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CEFOSAP

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ADRIMINHO

ADRIMINHO

COMPENSA TER FORMAÇÃO, “COMPENSA TER FORMAÇÃO, COMPENSA SER QUALIFICADO” COMPENSA SER QUALIFICADO

Inovar a formação sindical e qualificar a população ativa, através de parcerias e projetos, contribuindo para o desenvolvimento económico, social e humano é a principal missão do CEFOSAP – Centro de Formação Sindical e Aperfeiçoamento Profissional. Para melhor conhecermos esta entidade e o trabalho meritório que desenvolve em prol da formação sindical e da qualificação da população ativa, estivemos à conversa com Jorge Mesquita, diretor, que em entrevista nos relembrou que “servir” será sempre o principal propósito do centro.

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O CEFOSAP assume como principal missão inovar a formação sindical e qualificar a população ativa, através de parcerias e projetos, contribuindo para o desenvolvimento económico, social e humano. Comecemos a nossa conversa por conhecer um pouco melhor o CEFOSAP e o trabalho que desenvolve em prol da formação sindical e qualificação da população ativa.

Enquanto houver trabalhadores, empregados ou desempregados, enquanto houver trabalhadores que precisem de se valorizar, de se qualificar e de ter melhores competências, nós temos uma razão para existir. O CEFOSAP existe para eles e por eles. Ao ser um Centro de Formação da União Geral de Trabalhadores (UGT), naturalmente, a nossa preocupação é trabalhar em primazia com todos os associados, ou potenciais associados, dos sindicatos filiados na UGT e com as Uniões distritais. Este é o nosso público-alvo, (sem ser exclusivo) é ele que merece toda a nossa atenção, todo o nosso empenho e todo o nosso apoio, para a criação de soluções que possam ser as melhores para todos. O CEFOSAP tem uma abrangência nacional. Isto só é possível porque há, de facto, um enorme esforço no terreno por parte dos nossos parceiros sindicais, quer os sindicatos, quer as Uniões Gerais de Trabalhadores distritais. Posso afirmar, com toda a certeza, que poucas pessoas conhecem o nome de todas as localidades onde o CEFOSAP faz formação. Mas nós fazemo-la porque são as estruturas sindicais, aquelas de âmbito nacional e melhor estruturadas, que estão no terreno com as suas equipas a perscrutar as necessidades dos seus associados e a verificar em que medida eles podem e sentem necessidade de ter mais e melhores competências, ou outro tipo de apetências para um melhor desempenho, para um processo de reorientação e/ ou reorganização da sua vida profissional. Como o CEFOSAP está diretamente ligado a esse processo, pela sua forte relação com os parceiros, naturalmente, está, também, sensível e sabe das necessidades que cada localidade evidencia, atuando, assim, em sintonia com o seu projeto e com o seu processo de formação. O CEFOSAP tem uma outra componente muito importante, que vale a pena referir, que é a sua componente relacional. O CEFOSAP assume uma importante dimensão internacional. A UGT é uma central sindical portuguesa, mas é uma central sindical que foi fundadora da Comunidade Sindical dos Países de Língua Portuguesa (CSPLP), com quem temos projetos há vários anos. Temos vindo a desenvolver projetos de relação direta, da UGT com as centrais sindicais desses países, mas também projetos que resultam de parcerias com o Estado e para as quais a UGT e o CEFOSAP são convidados. Neste momento estão a decorrer dois projetos emblemáticos e que vale a pena conhecer – designadamente com Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Atualmente, são atribuições do CEFOSAP a promoção de atividades de formação profissional para a valorização dos recursos humanos, numa perspetiva transversal da atividade económica. Presentemente, qual a oferta formativa do CEFOSAP e a quem se destina?

Há muitos anos, a nossa oferta formativa estava, tecnicamente, confinada a determinadas áreas. O CEFOSAP era conhecido por abranger determinadas áreas de atividade, onde era reconhecido como um importante player. A relação que o CEFOSAP tem com os seus parceiros, fez-nos sentir que havia a necessidade de “quebrar” essas barreiras e de sair desse ciclo de cinco/seis referenciais a que estávamos confinados. Isto porque, é evidente que, os sindicatos afetos à UGT representam áreas de atividade transversais à parte económica, social e política da sociedade portuguesa. Perante este vasto conjunto de áreas, tornou-se necessário fazer um trabalho de casa, junto dos organismos, para podermos aumentar a oferta formativa, com a mesma consistência e componente técnica, que nos permitisse manter o registo de qualidade que nos era imputado. Este foi, naturalmente, um trabalho conjunto, que envolveu o CEFOSAP, mas que contou também com o importante apoio e parceria dos sindicatos ou da UGT nas áreas afins. Houve, assim, um enriquecimento do “portefólio” do CEFOSAP, fruto das necessidades que os trabalhadores iam evidenciando junto dos seus sindicatos. Presentemente, a oferta formativa do CEFOSAP destina-se a dirigentes ou quadros sindicais da UGT e sindicatos nela filiados, a trabalhadores associados dos sindicatos filiados na UGT e a empresários das entidades onde trabalhem sócios destes, a trabalhadores, ainda que não membros de sindicatos e ainda a candidatos ao exercício de uma profissão, prioritariamente desempregados, desempregados de longa duração e candidatos ao primeiro emprego.

Através do Centro Qualifica, o CEFOSAP pretende atuar de modo integrado e coordenado no território continental português, constituindo-se como uma interface com as demais respostas disponíveis no Sistema Nacional de Qualificações e assegurando a prestação de serviços de qualidade, no domínio da orientação e da informação sobre ofertas escolares, profissionais ou de dupla certificação. Quais os principais objetivos do Centro Qualifica do CEFOSAP e de que forma se afigura um importante veículo para o reforço das qualificações?

Relatórios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e de outras entidades externas, sistematicamente, fazem alusão ao défice de qualificação que existe na sociedade portuguesa. Apesar do enorme esforço, ao longo dos anos, de inversão desta situação, através da tomada de medidas no âmbito da qualificação, todos os anos novos relatórios alertam para a falta de qualificação da população ativa. A verdade é que, se por um lado temos uma população ativa jovem muito qualificada, por outro lado ainda temos uma população ativa menos jovem, também produtiva, mas pouco qualificada. Assim, o Centro Qualifica permite, entre muitas outras coisas, fazer o diagnóstico daquilo que a pessoa fez durante a vida ativa e atribuir-lhe a devida valorização e certificação das suas competências. É muito importante que as pessoas tenham a possibilidade de ver reconhecido, de uma forma formal, aquilo que de melhor sabem fazer. Este devido reconhecimento das competências permitirá não só aos trabalhadores ver recompensado o efetivo trabalho qualificado, dentro da organização em que laboram, como poderá também permitir um redirecionamento e/ou reorganização da sua vida profissional. Este conjunto de instrumentos podem ser, e são muitas vezes, importantíssimas alavancas para mudar o rumo profissional, com mais segurança. Continua a valer a pena as pessoas concluírem a formação e terem uma certificação das suas competências. Compensa estudar, compensa ter formação, compensa ser qualificado.

A aposta na formação profissional nunca foi tão importante. Hoje, a formação profissional é vista não só como um meio de aquisição de novas competências e de valorização do currículo, mas também como uma nova oportunidade de qualificação. A par disso, a requalificação profissional, mais do que uma opção pessoal, é cada vez mais uma necessidade exigida pelo mercado de trabalho. A pandemia veio impulsionar, quer a qualificação, quer a requalificação dos profissionais?

Durante o período de pandemia, as pessoas deram mais importância à formação. Elas tiveram tempo para pensar e muitas apostaram na formação porque tinham outra disponibilidade, ou porque assumiram outra capacidade que lhes possibilitou dispensarem uma parte do seu dia para investir em si. Neste contexto, vale ressalvar e valorizar o espírito notável de muitas pessoas empregadas que, voluntariamente, fazem formações em regime pós-laboral. Estamos a falar de pessoas que, no final de um dia de trabalho, têm ainda três ou quatro horas de formação. Este é um esforço meritório e que deve ser reconhecido e premiado. A par desta tendência e desta aposta na qualificação profissional, verificamos também uma grande aposta em formações com vista à requalificação profissional. Há 15 ou 20 anos era comum ouvirmos dizer que já não havia empregos para a vida.

Jorge Almeida - Diretor

É objetivo primordial da UGT desenvolver mecanismos legais que forcem os criadores de emprego a criar condições de trabalho dignas para os trabalhadores

Jorge Almeida

Hoje, não há mesmo empregos para a vida. Perante esta realidade tornou-se fundamental, em muitos casos, repensar a vida profissional através de um redirecionamento ou reorganização profissional. Mas mais preocupante do que a falta de empregos para a vida é a efetiva falta de empregos. Perante isto, o pressuposto e o padrão de atuação da UGT é para que haja emprego, para que haja condições para se criarem empregos e empregos com dignidade, com condições de trabalho, com remunerações adequadas, com projetos de crescimento e de valorização das pessoas ao longo do tempo. É por isto que, diariamente, lutam no terreno a UGT, os sindicatos afetos e as uniões distritais. É objetivo primordial da UGT desenvolver mecanismos legais que forcem os criadores de emprego a criar condições de trabalho dignas para os trabalhadores, tal como a central sindical defende. Importante o papel desenvolvido em sede de concertação social.

A formação profissional e a formação a distância são, à partida, pouco amigáveis entre si dada a forte componente prática que a primeira integra. No entanto, a pandemia da Covid-19 veio mostrar que a formação à distância se apresenta, cada vez mais, como uma resposta válida em todos os âmbitos do ensino. Qual é a nova dinâmica do CEFOSAP, em relação à formação online e qual a recetividade de formandos e formadores a este modelo formativo?

No primeiro período de pandemia, que nos apanhou a todos de surpresa, o CEFOSAP conseguiu num curto período de tempo fazer remotamente praticamente tudo aquilo que fazia nas suas instalações. O CEFOSAP não parou. Teve sim de parar, por imposição legal, a formação presencial. Impedida a realização de formação presencial, enfatizou-se a formação à distância. Logicamente, até à data, no que diz respeito ao CEFOSAP, a formação à distância era ínfima, ou até nula porque o nosso padrão de formação, pelo fator de proximidade que os sindicatos e as UGT têm com seu o público e com a população-alvo, era presencial. Nesta primeira fase, conseguimos estar online nas zonas urbanas, uma apetência que continua a crescer. No entanto, sentimos uma reação expectável das zonas do interior, por várias razões. Desde logo, o efeito de socialização. As pessoas gostam de estar numa turma, de conviver, de socializar. Por outro lado, não podemos esquecer as dificuldades que muitos dos nossos formandos têm, por exemplo, em aceder a um computador. O online chegou, sem dúvida nenhuma, no entanto, os formandos do CEFOSAP continuam a dar preferência à formação presencial, quer pela característica do nosso público-alvo, quer pela sua situação geográfica.

Orientado por valores como a inovação, rigor, profissionalismo, igualdade de oportunidades, ética e responsabilidade social, o CEFOSAP assume-se como uma entidade de referência nos seus domínios de atuação e na diversificação da oferta formativa. O que podemos esperar do CEFOSAP para o futuro e que objetivos o centro pretende alcançar a médio/longo prazo?

O CEFOSAP tem 25 anos e uma longa história. O CEFOSAP quer continuar a fazer aquilo que tem feito, de um modo consistente e em crescimento e continuar a fazer aquilo para que foi criado: “servir”. Servir os princípios e os propósitos dos sindicatos e das uniões no âmbito da defesa dos trabalhadores na componente da formação e da qualificação.

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