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GIAMBRONE

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BERTA MONTALVÃO

“SEMPRE TIVE A SORTE DE PARTICIPAR EM PROJETOS MUITO INTERESSANTES”

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Atualmente Vice-Presidente da Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CE-CPLP e com cerca de 17 anos de experiência, Berta Montalvão é uma profissional com uma vasta carreira internacional desenvolvida entre Angola, Timor-Leste e Portugal.

Licenciada em Gestão dos Recursos Humanos pelo Instituto Universitário de Lisboa (antigo ISCTE), Berta Montalvão é parte integrante da segunda turma especializada em Gestão de Recursos Humanos de uma Universidade Pública em Portugal. Sempre ligada à gestão de pessoas, com apenas 24 anos, recebeu o convite para abraçar um projeto internacional em África. Berta Montalvão aceitou e, em apenas duas semanas, já estava a aterrar em Luanda. Inicialmente, o projeto em que iria participar era de apenas dois meses e a sua passagem por Luanda seria temporária. O tempo foi passando, foram surgindo novos desafios e acabou por permanecer 13 anos, tendo a oportunidade de passar por algumas empresas, de entre as quais se destaca a PwC. “Sempre tive a sorte de participar em projetos muito interessantes e que me permitiram crescer pessoal e profissionalmente”, explica a profissional. A PwC foi uma grande escola para a Berta e, nesta empresa, teve a possibilidade de contactar com vários países africanos e de colaborar com os escritórios de Portugal, Brasil, Moçambique, África do Sul e a Austrália. Outra das experiências que destaca da sua experiência em Angola, é a participação num projeto de raiz no setor do retalho, em 2015. Foi a colaboradora número três da rede de supermercados Candado, assumindo a função de Executive Board Member, tendo sob sua responsabilidade a Direção de Recursos Humanos. Ao fim de três anos, a empresa já contava com três espaços comerciais, 12 lojas-âncora e 1.500 trabalhadores. Em 2018, com a equipa e os processos de recursos humanos consolidados, decidiu mudar o seu rumo e partiu para Timor-Leste para montar a sua própria empresa, dedicada à consultoria na área da gestão e comunicação corporativa. Toda esta aventura foi realizada praticamente sozinha e a partir do zero, num mercado em que nunca trabalhou. No entanto, sendo filha de timorenses, a sua adaptação ao país foi relativamente fácil. A ideia de montar o seu próprio negócio surgiu durante um almoço com um amigo, mas essencialmente da sua vontade e desejo de ajudar Timor-Leste, com a sua experiência e know-how de vários anos. A Berta considera-se uma pessoa privilegiada pelo facto de ter tido a oportunidade de estudar numa das melhores universidades de Portugal, ao contrário de muitos timorenses, para além de ter trabalhado com várias multinacionais ao longo da sua carreira. “A FORSAE tinha de existir. Mais cedo ou mais tarde, sabia que ia dar este passo. Devia isso a Timor-Leste e aos meus pais”. Recentemente, Berta Montalvão foi convidada para se tornar Vice-Presidente da Direção da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), representando Timor-Leste, onde o seu papel é aproximar e promover o intercâmbio entre o país e os restantes Estados Membros.

A entrada para a CE-CPLP começou com a sua participação numa conferência sobre a liderança das mulheres, em 2019, onde posteriormente foi convidada para ser Vice-Presidente da Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras (FME CE- CPLP). Apesar da responsabilidade que é representar Timor-Leste numa instituição que está presente em 9 nações, Berta Montalvão afirmou que a sua relação com países que apresentam contextos e realidades tão distintas acaba por ser um desafio, mas, ao mesmo tempo, é um prazer lidar com países e culturas que conhece tão bem, quer seja pelas suas experiências profissionais, quer seja pelas relações pessoais. Berta Montalvão tem ascendência portuguesa e timorense, e viveu em Angola cerca de um terço da sua vida, para além de ter vivido em Portugal, Austrália e Timor-Leste. O seu avô materno era moçambicano e, atualmente, um dos seus irmãos reside em Maputo, país que visita com regularidade. Desde 2005 que trabalha com mercados emergentes, em África e na Ásia.

A vida pessoal

Berta Montalvão acredita que, desde que tomou a decisão de partir para Angola, a sua vida pessoal ficou em segundo plano. Naquela altura, o foco era o trabalho e a carreira. Foi uma decisão pensada e ponderada. Durante bastante tempo, Berta aceitou e viveu bem com esta decisão, contudo, durante um episódio em que esteve doente em Luanda, mudou esta perspetiva. “Lembro-me de estar internada e uma cliente ter-me ligado por causa de um projeto. Disse-lhe que estava internada e que ligaria assim que possível. Mesmo assim, insistiu no motivo da sua chamada. Digamos que este foi o momento em que comecei a pensar que tinha de mudar as minhas prioridades”, afirmou. Desde esse momento, passou a dedicar mais do seu tempo à vida pessoal e o trabalho começou a não ficar à frente dos assuntos pessoais. O trabalho fora de horas e aos fins de semana apenas existe se for realmente necessário para cumprir com os prazos acordados com os seus clientes e parceiros. “Adoro trabalhar e sou muito dedicada ao trabalho, mas há coisas na nossa vida que só vivemos uma vez. Por esse motivo, hoje prezo bastante por uma boa gestão da minha vida pessoal e profissional, estando mais disponível para a família e os amigos. A profissional acredita que com um melhor equilíbrio entre as duas áreas consegue ter “uma vida muito mais descontraída do que aquela que eu tinha até então, pois sou mais feliz”, remata.

A mulher líder

Gere equipas desde 2011, quando foi promovida a Manager na PwC. Desde então, foi sempre gerindo equipas maiores e mais complexas. O seu maior desafio enquanto líder foi quando assumiu a Direção de Recursos Humanos da rede de lojas da Candado. Em simultâneo, fazia parte do Conselho de Administração da empresa, com representação em Angola e Portugal. Berta Montalvão, foi convidada para a maior conferência sobre o empowerment no feminino, em 2018, em Díli, para demonstrar o seu exemplo e de que é possível ser timorense, mulher e líder.

Esse foi o grande objetivo da sua participação no evento: demonstrar às mulheres e às jovens timorenses de que existem oportunidades, uma esperança, a tal “luz ao fundo do túnel”. Em Timor-Leste a cultura é ainda muito fechada e são poucas as mulheres que têm uma posição de destaque nas organizações. “Quando fui para Timor, a convite da União Europeia para participar nesta conferência, foi um pouco para demonstrar às timorenses que tudo é possível e que as mulheres têm igualmente uma oportunidade para desenvolverem uma carreira e assumirem cargos de liderança.

Contudo, há todo um caminho a percorrer, mas é preciso acreditar que é possível e que nada se consegue sem esforço e dedicação, reforça a profissional. Para ilustrar este exemplo na conferência, Berta Montalvão recorreu ao caso inspirador de Nelson Mandela, o líder carismático que admira e cujos alguns dos seus ensinamentos a acompanham já há vários anos. “Poderia passar horas a falar de Nelson Mandela, mas deixo uma das frases dele que mais gosto, que é bastante simples, mas que resume muito: It always seems impossible until it’s done”. Pensa sempre nesta expressão quando a vida lhe coloca desafios. Como tantas outras empresas, também a FORSAE passou por períodos mais complicados por causa da pandemia. Realça que é necessário acreditar nas próprias capacidades e que cada desafio é uma nova aprendizagem. “É preciso acreditar que somos capazes de passar por mais esta prova que a vida nos está a obrigar a atravessar (a pandemia). Se tivermos esse pensamento positivo, confiança e resiliência, acho que, no final do dia, vamos ser capazes de ultrapassar, com sucesso, estas dificuldades que nos surgiram”, afirma. Quando questionada sobre alguma vez ter sido discriminada profissionalmente por ser mulher, Berta Montalvão negou. “Nunca senti qualquer tipo de discriminação no trabalho pelo facto de ser mulher.

O ambiente em que trabalho é ainda marcado por uma forte presença dos homens”, quer seja no setor petrolífero, quer seja na banca, áreas em que mais trabalhou em Angola e, mais recentemente, em Timor-Leste. Berta Montalvão considera que todas as pessoas que contactou em contexto organizacional, tais como CEO’s, Diretores de Recursos Humanos ou pessoas ligadas às entidades governamentais e ONG’s, sempre a respeitaram como profissional pela sua dedicação e entrega assim como sempre a trataram com seriedade e profissionalismo. Internamente, nunca sentiu estar a ser prejudicada em termos salariais por ser mulher. Já liderou homens e nunca sentiu qualquer tipo de resistência. “Felizmente não sei o que é ser discriminada por causa do meu género”, concluiu.

INÊS SOTTOMAYOR

Inês Sottomayor, arquiteta de formação, trocou o seu atelier e, pelos filhos, procurou aprender diferentes formas de abordar as situações. Pesquisou, formou-se e tornou-se a primeira mulher, em Portugal, a dedicar-se ao coaching infantojuvenil.

INÊS SOTTOMAYOR: A ARQUITETA DE SONHOS

Inês Sottomayor, formada em arquitetura, tinha o seu atelier e uma loja na LX Factory. Contudo, quando uma das suas filhas nasceu, a arquiteta sentiu necessidade de procurar ajuda para lidar com os desafios e situações que surgiram.

Começou por pesquisar uma forma de restruturar a sua vida profissional, dar um novo rumo e voltar a motivar-se. Aprender a lidar com a família, a vida pessoal e o seu emprego. Encontrou o coaching e nasceu outra paixão. “Foi de tal forma transformador para mim que decidi fazer a certificação internacional em coaching”, explica Inês Sottomayor.

A experiência na área de coaching foi tão regeneradora que fez com que a arquiteta procurasse uma formação específica para crianças e adolescentes, que acabou por encontrar no Brasil e que, facilmente, a fez apaixonar-se. Estas formações são específicas para as crianças e para os jovens e tem em conta o neurodesenvolvimento, a parte cognitiva e os limites das crianças e adolescentes.

Tornou-se, assim, a primeira pessoa e a primeira mulher a dedicar-se ao coaching infantojuvenil em Portugal.

Coaching infantojuvenil

O coaching, segundo Inês Sottomayor, é um processo prático, de muita ação, que depende da dedicação e do empenho da criança. Todas as ferramentas utilizadas durante as sessões são adequadas à idade da criança ou adolescente e tem sucesso, acima de tudo, em situações comportamentais. Neste sentido, este trabalho permite que os jovens identifiquem as suas habilidades e características, aprendam como as vão usar e a valorizar o que os caracteriza. Perante uma situação, leva a criança ou adolescente a perceber que se agir de uma maneira diferente, esta ação traduzir-se-á, também ela, num efeito diferente nos outros.

O coaching permite que eles desenvolvam confiança e auto estima, através da autorresponsabilidade e mostrando que essa responsabilidade não é um peso.

Inês Sottomayor alerta que é necessário verificar que não existe nenhuma perturbação, problema de desenvolvimento ou trauma no jovem. Se disso se tratar, a criança deve ser encaminhada para um terapeuta e o trabalho com o coach pode ser complementar.

“Eu vejo o coaching como uma estrutura, que vai sedimentar, solidificar e criar as fundações de uma família e mostrar-lhes quais são os valores e como é que estes podem ser transmitidos”, remata a arquiteta de sonhos.

O coaching deve ser realizado, de preferência, presencialmente. Eventualmente, podem decorrer sessões à distância, mas apenas para pais ou adolescentes.

Os serviços de Inês Sottomayor podem ser encontrados no seu website e redes sociais. Os contactos disponibilizados são os da própria. “Basta ligar e fala diretamente comigo”, explica.

Eu vejo o coaching como uma estrutura, que vai sedimentar, solidificar e criar as fundações de uma família

Inês Sottomayor acredita que para uma mulher ser bem-sucedida não necessita de abdicar de ser mãe, amiga ou de ser mulher e cuidar dela própria. O esforço e o equilíbrio são essenciais, nem sempre sendo fácil, é possível ter tudo. Por fim, a arquiteta afirma que o maior investimento que cada um pode fazer é nos filhos e na família. Nesse sentido, “aproveitem, dediquem-se, encontrem esse equilíbrio e olhem para os vossos filhos a acreditar que eles conseguem”.

Agora, a arquiteta de sonhos está a promover a formação. De 11 a 14 de novembro, a formação em Kids Coaching, lecionada por Inês Sottomayor, vai ter lugar, presencialmente, na cidade do Porto, sendo que já este ano se realizaram duas em Lisboa.

No início deste ano, Inês Sottomayor decidiu expandir a área de coaching infantojuvenil em Portugal com a criação da Associação Portuguesa de Coaching Infantojuvenil - APCIJ. Com este projeto, a arquiteta pretende regulamentar a profissão de coach e criar um programa uniforme, em que qualquer um dos associados pode ir às escolas promover a formação. Assim, aspira criar uma comunidade de apoio e trabalhar com outras instituições de solidariedade.

A arquitetura

Inês Sottomayor revela que a arquitetura desempenhou um papel fundamental na sua vida. Permitiu desenvolver um pensamento mais estratégico, deu-lhe capacidade para criar, imaginar e fê-la acreditar que é possível construir algo a partir do zero.

Desta forma, apelida-se “arquiteta de sonhos”, porque ajuda a família a alcançar os objetivos que antes apenas estavam imaginados. “No fundo, a arquitetura também é isso está só lá para colocar no papel as coisas que as pessoas imaginavam”, acrescenta Inês Sottomayor.

Embora a arquitetura tenha aberto muitas portas na sua vida, como a possibilidade de conhecer o seu marido, Inês abandonou completamente a área e há cerca de quatro anos que apenas se dedica ao coaching infantojuvenil.

A mulher líder

Inês Sottomayor admite que a mudança de carreira e o recomeçar foram experiências assustadoras, mas que o que mais teve impacto na sua vida foi a utilização das redes sociais, uma vez que antes nunca se tinha exposto numa plataforma online. Contudo, aceita os desafios como uma coisa boa. “Quando sentimos que é algo que faz parte da nossa essência uma pessoa nem olha para trás, parece que tudo está alinhado”, remata.

A arquiteta considera que, em termos institucionais, ainda é difícil esta visão de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, principalmente neste lado mais feminino e da parentalidade, por isso existem resistências no mundo empresarial, nomeadamente na apresentação em empresas de projetos relacionados a este âmbito. Também, em algumas famílias, a profissional teve dificuldade devido ao ceticismo por parte da figura paternal masculina. “A mulher do mundo corporativo é quase vista como um homem, no sentido em que tem de ter outra apresentação, outra postura, muito mais fria, muito mais rígida e eu não sou nada disso”, explica a arquiteta de sonhos. " Inês Sottomayor acredita

que para uma mulher ser bem-sucedida não necessita de abdicar de ser mãe, amiga ou de ser mulher e cuidar dela própria. O esforço e o equilíbrio são essenciais, nem sempre sendo fácil, é

possível ter tudo"

919 757 060 sonhos@inessottomayor.pt

www.inessottomayor.pt

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