Revista do Veterinário PremieRpet® | 3ª Edição de 2020

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EDIÇÃO 03 | JULHO 2020

a r e v i s ta d o v e t e r i n á r i o

Medicina Veterinária na Prática

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PremieRpet® News

Entrevista

Dermatite Trofoalérgica em Cães e Gatos: Uma visão para o Clínico

Estratégias Alimentares oferecidas pela PremieRpet® para animais com reações adversas ao alimento

Prof. Dr. Carlos Eduardo Larsson, referência em Dermatologia Veterinária

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sumário

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CARTA AO LEITOR

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MEDICINA VETERINÁRIA Dermatite Trofoalérgica em Cães e Gatos: Uma visão para o Clínico


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PremieRpet® NEWS Estratégias Alimentares oferecidas pela PremieRpet® para animais com reações adversas ao alimento

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ENTREVISTA Prof. Dr. Carlos Eduardo Larsson, referência em Dermatologia Veterinária

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AGENDA

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Prezados leitores,

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Nesta 3ª edição da Revista do Veterinário PremieRpet®, a Medicina Veterinária na Prática traz uma matéria sobre “Dermatite trofoalérgica em cães e gatos: uma visão para o clínico”, escrita pela Profa. Dra. Mariana Cristina Hoeppner Rondelli, que aborda as principais fontes de alimento causadoras da hipersensibilidade alimentar, os sinais clínicos mais frequentes e os métodos mais utilizados e mais eficientes no diagnóstico. Além disso, a PremieRpet® News aborda as estratégias alimentares oferecidas pela PremieRpet® para animais com reações adversas ao alimento, demonstrando os benefícios dos alimentos PremieR Nutrição Clínica Hipoalergênico Cordeiro e PremieR Nutrição Clínica Hipoalergênico Proteína Hidrolisada e Mandioca. Na Entrevista, o Prof. Dr. Carlos Larsson fala sobre sua carreira na Medicina Veterinária, como conciliou a docência com a jornada clínica e discute a Medicina Veterinária atual, a dermatologia no cenário futuro e a relação da nutrição para tratamentos dermatológicos. Finalizamos a edição com os próximos acontecimentos importantes para vocês. Desejamos a todos uma ótima leitura!

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medicina veterinária na prática

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DERMATITE TROFOALÉRGICA EM CÃES E GATOS UMA VISÃO PARA O CLÍNICO

A DERMATITE TROFOALÉRGICA PODE ACOMETER CANINOS E FELINOS DE QUALQUER IDADE E SEXO E O TESTE PADRÃO-OURO PARA O DIAGNÓSTICO PERMANECE A DIETA RESTRITIVA Profa. Dra. Mariana Cristina Hoeppner Rondelli

Professora Adjunta do Departamento de Clínicas Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas.


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Dermatite trofoalérgica, também referenciada como Hipersensibilidade alimentar ou Alergia alimentar, é uma reação adversa a alimentos que ocorre secundariamente à resposta imunológica induzida por antígenos alimentares (SALZO, 2016). Há envolvimento predominante de imunoglobulinas do tipo IgE, embora outros tipos contribuam com o processo. Dentre os principais alérgenos alimentares estão as proteínas, entretanto, outras moléculas também foram descritas no processo, tais como carboidratos, glicoproteínas e lipoproteínas (GASCHEN, MERCHANT, 2011, SALZO, 2016).

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DERMATITE TROFOALÉRGICA

= HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR

= ALERGIA ALIMENTAR

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As fontes alergênicas elencadas em um compilado que reuniu dados de estudos com 297 cães com reações adversas a alimentos foram: carne bovina (102 cães; 34%), produtos lácteos (51 cães; 17%), frango (45 cães; 15%) e trigo (38 cães; 13%), enquanto outros componentes, tais como soja, milho, ovo, carne suína, peixe e arroz foram listados, porém com menor frequência (MUELLER, OLIVRY, PRÉLAUD, 2016). Na mesma análise, as principais fontes identificadas na patogênese das reações adversas cutâneas em felinos foram carne bovina (14 gatos; 18%), peixe (13 gatos; 17%), frango (quatro gatos; 5%), trigo, milho e produtos lácteos (com três gatos para cada; 4%), em um total de 78 felinos avaliados nos artigos. Outras fontes, a exemplo do ovo, da cevada e da carne de coelho foram citadas em menor frequência. Ainda quanto às fontes alergênicas, um trabalho nacional com Dermatite trofolérgica canina identificou carne bovina, frango, arroz, leite e trigo como as principais (SALZO, LARSON, 2009). Para a identificação destes componentes, os trabalhos analisados utilizaram a positividade à exposição às fontes citadas, ou seja, manifestação de sinais


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"A DERMATITE TROFOALÉRGICA PODE ACOMETER CANINOS E FELINOS DE QUALQUER IDADE E SEXO." clínicos quando os componentes ou alimentos suspeitos foram fornecidos. Observa-se que as fontes divergem entre os trabalhos, principalmente por serem desenvolvidos em regiões mundiais diferentes, assim como em décadas diferentes (1985 a 2015), o que expressa a variabilidade dos alimentos envolvidos nas reações adversas. A prevalência da Dermatite trofoalérgica em cães, considerando aqueles com dermatopatias, varia de 1 a 2%, enquanto em gatos, é de aproximadamente 0,2% (OLIVRY, MUELLER, 2017). Ao analisarmos dados nacionais, a prevalência para esta reação adversa em cães foi de 2,14% (RONDELLI et al., 2015) e de 3,2% (SOUZA et al., 2009). Segundo Olivry e Mueller (2017), estes números são significativos para que os testes dietéticos restritivos sejam conduzidos

nos cães e gatos com suspeita de Dermatite trofoalérgica. Em uma visão geral, a Dermatite trofoalérgica pode acometer caninos e felinos de qualquer idade e sexo, com destaque para o início da apresentação clínica em cães, que pode ocorrer por volta de um ano de idade em até 40% dos casos. Apesar das informações escassas acerca da predisposição racial, cães das raças Pastor Alemão, Labrador Retriever, Golden Retriever e West Highland White Terrier representaram 40% dos cães com reações adversas ao alimento em levantamentos recentes (OLIVRY; MUELLER, 2019). Os principais sinais clínicos das reações adversas a alimentos são dermatológicos, com predominância do prurido não-sazonal em 94% dos relatos mundiais (OLIVRY; MUELLER, 2019). Quando os estudos

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consideram apenas populações de cães com alterações cutâneas, o prurido é, de fato, o principal sinal clínico observado (SALZO, LARSSON, 2009; RONDELLI et al., 2015) com ênfase na apresentação generalizada ou com envolvimento das orelhas, regiões podais e ventral e, raramente, região perineal, apesar de se acreditar ser uma área comumente afetada (OLIVRY; MUELLER, 2019). Piodermites recorrentes, malasseziose e otite externa também podem ser observadas em pacientes caninos com Dermatite trofoalérgica (MEDLEAU; HNILICA, 2001; RONDELLI et al., 2015; OLIVRY; MUELLER, 2019; SALZO, LARSSON, 2009), e esta

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última condição pode ocorrer como manifestação clínica única desta alergopatia (GASCHEN, MERCHANT, 2011; MEDLEAU; HNILICA, 2001; SCOTT et al., 2001). Dentre as manifestações clínicas não-cutâneas, podem ser observados o aumento da frequência de defecação, a ocorrência de diarreia, espirros e/ou conjuntivite (MUELLER, OLIVRY, 2018). Com relação aos gatos acometidos por Dermatite trofoalérgica, os sinais clínicos mais presentes são prurido facial, auricular e cervical, ou generalizado com alopecia simétrica, geralmente autoinduzida, dermatite crostosa erodoulcerativa e dermatite de padrão miliar


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(OLIVRY; MUELLER, 2019). Dentre as outras manifestações clínicas que podem ocorrer em gatos trofoalérgicos, relatam-se êmese e/ou diarreia (MUELLER, OLIVRY, 2018). O teste padrão-ouro para o diagnóstico da Dermatite trofolérgica em cães e gatos permanece a dieta restritiva, ou de eliminação, seguida de testes de desafio, ou provocativos, a fim de identificar os alimentos ou ingredientes com potencial alergênico (MUELLER, OLIVRY, 2017). Faz-se necessário, previamente ao estabelecimento da dieta de eliminação, que outras causas de prurido sejam identificadas e controladas, a exemplo das

dermatopatias alérgicas a ectoparasitas e Dermatite atópica, dermatopatias parasitárias, fúngicas ou por leveduras, dentre outras (MEDLEAU; HNILICA, 2001). Para o diagnóstico, dietas com alimentos caseiros ou comerciais podem ser utilizadas, desde que sejam elaboradas com ingredientes novos ou inéditos e, no caso de alimentos comerciais, tenham base proteica inédita para o paciente ou hidrolisada (OLIVRY, BIZIKOVA, 2010; OLIVRY, MUELLER, PRÉLAUD, 2015). Outros autores sugeriram que as dietas restritivas com alimentos caseiros poderiam ser utilizadas quando os cães

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CONHECIMENTO

SINAIS CLÍNICOS DAS REAÇÕES ADVERSAS A ALIMENTOS Os principais sinais clínicos das reações adversas a alimentos são dermatológicos. PRURIDO NÃO-SAZONAL

94%

não apresentam respostas satisfatórias nas dietas de eliminação conduzidas com alimentos comerciais (RICCI et al., 2013). Um ponto importante é o tempo da dieta de eliminação que, se for conduzida por oito semanas consecutivas, aumenta a sensibilidade diagnóstica para mais de 90% tanto em cães quanto em gatos (OLIVRY, MUELLER, PRÉLAUD, 2015).

dos relatos mundiais.

O prurido é o principal sinal clínico. Com ênfase na apresentação GENERALIZADA ou com envolvimento das ORELHAS REGIÕES PODAIS E VENTRAL E REGIÃO PERINEAL

Os sinais clínicos mais presentes são PRURIDO FACIAL, AURICULAR E CERVICAL ou GENERALIZADO COM ALOPECIA SIMÉTRICA DERMATITE CROSTOSA ERODO-ULCERATIVA E DERMATITE DE PADRÃO MILIAR

Para fins de confirmação do diagnóstico, os testes provocativos devem ser realizados com ingredientes ou alimentos suspeitos de modo individualizado assim que a remissão clínica ocorrer após a dieta de eliminação (OLIVRY, MUELLER, PRÉLAUD, 2015), durante o período de reexposição de, aproximadamente, sete dias consecutivos para cada alimento ou componente a ser testado (SALZO; LARSSON, 2009). Apesar de os testes provocativos integrarem o diagnóstico da Dermatite trofoalérgica, estes não foram realizados em quatro de 28 artigos na temática de reações adversas aos alimentos que envolvem cães e gatos (OLIVRY, MUELLER, 2017), por diferentes motivos e, dentre eles, a recusa por parte dos responsáveis dos pacientes, principalmente pela


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possibilidade de recidiva clínica (RONDELLI et al., 2015). Outros testes são disponíveis no intuito de auxiliar no diagnóstico da Dermatite trofoalérgica com resultados variáveis e pouco confiáveis na determinação das fontes alergênicas, a exemplo dos testes intradérmicos e sorológicos de detecção de imunoglobulinas IgG e IgE em cães e gatos com reações adversas a alimentos. O teste patch, por sua vez, pode ser útil na seleção de ingredientes para compor uma dieta de eliminação, e o teste de proliferação linfocitária, apesar de apresentar precisão diagnóstica elevada, permanece para fins de pesquisa devido às dificuldades de realização (MUELLER, OLIVRY, 2017). O seguimento clínico dos pacientes diagnosticados com Dermatite trofoalérgica deve ocorrer frequentemente, como nas demais dermatopatias alérgicas, e as infecções secundárias, se ocorrerem, devem ser identificadas e resolvidas. Recomenda-se que os componentes ou alimentos alergênicos determinados por testes provocativos sejam evitados, assim como as apresentações de fármacos

ou cremes para higienização oral que contenham palatabilizantes com potencial antigênico conhecido (RONDELLI, TINUCCI-COSTA, 2015). Com base nos levantamentos mais recentes, entende-se que a prevalência significativa justifica a investigação de Dermatite trofoalérgica entre os processos de alergias que podem ocorrer em cães e gatos e, para tanto, o teste diagnóstico padrão-ouro é a instituição de dieta de eliminação com proteínas não fornecidas anteriormente ou hidrolisadas por, idealmente, oito semanas, seguida do teste de exposição aos alimentos suspeitos de envolvimento no processo. REFERÊNCIAS: GASCHEN, F.P.; MERCHANT, S.R. Adverse food reactions in dogs and cats. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, doi:10.1016/j.cvsm.2011.02.005. V.41, p.361-379, 2011. MEDLEAU, L.; HNILICA, K.A. Hypersensitivity disorders.In: MEDLEAU, L.; HNILICA, K.A. Small animal dermatology. 2.ed. St. Loius: Elsevier. Cap.7, p.159-188, 2001. MUELLER, R. S.; OLIVRY, T. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (6): prevalence of noncutaneous manifestations of adverse food reactions in dogs and cats. BMC Veterinary Research, https://doi.org/10.1186/s12917-018-1656-0, v. 14, p. 341, 2018. MUELLER, R. S.; OLIVRY, T.; PRÉLAUD, P. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (2): common food allergen sources in dogs and cats. BMC Veterinary Research, https:// doi.org/10.1186/s12917-016-0633-8, v. 12, p. 9, 2016. OLIVRY, T.; BIZIKOVA, P. A systematic review of the evidence of reduced allergenicity and clinical benefit of food hydrolysates in dogs with cutaneous adverse food reactions. Veterinary Dermatology, doi: 10.1111/j.1365-3164.2009.00761.x. v.21, p.32-41, 2010.

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OLIVRY, T.; MUELLER, R. S. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (3): prevalence of cutaneous adverse food reactions in dogs and cats. BMC Veterinary Research, https:// doi.org/10.1186/s12917-017-0973-z, v. 13, p. 51, 2016.

RONDELLI, M. C. H.; TINUCCI-COSTA, M. Dermatologia. In: CRIVELLENTI, L. Z.; BORIN-CRIVELLENTI, S. Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. 2. Ed. São Paulo: Editora MedVet, p. 91-144, 2015.

OLIVRY, T.; MUELLER, R. S. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (7): signalment and cutaneous manifestations of dogs and cats with adverse food reactions. BMC Veterinary Research, https://doi.org/10.1186/s12917-019-1880-2, v. 15, p. 140, 2019.

SALZO, P. Dermatite trofoalérgica. In: LARSSON, C. E.; LUCAS, R. Tratado e Medicina Externa Dermatologia Veterinária. 1. ed. São Paulo: Interbook, p. 503 – 511, 2016.

OLIVRY, T.; MUELLER, R. S.; PRÉLAUD, P. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (1): duration of elimination diets. BMC Veterinary Research, https://doi.org/10.1186/ s12917-015-0541-3, v. 11, p. 225, 2015. RICCI, R.; GRANATO, A.; VASCELLARI, M.; BOSCARATO, M.; PALAGIANO, C.; ANDRIGHETTO, I.; DIEZ, M.; MUTINELLI, F. Identification of undeclared sources of animal origin in canine dry foods used in dietary elimination trials. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, doi: 10.1111/jpn.12045, v.97, p.32-38, 2013. RONDELLI, M. C. H.; OLIVEIRA, M. C. C.; DA SILVA, F. L.; PALACIOS, R. J. G. J.; PEIXOTO, M.C.; CARCIOFI, A. C.; TINUCCI-COSTA, M. A retrospective study of canine cutaneous food allergy at a Veterinary Teaching Hospital from Jaboticabal, São Paulo, Brazil. Ciência Rural, v.45, p. 1819–1825, 2015.

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SALZO, P. S.; LARSSON, C. E. Food hypersensitivity in dogs. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.61, n.3, p.598605, 2009. SCOTT, D. W.; MILLER Jr., W. H.; GRIFFIN, C. E. Muller & Kirk’s small animal dermatology. 6.ed. Philadelphia: Saunders, 1528p., 2001. SOUZA, M.T.; FIGHERA, R. A.; SCHMIDT, C.; RÉQUIA, A. H.; BRUM, J. S.; MARTINS, T. B.; BARROS, C. S. L Prevalence of non-tumorous canine dermatopathies in dogs from the municipality of Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil (2005-2008). Pesquisa Brasileira Veterinária, doi: 10.1590/S0100-736X2009000200013, v.29, p.157-162, 2009.



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Estratégias alimentares oferecidas pela PremieRpet® para animais com reações adversas ao alimento

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MV Ariane Galdino

Entre as diretrizes nutricionais, tanto para diagnóstico como para tratamento das reações adversas ao alimento em cães, está a modulação da proteína da dieta utilizando proteínas alternativas ou hidrolisadas, isto é, uma fonte que o animal não tenha sido previamente exposto ou então submetida ao processo de hidrólise. Dentre as fontes de proteína alternativa que podem ser utilizadas está a proteína de cordeiro. Outra estratégia, que visa manejar alterações clínicas relacionadas a reações adversas ao alimento, envolve a inclusão de fontes de ômega 3, ômega 6 e zinco na dieta. A inclusão de ômegas visa alterar o balanço da produção de eicosanoides e citocinas inflamatórias no organismo e, dessa forma, auxiliar na manutenção de resposta adequada ao tratamento instituído. O zinco é um nutriente essencial para cães. Está envolvido na replicação celular, no metabolismo de carboidratos e proteínas e na reparação de feridas. PremieRpet®

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Cães com diagnóstico de reação adversa ao alimento podem apresentar não só sintomatologia dermatológica, mas também gastrointestinal. Nesse sentido, é imprescindível fornecer alimento de alta digestibilidade e que possua como resultado a produção de fezes em escore adequado. Além disso, cães com enteropatia sensível ao glúten devem ser alimentados com uma dieta sem glúten. O glúten pode ser encontrado em cereais como trigo, centeio e cevada, mas não no arroz, no milho e na mandioca. Os alimentos hipoalergênicos da linha PremieR Nutrição Clínica foram formulados para atender da melhor forma todas as necessidades nutricionais de cães com reações adversas ao alimento, incluindo aqueles com enteropatia sensível ao glúten. Na tabela ao lado, fornecemos, em mais detalhes, as opções de alimento que a PremieRpet® oferece para cães com essas alterações:


Alimento

PremieR Nutrição Clínica Hipoalergênico Cães Cordeiro e Arroz

PremieR Nutrição Clínica Hipoalergênico Cães Proteína Hidrolisada e Mandioca

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Indicação

Cães adultos de todos os portes com reações adversas aos alimentos que apresentem sintomatologia dermatológica e/ou intestinal.

Cães adultos e filhotes de todos os portes a partir de 14 semanas com reação adversa ao alimento que apresentem sintomatologia dermatológica e/ou intestinal.

Por não conter ingredientes com glúten, pode ser indicado para cães com intolerância ao glúten. Contraindicação

Filhotes

Filhotes com idade inferior a 14 semanas

Cadelas gestantes ou lactantes e cães com alergia a qualquer ingrediente da composição do alimento. Instruções de uso

Para sinais de reações adversas aos alimentos, este produto deve ser utilizado como único alimento. Recomenda-se o uso por um período mínimo de 3 a 8 semanas. Se os sinais desaparecerem, este alimento pode ser utilizado continuamente.

Principais Destaques

Fonte restrita de proteínas utilização restrita de proteínas para reduzir a possibilidade de reações adversas aos alimentos.

Proteína hidrolisada - auxilia na redução das reações adversas aos alimentos. Farinha de mandioca - fonte exclusiva de carboidrato.

Cuidado da pele - níveis elevados de ácidos graxos ômega 3 e 6 e zinco, que proporcionam a integridade da pele. Digestão facilitada - combinação de ingredientes de alta digestibilidade. Versões e Apresentações Disponíveis

Pequeno porte: 2,0 e 10,1 kg e Médio e Grande portes: 10,1 kg

Ao prescrever alimentos da linha PremieR Nutrição Clínica, você contribui com o Instituto PremieRpet® que apoia

ONGs de proteção animal e pesquisas em Universidades.



entrevista

AUTORIDADE EM

DERMATOLOGIA VETERINÁRIA

COM GRANDES EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS E PESSOAIS E UM CURRÍCULO DE PESO, O PROF. DR. CARLOS EDUARDO LARSSON É REFERÊNCIA EM DERMATOLOGIA VETERINÁRIA Carlos Eduardo Larsson, ou Professor Larsson, como é carinhosamente conhecido, figura entre os principais expoentes da medicina veterinária no Brasil, tanto na área clínica quanto acadêmica. Professor aposentado da Universidade de São Paulo, referência em dermatologia veterinária, ele conta um pouco sobre sua brilhante trajetória de meio século na profissão em uma entrevista exclusiva.


entrevista

Pode nos contar um pouco sobre como nasceu seu interesse pela medicina veterinária?

Pergunta essa que, por vezes, me faz pensar e refletir....”será que esse interesse, concretizado com minha entrada em 1968, na 34a Turma de Graduandos (denominada de “A Gloriosa”) da ora centenária FMVZ/USP, e a conclusão do curso cinco anos após, surgiu da convivência com cães e gatos mantidos pelos meus pais e que, por óbvio, adoeciam e necessitavam de cuidados dos raros veterinários de então (décadas de 1940 – 1960)?”; “Seria ele vinculado a meu interesse, acho que inato, pelas ciências biológicas, pela minha observação da desafiante prática da clínica de espécimes animais, ditos pequenos, praticada pelos profissionais, que dedicavam à arte do diagnóstico e da terapia (M.V. Rathsan, Marina Moura, Max Migliano, Oswaldo Pasqualin…)?” ou “será que o “interesse” estava previsto, no que se denomina maktub?” Acho que cada uma dessas hipóteses é totalmente possível e se complementam... ou quiçá a última?

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A especialização em dermatologia aconteceu em que momento?

A especialização se deu pelo destino e pela “providência”… Vamos estoriar: “Um professor de botânica, em curso de madureza, durante a sua graduação em medicina veterinária; monitor de clínica médica no quarto ano, “futuro” clínico de pequenos animais com convites formulados por professor de cirurgia da FMVZ/USP e de um colega de turma para estabelecer uma clínica privada na zona sul da Capital foi convencido pela namorada de muitos anos, aluna do mesmo colégio público afamado (Colégio Estadual “Presidente Roosevelt”) e, posteriormente, contemporânea da FMVZ/USP (33a Turma), a prestar concurso, concluído com êxito, para ingressar na carreira docente, como professor de anatomia patológica da hoje Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP de Jaboticabal. Após alguns meses foi, o novel professor de patologia, estimulado a voltar

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à USP, a convite de professores de anatomia patológica (Adayr M. Saliba) e de clínica médica (Max Migliano e Pedro Germano). Aqui chegando, no Departamento de Patologia e Clínica Médicas, foi chamado à sala do hoje Presidente da APAMVET e então Professor Associado, na clínica médica de poligástricos, semiologista de notório saber (Eduardo Harry Birgel), e comunicado que as aulas de propedêutica e clínica dermatológica caberiam a esse recémchegado docente. Temeroso e surpreso coube a esse indagar: ”por que eu?”, recebendo como resposta simples assim: “porque você é o mais novo!” Desafio, enfrentado com certo temor, mas que felizmente traduziu-se em plena satisfação por, quiçá, vencê-lo e por a ele possibilitar obter alguns poucos êxitos dentro da especialidade, sempre graças a já referida “providência”. Pari passu pude estagiar no Brasil, em Departamentos de Dermatologia das faculdades (FM/USP e da FCM da SCMSP) e escola de medicina (EPM/UNIFESP), na Espanha na Universidade Autônoma de Barcelona, em tardio pós-doutorado; propor a criação de um pioneiro Serviço de Dermatologia na América Latina; em 1984, criar (2004) e perpetuar por 10 anos (até 2015) o curso de especialização em dermatologia veterinária, sob os auspícios da Reitoria de Cultura e Extensão e FMVZ/USP que, na totalidade de suas edições, foi homologado pela SBDV; propor e fundar (16/03/2000), juntamente com o primeiro dermatologista veterinário do Brasil (Cid Figueiredo), a SBDV; ter aprovado meu ingresso como sócio-colaborador da SBD por propositura de docentes dermatologistas da EPM/UNIFESP (Raymundo M. Castro) e EM/UFMG (Tancredo Furtado) e, finalmente, publicar duas edições (2016 e 2019) do “Tratado de Medicina Externa” em coautoria com clínico, ex-docente, reputado como de notório saber dermatológico pela SBDV (Ronaldo Lucas) e com a participação de mais de 50 colaboradores. Enfim, em síntese, a especialização aconteceu em distintos momentos de 45 anos de docência, graças à “providência”, e a todos que me apoiaram em sonho sonhado e concretizado.

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entrevista

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Quais foram os principais desafios de conciliar a jornada clínica com a docência na Universidade de São Paulo ao longo de tantos anos?

Quero crer que tais desafios realmente se apresentaram, mas com foco voltado ao objetivo de consolidar uma especialidade, foram suplantados, até com facilidade, com auxílio de muitos (docentes do Departamento de Clínica Médica, médicos veterinários aprimorandos e residentes, pós-graduandos de “lato e stricto sensu”, médicos veterinários concursados e contratados junto ao Serviço de Dermatologia do HOVET/USP (Márcia Gonçalves, Ana Luiza Ledon, Cibele Mazzei, Ronaldo Lucas, Mary Ikeda, Gustavo Seixas, Simoni Maruyama, Carlos Eduardo Larsson Junior, este meu primogênito e motivo de orgulho por me seguir na especialidade, afora a competência), minha mulher e apoiadora inconteste, e minha filha, que “pensou” em ser médica veterinária até ser “desestimulada” para não compor um quarteto médico veterinário familiar uspiano e que hoje desempenha-se, com êxito, no jornalismo. A jornada clínica e à docência, essa sempre a “minha praia” e “paixão revivida por 45 anos”, iniciada na USP, em 1973, de início em semiologia, patologia médica e clínica médica de cães e gatos e, a partir de 1981, dedicando-me, afora às três citadas, à dermatologia, atendendo no período matutino no Serviço de Dermatologia (1984 – 2017) e, à tarde, na ministração de aulas teóricas de graduação (duas disciplinas), pós-graduação (três disciplinas), atividades de coordenação (no Programa de Residência e Aprimoramento e no Programa de Pós-Graduação em Clínica Veterinária, ambos por 10 anos), Vice-Diretoria do HOVET/USP etc., sempre foram complementares e totalmente conciliáveis... aliás, isoladamente, não teriam o mínimo sentido.

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Você é uma referência na área de dermatologia veterinária e coautor do livro “Tratado de Medicina Externa Dermatologia Veterinária”, considerado bibliografia obrigatória a todos que buscam o tema. O que te motivou nessa experiência?

Eu já havia elaborado, a convite, alguns capítulos em livros brasileiros e latino americanos (Argentina e Chile) e escrevê-los sempre foi um prazer e até um “hobby”. Em meados da década de 1990, acompanhando minha mãe internada em hospital paulistano com quadro incurável, minimizei sua preocupação por estar “atrapalhando minha vida e carreira” afirmando que minhas tardes e, por vezes, noites a seu lado me permitiam imaginar como compor um “pressuposto livro” que eu delineava. E isso em muito a tranquilizava. Pouco tempo passou e eis que um ex-aluno, exorientado (iniciação científica, mestrado e doutorado), afilhado de casamento, dermatólogo de escola, palestrante internacional, associativista, sócio-fundador e ex-presidente da SBDV, buscoume e propôs um repto… “elaborar um livro”, de início a quatro mãos, mas, a posteriore, a dezenas de mãos, o que redundou, 10 anos após, no lançamento no 1º CBDV do “Tratado” (2017), graças à paciência de um incansável e, por vezes, incrédulo, detalhista editor (Valter Taricano, da Interbook). E que experiência e trabalho!! Cansativo, mas prazeroso, vendo 56 brasileiros, muitos em sua primeira experiência redacional, na maioria ex-alunos, ex-estagiários, excedevistas, ex-pós-graduandos por mim orientados, ex-médicos veterinários residentes, docentes provindos de distintas unidades federativas (RJ, MG, DF, RS, PR, RN, SC, MS) compor os 67 capítulos (na segunda edição, essa de 2019). O rápido esgotar dos primeiros 2,5 mil exemplares, em menos de dois anos, retratou a carência de textos em língua pátria envolvendo especialidade tão praticada.

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Como avalia a mudança na formação e na atuação do médico veterinário com o desenvolvimento das especialidades?

Nos últimos 50 anos, ou seja, meio século de acompanhamento da profissão, pude, até como presidente de distintas entidades (SBMV, SPMV, ANCLIVEPA-SP e SBDV), ver a notável, por vezes, inimaginável mudança de paradigmas. Saiu-se, na área da clínica médica no senso lato, de uma dicotomia de “clínica de grandes animais” (herbívoros mono e poligástricos) e “de clínica de pequenos animais” (carnívoros) e evoluiu-se para inúmeras especialidades, hoje reconhecidas pelo Sistema CFMV-CRMVs. Todas elas normatizadas e amparadas por Resoluções daquele Sistema, garantindo à sociedade brasileira um adequado atendimento com estabelecimento de diagnósticos precisos e protocolos de terapia, cruenta e incruenta, adequados e corretos, minimizando o sofrimento dos pacientes e de seus angustiados mantenedores.

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A tendência crescente, sem retrocessos, é a complementação da formação dos egressos (alguns oriundos de “escolas” de baixo padrão, no atual estelionato educacional praticado, em ensino a distância, ou seria “distância do ensino” – outra “jabuticaba brasileira”?), em termos de medicina veterinária, em programas de residência médica veterinária, muitos deles com três anos de duração e com treinamento prático, por óbvio presencial. Também, como tendência, há a busca de títulos de especialista nas diferentes áreas de atuação, pois a sociedade assim exige. Na sua visão, quais as perspectivas para o desenvolvimento da dermatologia veterinária nos próximos anos?

A dermatologia veterinária no Brasil, como em todas as demais latitudes, tem perspectivas crescentes de ampliação do contingente de profissionais que a ela se dedicam. Muitas espécimes animais, tanto carnívoros (caninos e felinos), herbívoros (equinos), como granívoros, tanto domésticos como exóticos, silvestres e selvagens PremieRpet®

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têm o assentamento de enfermidades no maior dos sistemas, que é o tegumento. Os quadros dermatopáticos são evidenciados à vista desarmada... todos veem a enfermidade... não se pressupõe sua existência! Ainda mais, com o mercado pet em franca evolução, com a necessidade cada vez maior de adoção ou compra de animais de companhia ou guarda, até humanizados em demasia, por óbvio as “enfermidades visíveis” exigem a existência de profissionais competentes. Paradoxalmente, a sociedade, até por modismo de momento, elege por adquirir animais de raças com tendência hereditária de acometimento, por genodermatoses, incuráveis e de decurso crônico, assim como ocorre em termos de cardiopatias, nefropatias, oftalmopatias etc.

"A dermatologia veterinária no Brasil, como em todas as demais latitudes, tem perspectivas crescentes de ampliação do contingente de profissionais que a ela se dedicam."

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Como você dimensiona o papel da nutrição para o tratamento de problemas dermatológicos em cães e gatos?

Um filósofo alemão, no século XIX, Feuerbach, afirmou “que o homem é aquilo que come” (Der Mensch ist, war er ißt), o que facilmente se extrapola para o que compõe o denominado Reino Animalia.

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Em países como o nosso, em perene “vias de desenvolvimento”, as dermatoses de origem nutricional são consideradas comuns. No Brasil, inexistem levantamentos epidemiológicos que caracterizam a real ocorrência dessas dermatoses. No entanto, no cotidiano da clínica se tem como certa sua incidência mormente daquelas fruto de deficiências ou excesso de nutrientes, resultantes de alimentação caseira inadequada e até de dietas comerciais de péssima qualidade. Afirmam os nutrólogos veterinários brasileiros que 60% dos caninos e felinos aqui criados são alimentados por dietas caseiras ou com sobras de mesa. Daqueles proprietários que recorrem a alimentos industrializados, cerca de 40% adquirem rações denominadas de econômicas. Por ser a pele um órgão de grande extensão, com intensa atividade metabólica, faz-se necessária supri-la de aminoácidos, ácidos graxos, minerais e vitaminas. Se houver inadequação da ingesta desses nutrientes essenciais, há o rompimento da função protetiva, representada pela barreira imune da pele e, consequentemente, o tegumento torna-se vulnerável às infecções de toda sorte e, principalmente, às comuníssimas reações de hipersensibilidade. Os mais acometidos, no geral, mas não somente, são animais jovens e em crescimento ou prenhes e, ainda, as lactantes. A dificuldade que mais se interpõe é a de que os quadros dermatopáticos, vinculados às anormalidades nutricionais, mimetizam, pelo menos, ao exame físico geral e no dermatológico, em particular, inúmeras outras dermatopatias. A grande vantagem, uma vez estabelecido o cabal diagnóstico, é o bom prognóstico, pois respondem, bem e rapidamente, à suplementação ou à alteração da dieta.

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agenda entrevista

Agosto 07 e 08.08 Informações: www.endocrinovet.com.br

I Curso de Dermatologia no Endocrinopata

Setembro 11 e 12.09 Informações: www.endocrinovet.com.br

I Curso de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos

17 a 19.09 Informações: www.esvcn.org

Congress of the European Society of Veterinary and Comparative Nutrition (ESVCN)

Outubro Informações: www.treevet.com.br

Informações: www.cbna.com.br

Informações: www.cbna.com.br

CAT Congress

III Workshop sobre Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos XIX Congresso CBNA PET


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