NUMOSES - Guia Guerra do Peloponeso

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Guerra do Peloponeso

Guia de Estudos Guerra do Peloponeso (429 - 421 a.C.) Disputa entre Atenas e Esparta pela hegemonia do mundo grego.

Elaborado por: Camila Alves Julia Camargo

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Sumário I. Geografia...................................................................................................... 3 1. Organização................................................................................................ 5 2. Relevo......................................................................................................... 6 II. Sistemas Políticos....................................................................................... 7 1. A Democracia Ateniense............................................................................. 8 2. A Oligarquia Espartana............................................................................... 9 III. Guerras Médicas...................................................................................... 12 1. Introdução....................................................................................... 12 2. Primeira Guerra Médica................................................................... 13 3. Segunda Guerra Médica.................................................................. 14 4. Batalha de Termópilas...................................................................... 14 5. Batalha de Salamina........................................................................ 15 6. Batalha de Platéia........................................................................... 15 7. Consequências................................................................................ 15 IV. Pentaconteia............................................................................................ 16 V. Primeira Guerra do Peloponeso.............................................................. 17 VI. O Mediterrâneo....................................................................................... 18 1. Macedônia, Trácia e Calcídia........................................................... 18 2. Sicília, Magna Grécia e os Etruscos................................................ 23 3. O Império Persa............................................................................... 24 VII. Tecnologias de Guerra............................................................................ 25 1. Unidades de Combate..................................................................... 25 2. Armamentos dos Hoplitas................................................................ 26 3. Navios de Guerra............................................................................. 29 VIII. Oráculos.................................................................................................. 30 IX. Recursos Naturais.................................................................................... 30 X. Bibliografia.................................................................................................. 31

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Guerra do Peloponeso I. Geografia

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Guerra do Peloponeso Mapa 1- Mapa da grĂŠcia

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Mapa 2: “Grécia Antiga”

Mapa 3: “Colonização Grega” 1. Organização Espalhados por toda parte, os povos gregos (na Grécia Antiga) localizam-se na região Sul da Europa, mais especificamente na Península Balcânica. Seu centro é banhado pelo mar Egeu pelo leste, e pelos mares Adriático e Jônico a oeste. A ordem mundial regente da época dividiu as terras conhecidas em quatro partes: – A Grécia Continetal, composta pelas Pólis da Península Balcânica a) Macedônia: Região do reino macedônico b) Épiro: Região de porção mais ao norte do mundo grego. Localiza-se próximo aos povos bárbaros e aos macedônicos c) Tessália: Onde existem maior porção de terras planas, apesar de abrigar o Monte Olimpo em seu território d) Grécia Central: Uma das mais importantes regiões da Grécia Antiga, pois abrigava as grandes Pólis de Atenas e Tebas. É, também, a única região que conecta Peloponeso com o resto do continente europeu (por meio do Istmo de Corinto) 5


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Guerra do Peloponeso e) Grécia Ocidental: Região entre a Grécia Central e Épiro f) Peloponeso: Região peninsular ligada a Grécia Cetral. Abriga a Pólis de Esparta – A Grécia Insular, ou seja, as ilhas gregas. As principais sendo elas a ilha de Rodes, Creta e Delos – A Grécia Asiática, situada na porção oeste da Ásia Menor. Abrigando Pólis importantes como as de Tróia e Lesbos. – A Magna Grécia formada por algumas pólis da região sul da Península Itália, como Cartago 2. Relevo

Mapa 4: Relevo da Grécia Antiga A região grega é majoritariamente montanhosa (ocupam 80% de sua superfície territorial). Entre uma montanha e outra encontram-se planícies férteis, berços naturais para o desenvolvimento de pequenas sociedades. Apenas algumas regiões litorânes, como Tessália, e a porção de terra do Peloponeso, que são cobertas pela Arcádia (terras igualmente montanhosas). A Grécia Central é divida em Leste e Oeste pelos Montes Pindo. Os montes mais importantes são: o monte Parnaso, que abriga a cidade e o oráculo de Delfos, o monte Olímpio, e a região da Arcádia (Peloponeso). Com relação ao mar, a região grega tem seu litoral bastante recortado, com

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Guerra do Peloponeso bons portos e diversas ilhas próximas umas das outras. As águas calmas e essa pequena distância entre as ilhas são um convite e tanto à navegação maritma. A fragmentação geográfica do território grego, devido à presença marcante do mar e das montanhas, facilitou (também) a fragmentação política.

II. Sistemas Políticos

Mapa 5: Sistemas políticos e seus aliados antes da Guerra do Peloponeso 1.A Democracia Ateniense “εκλήθη το πολίτευμα δημοκρατία” (Péricles: “Essa constituição é chamada ‘democracia’ ”) Atenas foi fundada pelos jônios no centro da planície da Ática. Como os solos eram pouco férteis, a população ateniense voltou-se para o mar. 7


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Guerra do Peloponeso A Democracia Ateniense consolidou-se de fato com uma figura peculiar de nome Péricles. Baseado nas pequenas e não tão efetivas reformas feitas pelo seu antecessor Clístenes, Péricles tornou possível a participação dos cidadãos nas decisões políticas por meio do estabelecimento dos princípios: isonomia, igualdade de todos perante a lei; da isegoria, igualdade de direito ao acesso à palavra na assembléia; e da isocracia, igualdade de participação no poder. Instituiu, também, remuneração aos cargos políticos, já que esses só atraiam os mais ricos e avantajados. Atenas tratava-se de uma democracia direta, enquanto hoje, vigora a democracia representativa. “Nossa constituição é chamada democracia porque o poder está nas mãos não de uma minoria mas de todo o povo. Quando se trata de resolver questões privadas, todos são iguais perante a lei, quando se trata de colocar uma pessoa diante de outra em posições de responsabilidade pública, o que vale não é o fato de pertencer a determinada classe, mas a competência real que o homem possui.” Discurso de Péricles. Disponível em <www.educacao.sp.gov.br>. Neste período, essa grande pólis era governada pela assembléia ekkleseia, formada pelo o conjunto de todos os cidadãos maiores de 18 anos. Essa, decidia tudo na política: desde a cobrança de impostos até assuntos externos. As decisões eram tomadas através de votações sobre assuntos apresentados pela boulé (conselho dos 500). A primeira reunião realizada da ekklesia (em cada quatro delas) discutiam-se questões essenciais do governo, inclusive a permanência ou não de oficiais em seus cargos. Essa reunião era denominada de ekklesia kuria (assembléia soberana). Havia limites na participação da ekklesia. Primeiramente, aquele considerado traidor poderia ser expulso da comunidade atniense, através do ostracismo (sistema de votação. Posteriormente, todos os cidadãos encontravam-se sujeitos ao julgamento diskateria, uma espécie de tribunal formado por um júri (sem juíz), no qual o cidadão era julgado por dike (quebra de contrato, falso testemunho, calúnia, assassinato, entre outros crimes) ou graphe (impiedade, deserção, injúria, etc). A ação por inconstitucionalidade (graphe paranomon) podia visar à anulação de uma decisão tomada na ekklesia, garantindo a permanência dos princípios democráticos da assembléia ateniense. Essa moção punia aquele que havia proposto a moção inconstitucional, mesmo que ela tivesse sido aprovada pela ekklesia, e suspendia imediatamente a decisão, decreto ou proposta em questão. A boulé (conselho dos 500 cidadãos maiores de 30 anos) eram escolhidos através de sorteio dentre as diferentes divisões administrativas (conhecida como demos), sendo que nenhum cidadão assumia mais do que duas vezes um cargo na boulé e seu cargo era mantido por um ano. Essa ordem decidia: os assuntos a serem abordados e sua ordem de votação na ekklesia; o tempo de fala dos cidadãos (através da clepsidra, um relógio de água). Além de serem responsáveis pela organização da ekklesia em geral, também cuidavam de obras públicas e sua fiscalização. Também havia o helieu (conhecido como Câmara dos Comuns) que era responsável por, simplesmente, cuidar de casos corriqueiros da Cidade-estado. Os cargos tinham duração limitada e rotatividade, a eleição e/ou sorteio eram princípios essenciais da democracia ateniense. Assim escolhiam-se, entre outros, os dez strategoi (generais) que ficavam responsáveis pela condução da guerra e das relações exteriores, os presbeis (ou embaixadores) que representavam o povo

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Guerra do Peloponeso ateniense no exterior e faziam tratados e acordos com outras póleis, os arautos (kerukes) eram responsáveis por enviar mensagens e presentes às outras póleis, e por consultarem os oráculos em nome da sua cidade. Lembrando que tais cargos eram subordinados ao controle da assembléia, que determinava e limitava suas atribuições e sua liberdade de ação. Além dessa Democracia funcionar na base da oratória, na arte de bem falar, habilmente explorada por muitos discípulos de sofista (que conseguiram influenciar muitas decisões da assembléia popular e condenar ao ostracismo muitos adversários políticos), também se baseava em dois fundamentos: liberdade e igualdade. Esses pilares eram muito respeitados e adorados pelos atenienses. Segundo Ésquines, por exemplo, “as oligarquias e aqueles que governam seguindo o princípio da desigualdade devem se proteger dos homens capazes de tomar o Estado pela força das armas, mas nós, cuja constituição é fundamentada sobre a igualdade e o direito, nós devemos descartar aqueles cujas palavras ou condutas atentem contra a democracia.”. Péricles, general ateniense, teria dito “(...) Todos são iguais perante a lei. (...) Nós praticamos a liberdade, não apenas em nossa conduta na ordem política, mas também (...) na vida cotidiana”. a democracia ateniense Porém, apesar desses fundamentos serem a base de Atenas, só era considerado cidadão de direito político (participando das assembléias, conselhos e tribunais) o homem de sexo masculino livre com mais de 18 anos de idade, nascidos em Atenas e com pai e mãe atenienses. Isso significava aproximadamente 13% da população. De posição social abaixo dos cidadãos estão os metecos. Esses eram os estrangeiros que viviam em Atenas. Eram homens livre, mas sem nenhum direito político. Estavam sujeitos ao serviço militar e ao pagamento de impostos, não podiam possuir terras, não podiam se casar com mulheres atenienses e basicamente dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. As mulheres que viviam na dependência dos homens (antes de se casarem dependiam do pai e depois de seu marido) não tinham direitos políticos. As mais ricas, passavam suas tarefas de casa aos escravos, mas as menos afortunadas tinham que trabalhar dentro e fora de casa, tais como vendedoras de mercado. Só podiam participar dos cultos e das festividades religiosas. Por fim, os escravos, essenciais para a economia e estrutura social, eram responsáveis pelo artesanato, agricultura, construção civil, etc. Como escravos, eram desprovidos de qualquer direito e sobreviviam como mera propriedade de seus senhores. De forma geral, tornavam-se escravos os inimigos derrotados e capturados de guerras ou os endividados. Assim, há um grande leque de habilidades e conhecimentos dentre eles, o que determinava a sua futura ocupação. 2.A Oligarquia Espartana “ · ἐπεὶ μέντοι κατενόησα τὰ επιτηδεύματα τῶν Σπαρτιατῶν, οὐκέτι ἐθαύμαζον.”(Xenofonte: “quando estudei as instituições dos Espartanos, não mais me surpreendi.”). Esparta foi fundada na Lacônia, na Península do Peloponeso, por grupos dórios. Para manter sua hegemonia, a aristocracia de origem dória montou uma estrutura totalmente ligada a uma ação militar contínua (estratégias). Assim, Esparta encontrava na guerra sua justificativa e sua vocação.

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Guerra do Peloponeso A princípio, Esparta era governada por quatro instituições políticas: a Apelá (assembléia dos cidadãos), a Gerousia (conselho dos anciãos), a Diarquia (dois reis) e cinco Éforos (administradores) eleitos anualmente. Instituição

Escolha

Poderes

Tempo no cargo

Gerousia

28 membros escolhidos entre os esparciatas com mais de 60 anos. Os membros eram escolhidos pela Apelá através de gritos e aplausos. Os doi reis eram membros da Gerousia por obrigação do cargo.

Vetar decisões e convocar a Apelá, propor e selecionar leis e interpreta-las. Órgão mais importante.

Os anciãos, uma vez eleitos, permaneciam no cargo o resto de suas vidas. Os reis permaneciam o quanto o seu reinado durasse.

Diarquia

Dois nobres aclamados reis por herança, cada um descendendo de uma dinastia: Ágidas e Euripontides (ambas descendentes de Hércules).

Os reis possuíam poucos poderes no período clássico. Eram líderes religiosos, consultavam os oráculos e julgavam pequenos crimes. Acima de tudo, eram generais perpétuos e exerciam grande influência sobre os exércitos. Sua principal influência, no entanto, era exercida por meio da Gerousia, da qual faziam parte.

Até sua morte, a não ser que seja destituído do cargo pelos espartanos (na figura da Gerousia, não da Apelá) por algum crime.

Apelá

Assembléia formada pelo conjunto de todos os cidadãos espartanos (os que passaram pelo treinamento militar, a agoge). Presidida pelos Éforos.

Responsável por escolher anciãos e éforos. A Apelá recebia propostas da Gerousia e, talvez após discuti-los, aceitava ou não as propostas. Caso a proposta fosse

Enquanto tivessem os direitos de cidadão, todos os esparciatas poderião participar das decisões da Apelá. As reuniões da Apelá eram fixas, mas poderiam ser

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Guerra do Peloponeso aceita, a Gerousia, convocadas considerando a Gerousia. posição dos cidadãos, decidiria aprovar ou não a proposta. Caso a Gerousia compartilhasse a opinião da Apelá, esta seria convocada uma segunda vez para ratificar a decisão da Gerousia. Caso contrário, não era convocada. Éforos

pela

Cinco membros eleitos pela Apelá através de gritos e aplausos. Poderiam ser escolhidos dentre os cidadãos espartanos.

Chefes do poder Um ano no cargo, executivo, os éforos sem possibilidade de também fiscalizavam reeleição. a atuação dos reis em campo de batalha. Também eram responsáveis pela condução da política externa. Tabela 1: Relação das Instituições Políticas Espartanas e suas peculiaridades A estrutura social correspondia a uma sociedade hierarquizada, constituída por três grupos bem marcados: os espartaciatas, aqueles que, nascidos de família espartana, haviam passado por treinamento militar (agoge) e gozavam de todos os privilégios; os periecos, oriundos dos entornos da cidade ou antigos habitantes da Lacônia, que se dedicavam ao artesanato e ao comércio (eram livres e possuíam suas próprias terras, porém não tinham poder político) e hilotas, usados como servos (não-livres) provavelmente oriundos da região do Peloponeso. A peculiaridade de Esparta não era sua constituição, era a criação de uma organização social absoluta e única, destinada a aumentar o poderio militar do país. Só ela possuía um exército permanente, suficientemente disciplinado e excelentemente treinado. Todo o cidadão espartano adulto era, acima de tudo, um soldado, pois eram obrigados a se alistarem numa das divisões militares do exército. Desde a primeira infância, o espartano era educado para viver para o Estado. Essa educação visava à formação de cidadão leais e bons soldados, dando ênfase nos treinamentos físicos e militares. Curiosidade é que aqueles mais prudentes e inteligentes eram mandados como agente secretos do governo. Diferentemente de outras pólis, em Esparta as mulheres gozavam de alguns privilégios, como a prática de ginástica, a participação em jogos, podiam ir a reuniões públicas e podiam administrar o patrimônio familiar juntamente com os

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Guerra do Peloponeso maridos. Os espartanos não aprovavam o comércio internacional, pois temiam que as mercadorias estrangeiras trouxessem consigo novas exigências e novas ideias. Assim, procuravam fazer que os produtos nacionais satisfizessem suas necessidades. Pela mesma razão, mantinham moedas cunhadas em ferro como o único meio e intercâmbio reconhecido. Esse espírito tendia a isolar Esparta do resto do mundo: ela se tornou independente, uma potência quase que exclusivamente terrestre, com forte exército, porém sem navios para guerra ou comércio.

III. Guerras Médicas

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Mapa 6: Representação do território do Império Persa (parte dele) e das cidadesEstados Gregas, que se enfrentarão nas Guerras Médicas. 1.Introdução Este conflito, de 499 a.C. a 449 a.C., envolveu os estados gregos e o império persa. Seu início se deu por volta de 546 a.C., durante a expansão persa (ordem de Ciro, o Grande), que tomou a região da Lídia, o que permitiu, também, a conquista da região da Jônia (abrigava as cidades de Samos, Quios, Éfeso, Colofon, Priente, Mionte, Lebedos, Teos, Clazomenes, Étrias, Fócia, Mileto, entre outras). Essas cidades, assim que conquistadas pelo império persa, enfrentavam uma brusca mudança em seus sistemas sociais, políticos e econômicos. De início, por exemplo, eram instalados tiranos a favor da ideologia persa. Além disso, os gregos eram obrigados a pagar tributos e a cede seus soldados ao novo império que ali

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Guerra do Peloponeso dominava. Em 525, o Egito tinha sido dominado e seria somente uma questão de tempo até as outras cidades do norte da África fossem dominadas. Logo, em 514, o império já havia se instalado na Europa, até as regiões da Trácia e Macedônia. Além da Grécia estar totalmente cercada ao norte, sul e leste, ao oeste sofria ameaças de Cartago.

Mapa 7: Representação de todo o Império Persa em seu ápice. Instalou-se, na Grécia, um panorama político de indecisão e inquietação por conta desse cercamento persa. As pólis passaram a reestruturar seus aliados e inimigos a fim de evitar e combater o avanço persa. Devido às cada vez maiores discordâncias políticas, entre as pólis gregas, teve-se que normatizar essas alianças. E foi assim que surgiu a Liga do Peloponeso, união da maioria das pólis da região do Peloponeso (com exceção de Argos) sobre liderança de Esparta. Atenas, uma das mais importantes pólis gregas, não possuía uma posição clara sobre os persas. Mas em 499 a.C., algumas póleis da Eólia e algumas póleis iônicas decidiram expulsar seus tiranos e foi aí que os atenienses passaram a apoiar a revolta contra os persas. Em 496 a.C., Mileto liderou, com ajuda de Atenas e Erétria, uma revolta contra o domínio persa na região. Contudo, sucumbiram em 494a.C., e as forças gregas foram obrigadas a recuar. O império persa manteve o domínio sobre a região e destruiu a cidade de Mileto.

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Guerra do Peloponeso 2.Primeira Guerra Médica O império persa, agora sob domínio de Dario I (filho de Ciro, o Grande), vingouse da Grécia por ajudar a região da Jônia numa rebelião. Avançou sobre Trácia e Macedônia, chegando a fronteira com a Grécia. Após uma tentativa nula de tentar convencer a pólis grega a se render, deu-se início, em 490 a.C., a primeira Guerra Médica. Os persas comandaram uma expedição sobre Atenas e Erétria. Conseguem incendiar Erétria e atacar Naxos e também conseguem conquistar Delos, Caristo e Eubéia, o que garantiu o domínio da Grécia Oriental e do Mar Egeu, extremamente importante para o comércio. Atenas, diferentemente de Erétria, consegiu conter os persas na planície de Maratona (com ajuda de Platéia). Dario I, começa a tramar sua revanche. Porém, há uma mudança de planos com uma revolta no Egito em 486 a.C.. Tentou intervir, mas morreu de uma enfermidade. 3.Segunda Guerra Médica Em 482 foram descobertas ricas minas de prata na região da Ática, e Atenas usou estes recursos para construir uma frota de duzentos trirremes (antigas embarcações, muito eficientes, usadas pelos gregos para navegar no mediterrâneo) – nenhuma outra cidade tinha tantos navios de guerra. Isto se mostraria extremamente útil quando os persas voltaram a atacar, agora sob a liderança de Xerxes.

Imagem 1: Representação de um trirreme Em 481 a.C., o gregos reuniram-se na primeira reunião pan-helênica, onde foi decidido que, por enquanto, suas diferenças seriam colocadas de lado para uma melhor eficiência nas Guerras contra os persas. Sendo assim, o comando terrestre ficou sob liderança de Esparta, enquanto Atenas comandava o setor marítmo. A desvantagem numérica dos gregos era notória, já que o exército persa contava com cerca de duzentos mil soldados e mil navios enquanto os gregos tinham apenas trinta e cinco mil homens e trezentos e cinquenta trirremes. Sua única vantagem era o conhecimento geográfico da área o que poderia ser usado a seu favor a fim de atrair o inimigo para locais estrategicamente favoráveis. 4.Batalha das Termópilas Os persas avançaram para a Grécia seguindo próximos ao mar, garantindo seu

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Guerra do Peloponeso abastecimento contínuo. O exército grego se fixou nas Termópilas, um desfiladeiro com apenas quinze metros de largura, usando esse relevo a seu favor, e ali foi travada a famosa batalha de todo um exército persa contra apenas os trezentos de Esparta, liderados pelo seu rei Leônidas. O plano consistia em segurar os persas no desfiladeiro, local de difícil acesso e que oferece desvantagens a quem não conhece o terreno. No entanto, os persas descobriram um caminho que levava para a parte de trás desse desfiladeiro. Após perceber que os persas se aproximavam mais rápido do que o esperado, Leônidas ordenou que quatro mil de seus homens recuassem para um local seguro e assim partiu com seus 300 homens para a batalha. Graças as atitudes tomadas pelo rei Leônidas, ganhou-se tempo suficiente para organizar os navios e esvaziar a cidade. Os persas, depois de terem destruído o exército grego, incendiaram Atenas. Essa batalha foi a única, nas Guerras Médicas, em que as cidades gregas sofreram derrota. 5.Batalha de Salamina Após a derrota grega, Temístocles, arconte ateniense, dediciu vingar a sua Pólis. O plano envolvia, novamente, a geografia d região. Iria atrair o inimigo para um batalha em um canal de 2km, localizado entre a Ilha de Salamina e o continente. Ou seja, muitas das embarcações persas seriam prejudicadasos gregos, devido aos conhecimentos náuticos atenienses poderiam vencer. Contando também com a ajudo do clima, os gregos venceram as batalhas que se seguiram. Primeiramente, a batalha de Artemisium, visto que uma tempestade afundou algumas embarcações inimigas antes da batalha. Com isso, o exército persa encontrava-se debilitado, mas confiante de suas vitória estava próxima já que o arconte teria enviado um escravo confiável para se passar por traidor exilado e contar à Xerxes que o exército grego estava amedrontado e debilitado. Uma pequena divergência de estratégias ocorreu entre atenienses e espartanos antes da batalha: os espartanos eram a favor da construção de uma barreira militar no Istmo de Corinto, de forma a proteger o Peloponeso, e os atenienses argumentaram que uma batalha em alto mar seria desvantajosa devido ao menor número de embarcações e que correriam o risco de perder não só o confronto como também importantes territórios. O plano grego foi mantido. O exército persa não conseguia se locomover e foram aniquilados pelos gregos, no que ficou conhecida como uma das batalhas navais mais célebres de todos os tempos. Xerxes, que assistiu a aniquilação de seus homens, retornou à Pérsia. O grande imperador não se deixou abalar pelas perdas recentes organizando um novo exército o mais rápido possível, a fim de dar continuidade a guerra e acabar com a esperança grega. 6.Batalha de Platéia Refugiados na Tessália, os persas logo marcharam para o sul na região de Platéia, onde travou-se a última batalha das Guerras Médicas. Dessa vez, a geografia não era um fator favorável para os gregos. A vitória era incerta, apesar da considerável perda de homens e material bélico do exército persa na batalha de Salamina. Uma falange grega havia se movimentado, o que fez com que Mardônio (chefe

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Guerra do Peloponeso persa) acreditasse que os mesmos estivessem se rendendo e ordenou que os persas atacassem para pôr, de vez, fim na Guerra. Entretanto, os gregos, que estavam apenas mudando de posição, usaram desse deslize de Mardônio para atacar com força total. Em decorrência disso os gregos aniquilaram a armada de Xerxes na batalha de Micale, na Ásia Menor, resgataram a Jônia e colocaram fim às Guerras Médicas. 7.Consequências Durante as Guerras Médicas, Esparta ficou limitada as regiões da Grécia, devido a sua constante necessidade de conter atritos internos e também devido a sua força militar ser terrestre. Atenas, então, criou a Liga de Delos, com o objetivo de proteger a Grécia contra um possível novo ataque externo. Assim como a Liga do Peloponeso, a de Delos era uma união de várias cidades-estados (nesse caso, cidades gregas e ilhas da costa da Ásia Menor), mas sob o comando de Atenas. Sua sede encontrava-se em Delos e cada cidade-estado que fazia parte dessa liga teria que contribuir com homens, navios e dinheiro para um fundo comum, com o objetivo de se preparar para futuras invasões. Com a derrota dos persas, o poder do Mar Egeu voltou à posse dos gregos e o império persa entrou em extrema decadência, levando em conta o fato de que os povos fenícios (aliado dos persas) sofreram muito com tal situação, principalmente sobre a rivalidade grega. Péricles (grande figura ateniense) passou a transferir os recursos (tributos recolhidos pela Lida de Delos) para a realização de obras públicas, desenvolvendo assim as áreas de arquitetura, escultura, teatro, e arte em geral. Enfim, a Liga de Delos foi descaracterizada em seus objetivos iniciais, tornando-se um conjunto de cidades submetidas ao imperialismo ateniense. Embora suas instituições democráticas estivessem sido preservadas, Atenas tornou-se centro de um grande império comercial e marítmo, com diversas cidadesEstado que dela dependiam e eram por ela governadas em todos os assuntos, sendo impedidas de possuir um autêntica independência política. Impelidos por uma energia incríve, os atenienses afirmavam uma supremacia que nenhuma cidade conseguia suster, e embora o mar fosse seu e dominassem as rotas comerciais, assim como as minas e as riquezas da terra, não puderam eliminar a concorrência espartana. O fortalecimento, o revigoramento da democracia (com Péricles – século V a.C. - século de Ouro para Atenas) e o crescimento da hegemonia de Atenas sobre as outras pólis, tornaram a rivalidade entre os atenienses e as outras pólis da Liga maior. A expansão de sua influência política foi combatida por Esparta, que não desejava que Atenas colocasse em risco suas alianças com outras cidades-estado. IV. Pentaconteia Após o fim das Guerras Médicas, seguiu-se um período de “50 anos de paz” na Grécia, apesar da crescente tensão entre Atenas e Esparta. Atenas, agora império, vivia em tempos de prosperidade. Com seu poder naval consolidado e grande influência na Liga de Delos, com certeza era uma das maiores potências gregas. Esparta, agora com o seu poder militar maior do que nunca, ganhou fama quase lendária e ascendeu a liderança da Liga do Peloponeso.

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Guerra do Peloponeso O climax entre as duas grandes potências foi em 465 a.C., quando uma revolta de escravos estourou em Esparta. Atenas, tinha a intenção de ajudar, porém foi impedida por Esparta, que temia a mudança de lado dos atenienses. De qualquer forma, Atenas encarou tal atitude desrespeitosa e quebrou qualquer tipo de aliança que ainda mantinha com Esparta. Em 459 a.C., as regiões de Mégara e Corinto, entraram em guerra. Atenas acabou por selar uma aliança com os megarenses. Esparta considerou a atitude ateniense como uma traição. E os 50 anos de paz que vigoravam até então tinham seus dias contados O resultado foi a Primeira Guerra do Peloponeso, um conflito de aproximadamente 15 anos. Após uma invasão espartana da Ática, Atenas foi obrigada a ceder alguns dos territórios conquistados e foi firmada a Paz de Trinta Anos (446a.C), que durou muito menos do que deveria. V. Primeira Guerra do Peloponeso (início: 431 a.C.) Entre alguns dos conflitos que antecederam a Guerra, estão: a invasão de Platéia pela pólis Tebas, pois Platéia recusara firmemente participar da confederação de cidades-estado da Beócia (ligada aos espartanos). A invasão dos tebanos foi um fracasso, mas Platéia pediu apoio militar e diplomático dos atenienses para proteger sua cidadela, enquanto os tebanos recorreram ao apoio espartano no esforço de cercar seus inimigos. O desentendimento de Corinto e Potidéia (“colônia” de Corinto, que tornara-se aliada dos atenienses). Os atenienses, temendo a fúria de Corinto, mas também de Perdiccas II, rei da Macedônia e opositor político dos atenienses, enviaram uma frota de trinta navios e mil hoplitas (guerreiros-cidadãos de Atenas, caracterizados pela formação militar da falange) para Potidéia. Essa, devido a sua instabilidade, decidiu mudar de lado, e assim, começou uma revolta contra Atenas, mesmo assim o exército ateniense derrotou todos aqueles que foram contra ele. Outra “colônia” de Corinto, Córcia iniciou aliança com Atenas, desencadeando várias batalhas. Esses eventos rivalizaram ainda mais as duas potências, Atenas e Esparta, que sobre pressão de seus aliados, declararam guerra. A insatisfação da liga do Peloponeso fez com que Esparta ordenasse uma invasão imediata, em 431 a.C. na Ática. Os atenienses, por outro lado, não ousaram enfrentar os espartanos, permaneceram dentro se suas muralhas, já que o inimigo era superior nesse estilo de combate. Esparta contava com apoio ativo de Mégara, dos Beócios e dos Coríntios; além disso, contava com a simpatia da Macedônia, de Siracusa e outras póleis. Do lado dos atenienses estavam Quios, Lesbos, Platéia, Messênia, Acarnania, Córcira e outras cidades, responsáveis por pagar tributos, nas seguintes áreas: na costa de Caria, na Jônia, no Helesponto (atual Estreito de Dardanelos), na Trácia, nas ilhas entre o Peloponeso e Creta, nas cíclades, exceto por Melos e Téra. Quios, Lesbos e Córcira eraresponsáveis pela provisão de navios, as outras infantarias e dinheiro.

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VI. O Mediterrâneo

Mapa 8: Representação das regiões banhadas pelo Mar Egeu 1.Macedônia, Trácia e Calcídica “Macedonia sends forth her invincible race; 19


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Guerra do Peloponeso For a time they abandon the cave and the chase: But those scarfs of blood-red shall be redder, before The sabre is sheathed and the battle is o'er.” (Lord Byron, As Peregrinações de Childe Harold) Algumas entidades políticas localizadas ao norte da Grécia Continental, como a Macedônia, Trácia e Tessália, disputavam recursos naturais da região (o que foi motivo das antigas invasões persas). A Macedônia adota o dialeto grego. Os relatos mais antigos que se têm referentes a essa terra é que a transumância (isto é, a migração periódica de rebanhos de ovelhas e cabras de acordo com as condições do clima) fornecia as condições de vida nesta região. Ou seja, a sociedade era pequena, condizente com uma extensa família. O ajuntamento dessas famílias, fez com que a tribo dos Argêadas emergisse. Nessa tribo, os reis eram escolhidos por sua representatividade entre os “macedônios”. Por volta do século VII a.C., contudo, uma nova e empreendedora dinastia real assume o controle da Macedônia, como sugere o relato de Heródoto: “Alexandre descendia, em sétimo grau, de Pérdicas, que se apoderou da coroa da Macedônia, da maneira que passo a relatar. Gaianes, Aérope e Pérdicas, todos irmãos e descendentes de Temeno, viram-se, pelas circunstâncias, obrigados a fugir para Argos, na Ilíria, e, passando de lá para a Alta Macedônia, foram ter à cidade de Lebéia, onde se engajaram no serviço do rei por determinada remuineração. Um tratava dos cavalos; o outro dos bois; e Pérdicas, o mais jovem, guardava o gado miúdo; pois outrora, não somente as repúblicas, mas as próprias monarquias, não gozavam de boa situação financeira. Era a própria rainha quem lhes preparava a comida. Começou ela a observar que todas as vezes que o pão do jovem Pérdicas, que a auxiliava na cozinha, saía do forno, vinha com o dobro do tamanho que tinha ao ser ali colocado. Admirada com o fato, que se repetia sempre, comunicou-o ao marido. Mandando vir à sua presença os três irmãos, ordenou-lhes que deixassem os seus domínios. Os jovens apenas declararam, em resposta, que era de justiça receberam antes o seu salário. Ao ouvir a palavra salário, o rei respondeu à maneira de um homem a que os deuses tivessem perturbado a razão. “Dou-vos o Sol (o Sol penetrava a casa pela abertura da chaminé); esse salário é digno de vós”. Ante essa resposta, os dois irmãos mais velhos, Gaianes e Aérope, ficaram atônitos, sem saber o que dizer, mas Pérdicas, o mais jovem, retrucou ao soberano: “Senhor, aceitamos a oferta que nos fazeis”. Isso dizendo, tomou a faca que trazia consigo e traçou no espaço uma linha imaginária em torno do raio de sol que entrava na sala e, depois de o haver atravessado três vezes, afastou-se dali com os irmãos” (Heródoto 8, 137). Acredita-se que após Perdicas assumir o reino da Macedônia, houve uma pequena expansão territorial, importante para seu fortalecimeto político. Primeiramente, avançaram sobre Pieria e em seguida por toda a região da Eórdia, levando seu exército até as beiras do rio Axiós. Durante o período do Império Persa, essas expansões foram brevemente interrompidas devido a aliança estabelecida entre o rei Amintas I (da Macedônia) com Dario I (da Persia). O descendente macedônico, Alexandre I, manteve-se fiel a Xerxes (agora imperador persa). Porém, durante as batalhas Médicas, Alexandre assumiu uma posição ambígua: ao mesmo tempo em que fornecia tropas aos persas, ajudou os

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Guerra do Peloponeso gregos com conselhos e sugestões secretos. Com a derrota persa, Alexandre se aproveitou das antigas terras, que estavam sob controle do império, para anexar as suas. Depois de ampliar seu território até as margens do rio Estrímo, mudou de lado e atacou os persas em Nove Caminhos (477 a.C.). Através dessa conquista deixou claro para os atenienses que o rei Alexandre significava um ameaça para seus interesses. A região acabou sob domínio de Trácia, só sendo conquistada por Atenas em 436 a.C. (conhecida como Anfípolis). Após a morte de Alexandre I, seu reino não estava nada mais nada menos do que enfraquecido. Assim, a assembléia dos macedônios, elegeu três de seus cinco filhos para assumirem o cargo de Rei., entregando a cada um deles uma porção de terra do reino. As inúmeras divergências dos reis acabaram por causar um crise política em 440 a.C., obrigando a assembléia a eleger somente um rei (Perdicas II). Porém, Felipe (um dos outros filhos de Alexandre) não concorda com a decisão da assembléia. Apoiado pelos atenienses, de Derdas (rei de Eliméia) e Siltaces (rei da Trácia) iniciou uma campanha visando tomar novos territórios e saquear as riquezas do país (429 a.C.). Com a expansão de terra, a Macedônia multiplica a sua atividade econômica. Uma maior produção de grãos e animais, e o investimento na exploração de lenha e metais. O rei era responsável pelo política externa e pela condução dos exércitos, mas as cidades tinham liberdade para tomar decisões domésticas por meio das mesmas instituições presentes no mundo grego. O rei também era investido de uma aura religiosa fortemente respeitada: era considerado o intermediário entre os macedônios e os deuses. Sua eleição se fazia dentre os herdeiros da família real e era decidida por uma maioria de votos (na verdade, gritos) dos cidadãos armados que se reuniam numa Assembléia. Ao sul deste, encontrava-se o império da Tessália. A maioria das pólis eram governadas por aristocratas, sendo sua principal base econômica a criação de cavalos e gado, a plantação de cereais e o comércio. Possuíam: portos importantes na rota entre a sia Menor e o Mar Negro; e “colônias” ao sul, como Lesbos no Egito. Ao norte e noroeste da Macedônia estavam os Peônios e os Trácios. Os trácios estavam divididos, na realidade, entre várias tribos autônomas falantes da língua trácia, e não obtiveram grande destaque político pelo menos até o momento em que o Reino Odrísio foi estabelecido. Já os Peônios eram criadores de gado e produtores de cevada, guerreiros formidáveis cuja atuação militar (às margens do rio Axiós) causou grandes problemas aos Macedônios. A expansão dos peônios (para o sudoeste e para o norte) só é interrompida com a intervenção dos persas, no século V a.C. A Calcídica, uma península ao sul do território compreendido pelos rios Axiós e Estrímon, adquiriu esse nome devido à fundação de inúmeras colônias oriundas de Cálcis (cidade de Eubóia) em seu território. Uma das cidades mais importantes da região, por volta do século V a.C., foi Potidéia, colônia de Corinto. As cidades da Calcídica que davam para o Golfo Termaico eram pontos estratégicos na rota comercial entre o Mar Negro e a costa Asiática e, além disso, a região era rica em ouro, prata, ferro e madeira e notável por suas abundantes plantações de oliveiras.

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Mapa 9: Hidrografia da regi茫o da Maced么nia

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Mapa 10: Representação da região da Calcídica Mapa 11: Representação da região da Macedônia e Trácia

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A situação de conflito entre essas três pólis, Macedônia, Trácia e Calcídica, se dá entre 432 e 429 a.C., sobre a região da Potidéia (configurando um dos episódios da Guerra do Peloponeso). Potidéia era aliada dos atenienses, embora fosse colônia de Corinto (aliada a Esparta). Após o conflito de Corinto com Córcira, os atenienses, com medo de que Corinto passasse a intervir na região de Calcídica, pedem à Potidéia que expulsem todos aqueles magistrados corintos. Mesmo após Atenas enviar imediatamente 30 navios e mil hoplitas à Trácia, encontraram situação de revolta, até na cidade de Potidéia. Portanto, considerando que não poderiam sozinhos combater Perdicas II e as cidades revoltosas, as forças atenienses se deslocaram até a Macedônia visando repreender Perdicas. Isso leva o rei da Macedônia a aceitar um breve acordo de paz com os atenienses, que desrespeita tão logo as tropas atenienses se voltam novamente para Potidéia. Porém, Atenas consegue derrotar Corinto. Em crise, a Macedônia pede ajuda a Siltaces (rei da Trácia), selando um acordo de que, juntos aos atenienses, iriam intervir em favor da Macedônia. Logo, em 429, contudo, Siltaces resolve reunir seus soldados e avançar sobre a Macedônia, uma vez que Perdicas II, como de costume, não havia cumprido com sua parte da promessa. 2. Sicília, Magna Grécia e os Etruscos Mapa 12: Representação da região da Sicília e Sul da Itália

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Guerra do Peloponeso Na mesma época (séculos VIII – VII a.C.) em que as as pólis estão nascendo como entidades administrativas individuais, os helenos iniciaram campanhas colonizadoras pelo mediterrâneo. Assim, muitas dessas entidades são fundadas no sul da Itália e na Sicília. Embora essas novas entidades mantém o contato com a metrópole, logo tornaram-se autônomas. Eram comandadas por aristocratas, até a sua forma de democracia. Obtiveram sucesso econômico, principalmente devido a sua exportação de trigo para os povos da região Itálica, africana e Grécia Insular. Porém, os conflitos internos e externos eram frequêntes. Os etruscos, por outro lado, era um povo helenizado que habitava a costa oeste da Itália. Viviam da metalurgia e da agricultura. A tradição antiga considerava que os Etruscos atuavam em conjunto através de um conselho de 12 cidades etruscas, da qual conhecemos apenas Mantua, Felsina e Marzabotto. Após 550 a.C., as cidades passaram a ser governadas por magistrados eleitos anualmente. 3. O Império Persa Mapa 13: Representação da Expansão do Império Persa

Um povo indo-europeu não tão importante iniciou sua expansão no século VI a.C. Os aquemênidas (membros da dinastia reinante persa) só adquiriram relevo histórico apenas com a ascensão de Ciro II ao poder em 559 a.C. Ciro, o Grande, realizou uma série de conquistas entre 559 e 530 a.C., entre elas: conquista e transferência da capital persa para a principal cidade da Médica, Ecbátana; a conquista da Lídia e da Jônia e por fim a o anexo da Babilônia. Esse poderoso império sofreu sérios reveses sob o reinado de Dário I e Xerxes I, uma vez que esses reis foram derrotados pelos gregos quando tentavam se expandir sobre a Grécia continental. O rei Artaxerxes I da Pérsia, assim como seus antecessores, continuou envolvido em conflitos, dessa vez apenas com os atenienses. O monarca recebeu importantes exilados atenienses em sua corte, desafiando a poderosa pólis. A batalha de Chipre, contudo, ocorrida por volta de 450 a.C., encerrou as disputas armadas entre o Império Persa e a Liga de Delos: ambas as partes assinaram acordos nos quais se comprometiam a respeitar os respectivos territórios. Para Artaxerxes I, a Guerra do Peloponeso é um evento importante: agora que 25


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Guerra do Peloponeso os gregos se envolveram em lutas fratricidas, os persas podem tomar proveito da situação. VII. Tecnologias de Guerra 1.Unidades de Combate Unidade de Combate

Informações

Desvantagens e Vantagens táticas

Hoplitas (infantaria pesada)

O hoplita era o típico soldado grego do período clássico. Tratava-se de um cidadão revestido com uma armadura resistente e armado com uma lança e um escudo circular largo. Os hoplitas eram organizados em uma formação conhecida como a “falange”. Ela consistia na formação de um bloco de hoplitas um ao lado do outro, com o escudo na mão esquerda e a lança na direita. Desta forma, a falange se assemelhava a uma estrutura murada móvel com lanças despontando de sua parte frontal.

É de longe a melhor unidade de combate que o mundo clássico conhece. Eficiente, intimidadora e forte. No entanto, tem o deslocamento mais lento que a infantaria leve e está em desvantagem tática em relação à cavalaria armada com projéteis leves.

Infantaria Leve

Na antiguidade clássica, havia diversos tipos de infantaria leve. Na Trácia e na Macedônia eram comuns os peltastas, que traziam escudos e lanças leves. Em Creta, eram célebres os arqueiros. Eles eram contratados como mercenários pelas potências da Grécia.

A infantaria leve não possui uma capacidade militar tão forte quanto a infantaria pesada, mas é mais ágil.Também é empregada para marchar na frente da infantaria pesada e protegêla contra a cavalaria leve, mas dificilmente obteria sucesso sozinha.

Cavalaria

O terreno acidentado da Grécia não incentivava o uso de carruagens e cavalaria, embora tais unidades de combate existissem em pequena escala. Eram mais populares na Macedônia,

A cavalaria, em terrenos planos, era mais ágil e eficiente do que a infantaria pesada ou a leve. No entanto, tinha dificuldade em se deslocar em terrenos acidentados, onde a

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Guerra do Peloponeso onde compunham a principal infantaria leve era mais bem unidade dos exércitos. Os sucedida. A cavalaria cavaleiros poderiam ser levemente armada tinha armados com projéteis leves uma vantagem tática em ou com lanças e armaduras relação à infantaria pesada. pesadas, dependendo da A cavalaria pesada era estratégia militar. Na Grécia, eficiente contra a infantaria bem como em outros leve, mas era muito menos lugares do mundo antigo, a ágil e mais vulnerável em carruagem e os cavalos relação à infantaria pesada. eram uma importante distinção de status. Tabela 2: Relação das unidades de combate e suas características 2.Armamento dos Hoplitas Hoplitas era o nome dados aos guerreiros que compunham a infantaria do mundo grego clássico. Geralmente usavam um elmo na cabeça, uma couraça no peitoral, uma túnica (ou também conhecida como pteruges), um escudo, proteções nas pernas e joelhos, uma lança e uma pequena espada. O escudo que utilizavam era redondo, mais conhecido como aspis, revestido de metal. Suas lanças mediam por volta de 2 ou 3 metros. A espada se chamava “xiphos”, as usavam quando já haviam perdido suas lanças. Imagem 2: Representação de um Hoplita e seu armamento

Imagem 3: Túnica

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Imagem 4: Representação de alguns tipos de elmo

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Imagem 5: Aspis (escudo) Imagem 6: Representação de pontas de lanças

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Imagem 7: Xiphos (espada) 3.Navios de Guerra As primeiras referências a este tipo de embarcação, trirreme, datam do século VIII a.C, não só em representações gráficas em cerâmicas e relevos mas também em textos de autores como Tucídides, que afirma que os primeiros a usarem o trirreme na Grécia foram os Coríntios. No entanto, ao que tudo indica, o modelo grego foi baseado nos navios fenícios, que também tinham três fileiras de remos.

Imagem 8: Representação de um trirreme Tornou-se o principal navio de guerra, estima-se que em V a.C., sendo muito usado nas Guerra Médicas. Sua popularidade deve-se a sua rapidez e a sua leveza. Mas isso traz uma desvantagem, por ser feito com madeira leves, o navio se encharcava facilmente, assim, era necessário leva-lo à terra durante a noite. Sua tripulação contava com cerca de 200 homens livres: os cento e setenta remadores e a equipe de comando, composta pelo capitão (trierarchos), o timoneiro (kybernetes), o navegador (prorates), o contramestre (keleustes), o administrador das provisões (pentelontarchos) e o flautista (auletes), que com sua música ajudava os remadores 30


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Guerra do Peloponeso a manterem o ritmo. Além destes, havia por volta de vinte a quarenta hoplitas responsáveis pela proteção da tripulação. XVIII. Oráculos O oráculo não era um meio para se saber o futuro e sim um recurso de ajuda e/ou conselhos, tanto individual quanto em nome de um pólis já que esses eram conhecidos e respeitados por saberem quais eram as vontades dos deuses. Os oráculos que tem a fama de conseguir ver o futuro, são aqueles de que alguma maneira, ajudaram no sucesso do indivíduo ou pólis. É importante ressaltar que os oráculos eram formas de conhecer as vontades dos deuses. Dentro os muitos oráculos existentes da Grécia, o de mais prestígio era o Oráculo de Apolo, em Delfos. Sua profetiza era a Pítia. Durante as guerras os oráculos – e particularmente o oráculo de Delfos – eram frequentemente consultados. Poder-se- ia perguntar se uma ação específica seria bem sucedida ou como agir na busca de um objetivo militar. Cumpre observar que os oráculos não eram consultados a respeito de questões pontuais demais no tempo e no espaço, muito menos para legislar ou decidir questões de política doméstica. Embora a constituição de Licurgo tenha sido sancionada pelo Oráculo de Delfos, podemos afirmar que esses casos ocorriam muito raramente. Só julgavam crimes se fossem religiosos. Para explicar a falha de um oráculo, os gregos alegavam fraude ou incompetência de um profeta em particular, enquanto os oráculos bem sucedidos, como Delfos, adquiriam um prestígio enorme enquanto intérpretes das vontades divinas. Além disso, os oráculos eram, na maioria das vezes, estrangeiros, para manter a neutralidade do mesmos. IX. Recursos Naturais

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Tabela 3: Relação dos recursos naturais e suas peculiaridades * Chumbo também era trabalhado pelos gregos, mas não era usado para produzir utensílios militares. ** “A técnica de trabalhar o ferro foi introduzida na Grécia pela Anatólia por volta do ano 1000 a.C. Havia grandes fontes de ferro na Macedônia, em Eubéia, na Ática, no Peloponeso, nas ilhas do Egeu e em Creta. Objetos como ferramentas, pontas de lança e de flecha, punhais, facas, machados, etc. eram produzidos com o ferro derretido e forjado ainda quente. Em alguns lugares, há evidência de que o ferro era trabalhado junto do bronze (...).” X. Bibliografia 1) http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/guerra-do-peloponeso/guerra-dopeloponeso.php acessado em 19/02/2012; 2) http://educacao.uol.com.br/historia/guerra-do-peloponeso---esparta-contraataca-do-expansionismo-ateniense-ao-tratado-de-nicias.jhtm acessado em 19/02/2012; 3) http://pt.scribd.com/doc/7393005/Historia-Da-Guerra-Do-Peloponeso acessado em 19/02/2012; 4) http://educacao.uol.com.br/historia/guerras-medicas-contexto.jhtm acessado em 21/02/2012; 5) http://gguerras.wordpress.com/2007/09/07/guerras-medicas/ acessado em 21/02/2012; 6) http://explorethemed.com/GrecoPersPt.asp?c=1 acessado em 19/02/2012; 32


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Guerra do Peloponeso 7) Guia de Estudos - Guerra do Peloponeso - SiEM 2011; 8) História – das cavernas ao terceiro milênio (Volume único) de Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota – Editora Moderna 9) http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/401.htm acessado em 9/05/2012 10) http://www.slideshare.net/jackpovoas/antiguidade-oriental-3812250 acessado em 09/05/2012 11) http://www.slideshare.net/jorgediapositivos/a-democracia-ateniense-no-sc-v-a-c acessado em 09/05/2012 12) http://www.youtube.com/watch?v=yFjHz_xqEco acessado e assistido em 09/05/2012 13) http://www.infopedia.pt/$nascimento-da-democracia-na-grecia-antiga acessado em 09/05/2012 14) Grandes Impérios e Civilizações: Grécia: Berço de Ocidente (Volume II) – Editora Edições delPrado 15) História da Grécia (2ª Edição) de M. Rostovtzeff – Editora Zahar 16) História e Consciência do Mundo (5ª Edição - 1997) de Gilberto Cotrim – Editora Saraiva Trabalho Preparado originalmente para a SISA em 2012

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