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Verdadeiro encontro HÁ MUITA "SEDE DE DEUS"

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BS VENEZUELA

BS VENEZUELA

Caros amigos, [no momento em que vos escrevo] acabei de participar no funeral do Papa Emérito Bento XVI. Foi ele mesmo que, um ano após o início do seu serviço como Pontífice, escreveu a magnífica Encíclica Deus caritas est, e nela esta afirmação que me parece a essência da magnífica fragrância do pensamento cristão: «Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (Deus caritas est, 1). Certamente essa Pessoa é Jesus Cristo. E, partindo desta afirmação, Bento XVI deixa-nos outras:

«Jesus Cristo é a Verdade feita Pessoa, que atrai o mundo a Si»; «A luz irradiada por Jesus é a luz da verdade. Todas as outras verdades são fragmentos da Verdade que é Ele e a que elas se referem»; «Jesus é a estrela polar da liberdade humana: sem Ele ela perde a sua orientação, porque sem o conhecimento da verdade, a liberdade adultera-se, isola-se e reduz-se a estéril arbítrio»; «Com Ele redescobre-se a liberdade, reconhece-se como criada para o bem e exprime-se através de ações e comportamentos caridosos»; «Por isso Jesus dá ao homem a plena familiaridade com a verdade e convida-o continuamente a viver nela»; «E nada mais do que o amor à verdade pode impelir a inteligência humana para horizontes inexplorados»; «Jesus Cristo, que é a plenitude da verdade, atrai a si o coração de cada homem, dilata-o e enche-o de alegria».

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Em poucas frases, sólidas e densas, há todo um ensinamento cristão que está bem longe de ser uma “moral” ou um conjunto de regras frias e rígidas, privadas de vida. A vida cristã é, antes de tudo, um verdadeiro encontro com Deus.

E é isto que afirmo no título desta mensagem. Na minha opinião e profunda convicção, há muito mais sede de Deus do que imaginamos, do que parece. Não é que eu pretenda mudar as estatísticas dos estudos sociológicos ou desenhar uma realidade fictícia. Claro que não pretendo fazê-lo, mas desejo fazer compreender que [...] no encontro “face a face” com a vida real de muitas pessoas, de muitos pais e mães, de muitas famílias, de muitos adolescentes e jovens, o que se encontra, com grande frequência, é uma vida difícil. [...] Há muita necessidade de escuta, de diálogo franco e gratuito, de encontros pessoais que não julgam nem condenam, e muita necessidade de silêncio e de presença de Deus.

Digo-o com grande convicção. Em Valdocco, onde me encontro, surpreende-me e enche-me de alegria quando um grupo de jovens toma a iniciativa de convidar outros jovens para uma hora de presença, de silêncio e de oração diante de Jesus Eucaristia, isto é, uma hora de adoração eucarística, e uma centena de pessoas – muitos deles jovens – respondem ao convite. Ou então em Roma, no Sacro Cuore quando nos reuníamos na quinta-feira à noite, e os jovens e jovens casais, alguns com os seus meninos, e também casais de noivos estavam presentes neste momento porque sentiam que a sua vida tinha necessidade deste encontro com uma Pessoa que dá sentido à nossa vida. E, como este exemplo, experimentei-o em muitas nações e lugares.

É por isso que nesta página vos convido a fazer como faria Dom Bosco, que não hesitou um instante em propor aos seus rapazes a experiência do encontro com Jesus. [...]

O Papa Bento estava convencido de que a sua vida e a sua fé eram isso mesmo, um encontro com o seu Senhor. E foi assim que o Papa Francisco se despediu dele nas últimas palavras da sua homilia: “Bento, fiel amigo do Esposo, seja perfeita a tua alegria ao escutar definitivamente e para sempre a sua voz”.

Continuemos a promover aqueles encontros de Vida que nos dão vida profunda, porque há mais “sede de Deus” do que se diga, do que se faça crer. •

VALDOCCO, ITÁLIA:

De 12 a 15 de janeiro, Valdocco recebeu as Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana. Cerca de 300 membros da Família Salesiana assistiram presencialmente à apresentação do Lema do Reitor-Mor para 2023, que também teve transmissão pela internet

CHIERI, ITÁLIA:

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Dias antes da solenidade de São João Bosco, o Reitor-Mor visitou alguns lugares da infância e juventude de Dom Bosco. Em Chieri, o Pe. Ángel presidiu à Eucaristia

VALDOCCO, ITÁLIA:

A Basílica de Maria Auxiliadora, berço e centro espiritual do carisma salesiano no mundo, acolheu várias celebrações de homenagem ao Pai e Mestre da Juventude. O Reitor-Mor presidiu à Eucaristia da celebração da Solenidade de São João Bosco no dia 31 de janeiro

LIMA, PERU:

O Pe. Ángel Fernández Artime foi calorosamente recebido por jovens, Família Salesiana e salesianos na Basílica de Maria Auxiliadora em Lima, no Peru. Durante a visita, que decorreu entre os dias 13 e 20 de fevereiro, o Reitor-Mor presidiu à Eucaristia de tomada de posse do novo Provincial, Pe. Juan Pablo Alcas, e visitou a comunidade missionária de Kuyuntza, na Amazónia peruana, onde viveu e trabalhou o Servo de Deus Pe. Luís Bolla

Bento XVI

HUMILDADE E PRIMAZIA ABSOLUTA A DEUS, A HERANÇA DESAFIANTE E NECESSÁRIA

O Papa emérito Bento XVI faleceu no dia 31 do passado mês de dezembro. Todos o lembramos, certamente, como um verdadeiro mestre de fé e como um pastor que entregou a vida pelo Povo de Deus. Podemos definir o pontificado de Bento XVI com uma palavra que a muitos pode parecer estranha: humildade. Desde o início do seu pontificado, o Papa deixara bem claro que esta seria a marca do seu serviço apostólico, apresentando-se ao mundo como um “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”.

A humildade é, certamente, a virtude dos fortes, dos que se deixam guiar por Deus e pelos seus desígnios de amor. Humildes são os que, colocando-se nas mãos de Deus, vivem a vida como missão por Ele confiada e a ela se entregam de coração, mesmo quando ela desafia a algo inesperado ou não desejado. Bento XVI pediu por várias vezes ao Papa João Paulo II para se retirar da vida pública e assim dedicar-se ao estudo e à oração. Tal não lhe foi concedido e por cinco vezes aceitou renovar o seu mandato como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Chamado a ser Papa, viveu a missão enquanto as forças lho permitiram e renunciou ao ministério petrino não para “fugir da cruz”, mas porque se apercebeu que os tempos conturbados que a Igreja vivia precisavam de uma mão mais jovem e firme. Bendita humildade que reconhece os caminhos de Deus em todas as suas manifestações e aceita percorrê-los com coragem!

Bento XVI soube também fazer-se próximo de todas as realidades da Igreja, acolhendo e promovendo a comunhão de todos os carismas que nela se manifestam. Foi assim também connosco, a Família Salesiana, a quem sempre demonstrou grande afeto e, ao mesmo tempo, uma profunda admiração e devoção pelo nosso fundador, São João Bosco. Em 2008, dirigiu aos Salesianos estas palavras de apreço e de desafio: “O tema escolhido para este Capítulo Geral é o mesmo programa de vida espiritual e apostólica que Dom Bosco fez seu: Da mihi animas, cetera tolle. Nele está encerrada toda a personalidade do grande Santo: uma profunda espiritualidade, o empreendimento criativo, o dinamismo apostólico, a laboriosidade incansável, a audácia pastoral e sobretudo a sua consagração incondicional a Deus e aos jovens. (…) O horizonte no qual se coloca este grande santo é o da primazia absoluta do amor de Deus”.

Humildade e primazia absoluta a Deus são, então, a herança desafiante e necessária que nos deixa este grande Papa. •

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