Saber Viver - Roteiro da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) 2023

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© Editora Sinodal, 2022 Rua Amadeo Rossi, 467 93030-220 São Leopoldo/RS Tel.: (51) 3037 2366 www.editorasinodal.com.br editora@editorasinodal.com.br Elaborado pela Associação Nacional dos Grupos de OASE da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) Diretoria Nacional: Elfi Roedel (Presidente) Noeli Maria Dunck Dalosto (Vice-Presidente) Nélvi Werhäuser Herpich (Secretária) Liani Plegge (Vice-Secretária) Clarisse May (Tesoureira) Nelci Person (Vice-Tesoureira) Assessoria teológica: Pa. Márcia Helena Hülle e Pa. Gabrielly Allende Ramlow Conselho redatorial: Edeltraud F. Nering, Olga Kappel Roque, Leda Müller Witter Coordenação editorial: Helga Schünemann Contato: helgaschunemann@yahoo.com.br Produção editorial e gráfica: Editora Sinodal Capa: Joice Elisa de Oliveira Imagem da capa: Freepik ISSN 21755515

As citações bíblicas são conforme a versão Nova Almeida Atualizada – NAA, versão adotada pela IECLB. Quando a citação for excepcionalmente de outra versão, isso será informado dentro do texto. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da editora.

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Índice Apresentação – Elfi Roedel...........................................................................................5 Palavra da Presidência da IECLB – Pastora Sílvia Beatrice Genz...............................7 JANEIRO Somos parte da criação de Deus (Gênesis 1.31).........................................................12 SABER VIVER em abundância.................................................................................14 Mulheres imigrantes do século 19..............................................................................17 Bênção (da Venezuela)................................................................................................20 FEVEREIRO Motivos de riso (Gênesis 21.6)...................................................................................22 SABER VIVER como mulher diante do inesperado..................................................24 Casamentos “por razão” ou conveniência (Vernunftheirat)........................................27 Bênção do Deus de amor............................................................................................33 MARÇO Quem nos separará do amor de Cristo? (Romanos 8.35)............................................35 SABER VIVER em família........................................................................................38 OASE e a Educação Cristã Contínua..........................................................................40 Fé, vocação e resiliência.............................................................................................42 Bolo bíblico.................................................................................................................43 ABRIL Viver e morrer para o Senhor (Romanos 14.9)...........................................................45 Sociedade do cansaço: como SABER VIVER sem adoecer......................................47 Jogral: A Páscoa e seus símbolos de vida...................................................................50 Páscoa: dia das surpresas e das decepções..................................................................52 MAIO Fazer o bem (Provérbios 3.27)....................................................................................55 SABER VIVER uma vida mais simples.....................................................................57 Esperançar e semear sinais do Reino de Deus............................................................61 Dia das Mães: A mãe que a gente sente......................................................................64 Mãe é quem fica (Cora Coralina)................................................................................65 JUNHO Orvalho do céu (Genesis 27.28)..................................................................................67 SABER VIVER para permanecer...............................................................................69 Mulheres no ministério – 40 anos de ordenação na IECLB.......................................71 Uma bênção para três irmãos......................................................................................75

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JULHO Acredite no poder da oração (Mateus 5.44-45)..........................................................77 SABER VIVER na fase madura.................................................................................78 A mochila e as pedras.................................................................................................81 O avental da avô..........................................................................................................82 Amizade Sincera.........................................................................................................83 AGOSTO Tu tens sido o meu auxílio (Salmo 63.8)....................................................................85 SABER VIVER com as mídias sociais.......................................................................87 Para que viver se vou morrer?....................................................................................89 Dia dos Pais................................................................................................................91 SETEMBRO Quem dizem que eu sou? (Mateus 16.15)...................................................................94 SABER VIVER com sustentabilidade: Projeto Lixão Zero.......................................96 Iris Butzke: uma vida dedicada ao servir....................................................................99 Em busca de serenidade............................................................................................101 Bênção em todos os tempos da vida.........................................................................103 OUTUBRO Praticantes da palavra (Tiago 1.22)...........................................................................105 SABER VIVER consigo mesma...............................................................................107 Um olhar sobre o Projeto Alegria e Esperança – 30 anos.........................................110 Amor-próprio: Vacina contra o sofrimento mental...................................................114 Dia da Reforma: Escritura, graça, fé e Cristo...........................................................115 NOVEMBRO A grandiosidade de Deus (Jó 9.8-9)..........................................................................118 SABER VIVER na diversidade................................................................................120 Minha história como mulher empreendedora...........................................................123 Oração para o Dia de Finados...................................................................................125 DEZEMBRO Os meus olhos já viram a tua salvação (Lucas 2.30-31)...........................................127 SABER VIVER as diferentes fases da vida..............................................................128 Isto é Natal................................................................................................................132 Pessoas são presentes: jogral com caixas..................................................................133 Acróstico – SABER VIVER.....................................................................................135 Oração de fim de ano................................................................................................136

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Apresentação SABER VIVER!

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Arquivo pessoal

minha primeira leitura de Roteiro da OASE foi em 1996, com o título “Guiado pelo Espírito de Deus”. Naquele ano, o Roteiro completava 32 anos, e desde então nunca mais parei de adquirir meu Roteiro, com a meditação mensal, muitas motivações e assuntos diversificados e envolventes. Neste ano de 2023, o Roteiro da OASE chega à edição de número 69, enfocando o tema Saber viver. Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há nada que os faça tropeçar (Salmo 119.165). No ano de 2021, jamais poderia imagiElfi Roedel nar, em plena pandemia do coronavírus, Covid-19, fui eleita, juntamente com outras mulheres, para coordenar a Associação Nacional da OASE, da qual estou presidente, com uma excelente diretoria e orientadoras teológicas. Temos sonhos, estamos traçando metas e estabelecendo prioridades. Saber viver, pós-pandemia e com um novo caminho, é fazer ajustes de forma adequada, recomeçando, semeando e abraçando o novo, acolhendo as mudanças. O antes ficou para trás, o mundo caminha rápido para novos desafios. Precisamos reagir de forma diferente às mudanças que agora se impõem, que podem trazer bons novos hábitos. Saber viver é lutar, explorar, permitir que o nosso cérebro amplie a capacidade de ver o mundo como ele é, e não como a gente quer que ele seja. Lembro a letra da canção de Edson Ponick: “Cada dia o dia inteiro” (Livro de Canto da IECLB 640): “As pessoas hoje correm atrás do tempo e do dinheiro, se esquecem de viver cada dia o dia inteiro [...] Passarinhos cantam, voam sem preocupação [...] Quem acolhe os passarinhos e lhes dá água e comida? [...] E se Deus cuida das plantas, e pras aves dá o ninho, cuidará também da gente, com amor e carinho! Amparados dessa forma, Deus espera que a gente faça o mundo mais bonito, mais humano, mais contente”.

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Saber viver é caminhar juntos espalhando a semente da esperança e da paz. Assim não deixaremos sós, nem ficaremos sós; caminharemos com esperança; amaremos com simplicidade; abriremos a janela da vida e sentiremos alegria de viver. Ser feliz é uma consequência de saber viver com sabedoria, discernimento e perseverança. Queridas mulheres da OASE, sigamos da melhor forma com nosso jeito especial de ser OASE, praticando a diaconia, com um olhar amoroso às pessoas próximas, que elas tenham a alegria em seu coração para saber viver com muita emoção, com muita solidariedade, lealdade e simplicidade, crendo na palavra de Deus, que é seu guia na prática do amor e da paz. A todas as leitoras e aos leitores desejo que o Roteiro da OASE possa ser uma ferramenta de auxílio para saber viver! Aos grupos de OASE de todo o Brasil que divulgam o Roteiro da OASE, ao conselho redatorial, à coordenação editorial, às colaboradoras e aos colaboradores, que gentilmente dedicaram seu tempo a esse tema desafiador de saber viver, muitos agradecimentos. Uma boa leitura! Elfi Roedel Presidente da Associação Nacional da OASE Santa Cruz do Sul/RS

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Palavra da presidência da IECLB AMAR A DEUS E AS PESSOAS

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eus criou o ser humano à sua imagem. E Deus o abençoou! Como é bom ouvir sempre de novo que a vida é dádiva de Deus, é um presente! Saber viver a vida é conhecer o amor de Jesus por nós. Ele deu a sua vida para vivermos para a justiça. 1 Pedro 2.24 diz: Carregando ele mesmo (Jesus), em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados. Saber-se pessoa amada nos faz perceber que a nossa fé em Jesus não nos torna perfeitas, mas eternamente carentes da graça de Deus. Queridas irmãs da OASE, queridos irmãos, hoje estamos vivos e podemos confessar que Deus foi nosso refúgio, nos acompanhou e ensinou a viver em meio às restrições e ameaças do coronavírus. Vivemos um tempo de reclusão e afastamento social e aprendemos a perceber a presença e o amor de Deus. Como conseguimos enfrentar essas mudanças? Nesses tempos de mudanças, de onde veio a força? Podemos dizer: Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem e tu formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Tu reduzes o ser humano ao pó e dizes: “Voltem ao pó, filhos dos homens. Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi” (Salmo 90.1-4). O Roteiro da OASE é mensagem presente na vida das pessoas que coordenam encontros e participam das reuniões. Agradeço ao conselho e à coordenação redatorial pela dedicação para que a Palavra de Deus se faça presente nas reuniões da OASE. O Roteiro da OASE para 2023 fala sobre SABER VIVER. Tema muito importante para pessoas cristãs da IECLB e participantes da OASE. Vamos olhar o que Jesus fala sobre o mandamento do amor, o centro da fé e da vida cristã. No ano de 2022, percebemos que refletir a respeito do que significa “amar a Deus e as pessoas” nos fortaleceu e continua a nos unir no amor mútuo tão necessário, principalmente em tempos difíceis. Vamos ler o texto bíblico, em que Jesus fala do grande mandamento do amor, Mateus 22.34-40: Entretanto, os fariseus, sabendo que Jesus havia silenciado os saduceus, reuniram-se em conselho. E um deles, intérprete da Lei, querendo pôr Jesus à prova, perguntou-lhe: Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Jesus respondeu: Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua

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alma e de todo o seu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Ame o seu próximo como você ama a si mesmo. O amor a Deus deve ser de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força. Jesus reafirma o que podemos ler em Deuteronômio 6.4-5 e Levítico 19.18b como resumo de toda a lei do Antigo Testamento. Amar a Deus é dispor-se a seguir os dez mandamentos. Por isso Martim Lutero elaborou o Catecismo Menor, para ser ensinado na família, para se transformar em vivência prática e concreta no dia a dia da vida das pessoas. Falando em mandamentos, você ainda lembra o que dizem? Podemos ler em Êxodo 20 ou no Catecismo Menor com as explicações. Os mandamentos são Palavra de Deus, desejo e vontade que os seres humanos vivam de acordo com eles para o seu bem viver. Deus nos ama, quer o melhor e, assim, para uma vida boa, devemos amar a Deus e as pessoas. Amar a Deus é um convite para nossa felicidade! Quem conhece e fala do amor de Deus não pode agir em contrário à sua vontade. Deus se fez gente e veio morar em nosso meio, nasceu na estrebaria, em pobreza, desprezo e perseguição. Jesus não foi bem-vindo para muitos. Mas a verdade é que Jesus é Deus conosco, que viveu na prática o caminho do amor e por amor a nós morreu. Ninguém tem amor maior do que este: de alguém dar a vida pelos seus amigos. Vocês são meus amigos se fazem o que eu lhes ordeno (João 15.13-14). Amar a Deus e as pessoas! Como pessoas batizadas, somos filhos e filhas de Deus. Em Gálatas 3.27, lemos: Todos vocês que foram batizados em Cristo, de Cristo se revestiram. Pelo batismo Deus nos chama à fé. A fé não pode nos calar frente ao sofrimento ao nosso redor. Deus se fez carne em Cristo e veio morar em nosso meio praticando o caminho de vida, que é ensinamento para quem o segue. Não podemos nos calar frente à violência sofrida por pessoas idosas, mulheres, homens, crianças, pessoas negras, pessoas indígenas… Não podemos concordar que vidas criadas por Deus sofram porque não são como “EU” sou. Vamos nos unir e pedir pelo fim de qualquer tipo de violência em nossa sociedade, especialmente contra as pessoas mais fracas. Vamos orar pelas pessoas em sofrimento. Deus nos dá fé e nos orienta a fazer o bem para a outra pessoa e, assim, para nós. Essa é uma luta diária. Jesus apontou para os pecados, mas anuncia 8

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a remissão e dá a sua vida por amor às pessoas. Reconhecer, arrepender-se e deixar Deus transformar nossa vida para amar a nossa próxima e nosso próximo é ação cristã. Jesus, ensina a amar! Jesus diz: Amem uns aos outros, assim como eu os amei (João 15.12). Pela fé, estamos sob o poder amoroso de Deus que, em Cristo, veio para nos salvar. Jesus diz: Ninguém tem amor maior do que este: de alguém dar a própria vida pelos seus amigos (João 15.13). Percebemos amor entre nós? A pandemia da Covid-19 nos ensinou a praticar solidariedade. Aconteceram muitas ações diaconais, gestos de amor para com as outras pessoas. Sabemos que comunidades continuam com campanhas e doações de cestas básicas, nossas instituições diaconais agiram de forma amorosa, alcançando pão a quem tem fome. Convido vocês para dialogarem sobre como nos ajudamos e apoiamos irmãos e irmãs em sofrimento e o quanto fomos além do nosso círculo para prestar ajuda, solidariedade, diaconia… sob a ordem de Jesus: Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram (Mateus 25.40). O que mais podemos fazer? Nosso olhar e agir amoroso para com a outra pessoa, aprendemos de Jesus. Somos diferentes, mas em nossas diferenças podemos servir mais e podemos fazer brotar o diálogo, tendo em vista a transformação da vida, minha e a vida das outras pessoas. Vamos conversar e buscar mais espaço para o diálogo, mesmo com quem pensa diferente, participar dos estudos bíblicos, falar da realidade que nos cerca e conhecer a realidade de vida das outras pessoas. Vamos ouvir e dialogar com as pessoas jovens, estudantes, pessoas idosas, todas as pessoas. Que o Reino prometido por Deus inaugurando o novo tempo em Cristo (Lucas 4.18-20) possa ser uma pequena prova do que Deus quer para nossa eternidade. Não amemos de palavra, nem da boca para fora, mas de fato e de verdade (1 João 3.18).

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Percebemos amor! Durante a pandemia de Covid-19, enfrentamos muito sofrimento e percebemos muita amorosidade e solidariedade. Ouvimos relatos de ações diaconais, gestos de amor para com as outras pessoas. A OASE enfrentou as muitas mudanças e continua firme em “Comunhão, Testemunho e Serviço”. Como conseguimos? Deus transforma nossas vidas e nos acompanha a cada instante. O profeta Jeremias, no capítulo 18, fala que somos qual barro na mão de Deus. Palavra que foi dita a Jeremias da parte do Senhor: – Levante-se e desça até a casa do oleiro, e lá você ouvirá as minhas palavras. Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava trabalhando sobre a roda. Como o vaso que o oleiro fazia de barro se estragou nas suas mãos, ele tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. Então a palavra do Senhor veio a mim, dizendo: – Casa de Israel, será que não posso fazer com vocês como fez esse oleiro? – diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim são vocês na minha mão, ó casa de Israel (Jeremias 18.1-6). Podemos continuar a servir e viver no amor. Vamos brincar com o barro e imaginar como Deus trabalha em nós. Como nós estamos na mão de Deus. (A pessoa que coordena a reunião pode providenciar argila, toalhas para desenvolver a dinâmica com a argila.) Somos pessoas acompanhadas e transformadas pelo amor de Deus. Nas tuas mãos estão os meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores (Salmo 31.15). Eu quero ser, Senhor amado, Como um vaso nas mãos do oleiro. Quebra a minha vida E faze-a de novo. Eu quero ser, eu quero ser, Um vaso novo. (Livro de Canto da IECLB 33) Sílvia Beatrice Genz Pastora Presidente da IECLB Porto Alegre/RS 10

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Arquivo OASE

Encontro da Diretoria da OASE Nacional, presidentes, secretárias e tesoureiras das diretorias sinodais, conselho fiscal (titulares) da Associação Nacional dos Grupos da OASE, e equipe editorial do Roteiro da OASE, junho de 2022, São Leopoldo/RS

JA N E I R O

Lema do mês: Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Gênesis 1.31

DATAS IMPORTANTES 01 – Ano-Novo 1899 – Aprovada a proposta da organização de mulheres (Frauenhilfe), em Berlim, na Alemanha, sob a liderança da Imperatriz Auguste Vitória 03 – 1521 – Lutero é excomungado pelo papa 06 – Epifania 07 – 1890 – Decretada a liberdade religiosa no Brasil 13 – 1635 – * Philip Jacob Spener, fundador do Pietismo (+ 05/02/1705) 14 – 1875 – * Albert Schweitzer – teólogo, médico, filósofo, missionário, Prêmio Nobel da Paz (+ 04/09/1965) 16 – 1 910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em Hamburgo Velho/RS 17 – 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg, Alemanha 29 – 1499 – * Katharina von Bora, esposa de Lutero (+ 20/12/1552)

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Meditação SOMOS PARTE DA CRIAÇÃO DE DEUS

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om a graça, a paz e o amor de Deus iniciamos o ano de 2023. Que este novo ano seja repleto do amor de Deus. Iniciamos este encontro da OASE tendo a certeza da presença do Trino Deus entre nós. Amém. Queridas irmãs na fé, vocês conseguem perceber e reconhecer o amor de Deus no dia a dia? (Deixar um tempo para falar.) Vocês conseguem ver, sentir, cheirar e ouvir a boa e bela criação de Deus?

Arquivo pessoal

Brincadeira: Convidar uma amiga voluntária para vendar os olhos. De olhos vendados, entregar a essa pessoa elementos da natureza: temperos, chás, folhas com texturas diferentes, flores etc., para que ela Pastora Camila Lais Karsten possa adivinhar o que é. Fazer com mais amigas, dando sempre dicas para facilitar. Tudo aquilo que aqui podemos ver e tocar é criação das boas e belas mãos do nosso Criador. O lema do mês de janeiro nos diz: Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom (Gênesis 1.31). Deus criou o céu e a terra, as árvores, os animais que voam e os que rastejam, as cores, os alimentos, e criou a nós à sua imagem e semelhança. Enquanto criava cada parte da sua bela criação, ele dizia que era bom. E quando tudo estava no seu devido lugar e serventia, olhou para tudo e viu que era muito bom! Ao olharmos ao nosso redor, podemos perceber que as coisas não estão como eram no princípio, o mundo evoluiu. Lá da nossa origem até os dias de hoje, muitas coisas mudaram (nossas casas, os remédios, a tecnologia etc.). E tudo isso graças a Deus! De onde vocês acham que vem a capacidade do ser humano de criar e desenvolver?

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JANEIRO

Deus, em sua infinita bondade, nos criou e nos dá tudo aquilo de que necessitamos para viver, tudo isso porque ele nos ama. E por causa desse amor de Deus, nós amamos e cuidamos de todas as pessoas e de toda a sua criação. A bela e linda história da criação nos apresenta um Deus poderoso, amoroso, cuidadoso e criativo. Ele está na origem de tudo. A criação não é nossa, mas nós somos parte dela. É muito bom ser cuidada, mas, melhor ainda, é ter condições de cuidar. Deus nos ama e nos escolheu para que vivamos bem e cuidemos com amor do que ele criou. Tenhamos fé de que nosso mundo pode ser melhor, basta querer e fazer a diferença, pois essa é a vontade de Deus. Momento de conversa: Estamos sabendo cuidar de toda a criação de Deus? Estamos sabendo viver no mundo que Deus criou? Estamos nos cuidando? Dinâmica: Carta de eu para mim: Entregar a cada participante uma folha e um envelope. Pedir que cada uma escreva na folha o que deseja ser e realizar no decorrer deste ano. Coisas simples do dia a dia, no trabalho, em casa, com a família, com o grupo de OASE, consigo mesma... Pedir que sejam sinceras, pois cada uma vai ler somente a sua. É uma carta de você para você mesma! (Deixar um tempo breve para isso, 5 min.) Colocar a folha escrita dentro do envelope e colar com cola, colocar todas as cartas numa caixa e guardar essa caixa em um lugar seguro, pode ser no armário da OASE, ou eleger alguém do grupo para guardar. No último encontro do ano, devolver as cartas para cada uma. Oração: Deus de bondade. Graças lhe rendemos por tudo aquilo temos e somos. Agradecemos por toda a tua bela criação, pelos alimentos, pela nossa família, por nossa saúde. Gratidão por teu amor. Faze com que nós possamos amar as pessoas próximas como a nós mesmas. Envia teu Santo Espírito para nos dar ânimo e sabedoria para podermos cuidar e ser cuidadas. Por Cristo Jesus, oramos. Amém. Bênção: Que a bênção do Deus todo-poderoso venha sobre vocês e permaneça com vocês hoje e sempre. Que os exemplos de Cristo Jesus estejam vivos e presentes no coração de vocês. E que o Espírito Santo derrame sobre vocês a vontade de querer amar, viver e fazer o bem a toda criação. Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. Pastora Camila Lais Karsten Primavera do Leste/MT 13

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SABER VIVER EM ABUNDÂNCIA Não foi o tempo todo que eu soube viver. Também acredito que pela frente virão tempos em que não saberei viver. Mas, olhando minha vida para trás, percebo que soube viver quando fui guiada no meu caminho, quando fui amparada no meu viver. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância, disse Jesus (João 10.10). Essas palavras nos colocam de frente com o que Deus espera de nós e quer nos proporcionar: vida em abundância. Nada menos. Vocês podem me perguntar: mas como, pastora, viver em abundância se há guerra, doença, fome, violência, abandono? A resposta é simples: mesmo em meio a tudo isso, Deus, por ser abundante em misericórdia e bondade, deseja que tenhamos uma vida com alegria genuína, de contentamento e ação solidária, para modificar essas realidades desumanas. Você vai conseguir ser alegre se agir em favor de outras pessoas. Demorei a compreender que “saber viver” em abundância exige esforço da minha parte e é, ao mesmo tempo, presente de Deus, é graça. Todas as pessoas enfrentam dificuldades na vida. Eu também, só que com o acréscimo de uma deficiência. Tive paralisia infantil quando eu era um bebê de seis meses. O amor e o apoio da minha família, mãe, pai, irmã, avós, tios, primos, amigos de meus pais e professoras (mais tarde), me conduziram e por isso nunca imaginei que eu não “daria certo”, que eu seria menos que as outras crianças. Diferente sim, mas não com menos valor. Sofri e sofro ainda muito preconceito. Infelizmente neste mundo, com raras exceções, quando chego num lugar, as pessoas veem, primeiro, minha deficiência e depois começam a me perceber como pessoa. Precisei fazer muito esforço para viver. Experimentei exclusão e preconceito que me fizeram chorar, ter vontade de desistir de tudo. Mas sempre alguém me socorreu, me abraçou, me disse de uma forma ou outra: “Você não é só pernas”. Sou pastora aposentada, sempre trabalhei na área do aconselhamento pastoral. Temos uma filha de trinta anos, neurocientista, que através de suas pesquisas também quer diminuir a dor do mundo. Faço assessorias para 14

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a IECLB, trabalhando com ministras e ministros, tanto os recém-formados quanto com os que estão há muitos anos no ministério. Também trabalho com estudantes de Teologia dos três centros de formação da nossa igreja. É uma honra e um privilégio conviver com essas pessoas, falando sobre o cuidado e cultivo da nossa espiritualidade. Acredito que “saber viver” em abundância se aprende vivendo, se aprende experimentando. Saber viver também exige atitudes a serem tomadas ao longo da vida. Gostaria de compartilhar algumas atitudes que me auxiliam a viver na abundância da graça de Deus: Nunca ignorar minhas emoções: emoções escondidas ou não acolhidas se acumulam e nos adoecem; não desaparecem. É um grande erro achar que não tocar num assunto vai fazer o problema desaparecer ou diminuir as emoções ligadas a ele. É preciso falar sobre o que sentimos. Temos que desabafar, contar para alguém de confiança, partilhar o que nos oprime, sufoca, magoa, dá medo ou traz arrependimento. Uma boa conversa coloca as emoções sob outra perspectiva e traz novos jeitos de lidar com a situação. Ter momentos de solitude e silêncio: solitude é solidão desejada com um objetivo: silenciar. Colocar-se em atitude passiva diante de Deus, aberta, sem nada esperar, traz muitos benefícios. Até o coração desacelera. Todo dia, como um ato de disciplina, me recolho em silêncio e meditação. Em seguida, leio algum devocionário (há tantos), reflito. Já usei o exemplo do alho-poró algumas vezes e uso aqui novamente. O alho-poró cresce continuamente por dentro, não importando o que lhe acontece por fora. Ele é colhido, suas folhas cortadas, usado a cada refeição, mas sempre cresce um pouquinho no seu centro, mesmo dentro da geladeira. A solitude e o silêncio nos dão essa força interior de crescer, não importando o que nos acontece na vida. Ter equilíbrio na alimentação, no sono, no trabalho e no lazer. Tudo sem exageros ou escassez. Penso que essa atitude dispensa maiores comentários. Fazer trabalho voluntário: desde meu primeiro campo de trabalho como pastora, paralelamente fiz trabalho voluntário. Primeiro, na área de inclusão das pessoas com deficiência e, agora, no aconselhamento pastoral e mentoria no sínodo. Há tantas demandas, há tanta gente sofrendo, precisando aprender, precisando ser acolhida, precisando daquilo que você tem para ofer15

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tar. Qualquer uma de nossas habilidades pode ser colocada nesse serviço de amor. Seja cozinhar, ler, maternar, ouvir, visitar, caminhar com alguém, costurar, tricotar, defender com leis, planejar, organizar, construir, afinal, Jesus disse: Sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram (Mateus 25.40). Orar sempre: participando de cultos, nós oramos juntos, nos colocamos a serviço como comunidade e louvamos, isso é essencial para a nossa vida de fé comunitária. Mas, além disso e além dos momentos de solitude e silêncio, podemos orar a Deus seguidamente e pedir: entra em minha vida! Podemos sempre fazer uma oração de gratidão ou de intercessão por outras pessoas. A oração não conhece limites nem barreiras, podemos orar de qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer situação. A oração é onde a sabedoria encontra um lugar para viver em nós e nos guiar. Cultivar um diário de gratidão: desde janeiro de 2018, mantenho um diário de gratidão. Nele, escrevo no mínimo cinco motivos de gratidão pelo dia que passou. É um instrumento poderoso. Vejo minha vida envolvida pela graça de Deus quando releio meus dias. A ciência tem estudado a gratidão e visto seus benefícios: melhoria do sono, alegria mais perene, melhora nos relacionamentos, equilíbrio emocional. Ser grata é uma revolução em nossa vida. Perdoar: por mais difícil que seja, por mais tempo que leve: perdoe. Não perdoar é como se autoenvenenar dia a dia. Saber viver é, ao mesmo tempo, esforço e graça de Deus. Atitudes como as mencionadas podem nos transformar. Experimente! Tudo começa na solitude! Pastora emérita Iára Müller Pelotas/RS

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JANEIRO

MULHERES IMIGRANTES DO SÉCULO 19 Arquivo pessoal

No século 19 alteraram-se, profundamente, o papel e o lugar da mulher na sociedade. Houve rápido desenvolvimento da industrialização, diminuição do artesanato e o trabalho produtivo da mulher foi transferido do lar para a indústria. As profundas transformações no setor agrícola expulsaram a mulher, na Europa, da terra e a colocaram à beira da estrada e, não raro, em casas de correção, forçando-a com sua família a emigrar. A redistribuição do trabalho, necessária para a sociedade, ocorreu de maneira desordenada e fez com que também a mulher burguesa perdesse funções que Pastor emérito lhe eram até então peculiares. Dr. Martin Norberto Dreher Temos, assim, na Europa, a mulher proletária com sua longa jornada de trabalho, que abrange ainda o cuidado dos filhos menores. Ao lado e abaixo da mulher proletária temos a mulher prostituta e a mulher presidiária, ambas entregues a um mundo dominado pelos homens. Às presidiárias e às prostitutas cabem na nova sociedade que se organiza, no máximo, a função de zelar por hospitais, focos permanentes de epidemias. Mas temos também a mulher burguesa. Quando assume função fora do lar, pode ser professora, sem, no entanto, receber honorários por sua atividade, pois tal seria indigno de sua posição social. Basicamente é prisioneira do lar, onde fica à espera de um pretendente, enquanto faz seu crochê. A mulher burguesa solteira está marginalizada, definitivamente, e vai ser, pejorativamente, designada de “titia”. À mulher proletária restou, para fugir da situação europeia, a emigração. À agricultora expulsa da terra restou a emigração, desde que estivesse casada; a presidiária acompanhava o esposo e os filhos na emigração e a solteira na mesma condição podia emigrar, caso outro presidiário a aceitasse como esposa. Entre os pequenos proprietários à beira da miséria, os homens reunidos em tavernas decidiam que emigrariam; as esposas recebiam um comunicado, empacotavam o que era possível, vestiam as crianças e partiam rumo ao desconhecido. Filhas da burguesia, não raro, encontraram abrigo nas ordens 17

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religiosas católicas ou luteranas. As luteranas formaram as diaconisas, com as quais as Ordens Auxiliadoras de Senhoras estariam intimamente relacionadas. Muitas das mulheres europeias migraram para o Brasil, especialmente a partir de 1818, começando por Nova Friburgo/RJ. As dificuldades que enfrentaram já na travessia deixaram marcas. Livros de Registro, alguns deles já iniciados na travessia, falam de terem partos difíceis nos navios, de algumas terem morrido e sido entregues ao mar ou de terem entregue seus bebês recém-nascidos ao mar. Outras perderam o esposo e pai de seus filhos, também entregues ao mar, chegando viúvas em terras brasileiras. Piores ainda são os relatos do embaixador da Suíça, que descreve situações existentes em Porto Cachoeiro/ES ou no litoral de Santa Catarina, quando mulheres imigrantes tiveram que dar seus corpos a funcionários do governo imperial brasileiro para conseguirem alimento para suas famílias, alimento que deveriam ter recebido graciosamente. Esses casos extremos acontecidos com mulheres imigrantes que estão na base da história da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil foram, propositalmente, “esquecidos”. Na verdade, merecem monumento, pois a elas se refere o quarto mandamento. Chegadas ao Brasil, não raro, dirigiram-se a pé até os locais em que seriam assentadas com suas famílias. É doloroso acompanhar-se o relato daquelas mulheres que foram a pé do Rio de Janeiro até Nova Friburgo. Depois, colocadas em galpões, nos quais esperaram por longo tempo até que as terras, nas quais deveriam ser assentadas, fossem medidas, viam os poucos recursos se irem. No Sul, quando tudo parecia chegar ao fim, eram levadas até a floresta subtropical e colocadas à beira de lotes em caminhos recém-abertos. Estavam nas picadas ou tifas. Ali, erguiam ramadas, sob as quais ficavam com o companheiro, os filhos e os animais, tremendo, quando à noite, ouviam sons estranhos vindos da mata. Logo, sozinhas ou em mutirão, enfrentavam a floresta, cortando cipós e vegetação rasteira em torno dos gigantes da mata. Posto o fogo, colocavam sementes na terra. Mas tiveram que aprender, pois nem todas as sementes vingavam. Foi necessário aprender o que fazer com o milho, a abóbora, a moranga. Quais eram as frutas da mata que podiam ser comidas? Depois, vinham outras dificuldades: a quem recorrer na hora do parto? O que fazer quando alguém era picado por cobra, aranha, escorpião? Tudo, sem médico, sem farmácia. Aí aparecem a coragem, a criatividade e o auxílio mútuo. Há muita troca de saberes, de auxílio no parto. Descobre-se que o “mal do sétimo dia” vem da tesoura que não foi desinfetada antes do corte do cordão umbilical do bebê. Há pomadas que podem ser feitas com plantas, chás que auxiliam. Há troca de saberes com mulheres indígenas e africanas. 18

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Mas as que aprendem nessas trocas de saberes, depois e infelizmente, vão ser difamadas como “bruxas” ou “feiticeiras”. Hoje já as designamos de mulheres que conhecem medicina alternativa. As crianças crescem, mas não há escola. Elas se tornam professoras e catequistas, parteiras. E têm a lide da casa, fazem pães, bolos. Aprendem a se valer da farinha de milho, do aipim, do cará, da batata-doce, do inhame. Preparam horta e jardim em torno das moradias pobres, muitas vezes feitas de pau a pique, como aprenderam a construir com as africanas. Algumas fiam e tecem panos. Foi do trabalho dessas mulheres que surgiram nossas vilas, nossas escolas, a catequese, as maternidades, as associações para contratar uma parteira, as Ordens Auxiliadoras de Senhoras. De onde tomaram dinheiro? Na sociedade brasileira, a guaiaca ficava com o marido. Entre as imigrantes havia outra lógica: a guaiaca podia ficar com o marido, mas ai dele se gastasse algum centavo sem antes falar com a esposa! E sempre havia uma alternativa: lei não escrita determinava que o dinheiro dos ovos e da manteiga era dela. Todas as atividades eclesiais de mulheres foram financiadas com ovos e manteiga! E o lazer? Li muitas cartas de mulheres. As mulheres imigrantes eram alfabetizadas! Novidade na sociedade brasileira! Mas, nas cartas, quase nada encontro a respeito de seu lazer. Nos finais de semana, culto divino era lazer: cantar hino, ler Bíblia, dialogar. Quando possível, havia visita a uma vizinha. Anos depois, estarão com cuia e bomba nas mãos. Na volta da visita, retornavam com mudas de plantas para a horta, o jardim e mais saberes. Bem mais tarde haveria participação em corais, bailes, festas. No mais, a vida se resumia a trabalho, sempre com tripla jornada. E era apenas considerada “do lar”. Logo houve também mulheres imigrantes nas pequenas cidades brasileiras. Costuravam, vendiam de porta em porta, ensinavam. Em Porto Alegre/RS, uma jovem mulher que acompanhara seu irmão na migração, Johanna Engel, fundou uma escola. Doente, pediu que suas irmãs Lina e Amália também migrassem para assumir a obra que iniciara. Lina e Amália ampliaram a escola e transferiram-na para o Hamburger Berg, hoje Hamburgo Velho, no município de Novo Hamburgo/RS. A escola ficou conhecida como Fundação Evangélica (Evangelisches Stift) e existe até os dias atuais. Na velhice, Lina e Amália foram morar em Taquari/RS, na instituição que havia sido fundada por outra mulher: Maria Kircher Haetinger, e que levava, então, o nome de Asilos Pella Bethânia. Hoje, Lina, Amália e Maria repousam no cemitério muito simples de Pella Bethânia. Ah, essas mulheres! 19

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As esposas de pastores e professores que migravam para auxiliar as que haviam migrado jamais deveriam ser esquecidas. Num cantinho do cemitério luterano de Domingos Martins/ES repousa uma esposa de pastor com seus filhinhos. Enlouqueceu na mata, tirou a vida dos filhos e a sua. A comunidade entendeu-a e não lhe negou sepultura. Não raro, esposas de pastores e professores foram mais lembradas que os maridos. Foram pregadoras e pastoras, antes que essas existissem. A igreja luterana, no Brasil, não existiria sem as mulheres imigrantes. Pouco foram visibilizadas. Estavam à frente de tudo. Muitos pastores relatam que quando chegavam à nova área de colonização, mulheres se dirigiam a eles, pedindo que celebrassem a Santa Ceia. Era pedido por Palavra e Sacramento, pelo ministério da comunidade. Pastor emérito Dr. Martin Norberto Dreher São Leopoldo/RS

Que Deus toque nossos olhos, para que possamos enxergar; toque nossos ouvidos, para que possamos ouvir; toque a nossa boca, para que possamos levar adiante a sua mensagem de vida e esperança; toque nossas mãos, para que possamos ofertar com disposição; toque nossa vida, para que o Espírito Santo possa nos envolver com a esperança que vem de Cristo; toque nosso coração e nos permita sentir seu amor. Assim nos abençoe o nosso Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. (Da Venezuela)

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Arquivo OASE

A diretoria nacional da OASE com assessoras teológicas

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Lema do mês: Deus me deu motivo de riso.

Gênesis 21.6

DATAS IMPORTANTES 04 – 1906 – * Dietrich Bonhoeffer, teólogo, mártir do nazismo (+ 09/04/1945) 11 – 1868 – Fundação do Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul 14 – 1546 – Última pregação de Lutero, sobre Mateus 11.28 16 – 1487 – * Philipp Melanchthon, colaborador de Lutero (+ 19/04/1560) 22 – 1956 – Fundação da Associação Diacônica (ADL), Serra Pelada/ES 22 – 2023 – Quarta-Feira de Cinzas 28 – 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos distritos e das regiões, criação dos sínodos

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Meditação MOTIVOS DE RISO

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nalisando um pouco o contexto do versículo que é lema do mês: Sara disse: Deus me deu motivo de riso (Gênesis 21.6), passamos pela história de Abraão, que como nos é relatado a partir do capítulo 12 de Gênesis, recebe uma promessa de Deus: Saia da sua terra [...] e vá para a terra que lhe mostrarei. Farei de você uma grande nação, e o abençoarei [...] (v. 1, 2). Abraão, cheio de esperança, obedece ao Senhor e parte. Porém o tempo foi passando, muitas coisas acontecendo e Sara, sua mulher, não lhe dava filhos, era estéril. Como se cumErika Grosman Reis priria a promessa dessa forma? O próprio Deus conversava com Abraão e o convidava a se manter confiante de que a promessa se cumpriria. Em Gênesis 13.16, Deus diz: Farei a sua descendência como o pó da terra. Depois, no capítulo 15.5: Olhe para os céus e conte as estrelas, se puder contá-las. Assim será a sua posteridade. Os anos continuam passando e nada acontece, até que, em Gênesis 18, lemos o relato de que Abraão recebeu a visita do Senhor, que perguntou por Sara, sua mulher, e disse que voltaria dali um tempo e ela teria um filho. Sara, escutando a conversa, riu desacreditada, pois já tinha passado da idade de ter filhos, era idosa e seu marido também era idoso. Deus, que é onisciente, pergunta: Por acaso, existe algo demasiadamente difícil para o Senhor? (v. 14). Diante da perspectiva de se cumprir o que Deus havia prometido, houve um misto de dúvida e alegria. Mais adiante, no capítulo 21, lemos que o Senhor foi bondoso com Sara, que engravidou e deu um filho a Abraão em sua velhice. E Sara disse: Deus me deu motivo de riso. E todo aquele que ouvir isso vai rir comigo. A história de Sara nos leva a pensar em nossos motivos de riso. Quais seriam hoje esses motivos? Quem sabe, realização profissional, nascimento dos filhos e filhas para algumas, ou vê-los se encaminhando na vida, para outras? São tantas possibilidades! 22

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No curso de nossas vidas, passamos por diversas situações, e não posso deixar de compartilhar uma em especial, na qual esse riso fica muito evidente. Em outubro de 2019, num exame de rotina, fui diagnosticada com câncer de mama profundo e impalpável, detectado somente com exames de imagem. Assim como Sara, fui conduzida à promessa da companhia de Deus, que disse: Seja forte e corajoso! Não tenha medo, nem fique assustado, porque o Senhor, seu Deus, estará com você por onde quer que você andar (Josué 1.9). Depois o tempo de espera... espera dos resultados para definir o tratamento, expectativa de como seriam os próximos passos, reações, liberações médicas e hospitalares e tudo mais que envolvia o tratamento, como quimioterapia, cirurgia, radioterapia e fisioterapia. Nesse período pude experimentar a paz de Deus, que excede todo o entendimento, descrita em Filipenses 4.7. Para finalizar, tive a certeza de que a promessa se cumpriu, pois, em cada detalhe, vi a boa mão do Senhor operando e encaminhando o que se fazia necessário. Hoje, faço apenas acompanhamento periódico de rotina. Assim posso afirmar como Sara, que Deus me encheu de riso e todos que souberem disso rirão comigo. Sou grata a Deus por tudo o que passei e por sentir tão de perto seu cuidado comigo e quero encorajá-la, querida irmã, seja qual for a situação que você enfrente, que tenha em mente a promessa de Deus, o tempo de espera e o cumprimento dos propósitos do Senhor em sua vida e, de antemão, encha-se do riso, da alegria que só o Senhor pode nos dar. Oração: Nós confiamos em ti, Senhor. Em momentos de crise e desesperança, cremos que tu és nossa esperança. Em situações de doença e dor, cremos que tu és nossa força e nosso apoio. Em desunião da família, cremos que tu podes recriar os laços. Quando estamos na solidão, confiamos que tu estás conosco. Nas situações mais tenebrosas, tu és nossa luz. Pedimos-te, Senhor, para ser teus instrumentos para levar tua esperança, tua força, teu apoio, tua união, tua companhia e tua luz a todos os nossos irmãos e irmãs. Amém. Erika Grosman Reis Juiz de Fora/MG

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SABER VIVER COMO MULHER DIANTE DO INESPERADO Dinâmica: Responder aos seguintes questionamentos: Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas por você diante do inesperado? (Cite pelo menos duas.) Em que momentos da sua vida você precisou agir diante do inesperado? Em quais momentos você foi ajudada? Qual foi o sentimento que a envolveu após esse ocorrido? (Tanto se ajudou ou foi ajudada.) O que essa prática serviu de exemplo para ações futuras? É possível perceber que essa prática promoveu a Jesus e ele teria feito algo semelhante? Após a conclusão das respostas, fazer uma tabulação dos dados obtidos, observando quais ações se destacaram. Refletir sobre esses aspectos e observar se eles podem ser “a receita” do que devemos fazer diante do inesperado. Após esse momento, passar para a leitura do texto, observando as relações entre as respostas e o texto. Todas as vezes em que reflito sobre situações nas quais as mulheres precisam ser fortes diante do inesperado, me vem à memória a história daquelas que tiveram de deixar sua terra natal em busca de uma nova vida em outros rincões. Podemos pensar nas imigrantes em virtude de guerras, catástrofes e tantas outras situações. Assim foi com as nossas antepassadas, pois muitas deixaram a Alemanha em virtude da falta de perspectivas e vieram para uma terra desconhecida. E assim aconteceu com as haitianas, venezuelanas, entre outras e, em tempo bem recente, as ucranianas. Um exemplo é o que aconteceu com a minha mãe e todas as que vieram para a região Centro-Oeste na década de 1970 e 1980. Tiveram de ter muita sabedoria, que ainda se faz necessária no contexto mundial e nacional. Naquele momento, tudo era desconhecido e deveria ser construído. Não havia médicos, não havia hospital, não havia remédio, o alimento era muito 24

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FEVEREIRO Arquivo pessoal escasso, as casas, que eram cobertas com lonas e palha de buriti, ficavam no meio do mato ou do cerrado. Precisavam abrir estradas e trilhas, bem como abrir o cerrado para plantar sua horta e trazer comida à mesa. Foi uma época de muita dificuldade. Foi nessa adversidade que essas mulheres tiveram de saber. Tiveram de se reinventar para se adaptar às mudanças. Fazer parto, dividir o pão (que poderia ser a caça do dia), fazer os chás que curavam, ser soEma Marta Dunck Cintra (ao centro), com seu pai e sua mãe lidárias com as necessidades das pessoas ao seu redor, orar pelos que precisavam, celebrar cultos ecumênicos, acolher o diferente, fazer visitas, partilhar tristezas, chorar junto com os enlutados, abraçar os que careciam de atenção e carinho, abrir poço “no muque”, construir escola, que serviu de espaço para o ensino, para reuniões e para cultos ecumênicos. Aprenderam as lições que a crise lhes ensinava e, talvez, as melhores delas tenham sido a do diálogo, a do trabalho fraterno e a da oração. Mas também foi necessário o momento para se reunir, celebrando a vida, nem que fosse um bailinho com uma sanfona tocada. Afinal, era preciso também se alegrar, pois o riso e a alegria alimentam o espírito. Se pudermos resumir o que essas mulheres fizeram, temos uma “receita” do que é necessário para saber viver diante do inesperado. E este poema, de autoria desconhecida, é uma tradução de como podemos viver.

Saber viver Não sei… se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, 25

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silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura… enquanto durar. Há dois aspectos que se sobressaem no poema: a empatia (se colocar no lugar do outro e da outra) e, por extensão, o amor ao próximo e à próxima. Esses dois pontos nos levam até Jesus. Afinal: Jesus chorou: E perguntou: Onde vocês o puseram? Eles responderam: Senhor, venha ver! Jesus chorou. Então os judeus disseram: Vejam o quanto o amava (João 11.34-36). Jesus curou: Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos, com diferentes tipos de doença, os trouxeram a Jesus. E ele os curava, impondo as mãos sobre cada um deles (Lucas 4.40). Jesus acolheu: “Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver.” Então os justos perguntarão: “Quando foi que vimos o senhor com fome e lhe demos de comer? Ou com sede e lhe demos de beber? E quando foi que vimos o senhor como forasteiro e o hospedamos? Ou nu e o vestimos? E quando foi que vimos o senhor enfermo ou preso e fomos visitá-lo?” O Rei, respondendo, lhes dirá: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mateus 25.35-40). Jesus saciou a fome: Então Jesus pegou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, tanto quanto queriam (João 6.11). Jesus confortou: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Que o coração de vocês não fique angustiado nem com medo. Vocês ouviram que eu disse: “Vou e volto para junto de 26

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vocês”. Se vocês me amassem, ficariam alegres com a minha ida para o Pai, porque o Pai é maior do que eu (João 14.27-28). Ao observamos esses versículos, podemos ver que o que essas mulheres fizeram durante o período de migração para o Centro-Oeste é o que Jesus gostaria que todas nós fizéssemos. O posicionamento delas diante das dificuldades nos possibilita imaginar como é possível agir atualmente. Afinal, guerras ainda existem no mundo, entre elas a guerra contra a fome e a injustiça social no Brasil. Um exemplo bem recente de ação das mulheres foi durante o período da pandemia que assolou o mundo, e se pensarmos quantas ações foram realizadas diante dessa tragédia, conseguimos vislumbrar o amor e a empatia ali presentes. Que possamos, cada vez mais, como mulheres, saber viver diante das dificuldades, agindo quando o inesperado surge em nossa vida. É só nos espelharmos em Cristo, perguntando-nos: como ele agiria diante de tal situação? Isso promove a Cristo? Jesus sempre nos dá a resposta. Ema Marta Dunck Cintra Presidente do Concílio da Igreja Goiânia/GO

CASAMENTOS POR “RAZÃO” OU CONVENIÊNCIA (VERNUNFTHEIRAT) O século 19 é conhecido como o século da imigração europeia ao Brasil. Nas primeiras décadas desse movimento imigratório, certamente as condições de viagem dos imigrantes eram bastante precárias. A travessia de navio demorava meses, principalmente com navios veleiros. Somente aos poucos a duração da viagem foi diminuída com a utilização de navios a vapor. Mesmo assim, a viagem era perigosa. Tempestades, ventos fortes ou mesmo a ausência de vento, o que prolongava o tempo da travessia para navios veleiros, dificultavam a viagem. Além disso, as más condições de higiene, a falta de água potável e de alimento suficiente, e a concentração de muitos passageiros em cabines apertadas no caso de viagens em navios cargueiros aumentavam a propagação de bactérias, ocasionando riscos de infecção alimentar, enjoo, cólera, doenças pulmonares e febre, que, não raro, desenvolviam-se em epidemias. Desta forma, muitos passageiros acabavam vindo a óbito. 27

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O governo brasileiro preferia o estabelecimento de famílias de imigrantes nas colônias, pois, desta forma, as terras seriam mais rapidamente cultivadas. Para tanto, o governo concedia lotes de terra maiores e subvenções para as famílias. Indivíduos solteiros ou enviuvados recebiam apenas a metade de um lote e, às vezes, até menos. A lógica por trás dessa medida era que pessoas solteiras, de mais idade e enviuvadas não dispunham da mesma força de trabalho. Sem filhos e filhas, que obviamente eram usados como força de trabalho pelas famílias, e sem o mesmo vigor para o trabalho pesado que a lavoura exigia, eles não tinham a mesma capacidade de produção em comparação com uma unidade familiar maior. E, como sabemos, as famílias de imigrantes geralmente tinham bastantes filhos e filhas. Além disso, dificilmente um imigrante teria condições de contratar alguém para trabalhar em seu lote e remunerá-lo, já que precisava pagar suas dívidas de viagem ao Brasil e sua dívida de terra junto ao governo. Sabendo dessa estratégia do governo e para garantir o recebimento de lotes de terra maiores e provisões nos primeiros meses de estabelecimento, homens e mulheres que haviam perdido seus cônjuges durante a travessia casavam tão rápido quanto possível com outras pessoas enviuvadas ou solteiras. Tais casamentos, realizados a bordo do navio, foram chamados de “Vernunftheirat” – casamento por “razão” ou, numa outra tradução, por conveniência. O imigrante Springer, por exemplo, embarcou com toda a sua família rumo ao Brasil. Durante a viagem, acabou falecendo, deixando a esposa com cinco filhos. A viúva então se casou ainda a bordo com o suíço João Sänger. Já a viúva Mentz viajou com seus dois filhos, seus pais e irmãos. Em 02 de junho de 1824, ela se casou com Hubertous Stock, que faleceu ainda antes da chegada a São Leopoldo/RS. Sendo assim, ela logo em seguida se uniu com o viúvo Pedro Wingert, que também havia perdido sua esposa durante a travessia. Mas não apenas a bordo do navio é que aconteciam tais casamentos baseados mais numa tática racional de sobrevivência do que no sentimento. O imigrante Wilhelm Butzke relatou que, mais ou menos seis anos após se estabelecer em seu lote em Rio dos Cedros/SC, sua esposa Frederike, nascida Kannenberg, havia falecido ao dar à luz um de seus filhos. Cinco meses depois, ele se casou novamente com Auguste Lehmke. É claro que, neste caso, não havia o temor de não receber um lote, já que ele já estava estabelecido com sua família. Mas certamente havia a preocupação de que os filhos tivessem uma mãe para cuidar deles e que o marido tivesse uma mulher que lhe concedesse mais filhos para trabalhar na roça. Isso garantiria a sobrevivência daquele núcleo familiar. No caso das mulheres, a situação era ainda mais de28

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licada. Sem um marido, ela não receberia terras, não teria como sobreviver e sustentar seus filhos e ainda estaria à mercê da violência de outros homens, já que uma mulher sozinha facilmente era equiparada a uma prostituta. Sem um pai e um marido para defendê-la, uma mulher sozinha estaria perdida. Com certeza, casar-se novamente em um espaço de tempo tão curto não era uma decisão fácil de ser tomada. A dor do luto mal podia ser vivenciada. Esses imigrantes já haviam deixado seus pais e demais familiares para trás. Não havia condições de pagar uma viagem de volta. E os parentes além-mar não podiam vir ao Brasil visitá-los. Tratava-se de uma viagem sem volta para a maioria dos imigrantes. Isso certamente fazia com que a unidade familiar – pai, mãe e prole – fosse muito mais forte. Morava-se na mesma casa, construíam-se os móveis dessa casa em família, trabalhava-se junto e ia-se aos cultos como família. Aqui é importante destacar que não havia carpinteiros, pedreiros, artesãos profissionais ou enfermeiras nas colônias. Quem exercia tais ofícios antes de imigrar não encontrava trabalho, pois as famílias não tinham como pagar serviços especializados. Desta forma, cada homem precisava ser agricultor, artesão, pedreiro e carpinteiro, e cada mulher cozinheira, costureira, parteira e enfermeira, além de trabalhar junto na roça e criar os filhos. Hoje certamente essa atitude de casar novamente em tão pouco tempo é interpretada como “apressada” ou possivelmente vê-se na urgência de um novo casamento uma intenção apenas sexual. Mas é preciso olhar para a situação daquele momento histórico. Não havia tempo para sentimentalismos, a realidade era dura. E isso exigia dos imigrantes uma atitude pragmática e uma decisão mais racional do que emocional num primeiro momento. Mas com o tempo, na convivência diária, o amor surgia e os laços se firmavam. Além disso, era necessário olhar para frente. Em uma situação de necessidade e urgência, a resiliência dos imigrantes no enfrentamento de suas crises foi fundamental. Foi essa resiliência que garantiu sua sobrevivência na nova terra.

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Embarque no porto de Hamburg. Museu da Imigração – Santa Maria de Jetibá/ES. In: JANKE, 2019, p. 106.

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Casamento pomerano no Espírito Santo. In: SEIBEL, 2010, p. 368.

Família Butzke, Pomerode/SC. In: WEEGE, 2013.

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Imigrante na carroça com seu filho. In: KAHLE, 1937.

Bibliografia JANKE, Scheila Roberta. Die Religiosität der Pommern in Brasilien. Eine Studie zu den pommerschen Einwanderern und deren Nachkommen im 19. und 20. Jahrhundert. Göttingen: Universitätsverlag, 2019. KAHLE, Maria. Deutsche Heimat in Brasilien. Berlin: Grenze und Ausland, 1937. SEIBEL, Ivan. Imigrante no século do isolamento/1870-1970. São Leopoldo: Traço, 2010. WEEGE, Heike. Família de Fritz Butzke e Ulrike Mohr Butzke. Disponível em: <http:// fotosantigaspomerode.blogspot.com/2013/01/familia-de-fritz-butzke-e-ulrike-mohr.html>. Acesso em: 25 fev. 2022. WEINGÄRTNER, Nelso. Crônica da Comunidade Evangélica de Timbó. Blumenau: Gráfica 43, 1969.

Pastora Dra. Scheila Roberta Janke Pomerode/SC 32

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BÊNÇÃO DO DEUS DE AMOR Que o Deus que sabe o que é amar olhe para ti com ternura e te dê diariamente o pão de cada dia. Que ele te cerque com seus cuidados e converta teus passos para não andares no caminho da ganância. Que ele quebre as gaiolas que te prendem a uma vida vazia, a uma vida de consumismo desenfreado. Que ele te ajude a ver a vida com os olhos de Jesus de Nazaré e valorize as pequenas coisas, o jeito simples de se viver, caminhar descalço nas suas praias, comer o pão, beber o vinho... Que enxergues no amor o caminho que leva ao Pai. Que aprendas a acolher, que sirvas com amor, que ensines com gentileza e correção, que pacifiques com gestos de compaixão e dialogues com palavras de ternura. Que entregues tudo a Deus, crendo que em suas mãos tudo se transforma. Que seus dias não sejam vividos em vão e que entres nos seus jardins, quando a vida aqui se for, e vivas as delícias da eternidade, onde o amor se encontra com a paz para viverem em perfeita união. Que assim Deus abençoe a ti e todas as pessoas que amas. Que o Deus que dá e mantém a vida, como Pai e Mãe de todos e todas nós, que se revelou em Jesus de Nazaré, amor que se fez carne, que faz de nós a sua casa através do Santo Espírito, que adentra as portas do nosso ser, te abençoe hoje e sempre. Amém. Autoria desconhecida

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Arquivo OASE

No encontro da diretoria nacional e representantes sinodais da OASE, em junho de 2021, em São Leopoldo, foram entregues ofertas da Celebração da Semana Nacional da OASE a três projetos contemplados

MA R Ç O

Lema do mês: Quem nos separará do amor de Cristo?

Romanos 8.35

DATAS IMPORTANTES 03 – Dia Mundial de Oração 08 – Dia Internacional da Mulher 09 – 1851 – Desembarque dos primeiros imigrantes evangélicos em São Francisco/SC 12 – 1607 – * Paul Gerhardt, maior compositor sacro evangélico 17 – Dia da Pessoa com Deficiência Visual 17-19 – 2017 – Celebração da OASE em Foz do Iguaçu – 500 Anos da Reforma 19 – Dia da Escola 26 – 1946 – Abertura da Faculdade de Teologia, em São Leopoldo/RS

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Meditação QUEM NOS SEPARARÁ DO AMOR DE CRISTO?

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uem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo ou a espada? (Romanos 8.35) São só duas palavrinhas que nos acompanham como um fio vermelho durante o ano no nosso Roteiro: SABER VIVER! Nossa vida é um presente, do qual devemos fazer o melhor: viver a vida com dignidade. Tem quem vive conforme o slogan: “Vamos comer e beber, pois amanhã não existiremos mais”. Ou: “Vamos simplesmente viver a vida”. Mas isso À esq., ex-presidente nacional Elfride Gabel – Blumenau/SC; ao centro, ex-presidente é muito pouco! Então pergunto: já nacional Gudrun Braun – Rio de Janeiro/RJ; que a vida é um presente, por que não à dir., Helga Schünemann, coordenadora vivemos a vida em gratidão? editorial do Roteiro da OASE – Panambi/RS. Fundos, ovo de Páscoa, Pomerode/SC Sabemos que a vida não é um mar de rosas, todos passam por momentos difíceis, os problemas aparecem para todos. Aqui me lembro de uma palavra que recebi quando o meu marido faleceu: “Quanto mais belas e repletas são as lembranças, tanto mais pesa a separação... carregamos as lembranças que vivemos como presente valioso!”. Um presente valioso, que Deus nos deu! Assim como os marinheiros são guiados por um farol, que representa orientação, proteção, segurança, esperança, fé, assim, na nossa vida, também temos um alvo, um guia que nos mostra o caminho que devemos trilhar. Quando o marinheiro levanta a âncora, a partir daí se sente seguro, tem esperança de atravessar a tempestade! E quem é a âncora nas tempestades das nossas vidas? Lembremos do hino: “Achei um firme ancoradouro, que dá sossego ao coração. Eis o meu único tesouro: em Cristo eu tenho a salvação. Este tesouro há de ficar, mesmo que o mundo desabar” (Livro de Canto da IECLB 47). 35

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Apenas um parêntese: a cruz do distintivo da OASE é uma cruz de âncora. Não é interessante?

Talvez uma ou outra de vocês se lembra que, alguns anos atrás, circulou uma dinâmica baseada numa “prova surpresa” que um professor fez com seus alunos. Recebemos uma folha em branco com um ponto escuro no meio e precisávamos escrever ou falar sobre o que nos foi apresentado. Todos concentrados: o que significa este pontinho? Seria tristeza, angústia, medo, perdido no espaço? Esquecemos que, além do pontinho, havia todo o branco do papel – e esse branco deveria ser preenchido com tudo o que acontece nas nossas vidas. Quando tiramos os olhos dos pontinhos das nossas vidas, enxergamos algo novo, bem melhor: o amor infinito de Deus, com o qual seria fácil preencher o branco da nossa folha e muitas outras! O que é o amor de Deus? É difícil explicar, pois não podemos ver, não podemos tocar, somente podemos sentir! Deus é amor! Ele nos envolve, envolve todo o mundo, ele é incondicional! Quando queremos nos distanciar, ele nos procura, nos segura, e não há nada que nos pode separar do amor de Deus. Por isso cantamos muitas vezes: “Santo amor que me criaste semelhante a ti, Senhor – Santo amor, tu me escolheste, antes mesmo deu eu nascer – Santo amor, à cruz pregado, resgataste o pecador – Santo amor, luz poderosa, tua graça celestial se difunde, fulgurosa, expulsando todo o mal. Santo amor, com gratidão eu te entrego o coração” (Livro de Canto da IECLB 507). A confiança no amor de Deus aparece na maioria dos Salmos, principalmente no Salmo 136, que fala da misericórdia, do amor de Deus, desde a criação do mundo, e não devemos esquecer o último versículo do salmo da OASE que diz: “Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade”. Em João 3.16, lemos do maior amor de Deus pelos seres humanos: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Essa de36

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monstração do grande amor de Deus conhecemos muito bem e não deixa dúvidas que Jesus teve uma dolorosa missão a cumprir. Deus deu seu Filho para nos salvar. Quantas vezes, na época da Paixão, cantamos: “Agradecemos-te, Jesus. Por nós sofreste a amarga cruz... Ó faze-nos em ti confiar: Jamais nos hás de abandonar! Dá-nos certeza, ó Jesus: Tu nos salvaste pela cruz!” (Livro de Canto da IECLB 405). Quem nos separará do amor de Cristo? Essa pergunta não é fácil de ser respondida. Em meio a tanto sofrimento e com tantas perdas pelas quais passamos nos últimos dois anos, além dos desastres naturais, conflitos entre as pessoas, guerras e fome, o amor de Cristo nos dá uma nova esperança! Mas também surge a pergunta: onde está Deus? Por que ele deixa tudo isso acontecer? Por que, meu Deus, por quê? A melhor pergunta seria: para quê? Será que Deus espera que façamos essa pergunta, para nos voltarmos para mais perto dele? Num questionário da nossa igreja, a pergunta foi mais ou menos assim: os acontecimentos (como a pandemia) te aproximaram mais de Deus ou da tua igreja? Não lembro o resultado, mas deve ter sido afirmativo, pois as meditações diárias oferecidas virtualmente tiveram aceitação muito boa. Muitas vezes, perguntamos: e agora, como tudo isso vai continuar? E também nessas horas vemos que Deus já tem um plano para nós. Lembro-me, depois do falecimento do meu marido, o lema da minha confirmação, que é de um dos muitos Salmos que falam do amor de Deus, como ouvimos antes: Ele o cobrirá com as suas penas, e, sob as suas asas, você estará seguro (Salmo 91.4). O plano de Deus comigo foi o trabalho na OASE, que deu um novo rumo à minha vida. Assim, muitas que participam desta reunião, com certeza, poderão dar testemunho de como descobriram o plano de Deus nas suas vidas. Quem nos separará do amor de Cristo? A resposta deve ser só uma: nada e ninguém! Mas nem sempre é assim. Às vezes, queremos viver a vida do nosso jeito. Mas também nessas horas Cristo não se esquece de nós. Como já ouvimos, seu amor é incondicional e sem fim. Por isso devemos ficar firmes na fé e acreditar nas promessas de Deus: “Sempre quero estar contigo, sempre a ti, Jesus servir; não me afasto, em ti me abrigo, teu caminho hei de seguir. És da minha vida a vida, da minha alma és o vigor. Eu sou vide a ti unida; a videira és tu Senhor” (Livro de Canto da IECLB 606). Gudrun Braun Rio de Janeiro/RJ 37

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SABER VIVER EM FAMÍLIA Conforme Genesis 1.28, a família nasceu no coração de Deus! Ele é o criador de tudo o que há no universo, e isso significa que todos nós somos criaturas de Deus! Algumas pessoas aceitam a condição de que foi Deus quem as criou, já outras tentam criar teorias e não aceitam que Deus seja seu criador! Mas a questão é que, por falta de conhecimento bíblico, a maioria das pessoas não sabe que ser criado por Deus é apenas uma etapa biológica de nossa vida! O problema está em que a maioria das pessoas não evolui espiritualmente! Veja o que nos é revelado em João 3.1-36: É necessário nascer de novo e precisamos crer e aceitar que Jesus é o Filho de Deus! Precisamos nos conscientizar que: Aquele que tem o filho tem a vida (1 João 5.1-21). O que podemos aprender com essas afirmações? Primeiro, que essas são afirmações do próprio Jesus, mas o que é mais importante nessas declarações é que são mandamentos, ou seja, precisamos nos conscientizar e colocar em prática os ensinamentos de Jesus para sentirmos uma vida com abundância! Somente quem aceitar Jesus como seu Senhor e Salvador terá os benefícios das promessas de Deus, porque somente os filhos e as filhas de Deus (João 1.1-51) podem sentir essas bênçãos! O problema de se viver desconectado de Deus é que as pessoas crescem apenas biologicamente, mas vivem com um sentimento de grande vazio na alma, o que desencadeia muitos transtornos psicológicos! Então, estar desconectado de Deus por não ter conhecimento do que nos é revelado no manual do fabricante (a Bíblia) já é o primeiro problema do caos de nossa vida pessoal e familiar! Diante do fato de se estar desconectado de Deus, não é possível evoluir espiritualmente e isso tem consequências em nossos relacionamentos! Conforme 1 Coríntios 13, a família deveria ser sinônimo de fé, esperança, comunhão, amor, perdão, paciência, cooperação, bondade, confiança, humildade, verdade, justiça, mas infelizmente essa não é a realidade que percebemos na sociedade atual! Vejam o que diz em Deuteronômio 6.6-7: Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu coração. Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se! Estas são orientações do próprio Deus para todos nós: primeiro, que deveríamos adquirir a sabedoria do Criador, para depois 38

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ensinar nossos filhos e nossas filhas! Mas quando os ensinamentos de Deus não estão no coração de cada pai e de cada mãe, esses não poderão orientar seus filhos e suas filhas com a sabedoria de quem os criou, porque eles mesmos não conhecem como o poder do amor de Deus abençoa o casamento e a família! Escutem mais uma das promessas que Deus nos revela em Deuteronômio 28.2-6: Se ouviram a voz do Senhor, seu Deus, sobre vocês virão e os alcançarão todas estas bênçãos [...] ”! Então, se temos a promessa de Deus de que seremos abençoadas, o que está acontecendo que as famílias estão desestruturadas? Muitas pessoas, diante dessa situação social disfuncional, desacreditam que Deus existe, com a crença de que, se Deus existisse, não permitiria tanto caos social! Outras acreditam que Deus existe, mas que nos abandonou e pode estar nos castigando porque não merecemos o seu amor! Na verdade, o que está ocorrendo não é que Deus nos abandonou e não nos ama mais, e sim o contrário, somos nós criaturas que abandonamos Deus diante de cada escolha que temos para fazer todos os dias e não amamos e adoramos o nosso Criador. Na verdade, escolhemos a ingratidão todos os dias. Consequentemente, por não estarmos conectados ao amor de Deus, não amamos o nosso próximo como a nós mesmos! O fato de escolhermos não obedecer aos mandamentos mais importantes que Jesus mesmo nos ordenou, conforme Lucas 10.27: Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e todo o seu entendimento. E: Ame o seu próximo como você ama a si mesmo, nos leva a sofrer as consequências de nossas escolhas! Escolher ignorar Deus é deixar de viver as promessas de Deus! Gostaria de finalizar esta reflexão respondendo à pergunta: o que seria necessário mudar para vivermos em harmonia familiar? Encontramos a resposta para essa pergunta e muitas outras no “manual do criador”, a Bíblia! Vou recitar algumas passagens bíblicas para refletirmos sobre o que podemos fazer para mudar as situações disfuncionais familiares: Atos 16.31: Creia no Senhor Jesus e você será salvo – você e toda a sua casa. 1 João 1.4: Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa. 1 João 1.7: Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 1 João 4.12: Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. 1 João 5.18: Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado, porque quem é nascido de Deus guarda a si mesmo. 39

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São tantas as promessas de nosso Deus para nos abençoar! Só precisamos optar pela bênção! Como podemos fazer isso? Muito simples! Veja o que diz em Atos 2.21: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Então só precisamos aceitar Jesus como nosso Senhor e Salvador e nós e nossa família teremos a bênção de Deus até a eternidade! Que Deus lhe dê a sabedoria para escolher a bênção. Adriane Strücker Psicóloga Rio do Sul/SC

A OASE E A EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA Arquivo pessoal

Amar a Deus e as pessoas – com esse tema, ao longo do ano de 2022, fomos motivadas pela IECLB, pelo Roteiro da OASE a esperançar, e pelas Sagradas Escrituras, a realizar a nossa missão. Realizamos nossa tarefa com humildade, amor, alegria e, principalmente, sempre gratas e confiantes em nosso bondoso Deus e iluminadas pela luz do Espírito Santo. Como membros da IECLB e mulheres da OASE que confessam e reconhecem Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, nossa responsabilidade está pautada no testemunho cristão pela ação, palavra e pelo amor às pessoas. Um amor de doação, um amor que se Nélvi Werkhäuser Herpich doa incondicionalmente. Amor que auxilia no processo de desenvolvimento integral e contínuo, que desperta e alimenta a fé e intervém na maneira como as pessoas vivem o dia a dia, seus modos de expressão, suas escolhas, suas ações etc. Esse processo acontece através da apropriação, da elaboração e da produção de conhecimentos, sensibilidades, valores e práticas, com base nos fundamentos da fé cristã e da confessionalidade luterana: Jesus Cristo, Escritura, fé e graça. Uma das formas de fortalecer e de manter viva a disposição da OASE no serviço de amor às pessoas é por meio da Educação Cristã Contínua, que 40

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ocorre nos encontros dos grupos de OASE, pois ali se estuda a palavra de Deus, ou seja, aprofundam-se os conteúdos da fé cristã. Como mulheres da OASE, também somos chamadas a participar dos Seminários Comunidades Criativas, promovidos pela Secretaria da Ação Comunitária/Coordenação de Educação Cristã, em parceria com os sínodos da IECLB. Os seminários oferecem temas de estudos e oficinas voltados para todas as faixas etárias. Eles motivam e capacitam lideranças para o trabalho de educação cristã com crianças, adolescentes, jovens e pessoas adultas na IECLB. Informe-se no seu sínodo as datas dos seminários anuais e participe! Além de ser espaço de educação cristã das mulheres que dela fazem parte, a OASE também pode contribuir para a educação cristã das demais pessoas da comunidade. Um exemplo disso vem acontecendo com a OASE de Três de Maio/RS, que abraçou a Campanha OASE – Amiga das Crianças e presenteou as crianças de sete, oito e nove anos com a assinatura da revista O Amigo das Crianças. Por um ano, as crianças receberão, gratuitamente, seis edições da revista. Dessa forma, a OASE está incentivando para que as crianças aprendam histórias bíblicas e sobre temas da fé cristã, fortalecendo o hábito da leitura, para a descoberta de formas bonitas de melhorar o mundo. Além da revista O Amigo das Crianças, as crianças também recebem no Natal a Agenda das Crianças. Na Bíblia, no livro de Provérbios 22.6, lemos: Ensina a criança no caminho em que deve andar e, ainda quando for velho, não se desviará dele. Também as visitações feitas pelas mulheres da OASE a pessoas acamadas, enfermas, idosas e enlutadas são formas de fazer chegar a palavra de Deus e de fortalecer a educação cristã, que pode ser por meio de folhetos evangelísticos, leituras bíblicas, orações ou entoando hinos de louvor. Educar na fé cristã é um gesto de gratidão que gera felicidade e engradece o Reino de Deus. Pedimos que Deus mantenha viva e ativa nossa vida de fé para continuarmos em constante atualização ao longo da nossa vida, incentivando para que mais pessoas possam também ter acesso à Educação Cristã Contínua. Santifiquem a Cristo, como Senhor, no seu coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que pedir razão da esperança que vocês têm (1 Pedro 3.15). Segundo Martim Lutero: “Em coisas de fé, vou ter que ser aprendiz até morrer”. Nélvi Werkhäuser Herpich Presidente Grupo OASE Três de Maio, vice-tesoureira da OASE Sinodal, coordenadora da Educação Cristã do Sínodo Noroeste Rio-Grandense e secretária da OASE Nacional Três de Maio/RS 41

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FÉ, VOCAÇÃO E RESILIÊNCIA Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé (2 Tessalonicenses 1.11). “Se um ovo se romper por uma força exterior, a vida termina, mas se romper pela força interior, a vida começa” (autoria desconhecida). Acreditemos na força que existe em nós. A força interior chama-se fé, ou seja, acreditar que tudo é possível, porque para Deus nada é impossível. Aquele que crê, isto é, que tem fé consegue fazer coisas inimagináveis aos olhos daqueles que não têm fé. Assim também é a vocação. Se não vir de dentro, do mais fundo da alma, não é vocação; e se nossos empreendimentos não forem por vocação, dificilmente vingarão. Somente assim nós nos sentiremos realizados naquilo que somos e fazemos. Fé e vocação são dois pilares invisíveis que sustentam nossas buscas, nossos empreendimentos e nossos sonhos. Não meçamos esforços para realizar nossos sonhos, desejos e projetos, mesmo que eles pareçam estranhos e absurdos para outros. Quem busca fazer as vontades alheias, ou aquilo que é convencional para a sociedade, pode até representar um belo papel, mas será sempre uma pessoa irrealizada e, consequentemente, infeliz. Se errarmos, tentemos de novo. O bom da vida é que sempre é possível recomeçar, sobretudo quando sabemos que há pessoas que nos apoiam. Mas mesmo quando não existem essas pessoas, ou não conseguimos enxergá-las, dentro de nós há uma força incomensurável capaz de vencer os obstáculos. Portanto não desistamos nas primeiras tentativas. A pior derrota é a de quem nunca tentou. Fracassar nas tentativas faz parte do processo. Quem acredita no projeto não desiste tão fácil, mesmo que haja sucessivas derrotas, pois encontra força para recompor-se nos momentos de fracasso e superar os obstáculos. Essa força existe em cada um, porém nem todos sabem onde ela está, ou não sabem como e quando usá-la. A essa força dá-se o nome de resiliência, que é a capacidade do indivíduo de lidar com problemas, superar obstáculos e resistir à pressão de situações adversas. Quem descobriu essa força descobriu uma grande aliada da sua vida. Ela nos capacita e fortalece a lidar com situações e barreiras que parecem intransponíveis. A maioria das pessoas que obteve vitória em algo só a conseguiu depois de sucessivas derrotas e fracassos. O mais importante é ser perseverante, firme, não abandonar o barco mesmo que o tempo no momento seja tempestuoso. Toda tempestade passa! 42

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Cada derrota e cada reprovação trazem experiência, e assim nós vamos aperfeiçoando aquilo que buscamos. Vamos adiante! Confiemos! Se não deu certo hoje, pode ser amanhã ou depois de amanhã. Enquanto houver amanhã, há uma chance de recomeço e há esperança. José Carlos Pereira

(Extraído de: Sonhos para sonhar juntos. Reflexões para revisar a vida. São Leopoldo: Editora Sinodal, 2018. p. 24.)

BOLO BÍBLICO (Cf. a versão Bíblia Almeida Atualizada) – 1 xícara de Salmo 55.21 (o primeiro ingrediente que aparece no texto). – 1 pitada de Lucas 14.34. – 2 xícaras de Salmo 119.103 (substitua esse ingrediente por um que você tem em casa e que dá o mesmo sabor... adivinhou?). Misture tudo! Acrescente: – 3 unidades de Jó 39.14. Bater bem! Depois acrescente: – 1 xícara de 1 Coríntios 3.2. – 2 xícaras de Mateus 13.20 (que deve ser recolhido no celeiro). – 1 colher de Lucas 13.21 (o primeiro ingrediente que aparece no texto). Misture bem e coloque numa forma untada para assar a 180º. Bom apetite! Autoria desconhecida Onde pisa uma mulher, há sentimento. Onde pisam duas mulheres, há determinação. Onde pisam três mulheres, a organização nasce. Mas quando mais mulheres se juntam e pisam na terra firme, germina a esperança e já é possível planejar a colheita da safra de um mundo novo. Sandor Sanches 43

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Celebração do Dia Mundial de Oração 2021 no Grupo de OASE da União Paroquial, Blumenau/SC

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Lema do mês: Cristo morreu e tornou a viver para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Romanos 14.9

DATAS IMPORTANTES 02 – Domingo de Ramos 05-07 – 2019 – Celebração dos 120 Anos da OASE no Brasil, na Vila Germânica, Blumenau/SC 07 – Sexta-Feira Santa Dia Mundial da Saúde 09 – Domingo da Páscoa 09-12 – 1996 – Último Congresso Geral da OASE, em Curitiba/PR 17 – 1521 – Lutero em Worms 19 – Dia dos Povos Indígenas 21 – 1792 – Execução de Tiradentes Dia Nacional da Juventude Evangélica 23 – 1529 – Oficialização do Catecismo Maior de Lutero

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Meditação VIVER E MORRER PARA O SENHOR

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risto morreu e tornou a viver para ser Senhor tanto de mortos como de vivos (Romanos 14.9). O apóstolo Paulo escreveu uma longa carta à comunidade cristã que se reunia em Roma, a capital do império. As pessoas cristãs perfaziam uma minoria e sentiam-se pressionadas pelo ambiente ao redor. Por um lado, o Império Romano e seus representantes instituíram o culto ao imperador. César Augusto, título do governante máximo, era considerado um deus na terra. Nas moedas estava o seu rosto. Na entrada das cidades conquistadas eram erguidas estátuas de César, diante das quais o povo se dobrava em reverência. Havia templos dedicados ao imperador em várias partes do território. Desde logo, as pessoas cristãs, batizadas em nome do Trino Deus, negavam-se a adorar o imperador. Confessavam firmemente que somente Jesus Cristo é o Senhor, o Kyrios. Isso fez com que fossem perseguidas, presas e mortas durante três séculos. Outra fonte de pressão às pessoas cristãs que moravam em Roma vinha do judaísmo. Para os judeus, era importante seguir regras e rituais, como guardar o dia sagrado do sábado, não comer certos alimentos como carne e vinho que antes eram dedicados aos ídolos. As pessoas que vinham do judaísmo e se tornavam cristãs se perguntavam: podemos ser pessoas cristãs sem observar as antigas regras? Ou devemos também observá-las? Paulo chama de “fortes na fé” as pessoas que renunciavam aos antigos costumes e “fracas na fé” as pessoas que achavam que ainda tinham de segui-los. Só Jesus Cristo é Senhor A morte de Jesus na cruz foi algo difícil de aceitar. Como pode o líder máximo do cristianismo ser tão humilhado e desprezado? Ter um fim desse jeito não se podia admitir entre os senhores e reis humanos. Mas Jesus foi um rei diferente. Sua força está na fraqueza. Seu poder está na entrega em favor da humanidade. Deus, o Pai, acolheu sua atitude de máxima entrega e o ressuscitou da morte para a vida, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos, como Paulo diz aos romanos.

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Na Sexta-Feira da Paixão nos é apresentado um Senhor fraco, sofredor e que morre de forma tão cruel. Mas no Domingo da Páscoa celebramos o Senhor vivo, vitorioso sobre a morte, o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Nos encontros da OASE, seguidamente cantamos: “Jesus Cristo é rei e senhor. Seu é o reino e o louvor. É Senhor potente [ou somente], hoje e eternamente” (HPD 1 – 95). O senhorio de Jesus é diferente do que aquilo que senhores e reis humanos entendem por senhorio. Esses usam a força, o constrangimento, a violência, o domínio que escraviza as pessoas, que a eles têm que se submeter. A lista das pessoas que sofrem sob esse poder é grande: mulheres, crianças, idosos, refugiados, migrantes. Jesus Cristo é o único Senhor e Rei, que não escraviza, mas que liberta, que dignifica, que acolhe, que perdoa. Em seu nome nos reunimos numa nova comunidade, na qual há igualdade nas relações entre homens e mulheres, pobres e ricos, estrangeiros e gente de casa, parafraseando Gálatas 3.27- 28. Vivemos e morremos para o Senhor Jesus Paulo usa a expressão “para o Senhor” tanto para as questões da vida como para as da morte. Ele diz aos romanos que há diferentes formas de viver a espiritualidade. Se alguém come somente legumes, come “para o Senhor”. Quem come carnes e toma vinho, o faz “para o Senhor”, dando graças pelos alimentos. A espiritualidade de uma comunidade não é algo igual para todos. Cada pessoa, cada família vive sua fé de um jeito próprio, e isso precisa ser respeitado. Não há mais as pessoas que são fortes na fé e aquelas que são fracas na fé. Temos que ter muito cuidado para não classificar e dividir as pessoas. Ninguém tem um aparelho de medir a fé, um tipo de “femômetro”. O que temos em comum é que nos submetemos ao senhorio somente de Jesus Cristo. Portanto dizemos não a tudo que nos quer escravizar, que podem ser regras e costumes quando são impostos aos outros. Paulo também fala no processo de morrer. Certamente quem em sua vida “viveu para o Senhor”, também em sua morte saberá “morrer para o Senhor”. Na morte, continuamos nas mãos do Deus que nos deu a vida, a sustentou e a recebeu de volta depois do último fôlego de vida. E quando a família tem a oportunidade de se despedir, isso é um alívio que faz bem a todos. Ajudar alguém a partir em paz é o último e mais importante gesto de amor e de cuidado que se pode prestar. Páscoa não é uma data para celebrar apenas um dia. Liturgicamente ela se estende por sete semanas, até Pentecostes. Mas todo o nosso viver é motivado pela ressurreição de Jesus. Firmados nela, dizemos não aos poderes e às pessoas 46

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que escravizam. Dizemos sim às pessoas com suas diferentes formas de viver a espiritualidade cristã. Aprendemos a também dizer sim ao processo de envelhecer e de morrer, pois nada e ninguém nos pode arrancar do Deus da vida. Oração: Deus da graça e misericórdia, que vieste até nós em Jesus Cristo, verdadeiro ser humano e verdadeiro Deus, agradecemos-te porque Jesus Cristo é o nosso Santo Sacerdote. Agradecemos-te, Senhor, por teu imenso amor revelado em Jesus Cristo, que levou sobre si a nossa culpa, experimentando morte de cruz e nos reconciliando contigo. Rogamos, Senhor, que o teu Espírito nos ajude a ser obedientes a ti, assumir o compromisso de viver sob teu senhorio, amando a ti sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Por Jesus Cristo, que morreu, mas ressuscitou e que vive e reina contigo e o Espírito Santo. Amém. Pastor Paulo Sérgio Einsfeld Nova Petrópolis/RS

SOCIEDADE DO CANSAÇO: COMO SABER VIVER SEM ADOECER? Arquivo pessoal

Viver por si só não é fácil e é ainda mais difícil na sociedade atual, inquieta, hiperativa, sem tempo para sentir e perceber um dia de cada vez, no qual o cansaço impera e nem as boas noites de sono são suficientes para restaurar o vigor e a disposição. Segundo o dicionário, cansaço é a fadiga causada por excesso de trabalho, exercício ou doença; canseira, estar caindo de fadiga, mas sem se queixar, nem se lhe trair a fisionomia ao menor sintoma de cansaço. Estado de aborrecimento ou enfado; desinteresse, fastio, tédio. Edeltraud Fleischmann Nering

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Levantar-se cansada já se tornou parte da condição diária da maioria das pessoas, situação já anunciada pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche em seu livro “Humano, demasiado humano”, onde afirma que “por falta de repouso nossa civilização caminha para uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto”. Já o filósofo sul-coreano, naturalizado alemão, Byung-Chul Han alerta para o fato de que vivemos na sociedade do cansaço, do desempenho, do esgotamento, causado pela cobrança excessiva por alta produtividade, excesso de positivismo, esse relacionado ao fato de achar que se pode tudo o tempo todo, e de que nada e ninguém podem impedir o sucesso. Da sociedade disciplinar, carente de autonomia, passou-se para a sociedade do excesso, pautada na expressão “sim, nós podemos”. Positividade excessiva, superestimulada, da falsa liberdade, passível de causar frustração, levando à depressão quando não se consegue o desejado. Todo excesso esconde uma falta, e atualmente é a falta do “ser”. Han afirma que “a sociedade do século XXI não é mais disciplinar, mas uma sociedade de atuação. Tampouco são seus habitantes chamados ‘sujeitos de obediência’, mas ‘sujeitos de desempenho’. Esses sujeitos são empreendedores de si mesmos, ao mesmo tempo prisioneiros e vigias, vítima e agressor”. Com tanta pressão, a saúde física, a mental e a espiritual ficam abaladas. São tempos das doenças neuronais como o transtorno de personalidade limítrofe, transtorno de déficit de atenção, depressão e síndrome de Burnout, suicídio, entre outras. É ilusório acreditar que quanto mais ativos nos tornamos, mais liberdade teremos, uma vez que o corpo precisa de descanso, repouso, pausa para a contemplação, para demorar-se na experiência. Está proibido afirmar que “eu não consigo”, uma vez que não faltam afirmações de autoafirmação, autossuperação disponíveis nas redes sociais. O sujeito atual parece correr numa roda, feito um ratinho de estimação, girando cada vez mais rápido em volta de si mesmo. Nunca está satisfeito com seu desempenho, portanto nunca alcança um ponto de contentamento onde pode repousar. Além disso, desgasta-se com os novos meios de comunicação, construindo um sujeito eficaz virtualmente, porém ineficaz nos relacionamentos reais, sem contar que a superexposição somada à supercompetição podem levar à chamada solidão conectada. A vida ativa se sobrepõe à vida contemplativa. Sugadas pelo cansaço, as pessoas entram em colapso. Nesse contexto, não há mais tempo para celebrar a vida, uma vez que celebração exige tempo, preparo e presença genuína. Quando não se celebra 48

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mais, perde-se a conexão com o divino, com o sagrado, essência primordial do humano. Viver tornou-se um sobreviver, um cansaço arrastado, como cita Byung-Chul Han: “Nós nos transformamos em zumbis saudáveis e fitness, zumbis de desempenho e do botox. Assim, hoje, estamos por demais mortos para viver, e por demais vivos para morrer [...] o excesso de elevação do desempenho leva a um enfarto da alma”. Com a falta de tempo, o sujeito do desempenho não procura mais a causa do conflito psíquico que lhe traz sintomas físicos, já que isso demanda reflexão, e refletir é demorado e o tempo escasso! A medicação psiquiátrica pode atender com urgência necessária o restabelecimento, a manutenção e o aperfeiçoamento das potencialidades do sujeito impaciente, para que ele continue seu desempenho, seu funcionamento. O poeta português Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Álvaro de Campos, descreve claramente nas primeiras estrofes do poema “O cansaço”, o que significa sentir na pele esse cansaço extremo: “O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto em alguém, Essas coisas todas Essas e o que falta nelas eternamente; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço”. Saber viver na sociedade do cansaço exige atitudes nem sempre fáceis, mas que podem fazer a diferença, como buscar sentido nas coisas, entender os motivos pelos quais você as faz. Utilizar com sabedoria as redes sociais. Não se comparar a ninguém. Aprender a lidar com as imperfeições, com as falhas, com os limites, entendendo que não é possível fazer tudo e agradar o mundo. Buscar momentos que envolvam fazer o que gosta, permitindo-se viver a experiência, tirando um tempo para o descanso. Parar com a obsessão por produtividade e desempenho, descansar pelo prazer que trará, e não para 49

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ser a pessoa mais produtiva da história. Não foi em vão que Deus, ao findar a sua obra, descansou, conforme relatado no texto de Genesis 2.2. Recalcular a rota, desacelerar, priorizar o ser são atitudes sábias para o não adoecimento da alma, para saber viver, lembrando que para a alma não há silicone e que buscar auxilio terapêutico não é vergonha, mas autocuidado! Fontes de pesquisa: NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. HAN, Buying-Chul. Sociedade do cansaço. 2. ed. ampl. Petrópolis: Vozes, 2017.

Edeltraud Fleischmann Nering Professora, arteterapeuta Rio Negrinho/SC

A PÁSCOA E SEUS SÍMBOLOS DE VIDA O texto pode ser apenas lido ou apresentado em forma de jogral. Para cada símbolo pode ser mostrado um cartaz com o desenho correspondente. PESSOA 1: A ressurreição de Jesus Cristo, a Páscoa, é a festa mais importante e mais antiga do cristianismo. A cada ano, ela é celebrada numa data diferente, entre 22 de março e 25 de abril. Por que a data da Páscoa varia todos os anos? PESSOA 2: A igreja determinou, no ano de 325 depois de Cristo, como calcular essa data. Preste bem atenção: a data da Páscoa, para nós, que estamos na parte sul do planeta, cai no primeiro domingo depois da lua cheia do início do outono. Parece complicado, mas não é! O outono inicia sempre em 21 de março. Aí, temos que ver, depois do dia 21 de março, quando será lua cheia. E o primeiro domingo depois dessa lua cheia é a data da Páscoa naquele ano. PESSOA 3: E de onde vem a palavra Páscoa? No Português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pêssah, que significa passagem. Tem a ver, em sua origem no Antigo Testamento, à passagem do povo de Deus da escravidão no Egito para a liberdade. Depois, ligada à Páscoa cristã, essa palavra lembra também a passagem da morte para a vida, prometida por Jesus a todas as pessoas que nele creem. 50

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PESSOA 4: A festa da Páscoa é acompanhada de alguns símbolos. Muitos deles não têm origem cristã, mas foram sendo adaptados e ressignificados ao longo dos séculos. De qualquer forma, todos querem trazer uma mensagem de vida. Entre eles estão: PESSOA 5: O círio ou vela pascal: essa vela simboliza a vitória da luz sobre as trevas. Toda vela, quando é consumida pelo fogo para iluminar, entrega-se totalmente – como Cristo na cruz. O círio pascal é tradicionalmente decorado com uma cruz e com a primeira e a última letra do alfabeto grego, alfa e ômega, lembrando que Jesus Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas. PESSOA 6: O cordeiro lembra que uma pessoa sacrificou-se por todas as outras. Nos tempos bíblicos, ainda anteriores a Jesus, cordeiros eram sacrificados e oferecidos a Deus para que seu sangue limpasse a culpa das pessoas pecadoras. Por isso Jesus é chamado de Cordeiro de Deus, por ter derramado seu sangue na cruz por nós. Mas, olhando para o cordeiro, lembramos também que Jesus é o bom pastor, que nos protege e que vai ao nosso encontro quando estamos perdidos. PESSOA 7: O galo acorda os dorminhocos todas as manhãs. Como símbolo da Páscoa, ele nos lembra que devemos nos manter atentos, vigilantes. Com seu canto, o galo anuncia a chegada da luz do sol. Isso pode nos lembrar das palavras de Jesus: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará na escuridão”. PESSOA 1: O ovo é, em muitas culturas, um símbolo da vida, da fertilidade e da renovação. Para nós, pessoas cristãs, o ovo lembra a ressurreição: sua casca dura faz com que pareça morto e pode representar a sepultura na qual Jesus ficou por três dias. Mas ele carrega dentro de si uma nova vida. Ovos coloridos são distribuídos como um símbolo dessa certeza e dessa alegria. PESSOA 2: Ligados aos ovos, temos também a galinha e os pintinhos, que nos lembram da bondade de Deus. Assim como os filhotes encontram proteção debaixo das asas de sua mãe, também nós somos protegidos pelo amor de Deus. PESSOA 3: O coelho é outro sinal de vida, já que se multiplica rapidamente. Na Europa, ele é um dos primeiros animais que saem de seu esconderijo na época da Páscoa, depois do longo inverno. O coelho é também muito rápido e 51

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tem muitos filhotes. De um jeito semelhante, a pessoa cristã é convidada a sair logo por aí, multiplicando a boa notícia da Páscoa: Jesus ressuscitou! PESSOA 4: A borboleta nos lembra que a morte não é a última coisa para nós. Para que exista a borboleta, primeiro a lagarta se fecha em seu casulo, que parece uma casca morta. Mas, lá de dentro, logo surge uma linda e colorida borboleta. Assim, ela é um símbolo da transformação, um símbolo da ressurreição. TODAS: Páscoa é festa da vida! Pastor Jaime Jung Erndtebrück, Alemanha PÁSCOA – dia das surpresas e das decepções Naquela manhã, as mulheres estavam tristes. Elas tinham a intenção de ungir um defunto. Jesus, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives. As mulheres viram o Senhor vivo. Sua tristeza transformou-se em alegria. A ressurreição é uma surpresa feliz! Naquela manhã, os discípulos estavam amedrontados. Eles pensavam que para Jesus tivesse chegado o fim. Mestre, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives. Os discípulos viram o Senhor vivo atrás de portas trancadas. A ressurreição destrói o medo.

Naquele dia, Tomé era incrédulo. Ele pensava que Jesus jazia na sepultura.

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Naquela manhã, os sacerdotes estavam alegres. Eles estavam convictos de que Jesus estava morto. Senhor, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives! Os sacerdotes ouviram dos soldados que Jesus ressuscitara. Sua alegria transformou-se em pavor. A ressurreição destrói o poder do mal.

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Meu Deus e meu Senhor, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives. Tomé viu as feridas que nos sararam. Sua descrença transformou-se em fé. A ressurreição destrói a descrença. Naquele dia, dois discípulos iam desanimados para Emaús. Eles tinham perdido todas as esperanças. Companheiro divino, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives. Os discípulos reconheceram o Senhor vivo durante a refeição. Sua falta de esperança transformou-se em confiança. A ressurreição destrói a falta de esperança. Naquela manhã, Satanás estava feliz. Ele dizia consigo mesmo: destruí a salvação. Vencedor sobre a morte, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives. Satanás soube da ressurreição. Sua felicidade transformou-se em desengano. A ressurreição é a morte da morte. Muitas vezes, estou confuso. Eu penso que tu não vives mais, meu Salvador. Meu Salvador, tu ressuscitaste, tu foste visto, tu vives. Ouço uma voz no meu coração: Teu Salvador vive! Apesar de não te ver, creio que tu ressuscitaste. Alegria e paz enchem-me o coração. A ressurreição me transforma e me renova.

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Johnson Gnanabaranam Bispo luterano indiano

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Arquivo OASE

Ação diaconal dos grupos de OASE do Sínodo do Vale do Itajaí em prol das mulheres e suas crianças vítimas da violência doméstica. Grupo de OASE da Paróquia Apóstolo João, Pomerode/SC

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Lema do mês: Não deixe de fazer o bem aos que dele precisam, estando em suas mãos o poder de fazê-lo. Provérbios 3.27

DATAS IMPORTANTES 01 – Dia do Trabalho 03 – 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica do Brasil, Nova Friburgo/RJ 1782 – Senhas Diárias 04 – 1899 – Início da Frauenhilfe na Alemanha 08 – Dia da Cruz Vermelha Internacional 11 – 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, na Europa 14 – Dia das Mães 17 – 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, São Leopoldo/RS 18 – Ascensão 20 – 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, São Leopoldo/RS 21 – 1984 – 1º Congresso Geral Constituinte da OASE 28 – Pentecostes

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Meditação FAZER O BEM

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Arquivo pessoal

ue a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam conosco hoje e sempre. Amém. Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo (Provérbios 3.27). Irmãs em Cristo! Sem dúvida nenhuma, a palavra de Deus é atual e desafiadora em todos os temVera Cristina Luckner Beling pos e lugares. Nela, encontramos orientae seu esposo, P. Rogério Beling ção e segurança para a nossa vida. O lema do mês de maio, de Provérbios 3.27, nos desafia a fazer o bem a quem dele precisa. O poder de fazer o bem está nas mãos de cada um dos filhos e das filhas de Deus. Conta-se que havia um viúvo que morava com suas duas filhas, que eram curiosas e inteligentes. As meninas sempre faziam muitas perguntas. Algumas ele sabia responder, outras não. Como pretendia oferecer a elas a melhor educação, mandou as meninas passarem férias com um sábio que morava no alto de uma colina. O sábio sempre respondia a todas as perguntas sem hesitar. Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta que ele não soubesse responder. Então, uma delas apareceu com uma borboleta azul, que usaria para pregar uma peça no sábio. – O que você vai fazer? – perguntou a irmã. – Vou esconder a borboleta em minhas mãos e perguntar se ela está viva ou morta. Se ele disser que está morta, vou abrir as minhas mãos e deixá-la voar. Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la e esmagá-la. – E assim, qualquer resposta que o sábio nos der estará errada! Então, as duas meninas foram ao encontro do sábio, que estava meditando. 55

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– Tenho aqui uma borboleta azul. Diga-me sábio, ela está viva ou morta? Calmamente o sábio sorriu e respondeu: – Depende de você, ela está em suas mãos. Queridas irmãs! Em nossas mãos está a decisão! Assim como o sábio, Deus também nos dá a liberdade de tomar a decisão. Para as pessoas cristãs, seguidoras de Jesus Cristo, a decisão já está posta: fazer o bem é a única decisão a ser tomada. Deus coloca em nossas mãos a capacidade de fazer o bem a cada dia. O amor, o perdão, a justiça e a paz são valores que representam o bem, ensinado e vivenciado por Jesus. Como discípulas e discípulos, somos convidados e convidadas a fazer o bem, assim como diz a palavra de Provérbios. As pessoas cristãs precisam ser coerentes com o evangelho. Assim sendo, a única escolha possível deveria ser a de fazer o bem. Mas, infelizmente, as limitações humanas atrapalham e nos levam a decisões contrárias aos valores ensinados por Jesus. Desta forma, deixamos de fazer o bem, especialmente àquelas pessoas que mais precisam. Vivemos tempos marcados pelo individualismo, falta de empatia e empobrecimento dos verdadeiros valores do Reino de Deus. Fazer a escolha pelo bem é a tarefa que nós, herdeiros e herdeiras do seu Reino, devemos fazer. Viver o batismo todos os dias em testemunho diário do amor de Deus ajudará a fazer a melhor escolha, que é praticar o bem. Comunhão, Testemunho e Serviço é o lema da OASE. A fé em Deus que é testemunhada de geração em geração na comunhão e no serviço em favor do bem. Que Deus nos abençoe a fazermos sempre a melhor escolha. A escolha da vida, do amor, da solidariedade, do perdão e da paz. A decisão está em suas mãos! Oração: Senhor Jesus, nós precisamos de tua orientação, de tua ajuda, de tua proteção. Quando por nós mesmos tentamos fazer o bem, logo notamos que nos faltam força e coragem. Quando nos esforçamos para resistir ao mal, descobrimos que somos fracos demais para o conseguir. Transforma tu nossa noite em dia. Guia-nos por teus caminhos, até nos receberes em tua cidade eterna, onde veremos a tua face. Amém. (Bernardo de Claraval, 1090-1153) Vera Cristina Luckner Beling Vice-presidente da OASE do Sínodo Espírito Santo a Belém Santa Maria do Jetibá/ES 56

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SABER VIVER UMA VIDA MAIS SIMPLES Impressionante como existem programas na TV que falam de pessoas que resolvem abandonar a vida de estresse dos grandes centros para viver uma vida mais simples, seja numa praia ou num lugar no interior. Por que será? Primeiramente, acreditamos que o criador nos fez para viver o dia a dia de um modo tranquilo, e, em segundo lugar, nós na verdade precisamos menos do que imaginamos. Em Mateus 6.19-21, Jesus nos lembra: Não acumulem tesouros sobre a terra, onde as traças e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntem tesouros no céu, onde as traças e a ferrugem não corroem, e onde ladrões não escavam, nem roubam. Porque, onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração. Pouco adiante, no mesmo capítulo, Jesus vai dizer para nos inspirarmos nos pássaros e nos lírios dos campos, de como Deus cuida deles, e bem no fim ele nos diz aquela palavra clássica que muitos conhecem: Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas (Mateus 6.33). O que nos leva a desejar e a querer sempre mais? Faz parte de nosso instinto ampliar e conquistar sempre. Ninguém entra num jogo, negócio, casamento ou igreja pronto para perder algo; queremos receber, ganhar, adquirir e ser abençoado. É de nossa índole ter algum benefício ou vantagem, isso já vem lá da infância. Bem cedo as crianças dizem “é meu” ou “eu quero”. Se essa tendência permanecer pela vida afora, não haverá espaço físico nem emocional para comportar todas as coisas, nem absorver todos os relacionamentos, por isso é preciso rever prioridades. Quando o excesso sufoca a vida, perdemos o foco daquilo que de fato importa. Aqui reside o problema, e certamente a palavra de Deus nos quer guardar dessa sedução de querer sempre mais. Para simplificar é preciso rever prioridades. Para algumas pessoas, essa mudança vem normalmente a partir de alguma crise, perda ou doença grave, quando percebem que a vida é muito mais do que coisas. Será que não tem como acordar para isso sem experimentar antes uma perda? Na nossa comunidade, meu colega, com o qual já trabalho há vários anos, e eu dividimos um escritório. Num dia desses, ele teve um “rompante” de arrumação, e eu me deixei contagiar por ele. Sem dúvida, me desfiz de 70% 57

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de materiais que eu já tinha comigo por décadas. Como pode que guardamos coisas por tanto tempo que não olhamos, nem usamos, mas tampouco jogamos fora. Coisas como cópias de artigos, revistas, recorte de jornais, livros, arquivos, folhas, cacarecos etc. Por que será que guardamos essas coisas? Pessoas especializadas em organização afirmam que aquilo que você não usa em um ano pode jogar fora, pois dificilmente será usado. Será que esse acúmulo de coisas não representa também as bagunças e os acúmulos de coisas dentro de nós? Fato é que precisamos de pouco, de muito pouco para viver e ser felizes. E normalmente não está associado a coisas, tem muito mais a ver com nossa saúde emocional e espiritual. Lembro aqui de um texto de Paulo em 1 Timóteo 6.6-9: De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada trouxemos para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Mas os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos insensatos e nocivos, que levam as pessoas a se afundar na ruína e na perdição. Paulo afirma que há um lucro na vida, muito além de dinheiro e bens, que está associado à paz de espírito e bem-estar. Mas também somos lembrados que a tão buscada vida estável e bem-sucedida pode ter um ônus elevado. As palavras do apóstolo são: cair em tentação, armadilhas, desejo descontrolados e nocivos, que podem levar o ser humano a mergulhar na ruína e na destruição. Vale a pena lembrar que ter dinheiro certamente é algo bom, porém a Bíblia fala de pessoas muito bem-sucedidas cujo dinheiro cobrou o preço muito elevado da vida. Como simplificar, como rever o que de fato precisamos? Quais nossas prioridades? Existem profissões que pedem mudanças de casa ou até de cidades. É interessante quanta coisa dá para descartar numa mudança. Livrar-se de coisas que já não precisamos mais. Entendidos em organização dizem que aquilo que você não usou em um ano, você poderia se desfazer. Só por esse critério, quanta coisa já não deveria mais estar em nossa casa, não é verdade? Gosto da frase de Ed Cole, empresário norte-americano: “Se você quer que algo mude, então mude alguma coisa”. Sim, mudanças no sentido geográfico, mas também no sentido de mexer algumas coisas estagnadas pode ser uma ótima oportunidade de desapegar. Sem querer ser reducionista, seguem abaixo alguns pontos interessantes que podem nos ajudar em termos de critérios para rever prioridades: 1) Vidas são insubstituíveis e coisas podem ser adquiridas novamente. Ouvi um pai que perdeu um filho dizer: “Daria tudo o que eu tenho para ter o meu filho de volta”. Será que precisamos primeiro perder pessoas para lhes 58

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dar o devido valor? A bênção da vida deveria estar no topo, automaticamente colocará as coisas em categorias inferiores. Pessoas valem mais do que coisas. É fácil você trocar essa ordem. Pessoas podem virar coisas e as coisas adquirirem valor vital. Não precisamos negar que ficamos tristes quando algo de que gostamos é danificado, porém precisamos lembrar que uma roupa, um copo, um livro ou um carro jamais valerá mais do que uma pessoa. Pessoas sempre valerão mais do que objetos. As pessoas ao nosso lado precisam saber disso. 2) Neste mundo de consumo, precisamos treinar nossos impulsos. Se você é uma pessoa que cada vez que voltar para casa tem uma sacola na mão, cuidado, talvez você tenha problemas com compulsividade em compras. E a inteligência artificial nas mídias descobre rapidinho suas buscas e motiva a consumir. Porém, além da sensação de derrota e de gastos desnecessários, esse tipo de consumo não traz alegria. Ele não é planejado e não faz parte de sua melhora de vida, mas é apenas o prazer de fazer a compra. Depois é apenas mais um item acumulado. E isso pode ser viciante. Compradores compulsivos precisam de ajuda profissional, pois trazem sofrimento para si, mas também para as pessoas com as quais convivem, e nunca se satisfazem. 3) Fazer uma lista do que precisa pode ser uma ajuda. Essa é uma dica bem prática para manter o foco quando vai ao mercado ou a alguma loja de departamentos. É bom ter um planejamento das coisas que precisam ser feitas e adquiridas. O impulso e o ímpeto geram frustração; organização e planejamento trazem satisfação. 4) Gostar de coisas de segunda mão. Não tem nada de errado fazer uso de coisas de segunda mão. Em alguns países isso é bem comum, e o planeta agradece. Porém, coisas de segunda mão precisam agradar 100%, caso contrário é apenas mais uma coisa que será acumulada. Lembrem-se, coisas bonitas sempre serão bonitas, mas tranqueiras sempre permanecerão tranqueiras. Marie Kondo, uma “organizer”, tem um programa que pode ser assistido no Netflix. Ela visita famílias para auxiliar na organização doméstica. É incrível como, depois da casa arrumada, essa arrumação afeta positivamente os relacionamentos, muda outras áreas da vida. O ambiente fica mais leve, o relacionamento melhora e a casa fica em ordem. Ela afirma: “A mudança é tão profunda, que a pessoa sente como se estivesse vivendo em outro mundo”. Uma boa arrumação e organização devolvem felicidade para as pessoas. Algumas dicas bem interessantes dela: a) Guarde o que a faz feliz: deixe com você apenas aquilo que trouxer alegria; o que não trouxer, descarte. 59

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b) Organize por categoria: vá por partes. Invés de arrumar cômodos, arrume por categorias (roupas, fotos, livros, documentos etc.). c) Comece pelas roupas: é mais fácil descobrir o que você usa e o que você não usa. d) Organize lado a lado: as roupas que “sobrarem” podem ser dobradas em pequenos retângulos e guardadas verticalmente. e) Objetos com valor emocional: se os objetos não tiverem um significado, não há motivos para estarem na sua casa (independente do seu valor financeiro). f) Faça a limpeza sozinha: é fácil ser influenciado quando há alguém fazendo a limpeza com você (inclusive pais e mães!). g) Não gaste dinheiro com novos móveis e organizadores: não caia na tentação de comprar novos compartimentos e usá-los para guardar mais tralhas. h) IMPORTANTE: Não deixe para depois! É melhor começar e terminar cada categoria de uma só vez, sem interromper a arrumação. (Disponível em: <https://blog.inusual.com.br/marie>.) Atribui-se ao pintor alemão Hans Hoffmann o pensamento: “A habilidade de simplificar a vida passa por eliminar o desnecessário, para que o necessário possa manifestar-se”. Para que consigamos fazer isso é preciso de fato aprender a fazer escolhas mais adequadas. A vida é feita de escolhas. Diz-se que se temos mais de três prioridades, então não temos nenhuma. E o publicitário brasileiro Domênico Massareto crava: “Nada do que você veste, pensa ou diz o define tão bem quanto as suas prioridades”. Por mais que estejamos falando de coisas, o contentamento e uma vida simples talvez seja o que torna as pessoas mais marcantes. Lembre-se das pessoas que mais a marcaram em termos de importância e preenchimento emocional, e você concordará que a postura simples, amorosa e leal lhe trouxe o melhor em termos de convívio. Jesus fez milagres incríveis, mas a sua lição mais marcante foi seu ensino simples e preciso em torno do amor que subverteu a ordem dos poderosos. “Que religião é essa, cujos principais divulgadores são mulheres, crianças e artesãos?”, perguntava Celso (ateniense do ano 200). Celso via os deuses nacionais gregos sendo substituídos pelo Pai de Jesus Cristo, anunciado por pessoas simples: mulheres, crianças e escravos que exerciam o artesanato. Para Celso, a ordem da sociedade estava sendo posta de cabeça para baixo, pois as pessoas que estavam embaixo na escala de valores eram agora pregadoras de uma religião.

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Para reflexão: Por que há uma tendência em nós de acumular tanta coisa? Você concorda que quanto mais temos, mais reféns ficamos das coisas? Que pequenos passos podem ser dados como grupo de OASE em termos de desapego? Pastor William Bretzke Jaraguá do Sul/SC

ESPERANÇAR E SEMEAR SINAIS DO REINO DE DEUS Se vocês tratam as pessoas com parcialidade, cometem pecado, sendo condenados pela lei como transgressores. (Tiago 2.9) Imaginemos o jardim do Éden. Um lugar maravilhoso, muito aprazível, onde reinavam a paz, a harmonia, e onde o meio ambiente era perfeito, saudável para todas as pessoas. Havia frutas diversas e deliciosas, mas o foco foi a única fruta que não podia ser consumida: a fruta da árvore do bem e do mal. E a mente de Adão e Eva escureceu. Assim acontece conosco: consideramos o sol, as flores, as árvores, a chuva, os insetos e toda a natureza como concedida, como óbvia, como um direito adquirido. Deixamos de preservar a criação de Deus em nome do progresso e do conforto. Olhamos para o errado, para o negativo e para aquilo que está em desordem, mas nos acomodamos e, poucas vezes, nos dispomos a pôr a mão na massa e consertar o que não está de acordo com a vontade do Criador. Dividimos as atividades humanas em duas categorias: as “rentáveis e consideráveis” e as “serviçais e desagradáveis”. Algumas pessoas que desempenham certas funções são despercebidas e não são valorizadas pela sociedade. Temos uma atitude um tanto quanto egoísta em evitar concentrar a nossa atenção para além da nossa existência e da nossa sobrevivência. Apresentamos dificuldades para olhar além dos muros e das paredes de nossa casa, de nossa igreja, e auxiliar aquelas pessoas que são marginalizadas, que são pouco ouvidas e com raras oportunidades para mudar uma situação de fragilidade e vulnerabilidade. Sabemos que atualmente um dos grandes desafios da humanidade é superar a poluição no mundo. Não podemos mais nos agarrar ao status quo. O Espírito de Deus quer nos sensibilizar para enxergar os graves problemas do 61

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país na área da saúde, da segurança, da questão ambiental, que se resume em uma boa educação para todos os cidadãos e as cidadãs. É preciso agir! Desde 1992, o Grupo Ruth da OASE em Canoinhas/SC vem tomando consciência do montante de lixo propriamente dito e do lixo que não é lixo acumulado em nossas casas, em nossas ruas, em nossa cidade todos os dias. Começava-se a falar em material reciclável, em coisas que poderiam ser reaproveitadas. Várias iniciativas foram adotadas para a efetiva seleção de lixo. Sem apoio dos órgãos governamentais e sem recursos para um empreendimento particular, o projeto de uma cooperativa de reciclagem não seguiu adiante. No entanto, tivemos um olhar para as pessoas envolvidas na coleta do lixo e nos importamos com o trabalho diário dos garis, dos coletores de lixo e dos catadores e catadoras de material reciclável, cuja atividade ainda é subestimada. Surgiu em 2010, quando o Encontro da OASE – Núcleo do Contestado realizou-se em Canoinhas/SC, a ideia de incluir na pauta do dia uma homenagem aos profissionais da limpeza da nossa cidade. Para tal, foi solicitada uma colaboração de cada grupo de OASE visitante para esse encontro. Elaborou-se uma lista de itens, para que todos os grupos trouxessem um presente com o mesmo conteúdo. Das diferentes localidades do núcleo e pelos grupos de OASE presentes no evento, cada homenageado foi presenteado com uma cesta recheada de produtos alimentícios. Na data marcada, autoridades governamentais também se fizeram presentes. Houve várias falas sobre a importância do ofício daqueles profissionais homenageados. Alguns de seus representantes tiveram a oportunidade de ­expressar suas dificuldades, falar dos perigos no dia a dia e os anseios daquelas pessoas tão imprescindíveis na nossa vida e no vai e vem de uma cidade. A partir daquela ocasião, todos os anos, próximo ao Dia do Gari, 16 de maio, é organizada uma tarde especial para os garis, para os coletores de lixo e para as pessoas catadoras de material reciclável. Programa-se uma curta palestra, um tempo para os profissionais da limpeza exporem os “cavacos do ofício”, como: acidentes que ocorrem com vidro ou material pontiagudo mal descartado, cachorros soltos que avançam nesses profissionais nas ruas, material contaminado mal acondicionado e tratamentos inadequados ou ofensivos. Vários se manifestam e agradecem pela consideração, pela valorização do seu trabalhos e pela tarde especial dedicada a eles e elas. Há diálogo e uma interação transcorre de maneira muito agradável. É feita uma meditação com cantos e oração e oferecido um delicioso e farto lanche, denominado Café dos Garis. Para encerrar o encontro, cada pessoa convidada se despede e recebe um presente.

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Indescritível é a satisfação das mulheres do Grupo Ruth-OASE quando, na rua ou no portão de casa, são reconhecidas e cumprimentadas com um vasto sorriso pelo gari ou pelo catador de lixo. Todos e todas, filhos e filhas de Deus, queremos ser tratados e tratadas com dignidade. Incentivar, proporcionar oportunidades de progresso, dar voz, fazer a diferença, importar-se com as pessoas menos favorecidas é honrar a Jesus Cristo. Toda atividade é importante na missão de Deus. Partilhar, envolver-se com o próximo, cuidar das relações humanas e dos espaços de convivência, acolher essas pessoas é acolhê-las no Corpo de Cristo. Somos feitura de Deus e almejamos vivenciar as “boas obras da graça”, finalidade para a qual ele nos criou. Esperança transformada em realidade Para nossa grande alegria, em 05 de junho de 2021 foi lançado, pelo prefeito de Canoinhas, o tão esperado “Programa OURO VERDE”, a partir da aprovação do projeto de lei da Câmara Municipal de Vereadores, que determina que quem vive em Canoinhas poderá trocar material reciclável (latas de alumínio, ferro, aço, papel, papelão, plásticos em geral, embalagens cartonadas [Tetra Pak] e isopor) por créditos para gastar no Mercado Público Municipal. Gratidão a Deus e às pessoas envolvidas na concretização desse sonho que agora virou realidade. Sugestão: Leiam o Salmo 8 para inspirar a reflexão, o diálogo e a oração Oração: Senhor, tu dizes que tudo o que fazemos por qualquer pessoa tem importância. Tudo foi criado por ti. Ensina-nos a falar e a ter atitudes de respeito e cuidado em relação ao nosso próximo e ao meio ambiente que nos cerca. Que se pregue e se cumpra a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não (2 Timóteo 4.2). Abençoa o teu povo e as atitudes transformadoras e de cuidado em favor da tua criação. Por Cristo Jesus. Amém Dinâmica: Objetivo: Conscientizar da importância e do cuidado no manuseio do lixo. Material: Disponibilizar papel e canetas. Desenvolvimento: Dividir em pequenos grupos. Escolher uma representante para expor as respostas ao grande grupo. Compartilhar as respostas de todas as pessoas de cada pequeno grupo no grande grupo. Cada pequeno grupo responde: 63

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1 – O que você efetivamente faz ou fará para facilitar e tornar menos desagradável o trabalho dos profissionais de limpeza? 2 – Como podemos transformar a realidade em nossa localidade/município quanto aos materiais recicláveis e a produção de lixo? Maelis Schreiber Catequista Rosilene Schultz Blumenau/SC

Dia das mães A MÃE QUE A GENTE SENTE Vocês serão amamentados, carregados nos braços e acalentados no colo. Tal como a mãe consola o filho, assim eu os consolarei. (Isaías 66.11-13) Sempre que o Dia das Mães se aproxima, relembramos nossas experiên­ cias como mães ou como filhas. Mesmo que você não tenha experimentado a maternidade, certamente tem alguma lembrança de sua mãe. Muitas histórias e momentos vividos contribuem com aquilo que somos hoje. Sempre ouvi muito a frase: “Quando uma criança nasce, nasce também uma mãe”. Seria assim tão simples e mágico? Certamente não há apenas uma forma de ser mãe. A maternidade também pode ser vivida de formas diversas. Quantas mães dão à luz seus filhos ou suas filhas sem terem se sentido absolutamente preparadas para essa tarefa? Quantas são desafiadas pela realidade de abandono ou indiferença por parte daqueles que também têm responsabilidade pela vida gerada? Quantas mães precisam se reinventar e fortalecer quando a maternidade trouxe consigo limitações físicas ou intelectuais em seus filhos ou suas filhas? Quantas mães descobrem que seu filho ou sua filha não nasce apenas do útero, mas também do coração? Ah mães, suas formas são variadas, fortes e sensíveis, destemidas e impulsivas, guerreiras e amáveis, e todas, em sua essência e forma, admiráveis! Nossa mãe! Mães da gente! Que cada filho ou filha possa conhecer e conviver com mães valiosas e corajosas, que sabem educar e instruir sem explorar ou destruir. Que a presença da mãe acolhedora, que carrega no colo, consola e conforta, anunciada por Isaías, seja um pouco mais deste Deus que a gente sente. Feliz e abençoado Dia das Mães! Pastora Mirian Ratz Timbó/SC 64

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MÃE É QUEM FICA Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem Mãe fica. Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica. Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio. Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando. É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe. Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora. Quando as certezas se desfazem. Mãe fica. Mãe é a teimosia do amor, que insiste em permanecer e ocupar todos os cantos. É caminho de cura. Nada jamais será mais transformador do que amar um filho. E nada jamais será mais fortalecedor que ser amado por uma mãe. É porque a mãe fica, que o filho vai. E no filho que vai, sempre fica um pouco da mãe: Em um jeito peculiar de dobrar as roupas. Na mania de empilhar a louça só do lado esquerdo da pia. No hábito de sempre avisar que está entrando no banho. Na compaixão pelos outros. No olhar sensível. Na força pra lutar. No coração do filho, mãe fica. Cora Coralina 65

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Arquivo OASE

Grupo de OASE de Rondonópolis/MT, fazendo e vendendo o Streuselkuchen, a cuca com farofa na cultura gastronômica alemã

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Lema do mês: Deus lhe dê do orvalho do céu, e da exuberância da terra, e fartura de trigo e de vinho. Gênesis 27.28

DATAS IMPORTANTES 04 – 1743 – Primeira Bíblia impressa na América 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 08 – Corpus Christi 10 – Dia do Pastor/da Pastora 11 – Dia dos Namorados 13 – 1525 – Casamento de Lutero com Katharina von Bora 24 – Dia de São João Batista 25 – 1530 – Confissão de Augsburgo

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Meditação ORVALHO DO CÉU

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Arquivo pessoal

m Gênesis 27.28, que é o lema do mês, diz: Deus lhe dê do orvalho do céu, e da exuberância da terra, e fartura de trigo e de vinho. Fala que Deus dá do orvalho do céu, fartura de colheita. Vamos refletir e apontar para a frase do orvalho do céu. Lendo vários textos bíblicos onde aparece a palavra “orvalho”, percebemos seu sentido e seu significado. Refere-se à bênção de Isaque a seu filho Jacó. O orvalho na Bíblia ilustra a bondade e bênção divinas. Essa bênção também é vista quando Deus salva e sustenta os descendentes de Jacó, filhos e filhas de Deus como nós, através do maná Emília Discher espalhado abundantemente no deserto como orvalho todas as manhãs (Êxodo 16.13s). O orvalho é refrescante, é dádiva, é mensagem dos céus, é fonte de vida. O orvalho apresenta-se a cada manhã incondicionalmente e é sempre uma bênção. Ele mantém e nutre a terra gentilmente. Independentemente de nós lhe prestarmos ou não atenção, o orvalho está sempre lá. Ainda que nós o ignoremos ou que sejamos alheias à sua presença, ele surge a cada dia sem perguntar nada. Assim é também o amor incondicional de Deus para conosco. Mesmo que não percebemos, Deus sempre derrama sobre nós suas bênçãos. E precisamos reconhecer: são muitas, muitas bênçãos. O orvalho é suave, não faz barulho como o trovão ou a chuva, e não nos causa espanto nem nos amedronta como o vento. Com suas gotículas vindas em forma de orvalho da madrugada, preservando a vida na natureza, assim são as gotículas de bênçãos ou orvalho espiritual derramadas constantemente pelo nosso Senhor em nossas vidas. Todos os dias, usufruímos dessas gotículas e consequentemente transmitimos as mesmas às pessoas que nos rodeiam. Desta forma, o orvalho do Senhor vai inundando todo o nosso ser e supre todas as nossas necessidades espirituais. Quando Isaque abençoou Jacó, 67

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desejou-lhe o orvalho do céu, que fertiliza os campos e produz alimentos em abundância. A história de Isaque e Jacó ajuda-nos a compreender que o Senhor inspira suas servas e servos a realizarem a sua vontade. Isaque foi também inspirado por Deus. O Salmo 133.3 diz: É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor ordena a sua bênção e a vida para sempre. Aqui o salmista escreve o grande regozijo de Deus na nossa unidade. O orvalho é símbolo do Espírito Santo. Nossa tarefa como pessoas cristãs, como igreja, como OASE, é levar o orvalho suave, manso, refrescante, dando nosso testemunho, nossos dons, vivendo uma relação de paz e fé. Nossa tarefa permanece de levar adiante os ensinamentos de Jesus Cristo representando orvalho, fartura, colheita abundante na vida das pessoas que necessitam de amor, carinho, apoio, atenção, representando bênçãos dos céus. Para reflexão: O que há de tão especial no orvalho? Quem representa o orvalho em nossa vida? O que é orvalho de Deus para você? Como OASE, como podemos demonstrar nossas gotículas de orvalho na missão? Com gesto de bênção, através do orvalho dos céus suave, refrescante, calmo, encerramos abraçadas em forma de um círculo, cada uma agradecendo por tantas bênçãos recebidas em sua vida. Finalizamos cantando o hino 625, do Livro de Canto da IECLB. Aqui, um aperitivo da estrofe 1: Bem de manhã, embora o céu sereno pareça um dia calmo anunciar, vigia e ora: o coração pequeno um temporal pode abrigar. Emília Discher Presidente da OASE Sinodal do Sínodo da Amazônia

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SABER VIVER PARA PERMANECER Geração vai e geração vem, mas a terra permanece para sempre. O sol se levanta e o sol se põe, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte, dá voltas e mais voltas e retorna a seus circuitos. Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche (Eclesiastes 1.4-7a). Olhos fixos, ouvidos atentos, mãos ensaiando gestos de cumprimento. Rostos à mostra. Sim! Rostos esperançosos revelados ao se retirar a máscara, necessária e incômoda, que nos acompanhara nos últimos tempos. Foi assim que, aos poucos, nossos grupos, em nossas comunidades, voltaram a se reencontrar. Um tempo esperado, demorado, mas que agora abraçamos com alegria e gratidão. Como nos lembram os versículos de Eclesiastes, a vida segue o seu curso, como o sol que se põe a cada dia, mas que sempre se levanta, como vento que sopra e, às vezes, traz ventania, mas sempre volta a seu lugar. Como águas que correm para o mesmo mar, mas ele jamais se enche. Experimentar a continuidade é desafiador, mas, ao mesmo tempo, lembra que a vida é feita de ciclos. Cada uma de nós experimentou esse ciclo de vida durante a pandemia de uma maneira. Muitos de nossos grupos puderam realizar encontros virtuais e buscaram inspiração criativa para o tempo de pandemia. Mas agora podemos afirmar: nada como um encontro acolhedor, daqueles em que vemos o sorriso umas das outras, nos abraçamos e até podemos tomar um café, um chá novamente. Quem imaginaria que coisas tão comuns aos nossos encontros nos fariam tanta falta. As histórias de vida, durante a pandemia e após ela, podem ser muito parecidas, mas, ao mesmo tempo, distintas e únicas. Oramos, intercedemos, agradecemos por vidas, por pessoas que conhecemos ou não, de perto ou longe e assim a fé se renovou em nossos corações de forma intensa e verdadeira. Nos diferentes relatos de vida, encontramos histórias de superação, que nos enchem de alegria, e também tantos fatos que nos entristeceram.

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Por muito tempo, ouvimos pessoas afirmando: “Tudo isso aconteceu para que a humanidade seja melhor”. Teria a humanidade aprendido com tudo isso? Será que, como pessoas, conseguimos demonstrar nossa capacidade transformadora? Não teria o isolamento nos tornado pessoas ainda mais individualistas e indiferentes? Ou tudo isso serviu apenas para que descobríssemos tamanha é a fragilidade humana? O tempo passa e vai nos ensinando. O movimento para o novo tempo pode ser lento e doloroso, mas algo marcou nosso entendimento de comunidade e de fé, especialmente para nossos grupos: somos comunidade a partir das relações em nossos grupos, através das relações, da partilha, da proximidade, do olhar-se nos olhos. Por mais que os desafios e a necessidade de uma igreja mais on-line estiveram presentes – e foi muito importante, nada como estar em comunhão uns com os outros, umas com as outras. Como foi difícil não poder visitar, abraçar as pessoas. Em algumas situações sequer foi possível nos despedir com dignidade de pessoas queridas. E para alguns de nós ainda é muito difícil retornar aos grupos, aos encontros. É como se o tempo estivesse suspenso. Saber viver é compreender o vazio, o silêncio, mas também reconhecer nossa força e capacidade para recomeçar e reconstruir. Redescobrir o verdadeiro propósito de Deus em nossas vidas é essencial para essa retomada de vida em comunhão, para testemunhar e servir com alegria. Permitir que o tempo vivido nos aponte novamente o rumo que seguirá é sábio e necessário. Saber viver nos permite permanecer. E nesse permanecer somos desafiadas a crescer. Aproveite esse tempo novo para olhar ao redor e perceber o quanto todo o tempo difícil é um convite para saborear o que há de bom e o quanto cada uma de nós é capaz de contribuir para que a vida não seja só um tempo, um momento que se repete. Saber viver realmente cada momento fará toda a diferença. Que esse novo ciclo de vida, de retomada, esteja cheio de novas possibilidades, criatividade, confiança e fé. Que os medos e as ansiedades sejam superados e vividos com coragem. Assim permaneça o tempo de Deus sobre nosso pensar e agir. Para dinamizar com o grupo Preparar tiras de papéis com palavras que indiquem sentimentos experimentados durante a pandemia e também após. Por exemplo: dívida – ansiedade – decepção – esperança – motivação – fé – confiança – medo – silêncio – espera – cuidado – saudade etc. Colocar as palavras (podem ser repetidas) 70

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e sugerir que cada uma escolha uma palavra. Se o grupo for grande, convidar que as pessoas com palavras iguais se reúnam por alguns minutos para conversar sobre por que essa palavra lhe é importante. Se o grupo for menor, incentivar o diálogo e a troca de opiniões sobre as palavras escolhidas. Ao final, desafiar cada grupo ou pessoa a acrescentar um aspecto futuro sobre a vida e os novos desafios pessoais, familiares ou comunitários. É possível que algumas palavras não sejam escolhidas ou outras sejam acrescentadas. Caso isso ocorra, lembrar delas e destacar sua relevância. Pastora Mirian Ratz Timbó/SC

MULHERES NO MINISTÉRIO: 40 ANOS DE ORDENAÇÃO NA IECLB Eu afirmo a vocês que isto é verdade: em qualquer lugar do mundo onde o Evangelho for anunciado, será contado o que ela fez, e ela será lembrada (Marcos 14.9 NTLH). No decorrer da história da igreja cristã, lembrar, contar adiante são componentes inerentes ao anúncio do Evangelho. As mulheres estiveram presentes no movimento de Jesus e foram as primeiras testemunhas da ressurreição (Marcos 16.9-11). Também colaboraram decisivamente para a formação das primeiras comunidades cristãs. Sua participação ativa gerou questionamentos e tentativas de fazê-las silenciar em público. À medida que foi sendo criada uma igreja com estruturas e hierarquias, seguindo as regras vigentes dentro do sistema patriarcal da época, as mulheres foram sendo empurradas para o âmbito privado da casa e dos serviços menos valorizados. Nem por isso elas deixaram de contribuir para que o Evangelho continuasse a ser anunciado. No Brasil, temos a presença de diaconisas vindas da Alemanha desde 1913, que atuaram principalmente nas áreas da saúde e da educação. Em 1938, o Congresso da OASE do Sínodo Riograndense decidiu fundar a Casa Matriz de Diaconisas e, em 1946, foram consagradas as duas primeiras diaconisas brasileiras. Em 1954, havia 40 diaconisas atuando em hospitais, jardins de infância, comunidades e ancionatos (hoje, Instituições de Longa Permanência). Sua ordenação, porém, somente passou a acontecer desde 1998, quando foi aprovado 71

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pela IECLB o Regulamento do Exercício Público do Ministério Eclesiástico com as quatro ênfases: catequético, diaconal, missionário e pastoral. No ano de 2017, quando celebramos os 500 anos da Reforma Luterana, lembramos e conhecemos muitas mulheres que encontraram brechas para expressar sua opinião e testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo já durante a Idade Média. Há muitos séculos, a história que foi contada e ensinada silenciou essas vozes. Como mulheres integrantes da IECLB, nos alegramos porque antes de nós, através do trabalho corajoso e incansável, muitas mulheres já nos ensinaram como é importante lembrar, contar adiante a nossa história e isso faz parte da arte de saber viver. Em 13 de novembro de 2022, celebramos 40 anos desde que a primeira mulher, a pastora Edna Moga Ramminger (in memoriam), foi ordenada na IECLB, abrindo assim para as mulheres essa nova possibilidade de servir ao Evangelho, com dedicação exclusiva ao ministério. Antes dela, a pastora Rita Marta Panke, no ano de 1976, já havia sido instalada na comunidade de Candelária no Rio Grande do Sul, porém ela foi ordenada somente no ano de 1983. Uma equipe de ministras, escolhidas em encontro nacional, preparou várias atividades para lembrar os 40 anos desde a primeira ordenação, pois, do ponto de vista teológico e legal, esse acontecimento reflete a equiparação de mulheres e homens na igreja. Como logotipo para essa comemoração foi escolhida a imagem abaixo: Vamos contemplar essa imagem e ver o que ela nos transmite. (Se a leitura acontecer no grupo, providenciar uma cópia grande ou algumas menores, de tal forma que todas possam olhar e depois partilhar.) A descrição feita pela equipe, composta por diácona, catequista, missionária e pastoras, diz o seguinte: O número 40 é simbólico na Bíblia: indica um tempo de travessia, provação, conversão, preparação para viver algo novo, oração e esperança no agir de Deus; afinal, 40 dias foi o tempo do dilúvio e da provação de Jesus e, durante 40 anos, o povo de Deus rea72

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lizou a travessia pelo deserto rumo à terra prometida. De 13.11.1982, quando aconteceu a ordenação da primeira ministra, até então já somam 40 anos de uma trajetória que firmou os passos das mulheres em seu protagonismo como ministras e lideranças. Somos muitas, com idades distintas, múltiplos jeitos e dons, porém todas igualmente sustentadas pela gratuidade de Deus, que nos alcança diariamente por meio do seu sopro restaurador e libertador. Na arte do logotipo, vemos corpos em movimento. No ritmo da ciranda, dança popular das comunidades do nordeste e norte do nosso imenso país, os corpos bailam suavemente com o movimento das fitas coloridas para celebrar a participação de cada uma das mulheres ministras que fizeram e farão caminho por esse deserto que se abre em flores e nascentes (Isaías 35), integrando cada gesto de gratidão pela vida e pelo ministério, como dádiva da divina Ruah! As cores das fitas e das roupas nos remetem à memória de mulheres da Bíblia, como Lídia, que, com um grupo de trabalhadoras, tingia tecidos com cores vibrantes, gerando o sustento para suas famílias, comunidades e apóstolos. O protagonismo daquelas mulheres foi fundamental para o início da igreja cristã na Europa (Atos 16). O convite de Lídia, dirigido a Paulo e a Silas em um momento no qual sofriam risco de vida – Entrem e permaneçam em minha casa! (Atos 16.15) – foi repleto de determinação e coragem, visto que o relato bíblico conclui dizendo que ela nos convenceu a ficar na sua casa. A casa, na cristandade primitiva, muitas vezes conjugou o cuidado com a família, o trabalho, e serviu também como espaço seguro para o culto. O Espírito Santo agiu por meio da hospitalidade e da liderança de Lídia, tanto no acolhimento dos apóstolos como no avivamento da fé da comunidade que se reunia em sua casa. Do mesmo modo, o corpo das mulheres em movimento no logotipo indica acolhimento, inclusão, cuidado e relacionamentos justos, além da vida que pulsa nos afazeres cotidianos das nossas casas, nas comunidades e nas instituições diaconais, fruto da espiritualidade que provém da fé no Deus de amor! Nessa ciranda de vida há lugar para novas vocações e para muitas parcerias com quem se dispõem a viver de forma comprometida o Evangelho de Jesus Cristo! Segundo dados da Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias da IECLB, em janeiro de 2022, havia 808 homens ordenados e 404 mulheres ordenadas ao ministério na IECLB. Em 40 anos, somos 1/3 de ministras. Considerando a forte atuação de mulheres nas comunidades e a importância da nossa representatividade em todas as instâncias, perguntamos: o que estamos fazendo, como OASE, para que mais mulheres despertem para o exercício do ministério com ordenação? 73

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ROTEIRO DA OASE 2023 Arquivo da IECLB

Encontro de Ministras, em 2012

Fazemos parte do corpo de Cristo, por isso é tão importante salientar a atuação de mulheres e homens em todos os âmbitos da sociedade, e também em nossa igreja. Há pessoas que se expressam dizendo: “Não faz diferença se é uma ministra ou um ministro que atua como liderança em uma comunidade, desde que cumpra a sua missão de promover a Cristo em palavras e ações, pois o ministério é de Jesus Cristo”. Do ponto de vista das tarefas, realmente não faz diferença, pois a igreja o administra. As pessoas estão a seu serviço. Mas como testemunho público, numa sociedade que discrimina, violenta e mata pessoas por causa do seu gênero, faz muita diferença, pois reflete na prática que todas as pessoas, independente do seu gênero, têm a mesma dignidade e juntas são o Corpo de Cristo. A Pa. Ma. Ligiane Taíza Müller Fernandes, em sua dissertação de Mestrado, Mulheres e ordenação na IECLB: Novos modelos e outras possibilidades na vivência cotidiana do Ministério Ordenado, 2010, p. 105-106, afirma: Ter obreiras na Igreja faz diferença, faz com que mais mulheres e homens sintam-se acolhidos e escutados. As mulheres, no ministério ordenado, exercem todas as competências que se espera delas, mas fazem isso com as habilidades que aprenderam e desenvolvem outras, muitas vezes, desconhecidas. Elas, muitas vezes, tornam o ambiente mais humano, fraternal, receptivo e conciliador. E elas fazem isso não porque são mulheres, mas porque a socialização de gênero as ensinou a atuar desta forma. Isto pode dar luz a uma discussão mais ampla de enxergar nos valores aprendidos do gênero, tanto masculinos quanto femininos, um adicional importante para as relações. E estes valores podem ser aprendidos por homens e por mulheres. Não são definidos biologicamente, mas culturalmente. O que diferencia é a abordagem: é tomar como positivo os valores que historicamente foram atribuídos às mulheres. 74

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Pela sua experiência, por que é importante ter mulheres no ministério ordenado na IECLB? A minha gratidão às pastoras Rosangela B. H. Hessel, Anelise Abentroht, Carmen M. Siegle, Marli Lutz, Scheila S. Dreher e à diácona Roseli M. K. Magedanz pelas valiosas sugestões. Para mais informações, sugiro assistir ao vídeo: Desafios, alegrias e esperanças. Mulheres no ministério: 40 anos de ordenação na IECLB. Disponível em: <https://youtu.be/HgCDYY_HXJ4>. Pastora emérita Ma. Regene Lamb Linha Marechal Floriano, Venâncio Aires/RS

UMA BÊNÇÃO PARA TRÊS IRMÃOS Conforme a minha mãe, meus avós arrendaram terras pertencentes a um casal idoso, da Igreja Batista de Panambi. Meus avôs tinham 21 filhos e não conseguiam ajudar cada um deles para iniciar a vida ao casarem. Assim meus pais entraram com fé e sem bens em busca de uma propriedade, para começo da construção de família e adequado sustento. O velho Stanger, vendo a penúria de meus pais, fez um preço baixíssimo de arrendamento. Os três Müller, Armindo, Elio e Arry, Conta a mãe que ele vinha conspastores da IECLB tantemente ao lar deles para encorajá-los. E um dia acontecera algo inusitado. Já eram nascidos os três primeiros filhos do casal. O velho Stanger olhou demoradamente para os três e pediu: – Permitem que eu beije os pezinhos destes três? Os pais concordaram. E o velho Stanger, elevando os olhos aos céus e levantando as suas mãos sobre eles, falou: – Que estes pés andem pela terra e levem a Boa-Nova de Jesus, para serem uma bênção para muitos. Élio Müller (in memoriam) 75

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Arquivo OASE

Encontro da diretoria nacional e presidentes sinodais em Palmas do Arvoredo, Governador Celso Ramos/SC, novembro de 2021

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Lema do mês: Jesus Cristo diz: Amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para demonstrarem que são filhos do Pai de vocês, que está nos céus. Mateus 5.44-45

DATAS IMPORTANTES 01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos e das Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa

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JULHO

Meditação ACREDITE NO PODER DA ORAÇÃO

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o texto previsto para este mês: Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos (Mateus 5.44-45), Jesus nos convida a amar nossos inimigos. E isso, naturalmente, é muito difícil de fazer, porque não é apenas amar nossa família, nossos amigos mais chegados, mas amar todas as pessoas sem distinção, pois somente agindo assim poderemos sentir o amor de Deus por nós. Os versículos nos lembram que também aos inimigos e ímpios Deus concede a chuva, tempos de fartura, dando também a eles alegrias e disposição para viver. Pode parecer difícil, ou até impossível, mas o maior ensinamento que Jesus nos deixou foi o mandamento do amor: Assim como eu os amei, que também vocês amem uns aos outros (João 13.34). Ele nos demonstrou como fazer isso em algumas passagens da Bíblia, por exemplo, quando curou dez leprosos, mas somente um deles voltou para lhe agradecer (Lucas 17.11-19), ou quando alimentou cinco mil pessoas, mesmo que muitas delas não tenham acreditado nele (João 6.1-15). Será que nós conseguimos fazer pelos nossos inimigos o que Jesus faz por nós? Abençoando, intercedendo, mesmo sabendo que nem todos o seguem? Somos humanos e somos pecadores, mas, por Cristo, devemos tentar orar pelos nossos inimigos e perdoá-los. A tarefa pode ser difícil, mas quem nos motiva é o próprio Deus através do seu amor e da sua misericórdia. O tema do Roteiro 2023 é “Saber viver” e um dos maiores motivos que nos impedem de viver plenamente são as desavenças entre as pessoas. Se exercitarmos o mandamento do amor, podemos tornar nossas vidas mais leves e felizes. Somente dessa maneira poderemos viver bem o amor de Deus, pois ele não faz distinção entre bons e maus, e diante de seus olhos somos todos iguais, basta desejar e pedir seu perdão, que seremos perdoados, como nos ensina a oração do Pai-Nosso. Que aprendamos a falar bem das pessoas das quais não gostamos, não as amaldiçoemos ou invejemos, mas tentemos entender os motivos que nos fizeram inimigos, quem sabe chamando para uma conversa e tentando nos re77

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solver. Se tivermos dúvidas sobre nossa conduta, exercitemos a empatia: nos colocar no lugar do outro e agir da forma como gostaríamos de ser tratados. Nunca façamos ao próximo o que não gostaríamos que fizessem conosco. Um exemplo que sempre usei em minha casa: eu dizia para o meu filho para que não fizesse com as meninas o que ele não gostaria que fizessem para suas irmãs. E agora já passei esse exemplo para o meu neto. Peço que Deus nos ajude a sonhar, viver e lutar pelo seu Reino e por dias melhores para todos e todas, praticando o amor e o perdão, tendo sempre a mesma disposição de servir a ele e à igreja com alegria. Oração: Querido e bondoso Pai, queremos agradecer por tão grande amor por nós, por nos enviar teu Filho amado para salvar as nossas vidas, mesmo nós não merecendo! Abre nossos olhos e nosso coração para sentir esse amor pelo nosso próximo, é em nome de Jesus que oramos. Amém. Clarisse May Paraíso do Sul/RS

SABER VIVER NA FASE MADURA Nossa sociedade hipervaloriza a juventude e especialmente sua dimensão estética. Isso muitas vezes resulta em uma não aceitação do deterioro físico. Envelhecimento não é um processo que começa após os 60 anos de idade, mas sim no momento do nascimento, em que as células de nosso organismo iniciam um contínuo movimento de renovação. Esse processo ocorre porque as células morrem e nascem outras no lugar, que são exatamente iguais em estrutura à célula anterior, mas são diferentes, pois não são as mesmas células. Um processo biológico de contínua “ressurreição”!

Arquivo pessoal

Carlos “Catito” Grzybowski

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Quando entendemos e podemos aceitar nosso processo de deterioro físico, também poderemos adequar um projeto de vida significativo a partir disso. Das academias lotadas às promessas de modelagem cirúrgica do corpo perfeito, vemos uma sociedade que nega o processo de envelhecimento físico, idolatra uma etapa única do ciclo vital e gera, em muitos casos, sentimentos imensos de vazio existencial quando o corpo perde energias e se reconfigura em padrões de beleza “inaceitáveis”. A fantasia da juventude eterna, reforçada hoje pela prótese das cirurgias plásticas ou das cápsulas de performance sexual, conspira contra um projeto de vida significativo que envolva todas as etapas da vida de forma integrativa. Em contraposição aos valores de nossa sociedade, a Bíblia nos afirma que a integridade e a justiça resultam em um projeto de vida com real significado que se estende até nossos últimos dias sobre a face da terra: O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o Senhor é reto (Salmo 92.12-15). Da mesma forma, um projeto de vida significativo deve ter a flexibilidade de incluir continuamente os novos papéis familiares e sociais que vão sendo acrescentados ao longo da vida. No contexto familiar, o filho ou a filha adulta, quando se casa, automaticamente ganha o papel social de marido ou esposa. Quando nasce (ou se adota) o primeiro filho, acrescenta-se o papel de pai e mãe – sem anular os primeiros papéis familiares. Quando os filhos geram seus filhos, acrescentam-se os papéis de avô e avó. Assim, a cada nova etapa, são necessárias novas aprendizagens para o exercício desses papéis. Lembro-me de uma brincadeira que fiz com meu genro quando do nascimento de nossa primeira neta. Eu disse a ele: “Aproveite bem a vantagem que você tem, pois você tem seis dias na semana para educar a tua filha, eu tenho só um dia para estragá-la!”. Avós não devem assumir funções que são dos pais e devem aprender a respeitar os modelos distintos que o jovem casal terá para o processo de educação dos netos. Quando os avós não aceitam seu papel e querem permanecer no papel anterior (de pais e educadores), com certeza gerarão tensões intrafamiliares que podem desembocar em rupturas. Valores e princípios devem ser afirmados pelas gerações mais velhas e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria de como adaptar tais princípios a uma sociedade continuamente mutante. A inflexibilidade para tais adaptações revela-se

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em expressões do tipo: “No meu tempo...”, e tentam transmitir a falsa ideia de que determinadas épocas eram “melhores” que a época atual. Entendo que o principal papel familiar das gerações que vão chegando à velhice é de passar às novas gerações os valores e princípios que estruturam um projeto de vida significativo e que fazem com que a vida seja desfrutada de forma plena em cada nova etapa do ciclo vital. Novos papéis sociais também podem ser desenvolvidos nessa etapa da vida. Existe uma fantasia preconceituosa de que uma pessoa, quando se aposenta, fica o dia todo em casa, sentada no sofá dormindo ou numa cadeira próxima à janela apenas bisbilhotando o que acontece na vida dos outros. Outro dia encontrei um amigo meu, o reverendo Ricardo Barbosa, que estava retornando de um encontro com o Dr. James Houston, um professor do Regent College, no Canadá, que na ocasião tinha 95 anos e ainda viajava para várias partes do mundo e dava conferências. Ricardo, que tinha na época perto de 70 anos, me contou então que o Dr. Houston perguntou a ele qual era o projeto de vida dele para os próximos 25 anos. Surpreso, Ricardo respondeu que estava pensando em se aposentar dentro de algum tempo, ao que o Dr. Houston lhe devolveu com outra pergunta: “Ricardo, em que parte da Bíblia você encontra a palavra aposentadoria?”. Ainda que dentro do regime trabalhista de nossa sociedade existe uma etapa da vida em que podemos parar de trabalhar e passar a receber um provento do governo, ao qual chamamos de aposentadoria, isso não tem o mesmo significado que estagnação. Precisamos fazer uma mudança de entendimento do significado do trabalho à luz das Escrituras Sagradas e entender que o mesmo nada mais é que o investimento que cada um faz dos talentos e dons que recebeu de Deus para o desenvolvimento e expansão do reino de Deus – multiplicando os mesmos para o Senhor, conforme a parábola dos talentos registrada no Evangelho de Mateus 25.14-30. Todas as pessoas recebem algum talento de Deus. Esse talento pode ser canalizado para o desenvolvimento de uma profissão como, por exemplo, o dom de liderança, que pode ser utilizado para alavancar uma profissão de gerência empresarial. Entretanto, é a finalidade desse talento que definirá a construção de um projeto de vida significativo: se uso a profissão de gerência para acumular bens e patrimônio, estou “escondendo” meus talentos; se a uso para passar valores e princípios a meus subordinados, estou multiplicando os talentos. Com essa mentalidade, o uso do talento nunca se aposenta, pois mesmo que eu deixe o exercício ativo de minha profissão, posso continuar usando meu talento para a expansão do reino de Deus. Um exemplo prático disso 80

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eu vi em meu sogro, que foi contabilista a vida toda e tinha seu escritório de contabilidade até por volta dos 65 anos. Quando ele fechou o escritório, voluntariou-se para ajudar na organização contábil de uma obra social e ali permaneceu por vários anos, sendo ajuda significativa para aquela instituição, que mais tarde viria a destacar-se como instituição modelo na cidade. Nesse sentido nosso trabalho jamais acaba e é parte de um projeto integral de vida, sendo que o próprio Jesus afirmou: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também (João 5.17). Para se contemplar um projeto de vida significativo, que integre e ganhe sentido em todas as etapas do ciclo vital, é necessário que o mesmo esteja estruturado sobre valores e princípios imutáveis do Evangelho e que se estendam em atividades relevantes até o último dia de nossas vidas! Carlos “Catito” Grzybowski Psicólogo Curitiba/PR (Extraído de: Famílias saudáveis. A arte de fazer boas escolhas. São Leopoldo: Sinodal, 2021. p. 71-74.)

A MOCHILA E AS PEDRAS Um fervoroso devoto estava atravessando uma fase muito penosa de sua vida, com graves problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava diariamente pedindo que Deus o livrasse de tamanhas atribulações. Um dia, enquanto fazia suas preces, um anjo lhe apareceu, trazendo-lhe uma mochila e a seguinte mensagem: “O Senhor se compadeceu da sua situação e manda dizer que é para você colocar nesta mochila o máximo de pedras que conseguir, e carregá-la com você, em suas costas, por um ano, sem tirá-la por um instante sequer. Manda também lhe dizer que, se você fizer isso, no final desse tempo, ao abrir a mochila, terá uma grande alegria”. E desapareceu, deixando o homem bastante confuso e revoltado. “Como pode o Senhor brincar comigo dessa maneira? Eu oro sem cessar, pedindo a sua ajuda, e ele me manda carregar pedras? Já não me bastam os tormentos e as provações que estou vivendo?”, pensava o devoto.

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Ao contar para sua mulher a estranha ordem que recebera do Senhor, ela lhe disse que talvez fosse prudente seguir as determinações dos Céus, e concluiu dizendo: “Deus sempre sabe o que faz…”. O homem estava decidido a não fazer o que o Senhor lhe ordenara, mas, por via das dúvidas, resolveu cumpri-la em parte após ouvir a recomendação da sua mulher. Assim, colocou duas pedras pequenas dentro da mochila e carregou-a nas costas por longos doze meses. Findo esse tempo, na data marcada, mal se contendo de tanta curiosidade, abriu a mochila conforme as ordens do Senhor e descobriu que as duas pedras que carregara nas costas por um ano inteiro tinham se transformado em pepitas de ouro, apenas duas pequenas pepitas. Todos os episódios que vivemos na vida, inclusive os piores e mais duros de suportar, são sempre extraordinárias e maravilhosas fontes de crescimento. Temendo a dor, a maioria se recusa a enfrentar desafios, a partir para novas direções, a sair do lugar comum, da mesmice de sempre. Temendo o peso e o cansaço, a maioria faz tudo para evitar situações novas, embaraçosas, que envolvam qualquer tipo de conflito. Mas aqueles que encaram para valer as situações que a vida propõe, aqueles que resolvem “carregar as pedras”, ao invés de evitá-las, negá-las ou se esquivar delas, esses alcançam a plenitude do viver e transformam, com o tempo, o peso das pedras que transportaram em peso de sabedoria. Como está sua mochila? Autoria desconhecida

O AVENTAL DA AVÓ Lembro-me do avental da minha mãe. Ela era adepta do avental sempre; eu não conseguia seguir seu exemplo! Você se lembra do avental de sua avó? O primeiro propósito do avental da avó era proteger as roupas. Mas, além disso, servia de luva para retirar a travessa quente do forno. Era maravilhoso para secar as lágrimas das crianças e, em certas ocasiões, para limpar as carinhas sujas. Saindo do galinheiro, o avental servia para transportar os ovos e, por vezes, os pintinhos. Quando os visitantes chegavam, o avental servia para proteger crianças tímidas. Quando estava frio, a avó enrolava os braços. 82

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Esse bom velho avental servia como fole, agitado por cima do fogão a lenha. Era ele que transportava as batatas e a madeira seca na cozinha. Na horta, ele servia de cesta para muitas hortaliças; depois que as ervilhas tinham sido recolhidas, era a vez das couves. No final da temporada, era utilizado para colher as maçãs caídas da árvore. Quando os visitantes chegavam de forma repentina, era surpreendente ver a rapidez com que esse velho avental podia acabar com o pó. Na hora de servir as refeições, a avó ia até a escada e agitava seu avental, e os homens do campo sabiam instantaneamente que tinham de ir à mesa. A avó também o usava para pousar o bolo de maçã acabado de sair do forno no parapeito da janela para esfriar. Em nossos dias não se usa mais avental. Vai demorar uns anos até que alguma invenção ou objeto possa substituir esse bom avental. Autoria desconhecida

AMIZADE SINCERA Dedicado à querida amiga Dorothea Que beleza esta amizade, mesmo que sofrendo a saudade! Distância nenhuma separa as amigas de verdade!

Olhar meigo e sincero, aquela doce acolhida! Haverá algo mais valioso para colorir nossa vida?

A grandeza da amizade cultivada no interior transborda d’alma para fora num sorriso alentador!

No reencontro a gratidão, os abraços de alegria. Almas gêmeas que se entendem – descrever quem poderia?

Aquela compreensão, tão perfeita e afinada, de vidas comprometidas com amizade dedicada!

Araci Irene Schadeck Santo Ângelo/RS Extraído de: Louvor e gratidão em poesias. Edição da autora, 2021.

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Arquivo OASE

Encontro da diretoria nacional e presidentes sinodais da OASE, novembro de 2021, em Palmas do Arvoredo, Governador Celso Ramos/SC

A G O ST O

Lema do mês: Tu tens sido o meu auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto de alegria. Salmo 63.7

DATAS IMPORTANTES 05 – 1872 – * Oswaldo Cruz, cientista, médico-sanitarista (+11/02/1917) Dia Nacional da Saúde 06 – 1945 – Primeira bomba atômica, sobre Hiroshima, no Japão 06 – Dia dos Pais 15 – 1899 – Primeiro grupo de OASE, em Rio Claro/SP 21 a 28 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência

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AGOSTO

Meditação TU TENS SIDO O MEU AUXÍLIO

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Arquivo pessoal

u tens sido o meu auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto de alegria (Salmo 63.7). Esse é mais um dos salmos de Davi e foi escrito por causa de uma perseguição no deserto de Judá. Durante sua vida, enfrentou perseguição e momentos de lutas e dores. Davi, homem temente a Deus, desejava sempre a direção e bênção do Senhor. Perseguição, lutas e tristezas estavam sempre presentes na vida de Davi. Mas ele não carregava todo esse peso. Lendo todo o Salmo 63, vemos que Davi fala mais da sua confiança em Deus do que sobre suas aflições. Ele declara que o Senhor tem sido seu Olga Kappel Roque auxílio e canta de alegria sob a proteção de Deus. Mesmo estando no deserto, ele não parou de cantar, apresentou ali mesmo o culto ao seu Deus. E o Senhor, que tudo vê, vê o coração de Davi. Esse Salmo quer nos ensinar a estar firmes na confiança de Deus em nossas vidas. Mas para buscar o Senhor, precisamos saber quem ele é, conhecê-lo mais intimamente, não é assim com os amigos e as amigas? Ler a Bíblia, participar de uma comunidade, da OASE, para unidas com outras, aprender cada vez mais sobre esse Deus que tudo criou e que cuida de cada uma de nós. Por seu amor ser tão grande, ele tem nos sustentado nos momentos difíceis e nos capacitado a ser vitoriosos. Quem de nós não passou por adversidades? No tempo de pandemia, perdemos pessoas queridas, ficamos isoladas, tudo à nossa volta ficou limitado. Depois, ao sair aos poucos dessa situação, tivemos outros desafios a enfrentar, muitos ainda estão na solidão, no desemprego, com questões familiares e enfermidades. Somos convidadas a declarar como Davi: Tu tens sido o meu auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto de alegria. Saber que Deus é auxílio nas

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necessidades, que somos abrigadas em seus braços traz para a mente e o coração sentimentos de paz e alegria. É preciso trabalhar a gratidão e a alegria em nossos corações, pois a alegria verdadeira vem dele por meio do Espírito Santo. Por nós mesmos, vivemos a reclamar, lamentar e alimentar o sofrimento. As nossas lutas são passageiras, mas o que vem do Senhor é profundo e real. O fruto do Espírito é alegria e paz. Isso e muito mais nos é dado para enfrentar com alegria as lutas do nosso dia a dia. Vamos viver e declarar como o salmista: à sombra das tuas asas eu canto de alegria. Olhe para seus sentimentos, pensamentos e ações e busque essa alegria. Neemias 8.10 nos diz: a alegria do Senhor é a força de vocês. No hino 364 do Livro de Canto da IECLB, a estrofe 5 nos diz: No coração escreve, ó povo sofredor: o crente nunca deve desanimar na dor. Ó sede corajosos, Jesus bem perto está, nos transes dolorosos conforto e graça dá. Somos desafiadas a buscar esse abrigo em Jesus, receber essa alegria e assim poder contagiar outras pessoas, testemunhando o que o Senhor faz por nós. Compartilhar com irmãos e irmãs nos une e nos sustenta. Ore, creia, louve e viva essa alegria no Senhor Jesus. Que o Senhor abençoe esse propósito na vida de cada uma e de nossos grupos de OASE.

Pinterest

Olga Kappel Roque Juiz de Fora/MG

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AGOSTO

SABER VIVER COM AS MÍDIAS SOCIAIS Arquivo pessoal Há muitos anos, o ser humano vem aprimorando sua comunicação. O que antes eram desenhos pintados em paredes nas cavernas, hoje já viraram emojis e abreviações, como que tivesse sido criado praticamente um novo alfabeto para este mundo totalmente conectado. Essa conexão ganhou tanta importância, que, desde o ano de 2015, é praticamente impossível vivermos sem ela. Imagine você hoje em dia tendo que lidar com os problemas e as atividades diárias sem o WhatsApp? Ou ainda fazer aquela viagem em família superlegal e não poder registrar no seu Instagram ou Facebook? Gostamos de compartilhar experiênLeandro Werner Ribeiro – Maka cia, de nos conectar e estar sempre por dentro de tudo o que acontece ao nosso redor, mas me pergunto se esse excesso de informação, às vezes, não pode gerar um desconforto. Ou ainda pior, podemos ficar doentes e aficionados por esse sistema. Já é sabido que o excesso de uso das redes sociais pode trazer inúmeros malefícios para o ser humano, desde doenças psicológicas até mesmo casos extremos de transtornos psíquicos. Assim, pode-se ver que, às vezes, o excesso de informação pode prejudicar. Quem nunca se viu perdido rolando o feed do Instagram para consumir mais e mais notícias? Perdendo horas que poderiam estar sendo dedicadas à família, ao lazer ou ao trabalho. Eu sei, você deve estar se identificando com esse perfil, mas fique tranquilo, existe como equilibrar esse tempo. A rede social é construída para lhe ofertar o que você mais tem interesse, ou seja, você acaba ficando mais tempo ali dentro, pois os algoritmos entendem seus gostos e lhe oferecem o que você deseja. O que precisamos fazer é delimitar um tempo para isso. Os próprios aparelhos celulares já vêm com essa função. Você pode

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habilitá-la e reservar apenas uma hora do seu dia para uso das redes sociais. É muito comum isso, empresários do mundo inteiro usam, tente você também. Outro fato que precisamos começar a observar é o que chamarei aqui de “tempo de qualidade”. Como você está lidando com a qualidade do seu tempo? Está apenas olhando o mundo por meio de uma tela de celular ou está realmente vivendo ele? Às vezes, me pego pensando nisso também. Pare de olhar o mundo, de ser um observador do que as pessoas postam e vá viver. O mundo acontece lá fora, não no seu celular. Passe mais tempo com a família, com os amigos, trabalhe mais focado, estude mais, faça mais atividades físicas… A vida só acontece se você se mexer, se você tomar uma atitude. Não é que você não possa registrar seus momentos e compartilhar com seus amigos e amigas, muito pelo contrário, você pode e deve fazer isso, mas o que é prioridade? Viver ou compartilhar? Aproveite o momento com todas as suas forças, pois a rede social sempre estará lá, mas este momento é único, ele não irá voltar mais. Faça dele o melhor possível. Outra dica que recomendo também é, ao chegar em casa, deixe seu celular longe do ambiente de convívio da família. Com ele por perto, temos a tendência a dar aquela “olhadinha” e aí se perdem horas e horas. Deixar ele de lado um pouco, lá perto da porta de casa, é uma boa iniciativa. Se algo for muito urgente, as pessoas irão ligar para você, não é mesmo? Durma com seu celular distante de você, evite aquela olhadinha antes de dormir. As redes sociais são benéficas quando bem usadas, existem até mesmo pessoas que fazem delas a sua fonte de renda, e isso é muito válido. Porém, não podemos viver aprisionados dentro delas, não podemos fazer delas a nossa casa. O consumo imediato de informação e a rapidez com que a mesma chega até nós são os maiores já vistos nos últimos tempos. Isso sem falar nas “fake news” [notícias falsas, mentiras], que crescem cada dia mais. Vale lembrar também para que você sempre confira as informações antes de compartilhar, cheque os fatos e procure sempre verificar em canais de comunicação mais seguros e responsáveis. Existe algo que procuro sempre fazer na minha casa e gostaria de compartilhar com vocês. Eu chamo de “day off”, um dia totalmente off-line de tudo, até mesmo a televisão eu deixo de lado. Desde que comecei a fazer isso, tenho dado cada vez mais valor às conexões que faço. Jogo cartas, vou caminhar com minha esposa, ando pela rua olhando para ela e acabo percebendo sensações que na correria do dia a dia não sinto, saio para jantar… Com isso acabo vendo e sentindo coisas novas, ou melhor, coisas que eu já tinha esque88

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cido de como era sentir. Faço tudo isso sem o celular, um diazinho apenas, nada mais. Isso já me fortalece, parece que recarrego as baterias. Não estou aqui para influenciar você a não consumir as redes sociais, como já disse, elas são boas, agilizam nosso dia a dia e nos informam de muitas coisas. Estou aqui para dizer a você que existe um mundo onde o equilíbrio é possível. Viva com a mesma intensidade que você curte e compartilha suas mensagens. Leandro Werner Ribeiro – Maka Professor na Universidade Regional de Blumenau (FURB), publicitário e mestre em Design Blumenau/SC

PARA QUE VIVER SE VOU MORRER? Começo a reflexão compartilhando que esta questão “Para que viver se vou morrer?” é recorrente no consultório psicológico, ainda que ela não se apresente dessa maneira. A angústia da questão aparece na urgência de dar novo sentido à vida, de ressignificar as dores e de superar traumas, portanto de buscar vida onde aparentemente parece que não há mais. Dito isso, talvez interesse compartilhar sobre as respostas recebidas ao longo da minha trajetória clínica, vindas de pessoas de diferentes realidades que me confiaram a honrosa tarefa de instaurar desejos, projetos e finalidades para uma vida mais Riquele Jantsch Gessner satisfatória. Portanto, para essas pessoas e talvez para cada uma de nós... Vive-se para aprender amorosamente que os opostos se complementam, que é possível saborear a alegria depois de ter provado da tristeza; de sentir amor (inclusive o próprio) depois de conhecer a indiferença; de sentir leveza depois de ter carregado o peso do mundo todo nas costas. Arquivo pessoal

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Vive-se para dar risada a ponto de chorar depois de saber o que é sentir o peito rasgando de dor; vive-se para voltar a acreditar em si depois de saber o que é ser invalidada; para comer uma comida com vontade depois de ter sentido fome. Vive-se para confirmar que a vida é um presente divino e que a nós é dada a possibilidade de criar e recriar, de aprender e transmitir, de acertar depois de errar e perceber que ficou tudo bem. Vive-se para conviver com diferentes expressões da espiritualidade e aceitar que você tem a sua e que a outra pessoa tem a dela, e que vocês podem aprender juntas. Vive-se para deixar heranças afetivas inscritas naqueles que amamos, formar e compartilhar memórias e entender que elas serão parte daqueles a quem as confiamos. Vive-se antes de morrer para provar sorvete quando falamos que não gostávamos e percebemos que passamos a gostar; para rever valores cristalizados para que tenhamos uma vida mais leve. Vive-se para perceber que o amor existe e há beleza em suas diferentes formas de expressão. Vive-se para entender que as diferenças entre minha pessoa e a outra são complementares e não rivais. Vive-se para aprender a dançar a qualquer momento e perceber que isso é bom; para perceber que se pode gostar de rio e de praia, do alto e do baixo, do silêncio e do som que vem de dentro e de fora. Vive-se para rir e chorar do tudo e do nada; para sentir o coração batendo forte de emoção e deixar que ela venha para depois se reorganizar internamente, encontrando morada harmônica dentro de cada uma de nós. Vive-se para entender que não é necessário se anular para agradar o outro e que isso é ganhar e não perder. Vive-se para confirmar a fé, talvez depois de a ter questionado e por isso mesmo perceber o quanto confiar, acreditar e entregar é fundamental para uma vida equilibrada, harmônica e suficientemente boa. Vive-se para aprender que é necessário se colocar em primeiro lugar para poder cuidar do outro, que é preciso estar bem, cuidar dos nossos sentimentos, pensamentos e emoções para ofertar para si, para os outros e para o mundo relações de qualidade e profundidade, de autenticidade e honestidade. Por mais contraditório que pareça (novamente os opostos complementares), o desejo pela vida tem origem na ideia da morte, na certeza da finitude terrena. Espiritualmente, a beleza está em pensar que o que fazemos aqui nos conduzirá para uma eternidade de beleza e paz. 90

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Não sei você, mas as pessoas que já passaram por mim me ensinaram que a beleza da vida pode nascer da dor existencial, e que essa mesma dor precisou de acolhimento para ser transformada em ação, realização, superação, lição de vida, aprendizado, habilidades, potencialidades surpreendentemente belas e, para um dia, no tempo de cada um, estar em paz internamente para o “dia da passagem”, da morte, da despedida, ou como queira denominar. É para isto que vivemos, para cumprir honrosamente o compromisso individual com a vida que nos foi presenteada e deixar como heranças os nossos melhores afetos, afinal, o que nos resta é o “ser” e não o “ter”, agora, sim, sem contraditórios. Riquele Jantsch Gessner Psicóloga Balneário Piçarras/SC

Dia dos pais Obrigado, pai, por orientar o meu caminho, feito de lutas e incertezas, mas também de muitas esperanças e sonhos! Obrigado, pai, pela tua presença amiga, porque sei que posso contar contigo a cada passo na estrada da vida. Muito mais do que um pai, sei também que és meu amigo. Que Deus te abençoe hoje e eternamente! Seu coração... Sua sensibilidade... Sua disponibilidade em dar... Sua crença em construir... Senhor! Abençoa os pais do mundo. Todos eles precisam de proteção, pois a missão é idêntica para todos. Há muito a fazer. O caminho é difícil, a jornada é longa. E muitas vezes há hesitação... 91

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Há pressa... Há incompreensão... Há desespero... Senhor! Abençoa todos aqueles que têm a tarefa de educar os filhos. Dá-lhes alegria e fé, para que possam ser aqueles amigos que a juventude espera. Capazes de ouvir seus anseios com amor. Capazes de aprender a mensagem de seus corações. Capazes de orientar sua inteligência. Senhor, que todos os pais do mundo saibam ser verdadeiramente pais, amando, compreendendo e perdoando, para que assim possa estar à altura da missão que tu mesmo colocastes em suas mãos. Que todos os pais do mundo sejam abençoados. Autoria desconhecida Fonte: www.luteranos.com.br

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Arquivo OASE

Encontro Sinodal da OASE do Vale do Taquari

S ET E M B R O

Lema do mês: Jesus Cristo diz: E vocês, quem dizem que eu sou? Mateus 16.15

DATAS IMPORTANTES 01 – 1939 – Início da Segunda Guerra Mundial, na Europa 1907 – Primeiro grupo de OASE do sul do Brasil, Blumenau/SC 07 – 1822 – Independência do Brasil 11 – 1990 – Fundação da Comunhão Martinho Lutero, no Brasil 14 – 2005 – Fundação da Associação Nacional dos Grupos de OASE do Brasil 17-24 – Semana Nacional da OASE 20 – Dia da Escola Dominical 21 – Dia da Árvore 29 – Dia de São Miguel e todos os anjos

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Meditação QUEM DIZEM QUE EU SOU?

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esus, para ensinar, fazia perguntas a seus discípulos, e assim eles refletiam sobre o assunto. Na passagem de Mateus 16.15 (Jesus cristo diz: E vocês, quem dizem que eu sou?), Jesus coloca em questão sua identidade. Jesus e seus discípulos foram para Cesareia de Filipe. Em um momento a sós com seus discípulos, Jesus os questionou: Quem os outros dizem que é o Filho do Homem? E os discípulos responderam: Uns dizem que é João Batista; outros dizem que é Elias; e outros dizem que é Jeremias ou um dos profetas (Mateus 16.13-14). Jesus queria saber o que os discípulos achavam dele, por isso perguntou novamente: E vocês, quem dizem que eu sou? (Mateus 16.15). Pedro é fulminante em sua resposta: O senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mateus 16.16). Essa, sem dúvida, é a resposta que Jesus queria ouvir. Essa revelação impressionante foi dada a Pedro por Deus, seu Pai (Mateus 16.17). Jesus mostra sua identidade como Messias e Filho de Deus. Partindo da pergunta de Jesus, logo vem à mente tudo aquilo que a Palavra nos traz no Evangelho de João, onde Jesus mostra quem ele é nos diversos “Eu sou”: Eu sou o pão da vida (João 6.35) Eu sou a luz do mundo (João 8.12) Eu sou a porta (João 10.9) Eu sou o bom pastor (João 10.11) Eu sou a ressurreição e a vida (João 11.25) Eu sou o caminho, a verdade e a vida (João 14.6) Eu sou a videira verdadeira (João 15.1) Diante deste que se dá a conhecer nos “Eu sou”, podemos, pela fé, colocar nossas necessidades, pois Jesus se mostra suficiente. Suficiente para a nossa vida, que é uma dádiva de Deus, um presente dado a nós. Devemos viver da melhor maneira possível, aproveitando cada instante, cada situação, pois somos filhos e filhas do Deus da vida! Saber viver, não ter medo do hoje. Saber viver, mesmo passando por problemas, por provações, obstáculos de todos os tamanhos. Nessas situações, precisamos aprender a enxergar as dádivas de Deus mesmo atravessando tribulações; devemos ser gratos a Deus em qualquer situação. Saber viver com o Cristo, o Filho de Deus, se torna

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SETEMBRO

inesquecível. Por isso não percamos mais tempo, saber viver aproveitando tudo o que nos foi dado por Cristo Jesus, o Filho de Deus! Quem dizem que eu sou? Não há questão mais importante do que essa em todos os tempos. Essa certeza do Cristo Jesus, o Filho de Deus vivo, nos motiva para nossa vida de fé, motiva nossos encontros de OASE em comunhão, testemunhando o Cristo vivo e servindo a ele com alegria. Para refletir: Quem dizem que eu sou? Qual é a nossa resposta? Dinâmica: Perguntas e respostas com amiga de oração. Arquivo pessoal 1 – Duas caixas ou cestas para colocar as perguntas e as respostas. 2 – Uma flor em EVA, ou papel-cartão, e corte-a ao meio. 3 – Colar em uma metade da flor a pergunta e na outra metade a resposta. 4 – Para facilitar a dinâmica, deixe as duas metades juntas, só colocar em sua respectiva caixa na hora da dinâmica, sendo que o número de participantes será igual ao número de perguntas e respostas. Desenvolvimento: Fazer dois grupos de participantes, um à esquerda e um à direta Passar a caixinha das perguntas à direita, e as respostas à esquerda. Após todas pegarem uma metade da flor, começa a dinâmica: uma participante do grupo de perguntas fará a pergunta, exemplo: Mateus 16.15: E vocês... A participante do grupo de resposta que pegou Mateus 16.15 responderá: Mateus 16.15: ...quem dizem que eu sou? 5 – A participante que irá responder vai ao encontro de quem fez a pergunta, ficará com ela até o final da dinâmica, quando colocará o nome da amiga no miolo da flor e essa será sua amiga de oração. Use a sua imaginação e uma abençoada e divertida dinâmica em grupo. Andréa Henn Eger Rio do Sul/SC 95

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SABER VIVER COM SUSTENTABILIDADE: PROJETO LIXÃO ZERO Você já pensou no lixo da sua cozinha como algo bom? Pois, com a separação correta e o manejo adequado, ele pode se tornar seu aliado no cuidado com a natureza, além de embelezar seu jardim, avivar sua horta e, principalmente, auxiliar na educação das crianças e, por que não dizer, de todas as pessoas. Sim! Esse é o resultado do programa Lixão Zero ao qual o município de Venâncio Aires/RS aderiu. Biodigestores, composteiras domésticas, contêineres e lixeiras seletivas, trituradores de galhos, entre outros equipamentos fazem parte do programa Lixão Zero, que é disponibilizado pelo Governo Federal. A prefeitura de Venâncio Aires aderiu ao programa realizando a instalação de biodigestores em todas as 23 escolas municipais. A instalação desses equipamentos foi realizada em 2021 e estão em pleno funcionamento. Fui visitar uma das escolas contempladas e pude acompanhar seu funcionamento. A partir de uma agradável conversa com a direção e os manuseadores, compartilho algumas informações que querem ser ânimo para aderir a tão importante atitude de cuidado com a vida. Isso é “saber viver com sustentabilidade”. O que são os biodigestores? Biodigestores são equipamentos que realizam a transformação de resíduos orgânicos em gás e fertilizante. Após a inserção de sobras de alimentos (cascas, frutas, arroz, feijão, carne, gordura) no biodigestor, inicia-se um processo de degradação da matéria orgânica por bactérias anaeróbicas. Como produtos dessa degradação são obtidos biogás e fertilizante líquido. Desta forma, a partir do reaproveitamento dos resíduos orgânicos, será possível obter um combustível 96

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sustentável para cozinhar e um biofertilizante para adubar hortas, pomares e floreiras. O modelo instalado nessa escola (ver foto) pode ser abastecido com 11 kg de lixo orgânico por dia, que é uma produção média das escolas municipais nesta realidade. Biogás e fertilizantes O lixo que anteriormente era depositado em contêineres na rua e levado para o lixão, agora é levado com alegria para abastecer o biodigestor. “Com a mesma alegria, acendemos o fogão para fazer o lanche das crianças e levamos o biofertilizante para regar as plantas, que estão muito mais verdes”, comentou o agente escolar Henrique Schultz, responsável pelo manuseio do equipamento. Participação dos e das estudantes Todas as pessoas da escola são envolvidas no processo. Cada descarte que se faz para alguma lixeira precisa ser analisado e realizado conscientemente. Cada estudante, funcionário, funcionária, professor ou professora precisa ter a consciência de depositar seu lixo no local correto. Além desse aprendizado de cuidado com o lixo, o programa também auxilia em diversas outras áreas da educação como uma Diretora Ionara Bencke, nova ferramenta de aprendizagem práagente escolar Henrique Schultz tica, envolvendo diversas disciplinas, e pastora Clarise Holzschuh como Biologia, Química, Matemática, Português e outras. Todo lixo inserido e o produto resultante são medidos e calculados, textos são produzidos sobre o processo, resultados são analisados 97

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e avaliados. Uma pequena horta foi iniciada para a comparação da eficácia do biofertilizante, utilizando-o em uma parte da horta e em outra parte não. Em matéria do jornal da cidade, Folha do Mate, a fiscal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e coordenadora técnica do programa, Carin Gomes, destaca a importância da realização do projeto nas escolas de Venâncio Aires: “É nosso dever formar cidadãos críticos, conscientes e ativos, criando condições para que saibam reconhecer as problemáticas ambientais envolvidas em suas atividades diárias e, através disso, descobrir perspectivas de soluções e mudanças através do conhecimento multidisciplinar e espírito comunitário”. Resultados e benefícios Segundo a diretora da EMEF Alfredo Scherer, professora Ionara Bencke, aprender na prática é um dos mais valiosos resultados do programa. Os alunos e as alunas fazem o descarte consciente do lixo dentro da escola e levam esse conhecimento e essa prática para suas casas. O resultado financeiro para a escola também é sentido na diminuição da aquisição de gás. Além das lixeiras externas, que não estão mais com lixo orgânico espalhado em seu entorno, pois não atrai mais animais da rua, as plantas da escola estão cada dia mais lindas. Para o agente escolar, “o descarte correto do lixo orgânico é uma das maiores vantagens”. Benefícios para a comunidade Como a escola tem uma área pequena, sem muito solo para receber o fertilizante produzido, esse é envasado em vasilhas trazidas pelos alunos e pelas alunas e levados por eles para suas casas. Também é oferecido para quem quiser fazer uso desse em sua casa. É só levar o vasilhame vazio e receber o biofertilizante para ajudar em sua horta, flores ou pomar. Esse é um programa digno de ser divulgado no intuito de buscar conhecer e aderir. Veja aí na sua cidade para onde vai o lixo que você deixa na rua. Veja se não há algum programa para evitar que os lixões encham de coisas que podem ser transformadas em benefício do lugar onde você mora. Não olhe com desprezo para o lixo da sua cozinha. Considere-o como valioso em nosso intuito de “saber viver com sustentabilidade”. Pastora Clarise Ilaine Wagner Holzschuh Venâncio Aires/RS 98

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IRIS BUTZKE: UMA VIDA DEDICADA AO SERVIR Arquivo pessoal

Iris Butzke faleceu no dia 19 de maio de 2022, em Blumenau/SC, aos 86 anos. Ela foi uma grande e incansável líder da OASE nacional, atuando na antiga Região Eclesiástica II, no distrito de Blumenau e no Vale do Itajaí. Desde jovem dedicou sua vida a serviço do próximo em nome da fé. Enfermeira à moda antiga, formada na lida diária com as Iris Butzke pessoas doentes, atuou no Hospital Santa Catarina, em Blumenau/SC, no Moinhos de Vento, em Porto Alegre/RS, e na Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo/RS, de onde saiu casada com Alfons Butzke. Após casada, teve cinco abortos causados pela microferrocitose, uma doença congênita que provoca anemia profunda e fraqueza. No entanto, graças à medicina, foi abençoada com uma filha, Ivani Cristina, e um filho, Paulo Alfons, hoje pastor da IECLB. O tempo passa, os filhos crescem, formam suas próprias famílias, e o casal Butzke pode ver a chegada dos netos. No ano de 2002, sofreu um golpe muito dolorido com a morte súbita da filha Ivani Cristina, deixando dois filhos pequenos. Iris Butzke disse: “Os netos são o meu passatempo preferido. Me dedico a eles quando posso, falando-lhes do amor de Deus e incentivando a leitura e a música”. “Se eu não tivesse uma grande base de fé, não teria suportado a dor da perda”, disse sobre a morte da filha. Seu consolo forte estava no inesgotável amor de Deus, do qual não cansava de dar testemunho, mesmo nas horas mais difíceis. Quem queria consolá-la pela perda filha, retornava para casa com o coração leve, porque saía consolado. Na Missão Evangélica União Cristã (MEUC), um desafio concreto mudou sua vida. Num retiro com o missionário Pfeifer, em 1970, ela foi desafiada por suas palavras de que todos devem ocupar seu espaço na igreja luterana: “Porque cada um de nós é um tijolo na edificação do Senhor e, quem ficar de fora, vai deixar um buraco aberto”. Ligando para o pastor de sua comunidade, esse a desafiou a entrar no grupo da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE). 99

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Quatorze dias depois, ela foi eleita secretária do grupo, e sua trajetória não parou mais. Em 1987, tornava-se presidente regional da OASE na antiga Região Eclesiástica II. Mas seu trabalho jamais se ateve a cargos e honrarias. No 1º de maio de 1980, o programa “Conversando com Você”, da OASE do Rio Grande do Sul, foi ao ar pela primeira vez em Santa Catarina, graças a seu empenho. Durante uma década ela foi responsável direta por cada mensagem que foi ao ar, escrevendo e organizando o grupo de redatoras voluntárias e repassando as meditações por elas escritas às locutoras. Continuou por longa data na retaguarda redigindo programas em colaboração com a equipe toda. Em 1991, Iris foi desafiada a coordenar a redação do Roteiro da OASE, importante material usado pelos grupos, lido por milhares de mulheres filiadas aos grupos. “Mesmo sem ter curso superior, aceitei o desafio”, disse ela. A base sobre a qual Iris sempre edificou sua disposição de servir é a graça de Deus. “Tudo é graça e foi por graça que Deus me conduziu e carregou”, testemunhou. Ela fez questão de criar a base bíblica para sua dedicação voluntária, citando as palavras de Jesus em João 15.15: Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e os designei para que vão e deem fruto. Aos poucos foi se afastando da linha de frente de seus trabalhos, um tanto por motivos de saúde. No entanto, continuou presidente do grupo em alemão de sua comunidade, no bairro da Velha, em Blumenau (SC); fazia visitas regulares a doentes da comunidade e sempre tinha muito o que fazer. Em sua visão, valia a pena dedicar-se ao trabalho voluntário, “porque somos nós mesmos que saímos enriquecidos”. Ela também acompanhou, ao lado do marido, os primeiros anos do jornal “O Caminho” com vivo interesse e participação. Alfons Butzke é autor do hino “Obrigado, Pai Celeste”, que consta no HPD 1, nº 286, e faleceu no ano de 2006. Iris tinha uma definição clara e sucinta para sua atuação voluntária na igreja: “A escolha não é nossa, mas nós somos escolhidos para atuar”. Helga Schünemann Coordenadora editorial do Roteiro da OASE Panambi/RS Observação: texto parcialmente baseado numa entrevista que consta na Revista NOVOLHAR, ano 3, n. 7, junho de 2005, feita por Clovis Horst Lindner.

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EM BUSCA DE SERENIDADE Oração da serenidade Senhor, dá-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar; coragem para mudar as coisas que eu posso modificar e sabedoria para saber a diferença entre elas. Vivendo um dia de cada vez, aproveitando um momento de cada vez, aceitando as dificuldades como um caminho para a paz. (Reinhold Niebuhr) Na busca por serenidade, é preciso criar: Distanciamento É a capacidade de isolar-se. Não se trata só da distância física dos deveres, mas também de livrar-se deles durante algum tempo. Há pessoas que tiram férias e não conseguem deixar de pensar em seus negócios e suas tarefas. Uma maneira de afastar os pensamentos do trabalho e conseguir serenidade é a meditação: investir em momentos de repouso, fazer uma pausa para comunicar-se com Deus ou concentrar-se em pensamentos elevados, edificantes e de ajuda espiritual. Na busca por serenidade, é preciso valorizar o: Refúgio interior Trata-se desses sítios, amenos e sossegados, de abrigo e relaxamento onde podemos estar tranquilos, livres dos estímulos estressantes do meio e das exigências. Pode ser um lugar físico ou simplesmente um tempo de trégua. Para muitas pessoas, a boa música é um lugar de refúgio; para outras pode ser a leitura, o contato com a natureza, um retiro espiritual ou uma oração. Na busca por serenidade, é preciso estimular: Aceitação e empatia A aceitação de uma situação que escapa ao nosso controle é uma alternativa para dirigir as energias para as coisas que devemos mudar. Mais do que insistir para que os outros mudem, devemos focar nas mudanças que nós mesmos podemos realizar. Reconhecer e assumir as próprias fraquezas e erros é um passo para viver sereno. Além disso, essa disposição de aceitação possibilita a empatia com as outras pessoas, tentando entendê-las colocando-se em seu lugar.

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Na busca por serenidade, é preciso lidar com: Perdão A pessoa serena está em paz com seu passado, com os outros e consigo mesma. O perdão inclui, ao menos, três questões práticas: (a) a libertação do ressentimento para com alguém; (b) a reparação do vínculo quebrado e dos sentimentos feridos; e (c) o abandono da ideia de vingança. O ressentimento é um veneno para a vida interior; o perdão é o antídoto que o neutraliza. O perdão também nos leva a reconhecer nossas agressões para com os outros, oferecendo uma via de superação e restituição. Por isso diz-se que o perdão é um importante componente da saúde psicológica e interpessoal, como a via régia para alcançar a paz da alma. Na busca por serenidade, é preciso ter disposição para: Viver o presente Trata-se de viver um dia de cada vez. É a capacidade para enfrentar as dificuldades e também para desfrutar os momentos agradáveis, livres dos problemas do passado e das preocupações do futuro, sem medos nem ansiedades. Ter a aptidão para não se deixar dominar pelas emoções negativas é uma virtude da serenidade. O passado não pesa; deixa apenas saudades – memórias que aquecem a alma. Na busca por serenidade, é preciso adquirir: Confiança É acreditar nos outros e em que, aconteça o que acontecer, tudo estará bem ou, como dizia o apóstolo Paulo, “todas as coisas contribuem para o bem”. Baseia-se na crença da bondade de Deus ou de uma sabedoria universal benéfica. A desconfiança leva à suspeita, a ver maldade atrás de cada situação ou circunstância, o que suscita um estado de alerta contínuo e de inquietação permanente. A confiança, ao contrário, tranquiliza, relaxa e fomenta um sentido de conexão com as outras pessoas e com o mundo. Brunilde Arendt Tornquist São Leopoldo/RS (Baseado em: ROBERTS, K.; CUNNINGHAM, G. Serenity: Concept analysis and measurement. 1990.)

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BÊNÇÃO DE DEUS EM TODOS OS TEMPOS DA VIDA Que Deus a abençoe em todos os tempos da sua vida. Que você nunca desista de viver, de sonhar. Que você sempre tenha presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos... Mas o que é importante não muda: a sua força e convicção não têm idade. O seu espírito é como qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada há uma partida. Atrás de cada conquista vem um novo desafio. Que Deus renove suas forças diariamente com sua presença. Que, enquanto você estiver viva, sinta-se viva. Se sente saudades do que fazia, volte a fazê-lo. Não viva de fotografias amareladas pelo tempo... Continue, quando todos esperam que você desista. Não deixe que enferruje o ferro que existe em você. Que Deus lhe dê um novo sabor à vida a cada amanhecer. Que você faça com que as pessoas, em vez de terem pena de você, tenham respeito. Quando não conseguir correr atrás dos anos, trote. Quando não conseguir trotar, caminhe. Quando não conseguir caminhar, use uma bengala. Seja como for, que tenha sempre no coração a certeza de que o Deus cheio de compaixão e ternura olha por você. Que ele renove suas forças a cada manhã e lhe dê sorrisos em meio às dificuldades e alegria em meio às lágrimas pela certeza da sua constante companhia. Amém.

Pxhere

Madre Teresa de Calcutá (Texto adaptado)

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Grupo OASE Unidas em Cristo, Canarana/MT

O UT U B R O

Lema do mês: Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos. Tiago 1.22

DATAS IMPORTANTES 01 – Dia Nacional da Pessoa Idosa 06 – 1930 – Fundação da OASE no Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e outros estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do Professor e da Professora 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da Organização das Nações Unidas (ONU) 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma

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Meditação PRATICANTES DA PALAVRA

O

lema deste mês é Tiago 1.22: Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos. Essa palavra de Tiago nos leva a refletir sobre o papel da palavra de Deus em nossas vidas. Semanalmente nos reunimos em nossas igrejas e ouvimos a palavra de Deus sendo pregada. É importante observarmos como essa palavra de Deus tem nos falado e impactado. Como você tem recebido a palavra de Deus? Ela muda a sua vida? Você sai da igreja como você entrou? Ela tem acompanhado sua lida diária? Esses questionamentos servem para refletirmos sobre nossa prática e experiência com a palavra pregada. É bem possível que, muitas vezes, estejamos na igreja apenas de corpo presente. Nossos pensamentos e vontades estão divagando, o coração está longe. Estamos cansadas, preocupadas, distantes. Não nos concentramos. Algumas cochilam, outras ficam inquietas pela demora da pregação e nem sempre compreendem o que está sendo anunciado, porque o coração está ligado em outras coisas. Nessa hora, tem-se dificuldade em acolher a palavra de Deus. Assim, reúnem-se em culto pessoas que apenas ouvem a palavra de Deus e não a praticam e pessoas que ouvem e a colocam em prática. Tiago mesmo divide a audiência em dois grupos: por um lado, os ouvintes e, por outro lado, os praticantes. Ele diz: Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes. Com certeza Tiago se referiu aos ouvintes que participavam dos cultos na sinagoga. Na época, assim como hoje em dia, as pessoas se reúnem para ouvir a leitura da palavra de Deus em seus templos. Então é pertinente nos perguntarmos novamente: Vamos à igreja por costume ou por amor à Palavra pregada? Temos disposição para ouvir a palavra de Deus? Vamos por vontade própria?

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Tiago fala seriamente, pois ele mostra que a nossa salvação está ligada com a nossa atitude diária. Quem pensa que não precisa fazer coisa alguma está enganado! Ir à igreja, participar de estudos bíblicos e palestras é bom, mas se a nossa prática diária a partir da Palavra não for transformada, não tem valor nenhum! Precisamos de uma vida que combina com a palavra de Deus anunciada. Palavra esta que transforma, provocando mudanças em nosso ser. É assim que a palavra de Deus deve chegar ao nosso coração. Tiago fala sobre a palavra de Deus como uma lei. Isso quer dizer que a palavra de Deus vem para nós com autoridade. O Evangelho tem um lado imperativo. O que acontece com um soldado que ouve uma ordem e não reage? Ele é punido! Ele não pode ouvir e negar. Ele deve ouvir e cumprir. Assim é também com a palavra de Deus. Nós não podemos ouvir e depois negar o que ouvimos. Devemos cumprir a palavra de Deus. Jesus falou: Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras, e as pratica, será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos, e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína (Mateus 7.24-27). Também podemos pensar em Mateus 13.1-23, a parábola do semeador. A semente é a palavra de Deus que cai na terra. Se a terra não a abraçar, os passarinhos virão e comerão a semente. Ela não tem chance de crescer e dar frutos. Quando a semente cai na boa terra, e a terra guarda a semente, ela cresce e dá frutos! Nós devemos agir assim. Devemos ouvir a palavra de Deus, aceitá-la e guardá-la no nosso coração; devemos meditar sobre o que ouvimos e aplicar nas nossas vidas. Só assim a semente vai crescer e produzir frutos. A palavra de Deus é como boa terra e nós somos as plantas; recebemos a nossa alimentação da palavra de Deus, que nos ensina como devemos amar a Deus e ao próximo. Sejamos praticantes da palavra de Deus, deixemo-nos envolver por ela. Amém.

Missionária Carla Rosana Schwingel da Silva Noeli Maria Dunck Dalosto Canarana/MT

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SABER VIVER CONSIGO MESMA Arquivo OASE

É preciso saber viver! Assim diz a letra da música composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Essa reflexão quer motivá-la ao tema Saber viver consigo mesma. Esse tema deveria ser uma habilidade corriqueira e fácil. Afinal, não existe alguém com quem convivemos por tanto tempo e que conhecemos tão bem quanto nós mesmas! Não é mesmo? Saber viver consigo mesma não é tão fácil assim como parece. “É muito difícil o exercício de estar voltado para dentro de si. No momento em que eu me olho e percebo quem eu sou, faz com que percebemos nossos buracos de medos, dores Pastora Gabrielly Ramlow Allende e inseguranças e não é fácil entrar em contato com todas essas partes”, responde Dorli Kamkhagi, psicóloga do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina na Universidade de São Paulo. Existe um livro na área da psicanálise que tem como título “Ninguém escapa de si mesmo – Psicanálise com humor”. Esse título é bem provocador. Sabemos que, em diversos momentos da nossa vida, “quem somos” transparece em nossos trejeitos de ser, falar e agir, consequentemente, é uma realidade da qual ninguém escapa. Cedo ou tarde teremos que nos encarar de frente e lidar com muito amor com quem somos! Sendo assim, convido para pensar que saber viver consigo mesma é um ato de amor e cuidado, além de obedecer à metade do duplo mandamento do amor deixado por Jesus: Amar ao próximo como amamos a nós mesmos (Mateus 22.33-40)! Um jeito de viver bem consigo mesma é se conhecer melhor. Certa vez, participando de uma roda de conversas entre amigos e amigas, o assunto foi: Qual é o seu sonho? Percebi que a resposta para essa pergunta depende da fase da vida em que estamos. Quando somos crianças, respondemos motivadas pelo nosso mundo da imaginação e afirmamos: “Quero ser professora, dentista, médica, veterinária etc.”. Quando jovens, fazemos os testes de aptidões 107

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porque nos sentimos numa confusão entre o mundo da imaginação e o real. Quando pessoas adultas, a realidade toma as rédeas por nós e nem sempre estamos onde gostaríamos. Então, aquela pergunta me provocou. Qual é o meu sonho? Percebi que estamos sempre nessa busca por realizar no dia de amanhã aquilo que nos falta hoje. E aí, você sabe qual é o seu sonho? Para responder a essa e outras questões existenciais, é preciso se conhecer. Por isso pontuo algumas dicas: DEZ DICAS PARA CONHECER-SE MELHOR PASSAGEM BÍBLICA CONHEÇA A falta de conhecimento próprio pode gerar 1 Pedro 2.9 MAIS VOCÊ uma autoimagem distorcida de nós mesmas. MESMA Por essa razão, é necessário sabermos o que nos agrada e desagrada, entristece ou alegra. CUIDE DE SUA Coloque o seu check up em dia por você! Coma 3 João 1.2 SAÚDE bem, beba água, faça exercícios físicos e use filtro solar. Informe-se junto ao posto de saúde do seu bairro, localidade, o que está disponível para o seu bem-estar. Tudo isso é possível e gratuito pelo SUS. Você ficará surpresa com o que está disponível para a saúde da mulher. VALORIZE O Todas nós temos nossos dons. Coloque suas 1 Timóteo 4.14 SEU DOM forças e tempo para aprimorar cada vez mais o seu potencial, ou seja, aquilo que você gosta de fazer e faz bem. Por muito tempo, valorizamos nossos erros e defeitos. Por isso otimize-se em envolver o seu tempo e dinheiro no que você faz de bom para você e para o próximo. ESTEJA Dizer não a convites é bem mais comum do Moisés, Josué, DISPONÍVEL que imaginamos. Vamos ao culto? Vamos à profetas, Maria, OASE? Vamos ao chá da OASE? Quer par- Jesus Cristo, ticipar do grupo de trabalhos manuais? Quer entre outros, que vir lá em casa para um café com as ami- disseram sim ao gas? Quer ajudar na festa da comunidade? chamado. Pode trazer algo para colaborar com o café colonial? Se a resposta for sempre não, as pessoas vão parar de nos convidar e vamos perder muitas oportunidades de relacionamentos e de contribuir para a missão de Deus. Por isso, esteja disponível! Diga sim! DICA

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PRATIQUE O DIÁLOGO

CUIDE DE SI MESMA FIQUE FELIZ COM O SUCESSO ALHEIO SEJA HUMILDE PERDOE

REFLITA E ORE

Se você está feliz, dialogue. Está chateada, Êxodo 33.11 dialogue. Tem um problema com alguém, dialogue. Com a prática do diálogo, exercitamos nosso ouvir e falar. Além do aprendizado que vem da outra pessoa. Quando gostamos de alguém, somos amo- 1 Tessalonicenses rosas, delicadas, gentis. Cuide de si como 4.9 você cuida das outras pessoas. O sol nasce para todas as pessoas! Se nós Lucas 1.42 temos o direito da realização, do sucesso e da felicidade, as demais pessoas também. Que graça teria se só uma pessoa estivesse feliz? Mesmo que você seja ótima no que faz, con- Provérbios 22.4 sidere o que as outras pessoas têm para compartilhar com você. Perdoar é algo divino que podemos ofertar 1 João 1.9 a alguém. Sugiro começar por você. Saber que erramos e que nem sempre conseguimos dar o nosso melhor não é o fim do mundo. Vamos observar o que ocorreu e ver como uma oportunidade de recomeçar de forma diferente. Pratique com você mesma e oferte a quem solicitar. Para conseguir praticar as dicas anteriores, 1 Tessalonicenses a reflexão e oração serão de grande auxílio. 5.16-18 Busque na Palavra e na oração a sabedoria e a orientação de Deus.

Certamente, você sente falta de algum item nas dicas colocadas. Acrescente, ou melhor, ajuste conforme for necessário para que você viva consigo mesma da melhor maneira possível. Espero que eu a tenha impulsionado para esse olhar tão importante para dentro de si mesma! Pastora Gabrielly Ramlow Allende Assessora teológica da Associação Nacional dos Grupos de OASE Blumenau/SC

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UM OLHAR SOBRE O PROJETO ALEGRIA E ESPERANÇA – 30 ANOS A história que antecede a formação do grupo Há mais de trinta anos, quando existiam raras entidades que se preocupavam com a situação vulnerável de crianças e jovens brasileiros, em torno de quatro a seis crianças vinham à minha casa para pedir alimentos. Elas tocavam a campainha ou gritavam da rua: – Dona Marlene... Tem uma coisa “prá dá”? Era uma rotina quase diária. Aos poucos, fui percebendo que nesse pedido por alimentos expressavam uma necessidade ainda maior: estavam à procura de carinho e atenção, coisas que lhes faltavam no ambiente em que viviam. Ilustração realizada por Lucas Elas sentiam necessidade de conversar e ter contato Roberto Souza da Silva, com alguém que se interessasse por suas vidas. em 2022 Tentei inteirar-me da rotina desses jovens, dando-lhes abertura para conversar sobre o seu dia a dia. Desse contato nasceu uma grande confiança deles em mim. Assim fiquei sabendo de muitas histórias e situações ora tristes ora perigosas vividas por eles. Certo dia, enquanto estavam conversando comigo no portão, uma forte chuva desabou. Convidei-os, então, para se abrigarem na garagem. Enquanto esperavam o temporal passar, desenvolvi algumas atividades com eles. Entre os visitantes encontrava-se um menino analfabeto, que dizia que a mãe havia lhe falado que estava com 12 anos de idade. Tentei então ensinar-lhe a escrever o algarismo um. Após muitas tentativas desastradas, ele conseguiu, e neste momento vieram as explosões de alegria, os saltos e socos no ar de satisfação. Foi uma cena muito emocionante! Esse gesto me motivou a agir, colocando a fé em ação em favor desse grupo. Como define o pastor Gottfried Brakemeier no livro Os Dez Mandamentos para a Igreja Missionária: “A Igreja Luterana no Brasil está aí para todos e todas, indiferente da sua raça, cor ou religião”. Na próxima visita à minha casa, comuniquei-lhes sobre o desejo de iniciar um grupo de convivência, e perguntei se estavam dispostos a participar. A resposta foi unânime: SIM! 110

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O Projeto Alegria e Esperança Para dar início a esse projeto, entrei em contato com a responsável pelo trabalho diaconal da paróquia, que conseguiu a cedência de um espaço físico da IECLB, próximo ao bairro de onde vinham aqueles jovens. Assim, em setembro de 1992, foram convidados a comparecer “na próxima terça-feira, às l4 horas”, no Centro Comunitário da Comunidade Martin Luther (mais conhecida como “igreja perto da rodoviária”). Fomos eu e minha amiga Dulci Mueller ao local, na hora combinada, para recebê-los. Ninguém apareceu... Na semana seguinte, vieram novamente à minha casa pedir alimentos. Perguntei-lhes sobre o motivo do não comparecimento. Cada um deu uma desculpa. Refiz o convite para a próxima semana, e prometeram que estariam lá. Chegamos ao local e, novamente, nada... Um tanto decepcionadas, mas com vontade de saber a razão do não atendimento ao nosso convite, eu e Dulci fomos até o bairro. Lá encontramos os jovens correndo na rua. Ao questioná-los sobre sua ausência, relataram que não foram por ordem das mães, pois elas tinham receio de que fôssemos entregá-los para a entidade municipal que acolhe menores desassistidos. Explicamos que essa não era nossa intenção. Na mesma tarde, conseguimos que três deles nos acompanhassem para conhecer as dependências onde seriam realizados os encontros. Lá, sentiram-se seguros e acolhidos. Na semana seguinte, os encontros passaram a acontecer, inicialmente com apenas quatro crianças. Essas, entusiasmadas, divulgaram as experiências para seus amigos e amigas, de forma que o grupo passou a crescer. Assim surgiu o “Projeto Alegria e Esperança” – nome sugerido por uma integrante do grupo. A partir de 1996, aconteceu a transferência das atividades da Comunidade Martin Luther para a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – Centro, sob a liderança da pastora Heloísa Dahlfert. Nessa época, a OASE adotou o projeto como um de seus trabalhos diaconais, tornando-se sua mantenedora. Os e as participantes são oriundos de vários bairros vulneráveis que circundam a cidade. Atualmente, estão matriculados 63 jovens, sendo que ainda mais de 40 estão na lista de espera. O público-alvo possui entre sete e 17 anos de idade. Eles são transportados de seus bairros até a comunidade Centro, local das atividades, com um ônibus fretado especialmente para eles. O grupo é, na sua maioria, composta por jovens negros e não pertencentes à IECLB. Como Igreja de Cristo, somos responsáveis pelo que acontece no mundo que nos cerca, por isso a missão e a ação devem ultrapassar os muros da comunidade. 111

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O projeto oferece um espaço de convívio fraterno e ajuda a ESPERANÇAR um futuro melhor para as crianças e jovens, que, na sua maioria, se encontram em situação de vulnerabilidade social. Nossa motivação e nosso compromisso é que esses jovens continuem frequentando a escola, e para isso mantemos uma parceria com os professores e as professoras dos colégios onde estudam. Ofereceremos reforço escolar e incentivamos a profissionalização, para que venham a ter mais oportunidades no mercado de trabalho. A equipe do projeto é formada por cinco profissionais remunerados, além de seis dedicadas voluntárias. São eles: a assistente social, a psicóloga, o monitor de dança, a professora de artes e o instrutor de música. No transcorrer das oficinas e do acompanhamento psicológico, muitos dons e potencialidades foram e são descobertos. Trabalhamos para que cada um aprenda a empenhar-se na busca de uma melhor realidade para si e para que sejam agentes de transformação na sociedade em que vivem. Queremos uma sociedade mais justa, humana e com consciência ecológica. Mais de dois mil jovens participaram do projeto durante esses 30 anos de existência. São inúmeros os retornos positivos, que inspiram e motivam a equipe do Projeto Alegria e Esperança a seguir oferecendo novos caminhos para uma forma mais amena e segura de “saber viver”. Fui convidada por minha prima. Naquela época, estava numa fase muito triste, acabara de perder minha mãe. Meu pai ausente na minha vida, alcóolatra, eu fiquei sem chão. Lá [no Projeto] encontrei pessoas maravilhosas que me ampararam e só queriam me ajudar. [...] Lá me auxiliaram, orientaram e motivaram a estudar (meus pais e alguns dos irmãos eram analfabetos). Tive muita dificuldade, porém com o auxílio financeiro e moral do Projeto, tive a oportunidade de estudar e fazer o 2º grau [...]. Estou formada há 9 anos [como técnica de Enfermagem], trabalho na área de Saúde da Família e no Hospital Santa Cruz. Hoje, minhas lágrimas são de alegria e agradecimento a todas as pessoas que fazem e faziam parte dessa organização, por fazerem parte da minha história. (Janaína da Silva, ex-participante. Relato feito em 2017.) Tive uma participação de 4 anos no Projeto Alegria e Esperança, até atingir os 16 anos de idade. Percebo que o tempo passou, mas as lembranças e os ensinamentos ainda estão gravados em minha memória. 112

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OUTUBRO

[...] Isso me serviu como inspiração para enfrentar as dificuldades na adolescência. [...] Toda ajuda que recebi no Projeto fez parte do propósito de Deus até que Cristo fosse revelado a mim. Hoje sou casado, tenho uma família linda, tenho profissão e um testemunho de superação. (Deiviti Rodrigo de Mello Zinn, ex-participante. Relato feito em 2017.)

Um olhar aos trinta anos do Projeto Alegria e Esperança Trinta anos de um projeto espetacular E um projeto que proporciona um brilho no olhar Que faz sermos vistos como pessoas melhores, No palco, na rua, em qualquer lugar. Nos ensina que podemos ser o que queremos ser, Podemos ter o que queremos ter, Sonhar e realizar Lutar e conquistar! Nos dá um novo olhar Uma nova vida Uma nova forma de ver o mundo E continuar nossa história... Não desanima! Seja sempre uma criança, Se quiser não perder esse olhar Seja bem-vindo ao Alegria e Esperança! (Lucas Roberto Souza da Silva, ex-participante e voluntário. Relato feito em 2002.) Marlene Fürstenau Santa Cruz do Sul/RS

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AMOR-PRÓPRIO VACINA CONTRA O SOFRIMENTO MENTAL* Amar a si mesma, além de ser referência para amar os outros (“Ama teu próximo como a ti mesmo”), é também um fator de proteção contra doenças mentais e um elemento gerador de bem-estar e qualidade de vida. Psicólogos são unânimes em afirmar que o amor-próprio é uma das ferramentas mais importantes que o ser humano tem, comparada a uma vacina emocional que nos protege para enfrentarmos os desafios da vida. Ativar todo amor-próprio disponível é o primeiro passo para o desenvolvimento psicológico e melhora pessoal. Não me refiro ao narcisismo, ao egoísmo ou à megalomania, mas falo de um amor-próprio saudável, da capacidade genuína de reconhecer, sem medo nem vergonha, as forças e qualidades que você possui e integrá-las ao seu desenvolvimento e relacionamento interpessoal. Amar a si mesma desprezando/ignorando os outros é pura presunção; amar os outros desprezando a si mesma é ausência de amor-próprio. Amar a si mesma é promover a autoconservação sadia e buscar o maior prazer possível. É considerar-se digna de ter o melhor, fortalecer o autorrespeito e se sentir feliz pelo simples fato de existir. O amor começa no berço. Seu primeiro amor deve ser dirigido a si mesma e a partir daí você aprenderá a amar ou odiar a vida. Como desfrutar do amor dos outros se você se despreza, não se aceita ou tem vergonha de si mesma? Ser amiga de si mesma é indispensável para uma boa autoestima. Quando você ama outra pessoa, automaticamente busca o bem, o conforto e a felicidade dela; a dor da pessoa amada dói em você, e a alegria da pessoa amada a alegra também. Com o amor-próprio a situação é semelhante: você própria busca seu bem-estar, seu prazer, celebra suas conquistas etc. Algumas pessoas perguntam: “Mas é possível alguém odiar a si mesmo?”. E eu respondo com convicção: “Claro! E com muita força e obstinação!”. Inclusive a ponto de se autopunir, de ter pensamentos de autoextermínio etc. Há casos de pessoas que incorporam o castigo psicológico à sua vida desde pequenas, inconscientemente, como se fosse uma faceta normal e desejável da vida. Reconheço que é importante e saudável o esforço para atingir metas pessoais. Uma coisa é a autocrítica sensata e construtiva, outra coisa é a autocrítica cruel que golpeia e derruba. Uma coisa é aceitar o sofrimento útil e necessário dentro dos seus limites; outra coisa muito diferente é se habituar à dor de forma masoquista, na tentativa de receber aprovação e amor dos outros. 114

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OUTUBRO

Os estudos realizados na psicologia nos últimos vinte anos mostram que a visão negativa que se tem de si mesma é um fator determinante para o surgimento de transtornos psicológicos, desde os mais leves aos mais severos, como estresse, insegurança, sintomas psicossomáticos, problemas de relacionamento, baixo rendimento acadêmico/profissional, depressão, ansiedade, fobias, pânico, abuso de substâncias nocivas, problemas de imagem corporal, descontrole emocional e muitos outros. A conclusão dos especialistas é clara: quando a autoestima não tem força suficiente, vive-se mal, infeliz e sofrendo de uma insatisfação constante, consigo mesma e com a vida em geral. A minha proposta para você é simples e objetiva: aprenda a amar a si mesma, inicie um relacionamento sério consigo mesma que a faça cada dia mais feliz e mais resistente aos embates da vida cotidiana. * Esse texto é informativo e não substitui de forma alguma a avaliação/orientação oferecida por um profissional.

Cristina Vasconcelos Psicóloga Juiz de Fora /MG

Dia da reforma ESCRITURA, GRAÇA, FÉ E CRISTO Foi em Wittenberg, na Alemanha. O sol nasceu. O dia amanheceu. Na porta da igreja foram encontradas 95 teses. O anúncio: Deus não vende perdão, nem bênção. Ele dá de presente. Está nas Escrituras: O justo viverá por fé (Romanos 1.17). É de graça. Quem quer? Venha, Cristo conquistou vida e salvação. Tome, também é sua! Se quiser, pegue! Foi em 31 de outubro de 1517. Nesse evento inicia o movimento da Reforma Luterana ou Reforma Protestante. Não é para dividir igreja, mas é para promover profundas reformas em seus entendimentos teológicos e práticos. Transformações radicais. O pulo: da condenação ao purgatório e venda de indulgências para a salvação pela graça mediante a fé. Reforma radical, partindo da raiz. Jesus Cristo já acertou sua conta com Deus, pelo sacrifício

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da cruz. Está tudo escrito lá, nas Sagradas Escrituras. Confie em Deus. Ele providencia sua salvação. Nada mais precisa ser feito. Agora, depois do sacrifício na cruz, Deus dá de presente: a fé, as Escrituras, Cristo Jesus, a graça. Mas o que eu devo fazer? Nada, absolutamente nada. Confie somente em Deus. O mais e o necessário ele faz. Se pretende ajudar, vai atrapalhar. Confie em Deus. Confie em Deus, somente. Os pilares da Reforma Protestante são quatro: somente a fé, somente a graça, somente a Escritura, somente Cristo Jesus. Somente esses quatro pilares. São como os quatro pilares fundamentais que mantêm o edifício firme, inabalável. O que eu devo fazer? Para salvação, nada mais. Confie somente em Deus. Mas, por gratidão, vai agir, sim. A oração Pai-Nosso já nos ensina: Pois teu é o Reino, o poder e a gloria. Declaramos que somente a Deus pertencem o Reino, o poder e a glória. Assumimos o sentido de viver de Jesus, que é: glorificar o Pai, agir com misericórdia, amor, solidariedade, compaixão. Entregamos tudo a Deus, por agradecimento de sua obra para a nossa vida e salvação servimos na criação de Deus, em gratidão. Martim Lutero escreveu textos que nos ajudam a entender como servir. Viver ativamente em comunhão, orar, louvar e glorificar Deus, em comunidade com irmãos e irmãs e no mundo. Zelar pela qualidade de vida de pessoas idosas, crianças, deficientes, doentes, pobres, famintas, sedentas, presas, migrantes, refugiadas, a natureza e demais vítimas da ganância e do pecado humanos. Enquanto Deus cuida bem de nossa salvação, estejamos ocupados, solidariamente, com as pessoas de “baixo”, pisadas, isto é, as sofredoras. Deus quer que estejamos ocupados em promover justiça, diálogo, paz, respeito, solidariedade. Pastor Dr. Teobaldo Witter Cuiabá/MT (Extraído de: www.luteranos.com.br, 29/10/2021.)

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Arquivo OASE

Ação diaconal dos grupos de OASE do Sínodo do Vale do Itajaí em prol das mulheres e suas crianças vítimas da violência doméstica. Grupo Eloisa, OASE de Navegantes/SC

N OV E M B R O

Lema do mês: Sozinho ele estende os céus e anda sobre as costas do mar. Ele fez a Ursa Maior, o Órion, o Sete-estrelo e as constelações do Sul. Jó 9.8-9

DATAS IMPORTANTES 01 – Dia de Todos os Santos 02 – Dia de Finados 10 – 1483 – * Martim Lutero, Reformador (+ 18/02/1546) 15 – 1889 – Proclamação da República 19 – Dia da Bandeira 20 – Dia da Proclamação dos Direitos da Criança (ONU) 25 – 1843 – * Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense (+ 05/04/1925)

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Meditação A GRANDIOSIDADE DE DEUS

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Arquivo pessoal

ozinho ele estende os céus e anda sobre as costas do mar. Ele fez a Ursa Maior, o Órion, o Sete-estrelo e as constelações do Sul (Jó 9.8-9). Jó fala de como Deus é grande e poderoso, não há como contestá-lo. Tudo o que Deus criou, ele criou sozinho e com muita perfeição. Coisas grandiosas e pequeninas, cada uma tendo sua função neste mundo. Pensemos no pequeno beija-flor. Admiramos suas cores brilhantes e sua delicadeza. Mas, além de nos alegrar os olhos, também tem suma importância na natureza, pois, ao se alimentar do Wilma Devantier néctar das flores, está cumprindo sua missão de auxiliar na polinização entre as plantas. Lembremos também de grandes animais, como rinocerontes, elefantes, baleias e muitos outros que povoam céus, terra e mar. E ainda podemos observar belas e grandes quedas d`água, penhascos gigantescos, montanhas geladas, as quais admiramos pela beleza de sua brancura. Entretanto, ainda não olhamos para o céu: estrelas incontáveis, a lua, o sol, cada um desses corpos celestes com sua função. Quem poderia pensar em tantos detalhes? Somente Deus poderia fazê-lo! Quem tem Deus em sua vida sempre sabe onde fica o norte, sempre sabe a direção. Deus nos orienta o tempo todo. Por isso mesmo fez o sol nascer sempre ao leste, para que possamos nos situar onde estamos e para onde queremos ir. O ser humano também foi criado por nosso Deus à sua semelhança, para que cuidasse do resto de sua criação. No entanto, mesmo sendo dotado de inteligência, o ser humano não consegue entender a grandiosidade, perceber o poder, sentir o amor, esquadrinhar a sabedoria e, principalmente, medir a misericórdia de Deus. Tudo isso excede nosso pensamento como seres humanos. O que dizer, então, do fato de que Deus, por amor e misericórdia, entregou o próprio Filho para que nós, seres humanos, pudéssemos ter vida em abundância.

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Por isso, não tentemos entender, e sim aceitar e ser muito gratos por tudo o que Deus fez e faz por nós. Para finalizar, como oração, sugiro o hino 623 do Livro de Canto da IECLB, que exalta a grandiosidade de Deus: Grandioso és tu Senhor, meu Deus, quando eu, maravilhado, contemplo a tua imensa criação, a terra e o mar e o céu todo estrelado me vêm falar da tua perfeição: Então minh’alma canta a ti, Senhor: “Grandioso és tu, grandioso és tu”. Então minh’alma canta a ti, Senhor: “Grandioso és tu, grandioso és tu!”. E quando penso quanto Deus me ama – que em meu lugar na cruz Jesus sofreu, a gratidão meu coração inflama, pois foi por mim que ele padeceu. Tua palavra veio revelar-me o eterno alvo que devo alcançar. Com tantas bênçãos vens presentear-me: Eternamente hei de te louvar!

Wilma Devantier Presidente da OASE do Sínodo Paranapanema

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SABER VIVER NA DIVERSIDADE O cotidiano das pessoas é repleto de diversidade. No entanto, ela não aparece. As pessoas não a veem, ou não a querem ver, não falam dela, a diversidade não é expressa por elas. Fica guardada, por medo, por ignorância, por falta de informação, por opressão. A diversidade faz parte da vida. A vida, em si, é diversa. Basta olhar para as árvores e flores e se perceberá uma bela diversidade! Há diversidade cultural, diversidade étnica, diversidade sexual, diversidade de identidades. A diversidade permite ver a realidade de forma mais plural e inclusiva. Ela diminui as desigualdades, leva ao diálogo, aceita outro jeito de pensar e de ser. É preciso saber viver na diversidade, tirar as pedras das mãos e dos corações, para aproximar-se e entender, conhecer, ouvir, perceber o potencial de relações justas. Há muitos momentos em que a diversidade de pensamento e de gênero é ameaçada pela violência. A partir do texto de João 8.1-11, vemos como Jesus lidou com uma situação muito difícil, que quase causou o assassinato de uma mulher, um feminicídio, termo que usamos hoje conforme previsão legal no Brasil. Leitura de João 8.1-11. Certo dia, uns homens a viram, e julgaram. Julgaram suas roupas, julgaram sua honra, julgaram suas atitudes. E esses homens a arrastaram, de forma violenta, e a colocaram no centro, cercada pelos olhos de ódio e machismo. E, julgando, falaram dela, a desprezaram, a desampararam, queriam apedrejá-la. Os homens já estavam com pedras na mão. Entre eles um desafio, uma espécie de aposta, para testar outro homem, que estava sentado, escrevendo. Ela não existia ali. Quem ela era não importava. Ali estava apenas um corpo de mulher, um objeto, uma propriedade. Como esse corpo estava desumanizado, matar era o de menos. O que mais os homens queriam era encontrar uma forma de acusar aquele que escrevia. E ele ergueu a cabeça, percebendo todo esse jogo com ele, e com ela. Os homens, impacientes, esperavam uma reação. O machismo os deixava cegos. Quem de vocês não tiver nenhum pecado, seja o primeiro a atirar uma pedra nela. Foi a primeira vez que ele falou. Palavras simples, que criaram uma espécie de luz. Os homens, assim desarmados das pedras que seguravam nas mãos e daquelas que tinham em seus corações, deram meia volta e foram embora. 120

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Jesus e a mulher ficaram sozinhos. Novamente ele fala. E fala com a mulher, dirige-se a ela. Não há justificativa cristã para apedrejar uma pessoa. Jesus ressignifica a Lei de Moisés, priorizando a vida das mulheres, em oposição à tradição, da mesma forma que movimentos de mulheres invalidaram a tese da legítima defesa da honra, prevista no antigo código penal, que autorizava os homens a assassinarem suas esposas pela prática de adultério. A condenação pela letra da lei não existe mais. Fica a necessidade de mudar, quando a vida é negada, o amor condenado e a liberdade de escolha manipulada. Podemos dizer que a Lei Maria da Penha encontra também em Jesus um posicionamento contra os feminicídios. O texto remete a situações de violência e feminicídios experimentadas pelas mulheres nos dias atuais, nas cidades, bairros, comunidades. São tempos de muita intolerância, de muitas divisões, de polarizações. Como viver em meio a isso, dando testemunho de fé cristã – de amor cristão? Jesus teve um posicionamento diferente do grupo de homens que veio até ele. Sua postura corporal já o demonstrava. Quantas e quantas vezes as mulheres são arrastadas para o centro por seu comportamento, por suas decisões, por sua religião, por sua liderança, por seu conhecimento? Há que ter justificativa para tudo diante da letra da lei! É preciso explicar seu ir e vir. É preciso trabalhar três turnos, sem reclamar, e sem se cansar! É preciso ser sempre amável, não importa a situação ou a pessoa! Aqui há muitas desigualdades. A diaconia transformadora de Jesus vive na diversidade e vive da diversidade. Propõe gerar círculos de acolhimento a mulheres que sofrem violência, a estabelecer grupos de homens que refletem sobre sua masculinidade, agir para que a liberdade religiosa encontre caminhos de expressão. Identificar-se com a diversidade é saber viver o coletivo, o grupo, o trabalho em equipe. Jesus olhou com amor para a mulher, e também com amor olhou para os homens. O amor é o coração da diaconia, é a marca da fé cristã. Diaconar é preciso, para constituir espaços seguros de acolhimento e de partilhas. Locais onde as mulheres se sintam protegidas e livres da violência e dos julgamentos. O fortalecimento dos grupos de mulheres ainda é a melhor estratégia, a fim de constituir redes de apoio. A “Nem Tão Doce Lar” é uma metodologia diaconal de superação da violência doméstica, que aponta para o autoconhecimento das mulheres e a promoção de uma masculinidade saudável, como método para a erradicação da violência. As mulheres marcam um papel importante nas ações comunitárias. Carregam as comunidades em seus corações e precisam ser reconhecidas e valorizadas por isso. Cada vez mais os espaços de decisão precisam conside121

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rar sua presença, pois também aí sua contribuição é necessária. As orações e as liturgias são seu espaço. A atuação para além da comunidade transforma realidades ali experimentadas. A presença de mulheres nos espaços públicos de assistência social transforma o amor comunitário em políticas públicas e promove o fortalecimento de redes locais de apoio. O protagonismo na sensibilização para prevenir a violência contra as mulheres e incentivar sua denúncia é testemunho de fé cristã. Cidadania e diaconia andam juntas e é necessário colocá-las em prática como sinal concreto de vida digna, plena e justa, aqui e agora. Para viver em diversidade, precisamos garantir direitos e espaços seguros para as mulheres, para o povo negro e o indígena, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+, povos e comunidades tradicionais, para todas as criaturas agraciadas pelo amor incondicional de Deus. Apresentamos alguns materiais e ideias que movimentam a diversidade da vida, sem violências: Materiais de apoio Livreto Nem Tão Doce Lar – uma vida sem violência é um direito humano! <https://fld.com.br/wp-content/uploads/2021/05/LIVRETO-NEMTA%CC%83O-DOCE-LAR.pdf> Revista Coisas do Gênero – Feminicídio e Religião <http://revistas.est.edu.br/index.php/genero/issue/view/9> Valentina – a violência doméstica e familiar contra as mulheres retratada em quadrinhos. <https://www.luteranos.com.br/textos/oase/valentina-violencia-domestica> Exposição Nem Tão Doce Lar em Blumenau/SC – Vídeo feito pelo setor de comunicação do Sínodo Vale do Itajaí <https://www.youtube.com/watch?v=qkorLKV27YU> Culto on-line de celebração dos 15 anos da Exposição Nem Tão Doce Lar no canal do YouTube da IECLB: <https://www.youtube.com/watch?v=K51O-H6tgqQ> Live de 15 anos da Lei Maria da Penha dentro das atividades dos 15 anos da Nem Tão Doce Lar <https://www.youtube.com/watch?v=lhD2PNdZA3Y> Maria da Penha faz um breve balanço dos 15 anos da Lei 11.340/2016 <https://www.youtube.com/watch?v=0VaIA5ZZxAs> Pastora Dra. Renate Gierus, Pastora Cibele Kuss e Rogério Aguiar Fundação Luterana de Diaconia Porto Alegre/RS 122

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MINHA HISTÓRIA COMO MULHER EMPREENDEDORA Arquivo pessoal

Convidada para escrever sobre o tema “Mulher empreendedora”, compartilho um pouco da minha própria história nesse caminho por vezes cheio de percalços, mas de um intenso aprendizado. Contextualizando o conceito de empreendedora, segundo o dicionário on-line, é o mesmo que ser altiva, arrojada, realizadora, resolvida. É a pessoa que possui a capacidade para idealizar projetos, negócios ou atividades, que decide fazer algo difícil ou trabalhoso, aquela que sabe identificar oportunidades. Buscando esses significados, me certifiquei mais uma vez de que realmente sou uma Priscilla Baum de Lacerda empreendedora nata. Na minha concepção, empreendemos desde muito cedo no lar, seja organizando, coordenando, planejando todas as atividades pertinentes ao bom andamento das rotinas do dia a dia da casa, criando assim um ambiente favorável aos nossos pares; desde a mulher que faz a gestão de seu lar até a alta executiva de uma empresa, estamos todas empreendendo. Podemos dizer, então, que por meio do empreendedorismo podemos gerar impacto ou criar valores. Desde muito pequena fui sempre observadora e ativa, observava a vida profissional de meu pai e a arte de vender entrou na minha veia, pois o acompanhava ou, muitas vezes, ia até sozinha atender seus clientes. Pasmem! Nessa época eu tinha 11 ou 12 anos. Sim, sou mulher, filha, esposa, mãe, avó e empreendedora com muito orgulho. Empreender em seu sentido mais amplo refere-se à capacidade de ser agente de transformação, com habilidade de tomada de decisões nas mais diferentes situações. Lembro-me do meu primeiro empreendimento, um carrinho de cachorro-quente. Dele, muitas vezes ou quase sempre, vinha o sustento da família e também ajudou a custear meus estudos, tendo sido pioneira nesse ramo de negócios na região em que ainda hoje resido. Muitas madrugadas, nos eventos, fazendo o melhor “hot dog” que podia fazer e sempre com muita alegria, pois amava fazer aquilo.

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Tinha meus filhos pequenos nessa época. Por questões familiares, tive que vender o meu carrinho de cachorro-quente e fui ministrar aulas na rede estadual e municipal. Era o que eu sabia fazer. Tenho minha mãe e minhas tias como fontes de inspiração, pois sempre trabalharam na educação. Sempre busquei e busco melhorar como pessoa e como uma mulher de negócios. Ingressei na faculdade de Gestão de Negócios, onde realmente me encontrei, pois gosto de expressar e viver esse mundo empresarial, principalmente no que se refere às vendas, tanto que me formei no ano de 2008 e imediatamente cursei uma pós-graduação em Planejamento Estratégico Empresarial, essa custeada com a comissão recebida por conseguir mais pessoas para o curso. Foi então que comecei a trabalhar na Associação Empresarial de Rio Negrinho/SC, e logo fui convidada a ser a executiva comercial de uma grande feira da região. Tenho imenso orgulho dessa trajetória, pois foram quase 15 anos inteiramente dedicados ao que eu mais gosto, que é vender e fidelizar meus parceiros e parceiras de negócio. No entanto, chegou o momento de uma tomada de decisão, talvez a maior delas até então, que era voltar a ter meu próprio negócio. Criar eventos e oportunidades de experiências inovadoras para as pessoas são a minha “menina dos olhos”. Hoje sou sócia numa agência de receptivos e turismo e curso mais uma faculdade: Gestão de Turismo e Hotelaria. Durante a pandemia em 2020, assumi o cargo de coordenadora do Núcleo de Mulheres Empreendedoras da Associação Empresarial. Muitos aprendizados, muitas alegrias e muito companheirismo marcam esse momento. Acredito no associativismo como forma de atuar em prol da coletividade, tendo como sempre motivação e inspiração na minha família. Ética, profissionalismo, autenticidade, companheirismo e resiliência são características que seguiram sempre comigo, pessoal e profissionalmente. Tento me manter leal tanto às atividades profissionais como às que envolvem a comunidade. Finalizando, cabe ressaltar uma forte mulher do Antigo Testamento, a qual admiro pela sua dedicação e lealdade. Trata-se de Rute. Em seu livro, lemos uma comovente história de conversão, coragem, determinação, lealdade e fidelidade. A compaixão e o amor entre Noemi e sua nora Rute inspiram e levam a refletir sobre relacionamentos dentro e fora do âmbito familiar, sobre parcerias bem-sucedidas, que servem como exemplo também para o empreendedorismo. Rute agiu a partir do amor inteligente. Amor que suportou provações. Sua conduta e decisões foram com base espiritual autêntica. Fidelidade silenciosa, força de vontade e determinação foram alicerces firmes da sua jornada 124

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como mulher, que foi acima de tudo uma empreendedora na manutenção dos laços afetivos, tão necessários também para os nossos dias. Observação: Tenho 48 anos, filha de Ari e Marilene Baum, casada com Marcelo Rocha de Lacerda, mãe de dois filhos, avó de uma linda neta. Empreendedora com muito orgulho. Priscilla Baum de Lacerda Rio Negrinho/SC

Oração para o Dia de Finados Deus, todo-poderoso, tu és o Senhor sobre a vida e a morte. Diante de ti lembramos as pessoas queridas, familiares, amigos e amigas que tu chamaste do nosso meio, levando-as desta vida transitória. Agradecemos-te por tudo o que tu fizeste a cada uma dessas pessoas queridas durante a sua vida, por todas as bênçãos, por todas as realizações, por toda a proteção e misericórdia que lhes revelaste em vida. Por tua presença em suas vidas nos momentos de dor, de sofrimento, de amargura, de angústia, mas também de alegrias, de felicidade, de momentos de comunhão. Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias para que alcancemos corações sábios. Faze de nossa vida e de nossa morte uma vitória de Cristo, nosso Salvador. Quando chegar a nossa hora de partida deste mundo, ensina-nos a clamar com fé e confiança: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. Por Jesus Cristo, nosso Salvador. Amém. (Fonte: Orações. 3. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2017. p. 48.)

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Arquivo OASE

Diretoria e Orientação Teológica da OASE Sinodal do Vale do Itajaí

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Lema do mês: Meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos. Lucas 2.30-31

DATAS IMPORTANTES 01 – Dia Internacional de Combate à AIDS 03 – 1º Domingo de Advento Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 10 – 2º Domingo de Advento 10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 17 – 3º Domingo de Advento 24 – 4º Domingo de Advento 25 – Natal 31 – Véspera de Ano Novo

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DEZEMBRO

Meditação OS MEUS OLHOS JÁ VIRAM A TUA SALVAÇÃO

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enho certeza da minha salvação? Com essa pergunta quero refletir com vocês e caminhar na luz da palavra de Jesus Cristo. O lema do mês de dezembro afirma: Meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos (Lucas 2.30-31). E em Efésios 2.8 lemos: Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus. Se penso que sou salva pelas minhas obras, atos de solidariedade e boas ações, posso estar agindo de uma forma egoísta, pensando que tudo gira em torno de mim e depende só de mim, mas Jesus Cristo já pagou pelos meus pecados com seu sangue derramado na cruz, com o seu sofrimento, dando sua vida por amor a mim e por ti, meu irmão e minha irmã. Anelise Marleni Berwig Pela minha salvação eu não posso fazer mais nada, Jesus já o fez, mas o que posso fazer é ser grata. A gratidão é uma arte e precisa ser exercitada, aprendida, praticada, para isso precisamos de algumas ferramentas, para viver melhor conosco mesmas, com as outras pessoas e com Deus. Agradecer por coisas boas da nossa vida é fácil, quero ver agradecer pelas coisas que nos causam tristezas! Mas o que vai nos deixar em paz com Cristo é também sermos gratas nos sucessos e nos fracassos, na hora do reconhecimento, mas na hora do esquecimento também. A ordem é esta: pessoas gratas são felizes, e não pessoas felizes são gratas. A felicidade é uma consequência das nossas atitudes. Gratidão é uma virtude de quem tem a alma cheia de luz e um caráter reto. Novamente pergunto: tenho certeza da minha salvação? O dom do perdão podemos reconhecer em pessoas gratas e cheias de compaixão e paz. Neste mundo, encontramos muitas pessoas cheias de ódio e rancor, querendo mostrar seu poder sobre o próximo, humilhando e se vingando. As pessoas verdadeiramente pacificadoras são cheias de gratidão, ce-

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lebram e praticam o amor de Deus neste mundo e caminham para a salvação em Jesus Cristo. Posso ser grata até nos momentos de maior tristeza. Relato para vocês as últimas horas de vida da minha mãe Helena. Apesar da tristeza pela sua partida para a vida eterna, hoje sou grata por ter estado com ela na hora de sua morte. Deus me deu a última chance de poder cantar para ela os hinos de que ela gostava, pedir perdão a ela por todas as minhas faltas e falhas, agradecer por todos os ensinamentos que recebi, todo o bom exemplo que ela foi para mim. Mesmo ela não vendo nem me ouvindo, sei que ela estava ali comigo, e Deus também. Sua partida foi serena e tranquila como o apagar de uma vela. Aceitei esse momento de profunda dor como um presente de Deus, e posso dizer com toda a certeza que os meus olhos viram a salvação de Deus através da minha mãe, e por isso também quero ser salva, quero ser grata por tudo na minha vida e desta forma honrar a vida que Deus me deu. Oração: Querido Deus, coloca no meu coração o desejo de servir sem jamais querer aparecer. Tira do meu coração a tentação de julgar e condenar. Que o meu coração seja um espaço de irradiação de amor, paz e compaixão. Amém. Anelise Marleni Berwig Presidente do Conselho da Igreja da IECLB

SABER VIVER AS DIFERENTES FASES DA VIDA Reflexão A vida só tem sentido se vivida com fé, esperança e amor. Em todos os tempos, nas diversas fases, Deus nos proporciona a possibilidade de conhecer e aceitar essa graça. Podemos destacar quatro principais fases da vida: infância, juventude, adulta e idosa. Durante séculos, a vivência humana destacava apenas duas fases: a infância e a adulta. Nos últimos duzentos anos, o ser humano passou por uma série de transformações, até então despercebidas. A Revolução Industrial, 128

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As fases da vida

tecnológica, e o avanço da medicina proporcionaram novas fases de vida, em especial a juventude e a longevidade. Até então, a criança passava diretamente para a fase adulta e poucos adultos chegavam a alcançar mais de 65 anos. Durante centenas de anos, a expectativa de vida não ultrapassava os 33 anos. Não havia, portanto, muito tempo para viver diversas fases na vida. A infância e a maturidade eram o destaque naquela época. Na sequência, destacamos alguns aspectos de cada fase, considerando o tema proposto para este mês. Infância: É a fase fundamental da vida. Deus concede o Batismo como primeiro passo na direção do seu Reino. A criança conhece o amor, a confiança, os limites, as decepções e aprende a viver a fé. Nesta etapa, mais do que palavras, o que vale é o exemplo. Crianças aprendem com os olhos muito mais do que com os ouvidos. Para uma criança, o exemplo é primordial. Quantas vezes solicitamos aos filhos e às filhas que coloquem o chinelo ao sair para o jardim, mas antes de realizar nossa solicitação, a criança olha para os pés do pai e da mãe para primeiro observar se eles mesmos estão usando. É no exemplo de cada integrante da família, da escola, da comunidade e na sociedade que a criança constrói seu aprendizado e molda seu futuro para a maturidade e a sua vivência da fé. 129

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Juventude: Para a maior parte das pessoas, esta é a fase mais desejada. O momento que muitos gostariam de perpetuar durante toda a vida dali para frente. Diante da atenção e valor que a juventude recebe, deve pesar sobre ela igualmente a responsabilidade. A juventude não apenas aprimora o caráter, mas determina como será vivido o futuro. Ser jovem não é um valor eterno, mas uma passagem para a continuidade da vida. Decisões tomadas nesta fase da vida determinam o caminho na fé e o sentido da vida. Cada decisão implicará o passo seguinte da vida: a fase adulta. Grande parte das pessoas jovens buscam nesta etapa novos horizontes, influenciadas muito mais por amigos e amigas do que pela família. Mesmo assim, a família continua sendo fundamental como estrutura sólida de referência. É imprescindível que pais e mães saibam os passos que os filhos e as filhas estão dando, com quem andam e o que estão fazendo. Conflitos de gerações fazem parte deste momento, mas a negligência familiar não. Para chegar à maturidade, acima de tudo na fé, é preciso ter paciência e determinação. É preciso estar presente, participar e orientar. Isso faz bem para a juventude, para a sociedade e para a comunidade de fé. Adulta: Nesta etapa, sonhos começam a ser concretizados na vida profissional, social e familiar. Mas também começam a ser reveladas nossas experiên­ cias de fé. Em grande parte, a caminhada de nossa vida não é marcada por novidades, mas terá como base a vivência familiar e social, ou seja, será sobre pegadas já transitadas. Nosso aprendizado começa a concretizar-se em atos e testemunhos na formação familiar, comunitária e profissional. Não estaremos imunes aos erros e às falhas, mas sabemos o que representam e que podem ser perdoados e corrigidos. Nesta fase, as nossas decisões passam a ser fundamentais para a velhice que nos aguarda. Envelhecimento: É a fase na qual nos tornamos mais seletivos, focados e experientes; também conhecida como a fase da cristalização. O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 13, resume esta fase com um testemunho de fé: Agora permanecem a fé, a esperança e o amor. Mesmo que não seja essa a realidade para todos, mas na velhice acaba sobressaindo a essência de nossa vida e também de nosso caráter. Somos um país que caminha a passos largos para uma população substancial de idosos. Envelhecer não é apenas uma conquista, mas também uma dádiva. Ela não precisa ser a melhor idade, mas é a idade mais lembrada pelos netos e pelas netas. Eles, principalmente na fase da infância, agregam vivências, testemunhos e experiências que lembrarão por toda a sua vida. Avós são fundamentais para o desenvolvimento de valores, para a ética e 130

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para a fé das crianças. Existem muitas crianças que aprenderam a orar, cantar e ouvir histórias bíblicas com os avós. Concluindo, podemos afirmar que, em todas as fases da vida, o ser humano precisa ser e agir como humano, como criatura de Deus, criado à sua imagem, por isso precisa ser pautado pela paz e pelo amor revelado em Jesus Cristo. Somente assim cada pessoa e cada comunidade terá dignidade aqui na terra e esperança no Reino de Deus. Em cada uma das etapas, é primordial que o amor a Deus e ao próximo seja o sentido de nossa vida, do começo até o fim! O encontro Formar pequenos grupos ou fazer duplas, pedindo que falem sobre a primeira situação que vem à cabeça ao pensar sobre o que pesa no coração. Depois, refletir sobre a época desse fato: na infância, juventude, fase adulta ou idosa. Por fim, verificar em que etapa a maioria relatou a sua história. Hinos: 289, 160, 263, 571 (Livro de Canto da IECLB) Exemplo: O que pesa em nosso coração! Com essa frase o pastor incentivou o grupo de mulheres a falar sobre suas ansiedades e aflições. Entre muitas histórias, a que mais marcou foi a da Paula: “Quando pequena, a minha mãe sempre comemorou o aniversário de minha irmã e o meu com um bolo que ela mesma fazia. Para a minha irmã ela fazia um belo bolo de morango e para mim um bolo de chocolate. Assim foi até completarmos 15 anos. Eu nunca esqueci essas comemorações, mas, ao mesmo tempo, carregava uma mágoa, porque para mim a mãe nunca fez um bolo de morango no aniversário, só para a minha irmã. Certa vez, tomei coragem e coloquei para fora a minha decepção de nunca ter recebido um bolo de morango no aniversário. Foi então que a mãe esclareceu o óbvio: ‘Eu fazia uso do que a natureza tinha a oferecer. No aniversário da tua irmã era época da colheita de morangos. No teu aniversário não tinha morangos, por isso fazia um bolo de chocolate’”. É muito importante colocar para fora nossas angústias, e talvez também descobrir que muitas delas não têm o maior sentido. Por isso é fundamental viver em comunhão, em testemunho e na fé. Diácona emérita Hildegard Amábile e pastor emérito Nilson Hermes Mathies Blumenau/SC

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ISTO É NATAL Você se lembra de um Natal muito especial em sua vida? Lembra um presente que encheu você de alegria? Sobre isso alguém escreveu o seguinte: Lembro de um Natal na minha infância que me marcou profundamente. Foi inesquecível. Minha madrinha tinha me dado de presente uma daquelas xícaras de coleção, muito linda, toda enfeitada. Por fora, a xícara trazia escrita a palavra “Lembrança”. Por dentro – imagine a minha alegria! – ela era toda folheada a ouro. O presente me cativou. Que brilho dentro da nossa casa! Contente, peguei a xícara maravilhosa e corri para mostrar para minha mãe. Mas... tropecei, caí e a xícara... ah... todo o meu orgulho... se es-pa-ti-fou no chão, em mil pedaços. Eu fiquei horrorizada. Olhei para aqueles pedaços da xícara e meus olhos se encheram de lágrimas. De repente, além da dor que eu sentia, me sobreveio um grande medo. Pensei no castigo que viria, pois uma desatenção como essa era castigada lá em casa. Eu me curvei e, chorando, ajuntei alguns cacos. Caminhei até onde minha mãe estava e, de cabeça baixa, estendi-lhe as mãos. E esperei o castigo. Mas o castigo não veio! Não houve punição nenhuma! Quando lentamente, levantei a cabeça e olhei para minha mãe, havia um brilho em seus olhos – quem sabe eram os reflexos das luzes de Natal! Ela estava comovida e cheia de compreensão. Minha mãezinha apenas balançou um pouco a cabeça, mas não me castigou, não me repreendeu! Eu quase não pude acreditar. Era como um sonho! Naquela época, meu coração de criança começou a sentir: ISTO é Natal! Sim, isto é Natal: mesmo com culpa – porém, sem castigo! Mesmo na preocupação, na dor, nas lágrimas – sentir um bem-querer repleto de amor. Ouça o que a Bíblia diz: Hoje nasceu o Salvador de vocês, que é Cristo, o Senhor. Ele veio para assumir nossa culpa, minha culpa, sua... e trazer o perdão. Você poderá sentir de verdade o que é Advento e Natal sempre quando trouxer para Jesus os cacos da sua vida: seus fracassos, suas perguntas, suas preocupações, sua tristeza, seu coração rebelde... e lhe pedir ajuda e perdão. Entregue nas mãos dele todos os seus cacos e confie que ele é amoroso e está disposto a aceitar você, mesmo com suas imperfeições. Tenha fé! Que o brilho desta época reflita nos seus olhos e lhe dê coragem e ânimo para um recomeço junto a Deus e junto às outras pessoas. ISTO é Advento! ISTO é Natal! Diaconisas de Aidlingen, Alemanha.

Texto extraído de: JUNG, Jaime (Org.). Teatros, jograis, versos e reflexões para Advento e Natal. São Leopoldo: Sinodal, 2019. p.102.

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PESSOAS SÃO PRESENTES JOGRAL COM CAIXAS Autoria: desconhecida Adaptação: Jaime Jung Participantes: quatro pessoas Material: quatro caixas grandes (de sapato ou maiores), embrulhadas para presentes: uma caixa embrulhada com papel bem bonito e fitas; uma caixa amassada, embrulhada com papel feio e rasgado; uma caixa difícil de abrir (com muita fita durex e barbantes); uma caixa fácil de abrir. As caixas estão vazias. PESSOA 1: (Com o presente bonito nas mãos.) Pessoas são presentes que Deus me manda embrulhados. Umas pessoas são presentes que vêm num embrulho bem bonito... atraente... Elas chamam minha atenção pela beleza da aparência. PESSOA 2: (Com o presente “feio” nas mãos.) Outras pessoas vêm em um embrulho bem comum. Umas ficam machucadas no correio. Essas pessoas precisam de mais cuidado e atenção porque já foram jogadas para lá e para cá. De vez em quando chega um pacote registrado, que a gente estava esperando há muito tempo. PESSOA 3: (Com o presente fácil de abrir nas mãos.) Umas pessoas são presentes que vêm em embrulhos fáceis de abrir. Que nos passam paz e segurança. São pessoas que se colocam ao nosso lado, que nos escutam e fazem o nosso caminho mais tranquilo. São pessoas que têm a palavra certa na hora certa ou que apenas nos dão um sorriso ou um abraço gostoso. PESSOA 4: (Com o presente difícil de abrir nas mãos.) Outros presentes são difíceis de tirar a embalagem… Mas a embalagem também faz parte do presente. Às vezes, o presente não é fácil de abrir e precisamos da ajuda de outras pessoas. Um presente a gente não recusa, mas o aceita assim como ele é. PESSOA 1: Existem presentes que chegam de repente, sem a gente esperar, mas que nos trazem uma grande alegria. Outros presentes a gente leva tempo para receber e para conseguir abrir. Você é uma pessoa e, por isso, você é presente. PESSOA 2: Você é um presente para as outras pessoas. Não importa se sua embalagem já esteja um pouco rasgada ou se você já foi jogado de um lado para o outro no correio da vida.

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PESSOA 3: A embalagem faz parte do presente, mas o mais importante é o conteúdo. As pessoas veem o exterior, a embalagem, mas Deus vê o conteúdo, vê nosso coração. PESSOA 4: Que neste Natal você seja um presente para as outras pessoas. Você é um presente valioso. TODAS: Que bom que você existe! (Ao final, os quatro presentes podem ser colocados debaixo do pinheirinho, enquanto todas as pessoas cantam.) Texto extraído de: JUNG, Jaime (Org.). Teatros, jograis, versos e reflexões para Advento e Natal. São Leopoldo: Sinodal, 2019. p. 71.

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ACRÓSTICO – SABER VIVER Ao findar o ano, refletir sobre tudo o que nos aconteceu pode ser uma ótima maneira de observar o que nos proporcionou alegria, tristeza, frustração, mas principalmente de agradecer pelas bênçãos recebidas e que nos auxiliaram a SABER VIVER. Há muitas maneiras possíveis de se escrever sobre determinados assuntos e uma delas é o ACRÓSTICO, que é qualquer composição poética, na qual certas letras de cada verso, quando lidas em outra direção e sentido, formam uma palavra ou frase. São necessárias apenas criatividade e imaginação. Que tal elaborar um acróstico que expresse sua gratidão pelo caminho percorrido durante o ano de 2023? 1. Escreva SABER VIVER na vertical, uma letra em cada linha. É importante que todas as letras sejam maiúsculas ou com cores diferentes das outras palavras, para poderem se destacar. 2. Pense sobre o que você gostaria de agradecer, que comece com a letra indicada. Por exemplo, na primeira linha temos um “S”, então escreva uma palavra que começa com essa letra, como “sossego”, por exemplo. 3. Na segunda linha, escolha uma palavra que começa com “A”, por exemplo, “Acolhimento”. 4. Escolha uma palavra para cada letra da expressão SABER VIVER e vá escrevendo uma abaixo da outra, sempre se lembrando de destacar a primeira letra. (Pode-se até formar frases em cada linha, que, ao serem lidas, se tornam um breve texto.) Exemplos de acrósticos S Feliz é a pessoa que A Escuta sua alma B Lê seu coração E Inspira gratidão InFeliz a pessoa que R Zela pela compaixão! Não Escuta sua alma Nem Lê seu coração V Essa não Inspira gratidão I E nem Zela pela compaixão! V E R 135

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O acróstico é muito versátil e pode ser sobre uma palavra, frase, um tema, nome de pessoas, cidades, etc. Use sua imaginação e criatividade. E não precisa seguir a risca os passos acima, não precisa ser sempre com a primeira letra da palavra… Você pode fazer como quiser, na vertical, diagonal, iniciar com a letra da frase, ou deixar no meio etc. Edeltraud Fleischmann Nering Rio Negrinho/SC

Oração de fim de ano Deus, nosso Senhor, os tempos de hoje, de ontem e do futuro estão em tuas mãos. Tu és o Senhor sobre todos os tempos. E agora, quando chega o fim de mais um ano, quero agradecer-te por tudo o que eu recebi de ti. Agradeço pela natureza, pelo ar, pela água, pelas frutas, pelos cereais, por todo o alimento que me foi concedido no ano que está chegando ao fim. Agradeço por meus familiares, amigos, amigas, colegas de trabalho e tantas outras pessoas que cruzaram meu caminho e me foram valiosas e me ajudaram a viver. Agradeço por todo trabalho realizado, por toda ajuda recebida, por todos os gestos de solidariedade que pude realizar nos dias passados. Mas também quero pedir perdão por minhas falhas, meus pecados, minhas injustiças praticadas, por minhas faltas, por meu desamor com as pessoas. Ouve minha oração e renova tua bondade e misericórdia comigo e presenteia-me um novo ano com tua graça e com tua proteção. Concede-me um novo ano com saúde, paz, amor e alegria. Dá-me a tua bênção e orienta-me nos caminhos da vida nos novos dias que virão. Amém. (Fonte: Orações. 3. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2017. p. 45.)

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