S. JOÃO BOSCO SONHOS DE UM VISIONÁRIO NÚMERO 1
A Dom Bosco nos 130 anos da sua morte.
BOLETIM INFORMATIVO Notícias dos Salesianos de Portugal JANEIRO 2018 Diretor Pe. José Aníbal Mendonça, sdb Diretor Adjunto e Coordenador Editorial Joaquim Antunes, sdb Texto adaptado das Memórias Biográficas de São João Bosco Ilustração: Nuno Quaresma Província Portuguesa da Sociedade Salesiana Rua Saraiva de Carvalho, 275,1399-020 Lisboa www.salesianos.pt
O SONHO DAS CONSCIĂŠNCIAS ALMAS ACORRENTADAS
Em sonho, pareceu a Dom Bosco encontrar-se na estrada que dos Becchi conduzia a um campo de sua propriedade, perto de Capriglio. No caminho encontrou um desconhecido que o acompanhou, sem todavia revelar o seu nome. Passando ao lado de figueiras e depois perto de vinhedos, o desconhecido convidou instantemente Dom Bosco a provar de algum fruto, mas este recusou.
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Chegados finalmente ao campo para onde Dom Bosco se dirigia, o indivíduo que o acompanhava fez-lhe uma estranha pergunta: «– Quer ver os seus rapazes tais quais são no momento presente? Como serão no futuro? Quer contá-los? – Oh, sim! – Venha, então». LENTE MISTERIOSA
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«Então tirou, não sei de onde, uma grande máquina, difícil de descrever, e fixou-a no chão. Dentro dela, havia
uma roda. – Que significa essa roda? – perguntei. – A eternidade nas mãos de Deus! – e, segurando a manivela, pediu-me: Dê uma volta. Obedeci. – Agora olhe lá para dentro, acrescentou o estranho.
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Observei a máquina e vi que havia nela uma lente enorme, de aproximadamente metro e meio de diâmetro. Encontrava-se no meio, fixa na roda. Olhei logo através da lente. Que espetáculo! Vi todos os rapazes do Oratório. Como é isto possível? – dizia comigo mesmo – Até hoje,
não via ninguém por estas bandas, e agora estou a ver todos os meus rapazes! Mas eles não estão em Turim?! Olhei por cima e pelos lados da máquina e não via ninguém, a não ser pela lente. Levantei o rosto para mostrar a minha admiração àquele amigo, mas, depois de alguns instantes, ele mandou-me dar outra volta à manivela: vi então que acontecera uma estranha e singular separação entre os rapazes. Os bons estavam separados dos maus. Os primeiros estavam radiantes de alegria; os segundos, que felizmente não eram muitos, metiam compaixão. Reconheci-os a todos, mas como eram diferentes do que
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deles pensavam os companheiros!... Uns tinham a língua furada; outros, os olhos revirados que metiam dó; outros sofriam de dores de cabeça por causa de úlceras repugnantes; outros tinham o coração roído de vermes... Quanto mais olhava para eles, maior era a minha aflição. Eu repetia: Mas será possível que estes sejam os meus jovens?, não compreendendo o que pudessem significar aquelas estranhas doenças. A estas palavras, aquele que me tinha guiado disse: – Escute: a língua significa as más conversas; os olhos vesgos são aqueles que interpretam e depreciam totalmente as
graças de Deus, preferindo a terra ao céu; a cabeça doente é o descuido dos seus conselhos, a satisfação dos próprios caprichos; os vermes são as paixões desregradas que roem o coração; há também os surdos que não querem ouvir as suas palavras, para não ter que pô-las em prática».
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COMENTÁRIO: Dom Bosco estava convencido (e esta é uma caraterística própria da sua forma de trabalhar na Igreja), de que a ação educativa entre os jovens era a melhor forma de levar Deus à sociedade. A opção estratégica de Dom Bosco convida-nos a reorganizar e a redesenhar a nossa oferta apostólica: se os jovens são “a pátria da nossa missão” (Pe. Egídio Viganó), a sua educação é o nosso caminho normal para nos aproximarmos deles e o modo estável de permanecer com eles enquanto portadores do Evangelho. Multiplicar e reforçar a nossa oferta educativa é primordial. A escola é um espaço único e contínuo para transmitir os valores evangélicos. Mais de dez mil alunos povoam as escolas da nossa Província. Alguém dizia que nos Salesianos de Lisboa, só nas festas de Natal, passaram mais de 12 mil pessoas. E a todas foi transmitido seguramente, pela força da dan10
ça, do canto, do mimo, da música, das projeções a mensagem explícita
de que “um Menino nos foi dado”. Pelos filhos se chega aos pais! No sonho acima descrito, Dom Bosco olhou pela lente misteriosa e viu todos os jovens do Oratório. E viu mais… tal como nós. As lentes do nosso entusiasmo e da nossa audácia podem levar-nos muito longe, transfigurando os jovens das nossas casas em pessoas de bem sem doenças espirituais, pessoas alegres, generosas e decididas como Domingos Sávio. Temos os instrumentos para isso. E acho que estamos muito bem encaminhados rumo a tal objetivo, graças à excelência da nossa ação educativa, reconhecida por tantos encarregados de educação que procuram por todos os meios matricular os filhos nas escolas salesianas. Isto quer dizer que pela lente misteriosa apenas se contemplam jovens bons e espaços excelentes! J. Antunes
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