Educação Cristã Contínua Viver a fé cristã em família
Apresentação O material que está chegando às suas mãos tem o propósito de resgatar algo que é inestimável para os membros da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil: a importância do envolvimento da família na educação cristã, pois a aprendizagem da fé inicia na família; e a tarefa da comunidade, pois a Igreja que batiza necessita educar na fé cristã. O objetivo é abordar temas relativos à fé cristã, atuais e bem presentes na vida familiar, e assim resgatar a atuação da família na tarefa da educação cristã. Pois a respeito da fé cristã, somos aprendizes durante toda a vida. Há um desejo e uma ansiedade das famílias pelo estudo do conteúdo e da vivencia da fé cristã, até para superar certa ingenuidade na fé. O conteúdo traz Jesus Cristo como centro da fé, a Bíblia como o fundamento sobre o qual queremos edificar nossos argumentos, a confessionalidade luterana como nosso jeito próprio de ser Igreja, a vivência pessoal e comunitária da fé cristã como meta desse processo educativo que fortaleça a vivência comunitária e que aprofunde a relação pessoal com Deus. Esta série de estudos destinados para a leitura em família e que podem ser usados em grupos de comunidade, pretendem auxiliar a família a aprofundar a educação e a vivência da fé cristã a partir de situações vivenciais que levantam problemas, questionamentos, dúvidas e exigem em certos momentos da vida uma postura e decisão. Queremos oferecer conteúdo bíblico e confessional, atualização dos temas ressaltando a importância destes nos dias atuais, material litúrgico por meio de orações e salmos para destacar o aspecto celebrativo da fé cristã e motivar o compromisso com a missão e a diaconia da Igreja. Viver a fé. Dialogar com liberdade sobre o conteúdo da mesma. Descobrir quem somos diante da diversidade de opções religiosas, o que cremos como membros da IECLB, como testemunhamos a fé, como celebramos a nossa fé e qual é o nosso compromisso na sociedade como cristãos. Desejamos que estes estudos sejam uma leitura abençoada. Para isto leiam com atenção e reflitam sobre os temas tratados. Discutam e compartilhem as suas reflexões com outras pessoas. Se necessário formem um grupo de estudo, pois multiplicará o conhecimento e proporcionará comunhão. Abençoado leitura e reflexão. P. Sinodal Renato Küntzer
Sobre Deus
Fascículo 1
Deus
Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses além de mim.
- Deus é um só!; - Todas as religiões pregam o mesmo Deus!; - Deus é o mesmo!. São algumas das frases que, com certeza, já ouvimos ou mesmo falamos. Temos hoje, em nosso País e no mundo, um surgimento significativo de diferentes religiões e um crescimento da religiosidade. Essa diversidade de religiões e práticas religiosas pode nos confundir como cristãos evangélicos luteranos. - Será que todas as religiões acreditam no mesmo Deus? - Quem é Deus? - Qual é o Deus em que nós, evangélicos luteranos, cremos? Trazer esta reflexão para as nossas famílias é um dos objetivos deste estudo. Todas as pessoas têm uma imagem de Deus. As primeiras imagens de Deus vêm do tempo de criança, no contato com a mãe, com o pai, com as pessoas muito próximas a gente. Quais são as imagens que você tinha de Deus quando era criança? E hoje? Desenhe ou escreva como você imagina Deus e sente o seu agir em sua vida.
Deus caminha com seu povo
Marcos 14.36
Lucas 15.11-32
Ninguém de nós viu Deus. Por isso, só podemos falar Dele a partir da experiência do seu agir em nossa vida. Jesus tinha uma maneira muito especial para falar de Deus e com Deus. Ele chamava Deus de Pai. A palavra mais carinhosa que Jesus usou para dizer PAI em aramaico é ABBA. ABBA significa Pai querido, assim como IMA significa mamãe querida. Essas são as primeiras palavras que o bebê aprende quando começa a falar. Portanto, Jesus tinha a imagem de um Deus amoroso e bondoso, que assim como um pai e uma mãe ama, cuida e protege seus filhos e filhas. O texto que ilustra bem a imagem que Jesus tinha de Deus como um pai querido é a história do Filho Pródigo.
Em outros textos da Bíblia, as pessoas falam de Deus contando experiências que tiveram e como Ele agiu em suas vidas. Algumas afirmações sobre Deus encontradas na Bíblia: - “Vocês viram como o nosso Deus nos levou pelo deserto, como um pai leva o seu filho, e nos guiou o tempo todo até que chegamos a este lugar”. (Deuteronômio 1.31) Deus como um pai que leva seu filho em segurança.
“Com laços de amor e de carinho, eu os trouxe para perto de mim”.
“Para chamar a atenção do leitor, coloque uma frase ou citação interessante do texto aqui."
Êxodo 3.7-8: Deus viu, ouviu e desceu.
- “Com laços de amor e de carinho, eu os trouxe para perto de mim; eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhes dei de comer.” (Oséias 11.4) Deus como uma mãe que cuida e amamenta seu filho. - “Será que uma mãe pode esquecer o seu bebê? Será que pode deixar de amar seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esqueceria vocês.” (Isaías 49.15) Deus como mãe que ama e não esquece de seu filho. - “Quantas vezes eu quis abraçar todo seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas.”( Mateus 23.37b ) Deus como uma galinha que ajunta e protege seus pintinhos. Todas as imagens acima mostram Deus presente na vida das pessoas. Um Deus que manifesta seu amor de forma concreta no cuidado e na proteção. Para falar da fé em Deus, o mais importante não era dizer como era Deus, mas o que Deus FEZ e FAZ em favor do povo. Este testemunho de fé do povo de Israel provém da descoberta de um Deus que caminha com as pessoas através da história. Ele não fica distante, mas próximo delas em todas as situações da vida, agindo em seu favor. Deus não fica parado vendo o povo sofrer, mas desce se coloca ao lado e os liberta. O Deus que agiu (viu, ouviu e desceu) libertando o povo de Israel da escravidão do Egito, mais tarde se faz conhecer completamente em Jesus Cristo.
Jesus Cristo: o rosto de Deus “Cristo Não tem mãos, só as nossas mãos para realizar o seu trabalho hoje. Ele não tem pés, só os nossos pés para conduzir pessoas em seu caminho. Ele não tem lábios, só os nossos lábios para contar às pessoas sobre sua morte. Ele não tem ajuda, só a nossa ajuda para levar pessoas até ele. Nós somos a única Bíblia que o povo ainda lê. Nós somos para os pecadores o evangelho, para os zombadores a confissão de fé. Nós somos a última mensagem de Deus, escrita em palavra e ações. Ani Johnson Flit
Deus se faz tão presente em nosso mundo que se torna humano. Em Jesus, Deus mostra a sua vontade às pessoas: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10.10). Em Jesus de Nazaré as pessoas puderam ver, reconhecer, ouvir e tocar Deus. Nele podemos ver Deus, como Ele quis se revelar, como um ser humano. Jesus Cristo, diz: “Quem vê a mim vê o Pai”. Em Jesus Cristo, Deus se revela e se mostra aos seres humanos, de modo que podemos reconhecê-lo na vida de uma pessoa: Jesus de Nazaré. Sobre a centralidade de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, podemos nos inspirar na confissão de Lutero: “Eis que em Cristo meu Deus deu a mim, homenzinho indigno e condenado, sem nenhum mérito, por mera e gratuita misericórdia, todas as riquezas da justiça e da salvação, de sorte que, além disso, não necessito absolutamente de mais nada a não ser da fé que crê que as coisas são de fato assim... Assim me porei à disposição de meu próximo como um Cristo, do mesmo modo como Cristo se ofereceu a mim, nada me propondo a fazer na vida a não ser o que vejo ser necessário, vantajoso e salutar a meu próximo...” (Martin Lutero, Da liberdade Cristã). Hoje não temos mais a presença física de Jesus entre nós. Então, como e onde saberemos que Deus está agindo? Onde está Deus? Como Ele se manifesta hoje? É verdade! Hoje não temos mais Jesus pessoalmente entre nós. No entanto, antes de ir para junto de Deus, Ele nos deixou uma promessa: “Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês. Eu pedirei ao Pai, e Ele lhes dará outro auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre” (Jo.14. 16 e18).
Deus entre nós Essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, quando os discípulos receberam o Espírito Santo. Portanto, hoje Deus continua agindo por meio de nós neste mundo através da ação do Espírito Santo. É o seu Santo Espírito que nos leva a fé que nos motiva a ações concretas. Onde há verdadeira fé, aí também há ação. Os dons que possuímos devem ser colocados a serviço. O tempo em que vivemos não é apenas o tempo de falar a respeito da fé, mas tempo de firmar a fé por meio da ação comprometida com a causa de Jesus Cristo.
Mateus 28.18-20
Jesus nos deu a ordem de evangelizar e testemunhar. O povo de Israel testemunhava falando sobre como Deus agiu em sua vida. Quando nós falamos da nossa vida, aos nossos filhos e filhas, também falamos do que Deus fez e faz? O que Deus fez e faz em nossa vida?
Compromisso Compartilhe com sua família de que forma Deus age na sua vida. Que você também se sinta motivado a falar do Deus em que você confia, Com palavras mais atuais você poderia dizer assim: Cremos em ti, Deus. De tua mão vêm todas as coisas. Nada pode ficar fora de ti. De teu plano vêm a felicidade e o sofrimento. Para nós e todas as tuas criatura. Para ti nós voltaremos. Cremos em Jesus, o Cristo, nosso irmão. Ele nos mostra o caminho. Ele está ao nosso lado. Ele te mostra para nós como nosso Pai. Ele se submete ao nosso sofrimento junto conosco e Morre nossa morte junto conosco. Ele nos conduz da morte para a vida. Cremos no Espírito Santo, Que nos preenche, quando tu o envias, Que nos une e nos torna teu povo. Ele nos abre o coração para tua palavra. Ele é a luz que ilumina nosso Espírito E a força que está conosco em nosso caminho. (Jörg Zink)
Sinta-se motivado/a a preparar um encontro com sua família, para falar do amor que Deus sente por você. Prepare um ambiente acolhedor. Providencie alguns símbolos que lembram a presença de Deus como: flores, vela, Bíblia. Monte um pequeno altar. Providencie algum material como papel e canetas e trabalhe o texto em família. Leia a introdução e peça que cada pessoa fale ou desenhe como imagina Deus. Depois, leia ou compartilhe o que você aprendeu a partir deste estudo. Sempre que sentir necessidade, faça uma pausa para compartilhar as experiências. Literatura: Zink Jörg, Quem crê pode confiar, Editora Sinodal, 2009 Passos na fé - fascículo 5, Editora Sinodal, 2005. Elaborado por: Pa. Mariza S. S. Allebrandt e Pa. Guisla D. Eichelberger
Fascículo 2
Liberdade e limites Fatos da vida “No Ensino Confirmatório uma jovem constatou o seguinte a respeito da relação entre pais e filhos: Hoje os pais deixam mais liberdade para os filhos. O pai disse que na época em que ele era jovem, não havia tanta liberdade. Hoje a gente sai mais cedo de casa para estudar ou trabalhar. Cada pessoa procura seguir seus próprios interesses”. “Centro da cidade. Noite de sábado. Centenas de jovens se agitam em bares. Ocupam calçadas e ruas. Há uma verdadeira batalha do individualismo onde cada um tenta impor o seu gosto e estilo musical. Carros sobem e descem a rua num desfile interminável. Outros fazem manobras arriscadas demonstrando que são ‘bons de braço’. A liberdade maior é gozar a vida longe da influência familiar, mas na dependência do grupo ou de outras coisas”. Dar liberdade é abrir mão de limites? Ter liberdade é o mesmo que “fazer o que dá vontade”? Estabelecer limites significa a perda da liberdade?
Liberdade e limites na família O tema, liberdade e limites na educação em família, torna-se cada vez mais assunto de diálogo constante nas escolas, em reuniões de pais e mães, em discussões acadêmicas e na mídia em geral. Isto indica que se vive uma crise familiar que tem preocupado a mente de pais, mães, educadores/as e profissionais da saúde. Uma tendência marcante é que cada vez mais as pessoas saem de casa e de sua família com menos idade para estudar ou trabalhar. Diante desta postura de sentir mais “liberdade” os interesses são cada vez mais individualizados e não se assume um compromisso coletivo. O que não é somente uma compreensão de pessoas jovens, mas também nas outras faixas etárias. Estabelecer limites representa um desafio. Envolve regras pessoais e de convívio social; do reconhecimento dos direitos do
outro, seja criança, jovem ou adulto. Como viver a liberdade que leva em consideração a liberdade dos outros? Onde estão os limites? As pessoas agem como se pudessem viver “sem limites”, exigem coisas, não toleram esperar, chegando à apresentar dificuldades de convivência social.
Conceito de liberdade O conceito de liberdade cristã está associado à responsabilidade de cada pessoa e da sociedade. Quem expressa isso de uma maneira bem clara é o Apóstolo Paulo quando lembra à sua comunidade que “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convém; todas são lícitas, mas nem todas edificam” (1 Cor 10.23). Ou seja, a idéia de liberdade que prevalece hoje até nos provoca a fazer tudo o que dá vontade, mas a responsabilidade pelas conseqüências, lembra que nem tudo é permitido. Ali estão os limites saudáveis e necessários à vida humana. Lutero afirma em seu livro ‘Da Liberdade Cristã’: “Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos. A perspectiva que Lutero abriu foi uma orientação às pessoas para que no desenvolvimento de sua fé e consciência, tomassem as decisões compatíveis com a prática e exercício dessa fé. O desafio é, como e quando construir para a família e a sociedade uma educação capaz de dar equilíbrio entre liberdade e limites.
A importância das primeiras interações Baseado no Evangelho de Jesus as famílias cristãs ao longo da história desenvolveram costumes saudáveis na convivência social. Entre os costumes saudáveis estavam palavras e atitudes como pedir “com licença” para outra pessoa, ou então agradecer dizendo “muito obrigado”, dar preferência e lugar à pessoa mais idosa ou com dificuldades. Desde pequeno se aprendia que estas atitudes precisavam prevalecer para o bem coletivo. Outro momento extremamente importante era quando a família toda reunida ao redor da mesa para as refeições, proferia uma oração de agradecimento pelos alimentos. Aprendia-se desde cedo que a comida servida no prato não podia sobrar e nem ser jogada fora.
No espaço familiar se desenvolve uma educação de limites para uma boa convivência social. Pessoas de mais idade precisavam ser referencia, pois estas acumulavam uma sabedoria de vida e valores Se te digo não que ajudavam na formação ética cristã da vida dos seres humanos. Uma educação cristã leva em consideração estes bons princípios como Filho querido fundamental na educação. Ajuda a pessoa a viver bem com a Filha querida valorização dos limites. Sabem que nem todas as vontades são Se te digo não É porque não quero teu possíveis. Valorizam quando certas atitudes ou exigências são negadas, pois isto não lhes causa crise, mas ajuda na compreensão mal É porque espero afinal que na vida social há de se respeitar também a liberdade de outros. Que te dês bem Conforme afirma o psiquiatra e terapeuta Içami Tiba: “O grande ensinamento educativo é que a criança ( a pessoa) não pode fazer Filha querida simplesmente o que tem vontade, mas deve administrar essa Filho querido vontade.” Só quero o teu bem Se te digo não É com o coração
Convívio familiar gera vida.
Os erros que já fiz O limite, como também a falta de limite se desenvolve dentro de Não precisas cometer casa. À medida que a pessoa cresce, aumentam suas exigências. Hoje se também Os acertos que já fiz recebe desde muito cedo a influencia dos meios de comunicação. Estes Podes acertar também. desenvolvem conceitos, muitas vezes, despreocupados com um E é bem por isso Que te coloco limites Limites de amor Limites de atenção Limites para te dar segurança Limites para te dar confiança Limites para te dar proteção
desenvolvimento comunitário. No convívio com a sociedade, esta pessoa vai relacionar-se com as idéias adquiridas desde sua concepção, sem a tolerância característica da família. Logo seus interesses conflitam com a liberdade dos outros, surgindo dificuldades de convivência. Hoje há famílias pouco preocupadas com a liberdade cristã e consequentemente com os seus limites. Há muitas informações que interagem diretamente sobre todos os integrantes da família. Nesta realidade de modernidade vale buscar conceitos desenvolvidos na Bíblia: como exemplo citamos as palavras de Provérbios 22.6:
Filha querida Filho querido Se te digo não É com o coração
“Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele.”
(Louraini Christmann,
Palavras maravilhosas, onde não apenas se deixa andar, mas se indica qual o melhor caminho, por onde é possível seguir sem se desviar.
24 de setembro de 2009)
Os adultos são autoridade a serviço e dedicação para este caminho. Hoje as crianças necessitam da presença dos adultos como testemunho de amor e acompanhamento com diálogo. A família pode ser este lugar de vivência, de justiça e afetividade, quando orientados pelo quarto mandamento: “honra teu pai e tua mãe.” O reformador Martim Lutero ao comentar sobre o quarto mandamento no Catecismo Maior afirma: “Se queremos pessoas excelentes e hábeis tanto para o governo secular como para o espiritual, cumpre deveras não nos poupemos empenho, trabalho e gastos na tarefa de ensinar e educar os nossos filhos, a fim de que possam prestar serviços a Deus e ao mundo. Não devemos pensar apenas em como amontoar-lhes dinheiro e bens; porque Deus bem os pode sustentar e enriquecer sem nós, como efetivamente faz de dia em dia” (Livro de Concórdia, pág. 421). Também o texto de Efésios 6.1-4 desafia a obediência dos filhos e das filhas e simultaneamente coloca um compromisso aos adultos. Não cabe apenas ser bons amigos e boas amigas, mas os adultos precisam desempenhar sua função. Transmitir conceitos éticos claros e coerentes com sua prática, demonstrar que a vida se constrói na convivência em limites, possibilitando liberdade a todos.
Compromisso Converse sobre as frases abaixo: A educação não pode ser delegada somente à escola. Educar significa corrigir as condutas derivadas de um comportamento errado. É preciso confrontar o que o filho\a conta com a verdade real. Se falar que o professor o tratou mal, tem que ir até a escola e ouvir a versão da escola. Em casa que tem comida, criança não morre de fome. É o adulto quem tem que dizer qual é a hora de comer e o que comer. Quem educa filho é pai e mãe. Avós têm outra função social na educação dos netos. O erro mais freqüente na educação do filho e da filha é colocá-los no topo da casa. Literatura: Lutero, Martim: Catecismo Maior; Cury, Augusto: Filhos brilhantes, alunos fascinantes.
Elaborado por: P. Edu Grenzel e P. Ademar Giese
Fascículo 3
Família, família, Papai, mamãe, titia, Família, família, Almoça junto todo dia Nunca perde essa mania Mas quando a filha quer fugir de casa Precisa descolar um ganha-pão Filha de família se não casa Papai, mamãe não dão nenhum tostão. Família êh Família ah Família. Família, família Vovó, vovô, sobrinha. Família, família Janta junto todo dia Nunca perde essa mania Mas quando o nenê fica doente procura uma farmácia de plantão O choro do nenê é estridente Assim não dá para ver televisão. Família êh Família ah Família Família, família Cachorro, gato, galinha Família, família Vive junto todo dia, Nunca perde essa mania A mãe morre de medo de barata O pai vive com medo de ladrão Jogaram inseticida pela casa Botaram um cadeado no portão. Família eh Família ah Família (Letra Arnando Antunes e Tony Bellotto Música interpretada pelos Titãs)
Modelos Familiares Introdução Se fôssemos questionados sobre o que entendemos por família, certamente viria à nossa mente um “modelo familiar”. Quando falamos de família logo pensamos no jeito e na realidade da nossa família. Geralmente, damos muita ênfase ao modelo familiar. E como gostaríamos de poder afirmar que o conceito de família, o pai, a mãe e os filhos, é a imagem de Deus. Porém, nem sempre é possível. Então, é necessário perguntar por quê. A Bíblia apresenta vários modelos familiares, dependendo da cultura e dos povos em questão. No entanto, não são os modelos que determinam o ser de uma família, e sim as relações. Qual é a sua imagem e definição de família? Como são as relações existentes em sua família? Olhar para a nossa família, para as suas relações é o desafio deste estudo.
A diversidade dos modelos familiares Quando pensamos em família constatamos que existem diversos tipos de composições familiares: famílias reconstituídas com filhos e filhas, mães e pais divorciados ou recasados; famílias monoparentais onde apenas o pai ou a mãe assume a responsabilidade com os filhos; famílias unipessoais onde a pessoa vive sozinha por opção ou necessidade; uniões consensuais onde os casais não formalizam sua união; casais sem filhos por opção, entre outras. Conforme posicionamento sobre família, a IECLB afirma: “Sob família a Igreja entende o grupo de pessoas relacionadas entre si por laços de parentesco, afetividade, compromisso ou comunhão cristã. Portanto, o conceito de família vai além do grupo de pessoas formado por pai, mãe, filhos e filhas, vivendo legalmente sob o mesmo teto. Com respeito e amor, a comunidade cristã também aceita, acolhe e ampara grupos familiares com características especiais”.
Para o Antigo Testamento a família era uma instituição onde o homem era o chefe e garantia a sua descendência. Na história de Abraão nem é usado o termo “família”, e sim, o termo “casa”. O uso desse termo permite que toda a parentela do patriarca seja considerada, assim como seus escravos e qualquer outra pessoa que vivia sob seus cuidados, como membro da família. Inclui tanto os membros do mesmo sangue quanto os que viviam nessa instituição social com a finalidade da procriação e do sustento econômico dos membros do grupo familiar. No Novo Testamento, Jesus traz uma visão inovadora sobre a família. Para Ele, as famílias são formadas por aqueles que escutam e fazem a vontade de Deus. Não há sujeição ou submissão, porém todos estão em relação de igualdade.
“Para chamar a atenção do leitor, coloque uma frase ou citação interessante do texto aqui."
Na era da modernidade acontece uma mudança no conceito de família. À luz dos direitos individuais, a idéia do pai como o chefe da casa, dá lugar a um conceito de igualdade entre os membros da família. Criou-se um estilo de vida onde se sonhava com uma imagem de “família ideal”. Esta seria composta por um casal que irá se amar por toda a vida, com no máximo três filhos. O pai garantirá o sustento de todos e mãe cuidará dos filhos, marido e da casa. Mas nesse caso, o real e o imaginário sempre estiveram em conflito. Isso fez com que as pessoas tivessem que lidar com essas duas imagens. Por isso, há a família pensada e a família real que co-existem. A família pensada é aquela onde há o pai, a mãe e os dois filhos. E a real é a que existe no cotidiano, seja ela como for.
Relações familiares saudáveis As famílias constituídas de formas diversas são capacitadas para educar sujeitos éticos de igual forma que as tradicionais. A família quando bem estruturada e com relações sadias, torna-se por assim dizer, o sinal do amor de Deus. Independente do “modelo”, a família é uma aliança de pessoas. O que torna esta aliança sinal do amor de Deus são as relações saudáveis que ela estabelece. Existem normas e valores fundamentais numa família: responsabilidade, fidelidade, disciplina, reciprocidade, justiça, respeito e honestidade para com crianças e pessoas adultas, bem como defesa dos valores protegidos pelos direitos humanos em termos de saúde, educação e bem estar social.
A Bíblia aponta aspectos fundamentais para uma relação familiar saudável. Relacionamos cinco aspectos: A comunhão. “Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros”. (Mc 10.43)
A comunhão pressupõe o entendimento numa relação de igualdade. Jesus ressalta a importância do serviço ao próximo (Mc 10.43-45). Frequentemente as pessoas estabelecem relações de superioridade. Quando há superiores, logicamente haverá inferiores, e dentro dessa lógica não haverá espaço para o diálogo. Os dons.
“Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros.”1 Pe 4.10
Cada ser humano possui vários dons e, por vezes, diferentes uns dos outros. Isso não deve ser motivo de separação, mas motivo de graça. Nessa relação, aprende-se a renunciar a interesses próprios e abrir-se para as necessidades dos outros. Os dons diferentes completam as relações e mostram que ninguém é auto-suficiente. Paulo lembra esta relação de pertença (em 1 Co 12.12-16). Assim como num corpo cada membro é importante, também na relação familiar o mesmo acontece. Isso vale para a relação dentro de cada família, mas, também na relação com outras famílias. O diferente.
“ Ame o Senhor, seu Deus, com todo coração, com toda a alma e com toda mente.” Este é o maior mandamento e mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você ama a você mesmo.” Mt 22.37-39
Geralmente é fácil relacionar-se com quem pensa e age parecido. A Bíblia nos ensina algo diferente (Mt 5.44-46a). Conforme as palavras de Jesus, a família precisa estar disposta a relacionar-se também com o diferente, tanto interna quanto externamente. Por exemplo, o que fazer quando o casal recebe de Deus uma criança com deficiência? Ou como estabelecer uma relação de vida saudável entre pessoas homo e heterossexuais numa mesma família? Educação familiar. O amor é a base das relações, ou melhor, é a relação por excelência. Ou seja, para relacionar-se de forma saudável, é preciso gostar de três pessoas: de Deus, do outro e de si mesmo. A partir da Bíblia, o amor não existe quando não estiver relacionado nestas três esferas. A relação passa necessariamente por estas três dimensões. (Efésios 6.1-4)
O mundo. Por fim, a família não pode esquecer que sua relação se dá dentro do mundo, de um todo maior. Por isso, deve sempre levar em consideração a realidade atual, procurando detectar situações de miséria, sofrimento, egoísmo, injustiças sociais, e estar disposta a colaborar na transformação de tais relações, a fim de construir um mundo de solidariedade, fraternidade, amor e justiça.
Família, sinal do Reino Jesus foi crítico perante a família, porque ela muitas vezes é excludente, corporativista e limitada, estreitando a dimensão do amor (Mt. 10.37). O perigo está na família transformar-se num gueto. Ela tenta acobertar a verdade, omitir a crítica por causa dos vínculos de sangue, raça, etnia, cultura ou até mesmo pela religião. Fora dos muros que conhecemos, também existem pessoas irmãs. No exercício dessas relações o mundo poderá ser transformado num ambiente mais saudável de vida, em que a justiça de Deus reine. Espera-se que relações saudáveis possam ser pequenos sinais do reino de Deus já hoje. Que relações saudáveis sejam o fundamento de toda família não importando o seu modelo.
Partilha O que significa dizer que o ser família não é determinado pelo modelo, mas pelas relações? Os cristãos praticam estes cinco aspectos das relações familiares, que a Bíblia propõe? Como?
Literatura Neu, Robson Luís – A proposta bíblica para as relações familiares. In: Revista Mundo Jovem, Ano 47, nº 398, julho/2009. Nietiedt, Patrícia – Pluralidade de modelos familiares. Trabalho de conclusão. www.luteranos.com.br – Valorizando a família. Posicionamento da IECLB. 1997.
Elaborado por: Pª Guisla D. Eichelberger, Pª Mariza S. S. Allebrandt e Pª Dulce Engster.
Fascículo 4
Relações de Paz “Quando a paz nos envolver a vida será diferente. O fim da pobreza, do ódio e da guerra, da busca selvagem por poder. Esta paz se recebe no encontro com o irmão e a irmã, na comunhão e no perdão”.
Paz entre as pessoas a quem Deus quer Bem Não sei com que freqüência você e sua família pensam em relações de paz ou na superação da violência. A paz é um anseio de todas as pessoas, em especial aquelas que vivem em situações cujos sintomas estão presentes na violência doméstica, na intolerância, na dificuldade de conviver com a diferença, na construção da exclusão social e na prática de atos cruéis contra populações indefesas. Desta maneira, pensar em paz corresponde a refletir sobre relacionamentos que tragam tranqüilidade para nossa vida, nossa família e sociedade. Será que nós vivemos tranqüilos? E será que é possível ter relações que privilegiem a paz, estando cercado de tanta violência, desigualdade, individualismo e medo?
Fatos da vida Morreu a tia mais querida de Pedrinho. Ela morreu serenamente, em casa, enquanto dormia. Quando foi informado da morte de sua tia, Pedrinho tinha seis anos de idade e milhares de horas de televisão. E perguntou: - Quem a matou?
Quais são as situações de violência em sua vida? Por que as manchetes dos meios de comunicação enfatizam tanto as agressões, o desrespeito e a crueldade? Se no contexto da sociedade em que vivemos há um apelo à violência, de alguma forma urge fazer algo para modificar as relações. Como cristãos somos convidados a resgatar relações de paz. A IECLB se posiciona em favor da paz: “Como igrejas temos um compromisso permanente de fidelidade ao Evangelho e entendemos ser nosso dever, à luz da santa vontade de Deus, conclamar os povos para a paz, a justiça e o respeito à dignidade de toda vida humana, criatura amada de Deus. São condenáveis todas as formas de violência, fruto do pecado humano… Conclamamos aos fiéis de nossas igrejas e a todas as pessoas de fé em Cristo a se empenharem em iniciativas de paz e em processos de educação para uma paz duradoura.” (Declaração Conjunta IECLB-IELB)
Deus propõe relações de paz “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade”. Lucas 2.14 “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. João 14.27 Somos seres estritamente sociais, solidários, amigáveis, hospitaleiros, pois necessitamos das outras pessoas para desenvolver nossa humanidade. Assim, ninguém é violento por si, ou ao natural. Aprendemos a ser violentos. Como também, podemos aprender a ser pacifistas. “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar” . (Nelson Mandela) Paz é buscar a serenidade, a tranqüilidade para viver com alegria os bons momentos, ter força e boas idéias para enfrentar os problemas e resolver as dificuldades. Isso tudo sem precisar fugir dos conflitos, dos problemas e das dificuldades que encontramos no caminho da vida. Acima de tudo, PAZ é criar um clima de harmonia, respeito e bem-estar na família e na comunidade, lembrando-se sempre de que onde há amor, há paz; onde há paz, há Deus; onde há Deus, as dificuldades são superadas.
Construindo relações de paz A vida das pessoas está marcada pela correria, pela competição selvagem por um espaço, pela indiferença e a descrenças nas relações humanas. Isto tem provocado uma série de conflitos pessoais, familiares e sociais Conflitos pessoais se percebem na baixa-estima, não aceitação do corpo e na depressão. Conflitos familiares se manifestam no desrespeito dos filhos, no uso de palavrões nas discussões, na violência doméstica com agressão às crianças e às mulheres. Conflitos sociais se traduzem em violência verbal e física contra o diferente, o preconceito racial, na difamação da outra pessoa, no xingamento do futebol e no trânsito, nas piadinhas racistas e preconceituosas, na exploração sexual de crianças, na violência na escola através de apelidos e agressões.
Como superar essas situações de conflito? “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” Mateus 5.9
Paz no seu sentido amplo e relacional corresponde à vida digna e justa entre as pessoas. A garantia que elas tenham moradia, comida, roupa, educação, saúde, amor, compreensão, ou seja, tudo o que dignifica a vida. É praticar a não-violência ativa, repelindo a violência em todas suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular ante os mais fracos e vulneráveis, como as crianças e os adolescentes. Igualmente, corresponde ao cuidado com o ambiente em que vivemos, promovendo o consumo responsável e um modelo de desenvolvimento que tenha em conta a importância de todas as formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta;
“Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica. Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames. Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também. Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.” Lucas 6. 27-32
Viver em paz. Significa optar pela postura pacifista. Corresponde a aprender a defender a vida, a enfrentar a violência e os conflitos que nos cercam sem retribuir “olho por olho e dente por dente”. Na vivencia pessoal necessitamos reaprender a espiritualidade como uma forma de trabalharmos nossos conflitos, mediante a oração, a leitura de textos bíblicos e a meditação. Ou seja, a espiritualidade cristã é essencial para desenvolver um estilo de vida baseado no cuidado e no perdão. O jeito de lidar com os conflitos a partir da espiritualidade evita a reprodução de atitudes violentas. Se o conflito é inerente à sociedade e às relações humanas, sua solução pode ser mediada através do diálogo, do cuidado, da empatia com o outro, que são formas pacíficas. A violência é uma escolha. E é uma má escolha. Assim, a espiritualidade permite a reflexão, o tempo para acalmar, e a oração permite colocar as situações nas mãos de Deus para nos orientar. E desta maneira, o conflito poder ser resolvido de forma pacífica com base no entendimento. Necessitamos aprender a viver com as pessoas que compõe o nosso dia através do respeito, do dialogo e do encontro com o diferente. Respeitando ele ou ela como filho e filha amada por Deus, diferente, mas como o mesmo valor.
Salmo da Paz Sonhada. (Carlos A. R. Alves) “A esta hora exatamente, em que acordos de paz são incapazes de paz. Existe em algum canto de um casebre distante uma pintura pobre, mas rica, que diz: Lar feliz! A esta hora exatamente, em que os imperadores insensíveis dizem: Que a guerra é santa. Existe em algum lugar do planeta um profeta, que protesta na praça com o povo. A esta hora exatamente quando paira um presságio de pavor. Existe uma capela qualquer que se apressa na prece e pede: Venha teu reino, Senhor! A esta hora exatamente, em que sobe da terra o sangue dos silenciados. Existe um velhinho que planta em seu novo jardim, um, duas, três rosas brancas com amor. A esta hora exatamente, em que o berro estridente e infernal exalta o holocausto.Existe uma criança nascendo, trazendo e fazendo o futuro... Senhor “que os teus pequenos sinais de vida enfraqueçam as grandes pretensões da morte” E que possamos cantar sob mil bandeiras brancas: A paz... Que traz... O bem... Quem vem...”
Jesus enfrentou graves conflitos e os resolveu de forma não violenta. Quando estava angustiado ele orava, refletia para encontrar paz. Quando foi agredido, insultado não retribui a violência, mas convidou as pessoas a amar e a perdoar. As suas ações concretas pela paz fizeram-no praticar o mandamento do amor ao próximo, inclusive em favor do inimigo. Como cristãos e cristãs somos constrangidos a vivenciarmos esse mesmo amor em situações de conflito. Assim somos convidados a desenvolver relações de cuidado, de respeito e solidariedade, que nos façam enxergar na face da outra pessoa a face de Deus refletida. E sobre tudo, que nossa consciência possa estar marcada que cada agressão ao próximo e a natureza é uma agressão a Deus; uma tapa na face, um prego a mais na cruz de Cristo.
Benção Que o bondoso Deus criador da paz, que Jesus Cristo o príncipe da paz que trouxe a salvação, e que o Espírito Santo o sopro suave da paz estejam com vocês. Que haja paz, Senhor, lá onde vivo, com minha esposa e esposo, com meus filhos, com minhas filhas. Que haja paz nas escolas dos meus filhos e em cada família dos amigos dos meus filhos. Que haja paz na minha igreja, entre as crianças, adolescentes, jovens, idosos e em cada lugar, em cada casa das pessoas que conheço, com as quais lido, cujos problemas e anseios conheço. Que haja paz em meio às aspirações de justiça e reivindicações por solidariedade entre os desempregados e os que não possuem o mínimo necessário para a subsistência. Que o Amoroso Deus te abençoe e te conceda a paz.
Literatura: Dietrich Bonhoeffer, Vida em comunhão. Rubem Alves, A Magia dos gestos poéticos. Bíblia Sagrada - Mateus 5-8, Sermão da Montanha. Elaborado por: P. Olmiro Ribeiro Júnior
Fascículo 5
Relações Descartáveis História de vida Hoje quando vejo nas prateleiras das farmácias e dos
“Tu me deste vida e me deste amor, e os teus cuidados me conservam vivo.”
supermercados os pacotes coloridos das fraldas descartáveis meus
(Jó 10.12)
minha mãe cuidando das fraldas de pano de meu irmãzinho.
pensamentos me levam para um passado recente e posso ver Quanto tempo ela utilizava para lavá-las, secá-las e passá-las. Imagino que tanto cuidado com as fraldas era uma maneira dela dizer para meu irmãozinho o quanto ela o amava. Mesmo que as fraldas descartáveis possam agilizar a nossa vida elas não traduzem com fidelidade os sentimentos de cuidado, carinho e amor das ultrapassadas fraldas de pano. Então, o que fazemos com o tempo que as fraldas descartáveis nos presenteiam? Para refletir: - Você já percebeu quantos produtos descartáveis fazem parte do seu dia-a-dia? - Os descartáveis vieram para deixar a vida mais simples?
O descartável no cotidiano Você percebeu que uma das facilidades que se encontra em tempos atuais são os objetos descartáveis. Sim! São inúmeros produtos: copos, garrafas, sacolas, talheres e tantas outras coisas que usamos uma vez e, depois, com facilidade, são jogados fora. De modo geral, os produtos descartáveis vieram para deixar a vida mais simples e, normalmente, podem ser destinados para a reciclagem. Mas o seu uso também traz conseqüências para a vida do planeta, pois grande parte deles acaba na beira das estradas e ruas, poluindo o meio-ambiente.
A idéia de que existem coisas que se podem usar e, logo depois, se descartar está bem enraizada na vida da pessoa moderna. Traz facilidade e praticidade. Sendo assim, o relacionamento com o descartável vai muito bem. Obrigado! Em nossa vida usar e jogar fora não causam mais espanto nas pessoas. Aliás, o que causa estranheza é quando se investe no que é duradouro. O descartável introduziu no cotidiano um novo modo de pensar, agir e se relacionar. A facilidade com que se descarta é impressionante. Não existe apego e responsabilidade com objetos e pessoas. Tudo é descartável! Sendo assim, amizade, namoro, casamento, vida comunitária, vizinhança e recursos naturais são visto como algo que a qualquer momento podem ser abandonados, ou seja, pessoas podem ser utilizadas e jogadas fora “Para chamar a atenção do leitor, coloque uma frase ou citação interessante do texto aqui."
sem peso na consciência. Atualmente não é difícil encontrar pessoas que estabelecem um relacionamento tendo como base a idéia do descartável.
O descartável nas relações humanas Costumamos ouvir: “Se não der certo cada pessoa para o seu lado”. A união entre as pessoas está estabelecida sob este pensamento. Este jeito de pensar retira do pacto entre as pessoas o respeito e o cuidado que é condição para que a vida a dois se torne duradoura e eterna. Além disso, não existe o desejo de se colocar a união de duas pessoas diante de Deus e sob a sua proteção e bênção. A vida a dois é pensada por Deus para que ela
se torne momento de partilha, gratidão e oportunidade para multiplicar os sinais do Reino de Deus (Gn 2. 24).
“ Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem
Em Efésios 6.4 encontramos uma recomendação que infelizmente esta sendo colocado em segundo plano pela
irritados. Pelo contrário,
sociedade. Pois, normalmente a educação dos filhos é delegada
vocês devem criá-los com
para as instituições, como por exemplo: escola, igreja, abrigos, etc.
a disciplina e os ensinamentos cristãos.”
O resgate da instrução de Efésios deve ser uma busca constante
(Efésios 6.4)
para o nosso viver. “Porque não basta somente ser pai e mãe, tem que participar da vida dos filhos”. Uma canção cantada por Sergio Reis: “diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai”. Você sabe quantos idosos vivem abandonados em asilos? Geralmente você que recebeu toda atenção e carinho dos seus pais e, agora, tem as rédeas da vida nas mãos não percebe o valor deste empenho para a proteção de sua vida. Sendo assim, facilmente descarta a pessoas que hoje necessita do seu cuidado e amor. Temos uma tendência em descartar Deus de nosso cotidiano. Investimos nosso tempo e nossas energias nas conquistas materiais, mas quando o material não preenche nossas necessidades espirituais, quando ele não traz consolo e paz ao nosso coração. Então, buscamos na lixeira de nossa vida o Deus que descartamos em nosso dia- a dia.
Deus não é
descartável. Por isso é importante dar atenção as palavras de recomendação do profeta Isaías 55.6 “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. Podemos invocar Deus na vida comunitária, podendo encontrá-lo no próximo e nas atitudes e cuidados nas relações saudáveis.
Se desta maneira agimos conseguiremos praticar a recomendação de Lutero que afirmava: “cada qual deve se tornar para o outro como que um Cristo”. Deus não é descartável para nós e nem nós somos descartáveis para Deus. Ter consciência disto, faz-nos lembrar do valor da nossa relação com Deus, com as pessoas e a natureza.
Canção do Cuidado Fonte eterna de amor que transborda de
Existe uma luz no fim do túnel? Existem ações que podemos realizar. Apenas necessitamos de consciência somada à boa vontade para mostrar que a vida não
bondade
é descartável. O simples envolver-se em projetos que protegem os
te derramas em favor
rios e reciclam cuidando da meio ambiente, visitam pessoas nos
de toda humanidade.
asilos, creches e Apae, entre outros, podem tornar as relações no
Vem me dar a tua mão e conduz a minha vida. Nestes tempos de
mundo mais comprometidas com o cuidado. Cada pessoa amada por Deus, que somos todos nós, precisa ser capaz de agir em favor
aflição concede-me
da vida. Através do amor é que a humanidade será capaz de
guarida.
encontrar sentido para seus relacionamentos e viver a vida plena e
Sob a luz do teu olhar
abundante prometida por Jesus Cristo.
sigo em paz a minha estrada, pois eu sei que vais
Então, redescobrimos que as relações não são descartáveis
guiar cada passo da
e, por isso, merecem serem estabelecidas sob os alicerces do amor,
jornada.
respeito, justiça e paz. Precisamos construir nossa vida sob estes
Vem, Senhor, me
alicerces. Conforme nos diz o apóstolo Paulo em Gálatas 5.22ss “ ...
carregar nos momento de cansaço. Caso eu venha tropeçar que eu caia em teu
o Espírito produz amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade...” Deixemos que o amor de Deus nos oriente e conduza em nossa vida.
abraço. (Rodolfo Gaede Neto)
Elaborado por: P. Günter B. Padilha e Diac. Cátia Berner
Fascículo 6
Paz na Terra “O bicho vai pegar”
(Para ler em dois grupos) Criação de Deus Ernani Luís 1 - Na criação de Deus 2 - tudo era perfeito e bom 1 - mas depois de certo tempo 2 - foi o ser humano e modificou. 1 - Na criação de Deus 2 - tudo estava em seu lugar 1 - mas chegou o ser humano 2 - com sua cobiça e tudo transformou. 1 - Quando vamos aprender? 2 - Quando isso vai parar? Todos - Destruída essa casa não tem outra pra morar..
Falar de meio ambiente é uma necessidade. Isso porque em nosso mundo moderno, capitalista e globalizado perdeu-se a dimensão do cuidado para com a criação de Deus, a qual Deus confiou ao ser humano, que agora prefere agir em favor de seus próprios interesses e não em prol de uma causa maior, a saber, a preservação da vida na sua integralidade! Cada vez mais somos informados sobre as conseqüências resultantes de ação irresponsável do ser humano e que atingem a vida de centenas e, por vezes, milhares de pessoas. Temos desafiado os limites da natureza e ela tem nos respondido. Responde através da má distribuição de chuvas, enchentes, excesso de calor ou frio, aquecimento global, estações do ano confusas, extinção de várias espécies, falta de água, ar poluído e outros fenômenos da natureza. Logo surgem questionamentos sobre a interferência humana no equilíbrio da natureza. Embora algumas pessoas insistam em acreditar que a interferência humana não altera o ciclo natural do meio ambiente, basta lançarmos um rápido olhar no leito de muitos rios e ver a quantidade de lixo nele depositado. Ou então, basta um dia de baixa umidade do ar para perceber a nuvem de poluição depositada sobre cidades industriais. Em grandes cidades já não é mais possível beber a água das torneiras em virtude da grande quantidade de cloro que é necessário acrescentar a ela para garantir sua pureza. Enfim, basta andarmos pelas ruas e ver o descaso de pessoas que não são capazes de largar o seu lixo numa lixeira. Estes e outros tantos são sinais de que seres humanos e meio ambiente não convivem mais em plena harmonia. Essa falta de harmonia é o resultado de uma destruição que vem acontecendo ao longo dos últimos anos, especialmente a partir da revolução industrial, quando a humanidade decidiu por explorar de maneira irresponsável os recursos naturais para a geração de produtos de consumo, sem se preocupar com a finitude desses recursos. A impressão que temos é que está se chegando num limite em que a natureza não consegue mais se refazer como deveria. Por exemplo, os rios, por mais que correm, é ironia, eles não conseguem lavar a sujeira neles lançada, para se tornarem novamente límpidos e saudáveis. Não raras vezes ouvimos notícias de mutirões que recolhem dos rios sofá quebrado, fogão estragado, sacos e garrafas plásticas. Toda essa sujeira com os galhos que caem das árvores formam uma barreira que represam o rio e para onde ele vai? Inclusive para dentro das casas, pois não tendo espaço no seu próprio leito, ele procura outros caminhos. É o grito da criação de Deus que pede para ser respeitada.
Os últimos sete dias do mundo Jörg Zink escreveu um texto no qual cria uma metáfora sobre os últimos sete dias do mundo governado pelos humanos. O texto é uma analogia contrária ao texto da criação de Deus. No princípio, Deus criou os céus e a terra Mas, após milhares de anos, o ser humano julgou-se suficientemente sábio e disse: “Quem ousa falar em Deus? Tomarei o futuro em minhas mãos”. Assim fez. Era o início dos últimos sete dias do mundo. Na manhã do primeiro dia Decidiu o ser humano ser livre, bom, belo e feliz. Não mais imagem de Deus, mas ser humano! Como precisava crer em algo, creu na liberdade, na felicidade, na bolsa de valores e no progresso, no planejamento e na segurança. E para sua própria segurança, cobriu a terra com foguetes e bombas atômicas. No segundo dia Morreram os peixes nas águas poluídas pelas indústrias, os pássaros, por causa dos inseticidas destinados às lagartas, os coelhos por causa do monóxido de carbono produzido pelos carros, os cachorros de estimação em conseqüência do lindo vermelho das salsichas, as sardinhas por causa do óleo sobre o mar e do lixo nas profundezas do oceano. Pois este era radioativo. No terceiro dia Secaram a erva do campo, o verde das árvores, o musgo nas rochas, as flores no jardim. Pois o ser humano mesmo controlava o tempo e distribuiu as chuvas conforme os seus planos. Cometeu um pequeno erro matemático na distribuição da chuva. Quando descobriu o erro, os barcos jaziam no leito seco do rio. No quarto dia Três dos quatro bilhões de pessoas sucumbiram. Muitas vítimas das doenças que o ser humano cultivava. Alguém esquecera de fechar depósitos preparados para a guerra seguinte. E os medicamentos não ajudaram, pois estes tiveram que agir por tempos excessivos em cremes para a pele. Outros morreram de fome, pois haviam sido escondidas as chaves dos silos. E amaldiçoavam a Deus, que lhes devia felicidade. Enfim, dizia-lhes que era o Deus do amor! No quinto dia Os últimos humanos acionaram o botão vermelho, porque se sentiram ameaçados. Fogo envolveu o globo terrestre. Os montes ardiam em chamas, evaporavam os mares. Nas cidades, os esqueletos de concreto armado erguiam-se pretos e fumegantes. Os anjos, nos céus, viram o planeta azul tornar-se vermelho, marrom, empoeirado e, finalmente, cinza. Interromperam seu cântico por 10 minutos. No sexto dia Apagou a luz. Pó e cinza encobriram o sol, a luz e as estrelas. A última barata que sobrevivera num abrigo antiaéreo sucumbiu sob o intenso calor. No sétimo dia Houve descanso. Finalmente! A terra estava sem forma e vazia. E havia trevas sobre os abismos e as fendas que se abriram na superfície seca da terra. E o espírito do homem vagava como um fantasma sobre o caos. Lá embaixo, porém, no inferno, era narrada a história do ser humano que tomou o futuro em suas próprias mãos. As gargalhadas subiram até os anjos.
Para refletir: 1 - Quais os sinais que temos percebido que mostram a interferência do ser humano no desequilíbrio da criação de Deus? 2 - Cada um e cada uma de nós pode contribuir para que o mundo não chegue ao sétimo dia anunciado acima. Compartilhe idéias e ações que visam evitar essa tragédia.
Há Esperança! Leituras Bíblicas: Gn 1.31 Gn 2.5-7,15
Através da palavra bíblica de Gênesis cristãos e cristãs confessam que o planeta terra, a natureza com sua fauna e flora, bem como todo o universo foram criados por Deus. Depois de terminada toda sua obra, “Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom.” (Gn 1.31).Também confessam que os seres humanos, dotados de inteligência, fazem parte dessa criação e nela foram colocados por Deus para cuidarem de tudo o que Deus criou. Porém, Deus não criou o ser humano para ser o dono da criação. Como se ele tivesse o poder de se apossar de tudo o que há na terra. De acordo com o relato conclui-se que o ser humano é uma entre as muitas criaturas. Cabe-lhe, isto sim, o privilégio de refletir as consequencias de sua ação sobre o que Deus lhe confiou. É assim que Deus nos coloca como seus colaboradores, cuidadores, co-criadores e participantes de toda a sua criação. Porém, essa participação exige muita responsabilidade, visto que temos o dever de zelar para tudo o que Deus fez continue sendo muito bom. É evidente que é da relação com a criação que o ser depende para viver. Mas, ao mesmo tempo, somos chamados a contribuir com a sustentabilidade da vida no planeta. Para começar faz-se necessária uma mudança nos hábitos de consumo de todos os seres humanos. Os padrões consumistas estabelecidos, que se sustentam na depreciação programada dos produtos e na formação de desejos de consumo através da propaganda, estão causando uma verdadeira devastação ambiental e a redução dos recursos naturais. Há a necessidade de formação de uma nova consciência de consumo, que considera especialmente a real necessidade das pessoas em relação aos produtos oferecidos. Uma consciência que valorize muito mais o “ser” ao invés do “ter”. Há ainda outras maneiras de cooperarmos com a preservação da criação de Deus. Entre elas destacamos: reduzir ao máximo o uso da água, economizar energia elétrica, limitar o uso do carro, dar preferência a produtos produzidos a partir de matéria prima reciclada, reduzir o uso de embalagens plásticas e reaproveitá-las, usar sacolas de pano, usar copos e pratos de vidro em vez dos descartáveis, reaproveitar o papel como rascunho, dar destinação correta ao lixo, racionalizar o uso de agrotóxicos, preservar matas, nascentes de água, mananciais e espécies de animais e outras. Enfim, que em tudo o que fizermos haja um compromisso pela restauração da integridade ecológica do planeta e uma verdadeira reverência a vida criada por Deus.
“Pois eu estou criando um novo céu e uma nova terra; o passado será esquecido e ninguém mais lembrará dele. Alegrem-se, fiquem felizes para sempre com aquilo que vou criar; pois vou encher de alegria a cidade de Jerusalém.” Is 65.17-18
Talvez alguns sem esperança, ou por demais preocupados com sua ganância pessoal, não vejam a necessidade ou não acreditem na possibilidade de transformar os sinais de morte colocados na criação de Deus em sinais de vida. Outros tantos já têm consciência sobre como podem contribuir para um mundo ecologicamente sustentável, mas ainda é necessário sair do discurso e partir para a prática. Mas enquanto alguém continuar com esperança e se comprometer com ações concretas, como as citadas anteriormente, ainda há esperança. E seguindo o conceito de Jesus, de que o punhadinho de fermento se espalha pela massa e a faz levedar (Mt 13.33), da nossa parte continuaremos fazendo tudo o que for possível fazer, para que a vida no planeta continue e não pare, sempre tendo como visão no horizonte a boa criação de Deus.
Oração Ecológica Martim Lutero Querido Senhor e Deus, protege bondosamente os frutos nos campos e nas hortas. Purifica o ar. Dá chuva e bom tempo quando convém. Permite que os frutos sejam bons. Não deixa que sejam envenenados, para que nós e os animais não fiquemos doentes, nem soframos qualquer mal. Muitas de nossas desgraças são causadas pelo ar envenenado e, em conseqüência, os frutos, o vinho e o cereal estão contaminados. Se deixares isto acontecer, teremos que comer a nossa morte em nossos produtos e bebê-la. Por isso, permite que os frutos sejam abençoados, que cresçam para a nossa saúde e bem-estar. Cuida para que não abusemos deles, colocando a vida em perigo ou provocando injustiça, voracidade ou malandragem.Pois daí resultam falta de moderação, adultério, briga, assassinato, guerra e muitas outras desgraças. Muito antes concede-nos a graça, para que usemos tuas dádivas em favor da melhoria de nossa vida, para que os frutos mantenham nossa saúde, e para que nós os usemos de maneira responsável diante de ti. Amém Sugestões: Livro: - Quem crê pode confiar (Jörg Zink) Vídeo: - A história das coisas (Youtube) Filmes: - O bicho vai pegar 3 - Sem Floresta Elaboração: P. Fábio B. Rucks e P. Suzani E. W. Hepp
A Comunidade
Fascículo 7
A Comunidade como espaço do cuidado Certa vez, em uma comunidade, ao finalizar o encontro da OASE onde oramos, cantamos e refletimos sobre um texto bíblico e a vida, nos preparávamos para a oração final, quando umas das senhoras disse que precisava partilhar algo que tinha acontecido com sua família na parte da manhã. Disse ela: - “Vocês são minhas amigas de muito tempo, preciso falar algo”. Ela afirmou que quase não teria vindo e que estava muito triste. Estava ali porque o marido havia insistido com ela, para que fosse no encontro da OASE. Então nos sentamos e ouvimos sua história e seu desabafo. Chamou atenção a frase de uma das participantes que disse ao final: - “Estamos aqui, este é o nosso espaço onde nos alegramos e colocamos nossas dores”. E assim foi. No final ela disse o quanto tinha sido bom o seu marido ter insistido com ela para vir ao encontro. “Somos a família de Deus, sim. Somos a família de Deus. Ele tem nos chamado pra ter união, trazendo ao mundo a luz” (HPD 2 – 322)
Somos família de Deus, sim. Como é bom sermos ouvidos quando algo nos pesa, nos angustia e sermos consolados em nosso sofrimento e angústia, não é mesmo? É bom encontrar pessoas em nosso caminho que sabem e estão dispostas a nos ouvir. E que bom se encontramos dentro de nossa comunidade de fé estas pessoas.
A imagem de família, de unidade e de corpo sempre esteve presente em todo o ser da igreja. Pessoas reunidas em torno de um centro comum – a fé no trino Deus, vivendo como grande família, como irmãos e irmãs.
1 Coríntios 12. 12-27
A figura do corpo é bastante significativa e nos ensina a viver e criar um espaço terapêutico em nossas comunidades. Um lugar onde faço parte, sou aceito, cuido e sou cuidado. A comunidade na condição de um lugar onde “se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam”. Ou como lemos em Romanos 12. 15: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”. A comunidade é o espaço onde temos a oportunidade de realizar e também desfrutar desta experiência de amor fraternal, aceitação e consolação mútuas.
A comunidade que cuida “Para chamar a atenção do leitor, coloque uma frase ou citação interessante do texto aqui."
A comunidade que cuida é resultado de uma decisão em favor da novidade de vida à qual o Evangelho nos motiva. Motiva a colocar em prática gestos novos dentro das velhas estruturas deste mundo caracterizadas pelo egoísmo, competitividade, inveja, corrupção e exploração. A regra do mundo é que cada um cuide da sua vida. Mas, dentro da nova lógica que Jesus Cristo nos coloca, somos chamados e motivados a agir dentro da lógica do amor, do cuidado, do auxílio, aceitação e consolação. Sendo assim, a comunidade é um lugar onde encontramos aceitação, e também é um lugar onde somos desafiados a exercitar esta aceitação. De nós mesmos, dos outros e pelos outros, afinal cada um de nós têm suas características e modos bem particulares, cada um tem qualidades que precisam ser valorizadas, mas também falhas e limitações que podem ser trabalhadas, também e principalmente, dentro da comunidade de fé.
Pois como comunidade já sentimos e experimentamos em nossa vida aceitação por parte de Deus – como gesto gratuito que nos acolhe como filhos e filhas Esta aceitação dá sentido à nossa vida e nos motiva também a aceitar aos nossos irmãos e irmãs na fé. É muito bom, animador e reconfortante saber que na comunidade temos um lugar onde somos acolhidos e aceitos assim como somos. Em meio ao amplo mercado religioso também nosso testemunho e nossa ação evangélica é marcada pela justificação por graça e fé, que se traduz em nosso jeito de viver em comunidade. “Já que a comunidade somente vive da bondade e misericórdia de Deus, ela se sabe desafiada a praticar o amor ao próximo. Alegrar-se com os que estão alegres e chora com os que choram. Reparte com os que nada têm. Torna-se sensível e solidária para com as pessoas e grupos em situação de crise, necessidade e risco. Denuncia as causas geradoras de não-vida e testemunha os propósitos de Deus para sua criação. Assim a comunidade exercita a diaconia. Trata-se do serviço de promover vida em favor de todos, não se limitando aos próprios membros, mas incluindo todas as pessoas em necessidade, independente de gênero, faixa etária, cor, credo, nível social e cultural” (Plano de Ação Missionária – PAMI 2000). Se é bom experimentarmos este cuidado em nossa vida, também é importante nos esforçarmos para proporcionar esta sensação, tão boa, para outras pessoas. Em Gálatas 6.2 lemos: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”. Isto é, a lei do amor. Criar e ser comunidade terapêutica, comunidade de cuidado, é vivenciar entre nós o amor fraterno, amor que Jesus Cristo nos deu e ensinou.
Ouvir, ajudar, consolar, animar, cuidar, aconselhar, amparar, entre tantas outras ações, são atitudes de amor. Levar as cargas uns dos outros é atitude de amor, que contraria o individualismo e egoísmo tão presentes em nossos dias. Como comunidades cristãs, que também querem ser comunidades terapêuticas – de amor e cuidado, temos o desafio e também o compromisso de, como membros de um mesmo corpo, ouvir, amar, consolar e cuidar uns dos outros...assim como somos cuidados, ouvidos, amados e consolados diariamente por Deus!
Compromisso - Nossa comunidade é espaço terapêutico, de cuidado? - Temos liberdade para compartilhar com pessoas de nossa comunidade nossos problemas, angústias e anseios? - Sabemos ouvir de forma carinhosa e amorosa aos nossos irmãos e irmãs – seus pesares, angústias e dores? Temos esta disposição? - Como trabalhamos em nosso meio a questão da aceitação? Oração final: Senhor Deus, faz de mim instrumento de ajuda a que precisa, dê-me animo a ajudar e quem precisa, que meu egoísmo seja diminuído para ouvir a quem necessita, fortalece nossa fé. Amém! Aqui você tem lugar, aqui você tem perdão. Na casa de Deus é assim: aqui Deus traz salvação. Aqui você vai cantar, também vai poder sorrir. Na casa de Deus é assim: aqui você vai servir. Aqui você vê o amor, de Deus você vê a luz. Na casa de Deus é assim: aqui você vê Jesus. Aqui Deus vai perdoar, também vai justificar. Na casa de Deus é assim: aqui Deus o vai chamar. Aqui vai poder servir, também vai poder amar. Na casa de Deus é assim: aqui você tem lugar. O sonho que vem da cruz, você vai poder sonhar. No sonho de Deus tem Jesus. Aqui você tem lugar. Elaborado por: Pa. Francinne de O. Kerkhoff e Pa. Daiane Berndt Bottscher
Fascículo 8
“Ensinamos com respeito ao uso dos sacramentos que eles não foram instituídos apenas para servir de sinal de reconhecimento exterior dos cristãos, mas para sinais e testemunhos da vontade divina para conosco, e tem por fim despertar e fortalecer a nossa fé, pelo que também e só são usados com proveito quando recebidos com fé e para fortalecimento da fé”. (Confissão de Augsburgo, Art. 13)
Sacramentos Presentes de Deus para a nossa vida Os Sacramentos: Batismo e Santa Ceia Deus pôs o seu povo em liberdade e fez com ele uma aliança. Ele é santo e poderoso. (Salmo 111.9) Como Deus fez uma aliança e pôs em liberdade o povo de Israel, assim também Deus em Jesus Cristo fez uma nova aliança (sacramentos) com todos os que nele crêem. E, através dos Sacramentos, nos liberta de todos os pecados, concedendo-nos salvação e vida eterna.
SACRAMENTOS – PRESENTE DE DEUS PARA NOSSA VIDA SACRAMENTOS – PRESENTE DE DEUS PARA NOSSA VIDA
Queremos trazer o estudo dos Sacramentos. Na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) temos dois Sacramentos: O Santo Batismo e a Santa Ceia. Por Sacramento entendemos que seja um ato santo, instituído por Jesus Cristo, que nos dá bens invisíveis, sob um sinal visível. No Sacramento recebemos: perdão dos pecados, vida e salvação.
Batismo
O largo corredor do hospital parecia ser pequeno demais para a ansiedade do João. Escutavam-se apenas os seus passos rápidos, de um lado para o outro, sem parar. João estava assim porque na sala de parto estava a sua esposa Maria, prestes a dar à luz. Estava nascendo a Manuela, a primeira filha do casal. De repente, um choro de criança, as lágrimas de alegria no rosto do João e o médico com a boa notícia: “Nasceu a sua filha, João.” Jesus diz: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”. (Mt 28.18-20)
O casal é membro da IECLB e desejam batizar a Manuela. Escolhem padrinhos e madrinhas e vão falar com o pastor para marcar a data do batismo. É combinado uma data na casa dos pais juntamente com os padrinhos e madrinhas para conversar sobre o batismo, função dos padrinhos e o ato litúrgico do Batismo.
Batismo, o grande dom de Deus A partir de Pentecostes, com a vinda do Espírito Santo, aconteceu o primeiro e grande batismo, três mil pessoas (Atos 2), formando a primeira Comunidade Cristã. Os Apóstolos certamente se lembraram da ordem de Cristo.
Por Jesus Cristo somos salvos e reconciliados com o Pai. No Batismo Deus oferece remissão de pecados, vida e salvação. Pelo Batismo nos tornamos parte da Igreja de Jesus Cristo e membros da comunidade, corpo de Cristo. O Batismo acontece uma vez só, mas não é um momento estanque, precisa ser vivido no dia-a-dia. Somos chamados a viver o nosso Batismo nas nossas decisões diárias, testemunhando o Evangelho de Jesus Cristo ali onde vivemos, lutando por vida digna para todas as pessoas. Para reflexão: 1) Qual a importância do batismo para nós? 2) O que ouvimos de outros sobre o batismo? 3) Como são escolhidos os padrinhos e madrinhas e qual é a sua tarefa? 4) O que pensamos sobre a prática de lembrar o batismo? Você sabe algo a respeito da proposta do Missão Criança?
Ceia do Senhor – Santa Ceia
“Para chamar a atenção do leitor, coloque uma frase ou citação interessante do texto aqui."
A Ceia do Senhor é um presente que Deus nos oferece de uma forma degustável. Através do comer do pão e beber do fruto da videira (vinho ou suco) recebemos o Cristo em forma de corpo e sangue. É verdade que nas comunidades, ocasionalmente, surgem dúvidas sobre a compreensão da Ceia e até divergências. Tendo em vista este aspecto é importante lembrar as bases confessionais Luteranas sobre a Santa Ceia: “Da ceia do Senhor ensinam” [isto é, as igrejas da Reforma] “que o corpo e sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes e são distribuídos aos que comungam na ceia do Senhor.” (Idem, art. X) “Que proveito há nesse comer e beber? Resposta: Isso nos indicam as palavras: `Dado em favor de vós` e `derramado para remissão dos pecados`, a saber, que por essas palavras nos são dadas no sacramento remissão dos pecados, vida e salvação. Pois onde há remissão dos pecados, há também vida e salvação.” (Martim LUTERO, Catecismo Menor, terceira pergunta acerca do sacramento do altar). Fica claro que a Ceia do Senhor é meio de graça que concede perdão dos pecados, vida e salvação às pessoas que creem na promessa divina. Na Santa Ceia, o próprio Cristo está presente no pão e no vinho (suco). Esses elementos, na verdade, não deixam de ser pão e vinho (suco), mas Cristo está presente neles com e sob os elementos e se dá a nós de graça, tornando-se “comida espiritual” e “bebida espiritual”.
A compreensão e prática da Ceia orientam-se nos relatos sobre a última Ceia de Jesus com seus discípulos (Mc 14.12-25; Mt 26. 1730; Lc 22.7-23; e 1Co 11.23-35). Nela fica claro que aqueles que participam dela experimentam grande libertação de seus pecados e, ao mesmo tempo, a razão de reconciliação com Deus bem como entre eles mesmos. Porque Deus perdoa e reconcilia, quem participa da Ceia está capacitado e incumbido por Deus de perdoar e reconciliar-se com seu próximo. O gesto da paz na liturgia da celebração da Ceia motiva ao perdão entre as pessoas que também foram perdoadas por Deus. Jesus nos ensina na parábola do empregado mau (Mt 18.21-35) que Deus nos perdoa de nossas culpas mediante a nossa disposição de perdoar o nosso irmão. Realizamos a Santa Ceia por ordem e recomendação de Jesus que disse: “fazei isto em minha memória” (1Co 11.24,25) “até que ele” o próprio Jesus Cristo “virá” (1Co 11.26) na implantação do Reino de Deus. Até esse grande dia, a Ceia é o alimento que sustenta a fé e é o prenúncio da grande Ceia no Reino de Deus.
Ceia – Um presente de Deus para todos/as batizados/as Paulo e Maria junto com suas pequenas filhas Tainara e Roberta são membros novos numa comunidade de Pelotas – RS. No domingo de manhã estavam se preparando para participar do primeiro culto na nova comunidade em que teriam a possibilidade de participar da Santa Ceia. No momento da celebração o pastor convidou todos os batizados/as para participarem da Ceia que, logicamente, incluía as crianças. Para Paulo e sua família isso era novidade, bem por isso causou estranheza o fato de crianças poderem participar da Ceia antes mesmo da confirmação. Quando chegaram em casa Paulo reclamou: - O que é isso agora? Até as crianças podem participar juntos na Santa Ceia? Tantas invenções, tantas modas novas, eu não sei onde Deixem que as crianças isso vai parar. Nós recebemos a primeira Santa Ceia somente na venham a mim e não proíbam que ela façam Confirmação, e isto era importante e festivo, ninguém podia participar isso, pois o Reino de antes da confirmação. Deus é das pessoas que Maria então respondeu: Mas Paulo o pastor explicou que já desde o são como estas crianças batismo fazemos parte da comunidade cristã e não apenas depois da (Mc 10.14) confirmação. E se as crianças são parte da comunidade, fazem parte do corpo de Cristo, então não podem ser excluídas da Santa Ceia.
Como é em sua comunidade a inclusão de crianças na Ceia? Na antiguidade, as crianças batizadas participavam naturalmente da Ceia. Dizia Agostinho: “São crianças, mas tornamse seus comensais, para que tenham a vida”. É desejável, no entanto, que as famílias e comunidades desenvolvam projetos que ajudem a criança conhecer Deus e assim participar com naturalidade da Ceia do Senhor.
Paulo ficou pensativo e disse: É verdade que tudo o que é novo é difícil de aceitar no início, mas precisamos estar abertos para novas compreensões desde que venham para o engrandecimento do Reino de Deus.
Ceia - Momento especial de comunhão Nos dias atuais as pessoas e também autoridades públicas tem uma grande preocupação em relação à higiene. Em nossas casas queremos que esteja tudo limpo. Cuidamos com verduras e frutas para que estejam limpas antes de ingerirmos. Quando vamos ao mercado ou padaria observamos se o local oferece condições de higiene e de conservação dos alimentos adequadas. Nas comunidades da IECLB algumas pessoas tem sugerido o uso de copinhos na celebração da Ceia por motivos de higiene e problemas de saúde. No entanto, em casos de necessidade, a IECLB sugere a forma de intinção, ou seja, as pessoas comungantes recebem a hóstia na mão e umedecem uma parte dela no suco (no cálice) e a levam à boca. Essa forma é recomendada tendo em vista que o cálice único é símbolo da nossa comunhão. Todos participamos do mesmo cálice. Isso é símbolo de comunhão com Cristo e com os demais irmãos. O emprego do cálice individual favorece a interpretação individualista da Ceia e reduz a simbologia da comunhão entre irmãos e irmãs na fé. •Há alguma preocupação em sua comunidade, por questões de higiene e ou contaminação, no uso do cálice único? ORAÇÃO FINAL: Santo Deus te agradecemos por nos amar tanto ao ponto de querer chegar tão perto de nós com tua salvação através dos sacramentos. Neles encontramos segurança, força para nossa caminhada até a chegada do teu Reino. Dê compreensão, através do teu Santo Espírito, para que as comunidades não excluam nenhuma pessoa dos teus sacramentos. Esteja com os doentes e enlutados fortalecendo-os através da Ceia e também através da lembrança da salvação e cuidado que teu Batismo nos oferece. Em nome de Jesus. Amém. Elaborado por: P. Ademir Schmechel P. Wili Becker
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Vida, morte e ressurreição
A vida após o nascimento No ventre de uma mãe grávida havia três embriões. Um deles era o pequeno crente, o outro era o pequeno desconfiado e o terceiro embrião era o pequeno descrente. O pequeno desconfiado perguntou: “Vocês acreditam, de verdade, que há vida após o nascimento?” O pequeno crente respondeu entusiasmado: “Claro que isso existe. Nossa vida aqui é pensada para que possamos crescer e para que possamos nos preparar para a vida após o nascimento, para que estejamos fortes o bastante para o que nos espera”. O terceiro, o descrente, irritado com o rumo da conversa, interveio: “Bobagem, quanta bobagem. Isso não existe. Isso não faz sentido. Vocês conseguem imaginar algo assim, uma vida depois daqui?” O segundo: “Eu não sei ao certo como será. Mas, com certeza, vai ser mais claro do que aqui. Talvez possamos correr por aí e comer com a boca”. O primeiro, já arrependido de ter começado aquela conversa: “Quanta conversa fiada! Correr por aí, isso não é possível. E comer com a boca, que ideia mais cômica! Para isso existe o cordão umbilical, que nos alimenta. E, além do mais, não tem como haver uma vida após o nosso nascimento porque o cordão umbilical já está ficando curto agora. Que dirá correr por aí.” O segundo: “Eu creio que uma vida após o nascimento pode funcionar sim. Mas, talvez seja diferente do que somos capazes de imaginar agora.” O terceiro: “Nunca ninguém voltou depois de ter nascido. Com o nascimento, tudo chega ao fim. E a Vida não passa disso daqui, essa escuridão num lugar apertado”. O segundo: “Mesmo que eu não sabia muito bem como possa ser uma vida depois do nascimento, ainda assim creio que então poderemos ver nossa mãe”. O primeiro: “Não sei, não! Desconfio que a vida acaba por aqui mesmo.” O terceiro: “Mãe? Você acredita numa mãe? Então me diga onde ela está!” O segundo: “Ela está aqui... Em todo lugar. Nós somos e vivemos nela e através dela. Sem ela não existiríamos”. O terceiro: “Você quer me convencer de um absurdo desses? Nunca percebi nada que pudesse me convencer da existência de uma mãe. Estou convencido de que ela não existe e ponto final.” O segundo: “Sabem, algumas vezes, quando nos aquietamos aqui
Martim Lutero em seu Sermão sobre a preparação para a morte em 1519 comenta: “Quando nos despedimos de todos na terra, então temos que voltar para Deus novamente. É para lá que nos leva o caminho da morte. Ali começa a porta estreita, o caminho apertado para a vida. Aqui acontece o mesmo que ocorre no nascimento de uma criança. Esta nasce, com perigo e medos, da pequena moradia do ventre de sua mãe para dentro deste grande céu e desta grande terra. Da mesma forma, o ser humano sai desta vida pela porta estreita da morte. O céu e o mundo em que vivemos agora são considerados grandes e amplos. Mas tudo é muito mais apertado e menor comparado ao céu que nos espera. No entanto, o aperto da passagem para a morte faz esta vida parecer ampla e aquela outra, estreita. Precisamos acreditar nisso e aprender do nascimento corporal de uma criança. Temos que nos libertar do medo e saber que depois vai haver muito espaço e alegria.”
Fato da vida
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Êxodo 3.7-8
No início deste ano, fomos confrontados com a triste notícia da tragédia de Santa Maria, na Boate Kiss, onde 241 jovens perderam a vida. A notícia repercutiu no mundo inteiro, abalou comunidades, trouxe desespero e luto para as famílias e amigos. Isso nos faz refletir a respeito da transitoriedade e da fragilidade de nossa vida e nos questiona: Porque é tão difícil aceitar a morte? (Tempo para reflexão) Sabemos que a nossa vida é passageira, mas não imaginamos a nossa morte e a morte de pessoas queridas para um futuro próximo. Comente a respeito dessa afirmação. A vida que nos foi dada é um presente de Deus que precisa ser administrado, cuidado e protegido e, depois de certo tempo, entregue de volta a Deus. Uma pessoa que faleceu muito jovem, tinha marcado em sua bíblia: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21). Passagem do livro de Jó que lembra a transitoriedade e a fragilidade da vida e ao mesmo tempo a confiança em Deus. Na maioria das vezes as pessoas lidam com a realidade da morte como algo muito distante. Pessoas agem como se a vida fosse eterna. Na nossa cultura ocidental há uma tendência de negar a realidade da morte. Cresce o número de pessoas que fogem do confronto com a sua própria
medicamentos, transplantes de órgãos, possibilidades de reprodução da vida ou por meio da manipulação genética. “Já agora nossa Por isso a vida se torna um produto de consumo e a morte se personalidade sofre torna uma possibilidade cada vez mais distante e indesejável. tremendas Boa parte das pessoas nunca se confrontou com a experiência transformações ao da morte. Pessoas próximas e familiares morrem em clínicas e avançarmos através dos hospitais, cuidados por profissionais pagos, isolados e distantes estágios da vida, da dos familiares. Todos os cuidados tendem a embelezar a infância até a realidade da morte. O risco é de que, se ignoramos a realidade adolescência, a da morte, não viveremos a vida real. E a tentativa será de viver maturidade e a velhice. a fim de esgotar todas as potencialidades da vida, numa Embora essas corrida maluca em busca de bens materiais, depredação transformações possam ambiental e individualismo doentio. Afinal, há que se aproveitar ser dolorosas, a vida ao máximo, pois depois será tarde. permanecemos sempre a mesma pessoa. Semelhantemente, podemos esperar que permaneceremos nós mesmos quando formos recebidos na plenitude da nova vida.” (Hans Schwarz)
O que ensina a Igreja
Em nossa volta há as mais diferentes interpretações sobre morte e vida após a morte. Elas nem sempre condizem com os princípios da fé cristã evangélico-luterana. Numa realidade onde predominam fortemente outras compreensões (visão dualista de corpo e alma, imortalidade da alma, doutrina da reencarnação) é necessário transmitir com clareza nossa compreensão de vida, morte e ressurreição. Afinal, a fé cristã se fundamenta no Deus que se torna gente, vence a morte e nos permite viver na esperança da ressurreição. Salmo 39.6,12 A respeito da vida, a fé cristã vai afirmar que o tempo do ser Salmo 49.12-20. humano é limitado e finito. O ser humano é um ser passageiro e Isaías 25.8; 29.16; sua vida passa como um sopro. Mesmo que tardiamente, no Daniel 12.2 Antigo Testamento surge a ressurreição como esperança real diante da morte. É o Novo Testamento que anuncia a derrota definitiva e a libertação do poder da morte a partir do evento da cruz e da ressurreição de Jesus. Esta é a grande novidade 1 Coríntios 15.13-14 para compreender a morte e o morrer na Bíblia: “E se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé”. Pela graça de Deus, é possível morrer com esperança. Com a mensagem da ressurreição a comunidade cristã expressa a sua fé de que Deus fará nova criação e dará nova vida ao ser humano. Romanos 8.35-39 Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vem? O apóstolo Paulo expressa isso dizendo que a morte traz o fim de nossa vida, mas não o fim de nosso ser. O amor de Deus não permite que a morte apague o fato de que pertencemos a Deus. Paulo entende que o que era terrestre se torna celestial, o que era
Impulsos para seguir adiante...
“Nosso Deus é maior que toda dúvida. Nosso Deus é maior que toda angústia. Nosso Deus é maior que toda tragédia. No seu colo encontramos abrigo, no calor do seu abraço encontramos a força, e no brilho do seu olhar, a confiança! Já podemos ensaiar um novo passo... Provocar um gesto novo... Já podemos renascer”. (Ernesto Barros Cardoso)
Todos os anos, na época da Quaresma, temos um tempo oportuno para refletir sobre a temática vida, morte e ressurreição. É como se esse “trio” fosse um tripé espiritual que nos sustenta em nossa vida. Ao desconsiderarmos uma dessas dimensões, nosso andar se torna “manco” e muito mais difícil. Não sabemos quando vamos nos defrontar com situações de dor, perda, sofrimento. A morte é o limite maior da condição humana. Desse limite nascem muitos sofrimentos, mas ao se desdobrar esse limite no dia-a-dia da nossa vida, isso pode funcionar como impulso para nossas superações constantes. É preciso assumir os limites (e isso inclui chorar, lamentar, questionar), aprender com eles (nisso a fé nos auxilia) para podermos, com o tempo (específico para cada qual), partir do luto para a luta! A ressurreição não se refere somente às coisas futuras, mas também ao momento presente. Diante da tragédia da boate Kiss em Santa Maria criou-se todo um aparato de solidariedade (apoio psicológico por profissionais, pessoas que ofereciam suas casas para os familiares vindos de longe tomar banho e dormir). A força da ressurreição já se manifesta na vida que continua, que vai se recriando e se restabelecendo após as tragédias. É a solidariedade que nasce a partir do sentir a dor do outro, é o abraço, a palavra de conforto, a comoção que leva à ação, é a fé que age em amor, é a esperança que nos leva a ir além. Palavras são incapazes de ressuscitar as pessoas que se foram, mas podem acordar os vivos, para que estes se mobilizem, para que outras pessoas não continuem sendo vitimadas pela irresponsabilidade tão comum nos dias de hoje. Fatos não podem ser modificados, mas as consequências deles em nós sim! E a fé é a mola propulsora de profundas e verdadeiras transformações! Nesse sentido, que tal criar um grupo de apoio para pessoas enlutadas? Que tal oferecer um culto especial para tratar do tema do luto e convidar todas as famílias enlutadas da comunidade? É fundamental para as pessoas enlutadas a presença e o apoio da comunidade cristã da qual elas são parte. A comunidade de fé também representa o corpo de Cristo no qual a pessoa falecida ingressou pelas águas do Batismo e do qual não pode ser separada nem pela morte.
Fascículo 10
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” Hebreus 11:1
Empecilhos da Fé Cristã A Fé em Ação A fé é uma disposição sobre-humana de acreditar no humanamente impossível, mas é isso que materializa a promessa de Deus para o ser humano. A promessa revela a vontade de Deus e, sem fé, torna-se sem valor e perde o sentido, pois é preciso que a confiança de todo o coração influencie a mente, o espírito e o corpo de todos que a abrigam no seu interior, a fim de que se torne mais forte do que a própria pessoa. A fé não é algo desequilibrado ou irresponsável. Tem uma base, que é a Palavra de Deus. A Bíblia diz: “A fé vem pelo ouvir e o ouvir a Palavra de Deus”. Não é uma aceitação cega e descabida de qualquer razão, mas um sentimento sustentado em Deus, embasado nos fatos que envolvem Sua vida, Sua obra, Seu poder e Sua Palavra. Fé é aquilo que nos toca incondicionalmente, é o que toma conta de todo nosso ser. Fé cristã é fé em quem e nunca em quê. Fé cristã sempre é fé em Deus. Conforme Lutero, por nossa própria razão ou força não podemos ter fé. A fé é dada por Deus, é o sinal de sua graça atuando em nós. A fé envolve todo nosso ser e nos impulsiona a agir no mundo. Contudo, a fé sem reflexão cai no emocionalismo. Em uma frase do teólogo Anselmo de Cantuária, ele afirma: “Creio para comprender”. A fé busca respostas, reflete, questiona, e aqui começa teologia, pois o alicerce da teologia é a fé. A fé sem razão acaba por esvaziar-se e a especulação e a busca por conhecimento de Deus feitas somente de razão perdem o sentido. Creia Sempre Todo milagre descrito nas Sagradas Escrituras vem acompanhado da fé, mesmo porque sem ela não há nem mesmo a iniciativa de pedir ou de buscar algo. Acreditar que algo pode acontecer nos impulsiona a ir além dos limites impostos pelas circunstâncias, como ocorreu com a mulher do fluxo de sangue e com o general Naamã. Há momentos em que é preciso fazer como Abraão: crer contra a esperança, mudar a imagem de fracasso impregnada em nossa mente pelas experiências de fé descritas na Palavra e crer que Deus não está
Um Fato Que a Vida Conta Um homem foi ao barbeiro. Enquanto tinha seus cabelos cortados conversava com ele. Falava da vida e de Deus. Dai a pouco, o barbeiro, incrédulo, não aguentou e falou: Deixa disso, meu caro, Deus não existe! - Por quê? - Ora, se Deus existisse não haveria tantos miseráveis, passando fome! - Olhe em volta e veja quanta tristeza. É só andar pelas ruas e enxergar! - Bem, esta é a sua maneira de pensar, não é? - Sim, claro! O freguês pagou o corte e foi saindo, quando avistou um maltrapilho imundo, com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Não agüentou, deu meia volta e interpelou o barbeiro: - Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros! - Como? - Sim, se existissem barbeiros, não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas! - Ora, eles estão assim porque querem. Se desejassem mudar, viriam até mim! - Agora, você entendeu.
A Fé a partir da Visão Quando Abraão estava desanimado, com sua fé enfraquecida, Deus tocou sua visão, dando-lhe uma imagem para fazê-lo visualizar a promessa: mostrou-lhe o céu e sua imensidão e, a seguir, pediu-lhe que contasse as estrelas, o que era humanamente impossível. A seguir, deu-lhe mais uma injeção de esperança, mostrando-lhe a areia do mar e dizendo a ele que todas as vezes que olhasse para algum daqueles sinais lembrasse do alvo que perseguia. Abraão passaria a visualizar aquela promessa sempre, pois, de dia, andava numa terra desértica e, à noite, como teto de sua habitação tinha as estrelas. Assim podia lembrar-se da promessa e deixar que sua mente fosse impregnada pela imagem do seu milagre. A verdadeira fé se faz acompanhar de uma imagem de vitória. Podemos citar como exemplo também a mulher com fluxo de sangue, pois disse: “… se eu apenas tocar a ponta de suas vestes, serei curada…” Antes de agir, ela tinha clara em sua mente a cena do que faria. Assim sua fé foi fortalecida. Quando chegou o momento de viver sua chance de cura, ela logo transpôs os obstáculos, na certeza de que aquela era a hora de viver o milagre de sua vida. Não são poucas as áreas em que verdadeiramente precisamos de um milagre, porém, para experimentá-lo, somos desafiados a ver além do óbvio. Veja as situações com os olhos da fé. E lembre-se que isso não significa ausentar-se da realidade, mas crer que esta pode ser mudada. Abra seus olhos espirituais e deixe que Deus faça com você como fez com Abraão. Uma Sociedade Em Crise A vida, em geral, está uma loucura, totalmente desenfreada. Sintomas de uma época e de uma sociedade desnorteada. Estamos nos alimentando de qualquer bobagem que a mídia nos enfia “goela abaixo”, e ainda achamos graça daquilo que é imoral. Esse tipo de valores repassados a nós através de músicas, programas televisivos ou na internet tem como objetivo confundir as pessoas, amedrontar com a violência, tirar a esperança. Povo confuso, com medo e sem fé consome muito, gasta muito dinheiro, se endivida, se droga, cai em vícios e não se compromete com nada e nem com ninguém. E, para piorar esse estado de coisas, já estamos
Antigamente, quando alguém achava uma carteira ou bolsa com dinheiro, devolvê-la era obrigação, era o padrão. Hoje, tal pessoa que age assim é taxada de “otária, babaca”. Para alguns, o padrão passou a ser não a devolução de carteira com dinheiro, mas esconder dinheiro em cueca, meias e até mesmo na Bíblia. E assim caminha a humanidade. Que ironia: Nunca houve uma sociedade tão desenvolvida e com tanto acesso a informações e recursos tecnológicos e, ao mesmo tempo, tão pobre, carente e doente. Por tudo isto, vivemos a era das CRISES: crise de valores, crise financeira, crise moral, crise religiosa, crise do judiciário, crise conjugal, crise de identidade, crise política, crise educacional e tantas outras. Trata-se de um problema social crônico! Salvo raríssimas exceções, as pessoas, independentemente da sua posição social, estão com problemas na alma, feridas emocionais abertas ou enfrentando sérios problemas familiares. Sobra violência e falta temor a Deus. Estamos vivendo em uma sociedade desigual e degradante. A discórdia e o terror são diariamente semeados e, muitas vezes, sentimo-nos como se não houvesse uma saída, uma luz no fim do túnel. O que dizer a respeito da Fé Cristã? A fé cristã não é apenas uma esperança de que algo bom pode acontecer. A fé cristã, ou a fé bíblica, é a certeza de uma esperança. É quando aquilo que se espera passa a ser uma convicção plena baseada no caráter da pessoa que prometeu. A fé cristã não é baseada em coisas, mas em uma pessoa. A “fé comum” usa coisas para que se possa conseguir outras coisas. A fé cristã se remete Àquele que nos restaura a vida, renovando a esperança. Ela está baseada em promessas garantidas por um fato, ou acontecimento (cruz), que mesmo não tendo visto, cremos, aceitamos e recebemos. Jesus disse em João 10.10: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” A fé cristã autêntica não condena e nem faz separação de ninguém. Ela está sempre pronta a agregar e nunca dispersar. A fé cristã é muito mais do que simples repetições ou uma maneira de pensar positivamente. Todos possuem uma “fé comum” para canalizar forças para que algo de bom aconteça, mas
Como Vencer os empecilhos Jesus disse aos seus discípulos: “Sempre vão acontecer coisas que fazem com que as pessoas caiam em pecado, mas ai do culpado! Seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada no mar com uma grande pedra de moinho amarrada no pescoço do que fazer com que um destes pequeninos peque”. (Lucas 17.1-2) Eis algumas estratégias para vencer os obstáculos da fé: a prudência, o perdão, a fé, e a humildade. São conselhos dados para os discípulos de hoje também, inclusive você e eu. Logo, não pensemos que não tem nada a ver com a gente. Não são conselhos simplesmente dados por Jesus para pessoas “problemáticas”, como os fariseus e os escribas. Não, são conselhos para discípulos, e por isto convém que não apontemos o dedo para as outras pessoas. Pensemos em nós mesmos. De outra sorte, perdemos por completo a força deste conselho. Não é difícil imaginar que o princípio se aplica a todos os nossos relacionamentos dentro da comunidade de fé. Perguntas Para Refletir -Nos seus relacionamentos com “as pessoas”, sua postura é de construir ou destruir? -Qual é o propósito que você tem no seu coração quando interage com outras pessoas? -Quer destacar o seu brilhante intelecto derrubando a “burrice” do outro, ou quer construir? Jesus recomenda a prudência, a precaução e a ponderação no agir e no falar. Sim, recomenda que controlemos a língua e o nosso agir. Este negócio de “transparência”, quando isto se torna desculpa para simplesmente derrubar o outro, não é bom. A “transparência jamais pode ser uma licença para ofender, agredir e afastar”. Importante é lembrar que a verdade precisa ser dita sim, mas com amor, pois sem amor ela é dura, áspera e não cumpre seu papel, apenas põe fogo e arrasa. Bênção Que teus passos te levem à felicidade, que das pedras não sejam empecilhos... Que a chuva e o vento sejam o frescor por onde passares... Que tu sempre encontres doçura nas palavras... Que não deixe a noite sombria te atormentar... Siga sempre com fé...
Fascículo 11
Fé, Gratidão e Compromisso Contribuição: Uma questão de fé! fé! Qual seria a nossa reação? Se encontrássemos uma pessoa e, inesperadamente, ela necessitasse de nós, de nosso auxílio e de uma ajuda financeira? Auxiliaríamos esta pessoa na sua dificuldade ou seguiríamos adiante dizendo que não estamos preparados para ajudá-la?
Contribuir! Porque e para quem? Um dos temas da vida comunitária que geralmente envolve polêmica é a oferta, a contribuição. Assim, na comunidade, algumas pessoas não entendem a sua contribuição como doação, como envolvimento na vida da igreja. Muitas a encaram como uma mensalidade, como um montante pré-determinado, como um pagamento para receber os benefícios religiosos de que necessitam. No Evangelho de Marcos 12.41-44 é apresentada a oferta, a contribuição de uma viúva como exemplo de doação ao Reino de Deus. Marcos 12.41-44 (Leia o texto) Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitas pessoas ricas lançavam ali grandes quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor. Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: "Afirmo que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver". No texto bíblico encontramos alguém que entregou tudo que tinha como oferta, contribuição. Neste fato, percebemos que a contribuição, no contexto bíblico, corresponde ao ato de gratidão, de partilhar aquilo que temos e somos, ou seja, de ofertar e doar-se. O texto nos convida a avaliar e analisar o que eu, você, estamos ofertando a Deus. A resposta dessa
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“Um certo pastor, falou sobre a contribuição em uma de suas prédicas. Destacava que a contribuição à Igreja deveria ser um render graças por tudo o que Deus nos concede gratuitamente, como vida, saúde e tantas outras coisas e não um simples dar as sobras. Joãozinho que estava no culto guardou aquelas palavras para si... Na hora do almoço a mãe lhe pôs uma coxa de frango no prato. Joãozinho pegou a coxa e a deu ao Totó. Antes que o cachorro abocanhasse aquela gostosura, a mãe a arrancou da mão de Joãozinho e pôs de volta no prato, dizendo: - Que é isso, meu filho? Come primeiro a coxa e depois dá o osso ao cachorro! Joãozinho obedeceu e, ao entregar o osso pelado ao cão, disse: - Toma, Totó! Era para ser uma doação, mas agora é só uma mensalidade!” Deus e a comunidade não precisam das sobras, igualmente não precisam somente de seu dinheiro, eles precisam de seu tempo, de seus talentos, de seu serviço em favor da justiça, da paz, da solidariedade. Precisam de você! É através de você e de sua família que Deus quer fazer as coisas acontecerem, quer mostrar a essa sociedade tão doente e injusta, um novo caminho: o amor! Tirar-lhes da guerra diária e os colocar em novos campos onde o amparo é real e a comunhão uns com os outros não é um sonho, mas sim, uma realidade presente. Contribuir é estar envolvido na comunidade participando das atividades e das propostas, ser um instrumento de Deus, um agente de transformação no mundo! Não nos esqueçamos de nossas raízes confessionais: somos protestantes! Protestamos contras as injustiças e agimos pela fé! O financeiro é uma parte da contribuição, mas não o fundamental. O fundamental é a sua participação e sua presença. É claro que, quando em gratidão servimos a Deus com nossos bens e com nosso dinheiro, não o fazemos movidos por uma interesseira teologia da prosperidade, como se estivéssemos em uma negociação com Deus. Não estamos em posição de negociar nada com Deus. Nós contribuímos a partir de um compromisso de gratidão com o Senhor. Por outro lado, não podemos ignorar que diversas palavras da Escritura Sagrada que
Contribuição e sociedade
O dinheiro compra a casa, mas não te dá um lar. O dinheiro compra a cama, mas não te dá o sono. O dinheiro compra o livro, mas não te dá a sabedoria. O dinheiro compra o remédio, mas não a saúde. O dinheiro compra o relógio de ouro, mas não te dá o momento certo para ser feliz. O dinheiro compra o crucifixo, mas não te dá a fé.
Na mentalidade social, ou censo comum, a palavra contribuição está arraigada de terminologia negativa, pois contribuição vem de tributação, ou seja, pagar tributos e impostos. Assim, não somos favoráveis aos impostos pagos e, muitas vezes, estamos relacionando a contribuição com um imposto, ou seja, um mau investimento. Exemplo disso é quase tudo que pagamos de impostos aqui no Brasil. Entretanto a contribuição tem objetivo e finalidade de auxiliar a Igreja na missão de Deus. Como participo de um determinado grupo vou ajudar na sua manutenção. No caso específico da Igreja, a contribuição não tem a ver só com manutenção e sustentabilidade, mas em auxiliar na missão de Deus. Levar a Boa Nova a outras pessoas. É através de minha ajuda financeira que o trabalho da Igreja continuará ou perecerá. Ser Igreja é contribuir para um mundo melhor. A essência da igreja é o serviço. Dessa maneira, precisamos refletir o quanto estamos contribuindo com nossa vida, dons e dinheiro para que nossa comunidade seja melhor, para que nossa sociedade seja melhor. Neste sentido, necessitamos refletir se a nossa cidade é melhor porque existe uma comunidade evangélica luterana (IECLB) ali. Estamos contribuindo com o que? Que diferença fazemos onde há presença luterana?
Leia e reflita sobre o texto das Obras da Misericórdia: O dinheiro compra Mateus 25.31-40 o melhor lugar no Necessitamos superar em nossa vida, famílias e cemitério, mas não comunidade a mentalidade de “o que eu vou ganhar te dá a vida eterna. com isso” para o compromisso de fé de “o que eu oferto e sirvo para isso”. Assim, necessitamos também discutir e refletir que tipo de comunidade estamos vivendo. A nossa comunidade está baseada no Evangelho e no serviço? Ou a ideia de comunidade que temos é de associação, onde as pessoas se reúnem por afinidade? Trabalhamos em prol do grupo? Ajudamos em eventos, promoções ou quando é necessário um trabalho em mutirão?
Impulsos para seguir adiante... Temos motivos para nos alegrar na IECLB pela crescente conscientização acerca do assunto contribuição. O aprofundamento bíblico passou a destacar três aspectos fundamentais e interligados entre si: fé, gratidão e compromisso. Acolhido com fé, o Evangelho é força que transforma profundamente as pessoas, famílias e realidades. Essa foi a palavra-chave na vida de Lutero e na Reforma Luterana, da qual somos herdeiros: o Evangelho que é acolhido pela fé (Romanos 1.16-17). É um grande privilégio poder experimentar pela fé esse poder salvador e restaurador do Evangelho. E quando o experimentamos, somos, por assim dizer, tomados por um profundo sentimento de gratidão. A gratidão, por sua vez, não fica restrita a um sentimento ou palavras, mas transborda em um engajado compromisso diante de Deus e com as pessoas. Portanto: O Evangelho é acolhido por fé A justificação concedida produz gratidão A gratidão produz compromisso O lugar, por excelência, para viver a fé, expressar a gratidão e demonstrar o compromisso é a comunidade de fé. Nesse sentido a contribuição na comunidade destina-se para: a manutenção da própria comunidade, a ajuda aos pobres, o trabalho missionário, o auxílio a toda igreja. Não se pode ofertar simplesmente porque é um costume ou um regulamento. Deve haver disposição do coração para o sacrifício. Jesus reafirmou o que o Salmo 24.1 ensina: Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam. Se tudo pertence a Deus, tanto a vida humana como os bens estão incluídos. Deus deseja doação pessoal e integral. Será que podemos contabilizar em números as bênçãos que recebemos de Deus? Os números, na realidade, não conseguirão mostrar as bondades de Deus em relação a nós. E é exatamente isso que devemos demonstrar como evangélicos luteranos e nos orgulhar.
Fascículo
Crianças e Fé Cristã Como ensinar a criança na fé
“Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele”. Provérbios 22.6 A partir dessas sábias palavras, temos uma orientação para nos dedicarmos com amor e paciência no ensino cristão às crianças.
Cada criança é única. Ela tem seu próprio temperamento e forma de se comportar. Há algumas décadas achava-se que uma criança nascia como uma “folha em branco”, ou seja, não interagia com o mundo, apenas respondia aos estímulos de forma bem precária. No entanto, hoje, a partir do avanço nas pesquisas sobre o desenvolvimento infantil, pode-se afirmar que a criança interage com o mundo mesmo quando ainda está no ventre materno. As experiências vivenciadas pela criança desde o período gestacional influenciam no seu desenvolvimento, tornando-a diferente de todas as outras. Por isso, a vivência espiritual da mãe e do pai vai influenciar o desenvolvimento da criança logo cedo. Mas e as características do pai e da mãe, onde entram nessa história? É claro que são importantes e a elas damos o nome de hereditariedade. O bebê pode herdar a cor dos olhos do pai, o formato do rosto da mãe ou de algum outro familiar como dos avós bem como alguns traços do comportamento. Mas é preciso constatar que existem algumas coisas herdadas geneticamente e outras que são influenciadas pelo meio. Por isso, destacamos aqui a importância do meio em que a criança vive e os valores que a ela são ensinados e transmitidos. Pais e educadores são de fundamental importância no desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos. Nesse sentido, uma criança que cresce em um lar onde existem valores cristãos preservados, como o respeito, o afeto, carinho, amor, diálogo e uma boa convivência, há grande possibilidade de se tornar um adulto que também adotará essa prática para sua vida. Nossa tarefa é criar ambientes saudáveis e acolhedores para termos o desenvolvimento sadio e apropriado de nossas crianças, principalmente para ensiná-las os passos na fé. A influência, positiva ou negativa, dos familiares e educadores que tiveram contato com as crianças em seus primeiros anos de vida será algo marcante. Como família cristã estamos sendo boa influência? Estamos cumprindo a promessa assumida na ocasião do Batismo de educar na fé? Os mandamentos são como os sinais de trânsito ao longo de uma rodovia. O motorista que se deixa orientar por uma boa sinalização dificilmente provocará um acidente.
A maternidade e a paternidade sob a ótica da fé
“Então, lhes trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele”. Marcos 10.13-15
Os filhos são presentes de Deus. Diante de tão valioso presente cabe-nos o cuidado e a responsabilidade. Quem é pai ou mãe sabe como é difícil educar um filho... A criança não vem com um manual de instruções e nem com um botão de ligar e desligar. Um dos fatores que contribui para que a educação no lar seja mais equilibrada é o diálogo. Conversar muito com os filhos, escutar com atenção, tentar entender seus questionamentos (sem confundir questionamento com imposição/chantagem). O diálogo é fundamental e é essencial exercer a autoridade que foi concedida por Deus aos pais. Precisamos, através das palavras e atitudes, transmitir amor e segurança aos nossos filhos e ter sabedoria para educar, falar, escutar e, se preciso for, determinar o que seria bom para eles. Os pais devem estar sintonizados: um respeitar o outro diante dos filhos. E caso um dos pais errar, chamar o filho e pedir desculpas. Com isso os filhos aprendem que há acertos e erros na vida e que o erro não é o fim, mas um aprendizado. O sentimento do perdão e da desculpa também deve ser ensinado e valorizado. Pedir perdão é um ato de humildade. Perdoar é sinal da presença e do amor de Deus na relação entre pais e filhos. Um dos grandes problemas na educação dos filhos é quando o casal não se respeita e um tira a autoridade do outro na frente dos filhos, às vezes até denegrindo a imagem do cônjuge. As crianças e adolescentes percebem essas situações. Outro fator importante é o respeito. Nos dias de hoje, há inversão de valores, onde a falta de respeito impera, não somente em casa, mas também nas escolas. Antes os pais mandavam demais, e hoje, em muitos lares, os filhos estão mandando nos pais, que perderam o controle da situação. Geralmente os filhos são deixados logo cedo em creches e quando estão em casa, os pais, culpados pela ausência na vida dos filhos, deixam que a “lei da compensação” predomine, não corrigindo e presenteando para fugir de conflitos. Dessa forma, se os limites não são respeitados dentro de casa, tampouco serão observados no convívio social. Enquanto pais e educadores hesitam em transmitir uma orientação clara a partir da Bíblia, as crianças e jovens são “assaltados”, de todos os lados, por uma infinidade de ideias, pensamentos, valores, filosofias que comprometem o desenvolvimento sadio de sua personalidade.
É natural que exista discórdia entre um casal, pois todos passam por isso; formam um casal, mas continuam sendo duas pessoas, com formações diferentes e opiniões que nem sempre são iguais. Mas até a discussão serve para o crescimento dos filhos, se, após as divergências, percebem que os pais ficam “numa boa” utilizando o diálogo.
“Herança do Senhor são os filhos.” Salmo 127 Salmo 139.13-16 Isaías 43.1 Marcos 9.33-37 Mateus 25.40: A expressão “pequenos” (elaschistoi, mikroi e nepioi), às vezes, indica “criança”, outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é pequeno num evangelho é criança no outro. Fato é que criança pertencia à categoria dos excluídos.
Dialogar em família É comum encontrar pais que tem dificuldades em dialogar com os filhos, não entendem a linguagem deles, ou usam meias palavras, ou até gritos, e com isso acabam confundindo a mente dos filhos, que está em formação. Especificamente na relação entre pais e filhos, o diálogo deve ser aberto e tranqüilo para o esclarecimento de dúvidas e pontos de vista. Existem muitos espaços onde através do diálogo a Palavra de Deus pode ser vivenciada e ensinada, onde as relações podem ser fortalecidas através da oração, da leitura da Bíblia, onde cada membro da família pode expressar sua opinião sobre o assunto ali tratado. Assim os filhos vão aprendendo que podem expressar suas opiniões sem medo de serem repreendidos, vão crescer sabendo que os pais os escutam com paciência e equilíbrio. Aliás, os filhos sempre esperam a opinião amorosa dos pais, o que lhes dá segurança. Em Efésios 6.1-4 há preciosas orientações a pais e filhos: “Vós filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e na admoestação do Senhor”. Comunidade: um lugar de convivência A comunidade Cristã desde seus fundamentos sempre foi um espaço onde as pessoas puderam se encontrar e partilhar sua vida. Assim também hoje a igreja oferece este espaço de convivência em vários níveis. Um destes espaços é Culto Infantil. Ali as crianças são convidadas a participar e partilhar sua fé com as demais crianças. Aprendem de forma simples e atrativa os ensinamentos bíblicos. No entanto este espaço privilegiado para as crianças não pode representar para os pais mais uma alternativa para se verem longe dos seus filhos. O Culto Infantil não é uma espécie de creche ou local onde deixo os meus filhos e assim poderei fazer outras atividades. O Culto Infantil complementa a educação de fé no lar e jamais a substituirá. Nesse sentido, os pais não devem apenas levar a criança à igreja, mas participarem também da vida comunitária.
Não adianta dizer para os filhos ir à igreja, se você, que é pai e mãe, não vai. O exemplo impacta muito mais que palavras na educação de uma criança. Há também situações em que os filhos que vão ao Culto Infantil trazem seus pais de volta ao convívio da comunidade cristã. O Culto Infantil quer ser um espaço agregador da família com a comunidade. Dessa forma, com a interação entre comunidade e crianças, crianças e pais, pais e comunidade se constrói um sentimento de pertença. Um sentimento que me faz sentir parte deste todo que é a comunidade. Nesse sentido fica o desafio às comunidades de criarem um espaço exclusivo para as crianças com mesas e cadeiras adequadas, espaço para expor trabalhos e para realizar brincadeiras. Muitas são as comunidades onde ainda as crianças não têm seu “cantinho”. Como podemos reverter esta situação? Num mundo onde as tecnologias são hoje as principais alternativas de entretenimento, as crianças são facilmente conquistadas por jogos online e vídeo games. O espaço para crianças precisa ser atrativo e aconchegante. Temos vários trabalhos desenvolvidos para as crianças. Além do Culto Infantil, cabe destacar o Programa Missão Criança, que procura estabelecer um contato especial com as crianças batizadas e com os seus familiares na caminhada de fé. São promovidas várias atividades que marcam esse “caminhar juntos”, como, por exemplo, os cultos de rememoração do Batismo nos 5 e 10 anos de Batismo. O próprio Jesus Cristo disse: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque deles é o Reino de Deus”. Esse foi o grande abraço de Deus através das mãos de Jesus para com as crianças, nos dizendo assim: Acolham sempre a esses meus pequeninos! Um grande passo estamos dando em relação à Santa Ceia para as crianças, que com alegria vão se integrando e participando. Se o sacramento do Batismo é oferecido os pequenos por que restringir-lhes o sacramento do altar? Acompanhadas pelos pais as crianças podem participar da Ceia e, desde cedo, sentirem-se parte importante do Corpo de Cristo, a Comunidade. Por isso fica o questionamento para nossa reflexão familiar e comunitária: Como nós estamos cumprindo os mandamentos de Cristo e como estamos transmitindo Seus ensinamentos às futuras gerações? Eis uma caminhada contínua: educar na fé cristã. Elaborado por: Pa. Ângela Hardke Bertaluci Mauro Marcelo Wentz
Fascículo 13 “Vi também descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, uma nova Jerusalém” (Apocalipse 21.2)
Amado Senhor, Nós todos ansiamos pela cidade santa, a nova Jerusalém, Na qual não haverá mais lágrimas nem lamentos, Porque o Cordeiro de Deus nela governa; Na qual não haverá mais dores nem morte, porque nela se encontra a morada de Deus; Na qual não haverá mais velhas ordens, porque tu fazes tudo novo; Na qual não haverá mais noite, porque tua glória ilumina a cidade; Na qual as portas não serão cerradas, porque não haverá mais medo e escuridão; Na qual os rios cristalinos da vida correm pela cidade áurea, E na qual a árvore da vida produz frutos o dia inteiro. Nós não sabemos quando a nova Jerusalém será realidade para nós. No entretempo, Senhor, queiras abençoar nossos pequenos e grandes esforços em nossas cidades – de criar miniaturas da nova Jerusalém. Ajuda-nos a lutar contra tudo que impede aceitação da cidade de Deus na terra. Amém. Johnson Gnanabaran. Senhor, renova-me. Reflexões, Ed. Sinodal, p. 82
SER IGREJA NA CIDADE “Promover a paz da cidade requer perguntar constantemente pelo lugar da Igreja (da cruz) na paisagem urbana”. Pastor Dr. Nestor Friedrich (caderno Tema do Ano) Quando pela primeira vez observei o cartaz do Tema do Ano 2014, “Vidas e Vias em Comunhão”, me perguntei: onde está a Igreja? Busquei atentamente em todos os prédios por uma torre, uma cruz, um relógio, por um sinal que pudesse dizer: “ali está a Igreja nesta cidadezinha simpática”. Assim, seria mais fácil encontrar um ponto de partida para iniciar uma reflexão sobre o Tema do Ano de nossa Igreja. Mas, nada encontrei. Então, pensei: em algum destes prédios, num determinado andar estará acontecendo um encontro de famílias... Talvez, algum destes prédios seja o hospital e nele, certamente, haverá pessoas orando... Em alguma sala destes prédios, pessoas voluntárias estarão costurando roupas para ajudar lares, creches e hospitais... Em outra sala estará reunido um grupo ecumênico refletindo, para além das celebrações oficiais, sua contribuição à sociedade... Jovens, unidos em mutirão, estarão caminhando pelas ruas em direção ao rio para conhecê-lo e valorizá-lo... Haverá, numa das avenidas, um cantinho reservado à feira de agricultores ecológicos... E num piscar de olhos senti tanta motivação para sermos uma igreja na cidade! Há tantos lugares para percorrer, pregar e viver o evangelho do reino... Mas, de repente sobreveio uma inquietação: Caso nada disso exista, precisarei voltar a perguntar: Onde estará a Igreja? Parece natural que a Igreja fique restrita a um lugar, a um prédio, aonde as pessoas recorrem para encontrar conforto e paz. Imaginar uma Igreja que caminha, que percorra os cantos de uma sociedade, seguindo os passos do Filho de Deus, na tarefa de ensinar, pregar e curar parece-nos estranho (conforme Mateus 4.23). Ainda que a Palavra não seja novidade, tendemos a confinar a vida da comunidade ao templo. Contudo, faz parte do ser Igreja sair do templo e colocar-se a caminho, seguindo os passos do Filho de Deus. Como afirma o site da IECLB: “Pessoas luteranas identificadas com a IECLB entendem-se como parte da igreja universal e procuram viver com autenticidade a fé cristã. A fé autêntica não pode ser centralizada no templo.’’ (Sobre Identidade, site: www.luteranos.com.br).
A história das cidades Qualquer cidade tem algo de Babel, a cidade na qual as pessoas tentaram alcançar o céu através do sucesso. Qualquer cidade tem algo de Sodoma e Gomorra, as cidades pervertidas que foram extintas. Qualquer cidade tem algo de Babilônia, a cidade que seduzia nações, e que foi extinta. Qualquer cidade tem algo de Nínive, a cidade que ouviu a pregação de Jonas e que se arrependeu. Qualquer cidade tem algo de Jerusalém, a cidade que matou profetas e mensageiros de Deus. Qualquer cidade tem algo de Atenas, a cidade cheia de ídolos. Qualquer cidade tem algo de Tessalônica, a cidade na qual habitavam pessoas que se tornaram modelo para todos os crentes, testemunhando a palavra para uma vasta região. Johnson Gnanabaran. Senhor, renova-me. Reflexões, Ed. Sinodal, p. 82
A IGREJA TEM BOCA Certa vez, caminhando pela calçada com minha filha, conversávamos sobre o trabalho pastoral. Observamos um enorme buraco na rua, sem nenhuma sinalização. Aproveitei a ocasião para explicar a ela que o trabalho da igreja ajuda também no conserto dos buracos, pois através da pregação conscientizamos as pessoas tanto da responsabilidade para com os bens públicos, a exemplo da rua, como para com a vida das pessoas. Ela me disse: Mamãe, como a igreja vai ajudar se ela não tem boca? Como ela vai falar para que consertem esse buraco? Então, perguntei-me pela voz profética da Igreja nos dias atuais. O que temos dito em nossas Igrejas sobre a moderna realidade que nos cerca? A IGREJA NUMA SOCIEDADE URBANIZADA É justamente a ausência do templo no cartaz que nos desafia a perguntar por outras coisas que também não estão nele. O Tema do Ano da IECLB é “ViDas em Comunhão”. Por isso, compreendo que o Tema não se restringe à cidade propriamente dita, mas sobre tudo quer nos interrogar pelo lugar e a tarefa da igreja no contexto de uma “sociedade urbanizada”, que influencia as vidas tanto na cidade como no interior. O lema bíblico dirige um chamado profético ao povo para que procure “a paz na cidade”. E essa cidade foi Babilônia, justamente o lugar do exílio, da aflição, da terra estranha e da experiência de não se ter um templo para recobrar a fé e assim reelaborar a esperança do povo para seguir sua vida. Logo, não é só a cidade que precisa de paz. Certamente, em muitos outros contextos e situações experimentamos exílio, aflição, ausência de Deus e da Igreja. Certamente, nesses contextos precisamos ser uma Igreja que procura a paz. É de nosso conhecimento que a população brasileira está em 84% concentrada na cidade. As pessoas que migram enfrentam muitos problemas, como: um trabalho digno, salário suficiente, casa para morar, investimento para transporte, distanciamento da Igreja, medo da violência e a experiência da solidão. Percebe-se, cada vez mais, que vivemos uma espécie de exílio imposto em nossa própria terra que passou às influências de uma sociedade globalizada e urbanizada. Somos estimulados a desacreditar na importância da vida em comunhão. Podemos “assistir” a uma igreja sem sair de casa, contudo não podemos experimentá-la na comunhão. Podemos ter mil amigos adicionados ao Facebook e nenhum adicionado ao nosso lado.
No contraponto das dificuldades, empresas oferecem à sociedade urbanizada as comunidades virtuais, que pretendem aliviar a dor do isolamento. Sociólogos afirmam, sem desvalorizar a contribuição da internet, que: “as comunidades virtuais tem sido muito atrativas, mas tem diminuído a capacidade do ser humano de estabelecer interações espontâneas com pessoas reais. Elas criam uma ilusão de intimidade e um simulacro de comunidade, mas não podem ser um substituto válido de sentar-se a uma mesa, olhar o rosto das pessoas e ter uma conversa real” (Zygmunt Baumann, Identidade, p. 31). “Ouve, ó meu Deus, e atende a minha Oração. Abre os olhos E vê a nossa desgraça e olha para a tua cidade. Fazemos os nossos pedidos por causa da Tua grande compaixão e não porque sejamos bons e honestos”. Daniel 9.18
Neste novo contexto social pós-moderno, a Igreja permanece sendo lugar de comunhão com pessoas reais, ainda que a mesma usufrua das redes socais para alcançar mais pessoas. O papel da comunidade real é imprescindível para o ser humano. É precioso demais para a vida das pessoas um encontro real, numa mesa real, uma comunhão real. A Santa Ceia é a experiência e a certeza da presença real de Cristo em nossas vidas. É a oportunidade de aprendermos e reaprendermos o sentido da cruz, da dor e da violência. É a oportunidade de apreendermos o valor da ressurreição e elaboramos conjuntamente a partir da fé uma esperança ativa que nos alente nesta realidade. Na comunidade, elas têm nome, não apenas um número, têm um encontro real e não virtual. A Igreja precisa ter lugar enquanto templo, mas também ocupar o seu lugar enquanto tarefa. A Igreja reunida no templo precisa alimentar-se da fé e distribuir entre si a tarefa de cuidar da vida humana e de toda a criação em todos os lugares que pulsa. Há espaços em sua comunidade para refletir sobre a presença da cruz na experiência cotidiana da comunidade e da sociedade? Estará invisível aos nossos olhos o sofrimento de nossa gente? Como foi recebido o posicionamento do Sínodo Noroeste Riograndense no tocante à construção das barragens? A IGREJA TEM O HORIZONTE DO REINO Muitas vezes, vi pessoas admirando templos e dizendo: Como iremos construir algo tão grandioso como fizeram nossos antepassados? Acima de tudo importa considerarmos que a Igreja, mesmo sem templos, sempre esteve presente na vida e no testemunho de pessoas e comunidades que desejaram viver pela fé numa perspectiva do evangelho do Reino pregado por Jesus.
A Igreja sempre esteve na cidade e revelou ser bem mais do que um templo bem construído, mais do que um aglomerado de pessoas. A Igreja foi e é a comunhão das pessoas que acreditam no Reino de Deus pregado por Jesus Cristo. Sua presença no mundo assemelha-se a mulher que colocou pequenas porções de fermento no meio da farinha (Mt 13.33). Igreja é uma pequena porção de fermento ativo aqui e ali na sociedade, mostrando que outra realidade é possível. VIAS EM COMUNHÃO O tema proposto SER IGREJA NA CIDADE instiga um desejo bem humano de obtermos uma receita para o sucesso da Igreja nestes tempos atuais. Outras Igrejas ousariam apresentar receitas gloriosas. Contudo, como evangélicos de confissão luterana, apresentamos Jesus Cristo crucificado, como via, como caminho, a verdade e a vida. Seguindo este mesmo caminho e esta via, está o testemunho de seu povo comprometido com o Reino, narrado nas Escrituras Sagradas. Por isso, nada apresentamos de receitas, apenas o horizonte do Reino como nossa herança e tesouro. Que o Espírito Santo inspire as nossas comunidades à luz da Palavra a fim de que se organizem e respondam estes e outros questionamentos: Aonde estão as cruzes e os sofrimentos do ser humano e da criação? Aonde nós devemos estar enquanto igreja? Aonde devemos e precisamos estar neste cartaz, nesta sociedade? Como a Igreja de Jesus Cristo vai se posicionar diante dos desafios desta sociedade globalizada e urbanizada? Onde, quando e como vamos por o fermento na massa? Numa cidade e em qualquer lugar a visibilidade de um templo ajuda muitas pessoas a encontrar a sua comunidade, mas o testemunho das pessoas ajuda muitos a reencontrar a sua fé. Inspirações Bíblicas... Salmo 127.1-2: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”; Mateus 4.23 “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo”; Mateus 5.14-16 “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Pa. Cláudia S. Pacheco Paróquia Ev. Missões de Santo Ângelo
Fascículo 14
Missão e Diaconia Conversando sobre Diaconia... Na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil IECLB, celebramos o Dia Nacional da Diaconia no terceiro domingo de Páscoa. A Diaconia é um dos mais antigos trabalhos exercidos pelas comunidades cristãs e não é qualquer ação: é a ação que tem como motivação a fé cristã. Através dela são concretizados os ensinamentos de Jesus sobre o amor ao próximo. Mas o que significa Diaconia? Diaconia vem da palavra grega “diakonia”, que significa “serviço”. O termo diaconia foi traduzido para o português como “servir”, “serviço”, “ministério”.
Deus se fez gente e veio conhecer de perto a condição humana (Jo 1.14; Lc 1.68-75, 7.16) Leia Mateus 25.31-46 e reflita sobre as 7 Obras da misericórdia, que foram inspiradas nesse texto: visitar os enfermos, vestir os nus, sepultar os mortos, dar de comer ao faminto, dar de beber ao sedento, visitar os presos, dar pousada ao peregrino. Elas acontecem em sua comunidade? De que forma? Você está envolvido com alguma delas?
O Novo Testamento relata que Jesus percorria cidades e povoados, que ia ao encontro das pessoas, que ensinava, pregava o evangelho e curava toda sorte de doenças (Mt. 9. 35ss). Jesus vê, ouve e se compadece das pessoas. Questionando valores de sua época, Jesus indica novas possibilidades de vida. Toda a vida e seu agir apontam para o Reino de Deus e visam o resgate da dignidade da pessoa humana. A missão de Cristo é a vivência do amor na forma do serviço humilde, amoroso, acolhedor e inclusivo. Cremos que Deus nos serve primeiro: através da sua criação, através do envio de seu Filho; através do sofrimento, morte e ressurreição de Jesus que possibilita-nos vida e salvação e que continua nos servindo através do Espírito Santo. Servimos, pois Deus nos serviu primeiro. É gratidão a Deus. Todo nosso servir e todas as nossas ações são frutos do amor de Deus em nós. Desta forma, Jesus também coloca o desafio para a nossa atualidade. É tarefa da igreja cristã despertar esses dons em cada pessoa, para que estas possam se colocar a serviço do Reino de Deus. Mas também é dever de cada ser humano fazer a sua parte e se colocar à disposição deste servir, de querer uma sociedade mais justa e fraterna. Este servir é um servir desprendido de preconceitos e interesses pessoais. Diaconia é o serviço que socorre as pessoas em suas necessidades concretas, através da ajuda material e também espiritual. A diaconia é todo serviço prestado, em resposta de gratidão e amor a Deus, a toda sua criação.
As mãos de Jesus “Jesus, Tu não tens mãos. Tens somente as nossas para construíres um mundo onde habite a justiça. Jesus, Tu não tens pés. Tens somente os nossos para pores em marcha a liberdade e o amor. Jesus, Tu não tens lábios. Tens somente os nossos para anunciares pelo mundo afora a Boa Nova dos pobres. Jesus, Tu não tens meios. Tens somente a nossa ação para conseguires que todos os homens venham a ser irmãos. Jesus, nós somos Teu Evangelho, o único que o povo pode ler, quando nossas vidas conseguem ser obras e palavras eficazes. Jesus, dá-nos a Tua força moral para desenvolvermos nossos talentos e fazermos bem tudo o que tivermos de fazer”. Autor desconhecido. Orações de um povo a caminho
O serviço pode se caracterizar de várias formas, porém, o sinal visível da ação diaconal é confirmado quando reconhecemos o Evangelho nessa ação. O exemplo maior de diaconia é a vida de Jesus, o diácono por excelência. A diaconia busca a transformação de situações de dor, de sofrimento e de exclusão. Nosso desafio, cada vez mais, é conseguir minimizar todas estas necessidades humanas, que são tantas. Saber se colocar ao lado das pessoas que sofrem e fazer algo por elas. Diaconia é a nossa resposta enquanto pessoas cristãs, que se sentem amadas e acolhidas por Deus. Movidas por esse amor, vão ao encontro do próximo, perguntando-lhe do que ele precisa, assim como Jesus o fez. Amamos porque fomos amados primeiro e queremos tornar isso realidade também entre nós. Isto é diaconia: o amor que se concretiza em gestos, em ação, dedicação ao próximo. Pode parecer um termo novo, até desconhecido para alguns, mas é termo bíblico, muito presente na vida das primeiras comunidades cristãs e na prática de Jesus. E hoje, somos motivados e motivadas a resgatar esta prática diaconal também entre nós, nas nossas comunidades e na sociedade em geral. A diaconia, como serviço de amor ao próximo, de denúncia às situações de injustiça, de busca pela paz e por um mundo mais fraterno e solidário, marca a missão de Jesus. Como criaturas de Deus e como Igreja, somos convocados e convocadas a fazer parte da missão de Deus, dando continuidade a esse serviço acolhedor e cuidador. Importante é destacar que a diaconia acontece no dia a dia de cada pessoa. É como se cada cristão e cristã se perguntasse: “Em meu lugar, o que Jesus faria?” Que Deus com seu infinito amor nos dê capacidade para lutar por um mundo mais justo e fraterno. A Diaconia é esse convite constante de repartir o pão a ação que parte da fé, do ouvir a Palavra de Deus. O que nos motiva na caminhada é justamente o coração que arde e que faz com que não nos sintamos sozinhos e desamparados na caminhada, mas que o Espírito Santo nos capacita e nos faz reconhecer Jesus que caminha conosco e age através de nós. Para edificar, existe a necessidade de se vivenciar o desafio deixado por Cristo. Também é importante avaliar, constantemente, o que é feito e planejar as ações. A uma comunidade cristã pertencem pessoas com dons e capacidades diversas. Ela é comovida e movida, desafiada e capacitada pela fé no Deus vivo. E essa fé leva à vivência concreta do amor!
Missão e Diaconia O COMIN é um órgão da IECLB, criado em 1982 com a finalidade de assessorar e coordenar o trabalho da IECLB com os povos indígenas em todo Brasil. Para atender este objetivo, o COMIN se faz presente junto a alguns povos e comunidades indígenas, criando parcerias e dando apoio nas áreas da educação, saúde, terra, organização e autosustentação. O COMIN tem como princípio e compromisso apoiar as prioridades colocadas pelos povos e comunidades indígenas, respeitando seu jeito de ser e sua cultura, trabalhando com eles e não por eles. Essa atuação é realizada por um grupo de profissionais nas áreas de pedagogia, teologia, pastoral, direito, enfermagem e medicina, assistência social, agronomia e outras, em sete Campos de Trabalho. O mais próxima de nós é a Terra Indígena Guarita, abrangendo 23.406 hectares de terra com cerca de 994 famílias kaigang e 44 famílias guarani distribuídos nos municípios de Tenente Portela, Redentora e Erval Seco. Nesse sentido, O COMIN faz missão e diaconia com e entre as comunidades indígenas. Missão e ação na perspectiva de estabelecer relações de respeito. Respeito e consideração ao saber e fazer do outro/a. Construir atitudes que considerem e valorizem o diálogo intercultural e interreligioso. A acolhida e a aceitação do outro, da outra também é missão. No trabalho cotidiano do COMIN, missão e diaconia se unem. Acolhe duas atitudes importantes de vida: Ir ao encontro e fazer juntos/as.
Nessa parceria, contribuímos para que as comunidades indígenas tenham Vida Plena conforme João 10.10, apoiandoas para que possam sobreviver física e culturalmente e organizar suas vidas de acordo com as garantias dadas pela Constituição Federal. Damos testemunho evangélico, conscientizando e informando a sociedade envolvente, em especial as comunidades da IECLB, sobre os povos indígenas para que se solidarizem com eles. Com as experiências aprendidas e ensinadas com as comunidades indígenas, é possível construir pontes alicerçadas em trocas de saberes, aquisição de novos conhecimentos, reconciliação, convivência, vínculo, respeito, diálogo, partilha, fé e ação. Na pedagogia indígena, missão e diaconia andam juntas. Caminhar, ir ao encontro, encontrar, praticar a ação é fazer e aprender juntos/as. O COMIN entende seu trabalho como participação num processo de reconciliação que leva ao diálogo e à solidariedade com os povos indígenas (2Co 5.17-21)
Para Pensar e Dialogar “O serviço ou a Diaconia não deve ser entendido como alguma outra tarefa, como se além da evangelização e do testemunho houvesse ainda que exercer a diaconia. Não se trata também de evangelizar e também servir. Diaconia não é tarefa, pois nossa única tarefa é evangelizar, proclamar o evangelho por obras e palavras. Diaconia é método, é o caminho obrigatório da Igreja de Jesus em tudo o que faz, pois Jesus é o servo por excelência. Somos enviados/as (missão) a evangelizar (tarefa) mediante o serviço (diaconia).” “Diaconia é a própria identidade da Igreja. A Igreja não apenas exerce diaconia, ela se define e se identifica pela diaconia: a Igreja de Jesus ou é diaconal, ou não é Igreja de Jesus.” 1 – Que ações diaconais existem em sua comunidade? 2 – Em seu contexto, quais são as necessidades que precisam de um olhar e uma ação diaconal? 3 – Que ações podem ser planejadas e executadas para promover vida em abundância para todos e todas? Diácona Cátia Patrícia Berner – Paróquia de Três Passos Noeli Teresinha Falcade – Assessora COMIN / ASA