AMIMT | 50 ANOS DE LEMBRANÇAS E HISTÓRIAS by Prefácio Comunicação

AGRADECIMENTO A todos que em algum momento contribuíram e se dedicaram para a construção e o crescimento da Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT).

EXPEDIENTE PUBLICAÇÃO ESPECIAL DOS 50 ANOS DA AMIMT – ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE MEDICINA DO TRABALHO AVENIDA JOÃO PINHEIRO, 161 – CENTRO, BELO HORIZONTE/MG (31)3247-1616 | WWW.AMIMT.ORG.BR TEXTOS: AMIMT FOTOGRAFIAS: ARQUIVOS AMIMT PRODUÇÃO E REVISÃO: PREFÁCIO COMUNICAÇÃO (31)3292-8660 | WWW.PREFACIO.COM.BR DIRETORA RESPONSÁVEL: CELUTA UTSCH COORDENAÇÃO: DÉBORA SANTANA PROJETO GRÁFICO: TÉRCIO LEMOS DIAGRAMAÇÃO: ANGELO CAMPOS REVISÃO: LUCIARA OLIVEIRA IMPRESSÃO: ARTES GRÁFICAS FORMATO A AMIMT solicitou a todos os sócios o envio dos seus depoimentos e fotografias. Nesta publicação constam os textos recebidos dentro do período estipulado.

B E LO H O R I Z O N T E 2 0 1 8

PUBLICAÇÃO ESPECIAL

DIRETORIA PRESIDENTE WALNEIA CRISTINA DE ALMEIDA MOREIRA VICE-PRESIDENTE HUDSON DE ARAÚJO COUTO DIRETORA ADMINISTRATIVA LETÍCIA FERREIRA LOBATO GIORDANO GÁRIOS DIRETORA ADMINISTRATIVA ADJUNTA EVELYN JERMANI DIRETORA FINANCEIRA ADRIANA DE SOUZA ANDRADE DIRETORA DE COMUNICAÇÃO MARINA DE FREITAS AGUIAR DIRETOR CIENTÍFICO VINÍCIO CAVALCANTE MOREIRA DIRETORA DE EXERCÍCIO PROFISSIONAL ELÔA NOLASCO PORTO DIRETOR DE EDUCAÇÃO CONTINUADA PIETRO MENDES BIANCHETTI DIRETORA-COORDENADORA DAS REGIONAIS ILKA SANTOS PINTO ASSESSORES DA DIRETORIA JAQUELINE PASCHOAL AZAN DE CASTRO FILIPE PACHECO LANES RIBEIRO RAQUEL DE ALMEIDA MOREIRA CONSELHO FISCAL RODRIGO FERREIRA LOBATO ARÍZIO JOSÉ FONSECA PAULO ALMAS RODRIGO PIRES DO RIO MARIANO RAVSKI WILLES OLIVEIRA E SOUZA

SUMÁRIO

Apresentação

História da Medicina do Trabalho

História da AMIMT

Depoimentos de ex-presidentes

Histórias dos sócios

Memória documental

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Galeria de fotos

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APRESENTAÇÃO

m uma reunião de diretoria, quando discutíamos o que faríamos em comemoração dos 50 anos da Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT), falei da minha ideia de publicar um livro para contar a história da entidade. Cada diretor presente expressou sua opinião sobre o que deveria conter essa obra, até que, em dado momento, a Dr a Elôa Porto Nolasco sugeriu uma publicação com a participação dos sócios, que valorizasse a história de cada um. Assim, nasceu a proposta de produzir um livro para ser dado de presente a todos os sócios e àqueles que contribuíram para o crescimento da AMIMT ao longo dos anos. Quem o escreveria? Ou reuniríamos artigos, depoimentos e fotos? Comecei a pensar em algo que fosse, ao mesmo tempo, prazeroso de ler e informativo. Esbocei o que gostaria de ver em um livro comemorativo do Jubileu de Ouro da AMIMT e a quem poderíamos pedir que narrasse histórias e lembranças. Veio daí o título: AMIMT: 50 Anos de Histórias e Lembranças. As ideias foram fluindo, e o roteiro, surgindo aos poucos. A cada momento, vinha à cabeça um nome para escrever sobre o assunto escolhido. Solicitei à Cristina, secretária da AMIMT na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), que me enviasse a composição de todas as diretorias desde a fundação e fotos de ex-presidentes – teríamos uma galeria de imagens. Depois disso, tentei contato com cada um deles. Não consegui encontrar todos, mas àqueles com quem falei pedi que escrevessem um depoimento sobre sua gestão.

E a história da AMIMT? Quem senão o querido Dr. Gilberto Madeira Peixoto poderia escrevê-la? Além de fundador e presidente da Associação por vários mandatos, é sábio conhecedor da história da Medicina e da trajetória da Medicina do Trabalho em Minas Gerais e no Brasil. Estava escolhido, bastava ele aceitar, o que ocorreu de pronto. Quão linda é a sua narração da história da AMIMT! E o prefácio? Claro que minha primeira e única ideia foi convidar o Dr. Hudson para escrevê-lo. Presença marcante entre nós, é nosso mestre e exemplo. Fiz o convite, que também foi aceito com a alegria e o entusiasmo tão característicos dele. Por fim, restou o pedido aos sócios para que escrevessem suas histórias. Quanta alegria e honra me traz ser presidente da AMIMT no ano de seu Jubileu de Ouro, quanta história temos para contar e quanta expectativa temos no futuro da Medicina do Trabalho. Quantas mudanças em 50 anos, mas nunca nos esquecemos da nossa missão maior: a defesa da saúde dos trabalhadores, o aprimoramento e a divulgação científica, a defesa e a valorização do médico do trabalho. Parabéns à AMIMT por seus 50 anos e obrigada a todos que tornaram possível a publicação deste livro. Que este registro de histórias e lembranças seja inspiração para as futuras gerações de médicos do trabalho.

WALNEIA CRISTINA DE ALMEIDA MOREIRA PRESIDENTE DA AMIMT

HUDSON DE ARAÚJO COUTO Ex-presidente e atual vice-presidente da Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT) e ex-diretor científico da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT)

HISTÓRIA DA MEDICINA DO TRABALHO

oi com muita honra que recebi a incumbência de escrever este prefácio, para falar de uma instituição à qual pertenço desde 1978 e da qual muito me orgulho. A Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT) nos faz refletir sobre nossas ideias de mundo e seus valores. Pertencer e se envolver ativamente com as atividades de uma associação implica abrir mão de interesses egoístas, relacionados ao seu próprio progresso profissional, e pensar no desenvolvimento também dos colegas; significa deixar de lado a busca do saber para seu interesse pessoal para compartilhar conhecimento; resulta, enfim, da procura do bem maior, o desenvolvimento da especialidade. Ao longo de meus 42 anos de vivência na área, pude assistir a diversos momentos da prática profissional do médico do trabalho, fases que me permito descrever sumariamente, sempre com o risco de haver esquecido algum detalhe, mas procurando retratar o que houve em cada ocasião. Provavelmente é a Medicina do Trabalho a especialidade médica mais dinâmica que se conhece. Se, por um lado, isso exige mais estudos de nossa parte e até mesmo algum estresse, por outro nos afasta da monotonia e nos faz evoluir. Nossa atuação tem sido demandada de forma diferente a cada ciclo de 5-10 anos, e, ao contrário das demais especialidades médicas, não temos que interagir apenas com o paciente e com o gestor do convênio: temos ainda o trabalhador e seus representantes,

a gerência, o Conselho de Medicina, o Ministério Público do Trabalho e outros órgãos de fiscalização e regulamentação. A prática da Medicina do Trabalho se iniciou no Brasil aproximadamente em 1950, como parte do processo de cooperação do pós-guerra oferecido pelas nações vencedoras àquelas que participaram, de alguma forma, da aliança contra o eixo Alemanha/Itália/Japão. Na ocasião, e até 1972, a Medicina do Trabalho estava situada num contexto diferente no Brasil – esperava-se que o médico fosse o grande clínico geral da empresa, orientando quanto aos melhores tratamentos e, na medida do possível, estendendo essa assistência aos familiares. Mas, mesmo antes da fase seguinte, em Minas Gerais, um grupo pioneiro de médicos de empresas já entendia o compromisso básico de prevenção e promoção da saúde e criou a AMIMT, entidade que iria acompanhar pari passu a evolução da especialidade e as demandas de exercício profissional nos 50 anos seguintes. O marco da fase posterior foi a Portaria 3.237, do Ministério do Trabalho (editada em 27/06/1972). Na ocasião, a alta incidência de acidentes e de casos de incapacidade valeu ao Brasil o “título” de campeão mundial de acidentes do trabalho. Em pleno contexto do milagre econômico brasileiro, a carência de mão de obra se fazia sentir e era agravada pelos acidentes. Surgiu, então, o Programa Nacional de Valorização do Trabalhador, que estabelecia a obrigação de as empresas terem em seus quadros médicos do trabalho, engenheiros de segurança, técnicos de segurança e pessoal de enfermagem do trabalho. Nessa época, nossa atuação profissional foi delimitada por decreto, e, para atender à demanda de pessoal habilitado, foram criados os cursos da Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), num dos quais eu me formei, em 1975, logo após ter me graduado em Medicina. Esse período, que durou até junho de 1978, teve características muito interessantes, desde a perplexidade das empresas por não saberem o que fazer e o que cobrar do médico do trabalho (embora tivessem que suportá-lo por conta da lei) até aquelas que descobriram bem o que exigir do profissional: o controle de atestados. Não se deve, no entanto, ter uma visão exclusivamente negativa dessa fase. Foi nela que se formaram muitos profissionais respeitados no Brasil e o modelo de formação da FUNDACENTRO alavancou o conhecimento científico sobre o assunto, uma vez que até então não existia material técnico de Medicina do Trabalho em língua portuguesa. As empresas paternalistas encamparam naturalmente as novas funções, de prevenção do

adoecimento do trabalhador. Mas foram as multinacionais que apresentaram em nosso país o desenvolvimento mais consistente, pois já vinham implementando no Brasil modelos baseados naqueles das nações de origem, onde questões relacionadas à saúde no trabalho já haviam gerado tensão social e métodos consistentes de prevenção já eram adotados. O início de uma nova fase foi determinado pela Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978. Num trabalho arrojado, o Ministério do Trabalho editou um conjunto impressionante de Normas Regulamentadoras (NRs), estabelecendo um novo paradigma para as empresas, em diversos aspectos. Essas normas abarcavam desde conceituações básicas, passando pela composição do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e indo até a definição técnica de como caracterizar a existência de insalubridade e periculosidade no trabalho. As NRs (modelo ainda em vigor) contribuíram enormemente para o desenvolvimento técnico da Medicina do Trabalho, da Segurança e da Engenharia do Trabalho. Os profissionais do SESMT empregados por empresas tiveram que estudá-las, assim como os gerentes, e a adaptação se fez sentir ao longo dos anos. As NRs significaram um enorme nivelamento por cima. Para o profissional da Medicina do Trabalho, implicou que outro ator social passou a acompanhar nossa atuação profissional – se antes das NRs apenas o empresário e os trabalhadores interagiam com o médico do trabalho, com elas passamos a ter nossa atuação supervisionada pela fiscalização do trabalho. Esta passou a estabelecer regras claras de como deveriam ser as condições de trabalho (e poderia multar, amparada por dispositivo legal). Em 1984, uma mudança política importante ocorreu no Brasil: após 20 anos de regime ditatorial, foi eleito para a Presidência da República um candidato de oposição, Tancredo Neves. Tancredo não chegou a governar, mas o ministério que ele havia estruturado foi mantido. Na pasta do Trabalho, foi empossado o ex-advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo Almir Pazzianoto. Era clara a mensagem: estava ocorrendo uma ruptura com o passado ligado ao interesse do capital. Ao longo do governo Sarney, ocorreram diversas mudanças sociais, culminando com a Constituição Federal de 1988, que ratificou uma série de direitos sociais, inclusive dos trabalhadores. No Ministério do Trabalho, a preparação técnica do pessoal de fiscalização foi intensificada, e o fiscal do trabalho teve sua atuação profissional valorizada. Foi estabelecida uma prioridade: empresas contumazes e casos de desídia teriam atenção especial.

Nessa ocasião, muitos sindicatos estruturaram assessorias técnicas em Saúde Ocupacional, geralmente ligadas às confederações sindicais. Promoveram, então, a conscientização dos trabalhadores e começaram a se entrosar com o emergente Ministério Público do Trabalho e com a fiscalização do trabalho. E, embora muitos deles tenham utilizado a saúde do trabalhador com fins eleitoreiros, em outros tantos a questão passou a ser tratada com prioridade real. Essa época também marcou o início da atuação do Ministério Público do Trabalho, não mais para compensar o trabalhador em casos de acidentes, mas, mudando o foco de sua atuação, para o indiciamento criminal dos prepostos da empresa, embasados pelos direitos que foram conferidos a essa instituição pelos artigos 127, 128 e 129 da Constituição Federal de 1988. Teve início o projeto Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), com a criação dos Centros de Referência da Saúde do Trabalhador e as ações daí decorrentes, geralmente ligadas ao Ministério da Saúde e às faculdades de Medicina das universidades federais. Nesses cinco anos, os temas tratados de forma prioritária foram: a higiene ocupacional, especialmente com amplo desenvolvimento dos parâmetros técnicos de avaliação das condições de trabalho (inclusive com a constituição da Associação Brasileira dos Higienistas Ocupacionais); a questão dos solventes orgânicos aromáticos, especialmente a tríade benzeno-xileno-tolueno; a imposição de medidas sobre os níveis elevados de ruído nos ambientes de trabalho, questionando a validade de se assentar todo o trabalho preventivo sobre os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); a questão das lesões por esforços repetitivos, que começaram a aparecer e a ser descritas, inicialmente entre pessoal de informática; a questão da CIPA e seu modelo de constituição, havendo então alguns ganhos, ao estabelecer a vice-presidência para o trabalhador e a necessidade de envio de cópia da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para o sindicato; e o mapa de risco, seguindo o modelo italiano. O grande fenômeno social desse período foi o da leucopenia e sua possível relação com a exposição ao benzeno. Uma época tão rica em evolução dos direitos sociais teve um senão importante: foi também aquela em que os médicos do trabalho se tornaram alvo de uma generalização injusta – de estarem a serviço do empregador e de prestarem desserviço ao trabalhador. Em 1990, dois movimentos contribuíram para fazer surgir um dos períodos mais críticos para a atuação do médico do trabalho: de um lado,

o paradoxo do enfraquecimento da fiscalização do trabalho no início do governo Collor e a abertura comercial; do outro lado, a resistência dos movimentos sociais, que colecionaram uma série de vitórias em favor da proteção da saúde do trabalhador. A inserção de nosso país em mercados globalizados se deu sob o impacto da chamada “reestruturação produtiva”, com seus quatro pilares: mudança da base tecnológica (especialmente a microeletrônica); novas tecnologias gerenciais (downsizing, terceirização, reengenharia, início do Just-in-Time e TPM - Total Productive Maintenance); novas formas de organização do trabalho (especialmente a grande força dada às células de produção e ao modelo lean manufacture); e as novas formas de relações de trabalho, especialmente o enxugamento do quadro próprio da empresa, com movimento forte de terceirização e mesmo quarteirização da mão de obra. Com a acentuação do trabalho em computadores, os casos de tendinite em digitadores apareceram e, com eles, a expressão “Lesão por Esforço Repetitivo” (LER). Daí veio todo o movimento social dos trabalhadores de informática para obter o reconhecimento de seu adoecimento como causado pelo trabalho; em seguida a essa vitória, o movimento se voltou para a organização do trabalho e teve como resultado a edição da Portaria 3.751, de 17 de novembro de 2000, sobre ergonomia. Com as novas tecnologias gerenciais, surgiu o questionamento sobre seu papel na origem das LERs, sendo nessa ocasião utilizada de forma genérica a expressão “problemas na organização do trabalho” como causadores desses distúrbios. A essa altura, as LERs se espalhavam pelos mais diversos setores da produção e para os mais diversos espaços produtivos. Quanto à terceirização, as autoridades do campo do trabalho se movimentaram de alguma forma, passando a utilizar o termo “precarização” para indicar a situação, tão comum nessa época, de reduzir o quadro próprio, passando a contratar serviços terceirizados, com mão de obra bem mais barata. E conseguiram o importante preceito legal da responsabilidade solidária. Foi a partir dessa época que o médico do trabalho também passou a ser terceirizado, mudando uma lógica que havia durado 20 anos: a do profissional empregado pela empresa. Com o Ministério Público do Trabalho começando a se estruturar, essa foi a fase em que apareceram pela primeira vez os denominados “Termos de Ajustamento de Conduta”, especialmente relacionados à questão ergonômica, atingindo duramente a prática da medicina do trabalho (mas também da engenharia de segurança).

Complicando ainda mais o complexo quadro social da primeira metade dos anos 1990, a recessão econômica pela qual o país passou nesse período teve uma consequência importante: o grande número de trabalhadores que buscaram a segurança na Previdência Social, tornando difícil aos peritos separar o que era uma incapacidade real do que eram manobras para manter um mínimo de remuneração. Mas, no bojo de tantas tensões decorrentes da realidade do mundo do trabalho, foi nessa época que a Medicina do Trabalho recebeu uma das grandes contribuições visando ao seu aprimoramento: as normas ISO 9000 chegaram às empresas brasileiras, passando a exigir todo um aprendizado sobre sistemas de gestão da qualidade na nossa especialidade. A grande mudança para a fase seguinte veio com a Portaria 24 (29/12/1994), que criou o Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO). A rigor, não se tratava de algo novo, pois quase tudo o que ela determinava já era norma. As duas grandes inovações foram: a necessidade de que toda e qualquer empresa (independentemente do tamanho e do número de empregados) tivesse o seu PCMSO atrelado ao Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e a definição de um médico do trabalho responsável, com uma série de obrigações inerentes a essa responsabilidade. A abertura do mercado de trabalho foi extraordinária. Muitos que haviam cursado Medicina do Trabalho e que nunca a tinham exercido retiraram os diplomas da gaveta e se integraram à prática da especialidade. Um grande número de empresas de prestação de serviços em PCMSO se abriu, numa concorrência feroz, na qual muito da qualidade do trabalho foi comprometido. A partir daí, ficou bem estabelecida a nova forma de vínculo do médico do trabalho com a empresa, por meio de contratos de prestação de serviços – e o médico empregado pela companhia passou a ser a exceção. A necessidade de documentar, seja para o PCMSO, seja para a defesa jurídica em situações diversas – inclusive no Ministério Público do Trabalho e nas perícias judiciais –, passou a exigir o aprimoramento da prática, de uma forma quase obsessiva e suspeita. Mesmo na vigência de um modelo econômico denominado “neoliberal”, não se registrou nesse período qualquer prejuízo das conquistas sociais na área da saúde no trabalho. Ao contrário, houve avanços importantes, tendo sido o Ministério Público do Trabalho um dos principais agentes de mudança. Também na esfera do poder público, as autoridades estaduais e municipais de saúde e os Centros de Referência

da Saúde do Trabalhador contribuíram para a fiscalização do trabalho, preservando os ganhos obtidos na fase anterior. A Previdência Social foi a entidade que mais se movimentou, num conjunto de ações arrecadatórias, mas que também teve alta importância na mudança do perfil visando à prática da prevenção. A edição, em 1999, da Relação das Doenças Relacionadas com o Trabalho (Decreto 3.048 do Ministério da Previdência Social e Portaria 1.339 do Ministério da Saúde) foi outra conquista dos movimentos sociais dos trabalhadores. Por meio desses documentos legais, o número de doenças relacionadas com o trabalho passou de 27 para cerca de 190, com destaque para as categorias 2 e 3 de Schilling. Na prática, passou a ser extremamente difícil provar que determinado acometimento de saúde nos CIDs M e F não tivesse relação com o trabalho, e, nas ações indenizatórias – que aumentaram substancialmente nesse período –, a via dessa demonstração passou a ser aquela com causa. Tudo isso reforçou muito a postura de cartório, de anotação detalhada de tudo. A partir do ano 2000, inaugurou-se um novo período, que denomino “era das competências”: o cerco social se fechou em torno das empresas: não era mais possível haver nelas doenças do trabalho sem que se tivesse que pagar muito por isso. As consequências das doenças do trabalho, incluindo as ergonômicas, para as empresas passaram a ser: a conquista da estabilidade no emprego pelas vítimas; processos de indenização pelos danos; altos custos de assistência médica; dificuldade competitiva com a impossibilidade de aumentar o número de empregados para compensar a perda de produtividade causada pelos restritos; pressão da Previdência Social quando se demonstrava nexo epidemiológico naquela organização; e mão firme do Ministério Público do Trabalho. Em 2002, um marco importante foi o reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina da Medicina do Trabalho como especialidade médica, e, em 2003, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho patrocinou um projeto muito importante e paradigmático, denominado “Projeto Competências”, que falava da necessidade de o médico do trabalho se desenvolver a fim de fazer face às demandas daquela época. Essas competências continuam sendo bem atuais. O primeiro grande destaque é o uso do próprio termo “competência”, que resulta da intersecção de três eixos: a pessoa do profissional (sua biografia, sua socialização), sua formação educacional e sua experiência profissional. Submetido a um grupo de estudiosos, o projeto estabeleceu que o médico do trabalho deve ter cinco competências básicas, nas seguintes áreas: estudo do trabalho;

ação integral pela saúde dos trabalhadores; formulação e implementação de políticas e gestão da saúde no trabalho; produção e divulgação de conhecimentos técnicos e científicos; educação permanente. No segundo semestre de 2006, a Previdência Social instituiu dois instrumentos de alto impacto na atuação dos profissionais de segurança e saúde. O Fator Acidentário de Prevenção (FAP), criado pela Lei 10.666, de 2003, instituiu a tarifação individualizada do seguro de acidente do trabalho segundo a carga financeira a ser assumida pela Previdência pelos afastamentos, apurado empresa por empresa. E o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) – sendo um de seus componentes o nexo presumido segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), fruto da Medida Provisória 316, de agosto de 2006, confirmada pela Lei 11.430, de dezembro de 2006 – trouxe um altíssimo impacto na inversão do ônus da prova. Se antes cabia ao trabalhador tentar provar o nexo de seu adoecimento com o trabalho, a partir do nexo presumido passou a ser função das empresas provar que determinado adoecimento não foi ocasionado pelo trabalho. Com isso, ficava inaugurada uma nova fase na atuação do médico do trabalho: gestor de saúde e mediador de conflitos em uma sociedade de interesses difusos e complexos, etapa em que nos encontramos atualmente. Como gestor de saúde, há a necessidade de o médico do trabalho ser, antes de tudo, um bom clínico, com conhecimento vasto de Medicina, com boa capacidade de buscar recursos de diagnóstico e de diagnóstico diferencial. Também como gestor de saúde deve buscar recursos visando ao tratamento mais adequado da comunidade de trabalhadores sob sua responsabilidade, para cumprir dois objetivos: a boa saúde e a redução de afastamentos, especialmente aqueles de longa duração, que vão impactar de forma pesada o fator acidentário da empresa perante a Previdência Social. Também como gestor de saúde tem que ser organizado e montar bom sistema de estatística, inclusive acompanhando de perto o absenteísmo, não como fiscal de atestados, como lhe era cobrado nos primórdios, mas como gestor de medidas que resultem em um bom tratamento médico e em um tempo mínimo de afastamentos. Ainda como gestor deve aprender a estabelecer indicadores de processo e de resultado de sua atuação, os quais o ajudarão a aprovar investimentos, fazendo sempre cálculos de retorno, prática comum nas organizações. E deverá adotar todos os procedimentos característicos dos sistemas de qualidade, incorporando na sua atuação conceitos como PDCA, Pareto, MASP, fluxogramas, procedimentos operacionais, roti-

na escrita, ficando assim em condições de ter seu serviço auditado por entidades certificadoras. Deverá aprender em detalhes boas práticas de Sistema de Gestão da Ergonomia, Programa de Conservação Auditiva, Programa de Proteção Respiratória, Programa de Gerenciamento de Vibração de Corpo Inteiro, do Risco Químico e outras demandas próprias da empresa para a qual estiver trabalhando. Como mediador, é importante para o médico do trabalho saber que os conflitos são inerentes à natureza humana e, na relação de emprego, em que uma das partes (empresa) lucra a partir do trabalho das pessoas, podem, entretanto, se tornar bastante significativos. E um dos conflitos mais complexos é aquele relacionado ao adoecimento em decorrência da atividade laborativa. O interesse genuíno pelo entendimento da possível patogênese dos processos de trabalho e a busca com perseverança de soluções e de medidas de prevenção estão entre os pontos mais importantes na atuação do médico do trabalho nos tempos atuais. Sem a ilusão de que algum dia haverá harmonia plena entre os interesses do empregado e os da empresa, os conflitos nessa relação deverão ser deixados para outras esferas, evitando-se aqueles decorrentes de adoecimentos (papel do médico do trabalho) ou de acidentes (papel do engenheiro de segurança). Para a atuação eficaz numa sociedade de interesses difusos e complexos, é fundamental ao médico do trabalho identificar que fatores diversos influenciam em sua atuação profissional, como aqueles ligados à busca de compensação financeira em decorrência de doenças do trabalho – muitos legítimos, outros não, por estarem relacionados a aspectos políticos diversos. Interesses relativos a diferenças raciais, sociais, políticas, ideológicas e de gêneros têm repercussão na saúde do trabalhador e podem pressionar a atuação do médico do trabalho. Aqui, dois pontos importantes: o primeiro é lembrar o preceito de Robert Katz, que em 1984 escreveu o importante ensaio “As Habilitações de um Administrador Eficiente”, no qual ressalta a necessidade de se conhecer em profundidade essas variáveis, entendendo o seu funcionamento, para ter a conduta adequada. E o segundo é o compromisso com a coerência. O médico do trabalho será respeitado por todas as partes (empresário, autoridades, sindicato de trabalhadores, advogados e juízes do trabalho) na medida em que mostrar coerência e firmeza em suas condutas. Neste prefácio, procurei mostrar como a prática de uma especialidade médica foi mudando ao longo dos últimos 60 anos no Brasil. O médico do trabalho passou de simples médico da família dos empregados a um

polivalente capaz de interagir com uma série de atores sociais; de um profissional que prestava contas exclusivamente ao empregador a alguém que passou a ter que prestar contas também ao próprio trabalhador, à fiscalização do trabalho, ao sindicato de trabalhadores, às autoridades de saúde, ao Conselho de Medicina e ao Ministério Público. E a AMIMT acompanhou de perto toda essa evolução, sempre trazendo para os seus associados e não associados espaços de atualização e de debate em suas reuniões científicas e jornadas anuais, que se repetiram sem falta nos últimos 35 anos. Um belo legado de nossa entidade para os médicos do trabalho e para a Medicina do Trabalho. E esse legado, temos certeza, continuará por muitas e muitas décadas. Parabéns a todos que edificaram a AMIMT e àqueles que continuam a contribuir para o seu brilhante papel social!

GILBERTO MADEIRA PEIXOTO Fundador e ex-presidente da Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT) e ex-presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT)

HISTÓRIA DA AMIMT

esde Hipócrates (460-375 a.C.), já se conhecia a associação entre ocupação e saúde, por meio de seu livro “Ares, Águas e Lugares”, em que descreveu o quadro clínico da intoxicação saturnina, sem mencionar as alterações ambientais. Plínio, o Velho (23-79 d.C.), descreveu em “De Historia Naturalis” alguns aspectos relacionados à saúde de trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e a poeiras, mencionando, inclusive, a iniciativa de escravos que utilizavam máscaras feitas de bexiga de carneiro para atenuar a inalação de pó. Agrícola (1494-1555) estudou vários obreiros, e em 1556 foi publicada sua obra em latim “De Re Metalica”, na qual destacava a asma dos mineiros, que, por análise dos sintomas, se imagina tratar-se de silicose. Paracelso (1493-1541) fez numerosas observações de intoxicações pelo mercúrio na Boêmia. Morgani (1682-1771) também se referiu à relação entre ocupação e saúde em seus escritos. Em 1700, surgiu Ramazzini, professor de Medicina, com a primeira edição de sua obra “De Morbis Artificum Diatriba”, em Modena, na Itália, o que lhe valeu o título de Pai da Medicina do Trabalho. Descreveu com rara sensibilidade e grande erudição literária as do-

enças que acometiam trabalhadores, em mais de 50 ocupações, e sua dissertação é considerada fonte original dos conhecimentos médicos que hoje integram a Medicina do Trabalho. Em “Das Afecções”, Hipócrates afirmava que, “quando visitar um doente, convém perguntar-lhe o que sente, qual a causa, desde quantos dias, se seu ventre funciona e que alimento ingeriu”. Ramazzini dizia que a essas interrogações dever-se-ia acrescentar outra: “Que arte exerce?” Para tal pergunta, considerava oportuno e mesmo necessário lembrar ao médico, que trata um homem do povo, que dela deve se valer para chegar às causas ocasionais do mal, a qual quase nunca é posta em prática, ainda que o médico a conheça. Entretanto, se a houvesse observado, poderia obter uma “sara” mais feliz. Mais de 50 profissões foram destacadas, e a ênfase à pergunta “que arte exerce?”, “qual é a sua profissão?”, veio mudar o aspecto da anamnese e trazer luz ao diagnóstico. Ramazzini descreveu com precisão as doenças dos escribas e notários: “Investigaremos, pois, as doenças a que estão expostos tais operários; três são as causas das afecções dos escreventes: primeira, contínua vida sedentária; segunda, contínuo e sempre o mesmo movimento da mão; e terceira, atenção mental para não mancharem os livros e não prejudicarem seus empregadores nas somas, restos ou outras operações aritméticas”. Dessa forma, principiou-se a Medicina do Trabalho, juntamente com o advento da própria ciência médica que hoje praticamos.

O DESENVOLVIMENTO DA ESPECIALIDADE EM MINAS GERAIS A primeira notícia de tratamento médico a acidentado de trabalho em Minas Gerais data de 1710, publicada no “Erário Mineral”, pelo médico Luiz Gomes Ferreira, que fez a primeira craniotomia no Brasil, na Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabará. A Medicina do Trabalho em Minas Gerais já se manifestava havia muito: em fins do século XVIII, início do século XIX, já há notícias do tratamento de intoxicações e acidentes nas minerações de Con-

25 Bernardini Ramazzini é considerado o pai da Medicina do Trabalho

gonhas do Sabará (Nova Lima) e Minas do Rio das Velhas, realizado pelos “Professores” do partido da Câmara, como eram denominados os profissionais médicos contratados pelo poder público. Em 1867-1868, Richard Francis Burton, em suas viagens a Morro Velho e Cuiabá (Sabará), estudou o comportamento e os hábitos da vida dos trabalhadores em mineração e mencionou em seu livro “Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho” (São Paulo: Itatiaia/ USP, 1976) os riscos ocupacionais que pôde observar, como acidentes graves e fatais e casos de intoxicações pelo arsênico das minas, bem como certo tipo de pneumonia entre os trabalhadores (seria a silicose?). Descreveu como um bom inglês/irlandês o tratamento hospitalar, os médicos, a companhia de mineração e seus exames, com tamanha perfeição, peculiar aos ex-alunos do Trinity College.

PRIMEIROS PASSOS

No final do século XIX, os operários da construção de Belo Horizonte que necessitavam de assistência hospitalar eram atendidos na Santa Casa de Sabará, pelo eminente médico Dr. Joaquim Aureliano Sepúlveda. Em 1896, durante a construção da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), em Sabará, também os casos de acidentes e moléstias contraídas pelos operários eram tratados pelo Dr. Joaquim Aureliano Sepúlveda. Já no início do século XX, a grande epidemia de malária entre operários que construíam a EFCB no vale do Rio das Velhas suscitou do governo a debelação do grave problema, cabendo a Carlos Chagas, eminente médico de Saúde Pública, esse encargo, juntamente com Belisário Pena, que em pouco tempo contiveram a epidemia, proporcionando o prosseguimento da construção da estrada. Carlos Chagas permaneceu algum tempo naquele local (Lassance), examinando os operários de linhas férreas, como “médico do trabalho e de Saúde Pública, quando traçou linhas de conexão entre saúde e ocupação” (foi ali que se deu a descoberta do Trypanosoma Cruzi). Já no século XX, em 1936, foram publicados trabalhos na área da mineração de ouro na Mina de Morro Velho, pelo Dr. Carlos Martins Teixeira e equipe, em estudos sobre silicose. Em 1940, o mesmo Dr. Carlos Martins Teixeira e seus auxiliares publicaram estudos detalhados de acidentes, afastamentos e doenças na indústria siderúrgica, em Sabará, João Monlevade e Gorceix (Caeté). Nessa mesma época, na indústria siderúrgica, o Prof. Mário Aurélio Pires e Valério Rezende desenvolviam trabalhos de prevenção de acidentes na Belgo Mineira e na Seguradora Minas Brasil (Sabará). Na década de 1940, outros profissionais também se destacaram, entre os quais o Dr. Adauto Valle Motta, que no Ministério do Trabalho procurou desenvolver suas pesquisas, aprimorando-se em busca da perfeição, época em que também o Dr. Jesus Santos iniciava seus estudos no mesmo órgão. Podemos dizer, portanto, que nessa nova era os primeiros passos da Medicina do Trabalho em Minas Gerais foram dados por Adauto Valle Motta no final dos anos 1940, em virtude de suas funções no Ministério do Trabalho, quando seguia orientações de Zey Bueno e Bandeira de Melo e contava ainda com o estímulo de Décio Parreiras. Como autodidata, Adauto iniciou seus estudos em livros estrangei-

Correspondência enviada pelo Dr. Getúlio de Melo Silva à AMMG encaminhando os documentos para a criação da AMIMT

28 Matéria sobre a criação do Departamento de Medicina do Trabalho “Estado de Minas”, 23/05/1968

ros, transformando-se em assistente e, a seguir, professor da Cadeira de Higiene Industrial da Escola de Saúde de Minas Gerais. O fim da década de 1950 trouxe novos rumos à saúde do trabalhador, com a recomendação 112 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) (1959) quanto aos serviços de Medicina do Trabalho, o que influenciaria os destinos da especialidade no Brasil.

CRIAÇÃO DA ANAMT O surto industrial vivido pelo país nas décadas de 1940 e 1950 – que prosseguiu de forma crescente até meados dos anos 1960 –, associado às novas regras da legislação que acompanhava os preceitos internacionais, fez surgir a necessidade de evoluírem os cuidados

básicos com o trabalhador e da troca de ideias entre médicos de empresas ou do governo. Assim, em resposta às necessidades de intercâmbio e aprimoramento científico dos profissionais – e em decorrência da interpretação das novas propostas de legislação –, foi criada em 1968 a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), por iniciativa de alguns médicos, liderados pelo Prof. Oswaldo Paulino.

INICIATIVA EM MINAS GERAIS Imediatamente a repercussão foi notada em Minas, onde naquela época já se reuniam para troca de informações alguns médicos das áreas da siderurgia e mineração, bem como aqueles do Ministério do Trabalho, liderados por Adauto Valle Motta. Este era um predestinado que, com suas mãos fortes e rígidas, soube argamassar as virtudes da classe, tornando-a dinâmica, e, ao fitar o horizonte, já pressentia o futuro. A notícia da criação da ANAMT logo se espalhou, e Jesus Santos, que já escrevia a sua coluna semanal no jornal “Estado de Minas”, definia Oswaldo Paulino como apóstolo da Medicina do Trabalho, que veio para espalhar as sementes da especialidade por meio de peregrinações – a primeira delas em Minas Gerais. Por sugestão de Paulino – e com o apoio de Pedro Kassab (da Associação Médica Brasileira – AMB) –, uma reunião preparatória dos médicos do Ministério do Trabalho e de empresas como Belgo Mineira, Usiminas, Petrobras, Mannesmann, entre outras, foi marcada para maio de 1968. O próprio Jesus Santos liderou os médicos, que imediatamente atenderam à convocação do Dr. Olendino Prados, presidente da AMMG, que se fez representar no ato pelo Dr. Francisco José Neves. Assim, sob a presidência de Adauto Valle Motta, o grupo de médicos reunidos na antiga biblioteca da AMMG estabeleceu os preparativos para a criação do Departamento de Medicina do Trabalho (DEMETRA) da AMMG. Compareceram à reunião 14 médicos, que assinaram a ata na seguinte ordem: Manoel Cotta Barcellos, Otoni da Fonseca, Lúcio Flávio Mesquita, Getúlio de Mello e Silva, Agostinho Pinto Carneiro, Gilberto Madeira Peixoto, Geraldo Maletta, Valdir Notini Pereira, Francisco José Neves, Máximo Abraão, Thelmo Carlos Quick,

Bruno Cardoso, Adauto Valle Motta e Jesus Santos, que, ao secretariar, tudo documentou.

O APÓSTOLO DA MEDICINA DO TRABALHO CRIA O DEMETRA

A noite parecia ser pequena para ouvirmos com tamanha atenção as palavras do conferencista, Prof. Paulino, sobre a “Importância dos Acidentes do Trabalho e das Doenças Profissionais”. Ao tecer comentários sobre a assistência médica ao trabalhador e à prevenção de acidentes do trabalho, prendeu a atenção da plateia com a fluência que lhe era peculiar, pois, sendo orador de retórica admirável, qualquer tema burilado em suas mãos adquiria o tônus que emocionava e naturalmente o brilho que deslumbrava pela leveza e completa sinceridade de suas palavras. Concluía, com graça e fluência, a descrição de uma prática que deveria estar de mãos dadas com a teoria, combinando a leveza das palavras com a força moral e ética, que, por meio da construção impecável e da maravilhosa beleza de cada sentença ou período, imprimiam sensações musicais nos espectadores. Recorda-nos a citação da passagem de São Paulo por Atenas, em que descreveu os detalhes do encontro do apóstolo com os filósofos epicureus e estoicos, que o levaram até o Areópago, dizendo-lhe: “Podemos conhecer esta nova doutrina que o senhor prega?” Do Areópago, em meio aos soberbos templos da Acrópole, Paulo dirigiu-se aos atenienses pregando sua doutrina. “Homens atenienses, vendo os vossos monumentos sagrados, encontrei também um altar sobre o qual estava escrito: ‘Ao Deus Desconhecido’, aquele que vós adorais sem o conhecer; este eu vos anuncio”. Deus, que fez o mundo e que não habita em templos feitos pelos homens, não está longe de cada um de nós, pois nele vivemos. Paulo, com sua atitude peculiar, acabou sendo vítima de zombarias por parte de alguns, mas houve aqueles que lhe disseram: “Queremos ouvir mais do senhor”, e outros por fim agregaram-se a ele e se tornaram cristãos. Concluía o conferencista: “Eu não sou Paulo, sou Paulino, e o que trago é a mensagem da Medicina do Trabalho, a semente da Associação que vocês deverão fundar para a valorização da especialidade”.

Finalizava assim aquela noite histórica e memorável que tanta saudade nos deixou. Entretanto, cabe a nós reconhecer as grandezas de nossos homens incomuns, e proclamá-las, e dar graças a Deus por ter-nos dado um Oswaldo Paulino, que veio como timoneiro seguro e consciente de sua missão, conduzindo magnificamente a implantação do DEMETRA, como verdadeira instituição mineira. Surgia, pois, o DEMETRA, graças a Oswaldo Paulino e Jesus Santos. Mas os preparativos não pararam. Jesus Santos, procurando rapidez, ainda naquela noite dirigia ofício ao Conselho Científico solicitando a criação oficial do Departamento na AMMG. Contava o requerimento com as assinaturas de outros 13 médicos, pela ordem: Francisco Raya Ibanez, Luiz Carlos Kraemer, Hugo Pereira Rezende, Belchior José Santana, Oswaldo Gomes Silveira, Rubens Cardoso, Miguel Campos Filho, Moisés Miguel, Silvio Fleuri, José N. Dias, Stanley Baptista de Oliveira, Darcy Duarte de Figueiredo e Custódio M. Alvarenga.

XIV Congresso da Associação Médica de Minas Gerais. 1ª Jornada de Medicina do Trabalho – junho de 1979

32 Carlos Reinaldo, Gilberto Madeira Peixoto, Jesus Santos e Paulo Meireles

Para concluir o trabalho, Oswaldo Paulino enviou correspondência a vários órgãos, entre os quais a Federação das Indústrias (Dr. Fábio de Araújo Mota) e o Serviço Social da Indústria (SESI), e concedeu várias entrevistas, inclusive ao jornal “Estado de Minas”, no qual destacava com ênfase a resolução 112 da OIT (Serviços Médicos de Empresa). O primeiro presidente do DEMETRA, Adauto Valle Motta, contou com o auxílio de Jesus Santos e Helton Hugo Ladeira (condecorados em Santos, em São Paulo, por ocasião do II Congresso Pan-Americano de Medicina do Trabalho), que desde logo se incumbiram dos trâmites na AMMG. Ao fim de tamanho esforço, tudo foi aprovado, tanto pelo Conselho Científico quanto pela Diretoria, e finalmente pelo Conselho Superior, em 05/09/1968 (Of. CS-3138/1968). O primeiro estatuto foi aprovado (Processo 1.064/1969) convocando-se eleições para 1971, sendo eleitos e empossados: presidente (Getúlio de Melo e Silva); vice-presidente (Adauto Valle Motta); primeiro secretário

(Helton Hugo Ladeira); segundo secretário (Jesus Santos) e representantes junto à Revista (Darcy Duarte de Figueiredo e Jacy Ferreira Leite). Em 1972, com o afastamento de Adauto, já doente, ocupou o seu lugar Helton Hugo Ladeira, tornando-se primeiro secretário Gilberto Madeira Peixoto. Continuava o DEMETRA prestigiado pela Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais (DRT-MG), por meio do Dr. Manoel Cotta Barcellos, substituto de Adauto.

DESENVOLVIMENTO DO DEMETRA E CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO Várias foram as promoções, encontros e reuniões nesses anos iniciais, até que em 1972, com a nova legislação (Portarias 3.236 e 3.237), que obrigou a permanência do médico nas empresas, o dinamismo do DEMETRA tornou-se bastante evidente e seu papel assumiu outra dimensão. Em 1973, a Prof. Dra. Elizabeth Costa Dias, ao assumir a coordenação geral da FUNDACENTRO em Belo Horizonte, destacou Gilberto Madeira Peixoto para dirigir o primeiro Curso de Especialização em Medicina do Trabalho (da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG) em Minas Gerais – privilegiado também por ser o segundo do Brasil. Um novo e grande contingente de médicos do trabalho apresentava-se, ato contínuo, à sociedade. Sentindo-se o avolumar de atribuições, Getúlio de Melo e Silva, Jesus Santos e Gilberto Madeira Peixoto idealizaram a transformação do DEMETRA em uma Associação, para maior e melhor benefício da vida associativa. Assim, já em funcionamento pleno o Departamento, e ao comemorarmos o quinto aniversário, com a presença do Prof. Paulino, externamos a necessidade de ampliar nossa área de ação. Foi quando Getúlio de Melo e Silva, Jesus Santos e Gilberto Madeira Peixoto promoveram a transformação do DEMETRA em AMIMT para melhor atender aos anseios da classe, o que de fato aconteceu em 29 de setembro de 1973. Estava fundada a Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT), em 29 de setembro de 1973. Na Assembleia Geral de criação, houve a aprovação do estatuto e eleição da Diretoria, assim composta: presidente (Getúlio de Melo e Silva); vice-presidente (Darcy

Duarte de Figueiredo); primeiro secretário (Gilberto Madeira Peixoto); segundo secretário (Jesus Santos); primeiro tesoureiro (José César L. Villamarin); segundo tesoureiro (Antônio M. Pereira) e diretora científica (Elizabeth Costa Dias). Muitos colaboraram nesse processo – Dr. José de Laurentys Medeiros, no Conselho Científico, e Dr. José Gilberto de Souza, na presidência da Associação Médica de Minas Gerais, foram alguns deles. No décimo aniversário, em 1978, com a presidência de Gilberto Madeira Peixoto, tivemos a oportunidade de entregar os primeiros títulos de especialista ANAMT/AMB/CFM aos médicos habilitados no primeiro concurso promovido em 1977, durante o I Congresso da ANAMT, em São Bernardo do Campo (SP). Mas o tempo não parou, e, em 1981, aconteceu o II Congresso Nacional em Belo Horizonte, que dirigimos na qualidade de presidente da Comissão Executiva, quando contamos, entre outros, com a grandiosa colaboração de Paulo Elvécio Belém, Elizabeth Dias e Jesus Santos. Em 1983, ao comemorarmos 15 anos de vida associativa, fomos lançados como candidato à presidência da Associação Nacional, que dirigimos até 1985, quando tivemos oportunidade de promulgar o “Código de Ética em Medicina do Trabalho”, no Congresso de Santos. Tantas realizações em todas as décadas – cursos, seminários, jornadas, o II Congresso Nacional (1981), o 11º Congresso da ANAMT (em 2001, dirigido pelo Dr. Hudson A. Couto) – marcam definitivamente a presença da Medicina do Trabalho em Minas. Além disso, é importante notar que, no período de 1977 a 1987, fomos parceiros da AMMG em cinco congressos, com a realização de nossas jornadas estaduais (da I à V) e com a parceria em outros congressos estaduais. Muitas foram as realizações em 50 anos, e ainda continuamos com a tradicional jornada mineira e cursos de reciclagem, que evidenciam a presença da AMIMT na AMMG. Várias solenidades marcaram cada aniversário de fundação. Muitas loas se cantaram ao ideal dos que trouxeram imaginação e inspiração e dos que a projetaram, ou mesmo à audácia dos que a constituíram, além do bom senso dos que a consolidaram. Nós nos referimos a Jesus Santos, Adauto Valle Motta, Getúlio de Melo e Silva. Louvores por certo merecidos, justos, mas nunca bastantes. A AMIMT sempre evoluiu graças ao esforço de seus líderes, nobres “carvalhos” que contribuíram para o desenvolvimento de nossa especialidade em meio século.

35 Estatuto da AMIMT de 1980

PRESIDENTES DA AMIMT São, portanto, 50 anos de lutas e de realizações, e podemos afirmar que, embora nem tudo fosse visível, valeu o sacrifício e trabalho daqueles que se dedicaram à nobreza associativa, entre os quais os ex-presidentes Getúlio de Melo e Silva, Jesus Santos (duas vezes), Gilberto Madeira Peixoto (duas vezes), Paulo Elvécio Belém, Afonso Celso Loss Vincens, Hudson Araújo Couto (três vezes), Tácito Guimarães Sobrinho, Márcio Lúcio Serrano e Elizabeth Costa Dias – esta, representando a mulher médica, com grande esforço, coragem, dedicação e firmeza, conseguiu superar todos os obstáculos, elevando ainda mais o nome de nossa entidade num empreendimento notável e superando os reveses do final do século XX; promoveu a mudança do estatuto, atualizando-o e adequando-o às situações

atuais dentro do contexto universal da globalização. Foi um grande acerto fazê-la presidente, e melhor escolha não poderia ser feita, com a qual me congratulo; verdadeira médica vocacionada para o ensino, empresta ainda seu talento e capacidade à Medicina do Trabalho, e, neste registro, faço-o lastrado não somente na amizade, mas sobretudo na trajetória intocável de sua vida profissional. Finalmente presidiram ainda a Associação o colega Willes de Oliveira e Souza, que com sua fidalguia e fineza soube traduzir os anseios dos colegas para a jornada do porvir; Marcos Toledo, que concretizou grandes realizações no panorama mineiro; Mariano Ravski, que defendeu o nome da AMIMT em todos os pontos principais de nosso país; Vinício Cavalcante, que desempenhou formidáveis pleitos junto aos órgãos nacionais; Letícia Ferreira Lobato Giordano Gários, mais uma vez a presença feminina na AMIMT, demonstrando competência, gentileza e bom senso; e, finalmente, hoje, preside a Associação Walneia Cristina de Almeida Moreira, que com seu trabalho admirável saberá unir os colegas para o caminhar vindouro, tentando superar os novos percalços da especialidade.

6ª Jornada de Saúde Ocupacional, em 1994

Informativo da AMIMT de 2001

CONSIDERAÇÕES FINAIS São cinco décadas de Medicina do Trabalho na AMMG, em que participamos pari passu e pudemos observar o desenvolvimento científico de seus membros, o que se percebe claramente pela análise de trabalhos apresentados em congressos, jornadas e seminários por ela patrocinados, mostrando a grandeza, o idealismo e o valor daqueles que trabalham contra o infortúnio laboral. Querido Paulino, o conselho valeu e os ensinamentos permaneceram: “Não adianta somente plantar a couve para o jantar; temos que plantar o carvalho para a sombra do futuro” (Rui Barbosa). Esta é uma das páginas da história da Medicina do Trabalho em Minas Gerais...

DEPOIMENTOS DE EX-PRESIDENTES DA AMIMT

EX-PRESIDENTE

TÁCITO GUIMARÃES SOBRINHO

articipar da diretoria da AMIMT foi motivo de orgulho e grande satisfação. Durante a minha gestão como presidente (1991-1993), tive a oportunidade de trabalhar com pessoas muito competentes e comprometidas com a Medicina do Trabalho em nosso país, além de debater e apresentar soluções para os temas mais relevantes na ocasião, tais como Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT), absenteísmo, ergonomia, entre outros. A AMIMT demonstrou ser o local ideal para impulsionar ideias e realizar atividades de aperfeiçoamento dos médicos do trabalho em nosso Estado e capacitá-los ainda mais para a vida profissional. Muito obrigado a todos vocês.

EX-PRESIDENTE

MÁRCIO SERRANO

período em que estive à frente da AMIMT foi um tempo de mudança no plano nacional, com a recém-edição das novas normas regulamentadoras do PCMSO e do PPRA. Por decisão de toda a diretoria da instituição, foram realizados diversos eventos durante os dois anos de gestão, com o objetivo de divulgar a norma do PCMSO para todos os associados, bem como estabelecer uma parceria formal com a Associação Mineira de Segurança do Trabalho (AMES), à época presidida pelo engenheiro Josevan Ursine Fudoli. Atuando em eventos conjuntos, tínhamos também o intuito de divulgar para todos a norma do PPRA. Nessa época, produzimos um audiovisual – “Isto é PCMSO” –, que vinha acompanhado de uma cartilha de mesmo nome, ambos editados por mim. Procuramos também colaborar com a Faculdade Ciências Médicas – MG para abrir novas oportunidades a médicos que desejavam atuar como examinadores do PCMSO em colaboração com os profissionais que já possuíam registro da especialidade na ANAMT e no CRM-MG. Minas Gerais ocupou um lugar de muito destaque no plano estadual e nacional naqueles anos. Buscamos também nos aproximar ainda mais da DRT para nos ajudar nesse trabalho de divulgação. Contamos com grande ajuda de Mário Parreiras de Faria e Aírton Marinho. Entre nossos colegas médicos do trabalho com reconhecido destaque na especialidade em nível nacional, recebi muita ajuda e incentivo de todos, em especial do Dr. Hudson Couto, Dr. Gilberto Madeira Peixoto, Dr. Mariano Ravski, Dr. João Baptista, Dr. Marcos Furtado, Dr. Quirino Pena Júnior e Dr. Vinício Cavalcante Moreira. A AMIMT é uma instituição que desde os seus primórdios se caracteriza pela dedicação de seus membros, pela vocação para o ensino, pela produção de livros técnicos e pelo comprometimento com a especialidade. Constituiu para mim motivo de orgulho e honra participar de um quadro tão seleto de médicos do trabalho.

EX-PRESIDENTE

ELIZABETH COSTA DIAS

ecebi com alegria a encomenda de nossa presidente, Dr a. Walneia Moreira, de um breve registro sobre minhas vivências com e na AMIMT, por ocasião das celebrações dos 50 anos da instituição. O texto acabou ficando longo, pois muitos aspectos da minha história profissional se entrelaçam com a vida da AMIMT e da ANAMT. Formei-me em Medicina na UFMG, em 1970. Durante o curso, meu contato com a Medicina do Trabalho restringiu-se à discussão de “casos” de silicose em trabalhadores de Nova Lima, em aulas magistrais ministradas pelo Dr. Javert de Barros, na Cadeira de Pneumologia-Tisiologia, sob a direção do Prof. Feldman. Em 1971, fui admitida por concurso público como docente do Departamento de Medicina Preventiva e Social dessa faculdade, que passava por processo de revisão curricular – donde surgiu a disciplina Profilaxia, Saneamento e Saúde Ocupacional. A nova disciplina atendia às exigências do “currículo mínimo” para a formação médica do MEC. Considerando-se que não havia docente com formação nessa área, fui designada para trabalhar esse tema, acompanhando o Prof. Ottoni da Fonseca, médico do trabalho da Cia. Belgo Mineira, especialmente contratado para fazer essa transição, com quem aprendi os fundamentos da especialidade. Na sequência, o diretor da faculdade, Prof. José Pinto Machado, ofereceu-me a oportunidade de iniciar minha formação na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, único centro formador na especialidade no país à época. Um colega de Departamento, Prof. Cesar Augusto Barros Vieira, que havia recentemente concluído o mestrado naquela instituição, presenteou-me com meu primeiro livro de Medicina do Trabalho, de autoria do Dr. Marano, e me apresentou ao Prof. Diogo Pupo Nogueira, a quem referencio como Mestre. Assim, ainda em 1971, participei do Primeiro Ciclo de Ensino de Medicina do Trabalho patrocinado pela FUNDACENTRO, em parceria com a Universidade de Strasbourg, na França, quando conheci e me apaixonei pela área. Também foi uma oportunidade para conhecer algumas das lideranças da especialidade em nosso país. O Segundo Ciclo ocorreu no início de 1972, e, no segundo semestre, cursei as quatro disciplinas temáticas de Saúde Ocupacional e Higiene do Trabalho, coordenadas pelo Prof. Diogo Pupo Nogueira. Pude conviver, então, com um seleto grupo de professores, de várias gerações, entre eles o Prof. Stettiner, o Dr. Joaquim Augusto Junqueira e a Dra.

Berenice Goelzer, e com colegas-alunos que se tornariam importantes lideranças na especialidade, como René Mendes, Frida Marina Fischer, Satoshi Kitamura e os mineiros Agostinho Pinto Carneiro, Antonio Morais Pereira e Ildeu Naves. Como os cursos eram ministrados à tarde, dediquei as manhãs a estágios no Serviço de Saúde Ocupacional do SESI, sob a supervisão do Dr. Bernardo Bedrikow, e na Volkswagen do Brasil, sob a tutoria do Dr. Jorge da Rocha Gomes. Também tive minha primeira experiência internacional no Congresso da ICOH, realizado em Buenos Aires, e no ciclo de debates pré-congresso, em São Paulo, quando conheci o Prof. Marcus Wassermann, outra referência importante na minha vida profissional. É importante registrar que, para além dos aspectos pessoais, o ano de 1972 foi marcante para a Medicina do Trabalho no Brasil. A publicação da Portaria 3.237, em agosto daquele ano, estabeleceu a obrigatoriedade de criação dos SESMTs nas empresas, dimensionados de acordo com o ramo de atividade (risco) e o porte, ou número de trabalhadores, abrindo um novo ciclo para a especialidade em nosso país. Esse instrumento normativo, surgido no contexto da ditadura militar, representou uma tentativa de resposta às críticas da comunidade internacional à ocorrência de grande número de acidentes do trabalho no país, decorrente da combinação perversa da aceleração das atividades econômicas, que buscava um “Brasil grande” a qualquer custo, com a opressão e o silenciamento das organizações sindicais e sociais no país. A exigência de criação dos SESMTs nas empresas, orientada pela recomendação 112 da OIT, era uma demanda antiga de pioneiros na especialidade, concentrados particularmente no eixo São Paulo-Rio de Janeiro e em Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, entre outros, que trabalhavam em empresas que, junto com a transferência de tecnologias de produção, trouxeram essas práticas para o Brasil. Muitos, inclusive, haviam se formado no exterior. Nesse cenário efervescente, acompanhei o processo de organização dos cursos de especialização em Medicina do Trabalho e de Engenharia de Segurança e a produção do material educativo de apoio, resultado de um esforço nacional, coordenado pela FUNDACENTRO, de preparar, em curto prazo e em escala, profissionais aptos a assumir as atividades prescritas. Ao retornar a Belo Horizonte, no início de 1973, retomei minhas atividades na Faculdade de Medicina da UFMG e assumi, a convite

do General Moacir Gaya, superintendente da FUNDACENTRO, a coordenação dos cursos de especialização em Medicina do Trabalho e Engenharia de Segurança e dos cursos técnicos de Segurança do Trabalho e auxiliar de Enfermagem do Trabalho em Minas Gerais, organizando o primeiro núcleo de representação da FUNDACENTRO no Estado. A UFMG ofereceu o primeiro curso de especialização em Medicina do Trabalho em Minas Gerais, iniciado em 1974, sob a coordenação do Dr. Gilberto Madeira Peixoto. O segundo foi coordenado pelo Dr. Paulo Elvécio Belém, no ano seguinte. Assim, foi natural a aproximação com a AMIMT, na época ainda o DEMETRA da AMMG, criado em maio de 1968. Na criação da AMIMT, em 29 de setembro de 1973, sob a presidência do Dr. Getúlio de Melo Silva, tive o privilégio de participar como diretora científica. Desde então, são anos de convivência com colegas de várias gerações – os que nos precederam, figuras ímpares como o Dr. Jesus Santos, Manoel Barcelos, Darcy Duarte Figueiredo, Helton Hugo Ladeira, Telmo Quick, Mauricio Mauro Martins, entre outros, e os da minha geração, alguns dos quais já mencionados aqui, e os que nos sucedem na vida associativa e nas atividades profissionais. No âmbito da AMIMT, é difícil citar nomes sem cometer injustiças irreparáveis, mas não posso deixar de mencionar lideranças como Carlos Reinaldo de Souza, José Dias, Stanley Batista, Marcio Lúcio Serrano, Mariano Ravski, Letícia Gários e, em especial, meus companheiros de diretoria na gestão 1997-1998, que tive a honra de presidir e da qual participaram Hudson de Araújo Couto como vice-presidente; Willes de Oliveira de Souza, diretor científico; Walneia Cristina Moreira e Alejandra Valeria Sepúlveda Milos, respectivamente primeira e segunda secretárias; Ida Maria Andrade Almeida Dantas e Carlos Roberto Nunes Cruz, tesoureiros; Marcos Toledo, diretor de Exercício Profissional; Victor Behrens, na diretoria do Interior; e René Mendes, na Educação Continuada. Cada um deixou sua marca indelével na minha vida pessoal e profissional, e a cada um agradeço pelas contribuições ao que sou hoje. Na vida associativa, entre minhas colaborações que considero mais relevantes, destaco a coordenação do processo de definição das competências básicas requeridas para o exercício da especialidade da Medicina do Trabalho, em 2002, após o reconhecimento formal da especialidade pelo Comitê Misto CFM/AMB/CNRM/MEC. O produto

desse trabalho, em sintonia teórico-conceitual e metodológica com práticas de outras especialidades médicas no Brasil e no exterior, contribui para orientar os processos de formação e educação continuada e a concessão do título de especialista, além de reforçar o respeito pela especialidade e a visibilidade da ANAMT entre seus pares na AMB. Em 2012, tive a honra de assumir a Cadeira 10 da Academia Mineira de Medicina, que tem como patrono o grande cientista mineiro Carlos Chagas, também médico do trabalho em uma tecelagem no Rio de Janeiro no início de sua vida profissional, além de responsável pelos trabalhadores da construção de uma ferrovia no interior de Minas Gerais, tendo como padrinho o Dr. Gilberto Madeira Peixoto. AMIMT 50 anos! Que continue sua trajetória exitosa, cumprindo seus objetivos maiores de tornar o trabalho cada vez mais meio de vida, e não de adoecimento e morte. Sobre o futuro da AMIMT, creio que (...) nossas ações, por menores que pareçam, são capazes de mudar o mundo. A cada momento fazemos escolhas sobre nossos modos de vida e, se nos conectarmos com o planeta, e uns com os outros, seremos uma ponte para um futuro sustentável. Cada um de nós faz o seu amanhã e juntos fazemos os amanhãs que queremos (Painel no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, 2017).

EX-PRESIDENTE

WILLES DE OLIVEIRA

unca havia pensado em integrar a diretoria de qualquer entidade associativa, pois sempre me sentia como participante da plateia e com muito a aprender. Fiquei lisonjeado ao ser convidado pelo Dr. Hudson de Araújo Couto, em 1997, para fazer parte da diretoria que tomaria posse naquele ano. Mais lisonjeado fiquei ao atuar como diretor científico na diretoria presidida pela Profa. Elizabeth Costa Dias, pois, junto com o Prof. René Mendes e o Prof. Hudson, eu a considero norteadora da Medicina do Trabalho brasileira. Ao término do mandato da Profa. Elizabeth, apresentava-se o desafio para a AMIMT de ser a organizadora do 11º Congresso da ANAMT, que seria realizado em Belo Horizonte, em 2001. Havia uma dificuldade financeira imensa e, para ajudar o Dr. Hudson, diretor científico da ANAMT na época, aceitei ser o presidente da nossa Associação. Com a ajuda de uma equipe coesa e trabalhadora, composta pelos doutores Hudson, Walneia, Marcos Furtado, Ida Maria, Vinício Cavalcante, Letícia Gários, Mariano Ravski, Télio Andrade e René Mendes, realizamos o 11º Congresso, que considero um marco na história dos congressos da ANAMT. Listo os principais motivos: tivemos mais de 700 participantes, número bem superior aos dos congressos anteriores – hoje essa marca é larga e sucessivamente superada, mas é reflexo do valor que os associados passaram a dar aos congressos da ANAMT, a partir do “nosso”; pela primeira vez tivemos palestras e apresentações simultâneas durante o evento, o que não acontecia antes, estabelecendo um padrão que é mantido até hoje e permite tratar de uma multiplicidade de assuntos num mesmo congresso; o planejamento e controle dos gastos, que permitiram que uma boa receita fosse repassada para a ANAMT e a AMIMT, possibilitando que essas entidades pudessem planejar melhores eventos científicos e evoluir em benefícios para os associados. E para mim, o que ficou? Ficou uma alegria muito grande em ter ajudado a nossa Associação, tanto financeiramente quanto na constância de seus eventos e reuniões científicas, criando uma confiabilidade para o associado. Do 11º Congresso permanece a marca de uma apresentação de recepção que fiz aos congressistas. Decorridos 17 anos do evento, ainda hoje brincam comigo nos eventos da ANAMT sobre a aula de “mineirês” – “oncovô?”, “pópôpó?” – que dei na abertura...

EX-PRESIDENTE

MARCOS FURTADO DE TOLEDO

om satisfação e orgulho, comemoro o Jubileu de Ouro da AMIMT e gostaria de dividir esses sentimentos com todos os colegas, em especial com toda a diretoria do biênio 2001-2003, período em que estive à frente da entidade. Ombreando as diretorias que nos precederam, empunhamos a bandeira em prol do fortalecimento e do reconhecimento da especialidade, hoje mais consolidada, graças àqueles que nos sucederam. Destaco, sobretudo, a 16ª Jornada, a comemoração do Jubileu de Coral, a criação do website e a sistematização das reuniões mensais, tornando-as rotinas efetivas na vida associativa. Nelas, a discussão de temas da atualidade era enriquecida com a participação de uma especialidade médica, fazendo interface com a prática da Saúde Ocupacional. Ressaltam-se aquelas direcionadas ao estudo do transtorno mental decorrente da eventual psicopatologia do trabalho – assunto ainda atual. Quero aqui homenagear o incansável Dr. Oswaldo Paulino (fundador da ANAMT), rememorando a criação da regional mineira, a primeira em nível nacional. Nos idos de 1968, ele vaticinara que estava plantando uma semente (que ilustra a atual logomarca, modificada em 2001) de um frondoso carvalho. E dele, 50 anos depois, temos a sombra para o descanso da caminhada rumo ao centenário.

EX-PRESIDENTE

MARIANO RAVSKI

oder participar da comemoração dos 50 anos da AMIMT para mim é motivo de muita alegria, muita emoção e muito orgulho por ser seu associado. E ainda tive e tenho a graça de ocupar diversos cargos de diretoria em várias ocasiões, desde 1999 – entre os quais a Presidência, na gestão 2003-2005. Motivo da alegria? Poder contribuir para a nossa Associação, que é voltada para o exercício da Medicina do Trabalho no mais alto padrão científico e ético em prol da promoção e da proteção da saúde do trabalhador. E qual não é o júbilo em ver que a nossa Associação sempre deu certo no que se propôs. E tenho a certeza de que continuará dando certo. Na gestão 2003-2005, destaco a atuação da AMIMT em parceria com a ANAMT na defesa da ética em Medicina do Trabalho por ocasião das exigências inscritas no campo 17 do Perfil Profissiográfico Previdenciário. Obtivemos sucesso com a edição da Resolução CFM 1.715, de 08/01/2004, e com as medidas judiciais interpostas na época, o que permitiu a abertura de diálogo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e recuo nas exigências da forma como postas inicialmente, que obrigavam os médicos do trabalho à quebra de sigilo. É hora de parabenizar todas as diretorias que me antecederam como presidente. Parabenizar também minha diretoria na gestão 20032005. Parabenizar todas as diretorias que me sucederam. Agradecer à AMMG. Agradecer à ANAMT. Agradecer ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais e ao Conselho Federal de Medicina. Agradecer à Unimed-BH. Agradecer a todas as instituições parceiras da AMIMT no campo da Saúde Ocupacional. E, por fim, congratular-me com todos os associados da AMIMT.

EX-PRESIDENTE

VINÍCIO CAVALCANTE MOREIRA

onheci a AMIMT viajando para um Congresso da ANAMT em Fortaleza (CE), quando houve a oportunidade de partilhar o pacote de viagens contratado pela diretoria à época. Encontrei colegas já conhecidas, como a Dr a. Letícia Lobato Gários e a Dr a. Elôa Nolasco, e fiz novas amizades, particularmente com o Dr. Willes de Oliveira, que, posteriormente, convidou-me a compor a diretoria da Associação em sua gestão como presidente, uma grande distinção para mim. Inicialmente como diretor financeiro adjunto, aos poucos fui entendendo o papel da AMIMT em favor dos trabalhadores e de seus próprios associados e as vantagens da vida associativa, uma vez que qualquer associação é mais influente quanto maior a representatividade que possui. Trabalhamos com afinco para a realização do Congresso ANAMT em Belo Horizonte, o que representou um inestimável aprendizado para mim, além da oportunidade de me aproximar de colegas já consagrados, especialmente o Dr. Hudson Couto, responsável científico do evento. Esse Congresso foi um sucesso e representou também uma mudança positiva na AMIMT, pois passamos a ter capital para bancar nossas atividades, o que não ocorria anteriormente. Tempos depois, assumi a presidência da AMIMT em duas gestões, com a premissa de aumentar nossa visibilidade e aprimorar o formato de nossas jornadas anuais, que já mostravam excelente conteúdo técnico e passaram a ter um “jeitão” mais de Congresso propriamente dito, o que resultou em maior participação dos médicos do trabalho, alguns vindos até de outros Estados. Não conseguimos alcançar uma maior interiorização, o que era uma de nossas intenções, em razão das dificuldades inerentes à extensão de nosso Estado, com suas diversas características regionais. Progredimos no sentido da aprovação da unificação com a ANAMT, processo delicado que foi concluído com êxito na gestão recente da Dra. Letícia Gários. Por convites generosos dos colegas que me sucederam, por último da a Dr . Walneia Moreira, participei de todas as últimas diretorias da AMIMT, adquirindo cada vez maior conhecimento e mais informação e tendo a oportunidade de me enriquecer pessoalmente com esse salutar convívio.

EX-PRESIDENTE

WALNEIA CRISTINA DE ALMEIDA MOREIRA

oder participar dos 50 anos da AMIMT sendo presidente desta Associação me enche de orgulho, alegria e emoção. A minha vida como médica do trabalho se confunde com a minha vida associativa. Durante minha primeira gestão como presidente da AMIMT, entre os anos de 2009 e 2011, Minas Gerais foi eleita para sediar o Congresso Sudeste da ANAMT, em 2012. Escolhemos a cidade de Ouro Preto para receber o seminário – seria ao mesmo tempo uma oportunidade de apresentar a cidade aos colegas médicos do trabalho de todo o Brasil. Foi um evento memorável, com destaque para a participação de palestrantes de renome nacional e internacional. Como tive participação ativa na organização, a então diretoria sugeriu que eu me candidatasse novamente ao cargo de presidente para a gestão 20112013, de modo a dar continuidade a um trabalho tão importante para a Medicina do Trabalho não só em Minas, mas em nível nacional. Durante essas gestões, procuramos estreitar laços com instituições importantes para a Medicina do Trabalho, como Ministério do Trabalho, Previdência Social, Associação Mineira de Engenharia de Segurança (AMES), Conselhos Regional e Federal de Medicina, Conselho Federal de Fonoaudiologia e associações de especialidades como Pneumologia, Cardiologia, Otorrinolaringologia, Ortopedia e outras. Promovemos reuniões científicas mensais com a participação desses órgãos/instituições. Nada teria sido possível sem a participação ativa de toda a diretoria da AMIMT nessas gestões, a quem faço um agradecimento especial. E hoje, mais uma vez como presidente da AMIMT, não posso deixar de citar os nomes de todos que compõem a atual diretoria, que trabalhou de modo incansável para que esta publicação pudesse ser construída e constituísse um legado da nossa gestão, com registros de histórias e lembranças da Medicina do Trabalho mineira. Deixo aqui meu abraço sincero e agradecido aos colegas Dr. Hudson de Araújo Couto, Dra. Letícia Lobato Gários, Dra. Evelyn Jermani, Dra. Adriana Andrade, Dra. Marina Freitas Aguiar, Dra. Elôa Porto, Dr. Vinício Cavalcanti, Dr. Pietro Bianchetti, Dra. Raquel de Almeida Moreira, Dr. Filipe Pacheco, Dra. Jaqueline Azan, Dr. Willes de Oliveira e Souza, Dr. Rodrigo Lobato, Dr. Rodrigo Pires do Rio, Dr. Arízio Fonseca, Dr. Paulo Almas e Dr. Mariano Ravski. Mais que diretores, seremos amigos para sempre. Por fim, meu abraço afetuoso a cada um dos associados, motivo maior da nossa Associação.

EX-PRESIDENTE

LETÍCIA LOBATO GÁRIOS

empre achei importante a vida associativa, já tendo participado da diretoria da AMMG em dois mandatos, o primeiro como diretora administrativa adjunta e o segundo como diretora administrativa. Minha participação na AMIMT iniciou-se em 1991, na gestão do Dr. Tácito Guimarães Sobrinho, como segunda tesoureira. Posteriormente, na gestão do Dr. Hudson de Araújo Couto, de 1994 a 1995, atuei como primeira secretária. De 1999 a 2001, na gestão do Dr. Willes de Oliveira e Souza, participei como diretora científica e, de 2001 a 2003, como diretora de Exercício Profissional na gestão do Dr. Marcos Furtado de Toledo. De 2003 a 2005, na gestão do Dr. Vinício Cavalcante, atuei como conselheira fiscal, e de 2009 a 2013, na gestão da Dra. Walneia Moreira, minha participação foi como diretora administrativa. Em 2013, aceitando o convite do Dr. Hudson e da então diretoria, assumi a presidência da AMIMT, prorrogando minha gestão para o mandato 2015-2017, quando novas perspectivas se abriam frente às possibilidades de mudanças na legislação trabalhista e previdenciária. Em fevereiro de 2017, a AMIMT encabeçou a discussão sobre o Parecer 13/2016 do CFM, convidando o presidente do Conselho para uma reunião científica em Belo Horizonte, destinada a tratar do referido documento. Nesse encontro, o presidente do CFM, Dr. Carlos Vital, apresentou o Parecer CFM 3/2017, que iria substituir o anterior. O marco da minha gestão foi a organização do Seminário Sudeste da ANAMT, que ocorreu em Belo Horizonte, em setembro de 2017, sob a coordenação da AMIMT. O evento se destacou pelo alto nível técnico-científico, social e cultural, o que para mim é motivo de orgulho e realização. Hoje, passados 30 anos vivendo a Medicina do Trabalho, mantenho participação ativa na vida associativa, ocupando o cargo de diretora administrativa da AMIMT e de vice-presidente Sudeste da ANAMT.

HISTÓRIAS DOS SÓCIOS

SÃ&#x201C;CIO

ADRIANA DE SOUZA ANDRADE

er médica sempre foi meu desejo e objetivo, desde a infância. E a Medicina do Trabalho surgiu na minha vida de forma muito natural. Quando iniciei a graduação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1983, já trabalhava na área administrativa da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESMIG), então uma instituição vinculada à Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e voltada para a educação continuada, com cursos na área de saúde pública. Durante todo o período da faculdade passei o meu tempo estudando, trabalhando e cuidando do meu filho, que nasceu em 1985. Ao terminar a graduação, passei a atender os funcionários da FUNED no ambulatório médico da empresa e me identifiquei com a Medicina do Trabalho. Em 1993, fiz o curso de especialização na Faculdade Ciências Médicas – MG, e meu interesse pelas atividades que poderiam ser desenvolvidas dentro dessa área foi aumentando. Comecei a atuar como médica do trabalho em 1994, na coordenação e implantação do PCMSO em empresas das áreas de construção civil e pesada, no Serviço da Construção Civil (SECONCI), e fui aperfeiçoando meus conhecimentos. As oportunidades foram aparecendo, e trabalhei em diversas áreas – fábrica de automóveis, fundição de ferro e alumínio, mineração, refratários e telecomunicações. Desde o início da minha vida profissional estive envolvida com a AMIMT, assistindo às reuniões científicas e participando das jornadas anuais. Considero muito importante estar sempre atualizada e em contato com colegas, compartilhando histórias e experiências. Em 2009, fiquei muito feliz por ter sido convidada pela atual presidente da Associação, Dra. Walneia, para fazer parte da diretoria financeira. Continuo na diretoria, com muita honra e respeito, na esperança de poder contribuir sempre mais, junto com pessoas que eu admiro, para o aprimoramento, o desenvolvimento e a evolução da nossa especialidade.

SÓCIO

MÉDICO DO TRABALHO ANÔNIMO

m 1989, um irmão médico disse-me: “Faça a residência de Medicina do Trabalho na Faculdade Ciências Médicas – MG, pois você fica duas horas na empresa e já tem o seu salário garantido, férias e 13º”. Entusiasmei-me e fiz o curso com Dr. Hudson Araújo e Dr. Amorim. Passei a me interessar e a tentar lutar pela saúde dos trabalhadores nas empresas. Participava anualmente das jornadas da AMIMT, sempre bem-programadas, com ótimos professores. Quem queria perder as palestras do Dr. Hudson? E a última palestra, a do Dr. René Mendes, quem queria perder? Resposta: ninguém. Pois bem, assim eu fazia diariamente nas empresas em que trabalhei: praticava o humanismo, a ética e o conhecimento, essa “vitamina do bem”, que nossos sábios professores me ensinaram. Sofria para ver adotados esses valores nas empresas. Sentia-me como se estivesse recebendo flechadas de todos os lados – do funcionário, da empresa, do INSS, do sindicato e parece que até de mim mesmo. Ao mesmo tempo, pensava assim: “Meu Deus, parece que estou sendo um incômodo para a empresa. Mas são esses valores que tenho aprendido nas jornadas da AMIMT e na minha vida”. E aguentei firme, pois Deus e minha família estavam comigo. Até que um dia alguém da empresa ficou muito incomodado e não permitiu que eu aplicasse mais esses valores, e vi a lâmina bem afiada da guilhotina passar pelo meu pescoço. Hoje pergunto aos colegas médicos: vocês têm sido imparciais nas empresas em que trabalham? Têm sido éticos, estão aplicando o humanismo e o conhecimento adequados? Ou, por causa do seu salário, têm contrariado esses valores e somente favorecido as empresas? Pensem nisso. Desculpem-me se incomodei alguém. Obrigado à AMIMT.

SÓCIO

ARÍZIO JOSÉ FONSECA DE AZEVEDO

tuo, desde 1991, em perícia previdenciária, inicialmente como credenciado e, mais recentemente, como concursado. Sempre, nos recadastramentos, era questionada a formação em Medicina do Trabalho, até que resolvi cursá-la em 2001. Como sou pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, pude suprimir as matérias relacionadas à educação. Concluído o curso, passei a atuar na minha clínica. Posteriormente, vivi uma grande experiência na área de construção civil, com trabalho vertical e em condições hiperbáricas. Elaboramos um protocolo para o trabalho vertical, que culminou com duas apresentações do tema no Congresso Brasileiro da ANAMT, em 2010, em Gramado (RS). Em 2009, fui convidado para coordenar o PCMSO de uma empresa de mineração, onde continuo até hoje, pois tenho liberdade para colocar em prática o que temos de melhor na literatura, sempre em busca da melhoria da saúde do trabalhador. O que mais engrandece a nossa profissão é o seu caráter preventivo, que estimula a antecipação de diagnósticos em estágio assintomático e a possibilidade de dar atenção individual a cada trabalhador durante os exames clínicos. Ainda me entristece muito a pouca valorização profissional de nossas atividades, muitas vezes pelos próprios colegas, que se dedicam ao trabalho por valores muito aquém daqueles do mercado. Tenho um carinho muito especial pela AMIMT, onde fui muito bem acolhido e tive a oportunidade de conviver com membros de três diretorias, o que me fez crescer muito. Acredito que nossa entidade é forte pelo respeito que conquistou no cenário nacional, mas poderá se tornar muito mais à medida que tivermos maior adesão dos médicos do trabalho de todo o Estado. Parabenizo a todos os membros da AMIMT, que são os responsáveis diretos pelo seu cinquentenário.

SÓCIO

BARTIRA VENTURA BARNABÉ

ui pediatra durante muitos anos e exerci essa função com muita alegria. Até que, no fim de 1989, resolvi mudar meu rumo. Voltei a uma faculdade para me especializar em Medicina do Trabalho e trabalhar com meu marido, que é engenheiro de Segurança do Trabalho. No início, dedicava minhas manhãs à nova especialidade e, à tarde, continuava a trabalhar como pediatra. Em 1996, abandonei a Pediatria e passei a me dedicar exclusivamente à Medicina do Trabalho. Hoje, depois de 21 anos, vejo como foi mágica essa mudança. Entrei em tantas empresas diferentes e tive a oportunidade de presenciar a atuação dos artistas do trabalho, cada um em seu papel. Na nossa especialidade podemos ser expectadores de várias atividades diferentes e avaliar sua perfeição. Só para citar algumas curiosidades: como é feita a lã de aço? Como é feita uma pia? Como são feitas peças para automóveis? Como é feito o papel? Fora das empresas não é possível imaginar a complexidade da fabricação de objetos aparentemente simples. Nós, médicos do trabalho, temos a oportunidade de ver os atores em cena, e acho isso maravilhoso.

SÓCIO

CARLOS HENRIQUE SANTOS DE PÁDUA

asci em Uberaba (MG), em 1976, e, em junho de 2005, me formei em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (antiga FMTM). No segundo semestre daquele ano, ao me preparar para o concurso de residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, fui contratado como médico examinador para trabalhar em duas empresas do Distrito Industrial de Uberaba. Foi aí que tudo começou a mudar. De repente, me vi exercendo uma atividade médica com a qual mal tivera contato na vida acadêmica, mas que mexia profundamente com minha identidade profissional. Foi amor à primeira vista! As escolhas mudaram, e, ao fazer minha inscrição para a prova de residência, optei por me especializar em Medicina do Trabalho. Cursei a residência médica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, coordenada na época pelo professor Dr. Luiz Carlos Morrone. No decorrer da residência, desenvolvi um trabalho científico para estudo de caso de pneumoconiose por metais duros, que recebeu diversas premiações. Passei ainda por um estágio na Clinica del Lavoro, em Milão, na Itália, para aprimoramento do conhecimento sobre as doenças ocupacionais, e, em 2008, retornei a Uberaba com o intuito de contribuir para a saúde e segurança dos trabalhadores e desenvolver uma gestão precisa e justa para o colaborador e o empregador. Em fevereiro daquele ano, inaugurei a AMO (Assessoria Médica Ocupacional), uma clínica inovadora, que valoriza a qualidade técnica e também a logística dos exames complementares. Profissional em constante atualização, atuo nas áreas de Ergonomia, Perícia Médica, Assistência Técnica e Higiene Ocupacional. E fui a inspiração profissional de minha esposa, Dra. Naiara Cabral Sabino de Pádua, também especialista em Medicina do Trabalho. Hoje me orgulho por contribuir para a formação de diversos profissionais médicos. Também fui supervisor do SESMT da Universidade de Uberaba, professor de pós-graduação em Engenharia de Segurança e coordenador da Saúde Ocupacional de várias empresas da região. Atualmente me dedico exclusivamente à administração da AMO, como coordenador técnico e na prestação de atendimento especializado a nossos clientes.

SÓCIO

CÉSAR AUGUSTO DA SILVA

ascido em Petrópolis (RJ), me graduei em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 1978. Fiz residência médica no Hospital da Lagoa e pós-graduação na PUC-RJ, período em que atuei como plantonista no Pronto-Socorro da Prefeitura de Juiz de Fora. Na década de 1980, fui contratado pela Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) para a vaga de médico do trabalho. Cinco anos depois, fui aprovado em um concurso público e me tornei médico do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) no Rio de Janeiro, atuando como plantonista, até ser transferido para Viçosa (MG), onde trabalhei como clínico até 2000. Em 2001, fui transferido para o INSS, onde atuei como perito médico até 2016, quando me aposentei. Em 2006, me tornei bacharel em Direito, por entender que essa graduação me auxiliaria no exercício profissional da Medicina. Em 2017, tornei-me professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa (Univiçosa), onde atualmente leciono Medicina e Segurança do Trabalho. Antes disso, em 1996, fundei a Viçosa Medicina do Trabalho, onde exerço a especialidade até hoje, prestando serviços às empresas. Sou um apaixonado pela Medicina do Trabalho, pois percebo quanto o médico pode auxiliar na promoção da qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores.

SÓCIO

CLÁUDIA NAHAS

omo redirecionar uma carreira médica após longos anos? Foi a pergunta que me fiz ao longo de alguns meses. Minha formação inicial, após o curso superior em Medicina, foi Fisiatria e Neurofisiologia Clínica, especialização à qual me dediquei durante 13 anos. O objetivo era redirecionar a carreira a uma especialidade afim. Por ironia do destino – ou talvez pelas mãos de Deus –, ao sair de casa me deparei com um outdoor contendo informações sobre uma pós-graduação em Medicina do Trabalho. Decisão tomada, dias depois lá estava eu fazendo entrevista na Faculdade Ciências Médicas – MG e, no mesmo dia, prova de seleção (!) com o tema “intoxicação por mercúrio”. E começaram as aulas, os desafios, as dúvidas, as inúmeras perguntas, os exercícios, as novas e eternas amizades – não existe data para novos amigos. E tiveram início também o respeito e a consideração por vários professores, exemplos de dedicação e comprometimento. Mas somente aulas teóricas não sustentavam, precisava buscar entender outro universo além dos livros, das leis, das normas, das empresas e das doenças descritas no papel. Realizar assistência à saúde dos trabalhadores dentro do maior centro de referência de Minas Gerais (SEST/UFMG) foi fundamental para minha formação. O envolvimento foi tamanho que tive a honra de participar da elaboração do livro “Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos à Poeira de Sílica e Portadores de Silicose, pelas Equipes da Atenção Básica/Saúde da Família: Protocolo de Cuidado”. E como iniciar um vínculo empregatício? Quem daria oportunidade a uma recém-formada em Medicina do Trabalho, sem experiência anterior em clínicas ou outras atividades? A oportunidade me foi dada na indústria automotiva. E lá passei quatro anos, período em aprofundei conhecimentos e adquiri experiência, além de ter desfrutado de uma agradável convivência. Era, porém, momento de enfrentar novos desafios. De galgar outros degraus e assumir a gestão de Saúde Ocupacional de uma companhia. E, em uma empresa de transportes, os desafios são ainda maiores porque “estar” gestor é ser esteio para todo o departamento médico e ainda promover a interface com as áreas operacional e jurídica, o Recursos Humenos (RH), o Departamento Pessoal (DP), o INSS, o Ministério do Trabalho, o Ministério Público, o sindicato, a

comunidade, entre outros setores. Essa relação precisa ser construída com respeito e, sobretudo, ser respaldada por princípios éticos. Como enfrentar tamanho desafio? Os livros não trazem todas as respostas. Nessa hora, contei com verdadeiros amigos, pessoas mais experientes em Saúde Ocupacional, disponíveis a todo tempo, capazes de me acolher nos momentos de grandes dúvidas, às vezes de tristezas, mas também de alegrias e de aprendizado – como eles sofrem... Não é necessário citar nomes porque são todos aqueles que, inicialmente, sem me conhecerem pessoalmente, ofereceram ajuda de forma gratuita e incondicional. Amizade surgida por mídia social – grupo de WhatsApp Saúde Ocupacional. E todos têm um coração enorme e uma disponibilidade de dividir conhecimentos incomum nos dias atuais. Aperfeiçoar-se, evoluir profissionalmente é fundamental para qualquer pessoa. Nesses seis anos de atuação na Medicina do Trabalho, cursei pós-graduação em Perícias Médicas na Fundação Unimed, além de um MBA de Gestão em Saúde na Fundação Getulio Vargas, atividades que multiplicaram conhecimentos e ampliaram a minha visão sobre essa nobre atividade profissional. E o futuro? O mestrado (cobrança pessoal e de um grande amigo) e, quem sabe, a vida acadêmica, pela qual tenho grande apreço. Novos desafios profissionais podem surgir e sempre serão bem-vindos. O importante é nunca estacionar, acomodar-se, mas sentir prazer em tudo aquilo que se propõe a fazer. Isso eu encontrei na Medicina do Trabalho. Não existe idade para novos desafios, recomeços e aprendizados.

SÃ&#x201C;CIO

ELIMAR PENIDO CHAGAS

u me formei em Medicina na UFMG, em 1986. Durante a graduação, cursei a disciplina optativa Medicina Social e, em seguida, fui bolsista na Medicina Social/Medicina do Trabalho. À época, acompanhava os trabalhos realizados pelo Prof. Rodolfo Almeida, tendo participado de levantamento de dados e pesquisa de campo em empresa de aplicação de cola de carpetes no bairro Jaraguá, em Belo Horizonte. No mesmo período, tive a oportunidade de participar de uma pesquisa relacionada ao benzeno e de outra com trabalhadores que separavam materiais para reciclagem de lixo em um galpão situado às margens do rio Arrudas, nos bairros Santa Tereza/Horto. Em 1992, passei a atuar como médico examinador na empresa PRESMET Ltda., tanto na sede quanto no ambulatório na Refinaria Gabriel Passos, ano em que também cursei uma pós-graduação em Administração Hospitalar pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Em 1993, fiz o curso de pós-graduação em Medicina do Trabalho pela Faculdade Ciências Médicas – MG. Anos depois, fiz novas pós-graduações em Ergonomia, pela ERGO (1996), e em Auditoria em Saúde, pela Fundação Carlos Chagas (FCC) e Universidade Unimed (1999). Em minha vida profissional, atuei como médico do trabalho contratado em diversas empresas: Ferteco Mineração, Adservis, Aethra Componentes Automotivos, Gestermed, Oi e Contax. Como prestador de serviços em Medicina Ocupacional, atuei na Suggar, Progen/Vale e Bretas. Como médico do trabalho coordenador, trabalhei na Codeme Engenharia (16 anos); Rossetti Equipamentos Rodoviários Ltda. (oito anos) e Ricardo Eletro (quatro anos). Exerci docência no curso de pós-graduação da Faculdade São Camilo, na disciplina Ergonomia. Sou membro da Associação Médica de Betim-MG; da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM); da Associação dos Peritos Judiciais de Minas Gerais (ASPEJUDI); do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA) e da AMIMT. Exerço atividades de consultoria para seguros de vida na empresa Zurich – Minas Brasil há mais de 20 anos. Além disso, há mais de 15 anos sou perito médico judicial. Atuo ainda em Clínica Médica na Unimed-BH e como Management of Occupational Health and Medicine na Belgo Bekaert, onde coordeno todo o setor de Arames há cinco anos.

SÃ&#x201C;CIO

ERNESTINA FREITAS DE FIGUEIREDO DIAS

inha história com a Medicina do Trabalho começou em 2001, quando optei pela especialização, inicialmente motivada pela necessidade de entender a dinâmica das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho, uma vez que havia acabado de concluir especialização em Pneumologia. Buscava uma explicação para a relação entre o processo de trabalho e o adoecimento respiratório, com o intuito de melhor atuar na especialidade. Porém, com o tempo, fui interessando-me mais e mais pela Saúde Ocupacional e permitindo-me conhecer suas demais vertentes. E a busca pela explicação tornou-se uma grande paixão da qual não quis me separar mais. Atuei em clínicas ocupacionais que muito me ensinaram, em especial na Ética, onde aprendi o melhor da Saúde Ocupacional. Depois, exerci duas funções em uma grande empresa de mineração – na gestão da operação e na gestão de projetos. Ali vivi realidades diversas, desde a implantação do modelo de SESMT Coletivo até a gestão de contratados diretamente e terceiros em um megaprojeto. A paixão pela Medicina do Trabalho feita com dignidade e ética é meu maior motivador para aprender mais e mais e buscar novos desafios.

SÓCIO

ELÔA NOLASCO PORTO

ou médica com especialização em Medicina do Trabalho pela Faculdade Ciências Médicas – MG, no ano de 1990, e titulada pela ANAMT em 1995. Ser médico por si só nos remete a um universo de possibilidades, em que a definição de nossa atuação tem muito a ver com o nosso perfil individual. Tenho desde sempre uma profunda relação de afinidade com a Medicina do Trabalho. Ela me atiça e leva a querer ir sempre ao âmago da prevenção, antecipando situações de potencial risco. Faz-me olhar com maior atenção para o ambiente em que a pessoa que labora se encontra. A meu ver, a grande magia da Medicina do Trabalho é permitir que o ser humano se realize com dignidade, ou seja, produza, crie, busque o seu sustento e, ao mesmo tempo, tenha a garantia de que sua saúde será preservada da melhor forma possível. Ao cursar Medicina do Trabalho, entre os colegas de turma estava Hassib Dabien, um aplicado “vizinho” de carteira escolar que se declarava um amante da sala de aula, que estava ali pelo prazer de estudar. Fato é que, ao término do curso, Hassib foi convidado para trabalhar em uma fábrica de latas na região de Contagem. No entanto, ele queria a sala de aula, e não atuar em campo. Foi então que ele não só me indicou para o ofício, como também fez a “propaganda”. E, assim, lá estava eu, no meu primeiro piso de fábrica. Que maravilha! Desde então não mais me afastei dessa oportunidade de exercício da Medicina – ser uma Médica do Trabalho. Confesso que os desafios são grandes, maiores ainda os preconceitos, até mesmo de colegas de outras especialidades que ainda hoje não veem que a principal preocupação desse ramo da saúde está atrelada ao direito fundamental da pessoa, que é viver com qualidade. Hoje atuo como médica coordenadora de empresas de médio porte, prestando consultoria médico-jurídica e assistência técnica em Saúde Ocupacional, e participo da diretoria da AMIMT. É fundamental destacar que muito do que se vislumbra em nosso Estado referente à Medicina do Trabalho foi e continua a ser impulsionado por esta Associação sólida, comprometida e inovadora.

SÃ&#x201C;CIO

ETHEL FARIA COSTA SANTIAGO

ormei-me em Medicina em 1993 e busquei o caminho com o qual me identifiquei nos tempos de faculdade: Pediatria e Gastroenterologia infantil. Em 2002, vivíamos tempos muito difíceis em minha especialidade. Os honorários eram baixos, havia muitos plantões em regime pró-labore. Imperavam o cansaço e a desilusão. O desencanto foi crescente, mesmo amando o meu dia a dia profissional. Naquele momento, era a falta de perspectiva de melhoria na vida financeira que impactou muito minha vida pessoal. Sempre fui uma mulher de fé, e foi em Deus que busquei respostas e luz. Ser médica sempre foi o sonho da minha vida, mas era preciso repensar o caminho. Num momento pessoal com Deus, após muita oração, silêncio e confiança, em forma de um sonho ou talvez uma visão, vi um grande letreiro com as seguintes palavras: Medicina do Trabalho. Lembro-me disso como se fosse hoje, depois de tantos anos. No dia seguinte a esse “sonho”, procurei colegas, contemporâneos da faculdade, que sabia trabalharem nessa especialidade. Ouvi boas novas!!! Era um domingo... No primeiro dia útil seguinte teria início o período de inscrição para a pós-graduação em Medicina do Trabalho na Faculdade Ciências Médicas – MG, e não tive dúvida: segui meu coração e o novo caminho. Ali começava uma nova vida, na minha profissão de alma, que me trouxe estabilidade e sempre me traz muito aprendizado, crescimento e perspectivas.

SÃ&#x201C;CIO

EVELYN JERMANI

u me formei em Medicina no fim de 2008. Iniciei, no ano seguinte, a residência de Anestesiologia. Sentindo que aquilo não me realizava e que precisava de mais desafios profissionais, acabei sendo “escolhida” pela Medicina do Trabalho. Digo “escolhida” porque essa especialidade não era minha próxima opção, mas, devido a algumas circunstâncias pessoais, acabei sendo envolvida por ela. Dei início, assim, aos estudos da saúde do trabalhador e me tornei médica do trabalho em 2015. Desde então, venho aprendendo e vivenciando as nuances dessa belíssima especialidade. Hoje posso afirmar que a Medicina do Trabalho é grandiosa e dela tenho bastante orgulho. Espero que as dificuldades cotidianas comuns a todos não me desestimulem a continuar atuando em prol da saúde do trabalhador e para o bom clima organizacional no ambiente de trabalho.

SÓCIO

FÁBIO TEIXEIRA

ascido em 19 de agosto de 1977, em Governador Valadares (MG), me formei em Medicina na Fundação Educacional Serra dos Órgãos, em dezembro de 2001. Em 2005, iniciei minhas atividades em Medicina do Trabalho na cidade de Angelândia (MG). Em 2010, esse trabalho se estendeu ao município de Capelinha e a cidades vizinhas. Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT/AMB, faço parte do SESMT da Aperam BioEnergia, como médico coordenador. Além disso, sou membro do corpo clínico da Clínica Medvale, em Capelinha, onde presto serviços de Medicina do Trabalho para várias empresas como médico coordenador e também como médico executor. Além de médico do trabalho, sou especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas pela ABMLPM/AMB e realizo perícias judiciais na Justiça Federal e também na Justiça comum.

SÓCIO

FABRÍCIA FABIANA SILVA DE CASTRO

m 2002, ano de minha formatura em Medicina, já havia passado por estágios em algumas especialidades médicas. Prestes a fazer a prova de residência médica, não estava certa do meu interesse por alguma área. Resolvi, então, fazer Clínica Médica a fim de aprofundar meu conhecimento em Medicina Geral. No término da residência, fui convidada para trabalhar com promoção da saúde e me apaixonei por essa atuação. Mal sabia que assim começava minha descoberta da Medicina do Trabalho. Daí em diante, surgiram oportunidades de trabalho ligadas à saúde do trabalhador, e me descobri fazendo a pós-graduação em Medicina do Trabalho. É uma área apaixonante, pois envolve a preservação da saúde e a interface com outras especialidades médicas e outras áreas profissionais, o que me levou a fazer pós-graduação em Gestão. Além disso, não há monotonia, a cada dia enfrentamos novos desafios. Trabalho almejando que a prevenção e a valorização da vida humana sejam soberanas.

SÃ&#x201C;CIO

FILIPE PACHECO LANES RIBEIRO

pesar da pouca experiência, creio que tenho alguma contribuição a dar neste momento tão importante. Formado em 2010, já me graduei com a cabeça voltada para a Medicina do Trabalho. Várias foram as razões que me fizeram tomar essa decisão, mas destaco duas: primeiramente, a possibilidade – digo, a obrigatoriedade – de ser um profissional multidisciplinar, que me levou a adquirir conhecimentos em áreas como Direito, Administração, Gestão de Pessoas e Engenharia, além de outras competências; em segundo lugar, a possibilidade de atuar em uma área que se encontra carente de atenção e que tem potencial de ajudar muita gente. Muita gente mesmo! Nós, médicos do trabalho, temos muito o que descobrir sobre nossa tarefa e importância. Os números de acidentes de trabalho, de casos de adoecimento e de processos trabalhistas demonstram que nosso país precisa criar uma cultura voltada para prevenção e promoção da saúde. E isso não se restringe ao ambiente de trabalho. Mas, como consultamos todas as pessoas legalmente empregadas neste país – além de termos grande poder de influência na tomada de decisão de grandes, médias e pequenas empresas –, vamos lá! Mãos à obra! Temos uma responsabilidade enorme no processo de criação dessa cultura. Não realizamos nosso trabalho para cumprir normas ou evitar que empresas sejam multadas. Precisamos lembrar que lidamos com pessoas (na grande maioria, humildes), que precisam de suporte e orientação. E, muitas vezes, mesmo que por obrigação legal, o único médico a quem têm acesso é o médico do trabalho. Então, apesar de toda a multidisciplinaridade que nossa atividade exige de nós, não podemos nos esquecer do diploma que detemos. É um caminho árduo, mas, com a ajuda de nossos colegas, podemos trilhá-lo. Eu tenho a imensa alegria de poder agradecer pelo suporte, pela orientação e pelo direcionamento que tive de todos os caros amigos que me auxiliaram em minha jornada. Não nomearei nenhum, na certeza de que cometerei injustiças. Mas ainda temos um longo caminho. O jubileu e a história da AMIMT demonstram o quanto a Medicina do Trabalho evoluiu nesses 50 anos. Sou associado com muito orgulho e espero poder contribuir para que continuemos nessa constante evolução da nossa nobre profissão.

SÃ&#x201C;CIO

JAQUELINE PASCHOAL AZAN DE CASTRO

á 25 anos, me matriculava na Faculdade de Medicina de Barbacena, após sete anos consecutivos tentando vestibular. Mas, como minha mãe sempre dizia, quando eu colocava uma coisa na cabeça, nem abrindo arrancava. Fiz o curso e vim para Belo Horizonte para fazer a residência de Clínica Médica e Pneumologia na Santa Casa. Um grande amigo e colega de faculdade se mudou para sua cidade, no Norte de Minas, e me deixou de “presente” todos os seus empregos, entre os quais uma pequena clínica de Psicologia que prestava serviço de recrutamento e seleção para a maioria das empresas de vigilância armada da Grande BH. E lá ia eu, duas vezes por semana, examinar esses trabalhadores numa salinha pequena e abafada, mas tentando o meu melhor, pois me encontrava no meio do furacão do meu primeiro ano de residência. Isso foi em 1992. Em 1994, surgiu a grande mudança nas normas regulamentadoras – praticamente intactas desde a Portaria 3.214, de 1978 –, que modificou minha vida profissional. Estava terminando minha residência e tinha que tomar uma decisão importante: ou seguia carreira na especialidade escolhida, ou mergulhava de cabeça nesse novo cenário. E não me arrependo da opção escolhida em nenhum momento. Durante todo esse tempo trabalhei em grandes empresas, ajudei a construir, aprendi, continuo aprendendo sempre. E sabe do que mais tenho orgulho? De hoje ser parte da AMIMT, que sempre se destaca no cenário brasileiro pela lisura e correção. E se faço parte hoje da diretoria é porque fiz a coisa certa, não? Obrigada à Medicina do Trabalho por tudo o que tenho hoje em minha vida e pelo que ainda pretendo construir.

SÃ&#x201C;CIO

KELLEN CRISTINA DE OLIVEIRA SILVA LEMOS

u me formei em 1993. Especializei-me em Nefrologia em 1999. Trabalhei exclusiva e apaixonadamente por vários anos, até conhecer a Medicina do Trabalho, que me completou profissionalmente. Optei, desde então, por permanecer quase todo o tempo no exercício dessa especialidade. Aprofundei meus estudos nessa área e descobri uma forma diferente de praticar saúde, muito mais abrangente, com possibilidades de transformar um indivíduo ou uma coletividade, um ambiente, uma comunidade, a sociedade e a mim mesma. São muitas dificuldades enfrentadas no dia a dia dessa atividade, muito atores envolvidos, muitas limitações e exigências a serem atendidas. Tenho observado progressos na saúde do trabalhador a cada ano que passa, mas ainda há muito caminho a ser percorrido. E o grande passo, a meu ver, virá quando cada especialista se vir como tal, atuando com afinco, técnica, ética, exigindo a valorização que essa profissão merece, pela demonstração dos bons resultados e benefícios que traz quando executada nessas condições.

SÓCIO

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LETÍCIA LOBATO GÁRIOS

raduei-me em Medicina em 1984, pela UFMG, e, em seguida, fiz residência em Clínica Médica no Hospital Evangélico em Belo Horizonte. Ao concluí-la, fui trabalhar como médica assistente nas Lojas Americanas, onde tive o primeiro contato com a Medicina do Trabalho, decidindo, assim, cursar a especialização. Percebendo as mudanças que se iniciavam no cenário da saúde e segurança no Brasil e buscando sempre o aprimoramento profissional, idealizei uma clínica que pudesse atender aos trabalhadores de pequenas e médias empresas com qualidade, profissionalismo e ética. A partir de então, objetivando crescimento profissional, procurei me especializar em áreas importantes da Medicina do Trabalho – a Psiquiatria e a Perícia Médica. Hoje, atuo também como perita oficial e assistente técnica em perícias judiciais, além de ser consultora em Psiquiatria para Médicos do Trabalho.

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LÍLIAN CALDEIRA ALVES PEREIRA

inha trajetória na Medicina do Trabalho começou antes mesmo da minha história na Medicina. Ainda adolescente, ouvia as histórias do meu pai, exemplar engenheiro de segurança e gestor de SESMT. Os anos se passaram, o sonho de ser médica se tornava realidade. A paixão pela profissão e a vontade de ajudar o outro fizeram com que eu quisesse seguir várias especialidades diferentes ao longo da vida. Tudo me encantava. Na dúvida, optei por trabalhar na Aeronáutica no meu primeiro ano de formada. Experiência única! Ao fim do ano de 2012, as indecisões deram lugar à certeza: seria médica do trabalho. Hoje, estou certa de que a admiração pelo meu pai contribuiu para essa decisão. Queria ser parte daquele mundo, que tanto me encantou quando adolescente. Sinto-me extremamente realizada. Afinal, nossa especialidade é complexa e exige conhecimento de todas aquelas áreas que um dia pensei em seguir. E mais: requer conhecimentos que vão muito além da Medicina. Espero permanecer toda a vida nessa linda especialidade e contribuir para seu constante reconhecimento.

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LUCIANO JARDIM

inha história na Medicina do Trabalho teve início ainda no terceiro ano de Medicina, em Pouso Alegre, quando cursava essa disciplina. Frequentemente, meu professor (Chico Barbosa) passava em nossa república convidando a mim e a meus colegas a acompanhá-lo em exames periódicos nas empresas. Como não havia aulas práticas no currículo, eu sempre aceitava, pois era uma oportunidade de aprendizado. A partir de então, passei a considerar a possibilidade de atuar nessa área. Concluí o curso de graduação e logo procurei especializar-me. Hoje, refletindo sobre esses 25 anos, percebo o quanto minha atuação pôde contribuir para a melhoria do bem-estar físico, mental e social de diversos trabalhadores da região, além de estimular as empresas onde trabalho a entender que saúde não é somente ausência de doença. Há três anos, em minha atividade mais recente, como docente da disciplina Saúde do Trabalhador da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), procuro estimular meus alunos a valorizar muito um item específico da anamnese: “Com o que você trabalha?”. Se eles, em suas especialidades, firmarem diagnósticos precisos, terei cumprido minha missão.

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LUÍSA ALVES BASQUES

urante a faculdade, a Medicina do Trabalho não foi uma matéria que me despertou grande interesse. Eu me formei na UFMG, em julho de 2008, com vontade de fazer Anestesiologia. Não passei na prova de residência e, enquanto estudava para o ano seguinte, procurei um emprego como médica examinadora. Comecei a buscar conhecimento na área e acabei me interessando muito pela especialidade. Cursei a pós-graduação em Medicina do Trabalho da Faculdade Ciências Médicas – MG entre 2010 e 2012. Optei por fazer o estágio do curso na Cemig, onde tive o prazer de conhecer, conviver e aprender muito com a Dra. Walneia e a Dra. Paulete. Ao final do estágio, fui convidada a permanecer na empresa, o que aceitei com muita felicidade. Hoje tenho muito orgulho da minha especialidade e continuarei sempre buscando aprimorar-me para melhor exercê-la.

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LUIZ CLÁUDIO BOURGUIGNON CASSOLI JÚNIOR

pós dois anos de formado, ingressei, em junho de 2008, como médico examinador na Associamed III, em João Monlevade, empresa que gerencia as prestadoras de serviço na ArcelorMittal. Em agosto do mesmo ano, me matriculei no curso de Medicina do Trabalho da Faculdade Ciências Médicas – MG, sob a coordenação do Prof. Hudson Couto e da Profa. Sandra Gasparini. Concluí o curso no fim de 2010 – ano em que fui contratado como médico do trabalho na ArcellorMittal Monlevade – e fui aprovado na prova de título em 2015. Atualmente, sou diretor técnico da Clínica Vida Saúde Ocupacional e já estou perto de completar dez anos de Associamed III e oito anos de ArcelorMittal, além de prestar consultoria a muitas empresas na região. Sou comprometido com a especialidade e acredito que, atuando com ética, respeito e responsabilidade, conseguiremos enobrecer ainda mais a nossa categoria!

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MARINA DE FREITAS AGUIAR

ormei-me em 2013 e escolhi a Medicina do Trabalho como especialidade. Encontrei nela a oportunidade de prevenir e controlar doenças e acidentes, estimular hábitos de vida saudáveis, gerenciar riscos, ofertar um trabalho seguro individualmente, atentando-me às limitações que porventura alguém apresente. Ainda no período em que cursava a especialização, fui convidada pela Dra. Walneia – atual presidente da AMIMT – a fazer parte da Associação. Comecei assessorando os diretores durante a gestão da Dra. Letícia Gários e, atualmente, componho a diretoria, o que para mim é motivo de orgulho e estímulo para exercer a especialidade. Fazer parte da AMIMT significa aprimorar constantemente meus conhecimentos e constitui uma oportunidade de ter em meus colegas uma grande família, que acolhe e auxilia nos conflitos diários que o médico do trabalho enfrenta e dá forças para seguir em frente na missão de preservar sempre a saúde dos trabalhadores. Como em qualquer especialidade, os estudos nunca acabam. Após obter o título de especialista em 2017, iniciei a pós-graduação em Higiene Ocupacional e o MBA de Gestão em Serviços de Saúde. Procuro aprimorar meu trabalho constantemente, em busca de atuar da maneira mais ética e correta perante empresa e trabalhador.

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NAIARA CABRAL SABINO DE PÁDUA

atural de Uberaba (MG), cursei Medicina na Universidade de Uberaba e desde minha formação acadêmica acompanho as atividades de Medicina do Trabalho na clínica AMO, da qual sou sócia, junto com meu marido, o também médico do trabalho Dr. Carlos Henrique Santos de Pádua, minha grande inspiração nessa especialidade. Antes mesmo de concluir a graduação, em maio de 2011, ingressei na pós-graduação de Medicina do Trabalho e estagiei na área. Descobri na Medicina do Trabalho a possibilidade de unir a característica de liderança e gestão à tão amada medicina preventiva. Construí minha história profissional dedicando-me à consolidação da marca AMO, me tornei médica examinadora na Universidade de Uberaba e atuei em diversas grandes empresas da cidade. Logo ao concluir a pós-graduação, fui promovida à coordenadora do SESMT da Universidade de Uberaba e, após algum tempo, me tornei supervisora. Hoje me dedico a esse serviço, paralelamente à coordenação técnica da clínica AMO. Também realizo atividade de assistência técnica pericial e luto pela conscientização da importância da imunização no âmbito ocupacional como proprietária da AMO Prevenir, clínica de vacinação, também localizada em Uberaba. Em sintonia com o Dr. Carlos Henrique Santos de Pádua, busco destacar a importância da Medicina do Trabalho para a sociedade, por meio da consciência de que somos a base para que o povo possa produzir sem se destruir. Defendemos a tese de que o trabalho é inerente ao ser humano e a dignidade é um direito descrito na Constituição. Tenho a Medicina do Trabalho como principal atividade e me sinto extremamente realizada como profissional, que objetiva contribuir cada vez mais para o reconhecimento da categoria.

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PAULA CHRISTINA

ascida em Itaúna (MG), mudei de minha cidade aos 17 anos, quando fui aprovada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde me graduei em Medicina, em 2012, e concluí minha pós-graduação em Medicina do Trabalho. Em 2015, ao retornar para Minas Gerais, já em Belo Horizonte, optei por refazer a especialização em Medicina do Trabalho na Faculdade Ciências Médicas – MG, com o objetivo de me integrar a profissionais da minha área. Foi justamente nessa época, quando tive o privilégio de ser aluna de pessoas que se tornaram para mim exemplos de profissionalismo, conhecimento, ética e valores, que me apaixonei cegamente pelo meu trabalho. Meu maior objetivo na carreira? Ser reconhecida pela excelência no meu trabalho. Isso é possível? Claro que sim! Amo o que faço e faço porque amo a Medicina do Trabalho!

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PAULO ALMAS

ou médico do trabalho, perito judicial e da Previdência. E integro atualmente a diretoria da AMIMT. Após a conclusão do curso de Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora, passei a trabalhar como clínico em Pitangui (MG), em consultório próprio, e em Onça de Pitangui (MG), no Centro de Saúde. A partir de 1984, passei a atuar como médico da Cia. Tecidos Santanense, ao lado do meu amigo Waldemar Campos. Já com um interesse maior voltado para essa área, em 1990, aprimorei minha formação me especializando em Medicina do Trabalho da Faculdade Ciências Médicas – MG. Em 1994, fui aprovado pela ANAMT, obtendo o registro de especialista na área. Mesmo com todo o reconhecimento que a Medicina do Trabalho possui, a especialidade sofreu e sofre ainda hoje uma discriminação oriunda do desconhecimento da população. No início, quando eu dizia que era médico do trabalho, ouvia sempre a pergunta: “Mas qual é mesmo a sua especialidade? E já emendavam: “Cardiologia, Cirurgia ou outra ‘ia’ qualquer?” Quando respondia que era Médico do Trabalho, vinha um arremate jocoso, mas eivado de simbolismo: “Ah, então o doutor só faz atestados para o empregado. Mas o senhor é tão jovem para ficar fazendo isso...”. Difícil era explicar que o exercício da Medicina do Trabalho não se resumia a preencher atestados e que, para atuar na área, ser velho não era pré-requisito, nem estar próximo da aposentadoria. Árdua tarefa, pois a maioria dos profissionais era especialista em outras áreas e se dedicava à Medicina do Trabalho como um “bico”. No meu caso, havia mais um agravante: eu era perito do INSS, e isso me colocava no imaginário popular como pertencente ao rol dos profissionais da Medicina que provavelmente “estudaram menos que os demais”. O tempo passou, comecei a fazer perícias na Justiça do Trabalho e hoje, após quase 30 anos, não preciso mais explicar o que é Medicina do Trabalho ou informar minha “especialidade”. Percebo que aquele pequeno grupo da AMIMT, constituído em 1990, hoje lota os auditórios em seminários de alta cientificidade. E que, graças aos conhecimentos adquiridos, posso trabalhar em diversas cidades de Minas, atendendo nomeações de diversos juízes. Fico feliz ao perceber o crescente número de médicos recém-formados que abraçam a especialidade e, principalmente, que a Medicina do Trabalho é uma opção para o médico jovem. Aproveito este breve relato para me manifestar sobre a importância da AMIMT, que, com um trabalho sério, promoveu o reconhecimento da especialidade em Minas Gerais.

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PIETRO MENDES BIANCHETTI

ão 25 anos vivenciando a Medicina do Trabalho, especialidade que escolhi e que tenho orgulho de exercer visando à promoção e à preservação da saúde do trabalhador. Ao longo dos anos, pude observar a importância de uma maior atenção à anamnese e ao exame ocupacional. Para ilustrar, relato um caso ocorrido durante uma avaliação periódica de saúde de uma trabalhadora, em cujo exame físico detectei uma massa abdominal até então desconhecida, que não manifestava sintomatologia. Encaminhei-a para propedêutica, e, após alguns dias, a colaboradora retornou ao meu consultório chorando e dizendo que eu salvara sua vida. Tratava-se de um GIST, tumor estromal gastrointestinal, que foi detectado precocemente – graças a isso, a paciente foi submetida a cirurgia e obteve cura total. O exame ocupacional é a oportunidade para que nossos trabalhadores tenham acesso aos cuidados de saúde e sejam orientados quanto à prevenção de doenças e à melhoria da qualidade de vida. Por isso, saliento a importância de ouvir as queixas e realizar um minucioso exame clínico.

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RAQUEL DE ALMEIDA MOREIRA

ou especializanda em Medicina do Trabalho. Ainda não tenho história para contar, mas tenho muitas expectativas. Quis ser médica desde a infância. Filha de pai cardiologista e mãe médica do trabalho, por influência materna escolhi a Medicina do Trabalho e, atualmente, sou assessora de Comunicação na AMIMT. Especialidade linda e desafiante, que exige conhecimento em todas as áreas médicas. O trabalhador é o nosso paciente, e sua saúde e segurança é a nossa responsabilidade. O que espero da minha carreira como médica do trabalho? Espero atuar dentro dos princípios da ética e ter conhecimento científico e sensibilidade para exercer a especialidade em prol da saúde, segurança e bem-estar do trabalhador.

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RODRIGO FERREIRA LOBATO

inha história com a Medicina do Trabalho se iniciou ainda no quarto ano da graduação, desde quando acompanhava minha irmã Letícia Lobato Gários, exemplo de profissional e pessoa, em sua atividade. Confesso que, ao me formar, apresentei certa resistência a seguir carreira na Saúde Ocupacional. Porém, com o tempo, fui tomado por uma vontade contagiante de ser médico do trabalho. Não somente por influência de Letícia, mas também porque percebia aos poucos que o meu lado preventivo e, digamos, “cuidador” vinha à tona. Desde então, a Medicina do Trabalho e as perícias médicas passaram a ser o meu vício, atividades que me realizam e me deixam mais motivado a cada dia, na busca incansável da minha realização profissional. Aproveito para deixar aqui minha homenagem a Letícia e a seu marido, Marcelo Gários, engenheiro de Segurança do Trabalho, pilares para o meu crescimento e aprendizado.

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RODRIGO PIRES DO RIO

m 1984, fui convidado, juntamente com outro colega, para implantar o serviço de Medicina do Trabalho da Emater-MG – a empresa custeou nosso curso de Medicina do Trabalho na Faculdade Ciências Médicas–MG. Trabalhamos a partir daqueles conhecimentos e de estágios na Fiat, Cemig e Telemig e sob a supervisão do coordenador do setor de Organização e Métodos da empresa. Estruturamos o serviço, seus processos, protocolos, formulários, em 1985. Em 1986, fui convidado para trabalhar como médico do trabalho na Telemig, sob a coordenação de Tácito Guimarães Sobrinho, um excelente tutor e mestre em Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional. Lá trabalhamos em interação com o setor de Segurança do Trabalho. Fazíamos todos os exames médicos ocupacionais e cumpríamos a prática de “trocar” todos os atestados de Belo Horizonte. O empregado levava o atestado, nós fazíamos a anamnese e, se necessário, o exame clínico. Vários empregados foram direcionados para um caminho propedêutico e terapêutico melhor. Diagnosticamos quadros como neurinoma do acústico, que havia sido tido como perda auditiva comum. Encaminhamos outro empregado, com apendicite aguda, que tinha sido tratado com vermífugo. O prontuário de Medicina do Trabalho da Telemig era composto de seis páginas, que traziam a sequência de vários exames médicos ocupacionais. Audiometrias eram coladas em ordem temporal, assim como exames complementares. Esse prontuário permitia uma visão de conjunto, que nos ajudava muito a acompanhar visualmente a evolução da saúde dos empregados. Lá foi constituído também um comitê de ergonomia, do qual fiz parte, que tinha caráter multidisciplinar: médico, técnico de segurança, engenheiro e psicólogo faziam parte. Todos nós fizemos formação em Ergonomia com Hudson Couto, financiados pela empresa. Esse comitê trabalhou bastante durante o auge dos diagnósticos de LER/ DORT. Cada caso suspeito, além de ser avaliado pela Medicina do Trabalho, era também submetido à análise do comitê. A Telemig digitalizou todas as informações relacionadas à Medicina do Trabalho. Foi um grande aprendizado participar desse processo de informatização, ainda em plataforma mainframe. Pouco antes de Tácito deixar a empresa, ele publicou um levantamento de patologias registradas em sistema de computador durante 12 anos. Conclusões relativamente esperadas – como maior número de dias de afastamen-

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to por doenças cardiovasculares, problemas de saúde mental e maior volume de atestados por problemas respiratórios – se somaram a outras, como a descoberta de que cerca de metade dos atestados ortopédicos em homens era derivada da prática de futebol. Fui convidado a participar de um grupo de treinamento em controle do estresse e incumbido de fazer um levantamento médico dos conceitos da doença. A Telemig preparava os empregados para o choque que muitos não desejavam, mas a respeito do qual os diretores não tinham dúvida: a transformação da estatal monopolista em empresa privada. Além de prepará-los para algo muito mais grandioso – as rápidas e impressionantes transformações que viriam a agitar a nossa história e a história global. A partir dessa experiência, escrevi o livro “O Fascínio do Estresse”, cuja primeira edição foi financiada pela Telemig, e a segunda e terceira, pela editora Dunya/Qualytmark. Ao ser informado pela empresa sobre o andamento do processo, busquei uma forma de sair dela antes que todo o trabalho excepcional fosse destruído no processo de privatização. A oportunidade que surgiu foi no Sistema Fiemg, onde, como contratado do SESI, coordenei a Saúde Ocupacional, em 1995 e 1996. O aprendizado de gestão foi relevante, e gerenciei a Saúde Ocupacional em Belo Horizonte, além de implantar cerca de 12 polos em cidades médias de Minas Gerais. Junto com uma pequena equipe, desenvolvi um Plano de Saúde Ocupacional para o Sistema Fiemg, base de todo esse trabalho. Diante da necessidade de ter um mínimo de padrão para o PCMSO (naquele momento só tínhamos uma norma geral), escrevi primeiramente o livro “PCMSO: Guia Prático”, que alcançou mais de 3.000 exemplares e serviu como base para a elaboração de grande parte dos primeiros PCMSOs em várias regiões do Brasil. Logo após essa publicação, pela editora Health, elaborei uma síntese da metodologia do livro para servir como padrão para o Sistema Fiemg. Solicitei ao coordenador da Engenharia uma síntese metodológica para o PPRA. Começamos, então, a desenvolver parcerias em Belo Horizonte e nos polos do interior. Tivemos algumas boas experiências e outras ruins, que revelaram a falta de formação técnica e ética por parte de profissionais da Medicina do Trabalho. No Sistema Fiemg, coordenei em 1996 o primeiro Seminário Internacional sobre LER realizado no Brasil. Convidamos profissionais das mais diversas tendências e instituições. A única entidade importante

que se recusou a participar foi o INSS. Agradeço a amizade e o apoio de Mário Parreiras, que falou em nome da Delegacia e do Ministério do Trabalho, além de todo o auxílio prestado durante o período em que estive à frente da Saúde Ocupacional do Sistema Fiemg. Pressionado pela exuberância da LER naquele momento, fiz uma revisão extensa da bibliografia mundial sobre o tema, que deu origem ao livro “LER/DORT: Ciência e Lei”. Nessa obra tive a honra de contar com a apresentação de René Mendes e ser prefaciado pelo titular do Serviço de Ortopedia da Universidade de Washington. A LER foi antes de tudo um embate político. Enquanto os trabalhadores apontavam qualquer dor nos membros superiores como LER, o lado patronal dizia que nada era LER. Busquei um ponto de equilíbrio que tivesse base científica sustentável, apoiado na avaliação do estresse pessoal, social e no trabalho. Desenvolvi uma metodologia sistêmica para avaliar as diversas dimensões da saúde e apresentei esse modelo em palestra em São Paulo, no Congresso Mundial de Segurança do Trabalho. Em 1996, deixei o Sistema Fiemg e passei à consultoria privada, por meio de cursos, palestras, seminários, levantamentos ergonômicos e consultoria propriamente dita. Algumas das empresas para as quais prestei serviços são: Vitran; Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG); Tangará Alimentos; Açominas; Petrobras; Cemig; Fundação Dom Camilo; Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO); Supermercado Bretas; Minas Tênis Clube; Superior Tribunal de Justiça Militar; Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Associação Brasileira de Odontologia – Regional Minas Gerais; Banco Rural; Banco de Brasília; e Ambev. Na década de 1990, tive a honra de ser convidado e de participar de duas diretorias da AMIMT – uma como vice-presidente e outra como tesoureiro. Essa foi uma das mais importantes experiências da minha vida como médico do trabalho e muito me ajudou no futuro profissional. Durante esse período conheci alguns dos membros mais experientes da atual diretoria. Em 2017, tive novamente a honra de ser convidado pela atual presidente Walneia para retornar à diretoria dessa honorária entidade. Dentro da AMIMT pude acompanhar mais de perto o desenvolvimento da Medicina do Trabalho em Minas Gerais e no Brasil. Espero contribuir da melhor maneira possível para o engrandecimento dessa Associação e da especialidade. Ainda naquele período, fiz especialização em ergonomia no IEC-

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-PUC Minas. Escrevi o livro “Ergonomia: Fundamentos da Prática Ergonômica”, cuja primeira edição saiu pela Health, e a segunda pela LTR. Trabalhei durante o fim da década e início da seguinte como perito em várias causas judiciais relacionadas à Medicina do Trabalho. Também publiquei nesse período, em parceria com Licínia Pires, o “Manual de Ergonomia Odontológica”, que foi editado pelo CRO-MG e distribuído gratuitamente para dentistas mineiros. Entre 2008 e 2014, fui médico do trabalho da TV Globo Minas, onde pude aprender muito sobre as condições de trabalho dos trabalhadores em meios televisivos e também de jornalismo digital. Desde 2006, trabalho na Unidata, empresa que produz e opera equipamentos de abastecimento e armazenamento automatizado de combustíveis, que se iniciou na Medicina do Trabalho com um PCMSO feito às pressas para se tornar fornecedora da então Vale do Rio Doce e hoje possui as certificações ISO 9001 e OHSAS 18001. Atende clientes como Vale, Anglo American, Ipiranga, VLI, Latino América Logística, Fiat Chrysler, dentre outros. O rigor das normas internas da empresa e da fiscalização dessas contratantes, além do trabalho de Gestão Integrada de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, contribui para a manutenção de uma Medicina do Trabalho de alto nível.

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SINVAL ALVES DA SILVA FILHO

ascido em Pedro Leopoldo (MG), sou médico e aqui resido e trabalho até os dias de hoje. Formei-me pela Faculdade de Medicina da UFMG, em 1980. Possuo os títulos de especialista em Medicina do Trabalho e Otorrinolaringologia pela AMB e respectivas associações representativas. Atuando em Pedro Leopoldo, inicialmente como otorrinolaringologista, comecei a ter demanda de exames audiológicos, pareceres e perícias médicas relacionadas ao trabalho, o que me chamou a atenção para a Medicina do Trabalho. Em 1986, fiz pós-graduação na área. Desde então, venho exercendo plenamente essa querida especialidade. Em 1994, criei em Pedro Leopoldo a Clínica Labore Saúde Ocupacional, primeira empresa do ramo a obter a Certificação ISO 9002 em Minas Gerais e também a primeira a se certificar na Revisão ISO 9002:2015. Já naquela época, atuava em empresas do ramo de cimento e siderurgia. Desde 2005, sou médico do trabalho e coordenador do PCMSO da empresa LafargeHolcim Brasil. Em resumo, essa é minha trajetória na Medicina do Trabalho, especialidade que espero continuar a exercer por muitos anos ainda.

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WALNEIA CRISTINA DE ALMEIDA MOREIRA

raduei-me em Medicina em 1990 e, em 1992, me especializei em Medicina do Trabalho pela Faculdade Ciências Médicas – MG. Iniciei minha vida como médica do trabalho na Copasa e, em 1994, por meio de concurso público, ingressei no quadro de saúde da Cemig, onde atuei até maio de 2017, quando me aposentei. Em 1997, iniciei minha atuação como perita judicial, atividade que exerço até os dias de hoje. Como trabalhava em uma grande empresa, tinha facilidade para conseguir dados para estudos científicos e sempre os encaminhava para apresentação em congressos e seminários. Em 1997, a convite da Dra. Elizabeth Costa Dias, assumi a Diretoria Administrativa da AMIMT e permaneci no cargo por três mandatos. Desde então, minha vida como médica do trabalho se confunde com minha vida associativa. Entre 2004 e 2007, a convite do Prof. René Mendes, assumi a diretoria financeira da ANAMT e, no mesmo período, integrei a Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do CRM-MG. Em 2009, buscando aprimoramento profissional, cursei MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getulio Vargas, o que veio abrir horizontes em relação à gestão de saúde dos trabalhadores. No mesmo ano, fui eleita presidente da AMIMT, exercendo os mandatos 2009-2011 e 2011-2013. Em 2012, montei o SESMT da Ação Contact Center, em Belo Horizonte, uma grande empresa do ramo de teleatendimento, onde atuo como coordenadora. Em 2016, fui convidada a coordenar o PCMSO da LCM Construção – empresa que atendo ainda hoje. No início de 2017, recebi o convite do Dr. Fernando Mendonça para ocupar o cargo de delegada representante da Medicina do Trabalho no Sindicato dos Médicos de Minas Gerais e, em novembro do mesmo ano, fui novamente eleita presidente da AMIMT, cargos que ocupo atualmente. Durante todo esse tempo dedicado à Medicina do Trabalho, os maiores reconhecimentos foram ter sido agraciada com a medalha Mérito Capital pela Academia Mineira de Medicina e convidada para lecionar a disciplina Ética em Medicina do Trabalho na Faculdade Ciências Médicas. Com toda certeza, posso dizer que me realizei como médica ao escolher a Medicina do Trabalho como minha especialidade.

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MEMÃ&#x201C;RIA DOCUMENTAL

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Carta de GetĂşlio de Melo e Silva para JosĂŠ de Laurentys Medeiros sugerindo o nome de Oswaldo Paulino para Presidente de Honra do DEMETRA

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Correspondência de José de Laurentys Medeiros reconhecendo a importância do trabalho da diretoria do DEMETRA

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Primeira lista de nomes dos fundadores da AMIMT

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Os sรณcios-fundadores da AMIMT (1973)

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Materiais de divulgaĂ§ĂŁo dos eventos da AMIMT ao longo dos anos

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GALERIA DE FOTOS

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23Âª JORNADA DA AMIMT

25Âª JORNADA DA AMIMT

29Âª JORNADA DA AMIMT

30Âª JORNADA DA AMIMT

12ª JORNADA DA SAÚDE OCUPACIONAL

24ª Jornada da AMIMT – Ouro Preto

Seminário Sudeste – 2012

29ª Jornada da AMIMT

23ª Jornada da AMIMT

29ª Jornada da AMIMT

30ª Jornada da AMIMT

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