POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1155 • Quinzenário à sexta-feira • 15 de Janeiro de 2016 • Preço € 1,40

EM FOCO 2 OLHÃO PREPARA EXPORTAÇÃO DE POLVO VIVO PARA O JAPÃO 3 ROGÉRIO BACALHAU QUER ACESSOS À VARIANTE A FARO TERMINADOS 4 DECO ALGARVE APOIA CONSUMIDORES COM DIFICULDADES FINANCEIRAS 5 ALGARVE QUER ATRAIR MAIS TURISTAS ATRAVÉS DO CICLISMO 7 CLASSIFICADOS 8 OPINIÃO 11

Rogério Bacalhau quer Variante a Faro terminada

ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

A autarquia da capital algarvia está atenta e já fez notar à Infra-estruturas de Portugal a demora na conclusão das obras relativas aos acessos da Variante Norte a Faro. O nó de São Brás de Alportel deverá ser o último acesso a ser concluído na variante, enquanto as obras dentro da cidade seguem a ritmo normal no âmbito do Faro Requalifica p. 4

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ricardo claro d.r.

Pescas:

Olhão prepara exportação de polvo vivo para o Japão

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ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Alcoutim vê revisão da REN aprovada

São Brás dá exemplo na mobilidade >2

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CRÉDITO

d.r.

DECO apoia devedores aIgarvios

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d.r.

TURISMO

RTA quer reforçar turismo de duas rodas

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2  |  15 de Janeiro de 2016

em foco São Brás dá exemplo na área da mobilidade para peões Autarquia tem mais de uma década de trabalho e promete continuar esforço em prol da inclusão Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

SÃO MAIS DE CINCO QUILÓMETROS de passeios acessíveis,

que foram na quarta-feira da passada semana inaugurados na vila e que transformam São Brás de Alportel num exemplo de políticas urbanísticas no que toca à acessibilidade e mobilidade para pessoas com dificuldades locomotoras e outras. A inauguração oficial contou com a presença da secretária de Estado para a Inclusão de Pessoas com Deficiência, Sofia Antunes, além do autarca local Vítor Guerreiro e do presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), Jorge Botelho. Depois de percorrerem algumas centenas de metros pelos passeios intervencionados, a placa alusiva à inauguração foi descerrada pelo autarca local e pela membro do Governo em plena avenida principal de São Brás de Alportel.

COMO FUNCIONAM OS PASSEIOS ACESSÍVEIS Pelo cami-

nho os convidados puderam percorrer os passeios que contam já com uma pista de cerca de 1,5 metros de largura em piso betuminoso (similar ao das estradas) de cor vermelha que, ladeada pela típica calçada portuguesa, confere aos peões um elevado nível de conforto ao mesmo tempo que permite a circulação sem obstáculos aos utilizadores de cadeiras de rodas e outros meios técnicos de auxílio à locomoção, bem como, aos carrinhos de bebé. As faixas acessíveis podem também ser utilizadas por ciclistas e crianças que se façam deslocar em brinquedos com rodas. No percurso foi ainda possível atravessar as ruas através das novas passadeiras sobrelevadas que permitem aos peões

fotos: ricardo claro

atravessar as estradas sem terem qualquer desnível, cabendo aos carros cumprir o desnível das faixas de rodagem automóvel.

fotos: d.r.

SISTEMA DE PADRÕES DE RELEVO NA APROXIMAÇÃO ÀS PASSADEIRAS CRIADO PARA FACILITAR A ACESSIBILIDADE A CEGOS E AMBLÍOPES As passadeiras

apresentam ainda relevos nas zonas de aproximação em forma de ‘T’ destinados aos invisuais e amblíopes. Assim, ao circularem num passeio os portadores de deficiências visuais podem detectar no piso um relevo transversal em forma de riscas longitudinais que indica a existência de uma passadeira perpendicular ao sentido da marcha. Ao virarem-se estes peões deparam-se então, na borda dos passeios, com um piso de circunferências em relevo que antecipa a passadeira propriamente dita, assim permitindo uma identificação e aproximação à passadeira em condições de segurança. A rede de passeios acessíveis integra toda a Circular Norte (2.700 metros), a ligação entre o Parque Desportivo e a Circular Norte a partir da rotunda do Campo Sousa Uva (48 metros), um troço na Avenida da Liberdade (180 metros), a ligação entre o Parque Desportivo e a Avenida da Liberdade (511 metros), e ainda o novo percurso da Entrada Nascente com a ligação à Circular Norte (10.423 metros).

ÔÔ A secretária de Estado e o presidente da Câmara de São Brás na cerimónia de inauguração sível agora inaugurada – bem como em edifícios sob tutela da câmara, como as escolas e o cine-teatro, entre outros. Destaque também para a criação ao longo dos anos de condições de mobilidade optimizadas no maior evento do concelho, a Feira da Serra, criando um perímetro integralmente acessível a todos nesta iniciativa que junta, ano após ano, milhares de pessoas no Verão.

“UM TRABALHO PARA CONTINUAR”, DIZ VÍTOR GUERREIRO

Para o autarca Vítor Guerreiro, em declarações ao POSTAL, “o trabalho agora inaugurado em termos de acessibilidades é uma demonstração de que a autarquia mantém e reforça a aposta na inclusão de todos os munícipes”. Aos jornalistas o presidente da câmara sublinhou que “a inclusão não se faz só no que toca a barreiras arquitectónicas, faz-se também no trabalho de sensibilização e de inclusão social das pessoas afectadas por deficiências e dificuldades da mais

UM ESFORÇO DE 11 ANOS EM SÃO BRÁS A Câmara de São

Brás já é uma verdadeira veterana das obras a favor da acessibilidade e mobilidade e da inclusão de pessoas com deficiências e dificuldades motoras. “São 11 anos, desde 2004”, lembrou a secretária de Estado na sua intervenção inicial, e o trabalho tem sido progressivo, incluindo intervenções no tecido urbano – além da rede aces-

variada ordem”. “Este é um trabalho para continuar”, referiu, “quer pela sua importância para a população local, quer pelo seu relevo na captação de turismo no nicho do denominado ‘turismo acessível’”, num processo que “também é de conciliação com os condutores que têm agora passadeiras sobrelevadas para transpor e que reduzem a velocidade, quer com os que defendem – e bem – a calçada portuguesa e aos quais temos de fazer compreender que esta não é inconciliável com os percursos acessíveis, mas antes, que a calçada deve conviver com a facilitação da mobilidade”, concluiu.

SECRETÁRIA DE ESTADO SOFIA ANTUNES MARCOU PRESENÇA PELA PRIMEIRA VEZ NO ALGARVE DESDE A TOMADA DE POSSE A

ÔÔ Passadeiras permitem aos peões circular sem obstáculos

secretária de Estado sublinha o combate às dificuldades de um processo que “conhece bem”. Sofia Antunes aproveitou o seu discurso para salientar que “São Brás de Alportel pode e deve ser neste caso um exemplo para a região e para o país, em particular para os autarcas”.

O processo de criação de facilidades na acessibilidade “é complexo e cheio de dificuldades”, afirmou, esclarecendo que “acompanhei de perto em anteriores funções a implementação destas políticas urbanísticas na prática e sei as dificuldades por que passamos no caminho” para “um ajuste da realidade às necessidades das pessoas”. A responsável do Governo sublinha que a necessidade de maior acessibilidade não existe só para quem tem deficiências, mas para todos os que em qualquer momento da sua vida têm mobilidade condicionada por um motivo temporário, para os pais com carrinhos de bebé e para os idosos, que são cada vez mais uma fatia maior da população. “Quando nos apercebemos das vantagens práticas destes projectos, tomamos consciência da sua importância para todas as pessoas, para a melhoria da qualidade de vida geral e para a economia, nomeadamente ao nível do turismo que é hoje cada vez mais uma realidade que tem nichos de mercado que carecem de respostas adequadas dos espaços urbanos às necessidades de locomoção acessível”, concluiu Sofia Antunes. Já Jorge Botelho, presidente da AMAL, sublinhou “a necessidade de mudarmos as nossas cidades para adaptá-las ao futuro e às necessidades reais dos cidadãos”. “O conceito de criação de pistas acessíveis corresponde à elevação do patamar de cidadania” e é de destacar a forte cobertura da comunicação social a esta iniciativa em São Brás, criando condições para uma maior sensibilização geral para estas questões”, referiu o também autarca de Tavira.


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região

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

QUINTA DO SOBRAL

Castro Marim recebe Grandiosa Festa do Acordeão A MITO ALGARVIO - Associação de Acordeonistas do Algarve promove, no próximo dia 31, em Castro Marim, a Grandiosa Festa do Acordeão, inserida nas comemorações do seu quarto aniversário.

A festa terá início pelas 13 horas com um almoço de gala, seguindo-se, duas horas mais tarde, o Festival Internacional de Acordeão com a presença de prestigiados acordeonistas, como Celina da Piedade, Mito

Algarvio Ensemble (João Frade, Nelson Conceição, João Filipe Guerreiro, Emanuel Marçal, Paulo Machado), Tino Costa, Michel Sapateado, Fábio Guerreiro, Luís Gama, Hernani Cerqueira e Gonçalo Guerreiro. pub

Olhão prepara exportação de polvo vivo para o Japão Projecto Transpolvo conta com o apoio de diversas entidades d.r.

A EXPORTAÇÃO DE POLVO VIVO

Câmara Municipal de Tavira Edital nº. 69/2015 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 29 de dezembro de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 252/2015/CM, referente a 15ª e 16ª. Alterações ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano - Ano 2015; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 253/2015/CM, referente a Anulação parcial do apoio atribuído á Cáritas Diocesana de Beja - Proposta n.º 44/2015/CM; 3. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 254/2015/CM, referente a 2.ª Adenda ao protocolo de cooperação para a animação da zona de intervenção da Estratégia de desenvolvimento para o “Interior do Algarve Central” - Associação In Loco; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 255/2015/CM, referente ao Protocolo de colaboração entre o Município de Tavira e o Sporting Clube de Portugal; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 256/2015/CM, referente a Renovação do Protocolo de Colaboração celebrado com a APAV - Associação de Portuguesa de Apoio à Vítima no ano de 2015; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 257/2015/CM, referente a Atribuição de apoios no âmbito do XXXI Festival de Charolas Cidade de Tavira - 3 de janeiro de 2016 - Cineteatro António Pinheiro; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 258/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Fundação Irene Rolo - «Almoço solidário de Natal»; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 259/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação ALDEIA; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 260/2015/CM, referente a Atribuição de apoios ao abrigo do RMAAD - Associação de Andebol do Algarve e Clube Recreativo Desportivo Santaluziense; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 261/2015/CM, referente a Anulação de auxílios económicos para livros escolares; 11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 262/2015/CM, referente ao Contrato de concessão de uso privativo do domínio público de posto de abastecimento de combustíveis, sito na Horta do Carmo, em Tavira - Pedido de transmissão da posição contratual - decisão definitiva; 12. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 263/2015/CM, referente a Processos em Execução Fiscal - prescrição dos anos 2005 e 2006; 13. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 264/2015/CM, referente a Rescisão por mútuo acordo - Carlos Alberto Pires Rodrigues;

de Portugal para o Japão e outros países do extremo oriente deve tornar-se realidade a curto prazo, anunciou recentemente a Câmara de Olhão, cidade que lidera a investigação científica nesta área. O projecto Transpolvo está em fase final de ensaio na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão, a maior estação piloto de piscicultura em Portugal, e resulta do interesse por parte do Japão e outros países orientais em importar polvo vivo para consumo. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) realizou diversas simulações de transporte de polvo vivo a altas densidades (superiores a 100 quilogramas/metro cúbico) e a baixas temperaturas (menos de 10º C) com uma duração de 48 horas, “com resultados satisfatórios que permitem que este transporte possa vir a ser realizado”, segundo um comunicado da Câmara de Olhão. A iniciativa teve como prin-

ÔÔ Olhão possui a maior estação piloto de piscicultura do país cipal objectivo identificar as condições de transporte de “polvo vivo a altas densidades e por longos períodos de tempo”. Uma fonte do município de Olhão explicou à Lusa que a validação final desta fase experimental, sobre a possibilidade de transporte de polvo vivo, será seguida de uma outra em que caberá aos agentes económicos iniciarem o comércio desse molusco marinho. O promotor do projecto

Transpolvo é o IPMA, financiado pelo Programa Operacional Pesca (PROMAR), com o apoio do Grupo de Acção Costeira (GAC) Sotavento do Algarve, sediado no Município de Olhão. O projecto conta ainda com o apoio da Docapesca, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, da organização sem fins lucrativos Armalgarve Polvo e associações de armadores e pescadores de polvo.

14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 265/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de fotografia; 15. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 266/2015/CM, referente ao Projeto de Regulamento Municipal de Ocupação do Espaço Público e Publicidade de Tavira; 16. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 267/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços na área de Terapia da Fala; 17. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 268/2015/CM, referente a Receção definitiva das infraestruturas - Alvará n.º 3/2008 - Alfeu Campos Construções Lda. (Cabanas - Tavira); 18. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 269/2015/CM, referente ao Reconhecimento de interesse público municipal - Legalização de exploração pecuária sito na Malhada do Peres - Maria José Pereira Gonçalves; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 29 de dezembro do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

RENOVAÇÃO DE CONTRATOS

Câmara de Alcoutim reforça competências das juntas de freguesia A CÂMARA DE ALCOUTIM renovou os contratos Interadministrativos que estipulam a Delegação de Competências para as Juntas de Freguesia. A autarquia vai transferir para as quatro juntas uma verba num montante superior a 105 mil euros.

Estão contempladas delegações de competências para gestão e manutenção de espaços verdes, limpeza das vias e espaços públicos, tendo como objectivo o melhor desenvolvimento das suas competências e funções. “Os contratos celebrados são um reforço à colaboração já exis-

tente entre a Câmara e as Juntas”, afirma o presidente Osvaldo dos Santos Gonçalves, “constituindo a formalização de uma prática contínua e a consciencialização de que a maior proximidade das juntas às populações permite intervenções e respostas mais rápidas e eficazes”.


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região

Aprovada revisão da REN Alcoutim pág. 6

Rogério Bacalhau quer acessos à Variante a Faro terminados Autarquia insiste com Infra-estruturas de Portugal para conclusão das obras e avança no programa Faro Requalifica ricardo claro

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE FARO quer que “as obras

de conclusão da Variante a Faro sejam concluídas no mais curto espaço de tempo possível”. A afirmação foi feita ao POSTAL por Rogério Bacalhau, que sublinha que “ainda na passada semana contactou a Infra-estruturas de Portugal”, responsável pela obra, “no sentido de reforçar a necessidade de conclusão dos trabalhos que estão a gerar constrangimentos de tráfego nos acessos à cidade”. “Contactámos a Infra-estruturas de Portugal por termos detectado que as obras têm estado praticamente paradas”, entretanto, “já esta semana notámos que os trabalhos voltaram a decorrer”, diz o autarca, que não deixa de referir “que a conclusão das obras já se exige face ao tempo decorrido desde a abertura do troço principal da variante”. Segundo o presidente da autarquia, “a questão tem vários aspectos”. No acesso a Pechão Rogério Bacalhau reconhece que “existiam problemas de maior complexidade que atrasaram os trabalhos, mas que estão agora ultrapassados”, enquanto que no acesso à Rotunda da Avenida Cidade Hayward, “os trabalhos já

deviam estar em conclusão”. Mais complicado será o nó da Estrada de São Brás (EN 2) que o autarca diz estar ainda numa fase inicial de trabalhos e que “será decerto o que será concluído mais tarde”. Sem se comprometer com prazos, o que o autarca reforça é que “a autarquia está a acompanhar de perto a situação e a fazer a pressão possível junto da entidade competente para a conclusão global da obra”. Recorde-se que a Variante a

Assine o

Faro abriu ao trânsito o troço principal da via em meados de Agosto.

OBRAS DO FARO REQUALIFICA A TODO O GÁS Sem problemas

nem atrasos estão a decorrer as obras do programa Faro Requalifica em várias ruas da cidade. Em jeito de balanço o presidente da câmara refere que a Estrada de São Brás - que já está aberta ao trânsito - “deverá ficar concluída na próxima se-

mana, com a pintura da sinalização horizontal que só poderá ser feita depois de algum tempo de consolidação do pavimento”. Na Rua José de Matos os trabalhos “deverão ficar concluídos até ao fim do mês”, sendo que a abertura ao trânsito será antecipada face a esta previsão no troço até ao cruzamento com a Avenida Júlio F. de Almeida Carrapato. Quanto à Rua da Alfândega, o autarca afirma que “a conclusão está por dias, com o enter-

ramento dos contentores de resíduos a decorrer na passada quarta-feira”. A entrar em obras nas próximas semanas estarão os arruamentos de Estoi e a ligação Falfosa / Santa Bárbara de Nexe, assim como os primeiros trabalhos de semaforização da Avenida Calouste Gulbenkian, bem como, o termo da ligação da Rua Jornal o Algarve à rua das Amendoeiras na Penha. Segue-se também em breve a obra no acesso à Conceição de Faro pela Estrada da Penha na entrada daquela localidade.

da Cidade Hayward, entre a rotunda do Hospital e a Rotunda de saída para Olhão, o presidente da Câmara de Faro considera a obra “uma necessidade prioritária”, mas refere que a obra não avançará para já por duas razões: “primeiro porque intervir naquela artéria fundamental sem a conclusão dos trabalhos de acesso à Variante a Faro seria prejudicial ao trânsito” e depois porque “a intervenção será profunda e com um custo a rondar os 200 mil euros, pelo que tentaremos que a obra avance ainda este ano, mas não no curto prazo”.

O CINE-TEATRO LOULETANO rei-

nicia a sua rubrica “Dos Sabores da Cultura”, no próximo dia 21, pelas 21 horas, com o fadista César Matoso. O artista louletano irá dinamizar, com vários convidados especiais, uma tertúlia intimista acompanhada de diversos momentos musicais em torno do seu percurso artístico. César Matoso é um jovem fadista, de 24 anos, natural da freguesia de Alte. Após ter passado por outros estilos musicais e ter estudado Artes do Espectáculo na variante de Teatro, iniciou-se no fado em 2007 mas foi em 2010 que se estreou em Loulé com o seu primeiro projecto profissional: “Os fados do fado”. Dois anos depois lançou o seu primeiro álbum Fado Primeiro. Ao longo dos últimos anos tem participado em diferentes projectos musicais, bem como em programas de televisão, e já representou o fado e até mesmo o folclore em vários países. Neste momento faz parte do elenco de várias casas de fado no Algarve e em Lisboa. A sessão tem uma duração aproximada de 90 minutos e tem entrada gratuita.

POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C, 8800-412 Tavira

NOME __________________________________________________________________________________________________________________________ MORADA __________________________________________________________________________________________

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ÔÔ O fadista César Matoso

Envie este cupão para:

(Anual) Portugal 25 ¤ I Europa 35 ¤ I Resto Do Mundo 45 ¤

NIF

César Matoso é convidado especial ‘Dos Sabores da Cultura’ d.r.

AVENIDA CIDADE HAY WARD NÃO VAI SER REQUALIFICADA DE IMEDIATO Quanto à AveniÔÔ Rogério Bacalhau está a acompanhar de perto as obras que decorrem na capital algarvia

CINE-TEATRO LOULETANO

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DATA DE NASCIMENTO _______ ⁄ ________ ⁄ ____________

CÓD. POSTAL _________ - _____ — ________________________________________________

EMAIL _______________________________________________________ PROFISSÃO ________________________________

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Algarve quer atrair mais turismo através do ciclismo pág. 7

DECO Algarve apoia consumidores com dificuldades financeiras

REPARAÇÃO

Caíque Bom Sucesso volta ao cais de Olhão na Primavera

Associação tem a funcionar um Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado d.r.

SEGUNDO DADOS recolhidos

no ano que findou, verifica-se um aumento elevado da fragilidade financeira das famílias algarvias. De facto, registam-se actualmente “mais de uma centena de sem-abrigo e aproximadamente cinco mil pessoas com carências económicas na região, o que revela uma deterioração da situação face a 2014”, revela a DECO Algarve em comunicado de imprensa enviado à nossa redacção. A maior parte desta população é constituída por pessoas em idade activa e actualmente desempregadas. Conforme salienta aquela associação, “o aumento, bastante elevado e repentino, da população sénior que evidencia carências económicas, principalmente devido ao apoio prestado aos seus filhos, em muitos casos desempregados ou sobre-endividados, a quem oferecem apoio financeiro, habitação ou mesmo a responsabiliza-

ÔÔ Actualmente verifica-se um aumento do número de famílias em situação económica fragilizada ção pelo pagamento de dívidas, enquanto fiadores”. De acordo com o panorama nacional, o fenómeno do endividamento das famílias revela-se transversal e independentemente de níveis de rendimentos ou habilitações literárias, verificando-se inclupub

EDITAL

sivamente o aumento do número de famílias em situação económica fragilizada que anteriormente integravam a classe média ou a classe média alta da sociedade. Desta forma, e no sentido de evitar consequências financeiras desastrosas, os consumidores algarvios endividados ou em risco de endividamento podem recor-

rer ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), na sua delegação do Algarve, sita na Rua Dr. Coelho de Carvalho, n.º 1 C, em Faro. “O apoio prestado pelo GAS é direccionado às pessoas em situação de dificuldade financeira que se encontrem inca-

pacitados de fazer face às suas dívidas devido a situações de carácter involuntário, tais como, desemprego, cortes salariais ou quebra de rendimentos, doença prolongada ou acidente e alteração do agregado familiar”, informa a DECO. Este apoio destina-se “apenas a pessoas singulares (consumidores e suas famílias), com manifesta impossibilidade de fazer face ao conjunto das suas dívidas não profissionais. As dívidas não profissionais podem ser definidas como as que resultam dos compromissos financeiros assumidos junto das entidades de crédito (bancos ou entidades financeiras) ou de outros credores (fornecedores de electricidade, gás, água, telecomunicações, etc.)”, acrescenta. O apoio prestado pelo GAS procura assegurar a prevenção do sobreendividamento, a reabilitação da situação socioeconómica do sobre-endividado e a orientação económica do consumidor. pub

Comunicação aos titulares do direito de preferência A NOTIFICAR: Norte e Poente: Paul Mayer Shaw; Nascente: José Eduardo Correia e Manuel Marta; Nos termos dos Artigos 416, n.ºs 1 e 2 e 1380º, do Código Civil, faço saber que correm éditos para comunicação da intenção de venda aos titulares do direito de preferência, para que estes o exerçam, querendo. ANTÓNIO PEDRO VIEGAS, casado, natural de Marrocos, com residência habitual no Chemin du Hameau de la Clappe, 83300 em Draguignan - França, declara: Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor do prédio Misto que se discrimina: - Prédio misto composto por Terra de semear com árvores e vinha e edifício de cave, rés-do-chão e 1º. andar e 2 anexos sito na freguesia União das freguesias de Luz de Tavira e Santo Estevão, concelho de Tavira com a área de (s.c: 169 m2; s.d: 2 083 m2), a confrontar a Norte e Poente: Paul Mayer Shaw; Nascente: José Eduardo Correia e Manuel Marta, inscrito na matriz sob o artigo numero 1275 NATUREZA: Rústica e MATRIZ nº: 1658 NATUREZA: Urbana, com o valor patrimonial de 96.032.90€, prédio este que pretende vender pelo valor de 165.000€; A venda do referido prédio realizar-se–á pelo valor global de 165.000€, cuja escritura de compra e venda terá lugar no Notário em Tavira. Mais faz saber, que devem os titulares do direito de preferência exercer o seu direito no prazo de oito dias, sob pena de caducidade, nos termos do artº 416 n.º 2 do Código Civil. Tavira, 15 de Janeiro de 2016 (POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

MUNICIPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 3 /2016 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 12 de janeiro de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações: 1- Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 1/2016/CM, referente a 1ª Alteração às Grandes Opções do Plano e ao Orçamento de 2016; 2- Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 2/2016/CM, referente a Atribuição de apoios ao abrigo do RMAAD - Clube Ciclismo Tavira e Clube Náutico Tavira; 3- Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 3/2016/CM, referente a Alteração de titular - Loja n.º 19 (talho) no Mercado Municipal de Tavira. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 12 de janeiro do ano 2016 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

ÔÔ Investimento de 35 mil euros

O CAÍQUE BOM SUCESSO, com

mais de 15 anos de existência ao serviço da cultura olhanense, está actualmente em doca seca para reparação e manutenção de todo o casco e velame. As melhorias ascendem a um investimento de 35 mil euros pelo Município de Olhão, que aposta na recuperação do seu património histórico. No início da Primavera, o Caíque deverá estar de volta ao seu cais de amarração, junto aos Mercados de Olhão, já totalmente renovado. O Caíque Bom Sucesso é uma réplica do barco que foi ao Brasil dar, em primeira mão, a boa nova ao Príncipe Regente da revolta dos olhanenses contra as invasões francesas. O caíque foi um dos barcos mais utilizados pelos olhanenses na pesca do alto desde que, no século XVIII, Olhão se tornou um dos mais importantes portos do Algarve e do País. Utilizado também para transporte de mercadorias, caracterizava-se por ser resistente, veloz e de fácil manobra. O caíque de pesca Bom Sucesso faz parte de um passado glorioso que muito honra Olhão. Quando, após a primeira invasão napoleónica, a corte portuguesa se refugiou no Brasil, foi em Olhão que eclodiu, em Junho de 1808, a insurreição contra os intrusos. Com a intenção de perpetuar a história de Olhão, bem como a memória das gentes marítimas, a Câmara de Olhão mandou construir esta réplica do Caíque Bom Sucesso, a qual se destina a promover acções culturais e lúdicas através de visitas e de passeios, à vela ou a motor, em águas da Ria Formosa e ao longo da costa oceânica.


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região

Aprovada revisão da REN Alcoutim

NÚCLEO MUSEOLÓGICO ISLÂMICO

Conferência sobre Mértola e o Guadiana em Tavira

Ordenamento do território com versão vantajosa para o concelho d.r.

A RESERVA ECOLÓGICA NACIONAL (REN) foi instituída pelo

Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, com o objectivo de proteger os recursos naturais, especialmente a água e o solo, de salvaguardar processos indispensáveis a uma boa gestão do território e de favorecer a conservação da natureza e a biodiversidade, componentes essenciais do suporte biofísico do nosso país. As características da abrangência da REN e a realidade do concelho, levaram a Câmara de Alcoutim a iniciar em Abril de 2013 o processo de elaboração de uma proposta de revisão da REN, a ser apresentada à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e que foi aprovada em Novembro de 2015, aguardando a respectiva publicação. “No decurso deste intenso processo foram consultadas as entidades relevantes da Administração Central

ÔÔ Osvaldo Gonçalves, presidente de Câmara de Alcoutim do Estado como a Direcção Geral do Território, a Comissão Nacional da REN (agora incluída na Comissão Nacional do Território), CCDR Algarve, e outras, tendo a proposta sido finalmente aprovada pela Comissão Nacional da REN e CCDR do Al-

garve”, explica a autarquia alcouteneja. “A REN agora aprovada traduz uma clara redução das áreas do concelho abrangidas por este regime, ainda que estejam em causa regras e metodologias diferentes que resultaram das altera-

ções legislativas, não sendo pois possível uma comparação directa e simples entre a anterior REN e a agora aprovada”, acrescenta. A Câmara de Alcoutim obteve assim “a melhoria da delimitação da REN” e garante “a aplicação das boas práticas de ordenamento do território no seu território”. O Município utiliza todos os instrumentos de Gestão Territorial, como o “PDM de Alcoutim e o PROT Algarve que estabelecem as opções de ordenamento do território e de urbanismo que melhor servem o desenvolvimento do concelho”, garantindo “a execução de obras de forma adequada a usos urbanos e à edificação, em prol do desenvolvimento de projectos inovadores e estruturantes para o sector do Turismo, para a Economia e para o crescimento sustentado do concelho de Alcoutim”.

GALARDÃO REFORÇA LAÇOS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA

MED nomeado para os Iberian Festival Awards O FESTIVAL MED DE LOULÉ está nomeado para mais um galardão na área da música: os Iberian Festival Awards. Depois das nomeações para o Portugal Festival Music Awards 2015, nas categorias de Melhor Festival de Média Dimensão e Melhor Festival Urbano, o MED irá concorrer de novo ao lado dos grandes festivais do país e, agora, também, de Espanha, na categoria de “Best Medium Sized Festival”. A par desta votação do público, e de acordo com a análise do júri, o festival algarvio foi considerado também nas categorias “Best Touristic Promotion” e “Best Cultural Programme”. A primeira edição dos Iberian Festival Awards terá lugar no dia 3 de Março, no auditório da FIL, em Lisboa, integrado no Talkfest – International

Music Festivals Forum, iniciativa que tem por objectivos promover a discussão em torno dos festivais de música, bem como o intercâmbio e a partilha de experiências entre os promotores e agentes, desenvolvendo novas ideias, projectos e tendências na indústria dos festivais de música europeus. Os Iberian Festival Awards pretendem premiar e reconhecer todos aqueles que contribuíram para o sucesso destes eventos ao nível da organização mas também da produção, logística, activação de marcas, entre outras áreas. Por outro lado, é um dos objectivos deste galardão reforçar os laços entre os dois países e optimizar o intercâmbio entre os festivais realizados em solo ibérico. A votação estará disponível até 9 de Fevereiro, no site

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O NÚCLEO MUSEOLÓGICO ISLÂMICO (Museu Municipal de

www.talkfest.eu em https:// www.surveymonkey.com/r/ WG95YWQ . Posteriormente, serão conhecidos os dez finalistas das

respectivas categorias, bem como as escolhas do júri. Os vencedores serão anunciados no dia 3 de Março, na Gala do evento. pub

Comarca de Faro Tavira - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1 Palácio da Justiça - Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 - 8800-412 Tavira Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: tavira.judicial@tribunais.org.pt

ANÚNCIO

Processo: 369/15.2T8TVR Interdição / Inabilitação Referência: 99779126 Data: 04-01-2016 O Mmº. Juiz de Direito Dr. Rogério da Silva e Sousa, de Tavira – Inst. Local – Sec. Comp. Gen. – J1 – Comarca de Faro: Faz saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Fernando Ascensão Vargues, com residência em domicílio: Sítio da Arroteia de Baixo, C.P. 504-E, 8800-102 Luz de Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por incapacidade de reger a sua pessoa e os seus bens. O Juiz de Direito, Dr. Rogério da Silva e Sousa O Oficial de Justiça Noélia Guerreiro (POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

Tavira) recebe no próximo dia 30, pelas 11 horas, uma conferência no âmbito da exposição “No extremo do al-Ândalus: Mértola e o Guadiana”, sob a orientação de Susana Gómez Martínez (Campo Arqueológico de Mértola). Constituída por peças inéditas do espólio do Museu de Mértola, a presente exposição visa mostrar a profunda relação histórica desta vila do Alentejo com o rio que sempre lhe deu significado. O rio Guadiana foi o factor determinante do assentamento de Mértola, desde a pré-história até aos nossos dias, devido às excepcionais condições estratégicas defensivas e de navegação (70 quilómetros entre o Algarve e Mértola). De acordo com investigações arqueológicas, constata-se a existência, desde a Idade do Fer-

ÔÔ Mértola é uma vila alentejana ro, de um povoado fortificado no promontório rochoso, como testemunham, até aos nossos dias, as muralhas da cidade. Vestígios de todas as épocas foram encontrados e podem ser admirados, nomeadamente, cerâmicas finas gregas, ânforas púnicas, mármores imperiais, mosaicos de influência bizantina, vidros islâmicos de técnicas orientais e azulejos sevilhanos quinhentistas. A conferência, destinada a um número máximo de 30 participantes, dirige-se ao público em geral. A inscrição é gratuita e obrigatória. pub

Cartório Notarial em Tavira Notário Bruno Torres Marcos

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 22 de Dezembro de 2015, exarada a folhas 22 e seguintes do Livro n. a Silva, n.º 17-A: Maria Lucília Pires Gago Guiomar, viúva, natural da freguesia de Santo Estêvão, concelho de Tavira, residente na Rua 1.º de Maio, n.º 53, 8800-166 Santa Catarina da Fonte do Bispo, declara que é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, sitos em Torre, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial: I) prédio rústico composto por terra de cultura com vinha, figueiras e oliveiras, com a área de 4620 m2, que confronta de norte e nascente com ribeiro, de sul com Maria Gago Sequeira e de poente com Júlio Henrique Espadinha Barradas, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1517, com o valor patrimonial tributário de 720,98 €, igual ao atribuído; e II) prédio rústico composto por terra de cultura com vinha, figueiras e oliveiras, com a área de 4710 m2, que confronta de norte com Luisa Gago Sequeira, de sul com Francisco Viegas Pires, de nascente com ribeiro e de poente com Júlio Henrique Espadinha Barradas, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1516, com o valor patrimonial tributário de 720,98 €, igual ao atribuído. - Que o prédio identificado em I), com a indicada composição e área, veio à sua posse, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de 1986, em data que não sabe precisar, feita por Luísa Gago de Sequeira, solteira, maior, residente em Santa Catarina da Fonte do Bispo e o prédio identificado em II), com a indicada composição e área, veio à sua posse, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de 1986, em data que não sabe precisar, feita por Maria Gago de Sequeira, atualmente falecida, solteira, maior, residente que foi em Santa Catarina da Fonte do Bispo. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do direito de propriedade sobre os prédios atrás identificados, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e deles retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu os referidos prédios por USUCAPIÃO. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Ato registado sob o n.º 2/3027 (POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)


15 de Janeiro de 2016  |  7

região

Algarve quer atrair mais turistas através do ciclismo Entidades regionais e nacionais criam condições para cativar praticantes da modalidade A REGIÃO DE TURISMO DO ALGARVE e a Federação Portu-

guesa de Ciclismo (FPC) querem atrair para a zona mais turistas que pratiquem ciclismo de lazer, mas também cativar as equipas de ciclistas profissionais para a realização de estágios. As duas entidades apresentaram na semana passada em Faro um conjunto de 42 propostas de percursos para ciclismo de estrada, com quatro níveis de dificuldade, que integram passagens em pontos de interesse histórico e aliam a prática de ciclismo à beleza natural e à gastronomia e aos vinhos típicos da região algarvia. O presidente da Região de Turismo, Desidério Silva, assumiu que é necessário criar mais condições para este tipo de turistas no Algarve, onde

d.r.

ainda existe, por parte dos hotéis, “alguma dificuldade em enquadrar os ciclistas”, nomeadamente por não terem local para as bicicletas ou por não permitirem que os hóspedes as guardem no quarto. O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, acredita que o Algarve tem características únicas no país para a prática de ciclismo e condições técnicas para cativar as equipas profissionais para ali realizarem os seus estágios, o que já acontece com muita frequência no sul de Espanha.

FEDERAÇÃO DE CICLISMO TEM CERCA DE 16 MIL FILIADOS Se-

gundo o responsável, a federação tem actualmente cerca de 16 mil filiados, 75% dos quais praticam ciclismo de lazer, actividade em expansão e

ÔÔ Presidente do Turismo do Algarve aposta no ciclismo de lazer

ASSOCIAÇÕES DO CONCELHO VÃO PODER UTILIZAR 28 EDIFÍCIOS

malizar os protocolos de cedência a associações de escolas primárias desactivadas a instituições ou associações com fins de interesse público, disse à Lusa o presidente da autarquia algarvia. “Estamos a falar de 28 escolas do interior que, por força da desertificação no interior do concelho e do envelhecimento demográfico, não têm utilização”, observou o autarca Vítor Aleixo, acrescentando que a opção de cedência é uma forma de garantir a preservação do património. O assunto foi levado a Assembleia Municipal em Dezembro, órgão que aprovou a desafectação do domínio público municipal das 28 escolas para o domínio privado indisponível. Dezassete já tinham sido cedidas anteriormente, embora não estivessem de acordo com o actual quadro legal. “A Câmara tem vindo ao longo dos anos a ceder estas escolas a associações que prosseguem

d.r.

ÔÔ Vítor Aleixo vai celebrar protocolos de cedência com as associações fins de interesse público, mas não havia aqui um protocolo de cedência que estivesse em conformidade com a alteração legislativa” de 2007 do regime jurídico do património imobiliário público, contou o autarca.

PRESERVAÇÃO E DESPESAS SERÃO SUPORTADAS PELAS ENTIDADES A par da questão da preservação patrimonial e da adequação jurídica das cedên-

cou que as propostas de percursos apresentadas foram desenhadas tendo em conta a segurança dos ciclistas, a beleza natural dos locais e o facto de integrarem pontos de interesse. “São 42 percursos com variados tipos de dificuldade, para diferentes tipos de turistas”, afirmou, acrescentando que os percursos, todos circulares, vão desde o nível 1, cuja distância não excede os 70 quilómetros, até ao nível 4, que já são percursos com distâncias superiores a 150 quilómetros. Cada um dos 16 concelhos algarvios tem pelo menos um percurso de nível 1 e foram definidas três zonas de percursos: nas zonas Este (Sotavento), Central e Oeste (Barlavento) do Algarve. Lusa

JOGO ENTRE LUSITANO E OLHANENSE ASSINALOU EVENTO

Câmara de Loulé cede escolas primárias desactivadas A CÂMARA DE LOULÉ vai for-

cujos praticantes são sobretudo homens, da classe média e média alta, com idades entre os 30 e 50 anos. O vice-presidente da federação, Sandro Araújo, sublinhou que o mercado do ciclismo amador e de lazer vai continuar a crescer, pois vão existir “ciclistas com mais idade que querem continuar a pedalar”, em parte devido ao aparecimento das bicicletas eléctricas. Segundo Sandro Araújo, o ciclismo é uma boa alternativa ao atletismo, pois é uma actividade com menor impacto e mais adequada a idades mais avançadas, tendo igualmente a vantagem de ser uma actividade que gera receitas e não é poluente. Marco Fernandes, coordenador da delegação do Algarve da federação, expli-

cias dos edifícios, Vítor Aleixo adiantou que as despesas de água e de energia passam a ser suportadas pelas entidades às quais são cedidas as escolas, ficando a garantia de que, caso a autarquia necessite dos edifícios, poderá reverter o seu uso. A freguesia de Alte tem no seu território dez escolas desactivadas, enquanto na freguesia do Ameixial, vizinha do concelho alentejano de Almodôvar, há três.

Tanto no território da União de Freguesias de Querença/Tôr/ Benafim como na freguesia de Boliqueime encontram-se duas escolas desactivadas disponíveis para outras utilizações, enquanto em Salir existem três. Maioritariamente localizada em zona urbana, a freguesia S. Clemente assistiu ao longo dos anos ao encerramento de três escolas localizadas nas suas fronteiras de ligação com o interior, à semelhança da freguesia de S. Sebastião, onde foi encerrada a escola de Vale Telheiro. As freguesias de Almancil e Quarteira, localizadas no litoral, também contam com três escolas desactivadas. “Vamos celebrar protocolos com todas as associações que já ocupam esses edifícios ou que se proponham a usá-los, temos ambas as situações”, referiu o autarca, acrescentando que as escolas foram cedidas a associações desportivas, culturais ou que visam o apoio social, entre outros. Lusa

Moncarapachense inaugura relvado sintético d.r.

O NOVO RELVADO SINTÉTICO do Lusitano Ginásio Clube Moncarapachense foi inaugurado no passado domingo. Na inauguração realizou-se um jogo amigável entre a equipa da casa e o Sporting Clube Olhanense. O novo campo de relvado sintético é uma requalificação do anterior pelado, e é fruto de uma colaboração entre o clube, a Câmara de Olhão, a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, empresas locais, que colaboraram logisticamente, e um particular, que cedeu uma faixa de terreno, para onde se expandiu o recinto do Mocarapachense. O contributo da autarquia surge no âmbito de um protocolo celebrado com o clube, na ordem dos 250 mil euros. Este acordo prevê que sejam cedidos a outros clubes do concelho, em particular da freguesia, 50% da taxa de ocupação do novo Cam-

ÔÔ António Miguel Pina e Nemésio Martins na inauguração

po da Torrinha. Na ocasião, o presidente da câmara olhanense, António Miguel Pina, felicitou o Lusitano Ginásio Clube Moncarapachense pela nova “casa” e aproveitou para sublinhar “o investimento contínuo que a Autarquia tem feito na área do Desporto, e que se torna patente, uma vez mais, na atribuição desta verba ao Moncarapachense, para que não só este como outros clubes do concelho disponham de condições condignas para a prática da sua actividade desportiva”.


8  |  15 de Janeiro de 2016

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Processo: 363/15.3T8TVR Interdição / Inabilitação N/Referência: 99912090 Data: 08-01-2016 Requerente: Comarca de Faro – Ministério Público Tavira Requerido: Maria Custodia Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Maria Custodia, com residência em domicílio: Sítio da Azinhosa, Cachopo, 8800-000 Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. O Juiz de Direito, Dr. Rogério da Silva e Sousa O Oficial de Justiça Joan Santos Gonçalves de Sousa (POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

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CECÍLIA DE JESUS MENEZES E COSTA 93 ANOS A família enlutada cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 27 de Dezembro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 3 de Janeiro de 2016, Domingo, pelas 11.30 horas, na Igreja de Santa Maria em Tavira.

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MARIA LUCIETE DA PALMA CAETANO 15-12-1935 / 19-12-2015

ANTÓNIO TEODORO NUNES CAVACO MARTINS

10-09-1938 / 15-12-2015

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Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA

JOSÉ ANTÓNIO BARREIRA DA SAÚDE 22-02-1943 / 24-12-2015

MARIA ALICE DE JESUS ASCENÇÃO REIS 26-12-1940 / 26-12-2015

SEBASTIÃO CARMINO DAS CHAGAS PEREIRA 20-08-1941 / 28-12-2015

AGRADECIMENTO

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Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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SANTIAGO - TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

MARIA ORLANDA SOARES CASÍMIRO 09-09-1940 / 30-12-2015

IRENE REINALDO DOS REIS AZINHEIRA 25-05-1923 / 02-01-2016

JOSÉ VIRGILIO BAPTISTA 01-01-1935 / 02-01-2016

10-03-1951 / 20-12-2015

AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA

MATILDE DE SOUSA PIRES 18-10-1924 / 02-01-2016

MARIA JOÃO VIEGAS 28-08-1926 / 03-01-2016

MARIA TERESA DE JESUS 14-02-1925 / 05-01-2016

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CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA

JOSÉ GONÇALVES 16-11-1925 / 09-01-2016

MARIA AUGUSTA ESTRELA VIEGAS 14-11-1932 / 11-01-2016

JOAQUIM JOSÉ MACHADO 25-01-1940 / 11-01-2016

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AGRADECIMENTO

A família de José Gonçalves vem, muito reconhecidamente, agradecer a todo o pessoal do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Tavira pela dedicação e profissionalismo que dispensaram ao seu familiar, bem como agradecer a todas as pessoas que o acompanharam até a sua última morada e se lembraram do seu ente querido.

Filhas, genro, netas e bisnetos agradecem reconhecidamente a todos os que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 20 de Dezembro de 2015 para o Cemitério da Luz de Tavira, assim como a todos que assistiram à Missa do 7º. Dia.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. S.R.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. U.M.


15 de Janeiro de 2016  |  11

> > ASSINALE A FRASE CORRETA

>> SOLUÇÃO da edição passada

A – Já não posso com estes livros. Levamos, por favor. B – Já não poço com estes livros. Levamos, por favor. ;; C – Já não posso com estes livros. Leva-mos, por favor. D – Já não posso com estes livros. Leva-mos, por favore.

A – A Maria adora cozinhar no micro-ondas. B – A Maria adora cozinhar no microondas. C – A Maria adora cosinhar no micro-ondas. D – A Maria adora cuzinhar no micro-ondas.

Sobe & desce

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.

Câmara de Faro ‘sem dívidas’

Obras variante a Faro

Apesar de se referir apenas ao saldo final da execução de 2015, a notícia é positiva. A autarquia liderada por Rogério Bacalhau, uma das mais endividadas da região, fechou o ano sem dívida vencida de curto prazo (Ler última página).

As obras finais para a conclusão da variante a Faro não atam nem desatam. A câmara diz-se atenta, mas os engarrafamentos afectam a população continuamente. Boa obra mas só para o trânsito de passagem (Ler pág. 4).

E-mail da redacção: jornalpostal@gmail.com

Exploração petrolífera no Algarve: uma ideia a considerar sem tabus

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem-somos/ Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Steven Sousa Piedade

Director Nacional - Algarve da ANJE

O Governo português concedeu direitos de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de combustíveis fósseis (petróleo e gás natural) na região do Algarve e ao largo da sua costa marítima. Trata-se de uma questão complexa e melindrosa, uma vez que o tecido socioeconómico algarvio está muito dependente do turismo, da economia do mar e da biodiversidade – sectores que, conside-

www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com

7.573 exemplares

rando eventuais riscos ambientais das actividades energéticas em causa, podem ser largamente afectados. Mas, como em tudo na vida, não devemos ter uma visão maniqueísta e preconceituosa sobre esta questão. Se é verdade que há que salvaguardar a base socioeconómica da região e a sua qualidade ambiental, também é pertinente abrir o Algarve a outro tipo de investimentos e assim diversificar a economia local. Tanto mais que o petróleo e o gás natural são as principais fontes de energia das sociedades modernas e, como tal, a sua exploração gera importantes receitas, cria emprego e promove a coesão social. O Algarve foi bastante fustigado pela crise que se abateu sobre o país e nem mesmo o extraordinário crescimento do turismo

em Portugal nos últimos anos conseguiu amenizar a estagnação económica, o elevado endividamento de empresas e famílias e a contracção do emprego que se vive na região. Perante este cenário, uma economia quase monosectorial (o peso do turismo é esmagador no tecido socioeconómico) e bastante marcada pela sazonalidade (as diferenças de actividade económica entre a época alta e a época baixa são abissais), como é a algarvia, tem necessariamente de atrair investimento em sectores variados e com potencial. Tudo isto para dizer que o Algarve não deve recusar liminarmente o investimento num sector com tantas potencialidades económicas como o energético, sob pena de estar a desbaratar uma oportunidade dourada de impulsionar, diversificar e equi-

librar a economia da região. Esta tem sido, aliás, a opção nos países mais desenvolvidos, que, acautelando devidamente os riscos ambientes, não deixam de explorar o subsolo para extraírem recursos energéticos, sendo a Noruega um exemplo paradigmático disso mesmo. A humanidade sempre retirou da natureza recursos indispensáveis à sua sobrevivência, garantindo assim uma melhor qualidade de vida. E nas últimas décadas, mercê de uma maior sensibilidade ecológica e dos avanços da ciência e da tecnologia, tem sido capaz de evitar alterações profundas do equilíbrio natural dos ecossistemas. É, pois, possível fazer uma gestão sustentável dos recursos que a natureza nos dá, desde que haja vontade política, know-how e recursos

(sobretudo financeiros e tecnológicos) para o fazer. Assim sendo, a exploração de hidrocarbonetos não deve ser rejeitada logo à partida como um tabu e é defensável que avance mesmo numa região abençoada pela natureza, como o Algarve, desde que os riscos ambientais sejam acautelados e minimizados e que a população seja devidamente informada sobre todo o processo. Espero, pois, que todas as salvaguardas ambientais, sociais e económicas possíveis nestes casos estejam desde já asseguradas e que os algarvios e os portugueses em geral possam obter garantias de que a produção de combustíveis fósseis se fará de forma transparente, respeitando o ecossistema e gerando retornos importantes para a economia local.

Não és gordura para mim!

Ana Amorim Dias - Escritora

Tiragem desta edição:

opinião

Devo ser a escritora que mais páginas dedica ao presunto “Pata Negra”. Hoje, contudo, prometo

dar também tempo de antena às cenouras. Então cá vai; tudo começou com uma resposta que me deram após eu gabar o inimitável sabor do meu bem amado jamon de Jabugo. - Ai, eu não: eu não ligo muito à unha do bicho! Nem me importa que seja alimentado só com bolotas. O meu preferido é o presunto português, lá do norte, com aquelas camadas de gordura gostosa que chegam a

medir quase um punho. Nem sequer tentei convencer o senhor de que o “Pata Negra” não só é o rei dos presuntos como, muito provavelmente, a melhor comida do mundo. Fui-me embora a pensar na tal grossa camada de gordura desses presuntos plebeus e recordei as várias ocasiões em que, comendo desse, ponho de lado a gordura. - Não és gordura para aumentar o meu colesterol! - costumo

dizer-lhe. Depois, num raciocínio fértil em paralelismos, concluí que me tenho educado com mão firme para uma boa alimentação emocional: da mesma maneira que rejeito certas gorduras para o aumento do meu colesterol, também impeço muitas preocupações de me aumentarem o stress, e muitos contratempos de me roubarem o tempo. - Não tens má energia bastante para acabar com a minha paz!

- Não és má notícia que chegue para me fazer nascer a tristeza! - Não és crime que me faça perder a fé na humanidade! - Não és obstáculo que me pare! Caramba… as coisas que o presunto nos mostra! O quê? As cenouras? Não falei nas cenouras? Pois não, desculpem, eram só uma distracção para tornar a minha escrita um pouco menos carnívora.


O POSTAL

Tiragem desta edição:

7.573 exemplares

CICLISMO

Volta ao Algarve em Bicicleta passa por Alcoutim d.r.

ALCOUTIM VAI RECEBER UMA DAS ETAPAS da 42.ª Volta ao

Algarve em Bicicleta, acontecimento desportivo que decorrerá entre 17 e 21 de Fevereiro e que como habitualmente trará ao Algarve um pelotão de estrelas internacionais do desporto. Associando-se ao evento, o Município de Alcoutim pretende “não só contribuir para a dinamização da programação desportiva como também divulgar internacionalmente o concelho e as suas gentes”. O presidente da autarquia, Osvaldo dos Santos Gonçalves, considera que “a colocação de uma meta volante, sprint intermédio durante a etapa, no território do município é uma forma de assegurar a divul-

regressa no dia 5 de Fevereiro

última

Câmara de Faro termina ano sem dívidas Empenho dos trabalhadores e gestão rigorosa são, de acordo com a autarquia, são os responsáveis d.r.

ÔÔ Estrelas internacionais do ciclismo ficarão a conhecer Alcoutim gação do concelho, reforçar o posicionamento turístico durante a época baixa e pro-

porcionar aos alcoutenejos um espectáculo desportivo muito apreciado”. pub

ÔÔ Câmara da capital algarvia transita de ano com as contas em dia

O MUNICÍPIO DE FARO anunciou ter encerrado o ano de 2015 “sem atrasos nos pagamentos a fornecedores, nem pagamentos em atraso, o que constitui uma novidade em dez anos de gestão autárquica”. Esta realidade permite que a Câmara possa finalmente assumir, com pleno direito, “o estatuto de parceiro credível perante os seus fornecedores, associações do concelho e entidades bancárias”. Efectivamente, hoje, “todos reconhecem que a Câmara de Faro é pessoa de bem, credora de toda a confiança, e isso repercute-se nos preços praticados pelos seus parceiros e no cumprimento dos prazos de execução dos contratos com eles assinados”, refere a autarquia farense em comunicado. Mas, ao longo do ano de 2015, o esforço de racionalização da gestão acabou por ter outros resultados igualmente favoráveis. Assim, “a dívida total do município ao nível do balanço, cifrou-se no

valor mais baixo dos últimos dez anos: 43 milhões, 842 mil e 272 euros. A título de exemplo, no final de 2014, este valor estava nos 52 milhões, 698 e 22 euros e em 2010 cifrava-se em 71 milhões, 725 mil e 953 euros. Ou seja, em cinco anos, a autarquia expurgou-se de cerca de 39% da sua dívida total”, justifica.

MUNICÍPIO APRESENTA TAXA DE EXECUÇÃO ORÇAMENTAL HISTORICAMENTE ELEVADA Ou-

tro dado muito relevante do exercício de 2015, “reside no facto de o Município apresentar uma taxa de execução orçamental historicamente elevada. Do lado da despesa, o Município de Faro pagou 34 milhões, 715 mil e 934 euros, o que corresponde a uma taxa de execução de 85,39%. Usando novamente como referência os anos de 2014 e 2010, esta taxa cifrou-se nos 84,93 por cento e nos 32,70 por cento respectivamente”, explica. No que respeita à receita

total, esta atingiu em 2015 “os 40 milhões, 171 mil e 166 euros, o que equivale a uma taxa de execução orçamental de 98,80%. Nos anos de 2014 e 2010, a taxa de execução havia ficado nos 88,19 por cento e 34,33% respectivamente. Este é um dado relevante porque permite aferir que hoje, o orçamento do Município é um documento previsional credível e transparente”, acrescenta. Num contexto ainda marcado pelas dificuldades económicas, financeiras e políticas, “estes resultados são reflexo do trabalho e empenho dos trabalhadores municipais, assim como de uma gestão municipal rigorosa, exigente e com disciplina orçamental, realizada em parceria com as freguesias do concelho e em proximidade com os munícipes, por forma a assegurar que Faro se torna a cada ano, um concelho mais justo, mais próspero, empreendedor e solidário”, remata a edilidade farense.


ricardo claro

Letras e Leituras: d.r.

Jonathan Franzen e a Pureza de ser p. 4

Charolas de Bordeira:

Sala de leitura: d.r.

Das tentadoras maiorias às esquecidas minorias na Cultura

tradição assegurada p. 5

p. 8

Espaço ao Património: d.r.

d.r.

Visita guiada à Biblioteca Municipal de Lagoa

Da minha biblioteca:

Sete Contos Ilustrados p. 11

p. 10

O(s) sentido(s) a 37º N: d.r.

JANEIRO 2016 n.º 88 Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO

Janeiro 2016

p. 9

7.573 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve


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15.01.2016

Cultura.Sul

Editorial

Missão Cultura

Sinergias: teatro em rede

Cultura em rede Direção Regional de Cultura do Algarve

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

AGENDAR

A actuação em rede nos mais variados campos de vida tem ganho expressão assinalável e especial desenvolvimento desde o início dos tempos de crise e contingências orçamentais, como uma das formas de dar resposta às necessidades sem que para atingir os objectivos cada entidade tenha sozinha de desenvolver todo o esforço para cumprir um determinado desiderato. Na região algumas experiências neste campo, em que a aposta está na criação de sinergias, têm dado provas das vantagens deste tipo de actuação, pese embora as fortes resistências que sempre existem às acções conjuntas que diminuem - aparaentemente - protagonismos e poderes instalados. A criação da Rede de Museus do Algarve foi destes esforços um dos que marcou os últimos anos na região, tendo estado entre os frutos deste trabalho em rede dos museus regionais a notável exposição Algarve do Reino à Região. Muito embora este trabalho tenha sido de grande notoriedade, a Rede de Museus do Algarve parece estar actualmennte apagada de sobremaneira no que toca a actividade pública, algo que indicia que uma boa ideia não subsiste por si mesma, requerendo para que vingue um esforço contínuo. É exactamente este desafio que se coloca agora à recentemente criada Rede de Teatros do Algarve - AZUL, esperando que cumpra o objectivo de através de uma plataforma informal poder ser palco do desenvolvimento cultural e de uma programação mais viva e concertada, ao mesmo tempo que se espera possa ser motor de mais e melhor criação artística na região.

O ano começa com o Teatro em destaque no Algarve. São três os momentos a salientar: a apresentação da programação para 2016 da ACTA - a Companhia de Teatro do Algarve para o Teatro Lethes; a formalização da constituição da Rede de Teatro do Algarve – a Rede Azul; e o encontro da Rota Ibérica de Teatros Históricos (no Teatro Lethes também). É sobre a Rede de Teatros do Algarve que resolvemos centrar este artigo, ainda que todos sejam como se disse eventos a evidenciar no panorama cultural regional. Nos últimos anos foi efectuado um grande esforço de investimento das autarquias na construção, na recuperação e na adaptação de cine teatros e de outros equipamentos culturais destinados à apresentação e produção de espectáculos. A proposta de criação de redes no contexto cultural não é nova, nem recente, mas é fundamental ao desenvolvimento de políticas e estratégias culturais. O desenvolvimento de parcerias e de redes de cooperação pode ser uma forma de ultrapassar a ausência de reformas institucionais maiores ou da

produção de reformas de enquadramento legal. Nem sempre os procedimentos formais e legais dão resposta às necessidades locais das instituições, ou acompanham as dinâmicas de criatividade dos territórios. E por vezes, as condicionantes legais conduzem mesmo à definição de novas fórmulas e organizações para que consigam dar resposta a essas necessidades emergentes. As redes podem ser a resposta para os actuais desafios e podem assumir-se como fundamentais nos processos de implementação de estratégias de mudança e de inovação. Um dos estudos disponíveis sobre redes culturais fala-nos sobre o modelo de funcionamento das redes e refere como é importante que articulem entre si o trabalho que desenvolvem, para que melhor estabeleçam uma efectiva cooperação institucional (Manuel Gama, 2012. “Cultura de Redes Culturais: o Estado nas redes do Estado”, VIII Congresso Português de Sociologia. Universidade do Minho, pp. 2-13). A consolidação e a sustentabilidade das redes deve ser uma preocupação desde o primeiro momento, sob pena de aos olhos das outras organizações crescerem com uma dinâmica de protagonismo que possa pôr em causa a sua continuidade. A ligação com as restantes instituições e agentes culturais deve ser constante e em bene-

drcalg

Teatro Lethes, em Faro fício da comunidade. Os teatros e cine teatros chegaram a ter uma proposta de criação de rede prevista pela política pública para a área da cultura, tal como, a rede de bibliotecas, a rede de arquivos e a rede de museus, entre outros, que associados ao programa de criação e reabilitação das infra estruturas criariam financiamento à sua programação. Não aconteceu assim e os teatros e cine teatros têm assistido a grandes oscilações nos seus orçamentos e estruturas organizativas. Outras redes têm emergido, umas mais associadas a práticas de marketing, outras mais associadas a redes de programação (ex. da ArtemRede). O conceito de rede aqui proposto assume

uma lógica de grande interesse para o Algarve e será certamente uma oportunidade e um ponto de partida para estreitar a cooperação intermunicipal e intra regional. Este projecto, que tem dado os seus passos de forma mais consistente desde Fevereiro de 2014, foi apresentado à Direcção Regional de Cultura do Algarve em meados de 2015, tendo desde logo sido acolhido com grande entusiasmo e com o apoio directo ao projecto de criação artística associado. Como pilares principais a destacar nos benefícios que lhe estão associados, destacaria: a definição de uma estratégia colaborativa, sistémica e integrada; a intensificação do diálogo inter-

municipal; o estabelecimento de parcerias e fortalecimento da dinâmica de redes, criando oportunidades de circulação artística; a possibilidade de avaliar e monitorizar em conjunto as acções públicas desenvolvidas; o desenvolvimento e a promoção de projectos comuns de educação e criação artística; a partilha de oportunidades de formação; e finalmente a rentabilização dos investimentos efectuados nos espaços e em equipamentos. A Rede Azul será com o nosso esforço conjunto um efectivo projecto de cooperação cultural e, certamente, irá promover o desenvolvimento e a capacitação das comunidades dos territórios concelhios envolvidos. O Algarve necessita de ter esta voz de união em torno da cultura. Os teatros e os demais equipamentos culturais envolvidos dos 11 municípios que a rede inclui (Albufeira, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António) serão pólos dinamizadores e promotores de arte e de cidadania. Escreve-se assim uma nova página no teatro do Algarve, que se espera venha a ser uma história longa e repleta de momentos felizes. Alexandra Rodrigues Gonçalves Direção Regional de Cultura do Algarve

Juventude, artes e ideias

Universidade Sénior de Moncarapacho Jady Batista Editora do Jornal J

A Universidade Sénior de Moncarapacho (USM), iniciativa da Casa do Povo de Olhão, entrou no segundo ano letivo e conta

com 17 professores e cerca de 60 alunos, nas disciplinas de Português, Português para Estrangeiros, Inglês, Francês, História de Portugal, Sociedade e Cidadania, Cultura Geral, Psicologia, Saúde/ Biologia, Artes Manuais, Música, Reciclagem de Materiais, Teatro e Informática. O objetivo da Universidade é dinamizar e tornar os dias mais ativos dentro da classe sénior, promovendo atividades de desenvolvimento físico e intelectu-

“MESA AJUDADA” Até 29 JAN | Pólo Museológico da Água - Querença Durante 12 dias, 12 pessoas, entre elas artistas e artesãos escoceses e portugueses, trabalharam em conjunto na preparação de uma refeição e de tudo o que a compõe

d.r.

Aula de Ginástica 'Vida com Ritmo'

al e como tal pretende contribuir para a atualização do conhecimento, transmitindo-o numa linguagem acessível a todos, procurando destacar a experiência adquirida pelos alunos durante as suas atividades profissionais. A USM é membro da RUTIS (Associação Rede Universitária da Terceira Idade), uma instituição de utilidade pública representativa das universidades para a terceira idade, também denominadas universidades seniores.

A Casa do Povo de Olhão conta com quase dois mil sócios, sendo um exemplo de envolvimento, cidadania, e um pólo de atração das suas gentes e de toda a vizinhança, desenvolvendo diversas atividades para a população em geral, com as mais diversificadas aulas, como a defesa pessoal, pilates, dança escocesa ou zumba. Trata-se de um trabalho que é alimentado pelo sonho de uma equipa e do voluntariado de muitos sócios.

“REGENERAÇÃO” De 23 JAN a 9 ABR | Centro Cultural de Lagos Exposição de pintura de Clotilde. Entre 1964 a 1975, como artista plástica, executou várias obras em cerâmica para várias instituições. Expõe regularmente desde 1984


Cultura.Sul

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt CICLO ODISSEIAS FAMILIARES | IPDJ | 21.30 HORAS

19 JAN | CORAÇÃO DE CÃO, Laurie Anderson, EUA, 2015, 75’ TMF, co-produção Cineclube de Faro e USA – União Sónica do Algarve 29 JAN | ESTREIA NACIONAL DO FILME A LONG WAY TO NOWHERE – THE PARKINSONS STORY, Caroline Richards, Inglaterra, 2015, 98’ Presença do realizador e da banda OS MAL AMADOS | SEDE | 21.30 HORAS | ENTRADA LIVRE 21 JAN | PACTO DE SANGUE, Lina Wermuller, Itália, 1978 28 JAN | O CAÇADOR, Michael Cimino, EUA, 197

Cineclube de Tavira luta pela continuidade Por pura coincidência, os filmes programados para este mês de Janeiro foram todos classificados para maiores de 14 ou 16 anos. Não é que isso significa grande coisa… Desde há quase 17 anos, o nosso público já está habituado a ver filmes que provocam uma reflexão sobre a nossa própria vida e a dos que nos rodeiam. Este mês há uma excepção: O Que Fazemos nas Sombras. Trata-se da comédia e primeira longa metragem do jovem neozelandês Taika Waititi (realizador da bela curta Tama tu), que entretanto já completou o seu novo filme: Hunt for the Wilderpeople. Há sinais que a nossa associação poderá entrar num período indefinido de suspensão de actividades a partir do final do mês de Fevereiro. Não por questões financeiras

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com

fotos: d.r.

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS 16 JAN | CLOUDS OF SILS MARIA (AS NUVENS DE SILS MARIA), Olivier Assayas – Fr/ Sui/Alem/E.U.A./B 2014 (124’) M/14

Até final de Fevereiro ainda há cineclube em Tavira mas por razões de falta de interesse e empenho dos sócios para dar continuidade a este projecto. Portanto, aqui vai mais um apelo: se conhecerem alguém com paixão pelo

cinema de qualidade, com energia e dedicação (e tempo livre, claro), por favor contactem connosco já a seguir! Obrigado e até breve! Cineclube de Tavira

21 JAN | KREUZWEG (ESTAÇÕES DA CRUZ), Dietrick Brüggeman – Alemanha 2014 (107’) M/16 28 JAN | WHAT WE DO IN THE SHADOWS (O QUE FAZEMOS NAS SOMBRAS), Taika Waititi e Jemaine Clement – Nova Zelândia/E.U.A. 2014 (86’) M/14

Espaço AGECAL

A indústria corticeira em São Brás de Alportel

Ricardo Guerreiro Mestre em Gestão e Valorização do Património Histórico e Cultural Industrial

A vila de São Brás de Alportel fica situada no barrocal algarvio, tem a particularidade de estar situada ao pé da Serra do Caldeirão, serra esta que é dominada pelo sobreiro. Esta floresta que cobre toda a Serra do Caldeirão aumentou a partir dos anos 60, quando o declínio do rendimento agrícola provocou o progressivo abandono da terra e o despovoamento da Serra. Seguiu-se um período de recuperação das áreas de matos e matagais e de repovoamento florestal, que conduziu à paisagem atual marcada pela grande extensão de sobreirais. A indústria da cortiça sofreu um grande crescimento no Algarve, particularmente em S. Brás de Alportel a partir do século XIX. Entre 1850 e 1900 existiam 143 fábricas de preparação e transformação

com cerca de três mil postos de trabalho. De facto, fontes distintas apontam para S. Brás de Alportel e para Silves, datas quase coincidentes (1861 e 1862) como as do início da comercialização e transformação da cortiça em grande escala. Nesta altura São Brás de Alportel tornou-se um importante centro comercial e suplantava Silves na exploração comercial e na transformação da cortiça. Durante este período a vila acolheu vários operários rolheiros de Silves, Faro, Armação de Pêra, Querença, Portimão, Barão de São João, Lagos e Marmelete, que contribuíram para dinamizar a indústria corticeira são-brasense. As últimas décadas do século XIX foram a “era dourada” de São Brás de Alportel devido ao florescimento da indústria e comércio da cortiça. Assistiu-se a par de um notório desenvolvimento comercial a um crescimento demográfico que foi único na história deste concelho. Fontes históricas apontam para a existência na década de 1890 de cerca de cem fábricas a laborar. O período de 1905 a 1910 foi marcado por várias greves da indústria corticeira do Algarve. Por outro lado, os proprietários de fábricas e de oficinas exigiram ao Go-

d.r.

A Serra do Caldeirão é dominada pelo sobreiro verno a concessão de empréstimos financeiros melhores para poderem modernizar as fábricas e adquirir maquinaria mais competitiva, porém, o Governo nunca deu resposta favorável aos seus pedidos. O poder da economia da população estava a desaparecer, foram só alguns industriais que conseguiram vencer a crise. Toda esta crise estava a afetar a indústria corticeira no Algarve, e

muitos foram os operários que não conseguiram estabilizar a sua situação profissional na região algarvia e migraram para outras zonas do país (a margem sul do Tejo foi das zonas mais escolhidas). Todo este negócio da cortiça não foi só modificado pelas crises que surgiram ao longo dos anos, mas também pelo aparecimento de máquinas que foram substituindo a

mão-de-obra. Um bom exemplo foi o aparecimento da “garlopa”, que tinha como principal objetivo fazer rolhas, e contribuiu para o desemprego. A rolha manual deu lugar a máquina, e as fábricas começaram a diminuir progressivamente o número de operários. Com a 2ª Guerra Mundial, houve novamente a saída de alguns industriais corticeiros para outros países, e os operários acompanharam os seus patrões. O assentamento da indústria de preparação de prancha em São Brás de Alportel e a transformação em Faro e Silves tem a ver em muito com a situação geográfica das localidades. Na localidade de São Brás de Alportel foi interesse da produção suberícola, situada no barrocal algarvio, designada a produtora da melhor cortiça do mundo. Muita da cortiça ainda nos tempos de hoje vem do Alentejo, porque a Serra do Caldeirão onde está a maior parte dos sobreiros tem vindo a sofrer com a seca, a doença e os fogos, que estão a causar problemas no sector corticeiro. Hoje apenas cinco fábricas estão a laborar em São Brás de Alportel, uma de transformação e as restantes de preparação.


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15.01.2016

Cultura.Sul

Letras e Leituras

Jonathan Franzen e a Pureza de ser

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

Purity é o último romance de Jonathan Franzen, e mais uma vez, à semelhança dos anteriores Correcções e Liberdade, é uma obra de grande fôlego, um livro denso, extenso (quase 700 páginas), mas que não se consegue pousar. Apesar dos seus títulos simples e sonantes, de uma só palavra, e apesar da prosa fluída e directa, as suas obras são polifónicas e centram-se em questões complexas e actuais (sem temer abordar questões políticas), à excepção de A zona de desconforto, em que o autor tece uma narrativa mais confessional, em jeito de autobiografia. Correcções não foi o primeiro romance de Jonathan Franzen, apesar de ter sido o primeiro traduzido e publicado entre nós, mas foi aquele que o catapultou para o estrelato literário, tendo ganho o National Book Award em 2001, tendo sido considerado o grande romance do século e

feito de Jonathan Franzen um dos mais importantes autores da atualidade. Narrando a história de uma família aparentemente banal, o autor tece um retrato vívido da sociedade norte americana em finais dos anos 90, com momentos de genuíno humor. O autor escreve de forma ligeira, mas sem por isso descurar a elegância, a partir de perspectivas múltiplas e narradas na primeira pessoa, na própria voz de cada uma das personagens, seguindo o fluxo de consciência de cada um, o que torna a leitura do romance fácil e quase frenética, pois apesar de extenso é difícil pousá-lo. Liberdade é mais uma vez um retrato tragicómico de família, também ele construído a partir de pontos de vista vários, focando-se desta vez em Patty e Walter Berglund, a mulher perfeita e o advogado ambientalista, com uma bela casa nos subúrbios, um casal aburguesado, com preocupações ecológicas e vanguardistas, que vê a sua família desmembrar-se face aos riscos da liberdade e do desejo, quando ambos atingem a meia-idade e de alguma forma dão por si a libertar-se das amarras das convenções e do que se espera deles. Purity, o seu mais recente romance, publicado à semelhança dos anteriores pelas

fotos: d.r.

Jonathan Franzen é um conhecido romancista norte-americano Publicações Dom Quixote em setembro de 2015, quebra a tradição na medida em que segue a história de uma jovem recém-licenciada, Purity Tyler e das várias pessoas que, sem ela própria saber, compõem a sua vida. Purity inova, em relação aos anteriores romances, na medida em que a trama é construída em torno de um mistério que se vai desvelando aos poucos, a partir, mais uma vez, de perspectivas múltiplas de cinco personagens, mas que desta vez não estão ligadas entre si, pelo menos não todas, por laços de parentesco, e pela forma como se estabelecem várias analepses, pois o passado, por muitas décadas que tenham passado, continua a afetar diretamente o presente e o íntimo de algumas das personagens, conduzindo cada uma das suas ações e motivações. E além de existir um segredo no cerne desta obra há também um crime que é revelado e que, apesar da natureza nefasta do ato, é aliás o que acaba por unir as várias personagens da obra. Apesar de uma primeira parte aparentemente banal, em que seguimos os dilemas de uma jovem aparentemente normal, uma jovém licenciada cujas principais preocupações são pagar a dívida contraída para poder completar o seu curso, a sua desorientação em relação ao seu futuro profissional e a sua paixão por um homem casado que vive na casa onde ela alugou um quarto. Mas Pip é também uma jovem que cresceu sob a alçada de uma mãe superprotetora e que acalen-

ta descobrir, e aqui sim Purity aproxima-se mais da extraordinariedade, quem é o seu pai, bem como desvendar a verdadeira identidade da sua mãe. Pip é uma jovem que num primeiro encontro com um rapaz, que convida até ao seu quarto, e com quem se prepara para ter relações sexuais quando subitamente se apercebe que tem de sair do quarto para conseguir um preservativo, mas acaba por ser (in)voluntariamente retida por outra inquilina da casa, Annagret, uma jovem alemã que a quer recrutar para o Projeto Luz Solar (organização semelhante à WikiLeaks), e que quando volta ao quarto apercebe-se que ele esteve a trocar mensagens com um amigo sobre ela. E aqui começam as várias implicações de uma história, como se referiu anteriomente, aparentemente simples. Purity

recusa o nome que a mãe lhe deu, com toda a sua sobrecarga emocional e ética, e adopta a alcunha de Pip. Mas Pip é um nome que na sua ressonância ecoa essa personagem de Charles Dickens, de Grandes Esperanças, um jovem pobre que vê a sua vida transformada, ao ser-lhe dada a possibilidade de deixar as suas origens humildes e prosseguir estudos que lhe permitem, mais tarde, iniciar uma carreira digna, em virtude da proteção de um misterioso benfeitor, só revelado no final, num tremendo volteface ficcional. Os livros referidos de Jonanthan Franzen, curiosamente, focam-se quase sempre em mães cujo amor raia o controlo excessivo, o que conduz ainda a chantagens emocionais e a conflitos tremendos entre as mães e os filhos ou filhas. Jonathan Franzen referiu, aliás, em entrevista

Purity é o último romance de Jonathan Franzen

que a sua mãe era uma pessoa com problemas, o que o levou a tentar sempre colocar-se na pele dela, de forma a saber como lhe agradar. Por último, com a questão da troca de mensagens, e a forma como elas são apresentadas graficamente, na página, com o próprio formato típico de mensagens entre smartphones, entramos na questão central do romance: a falta de privacidade da nossa era pós-moderna, o conflito permanente entre a esfera do público e do privado, dada a comunicação virtual frenética de hoje; a falta de integridade, apesar da necessidade de transparência imposta pelas redes sociais que nos identificam, que nos situam no espaço (onde recentemente já tem acontecido as empresas procederem a despedimentos com justa causa por detetarem quebras de confidencialidade ou de conduta profissional por parte dos seus funcionários, através daquilo que partilham publicamente nas suas redes sociais entre amigos e conhecidos, mas que está, na verdade, ao alcance de todos); em suma, a forma como a vida ao abrigo da internet, que tanto nos aproxima e agiliza enquanto seres sociais, se aproxima afinal do totalitarismo controlador e repressivo de regimes como o da Alemanha de Leste, na medida em que nada é privado, em que a geração de jovens parece querer seguir cegamente as massas, em que até o trabalho pessoal de artistas pode ser acedido livremente e de forma gratuita (como a luz solar que dá nome ao Projeto), numa ótica próxima do socialismo. Este é um romance cuja simplicidade e aparente descentralidade ou desunião entre os temas e as personagens é apenas enganadora, pois afinal quem sabe se esta escrita mais próxima do normal, do quotidiano, numa prosa transparente, pura, simples, sem grandes ambições de estilo, não é justamente uma forma de retratar mais fielmente a realidade, o que tem sido, afinal, o intuito deste escritor de 56 anos de idade, que surgiu na capa da revista Time (o que não acontecia com um autor vivo há dez anos) e que ainda antes dos seus 40 anos foi celebrado como um dos grandes romancistas norte-americanos.


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Cultura.Sul

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Panorâmica

Charolas de Bordeira: a tradição pagã e única de recepção ao Ano Novo fotos: ricardo claro

Ricardo Claro

Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com

A recepção ao Novo Ano faz-se um pouco por todo o Algarve e pelo país com, entre outras tradições, cantares, assumindo a forma de janeiras ou charolas, numa tradição de séculos assente essencialmente na transmissão oral de carácter religioso, mais ou menos marcado. Mas as charolas de Bordeira são únicas, diversas de todas as outras da região, pelo seu carácter pagão, manifestação rural de traço popular que, não segue a tradição de cantar ao Menino (Jesus), mas antes se fixa nas cantigas de amizade e alegria e nas vivas, quadras improvisadas com cariz - mais ou menos sublinhado de crítica social. É ao som do acordeão, das castanholas e pandeiretas, dos ferrinhos e mesmo, algumas vezes, da guitarra, do clarinete e do saxofone, que se celebra o novo ano de forma comunitária por terras de Bordeira, em Santa Bárbara de Nexe, concelho de Faro. O Dia de Reis foi a data escolhida pelo Cultura.Sul para ouvir as charolas em Bordeira, num espírito de convívio que arrasta largas centenas de pessoas à pequena localidade. Por esta altura, novos e menos novos percorrem as ruas e os cafés ou o espaço frente ao palco do ‘Encontro de Charolas’ para não perderem pitada das vivas que marcam sobremaneira esta tradição. São as quadras de suposto improviso que são a marca indelével das charolas bordeirenses. Carregadas de crítica social e picardias, as vivas são por excelência o vínculo mais forte desta tradição à comunidade e o momento mais esperado nas actuações de cada uma das várias colectividades dedicadas às charolas. O humor é a palavra de ordem nestas quadras que passam em revista a estória de Bordeira e das suas gentes, os seus defeitos e qualidades e que tudo usam para trazer ao patamar da brincadeira e do riso as ‘menoridades’ de cada um dos bordeirenses e das personagens mais conhecidas da localidade. Também a crítica política local se faz nestas vivas, assim como a

A Charola 'Democrata de Bordeira' deu as boas vindas ao Ano Novo social, de forma prazerosa, arrancando as palmas e as gragalhadas gerais, numa verdadeira ode ao

senso de humor e à capacidade de encaixe dos visados face às críticas de que são alvo.

O silvo do apito É ao som de um silvo do apito do

A tradição charoleira assegurada pelos mais novos

O jovem charoleiro bordeirense Pedro Ramos Pedro Ramos é aos 11 anos um verdadeiro charoleiro, lado-a-lado com os 28 membros da Charola Juvenil de Bordeira, a cujos comandos está Marina Martins. Não foi dos pais que herdou a tradição, antes dos avós, dos tios e da madrinha, como nos conta o jovem começador que faz das castanholas o instrumento de eleição. Para Pedro as charolas são muito mais do que tradição, trata-se

A Charola Juvenil de Bordeira, numa animada 'mini actuação' para o Cultura.Sul de fazer parte integrante da comunidade, de participar com os amigos e colegas numa manifestação que é um verdadeiro traço de identidade. Quanto às vivas que entoa, ainda não as escreve, mas ensaia-as com vigor para que pareçam verdadeiro improviso na hora de actuar, escudado na experiência de escritores de mais idade para garantir a verdadeira autenticidade e originalidade das quadras.

Um exemplo apenas dos muitos que em Bordeira se podem ver e que garantem a sobrevivência da tradição charoleira da localidade. A alma bordeirense tem vida longa assegurada nos sorrisos dos jovens charoleiros e músicos locais que fazem jus à tradição centenária de celebrar o novo ano. Boas notícias a provar que a tradição ainda é o que era.

começador que a charola se inicia, é deste ‘mestre’ da arte do canto e do improviso que depende todo o andamento, desde o início da música à entrada das vivas. Ao entrarem em palco, ou num dos vários cafés de Bordeira, para apresentarem a sua actuação a vizinhos e visitantes que enchem os espaços de apresentação até ao limite, as charolas iniciam a performance com a marcha de entrada, a que se segue o estilo pela voz do começador, dedicando quadras aos convivas e amigos, à alegria , à tradição e às histórias e passado. Depois é a vez das vivas, ditas por membros das charolas e pela assistência onde sempre estão improvisadores de créditos firmados na arte de versar em quadra e em jeito de animada provocação e crítica social e política. Por fim, ao som da marcha de saída, é tempo de levar a charola à ‘paragem seguinte’, numa verdadeira romaria por todos os espaços públicos de Bordeira, em nome de uma forma de estar e de ser típicas e que teimam - felizmente - em manterem-se vivas e de boa saúde. Uma tradição que é muito mais do que música e animação As charolas são mais do que música, tradição, crítica e picardia. Em Bordeira sente-se o pulsar de uma forma arreigada de ser e de estar na vida, uma verdadeira galhardia no saber versar e encontrar a palavra certa para criticar. Há garbo no rosto de quem canta e no tom com que se soltam as quadras, atiradas para o meio da roda com o coração amigo que ‘tudo’ aceita e compreende. Das críticas feitas de forma aligeirada pela música e pelo tom, o peito de quem as faz não colhe por terras de Bordeira, na verdadeira tradição das charolas, qualquer melindre dos visados. As charolas são a prova cabal dos fortes laços comunitários que unem os bordeirenses e que fazem desta uma comunidade coesa onde - pese embora as diferenças e divergências naturais e costumeiras - a preservação da identidade e do conceito de comunidade têm uma força já rara em muitas aldeias, vilas e cidades da região e do país. Afirmada de forma peremptória no Dia de Reis, a identidade bordeirense, feita música e verso, é assim uma manifestação rara de força popular que promete não esmorecer com os muitos herdeiros que nas charolas juvenis fazem já vingar a arte deste verdadeiro ‘rap rural’.


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Cultura.Sul

Artes visuais

A fotografia no desenvolvimento das artes visuais d.r.

Saul Neves de Jesus

Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

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A origem etimológica de fotografia provém do grego fós, que significa luz, e grafê, que significa desenhar, pelo que pode significar desenhar com luz. E é sobretudo isso que a fotografia procura fazer, isto é, através da luz que incide sobre os objetos do mundo num determinado momento, conseguir captar esse momento de forma a que fique registado para o futuro, como se de uma memória visual se tratasse. Em termos de definição mais formal, por fotografia entende-se a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta numa superfície sensível. Este processo conheceu uma evolução, tendo contado com diversos contributos, desde a câmara escura, descrita por Della Porta já em 1558, a qual era utilizada por Leonardo da Vinci e outros artistas do século XVI para fazer esboços de pinturas. Merece também destaque, o fato de Angelo Sala, em 1604, ter percebido que um composto de prata escurecia ao sol, supondo que seria o calor a produzir esse efeito. No plano das descobertas da química que precederam a fotografia foi muito importante que, em 1724, Johann Schultze, ao realizar experiências com ácido nítrico, prata e gesso, tivesse verificado que não era o calor, mas sim a prata halógena convertida em prata metálica que provocava o escurecimento. Todavia, é em 1826 que o químico francês Joseph Niépce produz a imagem que é reconhecida como a primeira fotografia da história, intitulada “Vista da janela em Gras”, suportada numa placa de es-

tanho coberta por um derivado de petróleo fotossensível, denominado Betume da Judéia. Ao contrário das anteriores tentativas de Niépce, esta imagem não desapareceu tendo conseguido ficar com o seu registo. Este processo foi designado como heliografia, significando gravura com a luz do sol. No entanto, eram necessárias cerca de oito horas de exposição à luz solar para concretizar este processo. Foi Louis Daguerre, que veio a tornar-se sócio de Niépce, que, após o falecimento do primeiro, apresentou um novo processo de revelação, designado por daguerreotipia, em que utilizou vapor de mercúrio ou iodo no revestimento das placas, em vez de prata, permitindo reduzir significativamente o tempo de exposição necessário, pois bastavam alguns minutos para conseguir o registo da imagem. Além disso, Daguerre solucionou o problema da curta durabilidade da imagem formada na chapa depois de revelada, pois continuava sensível à luz do dia. Nesse sentido, descobriu que, mergulhando as chapas reveladas numa solução aquecida de sal de cozinha, este tinha um poder fixador, obtendo assim uma imagem inalterável. Para além de ter patenteado o seu invento em França, em 1835, Daguerre procurou fazê-lo em Inglaterra, mas aqui William Talbot trabalhava já em suportes de papel fotossensível, tendo registado o seu calotipo em 1839. O processo de Talbot usava folhas de papel cobertas com cloreto de prata que posteriormente eram colocadas em contato com outro papel, produzindo a imagem positiva. Este foi o processo que se veio a utilizar daí para a frente, pois também produzia um negativo que podia ser reutilizado para produzir várias imagens positivas. Os anos 30 foram realmente caracterizados por um ambiente de competição em torno do desenvolvimento do processo de registo fotográfico, tendo havido outros que realizaram estu-

d.r.

Imagem da primeira fotografia da história, intitulada “Vista da janela em Gras” (Joseph Niépce, 1826) dos nesse sentido. Por exemplo, em 1939 Hippolyte Bayard também desenvolveu um método de obtenção de uma imagem fotográfica em positivo sobre papel, mas não tornou desde logo pública a sua descoberta. Além disso, embora habitualmente sejam enfatizados os trabalhos de Niépce, Daguerre e Talbot, convém salientar que a palavra “photographie” foi proposta por Hércules Florence, francês radicado no Brasil, em 1833, para descrever o seu processo de revelação nitrato de prata, baseado na criação de negativos, tal como Talbot fazia. A base para a “democratização” da fotografia estava lançada e daí em diante a evolução das técnicas e do equipamento fotográfico nunca mais parou. Nomeadamente, em 1861 foi feita a primeira fotografia colorida da história, tirada por James Maxwell, conforme já anteriormente referimos. No final do século XIX ocorre a popularização da fotografia, tendo sido essencial o contributo de George Eastman, fundador da Kodak, nos EUA, com a introdução no mercado da câmara tipo “caixão” e pelo rolo substituível ou filme fotográfico, em 1888. Este é constituído por uma base plástica, geralmente triacetato de celulose, flexível

“CONCERTO DE ANO NOVO” 17 JAN | 16.30 | Igreja Matriz de São Brás A Banda Filarmónica de São Brás de Alportel apresenta um repertório onde se incluem obras originais e adaptadas para Orquestra de Sopros, sem esquecer a tradicional Marcha “Radetzky

e transparente, sobre a qual é depositada uma emulsão fotográfica. Esta é formada por uma fina camada de gelatina que contém cristais de sais de prata, sensíveis à luz que chega a ela através da lente da câmara. Esta popularidade levou a que muitos intelectuais e artistas ainda no século XIX vaticinassem o fim da pintura, pois permitia a multiplicação de uma única imagem e a representação muito realista dos objetos, de forma mais rápida, a custos reduzidos e a que todos poderiam ter acesso. No entanto, enquanto a pintura continuava a ser encarada como arte, a fotografia não obteve desde logo esse estatuto, por ser um processo mecânico que captava imagens através de fenómenos físico-químicos. Os fotógrafos eram vistos com técnicos e não como artistas. No seu livro “O acto fotográfico” (1992), Philippe Dubois considera ter havido uma polarização que atribuía à pintura as funções de arte e imaginação, enquanto a fotografia seria responsável pelo documentário e focalizada no conteúdo concreto. O “ambiente” era de alguma tensão e mesmo de oposição entre os pintores e os fotógrafos. Assim, enquanto os fotógrafos valorizavam o

potencial da fotografia, chegando Lamertine a considerar que “a fotografia, mais do que uma arte, é um fenómeno solar, em que o artista colabora com o sol”, ao contrário o posicionamento dos pintores foi claramente negativo, tendo Vlaminck referido “odiamos tudo o que tem a ver com a fotografia” e Delaroche feito o conhecido comentário, no ano em que a fotografia foi inventada: “a partir de hoje, a pintura está morta”. Não tendo provocado a morte da pintura, a fotografia veio influenciar o desenvolvimento desta. Tinha deixado de fazer sentido à pintura limitar-se a tentar reproduzir a realidade, pelo que se libertou dessa condição e evoluiu no sentido de novas formas de expressão que fizessem mais apelo à criatividade, do que à mera reprodução do real observável, e as técnicas pictóricas mais fluídas, livres e espontâneas. O próprio Gustave Courbet, considerado o fundador do Movimento Realista, apontava para o facto de a invenção da fotografia ter levado à mudança da arte realizada através da pintura, mas, ao contrário de Delaroche, considerava positiva a relação que se poderia estabelecer entre ambas. É curioso que várias

pinturas feitas por Courbet nos anos 50, do século XIX, vieram a ser “traduzidas” na forma de fotografia por Villeneuve e August Belloc na mesma época, mostrando a proximidade que havia nalguns casos entre a pintura e a fotografia, bem como a tentativa de inspiração e apropriação por parte da fotografia de temas usualmente tratados através da pintura. Por seu turno, vários pintores recolhiam fotografias de paisagens e de modelos para poderem depois pintar no conforto dos seus ateliês. Por exemplo, Bierstadt, Courbet e Manet consideravam as fotos como um bom suporte para pintar paisagens, não sendo necessário que o pintor condicionasse o seu trabalho às condições climatéricas, e por seu turno Delacroix usava fotos para o estudo de poses difíceis de manter. O próprio Picasso utilizava a máquina fotográfica para documentar o ambiente que o rodeava, sendo por vezes as fotos uma fonte de inspiração para os seus quadros (Gantefuhrer-Trier, 2005). No entanto, embora começando a ser reconhecida a utilidade da fotografia pelos pintores, esta parecia sempre como não pertencendo ao domínio das artes. Em síntese, o surgimento da fotografia, inicialmente visto como um problema por alguns pintores, paradoxalmente foi talvez o principal fator que contribuiu para o desenvolvimento da pintura, com uma importância fundamental para a transição da pintura clássica para a pintura moderna (Stremmel, 2005). O impressionismo do final do século XIX marcou essa transição, ao procurar que a pintura expressasse mais as “impressões” da realidade, do que a reprodução da realidade que poderia ser obtida através da fotografia. Nota: Este artigo integra o livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt)

“PINTAR SEM TINTAS… EM CORES” De 20 JAN a 18 MAR | Antigos Paços do Concelho de Lagos Lena Rita Vansteelant sente-se fascinada por tecidos desde a sua infância. Actualmente, pinta não só com tecidos, mas também com rendas e tules


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Cultura.Sul

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Momento

"Charolas de Bordeira" Foto de Ricardo Claro

Espaço ALFA

Fotografia comunicação e memória

Membro da ALFA

A fotografia é, sem dúvida, uma forma de arte e de comunicar, seja através da mensagem que a imagem diretamente transmite, seja pelo que subliminarmente nos poderá transmitir. A fotografia é presente e é memória futura, uma vez que nos pode dar uma imagem no imediato mas também e essencialmente nos ajuda posteriormente a perceber ou a recordar momentos essenciais, da história, das experiências positivas e negativas, da felicidade, do prazer, do evoluir da vida e na vida. Para nós fotógrafos, cada fotografia conta-nos não só a história dessa imagem fotográfica, mas também todos os passos e as razões que nos levaram até ao premir do obturador e obter o resultado final. Quantas vezes, para obtermos “aquela” foto, nos levantámos bem de madrugada, passámos fome, ficámos ensopados, percorremos quilómetros sem fim, ficámos atolados na

lama, fomos insultados, perseguidos, vaiados, compensados com sorrisos, acarinhados, enfim, cada foto contém um imenso percurso, umas vezes mais feliz, outras nem tanto, mas que ao ser recordado nos deixa sempre com um sorriso de satisfação nos lábios, porque

nos faz perceber melhor as pessoas, a natureza, o universo e a razão porque gostamos de fotografar. A fotografia tem a capacidade de levar o desconhecido ou de redesenhar o conhecido a todos que a ela tenham acesso, sejam as desgraças

dos povos ou as suas felicidades, as mortes ou o desabrochar da vida, as belezas e os horrores. A fotografia é uma forma de expressão, de arte, de comunicação, de explosão, de cor, de prazer ou de dor, de história, de ciência, de real

e até de irreal. P.S. - A ALFA elegeu novos corpos gerentes em novembro, com um novo programa, uma nova dinâmica e com toda a disponibilidade e vontade para promover a fotografia e os fotógrafos. Junta-te a nós.


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Cultura.Sul

Sala de leitura

Das tentadoras maiorias às esquecidas minorias na Cultura foto: dariusz klimczak

Paulo Pires

Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt

“Uma parte de mim é multidão, outra parte estranheza e solidão”, escreveu o poeta brasileiro Ferreira Gullar. Sob esta dupla (e complexa) condição, revisito a visão de Gilles Lipovetsky sobre o nosso tempo, quando introduz o conceito de “cultura-mundo” como seu denominador comum, o qual se materializa em dois movimentos fundamentais: aproximando as sociedades, as multidões, isto pela abundância das mesmas marcas, produtos idênticos, modos de estar e estilos de vida similares; e, paralelamente, contribuindo para uma profunda diversificação dos indivíduos. “O colectivo assemelha-se, mas o indivíduo diferencia-se nesse colectivo.” É a aceleração do individualismo, que cria assim uma maior pluralidade e heterogeneidade de gostos e comportamentos. Daí advêm, ainda segundo Lipovetsky, dois paradoxos: hoje vive-se menos bem, mas vive-se melhor, isto porque, não obstante haver condições materiais mais favoráveis (e de o indivíduo privilegiar, em grande medida, a satisfação imediata), há mais medo, falta de esperança e ansiedade relativamente ao futuro; e a ideia de que se comunica mais mas, simultaneamente, de que há um crescente sentimento de solidão. Junta-se a este cenário a tendência para “ler” a realidade actual numa perspectiva dominantemente quantitativa, feita de números e estatísticas, à qual os universos da criação, programação e recepção culturais também não são imunes. A espectacularização e hipermediatização que dominam uma parte relevante da oferta cultural que é apresentada actualmente assentam muito na ideia de que o valor e impacto público de uma actividade se aferem e são “validados” pelo

Maiorias/minorias: um questionamento e desafio permanentes na área cultural número de ingressos vendidos/lotações esgotadas, lucro obtido ou, a nível digital, pela contabilização facebookiana das visualizações, gostos, reacções, comentários, partilhas, identificações ou “adesões” a dado evento. Esta visão, que privilegia claramente as maiorias, o consumo (em detrimento da recepção individual e do impacto pessoal) e uma lógica massificada e rentável, muito dificilmente coexiste com uma ideia, não perversa e não deturpada, de democraticidade cultural e de respeito pelas minorias culturais, sejam estas criadores e/ ou públicos. Não obstante terem a sua natureza e legitimidade próprias, a afirmação das maiorias não pode ser sinónimo de “tolerância repressiva” ou ter como reverso a anulação, directa ou sub-reptícia/ enviesada, dos grupos minoritários, nem servir de argumento de sucesso para “justificar” a não atenção ou menor aposta em segmentos culturalmente não massificados da sociedade. Em toda a sua amplitude institucional, através das políticas e intervenções dos seus organismos e equipamentos culturais, o Estado e as autarquias não se devem divorciar de uma certa “regulação” desta sensível antinomia, funcionando como exemplo de boas práticas, enquanto filtro que também legitima a diferença, que reconhece a diversidade e que não se limita à mediania nem a

populares, mediáticas e “pacíficas” ditaduras da(s) maioria(s). Esta postura, que implica coragem, determinação e arrojo, constitui um enorme desafio para o aparelho estatal, dada ainda uma certa tradição, entre “paraquedística” e aventureira, de perigosa politização da actuação a nível cultural, fruto da ausência de protagonistas clarividentes/competentes ou de estratégias definidas para essa área. Sem descurar obviamente o grande público a nível da sua programação cultural, é fundamental que o sector público dê mais espaço e dignidade às expressões minoritárias, experimentais, “lentas”, apostando também, efectivamente, na vertente da educação artística (a qual, infelizmente, tem sido gradualmente desvalorizada nos contextos de ensino oficiais) e em equipamentos culturais dotados de serviços educativos estruturados e consistentes, visto que quando não se conhece dificilmente pode valorizar-se algo. É claro que esta atitude não populista em relação à oferta cultural implica ainda, da parte de quem programa e promove, um maior investimento e exigência na componente da mediação/envolvimento dos públicos e em plataformas específicas de apresentação e difusão para os formatos minoritários que se pretende apresentar. Se a tentação pela maioria, pelo consenso alargado, por

um gosto mais comum e abrangente, pelo retorno financeiro, pela garantida visibilidade e prestígio (até com dimensão política) pode assaltar dilematicamente vários gestores e programadores no momento de gizarem os seus planos de actividades, não é menos verdade que essa tendência para agradar e ser numericamente impactante (nivelando, não poucas vezes, por baixo) também pode influenciar perniciosamente certo meio criativo e artístico, retraindo a sua capacidade de ousar, arriscar, “sair da caixa” – e, assim, de surpreender, reinventar e abrir renovados horizontes de conhecimento e prazer. Nesta medida, é essencial que quem gere e programa transmita um sinal positivo ao circuito cultural ao apostar também em propostas emergentes/minoritárias, lançando chamadas para criação, estabelecendo parcerias em co-produção, realizando encomendas, apoiando projectos diferenciadores com marca autoral. Por outro lado, e perante esse amplo, heterogéneo e desigual território a que hoje se chama “cultura”, também cabe aos públicos a filtragem, distância crítica e atenção diferenciadora face à oferta apresentada. Mas também aqui o terreno é complexo e apaixonante, estando intimamente ligado às motivações e expectativas de cada indivíduo em relação às actividades culturais: se o consumo e a cultura me-

diática do divertimento, onde parece não haver lugar para o “valor do espírito” de que falava Paul Valéry, têm vindo a adquirir um peso – que é, obviamente, legítimo – muito assinalável no quotidiano actual, também é um facto que outros, os “amadores de arte”, continuam a privilegiar a busca de uma experiência estética “pura”, a contemplação e elevação espirituais, a imersão em percursos iniciáticos, o cultivo do recolhimento e silêncio. Pelo meio – e pensando ainda nas questões da recepção/fruição culturais e formação do gosto –, a já aludida tendência para uma maior individualização e heterogeneização dos gostos e das atitudes e para um incremento das variações intra e interpessoais ao nível cultural (derivadas da superabundância de escolhas apresentadas pelo mercado e da diluição das culturas de classe) patenteia-se em múltiplos indivíduos que conjugam no seu gosto e prática regular formatos estética e artisticamente mais exigentes com outros mais ligados a esferas do chamado “entretenimento”. Estamos, neste caso, perante uma variada gama de “arranjos pessoais” – para usar uma expressão cara à sociologia da religião –, feita de cruzamentos, sínteses e eclectismos que caracterizam várias franjas de público cultural contemporâneo.

Reflexo também disso é, por exemplo, o facto de a cultura artística nunca ter tido, como agora, uma tão grande audiência das massas. As obras mais amplamente reconhecidas parecem funcionar “como objectos de animação das massas destinados a diversificar os lazeres e a ‘matar’ o tempo”, proporcionando aquilo a que Lipovetsky chama “emoções secundárias que criam um tempo de recreação”. É um novo tipo de experiência, em que aclamadas obras suscitam, para o grande público, a mesma atitude e a mesma relação temporal que o consumo dos produtos mais vulgares. Uma última nota sobre a questão da formação do gosto: se o peso familiar, educacional e económico tem um reflexo crucial nesse processo individual, as práticas de interacção social que os sujeitos estabelecem entre si no dia-a-dia assumem igualmente um papel preponderante, como preconiza o sociólogo Paul DiMaggio. Funcionando como uma forma de classificação ritual e um meio de construção de relações sociais, os gostos artísticos podem ter, ao nível dos seus usos sociais, um efeito de ponte ou de muro entre os indivíduos. DiMaggio insiste, aliás, na ideia de que pessoas que possuem bastantes contactos e papéis sociais (o capital relacional) desenvolvem um maior e mais variado repertório de gosto cultural, preocupando-se em conhecer e relacionar obras de arte para andarem actualizados e possuírem motivos de interesse que lhes permitam ampliar a sua rede social. Voltando ao título deste texto: se a democracia, idealmente feita de liberdade, diversidade, inclusão e de maiorias, é essa “mãe mais doce que o mel” de que fala Sérgio Godinho numa canção intemporal, é deveras preciosa (inclusive no plano do acesso cultural, que é, também ele, uma forma de poder) a ideia de que uma civilização também deva ser julgada pelo tratamento que efectivamente dispensa às suas minorias.


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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Janeiro 2016 e visível. Entre outros, a construção naval em miniatura, de Vitorino Nascimento, os ímanes e pregadeiras de Maria Manuela Moreira, os postais e fotografias de Filipe da Palma e os trabalhos da artista Joana Rosa Bragança.

CA2

na cidade. Mas passa e corre. E quando te aperceberes parecerá que já terá passado tudo. Tudo (o que já passou)

Cine-Teatro Louletano

A Voz

Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

A Natureza fotos: d.r.

Agora que as árvores estão nuas, de folhas despidas, espalhadas pelos chãos, vestimo-nos nós. Calçamo-nos, cobrimo-nos, para nos protegermos das aragens frescas. Para que a partir do próximo equinócio vistam elas os seus troncos, e vamos nós aliviando as peças que nos atafulham os membros. A natureza sabe tudo, e nós só temos que segui-la.

Pinta Roxa

A voz de Paulo Moreira, encenador, actor, escritor… soará a orientar o «Workshop de Dicção e Expressão Oral» - com exercícios para uso correcto e eficaz da voz: dicção/articulação, respiração, entoação e projecção de voz. Dia 23 de Janeiro, das 14h às 19h, na Biblioteca Municipal de Faro A. R. Rosa, numa organização de Requinte Turquesa – Eventos & Serviços (inscrições: geral@requinteturquesa. pt - 20€)

Uma brincadeira começada na página facebook de Balsa Papilar mas que entretanto foi parar ao papel. O palavreado no papel é outro, salvo o dos Pimentos Curtidos & Papas de Milho. Vai numa impressão muito simples a preto & branco, não serve para engalanar prateleiras. Custa o mesmo que uma compota de 140g: 3,50€ (edição Balsa Papilar) e é servido por Luísa Soares Teixeira.

Poema do livro «(eu diria que nevava)» que a autora de Sabugal/Guarda em breve publicará na CanalSonora, editora de Tavira, e também não de apenas a 37ºN .

a relva, agora mais parca, era dantes tapete alucinante na janela obstinada demoram-se devaneios dos céus que acontecem e virá o inverno a defender-se de uma primitiva primavera

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A Conversa Já Chegou à Cozinha

Artur Pastor

Maria Afonso

segundos apenas e tudo aparenta achar-se no lugar que lhe cabe

O nome foi pescado ao peixe (ver logotipo) que faz parte da troika fundamental de uma caldeirada à maneira, juntamente com a tremelga e a raia (o resto é para encher e decerto discutível). Está ali na avenida 5 de outubro, em Olhão, frente ao jardim, como quem vem dos mercados para o cais T. Apresenta uma miscelânea de artes, mas tudo devidamente exposto

A nova sala do Centro Cultural António Aleixo, em Vila Real de Santo António, recebe no próximo 22 de Janeiro, pelas 21h30 - «Noites de Poesia», com presença dos Poetas do Guadiana e com microfone aberto a quem desejar participar, lendo os seus textos, numa sessão de tertúlia, improviso, leituras e música.

um dia voltará um verão incendiado nas mãos e a terra terá a cor da nossa pele só um rosto arredado numa ausência firme retardará o movimento de translação e o tempo volta a ser calculado por desusadas clepsidras

“VIAGENS, EPIFANIA DA COR” Até 27 FEV | 22.00 | Galeria do Convento do Espírito Santo - Loulé Guilherme Parente remete-nos para um universo do maravilhoso e da utopia onde a cor é a própria viagem, numa dualidade entre a realidade e a imaginação

Com Paulo Pires agora ao comando da programação cultural do município de Loulé, apostando numa linha de reinvenção, questionamento, transformação e envolvimento da comunidade local, podem já consultar-se as muitas e boas propostas para o primeiro semestre de 2016. Difícil é destacar algumas. Nada como verificar rapidamente na página do Cine-Teatro da Avenida José da Costa Mealha, não vá já ter perdido, por exemplo «As Conversas à quinta» que ontem contou com Paulo Cunha.

A primeira grande exposição das fotografias de Artur Pastor patente no Algarve pode ser vista até 31 de Março no Convento de S. José em Lagoa. Apresentam-se comoventes imagens desse mundo a preto e branco dos anos 40 a 60 do século passado, tiradas no Algarve, pelo qual se apaixonou (fez a tropa em Tavira) o jovem regente agrícola alentejano (Alter do Chão,1922). A exposição «O Algarve de Artur Pastor» é o culminar da 2ª edição dos Encontros de Fotografia de Lagoa.

Um pequeno rio Um pequeno rio numa pequena cidade sempre ali. E o rio sempre ali. Visto das margens. Não o atravessas, não o mergulhas, não se nada. Nada. e o rio que parece que está sempre ali. Parado

Num outro dia

Num outro dia decerto a chuva trará a maré subindo, nem sempre a transbordar nas margens de madeira aprumada. Onde ando como se sobrevivesse do que lá se passa. Reflectindo palavras, espelhando imagens nas águas que fluirão nesse rio, que vazará todos os dias umas vezes mais que outras. E mesmo assim nada será como antes e no entanto tudo ficará como que na mesma.

“COMÍCIO-CONCERTO “COMÍCIO-CONCERTOCANDIDATO CANDIDATOVIEIRA” VIEIRA” 15 15JAN JAN| 22.00 | 22.00| Casa | Casado doPovo PovodedeSanto SantoEstêvão Estêvão - Tavira - Tavira Manuel ManuelJoão JoãoVieira Vieiraapresenta apresentaasasmotivações motivaçõesmorais, morais, económicas económicase eestratégicas estratégicasque queo olevam levammais maisuma umavez vez à àdisputa disputado domais maisalto altocargo cargodadaNação NaçãoPortuguesa Portuguesa


10 15.01.2016

Cultura.Sul

Espaço ao Património

Ficha Técnica:

Do prazer da leitura: visita guiada à Biblioteca Municipal de Lagoa

Clara Andrade

Técnica superior responsável pela Biblioteca Municipal de Lagoa e artista plástica

Sempre que falamos das virtudes das Bibliotecas Municipais, falamos, e muito legitimamente, em informação e documentação, no livro e na leitura, nas competências várias que promovem, na democratização da cultura, na promoção do bem comum e da boa cidadania, e por aí fora. Como bibliotecária responsável pela Biblioteca Municipal de Lagoa, dei comigo, um dia destes, a observar os leitores ou utilizadores - ninguém me obrigará a chamar-lhes clientes - e a aperceber-me de uma realidade que raramente é referida e que, contudo, me parece ser uma qualidade inquestionável e de superlativo valor: o prazer e a alegria que as bibliotecas proporcionam. Qualquer que seja o serviço utilizado, quer no serviço de informação e referência na Recepção, quer nas Salas de Leitura, no Espaço Internet ou nos diversos eventos culturais, adultos, jovens e crianças reflectem um estado de aprazimento e bem-estar que começo a pensar se não deveriam, as Bibliotecas, ser mencionadas e consideradas de importância capital para a felicidade nacional. E não me refiro às actividades de lazer, que também entram no leque dos objectivos deste tipo de Bibliotecas, onde o prazer e a alegria serão uma consequência natural. Refiro-me a todos os serviços. Mas vejamos, nesta visita guiada: Entra-se na Biblioteca onde na zona da Recepção, ambiente informal de funcionalidades várias, um leitor pede informação sobre um qualquer autor, título ou assunto. A funcionária, prestável, simpática e sorridente, com créditos mais que assinalados nesta matéria, dá o seu melhor: o leitor segue satisfeito o seu caminho já com a informação requerida e os livros emprestados para a semana; outros leitores observam interessados os expositores das últimas novidades editoriais e outros ainda os dos eventos culturais. Um efusivo e garrido grupo de alu-

nos discute pormenores sobre a exposição colectiva de pintura patente nas paredes do Átrio. Uma fila de gente mais adulta dirige-se para a Sala Polivalente, onde vai começar, dentro de instantes, a tertúlia “Potencialidades dos vinhos do Algarve”. Mesmo a propósito: Lagoa foi escolhida “Cidade do Vinho 2016”. No final haverá prova de vinhos produzidos neste concelho, trazidos pelos produtores presentes. Nada como um bom vinho para a boa disposição e alegria de todos e como as conversas fluem! Há quem suba as escadas para o Espaço Internet. Nos vários postos ocupados todos parecem placidamente absorvidos nas suas tarefas. Paralelamente, junto aos expositores multimédia há quem se forneça de música ou filmes para o fim-de-semana. Umas horas antes, na Sala Infantil, a alegria um pouco ruidosa das crianças, torna-se repentinamente silêncio e expectativa. Irá decorrer a oficina “Palavra de Sofia”: leitura encenada de textos de Sophia de Mello Breyner Andresen, que a Nelda Magalhães, animadora do Teatro Experimental de Lagos, excelentemente desenvolve dando a compreender as histórias e poesias desta autora. Todos se encantam com a magia e simplicidade das palavras, com a força e beleza das imagens. Sim, as histórias e a literatura têm o poder de encantar toda a gente, crianças e adultos. Entretanto, na Sala de Leitura alguns leitores examinam as estantes. Uns já sabem o que procuram, outros saberão quando encontrarem. A surpresa e o

fotos: d.r.

Recepção da Biblioteca, aspecto geral mistério também acontecem nas estantes de uma Biblioteca, quem tem hábitos de Biblioteca sabe do que falo. Outros, nas mesas, trabalham silenciosamente debruçados sobre livros ou portáteis e outros ainda, na zona mais informal, ocupam-se com jornais ou revistas. Uns e outros reflectem tranquilo bem-estar. Estou certa de que a benigna companhia dos livros há-de ter responsabilidades nesta boa disposição geral. Também estou certa de que o que realmente importa na vida, valores humanos universais como a tolerância, o respeito, a solidariedade, o optimismo e, claro, o conhecimento e o saber são privilegiadamente acessíveis através da leitura, seja em formato tradicional ou digi-

tal. Sendo o livro impresso um objecto perfeito, porque de fácil transporte, acessível em qualquer lugar e auto-suficiente em matéria de energia, a verdade é que a sua desmaterialização é um facto dos nossos tempos. Contudo, por ora, o livro tradicional perdurará a par de outras ofertas desmaterializadas. A actual variedade de suportes de leitura permite diferentes opções de acordo com os interesses e apetências de cada um, possibilitando um acesso rápido e sem limites de espaço e tempo à informação. Mas mais que o seu formato, o que é realmente importante é a leitura. E as Bibliotecas são espaços de leitura em diferentes suportes. São espaços onde pela leitura

Sala Infantil: Oficina “Palavra de Sofia” com Nelda Magalhães

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro nos é permitido acordar os espíritos adormecidos e convocar os seus tesouros e legados. É só abrirmos um livro e deixarmos que nos sussurrem a intimidade das suas palavras, da sua sabedoria, dos seus sonhos. O edifício desta Biblioteca foi, no início do século passado, construído sobre um antigo cemitério para ser um teatro. Nunca o foi. Seria em 1997 inaugurado como Biblioteca da Rede de Leitura Pública. Quem sabe se também os espíritos dos que sob estes alicerces descansam nos convocam e inspiram. Penso que uns e outros decidiram aliar-se para nos fazer bem, neste espaço plurifuncional e aprazível. E são um pouco assim as demais Bibliotecas Municipais espalhadas por todo o país. Noutros tempos, sem estes espaços de leitura, valeram-nos as Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, singulares carrinhas cinzentas repletas de livros. Uma alegria quando chegavam! Soube recentemente que algumas das pessoas que percorriam o país nestas carrinhas, distribuindo livros e prazer, seriam escritores e poetas contratados por aquela Fundação. Verdadeiros oásis no deserto de leitura pública nacional, numa época em que os livros eram material de consumo controlado e as Bibliotecas, locais raros e de acesso restrito. A história das Bibliotecas também é feita de repressões e proibições e queimar livros representa, quase sempre, um emblema contra o livre pensamento. Tal como no magistral romance, O nome da Rosa, de Umberto Eco. A Biblioteca da Abadia é por aquilo que esconde um lugar de mistério e morte. Em forma de labirinto, com caminhos falsos e segredos, guarda o livro proibido, o livro do riso - uma possível versão do desaparecimento de A Comédia de Aristóteles que não chegou até nós. Também célebre e igualmente labiríntica, A Biblioteca de Babel, de Jorge Luís Borges (Ficções, 2003) é infindável mas não proibida. Metáfora da própria vida, da realidade e do mundo, uma enorme Biblioteca à espera de ser lida e decifrada. Uma Biblioteca fantástica que abre as portas de par em par e convida generosamente todos sem excepção a entrar, a desfrutar, a viver… Não sonharemos todos com uma Biblioteca assim?

Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Clara Andrade Ricardo Guerreiro Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul Tiragem: 7.573 exemplares


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Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Sete Contos Ilustrados to que ilustrou, fazendo, por vezes, da ilustração um novo «texto», mais do que uma ilustração. Descubram-nos!

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

Escrever um conto, precisamente por ter de ser curto e ter de conter (e contar) tudo em poucas palavras, exige uma grande perícia. Demora ser breve. Conseguir, em poucas páginas, prender a atenção do leitor, levá-lo ao clímax da ação e descontraí-lo, no final, não é tarefa simples. Pois bem, posso dizer que os autores presentes neste volume, publicado pela Lua de Marfim e coordenado por F. Esteves Pinto, alcançaram com sucesso aqueles objetivos. A ideia de convidar também sete artistas para ilustrarem os contos foi muito feliz. Cada um leu, à sua maneira, o con-

António Manuel Venda – «Os Romanos» Quem me tem acompanhado nesta página mensal sabe que sou uma fã confessa de António Manuel Venda: tenho todos os seus livros e saber que A. M. Venda é um dos autores seria já, para mim, motivo para ter o livro. E não desilude. Mantendo o seu universo no registo do fantástico tornado comum (o chamado realismo mágico), há uma personagem que se confunde propositadamente com o autor (não só pela profissão de escritor, como pela referência a um livro que teria escrito e que é igual a um que o autor tem), numa história absurda de um barco cheio de romanos prontinhos para atacar Vila Real de Santo António, em que o – moral, possível, da história – que nos fica dos

Vai ser difícil escrever sobre todos os contos – esta página é limitada. Vou procurar, pelo menos, deixar algumas impressões sobre cada um ou um trecho que possa ajudar a formar uma ideia do que nos é oferecido com a sua leitura. De Esteves Pinto destaco a capacidade para nos contar uma história não feliz sem ser triste, de sexo que não o é, de amor que não acontece. Destaco ainda o modo como trata bem as suas personagens e como consegue falar deste assuntos sem ser vulgar. A sua elegância a tratar os temas enterneceu-me, como a personagem masculina que, no fundo, tem «bom vinho»: beber de mais não a tornou vil. Gostei muito.

O título do conto leva-nos, com humor, para um universo onírico, de fantasias (masculinas, atrevo-me a dizer), em que um jovem investigador se vê atraído por uma Xerazade, que lhe conta histórias, rodeado de beldades que dão a entender promessas de prazer («Respondeu com uma expressão malandra» - p.53; «Todas as raparigas assentiram, continuando a fitar o historiador com os seus olhos melosos» - p. 58) – de tal modo que se sente no seu sétimo céu – e… adormece. Mas aqui, como na vida, os sonhos trazem esperança de concretização. Um final que torce o destino, ao gosto do autor. Paulo Moreira – «Filho da Mãe» O conto de Paulo Moreira tem uma construção em cres“COCHES DOS SÉCULOS XVI A XVIII” Até 26 FEV | Museu Municipal de Olhão A exposição nasce das mãos do mestre José Cardoso Brito, artista autodidacta que reproduz fielmente alguns dos originais expostos no Museu Nacional do Coches

Pedro Afonso – «Aquilo» O narrador deste conto confessa a sua dificuldade em descrever por palavras a experiência «única e indizível» que a personagem estava a sentir. Vou apropriar-me dessas palavras para que sejam elas a contar: «Raramente conseguimos resistir a transpor todas as vivências para o discurso, ou pelo menos as mais marcantes, e mesmo que não as comuniquemos a ninguém, organizamo-las para nós em pensamentos verbalizados. Se fosse de outra maneira, como existiriam os milagres, as aventuras, os êxtases e coisas que tais que invocam sempre o mistério, ou seja, aquilo que as palavras não dizem?».

Fernando Esteves Pinto – «Coração da Cidade»

Fernando Pessanha – «O Sétimo Céu e as Meninas de Tânger»

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fotos: d.r.

tempos perdidos são objetos do passado, que nos transportam de um lado para o outro.

Vítor Gil Cardeira – «O Amor é uma Fuga sem Fim»

Os contos foram ilustrados por sete artistas cendo. Começamos por não saber quem é a personagem nem a sua mãe, cuja vida vai sendo recordada por memórias mais ou menos esquecidas do filho, que a acompanhou no funeral com que se inicia a história. Gradualmente vamos descortinando o homem e o seu caráter, assim como a frágil e esporádica relação que tinha com a mãe. No final, liberto do preconceito, aceita as lágrimas, a dor, e a expressão, tão adequadamente aplicada, de filho da mãe. Paulo Kellerman – «Facelist» Este conto tem uma estrutura que me agrada, pois é um desafio ao leitor (também o foi ao autor), dado que não tem narração nem descrição, mas apenas o diálogo entre duas persona-

gens, sem orações parentéticas ou explicativas: não há «disse um» ou «disse o outro». Percebemos, pelo diálogo, que a conversa se passa entre cliente e psiquiatra, sobre o facto de as pessoas serem indiferentes ao que sai do comum, como reagirem ao verem um homem com uma lista de compras escrita na cara. « – O senhor, que é psiquiatra e deve perceber destas coisas, diga-me lá: porque sorriem as pessoas tão pouco? – Demasiada consciência de si próprias, talvez, Incapacidade de se libertarem dos seus pensamentos e racionalidades, dos seus medos, das suas ansiedades. Talvez as pessoas estejam demasiado fechadas em si próprias, demasiado auto-conscientes. Demasiado reféns de si».

Este é o conto maior (25 páginas) e, talvez por isso, a história possa ter mais personagens (o anjo, o camionista, o patrão, o médico, a enfermeira, os mineiros), sem que se sinta que estão a mais, e ser um pouco mais complexa. Mantendo um registo de algum humor e ironia (vai interpelando o leitor, com graça), não deixa de semear algumas reflexões mais sérias: «Havia mesmo uma pequena alegria que o animava na contemplação do outro. O outro que oferecia o desejo da diversidade, apelando à união das incompatibilidades. Não há serenidade nem planura nos homens incompletos. O outro é o espelho que nos transforma no todo. A fusão entre o efémero e o eterno. Gostei bastante deste livro. Gostei, principalmente, porque não se lê depressa. Sim, leu bem. Estes contos são bons para se lerem devagar. Podemos, assim, apreciar melhor as suas especificidades, pois são bem diferentes uns dos outros. E convém fazer uma pequena pausa entre cada um. Não tem de ser muito grande, mas o suficiente para se mudar de registo. Ou então faça mesmo uma pausa maior, para durar mais o prazer da leitura.

“GENTE “MÃE COM DE FÉ” AÇÚCAR” Até 15 e26 16NOV JAN | Biblioteca 15.30 e 21.30 José| Cine-Teatro Mariano Gago Louletano – Olhão Exposição A peça é um revela retrato tododa o envolvimento relação entreque avós o povo e netos, do arquipélago da amizade que temnasce pelasna suas distância tradições de religiosas gerações, na da perspectiva sabedoria edo daigualmente inocência eaçorense das tradições Marcelo e estórias Borges passadas oralmente


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Cultura.Sul


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