Conectividade

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Editorial É Conectividade, mas poderia ser qualquer um dos seus sinônimos que aparecem no dicionário: ligação, coerência, afinidade, relação, dependência, nexo, vínculo. Foi difícil escolher o que melhor retratava o espírito dessa revista: uma construção coletiva, colaborativa de vários pesquisadores da área de Educação - mestrandos, doutorandos e PHDs - integrados em rede. Por fim, foi essa característica tecnológica – a da integração em rede, que permite o compartilhamento e possibilitou a reunião e o trabalho colaborativo dos pesquisadores – que determinou o nome da publicação que está, agora, disponível online.

Aqui o foco é educação, com um olhar atento para tendências e desafios. Por isso os temas são variados: recursos e práticas educacionais abertas, aprendizagem colaborativa, entrevistas com especialistas que apontam para a união entre educação, tecnologia, empreendedorismo e cibercultura, sem perder a consciência crítica e a necessidade de sustentabilidade que se impõe nesse mundo interligado. Tem links para se aprofundar nos temas e até um guia para usar as licenças de compartilhamento de conteúdo do Creative Commons. Porque a intenção desse trabalho não é só divulgar o que se discute para a educação do futuro no grupo de estudos PEFOC/PRAPETEC da PUCPR, é também permitir que se amplie o debate e as colaborações. Junte-se a nós.

Patricia Lupion Torres

Editor: Patricia Lupion Torres Editores Assistentes: Raquel Glitz Kowalski; Marilda Aparecida Behrens Jornalista: Chris Beller Designers: Erik Gustavo; Matheus Felipe Kuhnen; Vitor Alcântara Schlusaz Ilustração: Rafael Camargo Colaboradores: Alexandre Marinho Teixeira; Flávia Leal king Baleche; Gislaine Coimbra Budel; Danielle Cristine Boaron; Katia Ethiénne Esteves dos Santos; Claudete Maria Zaclikevic; Luciane Hilu; Maíra Amélia Leite Weber; Raquel Pasternak



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Por: Alexandre Marinho Teixeira; Flávia Leal king Baleche; Gislaine Coimbra Budel; Rafael Camargo;

A educação aberta tem a ambição de difundir em grande escala o acesso à educação, com recursos e modelos de ensino que melhorem contínua e sistematicamente o ensino e a aprendizagem, com educadores gerando e compartilhando novos conhecimentos e métodos. Utilização

Educação Aberta Abrir para? Qualquer pessoa

Qualquer momento

Qualquer lugar

Sustentabilidade

Temas relacionados: • O contexto para um projeto de conteúdo aberto; • A comunidade que ele envolve, como parte do projeto; • Como o seu propósito pode afetar seu uso e potencial de sustentabilidade.

Mudança de foco

Do professor e do ensino

Propriedade Intelectual – exploração comercial desleal

Existem questionamentos sobre a viabilidade em acomodar os horários de alunos ao invés de vê-los tentando compactar o seu aprendizado nas programações de ensino, convenientes para os professores e para a instituição. “A expansão de cursos e redes na virada do milênio e o crescente envolvimento das IES com EAD, sobretudo na formação de professores, mostram que essa modalidade de ensino ganha nova dimensão no país e passa a adquirir importância crescente na política educacional.” (Barreto e Gatti, 2009, p.258)

Esta é uma das grandes vantagens da educação aberta, que coloca a aprendizagem disponível para qualquer pessoa, a qualquer momento, em qualquer lugar, com fácil acesso e baixo custo.

EDUCAÇÃO ABERTA

Para o aluno e a aprendizagem

População diversificada Estilos de aprendizagem individual Foco em como os alunos aprendem

Fomentar, ou ter à disposição, por meio de práticas, recursos e ambientes abertos ,variadas confugurações de ensino e aprendizagem, mesmo quando essas aparentam redundância, reconhecendo a pluralidade de contextos e as possibilidades educacionais para o aprendizado ao longo da vida. (Amiel, p.19, 2012)

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Barr e Tag (1995) já falavam em uma mudança de paradigma na educação, mudando o foco do ensino para o foco na aprendizagem, acreditando que isso poderia compor um aumento nos resultados das aprendizagens dos alunos. Educação Aberta Mudanças

Grandes Ambições

Grande difusão de acesso à educação Recursos

Modelos de ensino

Grande escala Melhoria contínua e sistemática do ensino e da aprendizagem

Educadores gerando e compartilhando novos conhecimentos e métodos

A Educação Aberta, segundo estes autores, oferece oportunidade e impulso para esta grande mudança de paradigma, propondo não só essa mudança de foco como também na missão da educação, na forma de controle da mesma, na transformação institucional e reestruturação acadêmica e financeira. No entanto, considerando a população diversificada que a educação aberta pode atingir, é preciso levar em conta os estilos de aprendizagem dos alunos e concentrar-se em como os alunos aprendem, ou seja, mais uma vez alterando o foco da atenção do professor e do ensino para o aluno e suas aprendizagens.

Conhecimento

Educação aberta

Abertura

- Nunca foi fechado; - Avanços nas pesquisas sobre como as pessoas aprendem. - Não apenas tecnologia; - Indivíduos, relacionamentos, trocas, comunidades de prática, envolver pessoas.

- Bom material não é suficiente; - Criar uma cultura na qual as pessoas queiram aquele acesso.

Os avanços nas pesquisas sobre como as pessoas aprendem apontam um perfil de aluno que busca a tecnologia para potencializar a aprendizagem, mas não só ela. Há que ser considerado o indivíduo, os relacionamentos, as trocas, as comunidades de prática, enfim, envolver as pessoas. E para isso, bons materiais e recursos tecnológicos não são suficientes. É preciso criar uma cultura na qual as pessoas queiram esse acesso à educação aberta. Esse é o próximo passo! Referências : IIYOSHI, Toru; KUMAR, Vijay. Educação aberta: o avanço coletivo da educação pela tecnologia, conteúdo e conhecimento abertos. Editado por Toru Iiyoshi e M. S. Vijay Kumar. CERED – Centro de Recursos Educacionais. Edição livre. 2008. Long, Phillip D; Ehrmann, Stephen C. Educação aberta. O Avanço Coletivo da Educação pela Tecnologia, Conteúdo e Conhecimento Abertos . Capitulo 04 - Uma Estratégia de Código Aberto é Importante? Lições Aprendidas com o Projeto iLabs Editado por Toru Iiyoshi e M.S. Vijay Kumar, 2008. Harward et al., 2004; Harward et al., 2006.; Harward et al., 2006b Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas políticas públicas / Bianca Santana; Carolina Rossini; Nelson De Lucca Pretto (Organizadores). 1. ed., 1 imp. – Salvador: Edufba; São Paulo: Casada Cultura Digital. 2012.246 p. Disponível em : http://www.livrorea.net.br/livro/livroREA-1edicao-mai2012.pdf - Acesso em 04/08/2015. Educação aberta: configurando ambientes, práticas e recursos educacionais abertos. Tel Amiel p.17. Professores do Brasil: impasses e desafios/ Coordenado por Bernadete Angelina Gatti e Elba Siqueira de Sá Barreto. Brasília: UNESCO, 2009. 294p.

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PRÁTICA EDUCACIONAL ABERTA UM CAMINHO PARA A APRENDIZAGEM LIVRE E SIGNIFICATIVA Por: Danielle Cristine Boaron Frente às mudanças ocorridas na sociedade nas últimas décadas, o movimento da educação aberta abre espaço para novas possibilidades de ensino e aprendizagem. Com a popularização e democratização do acesso a internet somada à facilidade de criar, “o contexto é de liberdade de emissão da palavra, produção e compartilhamento de conteúdo, autoria e coautoria” (HESSEL; SILVA, 2012, p. 221). Em meio a esse cenário de abertura, em que qualquer usuário pode facilmente publicar vídeos, criar blogs, editar conteúdos etc., estamos nos movendo para uma era de abundância de recursos e conteúdos abertos. Entretanto, esta abundância refere-se a todo e qualquer conteúdo disponível na web, e não especificadamente àqueles com fins educacionais. Sendo assim, o conceito de Recursos Educacionais Abertos (REA) surge para destacar a produção de conteúdo aberto destinado a aprendizagem (OKADA, 2011, p. 4). No entanto, pesquisadores da área, como Ehlers e Conole (2010), afirmam que mesmo com a crescente disseminação e incentivo para a criação, uso, reuso e compartilhamento de REA, a utilização destes recursos não tem tido uma expressiva evoRECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS

lução na educação superior. Esta situação ocorre devido ao fato que o foco das iniciativas de REA, até então, está na expansão do acesso aos conteúdos digitais, sem levar em consideração se realmente isso trará apoio às práticas educacionais e, consequentemente, a promoção da qualidade e inovação no processo de ensino e aprendizagem. Assim, é preciso ampliar o foco da educação aberta para além do acesso aos recursos, no sentido da criação de práticas educacionais abertas (PEA), prevendo em como os REA podem ser usados no contexto educacional, de modo a possibilitar o aumento da qualidade da experiência educacional. O que é, então, uma prática educacional aberta? O conceito de PEA foi cunhado em 2010 por meio do projeto The Open Educational Quality Initiative (OPAL). De acordo com Cardoso (2014) este conceito decorre de um processo de amadurecimento do movimento dos Recursos Educacionais Abertos. Assim, PEA é: [...] um conjunto de atividades em torno do design instrucional e execução de eventos e processos destinados a apoiar a aprendizagem. Eles também incluem a criação, uso e reaproveitamento de Recursos Educacionais Abertos (REA) e sua adaptação ao ambiente contextual. (OPAL, 2011, p. 13)

São materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento.

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Prática Educacional Aberta

A instituição pode: • fornecer sistemas institucionais para fazer os recursos educacionais abertos; • mudar estratégias ou políticas institucionais para refletir sobre abordagens abertas; • reconhecer e recompensar a equipe por criar e usar recursos educacionais abertos; • criar cursos abertos como os MOOCs.

Os professores podem: • procurar, adaptar REA para usar em suas aulas; • fazer seus próprios recursos e disponibilizar online; • refletir sobre as abordagens de ensino e aprendizagem – mudar a pedagogia e como os recursos são utilizados, repensar a experiência educacional; • mudar a relação com os alunos – na negociação do currículo e no desenvolvimento e utilização de conteúdos.

Os alunos podem: • encontrar e utilizar os recursos adequados para apoiar a aprendizagem; • criar conteúdo aberto como parte das atividades de aprendizagem; • comentar/avaliar os REA que já foram utilizados; • usar REA para a aprendizagem informal ou aprendizagem baseada na criação. (MCGILL et al, 2012)

UM MOOC É

De acordo com pesquisadores da área, tais como Ehlers, Conole (2010); Santos (2012), vários são os benefícios da adoção de uma abordagem baseada em PEA: livre acesso ao conhecimento; promoção da coaprendizagem interinstitucional; direcionamento para uma postura crítica diante do conhecimento, principalmente diante da expansão do conceito de autoria; flexibilização das configurações de ensino e aprendizagem e pode fornecer uma ponte entre as experiências formais e informais de aprendizagem. Inserir uma PEA no ambiente educacional envolve muito mais do que apenas a criação, utilização e compartilhamento de REA. Prevê a criação de práticas de ensino inovadoras que podem ser realizadas tanto em cenários educacionais formais quanto não-formais (EHLERS; CONOLE, 2010). A adoção de uma PEA gera novos desafios e papéis para a comunidade educacional (instituição, alunos e professores). No entanto, adotar um modelo educacional aberto gera impacto na cultura educacional e, por conta disso, traz à tona alguns desafios e barreiras. Banzato (2012, p. 155) destaca quatro barreiras para adoção de uma PEA: tecnológica (ausência de banda larga e facilidades de acesso à internet e/ou softwares para a criação, compartilhamento e hospedagem de conteúdos); financeira (falta ou investimento insuficiente em software e hardware necessários para o desenvolvimento e atualização de REA e repositórios); social e cultural (falta de uma cultura de partilha de recursos, necessária em um movimento de acesso aberto) e política e jurídica (a existência de políticas editoriais legais e regulamentares que impedem o movimento de conteúdo aberto). Massive Open Online Courses Em meio a este cenário de abertura e acesso livre de recursos, uma iniciativa de curso aberto é o MOOC (Massive Open Online Courses). Baseado na teoria de aprendizagem Conectivista, é um tipo de curso no qual as informações estão abertas e acessíveis pela internet de forma massiva (INUZUKA; DUARTE, 2012, p.197).

[...] um curso online (que utiliza diversas plataformas web 2.0 e redes sociais), aberto (gratuito e sem pré-requisitos para participação, mas também sem emissão de certificado de participação) e massivo (oferecido para um grande número de alunos e com grande quantidade de material) (MATTAR, 2012).

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Duas são as características essenciais de um MOOC: são cursos abertos, isto é, mesmo estudantes que não estão regularmente matriculados na instituição promotora podem participar. Permitem escalabilidade, ou seja, o curso é desenvolvido com o objetivo de atender o crescimento exponencial de matrículas, podendo chegar a centenas de milhares de estudantes participando em cada oferta de curso (MOTA; INAMORATO, 2012). Diferente de uma plataforma tradicional de educação a distância em que o conteúdo é de acesso restrito para quem possui uma senha e login – como nos Learning Management Systems (LMS) ou Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) –, o MOOC parte do princípio de livre acesso à informação. Desta forma, a implementação é feita pelo uso combinado de ferramentas disponíveis na internet, tais como os wikis, blogs, fóruns, listas de discussões e redes sociais (INUZUKA; DUARTE, 2012, p.198). O primeiro curso com características de MOOC foi ofertado em 2007 na Utah State University, por David Wiley. Entretanto, somente em 2011 o MOOC “Inteligência Artificial”, promovido pela Universidade de Stanford (com quase 160.000 alunos), ganhou notoriedade (MOTA; INAMORATO, 2012). Desde então, várias iniciativas semelhantes surgiram. Abaixo são listados alguns destes exemplos: Coursera - https://pt.coursera.org/ MITx2 - http://ocw.mit.edu/ Udacity - https://br.udacity.com/ edX4 -

https://www.edx.org/

MOOCEaD - http://moocead.blogspot. com.br

Com a evolução da web e o avanço das tecnologias, evidencia-se que o perfil do aluno mudou e, com isso, pode-se afirmar que a maneira de “aprender é muito diferente para os jovens de hoje do que era 30 anos atrás” (PALFREY; GASSER, 2011, p. 269). Diante disso, fica claro que não há mais espaço para o ensino tradicional, em que o professor é a única fonte de conhecimento e o aluno é o receptor passivo de informações. O ensino focado em PEA permite a transposição do paradigma conservador, para um paradigma em que as informações estão disponíveis gratuitamente e professores e alunos são parceiros na criação do conhecimento. No entanto, vale ressaltar que o simples fato de utilizar REA na educação superior, mantendo o modelo tradicional de transmissão, não é considerado PEA e muito menos proporciona uma experiência educacional inovadora para os alunos. É evidente que existem desafios e barreiras para transpor, no entanto, a educação aberta nos leva a refletir sobre a necessidade de buscar alternativas e soluções que possibilitem oportunidades para o aluno desenvolver a sua autonomia para construir, em parceria com o professor, a aprendizagem significativa. Além disso, deve-se levar em consideração que neste momento histórico em que a liberdade de expressão e o compartilhamento são a marca dessa geração, o acesso ao conhecimento não pode ser restrito a uma parcela da população. Deve-se abrir as portas para que as informações e recursos sejam abertos, sem fronteiras, para que todos tenham o direito de ter acesso a materiais atuais e de qualidade.

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Prática Educacional Aberta

Referências: BANZATO, Monica (2012). A Case Study of Teachers’ Open Educational Practices. Journal of e-Learning and Knowledge Society, v.8, n.3, 153-163. Disponível em: <www. editlib.org/d/43263/>. Acesso em: 02 ago. 2015. CARDOSO, Paula. Práticas Educacionais Abertas. OpenStax_CNX. 16 Mar. 2014 Disponível em: <http://cnx.org/content/ m49679/1.1/> . Acesso em: 02 ago. 2015. CONOLE, Gráinne (2010). Defining Open Educational Practices (OEP), blog post. Disponível em: <http://e4innovation. com/?p=373>. Acesso em: 02 ago. 2015. EHLERS, Ulf-Daniel; CONOLE, Gráinne (2010). Open Educational Practices: Unleashing the power of OER. Disponível em: < https://oerknowledgecloud.org/sites/oerknowledgecloud.org/files/OEP_Unleashing-the-power-of-OER.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2015. HESSEL, Ana Maria Di Grado; SILVA, José Erigleidson da (2012). A inteligência coletiva e conhecimento aberto: relação retroativa recursiva. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. INUZUKA, Marcelo Akira; DUARTE, Rafael Teixeira. Produção de REA apoiada por MOOC. In: SANTANA, Bianca ; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca (Org.). Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Disponível em: <http://www.livrorea.net.br/livro/ livroREA-1edicao-mai2012.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2015. MATTAR, João. MOOC. Disponível em: <http://joaomattar.com/blog/2012/03/24/

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mooc/>. Acesso em: 02 ago. 2015. MCGILL, L.; FALCONER, I.; BEETHAM, H.; LITTLEJOHN, A. (2012) Open practice across sectors: briefing paper. Disponível em: <https://oersynth.pbworks.com/w/ page/49655750/OpenPracticeAcrossSectors>. Acesso em: 02 ago. 2015. MOTA, Ronaldo; INAMORATO, Andréia. MOOC, uma revolução em curso. Jornal da ciência, 26 de novembro de 2012. Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe. jsp?id=85111>. Acesso em: 02 ago. 2015. OKADA, Alexandra. Colearn 2.0: coaprendizagem via comunidades abertas de pesquisa, práticas e recursos educacionais. Revista e-curriculum. São Paulo, v.7, n.1, abril 2011. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/5813/4128>. Acesso em: 02 ago. 2015. OPAL. (2011). Beyond OER: Shifting Focus to Open Educational Practices. Open Education Quality Initiative. Disponível em: <https:// oerknowledgecloud.org/sites/oerknowledgecloud.org/files/OPAL2011.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2015. PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011. SANTOS, Andreia Inamorato dos. Educação aberta: histórico, práticas e o contexto dos recursos educacionais abertos. In: SANTANA, Bianca ; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca (Org.). Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Disponível em: < http://www.livrorea.net.br/ livro/livroREA-1edicao-mai2012.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2015.


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REVOLUÇÃO EDUCACIONAL CULTURAL Por: Katia Ethiénne Esteves dos Santos

O avanço das tecnologias abertas é inevitável e precisa de facilitadores para vencer “barreiras”.

REVOLUÇÃO EDUCACIONAL CULTURAL Ah! 2015! A ação que une Interação que gera produções múltiplas Que embarcadas de contexto Oferecem pontes pra mudar! Cooperação, palavra-chave Para a construção do conhecimento Aprendizes como agentes transformadores Aprendizados aplicados, no real. Cocriar? Cocriar! Produzir coletivamente Comunicar, criar, recriar... Um olhar novo e flexível Uma ação inovadora Que gera espaço para todos Uso com liberdade Aprimorar com criatividade Recombinar com propriedade Distribuir, compartilhar e assim aprender. Chegou a hora! Faça parte dessa revolução Afinal, a educação clama Por um novo caminho REA e muito mais A inovação na diversidade! Katia Ethiénne Esteves dos Santos, 2015.

Recursos Educacionais Abertos O uso das tecnologias abertas tem aumentado cada vez mais e por ter um grande potencial tende a se estender e atender com efetividade a educação. O seu uso oferece abordagens de ensino e aprendizagem que buscam derrubar barreiras culturais e reconfigurar os arranjos instrucionais tradicionais. A importância de se construir e ampliar as tecnologias abertas está ligada a algumas quebras de paradigmas em sua estrutura, tendo como maior foco a disseminação flexível e multidirecional de materiais, como arquivos e documentos. Levar em consideração as percepções de conflitos, de autonomia e oferecer a oportunidade de todos se sentirem “profissionais”, é fundamental neste novo pro possibilitando que a aprendizagem cesso, envolva a construção da identidade de cada estudante. A nova era de abundância de informações requer uma abordagem transformada do processo de ensino-aprendizagem. Oferecer espaços interativos de remix –com compartilhamento e colaboração, amplia as possibilidades de construir o conhecimento. O foco neste processo de criação de REA e da utilização pelos professores, os PEA direciona para prática pedagógica a atividades que valorização a interação. Para Belloni (1999, p.58) interação é uma “ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre a intersubjetividade, isto é, o encontro de dois sujeitos, que pode ser direta ou indireta (mediatizada por algum veículo de comunicação)”. PEA


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Em relação a dinâmica de sala de aula Torres e Irala (2007,p.65), citam que a aprendizagem colaborativa e a aprendizagem cooperativa possibilitam a adequação às necessidades dos envolvidos e possuem o “potencial de promover uma aprendizagem mais ativa por meio do estímulo: ao pensamento crítico; ao desenvolvimento de capacidades de interação, de negociação de informações e de resolução de problemas; ao desenvolvimento da capacidade de auto regulação do processo de ensino-aprendizagem. Essas formas de ensinar e de aprender, segundo seus defensores, tornam os alunos mais responsáveis por suas aprendizagens, levando-os a assimilar conceitos e a construir conhecimentos de uma maneira mais autônoma”. Torres e Irala. O uso de REA pode favorecer a participação colaborativa, pois, como discutem PICONEZ; NAKASHIMA, 2012, p. 5 “[...] atendem a bidirecionalidade dialógica necessária no processo ensino-aprendizagem e promovem conexão de redes abertas que traçam uma trama de relações, importantes para a cognição distribuída”. Os REA têm revelado sua flexibilidade em apresentar interfaces tecnológicas favoráveis à criação de textos, imagens, vídeos, áudio, animações, infográficos, entre outras. A tecnologia permite a diversidade de conexões, a multiplicidade de estilos, e a integração de várias linguagens.

A interação entre os pares traz a importância das relações sociais no espaço virtual, mais propriamente na internet. As relações sociais crescem a cada dia no espaço virtual e passam a formar novos sujeitos capazes de comunicar-se, trocar ideias, informações, compartilhando saberes e construindo novos conhecimentos. A aprendizagem se dá por um longo processo de apropriação e transformação de conhecimentos que ocorre na atividade mediada, na relação com os outros. Fatores de diversas naturezas influenciam o aprendente, como: Cognitivo

Físico

Ambiental

Social

Aprendizagem Afetivo

Econômico

Cultural

Aos professores cabe a transformação de suas estratégias didáticas, passando de mero transmissores de saberes, modelo da educação tradicional, para “provocador cognitivo”, ou seja, aquele que auxilia na construção de percursos diferenciados de aprendizagem.

Referências: BEHRENS, Marilda Aparecida. Metodologia de projetos: Aprender e Ensinar para a produção do conhecimento em uma visão complexa. In: TORRES, P.L. (org.) Complexidade: Redes e Conexões na Produção do Conhecimento. Curitiba, SENAR, 2014. IIYOSHI, Toru; KUMAR, M.S. Vijay (eds.). Educação Aberta: o avanço coletivo da educação pela tecnologia, conteúdo e conhecimentos abertos. São Paulo: Abed, 2014, 449 p. SANTOS, Andreia Inamorato dos. Educação aberta: histórico, práticas e o contexto dos recursos educacionais abertos. In: SANTANA, Bianca ; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca (Org.). Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Disponível em: http://www.livrorea.net.br/livro/livroREA-1edicao-mai2012.pdf TORRES, P. Lupion; IRALA, Esrom, Adriano, F. Aprendizagem colaborativa. In: TORRES, P. Lupion. (Org.) Algumas vias para entretecer o pensar e o agir. Curitiba: Senar, 2007, p. 65-95. BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. Campinas: Ed. Autores Associados, 1999. Professores do Brasil: impasses e desafios/ Coordenado por Bernadete Angelina Gatti e Elba Siqueira de Sá Barreto. Brasília: UNESCO, 2009. 294p.

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APRENDIZAGEM COLABORATIVA Por: Claudete Maria Zaclikevic O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação tem possibilitado mudanças que envolvem não somente as informações, mas principalmente as pessoas. Com isso, surgem novos espaços de aprendizagem e interação, os quais, independente da localização, permitem a troca de informações, a reconstrução de significados, a articulação de ideias de forma individual e coletiva, a socialização de saberes e a partilha de conhecimentos entre as pessoas. Assim, diante das mudanças em diversos campos do conhecimento, que sinalizam novas demandas para o sistema educacional e exigem “dos docentes novos esquemas mentais, novas concepções acerca do saber dialogado, de intercâmbios singulares, criatividade, disponibilidade para investigação contínua, para um compromisso real com políticas democráticas [...]” (MARTINS, 1999, p. 81), é necessário superar a visão de que o conhecimento é algo que pode ser transferido de uma pessoa para outra, mas sim como algo a ser construído coletivamente. Significado de cooperação Cooperar significa atuar em conjunto com alguém, prestando auxílio para atingir um objetivo comum. Representa uma forma de integração social, e pode ser entendida como uma ação combinada em que as pessoas se juntam, de modo formal ou informal, para atingir o mesmo objetivo. Cooperar na educação A educação designada como uma ação cooperativa ocorre como resultado de uma socialização, uma construção co letiva. Sendo assim, ela é essencial para o

processo educacional (ANDRIOLI, 2007). Segundo Vygostky: a educação ocorre no contexto social, por intermédio da cooperação entre os indivíduos. (1984). Segundo Freinet a educação deve proporcionar ao aluno o exercício da cooperação, e o professor ser um interventor do aprendizado. (1991).

A aprendizagem cooperativa A aprendizagem cooperativa “é uma técnica ou proposta pedagógica na qual estudantes ajudam-se no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, com o objetivo de adquirir conhecimento sobre um dado objeto.” (CAMPOS et al., 2003, p.26). A interação e a construção do conhecimento de forma coletiva são enfatizadas na aprendizagem cooperativa, ou seja, o discente passa a ser indivíduo ativo na edificação do seu saber e do grupo ao qual pertence. Ao buscar a participação ativa e a interatividade tanto dos alunos quanto dos professores facilita a participação social em ambientes virtuais que propiciem a interação, a colaboração e a avaliação. (CAMPOS et al., 2003). Neste sentido, Morris e Hayes (1997) apud Campos et al. (2003, p. 30) “entendem que a aprendizagem cooperativa gera benefícios para os alunos, pois eles precisam aprender a interagir com os outros membros do grupo, a exercitar a tomada de decisão e desenvolver habilidades de trabalho em grupo, tornando-se mais confiante em expor publicamente seus pontos de vista.” Assim, a cooperação ajuda a desenvolver uma relação baseada no respeito e no agir com o outro em prol de um objetivo coletivo, sendo assim um instrumento na formação do cidadão.

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Aprendizagem colaborativa

Ambientes cooperativos Como a cooperação está relacionada a postura das pessoas é possível de ser realizada em qualquer ambiente, pois não está relacionada à infraestrutura ou recursos materiais. Na aprendizagem colaborativa é necessário que não se reproduzam os grupos de trabalho do ensino tradicional, mas sim estratégias que levem os sujeitos a uma atitude crítica e reflexiva frente ao conhecimento que se constrói na relação com o outro. O professor, dentro do contexto da aprendizagem cooperativa, passa a ser um facilitador. Campos et al. (2003, p. 30) afirma que mudança no papel docente se processa quando “em lugar de atuar como especialista que fornece informações, como nas aulas expositivas, o professor estrutura um ambiente cooperativo de forma a incentivar a interação entre alunos.” Cooperação e Colaboração Para Dillembourg e Larocque apud Torres (2004, p. 65), “a diferença entre cooperação e colaboração pode ser traduzida pelo modo como é organizada a tarefa pelo grupo [...], na colaboração todos trabalham em conjunto sem distinções hierárquicas em um esforço coordenado a fim de alcançarem o objetivo a qual se propuseram. Já, na cooperação, a estrutura hierárquica prevalece e cada um dos membros da equipe é responsável por uma parte da tarefa”. A aprendizagem colaborativa pode ser compreendida como “duas ou mais pessoas trabalhando em grupos com objetivos Aspectos em que a aprendizagem colaborativa e cooperativa podem diferir: - o estilo, a função e o grau de envolvimento do professor; - a questão da autoridade e do relacionamento entre professor e aluno; - até que ponto os alunos precisam ser ensinados a trabalhar em grupo; - como o conhecimento é assimilado ou construído; - a formação do grupo, construção da tarefa, o grau de responsabilidade individual ou do grupo para com as atividades. (MATTHEWS et al., 1995 apud TORRES; IRALA, 2007, p. 72)

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compartilhados, auxiliando-se mutuamente na construção de conhecimento”. (TORRES; IRALA, 2007, p. 71). E, diante disso, torna-se necessário ao professor criar as situações de aprendizagem de forma que seja possível realizar trocas significativas entre os alunos e entre estes e o professor. Colaboração para construção do conhecimento Para o sucesso de uma proposta de aprendizagem colaborativa é necessário que as atividades sejam planejadas no sentido de desafiar os alunos, levando-os a formar comunidades de aprendizagem reflexiva, concentrando seus esforços para alcançar objetivos comuns e respeitando a diversidade de ideias, valores e atitudes. A aprendizagem colaborativa emerge de um diálogo ativo entre os participantes de um grupo. É por meio da participação de todos os aprendizes que interagem entre si que se realiza o processo de construção do conhecimento. (TORRES; IRALA, 2007).

Desenvolvimento de autonomia dos alunos

Participação ativa do aluno no processo de aprendizagem

Interatividade dos diversos atores que atuam no processo

Aceitação das diversidades e diferenças

Estimulação dos processos de comunicação e expressão

Palloff e Pratt (2002, p. 142 - 157) relacionam as dinâmicas necessárias para promover o aprendizado colaborativo.


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São elas:

• • • • • • •

Formular um objetivo comum para a aprendizagem. Estimular a busca de exemplos da vida real. Estimular o questionamento inteligente. Dividir a responsabilidade pela facilitação. Estimular a avaliação. Compartilhar recursos. Estimular a escrita coletiva.

As vantagens da aprendizagem colaborativa são citadas por Freitas e Freitas (2003) apud Torres; Irala (2007, p. 91) por meio de: • Melhoria das aprendizagens na escola; • Melhoria das relações interpessoais. • Melhoria da auto-estima. • Melhoria das competências no pensamento crítico. • Maior capacidade em aceitar as perspectivas dos outros. • Maior motivação intrínseca. • Maior número de atitudes positivas para com as disciplinas estudadas, a escola, os professores e os colegas. • Menos problemas disciplinares, dados existirem mais tentativas de resolução dos problemas de conflitos pessoais. • Aquisição das competências necessárias para trabalhar com os outros. • Menos tendência para faltar à escola.

Assim, torna-se necessária a estruturação de espaços destinados ao compartilhamento de conhecimentos, à expressão de diferentes experiências e formas de pensamento, pois a aprendizagem colaborativa ganha relevância, ao se utilizar de estratégias de ensino que buscam a participação efetiva dos alunos na construção do processo de aprendizagem.

Referências: ANDRIOLI, Antonio Inácio. Educação: um processo cooperativo. Revista Espaço Acadêmico, Ano, VI, n. 71, Abril, 2007. CAMPOS, Fernanda C. A. et al. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. MARTINS, Onilza Borges. A educação a distância: uma nova cultura docente-discente. In: MARTINS, Onilza Borges; POLAK, Ymiracy N. S.; SÁ, Ricardo Antunes de. Educação a distância: um debate multidisciplinar. Curitiba: UFPR, 1999. PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002. TORRES, Patrícia Lupion. Laboratório online de aprendizagem: uma proposta de aprendizagem colaborativa para a educação. Tubarão: ed. Unisul, 2004. TORRES, P. Lupion; IRALA, Esrom, Adriano, F. Aprendizagem colaborativa. In: TORRES, P. Lupion. (Org.) Algumas vias para entretecer o pensar e o agir. Curitiba: Senar, 2007, p. 65-95. VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. PEA


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Recu Educac Aber


ursos cionais rtos

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Por: Luciane Hilu

COAPREND

O que é coaprendizagem? O termo coaprendizagem foi inicialmente definido em 1996 por Frank Smith no livro “Joining the Literacy Club“. Este conceito foi descrito para enfatizar a importância de mudar ambos os papéis de professores (distribuidores de conhecimento)o e de estudantes (recipientes de conteúdos) para ‘coaprendizes’, ou seja, parceiros no processo colaborativo de aprendizagem, na construção de significados, compreensão e na criação de conhecimento em conjunto. (Okada, 2012) Coaprendizagem deriva da colaboração

Segundo Kenski, Gozzi, Jordão (2012), “Desenvolver atividades colaborati-

vas em ambientes virtuais de aprendizagem pressupõe a participação de todas as pessoas envolvidas no processo. Alunos e professores se articulam permanentemente e se tornam atores ativos na medida em que compartilham suas experiências, pesquisas e descobertas, ou seja aprendem juntos.”

Coaprendizagem: Foca na mudança de papeis: são agora PARCEIROS

Práticas educacionais A coaprendizagem deriva da aplicação de práticas e formas de aprender visando autonomia, co-autoria e socialização.

REAREA

Algumas práticas educacionais que a coaprendizagem reconhece: • aprendizes como agentes transformadores. • a natureza emergente e colaborativa da aprendizagem. • metametodologias no processo do design educacional. • metacurrículo como currículo vivo, flexível, aberto a mudanças. • conhecimento compartilhado e aplicado em situações vivas e contextos reais.

Segundo Okada (2011), a coaprendizagem proporciona oportunidades para: • construção coletiva. • abertura para interação social. • suporte para uso de novas tecnologias. • software aberto . • ações que possam guiar os aprendizes no processo de produções colaborativas visando acesso e conhecimento aberto.

Coaprendizes Para que a coaprendizagem aconteça, temos que encarar os participantes do processo como coaprendizes. Coaprendizes são aprendizes comprometidos com seu próprio processo de aprender, capazes de fazer suas próprias escolhas, ampliar seus contatos, compartilhar reflexões e experiências, obter e avaliar feedback, investigar mais ao seu redor e ir em busca de aprender não só “o quê” e “onde”, mas também, “como” e “com quem”. (Okada, 2011) A construção colaborativa de conhecimento é baseada na participação ativa dos indivíduos – aprendentes – na resolução de problemas e no pensamento crítico relacionado com as atividades de aprendizagem que consideram relevante e desafiante. Assim, os indivíduos constroem o seu conhecimento através do teste de ideias e métodos


DIZAGEM baseado em conhecimentos e experiências prévias e, posteriormente aplicado a novas situações. Desta forma, o conhecimento recentemente adquirido é integrado com construções intelectuais pré existentes, fazendo progredir simultaneamente o conhecimento de cada um dos indivíduos e do grupo. (Barros, et al, 2011, p11) Coaprendizes desempenham papéis importantes, tais como: • cocriação REA, • compartilhamento coletivo de feedbacks e comentários, • co-orquestração de sua produção • socialização em rede do processo de coaprendizagem bem como dos caminhos de aprendizagem colaborativa.

Obs: Todos estes papéis ajudam usuários a produzir e disseminar mais REA que podem ser úteis para novos aprendizes. (Okada, 2012)

Coletividades Para a efetivação da coaprendizagem, é necessário a potencialização e a dinamização das coletividades de aprendizagem. “Sua importância está exatamente em saber como aprender de forma colaborativa em rede (Castells, 2001; Pittinsky, 2006) e disso originar uma coaprendizagem [...].“

(Barros,et al 2011, p2)

Brantmeier (2005) explica a coaprendizagem na interação centrada na aprendizagem colaborativa incluindo a construção de uma verdadeira “comunidade de prática” que conduz ao envolvi-

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mento dinâmico e participativo para a construção coletiva do conhecimento. (Okada, 2012) “[...] as pessoas organizam-se em coletividades, numa perspectiva de dar respostas coletivas a projetos, interesses e dificuldades individuais. Ou seja, podemos admitir que a sociedade está orientada por um raciocínio dedutivo, assente na ideia de que resolvendo os problemas do todo (a sociedade), também se conseguem resolver os problemas de cada uma das suas partes (a pessoa).” (Okada, 2011,

p.2).

Espaços férteis Na coaprendizagem, a participação é realizada de forma colaborativa, possibilitando partilhar por todos o conhecimento, não permitindo a intromissão de agentes demasiado restritivos, autoritários e extremamente reguladores. Existem terrenos férteis para esta implementar esta proposta, como: • redes sociais, • aplicações colaborativas (nuvem), • ferramentas multimídia (vídeo, infografias, áudio, etc)

“Os diversos modos de coaprender, que significam aprender em rede de forma colaborativa, interativa e participativa, revelam-se de forma mais ampla quando aparecem efetivamente no que chamamos de colaboração nos diversos espaços de aprendizagem online. Neste novo ambiente educacional existe uma preocupação mais abrangente, democrática e holística.” (Barros, et al 2011, p12,13)

REAREA


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Coaprendizagem

Na atualidade temos uma série de recursos que podem ampliar as possibilidades da coaprendizagem. São eles: Mídias sociais: Propiciam a coaprendizagem aprendizagem aberta e colaborativa. Web 2.0: Contribuem para a coaprendizagem, devido a vantagens de criação e troca de conteúdo gerado por usuários, rápido compartilhamento de informações, alta interoperabilidade, design centrado na aprendizagem colaborativa e social em rede. REA: Enriquece e propicia ampla participação para criar, adaptar e reutilizar. Coaprendizagem e aprendizagem aberta A aprendizagem aberta via mídias colaborativas tem potencializado as práticas educacionais em uma dimensão mais significativa onde aprendizes são capazes de se guiarem no seu processo de aprendizagem de forma crítica, colaborativa e transformadora.

A educação aberta colaborativa online têm propiciado ampla participação, co-autorias, coproduções e coaprendizagens na reutilização reconstrução de REAs. (Okada, 2012) A partir da Web 2.0, caracterizada por tecnologias do conhecimento e de redes sociais com interfaces abertas para colaboração, co-construção, co-autoria, co-parceria, e conhecimento coletivo, novas possibilidades de coaprendizagem puderam ser elaboradas. Para efetivar a quebra da educação focada no instrucionismo inova-se o conceito de aprendizagem eletrônica (E-learning) através do conceito co-aprender via web 2.0 (Co-learn 2.0) A proposta é que os envolvidos passem a atuar como co-autores críticos, expandindo suas redes sociais e integrando aprendizagem, pesquisa e formação de forma colaborativa.(Okada, 2011) Colearn 2.0 O conceito de Colearn 2.0 tem seu foco na educação aberta colaborativa online com Recursos Educacionais Abertos na web 2.0. Visa o enriquecimento da educação formal e informal via o uso recursos, tecnologias e metodologias para ampliar a inter-autonomia e participação ativa e colaborativa do aprendiz. (Okada, 2011)

Referências BARROS, Daniela; MIRANDA, Luisa; GOULÃO, Maria de Fátima; HENRIQUES, Susana; MORAIS, Carlos. Capítulo 07. Estilos de Coaprendizagem para uma coletividade aberta de pesquisa. Grupo UAb – Educação Univer sidade Aberta (Lisboa, Portugal). In: OKADA, Alessandra (ed.) (2012). Open Educational Resources and Social Networks: CoLearning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing, 2012. KENSKI, V.; GOZZI, M.; JORDÃO, T.(2012). A experiência de ensinar e aprender em ambientes virtuais abertos. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. OKADA, Alessandra. Colearn 2.0 – coaprendizagem via comunidades abertas de pesquisa, práticas e recursos educacionais. Revista e-curriculum, São Paulo, v.7 n.1 Abril/2011. REA


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Coaprendizagem através de REA e Mídias Sociais

Tradicional e-Learning via VLE

Coaprendizagem via REA e Mídias Sociais

Comunidade

Específica, estruturada e com funções pré-definidas.

Diversa, flexível e com funções colaborativas.

Educadores

Fonte de conhecimento.

Mentor colaborativo, orientador de aprendizagem, facilitador para aquisição de conhecimento e competências.

Estudantes

E-aprendizes participantes reflexivos.

Coaprendizes, participantes colaborativos, co-autores, parceiros revisores, gestores de aprendizagem social.

Autoria

Especialistas em suas áreas de conhecimento.

Diversidade de autores e coautores: profissionais, pesquisadores, educadores e coaprendizes.

Currículo

Pré-definido, materiais pré-estabelecidos pela instituição.

Processo flexível compartilhado pelos usuários através da aprendizagem formal e informal.

Cenários de aprendizagem

Globais ou genéricos.

Baseados em investigação, aprendizagem autêntica, contexto social e real.

Conteúdo de aprendizagem

Formato específico, não editável por todos, baixa granularidade.

Diversidade de formatos abertos, híbrido, editável e reusável, alta granularidade.

Produção de conteúdo

Sequencial: planejamento – desenvolvimento – revisão – publicação – entrega.

Fluxo: planejamento colaborativo, criação coletiva, publicação aberta, ampla disseminação, revisão por pares, reuso e adaptações, aperfeiçoamento contínuo.

Revisão

Conduzido por especialistas.

Comunidades de prática, redes sociais.

Qualidade/ credibilidade

Institucional.

Feedback coletivo, comentários compartilhados, percursos realizados e caminhos de aprendizagem.

Fontes

Pacotes de aprendizagem.

Repositórios intercambiáveis e interoperacionais.

Copyright

Direitos reservados.

Licenças abertas (exemplo: Creative Commons).

Aprimoramento

Pouca atualização.

Atualização frequente, aperfeiçoamento contínuo.

Tecnologias de aprendizagem

Páginas da web, fórum de discussão, formulários, e-portfólios e testes.

Redes sociais, web e micro blogs, wikis, RSS feeders, ambientes personalizados, webinars, calendário social, gestão de tarefas coletiva e colaborativa.

Serviços de Web

Mecanismos de busca, calendário, atividades, portfólio.

Mobile apps, mídias com conteúdo rico, RSS feeds, widgets, marcadores sociais, nuvens, redes sociais, ciência analítica.

Acesso do aprendiz

Restrito, limitado, registro e autenticação.

Acesso aberto, ambientes diversos conectados, usuários decidem sobre o que é publico e privado.

Gerenciamento do aprendiz

Auto orientação estruturado por semana ou por tópicos.

Passos de aprendizagem definidos de forma aberta e colaborativa memória do uso e recomendações de outros coaprendizes. Revisões compartilhadas e feedbacks de cada usuário.

Avaliação

Avaliação formal, exames, questionários e atividades online.

Auto avaliação, orientação guiada. feedback informal, avaliação baseada em competência, flexibilidade para creditação de REA, sistemas de identificação de avaliação. Fonte: Okada, 2011

REA


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COCRI Por: Luciane Hilu; Maíra Amélia Leite Weber; Raquel Pasternak Glitz Kowalski; Rita de Cássia Veiga Marriott O aprendizado que nasce da cocriação surge da troca ativa de ideias de um grupo, onde todos interagem e participam da construção de um conhecimento. De acordo com Torres et al (2010), cocriação é uma produção coletiva de um texto ou mídia, realizada por meio de relações interpessoais maduras entre pares ou grupos de autores em torno de um tema. Na cocriação, a construção coletiva acontece pela troca constante entre os autores, de maneira que todos contribuam com suas ideias, experiências, estudos, críticas construtivas e avaliações. Para Torres (2002, p.88), cada membro do grupo pode interagir com qualquer um dos colegas, estabelecendo uma rede de comunicação. Todos nesta produção assumem os papéis de escritor, pesquisador, revisor e crítico. O conhecimento é construído no social, por meio de trocas e interações. Na cocriação a aprendizagem é ativa e se dá quando há estímulos de todos os componentes de um grupo, discussões e resolução de problemas.

REA

Chuva de Ideias

Editores Esboços

Consultores Rascunhos

(TORRES, ET AL , 2012)

Criação


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IAÇÃO A colaboração proporciona uma cocriação coerente e única do grupo, por meio de um compartilhamento de ideias e trocas de experiências (TORRES, ET AL, 2012).

Práticas de interação e colaboração É através das práticas de interação e colaboração [...] que a aprendizagem resulta num processo dinâmico de envolvimento, partilha e construção conjunta do novo conhecimento realizado pelos membros da comunidade (Dias, 2001, p. 01)

Um dos exemplos mais promissores de cocriação é a rede colaborativa de criação de conteúdos Wikipédia, pois é escrita e editada por diversas pessoas ao redor do mundo. Todo processo de cocriação, depende de processos maduros de inter-relações pessoais, que respeitem e valorizem as competências, habilidades e contribuições individuais de cada membro do grupo (TORRES, ET AL, 2012).

Revisores

Referências: DIAS, P. (2001). Comunidades de Conhecimento e Aprendizagem Colaborativa. In: Seminário Redes de Aprendizagem, Redes de Conhecimento, Conselho Nacional de Educação. Lisboa, 22 e 23 de Julho de 2001. KENSKI, V.; GOZZI, M.; JORDÃO, T.(2012). A experiência de ensinar e aprender em ambientes virtuais abertos. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. TORRES, P. L. (2002). Laboratório On line de Aprendizagem: uma proposta crítica de aprendizagem colaborativa para a educação. (Doctoral dissertation), Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Brazil. TORRES, Patrícia Lupion. [et al]. (2012). Construção coletiva do conhecimento: desafios da cocriação no paradigma da complexidade. In: Okada, A. (Ed.) (2012). Open Educational Resources and Social Networks: CoLearning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. REA


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AS LICENÇAS


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SOBRE AS LICENÇAS A função das nossas licenças As licenças e instrumentos de direito de autor e de direitos conexos da Creative Commons forjam um equilíbrio no seio do ambiente tradicional “todos os direitos reservados” criado pelas legislações de direito de autor e de direitos conexos. Os nossos instrumentos fornecem a todos, desde criadores individuais até grandes empresas, uma forma padronizada de atribuir autorizações de direito de autor e de direitos conexos aos seus trabalhos criativos. Em conjunto, estes instrumentos e os seus utilizadores formam um corpo vasto e em crescimento de bens comuns digitais, um repositório de conteúdos que podem ser copiados, distribuídos, editados, remixados e utilizados para criar outros trabalhos, sempre dentro dos limites da legislação de direito de autor e de direitos conexos. (Creative Commons)


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Atribuição CC BY Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados. Atribuição-CompartilhaIgual CC BY-SA Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Esta licença costuma ser comparada com as licenças de software livre e de código aberto "copyleft". Todos os trabalhos novos baseados no seu terão a mesma licença, portanto quaisquer trabalhos derivados também permitirão o uso comercial. Esta é a licença usada pela Wikipédia e é recomendada para materiais que seriam beneficiados com a incorporação de conteúdos da Wikipédia e de outros projetos com licenciamento semelhante. Atribuição-SemDerivações CC BY-ND Esta licença permite a redistribuição, comercial e não comercial, desde que o trabalho seja distribuído (Creative Commons) inalterado e no seu todo, com crédito atribuído a você.


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Atribuição-NãoComercial CC BY-NC Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe tribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos. Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual CC BY-NC-SA Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam a você o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Atribuição-SemDerivações-SemDerivados CC BY-NC-ND Esta é a mais restritiva das nossas seis licenças principais, só permitindo que outros façam download dos seus trabalhos e os compartilhem desde que atribuam crédito a você, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Também fornecemos instrumentos que operam no espaço “todos os direitos concedidos”, do domínio público. O nosso instrumento CC0 permite que os licenciantes renunciem a todos os direitos e coloquem um trabalho no domínio público. A nossa Marca de Domínio Público permite que qualquer usuário da internet “sinalize” um trabalho para indicar que este se encontra no domínio público. (Creative Commons)


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SOBRE O que é Creative Commons? Creative Commons é uma organização sem fins lucrativos que permite o compartilhamento e uso da criatividade e do conhecimento através de instrumentos jurídicos gratuitos. Nossas licenças de direitos autorais livres e fáceis de usar fornecem uma maneira simples e padronizada para dar ao público permissão para compartilhar e utilizar o seu trabalho criativo – sob condições de sua escolha. As licenças CC permitem você alterar facilmente os seus termos de direitos autorais do padrão de “todos os direitos reservados” para “alguns direitos reservados”. As licenças Creative Commons não são contrárias aos direitos de autor. Elas funcionam complementarmente aos direitos autorais e permitem que você modifique seus termos de direitos autorais para melhor atender às suas necessidades. (Creative Commons)


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(Creative Commons)

Diego de Moraes Ginez - PUCPR (Design de Ambientes interativos)


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Conversan tem


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EDMEA SANTOS

Pedagoga pela UCSal, mestre e doutorada em Educação pela UFBA. Professora da Faculdade de Educação da UERJ. Atua no PROPED - Programa de Pós-Graduação em Educação. Líder do GPDOC - Grupo de Pesquisa Docência e Cibercultura. Membro do Laboratório de Imagem da UERJ. Membro do GT 16 “Educação e Comunicação” da ANPED e da ABCIBER - Associação de Pesquisadores em Cibercultura. Atua na formação inicial e continuada de professores e pesquisadores. Áreas de atuação: educação e cibercultura, formação de professores e pesquisadores, informática na educação, educação online, EAD, currículo, didática, pesquisa e práticas pedagógicas. Informações coletadas do Lattes em 10/07/2015


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EDMÉA SANTOS

- “Por mais e melhores conexões e convergências nas redes educativas! Esse é o lema da Edmea Santos. Essa pedagoga, PHD, especialista em ciberespaço defende a inclusão de tudo e todos na rede. Segundo ela o mundo hoje está “junto e misturado” na interface cidade-ciberespaco e a academia já se apropriou das tecnologias móveis para se conectar e trabalhar coletivamente para produzir mais conhecimento. Nessa conversa ela fala de REA, dos desafios da educação conectada e aconselha os professores a viver a nova cultura: “Experimente facebukar, escrever um blog, produzir seu conteúdo”. Entrevista por Chris Beller

Edméa Santos Pedagoga pela UCSal, mestre e doutorada em Educação pela UFBA. Professora da Faculdade de Educação da UERJ. Atua no PROPED - Programa de Pós-Graduação em Educação. Líder do GPDOC - Grupo de Pesquisa Docência e Cibercultura. Membro do Laboratório de Imagem da UERJ. Membro do GT 16 “Educação e Comunicação” da ANPED e da ABCIBER - Associação de Pesquisadores em Cibercultura. Atua na formação inicial e continuada de professores e pesquisadores. Áreas de atuação: educação e cibercultura, formação de professores e pesquisadores, informática na educação, educação online, EAD, currículo, didática, pesquisa e práticas pedagógicas. Informações coletadas do Lattes em 10/07/2015


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Edméa Santos

Que relação você estabelece entre Educação Aberta e Ensino a Distância? As REAs estão sempre relacionadas à educação aberta, à filosofia da abertura. Na verdade, educação aberta está sempre associada a educação a distância, principalmente na literatura e nas práticas associadas à educação a distância. Sendo que é um design, um currículo, um modelo diferente da educação a distância tradicional. Educação aberta é a distancia, obviamente, porque os sujeitos estão geograficamente dispersos. Os sujeitos da comunicação e do processo ensino-aprendizagem não compartilham o mesmo espaço-tempo, mesmo que essae tempo muitas vezes seja assíncrono. Mas a ideia da educação aberta é criar um desenho didático, uma ambiência, onde os conteúdos e as situações de aprendizagem estão disponíveis e as pessoas, individualmente, na interação com esses conteúdos (que podem ser um remix, uma bricolagem de conteúdos e situações de aprendizagem) vão desenvolver seus próprios processos de ensino-aprendizagem a partir dos seus repertórios e desejos ou interesses.

Você relaciona Recursos Educacionais Abertos (REAs) a uma prática autodidata? Não necessariamente. Principalmente porque com a internet você não aprende mais sozinho, você mesmo toma a iniciativa de criar grupos, faz parcerias e vai ao encontro das pessoas. Por exemplo: eu entro num curso de uma Open Univesity e vou encontrar lá conteúdos em forma de livros, textos, áudios, vídeos mas também meios de interagir sendo que eu posso tomar a iniciativa de propor fóruns, chats. Então Educação Aberta é mais que educação a distância no sentido da possibilidade de aprender como eu quiser e com as pessoas que eu encontrar com o mesmo interesse. Já um projeto mais clássico de educação a distância tem desenho didático mais direcionado, onde o professor diz o que deve ser estudado e como. Às vezes isso acontece com interatividade e colaboração - quando você tem na sala de aula o mediador - as vezes é só a instrução, sem o professor-mediador. Então a educação aberta seria uma modalidade de educaPing Pong

ção a distância mais flexível. E os Recursos Educacionais Abertos seriam os conteúdos ou situações que podem ser reutilizados, remixados nessa modalidade de ensino a distância. Mas eu prefiro tratar os REAs de outra forma. Nem gosto da palavra recurso.

Por que não gosta da palavra Recurso...

A gente costuma usar a nomenclatura muito mais para dialogar com a literatura clássica sobre o tema. É que se a gente entende a cultura digital como a cultura contemporânea, onde os sujeitos da comunicação interagem na interface cidade-ciberespaço, porque não há dicotomia entre espaço digital e espaço presencial. Cultura digital não é a cultura do ciberespaço, sendo o ciberespaço um outro mundo. É na verdade a cultura contemporânea onte interagimos num entre-espaços. Hoje com os dispositivos móveis você aprende andando - acessa um áudio guia, fala por Skype (como foi feita essa entrevista), ouve livros no caminho, acessa uma rede sem fio em qualquer lugar - então a cibercultura só existe porque há o acesso a internet, ou a liberação do polo da emissão, como diz o André Lemos, e também essa possibilidade de você estar em conexão. Então a gente entende que tudo que se produz em rede de forma colaborativa, sem a preocupação clássica com a autoria é um REA. Que análise você faz do uso das licenças autorais para REAS? Eu nunca me preocupei em re gistrar nada meu ou de dizer em algum lugar que as pessoas podem reutilizar. Direito autoral nunca foi uma preocupação pra mim. E falo isso para minha orientanda que pesquisa REA. Estou há 20 anos na cibercultura, produzindo conteúdo, desenho didático e tenho um site onde disponibilizo tudo isso. Então é obvio que as pessoas podem dispor desse conteúdo. Mas não podem usar


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Edméa Santos sem citar, ou assinar algo que eu fiz, mas essa é uma ética para além da cibercultura. Quem vive o espaço online sabe que o saber é construído colaborativamente. É interessante usar licenças, mas se você não o fizer isso também é válido e lógico na sociedade contemporânea. Quem vive a cibercultura conhece as possibilidades de uso e remix. Por isso eu prefiro tratar o REA como fenômeno da cibecultura, que no Brasil começa a partir de 1995 que é quando a Internet passa a ser habitada pelos humanos. Levy explica bem isso: “internet é infraestrutura. Quando os humanos partilham experiências, deixando seus rastros, isso se materializa em cultura, criando a cibercultura”. Hoje, podendo acessar a internet de qualquer espaço a gente trabalha cibercultura na interface com a cidade. Porque não há mais restrição de uso. O sinal móvel deu independência à interatividade, mas essa sempre foi possível. Na época da web 1.0, nos anos 2000, a gente interagia com os alunos marcando hora com alunos um horário de chat, criava fóruns de discussão. Ou seja já existia ambiente virtual na web1.0: era site com link para discussão. Depois do Teleduc e do Moodle, que são os AVAs mais usados no Brasil, isso deixou de ser usado porque as interfaces de comunicação e conteúdo foram aprimoradas.

Qual a expectativa para um futuro próximo? A tendência atual é a de antigamente. É você bricolar o que tem. Você tem o moodle, mas não dá pra deixar de bricolar com o Facebook, porque essa é a cultura atual, das redes sociais. É na rede social que o aluno e se eu não estou onde o aluno está a coisa não acontece hoje em dia. Então hoje a gente tende a hibridizar e a fazer convergência de mídia e é assim que a gente produz conteúdo. E isso é REA entende? Por isso eu não acredito que REAs são a evolução do EAD, como um tipo de EAD. Meus primeiros trabalhos já trazem a educação online como fenômeno da cibercul A tendência atual é a de antigamente. É você bricolar o que tem. Você tem o moodle, mas não dá pra deixar de bricolar com o Facebook, porque essa é a cultura atual, das redes sociais. É na rede social que o aluno e se

eu não estou onde o aluno está a coisa não acontece ho hoje em dia. Então hoje a gente tende a hibridizar e a fazer convergência de mídia e é assim que a gente produz conteúdo. E isso é REA entende? Por isso eu não acredito que REAs são a evolução do EAD, como um tipo de EAD. Meus primeiros trabalhos já trazem a educação online como fenômeno da cibercultura. Essa é minha tese desde o início dos meus estudos. E eu entendo educação online como um processo de ensino-aprendizagem mediado pelo digital em rede, que tanto pode ser formal ou não.

Como é que o professor deve se preparar para esse futuro de interatividade e bricolagem de conteúdos que a cibercultura apresenta? Cibercultura se faz. Se o professor é praticante e vive a Internet sabe que pode produzir conteúdo contando com a ajuda de outros usuários. No Brasil já foram feitas várias iniciativas formais de levar a tecnologia para a escola, mas eu acho que falta ênfase na autoria desse material. As iniciativas governamentais são muito mais para instrumentalizar o professor e fazer dele um distribuidor de conteúdo que já vem pronto do que incentivá-lo a produzir. Esse é o grade desafio: incentivar o professor a produzir seu próprio conteúdo, mesclando com o que já existe mas dando a sua participação na coautoria do material que ele depois vai usar com os alunos. E isso não se ensina em curso. Claro que o curso de formação ajuda e temos ótimos cursos de especialização do uso da tecnologia na educação – isso desde os anos 1980 -, mas eu diria que o professor tem que viver mais a cibercultura, tem que usar a rede social, experimentar escrever num blog. Antes de procurar um curso de facebook para educação, vai “facebukar”.

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Glossário Assíncrono Que não ocorre ou não se efetiva ao mesmo tempo.

Ciberespaço

Espaço existente no mundo de comunicação em que não é necessária a presença física do homem para constituir a comunicação como fonte de relacionamento, dando ênfase ao ato da imaginação, necessária para a criação de uma imagem anônima, que terá comunhão com os demais. É o espaço virtual para a comunicação disposto pelo meio de tecnologia.

André Lemos http://andrelemos.info É engenheiro (1984), Mestre em Política de Ciência e Tecnologia pela COPPE/UFRJ (1991) e Doutor em Sociologia pela Université René Descartes, Paris V, Sorbonne (1995). Foi Visiting Scholar nas Universidades McGill e Aberta, ambas no Canadá (2007-2008) com bolsa de pós-doutorado pelo CNPq. É atualmente Professor Titular do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da UFBA. Pesquisador “1 A” do CNPq, membro titular do Comitê Assessor do CNPQ para a área de comunicação (20092012) e Coordenador Geral do Comitê Assessor para as áreas de Comunicação, Ciências da Informação, Museologia e Artes do CNPq (2011-2012). André lemos foi Presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação - COMPÓS (2001-2003), Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da FACOM/UFBA (1999-2001) e Chefe do Ping Pong

Departamento de Comunicação (FACOM/ UFBA). Foi editor da Revista Textos de Comunicação e Cultura (atual Contemporanea) em 1997. Foi professor visitante em várias universidades brasileiras e estrangeiras. Atualmente coordena um projeto de pesquisa no CNPq e um grupo cadastrado, o Lab404 - Laboratório de Pesquisa em Mídia Digital, Redes e Espaço (http://gpc.andrelemos.info/blog). Membro fundador da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCIBER). André Lemos atua na área de comunicação e sociologia, com ênfase em cultura digital ou cibercultura. Tem 13 livros publicados/organizados e dezenas de artigos em revistas de qualidade nas áreas de comunicação e sociologia, nacionais e internacionais. Formou, até dezembro de 2011, 18 mestres, 7 doutores e 1 pós-doutor. Membro de diversas comissões científicas de revistas nacionais e internacionais, particularmente das revistas Sociétés (França), Teknokultura (Espanha), Canadian Journal of Communication, Space and Culture e Wi. Journal of Mobile Media, Canadá, entre outras. É membro do conselho consultivo internacional para a área de Digital Communities do Prix Ars Electronica (Linz, Austria) .Fez parte de diversas comissões nacional e internacionais como “Best of Blogs”, Deutsche Welle (Bonn, Alemanha), Funarte, Petrobrás, Memefest, Prêmio Sérgio Mota, entre outros. (Texto informado pelo autor na Plataforma Lattes)

Levy Pierre Lévy é um filósofo francês da cultura virtual contemporânea. Vive em Paris e leciona no Departamento de Hipermídiada Universidade de Paris-VIII. Foi incentivado e treinado por Michel Serres e Cornelius Castoriadis a ser um pesquisador. Especializou-se em aborda-


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gens hipertextuais quando lecionou na Universidade de Ottawa, no Canadá. Após sua graduação, preocupou-se em analisar e explicar as interações entre Internet e Sociedade. Desenvolveu um conceito de rede, juntamente com Michel Authier, conhecido como Arbres de connaissances (Árvores do Conhecimento). Lévy também pesquisa a inteligência coletiva focando em um contexto antropológico, e é um dos principais filósofos da mídia atualmente. Suas pesquisas se concentram principalmente na área da cibernética. Com isso, tornou-se um dos maiores estudiosos sobre a Internet, que por ser uma mídia informativa recente, não possui dimensões de repercussão e aplicação bem definidas.

AVAS É a sigla de Ambiente Virtual de Aprendizagem, ou seja, a Sala de Aula Online desenvolvida exclusivamente para cada curso. Este ambiente contém as interfaces e ferramentas necessárias para o processo de Educação a Distância.

refletida nos REAs, torna-se essencial para que possamos: a) Compreender os potenciais das tecnologias digitais e das http://oer.kmi.open.ac.uk/?page_ redes sociais para a formação id=1173#.Vbfl9PlViko docente. b) Planejar e produzir conteúGrupo GPDOC - Universidade dos e situações de aprendizado Estado do Rio de Janeigem com REA. ro – UERJ - (Rio de Janeiro, Brasil) POSSIBILIDADES DE Capítulo 12 - Docência na cibercultura: possibilidades de usos de REA

Edméa Oliveira dos Santos, Aline Weber, Rosemary dos Santos, Tatiana Rossini

RESUMO O ciberespaço é constituído por uma multiplicidade de interfaces abertas que potencializam as relações estabelecidas coletivamente. Compreendemos que estas relações emergem da filosofia de abertura que tem como uma de suas marcas os Recursos Educacionais Abertos (REA).

OBJETIVOS DE COAPRENDIZAGEM

REUTILIZAÇÃO

Este capítulo poderá ser reutilizado por todos os interessados em docência online com objetivos diversos, dentre eles: • Explorar diversas possibilidades educativas e comunicacionais da educação online nas diversas redes educativas das quais fazemos parte. • Repensar a prática pedagógica a partir da criação e compartilhamento de REAs. • Utilizar o REA como dispositivo de formação docente.

Refletir sobre as possibilidades de usos de REAs via autorias colaborativas dos docentes em rede e via dispositivos móveis coloca-se para nós como questões emergentes da atual fase móvel e ubíqua da cibercultura. Portanto, discutir a docência na cibercultura mediada pelas redes sociais e pelos dispositivos móveis articulando-os à construção do conhecimento a partir da intencionalidade pedagógica

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ANDREIA INAMORATO Andreia Inamorato Andreia é doutora em Tecnologia Educacional pela Open University do Reino Unido (2011). Sua tese trata dos discursos do ensino e aprendizagem online. Mestre em tecnologia educacional pela mesma instituição (2003) e Mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (Universidade de São Paulo, 2001). Consultora internacional em educação a distância (EAD) e tecnologia educacional pela DigiLearn (BR-UK), bem como pesquisadora em recursos e práticas educacionais abertas (REA-PEA). No Brasil, atua com consultoria estratégica, oferecendo palestras e oficinas sobre educação aberta, recursos educacionais abertos e educação a distância para universidades públicas e particulares brasileiras. Possui artigos e capítulos de livros publicados na área de educação, particularmente em recursos educacionais abertos (REA), incluindo um relatório nacional (Brasil) sobre REA publicado pela UNESCO IITE em Moscou , traduzido para o português pelo CETIC.BR. Foi consultora em REA dos projetos Europeus OPAL e POERUP (2011-2012) e OportUnidad (2011-2013). Na Open University, trabalhou como pesquisadora nos projetos de REA OpenLearn e OLnet (2006-2011). Em São Paulo, foi professora de graduação em língua inglesa e literaturas inglesa e norte-americana (1997-2001). Texto fornecido pela autora.

Para a Dra Andreia Inamorato dos Santos, os Recursos Educacionais Abertos caminham de mãos dadas com as tecnologias aplicadas à educação. Ela acredita que o apoio governamental é fundamental tanto na divulgação do uso compartilhado dos REA como na formação específica dos professores, que precisam ter acesso a conhecimentos sobre licenças e uso de tecnologia digital para se beneficiar desses recursos. A pesquisadora em inovação educacional e educação aberta, pelo IPTS, da Espanha, e fundadora e diretora da DigiLearn, no Brasil, conversou com a gente por email e deu algumas dicas do tipo de conhecimento que o professor precisará para estar apto a se apropriar dessas novas tecnologias educacionais. Entrevista por Chris Beller



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Andreia Inamorato

O que é preciso para difundir o uso de Recursos Educacionais Abertos entre os professores e instituições de ensino no Brasil? São necessárias políticas públicas de formação continuada em tecnologias aplicadas à educação e produção e reuso de REA. A formação deve ser acompanhada das tecnologias necessárias para que os REA possam ser facilmente compartilhados online e acessados nas escolas e por usuários em geral. A disponibilização e manutenção de plataformas interoperáveis e de fácil uso são fundamentais. Tudo isso deve contar com o apoio financeiro dos governos federal e estaduais.

Que tipo de conhecimento o professor precisa ter para usar os REA na sala de aula? Você indicaria uma formação específica para esse professor ou a curiosidade seria a grande motivação? O professor precisa saber que os REA existem e quais são suas características, ou seja, como diferem de conteúdo gratuito online. Depois, precisa saber onde encontrá-los, em quais repositórios, e/ou como usar os mecanismos de busca de forma a maximizar a possibilidade de encontrar os REA que necessita. Se o professor quiser adaptar e remixar REA, precisará entender como funcionam as licenças e dominar um pouco mais as tecnologias digitais. Finalmente, se o objetivo também for o de compartilhar os recursos, que é o recomendável, é importante saber onde disponibilizá-los, como usar tags etc. Enfim, são conhecimentos básicos, mas importantes. Os REA caminham de mãos dadas com as tecnologias aplicadas à educação. É muito importante que a formação do professor seja global nesse aspecto, sem obviamente ignorar as várias abordaPing Pong

gens pedagógicas que o uso das tecnologias possibilita ao professor. Tanto a curiosidade como a formação formal são caminhos possíveis para a aprendizagem do que diz respeito aos REA, mas obviamente o papel da escola e do governo é auxiliar o professor nesse processo.

Como é que você imagina o cenário das REAS nos próximos 10 anos? Acredito que os professores estarão mais acostumados a produzir e compartilhar conteúdo, e também a reutilizá-los. O cenário dos REA nos próximos 10 anos depende muito das tecnologias que teremos no momento, o que elas nos permitirão fazer, e todo um conjunto de fatores que não se limitam aos REA , como por exemplo, financiamento do governo, financiado privado, políticas institucionais e públicas.

É possível afirmar que a aproximação dos REAs com o formalismo da academia mude a forma de ensinar e aprender na escola do futuro? Não vejo dessa maneira. Não são os REA que mudarão a forma de aprender e ensinar, senão as práticas pedagógicas com os REA, facilitadas pelas tecnologias aplicadas à educação. A inovação na educação está antes de mais nada relacionada ao uso das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação).


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Andreia Inamorato

Saiba mais: LEIA O ARTIGO ESCRITO POR ANDREA

http://www.artigos.livrorea.net.br/2012/05/educacao-aberta-historico-praticas-e-o-contexto-dos-recursos-educacionais-abertos/ “Complexidade: redes e conexões na produção do conhecimento” – da coleção Agrinho – Paraná (tecnologia educacional) http://www.agrinho.com.br/materialdoprofessor/inovacao-na-educacao-basica-e-tecnologias-educacionais-aplicando-os-4-rs-dos-recursos-educacionais-abertos LIVRO SOBRE OS REA NO BRASIL http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002279/227970por.pdf ASSISTA ENTREVISTAS E PALESTRAS DE ANDREA https://www.youtube.com/watch?v=1K-0apb01-E https://www.youtube.com/watch?v=Au2bByd2HH8 https://www.youtube.com/watch?v=4vDg8QgBGcI PODCAST SOBRE REA http://ainamorato.podomatic.com/entry/2012-06-03T16_10_18-07_00

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ALEXANDRA OKADA

De Londres, Alexandra Okada (1), fala sobre o projeto Engage (2) e coaprendizagem. A educadora renomada internacionalmente, especialista em recursos educacionais abertos, descreve sua área de pesquisa e faz um convite aos pesquisadores brasileiros: “juntem-se a nós”. Para provar que está falando sério ela explica as formas de ingresso na Open University (3) e também exemplifica as formas de trabalho que já estão sendo desenvolvidas pela parceria PUCPR/ Engage. Entrevista por Chris Beller

Alexandra Okada Alexandra Okada é professora e pesquisadora em Recursos Educacionais Abertos e Mapeamento do Conhecimento no Knowledge Media Institute - The Open University – Reino Unido e também professora convidada da Universidade de Artes de Londres. Atualmente, coordena a Comunidade Internacional de Pesquisa “COLEARN” em Coaprendizagem, Coletividades e Redes Sociais, e atua em vários projetos sobre Aprendizagem Aberta, Integração e Reutilização de Repositórios Educacionais na Comunidade Europeia. Suas pesquisas versam sobre coaprendizagem na articulação da aprendizagem formal e informal, novas mídias para mapeamento e intermediação da construção coletiva do conhecimento, coautoria de recursos educacionais abertos, coletividades de pesquisa integrando pesquisa aprendizagem e formação. Okada tem pós-doutorado em Tecnologia Educacional na Open University – UK, doutorado em Educação pela PUC-SP, pós-graduação em Comunicação e Marketing pela ESPM-SP, licenciatura no Mackenzie e graduação em Computação no ITA. Informações fornecidas pela pesquisadora


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COAPRENDIZAGEM

A nova onda: tudo junto e misturado Alexandra faz questão de começar explicando de onde surgiu o termo coaprendizagem O termo coaprendizagem surgiu em 1996 no livro de Frank Smith (4), Joining the litaracy club (Junte-se ao clube de alfabetização, em tradução livre). Nessa obra Smith destaca a importância de mudar o papel do professor – de distribuidor de conhecimento para mentor do processo de aprendizagem –, e do aluno – de recipiente de conteúdo para coaprendiz, parceiro no processo de aprendiz. Depois, em 2005, Brantmeier (5) também usou para enfatizar a importância da comunidade de aprendizagem. Hoje o termo é popular na comunidade que pesquisa a interface entre educação e tecnologia.

Popular por que enseja um novo conceito de estrutura educacional ou só por que denuncia papeis hierárquicos desatualizados? Ambos. Desde 2000 nós estamos trabalhando com o conceito de coaprendizagem e trazendo para a web o que seria a aprendizagem colaborativa aberta online. Com os avanços da web 2.0 a gente percebe a necessidade de mudar o conceito de e-learning (do inglês electronic learning, “aprendizagem eletrônica”) para co- (e)learning. No e-learning, mesmo com a mediação tecnológica, a aprendizagem é passiva e tradicional. Ou seja, o aluno navega na internet para buscar as informações pré-estabelecidas. É assim que funcionam os cursos online. São instrucionais, distribuidores de conhecimento. Claro que tem suas interfaces, mas a interação é unidirecional: professor e estudantes em encontros esporádicos. Nós percePing Pong

bemos, então, a importância de quebrar esse paradigma que veio da sala de aula – aquela que tinha lousa – transformando o professor online em tutor e o livro em artefato eletrônico, desconhecendo completamente o potencial da web 2.0 que é o de tecer o conhecimento em rede.

E como é que se quebra essa tradição e se adiciona a função colaborativa? Coaprendizagem, segundo nossos estudos, focam tanto no conceito quanto na prática e a metodologia. A gente está ligando esses três pontos. Pensando na questão conceitual e na prática a gente percebe que o e-learning via VLI (Ambiente Virtual de Aprendizagem, AVA, em português) são muito parecidos com a escola, tendo a comunidade estruturada com objetivos e públicos bem limitados. Pensando na coaprendizagem, nas comunidades de prática, o conceito muda. Os participantes aqui têm várias funções colaborativas. É um ambiente flexível e diverso. Não tem muito aquele papel do educador – um único educador como fonte do conhecimento – e sim um mentor que orienta a coaprendizagem facilitando o processo de construção do conhecimento e o desenvolvimento de competências. Assim, os estudantes passam a ter o papel de co-investigadores, gestores do seu processo de aprender.

Mas aí há sempre a questão da autoria do material, dos direitos autorais e a limitação do currículo, não acha? A autoria no VLI (AVA) que é institucional – exatamente como na escola tradicional – passa a ser múltipla. E no processo esse conteúdo é trabalhado, recriado, revisado e pode dar origem a no-


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Alexandra Okada

vos materiais. Eu defendo inclusive que esse material remixado seja apresentado em eventos acadêmicos para ganhar o status de conhecimento formal. Quanto ao currículo vale lembrar que estamos falando de um sistema híbrido, mas não é algo solto, sem rumo. Há sim a participação de especialistas, mas o aprender se dá na interação, no exame dos conhecimentos postos, através da avaliação do que já foi publicado a respeito do assunto. Aliás, essa é a prática comum entre mestrandos e doutorandos que aprendem avaliando o que já foi publicado, relacionando os conhecimentos. Esse é o caminho. Saímos das fontes que vêm em pacotes ou repositórios e vamos para as redes buscar mais dados, mais interação e assim produzir conhecimento relevante.

Não há lugar para passividade nesse cenário? Não, até porque o acesso do aprendiz não se dá por obrigação e senha. É um ambiente estimulante e o aprendiz chega ali como convidado a interagir, a participar. Ele e o grupo vão definir suas tarefas, cronograma e ati-

vidades. A avaliação é contínua e compartilhada. Todos são co-responsáveis.

Como é que isso acontece aí, no seu dia a dia na Open University? Nós trabalhamos a coaprendizagem em vários contextos. Tem projetos europeus e no Brasil. Temos recebido muitos intercambistas, estudantes de mestrado e doutorado. Na Open University eles vêm para visitar e estudar. Os estudos originados desses intercâmbios são muito variados: desde estilos de aprendizagem, formação docente para o coaprender, coavaliar, tecnologias para aprendizagem e coaprendizagem, mapas conceituais, realidade aumentada e mais recentemente responsabilidade social, pesquisa e inovação. Aliás, faço questão de renovar o convite aos pesquisadores: entrem no site da Open (https://www.open. ac.uk/). Lá tem várias publicações e estamos abertos a ampliar os estudos. Venha compartilhar suas ideias, seus métodos e suas redes.

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ENGAGE

Toda inovação traz consigo uma responsabilidade social No site do Engage não há muitas informações sobre o seu alcance, mas ele está funcionando desde 2014, certo? Os número dos Engage são muito bons. Esse projeto que começou em 2014, financiado pela comissão europeia, hoje reúne 14 instituições de 13 países. O objetivo é reunir uma grande comunidade para trabalhar temas relacionados a responsabilidade social das novas descobertas científicas. E isso nós conseguimos. Temos nove mil professores no projeto e a base de dados de pessoas registradas atingiu 80 países, provando como o tema é relevante e necessária a discussão sobre as consequências que as inovações científicas trazem para a nossa sociedade.

Como funciona? O Engage oferece recursos educacionais abertos baseados em storytelling (6). É bem interativo e animado, num recurso bem fácil para o professor, que é o slide. Esse conteúdo é desenvolvido por uma equipe de educadores cientistas. Eles identificam a temática relevante e preparam o material.

O material é em inglês? Não. Cada grupo faz no seu país e propõe atividades linkadas com o currículo dos estudante do ensino secundário. Por exemplo: aqui na Inglaterra tivemos um material abrangente sobre soft drinks, que são bebidas sem álcool com excesso de açúcar. O tema foi levantado por um chef muito famoso aqui, o Jamie Oliver. Ele denunciou os abusos cometidos pela indústria que vende alimentos e bebidas para crianças. A consequência desse exPing Pong

cesso de açúcar nas bebidas e gordura nas comidas é causadora de doenças graves como obesidade e diabetes. A partir daí foi feito o material mostrando com o são fabricados os drinks, seus ingredientes, rótulos, embalagens. A atividade estava ligada ao currículo que investiga o funcionamento do corpo humano, incluindo aí nutrição e como ler atentamente e entender o rótulo das embalagens. Ou seja, além de cumprir a meta curricular, a atividade ajuda a desenvolver a habilidade que o estudante precisa ter para aplicar a ciência na vida prática. Trabalha-se, assim, a aprendizagem em vários níveis: tanto investigativa como colaborativa.

Há algum exemplo mais próximo, no Brasil? Sim. O grupo Prapetec do Brasil – que é o grupo de estudos ligado ao mestrado e doutorado em Educação da PUC-PR – fez um trabalho muito interessante sobre alimentos geneticamente modificados. Esse e outros materiais estão em slides prontos para uso (7). Nós também temos um trabalho recém iniciado sobre o Zica vírus e esperamos ter mais colaboração de pesquisadores e educadores brasileiros.

Como os professores e pesquisadores podem participar da autoria desses materiais? Nós estamos lançando um curso para educadores interessados no Engage. Tanto para quem quer acessar o material (slides) como para quem quer ingressar como coautor o caminho é se inscrever no site do Engage.


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Alexandra Okada

Saiba mais:

LIVROS PUBLICADOS:

PALESTRAS

Okada, A.; Connolly, T. and Scott P. (forthcoming). Collaborative Learning 2.0: Open Educational Resources. IGI Publishers.

https://www.youtube.com/watch?v=aamHmGOxMO8 https://www.youtube.com/watch?v=YhZ7VmavdyQ (em inglês) Artigo: APRENDIZAGEM ABERTA E ESTRATÉGIAS DE WEBCONFERENCIA http://www.open.edu/openlearnworks/mod/ page/view.php?id=35772 COLEARN: CIBERCONFERÊNCIA E CIBERMAPEAMENTO PARA APRENDIZAGEM COLABORATIVA ABERTA EM CIBERCOMUNIDADES

Okada, A.; Buckingham Shum,S. and Sherborne,T. (2008). Knowledge Cartography: software tools and mapping techniques, London:Springer. Okada, A. (2008). Cartografia Cognitiva: Mapas do Conhecimento na Pesquisa, Aprendizagem e Formação Docente. Cuiabá: Editora KCM. Okada A. (2011). Aprendizagem Significativa com mapas para criancas. Cuiabá: Editora KCM.

http://oro.open.ac.uk/41732/

Alves, L.; Barros, D. and Okada A. (2009). Moodle: Estratégias Pedagógicas e Estudos de Casos. Salvador: Editora UNEB.

LIVRO: Moodle, Estudo de Caso

LEIA DE GRAÇA

http://www.antigomoodle.ufba.br/file.php/1/ Moodle_1911_web.pdf

Recursos educacionais abertos e redes sociais/ Alexandra Okada (Organizadora). – São Luís: EDUEMA, 2013.

MAPAS DO CONHECIMENTO COM RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS1 APLICADOS À COAPRENDIZAGEM BASEADA EM COINVESTIGAÇÃO2 - Coleção Agrinho

http://oro.open.ac.uk/39236/1/OER-completo-final-05-07.pdf

http://www.agrinho.com.br/site/wp-content/ uploads/2014/09/2_10_Mapas-do-conhecimento_Cartografia-cognitiva.pdf

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ENGAGE-PUCPR Conceitos de RRI

Tecnologias:

Equipar os alunos com o conhecimento e as ferramentas para a participação responsável na sociedade para poder desenvolver opiniões baseadas em evidências sobre os riscos e benefícios de inovações científicas.

weSPOT: - Ambiente Virtual de Aprendizagem - Compartilhamento de arquivos - Comunidade de co-investigação de educadores

Hablidades de pesquisa científica para RRI: -

Elaborar Perguntas Interrogar Fontes Examinar Consequências Estimar Riscos Analisar Padrões Tirar conclusões Reivindicar Críticas Justificar Opiniões Usar ética Comunicar ideias

nQuire-it - Compartilhamento de imagens e comentários LiteMap - Mapeamento dos resultados - Compartilhar ideias - Votação

O Dilema Seguindo o dilema proposto pelo Projeto Engage, o grupo PRAPETEC PUCPR reuniu 20 professores e 2 alunos para realizarem diversas atividades com alunos do ensino médio e superior, sobre o tema: Agrobiodiversidade – Transgênicos Entre as atividades realizadas estão: - Explorar os ambientes WeSpot e nQui- re-it - Exposição de fotos com compartilhamento pelo Facebook - Entrevistas com especialistas - Exposição de pôsteres feitos por alunos e compartilhados no Facebook - Criação de mapas conceituais e mentais - Aulas expositivas - Criação de vídeos instrucionais - Criação de ilustrações - Criação de jogos educativos - Pesquisas direcionadas - Sinalizar em LIBRAS os vocabulários relacionados

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Atividade Exposição de Fotos A atividade exposição de fotos foi realizadas na PUCPR, entre os dias 09 e 13 de novembro de 2015. Além das fotos expostas, foram adicionadas perguntas relacionadas a consciência do consumo relacionado aos produtos Transgênicos. A exposição foi acompanhada por uma página no Facebook que contou com postagens de vídeos e fotos da exposição. - Alcance das publicações – 998 participantes - Envolvidos com a publicação – 239 participantes - Curtidas – 154 usuários

Descrição da atividade: na disciplina de Ilustração Aplicada, praticamos a composição de imagens ilustradas. A imagem como espécie de crônica autoral dos alunos, que sintetizando o conteúdo, representam graficamente suas ideias. As artes criadas representam ao mesmo tempo, a compreensão (ou não) dos alunos/ilustradores referente ao tema dos alimentos transgênicos, e potencializa o uso de imagens digitais ilustradas como interface na educação.

Atividades em sala de aula As atividades realizadas em sala de aula, envolveram professores e alunos do ensino médio e superior, com aulas expositivas e práticas sobre o assunto Agrobiodiversidade – Transgênicos. - Número de turmas na educação superior - 12 - Número de turmas no ensino médio 28 - Número de professores participantes – 6 - Número de alunos participantes - 583

Transgênicos Ilustrados

Turma: Ilustração Digital Aplicada Curso Superior de Design Digital

Vídeo instrucional sobre transgênicos Turma: Ambientes Interativos Curso Superior de Design Digital Descrição da atividade: Na disciplina de Ambientes Interativos pratica-se a criação de recursos instrucionais, focando a criação de conteúdos online interativos. A atividades proposta foi realizar inicialmente uma pesquisa sobre o tema Transgênicos e assim criar um vídeo informando os conteúdos pesquisados. Entre os produtos criados estão, vídeos instrucionais, revistas digitais, games e licença CC. Ping Pong


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aplicativos interativos. Os resultados foram todos postados no Youtube sob a licença CC.

Os transgênicos em libras Turma: Ensino Superior Cursos de Licenciaturas:38Química; Física; Matemática; Educação Física; Ciências Sociais; Letras-Língua Portuguesa; Letras-Língua Inglesa; Letras-Língua Espanhola; Ciências Biológicas; História; Filosofia; Música. Também, cursos de Psicologia; Gastronomia; Engenharia Elétrica; Jornalismo; Design Industrial. Descrições das atividades: Com as participações 350 alunos, futuros docentes e profissionais considerados como elementos de acessibilidades às informações para pessoas surdas na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, desenvolveu-se as práticas pedagógicas, com fins de “sinalizar em LIBRAS os vocabulários relacionados aos TRANSGÊNICOS, contextualizando-os em situações comunicativas. Para tal, os alunos pesquisaram; elaboraram textos; utilizaram Alfabeto digital; realizaram o processo intertextual e interlingual; registraram as opiniões e sinalizações em vídeos e fotografias. Assim, constata-se que assegurou-se aos surdos o acesso às discussões sobre o tema, com interação comunicativa legitimando-os como sujeitos críticos e sociais na busca de soluções coletivas e conscientes. Desafio vidas saudáveis Turma: Projeto Digital Aplicado – 5º período Curso Superior de Design Digital Descrição da atividade: os alunos foram desafiados a buscar soluções para que as pessoas possam ter um vida mais saudável. Primeiramente tiveram que pesquisar a respeito e colocar suas considerações e pesquisa, bem como fotos, nas redes sociais da disciplina. Neste momento surgiram várias colocações acerca da alimentação, dos alimentos e de sua origem. Após isto discutiram em grupo acerca do Ping Pong

levantado, fizeram mapas mentais das propostas e ideias e depois foram para os computadores desenvolver as soluções em formato de aplicativo.

Representantes de turma em pesquisa: sabemos o que comemos? Turma:1ª, 2ª e 3ª séries Ensino Médio Descrição da atividade: Promoção da pesquisa com estudantes do Ensino Médio da rede pública estadual de ensino do Paraná. Realização de consulta em fontes abertas na Internet (artigos, vídeos, fotos). Busca de evidências na merenda escolar (transgênicos). Entrevista com profissionais da área da Biologia e Agronomia. Comunicação de informações em plenária e produção de breve mapa conceitual. Divulgação interna por meio de exposição no colégio e elaboração de vídeo.


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Transgênicos: jogos educativos

Turma: 8º período (Diurno e Noturno) Curso: Pedagogia Descrição da atividade: A atividade foi realizada em grupos de até 5 alunos. Cada grupo pesquisou a respeito do tema “Transgênicos” e em seguida, foi realizada a discussão a respeito dos resultados da pesquisa. Na sequência os grupos elaboraram jogos educativos e apresentaram aos demais colegas da turma, enfatizando como seria a proposta de utilização do jogo em sala de aula. Os jogos elaborados foram: jogo da memória, dominó, jogo da velha, fecha a caixa, quebra-cabeça e jogos de percurso.

Algumas considerações da pesquisa Os resultados Outubro - novembro de 2015 Faixa etária dos participantes é entre 18 a 21 anos. Dados foram coletados por observação e questionário online. A opinião dos alunos da pergunta 1 que abrange a importância da pesquisa e inovação responsável para os avanços científicos. Sendo 5 concordo totalmente e 1 discordo totalmente, tem-se 62% que concordam totalmente com essa afirmação.

Os dados da pergunta 2, se a educação prioriza a pesquisa e inovação responsável. Apenas um aluno concorda totalmente com essa afirmação, 3 discordam assinalando a opção 2 e 3 apenas concordam assinalando a opção 4.

O gráfico 3 mostra a opinião dos alunos sobre os professores estarem preparados para guiar os estudantes na pesquisa responsável. Os dados apontam que apenas 2 estudantes concordam totalmente, variando o restante das respostas entre discordo, não discordo nem concordo e concordo.

A pergunta 4, gráfico 4, enfoca em investigar se os alunos devem ser formados para atuar como inovadores responsáveis e 75% concorda totalmente com a afirmação. Ping Pong


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Como resposta do gráfico 6 pode-se perceber que entre as dez habilidades, as mais utilizadas foram: comunicar ideias; justificar opiniões; tirar conclusões. Estas habilidades tiveram aproximadamente 75% marcados como intensamente. A habilidade menos utilizada foi a: estimar riscos, com nenhuma marcação com utilizou intensamente. Saiba mais: O RRI é abordado no gráfico 6 com PROJETO ENGAGE: https://www.engagino questionamento (1 - não sei, 2 - pouco, gscience.eu/en 3 - médio, 4 - muito e 5 - intensamente) sobre as dez habilidades relacionadas com Contatos: a co-investigação. Patrícia Torres - patorres@terra.com.br Alexandra Okada – alexandra.okada@gmail.com Raquel Kowalski – raquel.pasternak@pucpr.br

Elaborar perguntas Interrogar fontes Examinar consequências

Estimar riscos Analisar dados Tirar conclusões dos dados Fazer críticas Justificar opiniões com evidência Utilizar ética Comunicar idéias 0 aluno8

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aluno7

1 aluno6

2 aluno5

aluno4

3 aluno3

4 aluno2

5 aluno1

6


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DANIELA MELARÉ Daniela Melaré Pedagoga, com especializações em Desenho Instrucional, Administração em Educação a Distância, mestrado em Engenharia das Midias para a Educação ( Erasmus Mundus- Portugal, Espanha e França) e em Educação (UNESP- BRASIL) é também doutora em Educação pela UNESP e UNED (Madrid), mas não parou aí. Fez também pós-doutorados na UNICAMP e a UNED. Tudo isso a credenciou a ser colaboradora da Open University no Projeto COLEARN, editora da revista “Estilos de Aprendizaje”. Funções que ela exerce junto com a docência na Universidade Aberta de Portugal. Mesmo atarefada ela arranjou tempo para conversar com a gente por email e contribuir com a revista.

“El aprendizaje desafía la historia de la humanidad. A partir de esta perspectiva se torna fundamental el educador conocer sus Estilos de Aprendizaje, para que pueda mediar la construcción de los saberes de sus educandos.” A declaração está num dos primeiros capítulos do livro sobre estilos de aprendizagem de Daniela Melaré. A professora ítalobrasileira é uma expert no assunto. E seucurrículo não deixa dúvidas. Entrevista por Chris Beller



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Estilos de Educação

A influências das TIC no processo ensino aprendizagem e a importância dos REA para a educação contemporânea. Podemos começar falando dos desafios contemporâneos? “A aprendizagem desafia a história da humanidade”, frase que abre um dos seus livros sobre estilos de aprendizagem, é ao mesmo tempo motivadora (uma vez que nos convida a pensar sobre o processo de aprendizagem vinculado ao momento histórico), mas também emblemática (nos avisa do tamanho do problema que estamos prestes a encarar). É assim que você concebe a aprendizagem contemporânea: como um embate entre os estilos retórico (tradicional/analógico) e o participativo (virtual/tecnológico)? É um tema bastante instigante e reflexivo. Sim a pergunta que colocas é uma pergunta pertinente e realmente resume fatos importantes, mas eu concebo a aprendizagem contemporânea para além do embate, já passou esta fase, e está agora em um processo de adaptação, fusão e correlação entre o síncrono e o assíncrono. Essas duas palavrinhas, o síncrono engloba os aspectos da aprendizagem presencial e os elementos influenciadores da tecnologia; já o assíncrono da aprendizagem a distância e os elementos influenciadores do virtual. Portanto, o desafio está em saber lidar com este processo para a aprendizagem das pessoas na sociedade contemporânea.

Você acha que ainda há espaço para metodologias tradicionais nas escolas contemporâneas? Sim, o que não há espaço é o não uso das tecnologias nestas metodologias. A metodologia em si é uma questão de preferência e de tendências, mas independente disso as tecnologias devem estar nestes processos, é impossível pensar os processos educativos hoje sem as TIC (Teconologias de Informação e Comunicação). Ping Pong

Qual seria o estilo mais apropriado para garantir a participação e o aprendizado dos estudantes nos dias de hoje? Não existe um estilo mais apropriado do que outro, mas sim o desenvolvimento dos estilos que não estão mais fortemente presentes no indivíduo. Todos os estilos tem os seus potenciais e todo os indivíduos devem ter experiências na aprendizagem que possibilitem desenvolver todos os estilos. O tema dos estilos de aprendizagem está presente em vários contextos e é um tema essencial para o uso das TIC na educação e para o desenvolvimento de competências no indivíduo. Facilita estratégias pedagógicas e a forma como disponibilizar conteúdos. Quando falamos em conteúdos abertos reutilizáveis como os REA ( Recursos Educacionais Abertos), podemos customizar os conteúdos de várias formas através de estratégias que contemplam os estilos de aprendizagem facilitando assim uma experiência ao indivíduo que amplie suas capacidades de aprendizagem. Isso é o mais importante da teoria de estilos de aprendizagem: entender que as pessoas aprendem de formas diferentes e que podem potencializar a sua forma de aprender. Com as TIC isso é mais fácil. Os recursos abertos disponibilizam assim a flexibilidade dos conteúdos, a acessibilidade e a capacidade de reutilização que os diferentes estilos de aprendizagem necessitam.

É possível relacionar a convergência das mídias e a educação contemporânea com índices de aprendizagem e retenção de alunos nas escolas? Sim é possível, mas não é justificável, o aumento de uso de mídias não significa a melhoria no aprendizado ou a não evasão. Estamos em um processo de adaptação e convergência como expliquei anteriormente, isso significa que escola e profissionais da educação ainda estão neste processo e não tem muito claro e definido como utilizar as TIC para o ensino e aprendizagem e isso proporciona ainda muitas dificuldades e resultados não satisfatórios.


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Daniela Melaré

Por fim gostaria de falar do papel do professor. Como estimular o professor a repensar sua prática, objetivando o aprendizado dos alunos? O docente tem sempre o desafio da atualização e das inovações das tecnologias. É um desafio constante. Acredito que o docente não sabe exatamente o que significa repensar a sua prática, acha que tem que mudar tudo o que faz e como faz, não é isso, o repensar é introduzir inovação no processo, acredito que é necessário ensinar o docente isso, o significado de repensar sua prática.

Saiba Mais Daniela Melaré Vieira Barros https://sites.google.com/site/estilosetecnologias/home Universidade Aberta http://www.uab.pt/ PUBLICAÇÕES DE DANIELA MALARÉ

Estilos de aprendizagem e o uso das tecnologias. De facto editores: Santo Tirso (2013).

E que conselho você daria para esse professor, que na maioria das vezes é autodiadata e pouco estimulado a inovar? Existe um curso que poderia ajudar na sua formação continuada, livros relevantes, ou grupos de estudo além dos acadêmicos tradicionais?

Tutoria e docência na educação a distância. UNESP-E-book (2011).

O conselho é inovar com o que tem, mas não deixar de utilizar as TIC integrá-la na mente e na vida cotidiana para depois inseri-la na forma pedagógica de desenvolver o trabalho docente. Deve também considerar que as tecnologias não são somente um recurso, mas são uma mudança de paradigma para ensinar e aprender.

Moodle: estratégias Pedagógicas e Estudo de Caso. Eduneb (2009).

Guia Didático sobre Tecnologias da Comunicação e Informação para o trabalho educativo na formação docente. Vieira e Lent (2009).

Disponível também online em: http://livromoodle.blogspot.com/ Tecnologias da Inteligência: gestão da competência pedagógica virtual. Popular (2007). Educação a Distância e o Universo do Trabalho. EDUSC (2003). Educação e Jovens e Adultos na sociedade da informação e do conhecimento: tecnologias e inovação. Corações e Mentes (2004).

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