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4ยบ Concurso de Poesia
Zila Mamede
POTIGUAR NOTร CIAS Grรกfica e Editora
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PROJETO EDITORIAL:
José Pinto Júnior Cefas Carvalho PROJETO GRÁFICO E CAPA:
Edilson Martins IMPRESSÃO:
Opção Gráfica
Catalogação na Fonte: Biblioteca Pública Estadual Câmara Cascudo
Q1 4º Concurso de poesia Zila Mamede. - Natal(RN): Potiguar Notícias, 2010. 113p. il. 1.Poesia brasileta. 2010/03
CDD B869.1 CDU 869.0(81)-1
Abril de 2010
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Um amanhã de Poesia
C
hegamos ao quarto livro do Concurso de Poesias Zila Mamede, uma nova experiência, mas a mesma missão: contribuir com a cultura literária potiguar, ao estimular os jovens poetas a tirarem de suas gavetas os seus versos, suas almas e, em muitos casos, o talento arquivo na escuridão da falta de oportunidade. Claro que a poesia não rima com lucro, mas versos são coisas impagáveis. Existem coisas entre o céu e a terra que podem ter mais valor que dinheiro. São as coisas que se sentem. Que fazem chorar de emoção: Poesias. A alegria, a tristeza e a emoção não são provas de que a indústria pode fabricar ou de que o dinheiro pode comprar? Não foi difícil fazer o livro: 4° Concurso de Poesias Zila Mamede, mas foi trabalhoso. Neste caso, nos socorremos do poeta português Fernando Pessoa, que escreveu: “Quem quer passar além do bojador tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abumo deu. Mas nele é que espelha o céu”. Ao entregar o livro aos poetas vencedores do concurso, nos sentimos assim como eles: vencedores. Avaliando, “Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Vamos ao livro. O leitor descobrirá aqui o lirismo seridoense do vencedor Wescley Gama, que já se tornou um “bicho papão” de concursos literários (o que mostra a sintonia do júri, formado brilhantemente por Eduardo Gosson, Aluizio Mathias e José Acaci com o universo cultural atual). Também
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será possível conferir a poesia moderna de Elizabeth Rose e Adélia Danielli, 2ª e 3ª colocadas respectivamente, além do lirismo quase parnasiano de Anne Guimarães, a musicalidade de Drica Duarte (também cantora e compositora) e os atuais trabalhos de poetas conhecidos como José de Sousa Xavier e Iara carvalho (vencedora da edição de 2007 do Zila Mamede). Um registro: o poeta inscrito Márcio Magnus Galvão teve seu trabalho agraciado com menção honrosa, mas ele não quis suas poesias no livro por achar que ainda precisa aperfeiçoá-las. O desejo do poeta foi mantido e que nas próximas edições do concurso ele se inscreva novamente! Que o leitor se deleite com a nova poesia norte-riograndense e as poesias não fiquem guardadas em gavetas. Poesia é para ser publicada e nós, que fazemos o Concurso Zila Mamede, sentimentos especial júbilo em participar desta aventura de publicar nada menos que doze poetas, alguns deles inéditos. Que venham mais concursos, mais poetas e mais livros. Agora, outro desafio. O quinto concurso. O quinto livro. O que será feito “da mesma fonte, da mesma dor, mesma ramagem, da mesma garra, do mesmo caroço”, como ofereceu a nossa homenageada. Este projeto é feito a muitas mãos e muitas almas. Ao Potiguar Notícias, cabe somente juntar, organizar, premiar e publicar. Depois, testemunhar “as estrelas se mudaram para o chão”, ou para as páginas. Como bem disse Pablo Neruda, “ainda temos muito o que dançar e cantar, vamos ao longo do mar, ao alto dos montes, vamos aonde esteja florescendo a nova primavera em um golpe de vento e cantor e partamos as flores, o aroma dos frutos, o ar da manhã”. Que o amanhã seja feito também de poesia. Cefas Carvalho e José Pinto Júnior
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Wescley Gama Cinco agoras de sítio Elizabeth Rose Morfossintática mente ZZZ! O homem da casa do muro cinza Epílogo barroco Trova inovadora Adélia Danielli Trans-formada Bulindo Duas cidades Profilática Paisagem dos meus olhos Adriano Gray Caldas Eterno Nervo Os invisíveis Terra prometida Chama Anne Guimarães Esperança Gris Carpe Diem Espera verde Arrebatamento místico Estranho Aracéli Benevides Canção para a cabocla do meu sertão Canção para a nêga velha da fazenda Leves vestígios Urgência pós-moderna
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Drika Duarte Outras mãos Trajetória de almas Duas luas no céu Bandeja repartida Grávida Iara Carvalho A despedida do Passarim Queda livre Se(mentes) sobre a mesa Diante de silvos Tonteira Itamir Vieira Contraste Nostálgico O amor Revelação Silêncio José de Sousa Xavier Velhice Abstinência Ciúmes Fantasia Carnificina Luciene Danvie Sê-lo Luiz Marcilio Oliveira Nublado (sem título) Criação O prato da orquestra Imutável
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Comigo - claro escuro - o tempo estaca se verde o sol me abriga, definindo-te cada vez mais tranqüilo de mistérios. Zila Mamede em “Soneto da espera”
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Wescley Gama 1ยบ lugar
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cinco agoras de sítio I lagartixas metidas entre pedras se entregam à lenta missão de afagar a tarde quente.
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II bois pousados à beira de barreiros sangrando vencem todos os relógios de parede da fazenda.
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III pĂŠs de pitomba com grandes cachos de meninos trocam seus frutos por amor.
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IV trabalhadores a passos largos para o roçado discutem a seriedade de se enterrar umbigo de menino novo ao pé da porteira.
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V burros com cargas d’água passam sede no caminho seco.
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Elizabeth Rose Gomes 2ยบ lugar
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Morfossintática Mente Oba! Upa! Ah... Não! Meus olhos te buscam no coletivo De repente, sou toda interjeição... Tu, sujeito concreto. Eu, toda abstração! Propensa e predisposta ao teu artigo Imaginando contigo uma preposição Teu braço eu retraço, cá comigo... Quem dera ir do verbo à conjunção Quero-te pronome em caso reto Sendo pessoal, meu caso obliquo... Em estando ao meu lado, modifico Meu significado de objeto. Ó advérbio pleno de intensidade Quisera tua cútis que fascina Sem numeral de possibilidade Para reter na sintaxe mais fina Aquilo que me toca, A sensação Que tua imagem evoca Ao penetrar Devagar... Minha retina.
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ZZZ! Menino poeta Que passa faceiro Pela rua afora, No meu coração. De verso, divino, Tão arruaceiro O mundo é tão vasto No teu violão. Poeta que anda Tocando o céu Menino de Apolo Que aos meus olhos vem Teu passo, perene! Meu riso ao léu... Que doce encanto Tua imagem tem. No canto do peito O signo passeia Ó rima tão rica Reina em teu caminho E eu só entre...tantos... Rendo-me a esta teia De fios da noite Em doce desalinho Coringa de ouro Tu és trovador Embaralhas meu sonho Na manga do tempo.
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O homem da casa do muro cinza O olhar caído. A pança caída... A vida caída...! Com a cara torta, Em pé numa porta, A perna entorta. Com jeito de corno Que tem sangue morno, Sem nenhum adorno, A rua espiava E enquanto o olhava Eu me analisava................! É... O sol nasce para todos... Também para àquele homem. Caído Torto Casulo Murado Em cinza...
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Epílogo barroco Qual Arte explode em fúria?..............Expúria Que acontece ao que se garimpa?.........Limpa Que poesia ao Ser, exótica?...............Erótica. Detrativa e fina ótica Não há a quem não exponha Barroca vida medonha Expúria, Limpa, Erótica. O que Gregório de Matos encerra?........Guerra Boca brasa do inferno, insulto?..........Tumulto O que há que seus temas abordem?..Desordem. Língua aguda e sem ordem Satírico burlesco santo Espalhando em todo canto Guerra, Tumulto, Desordem.
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Trova inovadora “Estou farto do lirismo comedido”. O poeta disse o que eu sonhei dizer! ‘Stou cansada de idéias comportadas, De pessoas que são protocoladas. Estou farta do normal Diversos iguais Coloridos de giz. Só idéias não resolvem nada, Não trazem libertação por que... A gente aprende a entender o mundo, Mas não sabe ler o universo do outro... A gente aprende uma retórica oca, Mas não entende a linguagem do amor! A gente sonha em construir palácios, Enquanto a alma está desmoronada E, nas ruínas das filosofias, Não vê que o tudo é nada...! Eu desejo uma canção que faça o menino dormir! E o homem acordar... Letras para ler a vida Eu quero encontrar na caixa de Pandora E quero perceber além do seu olhar: Uma trova inovadora – Uma canção com poesia Que faça o menino dormir... E o homem acordar!
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Adélia Danielli 3º lugar
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Trans-formada (ou mais mulher que eu) À Michele e a Camila Brasil Por brilhos de lantejoula Declarada Por desejos de adequação Transformada Por respeito e dignidade Ameaçada Por talento e inteligência Subjugada Pela face e pelos olhos Assassinada.
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Bulindo Faço coisas que não quero. São essas luas. O desejo esquenta minha pele revelando-me em luzes peroladas. Adoeço aos tremores.
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Duas cidades Resgata-me do abismo à que me empurrou trazendo doces e pequenos agrados. E tudo recomeça na próxima oportunidade. Entre eu e ela, há um mundo construído em duas cidades. E as nossas estradas, variam conforme à previsão do tempo. Agita-me em desconfortos quando liga só para gritar. E a noite termina como tudo entre nós, Ela com seu rosário, e eu com todas as poesias. Choramos juntas sem saber...
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Profilática Falam-me da alegria e eu palhaça sem circo abro a janela pra vê-la passar. “São os riscos que se corre...” Penso, enquanto escrevo para Anônimo destinatário. Vive-se tanto e não se sabe o que é viver! Porém, trago em meu bolso uma brisa suave de mar, que levo a todo lugar... Pois nunca se sabe, quando se estará no inferno.
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Paisagem de meus olhos O sertanejo: duro, moreno, olhos cegos de tanta luz... Boca moscando um quê de nadinha, cuspindo seco. O sertanejo: vivente acordante. Trabalhador de correias, construtor de açudes sempre secos, feito as pontas de galhos que se quebram na vista dessa estrada...
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Menções honrosas
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Adriano Gray Caldas
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Eterno em diante de ti serei eterno seja vôo, pássaro ou abismo. Ainda que atravesse oceanos de sombras ou que ilumine o universo ao teu encontro. Signo partido reflexo de espelhos. Nunca, estranho e só serei presente. Nem mesmo diante de ti, mistério revelado será eterna a tua ausência.
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Nervo Que tal este nervo invisível, de reflexos e espasmos? Vibra e se estende, em jatos sangüíneos. Não te deixa esquecer que estás vivo e sente. A cumprir teu papel nesta farsa altiva com zelo e comedimento. Entre estações de seca e invernos de máscaras. Anunciando teus desejos de soberano. Os invisíveis Abriram meu peito hoje, esquecido em silêncio. Cem sóis curvos gritaram relíquias de sangue e desejos de carne. Quase posso ver, através dos espelhos, aqueles seres invisíveis de passos de sombras. Percebo seus murmúrios. Sei que conspiram em surdina clamando meu nome.
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Terra prometida Tic-tac, tic-tac... O ritmo do tempo, implacável, traz o terror da hora pálida. As lembranças de nossos irmãos mortos. Nunca esquecidos. Eles, fiéis, estão aqui, vibrando entre instantes, nas fendas das florestas ao longo dos vales. Estamos prometidos a esta terra escura imersos no musgo deste estranho labirinto de pedra
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Chama Troco estes meus papéis gastos por um gesto de afeição sincera. Estas palavras vazias por um sorriso largo. Deixo meu cinismo amargo por um pouco de ilusão e esperança. Buscarei nestes breves espasmos de lucidez a clara chama. Dela aplacarei minha fúria, em um último crepúsculo.
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Anne Guimarรฃes
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Esperança gris Dizer que dói Aquela incompletude imensa Já não diz o tanto O pranto O escuro da noite O escuro em mim E a saudade agora quieta Mas ainda arrasadora na escuridão da espera.
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Carpe diem A alvura dos reencontros Aquele gosto de amor ardendo a pele... Aquele olhar de amor luzindo as faces... A alma espargindo Os suores, os sentidos Todos os tons dos desejos Abertos... Todos os selos, as seivas Tudo aquilo que nĂŁo se diz Tanto Todos. Todas. Tudo perfeito.
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Espera verde Ainda outonal Frágil Gris. A verdade é que sou incompletude Saudades Perdas Vazios. Imagens revistadas em preto e branco Noite sem estrelas Amor sem asas E um vaga-lume batendo na janela.
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Arrebatamento mítico Do vazio ressurgiu a voz A paixão que envolve e nos exorciza Do amor tudo se esperou e a esperança viveu fênix... os sorrisos foram despertos as nuances foram despertas as flores todas todas despertas. As portas passagens para o paraíso Azuis agora são os sonhos e de saudades não me visto mais.
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Estranho Na cama A química A soma As letras todas embaraçadas As fantasias emergidas de algum tempo feliz. Um torpor místico Uma nudez vestida de sonhos Em nós o nirvana Sensação bela e estranha Profunda amizade.
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Araceli Benevides
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Canção pra cabloca do meu sertão A mulher abre a porta, varre o quintal, levanta poeira. À pino está o sol, o nordeste queima o horizonte, “quanto vento morno!” – lembra na rede o homem quente. Uma sombra nos olhos Ardem feito poeira do chão de barro. A barriga inchada do filho descalço Lembra: “é hora de feijão com farinha”. “ – Quem vem pra mexer a panela que entorna um coração pedinte de sonhos?”
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Canção pra nega velha da Fazenda A negra velha Ajoelha-se diante do santo. Põe feijão, folhas de louro, Rosas, sal grosso. Pede bênçãos, pede liberdade, pede vida boa pros netos. São muitos: negros, mulatos, sararás. Um quase branco. “Isso dá vida à vida?” É sangue negro, sangue grosso, desce das costas que a chibata abriu. A velha negra dorme quieta tem no colo um pobre ser e canta firme: “Vem, meu Deus, alumiá meu dia, alumiá a vida, alumiá meus sonhos!”
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Leves vestígios O homem de chinelo aparece no meio da estrada, veste algodão cru, corpo esguio, olhar sereno. Parece dominar a natureza. Inclui simplicidade no caminho, andando, deixa marcas atrás de si. Solitário ente Perdido entre árvores secas, Trilhas poeirentas. Por pontes passa, carregando sua dor. Na beira d’água deixa outra marca. Beijo selado na areia. O homem de chinelo trabalha de sol a sol, constrói mundos, novidades, sonhos. Tão leves, tão frágeis. No fim, tudo desaparece. Fica só a marca dos longos pés no chão de terra.
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Urgência pós-moderna Preciso de casas pequenas arejadas insípidas para sustentar os pesos mortos de meu vivo coração. Preciso de igrejas, messiânicas católicas, russas e mulçumanas, para encontrar um Deus aberto que abençoe meus inúmeros pecados sãos. Preciso de gente: homens, mulheres, crianças. Principalmente
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homens que julguem meus dias inglórios, trágicos, dramáticos e nulos. Preciso de fé, paixão sexo, escuridão, mais ainda de castiçais que se apaguem ao encontrar com minha alma perdida, amarelada, imunda, de solitária transgressões.
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Outras mãos O perigo da existência É deixar de existir existindo Em pedaços e sentidos cobrados Vou sumindo Não é fácil saber do que posso Enquanto em cada poço que me afogo Sobrevive a corda de salvação Em lábios Vou deflagrando os passos Dos lados de uma opção Entre curvas Encontro na adega escura O vinho seco do laborioso ermo Da minha elucubração Há em todos os dedos Uma espécie de apego Por outras mãos
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Trajetória de almas Fui talvez noutra vida O olhar que te perturbava A canção consumida Pela mão que te faltava Fui talvez um dia triste E o caminho nebuloso Fui a lágrima que sentiste O coração doloroso E vim cá neste mundo Ser teu amparo de veludo Refazer-me dos defeitos Redimir-me dos maus feitos Trouxe o dia que te acalma Trouxe o sol para tua alma Dei-te a água que te lava Dei-te o lenço que te salva
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Sou a voz que oferece A música que te apetece Sou a luz que alumia Os olhos da tua alegria Ainda assim me ignoras Acaso sabe a tua memória? Acaso lembras o pesar das horas O que te fiz noutra trajetória? Às vezes esqueço o passado Pois corre rápido nosso horário E se tudo parece contrário Por que sempre estou ao teu lado? Quero ainda nesta procissão Ser tua rosa numa noite de verão Pois se um dia eu fui tua perdição Hoje serei a lua da tua salvação!
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Duas luas no céu Como posso encontrar sorrindo Os versos do meu desejo Tão claramente embutido Nos olhos que não vejo? E se bem eu quisesse É bem certo que eu quereria A razão para que houvesse Tanta luz em um só dia Nesta noite proponho A dois olhos tristonhos Duas luas de enfeite Que marque a ferro quente Os corpos que esperam ardentes A bela canção do fino deleite...
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Bandeja repartida Em cada esquina deste chão Em cada piso, em cada vão Dorme um ser regado pelo anil Em cada quarto, em cada dor Em cada medo, em cada flor Há um sonho de amor para o Brasil Pelas calçadas da ilusão Rostos perdidos no que leva a mão Vidas marcadas na contradição Tantos olhos que passam sem ver As vidas que morrem para renascer Tantos filhos deste solo desigual Farpas, armas, drogas, frutos do arsenal Do futuro, do presente, do presidente Da congregação onipotente Senhores não me levem a mal Meus versos são de cores Para o congresso nacional Senhores não me levem a mal Minha arte é de vida Meu coração é uma bandeja repartida Para o sangue do jornal...
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Grávida A vida que trança meus cabelos Tão alva e casta em ouros novelos Faz de mim tão filha, tão reprodutiva Do fruto que alimenta a raiz mais altiva Do sal que sacia a sede, a fome Que limpa o mau agouro do povo sem nome A vida que ávida me entra Traz a ternura em que o bem concentra Traz a mão que afaga os ensejos Da noite transpassada pela aurora que versejo.
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A despedida do passarim Tem um qualquer predileto azul desconsumindo a ave que partiu: porque há flechas em suas asas e manco existir no seu canto de ir embora. Agora que os palitos da gaiola enfeitam de aparas o chão de azulejo da área de serviço é possível olhar pro céu e chorar.
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Queda Livre hei de atravessar a rua de bandeja para os carros para os cantos sem flores das esquinas desbotadas nĂŁo direi meu nome aos transeuntes a pressa despolicia meus passos de cristal e embaixo da ponte o corpo corre.
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Se(mentes) sobre a mesa Acordar sozinha e separar o espinho da flor
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Diante de Silvos Vamos ao café Que a tarde queima Que os convivas estão mortos Que o cheiro grita de longe Vamos ao café Não dormiremos A fumaça não é fabril Não usamos macacão O céu silenciou O silêncio é febril Vamos ao café Vamos acordados.
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Tonteira sou desmerecida de natureza quando me curto na chuva biqueiras não me apavoram ser-me lodo é consolo e todo o fel que recolho guardo no agreste da rede não marco passos com pedrinhas na contramão mas pingo no horizonte um amanhecer de groselhas e é bom.
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Itamir Vieira
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Contraste Clara clarividência luz e espectros lúcidos que flutuam entre a sombra densa do meu ser.
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Nostálgico Hoje revisitei os meus textos esquecidos. Querendo parir um poema que... que brilhasse como um sol de primavera e me fizesse lembrar de você, dos nossos risos e das nossas dores frágeis. Revisitei o passado de nossos planos e sonhos tantas vezes refeitos e desfeitos. Queria que o tempo voltasse e eu pudesse prender um instante em que nossos olhares se cruzavam entre um infinito sem igual. Quereria abraçar-te novamente como quem abraça o tempo que passa rápido mas não tem fim...
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O amor Tenho medo do amor. Tenho medo de suas crises ensandecidas. Não tenho medo da morte, nem da vida que gritam seu aleluia no s i l ê n c i o das horas esquecidas. Viver me causa espanto, somente. Um espanto assim... cheio de excitações. Reflexiva, a vida passa e nesse instante de fecundidade a robustez do tempo crava em meu seio marcas de um viver ...e m b r u t e c i d o!? O amor me causa inquietações, é v e r d a d e. Mas preciso dele para (sobre) v i v e r.
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Revelação Eis que ele vem surgindo na escuridão profusa da mente no silêncio escuro do céu em breu E ele vem sorrateiro em passos comedidos mas ligeiro como o vento Cantando uma sonoridade esparsa dedilhando uma melodia de cores-vivas
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Invade este beco de existência e revela-se diante de ti Em palavras Fragmentos Sintagmas-luzes De poesia-viva. Aí está. Breve como a passagem de um segundo morto, O p o e m a.
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Silêncio. E a solidão Impiedosa atravessa as cortinas vermelhas do quarto sombrio. E o silêncio Encontra O eu despedaçado e a solidão se desfaz.
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José de Sousa Xavier
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Velhice Sempre acreditei nas vidas que não existiam em outros planetas, resquícios de plantas viajando em cometas, almas em pessoas que sobrevivem na lama torpe da sarjeta... Sempre acreditei em micróbios, gases, carbono prenunciando o que move [por si só, nada comparado aos ácidos de tecidos se macerando no solo, prenunciando vegetais estarrecidos ao vento em surdo alarido. Sempre acreditei nas vidas encenadas em novelas, telas, livros, lindos [contos infantis... — personagens fantásticos romanceados imortal e eternamente, cotidianos estritos a eles na essência de ser e arraigados a minha [inexistência real.
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Sempre acreditei nas vidas que quero ressuscitem e habitem cômodos sob o [mesmo teto refeito: guarida minha anos após anos consumidos rotineiramente em hábitos meles [diuturnamente antes das nossas anatomias evoluídas idas destino afora: modo urgente, sobrevivência arquitetada tão sonhada antigamente. Sempre acreditei nas vidas nossas, mimetismos se adequando a nós enquanto o tempo e a ausência não nos consumissem a capacidade de [ressuscitarmos a lembrança justa de orgasmos múltiplos em quem não parte, ainda que se [ausenta em voz.
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Abstinência Minhas artérias estão limpas, minhas mãos, não sei — ímpias; minha consciência permanece seca, mas, nas minhas unhas se ressecam a pele do nosso último combate e a última das sístoles que me roubaste.
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Ciúmes Enquanto tua ferida não se cura, evoco, no remédio, a sutura para as bordas dos teus lábios, para que não te firas pelos fios de outras espadas durante o cio.
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Fantasia Sobre um leito branco estendido sob ti, com músculos, membro e massa, estenderei poemas de Hilst e, entre pérolas, pelos e pétalas, perseguirei os instintos em riste à cata dos versos mais eróticos. Catarei, estendendo meus dedos pelas dobras do teu corpo, orifícios, recessos, saliva, suco, suor: sulcos úmidos onde cairei quase inerte após e soletrarei o som de uma canção que ofega solfejada em mim como em quem se apega à fantasia enquanto escravo da mesmice ou da mania de construir organismo de argamassa sem cimento e vê-lo, efêmero, sucumbir sabendo que viver nada mais é que um lado hilário do existir, em que nosso momento infinito é um orgasmo, enquanto, pela língua, te suspendo em cada espasmo, bolinando e te equilibrando pela ponta do clitóris.
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Carnificina Quando eu percebi que estava vivo, pedi a minha amada: — me mate de novo.
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Luciene Danvie
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Sê-lo Amor: verbo de sangue pulsando em mim, tônico, vermelho. Pulso de mil átomos, sóis girando... Amando: dias em amarelo claro. Amada, minha boca sorri branca, como a boca da lua que engole a noite.
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Luzir Aos que amam há minha mão em concha, Traga-me. Dê-me. Aceito um bocado. Aos de sede Água joga-se: chuva aguando a espera solo do barro derramado.
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Marcilio Oliveira
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Nublado! Domingo! Tem que ser lindo, Tem que ser luz... Pena essa nuvem chumbo Sobre esse mar cinza; Figura tristeza, Merencรณria do Ary. Devo aceitรก-lo? Nรฃo! Procuro o sol nem que seja No rรณtulo de uma cerveja...
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(sem tĂtulo) Augusto, anjo! Teu escarro Parou em meu rosto E escorreu. Ofendeu-me. Sorri, Chorei, mas, Acordei... Gostaria de desejar Um escarro no rosto de cada brasileiro. Acorda!
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Criação Pego meus pensamentos e Passo pelo liciatório, Teço uma teia, Crio um esboço de vida... Linhas, traços, retas, Curvas, semi-retas, arrodeios Para urdir, tramar Nacos de vida... Desculpas, subterfúgios, Escorregadelas, escapadas, Para esculpir Segmentos de vida... Trastes, trecos, cacarecos, Pedaços, trens, cacos. Armo uma estrutura de vida. Junto o esboço com o real. Tentativa de esculpir verdade de vida; Monto o momento!!!
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O Prato da Orquestra (1998) Sou tocador de prato Numa orquestra sinfônica, E em outra: filarmônica. Mas, toco prato! Sou totalmente afinado. PÂM! Sou chamado para os ensaios Quase todos os dias de todas as semanas. Durante todos os ensaios Sôo meu instrumento duas, três vezes; Às vezes menos. Mas faço parte do conjunto. Sem mim, ela se faz incompleta. Sem um prato uma orquestra não existe, Pergunte ao Tchaikovski, ao Dvorák, ao Stravinsky... Vida: Fagotes trompas, violinos, violas, violoncelos, Flautas, flautins, trompetes, trombones, clarinetes, Oboés, tímpanos, bumbos, marimbas, campanas... Talvez eu seja o prato da orquestra da vida. Se eu bater forte, todos vão me observar. Se eu sair, a vida vai desandar. Quer vê?
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Imutável Tal o tamborim do Dylan, Qual o sapo do Bandeira, Que repete sempre: “Sou, não sou, sou, não sou...” Faço, faço e faço... Tal qual a água mole em pedra dura: Fura, fura, fura... Idêntico ao tocador de sanfona medíocre Que, com poucas notas, Repete, sempre: Fom, forom, fom, fom... Igual aos pingos da chuva ao tocar o chão: Uma nota só... E água de cachoeira em queda: Chuáááááá... Torneira pingando;
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O tocar do triângulo de vendedor de cavaco chinês; Cantiga de amolador de facas; Pedidos de esmola de crianças; Explicações de orientadores de pontos turísticos; Espocar de pipoca na fogueira; Traque e bombinhas no São João; Gritos das torcidas de times de futebol, aos domingos; Sorriso de pessoas felizes e resolvidas; Choro de criança mimada; O sofrer de uma jovem viúva no velório do marido (depois, não!); Músicas, no rádio, de sucessos populares; Passos do salto alto numa escada; Cantigas de roda... Não mudo; E pronto!
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Biografias
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Wescley J. Gama nasceu em São Vicente, em 10 de junho de 1981, mas reside em Currais Novos desde a sua infância. É professor, graduado em Letras pela UFRN. Atua como músico e integra o Grupo Casarão de Poesia, ministrando cursos, apresentando-se através de performances poético-musicais e coordenando a Orquestra de Violões do Seridó Oriental. Gosta da palavra cerzida em livros de Manoel de Barros, Gabriel Garcia Marquez e Jorge Luís Borges. Aguarda publicação de "Poemas encharcados de sertão".
Iara Maria Carvalho nasceu em Currais Novos, em 24 de dezembro de 1980. É currais-novense nesse Seridó acolhedor. Graduada em Letras pela UFRN, atualmente é mestranda em Literatura Comparada, estudando a obra de Augusto dos Anjos. Integra o Grupo Casarão de Poesia, interagindo com a comunidade seridoense através de várias iniciativas culturais. Sua poesia respira ares de Adélia Prado, Manoel de Barros, Hilda Hilst e Zila Mamede. Espera "O Nome do Fruto" nascer em breve, o livro que lhe falta.
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Elizabeth Rose de Macêdo Gomes. nasceu em Natal em1975. “Moro no bairro de Nova Parnamirim e sou cantora profissional, atuando também no ramo da publicidade e propaganda. Tenho um livro publicado pela editora Talabada Ideias Sonoras e em breve publicarei outros. Minhas influências literárias são Drummond e Cecília Meireles. Amo a literatura e a música, por isso o nome da minha coleção de livros infantis se chama O Som das Letras – cantando e contando fábulas para qualquer idade”
Adélia Danielli Martins de Souza, nasceu a 18 de Janeiro de 1980 em Currais Novos, mas mora em Natal desde criança. faz parte da nova geração de poetas seridosenses, que mistura temas sertanejos em temas urbanos.
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Paulistana de nascimento, mas de origem nordestina, Araceli Sobreira cresceu rodeada de sonhos e livros. Freqüentadora assídua da Biblioteca Monteiro Lobato, em São Paulo, dedicava-se à leitura . Morou no Ceará em em Natal. Em Parnamirm, onde vive atualmente, leciona Língua Portuguesa e Literatura para alunos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Hoje, Araceli é Doutora em Educação e estuda a importância da prática da leitura na formação de professores, entretanto, sua paixão mesmo é ler bastante, contar histórias, escrever poesias e mexer com plantas. Cercada pelos três filhos e pelo marido sente que pode passar um pouquinho de sua paixão para as crianças e para os jovens de hoje
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Marcilio Dias Oliveira, nasceu em Natal no ano de 1951 sob o signo de Aires. “Sou formado em Odontologia e professor do Curso de Odontologia da UFRN. Comecei a escrever em 1978 e continuo desde sempre. Leio muito e, quanto a poesias, me identifico com Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Orides Fontela, Paulo Leminski, dentre outros, talvez minhas influências. Nunca havia divulgado ou publicado qualquer das minhas poesias, até o momento. Escrever, para mim, é muito inconstante e intuitivo. A inspiração ocorre inesperada quanto ao tempo e escrevoas, quase sempre, de chofre. Pretendo continuar escrevendo e, quem sabe algum dia, publicá-las”.
Itamir Vieira é do município de Gov. Dix-sept Rosado, tendo nascido no dia 25 de fevereiro de 1984 na cidade de Mossoró, onde morou por 3 anos (entre 2005 e 2008) e teve a oportunidade de trabalhar como consultor de leitura em livrarias da cidade, organizando também eventos literários. Suas principais influências são Clarice Lispector, Ferreira Gullar, Machado de Assis além das interações e diálogos com poetas mossoroenses e leitores dos mais diversos estilos. Atualmente trabalha com assessoria em serviço público “Não tenho livro publicado mas estou trabalhando numa obra ainda sem título e sem maiores definições”
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Adriano Gray Caldas nasceu em Natal, em 15 Novembro de 1971. Atua como escritor, tradutor e artista gráfico. Tem especialização e mestrado na área de Ciências Sociais (UFRN), e interesses específicos nos campos das Artes Plásticas, Poesia, Línguas e Design. Em 2003 foi premiado com o segundo lugar no Concurso de Poesia Luis Carlos Guimarães, realizado pela Fundação José Augusto. Obteve ainda menção honrosa nas edições de 2006 e 2008 do Concurso de Poesia Zila Mamede, organizado pelo Jornal Potiguar Notícias. Adriano publicou suas poesias e contos em jornais, revistas e sites dedicados à cultura e literatura como o Galo (FJA), Revista do Conselho de Cultura RN, Substantivo Plural, O Teorema da Feira e Estand’arte. Como tradutor fez a tradução do livro A Sombra dos Esquecidos, do poeta francês Mathieu Dovignaud e participou da Primeira Antologia de Poetas Potiguares, organizado pelo escritor Nelson Patriota.
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Anne Guimarães nasceu em julho de 1981 em Natal e reside emParnamirim desde criança, onde tem militância cultural. Definese como “Mãe e estudante de Comunicação social na UFRN (Habilitação Rádio e TV)”. Suas referências são Cecília Meireles e Adélia Prado.
Drica Duarte nasceu em Currais Novos. É licenciada em Letras. “Tenho algumas poesias reunidas numa coletânea intitulada "Tamborete",produzida por um grupo de amigos e editado aqui em Currais Novos. Fui premiada em dois concursos de poesia na UFRN, Campus Currais Novos. Também escrevo contos e ultimamente estou trabalhando em uma história infantil, que inscrevi no Projeto BNB de Cultura 2010. Tenho um blog com algumas poesias: www.silenciodaboca.blogspot.com. Nasci no dia 7 de outubro de 1977 e minhas influências/preferências literárias são Mário Quintana, Cecília Meireles, Drummond, Fernando Pessoa, Clarice Lispector e ainda acrescento André Gide, Simone de Beauvoir e Anais Nin. No entanto a música, a melodia, as composições, as letras, enfim, influenciam-me sobremaneira.Ah, o livro infantil de nome "AJanelinha", inscrito no BNB de Cultura/2010 é projeto para publicação”.
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José de Sousa Xavier, médico – cirurgião geral, formado também em Letras pela Universidade Norte do Paraná, casado, brasileiro, nasceu em Macau em 04/08/1963 e reside em Natal desde 1980. Neste mesmo ano, antes dos 17 anos, começou a se dedicar à literatura, sendo classificado em dois concursos de contos (2º colocado e menção honrosa) na ETFRN (atual IFRN), mas, por infelicidade e por um longo tempo afastado da literatura, perdeu todos os seus arquivos de poesias e contos. Só na metade de 2003 voltou a escrever. Nesse curto espaço, dividido entre a profissão e a literatura, tem participado de concursos literários locais, nacionais e internacionais, conseguindo resultados expressivos. Tem trabalhos publicados em várias antologias nacionais. Muitos deles estão presentes nos primeiro, segundo, terceiro e quarto livros solos de poesias: “Assim é o cotidiano”,“Facetando a ausência” , “A Anatomia passa, A Poesia Traspassa” e “Acme”. É membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN.
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Instituições que apoiaram o 4º Concurso de Poesia Zila Mamede
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