MARÇO • Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
11.070 EXEMPLARES
www.issuu.com/postaldoalgarve
Universo FNAC: Viver a Cultura MAR | 2012 • Nº 43 • Mensal • O Cultura.Sul faz parte integrante da edição do POSTAL do ALGARVE e não pode ser vendido separadamente
p. 4 e 5
Quotidianos Poéticos com Sophia M. B. Andresen p. 9
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Cultura.Sul 09.03. 2012
Um espaço que dá relevo a uma fonte de actividade literária que fervilha, muitas vezes, à margem dos circuitos convencionais.
blogosfera
Jady Batista
O mundo do faz de conta
Henrique Dias Freire Editor do CULTURA.SUL
O Mundo FNAC Nasceu em 1954 e em pouco mais de 50 anos, a FNAC tornou-se numa das maiores empresas europeias com uma relevância inigualável na área da Cultura. No passado dia 28 de Fevereiro, a FNAC fez 14 anos sobre a abertura da sua primeira loja em Portugal, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Foi o início de um ponto de viragem na oferta cultural e também tecnológica imediatamente reconhecida pelos consumidores portugueses. Nesta edição do Cultura.Sul, o jornalista Ricardo Claro revela-lhe o que está por detrás do sucesso da FNAC: um comércio de defesa do consumidor fundamentado na liberdade e na responsabilidade dos vendedores que prescrevem com imparcialidade. Este foi o património genético que a FNAC soube manter até aos dias de hoje. Soube reivindicar ser a marca de referência que “disponibiliza, num só espaço, uma vasta seleção de literatura, música, cinema, gaming e de todas as tecnologias que se relacionam com estas áreas”. A marca FNAC representa a excelência de um lugar de descoberta, de aconselhamento, de encontro e de cultura, que se dirige cada vez mais para o grande público e não apenas à elite. No Algarve, são poucos os algarvios que ainda não passaram pela sua loja no AlgarveShopping, na Guia, concelho de Albufeira, desde a sua inauguração em 2005, a 23 de Junho. A boa nova para o sotavento algarvio é que tudo indica que uma segunda mega loja deverá abrir em Faro já no próximo ano. Os algarvios merecem e a Cultura agradece.
Ficha Técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire
Com algum tempo de “estudo” sobre o tema que vai estando na moda descobri que grande parte da população vive no mundo do “faz de conta”, o que queremos mostrar à sociedade mas, em paralelo ao nosso, construímos um de fantasia, em pequenas doses de momentos de vivências de loucura. E com mais ou menos acanhamento começa o desenrolar de um conhecimento... homens e mulheres, jovens e adolescentes... conscientes ou inconscientes entram neste maravilhoso mundo... onde todos andam e se mostram, até de certa forma verdadeiramente, sem medos... o conhecimento e amizade vai aumentando ao ponto de atingir patamares nunca imaginados... vontades concretizadas que nunca seriam aceites pela sociedade. Com pseudónimos (actuais nicknames) fazem-se procuras e ganham-se amigos, que alguns aproveitam para coleccionar (os cromos como eu lhes
mas, que acaba por não ser suficiente, porque precisamos do calor da proximidade, de sentir o cheiro, de tocar na pele, do olhar, olhos nos olhos, de sentir o aumentar do batimento cardíaco, no fundo, de estar presente, sentir o que fazemos no nosso dia-a-dia e que acaba por não nos satisfazer porque é assim imposto pela nossa sociedade actual. No fundo, cada um é como cada qual e é o que quer ser e... assim aproveito para deixar uma frese que aplico frequentemente e espelha o que foi relatado atrás. Cada um tem aquilo que merece... (porque assim o quer) chamo) com o intuito de saciar a solidão entregando-se nas mais variadas emoções virtuais... As mais variadas carências (que ninguém assume ter) são o prato forte de todos que procuram a atenção que
é deixada ao acaso pela pessoa que está ao nosso lado, procurando alguém que os ouça, que os ame... Quem entra para este mundo também acaba por ficar incompleto, mas vai ter alguém que o ouve com atenção
Blog: http://lobomisterioso.blogspot. com/ Postagem: http://lobomisterioso. blogspot.com/2009/05/o-mundo-dofaz-de-conta.html
Apoiar a Iniciativa
Luís Rodrigues
Gestor de Ciência e Tecnologia do CRIA ‒ Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia
Os primeiros momentos da vida de uma startup são exigentes e frenéticos. Na fase inicial do processo empreendedor é natural que surjam muitas dúvidas. É necessário tomar milhares de decisões. Há inúmeros caminhos possíveis. O(s) empreendedor(es) desdobram-se em inúmeros papéis. Imaginem uma orquestra sinfónica constituída por apenas um ou dois músicos. Ao longo do dia é necessário “tocar” vários instrumentos. Começar, cedo, por negociar uma conta corrente para prevenir pro-
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blemas de tesouraria. De seguida, vestir a pele de comercial e apresentar produtos e/ou serviços a um potencial cliente. Breve pausa para almoçar. Reunião, possível parceria. Atender telefonemas de clientes. Escrever um anúncio de recrutamento. Divulgálo nos principais sites de ofertas de emprego. Contactar fornecedores, negociar preços e prazos de entrega para a semana seguinte. Chegar a casa tarde. Depois de dedicar algum tempo à família e às tarefas domésticas, quando o silêncio se instala e a cidade se prepara para dormir, é preciso arranjar forças para sentar novamente em frente ao computador. Há solicitações de clientes para responder e uma candidatura ao QREN (PO Algarve 21) para fazer cujo deadline se aproxima rapidamente. As horas passam num ápice. Já madrugada dentro, é tempo de “dormir rápido”. Daí a umas horas há que recomeçar. São dias intermináveis. Uns estimulantes pelas pequenas vitórias. Progressos. Outros nem tanto. Problemas. Dificuldades, algumas inesperadas, que é preciso saber contornar. Persistir.
Daqui para a frente será sempre assim. Desejavelmente a empresa irá evoluir para uma estrutura mínima e estável. Antes, terá de garantir os primeiros clientes e encomendas - vender, vender e vender - e gerar proveitos suficientes que lhe permitam cobrir os custos de exploração e recuperar o investimento inicial. Sobreviver. Aos poucos e com passos seguros, ganhar solidez e crescer. Hoje quase todas as universidades em Portugal, e por esse mundo fora, possuem estruturas de apoio ao empreendedorismo e estão associadas a infra-estruturas tecnológicas: parques de ciência (as maiores) e incubadoras. Estas organizações só cumprem a sua função se forem capazes de criar e acrescentar valor para os seus membros. Traduzindo por miúdos, trata-se de prestar um conjunto de serviços que permita reduzir o risco inerente a qualquer iniciativa empresarial. É isso que o CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UAlg tem procurado fazer desde que nasceu em 2003. Enquanto organização também o CRIA tem que se reinventar con-
tinuamente. Melhorar. Perceber as necessidades daqueles que no seio da comunidade académica da região pretendem desenvolver projetos empresariais inovadores e encontrar as respostas adequadas. Este ano, a par de outras novidades, lançaremos uma pequena iniciativa chamada LUNCH & LEARN. A ideia não é inovadora, mas é simples: debater problemas empresariais concretos e práticos, num ambiente informal e descontraído enquanto se trinca uma bifana. Convidar um ou mais oradores, homens e mulheres de negócios e outros profissionais experientes para partilharem os seus conhecimentos e know-how com aqueles que estão a começar. Ganhar tempo. Ajudar a evitar erros. Proporcionar momentos de aprendizagem, mas não só. Gerar interação. Estabelecer contactos. Comunicar. Fortalecer laços e fomentar o networking no seio da comunidade empreendedora da UAlg e da região. Identificar oportunidades. Nunca como agora, a entreajuda foi tão necessária. Mantenham-se atentos!
Colaboradores: AGECAL, ALFA, CRIA, Cineclube de Faro, Cineclube de Tavira, DRCAlg, DREAlg, Pedro Jubilot. Nesta edição: Isabel Fernandes, Luís Rodrigues, Marta Santos, Rui Serra Ribeiro
Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve
on-line: www.issuu.com/postaldoalgarve
e-mail: geralcultura.sul@gmail.com
Nota de redacção: na edição de Fevereiro, do Cul-
Tiragem: 11.070 exemplares tura.Sul, na pág 4, onde se lê Ana Catarina Ramosa, deveria ler-se Ana Catarina Ramos.
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cinema Cineclube de Faro
António Preto fala sobre António Preto Começando (quase) pelo fim, o primeiro destaque vai para a conferência sobre Manoel de Oliveira por António Preto, que se deslocará do Porto até à capital algarvia para apresentar o livro que dirigiu, publicado pela Fundação Serralves, sobre este insigne realizador. Dia 23 de Março, pelas 18 horas, de novo com a colaboração da Universidade do Algarve, pois a palestra terá lugar na Biblioteca da Penha. A entrada? Livre. Falando em insignes realizadores, faleceu em Janeiro, e em circunstâncias especialmente estúpidas, um dos mais fascinantes, complexos, exigentes e maravilhosos cineastas, Theo Angelopoulos de seu nome, grego de naturalidade e vida. Dele temos toda a obra. Desta escolhemos cinco filmes que é crime não conhecer. Às quintas-feiras e pelas 21.30 horas, na nossa sede. A entrada? Livre. Portugueses de naturalidade e de vida são mais dois realizadores nacionais a que damos enfoque no Ciclo O que é
PROGRAMAÇÃO
www.cineclubefaro.com
CICLO MARIAS CHEIAS DE GRAÇA IPJ ¦ terças-feiras ¦ 21.30 horas ¦ Entrada paga
Apollonide - Memórias de um Bordel em exibição no IPJ nacional, é bom! – Pedro Sena Nunes e o seu documentário sobre a Meia-Praia em Lagos, João Canijo com uma das mais poderosas interpretações de Rita Blanco em Ganhar a Vida. Às sextas-feiras e pelas 21.30 horas, no Cine-Teatro de Estoi. A entrada? Livre. Terminamos o nosso Ciclo Marias
Cheias de Graça com três filmes protagonizados por figuras femininas – das que habitam em bordéis até às que se procuram nas ruas de Atenas e das que entram em esquemas de chico-espertismo nacional. Às terças-feiras e pelas 21.30 horas, no IPJ. A entrada? Paga, pois de outra maneira fechamos portas.
13 MAR ¦ Attenberg, Athina Rachel Tsangari, Grécia, 2010, 96, M/16 20 MAR ¦ Declaração de Guerra, Valérie Donzelli, França 2011, 100 , M/12 27 MAR ¦ Apollonide - Memórias de um Bordel, Bertrand Bonello, França, 2011, 122 . M/16
CICLO HOMENAGEM A THEO ANGELOPOULOS SEDE ¦ 21.30 horas ¦ Entrada livre 15 MAR ¦ O Passo Suspenso da Cegonha, 1991, 143 22 MAR ¦ O Olhar de Ulisses, 1995, 176 (neste dia a sessão inicia-se às 21 horas) 29 MAR ¦ A Eternidade e um Dia, 1998, 137 CICLO O QUE É NACIONAL, É BOM! Cine-teatro de Estoi ¦ 21.30 horas ¦ Entrada livre Co-organização com a Junta de Freguesia de Estoi 16 MAR ¦ Elogio ao ½, Pedro Sena Nunes, 2005, 70 30 MAR ¦ Ganhar a Vida, João Canijo, 2001, 114
Cineclube de Tavira
Os Óscares
destaque
Os Óscares 2012 já foram atribuídos e, desta vez, a meu ver bem atribuídos. Melhor filme de língua não-inglesa: The Separation (A Separação), de Asghar Farhadi (Irão 2011), uma obra-prima em todos os níveis, do primeiro até ao último fotograma. Um filme que já foi exibido a 23 de Fevereiro no nosso Cineclube e que é obrigatório para quem minimamente gosta de bom cinema. Como tantos outros, não premiados ou que simplesmente ficam fora do alcance do público português... O grande vencedor este ano foi a co-produção franco-belga (falado em inglês!) The Artist (O Artista). Já tentámos marcar o filme há mais de um mês atrás, mas apenas existe uma cópia em formato 35mm no país, as outras são digitais... Para quem ainda não sabe, apenas as salas das grandes distribuidoras são equipadas com equipamento de projecção digital (por terem poder de compra), neste momento o custo deste equipamento ainda ronda os 75 mil
PROGRAMAÇÃO
www.cineclube-tavira.com 281 320 594 ¦ 965 209 198 ¦ cinetavira@gmail.com
SESSÕES REGULARES Cine-Teatro António Pinheiro ¦ 21.30 horas 1 MAR ¦ Polisse (Polissia), Maiwenn, França 2011 (127 ) M/16 4 MAR ¦ Restless (Inquietos), Gus Van Sant, E.U.A. 2011 (91 ) M/12 8 MAR ¦ Como Esquecer, Malu De Martinho, Brasil 2010 (100 ) M/12 11 MAR ¦ The Way Back (Rumo à Liberdade), Peter Weir, E.U.A. 2010 (133 ) M/12 15 MAR ¦ Cave of Forgotten Dreams (A Gruta dos Sonhos Per-
Cena do filme Guerra Civil euros (cada ecrã!). Por razões óbvias, o único cineclube do país que desde há cerca de mês e meio já pode exibir em formato digital é Guimarães, na sala São Mamede. Apenas é uma questão de tempo para O Artista chegar ao grande ecrã de Tavira! Devido a tantos cineclubes terem pedido uma exibição de Cave of For-
gotten Dreams (A Gruta dos Sonhos Perdidos), a distribuidora do último documentário de Werner Herzog finalmente optou por encomendar uma cópia em 35mm do filme, marcámolo de imediato! Outra oportunidade este mês é Guerra Civil, de Pedro Caldas, um filme aplaudido pelos poucos que o viram, infelizmente con-
“9º FESTIVAL DE MÚSICA” 10 MAR | 21.00 | Centro Cultural de Lagos Espectáculo pelos grupos Quintessence “Jazz e Música Latino-americana”, The Teds “Rock n’ Roll” e Nem Truz Nem Muz com Amélia Janes “Música Tradicional Portuguesa”, cuja receita reverte na totalidade a favor dos Bombeiros Voluntários de Lagos
tinua a ficar na prateleira sem estreia comercial há mais de dois anos, por causa de um problema com direitos de autor da banda sonora, problema que o produtor desde há dois anos (!) promete resolver... Continuamos à espera, até ao final deste mês, da doação ao Cineclube de qualquer objeto da vossa casa que deixaram de usar, amar
didos), Werner Herzog, França/ Alemanha/Reino Unido/Canadá/ E.U.A. 2010 (90 ) M/6 18 MAR ¦ Nowhere Boy (Para Lá da Música), Sam Taylor Wood, Reino Unido/Canadá 2009 (105 ) M/12 22 MAR ¦ Guerra Civil, Pedro Caldas, Portugal 2010 (94 ) M/12 25 MAR ¦ Hachi: A Dog s Tale (Hachiko - Amigo para Sempre), Reino Unido/E.U.A. 2009 (125 ) M/12 29 MAR ¦ Le Havre, Aki Kaurismäki, Finlândia/França/Alemanha 2011 (123 ) M/6
ou precisar, mas que ainda poderá ter utilidade para alguém. No Sábado de Páscoa, 7 de Abril, iremos organizar um Bazar de Caridade, na Corredora, em Tavira (frente ao Cine-teatro). Precisamos de vossa ajuda, apoiem o vosso cineclube, não deitando ao lixo coisas que ainda possam servir a alguém!
“MENINA ESTEVA” Até 31 MAR | Casa dos Condes - Alcoutim Exposição de cerâmica de Isabel Ferreira, que trabalha na área há 34 anos, tendo-se fixado há 14 na localidade de Cortes Pereiras (concelho de Alcoutim), onde abriu o seu atelier “Cerâmicas de Alcoutim”
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• FNAC NO ALGARVESHOPPING
panorâmica
Universo FNAC: uma experiência cultural A Cultura é verdadeiramente um universo quase ilimitado, e é-o tanto mais quanto a interpretação que façamos de Cultura seja mais lata, integrando as vivências como fenómeno cultural, os meios e os suportes como veículos da expressão cultural e todo o sem-fim de realidades que compõem o eu cultural e a relação de cada um de nós com a Cultura que nos rodeia. É neste quase infinito que procuramos em cada momento o que nos faz falta, o que nos dá prazer, o que nos realiza e cumpre em termos de necessidades culturais e é esta imensidão que nos coloca a questão de sabermos onde é que encontramos a melhor solução, a melhor resposta para os nossos anseios. É exactamente aqui que a FNAC faz toda a diferença. A FNAC é exactamente a materialização do universo cultural vastíssimo que se nos oferece, num local onde encontramos quase tudo o que possamos procurar em termos de Cultura e onde, mais do que isso, a proposta é de vivenciar o espaço de forma pessoal e única. O convite é o de viver uma experiência FNAC. Sentir FNAC As FNAC oferecem a cada visitante a oportunidade de se relacionar de forma muito particular com a Cultura e com os suportes culturais. A aposta é a de experimentar directamente cada realidade, poder tocar-lhe, perceber cada detalhe e conseguir aferir se a resposta às nossas necessidades está em cada um dos itens que a FNAC disponibiliza. Para José d’Orey, director da FNAC do AlgarveShopping, a empresa desmistificou com a sua chegada a Portugal a relação entre os compradores de bens culturais e os bens culturais propriamente ditos. “Deixamos de ter uma relação distante com por exemplo um livro ou um cd e passamos a poder manuseá-los antes de os adquirirmos. Um fenómeno de proximidade que nasceu com a chegada a Portugal da
ALGARVESHOPPING
ENtRAdA LIVRE
Vista geral da FNAC no AlgarveShopping FNAC”, refere o responsável pelo espaço FNAC do Algarve. Parece despiciendo, mas a verdade é que esta novel relação com os produtos culturais tornou-os mais disponíveis e alterou por completo a realidade portuguesa, com a abertura da primeira FNAC em 1998, e algarvia, com a chegada da empresa à região em 2005. A somar a esta proximidade, a FNAC permeia a escolha do seu espaço pelos clientes com um serviço de excelência. As equipas FNAC consubstanciam de forma única eficiência e conhecimento. Em cada colaborador o cliente FNAC encontra um expert na área em que trabalha dominando vastos conhecimentos que permitem encontrar para cada cliente a solução mais adequada e oferecer propostas alternativas e de consolidação da oferta, ao mesmo tempo que a loja disponibiliza um quase inesgotável stock de produtos para responder a cada cliente de forma particular, recorrendo, para o efeito, sempre que necessário, a qualquer
das lojas do grupo, quer em Portugal onde existem 17 espaços FNAC, quer no mundo, uma vez que a empresa está presente em oito países.
Viver FNAC Para a empresa criada em França em 1954, os desafios são constantes
e o cliente está no centro do trabalho em cada momento. É esta simbiose entre desafio e progressão efectiva na satisfação do cliente, que leva a FNAC a não ser uma loja comum de distribuição, apesar da FNAC no Algarve contar com cerca de 1.500 metros quadrados, onde estão disponíveis cultura, tecnologia e muito mais, numa convivência que mais nenhuma outra empresa oferece no ramo. Ao entrar numa FNAC a diferença percebe-se de imediato. As cadeiras convidam a sentar, os pufs a deixar-se estar, o café FNAC a deixar-se levar pelo tempo talhado para usufruir. Tudo pensado para que cada cliente faça do espaço FNAC o seu espaço pessoal. Do Fórum Miúdos, onde se pode brincar com os mais pequenos, ler-lhes uma história ou assistir a um fi lme, até ao Fórum FNAC, onde a qualquer momento a música ao vivo nos chama ou uma apresentação nos convida a conhecer novos mundos e realidades. Espaços pensados para o cliente e para a vivência de momentos únicos, com exposições, mostras, workshops, entre uma miríade de propostas que fazem da FNAC um lar cultural para cada um e para todos, mas também um agente de divulgação de Cultura como há poucos no país e na região. Uma vez mais, a proposta é experimentar a vivência FNAC, afinal foi pensada para o cliente. Encontrar respostas
O espaço FNAC KIDS, dedicado aos mais pequenos
Livros, música, instrumentos, jogos, imagem e som, filmes, informática, mobile, gadgets e muito mais ao alcance da mão, para experimentar, num espaço arrumado a pensar na facilidade de acesso e na simplicidade, reforçado por um atendimento especializado que foi desenhado para encontrar soluções. Afinal, há respostas quase perfeitas. Basta viver a experiência FNAC, um universo de Cultura.
Oficina de Sonhos Por Oficina de Sonhos 18 | DOM | 15 horas
seBENTA Grita Pelo Nosso Amor - Ao vivo 24 | SÁB | 17 horas
Histórias da Terra Por Ao Luar Teatro 25 | DOM | 11 horas
A Oficina de Sonhos vai desenvolver actividades onde as crianças podem estimular a sua criatividade e dinamismo, com o Dia Mundial da Poesia no horizonte
Os seBENTA são uma banda de rock cantado em português, com diversos êxitos e tem vindo a incluir alguns dos seus temas nas mais emblemáticas séries televisivas
A terra é a mãe e dela nascem os alimentos que nos chegam à mesa. O pão, a matança do porco, o azeite, o vinho são os motes do Ao Luar Teatro para algumas histórias
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Ricardo Claro
Fórum FNAC - artes ao vivo Há na FNAC espaço para tudo, mas há-o em particular para a expressão das artes ao vivo, para que os visitantes possam sentir-se perto daqueles que admiram nas mais variadas formas de arte. Este é o papel do Fórum Fnac. Espaço de lazer, de encontro entre pessoas e entre estas e as artes.
Palco para apresentações, concertos, sessões, exposições e muitas mais ocasiões para se estar e usufruir. Por entre um café, um chá, um amigo ou outra companhia qualquer este é o espaço das emoções vividas em pleno e em directo. Basta estar, sentar-se e usufruir deste recanto excepcional como montra de Cultura
Mulheres na voz de Mísia No mês do Dia Internacional da Mulher, o Fórum FNAC recebe no AlgarveShopping poemas só de mulheres cantados por Mísia. Na voz daquela que já foi considerada por muitos a enfant terrible do fado português, estarão as letras de mulheres como Adriana Calcanhotto, Agustina Bessa-Luís, Amália Rodrigues, Amélia Muge, Florbela Espanca, Hélia Correia, Lídia Jorge, Rosa Lobato de Faria ou da própria Mísia. Em “Senhora da Noite”, assim se chama o trabalho lançado nos finais de 2011, surge-nos o fado tradicional a celebrar 20 anos de carreira disco-
gráfica, desde os idos de 1991, com o primeiro disco, homónimo desta voz singular. Desde 2001, ano em que apresentou “Ritual”, Mísia não dedicava um disco integralmente ao fado tradicional e a portuense fá-lo agora, dez anos depois, dando voz à pena de fadistas, poetisas, escritoras e cantoras, num registo como sempre único e talhado pela experiência de uma carreira consagrada dentro e fora de portas. Conservando o registo muito seu de unir às guitarras portuguesa e clássica o piano, o acordeão e o violino, a mística Mísia faz da mulher muito mais
do que a intérprete ou a musa do fado. Fá-la senhora e dona de um disco em todas as suas vertentes, com poemas escritos, na sua maioria, especialmente para este trabalho. A irreverência, essa marca hoje a imagem de Mísia como a marcava há 20 anos. É peculiar, irresistível, marcante e como diria Pessoa… primeiro estranha-se depois entranha-se. Mísia Senhora da noite Fórum FNAC Sexta-feira, 30 de Março 23 horas
Gavetas do Amor na voz de Viviane Viviane leva à FNAC, a fechar o mês de Março com chave de ouro, o seu mais recente trabalho, “As Pequenas Gavetas de Amor”. Nome incontornável da música nacional da actualidade, a cantora que reside no Algarve e que já foi primeira página do Cultura.Sul apresenta mais um trabalho a solo, o terceiro desde que em 2005 se extinguiram os Entre Aspas, formação musical onde a voz singular de Vivieane se popularizou junto do público. Assim, depois de “Amores Imperfeitos” e “Viviane”, a voz absolutamente inconfundível da cantora
regressa à proximidade com o grande público com um disco composto por 11 temas originais com poesia de Ana Luisa Amaral, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, José Luis Peixoto, Rosa Alice Branco e Vasco Graça Moura. À escrita destes grandes das letras juntam-se ainda as letras da própria Viviane e uma versão do tema Caldeirada Poluição, de Alberto Janes. A sonoridade musette da França da infância e as influências dos timbres e estilos da américa-latina, fundidos com a arte de beber o melhor da música portuguesa fazem de Viviane uma singularidade, exac-
tamente aquilo que a própria diz ser sempre o seu objectivo, “ter um estilo próprio”. Longe vão os anos 90 do século passado quando Viviane surgiu como voz dos Entre Aspas, do correr do tempo ficou o apuro da voz, do estilo e do som de uma das vozes que, ainda recentemente, deu corpo às letras de Ary dos Santos no projecto “Rua da Saudade”. Viviane As Pequenas Gavetas do Amor Fórum FNAC Sábado, 31 de Março 22 horas
Cartão FNAC As soluções FNAC não se limitam a responder às necessidades de cada cliente quanto aos produtos de cultura e tecnologia, vão mais além e a empresa criou para facilitar a vida de todos os fãs das lojas do grupo o Cartão FNAC. Com um leque de vantagens assinalável, o cartão FNAC permite a cada utilizador usufruir de descontos, serviços grátis e aceder a privilégios especiais sempre que visita uma loja FNAC. Uma vez mais a pensar no cliente, a empresa dá-lhe a possibilidade de obter 5% de desconto em cartão em todas as compras, 10% de desconto imediato em livros, oferta da comissão de bilheteira na compra de ingressos para espectáculos,
Exposição Ria Formosa Por ALFA 25 | DOM | 15 horas A Ria Formosa é pano de fundo e tema para que gentes, artes de pesca, barcos, paisagens e fauna e flora de um espaço único se transformem em arte de imagem
Oportunidades na Crise - O Rural: Flores Por Jack Soifer DIA 29 | QUI | 21 horas Jack Soifer apresenta nichos de oportunidade para pequenos empresários, abordando as potencialidades da floricultura
usufruir duas vezes por ano dos Dias Aderente FNAC, em que as vantagens se multiplicam para os detentores do cartão, ter acesso a descontos especiais e eventos ao vivo nos Fóruns FNAC, portes grátis nas compras realizadas através da fnac. pt e 10% de desconto imediato no Café FNAC*. Uma proposta irrecusável a que pode aderir nas lojas FNAC e através do sítio fnac.pt. *Não dispensa a consulta das condições particulares disponíveis nas lojas FNAC ou em fnac.pt
Verónica Monteiro Ao vivo 30 | SEX | 21.30 horas
Sabrosa’a Funk AO VIVO DIA 31 | SÁB | 18 horas
Verónica Monteiro a solo com standards do jazz e temas de Duke Ellington, George Gershwin, Lisa Ekdahl, Luis Bonfá, Tom Jobim e Stan Getz
Sabrosa’s Funk é um colectivo com várias paragens e ondas musicais, unidos pelo funk e pelo groove, numa mistura de sopros, percussão, teclas e afins
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património
• VIVÊNCIAS NO ALGARVE - PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL
Identidade e protecção: Um olhar sobre Tavira FOTOS: MARTA SANTOS
Marta Santos
Arquitecta e doutoranda em Antropologia
O que celebramos, o que produzimos, o que fazemos, o que comemos, …, é agora registado, “documentarizado”, salvaguardado,... Alerta-se para a urgência em “dar voz” às comunidades, em ir ao encontro dos “fazedores” dos patrimónios imateriais, de olhar para as práticas e coisas comuns, presentes, vivas, e que continuam a fazer sentido para as comunidades, grupos e indivíduos. Reflectem-se identidades, autenticidades, criatividades, processos de patrimonialização e novos modos de produção de cultura. Mas são novos caminhos que se trilham sobre nós mesmos? Ou são olhares actualizados para as práticas e representações dos nossos quotidianos? Novos olhares? O conceito de património, a “herança paterna de bens de família”, que se figuram como riqueza, veio sendo alargado, desde a antiguidade até aos nossos tempos. A ideologia patrimonial tal como nós hoje a configuramos, na concepção de preservar o passado, para fruição do presente e para o legado das gerações vindouras, expande-se e diversifica-se abrangendo diversas expressões culturais da nossa sociedade. Em certa medida, vivemos hoje a herança da vaga patrimonial. Assim como tudo é chamado e reclamado para a memória de tudo, e tudo será património ou susceptível de ser. Nas actuais reflexões que agora se consagram pela Unesco, através da Convenção para a Salvaguarda do
Demonstração de cânticos com flauta de cana no Monte dos Currais, Tavira Património Cultural Imaterial1, os “objectos” patrimoniais a salvaguardar são as práticas, as representações, as expressões, os conhecimentos e as aptidões, que são reconhecidos, recriados e transmitidos geracionalmente pelos seus detentores. Os instrumentos, os objectos, os artefactos e os espaços culturais associados ganham “vida espiritual”, vivendo para além da sua materialidade, cristalizando em si as imaterialidades dos seus autores, dos seus celebradores e dos seus contextos sociais e culturais.
Tecelagem em tear tradicional no Monte da Mealha
Que património imaterial em Tavira? Algumas das manifestações que nos ocorrem quando ref lectimos sobre manifestações de património cultural imaterial de Tavira: As práticas sociais, os rituais e os eventos festivos, como os diversos cultos de celebração e marcação do calendário agrícola e solar, como as Festas de Nª. Sr.ª da Saúde e de Santo Estêvão, as Charolas e os Maios; Os conhecimentos e as práticas relacionados com a natureza e o
universo, como a sabedoria ecológica tradicional, os usos da flora para a medicina popular, as adivinhações e as práticas alimentares; As aptidões relacionadas com o artesanato, como os trabalhos em empreita e esparto e a tecelagem em linho e lã; As competências no âmbito de processos e técnicas tradicionais, em torno das tecnologias de extracção do azeite, da moagem de cereais e dos telheiros artesanais. Mas estes patrimónios imateriais não são exclusivos do limite geográ-
Apanha de plantas para fins medicinais, Beliche de Cima
fico do concelho de Tavira, revelamse um pouco por toda a região do Algarve. São heranças de práticas celebradas, que se actualizam e se apresentam nos dias de hoje, que transmitem e desempenham um papel fundamental na vitalidade cultural, reafirmando a identidade dos grupos praticantes, celebradas em contexto restrito ou em comemorações de larga escala. Levanta-se um desafio! Não será apenas suficiente garantir a salvaguarda dos “produtos imateriais” em si, é também necessário salvaguardar as competências, os conhecimentos, e os contextos necessários à sua produção. E teremos de aceitar que apenas algumas práticas terão continuidade, pela sua celebração ainda fazer sentido às comunidades. E quais é que continuam a fazer sentido? Segundo Valdimar Hafstein continuarão a fazer sentido "(...) as práticas que as comunidades reconhecem como seu próprio património. É o que eles dizem que é. Por outras palavras, simplesmente não sabemos o que é enquanto não lhes formos perguntar.”2 1UNESCO, 2003, Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, Decreto n.º 28/2008 de 26 de Março, Diário da República n.º 60, 1685-1704. Outros documentos poderão ser também consultados em www.unesco.org/culture/ich e www.matrizpci.imc-ip.pt 2HAFSTEIN, Valdimir, 2007, “Recognizing Intangible Cultural Heritage”, in Regional Seminar: Principles and Experiences of Drawing up Intangible Culture Heritage Inventoires in Europe, Talin, Estónia, Maio 2007.
Festas de Nª Srª da Saúde, Tavira
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momento
Lebre - Galeria Única, Lagoa
Espaço ALFA
Rui Serra Ribeiro
Membro e formador na ALFA www.srartphoto.com
Nasci na Lisboa de 1960 em dezembro e julgo viver uma época fantástica. Assisti ao nascimento da televisão. Primeiro numa paleta de cinzas. Depois veio a cor! Vi o homem colocar o pé na Lua... hoje tenho a videoconferência e o ensino por e-learning! Estamos cada vez mais próximos mas comunicamos isoladamente através do nosso teclado. Como fotógrafo, apaixonado desde 1983, reparto a minha actividade em três áreas. A fotografia fine art, onde procuro criar, através da realidade, a forma como olho a vida, a foto-reporta-
…sobre formação gem, que me permite ser fotógrafo vadio e a formação que me preenche por sempre ter gostado de ensinar e aprender. Acredito na formação continuada, porque gosto de dar valor ao tempo e ao estar, nesta sociedade acelerada. Poder partilhar experiências com os alunos, aproveitar a sua motivação, orientar e registar a evolução nos domínios da técnica da arte e da expressão fotográfica. O formador deve ser um agente de mudança orientador de um grupo que está sempre num estádio de transformação, como a vida. Não quero, tomar mais espaço, nas minhas palavras, quando algo pode ser mais útil, transmitir o que outros mais sábios nos deixaram! Deixo para vós este momento “… sobre formação” em que recordo as “Conversas Vadias” da TV, Maria Elisa entrevista o maior filósofo e pensador português do séc. XX, Prof. Agostinho da Silva. Dizia no sabor da conversa, o Professor: Agostinho da Silva - … ponho aqui agora cultura como o Saber. Primeiro, eu acho que, para toda a gente, o que é necessário num país é haver os três S:
S número um: Sustento; S número dois: Saber; S número três: Saúde. Então vamos começar pelo Sustento. Primeiro degrau das coisas. E em seguida as pessoas dizem qual é o seu interesse em saber, o que é que querem aprender. Existem as escolas em que há uma parte curricular, que toda a gente tem que frequentar com maior ou menor aproveitamento; e depois há os clubes, livres, há os grupos, que se formam, para que a pessoa aprenda aquilo que realmente quer aprender. Um homem pode aprender ortografia, ou aritmética, ou lá o que seja, e, ao mesmo tempo, já prevenindo-se para o caso de nunca mais ter emprego, saber pintar, saber fotografar, saber dançar; saber, se for preciso, ser vadio, porque só vale a pena ser vadio quando se contempla o mundo, e se percebe o mundo. Maria Elisa - Acha que essas profissões: fotografar, pintar, dançar, vão ter futuro? Agostinho da Silva - Não se trata de profissão: trata-se de arte, tratase de criação. O homem não nasce para trabalhar, o homem nasce para criar, para ser o tal poeta à solta.
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Vítor Correia
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Espaço Educação
Programa Territórios de Intervenção Prioritária
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No âmbito da Estratégia de Lisboa, o Ministério da Educação, relançou em 2008 o Programa dos Territórios de Intervenção Prioritária dois (TEIP2), para dar resposta a “contextos sociais potenciadores de risco de insucesso, no âmbito do sistema educativo normal, verificando-se que em territórios social e economicamente degradados o sucesso educativo é muitas vezes mais reduzido do que a nível nacional, sendo a violência, a indisciplina, o abandono, o insucesso escolar e o trabalho infantil alguns exemplos da forma como essa degradação se manifesta” . O TEIP2, aprovado, nas suas linhas orientadoras pelo despacho normativo n.º 55/2008, de 23 de Outubro, é retomado do anterior TEIP, aprovado pelo Despacho nº 147-B/ ME/96, de 1 de Agosto e enquadrase na visão de uma Escola Pública baseada na promoção da educação para todos, orientada para a promoção da dignidade humana, a igualdade de direitos e a equidade social. Constitui-se, assim, como medida de apoio às populações mais carenciadas, permitindo a apropriação, por parte de comunidades educativas particularmente desfavorecidas, de instrumentos e de recursos que facilitem a criação de condições geradoras de sucesso escolar e educativo aos alunos no atual contexto sócio-educativo. A criação e reforço de dispositivos de monitorização e avaliação que ajudam a pilotar as ações, a focar nos resultados e a sustentar, em tempo útil, mudanças de rumo e de política organizacional, tem-se revelado um dos maiores contributos do programa. Em resultado da sua implementação, o absentismo e o abandono escolar registaram diminuição significativa e o sucesso no final do ano letivo registou melhoria, ainda que com menor expressão, com impacto no ambiente escolar mais seguro e propiciador de melhores aprendizagens. Para tal contribuíram o aumento das ofertas educativas e formativas, as medidas específicas de combate aos problemas, a deteção precoce dos fatores de insucesso, a criação de sistemas de prevenção de conflitualidade, o apoio, acompanhamento e a orientação dos alunos em formatos mais adaptados à especificidade de cada escola, como grupos-turma flexíveis, tutorias, salas
de estudo, espaços complementares de aprendizagem, trabalho autónomo, entre outros. O Algarve conta com cinco territórios TEIP2 A nível nacional existem 105 agrupamentos de escolas que integram este programa, sendo que no Algarve estão implementados cinco territórios TEIP2, com Contrato – Programa outorgado entre as escolas e o Ministério da Educação, através da Direção Regional de Educação: Agrupamento de Escolas Dr. Alberto Iria - Olhão; Agrupamento de Escolas João da Rosa – Olhão; Agrupamento de Escolas de Estômbar – Lagoa; Agrupamento de Escolas de Almancil – Loulé e Agrupamento de Escolas Eng. Nuno Mergulhão – Portimão. A aposta no trabalho colaborativo e reflexivo em torno de práticas pedagógicas e de soluções para o sucesso, como sejam a co-docência, a diferenciação, os pares pedagógicos, assessorias, interações docente/técnico, aliadas a medidas flexíveis de gestão, produziram efeitos significativos na estrutura organizacional e na cultura dos Agrupamentos TEIP. Nesta perspetiva, realizou-se no passado dia 1 de fevereiro o Encontro
TEIP Partilha de Boas Práticas, que contou com 106 participantes, entre diretores dos agrupamentos, coordenadores do programa, técnicos afetos ao mesmo, amigos críticos (peritos externos) e elementos da Direção Geral de Educação (DGE). Para partilhar com as escolas da região, esteve presente no encontro o Agrupamento de Escolas de Cristelo – Paredes, que apresentou as suas estratégias e dinâmicas de intervenção aos participantes, o que em muito enriqueceu as trocas de experiência. Os projectos desenvolvidos na região Os TEIP do Algarve centraram as suas intervenções na monitorização e
“VELHO CROCHÉ NOVO” Até 29 ABR | TEMPO – Teatro Municipal de Portimão Inês Barracha, convida todos a participar na recuperação da arte do croché e a juntar-se a este projecto e a construir um “naperon” gigante
nas lideranças intermédias, consideradas como duas vertentes vitais para o sucesso e a sustentabilidade do programa. O Agrupamento de Escolas João da Rosa apresentou o projeto “Sala Farol”, uma sala que funciona em todo o agrupamento, pretendendo apoiar os alunos em áreas-chave, com especial enfoque na língua portuguesa e na matemática. O Agrupamento de Escolas Rio Arade, deu a conhecer o projeto “Lês tu, leio eu”, que procura a melhoria das aprendizagens, ao nível da língua portuguesa, através do incentivo à relação entre a escola-família-comunidade, recorrendo à leitura/interpretação artística de contos/textos/histórias por pais, encarregados de educação e outros elementos da comunidade,
em contexto de sala de aula. Afastando-se um pouco, em termos de temática abordada, da vertente de melhoria de aprendizagens, o Agrupamento de Escolas Dr. Alberto Iria realizou uma apresentação sobre “O contributo da diversificação das Ofertas Curriculares na melhoria dos resultados”, onde foi feita uma análise da evolução do programa e dos resultados obtidos, referindo cada vez mais a necessidade de diversificar os percursos escolares e adaptá-los aos alunos. O Agrupamento de Escolas Eng.º Nuno Mergulhão deu a conhecer o seu projeto “Mediação de conflitos” que consiste na criação de um sistema de gestão e mediação de conflitos aplicável a toda a comunidade escolar (alunos, professores e assistentes) que se tem revelado como uma mais valia para a melhoria do ambiente escolar. Finalmente, o Agrupamento de Escolas de Almancil apresentou vários projetos sob a temática “Serviço de apoio à escola e à família”. Estes projetos abordam as dificuldades de aprendizagem, os problemas emocionais, os problemas sócio-afetivos e a indisciplina, assim como as estratégias de resolução adotadas pelo agrupamento. Abordaram também os problemas de saúde escolar e a construção do aluno enquanto cidadão. Embora em tempos e ritmos diferentes, é já possível verificar que se tem vindo a registar uma clara diminuição do absentismo e do abandono escolar, ao mesmo tempo que se tem vindo a verificar uma redução do insucesso escolar. O conceito de comunidade educativa é cada vez mais alargado, assistindo-se a uma procura por parte destas escolas em utilizar os meios disponíveis e reforçar parcerias locais que lhes permitem desenvolver novas estratégias e abordagens de resolução de problemas, sempre na perspetiva de levar estes alunos ao sucesso educativo e pessoal, formando jovens e adultos com capacidades necessárias à sua plena integração na sociedade. Os materiais relativos ao encontro TEIP estão disponíveis para consulta na plataforma MOODLE da Direção Regional, acessível em http://www.drealg. net/moodle2/course/view.php?id=16.
“PALETA DE CORES” Até 31 MAR | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira Rosa Barriga iniciou-se no mundo das artes através da porcelana, em 1992, passando depois para novas técnicas como o óleo e o acrílico. Já realizou mais de 40 exposições, pelo país e Espanha
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Quotidianos poéticos
Sophia M.B. Andresen
Algures num espaço e tempo do Algarve, a vida e a paisagem intrometeram-se na poesia de Sophia
Pedro Jubilot
pjubilot@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Sophia era ainda muito nova quando numas férias de verão leu um livro chamado Mitologia Grega. Isso viria a marcá-la para sempre. A amante da antiguidade grega e das ilhas do mediterrâneo tornou-se mais tarde a eterna viajante pelas terras da literatura clássica. Depois encontrou no Algarve, ali entre a ponta do altar e a baía de Lagos, a mais perfeita semelhança para se inspirar no reinventar do sonho da visão desse mundo perfeito dos deuses gregos: «O esplendor poisava solene sobre o mar. E – entre duas pedras erguidas numa relação tão justa que é talvez ali o lugar da Balança onde o equilíbrio do homem com as coisas é medido – quase me cega a perfeição como um sol olhado de frente». (1) Aí nessas praias de Lagos onde embarcava nos pequenos barcos de pescadores que a levavam a passear nas grutas «(…) gargantas de pedra e a arquitectura do labirinto parece roída sobre o verde. Colunas de sombra e luz suportam céu e terra». (2) É à sua vivência na cidade de Lagos que irá buscar a luminosidade neces-
Sophia de Mello Breyner Andersen inspira-se no mar para as suas criações literárias sária, para aí com o silêncio e o tempo que se consegue junto à costa algarvia, concretizar versos que seguiriam diretamente para a eternidade da poesia: «Lagos onde reenventei o mundo
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Escritora dedica poesia a Lagos, onde passava férias
num verão ido /Lagos onde encontrei /Uma nova forma do visível sem memória /Clara como a cal concreta como a cal /Lagos onde aprendi a viver rente /Ao instante mais nítido e recente», e «Na luz de Lagos matinal e aberta /Na praça quadrada tão concisa e grega /Na brancura da cal tão veemente e directa /O meu país se invoca e se projecta». (3) Os verões de Lagos tornam-se parte integrante e fundamental da arte poética de Sophia, encontrando nos elementos desse mundo que a rodeia – a beleza, o equilíbrio e a harmonia espiritual. «Em Lagos em Agosto o sol cai a direito e há sítios onde até o chão é caiado. O sol é pesado e a luz leve. Caminho no passeio rente ao muro mas não caibo na sombra. A sombra é uma fita estreita. Mergulho a mão na sombra como se a mergulhasse na água». (4)
“AUDI JAZZ AND SOUL OLHÃO” 10 MAR | 21.30 | Auditório Municipal de Olhão Com Nuno Ferreira na guitarra, Demian Cabaud no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria, o Nuno Ferreiro Trio pretende homenagear os grandes trios de piano da história do jazz
E nunca cessam as comparações entre o imaginário das suas amadas culturas antigas do mediterrâneo com a vida no Algarve: «A loja onde estou é como uma loja de Creta. Olho as ânforas de barro pálido poisadas em minha frente no chão. Talvez a arte deste tempo em que vivo me tenha ensinado a olhá-las melhor». (5) Também sempre presente na obra poética de Sophia está o vocábulo ‘Mar’. Esse mar atlântico que a partir da Sagres dos descobrimentos se vai juntar ao mediterrâneo das históricas e sempre desejadas Itália e Grécia. «Na melancolia de teus olhos/Eu sinto a noite se inclinar/E ouço as cantigas antigas/Do mar. /Nos frios espaços de teus braços/Eu me perco em carícias de água/E durmo escutando em vão/O silêncio». (6) Sophia de Mello Breyner faleceu em julho de 2004, em Lisboa, também
ao pé do mar, mas não para sempre, pois testamentaria: «Quando eu morrer voltarei para buscar /Os instantes que não vivi junto do mar». (7) Assim, quando vamos à praia podemos sempre ficar a escutar o mar que parece conter em si a poesia de Sophia, desfilando cada palavra, contida em cada verso trazido em cada onda que chega ao areal. «Dei-te a solidão do dia inteiro./ Na praia deserta, brincando com a areia,/No silêncio que apenas quebrava a maré cheia/A gritar o seu eterno insulto,/Longamente esperei que o teu vulto/Rompesse o nevoeiro». (8) Poemas: (1, 2) As grutas; (3)- Lagos I; (4, 5) Arte poética I ; (6) Mar; (7) Inscrição; (8) Espera
“CORES FLUENTES” Até 31 MAR | Galeria Municipal de São Brás de Alportel Idalécio Faustino descobriu o amor pela pintura quando começou a pintar na casa de um amigo que se dedicava à arte abstracta. Tudo começou com “O Castelo de Ludwig”, a sua primeira obra
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TEMPO de cultura em Portimão
Acabar”, com um nome incontornável da história do teatro, o escritor, poeta e dramaturgo Samuel Beckett, interpretado por um não menos incontornável nome do teatro português, João Lagarto. O espectáculo é às 21.30 horas, no Grande Auditório e os bilhetes custam cinco euros.
“Corações desobedientes”, o mais recente trabalho do grupo A Naifa, marca o ponto alto da programação do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão para o mês de Março. O espectáculo, agendado para o próximo dia 17, pelas 21.30 horas, ocupará o Grande Auditório com a voz e o som afiado, numa formação que conta com Sandra Baptista no baixo e Samuel Palitos na bateria. Os bilhetes custam 15 euros. Mas no TEMPO a arte faz-se de muito mais e de tudo um pouco a cada mês. No Café Concerto, lugar, no dia 16, para a expressão fadista de Aurora Gonçalves, uma jovem de 22 anos, natural de Cabanas de Tavira, com uma voz talhada para o som nacional. O preço dos bilhetes é de dois euros.
Lugar à música clássica
Ópera rock Face ao êxito registado no Verão passado, o TEMPO apresenta no dia 23 de Março mais uma reposição da ópera rock “Vem aí o Zé das Moscas”, em dois espectáculos, o primeiro para escolas, pelas 14.30 horas, e um pouco mais tarde para famílias, às 16 horas. Para ver sem falhar esta adaptação
de um conto de António Torrado, que resultou da cooperação entre o Grupo de Expressão Dramática do Agrupamento Vertical de Escolas Dom Martinho de Castelo Branco, Escola
Profissional de Lagoa e Grupo Infanto-Juvenil Coral Adágio, com o apoio do TEMPO, sendo um espetáculo de marionetas para toda a família, com bilhetes a 2,5 euros.
A 27 celebra-se o teatro O Dia Mundial do Teatro (27) vai ser assinalado com “Começar a
Março termina com o “Ciclo de Concertos de Música Inglesa” da Orquestra do Algarve, que actua no dia 31, às 21.30 horas, no Grande Auditório, sob direção musical do maestro John Avery. Uma viagem deambulatória pelas notas da clássica nascida em terras de Sua Majestade. Por outro lado, a exposição “Velho Croché Novo”, de Inês Barracha, continua patente na sala de exposições, onde todos são convidados a participar na recuperação da arte do croché e a juntar-se a este projecto e a construir um “naperon” gigante. A entrada é gratuita e a mostra pode ser visitada, de terça a sábado das 14 às 19 horas, e em dias de espectáculo, das 14 às 21.30 horas, até dia 29 de Abril. PUBLICIDADE
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Ano 2011 Dez-11 Nov-11 Out-11 Set-11 Ago-11 Jul-11 Jun-11 Mai-11 Abr-11 Mar-11 Fev-11 Jan-11 Total de Edições
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11.685 19.079 14.406 13.879 15.077 17.803 11.955 12.448 11.689 10.446 6.043 4.408 2.989 12
4.292 2.992 3.382 3.277 3.865 3.986 2.769 3.294 4.725 6.006 6.438 6.391 4.381 46
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Cultura.Sul 09.03. 2012
Espaço Cultura
Sustentabilidade e emprego no setor cultural do Algarve: os bens culturais O que, no nosso mundo cada vez mais globalizado, e em particular no atual contexto económico e social do Algarve, confere à Cultura um caráter estratégico nas relações sociais de produção, é o seu papel como instrumento de coesão social, de comunicação criativa e de desenvolvimento das capacidades pessoais. Parece ser consensual que a Cultura constitui um universo gerador de riqueza, de emprego e de qualidade de vida. Como tal, no processo de elaboração do Plano Estratégico de Cultura para o Algarve, é incontornável o debate sobre a sustentabilidade económica e o emprego no setor cultural da região. Sendo a Cultura, simultaneamente, um instrumento para a afirmação e promoção do Algarve na esfera internacional, o debate terá que centrar-se não somente na perspetiva do empreendedorismo cultural e da economia criativa mas, em particular, na ótica do subsetor das atividades culturais nucleares, associadas às funções de concepção/criação e de retalho/consumo1: artes performativas, artes visuais, criação literária, e património cultural, este usualmente definido como não lucrativo (bibliotecas, arquivos, museus, monumentos históricos,
Espaço AGECAL
Isabel Fernandes
Técnica Superior de Património Cultural - Sócia da Agecal
Acabava de sair da segunda fornada da licenciatura em Património Cultural da UAlg. Curso terminado abria então caminho para uma nova etapa da vida, coração cheio de sonhos, projectos, novas ideias (e ideais) para um mundo melhor. Poderia ajudar a defender o precioso património cultural algarvio(!)... Pronta a bater-me pelo legado histórico-cultural, a aplicar os meus parcos e novos conhecimentos… e,
Foto: DRCAlg/R. Parreira
Profissionais do setor cultural algarvio - grupo de trabalho «Arqueologia» da Rede de Museus do Algarve paisagens culturais protegidas). É a perceção de que essa área nuclear constitui um ativo estratégico transmissível às gerações futuras, independentemente das preferências dos consumidores atuais, que tem constituído, entre nós, o argumento legitimador das políticas de investimento público2. Contudo, focalizando-nos no setor dos bens culturais de caráter histórico, frequentemente associáveis aos ativos
turísticos da região, verifica-se que as intervenções dirigidas à sua valorização o configuram como um potencial campo de investimento público, dirigido não apenas a garantir a sua preservação (aspeto no qual os movimentos de defesa do património – herdeiros de uma tradição ecologista – centram, habitualmente em exclusivo, a sua atividade) mas igualmente a requalificá-los, incrementando o seu valor
de uso, superando assim a forma, excessivamente redutora, como tradicionalmente se encaram os bens culturais, e obrigando a uma profunda reconfiguração da estratégia da sua gestão como recurso patrimonial finito e não renovável. Focalizando-nos no setor dos bens culturais de caráter histórico, frequentemente associáveis aos ativos turísticos da região, verificase que, comparativamente aos benefícios gerados na afirmação e promoção da região, ele evidencia uma larga margem de crédito a seu favor. Mesmo que considerando apenas as despesas correntes, verifica-se serem, no Algarve, extremamente reduzidos os exemplos de museus e monumentos históricos autossustentáveis (entre os quais poderemos enumerar o Museu Municipal de Lagos, o Castelo de Silves, ou a Fortaleza de Sagres). Se bem que nem sempre pelos melhores motivos, são casos, singulares, em que o volume de receita supera claramente o volume dos custos correntes, potenciando assim o reinvestimento num setor
declaradamente não lucrativo. Para essa categoria de bens – e para os serviços a ela associados – é evidente a necessidade de preservar um espaço à margem das dinâmicas de mercado, no qual o Estado tem que intervir como garante de sustentabilidade e de geração de emprego, a par do investimento em formação como incremento de inovação e competitividade. Se considerarmos apenas as atividades diretas dos museus e dos monumentos históricos, verifica-se que, no Algarve, o setor ocupa, na área da produção de conhecimento e da difusão, mais de duas centenas de trabalhadores da Cultura: o que, comparativamente aos benefícios gerados em termos de afirmação e de promoção da região, evidencia uma larga margem de crédito a seu favor. Direcção Regional de Cultura Cf. Augusto Mateus & Associados (2010), O sector cultural e criativo em Portugal, p. 45ss. 2 Cf. o estimulante ensaio de Enrique Hernández Pavón (2010), La perspectiva económica en la cultura, in «Economía y empleo en la cultura». Sevilha: Junta de Andalucía / Consejería de Cultura, p. 15ss. 1
Património, o tempo que muda o olhar porque é saudável sonhar, foi então que decidi escrever um pequeno artigo no qual alertava que podíamos ajudar a salvaguardar a herança colectiva pela sensibilização das pessoas. Desde então, olhando o que aprendi e consegui efectivamente concretizar, pergunto-me como pode o tempo alterar tanto a nossa perspectiva. A preocupação continua, mas a crença de que tudo pode mudar de um momento para o outro foi ultrapassada. Afinal, a nossa prestação como técnicos do património, seria (e é) conhecer melhor, analisar, consciencializar e sensibilizar, tarefa árdua que apenas mostra resultados a longo prazo. Mas nem tudo são combates, é necessário um olhar mais atento, talvez mais sensato e conhecedor, adequado ao contexto sociocultural e económico. Os anos passaram num ápice e é necessário um novo profissional, com entendimento pluridisciplinar, mais
criativo e crítico, atento às constantes mutações e à evolução “natural”. Apesar do tempo decorrido e de se notar maior formação multidisciplinar, ainda constatamos tendências para o desconhecimento de elementos patrimoniais importantes e para alguma negligência. Possuímos uma enorme diversidade de patrimónios, um legado cultural material mas também imaterial, que fortalecerá os núcleos identitários das nossas sociedades, como marcos da memória e vivências colectivas. A UNESCO estabeleceu na última década uma Convenção dedicada ao Património Imaterial e dezenas de países estão a descobrir a riqueza única e a propor a classificação de expressões espirituais e artísticas como Património Cultural Imaterial da Humanidade, como aconteceu recentemente com o fado. Os centros históricos ou os nú-
cleos mais antigos das cidades dão cada vez mais mote para encontros de especialistas. A realidade urbana actual é corolário de dinâmicas contaminadoras como o envelhecimento e saída dos residentes mais antigos, consequentemente a perda da memória social dos lugares e a sobrevalorização do edificado e especulação imobiliária que resultam em fracturas no tecido social Apesar do reconhecimento geral quanto à situação dos núcleos antigos, a integração de jovens residentes é tarefa difícil, tendo em conta entre outros o valor das rendas, factores que fomentam também discrepâncias socioculturais, etc. As políticas de valorização e salvaguarda do património deveriam ser não apenas obrigação das entidades e agentes competentes, mas também de todos os cidadãos com estabelecimento de estratégias facilitadoras da ma-
nutenção da cidade em condições de autenticidade, tendo como principais critérios a flexibilidade de utilização, a integração do conjunto histórico na estrutura social da cidade, favorecendo a conservação e a atracção. Também no mundo rural a melhoria e preservação da qualidade de vida e o auto-abastecimento alimentar conseguir-se-á potenciando recursos milenares, repovoando, permitindo novas vivências sociais, partilhando conhecimentos ancestrais com as constantes mutações socioculturais do nosso tempo. Voltei a sonhar um pouco alto. É fácil perder o sentido da realidade pensando que tudo mudará de um momento para o outro… Mas sem conformismos continuo com o mesmo fascínio inicial, a mesma vontade e dedicação pela salvaguarda e valorização da nossa herança cultural.