POSTAL 1193 - 17 NOV 2017

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postaldoalgarve

122.886

Director Henrique Dias Freire • Ano XXX • Edição 1193 • Quinzenário à sexta-feira • 17 de Novembro de 2017 • Preço € 1,50

EM FOCO 2 DESIGNER OUTLET ALGARVE ABRE PORTAS E COMPLETA INVESTIMENTO DO IKEA 3 CLASSIFICADOS 4 MENDES BOTA GANHA PRÉMIO MARIA VELEDA 6 OBRAS NO PEGO DO INFERNO PRESTES A TERMINAR 7 PROVÉRBIOS TRAZEM UMA CENTENA DE ESPECIALISTAS A TAVIRA 8 GALA EC TRAVEL PROMETE AGITAR A REGIÃO 9

ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,70

Barragens têm mais 50% de água do que em Novembro de 2016 p. 2

d.r.

Designer Outlet abre portas a 23 de Novembro

cátia marcelino

Olhão:

NESTA EDIÇÃO: CADERNO CULTURA.SUL

>3

EC TRAVEL junta aniversário e gala anual em momento único

CADERNO ALCOUTIM

> Referência das empresas algarvias liderada por Eliseu Correia vai agitar as águas dos eventos na região com uma gala transmitida em directo na Benfica TV p. 9

TAVIRA

d.r.

INVESTIMENTO

GALARDÃO

d.r.

Mendes Bota Pego do Inferno é o novo com obras Prémio quase Maria Veleda terminadas >7

>6

PAREMIOLOGIA

d.r.

d.r.

Provérbios trazem especialistas a Tavira >8

Feira do Chocolate anima Faro > ÚLTIMA PUB


2  |  17 de Novembro de 2017

em foco

Mendes Bota ganha Prémio Maria Veleda pág. 6

Odeleite e Beliche fazem a diferença na disponibilidade de água no Algarve Barragens têm aproximadamente mais 50% de água do que em igual período do ano passado ricardo claro

catiam.postal@gmail.com

quarta-feira da próxima semana, 22 de Novembro.

AS BARRAGENS DO ALGARVE CONTÊM APROXIMADAMENTE MAIS 50% DE ÁGUA do que

FALTA DE PASTO INFLUENCIA A ALIMENTAÇÃO, O LEITE, A SAÚDE E O BEM-ESTAR ANIMAL Ape-

Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire

em igual período do ano anterior e Teresa Fernandes, porta-voz da Águas do Algarve (AdA), garante que não há razões para alarmismo na região. “Temos água para consumo humano que dá para este e para o próximo ano. A água não é muita mas é o suficiente para satisfazer as necessidades da região”, disse ao POSTAL. Odeleite e Beliche fazem a diferença no que respeita à disponibilidade de água este ano, com mais 34,62% e 31, 28% de volume útil, respectivamente, em comparação com o ano anterior, resultado de uma situação de precipitação elevada que ocorreu na zona de Odeleite e permitiu encher estas duas barragens através do sistema de aproveitamento hidráulico da barragem de Odeleite, que permite enviar água para Beliche. De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pela AdA, até 3 de Novembro as barragens de Odelouca, Odeleite e Beliche, encontravam-se com volumes úteis de 23,59%, 64,18% e 54,46%, respectivamente. Uma diferença global aproximada de 50% mais do que em 2016, quando as barragens continham 29,45% (Odelouca), 29,56% (Odeleite) e 26,18% (Beliche). O Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Águas do Algarve dispõe ainda de uma estação elevatória reversível entre os reservatórios de Pinhal de Vilamoura e Quarteira que permite, em caso de necessidade, transferir água de sotavento para barlavento e vice-versa, garantindo a

ÔÔ Teresa Fernandes diz que não há razões para alarmismo no Algarve capacidade de gerir de forma equilibrada a disponibilidade de água para consumo humano.

OUTUBRO FOI O MÊS MAIS QUENTE DOS ÚLTIMOS 87 ANOS E O MAIS SECO DOS ÚLTIMOS 20 ANOS Apesar desta realidade

na região algarvia, o passado mês de Outubro revelou-se o mais quente dos últimos 87 anos e o mais seco dos últimos 20 anos no país. Os dados são do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que publicou recentemente o resumo climático do mês passado, segundo o qual “a conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo”. De acordo com o índice meteorológico de seca - PDSI, que analisa a severidade da seca tendo em conta a precipitação,

temperatura e água no solo, no final do mês de Outubro todo o território de Portugal continental se encontrava em seca, sendo severa em 24.8 % e extrema em 75.2 %. Apesar da precipitação muito insuficiente que ocorreu recentemente na região, a chuva regressa, segundo o IPMA, já a partir de

sar das previsões, na região algarvia começa a faltar o pasto para os animais, situação que o pastor José Aníbal acredita ser resultado do mal que o Homem tem feito à “amiga natureza”. Começa a faltar erva para as 200 cabeças de gado e José Aníbal já sente dificuldades em manter os animais. Michael Neto, também pastor, acredita que a solução passa por mudar a política e educar as pessoas para uma boa utilização da água, “é necessário adaptar os recursos disponíveis a cada região e se não houver uma boa política os nossos recursos vão acabar”. Com cerca de 300 animais, Michael Neto também já sente os efeitos da seca e revela ao POSTAL que já gastou mais uns milhares de euros do que o normal. A falta de pasto influencia a vários níveis a alimentação,

o leite, a saúde e o bem-estar animal. “É necessário fazer o transporte de água e garantir o suplemento alimentar para que os animais não morram”, salientou. “Hoje os animais pastam em sítios que em outros anos era impossível porque havia muita água. 1992 e 2001 já foram anos muito secos, mas de ano para ano as coisas vão ficando mais graves. Os ciclos de seca são cada vez mais severos e chegam de forma cada vez mais agressiva”. No que respeita à agricultura, a DRAP Algarve está a ajudar os agricultores através de uma intervenção que se enquadra nas medidas implementadas pelo Governo a nível nacional para fazer frente a esta situação. “A intervenção desenvolve-se em duas frentes: na monitorização da situação da região, no que respeita à disponibilidade de água nos solos, e na informação e sensibilização para os programas de apoio e respectivas verbas disponibilizadas pelo Estado para minorar os efeitos da seca”, disse ao POSTAL cátia marcelino

ÔÔ O pasto dá sinais de avançado estado de falta de água no nordeste algarvio

Fernando Severino, director regional de Agricultura e Pescas e do Algarve.

SÃO BRÁS JÁ COLOCOU EM PRÁTICA O PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL O

município de São Brás de Alportel também quer sensibilizar a população para a necessidade de poupança de água e já colocou em prática um programa de sustentabilidade ambiental que Vítor Guerreiro, presidente da autarquia, acredita ser fundamental para o Algarve e para o país “porque as reservas de água não são infinitas e cabe aos cidadãos proteger este recurso natural”. O programa consiste em diminuir as zonas de relva no concelho, substituindo-as por plantas autóctones e outras soluções que não necessitam de tanta rega. Na frota de transportes do concelho, as lavagens dos veículos que eram efectuadas diariamente vão ser feitas com menos frequência. O concelho está também a levar a cabo uma acção de sensibilização que emite na factura da água algumas medidas de poupança para recordar aos munícipes como é importante não desperdiçar este recurso. O presidente do concelho mostra-se confiante e acredita que estas medidas vão ajudar a poupar muita água. Vítor Guerreiro considera ser necessário repensar o futuro e criar mais reservas e captação de água e, nesse sentido, disse também ao POSTAL que já fez chegar ao Ministério do Ambiente um projecto de 1983 que visa a construção da Barragem do Monte da Ribeira, a norte de Tavira. “Colocar uma barragem no centro do Algarve é essencial”, acrescenta.


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17 de Novembro de 2017  |  3

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MUNICÍPIO DE TAVIRA Edital 58/2017 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 07 de novembro de 2017, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta número 172/2017/CM, referente a 15.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano/2017; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 173/2017/CM, referente à Atribuição de apoio XII ao Rotary Clube Tavira - Gala de Beneficência; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 174/2017/CM, referente à Atribuição de apoio à Cáritas Arquidiocesana de Évora, no âmbito de tratamento de comportamentos aditivos; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 175/2017/CM, referente à Atribuição de apoio à Semente de Alfarroba – Associação para Educação Integral; 5. Aprovada por maioria a proposta número 176/2017/CM, referente à Determinação das taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI); 6. Reprovada por maioria a proposta número 177/2017/CM, referente a Determinação das taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) - Vereadores eleitos pelo Partido Social Democrata; 7. Aprovada por maioria a proposta número 178/2017/CM, referente a Determinação da participação variável no IRS; 8. Aprovada por maioria a proposta número 179/2017/CM, referente a Determinação da Derrama; 9. Reprovada por maioria a proposta número 180/2017/CM, referente a Determinação da taxa da Derrama - Vereadores eleitos pelo Partido Social Democrata; 10. Aprovada por unanimidade a proposta número 181/2017/CM, referente a Taxa Municipal de Direitos de Passagem (TMDP) - Ano 2018; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 182/2017/CM, referente ao Júri para o procedimento concursal para provimento de cargo de Chefe do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas, cargo de direção intermédia de 3.º grau – 7-PC/17; 12. Aprovada por unanimidade a proposta número 183/2017/CM, referente ao Composição do Conselho Local de Juventude de Tavira – 2017; 13. Aprovada por unanimidade a proposta número 184/2017/CM, referente ao Composição do Conselho Municipal de Educação e designação do representante dos Presidentes das Juntas de Freguesia; 14. Aprovada por unanimidade a proposta número 185/2017/CM, referente ao Concurso público para a aquisição de apólices de seguros - Seguro de acidentes pessoais para os membros dos órgãos autárquicos – Compromissos plurianuais; 15. Aprovada por unanimidade a proposta número 186/2017/CM, referente ao Aquisição de serviços de desinfestação correta em espaços públicos e edifícios do Município de Tavira e de outras situações pontuais/excecionais Compromissos plurianuais; 16. Aprovada por maioria a proposta número 187/2017/CM, referente ao Assunção de compromissos plurianuais – Delegação de competência no Presidente da Câmara Municipal – n.º 3 do artigo 6.º da Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso das Entidades Públicas (LCPA). Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume. Paços do Concelho, 07 de novembro de 2017 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)

Designer Outlet Algarve abre portas e completa investimento do IKEA Espaço a céu aberto soma mais 110 lojas à meca do comércio da região d.r.

Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire

catiam.postal@gmail.com

O DESIGNER OUTLET ALGARVE ABRE PORTAS JÁ NA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA, 23 de

Novembro, e completa assim o grande investimento do Grupo IKEA na construção do maior complexo comercial da região Sul, com 82 mil metros quadrados ocupados também pela loja IKEA e pelo Mar Shopping Algarve. A partir das 17 horas do dia 23 de Novembro, Loulé passa a contar também com o maior outlet da região que vai integrar, numa primeira fase, mais de 50 marcas de moda e lifestyle, num espaço com 13 mil metros quadrados que, de acordo com a direcção, pretende fazer com que os visitantes aproveitem durante todo o ano os descontos permanentes que vão desde os 30% até aos 70% sobre o preço de venda recomendado.

NOVO COMPLEXO COMERCIAL QUER LUTAR CONTRA A SAZONALIDADE O novo espaço tem

uma arquitectura inspirada na típica vila algarvia e garante uma oferta completa numa atmosfera única, onde os visitantes podem encontrar grandes marcas de moda masculina, feminina e infantil, lifestyle e desporto, reconhecidas mundialmente. Instalado numa região de referência para o turismo nacional e internacional, como é o Algarve, o novo Designer Outlet ambiciona reforçar a dinamização da região durante todo o ano e não só na época de Verão. O objectivo passa por lutar contra a sazonalidade através do acesso permanente às melhores marcas de vestuário e lifestyle, asse-

ÔÔ Azulejos vão ser uma das imagens de marca do espaço comercial a céu aberto gurando uma oferta variada e de qualidade, com acesso exclusivo a descontos permanentes.

TAVIRENSE MIGUEL GUERREIRO É O RESPONSÁVEL PELA DIRECÇÃO DO DESIGNER OUTLET ALGARVE Na indústria da moda e luxo há mais de 15 anos e com uma notável e reconhecida experiência em projectos na Europa e no Médio Oriente, o tavirense Miguel Guerreiro é o responsável pela direcção do novo complexo comercial e garante que “em breve, abriremos as portas do maior outlet do Algarve, oferecendo a todos os nossos visitantes o acesso exclusivo a marcas de moda e lifestyle num ambiente inspirador”. O director-geral do Designer Outlet Algarve refere também que

“além do acesso a descontos permanentes, vamos ainda proporcionar campanhas e eventos exclusivos durante todo o ano, evidenciando a atractividade do Algarve além dos meses de Verão e potenciando o sector da moda como um dos polos de atracção da região. É com grande orgulho que somos já membros da Associação de Turismo do Algarve.” O Designer Outlet Algarve vai inaugurar sob a gestão da operadora ROS Retail Outlet Shopping, resultado de uma parceria entre a IKEA Centres e o grupo Mutschler. Thomas Reichenauer, managing director da ROS Retail Outlet Shopping, afirma ser “com grande satisfação que trazemos a Portugal e ao Algarve

um conceito de outlet internacional ajustado às características da região, que combina o melhor de 20 anos de inspiração no desenvolvimento e operação de outlets internacionais com a escolha de uma localização tão única como o Algarve”. Thomas Reichenauer mostra-se orgulhoso desta parceria e acrescenta que “estamos prontos para receber e inspirar todas as pessoas com a abertura de um conceito inovador e único em Portugal”. Com o complexo IKEA a funcionar em pleno, em Faro o Forum Algarve responde com a remodelação da oferta e dos espaços e resta saber quem conseguirá atrair mais clientes da cidade capital de distrito.


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classificados

Farmácias de Serviço ALBUFEIRA ARMAÇÃO DE PÊRA

SEXTA

SÁBADO

DOMINGO

SEGUNDA

TERÇA

QUARTA

QUINTA

Santos Pinto

Albufeira

Albufeira

Albufeira

Albufeira

Albufeira

Albufeira

Central

Sousa Coelho

-

-

-

Edite

-

FARO

Caniné

Pereira

Helena

Crespo

Palma

Montepio

Caniné

LAGOA

Lagoa

Lagoa

José Maceta

José Maceta

José Maceta

José Maceta

José Maceta

LAGOS

Telo

Neves

Ribeiro

Lacobrigense

Silva

Telo

Neves

LOULÉ

Chagas

Pinto

Avenida

Martins

Chagas

Pinto

Avenida

MONCHIQUE

Moderna

Moderna

Moderna

Hygia

Hygia

Hygia

Hygia

OLHÃO

Rocha

Progresso

Olhanense

Nobre

Pacheco

Brito

Rocha

PORTIMÃO

Rosa

Amparo

Arade

Rio

Central

P. Mourinha

Moderna

QUARTEIRA

Algarve

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Mª Paula

Algarve

Algarve

-

Dias Neves

Dias Neves

SÃO BART. DE MESSINES

-

Dias Neves

-

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

São Brás

SILVES

João Deus

TAVIRA

Central

Felix

Felix

Sousa

Montepio

Mª Aboim

Central

VILA REAL de STº ANTÓNIO

Carrilho

Carmo

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-

Bruno Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 13.09.2017, exarada a folhas 45-A e seguintes do Livro n.º 107-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - A sociedade anónima “Gracer – Sociedade de Turismo do Algarve, S.A.”, antes designada por “Solurbe – Sociedade Luso Italiana de Construção e urbanização, Limitada” e “Gracer – Sociedade de Turismo do Algarve, Lda”, NIPC 500272450, com sede na Avenida Eng. Duarte Pacheco, Torre 2, Piso 5, Sala 7, em Lisboa, freguesia de Campo de Ourique, concelho de Lisboa, 1070-102 Lisboa, com o capital social de seiscentos e cinquenta mil euros, matriculada na Conservatória do Registo Comercial sob o mesmo número de pessoa colectiva; - Declarou ser dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, há mais de vinte anos da fração autónoma designada pelas letras “QQ”, correspondente à sétima habitação no terceiro piso à direita no corredor de acesso à ala direita do terceiro piso, do prédio urbano de cinco pisos, destinado a Hotel, antes designado por “Eurotel-Tavira-Algarve”, e hoje por “Ozadi-Tavira-Hotel”, sito na Quinta das Oliveiras, Sítio do Vau, em Almargem, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número cinco mil duzentos e cinquenta e seis, ainda da freguesia de Tavira (Santa Maria), inscrito na matriz da actual freguesia sob o artigo 2970, com origem no artigo 2695 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), atribuindo à fração o valor de 32.000,00 €; - Estando a fração registada na citada Conservatória a favor de

23

Cruz Portugal

-

São Brás

-

Cruz Portugal

Maria Romilda Giorgis, pela apresentação um do dia trinta de Abril de mil novecentos e setenta e cinco, no estado de solteira, maior, com a última morada conhecida em 24 Ochley House 103, Sloane Street, Londres, Reino Unido, mas desconhecendo o seu paradeiro e sequer se se encontra ainda viva, desconhecendo também quem possam ser os seus herdeiros ou potenciais herdeiros; - Alegando para o efeito que a referida fração foi adquirida pela sociedade no ano de 1978, ano em que dela tomou posse através dos respetivos órgãos sociais, por compra à referida titular inscrita, sem que, todavia, tenha sido lavrada a competente escritura, não existindo por essa razão título formal que o comprove; - Tendo desde aquele ano desfrutado a identificada fração autónoma, como coisa própria, autónoma e exclusiva, dela retirando as vantagens de que é suscetível, e nela praticando os atos materiais correspondentes ao direito de propriedade plena, nomeadamente explorando-a turisticamente, fazendo os melhoramentos e reparações necessários, pagando os respetivos impostos, designadamente o Imposto Municipal sobre Imóveis, tudo na convicção de não lesar o direito de outrem, pelo que a sociedade justificante possui a dita fração em nome próprio há mais de vinte anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento e acatamento de toda a gente. - Que, assim, esta posse pública, pacífica e contínua, conduziu à aquisição do direito de propriedade da mencionada fração autónoma por usucapião, que invoca para justificar o seu direito de propriedade para fins de registo. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/3445 (POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)

Dias Neves -

São Brás Guerreiro

Bruno Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 28.10.2017, exarada a folhas 81 e seguintes do Livro n.º 110-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: A) Maria Odília de Jesus Matias Correia Vargues, natural da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, casada com Joaquim Fausto Correia Vargues, residente na Rua Luís de Camões, n.º 16, r/c esquerdo, em Tavira; B) Salomé de Jesus Matias, natural da mesma freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, residente na Rua da Liberdade, Bloco 3, r/c direito, em Luz de Tavira; - Declararam ser donas e legítimas possuidoras, em comum e partes iguais e com exclusão de outrem, dos seguintes prédios rústicos sitos na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira: - prédio rústico composto por terra de cultura com árvores, sito em Canário, que confronta a norte com Manuel Valentim Gonçalves, sul com Manuel do Nascimento, Nascente com Maria do Carmo Viegas e Poente com José Beatriz Dias, com a área de 1.050,00 m2, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1317, com proveniência no artigo 1197 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 12,98 €, que é o atribuído; - prédio rústico composto por terra de cultura com árvores, sito em Fonte Bonita, que confronta a norte com Gualdino Miguel, sul com Manuel Martins, Nascente com Manuel Valério Gonçalves

e Poente com José Beatriz Dias, com a área de 1.400,00 m2, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1387, com proveniência no artigo 1232 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 354,12 €, que é o atribuído; - Tendo alegado para o efeito que estes prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e nove, por doação meramente verbal feita pelos pais de ambas, Maria Adélia de Jesus e marido Joaquim Luís Matias, ele já falecido, residentes no sítio de Malhada do Nobre, em Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira; - Que, portanto, há mais de vinte anos, têm semeando a terra, amanhando-a e limpando-a, tratado das culturas e árvores, colhido os respetivos frutos, neles pastando os animais, deles retirando os respetivos rendimentos, agindo com a convicção de serem comproprietárias daqueles imóveis, na proporção de metade para cada uma, e como tal sempre por todos foram reputadas; - Que aqueles prédios foram possuídos dentro de um espírito de compropriedade, participando nas vantagens e nos encargos dos mesmos na proporção da quota de cada uma e respeitando em relação à outra comproprietária o uso a que os consortes têm direito, verificando-se assim uma situação de composse; - Que nos termos expostos, as justificantes vêm exercendo a composse sobre os mencionados prédios, com a indicada composição, ostensivamente, à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, em paz, continuamente, há mais de vinte anos, pelo que a propriedade dos mesmos foi por elas adquirida por usucapião, em partes iguais. Tavira e Cartório, em 28 de Outubro de 2017. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/3421 (POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)


17 de Novembro de 2017  |  5

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SANTA MARIA – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

VALENTIM FERNANDES 03-12-1943 / 19-10-2017

ANTÓNIO JOSÉ VEIA DE SÁ 05-05-1957 / 26-10-2017

AGRADECIMENTO

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Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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MARIA INÁCIA SERAFIM 30-09-1930 / 03-11-2017

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7 de Abril de 2017 |

região

Provérbios trazem uma centena de especialistas a Tavira pág. 8

REGIÃO Mendes Bota ganha Prémio Maria Veleda Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

Entrega do galardão está prevista para o mês de Dezembro

Aleluia! Aleluia! Aleluia! A Páscoa regressa a São Brás d.r.

O PRÉMIO REGIONAL MARIA VELEDA 2017 FOI ATRIBUÍDO,

euros e uma medalha comemorativa, oferecida pela empresa Nova Cortiça que, desde o início, está associada ao Prémio Regional Ma-

ria Veleda. Em nota de imprensa, a Direcção Regional de Cultura do Algarve felicita os restantes candidatos pelos pro-

jectos e acções que cada um tem concretizado e que em muito têm contribuído para o desenvolvimento sócio-cultural do Algarve.

por deliberação do júri e maioria da votação, a José Mendes Bota, candidato apresentado por Nuno Alexandre Correia. A atribuição deste prémio a José Mendes Bota é um reconhecimento do seu percurso de vida e do seu trabalho, nacional Festa das Tochas Floridas anima domingo pascal na vila serrana com Quinzena Gastronómica a garantir mesa farta e internacional, desenvolvido no âmbito da cidadania, ética, promoção da igualdade de gé.. CONVIDA A CELEBRAR O FIM Ricardo Claro nero, dignificação das mulheres, e uma das mais importantes manifestações religiosas de DO ‘JEJUM’ PASCAL Entretanto, ricardoc.postal@gmail.com igualdade de oportunidades enPáscoa em toda a região. logo desde 6 de Abril e até ao tre homens e mulheres, defesa São milhares aqueles que próximo dia 18, a Quinzena Ados PÁSCOA ASSINALA-SE ESTE direitos humanos e prevenANO 16 DE ABRIL e, da Gastronómica de São Brás uma vez todos os anos celebram o ção, A e criminalização violênEDITAL N.º 55/2017 de Alportel promete mesa mais, pelas ruas de São Brás de domingo desta quadra pascia contra as mulheres, tendo Jorge Manuel do Nascimento Botelho recheada por terras da serra Alportel se ouvirão ecoar as sido o principal promotor da cal em São Brás entre aqueles que integram o cortejo proalgarvia. vozes dos homens da terra Presidente da Câmara Municipal de Tavira primeira Convenção Europeia ÔÔ Mendes Bota é reconhecido pelo seu percurso de vida Oito restaurantes integram “armados” de tochas flori- cessional e os muitos infinContra a Violência Doméstica. TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordidos que escolhem a manhã a iniciativa, que atinge este dasNa a louvar a ressurreição entrega da medalha de do prémio e ligam José Mendes o Desenvolvimento Sustentável nária de Câmara Municipal, realizada no dia 23 de outubro de 2017, foram tomadas as seguintes deliberações: do dia maior da Páscoa para ano a nona edição e promede Cristo com o tradicional mérito do Conselho da Europa, Bota ao nome da feminista por- e a Defesa dos Valores Culturais. 1. Aprovada por unanimidade a proposta número 163/2017/CM, referente ao Regimento da Câmara Municipal de Tavira; procissão, agendada tem o melhor aos comensais “Ressuscitou como disse. Ale- assistir O júri foi constituído por Aleque lhe foi atribuída em 2015, tuguesaàque o simboliza, Maria 2. Aprovada por maioria a proposta número 164/2017/CM, referente à delegação de competências da Câmara Municipal as 11 horas. que escolham rumar a São luia! Aleluia! Aleluia!”. a presidente da Assembleia para Veleda, uma lutadora pelos di- xandra Rodrigues Gonçalves, no Presidente; Brás de Alportel para provar Mas nem sóAnne do clamor da directora regional de Cultura Parlamentar, Brasseur, reitos das mulheres. 3. Aprovada por maioria a proposta número 165/2017/CM, referente à fixação do número de vereadores, nos termos do n.º algumas das mais icónicas féreferiu-se que ribomba nas paredes a José Mendes Bota TAPETES O júriFLORIDOS destacou PODEM ainda aSER sua do Algarve; Ana Paula Amen2 do artigo 58.º da Lei n.º 169/99, de 18 de setembro, republicada em anexo à Lei n.º 5-A/2002, de 11 de janeiro; iguarias da gastronomia e brancas da vila e se espraia APRECIADOS NAS RUAS DE SÃO como um “verdadeiro embaixa- relação com o Algarve, na de- doeira, directora regional de 4. Aprovada por maioria a proposta número 166/2017/CM, referente à Taviraverde - Empresa Municipal de Ambiente EM, doçaria regionais. no eco pelos ares se faz a BRÁS DESDE A MANHÃ DE DOdor do Conselho da Europa e da fesa e preservação dos valores Cultura do Alentejo; António S.A. - Nomeação dos Presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho de Administração; Certo também é que para beleza destadetradicional fes- MINGO Mas o Domingo de Branco, reitor da Universidade Convenção Istambul”, para sociais, culturais e humanistas, 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 167/2017/CM, referente à Taviraverde - Empresa Municipal de Ambiente os cumpridores dos mais rita pascal.o Numa verdadeira Páscoa começa cedoúnico em São destacar papel determinante e também o trabalho e so- do Algarve (UAlg); Idálio Revez, EM, S.A. - Fiscal Único; gorosos preceitos religiosos, obra prima madrugada foraa jornalista do Público; José Carque teve em que todasseasprepara fases do Brás, litárioapós que desenvolveu contra 6. Aprovada por maioria a proposta número 168/2017/CM, referente a 14.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções a refeição de almoço pascal há muito antes de ser pisa-à se terem colocado milhares los Barros, arquitecto paisagista processo que conduziram exploração de hidrocarbonetos do Plano; poderá ter em São Brás proda no domingo religioso, as de pelos pavimentos e deputado; Lídia Jorge, escritoredação, aprovação e entrada na flores costa algarvia. 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 169/2017/CM, referente a assinaturas de contas bancárias do Município; postas capazes de fazer cumruas da vila mostram-se atadas ruas em desenhos a réem vigor da ‘Convenção do O Algarve presta, desta forma, ra; Mirian Tavares, professora 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 170/2017/CM, referente ao Sistema multimunicipal de abastecimento prir, sem desvios aos deveres, petadas por uma profusão de gua e esquadro preparados, Conselho da Europa para a o seu reconhecimento público a e investigadora da UAlg; Natide água do Algarve - Reparação do pavimento do recinto da ETA de Tavira - Pedido de parecer - Águas do Algarve, S.A. a necessidade de celebrar o flores em tapetes de mil cores pelas 9.30 horas Prevenção e o Combate à Vio- logo José Mendes Bota, uma abre-se persona- vidade Monteiro, professora e 9. Aprovada por unanimidade a proposta número 171/2017/CM, referente a empreitada para requalificação da EN 270 em Dia de Páscoa com uma mesa elência desenhos de as primor. visitantes oportunidacontra Mulheres e a aos lidade com umapercurso de vida investigadora; e Paulo Cunha, Santa Catarina da Fonte do Bispo - 2-Emp/17 - Ratificação de despacho de aprovação da minuta do contrato no termos dos digna da data e do fim do peÉ o trabalho de muitas de deseapreciarem beleza Milhares visitantes ocorrem à vila de São Brás para ver a Festa das Tochas Floridas Violência Doméstica’. onde destaca não sóa no âmbi- î professor dedeMúsica. n.ºs 2 e 3 do artigo 3.º da Lei n.º 47/2005, de 29 de agosto. ríodo de restrição pascal. mãos e dedicação ainda deste popular. to dasfeito suas competências polítiPara constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares Motivos de sobra para maior que dá RELAÇÃO forma aos taPelas horas,todas lugaraspara as 11VALE horas, a procisDurante a tarde, haverá fados” e do grupo Folclórico cas mas10 também suas para JÚRI DESTACOU DE JOSÉ GALARDÃO CINCO MIL EUpúblicos de costume. apontar o GPS a São Brás de petes que se estendem qual a Feira de Artesanato e para são, momento alto do dia, animação para unir o reliVelha Guarda a prepararem MENDES BOTA AO ALGARVE Todo acções associadas à defesa dos ROS O galardão, cuja entrega Paços do Concelho, 23 de outubro de 2017 Alportel e tirar os azimutes passadeira vermelha para o Encontro de Sabores, enantecipa a eucaristia das 13 gioso e o pagão, numa fesas hostes para o espectáculo o trabalho que José Mendes Direitos Humanos, evidencian- está prevista para o mês de Deda Câmara Municipal, às propostas irresistíveis das acolher os passosem ritmados e o (em início da tarde cul-a ta que é de todos em São deO Presidente Sérgio Rossi. na Igreja Matriz se horas do e dando voz a causas como Bota desenvolveu diversos quanto zembro espaço e dia Jorge Manuel Nascimento Botelho geografias serranas para esta do andamento da procissão agendado para as 15.30 eucaristia.a Não Dis- tural a Ética, aa Igualdade, cargos no Conselho da Europa celebra anunciar brevemente), tem Brás, com a música a cargo mais importante dooconcelho Com horário de início QUINZENA GASTRONÓMICA a Promoção Social, horas. identificam-no com propósito criminação, uma dotação de cinco mil do grupo “Os Môces Mara(POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro deépoca 2017) de celebração pascal. pub

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região

Gala EC Travel promete agitar a região pág. 9

Obras no Pego do Inferno prestes a terminar Investimento desta fase de renaturalização do espaço não ultrapassa os dez mil euros Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire

mil euros.

cátia marcelino

catiam.postal@gmail.com

AS OBRAS DE RENATURALIZAÇÃO DO PEGO DO INFERNO SÃO PARA TERMINAR “o mais

rapidamente possível”, disse ao POSTAL Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira. “As obras já deveriam ter terminado mas apesar de alguns atrasos estão a decorrer a bom ritmo”, acrescentou. Estão a ser retiradas as estruturas de madeira queimadas que resultaram do incêndio de 2012 e a ponte de ferro também vai ser retirada “quando ninguém estiver em perigo iminente porque, como está bom tempo, as pessoas continuam a visitar o local”, refere o autarca. O investimento total destas obras não ultrapassa os dez

PROPRIETÁRIOS DOS TERRENOS E INTEGRIDADE DO ESPAÇO TÊM DE SER RESPEITADOS Todas

as propriedades em volta do Pego do Inferno são privadas e por isso, no que respeita à futura utilização do espaço, Jorge Botelho pretende “envolver as comunidades e ouvir as pessoas”, mas realça que é necessário respeitar a vontade dos proprietários dos terrenos “até porque há bem pouco tempo um desses terrenos foi vendido a uns estrangeiros que já reuniram com a Câmara e que têm as suas próprias ideias para o espaço”. Ao POSTAL o autarca revela ainda que a Câmara tem as suas ideias para aquilo que deve ser feito no local mas que, além da vontade dos proprietários, importa acima de tudo respeitar

a integridade do espaço. Para Jorge Botelho, “o Pego do Inferno não pode continuar a ter o tráfego humano que tinha. Trata-se de um local ambientalmente sensível e a sua utilização não deve ser feita de forma massiva porque compromete a sua qualidade e sustentabilidade”.

ENCONTRO NO CENTRO CIÊNCIA VIVA DE TAVIRA DISCUTIU O ‘FUTURO DO VALE DA ASSECA’ No

ÔÔ Jorge Botelho quer diminuir pressão humana sobre o Pego do Inferno

âmbito do projecto REASE Rede de Educação Ambiental para os Serviços dos Ecossistemas, a Almargem promoveu esta quinta-feira, 16 de Novembro, no Centro Ciência Viva de Tavira, um encontro onde foi discutido o “Futuro do Vale da Asseca”. Uma iniciativa que Jorge Botelho considerou impor-

tante e por isso aceitou fazer parte do painel de oradores, fazendo um “Ponto de situação do processo Pego do Inferno”. O restante painel foi constituído por: João Santos (Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve) – “Biodiversidade do Pego do Inferno e Vale da Asseca”; Rita Borges (Centro Ciência Viva de Tavira) – “A Carta de Princípios para o Pego do Inferno”; e Hélder Pereira (GeoWalks & Talks - Geoturismo no Algarve) – “Valorizar o Território através da Geodiversidade”. O autarca tavirense aposta em prosseguir a abertura ao público da discussão sobre o destino do espaço e a melhor forma do seu aproveitamento sustentável. pub


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região

ZZZ pág. ##

Provérbios trazem uma centena de especialistas a Tavira Colóquio Internacional de Paremiologia repete sucesso pela décima primeira vez

MUNICÍPIO DE FARO EDITAL N.º 207/2017 PUBLICITAÇÃO DAS DELIBERAÇÕES DA CÂMARA MUNICIPAL COM EFICÁCIA EXTERNA Rogério Conceição Bacalhau Coelho, Presidente da Câmara Municipal de Faro, TORNA PÚBLICO, nos termos do n.º 1 do artigo 56.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, que em reuniões de Câmara realizadas nos dias 11, 18 e 25 de setembro de 2017, foram tomadas as seguintes deliberações com eficácia externa:

cátia marcelino

Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire

. Reunião de Câmara de 11 de setembro de 2017:

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- Proposta n.º 692/2017/CM – Atribuição de apoio financeiro ao associativismo cultural do Município de Faro – Cultura: Medidas 2 e 4

A NATA MUNDIAL DA PAREMIOLOGIA REUNIU MAIS UMA VEZ EM TAVIRA para participar na

A Câmara Municipal deliberou aprovar a distribuição das verbas correspondentes às candidaturas às medidas 2 (Apoio à Modernização e Beneficiação de Instalações) e 4 (Apoio à Modernização e Autonomia Associativa), de acordo com os seguintes quadros:

11ª edição do Colóquio Interdisciplinar sobre Provérbios (ICP17) coordenado por Rui Soares, presidente da Associação Internacional de Paremiologia (AIP). Entre 5 e 12 de Novembro, cerca de 100 especialistas em representação de 26 países de todo o mundo, entre os quais economistas, linguistas, paremiólogos e outros peritos internacionais, marcaram presença no Hotel Vila Galé para dar corpo ao evento do qual resultaram múltiplas reflexões que Jorge Botelho, presidente da Câmara local, acredita serem “contributos sólidos para a linguística, para a tradição e para a nossa cultura”. O colóquio que é já uma marca da cidade de Tavira, funciona todos os anos como um ponto de encontro para os muitos profissionais que por ali passam. “As pessoas que vêm aqui têm de mostrar em 30 minutos aquilo que muitas vezes representa um trabalho de 30 anos”, refere Rui Soares. “A grande importância destes colóquios é justamente proporcionar um encontro entre essas pessoas que muitas vezes se conhecem apenas pelas referências bibliográficas e nunca se viram. É realmente aqui que se têm encontrado e por isso mesmo até adaptaram o provérbio “todos os caminhos vão dar a Roma” para “todos os caminhos vão dar a Tavira”, disse ao POSTAL o presidente da AIP.

- Proposta n.º 725/2017/CM – Estratégia de regeneração urbana: Definição dos prédios devolutos em 2017 A Câmara Municipal deliberou aprovar a proposta de declaração dos prédios devolutos, nos termos do Decreto-Lei nº 159/2006, de 08 de agosto, e para os efeitos previstos no nº 3 do artigo 112º do Código de Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI) em vigor, bem como remeter o assunto à Assembleia Municipal para aprovação. . Reunião de Câmara de 18 de setembro de 2017: - Proposta n.º 697/2017/CM - Retificação ao quadro anexo à Proposta nº 697/2017/CM – Atribuição de apoio financeiro ao associativismo desportivo do concelho de Faro – Verbas de capital A Câmara Municipal deliberou aprovar a retificação da Proposta n.º 697/2017/CM, aprovada na Reunião de Câmara de 04/09/2017, nomeadamente no quadro anexo à respetiva proposta:

ÔÔ Rui Soares acredita que o colóquio é já uma marca da cidade de Tavira um pouco do nosso Portugal, transmitindo-lhes também os nossos valores”. A cultura portuguesa é rica em provérbios e para Alexandra Gonçalves, directora regional de Cultura do Algarve, “a força das palavras ganha um peso reforçado com os provérbios”. A AIP acredita que “os provérbios são uma espécie de almofada para atenuar o efeito de embate de certas coisas e há muitas situações em que se acalmam as pessoas dizendo exactamente naquela altura o provérbio adequado à situação”. “Por isso criei um provér-

bio que diz ‘para cada ocasião tenho um provérbio sempre à mão’, refere Rui Soares.

PROVÉRBIOS CRIAM PONTOS COMUNS ENTRE OS DIFERENTES POVOS Presente na cerimónia

de inauguração do colóquio, Anna-Paula Ormeche, coordenadora nacional da Rede de Centros e Clubes UNESCO, afirmou que “um provérbio é transmissão de conhecimento, cultura, sabedoria e património. É uma forma de criar pontos comuns entre os vários povos e é isso que a UNESCO pretende”.

Proposta n.º 759/2017/CM - Aprovação da proposta do Plano de Urbanização para a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão do Pólo Tecnológico (PU UOP3) e respetivo relatório ambiental”- doc.º n.º 25905 de 30/08/2017

EVENTO PROMOVE A CIDADE DE TAVIRA E A CULTURA DE TODO O PAÍS Além de promover a ci-

dade de Tavira, o Colóquio Interdisciplinar sobre Provérbios mostra a todos os seus participantes vários locais do país, sem nunca repetir o mesmo sítio. Um fim-de-semana em viagem, este ano por Viana do Alentejo e Albufeira, assinala o término de uma intensa semana de trabalho. “É uma possibilidade de relaxar e de mostrar aos representantes dos vários países aqui presentes

. Reunião de Câmara de 25 de setembro de 2017:

A Câmara Municipal deliberou: - Aprovar correção efetuada à proposta do Plano de Urbanização para a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão do Pólo Tecnológico (PU UOP3) e do respetivo Relatório de Avaliação Ambiental;

A informação de sempre à distância de um clique

- Considerar concluída a elaboração da proposta do Plano de Urbanização para a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão do Pólo Tecnológico (PU UOP3) e do respetivo Relatório da Avaliação Ambiental; - Iniciar o período de acompanhamento e apresentar a proposta de Plano e o Relatório Ambiental à CCDR Algarve, para efeitos do agendamento da conferência procedimental com todas as entidades representativas dos interesses a ponderar, conforme estipulado no n.º 3 do artigo 86.º do RJIGT. O conteúdo integral das deliberações supra identificadas constará na respetiva ata. Para constar e legais efeitos se publica o presente edital e outros de igual teor, os quais vão ser afixados nos locais públicos do costume. Paços do Município, 9 de outubro de 2017 O Presidente da Câmara Municipal, Rogério Bacalhau Coelho

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(POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)


17 de Novembro de 2017  |  9

região

Gala EC Travel promete agitar a região Gala anual e aniversário numa festa que promete ‘ser a melhor de sempre’ e que vai ser transmitida na Benfica TV catiam.postal@gmail.com

um trabalho fabuloso, como era de esperar”.

PELA PRIMEIRA VEZ EM SETE ANOS DE EXISTÊNCIA, A EC TRAVEL vai fazer uma fusão

EC7 É O TEMA DESDE ANO NUMA ALUSÃO AO ‘MELHOR DO MUNDO’ Como a empresa faz sete

Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire

bombástica entre a gala anual da empresa e a gala de aniversário. Para assinalar este “casamento”, Eliseu Correia, líder da empresa, vai voltar a subir ao palco no Hotel Real Marina, em Olhão, a 2 de Dezembro, para desempenhar o papel de apresentador, tal como aconteceu na primeira gala de todas. “Esta é a primeira gala do novo conceito por isso vou apresentá-la este ano”, disse ao POSTAL Eliseu Correia. No entanto, o líder de uma das 100 melhores empresas para trabalhar no país fez questão de referir que no próximo ano, “se ela quiser, será novamente a Carla Rocha a apresentar a gala”. A locutora da RFM é a responsável pela apresentação da festa desde que Eliseu Correia decidiu fazer um “upgrade” no evento e, para o líder da empresa, “tem feito

anos, o tema deste ano é EC7, numa alusão ao “Melhor Jogador de Futebol do Mundo”, Cristiano Ronaldo, que é, para Eliseu Correia, um óptimo exemplo a seguir. “Podia perfeitamente ter desacelerado desde há muitos anos para cá mas continuou sempre a ser o primeiro a chegar ao treino e o último a ir-se embora”, refere o líder da EC Travel. “Esta empresa é completamente diferente e ‘out of the box’ e acho que isso fez, faz e irá fazer toda a diferença. A perfeição não existe, sempre que chegamos à perfeição vamos à procura da perfeição da perfeição e nunca estamos satisfeitos. É precisamente esse espírito de superação que distingue os bons dos muito bons”. Neste sentido, a gala da EC Travel reconhece os vá-

cátia marcelino

ÔÔ Eliseu Correia vai apresentar a gala de aniversário da EC Travel

rios parceiros que trabalham com a EC Travel e várias individualidades com o principal objectivo de premiar aquilo de excelente que se faz a nível turístico

no Algarve. “Temos a personalidade do ano, o prémio carreira e o prémio Algarve, este último, implementado há pouco tempo, destina-se a alguém que se distin-

ga na nossa região mas que não esteja ligado à área do turismo”, disse ao POSTAL Eliseu Correia.

GALA VAI SER TRANSMITIDA EM DIRECTO NA TELEVISÃO Além da promoção que a RFM vai fazer do evento, durante uma semana, Eliseu Correia revelou ao POSTAL, em primeira mão, que a gala será transmitida em directo pela Benfica TV e, mesmo sem revelar nomes, adiantou também que vão estar presentes vários convidados “muitos especiais”. Jorge Palma, UHF, Pedro Abrunhosa e Áurea são alguns dos convidados que já pisaram o palco da gala da EC Travel, uma fasquia que Eliseu Correia quer manter e até mesmo elevar, com as actuações da União dos Tribos, “uma banda de fusão da qual eu gosto muito” e de Raquel Tavares, que “se não é a voz é uma das vozes únicas do nosso país, da qual eu sou particularmente fã”. Desta vez, a aposta da EC Travel passa pela música elec-

trónica com três djs a actuar pela noite fora: os algarvios Bubba Brothers, o alemão Christian Burkhardt e o espanhol Raul Rodriguez. “Normalmente tínhamos uma terceira banda a actuar por volta da 1 hora e depois é que começavam os djs, este ano optámos por colocar os djs logo a partir da meia noite. Vamos ver como é que os nossos convidados reagem a esta situação”, afirma o responsável pela empresa. Eliseu Correia revelou ainda ao POSTAL que a EC Travel vai oferecer uma t-shirt alusiva ao tema da festa a todos os convidados, que podem personalizar a sua camisola no local do evento. Ingredientes que para Eliseu Correia “tornam esta gala num evento único, não só na forma de ser celebrado, entre amigos, mas também pela forma de comunicar com o exterior”. A EC Travel quer mais uma vez exceder as expectativas dos convidados e promete “festa rija até às 6 da manhã”.

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Santa Casa da Misericórdia de Tavira Instituição fundada em 1498

CONVOCATÓRIA Nos termos da alínea b) do n. º2 do Artigo 22º e, do n. º1 do Artigo 23º do Compromisso, convoco a Assembleia Geral, para sessão ordinária, a realizar no dia 25 de Novembro de 2017, pelas 14 horas e 30 minutos, no edifício do Lar e Centro de Dia Major Castro e Sousa, situado na Rua da Atalaia n.º5, com a seguinte Ordem de Trabalhos: 1. Análise, discussão e votação sobre o Orçamento, Plano de Actividades para o exercício de 2018; 2. Analise, discussão e votação do novo regulamento do Centro de Alojamento Temporário – Abrigo de S. José; 3. Outros assuntos de interesse para a Misericórdia. Não se encontrando presente à hora indicada a maioria do numero legal dos Irmãos, a Assembleia Geral funcionará, de acordo com o disposto no n. º1 do Artigo 24º, trinta minutos depois, com qualquer numero de presenças. Tavira, 03 de Novembro de 2017.

Monte-pio Artistico Tavirense Associação Socorros Mútuos

DELEGAÇÃO DE TAVIRA

Assembleia Geral Ordinária

Convocatória da Assembleia-Geral Ordinária

Ao abrigo do Artigo 46º dos Estatutos da Cruz Vermelha Portuguesa, convoco os membros associados desta Delegação para uma Assembleia Geral Ordinária, a realizar no dia 04 de Dezembro de 2017 pelas 15 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

Nos Termos do artigo 38, ponto 3 dos Estatutos, convoco a Assembleia - Geral – Ordinária para o dia 15 de Dezembro de 2017, sexta - feira, pelas 17.00h horas, na sede do Monte-Pio Artístico Tavirense, na rua Tenente Couto n.º 6, no 1º andar, em Tavira, na “Casa da Matilde”, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 - Aprovação ou Rejeição do Orçamento e Plano de Acção 2018

1º - Eleição de dois membros para integrar no Conselho Local de Curadores da Delegação Local. Nos termos da Lei Geral do País, se não estiverem mais de metade dos membros associados da Delegação à hora marcada, esta Assembleia funcionará meia hora depois, com qualquer número de membros associados. Tavira, 14 de Novembro de 2017

2 - Eleição dos Orgãos Associativos para o mandato de 2018/2019/2020 3 - Informações Informa-se os Associados que oito dias antes da realização da Assembleia-Geral Ordinária se encontra o Orçamento para 2018 á disposição de todos, no gabinete administrativo do Monte-Pio Artístico Tavirense. Nos termos do artigo 40, Ponto 1, dos Estatutos, a Assembleia-Geral funcionará com qualquer número de Associados pelas 18.00 horas. Mais informo, que só poderão votar mediante a apresentação do cartão de Associado com as quotas em dia.

O Secretário da Mesa da Assembleia Geral

A Presidente da Direção

Leonardo António Gonçalves Martins

Tavira, 17 de Novembro de 2017

Dra. Susel Maria Agostinho Gaspar

A Presidente da Mesa da Assembleia-Geral

(POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)

Maria José Sousa Martins (POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)


O POSTAL

Tiragem desta edição:

5.391 exemplares

última

regressa no dia 8 de Dezembro

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Feira do Chocolate transforma Faro na ‘capital das tentações’ Visitantes podem adquirir e degustar iguarias únicas d.r.

A PRIMEIRA EDIÇÃO DA FEIRA DO CHOCOLATE já chegou ao

Mercado Municipal de Faro e até ao próximo domingo, 19 de Novembro, o ‘Mundo do Chocolate’ vai dinamizar este emblemático local da capital algarvia e atrair os mais gulosos à cidade. Das 10 às 18 horas, o chocolate é rei no Mercado Municipal de Faro e os visitantes têm a oportunidade de adquirir e degustar iguarias únicas elaboradas com este ingrediente que faz crescer água na boca. Para além da presença de vários expositores e produtores que prometem mostrar aquilo que de melhor se faz com o chocolate, esta primeira feira conta também com uma animação diária garantida pela ‘Funnyday’, um Showcooking dinamiza-

ÔÔ Os mais gulosos têm muito por onde escolher até domingo do pela Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve (EHT), palestras e várias actividades para escolas e famílias. O certame, com entrada pub

MUNICÍPIO DE TAVIRA AVISO Alteração do Plano de Urbanização de Santo Estêvão – Aprovação Torna-se público, para os efeitos do disposto no artigo 192.º do Decreto-Lei n.º 80/2015,de 14 de maio, que a Assembleia Municipal de Tavira, em reunião ordinária realizada no dia 18 de setembro de 2017, deliberou,por unanimidade, aprovar a alteração do Plano de Urbanização de Santo Estêvão, tendo esta seguido para publicacação na II Série do Diário da República, entrando em vigor no dia seguinte à sua publicação. Mais se informa que o Plano poderá ser consultado na página da internet do Município de Tavira (www.cm-tavira.pt). Paços do Concelho, 22 de setembro de 2017 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel do Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1193, de 17 de Novembro de 2017)

livre, tem ainda como objectivo a promoção de produtos locais, regionais e nacionais, divulgando a versatilidade culinária do chocolate. pub


Este caderno faz parte integrante da edição n.º 1193 de 17de Novembro de 2017, do jornal Postal do Algarve e não pode ser vendido separadamente.

alcoutim, um segredo por descobrir


Alcoutim marca fim-de-semana com a décima Feira da Perdiz

Concelho mantém tradição na área da cinegética e reforça posição com o certame realizado em Martim Longo d.r.

A DÉCIMA EDIÇÃO DA FEIRA DA PERDIZ, QUE DECORREU NO PASSADO FIM-DE-SEMANA NO CONCELHO, FOI COROADA DE SUCESSO, LEVANDO A MARTIM LONGO MUITOS AMANTES DA CAÇA E DAS ACTIVIDADES ASSOCIADAS, ALÉM DE MILHARES DE VISITANTES QUE NÃO PERDERAM ESTA OPORTUNIDADE PARA TIRAREM O MELHOR PROVEITO DO MUITO QUE O CERTAME TEM PARA OFERECER.

A tradição do concelho na área da caça desde há muito coloca Alcoutim na rota dos destinos preferenciais dos caçadores e desde há mais de uma década que o Município apostou em desenvolver uma feira que fosse anualmente um momento marcante e revelador da importância da actividade venatória para o concelho. A Feira da Perdiz tem assim assumido, ano após ano, um papel preponderante na agenda dos eventos ligados à caça na região e atrai ao concelho visitantes ligados à caça, mas não só, dinamizando a própria actividade cinegética e a economia local em geral ao dar a conhecer a excelência do território alcoutenejo para a prática da caça. “Trata-se de uma aposta que tem demonstrado de forma muito positiva a sua importância, quer na divulgação do concelho de Alcoutim

Uma edição com muito para ver e para fazer

Milhares de visitantes de todas as geografias do Algarve marcaram presença na Feira da Perdiz 2017 como território de caça por excelência, quer como momento dinamizador da economia do concelho ao atrair visitantes que procuram conhecer melhor o que o concelho tem para oferecer em diversas áreas, como a gastronomia, só para dar um exemplo, refere o autarca Osvaldo Gonçalves. Governo marca presença na abertura da Feira da Perdiz A importância, quer do certame,

BTT e marcha ‘Na Rota da Perdiz’ animaram caminhos de Alcoutim FOI A PEDALAR QUE PRATICANTES DE BTT DE TODAS AS IDADES MARCARAM PRESENÇA NA PROVA DESPORTIVA DO PRIMEIRO DIA DA FEIRA DA PERDIZ.

2 NOV 2017

O desporto marcou presença entre as actividades da Feira da Perdiz e logo no sábado foi o BTT que animou os caminhos de Alcoutim com dezenas de participantes a integrarem a prova de bicicleta que ficou marcada pelo convívio e camaradagem entre os atletas. No segundo dia do certame a actividade desportiva convidou, também logo pela manhã, a uma marcha pedestre que contou com um conjunto alargado de participantes que não deixaram de aproveitar a oportunidade de poderem maravilhar-se com a beleza natural do concelho. Esta prova de marcha integrou o calendário regional de marcha e corrida do Algarve para 2017

o extremo relevo do trabalho desenvolvido pelos vários intervenientes no sector da cinegética ao nível da conservação e sustentabilidade ambientais num concelho que entre municipais, associativas e turísticas conta com 44 zonas de caça.

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Convívio marcou prova de BTT ‘Na Rota da Perdiz’ e 2018, sendo a primeira prova deste calendário a ter lugar no concelho. Mais uma vez, destacou o presidente da Câmara, “mantemos a prática de associar os eventos do concelho a momentos desportivos que fortalecem a atractividade de públicos diversos a Alcoutim com o intuito de dar a conhecer as potencialidades do nosso território no quadro do turismo associado aos desportos de natureza”.

quer do concelho, no quadro da cinegética fica desde logo demonstrada com a presença do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, na abertura desta décima Feira da Perdiz, acompanhando o presidente da Câmara numa visita aos diversos espaços e stands que compunham a oferta do evento. A acompanhar o membro do Governo estiveram entre outros o director regional de Agricultura e Pescas, Fernando Severino, o presidente

da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, o director regional do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Custódio Moreno, e o deputado socialista à Assembleia da República, António Eusébio. Osvaldo Gonçalves destaca “a importância do sector da cinegética na economia local, que mantém ao longo do ano e durante as várias épocas de caça um afluxo constante de um assinalável número de caçadores ao concelho que ajudam a dinamizar a economia” e reconhece

Além de todo um conjunto de ofertas de actividades e stands especialmente vocacionados para os caçadores, a Feira da Perdiz deu a conhecer os sabores do concelho e a arte gastronómica local, bem como, vários produtos típicos do concelho. Às tasquinhas, que contaram com forte adesão e onde se pôde provar os segredos da cozinha típica da serra e do rio que marcam o concelho, a organização - a cargo do Município em parceria com a Associação ADECMAR - juntou ainda as terceiras Jornadas Técnicas Opuntia Ficus-indica e o segundo concurso fotográfico dedicado ao figo-da-Índia, a prova de BTT e a marcha pedestre ‘Na Rota da Perdiz’, um showcooking, além de demonstrações de falcoaria, workshops, concursos e provas caninas e muita animação com vários concertos. Dois dias cheios de actividades para todos os gostos que Osvaldo Gonçalves garante são para continuar a marcar anualmente o calendário de eventos do concelho.

Figo-da-índia em destaque na Feira da Perdiz d.r.

AS TERCEIRAS JORNADAS TÉCNICAS OPUNTIA FICUS-INDICA REALIZARAM-SE NO PRIMEIRO DIA DA FEIRA DA PERDIZ E REFORÇAM A AFIRMAÇÃO DA MARCA ALCOUTIM CAPITAL DO FIGO-DA-ÍNDIA.

A reunião de especialistas sobre o figo-da-índia enas jornadas no passado fim-de-semana revela a importância dada pela Câmara Municipal aos produtos locais e à sua afirmação e promoção, bem como o esforço para que o posicionamento de Alcoutim como capital do figo-da-índia seja cada vez mais forte. “Uma vez mais apostamos neste produto com elevado potencial para o concelho e para isso chamámos a Martim Longo um quadro de oradores de excelência que podem ajudar a desenvolver essa potencialidade económica e agrícola”, refere o autarca Osvaldo Gonçalves. Foram várias as temáticas abordadas sobre as mais-valias da fileira do figo-da-índia nos debates e apresentações que trouxeram até

Bárbara Teixeira venceu o concurso fotográfico Martim Longo técnicos, produtores e comercializadores deste produto que constitui uma alternativa de produção agrícola para o concelho. As jornadas incluíram ainda o showcooking “Choose your food” a cargo de Vítor Ramos, mestre chefe de Pastelaria do Hilton Vilamoura As Cascatas Golf Resort & Spa e o lançamento da segunda edição do livro ‘A Cultura da figueira-da-índia e a valorização agroindustrial do

fruto’, de José António Passarinho. Foram ainda atribuídos os prémios relativos ao 2º Concurso Fotográfico ‘WorldLand Opuntia ficus-indica’ - 1º Classificado - “Índia 4” (na foto), de Bárbara Teixeira; 2º Classificado - “Encharcado 1”, de Vítor Teixeira; e 3º Classificado - “Figueira em flor”; de Juana Infantes - atribuídos pelo júri do concurso e entregues no primeiro dia da Feira da Perdiz.


Câmara e Direcção Regional de Agricultura esclarecem medidas de combate à seca Autarquia acompanha em permanência no concelho a situação de seca que se faz sentir em todo o país “A SECA EXTREMA QUE AFECTA MAIS DE 75% DO TERRITÓRIO DE PORTUGAL CONTINENTAL E A QUE O CONCELHO DE ALCOUTIM NÃO ESCAPA MERECE DO EXECUTIVO DA CÂMARA MUNCIPAL UM ACOMPANHAMENTO CONSTANTE”, DIZ O PRESIDENTE DA CÂMARA OSVALDO GONÇALVES.

O quadro de falta de água no solo para o correcto desenvolvimento das culturas e das forragens para animais é uma preocupação que afecta todo o país e o concelho de Alcoutim encontra-se entre as zonas afectadas de forma mais severa no Algarve, à semelhança do que acontece em

quase toda a zona de fronteira com Espanha, de acordo com os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera relativos a 30 de Outubro. Para fazer face à situação e aos efeitos negativos que esta tem na agricultura e na pecuária a Câmara em cooperação com a Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve reuniram-se em Alcoutim com o objectivo de dar a conhecer e explicar as medidas do Governo que visam diminuir o impacto da seca nas actividades económicas. Numa sala cheia a autarquia contou com a presença do director regional de Agricultura e Pescas, Fernando Severino, e

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Imagem da sessão de esclarecimento em Alcoutim vários técnicos da DRAP que deram informações fundamentais

para que os agentes económicos possam recorrer às ajudas extra-

ordinárias disponibilizadas pelo Estado para minorar o impacto da seca severa. O presidente da Câmara Municipal mantém com as autoridades regionais uma estreita colaboração no acompanhamento da situação no concelho e na facilitação do acesso dos agricultores e criadores de gado aos fundos disponibilizados. “Trata-se de um problema que não podemos deixar de ter em atenção permanente no sentido de evitar os efeitos que a situação pode acarretar para os alcoutenejos e quanto ao qual tudo faremos para que possamos diminuir o impacto no território do concelho de Alcoutim”, conclui o autarca.

Alcoutim em destaque na Algarviana Ultra Trail Prova inovadora na região parte de Alcoutim fortalecendo aposta no turismo associado aos desportos de natureza A PRIMEIRA EDIÇÃO DA PROVA ALGARVIANA ULTRA TRAIL PARTE NO PRÓXIMO DIA 30 DE NOVEMBRO DE ALCOUTIM RUMO A VILA DO BISPO, JUNTANDO NO CONCELHO ATLETAS DE PORTUGAL E DO ESTRANGEIRO PARA UM DESAFIO DE CERCA DE 300 QUILÓMETROS.

Apresentada na edição deste ano da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a Algarviana Ultra Trail é uma prova desportiva que pretende percorrer o Algarve de lés-a-lés e se apresenta como uma das

apostas fortes da Região de Turismo do Algarve no desenvolvimento do turismo associado a desportos de natureza e na estratégia regional de combate à sazonalidade. A Câmara Municipal de Alcoutim, diz o presidente Osvaldo Gonçalves, “não poderia deixar de se associar a um evento que encaixa perfeitamente na estratégia da autarquia para reforçar a oferta turística do concelho e que é ao mesmo tempo uma oportunidade única de dar a conhecer o potencial que temos neste nicho turístico”. Com partida de Alcoutim, a pro-

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Apresentação da prova decorreu na BTL em Lisboa

va que percorre a Via Algarviana até Furnazinhas e depois ruma a Cachopo, realça o autarca, “vai mostrar aos atletas mais de 60 quilómetros da paisagem e beleza natural do concelho e o facto de ser em Alcoutim o ponto de partida reforça ainda mais a interacção que os atletas e acompanhantes terão com o património natural e histórico do concelho”. Esta é mais uma aposta estratégica do Município que se associa à organização da prova para dar a conhecer Alcoutim em Portugal e no estrangeiro.

Osvaldo Gonçalves integra direcção da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim fica com uma das vice-presidências do órgão regional autárquico OSVALDO GONÇALVES FOI ELEITO VICE-PRESIDENTE DA COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO ALGARVE (AMAL), CARGO QUE ASSUMIU NO QUADRO DA ELEIÇÃO DA LISTA LIDERADA POR JORGE BOTELHO AO ÓRGÃO INTERMUNICIPAL REGIONAL.

A lista liderada pelo presidente da Câmara de Tavira à presidência da AMAL deu ao autarca tavirense a recondução enquanto presidente da instituição e manteve como um dos vice-presidentes Rui André, o autarca de Monchique.

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Os novos titulares da direcção da AMAL

A novidade na nova direcção da AMAL está na entrada para o lugar de vice-presidente do autarca de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, que substitui o presidente da Câmara de Aljezur que ocupava até agora o cargo. As alterações na AMAL resultam das eleições de 1 de Outubro deste ano para as autarquias locais. “Trata-se de um lugar que ocuparei com o empenho com que assumo todas as funções públicas que me têm sido confiadas e que procurarei desempenhar da melhor forma”, diz o autarca de Alcoutim.

Osvaldo Gonçalves reconhece que sem haver uma mais-valia directa para o concelho a que preside como decurso deste lugar na AMAL, “a existência de um lugar na direcção da AMAL ocupado pelo presidente da Câmara de Alcoutim permitirá reforçar a proximidade do concelho e do seu representante junto do nível de decisão política regional e acompanhar de perto aquelas que se esperam venham a ser as decisões do Governo no quadro do reforço da descentralização administrativa do poder central para as autarquias”.

3 NOV 2017



Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o Pร BLICO

NOVEMBRO 2017 | n.ยบ 109 5.391 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve d.r.

Juventude, artes e ideias: d.r.

Ken Follett: Uma Coluna de Fogo p. 7

J celebra cinco anos

p. 2

Filosofia dia-a-dia: d.r.

Depois da noitada... Espaรงo AGECAL:

p. 3

d.r.

ricardo claro

2018 Ano Europeu do Patrimรณnio Cultural p. 5 Da minha biblioteca: d.r.

Revistas a Sul

Faro, Marcos de Urbanismo p. 9

p. 6


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17.11.2017

Cultura.Sul

Editorial

Missão Cultura

Faro Capital Europeia da Cultura 2027 não pode esperar

A arqueologia urbana no Algarve

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

Até 2021 Faro terá de apresentar a sua candidatura final a Capital Europeia da Cultura para 2027. A capital algarvia, se ganhar a nomeação destinada a Portugal nesse ano, partilhará com uma cidade na Letónia o título. São entretanto várias as cidades nacionais que já manifestaram de forma mais ou menos formal a intenção de se candidatarem a acolher em 2027 o evento. Évora, Guarda Aveiro e Coimbra estão entre elas. As enormes vantagens que a escolha de Faro traria para a cidade e para a região são por demais evidentes, mas também o são de igual modo evidentes as 'armas' de algumas das cidades portuguesas candidatas nesta 'luta' pelo título de Capital Europeia da Cultura. O desafio enunciado e lançado pelo presidente da Câmara farense para a conquista desta distinção e de tudo o que a ela está associado não será assim fácil e urge caminhar nesse sentido de forma constante e credível. Entretanto, a Câmara de Aveiro anunciou no seu portal na internet que vai acolher em Setembro de 2018 uma das Conferências Europeias de Cidades Candidatas a Capital Europeia da Cultura. Aveiro coloca-se assim na linha da frente do processo de escolha ao acolher o evento onde cidades candidatas e escolhidas para acolherem a Capital Europeia da Cultura debatem em rede estratégias de desenvolvimento das respectivas iniciativas no quadro desta distinção. Não podemos dormir na forma se queremos de facto marcar nesta corrida um lugar com expectativa de vitória final. 

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Direção Regional de Cultura do Algarve

A Universidade do Algarve e a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais acolheram no passado mês de outubro o IV Fórum Luso Brasileiro de Arqueologia Urbana. A este propósito desenvolveu-se uma reflexão sobre o assunto da arqueologia urbana no Algarve salientando-se que hoje na região se assiste a uma crescente eficácia dos procedimentos de salvaguarda desenvolvidos no âmbito das operações urbanísticas e de outras iniciativas com impacte no território: seja através de metodologias de caraterização não invasivas (batida de terreno e procedimentos geofísicos) ou pouco invasivas (procedimentos geoarqueológicos), que permitem identificar os vestígios soterrados, seja através de escavações arqueológicas que permitem a caraterização das estruturas arruinadas e contextos a elas associados. Nessas circunstâncias, a tomada de decisão relativa à preservação física dos vestígios (e eventualmente à sua valorização) ou à sua «conservação pelo registo científico» tem, cada vez mais, por fundamento critérios objetivos e informações concretas, ainda que nem sempre seja assim entendido por alguns

No Algarve equaciona-se a criação de uma Reserva Regional de Arqueologia agentes do território. A administração central tem um papel regulador fundamental, ao qual se soma o papel das autarquias na gestão do património arqueológico, prevista nos Planos Municipais de Ordenamento do Território e cuja salvaguarda se encontra preceituada, em alguns municípios (nomeadamente Faro e Lagos) através das Cartas de Sensibilidade Arqueológica (Cartas de Risco) incluídas nos regulamentos municipais de urbanização e edificação. Aliás, a sua eficácia na gestão do território urbano constitui-as como um desiderato e uma ambição que se defende para todas as cidades e principais vilas do Algarve até 2030. Os procedimentos preventivos tornados sistematicamente obrigatórios por lei, e seguindo o princípio do «poluidor-pagador» (neste caso, do «destruidor-pagador»), deram origem na região (tal como em todo o país), desde finais do século XX, a um mercado de prestação de serviços especializados de arqueologia e ao aparecimen-

to de uma atividade privada de caráter comercial, com um apreciável volume de negócios e um crescente número de profissionais envolvidos. Constrangimentos à arqueologia no espaço urbano Há dois constrangimentos evidentes nos processos de arqueologia urbana: i) ao nível da produção e difusão do conhecimento mesmo naqueles casos em que a intervenção se limita a uma tarefa exclusivamente técnica, deve resultar da intervenção dos arqueólogos a utilidade científica dos dados obtidos e a produção de conhecimento. Contudo, se convertida em atividade puramente comercial, uma deficiente prática do exercício da arqueologia pode prejudicar a qualidade do conhecimento científico produzido. Mas de pouca utilidade será acrescentar novas informações e produzir conhecimento se este não for partilhado: tornando os dados acessíveis à comuni-

dade científica mas também divulgando-os fora do restrito círculo dos profissionais da arqueologia. Isto é, devolvendo o conhecimento à comunidade. ii) ao nível do arquivo e conservação dos espólios Os espólios arqueológicos resultantes dos numerosos trabalhos arqueológicos efectuados, considerados legalmente «património nacional», encontram-se frequentemente sob responsabilidade dos arqueólogos e/ ou empresas de arqueologia responsáveis pela realização dos trabalhos arqueológicos. São largos milhares de contentores, que os museus deveriam receber em depósito, «devidamente tratados, inventariados, acondicionados e referenciados, acompanhados da documentação produzida no decurso dos trabalhos de campo e de gabinete, indispensável ao seu manuseamento e compreensão», conforme determina o Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro. Acontece que a maioria dos museus aptos para rece-

ber esses espólios não possui instalações adequadas para tal ou espaço disponível. No Algarve, mais concretamente, equaciona-se a criação de uma Reserva Regional de Arqueologia - ou de uma rede de reservas - que possa acolher a totalidade desses espólios e arquivá-los de forma a poder disponibilizá-los à investigação e, assim, torná-los socialmente úteis. Os centros de estudo e as universidades enquanto pólos de reflexão, de investigação e de geração e de difusão de conhecimento, que têm tido no caso particular da Universidade do Algarve uma parceira privilegiada de grande saliência na arqueologia, na zooarqueologia e também na geoarqueologia e na arqueologia subaquática, entre outras, têm-nos ajudado a conhecer melhor a evolução humana e o nosso território. As temáticas, a multidisciplinaridade do conhecimento convocado, os oradores e os vários modelos de partilha da investigação que integraram o diagnóstico da situação actual da arqueologia urbana encontraram ainda questões difíceis para responder: Arqueologia para quem? Que arqueologia? Que técnicas utilizar? Com que critérios se definem os trabalhos arqueológicos necessários? De quem é a responsabilidade do espólio? Entre outras, que só com a partilha de conhecimento irão conhecendo respostas. 

Juventude, artes e ideias

O J completa cinco anos de edições

Jady Batista Coordenadora Editorial do J

Parece que foi ontem que demos início a este projeto de divulgação do melhor que se faz em Olhão, nas áreas da juventude, da cultura, do desporto e da educação. Entretanto, já passaram cinco anos, 58 edições

mensais contínuas, a promover Olhão e as nossas gentes. Em 2012, quando um grupo de jovens entre os 16 e os 18 anos, colaboradores da Casa da Juventude de Olhão (CJO), decidiram dar um passo em frente no trabalho que já se vinha a fazer, com a edição de uma fanzine (um desdobrável em tamanho A4), poucos acreditaram que hoje estariam aqui. Mas acreditou João Evaristo, na altura responsável pela CJO, e o actual presidente da Câmara Dr. António Miguel Pina (na altura vereador da Juventude). O objetivo foi criar uma pu-

blicação feita por jovens, para os jovens, para promoção das suas ideias, projectos, actividades, mas também um espaço de divulgação de informação de interesse para a juventude. Ficou desde logo definido que a primeira página daria destaque a um jovem talento, por considerarmos que havia essa lacuna a nível dos órgãos de comunicação social - dar destaque aos jovens e às artes. Ao longo de 58 edições destacámos mais de meia centena de jovens talentos. A cada ano, fomos alterando as rubricas e a paginação, sempre no sentido

de melhorar, incluir mais assuntos, responder às necessidades e interesses de quem nos lê. Mais de 500 páginas, 60 jovens talentos com destaque de primeira página, 750 notícias, 50 entidades divulgadas, compõem o currículo do J - Juventude Artes e Ideias. Acresce, ser a publicação com maior tiragem de Olhão e uma das maiores do Algarve; um projecto ímpar no país; uma publicação que para além da sua distribuição em mão e nos vários pontos do concelho acompanha O Olhanense e tem destaque mensal no Cultura.Sul, o caderno de artes do

Postal do Algarve (distribuído com o jornal Público), está presente na internet, disponível no ISSUU, promovida pelo grupo de Facebook - inOlhão, com mais de 16 mil membros e com página própria, com mais de seis mil seguidores. Ao fim destes cinco anos cabe-me agradecer mais uma vez a honra de poder coordenar este projecto desde a primeira edição, agradecer e dar os parabéns a todos os colaboradores, assim como a todos os que têm participado nesta iniciativa e, acima de tudo, aos leitores que nos têm acompanhado. 


Cultura.Sul

17.11.2017

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Filosofia dia-a-dia

Depois da noitada... d.r.

Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica

AGENDAR

Sempre me impressionou o final do Simpósio. O que aí se relata é de somenos importância com respeito aos conteúdos filosóficos desse diálogo platónico que versa sobre Eros. Tudo se passou em casa de Agatão, que oferecia uma ceia para, de forma mais íntima, celebrar o facto de a tragédia que escrevera ter sido premiada. Para a ocasião, Sócrates banhou-se, vestiu-se a preceito e calçou até umas sandálias, o que não era nada habitual, pois costumava caminhar descalço. Desse convívio, em que se comeu até ficar saciado mas se bebeu com moderação a fim de “não transtornar as cabeças” para poderem conversar, ficaram para a posteridade os discursos de Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agatão e Sócrates, e também o apaixonado elogio de Alcibiades a este último. Findos os ditos discursos, uma nova onda de convivas juntou-se à festa para beber e celebrar. Estes “não mais obedeceram a qualquer regra e foram por isso obrigados a beber vinho em profusão”. Por isso mesmo, Fedro, Erixímaco e os outros retiraram-se. Aristodemo, conviva que esteve presente nessa noite e que relatou os acontecimentos a Apolodoro, cujas palavras Platão terá então registado, afirma que tendo dormido longo tempo, pois “os galos cantavam e o dia já despontava quando acordou”, apercebe-se então de que os outros ou ainda dormiam ou já tinham partido e que “apenas Agatão, Aristófanes e Sócrates se mantinham ainda acordados e bebiam por uma grande taça, que passava da esquerda para a direita”. Até que por fim

O Simpósio aconteceu na casa de Agatão, que ofereceu uma ceia para celebrar o facto da tragédia que escrevera ter sido premiada Aristófanes e Agatão também adormeceram, já a manhã ia alta. Eis aqui o último parágrafo deste relato: “Tendo-os deixado adormecer, Sócrates levantou-se e saiu. Aristodemo seguiu-o como era seu costume, Sócrates dirigiu-se ao Liceu e depois de se ter banhado, passou o dia nas suas ocupações habituais e, finalmente, ao cair da tarde recolheu a casa para descansar.” Causa-me perplexidade o facto de Sócrates, depois de uma noitada, em vez de descansar ter ido para o Liceu. Ali deverá ter praticado ginástica e depois terá iniciado alguma conversa peripatética. O pós-noitada foi um dia como os outros: não alterou em nada as suas rotinas, não parecendo que os excessos de comida e de bebida aliados à falta de um sono reparador lhe tenham causado qualquer cansaço ou afrouxamento das qualidades físicas e intelectuais. Evidentemente, a maioria de nós não poderia ter-se comportado desse modo. Muito simplesmente, seriamos incapazes dessa disciplina. Esta é uma das palavras que tais como a honra, a delicadeza ou moral, está a ficar fora de moda! Como fora de moda estão certos comportamentos que se lhe associam.

Disciplina Entre os sinónimos das palavra disciplina encontramos os seguintes: obediência, acatamento, restrição, sujeição, subordinação, cumprimento, condicionamento. A sua relação com o estabelecimento de limites é nítida aqui. Tendemos a pensar que o limite é algo mau, no entanto, para alguns filósofos pré-socráticos, o limite era mais perfeito que o ilimitado. A filósofa María Zambrano (1904-1991) também reflecte sobre o limite de forma positiva: “o leito é tão necessário ao rio, que sem ele não haveria rio, mas pântano. As águas ao evadir-se teriam um instante de ilusão de ter alcançado liberdade, de ter recuperado a integridade do seu poder. Mas o poder ir-se-ia esgotando perante a falta de limites; mesmo sem mais obstáculos que a extensão ilimitada, a fúria da água desceria vencida sobre o plano ilimitado. O leito faz o rio tanto como a fúria da água que por ele passa”. No campo do yoga, a disciplina ou tapas, por vezes traduzida como sacrifício, é a terceira das Nyamas (normas de auto-aperfeiçoamento): “tapas traz a destruição das impurezas, o que leva à perfeição dos sentidos do

corpo. [kaya]. [A realização do tapas traz inteligência corporal para o indivíduo, o que significa que ele age e se expressa com muito mais desenvoltura e espontaneidade que os demais].” (Patandjali Sutra II, 43) No Budismo tibetano a disciplina é o segundo dos seis paramitas ou perfeições em que há que treinar. Antes haverá que ter treinado nos quatro incomensuráveis que fazem parte do bodhichitta de aspiração: amor, bondade, compaixão, alegria e imparcialidade. Quando a aspiração, nestas quatro componentes, estiver estabilizada pode então iniciar-se o treino nos seis paramitas pertencentes ao bodhichitta de aplicação: generosidade, disciplina, paciência, diligência, concentração e sabedoria ou insight. Os primeiros quatro têm três sub-divisões cada um, o quinto duas sub-divisões e o sexto é de apenas um tipo. Concentremo-nos no paramita da disciplina que, como dissemos, se subdivide em três aspectos. O primeiro consiste em abster-se de acções prejudiciais. As acções prejudiciais, por sua vez, podem ser de dois tipos: a primeira diz respeito a cometer qualquer das dez acções não virtuosas que se

“SÍNDROME” 17 NOV | 21.30 | Cine-Teatro Louletano A Companhia Olga Roriz apresenta o seu mais recente espectáculo. Uma proposta inquietante e intensa, entre teatro e dança contemporânea

organizam em três grupos: corporais (matar; roubar; má conduta sexual); verbais (mentir; caluniar ou intrigar, falar grosseiramente; manter uma conversa ociosa); mentais (invejar; ter má vontade; ter uma visão errónea). Além destes dez, existe um outro tipo de comportamento prejudicial que consiste em quebrar um voto. Evitar estes dois tipos de transgressões é o primeiro modo de aplicar a disciplina. O segundo tipo de disciplina consiste em ser virtuoso através de pensamentos, palavras e actos. Não importa se o que conseguimos fazer é algo grandioso ou muitíssimo pequeno, basta que seja íntegro, honrado. O terceiro tipo de disciplina consiste em trabalhar para o bem dos outros. Existem imensas formas de beneficiar os outros directa ou indirectamente conta, sobretudo, a motivação com que o fazemos. Os primeiros cinco paramitas precisam de ser abraçados pelo sexto, o insight, uma sabedoria liberta de conceitos. Contudo, saber enumerar os paramitas na ordem correcta e conhecer todas as suas sub-divisões e articulações de nada serve, se não se praticar. No dia a dia, como treinar a disciplina?

Escolha uma tarefa que tem de ser feita e observe a sua disposição. É boa ou nem por isso? Quando eu era pequena a minha mãe costumava dizer-me: “é melhor aprenderes a gostar de fazer a cama porque tens de a fazer todos os dias!” Grande conselho! Ao fazer as coisas com gosto tudo flui melhor, parece que custa menos. Não se trata aqui do sentimento de agrado que resulta da tarefa cumprida, terminada, mas antes do desfrute que se obtém durante a sua realização. Para tarefas menos atractivas podemos concentrar-nos nos benefícios que acarretam tornando-as, desse modo, mais apetecíveis. Cultivar a boa disposição é imprescindível, pois qualquer tarefa se desempenha, então, mais facilmente. E como se cultiva a boa disposição? Treinar a generosidade - primeiro paramita - é um método eficaz. O acto de dar, de partilhar, põe-nos imediatamente bem dispostos. E de bom humor somos muito mais capazes de ser disciplinados. Se observarmos bem, cada paramita facilita o que se lhe segue. Veremos como no próximo Café Filosófico! Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com 

“DRENAGEM” Até 24 NOV | Empresa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão Adriana João dedica a sua exposição de fotografia ao tema da água no seu todo, mostrando sensações, emoções e reacções humanas


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17.11.2017

Cultura.Sul

Letras e leituras

O Pianista de Hotel, de Rodrigo Guedes de Carvalho roger serrasqueiro, garage films

Paulo Serra

Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

Rodrigo Guedes de Carvalho, nasci� do em 1963 no Porto, é uma presença assídua na vida ������������������������ de muitos portugue� ses, como apresentador do telejornal das 20 horas na SIC, mas é bom lem� brar que já escrevia antes de se tornar conhecido como pivô e nos entrar pela casa dentro. Escreveu ainda argu� mentos cinematográficos, como Coisa Ruim, filme realizado pelo irmão Tiago Guedes, e um guião para teatro. Perten� ceu à direcção de informação da SIC en� tre 2007 e 2016, interregno em que sus� pendeu a sua paixão pela escrita. Dez anos depois do seu anterior romance, Canário, Rodrigo Guedes de Carvalho regressa à ficção, com O Pianista de Hotel, o seu quinto romance, publicado em Maio de 2017 pela Dom Qixote, e que soma já várias edições. Apesar da frase colocada em epígrafe do livro, «Boy meets girl», apresentada como «Ideia de Hitchcok para um fil� me», nestas páginas não se toca nenhu� ma melodia de amor nem nenhum am� biente de fundo como música de hotel ou de elevador. A melancolia é aliás o tom dominante. Vivem ambos na mesma cidade, o que começa a aproximar-se mais das comédias românticas de Woody Allen, pois imagina o leitor uma série de pe� ripécias e encontros que os irão aproxi� mar. Mas o narrador vai apenas e suces� sivamente apontando as várias ocasiões em que se frustrou um encontro entre Maria Luísa e Luís Gustavo, os dois pro� tagonistas centrais da história, que aliás partilham um nome próprio comum: «Luís Gustavo ainda não sabe, mas irão jantar no restaurante onde Maria Luísa trabalha.» (p. 183). Mas nem essa afini� dade do nome os salva dos recorrentes desencontros. Os capítulos são normal� mente alternados, centrados em torno de cada uma destas personagens, e os episódios são muitas vezes apresenta� dos na sua simultaneidade, como se pode ler logo no segundo capítulo: «Sensivelmente à mesma hora, num outro ponto da cidade, mas afinal tão parecido.» (p. 25). Esta técnica narrati� va aproxima aliás a prosa do autor da escrita de argumento. Maria Luísa e Luís Gustavo partilham também a condição de orfandade, pois se ele foi abandonado pela mãe, logo após o parto, ela perdeu a mãe quando tinha dezasseis anos. Apesar da super� lativa beleza de Maria Luísa, que o nar� rador por pudor e respeito se esquiva a descrever com exactidão para não

O jornalista e romancista Rodrigo Guedes de Carvalho a surpreendermos à saída do duche, invejada pela mãe que se sente traída quando o seu parceiro tenta violar a fi� lha, embora possamos presenciar em vários momentos como outros se viram para olhar o corpo magnífico de Maria Luísa, apesar de até uma médica colocar em risco a sua carreira para poder che� gar a esta jovem empregada de mesa num restaurante, apesar do refrão que perpassa no romance «O nosso corpo chega sempre aos outros antes de nós», a solidão de Maria Luísa permanece e nada a parece resgatar da monotonia. Maria Luísa vê-se mesmo incapacitada de amar a cínica tia, o único familiar que lhe resta e que a nomeará sua her� deira. Podemos remeter-nos, uma vez mais, para as frases em epígrafe do ro� mance e que dão o tom da narrativa, neste caso um excerto da letra da músi� ca «Eleanor Rigby» dos The Beatles: «Ah, look at all the lonely people». À solidão junta-se um sentimento de frustração ou de insatisfação, pois todas as personagens se sentem aquém das suas possibilidades e desejos: Maria Luísa não pôde prosseguir os estudos, Luís Gustavo queria ser médico mas ficou-se pela profissão de enfermeiro,

o cirurgião Paulo Gouveia sente-se cansado da sua carreira, a mãe de Maria Luísa, «segunda secretária de um subsecretário» aspirava a mais mesmo que para isso usasse o corpo (ao contrário da filha, que nem se apercebe do corpo que tem), Saul Samuel que passou a vida como bailarino numa discoteca gay até que se cansa, mas sem saber o que fazer depois. A morte, que aparece transfigurada ou personifica� da logo no primeiro capítulo, quando Maria Luísa tem a visão do fantasma da mãe, é o desfecho que precipita uma série de desencontros afectivos, como se as personagens apenas se dispusessem a querer tocar os seus entes queridos quando confrontadas com a inevitável realidade da sua ausência, o que leva, por exemplo, Pedro Gouveia a transferir o seu amor pela filha para o enfermei� ro Luís Gustavo. Ou o acto falhado do amor que Saul Samuel alimenta por Rui Begonha, que ao deixar desabrochar a sua homossexualidade nos seus breves encontros com Saul Samuel acaba por depois se fixar num outro homem, ape� sar de ser Saul Samuel a vítima da fúria física dos filhos, quando descobrem da homossexualidade do pai. Ou a mãe de

Luís Gustavo que carrega o peso da culpa de ter abandonado o filho mas nem sabe o quão próximos estão nem o procura. Existem duas descrições de actos ou (des)encontros sexuais, mas estes são tão bruscos e violentos que parecem apenas corroborar a solidão como con� dição humana inviolável e o sexo como choque de corpos e vontades onde há pouco espaço para uma comunhão. A cena em que Rui Begonha tenta sexo anal com a mulher nada tem de dese� jo ou de paixão, pois é exclusivamente dominada pelo desespero, uma vez que ele é movido pela descoberta descon� certante de que se sente atraído por homens, enquanto ela se submete para tentar salvar o casamento. A outra cena entre Maria Luísa e Saul Samuel, dois melhores amigos, ou companheiros de jornada que tentam amenizar a solidão na companhia um do outro, acabam por se atirar um ao outro num impulso de fome de contacto físico, apesar de Maria Luísa estar perfeitamente ciente da homossexualidade de Saul Samuel. Uma escrita que respira vitalidade A escrita de Rodrigo Guedes de Car� valho respira vitalidade. O autor não teme inovar e verter a sua prosa narra� tiva segundo uma plasticidade muito própria, onde desconstrói convenções de pontuação ou de apresentação grá� fica. A linguagem no romance, muitas vezes crua e gráfica, pode chocar mas a verdade é que o autor procura retratar a realidade como ele a vê e como tantas vezes ele próprio no-la apresenta nesses estilhaços que enchem as telas dos nos� sos televisores. Por isso, se a linguagem muitas vezes gráfica é apenas espelho da realidade linguística, tentando apro� ximar-se do modo como as pessoas re� almente falam, se a prosa é crua e di� recta, a melancolia ou pessimismo que dominam o romance podem também ser um desassombro face à realidade.

O autor parece tomar posição contra o cor-de-rosa das histórias de amor e o tom delicodoce que invade as manhãs de televisão com programas genéricos que acompanham uma larga camada da população: «Vê por vezes, sobre� tudo em programas de televisão, que há nesta altura inúmeros especialistas em decifrar sentimentos e apontar so� luções, tão seguros e confiantes que a gente se sente logo segura e confiante ao ouvi-los.» (p. 105). O narrador adopta um tom muitas vezes crítico ou até mo� ralizador: «Imaginemos, os que de nós ainda conseguirem esse prodígio de me� mória, o que é crescer, num período que é só incertezas, com a certeza de que o mundo já nos tirou a fotografia.» (p. 38). Voltamos às epígrafes, desta vez uma citação de Shakespeare: «O homem que não é sensível à música,/Que não se co� move com a harmonia dos doces sons,/ Nasceu para as traições, os ardis, os rou� bos;/Os movimentos do seu espírito são surdos como a noite». Pode ler-se a certa altura que a televi� são «faz companhia às pessoas que vi� vem sozinhas» (p. 416). Mas só a música parece ter o condão de matar a solidão das pessoas, como acontece com o pia� nista de hotel ou o artista de rua que faz Maria Luísa parar e escutar. Porque «a música, a arte, é a única coisa do mun� do que pode ser bela sendo triste.» (p. 424). E apesar de o ruído e o som, pró� prios de uma grande cidade, estarem sempre presentes desde as primeiras linhas, é a música que surge como bál� samo, apesar de muitas vezes mal dar� mos por ela ou pelos artistas que no-la trazem, o que leva, por exemplo, a que Luís Gustavo e o médico Pedro Gouveia sejam tocados pelo pianista de hotel, e saberem ler os seus estados de alma pe� las músicas que toca, enquanto os ou� tros clientes do bar do hotel parecem nem dar por ele. A música assemelha� -se assim ao ritmo da nossa pulsação, ao tempo da nossa respiração, como algo que nos revela continuarmos vi� vos: «a sensação de conforto, digam o que disserem, está muito dependente do bater do coração» (p. 110). E mes� mo que esta seja uma “anti-história de amor”, apesar de se poder ler algures que «os escritores não têm de sentir nada, ou querer significar nada, têm é de escrever» (p. 391), Rodrigo Guedes de Carvalho deixa-nos uma intrigante e inquietante narrativa, mesmo que no «último capítulo», e note-se o fatalismo, se confirme o permanente desencontro do não-par amoroso, uma narrativa hí� brida como a melódica onde o pungen� te convive com o belo, e onde tal como o teclado do piano ou a melódica que requer sopro, o instrumento nunca toca sozinho, como uma obra que só ganha som quando lida. Mas se um artista de rua quando toca, toca para si mesmo, será que um escritor quando escreve, es� creve apenas para si? Ou pretende tocar outros, mesmo os mais desatentos e os mais embrutecidos? 


Cultura.Sul

17.11.2017

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Espaço AGECAL

2018 - Ano Europeu do Património Cultural: algumas reflexões

Jorge Queiroz Sociólogo – AGECAL

Por Decisão 2017/864 de 17 de maio do Parlamento Europeu e do Conselho, o próximo ano foi designado como Ano Europeu do Património Cultural - AEPC. É uma importante iniciativa pedagógica e uma oportunidade para os gestores culturais. Não podemos esquecer que a história da Europa foi, até 1945, um contínuo de confrontações entre impérios, conquistas de territórios e pilhagens que causaram milhões de mortos e enormes destruições. No ano de 2018 serão assinalados o 400.º aniversário do início da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e o 100.º aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A Guerra dos Trinta Anos travada no século XVII entre diversas nações atingiu especialmente a Alemanha. Foi causada por lutas religiosas,

rivalidades entre católicos e protestantes, disputas territoriais e hostilidade contra os Habsburgo, também por razões comerciais. A guerra causou enormes perdas, económicas e humanas, terminando com a “Paz de Vestefália”, o mapa da Europa fragmentado e redesenhado. A Alemanha devastada perdeu metade da população só vindo a recuperar no século XIX. Três séculos depois a 1ª Guerra Mundial envolveu as potências imperiais da Europa que se organizaram em alianças antagónicas, Reino Unido, França e Império Russo e do lado oposto o Império Alemão, Austro-húngaro e Reino da Itália. Um novo mapa da Europa ressurge, tendo desaparecido o Imperio Alemão, o Austro-húngaro, o Otomano e o Russo e também as dinastias históricas. Registam-se oito milhões de soldados mortos e sete milhões de incapacitados, a Alemanha perdeu 15,1% da sua população masculina, a Áustria-Hungria 17,1% e a França 10,5%. Portugal entrou na 1ª Guerra Mundial ao lado dos “aliados” sobretudo pela necessidade de defesa das suas

d.r.

Após décadas de paz e progresso a Europa vive um ambiente preocupante colónias em África. Após décadas de paz e progresso resultantes da construção da CEE e da União Europeia vivemos um ambiente preocupante. A emergência de nacionalismos e o descrédito no projecto europeu resulta de gravíssimos erros causados pela penetração da ideologia neoliberal nas estruturas dirigentes da UE logo após a queda do muro de Berlim, do abandono dos princípios de cooperação e solidariedade entre as nações e da supremacia do

sector financeiro sobre os valores da coesão. Porquê o Ano Europeu do Património Cultural? Obviamente é uma decisão política orientada pelo desejo de aproximar as nações europeias sublinhando o que lhes é comum. Contudo, a economia e a fiscalidade não podem desmentir a cultura, as políticas na UE têm de ser coerentes e não contraditórias. Em qualquer projecto a aceitação e sucesso partem de premissas correctas. Não

existe “cultura europeia” mas uma diversidade de culturas com influências que transcendem a UE e o próprio continente, mediterrânicas, anglo-saxónicas, eslavas, árabes, formas de estar, religiões, idiomas, práticas culturais e artísticas saudavelmente diferentes. Como compreender a cultura portuguesa sem a herança do al Andalus ou das viagens? Em nossa opinião, o AEPC deve centrar-se na riqueza da diversidade cultural

das nações que partilham o projecto europeu, no conhecimento das mesmas e respeito pelas diferenças, mas sobretudo na abertura a outros espaços geoculturais. De acordo com os promotores, os objetivos gerais do AEPC consistem “em incentivar e apoiar os esforços da União, dos Estados-Membros e das autoridades regionais e locais para, em cooperação com o setor do património cultural e da sociedade civil em geral, proteger, salvaguardar, reutilizar, valorizar e promover o património cultural da Europa… a apreciação do património cultural da Europa enquanto recurso partilhado, sensibilizar para a história e os valores comuns e reforçar o sentimento de pertença a um espaço europeu comum”. É meritório mas ainda autocentrado, aquém das necessidades de presença no mundo de uma UE defensora de valores humanistas, na linha da frente pelos direitos humanos e na regulação da globalização. Uma UE verdadeiramente comprometida com a paz, o ambiente e o desenvolvimento humano. Só assim fará sentido o projecto europeu. 

Na Senda da Cultura

Paulo Pires apresenta ‘Escrytos’ na Biblioteca Municipal de Silves d.r.

A Biblioteca Municipal de Silves vai ser palco da apresentação da obra “Escrytos – Crónicas e Ensaios sobre Cultura Contemporânea”, do programador cultural Paulo Pires. A sessão terá lugar este sábado, 18 de Novembro, pelas 16.30 horas. O autor reuniu nesta compilação, editada pela Arranha-Céus (Lisboa), crónicas e ensaios sobre cultura contemporânea publicados inicialmente em jornais, suplementos, revistas e sites de âmbito cultural entre Janeiro de 2013 e Abril de 2017. Entre os textos publicados, “Escrytos” inclui vários dos

pensamentos que a pena de Paulo Pires trouxe à forma escrita nas páginas do caderno cultural mensal do POSTAL, o Cultura.Sul. Os textos escolhidos abordam questões ligadas à gestão, programação e mediação culturais, artes performativas, estudos artísticos, literatura e leitura/bibliotecas, integrando, ainda, reflexões quer sobre alguns projectos específicos que o autor desenvolveu, a esses níveis, em contexto profissional, quer em torno de temáticas sociológicas e educacionais. São textos inacabados, abertos e de ques-

sociológicas e não poucas vezes temperados pelo sal da poesia. A apresentação do livro ficará a cargo da bibliotecária Maria José Mackaaij. Haverá, ainda, leituras de poesia por Sónia Pereira e António Baeta e alguns apontamentos musicais por Ricardo Martins (guitarra portuguesa). A iniciativa, promovida pela Câmara de Silves, é de entrada livre.

Paulo Pires, investigador e programador cultural tionamento crítico, que resultam de uma necessidade pessoal (e profissional) de

reflexão e de produzir pensamento, vários deles cruzando-se com perspectivas

Paulo Pires é programador em artes performativas Paulo Pires nasceu em Faro em 1977, mas as suas raízes

familiares e afectivas estão entre o barrocal e a serra, em São Brás de Alportel. Com formação superior nas áreas das Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses), Música e Arquivística, ao longo do seu percurso tem aprofundado, pela reflexão crítica e prática profissional, os campos dos Estudos Artísticos e Sociologia da Cultura. Paulo Pires foi programador da Biblioteca de Silves (20082014) e depois coordenador da programação cultural do Município de Silves até 2015. Actualmente é programador em artes performativas na Câmara de Loulé. 


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17.11.2017

Cultura.Sul

Panorâmica

Museu Municipal de Faro: um olhar sobre a evolução do urbanismo farense imperdível fotos: ricardo claro

O muito que fica por dizer daria certamente outra exposição

Ricardo Claro

Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com

Talvez fosse expectável que dedicasse o título destas linhas à exposição "Pinturas do Barroco em Sevilha e no Algarve", que está actualmente patente no Museu Municipal de Faro, e que sem dúvida o mereceria. Não obstante, o título reflecte neste caso o que desejo seja o tema central e nessa medida a exposição "Faro, Marcos de Urbanismo" ganha posição de destaque que reflecte tão só uma opção no que toca à importância relativa das várias exposições temporárias que actualmente ocupam o museu municipal da capital de distrito. Nota prévia para destacar a dinâmica que o museu mostra neste momento e para a diversidade do aqui ali se pode ver e apreciar. Mas passemos à mostra sobre os marcos - alguns - da evolução urbanística da cidade. Esta só peca por curta e pela vontade que fica sem resposta de conhecer mais sobre a evolução urbanística de Faro. Três salas marcando o compasso do discurso expositivo levam o visitante por um périplo por alguns dos edifícios, opções urbanísticas e planos, mais determinantes da forma como Faro se estendeu sobre a tábua rasa do terreno do mar em direcção à campina. O 'início' e o decurso até 1850

AGENDAR

À entrada, na primeira sala, um pórtico da antiga Ermida do Espírito Santo é o elemento central da viagem entre o século XV e a primeira metade dos anos 800 do milénio passado. A cerca seiscentista desenhada virada a dentro e que na sua forma semicircular desde cedo marcaria definitivamente, ou assim não impusesse o mar, a forma semicircular com que a cidade se desenvolve-

lhe conhecemos e é com este momento que a exposição nos convida a um fim carregado de curiosidade e de vontade de ver e saber mais.

Planta da primeira circunvalação, José Fernandes Ruivo, 1889 ria até hoje; o génios e o programa iluminista de D. Francisco Gomes do Avelar e a mestria de Francesco Fabri que traçou muito do que hoje temos de mais marcante do ponto de vista monumental; passando pelo Bairro Ribeirinho, são os destaques deste primeiro momento expositivo. A modernidade imposta pelo século XIX Na segunda sala mostra-nos a estrada de ferro, que ainda hoje tanta polémica traz aos mais variados fóruns de debate e pensamento sobre a cidade de Faro, e a forma como qual bordado se implanta na orla ribeirinha. É aqui que se pode descobrir um pouco mais sobre a ponte ferroviária que limita a doca e que hoje imóvel faz esquecer outros tempos em que girando sobre um eixo marcava a modernidade nas infra-estruturas da cidade. É o tempo da primeira circunvalação da cidade iniciada em 1887 e que marcava a ligação moderna entre Barlavento e Sotavento na cidade que domina o Cabo de Santa Maria. Também é neste momento da exposição que pode ver o projecto da Praça Dom Francisco Gomes - frente à doca - com Frederico de Vasconcelos a de-

senhar um espaço em tudo diverso do que hoje podemos ver com o Jardim Manuel Bívar. Tempo ainda nesta sala para ver nascer a Avenida de Santo António do Alto, a actual 5 de Outubro, e a Estrada da Atalaia, bem como o Bairro da Carreira. 1945, o Ante-plano Geral de Urbanização O último momento expositivo

“CONCERTO PELO QUARTETO CONCORDIS” 18 NOV | 21.30 | Teatro Mascarenhas Gregório – Silves Grupo é formado por músicos de personalidades e influências várias, submergindo como tónica a beleza tímbrica e sonora que as quatro guitarras podem proporcionar em conjunto

mostra alguns dos edifícios e das opões de plano que conhecemos hoje na cidade, muitos deles frutos da índole construtiva do Estado Novo e do trabalho monumental que Duarte Pacheco espalhou por todo o país durante o seu consulado enquanto ministro das Obras Públicas de Salazar. É já a cidade com as radiais que hoje percorremos que se mostra em formação, é o gizar das novas circulares que darão à cidade o perfil que

Planta do Ante-plano Geral de Urbanização

Há muito que fica por dizer nesta mostra de urbanismo, do que se fez e como se fez e do que caiu por terra ou se empoeirou em gavetas, muitas deixadas levar pelo bafio do tempo. É essa a "curtez" da exposição que sem a empobrecer nos deixa como que dependurados na curiosidade. Fica também por descobrir e perceber o muito que haveria para conhecer sobre os erros, as enormidades e os atentados que ao longo do século XX se foram praticando contra o urbanismo e contra a herança arquitectónica e patrimonial da cidade. Certamente daria outra exposição, que, face a esta manifestamente imperdível, seria também ela imprescindível na compreensão da evolução da urbe que os farenses habitam. Certo é que esta exposição é fundamental, pedagógica como poucas e absolutamente incontornável para quem deseja conhecer e perceber melhor a cidade e os contornos da sua implantação no terreno. Como saber mais do que a exposição nos conta: as visitas guiadas Está de parabéns o Museu Municipal de Faro e os responsáveis pela exposição igualmente o estão e tanto mais o estão quanto há a possibilidade de visitar a mostra com o apoio de guia. As visitas guiadas decorrem às sextas-feiras a partir das 15 horas, sujeitas a inscrição de pelo menos seis e no máximo 15 pessoas em museu. municipal@cm-faro.pt ou pelo telefone 289 870 827/9. A inscrição deve ser feita com uma semana de antecedência. O Museu de Faro pode ser visitado de terça a sexta-feira entre as 10 e as 18 horas; e ao fim-de-semana entre as 10.30 e 17 horas. 

“O CONTINERALISMO POÉTICO” Até 30 DEZ | Centro Cultural de Lagos Timo Dillner pretende com este projecto dar a conhecer, através do vídeo/instalação da pintura e da escultura, a sua perspectiva das viagens a lugares desconhecidos do Infante D. Henrique


Cultura.Sul

17.11.2017

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Letras e leituras

Regresso a Kingsbridge: Uma Coluna de Fogo, de Ken Follett

Paulo Serra

Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

Ken Follett nasceu em 1949 e estreou-se aos 27 anos na ficção com O Buraco da Agulha. Desde então, o autor britânico tem alternado entre os romances de espionagem e o romance histórico. O seu último sucesso foi a trilogia O Século, que narra a saga de cinco famílias, de nacionalidades distintas (americana, russa, inglesa, alemã, escocesa), ao longo de várias gerações, de modo a contar em três volumes (A Queda dos Gigantes, O Inverno do Mundo, No Limiar da Eternidade) a história das duas Guerras Mundiais e do período subsequente de Guerra Fria. O autor é ainda sobejamente conhecido pelos seus outros romances históricos de fôlego: Os Pilares da Terra (1989) e Um Mundo Sem Fim (2007), que foram também adaptados a mini-séries. Uma Coluna de Fogo foi publicado em Setembro, num lançamento simultâneo com a edição original inglesa. Não seria de esperar outra iniciativa da parte da Editorial Presença, uma vez que Ken Follett é o que se pode entender como um autor bestseller com mais de 150 milhões de exemplares vendidos, em mais de 80 países e 33 línguas. Uma década depois, o autor regressa à saga de Kingsbridge, e mais uma vez com um salto temporal, pois estamos em 1558. As personagens dos romances anteriores ganham agora o estatuto de lendas ou símbolos, como o prior Phillip, o monge encarregado da construção da catedral quatrocentos anos antes, que está agora encerrado num túmulo volumoso do cemitério de Kingsbridge, ou Caris, que fundou o hospital e ainda é recordada como a freira que salvou a cidade durante a peste negra. Como observa Ned ao sair da barcaça, «a cidade não parecia ter mudado muito num ano. Locais como Kingsbridge apenas mudavam lentamente, segundo Ned cria: as catedrais, as pontes

e os hospitais eram construídos para perdurar.» (p. 23). E é isso que Ken Follett parece fazer com mestria, focar-se nas grandes construções humanas e fazer delas as verdadeiras personagens dos seus romances. O priorado de Kingsbridge está agora em ruínas, desde que Henrique VIII declara o protestantismo e dissolve os mosteiros, mas a catedral ainda se mantém «alta e forte como sempre, o símbolo de pedra da cidade dos vivos» (p. 24). A história da construção de uma catedral ou de uma ponte parecem ser o verdadeiro motivo dos romances do autor, estatuídas como personagens ou entidades que assinalam a passagem do homem e que perduram como testemunho da sua capacidade inventiva e ambição: «Ned contemplou as nervuras da abóbada, quais braços de uma multidão que se erguiam ao céu. Sempre que entrava naquele local pensava nos homens e nas mulheres que o haviam construído. Muitos deles eram celebrados no Livro de Timothy, uma história do priorado que era estudada na escola: os pedreiros Tom e o seu enteado Jack; o prior Philip; Merthin Fitzgerald, que erguera não só a ponte como a torre central; e todos os operários das pedreiras, os carpinteiros e os vidra-

d.r.

Ken Follett já vendeu mais de 150 milhões de livros em todo o mundo norte de França, então sob administração inglesa. Margery Fitzgerald vai ser forçada a casar com Bart Shiring, que pode um dia vir a ser conde de Shiring. Isabel Tudor parece preparar-se para subir ao trono. O autor entrelaça uma vez mais o destino de pessoas comuns com o de figuras históri-

um período de tempo mas toda uma época que corresponde à ascensão ao trono de Isabel Tudor. Em Uma Coluna de Fogo, sente-se, aliás, como a acção se distancia mais e mais de Kingsbridge para se dispersar pelo mundo, de lugares tão díspares como as Caraíbas, Sevilha ou Antuérpia. Os eventos são perspectiva-

Ken Follett autor de best-sellers como os Pilares da Terra, que marcaram de forma indelével o universo das adaptações para séries televisivas, mostra nesta obra inegáveis detalhe e rigor históricos

ceiros, gente vulgar que tinha feito uma coisa extraordinária, se tinha erguido acima das circunstâncias humildes em que havia nascido e criado algo de eternamente belo.» (p. 25). Muda o tempo, mudam as personagens, saltam-se gerações nas famílias, mas mantém-se o cenário e o espírito dos outros dois livros. Ned Willard regressa a Kingsbridge ansioso por rever Margery, depois de ter vivido um ano em Calais, o porto da costa

cas para construir um romance de grande porte e ambição. O autor decide repartir o protagonismo por um vasto elenco de personagens, pois além de Ned Willard e Margery Fitzgerald, temos ainda o irmão de Ned, o aventureiro Barney Willard, ou o oportunista e arrivista Pierre. A narrativa está dividida em cinco partes, compreendidas entre 1558 e 1620, havendo saltos temporais de alguns anos de uma parte para outra, como forma de retratar não apenas

dos a partir do ponto de vista das próprias personagens, o que leva a que o leitor por vezes quase sinta simpatia por personagens tão execráveis como Pierre Aumande, o jovem ambicioso, que não se detém perante nada nem ninguém para atingir aquilo que mais almeja: a ascensão social que lhe permita obnubilar aquilo que a tanto custo quer esquecer, o ser filho bastardo de um padre e da sua governanta. A conclusão a que se chega é que a ideia do livro é retra-

tar o reinado de Isabel Tudor, na sua ascensão ao trono e na emergência de Inglaterra como uma grande potência. A nação britânica é vista como pobre e atrasada, em comparação, por exemplo, com o luxo e opulência de França. A rainha Isabel parece aliás ser permanentemente apontada por estar sempre a contar os seus tostões... Há pormenores históricos e culturais que vão também pontuando e enriquecendo a narrativa, como o facto de as pessoas apenas tomarem banho duas vezes por ano, na Primavera e no Outono, ou o choque provocado quando Maria Stuart se decide casar de branco, uma vez que essa é a cor do luto. Um dos pontos altos do romance é certamente o casamento da princesa Margot, a «libertina irmã do rei», com o «despreocupado Henrique de Bourbon, o rei protestante de Navarra» (p. 463), que pretendia simbolizar uma aliança entre católicos e protestantes e que resulta na Noite de São Bartolomeu: «Morreram três mil pessoas em Paris, e mais uns milhares em massacres similares noutros locais. Todavia, os huguenotes deram luta. Cidades em que eram a maioria receberam numerosos refugiados e fecharam as portas aos representantes do rei. Os membros da família Guise, enquanto católicos poderosos leais ao monarca, foram mais

uma vez recebidos no círculo real, enquanto a guerra civil voltava a deflagrar.» (p. 539). Depois de Os Pilares da Terra e Um Mundo Sem Fim se terem centrado na construção de grandes obras arquitectónicas, Uma Coluna de Fogo é essencialmente uma obra sobre a liberdade de religião e onde se respira já os valores do renascimento. Veja-se como Carlos manda pintar um retrato que quando é mostrado pela primeira vez causa algum espanto: «O pintor retratara o casamento a ter lugar numa grande casa que podia pertencer a um banqueiro de Antuérpia. Jesus estava sentado à cabeceira da mesa com um manto azul. A seu lado, o anfitrião da festa era um homem de ombros largos com uma barba preta cerrada, muito parecido com Carlos; ao lado deste sentava-se uma mulher loura e sorridente, que poderia ter sido Imke.» (p. 395). Este é um romance de fôlego que tanto pode ser lido pausadamente como de uma só vez. Não nos perdemos na acção e a leitura nunca se torna cansativa, talvez daí a opção do autor pelos saltos temporais de modo a captar os momentos cruciais da acção que é, afinal, um retrato de uma época, mais do que as aventuras e desventuras das personagens. Existem alguns lugares comuns que parecem difíceis de evitar, como a jovem obrigada a casar pelos pais para que a sua família, pertencente à classe da burguesia, possa ascender socialmente, mas há uma atenção inegável ao detalhe e ao rigor histórico, bem como a capacidade de contar uma boa história e de passar informação de forma acessível. Existe, todavia, um cuidado de facilitar a leitura ao leitor que resulta, por vezes, em alguma redundância, como, por exemplo, quando se refere a Navarra sente a necessidade de reiterar que é um pequeno reino entre Espanha e França. Uma nota especial para a edição. A Presença opta por lançar a obra num só volume, o que parece preferível, e é algo que poucas editoras fazem. Resulta num livro maior, com 768 páginas, mas a qualidade do papel tornam-no leve e facilmente manuseável que dá gosto ler e transportar. 


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17.11.2017

Cultura.Sul

Espaço ao património

Ficha técnica:

Património Histórico e Cultural: O dilema da preservação

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro d.r.

Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus

Ana Olímpio

• Da minha biblioteca: Adriana Nogueira

Arquitecta

Nos dias de hoje discute-se muito a necessidade de preservação do património cultural, valorização do passado e memória colectiva das cidades. Esta necessidade do ser humano em preservar o seu passado aplica-se não só ao acervo arquitetónico, mas a todas as formas de manifestações culturais de uma sociedade. Por trás das formas construídas pelo homem, podem-se distinguir uma série de normas subjacentes, implícitas e geralmente inconscientes na mente colectiva que determinam os valores e as categorias do que é bom ou mau, correcto ou incorrecto, belo ou feio, na produção de artefactos ou objectos culturais. Património e o crescimento das cidades: a importância de uma reflexão constante O património arquitetónico representa uma produção simbólica e material, carregada de diferentes valores e capaz de expressar as experiências sociais de uma sociedade. Mas devido ao rápido e desordenado crescimento das cidades contemporâneas, com uma progressiva perda e descaracterização do património histórico, traz à tona uma importante reflexão acerca da constante necessidade de transformação dos espaços urbanos, juntamente com implicações referentes à qualidade ambiental e preservação do património construído. As cidades não são apenas lugares onde se ganha dinheiro, não servem apenas de dormitório ou de local de trabalho para os seus habitantes. Nelas vivem seres humanos que possuem memória e são parte integrante da história. Por isso, não passa despercebido pela população das cidades a destruição da casa de seus antepassados, de antigos cafés, cinemas, teatros e outros edifícios históricos ou de valor significante. Toda essa destruição de bens culturais para dar lugar ao automóvel, aos gigantes de vidro e betão, tornam as cidades sem identidade, poluídas, sem emoção e os seus habitantes perdem a identificação com o local onde vivem. A falta de valorização do património cultural, causada pela realidade económica, social e política põe em risco

Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve

• Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra

A memória colectiva das cidades está nos seus edifícios antigos não apenas a memória colectiva, mas também o poder de realização e de expressão verdadeiramente cultural da comunidade. Nas propostas de demolição de edifícios em zonas históricas ou inventariados não se trata de opinar se a nova obra será de valor arquitetónico significativo mas antes questionar a perda de um bem cultural de

aos proprietários de imóveis inventariados e aos em risco de ruína ou já em ruína. O muito que perdemos quando mutilamos, demolimos ou descaracterizamos o nosso paterimónio Perdemos muito cada vez que o

Uma cidade sem os seus velhos edifícios é como um homem sem memória grande valor e da perda de uma memória colectiva para a sociedade. A demolição deverá ser prevista apenas em casos extremos, por exemplo, a existência de uma estrutura comprometida e risco de desmoronamento. Na grande maioria dos casos, uma renovação ou restauro, mantendo-se as características originais do projeto, ou até mesmo uma reabilitação para um novo uso, pode impedir a demolição e evitar o abandono destes edifícios. Para além de leis e regulamentos, torna-se cada vez mais importante as iniciativas do poder local no que diz respeito à educação patrimonial e os incentivos fiscais

nosso património é demolido, descaracterizado ou mutilado. Ao permitirmos a destruição do nosso património estamos não apenas perdendo qualidade de vida, mas também perdendo cidadania e do senso de pertença aos locais e aos grupos comunitários. O património histórico, visto como um conjunto de bens e valores que representam uma nação, deve ser entendido como a herança de um povo, na busca de uma valorização do passado e uma melhor compreensão do presente. O ser humano sempre necessitou do passado, seja nas lembranças de fotografias, nas ruas de uma cidade, nas lembranças de uma

residência, de uma praça, de um café de bairro, de um teatro, de um cinema. Essas lembranças têm o poder de nos reconfortar e trazem sinais de proximidade, de um passado artístico. Os monumentos históricos funcionam como ícones desse passado atemporal, são a criação artística de tempos idos e a simbólica no presente. E a nossa memória, constituída de impressões e de experiências, é o que nós retemos e que nos dá a dimensão do que percebemos e sentimos através do nosso lugar no mundo. A arquitetura e os lugares da cidade constituem o cenário onde as nossas lembranças se situam e, na medida em que essa arquitetura e esse lugar fazem alusão a significados simbólicos, evocam narrativas relacionadas com a nossa vida. A memória colectiva das cidades está nos seus edifícios antigos. Eles são o testemunho mudo, porém valioso, de um passado distante e servem não só para transmitir às gerações posteriores os episódios históricos que neles tiveram lugar mas também como referência urbana e arquitectónica para o nosso momento actual. Preservá-los não só para os turistas tirarem fotos ou para mostrar aos nossos filhos e netos, mas para que as gerações futuras possam sentir in loco a visão de uma cidade humana e como se viveu/vive nela. Uma cidade sem os seus velhos edifícios é como um homem sem memória. 

• Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Panorâmica: Ricardo Claro • Quotidianos poéticos Pedro Jubilot Colaboradores desta edição: Ana Olímpio Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul Tiragem: 5.391 exemplares


Cultura.Sul

17.11.2017

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Da minha biblioteca

Passar em revista: «Garanta», «Cadernos de Poesia a Sul» e «LÓGOS. Biblioteca do Tempo» fotos: d.r.

Adriana Nogueira

Classicista; Professora da Univ. do Algarve

Que têm estes três nomes em comum? São os títulos, apresentados por ordem cronológica, de três novas publicações periódicas, em papel, editadas no Algarve, com o seu primeiro número em 2017. Garanta

AGENDAR

Da primeira, «Garanta, Revista de Letras, Artes e Cultura», saiu o número 0 (zero, do qual foram feitos 80 exemplares) no passado mês de maio. Sobre o nome dado à publicação, um dos seus mentores, Paulo Correia, explicou-me, quando lhe perguntei: «Garanta de garantismo, numa era em que nada se garante, estamos em última hipótese a tentar garantir a literatura, a palavra escrita». Na apresentação (p.7), em forma de manifesto de intenções, este mesmo autor explica que um dos propósitos da revista é traduzir «uma certa ideia de colectivo num período de profundo individualismo, do qual a violência instalada é apenas um sinal da intolerância individual. Escrevemos livremente, contra todo o tipo de intolerância». E continua, afirmando que é «de celebração da palavra escrita que se trata, aliando a palavra a outras manifestações artísticas». Pretendendo que o facto de ser uma revista produzida no barlavento algarvio (está datada de Portimão e com Lagos como local de impressão) não faça dela uma publicação local, explica que «é o primeiro ensaio de uma revista radica-

da no sul de Portugal (no Algarve), mas que não pretende limitar-se a fronteiras territoriais, pois onde existir um leitor esse será o nosso território». Este número é composto por 35 páginas, nas quais podemos encontrar prosa, poesia (e prosa poética) e ilustração (uma delas com a técnica de colagem), sempre a preto e branco. Graficamente, «Garanta» optou por estilo retro, com um tipo de letra «de máquina de escrever» que faz recordar aquelas fanzines dos anos 80 do século passado, memória reforçada pelo tamanho (que corresponde a uma folha A4). Gostei do estilo provocatório e, como se reclama semestral, aguardo, para breve, o número 1. Cadernos de Poesia a Sul Em julho, no primeiro dia da FLO (Feira do Livro de Olhão), o poeta Fernando Cabrita apresentou o 1º número destes cadernos de que é coordenador, cujo nº 2 saiu em novembro, durante o «III Encontro Internacional de Poesia a Sul», que decorreu em Olhão, de 3 a 12 deste mês. Os «Cadernos Poesia a Sul» são de distribuição gratuita, inteiramente patrocinados pela Câmara Municipal daquela cidade, que se tem mostrado especialmente favorável à ideia de pôr Olhão no mapa de um certo turismo cultural, como o demonstram todo o incentivo (e financiamento) dado quer a estes encontros, quer à FLO, quer ao percurso das lendas (pontificado pela estátua da Floripes, a mais famosa moura local) ou aos novos graffiti que contam “CONCERTO PELA ORQUESTRA CLÁSSICA DO SUL” 18 NOV | 21.30 | Cineteatro São Brás Momento especial de música clássica dedicado a Mozart e Beethoven, que conta com a participação de 26 músicos dirigidos pelo maestro associado José Colomé

Ilustração de Paulo Constâncio na Garanta parte da história da cidade. Pretende-se que esta publicação seja trimestral ou quadrimestral. Em cada número, há um poeta homenageado, numa rubrica intitulada «In Memoriam», com que termina cada volume: o nº 1 foi dedicado ao poeta João Lúcio (Olhão, 1880- Olhão, 1918) e o nº 2 a Rafael Cansinos Assens (Sevilha, 1882 – Madrid, 1964). A intenção transnacional, de «fraternidade da escrita poética», está patente no slogan (explicado na contracapa) dos «Cadernos»: «Publicam-se em Olhão, fazem-se no mundo, lêem-se em toda a parte». Os «Cadernos Poesia a Sul» são constituídos exclusivamente por poesia: para cada poeta representado há uma pequena biobibliografia, mas o que se destaca são os poemas, na sua maioria originais.

Multilingue (alguns traduzidos em outras línguas, podendo alguns poemas serem lidos em quatro idiomas diferentes, como os de Uberto Stabile, pp.67-73), reflete a variedade de participantes nos encontros, mas não se limita a estes. Uma boa oportunidade para se poder ler alguma da poesia contemporânea que se faz por este mundo fora. LÓGOS. Biblioteca do Tempo A mais recente destas edições é a revista «LÓGOS. Biblioteca do Tempo», publicada em setembro. Iniciou-se como um projeto online, no Facebook, num blogue e depois na versão em papel, percebendo-se que todos estes meios confluem para o mesmo fim: a divulgação de um projeto com propósitos muito específicos, como afirmam os seus editores (Adília César e Fernando Esteves Pinto, com assistência

de Adão Contreiras), que são o «dissolver a espuma de futilidade que teima em acumular-se no tempo presente». A revista (do projeto homónimo) reflete também, «regularmente sobre algumas questões na procura de um entendimento relativo ao meio cultural e literário. (…) pretende dar voz ao pensamento crítico no âmbito da literatura, filosofia e psicologia, tendo como linha condutora a nossa percepção de qualidade, de acordo com critérios de liberdade de expressão, criação artística e estética, e procura de conhecimento. (…) é independente em relação a quaisquer orientações políticas, religiosas e ideológicas ou escolas teóricas; divulga textos literários (ficção, poesia, recensão crítica, artigos de opinião, ensaios) e ilustrações de autor» (pp.3-4). O nº 1 da LÓGOS foi ilustrado por Reinaldo Barros. As rubricas (Ensaio, Entrevista, Literatura e Poesia), pelo que percebi quando conversei com os editores, poderão variar de número para número, assim como o artista plástico convidado. A maioria do que ali se publica é tendencialmente original, havendo, inclusive, uma estreia da escritora Cristina Carvalho (filha de dois outros escritores: Rómulo de Carvalho/ António Gedeão, e Natália Nunes), autora solidamente representada no Plano Nacional de Leitura. Na entrevista que lhe é feita (pp. 45-53), afirma: «Eu escrevo poesia desde sempre. Não. Não publico. Sou muito difícil, relativamente a esse género de literatura. Continuo cheia de dúvidas». Mas entre a saída da entrevista na Internet e a publicação da revista (felizmente), reconsiderou e, por isso, nas pp. 95-99 podem ler-se alguns dos seus poemas (até agora) inéditos. Toda esta dinâmica editorial de revistas contribui para a divulgação da reflexão e da produção artístico-literária que se faz atualmente. 

“OLÍVIA & EUGÉNIO” 18 NOV | 21.30 | Auditório Municipal de Albufeira Nesta peça teatral mãe e filho enfrentam uma situação extrema onde se questionam os valores que surgem em tempo de crise


Última Quotidianos poéticos

Marco Mackaaij d.r.

Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

Marco Mackaaij nasceu nos Países Baixos em 1970 e vive em Portugal desde 1995. É professor de Matemática na Universidade do Algarve e caloiro de poesia fora da academia. Alguns poemas seus estão publicados em revistas literárias e antologias. Em Março de 2015, a editora CanalSonora (Tavira) publicou o seu primeiro livro de poesia E se não for?. Recentemente também publicou uma pequena mostra de poemas novos, a plaqueta Perdidos e Achados (Nov. 2017). Como surge a poesia em ti, nos teus dias, como se mistura com o teu dia a dia; onde, como, quando, escreves. Tens vícios, manias de escrita…. Não costumo ter ataques de poesia nos sítios apropriados: em frente ao mar (almejando lá voltar depois das marés da morte), em cima de cordilheiras líricas (para ser mais alto), em camas ofegantes de cortesãs com línguas de mel e corações de pedra, em gaiolas intelectuais para rouxinóis urbano-depressivos, ou em becos malditos, mal iluminados e altamente recomendáveis para jovens poetas de boas famílias em decadência. As ideias menos banais assaltam-me na cozinha, a descascar batatas ou a arrumar loiça, ou algures num sítio surpreendente entre o leite do dia e as pizzas congeladas do Continente. Tudo muito pouco adequado, mesmo para a carreira de um poeta menor, sem tempo para grandes epifanias. Enfim, as ideias que sobrevivem até ao silêncio crítico da madrugada seguinte, sozinhas e abandonadas, sem pingo de poesia, no subconsciente reservado para o efeito, entrego-as aos dedos e à sabedoria do teclado. Aí sim, convém surgir algo, sabe-se lá o quê, de onde, quando e porquê. Simplesmente: Algo. Como sabem os que já o procuraram pela própria mão e fracassaram melhor ou pior, este algo é raro. Tão raro que por vezes me pergunto se existe mesmo (ai memória!, porque é que nunca me ofereces referências exactas, apenas

Perdidos e Achados é a mais recente mostra da obra poética de Marco Mackaaij farrapos de citações?). Poderão ser poucos, os meus poemas que revelam a possibilidade dessa existência, mas não desisto da procura. Procuro sempre. Sempre algures entre a térrea realidade das batatas, o materno leite do dia e o rigor mortis das pizzas, com uma pequena paragem em frente aos líricos lombos de bacalhau da Pescanova, para ver se estão com desconto. E quanto a autores que lês, ou leste, que te possam ter inspirado, e os que admiras… Sou mais um glutão de amuses-bouche do que um rapa-tachos de obras completas. E o que já está feito magistralmente, é melhor não imitar demasiado: epígonos não costumam ser tidos em boa conta. Contactei primeiro com as poesias holandesa, greco-latina e anglo-saxónica. Metade da poesia que leio hoje em dia continua a ser holandesa, mas vou restringir-me aqui à poesia de língua portuguesa. Li primeiro Camões, cantigas disto e daquilo e deste e daquele do Cancioneiro Geral, Florbela Espanca, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. Mais tarde, mergulhei no Cancioneiro Actual, i.e. uns poucos poetas do século dezanove (a partir de Cesário Verde) e, principalmente, um número razoável de poetas do século vinte (um Século de Ouro, segundo o título de uma antologia). Desde que comecei a escrever po-

esia, um desvario muito mais recente, comecei a ler e a estudar

A DILATAÇÃO DO TEMPO para a Zé Acumulamos aniversários comemorando o progresso do passado, mas como medir o amor? Reza a Lei da Relatividade que astronautas em viagem a Vénus se manteriam jovens do ponto de vista de um observador que envelhecesse com os pés inertes na Terra. Para eles a diferença é nula: estria por estria, ruga por ruga (qual Lei de Talião) afeiam juntos entre corpos celestes. Mas quando a base os chama (e chama sempre enquanto durar) parece que enganam bem o terráqueo tempo. Que mais podem desejar?

mais especificamente poetas com que sinto alguma afinidade escritora (em vez de apenas afinidade leitora, que é sempre mais abrangente, julgo eu): Adília Lopes, António Manuel Pires Cabral, Jorge Sousa Braga, João Luís Barreto Guimarães, José Miguel Silva e Bénédicte Houart, para mencionar apenas alguns poetas vivos de quem li mais do que um livro. Em geral procuro ritmo, musicalidade, imagens surpreendentes, uma luz nova sobre um tema conhecido, os pés firmes na realidade (em todas as suas facetas, sem tabus nem hierarquias), com pitadas de humor/ ironia/cinismo e/ou absurdismo/surrealismo, e algumas palavras, ou versos inteiros de preferência, a brilhar como estrelas ou como facas e cutelos. Fujo de versos maquilhados de verdadeira Poesia como quem foge do verdadeiro Amor de uma velha prostituta. Sou tão metafísico como um cão a cagar (fazendo minhas as palavras do poeta neerlandês Gerrit Kouwenaar), embora por vezes goste de tomar Tolentino Mendonça com café no domingo de manhã. Odeio quando o nariz de Poenóquio cresce demasiado: poesia sobre poesia sobre poesia sobre poesia etc., ad nauseam. De resto, estou aberto a todo o tipo de poemas, desde que me causem uma impressão minimamente duradoura. Adoro poetas menores nos seus poemas mais inspirados, os incontornáveis, contorno sem escrú-

pulos quando me aborrecem. Que livros estás a ler? Poesia ou outros géneros? Queres comentar sobre eles? Nos últimos tempos: Keeping an eye open de Julian Barnes, uma compilação de ensaios sobre arte (principalmente pintura). Gosto muito de ver obras de arte e ler sobre arte (i.e. artes plásticas). Sofia queria voltar, depois da morte, para que lhe fossem devolvidos os anos que não viveu junto ao mar. Eu gostaria de voltar para que me fossem devolvidos estes anos que vivo longe de museus de arte. The dream of enlightenment de Anthony Gottlieb. O subtítulo diz tudo: The rise of modern philosophy. Como matemático tenho uma dose saudável de cepticismo relativamente à filosofia: falta o rigor clínico e factual nos conceitos e nos argumentos que hoje em dia são a norma na ciência e na matemática. Por outro lado, a filosofia moderna (junto com a ciência, obviamente), digamos desde Descartes, teve uma influência tremenda na maneira como vemos actualmente o mundo, o universo e o nosso lugar nele como seres humanos. Enfim, leitura obrigatória para qualquer intelectual, mesmo que seja um simples matemático. Toen met een lijst van nu de Thomas Eyskens. Comecei a ler ontem no avião. Trata-se de uma biografia do jornalista, ensaísta e poeta flamengo Herman de Coninck, que morreu de uma paragem cardíaca em Lisboa em 1997, quando ia a caminho da Gulbenkian para participar num encontro de escritores portugueses e neerlandeses. De Coninck era um poeta autobiográfico. Sabemos que, em troca de mais autenticidade, mais vida, menos literatura sobre literatura, menos arte por arte etc., a carga autobiográfica pode limitar a universalidade de uma obra. Ou não: quando li os seus poemas, nunca senti falta de mais informação biográfica. Pareceram-me sempre claros, lindos e bastante universais para homens neerlandeses (e flamengos, pelos vistos) da segunda metade do século vinte. Veremos se continuo da mesma opinião depois de ler esta biografia. Poesia: Manual de Prestidigitação de Mário Cesariny, Mike Tyson para Principiantes de Rui Costa, Nadar na Piscina dos Pequenos de Golgona Anghel, New and Selected Poems de Charles Simic e alguns livros de poesia neerlandesa. 


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