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extura, cor, traço e corpo: um mundo se delineia na pele. A pele como fronteira mas também passagem para aquilo que não se resume a um eu, a uma distância entre o corpo e o mundo. A pele se faz zona de contato e de vulnerabilidade. Por isso, nas margens da pele se delineia toda uma experiência da ética e da socialidade. O corpo se faz gesto, abre-se em suas múltiplas porosidades e superfícies, orifícios distendem-se em afecções mundo. O corpo se abre em sensação, palpa-se no visível: erótica/eros-óptica.
Nesta exposição, três jovens artistas fazem do corpo um espaço-mundo e trabalham nas suas margens, zonas e contatos: Érica Nogueira, Helder de Pádua e Victor Gifoni. Com isso, saem do lugar comum das imagens do corpo e de suas fixações, jogam com a pele que se estende e distende do cenário de intimidade ao cenário po-ético da diferença e da diversidade através do desenho e da fotografia. Em toda superfície jaz uma certa nudez, com a crueza de um afeto em carne, de um olhar que na sua superfície se transborda em desejo de estar com/dentro/fora/aberto a... Falemos de
uma pele que se curva e se faz textura, do pêlo-rizoma que brota na sua superfície e a transforma, como se o corpo escapasse em pêlo. Corpo-bicho, corpo-mulher: metamorfose do olhar quando a agência feminina guia o traço de seu mundo íntimo e afetivo. Metamorfose da pele, em que o animal e o inumano entram como aliados para desfazer a ancoragem do comum e levar essa pele a outras margens. Traços do desejo se abrem em orifícios e superfícies, adensam-se em dobras da carne, do peso, mas também da leveza e da densidade erótica do desejo - aqui o papel é a zona erógena do traço que risca sua
superfície e nele o corpo abre-se. Esta é uma pequena exposição, no contexto de formação e difusão cultural do Porto Iracema das Artes, para todas as cores e formas, porém de alguns desejos. Desejos de olhar o corpo com poética e sem fobias, de ter na arte ainda esse lugar de deriva do sensível partilhado. Kaciano Gadelha Curador
Érica Nogueira
Victor Gifoni
Helder de Pรกdua
Érica Nogueira Mulher e Feminista. Estudante de Artes Visuais no IFCE e Arte-Educadora. Iniciou seu percurso nas Artes Visuais através da ilustração e ampliou, com os estudos acadêmicos e projetos contemplados, seu campo de atuação para outras linguagens e suportes como fotografia, estêncil, lambe-lambe e poéticas digitais. Foi também educadora do Museu de Arte Contemporânea do Ceará entre 2015 e 2017. Neste trabalho, em sua primeira exposição, busca representar mulheres mixadas com animais como alter egos, contrapondo-se às deformidades trazidas pela sexualização da imagem feminina quando representadas por homens.
Victor Gifoni Nasceu em Fortaleza, Ceará, é estudante de Audiovisual e Novas Mídias na Universidade de Fortaleza. Tem muito interesse pelo estudo e conhecimento da história da arte contemporânea, principalmente nos segmentos de fotografia, filmes e documentários. Começou com trabalhos autorais fotografando com a câmera de celular por uma questão de identificação maior e praticidade, alcançando técnicas de uso profissional através da simplicidade do aparelho.
Helder de Pádua Desenhista. Enfermeiro pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Mestre e Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Estudante de Design de Moda pela UNIFOR. Diretor do Ateliê Persona, especializado em criação de moda conceitual e figurino.
Curadoria Kaciano Gadelha Expografia Anna Luisa Costa Artistas Érica Nogueira Helder de Pádua Victor Gifoni Montagem Equipe de Produção do Porto Iracema
Porto Iracema das Artes Diretora Elisabete Jaguaribe Coordenador de Formação Edilberto Mendes Coordenadora dos Cursos de Artes Visuais Carolina Vieira Assistente de Coord. de Artes Visuais Natália Bezerra Gerente de Produção Talita Jeane