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Pandemia no tempo de Lutero

Novamente o “Strohsack” foi colocado na caçamba e a mãe com os dois meninos deitados nele. Após uma hora e meia de solavancos e balanços, a caçamba parou diante da maternidade de Florianópolis. Lá, com ajuda especializada, nasceu o terceiro menino. Após poucos dias, mãe e filhos voltaram para casa e todos passavam bem. Em meu longo pastorado, batizei muitas centenas de crianças, mas o mais marcante foi o de Leonídeo, Dilson e Nilton Scheimann.

P.S.: Há mais ou menos um ano e meio, recebi a foto da página anterior com um bilhete: “Um abraço de nós três. O senhor nos batizou. Gostaríamos de encontrá-lo novamente”.

P. em. Nelso Weingärtner Timbó/SC

PANDEMIA NO TEMPO DE LUTERO

Arquivo pessoal

Experimentamos em 2020 a pandemia da Covid-19. Mas essa pandemia não foi a primeira nem a única a causar tanto sofrimento na humanidade. No tempo de vida de Martim Lutero, na Alemanha, por diversas vezes, a peste negra se manifestou. Em 1505, 1527, 1535 e 1538-39, em algumas regiões da Alemanha, principalmente na cidade de Wittenberg, que era uma região úmida e de pouco saneamento básico. A universidade de Wittenberg era para ser transferida e quem pudesse que fosse para lugares mais seguros. No entanto, Lutero e o pastor Bugenhagen decidiram permanecer na cidade. Lutero acolheu muitos doentes em sua casa no antigo e enorme mosteiro agostiniano, transformando sua moradia num hospital. Ele próprio, não pela peste negra, esteve bastante debilitado e doente fisicamente, além de mergulhado numa profunda depressão. Pessoas abandonadas e necessitadas recebiam apoio e toda ajuda. Alguns doentes faleceram e outros se recuperaram.

Helga Schünemann Coordenadora editorial do Roteiro da OASE

Muitas discussões aconteciam entre Lutero, pastores e professores. Qual seria a correta vivência da fé em meio à pandemia? Para uns, fugir seria uma falta de fé. Outros eram da opinião de que se poderia fugir, se a pessoa não ocupasse nenhum cargo específico na saúde, educação e cargo público. Alguns pastores deveriam permanecer para dar atendimento espiritual às pessoas doentes e confortar as enlutadas. Lutero prega que o amor cristão nos obriga a ajudar o próximo em todas as suas necessidades. Continua dizendo que a peste, ou a punição de Deus, não veio apenas como punição pelos nossos pecados, mas também para testar nossa fé e nosso amor. Ajudar o próximo é muito agradável aos olhos do nosso bom Deus. Felizes são aqueles que ajudam os pobres, pois o Senhor Deus os ajudará quando estiverem em dificuldades! O Senhor os protegerá, guardará a vida deles e lhes dará felicidade na Terra Prometida. Ele não os abandonará nas garras dos inimigos. Quando estiverem doentes, de cama, o Senhor os ajudará e lhes dará saúde novamente (Salmo 41.1-3). Os conselhos e as recomendações de Lutero foram muito válidos naquela época e ainda o são para os nossos dias.

O conselho pastoral de Martim Lutero durante a peste negra

“Pedirei a Deus para, misericordiosamente, proteger-nos. Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar, a administrar remédios e a tomá-los. Evitarei lugares e pessoas onde minha presença não é necessária para ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência. Se Deus quiser me levar, ele certamente me levará e eu terei feito o que ele esperava de mim e, portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou pela morte de outros. Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima.

Veja que esta é uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus”.

O que aprendemos

Assim como a peste negra no tempo de Lutero e também a contemporânea Covid-19, muitas outras pandemias já passaram pelo mundo, sendo uma das piores a Gripe Espanhola em 1918-1920. Tempos de pandemia são testes de nossa fé em Deus e nosso amor ao próximo. Vivemos num tempo em que o ser humano é individualista por demais, não se preocupando com aquela pessoa que está a seu lado. Precisamos ensinar que ninguém vive para si só, mas que vivemos em grupos, nos quais cada pessoa tem sua função de bem comum consigo mesmo e com o outro que está a seu lado. É preciso aprender a construir, reconstruir relacionamentos baseados em princípios de amor, confiança e sensibilidade. A grande lição da pandemia é a solidariedade e o humanismo em sua total abrangência. Amarás a teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22.39).

Helga Schünemann Panambi/RS

Oração: Tu, ó Deus de amor, conheces o sofrimento humano, de homens, mulheres e crianças. Tu permaneces a seu lado e ao meu lado quando ninguém nos apoia. Tu não esqueces as pessoas nem de mim, e me buscas onde quer que eu me encontre. Tu desejas que eu te reconheça em meus irmãos e minhas irmãs e em cada ser humano. Assim, te encontrando, eu me volto a ti e aprendo a te amar. Ouço o teu chamado em cada grito, em cada dor compartilhada, na tristeza, na angústia e no dano alheio. E assim aprendo a te seguir: no dia bom e no dia ruim. Ajuda-me! Ajuda-nos! Tem piedade de nós! Em Jesus, na unidade do Espírito Santo! Amém. (Dietrich Bonhoeffer. Adaptada por Roberto E. Zwetsch. Extraída de: www. luteranos.com.br)

Arquivo OASE

Grupo de OASE de Brusque/SC

F E V E R E I R O

Datas importantes

04 – 1906 – *Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+09/04/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 16 – 1487 – *Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+19/04/1560) 17 – Quarta-Feira de Cinzas 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica (ADL), Serra Pelada/ES 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos distritos e das regiões, criação dos sínodos

Se vocês não querem ser servos do Senhor, decidam hoje a quem vão servir. Resolvam se vão servir os deuses que os seus antepassados adoravam na terra da Mesopotâmia ou os deuses dos amorreus, na terra de quem vocês estão morando agora.

Porém eu e a minha família serviremos a Deus, o Senhor.

Josué 24.15

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