POSTAL 1148 - 11 SET 2015

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1149 • Quinzenário à sexta-feira • 11 de Setembro de 2015 • Preço € 1,40 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

EM FOCO 2 FARO CANDIDATA A CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA 2027 3 VILA REAL INVESTE 60 MILHÕES EM REDES DE ÁGUA E SANEAMENTO 4 FARO JÁ TEM NOVO TERMINAL RODOVIÁRIO URBANO 5 TRÊS DIAS DE FESTA ANIMAM CAIS DO RIO EM ALCOUTIM 6 CLASSIFICADOS 9 OPINIÃO 11

Faro é candidata a Capital Europeia da Cultura

> Uma aposta de

grande ambição é o mínimo que se pode dizer da candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura em 2027. Rogério Bacalhau e a sua equipa na Câmara de Faro estão definitivamente apostados em mudar a face da cidade e não se fazem rogados a desafios de monta. Esperemos que a sorte e o sucesso premeiem os audazes. p. 3 d.r.

d.r.

Festas da vila:

Alcoutim promete três dias de festa no Cais do Rio

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TRANSPORTES PÚBLICOS

Universidade do Algarve cresce 19% em novos alunos ricardo claro

Faro inaugura novo terminal de autocarros urbanos >5

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EMPREGO

IEFP inicia novos cursos de aprendizagem >7

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CA

CRÉDITO PESSOAL Veja anúncio pág. 12


2  |  11 de Setembro de 2015

em foco

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

Universidade do Algarve é a que mais cresce em novos alunos Mais de 1.100 novos alunos - considerando apenas a primeira fase de candidaturas - rumam a Faro este ano fotos: ricardo claro

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

NUMA ÉPOCA EM QUE conse-

cutivamente o número de candidatos ao ensino superior vem descendo, a Universidade do Algarve apresenta este ano, e pelo segundo ano lectivo consecutivo, uma tendência de crescimento no número de candidatos a frequentar a instituição pública de ensino superior algarvia. Quando está apenas concluída a primeira fase de candidaturas, a Universidade do Algarve regista já um crescimento de 19% do número de candidatos colocados na 1ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior. Em termos absolutos este aumento traduz-se em mais 178 estudantes do primeiro ano, com o número de caloiros a subir de 942, em 2014, para 1.120, em 2015. Este resultado coloca a academia algarvia na posição de líder no crescimento de colocações já nesta fase do concurso nacional de acesso. fotos: d.r.

ÔÔ O reitor António Branco

António Branco, reitor da instituição, congratula-se com “a consolidação do crescimento no número de

fotos: d.r.

ÔÔ Número de cursos com a totalidade de vagas ocupadas duplicou de 12 para 24 candidatos colocados na primeira fase, reflectida no segundo ano consecutivo de aumento de novos estudantes, ainda por cima quando ele é acompanhado de um elevado aumento de colocações em primeira opção”. O reitor reitera que “a Universidade do Algarve também proporcionará a estes mais de mil novos estudantes uma formação académica num ambiente de grande proximidade e de bom exemplo da prática da cidadania”. De acordo com a Universidade do Algarve, este ano o número de cursos com a totalidade de vagas ocupadas duplicou, de 12 para 24, fenómeno a que ajudou a redução das vagas oferecidas pela instituição no total dos cursos ministrados de este aumento associado ao ajustamento da oferta formativa, através de uma redução de 54 vagas (de 1.420 em 2014 para 1.366 em 2015). Assim se alcançou uma

diminuição das vagas não ocupadas em 44% (de 481 em 2014, para 270 em 2015).

OCUPAÇÃO DE VAGAS SEMELHANTE NO POLITÉCNICO E NA UNIVERSIDADE Em comunica-

do a Universidade do Algarve revela que os dois subsistemas da instituição de ensino - Politécnico e Universitário - tiveram uma evolução da percentagem de ocupação das vagas idêntica. “A progressão da percentagem de ocupação das vagas foi muito idêntica nos dois subsistemas da UAlg: no subsistema universitário, de 75% para 90%; e no subsistema politécnico, de 60% para 76%”, refere a instituição de ensino superior”.

ESTUDANTES REFORÇAM ALGARVE COMO PRIMEIRA ESCOLHA De acordo com a instituição dirigida pelo reitor António Branco, o número de alunos colocados com a Universidade do Algarve como primeira escolha cresceu.

Os candidatos à universidade como primeira opção cresceram 28%, de 724 em 2014, para 930 em 2015. Também neste indicador, afirma a Universidade do Algarve, a instituição registou o crescimento mais intenso entre o conjunto das universidades portuguesas.

“feliz com os resultados obtidos pela Universidade do Algarve nesta primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior”. “Trata-se de um crescimento e simultaneamente de uma consolidação de uma evolução positiva no número de alunos que chegam ao Algarve

ÔÔ Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro

AUTARCA FARENSE DESTACA A IMPORTÂNCIA DESTES RESULTADOS PARA A CIDADE E PARA A REGIÃO Ao POSTAL Rogé-

rio Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, afirmou-se

e em particular a Faro para estudarem na universidade, o que num quadro recessivo no número de alunos a acederem a este nível de ensino, como aquele que temos vin-

do a atravessar, é um dado particularmente positivo”, refere o autarca. Para a cidade o presidente da edilidade sublinha “a importância da população estudante”, numa cidade que é já “uma cidade habituada a ter uma forte comunidade universitária”. O responsável pela autarquia sublinha que “este trajecto ascendente no que toca ao número de novos estudantes a ingressarem nas fileiras da Universidade do Algarve é também sinal de que se encontraram estratégias de afirmação da instituição a nível nacional e no quadro das instituições portuguesas de ensino superior”. “Este trabalho de afirmação da universidade e da sua capacidade de atracção de estudantes é fundamental para assegurar o futuro da Universidade do Algarve”, diz Rogério Bacalhau, que está certo de que “uma vez mais os farenses receberão de braços abertos os novos estudantes”. A nível nacional, e de acordo com os dados avançados pelo Universidade do Algarve na sequência dos resultados da primeira fase de candidaturas ao ensino superior, registou-se “um aumento de 4.290 candidatos (+11,4%) colocados nas universidades portuguesas”. A média nacional de ocupação das vagas colocadas a concurso subiu de 74%, em 2014, para 83%, em 2015. Já no que respeita aos subsistemas de ensino universitário e à respectiva taxa de ocupação de vagas, as universidades registaram uma percentagem de ocupação das vagas de 94% e os politécnicos de 67%.


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Faro já tem novo terminal rodoviário urbano pág. 5

Faro candidata a Capital Europeia da Cultura 2027 Cidade candidata-se com Guilherme d’Oliveira Martins a liderar o processo Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

PORTUGAL TERÁ EM 2027 uma cidade nacional que será Capital Europeia da Cultura - a par de uma cidade da Letónia - e Faro apresentou-se, na passada segunda-feira, Dia da Cidade, como a primeira candidata nacional a acolher a organização pela voz do presidente da Câmara, Rogério Bacalhau. A organização implica que até 2017, daqui a apenas dois anos, a candidatura de Faro esteja preparada para ser apresentada ao júri internacional seleccionado pela Comissão Europeia a quem caberá, em 2019, decidir quem será a cidade portuguesa a ganhar. Ao POSTAL Rogério Bacalhau esclareceu que “esta é uma aposta da autarquia que implicará um forte investimento do esforço da Câmara e de um conjunto alargado de outras entidades a nível local, regional e nacional, e que temos noção que exigirá um grande esforço e muito trabalho para poder vingar”. A ser escolhida, Faro será a quarta Capital Europeia da Cultura Portuguesa, depois de

d.r.

Lisboa (1992) - ainda no período em que apenas uma cidade europeia organizava em cada ano o evento - Porto (2001), que organizou o evento a par de Roterdão na Holanda, e Guimarães (2012), que foi Capital Europeia da Cultura a par de Maribor na Eslovénia.

FARO COMO PONTA DE LANÇA DE UMA CANDIDATURA DE ABRANGÊNCIA REGIONAL Nas decla-

rações que fez ao POSTAL Rogério Bacalhau deixa antever uma candidatura de Faro à organização deste programa alargado de actividades culturais na qualidade de ponta de lança de um projecto que o autarca deseja que seja de verdadeiro âmbito regional. A escolha estratégica não surpreende, uma vez que, a cidade de Faro por si só dificilmente poderia acolher o vastíssimo programa cultural que a condição de Capital Europeia da Cultura implica. Para já “estamos no começo do trabalho”, diz o autarca, que deseja ver envolvidos no processo de candidatura vários parceiros a nível regional entre os quais destaca à partida a Universidade do Algarve.

Assine o

ÔÔ Guilherme d’Oliveira Martins preside à candidatura

Identificado está também o presidente do grupo de trabalho para a elaboração da candidatura farense, o presidente do Centro Nacional de Cultura Guilherme d’Oliveira Martins, que é também o actual presidente do Tribunal de Contas. Um nome incontornável da cultura portuguesa e uma das vozes mais respeitadas no meio cultural nacional.

FARO FOI CAPITAL NACIONAL DA CULTURA HÁ DEZ ANOS Recorde-

-se que Faro foi Capital Nacional da Cultura em 2005, há dez anos exactamente, numa organização liderada pelo saudoso Rosa Mendes, que salvou o projecto

de um verdadeiro ‘flop’ depois de uma implementação conturbada da candidatura. Um erro que, quer pela importância, quer pela magnitude da candidatura a Capital Europeia da Cultura, não poderá repetir-se. Já nesta organização Faro liderou um projecto que se estendeu a todo o Algarve e que implicou uma transversalidade da realização dos eventos culturais por toda a região. Certo é que o anúncio da candidatura não se fez por certo na incerteza dos apoios e dos consensos necessários a um projecto desta natureza, adiantou ao POSTAL uma fonte habituada a este tipo de organizações. Rogério Bacalhau é o primeiro a reconhecer, nas declarações que prestou ao POSTAL, que “este é um projecto que não serei eu decerto a ver concretizar enquanto presidente da Câmara, atravessará mandatos autárquicos e vários Governos até à sua concretização no terreno”. A aposta da autarquia é pesada, mas também o são os efeitos de um projecto desta natureza, quer ao nível dos custos, quer ao nível dos benefícios que trará a Faro e ao Algarve.

fotos: ricardo claro

ÔÔ Rogério Bacalhau prepara-se para apresentar o projecto Para a directora regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, “é uma proposta ambiciosa e positiva cuja concretização dependerá da qualidade da candidatura de Faro face à das restantes cidades candidatas que possam vir a surgir”. A responsável regional da Cultura acredita, estudando os modelos melhor sucedidos entre os já aplicados nesta matéria pelas diversas capitais europeias

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da cultura e evitando os erros cometidos noutras candidaturas, que Faro com o envolvimento da região e de todos os parceiros poderá ter sucesso”. A responsável destaca ainda a qualidade do presidente escolhido para o grupo de trabalho que elaborará a candidatura, reconhecendo a Guilherme d’Oliveira Martins “as qualidades necessárias a um projecto desta dimensão”.

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Três dias de festa animam Cais do Rio de Alcoutim pág. 6

Vila Real investe 60 milhões em redes de água e saneamento Intervenção põe fim aos esgotos não tratados no Rio Guadiana O SECRETÁRIO DE ESTADO DO AMBIENTE, Paulo Lemos, e o

secretário de Estado adjunto do ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, visitaram na quarta-feira da passada semana, em Vila Real de Santo António, a maior obra jamais efectuada no concelho em matéria de abastecimento de água e saneamento básico, intervenção que permitiu acabar de vez com os esgotos não tratados no Rio Guadiana. Avaliados em 30 milhões de euros e executados ao abrigo do Programa Operacional Temático de Valorização do Território (POVT), os trabalhos puseram fim a uma rede obsoleta que misturava esgotos e águas pluviais e se encontrava subdimensionada face às necessidades actuais. Este conjunto de intervenções soma-se às já realizadas pelo executivo vila-realense desde 2005, cujo montante ultrapassa os 31 milhões de

euros, o que totaliza um valor global superior a 61 milhões de euros em infra-estruturas de água e saneamento. Para Luís Gomes, presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, “mesmo em tempo de contenção financeira, o município soube encontrar os mecanismos de financiamento ainda disponíveis, levando a cabo o maior investimento público de sempre”. “Por outro lado, este esforço financeiro dá cumprimento às regras exigidas por Bruxelas em matéria de saneamento, corrigindo os erros do passado e evitando multas ao Estado Português”, prossegue o autarca. Ao nível do POVT, e em matéria de saneamento, foram construídas 17 novas estações elevatórias em todo o concelho e implementados 34 quilómetros de novas condutas de esgotos, modernizando uma rede antiquada que, em muitos casos, não se

d.r.

ÔÔ Elementos do Governo visitaram a maior obra de redes de água e saneamento realizada no concelho encontrava ligada aos sistemas interceptores e às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Já no abastecimento, a obra permitiu a renovação de mais 33 quilómetros de tubagens de água e a construção de quatro novos reservatórios, diminuindo drasticamente

as roturas e os episódios de falta de água que, no passado, se verificavam no Verão. Simultaneamente, foi remodelada a maioria das tubagens de água do concelho, algumas com mais de 50 anos, e levada água canalizada a diversos pontos do interior do município que ainda não possuíam este serviço em pleno século XXI. Para o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, que elogiou a obra levada a cabo em Vila Real, “este investimento permite não só o equilíbrio ambiental do país, mas cria também condições para o desenvolvimento turístico da região do Algarve”. pub

MUNICIPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 48 /2015 Jorge Manuel do Nascimento Botelho

INSTRUMENTO DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO FOI ANULADO HÁ MAIS DE UMA DÉCADA

Após 13 anos Lagos volta a ter PDM d.r.

O PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE LAGOS entrou em vigor no

passado dia 1 de Setembro. Assim, mais de uma década depois, Lagos volta a ter PDM. Com a publicação do Aviso N.º 9904/2015 - Diário da República N.º 169/2015, Série II DE 2015-08-3170139901, está assim confirmada a eficácia do principal Plano da hierarquia dos Planos Municipais. Este foi o culminar de um processo que já decorria há 13 anos, altura em que o Município de Lagos, actualmente presidido por Joaquina Matos, viu o seu PDM anulado. Recorde-se que a versão final foi aprovada na reunião de 29 de Junho da Assembleia Municipal de Lagos, tendo a câmara local, nessa sequência, remetido o Plano

ÔÔ A autarca lacobrigense Joaquina Matos

para publicação no Diário da República, de acordo com o artº. 81º. do anterior Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial. Conforme sublinha a autarquia lacobrigense, “o ob-

jectivo genérico central do PDM é o de concretizar uma política de ordenamento do território segundo as orientações do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL), bem como de outras indicações constantes nos demais planos e estudos de incidência territorial, reforçando simultaneamente a imagem do concelho de Lagos como território inovador e competitivo, socialmente coeso e activo cultural e cientificamente, na linha da sua tradição histórica e marítima de relação com o Mar e de sede dos Descobrimentos Portugueses”. Todos os documentos do Plano Director Municipal de Lagos podem ser consultados no Balcão Virtual da câmara em www.cm-lagos. com.

Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 01 de setembro de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 175/2015/CM, referente a 11.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano - 2015; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 176/2015/CM, referente à atribuição de auxílios económicos para livros escolares a alunos carenciados – Ano letivo 2015/2016 – 1ª. fase; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 177/2015/CM, referente à atribuição de bolsas de estudo a estudantes universitários – 2014/2015; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 178/2015/CM, referente à atribuição de apoio ao Centro Social de Santo Estevão – aquisição de equipamento; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 179/2015/CM, referente à atribuição de apoio à Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia da Conceição – “Festa de Nossa Senhora do Mar Padroeira de Cabanas”; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 180/2015/CM, referente à atribuição de apoio à Associação Cultural Rock da Baixamar – “Mar de Contos”; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 181/2015/CM, referente à atribuição de apoio ao Rancho Folclórico da Luz – XXXVIII Festival Internacional de Folclore da Luz de Tavira; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 182/2015/CM, referente à concessão de isenção de entradas e alargamento de horário de abertura ao público no Museu Municipal de Tavira durante a III Feira da Dieta Mediterrânica (3 a 6 de setembro 2015); 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 183/2015/CM, referente ao parecer prévio vinculativo para a celebração de contrato de prestação de serviços de instalação de fibra ótica; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 184/2015/CM, referente à aquisição de energia elétrica em regime de mercado liberalizado ao abrigo do Acordo Quadro da AMAL com anúncio de procedimento nº 1108/2013 e JOUE S050-081623 de 12 março 2013, para instalações alimentadas em Baixa Tensão Especial (BTE) e Média Tensão (MT) – Aprovação do procedimento e dos compromissos plurianuais. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 01 de setembro do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015)


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Comarca de Faro

IEFP inicia novos cursos de aprendizagem em Setembro e Outubro pág. 7

Tavira – Inst. Local – Sec. Comp. Gen. – J1 Palácio da Justiça – Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 – 8800-412 Tavira Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: tavira.judicial@tribunais.org.pt

região

ANÚNCIO Processo: 205/15.0T8TVR Interdição / Inabilitação N/Referência: 978170015 Data: 03-07-2015 Requerente: Maria Ermelinda Antunes Dias Cavadas Interdito: Henrique Gonçalo Dias Cavadas Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Henrique Gonçalo Dias Cavadas, com residência em domicílio: Rua D. Jerónimo Osório, N.º 67, Conceição de Tavira, 8800-082 TAVIRA, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. O Juiz de Direito, Dr. Rogério da Silva e Sousa

Obra foi inaugurada no Dia da Cidade

O Oficial de Justiça, Joan Santos Gonçalves de Sousa (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015) pub

CARTÓRIO NOTARIAL DE OLHÃO Rua Patrão Joaquim Casaca, lote 1, r/c, Notário Lic. António Jorge Miquelino da Silva Certifico narrativamente para efeito de publicação que por escritura de 21 de Agosto de 2015, exarada a folhas 147 do livro de notas deste Cartório número 117-A, Alexandrina da Natividade Guerreiro Fernandes, divorciada, natural da freguesia e concelho de Olhão, residente no Bairro dos Pescadores, Rua do Malhão, nº. 70, em Olhão, que declarou-se dona e legítima possuidora, com exclusão de outrém, do prédio urbano térreo, para habitação, composto por diversos compartimentos, com a área de trinta e quatro vírgula vinte metros quadrados, sito em Feiteira, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar do Norte com José de Brito Lopes e do Sul, Nascente e do Poente com Serafina Campina, inscrito na matriz, em nome da antepossuidora, sob o artigo 1282, com o valor patrimonial tributável de quatro mil setecentos e quarenta e um euros e noventa e oito cêntimos, a que atribui igual valor, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que entrou na posse do prédio, por compra meramente verbal e nunca reduzida a escrito, feita em data imprecisa do início do ano de mil novecentos e noventa e cinco, a Maria do Céu Ferreira Paulo e marido Manuel do Rosário Paulo, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Amadora, e que sem qualquer interrupção no tempo desse então, portanto há mais de vinte anos, tem estado ela, justificante, na posse do prédio, procedendo à sua vedação e praticando actos de manutenção, enfim, extraindo todas as utilidades por ele proporcionadas, sempre com ânimo de quem exerce direito próprio, posse essa exercida de boa-fé, por ignorar lesar direito alheio, de modo público, porque com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pacífica, porque sem violência, e contínua, pelo que adquiriu o prédio por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, título extrajudicial normal capaz de provar o seu direito. Está conforme: Cartório Notarial de Olhão sito na Rua Patrão Joaquim Casaca, lote 1, r/c, aos 21 de Agosto de 2015. O Notário, António Jorge Miquelino da Silva Conta registada sob o n.º 1879/2015 (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015) pub

NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº. 1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e sete de Agosto de dois mil e quinze, a folhas cinquenta e nove, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e oito–A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual, ISABEL MARIA PIRES FERREIRA, NIF 113.866.615, natural da freguesia de Paranhos, concelho de Porto, casada sob o regime da separação de bens com José Constantino Sequeira, NIF 160.306.426, residente na Rua Professor Mira Fernandes, lote 13, 1.º Esq., Lisboa, declarou: Que, com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora do prédio urbano, composto por edifício térreo, destinado a habitação, com a superfície coberta de duzentos e trinta e três metros quadrados e a superfície descoberta de quatrocentos e oitenta e sete metros quadrados, sito em Santa Margarida, União das Freguesias de Santa Maria e Santiago, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 3.694 (anterior artigo 4.229 da extinta freguesia de Santiago), que confronta do norte, sul e nascente com Ruy Maria Palermo Ferreira e do poente com Isabel Maria Pires Ferreira, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que, adquiriu o prédio em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta, por doação verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita por seus pais, Rui Maria Palermo Ferreira e Maria de Lourdes Brito Pires Ferreira, casados sob o regime da comunhão geral de bens e residentes na Avenida Dom Rodrigo da Cunha, número vinte e um, primeiro direito, Lisboa. Que, desde esse ano, possui o prédio em nome próprio, usufruindo do mesmo, fazendo as obras de reparação e conservação necessárias, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriu o prédio por usucapião. Vai conforme o original. Tavira, em 27 de Agosto de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO 1436/2015 Factura nº. 01443 (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015)

Faro já tem novo terminal rodoviário urbano ricardo claro

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

CERCA DE 700 MIL EUROS foi quanto custou o novo terminal rodoviário para os transportes públicos urbanos de Faro, que operam sob a marca Próximo. Inaugurado na manhã da passada segunda-feira, o novo terminal disponibiliza aos utilizadores sala de espera climatizada, casas de banho e cafetaria, num edifício de linhas arquitectónicas modernas, onde se destacam, no alçado frontal, a marca Próximo em letras 3D metálicas de grande dimensão - e um relógio. Em termos operacionais o terminal, situado ao lado do velhinho terminal da EVA na baixa da cidade, pode acolher seis autocarros e é a resposta dada pelo concessionário privado dos transportes públicos urbanos de Faro à necessidade de organizar gestão de passageiros na zona da baixa de Faro junto ao Hotel EVA. Ao POSTAL Carlos Osório Gomes, responsável pela EVA, realçou “as melhorias que o terminal trará aos passageiros”, mas também ao trânsito na zona envolvente do Hotel Eva, onde os autocarros do Próximo se acumulavam por falta de uma infra-estrutura adequada para acolher as viaturas. Já Rogério Bacalhau, no discurso de inauguração do terminal, destacou “o acréscimo de conforto que o terminal trará a quem utiliza o Próximo”. Ao POSTAL o autarca sublinhou que “a localização

ÔÔ Passageiros das carreiras urbanas vão dispor de melhores condições de embarque e desembarque do terminal é estratégica para quem faz uso dos transportes urbanos de Faro nas suas deslocações tendo o centro da cidade como ponto de partida ou chegada, bem como, para quem efectua transbordos entre os transportes urbanos e os transportes interurbanos, regionais e nacionais”. Poucas dezenas de metros separam o novo terminal de urbanos do terminal da EVA para os transportes interurbanos, regionais e nacionais, e estão agora facilitadas em termos de comodidade as ligações entre estes diversos transportes. Também perto fica a estação de comboios da cidade, colocando numa única área e a curtas distâncias um conjunto de ligações no que respeita a transportes.

TERMINAL DA EVA SEM OBRAS PREVISTAS Ao POSTAL o admi-

nistrador da EVA Carlos Osório Gomes disse, “não estarem de momento previstas intervenções

de manutenção ou requalificação do velho terminal da EVA”. Instalado por debaixo do Hotel EVA o terminal é sombrio e tem poucas condições para os passageiros, nomeadamente, no que diz respeito a instalações sanitárias, mas segundo o responsável da EVA a solução para este terminal deverá “passar antes por uma relocalização num edifício criado de raiz para o efeito à semelhança do que aconteceu com a modernização dos terminais de transportes públicos noutras cidades algarvias como Albufeira ou Tavira”. Carlos Osório Gomes reconhece no entanto que este investimento não está no horizonte próximo dos investimentos da empresa. “Em termos de investimentos em terminais, depois deste novo terminal do Próximo a empresa tem apenas previsto outro investimento na região e não é destinado a Faro, avança o responsável da EVA, sem revelar qual o concelho que receberá tal

investimento”.

PASSES SOCIAIS SEM DATA DEFINIDA PARA CHEGAREM AO ALGARVE À margem da inaugu-

ração, o administrador da EVA referiu ao POSTAL que a introdução dos passes sociais, cujo alargamento ao país nas mesmas condições em que existem há anos para Lisboa e Porto já foi aprovado pelo Governo, “deverá estar próxima de entrar em aplicação”. “Não sabemos datas concretas”, refere o responsável, que sublinha que esta “será uma vantagem para os utilizadores dos transportes públicos que verão assim reduzidos os seus encargos com os transportes”. “Em termos de vantagens para as concessionárias os passes não trazem vantagens financeiras directas, nem alteram os termos em que as concessões estão feitas no que respeita aos transportes públicos urbanos”, remata Carlos Osório Gomes.

APOIO EM TEMPO DE CRISE

Câmara de Tavira entrega material escolar ricardo claro

A CÂMARA DE TAVIRA continua

a apostar na qualidade do ensino público e a apoiar as famílias do concelho que no início de cada ano lectivo se deparam com despesas acrescidas. Neste sentido, segundo refere em nota de imprensa, “para este ano lectivo, foram investidos perto de 28 mil euros na aquisição de material escolar para todos os alunos do

1º Ciclo”. Novecentos e cinquenta conjuntos de material escolar serão distribuídos na próxima sexta-feira, dia 11, assim como na segunda e na terça-feira, entre as 9.30 e as 17 horas, no edifício da câmara, no local onde funcionou o Espaço Internet. Os materiais serão entregues de acordo com o ano lectivo que o aluno frequenta, correspon-

ÔÔ O autarca Jorge Botelho

dendo a uma distribuição de 470 conjuntos para os alunos do 1º e 2º anos e 480 para os alunos do 3º e 4º anos. Com a adopção desta medida, a autarquia tavirense visa “auxiliar as famílias, numa época de crise financeira, bem como proporcionar aos alunos as condições necessárias para o arranque de mais um ano lectivo”.


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região

Abastecimento de água garantido até final de 2016 pág. 8

Três dias de festa animam Cais do Rio em Alcoutim Município aposta num programa de eventos para todos os gostos d.r.

A FESTA DE ALCOUTIM volta

a quebrar a habitual pacatez desta vila raiana a partir desta sexta-feira e até domingo. Naquela que é já a 64.ª edição deste evento que marca o fim do Verão na região, o Município volta a apostar num programa diversificado com três dias repletos de actividades para todos os públicos. As festividades arrancam às 9.30 horas de sexta-feira, com as cerimónias comemorativas do Dia do Município, cuja programação inclui uma demonstração de pára-quedismo (10h), e terminam na madrugada de segunda-feira com a discoteca no cais e o tradicional cacau no rio.

Animação é o que não vai faltar neste evento que atrai anualmente milhares de visitantes e que nesta edição tem como cabeça de cartaz a banda Quinta do Bill, na sexta-feira, David Antunes, que convida FF e Paulo de Carvalho, sábado, e no dia de encerramento, domingo, o artista português D8. Destaque ainda para a Discoteca no Cais, tão apreciada pelo público mais jovem, que será animada ao longo dos três dias, a partir das 4 horas, pelos Dj’s Royal Pires, KK Connections e Lady F. O programa destas emblemáticas festas anuais abre ainda um leque de actividades cultu-

ÔÔ Festa de Alcoutim atrai anualmente milhares de visitantes pub

rais como as apresentações dos livros “Colónia Balnear Infantil de Alcoutim (1959 - 1962): Um Projecto Comunitário”, de Celina Moura Arroz, pelo jornalista e escritor Mário Zambujal, na sexta-feira, e “A Raia de Alcoutim: contrabando, emigração e outras narrativas”, de José Dias Rodrigues, no sábado. Ambas as apresentações decorrerão no Auditório do Castelo de Alcoutim, pelas 16 horas. Gastronomia, artesanato, desporto, concursos, fogo-de-artifício no Guadiana e animação musical diversa fazem também parte do programa que promete encher estes dias de animação. pub


11 de Setembro 2015  |  7

região

IEFP inicia novos cursos de aprendizagem em Setembro e Outubro Novas oportunidades formativas para jovens com menos de 25 anos d.r.

ÔÔ Após o estágio, Sandro foi convidado a fazer parte dos quadros da Fundação António Aleixo

OS SERVIÇOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO IEFP - ALGARVE vão iniciar 13 novos

cursos de Aprendizagem, nos meses de Setembro e Outubro do presente ano. Os cursos de aprendizagem, que funcionam num sistema dual, destinam-se a jovens com idade inferior a 25 anos, atribuindo uma dupla certificação - qualificação profissional de nível 4 e certificação escolar de 12º ano. O sistema dual conjuga conhecimentos teóricos com competências adquiridas no posto de trabalho (learning by doing). Os conhecimentos adquiridos em sala de aula são consolidados e aplicados na prática permanentemente ao longo da qualificação. Um percurso de aprendizagem dura aproximadamente 3.200 horas (cerca de dois anos e meio), das quais 1.500 são realizadas em empresas (Formação Prática em Contexto de Trabalho - FPCT). A alternância entre o Centro de Formação e a empresa favorece a inserção dos jovens no mercado de trabalho e, em simultâneo, permite-lhes o prosseguimento de estudos.

SANDRO FERREIRA Foi duran-

te a frequência do curso de Aprendizagem de Técnico de

Acção Educativa, desenvolvido em Loulé, pelo Centro de Emprego e Formação Profissional de Faro, entre Novembro de 2011 e Dezembro de 2013, que Sandro Joaquim Guedes Ferreira, de 23 anos, deu os primeiros passos da sua vida profissional, na Fundação António Aleixo, onde realizou a FPCT. Inicialmente fez a formação prática no Espaço Infantil, em Loulé, passando nos períodos seguintes para a creche Meninos do Aleixo, no Centro Comunitário António Aleixo, em Quarteira. Durante o seu percurso formativo Sandro demonstrou ser possuidor de grande sentido de responsabilidade e capacidade de trabalho, bem como de uma grande facilidade em interagir com as crianças. Foram estas as qualidades que o destacaram e no final do curso foi convidado a permanecer na Fundação ao abrigo da medida Estágio-Emprego. Finalizado o período de estágio, a Fundação decidiu convidar Sandro a fazer parte dos seus quadros, agora com um contrato individual de trabalho de seis meses. Este revelou-se um grande desafio para Sandro, pois teria

a seu cargo os meninos da sala dos Coelhos, onde estava uma criança com necessidades educativas especiais. Um desafio, considerado pelo próprio, como superado, atendendo ao processo de grande evolução e autonomização vivido por essa criança. A oferta formativa disponibilizada pela Delegação Regional do Algarve do IEFP é diversificada, está disponível em toda a região, e procura responder às necessidades de trabalhadores qualificados, manifestadas pelas empresas. Nos meses de Setembro e Outubro está previsto o início dos seguintes cursos: Esteticista - Cosmetologista, em Faro; Técnico/a de Soldadura, em Faro; Técnico/a de Restaurante/Bar, em Faro e em Tavira; Recepcionista de Hotel, em Loulé, em Vila Real de Santo António, em Silves e em Portimão; Técnico/a de Multimédia, em Faro; Técnico/a de Apoio à Gestão, em Olhão; Técnico/a Comercial em Lagos e Técnico/a de Cozinha/ Pastelaria em Portimão. A inscrição para estes novos cursos pode ser feita nos Serviços de Emprego do IEFP IP. Mais informações disponíveis em www.iefp.pt.

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NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA

REGIÃO

Certifico: Que no dia 09-09-2015, a folhas 81, do livro de notas para escrituras diversas número 178 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, FERNANDO MANUEL FERNANDES RODRIGUES, NIF 181.939.258, natural da freguesia de Salir, concelho de Loulé e mulher GIOVANNA RUTA RODRIGUES, NIF 224.866.664, natural de Calttanisseta, Sicília, Itália, ambos de nacionalidade francesa, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em 28 Rue d’Orleans, Tourcoing, 59200 França, declararam:

Abastecimento de água garantido até final de 2016

Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto por terra de cultura com duas amendoeiras, sito em Ferragial, Mealha, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar do norte com Manuel Lourenço Costa, do sul com Manuel Mateus Coelho, do nascente com casas de Manuel José e do poente com Custódio da Luz Braz, com a área de duzentos e vinte metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 20.180, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriram o prédio no ano de mil novecentos e oitenta e cinco, a Custódia Rosário, viúva e a Liberto Gonçalves e mulher Maria José Iria Gonçalves, todos residentes no dito sitio de Mealha. Que adquiriram o prédio por usucapião.

Apesar da seca a disponibilidade hídrica ainda é favorável d.r.

A EMPRESA ÁGUAS DO ALGARVE (AdA) anunciou que as dis-

ponibilidades hídricas das quatro albufeiras que asseguram o abastecimento de água na região garantem as necessidades até ao final de 2016. “A situação das disponibilidades hídricas para o abastecimento público é ainda favorável, estando actualmente assegurado o suprimento das necessidades para o abastecimento até ao final do período seco de 2016”, revelou, em comunicado, a Águas do Algarve. Segundo a AdA, da análise dos volumes e disponibilidades hídricas das quatro albufeiras (Odelouca, Bravura, Odeleite e Beliche) que constituem as origens de água do sistema multimunicipal de abastecimento do Algarve, verificou-se que os cau-

ÔÔ A barragem de Odelouca dais de regularização das albufeiras, não permitiram grandes incrementos em termos de percentagem de armazenamento de água durante o ano hidrológico 2015/2016. A albufeira da barragem da Bravura foi uma excepção, ten-

do “estado próxima de atingir a sua capacidade máxima”. De acordo com a Águas do Algarve, verifica-se que a disponibilidade de água superficial para o abastecimento público, é mais favorável na região do barlavento, onde os consumos são

Tavira, em 09 de Setembro de 2015

também superiores, merecendo a situação das disponibilidades a sotavento “um acompanhamento mais apertado ao longo do próximo período húmido”. “Apesar do contexto de seca que se tem vindo a manifestar no território continental, no Algarve (…) está actualmente assegurado o suprimento das necessidades para o abastecimento público até ao final do período seco de 2016”, lê-se no documento. De acordo com a Águas do Algarve, com o início de um novo ano hidrológico em Outubro, há a expectativa de melhoria do balanço hídrico, “com maiores afluências às diversas albufeiras” e, consequentemente, o aumento das disponibilidades totais. Lusa

EMPREITADA DEVE ESTAR CONCLUÍDA DENTRO DE OITO MESES

A CÂMARA DE CASTRO MARIM já iniciou as obras de modernização do Mercado Municipal de Altura. A empreitada foi adjudicada por 267 mil e 942 euros e deverá estar concluída dentro de oito meses. A intervenção, que assenta na remodelação, modernização e revitalização do equipamento público, vai melhorar as condições técnicas e tecnológicas necessárias aos vendedores na garantia da qualidade dos produtos, além de tornar o espaço mais atractivo para o público em geral. “As principais modificações vão acontecer na zona de venda de pescado, através da total remodelação de bancas e espaços afectos, procurando responder à excelência exigida, tanto pelo vendedor, como pelo consumidor”, explica a autarquia castromarinense. O projecto contempla também a reabilitação de outros espaços interiores, que passam pela redistribuição de sítios de

ÔÔ O autarca Francisco Amaral venda, aplicação de novos revestimentos, remodelação de sanitários, reformulação de infra-estruturas de abastecimento de água e de rede eléctrica, entre outros. “A necessidade de intervenção, para além de questões higineo-sanitárias, tem como principal objectivo o apoio e dinamização da economia do local, e o reforço da sua identidade ligada ao mar, hoje muito focada no sol e praia. Acreditamos num aumento da procura de bens no

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3) Conta registada sob o nº. PAO1501/2015 Factura nº. 01509 (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015)

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Cartório Notarial em Tavira Notário Bruno Torres Marcos

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em trinta de Julho de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e quarenta e três e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e quatro – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A JOÃO PEDRO GONÇALVES ROSA, NIF 219738130, solteiro, maior, natural da freguesia de Faro (Sé), concelho de Faro, residente na Avenida 5 de Outubro, n.º 44, 8.º B, em Faro, declara que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por dois compartimentos, destinado a habitação, com a área de quarenta vírgula cinquenta metros quadrados, sito na Rua do Norte, actualmente Travessa do Norte, número 26, na aldeia e freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar no norte com José Afonso Batista, do sul com António de Sousa, do nascente com Travessa do Norte, e de Poente com Maria Catarina, inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 12, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, com o valor patrimonial tributário e atribuído de € 3.830,00. - Que este prédio veio à sua posse, por doação meramente verbal, no ano de mil novecentos e oitenta e sete, em data que não pode precisar, e nunca reduzida a escritura pública, feita por seus bisavós Manuel Francisco Anica e mulher Inácia Rosa, já falecidos, residentes que foram em Cachopo, Tavira, não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo do prédio em seu nome. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre o prédio supra identificado, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – fazendo obras de manutenção, reparação e beneficiação, nomeadamente no telhado e pintando-a, e suportando os respectivos encargos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO.

Obras no Mercado Municipal de Altura já arrancaram d.r.

A funcionária por delegação de poderes;

Tavira, 30 de Julho de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos

mercado local, referenciados como de superior qualidade e, consequentemente, no aumento de transacções de produtos ligados ao mar. Ali serão realizados workshops e atelieres que estimulem essa procura, tal como serão levadas a cabo acções de promoção e marketing para o mesmo fim e para a sensibilização do consumidor para as vantagens de compra num mercado de proximidade. Num aproveitamento de sinergias, o Espaço do Cidadão, da rede de lojas do Cidadão, também ali funcionará. Por outro lado, Altura e Castro Marim, referências na região pela sua restauração e gastronomia, poderão no seu conjunto e com o mercado, impulsionar as pequenas explorações e dessa forma criar mais emprego”, referiu a vice-presidente da Câmara de Castro Marim, Filomena Sintra, sobre a importância desta obra para o território. Durante o decurso da obra, o Mercado de Altura ficará a funcionar na antiga escola primária.

A modernização do Mercado Municipal de Altura tem o co-financiamento do PROMAR.

Acto registado sob o n.º 2/1700 (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015) pub

AVISO Oferta de Estágios Profissionais

5ª Edição PEPAL Torna-se público, nos termos e para os efeitos do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de novembro, conjugado com o n.º 3 da Portaria n.º 254/2014, de 09 de dezembro, que se encontram abertas, pelo prazo de 10 (dez) dias úteis, contados da data do aviso publicitado no sítio da internet do Municipio de Tavira, as candidaturas ao procedimento de recrutamento e seleção de 1 estágio, no âmbito da 5.ª edição PEPAL, na área de formação de terapia ocupacional e 1 estágio na área de formação de design de comunicação, a decorrer no Municipio de Tavira, por um período de 12 meses não prorrogável. Os interessados deverão apresentar as candidaturas em suporte papel, através do preenchimento do formulário de candidatura PEPAL – 5.ª Edição, podendo ser entregues pessoalmente na Secção de Expediente e Apoio, até às 17h00 do termo do prazo de candidatura mencionado no aviso, acompanhado dos restantes documentos exigidos ou remeter por correio registado, com aviso de receção, para Câmara Municipal, Praça da República, 8800-951 Tavira, expedidas até ao termo do prazo fixado para a apresentação das candidaturas. Para o efeito, os potenciais candidatos, deverão, obrigatoriamente consultar a página eletrónica do Município de Tavira (www. cm-tavira.pt/Balcao Virtual/Recursos Humanos/PEPAL), onde poderão ter acesso ao formulário de candidatura e ao teor do aviso de publicitação do estágio. Paços do Município, 09 de setembro de 2015 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Botelho


11 de Setembro de 2015  |  9

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Farmácias de Serviço ALBUFEIRA

SEXTA

SÁBADO

DOMINGO

SEGUNDA

TERÇA

QUARTA

QUINTA

Santos Pinto

Piedade

Piedade

Piedade

Piedade

Piedade

Piedade

Sousa Coelho

Edite

Palma

Montepio

-

ARMAÇÃO DE PÊRA

-

Sousa Coelho

Alexandre

LAGOA

Oliveira Martins Oliveira Martins Oliveira Martins

José Maceta

José Maceta

José Maceta

José Maceta

LAGOS

Ribeiro

Lacobrigense

Silva

Telo

Neves

Ribeiro

Lacobrigense

LOULÉ

Avenida

Martins

Chagas

Pinto

Avenida

Martins

Chagas

MONCHIQUE

Moderna

Moderna

Moderna

Hygia

Hygia

Hygia

Hygia

OLHÃO

Ria

Nobre

Brito

Rocha

Pacheco

Olhanense

Ria

PORTIMÃO

Arade

Rio

Central

P. Mourinha

Moderna

Carvalho

Rosa Nunes

QUARTEIRA

Algarve

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Algarve

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

São Brás -

SILVES

-

Algarve

Dias Neves

Dias Neves

Cruz Portugal

Cruz Portugal

-

Higiene

Caniné

-

FARO

SÃO BART. DE MESSINES

Crespo

-

-

Dias Neves -

Pereira

Algarve

Dias Neves

Dias Neves

Guerreiro

-

Dias Neves João de Deus

TAVIRA

Mª Aboim

Central

Central

Felix Franco

Sousa

Montepio

Mª Aboim

VILA REAL de STº ANTÓNIO

Carrilho

Carmo

Carmo

Carmo

Carmo

Carmo

Carmo

Cartório Notarial em Tavira Notário

NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA

Bruno Torres Marcos

Extrato de Escritura de Justificação Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em oito de Setembro de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e dezassete e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e seis – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, compareceram: - JOSÉ DA CONCEIÇÃO GUERREIRO, NIF 198593481, casado com Eulália Fernandes da Conceição Guerreiro sob o regime da comunhão de adquiridos, natural da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, residente no Sítio de Bernardinheiro, caixa postal 1508-C, 8800-513 Tavira; - que declarou ser dono e legítimo possuidor, com a natureza de bens próprio dele e com exclusão de outrem dos seguintes prédios, ambos sitos na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira:

Acordos com:

Multicare, C.G.D., Allianz Acordos com:

Medis, Multicare, C.G.D., Allianz

I) Rústico, composto por terra de pastagem, sito em Gonsalmestre, que confronta a norte com Manuel Martins, a sul com Sebastião Rosa, a nascente com Maria Teresa e a poente com Sebastião Rosa e Francisco Gonçalves, com a área total de cinco mil novecentos e cinquenta metros quadrados, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 33993, que teve origem no artigo 33248 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 60,30€, igual ao atribuído; II) Rústico, composto por terra de pastagem, sito em Vale Martins, que confronta a norte com Francisco Baltazar, a sul com Manuel Martins e a nascente e poente com Manuel José Fernandes, com a área total de três mil e cinquenta metros quadrados, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 34997, que teve origem no artigo 34275 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 31,62€, igual ao atribuído; Que ambos os prédios não se encontram descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira e totalizam um valor patrimonial tributário de 91,92 €; Que esses prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse por partilha meramente verbal, no ano de mil novecentos e oitenta e nove, em data que não pode precisar, e nunca reduzida a escritura pública, feita por óbito dos seus pais Jacinto Guerreiro e mulher Luísa da Conceição, casados sob o regime da comunhão geral, residentes que foram em Gira da Palma, Tavira (Santa Maria). - não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo dos prédios em seu nome. Que, assim, justifica os referidos imóveis, porquanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser titular do respetivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, amanhando e limpando a terra e deles retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu os referidos prédios por USUCAPIÃO, o que invoca.

Tractor - Rega, Lda

Certifico: Que no dia 24-08-2015, a folhas 33, do livro de notas para escrituras diversas número 178 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, FLORENTINO CAETANO BRITES DE JESUS, NIF 108.096.416, natural da freguesia de Conceição, concelho de Tavira e mulher MARIA FERNANDA DA PALMA, NIF 149.384.009, natural da freguesia de Santa Maria, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no sitio dos Carriços, Caixa Postal 404-Z, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são dono e legítimos possuidores dos seguintes prédios rústicos, todos sitos na União das Freguesias de Santa Maria e Santiago, concelho de Tavira, (extinta freguesia de Santa Maria) e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber: Verba um: Prédio sito em Várzea, composto por terra de cultura, a confrontar de norte com Custódia Guerreiro, do sul com Manuel João Amaro, do nascente com Maria Teresa e do poente com Monte, com a área de290 m2, inscrito na matriz sob o artigo 36.591 (anterior artigo 35.885); Verba dois: Prédio sito em Várzea, composto por terra de cultura e uma alfarrobeira, a confrontar de norte com Manuel Domingos, do sul com Manuel José da Palma e Manuel Augusto da Palma, do nascente com Silvério Caetano e do poente com caminho, com a área de 910 m2, inscrito na matriz sob o artigo 36.606, (anterior artigo 35.900), e Verba três: Prédio sito em Horta da Cova, composto por terra de cultura, pastagem e arvoredo, a confrontar do norte com Silvério Caetano, do sul com Silvério Caetano e Manuel José Pereira, do nascente com Manuel Marcelino Gonçalves e do poente com Sebastião Custódio, com a área de 1.850 m2, inscrito na matriz sob o artigo 36.614, (anterior artigo 35.908). Que adquiriram os prédios em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta, por compra verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita a Maria José de Jesus e marido Manuel Francisco, residentes que foram em Carriços, Tavira. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, usufruindo dos mesmos, cultivando a terra, tratando das árvores e recolhendo os frutos pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por USUCAPIÃO. Tavira, em 24 de Agosto de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº.PAO 1403/2015 Factura nº.01410 (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015)

Tavira, 08 de Setembro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/2060

NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA

(POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015)

Certifico: Que no dia 21-08-2015, a folhas 27, do livro de notas para escrituras diversas número 178 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, MARIA DA SAUDADE GONÇALVES, NIF 107.869.420, viúva, natural da freguesia de Santa Maria, concelho de Tavira, residente na Rua Dr. Miguel Bombarda, número 94, Tavira, declarou: Que, com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora do prédio urbano, sito na Rua Miguel Bombarda, número 94, União das Freguesias de Santa Maria e Santiago, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 2.477 (anterior 3.103 da extinta freguesia de Santiago), não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriu o prédio em data imprecisa do ano de 1972, já no estado de viúva, por compra verbal feita a António Gonçalves Rodrigues e mulher Maria Isabel Rodrigues, residentes que foram em Tavira. Que desde esse ano possui o prédio em nome próprio, usufruindo do mesmo, fazendo obras de beneficiação e reparação necessárias, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriu o prédio por USUCAPIÃO. 23

Tavira, em 21 de Agosto de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco - Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO 1396/2015 Factura nº. 01403. (POSTAL do ALGARVE, nº 1149, de 11 de Setembro de 2015)


10  |  11 de Setembro de 2015

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ANTÓNIO PEREIRA 15-04-1929 / 25-08-2015

AGRADECIMENTO

MARIA GUERREIRO CATIVO NEVES 29-06-1924 / 06-09-2015

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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Sobe & desce

11 de Setembro de 2015  |  11

Capital Europeia da Cultura

Terminal da EVA em Faro

Uma aposta forte da autarquia farense quer trazer para a cidade a Capital Europeia da Cultura 2027. Muito para fazer no caminho de quem escolhe e bem a ambição como desafio (Ler pág. 3).

Faro inaugurou o novo terminal para transportes públicos urbanos. Indignas são as condições do vizinho terminal da EVA que acolhe os transportes não urbanos. Lamentável. (Ler pág. 5).

opinião

Quo vadis, Portugal?

Adelino Nogueira Vaz Associação Raiz

Participei de forma altruísta, romântica e sonhada na vida político-partidária desde Abril até à véspera da nossa entrada na então União Europeia. Tínhamo-nos libertado da tutela militar, ultrapassado com dignidade as negociações com

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388) Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:

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o FMI, e pensei Portugal no caminho da inovação, da renovação das infra-estruturas, da modernização legislativa, das reformas na saúde, na educação e na redução do excessivo papel do Estado. Voltei à Faculdade de Direito de Lisboa para acabar o curso que se ia arrastando. Dois anos depois o dr. Mário Soares convidou-me para na sua casa no Campo Grande termos uma conversa. Ponderava candidatar-se à Presidência da República e fazendo-o, gostaria de me ter como mandatário da juventude. Tínhamos internamente extremado posições e a Primavera Europeia dava por cá sinais de Outono: uma maioria, um governo e um presidente. Já como mandatário numa visita ao Sítio, na Nazaré, Soares sai do carro acompanhado por mim e pelo seu assessor de imprensa, Carneiro Jacinto, e, no meio de muito afecto e carinho das va-

rinas e pescadores, repara num senhor idoso que não parava de o aplaudir. Dirige-se ao homem a quem dá um abraço fraterno, agradece e pede-lhe que pare com tantas palmas frenéticas. Resposta do senhor: Isto não é nada, havia de ver o sr. dr. no tempo de Salazar, quando era mais novo a força com que aplaudia… Hoje a classe política vive do descrédito, da amarga desconfiança e do asco vigoroso aos políticos, repetentes de poderes, das benesses, isenções, mordomias e equivalências. O mundo é completamente diferente. As exigências são outras. A Europa está dividida entre duas europas: a dos pobres (Chipre, Grécia, Itália, Portugal, ou seja, o Império Romano) e o norte. Os caminhos por onde os bárbaros desceram para destruir o Império são aqueles por onde sobem os imigrantes em busca

de futuro. A situação de protectorado que se traduziu na Troika, foi das situações mais humilhantes que recordo da nossa história… ver ministros portugueses a negociarem com funcionários, nada tem a ver com a história diplomática portuguesa. Não se consegue decidir se se quer uma Alemanha europeia ou uma Europa alemã. Substitui-se o credo dos valores pelo credo dos mercados. O debate plural não se resume ao comentário, onde têm lugar cativo os suspeitos do costume. Os debates que exercitam o músculo da democracia, a mantêm saudável e regeneram a sua cultura, ao serem recusados representam uma grosseira falta de respeito pelos eleitores e um estilo de governo a evitar. Os debates têm a virtude de revelar convicções, denunciar hesitações, vivem de ideias. Os

programas como os comícios de generalidades. A democracia vem do ano quinhentos e oito a.C., surgiu em Atenas pelo cidadão Clístenes, que propôs algumas reformas que concediam a cada cidadão um voto apenas. Para além de “um voto apenas”, parece-me que no séc. XXI pouco acrescentámos aos poderes do “populis”. Vivemos num país de políticos “cristãos novos”, burocratas sem ligação ao homem-sumário, às suas angústias, sonhos, pesadelos, desistências, bem como, às suas incertezas quanto ao futuro dos seus filhos e netos. Leram na vertical o “Contrato Social” de Rosseau, fizeram-lhes umas cábulas de Kafka e Maquiavel, mas ignoram a “Arte da Guerra de Sun Tzu e não têm tempo para a poesia popular portuguesa. Vamos entrar em tempo de

A exaltação da língua mirandesa, com furor e mistério

Beja Santos

Assessor do Instituto de Defesa do Consumidor e consultor do POSTAL

O apóstolo iluminado que andou anos a incendiar a opinião pública com a língua mirandesa foi Amadeu Ferreira, recentemente falecido. Quem quiser conhecer esta figura prodigiosa tem agora ao seu dispor “O Fio das Lembranças, Biografia de Amadeu Ferreira”, por Teresa Martins Marques, Âncora Editora, 2015. Agora que o apóstolo partiu, a homenagem que se lhe pode fazer é divulgar o seu verbo incendiário, escreveu com encanto, fervor, tinha a vontade de um caminheiro in-

dómito, conhecia os limites da peregrinação, como escreveu: “A semente cai à terra, nasce uma nova árvore, que dá flores e frutos, que um dia vai morrer e tornará a nascer. Hoje sou matéria viva, amanhã sou pó, terra, vento, que vai alimentar uma planta, que vai alimentar uma flor. Só a metamorfose é imortal. É essa a nossa forma de eternidade. Cada manhã em que acordo é um milagre da vida”. Recomendo a todos o seu manifesto “Língua Mirandesa”, também publicado pela Âncora Editora, um texto glorioso sobre a nossa fala madre, de que não devemos abdicar, há que a prezar com unhas e dentes, e ele adverte: “Quando uma língua não se escreve, dizem que a história ainda não começou, porque não há como contar com essa história. Apenas pode ser contada pela língua dos outros. Uma língua sem história não pode durar

para sempre. Os mirandeses apenas podem gabar-se de uma coisa: a sua língua. Correi o mundo inteiro e não encontrareis nada igual. Há mil anos, dizem, já se falava mirandês. Talvez fosse um pouco diferente, mas era mirandês. Uma língua que teimou permanecer numa pequena ilha, cercada pelo mar que é o português e o castelhano. Se morrer, com ele morrerão de novo todas as pessoas que nestes mais de mil anos a falaram. Então, ficamos com um enorme problema: nem em toda a Terra de Miranda há espaço para enterrar tanta gente. Por isso, como almas penadas, ficaremos condenados a chocar constantemente com os esqueletos da língua que morreu. No passado, há muitos anos, obrigaram-nos a falar português. Disseram-nos que o mirandês não era uma língua de gente ou, então, era uma língua de

gente estúpida, atrasada. Os reis obrigavam as pessoas a fazer os documentos oficiais em português. Os enviados do rei vinham a Miranda e falavam português. O português era a língua dos ricos e do poder e, com o tempo, o mirandês foi-se identificando como fala dos pobres, como fala do campo. Passou a andar por aí a lavrar, a ceifar, a cavar, a vindimar, a regar, a apanhar rosmaninho para estrume, a apanhar lenha, a caminhos, a apascentar as mulas ou as vacas. Foi língua de raiva, mas também de embalar; língua deste inferno de mete pé saca pé e língua de sonhar com vidas melhores; língua de ralhar e língua de torna-jeira ou torna o burro; língua de chorar e língua de festas e de dançar; língua de morrer e língua de nascer. Que destino queremos para o mirandês? Nos últimos trinta anos, a Terra de Miranda en-

ofertas: chapéus, esferográficas, porta-chaves, isqueiros, t-shirts, baralhos de cartas, algumas churrascadas gratuitas com vinho a rodo e muitas bandeirinhas. Vão-nos cumprimentar como se fossem nossos vizinhos, pegar em crianças, beijar velhinhas e dizer que agora é que vai ser. No dia das eleições vamos assistir à noite das facas afiadas para quem as perdeu e à guerra fratricida nos vencedores para a distribuição de lugares e benesses. Parece-me que a democracia, para além da liberdade de “alguns” poderem dormir por extravagância uma noite debaixo de uma qualquer ponte sem serem detidos, é cada vez mais o regime em que temos a liberdade de votar contra os nossos próprios interesses. Até quando vai a capacidade de resiliência do nosso povo?

cheu-se de doutores, de jornais, de rádios, de televisões. Mas não há doutores em mirandês. Um mirandês é pobre e não terá dinheiro para televisões. Nos últimos trinta anos, muitas coisas que falavam mirandês foram desaparecendo, mortas ou escondidas onde ninguém as veja: arados, relhas, charruas, carros de mulas e carros de bois, albardas, molhelhas, jugos, caniças para a palha, forquilhas de madeira e de ferro, trilhos, foices, picotas, foices de cabo comprido, cestos vindimadeiros, cestos estrumeiros, cilhas, cargas e arrochos, cabeçadas, malhos, molhos de colmo, forjas, fornos, eiras e tantas, tantas coisas. Nos últimos trinta anos, a língua foi sendo expulsa das casas: os contos já não sobem pelas chaminés, já não come à mesa, já não dorme na cama. Na rua, quando ela passa, já há quem a olhe de lado. A continuar assim, sem eira nem beira, há de morrer de frio, numa noite de Inverno, debaixo de algum telheiro onde, por caridade, lhe permitiram dormir”.


O POSTAL Tiragem desta edição:

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regressa no dia 9 de Outubro

última

Festival do Berbigão anima a Mexilhoeira Grande Certame apresenta pratos para todos os gostos A 13.ª EDIÇÃO DO FESTIVAL DO BERBIGÃO decorre no próximo

fim-de-semana no Polidesportivo da Figueira e promete levar milhares de pessoas a esta localidade da freguesia da Mexilhoeira Grande em Portimão. Este festival gastronómico aposta em pratos como massa de berbigão, arroz de berbigão, papas de berbigão, rissóis de berbigão ou berbigão ao natural, todos confeccionados no local. A doçaria e a pastelaria local estão igualmente ao dispor, bem como outros comes e bebes, tudo a preços muito apelativos. O recinto do festival tem capacidade para cerca de

400 lugares sentados e irão ser preparadas cerca de duas toneladas de berbigão para fazer as delícias a mais de quatro mil pessoas que procuram um dos pratos mais genuínos e saborosos da gastronomia regional. Este bivalve saboroso tradicionalmente confeccionado de uma forma simples surge neste certame sob as mais diversas formas, sempre tendo como base um pouco de azeite, um ramo de salsa ou coentros e um dente de alho. A música local garantirá o entretenimento para que toda a gente possa dançar, e no primeiro dia inclui as actuações

d.r.

do Duo Musical Ritmo Jovem e do espectáculo Tiago Neto e Paulo Fragoso, enquanto no dia seguinte, após a actuação de João Paulo Cavaco, a música tradicional ficará a cargo do Grupo de Cantares Brasa Doirada com uma actuação de Cante Alentejano que promete encantar o público.

DOIS DIAS DE ANIMAÇÃO TÍPICA Este festival de dois dias

ÔÔ Duas toneladas de berbigão serão confeccionadas no local pub

oferece a oportunidade de experienciar uma verdadeira festa típica, enriquecida pela comunidade e visitantes e pela gastronomia tradicional algarvia. A Figueira organiza há 13

anos consecutivos o Festival do Berbigão, em honra ao lugar especial que este molusco tem no seu coração, pois a apanha do berbigão na Ria de Alvor data bem para lá da antiguidade, tendo este negócio sustentado muitas famílias locais em tempos idos. O certame vai decorrer entre as 19 e a 1 hora e a entrada continua a custar três euros, com direito a um pires de berbigão, numa organização da Sociedade Recreativa Figueirense, com os apoios da Câmara de Portimão e Junta de Freguesia da Mexilhoeira Grande. pub


d.r.

Missão Cultura: d.r.

Atlas do Património Classificado

p. 2

‘A Filha do Papa’: Dario Fo na versão romancista p. 4

Grande ecrã: d.r.

História e património militar em Tavira p. 3

Panorâmica: ricardo claro

d.r.

Comunicar o património

Noção de património: da Antiguidade à actualidade

p. 5

Da minha biblioteca: d.r.

A Devota e a Devassa, uma novela de Fernando Pessanha

p. 10

SETEMBRO 2015 n.º 84 Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO

p. 11

8.697 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve


2

11.09.2015

Cultura.Sul

Editorial

Missão Cultura

A bem da memória

Atlas do Património Classificado: importante instrumento de gestão cultural para o Algarve foto: drcalg

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

AGENDAR

A memória é muitas vezes curta, na neblina do tempo que passa caem no esquecimento uma parte de leão dos momentos que marcam a História da humanidade, os bons e os maus. Nestes tempos conturbados de migrações massivas em direcção à Europa, devemos todos parar para pensar e reflectir sobre que posições tomar relativamente a um fenómeno que assume proporções históricas. Independentemente das razões de vária ordem que estão por detrás da debandada em direcção à Europa de milhares de migrantes de várias nacionalidades da Ásia e da África, importa ter em conta o que a Europa - toda a Europa - tem por obrigação saber no que respeita a guerras e seus efeitos ao nível de refugiados. É neste contexto que ao ler "Hitler", de Ian Kershaw, uma obra (biografia) incontornável sobre o ditador e sobre a história da Segunda Guerra Mundial e dos profundos efeitos que teve em várias populações até então enquadradas na amálgama civilizacional europeia, me surge a ideia de quanto deve a Europa saber ser sapiente para poder gerir a 'crise' migratória que atravessamos. As diferenças étnicas, culturais e civilizacionais que nos 'separam' de muitos dos actuais migrantes não podem, de per si, ser razão bastante para fundar medos e receios, nem podem permitir-se arremessos de fantasmas populistas sobre os perigos do acolhimento dos migrantes assentes em generalizações que mais não são do que mera desonestidade intelectual. Os migrantes são todos eles nossos irmãos na humanidade e, como entre nós, entre eles estão bons e maus, apenas isso, seres humanos.

dos limites dos imóveis classificados e respetivas zonas de proteção de 14 dos 16 municípios algarvios (as exceções são os municípios de Loulé e Alcoutim). Essa verificação foi pontualmente acompanhada pela revisão dos conteúdos descritivos de cada imóvel na respetiva ficha de identificação. Não podendo os imóveis classificados ser alterados sem o parecer (aliás vinculativo) da

entidade de tutela, e ficando os licenciamentos de obras e comunicações prévias sujeitos a restrições nas respetivas zonas de proteção, compreende-se o grande interesse em democratizar o acesso dos cidadãos a esta informação, naquilo que consideramos ser uma boa prática de gestão do património e de divulgação dos bens culturais da região. O Atlas pode ser facilmente acedido, através do sítio da internet da Direção-Geral do Património Cultural, em http://geo.patrimoniocultural.pt/flexviewers/ Atlas_Patrimonio/default.htm, onde se pode visualizar e pesquisar o património e zonas de proteção diretamente sobre o mapa ou através da localidade ou endereço, ou selecionando alguns temas de referência. No horizonte mais próximo da Direção Regional de Cultura do Algarve está, agora, a conclusão da cartografia georreferenciada dos dois concelhos ainda em falta, tornando o Algarve a primeira região portuguesa a disponibilizar em linha informação georreferenciada sobre a totalidade dos seus bens culturais classificados ou em vias de classificação.

bem sucedida quanto improvável. Os Farra Fanfarra tomaram conta da Zona Ribeirinha no dia 21. Especialistas em euforia coletiva e transmissão de ritmos contagiantes. Artesanato, música, teatro e dança foram os ingredientes para o Mercado do Levante, que teve lugar no dia 22. Alexandre Lopes que nos dias anteriores tinha protagonizados dois grandes momentos teatrais de interação com o público, ao longo da Zona Ribeirinha, mostrou-se

também o seu talento vocal no dia 23, numa noite em que se recordaram alguns clássicos da língua francesa, inglesa e espanhola dos anos 60. No dia 24 foi a vez do grupo Tripé, um projeto de música eletrónica, progressiva e ambiental associada à multimédia. A fechar as Noites de Levante, no dia 25, a companhia Teatro do Mar, apresentou A Balada do Velho Marinheiro. Olhão não pára!

Direção Regional de Cultura do Algarve

O património cultural constitui um valioso elemento na diferenciação dos territórios. Por isso, um dos eixos estratégicos da DRCAlgarve passa pela proteção da riquíssima herança cultural que marca a trajetória temporal do território algarvio. O conjunto dos bens culturais imóveis da região constitui um importante ativo de desenvolvimento, que a administração pública tem obrigação de salvaguardar e cuja proteção jurídica é a medida de maior importância para a sua preservação física. Conforme a Lei 107/2001 – a lei de bases do património cultural português, que é uma das mais avançadas do mundo nesta matéria – a proteção dos bens culturais assenta na inventariação e na classificação. Se bem que o Algarve conte com uma notável densidade de bens culturais imóveis inventariados – mais de dois milhares de sítios arqueológicos e edifícios históricos oficialmente referenciados –, desses, encontram-se somente classifica-

Imagem da ferramenta web Atlas do Património Cultural dos 173 e em vias de classificação outros 29, situação a que não são estranhos os procedimentos burocráticos de classificação que se arrastam, em alguns casos, durante mais de uma década. Num esforço concertado com a Direção-Geral do Património Cultural, a Direção Regional de Cultura do Algarve tem vindo a contribuir para atualizar o Atlas do Património Classificado e em vias de Classificação, cuja ta-

refa de georreferenciação conta também com a colaboração das Câmaras Municipais (celebração de protocolos). A atualização do Atlas é constante e decorre da evolução jurídica da situação de classificação dos bens imóveis. Encontra-se assim concluída a revisão da cartografia georreferenciada de 180 do total de 202 bens culturais imóveis algarvios que dispõem de proteção legal, com identificação e verificação

Juventude, artes e ideias

Noites de Levante Jady Batista Coordenação Jornal J

Ao longo de oito dias, a Camara Municipal de Olhão e a Fesnima ofereceram aos olhanenses e a quem nos visita oito Noites de Levante com espetáculos de grande qualidade. Um cartaz va-

riado de música, dança e teatro muito elogiado pelo público. O evento começou no dia 18 com uma invasão pirata, na Avenida 5 de Outubro, seguida de um espetáculo de pirotecnia O Guardião do Tesouro, protagonizados pela Viv’arte. As Noites de Levante prosseguiram, no Jardim Patrão Joaquim Lopes, no dia 19 com os algarvios Azinhaga. No dia 20 deu-se lugar ao jazz, ao reggae e à soul, com Jazzafari. Uma “mistura” tão

“ESCOLA INTERN. ARTES DE LOULÉ 1993-1997” Até 30 SET | 21.30 | Convento de Stº António - Loulé Exposição apresenta trabalhos recentes de professores da Escola das Artes, em particular de Bruce Dorfman, Minerva Durham, Enrico Gonçalves, Cécile Massart e Pascaline Wollast

d.r.

“PONTO ZERO” 24 SET | 19.00 | Teatro das Figuras - Faro Carolina e Margarida Cantinho estreiam no Teatro das Figuras a sua mais recente criação, centrada no ponto onde tudo começa. O grande vazio que dá origem a todos os pontos de partida


Cultura.Sul

11.09.2015

3

Grande ecrã

Cineclube de Tavira regressa ao Cine-Teatro depois de Verão recheado de cinema Depois das Mostras de Cinema ao Ar Livre, que foram um sucesso sem precedentes a todos os níveis, já voltámos ao Cine-Teatro António Pinheiro. Aliás, este António Pinheiro (Tavira 1867 – Lisboa 1943) foi actor de teatro e cinema, realizador, argumentista, escritor e professor da Arte de Representar português. Fundou a Associação de Actores Dramáticos e publicou diversas obras. Estreou-se no cinema em 1910, como actor no filme brasileiro Os Milagres de Nossa Senhora da Penha. Em Portugal integrou o elenco de filmes de Georges Pallu. Como realizador, estreou-se com o filme mudo Tinoco em Bolandas, tendo também realizado e interpretado Tragédia

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO 21.30 HORAS

fotos: d.r.

19 SET | KAGUYAHIME NO MONOGATARI – THE TALE OF PRINCESS KAGUYA (O CONTO DA PRINCESA KAGUYAHIME), Isao Takahata – Japão 2014 (137’) M/6

12 SET | FATATSUME NO MADO – STILL THE WATER (A QUIETUDE DA ÁGUA), Naomi Kawase – Japão/Espanha/França 2014 (110’) M/14

24 SET | JIAO YOU – STRAY DOGS (CÃES ERRANTES), Tsai Ming-Lang – França/ Taiwan 2013 (138’) M/12

Cineclube exibe filmes à quinta-feira e ao sábado de Amor, ambos em 1924. Neste mês de Setembro iremos exibir filmes todas as quintas e todos os sábados.

Com a qualidade a que estamos habituados... Até lá! Cineclube de Tavira

17 SET | TAXI (TÁXI DE JAFAR PANAHI), Jafar Panahi – Irão 2015 (82’) M/12

26 SET | NATIONAL GALLERY, Frederick Wiseman – França/E.U.A./Reino Unido 2014 (180’) M/12

Espaço AGECAL

História e património militar em Tavira

Jorge Queiroz Sociólogo – sócio da AGECAL

No momento em que se anuncia a transferência para Beja da histórica unidade militar sediada em Tavira, a única actualmente existente na região algarvia, importa reflectir o significado desta estrutura para o País, a cidade e também para o Algarve. A defesa do território e das suas populações é uma das funções centrais da soberania nacional, mais acentuada em momento de crescente e perigosa instabilidade internacional. O Algarve encontra-se muito próximo de uma das zonas com maior tráfego marítimo do planeta por onde circula cerca de 50% do comércio mundial, 33% do gás e petróleo e 80% das mercadorias que a União Europeia consome. Torna-se evidente a necessidade de meios permanentes que colaborem em missões de protecção e vigilância. Mas para além destas questões estratégicas importa salientar as-

pectos de ordem histórico-cultural e económica. Tavira esteve desde sempre ligada à história militar portuguesa e poucas cidades poderão apresentar uma continuidade tão expressiva. Na 1ª dinastia e com D. Dinis, Tavira ganha um lugar fundamental como cidade mais próxima do norte de África. No final do século XIII possuía um “Alcaide de Mar”, dispondo de um efectivo de intervenção numericamente idêntico a Lisboa. Em Setembro de 1415, no regresso da conquista de Ceuta, o Rei D. João I, os príncipes e parte da armada desembarcaram em Tavira onde dois dos Infantes foram armados cavaleiros. No seculo XVI sediava em Tavira a importante “Esquadra do Estreito” (nessa época existiam no País duas outras sob a tutela real, a “Esquadra das Ilhas” e a “Esquadra do Continente”) e por Tavira passavam engenheiros, mestres pedreiros, religiosos, mercadores e outros relacionados com a expansão. A cidade transformou-se no reinado de D. Sebastião em “Praça de Guerra” com mais de um milhar de homens armados, sete companhias de ordenança e cavalaria, efectivo que terá aumentado no início do século XVII.

d.r.

O Regimento de Infantaria 1 foi transferido de Tavira para Beja Após a Restauração foi criado o “Terço Pago”, um corpo militar profissionalizado às ordens da hierarquia militar. Como consequência do grande terramoto de 1755 o Quartel-general sediado em Lagos, cidade que ficou muito destruída, passou para Tavira. Nas décadas seguintes surgiu o Regimento de Infantaria de Tavira e por decisão do Marquês de Pombal foi construído o imponente quartel da Atalaia concluído em 1795. Figura incontornável no Algarve desta época é o engenheiro José San-

de de Vasconcelos, que trabalhou e faleceu em Tavira em 1808, legando à região uma valiosa obra que vai das construções militares, ao ensino da matemática e levantamento cartográfico do litoral algarvio. O Regimento de Infantaria de Tavira defendeu em 1801 a fronteira do Guadiana do ataque de Castela e o Regimento de Infantaria nº 14 enfrentou os exércitos napoleónicos. As guerras civis entre liberais e absolutistas trazem nova instabilidade e a derrota dos miguelistas levou à extinção do RI de Tavira, que alinhara

pelo lado dos vencidos. Com a Convenção de Evoramonte surgiu o Batalhão de Caçadores nº 5. A unidade militar de Tavira participou nas campanhas do norte de Moçambique do final do século XIX e durante a 1ª Guerra Mundial na Batalha de La Lys em França registou 60 mortos. Na Praça da Republica está colocado um obelisco que homenageia os mortos pela Pátria. Durante as Guerras Coloniais (1961 - 1974) passou a Centro de Instrução de sargentos milicianos. O período mais recente reflecte as alterações estratégicas do regime democrático e a integração europeia do País, surgindo ciclicamente a desactivação e de reactivação da unidade militar tavirense. A economia sempre beneficiou em múltiplos aspectos com a presença militar na cidade. Com a recente decisão de abandono do Quartel da Atalaia o Algarve perderá e por isso os seus representantes na Assembleia da Republica devem lutar pela sua manutenção na função militar, devendo ainda acrescentar-lhe a função museológica que exponha, interprete e valorize a riquíssima História e património militares da cidade ligados a oito séculos da nossa soberania.


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11.09.2015

Cultura.Sul

Letras e Leituras

A Filha do Papa: O único romance de Dario Fo fotos: d.r.

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

A Filha do Papa é a obra mais recente e também o primeiro romance, do italiano Dario Fo. Dario Fo nasceu em 1926, na Lombardia. Foi escritor, diretor e ator. Em 1997 recebeu o Prémio Nobel de Literatura. As suas obras destacam-se por representarem sátiras que atacam os poderes instituídos. O político, o capitalismo, a máfia e até mesmo o Vaticano. Talvez seja pertinente salvaguardar que o autor estava em plena adolescência quando deflagrou a Segunda Guerra Mundial. Tinha ingressado na Escola Brera de Belas-Artes quando se viu forçado a interromper os estudos, ao ser recrutado para o exército. Acabou depois por desertar e refugiou-se num sótão onde os seus pais escondiam judeus, ajudando-os a atravessar a fronteira para poderem chegar à Suíça. Terminada a guerra, Dario Fo retomou os estudos, voltando à Escola Brera, e matriculou-se no curso de Arquitetura do Instituto Politécnico de Milão. Mais tarde trabalhou como cenarista. Escreveu a primeira peça de teatro em 1944 e desde então não parou de escrever. Em 1951 conheceu Franca Rame, atriz descendente de uma longa linhagem de atores, com quem casou em 1954. Em 1959 fundou com a sua esposa uma companhia de teatro de nome Fo-Rame. Atualmente é um autor reconhecido internacionalmente, com cerca de setenta obras, muitas delas escritas em colaboração com a mulher. A Filha do Papa foi publicado em Outubro do ano passado, pelas Publicações Dom Quixote e neste seu romance histórico, Dario Fo dá-nos a conhecer a sua versão de quem terá sido afinal Lucrécia Borgia. Como a própria Sinopse da obra refere, Lucrécia é sobejamente conhecida na História e na literatura, se bem que nem sempre pelas melhores razões: «Filha de um papa, três casamentos, um marido assassinado, um filho ilegítimo… tudo em apenas trinta e nove anos, em pleno Renascimento. (...) afastando-se das reconstitui-

No seu único romance, Dario Fo revela o lado mais humano de Lucrécia Bórgia ções escandalosas ou puramente históricas, revela-nos num romance magistral, o único escrito pelo autor, toda a humanidade de Lucrécia, libertando-a dos clichés de mulher dissoluta e incestuosa e inserindo-a no contexto histórico e na vida quotidiana da sua época. Assim, ante os nossos olhos desfila o fascínio das cortes renascentistas, com o papa Alexandre VI – o mais corrupto dos pontífices –, o diabólico irmão Cesare, os maridos de Lucrécia – perseguidos, mortos, humilhados – e os seus amantes, acima de todos Pietro Bembo, com o qual partilhava o amor pela arte e, em especial, pela poesia e pelo teatro. Todos peões dos impiedosos jogos de poder. Uma verdadeira academia do nepotismo e do obsceno, entre festas e orgias.». Dario Fo tenta nesta obra não só retratar o lado mais humano de Lucrécia como joga ainda com o facto de produzir um romance quase cénico, muito próximo de uma peça dramáti-

ca, naquela que é também uma narrativa histórica, apoiada em diversa bibliografia (apresentada no final do livro). Procurando ater-se a um espírito documentalista e de honestidade, Dario Fo começa logo por apresentar no preâmbulo da sua obra de que o tema que nos traz não é propriamente novo: «Sobre a vida, sobre os triunfos e sobre as infâmias mais ou menos documentadas dos Borgia foram escritas e levadas à cena óperas e peças teatrais, realizados filmes de notável qualidade com atores de fama e, ultimamente, até mesmo duas séries televisivas de extraordinário sucesso./Qual é o motivo de tanto interesse sobre o comportamento destes personagens? Antes do mais, a despudorada falta de qualidade moral que lhes é atribuída em todos os momentos da vida. Uma existência libertina desde a sexualidade até ao comportamento social e político.» (pág. 33).

Encontraremos, aliás, diversas citações de obras de autores como Savonarola e Alexandre Dumas a corroborar o retrato que nos é apresentado da filha do papa. É bem patente, desde as primeiras linhas, a crítica ácida e o tom cáustico de que a escrita do autor se reveste. A Filha do Papa inclui ainda diversas ilustrações realizadas pelo próprio autor que procuram ilustrar a história com retratos não só de Lucrécia – sendo que a capa do livro é uma dessas ilustrações do próprio autor – como também das outras figuras que gravitam

Dario Fo recebeu em 1997 o Prémio Nobel de Literatura

em seu redor ou, melhor dizendo, nas mãos das quais Lucrécia foi muitas vezes um fantoche ou um peão. Dario Fo consegue assim, quase cinco séculos depois, recuperar a figura de Lucrécia, apresentando-a como vítima e cordeiro sacrificial, representando a jovem Bórgia, quase sempre vista como incestuosa e mestre na arte da sedução e do veneno, como uma figura inocente no meio dos esquemas levados a cabo pelo pai e pelos irmãos, bastante angelical aliás dado o clima de traição e ambição que reinava na época. Como o autor indica a dada altura no seu

Preâmbulo: «De todas as vezes, a vítima a imolar desde a infância não é outra senão Lucrécia. É ela que é lançada em todas as ocasiões, tanto pelo pai como pelo irmão, no vórtice dos interesses financeiros e políticos, sem a mínima piedade. O que pensava daquilo a doce menina não os preocupava nada. Aliás era uma mulher, um juízo que valia tanto para um pai futuro papa como para um irmão próximo cardeal. Portanto, em certos momentos, Lucrécia é uma coisa com rotundos seios e esplêndidos glúteos. Ah, já nos esquecíamos, também os seus olhos são cheios de encanto.» (pág. 34). O humor, assim como a ironia, reveste-se também de particular importância, no retrato apresentado da época e das personagens que gravitam em redor de Lucrécia e dos Bórgia. Veja-se, por exemplo, a seguinte passagem a propósito do papa Inocêncio, citando Savonarola: «em cuja existência a única coisa inocente foi o nome. (...) ele era chamado «pai do povo» porque graças às suas atividades amatórias tinha aumentado o número dos seus súbditos em oito filhos machos e oito fêmeas – numa vida que decorreu em grande voluptuosidade – naturalmente com amantes diversas.» (pág. 36). Ou noutra passagem digna de nota quando se refere a um massacre ocorrido em julho de 1492: «a cada morte de um papa, em Roma, ocorria uma grande quantidade de homicídios porque, por tradição secular, no final de cada conclave em que é eleito o novo pontífice se concede a graça a quem tiver cometido um crime nos dias de interregno./Portanto, todos aqueles que sonham com um ato de vendetta aproveitam as tradicionais férias para tirar a desforra, matar hoje para se tornar livre amanhã, e tudo graças a uma segura indulgência plenária. Que belos tempos!» (pág. 38). Para quem gosta de ler o livro e depois ver na tela ou no pequeno ecrã uma adaptação mais fiel, pode recorrer à série Os Bórgia que é certamente a mais mediática, em termos de projeção internacional, exibida entre nós no canal AXN. Realizada por Neil Jordan (Jogo de Lágrimas), conta com Jeremy Irons a representar o papel do papa Alexandre VI (outrora o cardeal Rodrigo Borgia) e a jovem atriz inglesa Holliday Granger que desempenha com inocência e candura o papel de Lucrécia Bórgia.


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Panorâmica

A arte de bem comunicar o património fotos: ricardo claro

Ricardo Claro

Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com

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Comunicar é uma necessidade e comunicar bem um cruzamento entre objectivos, técnicas e ferramentas e, em muitos casos, arte no sentido lato. A comunicação aplicada às áreas da cultura e, em particular, do património exige na era tecnológica que vivemos capacidades técnicas e ferramentas tecnológicas que permitam fazer chegar os conteúdos aos públicos-alvo com eficiência e eficácia. A comunicação na área da cultura no Algarve apresenta, ainda hoje e não obstante os investimentos e os esforços das entidades públicas, uma dispersão, uma falta de coesão e uma ausência de estratégia que prejudica sobremaneira a forma como, quer os algarvios, quer o imenso mercado do turismo, percepciona a região e a sua cultura, bem como, as manifestações culturais e o património regional. Na área do património e, muito em particular, na área do património regional a cargo da Direcção Regional de Cultura do Algarve, a comunicação foi durante muito tempo - demasiado tempo - rudimentar e desajustada da realidade. Sobre este facto indesmentível o Cultura.Sul publicou por diversas vezes peças que alertavam para a situação e confrontou os titulares da Direcção Regional de Cultura com a incapacidade comunicacional da direcção regional. Dos responsáveis destaque-se a hombridade de reconhecerem as deficiências da estratégia e em particular dos meios com que a direcção regional se debatia para dar resposta a uma necessidade comunicacional que não se compadece actualmente com ferramentas e discursos desactualizados. Alexandra Gonçalves, actual responsável pela pasta da Cultura no Algarve, identificada a dificuldade, fez um caminho no sentido de ultrapassar o problema da escassez e ineficiência da comunicação na área do património sob alçada da direcção regional.

“Desenvolvemos uma nova estratégia de comunicação com o público exterior através de uma página on-line que apesar de institucional disponibiliza informação a pensar em quem quer conhecer o património do Algarve que gerimos”, refere Alexandra Gonçalves, que destaca que “fazemos hoje uma comunicação mais alargada em que o sítio da direcção regional se articula com as redes sociais e este posicionamento tem dado resultados positivos nas várias vertentes em que desejamos comunicar com quem acede às ferramentas que utilizamos”. Balanço positivo

Imagem da página on-line da Direcção Regional de Cultura do Algarve - Fortaleza de Sagres A Alexandra Gonçalves coube dar resposta ao problema naquilo que concerne à página da Direcção Regional de Cultura do Algarve e à forma como este serviço público se relaciona com os seus públicos-alvo, nomeadamente através das redes sociais. Nova página da DRCAlgarve surgiu na internet em Dezembro de 2014 Em Dezembro do ano passado surgia na internet a nova página da Direcção Regional de Cultura do Algarve que, modernizada, se apresentava aos internautas com um visual moderno e arrumado de acordo com o actual estado da arte na comunicação em plataforma web. Ao invés do que anteriormente sucedia, digitar na barra de endereços de qualquer motor de busca www. cultalg.pt deixou de ser sinónimo de um anacronismo visual e comunicacional e de uma forma e substância de apresentação de conteúdos em tudo disfuncional e não amigável. Hoje, o sítio on-line da direcção regional de cultura contém bastante informação útil, destaques relativamente àquilo que mais importa em cada momento, funcionalidade na abordagem de conteúdos e um acesso privilegiado - de novo o património - a uma subpágina dedicada aos sete monumentos cuja gestão cabe à Direcção Regional de Cultu-

ra do Algarve. Assim, é hoje possível de forma rápida e eficaz conhecer mais em pormenor e à distância de um simples clique a Fortaleza de Sagres, os castelos de Paderne e Aljezur, as ruínas romanas da Villa da Abdicada e de Milreu, os Monumentos Megalíticos de Alcalar e a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe. Conteúdos simples e de qualidade Nem só de imagem e amigabilidade sobrevive a comunicação através

da internet, as páginas on-line só vingam quando os conteúdos no seu todo, intercomunicabilidade e sustentabilidade, são capazes de garantir ao público-alvo uma resposta adequada às respectivas necessidades. Nas várias subpáginas dedicadas aos vários monumentos, o sítio da Direcção Regional de Cultura do Algarve disponibiliza informação suficiente e atractiva para o utilizador, assegurando ao internauta links para informação mais detalhada, imagens, localização com mapas de fácil percepção, bem como dados históricos, plantas e em alguns casos áudio-guias e jogos didácticos cuja descarga permite aos utilizadores prepararem ou efectuarem visitas aos locais patrimoniais com acesso a informação qualificada e acessível. Assim se transforma de forma notável a acessibilidade digital ao património cultural e desta forma se garante mais e melhor qualidade na apresentação da herança patrimonial algarvia, projectando para o futuro a oferta cultural e patrimonial da região. Número de visitantes a subir

Alexandra Gonçalves

“RITMOS E MELODIAS” Até 7 NOV | 21.30 | Galeria de Arte da Praça do Mar - Quarteira Pedra, bronze e fibra de vidro são alguns dos materiais usados por Teresa Paulino na criação das suas esculturas, que pretende reflectir os sons, cores e padrões de algumas partes do mundo

Ao Cultura.Sul a actual directora regional de Cultura destacou “a subida substancial do número de visitantes da página institucional da direcção regional e em particular das áreas dedicadas ao património sob sua responsabilidade”.

“Para nós o balanço é extremamente positivo, mas há sempre coisas a melhorar e para as quais estamos a criar condições de implementação”, diz a responsável, que não esperou por um consenso nacional sobre a modernização dos sítios on-line das direcções regionais de cultura e avançou com o trabalho no Algarve, dando provas de que a região pode ser pioneira sem pôr em causa a coesão da linguagem comunicacional dos serviços centrais. Entre as questões a melhorar está a disponibilização em línguas estrageiras da informação actualmente apresentada pela página da direcção regional. “Foi uma questão que desde o início estava identificada, mas cuja implementação exige mais recursos do que aqueles que no momento eram possíveis alocar”, refere Alexandra Gonçalves, que deixa assim clara a visão estratégica de evolução da plataforma on-line no futuro. Um exemplo que podia e devia ser seguido de perto relativamente ao resto da património regional, nomeadamente aquele que está debaixo da alçada das autarquias e que teima em ser tratado com pouco mais do que meras referências nos respectivos portais autárquicos. Há ainda muito por fazer no Algarve em termos de comunicação relativamente à vasta herança patrimonial regional e urge fazê-lo de forma articulada que permita senão de raiz - como seria obviamente preferível - pelo menos a médio prazo a criação de uma plataforma integradas sobre o património do Algarve.

“14º FESTIVAL FLAMENCO DE LAGOS” 11 e 12 SET | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Festival aposta numa programação equilibrada que junta artistas já consolidados com jovens referências do flamenco em espectáculos de enorme beleza visual e sonora


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Artes visuais

Qual a importância da cor nas artes visuais? (1)

Saul Neves de Jesus

Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

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Um dos domínios em que a investigação científica tem tido mais impacto nas artes visuais diz respeito ao estudo da cor. Desde aspetos mais físicos e químicos que tinham sobretudo a ver com a forma de produzir certas cores, até aspetos mais psicológicos que dizem sobretudo respeito à perceção das cores pelo observador, a cor tem sido desde sempre uma dimensão importante na produção em artes plásticas, procurando aproveitar os conhecimentos científicos neste domínio. Como exemplos explícitos do reconhecimento da importância da cor e do interesse em ter mais conhecimento neste âmbito por parte dos artistas, destacamos os seguintes posicionamentos de Van Gogh e de Paul Klee. Em 1885, Van Gogh escreveu numa carta ao seu irmão Théo o seguinte: “Eu ouvi falar de uma experiência feita com uma folha de papel de cor neutra que se torna esverdeada sobre um fundo vermelho, avermelhada sobre um fundo verde, azulada sobre o alaranjado, alaranjada sobre o azul, amarelada sobre o violeta e violetada sobre o amarelo (…) Se encontrares algum livro sobre essas questões da cor, um livro que seja bom, envia-o antes de qualquer outra coisa, pois é necessário que eu saiba tudo sobre isso. Não se passa um dia sem que eu me procure instruir”. Por seu turno, em 1914, Klee escreveu no seu “Diário de viagem à Tunísia”: “A cor apoderou-se de mim. Sei que ela me tomou para sempre. Tal é o significado deste momento abençoado. A cor e eu somos um. Sou pintor”. A cor não tem uma existência material, sendo uma sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. Já Epicuro, há mais de 2.300 anos, referia

que “os corpos não têm cor em si mesmos” e que “a cor guarda íntima relação com a luz, uma vez que quando não há luz, não há cor” (cit. em Pedrosa, 2009). Em termos de evolução das espécies, supõe-se que a capacidade para identificar as cores terá surgido nos primatas há 400 milhões de anos, no sentido de permitir identificar os frutos no meio das árvores (Bramão, 2011). Na atualidade, face aos avanços da ciência, sabe-se que a cor é como o olho do homem (e de outros animais) interpreta a reemissão da luz vinda de um objeto e que corresponde à parte do espetro eletromagnético que é visível, isto é, entre aproximadamente 380 a 750 nanômetros ou frequências. Apenas podemos conhecer aquela parte do Universo a que fisicamente temos acesso e apenas podemos formar sobre ele as imagens inteligíveis que sejam compatíveis com a estrutura neuronal do nosso cérebro. O olho humano é um mecanismo complexo desenvolvido para a percepção de luz e cor. No centro do olho, a fóvea é rica em cones, um dos dois tipos de células fotorecetoras, sendo responsáveis pela captação da informação luminosa dos objetos observados. As cores percebidas pelo olho humano dividem-se em três tipos e respondem preferencialmente a comprimentos de ondas diferentes de luz. Temos cones sensíveis aos vermelhos e laranjas, outros aos verdes e amarelos e ainda outros sensíveis aos azuis e violetas. Em termos de teorias da cor, embora já Hipócrates e Platão se tivessem pronunciado sobre as cores dos objetos, considera-se que a mais antiga teoria terá sido apresentada por Aristóteles, no séc. IV aC., ao considerar as cores como propriedade dos objetos, tal como o são o peso, o material ou a textura. Distinguiu entre seis cores principais: vermelho, verde, azul, amarelo, branco e preto. No entanto, foi na Renascença que o estudo da cor começou a ser objeto de pesquisa sistemática pelos próprios artistas, os quais muitas vezes eram também cientistas. Nesse contexto

d.r.

Proposta de Newton no seu livro “Uma nova teoria de luz e cores” (1672) compreende-se que nesse período tenha surgido a expressão “ciência da pintura”, da autoria de Leonardo da Vinci ao afirmar: “A ciência da pintura reside no espírito que a concebe” (cit. em Pedrosa, 2009). Aliás, já no início do séc. XV, no seu “Livro da Arte”, Cennino Cennini evidenciava que o ateliê do pintor era o mais desenvolvido laboratório de química da época. Nesta época do Renascimento, destacam-se os tratados de Leon Alberti sobre a arquitetura, a pintura e a escultura, em que definiu o vermelho, o verde e o azul como sendo as cores fundamentais que dão origem

a todas as outras. Essa tríade veio a ser consagrada entretanto pela Física Moderna. Procurando uma correspondência aos quatro elementos, fogo, água, ar e terra, Alberti incluiu também o cinza (mistura do preto e do branco). Assim, o vermelho seria a cor do fogo, o verde da água, o azul do ar e o cinza da terra. No final do séc. XV, Leonardo da Vinci escreveu o “Tratado da pintura e da paisagem”, sendo o primeiro a salientar que a sombra pode ser colorida, propondo que a relação entre luz e sombra pode ser mensurada e representada proporcionalmente. Concordou que todas as outras cores poderiam formar-se

Obra “A descoberta da Lei da Gravidade. Homenagem a Newton”, de Saul de Jesus (2011)

“LA VOZ DE NUNCA” 19 SET | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Espectáculo onde se tenta encenar a ‘dança do absurdo’ numa obra total em que confluem movimento, palavra e música interpretada ao vivo

a partir do vermelho, verde, azul e amarelo e demonstrou experimentalmente a composição da luz branca, pois observou que o branco surge quando um raio de luz diurna (cinza-azulada) penetra por um respiro no interior de uma câmara escura e entra em contato com a luz de uma vela (amarelo-alaranjada) que lá se encontra. No seu tratado sobre pintura escreveu: “A primeira de todas as cores simples é o branco, embora os filósofos não aceitem tanto o branco como o preto como cores, porque branco é a causa ou o receptor de todas as cores e o preto é a privação total delas. Mas como os pintores não podem ficar sem ambas, as colocaremos dentre as demais. (...) Podemos colocar o branco como representante da luz sem a qual nenhuma cor pode ser vista, amarelo para a terra, verde para a água, azul para o ar, vermelho para o fogo e preto para a escuridão” (cit. em Araújo, 2005). Ao afirmar que todos os corpos se refletem de luzes e sombras, podendo as luzes ser originais ou derivadas (refletidas), Leonardo abre caminho para a concepção do espaço renascentista, pleno de cores e imagens refletidas pelos corpos sob a ação da luz incidente (Pedrosa, 2009). No final do século XVII, destacam-se as experiências sistemáticas para o estudo da cor realizadas pelo físico Isaac Newton, as quais se encontram descritas em “Uma nova teoria de luz e cores”, publicado em 1672. Newton veio revolucionar os conhecimentos sobre a luz, pois demonstrou que as cores eram propriedades da luz e não dos corpos refleto-

res, como se acreditava anteriormente. Observou que um raio de sol se decompunha em várias cores ao atravessar um prisma de vidro, voltando estas cores a dar origem à luz branca ao atravessarem um segundo prisma invertido. As cores do espetro seriam vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Newton relacionava as sete cores com os sete planetas e as sete notas musicais da escala diatónica. A partir destas cores criou um disco que rodando a uma certa velocidade provocava a percepção de branco. Este dispositivo de sete cores ficou conhecido como Disco de Newton. No seu livro afirmava o seguinte: «As cores não são qualificações da luz derivadas de refração ou reflexões dos corpos naturais (como é geralmente acreditado), mas propriedades originais e inatas que são diferentes nos diversos raios. Alguns raios são dispositivos a exibir uma cor vermelha e nenhuma outra; alguns uma amarela e nenhuma outra, alguns uma verde e nenhuma outra e assim por diante” (cit. em Rocha, 2002). Newton foi um dos nomes que mais se destacou no seu tempo, tendo tido outros importantes contributos para o desenvolvimento da ciência, destacando-se a descoberta Lei da Gravidade. Cerca de meio século depois de Newton, em 1725, o francês Le Blon utilizou os três pigmentos básicos para impressão, o vermelho, o verde e o azul. As cores primárias seriam um número mínimo de pigmentos a partir dos quais se poderiam obter as demais cores. Estas cores-luz primárias, por síntese aditiva produzem o branco. Por seu turno, as cores-pigmento opacas primárias, vermelho, amarelo e azul, por síntese subtrativa produzem o preto. Esta teoria da formação de cores complementares por mistura ótica tornou-se a base para qualquer trabalho envolvendo pigmentos coloridos. Estes foram alguns dos principais desenvolvimentos para a utilização das cores em artes visuais. No próximo número iremos analisar os desenvolvimentos mais recentes, desde o século XIX.

“V MOSTRA DE ARTISTAS DE LAGOS” Até 10 OUT | Centro Cultural de Lagos A MALA é um evento que apresenta a vasta actividade dos artistas de Lagos e que acompanha o balanço da diversidade do trabalho dos artistas do concelho


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Momento

American cars Foto de Ana Omelete

Espaço ALFA

Fotografar para recordar Raúl Grade Coelho Membro da ALFA

Tirar fotografias pode ter diversos significados. Há mil e uma razões para se fotografar. Há o já conhecido casamento, o grupo de amigos, a família, aquela paisagem, o carro novo ou para vender e outros tantos temas para fotografar. Há, no entanto, uma outra coisa muito importante em tirar fotografias. Há o fotografar para mais tarde recordar. A fotografia é um momento único mas o seu conteúdo, a imagem, ficará gravada para sempre. Temos como exemplo prático as fotografias antigas que expressam e nos mostram determinados momentos de grande impor-

tância na nossa história. Foram fotografados monumentos. Foram fotografados momentos. Foram fotografadas pessoas. Em tempos passados as pessoas que eram fotografas tinham de ter alguma importância, por vezes, apenas monetária ou política. Atualmente já não é assim. A fotografia está sempre a mudar nalguns aspetos mas noutros continua sempre igual. Fotografar é sempre captar o momento. E há sempre o recordar. Todas as pessoas se lembram daquela fotografia que foi tirada naquele dia. A recordação dá vida à imagem. São muitos momentos que a ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve tem guardado nos seus passeios fotográficos que irão continuar. Basta consultar as informações em www. alfa.pt para saber quando fotografar nos nossos passeios e mais tarde a nossa memória consultar para lembrar aquele momento.

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Sala de leitura

O passaporte de Hatherly

Paulo Pires

Programador cultural no Município de Loulé esteoficiodepoeta@gmail.com

“Um cego a quem foi dado ver numa pequena pausa fria” – era assim que a criadora de imagens Ana Hatherly (1929-2015) se gostava de definir. Um das dádivas (e privilégios) maiores da sua vida terá sido precisamente essa iluminação inquietadora, esse aclarar do mundo, esse desprendimento de uma “visão” única/ unívoca e redutora no que toca à linguagem artística. Em 1992 ela assumia a sua vocação para a derivação: uma escritora que transita para as artes visuais através da experimentação com a palavra (e sua caligrafia); e uma pintora que se espraia pela literatura através de um processo de consciencialização dos laços que unem todas as artes. A sua obra representou singularmente esse passaporte, esse livre-trânsito entre poesia, desenho e pintura, abolindo limites e visões estanques, transpondo fronteiras e instaurando pontes e diálogos interdisciplinares, em muitos casos bem à frente do seu tempo (anos 60 do século passado), numa cativante e inspiradora tendência para a “promiscuidade” e experimentalismo estéticos. A motivação central desse ímpeto (saudavelmente) contaminante e transgressor foi sempre o mesmo para a poeta nascida no Porto: “uma investigação do idioma artístico, particularmente do ponto de vista da representação – mental e visual”.

Profunda conhecedora do legado barroco e maneirista, e dos labirintos (ou textos visuais) do século XVII, Hatherly fez uma releitura criativa dessa estética cultural, dialogando ao mesmo tempo com formas e tendências da vanguarda internacional (sobretudo a poesia concreta). A sua “mão inteligente” reinventou a escrita poética, o que implicou também um outro tipo de recepção por parte do leitor: mais participante, criativo e livre. O seu arrojo e versatilidade estenderam-se assim às artes plásticas, cinema e performance, e a poeta-pintora-investigadora-docente universitária acabou por colar indelevelmente essa máscara ao rosto como seu “mais vital artifício” (para usar um verso seu de 1998). Não por acaso, Valter Hugo Mãe confessava há pouco tempo, revisitando andanças literárias em que privou com a escritora, que “era uma maravilha correr tanto perigo com ela”, pois ele, “ainda moço, nunca teria lata para uma rebeldia daquelas”, o que, no fundo, lhe instigava o seu lado livre e improvável, sobretu-

in memoriam Ana Hatherly d.r.

A poesia visual de Ana Hatherly do quando Hatherly o estimulava reiterando-lhe: “Põe-te sem pés e sem cabeça”. Em 2008, no Dia Mundial da Poesia, recordo-me de ouvi-la a ler a sua própria poesia no CCB,

A reinvenção da leitura (pormenor), de 1975, de Ana Hatherly

ao lado de outros reconhecidos poetas e actores. Retive de si uma imagem discreta, rigorosa e generosa na partilha da palavra. Ali, viajei também por uma preciosa retrospectiva de poesia visual (desenho e pintura) sua com cerca de 150 desenhos pertencentes à exposição Anagramas (1969) e à obra Poesia Visual – Mapas da Imaginação e da Memória (1973), que era complementada, e bem, por oficinas de desenho, pintura e colagem inspiradas na sua obra e destinadas a escolas e grupos. No fundo, um mapa da imaginação no/do mundo que dava toda a liberdade de leitura e interpretação, como ela tanto frisava: com a poesia visual “podemos ler, ver, ouvir ou fazer o que quisermos”, pois esta, pela constelação de significados que lhe é inerente, exige outro tipo de reacção que não se compara à “partitura” que um livro implica que sigamos (da

esquerda para a direita, de cima para baixo). Ana Hatherly assumia a escrita como uma pintura de signos, como aventura física e mental que aspirava a uma forma de conhecimento, sendo o poeta um pintor do mundo invisível (como se lê numa das suas Tisanas). Daí que a sua obra navegasse muito por anagramas, acrósticos e outros labirintos de sentido e imagem, em que ressaltava a “pura potencialidade do traço como desejo de ser e de inventar ser”, como certeiramente salientou o poeta e professor Manuel Portela. As referidas Tisanas, iniciadas em 1969 como work in progress, reflectem bem essa concepção da escrita enquanto pintura e filtro da vida. São textos inclassificáveis do ponto de vista da genologia literária, cruzando poesia, micronarrativa e ensaio, e apresentando múltiplas ressonâncias e influências aos níveis temático e

formal/estilístico: um aprofundamento do imaginário/filosofia oriental e do budismo zen e sua tradição contista; a exploração das amplas potencialidades expressivas do poema em prosa; a inserção de elementos surrealistas em formas narrativas mais clássicas; e uma vincada propensão reflexiva e experimental, com forte carga simbólica, a qual se associa, não poucas vezes, a uma roupagem aforística/proverbial/ epigramática e fragmentária em que o registo ensaístico e/ou poético se sobrepõe claramente ao modo narrativo. Na visão de Hatherly, a poesia surge como uma espécie de emergência e a sangria que esta lhe provoca no corpo – à qual o mundo parece ser indiferente – como metáfora da criação (Tisana 336). O autor e o leitor, por seu lado, vivem no limiar do prazer, um de cada lado como tensos anfitriões. Vivenciam “a problemática do segredo – se for divulgado deixa de existir; se não for torna-se um horrível tormento”. Talvez por isso alguns mestres digam “que o próprio do prazer é não poder ser dito” (Tisana 126). E os livros? Estão sempre sós, tal e qual nós, sofrendo o terrível impacto do presente e calando a sua fúria com a sua farsa, como escreveu na Tisana 433. E continua: “[Os livros] estão ali sendo entretanto. Como nós. No limiar do esquecimento. Como nós. Cheios de submissão ao serviço do impossível. Como nós”. A fechar, revisito, com renovado prazer, a curta e incisiva Tisana 336: “Durante o jantar vou contando coisas que me aconteceram mas de tal modo que todos me ouvem como se eu estivesse contando histórias. Apercebendo-me disso digo: sou uma efabuladora, percebem? Percebem e tranquilizam-se”.

Um olhar sobre o património

Património Humano - Bem a preservar?

Alexandre Ferreira

Licenciado em Património Cultural pela UAlg

Há olhares que não perdendo o seu foco, não podem deixar de olhar mais além. Erguida nos pilares da liberdade, da democracia, da igualdade, do respeito pelos direitos humanos e do respeito pela dignidade humana, a Europa e os seus fundadores pretendiam desde o seu primeiro momento criar uma sociedade

onde o pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre mulheres e homens prevaleçam. Muito se tem visto, dito e escrito sobre os tempos conturbados que vivemos. Nalguns casos, poucos, análises fundamentadas e realistas; na grande maioria réplicas de opiniões simplis-

tas, demagógicas e toldadas por sentimentos que criam antagonismos muito pouco saudáveis reveladoras de frieza, crueldade, insensibilidade e porque não desumanidade? Património, legado transmitido às gerações actuais e futuras pelos seus antepassados, só o é enquanto as gerações presentes o entenderem como tal, e virem nele os alicerces para o seu futuro e para o futuro dos seus descendentes. Eis então que surge a questão que nos devemos colocar constantemente: qual é o património humano que queremos deixar às gerações futuras?


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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Setembro que já pouco vivia por esses dias. “Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros”. Ali não consegue refazer-se do desgaste acumulado pela situação física e psicológica em que se encontrava. Da sua fugaz passagem ficou na estrada junto à casa, uma lápide colocada em Março de 1985, homenagem dos seus admiradores, a assinalar o edifício onde viveu um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos.

Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

1895

1943

1974 Em pleno ano da revolução dos cravos Bryan Ferry instalava-se incógnito na costa do barlavento, aliando o lazer à intenção de se inspirar para escrever temas para um novo disco. Pertence a chão algarvio a relva da capa, naquela que seria a mais ousada da sua discografia em contraponto com o menos conseguido long-play dos Roxy Music, apesar de neste se incluir o sucesso ‘Bitter Sweet’. A canção que usa versos em língua alemã, foi inspirada na convivência com as duas raparigas alemãs (também na capa do lp).

1923 fotos: d.r.

Dá-se o início da construção do coreto de Faro, no jardim Manuel Bívar, então espaço nobre de lazer da cidade. Com materiais vindos da Companhia Aliança do Porto (cidade donde terá vindo também o coreto de Tavira) ali permanece este ‘monumento’ esquecido pelas edilidades e seus munícipes. Mas é assim um pouco por todo o lado, são espaços desaproveitados sobretudo aqui onde num clima ameno pediria mais uso àquela que foi a sua função inicial. Poder-se-ia por exemplo criar em volta dos coretos uma esplanada-cafetaria de madeira elevada para aproximar os artistas do público em recitais de poesia ou música.

1918

Numa noite de Novembro um PB4Y-1 (versão da Marinha do quadrimotor B-24 Liberator) desorientado, despenhou-se no mar a algumas milhas de Faro. Mas para Carlos Guerreiro a inspiração e motivação para escrever o livro ‘Aterrem em Portugal’ (pedra da lua,2008) começou quando conheceu a história do pescador algarvio Jaime Nunes (já falecido), que salvou do mar para a sua embarcação, seis soldados americanos sobreviventes dessa queda. A partir daí o jornalista farense iniciou uma pesquisa de vários anos sobre os aviões que na segunda guerra aterravam de emergência em Portugal.

1968

Na margem direita do rio guadiana, localizado no areal ao sul de V.R. Stº António, o farol da cidade do iluminismo está em latitude 37º11’ 07’’/longitude 7º24’54’’. Caracteres de luz-branca; relâmpagos de 0,1s –ocidente -7,4s; período de 7,5s. Edifício em forma de torre circular de cimento armado, branca, com estreitas listas horizontais escuras com anexo de dois pavimentos, com 48 metros de altura e um alcance de 19 milhas. Tem elevador mas está desprovido de faroleiro devido à automatização em 1989.

1924

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Nenhuma poetisa poderia querer viver numa terrinha como Quelfes, ainda que aconselhável pelos bons ares. Muito menos Florbela Espanca

1976

Quem negoceia com peixe mais cedo ou mais tarde vem parar a Olhão. Raul ‘Tamanqueiro’ Figueiredo (1903-1941) juntou o útil ao agradável e representou o S. C. Olhanense- campeão de Portugal na época de 1923/24. Na final (4-2 ao F.C.Porto) da 1ªcompetição organizada pela F.P.F, no Campo Grande, onde o presidente algarvio Teixeira Gomes destacou a sua forma de jogar «juvenilmente obstinada, na sua ubiquidade inverosímil (…) sem deixar nunca de sorrir». De seguida foi chamado a representar a selecção nacional, e logo aliciado a ingressar no Benfica. “HENRIQUE O NAVEGADOR” 25 SET | 18.00 | Fortaleza de Sagres Apresentação do filme artístico de Timo Dillner (25 min.) dedicado ao lado mais humano do Infante D. Henrique, integrado nas Jornadas Europeias do Património

Quando esteve de férias com Linda no Algarve, Paul McCartney escreveu uma canção de nome “Penina” que ofereceu ao grupo musical Jotta Herre (do Porto), com quem tocou numa noite em que tomava uns copos no bar do Hotel Penina. O fanzine “Club Sandwich” do antigo clube de fãs de McCartney, conta que Paul terá composto ali de improviso a letra e música da mais obscura canção que aparece no cd pirata: ‘Unheard Melodies, The Songs The Beatles Gave Away’, juntamente com as versões dos Jotta Herre (EP Philips 431923PE) e de Carlos Mendes.

1974 Neste tempo impreciso em que vivemos, mesmo na poética Lagos - cidade de luz, se torna difícil esquecer os adjectivos que temos sempre a ecoar no dia-a-dia destes dias: confuso, disforme, ocultação, degradação - tal como para Sophia M.B.A , no dia 20 de Abril de 1974, quando escreveu naquela cidade atlântica estes versos para o poema ‘Lagos I’: (…)Na precisa claridade de Lagos é-me mais difícil /Aceitar o confuso o disforme a ocultação/Na nitidez de Lagos onde o visível /Tem o recorte simples e claro de um projecto/O meu amor da geometria e do concreto/Rejeita o balofo oco da degradação.(…) – in ‘O Nome das Coisas’,1977

Influenciada pelo construtivismo e pela pop art, aquando da sua passagem de quatro anos por Paris, Maluda usa a linearidade nas paisagens urbanas. Recorrendo ao hiper-realismo e ao foto-realismo, começa a ser mais conhecida na década de 70, pelas paisagens tradicionais do país. Tanto os famosos quiosques como as janelas portuguesas, exploram os reflexos e os efeitos de luz. Já para não falar da intensidade da luz na arquitectura cubista que Olhão ainda tinha quando Maluda a pintou em «Olhão VII», óleo sobre tela (81/65cm).

1985 Para a gravação do clip de um single do seu lp de estreia ‘Psycocandy’, os The Jesus and Mary Chain escolheram um barato destino do Sul da Europa, no tempo em que Algarve ainda tinha ‘360 dias de sol por ano’, o slogan quase mais verdadeiro da história do turismo em Portugal. Quem os viu chegar ao aeroporto de Faro, diz que os irmãos Reid vinham já assim mesmo desgrenhados, nos blusões de cabedal de 2ªmão, dispensando cabeleireiro e guarda-roupa na equipa de produção. Daí para o ‘set’ localizado nas praias e ruas de Ferragudo e Alvor.

“DO DIA-A-DIA” Até 31 OUT | Galeria do Convento do Espírito Santo - Loulé Exposição de pintura e instalação de Alfredo Revuelta que integra a colecção de Marie e Volker Huber


10 11.09.2015

Cultura.Sul

Um olhar sobre o património

Ficha Técnica:

Acerca da noção de património

Ana Xavier

Antropóloga, Mestre em Museologia e Património

O modo como, em cada momento, uma sociedade sente, pensa e age sobre o seu património constitui um indicador do “pulsar” social, das suas angústias e motivações, do seu quadro de valores e de referências, dos seus momentos de ruptura e de mudança. Entendida pelos romanos como uma relação particular entre um grupo e certo tipo de bens materiais a noção de património manteve-se durante séculos na esfera da propriedade privada, transmissível por transacção ou herança. A noção de património, no sentido que aqui nos interessa, teve a sua origem no séc. XVIII com a Revolução Francesa. O confisco dos bens da nobreza e do clero, aliados às destruições radicais dos símbolos do poder perpetrados por grupos de populares, leva o Estado a definir critérios para o que deve ou não ser salvaguardado. Nas vicissitudes desse período conturbado ganha forma um sentimento novo que é a ideia de bem comum e de riqueza moral de uma Nação, a qual, porque inalienável, passa a estar legalmente protegida pelo Estado. Surge assim a noção actual de património, que se desloca definitivamente do domínio privado para o colectivo, que se liberta da matéria para ganhar uma existência imaterial. Mas não é só o património cultural que é objecto de medidas de protecção. Desde finais do séc. XIX que a noção de património natural se impôs, tendo originado a criação de parques nacionais e reservas naturais um pouco por todo o mundo. O objectivo destas áreas classificadas não é já o de preservar a Cultura mas sim a Natureza ou, melhor dizendo, sistemas vivos e, portanto, sujeitos a um processo evolutivo. A noção de património desloca-se do passado para o presente, é aquilo que ainda existe que tem de ser preservado.

Esta deslocação temporal da noção de património verificou-se também no domínio da cultura, principalmente através da etnologia que se começa a interessar não só pelo exótico mas também pela cultura europeia, datando da 2ª metade do séc. XIX a criação de museus nacionais de etnografia em vários países da Europa. É também deste período o interesse pela etnografia regional, que se manifestou inicialmente nas grandes exposições universais, e que motivou a criação de vários museus regionais de etnografia, que testemunhavam a existência de um património local, se bem que ainda restrito ao “típico” e ao “decorativo”. Com efeito, a noção de património conheceu notável desenvolvimento durante o séc. XIX, tendo progressivamente abrangido vários domínios disciplinares mercê da especialização das ciências e das transformações sociais ocorridas na Europa Ocidental e América e a industrialização que conheceram durante este período. Em contrapartida, a sociedade da primeira metade do séc. XX, atravessada por duas guerras mundiais, centrou-se no esforço de guerra e no drama humano que lhe é inerente, remetendo para plano secundário as preocupações com o património. Não obstante, o impacto destrutivo de tais conflitos iria desencadear na sociedade do pós-guerra uma motivação sem precedentes pela preservação do património, alargando esta noção a campos inéditos até então. A noção contemporânea de património é um conceito

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural foto: antónio coelho

Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve

Arraial do Barril amplo e integrador onde podemos ainda isolar conceitos mais específicos (património arquitectónico, património paisagístico, património in-

património ganhou forma oficial em 1972, quando foi adoptada pela Conferência Geral da Unesco, em Paris, a Convenção para a Protecção do Patrimófoto: paula martins

Narciso-das-areias dustrial, património científico, património geológico… entre outros), muitos dos quais se afirmaram na 2ª metade do séc. XX. Uma concepção universal do

nio Mundial, Cultural e Natural. Esta convenção assenta na ideia que determinados bens do património cultural e natural se revestem de excepcional interesse para toda a humanifoto: agostinho gomes foto: agostinho

Flamingos

dade, pelo que a sua preservação não respeita apenas a uma nação mas a toda a comunidade internacional. Paralelamente, face à ameaça de uma guerra nuclear e ao esgotamento dos recursos, o homem toma consciência de que não está fora da natureza mas que faz parte dela, para o que foi decisivo o contributo da ecologia. De ora avante, a conservação já não diz respeito só às outras espécies, é da sobrevivência da própria espécie humana que se trata, a qual está ameaçada pela ruptura dos equilíbrios naturais. A noção de património natural alarga-se assim à de património ambiental, abordagem que desencadeou numerosos movimentos de protecção do ambiente e a formação de partidos ecologistas. Como vimos, a noção de património é bastante dinâmica e plástica. Se inicialmente se restringia à herança artística e monumental, hoje o património pode ser quase tudo; os traços materiais e imateriais de uma vida e gerações passadas, a memória de um mundo em vias de extinção. É assim uma noção vaga mas extremamente presente, que traduz a inquietação da consciência colectiva perante as ameaças à sua integridade. Formulada num contexto de ruptura social, a noção de património não mais se desligou deste sentimento de perda, numa incessante procura de referências que, por descodificarem o passado, dão sentido ao presente e orientam a construção do futuro.

Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Ana Xavier Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul Tiragem: 8.697 exemplares


11.09.2015  11

Cultura.Sul

Da minha biblioteca

A Devota e a Devassa, uma novela de Fernando Pessanha d.r.

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

Há um ano e meio escrevi neste jornal sobre Hotel Anaidaug, narrativa fantástica de Fernando Pessanha, que brevemente (assim o espero) poderemos ver em filme. Hoje, este prolífero autor proporcionou-me a oportunidade de escrever sobre a sua mais recente novela, A Devota e a Devassa, da qual já tive o privilégio de redigir o prefácio. O título

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O título do livro equilibra-se na escolha dos adjetivos (aqui, podendo, até, ser encarados como substantivos) que o compõem, «devota» e «devassa», que partilham, além do mesmo número de sílabas, as primeiras 3 letras (dev-). Há um certo humor associado a este balancear, a este hesitar entre duas características tão diferentes (mesmo antagónicas, poder-se-ia dizer), como se emendasse, a meio da palavra, um lapsus calami (não resisti a usar esta expressão latina, que significa, literalmente, «erro da caneta», logo, «erro de escrita»), indiciando, assim, o tom jocoso da novela. O facto de ambos virem precedidos pelo determinante artigo definido «a» («a devota», «a devassa»), em vez de ligados apenas pela conjunção copulativa «e» («devota e devassa»), pode levar-nos a pensar que se referem a pessoas diferentes. Além disso, a moralidade dos nossos tempos fez com que estes dois termos entrassem quase em

O historiador e escritor Fernando Pessanha≠ desuso, o que nos dá uma indicação sobre a época em que a história se passará: um tempo no qual estes qualificativos teriam ainda usança. A linguagem e a época «D. António Correia de Vasconcelos, figura pomposa da sociedade lusa da centúria de setecentos, tinha-se mudado há três anos para o palacete da família, restaurado após o terramoto de 1755 e situado nas proximidades do sofisticado centro da cidade. Para tal, em muito tinha contribuído o marasmo cultural imposto pela entediante vida no campo. O distinto cavalheiro, morgado descendente de nobres linhagens, era possuidor de uma invejável herança, alicerçada por uma política de relações endogâmicas que se encarregou de transformá-lo no exclusivo proprietário de um abastado património.»

Assim começa a narrativa, apresentando a personagem à volta da qual se tece a teia de relações das restantes personagens e situando, de imediato, o leitor na época retratada: Lisboa, segunda metade do séc. XVIII (pós-terramoto). Fernando Pessanha é historiador e o conhecimento que tem nesta área do saber revela-se no cuidado com que o põe ao serviço da construção da narrativa, não só relativamente a momentos da nossa história, mas também à linguagem então usada. Só neste pequeno excerto, podemos ver a tonalidade que pretendeu dar ao texto, através do vocabulário escolhido para descrever D. António. E começando pela primeira palavra: o uso do título «Dom» (abreviado, como é costume) remete, de imediato, para um contexto de nobreza. D. António é um morgado (um «vínculo dado

“BIGODES DE ALFAZEMA” Até 3 OUT | Posto Municipal de Exposições de Lagos Exposição de artesanato directamente relacionado com o tema a partir de tecidos onde as figuras de gatos estão sempre presentes e associadas ao perfume de alfazema

a certos bens que d e v e r i a m ser transmitidos ao primogénito sem que este os pudesse vender», como nos diz o dicionário Houaiss, que foi abolido na segunda metade do séc. XIX), um fidalgo rico («descendente de nobres linhagens» e de « invejável herança»). Ao colocar o adjetivo antes do nome (e dando apenas exemplos do excerto citado: «sofisticado centro», «entediante vida», «distinto cavalheiro», «nobres linhagens», «invejável herança», «exclusivo proprietário», «abastado património»), consegue dar ênfase e tornar a linguagem mais pomposa, fazendo, assim, par com a personagem descrita. Este modo de adjetivar é o usado preferencialmente ao longo da novela, exagerando o ridículo ou o trágico (que se torna, por isso, ridículo) das situações:

«E, então, lágrimas de inenarrável tristeza brotavam dos seus olhos, escorrendo-lhe pelas delicadas faces piedosas. O fidalgo, entediado, via naquele pranto um recurso frequente nas mulheres frágeis, incapazes de aceitar as mais óbvias verdades. Ainda assim, pronto se apercebia das alturas em que transpunha os limites e não ousava levar mais longe as suas provocações.» (p.26). A História Cada personagem é um bom recurso para a crítica à sociedade daquela época e às suas instituições, nomeadamente a Igreja. A devoção de D. Amelinha, que se escusa a cumprir os seus deveres conjugais em nome de uma dedicação à oração, dentro e fora de portas, permite as mais duras críticas do seu marido ao comportamen-

to nada abonatório dos representantes do clero: «Pois não há nada mais duvidoso do que o paleio dos malandros dos padres; é com manhas e falinhas mansas que seduzem as mulheres e as jovenzinhas, e é sempre em nome do altíssimo que as ludibriam e as desonram. Já para não falar dos meninos do coro…» (p.25). D. Nuno de Mascarenhas, amigo de D. António, é o aventureiro com quem percorremos episódios (alguns bem caricatos) da nossa história e que, ao mesmo tempo, nos mostram a falta de princípios de muitos dos nossos nobres: «Durante algum tempo frequentou a alcova da célebre Ana Jacques Mondtegui, uma dama natural de Damão, tão famosa pela rara beleza como pelos amantes que coleccionava. Todavia, a desconfiança do marido da senhora, o sargento-mor do corpo de sipais da infantaria de Bardez, fê-lo fugir para Macau, onde se dedicou ao contrabando de especiarias, sedas, porcelanas, sândalo e outros produtos. Ainda assim, foi o rentável tráfico de ópio, entre Bengala e a China, que acabou por denunciá-lo. Perseguido pelas autoridades, foi interceptado em Díli, no decurso da designada “Guerra dos Doidos”, a célebre revolta comandada por um feiticeiro que se pretendia invulnerável perante as armas portuguesas. Curiosamente foi apanhado in flagrante delicto, no decurso de um assalto a uma igreja em que se fazia acompanhar pelos indígenas revoltosos, a fim de roubarem alfaias religiosas.» (p.32). Tenho a certeza que esta leitura vai agradar ao leitor que gosta de aprender enquanto passa por momentos de boa disposição.

“MÁRIO LAGINHA TRIO” 11 SET | 21.30 | Auditório Municipal de Olhão No trio que mantém com o contrabaixista Bernardo Moreira e baterista Alexandre Frazão, Mário Laginha mantém o gosto pela mistura, pela diversidade musical e pelo risco


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