NÚMERO 58 DEZEMBRO 2017
MASSDISTRACTION
T: PE. JOSÉ CORDEIRO jose.cordeiro@salesianos.pt
EDITORIAL
ÀS CEGAS Antes de ler o que vem a seguir, e se quiseres compreender realmente, deixo-te um pequeno desafio: pega numa venda, numa folha em branco e num lápis. Depois de pôr a venda nos olhos, pede a alguém que te vá ditando o que vem a seguir. (É neste ponto que paras de ler.)
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Desenha a forma duma casa, o sol, umas flores, as nuvens, as portas e janelas, uma bicicleta, uma pequena floresta, a chaminé, uma estrada, um menino ao pé da bicicleta, um carro na estrada, uns pássaros a voar e um ninho numa das árvores… Retira a venda. Olha para o teu desenho. Quando estavas a desenhar o que pensavas? Estavas convencido que não ficaria assim tão mal ou imaginavas algo ainda pior? Talvez estejas a considerar que de olhos abertos as coisas seriam bem diferentes… No Evangelho de Marcos, Jesus dá a vista a um cego, chamado Bartimeu.
Este tinha plena consciência da sua limitação. Sabe que a sua perceção da realidade é limitada e por isso pede a Jesus para ver. Mas nós não estamos na mesma situação... Pois não! Até porque não nos apercebemos disso mesmo. Estamos convencidos de ver tudo tal como é e de conhecer as pessoas tal como são. E, afinal de contas, vivemos iludidos pelo desenho, primo das gravuras paleolíticas, que rabiscamos cada dia, às cegas, convencidos da excelência do nosso trabalho. Sugestão de prenda de Natal: um telemóvel que tira cafés, põe a mesa e faz os trabalhos de casa ou então aquela que Bartimeu pediu, isto é, Jesus “que eu veja!” De olhos abertos é possível confiar em Deus e fazer da vida uma obra de arte. Se quiseres uma experiência mais radical que o desenho, põe a venda outra vez e vai dar uma voltinha aí por casa. Mas cuidado, não partas nada!