ABRIL.2004
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30 ANOS
Assinalar ABRIL
O serão nobre acontece de 24 para 25 “30 Anos do 25 de Abril de 1974” vão ser assinalados, no concelho, de forma efusiva, com a prossecução de diversas iniciativas. Em Alverca, na noite de 24 para 25, todos os caminhos vão dar à SFRA, com a realização de diversos espectáculos, que começam à tarde e terminam já pela madrugada dentro. Neste NA, trazemos-lhe as actividades previstas para a efeméride, que pretende (re)lembrar os valores inerentes à “Revolução dos Cravos”. As sessões solenes, a distinção de autarcas e a plantação do “Jardim da Liberdade”, na Póvoa de Santa Iria, são outros “pratos fortes” do programa. Reportagem nas Pág.(s) Centrais e Suplemento
Director: Paulo Pereira Chefe Redação: Mário Caritas
ABRIL . 2004 EDIÇÃO MENSAL . Sai à 2.ª Quarta-feira do mês
Ano XIX . N.º 197 €0,50 . IVA 5%
AUTORIZADO PELOS CTT A CIRCULAR EM INVÓLUCRO DE PLÁSTICO FECHADO ENVOI FERMÉ AUTORISÉ PAR LES PTT PORTUGAIS AUTORIZAÇÃO/AUTORISATION: N.º107 DE 08896RCT PODE ABRIR-SE PARA VERIFICAÇÃO POSTAL
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS PORTUGAL 2615 ALVERCA TAXA PAGA
ORDEM DA INSTRUÇÃO PÚBLICA
Professora Armandina distinguida por Jorge Sampaio VIALONGA. Maria Armandina Soares, professora há mais de 30 anos, actual presidente do Conselho Executivo da EB 2,3 de Vialonga, assim como do Agrupamento de Escolas daquela freguesia, foi, recentemente, agraciada com a Ordem da Instrução Pública, conferida pelo Presidente da República. O NA foi conhecê-la, assim como o trabalho que desenvolve junto de uma população escolar “difícil”, sempre numa perspectiva de “humanizar a relação dos jovens com o meio envolvente”. Reportagem nas Pág.(s): 2 e 3
À CONVERSA COM...
Luís Ferreira Lopes Jornalista (SIC) nos atentados de Madrid
Em conversa com o NA, aquele jornalista da SIC, natural de Alverca, fala-nos de uma experiência “inesquecível”, em Espanha, durante a cobertura dos atentados de Madrid. A reportagem de uma vida, certamente, que Luís Ferreira Lopes, editor de Economia, acompanhou “por mero acaso” e que preferia que “não tivesse acontecido”. Mas aconteceu e ele conta-nos como foi... Entrevista na Pág. 14
Outras Notícias Que futuro para as vivendas da OGMA? . Pág. 10 Conclusões do debate público em Alverca . Pág. 11 Futsal feminino CEBI vence 2.ª de Lisboa . Pág. 13 Etnográfico “apaga” oito velas . Pág. 1 do Suplemento
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PRIMEIRO PLANO
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EB 2,3 DE VIALONGA
Professora Armandina distinguida com a “Ordem da Instrução Pública”
Mário Caritas
Maria Armandina Soares, actual presidente do Conselho Executivo da Escola EB 2,3 de Vialonga, assim como do Agrupamento de Escolas daquela freguesia — actualmente, constituído por dois jardins de infância, seis estabelecimentos de ensino do 1.º ciclo e um de 2.º e 3.º ciclo —, foi, recentemente, distinguida, pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a “Ordem da Instrução Pública”. Uma tão significativa homenagem foi o mote para uma conversa, prolongada, com aquela docente, em torno das, possíveis, razões que levaram a esta condecoração. Falámos, também, sobre a “sua” escola, os “seus” alunos e a sua “visão” do ensino para este novo século XXI... “Notícias de Alverca”: Ficou feliz com a distinção de que foi alvo? Maria Armandina Soares: Isso é inevitável. Repare, trata-se de algo que não nos acontece normalmente, ou seja, o reconhecimento do trabalho que realizamos, e isso dá-nos, naturalmente, um grande prazer. Ainda para mais, quando se trata do próprio Presidente da República a faze-lo. Portanto, é evidente que me sinto muito regozijada com esta condecoração. “NA”: Há quanto tempo é professora? M.A.S.: Desde 1972, ou seja, há 32 anos! “NA”: E nesta escola? M.A.S.: Há 10 anos, e há 15 no concelho de Vila Franca de Xira. Sou licenciada em História e lecciono História e Português, tendo feito a minha profissionalização ligada ao 2.º ciclo (5.º e 6.º anos), embora possa dar outros níveis de escolaridade. “NA”: Em seu entender, a que é que se deveu esta homenagem? M.A.S.: Eu penso que a avaliação foi feita — embora tal não tenha sido, clara mente, expresso — em termos da gestão deste estabelecimento de ensino, pelo facto de se encontrar inserido numa zona que, como todos sabemos, é problemá tica. Ora, o Presidente da República esteve cá há cerca de dois anos e meio, observou muito atentamente o trabalho que é desenvolvido, e penso que saiu satisfeito com aquilo que viu. De resto, ao longo de todo este tempo, tem havido um acompanhamento permanente por parte da assessoria da Educação da Presidência da República. A nível, estritamente, pessoal, julgo que esta condecoração terá a ver, prova velmente, com o meu perfil profissional, visto que encaro as minhas funções de uma forma séria, actualmente com maior preponderância da área da gestão escolar. “NA”: Trata-se, pois, do esforço reali zado em termos da dinamização deste estabelecimento!?... M.A.S.: Sim. O nosso trabalho passa muito pela dinamização do espaço, pela preocupação centrada na aprendizagem dos alunos e das condições que lhes proporcionamos. É por isso que, para além do chamado ensino regular, temos currículos alternativos para estudantes com necessidades diferenciadas, assim como cursos profissionalizantes para encaminhar jovens que não revelem uma grande apetência para uma escolaridade prolongada. Portanto, eu penso que, dentro daquilo que é possível, temos realizado algum trabalho com qualidade, pese embora o sucesso dos alunos, nalguns casos, seja, ainda, manifestamente, insatisfatório, mormente compreensível, dada a situação geral da educação no nosso país e a situação particular destes estudantes. “NA”: Mas, recordo-me que os currí culos alternativos estavam em risco de não continuar... M.A.S.: No ano passado, nós tive mos, de facto, muita dificuldade em reini ciar a formação na área dos currículos alternativos. No entanto, negociámos a sua continuidade, com a Direcção Re gional de Educação de Lisboa, e penso que os responsáveis entenderam aquilo que eram as nossas necessidades de resposta. Para além disso, e ao contrário
Mário Caritas
ORDEM DA INSTRUÇÃO PÚBLICA. Satisfeita, naturalmente, mas com os pés bem assentes no chão, a professora Armandina vê reconhecido, publicamente, o seu trabalho de três décadas
do que acontece noutros sítios, conse guimos contar com o envolvimento da comunidade, em todo este processo. As informações que temos, neste momento, são de que, para casos devidamente jus tificados, continuarão a haver currículos alternativos. E eu penso que isso é fun damental, porque existe, de facto, um conjunto de alunos que, se não tiverem uma oferta tão dirigida às suas caracterís ticas, facilmente abandonarão os estudos. “NA”: E esses currículos levam o estudante até onde, em termos de escolaridade? M.A.S.: Até ao 9.º ano. Ou seja, ficam com a escolaridade obrigatória e com um diploma, tal como todos os outros, pese embora perfaçam um percurso paralelo. “NA”: Apesar desta, tão honrosa, distinção ter sido feita na sua pessoa, podemos dizer que foi uma distinção ao próprio estabelecimento de ensino...?!? M.A.S.: Eu considero que sim. Aliás, não faz sentido pensar que alguém, sozi nho, ponha a funcionar uma escola onde existem 900 alunos, 118 professores e
30 funcionários, entre auxiliares e admi nistrativos. Existe, de facto, um grande investimento humano dos profissionais deste estabelecimento, e eu sou, no fundo, a líder de todo o processo, visto ser a presidente do Conselho Executivo. Trata--se, sobretudo, de considerar — e eu defendo muito isso — que os principais recursos das escolas são os recursos humanos, logo, há que fazer uma gestão adequada dos mesmos, ou seja, fazer sentir às pessoas que estas são indispen sáveis para o desenvolvimento de qualquer trabalho, mostrar que estamos receptivos aos seus projectos, e sermos capazes de perceber — e isso eu penso que nós fazemos bem — o perfil de cada um, porque os indivíduos são diferentes, têm planos distintos de integração e de profissionalização, e é preciso que exista espaço para tudo isso. Portanto, uma das coisas que, normalmente, agrada aos professores é que quando estes têm uma ideia, nós agarramo-la: podemos ajustá-la, um pouco, a determinados condicionalismos, mas as pessoas têm
muita liberdade para implementarem as suas ideias. E eu acho que isso é fulcral, porque não podemos ser, apenas, executores, aliás, quando passamos à situação de executores, provavelmente, teremos
pormenor, nomeadamente as pequenas brigas, os pequenos atritos entre eles, isto para que essas quezílias não ganhem outra dimensão, o que permite que haja um trabalho válido numa área que seria, à partida, de conflito, de agressão, de violência, porque, aqui, eles são latentes, por todas as razões, agravadas, actual mente, pelos factores socio-económicos que todos nós conhecemos. No fundo, temos que estar atentos ao dia-a-dia... “NA”: Pode-se dizer que a professora Armandina funciona como um “fiel da balança”... M.A.S.: Um bocadinho… “NA”: É um trabalho complicado!?!... M.A.S.: É, sobretudo, um trabalho muito aliciante! “NA”: A aposta no ensino do século XXI terá de passar, fundamentalmente, pela relação humana? M.A.S.: Quer dizer, uma escola é um espaço, fundamentalmente, de relação. Por aqui, passa tudo. Se este aspecto da relação funcionar, eu penso que muitas coisas passam a correr melhor. E, de facto, as pessoas podem circular aqui à vontade, não há situações de agressão, de afronta. Eu vou a qualquer sala, a qualquer espaço, e tenho a certeza de que vou ser respeitada. E note que nós temos alunos já com alguma idade — penso que temos um que já tem 20 anos —, que eram, à partida, elementos que poderiam causar problemas graves, mas, pelo contrário: digo o que tenho a dizer- -lhes, converso com eles, chamo-lhes a atenção, ralho se for necessário, zango--me quando é preciso, e disto não saio, de forma a ser criada uma relação mútua de respeito, que julgo ser muito importante. Uma relação de respeito, de exigência, sendo que, eles têm de ter um espaço onde sejam ouvidos, e o Conse lho Executivo funciona muito como uma instância onde eles recorrem. “NA”: Portanto, aqui, o Conselho Executivo é uma entidade próxima dos alunos... M.A.S.: Muito próxima. “NA”: O que não se vê, ainda, muito noutros estabelecimentos de ensino... M.A.S.: Sobre as outras escolas não posso falar, porque não conheço. Eu, pessoalmente, gosto de trabalhar directa mente com os alunos. Aliás, este é já o sexto ano lectivo consecutivo em que não dou aulas, porque não tenho com ponente lectiva, nem tenho tempo para ter, é impossível, dado existir todo um conjunto de situações sobre as quais te
“A nível, estritamente, pessoal, julgo que esta condecoração terá a ver, provavelmente, com o meu perfil profissional (...) Existe, de facto, um grande investimento humano dos profissionais deste estabelecimento, e eu sou, no fundo, a líder de todo o processo.”
muitas falhas e seremos ineficazes... “NA”: E como se desenrola o trabalho com os alunos? M.A.S.: Lidamos, com eles, de uma forma muito directa, aos mais diversos níveis. Eu, pessoalmente, atendo, ao lon go do dia, um número imenso de jovens, que me colocam as mais variadas ques tões, existindo, pois, uma relação muito próxima. Nós valorizamos — eu, pessoal mente, valorizo muito — as questões de
nho que focalizar toda a minha atenção. “NA”: Pode dizer-se que desempenha os papeis de professora, de psicóloga, de animadora, amiga... M.A.S.: Não, nada disso. Eu sou, fundamentalmente, professora e cidadã. E penso que todos nós temos esta capacidade de conversar com os outros. Eu não tenho qualquer veleidade de fazer trabalho de psicologia, nem é
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isso que pretendo, mas o que é certo é que falamos uns com os outros, logo, provavelmente, vamos influir, também, nas relações que estabelecemos e no modo como as outras pessoas reagem connosco. Portanto, eu falo muito regularmente com os alunos, para mim, essa é uma questão central: ter tempo para falar com eles, mas, ter tempo para falar daquilo que os preocupa e daquilo que nos preocupa a nós, daquelas coisas que são, aparentemente, muito insignificantes. Se, no recreio — e, neste caso, estou a falar dos mais novos —, um colega tira o boné, o lesado vem aqui queixar-se. Se calhar, não era necessário, mas essa é a relação que nós estabelecemos, e, depois, eu chamo o outro e eles reconciliam-se, e isto evita que os conflitos cresçam. Outras vezes, eles vêm aqui só para me ver, só para me dar um beijo, ou porque precisam de um certo afecto... “NA”: Vai continuar para sempre nesta carreira...!? M.A.S.: Sim, claro. Provavelmente, ficarei em Vialonga até ao final da carreira. Eu vivo na Póvoa de Santo Adrião, mas estou aqui, gosto deste projecto, desde que cá estou nunca mais concorri para lado nenhum, portanto não tenho quaisquer planos para sair. Acho que este é um desafio interessante, acho que é interessante estar numa escola e acompanhar o crescimento dos jovens, conhecê--los bem; eu conheço imensos pelo nome, por exemplo; conheço as histórias de vida de muitos deles, e isso, para mim, é importante, não para fazer disso assunto de conversa, mas, porque é im portante percebermos as dificuldades que os jovens atravessam, percebermos que tipo de sociedade estamos a construir... “NA”: Até porque a nossa sociedade é muito diferente de quando começou a dar aulas, por exemplo. Em 30 anos, muita coisa mudou ao nível do ensino... M.A.S.: Do ensino e, também, das famílias. Bom, em primeiro lugar, dizer que nós temos, actualmente, nas escolas, jovens que nunca poderiam frequentálas, se não fosse o 25 de Abril. Portanto, este alargamento da escolaridade a todos coloca a instituição “Escola” perante problemas que antes não existiam. É que, hoje em dia, todos estão na escola por um largo período longo, e com todo o tipo de problemas associados. Por outro lado, a sociedade tornou-se, visivelmen te, mais agressiva, existe maior lascismo, a sociedade de consumo tem um peso muito importante nestas áreas em que os problemas sociais são graves, e em que os jovens são constantemente con frontados com solicitações consumistas. E nós temos isso aqui presente, todos os dias: toda a gente quer ter um telemóvel topo de gama, e essas são, muitas vezes, as prioridades dos jovens, ou seja, ter aquilo que as pessoas com mais dinheiro têm, o que se torna difícil de gerir. “NA”: Como é que costumam abordar o tema do 25 de Abril? Como será, este ano? M.A.S.: Para este ano, temos algumas iniciativas programadas, nomeadamente o nosso núcleo de teatro irá representar, neste e noutros estabelecimentos do concelho, a peça: “Sol de Abril.” Por
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Mário Caritas
EDUCAÇÃO. Maria Armandina assume-se, fundamentalmente, como uma educadora, no seu “cativante” contacto diário com os alunos
outro lado, estamos a planear organizar um “painel” com pessoas que viveram o 25 de Abril, levantando a questão: “Que sociedade tínhamos e que sociedade passámos a ter, quais as vantagens e desvantagens?” Porque, na minha opi-
zes, com outras coisas que não o são. Ou seja, o exacerbar da ideia de que todos temos direitos e ninguém tem deveres, o facilitismo imenso, uma confusão entre Democracia e o “posso, quero e mando”, portanto, há muitos conceitos
“Nós valorizamos — eu, pessoalmente, valorizo muito — as questões de pormenor, nomeadamente os pequenos atritos entre os alunos, o que permite que exista um trabalho válido numa área que seria, à partida, de conflito, de violência, porque, aqui, eles são latentes, por todas as razões (...)”
nião, há muitas situações que têm de ser, rapidamente, corrigidas. A maioria de nós, onde eu me incluo, ansiávamos por um 25 de Abril, de facto o “fascismo” era uma situação que nos incomodava, mas a Democracia tem de ser aprofundada, corrigida, porque se confunde, muitas ve
que devem ser aprofundados e eu penso que a escola, também, aí, deve ter um papel relevante. “NA”: Todos os estabelecimentos de ensino deste agrupamento desenvolvem projectos paralelos com um fim comum?
M.A.S.: Deverão desenvolver. Quer dizer, nós já encetámos algum esforço de articulação, sobretudo pedagógica, sendo que, já fizemos um seminário de matemática, estamos a preparar um de português, e a realizar trabalho directo junto das escolas no sentido de garantir uma articulação cada vez maior do trabalho realizado, aos diversos níveis. Mas, tudo isto é um processo longo e está, ainda, muito no início. Estamos a trabalhar, como agrupamento, desde Setembro... “NA”: No entanto, esta sua distinção não é devida ao trabalho que realiza em termos do agrupamento, mas desta es cola em concreto... M.A.S.: Sim, eu penso que sim. Estamos a falar de uma escola que está situada numa zona de periferia com características “pesadas”. No passado, este estabelecimento era, apenas, um ponto de passagem para a maioria dos
professores, ao passo que, actualmente, temos um corpo docente aqui a trabalhar há uma série de anos, a desenvolver pro jectos consistentes, sendo já encarada, por toda a comunidade, como uma es cola “securizante”. “NA”: Os jovens são, hoje em dia, mais violentos do que no passado? M.A.S.: Eu acho que a sociedade é mais violenta. Ou melhor, é, inexplicavel mente, violenta para o século XXI. A própria Comunicação Social valoriza, sistematicamente, tudo aquilo que é violento, logo, a imagem da violência é aquela que passa todos os dias; depois, o consumismo introduz factores de violência acrescidos e naturalmente que os jovens são o reflexo dessa situação. A pressa com que vivemos é geradora de violência, os adultos são violentos, e aquilo que acontece é que a juventude é mais viva nas suas manifestações, mais espontânea, não esconde tanto as características de violência implícitas na sociedade. Penso, sobretudo, que há falta de regras e este é um dos aspectos que é importante aprofundar. As pessoas são muito reivindicativas, mas avaliam pouco qual há-de ser o seu contributo, nas diversas situações. Alheamo-nos muito... “NA”: Tem visto muitos “casos per didos” de jovens darem a volta por cima? M.A.S.: Eu penso que a escola é uma parte importante na resolução dos pro blemas, mas é uma parte escassa. Nós sentimos e conversamos, muitas vezes, sobre isso... Neste momento, todos os problemas têm de ser resolvidos pela es cola, quando há qualquer problema tudo remete para a escola — há problemas de aborto, resolve-se com a Educação Sexual nas escolas; há problemas rodoviários, cria-se a Prevenção Rodoviária, muitas vezes na perspectiva de uma nova disciplina —, quer dizer, a escola é encarada como uma resposta para tudo, quando esta é, apenas, uma parte da resolução dos problemas e não a resolução em si. Portanto, aquilo que nós sentimos é que fazemos um esforço imenso para conseguirmos que estes jovens construam um projecto de vida, se organizem, mas isto tem um prazo, e, neste momento, com as características de muitas das famílias envolvidas e com as características de muitos destes jovens, era necessário que houvessem trabalhos complementares sérios, nomeadamente em termos de assistência social continuada, para, quando os estudantes saem daqui, terem algum acompanhamento. Nós temos alunos que conseguimos que façam o 9.º ano — e esta é a nossa meta — com o mínimo de qualidade, mas, também temos a noção de que quando eles saem daqui, e não havendo outros suportes — e, nestes casos, o suporte familiar falha, em muitas situações —, provavelmente, todo esse trabalho vai voltar para trás. Era necessá rio, pois, que houvesse continuidade e essa continuidade não pode ser dada pela escola. Portanto, falta, de facto, a complementaridade deste trabalho e, provavelmente, era necessário investir em todos os sectores sociais com outra força, nomeadamente em termos da Se gurança Social e da Assistência Social. No fundo, era preciso mais investimento.
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ESPAÇO NA
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SALINAS DE ALVERCA
Ambientalistas criticam Obriverca
AGENDA úteis Alverca do Ribatejo
Junta de Freguesia: Tel.: 21 958 76 80 Fax: 21 958 76 81 Bombeiros Voluntários: 21 958 08 14 GNR: 21 958 05 14 Delegação da C.M.V.F.X.: 21 958 31 49 Casa da Juv. de Alverca: 21 958 41 32 CTT: 21 958 81 92 / 90 Estação CP: 21 958 26 06 SMAS (delg.): 21 958 31 99 Esc. Sec. Gago Coutinho: 21 958 22 00 Esc. Sec. Inf. D. Pedro: 21 958 12 89 Esc. Preparatória: 21 958 11 80 Táxis: 21 957 33 30
Póvoa de Santa Iria
Junta de Freguesia: 21 959 01 32 Bombeiros Voluntários: 21 959 00 32 GNR: 21 959 00 55
Vialonga
A sentença do Juiz “Que porcaria de poder político é este que rege esta comunidade?” Esta frase, dita por um qualquer cidadão, vale o que vale, dependendo do contexto em que é proferida. Mas, quando é dita por um juiz, e, ainda por cima, durante a leitura de uma sentença, o caso muda de figura. Quando um juiz da comarca de Vila franca de Xira inclui, numa sentença, uma crítica explícita à política do município “rosinha”, está tudo dito, não está? Ainda durante a leitura da sentença, o juiz apela à mobilização da sociedade civil, para mudar o rumo das coisas. Eu assino por baixo e convido, desde já, os movimentos de cidadania do concelho a uma convergência de esforços, no sentido de se apresentarem, nas próximas eleições autárquicas, como uma alternativa de poder no município vila--franquense.
J. de Freguesia: 21 952 09 67 Bombeiros Voluntários: 21 952 15 94
Alhandra
Junta de Freguesia: 21 950 02 52 Bombeiros Voluntários: 21 950 00 21 GNR: 21 950 00 70
Sobralinho Junta de Freguesia: 21 950 05 41
Mandato “Rosinha” a meio Quando a meio do mandato, os partidos da oposição na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira não fazem o devido (e imperativo!) balanço do mandato “Rosinha”, está tudo dito, não está?
VILA FRANCA DE XIRA
Felizes coincidências! Ele há todo o tipo de coincidências, nomeadamente as felizes e as infelizes. Cá para mim, o desbloquear da situação do nó de Alverca da A1, numa altura em que a urbanização “Malva Rosa” começa a ganhar forma e necessita de vender apartamentos, só pode ser uma feliz coincidência. Não acham? Ou, como diria o outro, “é a Força do Grupo”.
Calhandriz Junta de Freguesia: 21 958 06 58
Forte da Casa Junta de Freguesia: 21 959 22 19
“São Miguel dos Montes”? O site do PSD de Vila Franca de Xira tem conteúdos dignos de registo. Por exemplo, o facto de indicar o número de telemóvel do vereador Rui Rei. Andei por lá a “navegar” e fiquei curioso em saber qual é a freguesia do concelho vila-franquense que se denomina “São Miguel dos Montes”? Ah, e, já agora, para quê um “link” para “informações úteis”, se essas informações não estão lá?
S. João dos Montes Junta de Freguesia: 21 950 07 01
Vila Franca de Xira
Câmara Municipal: 263 276 031 Junta de Freguesia: 263 272 717 Bombeiros Voluntários: 263 276 333 GNR: 263 273 335 PSP: 263 273 334 Serviço Municipal de Protecção Civil: 263 276 031 - ext. 144 SMAS: 263 200 600
Cachoeiras Junta de Freguesia: 263 22 590
Castanheira do Ribatejo
Junta de Freguesia: 263 29 747 Bombeiros Voluntários: 263 21 095 GNR: 263 22 522
Farmácias de Serviço
Estão, alegadamente, em causa cerca de centena e meia de espécies de aves!... Tendo em conta os trabalhos, em curso, de aterro das salinas de Alver ca, a cargo da empresa Obriverca, com vista à construção da futura Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordena mento do Território e Ambiente e a ADAPA – Associação de Defesa do Ambiente e do Património de Alverca do Ribatejo, solicitam que a referida intervenção «se confine ao menor território possível». Aquelas duas entidades lembram que se está a falar de «uma zona húmida da Reserva Natural do Estuário do Tejo, im portante para a conservação da natureza, e que acolhe mais de 1 000 aves durante as suas passagens migratórias; actual mente, ocorre aí a nidificação de várias espécies», pelo que contestam o facto da empresa estar a actuar «em espaço claramente situado fora da área prevista para a localização da ETAR».
Afinal, quem é o presidente da Junta? Sabia que no site “Guia de Portugal”, na informação relativa à freguesia de Vialonga, o nome do presidente da Junta é um tal de Carlos Braga? E que a freguesia é classificada como “área predominantemente urbana”. Tudo errado. E isto é feito por uma empresa (a Municípia SA – Empresa de Cartografia e Sistemas de Informação, integralmente constituída por municípios) cujo objectivo é — e passo a citar — “contribuir para o prestígio e afirmação dos municípios, em todo o território nacional, nas áreas das novas tecnologias de informação e comunicação”. Quem não vai gostar nada disto é o actual presidente da Junta, Manuel Valente...
O pirónamo
Novo (?) Tribunal gera polémica
Tribunal de Vila Franca de Xira. Eis o assunto que tanta tinta tem feito correr, no último mês, com o PSD a acusar a maioria camarária socialista de «ainda não haver disponibilizado uma área para a construção de um novo Palácio da Jus tiça»; e com Maria da Luz Rosinha a con tra-atacar assim: «A sua edificação não é da nossa competência, aliás, segundo a Associação Nacional de Municípios Portugueses, nem sequer a questão do terreno é da nossa responsabilidade». Tudo começou, recordamos, com uma nota de imprensa, elaborada pelo verea dor social-democrata no executivo, Rui Rei, onde este afirma que o actual edifício «foi-se tornando cada vez mais “estran gulado” e menos funcional e operativo», podendo a autarquia, caso não actue rapidamente, «perder este projecto para outros concelhos, assim como perder, eventualmente, a sede de Comarca». Ora, após respostas (do PS) e contra-respostas (do PSD), em sucessivas con ferências de imprensa, o assunto subiu, inevitavelmente, a reunião pública de Câmara, onde a presidente da edilidade informou que «o Ministério da Defesa dis se estar a aguardar resposta do Ministério da Justiça, para saber que havia ou não verbas para Vila Franca», podendo, quiçá, no futuro, o ambicionado imóvel «vir a ser implementado no espaço da Escola da Armada».
Abril/Maio S. Dias 21 958 17 96 Dias 5 - 11 - 17 - 23 - 29 Dias 5 - 11 - 17 - 23 - 29
Estevão 21 958 29 30 Dias 6 - 12 - 18 - 24 - 30 Dias 6 - 12 - 18 - 24 - 30
Mercado 21 958 06 29 Dias 1 - 7 - 13 - 19 - 25 Dias 1 - 7 - 13 - 19 - 25 - 31
Central 21 958 06 39 Dias 2 - 8 - 14 - 20 - 26 Dias 2 - 8 - 14 - 20 - 26
Nova Alverca 21 957 06 68 Dias 3 - 9 - 15 - 21 - 27 Dias 3 - 9 - 15 - 21 - 27
“Farmácia Raposo” Arcena 21 957 30 20 Dias 4 - 10 - 16 - 22 - 28 Dias 4 - 10 - 16 - 22 - 28
ALVERCA
137 novos lugares para estacionamento Em Alverca, entrou em funcionamento, no passado dia 5 de Abril, o novo Parque de Estacionamento situado junto ao Jardim Parque e às Piscinas Municipais, num investimento camarário global que ascendeu aos 153 mil euros. Ao todo, foram criados 137 novos luga res, quatro dos quais destinados a cida dãos portadores de deficiência, numa área total de 3 680 metros quadrados. Com a implementação deste espaço, a edilidade espera «ajudar a resolver os problemas dos moradores da zona, trazendo, ainda, benefícios a todos os utentes habituais do jardim e piscinas.
Notícias de Alverca ‘ Sede/Redação/Publicidade: Rua da Boca Lara, n.º27, C/V Esq., 2615-051 Alverca do Ribatejo ‘ Endereço Postal: Apartado 124, 2616-908 Alverca ‘ Telefone: 21 993 77 95 ‘ Fax: 21 993 77 99 ‘ Email: noticiasdealverca@clix.pt ‘ Propriedade : A Dentada do Rato Azul - Design e Produções Culturais, Lda. ‘ N.º Contribuinte: 503 756 636 ‘ Accionistas (+10%): Paulo Pereira, Paulo Sousa, Elsa Figueiredo ‘ Director: Paulo Pereira ‘Chefe de Redação: Mário Caritas ‘ Director Comercial: Paulo Pereira ‘ Redação: Ana Rita Leça, Paulo Filipe Pereira,Sandra Xavier e Mafalda Ribeiro ‘ Fotografia: Arquivo N.A e Mário Caritas ‘ Colaboradores Permanentes: Carlos Silva, Edmar Rodrigues, Jorge Cardoso, José Sabino Lopes e Nuno Libório ‘ Colaboradores Eventuais: João Botas ‘ Design e Paginação: A Dentada do Rato Azul, Lda. ‘ CTP: Cinforma ‘ Impressão: Imprejornal, S.A., Av. Infante D. Henrique, n.º 334, 1800 Lisboa ‘ Reg.D.G.C.S.: 109974 ‘ Depósito Legal: 78298/94 ‘ Tiragem: 3.500 exemplares
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SOCIEDADE
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PALAVRAS para que vos quero... Um espaço dedicado a todos A redacção do NA agradece a todos aqueles que têm colaborado neste espaço, enviando textos de poesia, prosa, crónica ou pequenos ensaios, sobre os mais diversos assuntos. Nesta edição, para além dos trabalhos de Olga Campos Rufino e Vitalina Lopes, continuamos a trazer à “estampa” a compilação poética de António de Oliveira Lagarto, sob o título: “Amar o Tejo – O Velho Gabriel”, publicando, presentemente, a Parte Segunda dessa obra — designada: “Descer o Tejo” —, a partir do ponto onde ficámos na edição de Março e retomando-a nas próximas tiragens mensais. Recordamos que esta rubrica pretende ser um incentivo e um estímulo a todos aqueles — dos 8 aos 80 anos...(!) — que queiram pôr à prova a sua capacidade literária. Continuem a escrever-nos...!
“Amar o Tejo” / Parte Segunda “Descer o Tejo” (continuação)
No rio Tejo, quem diria, Existe o melhor do mundo.
Piadeira, tartaranhão, São aves que nos encanta.
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O veleiro navegando, Andam por cima a pairar. Gaivotas em grande bando, Nos querem cumprimentar.
De muitas aves falei, Com toda a gratidão. Confesso, melhor não sei. Ao Tejo, peço perdão.
XXV
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Há travessas com salada. Todos querem ser primeiro. A dar a sua garfada, Há bom vinho Catapereiro.
Mais baixo, assim voando, No seu constante piar. As gaivotas vão poisando No veleiro a navegar.
Há chamada de atenção. O filme vai começar. Em tempos de migração, Grandes bandos a voar.
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XXXVIII
O segundo é de gritos!... Refogados à tradição. Caldeirada de cabritos Come-se com satisfação.
Guinhos-comuns e fuzelos, Arrabios e corvos marinhos. À gente dá gosto vê-los, Ao cruzar certos caminhos.
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O sino volta a tocar, Já cheira a sardinha assada. Todos ocupam lugar Para alegre almoçarada.
A alegria se espalhou, Se nota bem no olhar. E tão bem se almoçou, No rio Tejo a navegar. XXVIII Música sempre a acompanhar, Até há discos pedidos. Para quem quiser escutar Seus artistas preferidos.
Belos bandos de perdizes, Borrelhos-de-coleira e poupas. Galinholas, codornizes, Rareando, já são poucas. XXXIV Há os que apanham abelhas, Estorninhos e calhandras. Pernas-verdes e vermelhas, Não há muitos por estas bandas.
XXIX
XXXV
Tudo parece magia. Assim... respirando fundo!
Sisão e galeirão, Tarambola e alvéola branca.
Tem música a acompanhar. Comentário, bem concebido. Entendidos a falar, É melhor compreendido. XXXIX Assim o nosso veleiro Dá uma imagem real. Do melhor, ao passageiro, Que existe em Portugal. António Lagarto
À minha grande amiga, Luísa Pamplona És uma grande mulher De uma grande inteligência Com muito amor para dar
E com muito carinho. Sempre pronta para ajudar! O teu coração é de ouro O teu sorriso encanta Tudo isto me tens dado Só tenho a agradecer Muito e muito obrigado. Que Deus te abençoe E aos teus filhos também Que vivam em paz e amor Com tudo o que há de bom Amém Olga Campos Rufino
Rio Crós-Cós de cara lavada Ò minha linda Alverca Junto ao Tejo plantada Não nasci no teu seio Mas fui por ti adoptada Há dias fui passear Dar largas à imaginação Quando vi limpo o rio Crós-Cós Soltei um Ah de admiração Eu fui matar saudades Porque tenho em mim um vazio Do local para onde vim criança Para a casinha junto ao rio No canto do campo da bola Ali mesmo junto ao rio Muitos anos morou A tia Ermelinda e meu tio
Aquele era o meu rio Meu e de outra gente Era limpo, alegre e saudável Hoje é sujo, triste e doente Eu era tão pequenina Mas lembro-me muito bem No rio a roupa lavava Eu, minha tia e minha mãe Havia umas grandes pedras Onde a roupa era lavadinha Naquela água tão limpa A roupa brilhava branquinha Pelas senhoras da Avenida Tia Ermelinda era procurada Pois toda a gente queria Por ela a roupa lavada Eu fui muito acarinhada Pela tia Ermelinda e meu tio Hoje só tenho a imagem Dela a lavar no rio O rio Crós-Cós de hoje Com o de ontem não se parece nada De qualquer maneira está lindo Assim de cara lavada Até aquele lindo pombal Mudou a sua formosura Tão limpo e arranjado Parece uma aldeia em miniatura À senhora Presidente Aqui deixo o meu recado Juro que fiquei contente De ver o rio limpo e arranjado Vitalina Lopes
*Carta ao Director
Palácio do Sobralinho, ao povo o que é do povo! Na edição de Março do vosso Jornal, o ex-vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, e actualmente prestador de serviços para a edilidade, defende a entrega ao sector privado do palácio do Sobralinho. Lembre-se, um património arquitectónico e cultural antigo e representativo da nosso concelho e região, uma expressão física da identidade cultural que deve ser defendida para o usufruto das populações. O traço fundamental daquela concep ção deste ex-vereador é, em minha opi nião, a seguinte: 1. faz-se a defesa inequívoca de um tipo de gestão autárquica assente em pressupostos neo-liberais, ou seja, de cumplicidade e cobertura face às políticas dos sucessivos governos PS e PSD, que atiram as autarquias para a gestão privada dos seus serviços básicos e para uma total precarização da sua mão-de-obra; 2. apresentam-se falsos e demagógi cos critérios quando se define as priori dades para a aplicação de verbas do município, porque este entende comparar as questões das acessibilidades ou dos parques de estacionamento com as necessidades da promoção e fruição
culturais, como se um e outro temas sejam concorrenciais entre si; 3. confirma-se um tipo de sensibili dade reconhecido à volta do movimento do Betão, um exemplo daquilo que o concelho de Vila Franca de Xira, actual mente, menos necessita; 4. esta concepção alinha com a actual política(!) de ordenamento do terriório seguida pelo actual executivo PS na Câ mara, uma política desastrosa e descon trolada relativamente ao urbanismo. Ora, o que o nosso concelho necessita é de uma politica de ordenamento do território voltada para as pessoas, para a sua qualidade de vida, e não de uma política autárquica assente em critérios passadistas já esgotados noutras cidades e países. A degradação desta política está associada à privatização dos serviços públicos em geral, que não serve as populações, mas sim ao sector privado e à inevitável degradação da função so cial do Estado. A democratização dos bens culturais e a promoção da criatividade e exponta neidade culturais são tarefas estratégicas que cabe ao Estado promover, nas suas políticas gerais para a cultura. Na verdade, o sr. ex-vereador utiliza
argumentos puramente demagógicos e irracionais, para que este património — que é de todos — seja entregue a um real negócio lucrativo, à exploração turística do património, sem acautelar as necessidades das populações, bem como a experiência cultural que estava
em construção durante a gestão CDU no municipio. Era mais sensato que este senhor dedicasse muito mais do seu tempo ao estudo, à organização de ideias integradas e com visão para o território, ao aconselhamento da actual presidência municipal, partido ao qual pertence, na busca de outro tipo de soluções e de práticas, para que o nosso concelho deixe de ser um paraíso para aquilo que o denominado “movimento do Betão” — neste caso, um Betão com tiques refinados e sensíveis — presta atenção: às valências e oportunidades de negócio que, estranhamente, o nosso património está a criar nalguns sectores. Deveria esta gestão PS na Câmara municipal convidar os empresários do sector hoteleiro a investir, de facto, no nosso concelho, mas noutros parâmetros de actuação ou de lógica. Porque existe mercado, o sector privado deve actuar com base numa política geral do território, eventualmente, construir de raíz ou adaptar espaços devolutos e mais apropriados para este tipo de função específica, talvez no Parque Malva Rosa, um lugar novo, um espaço que reflecte
um tipo de opção, a opção do betão. Facilmente, chegamos à conclusão de que é urgente uma outra política autár quica para o nosso concelho, uma ver dadeira política que utilize a criatividade em formas de gestão participada com os cidadãos, que respeite o ordenamento do território e o ambiente. Esta gestão PS está caduca e continua a rebentar o nosso concelho, bem como a saturar as pessoas. Não resta outra opção que não seja a construção de uma verdadeira mudança. Como lugares apropriados, também para a cultura, os palácios existentes no concelho de Vila Franca de Xira e outros espaços patrimoniais necessitam de ser requalificados e devolvidos às pessoas, para a dinamização e fruição culturais, ou seja, para dar vida própria às terras, aos lugares do nosso concelho, a ALVERCA em particular. Rogério Silva, eleito do PCP na Assembleia de Freguesia de Alverca do Ribatejo
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OPINIÃO
ABRIL.2004
José Sabino Lopes
FOGOS Em Outubro de 2003, abordei, aqui no NA, o tema dos incêndios que devas taram o país perante a impotência geral. Como sempre, considerei que a maioria dos fogos eram postos por mãos criminosas, com diversos objectivos a atingir; lamentei que nunca houvesse a coragem, entre as várias medidas a tomar, de se colocar a engenharia militar no terreno e patrulhas a vigiarem o nosso património florestal (estatal ou privado). Já passaram vinte e tal anos de “deixa arder”. Já vai longe o Director das Flo
Eng.º Técnico Agrário
restas que, certamente na defesa da sua inércia, dizia que os fogos “eram naturais”. Já vai longe o general que não permitia que os militares fossem proteger o património florestal, pois essa, no seu entender, não era a sua missão; mesmo assim, depois de tantos anos de martírios e de perdas incalculáveis, de milhões e milhões de contos e de vidas, ainda há figuras responsáveis que concluíram serem os fogos postos resultado da conjugação de três tipos
de causas: metereológicas, estruturais e operacionais. Não se quer ver a realidade e man dam-se as culpas para o São Pedro!... Compreende-se perfeitamente o secretismo nas investigações, mas não se concluiu nada sobre a actuação de dezenas de indivíduos, que são presos, todos os anos, como incendiários? O que se pode concluir sobre os heli cópteros e avionetas vistos pelas popula ções a incendiarem a floresta, como aconteceu, por exemplo, no Algarve?
Aflige-me que só o Sr. S. Pedro seja o principal culpado. Mas (há sempre um mas), finalmente, parece que os nossos queridos governan tes acordaram da sua letargia. E, assim,
foi anunciado, pelos senhores ministros da Agricultura e Pescas e da Defesa Nacional, que os militares vão actuar no terreno, numa operação “Presença Soli dária”, em quase todo o país, ficando o Algarve de fora, com certeza por falta de meios, o que é perna e que poderá ter também consequências reflexas graves sobre o turismo. Mas, enfim, faça-se justiça! Mais vale tarde do que nunca !!!
Nuno Libório
Alverca reconhece ABRIL Abril está a acontecer. Um programa de iniciativas recorda uma experiência que aconteceu e que modificou profun damente a vida de cada um de nós e do país. Alteraram-se as condições do traba lho, as relações de trabalho, as profis sões, criaram-se conteúdos e formas de uma época. Abril decidiu aquilo que, no momento, foi possível. É um colectivo de emoções, de sensações, de ideias, de um programa possível, de um Portugal possível. Criaram-se novas formas de governa ção, positivas modalidades de participa ção dos cidadãos, novas formas de gestão e de participação dos poderes públicos e das políticas públicas. O país implantou formas sociais de apoio aos cidadãos, Portugal democrático tornou possível a subsidariedade das regiões e dos lugares e legitimou a presença das autoridades e das formas de governação, deu liberdade e condições para a produção livre de ideias e de expressões. Livre de preconceitos, o país levantou e erigiu novas construções culturais, criou sítios e actividades para públicos, gerou alternativas de programação, gerou for
mas de apoio público à espontaneidade cultural, democratizou os bens culturais. Integrando as memórias da resistên cia, a partir do momento de Abril, o movimento associativo ampliou o modo das actividades, bem como a frequência das iniciativas, gerou novos impactes no local, instalou-se nos meios respectivos de actuação, tornou-se agente principal na prossecução das políticas socioculturais de desenvolvimento. Alverca e a sua dinâmica de cidade testemunhou esse movimento singular de espontaneidade e de participação colectiva nas colectividades. Dotadas de formas próprias e de dinâmicas, as colec tividades da nossa freguesia assumiram um protagonismo inédito nessa renova ção que Abril proporcionou. Gerações de entrega à causas co muns e a um mundo local possível, transformaram as colectividades e os organismos de base popular em instrumentos sociais ao serviços de um maior bem-estar e de um modo próximo de elaboração de diversificadas actividades. Recordando Abril, as colectividades de Alverca transformam novamente o programa de iniciativas que lembra e
comemora a data e a época. Pela iniciativa sentimos Alverca com vida, pela presença associativa Alverca proporciona um colectivo de actividades descentralizado e adequado à suas emoções. Sentimos esta cidade a recordar uma história, uma memória e uma identidade. Alverca fez Abril, protagonizou uma experiência de evolução dos meios da sociedade para os cidadãos, soube reagir às novas formas que proporcionaram os poderes democráticos. O associativismo cresceu e aprofundou as suas causas de dedicação. As pessoas souberam encontrar lugares de expressão, momentos de actividade, lugares de encontro e de vida. As colectividades locais deram esse importante contributo na realização de uma outra cidade, de um espaço aberto, dinâmico e colectivo, de um território urbano com qualidade de vida, uma cidade humana. O futuro da nossa cidade deverá reconhecer esta modificação profunda na relações sociais, o protagonismo que Abril proporcionou deverá enquadrar as metas e os programas próximos de desenvolvimento da cidade. Faz sentido
Antropólogo nunoliborio@hotmail.com
a forma desta cidade, uma cidade que cresceu e que se enquadrou nos valores da democracia de Abril, uma cidade com vida e solidária. O recente programa de enquadra mento e de proposta para o desenvolvi mento apresentado para a cidade no âmbito do Plano Estratégico Concelhio desvia-se deste sentido humanista. Como documento que comunica com a revisão do Plano Director Municipal, a base das propostas avança num outro rumo, na criação de um espaço sem diferenciação positiva, de uma cidade extensa, sem comunicação e sem sensibilidade aos lugares e às pessoas. Avança com novas metas de crescimento, com inadequados e mal calculados índices de qualidade de vida, menospreza a identidade da cidade, impõe novas for-
mas de estar na cidade baseadas numa lógica de desenvolvimento superficial e desenquadrado com as capacidades do território e vontade das pessoas. Não se abordam novas metas de aprofundamento das actividades do associativismo local, não se assumem as colectividades como agentes principais na formulação e realização de políticas públicas de desenvolvimento e de cooperação. Pela leitura e apresentação do documento, reconheceu-se um conjunto programático de ideias soltas e não adequadas às sensibilidades do locais, da cidade de Alverca. Alverca tem capacidade de aprecia ção, tem uma lógica de participação regular, tem um espírito de solidariedade e de conhecimento, tem uma experiência e práticas associativas, tem futuro, tem um património de Abril. Abril vai continuar e Alverca irá decidir por si numa lógica integração no sistema de oportunidades recentes. Quem debate o seu futuro deverá acautelar as normas e os valores que existem na cidade.
Jorge Cardoso
Democracia & Liberdade Tenho medo de ferir alguém, porque neste país conquistado, muitas vezes a outros povos, pasme-se foi conquistado por um grupo de pessoas fartas de serem ultrajadas pelos seus compatriotas, de uma maneira vil e mesquinha, que alguns os obrigou a ir para longe se sujeitaram a um tratamento pouco ou nada humano, lá longe nunca esqueceram este cantinho, o seu velho Portugal dos pequeninos. Hoje, volvidos trinta, trinta árduos e difíceis anos de conquista em conquista, vamo-nos esquecendo de quão árduo e triste foi estar fugido, perseguido, maltratado, ou, por vezes, “preso” sem grades a um ideal nobre e nada poder fazer. Hoje que estamos a viver momentos
de grande alegria, devemos, temos a obrigação de exigir o não esquecer, o não deixar passar a ser História o viver em Liberdade e Democracia. Somos, eu queria que assim fosse, um povo orgulhoso, alegre, respeitado, com História, aquela de que nos orgulha mos, e devemos saber transmiti-la aos nossos sucessores, aos novos, à geração que nos irá honrar o nome de sermos Portugueses em Portugal. Devemos criar esperança, educar, instruir, a geração que nos fará justiça, uma justiça que tarda em chegar, porque alguns de nós têm vergonha, de um passado não muito longínquo, em que estávamos numa posição vergonhosa de orgulhosamente sós, talvez seja dos poucos que reivindicando por uma po-
sição de respeito e reconhecimento fui apontado, erradamente, como sendo e tendo algum conhecimento politico ou, como se dizia, de esquerda, era perigoso. O meu conhecimento político e o de muitos era o da ignorância, santa e ingé nua ignorância. Hoje, ninguém quer ser ignorante em politica, mas eu continuo a ser, os outros talvez sejam ingénuos. Agradeço, penhoradamente, a quem — arriscando tudo o que tinha e isso era valiosíssimo: a Vida — nos Libertou, no sentido lato da palavra, aos honrosos e valorosos obreiros do 25 de Abril, o meu, e penso que de todos os portugueses da minha geração, mais profundo reco nhecimento. Mas a vida tem sempre um mas. Não
Capitão reformado FAP jorcardoso@sapo.pt
é leal que nós, um País de emigrantes, não facilitemos a vida a quem tem de imigrar, e neste caso não na maior parte das vezes por questões politicas, discor dância para quem os quer governar, mas, pior, por uma questão de sobrevivência, de bem-estar. Somos, neste momento, e que me perdoem a leviandade, um País de grandes oportunidades, que nós talvez não tenhamos ou queiramos aproveitar,
conhecimentos e discernimento para as não deixar passar, não somos como al guns nos querem fazer crer um País de oportunistas, porque como emigrantes tudo era pouco para mostrar a nossa capacidade de trabalho e de saber, fomos apreciados e isso serviu para engrandecer o grande apreço que os outros povos nutrem por nós, portugueses. Finalizo, desejando, neste aniversário — o 30.º do 25 de ABRIL —, feliz ani versário, que conte muitos, e neste caso a todos nós que somos Portugueses, vivemos o 25 de Abril, e somos, com muita honra, Alverquenses, por opção. VIVA O 25 DE ABRIL. VIVA A LIBER DADE. VIVA A DEMOCRACIA
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OPINIÃO
ABRIL.2004
Cidadania por Vila Franca de Xira
“QUE PORCARIA DE PODER POLÍTICO É ESTE?” – Parte I * A frase-título deste artigo foi proferida, em Março último, por um juíz da comarca de Vila Franca de Xira, durante a leitura de uma sentença sobre um, alegado, caso de tráfico de droga, em que os arguidos — 12, no total, todos eles condenados — eram jovens residentes no concelho de Vila Franca de Xira. As críticas ao poder político vigente, por parte do juíz, não podiam ser mais contundentes e espelham bem o estado de caos a que se chegou neste município. Para ser mais preciso, o juíz proferiu frases, tais como, e passo a citar aquilo que li na imprensa: “Que porcaria de poder político é este que rege esta comunidade?”; “Que porcaria de poder político é este que não dá a estes putos outras opções?”; e, ainda, “aqui, só cresce o betão”. Outra das frases do meretíssimo juíz foi: “Porque é que a comunidade de Vila Franca de Xira e os responsáveis políticos não dão outras alternativas, para que estes jovens tenham outras opções que não sejam andar a vender droga no cais de Vila Franca?” É à primeira parte desta pergunta que tentarei dar (e despoletar) uma resposta, num conjunto de dois artigos de opinião. A cidadania define-se pela participa ção do cidadão, directa ou indirecta mente, no governo da sua comunidade. Advém da condição de cidadão, com os seus direitos e deveres. Uma das ques tões emergentes, na sociedade portu guesa, neste início de século, é a cidada nia, ou melhor, o défice de cidadania. Embora a face mais visível da participação na vida da comunidade seja a política, o exercicío de cidadania tem diversos instrumentos, de forma individual ou colectiva. Desde os movimentos espontâneos de cidadãos, em prol de uma determinada causa, à criação de colectividades com fins culturais, lúdicos ou desportivos, tudo é possível, graças a uma das grandes conquistas de Abril, o direito à livre associação. Quando se lê, nos jornais, que o Estado português foi condenado, pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Ho mem, a pagar uma indemnização a um cidadão português por um processo judicial demorar mais de 15 anos a ser resolvido, isso é a consequência do exercício de cidadania... Quando um qualquer munícipe par ticipa numa Assembleia de Freguesia ou numa Assembleia Municipal, inter pelando os eleitos para uma questão que lhe suscita dúvidas, isso é um exercicío de cidadania... Quando um grupo de pessoas for ma uma determinada comissão, para evitar, por exemplo, que os serviços camarários deitem abaixo uma extensa área de pinheiros mansos, isso é cidadania... Quando um cidadão faz um requeri mento, ao vereador do urbanismo, para ter acesso ao Plano Director
Municipal, isso é cidadania... Quando um munícipe denuncia, ao Ministério do Ambiente e à autarquia, despejos de entulho na via pública ou construções ilegais em áreas de Reserva Agrícola Nacional, isso é cidadania... Se, quando o sinal da TV Cabo apresenta anomalias, nós nos queixamos à operadora que nos presta o serviço, por que razão não haveremos de fazer o mesmo quando, por exemplo, a autarquia não repara os buracos da nossa rua?... Em suma, poder-se-ia dizer que a cidadania diz respeito ao exercício de uma acção participativa e fiscaliza dora de qualquer cidadão, face ao poder instituído, no âmbito da sua comunidade; e que ultrapassa (ou deveria ultrapassar) o “simples” direito de voto. Origens Portugal vive hoje — em plena globalização e como país europeu de pleno direito — uma das maiores e mais rápidas transformações. Com uma Democracia jovem, o grande desafio que se coloca é o de fazer face aos malefícios da nossa situação de periferia. A grande questão é a defesa da identidade nacional. Uma meta só possível com uma cidadania forte, esclarecida e participativa. O sopro vital para as sociedades democráticas. Ao longo dos tempos, travaram-se duras batalhas pela afirmação da cidadania. As primeiras vitórias foram conseguidas com as revoluções Americana e Francesa. O objectivo foi sempre o mesmo: reivindicar o direito de participação, na busca do interesse e bem comum; reivindicar
o direito de acção individual, no seio da sociedade, perante os perigos da intromissão ou da prepotência tentacular do Estado, central e localmente. O concelho de Vila Franca de Xira tem sido, ao longo da sua história, testemunho de diversos exemplos do exercício da cidadania levado ao seu expoente máximo. Basta pensar-se no Movimento Neo-realista ou nas gran des lutas sociais dos anos 40 do sé culo passado. Actualmente, são mais de duas centenas as associações ou colectividades de índole desportiva, cultural e ambientalista, entre outras. Entre os mais recentes exemplos, refira-se a Comissão de Utentes de Saúde de Vialonga ou o Xiradania – Movimento de Cidadania Vilafran quense. Outro dos exemplos de cidadania é a constituição de grupos de defesa do meio ambiente ou associações de mo radores (na sua maioria, para bairros em áreas urbanas de génese ilegal ou bairros sociais). Normalmente, estas associações não têm cariz partidário, religioso, étnico ou clubista, e não vi sam o lucro. Para a sua constituição, recorrem, muitas vezes, às juntas de
freguesia e câmara municipais — que lhes fornecem apoio logístico — e vêem nelas um forte aliado, nas suas reivindicações junto das autarquias (caso das juntas de freguesia) ou junto do Governo central (caso das autarquias). Só para se ter outra ideia de como o direito ao exercício da cidadania está bastante regulamentado — embora seja desconhecido da maioria dos cidadãos — tome-se como exemplo o Código do Processo Administrativo. Este documento estabelece princípios claros sobre o direito à informação dos cidadãos face à Administração Pública. Qualquer pessoa poderá consultar qualquer processo administrativo que lhe diga respeito, a si ou à sua comunidade. Caso não veja realizada sua pretensão, pode sempre recorrer à Comissão de Acesso a Documentos da Administração. A Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira tem sofrido alguns dissabores, neste capítulo… Vida política Tornou-se um lugar-comum a afi rmação — mormente quando se aborda o desenvolvimento económico,
“A participação directa e activa de homens e mulheres na vida política constitui condição e instrumento fundamental de consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.” Artigo 109.º da Constituição da República Portuguesa
social e cultural de Portugal — de que “temos o país que merecemos”, ou seja, se tão pouco fazemos pelo país, não podemos esperar grande coisa em troca. Não menos lugar-comum, é o recordar da mais conhecida frase proferida pelo ex-presidente norte-americano, John F. Kennedy: “Não me perguntem o que é o país pode fazer por vocês, questionem-se, sim, sobre o que é que vocês podem fazer pelo vosso país.” E a verdade é que quase 50 anos de ditadura deixaram marcas profun das na sociedade portuguesa; e que, bem vistas as coisas, há, apenas, 30 anos, despertou do “orgulhosamente sós” para a liberdade de pensamento, de expressão e de associação, na sua plenitude. Também a participação na vida política é um exemplo de exercício da cidadania. Não raras vezes, o actual Presidente da República tem-se referido ao assunto; e, ainda numa recente (2003) deslocação ao concelho de Vila Franca de Xira, a governadora civil de Lisboa fez questão de apelar a essa participação, num de bate subordinado ao tema Governo Civil e Sociedade: “Façam política dentro e fora dos partidos, sejam exigentes com os autarcas e sejam socialmente activos.” A participação na vida política passa não só pela participação nos actos eleitorais, como, também, pela participação nos actos da política, sejam eles assembleias de freguesia ou assembleias municipais, e, até mesmo, pela candidatura a cargos políticos, de forma independente ou no âmbito partidário. Ao nível da captação de gente para a vida política, fortes entraves se têm colocado, nomeadamente os baixos salários e a forte exposição pública. Ainda assim, é nas estruturas jovens dos partidos que esse trabalho co meça. A maior parte das vezes, ao nível das concelhias. Já Alexandre Herculano escreveu que a História de Portugal era a história dos seus municípios. Os municípios remontam à Idade Média e têm, na nossa história, um papel fundamental. Naquele tempo, ao contrário de hoje, com a crescente descredibilização da classe política, nomeadamente ao nível local, os municípios eram dominados pelos homens-bons, os mais notáveis, os mais respeitados chefes de família, as pessoas honradas, por excelência, dentro de cada povoado. Hoje em dia, todos sabemos como é… Ndr: No próximo artigo, abordarei as razões que julgo serem motivo para a constituição de um Movimento de Cida dãos, que se candidate (com ou sem apoio de partidos políticos) às próximas eleições autárquicas no concelho de Vila Franca de Xira. * João Botas Jornalista residente no concelho de Vila Franca de Xira
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CENTRAL
ABRIL.2004
MUNICÍPIO
Assinalar Abril sob várias formas
Para além da, habitual, Sessão Solene, haverá lugar a diversas práticas culturais, sem esquecer a inauguração do “Jardim da Liberdade”, no Parque Público da Quinta da Piedade distinguidos 13 autarcas (ler caixa, em anexo), eleitos em órgãos autárquicos locais ou municipais, já com quatro mandatos completados, contando-se, entre eles, a actual presidente da edilidade, Maria da Luz Rosinha. Pelo meio, ao início da tarde (14h 30m), é inaugurado o “Jardim da Liber dade”, no Parque Público da Quinta da Piedade (Póvoa de Santa Iria), onde se rão plantadas 30 árvores, sendo baptiza da cada uma delas com o nome de uma figura pública, nacional ou mundial, já falecida, conotada, de algum modo, com os valores de Abril e com a defesa de determinadas causas (ler caixa, em anexo). Os festejos encerram, da melhor forma, no dia 30 de Abril (Sexta-feira), com um concerto de Sérgio Godinho, na Sociedade Euterpe Alhandrense, em Alhandra (22h). Em relação ao programa, estrita mente, dirigido ao público estudantil, logo no dia 20 (Terça-feira), há Teatro de Ma rionetas, em Alverca, com o Mestre Filipe e Suas Marionetas, nas EB1 n.º 1 (10h
Mário Caritas Música, teatro, desporto, animação e a realização de cerimónias solenes vão dar corpo às comemorações dos “30 Anos do 25 de Abril” do município de Vila Franca de Xira. As escolas do concelho irão, também, receber algumas iniciativas, neste âmbito, para que os mais novos possam tomar contacto com aquilo que foi a chamada “Revolução dos Cravos” de 1974. Deste modo, no dia 24 (Sábado), pelas 17 horas, o Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca, será palco da inauguração da exposição: “Álvaro Guerra – Razões de Liberdade”, numa clara homenagem àquele ilustre escritor, diplomata e humanista vila-franquense, já falecido. As celebrações continuam, depois, noutro ponto do concelho, em Alverca, nomeadamente no Grande Auditório da Sociedade Filarmónica de Recreio Alver quense (SFRA), com um recital pelo Coro de Câmara da Universidade de Lisboa (16h) e, à noite (21h30m) – numa par ceria com aquela colectividade e Junta de Freguesia local –, o concerto: “Memórias de Abril”, pelos artistas Manuel Freire, Samuel e Francisco Vinhais. Às 24 horas, o Monte Gordo, em VFX, acolherá fogo de artifício. O dia 25 de Abril começa com a, tradi cional, prova de atletismo: “Estafeta da Liberdade”, desta vez no Parque Urbano de Vila Franca (antigo Campo do Ceva deiro), com partida marcada para as 10 horas da manhã. Às 11, realiza-se a, já habitual, Ses são Solene, evocativa desta data histó
30m) e n.º 2 (15h). O mesmo artista desloca-se, no dia seguinte, às EB1 n.º 2 de Vialonga (10h30m) e EB1 n.º 4 da Póvoa de Santa Iria (15h), ao passo que, a 22, irá estar nas EB1 n.º 2 da Póvoa (10h30m) e EB1 do Sobralinho (15h). A animação não fica por aqui, pois, o Núcleo de Teatro da EB 2,3 de Vialonga tem programada a interpretação da peça “Sol de Abril”, nos seguintes estabeleci mentos: EB 1,2,3 do Bom Sucesso, Alverca (dia 21, 10h30m); EB 2,3 de Vialonga (dia 21, 16h30m); EB 2,3 do Forte da Casa (dia 29, 15h); EB 2,3 D. Martinho Vaz de Castelo Branco (dia 29, 16h 30m). Todas estas representações, com excepção da de Vialonga, serão complementadas com um recital de poesia a cargo de José Jorge Letria. Por fim, referir que, no dia 27 (Terça--feira), o Grande Auditório da SFRA irá receber o espectáculo multimédia, diri gido aos alunos das escolas, intitulado: “30 Anos do 25 de Abril.”
13 DISTINGUIDOS Emblemas de Mérito Autárquico Municipal em Ouro
rica, no Auditório Pequeno do Ateneu Artístico Vilafranquense (AAV), numa organização da Assembleia Municipal. Mais tarde, pelas 17 horas, aquele
espaço receberá, ainda, a cerimónia de Entrega de Emblemas em Ouro de Mérito Autárquico Municipal: no total, serão
Eis, de seguida, os nomes dos 13 eleitos que serão distinguidos, no pró ximo dia 25 de Abril (17h), no Auditório Pequeno do AAV, com o Emblema de Mérito Autárquico Municipal em Ouro: Adelino Soares Pantaleão, António José Inácio, Augusto Pereira Faustino, Domingos da Silva Reis, Eugénio Rodri
gues, Francisco do Vale Antunes, Joa quim Mendes Lopes, José Fernando da Costa Ventura, José Manuel Casa leiro, José Valada de Sousa, Manuel da Purificação Lopes, Maria da Luz Rosinha e Ramiro Martins Nunes.
Liberdade
30 ÁRVORES, 30 NOMES…
“Jardim da Liberdade” recorda lutadores estóicos No âmbito dos “30 Anos do 25 de Abril”, os 30 nomes das 30 árvo res que darão corpo ao “Jardim da Liberdade”, no Parque Público da Quinta da Piedade, são os seguintes: Adelino Amaro da Costa, 1943 – 1980 (político, fundador do Partido do Centro Democrático Social - CDS); Agostinho Neto, 1922 – 1979 (poeta, intelectual e presidente da República de Angola); Álvaro Guerra, 1936 – 2002 (escritor, diplomata e
humanista); Alves Redol, 1911 – 1969 (escritor neo-realista); Amílcar Cabral, 1924 – 1973 (político guineense); Aris tides de Sousa Mendes, 1885 – 1954 (diplomata e humanista); Bento Gonçal ves, 1902 – 1942 (fundador do Partido Comunista Português - PCP); Carlos Pa redes, 1925 (músico); Catarina Eufé mia, 1928 – 1954 (combatente pela liberdade); Che Guevara, 1928 – 1967 (combatente latino-americano pela liber dade); Francisco Sá Carneiro, 1934 – 1980 (político, fundador do Partido
Popular Democrático - PPD); Francisco Salgado Zenha, 1923 – 1993 (político, advogado e fundador do Partido So cialista - PS); General Gomes Freire de Andrade, 1757 – 1817 (herói das Lutas Liberais); Humberto Delgado, 1906 – 1965 (político e militar, combatente pela liberdade); John Fitzgerald Kennedy, 1917 – 1963 (presidente norte-ameri cano, anti-segregacionista); José Afon so, 1930 – 1987 (poeta e combatente pela liberdade); José Carlos Ary dos
Santos, 1937 – 1984 (poeta e combatente pela liberdade); Mahatma Gandhi, 1869 – 1948 (político e pacifista indiano); Maria Lamas, 1893 – 1983 (escritora e defensora da liberdade); Martin Luther King, 1929 – 1968 (combatente anti-segragacionista norte-americano); Melo Antunes, 1933 – 1999 (militar de Abril); Miguel Torga, 1907 – 1995 (escritor e humanista); Natália Correia, 1923 – 1993 (escritora e política); Nelson Mandela, 1918 (Prémio Nobel da Paz, combatente anti-apartheid, político);
Raul Rego, 1913 – 2002 (político e jornalista); Salgueiro Maia, 1944 – 1992 (militar de Abril); Salvador Allende, 1908 – 1973 (político chileno); Sérgio Vieira de Mello, 1948 – 2003 (diplomata brasileiro, morto no Iraque ao serviço das Nações Unidas); Simone de Beauvoir, 1908 – 1986 (escritora e intelectual francesa); Soeiro Pereira Gomes, 1909 – 1949 (escritor).
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CENTRAL
ABRIL.2004
ALVERCA
“Revolução dos Cravos” assinalada ao longo do mês O serão de 24 de Abril é o mais “rico” em iniciativas, culminando com o espectáculo de rua: “Aldeia Global”, a cargo do Cegada Mário Caritas Alverca assinala, sob diversas formas, o 25 de Abril/2004!... Passados 30 anos sobre a “Revolu ção dos Cravos”, lembramos algumas iniciativas já decorridas e outras a terem lugar, neste âmbito, ao longo do mês... Deste modo, a Assembleia de Fregue sia, com o apoio do executivo, promoveu, nesta Sexta-feira (16), um “Jantar de Confraternização”, nas instalações da
Fundação CEBI, com todos os eleitos locais, que exerceram – ou exercem – funções nesta autarquia desde Abril de 1974. No dia seguinte (Sábado), o Grupo Etnográfico de Danças e Cantares de Alverca do Ribatejo assinala os seus oito anos de existência (ler reportagem na pág. 1 do Suplemento), com a realização de um “Festival de Folclore”, no Grande Auditório da SFRA. E, no Domingo (18) todos os alverquenses podem assistir a um “Passeio com Arcos em Ferro” pelas
ruas da cidade, numa organização da Escola de Fado do Bairro da Chasa; à tarde, a Associação Coral Ares Novos comemora mais um aniversário, no Auditório “Scala”. Posteriormente, a 23, o Fórum Chasa recebe, pelas 21 horas, uma “Noite de Fados”, levada a cabo, em conjunto, pela Junta de Freguesia de Alverca (JFA), Escola de Fado do Bairro da Chasa e Escola de Fado Amador e Criativo de Alverca do Ribatejo. O dia 24 é o mais preenchido, com
um serão de Abril – resultante de uma parceria entre a autarquia local, município e SFRA –, a desenrolar-se no Grande Auditório desta colectividade. Assim, a partir das 21 horas, teremos: “Memórias de Abril”; “Homenagem a Ary dos San tos”; actuação do Grupo Coral Unidos do Baixo Alentejo; espectáculo musical com os artistas Manuel Freire, Francisco Fanhais e Samuel; e, a encerrar (24h), Teatro de Rua, pelo Cegada Grupo de Teatro Amador de Alverca, com a exibição do espectáculo: “Aldeia Global”, no espa ço exterior junto à sede da Filarmónica
(ler reportagem nesta página). Na manhã de 25 de Abril, o Largo do Pelourinho acolherá a, habitual, Sessão Solene, seguida do Hastear da Bandeira, ao som da banda da SFRA, numa organi zação da JFA. Finalmente, a 30, no Fórum Chasa, pelas 21 horas, decorrerá o “Encontro de Coros de Alverca”, com as seguintes participações: Associação Coral Ares No vos, Coro e Orquestra da Casa do Povo de Arcena e Coro Académico de Alverca.
24 PARA 25 DE ABRIL
Cegada estreia: “Aldeia Global”
Mário Caritas
Com esta iniciativa, que encerra, em simultâneo, a “Amostra de Teatro” e o serão nobre das Comemorações de Abril da cidade de Alverca, aquele grupo amador estreia uma nova vertente: a do teatro de rua “Aldeia Global” é o nome da peça de teatro de rua que o Cegada vai estrear, pelas 00h00m do dia 25 de Abril, no es paço exterior junto ao actual edifício-sede da Sociedade Filarmónica Recreio Alver quense (SFRA), e, que assinala, simulta neamente, o encerramento da “Amostra de Teatro” (ler notícia na página 12) e o terminus do serão nobre das Comemo rações de Abril desta cidade, precisa mente, a noite de 24 para 25 do corrente. À conversa com o NA, José Teles, um dos “mentores” do projecto, fala-nos de um espectáculo com características iné ditas ao nível deste conjunto amador. “É feito, quase, por medida, para o fecho da amostra e pretende ser, igualmente, o lançamento de uma nova vertente no Cegada, a do teatro de rua”, começa por constatar, descrevendo, de seguida, aquilo a que o público irá assistir... “O objectivo é contar uma história, muito simples, praticamente sem texto, a respeito de uma aldeia. Ou seja, ao contrário daquilo que o título poderá in duzir, a realidade que iremos abordar é deveras pequenina”, esclarece, partindo,
depois, para os pormenores: “Essa aldeia é animada, alegre, no fundo, um sítio onde as pessoas vivem e se consideram, plenamente, livres...” Até que um dia.... “Esse aglomerado recebe, de braços abertos, um grupo de indivíduos ainda mais animados do que eles, que vão ali fazer um espectáculo, e, que acabam por ficar; e aquela comu nidade vai-se tornando, com efeito, cada vez mais alegre...” No entanto, os problemas surgem quando “alguns cidadãos entendem que devem existir regras de funcionamento, e as vão impondo; a princípio, as mesmas são aceites, mas, à posteriori, começam a deixar de o ser, na altura em que se estipulam normas de diversão...” Ou seja, os habitantes começam a perceber, no fundo, que “a liberdade es tá, aos poucos, a ser-lhes retirada e isso fá-los ficar cada vez mais tristes (...); até que, certo dia, um deles extravasa esse sentimento em palavra, logo seguido de outros – Esta é, quase, a primeira vez, na peça, em que a palavra surge”, explica, de modo pormenorizado, José Teles.
Mário Caritas
JOSÉ TELES
Tudo termina com “as pessoas a re voltarem-se contra os líderes, derruban do-os, e tornando a aldeia naquilo que era no passado, ou seja: um lugar alegre, livre e sem chefes assumidos”. Apesar de considerar o “produto final” desta interpretação “um pouco utópico”, Teles adverte que se trata, acima de tudo, “de uma alegoria ao 25 de Abril de 1974”, já que, como o próprio explicita, “antes do regime fascista, Portugal era um país, quiçá, alegre e com uma vida própria; depois, durante o Estado Novo, tornou- -se numa nação triste e cinzenta; até que, após a revolução, voltou a extravasar de alegria”. A outra alegoria presente é ao globo terrestre em si. “O ser humano é, por natureza, alegre, só que, ao longo da história da humanidade, alguns de nós têm procurado impor regras ao funcio namento do mundo, o que faz com que o mesmo seja cada vez mais triste; (...) e esta nossa incursão pretende, funda mentalmente, representar a luta pela liberdade, pois, nós agora consideramos que vivemos livres, mas, daqui por uns
anos, teremos de lutar ainda por mais liberdade, já que, a Democracia não é um produto acabado; temos que nos tornar cada vez mais livres e mais homens”, concretiza. A terminar, referir que este espectá culo é acompanhado de banda sonora, parte dela ao vivo, com percussão. A animação é a componente mais forte, com recurso a muita mímica, ao longo de uma hora, e cujos intervenientes serão os finalistas do último curso de actores do Cegada, a par de outros artistas do grupo já mais experientes. A peça subirá à cena em mais de uma ocasião, estando, para já, prevista nova actuação para Julho, no âmbito das Festas da Cidade de Alverca, em local, ainda, por definir. “Gostávamos que fosse no pátio interior da Quinta da Ómnia”, avança o responsável, sem, no entanto, deixar cer tezas. Certo, mesmo, é que, para o ano, está prevista a estreia de um novo espec táculo de rua, para durar até Setembro, “de forma a aproveitar os espaços ao ar livre existentes, aliados às boas condições climatéricas desta altura do ano”.
LARGO do mercado
entrevistas Sandra Xavier fotos Mário Caritas
Tenciona participar nas comemorações deste ano do 25 de Abril? Pensa que os valores de Abril continuam presentes, na nossa sociedade? José Joaquim dos Santos
Abílio Coelho da Vitória
Armando Pires
José de Oliveira Nunes
Amélia Fernandes
70 anos Reformado
67 anos Reformado
50 anos Soldador
69 anos Reformado
59 anos Desempregada
. Quando era mais novo, participava, sempre, nos festejos do 25 de Abril, até porque cheguei a tocar na banda da SFRA. Actualmente, saio à rua e assisto aos eventos que acontecem. . Os valores de Abril já não estão tão presentes, na nossa sociedade, como outrora. As pessoas não são tão agerri das como o eram na altura da revolução. E, para os mais novos, o 25 de Abril de 1974 já nada diz.
. Eu tenciono participar nas comemor ações, mas, ainda, não sei onde. Se estiver em Alverca, irei, certamente, ver as iniciativas que acontecerão cá. . Não, muitos desses valores já se foram embora. Temos assistido a um “estragar” da Democracia… As afrontas que têm sido feitas à classe trabalhadora são assustadoras. Os direitos são violados, todos os dias. E, depois, não há regulamentação para as falências das empresas. Enfim, não há nada, estamos ao “Deus dará”.
. Sim, normalmente participo. . Penso que sim. No entanto, os mais novos já não ligam à data.
. Sim. Provavelmente, irei visitar alguns amigos meus, para convivermos e, também, relembrarmos aquilo que foi a “Revolução dos Cravos”. . Comparando com o passado, pode dizer-se que esses valores estão muito em baixo, as pessoas estão-se a esque cer daquilo que foi o 25 de Abril e da importância que teve para a nossa so ciedade. Os direitos dos trabalhadores estão a ser esquecidos…! Os jovens já nem conhecem a data!…
. Não, não tenho muito vagar e a idade já não ajuda. . Penso que esses valores deveriam estar mais presentes, mas, melhores dias virão, esperemos…
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SOCIEDADE
ALVERCA/ALHANDRA/VFX
Estudos de salvaguarda dos centros antigos A Câmara Municipal deliberou, recente mente, proceder à abertura de três concursos limitados, para a execução de estudos de salvaguarda nos centros antigos das freguesias de: Alverca do Ribatejo (custo estimado de 40 mil euros), Alhandra (40 mil euros) e Vila Franca de Xira (75 mil euros). Com estas práticas, «pretende-se definir estratégias de intervenção urbanística, nas áreas fulcrais das três localidades, que permitam a tomada de decisões coe rentes, qualificadoras e dinamizadoras». Recordamos que estes centros antigos têm vindo a ser alvo de processos de renovação do património edificado e do espaço público, norteados por preocupa ções de evitar a sua descaracterização e de prevenir situações de degradação e/ ou abandono, por parte das respectivas populações e actividades económicas».
ALVERCA
Rotunda das Silveiras arranjada A Rotunda das Silveiras, situada na entrada norte da cidade de Alverca do Ribatejo, vai, finalmente, ser alvo de um arranjo urbanístico A edilidade vila-franquense deliberou proceder à adjudicação de uma empreitada — no valor aproximado de 113 mil euros e com um prazo de execução de 75 dias — para a implantação de uma fonte ornamental, no local, visando «enobrecer e dignificar aquela zona, uma vez que a rotunda está situada num dos principais eixos rodoviários do concelho, precisa mente, a Estrada Nacional 10».
HOSPITAL DA FLAMENGA
Moutinho reclama decisão ministerial De visita ao Hospital Distrital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, e ao — desactivado — Hospital da Flamenga, em Vialonga, os deputados do PSD, Pedro Moutinho e Paula Carloto, salientaram que “o Ministério da Saúde terá de tomar, rapidamente, uma decisão acerca do que fazer na Flamenga, atendendo, inclusive, aos trabalhos de recuperação efectuados numa das alas daquele antigo palácio”. O funcionamento como “unidade de reta guarda, centro laboratorial e lavandaria central do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais” são algumas das ideias avançadas, pelos eleitos, para a Fla menga, espaço no qual foram investidos, há poucos anos, cerca de 400 mil euros, e que a Fundação CEBI (Alverca) já ma nifestou o desejo de gerir futuramente, aguardando resposta da Administração Regional de Saúde. Salientar, por fim, o agrado dos dois deputados “laranja” com as obras planeadas para a melhoria do serviço de urgência do Hospital de VFX.
PÓVOA
Câmara aposta em nova EB 0,1 A edilidade vila-franquense deliberou proceder à abertura de um concurso público, para a execução da empreitada de construção de uma Escola Básica 0,1 na Póvoa de Santa Iria. Numa área global superior a 5 000 me tros quadrados, propriedade do municí pio, nascerão, assim, um jardim de infân cia — com capacidade para 75 alunos — e um estabelecimento do 1.º ciclo do ensino básico, para 200 crianças. O valor base do concurso situa-se na ordem do milhão e 273 mil euros, e tem um prazo de execução de 270 dias.
ABRIL.2004
ALVERCA
Qual será o futuro das vivendas da OGMA?
Mário Caritas
A OGMA transmitiu à edilidade o desejo de avançar com um projecto imobiliário para o espaço onde estão situadas um conjunto de nove vivendas, no centro de Alverca, decisão essa que três associações locais repudiam, com veemência… A Associação Cultural e Recreativa “Lar Oliveira”, a ADAPA – Associação de Defesa do Ambiente e Património de Alverca do Ribatejo e o XIRADANIA – Movimento de Cidadania Vilafranquense, emitiram um comunicado de imprensa, conjunto, no qual tomam uma posição acerca do, alegado, pedido de autorização da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, à Câmara Municipal, «para avançar com um projecto imobiliário, “com outra volumetria”, no local onde estão, hoje, as vivendas situadas entre as ruas da Estação e Sabino Faria, em Alverca». Este é um assunto que, de resto, não é novo. Começou por ser abordado, pu blicamente, no início de 2003, quando a OGMA manifestou o desejo de alienar aquele conjunto de nove, carismáticas, moradias, datadas de meados do século passado, época a que acorriam, às Oficinas, trabalhadores oriundos de todos os pontos do país, havendo, pois, necessidade de os albergar de uma forma condigna. “Quem vinha ocupar estas habita ções, eram, sobretudo, os chaufers, electricistas, enfermeiros e guardas da OGMA”, lembrava-nos, com saudade, na altura da nossa primeira reportagem sobre o tema, a viúva Maria Carlota, aí residente há quase meio século. E, de facto, para além das questões patrimonial e arquitectónica, propriamen te ditas, colocou-se, desde logo, o pro blema de como realojar estas pessoas, assim como as instituições sediadas nal guns daqueles espaços, nomeadamente: APOGMA – Associação de Pessoal da OGMA, ACAR – Aero Clube de Alverca do Ribatejo e CRPIA – Comissão de Reformados, Pensionistas e Idosos de Alverca. Também, na ocasião, a Associação “Lar Oliveira” – constituída, na sua gé nese, por antigos funcionários da OGMA – contestou, de modo veemente, em abaixo-assinado, tal pretensão, reivindi cando «a mobilização dos órgãos autár quicos locais e concelhios, assim como
Mário Caritas
QUE FUTURO? Será que irá vingar a intenção da OGMA em erguer um projecto imobiliário, “com outra volumetria”, no local das, carismáticas, vivendas alverquenses?
da população em geral, para se oporem a tal decisão». Maria da Luz Rosinha, presidente da edilidade, subscreveu tais palavras de
descontentamento. “A, eventual, venda destes imóveis está longe de resolver as carências financeiras da OGMA. Para além disso, estes constituem um marco
da importância que as Oficinas tiveram, e têm, no concelho, devendo, antes, ser recuperados”, advertia, salientando, ainda, que o município «estava a analisar a sua compra, em última instância, de maneira a evitar a respectiva alienação». Mais recentemente, a autarquia admitiu rever a sua posição inicial, isto ao ser confrontada, novamente, pela OGMA, com a intenção acima referida, «para fazer face à complicada situação económica da empresa». Rosinha adian ta, no entanto, que, caso a Câmara venha a dar o seu aval – aguarda, para já, o parecer dos sindicatos –, “deverão ficar salvaguardadas duas dessas casas, concretamente aquelas onde funcionam a APOGMA e a CRPIA”. Assim, e tendo em conta este cenário, aquelas três associações locais vêm dizer que «(…) o património cultural constitui um marco importante na afirmação da identidade de uma comunidade; (…); não estranha, portanto, que, na defesa da preservação daquelas vivendas, se tenham empenhado vários cidadãos e entidades alverquenses, entre elas a Associação “Lar Oliveira” que, num abaixo--assinado, efectuado em reduzido espaço de tempo, recolheu perto de 2 200 assinaturas». Recordando, depois, as palavras de defesa por esta causa das presidentes da Junta de Freguesia e da edilidade, há cerca de um ano atrás, estes constatam, agora, que «consequentemente, foi com a maior das surpresas que lemos, na comunicação social regional, a informa ção de que a OGMA pediu à Câmara, no âmbito do respectivo processo de priva tização, autorização para um projecto imobiliário com, “outra volumetria”, a edificar naquela zona». Alegando que não será esta operação financeira que irá resolver o problema da OGMA, estes responsáveis aproveitam, por fim, para «manifestar o seu mais profundo desagrado e a oposição a tais planos imobiliários», reclamando «o direito à informação sobre os mesmos e a coerência dos autarcas com as declarações que, anteriormente, proferiram».
ALVERCA
XIRADANIA denuncia «falta de actuação camarária»
Mário Caritas
O «abandono a que está votado o Jardim do Bairro Novo», assim como «a redução da zona verde na Quinta das Drogas», sem esquecer «a promessa, não cumprida, de estacionamento subterrâneo no Jardim-Parque», são alguns dos pontos abordados Em comunicado enviado à redacção do NA, o XIRADANIA – Movimento de Cidadania Vilafranquense, adverte que «os habitantes de Alverca continuam à espera de resposta para muitos dos problemas existentes na cidade, os quais a Câmara Municipal continua a não mos trar capacidade, ou vontade, de resolver». Os responsáveis denunciam, ainda, «casos em que a edilidade prometeu e não cumpriu». Estes começam, pois, por referir a situação do novo parque de estaciona mento do Jardim da Quinta de Santa Maria – ou, “Jardim-Parque”, como é
mais conhecido –, recordando que, «logo em 2001, foi anunciado um parque subterrâneo, com dois pisos inferiores e capacidade para 260 viaturas, sendo a área à superfície utilizada como território de expansão do actual jardim». Estes constatam, agora, que, «ao fim de cerca de três anos, o que lá existe é, apenas, um parque de estacionamento à superfície, sem hipótese de alargamento do jardim». Já em relação ao Jardim do Bairro Novo, o XIRADANIA questiona: «Porque é que continua ao mais completo e triste abandono, um espaço que poderia ser
um óptimo local de repouso e lazer, como já o foi em tempos?» Outra zona apontada é a extensão ajardinada na Quinta das Drogas. «Na área envolvente ao novo centro de saúde/ sede da SFRA, estava previsto, no projecto inicial, um perímetro ajardinado de 7 000 metros quadrados. Para além do prolongado aspecto de obra inacabada nos arranjos exteriores, constata- -se, afinal, que a referida extensão é, substancialmente, mais reduzida», concluem. Por fim, ficam outras duas perguntas, em jeito de reivindicação: «Para quando a criação de espaços abertos e públicos,
distribuídos pelas várias áreas residen ciais de Alverca, onde se possa praticar desporto ao ar livre, sem necessidade de enquadramento num qualquer clube ou colectividade; ou, ainda, onde se possa passear de bicicleta de forma descon traída e sem trânsito, e onde as crianças possam correr e brincar de forma livre e saudável?» Assim como: «Para quando a criação de um grande espaço na zona ribeirinha, livre de edificação, destinado ao lazer e à prática informal de desporto, incluindo um circuito de manutenção que tanta falta faz aos alverquenses?»
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ECONOMIA
ABRIL.2004
Carta Aberta à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira * Carlos Silva Consultor Carlos_Silva_90@hotmail.com
VAMOS PARAR TUDO? Mário Caritas
MESA. Da esquerda para a direita, os três especialistas presentes na Mesa do debate: Manuela Raposo Magalhães (Professora Universitária), Carlos Gaivoto (Mestre em Engenharia de Transportes) e Carlos Mendes (Engenheiro do Ambiente)
Mário Caritas
ALVERQUENSES. O público acorreu em grande número e “esgotou” o espaço do Auditório “Scala”
Ex.ª Sr.ª Presidente da Câmara Mu nicipal de Vila Franca de Xira: Como sabe, realizou-se um debate público, no Auditório Municipal “Scala”, em Alverca, no passado dia 19 de Março de 2004, com os seguintes temas: cheias em Alverca e variante de Alverca. Para esse debate, que foi aberto a todos os alverquenses, foram convidados oradores de reputada formação técnica, experiência e saberes, nas áreas a deba ter, para que, dessa forma, os alverquen ses pudessem questionar, mas, também, esclarecerem-se sobre estas matérias. Os alverquenses, que encheram por completo a sala do Auditório “Scala”, disseram “presente”. Como rescaldo, desse debate, pode--se concluir que: A bacia de retenção, prometida pela Câmara, não vai resolver, por si só, os problemas das cheias em Alverca, mas, fundamentalmente, proteger a futura ETAR; Existem outras acções, algumas de menores custos, que minimizam a ocor rência de cheias em Alverca, como são, por exemplo, o revestimento vegetal na cabeceira e nas margens da linha de água, e a construção de bacias de retenção a montante do estrangulamento — canalização do rio Crós-Cós na zona do Choupal —, de forma a temporizar o caudal da ponta de cheia; A Câmara tem obrigação, não só mo ral, como política e legal, de providenciar rapidamente a resolução do problema das cheias, não só com medidas correcti
vas, mas, principalmente, com medidas preventivas ao nível do ordenamento do território, inflectindo a actual tendência para uma densificação caótica da cons trução e apresentando um bom Plano Director Municipal; A Câmara não pode fugir às suas responsabilidades, visto que é ela que licencia e fiscaliza; A Câmara pode — e deve — reunir-se com a população de Alverca, para debater estes assuntos, comprome tendo-se com datas concretas para a implementação de acções susceptíveis de minimizar a ocorrência de cheias; A variante de Alverca não tem sentido com o traçado proposto pela Câmara. Não é concebível, nos dias de hoje — e sabendo o que se sabe sobre ambiente e qualidade de vida das populações —, projectar uma variante, com um caudal de trânsito expectável, em 2005, de 20 000 viaturas/dia, das quais cerca de 3 000 pesadas, que, em vez de circun dar os aglomerados populacionais, irá, sim, atravessar zonas de escolas, lazer, desportivas, habitacionais e de unidades de saúde; Antes de fazer variantes, sem pensar, deve a Câmara elaborar projectos credí veis, trabalhados por especialistas com valências em várias áreas, nomeada mente transportes, comunicações, am biente, saúde e segurança, e debatê-los com a população; A Câmara deve fazer estudos de im pacto ambiental, isentos e credíveis, e submeter a consulta pública o projecto
da variante de Alverca; O traçado da variante, proposto pela Câmara, consiste em tirar o problema de um lado — neste caso, da EN10 — e passá-lo para outro; A Câmara tem de compreender que só existe para satisfazer os interesses da população e não os interesses económicos. Estes últimos, devem ser enquadrados, e devem sustentar uma visão de desenvolvimento, no interesse das populações; A Câmara deve providenciar o desen volvimento do concelho, dando primazia às pessoas e só depois aos veículos; A população de Alverca exige, diálogo e a resolução dos seus problemas, não condicionada por calendários políticos. Estas são as conclusões de um debate rico, vivo e participado, sem condicionalismos de tempo, que não os decorrentes da disponibilização do Auditório “Scala”, que remetemos para seu conhecimento e actuação, no respeito pelos legítimos interesses da população de Alverca. Sem mais, atentamente * Grupo de Cidadãos Alverquenses (Alfredo Pinto, António Pereira, Carlos Gil Chorão, Carlos Henrique da Silva, Fernando Neves de Carvalho, Francisco Teixeira, Isilda Moço, João Rodrigues, Manuel dos Santos, Maria José Rosado Santos, Nuno Libório e Paulo Nobre)
Li, recentemente, num Órgão de Comunicação Social local, que, num de bate promovido na cidade de Alverca, se extraiu a conclusão de que a construção devia parar no concelho de Vila Franca de Xira. Devo dizer que respeito muito os cida dãos que se preocupam com a qualidade de vida urbana, defendendo, assim, a preservação do ambiente. Lamento, apenas, que, regra geral, produzam declarações absolutamente irrealistas e, vistas bem as coisas, negadoras da qualidade de vida dos cidadãos que afirmam defender. Também eu penso que não se deve continuar a construir de forma maciça e expansiva, isto é, não me parece razoável que se pretenda aumentar as áreas de construção numa lógica de expansão que, hoje, em 2004, não faz qualquer sentido, num quadro de planeamento urbanístico que se quer promotor da qualificação do território e do bem-estar dos cidadãos. Como também não fará sentido no quadro do mercado, já saturado e com um forte desequilíbrio entre a oferta e as possibilidades da procura. Neste sentido, também me incluo, não no grupo radical que defende que “se pare a construção no concelho de Vila Franca de Xira”, mas numa área de pensamento que defende a melhoria do espaço urbano e, em consequência, aceita a construção, desde que esta se apresente como um contributo decisivo para a desejada qualificação urbana e ambiental. É preciso continuar a construção, com vista à renovação e reabilitação das zonas antigas, ou consolidadas, das localidades. É preciso continuar a construção den tro dos perímetros urbanos, sempre co mo factor de contributo para a melhoria da imagem do nosso território. É preciso continuar a construção de qualidade, em pequenos programas de dimensão marcadamente mais humana. É preciso continuar a construção para os estratos sociais que ainda engrossam a procura, mas que não encontram, no mercado, suficiente oferta para a sua bolsa. É preciso continuar a construir, em bora de uma forma nova, que preveja e responda às necessidades de equipa mentos e à necessidade de melhorar a mobilidade. Creio mesmo que é possível a cons trução de programas de maior dimensão, desde que não só não agravem as condições ambientais e as dificuldades de circulação, mas que contribuam para
a melhoria ambiental e para a qualidade de vida das áreas menos qualificadas. É imperioso que o planeamento deva ser conduzido e executado sob a égide do interesse público. É lamentavelmente natural que mui tos privados se preocupem apenas com a maximização dos lucros e raramente com o interesse público. Por isso, o planeamento tem que estar sujeito a orientações que salvaguardem o interesse público. Como ficou exposto, não sou favorável à continuação do crescimento nos mol des que tem assumido, na maior parte dos casos, a urbanização e a construção no concelho de Vila Franca de Xira. Incito, por isso, as autoridades — que podem e devem alterar este estado de coisas — para que se reunam de coragem e de determinação, para melhorar o planeamento do desenvolvimento económico, social e urbano. Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de manifestar toda a minha estupefacção pelas “Conclusões” do referido debate, que pretendem que se pare a construção no concelho de Vila Franca de Xira. Esta estupefacção faz-me, talvez, de forma um pouco acintosa, identificar o que resultaria da aplicação de uma polí tica de paragem. Imagine-se: Teriam que se fechar todas as em presas de materiais de construção; todas as empresas que produzem alumínios, portas, móveis de cozinha; todas as em presas de mediação imobiliária; todas as empresas que fabricam e vendem tintas, cerâmicas; e, eventualmente, as cimenteiras; para já nem falar no fecho de todos os gabinetes de projecto, de estudos urbanos e ambientais... E por aí fora, fechando todas as empresas que, de uma forma ou de outra, dependem da construção para sobreviver. Infelizmente, este estado de coisas só acontece por falta de um planeamento bem estruturado. De um lado, alguns promotores imobiliários que apenas vêem o lucro e que, de facto, necessitam de ser “parados”, e, por outro, os defensores da paragem que não estudaram ainda o suficiente para perceberem que a melhoria de qualidade de vida urbana tem que ser o resultado de um vasto equilíbrio. Tem que ser o resultado da sobreposição do interesse público ao interesse privado, sem que isso signifique que o interesse privado tenha de ser “parado”. Equilíbrio. Como em tudo na vida, também no desenvolvimento do nosso Concelho e do nosso País.
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SOCIEDADE
ABRIL.2004
ALVERCA
“Amostra de Teatro” supera as melhores expectativas
Apesar de, ainda, estar a decorrer — só encerra na madrugada de 24 para 25 de Abril —, a “Amostra de Teatro” do Cegada já valeu a pena: em termos de qualidade dos espectáculos, em termos de afluência de público, em termos de “Alverca perceber que pode acolher um grande evento cultural por ano...” De facto, novos e “velhos” têm dito “presente”, aos espectáculos, semanal mente, levados à cena, e as opiniões são, em uníssono, positivas. Teles dá-nos, apenas, um exemplo: “O Teatro do Operário, da Marinha Grande, veio inter pretar a peça: «Dia D», que nos conta a «história da droga». Ora, no final, e dada a forma como o tema foi abordado, to dos, independentemente da idade, saí ram satisfeitos e divertiram-se bastante, com um assunto que, à partida, ainda, é tabu.” E daí que, face a este panorama de — justificado — optimismo, no próximo ano já esteja na calha uma reedição da iniciativa, pese embora durante um pe ríodo temporal menor. “Isto começou e já não pode parar. Em 2005, faremos, certamente, outra amostra — é uma ga
Mário Caritas “Nós já nos sentimos com o dever cumprido, que era o de levar a cabo uma amostra cabal daquilo que se faz de teatro amador, no nosso país”, induz José Teles, um dos responsáveis do Cegada, acerca da “Amostra de Teatro”, organizada por aquele grupo, entre 5 de Março e 24 de Abril, em parceria com a Junta de Freguesia de Alverca e Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense (SFRA), e, ainda, com os apoios logísticos da Misericórdia e Agrupamento de Escuteiros locais. Recordamos que 21 conjuntos, no total, dão vida a um certame que decorre, sempre, às sextas-feiras (noite) e aos sábados (tarde/noite), alternativamente, no Grande Auditório da SFRA e no “Amostra Auditório” (antiga sede da Filarmónica). Ao assinalar 18 anos de existência — nasceu a 9 de Março de 1986 —, o Cegada Grupo de Teatro Amador promo ve, deste modo, um evento que está a “mexer” com o meio. “Outra das nossas apostas era de que a própria cidade de Alverca «percebesse» que pode acolher um grande advento cultural, por ano, que não tem, necessariamente, de ser teatro; e, isso, eu penso que foi conseguido, face, nomeadamente, à extraordinária adesão do público”, acrescenta, convicto, aquele actor.
rantia —, mormente a data não esteja, por enquanto, definida”, explica-nos José Teles, lembrando, no entanto, que “será, certamente, mais curta, temporalmente, do que esta, o que não significa, neces sariamente, uma redução do número de participantes e de actuações”. Em Alverca, até à noite de 24 de Abril, data de estreia da peça de teatro de rua, intitulada: “Aldeia Global”, que encerra a amostra e, simultaneamente, as comemorações de Abril desta cidade (ler notícia na página 9), o “pano” vai continuar a subir, e — nunca é demais lembrar — as entradas são gratuitas. Para obter mais informações, poderá consultar o site: www.cegada.no.sapo. pt, assim como a morada de e-mail: cegada@sapo.pt, ou, então, pelo contacto de telemóvel: 969837650.
PROGRAMA RESTANTE... O que, ainda, pode ver da “Amostra” Os restantes espectáculos desta “Amostra de Teatro” estão assim calen darizados: “A Bengala”, Ultimacto (16 de Abril, 21h30m, “Amostra Auditório”); “O Tesouro”, Grupo Cénico da Incrível Almadense (17 de Abril, 16h, “Amostra Auditório”); “Casting Gil”, Teatrinho
de Santarém (17 de Abril, 21h30m, “Amostra Auditório”); “Verdade ou Consequência”, Grupo de Teatro Esteiros, de Alhandra (23 de Abril, 21h30m, “Amostra Auditório”); “Aldeia Global”, Cegada Grupo de Teatro (24 de Abril, 24h, Largo da SFRA).
TEATRO
Fórum Chasa acolhe espectáculos
Mário Caritas
Sob a égide da ADINE – Associação de Dinamização Empresarial, João Rosa tem em cena: “O Auto da Barca do Inferno. 504 Anos Depois…!”, mas já prepara duas novas incursões teatrais… Até ao próximo Sábado (17 de Abril), todos os, eventuais, interessados pode rão, ainda, assistir, no Fórum Chasa, em Alverca, à representação da peça “O AUTO DA BARCA DO INFERNO. 504 Anos Depois…!”, baseada naquele, célebre, texto de Gil Vicente, com produção a cargo de João Rosa e interpretações dos actores: Diana Lúcio, Francisca Silva, João Fernandes, Márcia Palma e Nuno Escada. Na respectiva sinopse, pode ler-se: «O auto quinhentista põe em cena a máquina-mundo, na qual, tal como hoje, as ideias jogam com as figuras reais, ou seja, personificadas, temporalmente! Uma verdadeira crítica, em tom de sátira,
à sociedade actual. A história passa-se num porto com ambiências de discoteca, onde o público e as personagens se confundem, os dois batéis fundem-se num só televisor. Uma verdadeira simbiose entre espaço cénico, audiovisual e entretenimento.» Recordamos que os dois restantes espectáculos, nocturnos, de Sexta-feira (16) e Sábado (17), têm início marcado para as 21h30m. Os ingressos custam cinco euros para estudantes e sete para o público em geral. Este é o terceiro trabalho que João Rosa leva à cena, naquele espaço, resu ltante de uma parceria estabelecida com
Mário Caritas
DINÂMICA. João Rosa (na foto) quer pôr o teatro a “mexer”, no Fórum Chasa
a ADINE – Associação de Dinamização Empresarial, aí sediada. Assim, depois de “Poesia Apocalíptica”, “Antes de Co
meçar” e, actualmente, “O Auto da Barca do Inferno. 504 Anos Depois…!”, estão já na calha mais duas novas produções… “O Fim”, baseado no exercício teatral
intitulado: “As Ligações”, de António Tor rado, está a ser preparado para subir ao palco de 14 de Maio a 25 de Junho; ao passo que, para o período entre 19 de Junho e 17 de Julho, está em mente o “Entre Parêntesis”, igualmente, baseado num exercício teatral daquele autor. Entretanto, continuam aí a decorrer, todas as quintas-feiras, entre as 21 e as 23 horas, as “Noites de Improvisação”, abertas à participação de qualquer indiví duo, onde os, potenciais, interessados poderão mostrar as suas performances em teatro, poesia ou qualquer outra for ma de expressão artística.
CULTURA
Câmara protocoliza com agentes concelhios
No total, a edilidade vila-franquense disponibilizou uma verba próxima dos 235 mil euros, em 2004, para apoio às áreas do teatro, música, dança, canto coral e folclore Mário Caritas A edilidade de Vila Franca de Xira rubricou, recentemente, protocolos para apoio financeiro aos diversos agentes culturais do concelho, em 2004, num valor total que ascendeu aos 179 mil euros. Paralelamente, foram assinados acordos no âmbito do Programa Municipal de Apoio ao Folclore, num montante global próximo dos 56 mil euros. O Salão Nobre da Câmara encheu,
por completo, de responsáveis conce lhios, intervenientes activos nas áreas do teatro, canto coral, música, dança e folclore, facto esse que foi elogiado por Maria da Luz Rosinha, presidente da autarquia, reiterando a “importância deste tipo de manifestações, numa época em que o sector da cultura é dos mais sacrificados, a nível nacional”. Deste modo, foram contemplados: as quatro bandas filarmónicas do município (com cerca de 53 mil euros, no total); Conservatório Regional Silva Marques
(€7 688); as três escolas de ballet (€12 743); as quatro escolas de música (€10 598); os sete grupos corais (€32 262); os cinco conjuntos de teatro amador (€32 040); Inestética – Associação Cul tural Novas Ideias (€25 564); e, ainda, as duas associações de artistas plásticos (€5 125). Já em relação ao suporte à actividade regular dos 12 agrupamentos de folclore do concelho, a referida verba é repartida da seguinte forma: 46 682 euros dest inam-se, para cada caso, a: subsídio
anual da respectiva actividade, promoção de um festival de folclore, deslocações em território nacional, deslocações em transporte próprio e quatro actuações no âmbito do protocolo; 8 500 euros repor tam-se, por seu turno, a: candidaturas específicas para apoio a projectos de pesquisa, acções de formação, iniciativas de cariz etnográfico, edição ou gravação de cassetes ou CD’s, deslocações ao estrangeiro. Recordamos os nomes dos contem plados, neste âmbito: Casa do Povo de
Arcena, Centro Social e Cultural do Bom Sucesso, Grupo Etnográfico Danças e Cantares de Alverca do Ribatejo, Grupo Desportivo e Cultural da Loja Nova, Grupo Desportivo de Santa Eulália, Rancho de Varinos de Vila Franca de Xira, Casa do Povo de Vialonga, Rancho Folclórico da Alfarrobeira, Rancho Típico de Avieiros, Rancho Típico Infantil e Juvenil do Bairro da Mata, Grupo Recreativo e Desportivo Bragadense, Associação Desportiva e Cultural do Parque Residencial de Via longa.
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DESPORTO
ABRIL.2004
FUTSAL FEMININO
FUNDAÇÃO CEBI campeã da 2.ª Divisão de Lisboa Pela primeira vez, uma equipa de Alverca alcança o 1.º lugar naquele escalão, subindo, assim, à primeira categoria “alfacinha” por seu turno, Carla Couto, a atleta por tuguesa (no activo) mais internacional do futebol de 11 feminino, que acrescenta: “Esta vitória tem um sabor especial, pois, é a primeira vez que treino uma equipa, e logo com uma subida de divisão e a conquista do lugar cimeiro.” Radiante, após a partida frente aos Novos Talentos “B”, estava Inês Sousa — melhor marcadora da formação alverquense, na pretérita época, com 40 tentos apontados, até ao momento —, que “cresceu” naquela colectividade da linha de Sintra, tendo-se transferido para o CEBI no inicio desta temporada. Na ocasião, em declarações ao NA, a jovem “craque” afirmava: “É muito difícil dizer o que sinto, mas, estou muito feliz por ter sido campeã, ainda para mais tendo isso acontecido no terreno do meu anterior clube.” Cumpridas que estão todas as metas traçadas, inicialmente, as atenções dos responsáveis viram-se, naturalmente, para a preparação do próximo campeo
Paulo Filipe Pereira Inédito! No passado dia 4 de Abril, a equipa sénior de futsal feminino da Fundação CEBI sagrou-se campeã da 2.ª divisão distrital de Lisboa, época 2003/2004, ao bater a formação dos Novos Talentos “B”, por 3-1, em partida da 20.ª jornada da prova, disputada no pavilhão da Abelheira, no Cacém. Em 10 anos de existência, e os últimos cinco como federado, aquele “emblema” ascende, assim, pela primeira vez, ao escalão máximo “alfacinha” e torna-se, ainda, no primeiro “cinco” da freguesia de Alverca do Ribatejo a alcançar o primeiro lugar do pódio da 2ª divisão de Lisboa. Tratou-se, acima de tudo, da consa gração de um grupo, presentemente, formado por 13 futebolistas, que, duas rondas antes, já havia garantido a subida de categoria, pelo que a obtenção do título acabou por ser — como se diz na gíria — “ouro sobre azul”. Parafraseando Nuno Custódio, um dos treinadores — a par de Carla Couto e Paulo Martinheira (guarda-redes) —, “os factores essenciais, para este sucesso, passaram pelo esforço e empenho de todas, pelo «know how» trazido pela Carla Couto e, acima de tudo, pelo acreditar, sempre, do principio ao fim”. Somando, actualmente, 55 pontos, a duas jornadas do termo do campeonato, a Fundação CEBI alcançou um objectivo que, a pouco e pouco, foi ganhando forma. Aliás, segundo palavras deste téc nico, “o conjunto realizou uma temporada regular, em que nunca esteve abaixo do segundo lugar, e, desde que ficou isolado no 1.º posto, nunca mais o deixou, o que conferiu uma certa tranquilidade”. “As principais responsáveis pelo titulo são as jogadores, que sempre deram o máximo em todos os desafios”, sublinha,
nato, até porque os desafios serão muito maiores. “A 1.ª divisão já está a ser planeada. O objectivo passa pela manutenção dos actuais plantel e corpo técnico, para além de existir uma lista de possíveis reforços e, quiçá, de novos patrocinadores”, explica Nuno Custódio. Ainda segundo o mister, é necessário conferir uma maior expressão ao futsal feminino praticado no nosso pais, a co meçar, desde logo, “pela criação de uma prova nacional”. Isto porque — acres centa, convicto — “as equipas femininas já estão a desenvolver um bom futsal, só perdendo para as masculinas em força e velocidade”. Fundadora da modalidade no CEBI, Sara Dominguez, capitã de equipa, não escondia a emoção que aquele momento lhe trouxe. “Fomos bastante regulares e talvez por isso tenhamos alcançado o 1º lugar. Estou muito feliz!”, frisava a jovem praticante.
Mário Caritas
CAMPEÃS! “Acreditar, sempre, do princípio ao fim”, foi uma das chaves do sucesso das “campeãs” do CEBI (na foto, a celebrarem a conquista do campeonato, no Cacém), que, para o ano, irão disputar o escalão máximo “alfacinha”
NÚMEROS E DATAS CEBI campeão. CHASA aspira à subida Em 20 jornadas já disputadas, no Campeonato Distrital da 2.ª Divisão de Lisboa, época 2003/2004, a Fundação CEBI obteve 18 vitórias, um empate e uma derrota — ambas as perdas de pontos aconteceram frente às rivais da CHASA —, somando, actualmente, 125 golos marcados e 28 sofridos. CHASA (47 pontos) e Benfica
de Tires (43) disputam o 2.º lugar, que, também, dá acesso ao escalão máximo “alfacinha”, defrontando-se estas duas formações na última ronda (22.ª), no pavilhão de Tires, marcada para 22 de Abril. O CEBI, por seu turno, recebe o Moinho da Juventude (17 de Abril) e, a finalizar, desloca-se ao recinto do Idanha (22).
ALVERCA
Piscina Municipal acolheu “baptismos de mergulho” Sob o mote: “Vem respirar debaixo de água...”, 24 pessoas tiveram a experiência de mergulhar numa piscina e permanecer, lá em baixo, sem terem de subir para respirar...
8 DE MAIO – 5 DE JUNHO
“XVII Alverquíadas” em preparação
Mário Caritas
Na sua 17.ª edição, a maior iniciativa desportiva da cidade de Alverca promete voltar a mobilizar todo o tipo de praticantes, num total de mais de 20 modalidades. A Cultura volta a ser “convidada de honra”, desta vez, no último fim-de-semana de Maio… Está à porta, mais uma edição – a 17.ª – das “Alverquíadas”, a maior inicia tiva de cariz desportivo da freguesia de Alverca do Ribatejo e, também, uma das mais abrangentes, neste âmbito, ao nível do concelho de Vila Franca de Xira. No total, são esperados perto de 5 000 participantes, divididos por mais de duas dezenas de modalidades (à data do fecho desta edição, ainda, não é possível adiantar, em concreto, qual o seu núme ro), no período temporal que irá mediar de 8 de Maio a 5 de Junho. O certame, cujo orçamento global final ronda os 25 mil euros, volta a ser organizado pela Junta de Freguesia, em colaboração com as diversas colectividades e instituições, e contando com os apoios da Câmara Municipal, assim como do comércio e indústria locais. Apesar do programa/2004 estar, por enquanto, em fase de elaboração, Joaquim Carreira, eleito no executivo de freguesia com o pelouro do Des-
porto, adianta, desde já, que uma das novidades deste ano é “a introdução do atletismo, não em formato de corrida, mas, com algumas especialidades mais técnicas, a cargo da recém-criada secção do FC de Alverca”. No restante, referir que as cerimónias de abertura e de encerramento voltarão a constituir pontos altos deste evento. Em relação à primeira, marcada para o dia 8 de Maio, esta irá constar do, habi tual, desfile desde o Jardim Parque até ao Pavilhão Municipal, pelos alunos das escolas básicas do 1.º ciclo da cidade, acompanhados dos Motards de Alverca e da Banda da SFRA. Depois, no interior do pavilhão, os mais novos entoarão o Hino Nacional e o “Hino das Alverquía das”, registando-se, em simultâneo, o Içar das Bandeiras. A classe de patina gem artística do FCA dará corpo a um número, especialmente, preparado para essa ocasião… O encerramento, agendado para 5
de Junho, no campo relvado do FCA, contará, à semelhança das edições anteriores, com o desfile das marchas infantis da freguesia e da marcha adulta da SFRA, estando, no imediato, a serem equacionadas outras acções relevantes, para animarem esse serão. Pelo meio, no fim-de-semana de 29 e 30 de Maio, é aberto um espaço, privilegiado, à Cultura, com a rubrica: “Culturalverca”, no Jardim Parque, que prevê a realização de ateliers e outro tipo de manifestações culturais, nomeadamente espectáculos de animação de rua e teatrais, sem esquecer os insufláveis, pois – e dado que o 1 de Junho “calha” a uma Segunda-feira – o Dia Mundial da Criança será assinalado no Domingo anterior (30). “Vamos esperar que as pessoas participem, nas «Alverquíadas/2004, já que, esta é uma das maiores apostas da nossa autarquia”, remata, confiante, Joaquim Carreira.
MERGULHO SUBAQUÁTICO. 24 pessoas disseram “presente” ao “baptismo de mergulho” que aconteceu na Piscina de Alverca
Alberto Brás Foi com a expressão: “Já acabou?” que a, esmagadora, maioria dos partici pantes nos “baptismos de mergulho” rematou a sua experiência de respirar debaixo de água. Com evidente agrado, não por terem terminado, mas, sim, por terem tido essa experiência. Foi no dia 28 de Março (Domingo), na Piscina Municipal de Alverca, que 24 pessoas se “atreveram” a ver e a sentir como é mergulhar numa piscina e perma necer, lá em baixo, sem terem de subir para respirar. “Foram 20 minutos que passaram num flash”, assim o descreveu um dos
“baptizados”, demonstrando, dessa for ma, o seu pleno agrado por ter participa do nesta pequena “aventura”. Recordamos que este evento resulta de um protocolo que a Federação Portu guesa de Actividades Subaquáticas e a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira assinaram entre si, tendo em vista a di vulgação das actividades subaquáticas no concelho. Conforme noticiámos no número an terior, esta iniciativa — intitulada: “Vem respirar debaixo de água...” — terá repetição no próximo dia 30 de Maio, na Piscina Municipal da Póvoa de Santa Iria, podendo os, eventuais, interessados frequentar, à posteriori, um curso de mergulho.
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ENTREVISTA
ABRIL.2004
Caras & Conversas Luís Ferreira Lopes, os atentados em Espanha e a reportagem de uma vida
Mário Caritas
“Foi, talvez, a reportagem da minha vida, mas daria tudo para não ter sido.” À conversa com o NA, Luís Ferreira Lopes, jornalista, actual editor de economia da “SIC”, “SIC Notícias” e “SIC Online”, conta-nos como, por mero acaso, foi parar à frente “de combate” televisiva que acompanhou, de perto, os momentos e os dias que se seguiram aos atentados terroristas em Espanha, de 11 de Março último, da autoria da organização Alcaeda. “Notícias de Alverca”: Conta-nos como “viveste” aqueles primeiros mo mentos a seguir aos atentados… Luís Ferreira Lopes: Bom, dizer, em primeiro lugar, que eu estava, em Madrid, a trabalhar, para a SIC, numa reportagem sobre economia (dado ser essa a minha área editorial), tinha ido na Quarta-feira de manhã e o regresso de avião estava marcado para o meio da manhã dessa, fatídica, Quinta-feira (dia 11 de Março). Por volta das 08h00m, quando me le vantei, liguei a televisão do hotel, onde estava hospedado, situado na Plaza de Castilha – ainda bastante longe das estações de comboio, martirizadas, de Atocha e de Santa Eugénia –, e, ao ver as imagens, entrei, automaticamente, em contacto com a SIC, assim como o fizeram outros dois colegas meus: um que lá se encontrava a fazer outra reportagem e outro que já lá estava para cobrir as eleições de Domingo, e que, por se encontrarem mais próximos, foram, logo, para as estações. No meu caso, propus--me, de imediato, ir cobrir algo que tinha acabado de ouvir e que era o apelo das autoridades para que as pessoas fossem dar sangue. Tudo isto cerca de 35/40 minutos após os atentados. Na altura, não haviam, naturalmente, números oficiais de mortos e feridos, mas, quando cheguei ao local onde estavam os autocarros da Cruz Vermelha, já existiam filas e filas de pessoas para dar sangue… “NA”: Presumo que se viviam mo mentos de forte emoção?!… L.F.L.: Era uma emoção impressio nante, em todo o lado, quer nas pessoas que estavam nas estações, quer ali, onde eu me encontrava. Ali, foi um lado muito mais tocante, porque ali não estavam curiosos – ao contrário do que acontecia nas estações de comboio –, mas, antes, indivíduos que queriam ajudar, lá à frente quase se acotovelavam para serem os primeiros a dar sangue… “NA”: Houve, portanto, uma onda de solidariedade…?! L.F.L.: Houve uma onda, emocio nante, de solidariedade. Aquele povo deu, de facto, uma lição de união, de força, absolutamente exemplar. E, no dia seguinte, foi, também, impressionante ver as pessoas a virem para a rua, em todas as cidades espanholas…; na ca pital, Madrid, eram mais de dois milhões, debaixo de forte chuva, naquela mega-
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-manifestação da tarde de Sexta-feira, dia 12: as pessoas gritavam palavras de ordem, sem saberem, ainda, de quem teria sido a autoria dos atentados, apesar do Governo se ter esforçado, desde logo, por dizer que fora a ETA…!?! Por exemplo, nesse dia, ao final da tarde, a avenida principal madrilena que vai até à Estação de Atocha – o chamado Passeo Recolletos – estava tão repleta que, numa hora, qualquer pessoa não conseguia andar mais de 100 metros. Mas, logo nessa manhã, fui cobrir algo de arrepiante: as pessoas, por volta das 11 horas, saíram todas dos seus locais de trabalho, e, naquilo que nós podíamos comparar com a nossa Avenida da Liberdade, em Lisboa, todas pararam, inclusive os automóveis que aí circulavam, e, durante 15 minutos (!!), todos permaneceram em silêncio. Foi arrepiante. Foi uma coisa esmagadora!! “NA”: E que aconteceu, portanto, espontaneamente… L.F.L.: Exacto. Aconteceu esponta neamente, as pessoas estavam tremen damente chocadas. Entretanto, fui fazer cobertura a alguns hospitais: um deles recebeu 300/400 feridos e foi visitado pela Família Real, eu também lá estive e aquilo que mais me impressionou foram os familiares a quererem saber de novidades… “NA”: Contactaste, directamente, com alguns sinistrados? L.F.L.: Vi, sobretudo, feridos ligeiros a aparecerem com marcas de estilhaços. Em termos gerais, penso que os jornalis tas fizeram uma cobertura digna, não es tavam a “massacrar”, no sentido de que rerem obter imagens ditas “chocantes”. “NA”: Estavam presentes jornalistas de todo o mundo?! L.F.L.: Sim, de todo o mundo. Todos perceberam que aquilo tinha sido o maior atentado terrorista, de sempre, ocorrido na Europa, e aquele dia 11 parecia ter, de
facto, algo a ver com o 11 de Setembro de Nova Iorque; logo, já se adivinhava que poderia não ter sido a ETA, face à dimensão da catástrofe… “NA”: E tu, o que é que pensaste, para ti, quando ouviste, pela primeira vez, na manhã dessa Quinta-feira, o relato daquilo que aconteceu? Pensaste logo: foi um atentado da ETA!? L.F.L.: Eu vi as imagens da TVE e, quando ligo para Lisboa, dizem-me que tinha sido a ETA. Entretanto, falei com um colega da SIC, que já estava a caminho da Estação de Atocha, e ele dizia- -me: “Isto é demasiado grande para ser da autoria da ETA.” Portanto, nunca tivemos certezas, logo desde o início, e, por isso, deixámos sempre em aberto as infor mações que veiculávamos, pois, aquilo era, de facto, demasiado forte e grande para ser da ETA, que, normalmente, es colhe alvos políticos e não centenas e centenas de trabalhadores anónimo. Ou seja, apesar da ETA já ter atacado, no passado, alvos civis, nunca havia prati cado um atentado daquela dimensão, em que se começa a perceber, inclusive, que o plano inicial era o de que os com boios explodissem, em simultâneo, no interior da Estação de Atocha…!! “NA”: E o que é que as pessoas anó nimas diziam? Que tinha sido a ETA? L.F.L.: Emocionalmente, chamavam todos os nomes possíveis à ETA. Mas, depois, todos começaram a perceber que se tratava de um atentado de uma envergadura tal, face aos números dan tescos que eram actualizados – estamos a falar de cerca de 1 500 feridos e mais de 200 mortos –, que já começavam a duvidar que fosse aquela organização separatista basca. Entretanto, no Sábado, rumei a Alcaladenares, que é, historicamente, a cidade do escritor Cervantes, situada a cerca de 30 quilómetros de Madrid. Naturais daquela cidade mártir, morreram mais de 40 pessoas, que tinham
apanhado o comboio nessa Quinta-feira, e eu estive lá a fazer a cobertura das cerimónias fúnebres, a uma distância razoável e nunca falando com as famílias, falei, sim, com o presidente da câmara municipal, fiz algum ambiente, nomeadamente de pessoas a acenderem velas no Centro Histórico, junto à Câmara, e de outras que vieram, propositadamente, de Madrid para homenagear os mortos… Nesse dia, apanhei, depois, o comboio para Madrid, dia e meio após tudo ter acontecido, tendo saído, não em Atocha (que estava, ainda, interditada), mas, em Chanmartin. E notei que as pessoas estavam com muito medo de andar de comboio, inclusive os mais novos, os estudantes…! “NA”: Tu e o operador de imagem que te acompanhava tiveram que arranjar muitas forças, para fazer face a tanto trabalho…!? L.F.L.: Houve dias que, dizem, traba lhámos 12/14 horas. “NA”: Foi um ambiente que, certa mente, nunca havias sentido… L.F.L.: Era um ambiente de dor, era uma energia esquisita no ar, era uma coisa estranha. Momentos marcantes: quando as pessoas iam dar sangue; quando iam a correr aos hospitais; os 15 minutos de silêncio na manhã de Sexta-feira; a mega-manifestação da tarde; as cerimónias fúnebres de Sábado; e, nessa noite, a manifestação “ilegal” junto à sede do PP, porque, de repente, começa-se a perceber que teria sido, de facto, a Alcaeda a autora dos atentados, e que o Governo sabia disso, desde o início. E, depois de algumas explicações completamente atrapalhadas do Ministério do Interior, o candidato do PP às eleições desse Domingo – que seria, supostamente, o sucessor de Aznar no cargo de Primeiro-Ministro espanhol – acabou por, ao final do dia, em directo, nos telejornais, admitir que houve “uma má gestão dessa informação”. Já no Domingo, dia das eleições em Espanha, fiz um directo à hora do almoço,
descrevendo o ambiente de rua, junto às Portas del Sol, ou seja, em pleno Centro Histórico de Madrid, onde, junto à Câmara Municipal, estavam centenas de velas acesas, cartazes, fotografias… E as pessoas, aparentando calma, iam acender uma vela, votar, comprar o jornal, beber o café, conseguiram-se conter, e isso é extraordinário, num povo que já passou por muito, inclusive por uma guerra civil, mortífera, e que, actualmente, pese embora a subida da economia, é um dos países com mais elevados índices de desemprego da União Europeia. Portanto, foi um povo com uma nobreza de espírito enorme. Entretanto, nesse Domingo, apesar de nada estar planeado, inicialmente, nesse sentido, houve uma decisão da SIC, e eu fui para a sede do PSOE, o partido que acabou por vencer as elei ções, e estive lá, a acompanhar a festa da vitória, até à 1 hora da manhã. “NA”: Uma vitória com a qual não contavam… L.F.L.: Inicialmente, não contavam, de facto. Mas, já depois, quando o Zapatero faz o discurso da vitória, em directo, nas televisões, há um momento deveras emocionante: ele pediu às pessoas, na conferência de imprensa, que todos, lá dentro, assim como os milhares que es tavam cá fora e os milhões que estavam em casa, se levantassem e respeitassem um minuto de silêncio, em memória das vítimas dos atentados. E, nesse dia, de sol, de calor, em contraste com o dia de chuva dos atentados, as pessoas res peitaram o minuto de silêncio, os próprios jornalistas, e foi emocionante porque aquela atitude era a mais coerente, tendo em conta os trágicos acontecimentos recentes. E eu via homens e mulheres a chorar, em silêncio. “NA”: E tu, nunca te emocionaste? L.F.L.: Nessa altura, em que me en contrava no exterior da sede do PSOE, num palanque montado para o efeito, emocionei-me mesmo. Nessa altura, eu olho para o câmara e estamos os dois a chorar!!
CURRÍCULO Jornalista económico, com perfil televisivo Luís Ferreira Lopes, de 35 anos, natural de Alverca do Ribatejo, jornalista especializado em assuntos económi cos, esteve na RTP entre Outubro de 1992 e Dezembro de 1999, passou pela Rádio Renascença, trabalhou e colaborou em imprensa escrita regional e nacional (tudo começou no “Notícias
de Alverca”, em 1986), e, actualmen te, é editor de economia no grupo televisivo SIC, cargo que ocupa desde Outubro de 2001. Luís Lopes é filho de José Sabino Lopes, actual eleito do PS na Assembleia de Freguesia de Alverca e colaborador permanente no nosso jornal.
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ARTE & LAZER
ABRIL.2004
CALHANDRIZ
Clube promove “Artes e Saberes” locais
Mário Caritas
CYBERcultura
O primeiro fim-de-semana de Abril foi aproveitado, pelo Clube Desportivo, Recreativo e Cultural de Calhandriz, para a organização de uma mostra de artesanato, que juntou 12 expositores locais e se saldou numa boa promoção do que por lá se faz. Aliás, o sucesso foi tal que a mesma será reeditada, de 15 a 17 de Abril... Edmar Rodrigues O Clube Desportivo, Recreativo e Cul tural de Calhandriz (CDRCC) promoveu, no fim-de-semana de 3 e 4 de Abril — com repetição marcada para esta semana (ler “caixa” em anexo) — a exposição intitulada: “Artes e Saberes”, com o objectivo de dar a conhecer o labor manual que é desenvolvido pelos artesãos, amadores, residentes na área da freguesia. Ao todo, nesta primeira edição da mostra, estiveram presentes 12 exposi tores, exibindo trabalhos nas mais diver sas áreas artísticas, nomeadamente: pintura em óleo e aguarela, tapetes de Arraiolos, pirogravura, modelismo, bor dados, ponto de cruz, ferro forjado, pin tura em cerâmica, decoração, fotografia, entre outras. Em declarações ao NA, o presidente da Direcção do CDRCC, Amílcar Lopes, sublinhava que o certame pretendeu ser “o mais abrangente possível, dentro da quilo que se vai fazendo na nossa terra, procurando provocar um certo impacto junto dos, eventuais, visitantes”. E, de facto, os curiosos acorreram em número bastante significativo, ao salão de festas da colectividade, o que deixa, desde logo, adivinhar realizações congé neres futuras. “O nosso propósito é, sempre, o de dar a melhor continuidade a todas as iniciativas que implementamos, pelo que esta não é excepção”, realça, convicto, aquele dirigente. Maria da Luz Avelar, uma das artífices com quem falámos, mostrava, com orgu lho, os seus desempenhos em Arraiolos, renda e ponto de cruz, entre outros. “Desde miúda que me dedico a isto, mas é a primeira vez que exponho. É muito giro e só gostava de voltar a ter mais oportunidades de divulgar aquilo que faço”, admitia, visivelmente satisfeita. Também um estreante nestas “an danças”, Filipe Bragança, especialista na arte do ferro forjado, desde há cerca de três anos a esta parte, estava bem impressionado com o evento: “Quero salientar o grande número de visitantes e a boa oportunidade dada aos artesãos lo cais de exibirem a sua arte”, constatava.
Jornalista edmar@iol.pt
CeBIT 2004: apesar de fracos sinais de retoma, o tom foi optimista Poucas empresas portuguesas marcaram presença
Mário Caritas
12 EXPOSITORES. Foi de tal ordem o sucesso da 1.ª edição da mostra: “Artes e Saberes”, na Calhandriz, que a mesma é reeditada por estes dias
15 – 17 DE ABRIL Exposição reeditada A mostra: “Artes e Saberes”, pro movida pelo CDRCC, é reeditada entre os dias 15 e 17 de Abril, face ao suces so que a mesma granjeou, entre os visitantes, no primeiro fim-de-semana deste mês. Assim, os 12 expositores
presentes poderão dar a conhecer a sua arte, nos seguintes horários: Quin ta-feira ao serão, Sexta-feira entre o final da tarde e as 22 horas, e, por fim, no Sábado entre as 13h e as 22h.
Empresas Portuguesas Presentes na CeBIT
Internet
Mário Caritas
Rádio Lezíria já está on-line O novo site da emissora vila-franquense, www.leziriafm.com, foi apresentado, publicamente, no passado dia 27 de Março Em www.leziriafm.com, a estação radiofónica Lezíria FM, com estúdios em Vila Franca de Xira, passa a emitir, via on-line, para todo o mundo. O novo site oficial desta, carismática, rádio — a mais antiga do concelho — foi lançado no passado dia 27 de Março, sendo o resultado de um trabalho de criação da autoria da empresa Xiranet. Para os mais distraídos, lembra-mos que a RL - FM pode ser sintonizada, dia riamente, nos 89.1, cobrindo as regiões
Foi sob o signo da retoma, mais dese jada do que realmente presente, que teve lugar a CeBIT 2004 – a feira de tecnolo gias que se realizou no início de Março em Hanover, Alemanha. Como balanço, Ernst Raue, administrador da Deutsche Messe, a organizadora da feira, no en cerramento da mesma, afirmou que “a recuperação começou”. Como seria de esperar, as telecomuni cações foram uma das áreas que mais chamaram a atenção, com os habituais telemóveis com câmara. Na área do “soft ware”, encontraram-se soluções para a gestão empresarial, gestão de bases de dados ou gestão de clientes. Nesta área o destaque foi para as capacidades de integração com outros produtos. Um novo espaço dedicado às PME de tecnologia — chamado “Planet Reseller” —, espaço reservado aos distribuidores, esteve maior, este ano, e contou com a representação de 14 países.
de Lisboa, Ribatejo, Alentejo e Oeste. Os responsáveis sublinham o facto desta ser considerada «a estação mais jovem da região», seguindo uma filosofia, em ter mos musicais, virada para o “pop-rock”, e tendo como público-alvo o denominado “adulto-jovem”. Ao acedermos aos conteúdos do site, podemos tomar contacto, por exemplo, com os rostos de algumas das vozes ac tuais, mais populares, da Lezíria FM, no meadamente: Nuno Miguel Ropio (director
de antena), Cristina Rodrigues, Miguel Ângelo e Paula Fialho, que se apresentam, individualmente, aos ouvintes, e contam os seus percursos radiofónicos. A cor é um elemento que dá força ao site, sendo possível aí aceder a notícias, assim como à programação diária da es tação (basta “clicar” no dia da semana pretendido para consulta) e, ainda, a um fórum de discussão interactiva que coloca aqueles profissionais mais perto dos ouvintes.
As quatro honrosas presenças portu guesas: a Solbi, Microdados, Inosat e NFive. O “stand” da Solbi era um espaço pequeno, inserido num outro onde se encontravam empresas pertencentes à International Components Parts (ICP), uma plataforma europeia que tem o in tuito de colocar os produtos que querem comprar ou vender. Quanto a novidades, no “stand” da Solbi viam-se já catálogos da Lifetech, uma nova marca de ratos, teclados e câmaras digitais. A Microdados fornecedora de equipa mentos para pontos de venda (POS), esteve na CeBIT pela terceira vez conse cutiva. A Microdados registou, no ano passado, uma facturação de cerca de 8 milhões de euros. A exportação represen ta cerca de 15 por cento desse volume de negócios e a Microdados tem já clientes em vários países – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Espanha, Marrocos, Croácia, Chipre, Lituânia, Malta, Eslo vénia e Grécia.
A Inosat desenvolve aplicações para gestão de frotas. Com escritórios em Bar carena e em Rio Tinto, a Inosat possui já filiais em Pontevedra e em Sevilha. Ainda em 2004, a empresa deverá abrir escri tórios em Barcelona, Valência e Vitoria. Fundada há quatro anos, a Inosat possui um volume de negócios na ordem dos 20 milhões de euros. Com oito programa dores e dois técnicos, a empresa fornece o software e o equipamento necessários para uma gestão de frotas de veículos. A localização dos veículos é feita através de GPS e o programa permite obter e registar diversas informações relacionadas com a actividade do veículo. A cartografia é adquirida pela Inosat à Map&Guide, uma empresa de cartografia alemã que, no caso de Portugal, tem já vinte cidades cartografadas ao pormenor, ou seja, até aos números das portas das ruas. Foi a Map&Guide que convidou a Inosat a estar presente na CeBIT, integrada no seu “stand”. A Inosat, por seu lado, considerou que esta era uma boa oportunidade para encontrar distribuidores noutros países, sobretudo na Europa Central e na Europa de Leste. Uma presença portuguesa já habitual na CeBIT é a da NFive (Number Five), a empresa de software para a criação e produção de cartões de identificação Es ses cartões podem integrar uma banda magnética ou um “chip”. Hoje, a NFive possui 345 distribuidores, em 85 países, e o seu volume de negócios é de 2,2 milhões de euros. Alguns dados sobre visitantes Durante sete dias, visitaram a CeBIT 510 mil pessoas, de acordo com a organização, o que significou mais 3 400 visitantes/dia do que na edição do ano passado. Também o número de expositores vindos de fora da Alemanha aumentou, de 2 876 para 2 992, com a Formosa (Taiwan) a ter uma forte participação de 709 expositores, mais 45 que em 2003. A presença dos Estados Unidos, na feira, diminuiu de 249 para 222 empresas.
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ÚLTIMA
ABRIL.2004
COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS
“A Sociedade chuta sempre a bola para os outros” Promover os direitos e proteger as crianças e jovens “em risco”, são duas das muitas funções da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Vila Franca de Xira. A funcionar desde 1993, a CPCJ regista, só em 2004, 46 novos processos, até ao momento. O “Notícias de Alverca” esteve à conversa com a comissão restrita (ler “caixa” nesta página) desta instituição oficial, não governamental, constituída por um grupo de técnicos que, sem mencionarem casos concretos, nos falam do seu trabalho, dos “espinhos” da sua missão e dos sucessos alcançados, no concelho... Sandra Xavier “Notícias de Alverca”: Por quem é constituída a CPCJ? Comissão de Protecção de Crian ças e Jovens: A CPCJ de Vila Franca de Xira é constituída por representantes das seguintes entidades: câmara municipal; Segurança Social; ministério da Educação; centro de saúde; Instituições Particulares de Solidariedade Social; Instituto Português da Juventude; associações de pais e de jovens; PSP; GNR; associações que desenvolvam actividades desportivas, culturais ou recreativas, destinadas a crianças e jovens; e, ainda, quatro cidadãos, designados pela assembleia municipal. “NA”: Com que regularidade reúnem os seus técnicos e para que fins? C.P.C.J.: Os técnicos reúnem-se, to das as semanas, para avaliar os proces sos ou as denúncias que sejam feitas por várias entidades, ou, ainda, casos de crianças em risco de que se tenha conhecimento. Os técnicos ficam com os processos, avaliam-nos e intervêm junto da família. “NA”: Em concreto, o que é que pre tende esta comissão? C.P.C.J.: O que se pretendia era que não houvesse crianças em risco... Agora, o que queremos saber é porque é que isto acontece, ou seja, se o problema está na família ou na sociedade. A minha opinião, e não é uma opinião técnica, é que o problema está, muitas vezes, na própria sociedade. “NA”: Porquê? C.P.C.J.: Porque a sociedade tem sempre a melhor maneira de chutar a bola para os outros: “Isto não é comigo, os outros que tratem.” “NA”: Como é que chegam ao vosso conhecimento os casos que avaliam: através de denúncias de particulares ou de instituições, por exemplo? C.PC.J.: De várias formas. Pode ser através de denúncias anónimas, através até da própria família, ou, então, das escolas, da PSP, da GNR, dos centros de saúde, enfim, toda a gente pode denunciar. As denúncias chegam das mais variadas maneiras: por carta, por telefone... Referir que o maior número de casos que nos chegam às mãos está relacionado com o abandono escolar. “NA”: Mas, o abandono escolar é o principal problema do concelho, a este nível?... C.P.C.J.: O abandono escolar é uma realidade constante, neste município. Os jovens deixam a escola, porque não se sentem bem no seio do actual sistema educativo. Pretendem um ensino muito mais prático, muito mais técnico, em ter mos profissionais, para o qual as escolas não estão preparadas. Por outro lado, não existem cursos compatíveis com as necessidades dos estudantes. Penso que esta é uma realidade que não se verifica só a nível local, mas, também, nacional. “NA”: Como é que avaliam os casos que vos chegam, para saber se mere cem, de facto, o vosso apoio? C.P.C.J.: Todos os casos que chegam à CPCJ são distribuídos pelos técnicos, que fazem uma primeira avaliação. A partir daí, estes tratam do assunto junto das famílias, junto dos organismos, para saber o que se está a passar, e se é, ou não, da competência da comissão acom panhar esses casos. A CPCJ só pode intervir com o consentimento dos pais e do menor, quando este tiver determinada idade. Caso a família não dê o seu aval,
o assunto terá de ser remetido a tribunal e só esta instância é que pode decidir se há, ou não, retirada da criança de junto dos pais. Mas, tentamos sempre que a criança permaneça no meio familiar. A CPJC e o tribunal agem, muito, em conjunto. “NA”: E, quando o jovem atinge a maioridade, o processo é, imediatamen te, arquivado? C.P.C.J.: Aos 18 anos, a lei diz que o processo pode ser arquivado. Entre os 18 e os 21: mantém-se, se o jovem quiser; caso contrário, arquiva-se. “NA”: Como é feita a intervenção, no terreno? C.P.C.J.: Face a uma sinalização dada — a qual pode, ou não, conter muita informação —, inicia-se um diagnóstico. A partir do diagnóstico, traça-se uma intervenção. “NA”: Mas, como é que actuam, es pecificamente, isto sem mencionarem nenhum caso em concreto? C.P.C.J.: Isso implicaria “montar” uma situação concreta, para lhe explicar, pois, não existem modelos únicos de actuação para todas as situações. A CPCJ não faz o diagnóstico sozinha, isto é, acaba sempre
a comportamentos desviantes. O que é que entendem por “comportamentos desviantes”? C.P.C.J: Um comportamento des viante é qualquer comportamento que a criança vá manifestando e que tem a ver, por exemplo, com o facto de acompanhar grupos marginais, praticar pequenos furtos, pequenos crimes… “NA”: Falando, de novo, em termos globais, que medidas é que a CPCJ pode aplicar? C.P.C.J.: As medidas vão desde o apoio à criança junto da família; passando pela sua retirada, para a colocação em família alargada, em amigos ou em família idónea; até à retirada para uma instituição. Existe uma medida, contemplada na lei — a Medida para a Autonomia de Vida — que é importante, mas para a qual não foram, ainda, criados os meios, os quais implicariam a existência de locais, uma espécie de residências, onde os jovens seriam colocados, com um corpo técnico e meios económicos adequados, permitindo “trabalhá-los” para a autonomia de vida. A dado momento, consultámos
“O que se pretendia era que não houvesse crianças em risco... Agora, o que queremos saber é porque é que isto acontece, ou seja, se o problema está na família ou na sociedade. A minha opinião, e não é uma opinião técnica, é que o problema está, muitas vezes, na própria sociedade.”
por trabalhar sempre em rede. O mesmo acontece com a intervenção: temos que nos situar no país em que estamos, e ter em linha de conta os meios disponíveis, para desenvolvermos o nosso trabalho. Muitas vezes, teoricamente, podemos achar que a intervenção, junto de uma criança, é de um determinado tipo, só que, quando passamos à prática, con cluímos que aquela intervenção — que seria, à partida, a ideal, tendo em conta os meios existentes — não é a ideal, mas, sim, a possível. “NA”: Entre a vossa “população-alvo”, estão crianças que vivem abandonadas ou entregues a si próprias, ou, então, que deixaram a escola, ou, ainda, que consomem drogas/álcool, expostas, assim,
a Comissão Nacional, porque tivemos uma jovem que achámos poder enquadrar numa medida desse tipo. O que a Comissão nos disse foi que estava a iniciar-se a primeira experiência, em Lisboa, e que a mesma iria ser direccionada para jovens que estavam colocados em instituições, em regime de internato. Era uma experiência só com rapazes. Ficámos a aguardar que fossem criados os meios para a aplicação dessa medida, a qual seria importante para alguns jovens, mas, até agora, nada. Do meu ponto de vista, andamos a remediar. Fazemos leis muito bonitas, mas, na prática, esbarramos com tudo, não existem respostas. Suponha que há um técnico que precisa, urgentemente, de
uma consulta de especialidade para uma criança: primeiro que a consiga é preciso meter “cunhas” e “contra-cunhas”. “NA”: E, com as “cunhas”, conseguem? C.P.C.J.: Nem sempre, vai-se conse guindo, embora não devesse ser assim, mas, antes: “Eu tenho este problema, faço um ofício e, no dia seguinte, tenho o assunto resolvido.” “NA”: Que outros meios é que vos faltam, neste momento? C.P.C.J.: Nenhuma comissão, e muito menos a de Vila Franca, consegue dar resposta a todos os casos que lhe apa recem. Por exemplo: há dois anos que, no concelho, nomeadamente em Via longa, existe um Centro de Emergência Infantil, que continua de portas fechadas. “NA”: Porquê? C.P.C.J.: Não é por falta de chamar mos a atenção de quem governa este país. Têm-se feito bastantes diligências... A CPCJ só tem que dizer: “Não temos os meios disponíveis para aplicar as medidas.” Quantas mais crianças não precisávamos de colocar em Ocupação de Tempos Livres? Mas, não existem respostas, ao nível do município. Há situações em que temos uma criança de quatro/cinco anos que fica sozinha ou à responsabilidade de um irmão de 13/14 anos, corremos as instituições do concelho para a colocar, e não há resposta, nem para creche, nem para jardim de infância. “NA”: A nível da saúde mental, tam bém, têm bastantes carências?... C.P.C.J.: No concelho são, de facto, muitas. Existe uma única psicóloga da CPCJ a trabalhar, nessa área, e o trabalho é mais do que muito. Contamos, mor mente, com o apoio de alguns psicólogos que estão nas instituições e nos centros
de saúde, que vão articulando connosco. O Centro de Saúde de Alhandra não tem, no entanto, a valência de Psicologia, o que nos faz muita falta. Outra falha muito grande, em termos do município, é não haver consulta de Pedopsiquiatria, pois, muitos dos casos que nos chegam são já extremamente graves e extravasam o âmbito da Psicologia, isoladamente. Face a todas estas carências, ficamos muito limitados na nossa intervenção, no âm bito da saúde mental. Referir que, ao longo dos anos, tem havido uma degradação das pessoas, a este nível. Por ano, fazemos 30 a 40 internamentos compulsivos, quando, há 10 anos, por exemplo, não aparecia um, sequer. Isto dá uma imagem dos proble mas que existem e da necessidade de se criarem estruturas, a nível do concelho, para dar resposta à população. “NA”: Falando, ainda, sobre a inter venção, no terreno, da CPCJ, os cidadãos têm a obrigação de denunciar os casos que conhecem? C.P.C.J: Todo o cidadão tem obrigação de o fazer. “NA”: As pessoas fazem-no ou sen tem receio? C.P.C.J.: Eu penso que fazem. Aliás, podem fazê-lo anonimamente, não há necessidade de se identificarem. Depois, nós iremos averiguar se é verdade ou não. “NA”: Por outro lado, quando é que se pode dizer que “um caso está encerrado”? C.P.C.J.: Se a CPCJ chegar a um dado momento e achar que a sua intervenção conseguiu alterar a situação, e que o bem-estar daquela criança ou daquele jovem está, minimamente, assegurado, arquiva o processo, informa as institui ções de tal medida e confirma que aquela situação já não subsiste. Há que salientar, no entanto, que o processo pode ser reaberto, se a situação tiver regredido. “NA”: Têm tido muitos casos bem sucedidos? C.P.C.J.: Nós trabalhamos, nesta comissão, desde 1993, e este desem penho só é válido se as pessoas se empenharem, o que tem, de facto, suce dido. Por isso, apesar de todas as dificul dades, temos conseguido bastantes su cessos, nem que para isso tenhamos tido que percorrer instituições desde o Algarve até ao Minho, para colocar crianças que estavam, verdadeiramente, em risco. “NA”: Qual é o vosso horário de fun cionamento? C.P.C.J.: Em termos administrativos, é das 9h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. Mas, de facto, não é assim. Mal estaria esta comissão, e muitas co missões deste país, se se cingissem só aos horários. Na maior parte das vezes, os seus técnicos, sem ganharem seja o que for, estão a trabalhar para a co missão — ou, como é usual dizer-se, para “o bem da nação” — a título extraordiná rio, por vezes, sem que ninguém lhes dê valor. As pessoas querem é os seus problemas resolvidos!
CPCJ Quem a constitui... A comissão restrita da CPCJ, com quem o NA esteve à conversa, é consti tuída pelos seguintes elementos: Ma nuel Martins, presidente da CPCJ; Dália Santos, Margarida Carvalho, Margarida Serra e Cecília Aleixo, assistentes
sociais; Sofia Lourenço, psicóloga; Alexandra Rodrigues, jurista; Manuel Cebola, delegado de saúde do concelho de VFX; Túlia Quinto, delegada de saúde adjunta do concelho; Fátima Pinheiro, professora.