São João Bosco: Sonhos de um visionário, Capítulo II

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S. JOÃO BOSCO SONHOS DE UM VISIONÁRIO NÚMERO 2


A Dom Bosco nos 130 anos da sua morte.

BOLETIM INFORMATIVO Notícias dos Salesianos de Portugal FEVEREIRO 2018 Diretor Pe. José Aníbal Mendonça, sdb Diretor Adjunto e Coordenador Editorial Joaquim Antunes, sdb Texto adaptado das Memórias Biográficas de São João Bosco, Vol. VI, pág. 301 e seguintes. Ilustração: Nuno Quaresma Província Portuguesa da Sociedade Salesiana Rua Saraiva de Carvalho, 275,1399-020 Lisboa www.salesianos.pt


O SONHO DA MARMOTA SACRAMENTO DA CONFISSÃO

Uma das primeiras conversas que ouvi a Dom Bosco (1859) foi sobre a frequência dos Sacramentos. Esta, em geral, não estava ainda bem organizada entre os rapazes recém-chegados de suas casas. Ele contou um sonho. Pareceu-lhe achar-se perto da porta do Oratório e a observar os rapazes à medida que iam regressando. Via o estado da alma em que cada um se achava aos olhos de Deus.

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Quando eis que entrou no pátio um homem que levava uma caixinha. Meteu-se entre os rapazes. Chegou a hora das confissões e o homem abriu a caixinha, tirou uma pequena marmota e fazia-a bailar. Os rapazes, em vez de entrar na igreja, formaram círculo ao seu redor, rindo e aplaudindo os seus trejeitos. Entretanto o tal ia-se retirando cada vez mais para o lado do pátio mais distante da igreja. Dom Bosco descreveu em primeiro lugar, sem nomear nomes, o estado de consciência de alguns rapazes; depois realçou os esforços e insídias do demónio para os distrair e afastar da confissão.

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Falando daquele animalzinho, fez rir muito o auditório, mas também levou a refletir seriamente sobre as coisas da alma. Tanto mais que, depois, manifestava privadamente aos que lho pediam o que eles pensavam que ele não sabia. E aquilo que Dom Bosco dizia e manifestava era certo. Este sonho convida a maior parte dos rapazes a confessar-se com frequência, geralmente cada semana, chegando a ser as comunhões muito numerosas.

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NB: O Biógrafo usa como fonte da sua narração “um velho amigo daqueles tempos”.


COMENTÁRIO Parece coisa pouca as pequenas histórias que Dom Bosco contava aos seus rapazes fazendo deles esteios da sua marca educativa: bons cristãos e honestos cidadãos. Mas não é coisa pouca, pelo contrário. Com estas histórias plenas de imagens coloridas, Dom Bosco conseguia inverter tendências e comportamentos. Um programa de televisão, exibido há poucas semanas, muito criticado pelo seu conteúdo, teve imediatas reações de repúdio por ser considerado um instrumento de violação dos direitos dos menores. Faz doer constatar que nos dias de hoje, onde tantos meios existem para criar condições de inserção na sociedade e na família, se recorra a tão baixo produto, baralhando prioridades e critérios fazendo prevalecer a lógica

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do puro lucro. A arte de educar exige um alto e apurado trabalho de artífice porque ser criança não é um defeito nem um jogo para adultos, mas a parte boa da existência humana, etapa irrepetível e que não pode ser transformada em espectáculo indecoroso e sem decência.

Mas voltemos aos sonhos…

Poderia ser um grande programa de TV este sonho da marmota. Ver alguém bem-apessoado, em pleno pátio, com uma caixinha de surpresas a reluzir, qual prestidigitador afamado, fazendo bailar uma “marmotinha”, como se fosse uma serpente encantada, desperta, com certe10

za, curiosidade e espavento no meio da garotada.


E é aqui que intervém a pedagogia de Dom Bosco. Não há maior alegria para o coração do que a amizade de Deus, vivendo na sua graça, recebendo o seu perdão por meio da confissão frequente de modo a criar defesas de caráter, de conduta e de relação. E assim, de sonho em sonho, Dom Bosco esculpia personalidades fortes e serenas em almas transparentes e santas. J. Antunes

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