Cultura.Sul53

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jan | 2013 • Nº 53 • Mensal • O Cultura.Sul faz parte integrante da edição do POSTAL do ALGARVE e não pode ser vendido separadamente

janeiro • Mensalmente com o postal em conjunto com o público

8.693 exemplares

www.issuu.com/postaldoalgarve

Epidemia de leitura à solta em Silves

p. 11


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Cultura.Sul

11.01.2013

Juventude, artes e ideias

Ricardo Claro

Editor do CULTURA.SUL

Novo ano Cultural A criação e expressão culturais são um fenómeno do domínio do contínuo, não compagináveis com os devaneios limitativos dos anos civis, mas questões há que afectam a Cultura e que, essas sim, se vêem condicionadas com o andar do calendário. Exemplo disto mesmo são as questões do financiamento da Cultura no domínio da Administração Desconcentrada do Estado. Neste início de 2013, em que pela primeira vez tenho a honra de assinar o editorial do Cultura. Sul, cabe-me dar nota de que não obstante as contingências orçamentais – o Orçamento de Estado reservou para a Cultura verba equivalente à de 2012. No âmbito da Direcção Regional de Cultura (DRC) do Algarve contaremos com verbas também equivalentes a 2012, para o funcionamento da DRC Algarve e no domínio da previsão de receitas próprias do organismo. As novidades não estão aqui. Antes estão num aumento do orçamento de investimento, que promete 250 mil euros cujo destino será sobretudo a área patrimonial através de candidaturas ao QREN. A isto soma-se um aumento de 75 para 140 mil euros da dotação para o apoio à acção cultural, quase 50% mais do que em 2012. É sempre pouco, a Cultura mereceria mais necessariamente, mas as novidades não são de somenos importância numa época em que tudo parece minguar e em que muito ameaça desagregar-se, jogando janela fora anos de investimento em prol de um Portugal melhor.

Ficha Técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Director: Henrique Dias Freire

António Pina

Vice-presidente da Câmara Municipal de Olhão

Muito se fala da crise em que vivemos, muito se discute sobre os apoios à cultura. Ambas as questões são verdade e estão intrinsecamente interligadas. O que fazer quando temos que optar entre atribuir um subsídio

Espaço AGECAL

Emanuel Sancho Vice-presidente da Direção da AGECAL - Associação de Gestores Culturais do Algarve

É a palavra da moda - uma caixa onde quase tudo cabe. Os ambientalistas adotaram-na há muito na sequência do uso abusivo e irreversível dos recursos naturais. Os economistas referem-se à explosão do binómio produção-consumo verificado no último quarto do século XX. Os liberais usam-na como escudo e arma contra tudo o que se move. Nas últimas décadas, o conceito evoluiu, sendo peça chave de documentos fundamentais para os nossos dias (ex. Agenda 21/ ONU). Desmontado, segundo o

Olhar em frente! a uma associação cultural, comprar um espectáculo para o nosso auditório, apoiar um grupo de jovens na produção de um qualquer espectáculo ou auxiliar as muitas famílias carenciadas do nosso concelho? A resposta é simples e clara, porém, não posso de forma alguma deixar de apoiar a cultura, deixar de incentivar todos quantos se entregam à produção artística nas suas mais diversas formas, proporcionando aos restantes cidadãos verdadeiros momentos de prazer. Há que acompanhar os novos tempos! Temos que redefinir prioridades e apostar na cultura como forma de educar públicos. Para tal, é necessário formar os mais jovens e apostar em novos valores com especial atenção aos

filhos da terra, seja na produção, seja no consumo. Ao habituarmos os mais jovens a viver a cultura estamos a criar os artistas e o público de amanhã. A isto chama-se também, cidadania! Estamos perante um novo paradigma. Para tal, foi nossa opção imediata direccionar toda a estratégia de acção apoiando os mais jovens através da Casa da Juventude, bem como procurar parcerias com outras entidades públicas e privadas. Não é um trabalho com resultados imediatos, mas é sem dúvida alguma um esforço de todos nós para que possamos ter num futuro muito próximo novos valores, novos públicos. Para que esta estratégia seja um

Cultura e Sustentabilidade conceito oficial, resulta em três dimensões (social, económica e ambiental) a que alguns pretendem, nos últimos anos, acrescentar-lhe mais duas (política e cultural). A natureza sistémica da Sustentabilidade assemelha-se a uma balança de vários pratos em permanente equilíbrio instável – tudo em nome de um amanhã mais justo. De que maneira as teorias da sustentabilidade se aplicam ao setor da cultura? Terá esta que se preocupar com o assunto? Será justo considerar uma relação direta entre o investimento financeiro (económico) e a sua relevância para a vida das pessoas (social, cultural)? Será eticamente aceitável o consumo energético desproporcionado (económico, ambiental) face aos níveis de utilização (social, cultural)? Que tipo de exemplo estaremos a transmitir às novas gerações (política) se não utilizarmos os recursos de forma racional? A cultura deve ou não pensar na sua sustentabilidade económica? Não será

muitas vezes apenas a força dos dinheiros públicos a manterem estruturas em funcionamento quando a sua sustentabilidade social ou cultural já não o justifica? A intervenção do Estado cria desiquilíbrios ou corrige-os? Alguma cultura nunca teve de se preocupar com sustentabilidades. Quase sempre estatal, municipal ou fortemente subsidiada, sempre aceitou a sua natureza dependente. Esta condição, que aconselha contenção no discurso e moderação nas ideias, amansou-lhe os ímpetos em troca do conforto e da estabilidade – do ordenado ao fim do mês e dos financiamentos certos. Qual o papel e os limites do Serviço Público? E o da Cultura Oficial? Não parece haver dúvidas de que o Estado tem responsabilidades inalienáveis. Arquivos, bibliotecas e alguns museus, por exemplo, vivem nos limites da educação formal e são exemplos inquestionáveis de serviço público. Outros museus (museologia social), algum teatro e o

Paginação: Postal do Algarve

» momento.S: Vítor Correia » panorâmica.S: Ricardo Claro » patrimónios.S: Isabel Soares

lot. Nesta edição: António Pina, Emanuel Sancho, Marisa Madeira, Paulo Pires e Rogério v Fontes

Responsáveis pelas secções: » juventude, artes e ideias: Jady Batista » livro.S: Adriana Nogueira

Colaboradores: AGECAL, ALFA, CRIA, Cineclube deFaro, Cineclube de Tavira, DRCAlg, DREAlg, António Pina, Pedro Jubi-

Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve

Editor: Ricardo Claro

sucesso é necessário o esforço de todos. Nós tentamos fazer o nosso melhor!

associativismo em geral, situam-se claramente no lado de cá da cultura. Necessitam de um espaço de liberdade de expressão e de intervenção política só possível num contexto de autonomia ou mesmo independência e distanciamento em relação aos poderes políticos e económicos. Finalmente, na base da estrutura encontramos o associativismo: a última e a mais determinante reserva de poder e liberdade dos cidadãos – força política, empreendedora e geradora de protagonismo social. Por ser potencialmente incómoda para o poder político-partidário, temos vindo a assistir ao seu progressivo esvaziamento, provocado por uma ação invasiva e paternalista do poder político que a visa manter numa situação de menoridade e dependência permanente. A instabilidade e os períodos de crise geram frequentemente mudanças. Para a cultura, talvez seja a oportunidade para uma necessária redefinição dos papéis e dos limites.

e-mail: geralcultura.sul@gmail.com on-line: www.issuu.com/postaldoalgarve Tiragem: 8.693 exemplares


Cultura.Sul

11.01.2013

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cinema Cineclube de Tavira

Cineclube com sessões às quintas-feiras

PROGRAMAÇÃO

www.cineclube-tavira.com 281 320 594 | 965 209 198 |

Regressando à regularidade dos três primeiros anos de actividade do Cineclube de Tavira (Abril 1999 – Fevereiro 2011), a partir deste mês de Janeiro apenas exibiremos os nossos habituais filmes de qualidade às quintas-feiras. A redução de sessões deve-se a dois factores: a revogação (pelo Município) do protocolo entre o Município e o Cineclube de Tavira, cujo objectivo era dar continuidade às sessões do fim-de-semana no Cine-teatro António Pinheiro, e a inexistência de qualquer tipo de apoio autárquico ou institucional para o ano de 2012. Continuamos a não ter qualquer previsão de apoio autárquico ou institucional para o ano de 2013.

Espaço CRIA

Marisa Madeira

CRIA - Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia

destaque

Depois de um Natal gratinado de momentos familiares bem temperados, já estou em modo “que venha mais um ano!”. Ainda não comprei as passas, nem escolhi a melhor cadeira para contabilizar (no topo) os primeiros segundos de 2013, e já iniciei alguns pedidos mentais para o novo ano. Porém, irei precisar da ajuda de muitas pessoas, muitas mesmo, porque não visto um fato azul justo ao corpo nem tenho uma capa vermelha.

Cena do filme Looper – Reflexo Assassino No entanto, contando com o recebimento do Município da ajuda financeira às Mostras de Cinema 2011 e graças ao sucesso do leilão de obras de arte, prevemos conseguir conti-

nuar a exibir filmes até pelo menos ao final do mês de Fevereiro. Aproveitamos a ocasião para agradecer a todos os artistas e particulares que gentilmente ofereceram as 92 obras

de arte leiloadas e, last but not least, aos licitadores e compradores! A maneira mais simples, mais agradável, mais enriquecedora e menos dispendiosa de ajudarem o Cineclube de Tavira (no dia 8 de Abril de 2013 a nossa associação poderá cumprir 14 anos) é apenas uma: disfrutem das nossas sessões de cinema de qualidade enquanto cá estamos. Já no próximo dia 17 podem começar bem o ano cinematográfico com Looper – Reflexo Assassino. O valor do nosso bilhete de entrada continua baixo: quatro euros para o público, apenas dois para os sócios e para qualquer portador de cartão de estudante ou de sócio do INATEL. Até muito em breve!

cinetavira@gmail.com

SESSÕES REGULARES Cine-Teatro António Pinheiro | 21.30 horas 17 JAN | Looper (Looper - Reflexo Assassino) Rian Johnson – E.U.A./China 2012 (119’) M/16 24 JAN | Bellamy, Claude Chabrol – França 2009 (110’) M/12 31 JAN | Poulet aux Prunes (Galinha com Ameixas), Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi – França/ Alemanha/Bélgica 2011 (93’) M/12

… 3, 2, 1: Feliz 2013 para a Cultura! Antes de relevar os meus desejos para 2013, irei fazer uma curta viagem ao passado: 6 de dezembro, Faro, Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, evento INOVAR ALGARVE – Ciclo de Conferências, sessão ‘Artes e Património: Medias, Artes e Tecnologias’. Esta iniciativa pretendeu evidenciar o potencial de comercialização do Conhecimento produzido na região do Algarve e estreitar a relação entre a Universidade e o tecido empresarial, através da articulação entre a investigação produzida e as necessidades das empresas. A sessão ‘Artes e Património: Medias, Artes e Tecnologias’ foi integrada neste evento porque estas são áreas-âncora da Universidade do Algarve. Com esta sessão pretendeu-se proporcionar o encontro entre agentes que têm trabalhado para alicerçar e alavancar estas áreas; expor trabalhos desenvolvidos no campo da investigação e evidenciar o empreendedorismo existente nestes setores; identificar necessidades; perspectivar novas medidas futuras e criar novas siner-

gias entre investigadores, profissionais, empresas e a Universidade. Este encontro revelou que, para o novo ano (e próximos), será possível fazer-se muito, mesmo sob as atrocidades da bruxa má “Crise”, pois, tal como acontece em qualquer história, os heróis são-no após vencerem vários obstáculos, armadilhas e inimigos. Eis alguns dos heróis que estiveram presentes na sessão: Argo (Arte, Património & Cultura), Tertúlia Algarvia, Devir/CAPa, LAC (Laboratório de Atividade Culturais), ETIC_Algarve, We Make Productions, KotoStudios, Design Thinking, New Lights Pictures, SPIC Soluctions e O Bolo-Rei. O heroísmo de todos requer duas características essenciais: paixão e acreditar. Na sessão ‘Artes e Património: Medias, Artes e Tecnologias’, a presença de investigadores da Universidade do Algarve espelhou que os trabalhos de investigação são, cada vez mais, desenvolvidos através do uso das novas tecnologias, que primam pela inovação e que pretendem a criação de novos instrumentos para identificação do património e

“EXPERIMENTAÇÕES” Até 26 JAN | Biblioteca Municipal Lídia Jorge - Albufeira Exposição de pintura de Clara Andrade. A artista frequentou o curso de pintura na Sociedade de Belas Artes e tem trabalhos realizados em óleo e acrílico sobre tela e técnicas mistas

da criação artística da região. A exposição dos trabalhos aguçou a necessidade de parceria e complementaridade entre setores e profissionais. No final da sessão, Dália Paulo,diretora regional de Cultura do Algarve, referiu, e muito bem, as intenções da Convenção de Faro (2005): universalizar o património, as artes e a criação artística como um todo. É com base neste princípio que continua a ser importante valorizar o património, proclamar o papel da criação artística, cultural e tecnológica, e fazer-se a ligação entre educação, formação, investigação, produção e ciência. É crucial o trabalho corporativo para identificação de fragilidades em prol da colmatação das mesmas, para que a Cultura ganhe uma nova importância tanto para a sociedade como para a economia e política. Para este fim, a Comissão Europeia tem revelado estar ciente e sensível quanto ao estado da Cultura, como revela o documento “Promoting cultural and creative sectors for growth and jobs in the UE” onde se preveem novas medidas de atuação.

O documento revela que, na Europa, oito milhões e meio de pessoas trabalham no setor criativo (inclui a arquitetura, o artesanato, o património cultural, o design, os festivais, a moda, o cinema, a música, as artes do espetáculo, as artes visuais, as bibliotecas, as editoras, a rádio e a televisão) e que o setor representa cerca de 4,5 % do PIB da UE, dando um contributo significativo para outras indústrias, onde cada vez mais a inovação assenta na criatividade. Posto isto, revelo finalmente os meus desejos para 2013: mais valorização do Património material e imaterial; mais envolvimento entre tradição e criação contemporânea; mais apoios à formação, criação e produção; mais educação pela Arte; mais valor acrescentado à Cultura; mais empreendedorismo criativo e cultural; mais redes de trabalho entre profissionais, criadores, investigadores e universidades… Não poupei nos pedidos (sempre mais!) e espero que a par e passo o cenário mude. Votos de um 2013 repleto de boas experiências culturais!

“ALEXANDRA RECORDA AMÁLIA” 12 JAN | 21.30 | Auditório Municipal de Olhão Espectáculo que conta a história da vida de Amália Rodrigues, documentada com imagens alusivas à narração, relatando os factos de maior relevo desde a sua infância até à morte


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Cultura.Sul

11.01.2013

••Investigação em livro

panorâmica

Ricardo Claro

A água dá, a água tira: um estudo sociológico por Sónia Tomé Sónia Guerreiro Tomé nasceu em Faro no ano subsequente à revolução de 1974 e em 1999 terminou a licenciatura em Antropologia no ISCTE-IUL, a mesma universidade que em 2009 a veria terminar o mestrado em Sociologia. Em breve verá a luz do dia a obra A água dá, a água tira, uma versão revista da tese de mestrado da investigadora, que Sónia Tomé define como “um estudo sociológico de forte cariz antropológico”, feito sob a orientação de Pedro Prista a quem ficou reservado o trabalho de prefaciar o livro. A água doce e potável é um dos temas centrais da actualidade e da visão sobre a existência sustentável da humanidade. A premência desta importante temática coloca a análise do complexo envolvente do tema na ordem do dia hoje, como o colocava em 2005, quando - em plena seca extrema - o

Dividido em três partes – O Barrocal Algarvio; Água, Hortas e Identidade e Conclusões – a obra permite ainda acesso a um conjunto de gráficos que ilustram os aspectos mais importantes tratados ao longo do trabalho desenvolvido pela investigadora algarvia. Espaço ainda nas 249 páginas a apresentar em breve para um Diário Fotográfico que percorre o tempo do trabalho de campo entre 2005 e 2008. A forma como a água é gerida pelas populações algarvias em análise compõe também um retrato para memória futura do modus operandi das comunidades e dos impactos que um bem essencial determina na vida dos povos. A não perder um estudo que ajuda a compreender a importância da água para o Algarve, para o país e o mundo à luz da análise de uma determinada comunidade em concreto.

trabalho de campo que sustentou a tese de mestrado que origina a publicação se iniciou. A água, bem de uso primordial, a relação dos povos ao longo dos tempos com o seu uso, em momentos de extrema abundância e ausência, são património inalienável do Algarve e nessa perspectiva este estudo que se debruça “sobre a Cultura Tradicional da Água no Barrocal Algarvio, Freguesias de Querença, Tôr e Salir do Concelho de Loulé, é uma obra que procura dar a conhecer o modo como no Barrocal Algarvio, zona clássica de regime torrencial mediterrânico, onde a precipitação apresenta uma elevada variabilidade espacial e temporal, as populações locais gerem os perigos/riscos derivados da escassez ou do excesso de água, no contexto de uma agricultura tradicional de sequeiro e de regadio, com base no saber tradicional”, refere Sonia Tomé.

••No escaparate

Choques Mentais é o livro de estreia de Eduardo Catarino “Se pensarmos naquilo que definimos como ‘sorte’, então estamos a sugerir que algo de bom acontece casualmente. Uma casualidade é por definição uma ocorrência esporádica, pontual, sem causa concreta e sem lógica de ser. O acaso não é previsível, porque não surge de nenhum padrão concreto. É um acaso, porque simplesmente surge, por vezes do nada. Com esta definição, uma equipa que está constantemente a gozar de sorte, logicamente já não está a beneficiar de uma ocorrência pontual, ou seja, não pode ser sorte!”, eis a sinopse da primeira obra de Eduardo Catarino, lançada na FNAC de Albufeira no passado mês de Novembro. Trinta e seis artigos de reflexão reunidos numa obra e que se debruçam, como o autor referiu ao Cultura.Sul, “sobre a sociedade, a humanidade e a vida, entre muitos outros assuntos que dizem respeito a todos nós”. Três anos a escrever e a partilhar o produto desse labor com “amigos e familiares” e em blogues diversos na

internet, que levaram à compilação sob a forma de livro do pensamento do autor, nascido em Frankfurt em 1971, cidade alemã que o acolheu nos primeiros 22 anos de vida. Eduardo Catarino escolheria entretanto o sotavento algarvio, mais propriamente Cacela Velha, para lar, numa vida marcada pelas viagens feitas por lazer e dever profissional aos quatro cantos do mundo, onde refere, “procurei sempre conhecer e aprender o melhor que existe em cada país e em cada pessoa com que me cruzei”. Para o novel escritor, o interesse da obra está no facto de que “qualquer pessoa da nossa sociedade se deve interessar por questionar a sua vida e o seu ambiente”. “No Choques Mentais são feitas algumas perguntas impertinentes e as conclusões podem ser válidas para qualquer um a nível global ou local”, diz, concluindo que “a minha perspectiva é sempre uma mistura de todas as influências que me tocaram aqui e nas minhas viagens, mas sempre de um ponto de partida local”.

A obra lançada na FNAC de Albufeira pode ser adquirida por encomenda naquele espaço ou através do sítio da internet wook ou, ainda, através do facebook em www.facebook.com/choquesmentais. O pensamento vertido nos textos compilados em Choques Mentais desafia a consciência no confronto com o conhecimento acumulado e apresentado sob a forma de senso comum, exactamente aquele que teimamos muitas vezes em ignorar. Um desafio que se lança para um encontro com esse mesmo senso com um trecho da obra: “Se é verdade que não se percebe ao certo porque é que nós (humanos) vivemos e morremos, de onde viemos ou para onde vamos, também é um facto inegável que o ser humano é a única espécie que não faz falta nenhuma ao planeta Terra. Tal como se aprende na escola, nós estamos acima de todas as espécies. Não fazemos falta a outras espécies para que elas sobrevivam e, em boa verdade, o nosso Planeta estaria em muito melhor estado se não fosse a humanidade a destruí-lo.”

Eduardo Catarino (à direita) na sessão de lançamento


Cultura.Sul

11.01.2013

••Nova obra de Carlos Campaniço

panorâmica

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Ricardo Claro

Os Demónios de Álvaro Cobra pelas mãos da editora Leya

Carlos Campaniço é o escritor que lançará muito em breve com a chancela da Leya Os Demónios de Álvaro Cobra. Alentejano de nascimento e “algarvio” por escolha, o autor falou com o Cultura.Sul sobre a nova obra entretanto já premiada e sobre a experiência da escrita. Cultura.Sul (C.S) - Porquê a escolha do século XIX como enquadramento temporal para a obra? Carlos Campaniço (CC) - Não há uma razão objectiva. A escolha pode ser vista como sendo um período mais apelativo para o exercício da imaginação, mas não existe um evento determinado que justificasse a opção pelo século XIX, não há uma revolução ou um qualquer facto histórico retratado que determinasse o enquadramento temporal. Escolhi o século XIX porque o povoado que criei, as personagens e o tipo de limitação do conhecimento que marcam o momento da acção são mais compreensíveis à luz da vida no século XIX. C.S - O Alentejo de onde é natural é o cenário escolhido para Os Demónios de Álvaro Cobra, é uma homenagem? CC - É uma homenagem, mas é, mais do que isso, uma paixão. Já Horácio dizia que se deve escrever sobre aquilo que se conhece bem e eu conheço bem as características do Alentejo. Há também uma ligação afectiva, umbilical, que passa muito além do conhecimento da vida da agricultura ou da vida campesina, implica dominar os tempos da vida quotidiana de um determinada realidade, sobre os ciclos da vida nessa realidade. Por outro lado, o conhecimento da realidade alentejana, nomeadamente do ponto de vista sociológico deixa-me mais à vontade, se por um lado a escolha do enquadramento temporal pode tornar a escrita mais complexa pela distância face ao século XIX, por outro a escolha de um espaço físico que domino torna-a mais confortável. C.S - Já Molinos era uma aldeia nas proximidades de Safara, a sua terra natal. Esta predilecção pela criação de aldeias naquele enquadramento geográfico, em detrimento de um local existente de facto, são uma fuga à escrita sobre uma terra que efectivamente habitou? CC - Não. Temos escritores que

cos sem saída para os quais se têm de encontrar soluções adequadas. Mas para mim a escrita tem dois níveis, o da linguagem e o do enredo, que seguem a par e passo, porém, separados. Importa por um lado a qualidade literária dos textos e a qualidade intrínseca da trama criada A trama tem que ser cativante para o leitor, mas considero que não se deve descurar a qualidade da escrita literária, não sei se o consigo fazer em última racio, mas esforço-me nesse sentido.

criaram uma determinada povoação e sobre elas escrevem vários romances. No meu caso este é um enquadramento geográfico que vai crescendo com Safara como centro desse mundo, não para evitar personagens, neste caso concreto, porque não há um conflito de classes dominante – ao contrário do que sucedia em Molinos – mas como enquadramento que se vai construindo em momentos e espaços que se vão criando, aliás Molinos volta a surgir neste livro como referencia geográfica. Por outro lado, o romance A Ilha das Duas Primaveras teve um enquadramento geográfico completamente diferente, não há pois uma fuga a uma realidade que se experienciou pessoalmente e nessa medida não há uma fuga a Safara. C.S - Vive no Algarve há muito tempo, não há uma atracção para a criação de um enquadramento literário na região? CC - Vivo no Algarve por escolha e convicção, mas surgem soluções e ideias para a escrita e vão sendo canalizadas e limadas e no meu caso foram direccionadas para o Alentejo, sem nenhum regionalismo exacerbado latente. No meu caso, como lhe disse, o conhecimento profundo da realidade alentejana foi determinante na definição do espaço. Já escrevi sobre o Algarve, a minha tese de mestrado que deu origem a um ensaio, “Da Serra de Tavira ao Rif Marroquino”, debruça-se sobre a região, a publicação a par de outras pessoas da revista al Gharb é outro exemplo da minha proximidade com o Algarve. C.S - Álvaro Cobra é mais santo ou mais bruxo, ou caracteriza-se pelo conflito entre estes dois aparentes opostos? CC - Os críticos literários e filólogos poderão mais tarde informar que esta obra se enquadra dentro do realismo fantástico, uma corrente da literatura pouco explorada, mas a obra é marcadamente do universo do fantástico. A novidade está, julgo eu analisando o que escrevi, numa deriva face a esta corrente do fantástico, onde há uma exploração da condição humana como em todo o realismo, aqui não se sabe se a fama de bruxo ou de santo são práticas exactas ou se resultam antes de mais e sobretudo da percepção que as pessoas fazem no âmbito do imaginário colectivo. Há fenómenos na obra em que a base está muito no boato, no diz que

C.S - Deslumbra-se com as tramas que cria enquanto soluções encontradas para o acto criativo? CC - Por vezes fico contente com as soluções, mas há sempre os momentos em que a solução não surge, não é óbvia, não se alcança e em que ainda que momentaneamente significa alguma frustação para o escritor. Importa não esquecer algo que, para mim, tem especial importância e que se prende com a originalidade. Não quero que a minha obra seja o decalque de outras, sabemos que está quase tudo inventado mas a novidade deve ser sempre valorizada, quer ao nível da trama, quer ao nível da escrita.

Escritor recebeu o Prémio Cidade de Almada 2012 disse, como acontece sobre o suposto crescimento de escamas que afecta Álvaro Cobra. Há um casamento entre o fantástico e o boato que para a população que toma estas situações como suas são inquestionáveis. C.S - Falava da condição humana, vê-a como pedra de toque da sua obra? CC - Não pretendo que os meus livros sejam uma arma, naquele sentido da “cantiga é uma arma”, mas são sempre munidos de uma humanidade que eu quero que seja um traço marcante e aí há sempre três grupos que me merecem especial atenção, os pobres, as crianças e as mulheres. Nesta obra também esta característica está presente, muito embora seja um livro com uma carga mais leve. C.S - Mas diz que Álvaro Cobra se debate com as suas inumanidades... CC - Sem querer revelar de mais, o quadro pode ser desenhado deste modo: trata-se de uma aldeia parada, sem novidades, que se debate com problemas gravíssimos de fome e da resistência a ciclos muito violentos de secas e chuvas abundantes e neste espaço nasce Álvaro Cobra,

numa família dissonante face à restante comunidade. Quer ele, quer a família são muito diferentes e nessa medida a dinâmica da acção parte desta singularidade capaz de gerar a dúvida sobre se será santo ou bruxo. C.S - Álvaro Cobra está ciente da sua condição e da mística entourage que o envolve? CC - É consciente e não lhe é estranha a sua singularidade que desde cedo o acompanha. C.S - Três romances e um ensaio no seu percurso, o romance é a escolha por excelência? CC - De facto a minha escolha vai para o romance, muito embora considere a poesia uma arte sublime e me atraia também a área da investigação histórica, donde decerto nasceriam, caso a tivesse escolhido, obras com outras características. C.S - Como é que experimenta o acto da escrita? CC - Para mim é um acto lúdico embora muito trabalhoso e muitas vezes tenebroso, na medida em que em certos momentos chegamos a be-

C.S - Há uma escrita literária alentejana? CC - Não creio, há um modo de estar e de ser alentejano mas não uma escrita. Há escritores alentejanos, como os há de tantos outros sítios, há obras passadas no Alentejo, como em tantas ouras paragens mas, não há uma escrita alentejana. C.S - A obra vai ser editada pela Leya e já recebeu o Prémio Literário Cidade de Almada, que importância têm estes acontecimentos? CC - Este ano [2012] em termos daquilo que é o meu percurso enquanto escritor aconteceram três factos que são para mim marcantes. Por um lado o facto de a Leya ter em Março aceite editar esta obra e por via disso, o segundo facto, ter como editora a Maria do Rosário Pereira, e ainda o facto de ter recebido o prémio literário, que consubstancia mais de que um simples reconhecimento um desafio e uma responsabilidade acrescida. Não fico efusivo com nenhum destes três acontecimentos, mas estou contente com o começo de um caminho, porque ainda não cheguei a lado nenhum no sentido de um suposto prestígio enquanto escritor, apenas estou no começo.


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Cultura.Sul

11.01.2013

momento

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Vítor Correia

Audições no TEMPO

Espaço ALFA

O que fez a minha Kodak aos 12 anos?

Rogério v Fontes

Presidente da Assembleia Geral da ALFA

Lembro-me do meu “caixote”, uma Kodak, nome genérico das primeiras máquinas fotográficas. Graças a este caixote Kodak eu comecei a descobrir as maravilhas da Fotografia, a realidade e a fantasia. Tinha eu 12 anos, em 1953. Clec-clac, era o som mais fascinante do meu registo fotográfico. Tenho-o ainda na memória. O resultado vê-lo-ia mês e meio depois, após tirar as 12 fotos, de tamanho 12x9. Estávamos no período pós 2ª Guerra Mundial. O plano Marshall recuperava a Europa e o Japão destruídos. A Ciência aliada à Indústria acelerou o

progresso no mundo. A Óptica e a Electrónica, deram um avanço considerável à Fotografia. O Japão tomou a dianteira à Europa para não mais perder a liderança. O mercado requer e o Japão responde com novas ideias no Universo da Imagem. Novos conceitos, SLR e D-SLR, materializam, hoje, o progresso tecnológico, abrindo aos adeptos e entusiastas da Fotografia, novas oportunidades para mais e inesquecíveis emoções. Perante a admirável Natureza do Algarve, fico maravilhado com o que se depara à minha frente. É a serra com florestas e riachos, é o mar com actividade piscatória e desporto náutico, é a Ria Formosa com uma vida imensa e aves migratórias, é a paisagem marinha ou os recortes da costa, de dia, de noite, ao crepúsculo, as tempestades e relâmpagos, astros e corpos celestes, ali mesmo, todo este deslumbramento de excelência à nossa mercê, onde o Universo começa quando nos sentamos, à sua janela, em contemplação única. Não preciso de ser astrofísico para captar imagens dos astros ou arrastá-los

filho da terra

no céu. Criar, experimentar e voltar a criar, com uma D-SLR na mão, a emoção transborda por vezes do meu peito. Se a fotografia nocturna de cidades o atrai, ao nascer ou ao pôr-do-sol, o Algarve é cheio de lugares de muita fascinação. Quando pensarmos foto-

grafar o quê, de certeza que o Algarve tem. Não é preciso ir mais longe. Basta programar antecipadamente as emoções, a descoberta e as surpresas estão lá, à nossa espera. Segredos? Que material utilizar? Como preparar? Procure www.alfa.pt quanto à sua formação. Escreva-nos.

- serra de monchique - rogerio v fontes

Ah! Lembre-se que a melhor máquina fotográfica é aquela que você tem nas suas mãos. O que fez a minha Kodak aos 12 anos? Uma grande paixão que, ainda hoje, arde intensamente no meu peito, em busca do “belo” que, espero, ainda encontrar.


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Espaço Cultura

Proteção dos bens culturais algarvios: um ano excecional Sendo o património cultural um valioso elemento na diferenciação dos territórios, um dos eixos estratégicos da DRCAlgarve passa pela proteção da riquíssima herança cultural que marca a trajetória histórica do território algarvio. O conjunto dos bens culturais imóveis da região constitui um importante ativo de desenvolvimento, que a administração pública tem obrigação de proteger, e cuja proteção jurídica é a medida de maior importância para a sua preservação física. Conforme a Lei 107/2001 – a lei de bases do património cultural português, que é uma das mais avançadas do mundo nesta matéria – a proteção dos bens culturais assenta na inventariação e na classificação. Se bem que o Algarve conte com uma notável densidade de bens culturais imóveis inventariados – mais de dois milhares de sítios arqueológicos e edifícios históricos oficialmente referenciados, a que não é estranha a mais antiga carta arqueológica regional do país, que Estácio da Veiga publicou em finais do século XIX –, os procedimentos burocráticos de classificação de cerca de meia centena

desses imóveis arrastaram-se, em alguns casos, desde os anos 80 do passado século. No entanto, o ano agora findo foi excecional em termos de proteção legal da herança cultural algarvia. Enquanto em 2010 e 2011 se assistira ao arquivamento, por imposição legal, de diversos daqueles processos de classificação – essencialmente por deficiências de instrução administrativa – em 2012, num inédito esforço concertado entre a Direção-Geral do Património Cultural e a Direção Regional de Cultura do Algarve – similar ao das restantes Direções Regionais –, foram concluídos procedimentos de classificação referentes a mais de uma dezena de bens imóveis de interesse cultural, ficando também praticamente concluídos os procedimentos classificatórios referentes a quase três dezenas de outros imóveis, com audiência pública de interessados já concluída ou em curso e cuja conclusão, com publicação em Decreto ou Portaria, não poderá ultrapassar a data de 30 de junho de 2013, como previsto no Decreto-Lei n.º 265/2012, de 28 de dezembro. Dois deles, objeto de Decreto,

Forte de São Sebastião em Castro Marim

« Num esforço concertado entre a Direção-Geral do Património Cultural e a Direção Regional de Cultura do Algarve, foram concluídos em 2012 os processos de classificação referentes a mais de uma dezena de bens imóveis de interesse cultural no Algarve, ficando também praticamente concluídos os procedimentos referentes a quase três dezenas de outros imóveis.

destaque

Porta da Almedina Silves

com a categoria de Monumento Nacional: Forte de São Sebastião, com os baluartes e revelins exteriores que o ligavam ao Castelo de Castro Marim, e Muralhas e Porta da Almedina de Silves, complementando finalmente a proteção legal da Alcáçova medieval-islâmica, classificada logo em 1910, e incluindo também um tramo da muralha do arrabalde ocidental que a arqueologia pôs entretanto a descoberto na antiga Xilb. Nos restantes bens imóveis, objeto de Portaria de classificação em 2012 com a categoria de Monumento de Interesse Público, incluem-se a «Calçadinha» – único bem cultural imóvel até agora clas-

“SEBASTIÃO ANTUNES” 12 JAN | 22.30 | Casa do Povo de Santo Estêvão - Tavira Vocalista do grupo Quadrilha tocará guitarra e voz, devidamente acompanhado, num ambiente intimista onde apresenta todo o tipo de sonoridades

sificado no município de São Brás de Alportel –, a Igreja de Nossa Senhora das Ondas em Tavira – onde atualmente decorre uma aprofundada intervenção de conservação e restauro promovida pelo município –, e ainda o Convento de Nossa Senhora da Graça em Tavira, a Igreja e Convento do Carmo em Tavira, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco em Faro, o Café Aliança em Faro, a Torre de Bias em Olhão e a Igreja da Soledade em Olhão. No horizonte mais próximo da Direção Regional de Cultura do Algarve está, agora, a conclusão, durante os primeiros meses de 2013, dos processos em fase de conclusão, entre os quais se conta a clas-

sificação de mais dois Monumentos Nacionais: o Ribat da Arrifana em Vale da Telha (Aljezur) – um extraordinário testemunho do povoamento islâmico no território hoje português – e a ampliação da classificação dos Monumentos de Alcalar (Portimão) – um dos mais notáveis conjuntos de templos funerários megalíticos da Europa, de que uma parte foi classificada logo em 1910 mas a que se foram acrescentando outros edifícios tumulares e o povoado do 3.º milénio anterior à era cristã, que a arqueologia entretanto descobriu. Direcção Regional de Cultura do Algarve

“HUMIDADE NA PAREDE” Até 23 JAN | Galeria Artadentro - Faro Trata-se de um projecto de desenho da autoria de Vasco Vidigal e Ana André, concebido para integrar a iniciativa Desenha 2012


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Contos de Inverno na Ria Formosa

O Último Banho

Pedro Jubilot

pjubilot@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

destaque

Apesar de já estarem de férias as crianças estão estranhamente calmas e quietas. Não se afastam muito, querem estar por perto, expectantes pela boa nova - um menino está para nascer lá em casa. E dali não querem sair. Vá lá meninos, já tomaram o pequeno-almoço, estão de férias, vão apanhar ar puro, vão andar de bicicleta. Ou vão ali até ao pinhal lá ao fundo dar uma volta, visitar a ecoteca, brincar, e tragam-nos um presente giro, dedicado a este dia. Como sendo na verdade aquilo que realmente queriam, não se ouvem comentários nem contestação. Encorajados pelas sugestões de ambos os progenitores, os irmãos calçam as botas e saem para uma aventura na floresta, como lhe chamam. E lá seguem o seu caminho, descontraídos, passeando sem saber porquê ou para quê. Percebem que irão descobrir a resposta à medida que avançarem e que o desafio é levar de volta algo que justifique a sua caminhada deste dia. Atiram pedras às árvores. De perto e depois mais de longe. Gritam alto tentando recolher os sons num eco sempre difícil de obter. Arrastam os pés no musgo, na terra, levantam pó. Correm de braços abertos. Cansam-se. Sentam-se encostados à mesma árvore mas sem se verem. Tentam adivinhar os pensamentos um do outro, nesse jogo em que sempre não conseguem chegar a uma conclusão sobre a veracidade das características que as pessoas apontam à sua específica natalidade. De novo se levantam para andar à roda sobre si mesmos de olhos fechados até ca-

írem tontos. Recuperados e com fome decidem abrir as mochilas retirando as sandes, as melhores do mundo, que o pai Zé lhes prepara para os seus piqueniques. Com cavalinha sem pele e sem espinha, cebola, pickles e um cheirinho de maionese. Ou as de requeijão com finas rodelas de tomate, um pouco de rúcula e um fio de azeite. Um manjar para pequenos deuses que os faz ficarem depois repousados olhando para o céu através dos ramos dos pinheiros que filtram os raios de sol ou observando as nuvens a passar imaginando que figuras lhes pretendem mostrar. Ganha o que conseguir ver um anjo. Tudo acaba em gargalhadas com cócegas à mistura. Levantam-se finalmente concordando que há uma tarefa a fazer e já não têm muito tempo que por estes dias anoitece cedo. Andam muito às voltas por ali na sua demanda até que se julgam meio perdidos vendo o sol já a pôr-se. Não estão habituados a andar assim tão livres na natureza. As escolas têm poucas árvores, as cidades não têm parques, os centros comerciais não têm jardins. Sentem que arrefeceu muito ao lusco-fusco. Não sabem porque não se encontra a bússola no bolso da mochila. Mas lembram-se que podem procurar a estrela que lhes indique o caminho de regresso. Têm frio e vão olhando para o céu. Depois começam a confiar que o trajecto indicado por Vénus, a dita estrela da tarde, é mesmo o certo. Finalmente, quando deixam para trás a última árvore surgem lá mais à frente, os néones da cidade e dos prédios com luzes enfeitando as varandas. Factos que indicam a proximidade do mundo a que se chamou civilizado, talvez porque aí vivem os chamados civis, deve ser por isso. Eles que por esta hora de início de noite já andam muito atarefados levando as mãos cheias de sacos. Hoje, a maior parte deles parece especialmente feliz como se algo de diferente estivesse para acontecer. Cansados, mas com uma etérea felicidade estampada nos rostos chegam a casa cuja porta se abre sem terem de tocar. Depositam ali mesmo no hall de entrada, o peque-

no pinheiro, as pinhas resinosas e o azevinho que carregavam nos braços, mas com o cuidado necessário para não sujarem os sacos azul claro e castanho ali já prontos para quando muito em breve o momento chegar. O pai diz-lhes que têm uma banheira cheia de água quente à sua espera. Percebem que a missão não mencionada foi cumprida. Passam antes pela cozinha para deixar um ramalhete de lírios que a mãe agradece sorridente apesar de não se poder afastar do fogão, de onde lhes dirige o olhar mais terno e confiante sorriso que uma criatura pode almejar. Por força das circunstâncias será a última vez que os gémeos, de nove anos feitos há bem pouco, tomarão banho juntos. A espuma do creme vai diluir-se na água que arrefece na banheira. Deste lugar no tempo não

“13º FESTIVAL DE MÚSICA AL-MUTAMID” 26 JAN | 21.30 | Cine-Teatro Louletano Nadia Baroud (voz), Salah Achit (mondol), Abdel Louzare (violino), F. Depiaggi (nay e percussões) e Amaj (dança oriental e kabylie) trazem a Loulé os sons da música argelina

vivido historicamente a que chamamos infância, estes anjos em breve serão despojados das suas armaduras e passarão a estar expostos nas suas alegrias e amarguras. Jantam a ementa que levou todo o dia a confeccionar. Peixe seco guisado com batatas; peru assado no forno com castanhas; leite-creme com puré de maçã; banana frita panada; pastéis fritos com recheio de batata-doce. Ao serão o pai coloca uma rodela de vinil no prato do gira-discos. Poisa-lhe a agulha nas estrias exteriores. Recosta-se feliz a escutar Chet Baker enquanto os miúdos decoram o pinheiro, orgulhosos do seu achado. Penduram-lhe enfeites coloridos. De seguida fazem uma coroa de azevinho que atam com um laço encarnado, colocando-o sobre

a porta da sala. A brincadeira resulta em cheio. Quando a mãe se assoma à porta, para dizer que vai para o quarto descansar, pára sob o arranjo, e logo o pai se levanta, dirige-se para ela e dá-lhe um beijo na boca. Como numa tradição estrangeira que aprenderam num filme. Mas eles também querem a sua parte de mimo antes de irem para a cama. No dia seguinte Sílvia, David e José preparam fatias douradas para a mesa do pequeno-almoço quando ouvem os passos arrastados de Maria. Bom dia mãe! Estávamos à tua espera. Vem ver as prendas. Bom dia! responde estremunhada. Pergunta: que dia é hoje ? Hoje é dia de…. Esperem lá meninos… acho que me rebentaram as águas.

“RETALHOS” Até dia 28 JAN | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira Anabela Alambre, pintora natural de Albufeira, dá a conhecer as suas telas que versam sobre a temática do papel


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livro

Nas cidades de Mário de Carvalho, Svidânia e Carvangel Adriana Nogueira

Classicista Professora da Universidade do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

tiva da chegada de um navio à cidade, onde a presença sobranceira de um canhão domina. Poder-se-ia dizer que, simbolicamente, o canhão está sempre pronto a disparar tal como o barco está sempre quase a chegar... Humor surrealista

Este Natal, recebi o último livro de Mário de Carvalho, O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel. Tenho uma relação literária de muitos anos com este autor, relação que se aprimorou com a leitura de Quatrocentos Mil Sestércios seguido de O Conde Jano (1991) e Um deus passeando pela brisa da tarde (1994), visto que se passam na minha área de eleição: a antiguidade (mais precisamente na época romana). Aliás, o mundo antigo está presente em muitas referências que surgem nos seus livros (veja-se o exemplo do divertido conto que deu o título ao livro A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho, de 1983, em que a deusa grega da história, Clio, adormece e mistura os fios do séc. XX com o séc. XII, provocando uma balbúrdia na Avenida Gago Coutinho, em Lisboa, devido ao confronto da PSP e depois das Forças Armadas Portuguesas com um exército de Mouros que vinha reconquistar a cidade). E tal como eu reparo na antiguidade, outros repararão na idade média, na moderna, nesta ou naquela referência literária, consoante os gostos e leituras de cada um. Mas todos reconhecerão características do nosso país e de cada um de nós naqueles mundos que o autor inventa. Não importa que estejamos em Svidânia ou Carvangel e queiramos ir para Shandenoor, ou Ashitueba, ou Katzenjammer ou não queiramos ir a nenhum lugar: qualquer destas terras de nomes raros e, ao mesmo tempo, com uma sonoridade que não nos é estranha (principalmente para quem saiba alemão ou russo) tem pedaços de tantas outras que conhecemos; qualquer daquelas personagens tem alguma coisa de alguém com quem nos damos ou de quem ouvimos falar; e alguns sabem mesmo a que livro está a personagem a referir-se ou a música que toca. O Varandim inicia o volume e vai até à p. 82. Daí até ao fim (p. 221), temos a segunda história, Ocaso em Carvangel. O Varandim passa-se numa cidade pacata, onde se deu um atentado à bomba, esperando-se a decisão do grão-duque sobre o destino dos anarquistas. Todos pedem a pena de morte, menos um velho caixeiro, respeitado por todos (é a personagem mais simpática da novela), à volta de quem a narrativa gira. Tudo porque vive na única casa que vai ter vista para a execução. Ocaso em Carvangel narra a expecta-

Mário de Carvalho tem um humor que se aproxima do surrealismo, sem se enredar no nonsense absoluto. Uma das situações que descreve pisca o

de riqueza e poder. É evidente que não hesitaria em subornar um velho antiquário e pô-lo ao seu serviço, de maneira a sabotar as intenções da Junta Universal Libertadora, em prol da sua fútil e retórica Liga Libertadora dos Povos, cuja existência, aliás, tinha sido altamente contestada no congresso de Höheit. E assim lhes frustraria o mérito da explosão e afundamento do Maria Speranza, metendo a ridícula a gloriosa junta». Este Maria Speranza é o navio que

temente, por um cinismo elegante, que critica a hipocrisia de gentes e instituições. Numa clara referência à hoje tão falada violação do segredo de justiça, que envolve do mais alto ao mais baixo, diz (pp.47-48): «Antes da notícia em letra de forma, já toda a gente conhecia os termos da confirmação da sentença pelo grão-duque e ninguém saberia explicar exactamente por que vias. Do príncipe não cabe falar porque o respeito e veneração da linhagem impedi-

almoçava, cada semana no seu clube». Portanto, dado que nenhum destes intervenientes desta enorme lista de pessoas a quem os segredos eram contados poderia ser o autor da sua revelação, como se sabia tudo? O narrador apresenta, então, a sua tese: porque «cada palavra proferida criava ela própria as suas réplicas, e estas, não se encontrando confinadas, poderiam inopinadamente surgir nos locais mais inesperados». Pois «seria preciso ter-se um rebarbativo espírito céptico, carregado de cinismo e desconfiança, para supor alguém capaz de repetir informações prestadas num contexto confidencial». O poder dos nomes

Último livro de Mário de Carvalho chama-se O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel olho ao ambiente popularizado pelo grupo britânico Monty Python: na p.181 faz-nos lembrar uma célebre cena de «A Vida de Brian», em que quatro revolucionários contrários ao domínio romano, intitulando-se a Frente do Povo Judaico (Judean People’s Front) afirmam que odeiam, ainda mais do que o invasor, a Frente do Povo da Judeia (People’s Front of Judea), outro grupo revolucionário. Aqui, temos um trio de anarquistas (da Junta Universal Libertadora) que procura fazer uma bomba, mas que se interroga se o livro com a receita terá sido adulterado pelo antiquário que lho vendeu, por estar do lado de Óskar Keil, um outro anarquista pertencente a um grupo rival, a Liga Libertadora dos Povos: «De facto Óskar Keil podia ser poderoso, tinha relações por todo o lado, e todas as derivações iam dar a fontes

vai possibilitar a viagem por que todos anseiam. Paradoxalmente, a cidade de Carvangel fervilha de vida, mas uma vida a que poderíamos chamar adiada, pois todos aguardam o transporte – desde os que sempre lá viveram até aos que para lá se dirigiram para poderem apanhar o barco – que os levará a um destino melhor, impossibilitando relações de alguma permanência, pois tal não é compatível com uma partida iminente. Mas não é só o destino, mas a viagem, que faz sonhar os homens, como acontece com o padre Gütig, que se imagina a tocar violoncelo num concerto, no navio. Ironia e cinismo O humor irónico é também uma constante, sendo conseguido pelo modo como as situações são descritas, estando acompanhado, frequen-

riam que alguém lançasse qualquer suspeita sobre inconfidências junto do monteiro, do reposteiro-mor, do mordomo, do mestre de esgrima, dos oficias às ordens, do escrivão da puridade, do condestável, do mestre de dança, da prima-dona Auf, da actriz Kode, da marquesa de Backe e da baronesa de Khrocks. Quanto ao primeiro-ministro era ele o apuro máximo de discrição e austeridade de palavras, incapaz de comentar negócios de Estado com alguém que não fosse a mulher, o filho mais velho ou o conselheiro aposentado com quem jogava um voltarete severo em alguns serões e que, mesmo no caso de lapso proferido ou sugerido pelo interlocutor, não teria mais ninguém a quem o revelar senão a governanta, o cocheiro, o mordomo, o jardineiro e os trinta ou quarenta cavalheiros, todos, aliás, reservados e tumulares, que

Situando ambas as histórias num país com ressonâncias do leste e do império austro-húngaro, Mário de Carvalho elege nomes que nos conduzem a essas paragens. O Varandim começa com uma epígrafe de um autor por si inventado, remetendo para um livro, também ele forjado, Os Sabres de Mensur, numa alusão a um tipo de esgrima praticada por estudantes em países como a Alemanha, Áustria ou Suíça, em especial no século XIX, que deixava marcas no rosto dos competidores, que as exibiam com orgulho. Logo na primeira página, ficamos a saber o nome da cidade onde se vai passar a ação: Svidânia, num aportuguesamento do nome russo para «adeus». E depois, é só usar um dicionário de alemão, alguma imaginação e procurar relações. Em O Ocaso em Carvangel há um padre jesuíta que se chama Schlachten, que significa «abater», em alemão, contrastando com o padre da terra, que se alheia com a sua música, mas que respeita as idiossincrasias de cada um, que se chama Gütig – amável, bondoso. Para finalizar, chamo a atenção para os neologismos, que, por seguirem a regra da formação das palavras, fazem-nos crer que somos nós que não as conhecemos. Tomando o exemplo da classificação das espécies animais, as famílias terminam em –idae (em latim, -ídeos, em português) e as subfamílias em –inae (em latim, que deu -íneos em português). É assim que temos os nossos gatinhos lá de casa a pertencer à família Felidae (felídeos), à subfamília felinae (felinos) e ao género felis, mais propriamente felis silvestris catus. Portanto, um zogantíneo será um animal, mas não procure no dicionário. Porém, a sua imaginação poderá voar para o sabor de legumes delicados como os liscorilhos e gaspiteias, de regópola tostada ou ovos de zonocapo...


Cultura.Sul Bibliotecas

Paulo Pires

Programador do Departamento Socio-cultural do Município de Silves

Em Silves há palavras que voam e batem às portas. O que acontece quando entram dentro de casa ninguém sabe realmente. Há quem diga que é uma espécie de vírus contagioso, conhecido pelo nome de POESIA. Sonhei que havia no Algarve uma epidemia. De palavras, soltas e livres, com ou sem rima, que invadiam aldeias, vilas e cidades. Batiam às portas, com educação, ou esgueiravam-se pelas janelas, com discrição. Palavras mouras, judias, cristãs. Palavras escritas ou ditas, malditas ou sãs. Para que conste, reza a história que a epidemia começou em Silves. [Carlos Café, professor de Filosofia]

A Biblioteca Municipal de Silves está a implementar um projeto de Voluntariado de Leitura nas várias freguesias do concelho, o qual visa a promoção da leitura e do livro, contribuindo assim quer para uma maior generalização do acesso à Cultura por parte da população local, quer para o combate ao isolamento e à exclusão social, quer ainda para o estímulo e consolidação de boas práticas de cidadania ativa, envolvimento comunitário e integração sociocultural. Esta dinâmica iniciada ainda em 2012 insere-se no projeto plurianual de promoção da leitura e da literacia “A minha Freguesia a Ler+”, apresentado publicamente em Silves em no-

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Voluntariado de leitura em Silves vembro de 2012 por Fernando Pinto do Amaral (comissário do Plano Nacional de Leitura), Dália Paulo (diretora regional de Cultural do Algarve) e Rogério Pinto (presidente do Município de Silves), e coordenado por Paulo Pires (programador e mediador de leitura do Departamento Sociocultural do Município de Silves). O projeto em causa conta com as parcerias do Plano Nacional de Leitura, Secretaria de Estado da Cultura/Direção Regional de Cultura do Algarve, projeto “Voluntários de Leitura” do Centro de Investigação para Tecnologias Interativas (CITI) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e jornal Terra Ruiva (media partner). Este ambicioso e pioneiro projeto pretende criar nos próximos anos uma rede cooperante de bibliotecas de pequena/média dimensão prioritariamente nas sedes das associações culturais e recreativas das várias freguesias do concelho de Silves, visando uma difusão da leitura mais abrangente e baseada numa lógica de maior proximidade e articulação com os agentes culturais e populações mais distanciados da sede do concelho. Uma primeira biblioteca já foi criada em meados de 2012 e está aberta à comunidade local, oferecendo uma dinâmica cultural regular na Casa do Povo de Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra. Paralelamente, estão a organizar-se núcleos de voluntários de leitura em várias freguesias do concelho, os quais contribuirão quer para a dinamização regular dessas bibliotecas (funcionando também, internamente, como clubes de leitura), quer também para a realização de atividades de incentivo à leitura noutros contextos, exteriores à biblioteca, e públicos-alvo (das crianças aos seniores) das freguesias em que se integram. Nesta linha, foram criados dois grupos de voluntários respetivamente nas freguesias de Silves e de

Alcantarilha, os quais já estão a desenvolver ações no terreno (desde dezembro de 2012), quer em domicílios previamente sinalizados e contactados (de idosos e outros cidadãos isolados/excluídos e carenciados), quer em cafés/pastelarias, repartições públicas, instituições privadas de solidariedade social, associações culturais e noutros contextos públicos. Os voluntários apresentam as suas sugestões de leitura, de acordo com os seus gostos pessoais, e articulam entre si, com a coordenação da Biblioteca Municipal, os conteúdos, formatos e intervenções a realizar no terreno, de acordo com o perfil

de cada público-alvo visado. Nesta primeira fase, nas 32 ações já realizadas, foram usados sobretudo textos de autores contemporâneos em língua portuguesa, nas áreas da poesia, prosa poética e conto, como Al Berto, Álvaro Magalhães, Ana Hatherly, António Gedeão, António Lobo Antunes, António Ramos Rosa, Boss AC, David Mourão-Ferreira, Eugénio de Andrade, Gonçalo M. Tavares, Jorge Palma, José Afonso, José Fanha, José Luís Peixoto, José Saramago, Manuel António Pina, Miguel Esteves Cardoso, Miguel Torga, Nuno Júdice, Rui Zink, Vinicius de Moraes, entre outros. Privilegiou-se a leitura em voz

alta, encenada ou não, de textos de autor, a narração de histórias da tradição oral e, complementarmente, a interpretação de alguns interlúdios instrumentais e do canto de alguns poemas musicados, bem como a troca informal e em grupo de experiências suscitadas pelos livros e dos benefícios dos mesmos. Para saber mais sobre o Voluntariado de Leitura no concelho de Silves basta contactar a Biblioteca Municipal (tel. 282 442 112 ou biblioteca@cm-silves.pt) ou aceder à plataforma online do projeto, em http://aminhafreguesiaalermais.blogspot.pt, onde existe muita informação atualizada (fotografias, vídeos, posts, antologias de textos literários, links de interesse, etc.) sobre as dinâmicas em curso.

Saiba mais sobre este projecto no sítio da internet: http://aminhafreguesiaalermais. blogspot.pt


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