Bússola n.º 61 - Março 2018

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NIKITA ANDREEV

NÚMERO 61 MARÇO 2018

T: PE. SÍLVIO FARIA, SDB silvio.faria@salesianos.pt

EDITORIAL

SER SAL DA TERRA!

GOSTAVAS DE CONHECER MELHOR A VOCAÇÃO SALESIANA? CONTACTA-NOS! vocacoes.salesianos.pt vocacao@salesianos.pt

«Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens» (Mt 5,13)

Jogando com o nome que escolheu para a sua Congregação dizia que estavam chamados a ser SALesianos. E para que pudessem ser sal, costumava falar-lhes da importância de viverem na temperança com moderação, com equilíbrio.

Como sabemos, uma das funções primárias do sal é temperar, dar gosto e sabor aos alimentos. Esta imagem recorda-nos que, através do batismo, todo o nosso ser foi profundamente transformado, porque foi «temperado» com a vida nova que nos vem de Cristo. O sal foi também, durante muito tempo, o meio habitualmente usado para conservar os alimentos. Como sal da terra, somos chamados a conservar a fé que recebemos e a transmiti-la intacta aos outros. (cf. João Paulo II aos jovens em 2002)

Este tempo de Quaresma é propício para nos interrogarmos quais são os pontos da nossa vida em que precisamos de crescer em equilíbrio como cristãos, de forma a que a nossa vida possa ser reflexo de Deus no mundo em que habitamos. Que, ao chegar à Páscoa, possas oferecer a Jesus todo o caminho feito ao longo desta Quaresma.

Também Dom Bosco convidava os seus jovens a ser sal da terra.

P.S.: Para terminar partilho uma breve nota histórica que vai fazer desta nossa Páscoa um pouco mais salesiana. No dia 1 de abril recordamos o dia em que Pio XII declarou Dom Bosco santo. Também naquele 1 de abril de 1943 era dia de Páscoa.


T: PE. SÍLVIO FARIA, SDB silvio.faria@salesianos.pt

SANTIDADE SALESIANA

MIGUEL RUA

MAS O QUE CARATERIZA A VIDA DE UM SALESIANO? SDB

Miguel nasce em Turim a 9 de junho de 1837. Perde o seu pai aos oito anos. Estudou nos Irmãos das Escolas Cristãs até ao terceiro grau elementar. Começou então a trabalhar na Real Fábrica de Armas de Turim, mas Dom Bosco – que ao domingo confessava na sua escola – propôs-lhe continuar os estudos com ele, assegurando-lhe que a Providência trataria das despesas. Foi um aluno modelo, apóstolo entre os companheiros. Dom Bosco disse-lhe: «Eu preciso de ajuda. Usarás a veste dos clérigos, estás de acordo?». «De acordo», disse ele. A 25 de março de 1855, nos aposentos de Dom Bosco, Miguel professou, nas mãos do fundador, os votos de obediência, pobreza e castidade. Foi o primeiro salesiano. Começou a trabalhar duro: leciona matemática e religião; auxilia no refeitório, no pátio, na capela; à noite copia os escritos, cartas e publicações de Dom Bosco, e estuda para ser sacerdote. A 28 de julho de 1860 foi ordenado sacerdote. O padre Rua abre a primeira casa salesiana fora de Turim em Mirabello. Poucos anos mais tarde regressa a Valdocco. Em novembro de 1884 o Papa Leão XIII nomeia o padre Rua vigário e sucessor de Dom Bosco. O Padre Rua consolida as missões e o espírito salesiano. Morre a 6 de abril de 1910, aos 73 anos. Com ele a Sociedade Salesiana passou de 773 a 4000 salesianos, de 57 a 345 casas, de 6 a 64 províncias em 33 países. Paulo VI beatificou-o a 29 de outubro de 1972.

T: IR. FERNANDA LUZ, FMA ir.fernandaluz@gmail.com

PARA REZAR TUDO RENASCE! “Considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo.” (Rom.6,11) Agora a natureza começa a renascer: tudo nos fala de vida!

E eu? Estou a sair do inverno do pecado e a aproximar-me da Páscoa? Que passos já dei? Peço ao Senhor mais coragem e confiança para viver a vida nova de Cristo? O Senhor é minha luz e salvação: a quem temerei? O Senhor é o baluarte da minha vida: quem me assustará? Creio, firmemente, vir a contemplar a bondade do Senhor... Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor! (cf. sl.27)

Um salesiano é alguém que vê em Dom Bosco um modelo de seguimento de Cristo. O Salesiano de Dom Bosco, sdb, é aquele que como Dom Bosco quer dedicar-se de alma e coração à salvação dos Jovens, através da sua promoção integral, através da educação e evangelização. Dedicando-se por isso na catequese, no ensino, no desporto, no teatro, onde estejam jovens aí poderá estar um salesiano a trabalhar. Por isso o Salesiano de Dom Bosco vive numa dedicação total ao jovens, vivendo em comunidade, procurando seguir os passos de Jesus na obediência, castidade e pobreza.

ENCONTROS COM D. BOSCO 2 MAR MANIQUE E ESTORIL (Secundário) ESTORIL (3.º Ciclo) POIARES MOGOFORES 7 MAR MANIQUE (2.º + 3.º Ciclo) ESPECIAL PÁSCOA ESTORIL 5-7 ABR (quinta-feira a sábado)

ORDENAÇÃO DIACONAL CASIMIRO MORAIS SALVADOR JOSÉ ÉVORA, 7 ABRIL 2018


T: IR. ISABEL MIRA

VOCAÇÕES

SER MISSIONÁRIA “AD GENTES”

cobrir que afinal há realidades que não sonhavas que existissem, seja dentro seja fora de si, é deixar-se moldar pela vida, pelas pessoas, construindo pontes, abrindo portas, sonhando juntos... Ser missionária, é deixar que o Amor de Deus vença em mim, é estar disposta a questionar-se e descobrir que o único absoluto é Deus e o que d’Ele vem; é aceitar a cruz para que a ressurreição seja realidade… Alegria duma missionária é ver a vida a crescer, portas a abrir-se, existências a desabrochar… é perceber o caminho direto que existe entre Deus e os corações simples… é sentir-se instrumento do Amor Misericordioso de Deus, que também hoje quer a dignidade e a plenitude para cada um dos seus filhos, para cada uma das suas filhas…

Ser missionária é vocação, é dom de Deus! É sentir o coração a alargar-se pelo amor de Deus, pelo amor à Humanidade. É desejo de, por palavras e ações, falar de Jesus, do seu grande Amor por cada pessoa, é anunciar com obras de misericórdia que cada um é precioso aos olhos de Deus… Ser missionária ad gentes, é descobrir que o mundo é a tua casa, que cada pessoa é um irmão, uma irmã.

T: CARLA SANTOS carla.santos@edicoes.salesianos.pt

JOVENS QUE MUDARAM O MUNDO: KESZ VÁLDEZ Em 2012, Kesz Váldez recebeu prémio International Children’s Peace Prize, prémio que reconhece jovens que lutam pelos direitos das crianças um pouco por todo o mundo. A história de Kesz Váldez começa nas ruas de Manila, nas Filipinas,

Ser missionária, é deixar que Jesus através de ti continue a dizer: ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10,10); é sentir as dores e sofrimentos dos que mais sofrem, é alegrar-se com as alegrias simples do dia a dia que dão colorido mesmo às dificuldades. Ser missionária, é permitir sentir-se insegura nas inseguranças do próximo, é alargar horizontes a si e aos que Deus nos confia e juntos inventar caminhos para ir um pouco mais além… é des-

a recolher lixo. Maltratado pelos pais, que tentaram vendê-lo a um traficante, mas não conseguiram, a vida deste rapaz foi sempre difícil. Com quatro anos, fugiu da família, passando o dia a pedir dinheiro nas ruas. À noite dormia em descampados ou à porta das lojas das ruas de Manila. Ao fim de um ano e meio nesta vida, um homem chamado Manalasay adotou-o depois de Kesz ter sofrido um acidente. Continua a ler a história inspiradora de Kesz Váldez! bit.ly/2FezoYV

Ser missionária salesiana, é sentir um amor maior do que eu mesma, é arriscar viver ao ritmo de Jesus no estilo de Dom Bosco e de Madre Mazzarello, é acreditar e experimentar que em cada criança, adolescente e jovem existe de facto um ponto acessível ao bem que, quando tocado, gera uma explosão de vida! Ser missionária... é dom, é risco, é VIDA!


DON BOSCO FAMBUL

T: PE. DAVID TEIXEIRA, SDB david.teixeira@salesianos.pt

ESCUTAR O DIA Atendendo a um pedido do Papa na sua mensagem para esta a Quaresma - “Vivam este tempo como um percurso de formação do coração” -, indico um TPC que, em linguagem da espiritualidade cristã, conhecemos como exame de consciência. É um exercício, feito como oração, que te proponho para escutares o teu dia, para rezares e examinares como viveste o dia e, assim, ires formando o teu coração. Por ser para ti, vou adaptá-lo e torná-lo mais prático. É só seguir os 5 dedos da tua mão. Podes rezá-lo no final do dia, antes de te deitares ou já mesmo na cama, desde que não adormeças... 1. Polegar: Pede lucidez e coragem a Deus para este exercício. 2. Indicador: Repassa o teu dia, hora a hora [mais ou menos...]: o que aconteceu, fizeste e sentiste. 3. Médio: Dá graças a Deus pelos dons que Ele te concedeu. 4. Anelar: Pede perdão por aquilo que te afastou d’Ele. 5.Mínimo: Toma um compromisso que te desafie a ser mais de Jesus e/ou dos outros.

T: ANS

ANIMAIS FEROZES

OSMAN: “É DOM BOSCO QUE MUDA AS VIDAS” Da Serra Leoa, país ferido pela guerra, pelas doenças e pela pobreza, nem sempre chegam notícias boas. Mas a que se refere a Osman é boa, interessante, quase uma premonição do que Serra Leoa pode vir a ser num futuro não muito distante. Osman não sabia quantos anos tinha, nem recordava a última vez que aprendera alguma coisa na escola. Dizia não saber se tinha família e vivia na rua, até que lhe falaram da ONG e da obra salesiana “Don Bosco Fambul”. Disseram-lhe que uns dias depois um autocarro passaria em alguns pontos da capital, Freetown, e que poderia brincar e até receber o que comer. Osman, porém, ainda não estava satisfeito, queria uma mudança definitiva de vida. Frequentou por muito tempo o Don Bosco Fambul, especialmente à noite. Ficando à porta, falava com as pessoas que entravam. Era o seu modo de sentir-se em segurança. Perguntava: “O que devo fazer para ser da Fambul?” Os educadores perguntavam-lhe porque insistia tanto, e ele respondia que

aqueles garotos como ele, alguns dos quais conhecera na rua, agora eram diferentes, estavam felizes e se comportavam bem quando o encontravam. Certo dia aproximou-se de um Salesiano e, no meio da conversa, disse-lhe: “Já entendi: não é Fambul que muda os garotos, é Dom Bosco, porque já me mudou também a mim, que ainda estou fora”. Tanta foi a sua insistência e boa predisposição que, aos poucos, lhe permitiram brincar, depois receber comida, mais tarde tomar banho, deram-lhe roupas limpas e, no final, até frequentava algumas aulas. Sem se dar conta, acabou sendo um de Fambul, distinguindo-se pela alegria, pelo serviço e esforço de se situar ao nível dos colegas. Agora, o seu desafio é descobrir mais sobre a sua família, para a encontrar e ajudar. “Se não perderam a esperança de voltar a ver-me, ficarão muito felizes, dada a vontade que tenho de os encontrar”, diz hoje Osman.

Qual é a diferença entre um padre e um monsenhor? Nenhuma! Mas o padre sabe isso, e o monsenhor não sabe.


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