bússola © Joseph Barrientos
número 46 | junho 2016
> RICARDO MENDES
DESAFIA-TE
AVALIAR A TUA MISERICÓRDIA
Já consegues sentir? O tempo começa a aquecer (ainda que de forma inconstante) e quase que já podes ouvir o barulho das ondas do mar que esperam por ti… O verão está à porta, e, com ele, as tão desejadas férias! Mas, antes de chegares às férias, falta o período das tão ambicionadas avaliações.
Os testes, exames e as dores de cabeça estão já quase a passar. Começa o arrepio no estômago à espera que o professor/a te diga se conseguiste alcançar a tão desejada nota que esperavas. As expetativas no início do ano eram altas, aquilo que tinhas a dar já foi quase tudo dado. Será que bastou? É altura de saber! Aproveitando esta onda de avaliações
escolares, lanço-te o desafio de avaliar também como esteve a tua vida a nível religioso. Como? Deixo-te algumas pistas… Este ano jubilar da misericórdia, o Papa tem insistido para realizarmos as obras de misericórdia. Convidando de forma especial os jovens, na mensagem para a XXXI Jornada Mundial da Juventude, a “redescobrirem as obras de misericórdia”. Comecemos então por avaliar estas obras de misericórdia: Ainda te lembras de quantas e quais são? Quais já puseste em prática este ano? Que importância lhes tens dado? Para te ajudar, dou-te a resposta à primeira pergunta: as obras de misericórdia são 14; sete corporais e sete espirituais.
Obras de misericórdia corporais: 1) Dar de comer a que tem fome; 2) Dar de beber a quem tem sede; 3) Dar pousada aos peregrinos; 4) Vestir os nus; 5) Visitar os enfermos; 6) Visitar os presos; 7) Enterrar os mortos. Obras de misericórdia espirituais: 1) Ensinar os ignorantes; 2) Dar bom conselho; 3) Corrigir os que erram; 4) Perdoar as injúrias; 5) Consolar os tristes; 6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7) Rezar a Deus por vivos e defuntos. Ajuda dada… Estás pronto para aceitar o desafio de avaliar quanto tens sido misericordioso? Não tens de te preocupar se a nota para já não é a melhor… Tens uma vida pela frente e Alguém, cujo nome é misericórdia, pronto para te dar uma bela ajuda a atingir a nota máxima!
> VATICAN.VA
PALAVRAS DO PAPA
«ALMEJAR TORNAR-SE SERVO»
© Gregorio Borgia/AP
para rezar Avalio a minha relação com Cristo Neste final de ano letivo, desafia-te a avaliar a tua vida de relação com Jesus Cristo. O mês de junho chegou e com ele as provas e exames que pretendem avaliar os teus conhecimentos sobre as matérias lecionadas. Mas estás lembrado que, a par da dimensão intelectual, tens outras dimensões da tua pessoa para desenvolver, como por exemplo a dimensão espiritual? É sobre esta que te proponho uma reflexão cuidada. Quem vai avaliar esta dimensão? Ninguém, ou quase ninguém, irá importar-se com ela. O que é que isso interessa, numa sociedade que dá tanta importância ao «ter», mais que ao «ser»? O que importa é «ter» boas notas, «ter» um curso, «ter» um bom emprego, «fazer» carreira…
És tu e só tu, que à luz do Espírito Santo, deves examinar o teu coração e perguntar-te a ti próprio: • Que lugar ocupou Deus na minha vida ao longo do ano? • Cultivei uma relação de amizade com Jesus Cristo, o meu companheiro de cada dia e de cada momento? • Orgulhei-me desta amizade e dei testemunho d’Ele, sem vergonha, com a minha palavra, o meu modo de ser e de estar entre os colegas, na família, nos grupos que frequento? Auguro-te bons resultados! Mas, mesmo que não sejam tão bons, ganharás com a avaliação que fizeres. Um novo ano virá e poderás começar bem.
> IR. MARIA GORETE PEREIRA /FMA
«Sede Servos de Cristo» (Gal 1, 10). Ouvimos esta expressão, que o apóstolo Paulo usa para se definir a si mesmo, quando escreve aos Gálatas. No início da carta, tinha-se apresentado como «apóstolo», por vontade do Senhor Jesus (cf. Gal 1, 1). Os dois termos, apóstolo e servo, andam juntos, e não podem jamais ser separados; são como que as duas faces duma mesma medalha: quem anuncia Jesus é chamado a servir, e quem serve anuncia Jesus. O primeiro que nos mostrou isto mesmo foi o Senhor: Ele, a Palavra do Pai, Ele que nos trouxe a boa-nova (cf. Is 61, 1), Ele que em Si mesmo é a boa-nova (cf. Lc 4, 18), fez-Se nosso servo (Flp 2, 7) «não veio para ser servido, mas para servir» (Mc 10, 45). «Fez-Se diácono de todos», como escreveu um Padre da Igreja (São Policarpo, Ad Philippenses V, 2). E como Ele fez, assim são chamados a fazer os seus anunciadores, «cheios de misericórdia, de zelo, caminhando segundo a caridade do Senhor que Se fez servo de todos» (ibid.). O discípulo de Jesus não pode seguir um caminho diferente do Mestre, mas, se quer levar o seu anúncio, deve imitá-l’O, como fez Paulo: almejar tornar-se servo. Por outras palavras, se evangelizar é a missão dada a cada cristão no Batismo, servir é o estilo segundo o qual viver a missão, o único modo de ser discípulo de Jesus. É sua testemunha quem faz como Ele: quem serve os irmãos e as irmãs, sem se cansar de Cristo humilde, sem se cansar da vida cristã que é vida de serviço». Homilia do Papa Francisco, Praça São Pedro, Domingo, 29 de maio de 2016
> MISSIONI DON BOSCO
SIHANOUKVILLE, CAMBODJA: A MISSÃO DO SALESIANO ROBERTO PANETTO
é, um imperativo. Não uma escolha.” E a alegria dos seus jovens é a sua maior recompensa: “O que conquistou o coração dos rapazes foi na verdade a paternidade de Dom Bosco. A sua informalidade e afabilidade, o estar verdadeiramente ao seu lado. Dom Bosco fascinou-os pela proximidade, como pai e como guia”, conclui.
para pensar «SE O NOSSO CORAÇÃO E OS NOSSOS GESTOS FOREM ANIMADOS PELO AMOR DIVINO, A NOSSA COMUNICAÇÃO SERÁ PORTADORA DA FORÇA DE DEUS». Roberto Panetto, salesiano coadjutor natural de Itália, inaugurou a presença salesiana no Cambodja na década de 90, em resposta a um pedido expresso da família real. Nasceu a 15 de dezembro de 1951 e a 16 de agosto de 1969 emitiu os votos perpétuos na Congregação Salesiana. Começou a trabalhar no centro de formação técnica nos campos de refugiados na fronteira com a Tailândia. Pelo serviço que prestou às crianças do país, recebeu a cidadania honorária, tornando-se assim o primeiro salesiano cambodjano. Hoje trabalha em Sihanoukville. «O nosso trabalho nos campos de refugiados começou em 1989. Durante anos o país viveu situações muito difíceis, deixando muitos jovens órfãos: para eles Dom Bosco era como um Pai. Vimos de forma clara como o Santo conquistou os seus corações, os seus sentimentos, a sua estima! Foi a 24 de maio de 1991, Festa de Maria Auxiliadora, que eu e o Pe. Walter Bregolin partimos em missão, os primeiros salesianos no Cambodja. Assim que pudemos constatar a situação no terreno, dissemos: “Chegámos de facto a um ambiente onde Dom Bosco arregaçaria as mangas e se entregaria ao trabalho!” Não ficámos presos às preocupações em relação ao que seria o futuro;
em vez disso começámos a trabalhar, a fazer uma coisa de cada vez».
> TWEET DO PAPA FRANCISCO @PONTIFEX
Um imperativo, não uma escolha “Cheguei ao Cambodja em 1989. Nenhum outro lugar poderia ter cumprido melhor o meu desejo de estar ao lado da juventude mais pobre”. Para Roberto Panetto missionariedade é sinónimo de Cambodja, porque a realidade que ali encontrou no final dos anos 90 é a mais dramática que se possa imaginar. “O país era uma série de campos de refugiados, cheguei ali para implementar pequenas escolas técnicas que já existiam nos campos. Inaugurámos seis institutos técnicos, construídos com bambu e folhas, criados para ajudar os refugiados. 350.000 em todo o Cambodja, quase todos menores. Eram como as crianças e jovens que seguiam Dom Bosco: abandonados, órfãos, sem esperança, sem qualquer segurança quanto ao seu futuro”. Desde aí já passou muito tempo, a situação no país está, em parte, melhor. Hoje, Roberto Panetto continua a ocupar-se dos jovens e da formação. Abriu um lar em Sihanoukville, uma localidade turística perto do mar, onde emprega os rapazes que saem do lar, e acompanha diversos projetos para jovens marginalizados… “Para mim estar ao lado da juventude cambodjana foi, e
TOMA NOTA Maio 1 3 8 18 23 24 29
Dia Mundial da Criança SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS Beato Estêvão Sándor Dia do Antigo Aluno Salesiano, Évora S. José Cafasso Nascimento de S. João Baptista Solenidade de S. Pedro e S. Paulo
ENCONTROS COM
DOM BOSCO ESPECIAL VERÃO
FUNCHAL 3-9 JULHO
educação. Muitas destas crianças são vítimas da violência e do recrutamento: 10.000 crianças-soldados. Na Síria, o futuro de toda uma geração de crianças está em risco. Cinco anos de guerra: quase 7.000.000 de crianças estão imersas na pobreza, cerca de 2,8 milhões abandonaram a escola. O ébola criou, desde 2014, uma emergência sanitária sem precedentes em África, convertendo-se numa das epidemias mais violentas da história. Cerca de 23 mil crianças perderam um ou os dois pais. > INFO ANS
ANIMAIS FEROZES
AS CRIANÇAS No Dia Mundial da Criança, abrir um jornal e ver a análise dos números da infância a nível mundial cria uma sensação de desânimo e desesperança. Em Gaza, no verão de 2014, a vida de milhares de crianças palestinas e suas famílias foi truncada por 50 dias de combates intensos. Quase dois anos depois, mais de 500 crianças palestinianas morreram, umas três mil ficaram feridas, cerca de 54.000 perderam o seu lar e outras 1.500 ficaram órfãs. Na União Europeia, a atual crise de refugiados e migrantes gera uma crise sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial e é uma crise com rosto de criança. Mais de mil crianças morreram afogadas no mar Mediterrâneo em 2015 e umas 10.000, desacompanhadas, desapareceram. Contam-se 550.000 meninos e meninas que precisam de estabilidade, proteção, apoio.
bússola número 46 Junho 2016
JORNAL DA EQUIPA DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL SALESIANA GOSTAVAS DE CONHECER MELHOR A VOCAÇÃO SALESIANA? CONTACTA-NOS! vocacoes.salesianos.pt pastoral.juvenil@salesianos.pt
No Sudão do Sul, mais de 2.500.000 crianças estão doentes. Há o risco real de fome pela seca, mas além disso contam-se cerca de 1.400.000 sem escola. No Iémen, 7.300.000 crianças* sofrem as consequências da guerra e precisam de ajuda humanitária urgente e de proteção (* dados da Save the Children). Na República Centro-Africana, cerca de 1.200.000 de crianças sofrem as consequências do conflito que há mais de três anos tem aumentado sempre. As crianças confrontam-se com a falta de água, de saúde, de alimentação e de
Dediquemos um segundo para pensar nisto. O que está a acontecer? Como podemos ficar indiferentes a tanto sofrimento? Globalizou-se a indiferença, disse o Papa Francisco, com uma “atitude egoísta, de indiferença, que alcançou dimensão mundial”.
novo site em www.vocacoes. salesianos.pt
TRABALHO PARA CASA
VAMOS LÁ AUTOAVALIAR-NOS...
> PE. DAVID TEIXEIRA
Para ti, que me acompanhaste ao longo de quase um ano, com trabalhos de casa sobre as obras de misericórdia espirituais, é chegada a hora da autoavaliação, porque sabes tão bem como eu que todo o trabalho deve ser avaliado. É o que te proponho neste último trabalho de casa! Como fazer? • Encontra um lugar e marca um tempo, escolhendo a altura em que estás mais disponível. • Começa em jeito de oração, pedindo a sabedoria do Espírito. • Para a tua autoavaliação, sugiro apenas três parâmetros: · Através da prática destas obras,
como evoluí na minha relação com Deus? · Como evoluí na minha relação com os outros? · O que posso fazer a partir daqui? • Termina agradecendo a Deus toda esta experiência em torno das obras de misericórdia espirituais. Deixo-te ainda um último recado: é verdade, acabaram-se estes trabalhos de casa, mas a misericórdia cristã não se limita à prática de 14 obras. Não se limita a algo que se faz. É um estilo de vida, uma maneria ser: “sê misericordioso como o Pai”. Tens aqui, portanto, um trabalho já não para casa, mas para a vida! Que Dom Bosco te acompanhe!