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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1136 • Quinzenário à sexta-feira • 16 de Janeiro de 2015 • Preço € 1
EM FOCO 2 FARO VAI ENTERRAR CONTENTORES DO LIXO 3 WOLFGANG MIEDER É HOSPEDE DE HONRA DE TAVIRA 4 SÃO BRÁS A CAMINHO DE FECHAR CIRCULAR NORTE 5 VILA REAL RECORRE AO FUNDO DE APOIO MUNICIPAL 6 DEMOLIÇÃO DE CASAS ILEGAIS NA PRAIA DE FARO AVANÇA EM BREVE 7 CLASSIFICADOS 8
Contestação ao IKEA sobe de tom
Seis associações empresariais da região enviaram a 80 autoridades nacionais e à holding internacional Inter IKEA um memorando esclarecendo a oposição ao projecto comercial gigante que a multinacional quer implantar no Algarve.
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ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60
A contestação sobe de tom e passa para o plano político e internacional depois de já estar a correr nos tribunais, com ACRAL, NERA, AHETA, ANJE - Algarve, CEAL e AEQV a não baixarem os braços na “defesa dos interesses da região” p. 2
bruno pires ricardo claro
Demolições na Ilha de Faro avançam Requalificação urbana: Faro enterra maioria ‘em breve’ dos contentores de lixo Resistência: A Sociedade Polis tomou posse administrativa de casas na Ilha de Faro, mas não todas, a parada subiu e a discussão já se faz em alguns casos em tribunal > 7 FINANÇAS AUTÁRQUICAS
Vila Real decidiu recorrer ao FAM
>6
ricardo claro
SÃO BRÁS
Circular norte mais próxima de estar terminada
da cidade
>3
SAÚDE > Mais 700 mil euros investidos
na mobilidade urbana em São Brás de Alportel colocam a autarquia presidida pelo socialista Vítor Guerreiro mais próxima de concluir o anel norte de circunvalação da cidade. Uma aposta que está prestes a chegar ao fim, já só falta um troço p. 5
Médicos internos reforçam hospitais
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CA JUNIORES >7
Veja anúncio pág. 12
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em foco Associações empresariais reforçam contestação ao IKEA Associações do Algarve levam discussão do centro comercial IKEA a 80 entidades nacionais e protestam junto da IKEA internacional Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
O PROJECTO DE UM GIGANTE CONJUNTO COMERCIAL a ins-
talar pelo grupo IKEA em Loulé, junto ao nó da Via do Infante de acesso ao Aeroporto de Faro, levou várias associações empresariais do Algarve a entregar a 80 autoridades nacionais um memorando que manifesta a oposição das associações ao avanço do investimento da multinacional. Além das autoridades nacionais as associações remeteram ainda a sua posição contra o projecto para análise pelo Conselho de Administradores da Inter IKEA Holding S.A., sediado na Bélgica. Sobe assim de tom a contestação ao mega centro comercial IKEA no Algarve que passa a estar nas esferas políticas nacionais e na mesa da multinacional IKEA a nível internacional.
AUTORIDADES NACIONAIS DETERMINAM ACOMPANHAMENTO DA SITUAÇÃO Isso mesmo resul-
ta, esclarece a ACRAL em nota de imprensa, da atenção dada pela Casa Civil da Presidência da República, da Presidente da Assembleia da República e do Gabinete do Primeiro Ministro terem remetido o memorando enviado pelas associações regionais para análise e acompanhamento pelos Ministério da Economia, secretário de Estado do Ordenamento do Território e Recursos Naturais e pelas Comissões Parlamentares de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local e de Economia e Obras Públicas. Para Victor Guerreiro, presidente da ACRAL, em declarações ao POSTAL, “as mais altas autoridades nacionais deram à exposição das associações empresariais da região a merecida atenção face à gravidade dos riscos que
ricardo claro
o projecto IKEA representa”. O dirigente associativo realça que “com esta tomada de posição as associações empresariais algarvias envolvidas no processo reforçam no campo político a oposição ao projecto IKEA para o Algarve que já está a ser contestado nos tribunais administrativos”.
O que o IKEA quer instalar em Loulé: ÔÔ 220 lojas em dois centros comerciais ÔÔ Uma loja IKEA 21.300 m2 ÔÔ Duas megastores 20.135 m2
SEIS ASSOCIAÇÕES EMPRESARIAIS OPÕEM-SE AO PROJECTO IKEA As
associações envolvidas na luta contra o projecto IKEA incluem ACRAL, ANJE - Associação Nacional dos Jovens Empresários Algarve, a CEAL - Confederação dos Empresários do Algarve, A AHETA - Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, AEQV - Associação dos Empresários de Quarteira e Vilamoura e NERA - Associação Empresarial da Região do Algarve, que lutam na barra dos tribunais e agora junto do poder político nacional contra as preensões de instalar em Loulé um gigante comercial.
IKEA QUER INSTALAR LOJA DA MARCA, 220 LOJAS EM CENTROS COMERCIAIS E DUAS MEGASTORES O projecto do IKEA prevê
a instalação de dois centros comerciais com um total de 220 lojas, além de duas megastores e de uma loja IKEA e de acordo com as associações empresarial esta configuração “exagerada” de espaços comerciais põe em causa a sobrevivência da economia local, nomeadamente na área do comércio, o emprego e o equilíbrio económico e social regional, além de afectar questões ambientais sensíveis. Para Victor Guerreiro, o momento é de acção. “Não podemos deixar que o tecido empresarial da região, constituído essencialmente por pequenas e médias empresas, e
ÔÔ Área a lotear: mais de 40 mil m2 ÔÔ Área edificada: 131.492 m2 ÔÔ Localização: Na área junto e a noroeste do nó de acesso ao Aeroporto de Faro da Via do Infante nos concelhos de Loulé e Faro ÔÔ Victor Guerreiro, presidente da ACRAL, uma das associações que lutam contra o projecto IKEA os postos de trabalho que lhes estão associados sejam postos em causa por um projecto comercial de dimensão megalómana que põe mesmo em causa a sobrevivência de outras grandes superfícies comerciais já instaladas no Algarve, numa região que já tem a maior densidade de grandes superfícies comerciais do país”.
IKEA AVANÇA COM LIMPEZA DOS TERRENOS EM LOULÉ Entretan-
to, o IKEA já iniciou os trabalhos de limpeza dos terrenos que comprou junto ao nó da A22 de acesso ao Aeroporto de Faro. As máquinas iniciaram os trabalhos de desmatação nos últimos dias e mantêm-se a operar no local. O grupo IKEA tem, de acordo com o dirigente associativo, “ignorado de forma repetida as chamadas de atenção
dos agentes associativos e económicos algarvios para o sobredimensionamento do projecto e para os seus efeitos devastadores”. “Uma empresa que se promove com base em valores ambientais e sociais sustentáveis não tem tido para com o Algarve e os algarvios um comportamento digno dos pergaminhos que apregoa”, refere o dirigente associativo, realçando que “as associações empresariais do Algarve envolvidas neste processo não baixarão os braços até às últimas consequências”, acrescentando, que “os algarvios podem sempre contar connosco e com a nossa intervenção na defesa contra situações que põem em risco o equilíbrio da região”. Uma insensibilidade que a Câmara de Loulé, refere Victor Guerreiro, tem tido igualmente quanto aos alertas sucessivos
dados sobre esta matéria” e que “não pode ficar sem uma resposta adequada daqueles que devem defender os interesses dos algarvios, nomeadamente as associações sectoriais”.
ASSOCIAÇÕES EMPRESARIAIS QUEREM ACÇÃO DOS TRIBUNAIS O dirigente máximo da ACRAL realça que “nesta matéria as associações empresariais do Algarve têm tido uma posição de grande empenho e força, recorrendo quer aos tribunais, quer às autoridades competentes do Estado”, sublinhando nas declarações feitas ao POSTAL, que “ainda recentemente entregámos no Ministério Público junto do Tribunal Administrativo um requerimento para que seja dado avanço aos processos pendentes relativos a esta situação. O presidente da ACRAL refere que “não se opõe ao investimen-
to na região no sector do comércio, seja qual for a sua origem, o que está em causa é a desproporção do projecto IKEA face à realidade económica e social da região e à oferta comercial de grandes superfícies comerciais já instalada”. O líder da associação empresarial sublinha que “em matéria ambiental a QUERCUS e a ACRAL manifestaram fortes reservas quanto aos impactes do projecto em sede de discussão do Estudo de Impacte Ambiental, nomeadamente sobre o impacto nos aquíferos afectados pela zona de implantação do IKEA”. Victor Guerreiro conclui dizendo que “ninguém nos demoverá de lutarmos pelo bem do Algarve e dos algarvios e pelo apuramento integral de responsabilidades nesta matéria sejam judiciais, sejam políticas”.
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16 de Janeiro de 2015 | 3
região
Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt
Faro vai enterrar contentores do lixo Candidatura ao Fundo Jessica vai permitir enterrar grande parte dos caixotes de resíduos indiferenciados da cidade Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A FAGAR, empresa municipal responsável pelo abastecimento de água, saneamento e resíduos sólidos do concelho de Faro vai enterrar grande parte dos contentores de lixo existentes no perímetro urbano de Faro. Os tradicionais contentores do lixo serão substituídos por subtainers enterrados em toda a área compreendida entre a Doca e a Rua Aboim Ascensão e entre o Ria Mar e o entroncamento entre a Rua José de Matos e a Avenida Júlio de Almeida Carrapato. O projecto de enterramento de contentores abrange ainda toda a Avenida Calouste Gulbenkian e a Avenida 5 de Outubro. As obras avançam nos próximos meses. Substituídos vão ser 246 contentores à superfície por cerca de 70 subtainers enterrados de grande capacidade, num investimento total de cerca de meio milhão de euros. De acordo com Paulo Gouveia da Costa, presidente da Fagar, “deste valor 370 mil euros são oriundos de um empréstimo a cinco anos com condições de juros bonifica-
das no âmbito do fundo de requalificação urbana Jessica”.
fotos: dr
tiva em lavagem de contentores, uma vez que serão em menor número, e em combustível gasto na recolha, dada a maior capacidade destes equipamentos, com os consequentes impactos positivos ambientais ao nível das emissões de carbono”. A importância destes impactos positivos na cidade
ÔÔ Paulo Gouveia da Costa
ÔÔ Rogério Bacalhau
MELHORIA SIGNIFICATIVA NA CIDADE Para Rogério Bacalhau,
em declarações ao POSTAL, “este projecto no qual a autarquia e a Fagar vêm trabalhando há bastante tempo representa uma significativa melhoria das condições de acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos indiferenciados na cidade”. “Ao nível da salubridade e dos odores, mas também na perspectiva da limpeza geral e da qualidade ambiental e visual este é um passo significativo que a cidade dá e constitui nessa perspectiva uma importante mais-valia para Faro”, refere o presidente da autarquia.
QUALIDADE AMBIENTAL, SAÚDE PÚBLICA E POUPANÇA Paulo
Gouveia da Costa realça, por seu turno, “a melhoria da qualidade ambiental da cidade, com o desaparecimento de odores e escorrências que podem acontecer nos contentores de superfície” e “uma assinalável mais-valia em termos de condições de saúde pública, uma vez que os contentores deixam de poder ser deixados a céu aberto ou acedidos por pessoas ou animais”. Para a Fagar, acrescenta o responsável da em- ÔÔ Os novos contentores enterrados e de grande presa, “haverá uma capacidade evitam cheiros, escorrência poupança significade líquidos e melhoram o aspecto visual
ÔÔ Imagem de um subtainer já instalado em Faro e na qualidade de vida dos farenses e dos visitantes de Faro e, muito em particular, os impactos visuais e a grande dimensão e relevo do projecto, determinaram a escolha deste projecto em conjunto com mais cinco no país - de entre as centenas de candidatos ao Fundo Jessica - para ser assinado em
sessão pública que decorreu na passada quarta-feira em Santarém. A sessão pública, que ocorre já depois do fecho desta edição do POSTAL, conta com a presença do secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e com David Santos na qualidade de presidente do Comité de Investimento do Fundo Jessica Portugal.
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região
Vila Real recorre ao Fundo de Apoio Municipal pág. 6
Wolfgang Mieder é ‘Hóspede de Honra’ de Tavira Professor é membro honorário da Associação Internacional de Paremiologia WOLFGANG MIEDER, natural de
Nossen (Saxónia, Alemanha) é um distinto professor de Alemão e de Folclore na Universidade de Vermont (Estados Unidos da América) desde 1971. Personalidade ligada a Tavira pelas razões que adiante se verão, recebeu no passado dia 16 de Dezembro a distinção de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Atenas (National and Kapodistrian University of Athens). Para além dos vários cargos e funções desempenhadas naquela universidade, o professor Mieder tem recebido as mais altas distinções, das quais se destacam: Europäischer Mär-
chenpreis (European Fairytale Prize), George V. Kidder Outstanding Faculty Award, Kroepsch-Maurice Excellence in Teaching, Lifetime Scholarly Achievement Award from the American Folklore Society e Pitre International Folklore Prize, entre outras. Folcloristas, linguistas, fraseologistas e outros académicos de todo o mundo são unânimes em afirmar a importância do uso dos provérbios na comunicação (oral e escrita). Da linguística à política, a sabedoria dos provérbios tem ilustrado muitas das intervenções do professor Mieder ao longo dos oito Colóquios Interdisciplinares sobre Provérbios
(ICPs) – http://www.colloquium-proverbs.org – sempre realizados em Tavira, na primeira semana de Novembro. Das cerca de duas dezenas de organizações profissionais, o professor Mieder é membro honorário da Associação Internacional de Paremiologia/International Association of Paremiology (AIP-IAP) – http://www. aip-iap.org – a única no seu género a nível mundial, dedicada ao estudo científico dos provérbios e sediada em Tavira. O seu empenho pelo reconhecimento internacional da AIP-IAP e as oito comunicações apresentadas nos ICPs têm contribuído para que Tavira veja perpetuado o título
d.r.
ÔÔ Jorge Botelho declarou Wolfgang Mieder ‘Hóspede de Honra’
de “Cidade Capital Mundial dos Provérbios”. Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, sempre atento a iniciativas que projectem a cidade no espaço internacional, declarou o participante do ICP14, Wolfgang Mieder, “Hóspede de Honra” da cidade de Tavira. Conforme refere Rui Soares, presidente da AIP-IAP e co-organizador dos ICPs, “tal reconhecimento é uma nota humanista no vastíssimo curriculum vitae profissional do professor Mieder, pessoa amplamente elogiada como amiga do seu amigo, bem humorada, dedicada, leal e infinitamente paciente”. A AIP-IAP e os organizadores dos ICPs “felicitam o professor Mieder pelo apoio à divulgação das actividades paremiológicas realizadas na ‘Meca dos Provérbios’, slogan publicitário que reflecte a adaptação de um conhecido provérbio aos tempos presentes: ‘Todos os caminhos vão dar a Tavira’”. pub
3 - INDICAÇÕES ADICIONAIS O concurso destina-se à celebração de um acordo quadro: Não O concurso destina-se à instituição de um sistema de aquisição dinâmico: Não É utilizado um leilão eletrónico: Não
10 - PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS OU DAS VERSÕES INICIAIS DAS PROPOSTAS SEMPRE QUE SE TRATE DE UM SISTEMA DE AQUISIÇÃO DINÂMICO
É adotada uma fase de negociação: Não
Até às 18 : 00 do 23 º dia a contar da data de envio do presente anúncio
4 - ADMISSIBILIDADE DA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS VARIANTES: Não
Anúncio de procedimento n.º 6934/2014 MODELO DE ANÚNCIO DO CONCURSO PÚBLICO 1 - IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DA ENTIDADE ADJUDICANTE NIF e designação da entidade adjudicante:
cária para a conta da conta da Águas do Algarve, S.A. com o NIB: 0019 0027 0020 0018 548 71.
6 - LOCAL DA EXECUÇÃO DO CONTRATO
11 - PRAZO DURANTE O QUAL OS CONCORRENTES SÃO OBRIGADOS A MANTER AS RESPETIVAS PROPOSTAS
Distrito de Faro
90 dias a contar do termo do prazo para a apresentação das propostas
País: PORTUGAL Distrito: Faro
12 - CRITÉRIO DE ADJUDICAÇÃO
Concelho: Faro
Proposta economicamente mais vantajosa
Código NUTS: PT150
Fatores e eventuais subfatores acompanhados dos respetivos coeficientes de ponderação: Preço Global - 60%
7 - PRAZO DE EXECUÇÃO DO CONTRATO
Qualidade Técnica da Proposta - 40%
Restantes contratos Prazo contratual de 36 meses a contar da celebração do contrato
14 - IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DO ÓRGÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO Designação: Águas do Algarve, S.A.
505176300 - Águas do Algarve, S. A.
8 - DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO, NOS TERMOS DO N.º 6 DO ARTIGO 81.º DO CCP
Serviço/Órgão/Pessoa de contacto: Dr. José Manuel Perdigão, Administrador
8.1 O Adjudicatário deve apresentar os documentos de habilitação previstos no n.º 1, do artigo 81.º, do CCP.
Código postal: 8000 302
8.2 O Adjudicatário deve apresentar uma certidão atualizada do teor de todas as inscrições em vigor respeitantes à empresa Adjudicatária emitida pela Conservatória do Registo Comercial correspondente.
Endereço Eletrónico: geral@aguasdoalgarve.pt
Endereço: Rua do Repouso, n.º 10 Código postal: 8000 302 Localidade: Faro Telefone: 00351 289899070 Fax: 00351 289899079
9 - ACESSO ÀS PEÇAS DO CONCURSO E APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS
Endereço Eletrónico: geral@aguasdoalgarve.pt
9.1 - Consulta das peças do concurso
2 - OBJETO DO CONTRATO
Designação do serviço da entidade adjudicante onde se encontram disponíveis as peças do concurso para consulta dos interessados:
Designação do contrato: Aquisição de Serviços de Coordenação de Segurança para a Prestação de Serviços de Manutenção do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve.
Direção de Infraestruturas - Departamento de Engenharia
Descrição sucinta do objeto do contrato: O contrato tem por objeto a Aquisição de Serviços de Coordenação de Segurança para a Prestação de Serviços de Manutenção do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve.
Código postal: 8000 302
Endereço desse serviço: Rua do Repouso, n.º 10
Endereço: Rua do Repouso, n.º 10 Localidade: Faro 15 - DATA DE ENVIO DO ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO DA REPÚBLICA 2014/12/03 16 - O PROCEDIMENTO A QUE ESTE ANÚNCIO DIZ RESPEITO TAMBÉM É PUBLICITADO NO JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA: Não 17 - OUTRAS INFORMAÇÕES Nos termos do disposto na alínea a), n.º 1 do Artigo 27.º do CCP, existirá a possibilidade de adoção de Ajuste Direto.
Localidade: Faro Endereço Eletrónico: geral@aguasdoalgarve.pt
Regime de contratação: DL nº 18/2008, de 29.01
Valor do preço base do procedimento 94.000.00 EUR
9.2 - Meio eletrónico de fornecimento das peças do concurso e de apresentação das propostas
18 - IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR DO ANÚNCIO
Classificação CPV (Vocabulário Comum para os Contratos Públicos)
Plataforma eletrónica utilizada pela entidade adjudicante: http://www.vortalgov.pt
Nome: José Manuel Perdigão
Objeto principal
Cargo: Administrador
Vocabulário principal: 71317210
Preço a pagar pelo fornecimento das peças do concurso: 100 EUR (cem euros), acrescido do IVA à taxa legal em vigor.
Valor: 94.000.00 EUR
O pagamento das peças do procedimento deverá ser efetuado por transferência ban-
Tipo de Contrato: Aquisição de Serviços
(POSTAL do ALGARVE, nº 1136, de 16 de Janeiro de 2015)
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Demolição de casas ilegais na Praia de Faro avança ‘em breve’ pág. 7
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NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia trinta de Dezembro de dois mil e catorze, de folhas sessenta e sete a folhas sessenta e nove, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e três – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual MANUEL JOSÉ DA PALMA, NIF 106.228.188 e mulher FAUSTINA FERNANDES FONSECA, NIF 130.064.025, ambos naturais da freguesia de Santa Maria, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no sitio da Eira da Palma, dita freguesia de Santa Maria, declararam:
São Brás a caminho de fechar circular norte Autarquia inaugurou troço no valor de 700 mil euros e prepara investimentos no saneamento básico
Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios rústicos, todos sitos na União das Freguesias de Santa Maria e Santiago, concelho de Tavira (extinta freguesia de Santa Maria) e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber:
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
VERBA UM: Prédio sito em Vale Pato, que consta de terra de pastagem, com a área de quatro mil metros quadrados, que confronta do norte com Francisco Guerreiro e outro, do sul com José da Palma, do nascente com Manuel Augusto da Palma e do poente com Manuel Martins, inscrito na matriz sob o artigo 35.487 (anterior artigo 34.769), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de VINTE E OITO EUROS E SESSENTA E SETE CÊNTIMOS.
POUCO MAIS DE 700 MIL EUROS foi quanto a autarquia de
VERBA DOIS: Prédio sito em Umbria da Corga da Água, que consta de terra de pastagem, com a área de dois mil quinhentos e vinte metros quadrados, que confronta do norte com José da Palma, do sul e nascente com José Neves Caetano e do poente com Manuel Francisco Valente, inscrito na matriz sob o artigo 35.427 (anterior artigo 34.709), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de DEZOITO EUROS E SETENTA E SEIS CÊNTIMOS. VERBA TRÊS: Prédio sito em Barranco do Gato, que consta de terra de pastagem, com a área de quinhentos e vinte metros quadrados, que confronta do norte com Maria Teresa e outro, do sul com Manuel José da Palma, do nascente com Manuel Martins Guerreiro e do poente com José da Palma, inscrito na matriz sob o artigo 36.080 (anterior artigo 35.368), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de DOIS EUROS E OITENTA E TRÊS CÊNTIMOS. VERBA QUATRO: Prédio sito em Barranco do Gato, que consta de terra de pastagem, com a área de dois mil cento e cinquenta metros quadrados, que confronta do norte com José da Palma, do sul com Manuel José Gonçalves, do nascente com Manuel Pereira e do poente com José da Palma e outro, inscrito na matriz sob o artigo 36.074 (anterior artigo 35.362), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de DEZ EUROS E TRÊS CÊNTIMOS. VERBA CINCO: Prédio sito em Botelha Redonda, que consta de terra de pastagem e três figueiras, com a área de dois mil trezentos e vinte metros quadrados, que confronta do norte com Joaquim Inácio e outro, do sul com Custódia de Jesus, do nascente com Joaquim Inácio e do poente com Manuel Sebastião e herdeiros de Manuel João, inscrito na matriz sob o artigo 35.226 (anterior artigo 34.504), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de VINTE E TRÊS EUROS E UM CÊNTIMO. VERBA SEIS: Prédio sito em Junqueiras Negras, que consta de terra de cultura, com a área de trezentos e sessenta metros quadrados, que confronta do norte com Joaquim Inácio e Manuel José Fernandes, do sul com Teresa dos Santos, do nascente com Manuel Francisco Valente e do poente com Manuel José da Palma, inscrito na matriz sob o artigo 33.983 (anterior artigo 33.237), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de QUATRO EUROS E TRINTA E SETE CÊNTIMOS. VERBA SETE: Prédio sito em Corgo da Casa, que consta de terra de pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte e poente com José de Jesus, do sul com Manuel Gonçalves e do nascente com Francisco Guerreiro, inscrito na matriz sob o artigo 28.411 (anterior artigo 27.593), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de CINCO EUROS E SESSENTA E OITO CÊNTIMOS. VERBA OITO: Prédio sito em Vale do Tio Domingos, que consta de terra de cultura, pastagem e uma alfarrobeira, com a área de mil quatrocentos e setenta metros quadrados, que confronta do norte com José da Palma, do sul com Manuel José Gonçalves, do nascente com Francisco José Gonçalves e do poente com Manuel José Gonçalves e outro, inscrito na matriz sob o artigo 35.467 (anterior artigo 34.749), com o valor patrimonial tributário e igual ao atribuído de VINTE E SETE EUROS E VINTE E SEIS CÊNTIMOS. Que adquiriram os prédios, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e cinco, por compra verbal, nunca reduzida a escritura pública, feita a José Martins e mulher Maria Catarina, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes que foram em Eira da Palma, Tavira. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, usufruindo dos mesmos, cultivando a terra, tratando das árvores e recolhendo os frutos, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião. Que atribuem a este acto o valor total de cento e vinte euros e sessenta e um cêntimos. Que estes bens têm a natureza de bens comuns do casal. Vai conforme o original. Tavira, aos 30 de Dezembro de 2014 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/1 Conta registada sob o nº. PAO1818 / 2014 Factura nº. 01845 (POSTAL do ALGARVE, nº 1136, de 16 de Janeiro de 2015)
São Brás de Alportel investiu no troço da circular norte à vila serrana que foi inaugurado recentemente. A denominada fase 3.1 abriu ao trânsito no passado dia 6, numa cerimónia que contou com Vítor Guerreiro, presidente da edilidade, e ainda com David Santos, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, e Jorge Botelho, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, além de outras individualidades. Apoiada com verbas do PO Algarve 21 a nova via acrescenta à circular norte cerca de meio quilómetro de via entre a rotunda do Monumento ao Atleta e a zona a nascente dos campos de ténis, onde o troço agora inaugurado termina numa rotunda nova. O troço final da circular norte, que terá cerca de 700 metros de extensão, é obra prometida para breve pelo município, que assim fechará a circular, ligando a nova rotunda à rotunda do Intermarché na estrada que liga São Brás de Alportel a Santa Catarina da Fonte do Bispo. Uma vez terminada esta última obra será possível circundar a vila de São Brás de Alportel a norte, tal como actualmente já se pode fazer a sul, sem necessidade de atravessar a localidade. Como o autarca referiu ao POSTAL, o novo troço de estrada, com duas vias em cada sentido,
d.r.
ÔÔ Cerimónia de inauguração do novo troço da circular norte passeio e ciclovia, “confirma a aposta da autarquia no desenvolvimento de um modelo de circulação automóvel que permita a fluidez e o rápido acesso às diferentes zonas da vila”. “O trânsito de atravessamento em ambos os sentidos entre Santa Catarina, Tavira, Olhão e Loulé faz-se sem prejudicar o trânsito no centro de São Brás e, simultaneamente, os são-brasenses e visitantes podem chegar mais rapidamente aos seus destinos em São Brás através das rotundas de distribuição existentes ao longo da circular”, refere Vítor Guerreiro. O autarca realça que “apesar das contingências financeiras comuns a todos os municípios, a gestão rigorosa que sempre foi feita na Câmara permitiu que não se deixasse de apostar em obras estruturantes”.
SANEAMENTO BÁSICO VAI SER REFORÇADO A mesma dispo-
nibilidade financeira criada
pela gestão fiel ao princípio de boa governança dos dinheiros públicos permitiu entretanto que a autarquia apresentasse duas candidaturas a fundos públicos para levar a cabo a primeira fase da construção de infra-estruturas de saneamento de águas residuais do Peral. Através das quais se espera duplicar a sua capacidade de investimento, alcançando assim uma maior abrangência no Plano de Ampliação da Rede de Saneamento do concelho, e a remodelação das redes de abastecimento de água nas ruas da Fonte e do Matadouro, no centro histórico. Uma intervenção essencial que visa substituir de todas as tubagens de água existentes e obsoletas para uma melhor qualidade no serviço de distribuição de águas, que por sua vez permite renovar todo o pavimento em calçada da região valorizando o centro histórico do município.
TAVIRA
Concerto com música de ‘Los Negros’ LUÍS CONCEIÇÃO E ÁLVARO DE CAMPOS apresentam, no
próximo dia 25, na Academia de Música de Tavira, pelas 17.30 horas, e na Casa Álvaro de Campos, às 21.30, a nova criação ‘Los Negros’ com o trabalho ‘Amor e Medo’. O projecto inclui a interpreta-
ção da actriz, performer e cantora Sara Ribeiro, a guitarra e percussão de Tiago Albuquerque, o piano e a composição de Luís Conceição, bem como os poemas de Álvaro de Campos. Um elenco que alia o rock alternativo, a música experimental, a dramaticidade dos ‘Los Ne-
gros’, a música romântica e, por vezes, satírica de Luís Conceição. Sara Ribeiro e João Garcia Miguel assinam as letras das canções de Los Negros. Luís Conceição e João Resende são os responsáveis pelas composições, sendo alguns dos poemas do heterónimo tavirense de Fer-
d.r.
nando Pessoa musicados pelos compositores brasileiros Murilo Alvarenga e Túlio Borges. O roteiro e a direcção ficam a cargo de Tela Leão, num projecto da Academia de Música de Tavira e Mãos na Arte, com o apoio da Câmara de Tavira e da Direcção Regional de Cultura.
ÔÔ A Casa Álvaro de Campos é um dos palcos para ‘Amor e Medo’
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região
Vila Real recorre ao Fundo de Apoio Municipal Pedido foi formalizado no passado dia 30 de Dezembro d.r.
A CÂMARA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO formali-
zou o pedido de adesão ao Fundo de Apoio Municipal (FAM) e vai fazer a respectiva proposta de Programa de Ajustamento Municipal este mês, disse à Lusa fonte da autarquia. Fonte do gabinete da presidência afirmou que o pedido foi formalizado no passado dia 30 de Dezembro de forma voluntária porque o município já tem um plano de reequilíbrio financeiro em curso, o que, segundo o executivo, retira a obrigatorieda-
ÔÔ Luís Gomes, presidente da Camara de Vila Real, prossegue com a consolidação das finanças municipais pub
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de de adesão ao FAM. Com esta medida, a autarquia pretende prosseguir a sua política de consolidação das finanças municipais e injectar liquidez na tesouraria. O orçamento municipal de 37 milhões de euros para 2015, que foi aprovado pela Assembleia Municipal a 29 de Dezembro, já incluía uma verba de 14,4 milhões de euros relativa ao FAM (verba máxima que o município pode receber ao abrigo do fundo), apesar de na altura o executivo ainda não ter decidido se iria aderir àquele fundo criado com vista ao apoio a autarquias endividadas.
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Santo António é o segundo concelho do distrito de Faro a aderir ao FAM, juntando-se ao concelho de Portimão, que teve de aderir obrigatoriamente. Segundo dados do Sistema de Integrado de Informação das Autarquias Locais (SIIAL), com base em elementos reportados a 31 de Dezembro de 2013, existiam 20 autarquias em situação de recurso obrigatório ao FAM, entre elas o município de Portimão, porque a dívida total ultrapassava 300% a média da receita corrente líquida dos últimos três anos. “O FAM tem por objecto a recuperação financeira dos municípios que se encontrem em situação de ruptura financeira nos termos previstos na Lei n.º 73/2013, de 3 de Setembro, bem como a prevenção de situações de
ruptura financeira”, lê-se no Diário da República de 25 de Agosto de 2014. O fundo tem um capital social de 650 milhões de euros que conta com a participação de 50% do Estado através da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças e os restantes 50% resultam da participação dos municípios, por um prazo de sete anos, com início em 2015, assegurando o Governo desde já o apoio aos municípios em situação crítica. O orçamento da Câmara de Vila Real de Santo António para 2014 foi de 83,3 milhões de euros, mais do dobro do orçamento para este ano, uma diferença explicada pelo facto de o orçamento para o ano passado incluir os 25 milhões de euros de empréstimo do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) e 33 milhões de euros relativos ao plano de reequilíbrio financeiro do município. O município acrescenta que, ao abrigo do empréstimo do PAEL, já foram pagas todas as dívidas abrangidas por aquele programa, ou seja, as dívidas vencidas há mais de 90 dias e registadas até 31 de Março de 2012. O capital social do Fundo de Apoio Municipal (FAM) é de 650 milhões de euros, a subscrever em 50% pelo Estado e na restante metade por todos os municípios, com início em 2015, assegurando o Governo desde já o apoio aos municípios em situação crítica. Lançado em 2012 pelo Governo, o PAEL visa regularizar as dívidas dos municípios vencidas há mais de 90 dias através de uma linha de crédito de mil milhões de euros. Lusa pub
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região
Demolição de casas ilegais na Praia de Faro avança ‘em breve’ Polis tomou posse administrativa de 99 edificações clandestinas A DEMOLIÇÃO DE MAIS DE UMA CENTENA DE CASAS con-
sideradas ilegais, na Praia de Faro, avançará “em breve” e seguramente antes do Verão, disse o presidente da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, Sebastião Teixeira. Técnicos da Polis iniciaram na quarta-feira da passada semana o processo de posse administrativa de 99 edificações clandestinas situadas nos núcleos piscatórios da Praia de Faro, numerando as casas sinalizadas para demolição a azul e colocando editais à porta, nos quais se pode ler que a sociedade tomou posse daquelas construções. Sem especificar uma data para a demolição das edificações - obra que será executada ao abrigo de um concurso público -, aquele responsável, que está a acompanhar os trabalhos, disse aos jornalistas que as demolições vão avançar “em breve” e “seguramente” antes do Verão. Sebastião Teixeira esclareceu ainda que, de um total de 114 construções sinalizadas
bruno pires
ÔÔ Técnicos da Polis numeraram as casas sinalizadas para demolição para demolição - nomeadamente anexos e casas de férias -, em ambos os extremos da praia, existem 15 cuja posse está suspensa devido ao facto de ainda correrem providências cautelares em tribunal.
POLÍCIA MARÍTIMA, MORADORES E PROPRIETÁRIOS ASSISTIRAM AO DESENROLAR DOS TRABALHOS Além da Polícia
Marítima, a assistir ao desenrolar dos trabalhos estavam
também alguns moradores e proprietários, como Aníbal Pereira, que aproveitava a casa para passar o máximo de tempo possível por ano e que agora vai ficar sem ela, já que é uma das construções consideradas ilegais pela Polis. “É um crime o que estão aqui a fazer”, desabafa, sugerindo que por detrás da operação de renaturalização do Polis estão “outros interesses”, porque a execução das demoli-
ESTE ANO AUMENTOU NÚMERO DE INTERNOS A ESCOLHEREM A REGIÃO
Quase centena e meia de médicos iniciam internato no Algarve CENTO E QUARENTA E CINCO MÉDICOS iniciam este mês o
internato, período no qual se especializam em determinada área após terminarem o curso e estágio, na região do Algarve, anunciou na semana passada a Administração Regional de Saúde (ARS) local. Num comunicado divulgado, a ARS adiantou que “145 médicos internos do 1.º ano de especialidade - formação específica e do ano comum iniciam o internato médico na região do Algarve durante o mês de Janeiro”. Os médicos iniciam a sua formação nos Agrupamentos de Centros de Saúde pertencentes à área de influência da Administração Regional de Saúde do Algarve e nas unidades hospita-
lares do Centro Hospitalar do Algarve. Doze internos da especialidade de Medicina Geral e Familiar irão realizar formação no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Central, seis no ACES do Barlavento e quatro no ACES do Sotavento. Dois internos de Saúde Pública irão dividir-se entre o ACES Central e o ACES Barlavento. A ARS adianta que no Centro Hospitalar do Algarve ficarão 28 internos de várias especialidades: oito de Medicina Interna, quatro de Psiquiatria, dois de Pediatria médica, dois de Ginecologia/ Obstetrícia, dois de Radiologia, dois de Oncologia médica, um de Pneumologia, um de Cardiologia, um de Gastrenterologia,
um de Neurologia, um de Patologia clínica, um de Nefrologia, um de Medicina Física e Reabilitação e um de Ortopedia. Além dos médicos internos de especialidade, o Algarve vai receber ainda 93 médicos para estágios -- tutelados e ainda sem autonomia técnica - em vários Serviços de Saúde da Região. A ARS salienta que este ano houve “um aumento do número de internos a escolherem o Algarve para realizar o internato, tanto nos cuidados de saúde primários como nos cuidados de saúde hospitalar” (mais 12 do que em 2014), referindo que tal “contribuirá para ajudar a fixar no futuro próximo mais profissionais médicos na Região do Algarve”. Lusa
ções “vai dar dinheiro a muita gente”, situação que considera que devia ser investigada pelo Ministério Público. Sem dinheiro para interpor uma providência cautelar, resta agora ao ex-bancário, de 72 anos, esperar que a casa seja demolida, uma operação com a qual não concorda e que diz ser o “espelho” da situação em que o país se encontra. “A Polis existe desde 2008 e só agora se lembraram [de demolir as casas] porque só têm [a sociedade] mais um ano de vida”, afirmou, classificando a operação como “um espectáculo pior do que a guerra do Iraque”. Com vários problemas de
saúde, que o obrigaram a reformar-se há mais de 20 anos, Aníbal Pereira contou que obteve autorização da extinta Junta Autónoma de Portos para construir a casa devido ao facto de ter ordens médicas para passar o máximo de tempo possível junto ao mar. Assumindo que “ninguém está feliz” com a situação, Sebastião Teixeira considerou, por seu turno, que a reacção dos proprietários “é a esperada”. “O coração da Ria Formosa são as ilhas-barreira e tudo o que seja para aliviar a carga das ilhas é bom para a ria”, sublinhou. De fora ficam, por enquan-
to, as construções situadas na zona central da Praia de Faro, concessionada à autarquia, e as casas de primeira habitação, cuja demolição só arrancará quando estiver concluído o processo de realojamento dos habitantes. O projecto de renaturalização da Ria Formosa prevê a demolição de 800 construções e arrancou no início de Dezembro no ilhote do Ramalhete. O Programa Polis Litoral da Ria Formosa é o instrumento financeiro para a execução do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura - Vila Real de Santo António, aprovado em 2005. Lusa pub
8 | 16 de Janeiro de 2015
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Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial de Tavira
Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em nove de Janeiro de dois mil e quinze, exarada a folhas oitenta e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e seis – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:
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- Natércia Maria da Conceição Viegas, NIF 140337172, solteira, maior, natural da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, onde reside no Sítio das Várzeas do Vinagre, caixa postal 201-F, declarou: - que é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, do prédio misto composto por terra de cultura com árvores e edifício com duas divisões, em ruínas, sito no lugar de Várzea do Vinagre, com a área total de quinhentos e setenta e três vírgula zero nove metros quadrados, sendo a área coberta de trinta e cinco metros quadrados e a descoberta de quinhentos e trinta e oito vírgula zero nove metros quadrados, a confrontar do Norte com José Custódio e Figueiredo Romão, do Sul com Manuel Romão, e do Nascente e Poente com Figueiredo Romão, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito na respectiva matriz sob o artigo urbano 1021, e sob o artigo rústico 9110, com os respectivos valores patrimoniais tributários de 1.000,00 € e 31,62 €, iguais aos que atribuí, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira; - que o referido prédio, com a indicada composição e área, chegou à posse dela, justificante, em data imprecisa do ano de mil novecentos e setenta e oito, por partilha verbal feita com os demais interessados, por óbito de seus pais, Manuel Viegas e mulher Maria da Conceição, casados sob o regime da comunhão geral de bens, já falecidos, residentes que foram no referido lugar de Várzea do Vinagre, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira; - que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do direito de propriedade sobre o identificado imóvel, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – na parte urbana chegando a fazer algumas obras de reparação, e na parte rústica cultivando-a, amanhando a terra, colhendo os respectivos frutos, usufruindo dos seus rendimentos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira, 9 de Janeiro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/57 (POSTAL do ALGARVE, nº 1136, de 16 de Janeiro de 2015)
MUNICÍPIO DE TAVIRA Edital nº 56/2014 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 23 de dezembro de 2014, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 209/2014/ CM, referente à 11ª alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 210/2014/CM, referente a atribuição de apoios no âmbito do XXX Festival de Charolas Cidade de Tavira; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 211/2014/CM, referente a Atribuição de apoio ao Rancho Folclórico da Luz; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 212/2014/CM, referente a atribuição de apoio à ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 213/2014/CM, referente a Atribuição de um apoio á Sociedade Recreativa de Santo Estevão; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 214/2014/CM, referente a Atribuição de apoios – Festivais de Folclore; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 215/2014/CM, referente a Atribuição de apoio á A.S.T.A. - Associação de Artes e Sabores de Tavira; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 216/2014/CM, referente a Atribuição de apoio a um conjunto de instituições particulares de solidariedade integradas na Rede Social do Concelho de Tavira - almoço solidário de Natal; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 217/2014/CM, referente a Atribuição de apoio à Casa do Povo da Luz de Tavira; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 218/2014/CM, referente a Atribuição de apoio à Fundação Irene Rolo - aquisição de viatura adaptada;
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11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 219/2014/CM, referente à Resposta Social - “Alojamento de Emergência Social” - Fundação Irene Rolo; 12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 220/2014/CM, referente à Atribuição de apoio no âmbito do Projeto “Tambores da Ria” à Sociedade da Banda de Tavira; 13. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 221/2014/CM, referente à Anulação de apoio financeiro ao G.A.T.O - Grupo de Ajuda a Toxicodependentes;
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14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 222/2014/CM, referente aos Auxílios económicos - livros escolares - anulação de verbas e correção de valor de apoio; 15. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 223/2014/CM, referente aos Redução de taxas municipais ao Clube de Tavira, no âmbito da realização da sua programação cultural para o ano 2015;
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16. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 224/2014/CM, referente as Iniciativas de Natal da Associação para o Desenvolvimento Integrado Baixa de Tavira - UAC - redução de taxas; 17. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 225/2014/CM, referente a Não aplicação pontual do agravamento sobre o valor de renda apoiada - Maria da Apresentação da Encarnação Almeida Venâncio; 18. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 226/2014/CM, referente a Não aplicação pontual do agravamento sobre o valor de renda apoiada - Maria Clara Figueiredo Barros Garcia; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 23 de dezembro do ano 2014 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1136, de 16 de Janeiro de 2015)
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A família enlutada cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 4 de Janeiro de 2015, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso, celebrada dia 9 de Janeiro, na igreja de S. Paulo em Tavira.
A família enlutada cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no 13 de Janeiro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 15 de Janeiro, pelas 08.45 horas, na Igreja de Santiago.
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> > SOLUÇÃO da edição passada
> > ASSINALE A FRASE CORRETA
A – Se praticassem exercício físico, sentiriam-se melhor. B – Se praticassem exercício físico, sentir-se-iam melhor. C – Se praticaçem exercício físico, sentir-se-ião melhor. D – Se praticassem exercício físico, sentir-se-iam melhore.
A – Aceitasse melhor um conselho quando ele vem de um amigo. B – Aceita-se melhor um concelho, quando ele vem dum amigo. C – Aceitasse melhor um concelho, quando ele vem dum amigo. ;; D – Aceita-se melhor um conselho, quando ele vem dum amigo.
Sobe & desce
Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
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Trata-se de uma verdadeira revolução urbana com grande parte da cidade a ficar já este ano sem contentores de lixo visíveis à superfície. A cidade só tem a ganhar com esta melhoria (Ler pág. 3).
O calvário não tem fim à vista e já mete tribunais numa normal reacção das populações às investidas da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa contra as habitações nas ilhas barreira (Ler pág. 7).
E-mail da redacção:
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jornalpostal@gmail.com
ficha técnica
Adelino Nogueira Vaz
Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco, José Cassapo. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
Tiragem desta edição:
8.073 exemplares
opinião
(adelinovaz070@gmail.com)
7 am, na Estrada do Arraial eram centenas as pessoas que faziam jogging até Tavira. O tempo tinha contrariado as previsões meteorológicas: 14 graus, um sol rosáceo… alguns de barrigas que sabiam a prazo… tudo espontâneo, envolvido e de consciência obrigada,
tinha-se, de forma autoritária, prescindido dos patrocínios da Nike e Adidas e, de marca branca com o símbolo de Tavira, todos calçavam o sonho de 5 de Dezembro de 2013, Dieta Mediterrânica Património Imaterial da Humanidade… entre muitos conhecidos, José Sócrates elegante e bem dormido, muitos populares e alguns autarcas cujas estórias não deixarão história… No céu de Tavira um zepelim gigante tinha inscrito DREAMS, 48 h. without sleep e um arco-íris único surge a abraçar a região… Tinham aberto em 2014 trinta restaurantes, vinte e três Spas e o IEFP tinha recla-
mado de Olhão, Faro e Loulé todos os inscritos… Restaurantes, hotéis, pensões e quartos todos certificados obrigados a um exagerado sistema de fiscalização. A cadeia de hotéis Hilton, Sheraton e Mandariam Oriental disputavam espaços entre Santa Luzia e Monte Gordo para aí fixarem unidades de luxo… Mota Engil e uma construtora vietnamita estavam na corrida… O Parque Industrial, cobiçado por multinacionais, tinha inflacionado em quinhentos por cento os seus lotes e, o Ministério dos Estrangeiros contratara três Nobéis da Economia para se
estudar a criação de Vistos Diamante. O Fado tinha em Carlos do Carmo, Marisa e Camané os rostos mais visíveis duma animação “non Stop”… Vitorino e Janita “capitaneavam” uma delegação de trezentos e oitenta e sete cantores alentejanos… O Município tinha limitado as credenciais a dois canais de televisão - CNN e BBC. Os preços de transmissão eram proibitivos aos canais portugueses e o Salão Nobre fervilhava de um silêncio expectante para se saber do “superavit” desta distinção para um Portugal moribundo, que, de Tavira e do seu magno exemplo es-
perava lições, sabendo viverem-se tempos de ambição, bonança e esperança… Toca o telemóvel. Era a minha querida, que de Viseu queria saber da minha gripe que tenho a certeza teria apanhado por mim. Levanto-me embrulhando a febre num camisolão da Nazaré e um sobretudo de caxemira, levo o fixe a dar uma volta para as suas necessidades. É domingo dia de missa e futebol. Está um dia cinzento frio e deserto. Amanhã é dia de pecado e discussão de arbitragens e, naturalmente, um 2015 diverso para Tavira e sua boa gente.
O máximo prazer d.r.
Ana Amorim Dias - Escritora
www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com
O espanhol desconhecido gemeu ao mesmo tempo que eu. Começámos a rir. Eu estava a entregar os skis e a trocar as minhas botas pelas de
montanha: o alívio supremo. - Esta es la mejor parte, no? - Nooo!! - respondi-lhe. La mejor parte es sacar placer en las pistas! Esta es la segunda mejor sensacion! Acabou por concordar. Venho deslizar na montanha branca há vários anos, mas fazia-o sempre com a angústia enervante de me “destramancar” toda. E esse medinho sacana minava o sentido de tudo: o prazer; tirar de tudo o maior prazer possível!
A verdade é que desta vez ainda me dava menos jeito magoar-me ou partir o que quer que fosse, devido aos desafios físicos que me esperam durante a próxima
semana. Mas nem pensei no assunto. “Hoje é para curtir, minha menina! Por isso deixa-te de merdas!” Nem o vento nem o frio me incomodaram. Nem os
pés apertados e as canelas doridas. “De corpo lançado à montanha, sem medo, caraças!” E o deslizar ganhou um sabor diferente. Usei os ensinamentos e a experiência mas, acima de tudo, libertei os instintos e aticei o prazer. “Tenho que fazer sempre assim! Em tudo! É preciso lutar pelo prazer!” E no fim, enquanto trocava as botas de ski pelas de montanha, no tal prazer aliviado, constatei que há prazeres que só se sentem no fim de algum desconforto.
O POSTAL
última
regressa no dia 6 de Fevereiro
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Tribunal mantém ao serviço agente da PSP afastado em Dezembro Providência cautelar de elemento do Corpo de Intervenção da PSP de Faro afastado em Dezembro foi aceite, o que suspende a sua transferência O COM A N D O N AC I O N A L da Unidade Especial de Polícia (UEP) não renovou a comissão de serviço deste e de outro elemento daquela força especial, alegadamente devido ao seu envolvimento na organização de um “almoçoprotesto” realizado em Julho, segundo o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues. Em declarações à Lusa, o sindicalista afirmou que a decisão do tribunal suspende o acto de transferência do agente, pelo que o mesmo se manterá em funções na UEP, devendo ainda a Direcção Nacional da PSP ser
“obrigada a fundamentar a não renovação” da comissão de serviço. Dos dois agentes, apenas um - comandante de uma das equipas do CI de Faro -, contestou judicialmente o afastamento daquela força especial, por considerar que não existia fundamento para o facto de a sua comissão de serviço não ter sido renovada. O “almoço-protesto” que ambos ajudaram a organizar, realizado num restaurante de Faro, em Julho, terá estado na origem do afastamento, disse acreditar Paulo Rodrigues, acusando a UEP de ter agido injustamente, pub
d.r.
ÔÔ Tribunais suspendem decisão da PSP face a elemento do Corpo de Intervenção sediado em Faro
uma vez que esta é a maneira “mais fácil” para tentar silenciar os elementos daquela unidade. O comando nacional da
UPE tem agora um prazo de dez dias para se pronunciar relativamente à decisão do tribunal. O afastamento dos dois
polícias já motivou a criação de dois abaixo-assinados e também de uma página numa rede social, onde é manifestado o “apoio incondicional” aos dois homens. A força destacada da UEP de Faro possui quatro valências, através do Corpo de Intervenção, do Corpo de Segurança Pessoal, do Centro de Inactivação de Engenhos Explosivos e de Segurança no Subsolo e do Grupo Operacional Cinotécnico. O CI em Faro é composto por um grupo operacional de cerca de 50 elementos, divididos em dois subgrupos, cada um com três equipas. Lusa pub
Missão Cultura:
Promontório de Sagres candidato a Património Europeu
d.r.
d.r.
d.r.
Lethes e Teatro Municipal:
Faro prepara 2015 cultural invejável p. 5
p. 2
Juventude, artes e ideias:
d.r.
Generalizações p. 2
Sala de leitura: d.r.
Falareis de nós como de um sonho p. 8
d.r.
d.r.
Da minha biblioteca: d.r.
JANEIRO 2015 n.º 76
Contos recontados
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
p. 11
8.073 EXEMPLARES
www.issuu.com/postaldoalgarve
Cultural imaterial:
Da investigação a património da humanidade p. 10
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16.01.2015
Cultura.Sul
Editorial
Missão Cultura
A inalienabilidade da liberdade
O Promontório de Sagres candidata-se à Marca do Património Europeu d.r.
Um valor patrimonial europeu Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Na semana em que a França se viu a braços com atentados que semearam o terror por entre os franceses, mas também por entre os povos da Europa e do mundo era impossível deixar passar em branco a questão. A liberdade de expressão, que está no centro dos ataques, em particular ao Charlie Hebdo, é um acto vicioso assente no pressuposto de que a dignidade da religiosidade a coloca além das fronteiras do humor. O erro está, antes de mais, em pensar que o humor enquanto expressão artística, cultural e política, tem ou poderá ter fronteiras. A suposta ‘ofensa’ que qualquer um sentirá quando alvo do humor é exactamente a raiz da arte humorística, está-lhe na essência e não pode ser-lhe coarctada. Ao humor impõe-se a resposta mais adequada, a do fair play e de lhe reservar o seu devido lugar, o de humor, tout court. Não se mata a tiro quem nos ‘ataca’ com cartoons, não se roubam vidas a título de vendetta religiosa. Não se roubam vidas seja qual for a razão. A Europa onde grassa o desespero e a incerteza é campo para a sementeira dos radicais e a isso tem de responder já, ontem! O (des)rumo e a desumanização deste mundo ocidental não pode ser coutada da desregulação dos valores fundamentais da sociedade em que vivemos. Só assim garantiremos o menor espaço de manobra possível a quem se juga senhor da vida e da morte. Aos que tombaram e tombarão no entretanto devemos a criação de um mundo melhor, onde todos possamos ser e dizer. Por um futuro digno com uma liberdade inalienável.
Direção Regional de Cultura do Algarve
A Marca do Património Europeu (MPE) foi estabelecida por decisão do Parlamento e do Conselho europeus. Os objetivos gerais da MPE consistem em reforçar o sentimento de pertença à União Europeia por parte dos cidadãos europeus, em especial dos jovens, com base nos valores e elementos comuns da história e do património cultural europeus, valorizar a diversidade nacional e regional e incrementar o diálogo intercultural. Para isso, esta designação procura realçar o valor simbólico e melhorar a visibilidade de sítios que tenham desempenhado um papel significativo na história e na cultura da Europa e/ou na construção da União Europeia. Os valores simbólicos, históricos e físicos do Promontório de Sagres satisfazem o objectivo da MPE que é dar visibilidade aos sítios que celebram e simbolizam a integração, os ideais e a história da Europa
O Promontório de Sagres, sob tutela da Direção Regional de Cultura do Algarve, é o espaço mais visitado da região do Algarve, registando: em 2011, 264.638 visitantes; em 2012, 255.160 visitantes; em 2013, 276.052 visitantes; em 2014, houve um aumento de 10,39%; sendo que 70% dos visitantes são estrangeiros. Estes dados demonstram a dimensão do Promontório de Sagres como um valor patrimonial europeu. É um lugar que apresenta beleza natural e fenómenos naturais excepcionais. Estão presentes curiosas caraterísticas geológicas e climáticas que se associam a ecossistemas terrestres e a espécies costeiras marítimas específicas. É um finisterra associado ao Promunturium Sacrum descrito pelos autores clássicos gregos e romanos (Estrabão, Artemidoro, Èforo, Avieno), lugar onde se cultuava Hércules (designação em grego do deus fenício Melqart) e que era tido como o fim do mundo conhecido. Mas Sagres é também um testemunho associado ao início
Promontório é uma referência ímpar da História do movimento expansionista europeu, ocorrido no dealbar do século XV, no Algarve, qual “cais primeiro” que dará origem à criação do mundo global, pela ação da Europa, nos séculos sequentes. É o lugar “ocupado” por um testemunho mítico excepcional, a designada “Escola de Sagres de Henrique, o Navegador” que foi criado, fora do espaço ideológico português, a nível europeu. Mito que se impôs universalmente como marca inicial da tradição cultural da civilização
europeia, no âmbito da expansão marítima e do impacto que criou de uma mudança universal irreversível. É assim um dos lugares físicos que as memórias europeia e universal associam ao início de importantes intercâmbios de valores humanos e de desenvolvimentos tecnológicos, englobando vastas áreas culturais do mundo que passam a estar em intercomunicação e partilha de produtos. As consequências, no globo terrestre, das decisões geopo-
líticas tomadas, no século XV, durante a Dinastia de Avis, a de Henrique, o Navegador, geraram uma geografia económica e um intercâmbio cultural de dimensões nunca vistas. Se Portugal quinhentista foi o “despoletador” de novos espaços comerciais, para a Europa, e do primeiro verdadeiro comércio internacional global (com Lagos, Lisboa), seguido por Castela e pela Espanha filipina (Sevilha), Países Baixos (Bruges, Antuérpia), o processo foi concluído com os hegemonistas seguintes, os holandeses (Amesterdão) e ingleses (Londres), que o renovaram com uma nova geopolítica económica e tiraram efectivo proveito, a partir do século XVII. É a memória europeia coletiva, dessa evolução em comum, anterior à definição do conceito da União Europeia, que tem no Infante D. Henrique e no Promontório de Sagres, a figura e espaço identificáveis com o início da epopeia de uma nova Europa a que a todos aproveitou. Temos assim a confiança e a crença que o Promontorium Sacrum é já um marco do património Europeu e da Humanidade.
Juventude, artes e ideias
Generalizações
Mónica Dias
Ciências da Comunicação
Odeio generalizações! São horríveis mas, infelizmente, todos fazemos. A verdade é que a comunidade acha mais cómodo colocar todos os indi-
víduos no mesmo saco pois, assim, não têm que perder tempo a pensar nas exceções. Os mais velhos são uns prós nesta arte! Quantas vezes ouvimos: “Essa geração está uma desgraça! Não têm respeito nenhum!”. Bem, seguindo esta linha de raciocínio, esta “geração”, de quem falam, são muitas vezes os vossos filhos e netos, por isso, se algo falhou foi a vossa capacidade de educar. Outra generalização, engraçadíssima, é a respeito das novas tecnologias. Os mais velhos
“A CABEÇA MUDA” 22 e 23 JAN | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Peça interpretada pela actriz Isabel Medina, por João de Brito e Ana Lopes Gomes. A representação parte do retrato brutal das sociopatias contemporâneas; a posse e a vontade de libertação são os movimentos contrários que estabelecem o conflito
adoram implicar com os nossos smartphones, porém ao terem um nas mãos esquecem o mundo e ficam autênticos vegetais. Que surpresa! Generalizações em relação ao género também me intrigam muito. Acho que as pessoas nem se apercebem que o fazem! Por exemplo, quando afirmam que todas as raparigas falam mal umas das outras. Conheço inúmeras raparigas que não têm qualquer interesse nisso. Curioso é que quando se referem a rapazes é diferente, porque estes são
d.r.
sempre leais e amigos dos seus amigos. Não, não existem raparigas nem rapazes maus. Existem é
pessoas más! Não é o seu género que define a sua personalidade. O que acontece é, devido a estarem constantemente a repetir às crianças como elas devem agir consoante o serem rapazes ou raparigas, faz com que elas se tornem naquela generalização que lhe incutiram. Se se sentiu afetado pelo que escrevi, é compreensível, porque odeio generalizações, mas é praticamente impossível falar delas sem generalizar. Se faz parte da minoria que pensa nas exceções, parabéns, continue assim!
“OLHARES” Até 28 FEV | Biblioteca Municipal de Olhão Maria Odete Fernandes apresenta 19 painéis de fotografias que representam as suas viagens pelo Mundo, mostrando através da sua objectiva a forma como “olhou” para esses lugares
Cultura.Sul
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Grande ecrã Cineclube de Faro
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt
IPJ | 21.30 HORAS | ENTRADA PAGA 20 JAN | A PRAÇA, Sergei Loznitsa, Ucrânia, 2014, 130’, M/12
27 JAN | O GUIA DE IDEOLOGIA DO DEPRAVADO, Sophie Fiennes, Reino Unido/
Irlanda, 2012, 134’
SEDE| 21.30 HORAS | ENTRADALIVRE CICLO PASOLINI | DA VIDA E DA TRAGÉDIA 22 JAN | O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS, Itália/França, 1964, 137’ 29 JAN | UCCELACCI E UCCELINNI, Itália, 1966, 89’ FILME FRANCÊS DO MÊS | ENTRADA LIVRE | BIBLIOTECA MUNICIPAL DE FARO – 21.30 HORAS 3 DE JAN | MARIAGE À MENDOZA, Edouard Deluc, França, 2013, 94’, Portugal
Globos de Ouro e Óscares Já é uma tradição as distribuidoras em todo o mundo atrasarem as estreias dos “melhores” filmes até ao início do ano. Contando com umas nomeações (ou possíveis prémios) nos Globos de Ouro (11 de Janeiro) ou Óscares (22 de Fevereiro). Este ano verificámos a mesma táctica, nas próximas semanas vai ser lançada nas salas uma avalanche de títulos com bastante interesse. Infelizmente isso não quer dizer que nós, cineclubes, os possamos exibir logo a seguir, na maioria dos casos temos que esperar uns meses... Mesmo assim, continuamos a tentar tecer o nosso programa mensal com os filmes mais interessantes e sensíveis disponíveis entre nós. Um deles sem dúvida é o último trabalho de (Ossos) Pedro Costa: Cavalo Dinheiro. Durante o último ano têm nascido umas quantas distribuidoras novas, que procuram focar-se na distribuição de filmes menos “co-
Cineclube de Tavira fotos: d.r.
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORA 22 JAN | CAVALO DINHEIRO, Pedro Costa – Portugal 2014 (103’) M/12
29 JAN | THE RAILWAY MAN (UMA LONGA VIAGEM), Jonathan Teplitzky – Austrália/R.U./Suíça 2013 (116’) M/16
Início do ano cinematográfico aguarda os Óscares merciais” mas com bastante interesse, na grande maioria de produção europeia. Querendo apoiá-los, tentamos programar esses filmes, tais como O Guar-
dião das Causas Perdidas. Não os percam e que este se torne mais um ano repleto de filmes sensíveis! Até breve! Cineclube de Tavira
Espaço AGECAL
Daniel Santana
Historiador de Arte, Museu Municipal de Tavira Convidado da AGECAL
A História de Arte é, ainda hoje, uma disciplina “nova” no Algarve. Remonta, nos seus traços embrionários, a alguns escritos esparsos e a abordagens genéricas na historiografia do século XIX e primeira metade do século XX, mas só nos últimos anos se tem consolidado com consciência e prática científicas, abrindo novas e ricas perspectivas sobre o património da região. Muito contribuiu para este avanço o repúdio das ideias de menorização do património algarvio e uma lenta, mas cada vez mais decidida, redescoberta do mesmo, sobretudo por via do contributo dado nas últimas décadas por alguns reputados académicos (como José Eduardo Horta Correia, Francisco Lameira e Vítor Serrão, responsáveis por trabalhos de fundo, por novas orientações metodológicas e por um magistério universitário mais especializado). Deste modo,
pensamos que a disciplina, no Algarve, aponte para um estado de amadurecimento que veio para ficar, muito se devendo ao papel que as universidades vêm exercendo ao nível da formação de técnicos e investigadores e à consciência destes, cada vez mais clara, da sua importância social. A realidade regional no campo da intervenção patrimonial continua a ser gravosa, pois decorre das destruições sofridas, sismos, incêndios, vandalismos (invasões francesas, extinção das ordens religiosas, pseudo-restauros), razias de centros históricos, carências legislativas, míngua de práticas interdisciplinares e de técnicos especializados para as aplicar. Queixamo-nos muitas vezes, no decurso do nosso trabalho, que estamos constrangidos a intervir – face à quantidade (e qualidade) de peças que atestam abandono, desinteresse, desleixo, ruína, menorização, incúria oficial – numa região especialmente despreocupada com o seu património artístico. Depois, atentando melhor no mapa das existências, verificamos que aquilo que felizmente sobreviveu possui características de uma arte plena de originalidade, feita de constantes vernáculas, tecida com força expressiva e em consonância com as especificidades de um mercado regional, que em certos momentos da História se soube internacionalizar nas
suas referências e modelos. Contra os pareceres redutores sobre a “menoridade” do património algarvio, lembramos que só neste virar de século foram (re)descobertas obras tão destacadas, até então ignoradas, como o vaso islâmico de Tavira, as estruturas do urbanismo almóada na mesma cidade, o túmulo gótico da Sé de Faro ou a cartografia da região pelas mãos de Leonardo di Ferrari e de José Sande de Vasconcelos (dos séculos XVII, XVIII e XIX). Ao mesmo tempo, um crescente número de historiadores de arte vem reforçando o diálogo com o património da região, gerando novos conhecimentos e interpretações sobre as mais diversas manifestações (urbanismo, arquitectura, artes decorativas, cartografia, etc.), abrindo grandes perspectivas para a sua divulgação e valorização. Pelo historiador de arte passa o conhecimento profundo dos “estilos” que se sucedem na evolução artística; as questões do enquadramento histórico-ideológico, o entendimento dos ambientes de trabalho e de produção, de encomenda e círculo de influências, de função e de utilização das obras de arte, de coincidência ou ruptura de gostos estéticos, de caracterização de clientelas e mercados; por ele passam as questões gerais da sensibilização pública, da eficaz musealização dos bens, da difusão
d.r.
O Elogio da História de Arte no Algarve
turística de qualidade e da edição científica. Precisa-se da História da Arte para explicar o sentido das obras de arte, como instrumentos da História da região; para preservar a memória colectiva, na dimensão da salvaguarda do património artístico; para integrar redes transdisciplinares de pesquisa, formação e conservação; para dinamizar o turismo cultural, através da museologia ou da gestão de bens artísticos regionais; para recensear os objectos identitários da região, através da inventariação de bens artísticos; para aliar o seu conhecimento
às práticas organizadas da intervenção urbanística, de restauro de bens ou do ordenamento do território. Sendo o património cultural que distingue, identifica e fixa a memória de uma região, potenciando a sua atractividade, é como disciplina de indiscutida validade social que o Algarve e suas forças devem hoje encarar a História de Arte.
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Cultura.Sul
Letras e Leituras
Filhos da Terra, de Jean Auel: Uma saga na era glaciar fotos: d.r.
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
Jean Auel é conhecida por um único conjunto de obras, a Saga dos Filhos da Terra. Os primeiros quatro títulos desta saga só foram traduzidos em Portugal pela Europa-América em questão (ainda que a qualidade de tradução e edição desta editora sejam discutíveis), embora sejam também já quase impossíveis de encontrar. Em 2006, a Esfera dos Livros avançou com nova tradução e edição de O Clã do Urso das Cavernas (originalmente publicado em 1980) e uns quantos volumes depois a editora Clube do Autor decidiu, em boa hora, publicar o último desta saga, intitulado A Mãe Terra. Este título não faz justiça ao título original em inglês, que é The land of painted caves, o sexto volume da saga. A nota negativa a fazer nesta recensão é mesmo a da infelicidade de as editoras, que decidiram apostar nesta autora que tem 45 milhões de seguidores em todo o mundo, ignoraram completamente a ideia de continuidade de uma saga. É preciso reconhecer que para ler esta saga é realmente necessário ter tempo, paciência e persistência, pois já vamos em seis volumes e cada um dos livros não tem menos de 600 páginas cada. Todavia, é possível assegurar aos leitores que as traduções da Europa-América não são más, muito pelo contrário, apesar de virem divididas em dois tomos (hábito usual a esta editora, aliás) e de os volumes traduzidos terem sido integrados na coleção Nébula, que pertence ao domínio da Ficção Científica. A autora fez uma apurada pesquisa histórica e em diversos momentos dos seus livros são-nos descritos momentos de forma exaustiva, com precisão e rigor histórico e científico, de certas situações e ações quotidianas como acender o
fogo, fabricar instrumentos de caça, modo de confecionar alimentos ou de preparar peles, propriedades curativas de plantas, etc. Daí que seja preciso alguma persistência e gosto pela informação histórica em que estes livros são ricos. Por outro lado, a fantasia também prima nesta saga, nomeadamente porque a personagem de Ayla irá destacar-se como líder espiritual, daí que sejam recorrentes as referências a presságios, sonhos, ao contacto com o mundo dos espíritos e às viagens astrais de Ayla (em que o espírito deixa o corpo e viaja livremente pelo espaço). A saga segue assim a vida desta jovem, encontrada aos 4 ou 5 anos, depois de ter sobrevivido a um ataque de um grande leão das cavernas, de que guarda aliás a cicatriz feita pela garra do leão, e que é resgatada e adotada por uma mulher que pertence ao clã do urso das cavernas, um grupo de homens Cro-Magnon. A autora segue nos seus li-
vros a hipótese de que os homens de Cro-Magnon terão convivido com o Homem de Neanderthal em certas zonas da Europa. Contudo, esse convívio não parece ter sido pacífico, tanto que o clã coloca fortes entraves à inclusão da menina, e, no segundo volume da saga, percebemos que a espécie mais evoluída do homem de Neanderthal sente aversão pelos Cro-Magnon, referindo-se-lhes como Cabeças Achatadas. Ayla irá então enfrentar diversos desafios ao longo do primeiro volume, a começar por uma rejeição quase absoluta de todo o clã, acolhida apenas por Iza, a curandeira, e Mogur, o líder espiritual, uma espécie de xamã, que a irão também amar como se fosse sua filha e educar. Desde cedo, percebemos que Ayla é efetivamente muito inteligente e recusa-se a seguir as convenções impostas às outras mulheres do clã, por exemplo quando segue os homens e aprende a caçar por si própria, ativida-
de absolutamente proibida ao sexo feminino. Ayla irá mesmo criar a sua funda e torna-se perita em lançamentos rápidos, conseguindo atirar duas pedras seguidas, e com pontaria precisa. A mulher do clã pretende-se também submissa pelo que a jovem Ayla, já quase mulher, começa a ser violada por um dos homens do clã e acaba por ser mãe. No final Ayla é expulsa, sendo considerada como morta para todo o clã, que se recusa a reconhecer a sua existência, fingindo que não a veem e não lhe dirigindo a palavra. No segundo volume da saga, O vale dos Cavalos, seguimos alternadamente o período de reclusão de Ayla num vale e Jondalar, que partiu numa espécie de busca com o irmão, para conhecer outros povos que vivem em regiões mais distantes do seu povo, os Zelandonii. Ayla depois de ser expulsa pelo clã enfrenta as agruras de um clima agreste próprio da era glaciar e caminha durante um longo período até encontrar um vale que lhe parece agradável e propício à sua sobrevivência, onde encontra também a gruta ideal que se tornará na sua morada durante os próximos
A escritora Jean Auel anos, onde vive completamente isolada, a tentar perceber o que é isso de ser considerada morta para o clã. Até que percebe que afinal a sua vida continua quando subitamente salva Jondalar, mas isso só acontecerá umas três primaveras mais tarde... Entretanto seguimos a vida própria de um eremita que esta jovem leva e percebemos os desafios que na época os nossos antepassados enfrentavam. Ayla irá ainda domesticar uma égua, atrevendo-se mesmo a montá-la e depois a usá-la para transportar cargas mais pesadas. Mais incrível ainda é o momento em que Ayla encontra um leão das cavernas bebé e decide adoptá-lo. Mais tarde, conhece Jondalar ao salvá-lo de um ataque de um leão e acolhe-o na sua gruta, assistindo e ajudando à sua recuperação. Ayla aprenderá a comunicar oralmente (pois o clã comunicava gestualmente) e irá assombrar Jondalar com os conhecimentos que possui como curandeira, a sua capacidade de caçar e a forma como aprendeu a fazer fogo. Até que ambos se apaixonam e Ayla aprende as alegrias de partilhar os prazeres com um homem, depois de ter sido abusada por diversas vezes entre os homens do clã. No terceiro volume, Os caçadores de Mamutes, Jonda-
lar e Ayla decidem partir em busca do povo dele, num regresso a casa, e encontram os Mamutoi. Ayla conhece pela primeira vez outros como ela, além de Jondalar, e apesar do receio de Jondalar, dada a sua diferença em termos de comportamento, por ter vivido entre os cabeças achatadas, Ayla será vista por todos como uma mulher que parece encarnar a essência de Mut, a Mãe Terra, nomeadamente na sua capacidade de comunicar com os animais, de os fazer obedecer, e pelas suas artes curativas, além da sua inegável beleza e porte distinto. Em As Planícies de passagem o casal continuará o seu caminho em busca do povo de Jondalar, vivendo novas aventuras. O único título que não está traduzido é o quinto volume, The shelters of stone (2002). No último volume, A Mãe Terra, iremos deparar-nos com o que poderá ser uma conclusão desta viagem até à Idade do Gelo, através da Europa que existiu entre 35 e 25 mil anos a.C., num volume onde se abordará ainda o misticismo das cavernas sagradas e, como o título indica, das pinturas rupestres, quando Ayla e Jondalar são já pais, de uma menina chamada Jonayla, o que simboliza a junção dos seus espíritos.
Cultura.Sul
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Panorâmica
Faro com um 2015 cultural invejável
Ricardo Claro
Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Faro apresenta-se este ano com uma oferta cultural a que a cidade se desabituou nos últimos anos. Quem garantiu alguma cadência efectiva na programação cultural regular e estruturada na cidade durante 2013 e 2014, pelo menos, foi A ACTA, através da gestão que exerce do Teatro Lethes. Disso mesmo dava nota o Cultura.Sul em Janeiro do passado ano, num reconhecimento devido à sala que garantia o grosso da programação cultural da cidade então. Este ano não será assim, a julgar pela programação já conhecida do Teatro Municipal de Faro, mas o que é facto é que a recentemente apresentada programação do Lethes mantém a cadência e o rigor a que Luís Vicente já nos habituou. Desta feita, ao Lethes apresentou a programação para o ano de 2015, inteira, demonstrando coerência, capacidade de determinar o que se faz a um ano de distância e, acima de tudo, capacidade de oferecer um programa completo, versátil e estruturado ao público, que naturalmente agradece. Alguns dos destaques da programação do Lethes para este ano vão para, já hoje, 16 de Janeiro, e até dia 31, a entrada em cena de ‘Os Silêncios de Sara’, teatro pela mão da ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve, com Tânia da Silva a dar voz e expressão ao monólogo. Em Fevereiro, o projecto VATe - serviço Educativo da ACTA, conta com a arte de Elisabete Martins e Nuno Silvestre para repor ‘Um Pequeno Príncipe’, a partir da obra de Saint-Exupéry, enquanto que as tábuas serão ocupadas nos dias 13 e 14 pelo TEMPO - Grupo de Teatro de Portimão, com a peça ‘O Caracol’, e no dia 20 por ‘Os Lusíadas’, uma criação e interpretação de António Fonseca. A 21 de Fevereiro é a vez do Cendrev trazer ao Lethes uma peça teatral ‘Onde é que eu já vi isto, Perguntou ele’. Os dias 27, 28 e 29 de Março garantem ao público, sob direcção de Paulo Moreira, a apresentação da peça ‘Os Emigrantes’, pela ACTA, que regressa ao mesmo palco mais quatro dias em Abril. ‘Cont(opias)’ é a proposta teatral de Serafim para o dia da revolução, 25 de Abril.
fotos: d.r.
O teatro regressa ao Lethes em Maio com ‘Um Picasso’, pela Companhia de Teatro de Braga e, em Maio, a ACTA repõe ‘à Espera de Godot’ sob a batuta do mestre Luís Vicente e um elenco que conta com vários actores. O primeiro semestre encerra-se com ‘Rádio Cabaret’ numa proposta do Teatro das Beiras e com uma parceria entre a ACTA e a APATRIS 21, sob o título ‘Viagens’. Agosto faz regressar o teatro à mítica sala farense com Luís Vicente e ‘Nossa Senhora da Açoteia’ a que se segue ‘O Adeus’, já no mês de Setembro. Setembro é o mês escolhido para o Lethes acolher o Ciclo de Teatro Espanhol, onde se poderá ver ‘Camino del Paraiso’, ‘Adúlteros’ e ‘Wangari La Niña Arból’, enquanto o décimo mês do ano é o tempo reservado ao Encontro Nacional de Teatro Universitário - ENTU. O teatro com base na obra de Lídia Jorge invade o Lethes em Novembro com ‘Instruções para Voar’ e Dezembro faz regressar o VATe, com ‘Mãezinhas’.
Teatro Municipal regressa à ribalta
Muito mais do que teatro Mas há muito mais para ver no Lethes neste 2015. O jazz ocupa espaço de destaque na programação, com Yessister, JazzSister, João Hasselberg, no Dia Internacional do jazz, a voz inconfundível de Paula Oliveira, acompanhada por Luiz Avellar em ‘Mistura Fina’ e Luís Miguel Peaceful Retaliation Group. Respectivamente as quatro vozes femininas do jazz apresentam-se em Fevereiro, Hasselberg sobe ao palco do Lethes a 30 de Abril no âmbito de ‘Os Dias do Jazz’, enquanto ‘Mistura Fina’ canta e encanta em Setembro, com a temporada de jazz a fechar em Dezembro pela mão de Luís Miguel Peaceful Retaliation Group.
Mundial da Dança, a 29 de Abril, a que se segue Francisco Lucas Pires e Alma Palacios, com ‘Libretto’ em Maio. Filipa Rodriguez regressa no início de Junho com ‘Formosa é a Ria’, e em Julho com o Espectáculo Final do Ano Lectivo 2014/2015. Elsa Palmeira e Ballet Encantado trazem a 25 de Julho ao Lethes ‘Viver a Dança, Dançar a Vida’ e Boba Suicida fecha o pano no segmento com ‘Trovoada’ no mês de Outubro. Finalmente um lugar de grande destaque, nesta que é uma programação recheada, para a chegada, entre os dias 15 e 21 de Junho, do FOMe - Festival de Objectos e Marionetas, um momento incontornável do calendário anual da sala algarvia.
O Lethes apresentou a programação para todo o ano de 2015 Ainda na área da música, espaço para o Fado com Teresa e Pedro Viola, no início de Fevereiro, e para a 4ª Gala do Fado da Associação de Fado do Algarve a 31 de Maio, e para ouvir o som da guitarra pela mão de Marta Pereira da Costa, no final de Fevereiro, e ainda, com as actuações da Orquestra Juvenil de Guitarras do Algarve e do Quarteto Concordis, respectivamente em Julho e Outubro. Finalmente e para que na agenda não
falte nada, lugar de destaque para o Festival Internacional de Blues de Faro, que tem data marcada para 22 e 23 de Maio, para a interpretação de Mila Ferreira em ‘Bonsoir Paris’ e para Lara Martins & João Paulo Santos em ‘Da Opereta ao musical’, espectáculos previstos para Março. Carlos Mendes vem a Faro celebrar 50 anos de carreira em Julho, com ‘A Festa da Vida’, Ana Ester Neves e Raquel Correia contam e cantam ‘Memórias de um percurso’ a 24 de Outubro e no dia 5 de Dezembro o palco é de ‘Esfinge - Projecto mitológico’. O Concerto de Natal encerra a programação musical do Lethes para 2015. Assinale-se um musical na programação de 2015 do Lethes, ‘A Terra Prometida’ sobe à cena em Março, numa interpretação do Grupo da Igreja Evangélica Portuguesa. Dança no Lethes
A sala maior de Faro está a apostar forte na programação “MÚSICA NAS IGREJAS” 17 JAN | 18.00 | Ermida de São Sebastião - Tavira Concerto de Raquel Correia (piano) e Isobel Reis (canto). O programa integra a interpretação de obras de Schumann (ciclo Frauen Lieben und Leben op 42)
A dança não fica de fora da programação do Lethes em 2015. Seis momentos marcam a presença desta forma de arte na sala farense, a começar com a actuação de Filipa Rodriguez no Dia
Se o Lethes tem uma programação invejável para 2015, Faro conta este ano com uma programação de luxo no Teatro Municipal de Faro (TMF). Assim se constrói um ano que será marcante em termos de oferta cultural garantida pelas duas salas de espectáculos da capital da região. Já hoje, dia 16 de Janeiro, e amanhã, o TMF acolhe o 2º Faro Tango Fest, para dia 24 a sala tem programado um concerto de Rodrigo Leão e a 29 um concerto da Banda da GNR. Fevereiro garante casa cheia na sala maior da cidade com a Companhia Nacional de Bailado, que traz ao Algarve ‘O Lago dos Cisnes’, numa performance acompanhada pela Orquestra Clássica do Sul, agendada para os dias 6 e 7. No dia 21, ‘Amália por Júlio Resende’ é o espectáculo em que o pianista se ‘intromete’ pelos caminhos do Fado, enquanto Dino D’Santiago actua no dia 28. São apenas destaques para os primeiros dois meses de programação do TMF e antecipam uma programação forte da sala farense para o ano que agora começa, uma programação que se espera tenha a força de outros momentos e mesmo a ultrapasse a bem de uma agenda cultural capaz de satisfazer os mais diversos públicos e garantir a entretanto amornada aposta na formação de novos públicos. Só assim Faro poderá regressar aos circuitos artísticos nacionais como cidade destino daqueles que fazem da arte o seu mister e garantir aos farenses e aos algarvios em geral propostas de qualidade e diversidade dignas da cidade e da região e, acima de tudo, dos públicos.
“MARIA CAMPINA, A LOULETANA QUE PÔS SALZBURGO DE PÉ” Até 31 MAR | Cine-Teatro Louletano A presente exposição pretende valorizar o projecto de vida de Maria Campina, ou seja, a sua dedicação à música e à pedagogia musical, deixando ao mundo um legado incontornável
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Cultura.Sul
Artes visuais
Qual a importância do pensamento na produção artística? Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da Ualg Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
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Embora o trabalho artístico seja, em geral, realizado com grande emoção, o pensamento e o planeamento da obra são fundamentais no processo de produção artística. Em geral, as obras artísticas são concretizadas por quem as concebe, mas verifica-se que, na arte contemporânea, muitas vezes quem pensa sobre o produto artístico não é quem o executa. Nestes casos, as pessoas costumam considerar que o artista é quem executa a obra. No entanto, não é exatamente assim, pois esta perspetiva de “manualidade” do artista tem vindo a ser alterada, sobretudo a partir dos anos 60, com a emergência da arte concetual. A expressão “arte concetual” começou por ser utilizado por Henry Flynt, em 1961, no seu artigo “Concept Art”, segundo o qual o mais importante para a arte conceptual são as ideias, ficando a execução da obra para segundo plano, podendo até ser executada por outros que não o artista que a concebeu e criou. O importante seria o conceito, o projeto da obra, o qual é formulado antes da sua materialização. Esta perspetiva da arte tornou-se mais consistente a partir do manifesto de George Maciunas, em 1963, um dos fundadores do grupo “Fluxus” e da primeira edição da revista “Art-Language”. Sol LeWitt também teve um contributo importante, ao publicar o artigo “Paragraphs on Conceptual Art”, na revista Artforum (1967), em que defendeu que, na arte concetual, a ideia ou o conceito são o aspeto mais importante do trabalho realizado pelo artista. No mesmo sentido
posicionam-se vários artistas da atualidade, em particular Hirst (2012) ao considerar que a arte está sobretudo nas ideias do artista: “Art goes on in your head. The real creative act is the conception, not the execution”. Têm sido apresentadas várias definições de arte concetual, chegando Lucy Lippard a considerar que há tantas definições de arte concetual quantos os artistas concetuais. Em todo o caso, esta autora apresenta também a sua definição, considerando que a arte concetual será o trabalho em que a ideia é o principal aspeto, sendo a dimensão material secundária. No entanto, parece-nos importante clarificar que a ênfase nas ideias nas artes visuais não será assim tão original, pois muitos foram os artistas que, em diversos movimentos ou estilos, salientaram a importância das ideias ou dos pensamentos do artista, embora fosse no sentido da intenção prévia à produção artística, nunca implicando a desmaterialização. Por exemplo, Escher afirmava: “escolho entre as técnicas que adquiri, aquela que, mais do que qualquer outra, ofereça uma melhor representação dum pensamento determinado que me absorva”; e Munch terá referido: “Pintei de memória sem nada acrescentar,
sem os pormenores que já não via à minha frente. É esta a razão da simplicidade das minhas telas, do seu óbvio vazio. Pintei as impressões da minha infância, as cores esbatidas de um dia esquecido” (Bischoff, 2011). Aliás, já encontrávamos em Renoir um comentário que apontava para uma postura ativa do pintor no processo de produção artística, não se limitando a reproduzir como que de forma automática a realidade: “A paleta do pintor não significa nada. É o seu olho que faz tudo” (Pedrosa, 2009). O próprio Picasso referia “eu pinto as coisas como penso nelas, não como as vejo” (Gantefuhrer-Trier, 2005), pressuposto fundamental que permitiu que a arte se afastasse da mera tentativa de reprodução do objeto observado, para ser sobretudo um produto da imaginação do artista. Fundamentalmente procurava-se tentar ir para além da imagem retiniana ou visual, evidenciando-se a imagem mental. Em todo o caso, a arte conceptual acentua de tal forma a importância da ideia criativa na produção artística que parece que apenas o pensamento é importante, ocorrendo quase uma desmaterialização da arte. No artigo “A desmaterilização da arte” (1968), John Chandler e Lucy Lippard referiam que a
‘A Noiva’, Joana Vasconcelos (2001-2005) “METROPOLIS” 21 JAN | 21.00 | Biblioteca Municipal de Lagos Filme alemão de 1927. Trata-se de uma parábola sobre as relações sociais numa cidade do futuro. Os privilegiados vivem nas alturas, enquanto a massa de trabalhadores oprimidos vive nos subterrâneos
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‘Cinderela’, Joana Vasconcelos, 2007 forma intuitiva e intencional de fazer arte que havia dominado desde 1945 deu lugar a uma arte ultra-conceptual que enfatizava quase exclusivamente o processo de pensamento. No mesmo sentido, Kosuth (1969) argumentou no sentido da não necessidade de existência de um objeto material, palpável, para que algo possa ser considerado como obra de arte visual. Esta ênfase na desmaterialização encontra um dos seus exemplos mais fortes na exposição de Robert Barry, em 1969, na Galeria Art & Project, em Amesterdão, em que pintou na porta de entrada “during the exhibition the gallery will be closed”, não estando nenhum trabalho à vista, nem sequer uma janela que permitisse ver algum trabalho no interior. Em todo o caso, esta ideia não foi assim tão original, se tiveremos em conta que, já em 1958 Yves Klein havia realizado uma exposição em Paris com o título “Vazio”, em que o espaço estava literalmente vazio, pretendendo expressar um “estado pictórico invisível” que estaria presente através da radiação. Todavia, este exagero na dimensão concetual sendo rejeitado o objeto artístico concreto, tornaria a arte fria e apenas teó-
rica, sem produção, sem beleza e, em última estância, sem arte (Ferrari, 2001). No mesmo sentido, o próprio concetualista Mel Bochner (1970) considerava que a obsessão pela desmaterialização não tinha sentido, pois nenhum pensamento pode existir sem um suporte que o sustente. A partir de 1965, este artista começou a realizar quadros monocromáticos em tons de cinzento. As designações para este tipo de pintura foram várias, “silent painting”, “essential painting”, “opaque painting” ou “fundamental painting”, mas todas elas traduzindo a intenção clara de expressar o essencial na pintura. Noutros trabalhos, Mel Bochner utilizou outros materiais como suporte, nomeadamente pequenas pedras para ilustrar um raciocínio matemático, em “Triangular and square numbers” (1971). No seu desenvolvimento mais recente, a perspetiva concetual tem continuado a acentuar a importância das ideias, mas com um suporte material ou plástico. Os trabalhos de González-Torres, a que já fizemos referência, são disso um exemplo, mostrando que a materialização das ideias é que permite a força ou o impacto destas, pelo que as ideias, só
por si, não podem ser consideradas arte. Embora consideremos fundamental a criatividade na arte, esta requer uma materialização para poder ser inserida nas artes plásticas. Aliás, a dimensão do concreto e do material na arte já havia sido defendida por Picasso, da seguinte forma: “Não existe nenhuma arte abstracta. Tem que se começar sempre com algo. Depois podem afastar-se todos os vestígios do real. Então não existe qualquer perigo, pois a ideia da coisa deixou entretanto um sinal indelével” (cit. em Walther, 2006). De acordo com Godfrey (1998), a arte concetual não é um estilo, nem pode ser limitada a um período de tempo. Conforme este autor chega a afirmar, “conceptual art is not an historical style, but an ingrained habit of interrogation. (…) Conceptual art is not about forms or materials, but about ideas and meanings”. Neste sentido, a arte pode ser entendida como uma constante atitude de interrogação, uma busca do essencial e uma tentativa de expressar ideias, partilhando-as com os outros através da produção artística realizada, podendo ser utilizados os meios considerados necessários ou adequados pelo artista neste processo de realização criativa. Atualmente, em geral, os artistas procuram conciliar a componente ideia e intenção com a respetiva materialização. Neste sentido, acentuam a relevância da ideia ou do conceito que lhes levou ao objeto produzido. Por exemplo, Joana Vasconcelos afirmou, em 2011: “eu não parto do objeto; eu parto duma ideia e depois tento encontrar o objecto certo para expressá-la, dar-lhe uma dimensão física ou material”. Este processo de materialização das ideias em muitos artistas contemporâneos permite enquadrar várias produções artísticas difíceis de compreender por muitos daqueles que se interessam por arte enquanto espetadores.
“FACE A FACE” Até 7 FEV | Galeria de Arte da Praça do Mar - Quarteira Exposição de pintura de Clara Andrade. A artista é licenciada em Filosofia e desde sempre mostrou-se interessada nas questões da estética e da arte. É bibliotecária em Lagoa e vive em Portimão
Cultura.Sul
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Momento
A tempestade cai sobre a cidade Foto de Ana Omelete
Um olhar sobre o património
Património, Sociedade e mais Cultura, por favor d.r.
Alexandre Ferreira
Licenciado em Património Cultural pela UAlg
Será romantismo acreditar que uma nova sociedade irá nascer, ou pelo menos uma nova forma de pensar a sociedade? E que esta sociedade inclua de uma vez por todas a Humanidade no seu espectro total ou continuaremos a assistir à primazia do pensamento “a minha sociedade só vai até onde o meu quintal se acaba”? A necessidade de novos paradigmas não é inédita. Em 2001 ficámos atónitos com o que os nossos olhos incrédulos observavam na televisão. “Momento de viragem!”, “O mundo nunca mais será o mesmo!”, clamaram muitas vozes, e com razão acrescento eu. Mas agora, como em 2001, continuo a questionar-me:
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, em 2005, na assinatura da Convenção de Faro quais os pressupostos que guiaram essa viragem? Quais os princípios de acção que a balizaram e quais os objectivos da tão necessária mudança do mundo? Terão esses pressupostos e objectivos sido alcançados? Entrados que estamos em 2015, celebra-se no presente ano (mais
precisamente em Outubro) o 10º aniversário sobre a assinatura da Convenção de Faro relativa ao valor do Património Cultural para a Sociedade. Em traços gerais este documento visa um compromisso dos Estados signatários para a criação de políticas culturais mais transversais, nas quais as pessoas assumam
um papel central, constituindo-se o património cultural como elemento agregador e potenciador de um modelo de desenvolvimento económico baseado nos princípios do desenvolvimento sustentável e da biodiversidade cultural. Nela se coloca pela primeira vez em letra (pré)-oficial o reconhe-
cimento que o Património Cultural é uma realidade dinâmica, que abrange tanto monumentos, como tradições ou inclusivamente criações contemporâneas. Mas este dinamismo estende-se igualmente às diferentes interpretações que determinado elemento patrimonial pode ter, consoante a comunidade que o observa. Assim, torna-se essencial dar a conhecer o Património Cultural nas suas diferentes concepções, promovendo o diálogo intercultural, a confiança e compreensão mútua tendo em vista a resolução e prevenção de conflitos, facilitando deste modo a coexistência de diferentes pontos de vista numa sociedade que se exige pacífica. Em jeito de conclusão, deixo-vos com uma última pergunta: onde é que temos falhado? P.S.: Sou Charlie, sem margem para qualquer dúvida. Mas também sou todos aqueles inocentes que, diariamente e em todo o mundo, perdem ou vêm estropiada a sua vida por um motivo qualquer que eles próprios ignoram. E no final de contas, quem perde é a Humanidade…
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Cultura.Sul
Sala de leitura
Falareis de nós como de um sonho Paulo Pires
Programador cultural no Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com
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Veemente, lúcido, amargo, culto, feroz, apaixonado, discreto. Jorge de Sena tinha a susceptibilidade dos exigentes e dos afáveis, honestamente afáveis, e a agressividade do muito amor (à vida, ao ensino, à crítica, à poesia). Avesso à mediocridade, estupidez, malignidade, incultura, espírito de compromisso e à cobardia moral, aquele que foi, sem dúvida, uma das personalidades maiores da intelectualidade portuguesa da 2.ª metade do séc. XX (e também uma das mais esquecidas) assumia-se como “um homem visceralmente de exílio, que […] chegou à conclusão que se sente mal no mundo, embora ache que não há outro”, e que o ser humano deve ser sempre de todos os lugares que o acolhem. Em Setembro de 1976 Sophia de Mello Breyner, ao comentar a poesia de Sena, sublinhava precisamente a “fidelidade integral à sua responsabilidade de estar no mundo” patente numa escrita que, através das suas fúrias e imprecações, acusava o mundo onde o reino devido a cada homem fora transformado em exílio. Numa outra carta, desta vez endereçada por Jorge de Sena, este pedia-lhe mesmo desculpa pela “muita e inescapável amargura de quem ama a vida e a liberdade, e odeia totalmente o mundo em que lhe é dado viver”. Sobre a ligação ao chão lusitano, a síntese de Sena é lapidar: “Nós […] às vezes não merecemos ter nascido aonde nos fizeram nas-
cer”. Não obstante as saudades dos amigos, só o facto de pensar em ir a Lisboa causava-lhe dor de fígado, como se lê noutra epístola enviada do Brasil à amiga e confidente Sophia. Daí que vomitasse, violentamente, a miséria e degradação morais de certa “litero-cambada” intelectual da metrópole, não poupando nada nem ninguém em escritos que, nas suas palavras, “deixarão as orelhas da pátria a arder”. Perante estas tomadas de posição, Sophia chegaria mesmo a questioná-lo sobre se valeria a pena ele gastar tanta inteligência para explicar aos parvos que são parvos. A 9 de Janeiro de 1968, numa correspondência com Sophia, Sena deixa-nos esta singular reflexão, plena daquele “lúcido amargor” que tanto o identificava: “A impressão que cada vez mais tenho é a de que, de certa altura em diante, na vida, nós começamos a viver como Rilke dizia que os anjos se sentiam: sem saber se estamos entre vivos ou entre mortos, porque as pessoas desaparecem, transformam-se em memória, e a gente vai ficando numa cada vez mais estranha irrealidade em que a maioria dos vivos não faz parte do nosso mundo que atravessam como espectros secundários, enquanto o espaço vazio se acumula de
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Estátua de Jorge de Sena no Parque dos Poetas em Oeiras espectros autênticos que precisamente são os que deixaram de existir”. As inúmeras entrevistas (1958-1978) de Jorge de Sena que a Guimarães, em boa hora, reuniu num único tomo sobre esta “espécie de exilado profissional” – como ele próprio se definia – constituem um precioso repositório sobre alguém que gostava de isolar-se dos medíocres, dessa “classe humana que é necessariamente numerosa”, constatando terem sido sempre esses os que menos gostaram de si. Mostram-nos um intelectual
“Eu te pertenço [pátria] mas seres minha, não.” “POTES” Até 13 FEV | Junta de Freguesia de Pechão O tema da exposição surgiu da paixão de Maria do Ó (Maria Odete Fernandes da Fonseca Neves) por potes, decidindo passar para a tela os muitos potes que tem descoberto nas viagens que tem realizado pelo mundo
absolutamente seguro de si, que acreditava que ninguém podia destruí-lo a não ser ele mesmo e que não tinha complexos em proclamar publicamente o seu talento pelo simples facto de, na sua opinião, até certa altura ninguém o fazer se ele não o fizesse: “O problema não está em eu me considerar muito grande – mas sim em os outros serem, na maioria, tão pequenos”. Havia em Sena uma entrega violenta ao seu ofício, uma devotada excitação a que nunca faltava, porém, o sentimento de raiva pelo facto de o tempo não lhe ser bastante, nem a vida, para tudo o que desejava fazer. Era esse o teu tónus espiritual, feito de paixão e de revolta: de um lado, a crença na ideia de que “nenhum mundo, que nada nem ninguém / vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la” (poema “Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”, de 1959), pois “não foi para morrer que nós nascemos”; do outro, a sensação de que lhe roubaram, porventura irremediavelmente (?), uma parte da vida e do seu país – daí
que a arte se assuma, para si, como descontentamento ou como busca de um contentamento inatingível. Também por isso, Sena aceita que o poeta possa e deva ser político: “Lembro-me de que certa vez, lendo o Satíricon de Petrónio, fiquei sabendo que litterati eram os escravos fugidos e recapturados, que passavam a ter gravado na testa o nome do senhor. A coisa serviu-me de lição”. Nessas entrevistas, entre outros conteúdos, encontramos reflexões que radiografam sociologicamente a portugalidade, desde o mito da adaptabilidade lusitana (Sena rebate-o defendendo que o português é alguém fundamentalmente inadaptável embora exteriormente seja profundamente adaptável, não o sendo, porém, por dentro) até à eterna questão da salvação/perdição da pátria, como se lê na entrevista de Abril de 1968 concedida a Arnaldo Saraiva: Eu costumo dizer, por piada, que Portugal não se salva enquanto todos os portugueses não forem obrigados, por lei, a fazer um estágio de alguns anos no estrangeiro, mas proi-
bidos de se encontrarem uns com os outros. Esta proibição é da maior importância, para impedi-los de assarem colectivamente sardinhas, cozerem bacalhau com fervor nacionalista, ou trocarem, sofregamente, as últimas novidades do Chiado. Os temas da produtividade e da participação cívica e educação política da população também não fogem à lucidez implacável e livre de Sena, que diz, preto no branco, nunca ter confiado nas chamadas classes altas portuguesas: Uma das coisas mais curiosas da vida portuguesa é que toda a gente, neste país, fez sempre a sua malandrice desde pequenino, deu as suas facadas no matrimónio, fez de tudo, mas a sua fachada puritana tem que ser mantida. […] Depois, à socapa, faz-se aquilo que sabemos. E recorda, em entrevista de 1978, a experiência plurissecular de um povo que se habituou a desconfiar de um governo que não é dele e que não existe nem trabalha para ele: O povo português desaprendeu de acreditar que o trabalho possa ser uma coisa rentável para o país, porque está habituado a que o trabalho seja sempre rentável para os patrões, ou rentável para o Governo que lhe leva o dinheiro em impostos. Penso que o português tem qualidades de trabalho muito críveis, quando quer trabalhar. Resta-nos aquela “pequenina luz bruxuleante” que Sena imortalizou num dos seus mais belos poemas, a qual teima em resistir no meio da escuridão, numa atitude exacta, firme e justa, e que persiste em brilhar não na distância mas no meio de nós. Porque o que mais importa, para Jorge de Sena, é a alegria de estar vivo e a fiel dedicação a essa honra. Só assim, “em segredo, saudosos, enlevados, / falareis de nós – de nós! – como de um sonho”.
“CORPO RESTRITO” Até 15 FEV | Museu do Trajo - São Brás O fotógrafo Vasco Célio registou imagens em estúdio, inéditas, dos objectos sobre modelos, jóias da fotografia, cujo objectivo principal passa por colocar em diálogo os novos conceitos da joalharia contemporânea de autor
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Janeiro
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Novo ano, vida igual… fotos: d.r.
contrar 12 autores diferentes em outros tantos títulos, nas diversas estantes entre tantas secções. Dirijo-me então à jovem funcionária (apenas uma trabalhadora, eu sei), e como um velho com pancada, repetindo a cena de há uns dias numa outra loja da mesma cadeia perguntei: «Menina, onde têm os livros de poesia?». Esta, simpática, sorriso comprometido e cúmplice, encolheu os ombros: «Temos aqui alguns poucos livros, entre os outros», enquanto a outra rapariga quis à força que eu lhe dissesse que livro pretendia, para o encomendar. Mas eu queria era ver os livros, tocar, cheirar, e posso encomendar mesmo a partir de casa, não é? É a crise no negócio da cultura, eu sei…
Alma
Portas verdes, serradura no chão, pingos por todo o lado, pipas, bancos de madeira já gasta expondo pregos ferrugentos. O típico balcão de pedra. Gatos que entram e saem entre um sono e outro. - Tudo como descrito lá por eles. Pelo menos até agora. Finalmente estacamos o passo, agora que já nos supomos à porta da pequena oficina do sapateiro, que outrora terá sido castanha, e está já, como tantas outras das que encontrámos pelo caminho, a precisar de mantença».
O Sangue das Flores
A laranja A editora 4águas lança mais um livrinho, o sétimo da colecção de contos OndaCurta. ‘Alma’ de Pedro Jubilot terá apresentações a 30 e 31 de Janeiro em Tavira e Olhão, respectivamente, na Casa Álvaro de Campos e na Galeria Sul, Sol e Sal. Aqui fica um pequeno excerto, em pré-publicação, desta ficção baseada numa personagem histórica da vila de Olhão, o sapateiro anarquista Bartolomeu Constantino, quando passam a 11 de Janeiro, 99 anos sobre a sua morte.
Vi fogo desprender-se da terra fria, provei de vinho despejado da garrafa gelada, ouvi votos calorosos para os dias de um tempo que virá mais quente… No entanto estou com a sensação, de que para o bem e para o mal, nada aparentemente mudou neste novo dia, que está no que pode ser o mais cruel dos meses, como dizia uma velha canção, mas poderia ser também o mais belo. Só que nunca saberemos ao certo qual a melodia que traz mais um ano. Veste-se um casaco mais grosso. Faz-se com que o amor que resta se esprema do coração para a vida que passa e se passeie connosco ao encontro dos outros…
A poesia foi banida… ?
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Numa destas tardes frias visitei uma nova loja de cultura em centro comercial, já desconfiando o que me esperava. Observada com algum cuidado a parte dedicada aos livros, encontrei na secção de literatura lusófona: Fernando Pessoa, Herberto Helder, os algarvios António Aleixo e Joaquim Vairinhos, e poucos mais livros de poesia. Não sei se ao todo terei conseguido en-
Sabes que sempre te escrevo na poesia da espera. Focado na observação de um céu de mais um fim de tarde neste inverno do nosso descontentamento, que belo título para um livro. Mas também já não sei se és tu que esperas. E condescendo, desde que tenha uma camera, um caderno e uma canção para ouvir, daquelas que jamais esquecerei, e que sempre ajudam nas esperas. Não olhes para a caixa postal desconfiando do carteiro. Não esperes a carta que nunca virá. Recolhe as laranjas que apodrecem no chão. Não esperes a chuva que não sabes quando virá. Liga a mangueira e lava o chão. Mas se isso não te satisfaz agarra num papel e escreve já a resposta, sobre o muro de cal exposto ao sol, enquanto descascas uma laranja da árvore antes que caiam todas por terra... “O ESPÍRITO DE UM PAÍS” 24 JAN | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Rodrigo Leão regressa à capital algarvia para apresentar o espectáculo que deu na escadaria do Palácio de São Bento por ocasião da homenagem aos 40 anos do 25 de Abril
« (…) A partir daqui as ruas começam a estreitar-se, a fechar-se a esse mundo novo crescente, abrindo-se a toda uma nova dimensão indefinida, mesmo para nós habituados às coisas da cidade grande. Embrenhamo-nos numa labiríntica rede de ruas e travessas, becos e pequenos largos. De chão agora mais sujo, em piso irregular. Onde pairam criaturas mais rudes, toscas e despudoradas. Logo ali um homem tombado no chão, dormindo o excesso de álcool. Cães escanzelados vadiam em busca de restos de comida. Uma mulher de aspecto pouco saudável imitando mal uma pose lasciva convida-nos a entrar numa casa. Duma outra porta aberta ouvimos o entoar de um canto. Não é fado como o de Lisboa, ainda que o faça lembrar. Soa estranho, áspero mas quente, talvez porque tem laivos musicais de flamenco e tonalidades vocais de cante berbere. Já noutra casa logo a seguir, fecham-se os postigos com força, à nossa passagem. Crianças esfarrapadas correm desunhadas escapulindo-se assim que dobram a próxima esquina. Reparamos então num vulto que passa ao fim da rua envolto por um manto negro que lhe oculta a cabeça e a face. - Viste? Trajo misterioso e…atraente? Mas aquilo não é proibido? - Acho que sim. Chama-se bioco. Mas concentra-te ao que viemos. Não fiques para aí a cismar nisso agora. - Olha! Lá está o largo. E a taberna da velha.
É o nome do livro publicado pela editora Artefacto, em outubro de 2014, da autora algarvia Rute Castro (Faro, 1982), que em 2012 foi finalista na competição Fnac Novos Talentos de Literatura com o conto “Sobre os passos que matam”. Este é um dos seus poemas: 32. e tu aí na casa que permanece com as suas dores de doença na construção, a casa espreita a saudade e guincha o fresco das árvores na companhia do esquecimento, agrego os sentidos, agrego tudo e junto a confrontos dessa voz comigo, e afinal o frente a frente dá-se despido, e afinal não nos deixam sem que nos caia o paraíso, que se desmanche, e afinal ganhar é esse corte a meio.
“LOS NEGROS: AMOR E MEDO” 25 JAN | 17h30 | Academia de Música de Tavira Projecto inclui a interpretação da actriz, performer e cantora Sara Ribeiro, a guitarra e percussão de Tiago Albuquerque, o piano e a composição de Luís Conceição, bem como os poemas de Álvaro de Campos
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Cultura.Sul
Espaço ao Património
Ficha Técnica:
Cultura imaterial: da investigação a património da humanidade
Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro d.r.
Jorge Queiroz
Director do Museu Municipal de Tavira (MMT)
Luísa Ricardo
Antropóloga, técnica superior do Museu Municipal de Tavira
O Museu Municipal de Tavira (MMT) surgiu em finais de 2001, como resposta à vontade da autarquia e também de sectores da população manifestada ainda na primeira metade do século XX. Integrou desde o seu início um programa de investigação, valorização e divulgação da história de Tavira e da região, a par do acesso à actualidade das artes contemporâneas portuguesas e internacionais. A primeira fase passou pela reorganização de espaços e dos recursos humanos, tratamento de colecções, a par da concretização de um vasto programa (mais de 50 exposições realizadas) que incluiu algumas relevantes figuras e obras das artes portuguesas e internacionais como Antoni Tapiés, Luís Gordillo, Júlio Pomar, Gerard Castello Lopes, Vieira da Silva, Cabrita Reis, Joana Vasconcelos, Angelo de Sousa, Alberto Carneiro, Costa Pinheiro, René Bertholo, entre outros e também das principais colecções de arte portuguesa, Fundação Gulbenkian, Culturgest, EDP, Vieira da Silva/Arpad Szenes, Berardo (em 2003 sobre o surrealismo internacional com originais de Picasso, Miró, Dali, Duchamp, Magritte,…). Foram também apresentados artistas emergentes ou menos conhecidos na região mas com universos artísticos personalizados. Foi desenvolvido o conceito de «museu de território», polinucleado, refuncionalizando diversos edifícios, como o Palácio da Galeria, o Núcleo Islâmico (onde se encontra o
Passeio dedicado à alfarroba no âmbito do ciclo de ‘Passeios e Comeres da Dieta Mediterrânica’ «Vaso de Tavira» atualmente cedido temporariamente ao Museu do Louvre), Núcleo de Cachopo (etnografia serrana), Convento da Graça/Pousada (bairro almóada), Arraial Ferreira Neto/Hotel Albacora (pesca do atum), sobre o abastecimento de água a Tavira num edifício junto ao rio, no lagar de Santa Catarina sobre a produção do azeite… Exposições de investigação sobre o território e a história social foram concretizadas, sempre acompanhadas pela edição de catálogos, casos de “Tavira, patrimónios do mar” (2008), “Cidade e mundos rurais – Tavira e as sociedades agrárias“ (2010), “ A 1ª República em Tavira” (2010), “Fotografar” (2011), “Tavira Islâmica” (2012), “Dieta Mediterrânica, património cultural milenar” (2013), “Memória e Futuro”(2013)… O património cultural imaterial, destacado pela UNESCO na Convenção de 2013, integrou os diversos programas do MMT. Contudo, foi a escolha de Tavira como comunidade representativa de Portugal na nova candidatura da «Dieta Mediterrânica» a Património Cultural Imaterial da Humanidade que concedeu maior visibilidade e reconhecimen-
to da relevância e actualidade da cultura imaterial na agricultura, alimentação, saúde, protecção das culturas e dos estilos de vida ancestrais. A candidatura dos 7 Estados, tecnicamente preparada em Tavira, foi aprovada por unanimidade pela UNESCO em Baku no Azerbaijão a 4 de Dezembro de 2013, concretizando-se assim a segunda inscrição do nosso País na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade e a primeira obtida pelo Algarve. O MMT tem patente, desde Fevereiro de 2013, visitada por mais de 40 mil pessoas, uma exposição informativa e didáctica sobre a «dieta mediterrânica» que acompanhou o antes e depois do processo de candidatura. Decorreram desde então atividades complementares, passeios de interpretação, oficinas de culinária tradicional, visitas de escolas e associações. O MMT participou em actividades da “Feira da Dieta Mediterrânica” que reuniu largas dezenas de milhares de pessoas. Trata-se de um património internacionalmente reconhecido (UNESCO e OMS), de elevado valor simbólico e prático para a presente e as próximas gerações.
Trabalhar com o “património vivo” O MMT tem vindo a realizar ciclos de passeios e demonstrações sobre produções, saberes-fazeres e vivências sociais em torno da cozinha mediterrânica. É um trabalho regulado pelas estações do ano com as comunidades que vivem quotidianamente este património. Engloba atividades de divulgação, dirigidas a todos e também “de interpretação patrimonial“ e inventário com as metodologias da recolha antropológica e etnográfica. Estas atividades de investigação e inventário estão inseridas no Plano de Salvaguarda aprovado pela UNESCO. Todos os meses, desde Março de 2013 até ao momento, foi colocada “a paisagem na panela”, percorrendo territórios, seguindo a sazonalidade dos trabalhos agrícolas, as festividades cíclicas, descobrindo as comidas e partilhando a mesa. Na Primavera foi-se ao campo conhecer as plantas silvestres alimentares, cozinhou-se a sopa de urtigas e os esparregados e desvendaram-se os segredos de como fazer um folar da Páscoa e construir os “maios”. Também se calçaram as botas para “ir à maré” mariscar e no caminho descobriram-se artes de pesca do polvo na Ria Formosa.
Ainda em tempo de flores, adoçaram-se as bocas com a doçaria feita com mel. As festas dos Santos Populares em Tavira tiveram oficinas sobre os enfeites de papel que habitualmente decoram as ruas da cidade. No Verão foi a descoberta das plantas aromáticas e terapêuticas, dos rituais, ditos e fazeres característicos do período do solstício. Calcorreou-se o pomar de sequeiro algarvio, secaram-se e “estrelaram-se” figos, fez-se o pudim de alfarroba e várias conservas de azeitonas. No Outono, aprovisionou-se a despensa para os frios, provou-se o vinho novo, fez-se azeite e conviveu-se à volta da “tiborna”. Inverno é tempo de resguardo, de celebrar o Natal com comidas e bebidas para “aquecer”. Vieram as primeiras sementeiras e alguns dos manjares e petiscos da caça. E regressou a Primavera… Para este trabalho o MMT contou com a disponibilidade de muitas pessoas que partilharam o seu quotidiano e com aquelas que participam nas atividades, trazendo outras experiências e práticas, dando conta da diversidade e criatividade, valorizando a atualidade deste “estilo de vida” milenar que nos é comum, a Dieta Mediterrânica.
Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e Leituras: Paulo Serra • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Espaço ao Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Daniel Santana Luísa Ricardo Mónica Dias Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
facebook: Cultura.Sul Tiragem: 8.073 exemplares
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Cultura.Sul
Da minha biblioteca
Contos recontados Consciente ou não destes desafios, o livro de Cidália Bicho tem em conta estas preocupações. Língua e literatura Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
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Penso que muitos professores sentirão como eu: é sempre com muita alegria e orgulho que vemos antigos alunos a terem sucesso nas suas profissões e outras atividades em que se empenhem. Foi assim que me senti, quando soube que a minha antiga aluna de Latim, Cidália Ferreira Bicho, tinha ganho o Prémio Revelação - Literatura para a Infância e Juventude, da Associação Portuguesa de Escritores, e é sobre esse livro, que foi ilustrado por Patrícia Furtado, que hoje escrevo: As Três Fortunas do Lobo Lobão e outros contos tradicionais. Cidália Bicho conhece academicamente muito bem os contos tradicionais, pois foi esse o tema do seu mestrado em Literatura Oral e Tradicional, porém, o seu interesse, com este livro, é poder passar a outros (em primeiro lugar, ao seu filho Gonçalo) as histórias que lhe contaram em criança, que fizeram parte da sua formação. E como «quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto», este livro é a sua forma de contribuir para a tradição. Numa época em que muitos pais e avós, tantos destes jovens e ainda ativos profissionalmente, não têm capacidade para continuar essa cadeia – que se esperaria inquebrável – de transmissão oral desse material, o aparecimento desta obra faz todo o sentido. O livro tem quatro contos, todos eles passados no tempo em que os animais falavam, protagonizados por um lobo matreiro e uma raposa vaidosa que vivem várias aventuras. Como contar estas histórias, que eram tradicionalmente ouvidas? Que tipo de linguagem escolher? Terá de haver uma moral evidente?
O modo como usamos a língua proporciona diferentes resultados literários: por exemplo, às vezes, a colocação do adjetivo antes do nome gera um efeito grandioso, eleva a linguagem, torna-a mais literária, até porque se afasta um pouco da oralidade e do seu uso quotidiano. E precisamos de um bocadinho mais de tempo para apreciar o que lemos ou ouvimos: «o seu esfomeado estômago» (p.12), «o verdejante prado» (p.14), «rijo e áspero calhau» (p.14). O mesmo se passa com a escolha do vocabulário, que recupera formas já menos usadas, mas que aumentam (ou recordam) o conhecimento de quem ouve ou lê, como bácoro por leitão, baraço por cordel ou zorra por raposa. Também faz uso de verbos como almejar, derrear, estropiar, nomes como pujança, adjetivos como ínfimo, sagaz ou fugaz, que enriquecem este universo encantado. Mas não se pense, por estes
fotos: d.r.
exemplos aqui apresentados, que o livro está pejado de palavras difíceis que dificultam a sua leitura. Nada disso. Destaquei apontamentos que se conjugam elegantemente com um discurso fluido, onde também se encontram formas que fazem ecoar os tempos da nossa infância. «Enquanto o diabo esfrega um olho!» Com o tempo, algumas expressões idiomáticas passaram a… enigmáticas, pela dificuldade que muitos falantes têm em decifrá-las, em entender o seu contexto cultural. Também aqui temos algumas, que desenvolverão os recursos linguísticos das crianças. Expressões como «[pedir] com falinhas mansas» (p.14), «enquanto o diabo esfrega um olho» (p.16), «[não haver] nem rei nem roque» (p.18) ou «[aproximar-se] com pezinhos de lã» (p.27) podem dar origem a conversas entre pais e filhos e a descobertas conjuntas. E o que dizer das onomatopeias? Além de animarem a leitura, incentivam a imaginação: se o galo faz «cocorococó»
Cidália Ferreira Bicho recebeu o Prémio Revelação e «cacaracacá» (p. 28), se uma ação violente a de surpresa faz «zás catrapaz» (p.14), como fará o mocho quando se afasta feliz? Ou os carneiros depois de enganarem o lobo? E com isto se pode passar uma tarde divertida. «Vitória, vitória, acabou-se a história!» Nas histórias que ouvíamos
“FLORES POLACAS EM PORTUGAL” Até 14 FEV | Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé Exposição de artistas polacos que criam em Portugal e que pelas cores, visões, formas, memórias e sonhos, constituem um ramo de ‘Flores Polacas em Portugal’
das nossas mães, avós e tias, havia sempre algumas frases que nos ficavam no ouvido, normalmente porque tinham rima. Cidália Ferreira Bicho usa este recurso com grande intensidade, tornando melodiosa a leitura das suas histórias. Por vezes, a rima é evidente, estando os versos destacados no texto, como acontece com o primeiro conto, em que, de-
pois de perder a oportunidade de comer, o lobo lamenta-se «Pobre lobo Lobão, feroz como um trovão,/Enganado e maltratado em vão!/ Nem toucinho, nem poldra, nem porquinho, nem carneiro!/ Hoje, de comida só senti o cheiro!» Outras vezes, aparece internamente, nas falas das personagens: «não tenho vagar, tenho muito que anunciar» (p.30). E é a rimar que terminam os capítulos, rematando a aventura vivida: a raposa Raposina lamenta-se: «Ai rabo rabão, por causa de ti ia perdendo um corpo tão são» e o Mocho Sabe-Tudo, quando se livra da morte, responde à zorra que se gabava antes de tempo, anunciando «Mocho comi!»: «Outro sim, mas não me comerás a mim». No tempo em que os animais falavam… Já nos esquecemos deste princípio, que apresentava animais muito parecidos com os humanos nos seus sentimentos e modos de agir. Nestes contos, em que todos os animais falam e, portanto, se aproximam muito de nós, podemos tirar lições de vida, mais ou menos moralizadoras (se bem que não seja essa a intenção dos contos tradicionais), que ajudam a lidar com sentimentos, como a frustração de não se conseguir o que se quer, ou a perceber que a inteligência dos outros, que muitas vezes subestimamos, pode suplantar a nossa. No final, apetece-nos mais. Esperemos que a Cidália Bicho não demore muito a trazer-nos outros contos tradicionais. Termino, adaptando a última frase do livro: «Bendito e louvado está este artigo acabado!»
“PR´Ó DIABO KUS CARREGUE!” 17 JAN | 21.30 | Auditório Municipal de Olhão Revista à portuguesa, encenada por Natalina José e com um elenco onde, para além da própria, surgem nomes como Anita Guerreiro, Vítor Emanuel, Ana Paula Mota e Filipa Giovanni, que promete um festival de gargalhadas
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O POSTAL
última
regressa no dia 6 de Fevereiro
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Tribunal mantém ao serviço agente da PSP afastado em Dezembro Providência cautelar de elemento do Corpo de Intervenção da PSP de Faro afastado em Dezembro foi aceite, o que suspende a sua transferência O COM A N D O N AC I O N A L da Unidade Especial de Polícia (UEP) não renovou a comissão de serviço deste e de outro elemento daquela força especial, alegadamente devido ao seu envolvimento na organização de um “almoçoprotesto” realizado em Julho, segundo o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues. Em declarações à Lusa, o sindicalista afirmou que a decisão do tribunal suspende o acto de transferência do agente, pelo que o mesmo se manterá em funções na UEP, devendo ainda a Direcção Nacional da PSP ser
“obrigada a fundamentar a não renovação” da comissão de serviço. Dos dois agentes, apenas um - comandante de uma das equipas do CI de Faro -, contestou judicialmente o afastamento daquela força especial, por considerar que não existia fundamento para o facto de a sua comissão de serviço não ter sido renovada. O “almoço-protesto” que ambos ajudaram a organizar, realizado num restaurante de Faro, em Julho, terá estado na origem do afastamento, disse acreditar Paulo Rodrigues, acusando a UEP de ter agido injustamente, pub
d.r.
ÔÔ Tribunais suspendem decisão da PSP face a elemento do Corpo de Intervenção sediado em Faro
uma vez que esta é a maneira “mais fácil” para tentar silenciar os elementos daquela unidade. O comando nacional da
UPE tem agora um prazo de dez dias para se pronunciar relativamente à decisão do tribunal. O afastamento dos dois
polícias já motivou a criação de dois abaixo-assinados e também de uma página numa rede social, onde é manifestado o “apoio incondicional” aos dois homens. A força destacada da UEP de Faro possui quatro valências, através do Corpo de Intervenção, do Corpo de Segurança Pessoal, do Centro de Inactivação de Engenhos Explosivos e de Segurança no Subsolo e do Grupo Operacional Cinotécnico. O CI em Faro é composto por um grupo operacional de cerca de 50 elementos, divididos em dois subgrupos, cada um com três equipas. Lusa pub