Caderno do Professor Guerra e Paz

Page 1

caderno do professor

REALIZAÇÃO E DIREÇÃO

APOIO

PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO

APOIO FINANCEIRO

caderno do professor PATROCÍNIO


caderno do professor LENA JESUS PONTE NADYA FERREIRA JESUS



sumário apresentação

4

cronologia ilustrada

6

o pintor do novo mundo

16

israel pedrosa

a restauração dos painéis guerra e paz

20

cláudio valério teixeira e edson motta junior

declaração sobre uma cultura de paz  organização das nações unidas (onu)

23

propostas de atividades

1. painéis da guerra e da paz  26

2. o palácio gustavo capanema – arquitetura e arte  30 3. mutirão do restauro  32 4.“paz sem voz não é paz, é medo!”  34 5. rap da paz  36 6. haicai

– poesia da delicadeza

39

7.“o coração do mundo é a pulsação da gente”  41 8. brincando de ser criança  45 9. dançar a paz é mais gostoso  50 10. de repente, o cordel

53

11. “brigas nunca mais”  59 12. “fui lata, hoje sou prata”  62 13. a luta contra a guerra, a guerra pela paz  66 14. “liberdade liberdade, abre as asas sobre nós”  71 15. “a mão está sempre compondo”  76 notas

80

referências

Portinari pintando o painel Guerra no galpão da TV Tupi. Rio de Janeiro, 1955.

80


APRESENtação

Caros professores Vocês, com seus alunos, participaram das atividades do Programa Educativo Guerra e Paz – visitas guiadas para acompanhamento de fases do restauro dos painéis de Candido Portinari e oficinas de arte, realizadas no Ateliê Aberto, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, de fevereiro a maio de 2011. Agora vocês têm em mão o Caderno do Professor, para o desdobramento das ações pedagógicas deflagradas pela visita ao Ateliê Aberto. Este material, nas escolas, possibilitará a exploração ainda maior de toda a riqueza da obra de Portinari. A primeira parte deste Caderno contém informações básicas sobre o artista e sua obra, bem como sobre a história dos painéis Guerra e Paz, detalhando informações que já constavam do folder distribuído durante as visitas guiadas. A segunda parte oferece a vocês, professores, propostas de atividades discentes, de caráter interdisciplinar, abrangendo Língua Portuguesa, Artes e História. A realização do projeto pedagógico que impulsiona a programação do Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz só foi possível com o patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência de fomento do Ministério de Ciência e Tecnologia.

4


PROPOSTAS DE ATIVIDADES As atividades deste Caderno destinam-se aos alunos do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, aos alunos do Ensino Médio e aos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa abrangência não constitui problema, do ponto de vista pedagógico, na medida em que as propostas de atividades possibilitam ao professor efetuar as adaptações que se façam necessárias – flexibilizando, reduzindo, simplificando, desenvolvendo, aprofundando cada uma delas –, de acordo com o contexto de ensino-aprendizagem. As propostas têm como objetivo mais amplo estimular a solidariedade e a harmonia na escola e na família, contribuindo para promover uma cultura de paz na sociedade. É exatamente nesse sentido que se enfatiza a execução em grupo das atividades (estímulo à cooperação e à liderança positiva), bem como a participação integrada, em algumas propostas, dos diversos atores da comunidade escolar: diretores, alunos, professores, orientadores educacionais, familiares. Os objetivos específicos consistem na ampliação do universo cultural dos alunos e no desenvolvimento das seguintes capacidades: atenção, observação, concentração, organização, disciplina, compreensão, interpretação, expressão e comunicação verbal e não verbal, relacionamento de fatos e ideias, análise, síntese, senso crítico, argumentação, pensamento criativo, colaboração, avaliação e autoavaliação, flexibilidade. Os três grandes eixos temáticos que norteiam todo o conjunto das atividades são a guerra, a paz e a arte de Portinari. Deixando claro que, coerentemente com os painéis do artista, abordamos “guerra” e “paz” de forma simbólica, como situações e contextos associados a esses conceitos. Assim, paz é harmonia, fraternidade, justiça, tolerância, respeito, preservação, alegria; guerra é conflito, desunião, injustiça, intolerância, agressão, destruição, sofrimento. As atividades propostas – pesquisa, leitura, entrevista, visita, análise de filmes, produção de textos, confecção de trabalhos de artes plásticas, criação de coreografia, dramatização, produção musical, entre outras –, já diversificadas em função do próprio caráter interdisciplinar e da abrangência do públicoalvo, variam, também, quanto a ferramentas e recursos didáticos utilizados. Concluindo, a obra de Portinari – em especial os painéis Guerra e Paz – inspirou a concepção deste Caderno, cujas propostas de atividades abrem espaços de comunicação, construção, comunhão, respeito e liberdade – fundamentos de uma Cultura de Paz.

5


cronologia ilustrada

1920

1903 Candido Portinari nasce a 30 de dezembro na fazenda de café Santa Rosa, próxima à cidade de Brodowski, Estado de São Paulo, na época um pequeno lugarejo com cerca de 700 habitantes. É o segundo dos 12 filhos de Baptista Portinari e Dominga Torquato, ambos italianos da região do Vêneto, na Itália, que migraram para o Brasil no final do século XIX, momento de expansão da cultura cafeeira.

1918 Passa por Brodowski um grupo itinerante de pintores e escultores italianos que decoravam igrejas de pequenas cidades do interior. Candido é chamado para ser ajudante, juntamente com Modesto Giordano, seu companheiro de infância, que relata: “Ele (Portinari) ficava lá trabalhando. Cedo, era o primeiro que chegava lá [...] quase nem ia comer em casa [...]. [Era] doente para aprender a arte de pintor”.

Portinari matricula-se como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), cursando regularmente as aulas de desenho figurado. Encontra ali um ambiente contraditório e tenso, marcado por normas rígidas.

1922 Portinari expõe pela primeira vez e recebe Menção Honrosa por um retrato, provavelmente de seu amigo Ezequiel Fonseca Filho. Portinari na ENBA.

Baptista Portinari e Dominga Torquato.

1906

Casa da Família Portinari em Brodowski.

Baptista e Dominga deixam a fazenda e se estabelecem como comerciantes em Brodowski, parada para os trens apanharem café e ponto de passagem de retirantes em busca de trabalho.

1911 Portinari frequenta a escola em Brodowski, provavelmente entre 1911 e 1916, não indo além do terceiro ano do curso primário.

1919 Candido Portinari parte para o Rio de Janeiro em companhia da família Toledo, amiga dos Portinari e proprietária de uma pensão na avenida Passos, nº 44. Portinari aí se instala, prestando pequenos serviços. Na capital, ingressa no Liceu de Artes e Ofícios. Baile na Roça

1924

1914 Aos 10 anos, Portinari faz o Retrato de Carlos Gomes, primeiro desenho seu de que se tem registro.

6

Escola de Brodowski. Portinari é o primeiro, de pé, na terceira fila, à direita, de baixo para cima.

Retrato de Carlos Gomes

Portinari se submete ao júri de seleção do Salão da ENBA com sete retratos e a tela Baile na Roça, sua primeira obra temática brasileira, pintada durante as férias de verão passadas em Brodowski. Os retratos são aceitos, mas Baile na Roça é recusado.


1929

Portinari a bordo do Bagé, com Helena Duarte e Campos de Oliveira.

Retrato de Olegário Mariano

Portinari faz sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel-RJ, iniciativa da Associação dos Artistas Brasileiros, dirigida por Celso Kelly. Embarca para a Europa no navio brasileiro Bagé. Em Paris, instala-se provisoriamente em Montparnasse, reduto dos artistas na época. Logo se muda para o Hôtel du Dragon e inicia sua programação de estudos. Decide não frequentar a Académie Julien, como era praxe entre os premiados da ENBA.

Palaninho

1928 Ano decisivo na trajetória artística de Portinari. O pintor apresenta 12 obras à XXXV Exposição Geral de Belas Artes e ganha o Prêmio de Viagem à Europa, com o Retrato de Olegário Mariano. A imprensa destaca a vitória do artista.

De Paris, escreve a uma colega na ENBA: …Palaninho é da minha terra, de Brodowski. …Vim conhecer aqui o Palaninho, depois de ter visto tantos museus, tantos castelos e tanta gente civilizada… Aí no Brasil eu nunca pensei no Palaninho… …Daqui fiquei vendo melhor a minha terra - fiquei vendo Brodowski como ela é. Aqui não tenho vontade de fazer nada… Vou pintar o Palaninho, vou pintar aquela gente com aquela roupa e com aquela cor...

Maria Victoria, Montevidéu Foto: Faig

1932 1930 Participa da exposição coletiva de arte brasileira em Paris – Exposition d’Art Brésilien (Exposição de Arte Brasileira), realizada no Foyer Brésilien, com duas obras: um retrato e uma natureza morta. Conhece Maria Victoria Martinelli, jovem uruguaia de 19 anos – radicada com a família em Paris – sua companheira de toda a vida.

Maria e Candido Portinari no apartamento- ateliê da Lapa.

Circo

Portinari apresenta mais de 60 obras em exposição individual no Palace Hotel, promovida pela Associação dos Artistas Brasileiros. Pela primeira vez, o artista expõe telas de temática brasileira, enfocando cenas de infância, do circo e de cirandas.

Os Despejados

1931 O casal regressa ao Brasil. Candido Portinari traz na bagagem seis obras: três naturezas mortas, um nu, um autorretrato e um pequeno retrato de Maria. De volta, recomeça a pintar intensamente para garantir a sobrevivência do casal.

Mestiço

1934 Portinari pinta Os Despejados, sua primeira obra com temática social. A tela Mestiço é adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, primeira instituição pública a incluir uma obra de Portinari em seu acervo.

7


1935

1939

A convite de Celso Kelly, é contratado para lecionar pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (UDF), Rio de Janeiro.

Em 20 de janeiro, o presidente Getúlio Vargas decreta a extinção da UDF, encerrando, consequentemente, a carreira de Portinari como professor.

Participa da exposição do Instituto Carnegie, em Pittsburgh, com a tela Café, conquistando a Segunda Menção Honrosa. O artista realiza quatro grandes painéis para o Monumento Rodoviário, na rodovia Washington Luís, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo.

1938 Portinari realiza centenas de estudos a carvão, crayon, têmpera, guache e aquarela para a execução dos 12 murais em afresco para a sede do Ministério da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema.

Nasce seu filho João Candido.

Trabalhador

Café

Portinari pinta os painéis Jangadas do Nordeste, Cena Gaúcha e Noite de São João para o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York, cujo projeto arquitetônico é de Lucio Costa e Oscar Niemeyer.

Portinari e o filho João Candido.

Museu Nacional de Belas Artes. O presidente Getúlio Vargas visita a Exposição acompanhado do Ministro da Educação Gustavo Capanema.

Algodão

Trabalhador

Turma de alunos da UDF. Portinari ao centro. Atrás dele, de pé, está o escritor Mário de Andrade.

É inaugurada no Museu Nacional de Belas Artes a maior exposição de Portinari, com 269 obras. O catálogo tem prefácio de Manuel Bandeira e Mário de Andrade.

8


1940 Participa da Latin American Exhibition of Fine Arts (Mostra Latino-Americana de Arte), no Museu Riverside de Nova York, com 35 obras. A Exposição Portinari of Brazil (Portinari do Brasil), com aproximadamente 180 obras, é realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), e posteriormente percorre diversas cidades americanas.

1944

1942 São inaugurados os murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso, em Washington. Os painéis apresentam uma temática histórica latino-americana. Portinari pintando os murais da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso Americano, Washington. Foto: Thomas D. McAvoy

Santa Luzia e São Pedro (detalhe da Capelinha da Nonna). Museu Casa de Portinari, Brodowski.

Exposição Portinari no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Foto: Kazys Vosylius

1941

1943

A Universidade de Chicago edita o álbum Portinari, his Life and Art (Portinari, Vida e Arte).

É inaugurada uma exposição individual de Portinari no Museu Nacional de Belas Artes, com 168 trabalhos.

Portinari pinta a Capelinha da Nonna, em Brodowski, num dos cômodos da casa da família, para sua avó Pellegrina. Os santos que decoram as paredes são feitos em tamanho natural e retratam pessoas de sua família.

Memórias Pósthumas de Braz Cubas, de Machado de Assis, primeiro livro publicado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, é ilustrado por Candido Portinari.

Inaugura exposição na Galeria de Arte da Universidade de Howard, em Washington.

Portinari participa da exposição comemorativa dos 15 anos de fundação do MoMA – Art in Progress (Arte em Progresso) – com as obras Espantalho e Colonos Carregando Café.

Criança Morta

Portinari pinta os painéis da série Retirantes.

Retirantes

Enterro na Rede

Painel de azulejos, Igreja de São Francisco de Assis, Pampulha, Belo Horizonte, MG.

É concluído o conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte, encomenda do então prefeito Juscelino Kubitschek a Oscar Niemeyer, incluindo a Igreja de São Francisco de Assis, decorada por Candido Portinari com azulejos na parte externa e pintura mural no interior.

9


1947 1945 A crescente preocupação política de Portinari leva-o a candidatar-se a deputado federal. Sua plataforma defende uma Constituinte soberana, com base no apoio popular à cultura, à sindicalização dos camponeses, contra a carestia, a inflação, o latifúndio e o Integralismo.

Apresenta sua candidatura ao Senado pelo PCB, mas perde a eleição por pequena margem de votos.

1948 É exposto no Teatro Solis, em Montevidéu, o painel A Primeira Missa no Brasil, pintado para a nova sede do Banco Boavista, no Rio de Janeiro.

Inaugurada sua primeira exposição individual na Argentina, no Salón Peuser, em Buenos Aires, com 91 obras.

Portinari volta ao Brasil e, em dezembro, faz uma exposição retrospectiva no MASP, em São Paulo.

Propagada política.

A Primeira Missa no Brasil

Portinari pintando Retirantes, Rio de Janeiro.

Portinari com amigos e familiares em Montevidéu.

Portinari com Nicolás Guillén e grupo de visitantes na sua exposição. Montevidéu. Foto: Justicia Galeria Charpentier, Paris. Foto: Agence France Presse

1946 A Galeria Charpentier, em Paris, inaugura exposição de Portinari com 84 trabalhos. O governo francês condecora Portinari com a Legião de Honra.

10

O governo do Presidente Eurico Dutra intensifica a perseguição aos comunistas. Em novembro, Portinari parte para o Uruguai em exílio voluntário. Em dezembro, a família Portinari vai ao encontro do artista.

Tiradentes


1952 Portinari faz o painel A chegada de D. João VI à Bahia, encomenda do Banco da Bahia.

1950 Visita, pela primeira vez, Chiampo, cidade natal de seu pai, na região do Vêneto.

1949 Portinari inicia o painel Tiradentes para o Colégio de Cataguases, em Minas Gerais. É convidado a participar, em Nova York, da Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, mas a Embaixada Americana nega-lhe o visto de entrada.

Recebe a Medalha de Ouro da Paz, por sua obra Tiradentes, no II Congresso Mundial dos Partidários da Paz, em Varsóvia.

O Secretário Geral das Nações Unidas anuncia oferta, feita pelo governo brasileiro, de dois painéis (Guerra e Paz), que serão executados por Portinari, e que decorarão um dos salões da nova sede da ONU.

A Chegada de D. João VI à Bahia

Portinari junto com familiares italianos. Chiampo, Itália.

Portinari é intimado a comparecer à Polícia Central para prestar esclarecimentos por sua participação na Universidade do Povo.

Exposição de Portinari, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.

1953

1951 Portinari participa da I Bienal de São Paulo.

É internado no Rio de Janeiro, após sofrer hemorragia intestinal. O diagnóstico aponta para o uso de determinadas tintas contendo metais pesados, como chumbo, cádmio e prata. Após dez anos sem expor individualmente no Rio de Janeiro, Portinari inaugura mostra com 100 obras no Museu de Arte Moderna – MAM.

11


1956 1954 Inaugura exposição individual no Museu de Arte de São Paulo – MASP com mais de 100 obras, entre elas, duas maquetes para os painéis Guerra e Paz da ONU.

Portinari entrega Guerra e Paz. Os painéis, de 14m x 10m cada um, foram realizados a óleo sobre madeira compensada naval, durante nove meses, com a ajuda de Eurico Bianco e Rosalina Leão.

Por determinação médica, Portinari fica algum tempo sem pintar. O chumbo das tintas é a causa da doença. “– Estou proibido de viver”, diz Portinari. Museu de Arte de São Paulo – MASP. Foto: Alice Brill

1958 1957 É inaugurada exposição individual de Portinari na Maison de la Pensée Française, em Paris, patrocinada pela Embaixada do Brasil. A exposição é apresentada depois em Munique e em Colônia, na Alemanha.

Candido Portinari, Presidente Juscelino Kubistcheck e Sra. no Theatro Municipal.

Portinari inaugura na Galleria del Libraio, em Bolonha, na Itália, sua primeira exposição individual na terra de seus pais. O artista é intimado judicialmente a depor no Departamento Federal de Segurança Pública, sendo indiciado com Oscar Niemeyer, Arnaldo Estrela, Dalcídio Jurandir e outros pelo trabalho desenvolvido na Escola do Povo.

Meninos a Cavalo

1955 É assinado o contrato entre Portinari e o Ministério das Relações Exteriores para a execução dos painéis Guerra e Paz, cujos estudos já se encontram bastante adiantados. Portinari participa da III Bienal de São Paulo com sala especial, hors concours, e apresenta 12 estudos para o painel Guerra, todos eles de grandes dimensões. Agraciado com a Medalha de Ouro concedida pelo International Fine Arts Council – IFAC – , de Nova York, como o melhor pintor do ano.

12

Exposição dos painéis Guerra e Paz no Theatro Municipal, Rio de Janeiro, RJ.

Antes de seguirem para a sede da ONU, em Nova York, o Presidente da República, Juscelino Kubitschek, inaugura a exposição dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi a primeira e única vez que Portinari viu Guerra e Paz erguidos. Na inauguração da exposição, o Presidente Kubitschek entrega a Portinari a Medalha de Ouro concedida pelo Internacional Fine Arts Council, em 1955. Portinari realiza a série D. Quixote, constituída por 22 desenhos a lápis de cor, encomendada pela editora José Olympio, para ilustrar os poemas de Carlos Drummond de Andrade.

Inauguração dos painéis Guerra e Paz, na sede da ONU, Nova York.

São doados à ONU, em cerimônia oficial, os painéis Guerra e Paz. Portinari não é convidado a comparecer à cerimônia, em virtude do seu envolvimento com o Partido Comunista, sendo representado pelo embaixador Cyro de Freitas-Valle. Dando início a sua atividade literária, Portinari começa a escrever Retalhos de Minha Vida de Infância.

1959 Portinari participa da exposição itinerante Artistas Brasileiros na Europa, organizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ilustra o livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego, editado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil. A V Bienal de São Paulo realiza retrospectiva da obra de Portinari com 127 obras.


1960 Nasce Denise, neta de Candido Portinari. Nesse dia, Portinari escreve: “– Minha neta me libertará da solidão.” O artista prosseguirá representando sua neta em poesia e em pintura. É publicado na Itália o livro Brasil, Dipinti di Portinari (Brasil, Pintura de Portinari).

1961

1962

Em viagem à França, é impedido de entrar no país pelo governo francês. Após negociações, recebe um visto de 60 dias, com a condição de não fazer declarações políticas.

Portinari falece em 6 fevereiro, intoxicado pelos metais pesados contidos nas tintas. O velório é realizado no Edifício Sede do Ministério da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema. Estavam presentes o ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek, Hermes Lima, representando o Presidente João Goulart, os líderes comunistas na clandestinidade, Luis Carlos Prestes e Carlos Marighela, e o líder anticomunista e governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda.

Retorna ao Brasil com a saúde comprometida. Realiza sua última exposição individual em vida, na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro.

A Presidência da República emite nota de pesar e é decretado luto oficial de três dias no Estado da Guanabara.

Portinari faz três painéis em azulejos: Frevo e Peixes, para o Pampulha Iate Clube, projeto de Oscar Niemeyer, e Pombas, para um edifício em Paris.

Peixes

Velório do artista no prédio do Ministério da Educação e da Saúde Pública, Rio de Janeiro.

Denise com Pássaro

Frevo

Pombas

13


Meninos no Balanço, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 25 x 24,5cm Estudo para o painel Paz

Paz, 1955 Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis de cor/papel 51 x 36,5cm Estudo para painel Paz

14

Mulher e Criança Chorando, 1955 Desenho a grafite e pastel/cartolina 32,7 x 22,7cm Estudo para o painel Guerra


A OBRA

15


O Pintor do Novo Mundo Israel Pedrosa Intervenção no Colóquio Internacional Portinari em Paris: 1946-2009, PUC-Rio, novembro de 2009

16

Menino com Cata-Vento,1955 Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel 31,5 x 15,5cm Estudo para o painel Paz


Sempre que se quis definir Portinari, a partir da visão de sua obra, essa definição atingia uma tal abrangência que ultrapassava em muito a caracterização, simplesmente humana, do pintor. Foi assim quando de sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, em que foi apresentado como Portinari of Brazil, formulação que lhe dava o foro de pintor nacional de seu país. No catálogo da exposição Cem Obras-Primas de Portinari, realizada pelo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), seu diretor Pietro Maria Bardi o qualificara como “um intérprete das misérias do Terceiro Mundo”. Antônio Bento, algum tempo depois, o denominou simplesmente: O Pintor do Terceiro Mundo. Ao reduzir o termo, Bento ampliava-lhe o sentido, como que dissesse ser ele não apenas o intérprete das misérias mas também das lutas, alegrias e esperanças comuns a esse universo majoritário de nosso planeta. Hoje, passadas várias décadas desses esforços de definição, delineia-se claramente o perfil de Portinari como o de O Pintor do Novo Mundo. Epíteto que, ultrapassando o significado simplesmente geográfico, representa sobretudo o novo mundo social e espiritual que o perene labor humano vem construindo, como fruto de seus melhores anseios: a Nova Era de que Paul Klee e David Alfaro Siqueiros sonhavam ser os pioneiros. E que realmente o foram, cada um a seu modo. Este Novo Mundo, de que Portinari viria a ser seu grande intérprete e magno representante, é o Novo Mundo que começa a emergir em meio às lutas e às aspirações, não apenas dos visionários das regiões periféricas e dos atuais países emergentes, mas também de toda a humanidade progressista. Mundo de paz, de trabalho produtivo, de alegria, felicidade e amor entre os seres humanos, e de fraterna confiança entre os povos. (...)

O Realismo do século XX Se aplicarmos à obra de Portinari o conceito de John Ruskin de que para a análise da obra de arte a primeira pergunta a se fazer é: – o que ela nos ensina? a resposta será o espanto. Veremos que melhor que nos compêndios de História, de Economia, de Sociologia ou de Política, o relato visual de Portinari expressa os mais avançados conceitos da cultura de seu tempo, que aponta sempre para um horizonte promissor. Tomada em seu conjunto, sua obra é como um imenso painel que aborda todos os aspectos da alma humana e da vida social, da miséria e desgraça, aos anseios da bem-aventurança terrestre. O brilho do olhar de seus miseráveis e degradados seres amoráveis tem a chama reivindicativa da esperança. Sua obra, expressão coerente de sua generosa visão de mundo, não decorre apenas de um “otimismo da vontade” em meio ao “pessimismo da razão”. É expressão de uma razão combatente que, em meio à adversidade, revela os lenitivos de uma cantata ao porvir. (...) Sem desfalecimento, a obra de Portinari assume autêntica expressão do Realismo do século XX.

17


(...) A universalidade de seu vocabulário plástico é ao mesmo tempo a única forma de expressão de seu postulado estético. É com ela que desde o início de sua saga ele revela um universo novo para a historicidade da arte. Daí surgem as reminiscências rurais de sua infância, o cenário humilde das nascentes metrópoles, cenas e alma da vida brasileira. A singeleza ou a monumentalidade dessas visões estão expressas nos murais da casa de Brodósqui, da capela da Pampulha, do Ministério da Educação, da Biblioteca do Congresso, em Washington, e dos painéis e quadros que percorreram o território das três Américas.

Os painéis Guerra e Paz Para Portinari, os últimos anos da década de 1940 e os primeiros da seguinte são marcados pela realização de seus grandes painéis móveis: A Primeira Missa no Brasil (1948), Tiradentes (1949), Chegada de D. João VI ao Brasil (1952), Guerra e Paz (1952-1956). Em 1952, atendendo a convite do Itamaraty, Portinari inicia a realização das maquetes dos dois imensos painéis (14m x 10m cada um) para a decoração do edifício sede da ONU, em Nova York. Edifício projetado por Le Corbusier, e em cuja elaboração trabalhara Oscar Niemeyer. Os temas escolhidos para os painéis foram a Guerra e a Paz. Síntese das preocupações e objetivos primordiais dos trabalhos das Nações Unidas. Decorridos quatro anos de árduo trabalho, no dia 5 de janeiro de 1956 os imensos painéis foram entregues ao Ministério das Relações Exteriores. Durante o período de sua realização, a imprensa do País e do exterior acompanhou com interesse o trabalho do artista. Ao ser anunciado o seu término, desencadeou-se imenso movimento de opinião pública liderado por eminentes intelectuais, artistas e organizações culturais e até por sindicatos operários, desejando a exposição dos painéis no Brasil, antes de seu envio para Nova York. Atendendo a esse clamor geral, o Itamaraty organizou a mostra dos painéis Guerra e Paz, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, transformando-o no mais amplo salão de exposição visto no Brasil, até então, e no templo reverencial de um momento específico de nossa contribuição à historicidade artística da humanidade. No dia 27 de fevereiro de 1956, na presença do Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, e altas autoridades, de representantes políticos de todas as tendências, de intelectuais, de artistas e de eufórica multidão em clima de júbilo nacional, foi inaugurada a extraordinária mostra. Pouco mais de um ano depois, ante o secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjold, e representantes do Brasil, embaixador Cyro de Freitas-Valle e ministro Jayme de Barros, em setembro de 1957 foram inaugurados no edifício sede da ONU, em Nova York, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari.

18


Considerações gerais Em 2007, marcando o cinquentenário da inauguração dos painéis, o Projeto Portinari publicou o livro comemorativo da efeméride: Guerra e Paz – Portinari. Nele, eu afirmara que os dois painéis constituíam “um discurso visual uno em sua complexa complementaridade sobre os extremos da desgraça e da bem-aventurança, na trágica e comovedora visão pintada por Portinari. Nas páginas da História da Arte, em que surgem incontáveis guerras datadas e localizadas, como as de Troia e do Peloponeso, pintadas por Eufrônio, as Batalhas de San Romano e Anghiari, de Paolo Uccello e de Da Vinci, ou Guernica, de Picasso, todas são narradas por cenas que as identificam, localizam e datam. Com os recursos próprios ligados ao tempo da pintura, cada uma delas participando da variada gama de conceitos que vai do heroísmo à dor e ao desespero ou defendendo um solo, uma ideia ou uma causa que as particularizam. A abordagem de Portinari é outra. Não identifica guerra alguma, como se afirmasse que em essência todas se equivalem no desencadeamento de horror e animalidade. Nenhuma arma identificável, em Portinari; a cavalgada apocalíptica que corta a cena em todas as direções, com seu cortejo de conquista, guerra, fome e morte, não traz as cores bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco ou o amarelo. É o azul que domina. Uma trágica e dorida sinfonia em azul, passando por toda sua escala. Os tons escuros, soturnos, ricos em variadas e profundas nuanças violáceas, desenham as cenas sobre fundo de claros azuis de reflexos verdátreos, tendentes aos leves citrinos. Contrastando com esse universo azulado, valorizando-o cromaticamente, em contraponto tonal, o cavalo manchetado de carmim, a carnação de rostos, braços e pés saindo das vestes escuras, surgem em vibrantes alaranjados que vão das sombras trevosas violáceas, aos quase vermelhos e rosas de intensa crepitação luminosa. Nesse clima de violentos contrastes, de soturna féerie, o tropel ininterrupto liberta as feras que aterrorizam o mundo. (...) Realçado por clara luz, um eremita desnudo, de pé em penitência, cobre os olhos com as mãos, em prece e lamento. Figuras em grupo compacto, genuflexo, braços levantados com as mãos espalmadas e rostos voltados para o céu, nesse cenário de morte deixam transparecer uma aragem de força e vida, de condenação à própria existência da guerra”. No painel Paz, tal como acontece em seu par: “são múltiplas as reminiscências de obras anteriores de Portinari, como também são vários os vestígios desses trabalhos em quadros posteriores do Mestre. O que significa dizer serem eles elos coerentes de uma imensa produção pictórica da mais alta representatividade do poder criador do século XX (...). O que emana desse painel, nos enleva e encanta, mais que a ideia de paz e da paz, é a própria paz que nos invade ao contemplá-lo. É a sensação de penetrarmos num universo sereno, de comunhão fraterna no trabalho produtivo, num reino mágico de cores reluzentes, do som da ciranda de jovens num canto universal de fraternidade e confiança, ou da candura dos folguedos infantis. Com todos esses tons dourados, alegres, crepitantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível. Dia virá em que a humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.”

19


A restauração dos painéis Guerra e Paz Cláudio Valério Teixeira Edson Motta Junior

Detalhe do painel Paz: esbranquiçamento da superfície da tinta é visível em toda metade inferior do painel.

Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz, no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, 2011.

20


Os dois painéis monumentais intitulados Guerra e Paz foram pintados por Candido Portinari entre 1952 e 1956 para o Hall dos Delegados da Sede das Nações Unidas, em Nova York. O artista usou tintas a óleo. A estrutura dos painéis é composta pela junção de quatorze módulos menores, de madeira compensada fina, que, unidos pelo verso por parafusos, formam um todo, cuja dimensão total é de 14m (altura) x 9,53 m (largura) para Paz e 14m (altura) x 10,58m (largura) para Guerra. O estado de conservação das obras mostra os efeitos da exposição à luz, à poluição urbana e a mudanças dos níveis de umidade relativa. Essas condições ambientais fizeram com que poeira e fuligem se acumulassem na superfície da tinta, atribuindo às pinturas uma aparência acinzentada e encardida, que reduz a intensidade cromática e diminui a escala de contrastes, valor vital para obras que querem transmitir o drama da guerra e a alegria da paz. Além disso, a instabilidade dos níveis de umidade ao longo dos anos provocou o desprendimento de tinta, especialmente nos locais de empastamento, e fez aparecer, em áreas onde a tinta é mais fina, rachaduras e micro-ondulações na madeira compensada, indicando o começo de um processo de descolamento das camadas de madeira que formam a placa de compensado naval. A exposição à luz foi a causa mais provável das áreas esbranquiçadas que se concentram em alguns campos de cor; mas investigações científicas mais detalhadas serão necessárias para a identificação e posterior tratamento dessas alterações, pois, apesar de não representarem ameaça à integridade física da obra, traem substancialmente a intenção do artista, comprometendo a beleza da pintura. O processo de conservação e restauração de Guerra e Paz será discreto e minimalista, e adotará procedimentos e materiais que respeitam a integridade física e estética das obras. A limpeza da superfície será feita com métodos que empregam pequenos percentuais de produtos químicos diluídos em água, além de gomas macias especiais para o recolhimento da poeira e da fuligem; a tinta em descolamento será fixada com adesivos similares aos que Portinari usou na preparação dos painéis, evitando assim a introdução de materiais estranhos aos que foram empregados pelo artista. Estão previstas, também, pequenas intervenções onde a camada de tinta foi danificada. Nesses locais as lacunas serão niveladas, texturizadas e retocadas com tintas apropriadas para restauração. Estas serão aplicadas com um minúsculo pontilhado para que as áreas de restauro sejam fáceis de localizar e não sejam confundidas com as tintas pintadas pelo mestre. Uma solução diluída de uma resina estável poderá ser usada para aumentar a profundidade das tintas e acentuar a intensidade das cores, mas o belíssimo contraste entre áreas brilhantes e foscas, comum na pintura moderna e tão valorizado pela riqueza plástica que atribui à obra, será preservado. A vinda dos painéis Guerra e Paz para exposição e restauração no Brasil é um orgulho para todos nós e uma oportunidade para apresentarmos a estudantes, estudiosos e ao público interessado os modernos procedimentos e técnicas de restauro usados no Brasil. Além disso é simbólico que este trabalho seja realizado num prédio que é um marco do Modernismo brasileiro e onde se encontram outras obras-primas da pintura mural de Candido Portinari.

21


“O que Portinari carrega como um manancial inesgotável é sua maneira de nos oferecer sua paixão pela vida e pela vida compartilhada, como um ensejo para melhor conhecê-la e nos deslumbrarmos com ela, com suas dores e alegrias, sempre capazes de se misturarem uma na outra e de se alternarem uma pela outra. Isto quer significar que a presença da obra de Portinari pode mobilizar a vida da escola, de seus educadores e educandos, através de comoções estéticas, que precisam ser também aprendidas. Afinal, seu pensamento genial e sua sensibilidade tocante, além de cartografar os corpos em movimento do Brasil, capta e enreda as generosidades e as conflitividades das paisagens sociais brasileiras e com elas da própria humanidade em seus apelos de paz. (…) Quantas lições poderemos proporcionar aos nossos professores e estudantes com a convivência de Candido Portinari entre as experiências escolares? As pesquisas educacionais vêm confirmando que não aprendemos sem redes complexas de relações, sem vontade, sem questões, sem dilemas e necessidades que façam sentido para nossas vidas. Memorizações rígidas pouco ajudam no encaminhamento e enfrentamento dos desafios. Urge pensar e sentir, como ações entrelaçadas historicamente, para irmos produzindo sinergias educacionais e políticas que potencializem as aprendizagens como modos de sentir, pensar e atuar na vida, modificando-a.” Célia Linhares Professora Titular de Política Educacional da Universidade Federal Fluminense

22

Mãos, 1955 Desenho a grafite, crayon e crayon colorido/papel 12 x 13cm Estudo para o painel Paz


Declaração sobre uma Cultura de Paz Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados: a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; b) No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são, essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional; c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; e) Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do meio ambiente para as gerações presente e futuras; f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento; g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens; h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e informação; i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.

Artigo 1º da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz – Assembleia Geral – Organização das Nações Unidas – 19991

23



propostas de atividades “(...) majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia.” João Candido Portinari, a respeito dos painéis Guerra e Paz, de Portinari. Pintar ou viver. Guerra e Paz, p.147

“O tema é o homem” Candido Portinari. Guerra e Paz, p.148

Menino com Diabolô, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 21 x 15,5cm Estudo para o painel Paz


proposta 1

Painéis da guerra e da paz

Trabalhar na escola uma Cultura de Paz é o objetivo principal de todas as propostas de atividades. A arte de Portinari nos painéis Guerra e Paz é o fio condutor para que os professores de Língua Portuguesa, de História, de Artes e de outras áreas de conhecimento possam desenvolver esses temas na escola. Nesta primeira proposta, especificamente, os estudantes são convidados a dialogar com os painéis do artista, criando seus próprios painéis de guerra e de paz, inspirados na realidade que os cerca e com reutilização de materiais descartados.

sugestões de atividades

a) A cultura da paz • Leitura do texto Declaração sobre uma Cultura de Paz, na página 23 deste Caderno. O professor solicita a vários alunos que leiam em voz alta cada um dos itens do texto à maneira de um jogral.

“Trabalhe sempre com gosto. Se cansar de uma técnica, passe para outra. Mude a cor do papel ou o tema da pintura. Mas conserve o amor.” (Candido Portinari, citação de Maria Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 37)

• Debate sobre o texto lido. Exemplos de alguns questionamentos possíveis: Por que se estabelece comumente uma relação direta entre educação e respeito à vida humana? É aceitável a ideia de que os fins justificam os meios? Como conciliar desenvolvimento e proteção ao meio ambiente? O que teria originado, na maioria das culturas, a discriminação de gênero? A liberdade de expressão, opinião e informação deve ser incondicional? Há alguns valores e/ou atitudes abordados no texto que não vêm sendo observados no seu ambiente escolar?

b) A guerra e a paz em Portinari • Leitura dos seguintes fragmentos a respeito dos painéis Guerra e Paz, de Portinari: “A guerra seria representada através do sofrimento do povo e não de soldados em combate.” (Antônio Bento. Guerra e Paz, p. 48)

No painel Paz “(...) camponeses plantando, camponeses colhendo, o espantalho, os batedores de arroz, homens, mulheres e meninos que cantam.” (Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)

• Localização, no painel Guerra, dos elementos mencionados no primeiro frag-

mento, ou seja, imagens de sofrimento do povo; >

identificação, nesse painel, de imagens da mãe com o filho morto no colo – símbolo da dor máxima da humanidade; questionamentos: A que referência religiosa e artística essas imagens remetem? Em que medida essas imagens representam ruptura dramática com o futuro?

• Localização, no painel Paz, dos elementos mencionados no segundo fragmento, ou seja, imagens de alegria do povo.

26


• Seleção, nos dois fragmentos, de vocábulos a serem agrupados em dois con-

juntos: 1º) área 2º)

de significação de tragédia, fúria e drama;

área de significação de lirismo, ternura e poesia.

c) Recriando Guerra e Paz • Seleção e recorte, em jornais e revistas, de palavras, frases, manchetes, imagens, associadas às ideias de violência e de não violência. • Criação de dois painéis: um, da guerra; outro, da paz. Utilização do material selecionado e recortado, além de sucata, tinta, lápis cera, etc. • Exposição dos painéis no espaço da escola, junto com reproduções ampliadas dos painéis de Portinari, para visitação pela comunidade escolar (familiares, professores, alunos, funcionários). Comparação entre os painéis dos alunos e os de Portinari (personagens, situações, materiais, técnicas).

d) A década de 1950 no Brasil e no exterior • Pesquisa histórica sobre o período em que foram criados os painéis Guerra e Paz (1952-1957). Assuntos, relacionados tanto a guerra quanto a paz, que podem ser desenvolvidos e debatidos nas aulas de História: reflexos do fim da Segunda Guerra Mundial; a Guerra Fria; o temor de uma guerra nuclear; o papel da ONU; lançamento do Sputnik I pela União Soviética; suicídio do Presidente Getúlio Vargas; o governo de Juscelino Kubitschek; entre outros.

Um fato importante

Em 1956, “Portinari entrega os painéis Guerra e Paz para serem doados à ONU. Antes de seguirem para os Estados Unidos, os painéis são expostos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na inauguração da exposição o Presidente Juscelino Kubitschek entrega a Portinari a Medalha de Ouro pelo International Fine Arts Council, como melhor pintor do ano.” 2

“Mesmo diante da ameaça à própria vida, que sobreveio quando completara 50 anos, Portinari não recuou, aceitando o desafio mortal e enfrentando o trabalho maior de toda a sua vida: os murais Guerra e Paz para a sede da ONU em Nova York. O mais universal, o mais profundo, também, em seu majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia.” (João Candido Portinari. Guerra e Paz, p.147)

27


escala humana

Guerra, 1952–1956 Painel a óleo/ madeira compensada 1400 x 1058cm


Paz, 1952–1956 Painel a óleo/madeira compensada 400 x 953cm

escala humana


proposta 2

O Palácio Gustavo Capanema – Arquitetura e Arte Esta proposta abre a possibilidade de que os estudantes visitem o Modernismo, na Arte e na Arquitetura. Entre as várias atividades, a de pesquisa histórica a respeito do Palácio Gustavo Capanema reforça a necessidade de preservação desse importante patrimônio histórico, que abriga, em 2011, os painéis Guerra e Paz para restauração. Inspirados nos murais de azulejos desse Palácio, criados por Candido Portinari, os estudantes podem exercitar sua criatividade.

sugestões de atividades

a) Conhecendo o Palácio Gustavo Capanema • Pesquisa, por parte da turma, em enciclopédias e na internet, sobre os seguintes temas: Cana, 1938 Pintura mural a afresco 280 x 247cm Pau-Brasil, 1938 Pintura mural a afresco 280 x 250cm

1º) 2º)

características do Modernismo na arquitetura brasileira; importância do Palácio Gustavo Capanema na arquitetura da cidade do Rio de Janeiro;

3º)

artistas que participaram da concepção do projeto de construção do Palácio;

4º)

murais de azulejos de Candido Portinari;

>

fichamento, pela turma, das informações coletadas.

Divisão da turma em 4 grupos para distribuição, entre eles, dos temas pesquisados. • Elaboração, pelo primeiro grupo, de esquema relativo ao primeiro tema, com base no fichamento realizado; >

apresentação do esquema, com explicações orais; projeção do esquema por meio de slide show.

• Redação, pelo segundo grupo, de texto dissertativo relativo ao segundo tema, com base no fichamento realizado; >

>

desenho da planta do Palácio para confecção de maquete, com utilização de madeira, papelão, sucata, etc., a fim de ilustrar a exposição desse tema; apresentação oral do texto e mostra da maquete.

• Redação, pelo terceiro grupo, de resumos dos dados biográficos dos artistas, com base no fichamento realizado para o terceiro tema; >

>

confecção de cartazes com os resumos, acompanhados de fotos dos artistas pesquisados; apresentação do trabalho.

• Redação, pelo quarto grupo, de resumo da história dos murais de azulejos criados por Candido Portinari, com base no fichamento realizado para o quarto tema; > >

30

registro fotográfico dos murais em seu conjunto e em seus detalhes; apresentação oral desse quarto tema; projeção das fotografias por meio de slide show.


“No céu, no mar, na terra!/ Canta Brasil!” (Música “Canta Brasil”, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser)

Fachada do edifício Gustavo Capanema Foto: Elisa Guerra

Estrelas-do-Mar e Peixes painel de azulejos 990 x 1510cm

b) Os motivos marinhos nos azulejos de Portinari

Mulher Reclinada, de Celso Antonio, 1940 Foto: Elisa Guerra

• Apreciação dos azulejos que enfeitam os pilotis do Palácio Capanema, para observação dos elementos marinhos e da forma decorativa de sua disposição no espaço. • Pesquisa de poemas cujo tema seja o mar; >

recitação dos textos pesquisados.

• Criação de poemas, frases, pensamentos com temas associados a mar; >

apresentação dos textos produzidos, com utilização expressiva da voz e dos gestos.

• Pesquisa de composições musicais cujo tema seja o mar, a exemplo das canções praieiras de Dorival Caymmi; >

audição das músicas pesquisadas.

• Composição de canções praieiras; >

apresentação das músicas criadas, com acompanhamento de instrumentos musicais (flauta, violão, teclado...).

• Criação de painéis decorativos (ao estilo dos murais de Portinari no Palácio Capanema), a serem expostos na escola. Sugestão de materiais: papéis coloridos, EVA, folhas de revistas, pedrinhas coloridas, massinhas de sopa, grãos, flores secas, contas, miçangas, paetês, purpurina, algodão, etc.; >

composição artística com elementos da terra (flores, plantas, cogumelos...);

>

composição artística com elementos do céu (estrelas, cometas, lua, sol, nuvens...).

Monumento à Juventude Brasileira, de Bruno Giorgi, 1947 Foto: Elisa Guerra

31


proposta 3

Mutirão do restauro

O foco desta proposta é a educação patrimonial. As atividades, principalmente de leitura, visita guiada e pesquisa histórica, conduzem ao objetivo final – procedimentos de “restauro”, pelos estudantes, de seu ambiente escolar. Isto dentro da perspectiva maior de que preservação e cuidado são fundamentos de uma Cultura de Paz.

sugestões de atividades

a) Preservar é preciso • Leitura do texto A restauração dos painéis Guerra e Paz, de Cláudio Valério Teixeira e Edson Motta Júnior, na página 21 do Caderno do Professor. • Redação, em grupo, de resumo do texto lido, para compreensão da importância cultural do restauro de um patrimônio; >

apresentação oral dos resumos pelos grupos.

Nessa etapa, o professor terá oportunidade de avaliar com os alunos a relevância das informações selecionadas para redação dos resumos. • Visita guiada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para apreciação do trabalho de restauração desse importante patrimônio cultural da cidade.

Guerra e Paz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1956.

Uma observação importante – No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1956, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, foram expostos pela primeira vez para o público brasileiro durante o governo de Juscelino Kubitschek, antes de seguirem para seu destino – a Sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Em dezembro de 2010, os painéis retornaram a esse teatro para exposição ao grande público antes de sua restauração no Palácio Gustavo Capanema.

b) Tem muita História...

Guerra e Paz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2011. Foto: Elisa Guerra

32

• Pesquisa sucinta pelos alunos, em grupo, a respeito da sua escola: Quando foi fundada? Quem a fundou? Quem lhe deu o nome e por quê? O nome da escola homenageia alguém? Quem é essa personalidade? O que realizou? A escola tem mais de uma unidade? A que nível(eis) escolar(es) atende? Que datas históricas são comemoradas pela comunidade escolar? Algum familiar, amigo, pessoa famosa já estudou nessa escola? > >

redação de resumos das informações obtidas na pesquisa; apresentação dos resumos ao professor de Informática, para criação, pelos alunos, de um site da escola; caso já exista, verificar a possibilidade de inserção dos conteúdos pesquisados.


“Quem ama cuida.” (Leonardo Boff)

c) Projeto “Passando a limpo a escola” O professor fará a leitura oral do texto a seguir, de Yanara Rodrigues3, 10 anos. A minha escola A minha escola é assim: Tem flores e jardim. Tem sala para ler. Tem sala para escrever. Ela é o máximo! Ela é um amor. Ela é o remédio da minha dor. Ela é o futuro da minha vida.

Sem ela não sei viver, Sem ela não sei ler, Sem ela não sei escrever, Sim, sem ela eu não sou nada. Com ela eu sei viver, Com ela eu sei escrever, Com ela eu sei ler, Com ela aprendo a ser boa e gentil Por isso ela é importante para mim.

• Identificação e registro de alguns elementos danificados, passíveis de recuperação, simples e imediata, no espaço da escola: livros, objetos, cortinas, luminárias, paredes, mobiliário, fotos, uniformes, etc. • Planejamento das ações de recuperação: >

>

constituição de equipes de trabalho (inclusão de alunos, familiares, professores, funcionários), para a recuperação e a produção de um documentário; distribuição de tarefas entre as equipes.

• Execução das ações de recuperação: colagem, costura, emenda, pintura, limpeza, etc.

d) Uma escola novinha em folha! • Produção de documentário, em vídeo e/ou fotos e/ou textos, sobre o processo de recuperação da escola: o “antes”; o “durante”; o “depois”; >

registros fotográficos; depoimentos e entrevistas em vídeo; redação de textos; confecção de cartazes.

• Realização de evento festivo com a participação de toda a comunidade escolar; >

exibição dos documentários;

>

apresentação dos objetos recuperados;

>

falas do(a) diretor(a) e de representantes de cada um dos segmentos da comunidade escolar, para os devidos agradecimentos e estímulo a novos projetos.

e) A nota que eu dou • Análise do processo de “restauro”, posteriormente, em sala de aula, com assistência do orientador educacional: Que achei do projeto? Que achei do processo? Que achei dos resultados? Corresponderam às expectativas? Como me senti ao participar? Eu fiz o melhor que podia? • Avaliação do projeto “Passando a limpo a escola”, com atribuição de notas de 1 a 10.

f) Preservação da paz • Debate: Como relacionar “restauro” a “paz”? >

síntese, em tópicos, das conclusões.

• Elaboração de texto dissertativo com base nas conclusões do debate.

33


proposta 4

“Paz sem voz não é paz, é medo!”4 Esta proposta consiste na criação de um jornal falado. Com essa atividade, os estudantes trabalham os fatos reais de violência, no sentido não apenas de informar, mas de refletir sobre eles – revelando sonhos, aspirações de mudança – e de propor soluções. A abordagem do conceito de utopia permite o engajamento das mais diferentes disciplinas.

sugestões de atividades

a)“É fácil se você tentar” 5 Divisão da turma em dois grupos, para produção de um jornal falado: grupo A, para noticiar situações de violência; grupo B, para noticiar situações de não violência. • Seleção, pelo grupo A, em jornais e revistas, de notícias reais de violência; >

paráfrase das notícias;

>

edição do material: organização, ordenação.

• Criação, pelo grupo B, de notícias que expressem a concretização de suas aspirações, anseios, desejos, sonhos – em relação a família, amigos, escola, bairro, cidade, país, mundo; >

redação dessas notícias;

>

edição do material: organização, ordenação.

• Criação, pelos alunos, do nome do jornal. • Apresentação do jornal em dias diferentes, na ordem A, B. Indicação de alunos de cada grupo para as funções de locutor, comentarista e analista; >

locução das notícias;

>

comentários;

>

análise.

b) Tem solução? • Debate, por parte dos espectadores (os demais alunos), sobre as soluções apontadas pelos analistas para os conflitos noticiados pelo grupo A. • Debate sobre a viabilidade de realização das aspirações expressas pelo grupo B.

“As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.” 34

(Candido Portinari, trecho do discurso dirigido a intelectuais argentinos, em 1947. Guerra e Paz, p. 153)


c) “Nenhuma razão para matar ou morrer”6 • Audição e canto, em coro, da seguinte música de John Lennon: Imagine. Imagine que não existe céu é fácil se você tentar que nem há inferno abaixo de nós acima de nós apenas o firmamento imagine toda gente vivendo só para o dia de hoje...

>

Imagine que não há países não é difícil conseguir isto nenhuma razão para matar ou morrer nem tampouco religiões imagine toda gente vivendo a vida em paz...

observação, na letra da música, de possíveis aspirações expressas pelo grupo B em suas notícias.

• Leitura extraclasse do livro O que é utopia, de Teixeira Coelho (Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense, SP,1980). • Debate sobre o conceito de utopia, com base na leitura do livro de Teixeira Coelho.

d) Reflexão • Interpretação livre, em sala de aula, do seguinte pensamento de Candido Portinari: “As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.”

Mãe e Filha, 1955 Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis cera/papel 39,5 x 28,5cm Estudo para o painel Guerra

35


proposta 5

Rap da Paz

A essência desta proposta é mostrar que a arte pode ser uma arma poderosa na luta pela paz. Aqui, a escola, como patrimônio de cultura, abre seus espaços para variadas manifestações artísticas e culturais contemporâneas – grafite, rap, breakdance, moda hip-hop –, possibilitando amplo engajamento interdisciplinar.

sugestões de atividades

a) “É bom você se ligar”

7

Divisão da turma em 5 grupos; distribuição, para cada grupo, de um dos seguintes temas relativos à cultura hip-hop: grafite, breakdance, indumentária, comportamento, música e poesia (rap). • Pesquisa, em grupo, sobre esses temas (internet, jornais e revistas); >

fichamento das informações coletadas.

• Redação de resumos, com base nos fichamentos realizados por parte de cada grupo; >

apresentação, por parte de cada grupo, do resumo redigido.

• Planejamento, por grupo, de uma atividade relativa à manifestação cultural pesquisada: >

grafitagem de um espaço da escola, previamente acordado com a direção;

>

improvisação de coreografias, para o tema “dança”;

>

desfile de modas, para o tema “indumentária”;

>

entrevistas, para o tema “comportamento”;

>

apresentação musical, para o tema “rap”.

b) “O rap é o caminho pra revolução”

8

• Audição do seguinte rap de MV Bill e leitura da letra: O crime nunca mais. Ahn, 1999, o voo da paz É bom você se ligar, é o bonde da justiça vai passar Ahn, háhá, agora o bicho vai pegar, pode crê Ahn, ahn, ahn, ahn, é bom você se ligar (Segura a onda então) As favelas não podem se dividir em partilho Somos a maioria o povo pobre corre perigo É o sangue da favela que está no chão Por isso uso a minha voz para pedir a união Cansei de ver o povo pobre apodrecer

36


Leituras dos estudos de Portinari para Guerra e Paz produzidas por grafiteiros da ONG Artefeito no encerramento da exposição dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Fotos: Elisa Guerra

(Candido Portinari. Jornal A noite, de 2 de março de 1956)

O meu comando é a paz a força pra sobreviver A nossa guerra é a arma poderosa do sistema Exterminar o preto favelado é o esquema E quando você se autodestruir novas cartas marcadas no baralho vão surgir Ahn, enquanto você cheira eu faço a minha rima Enquanto você fuma eu sigo a minha sina O meu comando é a paz, proponho a paz para vocês Somos mais um peão perdido nesse jogo de xadrez Viciados, alcoviteiros, homicidas, somos mais uma vítima desse jogo contra a vida O comando é a paz, o crime nunca mais (segura a onda então, seja um bom rapaz) O sistema administra nossa evolução Quem morde a isca facilita a manipulação Meu comando agora é a paz e a paz é meu partido Eu vejo dragão cuspindo fogo de dentro do presídio Gerando a destruição carcerária

“Pintar a guerra é mais fácil, mas pintar a paz é mais gostoso.”

O mesmo rango a mesma grade o mesmo ódio estampado na cara O amor traz a paz, a guerra desunião As muralhas do muro do inferno o destino da civilização Eu não nasci aqui não vou morrer assim Cabeça sem nada oficina do diabo enfim A luz que me conduz, seduz meu pensamento O sonho de liberdade viver em paz no juramento Sem polícia sem miséria sem malandragem Cobrindo de paz todas as favelas da cidade Quem sabe talvez o prêmio Nobel da paz Cabeça erguida voltar pro crime nunca mais. O comando é a paz, o crime nunca mais (segura a onda então, seja um bom rapaz) O governo prega a paz e financia a guerra Tenta nos convencer que somos de outra terra Todos me alertavam que eu corria perigo Mas ninguém me mostrava o verdadeiro inimigo

37


O benefício da lei não chegou na favela A paz não vai reinar se a justiça não impera Mas agora eu sei que não estou sozinho Vivo em outro Brasil mas encontrei o meu ninho Moço sai daí, tu tá numa roubada É um barril de pólvora uma canoa furada O rap é o caminho pra revolução O crime é o caminho pro campo de concentração A nossa arma é nossa voz nosso pensamento A munição atitude poesia e o sentimento Carrega minha cruz, desatam mil nós Brasil uhm, fazendo justiça com a própria voz O comando é a paz, o crime nunca mais (segura a onda então, seja um bom rapaz)

• Identificação, no rap de MV Bill, das características desse gênero musical, quanto a letra e melodia. Fotos: Elisa Guerra

• Relacionamento entre o conteúdo da letra e a pesquisa feita a respeito da cultura hip-hop. • Conversa, entre os alunos e o professor de História, sobre questões presentes na letra, passíveis de serem abordadas nessa disciplina: ideologia, sistemas econômicos, mídia, consumo, manipulação, classes sociais, injustiça social, financiamento das guerras, interesses econômicos, os vários brasis, entre outros assuntos.

“Minha arma é minha pintura.” (Candido Portinari, em entrevista à revista Diretrizes, em 1945)

c) “Nossa arma é nossa voz”

9

• Criação musical, em grupo, de um rap da paz. A criação do rap deverá ser coletiva: um aluno, de cada vez, contribuirá com um dos versos da letra, observando o desenvolvimento dos assuntos, a continuidade das ideias, enfim, a coerência. O professor colocará no quadro os seguintes fragmentos 10, que deverão constituir-se nos versos iniciais do rap a ser criado pelos alunos: “(...) A paz é igual / ao computador / Quem não tem / se danou.” (Luis Fernando M. S. Bezerra, 14 anos )

“(...) Se nós não tivermos paz, / O que é que a gente faz? / (...) Você que tem paz em casa / Se dá bem / Imagine quem não tem?” (Alexandra Oliveira Firmino, 13 anos)

• Apresentação musical do rap criado pela turma para toda a comunidade escolar; >

38

preparação: grafitagem do cenário, com inspiração no painel Paz, de Portinari; coreografia e figurinos, concebidos segundo a estética hip-hop.


proposta 6

Haicai – poesia da delicadeza

O centro desta proposta é a criação literária, a partir da união de dois extremos: o contato dos estudantes com uma poesia multissecular de origem japonesa e a utilização das novas mídias globais, para divulgação de mensagens de carinho e respeito, sob a forma de haicais – a poesia da delicadeza.

sugestões de atividades

a) O menor poema do mundo... Haicai é um tipo de poesia multissecular, de origem japonesa. O haicai japonês tradicional apresenta, em geral, as seguintes características formais: constitui-se de três versos (o primeiro com 5 sílabas poéticas; o segundo, com 7; o terceiro, com 5); apresenta linguagem simples e sintética; não tem título; costuma não ter rima; constitui-se predominantemente de frases nominais, com presença maior de substantivos (no caso de frases verbais, os verbos em geral se encontram no presente).

“(...) os quadros de Portinari são poemas que podem ser lidos e declamados.” (Mauro Santayana. Guerra e Paz, p.145)

Quanto às características temáticas, observam-se basicamente as seguintes: é uma poesia muito visual, capta um instantâneo poético, priorizando o detalhe; é essencialmente sensorial (não lógica); aborda assuntos agradáveis, de maneira mais sugestiva que explicativa. No haicai, a natureza é presença central (termos ligados às estações do ano). O eu lírico quase nunca aparece, não há extravasamento emotivo. Exemplo de haicai, criado por um haicaísta brasileiro que segue as regras formais do haicai tradicional: Paz. Forte em ruínas. E na boca de um canhão Um ninho de pássaros. (Luís Antônio Pimentel)

Observação – No Ocidente alguns haicaístas imprimiram mudanças tanto de ordem formal quanto temática nos seus haicais. • Pesquisa em grupo, na internet e/ou em enciclopédias, sobre Matsuo Bashô, o mais importante haicaísta de todos os tempos: >

levantamento de dados biográficos;

>

contextualização histórica;

>

>

seleção de alguns haicais criados por Bashô (inclusive o haicai da rã, o mais famoso do mundo); apresentação escrita dos resultados da pesquisa.

39


Observação – O professor de História terá oportunidade de aprofundar a contextualização histórica. • Leitura do haicai de Luís Antônio Pimentel, anteriormente citado; >

divisão da turma em 2 grupos: o primeiro lê em coro o primeiro verso; o segundo lê em coro o segundo verso; um(a) único(a) aluno(a) recita o terceiro verso.

• Identificação, ainda nesse haicai, das características formais e temáticas dessa forma de poesia; >

apresentação oral da análise feita.

• Ilustração do haicai de Pimentel por meio de foto, pintura, colagem ou desenho (no Japão, é comum o haicai vir acompanhado de ilustração – haiga); >

apresentação em cartazes confeccionados pelos alunos.

b) Mensageiros da paz • Pesquisa, no site do Projeto Portinari, de quadros de Candido Portinari que expressem situações de paz; >

seleção de alguns dos quadros pesquisados;

>

reprodução desses quadros (cópia impressa).

• Criação individual, pelos alunos, de haicais que expressem verbalmente as situações retratadas pelo artista; >

Coro, 1955 Desenho em técnica não identificada Suporte não identificado Dimensões desconhecidas

divulgação, entre parentes e amigos do Brasil e/ou do exterior, dos haicais criados, acompanhados, quando possível, das reproduções dos quadros de Portinari: envio por msn, e-mail, sms, twitter; postagem em blogs e redes sociais; inserção em site da escola.

curiosidade “Aliás, (...) novidades tecnológicas não chocariam Portinari, que tinha uma grande curiosidade pelos avanços da ciência e que desejava que sua arte ‘não dependesse tanto do suporte para se multiplicar nos corações e nas mentes das pessoas comuns.’” 11

• Decoração de objetos – caixinhas, ventarolas, lanternas, quadros pequenos, cartões, marcadores de livros, camisetas, etc. – com os haicais criados e as correspondentes reproduções dos quadros de Portinari (um haicai e uma reprodução para cada objeto).

c) Lendo em duas direções • Leitura do seguinte haicai: Portinari – o mundo Assiste à explosão de cores. Zero de estilhaços. (Lena Jesus Ponte) >

observação das letras iniciais dos três versos do poema.

• Definição de acróstico com base na observação feita. Divisão da turma em 5 grupos.

40

• Criação de acrósticos com as seguintes palavras: amor, harmonia, respeito, diálogo, liberdade (neste caso, como as palavras têm mais de três letras, os acrósticos não serão haicais).


proposta 7

“O coração do mundo é a pulsação da gente”

12

Nesta proposta, professores e estudantes trabalham basicamente hábitos e atitudes de respeito, cuidado e preservação. Um código de ética é criado pelos próprios estudantes, para nortear sua conduta na escola. Propõe-se, ainda, a formação de um coral para interpretação de músicas que denunciam os horrores da guerra, sugerem reconstrução, falam de fraternidade, mostram a alegria da infância, louvam o amor à Terra – patrimônio maior da humanidade.

sugestões de atividades

a) Afagar a Terra • Leitura e audição do seguinte poema de Vinicius de Moraes, musicado por Gerson Conrad: A rosa de Hiroxima. Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima

Menino Chorando, 1955 Desenho a nanquim bico de pena/papelão 18,2 x 11,2cm Estudo para o painel Guerra Mulher, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 32,5 x 15cm Estudo para o painel Guerra Sofrimento de Mãe, 1955 Desenho a grafite, crayon e lápis de cor/papel pardo 32,5 x 23cm Estudo para o painel Guerra

A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada.

• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o professor de História, para uma conversa sobre os fatos que inspiraram o poema de Vinicius de Moraes: a Segunda Guerra Mundial; o uso da energia nuclear com fins bélicos; os efeitos devastadores da bomba atômica em duas cidades japonesas. • Identificação, no poema de Vinicius de Moraes, de palavras e expressões que denunciem os efeitos devastadores da bomba.

41


“(...) um coral de meninos de todas as raças, • Localização, no painel Guerra, de Portinari, de elementos que poderiam ilustrar o poema A rosa de Hiroshima. • Pesquisa, com ajuda de um professor da área de Ciências, sobre o uso da energia nuclear com fins pacíficos; > >

>

apresentação dos resultados da pesquisa ao professor; organização de uma pequena palestra sobre o assunto, com a ajuda do professor; realização da palestra no auditório da escola para as outras turmas; abertura para debates ao final.

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Gilberto Gil e João Donato (fragmento): A paz. A paz

A paz

Invadiu o meu coração

Fez o mar da revolução

De repente, me encheu de paz

Invadir meu destino, a paz

Como se o vento de um tufão

Como aquela grande explosão

Arrancasse meus pés do chão

Uma bomba sobre o Japão

Onde eu já não me enterro mais

Fez nascer o Japão da paz

• Pesquisa, na internet e/ou em enciclopédias, sobre o Parque Memorial da Paz, em Hiroshima: localização; história da construção; finalidade do Parque; monumentos e museu existentes no Parque; frase escrita no Hiroshima Peace City Memorial; registros: a história de Hiroshima antes e depois da bomba, consequências do bombardeio, réplica da bomba atômica, as “cinzas da morte”; >

“Ele pintava o que conhecia bem: a ternura, os jogos da infância, a alegria das colheitas fartas, o peso da solidão, a dor das perdas (...) Na Paz, via o gozo de coisas singelas, ao alcance de todos: o canto, a dança, o trabalho compartilhado, a fraternidade.” (Maria Luiza Leão, sobre Portinari. Guerra e Paz, pp. 37 e 39)

42

apresentação dos resultados da pesquisa para a turma, com projeção por meio de slide show.

• Interpretação do seguinte trecho: “Uma bomba sobre o Japão / Fez nascer o Japão da paz”. Como se explica essa contradição? Observação: a resposta a essa questão poderá apoiar-se na pesquisa sobre Hiroshima. • Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento: De magia de dança e pés. De magia, de dança e pés

te tocando, me consumindo

de criança, cantor e mãos

A pulsação do mundo é

Alameda de gente e vida

o coração da gente

fecha e mata qualquer ferida

o coração do mundo é

De carinho, de roda e mãos

a pulsação da gente

de esperança, de corpo e pés

Ninguém nos pode impor, meu irmão

a paixão que me está surgindo

o que é o melhor pra gente

• Debate, com a ajuda do orientador educacional, sobre a frase “Ninguém nos pode impor, meu irmão / o que é o melhor pra gente”; sugestão de assuntos: É possível e/ou desejável o exercício da liberdade total? Há limites para a liberdade? Quais? Autoridade é o mesmo que autoritarismo? Que conflitos podem decorrer de atitudes autoritárias? Afinal, “o que é o melhor pra gente”?


assim como nós, brasileiros (...)” (Clarivaldo do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)

O mediador (orientador educacional) deverá listar os aspectos mais relevantes que emergirem do debate, além das conclusões a que os alunos chegarem; esse material deverá ser impresso e distribuído aos alunos para embasamento de um texto a ser escrito individualmente. • Redação, pelos alunos, de dissertação argumentativa sobre o seguinte tema: Liberdade e responsabilidade andam sempre de mãos dadas? O professor deverá orientar a redação, explicando as características gerais de um texto argumentativo: para a introdução, escolha de um ponto de vista – de concordância ou discordância em relação à questão proposta; para o desenvolvimento, defesa do ponto de vista com exemplos, provas, fatos, dados estatísticos, testemunhos fidedignos e autorizados; para a conclusão, elementos que reforcem o ponto de vista explicitado na introdução. • Leitura oral de todos os textos produzidos. • Localização, no painel Paz, de Candido Portinari, de cenas que poderiam ilustrar o trecho inicial da música “De magia de dança e pés” (desde “De magia” até “me consumindo”). • Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando Brant: Bola de meia, bola de gude. Há um menino há um moleque morando sempre no meu coração toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão Há um passado no meu presente um sol bem quente lá no meu quintal toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão E me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor Pois não posso, não devo, não quero

viver como toda essa gente insiste em viver E não posso aceitar sossegado Qualquer sacanagem ser coisa normal Bola de meia bola de gude o solidário não quer solidão toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão Há um menino há um moleque morando sempre no meu coração toda vez que o adulto fraqueja ele vem pra me dar a mão

Futebol, 1935 Pintura a óleo/tela 97 x 130cm

• Leitura do texto “Declaração sobre uma Cultura de Paz”, na página 23 deste Caderno do Professor. • Identificação, na letra da música, de valores, atitudes, comportamentos e estilos de vida, próprios de uma Cultura de Paz, abordados no texto lido. • Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o orientador educacional para uma conversa a respeito das seguintes ideias: “Pois não posso, não devo, não quero / viver como toda essa gente insiste em viver / E não posso aceitar sossegado / Qualquer sacanagem ser coisa normal”. Para início de conversa: Que críticas ao comportamento de algumas pessoas estão implícitas nesse trecho? O que cada um tem feito para não viver da forma que o autor da música denuncia? Para o compositor, há esperança de mudança? E para você? Qual a diferença entre o “não posso” e o “não devo”? • Elaboração, pelos alunos, de um código de ética, para valer como princípio de convivência pacífica e harmoniosa entre todos da turma;

43


>

avaliação semestral dos alunos, com seu representante, quanto à observância dos preceitos éticos estabelecidos pela própria turma.

• Localização, no painel Paz, de Portinari, de personagens ligados ao universo infantil; >

conversa entre professor e alunos: Por que Portinari teria colocado tantas crianças em seu painel Paz? É possível ser um pouco criança mesmo na vida adulta? Em que medida? Há um menino morando sempre no seu coração? Como ele é?

curiosidade Pomba, 1952

Palavras de Candido Portinari: “Sabe por que eu pinto tanto menina e menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos...” (Portinari, o menino de Brodósqui, p. 39)

• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Chico Buarque: O cio da terra. • Interpretação: Debulhar o trigo

>

Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão Pomba, 1960

E se fartar de pão Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel

>

Se lambuzar de mel Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação

identificação, em “O cio da terra”, de vocábulos que contribuem para a criação da imagem de um encontro amoroso entre um homem e uma mulher; troca de ideias: O que teria motivado os autores a tratar dessa forma a relação do homem com a terra? identificação, nesse texto, de versos que expressam a transformação do “natural” em “cultural” pela intervenção do homem na terra por meio de seu trabalho;

verificação, no dicionário, dos possíveis significados da palavra “cultura”; interpretação: Considerando o sentido geral do texto, qual(is) dessas acepções pode(m) ser percebida(s) no conteúdo da letra?

E fecundar o chão

>

>

identificação, no mesmo texto, de vocábulos da área semântica de violência, empregados com sentido de paz.

• Localização, no painel Paz, de Portinari, de cenas que poderiam ilustrar a letra de “O cio da terra”.

b) “canta canta, minha gente”13 • Formação, pelo professor de Música, de um coral, caso não haja na escola; >

ensaio das composições musicais analisadas na atividade anterior (Afagar a Terra).

• Criação de coreografia para o coral, sugestiva de união, solidariedade, amizade, fraternidade, alegria. Pomba, 1960

• Criação de figurino a ser usado na apresentação do coral; >

escolha, dentre as imagens de pombas criadas por Candido Portinari, de uma a ser usada na concepção do figurino.

• Apresentação do coral para toda a comunidade escolar.

44


proposta 8

Brincando de ser criança

Nesta proposta, os estudantes tomam conhecimento de jogos, brincadeiras, brinquedos, diversões, de baixo custo, presentes desde muito tempo no universo infantil. Em oficinas, eles trabalham ludicamente na criação artesanal de brinquedos e, ainda, organizam um grande evento ao ar livre – soltam pipas confeccionadas com motivos de paz. Há o reaproveitamento criativo de materiais, dentro de uma perspectiva de preservação do patrimônio ambiental.

sugestões de atividades

a) Jogos de encantamento • Leitura dos seguintes fragmentos de textos de Candido Portinari: “Nossos brinquedos eram variados, conforme o mês, e também havia os para o dia e os para a noite. Para o dia eram: gude, pião, arco, avião, papagaio, diabolô, bilboquê, ioiô, botão, balão, malha e futebol. Para a noite: pique, barra-manteiga, pulando carniça etc.”(Candido Portinari. Portinari, o menino de Brodósqui, p.42) “Não tínhamos nenhum brinquedo Comprado. Fabricávamos Nossos papagaios, piões, Diabolô. (...) Certas noites de céu estrelado E lua, ficávamos deitados na Grama da igreja de olhos presos Por fios luminosos vindos do céu era jogo de Encantamento. (...)” (Candido Portinari. Portinari poemas p. 29)

• Pesquisa de quadros de Portinari que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras infantis; >

>

observação, dentre esses brinquedos, jogos e brincadeiras, daqueles que permanecem nos dias de hoje: Onde podem ser encontrados? Como são criados? Qual o perfil social de quem se diverte com eles? troca de ideias em torno das seguintes questões: O brinquedo comprado é mais jogo de encantamento do que o brinquedo feito em casa? Existe, no universo infantil, uma relação direta entre alegria e poder aquisitivo? Comprar ou fazer – o que é melhor? Melhor para quem? Melhor por quê?

“Todos os figurantes da Paz são os meninos de Brodósqui (...) nas gangorras (...) em cambalhotas e piruetas, ou armando arapucas (...)” (Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)

45


b) Mãos à obra! • Confecção de cata-ventos Passo a passo da execução: >

>

>

>

>

>

Menina com Cata-Vento,1955 Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel 31,5 x 15,5cm Estudo para o painel Paz

>

>

materiais necessários: garrafa pet de 2 litros, de formato liso; palito longo para churrasco; arame fino; canudo de plástico; tesoura; pincel; tintas; agulha de ponta grossa; modo de fazer:

cortar o bocal e o fundo da garrafa; dobrar uma das pontas do meio da garrafa, formando um triângulo; cortar a parte dobrada com a tesoura, ignorando o excesso;

abrir o triângulo, formando um quadrado; decorar com tintas de cores variadas;

cortar 7 cm das 4 pontas do quadrado, levando a tesoura em direção ao centro da peça; fazer um orifício no meio do quadrado com uma agulha de ponta grossa, para poder passar um arame fino e maleável; furar também as 4 pontas do quadrado;

passar um arame de cerca de 10 cm pelo orifício do centro do quadrado;

dobrar cada ponta furada, encaixando-as no arame para formar o cata-vento; dobrar a ponta do arame e prender todas as pontas do quadrado juntas, de modo que o arame não deixe as pontas escaparem;

cortar um pedaço do canudo de plástico e encaixá-lo no outro extremo do arame; em seguida prendê-lo na ponta do palito de churrasco.

Cata-vento pronto, é só curtir!

Fotos: Elisa Guerra

46


• Confecção de bilboquês Passo a passo da execução: >

>

>

> >

>

materiais necessários: uma garrafa pet; uma tampinha de refrigerante; barbante; tesoura; materiais para decoração; modo de fazer: cortar a garrafa na altura do gargalo, lembrando uma pequena taça; cortar cerca de 30 cm do barbante; amarrar uma ponta do barbante na tampinha de refrigerante e a outra ponta, no bocal da garrafa; decorar o brinquedo com materiais variados. Como brincar: tentar pôr a tampinha dentro da garrafa sem usar as mãos.

É preciso ser craque!

Foto: Elisa Guerra

• Confecção de diabolôs Passo a passo da execução: >

materiais necessários: 2 garrafas pet com formato arredondado; tesoura; lixa; tinta ou plástico adesivo; 2 varetas de 8 mm de diâmetro por 25 cm de comprimento; 1 m de barbante;

>

modo de fazer:

>

cortar as garrafas 15 cm a partir do bocal, ignorando a parte inferior;

>

cortar também o gargalo de uma delas; lixar as bordas para tirar as arestas;

>

encaixar as duas peças pelo bocal e rosquear a tampa, prendendo uma na outra;

>

decorar o brinquedo com tinta ou plástico adesivo;

> >

usar, para o suporte, as duas varetas e o barbante; furar as duas varetas em uma das extremidades e passá-las pelo barbante, dando um nó nas pontas. Como brincar: colocar o diabolô no chão e passar a corda por baixo dele, segurando uma vareta em cada mão; rolar o brinquedo pelo chão para pegar embalo e levantá-lo; dar puxadas rápidas com uma das mãos, para que o diabolô gire somente em um sentido (a outra mão apenas acompanha os movimentos); ficar sempre de frente para uma das bocas do diabolô; se ele pender para a frente ou para trás, ajeitá-lo novamente; dominados esses movimentos, é possível jogar o diabolô para o alto: abrir rapidamente os braços, dando um impulso para cima; para pegá-lo, mirar o cordão no centro do brinquedo e, assim que ele voltar, afrouxar o cordão.

Foto: Elisa Guerra

Agora, é fazer sua exibição e receber os aplausos!

47


• Confecção de jogos da memória • Reprodução impressa, em tamanho 7 cm x 7 cm, dos quadros de Portinari pesquisados na atividade anterior (Jogos de encantamento), que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras. • Colagem das reproduções em papel-cartão (duas cópias de cada quadro). • Confecção de caixa para acondicionar as peças do jogo, com inserção das regras. Observação – No site www.guerraepaz.org.br, na seção Programa Educativo, encontra-se disponível um jogo da memória com estudos dos painéis Guerra e Paz.

• Criação de palavras cruzadas • Resolução, pelos alunos, de jogos de palavras cruzadas fornecidos pelo professor, que servirão de modelo para orientar a montagem de outras palavras cruzadas. Divisão da turma em 4 grupos, para distribuição de um dos seguintes conjuntos de palavras para cada grupo: >

> >

>

grupo 1 – brinquedos (bilboquê, pipa, gangorra, boneca, bola, carrinho, peteca, etc.); grupo 2 – férias (praia, cinema, teatro, pracinha, amigos, namoro, sorvete, etc.); grupo 3 – paz (paz, pomba, branco, fraternidade, beijo, abraço, calma, respeito, etc.); grupo 4 – Portinari (Brodowski, tela, pincel, paleta, tinta, mural, painel, Candinho, poema, pintura, cor, etc.).

• Redação, por grupo, de definições e/ou explicações relativas a cada palavra a ser utilizada; o sentido da palavra pode ser dado direta ou indiretamente, por exemplo: paz – harmonia, tranquilidade / paz – antônimo de guerra. • Montagem do jogo de acordo com os modelos observados inicialmente.

• Criação de caça-palavras • Resolução, pelos alunos, de jogos de caça-palavras, fornecidos pelo professor, que servirão de modelo para orientar a montagem de outros caça-palavras. Divisão da turma em 4 grupos. • Preparação para a montagem do jogo: >

>

sugestão, pelos grupos, de palavras da mesma área de significação de cada um dos seguintes vocábulos: trabalho – infância – arte – Brasil; seleção, pelos grupos, de palavras de cada área de significação, que deverão estar “escondidas” no meio de muitas letras inseridas aleatoriamente.

• Montagem do jogo com essas palavras selecionadas, de acordo com os modelos apresentados pelo professor. • Reunião dos jogos de caça-palavras e palavras cruzadas criados pelos grupos, para confecção de um livreto; respostas dos jogos na última página, em letra pequena, na posição invertida; >

48

reprodução do livreto para distribuição em outras turmas.


• Criação de pipas (papagaios, pandorgas); >

idealização, pelos alunos, de pipas que transmitam a ideia de paz, por meio do formato, da decoração com palavras, desenhos, cores, etc.

• Realização do evento PIPA(Z) • Convocação, via internet, telefone fixo ou celular, bilhete, carta, boca a boca, para um encontro de confraternização ao ar livre, durante o qual os alunos soltarão as pipas confeccionadas. • Redação de palavras de ordem que estimulem a paz (exemplo: Abaixo o cerol!), para divulgação do evento; >

confecção de cartazes para serem afixados nas paredes da escola.

• Realização do evento com a presença de responsáveis (pais, professores, funcionários); >

escolha de lugar aberto, descampado, sem fiação, sem riscos;

>

registro do evento em foto ou vídeo;

>

exibição dos vídeos e exposição das fotos.

Meninos Soltando Pipas, 1947 Pintura a óleo/tela 60,5 x 73,5cm

curiosidade “Dizem que foram os monges budistas chineses que levaram o costume de empinar pipas para o Japão. (...) O ato de construir e empinar takôs é uma tradição milenar e tem vários significados para a cultura japonesa. Na religião, o takô é um elo entre o céu e a Terra e ajuda a afugentar os maus espíritos. Para alguns, o takô traz prosperidade, saúde e boa colheita. (...) Hoje, praticar o takô é um evento comemorativo, tanto nas festas do Ano-Novo como no Dia dos Meninos, em 5 de maio, quando as koinoboris, as famosas pipas com formato de carpas, são empinadas e expostas, simbolizando força e perseverança. No Japão existem grupos organizados formados pelas pessoas das comunidades que competem nos festivais de takô. Alguns festivais são famosos mundialmente, como nas cidades de Hamamatsu e Nagasaki.” 14

49


proposta 9

Dançar a paz é mais gostoso

Esta proposta é mais uma oportunidade de reflexão interdisciplinar, por parte dos estudantes com os professores, sobre a guerra e sobre a paz. Os recursos principais são a pesquisa histórica e a apreciação de dois filmes cujos personagens simbolizam a violência e a não violência – O grande ditador e O garoto, ambos de Charlie Chaplin. Esta atividade culmina com a criação, pelos estudantes, de uma coreografia que expresse seus sentimentos e ideias sobre os temas em questão.

sugestões de atividades

a) Laboratório de guerra e de paz Exibição, pelo professor, do filme O grande ditador, de Charlie Chaplin (1940). • Análise do filme; > >

>

troca livre de ideias e impressões sobre o filme; pesquisa biográfica a respeito de Chaplin; apresentação sucinta dos resultados da pesquisa; registro de situações do filme, relacionadas a opressão, violência, sofrimento, angústia, desespero.

• Pesquisa histórica; > >

leitura sobre fatos relativos à Segunda Guerra Mundial; pesquisa a respeito da figura histórica de Adolf Hitler, satirizada no filme por meio do personagem Hinkel; apresentação breve dos resultados da pesquisa.

• Realização de “tempestade de ideias”: listagem de situações e sentimentos pessoais relacionados a conflitos. Exibição, pelo professor, do filme O garoto, de Charlie Chaplin (1921). • Análise do filme; > >

>

troca livre de ideias e impressões sobre o filme; pesquisa sobre o personagem Carlitos; descrição das características psicológicas e sociais do personagem; registro de situações do filme, relacionadas a paz, alegria, amizade, solidariedade, amor.

• Pesquisa sobre a era do cinema mudo; apresentação sucinta dos resultados da pesquisa. • Realização de “tempestade de ideias”: listagem de reminiscências pessoais agradáveis; gestos e atitudes de amizade, de carinho; reconciliações; momentos de alegria e paz.

50


b) Primeiros passos Divisão da turma em 2 grandes grupos, para criação de uma coreografia que expresse os conceitos de guerra e de paz. • (grupo 1) Criação da primeira parte da coreografia, para expressão da ideia de guerra; >

>

localização de cenas de sofrimento no painel Guerra, de Candido Portinari: observação de cores, tons, figuras (humanas e não humanas), movimentos, gestos, expressões faciais; concepção e composição da sequência de movimentos, passos, gestos.

• (grupo 2) Criação da segunda parte da coreografia, para expressão da ideia de paz; >

>

localização de cenas de harmonia no painel Paz, de Candido Portinari: observação de cores, tons, figuras (humanas e não humanas), movimentos, gestos, expressões faciais; concepção e composição da sequência de movimentos, passos, gestos.

• Criação de trilha sonora, cenário, figurinos e iluminação para servir a cada uma das partes da coreografia – a parte da guerra e a parte da paz: >

>

>

>

grupo 1: pesquisa e seleção de melodias que expressem vigor, agitação, contundência, agressividade; grupo 2: pesquisa e seleção de melodias que expressem calma, leveza, vagar, serenidade; grupo 1: concepção e confecção de cenário, inspirado no painel Guerra, de Portinari; grupo 2: concepção e confecção de cenário, inspirado no painel Paz, de Portinari; concepção, desenho e confecção de figurinos, por ambos os grupos, coerentes com o conceito de cada parte da coreografia; criação da iluminação, por ambos os grupos, coerente com o conceito de cada parte da coreografia: utilização de lâmpadas, papel celofane, luzes pisca-piscas; exploração de cores, contrastes, luz e sombra, etc.

Observação – Um grupo deverá levar ao conhecimento do outro grupo os resultados do trabalho realizado até aqui.

c) O ensaio do trágico e do lírico • Ensaios do grupo 1. • Ensaios do grupo 2.

Mulher, 1955 Desenho a grafite, crayon e crayon colorido/papel 30 x 38cm Estudo para o painel Guerra Figura de Mulher, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor papel 36 x 21cm (aproximadas) Estudo para o painel Paz

51


d) A união da fúria e da ternura • Troca de ideias entre os grupos 1 e 2 sobre a integração das duas partes – primeiramente a guerra; depois a paz – para a coreografia geral. • Fusão das duas partes da coreografia; >

ensaios da coreografia completa.

• Leitura do seguinte trecho do discurso final do filme O grande ditador 15: “Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.” • Troca de ideias e impressões a respeito do trecho lido: Você concorda com as afirmativas do autor? Valem para todas as pessoas? As denúncias são pertinentes? Por quê? Valem para todas as épocas? • Planejamento da inserção desse trecho do discurso, parcial ou integralmente, na apresentação coreográfica; sugestões: falado em voz alta por um só aluno; projetado, em fragmentos escritos, no cenário; falado em voz alta por vários alunos, em circulação pelo palco, à medida que cada um vai desfazendo o último gesto; etc.

e) A dança do drama e da poesia • Apresentação da coreografia no auditório para a comunidade escolar. • Registro da apresentação em fotos e/ou vídeos. • Exibição posterior das fotos e/ou vídeos para a turma.

“(...) o pintor parece nos dizer: (...) Dia virá em que a humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.” (Israel Pedrosa. Guerra e Paz, p. 126)

52

Dança de Roda, 1955 Desenho a grafite, crayon, crayon colorido, sanguínea e sépia/cartão 35,5 x 35,5cm Estudo para o painel Paz


proposta 10

De repente, o cordel

Nesta proposta os estudantes tomam conhecimento da literatura de cordel e realizam diversas atividades: pesquisa biográfica sobre Portinari e personalidades brasileiras contemporâneas do pintor; pesquisa a respeito de figuras importantes na luta pela paz mundial e criação de cordéis que as homenageiem.

sugestões de atividades

a) O povo conta / canta sua história • Visita, pela turma, ao site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, entre outras fontes de consulta sobre esse tipo de literatura. Divisão da turma em 4 grupos. • Leitura da história do Cordel pelo primeiro grupo; >

redação de resumo;

>

apresentação do resumo, por meio de leitura oral, para os demais grupos.

• Leitura, pelo segundo grupo, de alguns cordéis, para identificação de suas características: temas recorrentes; variantes linguísticas; tamanho dos títulos; tipos de estrofes, versos e rimas; >

elaboração de esquema dessas características;

>

apresentação do esquema, em cartaz, para os demais grupos.

• Pesquisa, pelo terceiro grupo, sobre os principais cordelistas; > >

redação de resumos biográficos; apresentação dos resumos para os demais grupos, por meio de cartazes em mural, com retratos dos cordelistas.

• Pesquisa, pelo quarto grupo, sobre o tipo de ilustração característico dos livrinhos (folhetos) de cordel; >

principais ilustradores;

>

a técnica de xilogravura;

>

apresentação, para os demais grupos, do resultado da pesquisa, por meio de slide show, com inserção de reproduções de capas de cordéis para exemplificação.

“(...) Com muita felicidade / (...) De nascer chegou a vez / Duma grande sumidade.” (Daniel Fiúza. Um gênio da arte; Candido Portinari)

53


b) Portinari em prosa e verso • Leitura do seguinte cordel de Daniel Fiúza: Um gênio da arte; Candido Portinari.

Pracinha de Brodowski, 1958 Pintura a óleo/madeira 45 x 27cm

1ª parte

Com saudades do Brasil

No interior de São Paulo

Em trinta e um retornou

Brodósqui foi a cidade

Suas telas retratam o povo

No dia trinta de dezembro

Do Brasil com seu valor,

Com muita felicidade

Esquece o academismo

Mil novecentos e três

Pelo experimentalismo

De nascer chegou a vez

No modernismo adentrou.

Duma grande sumidade.

No Instituto Carnegi

Filho de italianos

Lá nos Estados Unidos

Gente humilde emigrante

No ano de trinta e cinco

Portinari veio ao mundo

Foi um dos escolhidos

Para mudar o semblante

Recebeu menção honrosa

Nasceu pobre na fazenda

Pela tela primorosa

Para depois virar lenda

“Café”, grãos sendo colhidos.

Artista tão importante. Na plantação de café

Lavrador de Café, 1934 Pintura a óleo/tela 100 x 81cm

Onde seu pai trabalhava Estudou só o primário, Mas outro poder saltava A sua vocação de artista Pra todos dava na vista, Pois já se manifestava. Aos quinze anos de idade Foi pro Rio de Janeiro Buscar o conhecimento Do puro e verdadeiro Entra fazendo apartes Na escola de belas artes Pra logo ser o primeiro. Foi no ano de vinte e oito O primeiro prêmio ganhou Na exposição geral

Retrato de Olegário Mariano, 1928 Pintura a óleo/tela 198 x 65,3cm

Que belas artes criou Pro estrangeiro viajar E em Paris foi morar E um ano por lá ficou. Construção de Rodovia I, 1936 Painel a óleo/tela 96 x 768cm

54

Gostava de fazer murais Tinha essa inclinação No ano de trinta e seis Fez dois com dedicação pra via Dutra inaugurada e ao ministério dedicada da saúde e educação. Dessa data em diante Sua concepção mudou Para uma nova temática Portinari se voltou Na pintura informal Foi pro cunho social O seu fio condutor.

Café, 1935 Pintura a óleo/tela 130 x 195cm


Companheiro de poeta,

Pela universidade de

O mural de São Francisco

Escritores e artista

Chicago, patrocinado

Na igreja foi destacado

Muita gente da cultura

Foi “His Life and Art”

Com painéis de azulejos

Diplomata e jornalista

Na introdução dedicado

Outras coisas foi mostrado

No final dos anos trinta

Por uma mente excelente

A Via Sacra de Jesus

Já na projeção sucinta

O grande Rockwell Kent

Encheu a igreja de luz

Na América tá na crista.

Com tudo bem acabado.

Desse pincel iluminado.

Retrato de Carlos Drummond de Andrade, 1936 Pintura a óleo/ tela 72 x 58cm

Catequese, 1941 Pintura mural a têmpera 494 x 463cm

Reproduzidas no livro A sua obra rica e bela 2ª parte

No ano de trinta e nove Executa três painéis Para a feira mundial Ganhando uma nota dez

Cada uma mais perfeita Empáfia verde amarela Foi orgulho pro Brasil Quando esse livro saiu Sobre o pintor e sua tela.

A América viu seu toque E o museu de Nova York Ficou rendido aos seus pés. Adquire a tela “Morro” Que tava no pavilhão Saindo em todo jornal Com grande repercussão Morro, 1933 Pintura a óleo/tela 114 x 146cm

Já no ano de quarenta Na arte latina aventa Numa nova exposição. Na cidade de Detroit

Na fundação Hispânica da

No instituto de arte,

Biblioteca do Congresso

No museu de Nova York

No ano quarenta e um

Portinari teve parte

Quatro murais fez sucesso

Expõe individual

Washington era a cidade

Faz um sucesso geral

História latinidade

Da crítica em toda parte.

No tema que foi imerso.

Teve sucesso de venda

O grande Oscar Niemeyer

É um público majestoso

Pro gênio fez um Convite

Em dezembro desse ano

No ano de quarenta e quatro

Teve um ganho pomposo

Que exigiu seu limite

Um livro sobre o pintor

Num desafio mergulha

Sua arte e seu louvor

Na catedral da Pampulha

Foi tudo maravilhoso.

Seguindo novo palpite.

São Francisco de Assis, 1944 Painel de azulejos 750 x 2120cm (painel) 15 x 15cm (azulejos)

55


• Observação da variante popular da língua no cordel de Daniel Fiúza: >

identificação, nesse cordel, de fragmentos que apresentam desvios gramaticais, característicos dessa variante linguística.

• Reescritura desses fragmentos na variante culta da língua. • Levantamento, com base no texto, de dados biográficos de Candido Portinari: data e local de nascimento; caracterização psicológica e social do personagem; fatos da infância e da vida adulta; a vocação; o estudo no exterior; as premiações; a obra (temática e estilo); entre outras informações; >

>

>

comparação dos dados levantados nesse cordel com a cronobiografia de Portinari, nas páginas 6 a 13 deste Caderno do Professor, quanto à precisão das informações: Alguma omissão? Alguma discrepância de dados? Algum dado fictício? comparação do cordel com o texto da cronobiografia de Portinari, quanto ao tipo de linguagem – informativa ou poética; comparação do cordel com o texto da cronobiografia de Portinari, quanto à variante linguística – culta ou popular.

• Redação de uma terceira parte para o cordel: inserção de informações relevantes sobre a vida e a obra de Portinari que não tenham sido contadas até o final da segunda parte. • Pesquisa, no site do Projeto Portinari, das obras do artista citadas no cordel de Daniel Fiúza; >

“E seu interesse pelo retrato nasce da intuição de que está diante de fatores históricos dignos de serem perpetuados: os homens.” (Israel Pedrosa, a respeito do Candido Portinari retratista. Na contramão dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos, p. 34)

>

reprodução impressa dessas obras, com inclusão de fichas técnicas (título, data, técnica, material, dimensão); exposição das reproduções em mural, na sala de aula.

Leitura em voz alta, pelo professor, dos seguintes versos do cordel: “Companheiro de poeta, / Escritores e artista / Muita gente da cultura / Diplomata e jornalista”. • Pesquisa, em grupo, sobre algumas personalidades contemporâneas de Portinari: Oscar Niemeyer, Carlos Drummond de Andrade, Olegário Mariano, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Radamés Gnattali, Murilo Mendes, Jorge Amado, Aníbal Machado, Antonio Callado, Vinicius de Moraes, Raul Bopp, Patrícia Galvão (Pagu), entre outras; >

redação de resumos de suas biografias: vida e obra; importância para a vida cultural brasileira.

• Reprodução impressa de retratos dessas personalidades, pintados por Portinari (pesquisa no site do Projeto Portinari). • Confecção de cartazes com os resumos e as reproduções dos retratos pesquisados. • Montagem de uma exposição com os cartazes confeccionados. • Leitura de textos de alguns dos escritores pesquisados; >

seleção, pelos alunos, de alguns textos especialmente apreciados por eles;

>

roda de leitura desses textos.

“Assim nascem os Retratos (...) a mais completa e abrangente galeria de análise social e psicológica de um país, em qualquer tempo.” 56

(Israel Pedrosa, a respeito do Candido Portinari retratista. Na contramão dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos, p. 30)


• Pesquisa, na internet, de fotos de obras arquitetônicas projetadas por Oscar Niemeyer; >

seleção e reprodução impressa de algumas dessas fotos;

>

exposição das fotos em mural.

• Pesquisa, na internet, de composições musicais de Radamés Gnattali e de Vinicius de Moraes; >

audição de algumas dessas composições.

c) Vivendo o cordel • Leitura do seguinte texto, a ser utilizado como fonte de consulta: O Prêmio Nobel da Paz Desde 1901 o Prêmio Nobel vem homenageando homens e mulheres de todas as partes do mundo por suas ações meritórias em Física, Química, Medicina, Literatura e por trabalho dedicado à paz. As fundações para o prêmio foram instituídas em 1895 quando Alfred Nobel escreveu o seu último testamento, deixando a maior parte de sua fortuna para a constituição do Prêmio Nobel. Mas quem foi Alfred Nobel? Alfred Nobel (1833-1896) nasceu em Estocolmo, Suécia, no dia 21 de outubro de 1833. Sua família era descendente de Olof Rudbeck, o mais conhecido gênio técnico na Suécia, no século XVII, uma época em que a Suécia era uma grande potência do Norte da Europa. Nobel era fluente em muitas línguas e escreveu poesia e prosa. Nobel era também muito interessado nas questões sociais relacionadas com a paz e sustentou pontos de vista considerados radicais para a sua época. Em 27 de novembro de 1895 Alfred Nobel assinou seu último testamento em Paris. Após a sua morte, quando foi aberto e lido, causou muitas controvérsias, na Suécia e internacionalmente, porque Nobel tinha deixado muito da sua fortuna para a criação de um prêmio. Sua família se opôs à criação do Prêmio Nobel, e os indicados por Alfred para receberem o prêmio se recusaram a obedecer ao que ele tinha determinado em seu testamento. O primeiro Prêmio Nobel só foi acontecer 5 anos após a sua morte, em 1901. Alguns laureados com o Nobel da Paz: 1993 – Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk (ambos ex-presidentes da África do Sul), “por seu trabalho no fim pacífico do regime do apartheid e por assentar os fundamentos de uma nova e democrática África do Sul”. 1989 – 14º Dalai Lama (líder espiritual do Tibete), por seus esforços pela libertação do Tibete sem o uso da violência. 1979 – Madre Teresa de Calcutá (líder humanitária na Índia), por seu trabalho humanitário à frente das Missionárias da Caridade, na Índia. 1964 – Martin Luther King Jr. (líder afro-americano), por sua luta pela universalização dos direitos civis nos EUA. Algumas entidades laureadas: 1954 e 1981 – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR), por seu papel na ajuda a refugiados nos anos pós-guerra. 1963 – Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, pelo trabalho de ambas as organizações no socorro a combatentes feridos em tempos de guerra.

57


1965 – Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por seu trabalho pela promoção do bem-estar das crianças no mundo. 1969 – Organização Internacional do Trabalho (OIT), por seu trabalho pela promoção de direitos dos trabalhadores ao redor do mundo. 1977 – Anistia Internacional, pelo trabalho da organização contra a tortura, os movimentos autoritários e o terrorismo. 1988 – Forças de Paz da ONU, pelo papel das forças de paz na solução de conflitos armados. 1999 – ONG Médicos Sem Fronteiras, “em reconhecimento ao trabalho humanitário pioneiro em diversos continentes”. Divisão da turma em 6 grupos para distribuição das tarefas a seguir. • Criação, por 5 grupos da turma, de cordéis sobre a vida e a obra de cinco personalidades que se destacaram na luta pela paz no mundo. • Distribuição, pelo professor, dos seguintes temas entre os 5 grupos – Martin Luther King; 14º Dalai Lama; Madre Tereza de Calcutá; Nelson Mandela; Mahatma Gandhi (este, não laureado com o Nobel, embora várias vezes indicado). • Pesquisa biográfica sobre a personalidade-tema que coube a cada grupo. • Redação de texto de cordel sobre essa personalidade, com base na pesquisa realizada. • Ilustração, pelo grupo 6, dos cinco textos de cordel criados pelos outros grupos. • Confecção, pelo grupo 6, de livrinhos (folhetos) com os textos e as ilustrações. • Recitação dos cordéis pelos grupos. • Exposição dos folhetos, pendurados em barbantes, como nas feiras nordestinas.

58


proposta 11

“Brigas nunca mais”16

Esta proposta possibilita que os estudantes elaborem conflitos afetivos e familiares, por meio de diferentes atividades: dramatização de situações de desarmonia, com apresentação de soluções; leitura de peça de teatro e criação de desfecho direcionado à resolução do conflito central; pesquisa histórica a respeito de amores famosos que vingaram em meio a cenários de convulsão social e política. Ainda aqui, os estudantes realizam pesquisa para montagem de uma exposição que retrate a amizade e o amor em Portinari.

sugestões de atividades

a) “O amor tem dessas fases más”

17

• Troca de ideias entre a turma, o professor e o orientador educacional, a respeito de situações de “guerra” no cotidiano dos alunos; sugestão de temas: conflitos entre namorados; amigos; pais e filhos; famílias. Divisão da turma em grupos; distribuição aos grupos dos temas desenvolvidos durante a troca de ideias, para dramatização. • Criação, pelos grupos, de esquetes para dramatização de cada conflito; >

>

elaboração de esboços dos roteiros (esquetes curtos, com duração máxima de cinco minutos, sem apresentação de soluções para os conflitos); redação dos esquetes.

• Realização dos ensaios pelos grupos. • Apresentação dramatizada dos conflitos pelos grupos. • Reflexão, por parte da plateia (restante da turma), no sentido de que se encontrem soluções pacíficas para os conflitos. Observação – O processo de reflexão para a busca de soluções deverá ocorrer após a apresentação de cada conflito.

b) “Bom é mesmo amar em paz”18 • Encaminhamento, pela plateia, de propostas concretas de solução pacífica para cada conflito. Esquematização, por parte do professor ou do orientador, das propostas, à medida que forem sendo apresentadas. • Debate dos alunos com o professor e/ou orientador educacional a respeito das soluções propostas. • Dramatização improvisada de algumas das soluções.

“Candinho não pintou uma guerra; pintou a guerra, quase em seu estado puro. E pintou a paz. Ou seja, esquivo momento de paz (...)” (Mauro Santayana. Guerra e Paz, p. 143)

59


c) É bom fazer as pazes • Leitura da letra e audição da seguinte música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes: Brigas nunca mais.

Chegou, sorriu, venceu, depois chorou Então fui eu quem consolou sua tristeza Na certeza de que o amor tem dessas fases más E é bom para fazer as pazes, mas Depois fui eu quem dela precisou E ela então me socorreu E o nosso amor mostrou que veio pra ficar Mais uma vez por toda a vida

Namorados, 1940 Pintura a óleo/tela 60 x 73cm

Bom é mesmo amar em paz Brigas nunca mais

• Representação improvisada da letra dessa música apenas por meio de linguagem gestual.

d) “A voz que vem do coração”19 • Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando Brant: Canção da América. Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração assim falava a canção que na América ouvi mas quem cantava chorou ao ver seu amigo partir

Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito mesmo que o tempo e a distância digam não mesmo esquecendo a canção o que importa é ouvir a voz que vem do coração

Mas quem ficou, no pensamento voou com seu canto que o outro lembrou e quem voou, no pensamento ficou com a lembrança que o outro cantou

Pois seja o que vier, venha o que vier qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar

• Elaboração, em grupo, de um texto que transponha para a linguagem informativa a mensagem poética de “Canção da América”; >

reconhecimento, na letra da música, do emprego da linguagem figurada (debaixo de sete chaves; lado esquerdo do peito; quem voou; etc.);

troca de ideias sobre o significado dessas metáforas no contexto da letra;

>

redação, em grupo, do texto.

>

• Leitura oral dos textos criados; comparação entre esses textos e a letra da música: Houve omissão de algum dado importante da letra da música? Foi feito acréscimo de algum elemento desnecessário? Os textos criados foram fiéis à ideia original?

60


e) “Longe de qualquer problema / perto de um final feliz” 20 • Leitura extraclasse de uma adaptação para público juvenil da peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Exibição, pelo professor, do filme Romeu e Julieta, de Franco Zeffirelli (1968). • Identificação, em Romeu e Julieta, do conflito central, que leva ao fim trágico do casal de protagonistas. • Criação, em grupo, de um final feliz para a história; >

improvisação oral e/ou redação.

f) Histórias de amor Divisão da turma em grupos. • Abordagem de assuntos históricos sob a forma de miniaulas; >

>

>

pesquisa sobre os seguintes assuntos: os romances de Anita Garibaldi com Giuseppe Garibaldi e de Maria Bonita com Lampião, vividos em meio a conflitos ocorridos na História do Brasil – ambiente, época, contexto social em que viveram essas figuras históricas; seus papéis nos conflitos; planejamento pelos grupos das miniaulas, para desenvolvimento dos assuntos pesquisados: Como passar os conteúdos? Quais os recursos de apoio? Como dinamizar, tornar as “aulas” interessantes? Como motivar os “alunos”? Que instrumentos criar para aferir o aproveitamento? apresentação dos assuntos pelos grupos sob a forma de miniaulas.

g) Imagens que ficam

Casamento na Roça, 1944 Pintura a óleo/tela 98 x 79cm

• Montagem de uma pequena exposição, com reproduções de quadros de Candido Portinari que expressam situações de amor e de amizade: casamento, namoro, beijo, crianças em grupo, etc.; >

visita ao site do Projeto Portinari para pesquisa desses temas;

>

seleção de quadros;

>

reprodução impressa dos quadros selecionados;

>

>

colocação das reproduções em mural, com a respectiva ficha técnica: autor, título, data, técnica, suporte, dimensão; criação de pequenas frases sobre amor e amizade, a serem distribuídas esteticamente no espaço da exposição.

• Confecção de um folder para a exposição: dados relativos ao artista, às obras apresentadas e ao conceito da exposição (amor e amizade); >

impressão e distribuição.

• Exposição para a comunidade escolar.

61


proposta 12

“Fui lata, hoje sou prata” 21

Os estudantes, nesta proposta, começam por pesquisar a respeito dos conflitos históricos citados na letra de um samba-enredo; informam-se sobre as figuras humanas presentes tanto no samba quanto na obra de Portinari; questionam a legitimidade ou não de guerras feitas em nome da paz. Por fim, refletem sobre a questão da violência numa cidade grande e criam um samba-enredo que retrate a pacificação dessa cidade.

sugestões de atividades

a) “A mão que faz a guerra faz a paz”22 • Leitura da letra e audição do seguinte samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, de 2003, de Betinho, J.C. Coelho, Ribeirinho, Glyvaldo, Luis Otávio, Manoel do Cavaco, Serginho Sumaré e Vinícius: O povo conta a sua história: “saco vazio não para em pé” – a mão que faz a guerra faz a paz.

“(...) soltando a voz no planeta carnaval / eu quero: liberdade, dignidade, união (...)”

Luz divina luz que me conduz Clareia meu clarear clareia Nas veredas da verdade, cadê a felicidade Aportei, num santuário de ambição E o índio muito forte resistiu (bis) À tortura implacável assistiu Enquanto o negro cantava saudade Da terra mãe de liberdade Na França é tomada a Bastilha O povo mostra a indignação Revoltado com o diabo Que amassou o nosso pão Grito forte dos Palmares... Zumbi (bis) Herói da Inconfidência... Tiradentes Nas caatingas do Nordeste... Lampião Todos lutaram contra força da opressão

Nasce então Poderosa, guerreira Que desenvolve seu trabalho social Cultura aos pobres, abrigou maltrapilhos Fraternidade, de modo geral Brava gente sofrida, da Baixada Soltando a voz no planeta carnaval Eu quero liberdade, dignidade e união Fui lata, hoje sou prata Lixo, ouro da região Chega de ganhar tão pouco Tô no sufoco vou desabafar Pare com essa ganância, pois a tolerância Pode se acabar... Oh!!! meu Brasil (bis) Overdose de amor nos traz Se espelha, na família “Beija-Flor” Lutando eternamente pela paz

• Montagem de mural com quadros de Candido Portinari nos quais estejam presentes as figuras do índio, do negro, de Tiradentes e de Lampião, citadas na letra desse samba; >

62

visita ao site do Projeto Portinari, para pesquisa;


>

seleção de quadros; reprodução impressa;

>

exposição das reproduções em mural.

• Roda de conversa, da turma com o professor de História, sobre os movimentos, revoltas, insurreições, conflitos, citados na letra do samba; > >

identificação, no texto, dessas lutas; pesquisa em grupo, na internet e/ou em livros e enciclopédias, a respeito dessas lutas.

• Redação de resumos sobre cada luta: o fato, os envolvidos, a época, o ambiente, as causas, as consequências; >

Tiradentes, 1948–1949 Painel a têmpera/tela 309 x 1767cm

apresentação oral dos resumos.

• Troca de ideias da turma com o professor de História a respeito de movimentos sociais de resistência à opressão: legitimidade ou não das lutas; formas de luta; contextos históricos condicionantes das lutas. • Leitura e audição do seguinte trecho da música de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, cuja primeira versão foi gravada em 1967: Viola enluarada.

A mão que toca um violão Se for preciso faz a guerra Mata o mundo, fere a terra A voz que canta uma canção Se for preciso canta um hino Louva a morte Viola em noite enluarada No sertão é como espada Esperança de vingança O mesmo pé que dança um samba Se preciso vai à luta Capoeira

“(...) A

voz que canta uma canção Se for preciso canta um hino (...)”

• Roda de conversa do professor de História com os alunos a respeito do contexto histórico do Brasil à época em que essa música foi gravada: Golpe de 1964; ditadura militar; censura; movimento estudantil; vertente de protesto da música popular brasileira; entre outros fatos. • Interpretação: Considerando o contexto histórico do momento em que a música foi gravada, o que explicaria, na letra, a louvação à guerra, à morte, à vingança, à luta?

63


• Leitura do seguinte fragmento do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade, em homenagem a Candido Portinari, Pintor da Paz: “A mão está sempre compondo (...) / e semeia margaridinhas de bem-querer no baú dos vencidos.” >

>

troca de ideias dos alunos, em roda, com o professor de História: comparação da mão que “semeia margaridinhas de bem-querer” com a mão que “se for preciso faz a guerra”, considerando que em ambos os contextos poéticos está presente a denúncia da opressão e a defesa da liberdade; questionamento quanto à eficácia das diferentes formas de luta: a arte (como denúncia de problemas e instrumento de conscientização política); a guerra (como confronto radical para enfrentamento de conflitos); o pacifismo (como defesa combativa da paz universal e do desarmamento das nações).

Exibição do filme Gandhi, de Richard Attenboroug (2002). • Roda de conversa com o professor de História: o movimento pacifista; líderes mundiais influenciados por Gandhi. “A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do Progresso e da Fraternidade entre os povos.” 23 (Candido Portinari)

b) “O primeiro a colorir / nossos problemas sociais” 24 • Leitura da letra e audição do seguinte samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Tijuca, de 1968, de Ailton Furtado e Mario Pereira: Exaltação a Candido Portinari.

Verdes campos da minha terra Florescem, para inspirar Livre canto da minha terra Canto forte, para exaltar

Sertão Grande inspirador Daquele que seria O nosso maior pintor

Portinari Do azul celestial A beleza pictórica do mural

Morro Também foste retratado E o moleque esfarrapado Que vendia alguma coisa No tabuleiro, para ganhar o pão Ele pintou com emoção

Com destemor Retratou, sem fantasia Nosso diário labor Sonhos e sobrevivência Nos cafezais, no algodoeiro Na procura eterna, o garimpeiro Garimpo, 1938 Pintura mural a afresco 280 x 298cm Algodão, 1938 Pintura mural a afresco 280x 300cm

64

Pintou, com poesia A força que no agreste se fazia Nosso chorar, nosso sorrir Na tela, gigantescos murais Foi o primeiro a colorir Nossos problemas sociais

E quando a ONU o convidou Para o painel da Sala das Nações Deslumbrou, na cor O tema profundo “Guerra e Paz” no mundo Assegurando o seu lugar Além dos nossos corações É imortal, na história da pintura universal (bis)


• Levantamento, na letra do samba, de temas que Portinari aborda em sua obra; >

visita ao site do Projeto Portinari para pesquisa de obras que retratam esses temas;

>

reprodução impressa de algumas dessas obras;

>

apresentação, por meio de slide show, das reproduções, acompanhadas do(s) verso(s) correspondente(s).

•“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, afirmou Liev Tolstói, escritor russo. Assim o fez Candido Portinari, segundo declaração de João Candido Portinari; >

interpretação: Que trechos do samba-enredo narram esse percurso do artista, do local para o global?

c) Cidade compartida “Durante dez meses, Zuenir Ventura (...) frequentou a favela de Vigário Geral (tristemente famosa pela chacina de 21 pessoas em agosto de 1993), convivendo com o outro lado da cidade, onde a vida não vale nada e a violência é a linguagem do cotidiano. Ao mesmo tempo, acompanhava ativamente a mobilização da sociedade civil contra a violência, que resultou no movimento Viva Rio.” No livro Cidade partida, o autor relata essa experiência naquele subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), sinalizando para o fato de que a “solução não consiste meramente em destruir um suposto inimigo, mas em incorporar a massa de excluídos à sociedade.” (Adaptação do texto da quarta capa do livro Cidade partida, de Zuenir Ventura. Companhia das Letras, São Paulo, 1994.)

• Debate, com base na informação anterior: Por que o jornalista Zuenir Ventura teria atribuído esse título ao livro? Qual a diferença entre “partir” e “compartir”? Como relacionar “partir / compartir” a “excluir / incluir”? • Troca de ideias: Que figuras brasileiras da atualidade contribuem ou contribuíram, com suas ações, para a inclusão social? Em que consistem ou consistiram essas ações? Como cada um pode dar sua contribuição, pequena que seja, no sentido de reverter ou diminuir o problema da exclusão? Divisão da turma em 5 grupos, para criação de um samba-enredo. • Idealização do enredo para uma escola de samba imaginária, com base na seguinte ideia: “Rio maravilhoso de Janeiro a janeiro – Unindo a cidade partida”. • Criação do samba-enredo. • Apresentação cantada, para a turma, dos sambas-enredo criados; >

escolha pela turma do samba-enredo em que melhor tenha sido desenvolvida a ideia proposta.

• Gravação de CD com os cinco sambas-enredo criados pela turma. • Idealização, para um desfile imaginário, de alas, fantasias, alegorias, carros, etc.; >

representação, por meio de desenhos, do que foi idealizado;

>

exposição dos desenhos em mural, com a letra do samba escolhido pela turma.

65


proposta 13

A luta contra a guerra, a guerra pela paz 25 Nesta proposta são abordadas, do ponto de vista da ética, questões referentes a tolerância e intolerância; a relação necessária entre esses conceitos e os conceitos de guerra e de paz. Os estudantes questionam os limites da tolerância e realizam uma reportagem sobre atitudes de omissão e conivência em relação a fatos que não podem ser tolerados. Por meio de várias atividades, debatem sobre a possibilidade de um novo mundo, de uma paz universal.

sugestões de atividades

a) A arte da tolerância • Leitura em voz alta, com a participação do professor, da turma e do orientador educacional, do seguinte texto de Frei Betto: A arte da tolerância. Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o divergente. Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e ideias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto. Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregarlhes a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse não é a verdade”. O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Eu anunciei o que foi revelado pelos céus!” O objetante retrucou: “Existem três verdades. A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira”. Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Assim ocorre com Milosevic, ao manter-se intransigente e não admitir os direitos dos kosovares, e com Clinton, ao decidir que seus mísseis são o melhor argumento para convencer o mundo de que a Casa Branca tem sempre razão. Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um náufrago à tábua que o mantém à tona. Ele não é capaz de ver o outro como outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo ou, como diz um personagem de Sartre, “o inferno”. Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões. O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada. Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da 1ª Carta aos Coríntios (13, 4-7): “é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu

66


próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice. O tolerante não desata tempestade em copo d’água, não troca o atacado pelo varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe. Ele jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte. Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu. Quem somos nós para, em nome de Deus, decretar se esses são os eleitos e, aqueles, os condenados? Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não contabiliza ações e reações do ser amado e faz, da sua vida, um gesto de doação. • Troca de ideias entre os alunos e o professor de História: Qual o papel histórico de Milosevic e de Clinton? Que fatos históricos justificam a avaliação do autor a respeito desses governantes? • Interpretação do texto: Qual a diferença entre o diferente e o divergente? Por que todo intolerante é um inseguro? Que é ver o outro como outro? • Debate: Qual é, para você, a intolerância mais repugnante? Por quê? Existe uma relação necessária entre tolerância e amor?

“Portinari (... ) revela toda sua atualidade e sua humanidade, a dos que lutam por um mundo possível.” (Emir Sader. Guerra e Paz, p. 41)

• Reflexão sobre a seguinte afirmativa de Frei Betto a respeito da pessoa tolerante: “Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.” Que significa alteridade radical, singular? Por que jamais deveria ser negada? Você concorda com esse pensamento de Frei Betto? • Interpretação: preenchimento das lacunas a seguir com três adjetivos, de acordo com as ideias expressas pelo autor no seguinte trecho: “O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.” • Portanto, o tolerante não é ________________; não é _______________; não é ____________________. • Interpretação: preenchimento das lacunas a seguir com dez substantivos, de acordo com as ideias expressas pelo autor no seguinte trecho: “Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da 1ª Carta aos Coríntios (13, 4-7): ‘é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.’” • Logo, por oposição, seria possível atribuir ao intolerante as seguintes características: ________________; _______________________; _______________________; ___________________; _______________________; _________________________; ____________________; _______________________; _________________________; ____________________. • Levantamento de assuntos a respeito dos quais fique evidente a divergência dos alunos quanto a opiniões, posições, crenças, ideias; exemplos: obrigatoriedade do voto, sistema de cotas para ingresso na universidade; >

apresentação oral dos diferentes pontos de vista;

>

defesa dos pontos de vista (argumentação);

>

ratificação ou revisão de conceitos.

67


• Narração oral, pelos alunos, com a intermediação do professor e do orientador educacional, de experiências que exemplifiquem atitudes de intolerância, quanto à não aceitação das diferenças individuais (na escola, na família e em outros contextos da vida pessoal). • Reelaboração imaginária dessas histórias, transformando-as em relatos de tolerância. Divisão da turma em grupos. • Redação, em grupo, de um diálogo que expresse a seguinte ideia: “Ele jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.” • Apresentação, por meio de leitura dramatizada, dos diálogos produzidos.

b) Tolerância tem limite? • Leitura, em voz alta, com a participação do professor, da turma e do orientador educacional, do seguinte texto de Leonardo Boff: Limites da tolerância. Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas porque ergueram sua voz e tiveram a coragem de dizer: “não te é permitido fazer o que fazes”. Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo. Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida humana do Planeta e de destruir grande parte da biosfera. Há que submetê-los a controles severos. Não devemos ser tolerantes com aqueles que assassinam inocentes, abusam sexualmente de crianças, traficam órgãos humanos. Cabe aplicar-lhes duramente as leis. Não devemos ser tolerantes com aqueles que escravizam menores para produzir mais barato e lucrar no mercado mundial. Aplicar contra eles a legislação mundial. Não devemos ser tolerantes com terroristas que, em nome de sua religião ou projeto político, cometem crimes e matanças. Prendê-los e levá-los às barras dos tribunais. Não devemos ser tolerantes com aqueles que falsificam remédios que levam pessoas à morte ou instauram políticas de corrupção que dilapidam os bens públicos. Contra estes devemos ser especialmente duros pois ferem o bem comum. Não devemos ser tolerantes com as máfias das armas, das drogas e da prostituição, que incluem sequestros, torturas e eliminação física de pessoas. Há punições claras. Não devemos ser tolerantes com práticas que, em nome da cultura, cortam as mãos dos ladrões e submetem mulheres a mutilações genitais. Contra isso valem os direitos humanos. Nestes níveis não há que ser tolerantes, mas decididamente firmes, rigorosos e severos. Isso é virtude da justiça e não vício da intolerância. Se não formos assim, não teremos princípios e seremos cúmplices com o mal.

68


A tolerância sem limites liquida com a tolerância assim como a liberdade sem limites conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam, portanto, da proteção da lei. Senão assistiremos à ditadura de uma única visão de mundo, que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vingança, fermento do terrorismo. Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tolerância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro. Os direitos ganharam sua expressão na Carta dos Direitos Humanos da ONU, assinada por todos os países. Todas as tradições devem se confrontar com aqueles preceitos. Se práticas implicarem violação daqueles enunciados, não podem se justificar. A Carta da Terra zela pelos direitos da natureza. Quem os violar perde legitimidade. Por fim, é possível ser tolerante com os intolerantes? A história comprovou que combater a intolerância com outra intolerância leva à espiral da intolerância. A atitude pragmática busca estabelecer limites. Se a intolerância implicar crime e prejuízo manifesto a outros, vale o rigor da lei e a intolerância deve ser enquadrada. Fora deste constrangimento legal, vale a liberdade. Deve-se confrontar o intolerante com a realidade que todos compartem como espaço vital. Deve-se levá-lo ao diálogo incansável e fazê-lo perceber as contradições de sua posição. O melhor caminho é a democracia sem fim, que se propõe incluir a todos e respeitar um pacto social comum. Divisão da turma em grupos, para distribuição dos seguintes temas: violação dos direitos humanos e agressão à natureza. • Criação de textos jornalísticos que denunciem atitudes de conivência com o intolerável relativamente a esses temas; >

leitura e reflexão, por parte da turma, do seguinte trecho:

“A tolerância sem limites liquida com a tolerância assim como a liberdade sem limites conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam, portanto, da proteção da lei. Senão assistiremos à ditadura de uma única visão de mundo, que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vingança, fermento do terrorismo. Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tolerância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro.” >

>

levantamento, por grupo, de fatos da vida real que exemplifiquem “cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo” (manifestação dessas atitudes no que diz respeito aos direitos humanos e à natureza); redação dos textos.

• Registro fotográfico, quando possível, dos fatos abordados nos textos criados pelos alunos. • Realização de reportagem com os textos jornalísticos e os registros fotográficos. • Veiculação da reportagem no jornal da escola ou em mural.

69


Um especial exemplo de intolerância:

Em setembro de 1957, “os painéis Guerra e Paz são finalmente inaugurados na sede da ONU, em cerimônia oficial. (...) Em vista do envolvimento de Portinari com o Partido Comunista, a receptividade dos Estados Unidos esfriara. As autoridades americanas não participaram do evento e Portinari sequer foi convidado.” 26

d) “Promessas de um novo mundo”

27

• Debate, com a participação do professor de História, sobre o conflito no Oriente Médio: causas, consequências, geografia do conflito, principais atores, etc. Exibição, pelo professor, do filme Promessas de um novo mundo, de Justine Arlin, Carlos Bolado, B.Z.Goldberg (2001). • Debate sobre o filme: Que atos de intolerância, preconceito, estigmatização são mostrados no filme? Em que consistem as promessas de um mundo novo que o filme sugere?

e) “A paz universal é possível” 28 • Produção de um texto dissertativo; >

troca de ideias, por toda a turma em uma grande roda, a respeito do significado dos seguintes pensamentos de Mahatma Gandhi:

“Temos de nos tornar na mudança que queremos ver.” “O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.” “Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.” Árabe e Israelita, 1956 Desenho a grafite e crayon/papel 23 x 16cm

“Olho por olho e o mundo acabará cego.” >

>

redação individual da dissertação, com aproveitamento, em sua estrutura, dos pensamentos analisados; apresentação oral dos textos.

• Organização de uma coletânea dos textos produzidos, que tenha o seguinte título: “Por um mundo possível”; > >

ordenação dos textos, de acordo com critérios preestabelecidos; escolha, pela turma, de um quadro de Candido Portinari que expresse, na visão dos alunos, ideia ou sentimento de paz (consulta ao site do Projeto Portinari);

>

reprodução impressa do quadro escolhido;

>

confecção de capa para a coletânea; ilustração com a reprodução do quadro.

• Reprodução da coletânea para distribuição entre os alunos. • Realização de uma Feira do Livro na escola, no caso de várias turmas se engajarem nesta atividade; além dos livros criados pelas turmas, exposição e venda de outros títulos, de editoras diversas, todos vinculados à Cultura da Paz. Observação – A direção da escola e os professores poderão articular-se com as editoras, no sentido de viabilizar a realização da Feira.

70


proposta 14

“Liberdade liberdade, abre as asas sobre nós”29 A temática social em Portinari é a motivação desta proposta. Os estudantes realizam pesquisa histórica sobre a formação de comunidades, avaliam os espaços em que residem, levantam problemas, propõem soluções, dirigem-se por escrito a autoridades para reivindicações concretas. Paralelamente, pesquisam sobre outros caminhos, abertos por grupos da sociedade organizada. Por fim, reelaboram situações de penúria e dificuldades, expressas em quatro obras de Portinari, por meio de narrativas em que a perspectiva de mudança é possível.

sugestões de atividades a) “Eu só quero é ser feliz”30 • Leitura do seguinte texto31, de autoria dos alunos Brenda, Taís, Ezequiel, Graciana, David Patrick, Dominique, Taís, Weslem, Daniel, Vinícius, John Lennon, Maic, Bruno, Vanessa, Jonas, Monique, Pedro: O que tem na Rocinha?

Muita violência, Muito pobre, Muito rico. Eu quero que acabe a violência! Tem lixeiro, praia Mata, cachoeira Tem filhos doentes na rua com a mãe pedindo comida. Tem colégio, oficina, Muitos prédios, Casas de tijolos, Barracos de madeira. Tem caminhão de lixo, pedra e areia

Tem motos. As motos já atropelaram muita gente. Tem escadas, lixo na rua, Quadra, flores, Sendas e Novo Mundo também. Tem coelho, pombo, Cachorro vira-lata, pit bull Tem crianças e adultos Tem polícia pra matar todo mundo. Tem bola na loja e na vala, Tem túnel e paraquedas Paraquedas? Não, é asa-delta!

• Ilustração do poema por meio de desenho, pintura, colagem ou fotografia.

“(...) todos os meninos (...) sejam vertiginosamente felizes (...)” (Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218 - 219)

• Interpretação: >

levantamento, no texto, de aspectos positivos do lugar descrito pelos jovens autores;

>

levantamento, no texto, dos problemas listados por eles;

>

análise da visão dos autores sobre o lugar onde moram, considerando a relação entre a quantidade de problemas e a de aspectos positivos.

• Criação individual de poemas com a descrição do local onde o aluno reside (rua, bairro ou cidade); >

levantamento prévio de aspectos positivos e negativos do local;

71


>

elaboração do texto poético;

>

apresentação dos poemas em uma roda de recitação.

Exibição, pelo professor, do vídeo Rap da felicidade 32. • Leitura da letra e audição da seguinte música de Julinho Rasta e Kátia: Rap da felicidade. (refrão)

(refrão)

Eu só quero é ser feliz

Diversão hoje em dia não podemos nem pensar

Andar tranquilamente Na favela onde eu nasci É... E poder me orgulhar E ter a consciência Que o pobre tem seu lugar Fé em Deus DJ (refrão) Minha cara autoridade eu já não sei o que fazer Com tanta violência eu sinto medo de viver Pois moro na favela e sou muito desrespeitado A tristeza e alegria que caminham lado a lado Eu faço uma oração para uma santa protetora Mas sou interrompido a tiros de metralhadora Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela O pobre é humilhado, esculachado na favela Já não aguento mais essa onda de violência

Pois até lá nos bailes eles vêm nos humilhar Ficar lá na praça que era tudo tão normal Agora virou moda a violência no local Pessoas inocentes que não têm nada a ver Estão perdendo hoje o seu direito de viver Nunca vi cartão-postal que se destaque uma favela Só vejo paisagem muito linda e muito bela Quem vai pro exterior da favela sente saudade O gringo vem aqui e não conhece a realidade Vai pra zona sul pra conhecer água de coco E o pobre na favela vive passando sufoco Trocaram a presidência uma nova esperança Sofri na tempestade agora eu quero a bonança Povo tem a força, precisa descobrir

Só peço autoridades um pouco mais de competência

Se eles lá não fazem nada faremos tudo daqui

Vamos lá

(refrão)

Vamos lá

• Interpretação: >

levantamento, pelos alunos, das denúncias contidas na letra do rap;

>

levantamento, pelos alunos, das aspirações expressas nesse rap.

• Leitura das letras e audição dos seguintes sambas (fragmentos): “Ave-Maria no morro”, de Herivelto Martins, gravada em 1942; “Alvorada no morro”, de Cartola, Carlos Cachaça, Herminio Bello de Carvalho, 1968.

72


Ave-Maria no morro Barracão De zinco, sem telhado Sem pintura, lá no morro Barracão é bangalô. Lá não existe Felicidade de arranha-céu Pois quem mora lá no morro Já vive pertinho do céu. Tem alvorada, tem passarada, Alvorecer Sinfonia de pardais Anunciando o anoitecer.

Favela, 1957 Pintura a óleo/tela 46 x 55cm

Alvorada no morro Alvorada Lá no morro, que beleza Ninguém chora, não há tristeza Ninguém sente dissabor O sol colorindo É tão lindo, é tão lindo E a natureza sorrindo Tingindo, tingindo Morro, 1951 Pintura a óleo/tela 46 x 55cm

• Troca de ideias com o professor de História: comparação entre as descrições de uma favela – nos sambas, no poema “O que tem na Rocinha?” e no “Rap da felicidade” – Teriam as favelas mudado radicalmente com o passar dos anos? Teria surgido com o passar do tempo algum fato novo? Nos sambas em questão teria havido apenas uma idealização da realidade? • Troca de ideias com o professor de História sobre a formação das favelas no Rio de Janeiro; seus problemas desde o início; o recrudescimento desses problemas no fim do século XX; as tentativas de solução por parte de governos, de organizações não governamentais, da sociedade civil. • Reflexão, em grande roda, com o professor de História: Como conseguir a paz em espaços sociais de conflito?

b) “Minha cara autoridade”

33

• Criação individual de carta a uma autoridade; >

>

debate a respeito dos assuntos a serem tratados na carta: Como é o lugar (rua, bairro, cidade) onde o aluno mora? Quais os problemas mais graves? O que melhorou? Que soluções acredita serem possíveis? O que esperar das autoridades? redação da carta conforme a estrutura a seguir:

lugar e data;

vocativo (pronome de tratamento adequado);

introdução – explicitação do objetivo da carta: fazer denúncias da existência de problemas no lugar onde o aluno mora; solicitar providências para solucioná-los;

73


desenvolvimento – inicialmente, enumeração e detalhamento dos problemas locais em algumas das seguintes esferas: moradia, lazer, educação e cultura, saúde e saneamento, segurança; a seguir, apresentação de algumas propostas de solução;

fecho – expressão do anseio de que seja atendido(a); despedida cordial e respeitosa;

assinatura do remetente.

Atenção quanto ao uso da variante culta e do registro formal da língua, adequados ao destinatário e à situação.

c) “Agora eu quero a bonança” 34 • Leitura do seguinte pensamento: “Os pobres só entram para a História quando arrombam as portas. Alguns as arrombam com as armas (...) Outros as arrombam com seu corajoso talento, como Candido Portinari (...)” (Mauro Santayana. Guerra e Paz, p. 145) • Troca de ideias: Arrombar portas com o talento contribui para uma Cultura de Paz? >

>

pesquisa, nos diferentes veículos de comunicação, a respeito de ações socioculturais promovidas por grupos da sociedade civil organizada, a exemplo do Viva Rio, do AfroReggae, do Nós do Morro, da Central Única das Favelas (CUFA) e do Museu de Favela (MUF): Onde se localizam? Quando e como surgiram? A que público atendem? Que projetos socioculturais desenvolvem? Quais seus objetivos? Em que medida esses grupos contribuem para a não violência? reflexão: Qual o meu talento? Como desenvolvê-lo? Como colocá-lo a serviço da paz?

d) Viramos o jogo • Reconhecimento da temática social em Candido Portinari; >

leitura da seguinte consideração a respeito do artista:

“De fato, Portinari não pintava apenas por pintar. (...) É claro que amava a pintura a ponto de por ela sacrificar a sua própria vida. Mas era um homem obcecado pela missão que carregava dentro de si: a de lutar por valores sociais e humanos, a de servir ao humano.” (João Candido Portinari. Portinari pintor da paz, apresentação) >

Menino do Tabuleiro, 1947 Pintura a óleo/tela 100 x 81cm

74

Mulher do Pilão, 1945 Pintura a óleo/tela 100 x 81cm

análise das seguintes obras de Portinari:


Quais os personagens? Qual o aspecto físico? Como estão vestidos? Que objetos podem ser vistos? Qual a relação desses objetos com os personagens? Como é o ambiente em que se encontram ? O que fazem? O que as suas feições expressam? >

interpretação: A observação das quatro obras confirma a consideração feita por João Candido Portinari? Por quê?

Lavadeiras, 1937 Pintura a têmpera/madeira 46 x 54,5cm Os Retirantes, 1955 Pintura a óleo/madeira 23 x 14,5cm

• Criação de narrativas em que os personagens sejam os mesmos das quatro obras analisadas (cada obra deverá inspirar uma narrativa); > •

• •

esquematização do texto:

início: “Era uma vez um menino...”; “Era uma vez uma mulher...”; “Era uma vez duas mulheres...”; “Era uma vez uma família...” desenvolvimento: O que aconteceu? Com quem? Quando? Onde? Por quê? inserção de um dado na história dos personagens, capaz de virar positivamente o jogo de sua vidas: descoberta de um talento inato; esforço pessoal de superação; ajuda providencial de conhecido ou desconhecido; amparo de uma instituição governamental ou não governamental; etc.;

>

redação das narrativas.

• Ilustração de cada história: no início, com reprodução impressa da obra de Portinari que inspirou o texto; no final, com desenho ou colagem de imagens que expressem as transformações por que passaram os personagens. • Confecção individual de livrinho com a história criada e as ilustrações.

75


proposta 15

“A mão está sempre compondo”35

Nesta proposta, os estudantes redigem uma carta simbólica a Candido Portinari, em resposta ao que significou para eles o percurso, realizado até aqui, através da obra do artista: o que sentiram, o que aprenderam, o que ganharam, o que neles ficou desta viagem. (Esta carta pode ser enviada para o Projeto Portinari pelo correio ou pelo e-mail pp@portinari.org.br)

Carlos Drummond de Andrade, em 1962, presta a seguinte homenagem ao amigo Candido Portinari: A mão Entre o cafezal e o sonho o garoto pinta uma estrela dourada na parede da capela, e nada mais resiste à mão pintora. A mão cresce e pinta o que não é para ser pintado mas sofrido. A mão está sempre compondo módul-murmurando o que escapou à fadiga da Criação e revê ensaios de formas e corrige o oblíquo pelo aéreo e semeia margaridinhas de bem-querer no baú dos vencidos. A mão cresce mais e faz do mundo-como-se-repete o mundo que telequeremos. A mão sabe a cor da cor e com ela veste o nu e o invisível. Tudo tem explicação porque tudo tem (nova) cor. Tudo existe porque foi pintado à feição de laranja mágica não para aplacar a sede dos companheiros, principalmente para aguçá-la Mãos Entrelaçadas, 1955 Desenho a grafite e crayon colorido/papel 10 x 10cm Estudo para o painel Guerra

até o limite do sentimento da terra domicílio do homem. Entre o sonho e o cafezal entre guerra e paz entre mártires, ofendidos, músicos, jangadas, pandorgas, entre os roceiros mecanizados de Israel, a memória de Giotto e o aroma primeiro do Brasil

76


entre o amor e o ofício eis que a mão decide: todos os meninos, ainda os mais desgraçados sejam vertiginosamente felizes como feliz é o retrato múltiplo verde-róseo em duas gerações da criança que balança como flor no cosmo e torna humilde, serviçal e doméstica a mão excedente em seu poder de encantação. Agora há uma verdade sem angústia mesmo no estar-angustiado. O que era dor é flor, conhecimento plástico do mundo. E por assim haver disposto o essencial, deixando o resto aos doutores de Bizâncio, bruscamente se cala e voa para nunca-mais a mão infinita a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari.

Autorretrato, 1957 Pintura a óleo/madeira 55 x 46cm

“O que era dor é flor, conhecimento / plástico do mundo.” (Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218-219)

Fazer este Caderno foi uma emocionante viagem. Conduziu-nos docemente a “mão infinita / a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari”. Guiados pelo Artista, visitamos a Guerra e a Paz, em seus múltiplos e sutis significados. Buscamos seguir os passos do Mestre, ouvir sua voz, olhar com seu olhar, ao sugerirmos que todas as atividades tivessem o sabor de “coisas singelas ao alcance de todos: o canto, a dança, o trabalho compartilhado, a fraternidade”  36. Na definição de João Candido Portinari 37, a obra do Artista “(...) é como uma grande carta que ele escreve ao povo brasileiro”. Vamos, então, prosseguir esta viagem, respondendo à carta de Candido Portinari?

77


A Candido Portinari Aos cuidados de João Candido Portinari Diretor-Fundador do Projeto Portinari/ Puc-Rio Rua Marquês de São Vicente, 225 Gávea, Rio de Janeiro, RJ Cep: 22453-900

78


Escola: Turma: Remetente:

79


Notas 1. Disponível em http://www.comitepaz.org.br/ dec_prog_1.htm 2. Portinari – o bauzinho do pintor. Linha do tempo 1903-1962. 3. Programa Oficina da Criança, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, publicação Sacudindo as ideias - RJ, 2000. 4. Trecho da letra da música “Minha alma (A paz que eu não quero)”, de Marcelo Yuka – Grupo O Rappa. 5.Trecho da tradução da música “Imagine”, de John Lennon. Tradução de autoria não identificada, extraída do livro História do Brasil (2º grau), de Joel Rufino dos Santos, p. 174. 6. Trecho da tradução da música “Imagine”, de John Lennon. 7. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill. 8. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill. 9. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill. 10. Programa Oficina da Criança, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, publicação Sacudindo as ideias - RJ, 2000. 11. João Candido Portinari. Portinari pintor da paz. Mostra Brasil Telecom. 12. Trecho da letra da música “De magia de dança e pés”, de Milton Nascimento. 13. Título de música de Martinho da Vila. 14. Nereide Schilaro Santa Rosa. Papel e tinta, artes do Japão. São Paulo: Editora Callis, 2008, p. 57. 15. Disponível em http://pedagogiaemfoco.pro.br/ discurso.htm

26. Portinari pintor da paz. Mostra Brasil Telecom. 27. Título do filme de Justine Arlin, Carlos Bolado, B.Z.Goldberg (2001). 28. Fragmento de texto de Israel Pedrosa. Guerra e Paz, p. 126: “Com todos esses tons dourados, alegres, crepitantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível.” 29. Trecho do “Hino à Proclamação da República”, de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (letra) e Leopoldo Miguez (música). 30. Trecho da letra do “Rap da felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia. 31. Texto dos alunos da Escola Municipal Paula Brito. Programa Oficina da Criança, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, publicação Sacudindo as ideias – RJ, 2000. 32. Vídeo disponível em http://www.youtube.com/ watch?v=aQPLEk_ynHI 33. Trecho do “Rap da felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia. 34. Trecho do “Rap da felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia. 35. Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218-219. 36. Fragmento de texto de Maria Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 39: “Na Paz, via o gozo de coisas singelas, ao alcance de todos: o canto, a dança, o trabalho compartilhado, a fraternidade.”

16. Título de música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

37. João Candido Portinari, Diretor-Fundador do Projeto Portinari / Puc-Rio. Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

17. Trecho da letra da música “Brigas nunca mais”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

REFERÊNCIAS

18. Trecho da letra da música “Brigas nunca mais”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

A – Publicações impressas

19. Trecho da letra da música “Canção da América”, de Milton Nascimento e Fernando Brant. 20. Trecho da letra da música “Flagra”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. 21. Trecho da letra de “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”, samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. 22. “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”, samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. 23. Trecho de mensagem escrita por Candido Portinari. Guerra e Paz, p. 148. 24. Trecho de “Exaltação a Candido Portinari”, samba-enredo de 1968, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Tijuca. 25. Fragmento de texto de Emir Sader. Guerra e Paz, p. 40: “Por isso a paz foi um dos temas igualmente privilegiados pelos mais importantes

80

artistas do mundo contemporâneo – a paz, a luta contra a guerra, a guerra pela paz.”

COELHO, Teixeira. O que é utopia. São Paulo: Brasiliense, 1999. LINHARES, Célia. “Portinari na escola. Outras pontes e fronteiras para aprendizagem”. In: O escritor. Revista da UBE – União Brasileira de Escritores, número 121, julho de 2009. MOSTRA Brasil Telecom. Portinari, pintor da paz. PEDROSA, Israel. “Portinari e os preconceitos estéticos da Era dos Extremos.” In: Na contramão dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2007. PIMENTEL, Luís Antônio. Obras reunidas, 2. Prosa e Poesia Reunidas. Organização e notas de Aníbal Bragança. Niterói, RJ: Niterói Livros, 2004. PORTINARI, João Candido e PENNA, Christina (editoria). Candido Portinari – o lavrador de quadros. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 2003. PORTINARI, João Candido (concepção e coordenação geral), PENNA, Christina (organização) e HAWKINS, Lisa Dean (versão para o inglês). Candido Portinari: catálogo raisonné. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 2004.


PORTINARI, João Candido (organização). Guerra e Paz. Projeto Portinari, Rio de Janeiro. PORTINARI, Candido. Poemas. São Paulo: Editora Callis, 1999. PORTINARI, Candido. Portinari, o menino de Brodósqui. 2ª edição, São Paulo: Livroarte, 2001. SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Papel e tinta, artes do Japão. São Paulo: Editora Callis, 2008. VENTURA, Zuenir. Cidade partida. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. B – Sites 1. Academia Brasileira de Literatura de Cordel – www.ablc.com.br 2. Comitê da Paz – www.comitepaz.org.br 3. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira – www.dicionariompb.com.br 4. Projeto Portinari – www.portinari.org.br Sites que ensinam a fazer brinquedos: http://educarparacrescer.abril.com.br/ aprendizagem/brinquedos-artesanais-408190. shtml?page=page7 http://www.blogdajulieta.com.br http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/ documentos/espaco-virtual/espaco-praxispedagogicas/MATERIAIS%20DID%C3%81TICOS/ brinquedosartesanais.pdf C – Textos encontrados na internet 1. “A arte da tolerância”. Frei Betto. Disponível em <http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/ artigos/espaco-aberto/pensamentos/1549.html> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 2. “Alvorada no morro”. Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho. Disponível em < http://letras.terra.com.br/clara-nunes/121207/ > (último acesso em 10 de janeiro de 2011). 3. “Ave-Maria no morro”. Herivelto Martins. Disponível em <http://www.vagalume.com.br/ dalva-de-oliveira/ave-maria-no-morro.html> (último acesso em 8 de janeiro de 2011). 4. “Bola de meia, bola de gude”. Milton Nascimento e Fernando Brant. Disponível em <http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 5. “Brigas nunca mais”. Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Disponível em <http://www. viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_ article=1095> (último acesso em 23 de dezembro de 2010). 6. “Canção da América”. Milton Nascimento e Fernando Brant. Disponível em <http://www. miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010).

9. De magia de dança e pés. Milton Nascimento. Disponível em <http://www.miltonnascimento. com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 10. “Exaltação a Candido Portinari”. Ailton Furtado e Mário Pereira. Samba-enredo de 1968, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Tijuca. Disponível em <http://letras.terra.com.br/ grese-imperio-da-tijuca/1738003/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 11. “Flagra”. Rita Lee e Roberto de Carvalho. Disponível em <http://letras.terra.com.br/ritalee/66794/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011). 12. “Limites da tolerância”. Leonardo Boff. Disponível em <http://www.humaniversidade. com.br/boletins/limites_da_tolerancia.htm> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 13. “O cio da terra”. Chico Buarque e Milton Nascimento. Disponível em <http://www. miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 14. “O crime nunca mais”. MV Bill. Disponível em <http://letras.terra.com.br/mv-bill/1055679/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011). 15. “O discurso final do filme O grande ditador”. Charlie Chaplin. Disponível em <http:// pedagogiaemfoco.pro.br/discurso.htm> (último acesso em 10 de janeiro de 2011). 16. “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”. Samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. J. C. Betinho, Ribeirinho, Glyvaldo, Luis Otávio, Manoel do Cavaco, Serginho Sumaré e Vinícius. Disponível em <http://letras.terra.com.br/beija-flor-rj/120087/> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 17. “O Prêmio Nobel da Paz”. Disponível em <http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laurea> (último acesso em 6 de dezembro de 2010). Tradução/adaptação. 18. “Um gênio da arte; Candido Portinari (1ª. parte)”. Daniel Fiúza. Disponível em <http:// www.usinadeletras.com.br/exibelotexto. php?cod=7028&cat=Cordel> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 19. “Um gênio da arte; Candido Portinari (2ª. parte). Daniel Fiúza. Disponível em <http://www. usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=7059 &cat=Cordel&vinda=S> (último acesso em 16 de dezembro de 2010). 20. “Viola enluarada”. Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Disponível em <http://letras.terra.com.br/ marcos-valle/181016/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011). D - Filmes

7. “Canta Brasil”. David Nasser e Alcyr Pires Vermelho. Disponível em <http://www.letras.com. br/david-nasser/canta-brasil> (último acesso em 10 de janeiro de 2011).

1. Gandhi. Richard Attenboroug, 2002.

8. “Declaração sobre uma Cultura de Paz”. Disponível em <http://www.comitepaz.org.br/ dec_prog_1.htm> (último acesso em 10 de janeiro de 2011).

4. Promessas de um novo mundo. Justine Arlin; Carlos Bolado e B.Z. Goldberg, 2001.

2. Garoto, O. Charlie Chaplin, 1921. 3. Grande ditador, O. Charlie Chaplin, 1940.

5. Romeu e Julieta. Franco Zeffirelli, 1968.

81


Direção e Realização Projeto Portinari Direção Geral João Candido Portinari Direção Executiva Maria Duarte Assistente de Direção Soledad Dominguez Estagiária Sarah Bazin Acervo de Obras Noélia Coutinho Acervo de Fotos e Vídeos Elisa Albernaz WebSite Lúcio Almeida Administração Roseane Macedo Vera Bendia Fatima Pereira Reinaldo Oliveira

Coordenação Expomus Coordenação Geral Maria Ignez Mantovani Franco Coordenação Executiva Roberta Saraiva Coutinho

Assessoria Jurídica PTM Advogados Associados Maria Edina Portinari Carla Tiedemann da Cunha Barreto Zeraik Advogados Associados Felippe Zeraik Website Guerra e Paz Coordenação Geral e Editorial Maria Duarte Gerente de Projeto Lucio Almeida Assistentes de Conteúdo Soledad Dominguez Sarah Bazin Desenvolvimento e Programação Caos! Video&Design Direção de Arte Pedro Segreto Marcelo Alt Designer Lui Azevedo Desenvolvimento Afonso Praça Diogo Lean Estagiários Fernanda Lopes Lais Tavares Leandro Alli Zeno Rocha

Assessoria Carla Nieto Vidal Assistente de Coordenação Lia Ana Trzmielina Coordenação do Projeto Patrícia Queiroz Helena Leopardi Lilian Fraiji Coordenação Técnica Alessandra Labate Rosso Cecília Zuchi Vezzoni Cristiane Morine Coordenação Administrativa Lucila Mantovani Ana Maria Barcellos de Lima Maria Izabel Casas Novas Andréia Leite

82

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Approach’ Tools+

GESTÃO ADMINISTRATIVOFINANCEIRA Rolim & Passos


ATELIÊ aberto DE RESTAURO Palácio Gustavo Capanema, RJ, fevereiro a maio, 2011

Programa Educativo

RESTAURAÇÃO

Concepção e Coordenação Projeto Portinari Expomus

Cordenacão Hólos Consultores Associados

Coordenação Geral Suely Avellar Carolina Vilas Boas Assistente de Coordenação Isabel Reis Supervisão Editorial Maria Duarte Elaboração do Caderno do Professor Nadya Ferreira Jesus Lena Jesus Ponte Assistente Monique Lopes Inocêncio Atividades de Educação Patrimonial e de Restauro Edson Motta Jr. (UFRJ) Claudio Valério Teixeira Coordenacão da Visita Guiada Maria Célia Leite Avellar Monitoras Angélica Parada Joyce Enzler Karla Cristina Gomes Maria Beatriz Machado Rachel Leite Avelar Virginia Jesus de Oliveira Arte-Educadoras Fernanda Lago Monica Carvalho Rosinete Lobato dos Santos

Coordenação Técnica Edson Motta Jr. (UFRJ) Claudio Valério Teixeira Consultora Eventual Maria Cristina da Silva Graça Chefe de Equipe Humberto Farias de Carvalho Restauradores Elisabete Edelvita Chaves da Silva Raimundo Nonato dos Santos Silva Anderson Nonato Pereira Denise de Oliveira Guiglemeti Juliana da Silva Lopes Adian Moutinho Somma Juliana Baptista Lanhas Aurea Ferreira Chagas Manuela Pita Santos Pedro Rubens Martin Felício Teixeira Viviane Silveira Teixeira Laís Neri da Silva Pimentel Rodrigo Matos Mandarino Eliane Costaldello Celio de Assunção Belem Milton Eulálio Perpétuo Assistente de Restauração Aloizio Gonçalves Marinho Coordenação Geral Christina Gabaglia Penna Assistente de Coordenação Patricia Galliez de Salles

ANÁLISE CIENTÍFICA DE MATERIAIS E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA POR IMAGEM Lacicor – laboratório de ciência da conservação Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais Cientista da Conservação Luiz A. C. Souza Materiais e Técnicas Pictóricas Alessandra Rosado Documentação Científica Alexandre Leão Análise de Materiais e Espectrometria de Fluorescência de Raios X Isolda Mendes Bolsistas Marcos Gohn Laura Guimarães do Rego Macedo

MUSEOGRAFIA RM Arquitetos Projeto e Execução Marcus Pencai Reinaldo Marques Gerente de Espaço Fernanda Andrada Montagem das Vitrines Alessandra Labate Rosso Sandra Sautter Suely Avellar

Gerente de Projeto Maria Beatriz Scarabotollo

Identidade Visual Projeto Gráfico eg.design Evelyn Grumach Carolina Ferman Direção de Arte e Coordenação Evelyn Grumach Designers Carolina Ferman Tatiana Buratta Estagiárias Deborah Piragibe Lais Tavares Finalização Carlos Alberto da Silva

créditos capa Dança de Roda, 1955 Desenho a grafite, crayon, crayon colorido, sanguínea e sépia/cartão 35,5 x 35,5cm Estudo para o painel Paz Mãe com Filho Morto, 1955 Desenho a grafite, crayon e sanguínea/papel 32,5 x 34,5cm Estudo para o painel Guerra Mãos Entrelaçadas, 1955 Desenho a grafite e crayon colorido/papel 10 x 10cm Estudo para o painel Paz

créditos 4ª capa Paz, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 101 x 70.5cm Estudo para o painel Paz Portinari pintando o painel Guerra no galpão da TV Tupi. Rio de Janeiro, 1955.

83


www.guerraepaz.org.br

84


caderno do professor

REALIZAÇÃO E DIREÇÃO

APOIO

PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO

APOIO FINANCEIRO

caderno do professor PATROCÍNIO


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.