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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1141 • Quinzenário à sexta-feira • 10 de Abril de 2015 • Preço € 1,40
EM FOCO 2 MOREIRA DA SILVA NÃO RECUA NAS DEMOLIÇÕES 3 JÁ SÓ RESTA UMA TECEDEIRA EM MONCHIQUE 4 VI JOGOS DE QUELFES ABREM SÁBADO 5
ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60
VILA REAL VAI RECEBER GRANDES NOMES DA CULTURA 6 IEFP - ALGARVE INICIA NOVOS CURSOS DE APRENDIZAGEM 7 CLASSIFICADOS 9
Vilamoura em mãos americanas por 200 milhões
Uma pechincha dizem os especialistas. A Lone Star comprou a Lusort e com ela Vilamoura e a concesssão da Marina de Vilamoura aos espanhóis do Catalunya Banc por menos 300 milhões do que André Jordan a tinha vendido p. 2
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d.r. d.r.
Governo não recua nas demolições
Sinónimos de Leitura:
Jorge Moreira da Silva: Debaixo de protestos que o ministro diz estarem a ser instrumentalizados o titutlar da pasta do Ambiente mantém as demolições nas ilhas-barreira > 3 d.r.
OLIMPISMO
Sábado arrancam os IV Jogos de Quelfes >5
> Pelo segundo ano a ser posto
em prática, o orçamento participativo de Albufeira espera a participação dos munícipes com propostas para o investimento de 100 mil euros. A autarquia reserva para 2016 uma fatia importante do orçamento para a escolha directa dos cidadãos p. 5
>6 d.r.
LAGOA
FINANÇAS AUTÁRQUICAS
Albufeira quer propostas para o orçamento participativo
Freitas do Amaral abre ciclo de presenças ilustres em Vila Real Ferragudo teme obras no molhe do Arade
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em foco
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Venda de Vilamoura mostra confiança no imobiliário e turismo Preço baixo não afasta importância do investimento fotos: d.r.
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A GESTORA DE FUNDOS DE INVESTIMENTO norte-americana
Lone Star é a nova dona de Vilamoura, num negócio que se realizou nos últimos dias de Março e que ditou a venda, à empresa criada em 1995 por John Grayken, da Lusort, dona de Vilamoura e da concessão da respectiva marina. O Catalunya Banc, dono da Lusort (e o Banco Bilbao y Vizcaya Argentaria, um dos principais accionistas do Catalunya Banc), deixam o negócio imobiliário associado à Lusort e a Vilamoura e entregam por cerca de 200 milhões de euros aos americanos os direitos de construção de cerca de 700 mil metros quadrados de área. É exactamente aqui que está o negócio, uma vez que, neste momento, a fatia de leão de Vilamoura já não é propriedade da Lusort, sendo que dos activos da empresa apenas valem realmente dinheiro os terrenos a construir e a concessão da Marina de Vilamoura que é lucrativa. Ainda assim, a opinião geral dos analistas veiculados por variados órgão de comunicação social, nomeadamente nacionais, é que o valor da transacção, naquele que já é considerado o negócio imobiliário do ano no país, é baixo. Em comparação com a última troca de mãos de Vilamoura, realizada entre André Jordan e Vasco Branco e a Lusort (em duas tranches com os campos de golfe a serem vendidos separadamente do resto do empreendimento por 120 milhões de euros), Vilamoura foi agora vendida por menos 300 milhões de euros.
ÔÔ A gestora de fundos norte-americana Lone Star comprou o complexo turístico de Vilamoura por cerca de 200 milhões de euros
A APOSTA NA CIDADE LACUSTRE A galinha dos ovos de ouro da compra de Vilamoura é o espaço onde deverá nascer o projecto Cidade Laustre, concebido pelo gabinete de arquitectos Rafael de La Hoz há cerca de uma década. São 316 mil metros quadrados de área edificável, dos quais 188,5 mil para fins residenciais, a que se somam 14 mil de área comercial e 113,5 mil de área turística. Três lagos ligados por uma rede de canais navegáveis a que se acederá por uma eclusa destinada a manter um volume de água de 605 mil metros cúbicos de água dentro do sistema lagunar prometem criar um ambiente único na zona que se estende a partir do The Lake Resort para poente e norte. Neste complexo de canais, ilhas e passadiços promete-se fazer nascer três mil novas camas entre aldeamentos, ho-
téis e villas, além de 300 novos postos de amarração.
A MARINA UMA MAIS-VALIA LUCRATIVA Outro dos activos
que valem bem o dinheiro investido pela Lone Star é a Marina de Vilamoura, a maior infra-estrutura do género do país e também a mais antiga
e conhecida marina nacional. A marina dá lucro e a concessão é por isso um activo valioso, ainda mais quando constitui um dos principais atractivos de Vilamoura e da futura Cidade Lacustre face a outras ofertas, quer no Algarve, quer em destinos como o Sul de Espanha.
ÔÔ Imagem de antevisão do projecto da Cidade Lacustre
Com 825 amarrações a marina é a jóia da coroa da actual Vilamoura, podendo acolher barcos até 60 metros de comprimento e quatro de calado e ficando a escassas 160 milhas de Lisboa, 140 de Gibraltar e 190 de Puerto Banus em Marbella. Recorde-se que a preços actu-
ais e em época alta a Marina de Vilamoura cobra uma mensalidade de 4.560 euros por uma embarcação atracada entre 35 e 40 metros de comprimento. Por outro lado, Vilamoura é uma aposta relativamente segura para quem quer arriscar no imobiliário no Algarve, uma vez que, o projecto está em pleno funcionamento e em situação de maturidade, perfeitamente enquadrado na envolvente e cimentado enquanto destino turístico. Neste quadro desempenham um papel fundamental os cinco campos de golfe de 18 buracos existentes no complexo, além de áreas reservadas ao hipismo, ténis, paddle, squash, circuitos de manutenção, ciclovias e ginásios. A tudo isto soma-se a oferta de cada um dos hotéis de Vilamoura, onde estão algumas das mais prestigiadas unidades da região e do país, três quilómetros de areal entre as praias da Falésia e Vilamoura, o Museu Cerro da Vila e o Parque Ambiental de Vilamoura com cerca de 200 hectares. Tudo a somar para criar o enquadramento perfeito para um investimento turístico. Certo é que haverá ainda que conseguir fundos capazes de garantirem o correcto alavancar da nova aposta imobiliária na Cidade Lacustre e uma verdadeira política de vendas que garanta retorno num espaço de tempo viável para o volume de investimento, decerto muito elevado. Mas não menos certo é que o investimento dos norte-americanos significa uma aposta no Algarve enquanto destino de investimento imobiliário e turístico. Algo que pode significar a médio prazo muitos postos de trabalho e um reforço da oferta regional em termos turísticos, quer em quantidade, quer em qualidade.
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região
VI Jogos de Quelfes abrem sábado pág. 5
Moreira da Silva não recua nas demolições Ministro assegura que todas as famílias estão a ser realojadas Ricardo Claro/Lusa ricardoc.postal@gmail.com
O MINISTRO DO AMBIENTE AFIRMOU na passada terça-
-feira no Parlamento que as demolições são para continuar nas ilhas barreiras da Ria Formosa, mas assegurou que todas as famílias cujas casas são primeira habitação estão a ser realojadas. “Não tem havido nenhuma demolição que não tenha sido antecedida de realojamento, tratando-se de primeiras habitações. Em casos que temos dúvidas, existe uma reavaliação do processo”, explicou aos deputados Jorge Moreira da Silva. O governante foi ouvido pela Comissão do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local sobre as demolições na Ria Formosa e o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) previsto para aquela região algarvia. Face às críticas dos deputados dos partidos da oposição que acusaram o Governo de estar com uma “fúria demolidora”, Jorge Moreira da Silva argumentou que se trata de uma “reposição da legalidade”, uma
dr
vez que as habitações que estão a ser demolidas “são ilegais”. “Não faz sentido que, de norte ao sul, os cidadãos sejam instados a fazer sacrifícios para se proteger o litoral e depois se aceite a construção ilegal. Ninguém faz demolições de ânimo leve”, sublinhou o governante.
MINISTRO ACUSA POPULAÇÕES DE INSTRUMENTALIZAÇÃO Jorge
Moreira da Silva acusou mesmo muitas famílias de estarem a tentar instrumentalizar os protestos para ocultar que possuem outras alternativas habitacionais. “Na maioria dos casos estamos a falar de casas de férias e não de primeira habitação. Até Junho temos condições de realizar todas as demolições previstas com a excepção daquelas que são primeira habitação. O realojamento é da responsabilidade dos municípios e não do Governo”, apontou.
OPOSIÇÃO ACUSA O GOVERNO DE QUERER EXPULSAR AS COMUNIDADES Por seu turno, os partidos da oposição, nomeadamente o PCP e o BE, acusaram o Governo de querer “ex-
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O governante adiantou ainda que as obras da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Faro irão iniciar-se ainda este ano e que a empreitada terá um prazo de execução de um ano e meio. Moreira da Silva referiu que a construção da ETAR de Faro e as dragagens representarão um investimento do Governo de cerca de 41 milhões de euros.
MINISTRO FALA EM PLANO DE PORMENOR QUE AINDA NÃO É MAIS DO QUE UM ESTUDO “Há
ÔÔ Moreira da Silva diz que demolições são uma reposição da legalidade pulsar” as comunidades locais para no futuro beneficiarem entidades privadas. “Trata-se de uma concepção fundamentalista de que para conservar e proteger o ambiente é necessário expulsar as comunidades locais. Primeiro, expulsa-se, depois renaturaliza-se e no fim entrega-se a privados”, afirmou o deputado do PCP Paulo Sá. Em resposta às críticas, Jorge
Moreira da Silva respondeu que a intenção é a de que as ilhas passem a ser “desfrutadas por toda a população” e não só por alguns. Moreira da Silva adiantou que o Governo prevê iniciar em Junho as primeiras dragagens no canal Faro-Olhão, Barrinho do Ancão e Esteiro do Ramalhete, Barra da Armona e Tavira e terminá-las em Dezembro, um investimento de cerca de cinco milhões de euros.
ainda muito por fazer, que vai além das demolições. Estaremos disponíveis para tentar encontrar investimento, nomeadamente para o núcleo central da ilha de Faro”. Nesse sentido, Moreira da Silva instou a Câmara de Faro a aprovar o plano de pormenor para a ilha, que já foi entregue pela tutela ao executivo municipal. Mas Rogério Bacalhau, presidente da autarquia farense, em declarações ao POSTAL, esclarece que “não há qualquer plano de pormenor da Praia de Faro para aprovar”.
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“O que existe é um estudo para o plano de pormenor realizado pela Polis que não é em nada o mesmo que um plano de pormenor susceptível de ser submetido a aprovação pelos órgãos camarários”, diz. “O plano de pormenor que está incluído nos projectos a desenvolver pela Sociedade Polis terá ainda de ser realizado antes de poder ser submetido às autoridades competentes e à autarquia para aprovação e nesta matéria nada foi até ao momento discutido com a tutela”, diz o autarca, que realça que no estudo existe para já uma falha que considera relevante “a não previsão de realojamento para os pescadores da Ilha de Faro que devem ser realojados na própria ilha no nosso entender”. Rogério Bacalhau antevê que para a realização do plano de pormenor final se tenha mesmo de prorrogar no tempo o Programa Polis, o que aliás já foi feito por diversas vezes. O ministro parece assim pelo menos mal informado sobre a validade do que efectivamente existe em termos de planos urbanísticos para a zona central da Praia de Faro e para a requalificação daquela zona da Península do Ancão. Na intervenção final, o ministro do Ambiente reiterou que todo o processo de demolições foi feito em coordenação com a população e com as autarquias locais e que não irão ser construídas mais habitações nas ilhas da Ria Formosa.
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Vila Real vai receber grandes nomes da cultura pág. 6
Já só resta uma tecedeira em Monchique Aos 80 anos Maria Nunes gostava de ensinar a arte mas não aparecem interessados MARIA NUNES É A ÚNICA TECEDEIRA DA VILA DE MONCHIQUE e, aos 80 anos, continua
a dar forma no tear aos fios de linho, transformando-os em tapeçaria que comercializa em feiras e exposições. “Como a saúde já não me deixa ficar muitas horas sentada ao tear, vou fazendo trabalhos mais pequenos, uns por encomenda e outros que gosto de imaginar e que são mais fáceis de vender”, disse à Lusa a artesã, na sua oficina na serra algarvia, onde outrora dezenas de pessoas faziam da tecelagem uma forma de vida. “Existiam muitas, mas hoje sou a única aqui na vila. Umas morreram e outras deixaram a arte, porque isto dá muito trabalho e pouco sustento”, frisou. De acordo com Maria Nunes, a tecelagem em Monchique chegou a ser uma actividade rentável, “mas hoje em dia vendem-se poucas peças e o trabalho não compensa”.
APRENDEU A ARTE COM A MÃE Nascida no seio de uma família de tecedeiras, Maria aprendeu a arte com a mãe, tendo iniciado aos 14 anos os seus próprios trabalhos, quando um acidente que afectou o braço da progenitora a impediu de trabalhar, privando-a do principal rendimento familiar. “Foi muito fácil começar. A minha mãe não fazia mais trabalho nenhum a não ser este e fui crescendo e aprendendo a ver como ela fazia. Por vezes, sem ela querer, ia para o tear imitar as peças dela”, recordou. Desde então, nunca mais deixou o tear e a qualidade e originalidade das suas peças valeram-lhe o reconhecimento em várias feiras e exposições por todo o país. “Toda a gente elogiava os meus tapetes, panos de cozinha e de tabuleiros, até os estrangeiros. Gostam do que eu faço e continuam a vir cá a casa muitos estrangeiros para comprarem tapetes e outros paninhos”, sublinhou, apontando para as várias
luís forra/lusa
peças acomodadas nas prateleiras da oficina. Segundo Maria Nunes, “foi a procura” que a levou a desenvolver novos trabalhos, não só em linho, como noutros materiais. O primeiro, explicou, é “muito especial”, pelo que passou a utilizar também fios de outros tecidos, já que dão mais volume para os alforges para burros, panos de anca, painéis e vários tipos de tapetes.
MARIA NUNES DEDICANDO MANTÉM A CABEÇA OCUPADA E FAZ O QUE DÁ PRAZER Sentada junto
ao centenário tear de madeira que herdou da mãe, onde chega a trabalhar cerca de seis horas por dia, Maria Nunes lamenta que não existam mais pessoas que queiram aprender o ofício e a quem possa transmitir os conhecimentos. “Gostava muito de poder ensinar a arte de tratar o linho, fiar, armar o tear e tecer, mas infelizmente não aparecem muitas pessoas para aprender, porque esta arte não é muito rentável”, pub
NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia um de Abril de dois mil e quinze, a folhas vinte e seis, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e cinco – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual JOSÉ CATARINO GUERREIRO, NIF 114.463.760 e mulher MARIA CUSTÓDIA RITA GUERREIRO, NIF 114.463.808, ambos naturais da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no sitio de Mealha, Caixa Postal 920-Z., Cachopo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios rústicos, todos sitos em Cercado da Soalheira – Mealha – Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber: a) Prédio composto por de pastagem e azinheiras, a confrontar do norte com José do Nascimento, do sul com Manuel Francisco e do nascente e poente com José Catarino Guerreiro e outros, com a área de quatro mil oitocentos e oitenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19.599; b) Prédio composto por pastagem e azinheiras, a confrontar do norte com José de Brito, do sul com Mariana Serafina Pereira e outros, do nascente com Francisco Mateus e do poente com José do Nascimento e outro, com a área de quatro mil setecentos e oitenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19.602; c) Prédio composto por pastagem e cultura, a confrontar do norte com José do Nascimento, do sul com António Manuel e do nascente e poente com Manuel Francisco Brazida, com a área de três mil setecentos e cinquenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19.600. Que adquiriram os prédios, já no estado de casados, por compra verbal e nunca reduzida a escritura pública, no ano de mil novecentos e oitenta e nove, em data que não é possível precisar, os indicados nas alíneas a) e b) por compra a Manuel Francisco Brazia e mulher Maria Inácia, casados no regime da comunhão geral de bens e o prédio indicado na alínea c), por compra a José Lourenço e mulher Ilda Rita; todos residentes em Mealha referida. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e contribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião. Vai conforme o original. Tavira, aos 01 de Abril de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO454/2015 Factura nº. 0454 (POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)
ÔÔ Maria Nunes recusa-se a abandonar a tecelagem
lamentou, acrescentando que só de vez em quando é que surgem interessados. Recentemente, uma rapariga pediu-lhe para ensinar a fiar e a tecer, o que a deixou muito contente e orgulhosa. Apesar da idade avançada e dos problemas de saúde, Maria Nunes recusa abandonar a tecelagem, dedicando “algumas horas diárias ao tear para manter a cabeça ocupada e a fazer o que dá prazer”. “A partir de agora apenas faço pequenos trabalhos e, quando a saúde permite, participo nalgumas feiras e exposições aqui na região do Algarve”, contou a tecedeira de Monchique. Lusa pub
VENDA
ALGARVE - CABANAS DE TAVIRA FLORENTINO MATOS LUIS, Administrador de Insolvência, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, 48-A - 1700-031 LISBOA, nomeado nos Autos de Insolvência nº. 579/11.1TBTVR, a correr termos pela Instância Central – Secção do Comércio – J2 – Comarca de Faro - Olhão, em que foi declarada insolvente a firma DUJA - Sociedade de Construções, Ldª., vai proceder à venda no estado físico e jurídico em que se encontra, por negociação particular e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, do seguinte imóvel: Lote de terreno para construção, com a área total de 287 m2, sito na Rua Capitão Baptista Marçal, nº. 11, em Cabanas, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob a ficha nº. 892/20071212, da freguesia de Cabanas de Tavira, e inscrito na matriz predial urbana sob o artº. 1707. Recebem-se propostas, ficando a aceitação das mesmas condicionada à aprovação da Comissão de Credores. Para efeito da apresentação das propostas, o bem pode ser visto mediante marcação, através dos telefones 218406953 e 917247040. REGULAMENTO: • As propostas serão remetidas, até ao dia 27/04/2015, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de DUJA - Sociedade de Construções, Ldª., Florentino Matos Luis, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, nº. 48-A, 1700-031 LISBOA. • As propostas deverão conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa colectiva; representante, em caso de pessoa colectiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor oferecido por extenso. • A abertura das propostas realizar-se-à no dia 29/04/2015, pelas 15H00, no escritório do Administrador da Insolvência, sito na Av.Almirante Gago Coutinho, 48-A, em Lisboa, na presença dos elementos da Comissão de Credores e dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/ propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. • Desde que exista mais que um proponente com propostas válidas serão os mesmos convidados a licitarem entre si a compra do bem, cujo valor base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 15H30 do referido dia, ficando a aceitação desta condicionada à aprovação da Comissão de Credores • O proponente da maior proposta apresentada entregará, um cheque de 20% do valor proposto, a título de sinal, o qual só será movimentado após aceitação da mesma, sendo os restantes 80% pagos no ato da transmissão. • A escritura será outorgada no prazo de 60 dias. • Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido. • Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes. • Caberá ao Meretíssimo Juíz do processo de insolvência, a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento. O Administrador da Insolvência (Florentino Matos Luis) (POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)
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IEFP - Algarve inicia novos cursos de aprendizagem pág. 7
VI Jogos de Quelfes abrem sábado
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Albufeira convida população a apresentar propostas
Evento promove Olimpismo como filosofia de vida d.r.
O AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO acolhe no próximo
sábado a Cerimónia de Abertura dos VI Jogos de Quelfes, um grandioso espectáculo audiovisual de pendor vincadamente humanista, dando assim o pontapé de saída para uma festa de grande actividade desportiva e cultural, onde a filosofia do Olimpismo é a grande protagonista. Envolvendo um forte leque de entidades, de onde se destacam os Municípios de Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel e Tavira, as associações de andebol, atletismo, basquetebol, esgrima e natação, o IPDJ ou a Academia Olímpica e o Comité Paralímpico de Portugal, este evento utiliza o desporto e a cultura para incutir nos alunos do 1.º ciclo um conjunto de prerrogativas que potencie a aquisição de competências pessoais e sociais mas, sobretudo, alimente a vontade de progredir e melhorar todos os quadrantes da
ÔÔ Durante uma semana 1.500 alunos disputam vários jogos olímpicos existência humana - O Espírito Olímpico. Durante uma semana, os alunos de Albufeira e Silves juntam-se aos colegas dos concelhos anfitriões, num total de 1.500, para competir nalgumas das mais emblemáticas arenas desportivas do Algarve, como é o caso das Piscinas de Quarteira, do Pavilhão
Eduardo Mansinho em Tavira ou do Estádio Algarve, tendo sempre presente aquilo que faz, deste evento, algo único e muito especial, como é o caso de todas as equipas lerem um texto elogioso ao adversário antes de qualquer partida, a ênfase colocada na superação pessoal ou a promoção da responsabilidade social, através
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A RECOLHA DE PROPOSTAS DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
de acções como a recolha das tampas das garrafas de água para propósitos humanitários. As actividades encerram domingo, dia 19, pelas 16 horas, em São Brás de Alportel, onde o Pavilhão Municipal acolherá a grande Cerimónia de Encerramento. Com o apoio do Comité Olímpico de Portugal, “os Jogos de Quelfes constituem uma celebração das origens mitológicas deste Movimento Educativo, sendo, actualmente, o maior e mais emblemático evento de promoção do Olimpismo em Portugal e também o único, no nosso país, a merecer a chancela da Academia Olímpica Internacional e do Centro Internacional para a Trégua Olímpica, instituições que no seio do Movimento Olímpico, se dedicam à promoção do Olimpismo enquanto filosofia de vida e da paz”, explica a comissão organizadora em nota de imprensa enviada à nossa redacção.
(OP) 2016 em Albufeira já se iniciou e decorre até à próxima quinta-feira, dia 16. O OP que abrange todo o território municipal é, este ano, dedicado à promoção da “Qualidade de Vida” e dispõe de uma verba de 100 mil euros, destinada a financiar os projectos que vierem a ser seleccionados pelos cidadãos do concelho. A primeira sessão pública de participação teve lugar na passada segunda-feira na Escola EB 2, 3 da Guia. A seguinte realizou-se esta quinta-feira na Escola Secundária de Albufeira Refira-se que o objectivo destas sessões passa por promover a apresentação de propostas de investimento destinadas a favorecer a definição colectiva de prioridades através do debate a implementar entre todos os participantes. No final, pretende-se que haja consenso para eleger as propostas que apresentem melhores condições para prosseguir para a fase de análise técnica. As próximas sessões já estão marcadas com o seguinte ca-
ÔÔ Carlos Silva e Sousa lendário: 11 de Abril – salão da Junta de Freguesia de Paderne (17h); 13 de Abril – Escola EB 2, 3 de Ferreiras (20h30) e 16 de Abril – Escola EB 1 de Olhos de Água (20h30). O OP foi implementado pela primeira vez, em Albufeira, durante o ano passado. A iniciativa deu então origem à escolha do projecto de construção de um centro de bem-estar animal, em Vale Pedras, como aquele em que a autarquia liderada por Carlos Silva e Sousa deveria investir os 60 mil euros então destinados ao orçamento participativo.
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CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA Edital nº. 12/2015
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CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA Edital nº. 13/2015 Jorge Manuel do Nascimento Botelho
Jorge Manuel do Nascimento Botelho
Presidente da Câmara Municipal de Tavira
Presidente da Câmara Municipal de Tavira
TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 31 de março de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:
TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 17 de março de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:
1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 44/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Cáritas Diocesana de Beja - Reabilitação de munícipe;
1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 38/2015/CM, referente a Associação Uma Porta Amiga - Apoio ao projeto “Apartamento de Autonomização”;
2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 45/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Cruz Vermelha Portuguesa;
2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 39/2015/CM, referente a Atribuição de apoio em espécie à Associação Viver Cabanas;
3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 46/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à ARMAÇÃO DO ARTISTA - Associação Artístico-Cultural e Desportiva;
3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 40/2015/CM, referente ao Jazigo de consumpção aeróbia n.º 142, Grupo K, Rua H, 2.º piso - Gracinda Maria Serôdio - Isenção de taxa de ocupação;
4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 47/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Raiz - Associação de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social;
4. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 41/2015/CM, referente a APSI - Associação para a Promoção da Segurança Infantil - Revogação da adesão;
5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 48/2015/CM, referente a Anulação de auxílios económicos para livros escolares;
5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 42/2015/CM, referente a APHM - Associação Portuguesa de Habitação Municipal - Revogação da adesão; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 43/2015/CM, referente a Atribuição de apoio – Sociedade da Banda de Tavira. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 17 de março do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,
6. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 49/2015/CM, referente a Assunção de compromissos plurianuais – Delegação de competências no Presidente, até ao limite de €99.759,58; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 50/2015/CM, referente a Parque habitacional social - Plano de incentivos à regularização da mora; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 51/2015/CM, referente a Atribuição de topónimo - Freguesia de Santa Luzia. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 31 de março do ano 2015
Jorge Manuel Nascimento Botelho
O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho
(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)
(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)
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Ferragudo teme que redução de molhe aumente inundações pág. 8
Vila Real vai receber grandes nomes da cultura ‘Sinónimos de Leitura’ é a iniciativa da Biblioteca Municipal em que vão participar nomes como, Pilar del Rio, Freitas do Amaral ,Mário Zambujal e Sérgio Godinho AS CONVERSAS à volta do uni-
verso dos livros, da leitura, do teatro e da literatura regressam a Vila Real de Santo António com um ambicioso programa que traz até à Biblioteca Municipal Vicente Campinas grandes nomes da cultura nacional e ibérica como Freitas do Amaral, Pilar del Rio, Sérgio Godinho ou Mário Zambujal. Pelo quarto ano consecutivo, entre os próximos dias 16 e 24, o ciclo “Sinónimos de Leitura” reúne dezenas de autores, ilustradores, contadores de histórias e profissionais do palco num ambiente informal onde a troca de ideias e o debate são de participação totalmente livre. Além de um vasto programa que inclui apresentações e lançamento de livros, sessões de conto e poesia e conversas com autores, a
d.r.
iniciativa reserva igualmente espaço para uma feira do livro, teatro e oficinas de música, dança e expressão plástica.
CARTAZ PARA TODOS OS PÚBLICOS E FAIXAS ETÁRIAS Com um
cartaz para todos os públicos e faixas etárias, o evento tem como convidados os investigadores e académicos Filipe Vasconcelos Romão, que apresentará o livro “Nacionalismos espanhóis – tensão e conflitualidade” (16) ou Freitas do Amaral, que apresentará o livro “Uma introdução à Política” (17). O cantautor Sérgio Godinho também se associou à programação e irá apresentar, na primeira pessoa, a sua obra “Vidadupla” (21), enquanto o escritor Mário Zambujal falará de “Serpentina”, o seu mais recente trabalho (23). O universo de José Sara-
ÔÔ Biblioteca reúne grandes nomes da cultura nacional e ibérica mago volta a estar em destaque com uma palestra que contará com a presença de Pilar del Rio (presidente da Fundação José Saramago) e do académico Carlos Reis, que apresentará o último
texto editado de Saramago intitulado “Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas” (17). Simultaneamente, estará patente, durante todo o ciclo, a exposição “Mail Art”,
de Diego Mesa, produzida a partir do livro “Levantado do Chão”, de José Saramago. Para ampliar as perspectivas e os caminhos que tornam possível a leitura, será dado um importante destaque à ilustração no universo da literatura e promovido um encontro com a ilustradora Danuta Wojciechowska (23). As celebrações de Abril também dão corpo ao programa: na manhã do dia 24 será exibido o documentário de Edgar Pêra “25 de Abril - uma aventura para a democracia”, enquanto a tarde será dedicada ao debate “O 25 de Abril nos media do século XXI”.
Paralelamente, os Sinónimos de Leitura dão espaço às artes de palco, com duas apresentações do grupo de teatro “A Gorda” (dia 22) e um espectáculo do grupo “Doismaisum”, também dedicado à revolução de Abril. As sessões de conto – especialmente dedicadas ao púbico escolar - serão uma constante ao longo da semana, com diversas acções que se farão ouvir pelos diferentes espaços da biblioteca. O ciclo “Sinónimos de Leitura” é organizado pela Câmara de Vila Real de Santo António/Biblioteca Municipal Vicente Campinas. Todos os eventos têm entrada livre. PUB
Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial de Tavira
Extrato de Escritura de Justificação CONCURSO VAI SER DISPUTADO ENTRE 2 DE MAIO E 6 DE JUNHO
Vila do Bispo procura novos talentos do fado d.r.
AS INSCRIÇÕES para a 16ª edi-
ção do Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho de Vila do Bispo já podem ser feitas. O concurso, que se realiza de 2 de Maio a 6 de Junho, destina-se a todos aqueles que cantam fado e para participarem devem inscrever-se num dos dois escalões etários definidos: dos 6 aos 17 anos, correspondente à vertente juvenil, e a partir dos 18 anos que corresponde à vertente sénior. A vertente juvenil é composta por quatro eliminatórias e uma final. Para os fadistas com idades superiores ou iguais a 18 anos, o concurso será disputado ao longo de quatro eliminatórias, uma semifinal e uma final. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por via postal dirigidas ao Centro Cultural de Vila do Bispo, Largo do Município, 8650-407 Vila do Bispo; pelo telefone 282 630 600, fax 282 639 325, email - tania.lucas@
ÔÔ Ana Rato foi a vencedora da última edição do concurso de fado cm-viladobispo.pt e ainda pessoalmente nos serviços da cultura a funcionarem no Centro Cultural. As normas de participação bem como a ficha de inscrição e declaração de responsabilidade (para concorrentes com idades inferiores a 18 anos) encontram-se disponíveis no sítio on-line da Câmara de Vila do Bispo.
O concurso vai ser disputado ao longo de quatro eliminatórias, uma semifinal e uma final. A primeira decorre já no próximo dia 2 de Maio, no Salão de Festas Nossa Senhora da Graça, em Sagres. A segunda está agendada para o dia 9 de Maio, no Salão de Festas Tempomar, no Burgau. A terceira
e a quarta eliminatórias estão marcadas para os dias 16 e 23 de Maio, em Budens e no Auditório do Centro Cultural de Vila do Bispo, respectivamente. A final da vertente juvenil e semifinal para o dia 30 de Maio, no Pavilhão Multiusos da Raposeira. A final está agendada para o dia 6 de Junho, no Salão de Festas da Sociedade Recreativa de Barão de São Miguel. “Divulgar e estimular o gosto pelo Fado, Património Imaterial da Humanidade, bem como dar a conhecer novos talentos musicais, são alguns dos objectivos” referidos pela Câmara de Vila do Bispo, entidade promotora da iniciativa que “contribui para o desenvolvimento cultural do concelho”. À semelhança do ano passado, a Cerveja Sagres é a patrocinadora oficial do evento.
CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em dezanove de Março de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e vinte e quatro e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e oito – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: - Natália do Nascimento Pereira Viegas, viúva, natural da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, residente na Rua Frei João de São José, n.º 4, r/c dto, 8800-461 Tavira, declarou: - Que é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, do prédio rústico composto por terra de cultura e pastagem com árvores, com a área de oito mil e sessenta metros quadrados (8.060,00 m2), sito na Fonte Salgada, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, que confronta a Norte e Nascente com José Pereira Lourenço, a Sul com Marcelo Cansado e irmãos, e a Poente com José Sebastião de Jesus, inscrito na matriz da actual freguesia em nome da herança de Manuel Lourenço, sob o artigo 33881, com proveniência no artigo 33126 da anterior freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 643,45 €, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira; - Que este prédio, veio à posse dela justificante, por compra meramente verbal no ano de mil novecentos e noventa e três, em data que não pode precisar, feita a Manuel Lourenço e mulher Maria Segunda, actualmente já falecidos e residentes que foram no Curral dos Boeiros, nunca chegando a outorgar a respectiva escritura, não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo do prédio em seu nome. - Que, porém, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser titular do respectivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respectivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e dele retirando os respectivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invoca. Tavira, 19 de Março de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/559 (POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)
10 de Abril 2015 | 7
região
IEFP - Algarve inicia novos cursos de aprendizagem Mais oferta formativa na região com formação dual d.r.
ÔÔ Cursos destinam-se a jovens com idade inferior a 25 anos
OS SERVIÇOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL do IEFP - Algar-
ve vão iniciar cinco novos cursos de Aprendizagem, durante o corrente mês de Abril. Os cursos, que funcionam num sistema dual, destinam-se a jovens com idade inferior a 25 anos, permitindo obter uma dupla certificação, escolar (12º ano) e profissional (nível 4). O sistema dual caracteriza-se pela conjugação da componente teórica com a componente prática, em contexto de trabalho, favo-
recendo a inserção no mercado de trabalho e o prosseguimento de estudos de nível superior.
TRÊS MIL E 200 HORAS DE CURSO DAS QUAIS CERCA DE METADE SÃO PRÁTICAS Um percur-
so de aprendizagem dura aproximadamente 3.200 horas (cerca de dois anos e meio), das quais 1.500 são realizadas em empresas que acolhem os formandos. Ao longo dos últimos anos, a procura dos jovens por esta modalidade de formação tem
A iniciar no mês de Abril estão previstos os segintes cursos:
vindo a aumentar. Em 2014, o IEFP Algarve abrangeu quase 1.500 jovens nesta modalidade de formação. A oferta formativa disponibilizada pela Delegação Regional do Algarve é diversificada, está disponível em toda a região, e procura responder às necessidades de trabalhadores qualificados, manifestadas pelas empresas. A inscrição para estes novos cursos pode ser feita nos Serviços de Emprego do IEFP IP e a pré inscrição em https://www. iefp.pt/en/ofertas-formacao.
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8 | 10 de Abril de 2015
REGIÃO
Ferragudo teme que redução de molhe aumente inundações População receia aumento da insegurança na zona ribeirinha d.r.
A PREVISTA REDUÇÃO DO MOLHE DE FERRAGUDO para per-
mitir a entrada de grandes navios de cruzeiro em Portimão está a preocupar os autarcas de Lagoa, que temem um aumento da insegurança na zona ribeirinha. A zona ribeirinha de Ferragudo, pequena vila piscatória, atravessada por um canal fluvial e que está separada de Portimão pelo Rio Arade, costuma ficar inundada sempre que há tempestades, ondulação forte ou marés vivas, o que por vezes sucede mesmo no Verão, alagando o principal largo da vila, onde se situa boa parte do comércio e restauração. As intervenções previstas para o porto de Portimão que permitirão que a estrutura possa receber navios de cruzeiro de grande porte, actualmente impedidos de aceder à infra-estrutura por falta de desassoreamento dos canais de navegação -, vão obrigar a uma reconfiguração do molhe de Ferragudo,
ÔÔ Em baixo à direita o extenso molhe de Ferragudo que protege toda a margem esquerda do Arade que deverá ser diminuído em cerca de 70 metros. Em declarações à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Ferragudo, Luís Alberto, disse que, apesar de ainda se aguardar pela conclusão de estudos técnicos, “tudo leva a crer” que a diminuição do molhe vai fazer com que haja uma maior deposição de areia em determinadas zonas e, por outro lado, uma maior probabilidade de
inundações em Ferragudo. “O que vai acontecer é que, não só em caso de chuva, mas quando houver marés cheias ou maré maior, iremos ter zonas mais inundadas”, afirmou, argumentando que é a favor do desenvolvimento turístico, mas desde que as populações e os turistas estejam protegidos.
VEREADORA MANIFESTA GRANDE PREOCUPAÇÃO COM A IN-
TERVENÇÃO Anabela Simão,
vereadora da Câmara de Lagoa com os pelouros do Ambiente e Litoral e Orla Costeira, manifestou à Lusa uma “grande preocupação” com a prevista intervenção, afirmando que aguarda a conclusão do estudo da hidrodinâmica do local, que está a ser efectuado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). “Uma das coisas nefastas
FESTIVAL SPRING BOOGIE 2015
d.r.
O AERÓDROMO MUNICIPAL DE PORTIMÃO voltou a ser o local
ÔÔ Festival conta com trezentos praticantes da modalidade zados dois aviões Dornier G92, aeronaves de duas turbinas com capacidade para transportar simultaneamente 15 pára-quedistas, que realizam os seus saltos a partir dos 14 mil pés de altitude, em cerca de 13 minutos. Estas aeronaves são usadas no Reino Unido para a maior competição de pára-quedismo do mundo: o
ao histórico que existe, comparando com o que acontece noutras barras, não vejo isso como um grande problema e vejo mais até como uma oportunidade para a região”, defendeu o biólogo. Além da intervenção no molhe da entrada da barra de Portimão, está ainda prevista a requalificação do cais ribeirinho de Ferragudo e da Praia da Angrinha. No primeiro caso, deverá ser feito um reordenamento da área ribeirinha, onde os pescadores depositam actualmente as suas artes de pesca, delimitando a área atribuída a cada barco ou pescador. No caso da Praia da Angrinha, situada numa zona contígua e onde existem actualmente 29 barracas de apoio à pesca e actividades náuticas, prevê-se que sejam demolidas algumas estruturas mais próximas da base das arribas e que toda a área seja requalificada. Lusa
DISTINÇÃO
Pára-quedistas invadem céu de Portimão de eleição para algumas centenas de pára-quedistas europeus, que, até o próximo domingo, participam no Festival Spring Boogie 2015. O evento é promovido pela Paralvor, através da Skydive Algarve, e conta com a participação de cerca de trezentos praticantes da modalidade vindos da Alemanha, Áustria, Suíça, Noruega, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Espanha e Portugal, muitos dos quais acompanhados pelas suas famílias, que escolheram este período para passar férias na região, dinamizando assim a actividade económica local, em particular nos sectores da hotelaria, restauração, aluguer de carros e comércio. Durante o festival são utili-
que podem acontecer é a retirada de areias das nossas praias estuarinas, segundo nos dizem os nossos pescadores”, afirmou, lembrando que a tempestade registada em Janeiro do ano passado fustigou toda a zona do molhe de Ferragudo, arrastando pedras de grande dimensão para o lado do rio. Ouvido pela Lusa, André Dias, do Centro de Observação de Cetáceos do Algarve, que opera a partir de Ferragudo, afirmou que a barra de Portimão “é uma das mais seguras do país”, em termos de entrada de mar, uma vez que apenas não está protegida contra o mar que vem do Sul, o que só acontece “uma vez por ano, ou de ano a ano”, tempestades que conseguem sempre prever-se com alguma margem. “Obviamente, se ela [a barra] for um pouco maior, a onda entra com mais força e pode causar algum tipo de problema, no entanto, face
Campeonato Nacional Britânico de Pára-quedismo (British Skydiving Championships). A conhecida Satory Academy está a treinar durante o evento, sob a orientação de Julia Fozwell, campeã britânica de VF4 e campeã mundial feminina. As modalidades de LO, RW, Free Fly, AFF Course, Beach Jumps, Wing Suit Camp, 2do28@Al-
garve, e Hight Altitude Jumps constam no programa do festival e a atrair a presença de muitos outros pára-quedistas europeus está Marco Arrigo, o campeão italiano de Voo de Formação. Ally Milne, do Reino Unido, campeão britânico de Formação Vertical e recordista europeu de Freefly está também a ajudar a organizar e treinar grupos de pára-quedistas. Durante o evento, a Skydive Algarve tem organizado saltos para a Praia de Alvor, oferecendo aos pára-quedistas a oportunidade de aterrar e observar o pôr-do-sol de Alvor. Os Saltos Tandem estão disponíveis ao público ao preço normal, oferecendo a possibilidade de saltar a uma altitude de 14 mil pés acompanhado por um instrutor qualificado.
Doutorando da UAlg vence Prémio Fluviário - Jovem Cientista d.r.
THIAGO ROCHA, investigador e
doutorando da Universidade do Algarve, foi vencedor do “Prémio Fluviário 2014: Jovem Cientista do Ano”, com o artigo “Immunocytotoxicity, cytogenotoxicity and genotoxicity of cadmiumbased quantum dots in the marine mussel Mytilus galloprovincialis”, publicado na revista científica “Marine Environmental Research”. Thiago Rocha é natural do Brasil e está a desenvolver a sua tese de doutoramento em Ciências do Mar, da Terra e do Ambiente, no Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve, ao abrigo do programa Ciência sem Fronteiras. O “Prémio Fluviário – Jovem Cientista do Ano”, lançado em
ÔÔ Thiago Rocha à direita na imagem
2010, em conjunto com o seu Núcleo de Investigação (NIFM), pretende distinguir um aluno (PhD, MSc, Lic.) que tenha publicado, como primeiro autor, um artigo na temática conservação e biodiversidade de recursos aquáticos continentais. Dos cinco prémios atribuídos pelo Fluviário este é o segundo atribuído a investigadores da Universidade do Algarve.
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SEXTA
SÁBADO
DOMINGO
SEGUNDA
TERÇA
QUARTA
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Santos Pinto
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Edite
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-
-
Sousa Coelho
-
QUINTA Santos Pinto Central
FARO
Pereira Gago
Penha
Baptista
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Crespo
Palma
LAGOA
Vieira Santos
Vieira Santos
Lagoa
Lagoa
Lagoa
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LAGOS
Lacobrigense
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Ribeiro
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Rio
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Moderna
QUARTEIRA
Miguel
Algarve
Algarve
Algarve
Algarve
Algarve
Algarve
SÃO BART. DE MESSINES
-
SÃO BRÁS DE ALPORTEL
S. Brás
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SILVES
Cruz Portugal
TAVIRA
Sousa
VILA REAL de STº ANTÓNIO
Pombalina
Algarve
Dias Neves
-
-
-
Dias Neves
João de Deus
Guerreiro
-
Montepio
Montepio
Mª Aboim
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Felix
Sousa
Carrilho
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10 de Abril de 2015 | 11
> > SOLUÇÃO da edição passada
> > ASSINALE A FRASE CORRETA
A – Eu movome depressa. B – Eu movu-me depressa. C – Eu môvo-me depressa. D – Eu movo-me depressa.
A – Qualquer revistas me agradam. B – Qualqueres revistas me agradam. C – Quaisqueres revistas me agradam. ;; D – Quaisquer revistas me agradam.
Sobe & desce
Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
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A venda de Vilamoura a uma empresa norte-americana gestora de fundos de investimento pode significar um importante sinal de confiança no Algarve enquanto destino de investimentos imobiliários e turísticos (Ler pág. 2).
Moreira da Silva não recua nas demolições na Ria formosa. A verdade é que a pressa foi em demolir, deixando para trás o muito que há para fazer e que faria muito mais sentido antes de destruir (Ler pág. 3).
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Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
Tiragem desta edição:
8.072 exemplares
opinião
Beja Santos
Assessor do Instituto de Defesa do Consumidor e consultor do POSTAL
A jornalista e escritora Leonor Xavier escreveu o seu testemunho sobre a batalha que travou com um cancro, “O corpo estranho dentro do corpo, passageiro clandestino”. Parecem páginas de um diário, entremeadas de dizeres retirados de bloco de notas, mesmo de papéis avulsos garatujados em sala de espera. É essa a grande encenação literária, a inversão da escala, a mistura entre o palco e os bastidores, o estar a falar num ensaio ou a
declamar para a assistência, e ludibriar-nos sobre os tempos e lugares. Depois amassa-se todos estes ingredientes, e neste caso, “Passageiro Clandestino”, por Leonor Xavier, Temas e Debates, 2014, temos obra-prima, um dos acontecimentos literários de 2014. Somos logo espevitados no abrir das hostilidades: “As histórias podem contar-se ao contrário. Mas só quando começam e acabam, quando se lhes conhecem as curvas e os contornos, quando as personagens que as povoam estão definidas, quando há um começo e um fim que possa ser o começo de outra história e de outra, até mais não”. E assim vai começar uma aventura, a descoberta de que se tem cancro, de que se está à mercê dos médicos, dos meios auxiliares de diagnóstico, da quimioterapia, das biópsias, das esperas nos
consultórios. E as operações e a ansiedade dos resultados. A doente confronta-se com o novo vocabulário, nomes como leucócitos e plaquetas, basófilos e monócitos, como se dessas palavras pudesse saltar a faísca para o caminho da cura. Assumido o estatuto de doente, passamos a cavalgar solidariedades, os outros, amigos e vizinhos dão pormenores sobre o diagnóstico, a eficiência do hospital, a duração dos tratamentos, é assim silenciosa a união entre doentes de cancro. Porque há intimidades que só se devem ter dentro da confraria: “A partir de um certo momento, percebi que esta viagem de cancro só pode ser comentada com companheiros de percurso. A tendência daqueles que não acompanham estes meus passos é para solidariamente se aproximarem de mim (…) Agradeço-lhes do
fundo do meu coração, sem palavras para lhes dizer o quanto forte é o agradecimento. Mas não sabem eles que estamos a seguir por caminhos colados, mas paralelos, desde o momento em que este ponto final do destino apareceu nas nossas vidas”. Depois, redescobre-se a casa, os olhares sobre o mundo, as bagatelas ganham outro sabor, chegam mensagens de diferentes proveniências, o doente está exausto, as recordações e memórias desencontradas afloram em tropel, é bom que fiquem registadas assim, o leitor que lhes tire o proveito. Até porque há uma razão particular: “O cancro é uma viagem, e como as mais comuns viagens, tem as suas peripécias interiores. São elas uma boa razão para nos animarmos, já que há variados casos para contar, entre ir e
voltar, partir e chegar”. A doente entrega-se à vontade de Deus, di-lo com recato, e com a mesma serenidade com que se despedirá do leitor, depois das batalhas, e com uma nova espera pelo caminho: “Não tenho previsões de futuro, mas projectos de viagem por dentro e por fora, num mundo a múltiplas dimensões. Na urgência do tempo, situo-me no presente, sem prazos, sem perguntar onde, quando, como será. Entrego-me. Estou certa de que desistir, desanimar, resignar-me não são bons caminhos para perceber como consenti que o passageiro clandestino tenha abusado de mim. Nada melhor do que um palavrão bem pronunciado, para dizer a dor. O amor à vida, que não é coragem nem bondade, que não é inteligência nem dever, é o dom que tudo explica”.
Maus presságios e bons augúrios Ana Amorim Dias - Escritora
www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com
O tempo não era muito, mas eu não quis pisar no acelerador. - Não, não! Não vou mais depressa, já viste que mau presságio seria, se apanhasse uma multa mesmo antes da primeira apresentação da tua biografia? - Porque têm as pessoas essa
mania, Ana? - Qual? - De inventar travões. Não há porque inventar travões! Os maus presságios são uma invenção estúpida dos receosos. - E os bons augúrios? Como os vês? - Sim, esses podemos dar-nos ao luxo de ter. Lembra-te sem-
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pre de algo: duvidar é perder o controle. Fica longe de tudo o que te faça duvidar de ti, especialmente se fores tu a inventá-lo. Parece-me óbvio, não? - E lógico! Nem maus presságios, nem bons augúrios. Confiar e não perder o controle. Assim tudo corre bem.
O POSTAL
Tiragem desta edição:
8.072 exemplares
regressa no dia 24 de Abril
Biblioteca Municipal de Faro sopra 14 velas OrBlua e Contos Tradicionais animam a festa d.r.
A BIBLIOTECA MUNICIPAL DE FARO ANTÓNIO RAMOS ROSA assinala no próximo dia 23 o seu 14º aniversário, que coincide com a comemoração do Dia Mundial do Livro. Ao longo destes 14 anos de actividade, a biblioteca tem desenvolvido uma importante acção cultural no concelho, “através da sua programação própria, da responsabilidade dos seus vários serviços, que vão das mostras documentais e bibliográficas à relevante actividade desenvolvida pelo Serviço Educativo, na vertente da formação, e numa procura de melhoria constante na prestação de serviços aos leitores que nos procuram”, refere o comu-
ÔÔ OS Orblua actuam na biblioteca em dia de aniversário nicado de imprensa enviado à nossa redacção. Por outro lado, como um local de acolhimento, cada vez com mais relevo, das actividades de agentes culturais, autores, editores e
outras associações, no que respeita a “conferências, seminários, exposições, música e cinema, acções de formação e outras actividades de divulgação sociocultural”, destaca. pub
Do programa do aniversário, destaca-se, de 20 a 30 de Abril, a Mostra Bibliográfica Poesia Liberdade Livre, um percurso da vida e obra de António Ramos Rosa (patrono da Biblioteca); no dia 23, às 10 e 14 horas, Histórias em Movimento, um espaço reservado aos mais novos, da responsabilidade do Serviço Educativo da Biblioteca Municipal de Faro. A terminar o dia e a partir das 21.30 horas, será inaugurada a exposição “Retratos Cinéticos”, de Jorge Jubilot, e apresentado o livro/ álbum homónimo por Eduardo Pinto; seguindo-se um momento musical com a actuação dos OrBlua e Contos Tradicionais por Ana Pi.
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d.r.
Grande ecrã: d.r.
59 anos de cinema em Faro
p. 3
Letras e Leituras: d.r.
Americanah, uma obra de Chimamanda Ngozi Adichie
p. 4
Espaço Alfa: d.r.
Panorâmica:
FNAC: cada vez mais um pólo cultural
A paixão pelos retratos a preto e branco
p. 5 d.r.
p. 7
Da minha biblioteca: d.r.
ABRIL 2015 n.º 79
Herberto Helder, in memoriam
p. 11
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
Recursos patrimoniais versus sustentabilidade: o caso de Vila do Bispo
8.072 EXEMPLARES
p. 10
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Cultura.Sul
Património Cultural Imaterial no Algarve: Passado, Presente e Futuro
A Memória é dos grandes
Missão Cultura
Editorial
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
A Memória é dos grandes. Não a memória de cada um de nós, mas a Memória, a coisa colectiva que recorda o que verdadeiramente importa e é repositório da identidade cultural de um povo. Essa universalidade imaterial feita de vapores da imagem que nos deixam aqueles que são verdadeiramente marcantes e, muitas vezes, feita de um ideário colectivo transmitido de geração em geração em cumprimento do passar ao futuro a lembrança do que verdadeiramente não se pode jamais esquecer. A Memória, esta, é dos grandes, dos grandes factos e acontecimentos, dos grandes medos e temores, dos maiores perigos e lutas, das melhores e das piores personagens que povoaram esta nossa terra. Aos verdadeiramente grandes reservamos por acto quase compulsivo de criar um património identitário, que se vai construindo de mil peças, um lugar nela. Está reservado a estes enormes de todos os tempos, pessoas e factos, um espaço de relevo na tábua rasa da História e nela, sulcadas a ferro quente, ficam as marcas de quem e do que verdadeiramente importa. Muitos tudo fazem para caberem neste rol de eleitos, e tantas vezes falham miseráveis, outros simplesmente existem e pela simples existência, de um valor que muitas vezes têm por somenos, são verdadeiros proprietários de um lugar nos anais da suprema forma de existência. Exemplos por direito deste direito à Memória, Herberto Hélder e Manoel de Oliveira são, hoje já não entre nós, aquilo que já eram antes, dignos nomes da nossa Memória colectiva.
Direção Regional de Cultura do Algarve
A cultura é hoje perspetivada como um processo de constante produção de significados, como forma de construção de identidade social. Qualquer política cultural deve promover a reconstrução de uma identidade pelos grupos sociais, ou mesmo pelos indivíduos, atendendo às especificidades locais, aos seus públicos e formas de expressão culturais (incluindo as tradições). A par das tendências globalizantes e de uma uniformização de comportamentos e modelos de desenvolvimento associados a uma sociedade designada de pós-moderna, emergem as preocupações com o reconhecimento e salvaguarda das identidades culturais locais. Recorrendo às palavras de Luís Aires-Barros (1995:2) a propósito do património construído “Quando o povo perde o seu património cultural, perde-se na memória do futuro, já que o seu passado não tem futuro e no presente não guardamos a sua memória”1. No entanto, o Património
Cultural Imaterial (PCI) e as suas manifestações diferem do património móvel e imóvel em definição, mas também em formas de proteção. Podem ser incluídos no PCI: tradições e expressões orais; expressões artís-
que o PCI tem previsto no âmbito do seu regime de proteção legal, o registo no Inventário Nacional do PCI, como a sua forma principal de salvaguarda (Dec. Lei n.º 139/2009 de 15 de Junho e Portaria n.º196/2010,
médio prazo, o regime jurídico de proteção legal denomina-se “salvaguarda urgente”. Uma vez que estamos em período de grandes festividades religiosas associadas à quadra Pascal, há que assumir que algumas d.r.
Saberes, técnicas, objetos e lugares são transmitidos de geração em geração ticas e manifestações de caráter performativo; práticas sociais, rituais e festivais; conhecimentos e práticas relacionadas com a natureza e o universo; e saberes e técnicas tradicionais. Por sua vez, os bens móveis e imóveis possuem três níveis de proteção: interesse nacional, público ou municipal, enquanto
de 9 de Abril). Quando o PCI em processo de inventariação não está em risco eminente de desaparecimento ou ameaça a sua forma de proteção e salvaguarda traduz-se no registo em Inventário Nacional, mas quando há uma manifestação em risco de desaparecimento no curto ou
destas manifestações são hoje importantes marcos das dinâmicas da identidade regional e local que importa salvaguardar. O Algarve inclui várias manifestações de Património Cultural Imaterial que é necessário registar, inventariar e salvaguardar. A consagração de Dieta Mediterrânica como Património
da Humanidade pela UNESCO trouxe um grande impulso e outro olhar sobre este ‘novo património’, mas outros interessará reconhecer e proteger. Com o envolvimento direto da Direção Regional da Cultura do Algarve, para além do apoio à salvaguarda da Dieta Mediterrânica, decorre durante este ano, o apoio técnico à inventariação e registo de quatro manifestações: a Festa da Chouriça de Querença (Loulé), a Festa das Tochas Floridas de São Brás de Alportel, a Festa da Pinha em Estoi (Faro) e na doçaria regional, o Dom Rodrigo em Lagos. No âmbito do PCI incluem-se saberes, técnicas, objetos e lugares que as comunidades reconhecem como sua pertença e que são transmitidos de geração em geração, sendo objeto de constante recriação e proporcionando um sentido de continuidade e de identidade. Este é um processo de toda a comunidade, pelo que, esperamos que seja o início de muitos outros registos que nos ajudem a preservar a memória e a identidade futura do Algarve. 1 Aires-Barros, L. (1995) As grandes questões do património cultural construído, SPPC (2), Évora
Juventude, artes e ideias
Os jovens e as conquistas de Abril
Carlos Campaniço Escritor
A pergunta que o J faz a alguns jovens desta terra vem muito a propósito, não só pelo facto de estarmos no mês de Abril, mas também como barómetro para
se perceber a importância da Revolução e suas consequências na óptica desta geração. É bem verdade que o valor da liberdade, da livre opinião ou da plural manifestação político-partidária, por exemplo, são um legado que não é questionado pelos nossos jovens, com alguma naturalidade, porque coabitam com eles desde que tomaram consciência. A questão que se colocava era: será que as gerações mais novas têm conhecimento de que as liberdades
d.r.
de Abril foram uma conquista e que estavam vedadas aos jovens, como eles, antes de 1974? Pelo conteúdo das respostas, sim. Não é despiciendo, pois, que se continue a comemorar o 25 de Abril e as suas conquistas, no mínimo para que a sua mensagem possa ir chegando sempre às gerações subsequentes. Acontece, porém, que as respostas destes jovens reflectem uma profunda consciência política e social de então, mostran-
do-se agradecidos por serem beneficiários da Revolução. Mais. Alguns deles fazem o transporte dos valores de Abril para a situação social actual do País, num raciocínio de exigência e inconformismo, o que mostra uma geração crítica e atenta. Não sabemos, pois, se esta amostra de seis respostas é uma demonstração de como pensam a globalidade dos jovens de Olhão, conquanto possamos ficar satisfeitos por aqueles que vamos auscultando.
“SUSSURROS” Até 27 ABR | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira Samantha Couto mostra um conjunto de pinturas no formato retrato de mulheres que usam véu para esconder a sua identidade
“CONCERTO PELA JAZZ’ARTE BIG BAND” 25 ABR | 21h30 | Centro Cultural de Lagos O repertório do concerto consistirá em standards e originais do jazz moderno assim como um arranjo de “Era um Redondo Vocábulo” do emblemático cantautor Zeca Afonso
AGENDAR
Cultura.Sul
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Grande ecrã Cineclube de Faro
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt CICLO “A RIR HÁ 59 ANOS” IPJ | 21.30 HORAS | ENTRADA PAGA 14 ABR | “AMAR, BEBER E CANTAR”, Alain Resnais 21 ABR | “O GRANDE KILAPY”, Zézé Gamboa 28 ABR | “O CIRCO”, Charles Chaplin A TELA AOS SÓCIOS: “FILMES MUSICAIS” | 21.30 HORAS | SEDE CCF 16 ABR “BIRD - FIM DO SONHO”, Clint Eastwood 23 ABR | “A DIVA E OS GANGSTERS”, Jean--Jacques Beineix 30 ABR | “ENSAIO DE ORQUESTRA”, Federico Fellini FÓRUM CINEMA SOBRE TRANSIÇÃO | GINÁSIO CLUBE FARENSE | 2130 HORAS 10 ABR | INTRODUÇÃO À TEMÁTICA “ECONOMIA DA FELICIDADE” 24 ABR | SAÚDE, ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA “SEMENTES DA LIBERDADE” SESSÃO ESPECIAL | CINEMA GLÓRIA | VILA REAL DE STO. ANTÓNIO | 21.30 HORAS 10 ABR | “DEBAIXO DA PELE”, Jonathan Glazer
59 anos de cinema em Faro O Cineclube de Faro celebrou no dia 6 de Abril o seu 59º aniversário. Os filmes deste mês serão, assim, uma comemoração em jeito de comédia, com o ciclo “A Rir Há 59 anos”, que teve início no dia 7 com “Viva a Liberdade”, de Roberto Andó. Destaque para a última sessão, dia 28, no Teatro das Figuras, com “O Circo”, de Charles Chaplin, a subir ao palco na companhia de Catherine Morisseau, pianista que colabora com a Cinemateca Portuguesa, que lhe encomendou um trabalho original para acompanhar esta obra única. Este mês há também uma novidade nas sessões para sócios que decorrem todas as 5ªs feiras, na sede do CCF, gratuitamente. Desta vez serão os próprios sócios responsáveis pela programação mensal. A estrear este novo formato teremos a associada Clarisse Rebelo que propõe uma jornada pelo mundo dos Filmes Musicais, começou a 9 de Abril, com “Vamo-nos Amar”, de George Cukor. O Fórum Cinema Sobre Transição é outro dos destaques, a
partir de 10 de Abril, no Ginásio Clube de Faro. A abrir teremos “Economia da Felicidade”, um olhar sobre a falência do actual modelo económico e os encontros de comunidades que visam reconstruir economias a uma escala mais humana, ecológica e localizada. Nota de especial destaque
fotos: d.r.
Cineclube de Tavira
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS 16 ABR | LEVIAFAN - LEVIATHAN (LEVIATÃ), Andrey Zvyagintsev – Rússia 2014 (140’) M/12
merece a festa de aniversário do CCF, promovida em colaboração com o Palácio do Tenente, dia 11, com um cine-concerto da dupla britânica ‘Nagra’, num espectáculo único de comunhão entre cinema e música, para celebrar o 59º aniversário deste que é um dos mais importantes e antigos cineclubes do país.
23 ABR | OUTRO PAÍS: MEMÓRIAS, SONHOS, ILUSÕES..., Sérgio Tréfaut – Portugal 2000 (70’) M/12 30 ABR | SELMA (... A MARCHA DA LIBERDADE), Ava DuVernay – Reino Unido/ E.U.A. 2014 (128’) M/12
Espaço AGECAL
Outra vez o património cultural imaterial, outra vez os mercados
Luísa Ricardo
Antropóloga, sócia da AGECAL
Salvaguardar o património cultural imaterial é torná-lo viável e para tal há que atender à vida das pessoas propriamente dita, aos contextos onde as manifestações se desenrolam e a aspectos estruturantes das comunidades, nomeadamente a sustentabilidade económica, social e ambiental. Não sou eu que digo isto, é a “Convenção para a Salvaguarda do Património Imaterial”, adoptada pela UNESCO, em 2003, e transposta para o regime jurídico português, em 2009. No ano passado, em pleno Ano Internacional da Agricultura Familiar, mais ou menos por esta altura escrevi, neste mesmo jornal, sobre a necessidade de um enquadramento legislativo adequado para salvaguar-
dar práticas e saberes tradicionais no campo da produção alimentar que constituem, atualmente, património cultural imaterial (lembremo-nos da dieta mediterrânica, por exemplo). Vimos que esta questão se relaciona com a oportunidade dos produtos chegarem ao circuito comercial e posteriormente à nossa mesa. Numa pequena unidade familiar de exploração agrícola, guardada a quantidade suficiente para consumo próprio, o restante serviria para venda, de forma a garantir mais uns rendimentos, para juntar a, frequentemente, magras reformas e/ou subsídios. Com isto estaríamos não só a garantir a transmissão de saberes e usos tradicionais mas também a reprodutibilidade de variedades autóctones, vegetais e animais, que nos servem de alimento, e também de comidas, cheiros e sabores de outros tempos. Saberes e sabores já por si muito frágeis face a uma hegemonização do gosto. Vamos dar uma volta pelo campo, aqui, nos algarves - o que vemos? Entre paisagens muito belas, vê-se, por exemplo, a fruta da época a apodrecer nas árvores ou no chão (enquanto que
d.r.
espécimes similares são pagos a preços altos nas grandes superfícies, sendo frequentemente trazidos de longe e aumentando a pegada ambiental). E porquê? Entre outros factores, as pessoas que têm pequenos excedentes não os podem vender sem terem o devido enquadramento fiscal que, feitas as contas, não lhes é vantajoso. E mesmo que cumpram todas as regras, se não podem vender os seus produtos a um preço justo, o mais provável é que deixem de os cuidar/cultivar de todo ou os
substituam por outros mais rentáveis, mais favoráveis às exigências do mercado. Para não falar do enquadramento legal que preside à indústria artesanal de transformação alimentar - bem verdade que o mesmo serve para garantir que o consumo seja seguro, no entanto também faz com que produtos feitos na porta ao lado, com todo o preceito, não cheguem à minha mesa - seja em casa, numa cantina ou num restaurante. Talvez me esteja a escapar algo. Se calhar não estou a ver corretamente todas
estas questões. No final de março, o Conselho de Ministros aprovou um regime jurídico aplicável aos mercados locais de produtores, e passo a citar o comunicado, “que prevê a criação de mercados de proximidade, promovendo o desenvolvimento dos produtos locais e do consumo local. Os sistemas agroalimentares locais estimulam a economia local e promovem a interação social entre as comunidades rural e urbana, desempenhando funções que beneficiam os produtores, os consumidores, o ambiente e a economia local”. Espero que esta legislação, cujo conteúdo efetivo se desconhece por ora, ajude a chegar ao meu prato as nêsperas do sr. José, os chícharos da dona Maria, as alcagoitas da dona Elvira, os maragotões do sr. Chico… (hipotéticos nomes de camponeses e, em simultâneo, agentes de património cultural imaterial) e consiga dar resposta a outros problemas que se colocam hoje no panorama da produção alimentar familiar. E que, actualmente, e de um ponto de vista mais alargado, também dizem respeito à gestão cultural. A ver vamos.
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Cultura.Sul
Letras e Leituras
Uma questão de cabelo (e de cor): Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
Na internet pode-se encontrar um vídeo de uma TedTalk em que Chimamanda Ngozi Adichie narra como cresceu a ler histórias infantis e juvenis de crianças de cabelos louros e olhos azuis, que adoravam brincar na neve, comer maçãs e falavam frequentemente do tempo e da sorte que tinham quando fazia um dia de sol. A ficção não podia ser mais gritantemente distinta da realidade desta autora, traduzida agora em mais de 30 línguas, nascida na Nigéria em 1977, que foi estudar para os Estados Unidos aos dezanove anos. Mais tarde, os seus contos apareceram em diversas publicações e receberam inúmeros prémios. Os seus primeiros romances foram amplamente premiados: A Cor do Hibisco foi distinguido com o Commonwealth Writers Prize 2005, finalista do Orange Broadband Prize 2004 e nomeado para o Man Booker Prize 2004; Meio Sol Amarelo venceu, em 2007, o Orange Broadband Prize, o Anisfield-Wolf Book Award e o PEN “Beyond Margins Award”. Aqui interessa falar de Americanah, o mais recente e igualmente aclamado romance. A história segue a vida adulta de uma nigeriana, Ifemelu, que vive na América e alcançou um certo estatuto na sua vida. Conseguiu uma bolsa em Princeton, tem uma relação com Blaine, professor em Yale, um homem que lhe é completamente dedicado, é conhecida pelo seu blog sobre questões de raça onde a sua voz é reconhecida como mordaz, inteligente, divertida. Mas esta mulher não está completamente satisfeita. Ao sentar-se num salão de cabeleireiro especialmente dedicado a cabelo africano, com as jovens empregadas do salão a circular em seu redor, constatando (que é como quem diz invejando) a sua pronúncia, o seu sucesso, Ifemelu parece apenas refletir
no seu passado, mergulho esse que é motivado pela cisão que se afigura na sua vida, pois esta jovem nigeriana entretanto americanizada, mas só até certo ponto, decide deixar o estatuto que alcançou para voltar ao seu país natal. E dizemos americanizada (daí o título do romance: Americanah, com a ironia característica da voz da heroína e da autora patente na corruptela da palavra americana), até certo ponto, porque esta jovem continua presa às memórias da Nigéria, memórias essas que irão desfilar ao longo do resto do romance, que nos apresenta a sua vida passada: a infância e adolescência na Nigéria, o seu namoro com Obinze, a vida dos seus pais, da sua tia, numa espécie de mosaico da realidade nigeriana das últimas décadas. As dúvidas que rondam Ifemelu transparecem no próprio facto de para
fotos: d.r.
A escritora Chimamanda Ngozi Adichie
encontrar esse salão africano, a protagonista tem de atravessar a zona de conforto onde reside para chegar a Trenton, uma espécie de subúrbio, o que reflete a intenção crítica social, cultural e racial do romance. Tal como Ifemelu faz no seu blog, ao escrever e lançar debates sobre questões de raça e de género, Chimamanda dança na corda bamba conseguindo manter um delicado
equilíbrio entre a lamechice de um romance que fala de uma paixão perdida na adolescência para mais tarde poder vir a ser reencontrada e as questões de identidade que atravessam esta mulher africana a viver num país estrangeiro. Durante o decurso do que parecia uma adolescência absolutamente pacífica, no seio de uma família carinhosa e com uma
boa situação económica, a ditadura deflagra na Nigéria, com consequências mais ou menos diretas e imediatas junto da sua família. O pai é despedido porque se recusa a dirigir-se à sua chefe como “Mamã” conforme ela o obriga. A tia Uju, amante de um general e que vivia num apartamento subsidiado por essa figura da nação, de forma luxuosa sem ter de trabalhar, acaba por se ver sem chão. E assim, a posição económica dos pais decresce, enquanto o próprio país vive tempos conturbados, que se traduzem em constantes greves no ensino e que motivam a partida de Ifemelu para os Estados Unidos da América apesar das dificuldades económicas que os pais atravessam e, por conseguinte, ela também, chegando a passar fome e, a certa altura, a ter de se prostituir para conseguir alimentar-se.
Naturalmente que este não é um romance sobre os flagelos da escravatura, ou do apartheid, mas reflete como na contemporaneidade o ser humano ainda continua a balizar-se por preconceitos e estereótipos. O próprio livro parece ter capítulos e capítulos em que se fala de cabelo, onde se descrevem exaustivamente os tratamentos que o cabelo típico de uma mulher africana deve levar, aliás penosos. A questão do cabelo, mais do que a cor, e a forma como a mulher o usa, acaba por refletir a adaptação desta jovem nigeriana ao meio americano: Ifemelu vive e move-se na América, mas recusa-se a esticar o cabelo de forma a parecer mais ocidental, mais civilizada, para ser mais facilmente aceite nos meios em que se move. Tal como a certa altura do romance se pode ler como a irrita particularmente o facto de
as empregadas do salão, do Mali e do Senegal, parecerem esperar dela, apenas por partilharem a mesma cor, uma espécie de sentimento de irmandade, da mesma forma que a irrita, por outro lado, que outros se refiram a ela como africana, como se o continente da África fosse todo um país. Mas corre-lhe nas veias o sangue africano ou nigeriano, e por isso mesmo Ifemelu boicota a sua relação perfeita com um homem negro perfeito, Blaine, como manifestação de um sentimento maior de inadaptação ao país. Sentimento esse de não pertença que está também personificado na relação de amor entre Ifemelu e Obinze que depois de tantos anos, e como se esse fosse também um dos preparativos para a sua partida de regresso à Nigéria, despindo a pele de mulher americanizada, que anseia apenas pela sua terra e pelo rapaz agora homem que nunca deixou de amar, ainda que a sua memória possa estar tão-somente envolta numa neblina romântica de idealismo e platonismo, que funciona como armadura contra a negritude que os envolve. O próprio Obinze acaba por tentar a vida em Londres mas vê-se reduzido a trabalho pesado, clandestino e mal pago, enquanto outro nigeriano que terá alcançado grande sucesso quando emigrou (uma mentira que ele tenta alimentar a todo o custo até confessar a verdade ao seu amigo de juventude) lhe tenta arranjar um casamento por conveniência que lhe permita obter um visto de residência, o que acaba de forma desastrosa. Paradoxalmente, quando se vê obrigado a regressar à Nigéria, a posterior ascensão de Obinze reveste-se ainda de uma sombra duvidosa quanto à legalidade do seu trabalho, ainda que seja essa mesma obscuridade que permitem a aparência de uma vida perfeita, com uma casa palaciana, e uma mulher apostada em manter o luxo que acha adequado à sua existência. Chimamanda é uma jovem escritora em ascensão com a sua própria voz, onde prima pelo seu espírito crítico e inteligentemente divertido, e que nos dá a conhecer mais uma faceta desse mundo imenso que muitas vezes nos reconhecemos a ver, perdidos que estamos na nossa imensa pequenez.
Cultura.Sul
Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural
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Panorâmica
FNAC cada vez mais próxima dos algarvios fotos: ricardo claro
Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Carlos Campaniço Luísa Ricardo Ricardo Soares Tânia Guerreiro Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
facebook: Cultura.Sul Tiragem: 8.072 exemplares
Ricardo Claro
Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com
Três meses e meio depois da abertura do espaço FNAC em Faro a estratégia da multinacional para o Algarve está delineada e passa por reforçar de forma notória a proximidade com os algarvios, seja na nova FNAC farense, seja no espaço do AlgarveShopping. Desejada durante anos na capital algarvia, a FNAC não deixa por mãos alheias os seus créditos e a filosofia de estabelecer em cada espaço FNAC uma relação de grande proximidade e cumplicidade com os clientes assume um papel preponderante no posicionamento estratégico da empresa. O primeiro passo foi dado recentemente, referiu ao CULTURA.SUL José d’Orey, responsável pela FNAC farense, com a celebração de um protocolo com a Universidade do Algarve. Uma parceria explicada ao CULTURA.SUL numa conversa em que a Universidade do Algarve esteve representada por Joana Lessa, sub-directora do curso de Design de Comunicação da instituição, e onde a nota de realce vai para as vantagens que ambas as entidades vêem num estreitar de relações em prol do mútuo desenvolvimento e, muito em particular, em prol da cidade e da população universitária da Universidade do Algarve. Muito mais do que os descontos e vantagens decorrentes, o protocolo agora celebrado para a população universitária, alunos e corpos docente e não docente da universidade, esta união estratégica avança com a disponibilização de estágios profissionais para os alunos da instituição de ensino superior regional na estrutura da FNAC a nível regional e nacional e na criação de espaço para divulgação da produção de conhecimento da instituição.
FNAC Faro e UAlg celebram protocolo que pretende gerar sinergias ve outro aluno da instituição irá integrar a equipa da loja de Faro. A professora Joana Lessa sublinha, por seu turno, a importância de mais esta parceria na área de estágios para a instituição de ensino, dando como exemplo o curso de Design de Comunicação. “Trata-se por um lado de acrescer ao portefólio de entidades e empresas com as quais temos parcerias na área dos estágios curriculares de uma grande multinacional, proporcionando aos alunos uma experiência profissional numa grande cadeia nacional durante o estágio
curricular e, por outro, permitir criar mais uma forma de integrar o conhecimento criado na universidade no âmbito empresarial, levando os estudantes para as empresas, neste caso a FNAC, um olhar refrescado sobre as diversas questões com que se confrontam em meio laboral prático”. Para a FNAC, refere José d’Orey, “é positiva a integração de estudantes nos seus quadros que têm uma postura menos cristalizada face à realidade e aos desafios que lhes são colocados na esfera profissional”. “São
profissionais qualificados que transportam consigo conhecimento, reflexão e inovação que o mundo universitário permite e desenvolve e que constituem uma mais-valia para as empresas que, como a FNAC, tentam sempre manter-se na vanguarda da oferta que disponibilizam”. Divulgação do trabalho da universidade junto da população em geral Já na área da divulgação da produção da Universidade do Algarve a aposta da FNAC e da
Estágios profissionais integram parceria entre a UAlg e a FNAC José d’Orey destaca que neste momento já existe um estudante da universidade a estagiar na sede nacional da FNAC, na área de Comunicação, e que em bre-
José d’Orey e Joana Lessa explicaram ao Cultura.Sul a nova parceria
instituição académica passa por trazer a universidade e o know-how ali produzido para fora dos limites da instituição. Além da criação de um área devidamente identificada no espaço FNAC de Faro para publicações da Universidade do Algarve ou realizadas em parceria com a instituição académica, a FNAC disponibiliza o Fórum FNAC para apresentações de livros e de publicações variadas por parte da universidade. Uma ferramenta importante quando se pensa que a FNAC de Faro espera 1,2 milhões de visitantes em 2015, o que pode representar uma visibilidade e uma divulgação de relevo do trabalho da universidade junto da população em geral. Mesmo do ponto de vista da divulgação das iniciativas universitárias este protocolo permite criar sinergias entre a universidade e as cerca de 10.700 pessoas que integram a população universitária e a população em geral que podem em muito potenciar o trabalho da instituição junto da comunidade, realça José d’Orey. Queremos que nesta parceria como noutras que vamos estabelecendo em permanência a FNAC seja um verdadeiro palco para o que se faz na região. Por isso mesmo, realça o responsável, das 400 iniciativas que prevemos realizar no Fórum FNAC em Faro, queremos que cerca de metade sejam desenvolvidas por agentes locais. “Estamos em permanente diálogo com a comunidade, quer através dos nossos clientes, quer através do meio associativo que no Algarve tem grande actividade e importância e desejamos que a FNAC possa desempenhar um papel de relevo enquanto agente cultural de referência para Faro e para a região”, refere. O certo é que a FNAC do Fórum Algarve é hoje um espaço incontornável em Faro e para o Sotavento algarvio, com uma actividade cultural programada e consistente que permite falar de uma nova centralidade cultural na região. Exactamente aquilo por que ansiavam aqueles que tanto esperaram pela abertura deste espaço na capital algarvia. A promessa de manter uma relação de proximidade e cooperação com a envolvente está assim a ser levada à prática num espaço que é hoje um destino obrigatório para quem quer conhecer muito do que se faz de melhor a nível cultural no Algarve e no país.
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Cultura.Sul
Artes visuais
A arte e a ciência são mundos diferentes?
Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
Desde há muito tempo que a arte e a ciência andam interligadas, sendo os primeiros grandes cientistas identificados na história também como artistas, como é o caso de Leonardo Da Vinci, considerado por White (2002) como o primeiro grande cientista da história da humanidade. Leonardo afirmava o seguinte: “Para uma mente completa, estude a arte da ciência, estude a ciência da arte; aprenda a observar, perceba que tudo se conecta a tudo” (Araújo-Jorge, 2004). Nesta perspectiva da estreita ligação entre arte e ciência, já os gregos haviam designado Apolo como o Deus da Música e da Ciência e no juramento de Hipócrates a medicina é considerada uma arte. E, por exemplo, as cerca de 600 pinturas e 1.500 gravuras descobertas nas cavernas de Lascaux, no sul de França, realizadas antes de 10.000 aC, no período paleolítico, tanto são referidas na história da ciência como na história da arte. Este vínculo estreito entre ciência e arte parece ter existido até ao século XVI (Araújo-Jorge, 2004). No entanto, a cada vez maior especialização das várias áreas do conhecimento levou à perda de uma visão mais holística do saber e a um progressivo afastamento entre a arte e a ciência. Em particular, com a criação das primeiras academias de ciência, a partir do século XVI, começou a haver uma divisão entre os dois domínios no mundo académico. Ao contrário da Academia de Platão, na Antiguidade Clássica, em que a ciência, a arte e o desporto andavam interligados, as Academias de Ciências vieram promover uma clivagem entre a ciência e a arte. Entre 1568 e 1807 foram criadas cerca de 80
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academias, tendo sido a primeira em Nápoles, em 1568. Nesta época, a que mais se destacou foi a de Roma, fundada em 1600, pois teve Galileu como um dos seus membros. Desde então, as diferenças entre a arte e a ciência têm vindo a ser defendidas por diversos autores. A obra mais referenciada sobre a análise da separação entre arte e ciência é da autoria de Snow, que escreveu o livro “The two cultures” (1960). Este autor, na linha do dualismo cartesiano, que distinguiu entre o corpo e a mente, vem analisar a separação entre as artes e as humanidades, de um lado, e as ciências, do outro, apresentando-as como “duas culturas” diferentes, opostas nos pressupostos, sendo a ciência considerada como racional e a arte como emocional. Também tem sido salientado que a ciência procura aproximar-se progressivamente duma “verdade” cada vez mais estável e constante na forma de explicar a realidade, enquanto a arte não tem nenhum compromisso com a verdade. Ou, conforme referia George Braque: “A arte está destinada a desconcertar, enquanto a ciência cria certezas” (Gantefuhrer-Trier, 2005). No entanto, a maior diferença, para Thomas Kuhn (1962), seria que, enquanto os produtos da atividade artística do passado continuam a fazer parte da cena artística do presente, sendo inclusivamente valorizadas, as obras científicas vão sendo ultrapassadas e desvalorizadas com o tempo. Também Paul Valéry acentuava a diferença entre ciência e arte pelos produtos resultantes: “Ciência e arte são praticamente indissociáveis durante as fases de observação e de meditação (...) e separam-se definitivamente nos seus resultados” (Malysse, 2005), pois enquanto nas primeiras é esperado serem obtidos resultados certos ou muito prováveis, nas segundas os resultados são muitas vezes incertos. Não obstante todas as diferenças referidas, concordamos com Wilson, quando afirma que a arte e a ciência são os dois motores da criatividade, mas erra-
d.r.
Desenho de Leonardo da Vinci, conhecido como o “Homem Vitruviano” (1490) damente são considerados tão diferentes como o dia da noite (2010). Na mesma linha, Massarani, Moreira e Almeida (2006), ao procurarem responder à questão “Para quê um diálogo entre ciência e arte?”, consideravam que ambas se nutrem da curiosidade humana, da criatividade, do desejo de experimentar. Neste sentido, o fazer artístico e o científico constituem duas faces complementares da ação e do pensamento humanos. No seu livro “Centelhas de génios. Como pensam as pessoas mais criativas do mundo”, M. Root-Bernstein e R. Root-Bernstein (1999) sistematizam os estudos sobre o pensamento criativo, concluindo com a necessidade de articulação entre a ciência e a arte para o fomento da criati-
vidade, pois aprender a pensar criativamente numa área “abre a porta” para pensar criativamente nas outras. Aliás, na história moderna, há vários casos de cientistas, inclusivamente vencedores de Prémios Nobel de medicina ou fisiologia, como são os casos de Roger Guillemin, Salvadore Luria ou Robert Holley, todos eles nascidos no século XX, que também desenvolveram trabalhos no domínio da arte visual, sendo a criatividade necessária à produção científica e à produção artística que permite fazer a ponte entre os dois domínios. Tendo em conta esta realidade, Araújo-Jorge (2004) considera que as trajectórias do artista e do cientista podem ser semelhantes e, inclusivamente, complementares. De acordo com Buss (2004),
“tanto a arte como a ciência são necessárias para o completo entendimento da natureza”, pelo que, conforme concluem De Meis e Rumjanek (2004), “não existem duas culturas; estamos inseridos numa única cultura e o que é preciso saber é como integrarmo-nos nela”. Depois da voz e da escrita, a imagem tem uma importância cada vez maior nos processos de expressão e comunicação, pelo que a utilização da imagem visual é outro domínio em que pode ocorrer uma colaboração próxima entre o cientista e o artista. De acordo com a pintora Ostrower (1998), no seu livro “Sensibilidade e intelecto”, a imagem pode ser um bom instrumento para permitir estabelecer pontes entre a ciência e a arte, pois a imagem é universal.
Assim, a imagem pode ser utilizada como instrumento para o desenvolvimento do pensamento científico. No seu livro, “Guia de Arte”, Rowling (2006) apresenta dezenas de pinturas que podem ser utilizadas para descrever e abordar diversos temas de índole social e também científica. Por exemplo, o quadro “O triunfo da morte”, de Bruegel, ilustra o impacto da peste, permitindo a discussão sobre as teorias do contágio, nos planos histórico e científico. Várias vezes a arte se revelou essencial na ciência, através da utilização da imagem visual. Uma situação de “encontro” entre o cientista e o artista, é aquela em que o cientista precisa da imagem para comunicar sobre o seu trabalho, pois, conforme referia Leonardo da Vinci, no seu “Tratado de pintura”, “a mais útil das ciências será aquela cujo fruto seja mais comunicável” (Araújo-Jorge, 2004). Por exemplo, a história mostra-nos que, sem a percepção artística da perspectiva, Galileu certamente não teria feito a descrição da superfície da Lua em 1610, quando a observava com o recém-inventado telescópio, desenhando-a com crateras e sombras, em ângulos diferentes, de acordo com a posição do Sol, descrição que produziu um importante impacto na visão cosmológica. Já no século XVI, quando o estudo da anatomia era dificultado pela proibição de dissecar cadáveres, haviam sido chamados artistas para colaborar com os cientistas, permitindo tornar compreensível e mais rigorosa a descrição da realidade. Assim, através do poder da imagem, a arte tem sido essencial, em vários momentos históricos, para a introdução de novos pontos de vista na ciência. Nota: Este artigo integra o livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt)
“BUSTOS DE PRESIDENTES DA REPÚBLICA” Até 17 ABR | Paços do Concelho de Loulé Exposição da totalidade dos Presidentes da República, da autoria do barrista barcelense Joaquim Esteves, mestre que se notabilizou em termos artísticos, na olaria, figurado e na caricatura
“CONCERTO PELOS DIABO NA CRUZ” 18 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Os ‘reis’ do rock popular português vêm à capital algarvia para um concerto que irá difundir o pensamento de uma geração que se descobre a si mesma, no acto de se preparar para ‘o amanhã’
Cultura.Sul
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Momento
Guitar Hero Foto de Ana Omelete
Espaço ALFA
A paixão pelos retratos a preto e branco
Tânia Guerreiro Membro da ALFA
Penso que o meu fascínio e a minha paixão pela fotografia a preto e branco iniciou-se quando comecei a ver as fotografias antigas que tinha em casa, daquelas que se revela o rolo.
Cheguei inclusive a comparar imagens semelhantes do mesmo local ou de pessoas, uma a cores e outra a preto e branco e sempre achei que as fotos a preto e branco tinham “algo mais” do que as outras, que eram diferentes. Dentro das fotografias a preto e branco as que me dão mais prazer a nível pessoal são sem dúvida os retratos. Adoro executar estes trabalhos. Para mim, ao observar este tipo de fotografias em oposição às de cores, parece que estas têm mais alma, que ganham vida. Quando faço este tipo de trabalhos, o meu objetivo é que o
resultado final mostre o máximo possível daquilo que a pessoa é e que de certa forma ela também deixe a sua “impressão digital” naquela imagem. Um dos pontos mais importantes e no qual eu foco mais a minha atenção são os olhos, porque é através do olhar que a pessoa vai contar a sua história, transmitir mais emoção e dar charme à fotografia. E a minha função enquanto fotógrafa é captar essa mensagem e transmiti-la da melhor forma possível.
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Um olhar sobre o património
Cultura.Sul
Sala de leitura
Comunicar o Património II Ideias perigosas: um político que saiba dançar Alexandre Ferreira
Licenciado em Património Cultural, UAlg
Nos dias vertiginosos que vivemos, onde tudo o que nos passa em frente dos olhos não pode durar mais do que meia dúzia de segundos sob pena de perdermos o interesse, somos bombardeados com uma quantidade enorme de informação, a qual não temos capacidade de processar. Hoje em dia, a concorrência desmedida pela nossa atenção é uma realidade, o que nos obriga, enquanto consumidores, a tomar uma de duas opções: desligar de tudo o que nos rodeia (tarefa só por si hercúlea e face aos estímulos, de difícil execução) ou sermos extremamente selectivos e criteriosos com o que merece a nossa atenção. Para conseguir captar a atenção do consumidor, a comunicação terá que o conquistar, provocando uma reacção emocional, potenciando o sentimento de partilha de um bem comum. E é neste ponto que a elaboração da estratégia de marketing facilita a criação de uma comunicação mais efectiva e assertiva porque leva à reflexão sobre diversas dimensões do elemento patrimonial: a) o seu posicionamento na sociedade, ou o que o torna diferente face a ofertas similares, o seu grau de atractividade ou a sua autenticidade; o produto a comunicar, o qual não se restringe ao elemento patrimonial em si mesmo, mas também os serviços e todas as actividades complementares, que podem ir desde o edifício, as colecções, as publicações, sejam catálogos ou brochuras, até ao serviço de cafetaria ou mesmo os sanitários, caso existam, devem ser pensados como um todo que é oferecido/disponibilizado aos utentes, reforçando desta forma a sua presença e a sua marca; b) os pontos de acesso ao elemento deverão ser igualmente equacionados, isto é, como é que se facilita o acesso do público ao elemento patrimonial, seja para visitá-lo (definição
de horários, identificação de percursos, sinalização, facilidade de circulação para pessoas com necessidades especiais), seja para simplesmente obter informações (através do site, mediante contacto telefónico); c) a definição de uma política de Preços e Descontos deverá ser clara e transparente, tendo em conta não só o meio onde o elemento está inserido, mas também a sua utilização como forma de captação de novos públicos e/ou fidelização de utilizadores esporádicos, não esquecendo que se a definição dos custos de acesso/ingresso e dos diversos serviços complementares oferecidos, for desfasada do contexto onde o elemento patrimonial se integra, a eficácia da estratégia de mar-
cimentos acerca dos valores patrimoniais e históricos do bem, mas também dos objectivos da função que vão exercer e da entidade que tutela o elemento patrimonial, tornando-se assim na sua “primeira linha” de comunicação e valorização. Nos últimos anos tem-se verificado uma crescente aposta na utilização de algumas ferramentas do Marketing aplicadas ao Património Cultural. Contudo estas constituem-se ainda como acções isoladas, as quais carecem de integrar um plano devidamente estruturado, diminuindo a possibilidade de se atingirem os objectivos propostos. É nosso desejo com estes artigos despertar o interesse d.r.
Criatividade tem que atingir o público-alvo keting fica comprometida; d) por último a Promoção, que consiste na adequação dos meios a utilizar na comunicação com os públicos alvo, públicos estes que se podem estratificar em perfis, devendo a comunicação adaptar-se, ao nível da imagem, linguagem e suportes, às particularidades de cada um dos perfis (visitante, fornecedor, mecenas). Qualquer suporte de comunicação deve servir como um meio de promoção e reforço da marca para com o exterior, pelo que os recursos humanos são igualmente determinantes na criação de uma imagem coesa e coerente de marca/produto/serviço, pelo que no seu processo formativo deverão adquirir conhe-
por esta área que coloca à nossa disposição um manancial de ferramentas bastante úteis que permitam alavancar o crescimento das nossas instituições culturais, dotando-as de metodologias e processos de comprovada eficácia noutras áreas. Não se pense contudo que há uma fórmula certa, com resultados garantidos! Existe sim, um conjunto de variáveis que, conforme sejam combinadas, podem resultar numa excelente acção de marketing. O que manda é a criatividade para atingir o público-alvo, de forma a atender os objetivos de comunicação do elemento patrimonial ou entidade que o tutele, com os recursos disponíveis.
Para o meu amigo José Louro
Paulo Pires
Programador cultural no Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com
Num sarau realizado em 2011, à conversa com João Caraça (então director do Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian), debatíamos um tema aparentemente inusitado: os benefícios da dança na política nacional. Isto porque, a propósito da inquietante obra por si coordenada, intitulada Ideias Perigosas para Portugal – propostas que se arriscam a salvar o país (Tinta-da-China), uma das 60 personalidades convidadas para dar o seu testemunho preconizava que todos os detentores de cargos políticos deviam ser obrigados a aprender a dançar e a prestar exames regulares de aptidão nessa área. Em finais de Oitocentos, Friedrich Nietzsche, influente filósofo alemão, já tinha colocado polemicamente a questão mas num plano divino, associando crença/verdade, dança e religião ao afirmar que só poderia acreditar num Deus que soubesse dançar. Transpondo para a política, e sabendo-se das velhas e novas “danças das cadeiras” (e de bastidores), e da (in)visível flexibilidade vertebral de não poucos indivíduos ligados ao universo partidário/governativo (sobretudo na arte das cambalhotas, como diria o humorista José de Pina), seria, de facto, prudente e aconselhável que a classe dirigente soubesse dançar. Isso dissiparia decerto eventuais dúvidas a seu respeito. Se há casos conhecidos de deputados e governantes que dançam e cantam em comícios, festas, jantares e afins (segundo alguns, para fins eleitorais), por que não alargar essa prática ao efectivo exercício das suas funções? A dança seria então, nesta linha, sinónimo de instrução ecléctica, de amor à vida, de liberdade de espírito, de não renegação ou não
afastamento do mundo real e dos problemas das pessoas, de não submissão acrítica a interesses obscuros em que se enredam tantas decisões políticas que afectam a vida dos cidadãos. Na educação grega (a “paidéia”) a dança era matéria obrigatória na formação e autoc ontrole dos jovens: “os que honram melhor os deuses pela dança são também os melhores no combate”, e um homem verdadeiramente educado era aquele que sabia de política, de filosofia, de música… e de dança. Aliás, ao longo de séculos esta arte do corpo e do espírito acompanhou a evolução do homem facultando-lhe a opção pela autonomia, pela expressão espontânea de si mesmo e pelo instigante desafio de comunicar autenticamente com os outros – funcionando quer como estímulo à imaginação e criatividade, quer como precioso veículo de socialização. Hoje é residual a presença das artes performativas no sistema oficial de ensino, não obstante o esforço e perseverança de algumas escolas e docentes sensíveis e abertos a novas abordagens que extravasem a tradicional e tentadora “caixa disciplinar”, a sobrecarga obsessiva de matérias e obras, e as metodologias retrógradas e ineficazes. Música, linguagem dramática/ corporal e artes plásticas têm sofrido uma redução drástica nos programas e metas escolares emanados das várias reformas de ensino, havendo actualmente um acesso muito limitado a essas áreas, salvando-se a educação física e pouco mais. Se as artes proporcionam ferramentas transversais que preparam melhor o indivíduo para a vida em sociedade e para o mercado de trabalho (como as antigas civilizações acreditavam), a iniciação/formação, trajecto e exercício da prática política em particular não deveriam ficar alheios a essa evidência e, assim, à aquisição e aperfeiçoamento de competências a nível da dança. Caso contrário, há o sério risco de, daqui a algum tempo (?), a classe dirigente se resumir – isso sim perigosamente – às três tipologias básicas de
personalidade política (salvo honrosas excepções) certeiramente identificadas pelo já aludido José de Pina no seu livro Nascido para mandar – guia prático para chegar ao poder em Portugal (Gradiva/Produções Fictícias): o verbo-de-encher, o espalha-brasas e o idiota útil (sendo que este capítulo inclui mesmo testes para cada leitor descobrir em que perfil encaixa). A julgar por estudos recentes (como o realizado pela Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, em 2013), existe uma modalidade de exercício corporal ainda mais completa do que a natação: a dança, em particular o ballet clássico. A equipa de investigadores daquela instituição universitária comparou o desempenho de membros da famosa academia Royal Ballet com o de nadadores da selecção olímpica britânica e concluiu: os bailarinos apresentaram melhores resultados em sete das dez medidas de condicionamento físico em análise, mormente nos itens “equilíbrio psicológico”, “flexibilidade” e “equilíbrio corporal”. Tal como o estudo enfatiza no tocante à dança, também na política é preciso saber respirar bem fundo aproveitando o máximo possível da capacidade do diafragma; manter, a vários níveis, uma postura adequada, cultivando a verticalidade, a delicadeza e a elegância (o que implica também encolher a barriga); ter flexibilidade e garantir o equilíbrio das posições; reforçar a agilidade e coordenação nos gestos; e não descurar a leveza, o bem-estar e a auto-estima. A aclamada coreógrafa e dançarina alemã Pina Bausch (1940-2009) acreditava que se a Humanidade parasse de dançar estaria irremediavelmente perdida. Dança e salvação/perdição, dança e fé/ desilusão, dança e verdade/ aparência – no fundo, diferentes faces dessa valsa insondável e cativante que é a vida. E se a dança fosse a chance última, o grito derradeiro de um político para alguém acreditar nele ou nessa “grande porca” (como a apelidava Rafael Bordalo Pinheiro em 1900) chamada política?
Cultura.Sul
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Abril ceberam «Palavra Final» do Escritor SubZero e «Uma Oração Americana» com poesia dos Estados Unidos da América
Janela da ria Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Alerg(r)ia fotos: d.r.
a apresentação de «Pessoa(s) em Cena» - As cartas ridículas do Senhor Fernando e os suspiros líricos da Menina Ofélia e Conversas entre Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, de Paulo Moreira. Luísa Monteiro, escritora, docente e investigadora pessoana regressa à Casa do poeta de Tavira, agora como editora na Redil Publicações para falar sobre o livro com duas peças de teatro a partir de textos de F. Pessoa, seus heterónimos (e Ofélia Queirós), produzido pelo actor e encenador Paulo Moreira.
Abril
invoca e se projecta». No dia da revolução, Francisco Tavares andava de megafone na mão. Quantas palavras importantes centradas na liberdade terá dito! Mas a liberdade é sempre efémera, e palavras ditas mesmo alto e bom som e para muita gente, leva-as também o vento - já ouvimos cantar esta verdade. No mesmo dia Sophia, (provavelmente ainda em Lagos) munida de lápis na mão escreveu por linhas eternas: «Esta é a madrugada que eu esperava/O dia inicial inteiro e limpo/Onde emergimos da noite e do silêncio/E livres habitamos a substância do tempo».
Andorinha
Nas manhãs, o horizonte mais limpo de nebulosidades abrange agora muito mais sul. Apetece abrir as janelas à brisa de leste enquanto se põe a mesa para o almoço. A hora já passa para a tarde quando o xarém no caldo dos vários peixes guisados se acomoda no estômago. Depois na esplanada de beber café, limpam-se à beira-ria os olhares que estavam demasiado focados naquele cinzento todo que anda por aí nos dias.
Pessoa(s) em Cena Os dias mais quentes do que o ano já leva convidam a passeios mais prolongados. O perfume que exala das flores campestres aromatiza os caminhos que levam até ti. Apesar do estado de encanto que a brisa provoca, sei que à noite os meus olhos se emudecerão, e quererás saber porque lacrimejo. Tão simplesmente devido à elevada concentração de pólen no ar. Vicissitudes desta estação.
Poesia Em-Alta-Voz As noites de leitura de Poesia Em-Alta-Voz com música, da Casa Álvaro de Campos em Tavira, prometem continuar, depois do sucesso das primeiras sessões que em Abril re-
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A 17 de abril (sexta) pelas 21h45, a Casa Álvaro de Campos-Tavira recebe no seu foyer
A 20 de abril de 1974, dias antes da revolução, Sophia Mello Breyner Andresen estava em Lagos e escreveu o poema Lagos I para o livro ‘O Nome das Coisas’:«(…)Os ditadores — é sabido — não olham para os mapas /Suas excursões desmesuradas fundam-se em confusões /O seu ditado vai deixando jovens corpos mortos pelos caminhos /Jovens corpos mortos ao longo das extensões//(…) Na luz de Lagos matinal e aberta /Na praça quadrada tão concisa e grega /Na brancura da cal tão veemente e directa /O meu país se
Despertei para a manhã clara ao som de agitadas ‘delichon urbicum’ de asa negra atarefadas nas suas construções, e elas sim, voltam sempre nesta estação. Já tu verdadeiro ‘pássaro urbano’ (a alcunha que lhes deste) há muito que não migras até estas paragens de sul, envolta que estás nas tuas desconstruções. Ao sair encontrei uma andorinha morta sobre o passeio. Mas por nenhuma destas razões se acaba o fado da Primavera.
“A ÚLTIMA SEMANA DO FASCISMO” 24 ABR a 30 JUN | Biblioteca Municipal de Lagos Exposição de pintura de Manuela Caneco constituída por 14 obras originais, estruturadas em cinco séries: “Corrosão do Sistema”; “Repressão em Lisboa”, “Tortura”, “Luta” e “Emigração forçada e clandestina”
“CHEIO” 23 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Peça apresenta-se de modo a convocar o público a descobrir e explorar o processo de trabalho artístico do intérprete
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Cultura.Sul
Espaço ao Património
Recursos patrimoniais versus sustentabilidade: o caso de Vila do Bispo Ricardo Soares
Arqueólogo na Câmara de Vila do Bispo http://vila-do-bispo-arqueologica.blogspot.pt/
No âmbito da minha atividade enquanto arqueólogo da Câmara Municipal de Vila do Bispo, partilho aqui algumas genéricas reflexões sobre o vastíssimo e particularmente atual tema da “gestão patrimonial”. Em boa verdade, trata-se de um depoimento estritamente pessoal, num modo de pensamentos “em voz alta”, com o qual apenas pretendo partilhar um certo “estado de alma” e algumas positivas experiências profissionais e sociais a barlavento, no território da ‘sagrada finisterra vicentina’. Tempos de euforia turística e de feiras do património! Se por um lado atravessamos tempos particularmente difíceis – a crónica desculpa para uma ‘cultural’ carência de investimento na Cultura –, por outro, definem-se no horizonte alguns sinais de positivas reações, nem sempre genuínas, mas ainda assim assinaláveis. Apregoa-se a racionalização dos recursos disponíveis e o investimento low budget, a valorização dos recursos endógenos, o envolvimento social e a integração comunitária, a implementação de modelos de gestão partilhada e de cooperação intermunicipal, a abertura à iniciativa privada... enfim! Todavia, reincide-se na perigosa tendência de se olhar o Património numa perspetiva meramente económica, enquanto recurso financeiro. Com isto, o Património lá vai dando “um ar da sua graça”, surgindo amiúde ‘empacotado’, como oferta turística, sendo parcamente alimentado a migalhas, na expectativa da criação de uma salvadora, mas raramente profícua, “galinha dos ovos de ouro”... “só para inglês ver”! Material ou imaterial, o Pa-
trimónio, enquanto legado de autenticidade natural e de identidade cultural, apresenta-se, na prática, como um conceito demasiadamente abstrato, tendencialmente confundido com o património de ordem económica, quantificável em valor, traduzível em retorno financeiro. Os tradicionais paradigmas civilizacionais e as clássicas polaridades dos fluxos de viagens intercontinentais alteram-se globalmente. O velho continente europeu apresenta-se hoje como um atraente novo mundo de (re)descobertas, massivamente procurado pelo seu longo passado, por um certo ‘exotismo’ cultural e pela aventura intercivilizacional. Ao sabor da mesma corrente, Portugal vive uma verdadeira euforia turística, fruto do reconhecimento e procura internacional de atraentes valores culturais de históricas cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Évora… A imaterialidade cultural do fado, do cante e da dieta mediterrânica encontra-se reconhecida no ‘panteão’ do Património Universal. Surgem desconcertantes expressões como “feiras do património”. Santuários naturais, como os Açores, expõem-se aos enxames dos low cost. O turismo cultural e o turismo de natureza estão na moda! Aos agentes culturais exige-se um certo “toque de Midas”, ou seja, a alquímica capacidade
fotos: ricardo soares
O Passado no Presente – estratégias de comunicação arqueológica de transformar o Património em receita financeira. Se por um lado o turismo implica, inevitavelmente, um destrutivo impacto no Património (sobretudo natural), por outro, o turismo poderá ser trabalhado como garante do próprio Património. Não se tratando de uma natural relação simbiótica, o Património e o turismo podem conviver em harmónica valorização mútua. A fórmula do equilíbrio deverá residir na sustentabilidade! Entretanto, a montante, há que promover o conhecimento profundo e a investigação
sistemática, a única via para a estabilidade da partilha – dignificar no presente um passado com futuro. Boas práticas de gestão patrimonial em Vila do Bispo No Algarve, a região de Vila do Bispo ainda preserva determinadas áreas intocadas pela ação humana, que, por tão genuínas e raras, são por isso bastante procuradas por visitantes de todo mundo, nelas reconhecendo a pureza da original autenticidade da Nature-
O trilho certo dos Homens do Futuro – educação e sensibilização patrimonial
za. Porém, quando se trata de turismo de natureza, enquanto recurso dificilmente renovável, impõe-se uma decisiva formulação estratégica, mais uma vez assente na sustentabilidade! Do ponto de vista cultural, as paisagens de Vila do Bispo também revelam interessantes e diversificados discursos antropogénicos, designadamente arqueológicos, históricos e etnográficos, muitos dos quais revestidos de apreciável monumentalidade. As paisagens constituem-se como palcos de realidades tão distintas como complementares. A sua integrada leitura permitir-nos-á partilhá-las, de modo sustentável e sem prejuízo para os diversos apontamentos nelas implantados: a biodiversidade, a geologia, as marcas paleontológicas, os vestígios arqueológicos, os monumentos históricos, os recursos do mar, as terras cultivadas... a Cultura! O potencial do património vilabispense encontra-se amplamente reconhecido e a sua procura já é uma indomada realidade. No sentido de uma prudente partilha de todo este complexo paisagístico, urge a sua aquilatada leitura e o seu efetivo conhecimento. Importa ordenar e educar a sua fruição, sob o risco da sua irreversível perda e vulgarização enquanto extensão de uma região há muito descaracterizada. Num território substancialmente dependente do
turismo, o estratégico desenvolvimento de diferenciados produtos de natureza e de cultura, pela sua diversidade, qualidade e latente potencialidade, permitirá uma alternativa oferta aos habituais fluxos da sazonalidade. A mais desafiante missão do projeto autárquico que tenho vindo a integrar, consiste na promoção de estratégias com impacto socioeconómico, orientadas pelo reconhecimento de diferenciadores fatores de identidade local, potenciáveis como vantagens competitivas. Na região algarvia, o turismo constitui o principal gerador económico, o “fim último” da esmagadora maioria das atividades público-privadas desenvolvidas entre São Vicente e o Guadiana. Numa região estigmatizada pela massificação turística, e no âmbito de um mercado extremamente competitivo, a fórmula do ‘sucesso’ reside, necessariamente, na qualidade e na diferenciação da oferta. Posto isto, e em suma, torna-se essencial o profundo conhecimento dos territórios e das diversas realidades neles existentes. A montante, a investigação permitirá delinear os trilhos mais equilibrados, minimizando o inevitável impacto da fruição turística e da partilha de um inestimável bem comum, promovendo-o tal como é, sem perda da sua natural essência diferenciadora. O Concelho de Vila do Bispo, território extremo, periférico e de baixa densidade, tem vindo a cultivar a aproximação, o diálogo e a colaboração entre as tutelas do ambiente, da cultura e do turismo, as universidades, a comunidade científica, as empresas de turismo de natureza, hoteleiras e de restauração, os técnicos municipais, a comunidade local, as atividades tradicionais, os novos e os mais velhos, o público em geral, a sociedade… Só assim faz sentido, só assim será possível a sustentável ‘exploração’ socioeconómica dos recursos patrimoniais presentes neste precioso recanto do mundo, tido como naturalmente excecional, e por isso mesmo cada vez mais procurado!
Cultura.Sul
10.04.2015 11
Da minha biblioteca
«Só colaboro na minha morte» Herberto Helder (1930-2015) vazio poema de sentido e de endereço e de razão deveras, só porque sim, isto é: só porque não agora Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Na minha biblioteca tenho alguns livros de Herberto Helder (vários de Poesia Toda, que nunca é toda), um poeta que comecei a amar já tarde (já passava eu dos 30 anos), poeta preferido de algumas pessoas que me são muito queridas, que me ensinaram a descobri-lo e a lê-lo. Como pouco poderia acrescentar ao que tanto já foi dito e escrito aquando da sua recente morte, fica aqui uma seleção, pessoalíssima, da sua poesia. disseram: mande um poema para a revista onde colaboram todos e eu respondi: mando se não colaborar ninguém, porque nada se reparte: ou se devora tudo ou não se toca em nada, morre-se mil vezes de uma só morte ou uma só vez das mortes todas juntas: só colaboro na minha morte: e eles entenderam tudo, e pensaram: que este não colabore nunca, que o demónio o leve, e foram-se, e eu fiquei contente de nada e de ninguém, e vim logo escrever este, o mais curto possível, e depressa, e
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d.r.
(in Servidões, 2013) […] A minha morte agora é uma alegria manual escrevendo escrevendo as suas musas intoleráveis. Mas o próprio poema é que escreve o seu poeta arrancado à música, à cega e sobressaltada beleza dos acentos. […] (in Retrato em Movimento, 1967)
A última obra de Herberto Helder intitula-se ‘A Morte Sem Mestre’ as liras, o pão. E em baixo o sangue bate acendendo e apagando. E eu agora sei tudo, e esqueço muito devagar. […] (in Lugar, 1962)
Mulheres correndo, correndo pela noite. O som de mulheres correndo, lembradas, correndo como éguas abertas, como sonoras corredoras magnólias. Mulheres pela noite dentro levando nas patas grandiosos lenços brancos.
Correndo com lenços muito vivos nas patas pela noite dentro. Lenços vivos com suas patas abertas como magnólias correndo, lembradas, patas pela noite viva. Levando, lembrando, correndo. É o som delas batendo como estrelas nas portas. O céu por cima, as crinas negras batendo: é o som delas. Lembradas, correndo. Estrelas. Eu ouço: passam, lembrando. As grandiosas patas brancas abertas no som, à porta, com o céu lembrando.
Era o som delas, como se fosse abril a um canto da noite, lembrando. Ouço: são elas que partem. E levam o sangue cheio de letras, as patas floridas sobre a cabeça, correndo, pensando. Atiram-se para a noite com o sonho terrível de um lenço vivo. E vão batendo com as estrelas nas portas. E sobre a cabeça branca, as patas lembrando pela noite dentro. O rosto sufocado, o som abrindo, muito lembrado. E a cabeça correndo, e eu ouço: são elas que partem, pensando.
Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue. Com ela encantarei a noite. […] (in O amor em visita, 1958) Dedicatória – a uma devagarosa mulher de onde surgem os dedos, dez e queimados por uma forte delicadeza. Atrás, o monumento do seu vestido ocidental – erguido e curvo. E o vestido trabalhava desde o fundo e de dentro – como uma raiz branca – para o aparecimento da cabeça. A paisagem posterior é de livros, todos eles de costas voltadas, dominados pelas ardentes pancadas das suas letras. […] (in Retrato em Movimento, 1967)
[…] Celebro a tecelagem, as mãos sombriamente embebidas no trabalho. E por cima de tudo as pedras rosas das cabeça, os cestos,
Crinas correndo pela noite, lenços vivos batendo como magnólias levadas pela noite, abertas, correndo, lembrando. De repente, as letras. O rosto sufocado como se fosse abril num canto da noite. O rosto no meio das letras, sufocado a um canto, de repente. Mulheres correndo, de porta em porta, com lenços sufocados, lembrando letras, levando lenços, letras – nas patas negras, grandiosamente abertas. Como se fosse abril, sufocadas no meio.
Então acordo de dentro e, lembrando, fico de lado. E ouço correr, levando grandiosos lenços contra a noite com estrelas batendo nas patas como magnólias pensando, abertas, correndo. Ouço de lado: é o som. São elas, lembrando de lado, com as patas no meio das letras, o rosto sufocado correndo pelas portas grandiosas, as crinas brancas batendo. E eu ouço: é o som delas com as patas negras, com as magnólias negras contra a noite. Correndo, lembrando, batendo. (in A Máquina Lírica, 1964) (a carta do silêncio) Há às vezes uma tal veemência no silêncio que urge inquirir se a poesia não é uma prática para o silêncio. […] (in Photomaton e Vox)
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