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2 Âť Simplex Dictum: “Ser bom nĂŁo basta!â€? | 2/3 Âť Destaques | 4/5 Âť Orquestra do Algarve | 6 Âť ALFA: CromĂĄticas e Foto Impacto 2010 6 Âť JosĂŠ e Pilar , em exibição | 7 Âť “Tempestadeâ€? nas escolas, pelo VATe/ ACTA | 7 Âť GORDA com novo espectĂĄculo 8 Âť Riqueza Maior: Fortaleza de Sagres | 8 Âť BaĂş: “A pasta de escolaâ€? | 9 Âť Cineclubes | 11 Âť AGECAL: “Conhecer a cidadeâ€?, por Rita Manteigas 11 Âť “Circula teatro pela Serra Algarviaâ€?, por Paulo Moreira | 12 Âť Bibliotecas | 13 Âť Livro.S: “O Fio Ă Meadaâ€?; Da minha biblioteca; Diziam os antigos... | 14/15 Âť Em entrevista: DĂĄlia Paulo, DRCAlg | 16 Âť Espaço DRCAlg, por Idalina Silva Santos | 16 Âť Convidado.S: Teresa Rita Lopes
• SIMPLEX DICTUM
• EXPOSIÇÃO
Reabilitar Através da Arte DR
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Cultura .Sul
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João Evaristo Editor Cultura.Sul
Ser bom não basta! «A crise é tão grande que o Homem Aranha já não tem teias!» - diz a Rita, com 5 anos. Pois! Quem já vai tendo teias é a crise, que não é de agora. Eu tinha 12 anos quando li que «existem dois tipos de pessoas neste mundo as que provocam os acontecimentos e as que vivem as consequências». Nunca gostei de dividir o mundo ou as pessoas em categorias, mas efectivamente ou «enfias os pés no mosto ou bebes o que te dão». O que não é necessariamente mau (o Dão)! Importa acima de tudo não lutar contra a própria natureza, mas sim tirar dela o máximo rendimento.
1º lugar categoria pintura/escultura + 18 anos José Carlos Luz Lino - Núcleo de Educação da Criança
A APEXA – Associação de Apoio à Pessoa Excepcional do Algarve – realiza pelo terceiro ano consecutivo uma exposição dos trabalhos participantes no Concurso Nacional de Pintura/Escultura e Fotografia, integrado no projecto “Reabilitar Através da Arte”. O concurso contou com a participação de 188 obras individuais e colectivas de pessoas de todo o país com necessidades especiais ou portadoras de deficiência. A iniciativa contou com o apoio da Câmara Munici-
destaque
As criancinhas animam os serões e as festas de natal e os adultos batem palmas. Não desprezo a formação artística, muito pelo contrário. Acredito é que ela terá uma função mais nobre que a de tentar fazer de cada um de nós um artista. Acima de tudo é essencial para formar públicos sensíveis e críticos. Mas com tanta aflição por protagonizar já ninguém é espectador, não se vê, não se ouve, se não a si próprio. Não há referências! E quando somos os únicos do (nosso) mundo é normal que nos consideremos os melhores do mundo. E cá está a perversão da própria natureza, confunde-se formação artística com a geração espontânea de artistas/vedetas. E mesmo quem aos 12 anos tem potencial, se chega aos 40 sem ter feito nada nem chegado a lado nenhum deveria começar a reconsiderar que se calhar o problema não será do mundo. O Vítor tem 68 anos e conta que no outro dia lhe ofereceram sardinhas. Alguém perguntou se as sardinhas já estariam boas. Um pescador experiente respondeu: «Na semana assei umas… Estavam muito boas, mas não prestavam para nada!» Olha, tal e qual como uma peça que vi no outro dia! De facto, ser bom, não basta!
Ficha Técnica Direcção: Gorda Editor: João Evaristo Concepção gráfica: Ricardo Claro
4»31 DEZ |Seg»Sáb: 10.30»16.30 | Galeria Municipal de Albufeira
• EXPOSIÇÃO
“Amália meu Amor”, em Monchique DR
Conheço pessoas que nunca fizeram vinho e que apenas têm uma vaga ideia de que virá das uvas, mas são óptimas a apreciá-lo. Pior é quando se sucumbe à tentação de passar de um óptimo apreciador/spectador a um protagonista de grandes actos, sejam eles vinícolas, políticos, sociais ou artísticos, sem que se tenha habilidade ou aptidão para tal. Vivemos um tempo em que todos podemos ter tudo, ser tudo. Ou pelo menos ambicionar. A crescente acessibilidade à tecnologia permite, em modo automático, fazer emergir em cada um de nós fotógrafos, realizadores, músicos ou designers. E cada vez mais proliferam escolas, escolinhas e anexos ou marquises transformadas em salas de aulas onde se “formam” pequenos artistas na dança, teatro, moda, canto, violino ou flauta.
pal de Albufeira, Instituto Nacional para a Reabilitação, Associação Nacional de Arte e Criatividade de e para pessoas com Deficiência, Direcção Regional de Educação do Algarve e SIC Esperança.
Decorre em Monchique a exposição colectiva de 18 artistas plásticos nacionais e internacionais que, no seguimento do convite da Galeria Santo António de Monchique apresentam a sua própria versão das ideias e dos sentimentos provocados por Amália Rodrigues. > 9 FEV’11 | Galeria Santo António (Monchique)
• EXPOSIÇÃO
Paulo Serra expõe no Quartel da Atalaia DR
“Referencio-me à poeira dos dias” é o nome da exposição de Paulo Serra patente no Quartel da Atalaia. Esta exposição é o resultado de uma residência que o artista fez no Quartel, no âmbito do projecto ARTalaia, uma iniciativa da Associação de Artistas Plásticos do Algarve e do Regimento de Infantaria I, do Quartel da Atalaia. Diariamente | 9.00 » 18.00 | Quartel da Atalaia (Tavira)
• EXPOSIÇÃO
«Portimão nos Alvores do Século XX» Devido ao grande interesse suscitado junto do público, a mostra «Portimão nos Alvores do Século XX» continuará patente na sala de exposições temporárias do Museu de Portimão até 2 de Janeiro de 2011, com entrada livre. «Portimão nos Alvores do Século XX» apresenta alguns dos principais aspectos
Design e paginação: Marta Vilhena Responsáveis pelas secções: »panorâmica.S - Ricardo Claro »cinema.S - Cineclubes de Faro, Olhão e Tavira
da evolução da antiga Vila Nova no primeiro quartel do século XX, durante a transição da monarquia para o regime republicano, focando as mais significativas alterações realizadas neste período. > 2 JAN | Museu de Portimão
»património.S - Joaquim Parra »arte.S - João Evaristo »biblioteca.S - Elisete Santos »livro.S - Adriana Nogueira »política.S - Henrique Dias Freire
Colaboraram nesta edição: Direcção Regional de Cultura do Algarve; AGECAL; Rita Manteigas; Paulo Moreira; Rui Monteiro; Idalina da Silva Santos; Teresa Rita Lopes
e-mail: geralcultura.sul@gmail.com Tiragem: 9894
DR
O Teatro Mosca, companhia profissional fundadda em Sintra, apresenta, no próximo dia 10, a peça As Três Vidas de Lucie Cabrol, a partir do romance Pig Earth, de John Berger. «Lucie Cabrol é uma pequena mulher, filha de camponeses, na França do princípio do Século XX. Abandonada pelo seu amante, Jean, e banida pela família, Lucie vive à margem e sobrevive durante a sua segunda vida contrabandeando mercadorias para o outro lado da fronteira. Mas só na sua terceira vida – na morte – descobre
a esperança e o amor. Em Pig Earth, através de um conjunto de histórias, poemas e ensaios, Berger fala do quotidiano de uma pequena comunidade rural nas montanhas, onde os camponeses, dedicados ao seu trabalho, ignoram a História, vivem isolados do mundo exterior e temem um futuro ainda mais incerto baseado no progresso, elaborando um retrato do modo de vida camponês, reflectindo sobre a sua cultura e o seu progressivo desaparecimento. De certo modo, a história desta camponesa anã, “apri-
sionada” num corpo atrofiado, andógino – servente perfeito – apelidada de Cocadrille (animal mitológico com cabeça de galo e corpo de serpente), apresenta-se num corpo que, no fundo, serve como “campo de batalha” de um conflito que afecta toda a comunidade rural, servindo bem a analogia de uma sociedade que vive “asfixiada” e tende a desaparecer.»
O Teatro Municipal de Faro e o Beliaev Centro Cultural apresentação Coppélia, Swanilda está noiva de Franz, mas este está encantado por uma linda rapariga que vê na janela da casa do Doutor Coppélius, velho fabricante de brinquedos. Swanilda promete vingar-se. Entra na casa do Doutor e verifica que Coppélia é uma boneca. Finge ser, também, uma boneca, quando Franz invade a casa, atrás de Coppélia. O dono da casa surpreende-os e desfaz o equívoco. Descoberta a
verdade, celebra-se o casamento de Swanilda e Franz. Com direcção artística de Evgueni Beliaev, esta co-produção tem o apoio da Companhia de Dança do Algarve e da Câmara Municipal de Faro
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As Três Vidas de Lucie Cabrol , no CAPA
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• TEATRO
>10 DEZ | 21.30 | CAPa (Faro)
• DANÇA
Coppélia DR
17/18 DEZ | 21.00 | €10 | Teatro da Figuras (Faro)
• ORQUESTRA DO ALGARVE (OA)
Viviane actua com a Orquestra do Algarve DR
3 DEZ | 21.30 | Igreja do Carmo (Tavira) Maestro: Knud Jansen 5 DEZ | 16.30 | Igreja S. Pedro de Quarteira Maestro: Knud Jansen 7 DEZ | 21.30 | Teatro das Figuras (Faro) Concerto de Natal: ANA - Aeroporto de Faro Maestro: Osvaldo Ferreira. Solistas: Ana Beatriz Manzanilla (Violino), Pedro Saglimbeni Muñoz (Viola) 11 DEZ | 18.00 | Igreja Matriz (V. do Bispo) Maestro: Sílvio Viegas 12 DEZ | 18.00 | Igreja de Altura (C. Marim) Maestro: Sílvio Viegas 15 DEZ | 21.30 | Grande Auditório de Gambelas - UAlg (Faro) Maestro: Sílvio Viegas 18 DEZ | 22.30 | Casino de Vilamoura Viviane & OA Maestro: Sílvio Viegas *Concerto de Natal promovido pelo Turismo do Algarve com o apoio do Casino Solverde
destaque
No dia 18, Viviane e a sua banda juntam-se à Orquestra do Algarve, no Casino de Vilamoura, para um concerto sob a direção de Silvio Viegas. Além dos temas habituais da cantora, serão apresentados também temas natalícios bem conhecidos do grande público. Com o aproximar da quadra natalícia, a Orquestra do Algarve prepara-se para atuar em vários concertos alusivos à data. Destaque para alguns concertos nas igrejas, o tradicional Concerto de Natal oferecido pela ANA – Aeroporto de Faro, no Teatro das Figuras, uma atuação na Universidade do Algarve, no âmbito do 31º Aniversário desta Instituição e por fim, um concerto com a cantora Viviane. À semelhança do ano passado, dezembro ficará marcado por uma atuação na Universidade do Algarve, num concerto que assinalará o 31º Aniversário desta Instituição. No dia 15, os músicos sobem ao palco do Grande Auditório de Gambelas para interpretar temas Villa-Lobos e Richard Wagner e a “Suite das Descobertas” de Armando Mota, estando a batuta, mais uma vez, a cargo de Silvio Viegas.
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• Orquestra do Algarve
Maria Cabral defende “utopia na qualidade” Por Ricardo Claro
CULTURA.SUL - Recuar ao dia da posse, à entrada que sentimentos e que expectativas? Maria Cabral - Senti que tinha rapidamente que aprender como adequar o que sabia de gestão para estar à frente da direcção de uma instituição cultural na área da música, da expressão artística ao mais alto nível. Percebi que havia várias dimensões no cargo, uma mais institucional a que estava relativamente habituada e uma outra de recursos e relações humanas que teria muito trabalho. Havia que aprender a fazer de forma diversa e em termos de expectativas eram de que seria capaz. Para grandes desaf ios, como aquele me parecia, maiores exigências de preparação, esta era a resposta na altura como continua a ser agora.
panorâmica
Ouvir música é diverso de conhecer música,é como conhecer mundo e ter mundo. Como é que geriu as implicações de conhecimento musical do cargo? Aprendi. Eu oiço música desde que me conheço e tive o privilégio de ter nascido numa família com uma forte marca musical, embora não tenha uma qualificação formal na área, tenho com a música uma relação que creio não será exagero classificar de visceral. Claro que hoje conheço melhor as obras dos grandes compositores ca nón icos
e as daqueles que menos conhecidos são, apreendi pela mão de excelentes profissionais, nomeadamente, músicos, a decifrar códigos a que não dava a devida atenção, o que me trouxe a uma realidade cognitiva e interpretativa da música clássica muito menos opaca. João Guerreiro [reitor da Universidade do Algarve] é a mão que a embala neste desafio. O que é que a levou a aceitá-lo? A razão é que nunca poderia dizer que não a um desafio destes. Elaborando… Após mais de 30 anos na carreira académica e já catedrática, tinha feito um pouco de tudo no percurso profissional e necessitava de um novo desafio. O convite chega no momento exacto da minha vida e da minha carreira. Nem sei se o professor João Guerreiro se apercebeu disso. Há um crescimento do viver que se ganha a cada desafio conquistado, ainda que em processo, o que é que cresceu em si? Aprendi, ainda mais, a dosear a expectativa e que não basta o muito querer para que os problemas se resolvam de forma condicente com a nossa vontade. Capacitei-me de que há um perfil profissional igualmente altamente qualificado como na universidade, mas que opera de
outra forma, vive sobre outra realidade operante e compreende nuances diversas daquelas a que estava habituada. A resiliência foi um dos ensinamentos retirados até agora desta experiência? Foi sim, aliás, essa é uma óptima designação para a minha experiência na Orquestra do Algarve. Resistir às dificuldades da Orquestra do Algarve foi o maior desafio? Se foi difícil não desistir?! Não, não foi. A resistência às dificuldades e permanecer entendi-a como parte do trabalho, só significou ter que trabalhar mais ou mudar a abordagem, acima de tudo implicou reflectir sobre o que fazer e com que instrumentos fazer. Em que medida conhecia os problemas que a orquestra atravessava quando tomou posse? Quanto ao saber, sabia pouco. Tinha uma panorâmica geral,
só tive os dossiers da orquestra depois de tomar posse. Mas creio que o mesmo se passa relativamente a qualquer cargo, só se conhece uma realidade depois de entrar nela. Que situação lhe aportou maior esforço na resolução, a dívida de 250 mil euros ou as relações laborais com os músicos? São dois grandes problemas da Orquestra do Algarve que requereram abordagens completamente diferentes. A administração da orquestra está a fazer um trabalho sério e meritório que é por vezes mal interpretado pela direcção artística e mesmo por mim, mas que tem vindo a dar os seus frutos com base no rigor e é elogiado pela tutela a que temos de prestar contas. Não obstante, este rigor importa custos e riscos na dimensão artística que todos os gestores culturais conhecem. Existe sempre um quase conflito entre a programação artística e a gestão financeira.
Há que limitar os repertórios, evitar os solistas com grandes cachets ou reforços de músicos de renome e gabarito. Não obstante, quando falta o dinheiro e se continua a querer prestar um serviço cultural, o primeiro objectivo é o de assegurar a sobrevivência da estrutura. Sem ele não existe produto cultural para poder ser qualificado. A responsabilidade da situação criada com os músicos teve origem na má contratação, na má gestão ou na inabilidade do legislador ao proibir os recibos verdes no Estado sem acautelar os casos específicos? A resposta é um pouco de tudo isso. Mas vou elaborar… não diria má gestão, diria gestão inexperiente que não é necessariamente pior do que a minha, mas antes, eu tenho a vantagem de poder aprender com os erros deles. A má contratação está associada àquilo que designou inabilidade do legislador, que é dupla, na medida em que à priori, até 2008, não havia um instrumento de contratação adaptado à rea lidade da actividade artística profissional, pelo que a resposta passava necessariamente pelos recibos verdes e, depois, ainda que conceda a boa intenção, porque ao não assegurar um regime de transição para a proibição dos recibos verdes no Estado se criou um vácuo legal e procedimental que gerou situações como a que a orquestra viveu.
RICARDO CLARO
Como é que se resolve a falta de recursos quando se prossegue a excelência de repertórios? É-se criativo, impõe-se maior estudo e esforço, buscamse repertórios que são diversos dos já interpretados, mas que correspondem às possibilidades oferecidas pela estrutura da orquestra. Neste campo, o trabalho do director artístico é o que o público conhece, aplaude e dignifica.
Cultura .Sul
1ª Parte Heitor Villa-Lobos (1887-1969) Bachianas Brasileiras Nr. 9 Richard Wagner (1813-1883) O Idílio de Siegfried 2ª Parte Franz Schubert (1797-1828) Sinfonia Nº 3 em Ré Maior, D. 200 Maestro: Sílvio Viegas
15 Dezembro 21.30 horas Faro UAlg, Gambelas 1ª Parte Heitor Villa-Lobos (1887-1969) Bachianas Brasileiras Nr. 9 Richard Wagner (1813-1883) O Idílio de Siegfried 2ª Parte Armando Mota (n.1950) Suite das Descobertas
Maria Cabral está apostada na estabilidade e coesão internas da orquestra regionais portuguesas. Em grande medida devese à ministra, diz. Devese também à sua noção d e qu e n e go c i a ç ã o e apaziguamento têm limites e que importa saber dizer não? Por princípio sim, todavia julgo que os nãos ditos aos músicos foram muito menos que os sins. O futuro da orquestra passa por onde? Passa pelo aprofundar e reforçar da sua estabilidade e coesão internas e pelo não perder o rumo.
Um rumo que deve, na minha opinião, estar traçado para a busca da utopia no que respeita à qualidade. Há um caminho a percorrer na af irmação naciona l e internacional por parte da orquestra. Hoje não há fronteiras na dimensão cultural da existência, pelo que a orquestra não deve ter limitações de qualquer género em apostar na sua apresentação e no levar do saber cultural nacional ao mundo e a quem a queira escutar, aliás, já em Janeiro estaremos no mais importante festival de música da América Latina, a Oficina de Música de Curitiba.
Acha-se a capaz de deixar mar c a s na gest ã o da orquestra? A acção humana deixa sempre marcas, embora eu prefira o termo perfil, o que posso deixar, agora que estou sensivelmente a meio do meu mandato e perante tudo o que está para fazer é deixar um perfil de presidência que tenta corresponder aquelas que foram e vão ser as necessidades da Orquestra do Algarve. Deixo muita vontade e esforço de procurar que a orquestra sirva o Algarve e o país de forma correspondente àquelas que são as premissas da sua missão e valores. DR
Maestro: Sílvio Viegas 18 Dezembro 22.30 horas Loulé, Casino de Vilamoura Viviane & Orquestra do Algarve Maestro: Sílvio Viegas
1 Janeiro 17.30 horas Loulé, Casino de Vilamoura e 2 Janeiro 16 horas Lagoa, Auditório Municipal Concerto de Ano Novo Maestro: Osvaldo Ferreira Solista: Ana Paula Russo
panorâmica
Gabriela Canavilhas é um sorriso ministerial ao que dizem reconhecidamente exigente. Como é que vê a titular da tutela neste caminho, uma parceria ou uma autoridade impositiva? Uma parceria que apoia, que exige e que pede justificações. Mas tenho de admitir que temos pela primeira vez em Portugal, na minha perspectiva, um ministro da cultura que conhece profundamente as orquestras. A sobrevivência da Orquestra do Algarve neste momento deve-se em particular à ministra da Cultura, sem a sua abertura para ser o sustentáculo da contratação de 85% dos músicos com contratos sem termo não teria sido possível ultrapassar o conflito laboral. Contudo, esta atenção que foi dada à orquestra por parte do gabinete da ministra não foi um exclusivo desta orquestra, sei que entretanto a ministra Gabriela Canavilhas já avançou com um processo de uniformização dos procedimentos nas orquestras
11 Dezembro 18 horas Vila do Bispo, Igreja Matriz e 12 Dezembro 18 horas Castro Marim, Igreja de Altura
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PROGRAMAÇÃO
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• ALFA – ASSOCIAÇÃO LIVRE FOTÓGRAFOS DO ALGARVE
ALFA EXPÕE EM PORTIMÃO
Durante o mês de Dezembro estão patentes, em Portimão, três exposições que envolvem trinta membros da ALFA: Cromáticas, Mercado de Portimão e Foto Impacto 2010: Prevenção Rodoviária na MSCar.
A ALFA nasceu em Faro em Março de 2008, graças ao empenho de um grupo de fotógrafos amadores e profissionais da região algarvia. Actualmente tem cerca de duzentos associados activos e no seu curto
percurso realizou cerca de uma centena de actividades. Com os objectivos de dinamizar, promover e divulgar a fotografia e outras formas de expressão artística relacionadas DR
e promover o aperfeiçoamento da arte fotográfica em todos os seus aspectos e modalidades, como veículo de expressão e intervenção social, têm sido dinamizadas acções de formação, workshops temáticos, passeios
fotográficos e exposições colectivas e individuais.
CROMÁTICAS
lectiva de fotografia da ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve, intitulada “Cromáticas”, baseada numa retrospectiva de trabalhos fotográficos divulgados no programa da Orquestra do Algarve (OA), entre Outubro de 2009 e Agosto de 2010.
Onde se funde a imagem com o som A partir de 10 de Dezembro e até 10 de Janeiro de 2011, estará patente no Boa Esperança, em Portimão, uma exposição co-
www.alfa.pt
Temas e autores da expo Cromáticas:
Fotografia de Paulo Frutuoso “Cromáticas” baseada numa retrospectiva de trabalhos fotográficos divulgados no programa da Orquestra do Algarve DR
Outubro | Jovino Batista | Silhuetas / Reflexos Outono Novembro | Paulo Frutuoso | Abstracto Dezembro | Tiago Vieira | Nocturno / Luzes Janeiro | Pedro Noel da Luz | Arte Digital Fevereiro | Maria Santos | Grafismo Março | Ana Abrão | Natureza / Paisagem Natural Abril | Sandra Santos | Movimento Maio | Vera Lisa | Património Junho | Samuel Sardinha | Paisagem Urbana Julho | Paulo Sopa | Retratos / Gentes e Locais Agosto | Carlos Sousa | Praia / Lazer
FOTO IMPACTO 2010 Tire uma fotografia, salve uma vida A exposição Foto Impacto 2010 com a temática “Tire uma fotografia, salve uma vida!”, alerta para a prevenção rodoviária e condução segura e estará patente ao público, de 1 e 31 de Dezembro, no edifício Pedra Mourinha da MSCAR em Portimão. “Tire uma fotografia, salve uma vida!”, foi o repto lançado pela organização, uma parceria entre a ALFA e MSCAR que teve uma forte adesão por parte dos cerca de 200 fotógrafos da Associação e dos colaboradores de
Macário Correia presente na inauguração da exposição em Faro
José e Pilar,
de Miguel Gonçalves Mendes
Rui Diniz Monteiro
arte
Professor
Ouvi dizer que o filme tem estado a ter pouca afluência em Portugal. Custa-me a acreditar. Mas é possível. É possível que haja muita gente que tenha, para já, perdido a oportunidade de assistir a um filme extraordinariamente bem feito. E bonito. E enriquecedor. Podia não ser com José Saramago e com a paixão da sua vida, Pilar del Rio. Porque este filme, que vive por si, é uma obra de arte do realizador Miguel Gonçalves Mendes (lembram-se de Floripes?). Mas ainda bem que foi com Saramago e com Pilar. Seres humanos com falhas, claro. Mas
que lutam para conseguirem viver com dignidade. Para passarem essa dignidade a todos os seres humanos. E isso é uma constante que atravessa o filme todo. Como o amor que os une. Inesquecível. Imperdível. 30 DEZ | José e Pilar | Cineclube de Tavira
um dos maiores empregadores regionais do comércio automóvel no Algarve. A organização recebeu dezenas de fotografias e seleccionou as 15 melhores. Os Alfistas estão representados na iniciativa com trabalhos de Fátima Lourenço, João Pelica, José Garrancho, Malin Lofgren, Mauro Rodrigues e Nuno Soares. A MSCAR é uma empresa muito dinâmica e tem uma visão importante das suas responsabilidades sociais, disse André Marques da Silva da Administração, no dia da inauguração da exposição, que anteriormente esteve patente na Honda, em Faro.
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VATe leva «A Tempestade» às escolas DR
O VATe - Serviço Educativo da ACTA deu início à tournée escolar com o espectáculo de marionetas “A Tempestade” de William Shakespeare no dia 23 de Novembro, em Alcoutim. Até final de Dezembro este espectáculo irá de autocarro visitar as escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico da região do Algarve. «Inspirado na última peça escrita pelo dramaturgo inglês William Shakespeare, o espectáculo “A Tempestade” conta-nos a história do Duque Próspero que, após ter sido expulso do seu reino e lançado no mar num batel sem vela nem mastro, com a sua filha Miranda, chega a uma ilha onde vai residir e mandar. Que ilha é esta onde Próspero e
Miranda vivem? Todas as “ilhas” onde nos refugiamos para pensar, julgar, disputar, estabelecer a ordem. Quantas “tempestades” tem o Homem levantado, jogando o jogo do poder? A que custo? Aparentemente tudo está solucionado. Próspero tanto nos poderá parecer admirável e bondoso como déspota, vingativo e manipulador. Próspero é um homem sábio e vai recorrer às suas “artes mágicas” para fazer sonhar. O Teatro ainda tem esse poder!» A encenação é Jeannine Trévidic e a concepção das marionetas de Carla Dias, a interpretação fica a cargo de Jeannine Trévidic e de Carla Dias e a operação de luz e som é realizada por Luisa Gonçalves.
O espectáculo tem a duração de 30 minutos e é seguido do atelier “Dos Cotovelos para baixo”. «Este atelier refere-se ao espaço no nosso corpo que vai do cotovelo até à ponta dos dedos. É neste pedaço de corpo que nos vamos concentrar. No topo, a seguir ao pulso, está a mão. A mão não serve só para agarrar ou calçar uma luva. As mãos podem ter vida própria, transmitir sentimentos, ter algo importante para dizer. Elas não são todas iguais, as minhas são diferentes das tuas, mesmo a minha mão direita não é igual à minha mão esquerda. Partindo das características das personagens da peça “A Tempestade” vamos trabalhar sobre a diferença, sobre as nossas qualidades e defeitos, vestindo as nossas mãos com luvas de
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• VATe - SERVIÇO EDUCATIVO DA ACTA
• TEATRO
«O Casaquinho»
O mais recente espectáculo da GORDA VÍTOR CORREIA
A Gorda apresentou, no dia 28 de Dezembro pelas 17h, “O Casaquinho”, integrado na 3ª edição do FesTA - Festival de Teatro Amador de Ferragudo. O Casaquinho” é a mais recente produção da Gorda, depois do grupo percorrer durante dois anos os palcos algarvios com a peça “Mê Menine… e o Tê Pai?!”, que foi levada a cena por 42 vezes.
Este novo trabalho, que estreou em Junho na Sociedade Recreativa Olhanense, apresenta um tipo de texto menos directo e uma estética bastante diferente do anterior, oferecendo também momentos de comicidade e de interacção com o público e situações que provocam o olhar e a reflexão do espectador sobre si próprio e as relações que estabelece com os outros.
A peça é, portanto, um pretexto para expor as relações entre as pessoas. A encenação procura revelar a teatralidade dessas relações. Os figurinos não são inocentes, assim como não o são as personagens. O resultado é uma divertida comédia, com momentos de tensão, em que o público revendo-se em uma ou outra situação acaba por rir de si próprio e dos outros.
O Casaquinho foi escrito e apresentado publicamente, pela primeira vez, em 1995. Esteve em cena durante 4 anos, mas com apresentações pontuais, cerca de 20 no total. Ficha técnica: O Casaquinho, com texto e encenação de João Evaristo, conta com a interpretação de Paulo
Moreira (Voz off ), Billy Guerreiro, Henrique Dias, Joaquim Parra, João Evaristo, Marta Vargas, Nicole Lissy, Sabrina Ildefonso e Vítor dias. Na assistência à produção está Zeta Duarte. A direcção técnica é de Sousa e a operação técnica fica a cargo de Vera Mónica. O espectáculo está classificado para maiores de 12 anos.
arte
O Casaquinho revela uma forte aposta na simbologia dos figurinos
• RIQUEZA MAIOR
Fortaleza de Sagres
Nome JOAQUIM PARRA
Fortaleza de Sagres ou Muralhas de Sagres Localização
Pont a de S agres, Rua da Fortaleza, Freguesia de Sagres, Concelho de Vila do Bispo, Distrito de Faro.
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Data de Edificação
Existem, no actual monumento, elementos de vários períodos, desde o século XV (Infante D. Henrique), passando pelo reinado de D. Sebastião, Dinastia Filipina, finais do século XVIII, Estado Novo (anos 50) e século XX (obras de valorização que decorreram entre 1993 e 1997)
Nótula Histórica Parece que, ao tempo do Infante D. Henrique, já existiria um núcleo amuralhado que, inclusivamente, teria sido mandado restaurar pelo próprio, mas as descrições concretas são de épocas posteriores. D. Sebastião e Filipe II intervieram na fortaleza que então existia, o mesmo acontecendo após a Restauração. Só em 1793 tiveram lugar as obras de reconstrução e consolidação da muralha exterior, ao estilo Vauban, que ainda hoje se mantém e que quase eliminaram os vestígios quatrocentistas e posteriores. Constituída por uma grande cortina, com um cavaleiro ao meio, sob o qual está o portal de entrada, em arco redondo ladeado por duas pilastras/contrafortes encimado por um frontão trian-
gular com o escudo de armas ao centro e dois remates piramidais. O acesso ao interior faz-se por uma passagem abobadada por cima da qual se estabelece a ligação entre os dois baluartes (Santa Bárbara e Santo António) que rematam os extremos da cortina. O acesso a estes baluartes é feito pela praça de armas através de rampas lajeadas. Sobre a falésia, foram construídos os restantes muros e baterias da fortaleza. Quanto às construções no seu interior, sabemos que possuiu instalações para o governador, a guarnição e possivelmente população civil, mas as constantes intervenções, nomeadamente as duas últimas (anos 50 e 90), poucos vestígios deixaram. Mantémse a Igreja de N.ª da Graça (que poderá incluir alguns elementos arquitectónicos da antiga Igreja de Sª Maria, que chegou a ser
Matriz). Actualmente, resultado das últimas intervenções encontra-se uma construção de pedra talhada e polida onde funcionam galerias multimédia, uma loja de exposições, uma loja do IPPAR uma cafetaria restaurante. A Sul deste, existe um edifício com seis contrafortes, onde se pensa que eram as cavalariças.
Outras notas de Interesse A 25 de Maio de 1587, uma esquadra inglesa, comandada por Francis Drake, desembarcou, saqueou e incendiou a vila de Sagres. O terramoto de 1755 arrasou grande parte da povoação e destruiu a maior parte das muralhas. O sistema defensivo desta fortaleza era complementado por baterias existentes nos dois lados da falésia.
No século XIX, perdida a importância estratégica militar, ganha um novo fulgor com a divulgação da lenda romantizada da “Escola Náutica de Sagres”. Os serviços militares deixaram estas instalações por volta dos anos 50, passando a Fortaleza ao estado de abandono. As comemorações do V Centenário da morte do Infante vão levar o Estado a uma intervenção com o objectivo de devolver a este espaço a antiga e suposta monumentalidade. O restauro teve como base o famoso desenho de 1587 (supostamente feito por um dos marinheiros de Drake) e implicou a destruição das estruturas mais degradadas e manutenção de alguns dos edifícios do século XVIII. Nos anos 90, com o objectivo de revitalizar o monumento e transformar a área construída num cen-
tro útil para todo o promontório, foram destruídas algumas construções da intervenção anterior e edificados novos edifícios de traça moderna que levaram ao despoletar de uma acesa polémica que ainda hoje é encarada por muitos como uma “heresia”. Testemunhos da forte ligação deste monumento à Epopeia dos Descobrimentos, são o Padrão dos Descobrimentos (1960), a lápide de mármore, datada de 24 de Julho de 1840 de iniciativa de Sá da Bandeira, em homenagem ao Infante D. Henrique (torreão à esquerda da entrada) e a famosa “Rosa dos Ventos” (de que se desconhece a real função e que foi descoberta entre 1918 e 1919 e redescoberta em1921).
• BAÚ
A Pasta da Escola
Joaquim Parra
património
Professor de História e Coleccionista
Há dias, ao entrar na Escola, reparei num aluno, do 5º ou 6º ano que, em passo apressado se dirigia para as suas aulas, acompanhado por uma coleguinha. Nada de anormal, não fosse o miúdo, qual João Garcia, prestes a escalar os Himalaias, carregado com uma mochila que, pouco menor do que ele, devia pesar “toneladas”, obrigando-o a vergar-se ao seu peso. A coleguinha por seu lado, parecia uma hospedeira, direita, com passo seguro, arrastando a sua mochila com rodinhas pelo chão. Perante esta situação lembrei-me de dar uma volta pelo Baú. Como eram bem mais simples (e leves) as Pastas da Escola de outrora. No princípio era o Verbo… não, no princípio era a ardósia. Os livros escolares estavam na escola e a ardósia servia para fazer os exercícios que o professor colocava no quadro. Os
cadernos eram coisa de gente fina. E a ardósia tinha uma grande vantagem: não se gastava e era reciclável, passando de irmão para irmão. Uma boa cuspidela, uma ou duas passagens com a manga da blusa e estava pronta para novo exercício. Não era necessária uma pasta. Mas se o menino era pobre e pertencia à Mocidade Portuguesa, esta disponibilizava uma sacola de serapilheira (devidamente identificada), onde, além da ardósia se podia colocar o lanche. Para os alunos com mais posses havia outras Pastas que podiam albergar o Livro de Leitura, o caderno, e até um estojo para os lápis, as canetas de aparo, o afia e a borracha. Tudo dependia de um único factor: as posses dos pais. Havia-as simples, de folha de Flandres, forradas a papel e com uma fitinha plástica para o transporte, de cartão, com reforços nos cantos e pega metálica, de cabedal, que se podia transportar às costas e até umas que constavam unicamente de uma pega, de madeira ou metal, da qual pendiam duas tiras de pano que, ao ser rodada, prendiam os livros e cadernos. Nos idos de 70 e 80 popularizou-se a capa, (para protecção dos livros) mas que a “malta” utilizava para colocar o caderno ou dossier e o livro (ou livros) das disciplinas do dia. Para os estudantes mais para a “frentex” (os chamados “freaks”), era muito in, transportar o mate-
rial escolar (e não só) em bornais militares, ou sacolas de artesanato, devidamente enfeitados com pines onde (obrigatoriamente) pontuavam os “A’s” anarcas, Nuclear Não Obrigado, a Pomba da Paz, a folha de Cannabis, ao lado das bandas em voga, Bob Marley, Sex Pistols, Rolling Stones, AC/DC etc. Chegados à Universidade, era a vez da pasta “à doutor”, suficientemente ampla para transportar as Sebentas do cadeirão, um caderninho, para as mensagens (os telemóveis só existiam no Espaço 1999) e um esporádico auxiliar de memória para os dias de frequência.
FOTOS DE JOAQUIM PARRA
No seguimento de um Novembro tão especial que conteve uma ante-estreia – José e Pilar, o brilhante documentário de Miguel Gonçalves Mendes que melhor sorte merecia ao nível da distribuição e de adesão do público no nosso país (pois Brasil e Espanha nos estão a levar a palma), e Filme do Desassossego, a primeira exibição promovida por um cineclube do filme-acontecimento que está a arrebatar espectadores e a estourar índices de sessões únicas de muitas centenas a esgotar grandes teatros. João Botelho é que sabe. Em Dezembro, então, mais dois filmes recentíssimos – Embargo de António Ferreira, que dum conto de Saramago tem a arte e engenho de produzir uma longa-metragem, divertida e metafórica como poucas, e o documentário sobre a cena musical rock e underground portuguesa dos anos 80 – só mesmo o iconoclasta e explosivo Edgar Pêra para a retomar a partir das filmagens in loco que na altura fez. Pêra, devorador de imagens, deglute-as para nossos consolo e espanto, através de uma linguagem tão única, peculiar e especial como só a dele, no nosso país. É o nosso filme-acontecimento – tanto, que o vamos aproveitar para um set pelo DJ Solitaire, numa interpretação pessoal do filme de Pêra: artistas em diálogo. Esta festa – considerem-na uma prenda de Natal! – acontecerá dia 16, provavelmente n’Os Artistas. A confirmar, o local. Deixamos para o fim a participação na Exposição Allgarve 10 que se mantém no Museu Municipal: Estou vivo e escrevo sol, sobre Ramos Rosa, diz-nos muito, diz-nos tudo – documentário realizado por Diana Andringa sobre este poeta farense, tem a participação dos dois nossos sócios fundadores, infelizmente já desaparecidos… ou talvez não, ou talvez nunca. A Direcção do Cineclube de Faro
• Cineclube de Tavira
Um mistério de longa duração
De Tallinn Estónia, em directo...
A duração de um filme não deveria ser o principal ponto de análise do mesmo. Com certeza já todos nós vimos filmes curtos que nos pareceram longos e vice-versa. Em termos de guião há regras básicas para evitar cair neste problema de tornar um filme longo (aparentemente) para além da sua real duração. Porém a teoria nem sempre é, ou não pode, ser levada à prática, e dai resultam filmes diferentes. Um desses casos é claramente os “Mistérios de Lisboa”. Logo à partida há quem torça o nariz… Filme português! Depois o nome do realizador pode despertar alguma curiosidade. Mas é um realizador estrangeiro (chileno no caso concreto). O choque vem com a duração… Quatro horas e 20, isso é demasiado, dirão muitos. Em termos de crítica toda ela é unânime em não considerar o filme maçador como se poderia temer pela sua duração. Em termos de qualidade o filme tem sido reconhecido e aclamado por diversos festivais internacionais. Uma das justificações que se dá à opção pela sua duração, foi a de que o realizador, procurou criar no espetador uma sensação próxima da leitura de um livro e do seu respetivo ritmo. Pretende-se desta forma, que o espetador seja assim também um leitor, compreendendo a estória de uma forma menos repentista, menos editada, mas de um modo natural, fluído e realista. Esta é também a proposta que o Cineclube de Olhão lhe faz para que no dia 11 venha assistir a uma obra ímpar no cinema português, mas também mundial. Vico Ughetto
Agenda do cineclube de Olhão www.cineclubeolhao.com
> Sessão Especial
Agenda do Cineclube de Faro www.cineclubefaro.com
> Ciclo Não há Liberdade sem Libertação
Ria Shopping – sala 2 | 15.30 |Sócios:€1 | Não Sócios: €3
11 DEZ | Mistérios de Lisboa de Raoul Ruiz (272’) (M/16)
IPJ | 21.30
6 DEZ | Embargo de António Ferreira (93’)(M/12) 15 NOV | Punk is not daddy de Edgar Pêra (70’)
Está quase concluida a 14ª edição do Festival de Cinema “Black Nights” em Tallinn. Os membros dos diferentes júris já viram os filmes que tinham de ver ou neste momento ainda estão a ver o último. Esta noite serão revelados os prémios deste ano. Trata-se de um festival cuja selecção oficial é composta por fi lmes europeus e/ou asiáticos. O evento é muito bem organizado, vive sobretudo da benevolência de patrocinadores privados poderosos, portanto não faltam meios para sua concretização. No entanto, ao nível da programação falta alguma coerência e sobretudo atenção ao nível de qualidade da projecção (focagem, quadros, etc...). Tallinn é a capital de Estónia, uma cidade costeira (perto de Helsínquia) com cerca de 400.000 habitantes, mais de um terço da população total do país. Estou aqui para representar Portugal (sou o único) e para ajudar a escolher o melhor filme que será galardoado com o prémio da Federação Internacional de Cineclubes (Prémio Dom Quixote). Durante a viagem no avião li numa revista que 90% da população regularmente usa a internet, óptimo, mas este facto também causa alguns problemas. Enquanto estou a escrever esta crónica não consigo ligar à Net, na recepção explicaram-me a razão: porque neste momento há mais de 300 computadores (só no hotel onde estou alojado!) ligados à Net, o que está a provocar uma sobrecarga virtual... Bem, no nosso júri somos três: um jovem espanhol, ligado a um dos 40 cineclubes com que conta Catalunha (Portugal apenas tem uns 25 cineclubes); uma professora na escola secundária de Tallinn com um interesse especial em cinema e eu. Javier e eu já chegámos à nossa conclusão, falta é falarmos e chegarmos ao consenso com Kersti, que trabalha durante o dia. Qualquer que seja nossa conclusão, o que interessa agora e sobretudo é conseguirmos exibir pelos menos um ou dois dos fi lmes interessantes que vimos aqui ao longo dos últimos dias. Esta é outra cantiga... Como a cantiga do Filme de Desassossego de João Botelho. Para contar uma longa história em breves palavras, depois de meses de preparação a produtora/distribuidora “Ar De Filmes” enviounos um e-mail (nem sequer um telefonema, se calhar faltam fundos para tal?) para avisar que finalmente acham que não vale a pena exibir o filme em Tavira, apesar de ter sido concordado que a receita total da bilheteira (os valores “especiais” de 6,00€ para público em Geral e 5,00€ para os alunos das escolas) será para a produtora, portanto a data combinada de 3 de Dezembro foi cancelada... Histórias do cinema em Portugal, a ser continuado!
9 Cultura .Sul
Dezembro, cinema português.
• Cineclube de Olhão
09.12.10
• Cineclube de Faro
A Direcção do Cineclube de Tavira
Agenda do Cineclube de Tavira www.cineclube-tavira.com
> Sessões Regulares
> Ciclo Olhares Forasteiros - O Algarve num certo cinema Museu Municipal (Sala Audiovisual r/c) | 21.30 | Entrada livre
6 DEZ | António Ramos Rosa - estou vivo e escrevo sol de Diana Andringa
Elenco: Maria João Bastos, Ricardo Pereira, Léa Seydoux, Melvil Poupaud, Clotilde Hesme
(FILME IGUALMENTE EM EXIBIÇÃO ENTRE 9 E 31 DEZEMBRO EM SISTEMA DE SESSÕES CONTÍNUAS ENTRE AS 10 E AS 16H, MESMO LOCAL, ENTRADA LIVRE)
APOIO: Civis (Associação para o Aprofundamento da Cidadania)
O CINECLUBE é apoiado pela CM e JF de Olhão e pelo ICA (REDE 2010)
02 DEZ| La Pivellina (a pequenina) de Tizza Covi & Rainer Frimmel (M/6) 05 DEZ | Go Get Some Rosemary (vão-me buscar alecrim) de Ben & Joshua Safdie (M/12) 09 DEZ | Muitos dias tem o mês de Margarida Leitão (M/12) 12 DEZ | Tamara Drewe de Stephen Frears (M/12) 16 DEZ | Le père de mes enfants (o pai das minhas filhas) de Mia Hansen Løve (M/12) 17 DEZ | Sessão extraordinária: O Estrangeiro + Vai com o vento de Ivo M. Ferreira(M/12) 17 DEZ | ONDINE de Neil Jordan (M/12) 23 DEZ | La danse – le ballet de l'opera de Paris (A dança Le Ballet de L`opera de Paris) de Frederick Wiseman (M/6) 26 DEZ | Gainsbourg - Vie heroique (Gainsbourg - vida heróica) de Joann Sfar (M/12) 30 DEZ | José e Pilar de Miguel Gonçalves Mendes (M/6) (na presença do realizador)
APOIOS: ICA, Ministério da Cultura, Câmara Municipal de Tavira
cinema
Cine-Teatro António Pinheiro | 21.30
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09 > 15.DEZEMBRO
N.06
DEZ.2010
AGENDA CULTURAL
* Por marcação na Biblioteca ou através do telefone 281 510 050 **INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES: Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela ou T./F. 281 952 600
ATÉ 06.JANEIRO 2011 // CONCURSO DECORAÇÃO DE MONTRAS
LOCAL. Estab. de comércio e serv. centro da cidade (lojas, cafés, bares, restaurantes)
EXPOSIÇÃO DE QUADROS DOS ENCONTROS DE PINTURA RÁPIDA AO AR LIVRE DE VRSA E AYAMONTE
LOCAL. Estab. comerciais do centro da cidade
01>31.DEZEMBRO // EXPOSIÇÕES “MEMENTO MAR MEMOR” “INDÚSTRIA CONSERVEIRA EM VRSA” “ARTES LITOGRÁFICAS”
02>27.DEZ // EXPOSIÇÃO DESENHO “O CAMINHO DA DEUSA”
De António Afonso. HORA. 09h30 > 18h30 (Segunda a Sexta) 14h00 > 18h30 (Sábado) LOCAL. Biblioteca Mun. Vicente Campinas
02>31.DEZ // EXPOSIÇÃO PINTURA “TRAÇOS DE DIFERENÇA”
09.DEZEMBRO ESPECTÁCULO DE NATAL DO CORO DA ASSOCIAÇÃO JUVENIL GANDA CENA HORA. 21h00 LOCAL. Centro Cultural António Aleixo
10.DEZEMBRO AUDIÇÃO DE NATAL DO CONSERVATÓRIO REGIONAL DE VRSA HORA. 21h00 LOCAL. Centro Cultural António Aleixo
Projecto Escolhas Vivas
HORA. 09h30 > 18h30 (2ª>6ª)
14h00 > 18h30 (Sábado)
LOCAL. Biblioteca Mun. Vicente Campinas
11.DEZEMBRO FEIRA DE VELHARIAS E NUMISMÁTICA HORA. 10h00 LOCAL. Praça Marquês de Pombal
HORA. 09h30> 12h30 / 14h > 16h30 (2ª>6ª) LOCAL. Arquivo Histórico Municipal
01>31.DEZ // VISITAS ACOMPANHADAS À EXPOSIÇÃO – “PLANTAS QUE CURAM. USOS E SABERES NA MEDICINA POPULAR”
11.DEZEMBRO CONCERTO DE NATAL DA BANDA FILARMÓNICA DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO
(Segunda a Sexta-feira) – (Público em geral) LOCAL. C. Inves. e Info. Património de Cacela INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES. Centro de Investigação e Info. do Património de Cacela Turmas do concelho – Marcação prévia (inscrições lim. com transporte incluído)
11//12.DEZEMBRO TORNEIO JUVENIL DE NATAL – SUB.12 /16 SINGULARES MASCULINOS E FEMININOS / PARES MASCULINOS E FEMININOS
HORA. 21h00 LOCAL. Centro Cultural António Aleixo
HORA. 09h30>13h00 / 14h00> 16h30 –
HORA. 09h00 LOCAL. Campos de Ténis do Complexo Desportivo
01>31.DEZ // VISITAS ACOMPANHADAS
CACELA VELHA
Marcação prévia - 2ª>6ª - 09h30 > 16h30 INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES. Centro de Investigação e Info. do Património de Cacela
01>31.DEZEMBRO HORA DO CONTO “CONTA LÁ!” - NATAL NAS ASAS DO ARCO-ÍRIS De Alice Cardoso, IL. de Sandra Serra HORA. 10h00 (Segunda a Sexta) LOCAL. Biblioteca Mun. Vicente Campinas Marcação na Biblioteca ou tel. 281 510 050
01>31.DEZEMBRO “ÀS 4 NA BIBLIOTECA”
Hora do Conto, Manualidades, Jogos Educativos, etc.… HORA. 16hOO (Segunda a Sexta) LOCAL. Biblioteca Municipal Vicente Campinas Marcação na Biblioteca ou tel. 281 510 050
de Vila Real de Santo António
12.DEZEMBRO MERCADINHO DE NATAL
27.NOVEMBRO>24.DEZEMBRO ANIMAÇÃO DE NATAL
Árvore de Natal Gigante, Casa do Pai Natal, Insufláveis, Comboio Infantil, Carrosséis, Mercadinho de Natal e Animação Infantil HORA. 10h00> 13h00 / 15h00> 19h30 LOCAL. Praça Marquês de Pombal
HORA. 10h00 > 17h00 LOCAL. Cacela Velha
15.DEZEMBRO III ABRAÇO DE NATAL
03>31.DEZ // EXPOSIÇÃO FOTOGRAFIA RACAL CLUBE DE SILVES
HORA. 09h30 > 12h30/ 14h > 16h30 (2ª>6ª) LOCAL. Arquivo Histórico Municipal
Demonstração do trabalho realizado com os alunos da escola E.B. 2,3 de Monte Gordo, bem como o seu talento, através de actividades tão diversas como a prática musical, a representação e o canto HORA. 16h00 / 21h00 LOCAL. Centro Cultural António Aleixo
06.DEZEMRO>06.JANEIRO 2011 PRESÉPIO GIGANTE
15.DEZEMBRO PALESTRA”FALANDO DE MENOPAUSA”
HORA. 21h00 LOCAL. Biblioteca Municipal Vicente Campinas Org.: UCC Sto Antº Arenilha - C. de Saúde VRSA
HORA. 10h > 19h (todos os dias)
14h > 19h (Dia 1 Janeiro) LOCAL. Centro Cultural António Aleixo
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11 Cultura .Sul
ESPAÇO AGECAL
Conhecer a cidade…
Rita Manteigas Historiadora de Arte
sócia da AGECAL – Associação de Gestores Culturais do Algarve
A protecção do património pelos cidadãos só acontece quando estes têm consciência de que o quotidiano que os rodeia está carregado de múltiplos sentidos. Cada habitante de uma cidade, natural ou de passagem, detem a sua visão da cidade, naturalmente um olhar intimamente relacionado com o seu próprio percurso pessoal. Poder-se-à juntar a esta memória pessoal uma memória colectiva, reflexo de acontecimentos locais, nacionais ou mesmo internacionais, que explica de-
•
terminadas estruturas e equipamentos socio-económicos, estatais ou privados, edificios ou objectos, a imagem que constitui uma determinada paisagem urbana. Ao consolidar em si estas duas formas de sentir a cidade, a população sentir-se-à melhor preparada para acautelar a herança dos seus antepassados que sente querer deixar aos seus descendentes, despoletando uma atitude crítica através de princípios afectivos mas com argumentos de ordem lógico-racional, sejam de carácter histórico, estético ou outros. Com efeito, a historiadora de património Françoise Choay, refere que a noção de Património implica afecto, o sentimento de posse (neste caso, colectiva), o conhecimento e a nomeação dos objectos. Muitos edificios poderão fazer parte da História (foram estudados cientificamente) mas não da memória e identidade de uma cidade. Se esta não lhe atribuir significado não existem. Da mesma forma, edificios/estruturas sem significado histórico relevante,
estético ou outro, fazem parte da memória da população e são por isso defendidos por esta. Fazendo o exercício teórico de imaginar um trecho da cidade como se dum palimpsesto se tratasse (documento no qual se podem diferençar no presente várias camadas escritas em diferentes épocas, que se sobrepunham para que o material de base fosse reutilizado) podemos seleccionar na antiga cidade de Tavira, o Palácio da Galeria, edifício monumental da segunda metade do século XVIII, que alberga actualmente o Museu Municipal da cidade. Examinando das suas fundações à linha do céu, somos convocados a fazer uma verdadeira viagem no tempo. A sua localização no cimo da genética colina de Santa Maria (permitindo visualizar toda a cidade assim como ser visualizado a partir de toda a cidade) possibilitou que a campanha arqueológica colocasse à vista um conjunto de estruturas votivas semi-circulares elaboradas pelos Fenícios quando aqui estiveram estabe-
lecidos. Acima destas, a reabilitação arquitectónica efectuada deu a ver, ao nível do piso térreo, uma porta tardo-gótica (antes entaipada) de uma antiga rua medieval, eixo que com o tempo deixou de ser utilizado e cujo traçado passava pelo átrio do edifício. Subindo ao primeiro piso, a galeria da época renascentista, que deu nome ao palácio, foi pertinentemente respeitada por Diogo Tavares de Ataíde, arquitecto que delineou a feição barroca do edificio. Esta arcaria, elemento arquitectónico distintivo surgindo somente em casas com prestígio numa cidade influente, é testemunho da pujança económica e artística de Tavira na Época Moderna, quando ao seu porto acostavam barcos provenientes de várias rotas comerciais proporcionadas pelos Descobrimentos. O remate do palácio, com os telhados ditos de tesoura, constitui prova material da influência estética do Oriente na paisagem urbana da cidade, cobertura ainda requisitada durante o estilo barro-
co, período característico pelas encenação das suas fachadas principais, como aqui se verifica completamente -a fachada de tardoz, apresenta-se sem ordenamento das janelas e estas sem cantaria a delimitá-las. Sendo verdade que remodelar um edificio é também fossilizar uma interpretação arquitectónica e histórica do mesmo, contudo, uma visita hoje ao Palácio da Galeria/Museu Municipal, permite aos tavirentes e aos turistas que visitam a cidade, um ponto de partida para contar grande parte da história de Tavira. Os tavirenses, que podiam defender este edifício pelas múltiplas funções cívicas que dele guardavam na sua memória recente – albergou o tribunal, as finanças e principalmente uma escola que formou muitos deles, podem agora juntar uma História e formas com mais de 2600 anos.
09.12.10
•
OPINIÃO
Circula teatro pela serra algarvia
Ali para os lados de Loulé anda a circular teatro de temática popular e regional. Trata-se do espectáculo “Por entre valados” da responsabilidade do novo grupo semi-profissional Ao Luar Teatro, sediado em Sarnadas, Alte. Tendo a temática da vida tradicional do interior algarvio como pano de fundo, o espectáculo convida-nos a partilhar, com muito humor e carinho, alguns momentos do trabalho e de lazer das gentes da serra interpretados pelos actores Célia Martins e Rui Penas (igualmente responsável pelo texto e encenação). Como recursos singulares do mesmo assinalam-se o uso (pontual) da técnica de máscaras e a interpretação de música ao vivo, esta da responsabilidade do jovem actor César Matoso, recente-
não tem nada a ver com salas de espectáculos como o Teatro da Figuras (em Faro) ou o Tempo (em Portimão), nem a dimensão do público alvo, isto é, as pequenas freguesias do interior algarvio, não tem nada a ver com o número de habitantes dos grandes centros urbanos. Que os responsáveis pela “cultura” tenham a Cultura suficiente para distinguir as realidades distintas que estão em causa é assim o meu desejo.
DR
DR
apontamento
Paulo Moreira Encenador
mente diplomado em Artes do Espectáculo pela Escola Secundária Pinheiro e Rosa de Faro. Apraz-nos ficar a saber que existe um novo projecto que levará regularmente o teatro ao interior algarvio e que nesse mesmo projecto se deu lugar a jovens que poderão assim exercer a sua profissão de actor na sua terra sem terem de se deslocar, a contragosto, para os grandes centros urbanos onde poderá eventualmente existir mais actividade teatral mas onde a sua identidade se esfumará por força da miscigenação forçada da vivência citadina. Como responsável pela formação de jovens nas Artes do Espectáculo agrada-me saber que ainda há gente que acredita na importância do teatro e que as gentes do interior têm tanto direito (e necessidade) do mesmo como as gentes da cidade. Desejo, no entanto, que as entidades (regionais ou nacionais) responsáveis pelo apoio à actividade teatral saibam reconhecer as especificidades do trabalho de uma companhia como a recém-formada “Ao Luar Teatro” e que a mesma não tenha de tentar “meter o Rossio na Betesga” quando se começarem a contabilizar representações e número de espectadores. É que o Centro Comunitário da Tôr (onde me foi dado assistir ao espectáculo), por exemplo,
• OLHÃO
Apresentação da obra: Natal no Algarve de P.e José da Cunha Duarte DR
09.12.10
Cultura .Sul
12
Saiba como a Igreja, ao longo da história da Humanidade, celebra aquela que é a mais importante data do calendário católico. Conheça a origem desta festividade, os vários estilos de presépio, a riqueza da doçaria típica da época e a beleza de
uma imensidão de cânticos de Natal. Ofereça-se a si mesmo (a) o presente de assistir à apresentação desta obra que é fruto da recolha do autor, ao longo de 20 anos, de tradições natalícias na nossa região num estilo informal, visual e muito actual.
10 DEZ | 21.00 | Biblioteca Municipal de Olhão
Apresentação da obra: A Proclamação da República no Algarve de Aurélio Nuno Cabrita
As tradições natalícias da nossa região
Revisitar o Algarve nos primeiros dias de Outubro de 1910, descrevendo as reacções não só do povo anónimo, mas dos seus dirigentes políticos é o grande objectivo desta obra que, para isso, compila informação de jornais nacionais e locais, e extrai outros dados dos arquivos históricos da região. Descobre-se,
assim, entre outras curiosidades, que a notícia da implantação da República em Lisboa chegou ao Algarve por telégrafo e que na região, os primeiros registos dos ideais republicanos remontam à década de 70 do século XIX, tendo Olhão albergado o seu 3º. Centro Republicano.
09 DEZ | 18.30 | Biblioteca Municipal de Olhão
• FARO
Escolas da Sé receberam o autor Carlos Campos
biblioteca
Nos passados dias 25 e 26 de Novembro o escritor e ilustrador Carlos Campos, autor da colecção “Draguim, Badão e Companhia”, visitou as escolas do 1º Ciclo do Agrupamento da Sé e apresentou a sua obra e o seu método criativo, explorando algumas das suas histórias já publicadas. Cerca de 360 alunos tiveram a oportunidade de se encontrar com Carlos Campos, conhecer o autor e a obra, explorar as mensagens dos seus livros, inspiradas no respeito pela diferença e pela conservação da Natureza e ainda desvendar os segredos e as técnicas de criação das ilustrações que compõem as suas obras. Segundo a profª bibliotecária Elisete Santos “esta é mais uma das muitas iniciativas da biblioteca no sentido de promover a leitura junto da comunidade.”
Esta actividade desenvolveu-se em 4 sessões, nas escolas E.B.1 de Ferradeira, E.B.1 de Areal Gordo, E.B 1 de Faro n.º4 (Penha) e decorreu de uma iniciativa da Biblioteca Escolar Letras e Companhia, com a colaboração do grupo Leya/ Texto Editora. Carlos Campos nasceu em 1959, no Rio de Janeiro, onde trabalhou na área do cinema de animação. Em Portugal, desde 1982, trabalhou em publicidade, cinema, e desenvolveu actividades na área da música, produção áudio, fotografia, pós-produção vídeo, ilustração e pós-produção de imagem. Nos últimos anos desenvolveu alguns trabalhos na área editorial. Começou por ser ilustrador e estreou-se como autor de histórias com a colecção “Draguim, Badão & Companhia”, que vai já no 6º volume.
ELISETE SANTOS
Carlos Campos apresenta a sua obra aos alunos da EB1 da Ferradeira (Faro)
Projecto de itinerância em Estoi A Biblioteca Escolar da Escola E.B. 2,3 Poeta Emiliano de Costa, em Estoi, está a desenvolver um projecto de itinerância de documentos que se enquadra no esforço que tem vindo a ser desenvolvido para ir ao encontro de novos
públicos e estimular o interesse pela leitura. Este projecto intitula-se Livros Fora de Portas e tem como objectivos gerais promover a leitura em diferentes espaços, contribuir para a redução dos níveis de literacia, promover atitudes de
cidadania e de responsabilidade por parte dos leitores. Em determinados locais da aldeia de Estoi (Casa do Povo, Centro de Saúde, alguns restaurantes e cafés), estão a ser colocadas caixas devidamente assinaladas, com livros que
os utilizadores desses espaços poderão (e deverão) levar para casa para ler. No final da leitura, deverão os leitores devolvê-los (no mesmo local ou num dos outros locais envolvidos neste projecto) para que outro utilizador possa, assim, lê-lo
também. Mensalmente, será feita pela equipa da biblioteca, uma renovação dos títulos.
Humorísticos Diálogos Imprevistos
Adriana Nogueira Professora Universitária de Estudos Clássicos adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Escrever sobre um livro em que se participou como autor(a) pode parecer falta de modéstia, ou pode parecer difícil, por não se ter distanciamento suficiente. Mas não é nada disso o que se passa aqui. A dificuldade não é esta. Antes pelo contrário: tenho a tarefa muito facilitada, pois posso desfrutar de 10 (em 11) contos que me deixaram à disposição. O humor não é uma categoria literária fácil de definir, até porque aquilo que a uns faz rir a bandeiras despregadas a outros arranca apenas breves sorrisos, ou aquilo que uns dizem ser de um humor fino outros consideram ser muito evidente. Acredito que a maior parte dos que vão que ler este livro encontrará algumas destas situações e muitas outras que surpreendem. O humor vive muito da surpresa que provoca em quem ouve (neste caso, em quem lê) o que não está à espera e é esse espanto inicial que, quando reconhecida a causa, leva ao sorriso ou ao riso. É também por isso que não é fácil falar de humor. É como quando se pergunta a alguém se conhece uma anedota: «Conheces a anedota dos dois cientistas?» «Conheço várias anedotas de cientistas. Qual é essa?» «Aquela em que um deixa cair uma torrada com a manteiga e a manteiga cai para baixo e o outro cientista diz que ele pôs a
manteiga do lado errado. Queres que te conte?». Invariavelmente, devolvem-nos um sorriso amarelo e, consoante o grau de carinho que têm pela nossa inépcia e de falta de paciência que provocamos, podem responder-nos «Vá lá, conta. Não sei qual é», acompanhando o incentivo com um suspiro condescendente, ou «Ora! Agora que já contaste o fim…!», suspendendo a frase num tom irritado. Para fugir a isto, não vou contar as piadas antes de as lerem, de modo a que leitura não perca todo o seu sabor, mas tentarei dar-vos, em algumas pinceladas, um retrato do livro e dos autores.
O livro O livro é constituído por uma série de entrevistas e conversas que os autores (aqui confundidos com o narrador ou com uma personagem homónima) mantêm com diversas figuras que um dia lhes apareceram à frente. As conversas acontecem em espaços tão variados como um balcão de café, à mesas de restaurantes, em escritórios, num elevador, em casa, na rua, no Além… Os diálogos buscam o efeito humorístico através de jogos de linguagem construídos sobre referências (que se pretendem comuns aos leitores) religiosas, musicais, literárias, mitológicas ou da cultura pop, e cada conto deste livro tem, a introduzi-lo, a biografia dos autores e dos respectivos entrevistados.
Os autores No grupo de autores, misturam-se percursos literários (e de vida) muito diversificados, entre profissionais independentes, outros experientes das Produções Fictícias e umas novatas (sim, no feminino) nestas andanças.
Alguns têm projecção mediática, como Manuel João Vieira (de quem falarei adiante), ou os humoristas Eduardo Madeira e Filipe Homem Fonseca (que juntos constituem o grupo “Cebola Mol”, e são autores de múltiplos sucessos, como o “Filme da Treta”, protagonizado por António Feio e José Pedro Gomes), Nuno Costa Santos (que, entre outras actividades criativas, é autor e protagonista de “O Melancómico», do Canal Q , também das Produções Fictícias), ou Frederico Pombares (autor da série humorística televisiva “Telerural” e ainda, neste programa também como actor, de “é como diz o outro”, no “5 para a meia-noite”, na RTP2); outros não serão tão mediáticos, mas são (re)conhecidos pelo seu trabalho, como José Bandeira (premiado cartoonista, de um humor finíssimo, autor da tira cómica “Cravo & Ferradura”, no Diário de Notícias, e “Bandeira de Canto”, no Jornal de Notícias), Pedro Santo (criador do boneco humorístico, da televisão e da rádio, Bruno Aleixo) ou Miguel Neto (entre outras actividades, é o editor do livro!); as três autoras do grupo foram descobertas pelos seus blogues: e “Rua da Abadia”, “2 dedos de conversa” e “A Senhora Sócrates”.
Os interlocutores É assim que Nostradamus, Deus, Alexandre O’Neil, Hamlet, Sísifo, Salazar, D. Sebastião, “O Rapaz do Lápis Mágico” e os outros entabulam conversa com os (mais ou menos) humildes mortais. Manuel João Vieira, que se desdobra em heterónimos (como o candidato à presidência da república Vieira, ou Lello Minsk, o cançonetista de Os Irmãos Catita, autor do sucesso «Drogado, cui-
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dado»), queixa-se: «Não aguento mais os meus próprios heterónimos. Entram-me em casa, comem tudo o que há no frigorífico, fazem amor com a minha namorada, cravam-me cigarros e álcool e, o que é o pior, dão pontapés no meu gato. Depois, começam a passar-se pela minha pessoa». Eduardo Madeira tem o prazer de ouvir Vinicius de Moraes cantar e declamar a sua própria poesia, depois de beber um chá… milagroso; Rita F., desconhecida de muitos, mas já com um clube de fãs dos leitores do seu blogue. Se vos disser que a entrevistada é Eleanor Rigby, a autora não poderá negar que os Beatles são os seus ídolos; José Bandeira fica preso num elevador com Hamlet;
Helena Araújo escuta uma conversa entre Oliveira Salazar e John Maynard Keynes; Pedro Santo almoça com Nostradamus; Filipe Homem Fonseca encontra o Rapaz do Lápis Mágico (que todos os quarentinhos e quarentões conheceram pela mão de Vasco Granja) a desenhar o que lhe faz falta; Nuno Costa Santos poetiza com O’Neill; Miguel Neto saltita com D. Sebastião na sua sala; Frederico Pombares não sabe onde se meteu ao aceitar almoçar com Deus; e Adriana Nogueira, a mitóloga, vai fica por aqui, ao vosso serviço.
• DA MINHA BIBLIOTECA
Lídia Jorge, O dia dos prodígios, Publicações Dom Quixote Num Algarve imaginado, numa época de transição política e, necessariamente, social, o mundo da realidade e da ficção estão de tal maneira ligados, que a própria forma da escrita se envolve na trama, fugindo das convenções e normas, para que não possamos escapar ilesos às redes da superstição, das crenças, do isolamento. «Ninguém se liberta se não quiser libertar-se. (…) Como ninguém sabe ler os sinais, ficam todos pelos lamentos das coisas.» «Ninguém se liberta de nada Diziam os antigos…
Lídia Jorge, O dia dos prodígios, Publicações Dom Quixote
Que coisa é mais doce do que ter alguém com quem ouses falar de tudo como se fosse contigo próprio? [...] A amizade encerra muitíssimos bens. Para onde quer que te voltes, ela está à tua
se não quiser libertar-se.» Estas frases emblemáticas são repetidas em dois momentos da narrativa, como que a lembrar que cada um é responsável pela sua própria vida. Este belíssimo primeiro livro de Lídia Jorge, O dia dos prodígios, celebra 30 anos de edição, que Loulé comemora com uma série de actividades que homenageiam a escritora e esta obra em particular. No próximo sábado, dia 11 de Dezembro, às 15h, no Convento de Santo António, naquela cidade, inaugura a ex-
posição “O Dia dos Prodígios. Lídia Jorge. 30 Anos de Escrita Publicada”, com a presença da autora e do jornalista José Carlos Vasconcelos, director do Jornal de Letras. Na quarta-feira, dia 15, a Universidade do Algarve atribui à autora o doutoramento honoris causa. E até 31 de Março, iremos todos estar atentos às variadas actividades que irão decorrer naquele m unicípio de Loulé, tendo como mote este aniversário.
disposição, não está excluída de nenhum lugar, nunca é intempestiva, nunca molesta.[...] E não me refiro agora à amizade vulgar e mediana, embora ela própria cause também prazer e proveito, mas falo da verdadeira e
perfeita amizade. [...] Com efeito, a amizade torna não só a prosperidade mais esplendorosa, como também, ao partilhar e comungar da adversidade, faz com que esta se torne mais leve.
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• DIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA DO ALGARVE Dália Paulo, Directora Regional de Cultura do Algarve
Património tem de ser vivido pela comunidade Por Henrique Dias Freire
Para Dália Paulo, directora Regional da Cultura do Algarve, o património só faz sentido se for vivido por uma comunidade que se orgulhe dele e da sua história. Levar o património às pessoas tem sido uma das grandes apostas da actual Direcção Regional que tem procurado envolver também os mais novos nesta jornada de descoberta de um património muitas vezes desconhecido apesar de estar mesmo “ali ao lado”. Em entrevista, a responsável fala dos projectos desenvolvidos em parceria com outras entidades e que têm conseguido levar residentes e turistas ao património edificado da região. Também fala do grande projecto de requalificação de Sagres, a grande “Porta” dos Descobrimentos que abriram a Europa ao Mundo e garante que “tudo vai mudar em Sagres”. CULTURA.SUL – Com o investimento que está a ser em Sagres, o que é que verdadeiramente vai mudar? Dália Paulo – Vai mudar tudo na relação do visitante com aquele espaço! CS – Tomou posse a 16 de Novembro de 2009. Que balanço faz deste primeiro ano de mandato? DP – Achámos prioritário pensar estrategicamente a região, quer em termos culturais quer em termos gerais, no quadro de uma acção a três anos. Nesse sentido, há três palavras-chave na nossa actuação. A participação das pessoas, o estar no terreno e, sobretudo, entender esta Direcção Regional como um moderador e um facilitador entre os vários agentes culturais da região. E nesse sentido, pensar as complementaridades e potencialidade regionais.
política
CS – Mas a participação e o estar no terreno implica sobretudo “o saber estar”… DP – …Daí termos apostado na formação dos quadros e do pessoal da Direcção, incentivando a formação das pessoas, promovendo cursos para os funcionários, em articulação ou não com outros organismos. Era importante dar essa mais-valia às pessoas, para podermos servir melhor. Tivemos um curso de acolhimento para as pessoas que estão nos monumentos, para poderem acolher o melhor possível os nossos visitantes. CS – Tem havido reforço de parcerias? DP – Esse foi outro eixo em que apostámos. Tanto no Al-
Dália Paulo, Directora Regional de Cultura do Algarve
garve como no país, 80% da actividade cultural é feita pelas autarquias, pelo que no Algarve enfatizámos as parcerias com as autarquias, em especial na gestão do património, na realização de actividades de âmbito cultural e patrimonial e na criação de protocolos com os agentes da região.
daquela orquestra nos monumentos. Foi bonito ver um concerto de música clássica no Castelo de Aljezur. Ver o ambiente que se criou à volta, com famílias com crianças.
pessoas a um castelo que costuma estar fechado ao público. Este castelo faz parte também num projecto, desenvolvido no âmbito do Ano Europeu contra a Pobreza e Exclusão Social, chamado “Lugares Mágicos”.
CS – Que outro concerto destacaria?
CS – Quais são as linhas de acção desse projecto?
CS – Quais são os protocolos mais importantes?
DP – A do Castelo de Paderne, uma jóia do nosso património, que está fechado e, que vai abrir para o ano, graças à parceria com a Câmara de Albufeira, que tem tido um grande empenho. O concerto levou mais de 80
DP – “Lugares Mágicos” foi um desafio que a Direcção Regional de Cultura lançou no início do ano ao “Atelier Educativo”. São mini-cursos de formação de três meses para crianças e jovens desfavorecidos, alguns institucionalizados, outros, como
DP – Um dos protocolos realizados foi com a Associação Musical do Algarve Orquestra do Algarve, em que tivemos, de Abril a Agosto, um concerto
no caso de Milreu, envolvendo famílias apoiadas pelo banco Alimentar. Demos a essas crianças a possibilidade de fruir o património. Colocámos artistas plásticos, ceramistas, fotógrafos, que vivem no Algarve, a trabalharem com essas crianças, desenvolvendo um trabalho artístico que tinha como base a identidade e o monumento escolhido. É gratificante ver como o património faz a diferença quando é trabalhado.
DP – Sim, não tem paralelo noutras Direcções Regionais do país. Foi uma das iniciativas que apresentei à tutela. O objectivo é ter um mapeamento da região do Algarve e definir uma estratégia até 2020, para que o Algarve possa reivindicar, a uma só voz, o que precisamos para este sector. E precisamos que os municípios sejam complementares, em vez de rivalizarem entre eles. E isto só é possível com uma participação alargada. Não sou sonhadora ao ponto de achar que consigo chegar a toda a gente. Mas quero chegar ao maior número possível. CS – Este projecto tem a participação de outras entidades?
CS – Que outros projectos têm sido levados a cabo no âmbito das parcerias? DP – Temos o projecto desenvolvido em conjunto com a Direcção Regional de Educação sob o tema “Da Janela da Minha Escola Vejo um Monumento”. Apesar do projecto ter sido bem destacado e ainda estar no início, penso que já valeu o desafio lançado às escolas. Como exemplo destacamos as palavras de uma professora que nos disse que, num primeiro
momento, não percebeu a escolha “daquela parede” que estava ali e que os alunos não davam importância, apesar de sempre terem passado por ali. Mas quando os alunos foram ver a história, daquele monumento, ficaram fascinados. Isto já é gratificante. Que percebam que temos património e que devemos orgulhar-nos dele. Identidade faz-se, constrói-se todos os dias. CS – Em que é que o património pode contribuir para a construção dessa identidade?
DP – Quando falamos de património, estamos a falar de presente e de futuro, ao contrário do que se pensa, com uma função social a valorizar. Estes projectos têm sido desenvolvidos com um rumo muito específico: perceber que não se pode olhar para o património sem trabalhar as comunidades que vivem ao lado desse património nem olhar para esse património sem perceber que só com o orgulho dessas comunidades poderemos fazer a diferença para o turista que vem.
DP – …Entidades e a(s) comunidade(s) culturais da região. A Universidade do Algarve é uma das nossas parceiras quer na organização das mesas temáticas quer na na análise SWOT da região. A estratégia destas mesas temáticas é não serem feitas todas em Faro, em lugares convencionais ou no litoral. A última teve lugar em Querença. Quando o tema é interessante as pessoas deslocam-se e percebem que há equipamentos que existem fora daquela linha a que estamos habituados. Vamos terminar em Janeiro, no Centro Paroquial de
Paderne. Estas mesas temáticas são “a carne” do Plano Estratégico. É aqui que são delineadas as áreas a que o plano deve dar mais ou menos atenção.
Roteiros culturais chamam turistas
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CS – O Plano Estratégico é uma iniciativa exclusiva desta Direcção Regional?
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CS – Que novos projectos estão na calha? DP – Uma questão importante são as parcerias que queremos desenvolver com as autarquias na gestão dos monumentos e a realização de roteiros em parceria com a Região de Turismo, estamos num projecto transfronteiriço – Descubriter – Rota dos Descobrimentos, que conta também com as Câmaras de Lagos e Vila do Bispo. CS – Como por exemplo? DP – Existe um protocolo já acordado com a Câmara de Albufeira para abertura do Castelo de Paderne. E temos uma excelente relação, que queremos aprofundar, com a Câmara de Portimão, quer no caso da Abicada, quer das ruínas dos monumentos megalíticos de Alcalar, até porque temos o Museu de Portimão, que é um espaço de excelência. Queremos que os visitantes que têm a sorte de ver a maquete e os objectos que foram encontrados em Alcalar possam ir ao local. Queremos potenciar esse fluxo de visitantes.
Tudo vai mudar em Sagres
CS – Que mais vai mudar? DP – Termos um espaço expositivo onde o visitante vai ter a possibilidade de lhe ser contada uma história. Está a
ser pensado um espaço expositivo que o visitante não esqueça. Estamos a falar de um espaço em que muitas pessoas vão em grupos, em visitas orientadas, e têm muito pouco tempo para ver. Numa visita que não demorará mais de 20 minutos, no máximo, terá de ser contada uma história rigorosa mas contada com garra, de uma maneira apelativa para que as pessoas levem uma ideia que não esqueçam. E isso fará toda a diferença. Sagres vale só por si mas temos
de o encarar como uma âncora para o património algarvio e para várias rotas de onde se pode partir à descoberta do território e para o turismo cultural. Toda a gente conhece, em qualquer parte do mundo “Henrique, o Navegador”. E é preciso capitalizar isso. Levar os visitantes a Sagres e a visitar outra coisa a partir daí. CS – O que é que pode ser visto hoje em Sagres? DP – Há já em funcionamen-
to um núcleo museológico no Cabo de São Vicente. Pretende-se é levar o visitante a investir em Sagres. Que possa lá comer e dormir. E tentar trabalhar esse território, não confinando o projecto à Fortaleza. Queremos potenciar toda aquela região. CS – Quais são as fases do projecto? DP – O projecto foi aprovado em Abril de 2009, pensando para duas fases. Uma primeira
fase, que é aquela que está em curso e que tem como grandes linhas de acção os projectos de arquitectura do edificado e da paisagem e a recuperação das muralhas. A segunda fase, para a qual ainda não há candidatura, que deverá ser feita no próximo ano, é a recuperação de todos os corpos dos anos 90, num porjecto do arquitecto João Carreira, e a construção do centro expositivo. CS – Quando devem estar concluídas estas fases? DP – A primeira fase deve ficar concluída no final do próximo ano. A segunda em 2012. CS – Qual é o número actual de visitantes de Sagres? DP – Ronda a média dos 380 mil por ano. Já houve mais e já houve menos.
política
CS – Com o investimento que está a ser em Sagres, o que é que verdadeiramente vai mudar? DP – Vai mudar tudo na relação do visitante com aquele espaço! Temos hoje um espaço mítico, fantástico em termos de ambiente, de paisagem, mas com uma lacuna muito grave em termos de informação. O que este projecto vai conseguir é fazer com que o visitante perceba a evolução de Sagres e a sua relação com o Infante D. Henrique. Sagres está relacionado com o Infante mas temos uma muralha do Século XVII, a Igreja do Século XVIII pós- Terramoto de 1755, e edifícios já da década de 90. Mas estamos a iniciar neste momento a escavação das Muralhas Henriquinas, que podem ser inseridas no projecto paisagístico que está em curso neste momento. Isso vai ser uma mais-valia. O turista vai poder ver a muralha que o Infante viu.
• ESPAÇO DIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA DO ALGARVE
1910 - 2010 – Evocação do Centenário da Publicação da 1ª lista dos Monumentos Nacionais
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Idalina Lourenço da Silva Santos Licenciada em Património Cultural. Técnica Superior da Câmara Municipal de Faro, a exercer funções no Departamento de Urbanismo/Divisão de Regeneração Urbana. lina_lourenco@clix.pt
A profusão de acontecimentos ocorridos em 1910 repercute-se, no presente ano, em comemorações seculares. Por um lado a celebração do centenário da Implantação da República que, incontestavelmente, foi o marco significativo para a substituição de um regime oligárquico por uma democracia emergente, por outro, o centenário da publicação da 1ª Lista “designando os immoveis que devem ser considerados monumentos nacionaes”, (D.G. nº 136 de 23 de Junho de 1910) que instituiu um pilar fundamental para o reconhecimento do património histórico, garante na construção da nossa identidade, permanência e perpetuidade. Nesse sentido, torna-se indeclinável que se avoque colectivamente a responsabilidade de nobilitar o árduo percurso dos que pugnaram para a concretização deste propósito e idearam
os meios necessários à sua implementação. Esta actuação, concorrendo de forma inequívoca para a institucionalização patrimonial em Portugal, em plena observância de princípios orientadores intimamente ligados ao romantismo, teve, ao longo do século XIX, nas figuras de D. Fernando II, Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Estácio da Veiga, entre outros, os precursores da consciencialização da apreciação dos Monumentos para legitimar a ancestralidade da Nação, à semelhança da tendência que se vinha disseminando pelo resto da Europa. Com o intuito de se organizar “a estatística das artes em Portugal” importa salientar a eficácia das acções desenvolvidas pela Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos portugueses, sob a hegemonia do arquitecto da casa real, Possidónio da Silva, em concertação com a Comissão dos Monumentos Nacionais. Coube àquela Associação a apresentação dos quesitos para a elaboração de inventários e em particular a apresentação de uma primeira lista de Monumentos que deveriam ser considerados Monumentos Nacionais, dividida em seis classes pela ordem decrescente da sua magnificência. Concomitantemente sucederam-se os instrumentos jurídicos que facultaram o seu incremento. Estes foram mais expressivos a partir de 1834, ano em que foram extintas as ordens religiosas e para fazer face à necessidade de recenseamento e inventariação dos bens patrimoniais monásticos, culminando, em 1901, com as primeiras normas disciplinadoras: em 10 de Abril a Portaria
relativa a escavações, objectos arqueológicos, ruínas e monumentos; em 24 de Outubro o Decreto relativo à classificação de Monumentos Nacionais; e em 30 de Dezembro o Decreto atinente a critérios para a classificação de móveis e imóveis de reconhecido valor. Estas normas deram origem às classificações avulsas de 1906 (Castelo de Elvas), 1907 (Vários) e 1908 (Castelo de Guimarães), incidindo em alguns imóveis que foram novamente incorporados na excelsa Lista de Monumentos Nacionais de 1910. A Lista, dividida por períodos históricos, classifica cerca de 460 Monumentos Nacionais (as diferenças de registo prendem-se com os marcos miliários (apenas um registo para vários marcos) distribuídos por todos os distritos de Portugal. O Distrito de Faro acha-se representado pela classificação de nove Monumentos: 1. Monumentos Pré-Históricos: Portimão – Monumentos de Alcalar; VRSA – Monumentos da Quinta da Nora e da Herdade da Marcela; 2. Monumentos Lusitanos e Lusitano-Romanos: Faro – Ruínas de Milreu; 3. Monumentos Medievais do Renascimento ou Modernos: 3.1. Monumentos Religiosos: Tavira – Igreja Paroquial de Santa Maria; Silves – Cruz de Portugal; 3.2. Monumentos Militares: Castro Marim – Castelo; Silves – Castelo; Vila do Bispo – Torre e Muralhas de Sagres; 3.3. Monumentos Civis: Faro – Arco da Vila (este último, abrilhantado na data do seu centenário). A todos aqueles que tornaram esta efeméride viável o nosso Muito Obrigado.
não sou facciosa é que hoje vou homenagear um homem. Era baixote, meio careca, um tanto enxundioso, de meia-idade. Mas a lembrança que dele tenho é siamesa de uma mulher – a sua – que trazia sempre pelo braço. Parecia saída de um retrato daqueles que dantes se tiravam no fotógrafo, tudo na sua cara e no seu corpo estava sob controlo: os cabelos, armados em caracóis, os seios, levantados, arfantes, a querer levantar voo, como duas asas trémulas, as nádegas, que o vestido de seda muito justo e a cinta – indispensável, nessa época, mesmo para a magras – não conseguia impedir de subir e descer, ao ritmo da marcha. Caminhava devagar, não só porque queria dar tempo aos olhares nela vorazmente poisados para bem se abastecerem mas também com certeza por-
que a cinta, a saia justa e os saltos muito altos lhe travavam o passo. Aliás não devia ter pressa, sempre me dava a impressão de andar simplesmente a passear. Só me lembro dela com os alentados seios a esgueirar-se do decote e com as nádegas a “bandear”, como se diz no Sul, debaixo da seda do vestido. É, por isso, uma lembrança de Verão – época própria para tais vagares e volúpias. Quando a encontrava, agarrada ao braço do marido – que os tacões eram altos e fininhos - deviam ir para a rua de Santo António, também dita “a rua das lojas”: ver as montras e, ao mesmo tempo, exibir para os passantes o esplendor dela própria montra ambulante. Ou para o jardim junto à doca, ponto de convergência dos cidadãos encalmados ou desejosos de encontrar alguém. Os jovens passeavam no meio do jardim
Arco da Vila (Faro)
• CONVIDADO.S
estratégia
Teresa Rita Lopes Vou hoje render homenagem, tantos anos passados, a um homem de Faro, de quem não sei, e creio que nunca soube, o nome. Constato que, em geral, a minha admiração vai sobretudo para as mulheres que tenho lembrado nas minhas estórias, não faço de propósito, é que, de facto, me lembro de muito mais mulheres excepcionais do que de homens. A prova de que
(os moços para ver as moças e vice-versa), as crianças faziam rodas, os outros, todos os outros, sentavam-se nos bancos, a ver passar. O nosso par era uma atracção da cidade – isto é, ela, porque ele apenas a conduzia pelo braço, como quem leva uma noiva ao altar, sempre com um meio sorriso de incontido orgulho. Os homens comiam-na com os olhos, se não estavam sob a vigilância das esposas que, essas, torciam a boca, num trejeito de repugnância pela escandalosa postura da mulher, que nesses anos cinquenta, em Faro, não era tolerada pelas chamadas pessoas sérias. Mas a mulher era uma recatada dona de casa, não se lhe conheciam passado pecaminoso nem aventuras extra-conjugais. Contava-se que um colega de repartição do marido, padrinho duma filha, o
teria advertido de que a mulher andava nas bocas do mundo por trazer as carnes tão em evidência, ao que ele, impassível, retorquira: “É pra que vejam que tenho uma mulher bem feita!” O amigo ter-lhe-á perguntado se não se importava que, na rua, todos os homens olhassem para a sua própria mulher ao que ele respondeu:“ Eles olham mas eu é que tenho!” O amigo terá insistido: “Se fosse eu não gostava de que os outros andassem por aí a comer a minha mulher com os olhos!” mas ele, imperturbável, terá respondido: “Que se me dá a mim que os outros a comam com os olhos se sou eu que a como deveras?” Assim é que é falar! Se os homens fossem todos tão realistas as mulheres seriam bem mais felizes!