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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1152 • Quinzenário à sexta-feira • 13 de Novembro de 2015 • Preço € 1,40
EM FOCO 2 ALBUFEIRA GARANTE PASSAGEM DE ANO ENQUANTO RECUPERA DAS CHEIAS 3 RTA AGRADECE AOS ALGARVIOS PELOS RESULTADOS TURÍSTICOS 4
ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60
VILA REAL LANÇA CONCURSO PARA REABILITAR HOTEL GUADIANA 5 TAVIRA VERDE APOSTA NO REFORÇO DO SANEAMENTO 6 CLASSIFICADOS 9 OPINIÃO 11
Albufeira mantém festa de ano novo apesar das cheias
> A luta pelo restabelecimento da normalidade em Albufeira depois das cheias do início do mês mantém-se, com a autarquia a garantir que a programação de ano novo mais importante da região não será afectada para garantir algum fôlego com as receitas obtidas pelos comerciantes p. 3
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Luz de Tavira:
Tavira Verde aposta no saneamento básico
>6
Obras de 32 milhões renovam aeroporto
CULTURA
Expensive Soul animam Ano Novo de Lagos
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TURISMO
Vila Real lança concurso para recuperar Hotel Guadiana >5
CA COMÉRCIO E SERVIÇOS Veja anúncio na pág. 12
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em foco Obras de 32,8 milhões de euros já estão a mudar o aeroporto Empreitada promete criar uma gare moderna e funcional até Março de 2017 fotos: d.r.
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
fotos: d.r.
O INVESTIMENTO DE 32,8 MILHÕES DE EUROS da ANA -
Aeroportos de Portugal, detida pela Francesa Vinci, promete revolucionar o Aeroporto de Faro, dotando a infra-estrutura de capacidade efectiva de resposta para o crescimento exponencial que o mercado da aviação e do turismo, se prevê, terão nos próximos anos. Os milhões vão até Março de 2017 criar uma nova aerogare que cresce quase 12 mil metros quadrados em área, passando dos actuais 81.200 metros quadrados para 93.120 no final dos trabalhos.
O QUE VAI MUDAR NO PISO TÉRREO De acordo com a ANA, a
aerogare cresce, ao nível térreo (piso 1), para poente, acolhendo neste espaço o alargamento da área de gestão e recolha de bagagens u[passando a dispor de quatro tapetes de recolha de bagagem, mais um do que o número actual] e de verificação de passaportes nas chegadas w. A expansão faz-se também para norte ao longo de toda a frente da aerogare (mais 6.324 metros quadrados) até ao limite dos actuais curbsides, criando
nova capacidade aeroportuária, em particular no Verão IATA (acrónimo inglês para Associação Internacional dos Transportes Aéreos), repetidas que são as queixas do pessoal de terra e handling sobre a subcontratação por parte dos operadores aeroportuários de terra face às necessidades do aeroporto.
AEROGARE TAPADA PELOS ESTALEIROS DE OBRAS As actuais
ÔÔ Aerogare ganha 12 mil metros quadrados de espaço adicional um amplo espaço central que acolherá do lado ar uma generosa área de comércio e restauração v, o mesmo se passando do lado terra, ficando entre estas uma vasta área de escritórios e serviços de apoio aeroportuários xy. A poente nasce uma área alargada de controlo de passaportes w ao mesmo tempo que ganham espaço os átrios de espera para os balcões de check-in.
PISO 2 GANHA QUASE CINCO MIL METROS QUADRADOS Já o piso
2 da aerogare cresce 4.700 metros quadrados, para po-
ente para acolher espaços de escritórios que também ocuparão o extremo nascente deste piso | e para norte na zona central da aerogare para acolher áreas destinadas a controlo de segurança z e permitir aumentar a área de comércio e restauração {. No topo norte o piso 2 terá vista para o piso 1 através de um genoroso saguão que se estende ao longo de toda a aerogare.
QUEM GANHA COM AS ALTERAÇÕES Desde logo as alterações na aerogare do Aeroporto de
Faro tornam maior a capacidade de processamento de passageiros e bagagens da infra-estrutura aeroportuária regional, passando dos actuais 24 para 30 movimentos de aeronaves por cada hora de operação. No que toca a passageiros o que se pretende é fazer crescer de 2.400 para 3.000 passageiros [em cada sentido - chegadas e partidas] a capacidade por hora da aerogare. Esta progressão é especialmente importante quando um aeroporto tem grande rotatividade de aeronaves, o que no caso
ÔÔ Imagens do plano das alterações nos dois pisos da aerogare. Siga as modificações nas áreas numeradas no texto
de Faro é uma realidade premente, dadas as características do aeroporto que opera essencialmente companhias low cost, cujas aeronaves têm um tempo de permanência em placa muito reduzido. Depois, a ANA ganhará e muito em receitas nas áreas comerciais e de restauração que crescem substancialmente, ao mesmo tempo que aumenta o leque de oferta feita nestas áreas aos utilizadores do aeroporto. Resta saber se haverá o aumento de pessoal de terra e operacional correspondente a esta
obras que taparam toda a fachada da aerogare do Aeroporto de Faro desde meados de Outubro e que a transformaram num verdadeiro estaleiro estão ainda a afectar somente o exterior do edifício. Não obstante, mais tarde ou mais cedo os trabalhos terão de avançar para o interior da aerogare, o que se espera não venha a causar demasiados transtornos, necessariamente inevitáveis, na época alta do turismo. Tudo para dotar o aeroporto regional de uma capacidade de processamento que permita acomodar os mais de seis milhões de passageiros por ano (atingidos em 2014) e o crescimento do turismo regional que no último ano conseguiu ultrapassar os 16 milhões de dormidas em números oficiais.
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região
Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt
Albufeira garante passagem de ano enquanto recupera das cheias Governo desbloqueou acesso a três instrumentos financeiros de emergência Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A AUTARQUIA DE ALBUFEIRA garante que o programa previsto para a passagem de ano se mantém inalterado, apesar das inundações que afectaram o concelho e em particular a zona central da cidade no passado dia 1 de Novembro. Carlos Silva e Sousa, presidente da câmara local, afirmou que os instrumentos financeiros de apoio desbloqueados pelo Governo vão permitir “repor rapidamente a normalidade no concelho e pôr a economia a funcionar para que Albufeira possa voltar a mostrar-se como o destino preferido de milhares de visitantes no fim de ano”. “A passagem de ano em Albufeira é um dos maiores acontecimentos do género a nível nacional, temos um cartaz de luxo, com Anselmo Ralph como cabeça-de-cartaz, e por isso vamos utilizar esta excelente oportunidade para recuperar parte do prejuízo, aproveitando o retorno económico proporcionado pelo evento”, reforça o autarca. Carlos Silva e Sousa não deixa no entanto de referir que há que saber se os fundos
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disponibilizados pela Administração Central “serão suficientes”. Uma questão a que só será possível responder quando completamente calculados todos os prejuízos e analisada a capacidade de resposta dos privados - residentes e comerciantes / empresários - afectados aos seus prejuízos pelos próprios meios.
CONTA SOLIDÁRIA AJUDA AFECTADOS PELAS INUNDAÇÕES En-
SEGURADORAS JÁ TÊM 10 MILHÕES EM PARTICIPAÇÕES As
seguradoras portuguesas receberam nos primeiros dias após as cheias mais de mil participações que a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) diz corresponder a dez milhões de euros de valores cobertos. “Dos processos já abertos, quase 500 incidiram sobre danos em habitações, com valores da ordem dos 2,4 milhões de euros”, lê-se no comunicado emitido por aquela associação. Segundo acrescenta a entidade, os danos reportados em estabelecimentos comerciais e industriais ascendem a indemnizações pagas ou provisionadas na ordem dos 7,8 milhões de euros. Os danos participados em cerca de 150 automóveis cobertos por apólices que asse-
para ajudar a enfrentar a calamidade que se abateu sobre o concelho”.
ÔÔ O ministro da Administração Interna em visita a Albufeira após as cheias guram este tipo de ocorrência ultrapassam os 300 mil euros.
TRÊS FUNDOS DE EMERGÊNCIA ACCIONADOS O Governo de-
terminou a disponibilização de verbas da Conta de Emergência junto do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (gerida pela Autoridade Nacional de protecção Civil), do Fundo de Socorro Social (gerido pela Segurança Social) e do Fundo de Emergência Municipal decorrente
do Regime Financeiro das Autarquias Locais. O Governo decidiu criar uma estrutura de coordenação e controlo para reconhecimento das necessidades de socorro e assistência com o objectivo de fazer o levantamento das situações que necessitam destes apoios, cabendo à Segurança Social a tarefa de adoptar os procedimentos necessários à atribuição de apoios e à reparação de danos a pessoas e famílias em situação de emer-
gência social. Foi constituída uma comissão interministerial de coordenação política com membros do Governo dos Ministérios das Administração Interna, Finanças, Administração Local, Solidariedade e Segurança Social, coordenada pela Administração Interna. O presidente da autarquia considerou que a decisão do Governo “é importante, já que reagiu com celeridade com medidas que são benéficas
tretanto, foram ao longo dos últimos dias centenas os voluntários que responderam ao infortúnio das pessoas afectadas pelas inundações no centro de Albufeira, e que arregaçaram as mangas para ajudar na limpeza e desobstrução das ruas e mesmo na limpeza de lojas e residências afectadas pela intempérie. A par da ajuda dos anónimos que se fizeram ao trabalho em prol de Albufeira e dos albufeirenses, a autarquia disponibiliza uma conta solidária cujos contributos recolhidos serão usados para o apoio aos afectados, através dos Serviços de Acção Social do município. Os donativos podem ser feitos para o NIB 0045 7012 40276144016 40 (IBAN: PT50-0045 7012 4027 6144 0164 0 BIC/SWIFT: CCCMPTPL). As informações adicionais sobre esta conta e sobre os donativos podem ser obtidas pelos telefones 289 570 722 / 718 ou 808 202 274.
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
Especialistas debatem salvaguarda da dieta mediterrânica O AUDITÓRIO VERDE DO CAMPUS DE GAMBELAS da Univer-
sidade do Algarve recebe, esta sexta-feira e no sábado, o 4.º Seminário da Dieta Mediterrânica: Estratégias de Salvaguarda. A acção visa promover o debate em torno da salvaguarda, promoção e valorização deste Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco e
conta com a participação de especialistas e dirigentes das principais entidades com responsabilidade na matéria. O presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, estará presente na sessão de abertura, esta sexta-feira, pelas 9.30, juntamente com o reitor da Universidade do Algarve, do presidente da CCDR Algarve, da Região de
Turismo do Algarve e da directora regional de Cultura do Algarve. Os trabalhos decorrem entre as 9.30 e as 18.30 horas e compreendem os seguintes temas: “Como poderemos contribuir para o Plano de Salvaguarda e valorização da Dieta Mediterrânica?”, “Dieta Mediterrânica: desafios para a sua salvaguarda na pers-
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ÔÔ António Branco, reitor da Universidade do Algarve
pectiva cultural”, “A Dieta Mediterrânica – do conceito à prática em contexto de escola”, “Alimentos e produtos da Dieta Mediterrânica”, “Arquitectura rural, paisagem cultural e comunidade: uma leitura para a salvaguarda”, “A agricultura social e a Dieta Mediterrânica, a frugalidade de um compromisso para a formação do 4.º sector”.
No sábado, o seminário realiza-se, entre as 9.30 e as 12.30, e integra dois painéis. No primeiro momento tem lugar uma sessão de divulgação acerca de programas de financiamento. O segundo painel é dedicado a sessões paralelas de trabalho entre investigadores e empresas, instituições e agências de desenvolvimento.
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região
Tavira Verde aposta no reforço do saneamento pág. 6
RTA agradece aos algarvios pelos resultados turísticos
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Campanha #obrigadoalgarve convida a sorrir até final do ano O ALGARVE continua a ser o
destino de férias preferido dos turistas, cujas dormidas na região já subiram 1,4 % até Agosto, face ao ano recorde de 2014. Por isso, e para agradecer aos profissionais de turismo e residentes algarvios que ajudaram a alcançar este resultado, a Região de Turismo do Algarve (RTA) lançou a campanha de sensibilização #obrigadoalgarve sobre a importância do sector e de acolher bem os visitantes, que estará na rua até ao final de Dezembro. Para sensibilizar os algarvios para a arte de bem receber os turistas e para desenvolver uma cultura regional favorável ao turismo, a RTA desenhou uma campanha apoiada na corrente da psicologia comportamental
de reforço positivo, recorrendo às fotografias tiradas por quem escolheu a região para férias para agradecer aos que contribuíram para o sucesso dessa temporada de lazer no Algarve: os próprios algarvios.
SELFIES PARTILHADAS PELOS TURISTAS NAS REDES SOCIAIS DÃO VIDA À CAMPANHA As sel-
fies partilhadas pelos turistas nas redes sociais após a sua estada no Algarve dão assim vida a esta campanha que estará presente na rádio, nas redes sociais, em jornais impressos e online, expositores, outdoors, traseiras de autocarros, postais e acções de animação de rua. Até ao fim de Dezembro, os algarvios serão então surpreendidos com a campanha criada pela agência Bloco D
para a RTA, com base na assinatura “Eles adoraram as férias! Sorria, o mérito também é seu”. “A iniciativa surge como forma de reconhecermos o papel crucial de cada algarvio e, em particular, dos players do sector para os nossos bons resultados turísticos. Agora que já conhecemos os números até Agosto e que a época alta terminou, é a altura de trocarmos agradecimentos com todos os que ajudam a manter o destino no topo das preferências dos turistas que visitam Portugal”, explica o presidente da RTA, Desidério Silva. Além disso, o responsável do turismo algarvio chama a atenção para o peso da internet no futuro do sector, o qual não foi esquecido nesta campanha, começando
pelo próprio claim que sugere uma ligação ao digital, através da hashtag #obrigadoalgarve. “Hoje em dia é o próprio turista que planeia as férias, faz as reservas e influencia as escolhas dos seus familiares e amigos, ao revelar a sua viagem emocionante a um destino. Por isso não descurámos o marketing digital nesta campanha, que passará pelo online e até terá um blogue e um perfil próprio para o facebook, o instagram e o twitter, de modo a estimularmos a propagação viral da mensagem”, conclui Desidério Silva.
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CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
PROVA TEM COMO MADRINHA AURORA CUNHA
Meia Maratona de Tavira corre-se já no domingo A MEIA MARATONA DE TAVIRA - LIBERTY SEGUROS corre-se já
no próximo domingo. A menos de uma semana do sinal de partida, “o evento está a despertar interesse em atletas de nível nacional e europeu, além de vários atletas que estagiam em Vila Real Santo António, os atletas de Espanha estão a aderir de forma entusiasmante”, revela a Casa do Benfica de Tavira, entidade organizadora do evento. A iniciativa é composta por uma corrida de 21 quilómetros e uma mini-maratona com 10 quilómetros. A partida terá lugar às 10 horas, na Praceta das Bernardas, na Atalaia em Tavira, e o percurso termina na Praça da República. O itinerário é inteiramente corrido nos lugares, sítios, ruas e pontes da cidade de Tavira e conta com o patrocínio da companhia de Seguros Liberty. A prova tem Aurora Cunha como embaixadora portuguesa do atletismo, os
ÔÔ Campanha estará na rua até final de Dezembro
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Nos termos do n.º 2 do artigo 22º e dos artigos 23º e 24º dos Estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, CRL, pessoa colectiva nº 501 073 035, com sede Rua Borda D’Água de Aguiar, N.º 1, em Tavira, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Tavira sob o mesmo número, com o capital social realizado de € 15.786.000 (variável), convoco todos os Associados no pleno gozo dos seus direitos, a reunirem-se, em Assembleia Geral, no dia 19 de Dezembro de 2015 (sábado), pelas 14:00H, na sede da Instituição, para discutir e votar as matérias da seguinte
Ordem de Trabalhos 1. Discussão e votação do Plano de Actividades e Orçamento da Caixa Agrícola para 2016; 2. Deliberação sobre a política de remuneração dos órgãos de administração e fiscalização da Caixa Agrícola para 2016; 3. Nomeação do Revisor Oficial de Contas efectivo e suplente; 4. Eleição dos membros dos órgãos sociais de Caixa Agrícola para o triénio 2016/2018; 5. Dispensa da prestação de caução por parte dos membros do órgão de administração e fiscalização;
ÔÔ Participam na prova grandes nomes do atletismo
6. Determinação da remuneração dos membros da Mesa da Assembleia Geral/do Órgão de Administração/do Órgãos de Fiscalização, a vigorar a partir de 2016;
atletas olímpicos Luís Feiteira, do Sporting Clube de Portugal, Ana Dias, do Areias de São João, e também Jorge Varela, melhor português da Maratona de Lisboa, e Manuel Ferraz, referências do atletismo nacional. Como curiosidade, de realçar as presenças de Ricardo Mestre, vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta, e do colega de Equipa - Team Tavira, Samuel Caldeira. A prova conta com a assistência Médica da Clínica
7. 75º Aniversário da CCAM. Homenagem a alguns dos sócios mais emblemáticos;
Veloso Gomes - Cardiologia e Medicina Desportiva, e da Unidade de Socorro da Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Tavira. Em conformidade com as condições logísticas a organização tem como limite de inscrições 400 atletas. Paralelamente à prova, a organização convida a população a assistir ao evento com vestuário de cor branca alusiva à Meia e Mini-Maratona de Tavira pela Paz no Mundo.
8. Discussão de outros assuntos com interesse para a Caixa Agrícola. Se, à hora marcada, não se encontrar presente mais de metade dos Associados, a Assembleia Geral reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número. Nota: Não será admitido nesta Assembleia Geral o voto por correspondência, nem o voto por representação, por força do disposto no nº1 do Artigo 42º e do nº1 do Artigo 43º do Novo Código Cooperativo, aprovado pela Lei nº119/2015, de 31 de Agosto, que entrou em vigor no passado dia 30 de Setembro. Tavira, 09 de Novembro de 2015 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral José Macário Correia (POSTAL do ALGARVE, nº 1152 de 13 de Novembro de 2015)
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Expensive Soul animam passagem de ano em Lagos pág. 8
Vila Real lança concurso para reabilitar Hotel Guadiana Conclusão das obras está prevista para Dezembro de 2016 A CÂMARA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO anunciou o
lançamento do concurso público para a requalificação do edifício centenário do Hotel Guadiana, para aumentar a oferta turística de qualidade no concelho. A empreitada de reabilitação do edifício histórico, situado na
baixa da cidade, tem um valor base de dois milhões de euros, e será financiada por fundos comunitários através do programa Jessica, instrumento desenvolvido pela Comissão Europeia em colaboração com o Banco Europeu de Investimento e com o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa.
A conclusão das obras está prevista para Dezembro de 2016. Segundo o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes, a reabilitação do edifício, classificado como imóvel de interesse municipal desde 2010, visa assegurar a sua reabertura e a pub
Câmara Municipal de Tavira Edital nº. 59/2015 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 30 de outubro de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 204/2015/CM, referente a 13.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano - Ano 2015; 2. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 205/2015/CM, referente ao Orçamento Municipal e Mapa de Pessoal para o ano 2016; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 206/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à CI - AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve - Projetos intermunicipais; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 207/2015/CM, referente aos Auxílios Económicos - Livros Escolares - 2ª. Fase - Ano letivo 2015/2016; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 208/2015/CM, referente a Atribuição de apoio - Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo - “Comemorações do 3.º Centenário”; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 209/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Casa de Povo da Luz de Tavira - Aquisição de viatura;
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respectiva transformação em hotel de charme. “A operação faz parte da estratégia de recuperação do património edificado da cidade e da instalação no centro histórico de unidades hoteleiras de referência, potenciando um turismo de qualidade superior e cultural”, destacou o autarca.
HOTEL TERÁ CATEGORIA DE CINCO ESTRELAS De acordo
com Luís Gomes, será adaptado à categoria de unidade de cinco estrelas, “pondo fim ao cenário de degradação do edifício, cartão-de-visita da frente ribeirinha da cidade”. O imóvel manterá a fachada original e os elementos decorativos do prédio projectado por Ernesto Korrodi - arquitecto de origem suíça e naturalizado português -, cuja construção data do período entre 1918 e 1921, tendo sido inaugurado em 1923. Os hotel ficará dotado de 31 quartos, 15 dos quais duplos, três suites juniores e 13 individuais. A empreitada engloba a recuperação de um edifício na Ponta da Areia, que servirá como área de apoio balnear.
ÔÔ Empreitada de reabilitação tem valor base de dois milhões de euros O projecto de recuperação e reabilitação do Hotel Guadiana enquadra-se no Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António e na Área de Reabilitação Urbana do centro histórico. Além da recuperação do
Hotel Guadiana, a autarquia pretende converter os antigos imóveis municipais em unidades de “alojamento de charme”, no sentido de transformar o Centro Histórico de Vila Real de Santo António numa referência em termos turísticos. Lusa
ASSINADO PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO
8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 211/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação da Academia de Musica de Tavira - Festival “5 noites 5 sons”;
ACRAL e grupo Moneris unem-se para beneficiar comerciantes
9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 212/2015/CM, referente a Atribuição de apoio em espécie para reparação e manutenção da sede do Clube de Vela de Tavira;
OS ASSOCIADOS DA ACRAL
7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 210/2015/CM, referente a Atribuição de apoio ao Rancho Folclórico de Tavira - XXVI Festival de Folclore “Cidade de Tavira”;
10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 213/2015/CM, referente a Plano de Transportes Escolares 2014/2015 - Correção de valores - CP - Comboios de Portugal, E.P.E.; 11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 214/2015/CM, referente a Aquisição de energia elétrica em regime de mercado liberalizado ao abrigo do Acordo Quadro da AMAL com anúncio de procedimento n.º 1108/2013 e JOUE S050-081623, de 12 março 2013, para instalações alimentadas em Baixa Tensão Especial (BTE) e Média Tensão (MT) – Adjudicação; 12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 215/2015/CM, referente a 10-Emp/15 - Reparação do CM 1231 entre Fuzeta e Cintados (até ao Limite Concelho) - Relatório preliminar; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 30 de outubro do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1152 de 13 de Novembro de 2015)
já podem beneficiar de vantagens e descontos na contratação dos serviços do grupo Moneris, nomeadamente nas áreas da Contabilidade Financeira, Assessoria Fiscal e Recursos Humanos. Com este protocolo de cooperação, assinado recentemente, em Almancil, os associados da ACRAL podem também requisitar, com benefícios, serviços de Corporate Finance (apoios e incentivos, aquisições, fusões, reestruturações e avaliações), Gestão de Seguros e Formação. O acordo oferece ainda um
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ÔÔ Assinatura do protocolo Open Day gratuito de consultoria, a realizar trimestralmente nos escritórios do Grupo Moneris, em Almancil e Albufeira. Victor Guerreiro, presidente da associação multissectorial, salienta o “critério de excelên-
cia” escolhido pela ACRAL na sua política de parcerias. Com este protocolo de cooperação, sublinha o presidente da ACRAL, “os nossos associados, não só poderão melhorar individualmente a gestão das suas empresas, como contribuirão para o aumento da competitividade do tecido empresarial regional”. O grupo Moneris, com presença de norte a sul do país, tem uma oferta integrada de serviços de contabilidade, consultoria e apoio à gestão, contando com 20 escritórios, 300 colaboradores e aproximadamente quatro mil clientes.
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Expensive Soul animam passagem de ano em Lagos pág. 8
Tavira Verde aposta no reforço do saneamento
TAVIRA
Largo da Eira da Cruz em Cachopo reabilitado em breve d.r.
Obras que decorrem na Luz de Tavira também criam passeios para peões Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
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AS OBRAS QUE DECORREM no
troço da EN 125 que atravessa a Luz de Tavira, estão integradas no reforço do sistema de saneamento básico que a empresa municipal Tavira Verde está a fazer em todo o concelho. Ao POSTAL o presidente da autarquia, Jorge Botelho, destaca que “o investimento total destes projectos ascende aos quatro milhões de euros” e “levará as ligações de saneamento básico a cerca de 400 casas, marcando uma melhoria substancial no nível de cobertura da rede pública concelhia”. No caso das obras da Luz de Tavira, refere o autarca, “além da ligação ao sistema municipal dos ramais de saneamento já instalados para servir toda a zona da Campina daquela freguesia, nomeadamente a zona da Sinagoga, estamos também a proceder
ÔÔ Obra foi adjudicada pelo valor de 72 mil e 246 euros
ÔÔ A melhoria da rede de saneamento básico do concelho é uma das prioridades de Jorge Botelho a obras de qualificação do espaço público, colocando passeios e meios de escoamento das águas pluviais no troço final (em direcção a Tavira) da EN 125 que percorre aquela localidade”. A obra da Luz de Tavira, orçada em perto de 400 mil
euros permitirá dotar de saneamento básico cerca de cem casas e melhorar a segurança da circulação pedonal dentro da localidade, contribuindo para a qualidade de vida das populações abrangidas. “São obras que em cer-
tos casos eram esperadas há mais de 15 anos e que agora se tornam realidade, cumprindo o objectivo do executivo de desenvolver projectos de fundo em matérias tão sensíveis como o saneamento básico”, reforça Jorge Botelho. pub
A CÂMARA DE TAVIRA adjudicou à Rolear.On – Soluções de Engenharia, S.A a empreitada de reabilitação do Largo da Eira da Cruz em Cachopo pelo valor de 72 mil e 246 euros. Conforme a autarquia explica em nota de imprensa, “o início dos trabalhos está previsto para Dezembro e estima-se que tenham um prazo de execução de 120 dias. Pretende-se que a intervenção contribua para a valorização e melhoria da qualidade urbana
na aldeia, através da criação de uma zona de estadia”. “A solução passa pela introdução de bancos de jardim, muros e muretes que definem espaços e limites, criação de canteiros, definição de estacionamento, miradouro e pavimentação do largo”, acrescenta. Esta empreitada visa a beneficiação da área, a organização do estacionamento automóvel, assim como a criação de zonas de estadia e ensombramento.
SEGUNDO O MOTOR DE BUSCA ONLINE ‘TRIVAGO’:
Monte Gordo está no ‘top 10’ dos destinos de Verão d.r.
O MOTOR DE BUSCA online “Trivago” colocou Monte Gordo no “top 10” dos destinos turísticos nacionais mais procurados por portugueses e espanhóis no Verão de 2015. De acordo com as estatísticas, Monte Gordo foi mesmo o quarto pólo turístico do país mais pesquisado pelos portugueses (excluindo os valores por região) e o sexto na lista global nacional (incluindo os totais por região), posicionando-se perto de grandes destinos como Lisboa e Porto. O Estudo de Tendências de Verão 2015 verificou ainda existirem indicadores globais de viagem que se mantêm nos últimos anos. Exemplo disso é a grande afluência de portugueses e estrangeiros à região do Algarve, nomeadamente a Monte Gordo, que figura também como um dos destinos tipicamente procurados por espanhóis e britânicos. A análise foi feita com base nas pesquisas efectuadas no “Trivago”, entre 21 de Março e 23 de Setembro, com vista
ÔÔ A Praia de Monte Gordo a viagens de Verão realizadas de 21 de Junho a 23 de Setembro. Conforme nota de imprensa enviada às redacções pela autarquia, “Monte Gordo vem também registando máximos consecutivos nas taxas de ocupação hoteleira durante a época baixa, facto relacionado com a aposta do município de Vila Real no turismo desportivo e de saúde, e de que são exemplo os serviços oferecidos pelo Complexo Desportivo e Centro Médico Internacional de Vila Real de Santo António”. O “Trivago” é o maior motor de busca de hotéis do mundo e compara diariamente 901.869 hotéis de 278 sites de reserva.
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REGIÃO
Expensive Soul animam passagem do ano em Lagos Espectáculo será seguido de uma actuação do DJ TobyONE O MUNICÍPIO DE LAGOS vai
receber o novo ano ao som de um dos mais conhecidos grupos de música do país, os Expensive Soul. O espectáculo, que decorrerá na Praça do Infante, é de entrada gratuita e será seguido de uma actuação do DJ TobyONE. A dupla, Demo e New Max, vai estar em Lagos no próximo dia 31 de Dezembro para animar a última noite do ano, que se prevê “mágica”. Ambos naturais de Leça da Palmeira entraram no mundo da música em 1999, mas apenas em 2004 ficaram conhecidos com a edição do seu 1º álbum “B.I.”. No ano passado o duo lançou “Sonhador” o 4º álbum de originais do grupo, contendo os dois sucessos mais recentes “Cúpido” e “Que Saudade”. O álbum foi gravado com mais
de 20 músicos a participarem em simultâneo na maioria das canções. A produção é de New Max, que assina também todas as músicas e letras enquanto Demo escreve as rimas. Chegou em Junho de 2014 às lojas com um total de 13 canções, duas das quais “escondidas”. É “soul music” cantada em português, feita no norte de Portugal, oscilando entre os sensuais “midtempos” e os “grooves” mais dançáveis. Pelas letras é o trabalho mais interventivo dos Expensive Soul, que estão cada vez mais exímios na transmissão de ideias em ambiente de festa. O amor continua sempre presente mas aqui e ali há uma mensagem de inconformismo que vai passando, como em “Progresso”, o tema que abre o disco.
d.r.
ÔÔ A dupla Demo e New Max vai intepretar temas bem conhecidos de todos Toda a letra é uma constatação do estado actual das
coisas, incentivando uma postura inconformista mas
simultaneamente encorajadora e até mesmo optimista.
OBRAS RESULTARAM DE UM INVESTIMENTO DE CERCA DE 286 MIL EUROS
IGREJA DA SÉ EM FARO
Festival do Órgão prossegue com Marco Brescia
Câmara de Alcoutim reforça acessibilidades no concelho A REABILITAÇÃO DA PONTE so-
bre a Ribeira da Foupana, situada na estrada de ligação entre as povoações de Mestras e Barroso, e o troço de rede viária entre a EN 124 e a povoação das Mestras, foram inaugurados recentemente por Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara de Alcoutim, e David Santos, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. A cerimónia contou com a presença de muitos populares e diversas entidades locais e regionais. A ponte foi alvo de trabalhos de manutenção e reparação no sentido de a dotar de todas as condições de segurança em função da gravidade das anomalias estruturais detectadas, enquanto
que na estrada foram efectuadas obras de alargamento e repavimentação e colocada sinalização. Tratou-se de um investimento de aproximadamente 286 mil euros, comparticipado em 65 % por fundos comunitários no âmbito do Programa Operacional Regional do Algarve – PO Algarve 21. O presidente da CCDR Algarve felicitou o município de Alcoutim pela realização das obras e enalteceu a capacidade de visão do executivo municipal, que “percebendo que no quadro comunitário de apoio 2014-2020 haveria menor capacidade de execução destas obras de requalificação viária, procedeu a uma reformulação de uma candidatura que possibilitou, conjuntamente com a capacida-
O VIII FESTIVAL DE ÓRGÃO FARO 2015 continua no próxid.r.
ÔÔ David Santos e Osvaldo Gonçalves inauguraram as obras de financeira da autarquia, a realização desta importante melhoria nas acessibilidades”. Osvaldo Gonçalves afirmou-se “empenhado na
De acordo com a produção, este álbum ‘Sonhador’ é um “verdadeiro manual de ‘soul’ orgânico” e “uma colecção de 13 orelhudas canções que abrem um novo capítulo na história dos Expensive Soul”. O espectáculo vai decorrer num dos locais mais emblemáticos de Lagos – a Praça do Infante – a partir das 22.30 horas e para o qual a autarquia convida todos a estarem presentes. A entrada é livre. O grupo assegura uma noite animada e cheia de boas energias e vibração. À meia-noite, os céus de Lagos enchem-se de cor para a despedida de 2015 e uma animada entrada animada em 2016. Já no novo ano, a batida será diferente. Sobe ao palco o conhecido DJ TobyONE… até de madrugada!
resolução dos problemas concretos das populações”, referindo que “o estado deplorável em que se encontrava esta ponte, estando afectada de forma relevante
a sua travessia, em condições plenas de segurança e, deste modo, condicionando fortemente toda a população, transformou-a numa prioridade para este executivo”. Referindo-se à reformulação da candidatura a fundos comunitários e à elaboração do projecto de recuperação da infra-estrutura existente, quando inicialmente se equacionou a construção de uma nova ponte, o autarca frisou que “esta alteração permitiu que simultaneamente se dotasse o equipamento da total e necessária robustez e plenas condições de utilização e diminuir o montante do investimento”. O autarca terminou a sua intervenção agradecendo a colaboração de entidades como a CCDR e a AMAL.
mo sábado, pelas 21.30 horas, na Igreja da Sé, com o organista italiano/brasileiro Marco Brescia. Marco Brescia é frequentemente convidado a actuar em prestigiados festivais e ciclos internacionais de concerto na Europa e América. Mestre em Interpretação da Música Antiga/Órgão Histórico, Brescia é doutor em Musicologia Histórica / Organologia (Universidades Paris IV – Sorbonne / Nova de Lisboa). O concerto será precedido de palestra alusiva aos 300 anos do Órgão da Sé de Faro, proferida pelo mestre organeiro Dinarte Machado e pelo próprio organista Marco Brescia, que esclarecerá sobre o órgão “gémeo” instalado no Brasil na Sé de Mariana, Minas Gerais.
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Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
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AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 4 de Novembro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 8 de Novembro, Domingo, pelas 15.30 horas, na Igreja de Santa Luzia.
“Paz à sua Alma” “Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428
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AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 5 de Novembro, para o Cemitério de Quinta do Conde, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 10 de Novembro, Terça-feira, pelas 8.45 horas, na Igreja de Santiago, em Tavira.
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> > ASSINALE A FRASE CORRETA
>> SOLUÇÃO da edição passada
A – O texto do João está elgível. ;; B – O texto do João está ilegível. C – O texto do João está eligível. D – O texto do João está elejível.
A – O Gonçalo entrou pela sala à dentro. B – O Gonçalo entrou pela sala adento. C – O Gonçalo entrou pela sala àdentro. D – O Gonçalo entrou pela sala dentro.
Sobe & desce
Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
Obras no aeroporto
Cheias em Albufeira
Positivas quanto aos objectivos de dotar a região de uma infra-estrutura aeroportuária mais moderna, estão por perceber os impactos que as obras que decorrem terão em época alta do turismo (Ler pág. 2).
A meteorologia não foi benévola com as gentes de Albufeira, entretanto o Governo libertou verbas de emergência e as seguradoras preparam as indemnizações, resta saber se o dinheiro chegará (Ler pág. 3).
E-mail da redacção:
opinião
Flashes e Cidadania d.r.
jornalpostal@gmail.com
ficha técnica
Adelino Nogueira Vaz Associação Raiz Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem-somos/ Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
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Tempos houve em que faltava tempo para o convívio e a partilha entre a família, legitimado por objectivos altruístas que eram norteados por um futuro mais confortável e menos sacrificado para os seus filhos. Era uma época, geograficamente circundante das metrópoles, onde estavam instaladas grandes unidades fabris e metalúrgicas, para onde migravam de todo o país os últimos dos inconformados. Tempo em que os homens faziam muitas horas extraordinárias e as mulheres, depois da fábrica, costuravam para fora, faziam limpezas e tratavam das roupas. Havia dinheiro, muito suado, mas orgulhosos nas poupanças que mandavam para a educação dos filhos, na certeza de serem eles os futuros engenheiros, encarregados ou chefes de diversos sectores das fábricas onde os pais “obedeciam”. Em Dezembro eram eles os “pais-natais” da família que visitavam na terra. Pagavam o bacalhau da consoada aos velhotes, vestiam os sobrinhos e, à volta da lareira, inventavam estórias felizes dos dias duros que viviam. Na taberna eram
ÔÔ Imagem da Casa do Povo de Moncarapacho por sua conta as rodadas durante estes dias. Até o próximo Natal eram os telefonemas quinzenais aos sábados para a taberna ou casa do sr. prior, semanalmente, por carta as mães davam notícias aos avós, conselhos aos filhos, acrestando o pai um beijo e uma exigência de muito juízo… Isto faz parte de uma memória diversa da que o quotidiano nos traz. Nestas últimas quatro décadas, entre metamorfoses diversas, que passaram pela organização política - a universalidade do voto e a clara separação de poderes; administrativa - com a efectiva descentralização de poderes, competências e meios financeiros para as autarquias; sociais - com o direito generalizado ao ensino, saúde, igualdade de oportunidades; na eco-
nomia com a promessa da justa repartição equitativa de receitas e sacrificios… alteraram-se conceitos e condutas que se julgavam cristalizados, como as relações familiares… Avaliar a fragilidade de tudo o que foi enumerado em resultado da seriedade, da boa condução, da preparação dos protagonistas ou adjectivá-los é um “déjà-vu” de que me vou abster. Depois de ter esgotado algumas energias utópicas, com a idade temperei o impulso necessário para procurar novos marcos conceituais e novas abordagens. Dentro do desassossego que sempre me acompanhou e da fecundidade do trabalho de reflexão crítica, tive a felicidade de encontrar na cidadania e no envolvimento cívico um porto de abrigo, onde como
intlectual, político e pessoa me preencho e rejuvenesço o respeito por mim, acrescentando conhecimento revigorado que me ajuda a alimentar o sentido da vida. Quero trazer para o nosso convívio e orgulho o trabalho desenvolvido pela nossa vizinha Casa do Povo de Moncarapacho, cuja Universidade Sénior vai no segundo ano lectivo. As universidades seniores têm um papel importantíssimo no dinamizar e tornar os dias mais activos, promovendo actividades de envolvimento intlectual e físico. Ao contribuir para a actualização do conhecimento, transmitindo-o numa linguagem acessível a todos, ao mesmo tempo que procura priviligiar a experiência adquirida pelos alunos durante o desempenho profissional. Como objetivos o ensino não
formal, a educação para a cidadania, ou seja, a justiça social, para a liberdade, igualdade e democracia, contra a discriminização, para o exercício para a cultura e para a manifestação das diferenças culturais. Com 17 professores qualificados e 60 alunos, que frequentam as cadeiras de Francês, Inglês, Cultura Geral, História de Portugal, Sociedade e Cidadania, Português, Psicologia, Saúde/Biologia, Informática, Artes Manuais, Reciclagem de Materiais, Música, Teatro e Português para Estrangeiros. O desenvolvimento de aptidões inatas, a bagagem cognitiva social e cultural pressupõe um processo dialógico, formativo e transformativo, repondo, necessariamente, um contacto, uma transmissão e uma aquisição de conhecimentos, mas também um desenvolvimento de competências, hábitos e valores. É neste tipo de solidariedades horizontais, de cidadania comunitária e de uma rede de entreajuda, que deve ser fundado o nosso relacionamento, com a vantagem de vivermos em locais de baixa densidade populacional. Havendo vontade sincera, o poder local, que tem sido motor do desenvolvimento do país esquecido, tem uma responsabilidade de forma agnóstica apoiar as associações sem simpatias particulares ou reservas saloias. Não posso deixar de sublinhar o papel dos jornais e rádios regionais na partilha de informação da nossa região.
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regressa no dia 11 de Dezembro
Castro Marim vai remodelar extensão de saúde do Azinhal Obras custam 35 mil euros d.r.
A CÂMARA DE CASTRO MARIM lançou a concurso a empreitada de remodelação da extensão de saúde do Azinhal, com vista à eliminação dos condicionalismos que, do ponto de vista técnico, constituíram a razão do seu encerramento, assim como a falta de acesso à rede informática. Encerrada em 2013 por ordem da Administração Regional de Saúde do Algarve, a par das extensões de Odeleite e Vaqueiros (concelho de Alcoutim), “prevê-se agora a reabertura da extensão de saúde do Azinhal, pondo fim ao suplício da deslocação à sede de concelho que se impunha desde então à população desta freguesia, maioritariamente envelhecida e com dificuldades de mobilidade”, avança a autarquia castromarinense em nota de imprensa.
ÔÔ Extensão foi encerrada em 2013 pela ARS do Algarve Na altura, depois do desagrado manifestado pela população e pela autarquia de Castro Marim contra o encerramento das referidas extensões de saúde, a ARS do Algarve assumiu a abertura da extensão de saúde do Azi-
nhal, após a conclusão destas obras financiadas pela Câmara Municipal. Fixado no caderno de encargos por 35 mil e 423 euros + IVA, depois de adjudicada a obra deverá ser concluída em dois meses. pub
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‘Três Irmãs’ de Bing Wang em Tavira Na senda da cultura:
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Redescobrir a Sé, miradouro privilegiado
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13.11.2015
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Editorial
Missão Cultura
Em Memória do Infante
Acesso à Cultura e ao Património Direção Regional de Cultura do Algarve
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Faz hoje, 13 de Novembro, 555 anos que o Infante D. Henrique faleceu em Sagres. Ali mesmo onde fundou uma tercena naval, comummente conhecida por Escola de Sagres, expirou no ano de 1460, 66 anos depois de ter nascido na cidade do Porto, em 1394. Mais do que relembrar a personagem histórica ímpar e a sua profunda ligação a Sagres e ao Algarve - o que por si só não é de somenos - a verdade é que foi em navios cujos destinos foram traçados pelo Infante de Sagres que os portugueses se fizeram ao mar em direcção a muitas das paragens que tornaram Portugal um potentado das Descobertas. A estes destinos os navegadores levaram, sob o ‘protectorado’ do Infante D. Henrique, a cultura portuguesa e deles trouxeram para Portugal as mais diversas influências, fenómeno de permuta que repercutiu os seus efeitos à escala mundial. O Infante foi por esta razão um homem de visão não só para a expansão marítima de Portugal e para o reforço da posição do país durante séculos no mundo, mas também um dos grandes fomentadores da expansão da cultura e, muito em particular, da língua portuguesa por todo o globo. Deu ao velho mundo novos mundos e a estes a herança cultural do primeiro, de forma que marcou para todo o sempre a História da Humanidade. Incontornável, o Infante foi e é uma das figuras mais marcantes da cultura portuguesa enquanto fenómeno nacional e internacional, nesta medida a ele devemos em larga medida a grandeza do ser cultural português .
O património só tem significado pelo seu encontro com as pessoas. Há diferentes formas de explorar e discutir a questão da acessibilidade em património, em museus e nos bens culturais em geral. Por estes dias o centro desta discussão está em Castro Marim, na Casa do Sal, que acolhe o 4º Encontro Transfronteiriço de Profissionais de Museus, numa organização conjunta da APOM (Associação portuguesa de Museologia- delegação regional e da APPA - Associação de Museógrafos e Museólogos da Andaluzia), com o apoio da Direção Regional de Cultura do Algarve. Tornar o património acessível a todos pode representar dar prioridade à acessibilidade física mas também outras formas de compreensão e de experiência. Stephen Weil em 1999 a propósito do museu norte-americano dizia que o que era fundamental agora era: “From Being about Something, to Being for Somebody”. Tal como noutras questões, também nestas é muito difícil generalizar as soluções mais adequadas. Por vezes, a intervenção ne-
cessária pode ser mais temporária ou permanente, outras representam um grande desafio à criatividade, na medida em que se tem que conciliar a legislação, a conservação do património e as ideologias políticas dominantes destas áreas e, por vezes, torna-se mesmo impossível evitar impactes negativos sobre o património. A conservação do património procura adaptar-se às mudanças em termos de necessidades e valores da sociedade. Ao mesmo tempo, temos assistido ao desenvolvimento de soluções técnicas por parte do design, da arquitectura, das novas tecnologias. Outras vezes, é necessário algum amadurecimento em termos das opções a adoptar. O diálogo construtivo e a cooperação ajudam neste percurso. Existe hoje um movimento de âmbito internacional alargado, que reflecte sobre estas questões e preocupações. A nível nacional, constituiu-se um Grupo que se tem dedicado a estas reflexões e tem protagonizado ofertas formativas nestes domínios (até 2013 designado por GAM) agora Acesso Cultura (associação formal). Este grupo tem vindo a colocar as questões de acessibilidade no centro das preocupações e da reflexão dos museus portugueses e tem dinamizado diversos debates regionais.
No sector dos museus, uma das formas de contribuir para esta maior acessibilidade prende-se com a possibilidade de exigir o cumprimento das normas mínimas de acessibilidade no âmbito do processo de credenciação dos museus, conforme a ACESSO Cultura tem procurado. No seio da rede regional de Museus do Algarve esta é também uma preocupação que tem vindo a fazer parte dos fóruns de especialistas. Idealmente os objectos, as paisagens, os lugares que se constituem como património cultural e que resultaram da ação humana devem permanecer inalterados, contudo, a igualdade no acesso aos mesmos criou esta necessidade de ajustamento a necessidades e pessoas diferentes. Esta questão faz parte do natural desenvolvimento das democracias. Alguns destes locais são particularmente sensíveis face a novas intervenções e sobretudo a novas construções. Por vezes, a solução é criar espaços de interpretação fora desse património e manter o acesso limitado em monumentos de maior vulnerabilidade. Este é um desafio global não só dos museus, dos bens culturais, dos seus profissionais, mas também daqueles que têm a responsabilidade de promover a educação patrimonial. Quer os valores materiais,
drcalg
quer os imateriais compreendem a acessibilidade do património cultural. Os programas educativos e interpretativos no seio do seu desenvolvimento criam tensões e disputas em torno dos mesmos objectos, pelo que se torna essencial mais do que definir o “argumento” científico é necessário criar percursos de interação, que sejam potenciadores de novas dinâmicas culturais. Sabemos também que nem todas as melhorias em termos de acessibilidade requerem investimento financeiro. A participação de diferentes grupos nos mesmos espaços patrimoniais requer um estudo das melhores metodologias para a maior democratização
e subsequente acessibilidade junto de diferentes grupos de indivíduos. Com frequência é necessário olhar à especificidade do lugar e definir soluções específicas. A diversidade cultural e social é tão importante quanto a igualdade de oportunidades no acesso à cultura e ao património. Na base da actuação com vista a uma maior acessibilidade ao património deve estar uma análise cuidadosa do valor do património e considerar as consequências versus as alternativas para facilitar a decisão final e a opção de intervenção. A questão da acessibilidade deve ser abordada como um processo e não como um projecto. Os nossos esforços devem ser colocados em como encontrar formas de melhorar a acessibilidade do património e da cultura. A acessibilidade envolve movimento, visão e audição, e integração; envolve uma abordagem do lado do visitante. É importante o design, a educação e a formação e procurar conhecer o que já existe de melhores práticas. É um compromisso, não é uma opinião. Melhorar o acesso à cultura, aos museus e às colecções junto dos visitantes (ou potenciais visitantes) com necessidades especiais é um desígnio que deve ser partilhado por todos.
dois pescadores relembram algumas histórias do imaginário olhanense, com o mesmo humor e espírito crítico de sempre. Estreada em novembro de 2014, em Ferragudo, a peça Mê Menine… e a tu Mãe?, que esgotou em março no Auditório Municipal, obrigando a uma nova apresentação em outubro, voltou a encher a sala. De tal forma que se teve que anunciar um espetáculo extra para o dia a seguir. Tudo indica que não
fique por aqui. Para além de esgotar salas, as duas personagens Zé e Janica fazem sucesso na Internet. O último vídeo publicado, um excerto da peça apresentada em outubro, atingiu, em dois dias, mais de seis mil visualizações. Para além das duas peças referidas, estas duas personagens protagonizam a versão vídeo da iniciativa MOCE MÓ, que integra o J desde a sua primeira edição.
Imagem do percurso acessível na Fortaleza de Sagres
Juventude, artes e ideias
Mê menine… e a tu mãe? Jady Batista Coordenação do Jornal J
Depois do sucesso da peça Mê Menine... e o tê Pai?, que esteve em cena durante 6 anos e que percorreu o Algarve sempre com ca-
sas cheias, a GORDA surge uma nova peça que é uma sequela da anterior e que promete ter sucesso idêntico. Mê Menine... e a tu Mãe? é a mais recente produção da companhia olhanense, que conta com João Evaristo e Joaquim Parra como intérpretes. Na sequência da peça Mê Menine... e o tê Pai?, as duas personagens, Zé e Janica, voltam a encontrar-se, desta vez numa taberna de Olhão. Sentados à mesa, os
“OLHARES LACOBRIGENSES” Até 30 DEZ | 21.30 | Fototeca Municipal de Lagos O paradigma fotográfico vai mudando por força da evolução tecnológica e das abordagens diferentes que ela permite, a par das novas intuições sobre comunicação por imagem
d.r.
Os actores de mê menine... e a tu mãe?
“Concerto de VIVIANE” 14 NOV | 21.30 | TEMPO – Teatro Municipal de Portimão Viviane revisitará os temas principais que marcaram a sua carreira ao longo dos quatro CDs de originais já editados desde 2005
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Grande ecrã Cineclube de Faro
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt CICLO PARALELOS AUDITÓRIO DA ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE | 21H30 17 NOV | TAL PAI, TAL FILHO, Hirokazu Koreeda, Japão, 2013 , 120’, M/12
24 NOV | CÃES ERRANTES, Tsai Ming-liang, França/Taipé, 2014, 138’, M/12 SESSÃO EXTRA MUSEU MUNICIPAL | 18 HORAS 27 NOV | NATIONAL GALLERY, Frederick Wiseman, EUA/Fra, 2014, 180’, M/12 A TELA AOS SÓCIOS “EUROPA” - PEDRO MESQUITA SEDE | 21.30 HORAS 19 NOV | Benvindo Mister Marshall, Luis García Berlanga, Espanha, 1953, 78’ 26 NOV | Underground – Era uma Vez um País, Emir Kusturica, França/Jugoslávia, 1995, 170’ SEMANA CULTURA CIENTÍFICA CCMAR ANFITEATRO VERDE - UALG GAMBELAS 18.30 HORAS 18 NOV | O PESADELO DE DARWIN, Hubert Sauper, Áus/Bél/Fran/Ale, 2004, 107’
‘Três Irmãs’ de Bing Wang a não perder em Tavira Neste penúltimo mês de 2015 propomos mais um programa de grande interesse. Começámos com a primeira parte da trilogia de Miguel Gomes (Tabu e O Meu Querido Mês de Agosto). Na semana a seguir exibimos um filme relativamente desconhecido mas de grande interesse: Masaan, a primeira longa metragem de Neeraj Ghaywan. Não percam um dos documentários que mais me marcaram nos últimos anos: Três Irmãs, do realizador chinês Bing Wang. Junto aos meus colegas no júri da Federação Internacional de Cineclubes elegemos este filme como o melhor no Festival de Fribourg (Suíça) em 2013. Com Viggo Mortensen e Ángela Molina, Longe dos Homens é baseado numa história de Albert Camus, e em colaboração
Cineclube de Tavira
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com
fotos: d.r.
SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS 19 NOV | SAN ZIMEI - THREE SISTERS (TRÊS IRMÃS), Bing Wang – França/Hong Kong 2012 (153’) M/12 26 NOV | LOIN DES HOMMES (LONGE DOS HOMENS), David Oelhoffen – França 2014 (101’) M/12
28 NOV | SÅ MEGET GODT I VENTE GOOD THINGS AWAIT (COISAS BOAS NOS ESPERAM) Phie Ambo – Dinamarca/ Islândia 2014 (96’) M/12
Cena do documentário ‘Três irmãs’ com Apordoc, no sábado, dia 28, iremos exibir um documentário ecológico: Coisas
Boas nos Esperam. Belos filmes, a não perder no grande ecrã! Cineclube de Tavira
Na senda da cultura
Redescobrir a Sé, miradouro privilegiado fotos: ricardo claro
Lisboa pelo alemão Johann Heinrich Hulenkampf encontra-se decorado com pinturas em chinoiserie realizadas por um artista tavirense e apresenta três castelos e quatro nichos sobrepostos.
vista panorâmica única sobre grande parte da cidade e dos esteiros da Ria Formosa que se estendem a Sul até às ilhas barreira.
A vista é magnífica a partir deste ponto privilegiado, verdadeiro miradouro-mor da cidade.
Ricardo Claro
Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com
Há locais que de tanto nos habituarmos a vê-los perdem a sua importância no conjunto das memórias que guardamos. Têmo-los por adquiridos... estão aqui mesmo, tão perto de nós que quase os ignoramos e assim se vão perdendo na penumbra da memória selectiva que temos. O ano de 1251 marca o início da construção da Sé Catedral de Faro, sobre o que antes teria sido a mesquita, depois um templo romano e ainda, mais tarde, um templo cristão da alta idade média. Mas Sé só se tornaria com a transferência do bispado para a cidade de Faro, assumindo o título honorífico em 1577. Repetidas vicissitudes ditaram a sua constante alteração ao longo dos tempos. Desde logo a pilhagem e incêndio pelos ingleses durante as invasões francesas e depois o terra-
moto de 1755. A Sé de Faro encerra um patrimóio de relevo à escala da região, desde logo com o retábulo-mor de características maneiristas e com o retábulo do antíssimo Sacramento de traça barroca que apresenta grande tribuna albergando um monumental trono piramidal. Os tectos de madeira profusamente decorados são suportados por colunas dóricas e albergam várias capelas laterais de diferentes e belas decorações, onde pontuam os azulejos decorativos evocativos da religiosidade. O órgão setecentista construído em
Mas o que se destaca na Sé Catedral é sem dúvida a torre da fachada de entrada, que antecede o portal principal do templo. Com três arcos ogivais em cada uma das fachadas expostas ao exterior a também torre sineira é o ponto mais alto de todo o conjunto da Cidade Velha de Faro e proporciona uma
Aos visitantes é ainda proporcionado o acesso ao Museu do Cabido Catedralício, onde várias imagens religiosas e paramentos podem ser observados a par de outros objectos de arte e de função ligados à religiosidade. Uma vista a não perder para redescobrir a Sé Catedral de Faro e reencontrar um dos monumentos notáveis da cidade e da região, refrescando a memória deste que é o nosso património, tantas vezes esquecido.
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Cultura.Sul
Letras e Leituras
Crónicas do além: Lugar caído no Crepúsculo
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
João de Melo, autor açoriano, regressou ao romance cerca de oito anos depois de O Mar de Madrid (2006). No entretanto o autor não esteve parado, publicou um pequeno livro ilustrado por Paula Rego, intitulado O Vinho, cujo conto figurava na colectânea de contos As Coisas da Alma (2003) e uma novela, A Divina Miséria (2009), que configurava um retorno ao realismo mágico ou, como o autor prefere designar, etno-fantástico da sua obra O meu mundo não é deste reino e fechava de certa forma esse ciclo. O meu mundo não é deste reino (originalmente publicado em 1983), considerado por muitos a sua obra-prima, foi relançado pela Dom Quixote. A 8ª. edição deste romance
foi publicada em Junho deste ano, com a particularidade de ter sido também revista e reescrita pelo autor, nomeadamente no que concerne ao despojamento de certos regionalismos que podiam complicar a leitura de um romance que se quer fluído e universal. João de Melo trabalhou ainda durante cerca de uma década como conselheiro cultural na embaixada de Portugal em Madrid. Reformado do ensino, o regresso a Portugal significou um regresso e uma dedicação exclusiva à escrita, que antes apenas se fazia de modo sazonal, aos domingos, dada a intensidade da sua actividade profissional, e uma acutilante percepção crítica do estado da nação. Lugar caído no Crepúsculo foi publicado em Outubro de 2014 e à semelhança de O meu mundo não é deste reino o título parte de uma intertextualidade, desta vez não com o texto bíblico mas com uma citação que serve de incipit ao romance de Juan Rulfo: «Um lugar caído no crepúsculo, que é como quem diz, ali onde se
fotos: d.r.
João de Melo dedica a obra 'Lugar caído no Crepúsculo' à sua mãe nos acaba a jornada.». Estas são aliás duas constantes da obra do autor, cujo imaginário bebe da mitologia cristã (o autor estudou num seminário, à semelhança do protagonista de Gente Feliz com Lágrimas) bem como da literatura sul-americana. O livro é dedicado à mãe («À memória viva da minha Mãe. Na sua morte.») que, conforme expresso em entrevista ao Jornal de Letras, terá interrogado o autor a propósito do que a esperaria depois da morte. A obra divide-se em seis cadernos, onde se nota também a intertextualidade que se estabelece com A Divina Comédia de Dante. Os dois primeiros cadernos, «Assim na Terra como no Céu» e «O Peso da Alma», preparam o leitor para a viagem que se vai encetar, onde temos um protagonista, um ator famoso de nome Tomás Mascarenhas que nos narra as suas aventuras na primeira pessoa. O início da narrativa inicia assim de forma normal, com uma aturada descrição da cidade de Lisboa: «Encostando o ombro a uma esquina do velho Teatro Nacional, onde
tantas vezes fora aplaudido e ovacionado, pôs-se a ouvir o movimento surdo e enrolado da cidade. Viu as pessoas de sempre à conversa nos portais de acesso aos pátios e às lojas; outras a andar lado a lado nos passeios, com alguns pares de mãos dadas ou abraçados, felizes, a deslizarem por entre uma gente triste e calada que caminhava de olhos no chão; e outras sentadas nos cafés, saudando-se, despedindo-se, sorrindo ou não a quem passava; e ainda outras que entre si lamentavam o estado do negócio, de pé à entrada dos pequenos comércios (...).» (pág. 13). É apenas no segundo capítulo que se adensa uma certa confusão quando um magote de gente começa a querer cercar o ator, ao descer a Rua Augusta, e subitamente o impossível acontece: «Ao vê-la desprender-se do corpo e da bem-amada terra da sua cidade natal, e começar a subir aos céus, compreendeu que a alma se libertara de dentro de si e voava sozinha no ar, sob o firmamento de Lisboa.» (pág. 21). Neste primeiro caderno, constituído por apenas dois breves capítulos, a personagem parece incerta da sua condição, pois só nesta passagem nos apercebemos de que o que antes foi descrito como banal e quotidiano ganha laivos de fantástico em que provavelmente a sua descrição de
Lisboa era já feita a partir de um outro plano. Ainda a propósito do realismo mágico, a própria obra procura deixar bem claro ao leitor como categorizar esta narrativa ou os eventos que nela se narram quando a personagem se interroga: «"Isto só podem ser coisas da literatura", pensou então. "Outra vez o realismo mágico ou fantástico a apartar-me da minha própria pessoa (...). E como posso eu estar aqui a pensar, a dizer tudo isto, se afinal a minha alma se foi embora de mim e eu continuo vivo e de pé em terra, com a boca aberta, cheia de espantos, a assistir a semelhante desvario?"» (pág. 22). Nos cadernos que se seguem e que de certa forma redefinem o Além entre Limbo, Purgatório, Paraíso e Inferno, haverá outras personagens a narrar cada um desses espaços a partir da sua própria perspectiva. Curiosamente, um desses espaços acabará por ver anulada a sua existência no decurso do romance, num dos momentos-chave da narrativa, em que a figura de Deus parece irromper até que se percebe que é afinal o Sumo Pontífice (Deus permanecerá oculto nos seus recantos divinos) que vem decretar a extinção do Limbo – à semelhança do que aconteceu efec-
tivamente com o Papa Bento XVI em 2007. É deliciosa essa passagem: «De repente, foi um fragor no céu a abrir-se, a rasgar-se como um imenso manto de seda estendido por cima das nossas cabeças. Despertou-nos da indiferença e do abatimento em que nos encontrávamos. Qual relâmpago feroz, ou bicha faiscada de luz a descoser o firmamento, uma fenda de claridade encheu-nos de tal modo o olhar, que quase nos cegou a brancura da sua intensidade. Caímos dos nossos nichos baixo. Tombámos como pesos mortos, uns por cima dos outros. (...) Parecia uma ressurreição.» (pág. 71). Apesar do humor e da ironia a que nos habituara já noutros romances, o autor mantém um tom sério no retrato que procura fazer tanto da realidade do país como desses vários planos sobrenaturais da existência. Baseando-se na tradição e na imagologia cristã, mas nem sempre os respeitando (como quando descreve o Inferno como uma superfície desolada toda coberta de neve, situada na outra margem de Lisboa), o autor parte ainda de outras referências da tradição popular e da própria literatura portuguesa que, noutras épocas, contribuiu também para imaginar como seria a vida depois da morte. Outro dos momentos altos dá-se quando percebemos que quem tenta colocar ordem na confusão que reina na barca que zarpa do Cais das Colunas, pelo Tejo acima, é o Mestre Vicente – o clássico autor da trilogia das barcas. Apesar de este livro poder ter na sua génese o falecimento da mãe, o autor não se limita a interrogar aspectos metafísicos da existência humana pois as questões que se levantam estão sobretudo ligadas à condição de se estar vivo e por que valores se deve conduzir a nossa existência. Desta forma o autor disserta sobre várias profissões, como corruptos corretores da Bolsa, coloca os artistas no Paraíso, os ditadores no Inferno, bem como os assassinos, os burlões, e toda a «grossa ladroagem dos dinheiros públicos» (pág. 224). Uma fabulosa efabulação da vida que nos espera para além da vida...
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Espaço AGECAL
O culto dos mortos: o 'pão por Deus' e outras tradições de 1 e 2 de Novembro fotos: d.r.
Catarina Oliveira Arqueóloga Sócia da AGECAL
Existem dois grandes períodos festivos anuais: o ciclo da Primavera/Verão, marcado pela abundância alimentar, decorações florais evocando a renovação da natureza, com a presença de crianças e jovens; e o ciclo de Outono/Inverno, caracterizado pela intensificação da relação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, manjares cerimoniais e culto dos antepassados. (Clara Saraiva em Festas e Tradições Portuguesas, 2002) O Dia de Todos os Santos e o dos Fiéis Defuntos ou dos Finados (1 e 2 de Novembro), que o povo sempre unificou, inauguram o Ciclo do Inverno, dedicado à celebração dos antepassados. Ainda hoje se fazem romagens aos cemitérios, limpam-se as campas, colocam-se flores e acendem-se lamparinas. “No dia dos finados à noite fazem-se grandes fogueiras nas praças, nas encruzilhadas das ruas. As mulheres velam aí e rezam pelas almas”. Escrevia no início do séc. XX J. Leite Vasconcelos. Era costume nalgumas zonas do país acenderem-se fogueiras em honra dos mortos, comerem-se castanhas e beber-se vinho à roda do fogo. O magusto com castanhas é uma das práticas alimentares que caracteriza este período que vai até ao São Martinho (11 de Novembro). Os
O tratamento e manutenção das campas nos cemitérios é uma tradição no país magustos de 1 e 2 de Novembro são mais frequentes no Norte do país, rareiam no Alentejo e Algarve, mas aparecem na zona serrana de Monchique, onde além da castanha se comia também a batata-doce e se bebia aguardente de medronho. Noutras regiões subsistia o hábito de à meia-noite de 1 para 2 de Novembro se pôr castanhas na mesa para os entes falecidos comerem durante a noite. Enquanto a Páscoa e o Natal são épocas de ofertas, os “Santos”, bem como as Janeiras ou os Reis, são períodos de peditórios. As crianças iam de porta em porta pedir o “pão por Deus”. Acredita-se que por cada bolo oferecido se libertava uma alma do seu penar. Recebiam
no saco, nozes, castanhas, romãs, figos secos. Registava Veiga de Oliveira em 1984: “No Algarve (…) cozem-se para o dia pequenas broas especiais, de farinha milha, que se comem e constituem o principal donativo tradicional que se faz às crianças que andam a pedir”. Em Odeceixe as crianças, ricas e pobres, correm as casas, cantando às portas em melopeia: B’linh’, b’linh’, P’r alma d’ sê d’funtinh’! Broa, broa. P’r alma da sua c’roa! E as pessoas dão-lhes as broas, e também castanhas, com que elas fazem magustos nos campos. Na Mexilhoeira Grande, as crianças andam pelas portas, desde o dia 1 até ao dia 12, mais ou menos, pedindo: Bolinho, bolinho, Pela alma do defuntinho. E recebem, por exemplo, amêndoas, castanhas, figos, pão (se são pobres), broas, etc. Registava J. Leite Vasconcelos na sua Etnografia Portuguesa, vol. VIII no início do séc. XX. Em Santa Catarina da Fonte do Bispo o “bolo dos Santos” era oferecido pelos padrinhos aos afilhados.
dias, acredita-se que as almas vêm à terra visitar os lugares que habitaram em vida, por isso se fazem bolos destinados às almas, peditórios, mesas postas para os defuntos e oferendas alimentares a par de luminárias sobre as campas. As crianças que andam de porta em porta pedindo pão por Deus parecem representar as almas dos mortos que erram pelo mundo e por isso dar-lhes pão equivale a dá-lo às almas. Também os magustos que se fazem nesses dias constituem reminiscências de sacrifícios ou cerimónias fúnebres rituais que tinham lugar no dia consagrado aos mortos e que envolviam ofertas alimentares às almas dos mortos familiares. A crença que os mortos têm influ-
ência no mundo dos vivos constitui um dos principais fundamentos de todas as crenças religiosas, sublinha o historiador José Mattoso em “Pressupostos mentais do culto dos mortos” (1997). Alguns rituais destinam-se a intervir positivamente no processo de passagem da vida para a morte. A celebração do dia dos finados, entre outros costumes (oferendas, ornamentação do túmulo, preces pelas almas, os banquetes em memória dos defuntos), procura garantir um destino mais feliz e tranquilo para o morto, ou, sendo os mortos considerados protectores dos vivos, garantir a sua benevolência para os vivos e o caminho da salvação para aqueles que os lembram e veneram. A progressiva implantação do “Halloween” ou Dia das Bruxas em Portugal, uma tradição anglo-saxónica, constitui, como alerta a Direcção Geral do Património Cultural, uma ameaça à continuidade do “Pão por Deus” e das restantes práticas e crenças que marcam estes primeiros dias de Novembro. O carácter manifestamente comercial do “Halloween” artificializa e descontextualiza manifestações comunitárias antigas, eliminando expressões orais e conotações religiosas e simbólicas presentes na tradição do “Pão por Deus”, que remetem para a ancestral relação do homem com a morte e com os seus antepassados. Não terão neste período festivo, escolas, autarquias, museus e outras entidades de natureza educativa e científica, a obrigação de prioritariamente conhecer, estudar, preservar e promover o nosso património imaterial e a identidade cultural do País?
Mas qual o significado destes rituais?
Bolinhos característicos do 'Pão por Deus'
Segundo E. Veiga de Oliveira em Festividades Cíclicas em Portugal, a crença na sobrevivência da alma, no seu retorno periódico à terra e sua intervenção nos acontecimentos humanos encontra-se em todos os povos e em todas as épocas. Nestes
Sacolas ainda hoje utilizadas em algumas zonas pelas crianças para pedirem o 'Pão por Deus' porta-a-porta
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Cultura.Sul
Artes visuais
Qual a importância da cor nas artes visuais? (do século XX à atualidade)
Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
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No último número analisámos alguns dos principais contributos ocorridos até ao século XX para compreender a importância da cor em artes visuais. Neste número vamos analisar alguns dos principais contributos ocorridos desde então. Conforme refere Guinle, “não se trata da cor das coisas, mas das coisas que surgem da cor” (2010). Por exemplo, em Matisse não é um corpo que é azul, mas um azul que se mostra como figura. Quando “desenhou” com a tesoura o seu “Nú Azul IV” (1952) não coloriu um contorno, não havendo linhas a delimitar o seu trabalho. As colagens de papel azul formaram um todo, insinuando uma figura, sendo a forma ganha através da cor do papel colado que se destaca do fundo branco. Uma vez que não se trata de uma propriedade do objeto, mas sim de um elemento perceptivo, a cor é um fenómeno subjetivo e individual, pois um mesmo comprimento de onda pode ser percebido diferentemente por diferentes pessoas. Nesse sentido, a Psicologia tem também estudado a cor, não só em termos da percepção, mas também em termos de representação ou significado da cor. Embora dependa de fatores culturais, em geral o vermelho está associado à emoção, o amarelo à concentração e disciplina, o verde à esperança, o azul à serenidade, o branco à pureza e o preto ao luto. Sobre o efeito psicológico das cores, foi na Alemanha, país de Goethe, que foi realizada aquela que é considerada uma das principais investigações neste âmbito.
Trata-se do trabalho “A Psicologia das Cores. Como atuam as cores sobre os sentimentos e a razão”, da autoria de Eva Heller (2007). Nesta investigação, em que participaram 2.000 alemães, procurou-se conhecer as impressões e sentimentos associados a cada cor. Este estudo revelou que o azul é a cor mais apreciada, sendo considerada a cor da simpatia, da harmonia e da fidelidade. O vermelho seria a cor das paixões, do amor ao ódio. O verde representa a fertilidade e a esperança. O amarelo parece ser a cor mais contraditória, podendo significar otimismo, mas também ciúme. Também ambíguo se revela o rosa, pois pode significar doce e delicado, mas também escandaloso e ridículo. O preto também se revela uma cor paradoxal pois, embora esteja associado à violência e à morte, é a cor preferida dos jovens e também está associada ao poder. Por seu turno, o branco seria a cor da inocência e pureza, o laranja está associado a diversão e o violeta está associado ao feminismo e ao movimento gay, mas também pode significar magia. O
dourado significa luxo, felicidade e dinheiro, enquanto o prateado está associado à velocidade e também ao dinheiro. Por seu turno, o cinzento está associado ao tédio e a ser antiquado. Por último, o castanho, embora seja a cor menos apreciada, está associado com algo acolhedor. Recentemente têm sido também realizadas investigações no âmbito das neurociências que revelam a importância da cor no reconhecimento de objetos (Bramão, Faisca, Petersson & Reis, 2010; Bramão, Inácio, Faisca, Reis, & Petersson, 2010). Além disso, verifica-se que os objetos coloridos, quando comparados com objetos a preto e branco, ativam uma maior extensão de redes cerebrais relacionadas com a ativação visual-semântica (Bramão, Faisca, Forkstam, Reis, & Petersson, 2010). Uma outra descoberta interessante ocorrida no âmbito das neurociências diz respeito ao facto da amígdala, considerada a área emocional do cérebro, responder mais fortemente a imagens desfocadas do que focadas (Vuilleumier,
Obra “ATN 13”, de Yves Klein (1960) “DIVERSIDADE DE OLHARES” Até 12 DEZ | Galeria de Arte da Praça do Mar - Quarteira O Círculo de Animação Cultural de Alhos Vedros traz a Quarteira uma embaixada de artistas que apresentam os seus trabalhos dentro da pintura, desenho e fotografia
fotos: d.r.
Obra “Nu azul IV”, de Henry Matisse (1952) Armony, Driver & Dolan, 2003). No entanto, as investigações em neurociências ainda não se centraram sobre aspetos especificamente ligados ao reconhecimento e valorização de obras de arte, podendo ser um domínio de investigação a ser desenvolvido no futuro. A cor continua a ter uma importância fundamental nas artes visuais. Por exemplo, em termos de química da cor, destaca-se o trabalho do artista Yves Klein, pois em 1960 registou a composição química do IKB (“International Klein Blue”) no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, com o número 63471. A partir daí, a quase totalidade dos trabalhos de Klein utilizaram essa cor, na pintura, na escultura e nos seus “pincéis vivos”, passando esta cor a ser o aspeto central dos seus trabalhos artísticos. Numa das performances que produziu (“Antropometrias da Época Azul”), na Galeria Internacional de Arte Contemporanea de Paris, Klein, vestido de smoking, durante 40 minu-
tos aplicou tinta azul sobre três mulheres nuas, para de seguida se encostarem, como “pincéis vivos”, às telas penduradas, enquanto a orquestra tocava a “Sinfonia Monotónica” de Klein (20 minutos de som contínuo ininterrupto, seguido de silêncio de igual duração). A cor assumiu uma enorme importância no trabalho de muitos outros artistas, quer do designado movimento minimalista, quer do expressionismo abstrato. No âmbito deste último movimento, destacamos o trabalho de Barnett Newman que chega mesmo a “provocar” o observador para a sua relação com as cores, na série de trabalhos que intitulou “Quem tem medo de vermelho, do amarelo e do azul?” (1966-67), usando grandes áreas de cores saturadas interrompidas por estreitas faixas verticais de outras cores, a que ele chamou “zips”. Na atualidade, um dos artistas que estuda o fenómeno da cor, associado a outros conhecimentos da ciência e da tecnologia, é
Olafur Eliasson. Tem um “laboratório de investigação espacial” em que trabalham vários cientistas, engenheiros e artistas para conceptualizarem, testarem e construírem esculturas e instalações de larga escala, com um aproveitamento das potencialidades da luz, da água ou da temperatura para aumentar a experiência sensorial do público. Eliasson tem vindo a desenvolver diversos projetos com densidade atmosférica em espaços de exposição. No trabalho intitulado “Sala para uma cor” (1998), criou um corredor iluminado por tubos amarelos, fazendo com que os participantes se encontrem numa sala cheia de luz que afeta a percepção de todas as outras cores. Por seu turno, na instalação “Sala de 360º para todas as cores” (2002), é apresentada uma escultura de luz intensa que leva os participantes a perderem a sensação de espaço e perspetiva. O seu projeto mais conhecido foi realizado em 2003, pois instalou “O projeto do tempo na parede da turbina” na Tate Modern, em Londres, tendo usado humidificadores para criar uma névoa no ar em que circulava uma mistura de açucar e água, bem como um disco semi-circular com centenas de lâmpadas de luz monocromática que irradia uma luz amarela, para além de ter coberto o teto do salão com um espelho no qual os visitantes podiam ver-se como pequenas sombras negras envoltos por uma luz laranja. Mais recentemente, em 2010, criou a instalação “O teu passageiro cego”, em que, num túnel de 90 metros de comprimento, o visitante é cercado por uma densa neblina, com visibilidade apenas a 1,5 metros, tendo que usar outros sentidos além da visão, para se orientarem no espaço à sua volta. Estas últimas instalações revelam que a arte faz cada vez mais apelo a outros sentidos, que não apenas a visão, fazendo com que a importância da cor seja por vezes diluída por outros aspetos presentes nas obras realizadas.
“VIII FESTIVAL DE ÓRGÃO” 14 NOV | 21.30 | Igreja da Sé em Faro O organista Marco Brescia é frequentemente convidado a actuar em prestigiados festivais e ciclos internacionais de concerto na Europa e América
Cultura.Sul
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Momento
Encantador de gaivotas Foto de Ana Omelete
Espaço ALFA
Viajar para fotografar ou fotografar em viagem?
Vera Silvestre
Membro da ALFA
A qual dos dois grupos pertence? Ao das pessoas que viajam e perpetuam memórias com uma fotografia? Ou ao grupo que viaja com o intuito de fotografar? Muitos de nós aliam os dois prazeres. O turismo e a fotografia são atividades acessíveis. As fronteiras têm-se diluído e os preços das viagens baixado. O equipamento fotográfico e as tecnologias evoluído. Já se faz arte fotográfica com um telemóvel. A fotografia transmite um mundo visível e sentimental, de sensações, de vivências e de riqueza de um olhar. Fotografia de viagem ou de um passeio regista um momento que queremos preservar. Quem não parou já diante de uma fotografia porque lhe desperta o interesse? É porque ela lhe despertou um sentimento.
Muitos fotógrafos têm imagens de África e da Índia. Normalmente são imagens onde o olhar se perde e fica. As paisagens fazem-nos viajar. Uma cidade pode ter o mesmo efeito, pode prender-nos e fazer-nos sonhar. O Algarve é rico em temas para fotografar. O litoral tem as praias e o interior tem o rural para descobrirmos as histórias vividas. Registe os momentos com um clic. Aborrece-lhe ir sozinho? Há associações que fazem passeios para partilhar conhecimentos, tais como a ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve, a A-NAFA - Associação e Núcleo de Amigos Fotógrafos do Algarve e o Racal Clube de Silves. Há empresas que organizam viagens para fotografar, como a Fotoadrenalina, a Papa-Léguas e a Flandria. São viagens acompanhadas por um fotógrafo profissional. Quer inspirar-se? Pode ler relatos de viagens de Gonçalo Cadilhe, Nuno Lobito e até de Miguel Sousa Tavares e ver fotografias de Joel Santos. Planeie onde quer ir com tempo para criar intimidade com a fotografia. Traduza essas sensações em imagens. As fotografias têm o poder de ser sentidas e fazerem sentir.
Fototurismo Lisboa Foto de Vera Silvestre
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Cultura.Sul
Sala de leitura
Um abysmo de “nadas”
Paulo Pires
Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt
Duro, reflexivo e (des)apaixonado. Assim se revela este punch em forma de livro de Paulo José Miranda [PJM] publicado pela abysmo e vencedor, em 2015, do Prémio Autores para Melhor Livro de Poesia, da Sociedade Portuguesa de Autores. Para exercício inicial o poeta escolheu uma metáfora do (derradeiro) fim: o penalti, bem marcado, em que a vida vai para um lado e o humano para o outro. E logo aí como que o mote desta obra: um inexorável “abysmo” entre esse humano e a vida, uma rima que se afigura impossível. A existência humana surge prefixada por essa contrariedade inevitável, por esse “des” dissonante e anulador que emerge como denominador comum (que não descola da palavra primitiva): desamparo, desencanto, desencontro, descrença, desilusão, desconhecimento… Existe uma espécie de beco sem saída, pois “o desânimo aumenta apenas por duas razões / ou porque nada muda / ou porque tudo muda” (itálico nosso). PJM apresenta-nos o humano como aquele que atingiu finalmente o estatuto de “ninguém” ou, se se quiser, de “alguém” a caminho das coisas, que está sempre aquém de. Não chega/chegou a ser, e essa incompletude “será para sempre // uma maldita praga ancestral”. Ele está condenado a viver nesse limbo, nesse impasse, nesse vazio paralisante e indefinido: de um lado “a resistência da matéria”, do outro “a acção do espírito”, “encurralado entre sonhos e um cobertor”. A esperança é uma miragem e, que nem “ponte de carne esticada entre dois promontórios” (“Exercício 59”), só parece restar ao humano “o precipício em baixo e o nada em cima”. A metáfora do “rio poluído” é bem ilustrativa desta mundividência, como se lê no “Exercício 34”. A vida sur-
Paulo José Miranda, in Exercícios de Humano
que se refugiam ilusória e superficialmente na ideia de “matar o tempo / ó lá lá / com uma canção doce e a palavra amor”. Por outro lado, certos versos fazem entrever uma espécie de paliativo, ou melhor, um mecanismo de protecção face a essa perversa tendência dominante, de modo a salvaguardar a individualidade e integridade humanas: “precisamos de esquecer / esquecer humanos que nos es quecem” (neste sentido: olvidar, tanger, secar). É a apologia de uma certa “amnésia” voluntária para lidar com os já referidos monstros, com as ervas daninhas do dia, com a pequena e escura satisfação do dia, parafraseando o poeta. Deve, contudo, exceptuar-se desse apagão o instante iniciático/ Um punch poético, por Paulo José Miranda nascimento, para o tempo da “alegria fininha cente. Essa silhueta dos dias que a consciência da queda / que permitia aos humanos convoca-nos, na poesia do se não perca: “a primeira noipassarem em todos os luga- primeiro vencedor do Prémio te do mundo” (“Exercício 93”), res / até nos mais apertados Literário José Saramago (1999), em que o “não se saber nada que alguém possa imaginar”, para as questões do lugar da e um choro profundo” foram é o lugar majestoso do (dual) humanidade e da violência o augúrio de um destino que, “inexistente e omnipresente (no sentido de um desprezo metaforicamente, se poderia deus”. O humano assemelha- pela vida humana) na socie- traduzir numa vela que per-se muito mais a esse ontem, dade contemporânea, dado deu a chama. E a poesia do humano? Entre do que ao agora ou ao ama- o confessado fascínio de PJM nhã – ou àquela areia que nos pela observação do humano, os “escombros do homem”, a fugiu entre os dedos. E “até o que, nas suas palavras, “faz escrita poética (que, para PJM, vento lá fora / que quando es- história deixando sempre um é – ao contrário do que se poderia pensar – o que é e não cutamos sempre já passou / rastro de violência”. Ao abordar a questão da o que poderia ser, ao invés da sabe muito bem disso”. Pelo meio reina a estupi- alienação do/no humano o vida) emerge como salvaçãodez, que é definida nestes escritor nascido na aldeia de -revolução, como força que termos: “uma raça um povo Paio Pires (Seixal) não des- oxigena esse “tempo de nada um planeta que só pensa carta, como é notório, a iro- e de ninguém” e que resiste à numa fracção de segundo / nia como ácido retórico da resignação, ao imobilismo, à aquela em que se vem ou em sua escrita, como ao aludir decadência. A palavra assume que mija em cima de outro”. aos que morrem pelo menos assim uma função criadora, Aliás, o tema da alienação é uma vez na vida, aos que não epifânica, primitiva, iniciátirecorrente nesta obra, não querem enfrentar a realidade ca, como origem e sentido de insistisse PJM tanto na visão de frente, aos que preferem todas as coisas, e o seu desdo mundo actual como jogo não pensar em nada, aos que tinatário, o leitor, ainda que simultâneo de prazer e indi- decidem simplesmente deitar “habitando uma inexistente ferença, como confessou mes- a vida fora porque “é domin- paz”, surge como uma espécie mo numa entrevista reww- go é verão é de novo”; ou aos de herói bafejado pela sorte de d.r.
ge como sinónimo de fome e é esta a sentença eterna dos dias. Estamos sempre deficitários e diminuídos, e só a morte, esse “pó imprestável”, se afigura como horizonte visível (e possível) – mesmo aquelas mortes que nos dão nesta vida e que o humano devia aceitar, como ironicamente aconselha PJM. PJM insiste muito na ideia de um humano que sai do útero maternal (nascimento) e, abandonado (é esse o limite imposto), se precipita no abismo que desemboca na terra-mãe (morte). Há uma mãe de onde caímos abaixo, pois “a expulsão de nós mesmos / já era desde sempre um acontecimento inevitável”, e outra que nos espera, pois “o futuro é um apêndice de nós / e como um cordão umbilical será cortado”. A “lâmina afiada” que conferiu identidade e liberdade ao humano é a mesma que, paradoxalmente, o acaba lançando nos estômagos dos “monstros” que, ao longo da vida, lhe tolhem o fôlego, a essência, o ser. O saldo existencial é negativo, nivelado por baixo, definido por defeito ou exclusão: “somos somente o bem que fica / de todo o mal que nos quiseram” (“Exercício 79”), e, mais uma vez, a visão não resiste à crítica implícita de um certo modo perigosamente conformado e pessimista de contabilizar o mundo e o humano, isto é, focarmo-nos mais nas coisas que deixámos de fazer do que nas que efectivamente fizemos. E PJM relembra-nos que o que dói mais ao humano não é tanto a perda de algo que parece ter “morrido na praia”, mas sim a consciência infinita disso, “a fragância de uma flor que nunca morre”. Escreve-se assim a “impossibilidade / de a vida ser de outro modo”, feita – “com a lâmina do relógio” – de exploração e usurpação do humano e do seu passado, presente e futuro. O antes é um bem subtraído pelo tempo (que “nos faz escravos” a “contar as coisas que se deixou de fazer”) e pela noite, e agora “tudo cabe num pequeno vaso”: “um sentimento bom por outrem”, “as forças que há vinte anos ainda atravessavam o rio” ou “uma carícia [que já] não aumenta o caudal das águas”. O passado é
como se morrer não fosse suficiente ainda temos de viver
encontrar esse oásis que parece ter resistido à destruição geral. Esse verbo é, também por isso, para o humano uma espécie de inquietante consciência sobrevivente do sentido e destino de si mesmo e do mundo, a qual seria porventura mais fácil “ignorar esplendorosamente / e correr e saltar / ou apenas não acreditar sequer numa única palavra que [se] leu”. Mas o que resta ao humano é somente essa derradeira palavra que intenta iluminar o indecifrável e captar aquele fio invisível que une as coisas, arranhando “de algum modo o que não se consegue saber”. Porque o poema – que para PJM “é a necessidade de sermos / nos olhos de outro” – revela(-se) pela interrogação que instaura e pela aproximação que intenta, e não pela afirmação e iluminação de algo. Por isso, PJM avisa-nos para não esperarmos da poesia “um verde pasto de respostas / mas um pântano do que se não sabe”. Pois é o mistério, a ocultação, que dá corpo aos dias “como uma infinita voz” a que o humano não acede. No remate da obra PJM recorda-nos a evidência mais escamoteada: “somos ilhas uns dos outros”, pois, no fundo, não nos conhecemos nem a nós próprios nem ao(s) outro(s), vivendo numa familiar estranheza, numa hipócrita proximidade, num entendimento aparente (o desencontro e o desligamento mais uma vez). O humano (sobre)vive sem memória do passado, sem consciência do hoje/aqui/agora e sem expectativa face ao que está por vir, numa amálgama indiferenciada e difusa de “nadas” onde experimenta a solidão porventura mais dolorosa: no meio da multidão. PJM atira-nos com uma poesia sem grandes ilusões ou promessas de felicidade: nós nascemos, vivemos e morremos sozinhos. Resta ao humano a “consolação” de captar a loucura do outro (mas não o sentido deste), numa fronteira frágil e ténue, “por centímetros”, entre as duas dimensões; e na certeza de que, segundo o poeta, há três máximas que sempre farão rir o universo: “tempo é dinheiro”, “deus existe” e “a matemática descreve o mistério”.
Cultura.Sul
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Novembro E agora é o acaso quem me guia. Sem esperança, sem um fim, sem uma fé, Sou tudo: mas não sou o que seria Se o mundo fosse bom — como não é!
O céu não existe
Lua de Marfim
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Nestas tardes fotos: d.r.
Fandango
O vento puxa as nuvens que à sua passagem choverão, ou não, sobre as horas que estão indicadas no relógio biológico de cada ser. Ao mesmo tempo mas em lugares e percepções diferentes para cada observador de céu. P - Mas como pode o céu ser ou estar azul, nublado, cinzento, escuro, estrelado…. se não há verbo ? R - Porque não existe.
Benjamin Clementine
Nestas tardes acabando tão cedo nos dias de fecharem a luz às horas da estação, resta-nos a consolação das manhãs abrindo cedo a claridade útil de nos fazermos ao caminho deste tempo apoucado em si. E embora os carros de castanhas assadas já estacionem por aí nas ruas das cidades, esperamos sempre que o S. Martinho nos traga por uns dias - os seus dias de verão, para já outono dentro nos despedirmos dos dias quentes.
António Aleixo No mês da morte do poeta, chega à vida portuguesa uma ténue renovação de esperança para os idosos e os reformados.
AGENDAR
Forçam-me mesmo velhote, de vez em quando a beijar a mão que brande o chicote que tanto me faz penar.
Ajuda os meus passos (walkman) a 37º N e toca nos meus ouvidos (headphones) o tema «Algarve» uma das faixas do álbum Fandango, nome que também designa o projecto, exploratório - como já nos habituaram – os músicos Gabriel Gomes e Luís Varatojo.
Palavra Ibérica O evento «Palavra Ibérica» regressa e decorre em Punta Umbria, Andaluzia, a 13 e 14 de Novembro. Conta com a participação de autores do Algarve, como Fernando Pessanha, Fernando Esteves Pinto, Vítor Gil Cardeira, Pedro Jubilot, Rute Castro e Paulo Moreira, que apresentarão os seus mais recentes livros. “MÚSICA FRANCESA” 14 NOV | 21.30 | Centro Cultural de Lagos O maestro titular da Orquestra Clássica do Sul, Rui Pinheiro, irá conduzir um concerto que integra suites e sinfonias de três grandes compositores franceses: Rameau, Chabrier e Gounod
A editora sediada na Amadora deu à estampa no final de outubro três livros com autores que vivem no Algarve e que a partir daqui desenvolvem a sua actividade, mostrando assim a sua atenção e interesse pela animada cena literária a sul. «Curt’Os Contos» de Paulo Moreira e de Gabriela Rocha Martins - «Artroses Nozes e Vozes (com)Sentidas». E ainda a antologia de contos ilustrados « 7 Contos Ilustr.s», com prefácio de Miguel Real, onde participam os autores António Manuel Venda, Fernando Esteves Pinto, Paulo Kellerman, Paulo Moreira, Vítor Gil Cardeira, Fernando Pessanha e Pedro Afonso. Nas ilustrações encontramos José Bivar, Paulo Serra, Gilda David, Inês Ramos, Reinaldo Barros, Sara Ceriz e Adão Contreiras.
Ainda da natureza de Albufeira
Pelas mãos ao piano, e de uma voz nascida em Londres de pais ganeses e revelada em Paris - Benjamin Clementine, o homem que já esteve só numa caixa de pedra e agora tem uma legião de fãs rendida ao seu talento, soltará as canções de «At Least For Now», recentemente nomeado na categoria álbum do ano dos Mercury Prize. Ainda bem que temos esta poesia e música para vivermos numa realidade parada, o sonho de que todos temos cada vez mais medo. No Teatro das Figuras em Faro, 28 de novembro.
As imagens que chocaram o país no passado dia 1, serviram (apenas?) para encher os noticiários de umas dezenas de horas e muito provavelmente serão esquecidas em breve, assim como é esquecido o respeito que se deve ter pela história e património natural. Cada vez é mais certo que o mundo - esta nossa terra - irá por água abaixo e não faltará assim tanto. Mas a maioríssima parte de nós - os pequenos poluidores, não tem capacidade para perceber como menorizar esse efeito melhorando o mundo dos seus netos. Já os grandes poluidores, nem sequer pensam nos filhos, e se calhar teriam mais capacidade para tornar tudo menos propício ao fim…
“NA PONTA DA LÍNGUA” 21 NOV | 21.30 | TEMPO – Teatro Municipal de Portimão O humorista Salvador Martinha regressa com tudo sabido e de resposta sempre pronta, usando a sua linguagem muito própria que já originou expressões como ‘pussy’ ou ‘raton’
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Espaço ao Património
Grupo de Amigos de Museu de Portimão, uma estrutura cívica em crescimento!
Daniel Cartucho
Cirurgião do CHAlgarve Presidente do Grupo de Amigos do Museu de Portimão (GAMP) amigosdomuseudeportimao@ gmail.com
No Sábado passado, vindo de um compromisso prévio, entro no Museu de Portimão, no seu espaço de restaurante onde a tertúlia já começara e vejo cerca de 50 pessoas, de todas as idades, à volta de mesas num animado debate. Tratava-se da apresentação, em forma de tertúlia, de uma iniciativa que tomou forma recentemente aqui bem perto, na margem do Rio Arade, oposta ao Museu: as conservas artesanais de peixe da “Saboreal”. Num museu que dedica à indústria conserveira um amplo espaço, tem todo o sentido a apresentação das formas actuais do empreendorismo neste campo, o provar dos produtos, bem como a conversa que se gera em torno das conservas. Ouvimos, a título de exemplo, que em Portugal são raras as conservas, sobretudo de peixe, em frasco de vidro. E que esta opção actual é um retorno ao início das conservas quando, em França, para alimentar as tropas de Napoleão, Nicolas Appert acondicionava as conservas em vidro, de garrafas de champagne. Uma referência histórica apropriada ao local onde estávamos, acrescentava-se uma nota de cultura aos sabores que nos estavam a ser propostos. Tratou-se de uma reunião inserida numa programação periódica onde o Grupo de Amigos do Museu de Portimão (GAMP), em conjunto com este Museu vem assegurando. A constituição do GAMP começou em 2014 com uma reunião, a Assembleia Geral Constitutiva, onde um grupo de cidadãos deliberou a constituição de uma associação cívica de carácter cultural, sem fins lucrativos, com o objectivo de valorizar, dinamizar e promover o Museu de Portimão, nas suas valências e missão museológica. Asso-
ciação constituída nos termos dos seus estatutos, por tempo indeterminado. Tratou-se de uma iniciativa da sociedade civil, de apoio aos seus Museus, a exemplo de outras Associações já existentes a nível nacional e internacional. De facto, Grupos de Amigos de Museus são associações sem fins lucrativos, constituídos por pessoas individuais ou colectivas que desenvolvem iniciativas e actividades em prol do estudo, inventário, preservação e valorização dos bens imóveis e móveis geridos pelas entidades museológicas e patrimoniais, e das quais já existem com alguns bons exemplos no Algarve. Do conjunto de linhas programáticas do GAMP verificamos que esta associação propõe em estreita colaboração com a direcção do Museu, quatro grandes objectivos: 1 - Na concretização e desenvolvimento das suas actividades; 2 - Fomentar o conhecimento público do Museu de Portimão, nas suas valências culturais e científicas; 3 - Promover o enriquecimento do acervo do Museu de Portimão e o seu melhor apetrechamento em meios técnicos de trabalho, nomeadamente de bens museográfico, científicos, didácticos, arquivísticos, laboratoriais e bibliográficos, em parceria com o Município de Portimão e o Museu; 4 - Manter relações com todos os cidadãos e entidades julgadas relevantes para a prossecução dos seus objectivos. Vem dando corpo à sua actividade com um conjunto de iniciativas que, simbolicamente, se iniciou com uma “Descoberta do Outro Lado do Museu”, compreendendo uma visita às
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Descobrir o outro lado do Museu reservas, aos arquivos, à oficina de restauro, contactando com algumas peças mais emblemáticas das suas colecções, entre as quais o foral de Vila Nova de Portimão, a colecção de Manuel Teixeira Gomes, antigos transportes e a saudosa Carrinha, entre muitas outras do património cultural de Portimão, trazidas pela arqueologia, a etnografia e doadas pela comunidade. Seguiu-se um interessante e produtivo “Passeio pelas Margens da História” que, como o nome indica, constituiu uma autêntica viagem histórica à zona ribeirinha de Portimão. Como verificamos na actividade referenciada na abertura deste texto, estas associações aproveitam as especificidades locais das suas regiões e acrescentam algum valor com a sua acção. Assim, no âmbito das actividades ligadas ao património e ao acesso à cultura tomemos como exemplo “Um dia na
Pré-história em Alcalar”. Este dia integrado nas comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, constituiu uma autêntica viagem à pré-história, através da participação em experiências únicas, designadamente sobre os processos de preparação dos animais provenientes da caça e da pesca, de os cozinhar como há cinco mil anos, utilizando apenas os instrumentos de pedra, o barro e o fogo. Organizado pelo Museu de Portimão este pôde contar com o apoio do GAMP, traduzido na possibilidade de actividades de arqueologia experimental, nesse dia com a presença de um arqueólogo que exemplificou, entre outras, algumas técnicas então utilizadas como a simples utilização de faca de pedra (sílex) para desmanchar e preparar um animal, no caso um porco, para ser cozinhado. Por intermédio de um projecto do GAMP pôde
Passeio pelas margens da história
ser concretizado o apoio da Direcção Regional da Cultura do Algarve. Neste dia, com o conjunto de actividades referenciadas, Alcalar foi visitada por mais de 1.500 pessoas. Além deste tipo de iniciativa, o GAMP tem promovido um conjunto de tertúlias sob a designação de “Conversas com Portimão ao fundo”. Nestas, procuramos conhecer e debater aspectos da história local, com incidência por exemplo na arqueologia e no trabalho dos arqueólogos em Portimão. Uma oportunidade para conversarmos e sabermos mais, sobre o caso concreto dos vestígios da Capela de Santa Isabel, uma das 15 capelas e ermidas que existiam no século XVIII, sobre as escavações a decorrer na cidade, no designado Edifício Mabor e nas antigas muralhas de Portimão e também sobre os trabalhos no contexto arqueológico subaquático do Rio Arade. O GAMP, como qualquer estrutura que ainda está no seu primeiro ano de vida, procura as formas adequadas para este elemento de identidade que norteia a sua actividade: colaborar com a direcção do Museu de Portimão na concretização, articulação e desenvolvimento das suas actividades. Desta maneira, com o envolvimento cívico da sociedade local, do Algarve ou de outras origens, inclusive não nacionais, o património cultural, natural e todos nós ficaremos a ganhar.
Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Catarina Oliveira Daniel Cartucho Vera Silvestre Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
facebook: Cultura.Sul Tiragem: 7.590 exemplares
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Cultura.Sul
Da minha biblioteca
Em Português, Se Faz Favor, de Helder Guégués
Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
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«A filha de um gramático deu à luz, após amorosa união, / uma criança do género masculino, feminino e neutro.» Depois de ler Em Português, Se Faz Favor (da editora Guerra e Paz, 2015), lembrei-me deste epigrama de Páladas (poeta de Alexandria, dos finais do séc. IV d.C.). Também Helder Guégués (não é engano, tem mesmo dois acentos), revisor de texto, encara a língua com humor e ironia, mas sempre com muita seriedade. São assim os seus comentários nos blogues (de que sou leitora assídua) que manteve (Assim Mesmo) e mantém (Linguagista) e nos quais se inspirou para muitas das entradas deste Guia Fundamental para Escrever bem,
fotos: d.r.
de subtítulo. Aí, onde o objetivo não é serem um tira-teimas da língua portuguesa, Helder Guégués é muito divertido, pela mordacidade com que critica os erros que vai lendo nos jornais e nos livros ou ouvindo na rádio e na televisão, muitas vezes nem explicando que erro é esse. Porém, nesta obra que não é para especialistas, mas que se dirige «antes a todos os falantes comuns que querem e precisam, exprimir-se melhor em português» (p.21), o autor contém um pouco o sarcasmo, tem o cuidado de explicar o que está errado e indica a forma correta. O livro tem exemplos de vários tipos (géneros, numerais, regências verbais, etc.), como se pode ver pelo índice, dos quais aqui vou apresentar apenas alguns, para ficarmos com uma ideia do que podemos aprender. «Alguns erros mais comuns» Sob este título, encontramos uma entrada pela qual também batalho, por cujo uso já fui
Helder Guégués encara a língua com humor e ironia, mas sempre com muita seriedade «corrigida» e que aqui transcrevo: «Grama. Um erro de peso». Escreve o autor: «‘Quantas gramas’, perguntava o jornalista ao produtor de um vinho premiado, «‘precisa para fazer uma garrafa, tem ideia?’ O produtor, não apenas tinha ideia, pelo menos aproximada, como caiu no mesmo erro. No sentido de milésima parte da massa do quilograma-padrão, grama é do género masculino, porque os nomes gregos em -ma são neutros e correspondem por este género ao masculino português: o coma, o crisma, o dilema, o grama, o lema, o panorama, o poema, o sistema, etc. ‘Este livro pesa, aproximadamente, setecentos gramas.’ No sentido de erva rasteira, prejudicial às culturas, é do género feminino. Como sinónimo de relva só se usa no Brasil – é um brasileirismo para nós.» Na entrada «Formas perifrásticas», refere uma dúvida comum: «‘Apesar de fazer parte da colecção Portugal Turístico (o logótipo é um trevo de quatro folhas), o postal foi Made in Italy. É pois aos italianos que assacamos o ultraje. Não é assim tão mau:
“FUTURO EU” 14 NOV | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro O novo espectáculo de David Fonseca expõe um conceito inédito na sua já vasta obra em que o inesperado é princípio basilar
acabamos por nos habituarmos a morar em Necklaces’ (‘Feito à mão’, Miguel Esteves Cardoso, Público, 6.06.2010, p. 33). Com formas verbais perifrásticas, o infinitivo deve ser impessoal, acabamos por nos habituar, pois a marca da pessoa já lá está, no primeiro verbo.» Neste capítulo há explicações muito interessantes sobre o uso dos pronomes em expressões de tratamento («Trata-se de um verdadeiro idiotismo da nossa língua, isto de as expressões de tratamento levarem os restantes possessivos para a 3ª pessoa. Ora repare-se: ‘Vocês têm as suas opiniões e eu tenho as minhas’. E quem diz vocês, dirá ou poderá dizer V.as Ex.as, V.as Majestades, etc.[…]»), mas o espaço aqui é curto. Não deixem, no entanto, de as ler no livro. «Algumas confusões mais comuns» Este capítulo tem informações tão úteis, que tive dificuldade em selecionar apenas uma. Aqui vai: «No Red Light, em Amesterdão, uma mulher gorda numa montra «chamou-a à atenção»,
a uma personagem. Está errado: no sentido de ‘despertar, atrair o interesse de alguém’, diz-se chamar a atenção. Portanto, ‘chamou-lhe a atenção’. Também existe, isso é certo, a expressão chamar à atenção, mas com o significado de chamar alguém para que preste atenção ou admoestar, advertir, repreender.» «Modismos e mau uso» Deste capítulo, escolhi a entrada «Confortável»: «‘Com espanto, o alemão percebeu que os oficiais inimigos, apesar de graduados em coronéis, comandando regimentos em batalha, não se sentiam confortáveis com mapas’ (‘Os coronéis de Tannenberg’, Viriato Soromenho-Marques, Diário de Notícias, 9.07.2012, p.11). ‘Não se sentiam confortáveis com mapas’… Como quem diz, um sem-abrigo confortável com os jornais com que se protege do relento. Deve evitar-se o uso desse vocábulo para significar ‘à vontade’, pois, nesse caso, estaremos perante um desnecessário anglicismo semântico.»
«Pronúncia» No último capítulo explica-se o modo correto de pronunciar o nome de Almeida Garrett: «Na Antena 1, recordavam o incêndio do Chiado, ocorrido em 1988. E como pronunciavam o nome Garrett? Pois Garré. Garrett dizia que escrevia com dois tt para pelo menos lhe lerem um, mas a ironia não chegou a todos os ouvidos modernos. Escreveu Gonçalves Viana: ‘Se o nome fosse francês, que não é, nenhum francês, ao vê-lo escrito com dois tt finais, deixaria de pronunciá-lo gàréte [garréte]. A extravagante pronunciação garré é que não pertence a língua nenhuma conhecida, e só prima pelo ridícula que é.» E mais, acrescenta Gonçalves Viana, «o próprio poeta sempre pronunciou o seu apelido como se em português se escrevesse garréte, com a surdo na primeira sílaba, o acento tónico na segunda, e o t perfeitamente proferido. Assim lho ouvi eu várias vezes, assim o pronunciavam todos os seus contemporâneos’. ‘Garrett’, escreveu Botelho de Amaral, ‘deve rimar com canivete.’» O livro está dividido em 12 capítulos, tem um prefácio do linguista Fernando Venâncio e um posfácio do professor de filosofia Desidério Murcho. No final, quer o Anexo com «Alguns vocábulos com variantes» (formas, entre muitas outras, como abdome/ abdómen, balançar/balancear, filhó/filhós, magricela/magrizela, ramela/remela) quer o «Índice alfabético e remissivo» são muito funcionais. As referências que vão sendo feitas ao longo do livro remetem para uma vasta e excelente bibliografia, com nomes como Francisco Rebelo Gonçalves, Francisco José Freire (o Cândido Lusitano), Vasco Botelho de Amaral ou Rodrigo de Sá Nogueira, a par de atuais dicionários e prontuários mais comuns. Ser revisor não é fácil e muitos destes temas geraram polémicas no blogue. Mas assim se faz a língua: lendo a sua literatura e discutindo a sua gramática. Um livro que já fazia falta.
“GENTE DE FÉ” Até 26 NOV | Biblioteca José Mariano Gago – Olhão Exposição revela todo o envolvimento que o povo do arquipélago tem pelas suas tradições religiosas na perspectiva do igualmente açorense Marcelo Borges
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