MO CAFÉ E RAIVA. CO , DO EN RR CO ES ÃO AÇ FRUSTR ustração no coador vê-se a fr Como o rastro do pó em Singular, impactante no decorrer da vida. como ade, mas passageira força de cor e densid lema rneira abaixo. O prob a corrente d’água to ereça quanto de água se of é a mancha, que por a de você compra a peneir sempre fica. Quando pura; reter borra, ela vem absorver essência e . mo um bebê, inocente co a, nç ia cr a um mo pura co rios ao passo que os próp No decorrer da vida, ors ou adversas transf ia he al s õe iç nd co e erros , há um te em preto e branco mam tudo repentinamen é eterna, pro bem ou iz tr ca ci a s ma o, sm escapi as e ta pelas mais variad pro mal. Borra compos osemente, decepções pr da s te en rt ve es nt difere . Tudo ia da decisão errada fundas por conseqüênc r, até cada qual abraça a, ss pa da na s ma e, escorr xo que ou conveniência, o li por escolha, destino lhe cabe.
Borra é um zine artístico sem a intenção de ser, idealizado e feito por Júlio César e Diogo Rustoff entre Fevereiro e Maio de 2012. Lambs ao fundo de “Expondo muito sem falar tanto” por Oscar Fortunato (www.oscarfortunato.com), escolhidos e formatados por Diogo Rustoff. Ilustrações do verso da capa e contra-capa gentilmente cedidos por Pedro Marques (pedrocasavelha@gmail.com) Título do verso da capa: “Introspecção lisérgica e a humanidade pelos meus olhos: chave aberta e algumas horas” Título do verso da contra-capa: “O buraco da mente é só gente” pretextodevagabundo.blogspot.com pretextodevagabundo@gmail.com
EXPONDO MUITO SEM FALAR TANTO Quem circula pelo centro e arredores de Goiânia não precisa demandar de muita atenção pra se ver esbarrando em algumas mensagens subliminarmente instigantes via postes e elementos afins. Free Boi, Pessoas Soltas, lambs com expressões típicas pra quem teve o berço estendido em alguma coordenada situada no estado de Goiás são vistas por aí, multiplicando-se dia-a-dia como conseqüência da inquietude mental e ativa de um sujeito passo-além do senso comum para os seus vividos quarenta e poucos anos. Oscar Fortunato, intervenção urbana com conteúdo/ironia/ entrelinha, coleção de discos de vinil, vegetarianismo, cabelos brancos, e toda a disposição de quem acredita na espontaneidade plena como sócia indispensável à criação e alimenta a vida pela arte de não trabalhar sob encomenda. Em uma tarde fresca, Oscar e sua família abriram as portas pra nós. A conversa, nos confins do Setor Sul, gerou motivação e inspiração para além do esperado, levando a crer que pressupostos ditos indispensáveis à vida de verdade são de fato necessários, mas jamais obrigatórios e eternos de fato; por miúdos, um aprendizado que vou tentar expor com minucia e cautela de acordo com a minha memória fraquinha. Tinha uma concepção pré-moldada sobre essa figura. Ainda sem saber quem ele era, lembro-me de um episódio curioso em alguma das feiras do Clube Recreativo de Escambo. Levei alguns discos pra tentar vender, e logo que expus tudo, um sujeito sujo de tinta e visivelmente desapegado às purezas estéticas pegou a reprensagem do homônimo do Lobotomia e resmungou algo tipo “vai estar caro isso aqui, ein”. No ápice das minhas impaciências black-metal-days, mandei logo um “50 pila”, tendo como contrapartida uma cara de espanto que na verdade se espantava por achar justo; só fui me dar conta disso no dia da conversa que motivou esse texto. Pro bem ou pro mal, o fato é que não vendi nada no dia e mal sabia eu que aquela “alma de mendigo” era o responsável pelo que mais me encantava na paisagem interiorano-cinzenta de Goiânia. Ar de pessoalidade, alguma angústia guardada e a arte de dizer muito sem ter que falar tanto. “Minha mãe morreu quando eu tinha 17 anos. Quando sua mãe morre você quer que o mundo inteiro morra também”, diz, com o carisma introspectivo e a frieza de quem tem a si como tudo. Quando pergunto se há intenção de transmitir
mensagem com o que ele expõe, muito com calma é dito exatamente o que eu queria ouvir, mas acho que não esperava: “A arte pela arte não faz sentido pra mim, então sempre há razão por trás do que eu coloco na rua. A questão é que quando você expõe não é mais seu. Com o Free Boi tem esse apelo de liberdade, a quem ver pensar sobre o porquê disso. Se a pessoa para e pensa eu já fico satisfeito”, salienta, trazendo um sentido talvez óbvio, mas um tanto distinto perto da resposta que quem enxerga dinheiro em tudo possivelmente falaria. Intervenção é isso, afinal. Não se trata de mobilização por dinheiro, muito menos de um joguinho de ego pra mostrar ou se provar melhor que quem; é fuçar, mexer e adequar a rua a você usando-a como ferramenta de construção e mobilização, como uma forma democrática de dizer algo sem o viés audacioso e manipulador da publicidade. Dizer com por que, mas dizer por dizer e que cada qual se vire com o que vê. A conversa vai correndo, a garrafa de café secando, os discos apresentados como ouro vão rodando, e minha curiosidade dobra-se. Quando comento sobre a influência do punk na sua vida/trabalhos/ projetos/concepções, o torpedo atinge e me faz pensar sobre o futuro elevando os signos de espontaneidade, e a relevar o que de fato é prazeroso ante a conveniência da entrega ao que dizem ser maior que você. “O punk tá em tudo o que eu faço, sempre esteve. Tem a galeria, tenho minhas coisas, mas as criações são pessoais. Não aceito encomenda e faço sempre o que eu quero, de acordo com o que eu penso”, responde, com um misto de agonia e euforia típicos de quem acredita no que vive e vice-versa. Sua esposa, Lydia Himmen, chega na salinha suja infestada de tranqueira e ali continuamos o papo, agora com algumas citações de arte que me deixam boiando mas levando a crer que expandir o horizonte da instigação é virtude nesse mundo cheio de gente que julga saber o suficiente.
Obrigado ao Diogo, Oscar, à Lydia, e ponto pra mim, que a essa altura da brincadeira já nem me dava conta que o céu tava escurecendo e que as pessoas tem mais o que fazer em noite de sábado. Mais algumas perguntas, mais umas futricadas na caixa de compactos ao meu lado, hora de dar tchau e uma identificação mais do que positiva com o que foi vivido ali. Breve, singelo, sincero e intenso, como tudo nessa vida e inclusive como ela. Muito legal se dar conta que existe gente fazendo por si mesmx, gastando grana com isso só pelo prazer de infestar alegria e pulguinha atrás da orelha de gente (des) avisada. O casal de filhos come pamonha em frente à tv, a Lydia come junto e o Oscar acompanha eu e Diogo até a porta, prorrogando o assunto que teimava em não acabar e insistindo em provar-me que existem modos de dignidade depois de certa idade. Lembro de mais algumas coisas, mas isso fica guardado aqui comigo. --------------------------------------Oscar Fortunato começou a mexer com arte antes mesmo de ser artista. Talvez nem reconheça isso hoje. É um dos primeiros punks de Goiânia, tem uma caralhada de disco legal e vive a base de vender suas artes na galeria que tem com a esposa, a Plus. Intervêm e expõe sua identidade de inquieto a cada beco imundo que encontra através de lambs e ilustrações printadas na própria “serigrafia”, e é aficionado por Cólera e Bob Dylan. Mais informações em http://cargocollective.com/ oscarfortunato
Pretexto de Vagabundo Publicações #1 Zine é contra-cultura.