AGO | 2012 • Nº 48 • Mensal • O Cultura.Sul faz parte integrante da edição do POSTAL do ALGARVE e não pode ser vendido separadamente
AGOSTO • Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
10.466 EXEMPLARES
www.issuu.com/postaldoalgarve
JORGE PALMA em entrevista
“Sou quem sou...”
p. 5
Concurso Jorge Palma / CULTURA.SUL
Ganhe bilhetes para o concerto em Tavira Saiba como na página 4
2
Cultura.Sul
03.08.2012
Um espaço que dá relevo a uma fonte de actividade literária que fervilha, muitas vezes, à margem dos circuitos convencionais.
blogosfera
Ricardo Claro
O Moinho da Arregata Henrique Dias Freire Editor do CULTURA.SUL
Eleição das Maravilhas Culturais do Algarve Quantos de nós se sentiriam à-vontade para indicar as maravilhas culturais de cada um dos nossos 16 concelhos algarvios? No entanto, é indiscutível a vasta e profunda riqueza do nosso património cultural, tanto material como imaterial. Dois anos após José Carlos Vasconcelos, director do JL Jornal de Letras, Artes e Ideias, o jornalista, ainda em funções, mais premiado nacional e internacionalmente, ter considerado o Cultura.Sul como o melhor caderno cultural editado pela imprensa regional, sentimos que tinha chegado o momento de responder a essa lacuna. E com o pretexto de assinalarmos o 4° aniversário do Cultura.Sul, resolvemos dar corpo a esta arrojada iniciativa que pretende dar a conhecer ao público em geral quais são as 16 Maravilhas na área cultural de cada município algarvio. Após termos aferido, via AMAL, da sensibilidade dos nossos autarcas sobre a metodologia mais consensual, o primeiro passo está a ser dado com indicação por cada município de três possíveis Maravilhas Culturais que serão posteriormente sufragadas pelo público em geral via Facebook. Esta iniciativa, que se pretende bastante participativa, também conta como parceiros com o apoio da Direcção Regional da Cultura do Algarve, da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA) e dos Hotéis Real.
Ficha Técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire
Há um certo fascínio (romântico) por estas estruturas arredondadas que em tempos moíam cereais. Talvez pela sua forma, pelas velas de pano insuflado com a passagem do vento (que algumas mantêm), pela paisagem campestre que normalmente as cerca ou pela sua função artesanal de produzir farinha com a simples rotação das mós. Indiscutível é que atraem os olhos. E os nossos vão dirigir-se para o moinho da Arregata, situado na povoação de Rogil, em Aljezur. É um dos 25 moinhos de vento que existem no país e ficou novinho em folha em 1997, altura em que foi recuperado
pela autarquia local. Com núcleo museológico que revela o trabalho do moleiro, este espaço pede uma visita. Hoje ou amanhã ou qualquer outro dia, o que importa é que não fiquem acomodados em casa e que o vejam. Combinado? Observações: visitável de terça a sábado, entre as 14h00 e as 18h00 (horário até Setembro). Coordenadas Geográficas: 8°47’54,2883” W | 37°21’22,9612” N. Tel. 282 995 001 (Junta de Freguesia do Rogil). Blog: http://blog.turismodoalgarve.pt/ Post: http://blog.turismodoalgarve. pt/2012/07/o-moinho-da-arregata. html
Espaço CRIA
A educação para o empreendedorismo em Portugal
Susana Imaginário
Psicóloga e Gestora de Ciência e Tecnologia do CRIA, Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve
Hoje em dia, cada vez mais se ouve falar em empreendedorismo e na educação para o empreendedorismo. Embora esta temática seja valorizada por outros países há bastante tempo, só nas últimas décadas começou a ser abordada
Paginação: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: » blogosfera.S: Jady Batista » livro.S: Adriana Nogueira » momento.S: Vítor Correia » panorâmica.S: Ricardo Claro » patrimónios.S: Isabel Soares
em Portugal, tendo-lhe sido dado maior ênfase nestes últimos anos, especialmente quando verificamos a criação e desenvolvimento de políticas e programas de apoio à educação para o empreendedorismo. A problemática em torno desta questão é ainda mais vincada quando, no passado mês de abril, foi publicado um estudo da Comissão Europeia que concluiu que a maior parte dos países da Europa têm vindo a desenvolver grandes esforços para promover o empreendedorismo dentro e fora das escolas, não sendo o nosso país um dos referidos. A verdade é que, embora existam uma grande diversidade de ofertas formativas, programas de incentivos e projetos de promoção, ainda existe muito a fazer, a começar pela divulgação. Apesar de ser verdade que a fraca visibilidade existente em algumas destas iniciativas, deve-se por vezes à sua tipo-
logia e especificidades (são ações específicas que apenas pretendem alcançar um nicho específico de pessoas), também é verdade que muitas são realizadas e não têm a divulgação que deveriam, sendo o impacto raramente avaliado, dificultando assim o processo de melhoria contínua. Estes programas surgem, e muito bem, da ideologia de que o empreendedorismo não deve ser apenas encarado como uma ação levada a cabo por um individuo que pretende criar a sua própria empresa, mas também encarado da perspectiva do desenvolvimento das competências empreendedoras nas pessoas desde tenra idade. Falo de competências como: assumir riscos, competição, resolução de problemas práticos e/ou teóricos, criatividade, iniciativa, persistência, entre outras. Embora nenhuma destas competências se apresente como uma novidade
Colaboradores: AGECAL, ALFA, CRIA, Cineclube de Faro, Cineclube de Tavira, DRCAlg, DREAlg, Pedro Jubilot. Nesta edição: Patrícia Batista, Pedro Ruas, Rafael Burgos Lucena, Raúl Grade Coelho e Susana Imaginário
Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve e-mail: geralcultura.sul@gmail.com
para a sociedade, a forma como elas se manifestam pode variar entre gerações. No caso da minha geração, lembro-me perfeitamente de, quando era pequena, participar em longas competições de berlindes nas quais o vencedor ganhava os berlindes dos adversários ou então de arranjar materiais para fazer papagaios de papel e vendê-los aos vizinhos. O papel ativo dos pais, professores, escolas e outras entidades para a sensibilização do empreendedorismo é fundamental e, apesar das atuais adversidades, deverão ser concertados esforços nesse sentido. Estimular os nossos jovens para que desenvolvam as suas competências empreendedoras, adotando iniciativas que vão de encontro às suas idades, torna-se urgente e nunca são demais. Tal como a sua divulgação e avaliação final para melhoria e iniciação de um novo ciclo.
on-line: www.issuu.com/postaldoalgarve Tiragem: 10.466 exemplares
Cultura.Sul
03.08.2012
3
Espaço Cultura
Obra aberta: mapear memórias Na prossecução da sua missão, a Direcção Regional de Cultura do Algarve adotou uma estratégia que aposta na herança histórica como fator de desenvolvimento, gerador de conhecimento, de auto estima e de riqueza. Procurando prosseguir e reforçar a política patrimonial de registar para conhecer, incentivada ao longo dos últimos anos, é competência legal da Direcção Regional «apoiar e colaborar na inventariação sistemática e atualizada dos bens que integram o património arquitectónico e arqueológico», bem como «participar na elaboração dos planos diretores municipais» e apoiar a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) em procedimentos de avaliação de impacte ambiental (AIA) e na elaboração de outros instrumentos de gestão territorial (IGT) [Decreto-Lei n.º 114/2012 de 25 de maio] . Com efeito, a inventariação sistemática dos bens culturais está na base das opções da salvaguarda, do conhecimento, e da valorização e divulgação da herança cultural da região. Ponderando a informação já disponível na área disciplinar da arqueologia acerca das preexistências de origem sociohistórica que obrigam a tomar medidas preventivas de salvaguarda do património arqueológico e influem nas opções de ordenamento urbanístico e do território, é inegável que há já muito trabalho realizado, desde a primeira «Carta Arqueológica do Algarve», preparada por Estácio da
vas (quiçá sensacionais) descobertas tornarão obsoleta. Afinal, essas descobertas são um dos fascínios da arqueologia! Direção Regional de Cultura do Algarve 1Para agilizar essa colaboração, foi estabelecido entre a DGPC e a DRC Algarve um protocolo de cooperação, em 10/07/2012. 2 Em conformidade com o n.º 5 do Art. º 75º e no n.º 3 do Artigo 79º da Lei n.º 107/01, de 8 de Setembro, os licenciamentos de obras e outras operações urbanísticas em áreas com potencial arqueológico só podem
Mapa da Rede Regional do Património Cultural Histórico-Arqueológico
ser concedidos na condição de que o promotor assegure a realização de trabalhos arqueológicos, sob direção de arqueólogos
Veiga e publicada em duas folhas à escala 1:200000, em 1883 (Tempos Prehistoricos) e em 1889 (Tempos Historicos). Prosseguida por outros pioneiros do conhecimento científico do Algarve e alvo de um tentame de sistematização em 1997 , procurou-se coligir os seus resultados em 2007, para o Plano de Ordenamento Territorial do Algarve, de que resultou uma cartografia indicativa da rede regional de património histórico-arqueológico, que inclui sítios arqueológicos, núcleos urbanos e zonas de maior potencial arqueológico (carta 7 do PROT Algarve ). Esta situação de privilégio relativamente ao resto do País, em que o grosso do trabalho de sistematização está feito e é, na generalidade bom, não deve, contudo, fazer perder a noção de que este tipo de trabalho nunca estará completo: diariamente são descobertos ou referenciados novos testemu-
nhos arqueológicos e esse manancial de informações dificilmente poderá ficar revisto na íntegra. Muitos dos locais de achados encontram-se assinalados nas cartas por um ponto – quando, para efeitos de gestão do território, terão de ser identificados como áreas patrimonialmente sensíveis. Os dados mais recentes, sistematizados no âmbito de estudos científicos de território ou de procedimentos de avaliação de impactes ambientais, só mais lentamente são lançados de imediato nas bases de dados da entidade de tutela administrativa do património (atual DGPC) e disponibilizados para os sistemas de informação geográfica (SIG) das dezasseis autarquias da região. O grau de pormenor de definição das áreas de sensibilidade arqueológica, e a avaliação de risco (através de cartas do subsolo com índices diferenciados de potencial e afetação), apresentam
claras deficiências na região, com exceção de alguns centros urbanos que foram recentemente atualizados no âmbito da elaboração de IGT (casos de Faro, Lagos, Aljezur, entre outros). O recente esforço de disponibilização de informações em linha por parte da Direção-Geral do Património Cultural, com a correspondente cartografia de sítios arqueológicos georreferenciados no sistema nacional de informação e gestão arqueológica designado como Endovélico, através do «Portal do Arqueólogo» , obriga a um correspondente esforço de verificação e atualização dos dados, que, na atual conjuntura, pode ser viável através de parcerias entre DRC Algarve e a administração autárquica. Com a consciência de que a sistematização alcançada nunca será definitiva, e de que a «Carta Arqueológica do Algarve» continuará sempre a ser uma obra aberta, que no-
credenciados pela DGPC. 3 «Cartografia Arqueológica: o Algarve como exemplo», texto de Teresa Marques que inclui cartografia dos sítios até então georreferenciados, publicado na obra coletiva «Noventa Séculos entre a Serra e o Mar», organizada por Maria Filomena Barata e Rui Parreira e editada pelo então Instituto Português do Património Arquitetónico. 4 Disponível em linha em http://www. prot.ccdr-alg.pt/Storage/pdfs/PG07.pdf 5 Todas as autarquias do Algarve em processo de rPDM, ou que, ao longo da última década, solicitaram informação sobre a localização dos sítios arqueológicos do respetivo território municipal, receberam já anteriormente essa informação por parte da administração central, tendo algumas procedido mesmo no terreno à verificação e atualização dos conteúdos fornecidos. No Algarve, verificava-se haver contudo uma pequena minoria que ainda não dispunha dessa informação, agora acessível em linha.
Espaço AGECAL
A Gestão Cultural em Espanha e Portugal
Rafael Burgos Lucena
Presidente de la Asociación de Gestores Culturales de Andalucía (GECA) y de la Federación Estatal de Asociaciones de Gestores Culturales de España (FEAGC).
A gestão cultural é uma atividade profissional cuja evolução em Espanha e em Portugal é certamente diferente à da maioria dos outros países que nos são mais próximos. As ditaduras que sofremos no passado século XX atrasaram substancialmente a profissionalização das atividades culturais, uma vez que a intervenção pú-
blica na cultura se restringiu à censura ou à propaganda, com intervenções de conservação relacionadas com o património ou as tradições. Com o advento da democracia, os animadores sociais e os agentes coletivos relacionados com as artes cénicas empreenderam um intenso labor de estímulo à participação dos cidadãos na vida cultural, enquanto as administrações públicas criaram espaços e instituições culturais até então inexistentes. A progressiva profissionalização destes ofícios, que nasceram com uma elevada carga vocacional e voluntarista, conjuntamente com a evolução de outras funções relacionadas com a cultura, tais como bibliotecários, conservadores do património ou museólogos, que juntam à sua atividade tradicional as tarefas tendentes a estimular a difusão e o acesso da cidadania, teve como resultado a profissão de gestor cultural.
Nos anos 90, proliferam em Espanha as associações regionais de gestores culturais, que integram profissionais unidos na reivindicação do reconhecimento social, académico e profissional da gestão cultural. A configuração política e administrativa espanhola, com um Governo Central, governos das Regiões Autónomas, Conselhos Provinciais e Autarquias tornaram obrigatório que se trabalhasse por estes objetivos nos diversos âmbitos territoriais. De aí que a Associação de Gestores Culturais da Andaluzia (GECA) conte, por um lado, com uma coordenação em cada uma das províncias andaluzas, realize outras ações no conjunto da Região Autónoma e seja, por outro lado, membro ativo – e atual presidente –da Federação Estatal de Associações de Gestores Culturais de Espanha. Na Andaluzia, já há alguns anos que lográmos fazer chegar a Gestão
Cultural à Universidade, através de diferentes masters e cursos de especialização universitária, e há pouco tempo culminou o processo para criar na Universidade de Huelva a primeira licenciatura em Gestão Cultural lecionada numa universidade pública espanhola, com uma formação integral ao longo de quatro anos académicos que nos equipara aos países mais avançados. Por outra parte, a partir da Federação Espanhola, lográmos a criação do epíteto de gestor cultural na Classificação Nacional de Profissões, o que dará aos profissionais visibilidade nas bases de dados oficiais do Ministério do Trabalho e um maior reconhecimento da nossa atividade. Deste modo, entendemos que, agora mais do que nunca, os profissionais da cultura devem trabalhar unidos, e que aos gestores culturais, enquanto mediadores entre artistas, património, administração e cidadãos, correspon-
de o papel de evitar que a crise económica destrua um dos maiores ativos e recursos de desenvolvimento do continente europeu: a nossa cultura e a nossa diversidade. Foi igualmente nessa convicção que criámos, há alguns anos, a Associação Ibérica de Gestores Culturais, que agrupa as associações de Gestores Culturais do Algarve (AGECAL), da Estremadura (AGCEX) e da Andaluzia (GECA). O intercâmbio de experiências, as atividades formativas conjuntas e especialmente a profunda irmandade e cumplicidade entre os profissionais de ambos os lados da fronteira, foram alguns dos valiosos frutos desta união, que poderia ser, por seu turno, a semente de uma desejável organização europeia de gestores culturais que nos permita ter voz em Bruxelas e zelar nas instituições comunitárias pela gestão profissional da cultura.
4
Cultura.Sul
03.08.2012
• MÚSICA
Emblemáticos Kool & The Gang actuam no Algarve
Banda norte-americana promete uma viagem a diferentes épocas e estilos musicais
destaque
A mítica banda Kool & The Gang actua hoje, sexta-feira, dia 3, em Albufeira, numa noite que promete resgatar memórias de êxitos musicais intemporais protagonizados pela banda norte-americana ao longo das últimas décadas. O Sheraton Algarve & Pine Cliffs Resort é o palco central de uma viagem musical na qual “Celebration”, “Ladies Night” ou “Get Down On It” vão, seguramente, fazer vibrar a plateia onde se esperam fãs, melómanos do disco sound e revivalistas de uma era dourada do panorama musical internacional. Formada pelos irmãos Robert “Kool” Bell e Robert Bell “Khalis Bayyan”, em Jersey City, em meados dos anos sessenta, os Kool & The Gang lançaram o seu primeiro álbum em 1969 e até hoje já venderam mais de 70 milhões de discos. Com um background marcado pelo jazz mais purista, esta banda tornou-se ao longo dos anos ícone em diferentes géneros e musicais. A forma como os Kool & The Gang
interagem e agarram a plateia, assim como a viagem pelas diferentes sonoridades que passam pelo jazz, funk, R&B e disco sound prometem animar uma glamorosa gala que festeja, além da boa música, a redonda data de vinte anos do resort. Mas se o cartaz traz ao Algarve uma banda de impressionante carreira, a verdade é que o serão que inclui o concerto se apresenta também com preços proibitivos para muitos. A cultura a peso de ouro A cultura no Algarve apresenta-se para todos os gostos, mas não necessariamente para todas as carteiras e os bilhetes da Gala de Verão do empreendimento turístico que acolhe o concerto custam 280 euros numa versão mais ‘económica’ (jantar buffet) e atingem os 550 euros na versão platinum (jantar gourmet e bar aberto) e estão à venda nos locais habituais, assim como directamente no resort. A verdade é que os valores podem
espantar alguns, mas são perfeitamente enquadráveis para aqueles que são o público alvo de um resort que enquadra uma das mais caras e prestigiadas marcas de cadeias hoteleiras do mundo, os Sheraton. Além da participação especial dos Kool & The Gang, a Gala de Verão do resort apresenta um programa que conta com um cocktail de boas-vindas, jantar gourmet preparado pelo chef Fabian Martinez, um espectáculo de fogo-de-artifício à meia-noite e uma after-party no Yakuza by Olivier, no Pine Cliffs Resort, com a actuação da dj Sofia Gião que vai prolongar a festa até ao nascer do sol. Carlos Leal, director-geral da empresa proprietária do resort, antevê que “esta gala proporcione mais um momento especial e memorável ao público presente, e que reforce o posicionamento do resort como uma inspiração e uma referência de turismo de luxo em Portugal e no mundo”. Pedro Ruas
“MEMÓRIAS TANGERINAS” Até 18 AGO | Galeria de Arte do Convento Espírito Santo - Loulé Tomás Colaço e Sofia Aguiar apresentam peças separadas mas com alguns elementos em comum. O objecto relaciona-se com a ideia de “casa” ou “espaço privado” que será um pouco uma extensão dos seus próprios locais de residência em Lisboa e em Tânger
o p m e t a s s a P a m l a P Jorge
O Cultura.Sul é um dos media partners do concerto que Jorge Palma vai realizar no Quartel da Atalaia em Tavira, dia 11, e temos para oferecer aos nossos leitores convites para assistirem ao concerto deste que é um dos mais reconhecidos intérpretes da música nacional. Para ganhar um convite individual apenas tem de responder à questão sobre a carreira de Jorge Palma: Qual o nome do último disco de Jorge Palma? As respostas devem ser enviadas para o e-mail jorgepalma.postal@gmail.com a partir das 0 horas de sexta-feira, dia 3 de Agosto, e até às 15 horas de dia 9. O e-mail deve indicar nome, número de bilhete de identidade e e-mail de resposta (para informação em caso de vitória) de cada concorrente. Os vencedores serão seleccionados pela ordem de recepção dos e-mails com resposta correcta à pergunta colocada.
“AMÉLIA JANES & NEM TRUZ NEM MUZ” 25 AGO | 21.30 | Centro Cultural de Lagos A sonoridade do grupo foi mudando ao longo dos tempos, mas sem nunca perder os ensinamentos adquiridos ao longo da sua história. Grupo dedica novo CD, “Se vos Canto...”, ao poeta António Aleixo
Cultura.Sul
03.08.2012
panorâmica
5
Ricardo Claro
• JORGE PALMA
“Sou quem sou, apenas isso para uns, tudo isso para outros”
Controverso eterno, acutilante e certeiro na escrita e na música que compõe e que o tornaram uma referência incontornável do panorama musical português, Jorge Palma apresenta-se no próximo dia 11 em Tavira num espectáculo com início marcado para as 22 horas.
O POSTAL entrevistou o cantautor que atravessa gerações e que mantém uma carreira invejável à qual nem os percalços beliscam. A genialidade de Jorge Palma mostra-se uma vez mais em palco, no Quartel da Atalaia, e dela Jorge Palma apenas receia
“deixar-se embevecer”. Embevecido decerto ficará o público que escolher passar a noite em Tavira ao som dos acordes de um eterno teaser da música nacional que traz ao Algarve uma carreira invejável e o seu último disco “Com Todo o Respeito”. ço ajuda-o na conquista de uma fatia do seu público. É voluntário este lado irreverente e provocatório do Jorge Palma figura pública? Tem correspondência no homem privado? JP - Se lhe disser que sempre que me chamam (e chamam-me amiúde) enfant terrible eu nunca estou de acordo (acho-me sempre bem mais tranquilo do que muitos daqueles que ao longo dos anos admirei como músicos e tomei como “gandas malucos”), provavelmente percebe o quão inato é para mim ser quem sou.
Cultura.Sul (CS) - O piano, antes de tudo, e a guitarra, um pouco mais tarde, são companheiros de uma vida dedicada à música. Tem alguma preferência entre os dois para tocar? E para compor? Jorge Palma (JP) - A guitarra e o piano são para mim como respirar, não penso nisso, e ainda bem... CS - O Algarve marca um curto episódio da sua vida com os Black Boys. O que guarda desses momentos vividos aos 17 anos? JP - O quão genial é ser-se novo e o quão ridícula é a sensação de que somos indestrutíveis? (risos)...
CS - Há um misto de traços de terno romantismo e de bas-fonds na sua música, em particular nas letras. Como canta Rui Veloso há um lado lunar na música de Jorge Palma? JP - Claro, e “lados” (que coleccionei ao longo da vida) é coisa que não me falta (risos).
CS - The Nine Billion Names of God (1972) marca a sua primeira aparição em disco a solo. O inglês foi a escolha de então, mas os grandes sucessos fizeram-se em português. Que posição ocupam ambas as línguas na sua carreira? JP - O inglês é provavelmente a primeira referência (fruto do que ouvia e vivia então), o português porque o fiz em Portugal, mas podia ser em Francês se estivesse em França ou noutra língua se noutro sítio...
CS - Assume-se como um homem que vive a vida e nessa medida também a música na border line? JP - Creio sinceramente que tomar consciência disso não será viver nessa tal border line (seja lá o que isso for, e que por certo será diferente de pessoa para pessoa) sou quem sou, apenas isso para uns, tudo isso para outros.
CS - Ary dos Santos é um nome incontornável do mundo dos letristas e dos poetas. Privou de perto com este ‘monstro’ da escrita, o que ficou desta convivência? JP - Momentos indescritíveis (sorri). CS - Fez verdadeiras incursões despojadas pelo mundo (EUA, Canadá, Caraíbas e Europa), mesmo depois de ser já reconhecido em Portugal como músico, quer pelos seus pares, quer pelo público. De viola às costas pelas ruas aprendese muito? JP - Viajar é, para mim, viver, e viver é aprender. Existe quem aprenda de forma inata, quem quer aprender, quem se esforça para o fazer, ou quem releva essa aprendizagem, para mim a “viola às costas” foi avassalado-
CS - Quarenta anos de carreira cruzam várias gerações e em todas elas granjeou uma legião de fãs que põem em causa a vida útil das canções e fazem delas sucessos eternos. Que peso tem este carácter transgeracional da sua carreira? JP - Tem o peso, perigoso, de me embevecer.
Jorge Palma traz a Tavira êxitos de hoje e de sempre ramente enriquecedor mas o ser humanos é, felizmente, muito distinto, portanto quem sou eu para dizer se será para outros? CS - O exílio e a estada na Dinamarca... durante o período da dita-
dura de que forma o marcaram? JP - Cresci, fiz amigos, convivi com gente fantástica, com ideias, vivências e cultura completamente diferentes das minhas, e isso, naquela altura e com aquela idade, não tem como não
ser muito positivo. CS - Há um perfil de eterno enfant terrible que, desejado ou não, perpassa da sua atitude e do percurso que trilhou. Para muitos este tra-
CS - Com todo o respeito, o que se segue depois de tanto sucesso? JP - Espero que se sigam mais alguns anos e estou tão expectante por eles (por não saber o que contêm) como você (risos).
Hawaii, Verdeagua e Flower Power Preço: 39,90 € Paulo Miranda Joalheiro
OMEGA Seamaster James Bond 50 anos
Jantares
Preço: 3.950 €
Paulo Miranda Joalheiro
Domingos: Vamos aos Fados Restaurante do Real Quartas-feiras:
personalizamos à medida com qualidade e originalidade
Apartamentos Moradias Empreendimentos Hotéis Escritórios
Bossa N’ Jazz & Mario Spencer
Mobiliário Decoração Iluminação Cortinados Papel de Parede
Restaurante do Real Preço por pessoa: 22,50 € Até 5 anos - grátis | dos 6 aos 12 anos - 50% de desconto
Restaurante Le Club DESIGN POSTAL DO ALGARVE - PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Praia de Santa Eulália - Albufeira
www.caxemir.pt
Refeição por 29 €/pax
Caxemir Interiores
Proposta:
A Caxemir Interiores é muito
Entrada: Carpaccio di Tonno con panzanella
mais do que um espaço dedi-
Prato Principal: Il filetto di S. Pietro con spezia
cado aos objectos de decora-
Sobremesa: Crostata Meringata
ção, onde arte e bom gosto se
(refeição constituída por entrada, prato principal e sobremesa à escolha de um menu variado com propostas previamente estabelecidas)
apresentam a cada cliente como uma panóplia de soluções para as suas necessidades de criar espaços e ambintes únicos e requintados. Às peças de mobiliário e decora-
LE CLUB lança Showtime 2012
ção, aos cortinados e papéis de parede e à iluminação, a Caxe-
Praia de Santa Eulália - Albufeira
mir Interiores une a capacidade Numa parceria com o mítico Ministry of
de pensar projectos de decora-
Sound londrino, o LE CLUB apresenta este
ção à medida de cada cliente.
mês Showtime 2012:
Ouvi-lo, percebê-lo e compreen-
03-Ago – 7 Pecados 7sins performances Dj
der cada um dos seus desejos
China & King Bizz
e ideias são o primeiro passo
04-Ago – Robin S Alive (Hit Show me Love…)
a que a Caxemir Interiores se
Dj Zé Black e Dj Pedro Tabuada
propõe para realizar em pleno
07-Ago – Last Call, Ryanair Special Crew Djs
a sua concepção de ambiente
Quentitos & Dj Miguel Barros
perfeito.
08-Ago – VIP by Ministry of Sound IGOR PRO-
Peça a peça, pormenor após
JECT Gogo Dancers
pormenor, criamos o seu mun-
10-Ago – Holmes Place Summer Party video
do a pensar em si.
music trip from 80’s to 2012 Dj Nelson Miguel Absolutamente imperdível!
CONTACTOS: Caxemir Interiores Rua João Árias - Tavira 281 324 594 www.caxemir.pt geral@caxemir.pt
Paulo Miranda Joalheiro Lojas: Forum Algarve - loja 035 Faro 289 865 433 Baixa de Faro - Rua de Santo António, 21 289 821 441 www.paulomirandajoalheiro.com geral@paulomirandajoalheiro.com
Real Marina Hotel & Spa - Olhão Info e reservas: SPA: 289 091 310 spa@realmarina.com Jantares: 289 091 300 recepcao@realmarina.com PUBLICIDADE
Tentações
Watx & Colors
Cultura.Sul
03.08.2012
momento
7
Vítor Correia
Exposição “O Mundo dos Dinossauros” - Portimão
Espaço ALFA
Diferenças entre fotógrafos profissionais e amadores
Raúl Grade Coelho
Secretário da Assembleia Geral da ALFA
Já alguém se questionou acerca da principal diferença entre um fotógrafo profissional e um amador? Se calhar já teceram alguns comentários mas não se envolveram diretamente naquilo que cada um deles faz. Realmente penso que não faz muito sentido haver uma grande diferenciação entre estes dois modos de fotografar, pois há uma coisa que é sempre comum a estas duas pessoas. Captar o momento. Apesar de um fazer a vida ‘apenas’ a captar o momento não o torna por vezes um melhor fotógrafo do que um amador que por paixão à arte de fotografar mais estudou e aplicou-se para tirar com devido rigor a fotografia que pode entretanto ser alvo de notícia e ser divulgada. Penso então
que não deve haver uma grande divisão entre estes dois tipos de fotógrafos, pois o contrário também acontece. Muitas vezes o fotógrafo profissional anda muito melhor equipado em termos de equipamento que é sempre atual e tem melhores conhecimentos para obter a fotografia que pretende para determinado fim. Desta forma, supera por vezes o amador que comprou e usa ainda a máquina fotográfica que lhe foi oferecida num Natal já distante. Há também uma diferença grande no tipo de foto que se pretende. Há as fotos dos eventos sociais que costumam ‘chamar’ os fotográfos profissioanis tal é o número gigantesco deles como todos vós certamente já notaram nas fotografias de revistas ou na própria televisão que também retrata estes momentos captando os fotógrafos em pleno trabalho. Estes estão quase sempre acompanhados pelo conhecido flash. É outro equipamento que é utilizado pelos profissionais e amadores embora pense que neste domínio o profissional se encontre um pouco mais avançado, pois certamente teve aulas de como usá-lo. Pessoalmente, acho um instrumento de útil importância mas envolve um certo conhecimento para ser utilizado nas melhores condições. Quantos de vós não tiveram já problemas com a utilização do flash? Certamente que muitos. Há a intensidade da luz e
há o objecto que deve ser capturado tornando difícil a execução do momento fotográfico. Outro pormenor importante da fotografia é o objeto que se pretende capturar com a máquina fotográfica. Há os objetos lentíssimos como o famoso caracol ou o objeto rapídissimo como um carro de alta competição. Aqui entra também a questão das lentes fotográficas alia-
da à própria máquina que conjuntamente permitem obter a melhor fotografia. Para todos estes casos atrás descritos há no entanto soluções para resolverem as situações. Uma delas é a inscrição na ALFA – Associação Livre Fotográfos do Algarve que aceita tantos fotógrafos profissionais e amadores que em determinadas ocasiões se juntam e onde se podem
trocar ideias entre ambos aumentando a qualidade das fotografias que você pretende tirar com a máquina fotográfica que tem ou que virá a ter. Há também os cursos praticados na ALFA desde os iniciantes na arte fotográfica como para os mais avançados. É tudo uma questão de consultar a página na internet www.alfa. pt e poderá ver quais os cursos que atualmente poderá frequentar.
8
Cultura.Sul
03.08.2012
Espaço Educação
Ensino bilingue nas escolas públicas: um sentido de cidadania para um mundo interligado e global
destaque
O Ensino Bilingue Precoce (EBP) assenta no princípio de que as crianças são ensinadas em duas línguas desde o início do ensino básico ou inclusivamente desde o pré-escolar. Uma das línguas é normalmente a língua oficial do país onde a escola está localizada, sendo a língua adicional uma língua estrangeira ou outro idioma, dependendo este de comunidades locãis. O EBP tem por objetivo ajudar os alunos a tornarem-se fluentes e instruídos não só numa segunda língua, mas também na estrutura da sua própria língua. Visa igualmente ajudá-las a desenvolver a sua autoconfiança, a adotar atitudes positivas para com outras formas de vida e a ganhar um sentido de cidadania no seio de um mundo interligado e global. Ao encarar-se o desafio do ensino das línguas no contexto da globalização, assume-se a diversidade linguística e o bilinguismo como um instrumento fundamental de contato entre línguas e culturas, contribuindo para a construção de uma escola com sentido, de diálogo intercultural e, por consequência, de envolvimento dos atores da comunidade educativa na defesa de sociedades linguística e culturalmente diversificadas. A nível europeu, o projeto do Ensino Bilingue Precoce tem vindo a desenvolver-se, com sucesso, em Espanha desde 1996, pelo British Council (BC), em parceria com o Ministério de Educação espanhol, em 122 escolas públicas. Foi também implementado em Itália, em Setembro de 2010, através de uma parceria entre o Ministério da Educação italiano e o BC, em 6 escolas públicas da Região da Lombardia. Em Portugal, após o Estudo de Viabilidade, de âmbito nacional, realizado em 2009/2010, em 12 Agrupamentos de Escolas (AE), resultante da colaboração entre o Ministério da Educação e Ciência (DGE) e o BC, apurou-se que 7 AE apresentavam
as condições adequadas para participarem nas experiência piloto de Ensino Bilingue Precoce. Seguiu-se, em 2010/2011, um processo de formação, organizado pela DGE, em língua inglesa e em didática de ensino bilingue, para os docentes envolvidos. No presente ano letivo foi implementado nas turmas de 1º ano, o projeto-piloto “Ensino Bilingue Precoce no 1.° CEB” nas escolas selecionadas. Trata-se de um projeto inovador no sistema de ensino público, no 1.° ciclo do ensino básico, que visa lecionar, desde o início da escolaridade obrigatória, o currículo, através das línguas portuguesa e inglesa. São lecionados em língua inglesa alguns conteúdos das áreas curriculares de Estudo do Meio e de Expressões, em 5 horas semanais. As aulas são ministradas pelos professores titulares de turma, coadjuvados em 45 minutos por semana, em contexto de sala de aula, pelos professores de Inglês. Às escolas envolvidas são disponibilizados diversos tipos de apoio, designadamente: • acompanhamento por equipa pedagógica, • recursos didáticos em plataforma moodle, • formação de professores,
EB1 de Algoz – Alunos do 1º ano em EPB (atividades de Estudo do Meio e Expressões) • apoio a candidaturas de ações Comenius (Formação de Professores no Reino Unido e Escolas de Acolhimento), em colaboração com a Agência Nacional PROALV, • monitorização através de acompanhamento presencial às escolas envolvidas, ao longo do ano letivo. Na região do Algarve, o Agrupamento de Escolas de Algoz faz parte do grupo de AE selecionados para a implementação do projeto, escolha essa que teve por base as opções definidas no Projeto Educativo de Agrupamento que privilegia o su-
“HABITAR A ESCURIDÃO” Até 30 AGO | CECAL – Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé Composta por 50 fotografias a preto e branco captadas entre 1977 e 2005, Marco António Cruz apresenta numerosos casos de cegueira, conjugando o testemunho da vida quotidiana dos invisuais no México com a sua grande sensibilidade social e artística
cesso educativo e o ensino das línguas. A introdução de uma segunda língua estrangeira no 5º ano de escolaridade, enquanto componente essencial (local e regional) do currículo, surgiu no âmbito do contrato de autonomia, e constituiu experiência inovadora no 2º ciclo. O Ensino Bilingue Precoce, no 1º ciclo, neste Agrupamento, vem dar consistência ao ensino das línguas ao longo do percurso do ensino básico. Iniciado em três turmas do 1º ano, duas na EB1 de Algoz e uma na EB1 de Tunes, este projeto constitui mais um
impulso inovador nas práticas educativas do Agrupamento.
Links úteis sobre o projeto: http://www.britishcouncil.org/pt/ portugal-projectos-bilingual-schools.htm (British Council Portugal) http://www.britishcouncil.org/spaineducation-bilingual-project.htm (British Council Espanha) http://www.britishcouncil.org/italybilingual-education.htm (British Council Itália)
“AL-MOURARIA” 3 AGO | 22.30 | Casino de Vilamoura Al-Mouraria é um projecto inovador de seis músicos, entre os quais três cantores, que musicalmente se baseia na nova música portuguesa e situa-se algures entre o fado tradicional e o chamado fado novo
Cultura.Sul
03.08.2012
9
Contos de Verão na Ria Formosa
‘Atira-te Ao Mar…’
Pedro Jubilot
pjubilot@hotmail.com
- Marque! Ó Marque! Alevanta-te! - gritava o avô na sua voz rouca, pelo corredor dirigindo-se para a cozinha de chávena de tófina na mão, reivindicando prazeres de outrora: - «Conte na valia aquele cafézinhe chê de borras que tu me fazias-me, com sopas, conde ê cá endava da secada», desabafa António José. Ao que obtém a resposta da mulher: - «Pô era... e sejava cafeteras, fegão... e o moçe, o tê nete cada vez tá pior. Côme chega cêde ainda se põe a ver vides da telervisão até de manhãzinha». Mestre Toino foi de novo à porta do quarto um pouco mais chateado e gritou novamente, mas mais alto: - «Marque Entoine! Alevanta-te já desgraçade! Daqui a pouque tenhe o barque em seque». E pegando no boné saiu falando entre dentes: - «O tê pai e a tu mãe é que tom bem lá da alemonha… e ê que me charingue páqui contigue. Vô ma é endande pá do 7 estrelas. Se na apareces lá daqui a dé menutes bem podes ir trabalhar pá zobras, que cá nan te dô ma denhere denhum pó reste das feras». A avó, com intenção de acordar o jovem Marco António ligou a roufenha telefonia a pilhas sintonizada na local Radio Atlântico (ela gostava mais da antiga Radio Restauração do sr. Julinho, ali ao pé da rua de Faro mas agora mudaram aquilo e só tocam músicas estrangeiras e estão sempre a falar das bichas de carros em lisboa), e o locutor fala pelos cotovelos: - «São 8 e 49, estão já 22 graus em Faro, tempo agora para escutar o novo êxito dos Iris da Fuzeta para este verão: Atira-te ao mar». A avó aproveita a embalagem e recomenda: - «Marquinhe, vai já ter com o tê avô, ca maré hoje é boa pa ganhares uma nota». Por fim convencido, lá o rapaz a muito custo se levantou e vestiu, meteu um ice-tea no bolso e foi comendo uma sandes de queijo preparada pela avó. Levava também, mas metida na cabeça a música com que acordara, e já se sabe o que acontece
Um dos ícones da zona ribeirinha da Fuseta nestes casos -ela não nos larga para o dia. Apanhou o avó à porta da taberna: - «Tá no ir ó não», resmungou o ensonado Marco. Mestre Toino que já tomara 2 copos de 5 (mas de tinto), deu-lhe o chá: - «Vê lá se te alevantas má cêde quê já tô velhe pa trabalhar pa ti… ainda ê usava fraldas e já ia ó mar a noite entera». Ao que o Marco comentou trocista: - «tchina pá, devia ser même bué da fixe, o avó de dodotes assentade a borde do savêre». Aí o velho pescador deu-lhe uma carolada na orelha enquanto retorquia: - «Se calhar pensas que do mê tempe avia cá dessas mariquices». Chegados à baixa-mar, lá empurraram o barco para a água e fizeramse à Ria Formosa, que já era tarde e o calor apertava. Daí a pouco começaram a árdua labuta. Mas a teimosa melodia lá vinha à boca do neto: - «Mó o qué que fazes aqui». O avô esclareceu-o: -«Pouque barulhe qu’zolhes das amenjoas se fechem com essa gritaria parva». Mas mesmo com tanto suor entre as cavadelas fundas feitas na areia Marco não conseguia deixar de pen-
sar na letra da música: - «Má per qué que me dexaste da mão». Passadas umas boas três horas de trabalho à torreira do sol o avô decidiu dar por terminada a maré e de regresso ao barco o neto continuava a entoar a canção do momento : - «Já tou farte de pensar em ti». O pescador já nada dizia, apenas abanava a cabeça, pensando com os seus botões, enquanto se dirigiam para o bote. Quando foi ver o resultado da apanha pelo neto não se conteve em puni-lo: - «Même assim ainda apanhástes muntas amenjoas... com um côrpe desses. Tem ma é vergonha, tem». E como se fosse uma desgarrada, agora o moço: - «Tá o mar fête dum cão, nan à choque nem brebegão». Resposta pronta de Mestre Toino: - «Já me tás a enretar com essa merda de múseca. Ainda levas ma é uma cheparlada do mê da cara». Para piorar a situação o motor fora de borda do barco não parecia responder ao apelo manual de mestre Toino para iniciar marcha, pelo que Marco se tornou voluntário à força: - «Agarra ma é dos rémes. Do mê tempe e até do tempe do tê pai conde era môçe, même assim ainda má
pequene do que tu és agora, remávamos o dia tôde. Estes moçes dagóra parecem que são fêtes de caca». Ao ver-se ofendido o rapaz usou de novo a canção: - «E ê nem sou mau pescador». Mestre Toino já estava farto da cantarolice do jovem e quando este se levantou para pegar nos remos, desviou-se bruscamente para o mesmo lado do barco em que Marco se encontrava para propositadamente o desiquilibrar. E então - homem ao mar!.. ou melhor, moço ao mar. Marco esbracejava na água da ria, estragado da vida enquanto na sua cabeça estalava novamente o refrão, desta vez entoado pelo avô: - «Atira-te ó mar e diz que te empurrarem». Mas dá a sensação que o Sr. António já tinha aquela fisgada, pois o motor do barco, que se afastava com a corrente, pegou logo a seguir. Marco, esse teve de nadar até à doca, que apesar de tudo não era muito longe. À noite, depois do jantar, Mestre Toino e a mulher sentaram-se como de costume, ele no poial de pedra à porta de casa e ela numa cadeira de verga comprada na feira de um Setembro de há muitos anos. Falavam com os vizinhos, comentando hoje mais uma vez, a quantidade de
água gasta pelo neto, que se ouvia a cantar no duche uma melodia já conhecida de toda a vizinhança por esses dias: «Dá um bêje da boca e chamame Trazan» Finalmente saiu de ar lavado e roupa a estrear, mas ainda magoado com a partida que o avô lhe pregara nessa manhã, e apenas dirigiu um: - «Boa noite avó Camélia, té amanhã! Já sabe que venhe tarde esta nôte. E nan se esqueça cámanhã é friade, vô fecar a dromir». Ela chamou-o: - «Olha Marquinhe! Espera aí que o tê avô tem uma coisa pa te dar». Cinco contos para gastar no Festival do Marisco que abria nessa noite. Marco agarrou na nota, que afinal era a paga do seu trabalho, e foi orgulhosamente rua abaixo sem agradecer ao avô. Mestre Toino não resistiu e comentou: - «Fó mó, o chêre a prefume é má que munte. Tens uma mania que até dá dó». Mas não se coibiu de levar uma cotovelada da mulher. - «Tamém oje, coitadinhe do mecinhe vinha chê de tratol dos metores dos barques dos agostinhos, qu’andem aí num desacessegue o dia tode pa trás e pá frente».
10
Cultura.Sul
03.08.2012
livro
Mia Couto – A confissão da leoa Adriana Nogueira
Classicista Professora da Universidade do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Quem esteve presente na apresentação deste livro, em maio, aqui no Algarve, pôde ouvir o autor falar da sua mais recente obra, inspirada num facto real, que levou a empresa onde trabalha a lidar de perto com uma situação aterrorizadora: pessoas a serem devoradas por leões, numa aldeia no norte de Moçambique. Foi este facto que inspirou a narrativa, como aliás, na «Explicação inicial», se dá conta. Lendo este romance veio-me à memória uma frase de Plauto (comediógrafo latino que viveu entre 254 e 184 a.C.), presente na peça A Comédia dos Burros (tradução portuguesa de Aires Pereira do Couto, nas Edições 70): «O homem é um lobo para o homem» (v.495). Quase o mesmo disse Dona Naftalinda (uma das personagens mais interessantes deste romance): Não sei o que eles vão procurar pelo mato. Esse leão está dentro da aldeia (p.161). Diários e versões
destaque
Esta obra está dividida em 16 capítulos: oito são a voz de Mariamar, uma mulher de 32 anos, que vamos comparando com a leoa ao longo da narrativa: são os olhos amarelados, são as lutas com o animal, são o entendimento da fera, ao lado de quem se chega a deitar. Também vamos convivendo com a sua loucura, assumida por si e reconhecida pelos outros, ao mesmo tempo que reconstituímos a sua história de vida e percebemos os breves sinais que nos foram sendo deixados nos seus escritos. Os outros oito capítulos fazem parte do diário do caçador, Arcanjo Baleiro (e não como erradamente se diz na badana esquerda do livro «Gustavo Baleiro». Gustavo é o nome de outra personagem, o escritor que o acompanha na sua missão, e tem como apelido Regalo). Arcanjo her-
dou a profissão do pai e acompanhamos a sua insatisfação com o trabalho que exerce, os amores que (não) tem e a família que perdeu na quase totalidade. Com ele lemos a carta do seu irmão Rolando e percebemos melhor a loucura de Mariamar (p.221): Não é a morte que confere ausência. O morto está ainda presente: todo o passado lhe pertence. O único modo de deixarmos de existir é a loucura. Só o louco fica ausente. Um caçador que quer ser escritor e que nos vai deixando espreitar no seu diário, que deixa à vista de Gustavo, para que este não resista à curiosidade e o possa folhear furtivamente. Há momentos em que parece que estamos, por nossa vez, a seu lado, a espreitar também, enquanto aquele sorri ao ver o outro a mexer nos seus escritos. Transforma-se o amador na cousa amada Por virtude do muito imaginar (Camões) Um dos aspetos à volta do qual o romance gira é o da identificação dos seres humanos com as feras: caçadores e caçados confundem-se. Quando os jovens da aldeia decidem ser eles a dar caça aos animais que andavam a matar as mulheres, diznos o caçador: «Durante um tempo os homens dançam e, à medida que rodam e saltam, vão perdendo o tino e, em pouco tempo, desatam a urrar, rosnar e sujar os queixos de babas e espumas. Então percebo: aqueles caçadores já não são gente. São leões. Aqueles homens são os próprios animais que pretendem caçar. Aquela praça apenas confirma: a caça é uma feitiçaria, a última das autorizadas feitiçarias» (p.160). O caçador, contratado para matar os leões («caçar», corrige ele), vai-se afastando dessa atividade, relembrando uma profecia de sua mãe, que dizia que o seu «destino não era ser caçador». E sonha: «Sou o oposto do caçador tradicional que, de véspera, sonha o animal que vai matar. No meu caso, sonho-me a mim mesmo, ganhando vida apenas depois de ter sido morto por bravias criaturas. Essas feras são agora os meus monstros privados, a minha mais dileta criação. Nunca mais deixarão se ser meus, nunca mais deixarão de passear pelas minhas noites. Porque,
afinal, sou eu o seu domesticado prisioneiro» (p.182). Ao contar o sonho ao escritor, este comenta: No fundo, queremos ser aqueles que nos podem devorar. O mesmo lhe diz uma feiticeira: Lembre-se, caçador, não é você que prime o gatilho: o tiro acontece por vontade de um outro que, naquele instante, lhe ocupa o ser. As mulheres Quem nunca aprendeu a querer como pode preferir? Nós, mulheres, há muito que fomos enterradas. Seu pai me enterrou; sua avó, sua bisavó, todas foram sepultadas vivas. Estes itálicos são frases de Hanifa Assulua, uma «velha negra e solitária», mãe de Mariamar e da última mulher a morrer atacada por uma leoa (a sua filha mais velha, Silência). Hanifa tem uma visão desencantada da humanidade, uma tristeza permanente e
“INSIDE / OUTSIDE” Até 12 AGO | Posto Municipal de Exposições de Lagos Ana Rijo apresenta as suas peças de cerâmica que, depois de invadirem a casa, se estendem ao jardim, espalhando cores pelo meio do verde
uma raiva mal contida, que por vezes explode. Sobre Mariamar pouco direi, pois, sendo ela personagem principal, arriscava-me a revelar mais do que deveria. Destaco, porém, dois factos: a infância que teve, muito especial para uma rapariga, e o saber ler e escrever, o que fez de si um ser diferente. A relação com o avô Adjiru é de uma camaradagem invulgar. Mas a que mais encanta é Naftalinda. Se, de início, nos parece uma «primeiradama» mimada, obesa, que quer acompanhar o marido para todo o lado, de capítulo a capítulo a sua personagem vai evoluindo e demonstra ser a pessoa mais ética, mais humana, mais intransigente na luta pelos mais fracos: as mulheres. Até que os leões inventem as suas próprias histórias, os caçadores serão sempre os heróis das narrativas de caça (provérbio africano)
Este provérbio serve de epígrafe a todo o livro e, à sua imagem, cada uma das divisões da obra é antecedida por um provérbio (ou uma frase sentenciosa) que ilustra, a par dos próprios títulos dos capítulos, o conteúdo do que vamos ler e que nos faz pensar. Quem conhece a escrita de Mia Couto encontra muitos aforismos e frases proverbiais (talvez todos sejam criações do autor) que lhe podem servir em diversos momentos da vida. Esta obra não é exceção. Além de se poder discutir os dois lados da questão, os provérbios e sentenças ao gosto popular, também se pode encontrar referentes neste nosso mundo contemporâneo, onde tanto se fala em crise de liderança: Um exército de ovelhas liderado por um leão é capaz de derrotar um exército de leões liderado por uma ovelha (provérbio africano).
“MENDES.COME” Até 26 AGO | 22.00 | TEMPO – Teatro Municipal de Portimão Teatro de revista que revisita os melhores momentos dos 30 anos de carreira de Fernando Mendes
Cultura.Sul
03.08.2012
11
património
• VIVÊNCIAS NO ALGARVE - PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL
Senhora da Orada, a festa como expressão das crenças e espiritualidade de uma comunidade piscatória FOTOS: CMA
Patrícia Batista
Historiadora, Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira
A espacialidade da festa – a ligação ao mar – uma história recente que confirma a vitalidade de uma tradição secular…
Os eventos festivos na sua dimensão cultural enquanto fenómenos que são transmitidos de geração em geração, constantemente recriados e vividos como parte da identidade de uma comunidade, são elementos importantes para perceber as vivências de um determinado grupo na sua relação com o meio. Em Albufeira a ligação ao mar expressa-se na devoção dos pescadores a Nossa Senhora da Orada, em honra da qual se realiza a festa homónima, cujo ponto alto é a procissão que se realiza a 14 de Agosto. A Lenda Reza a lenda que “um grupo de pescadores encontra uma imagem de Nossa Senhora e transfere-a para a igreja local. A imagem volta, contudo, a aparecer no sítio de origem no dia seguinte e a população erige uma capela no local”. A ermida foi construída num local ermo e deserto, em frente da Torre de Vigia da Baleeira, num vale cercado a Oeste, Este e Norte por montes relativamente elevados e a Sul, pela Rocha da Ponta da Baleeira, na designada Várzea da Orada, onde atualmente se localiza a Marina de Albufeira. Tratando-se de um templo de devoção dos pescadores, no seu interior encontram-se ex-votos que evocam os milagres e os dramas da vida dos mareates. São muitas as lendas e milagres atribuídos a esta santa, o Padre Cardoso, no Dicionário Geográfico, de 1758 refere a esse propósito: “… se venera com a mesma afluência de Milagres em todas as aflições e com especialidade nos Mariantes e por muitas vezes se achou a Imagem com as roupas molhadas de agua
coração da vila antiga e o seu momento alto culminava em frente à praia.
Procissão por mar da Festa da Senhora da Orada salgada, e cheias de areia como sinal de ter valido o seo amparo aos que flutuavam nos mares”. A dinâmica económica e social da festa A festa era um acontecimento muito importante no calendário da vida social albufeirense, durante meses a comunidade piscatória envolvia-se nos preparativos da festa, este era, a par da festa do Senhor dos Passos, o grande acontecimento do ano, “era dia de vestir a roupa nova, preparada semanas antes”, relembram os mais velhos. Nos dias de festa realizava-se também a feira da Orada, no adro da ermida, esta foi instituída por D. José, a 21 de Maio de 1766: “…devotos da Irmandade de N. S.ª da Orada venerada na Igreja junto á Vila de Albufeira me apresentaram por sua petição para ele poderem trazer
aquela igreja com toda a ordem culto e veneração (…) e porque a Imagem da mesma Excelsa Senhora, é muito milagrosa e se festeja no dia 15 de Agosto em que nesse dia há grande concurso de gente ao dito sitio pretendem fazer no mesmo dia uma feira franca aplicando-se o terrado para o culto da mesma Senhora passe a presente Provisão para que no dito dia 15 de Agosto de cada ano se possa fazer uma feira franca de 3 dias…” aproveitando, deste modo a afluência do grande número de fiéis que aqui se deslocava em ho-
menagem à Senhora da Orada, vindo de vários pontos do Algarve, sobretudo da cidade de Faro. A tradicional procissão de 14 de Agosto fazia-se da capela até à zona do túnel, na esplanada (o Hotel Sol e Mar ainda não tinha sido construído) e aí parava virada para o mar, onde as embarcações dos pescadores, não apenas dos de Albufeira, se juntavam para celebrar a sua padroeira e faziam-no com apitos e ovações, regressando depois ao trabalho. O seu itinerário passava pelo
A partir da década de 70 do século passado o trajecto da procissão passou a ser feito por mar, certamente devido à realidade da vila de então, em que a pesca já não representava a atividade principal de Albufeira. Durante o Estado Novo o cortejo era acompanhado ao som da Banda da Mocidade Portuguesa, hoje em dia é pela Banda Filarmónica de Paderne. O atual percurso faz-se por mar, a imagem da Senhora da Orada entra numa embarcação típica, transportada pelos pescadores de Albufeira, no cais do Porto de Abriga (perto da marina) e percorre a costa até à praia do INATEL, mantendo a sua forte ligação com os homens do mar. À multidão de fiéis juntam-se agora também os turistas, a festa ganha uma nova dimensão, mas a sua origem mantém-se, esta é a padroeira dos pescadores e o seu culto remonta a uma época anterior ao século XVII. Ou seja, apesar do crescimento turístico, a raiz e a vocação piscatória é anualmente evocada através da celebração de Nossa Senhora da Orada.
Oração Senhora da Orada Ó Virgem Maria Nossa Mãe amada Ouvi nossos rogos Senhora da Orada. Devota capela A vós consagrada Ficou dando o nome Ao Vale da Orada. E todos os anos Em vosso louvor Milhares de crentes Cantam com fervor (…) E dos Navegantes Lá no alto mar Sois, Mãe da Orada. Estrela Polar
Ex-Voto
Actual imagem de Nossa Senhora da Orada
Sois farol e guia Dos filhos que amais Senhora da Orada Bendita sejais. (…)
12
Cultura.Sul
03.08.2012
PUB
Assine o
Ganhe um plano de saúde Belleform Plus com descontos até 60% em medicina dentária, estética e ginásio
Vantagens únicas com o seu jornal O POSTAL aposta, no ano em que comemora 25 anos, em ter cada vez mais e melhores vantagens para os seus leitores e, muito em particular, para os seus assinantes. Agora os assinantes que subscrevam a assinatura anual do POSTAL vão receber absolutamente grátis um Plano de Saúde Belleform Plus numa parceria entre
o prestigiado Instituto e o seu jornal de acesso a descontos até 60% em medicina sempre. dentária, estética e ginásio, numa oferta exclusiva do POSTAL. As Vantagens Uma oportunidade única para um plano de saúde desenhado a pensar em si e a Com o Plano de Saúde Belleform Plus que que pode aceder de forma gratuita assilhe será oferecido após o envio do cupão nando o POSTAL. de assinatura que disponibilizamos abai- Sempre consigo, muito mais do que inforxo, os assinantes do POSTAL passam a ter mação damos-lhe muitas vantagens!
Assine o
Envie este cupão para:
POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C, 8800-412 Tavira
(50 Edições) Portugal 30 ¤ I Europa 50 ¤ I Resto Do Mundo 80 ¤
NOME __________________________________________________________________________________________________________________________
DATA DE NASCIMENTO _______ ⁄ ________ ⁄ ____________
MORADA __________________________________________________________________________________________ CÓD. POSTAL _________ - _____ — ________________________________________________ NIF
TEL
EMAIL _______________________________________________________ PROFISSÃO ________________________________
AUTORIZAÇÃO DE PAGAMENTO POR DÉBITO DIRECTO EM CONTA (ADC) - Por débito na conta bancária abaixo indicada, queiram proceder, até nova comunicação em contrário, ao pagamento das subscrições que vos forem apresentadas pelo editor do jornal POSTAL do ALGARVE.
30 ¤
NIB
Assine através de DÉBITO DIRECTO EM CONTA
BANCO _______________________________________________________________________________________________
NOME DO TITULAR __________________________________________________________________________
BALCÃO ______________________________________________
_______________________________________________________________________________ ASSINATURA DO TITULAR DA CONTA.
NOTA: Os dados recolhidos são processados automaticamente e destinam-se à gestão da sua assinatura e apresentação de novas propostas. O seu fornecimento é facultativo. Nos termos da lei é garantido ao cliente o direito de acesso aos seus dados e respectiva actualização. Caso não pretenda receber outras propostas comerciais, assinale aqui.