra para levar a boa notícia aos pobres. Anunciar liberdade aos presos, levar visão aos cegos. Por em liberdade os oprimidos e anunciar o ano aceitável do Senhor. Por isso, Jesus, não podemos ficar olhando para o céu. Devemos percorrer o caminho do compromisso e da ação. Teu Espírito, Jesus, é fogo, calor que aviva, compromete e desperta. Leva-nos ao mundo, identifica-nos com os que sofrem, com os marginalizados. Pentecostes é poder e amor, solidariedade e luta; é vida em abundância, para que o mundo creia, para que veja o quanto nos amamos e o quanto o amamos. Teu Espírito é consolador, libertador, de tua comunidade. Acompanha-nos por todo o mundo, em nossos atos, em nosso compromisso de todos os dias com aqueles que sofrem. Com os pobres, com o teu povo. Pentecostes é a alegria da igreja viva que caminha! Enviado por Iris Butzke Blumenau/SC
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Placa na entrada da cidade de Três de Maio/RS, uma iniciativa do grupo da OASE (Com a presença do Pastor Presidente da IECLB P. Dr. Nestor Paulo Friedrich, em 2012)
Datas importantes 04 – 1743 – 1ª Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 10 – Dia do Pastor/da Pastora 11 – 1948 – Fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de São João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo
Não é justo nem aconselhável agir em desacordo com a própria consciência. Martim Lutero
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JUNHO
O Senhor é o meu forte defensor; foi ele quem me salvou. Êxodo 15.2
Meditação Meu amparo, meu consolo
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Arquivo pessoal
ecebemos de Deus um presente valioso: a vida, sim a vida. Já paramos por algum momento para pensar sobre o quanto ela é valiosa, preciosa e maravilhosa? Somos únicas e especiais aos olhos de Deus, também na nossa família, na comunidade, OASE e na sociedade, pois somos filhas do mesmo Pai, Deus Pai todo-poderoso. Paramos por um instante e pensamos na nossa vida: que imagens vêm à nossa mente, lembranças da nossa infância, dos tempos de colégio, dos ensinamentos na fé cristã na família, na igreja, na juventude, na fase adulta, no momento atual? Com certeza passou um filme na nossa cabeça, sim um filme verídico, um filme no qual somos as protagonistas, as autoras. Muitas imagens nos vêm à lembrança, algumas Nélvi Werkhäuser Herpich gostaríamos que durassem para sempre, talvez outras não. Momentos maravilhosos, momentos de angústias, de incertezas, de medos, de tristezas, de dor, talvez de muita dor, que permanecem em nosso coração. Estão guardados e nem o tempo apaga, apenas ameniza. Passagens da vida muito tristes de profunda dor, sim estão lá guardados. Acredito que Deus sempre está ao nosso lado nos momentos tristes como também nos momentos bonitos. “O Senhor é o meu forte defensor; foi ele quem me salvou” (Êxodo 15.2). Lembro os meus 15 anos, quando perdi minha mãe, com apenas 46 anos. Deus a levou de perto de mim, de modo repentino, sem preparo nenhum. Será 58
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JUNHO
que alguém está preparado para a perda de algum familiar? Creio que não. Mas o que ajudou a amenizar a dor foram os ensinamentos na fé cristã que minha mãe me ensinou. Minha mãe era luterana de berço, católica por opção no matrimônio, pois meu pai era. São doces lembranças, pois éramos uma família de muita fé e praticante do credo religioso, na ocasião católica. Eu por opção no matrimônio optei pelo credo religioso de confissão luterana, IECLB. Onde fui muito bem recebida, novas doutrinas aprendi. A partir na nova opção, coloquei-me aberta ao novo aprendizado. Sim, eu precisava fazer uma reciclagem e foi o que aconteceu. Os dias iam passando, os anos, cada dia gostava mais da minha igreja, ou seja, da IECLB. Assim como passei por momentos de profunda dor, também momentos de profunda alegria: o nascimento dos meus dois filhos. Não existe alegria maior, só quem é mãe sabe. Deus me presenteou com dois filhos maravilhosos. Com o decorrer dos anos, a vivência cristã me motivou a viver e seguir sempre mais a fé conforme ensinamentos da IECLB, e me coloquei à disposição de trabalhos voluntários por vários anos, como orientadora do Culto Infantil e também fazendo parte na diretoria do grupo de Casais Reencontristas. Em 2010, decidi parar com as atividades de docente, quando então optei pela aposentadoria. Comecei a participar nos encontros na OASE, fui muito bem recebida, gostei muito, momentos de reflexões, de louvor... E a convivência fraternal entre irmãs em Cristo. Desde então participo nas diretorias da OASE Sinodal e OASE local, realizando os trabalhos com humildade, amor, alegria e principalmente sempre grata e confiante em nosso bondoso Deus e guiada pela luz do Espírito Santo. Como membro da IECLB e OASE, que confessam e reconhecem Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, tenho a responsabilidade do testemunho cristão por ação e palavra. Somos a igreja da palavra, isto é, temos que comunicar a palavra viva. Para o crescimento e fortalecimento da fé em Jesus Cristo, temos como fundamento o Evangelho de Jesus Cristo, na forma das Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamento. Nós da OASE somos mulheres sempre prontas a exercer a missão da diaconia onde quer que estejamos, amando e auxiliando o próximo. E somos encorajadas pelos exemplos de mulheres da Bíblia, que foram ousadas, pioneiras, que tiveram coragem e muita fé.
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Para refletir: Nas Sagradas Escrituras em Provérbios 31.10-31, encontramos o louvor da mulher virtuosa. Sugiro ler todo o texto e refletir sobre as seguintes questões: 1) Que mensagem esse hino de louvor nos traz hoje? 2) O que vem à sua mente com a expressão: “Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua”? 3) Hoje, como seria uma mulher virtuosa? Para viver a fé, precisamos de orações constantes. Lembremos a oração de Ana em 1 Samuel 2.1-11. Nélvi Werkhäuser Herpich Presidente do Sínodo Noroeste Riograndense Três de Maio/RS
Tecendo múltiplas escolhas Deus escreve certo por linhas tortas... e a gente faz múltiplas escolhas! A vida é feita de escolhas. E cada uma delas é parte importante do belo e colorido mosaico que registra nossa existência, contando a nossa história. Eu devia ter cerca de 11 a 12 anos quando tive uma conversa “séria” com minha mãe. Ela disse que eu podia escolher qual religião eu gostaria de seguir – se a dela, católica, ou do meu pai, evangélica de confissão luterana. Apesar da pouca idade, lembro que não precisei refletir muito: entre a prostração de joelhos diante de um Cristo todo ensanguentado e a formalidade do “vós”, dei preferência a uma igreja que me acolhia com tintas e brincadeiras no culto infantil, que me convidava para encenar o nascimento de Jesus nos dias de hoje e que me apresentava a liberdade de uma cruz que já foi carregada por alguém que nos amou mais que tudo. Sim. Sou Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e talvez tenha sido essa uma das mais importantes escolhas da minha vida, pois me apresentou um caminho a ser seguido. Anos mais tarde, reafirmei minha opção e fiz outra importante escolha: um versículo para marcar minha confirmação. 60
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JUNHO Arquivo pessoal
Dentre tantas opções, parecia uma tarefa inglória... como escolher um ensinamento para toda a vida se eu nem tinha ideia do que Deus reservara para mim? Se em plena adolescência ainda não tinha nem escolhido minha profissão, nem mesmo feito grandes planos para o futuro... Foi uma escolha difícil. Mas, a cada ano, vejo que não poderia ter sido mais acertada: “Buscai primeiro o Reino de Deus e todas as outras coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). E assim tenho feito. Do ensino confirmatório “engatei” no grupo de jovens. Lá defini – ou descobri – minha vocação e comecei a conhecer o mundo, que é fonte constante de inspiração. Eu fui convidada a representar meu grupo em um encontro regional. Na igreja fiz amigos e me encantei com tantas histórias e realidades. Pouco depois eu já fa- Caroline Strussmann zia parte dos conselhos regional e nacional. A cada final de semana novos horizontes, velhos e novos amigos e a oportunidade de despertar lideranças, de unir capital e interior, de construir pontes, de entender que não há distância que separe ou deprecie a grandiosa família de Deus. Se, por um lado, os horizontes me faziam sentir pequena, irmanada com tantos rostos e realidades eu me sentia um gigante! Passei a viver e celebrar a diversidade e criar raízes para outras importantes escolhas que viriam mais tarde. Aliás, como diria minha amada prima, referindo-se às infinitas belezas da Criação: “como Deus é criativo!”. Ele me colocou tantas linhas tortas, para que eu tentasse escolher o certo. Sim. A vida são escolhas. Aos 20 anos, fiquei noiva e casei. Foi uma escolha. Uma dura aprendizagem: esqueci meu versículo de confirmação e o amor próprio, larguei minha caminhada junto à comunidade. Felizmente aceitei um convite para um inusitado culto de lava-pés na Semana Santa. Lembro que meu então marido me criticou quando eu disse que iria. Mas eu aceitei o convite. Naquela tarde fria, experimentei uma sensação divina – vida em comunidade. É isso que me move. Foi um ano de reviravoltas: minha mãe faleceu, me separei, fui demitida, voltei para a casa do pai, voltei para a vida! Vida em comunidade – a sensação maravilhosa de ser grão de terra na valiosa seara de Deus. 61
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No ano seguinte, perdi meu pai. E felizmente não perdi a chance de dizer “eu te amo” na última visita que lhe fiz no hospital. Acho que foram essas algumas das linhas tortas que me colocaram novamente diante do versículo escolhido para confirmar minha fé. Desde então – já faz 15 anos –, nunca mais esqueci a lição: buscai primeiro o reino de Deus. E cada dia sou e estou mais feliz. Desisti de seguir os padrões da sociedade. Sigo meu versículo. E tudo vem em seguida, como um presente de Deus. Deixei de esperar o momento perfeito para viver cada momento com sua perfeição. Busquei meus sonhos: morar em casa, trabalhar só com o que eu acredito, ter minha horta e meu jardim, pedalar o mundo. Ser feliz. Sou a cada dia. É a minha forma de agradecer a Deus por seu amor, de cumprir seu primeiro mandamento: amar ao próximo como a ti mesmo. E por falar em amor, foi justamente na data que marca a expressão maior do amor de Deus por nós, a Páscoa, que resolvi pedalar com novos velhos amigos. Fiz uma aventura e tanto: fui de Maceió a Recife, pelo litoral, de bicicleta. Foram três dias extremamente gratificantes pelo litoral, na maravilhosa “via crucis” que eu escolhi, com lições que dariam um livro. Na volta, o avião sofreu uma pane em pleno céu – não podia seguir viagem nem pousar, então ficou duas horas dando voltas na turbulência, até enfim gastar o combustível e descer. Nesses momentos de angústia, já tinha dado como certa minha morte, mas confesso que não tive coragem de reclamar para Deus... Cheguei a enumerar uma ou duas coisas que ainda gostaria de viver. Enfim, acabei “largando de mão”. Larguei nas mãos de Deus. E o avião pousou para que eu pudesse contar essa história. Para discutir em grupo: Você lembra o versículo de sua confirmação? Uma “derrota” é um castigo ou uma lição? Alguma vez você já lamentou uma escolha e somente mais tarde viu o tanto de coisas boas que ela lhe proporcionou? O que você está fazendo para ser feliz? Jorn. Caroline Strussmann Porto Alegre/RS
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Pare e pense O frio interior Seis homens ficaram presos numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha, e havia uma pequena fogueira ao redor da qual se aqueciam. Se o fogo apagasse – eles sabiam –, todos morreriam de frio antes que o dia amanhecesse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de sobreviver. O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então raciocinou consigo mesmo: “Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer negro”. E guardou-a, protegendo-a dos olhares dos demais. O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu no círculo em torno do fogo bruxuleante um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e, enquanto mentalmente sonhava com seu lucro, pensou: “Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso?” O terceiro homem era o negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo daquela superioridade moral que o sofrimento normalmente ensina. Seu pensamento era muito prático: “É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem”. E guardou a sua lenha com cuidado. O quarto homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou: “Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha”. O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil. O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido: “Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos meus gravetos”. Com esses pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis... A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente apagou. Ao alvorecer do dia, quando a equipe de resgate chegou à caverna, encontraram 63
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seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe disse: “O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro, do interior de todos eles”. Autoria desconhecida Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS
Peça teatral Que tens nas mãos? Introdução – Que tem nas mãos, Moisés? – Apenas um bordão, Senhor, com o qual guardo meu rebanho. – Toma-o e usa no meu serviço. O homem de Deus fez assim e aconteceram maravilhas que o faraó e os egípcios jamais tinham visto. – Pobre viúva, que tens nas mãos? – Apenas um ceitil, Senhor. É tão pouco, mas o que tenho é para a oferta do templo. E deu-o ao Senhor. O seu sacrifício está sendo uma inspiração durante os séculos para todos os crentes. – Tabita, que tens nas mãos? – Somente uma pequena agulha, Senhor! E os pobres de Jope foram agasalhados com roupas que ela fez. E, passados tantos séculos, Tabita continua a ser exemplo para as mulheres cristãs. Eu e você, o que temos em nossas mãos para oferecer ao Senhor como mulheres da OASE/IECLB? (Após a mensagem de introdução será apresentada a peça. As dirigentes da peça ficarão à frente da congregação e conduzirão o desenrolar da encenação. Os participantes ficarão misturados com a congregação. Para este trabalho não há palco). Personagens: Dirigente 1 Dirigente 2 64
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Idosa no asilo (traje de idosa, com xale e cabelos brancos) Solitária Menor abandonada (vestida como menina de rua) Analfabeta (com uma carta na mão) Doente Participantes 1, 2, 3,4 e 5 Dirigente 1: Você já percebeu quantas pessoas diferentes há em nosso meio hoje? Algumas nos parecem tristes, com olhar perdido. Que tal se a gente se aproximasse delas e procurasse saber o que está acontecendo? Dirigente 2: É uma ótima ideia. Veja aquela senhora ali. Parece triste e carente. Quer a nossa ajuda? Solitária: Já nem sei. Vivo no meio de muita gente, mas a solidão me sufoca. Como gostaria de ter uma pessoa a quem pudesse confiar minha angústia e incertezas. Mas vivo sozinha, apesar de cercada de gente. Sabe, as pessoas estão muito ocupadas e parecem não ter tempo de me escutar. Outro dia mesmo, eu precisei tanto desabafar com alguém. Estava triste e angustiada. Cheguei a ligar para uma pessoa, mas ela não estava. Estava ocupada com outras coisas. Deixei um recado que necessitava dividir com ela o meu problema. Mas ela não se importou comigo. Não me procurou. Se dependesse dela, o desespero e a amargura teriam me sufocado. Isso me deixa triste. Dirigente 1: O que podemos fazer para amenizar a solidão em nosso meio? Que fazer para melhorar o relacionamento entre nós? Alguém tem algo a dizer? Participante 1: Eu tenho. Podemos procurar essas pessoas. A solidão nos faz sofrer. Não está no plano de Deus. Precisamos romper a solidão. É duro estar sozinho. Sozinha diante do mundo, diante do sofrimento. Eu compartilharei de sua vida com muito carinho. Dirigente 2: E a senhora aí, por que o olhar tão triste e perdido? A sua vida dever ser rica em experiências e conhecimentos, mas parece que a senhora não é feliz. Podemos saber por quê? Idosa: Filha, criei filhos, tive marido, tenho netos. Mas estou sozinha. Os meus filhos me colocaram num asilo, bem confortável, é verdade. Mas quase não recebo visitas. Até mesmo os meus filhos vêm me ver por obrigação. Estão atarefados e sempre correndo. Mas gostaria tanto de ter alguém me visitando, dando-me atenção, pelo menos de vez em quando. As pessoas acham que me visitar é perda de tempo, e eu já não sirvo para mais nada. Dirigente 1: Não é assim. A senhora ainda tem muito para nos oferecer. E nós também temos muito que fazer pela senhora. Você, o que acha que deve ser feito? Participante 2: Fiquei sensibilizada com o problema dessa senhora. Posso, quem sabe, um dia estar na mesma situação. Podemos visitá-la, levar-lhe carinho. Tornar mais suave os seus dias entre nós. 65
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Dirigente 2: E você, por que esse olhar de interrogação e incerteza? O que é esse papel em sua mão? E por que está tão ansiosa? Analfabeta: Eu num sei lê, dona. Esta é uma carta de minha fia que mora longe. Eu mato a sodade dela ouvindo o qui ela mim inscreve. Mas careço da boa vontade de arguém pra mode de le as carta dela ou inscrevê pra ela. Eu achava bao eu mesma le as carta, mas num tive escola, eu morava na roça. Minha fia eu botei na escola. Dirigente 1: Ainda há tempo para a senhora aprender a ler. Se a senhora quiser, eu posso lhe ensinar. Venha conversar comigo, e eu a ajudarei. Dirigente 2: E você, criança, por que está no nosso meio? O que espera que façamos por você? Menor abandonada: Tenho fome e frio. Nem casa tenho. Não recebo carinho de ninguém. Quero “tê” uma vida com dignidade. Será que alguém pode me “ajudá”? Participante 3: Talvez se tivermos boa vontade em ensinar-lhe uma profissão e sensibilidade para atender as suas necessidades básicas, a sua vida seja transformada. Você concorda comigo? Participante 4: Claro! Uma atitude cristã para essas crianças não é somente lavar-lhes o rosto, dar-lhes um prato de comida. Antes, é investigar todas as desordens sociais e morais que influenciaram a vida delas e apresentar soluções. Dirigente 1: Como é bom vê-la novamente junto a nós, saudável e recuperada. Doente: Eu estou aqui para agradecer-lhes e testemunhar que, além dos cuidados médicos, o que muito me ajudou na recuperação foram as visitas e o carinho das irmãs. Como foi bom, durante a minha enfermidade, ter sempre uma amiga no meu lado. Eu estou muito feliz junto a vocês. Participante 5: Às vezes, deixamos de fazer visitas porque julgamos estar incomodando. Mas a vida é uma atitude muito importante. É o compartilhar, o dividir, o participar. Dirigente 2: Há, em nossa volta, tantas pessoas que precisam do nosso socorro. Basta olhar e colocar nossas vidas disponíveis para a obra do Senhor. Vamos ler Romanos 12.9-21 e 14-10. Após a leitura, cantar um hino do HPD 1, de livre escolha, e encerrar com oração. Oração: Senhor Jesus Cristo, ensina-nos a agir e orar. Ajuda-nos para que nossa oração se faça poder, que o poder se faça alegria, e que a alegria venha a ser a riqueza de nossa vida. Dá que, ao gastarmos tal riqueza, vençamos todas as contrariedades da vida. Amém! Enviado por Olga K. Roque Juiz de Fora/MG 66
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A OASE está engajada no trabalho com moradores de rua na Comunidade Centro São Paulo/SP
Datas importantes 01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa
A vida é maravilhosa se você não tem medo dela. Charles Chaplin
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Deus respondeu: Eu farei com que todo o meu brilho passe diante de você e direi qual é o meu nome sagrado. Eu sou o Senhor e terei compaixão de quem eu quiser e terei misericórdia de quem eu desejar. Êxodo 33.19
Meditação O amor e a misericórdia de Deus
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uitas vezes já me perguntei: Será que Deus se compadece de mim? E a resposta é: Sim, sempre. Sempre e de novo, incansavelmente, Deus se faz presente, acalmando minha dor, direcionando minha luz e alimentando minha fé. Deus vem até nós, mesmo quando estamos distraídos, tristes, amargurados. Mas ele realmente se manifesta quando o invocamos, quando clamamos por sua benevolência, sua misericórdia e seu poder. É muito fácil glorificarmos Deus nos momentos de alegria, mas é no sofrimento e na dor que demonstramos o tamanho e a veracidade de nossa fé. Tive o prazer de conhecer e conviver com uma pessoa muito querida e amada da nossa comunidade. Ainda muito jovem, por razões que não podemos explicar, apenas precisamos aceitar, teve que deixar esta vida terrena. Possuidora de uma alegria imensa e uma fé imensurável, no seu leito de morte, olhou para as pessoas que ali estavam e, tranquilamente falou: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31). Também pude experimentar uma demonstração de fé e confiança na promessa de Deus no momento do falecimento de minha querida mãe. Com 88 anos de idade, quando sentiu sua hora chegar, aconchegou-se nos braços de suas filhas e orou a oração do Pai-Nosso, em alemão, da forma como havia aprendido na doutrina e como gostava sempre de orar, e partiu tranquilamente, visivelmente amparada nos braços de Deus. Esses são exemplos do agir de Deus em nossas vidas. São retalhos de fé que vamos tecendo um a um, para que um dia, quando surgirem aflições, angústia ou dor em nossa caminhada, possamos nos agasalhar e aquecer nossa alma, nosso coração. Essa é a fé que Deus espera de seus filhos e filhas. Para Moisés, num certo momento da caminhada, não bastou que a presença de Deus o acompanhasse. Ele queria mais. Queria conhecê-lo melhor e, então, suplicou: “Rogo-te que me mostres a tua glória!” Então Deus respondeu: “Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te direi o meu nome. Eu 68
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sou o Deus Eterno; terei misericórdia de quem eu quiser e me compadecerei de quem eu desejar” (Êxodo 33.19). Então Moisés compreendeu a grandeza e o poder de Deus. Deus é amor, e sua fidelidade e seu amor são tão grandes, que não podem ser medidos. Ele quer se compadecer e ter misericórdia de todos nós. E nós precisamos abrir nossa porta e nossos corações para ele poder entrar. Deus está aí, esperando apenas pelo nosso chamado e nosso convite. Se quisermos que ele participe da nossa vida, precisamos realmente querer e acreditar nisso. É necessário que alimentemos nosso espírito com toda fé, com toda ternura, com todo amor. Sugestão: Compartilhar, no grupo, experiências de fé, momentos próprios ou observados em outras pessoas. Oração: Querido e amado Deus, ajuda-me a fortalecer minha fé. Faz desaparecer do meu coração todo e qualquer ressentimento contra ti por causa de adversidades acontecidas em minha vida. Ajuda-me a perdoar aqueles que me magoaram, e que eu possa, do mesmo modo, ser perdoada por minhas falhas. Tem misericórdia e acolhe-me em teus braços, Senhor! Amém. Nely Poll Paraíso do Sul/RS
Tecendo a minha história na política Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração; não praticam iniquidade e andam nos seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos. Então, não terei de que me envergonhar, quando considerar em todos os teus mandamentos. Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos. Salmo 119.1-7 Certamente uma das decisões mais difíceis em minha vida foi entrar para a política! Desde criança meus pais sempre me ensinaram o caminho da retidão, da honestidade e da verdade. E até hoje tenho enorme respeito por meus pais! Eles me deram o que ninguém pode me tirar: a educação! 69
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ROTEIRO DA OASE 2016 Arquivo pessoal
Fui criada de forma rígida. Minha mãe sempre queria que eu fosse a melhor aluna da sala. E assim eu fiquei entre o 1º e 2º lugares durante os oito anos do ensino fundamental. Meu objetivo era sempre orgulhar meus pais. E havia uma “disputa” sadia com um amigo. Esse amigo foi fazer o 2º grau numa escola particular e eu fui para a escola pública. Quando terminamos o 2º grau, o LION´S homenageou os melhores alunos de cada escola da cidade. Foi grande a minha alegria ao ver que eu e esse amigo estávamos ali, sendo homenageados naquela noite como melhores alunos. Acho que o mais importante de qualquer “disputa” é que seja algo sadio, que sejamos sempre Letícia Tribess Volkmann amigos acima de tudo, pois as circunstâncias da vida nos levam a caminhos diferentes, mas a vida se encarrega novamente de um dia voltar a fazer esses caminhos se cruzarem. Fiz vestibular para Direito. Eram nove candidatos por vaga. Não passei. Parecia que meu mundo iria desabar. Mas eu persisti, fiz um curso e passei. Hoje sei por que não passei naquele meu primeiro vestibular, pois daí não teria feito as amizades que fiz. Tenho comigo até hoje quatro amigas. Cada uma mora em uma cidade, mas temos entre nós uma energia tão grande que essa amizade linda e maravilhosa será para o resto de nossas vidas. Somos as “Mulheres da Lei”, pois nos identificamos com os mesmos princípios de ética, de moral e de humanidade, acima de tudo. Mais uma vez, tive a certeza da presença de Deus em nosso caminho. Ainda no 2º grau, apaixonei-me pelo meu marido. Foi paixão à primeira vista mesmo. Ele não queria saber de me namorar, iniciamos uma amizade e o conquistei. Formamos uma família e temos uma filha, Beatriz Anita. A compreensão da família para a minha vida profissional e para a vida política é fundamental, sendo que os conflitos precisam ser sempre resolvidos. Oramos todas as noites em nossa casa, minha filha pede proteção para a família e eu lembro sempre de agradecer por tudo. Depois de formada, um amigo me convidou para trabalhar em seu escritório de advocacia. Toda mudança na vida sempre traz um início de instabilidade. Porém, se não arriscarmos passar pela porta, nunca saberemos o que há do outro lado. Foi aí que conheci o Vanderlei. Ele era vereador em Blumenau/SC. Eu, como a maioria das pessoas, não gostava muito de política e ficava pensando comigo: “Eu vou ficar aqui fazendo o meu trabalho, que não me envolvam com a política”. E assim foi durante três anos, quando, vendo como a 70
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política acontece, a ideia de como poder fazer a vida das pessoas de sua cidade melhorar passou a me encantar. Filiei-me a um partido, sendo que, em 2008, fui candidata pela primeira vez a vereadora em minha cidade, Pomerode/SC. Eu me inscrevi na última hora e fiz a campanha de casa em casa. Visitar as pessoas em suas casas é uma experiência incrível. O tempo era curto, mas a maioria das pessoas, especialmente as do interior, é carente de uma boa conversa. Fiz 485 votos e fiquei como 1ª suplente. Em 2009, assumi na Câmara por um mês e apresentei três projetos de lei, e destaco um que foi criar a “Semana da Mulher”. Nas eleições de 2012 fiz 875 votos e fui eleita. Fui a segunda vereadora mais votada. A vereadora mais votada também é mulher. Somos somente duas mulheres na Câmara, mas acredito que temos muita força e representatividade. As dificuldades para uma mulher entrar na vida política são muito grandes, pois atualmente a maioria desempenha uma atividade econômica. Eu exerço a advocacia, sou mãe, esposa e dona de casa. Ainda mais porque a mulher sempre quer fazer tudo com perfeição. Vejo como fundamental o ingresso de mais mulheres na política. Podem acreditar: damos conta! Este mundo que ainda é tão masculino e machista precisa de um olhar mais materno e sensível. Com todo o respeito aos homens, acredito que as mulheres estão fazendo a diferença em tantas áreas, que poderão fazer na política também. É preciso ter pulso firme, mas também é preciso ter a sensibilidade, visando sempre ao interesse da coletividade, dentro da legalidade. Como vereadora, tive diversas experiências positivas de conhecer muitas pessoas diferentes, com opiniões diferentes, de conviver com a sociedade de modo geral. É necessário ter posição, que não vai agradar a todos. Procuro manter-me coerente e defender minhas posições com argumentos perante a sociedade, pois vejo que é para esse fim que me dispus a ocupar uma vaga no Legislativo, para dar o melhor de mim para criar uma sociedade mais justa e igualitária. Apresentei alguns projetos de lei, alguns foram aceitos, outros não. Deve-se respeitar sempre a opinião de todos. E uma das leis de minha autoria, que me deixou feliz, foi a que criou o Programa Escolar de Estímulo ao Voluntariado nas Escolas. A lei prevê a inserção de nossas crianças na vida do voluntariado, não trabalhando, mas através de uma troca de experiências daqueles que estão em entidades da cidade e as crianças das escolas. Na minha vida e na política, levo comigo os ensinamentos de meus pais, os mandamentos de Deus e as leis dos seres humanos, o que vai ao encontro do Salmo 119, pois então não terei do que me envergonhar. Errar é humano, mas devemos sempre buscar o máximo de nós para acertar sempre. Se errarmos, corrigir o erro. Porém o erro jamais deve ser praticado com dolo daquele de quem o está praticando. Sempre é tempo de aprender e perdoar. Aprender com os erros e acertos. O perdão é essencial para uma vida em sociedade. E na política também é 71
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assim: muitas ofensas acontecem, e é preciso lidar com isso, mas é muito difícil especialmente para os sentimentos de uma mulher. Muitas vezes choro. Inimigos, não tenho, pois para mim a experiência de conviver com ideias diferentes das minhas é salutar para a sociedade. O que muitas vezes me frustra é ver que o caminho da minha cidade poderia ser outro, mas isso faz parte de uma democracia. Letícia Tribess Volkmann Pomedore/SC
Compartilhando experiências Trabalho social com moradores de rua em São Paulo São Paulo, terra da garoa, polo econômico do Brasil. Também terra dos contrastes. Onde se tem tudo e onde também não se tem nada. Extrema riqueza, extrema pobreza. O centro dessa imensa cidade é marcado pela presença dos moradores de rua. Segundo o último censo da Prefeitura de São Paulo, são em torno de 62 mil pessoas. Pessoas que, por alguma circunstância da vida, acabaram numa situação tal que hoje vivem em albergues ou mesmo dormindo debaixo de marquises dos prédios na rua, e passam os dias perambulando nas praças e nas ruas pedindo alguma esmola. Uma situação incômoda que Arquivo Comunidade Centro São Paulo nos faz perceber as contradições do mundo em que vivemos e que nos questiona como cristãos. Muitas vezes preferimos viver nos guetos de nossas comunidades e fechamos os olhos para não ver essa dura realidade. A comunidade da Paróquia Centro de São Paulo, inserida nesse contexto, não está isenta dessa realidade. São nossos vizinhos, pessoas P. Frederico Carlos Ludwig servindo lanches aos com as quais nos encontramos a moradores de rua 72
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cada instante, andando pelas ruas e avenidas do centro da cidade. Atendendo ao chamado de Jesus Cristo de “ser testemunha até os confins da terra” (Atos 1.8), a comunidade começou a olhar essas pessoas com outros olhos, o olhar de Deus. Por isso, em vez de nos “livrar deles” dando algumas esmolas, como muitos fazem, resolvemos ir ao seu encontro. A comunidade Grupo Sonho de Artista – moradores de rua fazem abriu as suas portas para essas trabalhos manuais pessoas sofridas e marginalizadas pela sociedade. Desta forma, no decorrer do ano de 1999, iniciamos o “TRABALHO COM MORADORES DE RUA”. Começou de forma tímida com dois/três moradores de rua, quando os convidamos para entrar nas dependências da igreja para um grupo de conversa. Vinham desconfiados, meio ariscos, pois já foram muito usados pelas igrejas, mas aos poucos foram adquirindo confiança no trabalho da nossa igreja. Começamos também a oferecer para o grupo um ticket de alimentação; com ele podiam fazer uma refeição num restaurante popular com o qual a nossa comunidade mantinha convênio. O grupo foi crescendo. Assim, milhares de tickets foram distribuídos no decorrer do tempo, até o momento em que o restaurante parou de funcionar. Nos dias atuais, oferecemos para eles um café e um lanche. Hoje atendemos em média 100/120 pessoas semanalmente. São pessoas, em sua grande maioria, com sérios problemas psiquiátricos (avaliação feita por um psiquiatra que nos acompanhou muitos anos no trabalho), que encontram em nossa comunidade um espaço de amor, vida e de dignidade humana. Nós não oferecemos cursos ou outras atividades, pois esses já são oferecidos por poderes públicos ou outras entidades. Na conversa informal, no culto na igreja, na mensagem transmitida, procuramos, sim, motivá-los para uma mudança de vida. O trabalho consiste de quatro momentos: 1 – ACOLHIDA: Os moradores de rua são acolhidos nas dependências da igreja, onde, além do uso dos sanitários, há tempo para conversa. É difícil compreender que, em pleno centro de São Paulo, não existam sanitários públicos. 2 – CULTO: Depois, todos são convidados para entrar na igreja para um momento de louvor e meditação. É impressionante ver a vontade com que cantam hinos de louvor e a atenção dada à palavra de Deus. 3 – LANCHE: Após o culto, recebem um café e um lanche. 73
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4 – TRABALHOS MANUAIS: Ao final, são convidados para participar de um grupo de trabalho denominado por eles de “Grupo Sonho de Artista”. Esse consiste em fazer pequenos trabalhos manuais, quando têm a oportunidade de desenvolver suas aptidões e conversar sobre suas vidas e suas angústias. Fazem cartões (Natal, Páscoa), garrafas pintadas, sabonetes artesanais, desenhos, trabalhos em argila, cruzes com grampos de roupa, ímãs de geladeiras, ovos pintados para Páscoa etc. Todo o material produzido é vendido e o valor arrecadado é dividido entre eles. Esse trabalho é coordenado pela Sra. Leila Klug (membro da OASE), com assessoria da artista visual Débora Ludwig e da pedagoga Janete Ludwig. No decorrer dos anos, vimos muitas vidas serem transformadas, como, por exemplo: a) Um senhor de meia idade, que por desilusões na vida acabou nas ruas de São Paulo. Começou a participar do grupo com sérios problemas de alcoolismo. Depois de nós o ajuntarmos por diversas vezes na rua, ele reencontrou a alegria de viver e a família, que já o considerava morto. Hoje, trabalha em emprego fixo, mora num espaço alugado, mas não deixou de frequentar nossa igreja, que tanto ama, inclusive presta serviços à comunidade. b) Um rapaz com problemas psiquiátricos, que vivia na rua, encontrou em nossa comunidade um espaço de vida. Hoje, está aposentado por problemas de saúde. Mora num quarto alugado e é um ativo voluntário no trabalho da comunidade, inclusive frequentando casas de membros da igreja. c) Um senhor que participava há muitos anos do nosso trabalho, um hábil profissional de pintura, quando restauramos a parte interna do nosso templo, restaurou todas as partes de madeira (portas, mezanino, escadaria e o púlpito). Um trabalho muito elogiado pelo arquiteto. Esse senhor dizia: “Tenho que deixar linda a nossa igreja”. Outro fato marcante nesse trabalho foi quando, em 2005, aconteceu o grande tsunami na Ásia, em especial na Indonésia. No culto realizado no dia 14 de janeiro daquele ano, falamos sobre o sofrimento e a morte de milhares de pessoas na Ásia, vítimas do tsunami. Na oportunidade, os moradores de rua decidiram, por iniciativa própria, doar seu ticket de alimentação para que com esse dinheiro fosse comprada água para ser doada ao povo da Indonésia. Assim foi feito, e o cônsul da Indonésia recebeu muito emocionado a doação dos moradores de rua. Essas pessoas sofridas, marginalizadas pela sociedade e que nada têm, que vivem única e exclusivamente de esmolas como pedintes na rua, mesmo assim decidiram fazer sua parte ajudando outras pessoas. Ao decidirem doar seus tickets de alimentação para as vítimas do tsunami, abriram mão da segurança de poder se alimentar um dia, num ato de solidariedade e amor ao próximo. Com certeza esses moradores de rua não passaram fome naquele dia, encontraram outro lugar para se alimentar. Mas abrir mão da segurança de ter 74
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um prato de comida para ajudar outras pessoas é algo que nos fez pensar. Será que nós teríamos coragem de fazer algo semelhante? Ao tomar essa decisão, impressionante foi ver a alegria estampada no rosto de todos na igreja. Os moradores de rua riam, choravam, gritavam e cantavam de emoção por poder, mesmo na sua situação de miséria, ajudar alguém. Esse fato lembra a palavra do apóstolo Paulo em Gálatas 6.2, onde diz: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”. O carinho e a confiança que o povo da rua tem para com nossa igreja podem ser vistos no fato de que mais de cem pessoas deixam todos os seus documentos guardados na secretaria da paróquia. Todo o trabalho tem apoio integral dos membros de nossa paróquia e do conselho paroquial, dos grupos de OASE, da Terceira Idade e Culto Infantil. Ele é desenvolvido e mantido através de trabalho voluntário de diversos membros da nossa comunidade. P. Frederico Carlos Ludwig e Leila Klug Comunidade Centro São Paulo/SP ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO E INTERCESSÃO Deus de bondade, agradecemos-te pelo alimento, pelo dia e pela noite de descanso, por teu cuidado que revigora nosso corpo e mente. Graças te damos também por nossos dons, concedidos por ti, e por nos capacitares diariamente para servir por e em amor às pessoas que colocas em nosso caminho. Deus que caminha conosco, pedimos que acompanhes e fortaleces as ações diaconais desenvolvidas por nossas instituições e comunidades. Que teu Santo Espírito nos conceda sabedoria, criatividade e discernimento para avaliar se nossas ações promovem a transformação das situações que causam sofrimento e injustiças. Deus do cuidado, intercedemos pelas pessoas doentes, enlutadas, desamparadas, entristecidas. Pedimos que estendas tua bondosa mão sobre elas e concedas, conforme a tua vontade, saúde, consolo, amparo. Que cada um e cada uma de nós também possa ser como um Cristo para a outra pessoa. Deus de justiça, intercedemos por nosso país e governantes para que governem com justiça em prol de uma sociedade boa para todas as pessoas. Que cada pessoa seja respeitada e valorizada por aquilo que é: ser humano, e não por aquilo que produz ou consome. Amém. BÊNÇÃO Que a terra se faça caminho diante dos nossos passos. Que o vento sopre sempre a nossas costas. Que o sol brilhe sobre nossos rostos. Que a chuva continue a cair suavemente sobre nossas lavouras. E, enquanto caminhamos, Deus nos guarde na palma da sua mão. 75
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Diretoria atual da Associação Nacional dos Grupos de OASE
Datas importantes
A G O S T O
05 – 1872 – *Oswaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/2/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – 1ª bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 14 – Dia dos Pais 15 – 1899 – 1º grupo de OASE, em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência
A gratidão por cada novo desafio faz a pessoa desenvolver força e caráter.
Agosto
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AGOSTO
AGOSTO Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros. Marcos 9.50
Meditação Deixar Deus salgar nossa vida
Q
uando Jesus disse essa palavra a seus discípulos, estava caminhando com eles pela Galileia, procurando explicar-lhes sua prática e ensino. A conversa a respeito de quem era o mais importante forneceu a oportunidade para Jesus falar sobre o serviço ao próximo. Assim como a função do sal é ser misturado à comida para dar gosto, assim também os seguidores de Jesus devem fazer diferença no lugar em que vivem, no mundo em que estão: ser “sal da terra”. Em um grupo de OASE de uma comunidade em que fui pastor, de repente, surgiu um novo costume nos aniversários: presentes não deveriam ser dados em forma de flores ou pacotes, mas como alimentos ou dinheiro para o centro de educação infantil mantido pela comunidade. Diversas aniversariantes aderiram à novidade, não queriam mais presentes para si, mas se alegravam em poder dar adiante. Elas tinham entendido a palavra de Jesus! Quando Jesus estava falando com seus discípulos, colocou uma criança no meio deles e os alertou para o perigo de fazer tropeçar um pequenino irmão. O mesmo vale para nós: Com facilidade podemos prejudicar outras pessoas no caminho da fé – crianças, pessoas que estão no início de sua caminhada cristã, ou aquelas que se encontram em momentos complicados da vida. Não estendemos a mão para abraçar, nem deixamos nossos pés nos levar até elas, nem olhamos com carinho para sua situação. Para podermos salgar a vida delas, primeiro precisamos ter “sal em nós mesmos”. O que significa isso? Ao trazer um sacrifício para o templo, o povo de Deus no Antigo Testamento precisava salgá-lo e depois fazê-lo passar pelo fogo. Somente assim seria aceito por Deus, como demonstração de arrependimento e gratidão. Nós também, ao oferecermos nossa vida ao Senhor, para servi-lo e servir ao próximo, precisamos nos deixar salgar pelo Espírito Santo. Como o sal que penetra na carne, deixar que Deus trabalhe em nosso coração, retirando as impurezas do pecado, do engano, da autojustificação, da teimosia, do egoísmo. 77
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Isso me faz lembrar de um tratamento para dor de garganta que minha mãe me ensinou: fazer um gargarejo com água morna e salgada. Quantas vezes essa receita aliviou minhas dores de garganta e permitiu que eu continuasse anunciando o Evangelho! Como o sal que ajuda a tirar a infecção da garganta, assim precisamos da Palavra de Deus, que vai temperando nosso ser, transformando nosso jeito de pensar, de agir e de falar. Como Paulo escreveu aos Colossenses 4.6: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”. Assim como o sal é importante para a comida, e para a nossa vida, também nosso testemunho e serviço o é neste mundo. Como o sal é posto na comida, assim deixemos que Deus salgue nossa vida, nosso pensamento, nossa personalidade, nossas palavras e atitudes, todo o nosso ser. P. Claus Brunken Braço do Trombudo/SC
Tecendo a educação Diante do título proposto para a presente reflexão “Tecendo a educação”, surgem muitas metáforas inspiradoras: fios entrelaçados, mãos que os unem, novelos de palavras, teias de emoções humanas. Todavia, minha opção de imagem estimuladora será a árvore, suas raízes, seu caule, sua copa e sua sombra. A educação para ser significativa precisa incentivar a percepção das nossas raízes como seres humanos, investir na autonomia das crianças e jovens, instigar para a curiosidade, ações essas motivadas pela brisa do diálogo constante que mexe com as folhas, leva e renova o amor entre as pessoas, promovendo a comunhão. Adoto as palavras do poeta Manoel de Barros para aproximar o meu olhar de professora que acredita na educação das raízes da árvore, cuja investigação educativa proponho: “Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem 78
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pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores”. Trago das minhas raízes crianceiras, do interior de Teutônia, a convicção de que o convívio com a natureza, a comunhão com ela e com as pessoas fazem um bem enorme à formação da criança, assim como o poeta sugere. Educar, em princípio, é simples. Nós, muitas vezes, complicamos esse processo quando esquecemos de perceber nossas raízes profundas que se nutrem no solo do amor. As pessoas que, na infância, tiveram a oportunidade de conviver com um ou outro familiar que tirava um tempinho para “flertar” com a natureza, certamente, guardam na lembrança algumas frases ou comparações que nunca esqueceram, por exemplo: “Olha, a lua! Veja, dentro dela você pode ver um lenhador...”. Ou então: “Venha, quero te mostrar uma flor que nasceu esta noite”. Ou ainda: “Acorda, vamos, tem um terneirinho bem lindo lá no pátio esperando para te conhecer”. Haveria muitos outros exemplos, mas gostaria de enfatizar que é aquela palavra simples e mobilizadora que faz a diferença: “Venha! Olhe! Perceba! Faça um carinho no gatinho! Cheire a folha de hortelã, inspire! Pegue!”. Palavras, gestos, sensibilizações que ue adubam as raízes da criança! A educação acontece no simples, ples, no estar presente, no ouvir, no o valorizar, no rir e no chorar juntos, como família e comunidade! Nesse contexto cabe citar um versículo já muito conhecido, mas que precisa ser mais saboreado no cotidiano: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim fim da vida não se desviará dele” (Provérbios rovérbios 22.6). Uma base de formação sólida, com raízes firmes no chão, permitee que a árvore cresça e que a copa se abraa para o mundo. Por isso nosso primeiro compromisso como
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pais, familiares, professores e comunidade cristã é educar as crianças para que elas identifiquem e valorizem suas raízes. Para investir num caule forte, precisamos incentivar as crianças a quererem aprender e a estudar. Como? Também através de gestos simples: incentivando a curiosidade, a autonomia e a resolução dos problemas desde pequenos. Isso significa que, como parceiros adultos das crianças, teremos paciência para responder com sabedoria às perguntas das crianças. Sabemos que na fase dos porquês elas são um tanto incisivas em querer a atenção, mas é fundamental alimentar essa curiosidade e a coragem de perguntar sem receio. Quando as crianças ou os jovens perguntam (adulto também) é porque algo está acontecendo dentro da cabecinha, informações estão sendo apre(e)ndidas e elaboradas. As perguntas surgem quando as pessoas se envolvem com um tema, uma discussão. O contrário é assustador: aquele silêncio constrangedor, um não querer se posicionar, o medo do que os outros vão pensar. Ou seja, diante das perguntas das crianças, respostas que intimidam ou que são um corte à curiosidade e interesse devem ser abolidas do nosso repertório. A sugestão é que se respire fundo e que se assuma quando não se sabe a resposta. Hoje é tão fácil, é só dizer: “Vamos procurar juntos no Google... no dicionário...”. Ou então sugira: “Pergunte para a professora, ela vai gostar de saber que tu queres saber”. A curiosidade e o interesse são os parceiros das pessoas que gostam de estudar. Estudar não significa apenas buscar conhecimentos em livros, escolas e internet, e sim investigar sobre questões ambientais, investimentos, situações em que pessoas vivem, o jeito de pessoas serem... O conhecimento que nasce das necessidades de cada qual, seja no campo, na cidade, nas diferentes profissões e que, por ser algo ligado ao cotidiano, tem significado. A árvore, durante o seu desenvolvimento, assim como nós, também enfrenta problemas. Mas ela, dada sua vasta experiência, nos convida a sentar à sua sombra para conversar sobre as dificuldades e os problemas. Na roda de conversa informal, surgem reluzentes fios para o diálogo. É uma dificuldade na relação com algum(a) colega de aula, um desentendimento com alguém, uma incompreensão, uma dor ligada a uma perda, enfim situações diversas em que, se as crianças ou jovens forem ouvidas, se puderem externar seus sentimentos, ajudarão a dar segurança às decisões que esses iniciantes na jornada da vida terão que tomar. Cabe também lembrar o quanto o momento de sentar juntos pode ser enriquecido pela narração de uma história. Por exemplo, o conto de fadas João e Maria pode servir de inspiração para a criança perceber que sempre há 80
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uma maneira de sair de situações-problema, que é preciso ter calma, pensar e aí agir. A criança identifica-se com os personagens, coloca-se no lugar delas e assim aprende a olhar de diferentes perspectivas para a sua vida. Para ilustrar essa ideia do diálogo, numa roda de chimarrão ou de conversa, cito Deuteronômio 11.18-19: “Lembrem desses mandamentos e os guardem no seu coração. Amarrem essas leis nos braços e na testa, para que não as esqueçam, e não deixem de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e quando se levantarem”. Concluindo, trago das minhas raízes crianceiras e da caminhada pelos campos da educação a convicção de que educar é um gesto de amor! Viver o amor, seguindo com fé e esperança sempre! Ser árvore acolhedora e instigar crianças e jovens a ser árvores com raízes robustas e com uma copa solidária é o nosso compromisso e nossa alegria na arte de tecer a educação continuamente. Marguit Carmem Goldmeyer Profª do Instituto Superior de Educação Ivoti São Leopoldo/RS
Compartilhando experiências Mulheres rendeiras As mulheres rendeiras de Fortaleza, no Ceará, exercem a função de tecelãs, pois fazem a tecelagem, nome dado ao trabalho, à fabricação manual de vestidos de noivas, blusas, saídas de banho, cortinas, guardanapos e toalhas de mesa, enfim, um vasto e bonito trabalho, onde muitos fios coloridos são trançados. Esse trabalho também é chamado de teia e tela. A teia induz a ideia de medição aos laços e aos nós. Tecer apresenta uma forma de uma construção feita de continuidades e descontinuidades e qualquer interrupção dessa tecelagem ameaça uma desintegração. No trabalho da tecelagem a mulher exerce um papel proeminente, onde se destacam seus dons, sua criatividade, bem como sua resiliência. Belas obras de arte são resultado do trabalho das tecelãs, que exige muita paciência e persistência. Em algumas peças, as mulheres trabalham até três meses para finalizar o trabalho. 81
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É lindo acompanhar o trabalho do bilro, por exemplo, que é feito de geração em geração, em trabalho de mutirão, no qual as crianças também participam ativamente. Assim, de pequenas vão aprendendo a profissão de tecelã ou tecelão. É realizando esse trabalho manual que as mulheres trocam experiências, choram, sonham e anseiam por dias melhores. O tecer aproxima as mulheres em suas histórias de vida. Tristemente, percebemos que a prática da tecelagem está desaparecendo devido à falta de valorização das peças. As mulheres mais jovens estão trocando essa profissão pela comercialização de roupas industrializadas. O mundo globalizado, industrializado, capitalista não valoriza o manual, o artístico, as culturas regionais. Existe uma massificação das roupas. A indústria produz em série, Renda de bilro enquanto o trabalho da tecelã valoriza o pessoal, o cultural, o regional. Podemos comparar o trabalho das mulheres rendeiras com o variado trabalho de encontros e reencontros de nós mulheres, bem como o trabalho e a caminhada das mulheres e companheiras da OASE. Para reflexão: Para tecer é preciso disposição de trabalhar em grupo. Isso acontece na OASE, na família, na comunidade? Também é preciso humildade para reconhecer quando damos um ponto errado, e então precisamos refazer o trabalho. Fazemos isso na OASE, na família, na comunidade? O desenho feito por uma tecelã pode seguir um modelo pronto, algo que alguém já fez antes dela. Nesse momento é importante recordar. Podemos lembrar o nome de quem foi importante em nossa caminhada da vida?
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O resultado do tecer vai depender do esforço conjunto, do modo como cada uma torce e entrelaça os fios, das ideias de mudança que vão surgindo ao longo do caminho e vão enriquecendo o trabalho da tecelagem. Tecer, tear, pode ser uma bela parábola para nosso relacionamento com Deus, com as irmãs e irmãos, e com toda a natureza tão amada por Deus e tão castigada por nós, pessoas humanas. Finalizando, lembrei-me de um texto bíblico do Antigo Testamento, no livro do Êxodo 35.25. Nele, Moisés convoca toda a congregação dos filhos e filhas de Israel. “Todas as mulheres habilidosas trouxeram o que haviam feito: fios de linho fino e fios de lã azul, púrpura e vermelha”. Com que finalidade Moisés faz essa convocação? Tornar belo e honroso o templo de Deus? É com a finalidade de servir a Deus, é diaconia, é rememoração com Deus, da libertação da escravidão do Egito, da vida de paz e justiça que tanto almejamos. O trabalho das tecelãs faz lembrar o carinho e o capricho com que mantemos nossos templos. Tudo ali tem um sentido que está ligado à nossa memória como povo de Deus, à honradez do espaço em que nos reunimos para orar, por mais humilde que seja. Também lembra, assim como no tempo das tecelãs de Moisés, que nossas vidas estão entrelaçadas, entretecidas pela fé, pelo batismo, pelo amor às irmãs, irmãos e a toda a natureza. Desafio: Que tal tecer ou costurar bonitas toalhas para o altar de nossa igreja ou para o salão comunitário. Quem sabe podemos tecer algumas peças e doar para o hospital, para algum projeto de trabalho com crianças ou jovens. Ou ainda, podemos nos dedicar e ensinar mulheres jovens a tecelagem que se exerce na região onde nos encontramos no Brasil (pode ser um bordado, uma pintura, crochê etc.). Sem dúvida, também será um bonito trabalho de servir, de ensinar e de aprender conjuntamente. Que na nossa vida diária possamos tecer muitas peças com amor, doação, serviço e cuidado com a outra, também com quem muitas vezes não nos identificamos ou quem não nos valoriza. Desejo que as mulheres sejam cada vez mais amigas e que exercitem cada vez mais a alegria de serem boas amigas, de se unirem nas adversidades, como as mulheres rendeiras fazem no dia a dia, e possam tecer a vida com seus dons e habilidades. Amém. Cat. Doris Kieslich Cavalcanti Fortaleza/CE 83
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Dia dos Pais Assim como o Dia das Mães, o Dia dos Pais foi criado para fortalecer laços familiares e o respeito por aqueles que nos deram a vida. Em 1909, em Washington, Estados Unidos, Sonora Louise Smart Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às mães, teve a ideia de celebrar o Dia dos Pais para homenagear seu próprio pai, que criara sozinho seus seis filhos após a morte da esposa. Sonora sentia orgulho de seu pai. O primeiro Dia dos Pais norte-americano foi comemorado em 19 de junho de 1910, aniversário do pai de Sonora. Na época, a rosa foi escolhida como símbolo do evento: as rosas vermelhas eram dedicadas aos pais vivos e as brancas, aos falecidos. No Brasil, esta data foi festejada pela primeira vez no dia 14 de agosto de 1953. Depois, a data foi fixada para o segundo domingo de agosto. PAI, te amo! www.imagenswiki.com
Através de teus olhos, entrei em tua alma e vi ternura, fidelidade e entrega. Soube então por que teu olhar tinha aquele brilho de tantas estrelas. Ali estás, em tua cadeira de sempre, embalando tuas memórias, cabisbaixo, pensando, quem sabe, em teus netos, ou em coisas mais longínquas do passado. Peguei amorosamente tuas mãos: quantas coisas fizeram com esmero; quanto suor secaram de tua fronte, e quantas vezes a outros socorreram. Recostada em teu peito carinhosamente, recordei como foste terno e severo. Sequei as gotas peroladas de teu rosto, e sussurrei em teus ouvidos: Te amo muito! Fonte: Pai, te amo! São Leopoldo: Sinodal, 2008
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Homenagem a ex-presidentes no aniversário de 115 anos da OASE, setembro de 2014, Porto Alegre/RS
Datas importantes 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – 1º Grupo de OASE do Sul do Brasil, Blumenau/SC 07 – 1822 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martinho Lutero, no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 18-25 – Semana Nacional da OASE 21 – Dia da Árvore 27 – Dia do Ancião/Anciã 29 – Dia de São Miguel e Todos os Anjos
Ninguém será velho se tiver um coração jovem.
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SETEMBRO Deus diz: Eu sempre os amei e continuo a mostrar que o meu amor por vocês é eterno. Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31.3
Meditação Com amor eterno te atraí
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amor é a mola que impulsiona para tudo o que há de melhor e de mais sublime. O amor nada pede, nada espera. Ele só dá, só presenteia. As formas do amor são inúmeras. Um exemplo é o amor de mãe ao contemplar o seu filho recém-nascido e o amor dessa mãe por toda a vida do filho. O parágrafo de um romance diz: A criança de poucos dias abriu os olhos, que se fixaram nos olhos de sua mãe e esta sentiu um grande amor. Um amor sem condições, sem exigências, sem razões, sem questionamentos, sem restrições, sem egoísmo – o amor, seja qual for, faz sempre pensar no outro e nunca em si mesmo. É a forma de amor ditada e exemplificada por Cristo, que por Gudrun Braun supremo amor se deu por nós e para nós. – O mundo é cruel! No entanto, um gesto de amor vale muito mais do que um presente” – Foram mais ou menos essas palavras que encontramos na celebração da Semana Nacional da OASE, há vinte anos, em setembro de 1996. Hoje, queremos refletir sobre um amor ainda maior. O amor eterno, que é Deus. Esse amor é tão grande, a ponto de sermos chamados filhos de Deus e de podermos chamar Deus de Pai. Deus não diz simplesmente: “Eu te amo”. Ele é o próprio amor. Ele está sempre conosco. Ele dá a vida e a transforma. O profeta Jeremias foi escolhido por Deus para dar uma boa notícia ao povo de Israel, quando este, depois de muitos desvios, caminhos errados e lutas 86
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SETEMBRO
pelo deserto, voltava para casa. Jeremias disse: “Eu sempre os amei e continuo a mostrar que o meu amor por vocês é eterno. Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jeremias 31.3). Jeremias amava a Deus, mas muitas vezes também queria seguir seus próprios caminhos. Ele foi preso, amarrado e lançado ao fundo do poço. Seu livro foi queimado e precisou ser reescrito. O nome Jeremias significa elevado ou levantado por Deus. Deus é amor eterno. Eterno quer dizer para sempre, infinitamente, ou sem começo e sem fim, que não acaba. Por isso que Deus é eterno. Ele está além do nosso tempo e do nosso espaço. Às vezes, nos anúncios de falecimento, lemos as palavras: “Com amor eterno te atraí”. Como é bom, no final de uma vida, poder dizer que Deus atraiu uma pessoa por meio do seu amor e que essa pessoa viveu uma vida de fé. Mais importante, porém, é saber que as palavras do “amor eterno” são palavras para a vida, a vida que vivemos hoje, a vida que viveremos amanhã e a qual queremos continuar na eternidade. Para Deus, eterno significa para sempre: “Sempre o amei! Todos os dias, todas as horas! Nas horas de alegria, nas horas de aflição. Em todas as situações de sua vida, o meu amor o acompanhou”. Você pode ter se distanciado de Deus, ter procurado seus próprios caminhos, caminhos muito distantes de Deus, entrando numa “rua sem saída” na sua vida. Pode até pensar que sua vida não tem valor, que está perdido, ou pensar que o mundo está perdido, ou pensar que o mundo está lhe dizendo que você não vale nada. Mas isso não vale para Deus. É justamente nessas horas que o seu amor o acompanha, envolve, e deixa você sentir que ele está presente. É por isso que Deus quer atrair a pessoa. Não por força, nem por chantagem. Quantas vezes você quis fugir – mas ele a atraiu com benignidade! Benignidade também significa ser bondoso com o próximo, ser compreensível. Deus é benigno porque ele está sempre disposto a agir com bondade. Ele nos ama sempre. “Deus sempre me ama, com amor me chama, e assim me inflama do mesmo amor”. Esse é um hino que diz muito e que gostamos de cantar com muita alegria. Nos Salmos, encontramos diversos versículos que falam da benignidade de Deus para conosco. Vou citar somente um: “Ó Senhor, tu és bom e perdoador e tens muito amor por todos os que oram a ti” (Salmo 86.5). Quantas vezes nós, como mães ou pais, presenciamos esta cena: No meio da noite, o filho acorda assustado e começa a chorar, e às vezes até a gritar 87
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desesperadamente. Rapidamente vamos ao encontro dele, o levamos nos braços e falamos bem baixinho: “Não tenha medo, eu estou aqui, tudo vai ficar bem”. Assim Deus, em todas as situações da nossa vida, se cremos nele ou não, se pensamos nele ou não, se servimos outros ou não, nos mostra que está ao nosso lado. “Com benignidade te atraí” é uma declaração de amor de Deus. Deus não quer amar em vão! Por isso devemos nos sentir chamadas por Deus, pois ele tem um plano para cada uma de nós. Não esqueçamos nunca: Deus, o amor eterno, sempre está ao nosso lado! Santo Amor, que me criaste semelhante a ti, Senhor, que, benigno, me salvaste da terrível queda e dor. Santo Amor, com gratidão eu te entrego o coração. Santo Amor, tu me escolheste, antes mesmo de eu nascer. Tu por mim do céu desceste e me vieste socorrer. Santo Amor, com gratidão eu te entrego o coração. (HPD 1, 203) Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ
Tecendo a saúde: A tua fé te salvou A fé foi uma das razões que me levaram a optar pela carreira médica. Professá-la por meio da minha profissão foi e continua sendo um dos principais incentivos que me fortalecem nessa árdua e maravilhosa jornada. Ainda adolescente, comecei a vislumbrar a medicina como profissão e a fé como alavanca para atingir esse objetivo. Hoje, após quase 30 anos de formada, preciso ainda mais da presença de Deus, em todos os momentos da minha existência. Deus abençoa a vida desde a concepção e tentar preservá-la é uma das missões mais sagradas do ser humano. Todos os dias, ao acordar, estou pronta para novos desafios. Para atingi-los, a oração e as mensagens diárias do Castelo Forte são os alimentos de minha alma. É como renovo minhas energias diariamente. Como médica e protestante, 88
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o apoio da minha igreja e comunidade muito me fortalece e me traz a certeza permanente de Deus em minha vida. A fé alimenta nossa alma e possibilita-nos seguir nosso caminho Todos somos partes de um quebra-cabeça que é a vida! Nenhuma parte vale mais que a outra, pois todas as peças têm que se encaixar ao terminarmos de montá-las. Abençoa, Senhor, a cada uma de nós para cumprirmos os teus desígnios nesta vida. O livre-arbítrio nos liberta? Não! Antes nos responsabiliza a seguir e louvar a Deus! Uma das perguntas recorrentes em nossa profissão e que nunca sabemos como responder é por que as pessoas adoecem. Certa vez, ouvi de um pastor em sua prédica que o sofrimento é uma oportunidade de aproximar as pessoas de Deus. Um livro que li recentemente intitulado “Médico de Homens e de Almas”, do escritor Taylor Caldwell, mexeu muito com meu emocional. O escritor levou 46 anos para escrevê-lo, fruto de muita pesquisa e com detalhes únicos. Conta a história de São Lucas, Lucano ou apenas Lucas, o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo e tudo que está escrito em seu evangelho foi obtido por meio de pesquisas e dos testemunhos de Maria, mãe de Cristo, dos discípulos e de outros apóstolos. Médico muito dedicado e profundo estudioso, trabalhou muitos anos de forma ética e generosa, mas a essência e suas realizações apenas surgiram após sua conversão ao nosso Senhor e Salvador Jesus de Nazaré. A história de Lucas trata da peregrinação de todas as pessoas através das trevas, do sofrimento, da angústia, da dúvida e da desesperança, até para aceitar que somos seres criados à imagem de Deus. “A vida pertence a Deus, pois a atividade da mente é vida e Ele é essa atividade. A pura autoatividade da razão é a mais abençoada e eterna vida de Deus. Dizemos que Deus vive eterno e perfeito e que a vida contínua e eterna é de Deus, pois Deus é vida eterna” – palavras de Aristóteles no ensaio “A razão divina”. “Se um homem olhar com amorosa compaixão para seus semelhantes sofredores e, tomado de amargura, indagar aos deuses: Por que afligis meus irmãos? Então ele será sem dúvida alguma observado por Deus mais ternamente do que o homem que com Ele se congratula por ser misericordioso e o deixa florescer com infelicidade, tendo só palavras de adoração para oferecer. Porque o primeiro reza por amor e piedade, atributos divinos, tão próximos do coração de Deus, e o outro fala pelo egoísmo complacente, um atributo que não 89
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se aproxima da luz envolvente do espírito de Deus” (Horácio, um dos maiores poetas da Roma Antiga). Termino com o Salmo 23, escolhido para a minha confirmação e um de meus preferidos: O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. Que o amor de Deus possa nos fortalecer diariamente. Drª Ingrid Wendland Santana Santa Cruz do Sul/RS
Reforma Luterana Katharina von Bora Uma mulher forte e decidida Uma mulher forte, ativa, dinâmica, sábia, inovadora, autossuficiente e de grande fé – Katharina von Bora não se conformou com a vida que lhe foi imposta no mosteiro. Teve coragem de agir e até a se rebelar. Hoje, sabemos que só assim pode tornar-se essa importante mulher da Reforma. Sua biografia é muito interessante. Como esposa do grande Reformador Martin Luther, tornou-se conhecida na época da Reforma e até os nossos dias. Resgatar a sua memória é uma honra e tarefa importantíssima, pois, sem ela, a Reforma Luterana não teria sido como foi, principalmente no que tange à 90
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visão do feminino, da mulher. Em várias cartas e “conversas à mesa”, Martin Luther externou o grande respeito e admiração por sua esposa, elogiando suas capacidades e eficiência, tanto na administração dos bens e de toda a parte financeira da família, bem como de Katharina como mulher e mãe. Infelizmente as informações sobre Katharina são bastante restritas. Eu tenho muita reserva às especulações e fantasias que podemos ler em tantos escritos e livros que não fundamentam as informações. Eu procuro, portanto, neste artigo, me ater ao que as fontes revelam. Infância e juventude Ela nasceu no dia 29 de janeiro de 1499 em Zülsdorf, junto à Lippendorf. A precisão desses dados é sempre de novo questio- Pª Heloísa G. Dalferth junto à estátua de “Katharina nada, pois não existe nenhuma von Bora”, que se encontra desde 1999 (quando comcertidão que os fundamente. Era pletou 500 anos de idade) em frente ao Lutherhaus, antigo “Schwarzer Kloster”. Essa escultura é obra filha de Hans (ou Jan) von Bora da artista Nina Koch e sua primeira esposa Katharina. Era uma família de nobres empobrecidos que teve que vender sua propriedade. Sua mãe era da família “von Haugwitz ou von Haubitz”. Assim como muitas mulheres daquela época, ela faleceu muito cedo devido às precárias condições de parto e pós-parto. Seu pai casou-se novamente. Em 1505 Katharina ingressou no Convento de Brehna. Foi a solução que seu pai encontrou para que a sua filha recebesse uma boa educação, cuidados e proteção, pois sua situação financeira era precária. Nesse convento ela permaneceu até 1508, quando seu pai a transferiu para Nimbschen. Lá as contribuições financeiras eram espontâneas e duas tias de Katharina também estavam lá. Uma delas, Margarete von Haubitz, era a madre superiora.
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Katharina – uma mulher com formação Katharina teve uma boa formação dentro do mosteiro. Além da leitura e escrita em língua alemã (na época privilégio de poucas mulheres), teve noções de latim e adquiriu grandes conhecimentos quanto ao preparo de chás e cuidado de pessoas doentes. Essa sabedoria lhe foi muito valiosa mais tarde como esposa e mãe, bem como no cuidado de pessoas doentes em Wittemberg, principalmente em tempos de peste. Em Nimbschen, teve acesso aos escritos de Martin Luther, que a motivaram a repensar a sua decisão de viver para sempre atrás dos muros de um mosteiro. A descoberta da “justificação por graça e fé” – a salvação sem a necessidade de sacrifícios ou de obras – trouxe-lhe liberdade de pensamento e ação. Com o auxílio do próprio Luther, a fuga de Katharina e mais 11 outras monjas aconteceu na madrugada do dia 5 de abril de 1523. Sua vida em Wittemberg Nove das 12 monjas foragidas chegaram em Wittemberg, entre elas Katharina. Ela passou a morar primeiramente na casa da família Reichenbach e depois com a família do renomado pintor da Reforma Lucas Cranach, grande amigo de Luther. Junto a essas duas famílias ela aprendeu a ser “Hausfrau” (dona de casa). Ser “Hausfrau” naquela época não significava cuidar apenas dos serviços do lar; suas tarefas abrangiam toda uma administração e responsabilidades no que tangia terras, agricultura, criação de animais, comercialização de produtos agrícola, coordenação dos trabalhos das empregadas e empregados. Além disso, era tradição que as famílias mais abastadas abrigavam estudantes da universidade em suas casas. Também Katharina organizou um tipo pensionato no “Schwarzer Kloster”, residência da família Luther. No tempo em que residia com os Cranach, Katharina conheceu o primeiro amor de sua vida: Hyeronimus Baumgärtner. Ele era filho de uma família bastante influente de Nürnberg. Estavam decididos a casar, porém a família de Hyeronimus não consentiu com seu casamento com uma ex-monja foragida. Conta-se que Katharina chegou a adoecer de tanta tristeza e desilusão. Uma carta do próprio Luther de 12 de outubro de 1524 para Hyeronimus comprova a veracidade dessa relação. Ele escreve: “Se tu ainda queres ficar com a tua Käthe von Bora, então tu tens que te apressar, antes que a sua mão seja concedida para um outro. Ela ainda não esqueceu o seu amor por ti”. Aconteceu uma grande mudança tanto nos planos de Martin Luther, que até então negava terminantemente que iria se casar, bem como de Katharina,
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que até então era perdidamente apaixonada por Hyeronimus. Os dois casaram no dia13 de junho de 1525. Katharina tinha 25 e Martin 42 anos de idade. Eles tiveram três filhas e três filhos: Johannes (tornou-se jurista), Elisabeth (faleceu aos nove meses de idade), Magdalena (falecida aos 12 anos de idade); Martin (tornou-se pastor), Paul (tornou-se médico) e Margarete (diziam ser muito parecida com Katharina – teria herdado muitas de suas habilidades como o cuidado de doentes, o uso de chás e ervas, a lida da casa. Ela casou, teve nove filhos, dos quais somente três sobreviveram. Katharina – Parceira de Lutero Katharina von Bora era uma mulher muito forte, de muita personalidade. Pode-se dizer que ela organizou a vida de Luther, bem como administrava as suas finanças. Logo depois do casamento, ela coordenou a reforma do “Schwarzer Kloster” (o antigo mosteiro dos monjes agostinianos, onde passaram a residir), que se encontrava em um estado deplorável. Ela adquiriu bens, terras, negociava com as editoras que lançavam os seus livros. Ao mesmo tempo, Katharina não ficou à sombra dos acontecimentos da Reforma. Luther a mantinha informada tanto em conversas como por cartas, pois considerava sua opinião muito valiosa. A morte de seu esposo em 1546 foi um corte muito profundo em sua vida. Além do luto profundo, teve que lutar muito por sua sobrevivência e pela de seus filhos. Ela não conseguia manter os bens nem o pensionato sem o ordenado de Luther, que não entrava mais. Também teve que lutar muito para não ter que se separar de seus filhos. A situação piorou ainda mais quando estourou a peste em Wittemberg, bem como a Guerra de Esmascalda. Teve que fugir duas vezes. Sua última fuga foi em direção a Torgau. No meio da viagem, sofreu um acidente de carroça. Machucou-se muito e nunca mais se recuperou. Quando sentiu que a morte estava perto, pediu para tomar a Santa Ceia. O pastor local que a assistia nessa hora perguntou-lhe: “Senhora Lutherin, a senhora crê assim como creu o seu saudoso doutor?” Sua resposta: “Sim, Senhor Cristo”. Ela veio a falecer aos 53 anos de idade, no dia 20 de dezembro de 1552 em Torgau. Pª Heloísa Gralow Dalferth Bad-Alexandersbad, Alemanha
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Arquivo OASE
Celebração dos 115 anos da OASE, na Igreja Matriz de Porto Alegre/RS, setembro de 2014
O U T U B R O
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Datas importantes 01 – Dia Nacional do Idoso 06 – 1930 – Fundação da OASE do Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do/a Professor/a 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma
Uma palavra amável é o óleo que tira a aspereza da vida.
Outubro
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OUTUBRO
OUTUBRO
Onde o Espírito do Senhor está presente, aí existe liberdade. 2 Coríntios 3.17
Meditação Retirar os véus Arquivo pessoal
1. Saudação Acolha o grupo com as palavras de 2 Coríntios 3.17: “Onde o Espírito do Senhor está presente, aí existe liberdade”. 2. Leitura bíblica: 2 Coríntios 3.1-18 3. Refletindo com o grupo O apóstolo Paulo escreveu várias cartas. Esse recurso da escrita era usado quando ele não podia visitar pessoalmente uma comunidade ou quando uma de suas pessoas colaboradoras estava impossibilitada de visitá-la. Assim, hoje, precisamos reconhecer que grande parte da memória de Maria Dirlane Witt suas ações pastorais e de sua teologia chegou a nós graças às suas cartas. Dentre os seus escritos, há a segunda carta redigida por volta do ano 55 d.C. à comunidade de Corinto, chamada de 2 Coríntios. Nela, Paulo defende sua teologia e seu ministério. Ao que tudo indica, havia opositores ao trabalho do apóstolo. Provavelmente um grupo judaizante, que trazia em sua bagagem os costumes e os preceitos da lei mosaica, de Moisés. Corria-se o risco da lei se sobrepor ao evangelho libertador. Paulo alerta para o novo tempo introduzido pelo acontecimento da ressurreição. Para as pessoas cristãs, só é possível o seguimento aos mandamentos a partir de Jesus Cristo. Dessa forma, é o evangelho baseado no amor que antecede a lei. Isso é profundamente libertador. Deus não é alguém de quem precisamos ter medo, mas é um Deus para ser amado com liberdade e coração aberto. 95
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No capítulo 3 da referida carta o apóstolo deixa claro que, a partir de Jesus, o Deus que vem até nós, há uma nova luz, um novo caminho. Ele, inclusive, fala do véu que nos é tirado, permitido que possamos ver o mundo de outra forma, mais livre e transparente, afirmando que “onde o Espírito do Senhor está presente, aí existe liberdade”. E isso é graça, é presente diário. 4. Dinamizando Materiais: Panos grandes ou lençóis 5. Trabalho em grupos Formar grupos de até seis pessoas, seguindo os passos abaixo: a) Compartilhar nos grupos situações onde os véus costumam cobrir nossos rostos, impedindo-nos de identificar situações onde a liberdade é cerceada. b) Das situações compartilhadas, o grupo escolhe uma e cria uma cena estática para ser apresentada em plenária. 6. Plenária (Forme um círculo com as cadeiras. Os grupos apresentarão a cena no centro do círculo.) Peça que, enquanto um grupo se prepara para a apresentação, as demais pessoas fechem os olhos, enquanto a cena estática é montada e coberta com um grande pano (véu). Depois, convide as demais pessoas para abrirem os olhos, procurando identificar o que está oculto debaixo do pano. Para isso elas podem observar as formas que se destacam sobre o pano e parte dos pés que não estão cobertos. Após a observação, peça que falem sobre o que pensam estar oculto. Dando sequência, retire o pano, desvendando a cena e converse com o grupo sobre o que se vê agora e como a situação pode ser transformada a partir da ótica do amor e da liberdade. 7. Oração Deus de bondade e misericórdia, sabemos que há muitos véus que nos impedem de ver com clareza a realidade que nos cerca. Há muita dor, injustiça e falta de liberdade que precisam ser descobertas e enfrentadas. Dá-nos coragem e ousadia para retirarmos os véus de tudo o que oprime e não permite que a vida possa ser vivida com dignidade e liberdade. Em nome de Jesus Cristo, teu Filho amado, o qual nos ensinou a orar, Pai nosso... 8. Canto de bênção Hino 374 (HPD 2) Cat. Maria Dirlane Witt Coordenadora de Educação Cristã da IECLB São Leopoldo/RS 96
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Tecendo a aceitação Homem não chora, mulher é delicada... nem sempre! Se em nossos lares as crianças convivessem com mais amor, respeito, solidariedade, igualdade, não precisaríamos nos preocupar em ensinar a ser homem e ser mulher, pois a nossa preocupação seria formar seres humanos, pois meninos precisam de colo do pai e meninas precisam encarar problemas. Pressão sobre comportamento conforme a sociedade exige reprime sentimentos, provoca rejeição, isolamento e exclusão. Dificulta aceitar e acolher as pessoas, ainda mais as que não se enquadram nos padrões exigidos e impostos como, por exemplo, classe social, vestimenta, corpo, beleza, instrução, cor de pele... Na carta aos Romanos, capítulo 15, versículo 7, Paulo exorta o povo dizendo: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus”. Será que estamos amando, acolhendo e aceitando uns aos outros? Quem é esse outro, essa outra a quem devemos aceitar, amar e acolher? Na busca desenfreada por ser amado e amada, por aceitação, muitas pessoas dão de cara com os preconceitos, sentem-se rejeitadas, tendo que, muitas vezes, usar “máscaras” para se sentir aceitas e levar uma vida “normal”. Assim, reprimem sentimentos, têm medo de amar ou amam demais a fim de agradar determinadas pessoas. Arquivo OASE Quero contar a história de Ana, que também é a história de seu irmão João e de sua família. Felipe e Herna tinham seis filhas e um filho: Odete, Regina, Ivone, Univa, Edite, Ana e João. A mãe (Herna) era filha de pais imigrantes alemães, que tiveram uma vida dificílima, de extrema pobreza. Eram sete irmãs. O pai dela lutou na guerra, e ela viu seu pai morrer. Herna casou com Felipe e tiveram sete filhos. Sempre foi reprimida pelo marido, mas sempre lutou muito, determinada. Ela sabia muito bem o que queria, mas, Anelize M. Berwig com o pastor presidente Nestor Friedrich
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impossibilitada de seguir seus sonhos, criou seus filhos com muita dificuldade e trabalho intenso na roça. Também ajudava seu marido Felipe nas obras, pois ele era pedreiro. Quando estava grávida de Ana, no oitavo mês de gestação, estava em cima do telhado de uma casa ajudando a colocar a telhas. À noite ainda costurava para fora, pois com tantos filhos sempre faltava dinheiro. Assim cresceram, com muita dificuldade, mas com imenso amor e respeito. Felipe, o pai, sempre contou com as filhas mulheres para ajudá-lo nas tarefas das construções de casas e diversas igrejas luteranas no Rio Grande do Sul e Paraná. Até Ana ajudou a construir uma casa quando tinha 14 anos. Nessa família, João foi crescendo. Ele era o tão esperado filho homem, que chegara depois de muitas tentativas. Era o parceiro de Ana nas brincadeiras e no trabalho. Morando no interior, muitas vezes ficavam apenas Ana e João para os trabalhos com os animais e na roça. Mas para eles não tinha dificuldade, não conheciam outra forma de vida, tudo era bom. Depois de algum tempo, quando Ana tinha 16 e João nove anos, a família se mudou para a cidade. A vida corria normal. Ana começou a trabalhar e estudar; João estudava e depois iniciou o trabalho como contínuo em uma cooperativa. Para eles tudo era maravilhoso, cada um seguia sua vida. Ana casou e foi morar em sua casa. João foi morar em outra cidade. Às vezes retornava, depois se mudava para outra cidade, e assim seguiam suas vidas. Aos poucos, a família começou a se questionar por que João não tinha namoradas. Penso que, naqueles tempos, nem se davam conta que existia homossexualidade, não se ouvia falar ou questionar sobre isso. Ana tinha intimidade para conversar com seu irmão. Ela percebeu que João precisava de apoio e começou a falar sobre o assunto com ele. Não houve nenhuma grande crise a respeito de sua sexualidade. Ana disse que o importante era ele estar feliz. Aos poucos, suas irmãs também foram aceitando a homossexualidade do irmão. As irmãs conversavam entre si e com a família sobre o assunto. Mas, por muito tempo, Ana e as irmãs não conversaram sobre isso com a mãe e o pai. Ana percebia, no entanto, que a mãe, mesmo aparentemente não sabendo que seu filho era homossexual, o protegia cada vez mais. Isso mudou quando seu pai Felipe ficou doente. João, percebendo a gravidade da doença do pai e o fim próximo, contou para ele. A reação do pai surpreendeu toda a família. Ao invés de rejeitar e condenar, ele ACOLHEU o filho. Compartilhou seus últimos dias de vida com seu filho, que, junto 98
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OUTUBRO
com seu companheiro, cuidou e permaneceu ao lado do pai com muito amor, respeito, sem questionamentos, até o fim. Ana é grata a Deus por ela ter esse irmão que lhe deu a oportunidade de aprender e experimentar o que o apóstolo Paulo escreve na carta aos Romanos 15.7: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus”. Ela é grata por essa oportunidade de experimentar ser acolhida e acolher todo dia, vencer preconceitos e aprender a amar. Anelize Marleni Berwig Vice-Presidente da Associação Nacional dos Grupos de OASE Santa Helena /PR
Reforma Luterana Katharina von Bora A atriz principal O pouco que se sabe de Katharina indica que ela foi uma mulher de ação, corajosa, com opinião, mas, infelizmente, sua contribuição não foi registrada. Na história da Reforma, Katharina ficou conhecida apenas como a Käthe de Lutero! As mulheres da Reforma (como tantas outras) ficaram invisíveis na história. No entanto, os escassos registros sobre Katharina mostram que ela teve uma história e que, apesar da sociedade da época não valorizar as mulheres e suas contribuições, Katharina ousou sair do convento, viver sua vida e, mesmo assim, se sentir e fazer parte do povo de Deus. A historiadora francesa Michele Perrot, ao falar do silêncio rompido das mulheres, diz que no século 19 era comum achar que as mulheres eram inferiores aos homens, portanto não tinham contribuição a dar. As mulheres foram menos vistas no espaço público, e este era o mais valorizado. O lugar das mulheres era o espaço doméstico. Elas ficaram confinadas em casa, cuidando da família e sem espaço para falar e dar opiniões. Pouco saíam do espaço doméstico e tiveram pouco acesso aos estudos. A sociedade silenciou-as e deixou-as invisíveis por muito tempo. 99
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Katharina von Bora provavelmente nasceu em Zülsdorf (sul de Leipzig), em 1499. Era filha de nobres empobrecidos. A mãe morreu quando Katharina era criança e, como forma de sobrevivência da família, o pai a enviou ao mosteiro para que pudesse viver bem. Passou a infância e a juventude na clausura. No mosteiro, Katharina aprendeu a ler e a escrever. Sabia grego e latim e tinha conhecimentos de ervas medicinais (medicina popular). Os mosteiros tinham escolas, que eram consideradas escolas de boa qualidade. Dessa forma, as famílias empobrecidas daquela época ficavam “tranquilas”, pois suas filhas ficavam bem cuidadas e seriam sustentadas até o fim de suas vidas. Ainda criança, Katharina foi transferida para o mosteiro de Nimbschen. E foi nesse mosteiro que Katharina conheceu as ideias de Lutero, que chegaram ao mosteiro clandestinamente. Foi uma mulher subversiva, pois não se conformou com o lugar destinado às mulheres de sua época: o espaço doméstico. Queria debater as ideias teológicas propostas por Lutero (pensar e falar em público eram coisas de homem na época de Lutero) e dar sua opinião. Foi então que subverteu a lógica de dominação destinadas às mulheres – ficar em casa e não dar opinião. Montou uma estratégia de fuga do mosteiro com mais onze monjas. Após um período de adaptação na sociedade, casou-se com Lutero em 27 de junho de 1525. Tiveram seis filhos. Em Wittenberg, há uma escola de educação infantil com o nome de Katharina, que parece ser o único registro público de sua rica história. Katharina von Bora: mulher, esposa, mãe, administradora da casa e das finanças, cultivou frutas e verduras em seu pomar, fazia cerveja, tinha conhecimentos de emplastos e massagens (cuidava de doentes), tinha conhecimentos teológicos. Na casa dos Luther, na grande mesa da cozinha, Lutero recebia alunos e colegas e lá pensavam a nova teologia da Reforma. Katharina também estava na cozinha e, com certeza, participava das conversas e teologizava junto com os homens que estavam ao redor da grande mesa na cozinha. Lamentavelmente esses homens não registraram o que ela disse. Os indícios nos dizem que Katharina fez do espaço privado (a cozinha) um espaço político, pois cuidava da casa, dos visitantes, do orçamento financeiro, dos doentes e teologizava junto com os homens sobre a nossa teologia. Na cozinha com Katharina As reflexões teológicas foram “misturadas” no espaço doméstico, ao redor da mesa, na cozinha. Um lugar interessante para pensar a Reforma e outras possibilidades para a teologia. Na cozinha, estavam homens e mulheres. Nesse lugar doméstico privado, Katharina produziu uma teologoa cotidiana que influenciou o pensamento do reformador. Mesmo que ele negasse que suas prédicas tivessem influência do pensamento de Katharina, em outros momentos ele reconheceu seu saber teológico. 100
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OUTUBRO
A teologia cotidiana de Katharina se fez nos lugares por onde ela andava e foi um jeito diferenciado de pensar a teologia, a ação de Deus no mundo. A teologia doméstica de Katharina – outra forma de chamar a reflexão teológica – nos ensina que é possível gerar, pensar teologicamente de outro jeito. A teologia desse cotidiano foi feita na cozinha e no entorno da cozinha. Nessa época, cozinha era coisa de e para mulheres, e o silêncio era atitude recomendada para as mulheres. A coragem e a ação de Katharina foram inovadoras e nos inspira ainda hoje. A cozinha de Katharina ensina-nos que o espaço privado “é um lugar de produção de outras ideias, de outras misturas, de aromas, de gostos para a produção de uma teologia libertadora”. Imaginar que uma cozinha possa ser um lugar de reflexão é uma provocação para a teologia e também para a educação. Cozinha como lugar de encontro, de produção de comida para o corpo e para a alma é inverter a lógica de que o espaço privado não produz nada! A provocação vem de Katharina von Bora. A ousadia teológica diaconal de Katharina é para mulheres e homens que desejam outro modo de fazer teologia a partir do cotidiano. Nas igrejas e na sociedade, o serviço na cozinha ainda é ocupado em sua maioria pelas mulheres, e é lá que elas compartilham seus saberes, suas experiências, as dores, as alegrias e falam sobre Deus. Socialmente se diz que na cozinha não há produção de conhecimento. No entanto, a partir do exemplo de Katharina, podemos dizer que se pode produzir e construir outras ideias, novas relações, reconhecimentos, empoderamento e outras reflexões teológicas a partir da cozinha. A cozinha de Katharina abre espaço para que as Katharinas de hoje contem suas histórias, suas experiências, leiam a Bíblia a partir das mulheres, construam outros pensamentos teológicos e incluam as vozes das mulheres na história luterana. Embora a história tenha silenciado a memória e o fazer de Katharina, podemos, nos dias de hoje, seguir a partir dos indícios que ela nos deixou. Esse rápido apanhado sobre Katharina não tem a pretensão de finalizar a reflexão. Sua ação e seus desafios continuam. Meu desejo é que as mulheres luteranas concretizem encontros formativos e que possam ser autoras de suas histórias e produtoras de conhecimentos teológicos a partir de suas experiências lá onde estão. “A cozinha como lugar de encontro e produção de comida para o corpo e para o espírito tem em nosso projeto a ousadia de misturar tudo.” Mulheres e homens que desejam outro modo de fazer teologia e comida enquanto se faz, se pensa, se ama, se conversa, se come. Márcia Eliane Leindcker da Paixão Diácona, pedagoga, professora UFSM Santa Maria/RS 101
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Dinâmica Expressando cuidado pelas mãos Reflexão: “Se os olhos são o espelho do corpo, as mãos são o espelho da alma.” Jesus usou o toque das mãos para curar, transmitir compaixão e cuidado. Portanto não precisamos ter receio em bendizer, abençoar e tocar as pessoas concretamente, proclamando as poderosas palavras da graça de Deus. Desenvolvimento: Convide as pessoas para que formem dois círculos: um interno e outro externo (uma pessoa de frente para a outra, de mãos dadas). A pessoa que coordena lê a primeira frase do texto Bênção das mãos e as outras repetem. Depois, as pessoas do círculo externo andam um passo para a direita (para ficar de frente para outra pessoa e formar um novo par, de mãos dadas). A pessoa que coordena lê então a segunda frase, as demais repetem e trocam de lugar. Assim sucessivamente até a décima segunda frase. Bênção das mãos: Convite: Olhemos nossas mãos, descubramos o seu poder e sua ternura, e bendigamos as nossas mãos. 1 – Benditos sejam os trabalhos de nossas mãos. 2 – Benditas sejam estas mãos que tocaram a vida.
3 – Benditas sejam estas mãos que criaram coisas belas. 4 – Benditas sejam estas mãos que contiveram a dor. 5 – Benditas sejam estas mãos que abraçaram com paixão. 6 – Benditas sejam estas mãos que plantaram novas sementes. 7 – Benditas sejam estas mãos que cerraram seus punhos com indignação. 8 – Benditas sejam estas mãos que levantaram colheitas. 9 – Benditas sejam estas mãos que se endureceram com o tempo. 10 – Benditas sejam estas mãos que se enrugaram e se feriram trabalhando pela justiça. 11 – Benditas sejam estas mãos que se deram e foram recebidas. 12 – Benditas sejam estas mãos que sustentaram as promessas do futuro. (Diana Neut)
Final: Após a décima segunda frase, proporcionar um momento de oração em duplas. Cada pessoa pode expressar sua necessidade e uma ora pela outra, segurando as mãos, lembrando que, acima de tudo, há um Deus que nos segura pela mão, sustenta e fortalece. Fonte: Voz Missionária, set./out. 2012; adaptado por Amélia Tavares
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Arquivo OASE
OASE da Comunidade Evangélica Luterana em Bugre Alto, Chopinzinho/PR
Datas importantes 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/2/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+5/4/1925) 27 – 1º Domingo de Advento
O amor de Deus não conhece limites.
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NOVEMBRO
Assim temos mais confiança ainda na mensagem anunciada pelos profetas. Vocês fazem bem em prestar atenção nessa mensagem. Pois ela é como uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia amanheça e a luz da estrela da manhã brilhe no coração de vocês. 2 Pedro 1.19
Meditação Uma luz no Turvo
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Arquivo pessoal
Bíblia está cheia de histórias que revelam a ação de Deus na história humana e traz uma mensagem harmoniosa de unidade espiritual. Agora, vejamos esta história dos nossos tempos. No encontro com Deus durante a leitura da sua Palavra, na participação dos cultos e na OASE da comunidade de Sobradinho/RS, sob a orientação do pastor Christoph Jahn, a Sra. Lori Vollbrecht, minha sogra, sentiu a necessidade de criar uma igreja na Linha Turvo, onde moravam agricultores membros da IECLB que tinham dificuldades de se A pequena igreja construída com deslocar, na época, até a igreja do centro de recursos dos moradores continua lá, Sobradinho ou de Arroio do Tigre. Penso que servindo a comunidade local Lori sentiu a presença da palavra profética conforme o versículo acima e quis clarear a estrela com mais encontros entre os moradores próximos em um lugar mais adequado onde a palavra pudesse ser pregada. Pois até então os encontros de culto e OASE se realizavam, naquela localidade, na casa de Lori. Surgiu então a ideia de construir uma igreja na Linha Turvo. Mobilizou-se a comunidade local mais uma vez sob a orientação do pastor Jahn e construiu uma pequena igreja com recursos dos próprios moradores da localidade. Pastor Jahn e a Sra. Lori já são falecidos, mas a igreja continua lá, servindo a comunidade local. 104
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NOVEMBRO
Pelo que me foi revelado pelos moradores da Linha Turvo, a intenção da Sra. Lori e do P. Jahn foi construir a igreja para que as pessoas tivessem mais contato com a Palavra de Deus, para perceber que ensinos confusos e deturpadores da verdade aparecem de modo sutil. É uma realidade que os cristãos enfrentam no dia a dia também ainda hoje. A sociedade em que vivemos tem muitos olhos e braços que nos vigiam e interferem em nossa vida. Sem pedir licença, entram em nossa casa, em nossa consciência, limitando, podando e nos afastando da mensagem cristã. Penso que Deus espera dos membros da OASE e da IECLB que façam a diferença, conforme o versículo acima, que sejam uma luz que brilha em lugares escuros. No convívio com membros da IECLB e como psicóloga, sob atenta direção do Espírito Santo, que transforma o ser humano, muda o agir, pensar e sentir, percebi que as pessoas são transformadas pela ação do Espírito Santo, reafirmando a verdadeira identidade do ser humano, aquela para a qual foi criado, de forma que consegue realizar obras para cumprir a missão que Cristo deixou. Élida Vollbrecht Panambi/RS
Tecendo o caminho da roça Cada pessoa faz planos, estabelece objetivos, busca novos horizontes, procura “tecer o seu caminho”. Diante das expectativas da vida, muitas pessoas encontram ânimo na história de seus antepassados ou em sua própria história de vida. Dependendo da época ou situação, somos convidados a olhar para trás, fazer uma avaliação do que passou, para então seguir em frente com esperança. O povo de Israel também teve momentos em sua história quando precisou fazer um balanço, olhar para trás, para então continuar sua caminhada. Ele saiu do Egito, caminhou por quarenta anos pelo deserto e finalmente chegou às portas da terra prometida. Era o momento de avaliar e recomeçar. A leitura de Deuteronômio 8.1-10 nos ajuda a aprofundar a reflexão. (Ler o texto.)
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Povo de Israel Antes de entrar na terra prometida, de iniciar um novo tempo, o povo de Israel é chamado por Moisés a relembrar o que passou. “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou...” (v. 2). Esse momento foi muito importante diante das promessas do futuro. Moisés lembrou o povo que Deus os acompanhou até aquele momento. Ele queria que o povo percebesse os cuidados de Deus no passado e no presente, para então continuar confiando o futuro a ele. Nesta reflexão, somos convidados a perceber que Deus quer ser Deus em todos os momentos da nossa vida. O fato de podermos olhar para trás já é prova mais que suficiente de que Deus cuidou de nós e preservou a vida. Quando entendemos e percebemos a presença de Deus durante a caminhada, podemos olhar para frente. Aliás, fazer planos é um passo de confiança e esperança. Quando fazemos planos para o futuro, devemos ter em mente que o Senhor cuidou no passado, guarda no presente e nos protege no futuro. Quem confia plenamente sua vida a Deus pode olhar para frente sem se desesperar e seguir olhando para novas possibilidades. Arquivo pessoal
Primeiro templo, inaugurado em 1959
Comunidade de Bugre Alto A reflexão a partir do tema “Tecendo o caminho da roça” também incentiva a preservar a memória da nossa história, seja ela pessoal, familiar, de grupo ou de comunidade. Diante disso, a intenção é contribuir a partir de alguns aspectos da história da Comunidade Evangélica Luterana em Bugre Alto – Chopinzinho/PR. Essa comunidade surgiu com a chegada de algumas famílias luteranas de Sarandi/ RS a partir de 1956. O primeiro culto foi realizado em setembro de 1957, com a participação das famílias Fetzer, Sponholz, Becker, Knop, Muller e Gerhardt. Surgia então a Comunidade Luterana de Bugre Alto/PR, filiada à Paróquia de Pato Branco/PR, IECLB. A primeira igreja (templo) foi inaugurada em 1959, construído no terreno onde
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ainda hoje estão todas as instalações da comunidade: templo, centro comunitário, campo de futebol e cemitério. Em 1969, a comunidade conseguiu adquirir o sino da igreja, que foi trazido de Porto Alegre/RS. Os primeiros membros da comunidade trabalhavam todos na agricultura. Sobreviviam principalmente do cultivo do milho, trigo e criação de suínos. O atual templo foi Templo atual inaugurado em 22 de fevereiro de 1981 e a comunidade conta atualmente com 108 famílias, aproximadamente 310 membros (batizados), que se reúnem em grupos e atividades como culto, OASE, encontro de casais, grupo de jovens, grupo de louvor, ensino confirmatório, culto infantil, entre outros. OASE de Bugre Alto Dentro desse contexto estão inseridas as mulheres com suas significativas contribuições para manter a família, bem como contribuir no testemunho do Evangelho. O grupo de OASE iniciou no dia 15 de março de 1979, com a participação de 13 mulheres e sob a orientação do pastor Orlando Schmidt. No mesmo ano foi eleita a priArquivo pessoal meira diretoria da OASE, entre elas: Irene Albrecht, Nilve Fuchs e Iraci Fetter. Inicialmente as mulheres se reuniram nas casas para meditação, oração, louvor e trabalhos com artesanato. Realizavam visitas a doentes, deslocando-se a pé e, muitas vezes, com crianças no colo. Não faltavam iniciativas e esforços para testeCoral da OASE
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munhar que por meio da OASE podiam manifestar o amor a Deus e ao próximo em meio ao seu contexto. A partir de 1991 surgiu a iniciativa de adquirir uma mesa de Bolãozinho, que também contribuiu como mais uma alternativa de encontro e confraternização entre as mulheres. Essa iniciativa Encontro do grupo de OASE proporciona ainda hoje um encontro mensal e uma entrega por ano de prêmios por participação. Cada ano a comunidade celebra festividades que contribuem para preservar e fortalecer a cultura e as tradições, promovendo alegria e motivação no contexto da comunidade e do município. A história das mulheres de Bugre Alto/PR certamente não é diferente da história de outras mulheres em outras comunidades de contexto rural. Mas não podemos deixar de registrar que houve luta, persistência e dedicação. Muitas mulheres faziam suas tarefas do lar em momentos que deveriam ser de descanso. O trabalho na roça era a base do sustento para a maioria e, como consequência, ocupava o maior tempo. Hoje as mulheres olham para trás e conseguem reconhecer que Deus esteve presente, concedendo saúde e forças para seguirem “tecendo o seu caminho”. Hoje as mulheres continuam se reunindo e testemunhando com muita alegria que Jesus Cristo é Senhor e Salvador. Os encontros de OASE acontecem com uma significativa participação, promovendo Comunhão, Testemunho e Serviço. Cabe também registrar que algumas pioneiras já faleceram e outras não participam por causa da idade avançada. Entre elas podemos citar o nome de Elsa Derlam, com 96 anos de idade, que continua lúcida perguntando detalhes sobre os encontros do grupo. A história dessas mulheres “guerreiras” de Bugre Alto/PR reflete significativamente no testemunho atual. Na alegria do encontro, na confraternização, no acolhimento, na visitação, no acompanhamento, no comprometimento e envolvimento para manter e fortalecer seus valores, incluindo sua cultura e tradição. 108
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O povo de Israel chegou a uma boa terra que oferecia melhores condições de vida. E nessa terra o povo foi chamado a continuar confiando em Deus e nele depositar a esperança. A história de Deus com seu povo, que inclui a história das mulheres de Bugre Alto/PR, não é muito diferente e traz muitos ensinamentos. Entre eles, ensina que nossos projetos, planos e anseios são possíveis e podem ser alcançados por meio do Senhor da história. Relembrando o caminho trilhado, podemos ter a certeza de que Deus estava presente. Olhando para o futuro, podemos confiar que o Senhor está à frente preparando o caminho para ser trilhado pelos seguidores de Jesus Cristo. Feliz é aquela pessoa que coloca seus planos e expectativas sob a orientação de Deus e nele deposita sua esperança. Amém! P. Mario Maass Bugre Alto – Pato Branco/PR
Saúde A importância da respiração Se você está lendo ou ouvindo alguém ler este artigo, é porque você está viva, ou seja, está respirando. Mas será que está respirando corretamente? Re-spir-ar tem a mesma raiz latina de e-spír-ito. SPIR significa “que sopra”, “vento”, alma. O termo provém do hebraico ruach e significa “sopro”, “hálito”. Nossa respiração é nosso automatismo mais antigo, toda e qualquer atitude crônica contém em si, inerentemente, inibições respiratórias específicas a serem descobertas e desfeitas, diz o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa. Nos dias atuais, parece que estamos todos e todas ligados ao piloto automático, nem percebemos de que maneira estamos respirando. 109
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Negligenciamos a respiração por ser tão óbvia: se levanto de manhã, é porque estou respirando, então está tudo certo. Acredite, não é assim que funciona! A respiração é o regulador básico de tudo o que se passa com a gente. Depende dela termos mais ou menos energia para a vida. E ela está extremamente vinculada com a nossa musculatura. Ambas trabalham juntas, comandadas pelo sistema emocional. Se respirarmos mal, nosso corpo dará sinais não só de cansaço físico, mas de cansaço mental, emocional e até espiritual. O corpo contrai-se e as tensões aparecem e comunicam que algo não está bem. Se eu consigo harmonizar a respiração, consigo equilíbrio físico, mental, espiritual; liberto-me das tensões e a vida flui suavemente. Quando temos emoções muito fortes, um bom exercício é procurar entrar em contato com nossa respiração, com nosso sopro e respirar amplamente, respirar docemente e o mais profundamente possível. “Somos pacientes e estamos em paz quando respiramos mais doce e profundamente. E convidar alguém para conhecer a paz é convidá-lo a expandir seu sopro”, diz o teólogo e filósofo francês Jean-Yves Leloup. Nos meus atendimentos, seja na arteterapia ou na massoterapia, a primeira pergunta que faço é: “Como você respira?” É nesse momento que a pessoa começa a refletir e sentir a maneira como está respirando, e esse é o primeiro passo para tomar consciência do seu corpo na totalidade. Tomando consciência disso, o segundo passo é treinar a respiração. Isto mesmo: treinar, porque, como já foi mencionado no início, nossa respiração é automática. Após o treinamento, o cérebro reaprende diferentes formas de respiração e estará atento aos novos comandos dados ao pulmão e ao diafragma para que a pessoa respire calma e profundamente, oxigenando o cérebro, auxiliando a corrente sanguínea, proporcionando uma reação em cadeia, que fará com que todo o corpo perceba que algo foi transformado; a aceleração é controlada e a paz é restabelecida, pois o sopro está fluindo livre e leve. Inspire... Expire... Transpire... Cuide de sua respiração! Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC
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Advento Tempo de transformação [...] fiquem firmes e de cabeça erguida, pois logo vocês serão salvos (Lucas 21.28). O período do Advento é relacionado à proximidade, à esperança e ao preparo da vinda de Jesus. É lamentável que ele seja esvaziado pelo comércio e pela publicidade, que giram em torno de presentes. É também um tempo em que as pessoas procuram aliviar sua consciência, fazendo campanhas em favor dos menos favorecidos. Isso deveria ser uma preocupação constante e não ficar restrito ao período natalino. O Advento conclama todos os fiéis a avaliarem suas atitudes, o que foi feito, as oportunidades aproveitadas ou perdidas e, se for o caso, a realinharem suas vidas na expectativa de um novo amanhã. Seu tema principal é a proximidade do Dia do Senhor, para o qual é preciso estar atento, vigiar, orar e estar desperto diante dos fatos que antecedem a consumação dos tempos. (Ler Lucas 21.25-36). É preciso valorizar o tempo de Advento como uma dádiva e uma oportunidade para reflexão sobre a vivência sensata, correta e justa neste mundo. É tempo de transformar radicalmente o que está mal e de testemunhar a boa-nova da salvação, que entrou no mundo com o primeiro Natal, quando Deus mesmo veio habitar entre nós. Advento é a possibilidade de uma nova perspectiva de vida para toda a humanidade. É a oportunidade de redescobrir o sentido da vida, do Natal e da grande festa que Deus preparou para os fiéis aqui na terra e no mundo que está por vir. “Cesse o temor e cesse o mal! As trevas passem já! A eterna paz Deus nos dará. A paz Deus nos dará.” (Hinário Luterano 37) ORAÇÃO: Senhor Jesus, que neste período de Advento eu possa estar sempre perto de ti assim como tu estás perto de mim. Certifica-me sempre de novo de que eu posso contar contigo e de que preservarás a minha fé e a minha vida até o momento em que eu passar a viver definitivamente no céu e na nova terra. Amém. Sérgio B. da Silveira Extraído de Castelo Forte 2012
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Ilse klein, Delci Marga Adam, Elfi Roedel, no Encontro Nacional da OASE, setembro de 2014, em Porto Alegre/RS
D E Z E M B R O
Datas importantes 01 – Dia Internacional de combate à AIDS 03 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 04 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 11 – 3º Domingo de Advento 18 – 4º Domingo de Advento 24 – Véspera de Natal 25 – Natal 31 – Véspera de Ano-Novo
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O nascimento de Cristo trouxe o Deus infinito para o ser humano finito.
Dezembro
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4 11 18 25
5 12 19 26
6 13 20 27
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Q 1 8 15 22 29
S 2 9 16 23 30
S 3 10 17 24 31
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DEZEMBRO
DEZEMBRO Eu espero pelo Senhor mais do que os vigias esperam o amanhecer. Salmo 130.6
Meditação A vida nas profundezas
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as mais densas trevas da vida nasce o desejo ardente de estar com o Senhor. Grande parte de nossas vidas acontece na superficialidade, sem percebermos que muitas vezes somos levados e levadas por uma nociva rotina de preocupações, trabalho, família, enfim, somos arrastadas por uma avalanche de coisas que nos tiram do controle. Com tudo isso, nossa vida social e espiritual fica pouco profunda pela falta de comunhão, falta de testemunho e falta de compromisso em servir a Deus e ao próximo. Dependendo da situação até parece mais cômodo ficar na superficialidade, contudo, perde-se a essência da vida, quando não há profundidade. O salmista diz: “Eu espero pelo Senhor mais do que os vigias esperam o amanhecer” (Salmo 130.6). A Bíblia não informa a situação pela qual o salmista está passando. Ele não está ansioso apenas para ser atendido em suas necessidades, mas acima de tudo, é pelo próprio Deus que ele aguarda. Ele tem sede de Deus, não apenas das coisas que Deus pode lhe conceder! Na mais profunda angústia o salmista exprime sua fé e persiste em confiar e esperar em Deus. Ele não entra em desespero! Ao contrário, ele se apega à palavra do Senhor e confia em suas grandiosas promessas. Certamente ele teria motivos grandes para se queixar contra Deus, mas ele orou focado na graça de Deus, que é capaz de vencer todas as dificuldades. Ele descobriu que das densas trevas da vida, pode-se olhar para o mais alto céu e clamar por uma luz divina, tal como os guardas esperam desejosos ver o sol raiar na virada da alva. Antes de clamar a Deus das profundezas é necessário reconhecer-se caído num abismo tão profundo do qual é impossível salvar-se sozinho. E quanto maior e mais profundo for o vale escuro em que te encontrares, maior será a presença redentora de Deus para socorrê-lo. Quem nele espera não permanecerá nas profundezas. E o Senhor não apenas livra de “vales profundos” como a infidelidade, a desobediência e a transgressão, mas perdoa todos os pecados, concedendo paz, alegria e vida nova, a todos que clamarem a ele na hora da angústia. 113
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O salmista encontrou vida, perdão, misericórdia e redenção justamente quando estava nos vales mais profundos de sua vida. Como ele teceu a sua trajetória em meio às densas trevas são histórias que estamos contando ainda hoje! Quando “faltou luz” e o “abismo” em sua vida era profundo, ele se encontrou e foi encontrado pelo Senhor. Para reflexão: 1) O que caracteriza a sua vida? A superficialidade ou a profundidade? 2) O que você tem pedido a Deus? Aquilo que você acha que precisa ou a presença dele? 3) Você vive mais se queixando ou prefere focar na graça e persistir na confiança e esperar em Deus? Miss. Alexsandro Gonçalves Coelho Santarém/PA
Tecendo o recomeço Olho pela janela de minha vida em direção ao passado e vejo muitos recomeços, tanto meus como do meu povo. Vejo a presença ativa de Deus, sua orientação, força, poder, cuidado e sua mão desbravadora abrindo novos caminhos e mostrando novas possibilidades. Foi um caminho longo, com muitas dores, perdas, frustrações, decepções, mas também com muitas realizações, alegrias, vitórias e conquistas. Tanto os momentos difíceis quanto as alegrias sempre foram marcados pela presença constante de Deus. Um dos recomeços que me contaram foi de meus antepassados, que, em busca de sobrevivência, nos anos de 1750, saíram da Alemanha e foram viver na Iugoslávia por 200 anos. Ali passaram por muitas necessidades e privações. Eram pequenos proprietários de terra, da qual extraíam com muita dificuldade os alimentos. Como era costume na época, havia as aldeias católicas e as aldeias evangélicas, as quais eram assistidas por seu líder espiritual. Após quase 200 anos de lutas, por serem alemães, tiveram que fugir devido à Segunda Guerra Mundial. Foram acompanhados por seu pastor em direção à Áustria, que os acolheu como refugiados e sem muita estrutura. Novamente recomeçando, sem saber que essa permanência duraria apenas sete anos, sendo que eu fui 114
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concebida após o retorno de meu pai como prisioneiro de guerra. Ouvi minha mãe contar que ela olhou pela janela e viu dois maltrapilhos chegando e quase não reconheceu que um deles era meu pai. Fui batizada por esse mesmo pastor que nos acompanhou no exílio em um “batismo de emergência”, devido à fragilidade de minha saúde. Carregados por “graça e fé”, preparamo-nos para recomeçar de novo. O sonho pela terra própria continuava inquietando meu pai e seus irmãos. Ouviam falar que no Brasil haveria uma nova chance de recomeço através das colonizadoras. O Brasil manifestava interesse na vinda de imigrantes. Em 1951, quando eu tinha seis anos, 12 membros da família Hoffmann, a bordo do navio Provence, colocaram-se a caminho do Brasil, durante três longas semanas. Entre as poucas bagagens encontrava-se uma Bíblia, que havia sido presente de casamento de minha vó, a qual lia constantemente. Na bagagem havia sonhos, expectativas e muita esperança. Ao aportar nas novas terras, Guarapuava/PR, houve uma dificuldade de adaptação, visto que meus irmãos logo se dirigiram a Curitiba/PR, para trabalhar. Dos 12 que vieram ao Brasil, cinco permaneceram em Guarapuava, e sete novamente empreenderam um recomeço em Curitiba, deixando os poucos pertences para trás. Anos se passaram. Casei-me e meu esposo fez profissão de fé na IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Tive três filhos e a vida transcorria com muitas bênçãos, alegrias e alguns poucos probleminhas. Participávamos em encontros de casais, eu participava da OASE e ele do presbitério da Paróquia Sul, mais tarde foi presidente da União Paroquial de Curitiba/PR. Não sabíamos quantos recomeços árduos estavam na nossa frente. No ano de 1999, meu filho, que era engenheiro da Siemens e trabalhava na Bolívia, faleceu repentinamente de múltiplas paradas cardíacas oriundas de uma arritmia cerebral. Madrugada de domingo, fomos noticiados do estado grave de saúde dele. Fomos para a Bolívia e o encontramos morto. Experimentamos a falta de chão sob nossos pés e o cuidado pastoral dos pastores de nossa igreja-irmã de face indígena, que nos ampararam e cuidaram. Acompanharam-nos até o nosso embarque. O mais difícil estava por vir: muita dor e tristeza. Inconformada, buscava por respostas. Elas vinham, e nem sempre como eu as queria, mas me suportaram e me ergueram muito lentamente. Foram três anos para sentir que podia recomeçar e, novamente, dar graças por meus filhos e meu esposo, presença constante. Eclesiastes 3.1-7 foi-me sugerido como leitura por um de nossos pastores: “Ajuda-me a aceitar que há tempo para cada propósito”. Mais um ano de calmaria e junto com meu esposo construímos nossa nova casa, que seria a casa para envelhecermos juntos. Mal a casa estava pronta, meu esposo descobriu um câncer em estado avançado e com várias metástases. Foram sete meses de sofrimento até que ele descansou. E novamente tive que recomeçar, desta vez sozinha. Assim como na perda do meu filho, novamente 115
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experimentei o cuidado e o amor do meu grupo de OASE. Senti-me carregada e protegida, mesmo nos momentos de maior tristeza e solidão. Desde os tempos do ensino confirmatório de nosso primeiro filho, adquirimos o hábito de ler o Castelo Forte e orar antes do café da manhã, hábito que mantenho até hoje e testemunho que me ajudou em muitos momentos. Nesse recomeço sem meu esposo, eu dou graças a Deus por todas as pessoas que agreguei através da igreja ou dos matrimônios de meus filhos. Dou graças a Deus pelos meus filhos, noras e netos, que tanto me alegram e com os quais posso contar em momentos de necessidade. Dou graças pela vida como ela é, sem tirar nem por nada, porque em Deus confio os meus dias. Irmgard Löwen São José dos Pinhais, Curitiba/PR
Celebração de Natal Venha e olhe a luz de Belém; em meio à noite escura pode nos iluminar. Não tenhamos medo; com mãos de criança nos busca o Senhor. Vem ensinar-nos que a paz começa dentro de nós e do pequeno pode crescer o grande e verdadeiro, e que o mais importante de tudo é o amor. Leitura bíblica: Lucas 2.8-14 (8) Naquela região havia pastores que estavam passando a noite nos campos, tomando conta dos rebanhos de ovelhas. (9) Então um anjo do Senhor apareceu, e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos pastores. Eles ficaram com muito medo, (10) mas o anjo disse: Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo! (11) Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor! (12) Esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura. (13) No mesmo instante apareceu junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exército celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo: 116
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(14) Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem! Hino de Natal: HPD 1, 17 Leitura bíblica: Isaías 9.6-7 (6) Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei. Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”. (7) Ele será descendente do rei Davi; o seu poder como rei crescerá, e haverá paz em todo o seu reino. As bases do seu governo serão a justiça e o direito, desde o começo e para sempre. No seu grande amor, o Senhor Todo-Poderoso fará com que tudo isso aconteça. Reflexão: Confessar nossa dificuldade em seguir os caminhos da paz. Afirmação de esperança: Salmo 85.9-10. (9) Na verdade, Deus está pronto para salvar os que o temem a fim de que a sua presença salvadora fique na nossa terra. (10) O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão. Presente de Natal! Neste Natal, queria um só presente: entre todos melhor compreensão. Queria ver alegre toda gente, havendo amor em cada coração. Neste Natal, ficaria bem contente se entre todos houvesse mais união. Que houvesse paz, paz mais permanente; e cada um fosse tido como irmão. Neste Natal, queria que dos céus descessem, outra vez, anjos de Deus com a canção que muita fé nos traz: Glória a Deus seja dada nas alturas. Cantem louvores todas as criaturas, e haja paz entre as pessoas, muita paz. Paz... Palavra pequena de gigantesco significado; é pequena, por isso o mundo teme por ela! É gigantesca, o Universo deseja apoiar-se nela! Onde há paz, há felicidade. 117
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Felicidade perfeita só existe em Deus; sem Deus não existe paz. Quando Deus se fez homem no dia de Natal, os anjos afirmaram que a felicidade ia ao encontro das pessoas, e desceram pelos ares cantando harmoniosamente: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade”. Paz... que as pessoas tenham paz! Paz não é ausência de dor. É dor com amor. Paz não é ausência de espinho. É presença de rosas. Paz não é noite escura. É o céu com estrelas. Paz não é ausência de ofensas. É a presença de perdão. Paz não é exigir. É saber renunciar. Paz não são algemas partidas. São mãos entrelaçadas. Paz não é concordar. É saber coexistir. Paz não é esquecer com amargura. É sorrir com brandura. Paz não é somente transigir. É compreender. Paz não é fogo que queima. É chama que aquece. Paz não é fuga. É o encontro final. E a pessoa que não soube construir a paz para seu irmão se unirá ao coro dos anjos para bem cumprir a mensagem da manjedoura de Belém: “Paz na terra às pessoas de boa vontade”. Oração pela paz: Senhor da Paz, a humanidade toda clama por ti. Que a tua paz venha sobre nós como a chuva da manhã que lava e embebe os campos sedentos de água, que ela venha para que os inimigos se deem as mãos e se beijem fraternalmente; que a paz venha como o vento e a brisa da tarde, que afagam os rostos cansados pelo trabalho do dia. Vem, Senhor da Paz, e conduze-nos pelo caminho da paz e do entendimento. Que a tua paz seja acolhida por corações que trabalham pela unidade, por corações que esmagam o verme do egoísmo e partilham o pão da afeição e da vida, por todos aqueles que sentem que ela é fruto de vidas novas, de corações novos, de humanidade nova. Vem, Senhor da Paz, e preenche nossas mentes e corações com amor e solidariedade. Tu, Senhor, te tornaste o Príncipe da Paz no semblante sereno de Cristo Jesus. Tu anunciaste tua paz quando, ressuscitado, Cristo nossa esperança, falavas aos apóstolos do dom de uma paz nova que nasce do perdão do pecado. Vem, Príncipe da Paz, e ensina-nos a viver a tua paz, o teu amor, a tua esperança. Aqui estão os pobres da terra, pedindo-te a paz para viver os dias de amanhã. 118
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Vem, Príncipe da Paz, e que o nosso amanhã seja mais pleno de alegria, de paz e entendimento entre nós e entre os povos em todo o mundo. Amém. Bênção: Que a paz possa reinar no mundo. Que o amor de Deus se faça presente na vida de cada pessoa. Que o mundo seja preenchido com sinais do Reino de Deus, pela ação do espírito de paz e justiça. Que a nossa vida seja plena de esperança, alegria, paz e amor. Naquele que veio para ser nosso Salvador. Amém! Enviado por Olga K. Roque Juiz de Fora/MG Extraído e adaptado de Revista Voz Missionária, nov./dez. 2012
Oração para o ano novo Obrigada, Senhor, pela tua presença constante ao meu lado: pela força no momento de fraqueza; pela alegria no momento de tristreza; pela paz na tribulação e na angústia; pela rocha que alicerça meus projetos; pelo embalo harmonioso que me acalma nas noites de inquietação; pela luz que ilumina meu caminho; pela energia que me faz caminhar; pelos teus passos que orientam os meus; pela ternura e bondade que envolvem toda a minha vida; pela tua presença em cada momento em que vacilo. Quando caio, me levantas. Quando me decepciono, me animas. Quando sinto medo, me fortaleces. Em ti confio plenamente e rendo-te graças pelas bênçãos e maravilhas que realizas a cada novo dia. Peço por tua bênção e proteção para este novo ano que está à frente: Amém. Enviado por Helga Schünemann Panambi/RS
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Artesanato Agulheiro Material: 01 CD ou DVD, tecido (de preferência malha para camiseta), fibra, cola quente, agulha, linha e EVA. Modo de fazer: Recorte no tecido um círculo de 20cm x 20cm. Faça um fuxico e dentro coloque o CD ou DVD. Recorte outro círculo de 12cm x 12cm, faça um fuxico com tecido, dentro coloque um retângulo de 20cm x 2,5cm de EVA. Faça um círculo colando as extremidades com cola quente e encha com fibra. Costure as duas partes para juntar. Recorte 10 círculos no tecido de 5,5cm x 5,5cm e faça 10 fuxicos, cole-os com cola quente em volta das partes que foram costuradas para juntar. Se quiser, poderá fazer um lacinho e prender no agulheiro para poder pendurá-lo. Nélvi Werkhäuser Herpich Três de Maio/RS
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