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© Editora Sinodal, 2017 Rua Amadeo Rossi, 467 Caixa Postal 11 93001-970 – São Leopoldo/RS Tel.: (51) 3037-2366 editora@editorasinodal.com.br www.editorasinodal.com.br Elaborado pela Associação Nacional dos Grupos de OASE da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) Diretoria nacional: Rejane Beatriz Johann Hagemann (Presidente), Anelize Marleni Berwig (Vice-Presidente), Leda Müller Witter (Secretária), Elfi Roedel (Vice-Secretária), Lurdes Irene Gerhardt (Tesoureira), Teresinha Metzker (Vice-Tesoureira) Nova diretoria nacional a partir de 2018: Wilhelmina Kieckbusch (Presidente), Elfi Roedel (Vice-Presidente), Noeli Maria Dunck Dalosto (Secretária), Rejane Beatriz Johann Hagemann (Vice-Secretária), Vilma Grahl (Tesoureira), Lurdes Irene Gerhardt (Vice-Tesoureira) Assessoria teológica: Diácona Telma Merinha Krammer e Pastora Márcia Helena Hülle Conselho redatorial: Olga Kappel Roque, Edeltraud F. Nering, Rejane Beatriz Johann Hagemann, Leda Müller Witter, Lurdes Irene Gerhardt Coordenação editorial: Helga Schünemann Contato: helgaschunemann@yahoo.com.br Produção editorial e gráfica: Editora Sinodal ISSN 21755515
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ÍNDICE Apresentação – Rejane Beatriz Johann Hagemann ........................................ 5 Palavra da Presidência da IECLB ................................................................... 7 JANEIRO Descanso: Tempo de paz e comunhão (Deuteronômio 5.14)........................ 10 Expressões de graça ...................................................................................... 13 Mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma: um sonho da OASE que se tornou realidade ................................................ 15 FEVEREIRO Guardar os mandamentos no coração (Deuteronômio 30.14) ...................... 19 Gratidão e resiliência .................................................................................... 22 Associação Nacional da OASE visita Rondônia .......................................... 26 Pare e pense: Ações que transformam .......................................................... 27 Simplesmente ser! ......................................................................................... 28 MARÇO A consumação do amor de Deus (João 19.30) .............................................. 30 Gratidão pelo que tenho ................................................................................ 31 Quaresma: Tempo de jejum e arrependimento ............................................. 33 Bênção das mulheres..................................................................................... 36 ABRIL A paz esteja com vocês (João 20.21) ............................................................ 38 Gratidão, resiliência e esperança................................................................... 40 Páscoa: Ressurreição de Cristo, nossa ressurreição ...................................... 43 Sinais da Páscoa ............................................................................................ 46 MAIO Fé e confiança (Hebreus 11.1)....................................................................... 48 Gratidão e paz: justificados somente pela fé ................................................. 50 Oração: Nas mãos do oleiro .......................................................................... 51 A arte de conviver a dois ............................................................................... 52 As bem-aventuranças da mulher cristã ......................................................... 55 Mãe de coração ............................................................................................. 56 JUNHO Um ato de amor ao próximo (Hebreus 13.2) ................................................ 58 Gratidão pelo perdão ..................................................................................... 60
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Viva, São João ............................................................................................... 62 A Nova Bíblia de Lutero ............................................................................... 65 JULHO Semeiem a justiça (Oseias 10.12) ................................................................. 69 Agradeço pelo que sou .................................................................................. 70 Perseverança na oração ................................................................................. 72 Oração matutina ............................................................................................ 75 AGOSTO O amor de Deus irradiado ao próximo (1 João 4.16) ................................... 77 Gratidão pela oração ..................................................................................... 80 Jogral: Pai-Nosso .......................................................................................... 83 De pai para filho ............................................................................................ 84 Meu Salmo 1 ................................................................................................. 85 SETEMBRO Tudo tem o seu tempo (Eclesiastes 3.11) ...................................................... 87 Fé – essa estranha força que dá sentido à vida ............................................. 89 Pátria amada, idolatrada? .............................................................................. 91 Antiga bênção irlandesa ................................................................................ 94 OUTUBRO Senhor, tu sabes o que desejo (Salmo 38.9) .................................................. 96 Venha o que vier, eis-me aqui ....................................................................... 98 Do conflito à comunhão .............................................................................. 101 Declaração Conjunta Católico-Luterana da Reforma ................................. 103 Orientações para pais e mães ...................................................................... 107 NOVEMBRO A porta do céu (Apocalipse 21.2) ............................................................... 111 Gratidão: elixir para uma vida saudável ..................................................... 114 Pessoas vivendo o luto ................................................................................ 120 Finados ........................................................................................................ 123 DEZEMBRO Quando viram a estrela, ficaram felizes (Mateus 2.10) .............................. 125 Servir e ser feliz .......................................................................................... 127 Então é Natal! ............................................................................................. 129 Celebração de Natal em família ................................................................. 133 Gincana de Natal ......................................................................................... 135 Trabalho manual: sacolinha de presente ..................................................... 136
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Apresentação Gratidão
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ratidão é o sentimento de reconhecimento, uma emoção que sentimos por saber que alguém fez algo de bom, ou para nós ou para uma outra pessoa. Gratidão também nos envolve quando nós fazemos o bem. Gratidão é aquele sentimento que invade o peito e nos faz agradecer por tudo, mas tudo mesmo... por cada lágrima derramada, por cada dor que passamos e que precisamos superar, por cada sorriso que oferecemos e recebemos, pelas pessoas que Deus colocou e coloca ao Rejane Beatriz Johann Hagemann, longo de nossa vida. presidente da Associação Nacional dos A força da gratidão está na capaci- Grupos de OASE (diretoria 2013-2017) dade desse sentimento de nos tornar mais felizes. Pessoas felizes são gratas. Pessoas gratas são mais felizes. Agradecem a Deus por tudo o que ele tem feito. Percebem as dádivas que recebem do Senhor: sol, luz, água, família, amigos... É simplesmente poder levantar a cada dia, respirar e cantar: “a cada dia nasce de novo o sol, assim renasce a cada manhã a misericórdia de Deus...” (“Amanhecer”, autoria de Rodolfo Gaede Neto). Gratidão é expressar o amor a Deus. A gratidão traz junto um conjunto de outros sentimentos, como amor, fidelidade, amizade. Não deve estar presente somente em nossas palavras ou ações, mas também em nossos sentimentos. Se não estamos de bem conosco mesmas, insatisfeitas e tristes, nosso coração fica pesado e, infelizmente, somos levadas a sentir gratidão somente quando recebemos algo em troca, mas a gratidão não é moeda de troca. Ser grato não nos afasta de nossos problemas, mas nos fortalece para aprender a lidar com eles, pois a verdadeira gratidão só acontece quando nos doamos por inteiro, sem restrições. Quando amamos, não colocamos limites para
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nossa gratidão e não esperamos algo em troca. Somos gratas por simplesmente amar... palavrinha essa muito usada, mas pouco colocada em prática. Gratidão com amor não apenas aquece quem recebe, mas conforta quem oferece. E lembrem-se: Tudo o que vocês fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus e por meio dele agradeçam a Deus, o Pai (Colossenses 3.17). Amado Deus, graças pela vida, pelas pessoas que colocastes em meu caminho, pelas coisas boas e ruins que me acontecem, pois cada uma me faz refletir e tentar ser melhor. Tudo o que sou e que tenho vêm de ti, Senhor. Obrigada por estar comigo hoje e sempre. Amém. Que este Roteiro da OASE possa ser agente transformador em sua vida. Boa leitura. Rejane Beatriz Johann Hagemann Estrela/RS
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Palavra da presidência da IECLB Do conflito à comunhão
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ste Roteiro da OASE carrega duas palavras de profundo significado: fé e gratidão. São dois presentes que recebemos de Deus. Foi e continua sendo Deus quem planta e sustenta nossa fé. E é dessa fé que a gratidão resulta como fruto. É por causa da fé e da gratidão que pessoas cristãs também estão em condições de lidar com assuntos complexos. Um desses assuntos está no título do presente texto: Do conflito à comunhão. A que nos referimos? Em 2017, celebramos o Jubileu dos 500 anos da Reforma. Por razões as mais distintas, a Reforma desencadeou muitos conflitos a partir de 1517. Lutero mesmo vivenciou essa realidade. Para não correr risco de vida, foi escondido no castelo de Wartburg. Ainda séculos depois, vivemos parte desses conflitos no Brasil. Muitas mulheres da OASE certamente recordam dos “rolos” que houve por causa de casamentos mistos, quando um dos cônjuges era membro da IECLB e outro, da Igreja Católica. Felizmente nós avançamos para melhor. Mas há perguntas ainda abertas. Do conflito à comunhão é o título de um livro, que resulta de quase vinte anos de estudo e diálogo entre a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial – FLM. E por ser a IECLB filiada à FLM, a Pa. Dra. Wanda Deifelt, pastora da nossa igreja, participou da comissão que publicou esse livro. Do conflito à comunhão “é a primeira tentativa histórica no âmbito internacional de descrever a história da Reforma conjuntamente [...], de identificar a convergência alcançada e as diferenças ainda persistentes”, diz na introdução (p. 8). Percebamos o detalhe: mesmo que ainda haja diferenças entre as duas igrejas, esse livro identifica elementos que nos aproximam e fortalecem nossa comunhão. O foco desse estudo é deslocado das diferenças e do conflito para aquilo que fortalece a caminhada conjunta da IECLB e da Igreja Católica no testemunho do Evangelho. Por isso o título Do conflito à comunhão.
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É oportuno relembrar que, já em 1999, a FLM e a Igreja Católica marcaram a história com um profundo gesto de comunhão. Naquele ano, foi assinada a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da justificação por graça e fé. Nessa Declaração (disponível no portal da IECLB), lemos o seguinte: “Juntos, católicos e luteranos confessam: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para boas obras”. A Declaração reconhece o cerne da teologia evangélico-luterana: somos pessoas abraçadas, perdoadas e aceitas por Deus a partir daquilo que ele fez e faz por nós, e não por algum sacrifício ou alguma boa obra nossa. Ainda que pecadoras, somos declaradas pessoas justas por causa do amor de Deus por nós, por causa da sua graça. E Do conflito à comunhão traz mais aspectos que aproximam as nossas igrejas. Daí que o estudo desse documento é importante. “Recebam, portanto, o informe da Comissão com a esperança de que constitua um ponto de partida para avançar para além de uma história marcada pelo conflito, em direção a um presente e futuro que nos conduza a uma comunhão maior” (p. 8-9). Estamos em 2018, o primeiro ano após o Jubileu dos 500 anos da Reforma. Esse jubileu passou, mas o desafio de avançarmos na superação de conflitos em busca de maior comunhão está mantido. Por quê? Porque nós nos movemos pela fé e pela gratidão que provêm de Deus! E, além disso, porque nosso mundo carece de testemunhos de disposição e compromisso para abraçar a causa do Evangelho na missão de Deus. Nesse sentido, não é mero acaso que nos encontros ecumênicos se entoe a canção da unidade, que diz assim na primeira estrofe: Somos gente da esperança que caminha rumo ao Pai. Somos povo da Aliança que já sabe aonde vai. De mãos dadas a caminho. Porque junt@s somos mais, pra cantar o novo hino de unidade, amor e paz. P. Dr. Nestor Paulo Friedrich Pastor Presidente da IECLB Porto Alegre/RS
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes 01 – Ano-Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres (Frauenhilfe), em Berlim/Alemanha, sob a liderança da imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – *Philip Jacob Spener, fundador do Pietismo (+ 05/02/1705) 14 – 1875 – *Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+ 04/09/1965) 16 – 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 17 – 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg/Alemanha 29 – 1499 – *Katharina von Bora, esposa de Lutero (+20/12/1552)
A palavra bem pode existir sem a igreja, mas a igreja não pode existir sem a palavra. Martim Lutero
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J A N E I R O
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JANEIRO
O sétimo dia da semana é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos, nem as suas filhas, nem os seus escravos, nem as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que vivem na terra de você. Deuteronômio 5.14
Meditação Descanso: tempo de paz e comunhão Arquivo pessoal
Canto: Senhor, dá tempo pra mim. (Letra e partitura disponível em: <http://kilchb.de/musica/1v/ senhor_da_tempo_1v.pdf>).
Estamos no início de mais um ano. Um tempo de descanso para muitas pessoas. Também para muitas mulheres e grupos da OASE. O início do ano é tempo oportuno para recarregar as energias, sair da rotina, passear, viajar, visitar parentes e amigos e amigas, fazer planos para o novo tempo de vida que Deus nos concede. Quando nos lembramos do descanso necessário e revigorante, logo o relacionamos com o Vera Lúcia Bettega Küster mandamento divino. Sim, Deus nos deu um mandamento que se refere à prática da pausa do ser humano e de toda a criação: O sétimo dia da semana é o dia de descanso, dedicado a mim, o seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem os seus filhos, nem as suas filhas, nem os seus escravos, nem as suas escravas, nem os seus animais, nem os estrangeiros que vivem na terra de você (Deuteronômio 5.14). Interessante é o motivo por que Deus dá um mandamento que se refere ao descanso para o povo de Israel. Na sequência, o texto nos diz: Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado (Deuteronômio 5.15). 10
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JANEIRO Arquivo pessoal
Justamente pelo fato do povo de Israel ter experimentado a escravidão, o sofrimento e a opressão no Egito é que Deus valoriza o tempo livre e pede que o povo observe esse tempo para o seu próprio bem, tornando-o um tempo de gratidão e louvor. Deus mesmo descansou após a criação do mundo (Gênesis 2.2-3) e deseja que as pessoas, que são sua imagem e semelhança, também possam receber esse presente do tempo de descanso. Como vivenciar esse presente? Como observar o dia de descanso hoje? Ainda hoje há muitas pessoas que se deixam escravizar. Não vivem a liberdade para a qual Jesus Pa. Cristina Scherer Cristo já nos libertou (cf. Gálatas 5.1). O que escraviza as pessoas hoje é a ganância, o lucro a todo custo, a correria pelo sucesso, status, poder, o estresse, a busca pela perfeição, a competição entre as pessoas, a destruição da criação de Deus, o individualismo, o comodismo, o uso desenfreado da tecnologia e muito mais. Tudo isso contribui para a famosa frase, que já ouvimos e até dissemos: “Não tenho tempo...”. Deus deseja que as pessoas possam viver libertas de tudo que as escraviza. Já no tempo do povo de Israel Deus se importou com a liberdade, ouviu o clamor e sofrimento do povo e o libertou, concedendo regras para esse tempo novo de caminhada como povo amparado e amado por Deus através dos mandamentos. Geralmente a palavra “descanso” está relacionada com coisas que cada uma de nós gosta de fazer: dormir, comer, passear, assistir ao programa favorito na TV, olhar um bom filme, jogar, ler, fazer artesanato, praticar esportes ou o hobby favorito. Todas essas atividades servem para satisfazer nossas necessidades pessoais. Mas será que podemos praticá-las pensando também na coletividade, ou seja, realizar as tarefas que gostamos em comunhão? É certo que precisamos de um tempo só nosso para nos revigorar e repor as energias das correrias da vida, mas também é necessário um tempo de convívio e comunhão, tempo de gratidão, oração e partilha da palavra de Deus. O dia de descanso para nós é o domingo, por ser o dia da ressurreição de Jesus Cristo, e nos motiva para uma vida não só de lazer para satisfazer nossas necessidades individuais, mas quer acima de tudo ser um tempo de comunhão na comunidade cristã, de convívio saudável com a família, de conversas com pessoas amigas numa caminhada ou visitas que podemos realizar, tempo para agradecer a Deus pelo presente da vida e pedir que ele abençoe nosso tempo 11
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de trabalho, convívios e descanso, pois estamos constantemente em suas mãos, em seu colo amoroso. Martim Lutero nos recomenda no Catecismo Menor: “Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar a pregação e a sua palavra; mas devemos ter respeito por ela, ouvi-la e estudá-la com gosto”. Que cada tempo de descanso nos inspire e motive para caminharmos como pessoas libertas e amadas por Deus, que nos cuida e nos quer tão bem a ponto de se preocupar com a qualidade de nossa vida para recompormos nossas forças a fim de servi-lo mais e melhor. Canto: HPD 2, 455 – Cada dia o dia inteiro Dinâmica Numa folha, cada participante escreve de forma central e vertical a palavra: DESCANSO. Depois, cada uma vai formar um acróstico, ou seja, escrever outras palavras no início, meio ou fim que estejam relacionadas com o terceiro mandamento. Todas são convidadas a partilhar seu acróstico com o grupo e comentar sobre a importância de cada palavra escrita. Exemplo:
D CONVIVER S C A N S ORAR Bênção Na melodia do hino Deus te abençoe, HPD 2, 373, cantar: “Deus te dê descanso, Deus te dê bom tempo, tempo de louvar e de conviver.” Vera Lúcia Bettega Küster Pa. Cristina Scherer Balneário Piçarras/SC
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Expressões de graça Arquivo OASE Dinâmica Escrever no centro de um cartaz, com letras grandes, a palavra GRAÇA. Mostrar ao grupo e perguntar: – O que essa palavra evoca em termos de sentimentos, lembranças, significados? Cada pessoa, em silêncio, pensa sobre a pergunta. Depois, convidar as pessoas para caminharem pela sala pronunciando em voz alta a palavra GRAÇA. Ao passar umas pelas outras, as participantes pronunciam e anunciam a palavra de diferentes formas: cantada, sussurrada, afirmativa, interrogativa, exclamativa, fazendo uso de entonação e expressão corporal. Reservar de dois a três Pa. Carmen Michel Siegle minutos para esse exercício. Depois, em círculo, conversar sobre a experiência e o que cada uma tentou comunicar sobre a palavra graça. Registrar no cartaz algumas palavras que vão sendo compartilhadas em relação ao significado de graça. Ler as palavras registradas no cartaz e perguntar: – A partir do que compartilhamos, o que seria o antônimo de graça? Registre no mesmo cartaz, em cor diferente, algumas palavras que expressam o que pensam sobre o contrário de graça.
A graça de Deus Conforme o dicionário, graça é um substantivo feminino e tem sua origem no termo em latim gratia, que significa benevolência, estima ou um favor que se dispensa ou recebe. Também pode corresponder a características agradáveis de uma pessoa. Já o antônimo de graça é tristeza e adversidade, indicando para situações de infortúnio, calamidade, aflição, angústia, miséria, falta de graça (cf. Dicionário on-line de antônimos).
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Graça é uma palavra de grande importância para as pessoas cristãs. Ela é um elemento central na teologia luterana. Revela nossa condição perante Deus, de pessoas justas e pecadoras, igualmente carentes da sua graça e do seu amor. Em muitos contextos, a teologia da graça é um desafio. No Brasil, por exemplo, a meritocracia é considerada um valor importante da sociedade, porque parece apontar para um jeito mais justo de viver a vida – cada pessoa recebe aquilo que merece. Logo, expressões como “aqui se faz, aqui se paga”, “Deus ajuda quem cedo madruga” são bastante conhecidas e revelam o quanto se compreende que a situação na qual se vive é por merecimento. Quando alguém compartilha com outras pessoas uma grande realização, quer ouvir: você mereceu! Por isso é difícil entender esta doutrina que é central na igreja luterana – a justificação por graça e fé. Na época de Lutero, a preocupação sobre merecimento não era em relação à vida social, mas sim em relação à salvação eterna. No seu tempo, o medo de morrer e ir para o inferno era muito grande. As pessoas acreditavam que ir para o céu e receber as bênçãos e a proteção de Deus era uma questão de mérito. Por isso, na Igreja Católica, havia uma ênfase na doutrina das boas obras – coisas que a pessoa teria de fazer para merecer a salvação e a graça de Deus. Na leitura e estudo da Bíblia, Lutero compreendeu que seria impossível ao ser humano merecer a salvação. Deus compreende a fraqueza e incapacidade humana para isso. E porque ama todas as pessoas igualmente e sem distinção, Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo, trabalha pela nossa salvação. A justificação que nos traz salvação vem sem mérito. É graça de Deus, recebida por meio da fé (Romanos 1.17). A doutrina da justificação por graça e fé produz a humildade pessoal, porque nos torna conscientes de que tudo que recebemos é graça, misericórdia, e não mérito pessoal. Ela nos ajuda a compreender melhor a fraqueza de outras pessoas e a não condená-las por seus erros. Ela quer nos motivar a praticar a misericórdia também em nosso dia a dia (P. Dr. Wanderlei Defreyn). Reflexão em grupos Formar pequenos grupos. Escolher alguns textos abaixo e distribui-los de maneira que cada grupo reflita sobre um texto diferente: Mateus 11.28-30; Mateus 20.1-16; Marcos 4.35-41; Lucas 13.10-17; Lucas 15.11-32; Lucas 19.1-10; João 8.1-11. Pedir para cada grupo ler o texto e conversar sobre: O que mais chamou sua atenção no texto? O que o texto revela sobre a graça de Deus? 14
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Viver sob a graça de Deus nos protege de enfrentar situações difíceis? O que significa viver na graça de Deus? Uma pessoa de cada grupo faz os apontamentos para compartilhar em plenária. Plenária Proporcionar um momento de reflexão conjunta a partir do trabalho realizado nos pequenos grupos. Conversar sobre impressões, observações, descobertas. Pa. Carmen Michel Siegle Coordenadora de Gênero e Etnias da IECLB Porto Alegre/RS
Reforma Luterana Mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma: um sonho da OASE que se tornou realidade O sonho tornou-se realidade. Após muitos anos e meses de reuniões, decisões, medo, dúvidas e diante da grandiosidade do evento, com muitas mãos trabalhando, chegou o grande dia: 17 de março de 2017, na cidade de Foz do Iguaçu/PR. O Encontro Nacional de Mulheres da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IELCB) – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma nasceu a partir de uma iniciativa da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), que percebeu nas preparações de festejos em comunidades, paróquias e sínodos da IECLB, que organizaram diferentes eventos e atividades para relembrar o papel de Lutero e a mudança que suas 95 teses provocaram na história mundial, a oportunidade para refletir sobre liderança e a participação das mulheres desde o movimento da Reforma até os dias atuais. Com o apoio da presidência da IECLB e a parceria da Secretaria da Ação Comunitária (Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias), de ministras, do 15
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Fórum de Reflexão da Mulher Luterana e da Juventude Evangélica, foi então organizado esse encontro em âmbito nacional, com a meta de reunir duas mil mulheres, que, irmanadas na comunhão e no testemunho de mulheres luteranas de todo o mundo, refletiram sobre a importância não só da presença das mulheres, mas, principalmente, da sua participação na igreja. Constatamos que as mulheres sempre estiveram presentes para servir, mas poucas puderam participar com voz, poder de decisão e autonomia de trabalho. Participar é mais do que estar presente. É na participação que as vozes são escutadas e as opiniões são partilhadas e respeitadas. Da perspectiva das mulheres da OASE, o evento superou as expectativas. Na semana do evento, acompanhando as saídas das caravanas das mulheres da OASE de seus estados, nós da diretoria nacional começamos a sentir aquele friozinho que antecede a um grande vento. Oramos para que Deus acompanhasse as caravanas e para que chegassem a Foz do Iguaçu em segurança. Na chegada, foram muitos os abraços, encontros e reencontros de amigas e de parentes que não se viam há mais de 20 anos. Somos eternamente gratas às presidentes sinodais da OASE pelo seu empenho na organização das caravanas e na motivação das mulheres de estarem presentes no evento. 16
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Um ponto muito positivo de realizar o evento na cidade de Foz do Iguaçu foi possibilitar que as pessoas pudessem conhecer as obras maravilhosas do nosso Criador, as Cataratas do Iguaçu, e também a obra do ser humano, a Itaipu. As avaliações representam e demonstram o sentimento que envolveu cada pessoa que participou do evento desde a preparação até o final do encontro. Comentários como: “Houve um sonho e este aconteceu.” “Saímos fortalecidas.” “Deixou saudades.” “Encontro inesquecível.” “Parabéns a todas as mulheres luteranas por terem realizado o único grande evento da IECLB quanto aos festejos da Reforma.” “Quero agradecer à equipe organizadora pelo seu trabalho exaustivo, mas maravilhoso. Me senti acolhida com carinho, como se cada detalhe fosse preparado para mim.” “Em eventos como este, devemos cantar hinos mais conhecidos por todas, pois o hino ‘Deus está aqui’ foi uma mostra de que 2.000 mil vozes cantando um hino conhecido foi de arrepiar.” Poderíamos citar mais comentários, mas a fala de uma mulher que esteve no encontro resume todas elas: “A maior e mais bela mensagem que trazemos deste belo encontro foi ver a alegria das mulheres, tantos abraços de encontros e reencontros, a satisfação dos momentos de amizade e boas conversas, já na esperança de uma nova oportunidade de nos reencontrarmos”. Tudo isso demonstra que acertamos quando nos propomos a realizar esse evento tão grandioso e único na IECLB para celebrar os 500 anos da Reforma. Agradecemos a cada uma, a cada um de vocês que esteve presente. Que se reconheça o potencial das mulheres e que elas sejam tratadas com dignidade. Seguimos na caminhada esperançosas em poder organizar mais um evento, de acordo com vários pedidos para que o mesmo se repita, pois esperançar é se levantar, é ir atrás, é construir e não desistir, é levar adiante. Esperançar é juntar-se com outras e outros para fazer de jeitos diferentes. Que nesse movimento caminhemos juntas, cuidando para que esse caminhar seja feito em amor. Rejane Beatriz Johann Hagemann (Pela OASE) Estrela/RS
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
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Datas importantes 04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+ 09/04/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 Quarta-Feira de Cinzas 16 – 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/04/1560) 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica (ADL), Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos distritos e das regiões, criação dos sínodos
Assim como o fogo sempre produz calor e fumaça, também a fé sempre vem acompanhada do amor. Martim Lutero
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FEVEREIRO
Os mandamentos estão aqui com vocês; vocês os guardam no coração e podem recitá-los e por isso cumpri-los. Deuteronômio 30.14
Meditação Guardar os mandamentos no coração Dinâmica Antes da leitura do texto, entregar para cada pessoa dois bilhetes de papel em formato de coração. Com um coração sobre o outro, escrever um sentimento bom, apertando bem o lápis ou a caneta, de forma que o coração de baixo fique marcado com o que foi escrito no de cima. Recolher os corações de baixo, que estão em branco, misturar e redistribuir entre as participantes. No momento indicado no texto, pedir que cada uma pinte o seu coração com um giz de cera, a fim de revelar qual o sentimento que foi escrito pela amiga.
Arquivo pessoal
O ser humano é, por excelência, um ser Pa. Gizele Zimmermann social. Mais do que por mero costume, ele tem necessidade de viver junto com outros da mesma espécie. No entanto, é justamente a nossa relação com o mundo, a maneira como nos relacionamos entre nós que nos afasta de Deus e também do nosso próximo. Nos capítulos 29 e 30 de Deuteronômio, Moisés realiza seu último discurso, onde ele repete as leis que regem a nova aliança de Deus com o seu povo e as promessas decorrentes dessa aliança. É nesse contexto que está inserido o versículo-lema deste mês: Os mandamentos estão aqui com vocês; vocês os guardam no coração e podem recitá-los e por isso cumpri-los (Deuteronômio 30.14). Sugiro que leiam todo o texto de Deuteronômio 30.1-14. Moisés afirma que as leis do Senhor não são difíceis de entender e que não precisamos procurá-las na imensidão do céu nem do outro lado do mar; elas 19
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podem ser lidas, decoradas, recitadas em linguagem humana. E não é preciso procurar e pesquisar muito: no miolo, no cerne da lei estão os conhecidos Dez Mandamentos, que a maioria de nós teve que decorar no ensino confirmatório. Se dermos atenção a eles, vamos ver que abrangem as principais relações humanas. Já teve até quem dissesse que os mandamentos são um código civil, formulados a partir de Deus e do ser humano, que foi feito à sua imagem. Jesus, em Mateus 22.36-38, resumiu todos os mandamentos em apenas dois: Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: Ame os outros como você ama a você mesmo. (Neste momento, cada uma receberá um giz de cera para pintar o coração que recebeu, a fim de revelar qual sentimento estava oculto. Compartilhar com as demais.) Todas nós, a partir dos valores e ensinamentos cristãos que recebemos em casa e na igreja, conhecemos as leis de Deus e as temos guardadas em nossos corações. No entanto, qual proveito temos se, conhecendo a lei, não a praticamos? Estaremos nós fazendo a vontade de Deus? A questão do amor a Deus não se resume a sentimentos bonitos e cantos de louvor. Amar a Deus e cumprir os seus mandamentos diz respeito a amar as pessoas, tornar-se o próximo delas, ajudar a devolver-lhes a vida, a dignidade, a liberdade. Deus não nos chama para vivermos nossa fé de maneira privada, escondida, restrita aos familiares, amigos e amigas. Claro que também com essas pessoas queridas vivemos o amor de Deus. Mas ele se manifesta de forma mais contundente e radical no amor aos que não nos parecem dignos de receber nosso amor, nossa mão estendida, nosso coração. Jesus radicalizou esse amor quando falou aos discípulos e discípulas: Vocês ouviram o que foi dito: Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu (Mateus 5.43ss). Seguir simplesmente normas, lei ou regras de bem viver está correto, mas não é suficiente. Nós vivemos em um mundo, sem dúvida, mais complicado do que era o mundo alguns séculos antes de Cristo, onde se situa o texto desta reflexão. Porém, o v. 14 nos revela algo surpreendente: a lei de Deus não é complicada, distante, mas está bem perto de nós, na boca e no coração. E é assim que somos chamadas a cumpri-la em nossa vida. Ela não está nos céus (v. 12) nem nas terras distantes do outro lado do mar (v. 13), muito pelo con20
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trário, “ela está dentro de ti”. Por isso não é difícil cumprir o que ela anuncia e pede de nós. A palavra de Deus tem a ver com o nosso coração, com a nossa alma! E enquanto não atingir a profundidade do nosso ser, provavelmente não a compreenderemos nem saberemos andar nela. Ocorre que só Deus mesmo consegue entrar lá, mexer no mais íntimo de nós. E a consequência, qual é? Ah, sim, nós nos tornaremos pessoas abençoadas. O v. 9 afirma que Deus dará abundância para aquelas pessoas que guardarem os seus mandamentos, a sua palavra. Porque Deus nos abençoa, sejamos também uma bênção. Esse é o caminho que está diante de nós, é nessa direção que apontam as palavras que estão bem perto de nós, porque as aprendemos, as temos no coração, e podemos aprender do evangelho. Nós que confessamos que Deus é criador e salvador em Cristo temos um compromisso maior! Peçamos que Deus nos ajude através das palavras do Salmo 119.1-8,73: Felizes são os que não podem ser acusados de nada, que vivem de acordo com a lei de Deus, o Senhor! Felizes os que guardam os mandamentos de Deus e lhe obedecem de todo o coração! Felizes os que não praticam o mal, os que andam nos caminhos de Deus! Tu, ó Deus, nos deste as tuas leis e mandaste que as cumpríssemos fielmente. Como desejo obedecer às tuas ordens e cumpri-las com fidelidade! Se eu der atenção a todos os teus mandamentos, não passarei vergonha. Com um coração sincero, eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos. Obedecerei às tuas leis; peço-te que não me abandones nunca. Ó Deus, as tuas mãos me criaram e me formaram; dá-me entendimento para que eu possa aprender as tuas leis. Que assim seja. Amém! Pa. Gizele Zimmermann Paróquia de Canarana/MT 21
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Gratidão e resiliência Ó Senhor Deus, como é bom dar-te graças! Como é bom cantar hinos em tua honra, ó Altíssimo! Como é bom anunciar de manhã o teu amor e de noite, a tua fidelidade (Salmo 92.1-2). Na internet circula, sem autoria definida, um pensamento muito instigante: “Gratidão é a base de todos os sentimentos. Quem é grato reconhece o amor, a paciência e a consideração que lhe são dados. Gratidão é a rotina da alma para se viver em paz”. A alma tem rotina? Vivemos em paz? O que nos faz perder a paz? O livro Sofrimento, Resiliência e Fé, organizado por Carlos L. Hoch, traz aspectos interessantes a respeito da vida. Nesse livro, destaco o estudo de Elaine Gleci Neuenfeldt e Karen Bergesch sobre resiliência na vida da profetisa Míriam. E é sobre isso que as convido a refletir. O que é resiliência? Resiliência é a capacidade da pessoa lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas: choque, estresse etc. (cf. Wikipédia). Podemos imaginar um pedaço de elástico. Quando o puxamos nas duas extremidades, o esticamos; quando o soltamos, ele volta ao tamanho original. Assim também poderíamos entender a resiliência em nossa vida. A capacidade de resistir aos “puxões” da vida. O que acontece com o elástico com o passar do tempo e do uso? Ele pode não voltar mais ao tamanho original, pode ficar laciado. E a nossa vida, como fica? Frente a tensões, estresse, problemas e sofrimentos, agimos e reagimos de diferentes formas. Às vezes somos ríspidas, reagimos de forma explosiva; outras vezes engolimos, ficamos quietas. Às vezes agimos de forma precipitada ou nos desesperamos; outras vezes, com sabedoria e serenidade. Mas algumas vezes, talvez até na maioria das vezes, não depende apenas de nossa vontade agir de uma forma ou de outra, é algo mais forte do que a nossa consciência. Ou ainda, não está em nossas mãos. Exemplos: perda de alguém, enfermidade, drogadicção, alcoolismo entre outros. 22
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Situações prolongadas de estresse e sofrimento, além de afetarem a saúde emocional, podem afetar também o nosso corpo (biológico), nossa saúde física. As teólogas Neuenfeldt e Bergesch, mencionadas anteriormente, em seu estudo sobre a vida e liderança da profetisa Míriam no Antigo Testamento, nos ajudam a entender a importância do apoio do povo de Israel para a profetisa. Míriam é um exemplo de resiliência Em Miqueias 6.4 diz que Míriam foi escolhida por Deus, juntamente com seus irmãos Arão e Moisés, para guiar o povo pelo deserto. Em Números 12, Míriam e Arão criticam Moisés pelo seu modelo de liderança, se revoltam contra Deus, pois Moisés se evidencia na liderança. Deus aparece aos três na tenda sagrada e fala que colocou Moisés como o responsável pelo povo, vai embora irado e cai sobre Míriam uma doença de pele terrível. Míriam teve que ficar sete dias isolada, para sua recuperação e para não contaminar o povo. Um pouco antes, no capítulo 11, Moisés se revolta e reclama do povo para Deus, mas nada lhe acontece. Míriam sente-se discriminada; mesmo sendo profetisa, não tem os mesmos direitos concedidos aos irmãos. Não acontece nada a Arão apesar de ele também reclamar do modelo de liderança de Moisés, mas ela é “castigada” pelo próprio Deus. Neuenfeldt e Bergesch escrevem: “A sua voz é calada. O seu questionamento é levado ao julgamento e desautorizado. Diante da palavra que não pode ser dita, da discordância que deve ser engolida, o corpo reage. Sai na pele a sua dor. Irrompe na pele a sua ferida. O castigo é sentido no corpo. O silêncio e a solidão do deserto vão ser o lugar de recuperar as energias e sentir-se de novo incorporada à vida comunitária. E o povo espera. Quer que ela volte. A espera vira sinal de profecia” (p. 197). Quem de nós já não vivenciou ou presenciou que, após algum tipo de sofrimento, apareceu no corpo ou na alma alguma enfermidade como depressão, pressão alta, diabetes e até mesmo câncer? Como lidamos com nossos sentimentos. Nós os conhecemos? Sabemos lidar com frustrações? Muitas vezes, temos nos fechado em nós mesmas, tentando ignorar nossos sentimentos, justamente por não saber lidar com eles. Temos dúvidas de como lidar com nossos medos e nossas culpas. Míriam não ficou sozinha, o povo esperou por ela no tempo de isolamento. Era uma líder querida e respeitada. Não é possível desenvolver uma boa autoestima de forma isolada. A solidariedade do grupo (povo) frente à situação de pressão e sofrimento dava forças à líder e profetisa Míriam. 23
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“Resiliência não leva à acomodação; pelo contrário, inspira e anima para superar e transformar, para movimentar-se em novas formas de viver e relacionar-se consigo mesmo e com os outros” (p. 199). A fé, a espiritualidade ou a pertença a um grupo, comunidade ou instituição religiosa influenciam na hora da superação das dificuldades e sofrimentos pessoais e sociais. Ter amigos e amigas é muito importante. A superação, a força que encontramos para enfrentar as situações de dor em nossa vida, gera gratidão. É o início de um estado de paz. Mesmo que a situação de sofrimento ainda permaneça. A superação é possível e desejável por Deus para suas filhas e seus filhos. Melodie Beattie, jornalista e escritora norte-americana, escreveu:
“
A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje e cria uma visão para o amanhã.
“
Essa afirmação de Melodie me lembra da oração da serenidade, do pastor alemão Reinhold Niebuhr:
Concedei-nos, Senhor, serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.
Quando Melodie fala que a gratidão torna a negação em aceitação, está dizendo que se alcançou a “graça” de aceitar aquilo que não podemos mudar, mesmo que não concordemos com isso.
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Somos pessoas criadas por Deus à sua imagem e por isso temos necessidade de nos relacionar com Deus, com toda a criação e com a gente mesmo. Em nossos relacionamentos e vivências, experimentamos uma série de sentimentos: alegria, felicidade, paz, gratidão, raiva, rancor, mágoas, dores ou alegrias provocadas por situações e acontecimentos externos, com os quais somos “obrigadas” a viver e lidar. Dinâmica dos nós: 1. O grupo senta-se em círculo e relaxa ao som de uma música suave. 2. Cada participante recebe um barbante de 30 cm. 3. As pessoas são convidadas a pensar que o barbante é como uma linha de tempo de sua vida. 4. A cada situação de perda ou dor em sua vida, a pessoa faz um nó na altura do barbante em que isso aconteceu. Por exemplo, se tem alguma dor na infância, faz o nó mais no início do barbante. 5. Após terminarem de fazer seus “nós”, em silêncio, formam-se duplas, uma sentada de frente à outra. 6. Combinar um tempo de 2 a 3 minutos para cada uma compartilhar com a amiga os seus nós. Primeiro uma fala, depois a outra. 7. Após esse compartilhamento, cada uma coloca o seu barbante, que representa a sua “vida”, aos pés de uma cruz no altar previamente organizado para o encontro. Enquanto isso, o grupo pode cantar músicas, selecionadas anteriormente, que falam do amor acolhedor de Deus e de perdão (por exemplo, Deus, teu amor é qual paisagem bela (HPD 1,176 ). 8. Encerrar com uma oração, agradecendo a Deus por ele ter aceitado a dor de cada uma e por tê-las restabelecido na fé. Diác. Mariane Schneider Imigrante/RS Tu, Senhor, me mostras o caminho que leva à vida. A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre. Salmo 16.11
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OASE em foco Associação Nacional da OASE visita Rondônia Arquivo OASE
A convite da Coordenação Sinodal da OASE do Sínodo da Amazônia, integrantes da diretoria da Associação Nacional da OASE estiveram visitando, nos dias 19 a 23 de maio de 2016, algumas paróquias desse sínodo para conhecer os trabalhos e a realidade da IECLB naquela região. A diretoria da Associação Nacional participou do Seminário de Liderança Sinodal do Sínodo da Amazônia, em Alta Floresta d’Oeste. Sob o tema: “Pela graça – livres para servir”, desenvolvido pela diácona Telma Merinha Kramer, mais de cem lideranças participaram do seminário. Diretoria da Associação Nacional da OASE em Alta Floresta d’Oeste/RO Foram três dias de estudo, oração, comunhão, reencontros, muita conversa e atividades em grupos, oficinas de bijuterias e confecção de flores de tecido. Muitas lideranças trouxeram seus colchões, travesseiros, cobertas, sacos com frutas e outros alimentos para que esse seminário acontecesse e fosse bem aproveitado. A alegria de poder estar ali, participando com ideias e sugestões, estava estampada no rosto de cada participante. Também puderam esclarecer dúvidas sobre o funcionamento e a organização da OASE com a diretoria da Associação Nacional. Com esse esclarecimento, as participantes elegeram a coordenadora, a secretária e a tesoureira sinodal da OASE e os ministros para a orientação teológica. Essa coordenação ficou encarregada de informar, motivar e animar as mulheres a participar ativamente nos grupos e formar a Associação Sinodal da OASE. O seminário encerrou com culto eucarístico e a presença da comunidade local. Nós da Associação Nacional da OASE podemos dizer muito obrigado a cada pessoa que nos acolheu, recebeu e abraçou, pois foram dias de muito aprendizado, desafios, visitas, amizades e reencontros. Desejamos que o trabalho com as mulheres nesse sínodo dê muitos frutos, pois a semente foi lançada. Leda M. Witter Cuiabá/MT 26
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Pare e pense Ações que transformam Objetivo: Perceber situações de sofrimento e violação dos direitos humanos e sensibilizar para a solidariedade para com as pessoas que sofrem. Material necessário: Clipe ou letra de alguma música que fala do sofrimento humano ou de direitos humanos violados; por exemplo: “Eu só peço a Deus”, de Mercedes Sosa e Beth Carvalho, ou “Pelas dores deste mundo”, de Rodolfo Gaede Neto. Descrição da dinâmica: Reúna o grupo para assistir ao clipe, ouvir ou ler a letra da música. Depois motive o grupo para destacar as situações de sofrimento e de desrespeito aos direitos humanos, percebidas na música. Forme pequenos grupos e proponha a encenação das situações levantadas. Após assistir às apresentações, motive um debate sobre as alternativas pessoais e coletivas que podem ajudar a superar as situações de sofrimento e violação de direitos. Eu só peço a Deus De: Mercedes Sosa e Beth Carvalho
Eu só peço a Deus Que a dor não me seja indiferente, Que a morte não me encontre um dia Solitária sem ter feito o que eu queria. Eu só peço a Deus Que a injustiça não me seja indiferente, Pois não posso dar a outra face Se já fui machucada brutalmente. Eu só peço a Deus Que a guerra não me seja indiferente. É um monstro grande e pisa forte Toda fome e inocência dessa gente. Eu só peço a Deus Que a mentira não me seja indiferente. Se um só traidor tem mais poder que um povo, Que esse povo não esqueça facilmente. Eu só peço a Deus Que o futuro não me seja indiferente, Sem ter que fugir desenganando Pra viver uma cultura diferente.
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Pelas dores deste mundo De: Rodolfo Gaede Neto
Pelas dores deste mundo, Ó Senhor, imploramos piedade. A um só tempo geme a criação, teus ouvidos se inclinem ao clamor dessa gente oprimida. Apressa-te com a tua salvação! A tua paz, bendita e irmanada co’a justiça, abraça o mundo inteiro. Tem compaixão! O teu poder sustente o testemunho do teu povo. Teu Reino venha a nós! Kyrie eleison! Fonte: Dinâmicas para escolas e comunidades. Editora Sinodal, 2016. p. 31.
Simplesmente ser! Simplesmente ser Simplesmente ser Simplesmente ser Simplesmente ser Simplesmente ser Simplesmente ser Simplesmente ser Simplesmente ser,
sem fingir, sem enganar, sem fugir. sem julgar, sem mentir, sem desprezar. sem vaguear, sem vacilar, sem rastejar. sem bajular, sem ferir, sem dominar. sem representar, sem desfigurar, sem manipular. sem máscaras, sem preconceitos, sem medo. sem aumentar, sem diminuir, sem alienar-se. aceitando os limites, as fronteiras, os abismos; acolhendo os encontros, a cordialidade, a doação da vida; redescobrindo sua beleza, sua gratuidade, seu mistério. Ser o que somos ante os olhos de Deus, como a flor sob a imensidão do céu, como o peixe e o pássaro na festa da liberdade. Ser e florescer diante de Deus calma, serena, confiante, como uma criança nas mãos do Pai, como uma menina nos braços da Mãe. Autoria desconhecida
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Arquivo OASE
Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes 02 – Dia Mundial de Oração (DMO) 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/SC 12 – 1607 – *Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia da Pessoa com Deficiência Visual 17-19 – 2017 – Celebração da OASE em Foz do Iguaçu/PR – 500 anos da Reforma Luterana 19 – Dia da Escola 25 – Domingo de Ramos 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS 30 – Sexta-Feira Santa
Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem o meu guia. Martim Lutero
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M A R Ç O
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MARÇO
Jesus Cristo disse: – Tudo está completado! João 19.30
Meditação A consumação do amor de Deus
E
stamos no tempo da Quaresma, período entre a Quarta-Feira de Cinzas e a Páscoa. Nossas reflexões se voltam para o evento da cruz, a culminância da paixão de Jesus por nós. É a expressão máxima do amor de Deus por toda a humanidade! O Evangelho de João 3.16 resume sua mensagem central nas palavras: Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna (cf. Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Ou ainda em outra tradução: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (cf. Almeida Revista e Atualizada). A expressão máxima “que deu o seu único Filho/que deu o seu Filho unigênito” diz que Deus entregou o seu próprio filho como sacrifício. Nisso consiste o seu amor, a sua paixão. À medida que o dia do sacrifício se aproximava, Jesus deixava claro aos discípulos que ele ficaria sem eles, sozinho. Ele sabia que chegara a hora e que não estava só, pois Deus estava com ele. Em João 17.1, Jesus começa a sua oração assim: Pai, chegou a hora. A partir desse momento sucedem-se os acontecimentos que o levam a cruz, onde Jesus exclama “Tetélestai”, palavra em grego que significa: “Está consumado” ou “Tudo está completado”, para se cumprir as Escrituras. Em seguida, conforme relata Lucas 23.46: Jesus gritou bem alto: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! Assim, ele estabeleceu a aliança de Deus com a humanidade, prometida desde o princípio. Uma aliança baseada em seu amor incondicional pelo ser humano. Nada mais precisa ser feito. Portanto a expressão Está completado declara algo muito grandioso. Declara que os acontecimentos do Calvário mostram o que Jesus veio realizar e completar.
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MARÇO
Jesus cumpriu a promessa feita por Deus através do profeta Isaías: Carregou e suportou nossa dor e nosso sofrimento. Sofreu o castigo que nós merecíamos pelos nossos pecados e maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que recebeu (Isaías 53.4-6). O ato da salvação liberta todas as pessoas e lhes dá vida. Jesus nos reconciliou e reconcilia com Deus. A consumação do amor de Deus manifesta-se quando temos olhos e ouvidos que veem o irmão e dão atenção. Quando temos mãos e pés na hora de aliviar e ajudar. Quando temos corações que sabem repartir, partilhar prazeres e propagar louvor. Quando temos lábios contentes, convidando todos para se alegrar. Quando temos gratidão por tudo que recebemos, pois nada nos pertence, tudo Deus quer nos dar e abençoar (HPD 1, 166). E isso dá sabor e sentido a nossas vidas! Sugerimos compartilhar experiências a partir das seguintes questões: Quem já sofreu derrotas e triunfos? Quais são nossas palavras diante de derrotas e de triunfos? Como é nossa reação? Cat. Loni Driemeyer Wilbert Florianópolis/SC
Gratidão pelo que tenho Certa vez, um rei ficou muito doente. Cada dia seu estado de saúde piorava. Os médicos e os sábios daquele reino fizeram de tudo para que o rei ficasse curado de sua enfermidade, mas nada parecia ajudar. Estavam já desesperançados quando uma antiga serva disse: – Há um jeito de curar o rei de sua doença. Se vocês puderem encontrar uma pessoa feliz e trazer a camisa dessa pessoa feliz e vesti-la no rei, ele ficará bom! O rei enviou seus mensageiros por todos os recantos daquele reino. Eles andaram por todos os lados, mas não encontraram nenhuma pessoa feliz. Ninguém estava satisfeito. Sempre havia uma queixa. Era a costureira estúpida que não costurou as calças corretamente. Era a comida que estava muito ruim, a cozinheira não consegue fazer nada direito. 31
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Eram os filhos que não obedecem, que fazem muito barulho. É a escola que não ensina boas maneiras. Era o telhado da casa que está com goteiras. Era o governo que não faz nada. Os mensageiros do rei ouviram muitas e muitas reclamações, por todos os lugares. Se uma pessoa era rica, ainda assim não era o suficiente. Se não era rica, isso é por culpa de alguém. Se a pessoa estava bem de saúde, havia a sogra que a incomodava; havia uma gripe que estava tirando as forças. Todos tinham algo do que reclamar. Na busca por encontrar uma pessoa feliz, o filho do rei, passando na frente de uma casa bem simples, ouviu alguém dizer: “Obrigado, Senhor! Terminei o meu trabalho deste dia. Pude ajudar meu semelhante. Comi o meu alimento diário e agora posso deitar e dormir em paz. O que mais eu poderia desejar?” O filho do rei ficou muito alegre. Finalmente havia encontrado uma pessoa feliz. Mandou então que levassem a camisa daquela pessoa ao rei e lhe pagassem por ela o quanto fosse pedido. Os mensageiros do rei foram até a casa daquela pessoa feliz para buscar sua camisa e descobriram que aquela pessoa era pobre demais e nem mesmo possuía uma camisa. Pense um pouco: você é grata pelo que tem? Se pensarmos em termos de qualidade de vida, percebemos que nas últimas décadas cada nova geração teve melhor qualidade de vida que seus pais e avós. Há mais acesso à saúde, educação, comunicação, informação, habitação e a transporte. É claro que nossa tarefa como comunidade cristã é se unir em ação para que cada vez mais pessoas tenham acesso ao que está assegurado na Constituição de nosso país. Se fizermos a reflexão proposta e elencarmos nossa gratidão pelo que temos, perceberemos que há muitas coisas pelas quais podemos ser gratas. A história do início desta reflexão mostra-nos o quanto somos pessoas ingratas. Precisamos nos lembrar de que muitas vezes temos recebido bem mais do que o pão que pedimos na oração do Pai-Nosso. Às vezes, somos muito parecidas com as pessoas da história: fazemos da reclamação um hábito. E ainda: parece que as mais ingratas são aquelas pessoas que mais razões teriam para ser imensamente gratas. O hábito de reclamar tem raízes profundas em nosso ser; muitas vezes, se não há motivos de queixas e reclames, não há assunto na roda de conversa. Temos na Bíblia, especialmente nos Salmos, muitos hinos de gratidão e louvor do povo pelas mais diversas bênçãos recebidas. Também os profetas 32
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convidam o povo para a gratidão pelos feitos de Deus. O profeta Isaías (38.1620) fala da motivação que ele tem para louvar e agradecer a Deus. Agradece, inclusive, pela aflição sofrida e a salvação que experimentou. A gratidão é uma atitude de fé de quem reconhece que tudo provém de Deus, mesmo quando nós precisamos agir. É isso, por exemplo, que nos diz o profeta Isaías: Ó Senhor, é por causa das coisas que tu fazes que nós vivemos e eu também estou vivo por causa delas (38.16). A gratidão expressa uma relação de dependência e carência. Ao agradecermos, estamos reconhecendo que não somos autossuficientes. Confessamos que tudo o que somos e temos devemos a Deus, o Criador e Mantenedor da vida. E render graças é uma atitude de humildade e de reconhecimento dos filhos e filhas de Deus dos inúmeros benefícios e das inúmeras dádivas recebidas. A partir da fé reconhecemos como dádiva de Deus os dons e as habilidades, o trabalho, os bens, a saúde, os amigos e as amigas, a família, enfim, tudo o que é necessário para a vida. Por isso vamos dar graças a Deus, o Senhor, porque ele é bom e porque o seu amor dura para sempre (Salmo 118.1). Ter gratidão pelo que temos é reconhecer a bondade e o amor de Deus para conosco. É oportunidade de renovar a disposição em continuar a servir a Deus, que nos abençoa e nos concede tudo o que é necessário para viver os dias de nossa vida, amando-nos e perdoando-nos, e nos ofertando a salvação por meio de Jesus, pela fé. Pa. Vera Lucia Engelhardt Cuiabá/MT
Quaresma Tempo de jejum e arrependimento Há dois períodos maiores dentro do calendário cristão destinados ao jejum e à reflexão: o Advento e a Quaresma. Hoje, o tempo de Advento tornou-se mais um tempo de espera pelo Salvador, e não é o foco principal deste artigo. Nosso foco de atenção é a Quaresma. Como surgiu, qual a importância e como se pode celebrar da melhor maneira esse período, convencionado como um tempo de preparação para a Páscoa. 33
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Embora já houvesse um período de preparação da Páscoa no início da igreja cristã, foi por volta do ano 350 que se fixou um período de 40 dias para preparar a Páscoa e celebrar a ressurreição de Jesus Cristo. Até o século 7, a Quaresma iniciava no Domingo Quadragésima (Quadragésima Dies), o 40º dia antes da Páscoa (na realidade, o 42º dia). Era um período dedicado à penitência e ao jejum. Entretanto, como o jejum era interrompido aos domingos, o número de dias de jejum até a Páscoa era inferior ao bíblico número 40. Assim, o período foi estendido até a Quarta-Feira de Cinzas. Sempre se pergunta por que se fala em 40 dias, quando na verdade são bem mais. Eis a resposta: os domingos não são contados como dias de jejum. Foi a maneira encontrada para preservar a simbologia do número 40. Penitência e jejum na Bíblia A rigor, o ato de jejuar como penitência pelos pecados cometidos é uma tradição que conflita com a teologia da graça, descoberta por Martim Lutero. Segundo o reformador, nada podemos fazer para conquistar o perdão de Deus. Nossa salvação é fruto exclusivo da fé na graça de Deus revelada em Cristo. Assim, qualquer ato de “compensação” pelos nossos pecados é supérfluo e presunçoso. Jejuar para agradar a Deus seria semelhante a querer arrancar-nos do pântano do pecado pelos próprios cabelos, à moda do Barão de Münchhausen. Entretanto, a penitência é contemplada em diversos episódios da história de Israel como uma tradição legítima e importante. Jejuar, sentar em cinzas e envolver-se em panos de saco eram cerimoniais apreciados pelos israelitas do Antigo Testamento. Havia um dia do jejum (Levítico 23.27), mas foram agregados diversos sentidos ao jejum ao longo da história de Israel. O jejum podia ser manifestação de tristeza (Juízes 20.26; 2 Samuel 12.22), expressar arrependimento pelo pecado (1 Samuel 7.6; 1 Reis 21.27; Neemias 9.1,2) e demonstrar extrema dependência de Deus (2 Samuel 12.1622). Entretanto, os profetas condenavam seu uso com o propósito de “comover” Deus e arrancar dele favores especiais. No Novo Testamento, entre os atos que prepararam Jesus para a sua missão estava um prolongado jejum de 40 dias no deserto (Mateus 4.1ss). Como bom judeu, Jesus recomendou a prática do jejum, mas não obrigou seus discípulos a realizá-lo. Em sua visão, o jejum não deveria ser um ato superficial e hipócrita, mas individual e oculto (Mateus 6.16; Lucas 18.9ss).
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MARÇO
Um ato de desprendimento Não temos como, neste breve artigo, aprofundar uma teologia da penitência e do jejum. Seu principal propósito é demonstrar a importância da prática em nossos dias, a partir de exemplos. O exemplo mais bem-sucedido de prática de penitência no período da Quaresma entre cristãos protestantes vem da Alemanha. O movimento “Sieben Wochen Ohne” (Sete Semanas Sem) vem da Igreja Evangélica na Alemanha e movimenta mais de um milhão de pessoas por ano, que se unem por uma ação concreta. O objetivo é levar as pessoas a abrir mão de hábitos consagrados no período da Quaresma, como deixar de beber cerveja, comer chocolate, fumar, comer carne ou outro hábito. Ao final do período, o participante pode calcular o valor economizado e encaminhar o valor para uma ação diaconal. A ideia movimenta milhões de euros todos os anos. Nos últimos anos, o Sieben Wochen Ohne motivou os participantes para demonstrar sua penitência e jejum com ações mais ligadas ao comportamento, como passar sete semanas sem agredir ninguém, sem fazer “fofoca” ou reduzindo o estresse da correria diária. São verdadeiros atos de desprendimento, não é verdade? Nos anos 1990, o jornal O Caminho tentou lançar o movimento Sete Semanas Sem também no Brasil. Diversas pessoas e comunidades aderiram. Entretanto, a ideia deslanchou realmente nos últimos cinco anos, com a criação do Jejum Diaconal nos sínodos Norte Catarinense e Vale do Itajaí. O Jejum Diaconal inicia todos os anos com uma celebração, um destino comum para as ofertas e um lema-desafio de jejum. Ao cabo de sete semanas, um culto de encerramento faz o balanço do ano e encaminha os valores arrecadados ao destinatário da ação de diaconia. Independente de ações promotoras de jejum e penitência, entretanto, você individualmente pode optar por realizar sua ação de desprendimento. Escolha o que vai “deixar de fazer” no período da Quaresma. Escolha algo de que gosta muito. Funciona com comida, bebida, ou mesmo um mau (ou bom) hábito. Em nossa casa, temos adotado isso todo ano. Quaresma sem pizza (é ruim, mas dá!), sem cerveja (os muitos aniversários no período são um desafio, mas dá!), sem chocolate (para os chocólatras é difícil!) ou sem carne (aí quem sofre são os gaúchos!). Se você nunca fez, tente! Você vai se sentir muito bem em fazer as contas do dinheiro economizado e ajudar uma família ou instituição com um presente de Páscoa. Mas um alerta: não faça isso para salvar sua alma! Não funciona, viu? Porque “o justo viverá por fé”. P. Clovis Lindner Blumenau/SC 35
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Dia internacional da mulher Bênção das mulheres Que o Deus de Eva te ensine a discernir entre o bem e o mal. Que o Deus de Agar te console e a todas as mulheres que se sentem no deserto da vida. Que o Deus de Míriam te faça instrumento de libertação. Que o Deus de Débora te conceda a audácia e a coragem de lutar pela justiça. Que o Deus de Ester te conceda fortaleza para enfrentar os poderosos em favor do povo exilado. Que o Deus de Maria de Nazaré abra teu coração para que possas receber com alegria a semente daquele que vive para sempre. Que Jesus, que falou à samaritana tudo o que ela tinha feito, te faça evangelizadora do teu povo. Que Jesus, que curou a mulher encurvada, te liberte juntamente com todas as mulheres oprimidas pelas tradições religiosas e culturais. Que Jesus, que deixou ungir sua cabeça por uma mulher, te conceda ser profetiza para reconhecê-lo como Senhor e Messias. Que Jesus, o amigo de Maria Madalena, te envie e, como sua apóstola, possas anunciar a mensagem de libertação a todos os povos. Que o Espírito te consagre para que, em Jesus Cristo, possas anunciar boas notícias aos pobres e a liberdade aos presos. Em nome de Deus, que é e que sempre será conosco e com seu povo, amém. Jane Dwyer e Tea Frigerio Fonte: Subsídio retirado da publicação Palavra na Vida 205: Mulheres dando à luz a nós mesmas! Encontros para o Dia Internacional da Mulher (p. 15, 16 e 20). Disponível em: <www.cebi.org.br>.
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes 01 – Domingo da Páscoa 07 – Dia Mundial da Saúde 09-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE em Curitiba/PR 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero
Da fé fluem o amor e a alegria no Senhor; e do amor, um ânimo alegre, solícito, livre para servir espontaneamente o próximo. Martim Lutero
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A B R I L
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ABRIL
Jesus Cristo diz: – Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. João 20.21
Meditação A paz esteja com vocês
O
lema bíblico para o mês de abril aponta para a luz da paz que só Deus pode dar e a tarefa que cabe aos discípulos e discípulas. O desejo de Jesus é a paz, mas ele envia para o mundo, não para um ambiente já dominado pela paz. Lembrando o que havia acontecido pouco antes dos discípulos receberem essa missão, relembramos a perseguição, crucificação, morte, ressurreição de Jesus e o medo e a dispersão dos seguidores. Vários acontecimentos chocantes. Agora, após a ressurreição, acontece o reencontro de Jesus com os seus. A primeira manifestação do Cristo ressurreto aos discípulos é o desejo de paz e o envio para a missão. Paz significa integridade da pessoa diante de Deus, das pessoas e de toda a criação. Significa vida plena e feliz. É preciso confiar, lutar, trabalhar, perseverar no Espírito para que a paz de Deus seja vivenciada. O salmista expressa essa confiança dizendo: Amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão (Salmo 85.10). E o apóstolo Paulo ensina: O Reino de Deus não é uma questão de comida ou de bebida, mas de viver corretamente, em paz e com a alegria que o Espírito Santo dá (Romanos 14.17). A tarefa de levar adiante os ensinamentos de Cristo permanece. Não há mais tempo para ficar trancado na casa onde se esconderam os discípulos. É urgente “ir ao mundo” e testemunhar. Jesus volta para junto do Pai e agora é com vocês – é tarefa das pessoas, da igreja, da OASE... Nesse sentido a comunidade representa os discípulos hoje, ou seja, todas as pessoas fiéis movidas e impulsionadas pela ação do Espírito Santo. Portanto, para as pessoas cristãs, ser discípulo ou discípula não é uma opção, mas é uma incumbência dada por Cristo, e o Espírito Santo constitui o vínculo entre o Cristo que foi para junto do Pai e os discípulos (comunidade, OASE, todas as pessoas) que permanecem neste mundo, terreno fértil para o envio e o discipulado. Lutero chamou esse envio de tarefa do “sacerdócio geral de todas as pessoas crentes”. 38
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ABRIL
Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. Jesus traz um comparativo. Qual é então a tarefa mais específica para as pessoas que seguem Jesus? Creio que encontramos uma boa resposta nas palavras de Jesus no Evangelho de Lucas 4.18-19,21 onde diz: O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo. Então ele começou a falar. Ele disse: Hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabam de ouvir. Jesus nos envia na paz de Deus. Construir a paz é tema inerente à missão. Uma paz que não esteja apenas num horizonte teórico e distante, mas que se manifesta em atitudes concretas como, por exemplo, o relato de Lucas 4.18ss. Jesus mesmo diz: Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá (João 14.27). É com essa promessa que Jesus envia os discípulos. Existe uma frase que também é uma expressão de fé e confiança em Deus que diz mais ou menos assim: “Deus não escolhe somente pessoas capacitadas, mas ele capacita pessoas para a missão”. Vivemos numa sociedade com um desequilíbrio nos valores morais, éticos e de confiança em Deus. Algumas consequências dessa forma de viver são manifestas em violência, injustiças, corrupção, falta de paz e harmonia nas relações humanas. Consequências negativas se fazem notar ainda nas relações conjugais fragilizadas, famílias desunidas, comunidades sem muito vigor na espiritualidade contextualizada. Como encontrar forças e permanecer perseverantes em meio a tantas contrariedades e desafios? Se dependesse apenas de méritos e esforços próprios, certamente iríamos fracassar nessa empreitada, mas aí nos vem novamente a promessa de Jesus que diz: Quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas (Atos 1.8). É somente com a ajuda do Espírito Santo que seremos capazes de realizar a missão que ele nos dá. É ele quem dá forças, concedendo alento e vida renovada diariamente. O reino de Deus pregado e realizado por Jesus manifesta-se no amor que se engaja pela justiça e vida boa em abundância (João 10.10), cuja consequência é a paz verdadeira, que só é possível com a presença do Espírito de Deus. Quando Jesus sopra sobre aqueles a quem ele deseja paz, está demonstrando que podemos acreditar na paz e resistir ativamente contra toda e qualquer atitude que leva à violência, discriminação, desunião, injustiça, indiferença para com o nosso próximo e toda a criação. Nesse sentido o envio de Jesus tem como 39
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destino especialmente as pessoas, mas também inclui a missão para com toda a criação de Deus. Motivações para o diálogo O que dificulta e o que nos alegra na missão? Quais são nossos desafios? O que estamos fazendo como pessoas cristãs enviadas e como grupo de OASE? Onde podemos perceber sinais de paz, justiça e vida nova a partir da missão de nosso grupo de OASE ou a partir da comunidade? Que tarefa concreta vamos assumir hoje para nosso envio/nossa missão e para reconstruir a paz com sócias da OASE, membros da comunidade, vizinhos, família, grupos de idosos etc.? Como gesto de união na missão e na paz, encerrar, abraçadas num círculo, agradecendo por tudo aquilo que já foi realizado e intercedendo pelas situações refletidas durante o encontro. P. Valdemar Witter Piratuba/SC
Gratidão, resiliência e esperança Há um provérbio que diz: Agradeça pelos bons momentos, porque eles vêm de Deus. Agradeça pelos maus momentos, porque eles levam a Deus. Gratidão pelos bons momentos Tire um tempo para refletir sobre o que tem sido bom na sua vida. Lembre-se das pequenas coisas que promovem alegria, como abrir a janela pela manhã e ver a luz do sol, o beijo dos filhos e netos, o carinho da pessoa amada, aquela visita recebida, o abraço da pessoa amiga, o pão diário sobre a mesa e a natureza que nos cerca. Lembre-se das grandes alegrias, como o nascimento de uma criança na família, uma formatura, um casamento, uma viagem inesquecível, a compra de um carro novo. Perceba as capacidades que 40
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você tem e nem se dá conta. Você consegue enxergar, caminhar, ouvir. Agradeça! Em minha juventude eu tinha um sonho que se repetia muitas vezes. Sonhava que conseguia voar. Corria até um pequeno morro, abria os braços e voava. No final de 2014, fiquei doente. Uma doença neurológica deixou uma cicatriz na minha medula e hoje estou em uma cadeira de rodas. Desde então não sonho mais que consigo voar. Agora sonho, quase todas as noites, que consigo caminhar. Isso me alerta para o fato de que temos mais facilidade de sonhar com o que não temos do que agradecer pelo que temos. Breno Willrich, Pastor Sinodal do Sínodo do Vale do Itajaí/SC Por isso agradeça sempre pela fidelidade e pelo amor de Deus e pelas bênçãos que ele derrama sobre você. Agradeça pelo que você tem, e não espere para agradecer quando receber o que pede. Uma postura de gratidão nos torna mais felizes e aumenta nossa resiliência em tempo de dificuldades. Resiliência nas dificuldades da vida O apóstolo Paulo diz em Romanos 5.3-4: E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. Talvez passe por momentos difíceis. Eles fazem parte também da vida de pessoas cristãs. Pode ser uma doença, uma depressão, um conflito familiar, uma situação de desemprego, uma crise financeira ou o luto que trouxe a dor da separação. Não negue nem ignore a dor em meio às dificuldades. Cristãos que negam suas fraquezas e temores sofrem sozinhos e correm o perigo de se tornar insensíveis diante da dor de outras pessoas. Encare os tempos difíceis como aprendizado e busque na espiritualidade e na comunhão a resiliência para encarar os desafios sem desistir dos planos de Deus para sua vida. Não faça das dificuldades o resumo de sua vida. Se nossos pensamentos estiverem focados sempre nas dificuldades, não teremos condições de resistir. Mas se mesmo nos tempos maus continuarmos fazendo o exercício de pensar nas coisas boas da vida e agradecer pelo bem que Deus tem nos presenteado, somos ajudados a sorrir. Nos momentos de fraqueza, agarre-se, pela fé, em Deus, a rocha que não se abala. 41
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Perguntaram a uma pessoa cristã se ela tremia. Ao que a pessoa respondeu: “Eu tremo, mas a rocha sobre a qual eu estou não treme”. Cristãos não devem ter vergonha de tremer. Mas devem saber que em Deus podem encontrar a força para resistir às pressões da vida. Alimente-se da fé pela palavra e entregue suas preocupações a Deus pela oração. Divida suas alegrias com os outros e terás com quem dividir suas dores. É na comunhão da família e do povo de Deus que encontramos pessoas para dividir sorrisos e dores. Na realidade social que isola as pessoas e semeia o individualismo, insista na convivência. Sozinhos somos pouco resilientes, mas abraçados uns aos outros resistimos melhor às tempestades. Sorrisos, abraços, palavras de ânimo, sacramento, pregação da Palavra de Deus são instrumentos eficazes para que consigamos manter nossa confiança e nossa esperança. A esperança que nos move Agradecer pelo que temos e aprender a resiliência produz esperança. Admitir fraquezas não é o mesmo que parar de lutar por tempos melhores. Pessoas cristãs confiam nas promessas de Deus e continuam pedindo em oração por aquilo que lhes falta e atuando em favor do reino de Deus. Uma sociedade que impede vida digna a uma enorme parcela da população precisa de gente de esperança que se engaje nas questões sociais. Uma família dividida por conflitos necessita de gente de esperança que insista no diálogo. Onde uma pessoa enfrenta doença, sinal de esperança é a contínua busca pelos meios dignos de cura. E em todas as situações, também onde o mundo não oferece mais resposta, nossa esperança esteja naquele que venceu a morte e hoje vive, Jesus Cristo. Fiquemos, pois, com o conselho do apóstolo Paulo: Que a esperança que vocês têm os mantenha alegres; aguentem com paciência os sofrimentos e orem sempre (Romanos 12.12). P. Sinodal Breno Willrich Blumenau/SC
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Páscoa Ressurreição de Cristo, nossa ressurreição “Não fosse a ressurreição de Cristo, vida, fé, igreja e tudo o mais seria um absurdo vazio. A igreja seria uma organização social dentre outras tantas, com certa ideologia, porém sem perspectiva de ganhar o espaço e a dimensão maior do reino de Deus”. Essa palavra do pastor Rolf Droste nos diz muito. A ressurreição marca o momento de maior significado para a fé cristã. Ao mesmo tempo, trata-se de uma das questões mais difíceis de serem entendidas para as seguidoras de Jesus. De Paulo ouvimos que se não há ressurreição, é vã a nossa fé. Ele mesmo diz: Se não existe a ressurreição de mortos, então quer dizer que Cristo não foi ressuscitado (1 Coríntios 15.13). Isso significa que a ressurreição é a questão central para a fé cristã. Mas o que é ressurreição afinal? De fato, nosso tempo não nos ajuda nessa pergunta. Pelo contrário, vivemos tempos em que cada vez mais gente se sente mais confusa diante de temas como ressurreição, reencarnação, imortalidade da alma e vida depois da morte. Pode até parecer, mas não são a mesma coisa. É preciso considerar que diferentes tradições religiosas têm respostas diferentes para compreender o que vem depois da morte. Também a Bíblia apresenta algumas dificuldades ao tratar do assunto. As próprias testemunhas da ressurreição de Jesus não tiveram mais que seu próprio testemunho para falar do que havia acontecido. Sabemos o que aconteceu com Jesus. O mesmo não podemos dizer acerca de como tudo aconteceu. O próprio texto bíblico se vale de imagens e metáforas para dizer o que é praticamente indizível em palavras. Quando o assunto é ressurreição, especialmente na questão da ressurreição de Jesus, é preciso considerar que a ressurreição de Jesus somente é possível por causa da sua crucificação e morte. Sem a morte não há ressurreição. O Cristo ressuscitado do Domingo da Páscoa é o Jesus crucificado na Sexta-Feira Santa. Nesse sentido, não há como separar a vida do ressuscitado do sofrimento e morte do crucificado. A Bíblia nos testemunha acerca da ressurreição de Jesus em várias passagens. Jesus mesmo predisse sua morte e ressurreição (Mateus 12.40; Marcos 9.9; Lucas 24.7). Mateus (28.1-10), Marcos (16.1-8), Lucas (24.1-12) e João (20-21) testemunham a ressurreição de Jesus. Essas passagens falam do aparecimento de Jesus a Maria Madalena (Marcos 16.9-10; João 20.14,17), às 43
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mulheres que voltavam da sepultura (Mateus 28.9); aos discípulos no caminho de Emaús (Marcos 16.12-13, Lucas 24.13-35); a Pedro em Jerusalém (Lucas 24.34; 1 Coríntios 15.5); aos dez apóstolos numa sala (Lucas 24.36; João 20.19); aos onze apóstolos reunidos à mesa (Marcos 16.14; João 20.26); aos discípulos no lago de Tiberíades (João 21.1-24); aos onze apóstolos na Galileia (Mateus 28.16), e aos apóstolos por ocasião de sua ascensão (Marcos 16.19; Lucas 24.50; Atos 1.4-10). Todas essas passagens dão conta de que Jesus ressuscitado conversou com seus discípulos, comeu com eles (Lucas 24.43) e por eles foi tocado (João 20.26). Além do testemunho dos evangelistas, a Bíblia também registra as palavras de Paulo acerca da ressurreição de Jesus. Em 1 Coríntios 15, Paulo fala da aparição de Jesus a 500 irmãos, a Pedro, aos doze, a Tiago e a ele próprio (1 Coríntios 15.1-8). Os textos mostram que a ressurreição de Jesus foi corporal. O testemunho de Paulo em 1 Coríntios 15, além de falar da ressurreição de Jesus, fala também da nossa ressurreição. De acordo com o apóstolo, nossos corpos serão transformados pela ressurreição. O corpo ressuscitado será incorruptível, glorioso. O texto de 1 Coríntios 15 fala da ressurreição dos mortos a partir da ressurreição de Jesus Cristo. Nesse capítulo Paulo está discutindo alguns mal-entendidos que surgiram na comunidade por conta da pregação do apóstolo. O mal-entendido dos coríntios é apontado no v. 21: Algumas pessoas dizem que não há ressurreição de mortos. Diante dessa compreensão, Paulo é enfático: Se Cristo não foi ressuscitado, nós não temos nada para anunciar, e vocês não têm nada para crer (1 Coríntios 15.14). Quando irá acontecer nossa ressurreição? Diante dessa pergunta há respostas divergentes. Para algumas igrejas, a ressurreição acontece assim que a pessoa morre. Para outras, a ressurreição irá acontecer somente por ocasião da vinda de Cristo. De acordo com a tradição luterana, a ressurreição está relacionada com a morte. A ressurreição dos mortos está inseparavelmente relacionada com a ressurreição de Cristo. Pelo Batismo, passamos a tomar parte na ressurreição de Cristo. De alguma maneira, ela acontece a partir do Batismo, na morte e ressurreição com Cristo. O que o testemunho bíblico nos permite constatar é que a ressurreição muda tudo. A partir da vida que vence a morte, tudo ganha outro sentido. A morte já não tem mais todo o poder. Agora tudo é visto a partir da vida e da vitória de Deus sobre a morte (João 8.44). Essa vitória não é um acontecimento isolado, do passado, relacionado apenas à ressurreição de Jesus, mas envolve todos nós. Assim como Cristo morreu por nós, assim sua ressurreição também 44
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é para nós. Com ele começou a nossa própria ressurreição (Romanos 6.3-10). Os evangelhos dão conta que a morte não consegue colocar limites à atividade de Jesus. Paulo estende esse poder de Deus que vence a morte até onde nós nos encontramos. De fato, se Cristo não fosse primícias da nossa ressurreição, a igreja teria que mudar seu discurso, quem sabe apenas lutar por uma sociedade mais justa e igual. E falar em reino de Deus seria eternamente um sonho, se não houvesse ressurreição dos mortos, mesmo tendo Cristo ressuscitado. É na ressurreição que está o fundamento do evangelho e do reino. Lutero, na explicação ao 2° Artigo do Credo Apostólico, no Catecismo Maior, diz: Senhor significa tanto como Redentor, isto é, aquele que nos trouxe do diabo a Deus, da morte à vida, do pecado à justiça, e que nisto nos conserva (Livro de Concórdia, p. 450s). Não temos como provar a nossa ressurreição, nem como comprovar a ressurreição de Jesus. Nem mesmo as experiências de quase-morte de hoje nos ajudam a entender como acontece a ressurreição. Tudo o que é esperado de nós é que acreditemos na ressurreição e estejamos preparados para ela. Para desfrutar da ressurreição, precisamos viver a vida como Cristo viveu a sua. Quem vive como Jesus viveu, não morre para sempre. A ressurreição é a prova de que uma vida vivida da forma como Jesus viveu, Deus aprova. Por isso não permite que morra eternamente, pelo contrário, a ressuscita. De certa forma, acreditar na ressurreição é deixar-se guiar por uma perspectiva encoberta aos nossos sentidos. É apostar na força da fé. Como nos diz o texto de Hebreus: A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver (Hebreus 11.1). Acreditar na ressurreição é crer contra toda esperança. É fazer o que fizeram Abraão, os israelitas que cruzaram o mar Vermelho, Maria, Maria Madalena, Joana e as outras mulheres que foram ao sepulcro na manhã da Páscoa; é acreditar na mensagem do anjo: Ele não está aqui, mas foi ressuscitado (Lucas 24.6), sem querer pôr o dedo nas feridas de Jesus. Crer na ressurreição é saber que as estruturas de morte do nosso tempo já foram derrotadas, apesar de senti-las ainda com vida e vigor; é confiar que, repartindo e doando a vida – a exemplo de Cristo – ganhar-se-á a vida plena. Por isso a ressurreição é o sinal maior da libertação de todos os poderes que escravizam e oprimem o ser humano. P. Dr. Flávio Schmitt São Leopoldo/RS 45
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Sinais da Páscoa Quando alguém me pergunta sobre os sinais da Páscoa em nosso mundo; não calo, mostro-lhe onde e quando acontece hoje o que começou naquele tempo, quando a Páscoa teve seu início. Onde uma pessoa renova sua confiança em outra pessoa e juntas constroem uma ponte para vencer o ódio e a inimizade, ali você encontra sinais da Páscoa. Onde uma pessoa não desiste no final, mas ousa recomeçar para superar dor e luto, ali você encontra sinais de Páscoa. Onde a pessoa não silencia na escuridão, mas cantarola a canção da esperança, para vencer o silêncio mortal, ali você encontra sinais de Páscoa. Onde a injustiça é denunciada, e a própria culpa assumida para vencer a omissão, ali você encontra sinais de Páscoa. Onde uma pessoa ousa falar a verdade, para vencer a aparência e a mentira, ali você encontras sinais de Páscoa. Onde uma pessoa nada contra a correnteza e carrega os fardos de uma pessoa desconhecida, para vencer necessidade e sofrimento, ali você encontra sinais de Páscoa. Onde alguém desperta e tira você da inércia e descobre com você um caminho novo para vencer grandes obstáculos, ali você encontra sinais de Páscoa. Fonte: Páscoa: a vitória da vida. Editora Sinodal, 2002. p. 8 e 9.
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes 01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica do Brasil, Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 10 – Ascensão do Senhor 11 – 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, na Europa 13 – Dia das Mães 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 20 – Domingo de Pentecostes 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE
A fé exalta a pessoa e a transporta para junto de Deus, de tal modo que Deus e o coração humano tornam-se uma só realidade. Martim Lutero
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M A I O
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MAIO
A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hebreus 11.1
Meditação Fé e confiança
A
Arquivo pessoal
fé é uma das palavras mais lembradas na Bíblia. Somente nas cartas apostólicas ela é escrita mais de 130 vezes. Na história da igreja, em todos os tempos e lugares, a fé está presente. O povo na igreja ou fora dela não se cansa de falar da fé ou de pronunciá-la. Na vida em sociedade e nas comunidades, a fé é o “carro-chefe”, que faz funcionar a roda. Evoca-se a palavra fé para explicar as coisas de Deus e da vida, do mundo da palavra de Deus e do mundo secular. Evoca-se a palavra para amoestar, dizendo: “Você tem que Leda Witter e seu esposo, ter mais fé”. Evoca-se a palavra para elogiar P. Teobaldo, em Cuiabá/MT e honrar: “Olha que fé profunda ele tem”. Evoca-se a fé para julgar e condenar: “Você não tem fé, por isso tudo vai mal ao seu redor, na sua vida”. Evoca-se a fé para consolar, mesmo quando as coisas vão de mal a pior: “Deus te acolhe em sua misericórdia, com fé a amor”. Falar de fé não é coisa só de pessoas cristãs. A criança de oito anos vai para a aula e diz aos pais: “Estudei bastante. Tenho fé que hoje vou tirar boa nota”. Apenas duas letras: fé. Essa palavra é certamente uma das mais faladas por todas as pessoas. Movidos por fé própria, as pessoas se mobilizam para viver. Nada acontece neste mundo humano sem fé. E sem fé nada funciona. Nem mesmo o dinheiro teria algum valor se não fosse a fé que as pessoas depositam nele. E as pessoas buscam muitos valores, coisas, ideias, palpites, objetos em que colocam a sua fé. 48
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E o pai do menino, imediatamente, exclamou (com lágrimas): Eu creio. Ajuda-me na minha falta de fé (Marcos 9.24). Será que é tudo a mesma coisa ou tem algo de diferente nessa oração de fé desse pai? Poderíamos dizer que, geralmente, quando se fala de fé no mundo secular, fala-se de um sentimento humano produzido por forças próprias e autoconfiança, depositado em algo temporário. E o poder que esse algo tem é do tamanho de nossa cabeça, nossa carne (Lutero), nossa razão ou nosso sentimento. O apoio, o consolo, neste caso, acabam quando acabam nossas próprias ilusões. Todas as pessoas já nascem com essa categoria de fé. E essa fé morre quando as pessoas morrem. A fé, segundo Jesus e os apóstolos, é algo muito diferente. A fé apostólica não é uma conquista própria, não é um sentimento produzido por nossa inteligência e nossas manias humanas. É fé presente, fé dádiva de Deus. Ninguém nasce com ela. A fé vem pelo ouvir a Palavra. Romanos 10.17 diz: E assim, a fé vem pelo ouvir a pregação, e a pregação pela Palavra de Cristo. Eis aí o grande segredo. Ninguém nasce com fé. Deus providencia a fé pelo ensino de sua Palavra encarnada, que é Jesus Cristo, nosso Salvador. Agora, sim, podemos confessar e ensinar como Hebreus 11.1: A fé é a certeza de que vamos receber coisas que esperamos e a convicção de que existem coisas que não podemos ver. As certezas estão com Deus. Ele as revela no tempo certo. Com fé, nós participamos delas. E com o amor que ele nos dá, nos aproximamos das pessoas para testemunhar as maravilhas de Deus em serviço e em palavra. Sobre esse ponto da fé que Deus nos dá, o pastor Wilhelm Wachholz escreveu algo muito bonito num texto que se encontra no site luterano. Ele escreve: Lutero relaciona fé com a palavra latina cedere. Fé é ceder. É ceder e não resistir diante de Deus. Fé é não se encurvar sobre si mesmo e suas próprias qualidades e potencialidades, mas se sujeitar à palavra de Deus. Fé é ceder diante de Deus que, através da sua Palavra e do Espírito Santo, nos julga, consola, faz tropeçar, levanta e carrega, nos entristece, nos alegra. Assim, fé é confiança total em todos os momentos da vida, por isso, para Lutero, também existe um único pecado do qual todos os demais decorrem: a falta de fé-confiança em Deus. Quando a pessoa não confia em Deus, ela se curva sobre si própria e, assim, se torna injusta, egoísta, individualista, gananciosa, arrogante, prepotente, violenta e assassina. 49
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A fé é dádiva de Deus pregada pela Palavra e provocada pelo Espírito Santo. Ela não pode ser medida nem comparada. Ela pode ser vivida na confiança em Deus e no amor divino e humano, como Jesus ama. P. Teobaldo e Leda Witter Cuiabá/MT
Gratidão e paz: justificados somente pela fé Fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele (Romanos 5.1). Martim Lutero cresceu num mundo onde Deus era visto como um grande carrasco e ditador. O medo era difundido pela igreja. Não por menos ele se açoitava, impondo a si mesmo penas, para evitar a condenação. Lendo a Bíblia, e em especial o livro de Romanos, viu que Deus não era o que a igreja da época pregava. Ele entendeu que o justo viverá por fé. Assim ele redescobriu a “doutrina da justificação por graça e fé”, que teve importância central para a Reforma da igreja, tornando-se o principal artigo do luteranismo. Em 25 de junho de 1530, os luteranos apresentaram ao imperador Carlos V, na Assembleia Nacional da Alemanha, a compreensão protestante da fé cristã, por intermédio de um texto que se chamou Confissão de Augsburgo. O artigo mais importante dessa confissão trata da justificação, que diz: Ensina-se também que não podemos alcançar remissão do pecado e justiça diante de Deus por mérito, obra e satisfação nossos, porém, que recebemos remissão do pecado e nos tornamos justos diante de Deus, pela graça, por causa de Cristo, mediante a fé, quando cremos que Cristo padeceu por nós e que, por sua causa, os pecados nos são perdoados e nos são dadas justiça diante de si, conforme diz São Paulo em Romanos 3 e 4 (Artigo 4º). Fé é a atitude pela qual a inteira personalidade humana descansa sobre Deus em absoluta confiança e dependência em seu poder, bondade e misericórdia.
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Nenhuma pessoa poderá, pelo seu esforço, fazer paz com Deus. Quem propõe a paz é o próprio Deus. Quando Jesus morreu por nós, Deus propõe a paz a nós pecadores. Alcançados pela justificação, por meio do sacrifício de Jesus, temos paz na nossa relação com Deus. Salvação é aceitar a salvação que vem de Deus Fonte: Centenário da Paróquia da Paz de Porto Alegre, p. 34.
Oração Nas mãos do oleiro Vê, Senhor, que sou um vaso que carece muito de ser preenchido. Meu Senhor, enche o vaso, pois sou pessoa fraca na fé. Fortalece-m Fortalece-me, pois sou pessoa fria no amor. Aquece-me Aquece-m e torna-me quente, para que meu amor tra transborde para o próximo. Não tenho tenh fé robusta e forte. Acontec Acontece que sou pessoa acometida de dúvid dúvidas, não podendo confiar em ti inteiram ramente. Ó Senhor, ajuda-me, faze crescer minha fé e confiança. Tudo o que tenho se encerra em ti. Eu sou pobre, tu és rico e vieste para receber em misericórdia as pessoas pobres. E Eu sou pessoa pecadora, tu és justo. Comigo Com está a doença do pecado, em ti está a plenitude da justiça. Por isso quero ficar contigo, não preciso dar de mim para ti: de ti posso receber. Amém. Martim Lutero 51
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A arte de conviver a dois Arquivo pessoal
Aos doze anos, quando estava assistindo ao culto infantil, tomei conhecimento do trabalho de um missionário que ele, junto com a esposa, desenvolveu na África. Não me lembro mais em que país exatamente do continente. Mas me lembro do tipo de trabalho: o casal cuidava de crianças abandonadas e pobres. O missionário ainda mostrou fotos da miséria e das dificuldades que Nós podemos nos carregar um ao outro, porque, o casal enfrentou para alimentar a partir da nossa fé, sabemos que quem nos carrega mesmo é Deus as crianças e cuidar delas. Foi exatamente nesse culto infantil que nasceu dentro de mim o desejo de ser missionário igual ao missionário que falou para nós dando testemunho de suas atividades na África. Assim, aos 17 anos, enfrentei o vestibular para entrar no Seminário de Missão em Neuendettelsau, na Baviera/Alemanha. Foram sete anos de estudo para ser missionário em Nova Guinê, pertinho da Austrália. Ainda faltavam três anos para terminar o estudo, quando conheci dois pastores da IECLB, o P. Germano Burger e o P. Augusto Kunert, que me cantaram para vir ao Brasil. Topei. Logo, ao lado dos meus estudos de teologia, aprofundei-me na história, na geografia e na língua do Brasil. Além de participar do coral na comunidade local, dediquei o meu tempo de folga ao teatro. No seminário, estava organizando uma peça teatral para o Natal. Sendo que no seminário tinha apenas estudantes masculinos, fui obrigado a convidar uma jovem para assumir o papel de Maria. E quem é que convidei? Helga, a minha futura esposa. Só que eu não sabia disso ainda. Assim, tivemos contatos duas vezes por semana: cantando no coral e ensaiando a peça de Natal. Como não podia ser diferente, convidei a Helga para uma caminhada no domingo à tarde. E essas caminhadas se repetiram cada vez mais. Conversamos muito, cada um sobre seu passado, sua família, seus hobbies, seus sonhos e, aos poucos, também sobre o futuro... Ambos éramos filhos de famílias pobres,
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vítimas da Segunda Guerra Mundial, que foram obrigadas a deixar tudo para trás, fugindo para salvar suas vidas... Faltavam ainda dois anos para terminar os meus estudos, quando perguntei à minha namorada se queria casar comigo e me acompanhar para trabalhar como missionário no Brasil. A resposta dela foi: “Me dá uma semana para pensar”. Pois é, foram sete dias muito sofridos para mim. Mas valeu a pena. Pois Helga disse que sim e nós noivamos. A partir desse momento, nossas conversas ficaram cada vez mais intensas, girando naturalmente em torno do futuro. Aliás, Helga também queria se preparar para a futura atividade missionária. Por isso ela passou a frequentar cursos de pedagogia e de enfermagem. Pois eu contava que a igreja no Brasil ia nos mandar para trabalhar entre índios na Amazônia ou em qualquer outra parte do país. Finalmente consegui terminar meus estudos e assumi o pastorado de Langensteinach, não muito longe da cidade onde nasci, Rothenburg ob der Taube, na Baviera. Mas antes de assumir essa comunidade, casamos em Neuendettelsau no dia 24 de abril de 1966. Foi uma festa modesta, no círculo de poucos amigos e familiares. Por outro lado, foi para nós dois um momento muito emocionante quando um mês mais tarde nos mostraram nossa residência na paróquia onde íamos trabalhar. Que felicidade! Ainda assim crescia dentro de mim uma vontade imensa de embarcar num navio que nos levasse ao Brasil, terra dos meus sonhos e, aos poucos, também terra dos sonhos da Helga. Em julho do mesmo ano veio a comunicação da embaixada brasileira de Munique de que havíamos recebido o visto de entrada no Brasil. No dia 14 de agosto de 1966, fui ordenado ao ministério pastoral e, logo em seguida, o casal foi enviado para o serviço pastoral/missionário na IECLB. Entrementes a igreja já comprara as passagens e partimos de Genebra com sete caixas de mudança num navio impressionante, algo que nunca tínhamos visto na vida, rumo ao Brasil. Diga-se de passagem que essa travessia do oceano foi nossa viagem de núpcias. Conversamos muito e nos descobrimos cada vez mais. Foi no dia 5 de setembro que desembarcamos no porto do Rio de Janeiro. Lá, ainda no navio, recebemos algumas instruções sobre os próximos passos e em seguida fomos levados ao Amparo Feminino, onde aguardamos também as nossas sete caixas. A nossa estada ali, onde recebemos o quarto para dormir e o café da manhã, foi uma verdadeira aventura, pois o nosso português era muito limitado. Mesmo assim, a gente se meteu na cidade em busca de comida e para conhecer um pouco a cidade maravilhosa. Depois de cinco dias, recebemos a informação de que deveríamos viajar para Florianópolis/SC, pois aí teríamos o 53
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tempo de aprender o português e nos acostumar à realidade brasileira. Ficamos na casa do Sr. Hans von Wangenheim, naquela época tesoureiro do Sínodo Evangélico Luterano Unido. Logo no início, procuramos conhecer as pessoas ligadas à Comunidade de Florianópolis. Entramos no coral da igreja para participar da vida comunitária e eu acompanhei o pastor local, P. Aldo Berndt, em suas atividades. No meio desse processo de integração, fizemos uma grande descoberta: a gravidez da Helga. Fiquei quase louco de alegria, especialmente também porque a nossa Renate foi concebida no Rio de Janeiro, quer dizer: uma autêntica brasileira... Por outro lado, a partir dali tinham que ser colocados outros acentos nas conversas, nos sentimentos e no comportamento do dia a dia. Agora não era mais uma vida a dois, e sim uma vida a três. No primeiro Domingo de Advento, fiz a minha primeira prédica em português sobre a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Logo depois recebemos a informação de que deveríamos nos preparar para assumir a Paróquia Evangélica Luterana de Indaial/SC. Aí abriu-se mais uma folha no livro da nossa vida. Como será? Vamos poder dar conta do recado na nova realidade? O medo do novo e a insegurança foram logo vencidos, pois o povo de Indaial nos recebeu com muito carinho. Chegamos lá no dia 10 de março. Toda a mudança, todas as conversas, questões de organização etc. me fizeram esquecer o dia do aniversário da minha esposa. Somente me dei conta quando me deitei, cansadíssimo, no dia 11 de março, às 22:30h. A minha querida esposa chorou, sinal para mim de que me esqueci de uma coisa muito importante. Não falamos muito, mas nos abraçamos, choramos juntos e adormecemos. É óbvio que no próximo dia tinha um baita buquê de flores na mesa... Em Indaial ainda nasceram os outros dois filhos, de forma que éramos agora cinco que mudaram para Curitiba/PR, onde assumimos o trabalho da Missão Suburbana. Não vou entrar em pormenores. Somente isto: fiz o que sonhei quando o missionário falou de sua missão na África. E mais, em 1976, recebi a convocação para assumir a Secretaria de Missão no contexto de uma reorganização da Secretaria Geral da IECLB. Essa função me levou ao contato com os índios em Tenente Portela/RS e me abriu os olhos para a realidade toda da IECLB, em sua diversidade, sua extensão e a grandeza de sua missão. Em 1980, terminou meu tempo em Porto Alegre/RS e lá fomos nós para Blumenau/SC, onde assumi a função de capelão no Hospital Santa Catarina. Quatro anos mais tarde, aceitamos o convite de trabalhar na Paróquia de Vila Itoupava. É lá que nos sentimos de novo abraçados como o sentimos em Indaial. Sentimo-nos logo em casa e amamos muito o povo de lá. Infelizmente surgiu um problema grave nas minhas cordas vocais que não permitiram continuar no 54
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pastorado. Fui tratado e conseguimos recuperar a voz – mais ou menos. A partir dessa realidade, a igreja me encarregou da missão de folhetos, da redação do Anuário Evangélico e mais tarde da redação do jornal O CAMINHO. Seguiu então o projeto da Livraria Martin Luther e da Gráfica Otto Kuhr. Em outubro de 2004, entrei na aposentadoria e mudamos para a nossa residência, que era nossa mesma finalmente. Por que estou mencionando isso tudo? É que eu tinha uma companheira, uma família ao meu lado que me deram forças, me carregaram com suas orações e sempre mostraram solidariedade com todas as minhas dificuldades, alegrias e tristezas. Especialmente a minha esposa Helga. O nosso segredo era a base comum de fé, a abertura para diálogo, a disposição de perdoar, sabendo que nós podemos nos carregar um ao outro, porque sabemos, a partir da nossa fé, que quem nos carrega mesmo é Deus. Nessa base, chegamos ao jubileu de Bodas de Ouro, 50 anos de vida comum sob a bênção de Deus. Eis a arte de conviver a dois! P. em. Friedrich Gierus Blumenau/SC
Dia das mães As bem-aventuranças da mulher cristã Bem-aventurada sou porque fui criada à imagem e semelhança de Deus, redimida por Jesus Cristo e santificada pelo Espírito Santo. Bem-aventurada sou porque posso ensinar aos outros o que é a vida abundante em Cristo. Bem-aventurada sou pelas marcas dos anos ou de minha vida sacrificada. Vida, muitas vezes, difícil, ou mesmo fácil. Mas sempre vida sob a graça do Espírito Santo, que me deu a dádiva de estar viva hoje para desfrutar desses momentos de comunhão com ele. Bem-aventurada sou quando os que me foram dados para gerar, criar, cuidar e amar, me abraçam e beijam com carinho e amor. Bem-aventurada sou quando sou capaz de dar alegre colorido ao que já conhecia e aprender coisas novas. 55
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Bem-aventurada sou quando me sinto útil e procuro não me cansar de fazer o bem. Bem-aventurada sou quando consigo entender as outras gerações e sentir que, andando lado a lado com os outros, podemos ser uma ponte de amizade. Bem-aventurada sou quando cuido das minhas plantas, dos animais que tenho, unindo-me assim, ainda que humildemente, aos que lutam para salvar a destruição da Terra, a obra do Criador. Bem-aventurada sou quando posso tirar do tesouro sagrado das minhas memórias coisas novas e velhas para repartir com os outros. Bem-aventurada, mil vezes bem-aventurada, por ter aprendido a orar com as palavras do salmista: “Ensina-me a contar os meus dias de tal maneira que alcance um coração sábio”. Que assim seja. Amém! Fonte: Assembleia da OASE Sinodal, agosto 2009, Curitiba/PR.
Mãe de coração Fui gerado no seu próprio coração e nos seus braços acalentado. No beijo carinhoso dos seus lábios macios reconheci o primeiro afeto. E na suavidade de suas mãos em meus cabelos aprendi a ternura. No seu colo perdi o medo. E nos seus olhos vi-me como fruto de seu desejo. No seu sorriso conheci a alegria, e nas suas palavras mais doces, a calmaria. No convívio, de manhã à tarde, fui cuidado como seu bem mais precioso. E nas noites mais longas, você foi minha melhor companhia. Você não me pôs no mundo, mas me fez alguém no mundo. Nunca estive em seu ventre, mas estou sempre no seu coração. Você não me deu a vida, mas a vida me deu você. E assim recebi a graça de me tornar filho e a honra de ter uma mãe de verdade. Fonte: Ricardo Z. Fiegenbaum e Márcia E. L. da Paixão. Mãe, te amo. Editora Sinodal, 2007, p. 4.
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes 04 – 1743 – Primeira Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 10 – Dia do Pastor/da Pastora 12 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de São João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo
Coração puro é aquele que observa e pondera o que Deus diz e substitui os seus pensamentos pela palavra de Deus. Martim Lutero
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Não deixem de receber bem aqueles que vêm à casa de vocês; pois alguns que foram hospitaleiros receberam anjos, sem saber. Hebreus 13.2
Meditação Um ato de amor ao próximo
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Arquivo pessoal
Encontro Nacional de Mulheres Luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, sediado em Foz do Iguaçu, no Paraná, em 17 a 19 de março de 2017, reunindo 2.200 participantes vindas de todos os sínodos da IECLB de nosso Brasil, mulheres vindas do Paraguai, Bolívia e Argentina, merece estar carinhosamente registrado neste espaço. O evento propiciou a integração das mulheres em momentos de oração, de descontração, através de palestras e cantos, e oportunizou a exposição de trabalhos Elfi Roedel realizados nos mais diversos sínodos e departamentos de nossa igreja. Os abraços, os reencontros, a alegria e a cumplicidade que marcaram esse momento de celebração da fé e do amor ao próximo ficarão gravados na memória e coração de quem lá esteve. Motivação para praticar um ato de amor O versículo bíblico acima me remete ao trabalho realizado pela OASE Centro de Santa Cruz do Sul/RS, da qual faço parte, e que neste ano completa 18 anos de atuação. Realizamos uma atividade que homenageia pessoas aniversariantes acima de 80 anos da nossa OASE e comunidade. Uma vez homenageada, fazemos questão de levar nossa celebração à pessoa todos os anos em sua data. Diversas voluntárias passaram pelo grupo e muitos quilômetros foram percorridos para que levássemos aos aniversariantes nossa alegria e dedicação. 58
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Sempre, às 10 horas da manhã, iniciamos nossa visita, entregando um cartão com felicitações, uma vela e registros fotográficos de outros aniversários. Acendemos uma vela, cantamos dois hinos e lemos uma breve mensagem. Ao final, cantamos Parabéns a você. Cantamos em português e/ou alemão. É muito difícil o aniversariante não expressar sua emoção e agradecer tantas homenagens. O trabalho é tão bonito que gratifica igualmente aquelas que o realizam. Emociona-nos muito saber que alguns aniversariantes guardam os cartões recebidos para a noite fazerem as orações neles contidas. Queremos com esse exemplo motivar mais mulheres da OASE a prestar homenagens. Deus é bondoso e ilumina cada uma de nós, concedendo-nos oportunidades para levar alegrias, escutar o próximo, cantar, orar e celebrar a vida e a oportunidade de viver mais um ano. Com 18 anos de atividades, cerca de 160 pessoas são homenageadas todos os anos e, para alguns aniversariantes, essa é a única visita recebida no aniversário. São muitas histórias para contar, muitas memórias e acontecimentos marcantes na vida de quem recebeu e de quem fez uma homenagem. O primeiro cartão levava a seguinte mensagem: Querida Irmã! Querido Irmão! VIVER PARA DEUS Hoje espero que meu dia seja diferente; melhor que ontem. Logo ao acordar, quero dizer: Obrigado, Senhor. Obrigado pela vida, por este dia, pelas pessoas ao meu redor, por tudo o que tenho, quero receber como presente teu. Obrigado por este dia, é uma possibilidade que tenho para te servir; por isso peço tua bênção, proteção e luz sobre minha família, sobre as pessoas que convivem comigo e sobre minha pessoa. Assim começo o dia mais alegre e fortificado para enfrentar as dificuldades e os desafios. Acontecem acertos e erros, mas me sinto mais feliz e confiante. A noite veio, procurei alcançar os propósitos firmados pela manhã. Agora deito e converso novamente com Deus: Obrigado, Senhor, pelo dia que passou e suas atividades. Obrigado pelo repouso, quero entregar todo o meu ser em tuas mãos. Perdoa os meus pecados, aceita-me por Jesus Cristo. Se amanhã permitires que eu veja a luz do sol, que tua luz brilhe sobre mim. Que a tua bênção e a tua luz repousem sobre esta casa e sobre minha família e amigos. Amém! 59
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Sou muita grata a Deus por conceder-me força, alegria, sabedoria e por poder dar continuidade a esse gesto de amor ao próximo. Elfi Roedel Santa Cruz do Sul/RS
Gratidão pelo perdão Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz. (Lucas 17.15) www.pexels.com
O tema para esta reflexão é “gratidão pelo perdão”. Meu ponto de partida é o texto de Lucas 17.11-19. Dez leprosos vivem unidos pela doença no deserto (Veja Números 12.10-12 e Levítico 13.45-46). Ao perceberem que Jesus passa do lado deles, clamam por ajuda. A fé em Jesus e a esperança de cura nele depositada colocam os leprosos em movimento. A fé coloca em movimento. Ela não permite ficar parado. A fé faz os leprosos olharem para além da doença que está dada. A fé é esperança de cura. O perdão liberta para a vida! Jesus se aproxima deles. Sabe da situação de doença e exclusão que sofrem. Faz um pedido: apresentem-se ao sacerdote. É dele a autorização para a reintegração social. No caminho, percebem-se curados. Nove seguem seu caminho adiante, um volta para agradecer a bênção recebida e glorificar a Deus imediatamente. Esse ouve de Jesus uma bênção adicional: Vai, tua fé te salvou (v. 19). Um leproso voltou para agradecer. Era samaritano. Esse será nosso foco por revelar-nos um caminho bonito e interessante de vida. Primeiro, acometido pela doença da lepra, deposita sua esperança de cura e fé em Cristo; segundo, 60
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movido pela fé, sai caminhando em direção ao sacerdote mesmo ainda não tendo sido curado; terceiro, movido pela fé, volta para agradecer a cura recebida. Veja: sozinho o leproso não poderia curar-se. Foi ajudado e, movido pela fé, volta para agradecer quem o ajudou. Na linguagem do dia a dia, é o “muito obrigado” dito tão poucas vezes a quem nos ajuda. Você já se deu conta que fazemos algo parecido com o que os leprosos fizeram? Imagine a comunidade reunida em culto dominical. Todas as pessoas invocam o nome de Deus e clamam pelo perdão dos pecados. Deus ouve todas elas e responde com misericórdia e perdão pelas palavras de absolvição. Você já disse alguma vez “obrigado/a, Senhor”, mesmo em silêncio de oração, pelo perdão recebido? Deus nos ouve, acolhe e perdoa. É gesto gracioso dele em nosso favor. Para nós é importante observar como reagimos ao gesto de Deus. Não repetir o pecado pelo qual pedimos perdão é uma bela reação. Agradecer é também uma bela expressão da fé. Mas há ainda um outro jeito: viver como uma pessoa perdoada por Deus. Ou seja, na caminhada da vida externar gratidão de todas as formas e jeitos possíveis em relação a Deus e às outras pessoas pela ajuda recebida. É exatamente isso que o leproso samaritano fez. Perceber-se pessoa perdoada é encantador. Dá certeza de vida e salvação (Lutero). O perdão deixa sinais concretos no corpo e na alma da pessoa: alivia o coração, deixa a vida mais leve, tira a tensão dos ombros e o ódio do coração. A gratidão aproxima do irmão e da irmã, procura o abraço reconciliador, faz perceber que somos carentes da ajuda de outras pessoas e da graça de Deus; faz reconhecer que outras pessoas fazem algo bom em nosso favor. Agradecer é reconhecer que, pelo perdão, recebemos uma nova oportunidade de vida. Isso, na fé que me move, é manifestação divina em nós. Quero por fim enfatizar: Deus, ao nos perdoar, cria em nós um novo jeito de ser e de viver, o jeito de pessoa perdoada, que tem na gratidão um importante valor de vida e de fé. Siga o seu caminho e crie o hábito de agradecer por todas as coisas, mesmo as mais pequenas.
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Impulsos para o diálogo: 1. Que sentimento você experimenta quando alguém agradece a você pela ajuda dada? 2. Que sentimento você experimenta quando agradece alguém por uma ajuda recebida? 3. O que significa para você crer num Deus que perdoa? 4. Como vive a pessoa perdoada por Deus? 5. Como ter a cada dia um coração mais agradecido? 6. Bibliodrama: encenar o gesto de gratidão do leproso. 7. Na palavra final, enfatizar: agradecer é reconhecer que alguém fez algo de bom por nós. Faça da gratidão um modo de vida. Agradecer é uma virtude cristã preciosa. P. Jair Ebeling Campinas/SP
Dia de São João Viva, São João! É impressionante como existem piadas envolvendo um tal de Joãozinho. Em regra, ele dá respostas ou tem reações inesperadas. Nas anedotas, a lógica do Joãozinho não é a lógica das pessoas que as ouvem. Por isso o seu jeito de responder ou reagir provoca risos. Durante a minha infância em Minas Gerais também ouvi estórias de um tal Pai João. Era a figura de um homem idoso atrapalhado na forma de se apresentar. Quando alguém se apresentava fora do padrão, por exemplo, na forma de se vestir, era chamado de Pai João. Na verdade, aquilo que ouvi a respeito desse personagem faz parte do
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P. Leonídio Gaede
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folclore relacionado com a história da escravidão no Brasil. Se Zumbi, por um lado, era quem liderava rebeliões de escravos, Pai João era aquele negro velho conformado com a situação e submisso ao sinhô e à sinhá. Estudiosos, porém, divergem sobre o sentido que a figura de Pai João dá ao sofrimento e à luta dos escravos. Talvez as estórias de Pai João se refiram a uma habilidade de negociação que alguns escravos tiveram e usaram, buscando diminuir seus sofrimentos, driblando assim a brutalidade de seus donos. Em vez de entendê-lo como fora do padrão e ridículo, por que não pensar numa espécie de precursor na prática do método da não violência ativa? Ele não dava “murro em ponta de faca”, como diria o gaúcho, mas encontrava formas de luta contra a escravidão, por exemplo, aproximando-se e ganhando a simpatia das damas, que, mesmo ostentando a pompa da casa grande, também tinham lá seu sofrimento com a brutalidade da vida patrocinado pelo machismo da época. Assim como Joãozinho e Pai João, também São João é controvertido. Por que a festa dedicada a esse santo inclui, além da pipoca e do quentão, pular fogueira, prender a mocinha, obrigando seu parceiro a comprar sua liberdade, celebrar o casamento caipira, ressaltando muitas vezes em demasia um jeito rude de ser? Com essas perguntas em mente, podemos olhar para o João bíblico, o não menos controvertido João Batista, precursor de Jesus. Quem sabe esse João nos ajude a compreender os outros e vice-versa, e, quem sabe, todos juntos nos tragam uma bela mensagem de vida. João Batista apareceu no deserto da Judeia pregando o arrependimento. Que figura! Fazia suas roupas de pele de camelo e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Baseava sua pregação em Isaías 40.3: preparai o caminho, mas orientava não ir para frente no caminho. Falava da necessidade de fazer meia-volta. Segundo ele, era preciso mudar de rumo. Quando seu próprio caminho estava se aplainando, no sentido de ele mesmo poder consolidar a sua carreira de profeta, apontou para Jesus e disse: Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Convém que ele cresça e que eu diminua (João 3.30). 63
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ROTEIRO DA OASE 2018 Joachim Patinir – 1480-1524 Assim como Joãozinho, Pai João e São João, João Batista também está fora do padrão e age contra a lógica. Olhado com os olhos dos dias de hoje, vai nos chamar a atenção o fato de ele não se tornar um concorrente de Jesus. Essa seria a lógica. Um João Batista na lógica dos dias de hoje diria: Eu lutei e consegui o meu espaço. Agora tenho meus seguidores e vou continuar com a minha missão. Não vou arredar o pé para esse andarilho que apareceu aí. João Batista faz, porém, o contrário. Ele diz: Não sou digno de desatar as sandálias desse que vem depois de mim (Mateus 3.11). João batiza Jesus Já o João do quarto evangelho traz a sua boa notícia apresentando opostos: luz e trevas, verbo e carne... A palavra que existia desde o início virou gente e armou barraca. Como assim? Desde quando a palavra acampa? João anuncia que chegou o fim da era do bode expiatório: agora o cordeiro é Jesus. Ele é de Deus e tira o pecado do mundo. Olha, existem muitas razões para pular fogueira, isto é, em nossa vida existem muitos desafios que constituem uma verdadeira prova de fogo. João Batista e seus afilhados folclóricos, Joãozinho, Pai João, São João, encontraram um jeito de passar pelo fogo. Será que achamos o nosso? Enquanto procuramos, vamos mergulhando nas festas juninas, vestindo, comendo e representando o incomum ou aquilo que, como se diz, está fora da casinha: bigode de carvão, calça e saia remendadas e chapéu de palha, pipoca e quentão. Não estamos nem aí para a moda! Viva o jeito diferente! A Mariazinha vai com outros só se for raptada. E se for presa, o João paga o resgate, pois o dinheiro vai mesmo para o caixa da excursão de turma. O João é avesso às convenções! Não vai com qualquer um. Tem luz própria. Ops! Desculpem, não tem luz própria. A luz vem de Cristo.
Para reflexão Pergunta para conversar O que se poderia fazer hoje que seria contra a lógica do mundo e faria bem, seria saudável e chamaria positivamente a atenção? 64
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A coragem de ser diferente Dependendo do número de pessoas presentes e das condições delas e do local, pode-se constituir um grupo ou mais que criam uma cena de uma situação incomum, contra a lógica, e com isso ensina algo de bom. Cantar ou recitar o verso abaixo: Convém que Cristo cresça, convém que Cristo cresça, convém que Cristo cresça mais e mais. E que diminua eu, e que diminua eu, e que diminua eu mais e mais. Enquanto é cantada ou recitada a primeira linha, as pessoas vão levantando e erguendo os braços até a altura que puderem. Quem conseguir, pode até ficar na ponta dos pés. Quando se canta ou recita a segunda linha, vai se abaixando até onde conseguir. P. Leonídio Gaede Itati/RS
Reforma luterana A Nova Bíblia de Lutero Martim Lutero ancorou sua teologia em quatro pilares – pode-se dizer também sobre “quatro solas”: sola Scriptura (somente a Escritura, isto é, somente a Bíblia), sola gratia (somente pela graça), sola fide (somente pela fé) e solus Christus (somente Cristo). Sabe-se que Lutero estava por longo tempo, de forma muito intensa, em busca da verdade sobre a fé, sobre Deus, sobre as Sagradas Escrituras. Principalmente esta pergunta lhe era constante: como posso alcançar a minha salvação? Lutero estava à procura de respostas concretas de como ele poderia agradar a Deus, o que fazer para que Deus o aceitasse. Ele procurou se sujeitar a todas as normas e leis que a Igreja Católica da época exigia. As pessoas em geral estavam sujeitas às normas que lhes eram ditadas pelo clero da Igreja Católica da época. Praticamente não tinham chance para formar sua própria 65
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opinião, pois as missas eram rezadas em latim e as poucas Bíblias em língua alemã que existiam eram de uma linguagem inacessível, além de muito caras. Além disso, o acesso à formação era limitadíssimo, sendo que a grande maioria era analfabeta. Em 1505, Lutero ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt. Ele pensou que a vida em clausura, abstinência, mendicância no mosteiro lhe traria a tranquilidade da absolvição por merecimento, pois estava se sujeitando a grandes limitações. No mosteiro, estudou Teologia. Dedicou-se principalmente à Bíblia. Seus estudos foram realmente Pa. Heloisa Gralow Dalferth muito intensos. A grande resposta às suas perguntas ele recebeu quando estudou a carta do apóstolo Paulo aos Romanos, mais exatamente Romanos 1.16-17. Assim, formulou sua teologia da justificação pela graça e fé somente, sem a necessidade de obras. Essa sua teologia o motivou, entre muitas outras coisas, a traduzir a Bíblia para a língua do povo: para a língua alemã. Seu projeto, porém, foi não somente traduzi-la para a língua alemã, mas em uma linguagem que o povo da época poderia entender. Em uma palestra aqui na cidade de Marktredwitz, o ex-bispo da Igreja Territorial da Baviera Dr. Johannes Friedrich, presidente da Sociedade Bíblica da Baviera e da Sociedade Bíblica da Alemanha, que coordenou a equipe de revisão e de lançamento da Nova Bíblia de Lutero [Die Neue Lutherbibel] falou o seguinte: “Luther hat bei seiner Bibelübersetzung ins Deutsche dem Volk aufs Maul geschaut. Er hat damit die deutsche Sprache geprägt wie kein zweiter” (Lutero olhou para a boca do povo quando traduziu a Bíblia para o alemão. Com isso, ele influenciou a língua alemã como nenhum outro). Lutero traduziu o Novo Testamento no ano de 1522 em somente onze semanas, quando estava escondido no castelo de Wartburg, junto à cidade de Eisenach. A Bíblia completa, com Antigo e Novo Testamentos, foi editada pela primeira vez no ano de 1534. Até a sua morte no ano de 1546, foram publicadas várias edições. No decorrer dos séculos foram feitas várias revisões e atuali66
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zações. A última delas foi editada em 1984, até que em 2016 foi publicada a Die Neue Lutherbibel. A rapidez com que Lutero traduziu o Novo Testamento para a língua alemã é algo mais do que extraordinário. Segundo o Dr. Friedrich, a equipe que revisou os originais e as traduções antigas da Bíblia levou cinco anos para concluir seu trabalho – isso que vivemos em uma época na qual temos recursos digitais e internet. E era uma equipe de 70 teólogos e teólogas exegetas, que se reuniram 44 vezes, sempre durante quatro ou cinco dias – no total, foram aproximadamente 200 dias de reuniões. A tradução da Bíblia de Martim Lutero revolucionou não só o pensamento teológico na sua época, mas também influenciou a própria língua alemã. Pode-se dizer que a sua linguagem bíblica uniformizou a língua alemã, isto é, colaborou para que todas as pessoas que viviam nas mais diferentes regiões da Alemanha (que até hoje preservam seus dialetos) tivessem uma forma comum de falar e escrever. A Bíblia passou a ser um livro de leitura nas escolas de principados e cidades evangélicas até por volta do ano de 1800. A Bíblia em língua alemã – na língua do povo – possibilitou que as pessoas pudessem descobrir nas Sagradas Escrituras a sua fonte de fé. E para terem realmente acesso a ela, Lutero se engajou de forma muito intensa à alfabetização e à formação das crianças e jovens naquela época. Todas e todos deveriam saber ler e escrever para poderem ler e entender a Bíblia e o Catecismo Menor. Ele lutou para que o Estado criasse escolas para meninas e para meninos e apelou para que os pais possibilitassem que seus filhos e filhas as frequentassem. O Estado precisava de pessoas de boa formação para reger e para administrar; a igreja de pastores, as comunidades de professores e professoras e pessoas de fé, conforme as Sagradas Escrituras. O lançamento da Die Neue Lutherbibel 2017 foi um dos pontos altos do jubileu de 500 anos da Reforma. O desafio lançado foi o de que a Bíblia chegue às pessoas e que sempre fique muito claro que a Palavra de Deus, conforme as Sagradas Escrituras, sempre deverá ser a prioridade número um da igreja de Jesus Cristo – igreja que vivemos concretamente na Palavra e na ação diaconal em nossas comunidades. Pa. Heloisa Gralow Dalferth Bad Alexandersbad/Baviera, Alemanha
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes
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01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa
Toda a vida das pessoas crentes não é outra coisa senão louvor e gratidão a Deus. Martim Lutero
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Preparem os campos para a lavoura, semeiem a justiça e colham as bênçãos que o amor produzirá. Pois já é tempo de vocês se voltarem para mim, o Senhor, e eu farei chover sobre vocês a chuva da salvação. Oseias 10.12
Meditação Semeiem a justiça
O
seias, filho de Beeri, exerceu sua atividade profética entre os anos 750 e 730 a.C. aproximadamente. O profeta denuncia e descreve a derrota do povo de Israel, no culto, na justiça, na moral, na política, e anuncia que Israel sofrerá as consequências. Mesmo assim Oseias crê que há esperança para o povo e clama: Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus! (cf. Bíblia de Estudos de Almeida). Quem reside em zonas rurais conhece muito bem o que é preparar um campo para a lavoura. Não é nada fácil! Mas todos nós dependemos do cultivo da terra e dela tiramos nosso sustento. Quando a agricultura entra em crise, por causa de enchentes ou secas, sofremos as consequências. Quem vive em centros urbanos pouco percebe, a não ser pela falta de alguns alimentos ou na alta dos preços. A oferta e a procura são fatores que dependem da safra da época. Se a colheita é superabundante, o preço é bom e até cai, se não, tem escassez e alta de preço. Hoje as máquinas ocupam o lugar do arado e da enxada. Só quem cultiva uma pequena horta sabe o que é preparar, plantar e cuidar para colher. Gostamos de escolher os melhores produtos e colocamos de lado o que não nos agrada. Mas Oseias, em 10.12, fala de um outro campo, outra lavoura, outra semeadura. Semear a justiça e colher as bênçãos que o amor produz se refere às pessoas se voltarem para Deus, o Senhor, o mesmo Deus de Israel, Abraão, Isaque e Jacó. O povo caminhava em direção a outros deuses, era idólatra, adúltero e violento. E hoje? Muitos estão afastados do Deus vivo! Jesus não é considerado como filho de Deus e Salvador do mundo. Deus revelou-se através de seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça (João 3.16). Onde e em quem colocamos a nossa fé? Poder, riquezas, luxo ou outros ídolos? Para colhermos bênçãos de amor, precisamos semear boa semente (Gálatas 5.22). Devemos 69
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voltar para o Senhor Jesus, pois é ele quem salva, embora continuemos como pecadores. Se formos pessoas gratas e aceitarmos o sacrifício de Jesus, ele vai nos impulsionar a ações concretas em nossas vidas, pois fé e gratidão juntas dão sentido à vida. Para reflexão Hino: A tua palavra é semente ou Põe a semente na terra Dinâmica Distribuir sementes diversas. Conversar sobre a diversidade e também como cada pessoa se identifica com esta ou aquela semente. Sugerir para que plantem as sementes. Mexer na terra, cuidar e apreciar o desenvolvimento. É uma semente que dá frutos, flores ou apenas sombra com seus galhos e folhas? Marianne Korndörfer Novo Hamburgo/RS
Agradeço pelo que sou Dinâmica Distribuir para cada uma das participantes uma folha de papel-ofício e um lápis ou caneta. Pedir que elas dobrem a folha ao meio. Num lado da folha, cada uma irá fazer um desenho que defina quem ela é, pode ser algo que gosta de fazer, uma qualidade, um sonho, um sentimento, uma característica. Feito isso, a folha será passada para a pessoa que estiver sentada à esquerda. Ela irá então definir a vizinha através de um desenho, pode ser algo que gosta de fazer, uma qualidade, um sonho, um sentimento, uma característica da vizinha. Depois, cada participante recebe sua folha de volta, olha os desenhos e responde às seguintes perguntas: O desenho que você fez a define positivamente? O desenho que sua amiga fez sobre você a define positivamente? Existe semelhança entre os dois desenhos? Você concorda com a maneira como você foi definida pela outra pessoa? A maneira como a outra pessoa a definiu lhe causou qual sentimento? 70
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Quem sou eu? Quem as outras pessoas dizem que eu sou? Essas duas perguntas movem e inquietam nossa existência. Os seres humanos têm a necessidade de conseguir definir o seu ser. Para essa definição vão delineando suas qualidades e maneiras de pensar, seus gostos e jeitos; constroem suas histórias, lembranças e memórias; experimentam alegrias e tristezas. A definição de quem somos se dá a partir da nossa relação com nós mesmas e com as outras pessoas. Ela se dá a partir daquilo que aprendemos na família, na escola, na igreja e na sociedade, do que e como devemos ser. Essa aprendizagem vai sendo transmitida por meio do que as outras pessoas dizem e de como agem conosco. Vamos delineando o nosso ser também a partir de estímulos recebidos pelas pessoas que encontramos em nosso caminho. Esses estímulos, que podem ser positivos ou negativos, de incentivo ou de desânimo, de frustração ou de esperança, de amor ou indiferença, de alegria ou de tristeza, vão nos ajudar a olhar para o nosso ser com gratidão ou com decepção. Ler o poema: Quem sou eu?, de Dietrich Bonhoeffer Quem sou eu? Seguidamente me dizem que saio da minha cela tão sereno, alegre e firme qual dono de um castelo. Quem sou eu? Seguidamente me dizem que da maneira como falo aos guardas, tão livremente, como amigo e com clareza parece que esteja mandando. Quem sou eu? Também me dizem que suporto os dias do infortúnio impassível, sorridente e com orgulho como alguém que se acostumou a vencer. Sou mesmo o que os outros dizem de mim? Ou apenas sou o que sei de mim mesmo? Inquieto, saudoso, doente, como um passarinho na gaiola, sempre lutando por ar, como se me sufocassem, faminto de cores, de flores, às vezes de pássaros. Sedento de palavras boas, de proximidade humana, tremendo de ira a respeito da arbitrariedade e ofensa mesquinha, nervoso na espera de grandes coisas, em angústia impotente pela sorte de amigos distantes, cansado e vazio até para orar, para pensar, para produzir, desanimado e pronto para me despedir de tudo? Quem sou eu? Este ou aquele? Sou hoje este e amanhã um outro? Sou porventura tudo ao mesmo tempo? Perante as pessoas um hipócrita? E um covarde, miserável diante de mim mesmo? Ou será que aquilo que ainda em mim perdura, seja como um exército em derradeira fuga, à vista da vitória já ganha? Quem sou eu? A própria pergunta nesta solidão de 71
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mim parece pretender zombar. Quem quer que sempre eu seja, tu me conheces, ó meu Deus, sou teu. O poema do pastor luterano alemão Dietrich Bonhoeffer, que foi preso e morto por lutar contra o regime nazista, serve de inspiração para olharmos o nosso ser com gratidão. Ele faz isso ao nos lembrar que a nossa vida e a maneira como cada uma de nós é são dádivas de Deus. Cada uma de nós é especial para Deus e para o mundo em que vivemos. Cada uma de nós é amada por Deus, criada à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27). Cada uma de nós é filha amada de Deus, que traz muita alegria. A vida e o ser de cada uma de nós devem ser amados e reconhecidos como dádiva. Quando aprendemos a nos amar e a nos reconhecer como dádivas, conseguimos amar as outras pessoas e também a Deus, e consequentemente aprendemos a agradecer pelo que somos. A gratidão pelo que somos nos inspira a ser um estímulo amoroso para as outras pessoas: Desde que ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor que vocês têm por todos os irmãos na fé, não paro de agradecer a Deus por causa de vocês (Efésios 1.15-16). Pa. Pamela Milbratz Jaraguá do Sul/SC
ESPIRITUALIDADE Perseverança na oração Em Romanos 12.12c (conforme Nova Versão Internacional), lemos: Perseverem em oração. Isso tem sido praticado pelo povo de Deus no decorrer dos séculos. E a experiência é que Deus ouve o clamor do seu povo e age. A partir do seu agir acontecem transformações no âmbito pessoal, familiar, comunitário, eclesial e também nacional e internacional. Exemplo disso é a queda do muro de Berlim, na Alemanha. Esse muro começou a ser construído em 13 de agosto de 1961. Era de concreto, com 3,5 metros de altura e 155 km de extensão. Dava a volta em torno da cidade de Berlim Ocidental e a separava de Berlim Oriental. Era como uma ilha dentro da Alemanha Oriental, comunista. O objetivo era impedir que pessoas 72
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fugissem do lado comunista para o lado não comunista. O muro era vigiado por guardas que tinham ordem para disparar suas armas para matar quem tentasse fugir. Por isso pessoas ficaram separadas de familiares, parentes e amigos durante longos anos. O que aconteceu para que o muro de Berlim viesse Orações mobilizaram a população e o muro de Berlim a ser derrubado? caiu sem violência Na Alemanha Oriental, de governo comunista, a igreja assumiu o compromisso de cuidar das pessoas mais necessitadas da sociedade, como, por exemplo, das pessoas portadoras de deficiências graves. Também se reuniam regularmente para reflexão e oração. Em 1982, começaram reuniões semanais, na segunda-feira, às 17 horas, na cidade de Leipzig. Cabe adiantar que em 1989 os encontros ocorriam em quatro igrejas. Eles cantavam os velhos hinos luteranos, e os pastores se dirigiam às suas congregações com a Bíblia numa mão e o jornal na outra, e conduziam rodadas de oração. Inicialmente se reunia um punhado de cristãos, 12 no máximo. Gradualmente, no entanto, o número de participantes começou a aumentar. Atraía cristãos fiéis e também dissidentes políticos e outros cidadãos. A igreja era um lugar onde o estado comunista concedia liberdade de reunião. Depois de cada encontro, os participantes se juntavam e andavam pelas ruas da velha cidade carregando velas acesas e faixas com dizeres de mudanças desejadas. Pode-se dizer que todas as demonstrações começavam desta forma: com um culto. A hierarquia comunista começou a se preocupar e a debater sobre formas de se livrar das marchas pacíficas. A polícia secreta passou a se colocar em volta das igrejas, às vezes chutando ou batendo nas pessoas que realizavam as manifestações. O número de manifestantes, porém, continuou crescendo: centenas e depois milhares. O pastor Wonneberger, da igreja de São Nicolau, que se tornou líder do movimento, pregava a paz e dava conselhos práticos sobre técnicas de não violência, mesmo quando a polícia fazia ligações telefônicas com ameaças de morte e montava vigilância em torno da igreja. 73
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Em 1989, os governantes estavam fazendo os preparativos para comemorar, no dia 09 de outubro, os 40 anos do regime comunista na Alemanha Oriental. Eles viam as marchas de Leipzig como provocação. A polícia e o exército se moveram em peso para Leipzig. O líder alemão-oriental Erich Honecker lhes deu ordens para atirar nos participantes dos protestos. Muitas pessoas estavam com medo que acontecesse uma tragédia, um massacre. Eis que chegou o dia 09 de outubro de 1989. À tardinha, era o momento da oração na igreja de São Nicolau. Dois mil membros do Partido Comunista se apressaram para entrar e ocupar todos os assentos. A igreja simplesmente abriu as galerias, que quase nunca eram usadas, e mais mil manifestantes também se aglomeraram. Esse culto se tornou um ponto de virada: adeptos do Partido Comunista, que foram à reunião para atrapalhar as coisas, perceberam que a igreja, na realidade, estava trabalhando por mudanças pacíficas. Eles assistiram ao culto e não perturbaram o seu andamento. Depois aconteceu a marcha pacífica, como nas outras ocasiões. Os militares e a polícia não abriram fogo contra a multidão naquela noite. Ninguém sabe ao certo a razão dessa atitude. Uma explicação é que o líder soviético Mikhail Gorbachev advertiu Honecker por telefone. Seja como for, naquela noite 70 mil pessoas marcharam pacificamente pelo centro de Leipzig. Na segunda-feira seguinte, 120 mil participaram da manifestação. Uma semana depois, em torno de 500 mil pessoas apareceram, grande parte da população da cidade. E eis que chegou o mês de novembro. Agora se realizou uma marcha em Berlim Oriental, a maior de todas. Quase um milhão de pessoas participou. Erich Honecker, líder comunista, pediu demissão. A polícia e o exército não dispararam suas armas contra os manifestantes. Perto da meia-noite do dia 09 de novembro de 1989, aconteceu algo surpreendente, uma coisa que ninguém tinha sequer ousado pedir em oração: uma brecha foi aberta no odiado muro de Berlim. Os alemães orientais passaram como uma torrente pelos guardas que sempre tinham obedecido às ordens de atirar para matar. Desta vez os guardas não atiraram. Nem uma vida se perdeu, enquanto uma multidão de pessoas com velas acesas e cartazes estava derrubando um muro e um governo, o governo comunista na Alemanha Oriental. Alemães orientais falam daqueles dias em seu país como um milagre. Um jornal escreveu: “As orações mobilizaram a população de Leipzig”. “Ouvi-los cantando ‘Castelo forte é o nosso Deus’ é o suficiente para fazer você acreditar.” Várias semanas depois desses acontecimentos, apareceu uma enorme faixa nas ruas de Leipzig: “Wir danken dir, Kirche” (Nós te agradecemos, igreja!). 74
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E a revolução pacífica se espalhou pelo mundo. Nos anos seguintes, 10 países, somando mais de 500 milhões de pessoas, passaram por uma revolução sem violência: além de Alemanha Oriental, também Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária, Romênia, Albânia, Iugoslávia, Mongólia, Rússia. Desmoronou o império soviético. Desmoronou o comunismo na Europa e em parte da Ásia. Cabe também lembrar que a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental foram reunificadas, voltando a ser um só país. Pensamos em nossa realidade. Pensamos nos problemas que estão diante de nós: desonestidade, corrupção, mentira, violência, drogas, carências na educação, na saúde e na segurança, perda de valores morais e espirituais. Nós nos sentimos pequenos diante de tantas dificuldades. Vamos lembrar, no entanto, que o nosso Deus é o Senhor do mundo e da história. Vamos orar, vamos clamar a ele. O Senhor ouve o clamor do seu povo. Ele age. Ele tem diferentes meios de agir. A oração leva à ação. Deus age através de pessoas. Ele também quer agir em nós e através de nós. Eis que mudanças para melhor podem acontecer em nossas famílias, em nossas comunidades, na sociedade e no país. P. em. Osmar Prochnow São Lourenço do Sul/RS (As informações quanto à queda do muro de Berlim são baseadas em duas fontes: 1) em relatos que ouvimos na viagem à Alemanha em 1990; 2) no artigo “A estrondosa queda de um muro” – no livro “Descobrindo Deus nos lugares mais inesperados”, de Philip Yancey, Editora Mundo Cristão, 2005.)
ORAÇÃO MATUTINA Deus, a ti bem de manhã, clamo. Ajuda-me a orar e reunir meus pensamentos: Não posso fazer sozinho. Dentro de mim está escuro, mas em ti há LUZ. Eu estou só, mas tu não me abandonas. Eu estou desanimado, mas em ti está o AUXÍLIO. Inquieto eu estou, mas em ti está a PAZ. Em mim há amargura, mas em ti está a PACIÊNCIA. Não compreendo os teus caminhos: mas tu sabes o caminho para mim. Amém. Dietrich Bonhoeffer 75
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes
A G O S T O
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05 – 1872 – *Oswaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/02/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – Primeira bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão 12 – Dia dos Pais 15 – 1899 – Primeiro grupo de OASE, em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência
A verdadeira pessoa cristã não vive na terra para si própria, mas para o próximo, para servi-lo. Martim Lutero
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AGOSTO
AGOSTO Deus é amor. Aquele que vive no amor vive unido com Deus, e Deus vive unido com ele. 1 João 4.16
Meditação O amor de Deus irradiado ao próximo Arquivo pessoal
Deus é amor Martim Lutero escreveu: “Assim você pode ver o que significa ‘Deus é amor’. Isso é tão evidente que qualquer um pode ver e perceber, bastando abrir os olhos. Pois diariamente vemos os seus dons, não importando em que direção olhamos: o sol, a lua, o céu repleto de luz; a terra cheia de folhagens, grama, cereais, e todo tipo de plantas que A autora Margarida W. S. Antonoff servem e são dadas para alimento. no castelo de Wartburg, Alemanha Da mesma forma, pai e mãe, casa, lar, paz, proteção e segurança por meio do poder secular, governo etc. E além de tudo isso, ele deu seu Filho amado por você, e o traz a você através do Evangelho, para ajudá-lo a livrar-se de toda miséria e necessidade. Que mais poderia Deus fazer por você, ou o que mais você poderia desejar? Seu amor, julgo eu, é um fogo ardente que não pode ser alcançado por meio do pensamento humano. E quem não vê nem se dá conta disso, ou é completamente cego, ou completamente endurecido e morto. Mas vocês, que querem ser cristãos e conhecer a Deus (São João está querendo dizer), vocês que veem e sabem que Deus não é senão puro amor, o qual ele derrama sobre nós em rica medida, tratem de amar o próximo assim como Deus amou vocês. Porque é impossível alguém sentir o fogo do amor de Deus sem ser incendiado e aquecido pelo mesmo, por pouquinho que seja”. (Fonte: Castelo Forte, 19/05/2017)
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Exemplos de amor a Deus e à vida Portal Luteranos
Doraci J. Edinger nasceu em São Leopoldo/ RS no dia 23 de maio de 1950 e morreu no dia 21 de fevereiro de 2004, assassinada, no seu apartamento em Nampula/Moçambique, África. Ingressou na Casa Matriz das Diaconisas em São Leopoldo/RS em 1978 e foi ordenada irmã e missionária no dia 29 de julho de 1990. Além de sua formação bíblica, teológica, diaconal no Seminário Bíblico-Diaconal, fez o curso de auxiliar de enfermagem e também de medicina natural. Em 1998, foi enviada pela direção da IECLB como irmã e missionária para Moçambique, na África, na região de Moma. Organizou congregações, realizou cultos, distribuiu material litúrgico, Bíblias e catecismos. Pelo seu empenho, centenas de pessoas deixaram-se batizar e seguiram a fé cristã. “Elas deixam suas crenças primitivas e querem o batismo cristão, porque sentem que são amadas.” Ajudou a cavar poços, e as pessoas achavam um milagre quando tinham água limpa para beber. Realizou cursos na área de saúde e higiene, ensinava a fazer hortas caseiras e sempre levava remédios para distribuir. A educação também era a sua preocupação. Organizou grupos de crianças e adultos, que se encontravam debaixo de uma árvore, para aprender a ler e a escrever. (Fonte: Portal Luteranos – Memória: 10 anos do falecimento da Irmã Doraci Edinger, 06/03/2014.) www.grandesbrasileiros.com.br
Zilda Arns Neumann Nasceu em Forquilhinha/SC (25/08/1934) e faleceu em Porto Príncipe/Haiti (12/01/2010), vítima de um terremoto. Médica pediatra e sanitarista brasileira, foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança junto com o arcebispo Geraldo Majela Agnelo e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa. D. Zilda devotou-se com amor apaixonado à defesa da vida, da família e, de
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modo muito especial, ao cuidado das crianças empobrecidas. “Quando vejo, depois de anos de intenso trabalho, como a Pastoral da Criança se expandiu, como formou uma rede de solidariedade, como formou uma verdadeira família, acredito sempre mais no amor de Deus por nós, em sua sabedoria e graça ao conduzir tão bem a Pastoral da Criança.” Arquivo Sinodal
Albert Schweitzer nasceu no dia 14 de janeiro de 1875, em Kaysersberg, Alta Alsácia, Alemanha (hoje França) e faleceu em 04 de setembro de 1965 em Lambaréné, Gabão, África. Era filósofo, teólogo luterano, organista intérprete de Bach, mas ansiava por um objetivo de vida maior. As palavras de Jesus: “Quem quer possuir a vida, perdê-la-á; quem por amor a mim a perder, este a possuirá” deixavam-no inquieto. Em 1904, Albert Schweitzer encontrou um fascículo da Sociedade Missionária de Paris sobre a Missão do Congo: “A igreja precisa de homens que respondam logo ao chamado do Senhor com estas palavras: Eis-me aqui, Senhor”. Decidiu então ser médico na missão africana. Durante seis anos estudou medicina e realizou concertos de órgão e conferências em Paris. Recém-casados, ele e sua esposa Helene Bresslau (enfermeira), foram para Lambaréné, Gabão, na África. Em 1913, Schweitzer, com a ajuda de nativos, construiu seu hospital para doenças tropicais, o qual equipou e manteve com seus próprios recursos advindos dos seus concertos de órgão e de suas palestras. Mais tarde também recebeu doações de indivíduos e fundações de muitos países. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele e sua esposa ficaram presos em um campo de concentração na França. Após o final do conflito, retornaram a Lambaréné, acompanhados de médicos e enfermeiras dispostos a ajudá-los. Em 1952, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Schweitzer afirmou: “Só são verdadeiramente felizes aqueles que procuram ser úteis aos outros”. E também: “Não devemos nos contentar em falar do amor para com o próximo, mas praticá-lo”. Algumas pessoas talvez pensem: Eu não fui ajudar pessoas na África, jamais fui visitar o Haiti para prestar ajuda humanitária... Não é preciso! Você pode atuar na sua própria cidade. 79
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Quantas pessoas anônimas também fazem um trabalho maravilhoso junto ao seu próximo. Provavelmente você conhece várias, ou quem sabe você é uma delas. Seja voluntária, doe alimentos ou material de higiene e limpeza etc. Faça visitas, console enlutados, amenize a solidão de alguém... Há diferentes maneiras de transmitir e repartir o amor que Deus nos dá tão graciosamente. Para reflexão: ♦Como você pode demonstrar o amor de Deus que está em você? ♦Que ações seu grupo de OASE realiza que são um reflexo da sua união com Deus? Hinos: HPD 2, 399 e 414. Margarida W. Schmid Antonoff Santo André/SP
Gratidão pela oração Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus. 1 Tessalonicenses 5.16-18 Estudo bíblico sobre Mateus 6.5-9 1 – Saudação/acolhida: A pessoa coordenadora saúda o grupo da OASE com o lema bíblico do dia das Senhas Diárias, agradecendo a presença de todas as mulheres da OASE. 2 – Canto: HPD 2, 333: Reunidos aqui, ou HPD 1, 123: O nosso encontro – Boa tarde, boa tarde, boa tarde! Boa tarde, minha amiga, minha irmã! (As mulheres levantam-se e cumprimentam-se com um aperto de mão). Eu quero que sintas a paz de Deus chegando ao coração! (A coordenadora pede para as mulheres pararem como estátua onde estão. Nesse momento devem procurar uma amiga e entrelaçar um dos braços, ficando prontas para dançar juntas como dança da quadrilha junina). Sou feliz na tua companhia! (Mudam de lado) Sou 80
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feliz na tua companhia! (Mudam de lado) Neste momento a coordenadora pede para parar onde estão e levantar os braços ao céu e cantar: Canto glória e aleluia, na tua companhia, canto glória e aleluia, na tua companhia. (Neste momento se abraçam e sentam.) Preparando para a primeira oração, que pode ser feita pela coordenadora ou por alguém convidado, canta-se HPD 2, 423: Ao orarmos, Senhor. 3 – Oração inicial: coordenadora ou pessoa convidada 4 – Dinâmica da gratidão: A coordenadora confecciona vários cartões, conforme o número de participantes. Ela entrega para cada pessoa um cartão e uma caneta e pede que escrevam uma sugestão de gratidão, como, por exemplo: Dê um sorriso, Jesus te ama! Ou: Dê um abraço em alguém. Cumprimente teu vizinho... Quando cada pessoa terminar, a coordenadora recolhe os cartões. E joga tudo no lixo. As pessoas irão se assustar. Depois disso, ela pega todos os cartões do lixo e entrega a cada participante um cartão, explicando que é assim que acontece quando não somos agradecidas a Deus por algo que recebemos dele. É como se somente déssemos valor a Deus no momento em que precisamos. E em seguida pede que cada participante abra seu papel e faça o que pede o bilhete. Terminar cantando o canto HPD 2, 386: Bendito seja Deus. 5 – Estudo do tema em Mateus 6.5-9 Perguntar ao grupo: onde Jesus fala sobre oração na Bíblia? Em seguida peça que abram suas Bíblias para ler Mateus 6.5-9. Questões para responder em grupos de três pessoas: a) Quantos personagens percebemos na história bíblica? b) Qual era a preocupação trazida pelos discípulos a Jesus? c) Quais as três atitudes em relação à oração que Jesus orienta? d) Como Deus responde às nossas orações? e) Qual a principal oração que aprendemos de Jesus? O grupo volta a se reunir em plenária, e a coordenadora pede para que cada grupo partilhe suas respostas. Em seguida, pedir ao grupo que responda em que momentos somos mais gratos a Deus e em que momentos temos dificuldades de agradecer. Depois, ler o texto do Salmo 30 e, junto com o grupo, fazer uma oração de agradecimento, incluindo motivos que cada uma traz consigo. 81
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Sugestão: Quando Deus nos dá a vida, ele nos dá a oportunidade de ser felizes. Dá-nos também a liberdade de escolher diferentes caminhos e a responsabilidade de arcar com cada uma de nossas escolhas. Viver é um compromisso sério, não se vive impunemente. Mas Deus O diácono Linton Carlos Frühauf na comunidade é bom e misericordioso, de Espigão d’Oeste/RO plantou em nós a esperança que desperta a fé em nossos corações e nos faz sempre desejar o que é bom, a alegria, a paz. Deus, sou grata pela vida que me deu, sou grata por ter saúde e por ter a capacidade de aprender com tudo aquilo que a vida coloca em meu caminho, e com todas as escolhas que faço, nas certas e nas erradas. Tudo o que eu fiz, tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou, é graças ao Senhor, meu bom Deus. Sou grata pela dádiva da vida que o Senhor me concedeu! Por tudo isso oramos em conjunto a oração que Jesus nos ensinou a orar: Pai nosso... 6 – Bênção final: Peça que todas se coloquem em pé em círculo e coloquem, primeiro, a mão direita sobre o ombro esquerdo de cada uma e peça para repetir: “Deus te abençoe, Deus te proteja e Deus te dê a paz”. Depois, peça que se virem e coloquem a mão esquerda sobre o ombro direito de cada pessoa e repita a bênção. No fim, as pessoas se abraçam. 7 – Canto final: HPD 2, 393: Para os montes olharei. Diac. Linton Carlos Frühauf Espigão d’Oeste/RO
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Jogral Pai-Nosso Lado 1: PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU. Lado 2: Reconhecemos na tua paternidade a nossa fraternidade. No entanto, Senhor, são muitas e incontestáveis as vezes em que deixamos de ver no outro o irmão, na outra a irmã. Todos: Perdoa-nos as nossas dívidas. Lado 1: SANTIFICADO SEJA O TEU NOME, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU. Lado 2: Os anjos te glorificam, cantando: Santo, Santo, Santo! Lado 1: Nós também desejamos santificar o teu nome, mas com os mesmos lábios que te louvamos, tomamos o teu nome em vão, em canções, palavras e ações. Por isso oramos: Todos: Perdoa-nos as nossas dívidas. Lado 2: VENHA O TEU REINO. Lado 1: Na luta pela manutenção da vida, de nossos lares, da educação dos filhos, temos buscado primeiro os nossos próprios interesses, esquecendo-nos da recomendação de Jesus de buscar em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça e ter as outras coisas por acréscimo. Todos: Por isso oramos: Perdoa-nos as nossas dívidas. Lado 2: SEJA FEITA A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU. Lado 1: Nosso eu cresce à medida que desejamos mais e mais ver prevalecer nossa vontade, nas decisões que afetam não só a nossa vida, mas a de nossos queridos, de nossas companheiras, de nossa comunidade de fé. Aceitamos Cristo como Salvador, mas não como Senhor das nossas vidas. Todos: Por isso oramos: Perdoa-nos as nossas dívidas. Lado 2: O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DÁ HOJE. Lado 1: É difícil pedir só para hoje, Senhor; o nosso coração é ambicioso e inseguro, inquieto quanto ao futuro, e nossa ansiedade de repartir não só o pão, mas nossos dons, bens e tempo. Todos: Por isso oramos: Perdoa-nos as nossas dívidas. E NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO de nos autoengrandecer, de confiar somente em nós mesmos, de obscurecer nossa consciência, de querer caminhar sem a tua companhia. Lado 1: Por isso oramos: Perdoa-nos as nossas dívidas e LIVRA-NOS DO MAL. 83
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Lado 2: Do mal que nos assedia, do mal que está dentro de nós, do mal presente no mundo, que não te conhece. Todos: Livra-nos do mal para podermos ser agentes da tua vontade soberana, pois em ti está a nossa paz e a nossa vida plena. POIS TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE. AMÉM. Fonte: Assembleia Sinodal da OASE: agosto de 2009, Curitiba/PR.
Dia dos pais De pai para filho imgur
Eu posso lhe dar a vida, mas não posso vivê-la por você. Eu posso lhe mostrar o que é certo e o que é errado, mas não posso decidir por você. Eu posso lhe dar conselhos, mas não posso segui-los em seu nome. Eu posso adverti-lo acerca de amizades, mas não posso escolher seus amigos. Eu posso falar com você sobre sexualidade, mas não posso vivê-la por você. Eu posso alertá-lo acerca do consumo de bebidas alcoólicas, mas não posso manter o controle por você. Eu posso adverti-lo sobre drogas, mas eu não posso dizer não por você. Eu posso orar por você, mas não posso fazê-lo crer. Eu posso amar você incondicionalmente, durante toda a minha vida... e isso eu farei! Fonte: Pai, te amo. Editora Sinodal, 2008, p. 9.
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Pare e pense Meu Salmo 1 Feliz é a pessoa que anda em boa companhia, que tem prazer em conversas saudáveis e se alimenta com ideias cheias de sabedoria. Feliz é a pessoa que medita no que Deus deixou escrito, nas suas palavras e na natureza. Ela enxerga Deus nas mínimas coisas e onde outros só veem o comum. Ela consegue perceber a beleza onde outros têm o ouvido fechado. Ela escuta uma sinfonia mais bela que de anjos no cantar dos passarinhos. Mas como é triste a pessoa que tem os olhos encobertos pelo pecado. Ela só enxerga a desgraça. Seu prazer está no consumo, que se desfaz tão rápido como as nuvens, que encobrem o sol num dia de verão. Sua alegria não é duradoura, pois sempre está correndo atrás do que não tem. E quando alcança, outros desejos já afloram. De sorte que nada a satisfaz. Essa pessoa passa pela vida e não deixa marcas. Pois quem não percebe Deus, perde-se em meio aos ídolos, que lhe tiram a profundidade da existência para satisfazer o que é fugaz. Feliz é a pessoa cuja alegria está nas pequenas coisas. Num gesto de carinho, num abraço. Ou no simples caminhar descalço nas areias da praia. Ela não se perde indo atrás de futilidades, mas se encanta com a vida, presente de Deus. Telmo Noé Emerich Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue, porque nem sempre existe palavra para dizer tudo. Mario Quintana 85
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S E T E M B R O
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Datas importantes 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – Primeiro grupo de OASE do Sul do Brasil, Blumenau/SC 07 – 1822 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martinho Lutero, no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos de OASE do Brasil 16-23 – Semana Nacional da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 21 – Dia da Árvore 27 – Dia do Ancião/da Anciã 29 – Dia de São Miguel e todos os anjos
A palavra de Deus é a única luz na escuridão desta vida. É palavra de vida, de consolo e de toda bem-aventurança. Martim Lutero
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SETEMBRO
SETEMBRO Deus marcou o tempo certo para cada coisa. Ele nos deu o desejo de entender as coisas que já aconteceram e as que ainda vão acontecer, porém não nos deixa compreender completamente o que ele faz. Eclesiastes 3.11
Meditação Tudo tem o seu tempo
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or que sempre dizemos: não tenho tempo? Será mesmo? O dia precisa de mais horas? Para administrar bem o ano, os meses, dias e horas, precisamos de sabedoria e essa vem de Deus, que a concede a todos nós, se a pedirmos com humildade e sinceridade. Agindo assim, poderemos dizer: “Eu tenho tempo para fazer aquilo que Deus espera que eu faça”. E farei tudo com muita alegria. Quando penso na minha vida, lembro lá do início da nossa caminhada de fé, quando começamos a participar mais ativamente na comunidade. Já estávamos casados há alguns anos. Meu esposo era de família luterana e eu, católica. Apaixonei-me pela mensagem, o carinho e o cuidado das pessoas que sempre nos procuravam na igreja após o culto para alguma atividade na comunidade. Muitas vezes não entendia, mas hoje, com o passar dos anos, vejo que Deus já havia preparado tudo desde o início, no tempo certo. Um desses convites foi para participar na OASE. A princípio, pensei: o que vou fazer lá? Mas foi tamanho carinho e empenho para que eu fosse, que aceitei. Primeiro estudo bíblico só com mulheres, algumas bem mais velhas, as mais empenhadas. A cada reunião, me ofereciam carona, me pegavam em casa para que eu fosse com elas para ajudar no chá mensal, decorar o altar, pensar nos paramentos. E quantas novas amizades! Depois de passados muitos anos, vejo e entendo o que Deus tinha pensado para minha vida. Esse foi o tempo determinado para nós como casal, por Deus. Conforme Eclesiastes 3.1, que diz: Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião. Hoje entendo o significado de ser membro do Corpo de Cristo, um órgão vital, parte indispensável e conectada ao corpo de Cristo. Fomos criados para 87
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uma função e, se não estivermos ligados, “com o tempo” descobriremos que nosso papel não está sendo bem desempenhado. Cristo nos chama para sermos testemunhas de seu amor. Não compreendemos tudo. O amanhã como será? No entanto, confiamos em Deus e sabemos que, um dia, ele nos dará o entendimento do que agora não é claro para nós. Ó Deus, ajuda-nos a entender o que aconteceu e o que acontecerá. Concede-nos esse tempo. Amém. Reflexão em grupo Procurem nas lembranças da sua vida por momentos em que procuraram por Deus de modo especial. Talvez se lembrem de episódios do culto infantil ou em relação ao ensino confirmatório, na igreja ou na escola. Falem de suas lembranças, observando o seguinte: Quando procuraram Deus? Em tempos de necessidade, de miséria, de aflição, ou em tempos de felicidade? O que, precisamente, vocês procuraram: a proximidade de Deus, a palavra de Deus, a presença de Deus, o consolo de Deus, a certeza de Deus ou o entendimento de Deus? Como (e com quem) aconteceu essa procura? Depois que compartilharam suas memórias, cada uma encontra uma expressão para a sua procura, como: “Minha procura se deu... quando...!”. Depois que cada participante encontrou as palavras para expressar “sua procura”, tentem passar adiante essa necessidade de “procurar e encontrar” Deus em suas vidas, vivenciando uma vida feliz, de comunhão com Deus. Maria Cecilia Mathies Pelotas/RS
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Fé – essa estranha força que dá sentido à vida A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hebreus 11.1 Arquivo pessoal
A fé não precisa de palavras, pede para ser vivenciada nas pequenas coisas da vida. Como sinaliza a frase atribuída a Francisco de Assis: “Se preciso for, use palavras”. Fé é força quando toda força nos faltar, enche o coração de vontade de dar graças pela vida, pelo sol, pelo dia, pela chuva, até mesmo pelos dias mais cinzentos, pois são esses que nos lembram de valorizar os dias de sol. Em seu livro “Minha Fé”, o escritor alemão Hermann Hesse escreve: A fé, como eu a entendo não é fácil de traduzir em palavras. Talvez possa ser assim expressa: creio que, apesar do seu absurdo Pa. Vera Cristina Weissheimer patente, a vida ainda assim tem um sentido; eu me resigno a não poder perceber esse sentido com a razão, mas estou pronto a servi-lo, mesmo que para tal tenha que me sacrificar. A voz desse sentido, ouço-a em mim mesmo, nos instantes em que estou completa e verdadeiramente vivo e alerta. O que a vida exige de mim nesses instantes, quero tentar realizar, mesmo indo contra os padrões vigentes e as leis comuns. Ninguém pode ter essa crença por imposição, nem se forçar a ela. Só pode vivê-la. A fé atribui sentido à vida: uma fé não doente de fundamentalismos pode significar e ressignificar a vida. Ela dá coragem “de ser” e aviva nossas asas. A teóloga alemã Margot Kässmann escreve que a fé nos dá raízes e asas. Se a fé nos der somente raízes, ficamos presos ao chão, aos fundamentos, nos 89
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confundimos e cegamos. Assim, passamos a enxergar somente nosso mundo, nossas raízes, nossas (supostas) verdades. Mas quando essas raízes nos permitem o movimento. Sair do chão e sentir o céu, a amplitude, a comunhão, a totalidade. Sentir-se parte de um tudo e, ainda assim, saber-se pertencente a um lugar. Ter fé é acreditar que há a possibilidade, é estar possuída pelo poder do sonho, da coragem que só a esperança é capaz de trazer ao coração. Esperança com raízes no divino. É ser capaz de ver ainda na semente a possibilidade. Ver além da semente é acreditar que há um futuro, é experimentar o Reino. Durante a nossa vida, vamos distribuindo sementes e não temos como saber quantas darão frutos, nem com qual intensidade. Talvez até o fim de nossa vida ainda nos perguntaremos se fizemos a semeadura certa. Mesmo assim, o que seria de nós se não acreditássemos que vale a pena? Na carta aos Romanos, capítulo 8, versículo 24, lemos: Pois foi por meio da esperança que fomos salvos. Mas, se já estamos vendo aquilo que esperamos, então isso não é mais uma esperança. Pois quem é que fica esperando por alguma coisa que está vendo? Talvez a fé, a esperança e o amor não resolvam tudo nem todos os nossos problemas. Mas a vida sempre terá valido mais a pena se tivermos tido a sabedoria de ter fé e esperança e a coragem de amar. Dinâmica Espalhar imagens de caminhos, portas e bancos pelo ambiente (no chão ou sobre a mesa em torno da qual o grupo se reúne). Pedir que cada participante escolha uma imagem e conte, após alguns minutos de reflexão silenciosa, por que escolheu aquela imagem. Que sentido tem aquela imagem para sua vida? Sugestão para a finalização: “Oração do cuidado”. Oração do cuidado Senhor, dá-me a tua mão e conduze a minha vida. Guia os meus passos para que eu caminhe seguro. Sob as asas da tua misericórdia sinto-me protegido. No colo da tua bondade encontro descanso verdadeiro. Em dias de medo e angústia, abrigo-me em teu poder. Em momentos de ansiedade, faze cair sobre mim a tua paz. Ao sentir-me fragilizado, ajuda-me a ter esperança. Cuida de mim e dos meus amados. Cuida do meu destino. Quando a culpa me acusar, acolhe-me em tua graça. Absolve-me do pecado e faze-me renascer do teu perdão. Se eu cair, permita que eu caia em tuas mãos. Se eu permanecer caído, 90
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SETEMBRO
dá-me a tua companhia. Seja como for, cobre-me com o manto do teu amor. Graças pelo teu cuidado, graças pela salvação. Agora dá-me a bênção que tanto anseio. Amém. (Rodolfo Gaede Neto) Pa. Vera Cristina Weissheimer Florianópolis/SC
Cidadania Pátria amada, idolatrada? www.luteranos.com.br
Ó pátria amada. Idolatrada. Salve! Salve! Assim cantamos o refrão de nosso Hino Nacional desde os tenros anos de idade nas escolas, enquanto se hasteava a bandeira do Brasil. E quando a seleção brasileira realiza os seus jogos, também o Hino Nacional é entoado, sempre em posição de sentido, com olhos para a bandeira. Esse é um sinal de amor à pátria. Mas é muito pouco. Mas como uma pessoa cristã, que coloca Deus acima de tudo, como professa o primeiro mandamento, pode idolatrar a sua pátria, como quer o Hino Nacional? Pátria amada, sim! IdoP. Dr. Oneide Bobsin latrada, não! Diante dessas perguntas e de tanto desprezo pelo nosso país, precisamos começar perguntando: o que é uma pátria? E o que está acontecendo com a nossa pátria amada, salve, salve! Ao buscar os significados da palavra pátria, lembro-me de um grupo de canto da OASE, já no alto da terceira idade, todas com cabelos brancos, mas ativas, cantando em sua língua do coração, o alemão. Com suas vozes traziam as lembranças de seus antepassados que vieram da Alemanha, como se elas de lá tivessem vindo. Suas vozes estavam cheias de saudades e afetos pelo torrão que não conheceram. Uma das palavras fortes da canção era Heimatland, a terra querida deixada para atrás, bem como o solo brasileiro que acolheu seus antecedentes. As vozes expressavam afetos e va91
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lores, tanto para a pátria distante, além-mar, como para o solo que os acolheu. Cantavam a pátria amada. Como disse o poeta Gonçalves Dias, que cantou a saudade de sua terra natal: Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá. Enfim, pátria é a terra paterna, mas pode ser a terra materna dos afetos. Há povos e religiões que celebram descalços para ficarem em contato com a terra, por eles reconhecidos como mãe acolhedora, que sustenta na vida e acolhe na morte. País natal, terra natal, não interessa. O que interessa são laços afetivos com o chão de origem ou aquele que nos acolheu. A maioria que deixou as várias cidades e povoados da Alemanha e aqui foi acolhida, fazendo daqui um novo torrão natal, uma Heimatland. Pessoas da Alemanha, da Itália, dos povos africanos, no passado, e tantos outros como judeus, de países árabes, aqui foram e são acolhidos, como pátria amada por eles. Logo, temos em nossos corações o amor ao local onde nos criamos e que, por inúmeras razões, foi deixado para trás. Nas Festas da Colheita e do Kerb em minha terra natal, o templo e o salão enchem de pessoas que ali nasceram e que vivem em outras cidades. É como se fossem viver o seu torrão natal, hoje muito diferente, por alguns momentos. Em contrapartida ao amor a seu torrão natal, cada vez mais vemos brasileiros e brasileiras deixando a nossa pátria ou querendo deixá-la, julgando outras pátrias melhores do que a nossa. Sem esperança de um país justo e sem corrupção, sonham com outros pagos. Meus amigos e minhas amigas que viajam para a Europa e para os Estados Unidos a fim de visitar seus filhos, filhas e netos, netas têm uma sensação diferente daquelas pessoas que desprezam o nosso país ou querem sair dele. Pessoas que amam o Brasil apesar de suas dificuldades chamam esse comportamento de desprezo de complexo de vira-lata – aquele cachorrinho que não tem lugar e vive procurando comida nas ruas em latas de lixo. Por que esse desprezo pela nossa pátria amada? Por que esse complexo de vira-lata? Talvez ele venha dos desmandos de políticos que saqueiam os cofres públicos através da corrupção. Mas tais políticos estão sempre acompanhados de grandes empresários e outros profissionais que sabem bem como 92
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funciona a máquina pública. Talvez seja criado por uma minoria que explora as riquezas, o trabalho dos outros e enriquecem pela corrupção, que vende a ideia de que nossa pátria não presta. E muitas pessoas decepcionadas com as injustiças compram tais ideias como se elas fossem verdades. Nossos amigos que visitam seus filhos e filhas na Europa e nos Estados Unidos percebem os encantos dos nossos turistas com outros países. Lamentavelmente, dizem os nossos amigos, os nossos turistas se iludem com os roteiros que não mostram as dificuldades de outros povos. Só mostram o lado belo de outros povos, lado esse que nós temos também. Ao viajarem para o interior dos Estados Unidos, viram pessoas vivendo na miséria, estradas públicas abandonadas e armas acessíveis etc. Mas também viram muitas coisas boas, como aqui. Diante dos acontecimentos que nos deixam profundamente tristes, mostrados diariamente pelos meios de comunicação, e que nos deixam sem forças para amar a nossa pátria, podemos entender que tais atos de corrupção e de injustiça não vêm de quem canta pátria amada, mas de quem idolatra a riqueza, o poder e o dinheiro. Muitos dos que incitam o ódio à pátria mandam seu dinheiro para o exterior, mas continuam vivendo daqui. Povo de Deus O povo de Deus do Antigo Testamento também foi levado cativo para uma terra estranha, a Babilônia, conforme o Salmo 137. Junto aos rios da Babilônia, os opressores pediam aos cativos que cantassem canções de sua terra natal, Sião ou Jerusalém. Como, porém, vamos cantar o cântico do Senhor em terra estranha? Os que saqueiam as nossas riquezas, os nossos valores e os nossos direitos querem que cantemos uma canção ao Senhor, mas como cantar em tal situação? Ao contrário do povo de Deus lá na Babilônia, cujos opressores seguiam os ídolos do poder, nós podemos cantar a Deus, pois a nossa pátria é amada por nós. A pátria é nossa e não dos que a submetem aos desmandos. Cantemos, pois, as canções do Senhor, pois na cruz ele nos libertou de todos os males, inclusive do ódio à nossa pátria. Enquanto vivermos nesta pátria terrestre, aqui no Brasil, vamos amá-la de todo o coração; jamais idolatrá-la, como fazem os praticantes de injustiças. Como disse a Carta aos Hebreus 13.14: Porque neste mundo não temos nenhuma cidade (pátria) que dure para sempre; pelo contrário, procuramos a cidade que virá depois. Assim, somos pessoas cidadãs com dupla cidadania, isto é, com duas pátrias: brasileira e celeste. Portanto, amemos a nossa pátria, sem idolatrá-la. 93
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Sugiro a leitura do Salmo 137.1-6, seguida da escuta do grupo musical americano Boney M., que canta Rios da Babilônia (Rivers of Babylon), dublado em português. P. Dr. Oneide Bobsin São Leopoldo/RS
Espiritualidade
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Antiga bênção irlandesa Que o caminho seja brando aos teus pés, e o vento sopre leve em teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre tua face, e as chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja, que Deus te guarde nas palmas de suas mãos. Que a estrada se abra à tua frente, que o vento sopre levemente em tuas costas, que o sol brilhe morno e suave em tua face, que a chuva caia de mansinho em teus campos. E até que nos encontremos de novo... que Deus te guarde nas palmas de suas mãos. Que as gotas da chuva molhem suavemente teu rosto, que o vento suave refresque teu espírito, que o sol ilumine teu coração, que as tarefas do dia não sejam um peso nos teus ombros, e que Deus te envolva num manto de amor.
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
Datas importantes 01 – Dia Nacional da Pessoa Idosa 06 – 1930 – Fundação da OASE no Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do Professor/da Professora 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma
Deus não se afasta de ninguém, pois está em toda parte. Martim Lutero
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O U T U B R O
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OUTUBRO
Ó Senhor, tu sabes o que eu desejo, pois ouves todos os meus gemidos. Salmo 38.9
Meditação Senhor, tu sabes o que desejo
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o ler o versículo 9 do Salmo 38, Senhor, tu sabes o que desejo, pois ouve todos os meus gemidos, a primeira imagem que salta aos olhos é a palavra gemido. Este, na maioria das vezes, é decorrente de alguém que está com dor, mas que parece que não quer gritar para que outros escutem. É algo mais contido, mas que dói. A sensação é a de uma dor lá no âmago. Algo que faz a pessoa sofrer calada.
Portal Luteranos
A segunda imagem que vem é a certeza de que o Senhor sabe o que cada uma de nós deseja. E isso demonstra fé. Acreditamos que Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra Deus sabe o que nos faz gemer e que escuta as nossas dores. Quando lemos na Bíblia esse versículo, vemos que ele se refere ao rei Davi, num momento em que ele se encontrava totalmente desolado, com um forte sentimento de culpa: Não me repreendas, Senhor. Ele geme. Sinto-me encurvado e muito abatido, passo de luto o dia todo. Faltam-me as forças, e a luz dos meus olhos já não está comigo. As causas dos gemidos foram descritas assim pelo rei: pecados não perdoados (v. 4), ansiedades do coração (v. 9) solidão e abandono (v. 11). Quais são as dores que nos têm feito gemer e para as quais precisamos de cura? Elas se assemelham com as do rei Davi? Também nos faltam forças para enfrentar a batalha do dia a dia? Nosso coração está inquieto? Estamos 96
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nos sentindo abandonadas e solitárias? Não conseguimos nos perdoar e não conseguimos perdoar quem nos magoou? Ao mesmo tempo em que Davi apresenta o que o faz gemer, mostra-nos caminhos para a superação. Ele orava: Diante de ti, ó Senhor, está todo o meu lamento e a minha ansiedade não é oculta a ti (v. 9). E continua: Confesso a minha iniquidade, suporto tristeza por causa do meu pecado. Ele acreditava e tinha esperança no Senhor: Em ti, Senhor, espero (v. 15). E pedia: Não me abandones, ó Senhor, Deus meu, não se afaste de mim (v. 21). Tinha a certeza de sua salvação: Apressa-te em socorrer-me (v. 22). Envoltas nos gemidos que cada uma de nós tem, vamos falar ao Senhor o que nos tem afligido, vamos contar a ele o que tem nos feito gemer, não vamos sofrer em silêncio. Afinal, Senhor, tu sabes o que desejo, pois ouve todos os meus gemidos. Precisamos acreditar em Deus, confiar nele. Vamos ter esperança. Deus está pronto a perdoar o pecador arrependido, pronto para tirar de nós as dores que nos assolam, que nos fazem gemer. Dinâmica Objetivo: Fortalecer o espírito de escuta e de compreensão dos gemidos das pessoas. Descrição: Distribuir papel e lápis e cada uma escreve um gemido seu que não consegue expressar oralmente. Os papéis não são identificados, a não ser que a pessoa deseje. Dobrar os papéis de modo igual e colocar em um recipiente no centro do grupo. Distribui-los aleatoriamente. Cada uma analisa o problema recebido como se fosse seu e procura definir qual seria a sua solução para ele. Após certo tempo, explicar para o grupo, em primeira pessoa, o problema recebido e a solução que teria para o mesmo. Essa etapa deve ser realizada com bastante seriedade, sem comentários ou perguntas. Em seguida, é aberto o debate: Como você se sentiu ao descrever e explicar o problema de outra pessoa? Você sentiu que compreendeu o problema da outra pessoa? Como se sentiu quando o seu problema foi relatado? No seu entender, a outra pessoa compreendeu seu problema? Conseguiu se colocar na sua situação? Quais sentimentos afloraram como consequência da dinâmica? Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra Cuiabá/MT 97
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Venha o que vier, eis-me aqui Eis-me aqui! Essa foi a resposta de muitas pessoas ao chamado de Deus. Moisés assim respondeu quando o Senhor o chamou do meio da sarça ardente (Êxodo 3.4). Ao ser chamado por Deus, Abraão logo lhe respondeu: Eis-me aqui (Gênesis 22.1,11). Também Jacó assim respondeu ao Senhor e ao Anjo quando esses falam com ele em sonhos (Gênesis 31.11; 46.2). Samuel também respondeu: Eis-me aqui quando o Senhor o chamou durante o sono (1 Samuel 3.4ss). Ao ouvir a voz do Senhor perguntando a quem enviaria, Isaías respondeu: Eis-me aqui, envia-me a mim (Isaías 6.8). Ananias atende ao pedido do Senhor que o envia até Saulo, dizendo: Eis-me aqui, Senhor (Atos 9.10). Bem parecida é a resposta de Maria ao anjo que lhe anuncia que ela dará à luz o Filho de Deus: Aqui está a serva do Senhor (Lucas 1.37). Lutero atendeu ao chamado de Deus partilhando a redescoberta do evangelho da graça. Katharina von Bora colocou sua fé em ação ajudando muitas pessoas com seus dons e seu empreendedorismo. Argula von Grumbach argumentou com pessoas que estavam em posição de poder, defendendo a fé em Jesus, baseada na Bíblia, na certeza de que Deus chama mulheres e homens ao seu serviço. Assim também foi com Katharina Schütz Zell, a pregadora, e Elizabeth von Cruciger, a musicista, e tantas outras mulheres e homens da Reforma. Ao longo da história, muitas pessoas, mulheres e homens, responderam ao chamado de Deus: “Eis-me aqui”. Essas palavras traduzem a disposição total da pessoa em servir a Deus. “Eis-me aqui” com o que eu tenho e como eu sou. “Eis-me aqui” com minhas qualidades e com meus defeitos. “Eis-me aqui” com meus dons e minhas dificuldades. “Eis-me aqui” com minha disposição e meus medos. “Eis-me aqui” é uma resposta de fé. Se tu me chamas, Senhor, se tu acreditas em mim, “eis-me aqui”. O chamado do Senhor acontece de muitas e diferentes formas. Em nosso Batismo, Deus nos chamou pelo nome, nos tornou sua propriedade e nos desafia a ser “sal da terra e luz do mundo” (Mateus 5.13s). Ao longo de nossa vida, Deus continua nos chamando a assumir tarefas em sua seara, a agir com justiça e amor, vivendo o evangelho, e a colocar sinais do seu Reino.
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O chamado de Deus, no entanto, pode trazer riscos e perigos, pode nos desinstalar do comodismo e nos lançar aonde ele quiser. Venha o que vier Ao responder “eis-me aqui”, Moisés assumiu os riscos de conduzir a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. Ananias teve que procurar o temido perseguidor dos cristãos de nome Saulo e ajudá-lo. Maria assumiu os riscos de uma gravidez antes do casamento e de ser a mãe do Salvador. Lutero experimentou perseguição e excomunhão ao afirmar que a pessoa justa viverá pela fé, obra graciosa de Deus e não ação humana. Katharina, Argula e tantas outras mulheres arriscaram a própria vida ao defender a fé em um tempo em que as mulheres não tinham o direito público de expressar sua opinião. Dietrich Bonhoeffer perdeu a vida por afirmar que Deus não estava ao lado do nazismo e que Deus quer a vida de todas as pessoas. A história mostra que “eis-me aqui” exige coragem e disposição em assumir os riscos que a pregação e a vivência do evangelho trazem. Não é tudo água com açúcar. Dificuldades surgem. Desafios aparecem no horizonte. Ameaças e até a morte podem ser consequência desse chamado. Jesus também sabe bem disso. Ao responder ao chamado de Deus, colocando-se “eis-me aqui”, nos dispomos a servir “venha o que vier”. A fé em Deus nos dá a certeza de que não estamos sozinhas nem abandonadas à própria sorte. Deus está conosco. A presença de Deus Ao atender ao chamado, cada pessoa pôde experimentar a presença de Deus ao seu lado. Foi ele quem capacitou cada pessoa chamada, quem encorajou em momentos de medo, quem deu sabedoria para saber como agir e o que dizer, quem fortaleceu diante das dificuldades. Deus ajudou Moisés, que tinha dificuldade com a fala; foi Deus quem encorajou Ananias, quem conduziu a humilde Maria, quem deu sabedoria para Lutero, Katharina e Argula, quem ensinou Samuel. É Deus quem nos ajuda a assumir seu chamado, quem nos capacita, quem nos anima e fortalece. Ao responder “eis-me aqui”, podemos ter a certeza da presença de Deus, especialmente diante das dificuldades, das dúvidas e dos perigos. Deus, quem nos chama, também ouve nosso chamado. Ao ser chamado pelo povo, Deus também respondeu Eis-me aqui (Isaías 58.9a). Podemos chamar o Senhor; ele deseja que o chamemos; ele deseja que 99
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deixemos que continue nos guiando enquanto atendemos ao seu chamado. Também ele nos responde “Eis-me aqui”. Servindo com gratidão Você e eu somos chamadas por Deus. Ao seu chamado, respondemos: “Eis-me aqui, venha o que vier”. Diante dos medos e das incertezas, conduze-me, Senhor. Também eu chamo por ti, também eu peço tua orientação e desejo ouvir teu “eis-me aqui”. A resposta de fé ao chamado de Deus nos leva à ação em gratidão. Servimos com alegria, na certeza da presença de Deus e na convicção de que nossa resposta ao chamado de Deus é uma forma de ajudar na edificação de seu Reino. Não esperamos recompensas, porque tudo já recebemos das graciosas mãos de Deus. Servimos com alegria e com gratidão porque confiamos que o Senhor tudo fez, faz e ainda mais fará por nós, suas filhas e seus filhos. Venha o que vier, eis-me aqui, Senhor. Dinâmica Deus nos chama de diferentes formas e para diferentes tarefas. Como pessoas batizadas, somos chamadas diariamente a ser “sal e luz”. De que forma podemos atender a esse chamado diário? E qual a resposta? Montando um pequeno calendário de desafios, podemos colocar um chamado, personalizado, para cada semana ou dia ou mês. Deus nos chama pelo nome e nos desafia. Com fé e gratidão, eu respondo: “Eis-me aqui, Senhor!”. __________, estou chamando você para participar da OASE. “Eis-me aqui, Senhor!” __________, estou chamando você para visitar uma pessoa doente. “Eis-me aqui, Senhor!” __________, estou chamando você para doar algo para alguém que precisa. “Eis-me aqui, Senhor!” __________, estou chamando você para visitar uma pessoa que enfrenta alguma dificuldade. “Eis-me aqui, Senhor!”
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__________, estou chamando você para ajudar no grupo __________ (pessoas atingidas por barragem, pessoas sem teto, pessoas vítimas de violência, associação de catadores de material reciclável, Liga feminina de Combate ao Câncer, casa de abrigamento de crianças, casas de acolhimento de pessoas doentes. Lugares ou espaços de sua realidade para os quais Deus pode estar lhe chamando ou chamando o grupo da OASE para uma ação diaconal). “Eis-me aqui, Senhor!” Sugestão de canto: Senhor, se tu me chamas, eu quero te ouvir. (HPD 2, 413) Pa. Ma. Ana Isa dos Reis Ijuí/RS
Do conflito à comunhão Arquivo pessoal
Lutero e a Reforma Em 1507, Lutero foi ordenado sacerdote. Desde cedo o acompanhou a pergunta: Como hei de encontrar um Deus misericordioso? Nos seus sofrimentos e angústias reconheceu que nunca encontraria a salvação pelo seu próprio esforço e por boas obras. Era professor de Filosofia na universidade de Wittenberg e a partir de 1512 doutor em Teologia. Quando Lutero pregava, as igrejas ficavam cheias. Na sua busca por um Deus misericordioso, aprofundou-se no estudo da Bíblia, confrontando- Helga Schünemann é coordenadora -se com o texto de Romanos 1.17: O justo viverá editorial do Roteiro da OASE por fé. Percebeu que o sacrifício de Jesus na cruz é o centro da verdade evangélica. A culpa, o pecado, todo o sofrimento estão sobre Jesus, o Filho de Deus, que levou a nossa culpa à cruz no Gólgota. Jesus fez o que é impossível ao ser humano fazer: pagar as culpas de toda a humanidade. Lutero reconheceu que com a morte de Jesus aconteceu a justificação da pessoa pecadora, que Deus se revela no seu Filho crucificado como o Deus bondoso e misericordioso. 101
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Lutero percebeu que muitos hábitos e costumes da época, como a venda de indulgências, conflitavam com a Bíblia. Não silenciou e se viu obrigado a corrigir os hábitos contrários ao evangelho. Assim, no dia 31 de outubro de 1517, fixou as 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, convidando para uma reflexão teológica. Na primeira tese, Lutero diz que a vida do cristão deve ser de arrependimento diário e que nisso está a conversão do cristão, e não nas obras que venha a fazer sem que haja o arrependimento. As obras são frutos da fé do ser humano. Em 1521, Lutero foi convocado pelo Vaticano e pelo imperador Carlos V para que se retratasse, o que não aconteceu, e por isso foi excomungado da igreja. Às escondidas, foi levado por amigos ao castelo de Wartburg, onde ficou por quase um ano e traduziu o Novo Testamento para o alemão. Em 1522, voltou para Wittenberg, onde tinham acontecido reformas nos cultos e atos de violência praticados contra imagens nas igrejas. Voltou a ser um renomado professor na universidade, grande pregador e de influência decisiva na criação de escolas comunitárias para o povo, inclusive para moças, até então só para os nobres. Sua intenção era proporcionar ao povo a leitura da Bíblia. Em 1525, Lutero casou com Katharina von Bora e enfrentou a guerra dos camponeses. Na Confissão de Augsburgo de 1530, os que adotaram a Reforma apresentaram seu posicionamento, isto é: “a confissão de fé dos luteranos”. Lutero terminou a tradução de toda a Bíblia para a língua alemã. Posteriormente aconteceram diversos acordos, concílios e a Contrarreforma. Uma de suas últimas atitudes foi reconciliar a briga de dois irmãos condes na cidade de Eisleben. Após longas discussões, puderam assinar um acordo de paz. Lutero estava acompanhado por seus três filhos quando sentiu as dores da morte e faleceu aos 62 anos de idade, em Eisleben, onde nasceu. Hoje, após 500 anos da Reforma, Lutero é reconhecido mundialmente como o grande conhecedor da Bíblia, teólogo, pregador, poeta e músico. Como luteranos, reconhecemos que o passado desse grande homem é a nossa história. Superando o conflito entre católicos e luteranos Para passar do conflito à comunhão entre católicos e luteranos, foram necessários muitos encontros. Cinquenta anos de encontros, conversas e diálogos ajudaram a superar as diferenças. Chegou-se a esse posicionamento oficial quando a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica Apostólica Romana, após estudos da compreensão da doutrina da justificação exposta nessa declaração, que mostra que entre católicos e luteranos há um consenso de verdades básicas da doutrina da justificação. 102
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Assim sendo, o fato histórico mais importante das celebrações dos 500 da Reforma, ocorridas em outubro de 2017, foi a elaboração deste documento entre católicos e protestantes denominado “Do Conflito à Comunhão”. Esse documento apresenta os temas de ação de graça, paz, arrependimento e compromisso com o testemunho e desculpas pelas disputas teológicas de tantos anos. Queremos expressar nossa gratidão a Deus e pedir que paróquias e comunidades católicas e luteranas prossigam no diálogo da paz e do compromisso de passar do conflito à comunhão, fazendo-o como membros do único Corpo de Cristo. Assim entendemos o mandamento de Deus de deixar de lado todos os conflitos e reconhecer que somos libertos pela graça misericordiosa para vivermos em comunhão. E nas palavras do salmista: Celebrai com júbilo ao Senhor. Habitantes de toda a terra; servi ao Senhor com alegria; apresentai-vos diante dele com cânticos (Salmo 100.1-2). Helga Schünemann Panambi/RS
Luteranismo Declaração Conjunta Católico-Luterana da Reforma No contexto das comemorações dos 500 anos da Reforma Luterana, ocorridas em outubro de 2017, o papa Francisco e o presidente da Federação Luterana Mundial, o bispo Munib Yunan, em oração ecumênica na Catedral Luterana de Lund, na Suécia, no dia 31 de outubro de 2016, assinaram uma declaração conjunta. Confira a íntegra do documento:
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DECLARAÇÃO CONJUNTA Por ocasião da Comemoração Conjunta Católico-Luterana da Reforma Lund, 31 de outubro de 2016 “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.” (João 15.4) Com corações agradecidos Com esta Declaração Conjunta, expressamos a gratidão alegre a Deus por este momento de oração comum na Catedral de Lund, quando começamos o ano comemorativo do quinto centenário da Reforma. Cinquenta anos de constante e frutuoso diálogo ecumênico entre católicos e luteranos nos ajudaram a superar muitas diferenças e aprofundaram nossa compreensão e confiança mútuas. Ao mesmo tempo, aproximamo-nos uns dos outros através do serviço comum ao nosso próximo – muitas vezes em situação de sofrimento e perseguição. Graças ao diálogo e testemunho compartilhado, já não somos mais estranhos; antes, aprendemos que aquilo que nos une é maior do aquilo que nos separa. Passando do conflito à comunhão Ao mesmo tempo em que estamos profundamente agradecidos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma, também confessamos e lamentamos diante de Cristo que os luteranos e católicos feriram a unidade visível da igreja. As diferenças teológicas foram acompanhadas de preconceitos e conflitos e religião foi instrumentalizada para fins políticos. A nossa fé comum em Jesus Cristo e nosso batismo exigem de nós uma conversão diária, pela qual repelimos as divergências e conflitos históricos que dificultam o ministério da reconciliação. Enquanto o passado não se pode modificar, o que é lembrado e o modo como é lembrado podem ser transformados. Nós oramos pela cura de nossas feridas e das lembranças que turvam a nossa visão uns dos outros. Rejeitamos categoricamente todo o ódio e violência, passados e presentes, especialmente os implementados em nome da religião. Hoje, ouvimos o mandamento de Deus de deixar de lado todos os conflitos. Reconhecemos que somos libertos pela graça para nos dirigirmos para a comunhão a que Deus nos chama continuamente. 104
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Nosso compromisso em prol de um testemunho comum À medida que nos movemos para além dos episódios da história que nos sobrecarregam, nós nos comprometemos a testemunhar juntos a graça misericordiosa de Deus, tornada visível em Cristo crucificado e ressuscitado. Cientes de que o modo como nos relacionamos entre nós incide sobre o nosso testemunho do Evangelho, comprometemo-nos a crescer ainda mais na comunhão enraizada no batismo, procurando remover os obstáculos remanescentes que nos impedem de alcançar a unidade plena. Cristo quer que sejamos um, para que o mundo possa crer (João 17.23). Muitos membros das nossas comunidades anseiam por receber a eucaristia em uma única mesa, como expressão concreta da unidade plena. Nós experimentamos a dor daqueles que compartilham toda a sua vida, mas não podem compartilhar a presença redentora de Deus na mesa eucarística. Reconhecemos a nossa responsabilidade pastoral comum de responder à sede e à fome espirituais que o nosso povo tem de ser um só em Cristo. Desejamos ardentemente que essa ferida no Corpo de Cristo seja curada. Esse é o objetivo de nossos esforços ecumênicos, que desejamos levar adiante inclusive renovando nosso compromisso com o diálogo teológico. Oramos a Deus para que os católicos e os luteranos saibam testemunhar juntos o Evangelho de Jesus Cristo, convidando a humanidade a ouvir e receber as boas novas da ação redentora de Deus. Oramos a Deus por inspiração, encorajamento e força para que possamos estar juntos no serviço, defendendo a dignidade e os direitos humanos, especialmente dos pobres, trabalhando pela justiça e rejeitando todas as formas de violência. Deus convoca-nos a estar perto de todos aqueles que anseiam por dignidade, justiça, paz e reconciliação. Hoje, de modo particular, levantamos as nossas vozes para pedir o fim da violência e do extremismo que afetam tantos países e comunidades e incontáveis irmãos e irmãs em Cristo. Exortamos luteranos e católicos a trabalharem juntos para acolher quem é estrangeiro, prestar auxílio a quantos são forçados a fugir por causa da guerra e da perseguição, e defender os direitos dos refugiados e de quantos procuram asilo. Hoje mais do que nunca, percebemos que nosso serviço comum neste mundo deve estender-se à criação de Deus, que sofre exploração e os efeitos da ganância insaciável. Reconhecemos o direito das gerações futuras de desfrutar o mundo de Deus em todo o seu potencial e beleza. Oramos por uma mudança
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dos corações e das mentes que leve a uma maneira amorosa e responsável de cuidar da criação. Um em Cristo Nesta ocasião auspiciosa, expressamos nossa gratidão aos nossos irmãos e nossas irmãs que representam as várias comunhões e associações cristãs mundiais que estão presentes e se juntam a nós em oração. Ao renovar o nosso compromisso de passar do conflito à comunhão, fazemo-lo como membros do único Corpo de Cristo, no qual somos incorporados pelo batismo. Convidamos nossos parceiros ecumênicos a nos lembrar de nossos compromissos e a nos encorajar. Pedimos-lhes que continuem a orar por nós, a caminhar conosco, a nos ajudar a viver os compromissos orantes que expressamos hoje. Apelo a católicos e luteranos em todo o mundo Apelamos a todas as paróquias e comunidades luteranas e católicas para que sejam ousadas e criativas, alegres e esperançosas no seu compromisso de prosseguir na grande jornada à nossa frente. Mais do que os conflitos do passado, há de ser o dom divino da unidade entre nós a guiar a cooperação e a aprofundar a nossa solidariedade. Aproximando-nos na fé em Cristo, orando juntos, ouvindo uns aos outros, vivendo o amor de Cristo nas nossas relações, nós, católicos e luteranos, nos abrimos ao poder do Deus Triúno. Enraizados em Cristo e testemunhando-o, renovamos nossa determinação em ser fiéis arautos do amor ilimitado de Deus por toda a humanidade. (Fonte: Portal Luteranos)
Dia das crianças Orientações para pais e mães Se alguém hoje lhe pedisse uma receita de bolo de chocolate ou de cuca, você saberia responder prontamente? Quase todos têm na memória alguma receita de bolo. Todas as pessoas que se habilitam a cozinhar sabem na ponta da língua suas receitas favoritas. Sabem escolher os ingredientes, misturá-los na ordem correta e na quantidade certa. Tudo isso faz parte para que o resulta106
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Ter tempo para a família deve ser prioridade.
do seja um delicioso e belo bolo. Quando não sabemos a receita de um bolo, podemos recorrer ao livro de receitas, ou fazer uma pesquisa no Google, que ensina passo a passo o que é necessário para fazer o prato que queremos. Seguir as orientações de uma receita para obter um bom resultado é possível na cozinha, mas sabemos que na vida em família especialmente na educação de crianças, isso não é bem assim. Que bom seria se tivéssemos em mãos um manual, um livro de receitas que nos mostrasse passo a passo como cuidar de nossas crianças. Muitos livros já foram escritos sobre esse assunto, que ajudam, mas cada pessoa é diferente e por isso não se pode seguir a mesma “receita”. Assim escrevo este pequeno texto não com o propósito de ser uma receita pronta, mas algumas dicas, orientações para que, como pais e mães, possamos cuidar de nossas crianças. Uma boa palavra É mais fácil ressaltarmos sempre as coisas negativas nas outras pessoas. Percebemos isso mesmo dentro de nossos lares. Essa é uma prática que pode trazer traumas para as crianças. Se insistirmos em afirmar o quanto elas não sabem, não conseguem, o quanto são fracas etc., as crianças crescerão com medo de arriscarem algo novo. Por isso é muito importante que pais e mães sejam incentivadores de seus filhos e filhas. Elogie sempre que eles consegui107
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rem realizar suas tarefas e ajude a achar os caminhos para isso. Diga o quão eles são fortes, inteligentes e preciosos para toda a família. Uma boa palavra alegra o coração e dá coragem para encarar novos desafios. Diga a seus filhos e a suas filhas que você os ama. Um bom presente Quem de nós não gosta de ganhar presentes? Porém, é muito comum ver pais e mães negociando com seus filhos e filhas os presentes. Se você fizer isso vai ganhar aquilo. Há pais e mães que gastam mais do que podem para comprar o presente que seu filho ou sua filha quer. Pior ainda quando dão um presente e pensam que ele substitui uma demonstração de amor. Presentes devem ser algo bom. Assim, presenteie as crianças fora das datas que elas esperam, faça surpresas. Mostre a elas que o mais importante não é o preço do presente, mas a intenção com a qual se presenteia. O presente deve ser acompanhado de outra demonstração de afeto para que a criança não confunda presente com amor. Um bom presente não está no preço, mas no carinho que demonstra. Um bom serviço Desde pequenas, as crianças podem aprender o valor do serviço. Não para ganhar algo em troca, mas pelo prazer de ajudar. Elas precisam de responsabilidades e isso deve ser ensinado em casa. Vemos cada dia mais crianças que não ganham nenhuma responsabilidade nas tarefas da casa, assim se acostumam a ganhar tudo pronto. Crianças aprendem rápido como fazer algo, por isso podem ganhar tarefas novas. Elas precisam entender que também são responsáveis pela casa onde moram e pelo cuidado com o nosso planeta. Coisas simples podem ser feitas pelas crianças desde bem novinhas como: guardar os brinquedos, dar comida aos animais, limpar a sujeira, separar o lixo, entre outras. Isso elas devem aprender em casa para que sejam adultos responsáveis que saibam servir uns aos outros. Um bom carinho Muitas pessoas cresceram em lares onde as demonstrações de carinho foram poucas. Não aprenderam a abraçar, a dar um colo, a beijar, dizer eu te amo etc. Para o bom desenvolvimento físico e emocional das crianças, essas atitudes devem fazer parte do dia a dia. Dar um abraço, um beijo, um colo são demonstração de amor que podemos sentir na pele. Tocar é mostrar que estamos perto, faz a criança sentir-se segura e amada. Demonstre carinho aos seus filhos e filhas em público para que outros vejam e para que isso se torne 108
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normal. As crianças precisam crescer sabendo e sentindo que são amadas, e as demonstrações de carinho afirmam isso. Um bom tempo Vivemos dias onde a frase “não tenho tempo” está sendo muito pronunciada. Usamos essa frase como desculpa para quase tudo, inclusive dentro de casa: não temos tempo para sentar à mesa e comer em família; não temos tempo para um passeio; não temos tempo para brincadeiras, não temos tempo para conversas e tantas outras coisas que deixamos de lado por “falta de tempo”. Será verdade isso? Os dias continuam com 24 horas, porém as prioridades são outras. Ter tempo para a família deveria ser prioridade absoluta. As crianças precisam de tempo com seu pai e sua mãe, e tempo de qualidade. Tempo para brincar, tempo para conversar, tempo para saberem que são mais importantes do que qualquer outra atividade. O tempo que passou não volta mais, o amanhã ainda virá, mas o hoje está em nossas mãos. Tenha um tempo de qualidade para se divertir e conversar com seus filhos e filhas, esse será um tempo investido no futuro deles e de sua família. Brinque, role pelo chão, se suje com eles, e eles nunca esquecerão. O Salmo 127.3 diz: Os filhos são um presente do Senhor, eles são uma verdadeira bênção. Isso é verdade, mas isso nos traz grandes responsabilidades. Deus confia aos pais uma vida. Não se pode devolver ou trocar o presente e não tem prazo de validade. Ser pai e mãe é para a vida toda. É uma bênção de Deus. P. Flávio Weiss Campo Alegre/SC
Não sei ao certo como é o paraíso, mas sei que quando morrermos e chegar o tempo de Deus nos julgar, ele não perguntará quantas coisas boas você fez na sua vida. Ele perguntará sobre quanto amor você colocou naquilo que fez. Madre Teresa de Calcutá
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Arquivo OASE
Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
N O V E M B R O
Datas importantes 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – *Martim Lutero, Reformador (+18/02/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – *Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+05/04/1925)
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Se cada pessoa servisse a seu próximo, o mundo inteiro estaria repleto de culto a Deus. Martim Lutero
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E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia do céu. Ela vinha de Deus, enfeitada e preparada, vestida como uma noiva que vai se encontrar com o noivo. Apocalipse 21.2
Meditação A porta do céu
O
Arquivo pessoal livro de Apocalipse sempre foi um enigma para mim, com suas muitas figuras de linguagem. E este versículo de Apocalipse 21.2: E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia do céu. Ela vinha de Deus, enfeitada e preparada, vestida como uma noiva que vai se encontrar com o noivo, desde a minha mais tenra idade, sempre que o lia ou ouvia, me fez lembrar que devemos, em qualquer tempo ou lugar, estar preparados para tudo o que nos espera na vida, ou a morte, pois essa levou meu esposo após somente oito anos de casamento, Anegret Reinke Wudtke deixando-me com dois filhos pequenos. Esse versículo também me lembra muito a minha avó materna no seu leito de morte, quando num momento de serenidade voltou seu rosto para o crucifixo na parede, deu um sorriso e faleceu. A enfermeira que estava ao lado dela, com minha irmã, disse: “Ela foi direto para o céu’’. Também associei a esse versículo uma história que ouvi sobre um senhor que morava num asilo e que ao lado de sua cama mantinha duas cadeiras. Um dia recebeu a visita de seu filho e este o questionou sobre o porquê da outra cadeira, pois só ele vinha visitá-lo. E ele lhe respondeu que naquela cadeira Deus estava sentado. Certa manhã, esse senhor foi encontrado morto com a cabeça deitada na cadeira ao lado de sua cama. Tinha adormecido no colo de Deus. Algum tempo atrás, li num devocional uma história que gostaria de compartilhar com vocês:
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Há muitos anos, a mãe orava pela sua filha, para que ela se decidisse a seguir Jesus. Mas a moça nunca se interessava pela vida de fé. Contudo, para não magoar sua mãe, ela ouvia o trecho bíblico que a mãe sempre lia antes de dormir. Desta vez, leu Apocalipse 21 (ler o texto na versão da Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH). Depois de ter lido essa passagem bíblica, a mãe disse: – Filha, como deve ser linda a Pátria eterna! Lá não haverá mais lágrimas, nem solidão, nem morte. Eu me alegro desde já na esperança de um dia estar lá. A filha respondeu: – Eu respeito a sua convicção, minha mãe, mas não posso crer nisso. Estou convencida de que, depois da morte, terminou tudo. Não creio que existem o céu e o inferno. Esses pensamentos são projeções de imaginações humanas para fugir das realidades da nossa vida atual. A mãe suspirou, mas nada disse. Sabia que sua filha tinha essas opiniões. Qualquer discussão a respeito disso sempre fora infrutífera. Já que não podia falar de Deus com a filha, resolveu falar com Deus sobre a sua filha. Depois de ouvir a leitura bíblica, a moça beijou sua mãe, disse boa noite e foi para o seu quarto. Enquanto dormia, a moça teve este sonho: viu-se fugindo do inferno e estava correndo para a Cidade Santa, Jerusalém. Esta reluzia maravilhosamente em cima de uma montanha. Chegando lá, viu que a cidade tinha em sua volta um grande e alto muro e, nele, 12 portas. Ao lado de uma porta, avistou sua mãe como guardiã. A ela se dirigiu e disse: – Mamãe, aqui está a sua filha! Consegui fugir do inferno. Deixe-me entrar nesta cidade santa! – Não posso, minha filha. Aqui só podem entrar os que estão inscritos no livro da vida, isto é, que foram seguidores de Jesus. Mas você nunca quis saber dele. Além disso, você sempre dizia que usufruir os dias ao máximo era o conteúdo da sua vida. – Mamãe, eu fui uma boba ao viver uma vida assim. Mas eu agora sei que o inferno existe. Eu estive lá. Não tinha sossego um só minuto. Lá é um tormento sem fim. Mas consegui fugir e agora estou aqui. Você é a minha mãe! Deixe-me entrar! – Não devia abrir a porta, minha filha, mas não posso continuar vendo o seu desespero e a sua desgraça. Vou abrir a porta, entra ligeiro, para que os seus perseguidores não consigam levá-la de volta à perdição. De manhã, a filha contou, consternada, o sonho da noite à sua mãe. Esta disse: – Minha filha. É compreensível ter sonhado com a Santa Jerusalém. O seu subconsciente certamente captou aquilo que li na Bíblia. Mas você não tem dado atenção aos pormenores que a Bíblia diz. Os guardiões das portas não são seres humanos. A nenhum pai e a nenhuma mãe é confiada essa tarefa. As 112
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portas são guardadas pelos santos anjos. Eles não têm grau de parentesco com nenhum ser humano. Aqui no mundo se diz: “Uma mão lava a outra”. Aqui se dá um jeito para tudo. Lá isso não acontecerá. Insubornáveis são os guardiões e intransponível é o muro. É verdade, tudo isso é símbolo. Querem dizer-nos que agora e aqui cada um deve escolher o lugar onde deseja estar na eternidade. No além, não mais haverá troca de lugares. Não sabemos que decisão a filha tomou depois de ouvir a explicação de sua mãe. Mas sabemos o aviso e o convite que Jesus nos deu: “Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para à vida, e são poucos os que acertam com ela’’ (Mateus 7.13,14). Porque devemos ser novas criaturas, Deus também deseja que tenhamos mentalidade, compreensão e pensamentos novos e diferentes, não encarando as coisas com os olhos da razão, a exemplo do mundo, mas vendo tudo do ponto de vista de Deus. Deus também quer que vivamos segundo a nova natureza que está por vir, que é invisível, pela qual esperamos, e que deve seguir esses sofrimentos terrenos e essa natureza miserável. Assim sendo, não devemos apegar-nos a essa vida, nem ficar tristes ou lamentar o fato de termos de partir. Tampouco devemos lamentar que o mundo inteiro e o que nele há tenham que perecer. Deveríamos, isso sim, compadecer-nos dos pobres e amados cristãos, tanto dos vivos, que agora sofrem e são oprimidos, como dos mortos, que repousam e anseiam pela ressurreição e gloriosa transformação de seus corpos, a exemplo da semente que é enterrada no inverno, que devido ao frio, não consegue sair e espera a chegada do verão para brotar, verdejar e florescer. Oração Obrigado, bondoso Deus, que nos deste a esperança da vida eterna. Sabemos que para ti tudo é possível. Por isso diariamente queremos viver sob a graça da tua bênção. Amém. Anegret Reinke Wudtke Jaraguá do Sul/SC
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Gratidão: elixir para uma vida saudável Arquivo pessoal
Inicio este texto profundamente agradecida por poder escrevê-lo, por poder colaborar com mais um Roteiro da OASE, pelo qual também sou grata, pois tem sido uma bênção para pessoas de todas as áreas. Desde a antiguidade filósofos já consideravam a gratidão como uma das virtudes importantes do ser humano: “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo” (Epicuro, filósofo do século 1). Ser grata não é apenas ser positiva diante dos fatos, mas é uma conduta diária que auxilia Edeltraud Fleischmann Nering no enfrentamento de situações que causam intranquilidade, frustração, medo, ansiedade, ao contrário da murmuração e do pessimismo maníaco (mania de achar que tudo sempre dará errado), que geram mais insatisfação e oportunizam a entrada de doenças emocionais e físicas. Gratidão faz aumentar a resiliência (capacidade de se recuperar) diante das situações difíceis, aumenta a imunidade e o bem-estar, gerando felicidade. “Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida” (Fernando Pessoa, poeta português) O sentimento de gratidão liberta-nos da preocupação e nos acalma. Ao agradecer, nosso coração descansa, nossa mente se aquieta, relaxamos mais, dormimos melhor e ficamos livres de tantas tensões da vida moderna. O apóstolo Paulo na sua carta aos tessalonicenses recomenda: Sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus (1 Tessalonicenses 5.18). Com certeza é sempre mais fácil agradecer quando tudo está caminhando conforme o idealizado, sonhado, conforme o programado e o desejado. Mas como agradecer quando os planos não dão certo, quando a vida nos surpreende 114
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com situações desagradáveis, quando uma nuvem negra insiste em pairar sobre a cabeça? Como dar graças frente ao mundo cheio de desonestidade, falcatruas, fome, morte precoce, falta de ética e outras tantas situações que tiram o ânimo e a alegria de viver? Gratidão é questão de atitude, de perceber o que de fato é importante, o que é valioso e significativo para você, para o mundo. Perceber o que determinada situação quer ensinar, o que posso aprender com cada tipo de experiência. O simples fato de reclamar menos, desfazer-se dos pensamentos negativos, das murmurações, já abre o caminho e a mente para o espaço de gratidão. Gratidão também é escolha. Agradecer por tudo não significa aceitar tudo sem analisar, questionar – isso é submissão. Agradecer por tudo é perceber os pequenos detalhes que estão nas entrelinhas das situações, que há sempre algo mais importante e sutil para ser agradecido. Sinais do universo tornam-se visíveis quando a gratidão nos guia. O salmista canta: Tu mudaste o meu choro em dança alegre, afastaste de mim a tristeza e me cercaste de alegria. Por isso não ficarei calado, mas cantarei louvores a ti. Ó Senhor, tu és o meu Deus; eu te darei graças para sempre (Salmo 30.11-12). Já está comprovado que emoções negativas, como raiva, desesperança, ingratidão, reduzem o número das células brancas que combatem as doenças e fazem o organismo despejar altos níveis de adrenalina (hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, cuja secreção é aumentada em situações de estresse, ansiedade, perigo ou qualquer outra que deixe o corpo em estado de alerta e pronto para reagir) na circulação, contribuindo para o risco de doenças. Foco de estudos recentes da psicologia, a gratidão já foi abordada também pela sociologia e pela antropologia, como uma virtude aprendida na infância e que pode ser incorporada em toda a vida, não como algo mecânico, automático, mas como algo que é parte da personalidade. Está associada a estados psicológicos positivos como contentamento, felicidade, orgulho e esperança. A neurociência (estudo do sistema nervoso) tem comprovado que a gratidão afeta nosso sistema biológico, aumentando neurotransmissores como a dopamina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar. Desta forma as pessoas que se sentem regularmente gratas são menos estressadas, ansiosas, adoecem menos e têm melhor qualidade de vida. A gratidão é fator muito importante para o bem-estar. Quando se valorizam todas as bênçãos recebidas, literalmente se é banhado com os bons hormônios, que, por sua vez, aumentam a imunidade, preservando a saúde. 115
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“Conta as bênçãos, conta quantas são. Recebidas da divina mão. Uma a uma, dize-as de uma vez, hás de ver surpreso quanto Deus já fez!” (HPD 2, 460). É certo que no mundo materialista e individualista que vivemos ouvem-se vários “muito obrigados” vazios, ditos por conveniência, educação, não vindos do coração. Por isso, quando se diz “muito obrigado” expressando o que de verdade se sente, é um ato de coragem, sinal de que a confiança persiste, de que a fé é o combustível e que o coração se abre para expressar um sentimento nobre: gratidão. “Na vida ordinária, quase não percebemos que recebemos muito mais do que damos, e que só com gratidão a vida se torna rica” (Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão). A gratidão feita de coração cria uma sensação de plenitude que nos leva a continuar agindo de forma que esse sentimento perdure e que seja parte da ação diária. Para ser parte da ação diária, há duas maneiras que podem auxiliar a gerar a gratidão: pela expressão espontânea do coração diante da beleza da vida em todos os seus aspectos (sim, todos!) e por uma decisão consciente de olhar para tudo o que há de bom e positivo na vida, não supervalorizando o que há de negativo. A gratidão é como uma lanterna, se você sair de noite numa rua escura e acender a lanterna, verá tudo o que existe ali. Tudo já estava ali, mas você não via porque estava escuro. A lanterna da gratidão tem a vantagem de poder ser usada de dia e de noite, em qualquer lugar ou situação. Ela funciona para todos: crianças, jovens, idosos, homens, mulheres, ricos ou pobres. Basta decidir acendê-la. (Não esqueça: leve e use sempre a sua lanterna!) Agradecer é transcender, é conectar-se com tudo o que existe, é o reconhecimento de nossa ligação com a vida como um todo. A consciência desse reconhecimento estimula o ciclo: quanto mais gratidão sentirmos e expressarmos, mais vida em abundância teremos. Gratidão é a base de todos os sentimentos. Quem é grato reconhece o amor, a paciência e a consideração que lhe são dados. Gratidão é a rotina da alma para se viver em paz! Gratidão é dádiva divina dada gratuitamente como ferramenta disponível em qualquer situação: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença; é o elixir para o fortalecimento da autoestima e o antídoto para a vitimização! Gratidão é reflexão, transformação, aprendizado constante, atitude importante. Seja o que for, agradeça. Para seu bem-estar. Para sua felicidade. Tenha seu gesto diário de gratidão: “Se a única oração que você disser em toda a sua vida for ‘muito obrigado’, ela será suficiente” (Mestre Eckart, filósofo alemão). 116
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Algumas ideias para exercitar a gratidão Estas dicas podem ser realizadas individualmente ou utilizadas como dinâmicas para grupos: Diário da gratidão: Escrever é um ótimo caminho para a prática de exercitar a gratidão. Escolha uma hora do dia quando você tem alguns minutos para refletir sobre sua vida e escreva suas bênçãos diárias. Motivos pelos quais você pode se sentir realmente grata. Anote de três a cinco coisas pelas quais você é grata, desde o seu secador de cabelo, as flores que recebeu, o companheiro ou companheira de caminhada, seus filhos, enfim, o que você achar que deve agradecer. Os primeiros passos podem ser tímidos, uma vez que você talvez não tenha o hábito de agradecer de verdade. Mas com o tempo isso vai se tornar uma experiência magnífica! Pote da gratidão: Separe um pote de vidro (pode decorá-lo) e em um pedaço de papel, escreva diariamente motivos pelos quais você pode agradecer e coloque o papel no pote, assim, quando estiver triste ou decepcionada, poderá abrir o pote e reler os motivos pelos quais agradeceu; com certeza sentirá que sempre há algo para agradecer e que situações desagradáveis também passam. Caminho da gratidão: Caminhar é um ótimo exercício e pode ficar ainda melhor se, durante a caminhada, você for pensando sobre as razões pelas quais você pode agradecer. Respirar e agradecer durante a caminhada fará bem ao corpo, mente e espírito. Pensamentos de gratidão: Outra possibilidade pode ser a de querer reconhecer um pensamento ingrato por dia e substituí-lo por um pensamento de gratidão. Como, por exemplo: “Meu namorado esqueceu meu aniversário” ou “Meu marido não lavou a louça”, e substituir por: “Ele sempre esteve aqui quando eu precisei”. Trocar o pensamento traz clareza e discernimento sobre o que de fato é importante e torna possível agradecer por isso. Parceiro ou parceira de gratidão: Amigas e familiares também podem ajudar a promover o seu apreço pela gratidão. Uma ideia é procurar um parceiro ou parceira de gratidão com quem você pode compartilhar sua lista de bênçãos, a quem você pode pedir que a incentive caso venha a perder a motivação ou simplesmente esquecer. Conversar com alguém sobre as bênçãos recebidas acalenta o coração e fortalece a alma. Espaço da gratidão: Outra ideia é mostrar a uma visita as coisas que você mais gosta em sua casa, pessoas e lugares que você ama. Mostrar sua coleção de livros ou músicas, seus filmes favoritos. Fazer isso ajudará a ver os detalhes comuns da sua vida pelos olhos de outra pessoa, o que lhe proporciona uma 117
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nova perspectiva e faz com que você aprecie essas como se estivesse vendo-as pela primeira vez. Dicas de filmes que tratam do tema gratidão Uma boa mentira (2014) Em tempos de guerra, um grupo de crianças do Sudão é presenteado com a possibilidade de se mudar para os Estados Unidos. Uma nova vida começa ao lado de Carrie, a assistente social que os recebe.
Mãos talentosas (2009) Ben Carson, menino pobre de Detroit, sempre levou uma vida desmotivada, já que tirava notas baixas e não tinha perspectivas de um grande futuro. O que ele e os que estavam ao redor não esperavam era que ele se tornasse um neurocirurgião de fama mundial.
A corrente do bem (2000) Um professor de estudos sociais dá a tarefa para sua turma de pensar em uma ideia para mudar o mundo para melhor e em seguida colocá-la em ação. Quando um jovem estudante cria um plano, ele não só afeta a vida de sua mãe solteira, mas põe em movimento uma onda sem precedentes de bondade humana que, sem que soubesse, floresceu em um profundo fenômeno nacional.
À procura da felicidade (2007) Chris Gardner enfrenta uma vida difícil. Despejado de seu apartamento, esse pai solteiro e seu filho não têm onde morar. Chris consegue um estágio não remunerado em uma firma de prestígio. Sem dinheiro, os dois são obrigados a viver em abrigos, mas Chris está determinado a criar uma vida melhor para ele e seu filho. 118
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Um sonho possível (2009) Michael Oher, um adolescente afrodescendente sem teto, entrava e saía do sistema de ensino ano a ano. Numa noite chuvosa, Leigh Anne Tuohy e seu marido levam-no para sua casa. A família eventualmente torna-se representante legal de Michael, transformando tanto a sua vida como a deles. O tamanho de Michael e seu instinto protetor fazem dele uma estrela no campo de futebol e, com a ajuda de sua nova família e de uma tutora dedicada, ele percebe seu potencial como estudante e jogador de futebol. Invictus (2009) Após o fim do apartheid, o recém-eleito presidente Nelson Mandela lidera uma África do Sul que continua racial e economicamente dividida. Ele acredita que pode unificar a nação através da linguagem universal do esporte. Para isso, Mandela junta forças com Francois Pienaar, capitão do time de rúgbi, promovendo a união dos sul-africanos em favor do time do país na Copa Mundial de Rúgbi de 1995.
Patch Adams – o amor é contagioso (1998) Patch Adams descobre que o humor e o carinho podem fazer maravilhas e ajudar a curar pessoas hospitalizadas, mas suas ideias entram em conflito com os defensores da medicina tradicional.
Intocáveis (2012) Um milionário tetraplégico contrata um homem da periferia para ser seu acompanhante, apesar de sua aparente falta de preparo. No entanto, a relação que antes era profissional cresce e vira uma amizade que mudará a vida dos dois.
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Pelo muito, pelo pouco, pelo que se tem, pelo que terá, pelo que se é, pelo que se tornará, pelo que já foi e pelo que virá, em tudo e por tudo sempre haverá razão para um ser grato você se tornar!
Edeltraud Fleischmann Nering Rio Negrinho/SC
Dia de finados Pessoas vivendo o luto De um modo geral, o luto é uma reação vital inerente à condição humana e representa a resposta à perda de algo ou de alguém. Esse processo inclui um conjunto de sentimentos que levam mais ou menos tempo a serem resolvidos, dependendo da pessoa ou da situação em particular, e que não devem ser apressados nem suprimidos. Uma grande multidão o seguia. Nela havia algumas mulheres que choravam e se lamentavam por causa dele. (Lucas 23.27) O luto antecipado, o sofrer mesmo antes que a outra pessoa morra, é algo constante no processo de luto. Sofremos mesmo antes de perder as pessoas que amamos. Muitas vezes, as acompanhamos por longas romarias a médicos e hospitais e sofremos juntos quando os processos de cura não ocorrem como esperado. Sofremos quando nos sentimos impossibilitadas de ajudar. Quando não sabemos mais o que fazer para aliviar a dor e o sofrimento de quem amamos tanto. Todo esse processo nos faz viver um luto antecipado, ainda mais forte quando percebemos que ninguém pode ajudar, que nenhum tratamento responde e que a luta contra a enfermidade é em vão. 120
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O luto também acontece quando perdemos pessoas mesmo que elas não morram. Há quem nos abandone, de quem nos separamos, quem simplesmente some de nossa vida. Em casos concretos de separações, já sofremos muito antes que ocorra a ruptura, por que percebemos que o relacionamento está acabando. Percebemos as pessoas se afastando de nós. Em algumas situações, ignoramos pessoas que sofrem o luto da separação, não nos dando conta de que esse pode ser tão doloroso quanto o da morte. Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará. (Mateus 5.4) O choro é um lavar a alma. Deixar o sentimento fluir e despejar por nossos olhos traz alívio do sofrimento que é insuportável, que dói, que tem de achar uma forma de sair de nossos corpos. Quando a dor chega a seu estado mais profundo, mais intenso, as lágrimas nos ajudam a suportar e a reagir. Nesses momentos é fundamental termos um “ombro amigo”, alguém que suporta conosco a tristeza em sua fase mais profunda. Alguém que nos dá a liberdade de expressar nossos sentimentos e nos ajuda a elaborar nossas perdas. Na sociedade atual, quase não há mais lugar para a tristeza e a dor. Somos forçadas a ser fortes, produtivas, positivas... como se funcionássemos sem sentimentos. Cansamos de ouvir que tudo vai ficar bem, quando estamos desabando e só precisamos de alguém que nos ampare, que não nos deixe cair. Que consiga entender que há momentos na vida em que tudo não está bem, que precisamos chorar a perda de quem amamos, que precisamos só de companhia que nos ouça e nos compreenda. Muitas vezes, não temos esse espaço na sociedade em que vivemos. Mas podemos tê-lo em nossas comunidades. A igreja possui o desafio de ser também o lugar aonde podemos ir com nossos pecados, nossas falhas e principalmente nossos sofrimentos. Falando do luto, o desafio da comunidade é amparar as pessoas que sofrem e aguentar com elas quando a tristeza se transforma em lágrimas. Pois só superamos o luto quando choramos o suficiente e quando tivemos o apoio de pessoas que nos permitiram viver a tristeza. Maria Madalena tinha ficado perto da entrada do túmulo, chorando. (João 20.11a)
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No tempo de luto, é fundamental termos um lugar aonde ir para chorar e viver nosso processo de luto. Nossos cemitérios possuem um papel fundamental na nossa história de vida e superação da dor da perda. Por isso os cuidamos com carinho, por isso os enfeitamos. Sabemos que não há alma vivente ali, porém é o único lugar onde, de alguma Cemitérios têm papel fundamental na superação da forma, sabemos que estão os dor da perda, por isso os cuidamos e os enfeitamos restos mortais de quem amamos tanto. É a única forma que podemos ter algum contato, podemos fazer alguma coisa por quem já foi para a grande viagem. Cuidar dos túmulos nos dá o sentimento de podermos ainda fazer algo, mesmo que esse cuidado não seja mais percebido por quem partiu. O mais difícil e triste no processo de luto é viver com a ausência de quem partiu. Consolamo-nos com a esperança de que quem nos deixou está guardado no colo de Deus. Consolamo-nos com a esperança da ressurreição. Mas isso não nos tira a saudade e o vazio que ficou. Com esses precisamos aprender a viver. Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que fica a mais ou menos dez quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido. (Lucas 24.13-14) Não há cura do luto sem que se tenha a chance de expressá-lo. A única forma de superar o luto é contando, contando novamente e recontando as histórias de quem faleceu ou nos deixou. A fala, o contar, é o instrumento, o medicamento para a cura. Não é a medicação, não é ignorando o que ocorreu, mas sim tendo a possibilidade de falar, de contar o que aconteceu e como essa pessoa era importante na nossa vida. Resgatar sua memória é contar a sua história. Contanto e recontando, vamos trabalhando o luto, a dor que arde no coração, o aperto no peito, a necessidade de chorar e o sentimento de tristeza que se apossa de nós. Cada vez que contarmos novamente a história de quem 122
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se foi, estaremos retrabalhando a nossa história de sofrimento, estaremos no processo de alcançar a passagem por esse processo tão doloroso e intenso em direção à cura. Somente quando nós tivermos contado o suficiente a nossa história de perda, estaremos prontos para pegar a estrada de volta para a vida normal. A tendência de nos isolar na fase do luto é algo natural. Porém, temos o desafio de não deixar pessoas enlutadas sozinhas. Elas precisam muito da companhia, de quem se dispõe a escutar. Elas precisam de pessoas que aguentem, com elas, a tristeza, que muitas vezes não acha as palavras certas para se expressar. Este é o nosso desafio como comunidades cristãs: acompanhar os que estão fragilizados pelo vale da tristeza e ajudá-los a voltar à normalidade da vida. Na esperança da ressurreição, ouvimos do próprio Cristo: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. (João 11.25-26). Prof. Dr. Nilton Eliseu Herbes Faculdades EST – São Leopoldo/RS
Finados Falecidos. Mortos. Acabou a vida. Vidas findadas. Lágrimas, pranto, dor. Muita dor. E dúvida... E flores para enfeitar o túmulo. Muitas flores. Flores que simbolizam esperança. Esperança de que a morte não levou tudo. A morte levou aquela pessoa querida. Mas a morte não venceu, não levou tudo. Deus abraçou com flores a tua dor. Deus quer secar as tuas lágrimas Das lembranças queridas de alguém Através do sopro suave e da Brisa leve de uma tarde de verão. Renate Gierus 123
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Flashes do Encontro Nacional de Mulheres da IECLB – mulheres luteranas celebrando os 500 anos da Reforma, Foz do Iguaçu/PR, 17-19 de março de 2017
D E Z E M B R O
Datas importantes 01 – Dia Internacional de combate à AIDS 02 – 1º Domingo de Advento 03 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 09 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 16 – 3º Domingo de Advento 23 – 4º Domingo de Advento 24 – Véspera de Natal 25 – Natal 31 – Véspera de Ano-Novo
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Arrisco e coloco a minha confiança somente no único Deus, invisível e incompreensível, o que criou o céu e a terra. Martim Lutero
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DEZEMBRO Quando viram a estrela, eles ficaram muito alegres e felizes. Mateus 2.10
Meditação Quando viram a estrela, ficaram alegres
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odos nós experimentamos ou desejamos alegria e felicidade. Vamos compartilhar por alguns momentos: o que nos alegra e nos faz felizes? (Deixar o grupo se manifestar livremente.) São inumeráveis os motivos de alegria e felicidade que temos. Surpresas, conquistas ou grandes sonhos. Mas parece que a alegria e a felicidade são fugazes. São como as borboletas que voam aparentemente sem direção, pousam nas flores por um momento, deixam-nos observar as asas coloridas e logo fogem da nossa vista. Nosso lema fala de pessoas que ficaram Anna Lange muito alegres e felizes. Numa outra tradução da Bíblia esse versículo aparece assim: Quando viram a estrela alegraram-se com grande e intenso júbilo. É o momento culminante de uma história bíblica muito conhecida, contada e recontada, pesquisada e discutida: a visita dos magos ao menino Jesus. Uma história que nos convida a reconhecer onde está a fonte de alegria e felicidade. Mateus nos conta de alguns magos que chegaram a Jerusalém procurando conhecer o rei dos judeus, pois viram a sua estrela e vieram adorá-lo. Pesquisar as estrelas e tentar compreender suas mensagens era o seu trabalho e sua crença. Logo descobriram que Jerusalém não era o seu destino final. Não havia nenhum príncipe nascido no palácio de Herodes. Entretanto, receberam uma orientação preciosa. Sacerdotes e escribas sabiam que um Messias havia de vir e, pesquisando as Escrituras, encontraram a passagem do profeta Miqueias: E tu, Belém... De ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo, Israel. Com essa informação, partiram para Belém e a estrela ia adiante deles até chegar 125
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ao lugar onde estava o menino. Quando viram a estrela, ficaram muito alegres e felizes, entraram na casa, viram o menino com sua mãe Maria e o adoraram e presentearam. Que caminhos estranhos Deus tem para conduzir as pessoas e com que cuidado as acompanha até experimentarem aquela intensa alegria! Os magos, que esperavam encontrar o rei dos judeus, encontraram uma nova estrela para guiar suas vidas: Jesus, Deus presente. A alegria dessa descoberta fez brotar neles gratidão e generosidade! Com essa história tão bela e instigante, Mateus quer testemunhar quem é Jesus: ele veio cumprindo antigas promessas, ele veio para todos os povos, ele veio para anunciar o amor de Deus por todas as suas criaturas e para transformar vidas e presentear vida eterna através de sua morte e ressurreição. Os magos não voltaram para Jerusalém. Alertados em um sonho, retornaram por outro caminho. Nenhum outro texto relata o que aconteceu com eles a partir desse momento. Será que a alegria e a felicidade continuaram presentes quando voltaram à sua terra? Como acontece conosco? Muitas vezes já fomos tocadas pelo anúncio do amor de Deus e apesar disso damos espaço à dúvida, à tristeza, ao cansaço e à desesperança. Como pessoas cristãs, podemos ajudar-nos mutuamente indicando sempre de novo a fonte da verdadeira alegria que nos sustenta: Jesus Cristo. Ele veio ao nosso encontro e nos quer ajudar, pois deseja que seus discípulos tenham alegria completa (João 16.24). Oremos com as palavras de Dag Hammarskjöld: Dá-me um coração puro – para que te veja; um coração humilde – para que te ouça; um coração amoroso – para que te sirva; um coração crente – para que eu permaneça em ti. Amém. Sugestão de atividades relativas ao tema Cantar ou ler alguns hinos da Epifania: HPD 1, 38 a 42, observando seu vigor no testemunho e intercessão. Em pequenos grupos, criar um painel usando o simbolismo da estrela e acrescentando uma frase de agradecimento, louvor, confiança. O material de trabalho pode ser diferente para cada grupo: diversos tipos de papel, tecido, plantas, sementes etc. No final, apresentar os painéis contando como foi o processo de criação. Anna Lange Curitiba/PR 126
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Servir e ser feliz Quando falamos em servir, nem sempre o que vem à nossa mente é alegria. Primeiro, porque quem serve, serve a alguém. E em meio à realidade do mundo em que vivemos, cada vez menos encontramos uma pessoa que afirme com sinceridade de coração que prefere servir a ser servido. Segundo, que há um entendimento que a palavra servir está ligada à obrigação, e a verdade é que obrigação e alegria não são sinônimos. Em terceiro lugar, a palavra servir traz a seguinte conotação: tarefa a ser executada ou trabalho, o que geralmente não causa nenhum entusiasmo. No entando, a Bíblia nos traz um significado diferente do cotidiano no que se refere à pessoa que serve, através do ensino do próprio Jesus, quando diz aos seus discípulos: Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de vocês. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente (Mateus 20.26-28). Os discípulos brigavam entre si, procurando estabelecer quem seria o maior entre eles. Jesus jogou-lhes um balde de água fria, ensinando-os através de sua vida prática que maior é aquela pessoa que serve. Desde o batismo somos chamadas por Deus para servi-lo. Esse chamado é pessoal e intransferível. Lembra-se da história de Jonas? Qual o seu chamado? Deus é quem concede dons e talentos para cada qual realizar a sua obra: Foi ele quem “deu dons às pessoas”. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da igreja. Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo (Efésios 4.11-12). É Deus quem nos chama e nos capacita a servi-lo! Cabe a cada uma de nós se colocar à disposição e servir, e servir com alegria. Assim saberemos o que é ser feliz, experimentaremos a arte de ser feliz, como a escritora Cecília Meireles nos relata sobre o ser feliz. Parafraseando-a, trago sua experiência de ser feliz: Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia 127
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morto. Mas todas as manhãs vinha uma mulher com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para a mulher, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, algumas pessoas dizem que essas coisas não existem, outras que só existem diante das minhas janelas, e outras, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim... E ser feliz! Sentir-se feliz! Como mulher! Como OASE! Aprender para servir e ser feliz! É o que cabe a cada uma de nós na caminhada e nas experiências da vida. Como mulheres da OASE, nós servimos a Deus, inclusive o nosso lema é baseado no Salmo 100: Servi ao Senhor com alegria. Assim, devemos nos perguntar: como tem sido o nosso servir? É um serviço desinteressado? Consigo perceber o que existe perante meus olhos e que me faz feliz? O servir é de coração e com alegria? Além de sermos chamadas, motivadas e capacitadas, o salmista quer nos lembrar que o servir ao Senhor deve ser um serviço com alegria. Que o servir não seja um fardo, um servir com lamentações, mas um servir com alegria e boa disposição. E essa alegria é resultado, é sinal da nossa gratidão a Deus, pelo seu agir e transformação em nossas vidas, nos proporcionando a verdadeira alegria de viver. E quando nos sentimos alegres no viver, também servimos com alegria. Quando servimos com alegria, o servir será diferente, transformador para quem serve e para quem é servido. Quando nos colocamos em Serviço com alegria, damos Testemunho de nossa fé e assim trazemos mais pessoas para nossa Comunhão. Irmãs! Que possamos diariamente como mulheres da OASE sentir e vivenciar o Deus que tem Comunhão conosco, o Deus que dá Testemunho de fidelidade, cuidado e bondade infinita para com seu povo na história e o Deus que mostra Serviço a nós, suas filhas e filhos em amor, aceitação e perdão. 128
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Por isso tudo celebremos com júbilo ao Senhor e o sirvamos com alegria em todos os dias da nossa vida. Assim, convido a cada uma a servir ao Senhor com alegria. Enfim, servir e ser feliz! Pª Márcia Helena Hülle Blumenau/SC
NATAL Então é Natal! A canção da Simone, Então é Natal, é conhecida de muita gente. Em muitas celebrações natalinas em família, alguém a executa ao violão e as demais unem suas vozes: Então é Natal, e o que você fez? O ano termina, e nasce outra vez Então é Natal, a festa cristã Do velho e do novo, do amor como um todo Então bom Natal, e um ano novo também Que seja feliz quem souber o que é o bem Então é Natal, pro enfermo e pro são Pro rico e pro pobre, num só coração Então bom Natal, pro branco e pro negro Amarelo e vermelho, pra paz afinal Então bom Natal, e um ano novo também Que seja feliz quem souber o que é o bem [...] Quando 2018 começou com o primeiro dia de janeiro, o horizonte à nossa frente apontava para as férias, o carnaval, o início das aulas, a Páscoa... Lá no começo de 2018 os anseios, as preocupações, os planos de cada pessoa estavam semeados no campo da esperança. Com o desenrolar das semanas e meses, muitos acontecimentos, muitos eventos, muitos episódios foram se sucedendo e fazendo a história das pessoas. Muitos desses eventos motivaram 129
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boas reflexões, boas risadas, mas também alguns deles geraram lágrimas e choro. E quando a gente se deu conta, o Natal estava aí, deixou o horizonte e está presente! Então, gente, é Natal! E agora? Nas semanas que antecedem o Natal é preciso retomar a reflexão sobre tudo que envolve essa festa cristã! Não dá para fazer de conta que não enxergamos os papais-noéis espalhados pelas cidades, não dá para ignorar os apelos para comprar presentes, não dá para tapar os ouvidos às canções natalinas, como o Jingle Bells e outras. Então, o que nos resta neste tempo natalino? Restam-nos muitas tarefas! Algumas delas podem ser: – Dirigir nosso olhar e nossa atenção ao presépio! O pastor Jorge Dietrich de Oliveira lembra-nos que no “primeiro Natal, Deus enviou seu filho único ao mundo. O Salvador nasceu humilde. Jesus pequenino não ficou sempre deitado na manjedoura. Ele se tornou pessoa humana e anunciou: Arrependei-vos e crede no evangelho, o tempo está cumprido – o Reino de Deus está próximo”. Prestar atenção ao presépio é buscar conteúdo e significado para essa representação que colocamos ao pé do pinheirinho. Pixabay
– Buscar no testemunho de Maria e José motivação para servir a Deus em humildade, obediência e amor. Maria e José podem nos ensinar como se relacionar com os desígnios divinos. 130
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– Deixar-se contagiar pela busca de “alguns homens que estudavam as estrelas” e que “vieram do Oriente e chegaram a Jerusalém”, como diz a Bíblia em Mateus 2. O que eles procuravam? Conforme a Bíblia: “Onde está o menino que nasceu para ser o rei dos judeus? Nós vimos a estrela dele no Oriente e viemos adorá-lo”. Eta pergunta difícil pra nós hoje! Onde está Jesus hoje? Alguém arrisca uma resposta? E o propósito desses homens estudiosos: adorar a Jesus! Qual é o nosso propósito ao celebrar o Natal? Encher o estômago com boas comidas? Ou alimentar a alma? Ou fortalecer nosso testemunho cristão na família e na sociedade? Pixabay
– Prestar atenção ao recado dos anjos, relatado pelo evangelista Lucas: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Martim Lutero pede para que prestemos atenção a uma palavrinha desse recado dos anjos: “vos”. E Lutero não deixa por menos quando afirma: “Será que Cristo veio por causa dos gansos, patos ou vacas? Você precisa ver como ele é. Se ele quisesse ajudar a qualquer outra criatura, teria assumido a forma dessa criatura. Mas ele se tornou homem. Pois bem, e quem é você? Quem sou eu? Não somos todos pessoas humanas? É claro que sim. Portanto, quem 131
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deve receber essa criancinha senão as pessoas? Os anjos não precisam dele, e os demônios não o querem. Mas nós precisamos dele, e foi por nossa causa que ele se tornou homem. Por isso é necessário que o recebamos com alegria, como o anjo diz em nosso versículo: “Hoje vos nasceu o Salvador”. O Natal de Jesus é para você, para mim, para as pessoas a quem Deus criou e colocou neste mundo! E se reconhecemos que neste “vos” nós estamos incluídos, então o Natal terá consequências para nossa vida. – Considerar o Natal como oportunidade para retomar a participação na vida da comunidade, a participação em grupos de estudo bíblico, a participação em serviços em favor das pessoas empobrecidas. Natal não pode se resumir a um lindo encontro familiar, a uma saborosa ceia natalina ou a uma alegria a cada presente recebido ou dado! Natal é tempo para rever como vivemos no ano que passou; para avaliar nosso testemunho cristão em família e no lugar onde vivemos e trabalhamos. É maravilhoso que de novo é Natal! Para concluir, a oração elaborada por Rodolfo Gaede Neto e Erli Manske: Ó Deus, tu que nos surpreendes com tua vinda ao mundo na criança da manjedoura, dá-nos o dom de Maria, que olha os fatos com sabedoria, que enxerga além do aparente e percebe que tu ages nas coisas que para nós parecem contraditórias. Vem a nós neste dia de Natal e dá que por meio da tua Palavra possamos enxergar além da nossa própria realidade. Por Jesus, teu Filho, que viveu e experimentou a nossa humanidade e que, contigo e o Espírito Santo, vive e reina de eternidade a eternidade. Amém. P. João Artur Müller da Silva São Leopoldo/RS
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Celebração de Natal em família Acessórios: Bíblia e três velas sobre uma mesa de centro. As velas serão acesas em três momentos. Os hinos desta celebração podem ser cantados ou recitados, se a melodia não for conhecida. (Acender a primeira vela.) Dirigente: Deus em sua infinita bondade tornou-se gente no seio de Maria e conheceu e compreendeu a fraqueza humana... Nós lhe pedimos: Todos: O Filho de Deus, Rei da Paz, ó Luz nas trevas, faze de nós uma só família. Transforma nossa vida, para conhecer-te em cada pessoa; ilumina os nossos passos para trilhar os caminhos da paz. Tu que és um com o Pai, no Espírito Santo, amém. Hino: HPD 2, 312 – Natal é vida que nasce. Natal é vida que vem! Nós somos o seu presépio e a nossa casa é Belém! 1 – “O anjo disse aos pastores. Hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor”. 2 – Ó Senhor, Deus Conosco, que visitas o mundo manifestando a tua misericórdia, enche as nossas vidas de esperança e luz, de amor e paz! Abre o nosso caminho para celebrar a tua chegada. Vem mais uma vez, com a graça de teu Santo Espírito... Vem iluminar a nossa escuridão; vem salvar quem está perdido; vem criar um mundo novo. Vem acender em nós o desejo e a busca por vida em comunhão! Hino: HPD 2, 312 – Natal é vida que nasce. Natal é vida que vem! Nós somos o seu presépio e a nossa casa é Belém! Dirigente: (Oração de Natal) Querido e amado Deus, nós nos reunimos nesta noite de Natal. Deixamos para trás a correria deste fim de ano. E estamos aqui como família para celebrar juntos a festa da tua vinda. Faze com que este tempo, estas palavras, estas reflexões e estas músicas nos aproximem de ti. Abre o coração de cada um de nós para receber-te, nosso Salvador. Sê conosco, Senhor, aqui e abençoa-nos. Amém! (Acender a segunda vela.) 1 – O profeta Isaías diz: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9.2a). Que luz dessa luz temos encontrado em nossos caminhos neste ano? (Partilhar.) 2 – Maria deu à luz um menino. E esse é Emanuel, que quer dizer, “Deus conosco”.
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Hino: HPD 1, 17 – Ó vinde fiéis, vinde alegres triunfantes. Ó vinde conosco, vinde a Belém. Vede a criança, vede o Deus Menino! Ó vinde e adoremos. Ó vinde e adoremos o nosso Rei. Dirigente: Leitura bíblica: Lucas 2.8-20. Litania: 1 – Num mundo já sem esperança, desceste, viveste e vives entre nós. Natal com sonhos! Seja assim para sempre! 2 – Em meio a nossos medos e temores, vens como luz que brilha e ilumina. Natal com luz! Seja assim para sempre! 1 – Vieste a nós de forma humilde, numa estrebaria, junto aos animais e ao calor de uma família tão simples. Natal com afeto e calor humano! Seja assim para sempre! 2 – Encheste o coração de todos com amor e esperança. Natal com vida, esperança e paz! Seja assim para sempre! Hino: HPD 1, 31 – Quero ir com os pastores e render a Deus louvores pelo seu imenso amor, por dar o Salvador. Jesus Cristo, minha vida seja só a ti rendida. Vem, ó vem em mim morar, minha vida iluminar! (Acender a terceira vela.) Dirigente – (Oração de esperança) Assim como atrás das nuvens surge o sol da manhã e a luz começa a iluminar o novo dia que se levanta, resplandeceu para nós a luz da salvação. Pois a vida que estava no Pai manifestou-se. Apareceu aos nossos olhos o Senhor, cheio de compaixão e misericórdia. 1 – Por isso te pedimos, ó Pai, que o Salvador, como o sol, se levante a cada dia em nossa vida, em nossa família, como esplêndida aurora, colorindo mais os nossos dias com esperança, confiança, amor e comunhão. Que a paz se faça presente: no fim das guerras, na ausência de violência, na paz e união em família e na coragem do destemor. 2 – Que a partilha solidária nos fortaleça na busca de um mundo alegre e manso, justo e pacífico, que já inicia aqui e agora. Que nossas orações, mentes e corpos se fortifiquem na fé de um novo ano carregado de esperança e banhado pela brisa mansa do sopro de teu Santo Espírito. Isso nós te pedimos, ó Deus Menino, nosso Senhor e Salvador, ao orarmos com as palavras que ensinaste. Todos: Pai nosso... Amém. Bênção Todos: Que o amor de Deus, Salvador do mundo – tornado gente neste menino que nos nasceu – se faça de novo presente e molde as nossas vidas pela sua proximidade e presença. Que o nosso mundo se torne verdadeiramente seu 134
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reino. E que a nossa vida seja plena de alegria. Porque “um menino vos nasceu, um filho se nos deu” e “o mundo tornou a começar”. Nessa certeza e nessa esperança, abençoa-nos Emanuel – Deus conosco. Amém! Hino: HPD 1, 13 – Noite feliz, noite feliz! O Senhor, Deus de amor, pobre e humilde nasceu em Belém. No presépio, Jesus, nosso bem, dorme em paz celestial, dorme em paz celestial. Noite feliz, noite feliz! Ó Jesus, Deus da luz. Quão afável é teu coração, que quiseste nascer nosso irmão, e a nós todos salvar, e a nos todos salvar. Noite feliz, noite feliz! Eis que no ar vêm cantar aos pastores os anjos dos céus, anunciando a chegada de Deus, de Jesus Salvador, de Jesus Salvador. Fonte: Literatura Evangelística da IECLB, Blumenau/SC.
Gincana de Natal Esta gincana de Natal consiste na realização de tarefas solidárias. Pode ser organizada em paróquias, comunidades, grupos de amigos, empresas, famílias, escolas etc. As tarefas podem ser distribuídas por sorteio a uma pessoa ou a um grupo, dependendo do número de participantes. A gincana tem por objetivo desenvolver o espírito de equipe e a comunicação e estimular o surgimento de novos líderes. Sugestões de tarefas: ♦ Fazer três visitas a pessoas carentes neste Natal. ♦ Adotar uma pessoa idosa por um dia. ♦ Organizar um amigo secreto em seu grupo. ♦ Confeccionar 12 cartões de Natal e enviá-los a pessoas esquecidas pela sociedade. ♦ Organizar um mutirão e decorar o ambiente com símbolos natalinos. 135
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♦ Escrever uma poesia sobre o Natal. ♦ Fazer uma coleta de alimentos e levá-los a uma creche ou um asilo. ♦ Montar uma peça teatral com as canções natalinas. ♦ Entrar no espírito natalino e escrever no vidro do seu carro: “Tenha um feliz Natal”. ♦ Distribuir refeições para moradores de rua. ♦ Fazer um gorro de Papai Noel e alegrar as crianças. ♦ Convidar uma pessoa solitária para passar o Natal com sua família. ♦ Oferecer alimentos a uma família necessitada. ♦ Deixar uma cadeira para Jesus em sua ceia familiar, pois ele é o aniversariante! Fonte: Artes, histórias e mitos do Natal. São Paulo: Paulinas. p. 59.
Sacolinha de presente Materiais: * Embalagem de leite longa vida * Papel de seda colorido * Tesoura * Cola * Barbante grosso ou sisal
Confecção: 1. Cortar a caixa de leite pela metade. 2. Cobri-la com papel de seda amassado. 3. Colar o papel sobre a embalagem e colocar a alça de barbante.
Fonte: Artes, histórias e mitos do Natal. São Paulo: Paulinas. p. 25.
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