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livro

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da rua

da rua

Do tamanho de uma edição de bolso Livre me entra Eu tenho o livro e Ele me tem No bolso

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Tu é como livro, por mais que antigo Carrega sempre cheiro de novo Por mais que com páginas já amareladas Sempre parece que acabei de colhê-lo no pomar

chamado livraria e quando leio a primeira linha Há sempre um familiar estranhamento Nunca o deixo, sempre o levo na bolsa, embaixo

braço ou repousando pacientemente no meu colo e quando à noite, ele dorme ao meu lado Sempre na cabeceira, amante jamais esquecido na estante entre outras lombadas do

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Teus braços caídos na cama num ângulo torto na ponta quase conhecendo o abismo, o cânion na quina da mesa os papéis que não caíram das palavras

que recitei enquanto tu dormia nas voltas que dei nos trópicos do teu corpo,

o ventre quente as cochas ainda mornas a cabeça sonolenta no polo norte e os pés pra fora no polo sul o jeito como tu revira os olhos de prazer enquanto lê

algo que te inebria, como se as páginas exalassem um aroma profundo os lençóis num círculo de panos revoltos como bandeira

hasteada pra cada novo território que declaro ter inaugurado, por mais que não

seja verdade pouco a pouco, vou

fabricando expressões, vocábulos, manias dicionários pra tuas

não vai demorar muito vou ter material pra uma

enciclopédia completa sobre um único assunto mil álbuns de fotografias que ninguém nem nada além

das minhas retinas jamais terá acesso mas ainda não sei se sei todo teu alfabeto não sei isso de. se uso maiúsculas ou minúsculas pra te chamar

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Se houvesse um campo gravitacional no mundo dos poemas como ele ficaria palavras caindo mais ao sul da página ou ao norte dependendo de como tu segura o livro (supondo que tenha sido publicado) Se houvesse tal campo sempre puxando pra baixo sempre um lábio inferior entreaberto ardendo ainda da tua mordida Se houvesse Tu se abaixaria pra catar essas palavras e dar-lhes uma espécie de lar

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terra

meu corpo é o melhor habitat pra esse hábito de você

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Dos quatro cantos da Terra Aquele canto Entre o teu olho E o teu cabelo É meu canto Predileto de ficar

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novomundo

tu veio nas matas virgens das minhas pálpebras fincou tua bandeira nessa terra fértil e desde então tem florido no meu olhar

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latifúndio

quando tu entra na minha carne deixa os chinelos ao lado da porta e toma pouco a pouco como se fosse um sem terra como se me desmembrasse em capitanias na colonização do país meu corpo com muita história pra contar mas não lembro quando tua mão passou a ser meu brinquedo favorito prenha de descobrimentos cheia de espólios de tantas guerras e abismos a beira de outro

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Guardar teu olhar quando está acordado teus abraços tuas palavras teu sexo será isso ter tesouros no céu em vez de na Terra?

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