n.º 16 Abril 2013
EQUIPA PROVINCIAL DE animação VOCACIONAL
PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA
bússola em dia > Pe. João Chaves, SDB
Na órbita da Páscoa
os protagonistas > Pe. Abílio Nunes, SDB
Renascimento de um líder
As palavr as do padre João Bosco penetr ar am na consciência de Miguel, deixar am-no pensativo a sonhar mundos novos.
(Continuação) Outrora a rebeldia levava-o a ser insolente com todos os adultos que atentassem a sua liberdade. Mas este Padre não merecia ser tratado dessa maneira: A sua irresistível simpatia, o desejo de entrar no mundo do jogo, as amáveis palavras foram chaves que abriram as portas de um futuro comprometido. Dom Bosco semeara neste coração inquieto a sede de felicidade de todo o jovem: sentir que se é compreendido. Miguel, porém, tinha um caminho a percorrer e corajosas decisões a tomar: perder a liberdade da rua deixar os seus amigos, ter a coragem de enfrentar o Pe. Arício que bem o conhecia. Pensou, pensou e correu veloz a contar à mãe. Aquela desventurada senhora sofria há anos, uma dupla mágoa: a irreparável perda do seu marido com o consequente desequilíbrio económico e afetivo do seu lar e a rebelde fuga do seu filho para o mundo da libertinagem. Ao tomar conhecimento
do encontro com o padre dos jovens diz-lhe com emoção: “Vai, filho! Vai, filho!” No fundo bem fundo do seu coração sentia nascer uma esperança de voltar a ser chamada Mãe com letra grande. Pe. Arício ficou surpreendido ao ver aquele traquinas que corajosamente lhe pede uma carta de recomendação para a levar a Dom Bosco. O sonho de ir para uma grande cidade tornara-se finalmente realidade. Apresentou-se com simpatia e humildade a Dom Bosco e com grandes sonhos de refazer o seu passado. O apóstolo da juventude recebeu-o com a simpatia de um Pai que ele nunca teve e deixa-o em plena liberdade. Apenas lhe propôs uma condição: não destabilizar a ordem no Oratório. Miguel aceita incondicionalmente as regras do amigo. A virgem do sonho dos nove anos colocara frente a frente dois líderes: Miguel e Dom Bosco unidos por uma grande amizade a trilharem os caminhos da esperança e verdadeira liberdade construindo no aqui e agora o bom cristão e o honesto cidadão. (Continua)
Vivemos ainda da alegria da Páscoa! A notícia surpreendente da ressurreição de Jesus espalha-se por toda a terra. Ao longo de toda a história, a Vida Nova de Jesus tem inundado a alma de uma multidão sem fim de homens e mulheres que todos os dias se deixa transformar pela Vida sem fim de Jesus, daquele que ainda hoje tem a capacidade de fazer de cada homem uma testemunha sem medo, como há dois mil anos fez dos seus apóstolos. O Papa Francisco é atualmente a expressão mais mediática desta capacidade de Jesus transformar a vida das pessoas. Com poucas semanas de pontificado, tem sido para todo o mundo testemunha eloquente da alegria e da certeza da ressurreição de Jesus. Nos gestos do Papa Francisco vemos principalmente a ação de Deus que transparece na sua simplicidade, na sua delicadeza, no fazer bem as coisas simples de todos os dias e fazê-las com o coração, como fazia Jesus. E não será isto mesmo a Páscoa? Enquanto passagem, Páscoa não é outra coisa que deixar Jesus transformar a nossa vida com a sua Vida para que ela seja vivida mais ao estilo de Jesus. Um desafio que está ao alcance de todos nós. Aceitar que Jesus ressuscitado entre nas nossas vidas só depende de nós, deixar que os nossos gestos e ações sejam transparência de Jesus é a consequência mais óbvia da sua presença em nós. Aceitas o desafio?
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boa leitura > Pe. Rogério Almeida
Paciência com Deus
Tomás Halik, Edições Paulinas, Prior Velho, 2013, 288 págs.
As edições Paulinas lançar am recentemente este livro de Tomášs Halik, padre e académico checo.
realidade da minha vida. (…) A minha própria vida adquire assim uma nova profundidade e um novo significado…
«Quando, na Sexta-Feira Santa, eu leio a Paixão Segundo S. João, que termina com o sepulcro selado, ou quando percorro as estações da Via-Sacra, que culminam com esse mesmo acontecimento – a colocação de Jesus no sepulcro –, aquilo que sempre me ocorre é que o sepulcro somos nós. A Ressurreição deve ter lugar dentro de nós…
Não acreditar na Ressurreição de Cristo é viver como se a cruz fosse o fim último, como se a vida de Cristo e o seu sofrimento fossem um fiasco total, uma derrota absurda e sem sentido, algo que já não pode inspirar ninguém. Viver assim significaria “esvaziar a Cruz de Cristo de sentido”, não aceitar a graça oferecida, e fecharmo-nos à salvação. Significaria permanecer no sepulcro…
(…) A última estação da Via-Sacra é a representação do sepultamento, mas a caminhada contemplativa deve prosseguir ao longo do caminho da nossa vida. Dizem-nos: tu foste escolhido como “testemunha da Ressurreição; cabe-te agora a ti dar testemunho da forma como Jesus está presente neste mundo e como está vivo no nosso tempo!
(…) Creio, com Paulo, que, se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã (1 Cor 15, 17), mas igualmente vã, sem sentido e vazia seria a nossa fé na Ressurreição, se não passasse de uma opinião ou de uma convicção e não tivesse qualquer influência sobre as nossas vidas, se também nós não tivéssemos sido ressuscitados para uma vida nova…»
(…) Atrever-me-ia a afirmar até que a realidade da Ressurreição me obriga a rever a minha compreensão da realidade (…) e da própria
(Transcrição literal de: Tomás Halik, Paciência com Deus, Edições Paulinas, Prior Velho, 2013, pp. 191, 192, 193)
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“um só coração e uma só alma”, como a comunidade primitiva.
contemplar > Ir. Fernanda Luz, FMA
Ver para Crer É Páscoa, Cristo está vivo, entre nós! Quantas vezes nos identificamos com Tomé, aquele discípulo descrente no relato dos seu colegas?
Gostamos de acreditar por nós, pelo que vamos experimentando. Por isso se diz: “ver para crer, como S. Tomé”. Estamos no Ano da Fé, desejamos reacender a nossa fé num mundo que parece querer afastar-se sempre mais da Vida do Ressuscitado. Como se chega à Fé em Jesus vivo, Ressuscitado? Tomé longe da comunidade não conseguiu acreditar. Porém, quando no “dia do Senhor”, se reuniu com os companheiros, com os discípulos, ele mesmo viu Jesus e pôde exclamar: «Meu Senhor e meu Deus!». E é para mim, para ti, que hoje Jesus responde: «… felizes os que acreditam sem terem visto».
© Mathias Hima, Stock.xchng
Voltemos à comunidade, onde se manifesta e se espalha a alegria do Ressuscitado. Vivamos o Domingo para experimentar o amor de Jesus e mostrarmos que podemos formar
Dom Bosco dizia que se pretendemos a ajuda de Deus temos de visitar Jesus Eucaristia muitas vezes e se não quisermos nada de Deus… Maín desejava poder trabalhar no último banco da Igreja, para estar sempre perto de Jesus. Com que frequência entro espontaneamente numa Igreja? Vamos junto do Sacrário e digamos: “Meu Senhor e meu Deus”. Aí encontramos a Paz que Jesus Ressuscitado oferece a cada um.
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vocações com história > Pe. José Aníbal mendonça, sdb
“A MEMÓRIA DO SOLDADO MILHÕES” À medida que aumentava a curiosidade de saber mais sobre ele e o acto que o imortalizou, aumentava também o meu compromisso de imitar as suas virtudes. Quando pressentíamos que a banda filarmónica se aproximava da casa da avó, corríamos todos para a pequena e alquebrada varanda, aguardando orgulhosamente o momento. Ei-los! Perfilavam-se ali mesmo em frente, voltados para nós, e enquanto tocavam a marcha soltávamos emocionados a memória para o Soldado Milhões, o herói nacional e da sua terra (Valongo de Milhais), o nosso avô! É bom de ver como isso fazia bem à minha auto-estima, ainda por cima tendo em conta que herdara o seu nome próprio “Aníbal”. Crescendo, à medida que aumentava a curiosidade de saber mais sobre ele e o acto que o imortalizou, aumentava também o meu compromisso de imitar as suas virtudes: a simplicidade, a generosidade e boa-disposição, o altruísmo e coragem de que deu prova heróica na Primeira Grande Guerra. Mas, como sabem, o meu primeiro nome é José, daí o “Zezinho” da D.ª Maria Adelaide e do Sr. Mendonça. A mãe, além de minha professora primária, também chegou a dar-me catequese. Foi no dia solene da visita do Sr. Bispo a Murça que eu, ainda catraio e de fatinho da Primeira Comunhão vestido, me perdi no meio daquela turba de crianças e jovens que enchiam o corredor da igreja. A verdade é que, a certa altura, vi-me empurrado por ali acima, indo parar aos pés do Sr. Bispo que me crismou, logo que o Sr. Manuel, barbeiro da Vila, se dispôs a suprir a falta de padrinho. Ainda posso referir outro episódio que deixou marcas. Tinha o Pe. Álvaro Gomes (estava eu no 6.º ano de Poiares) sugerido que imitássemos o Joãozinho Bosco em férias, juntando os amigos para a brincadeira e a oração. Evidentemente, achei que era mesmo para pôr em prática.
Aníbal Milhais e a sua filha, mãe do Pe. José Aníbal. Foi o único soldado raso português da Primeira Guerra Mundial a ser condecorado com o Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a mais alta condecoração existente em Portugal
Poiares. O meu pai, enquanto “matava o bicho”, bem cedo, na sintonia dos “Homens da Terra” da Rádio Renascença, ouviu a publicidade do estágio dos Salesianos. E o resto já sabem!
Pe. José Aníbal na Primeira Comunhão
Como vêem, já nesse tempo, o uso dos meios de comunicação tinha os seus perigos!
cartoon > Judite Pereir a
Então, com a cumplicidade da minha tia, organizei um belo encontro com direito a lanche, na garagem dos meus primos. A animação começou exactamente com o jogo da “cabra cega”. Foi então que, sendo eu o primeiro, fui logo esbarrar numa coluna de cimento abrindo o sobrolho. Ganhei uma ida ao hospital, que era bem perto, e levei os pontos da praxe. E em jeito de despedida, recordo como foi curiosa a circunstância da minha ida para
jovens santos
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animais ferozes > Salesian Missions
Uma história de sucesso: da miséria para a faculdade de medicina
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Bússola
Jornal da Equipa de Animação Vocacional Pe. Álvaro Lago alvaro.lago@salesianos.pt Ir. Alzira Sousa alzirasousa.fma@gmail.com Pe. David Teixeira david.teixeira@salesianos.pt Pe. José Aníbal Mendonça anibal@salesianos.pt Pe. Juan Freitas juan@salesianos.pt Ir. Maria João Garcia mjoao.garcia@hotmail.com Pe. Sílvio Faria silvio.faria@salesianos.pt Propriedade da Província Portuguesa da sociedade Salesiana Rua Saraiva de Carvalho, 275 1399-020 Lisboa t: 21 090 06 00 f: 21 090 06 39 w. www.salesianos.pt w. www.salesianos.pt/pastoral Fotografia capa © AFP/La Nacion
vem aí Com apenas três anos de idade, a vida de Teddy mudou radicalmente. Os pais separaram-se e a sua mãe ficou sozinha a cuidar de toda a família. Diariamente lutavam pela sobrevivência em Adis Abeba, capital da Etiópia, uma cidade pobre e desesperada. Teddy afinal era um aluno com imenso potencial, com excelentes resultados na escola, mas a oportunidade de explorar todas as suas capacidades, e libertar-se dos grilhões da pobreza, estaria fora do seu alcance se não fosse por uma conversa com um dos seus professores. Quando completou a escola primária, Teddy projetava o seu futuro promissor numa das escolas secundárias existentes na cidade, mas o elevado custo das propinas desfazia-lhe os sonhos. Foi então que o professor recomendou a Teddy a Don Bosco High School. Teddy não conhecia. Para além de ser muito mais acessível, tinha um outro incentivo irresistível: os alunos que tivesse excelente aproveitamento não pagavam propinas.
Uma escola diferente, com mais oportunidades Teddy ficou imediatamente impressionado, e surpreendido também, por uma pequena e desconhecida escola oferecer uma formação de tão grande qualidade. Quando aponta as qualidades que tornam a Don Bosco High School especial, Teddy é rápido na resposta: a proximidade entre professores e alunos. “Os professores são muito mais acessíveis
do que nas outras escolas”, afirma. “Temos oportunidade para nos expressarmos e explorarmos os nossos talentos”. Teddy não é o único aluno que teve a sorte de ser aceite na DBHS. Ele explica que, ao contrário das outras escolas de qualidade em Adis Abeba que servem a população mais rica, a grande maioria dos alunos da DBHS vêm de famílias pobres. “Recebem uma educação muito melhor do que receberiam numa escola pública”, afirma. Teddy também dá crédito aos Salesianos pela intervenção que fazem com as crianças de rua, uma verdadeira epidemia na sua cidade natal. “O problema é mesmo grave, mas tem havido melhoras graças ao trabalho que os Salesianos fazem junto delas, ajudando-as a crescer e a receber formação e instrução. Agora apercebo-me que alguns dos antigos alunos conseguiram encontrar bons empregos como investigadores, engenheiros e médicos, graças à Don Bosco High School”. A história de Teddy também é uma história do sucesso salesiano. Tendo terminado a escola secundária com as melhores notas da turma, sempre sem pagar as propinas graças aos excelentes resultados, vai agora entrar numa nova fase da sua inspiradora e animadora vida: a faculdade de Medicina. (Tradução de www.salesianmissions. org)
� 11 de Maio ordenação SAcerdotal Luís Almeida Igreja do Bonfim, Porto � 18-19 de Maio Dia Nacional do Movimento Juvenil Salesiano Festa com o Reitor-Mor, Pe. Pascoal Chávez Arte & Fé Auditório Paulo VI, FátiMA
sugestões > Miguel Mendes Um momento Inesquecível de Nicholas Sparks Este livro conta a história de dois adolescentes com percursos antagónicos e interesses divergentes: um jovem estudante boémio e descomprometido e a antiquada filha do pastor baptista de uma pequena cidade americana. Conhecer o novo papa agencia.ecclesia.pt/ francisco A Agência Ecclesia criou um diretório especial dedicado ao novo Papa Francisco. Notícias, fotografias e vídeos, incluindo o momento da eleição na Praça de S. Pedro e a Missa da Inauguração.